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CÓD: SL-004JL-22

7908433224105

BRB
BANCO DE BRASÍLIA S.A.

Escriturário
EDITAL NORMATIVO Nº 1/CP-33 - BRB, DE 07 DE JULHO DE 2022
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e intelecção de textos. Tipologia textual. Equivalência e transformação de estruturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2. Ortografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3. Acentuação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4. Emprego do sinal indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5. Formação, classe e emprego de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
6. Sintaxe da oração e do período. Paralelismo sintático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
8. Concordância nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
9. Colocação pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
10. Regência nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
11. Relações de sinonímia e antonímia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

Raciocínio Lógico e Matemática


1. Operações, propriedades e aplicações (soma, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação). Conjuntos numéri-
cos (números naturais, inteiros, racionais e reais) e operações com conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2. Princípios de contagem e probabilidade. Arranjos e permutações. Combinações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3. Razões e proporções (grandezas diretamente proporcionais, grandezas inversamente proporcionais) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4. porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
5. regras de três simples e compostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
6. Equações e inequações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
7. Sistemas de medidas. Volumes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
8. Compreensão de estruturas lógicas. Lógica de argumentação (analogias, inferências, deduções e conclusões). Diagramas
lógicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
9. Noções de Matemática Financeira. Juros simples e compostos. Capitalização e descontos. Taxas de juros: nominal, efetiva, equi-
valente, proporcional, real e aparente. Rendas uniformes e variáveis. Planos de amortização de empréstimos e financiamentos.
Cálculo financeiro: custo real efetivo de operações de financiamento, empréstimo e investimento. Inflação, variação cambial e
taxa de juros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

Uso de Tecnologias em Ambientes Corporativos


1. Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados ao uso de infor-
mática no ambiente de escritório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
2. Aplicativos e uso de ferramentas na internet e(ou) intranet. Navegadores web (Google Chrome e Internet Explorer) . . . 121
3. Softwares aplicativos do pacote Microsoft Office 2021 (Word, Excel, Power Point, Outlook e Access) e suas funcionalida-
des . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
4. Computação nas nuvens: acesso a distância e transferência de informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
5. Aplicações e aplicativos em dispositivos móveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
6. Redes sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
7. Internet das coisas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

Governança Corporativa e Compliance


1. Noções de governança corporativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
2. gestão por processos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
3. Gestão de riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
4. Processos de análise e tomada de decisão. Gerenciamento de crises . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
5. Compliance: conceitos, suporte da alta administração, código de conduta, controles internos, treinamento e
comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
6. Legislação anticorrupção: Lei nº 12.846/2013 e Decreto nº 8.420/2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
7. Noções de Contratos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
8. Lei nº 13.303/2016 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
9. Conduta baseada no Código de Conduta Ética do BRB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
ÍNDICE

Inovação
1. Lei nº 10.973/2004. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
2. Empreendedorismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
3. Autoconhecimento e percepção de oportunidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
4. O processo de inovação. Geração de ideias e o processo criativo. Inovação x Invenção. Tipos de inovação. Ecossistemas complexos de
informação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206

Realidade étnica, social, histórica, geográfica, cultural, política e econô-


mica do DF e da RIDE
1. Realidade étnica, social, histórica, geográfica, cultural, política e econômica do Distrito Federal e da Região Integrada de Desenvolvi-
mento do Distrito Federal (RIDE). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213

Plano Distrital de Política para Mulheres


1. II Plano Distrital De Política Para Mulheres (2020 – 2023) https://www.mulher.df.gov.br/pdpm/ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219

Conhecimentos Bancários
1. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
2. Conselho Monetário Nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222
3. Banco Central do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222
4. Comissão de Valores Mobiliários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
5. Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225
6. Bancos múltiplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225
7. Bancos comerciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225
8. Caixas econômicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225
9. Cooperativas de crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225
10. Bancos comerciais cooperativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
11. Administradoras de consórcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
12. Corretoras de câmbio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
13. Bancos de investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
14. Bancos de desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
15. Sociedades de crédito, financiamento e investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
16. Sociedades de arrendamento mercantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
17. Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
18. Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários; sociedades de crédito imobiliário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
19. Associações de poupança e empréstimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
20. BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
21. Agências de Fomento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
22. Sociedades de fomento mercantil (factoring) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
23. Sociedades administradoras de cartões de crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
24. Produtos e serviços financeiros. Depósitos e transferências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
25. Letras de câmbio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
26. Transferências automáticas de fundos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
27. Cobrança e pagamento de títulos e carnês . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
28. Cartões de crédito e débito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
29. Arrecadação de tributos e tarifas públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
30. Crédito rotativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
31. Descontos de títulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
32. Financiamento de capital de giro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
33. Leasing: tipos, funcionamento, bens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
34. Financiamento de capital fixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
35. Crédito direto ao consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
36. Crédito rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
37. Cadernetas de poupança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
ÍNDICE

38. Cartões de crédito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232


39. Títulos de capitalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
40. Planos de aposentadoria e pensão privados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
41. Planos de seguros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
42. Abertura e movimentação de contas: documentos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
43. Pessoa física e pessoa jurídica: capacidade e incapacidade civil, representação e domicílio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236
44. Tipos de sociedade: em nome coletivo, por quotas de responsabilidade limitada, anônimas, firma individual ou
empresária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239
45. Documentos comerciais e títulos de crédito: nota promissória, duplicata, fatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
46. Cédula de crédito bancário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255
47. Cheque: requisitos essenciais, circulação, endosso, cruzamento e compensação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270
48. Sistema de Pagamento Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
49. Mercado de capitais. Ações: características e direitos. Debêntures. Diferenças entre companhias abertas e fechadas. Funciona-
mento do mercado à vista de ações. Mercado de balcão. Operações com ouro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279
50. Mercado de câmbio. Instituições autorizadas a operar. Operações básicas. Características dos contratos de câmbio. Taxas de
câmbio. Remessas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285
51. Garantias do Sistema Financeiro Nacional. Aval; fiança; penhor mercantil; alienação fiduciária; hipoteca; fianças bancárias;
Fundo Garantidor de Crédito (FGC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285
52. Crime de lavagem de dinheiro. Conceito e etapas. Prevenção e combate ao crime de lavagem de dinheiro e financiamento ao
terrorismo: Lei nº 9.613/1998 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 286
53. Lei 13.260/2016 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292
54. Circular Bacen 3.978/2020 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
55. COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302
56. Autorregulação Bancária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302

Os Bancos na era digital (Presente e Tendências)


1. Internet banking, banco virtual e “dinheiro de plástico”. Mobile banking. Open banking. O comportamento do consumidor na relação
com o banco. A experiência do usuário. Segmentação e interações digitais. Inteligência artificial cognitiva. Banco digitalizado x banco
digital. Fintechs e startups. Soluções mobile e service design. O dinheiro na era digital: Blockchain, Bitcoin e demais criptomoedas.
O desafio dos bancos na era digital. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 309

Qualidade No Atendimento e Diversidade


1. Satisfação, valor e retenção de clientes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 317
2. Etiqueta empresarial: comportamento, aparência, cuidados no atendimento pessoal e telefônico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 318
3. Noções de Marketing de Relacionamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332
4. Noções de imaterialidade ou intangibilidade, inseparabilidade e variabilidade dos produtos bancários. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335
5. Lei nº 10.048/2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
6. Lei nº 10.098/2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
7. Decreto nº 5.296/2004, que regulamenta a Lei nº 10.048/2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 340
8. Temática de gênero, raça e etnia, conforme Decreto nº 48.598/2011. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 350
9. Política Nacional para Mulheres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 350
10. Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 350
11. Estatuto Nacional da Igualdade Racial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 356

Confidencialidade e Segurança da informação


1. Rotinas de backup e prevenção de vírus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 369
2. Rotinas de segurança da informação e recuperação de arquivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 369
3. Política de confidencialidade. Confidencialidade, disponibilidade e integridade da informação. Diretrizes para uso da infor-
mação em ambientes corporativos. Processos e controles para proteção da informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373
4. Lei nº 13.709/2018 – LGPD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 376

Probabilidade e Estatística
1. Análise combinatória. Noções de probabilidade. Teorema de Bayes. Probabilidade condicional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 391
2. Noções de estatística. População e amostra. Análise e interpretação de tabelas e gráficos. Regressão, tendências, extrapolações e
interpolações. Tabelas de distribuição empírica de variáveis e histogramas. Estatística descritiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 396
ÍNDICE

Material Digital
Lei Orgânica do Distrito Federal e Regime Jurídico dos Servidores do
Distrito Federal
1. Lei Orgânica do Distrito Federal. 1.1 Título I - Dos Fundamentos da Organização dos Poderes e do Distrito Federal. 1.2 Título II - Da
Organização do Distrito Federal: Capítulos II, III, IV e V. 1.3 Título III – Da Organização dos Poderes: Capítulos I e III. 1.4 Título IV – Da
Tributação e do Orçamento do Distrito Federal: Capítulos I e II. 1.5 Título V – Da Ordem Econômica do Distrito Federal: Capítulo I.
Título VI – Da Ordem Social e do Meio Ambiente: Capítulos VI, VIII, IX, X e XI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2. Lei Complementar no 840/2011 - dispõe sobre o regime jurídicos dos servidores públicos civis do Distrito Federal, das autarquias e das
fundações públicas distritais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Defesa do Consumidor
1. Resolução CMN nº 4.860/2020 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2. Lei nº 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3. Decreto Lei nº 6.523/2008, que regulamenta a Lei nº 8.078/1990 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4. Resolução CMN nº 4949/2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5. Código de Defesa do Consumidor Bancário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
LÍNGUA PORTUGUESA

• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens,


COMPREENSÃO E INTELECÇÃO DE TEXTOS. TIPOLOGIA fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.
TEXTUAL. EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE
ESTRUTURAS

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito, • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem
ou que faça com que você realize inferências. verbal com a não-verbal.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?

Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que
facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela
pode ser escrita ou oral.

Além de saber desses conceitos, é importante sabermos


identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
damos a este processo é intertextualidade.

Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao
subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao
crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma
apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido,
afetando de alguma forma o leitor.

9
LÍNGUA PORTUGUESA
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analítica significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso
e, por fim, uma leitura interpretativa. o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e
É muito importante que você: nunca extrapole a visão dele.
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo; IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões); principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
ortográficas, gramaticais e interpretativas; tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja,
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
polêmicos; significativo, que é o texto.
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
Dicas para interpretar um texto: o assunto que será tratado no texto.
– Leia lentamente o texto todo. Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias. pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto. Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
– Sublinhe as ideias mais importantes. o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
principal e das ideias secundárias do texto. cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
– Separe fatos de opiniões. Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
mutável).
CACHORROS
– Retorne ao texto sempre que necessário. Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
enunciados das questões. seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
– Reescreva o conteúdo lido. precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
tópicos ou esquemas. comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu outro e a parceria deu certo.
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas
são uma distração, mas também um aprendizado. Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela As informações que se relacionam com o tema chamamos de
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
do texto. ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
apresentadas na prova. capaz de identificar o tema do texto!

Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se-
cundarias/

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LÍNGUA PORTUGUESA
IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM Ironia dramática (ou satírica)
TEXTOS VARIADOS A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que
Ironia tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado
com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé-
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex- dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con-
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo
novo sentido, gerando um efeito de humor. da narrativa.
Exemplo: Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
NERO EM QUE SE INSCREVE
Ironia de situação Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- principal. Compreender relações semânticas é uma competência
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
morte. -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Busca de sentidos tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de-
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais
apreensão do conteúdo exposto. curto.
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
citadas ou apresentando novos conceitos. nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici- mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas como horas ou mesmo minutos.
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
Importância da interpretação imagens.
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
específicos, aprimora a escrita. que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa- vencer o leitor a concordar com ele.
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de de destaque sobre algum assunto de interesse.
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen- Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es- za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató- crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para berdade para quem recebe a informação.
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Fato
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
Diferença entre compreensão e interpretação ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do Exemplo de fato:
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- A mãe foi viajar.
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O
leitor tira conclusões subjetivas do texto. Interpretação
É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
Gêneros Discursivos quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- sas, previmos suas consequências.
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- ças sejam detectáveis.
dárias.
Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente
tro país.
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso-
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única
do que com a filha.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
encaminham-se diretamente para um desfecho.
Opinião
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a que fazemos do fato.
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O

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LÍNGUA PORTUGUESA
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên- Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto-
cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais. ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe-
ríodo, e o tópico que o antecede.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto
anteriores: ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou- para a clareza do texto.
tro país. Ela tomou uma decisão acertada. Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér-
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas
do que com a filha. Ela foi egoísta. vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro,
sem coerência.
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta- trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
mos expressando nosso julgamento. mais direto.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando NÍVEIS DE LINGUAGEM
analisamos um texto dissertativo.
Definição de linguagem
Exemplo: Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
com o sofrimento da filha. gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
e o do leitor.
e caem em desuso.
Parágrafo
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é Língua escrita e língua falada
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela-
ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre-
mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
sentada na introdução.
conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
Embora existam diferentes formas de organização de parágra-
pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís-
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem Linguagem popular e linguagem culta
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo o diálogo é usado para representar a língua falada.
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
prova. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma expressão dos esta dos emocionais etc.
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con-
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A Linguagem Culta ou Padrão Exemplo:
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que Era uma casa muito engraçada
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins- Não tinha teto, não tinha nada
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên- Ninguém podia entrar nela, não
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem Porque na casa não tinha chão
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, Ninguém podia dormir na rede
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, Porque na casa não tinha parede
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi- Ninguém podia fazer pipi
cas, noticiários de TV, programas culturais etc. Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Gíria Na rua dos bobos, número zero
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como (Vinícius de Moraes)
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa- TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os comportamentos, nas leis jurídicas.
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário Características principais:
de pequenos grupos ou cair em desuso. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
“mina”, “tipo assim”. do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
Linguagem vulgar
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
Exemplo:
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
comida”.
ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
Linguagem regional
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
perior para formação de oficiais.
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
Tipos e genêros textuais
Tipo textual expositivo
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran-
A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem
cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e
discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma
pode ser expositiva ou argumentativa.
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás-
A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou
sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns
neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
exemplos e as principais características de cada um deles.
Características principais:
Tipo textual descritivo
• Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo
• O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma
mar.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto,
• Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
um movimento etc.
• Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
Características principais:
de ponto de vista.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje-
• Apresenta linguagem clara e imparcial.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
caracterizadora.
Exemplo:
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu-
O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
meração.
questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• A noção temporal é normalmente estática.
pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini-
terminado tema.
ção.
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo.
ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún-
Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial.
sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipo textual dissertativo-argumentativo GÊNEROS TEXTUAIS
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur- Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in- dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são
(leitor ou ouvinte). passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser-
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela
Características principais: que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento textuais que neles predominam.
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho Tipo Textual Gêneros Textuais
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, Predominante
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
gestão/solução). Descritivo Diário
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações Relatos (viagens, históricos,
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente etc.)
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e Biografia e autobiografia
um caráter de verdade ao que está sendo dito. Notícia
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Currículo
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou Lista de compras
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Cardápio
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o Anúncios de classificados
desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro- Injuntivo Receita culinária
deios. Bula de remédio
Manual de instruções
Exemplo: Regulamento
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Textos prescritivos
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
administração política (tese), porque a força governamental certa- Expositivo Seminários
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Palestras
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Conferências
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Entrevistas
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Trabalhos acadêmicos
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Enciclopédia
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato- Verbetes de dicionários
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Dissertativo- Editorial Jornalístico
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o argumentativo Carta de opinião
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Resenha
cobrança efetiva (conclusão). Artigo
Ensaio
Tipo textual narrativo Monografia, dissertação de
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta mestrado e tese de doutorado
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
Narrativo Romance
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo,
Novela
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo).
Crônica
Contos de Fada
Características principais:
Fábula
• O tempo verbal predominante é o passado.
Lendas
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his-
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
onisciente). Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
prosa, não em verso. nitos e mudam de acordo com a demanda social.

Exemplo: INTERTEXTUALIDADE
Solidão A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. ambos: forma e conteúdo.
Nelson S. Oliveira
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurreais/4835684

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LÍNGUA PORTUGUESA
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri- uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
provérbios, charges, dentre outros. sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
Tipos de Intertextualidade um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen- enunciador está propondo.
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego (paro- Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
dès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante) O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante a outro”. Esse demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos. missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), mento de premissas e conclusões.
significa a “repetição de uma sentença”. Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- A é igual a B.
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha A é igual a C.
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- Então: C é igual a A.
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
e “graphé” (escrita). Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção que C é igual a A.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa Outro exemplo:
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Todo ruminante é um mamífero.
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re- A vaca é um ruminante.
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo Logo, a vaca é um mamífero.
“citação” (citare) significa convocar.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois também será verdadeira.
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
ARGUMENTAÇÃO confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
propõe. outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo der bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
sos de linguagem. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de zado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-

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LÍNGUA PORTUGUESA
ARGUMENTAÇÃO se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco.
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja
texto diz e faça o que ele propõe. mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo entender bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos
de linguagem. Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito,
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil.
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e Tipos de Argumento
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado
argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse argumento. Exemplo:
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável.
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que Argumento de Autoridade
torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber,
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse
possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
enunciador está propondo. texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. verdadeira. Exemplo:
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das
premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas conhecimento. Nunca o inverso.
apenas do encadeamento de premissas e conclusões. Alex José Periscinoto.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a B.
A é igual a C. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais
Então: C é igual a B. importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo.
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
que C é igual a A. acreditar que é verdade.
Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero. Argumento de Quantidade
A vaca é um ruminante. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior
Logo, a vaca é um mamífero. número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
também será verdadeira. largo uso do argumento de quantidade.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-

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LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento do Consenso socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais
indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria
não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do
as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de médico:
que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as por bem determinar o internamento do governador pelo período
frases carentes de qualquer base científica. de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
Argumento de Existência alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar hospital por três dias.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o Como dissemos antes, todo texto tem uma função
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério,
mão do que dois voando”. para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos
navios, etc., ganhava credibilidade. episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
não outras, etc. Veja:
Argumento quase lógico “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa trocavam abraços afetuosos.”
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade Além dos defeitos de argumentação mencionados quando
lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão
provável. amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente,
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia)
do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais meio ambiente, injustiça, corrupção).
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
indevidas. um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
Argumento do Atributo o argumento.
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
que é mais grosseiro, etc. exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o outros à sua dependência política e econômica”.
consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos
da celebridade. A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos
competência linguística. A utilização da variante culta e formal na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o
da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística assunto, etc).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na
mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas sociedade.
feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou
evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que
em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a
termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar,
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. dedução.
Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
um processo de convencimento, por meio da argumentação, no regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
pensamento e seu comportamento. da verdade:
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão - evidência;
válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia - divisão ou análise;
ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo - ordem ou dedução;
do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não - enumeração.
válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares,
chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
inflexão de voz, a mímica e até o choro. e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor A forma de argumentação mais empregada na redação
e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos que contém três proposições: duas premissas, maior e menor,
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, alguns não caracteriza a universalidade.
debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução
a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade (silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se
fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva
vista. à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais,
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação
argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa
discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. para o efeito. Exemplo:
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes, Fulano é homem (premissa menor = particular)
a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, Logo, Fulano é mortal (conclusão)
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício
para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase
desenvolver as seguintes habilidades: em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso,
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de
uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O
totalmente contrária; percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O calor dilata o ferro (particular)
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria O calor dilata o bronze (particular)
contra a argumentação proposta; O calor dilata o cobre (particular)
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação O ferro, o bronze, o cobre são metais
oposta. Logo, o calor dilata metais (geral, universal)

A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição

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LÍNGUA PORTUGUESA
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar dos elementos que farão parte do texto.
esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e
- Lógico, concordo. experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
- Claro que não! constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece
Exemplos de sofismas: as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
Indução menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. são empregados de modo mais ou menos convencional. A
(particular) classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens,
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. características comuns e diferenciadoras. A classificação dos
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é
– conclusão falsa) artificial.

Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores; canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete- sabiá, torradeira.
se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
“simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
sentimentos não ditados pela razão. Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação Os elementos desta lista foram classificados por ordem
da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer
existem outros métodos particulares de algumas ciências, que critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou
análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto
sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
sistematizar a pesquisa. classificação. A elaboração do plano compreende a classificação
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para
a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, os pontos de vista sobre ele.
seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da
relógio estaria reconstruído. linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento
por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que
conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.
análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências.
partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às
ser assim relacionadas: palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:

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LÍNGUA PORTUGUESA
- o termo a ser definido; indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que
- o gênero ou espécie; o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e
- a diferença específica. a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
O que distingue o termo definido de outros elementos da argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
mesma espécie. Exemplo: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos,
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme
Elemento especiediferença os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela
a ser definidoespecífica apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar
partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação.
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer
é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta assim, desse ponto de vista.
ou instalação”; Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes,
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar
expandida;d uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que,
diferenças). menos que, melhor que, pior que.
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma
palavra e seus significados. afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao
e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para
do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento
fundamentação coerente e adequada. tem mais caráter confirmatório que comprobatório.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o
julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é
clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas
relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se
de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um
argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar
se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e
adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso
é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por

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LÍNGUA PORTUGUESA
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido tecnológica
por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
Nesse caso, incluem-se a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, resposta, justificar, criando um argumento básico;
mortal, aspira à imortalidade); - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
postulados e axiomas); que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de (rever tipos de argumentação);
natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias
não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e
que parece absurdo). consequência);
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de argumento básico;
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
concretos, estatísticos ou documentais. poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do
se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: argumento básico;
causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, menos a seguinte:
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na Introdução
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - função social da ciência e da tecnologia;
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- - definições de ciência e tecnologia;
argumentação ou refutação. São vários os processos de contra- - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
argumentação:
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação Desenvolvimento
demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a - apresentação de aspectos positivos e negativos do
contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o desenvolvimento tecnológico;
cordeiro”; - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses condições de vida no mundo atual;
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade
verdadeira; tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento países subdesenvolvidos;
à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
universalidade da afirmação; - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: passado; apontar semelhanças e diferenças;
consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros
autoridade que contrariam a afirmação apresentada; urbanos;
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador mais a sociedade.
baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou
inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por Conclusão
meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/
desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois consequências maléficas;
baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o apresentados.
desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas redação: é um dos possíveis.
ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
para a elaboração de um Plano de Redação. criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade
como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já
existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem
funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em
que ela é inserida.
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
textos caracterizada por um citar o outro. sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando termo “citação” (citare) significa convocar.
um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
– a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos Pastiche é uma recorrência a um gênero.
diferentes. Assim, como você constatou, uma história em A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como a recriação de um texto.
um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de
opinião pode mencionar um provérbio conhecido. Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com “conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja,
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com comum ao produtor e ao receptor de textos.
outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
ironizá-lo ou ao compará-lo com outros. remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, daquela citação ou alusão em questão.
desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos
expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido
ou lido. A intertextualidade explícita:
– é facilmente identificada pelos leitores;
Tipos de Intertextualidade – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
A intertextualidade acontece quando há uma referência – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode – não exige que haja dedução por parte do leitor;
ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, – apenas apela à compreensão do conteúdos.
novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a
intertextualidade. A intertextualidade implícita:
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – não é facilmente identificada pelos leitores;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. – exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por
parte dos leitores;
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, a compreensão do conteúdo.
reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
com outras palavras o que já foi dito. PONTO DE VISTA
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos
é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que
Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original compreende a perspectiva através da qual se conta a história.
é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar
reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma
esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O
e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e narrador-observador e o narrador-personagem.
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa
arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados Primeira pessoa
de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
“epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e só descobrimos ao decorrer da história.
“graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre
Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322
a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Segunda pessoa A coesão:
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
sinta quase como outro personagem que participa da história. - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
componentes do texto;
Terceira pessoa - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas
observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida-
disse. de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis-
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela
transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é inserida.
é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
acompanhando a leitura não fique confuso. Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
Coerência cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se- textos caracterizada por um citar o outro.
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se
outra”). utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen- de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di-
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema
elementos formativos de um texto. pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito mencionar um provérbio conhecido.
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
elementos textuais. outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to-
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo- má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi-
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, zá-lo ou ao compará-lo com outros.
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
imediato a coerência de um discurso. grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de-
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres-
A coerência: samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto; formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con-
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei- tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi-
tual; nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
o aspecto global do texto;
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. Tipos de Intertextualidade
A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
Coesão plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto, com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc.
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextuali-
ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática, dade.
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
tem-se a coesão lexical. um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diá-
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala- logo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as
vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
nentes do texto. Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical, é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea-
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge- firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir outras palavras o que já foi dito.
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais. A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex-
tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto
de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui,
um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada

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LÍNGUA PORTUGUESA
para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces- ORTOGRAFIA
so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca
pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os ORTOGRAFIA OFICIAL
programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente- • Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein-
mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica troduzidas as letras k, w e y.
e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O
demagogia praticada pela classe dominante. PQRSTUVWXYZ
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con- gui, que, qui.
siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re-
lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra- Regras de acentuação
fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé” – Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
(escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A sílaba)
cultura é o melhor conforto para a velhice”.
Como era Como fica
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex- alcatéia alcateia
pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro apóia apoia
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o apóio apoio
termo “citação” (citare) significa convocar.
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). – Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Pastiche é uma recorrência a um gênero.
Como era Como fica
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
a recriação de um texto. baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
produtor e ao receptor de textos. posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am- tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, – Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função e ôo(s).
daquela citação ou alusão em questão.

Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita Como era Como fica


A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou abençôo abençoo
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
crêem creem
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
A intertextualidade explícita:
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
– é facilmente identificada pelos leitores;
– estabelece uma relação direta com o texto fonte;
Atenção:
– apresenta elementos que identificam o texto fonte;
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
– não exige que haja dedução por parte do leitor;
• Permanece o acento diferencial em pôr/por.
– apenas apela à compreensão do conteúdos.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
A intertextualidade implícita:
reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
– não é facilmente identificada pelos leitores;
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
palavras forma/fôrma.
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por par-
Uso de hífen
te dos leitores;
Regra básica:
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
a compreensão do conteúdo.
mem.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Outros casos • São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
1. Prefixo terminado em vogal: R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, • São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
semicírculo. E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu,
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis- dói, coronéis...)
mo, antissocial, ultrassom. • São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on- (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
das.
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
2. Prefixo terminado em consoante: nar e fixar as regras.
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
-bibliotecário. DIVISÃO SILÁBICA
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su- A cada um dos grupos pronunciados de uma determinada pa-
persônico. lavra numa só emissão de voz, dá-se o nome de sílaba. Na Língua
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. Portuguesa, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal, não existe síla-
ba sem vogal e nunca mais que uma vogal em cada sílaba.
Observações: Para sabermos o número de sílabas de uma palavra, devemos
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra perceber quantas vogais tem essa palavra. Mas preste atenção, pois
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem as letras i e u (mais raramente com as letras e e o) podem represen-
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. tar semivogais.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano. Classificação por número de sílabas
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, Monossílabas: palavras que possuem uma sílaba.
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope- Exemplos: ré, pó, mês, faz
rar, cooperação, cooptar, coocupante.
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al- Dissílabas: palavras que possuem duas sílabas.
mirante. Exemplos: ca/sa, la/ço.
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, Trissílabas: palavras que possuem três sílabas.
pontapé, paraquedas, paraquedista. Exemplos: i/da/de, pa/le/ta.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, Polissílabas: palavras que possuem quatro ou mais sílabas.
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. Exemplos: mo/da/li/da/de, ad/mi/rá/vel.

Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando Divisão Silábica
muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso - Letras que formam os dígrafos “rr”, “ss”, “sc”, “sç”, “xs”, e “xc”
vamos passar para mais um ponto importante. devem permanecer em sílabas diferentes. Exemplos:
des – cer
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons pás – sa – ro...
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. - Dígrafos “ch”, “nh”, “lh”, “gu” e “qu” pertencem a uma única
Vejamos um por um: sílaba. Exemplos:
chu – va
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre quei – jo
aberto.
Já cursei a Faculdade de História. - Hiatos não devem permanecer na mesma sílaba. Exemplos:
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre ca – de – a – do
fechado. ju – í – z
Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este - Ditongos e tritongos devem pertencer a uma única sílaba.
caso afundo mais à frente). Exemplos:
Sou leal à mulher da minha vida. en – xa – guei
cai – xa
As palavras podem ser:
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- - Encontros consonantais que ocorrem em sílabas internas não
-já, ra-paz, u-ru-bu...) permanecem juntos, exceto aqueles em que a segunda consoante
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, é “l” ou “r”. Exemplos:
sa-bo-ne-te, ré-gua...) ab – dô – men
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima flau – ta (permaneceram juntos, pois a segunda letra é repre-
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) sentada pelo “l”)
pra – to (o mesmo ocorre com esse exemplo)
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Alguns grupos consonantais iniciam palavras, e não podem Porquê?
ser separados. Exemplos: Usamos como substantivo, grafado junto e com acento circun-
peu – mo – ni – a flexo. Seu significado é “motivo” ou “razão”, e aparece nas senten-
psi – có – lo – ga ças precedido de artigo, pronome, adjetivo ou numeral com objeti-
vo de explicar o motivo dentro da frase.
Acento Tônico Exemplo: Não disseram o porquê de tanta tristeza.
Quando se pronuncia uma palavra de duas sílabas ou mais, há
sempre uma sílaba com sonoridade mais forte que as demais. Mau e Bom
valor - a sílaba lor é a mais forte. Os Antônimos em questão são adjetivos, ou seja, eles dão ca-
maleiro - a sílaba lei é a mais forte. racterística a um substantivo, locução ou qualquer palavra substan-
tivada. Seu significado está ligado à qualidade ou comportamentos,
Classificação por intensidade podendo ser tanto sinônimos de “ruim/ótimo” e “maldoso/bondo-
-Tônica: sílaba com mais intensidade. so”. As palavras podem se flexionar por gênero e nûmero, se tor-
- Átona: sílaba com menos intensidade. nando “má/boa”, “maus/bons” e “más/boas”. Veja alguns exemplos
- Subtônica: sílaba de intensidade intermediária. e entenda melhor o seu uso.
Ele é um mau aluno
Classificação das palavras pela posição da sílaba tônica Anderson é um bom lutador
As palavras com duas ou mais sílabas são classificadas de acor- Essa piada foi de mau gosto
do com a posição da sílaba tônica. Não sei se você está tendo boas influências

- Oxítonos: a sílaba tônica é a última. Exemplos: paletó, Paraná, Mal e Bem


jacaré. Essas palavras normalmente são usadas como advérbios, ou
- Paroxítonos: a sílaba tônica é a penúltima. Exemplos: fácil, ba- seja, elas caracterizam o processo verbal. São advérbios de modo
nana, felizmente. e podem ser sinônimos de “incorretamente/corretamente”, “erra-
- Proparoxítonos: a sílaba tônica é a antepenúltima. Exemplos: damente/certamente” e “negativamente/positivamente”. Mal tam-
mínimo, fábula, término. bém pode exercer função de conjunção, ligando dois elementos ou
orações com o significado de “assim que”. Outro uso comum para
USOS DE “PORQUE”, “POR QUE”, “PORQUÊ”, “POR QUÊ” estas palavras é o de substantivo, podendo significar uma situação
O emprego correto das diferentes formas do “porque” sempre negativa ou positiva. Veja os exemplos seguidos das funções das
gera dúvida. Resumidamente, esses são seus usos corretos: palavras em cada um deles para uma compreensão melhor.
Maria se comportou mal hoje. – Adverbio
Perguntas = por que Eles representaram bem a sala. – Adverbio
Respostas = porque Mal começou e já terminou. – Conjunção
Perguntas no fim das frases = por quê Eles são o mal da sociedade. – Substantivo
Substantivo = (o) porquê Vocês não sabem o bem que fizeram. – Substantivo.

Vejamos uma explicação melhor de cada um: MAIS OU MAS

Por que? Usadas para adição ou adversidade


Usamos em perguntas. “Por que” separado e sem acento é usa- As palavras mais ou mas têm sons iguais, mas são escritas de
do no começo das frases interrogativas diretas ou indiretas, e pode formas diferentes e cada uma faz parte de uma classificação da
ser substituído por: “pela qual” ou suas variações. morfologia. Seus significados no contexto também vão mudar de-
Trata-se de um advérbio interrogativo formado da união da pendendo da palavra usada.
preposição “por” e o pronome relativo “pelo qual”. No dia a dia, no discurso informal, é comum ouvir as pessoas
Exemplos: Por que está tão quieta? falando “mais” quando, na verdade, querem se referir à expressão
Não sei por que tamanho mau humor. “mas” para dar sentido de oposição à frase. Por isso, é importante
falar certo para escrever adequadamente.
Porque? Há formas fáceis e rápidas para entender a diferença de quan-
Usamos em respostas. Escrito junto e sem acento, trata-se de do usar mais ou mas por meio de substituições de palavras. Elas
conjunção subordinativa causal ou coordenativa explicativa, e pode serão explicadas ao longo do texto. Continue lendo este artigo para
ser substituído por palavras, como “pois”, ou as expressões “para nunca mais ter dúvidas sobre o uso destas expressões e ter sucesso
que” e “uma vez que”. na sua prova.

Por quê? Quando usar Mais


Usamos em perguntas no fim das frases. Escreve-se separado e A palavra “mais” tem sentido de adição, soma, comparação ou
com acento circunflexo, e é usado no final das interrogativas diretas quantidade. É antônima de “menos”. Na dúvida entre mais ou mas,
ou de forma isolada. Antes de um ponto mantém o sentido interro- utilize a opção com “i” quando o interlocutor quiser passar a ideia
gativo ou exclamativo. de numeral.
Exemplos: O portão não foi aberto por quê
Não vai comer mais? Por quê? Exemplos:
- Mais café, por favor! / + café, por favor!
- Seis mais seis é igual a doze. / Seis + seis é igual a doze.
- Quanto mais conhecimento, melhor. / Quanto + conhecimen-
to, melhor.

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Iolanda é a garota mais alta da turma. / Iolanda é a garota + A frase passa a ter intensidade quando utilizou-se o termo em
alta da turma. negrito.
- Gostaria de mais frutas no café da manhã. / Gostaria de +
frutas no café da manhã. Observação: a palavra mas não deve ser confundida com más
porque esta palavra quando é acentuada passa a ter equivalência
A forma mais comum de usar “mais” é como advérbio de in- de plural do adjetivo “má”, que é o oposto de “boa”. Exemplo: “As
tensidade, mas existem outras opções. Esta palavra pode receber más companhias não renderão um futuro promissor”.
classificações variadas a depender do contexto da oração. E assumir
a forma de um substantivo, pronome indefinido, advérbio de inten- Mais ou mas em composições
sidade, preposição ou conjunção. A seguir, observa-se como as expressões foram usadas na músi-
ca “Mais uma vez”, interpretada por Renato Russo.
Como identificar Mas é claro que o sol
Para saber quando deverá ser usado “mais” ao invés de “mas”, Vai voltar amanhã
troque pelo antônimo “menos”. Mais uma vez, eu sei
(...)
Assim: Tem gente que está do mesmo lado que você
- Mais café, por favor! / Menos café, por favor! Mas deveria estar do lado de lá
- Seis mais seis é igual a doze. / Seis menos seis é igual a zero. Tem gente que machuca os outros
- Quanto mais conhecimento, melhor. / Quanto menos conhe- Tem gente que não sabe amar
cimento, pior. Tem gente enganando a gente
- Iolanda é a garota mais alta da turma. / Iolanda é a garota Veja nossa vida como está
menos alta da turma. Mas eu sei que um dia
- Gostaria de mais frutas no café da manhã. / Gostaria de me- A gente aprende
nos frutas no café da manhã. Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quando usar Mas (...)
A palavra “mas”, por ser uma conjunção adversativa, é usada
para transmitir ideia de oposição ou adversidade. Ela pode ser subs- Compositores: Flavio Venturini / Renato Russo
tituída pelas conjunções porém, todavia, contudo, entretanto, no Na primeira estrofe, observa-se os termos destacados em ne-
entanto e não obstante. grito como exemplos de adversidade ou ressalva e adição respecti-
vamente. Já na segunda, tem-se duas ideias de adversidade.
Como identificar
Para saber quando deve-se usar “mas”, pode-se substituir a pa- Agora, tem-se o exemplo de como Marisa Monte usou “mais
lavra por outra conjunção. ou mas” na canção “Mais uma vez”, interpretada por ela.
Mais uma vez eu vou te deixar
Exemplos: Mas eu volto logo pra te ver
- Sairei mais tarde de casa, mas (porém) não chegarei atrasado Vou com saudades no meu coração
no trabalho. Mando notícias de algum lugar.
- É uma ótima sugestão, mas (no entanto) precisa passar pela (..)
gerência. Compositores: Marisa De Azevedo Monte
- Prefiro estudar Português a Matemática, mas (contudo) hoje
tive que estudar Trigonometria.
- Não peguei engarrafamento, mas (entretanto) chegarei atra- ACENTUAÇÃO GRÁFICA
sado na escola.
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons
Dica esperta para identificar o “mas” na oração: como você com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
pode ver nos exemplos, a palavra “mas” vem sucedendo uma vírgu- indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
la. Esta observação se aplica em muitos casos que geram a dúvida Vejamos um por um:
de quando usar “mais ou mas” no texto.
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
Além da dica acima, na hora de identificar o uso de mais ou aberto.
mas, atente-se para a possibilidade da palavra “mas” assumir ca- Já cursei a Faculdade de História.
racterística de substantivo, quando trouxer ideia de defeito, e ad- Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
vérbio, quando intensificar ou der ênfase à afirmação. fechado.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
Exemplos: Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
1) Como ideia de defeito: Messias é um bom garoto, mas anda caso afundo mais à frente).
com más influências. Sou leal à mulher da minha vida.
A frase expressa defeito porque embora Messias seja um bom
garoto, anda com más influências. As palavras podem ser:
2) Como ênfase: Carlos é ingênuo, mas tão ingênuo, que todo – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
mundo tira vantagem disso. -já, ra-paz, u-ru-bu...)
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...)

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima – Antes de pronomes
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.

As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, A quem vocês se reportaram no Plenário?
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter, – Antes de verbos no infinitivo
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...) A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu,
dói, coronéis...) FORMAÇÃO, CLASSE E EMPREGO DE PALAVRAS
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) CLASSES DE PALAVRAS

Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei- Substantivo
nar e fixar as regras. São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi-
nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen-
timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
Classificação dos substantivos
A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a
é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
demonstrativo.
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)
sua estrutura. macaco/sabão
• Devemos usar crase: SUBSTANTIVOS Macacos-prego/
– Antes palavras femininas: COMPOSTOS: são formados porta-voz/
Iremos à festa amanhã por mais de um radical em pé-de-moleque
Mediante à situação. sua estrutura.
O Governo visa à resolução do problema.
SUBSTANTIVOS Casa/
PRIMITIVOS: são os que dão mundo/
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas origem a outras palavras, ou população
locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a: seja, ela é a primeira. /formiga
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial. SUBSTANTIVOS Caseiro/mundano/
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti- DERIVADOS: são formados populacional/formigueiro
vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. por outros radicais da língua.
Mas... há crase, sim!
SUBSTANTIVOS Rodrigo
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-
PRÓPRIOS: designa /Brasil
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.
determinado ser entre outros /Belo Horizonte/Estátua
– Expressões fixas da mesma espécie. São da Liberdade
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de sempre iniciados por letra
crase: maiúscula.
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von- SUBSTANTIVOS biscoitos/ruídos/estrelas/
tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às COMUNS: referem-se cachorro/prima
pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à qualquer ser de uma mesma
direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon- espécie.
didas, à medida que, à proporção que.
SUBSTANTIVOS Leão/corrente
• NUNCA devemos usar crase: CONCRETOS: nomeiam seres /estrelas/fadas
– Antes de substantivos masculinos: com existência própria. Esses /lobisomem
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a seres podem ser animadoso /saci-pererê
pé. ou inanimados, reais ou
imaginários.
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou SUBSTANTIVOS Mistério/
plural) usado em sentido generalizador: ABSTRATOS: nomeiam bondade/
Depois do trauma, nunca mais foi a festas. ações, estados, qualidades confiança/
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho- e sentimentos que não tem lembrança/
mem. existência própria, ou seja, só amor/
existem em função de um ser. alegria
– Antes de artigo indefinido “uma”
Iremos a uma reunião muito importante no domingo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUBSTANTIVOS Elenco (de atores)/


COLETIVOS: referem-se a um acervo (de obras
conjunto de seres da mesma artísticas)/buquê (de flores)
espécie, mesmo quando
empregado no singular e
constituem um substantivo
comum.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS
PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI!

Flexão dos Substantivos


• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou uni-
formes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o pre-
sidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariáveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira ma-
cho/palmeira fêmea.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a tes-
temunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente, o/a
estudante, o/a colega.

• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).


– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.

• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau diminutivo.


– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.

Adjetivo
É a palavra variável que especifica e caracteriza o substantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão composta
por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo: golpe de
mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vespertino).

Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o feminino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria japo-
nesa, aluno chorão/ aluna chorona.

• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namoradores,
japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.

Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela, Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Empregado nas correspondências e textos
Vossa Senhoria
escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas,
pouco, pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas,
Variáveis
vário, vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer,
qual, quais, um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc.
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO. PARALELISMO SINTÁTICO

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo da
sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar algumas
questões importantes:
• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo.
Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio!

• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.

• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.


A tecnologia permitiu o resgate dos operários.

• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.

• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção.
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.

• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.

• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.

• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.

• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.


A especulação imobiliária me parece um problema.

• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.

• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.

• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.


Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
final. •
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não • Ao chegar à escola conversamos, estudamos,
passa no vestibular. lanchamos.

Alternativas Manuela ora quer comer hambúr- Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
guer, ora quer comer pizza.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.
iremos mais lá.
João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá
Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava inveja.
de mau humor.

35
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de orações subordinadas
As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Substantivas Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de


Explicam um termo dito anteriormente. quinta, terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas
Adjetivas Restritivas Os alunos que foram mal na prova de
Restringem o sentido de um termo dito quinta terão aula de reforço.
anteriormente. NUNCA serão acompanhadas por
vírgula.

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do
Assumem a função de advérbio de dia.
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar
Assumem a função de advérbio de condição na reunião.
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Orações Subordinadas
Assumem a função de advérbio de previsto.
Adverbiais
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa
Assumem a função de advérbio de mais tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que
Assumem a função de advérbio de finalidade todos tenham acesso aos benefícios.
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono
Assumem a função de advérbio de tinha.
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos
Assumem a função de advérbio de tempo saem de suas casas.

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

36
LÍNGUA PORTUGUESA
Travessão ( — )
PONTUAÇÃO Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta-
Pontuação -men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter-
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de
organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das um diálogo, com ou sem aspas.
pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.
funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE-
CHARA, 2009, p. 514) Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon- timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên-
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti- tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza-
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi-
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses rem uma nova inserção.
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go-
vernador)
Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau- Aspas ( “ ” )
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
reticências. especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
Estaremos presentes na festa. apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ponto de interrogação ( ? ) Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati-
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica. Vírgula
Você vai à festa? São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
Ponto de exclamação ( ! ) disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama- vírgula:
tiva. 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti-
Ex: Que bela festa! mos” o momento certo de fazer uso dela.
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
Reticências ( ... ) alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
Ex: Essa festa... não sei não, viu. menos importante e que pode ser colocada depois.
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
Dois-pontos ( : ) dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação Maria foi à padaria ontem.
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, Sujeito Verbo Objeto Adjunto
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
re por alguns motivos:
Ponto e vírgula ( ; ) 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o
2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas,
3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume-
verbo e o adjunto.
ração (frequente em leis), etc.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
bém uma linda decoração e bebidas caras.
comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
é necessária:
Ontem, Maria foi à padaria.
Maria, ontem, foi à padaria.
À padaria, Maria foi ontem.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces- • Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando
sário: pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan-
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumera- do advérbios:
ção. Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a Usou meia dúzia de ovos.
serem observadas na redação oficial.
• Separa aposto. • Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica. Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
• Separa vocativo.
Brasileiros, é chegada a hora de votar. • É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o
• Separa termos repetidos. substantivo estiver determinado por artigo:
Aquele aluno era esforçado, esforçado. É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.

• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli- Concordância Verbal


ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor-
efeito, digo. mes.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara,
ou seja, de fácil compreensão. Concordância ideológica ou silepse
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne-
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen- ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
tos). contexto.
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) Blumenau estava repleta de turistas.

• Separa orações coordenadas assindéticas. • Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
ideias na cabeça... texto.
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau-
• Isola o nome do lugar nas datas. sos.
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa soa gramatical que está subentendida no contexto.
forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor- líticos.
mações comprovam, etc.
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
nizar o problema. COLOCAÇÃO PRONOMINAL

A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da


CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono-
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma
Concordância Nominal culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos após o verbo – ênclise.
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
referem. cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto- gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita,
sa. formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
Casos Especiais de Concordância Nominal as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio: não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam dique a eufonia da frase.
alerta.
Próclise
• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma- Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
ção de palavras compostas:
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso. Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de cientemente.
acordo com o substantivo a que se referem: Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?

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LÍNGUA PORTUGUESA
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante- Observação
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor! Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita! Devo-lhe dizer tudo.
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se- Estava-lhe dizendo tudo.
jam reduzidas: Percebia que o observavam. Havia-lhe dito tudo.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
tudo dá.
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
tentos são para nos prejudicarem.
• Regência Nominal
Ênclise A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan-
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple-
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do mento é estabelecida por uma preposição.
indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade! • Regência Verbal
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre- A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o
posição em: Saí, deixando-a aflita. verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com Isto pertence a todos.
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
Apressei-me a convidá-los. Regência de algumas palavras

Mesóclise Esta palavra combina com Esta preposição


Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
Acessível a
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no Apto a, para
futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade. Atencioso com, para com
Far-me-ias um favor? Coerente com
Conforme a, com
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. Dúvida acerca de, de, em, sobre
Eu lhe direi toda a verdade. Empenho de, em, por
Tu me farias um favor?
Fácil a, de, para,
Colocação do pronome átono nas locuções verbais Junto a, de
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve- Pendente de
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. Preferível a
Exemplos:
Próximo a, de
Devo-lhe dizer a verdade.
Devo dizer-lhe a verdade. Respeito a, com, de, para com, por
Situado a, em, entre
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
do auxiliar ou depois do principal. Ajudar (a fazer algo) a
Exemplos: Aludir (referir-se) a
Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade. Aspirar (desejar, pretender) a
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, Deparar (encontrar) com
o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade. Implicar (consequência) Não usa preposição
Lembrar Não usa preposição
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
auxiliar. Pagar (pagar a alguém) a
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. Precisar (necessitar) de
Proceder (realizar) a
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
do infinitivo. Responder a
Exemplos: Visar ( ter como objetivo a
Hei de dizer-lhe a verdade. pretender)
Tenho de dizer-lhe a verdade.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
QUE NÃO ESTÃO AQUI!

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LÍNGUA PORTUGUESA

RELAÇÕES DE SINONÍMIA E ANTONÍMIA

Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que
compõem este estudo.

Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.

O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o significado
de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher.
Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito im-
portante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos,
para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po-
EXERCÍCIOS der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o
corpo dos supliciados.
1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é (E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um
a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con-
se fundamenta em intertextualidade é: trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido organização em delinqüência.
há muito tempo.”
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se 6. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR –
mete onde não é chamada.” 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é:
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente (A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade
mesmo!” extraordinária de imitar vários estilos musicais.
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, (B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti-
tudo bem.” mentos pessoais por meio de sua música.
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” (C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
composições do músico na cultura ocidental.
2. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alterna- (D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo-
tiva em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão. sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona-
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”. gens.
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”. (E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
(C) “sérios”, “potência”, “após”. deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
(D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(E) “solidária”, “área”, “após”. 7. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode ser
retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma pa-
drão na seguinte sentença:
3. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex-
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
objetivo é a seguinte:
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
(A) pôr.
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
(B) ilhéu.
(C) sábio.
8. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
(D) também. DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
(E) lâmpada. pontuação em:
(A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
4. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série dados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras: (B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra-
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- teiramente pela porta?
-vermelho. (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in- tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
fra-assinado. (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con- irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
trarregra. (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
-mencionado. cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.

5. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003) 9. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em- mente correta a pontuação do seguinte período:
pregadas e grafadas. (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po- pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente
qualquer excesso e violência. sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata- (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem
isso, num modo de intervenção específico. importância, ditam o rumo de toda a história.
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o (C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol- providências, que, tomadas por figurantes aparentemente,
ta que ambos possam suscitar. sem importância, ditam o rumo de toda a história.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis 15. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
importância, ditam o rumo de toda a história. nhados classificam-se, respectivamente, em
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque- (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente, (C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
sem importância, ditam o rumo de toda a história. (D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.
10. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) –
2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo 16. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
mesmo processo de formação é: 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está cor-
(A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso; reta.
(B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer; (A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
(C) deslealdade, colunista, incrível; (B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
(D) anoitecer, festeiro, infeliz; (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
(E) reeducação, dignidade, enriquecer. 35% deles fosse despejado em aterros.
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
11. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso de lixo.
cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação
utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a 17. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012)
palavra primitiva foi formada respectivamente é: Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté- de concordância no texto abaixo.
tica (en + trist + ecer); O bom desempenho do lado real da economia proporcionou
(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra-
(en + triste + cer); tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo-
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin- ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de-
tética (en + trist + ecer); flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi- receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição
xal (des + entristecer); Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan-
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti- ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de
ca (des + entristecer). salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência
12. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital,
2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
formada por derivação: (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
(A) parassintética; plural em “deflacionados”.
(B) prefixal; (B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
(C) sufixal; em “Elevaram-se”.
(D) imprópria; (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
(E) regressiva. regras de concordância com “economia”.
(D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
13. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do singular em “fez aumentar”.
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
(A) pronome; com “relevantes”.
(B) adjetivo;
(C) advérbio; 18. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
(D) substantivo; – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen-
(E) preposição. te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
14. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação (B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
morfológica do pronome “alguém” (l. 44). (C) Pretendo viajar a Paraíba.
(A) Pronome demonstrativo. (D) Ele gosta de bife à cavalo.
(B) Pronome relativo.
(C) Pronome possessivo.
(D) Pronome pessoal.
(E) Pronome indefinido.

42
LÍNGUA PORTUGUESA
19. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração 24. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI-
“Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata- NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser
que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se um processo de observação cristalina para assumir um discurso de
a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase
locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser nada retratam as necessidades de populações distintas.”.
marcada com o acento, EXCETO em: A oração grifada no trecho acima classifica-se como:
(A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema. (A) subordinada substantiva predicativa;
(B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do (B) subordinada adjetiva restritiva;
eleitorado pelo resultado final. (C) subordinada substantiva subjetiva;
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema. (D) subordinada substantiva objetiva direta;
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolú- (E) subordinada adjetiva explicativa.
vel.
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sis- 25. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No
tema. trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como:
20. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração “Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia,
e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um mas nunca à custa de nossos filhos...”
(a): (A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin-
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças dética adversativa;
americanas, entre na fila.” (B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex-
(A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e plicativa;
subordinadas. (C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver-
(B) Período, composto por três orações. bial concessiva;
(C) Oração, pois possui sentido completo. (D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada
(D) Período, pois é composto por frases e orações. sindética adversativa;
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con-
21. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS – cessiva.
2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não dor-
miu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segunda 26. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No pe-
oração. ríodo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um
(A) Oração coordenada assindética aditiva. governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a
(B) Oração coordenada sindética aditiva. história.”, a oração sublinhada é classificada como:
(C) Oração coordenada sindética adversativa. (A) coordenada assindética;
(D) Oração coordenada sindética explicativa. (B) subordinada substantiva completiva nominal;
(E) Oração coordenada sindética alternativa. (C) subordinada substantiva objetiva indireta;
(D) subordinada substantiva apositiva.
22. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia
a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer Leia o texto abaixo para responder a questão.
exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas A lama que ainda suja o Brasil
orações. Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
(A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
sativa. A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
(B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva. dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
(C) Oração coordenada assindética e oração coordenada adi- ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
tiva. um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
(D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu- Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
tiva.
pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
(E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
bial consecutiva.
ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
23. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) Ana-
funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
lise sintaticamente a oração em destaque:
coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen-
sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
sados” (Machado de Assis). se tornou uma bomba relógio na região.”
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal. Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
(B) oração subordinada adverbial causal. de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida. do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
(D) oração coordenada sindética conclusiva. barragens de mineração em todo o País apresentam condições de
(E) oração coordenada sindética explicativa. insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do
senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar-
co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori-

43
LÍNGUA PORTUGUESA
dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com mando…
o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer. — Também os batedores vão adiante do imperador.
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+- — Você é imperador?
QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
27. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido: trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
fato. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
gênero textual editorial. costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en-
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
que se trata de uma reportagem. orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
se trata de um editorial. isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
Analise as assertivas e responda: Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é
(A) Somente a I é correta. que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo
(B) Somente a II é incorreta. e acima…
(C) Somente a III é correta A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
(D) A III e IV são corretas. agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
28. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
ainda suja o Brasil”: tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
no desenvolvimento do assunto.
costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro-
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
blemas no uso de conjunções e preposições.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes
a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
de palavras e da ordem sintática.
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão
bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
temática e bom uso dos recursos coesivos.
alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
perguntou-lhe:
Analise as assertivas e responda:
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
(A) Somente a I é correta.
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
(B) Somente a II é incorreta.
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
(C) Somente a III é correta.
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
(D) Somente a IV é correta.
Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça
Leia o texto abaixo para responder as questões.
grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda,
aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai go-
UM APÓLOGO
zar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que
Machado de Assis.
não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola-
se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
muita linha ordinária!
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
daço ao outro, dou feição aos babados…

44
LÍNGUA PORTUGUESA
29. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as personagens
presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os elementos
dos textos:

(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando...” (L.14-15)
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que
vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.” (L.25-26)
(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura.
Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.” (L.40-41)

30. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade,
pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidinha”(L.26)
e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
(A) dimensão e pejoratividade;
(B) afetividade e intensidade;
(C) afetividade e dimensão;
(D) intensidade e dimensão;
(E) pejoratividade e afetividade.

31. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito comum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alternativa cujo
trecho retirado do texto é uma demonstração da expressividade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça.” (L.06)
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13)
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!” (L.43)
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?” (L.25)

32. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente de
trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia presente no texto:
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, cada sujeito possui atribuições próprias.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente coletivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do sujeito.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.

33. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberdades ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a nossa
Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase acima, na ordem dada, as expressões:
(A) a que – de que;
(B) de que – com que;
(C) a cujas – de cujos;
(D) à que – em que;
(E) em que – aos quais.

45
LÍNGUA PORTUGUESA
34. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008) 38. (CÂMARA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - AUXILIAR
Assinale o trecho que apresenta erro de regência. ADMINISTRATIVO - INSTITUTO AOCP - 2019 )
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de Referente à aplicação de elementos de gramática à redação ofi-
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe- cial, os sinais de pontuação estão ligados à estrutura sintática e têm
cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a várias finalidades. Assinale a alternativa que apresenta a pontuação
maior taxa registrada na última década. que pode ser utilizada em lugar da vírgula para dar ênfase ao que
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que se quer dizer.
serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a (A) Dois-pontos.
conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). (B) Ponto-e-vírgula.
(C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento (C) Ponto-de-interrogação.
em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em (D) Ponto-de-exclamação.
que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am-
pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de 39. (UNIR - TÉCNICO DE LABORATÓRIO - ANÁLISES CLÍNICAS-
novas fontes de petróleo. AOCP – 2018)
(D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente, Pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder
percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí- Público redige atos normativos e comunicações. Em relação à reda-
da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação ção de documentos oficiais, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO,
menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina. os itens a seguir.
(E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia, A língua tem por objetivo a comunicação. Alguns elementos
com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro são necessários para a comunicação: a) emissor, b) receptor, c) con-
da América Latina, o organismo internacional está atribuindo teúdo, d) código, e) meio de circulação, f) situação comunicativa.
um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do Com relação à redação oficial, o emissor é o Serviço Público (Minis-
que o do Brasil. tério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção). O assunto
é sempre referente às atribuições do órgão que comunica. O desti-
35. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – natário ou receptor dessa comunicação ou é o público, o conjunto
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros
o seguinte par de palavras: Poderes da União.
(A) estrondo – ruído; ( ) Certo
(B) pescador – trabalhador; ( ) Errado
(C) pista – aeroporto;
(D) piloto – comissário; 40. (IF-SC - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO- IF-SC - 2019 )
(E) aeronave – jatinho. Determinadas palavras são frequentes na redação oficial. Con-
forme as regras do Acordo Ortográfico que entrou em vigor em
36. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 2009, assinale a opção CORRETA que contém apenas palavras gra-
PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma fadas conforme o Acordo.
questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é I. abaixo-assinado, Advocacia-Geral da União, antihigiênico, ca-
sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque pitão de mar e guerra, capitão-tenente, vice-coordenador.
tem como antônimo: II. contra-almirante, co-obrigação, coocupante, decreto-lei, di-
(A) fortuna; retor-adjunto, diretor-executivo, diretor-geral, sócio-gerente.
(B) opulência; III. diretor-presidente, editor-assistente, editor-chefe, ex-dire-
(C) riqueza; tor, general de brigada, general de exército, segundo-secretário.
(D) escassez; IV. matéria-prima, ouvidor-geral, papel-moeda, pós-graduação,
(E) abundância. pós-operatório, pré-escolar, pré-natal, pré-vestibular; Secretaria-
-Geral.
37. (IF BAIANO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF-BA – V. primeira-dama, primeiro-ministro, primeiro-secretário, pró-
2019) -ativo, Procurador-Geral, relator-geral, salário-família, Secretaria-
Acerca de seus conhecimentos em redação oficial, é correto -Executiva, tenente-coronel.
afirmar que o vocativo adequado a um texto no padrão ofício desti-
nado ao presidente do Congresso Nacional é Assinale a alternativa CORRETA:
(A) Senhor Presidente. (A) As afirmações I, II, III e V estão corretas.
(B) Excelentíssimo Senhor Presidente. (B) As afirmações II, III, IV e V estão corretas.
(C) Presidente. (C) As afirmações II, III e IV estão corretas.
(D) Excelentíssimo Presidente. (D) As afirmações I, II e IV estão corretas.
(E) Excelentíssimo Senhor. (E) As afirmações III, IV e V estão corretas.

41. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018)


Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua.
Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que funda-
mentem esses usos.
Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3:
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de
Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem.
2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à 9ª
Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime.

46
LÍNGUA PORTUGUESA
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relaciona- 32 D
mento difícil com a mãe e teria discutido com ela momentos antes
de desferir os golpes. 33 A
34 D
INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso
da vírgula em cada frase. 35 E
( ) Para destacar deslocamento de termos. 36 D
( ) Para separar adjuntos adverbiais.
37 B
( ) Para indicar um aposto.
38 B
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é: 39 A
(A) 1 – 2 – 3.
(B) 2 – 1 – 3. 40 E
(C) 3 – 1 – 2. 41 C
(D) 3 – 2 – 1.

ANOTAÇÕES
GABARITO
______________________________________________________
1 E
______________________________________________________
2 A
______________________________________________________
3 A
4 D ______________________________________________________
5 B ______________________________________________________
6 C
______________________________________________________
7 B
8 E ______________________________________________________

9 A ______________________________________________________
10 A ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 D
13 A ______________________________________________________
14 E ______________________________________________________
15 B
______________________________________________________
16 E
______________________________________________________
17 A
18 A ______________________________________________________
19 D ______________________________________________________
20 B
______________________________________________________
21 C
22 C ______________________________________________________
23 E ______________________________________________________
24 A
______________________________________________________
25 D
______________________________________________________
26 B
27 C ______________________________________________________
28 D ______________________________________________________
29 E
_____________________________________________________
30 D
31 D _____________________________________________________

47
LÍNGUA PORTUGUESA
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48
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA

Exemplo 2
OPERAÇÕES, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES 40 – 9 x 4 + 23
(SOMA, SUBTRAÇÃO, MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO, 40 – 36 + 23
POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO). CONJUNTOS 4 + 23
NUMÉRICOS (NÚMEROS NATURAIS, INTEIROS, 27
RACIONAIS E REAIS) E OPERAÇÕES COM CONJUNTOS
Exemplo 3
Números Naturais 25-(50-30)+4x5
Os números naturais são o modelo matemático necessário 25-20+20=25
para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade, Números Inteiros
obtemos o conjunto infinito dos números naturais Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero.
Este conjunto pode ser representado por:

- Todo número natural dado tem um sucessor


a) O sucessor de 0 é 1.
b) O sucessor de 1000 é 1001. Subconjuntos do conjunto :
c) O sucessor de 19 é 20. 1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero

Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. {...-2, -1, 1, 2, ...}

2) Conjuntos dos números inteiros não negativos


{1,2,3,4,5,6... . }
{0, 1, 2, ...}
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces-
sor (número que vem antes do número dado). 3) Conjunto dos números inteiros não positivos
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero.
a) O antecessor do número m é m-1. {...-3, -2, -1}
b) O antecessor de 2 é 1.
c) O antecessor de 56 é 55. Números Racionais
d) O antecessor de 10 é 9. Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
presso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
Expressões Numéricas São exemplos de números racionais:
Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, mul-
tiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer em -12/51
uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas utili- -3
zamos alguns procedimentos:
-(-3)
Se em uma expressão numérica aparecer as quatro operações, -2,333...
devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeiramente, na
ordem em que elas aparecerem e somente depois a adição e a sub- As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,
tração, também na ordem em que aparecerem e os parênteses são portanto são consideradas números racionais.
resolvidos primeiro. Como representar esses números?

Exemplo 1 Representação Decimal das Frações


10 + 12 – 6 + 7 Temos 2 possíveis casos para transformar frações em decimais
22 – 6 + 7
16 + 7
23

49
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número de- E então subtraímos:
cimal terá um número finito de algarismos após a vírgula. 10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
X=3/9
X=1/3

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, mas
lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número racio- Subtraindo:
nal 100x-x=112,1212...-1,1212...
OBS: período da dízima são os números que se repetem, se 99x=111
não repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, que X=111/99
trataremos mais a frente.
Números Irracionais
Identificação de números irracionais
– Todas as dízimas periódicas são números racionais.
– Todos os números inteiros são racionais.
– Todas as frações ordinárias são números racionais.
– Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
– Todas as raízes inexatas são números irracionais.
– A soma de um número racional com um número irracional é
sempre um número irracional.
– A diferença de dois números irracionais, pode ser um número
racional.
Representação Fracionária dos Números Decimais – Os números irracionais não podem ser expressos na forma ,
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o com a e b inteiros e b≠0.
denominador seguido de zeros.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa, Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional.
um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.
– O quociente de dois números irracionais, pode ser um núme-
ro racional.

Exemplo: : = = 2 e 2 é um número racional.

– O produto de dois números irracionais, pode ser um número


racional.

Exemplo: . = = 7 é um número racional.

Exemplo: radicais( a raiz quadrada de um número na-


tural, se não inteira, é irracional.

2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como Números Reais


podemos transformar em fração?

Exemplo 1
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada
de x, ou seja
X=0,333...

Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por 10.


10x=3,333...

Fonte: www.estudokids.com.br

50
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Representação na reta Semirreta direita, fechada de origem a – números reais maiores
ou iguais a A.

Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x ϵ R|x≥a}

Intervalos limitados Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maiores


Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou iguais a que a.
e menores do que b ou iguais a b.

Intervalo:]a,+ ∞[
Intervalo:[a,b] Conjunto:{x ϵ R|x>a}
Conjunto: {x ϵ R|a≤x≤b}
Potenciação
Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores que Multiplicação de fatores iguais
b.
2³=2.2.2=8

Casos
Intervalo:]a,b[ 1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
Conjunto:{xϵR|a<x<b}

Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a ou


iguais a A e menores do que B.

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.

Intervalo:{a,b[
Conjunto {x ϵ R|a≤x<b}

Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e 3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta em
menores ou iguais a b. um número positivo.

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x ϵ R|a<x≤b} 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resulta
em um número negativo.
Intervalos Ilimitados
Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais me-
nores ou iguais a b.

5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o sinal


para positivo e inverter o número que está na base.
Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x ϵ R|x≤b}

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais me-


nores que b.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x ϵ R|x<b}

51
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor do Técnica de Cálculo
expoente, o resultado será igual a zero. A determinação da raiz quadrada de um número torna-se mais
fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números primos.
Veja:
64 2
32 2
Propriedades 16 2
1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma
8 2
base, repete-se a base e soma os expoentes.
4 2
Exemplos: 2 2
24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27 1
64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um


e multiplica.

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.


Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

Exemplos: Observe:
96 : 92 = 96-2 = 94 1 1 1
3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
2 2 2

De modo geral, se
3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * ,
os expoentes.

Exemplos: Então:
(52)3 = 52.3 = 56 n
a.b = n a .n b

O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado é


igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do radi-
cando.
4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um
expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente. Raiz quadrada de frações ordinárias
(4.3)²=4².3² 1 1
2  2 2 22 2
5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, podemos Observe: =  = 1 =
elevar separados.
3 3 3
32
a na
* *
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R , n ∈ N , então: n =
+
b nb
O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado
Radiciação é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
Radiciação é a operação inversa a potenciação radicando.

Raiz quadrada números decimais

Operações

52
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Operações Múltiplos
Um número é múltiplo de outro quando ao dividirmos o pri-
meiro pelo segundo, o resto é zero.
Multiplicação
Exemplo
Exemplo

Divisão
O conjunto de múltiplos de um número natural não-nulo é in-
finito e podemos consegui-lo multiplicando-se o número dado por
todos os números naturais.
Exemplo M(3)={0,3,6,9,12,...}

Divisores
Os números 12 e 15 são múltiplos de 3, portanto 3 é divisor de
Adição e subtração 12 e 15.
D(12)={1,2,3,4,6,12}
Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20. D(15)={1,3,5,15}

Observações:
8 2 20 2 – Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
4 2 10 2 – Todo número natural é múltiplo de 1.
2 2 5 5 – Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múlti-
plos.
1 1 - O zero é múltiplo de qualquer número natural.

Máximo Divisor Comum


O máximo divisor comum de dois ou mais números naturais
não-nulos é o maior dos divisores comuns desses números.
Caso tenha: Para calcular o m.d.c de dois ou mais números, devemos seguir
as etapas:
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo. • Decompor o número em fatores primos
• Tomar o fatores comuns com o menor expoente
Racionalização de Denominadores • Multiplicar os fatores entre si.
Normalmente não se apresentam números irracionais com
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos Exemplo:
radicais do denominador chama-se racionalização do denominador.
1º Caso: Denominador composto por uma só parcela 15 3 24 2
5 5 12 2
1 6 2
3 3
1

15 = 3.5 24 = 23.3
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.
O fator comum é o 3 e o 1 é o menor expoente.
m.d.c
(15,24) = 3

Mínimo Múltiplo Comum


Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de O mínimo múltiplo comum (m.m.c) de dois ou mais números é
quadrados no denominador: o menor número, diferente de zero.

Para calcular devemos seguir as etapas:


• Decompor os números em fatores primos
• Multiplicar os fatores entre si

53
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Exemplo: 20,30,44 2
15,24 2 10,15,22 2
15,12 2 5,15,11 3
15,6 2 5,5,11 5
15,3 3 1,1,11 11
5,1 5 1,1,1
1
Mmc(20,30,44)=2².3.5.11=660
Para o mmc, fica mais fácil decompor os dois juntos.
Basta começar sempre pelo menor primo e verificar a divisão 1h---60minutos
com algum dos números, não é necessário que os dois sejam divisí- x-----660
veis ao mesmo tempo. x=660/60=11
Observe que enquanto o 15 não pode ser dividido, continua
aparecendo. Então será depois de 11horas que se encontrarão
7+11=18h
Assim, o mmc (15,24) = 23.3.5 = 120

Exemplo PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE.


O piso de uma sala retangular, medindo 3,52 m × 4,16 m, será ARRANJOS E PERMUTAÇÕES. COMBINAÇÕES
revestido com ladrilhos quadrados, de mesma dimensão, inteiros,
de forma que não fique espaço vazio entre ladrilhos vizinhos. Os Análise Combinatória
ladrilhos serão escolhidos de modo que tenham a maior dimensão A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos
possível. problemas de contagem.
Na situação apresentada, o lado do ladrilho deverá medir
Princípio Fundamental da Contagem
(A) mais de 30 cm. Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de
(B) menos de 15 cm. um evento composto de duas ou mais etapas.
(C) mais de 15 cm e menos de 20 cm. Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão E2
(D) mais de 20 cm e menos de 25 cm. pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras de se
(E) mais de 25 cm e menos de 30 cm. tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.
Resposta: A.
Exemplo
352 2 416 2
176 2 208 2
88 2 104 2
44 2 52 2
22 2 26 2
11 11 13 13
1 1 O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças).
3(blusas)=6 maneiras
Devemos achar o mdc para achar a maior medida possível
E são os fatores que temos iguais:25=32 Fatorial
É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produto
Exemplo de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecu-
(MPE/SP – Oficial de Promotora I – VUNESP/2016) No aero- tivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
porto de uma pequena cidade chegam aviões de três companhias n! = n(n - 1)(n - 2)... 3 . 2 . 1, (n ϵ N)
aéreas. Os aviões da companhia A chegam a cada 20 minutos, da
companhia B a cada 30 minutos e da companhia C a cada 44 mi- Arranjo Simples
nutos. Em um domingo, às 7 horas, chegaram aviões das três com- Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p, toda
panhias ao mesmo tempo, situação que voltará a se repetir, nesse sequência de p elementos distintos de E.
mesmo dia, às:
(A) 16h 30min.
(B) 17h 30min.
(C) 18h 30min.
(D) 17 horas.
(E) 18 horas.

Resposta: E.

54
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Exemplo Combinação Simples
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2 Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode-
algarismos distintos podemos formar? mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto com
i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que po-
demos formar a partir de um grupo de 5 alunos.

Solução

Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados p a p,
também é representado pelo número binomial .
Observe que os números obtidos diferem entre si:
Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos
3 elementos tomados 2 a 2.
Binomiais Complementares
Indica-se A3,2 Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos de-
nominadores é igual ao numerador são iguais:

Permutação Simples
Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer Relação de Stifel
agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
O número de permutações simples de n elementos é indicado
por Pn.
Pn = n!
Triângulo de Pascal
Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução
A palavra tem 8 letras, portanto:
P8 = 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
LINHA 0 1
Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Permutações. LINHA 1 1 1
Como temos uma letra repetida, esse número será menor. LINHA 2 1 2 1
LINHA 3 1 3 3 1
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E
LINHA 4 1 4 6 4 1
LINHA 5 1 5 10 10 5 1
LINHA 6 1 6 15 20 15 6 1

55
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Binômio de Newton Eventos complementares
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma (a + Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A um even-
b)n, com n ϵ N. Vamos desenvolver alguns binômios: to de E. Chama-se complementar de A, e indica-se por , o evento
n = 0 → (a + b)0 = 1 formado por todos os elementos de E que não pertencem a A.
n = 1 → (a + b)1 = 1a + 1b
n = 2 → (a + b)2 = 1a2 + 2ab +1b2
n = 3 → (a + b)3 = 1a3 + 3a2b +3ab2 + b3

Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo de


Pascal.

Note que

Experimento Aleatório
Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é imprevisível, Exemplo
por depender exclusivamente do acaso, por exemplo, o lançamento Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas coloridas.
de um dado. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada uma bola vermelha
é .Calcular a probabilidade de ter sido retirada uma bola que não
Espaço Amostral seja vermelha.
Num experimento aleatório, o conjunto de todos os resultados
possíveis é chamado espaço amostral, que se indica por E. Solução
No lançamento de um dado, observando a face voltada para
cima, tem-se:
E={1,2,3,4,5,6}

No lançamento de uma moeda, observando a face voltada para São complementares.


cima:
E={Ca,Co}

Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral. Adição de probabilidades
No lançamento de um dado, vimos que Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, finito e não
E={1,2,3,4,5,6} vazio. Tem-se:

Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}: Ocorrer


um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo Exemplo
Considere o seguinte experimento: registrar as faces voltadas No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se obter
para cima em três lançamentos de uma moeda. um número par ou menor que 5, na face superior?

a) Quantos elementos tem o espaço amostral? Solução


b) Descreva o espaço amostral. E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6

Solução Sejam os eventos


a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lançamento, A={2,4,6} n(A)=3
há duas possibilidades. B={1,2,3,4} n(B)=4

2x2x2=8

b)
E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(C,R,R),(R,R,R)}

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amostral E com
n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento com n(A) amostras.

56
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Probabilidade Condicional Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:
É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocorreu o
evento B, definido por:

Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 esteja


em proporção com 4/6.

E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6 Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:


B={2,4,6} n(B)=3
A={2}

Segunda propriedade das proporções


Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos dois
primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo termo,
assim como a soma ou a diferença dos dois últimos termos está
Eventos Simultâneos para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos:
Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espaço amos-
tral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por:

Ou

RAZÕES E PROPORÇÕES (GRANDEZAS DIRETAMENTE Ou


PROPORCIONAIS, GRANDEZAS INVERSAMENTE
PROPORCIONAIS)

Razão Ou
Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com
b ≠ 0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por
a/b ou a : b.

Exemplo: Terceira propriedade das proporções


Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças. Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos an-
Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de moças. tecedentes está para a soma ou a diferença dos consequentes, as-
(lembrando que razão é divisão) sim como cada antecedente está para o seu respectivo consequen-
te. Temos então:

Ou
Proporção
Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção entre
A/B e C/D é a igualdade:
Ou

Propriedade fundamental das proporções Ou


Numa proporção:

Grandezas Diretamente Proporcionais


Os números A e D são denominados extremos enquanto os nú- Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente pro-
meros B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos meios porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual a
é igual ao produto dos extremos, isto é: razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma maneira
mais informal, se eu pergunto:
AxD=BxC Quanto mais.....mais....

57
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Exemplo
Distância percorrida e combustível gasto

DISTÂNCIA (KM) COMBUSTÍVEL (LITROS)


13 1
26 2
39 3
52 4
Carlos ganhará R$210000,00 e Carlos R$315000,00.
Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível?
Diretamente proporcionais Inversamente Proporcionais
Se eu dobro a distância, dobra o combustível Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inver-
samente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este número
Grandezas Inversamente Proporcionais M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a 1/p1, 1/p2,
Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro- ..., 1/pn. A montagem do sistema com n equações e n incógnitas,
porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso
ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.
Quanto mais....menos...

Exemplo
Velocidade x Tempo a tabela abaixo:

cuja solução segue das propriedades das proporções:


VELOCIDADE (M/S) TEMPO (S)
5 200
8 125
10 100
16 62,5 PORCENTAGEM
20 50
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, seu sím-
Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo?? bolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que a encontramos
Inversamente proporcional nos meios de comunicação, nas estatísticas, em máquinas de cal-
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade. cular, etc.

Diretamente Proporcionais Os acréscimos e os descontos é importante saber porque ajuda


Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn direta- muito na resolução do exercício.
mente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema
com n equações e n incógnitas, sendo as somas X1+X2+...+Xn=M e Acréscimo
p1+p2+...+pn=P. Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um determina-
do valor, podemos calcular o novo valor apenas multiplicando esse
valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. Se o acréscimo for
de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim por diante. Veja a tabela
abaixo:
A solução segue das propriedades das proporções:
ACRÉSCIMO OU LUCRO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO
10% 1,10
15% 1,15
Exemplo 20% 1,20
Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Carlos 47% 1,47
entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o prêmio
de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o combinado 67% 1,67
entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma diretamente pro-
porcional? Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos:

10 x 1,10 = R$ 11,00

Desconto
No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação será:
Fator de Multiplicação =1 - taxa de desconto (na forma decimal)

58
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Veja a tabela abaixo: Passos utilizados numa regra de três simples:
1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da mesma
DESCONTO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO espécie em colunas e mantendo na mesma linha as grandezas de
espécies diferentes em correspondência.
10% 0,90 2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou inversamen-
25% 0,75 te proporcionais.
3º) Montar a proporção e resolver a equação.
34% 0,66 Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de 400Km/h,
60% 0,40 faz um determinado percurso em 3 horas. Em quanto tempo faria
esse mesmo percurso, se a velocidade utilizada fosse de 480km/h?
90% 0,10
Solução: montando a tabela:
Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos: 1) Velocidade (Km/h) Tempo (h)
10 X 0,90 = R$ 9,00
400 ----- 3
Chamamos de lucro em uma transação comercial de compra e 480 ----- X
venda a diferença entre o preço de venda e o preço de custo.
Lucro=preço de venda -preço de custo 2) Identificação do tipo de relação:

Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de duas


VELOCIDADE Tempo
formas:
400 ↓ ----- 3↑
480 ↓ ----- X↑

Obs.: como as setas estão invertidas temos que inverter os nú-


meros mantendo a primeira coluna e invertendo a segunda coluna
ou seja o que está em cima vai para baixo e o que está em baixo na
segunda coluna vai para cima
Exemplo
(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala de aula
com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está com gripe. Se x% VELOCIDADE Tempo
das meninas dessa sala estão com gripe, o menor valor possível 400 ↓ ----- 3↓
para x é igual a 480 ↓ ----- X↓
(A) 8.
(B) 15. 480x=1200
(C) 10. X=25
(D) 6.
(E) 12. Regra de três composta
Regra de três composta é utilizada em problemas com mais de
Resolução duas grandezas, direta ou inversamente proporcionais.
45------100%
X-------60% Exemplos:
X=27 1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m³ de areia. Em
5 horas, quantos caminhões serão necessários para descarregar
O menor número de meninas possíveis para ter gripe é se to- 125m³?
dos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 meninas estão.
Solução: montando a tabela, colocando em cada coluna as
grandezas de mesma espécie e, em cada linha, as grandezas de es-
pécies diferentes que se correspondem:

Resposta: C. HORAS CAMINHÕES VOLUME


8↑ ----- 20 ↓ ----- 160 ↑
REGRAS DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTAS 5↑ ----- X↓ ----- 125 ↑

Regra de três simples A seguir, devemos comparar cada grandeza com aquela onde
Regra de três simples é um processo prático para resolver pro- está o x.
blemas que envolvam quatro valores dos quais conhecemos três
deles. Devemos, portanto, determinar um valor a partir dos três já Observe que:
conhecidos. Aumentando o número de horas de trabalho, podemos dimi-
nuir o número de caminhões. Portanto a relação é inversamente
proporcional (seta para cima na 1ª coluna).

59
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o número Exemplo
de caminhões. Portanto a relação é diretamente proporcional (seta (PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas – FGV/2015) A idade
para baixo na 3ª coluna). Devemos igualar a razão que contém o de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da soma das idades de
termo x com o produto das outras razões de acordo com o sentido seus dois filhos, Paulo e Pierre. Pierre é três anos mais velho do que
das setas. Paulo. Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da idade
Montando a proporção e resolvendo a equação temos: que Pedro tem hoje.
A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje é:
HORAS CAMINHÕES VOLUME (A) 72;
(B) 69;
8↑ ----- 20 ↓ ----- 160 ↓ (C) 66;
5↑ ----- X↓ ----- 125 ↓ (D) 63;
(E) 60.
Obs.: Assim devemos inverter a primeira coluna ficando:
Resolução
A ideia de resolver as equações é literalmente colocar na lin-
HORAS CAMINHÕES VOLUME
guagem matemática o que está no texto.
8 ----- 20 ----- 160 “Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
5 ----- X ----- 125 Pi=Pa+3

“Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da idade


que Pedro tem hoje.”

Logo, serão necessários 25 caminhões

A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da soma das


EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES idades de seus dois filhos,
Pe=2(Pi+Pa)
Equação 1º grau Pe=2Pi+2Pa
Equação é toda sentença matemática aberta representada por
uma igualdade, em que exista uma ou mais letras que representam Lembrando que:
números desconhecidos. Pi=Pa+3
Equação do 1º grau, na incógnita x, é toda equação redutível
à forma ax+b=0, em que a e b são números reais, chamados coefi- Substituindo em Pe
cientes, com a≠0. Pe=2(Pa+3)+2Pa
Pe=2Pa+6+2Pa
Uma raiz da equação ax+b =0(a≠0) é um valor numérico de x Pe=4Pa+6
que, substituindo no 1º membro da equação, torna-se igual ao 2º
membro.
Pa+3+10=2Pa+3
Nada mais é que pensarmos em uma balança. Pa=10
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
Pe=40+6=46
Soma das idades: 10+13+46=69
Resposta: B.

Equação 2º grau

A equação do segundo grau é representada pela fórmula geral:


A balança deixa os dois lados iguais para equilibrar, a equação
também. ax2+bx+c=0
No exemplo temos:
3x+300 Onde a, b e c são números reais, a≠0.
Outro lado: x+1000+500
E o equilíbrio? Discussão das Raízes
3x+300=x+1500

Quando passamos de um lado para o outro invertemos o sinal


3x-x=1500-300
2x=1200
X=600

60
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Soma das Raízes
Se for negativo, não há solução no conjunto dos números
reais.

Se for positivo, a equação tem duas soluções:


Produto das Raízes

Exemplo Composição de uma equação do 2ºgrau, conhecidas as raízes


Podemos escrever a equação da seguinte maneira:

x²-Sx+P=0

Exemplo
Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau.
, portanto não há solução real. Solução
S=x1+x2=-2+7=5
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0

Exemplo
(IMA – Analista Administrativo Jr – SHDIAS/2015) A soma das
idades de Ana e Júlia é igual a 44 anos, e, quando somamos os qua-
drados dessas idades, obtemos 1000. A mais velha das duas tem:
(A) 24 anos
(B) 26 anos
(C) 31 anos
(D) 33 anos

Resolução
A+J=44
A²+J²=1000
A=44-J
(44-J)²+J²=1000
1936-88J+J²+J²=1000
2J²-88J+936=0
Se ∆ < 0 não há solução, pois não existe raiz quadrada real de Dividindo por2:
um número negativo. J²-44J+468=0
∆=(-44)²-4.1.468
Se ∆ = 0, há duas soluções iguais: ∆=1936-1872=64

Se ∆ > 0, há soluções reais diferentes:

Relações entre Coeficientes e Raízes


Substituindo em A
Dada as duas raízes: A=44-26=18
Ou A=44-18=26
Resposta: B.

61
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Inequação
Uma inequação é uma sentença matemática expressa por uma
ou mais incógnitas, que ao contrário da equação que utiliza um sinal
de igualdade, apresenta sinais de desigualdade. Veja os sinais de
desigualdade:
>: maior
<: menor
≥: maior ou igual
≤: menor ou igual
Sistema de Inequação do 1º Grau
O princípio resolutivo de uma inequação é o mesmo da equa- Um sistema de inequação do 1º grau é formado por duas ou
ção, onde temos que organizar os termos semelhantes em cada mais inequações, cada uma delas tem apenas uma variável sendo
membro, realizando as operações indicadas. No caso das inequa- que essa deve ser a mesma em todas as outras inequações envol-
ções, ao realizarmos uma multiplicação de seus elementos por vidas.
–1com o intuito de deixar a parte da incógnita positiva, invertemos Veja alguns exemplos de sistema de inequação do 1º grau:
o sinal representativo da desigualdade.

Exemplo 1
4x + 12 > 2x – 2
4x – 2x > – 2 – 12
2x > – 14 Vamos achar a solução de cada inequação.
x > –14/2 4x + 4 ≤ 0
x>–7 4x ≤ - 4
x≤-4:4
Inequação - Produto x≤-1
Quando se trata de inequações - produto, teremos uma desi-
gualdade que envolve o produto de duas ou mais funções. Portanto,
surge a necessidade de realizar o estudo da desigualdade em cada S1 = {x ϵ R | x ≤ - 1}
função e obter a resposta final realizando a intersecção do conjunto
resposta das funções. Fazendo o cálculo da segunda inequação temos:
x+1≤0
Exemplo x≤-1
a)(-x+2)(2x-3)<0

A “bolinha” é fechada, pois o sinal da inequação é igual.

S2 = { x ϵ R | x ≤ - 1}

Calculando agora o CONJUNTO SOLUÇÃO da inequação


Temos:
S = S1 ∩ S2

Inequação -Quociente
Na inequação- quociente, tem-se uma desigualdade de funções
fracionárias, ou ainda, de duas funções na qual uma está dividindo
a outra. Diante disso, deveremos nos atentar ao domínio da função Portanto:
que se encontra no denominador, pois não existe divisão por zero. S = { x ϵ R | x ≤ - 1} ou S = ] - ∞ ; -1]
Com isso, a função que estiver no denominador da inequação deve-
rá ser diferente de zero. Inequação 2º grau
O método de resolução se assemelha muito à resolução de Chama-se inequação do 2º grau, toda inequação que pode ser
uma inequação - produto, de modo que devemos analisar o sinal escrita numa das seguintes formas:
das funções e realizar a intersecção do sinal dessas funções. ax²+bx+c>0
ax²+bx+c≥0
Exemplo ax²+bx+c<0
Resolva a inequação a seguir: ax²+bx+c<0
ax²+bx+c≤0
ax²+bx+c≠0

x-2≠0 Exemplo
x≠2 Vamos resolver a inequação3x² + 10x + 7 < 0.

62
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Resolvendo Inequações
Resolver uma inequação significa determinar os valores reais de x que satisfazem a inequação dada.
Assim, no exemplo, devemos obter os valores reais de x que tornem a expressão 3x² + 10x +7negativa.

S = {x ϵ R / –7/3 < x < –1}

SISTEMAS DE MEDIDAS. VOLUMES

UNIDADES DE COMPRIMENTO
km hm dam m dm cm mm
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Os múltiplos do metro são utilizados para medir grandes distâncias, enquanto os submúltiplos, para pequenas distâncias. Para medi-
das milimétricas, em que se exige precisão, utilizamos:

mícron (µ) = 10-6 m angströn (Å) = 10-10 m

Para distâncias astronômicas utilizamos o Ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano):
Ano-luz = 9,5 · 1012 km

Exemplos de Transformação
1m=10dm=100cm=1000mm=0,1dam=0,01hm=0,001km
1km=10hm=100dam=1000m

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 10 e para a esquerda divide por 10.

Superfície
A medida de superfície é sua área e a unidade fundamental é o metro quadrado(m²).
Para transformar de uma unidade para outra inferior, devemos observar que cada unidade é cem vezes maior que a unidade imedia-
tamente inferior. Assim, multiplicamos por cem para cada deslocamento de uma unidade até a desejada.

UNIDADES DE ÁREA
km 2
hm 2
dam 2
m2 dm2 cm2 mm2
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2

Exemplos de Transformação
1m²=100dm²=10000cm²=1000000mm²
1km²=100hm²=10000dam²=1000000m²

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 100 e para a esquerda divide por 100.

63
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Volume
Os sólidos geométricos são objetos tridimensionais que ocupam lugar no espaço. Por isso, eles possuem volume. Podemos encontrar
sólidos de inúmeras formas, retangulares, circulares, quadrangulares, entre outras, mas todos irão possuir volume e capacidade.

UNIDADES DE VOLUME
km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3

Capacidade
Para medirmos a quantidade de leite, sucos, água, óleo, gasolina, álcool entre outros utilizamos o litro e seus múltiplos e submúltiplos,
unidade de medidas de produtos líquidos.
Se um recipiente tem 1L de capacidade, então seu volume interno é de 1dm³
1L=1dm³

UNIDADES DE CAPACIDADE
kl hl dal l dl cl ml
Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l

Massa

Unidades de Capacidade
kg hg dag g g dg cg mg
Quilograma Hectograma Decagrama Grama Grama Decigrama Centigrama Miligrama
1000g 100g 10g 1g 0,1g 0,1g 0,01g 0,001

Toda vez que andar 1 casa para direita, multiplica por 10 e quando anda para esquerda divide por 10.
E uma outra unidade de massa muito importante é a tonelada
1 tonelada=1000kg

Tempo
A unidade fundamental do tempo é o segundo(s).
É usual a medição do tempo em várias unidades, por exemplo: dias, horas, minutos

Transformação de unidades
Deve-se saber:
1 dia=24horas
1hora=60minutos
1 minuto=60segundos
1hora=3600s

Adição de tempo
Exemplo: Estela chegou ao 15h 35minutos. Lá, bateu seu recorde de nado livre e fez 1 minuto e 25 segundos. Demorou 30 minutos
para chegar em casa. Que horas ela chegou?
15h 35 minutos
1 minutos 25 segundos
30 minutos
--------------------------------------------------
15h 66 minutos 25 segundos

Não podemos ter 66 minutos, então temos que transferir para as horas, sempre que passamos de um para o outro tem que ser na
mesma unidade, temos que passar 1 hora=60 minutos
Então fica: 16h6 minutos 25segundos
Vamos utilizar o mesmo exemplo para fazer a operação inversa.

64
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Subtração - Calendários.
Vamos dizer que sabemos que ela chegou em casa as 16h6 mi- - Numeração.
nutos 25 segundos e saiu de casa às 15h 35 minutos. Quanto tempo - Razões Especiais.
ficou fora? - Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica.
11h 60 minutos
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO
16h 6 minutos 25 segundos Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de
-15h 35 min Argumentação.
-------------------------------------------------- ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL
O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem
Não podemos tirar 6 de 35, então emprestamos, da mesma for- figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação
ma que conta de subtração. temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
1hora=60 minutos O mais importante é praticar o máximo de questões que envol-
vam os conteúdos:
15h 66 minutos 25 segundos - Lógica sequencial
- Calendários
15h 35 minutos
-------------------------------------------------- RACIOCÍNIO VERBAL
0h 31 minutos 25 segundos Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar
conclusões lógicas.
Multiplicação Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha-
Pedro pensou em estudar durante 2h 40 minutos, mas demo- bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
rou o dobro disso. Quanto tempo durou o estudo? vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli-
gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do
conhecimento por meio da linguagem.
2h 40 minutos Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um
x2 trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
---------------------------- ções, selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das in-
4h 80 minutos OU formações ou opiniões contidas no trecho)
5h 20 minutos B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as in-
formações ou opiniões contidas no trecho)
Divisão C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
5h 20 minutos : 2 verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
5h 20 minutos 2 Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
1h 20 minutos 2h 40 minutos Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
80 minutos Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
0
Elas podem ser:
1h 20 minutos, transformamos para minutos :60+20=80minu- • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
tos co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
COMPREENSÃO DE ESTRUTURAS LÓGICAS. LÓGICA – Fez Sol ontem?
DE ARGUMENTAÇÃO (ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
DEDUÇÕES E CONCLUSÕES). DIAGRAMAS LÓGICOS - Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
televisão.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble- bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife- do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
consiste nos seguintes conteúdos: valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
- Operação com conjuntos. rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé-
tricos e matriciais.
- Geometria básica.
- Álgebra básica e sistemas lineares.

65
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Proposições simples e compostas
• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

66
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

67
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.

Com isso temos alguns aximos da lógica:


– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

68
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Conectivos (conectores lógicos)
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

69
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado

70
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

71
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

72
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
• Mais sobre o Conectivo “ou”
– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

73
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Ordem de precedência dos conectivos:
O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente do
valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

Resolução:
Montando a tabela teremos que:

P ~p ~p ^p
V F F
V F F
F V F
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C

74
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,- Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-


tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conec-
tivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica • Silogismo Disjuntivo
que pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:

• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

• Modus Tollens

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
• Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.

• Transitiva: Tautologias e Implicação Lógica


– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e • Teorema
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...)
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R

Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
sições verdadeiras já existentes.

75
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Observe que: • Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das Teremos duas possibilidades.
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P →
Q é tautológica.

Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético

Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no


conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
Princípio da inconsistência “Todo B é A”.
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica
p ^ ~p ⇒ q • Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo- Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
sição q. entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
mo que dizer “nenhum B é A”.
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica. grama (A ∩ B = ø):

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.

Vejamos algumas formas: • Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”


- Todo A é B. Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
- Nenhum A é B. posição:
- Algum A é B.
- Algum A não é B.

Onde temos que A e B são os termos ou características dessas


proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.
– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A”


tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con-
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

76
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” Resolução:
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
representações possíveis: do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.

O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo


o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C

Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
que Algum B não é A. (A) Todos os não psicólogos são professores.
(B) Nenhum professor é psicólogo.
• Negação das Proposições Categóricas (C) Nenhum psicólogo é professor.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
seguintes convenções de equivalência: (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos
uma proposição categórica particular. Resolução:
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, menos um professor não é psicólogo.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, Resposta: E
uma proposição de natureza afirmativa.
• Equivalência entre as proposições
Em síntese: Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões.

Exemplo:
Exemplos: (PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto. a cinco”?
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir- (A) Todo número natural é menor do que cinco.
mação anterior é: (B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par- (C) Todo número natural é diferente de cinco.
dos. (D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos. (E) Existe um número natural que é diferente de cinco.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

77
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To-
dos e Nenhum, que também são universais.
Existe pelo menos um elemento co-
mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das se-
guintes formas:
ALGUM
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para


conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.
ALGUM
O
A NÃO é B
Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS


Perceba-se que, nesta sentença, a aten-
ção está sobre o(s) elemento (s) de A
que não são B (enquanto que, no “Algum
TODO A é B”, a atenção estava sobre os que
A eram B, ou seja, na intercessão).
AéB
Temos também no segundo caso, a
diferença entre conjuntos, que forma o
Se um elemento pertence ao conjunto conjunto A - B
A, então pertence também a B.
Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
NENHUM (A) existem cinemas que não são teatros.
E
AéB (B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
Existe pelo menos um elemento que (D) existe casa de cultura que não é cinema.
pertence a A, então não pertence a B, e (E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.
vice-versa.

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RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-


cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
não é cinema.

- Existem teatros que não são cinemas

Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
- Algum teatro é casa de cultura Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.

Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC


Segundo as afirmativas temos:
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
menos um dos cinemas é considerado teatro.
Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

Argumentos Válidos
(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes- Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
mo princípio acima. construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado, ria do seu conjunto de premissas.
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
afirma isso

79
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Exemplo:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-


TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão! Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli- será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
do? necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como Argumentos Inválidos
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
essa frase da seguinte maneira: das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
são.

Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois


as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam
de chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo arti-
fício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela pri-
meira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.
Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-
mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é


criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Pa-
trícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das
crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do
“Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em diagrama:
comum.
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:

80
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, AL-
GUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre quan-
do nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se na construção
da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem de ser mais
trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.
4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

81
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?


A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos seguir
adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta também
é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!

82
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa, A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa,
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma utilizando isso temos:
conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou am- O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando
bas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores estava estudando. // B → ~E
lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar Iniciando temos:
adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B
argumento é ou NÃO VÁLIDO. = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
tem que ser F.
Resolução pelo 4º Método 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
mos: vai ao cinema tem que ser V.
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
deiro! = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas sai de casa tem que ser F.
verdadeiras! Teremos: 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são ver- // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é ser V ou F.
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo: 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no Resposta: Errado
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si-
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada,
então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
Exemplos: é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as bruxa.
seguintes proposições sejam verdadeiras. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
• Quando Fernando está estudando, não chove. (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
• Durante a noite, faz frio. (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.

Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o Resolução:


item subsecutivo. Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
( ) Certo o valor lógico (V), então:
( ) Errado (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
→V
Resolução: (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (F) → V
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas: (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F)
A = Chove →V
B = Maria vai ao cinema (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
C = Cláudio fica em casa
D = Faz frio Logo:
E = Fernando está estudando Temos que:
F = É noite Esmeralda não é fada(V)
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Bongrado não é elfo (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Monarca não é um centauro (V)
Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verda-
deiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única
que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA


Aqui veremos questões que envolvem correlação de elemen-
tos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Veja-
mos o passo a passo:

83
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

84
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).

85
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está − Luiz não viajou para Fortaleza.
resolvido:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS Luiz N N N
Carlos Engenheiro Patrícia Arnaldo N N
Luís Médico Maria Mariana N N S N
Paulo Advogado Lúcia Paulo N N
Exemplo: Agora, completando o restante:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curi-
tiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram,
sabe-se que: Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; Luiz N S N N
− Mariana viajou para Curitiba;
Arnaldo S N N N
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza. Mariana N N S N
Paulo N N N S
É correto concluir que, em janeiro,
(A) Paulo viajou para Fortaleza. Resposta: B
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. Quantificador
(D) Mariana viajou para Salvador. É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
(E) Luiz viajou para Curitiba. tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
proposição aberta em uma proposição lógica.
Resolução:
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA

Tipos de quantificadores
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador • Quantificador universal (∀)
Luiz N O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:
Arnaldo N
Mariana
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;


Exemplo:
Todo homem é mortal.
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
Luiz N N mortal.
Arnaldo N N Na representação do diagrama lógico, seria:

Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Arnaldo N N mem.
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
Mariana N N S N 1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
Paulo N N 2ª) Se José é homem, então José é mortal.

A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.


A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
(x) (A (x) → B).
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional.

86
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Aplicando temos: Resolução:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for- A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x sões:
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira? – Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador, – Se é cavalo, então é um animal.
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul- Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
gar, logo, é uma proposição lógica. de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma
de conclusão).
• Quantificador existencial (∃) Resposta: B
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.

Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
tal que x + y = x.
Exemplo: – 1º passo: observar os quantificadores.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
é: os valores de x devem satisfazer a propriedade.
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- Existe sim! y = 0.
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ X + 0 = X.
(x)) (A (x) ∧ B). Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
Aplicando temos: reto.
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈ Resposta: CERTO
N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x
+ 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença
será verdadeira? NOÇÕES DE MATEMÁTICA FINANCEIRA. JUROS
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador, SIMPLES E COMPOSTOS. CAPITALIZAÇÃO E
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos DESCONTOS. TAXAS DE JUROS: NOMINAL,
julgar, logo, é uma proposição lógica. EFETIVA, EQUIVALENTE, PROPORCIONAL, REAL
E APARENTE. RENDAS UNIFORMES E VARIÁVEIS.
ATENÇÃO: PLANOS DE AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS E
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B” FINANCIAMENTOS. CÁLCULO FINANCEIRO: CUSTO
é diferente de “Todo B é A”. REAL EFETIVO DE OPERAÇÕES DE FINANCIAMENTO,
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é EMPRÉSTIMO E INVESTIMENTO. INFLAÇÃO,
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”. VARIAÇÃO CAMBIAL E TAXA DE JUROS

Forma simbólica dos quantificadores Matemática Financeira


Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B). A Matemática Financeira possui diversas aplicações no atual
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B). sistema econômico. Algumas situações estão presentes no cotidia-
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B). no das pessoas, como financiamentos de casa e carros, realizações
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B). de empréstimos, compras a crediário ou com cartão de crédito,
aplicações financeiras, investimentos em bolsas de valores, entre
Exemplos: outras situações. Todas as movimentações financeiras são baseadas
Todo cavalo é um animal. Logo, na estipulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um emprés-
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo. timo a forma de pagamento é feita através de prestações mensais
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal. acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação do empréstimo é
(C) Todo animal é cavalo. superior ao valor inicial do empréstimo. A essa diferença damos o
(D) Nenhum animal é cavalo. nome de juros.

87
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Capital Exemplo
O Capital é o valor aplicado através de alguma operação finan- Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista.
ceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Pre- Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a
sente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações de
pela tecla PV nas calculadoras financeiras). R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa de
juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de:
Taxa de juros e Tempo (A) 5,0%
A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro (B) 5,9%
emprestado, para um determinado período. Ela vem normalmente (C) 7,5%
expressa da forma percentual, em seguida da especificação do perí- (D) 10,0%
odo de tempo a que se refere: (E) 12,5%
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano). Resposta Letra “e”.
10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri-
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45) e a
é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %: parcela a ser paga de R$45.
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês). Aplicando a fórmula M = C + J:
0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre) 45 = 40 + J
J=5
Montante Aplicando a outra fórmula J = C i n:
Também conhecido como valor acumulado é a soma do Capi- 5 = 40 X i X 1
tal Inicial com o juro produzido em determinado tempo. i = 0,125 = 12,5%
Essa fórmula também será amplamente utilizada para resolver
questões. Juros Compostos
M=C+J o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do saldo
M = montante no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada in-
C = capital inicial tervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa a render
J = juros juros também.
M=C+C.i.n
M=C(1+i.n) Quando usamos juros simples e juros compostos?
A maioria das operações envolvendo dinheiro utilizajuros com-
Juros Simples postos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo em- com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplicações finan-
préstimo de um capital financeiro, a uma taxa combinada, por um ceiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos
prazo determinado, produzida exclusivamente pelo capital inicial. de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de
Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do pro-
é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação. cesso de desconto simples de duplicatas.
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situações
envolvendo juros simples é a seguinte: O cálculo do montante é dado por:
J = C i n, onde:
J = juros M = C (1 + i)t
C = capital inicial
i = taxa de juros Exemplo
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre, Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de
ano...) R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses
C = 25000
Observação importante: a taxa de juros e o tempo de aplica- i = 25%aa = 0,25
ção devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os dois i = 72 meses = 6 anos
devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres, anos... O
que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em anos, ou M = C (1 + i)t
qualquer outra combinação de períodos. M = 25000 (1 + 0,25)6
Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras “JU- M = 25000 (1,25)6
ROS SIMPLES” e facilita a sua memorização. M = 95367,50
Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser tra-
balhada de várias maneiras para se obter cada um de seus valores, M=C+J
ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir o quarto, ou J = 95367,50 - 25000 = 70367,50
seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o Capital Inicial (C)
e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale para Taxa Nominal
qualquer combinação. A taxa nominal de juros relativa a uma operação financeira
pode ser calculada pela expressão:

Taxa nominal = Juros pagos / Valor nominal do empréstimo

88
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Assim, por exemplo, se um empréstimo de $100.000,00, b) pela convenção da taxa equivalente:
deve ser quitado ao final de um ano, pelo valor monetário de M = c (1 + i)n
$150.000,00, a taxa de juros nominal será dada por: M = 1000 (1 + 0,009489) 18 = 1.000 x 1,185296
Juros pagos = Jp = $150.000 – $100.000 = $50.000,00 M = 1.185,29
Taxa nominal = in = $50.000 / $100.000 = 0,50 = 50%
NOTA: Para comprovar que a taxa de 0,948% a.m é equivalente
Sem dúvida, se tem um assunto que gera muita confusão na a taxa de 12% a.a, basta calcular o montante utilizando a taxa anual,
Matemática Financeira são os conceitos de taxa nominal, taxa efe- neste caso teremos que transformar 18 (dezoito) meses em anos
tiva e taxa equivalente. Até na esfera judicial esses assuntos geram para fazer o cálculo, ou seja : 18: 12 = 1,5 ano. Assim:
muitas dúvidas nos cálculos de empréstimos, financiamentos, con- M = c (1 + i)n
sórcios e etc. M = 1000 (1 + 0,12) 1,5 = 1.000 x 1,185297
Vamos tentar esclarecer esses conceitos, que na maioria das M = 1.185,29
vezes nos livros e apostilas disponíveis no mercado, não são apre-
sentados de uma maneira clara. Conclusões:
– A taxa nominal é 12% a.a, pois não foi aplicada no cálculo do
Temos a chamada taxa de juros nominal, quando esta não é montante. Normalmente a taxa nominal vem sempre ao ano!
realmente a taxa utilizada para o cálculo dos juros (é uma taxa “sem – A taxa efetiva mensal, como o próprio nome diz, é aquela que
efeito”). A capitalização (o prazo de formação e incorporação de ju- foi utilizado para cálculo do montante. Pode ser uma taxa propor-
ros ao capital inicial) será dada através de outra taxa, numa unidade cional mensal (1 % a.m.) ou uma taxa equivalente mensal (0,949 %
de tempo diferente, taxa efetiva. a.m.).
Como calcular a taxa que realmente vai ser utilizada; isto é, a – Qual a taxa efetiva mensal que devemos utilizar? Em se tra-
taxa efetiva? tando de concursos públicos, a grande maioria das bancas exami-
Vamos acompanhar através do exemplo nadoras utilizam a convenção da taxa proporcional. Em se tratando
do mercado financeiro, utiliza-se a convenção de taxa equivalente.
Taxa Efetiva
Calcular o montante de um capital de R$ 1.000,00 (mil reais), Taxa Equivalente
aplicados durante 18 (dezoito) meses, capitalizados mensalmente, Taxas Equivalentes são taxas que quando aplicadas ao mes-
a uma taxa de 12% a.a. Explicando o que é taxa Nominal, efetiva mo capital, num mesmo intervalo de tempo, produzem montantes
mensal e equivalente mensal: iguais. Essas taxas devem ser observadas com muita atenção, em al-
guns financiamentos de longo prazo, somos apenas informados da
Respostas e soluções: taxa mensal de juros e não tomamos conhecimento da taxa anual
1) A taxa Nominal é 12% a.a; pois o capital não vai ser capitali- ou dentro do período estabelecido, trimestre, semestre entre ou-
zado com a taxa anual. tros. Uma expressão matemática básica e de fácil manuseio que nos
2) A taxa efetiva mensal a ser utilizada depende de duas con- fornece a equivalência de duas taxas é:
venções: taxa proporcional mensal ou taxa equivalente mensal. 1 + ia = (1 + ip)n, onde:
a) Taxa proporcional mensal (divide-se a taxa anual por 12): ia = taxa anual
12%/12 = 1% a.m. ip = taxa período
b) Taxa equivalente mensal (é aquela que aplicado aos R$ n: número de períodos
1.000,00, rende os mesmos juros que a taxa anual aplicada nesse
mesmo capital). Observe alguns cálculos:
Exemplo 1
Cálculo da taxa equivalente mensal: Qual a taxa anual de juros equivalente a 2% ao mês?
Temos que: 2% = 2/100 = 0,02
1 + ia = (1 + 0,02)12
1 + ia = 1,0212
1 + ia = 1,2682
ia = 1,2682 – 1
onde: ia = 0,2682
iq : taxa equivalente para o prazo que eu quero ia = 26,82%
it : taxa para o prazo que eu tenho A taxa anual de juros equivalente a 2% ao mês é de 26,82%.
q : prazo que eu quero
t : prazo que eu tenho As pessoas desatentas poderiam pensar que a taxa anual nesse
caso seria calculada da seguinte forma: 2% x 12 = 24% ao ano. Como
vimos, esse tipo de cálculo não procede, pois a taxa anual foi calcu-
lada de forma correta e corresponde a 26,82% ao ano, essa variação
ocorre porque temos que levar em conta o andamento dos juros
iq = 0,009489 a.m ou iq = 0,949 % a.m. compostos (juros sobre juros).

3) Cálculo do montante pedido, utilizando a taxa efetiva mensal Taxa Real


A taxa real expurga o efeito da inflação. Um aspecto interes-
a) pela convenção da taxa proporcional: sante sobre as taxas reais de juros, é que elas podem ser inclusive,
M = c (1 + i)n negativas.
M = 1000 (1 + 0,01) 18 = 1.000 x 1,196147
M = 1.196,15

89
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Vamos encontrar uma relação entre as taxas de juros nominal e Exemplos
real. Para isto, vamos supor que um determinado capital P é aplica- Prestação = amortização + juros
do por um período de tempo unitário, a certa taxa nominal in
O montante S1 ao final do período será dado por S1 = P(1 + in). Há diferentes formas de amortização, conforme descritas a se-
Consideremos agora que durante o mesmo período, a taxa de guir.
inflação (desvalorização da moeda) foi igual a j. O capital corrigido Para os exemplos numéricos descritos nas tabelas, em todas
por esta taxa acarretaria um montanteS2 = P (1 + j). as diferentes formas de amortização, utilizaremos o mesmo exercí-
A taxa real de juros, indicada por r, será aquela aplicada ao cio:uma dívida de valor inicial de R$ 100 mil, prazo de três meses e
montante S2, produzirá o montante S1. Poderemos então escrever: juros de 3% ao mês.
S1 = S2 (1 + r)
Substituindo S1 e S2 , vem: Pagamento único
P(1 + in) = (1+r). P (1 + j) É a quitação de toda a dívida (amortização + juros) em um úni-
Daí então, vem que: co pagamento, ao final do período. Utilizamos a mesma fórmula do
(1 + in) = (1+r). (1 + j), onde: montante:
in = taxa de juros nominal
j = taxa de inflação no período Nos juros simples:
r = taxa real de juros M = C (1 + i×n)
M = montante
Observe que se a taxa de inflação for nula no período, isto é, j = C = capital inicial
0, teremos que as taxas nominal e real são coincidentes. i= taxa de juros
n = período
Exemplo
Numa operação financeira com taxas pré-fixadas, um banco Nos juros compostos:
empresta $120.000,00 para ser pago em um ano com $150.000,00. M = C (1+i)n
Sendo a inflação durante o período do empréstimo igual a 10%, pe- M = montante
de-se calcular as taxas nominal e real deste empréstimo. C = capital inicial
Teremos que a taxa nominal será igual a: i = taxa de juros
in = (150.000 – 120.000)/120.000 = 30.000/120.000 = 0,25 = n = período
25%
Portanto in = 25% Nos juros simples:
Como a taxa de inflação no período é igual a j = 10% = 0,10,
substituindo na fórmula anterior, vem: N° Juros Amortização Prestação Saldo devedor
(1 + in) = (1+r). (1 + j)
(1 + 0,25) = (1 + r).(1 + 0,10) 0 - - - 100.000,00
1,25 = (1 + r).1,10 1 3.000,00 - - 103.000,00
1 + r = 1,25/1,10 = 1,1364
Portanto, r = 1,1364 – 1 = 0,1364 = 13,64% 2 3.000,00 - - 106.000,00
3 3.000,00 100.000,00 109.000,00 -
Se a taxa de inflação no período fosse igual a 30%, teríamos
para a taxa real de juros: Nos juros compostos:
(1 + 0,25) = (1 + r).(1 + 0,30)
1,25 = (1 + r).1,30
1 + r = 1,25/1,30 = 0,9615 n Juros Amortização Prestação Saldo devedor
Portanto, r = 0,9615 – 1 = -,0385 = -3,85% e, portanto teríamos 0 - - - 100.000,00
uma taxa real de juros negativa. 1 3.000,00 - - 103.000,00
Exemplo 2 3.090,00 - - 106.090,00
$100.000,00 foi emprestado para ser quitado por $150.000,00 3 3.182,70 100.000,00 109.272,70 -
ao final de um ano. Se a inflação no período foi de 20%, qual a taxa
real do empréstimo? Sistema Price (Sistema Francês)
Resposta: 25% Foi elaborado para apresentar pagamentos iguais ao longo do
período do desembolso das prestações. A fórmula para encontrar-
Taxas Proporcionais mos a prestação é dada a seguir:
Para se compreender mais claramente o significado destas ta-
xas deve-se reconhecer que toda operação envolve dois prazos: PMT = VP . _i.(1+i)n_ (1+i)n -1
– o prazo a que se refere à taxa de juros; e
– o prazo de capitalização (ocorrência) dos juros. (ASSAF NETO, PMT = valor da prestação
2001). VP = valor inicial do empréstimo
i = taxa de juros
Taxas Proporcionais: duas (ou mais) taxas de juro simples são n = período
ditas proporcionais quando seus valores e seus respectivos perío-
dos de tempo, reduzidos a uma mesma unidade, forem uma pro-
porção. (PARENTE, 1996).

90
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
A fórmula foi desenvolvida, considerando-se apenas a capitalização por juros compostos. O resultado é listado a seguir:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 32.353,04 35.353,04 67.646,96
2 2.029,41 33.323,63 35.353,04 34.323,33
3 1.029,71 34.323,33 35.353,04 -

Sistema de Amortização Misto (SAM)


É a média aritmética das prestações calculadas nas duas formas anteriores (SAC e Price). É encontrado pela fórmula:

PMTSAM = (PTMSAC + PMTPRICE) / 2

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 32.843,19 35.843,19 67.156,81
2 2.014,70 33.328,49 35.343,19 33.828,32
3 1.014,87 33.828,32 34.843,19 -

Sistema de Amortização Crescente (SACRE)


Este sistema, criado pela Caixa Econômica Federal (CEF), é uma das formas utilizadas para o cálculo das prestações dos financiamentos
imobiliários. Usa-se, para o cálculo do valor das prestações, a metodologia do sistema de amortização constante (SAC) anual, desconsi-
derando-se o valor da Taxa Referencial de Juros (TR). Esta é incluída posteriormente, resultando em uma amortização variável. Chamar
de “amortização crescente” parece-nos inadequado, pois pode resultar em amortizações decrescentes, dependendo da ocorrência de TR
com valor muito baixo.

Sistema Alemão
Neste caso, a dívida é liquidada também em prestações iguais, exceto a primeira, onde no ato do empréstimo (momento “zero”) já é
feita uma cobrança dos juros da operação. As prestações, a primeira amortização e as seguintes são definidas pelas três seguintes fórmulas:

PMT = _ Vp.i_
1- (1+i)n

PMT = valor da prestação


VP = valor inicial do empréstimo
i = taxa de juros
n = período

A1 = PMT . (1- i)n-1

A1 = primeira amortização
PMT = valor da prestação
i = taxa de juros
n = período

An = An-1_
(1- i)

An = amortizações posteriores (2º, 3º, 4º, ...)


An-1 = amortização anterior
i = taxa de juros
n = período
n Juros Amortização Prestação Saldo devedor
0 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
1 2.030,30 32.323,34 34.353,64 67.676,66
2 1.030,61 33.323,03 34.353,64 34.353,63
3 - 34.353,64 34.353,64 (0,01)

91
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
OBS: os resíduos em centavos, como saldo devedor final na tabela anterior, são resultados de arredondamento do cálculo e serão
desconsiderados.

Sistema de Amortização Constante – SAC


Consiste em um sistema de amortização de uma dívida em prestações periódicas, sucessivas e decrescentes em progressão aritmética,
em que o valor da prestação é composto por uma parcela de juros uniformemente decrescente e outra de amortização que permanece
constante.
Sistema de Amortização Constante (SAC) é uma forma de amortização de um empréstimo por prestações que incluem os juros, amor-
tizando assim partes iguais do valor total do empréstimo.
Neste sistema o saldo devedor é reembolsado em valores de amortização iguais. Desta forma, no sistema SAC o valor das prestações é
decrescente, já que os juros diminuem a cada prestação. O valor da amortização é calculado dividindo-se o valor do principal pelo número
de períodos de pagamento, ou seja, de parcelas.

O SAC é um dos tipos de sistema de amortização utilizados em financiamentos imobiliários. A principal característica do SAC é que
ele amortiza um percentual fixo do saldo devedor desde o início do financiamento. Esse percentual de amortização é sempre o mesmo,
o que faz com que a parcela de amortização da dívida seja maior no início do financiamento, fazendo com que o saldo devedor caia mais
rapidamente do que em outros mecanismos de amortização.

Exemplo:
Um empréstimo de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) a ser pago em 12 meses, a uma taxa de juros de 1% ao mês (em juros sim-
ples). Aplicando a fórmula para obtenção do valor da amortização, iremos obter um valor igual a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Essa fórmula
é o valor do empréstimo solicitado divido pelo período, sendo nesse caso: R$ 120.000,00 / 12 meses = R$ 10.000,00. Logo, a tabela SAC
fica:
Nº Prestação Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0 120000
1 11200 1200 10000 110000
2 11100 1100 10000 100000
3 11000 1000 10000 90000
4 10900 900 10000 80000
5 10800 800 10000 70000
6 10700 700 10000 60000
7 10600 600 10000 50000
8 10500 500 10000 40000
9 10400 400 10000 30000
10 10300 300 10000 20000
11 10200 200 10000 10000
12 10100 100 10000 0

Note que o juro é sempre 10% do saldo devedor do mês anterior, já a prestação é a soma da amortização e o juro. Sendo assim, o juro
é decrescente e diminui sempre na mesma quantidade, R$ 100,00. O mesmo comportamento tem as prestações. A soma das prestações
é de R$ 127.800,00, gerando juros de R$ 7.800,00.

Outra coisa a se observar é que as parcelas e juros diminuem em progressão aritmética (PA) de r=100.

Sistema Americano
O tomador do empréstimo paga os juros mensalmente e o principal, em um único pagamento final.

Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
2 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
3 3.000,00 100.000,00 103.000,00 -

92
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Sistema de Amortização Constante (SAC) ou Sistema Hamburguês
O tomador do empréstimo amortiza o saldo devedor em valores iguais e constantes ao longo do período.

Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 33.333,33 36.333,33 66.666,67
2 2.000,00 33.333,33 35.333,33 33.333,34
3 1.000,00 33.333,34 34.333,34 -

Qual a melhor forma de amortização?


A tabela abaixo lista o fluxo de caixa nos diversos sistemas de amortização discutidos nos itens anteriores.

N Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (3.000,00) (36.333,33) (35.353,04) (35.843,19) (34.353,64)
2 - (3.000,00) (35.333,33) (35.353,04) (35.343,19) (34.353,64)
3 (109.272,70) (103.000,00) (34.333,34) (35.353,04) (34.843,19) (34.353,64)

As várias formas de amortização utilizadas pelo mercado brasileiro, em sua maioria, consideram o regime de capitalização por juros
compostos. A comparação entre estas, por meio do VPL (vide item 6.2), demonstra que o custo entre elas se equivale. Vejam: no nosso
exemplo, todos, exceto no sistema alemão, os juros efetivos cobrados foram de 3% ao mês (regime de juros compostos) ou 9,27% no
acumulado dos três meses.

n Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.912,62) (35.275,08) (34.323,34) (34.799,21) (33.353,04)
2 - (2.827,79) (33.305,05) (33.323,63) (33.314,35) (32.381,60)
3 (100.000,00) (94.259,59) (31.419,87) (32.353,04) (31.886,45) (31.438,44)
VPL - - - - - (173,09)

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 3% ao mês.
Considerando o custo de oportunidade de 2% ao mês, isto é, abaixo do valor do empréstimo, teríamos a tabela abaixo. Isso seria uma
situação mais comum: juros do empréstimo mais caro que uma aplicação no mercado. Neste caso, quanto menor (em módulo) o VPL,
melhor para o tomador do empréstimo, ou seja, o sistema SAC seria o melhor sob o ponto de vista financeiro.

n Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.941,18) (35.620,91) (34.659,84) (35.140,38) (33.680,04)
2 - (2.883,51) (33.961,29) (33.980,24) (33.970,77) (33.019,64)
3 (102.970,11) (97.059,20) (32.353,07) (33.313,96) (32.833,52) (32.372,20)
VPL (2.970,11) (2.883,88) (1.935,28) (1.954,04) (1.944,67) (2.071,88)

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 2% ao mês.
Outra situação seria considerarmos um empréstimo com taxa de juros abaixo do mercado. Neste exemplo a seguir, teremos como
custo de oportunidade a taxa de 4% ao mês. Isso, na vida real, não será comum: juros do empréstimo mais barato do que uma aplicação no
mercado. Assim, como no exemplo anterior, quanto maior o VPL, melhor para o tomador do empréstimo, ou seja, o sistema de pagamento
único, sob o ponto de vista financeiro, é o melhor, como no caso abaixo.

93
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA

n Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.884,62) (34.935,89) (33.993,31) (34.464,61) (33.032,34)
2 - (2.773,67) (32.667,65) (32.685,87) (32.676,77) (31.761,87)
3 (97.143,03) (91.566,62) (30.522,21) (31.428,72) (30.975,47) (30.540,26)
VPL 2.856,97 2.775,09 1.874,24 1.892,10 1.883,16 1.665,53

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 4% ao mês.

M = C (1+i)n
M = montante
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = período

Nos juros simples:


n Juros Amortização Prestação Saldo devedor
0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - - 103.000,00
2 3.000,00 - - 106.000,00
3 3.000,00 100.000,00 109.000,00 -

Referências
Passei Direto. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/1599335/exercicios_matematica_finaceiraexercicios_matematica_finaceira

EXERCÍCIOS

1. (PREFEITURA DE SALVADOR /BA - TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR II - DIREITO – FGV/2017) Em um concurso, há 150 candidatos
em apenas duas categorias: nível superior e nível médio.
Sabe-se que:
• dentre os candidatos, 82 são homens;
• o número de candidatos homens de nível superior é igual ao de mulheres de nível médio;
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mulheres.
O número de candidatos homens de nível médio é
(A) 42.
(B) 45.
(C) 48.
(D) 50.
(E) 52.

2. (EMBASA – AGENTE ADMINISTRATIVO – IBFC/2017) Considerando A o MDC (maior divisor comum) entre os números 24 e 60 e
B o MMC (menor múltiplo comum) entre os números 12 e 20, então o valor de 2A + 3B é igual a:
(A) 72
(B) 156
(C) 144
(D) 204

3. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) Seis livros diferentes estão distribuídos em uma estante de vidro, conforme a figura abaixo:

94
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
Considerando-se essa mesma forma de distribuição, de quan- Após a transferência, quantos litros de gasolina restaram no
tas maneiras distintas esses livros podem ser organizados na estan- caminhão-tanque?
te? (A) 35.722,00
(A) 30 maneiras (B) 8.200,00
(B) 60 maneiras (C) 3.577,20
(C) 120 maneiras (D) 357,72
(D) 360 maneiras (E) 332,20
(E) 720 maneiras
9. (CASAN – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – INSTITUTO
4. (UPE – TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO – UPENET/2017) AOCP/2016) Para pagamento um mês após a data da compra, certa
Uma pesquisa feita com 200 frequentadores de um parque, em que loja cobrava juros de 25%. Se certa mercadoria tem preço a prazo
50 não praticavam corrida nem caminhada, 30 faziam caminhada e igual a R$ 1500,00, o preço à vista era igual a
corrida, e 80 exercitavam corrida, qual a probabilidade de encontrar (A) R$ 1200,00.
no parque um entrevistado que pratique apenas caminhada? (B) R$ 1750,00.
(A) 7/20 (C) R$ 1000,00.
(B) 1/2 (D) R$ 1600,00.
(C)1/4 (E) R$ 1250,00.
(D) 3/20
(E) 1/5 10. (CASAN – TÉCNICO DE LABORATÓRIO – INSTITUTO
AOCP/2016) A fatura de um certo cartão de crédito cobra juros de
5. (MPE/GO – OFICIAL DE PROMOTORIA – MPEGO/2017) 12% ao mês por atraso no pagamento. Se uma fatura de R$750,00
José, pai de Alfredo, Bernardo e Caetano, de 2, 5 e 8 anos, respec- foi paga com um mês de atraso, o valor pago foi de
tivamente, pretende dividir entre os filhos a quantia de R$ 240,00, (A) R$ 970,00.
em partes diretamente proporcionais às suas idades. Considerando (B) R$ 777,00.
o intento do genitor, é possível afirmar que cada filho vai receber, (C) R$ 762,00.
em ordem crescente de idades, os seguintes valores: (D) R$ 800,00.
(A) R$ 30,00, R$ 60,00 e R$150,00. (E) R$ 840,00.
(B) R$ 42,00, R$ 58,00 e R$ 140,00.
(C) R$ 27,00, R$ 31,00 e R$ 190,00.
(D)R$ 28,00, R$ 84,00 e R$ 128,00. GABARITO
(E) R$ 32,00, R$ 80,00 e R$ 128,00.

6. (UNIRV/GO – AUXILIAR DE LABORATÓRIO – UNIRV- 1. Resposta: B.


GO/2017) Quarenta e oito funcionários de uma certa empresa, 150-82=68 mulheres
trabalhando 12 horas por dia, produzem 480 bolsas por semana. Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 são de
Quantos funcionários a mais, trabalhando 15 horas por dia, podem nível médio.
assegurar uma produção de 1200 bolsas por semana? Portanto, há 37 homens de nível superior.
(A) 48 82-37=45 homens de nível médio.
(B) 96
(C) 102 2. Resposta: E.
(D) 144
24 2 60 2
7. (IPRESB - AGENTE PREVIDENCIÁRIO – VUNESP/2017) Em
setembro, o salário líquido de Juliano correspondeu a 4/5 do seu sa- 12 2 30 2
lário bruto. Sabe-se que ele destinou 2/5 do salário líquido recebido 6 2 15 3
nesse mês para pagamento do aluguel, e que poupou 2/5 do que 3 3 5 5
restou. Se Juliano ficou, ainda, com R$ 1.620,00 para outros gastos,
então o seu salário bruto do mês de setembro foi igual a 1 1
(A) R$ 6.330,00.
(B) R$ 5.625,00. Para o cálculo do mdc, devemos multiplicar os comuns:
(C) R$ 5.550,00. MDC(24,60)=2².3=12
(D) R$ 5.125,00.
(E) R$ 4.500,00. 12,20 2
6,10 2
8. (ANP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESGRANRIO/2016)
Um caminhão-tanque chega a um posto de abastecimento com 3,5 3
36.000 litros de gasolina em seu reservatório. Parte dessa gasolina 1,5 5
é transferida para dois tanques de armazenamento, enchendo-os
completamente. Um desses tanques tem 12,5 m3, e o outro, 15,3 1,1
m3, e estavam, inicialmente, vazios.
Mmc(12,20)=2².3.5=60
2A+3B=24+180=204

95
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICA
3. Resposta: E. 9. Resposta: A
P6=6!=6.5.4.3.2.1=720 M=C(1+in)
1500=C(1+0,25x1)
4. Resposta: A. 1500=C(1,25)
Praticam apenas corrida: 80-30=50 C=1500/1,25
Apenas caminhada: x C=1200
X+50+30+50=200
70 10. Resposta: E
P=70/200=7/20 M=C(1+in)
M=750(1+0,12)
5. Resposta: E M=750x1,12=840
2k+5k+8k=240
15k=240
K=16 ANOTAÇÕES
Alfredo: 2⋅16=32
Bernardo: 5⋅16=80
Caetano: 8⋅16=128 ______________________________________________________

6. Resposta: A ______________________________________________________

______________________________________________________
↑ FUNCIONÁRIOS ↑ HORAS BOLSAS ↓
______________________________________________________
48 ----- 12 ----- 480
X ----- 15 ----- 1200 ______________________________________________________

Quanto mais funcionários, menos horas precisam ______________________________________________________


Quanto mais funcionários, mais bolsas feitas
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
X=96 funcionários
Precisam de mais 48 funcionários ______________________________________________________

7. Resposta: B. ______________________________________________________
Salário liquido: x
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
10x+6x+40500=25x
9x=40500 ______________________________________________________
X=4500
______________________________________________________

SALARIO FRAÇÃO ______________________________________________________


Y --------------- 1
______________________________________________________
4500 --------------- 4/5
______________________________________________________

5625 ______________________________________________________

______________________________________________________
8. Resposta: B. _____________________________________________________
1m³=1000litros
36000/1000=36 m³ _____________________________________________________
36-12,5-15,3=8,2 m³x1000=8200 litros
______________________________________________________

______________________________________________________

96
USO DE TECNOLOGIAS EM
AMBIENTES CORPORATIVOS

Processador ou CPU (Unidade de Processamento Central)


CONCEITOS BÁSICOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO É o cérebro de um computador. É a base sobre a qual é cons-
DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS truída a estrutura de um computador. Uma CPU funciona, basica-
E PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS AO USO DE mente, como uma calculadora. Os programas enviam cálculos para
INFORMÁTICA NO AMBIENTE DE ESCRITÓRIO o CPU, que tem um sistema próprio de “fila” para fazer os cálculos
mais importantes primeiro, e separar também os cálculos entre os
Hardware núcleos de um computador. O resultado desses cálculos é traduzido
O hardware são as partes físicas de um computador. Isso inclui em uma ação concreta, como por exemplo, aplicar uma edição em
a Unidade Central de Processamento (CPU), unidades de armazena- uma imagem, escrever um texto e as letras aparecerem no monitor
mento, placas mãe, placas de vídeo, memória, etc.1. Outras partes do PC, etc. A velocidade de um processador está relacionada à velo-
extras chamados componentes ou dispositivos periféricos incluem cidade com que a CPU é capaz de fazer os cálculos.
o mouse, impressoras, modems, scanners, câmeras, etc.
Para que todos esses componentes sejam usados apropriada-
mente dentro de um computador, é necessário que a funcionalida-
de de cada um dos componentes seja traduzida para algo prático.
Surge então a função do sistema operacional, que faz o intermédio
desses componentes até sua função final, como, por exemplo, pro-
cessar os cálculos na CPU que resultam em uma imagem no moni-
tor, processar os sons de um arquivo MP3 e mandar para a placa de
som do seu computador, etc. Dentro do sistema operacional você
ainda terá os programas, que dão funcionalidades diferentes ao
computador.

Gabinete
O gabinete abriga os componentes internos de um computa- CPU.3
dor, incluindo a placa mãe, processador, fonte, discos de armaze-
namento, leitores de discos, etc. Um gabinete pode ter diversos Coolers
tamanhos e designs. Quando cada parte de um computador realiza uma tarefa, elas
usam eletricidade. Essa eletricidade usada tem como uma consequ-
ência a geração de calor, que deve ser dissipado para que o compu-
tador continue funcionando sem problemas e sem engasgos no de-
sempenho. Os coolers e ventoinhas são responsáveis por promover
uma circulação de ar dentro da case do CPU. Essa circulação de ar
provoca uma troca de temperatura entre o processador e o ar que
ali está passando. Essa troca de temperatura provoca o resfriamen-
to dos componentes do computador, mantendo seu funcionamento
intacto e prolongando a vida útil das peças.

Gabinete.2

1 https://www.palpitedigital.com/principais-componentes-internos-pc-perife- Cooler.4
ricos-hardware-software/#:~:text=O%20hardware%20s%C3%A3o%20as%20
partes,%2C%20scanners%2C%20c%C3%A2meras%2C%20etc. 3 https://www.showmetech.com.br/porque-o-processador-e-uma-peca-impor-
2 https://www.chipart.com.br/gabinete/gabinete-gamer-gamemax-shine-g- tante
517-mid-tower-com-1-fan-vidro-temperado-preto/2546 4 https://www.terabyteshop.com.br/produto/10546/cooler-deepcool-

97
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Placa-mãe Placas de vídeo
Se o CPU é o cérebro de um computador, a placa-mãe é o es- Permitem que os resultados numéricos dos cálculos de um pro-
queleto. A placa mãe é responsável por organizar a distribuição dos cessador sejam traduzidos em imagens e gráficos para aparecer em
cálculos para o CPU, conectando todos os outros componentes ex- um monitor.
ternos e internos ao processador. Ela também é responsável por
enviar os resultados dos cálculos para seus devidos destinos. Uma
placa mãe pode ser on-board, ou seja, com componentes como pla-
cas de som e placas de vídeo fazendo parte da própria placa mãe,
ou off-board, com todos os componentes sendo conectados a ela.

Placa de vídeo 7

Periféricos de entrada, saída e armazenamento


São placas ou aparelhos que recebem ou enviam informações
para o computador. São classificados em:
– Periféricos de entrada: são aqueles que enviam informações
para o computador. Ex.: teclado, mouse, scanner, microfone, etc.

Placa-mãe.5

Fonte
É responsável por fornecer energia às partes que compõe um
computador, de forma eficiente e protegendo as peças de surtos
de energia.

Periféricos de entrada.8

Fonte 6

-gammaxx-c40-dp-mch4-gmx-c40p-intelam4-ryzen
5 https://www.terabyteshop.com.br/produto/9640/placa-mae-biostar-b-
360mhd-pro-ddr4-lga-1151 7https://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2012/12/conheca-melhores-
6 https://www.magazineluiza.com.br/fonte-atx-alimentacao-pc-230w- -placas-de-video-lancadas-em-2012.html
-01001-xway/p/dh97g572hc/in/ftpc 8https://mind42.com/public/970058ba-a8f4-451b-b121-3ba35c51e1e7

98
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
– Periféricos de saída: São aqueles que recebem informações Software
do computador. Ex.: monitor, impressora, caixas de som. Software é um agrupamento de comandos escritos em uma lin-
guagem de programação12. Estes comandos, ou instruções, criam as
ações dentro do programa, e permitem seu funcionamento.
Um software, ou programa, consiste em informações que po-
dem ser lidas pelo computador, assim como seu conteúdo audiovi-
sual, dados e componentes em geral. Para proteger os direitos do
criador do programa, foi criada a licença de uso. Todos estes com-
ponentes do programa fazem parte da licença.
A licença é o que garante o direito autoral do criador ou dis-
tribuidor do programa. A licença é um grupo de regras estipuladas
pelo criador/distribuidor do programa, definindo tudo que é ou não
é permitido no uso do software em questão.
Os softwares podem ser classificados em:
– Software de Sistema: o software de sistema é constituído pe-
los sistemas operacionais (S.O). Estes S.O que auxiliam o usuário,
Periféricos de saída.9 para passar os comandos para o computador. Ele interpreta nossas
ações e transforma os dados em códigos binários, que podem ser
– Periféricos de entrada e saída: são aqueles que enviam e re- processados
cebem informações para/do computador. Ex.: monitor touchscre- – Software Aplicativo: este tipo de software é, basicamente,
en, drive de CD – DVD, HD externo, pen drive, impressora multifun- os programas utilizados para aplicações dentro do S.O., que não es-
cional, etc. tejam ligados com o funcionamento do mesmo. Exemplos: Word,
Excel, Paint, Bloco de notas, Calculadora.
– Software de Programação: são softwares usados para criar
outros programas, a parir de uma linguagem de programação,
como Java, PHP, Pascal, C+, C++, entre outras.
– Software de Tutorial: são programas que auxiliam o usuário
de outro programa, ou ensine a fazer algo sobre determinado as-
sunto.
– Software de Jogos: são softwares usados para o lazer, com
vários tipos de recursos.
– Software Aberto: é qualquer dos softwares acima, que tenha
o código fonte disponível para qualquer pessoa.

Todos estes tipos de software evoluem muito todos os dias.


Periféricos de entrada e saída.10 Sempre estão sendo lançados novos sistemas operacionais, novos
games, e novos aplicativos para facilitar ou entreter a vida das pes-
– Periféricos de armazenamento: são aqueles que armazenam soas que utilizam o computador.
informações. Ex.: pen drive, cartão de memória, HD externo, etc.
WINDOWS
O Windows 7 é um dos sistemas operacionais mais populares
desenvolvido pela Microsoft13.
Visualmente o Windows 7 é semelhante ao seu antecessor, o
Windows Vista, porém a interface é muito mais rica e intuitiva.
É Sistema Operacional multitarefa e para múltiplos usuários. O
novo sistema operacional da Microsoft trouxe, além dos recursos
do Windows 7, muitos recursos que tornam a utilização do compu-
tador mais amigável.
Algumas características não mudam, inclusive porque os ele-
mentos que constroem a interface são os mesmos.

Edições do Windows 7
– Windows 7 Starter;
– Windows 7 Home Premium;
– Windows 7 Professional;
Periféricos de armazenamento.11 – Windows 7 Ultimate.

9 https://aprendafazer.net/o-que-sao-os-perifericos-de-saida-para-que-servem-
-e-que-tipos-existem
10 https://almeida3.webnode.pt/trabalhos-de-tic/dispositivos-de-entrada-e- 12 http://www.itvale.com.br
-saida 13 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/AulaDe-
11 https://www.slideshare.net/contatoharpa/perifricos-4041411 mo-4147.pdf

99
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Área de Trabalho

Área de Trabalho do Windows 7.14

A Área de trabalho é composta pela maior parte de sua tela, em que ficam dispostos alguns ícones. Uma das novidades do Windows
7 é a interface mais limpa, com menos ícones e maior ênfase às imagens do plano de fundo da tela. Com isso você desfruta uma área de
trabalho suave. A barra de tarefas que fica na parte inferior também sofreu mudanças significativas.

Barra de tarefas
– Avisar quais são os aplicativos em uso, pois é mostrado um retângulo pequeno com a descrição do(s) aplicativo(s) que está(ão) ati-
vo(s) no momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas sob outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas
ou entre programas.

Alternar entre janelas.15

– A barra de tarefas também possui o menu Iniciar, barra de inicialização rápida e a área de notificação, onde você verá o relógio.
– É organizada, consolidando os botões quando há muitos acumulados, ou seja, são agrupados automaticamente em um único botão.

14 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2012/05/como-ocultar-lixeira-da-area-de-trabalho-do-windows.html
15 Fonte: https://pplware.sapo.pt/tutoriais/windows-7-flip-3d

100
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
– Outra característica muito interessante é a pré-visualização das janelas ao passar a seta do mouse sobre os botões na barra de ta-
refas.

Pré-visualização de janela.16

Botão Iniciar

Botão Iniciar17

O botão Iniciar é o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se podem acessar outros menus que,
por sua vez, acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

Menu Iniciar.18

Desligando o computador
16 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2010/12/como-aumentar-o-tamanho-das-miniaturas-da-taskbar-do-windows-7.html
17 Fonte: https://br.ign.com/tech/47262/news/suporte-oficial-ao-windows-vista-acaba-em-11-de-abril
18 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2019/04/como-deixar-a-interface-do-windows-10-parecida-com-o-windows-7.ghtml

101
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
O novo conjunto de comandos permite Desligar o computador, Bloquear o computador, Fazer Logoff, Trocar Usuário, Reiniciar, Sus-
pender ou Hibernar.

Ícones
Representação gráfica de um arquivo, pasta ou programa. Você pode adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir.
Alguns ícones são padrões do Windows: Computador, Painel de Controle, Rede, Lixeira e a Pasta do usuário.

Windows Explorer
No computador, para que tudo fique organizado, existe o Windows Explorer. Ele é um programa que já vem instalado com o Windows
e pode ser aberto através do Botão Iniciar ou do seu ícone na barra de tarefas.
Este é um dos principais utilitários encontrados no Windows 7. Permite ao usuário enxergar de forma interessante a divisão organiza-
da do disco (em pastas e arquivos), criar outras pastas, movê-las, copiá-las e até mesmo apagá-las.
Com relação aos arquivos, permite protegê-los, copiá-los e movê-los entre pastas e/ou unidades de disco, inclusive apagá-los e tam-
bém renomeá-los. Em suma, é este o programa que disponibiliza ao usuário a possibilidade de gerenciar todos os seus dados gravados.

19

Uma das novidades do Windows 7 são as Bibliotecas. Por padrão já consta uma na qual você pode armazenar todos os seus arquivos
e documentos pessoais/trabalho, bem como arquivos de músicas, imagens e vídeos. Também é possível criar outra biblioteca para que
você organize da forma como desejar.

Bibliotecas no Windows 7.20


Aplicativos de Windows 7
19 Fonte: https://www.softdownload.com.br/adicione-guias-windows-explorer-clover-2.html
20 Fonte: https://www.tecmundo.com.br/musica/3612-dicas-do-windows-7-aprenda-a-usar-o-recurso-bibliotecas.htm

102
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
O Windows 7 inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, ferramen-
tas para melhorar o desempenho do computador, calculadora e etc.
A pasta Acessórios é acessível dando-se um clique no botão Iniciar na Barra de tarefas, escolhendo a opção Todos os Programas e no
submenu, que aparece, escolha Acessórios.

Bloco de Notas
Aplicativo de edição de textos (não oferece nenhum recurso de formatação) usado para criar ou modificar arquivos de texto. Utilizado
normalmente para editar arquivos que podem ser usados pelo sistema da sua máquina.
O Bloco de Notas serve para criar ou editar arquivos de texto que não exijam formatação e não ultrapassem 64KB. Ele cria arquivos
com extensões .INI, .SYS e .BAT, pois abre e salva texto somente no formato ASCII (somente texto).

Bloco de Notas.

WordPad
Editor de texto com formatação do Windows. Pode conter imagens, tabelas e outros objetos. A formatação é limitada se comparado
com o Word. A extensão padrão gerada pelo WordPad é a RTF. Por meio do programa WordPad podemos salvar um arquivo com a exten-
são DOC entre outras.

WordPad.21

21 Fonte: https://www.nextofwindows.com/windows-7-gives-wordpad-a-new-life

103
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Paint
Editor simples de imagens do Windows. A extensão padrão é a BMP. Permite manipular arquivos de imagens com as extensões: JPG
ou JPEG, GIF, TIFF, PNG, ICO entre outras.

Paint.22

• Calculadora
Pode ser exibida de quatro maneiras: padrão, científica, programador e estatística.

22 Fonte: https://www.techtudo.com.br/listas/noticia/2017/03/microsoft-paint-todas-versoes-do-famoso-editor-de-fotos-do-windows.html

104
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Painel de Controle
O Painel de controle fornece um conjunto de ferramentas administrativas com finalidades especiais que podem ser usadas para confi-
gurar o Windows, aplicativos e ambiente de serviços. O Painel de Controle inclui itens padrão que podem ser usados para tarefas comuns
(por exemplo, Vídeo, Sistemas, Teclado, Mouse e Adicionar hardware). Os aplicativos e os serviços instalados pelo usuário também podem
inserir ícones no Painel de controle.

Painel de Controle.23

Novidades do Windows 7
Ajustar: o recurso Ajustar permite o redimensionamento rápido e simétrico das janelas abertas, basta arrastar a janela para as bordas
pré-definidas e o sistema a ajustará às grades.
Aero Peek: exclusivo das versões Home Premium, Professional e Ultimate, o Aero Peek permite que o usuário visualize as janelas que
ficam ocultadas pela janela principal.
Nova Barra de Tarefas: o usuário pode ter uma prévia do que está sendo rodado, apenas passando o mouse sobre o item minimizado.
Alternância de Tarefas: a barra de alternância de tarefas do Windows 7 foi reformulada e agora é interativa. Permite a fixação de
ícones em determinado local, a reorganização de ícones para facilitar o acesso e também a visualização de miniaturas na própria barra.
Gadgets: diferentemente do Windows Vista, que prendia as gadgets na barra lateral do sistema. O Windows 7 permite que o usuário
redimensione, arraste e deixe as gadgets onde quiser, não dependendo de grades determinadas.
Windows Media Center: o novo Windows Media Center tem compatibilidade com mais formatos de áudio e vídeo, além do suporte a
TVs on-line de várias qualidades, incluindo HD. Também conta com um serviço de busca mais dinâmico nas bibliotecas locais, o TurboScroll.
Windows Backup: além do já conhecido Ponto de Restauração, o Windows 7 vem também com o Windows Backup, que permite a
restauração de documentos e arquivos pessoais, não somente os programas e configurações.
Windows Touch: uma das inovações mais esperadas do novo OS da Microsoft, a compatibilidade total com a tecnologia do toque na
tela, o que inclui o acesso a pastas, redimensionamento de janelas e a interação com aplicativos.
Windows Defender: livre-se de spywares e outras pragas virtuais com o Windows Defender do Windows 7, agora mais limpo e mais
simples de ser configurado e usado.
Windows Firewall: para proteção contra crackers e programas mal-intencionados, o Firewall do Windows. Agora com configuração de
perfis alternáveis, muito útil para uso da rede em ambientes variados, como shoppings com Wi-Fi pública ou conexões residências.
Flip 3D: Flip 3D é um feature padrão do Windows Vista que ficou muito funcional também no Windows 7. No Windows 7 ele ficou com
realismo para cada janela e melhorou no reconhecimento de screens atualizadas.

Novidades no Windows 8
Lançado em 2012, o Windows 8 passou por sua transformação mais radical. Ele trouxe uma interface totalmente nova, projetada
principalmente para uso em telas sensíveis ao toque.

• Tela Inicial
A tela de início é uma das características mais marcantes do Windows 824. Trata-se de um espaço que reúne em um único lugar blocos
retangulares ou quadrados que dão acesso a aplicativos, à lista de contatos, a informações sobre o clima, aos próximos compromissos da
agenda, entre outros. Na prática, este é o recurso que substitui o tradicional menu Iniciar do Windows, que por padrão não está disponível
na versão 8. É por este motivo que é possível alternar entre a tela inicial e a área de trabalho (bastante semelhante ao desktop do Windows
23 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2016/06/como-mudar-o-idioma-do-windows-7.html
24 https://www.infowester.com/

105
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
7, por sinal) utilizando os botões Windows do teclado.
Obs.: gerou uma certa insatisfação por parte dos usuários que sentiram falta do botão Iniciar, na versão. No Windows 8.1 e Windows
10, o botão Iniciar volta.
Se o espaço na tela não for suficiente para exibir todos eles, ela pode ser rolada horizontalmente. A nova interface era inicialmente
chamada de Metro, mas a Microsoft abandonou esse nome e, agora, se refere a ela como Modern (moderna).

Interface Metro do Windows 8.25

• Tempo de Inicialização
Uma das vantagens que mais marcou o Windows 8 foi o tempo de inicialização de apenas 18 segundos, mostrando uma boa diferença
se comparado com o Windows 7, que leva 10 segundos a mais para iniciar26.
O encerramento também ficou mais rápido, tudo isso por conta da otimização de recursos do sistema operacional e também do baixo
consumo que o Windows 8 utiliza do processador.

• Os botões de acesso da lateral direita (Charms Bar)


Outra característica marcante do Windows 8 é a barra com botões de acesso rápido que a Microsoft chamada de Charms Bar. Eles
ficam ocultos, na verdade, mas é possível visualizá-los facilmente. Se estiver usando um mouse, basta mover o cursor até o canto direito
superior ou inferior. Em um tablet ou outro dispositivo com tela sensível ao toque, basta mover o dedo à mesma região. Com o teclado,
pressione Windows + C simultaneamente.
Em todas as formas, você verá uma barra surgir à direita com cinco botões:
– Busca: nesta opção, você pode localizar facilmente aplicativos ou arquivos presentes em seu computador, assim como conteúdo
armazenado nas nuvens, como fotos, notícias, etc. Para isso, basta escolher uma das opções mostradas abaixo do campo de busca para
filtrar a sua pesquisa;
– Compartilhar: neste botão, é possível compartilhar informações em redes sociais, transferir arquivos para outros computadores,
entre outros;
– Iniciar: outra forma de acessar a tela inicial. Pode parecer irrelevante se você estiver usando um teclado que tenha botões Windows,
mas em tablets é uma importante forma de acesso;
– Dispositivos: com este botão, você pode configurar ou ter acesso rápido aos dispositivos conectados, como HDs externos, impres-
soras e outros;

25 https://www.tecwhite.net/2015/01/tutorial-visualizador-de-fotos-do.html
26 https://www.professordeodatoneto.com.br/

106
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
– Configuração: é por aqui que você pode personalizar o sistema, gerenciar usuários, mudar a sua senha, verificar atualizações, ajustar
conexões Wi-Fi, entrar no Painel de Controle e até mesmo acessar opções de configuração de outros programas.

• Login com Microsoft Account


O Windows 8 é a versão da família Windows que mais se integra às nuvens, razão pela qual agora o usuário precisa informar sua
Microsoft Account (ou Windows Live ID) para se logar no sistema. Com isso, a pessoa conseguirá acessar facilmente seus arquivos no
SkyDrive e compartilhar dados com seus contatos, por exemplo. É claro que esta característica não é uma exigência: o usuário que preferir
poderá utilizar o esquema tradicional de login, onde seu nome e senha existem só no computador, não havendo integração com as nuvens.
Também é importante frisar que, quem preferir o login com Microsoft Account, poderá acessar o computador mesmo quando não houver
acesso à internet.

• Senha com imagem


Outra novidade do Windows 8 em relação à autenticação de usuários é a funcionalidade de senha com imagem. A ideia é simples: em
vez de digitar uma combinação de caracteres, o usuário deve escolher uma imagem – uma foto, por exemplo – e fazer um desenho com
três gestos em uma parte dela. A partir daí, toda vez que for necessário realizar login, a imagem em questão será exibida e o usuário terá
que repetir o movimento que criou.
É possível utilizar esta opção com mouse, mas ela é particularmente interessante para login rápido em tablets, por causa da ausência
de teclado para digitação de senha.

• Windows Store (Loja)


Seguindo o exemplo de plataformas como Android e iOS, o Windows 8 passou a contar com uma loja oficial de aplicativos. A maioria
dos programas existentes ali são gratuitos, mas o usuário também poderá adquirir softwares pagos também.

107
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
É válido destacar que o Windows 8 é compatível com programas feitos para os Windows XP, Vista e 7 – pelo menos a maioria deles.
Além disso, o usuário não é obrigado a utilizar a loja para obter softwares, já que o velho esquema de instalar programas distribuídos di-
retamente pelo desenvolvedor ou por sites de download, por exemplo, continua valendo.

• Notificações
A Microsoft também deu especial atenção às notificações no Windows 8. E não só notificações do sistema, que avisam, por exemplo,
quando há atualizações disponíveis: também há notificações de aplicativos, de forma que você possa saber da chegada de e-mails ou de
um compromisso em sua agenda por meio de uma pequena nota que aparece mesmo quando outro programa estiver ocupando toda a
tela.

• Gestos e atalhos
Apesar de diferente, o Windows 8 não é um sistema operacional de difícil utilização. Você pode levar algum tempo para se acostumar
a ele, mas muito provavelmente chegará lá. Um jeito de acelerar este processo e ao mesmo tempo aproveitar melhor o sistema é apren-
dendo a utilizar gestos (para telas sensíveis ao toque), movimentos para o mouse ou mesmo atalhos para teclado. Eis alguns:
– Para voltar à janela anterior: leve o cursor do mouse até o canto superior esquerdo (bem no canto mesmo). Uma miniatura da janela
será exibida. Clique nela. No caso de toques, arraste o seu dedo do canto esquerdo superior até o centro da janela;
– Para fechar um aplicativo sem o botão de encerramento: com mouse ou com toque, clique na barra superior do programa e a
arraste até a parte inferior da tela;
– Para desinstalar um aplicativo: na tela inicial, clique com o botão direito do mouse no bloco de um aplicativo. Aparecerão ali várias
opções, sendo uma delas a que permite desinstalar o software. No caso de telas sensíveis ao toque, posicione o dedo bloco e o mova para
cima;
– Para alternar entre as janelas abertas usando teclado: a velha e boa combinação – pressione as teclas Alt e Tab ao mesmo tempo;

– Para ativar a pesquisa automaticamente na tela inicial: se você estiver na tela inicial e quiser iniciar um aplicativo ou abrir um
arquivo, por exemplo, basta simplesmente começar a digitar o seu nome. Ao fazer isso, o sistema operacional automaticamente iniciará a
busca para localizá-lo.

Versões do Windows 8
– Windows RT: versão para dispositivos baseados na arquitetura ARM. Pode ocorrer incompatibilidade com determinados aplicativos
criados para a plataforma x86. Somente será possível encontrar esta versão de maneira pré-instalada em tablets e afins;
– Windows 8: trata-se da versão mais comum, direcionada aos usuários domésticos, a ambientes de escritório e assim por diante.
Pode ser encontrada tanto em 32-bit quanto em 64-bit;
– Windows 8 Pro: é a versão mais completa, consistindo, essencialmente, no Windows 8 acrescido de determinados recursos, es-
pecialmente para o segmento corporativo, como virtualização e gerenciamento de domínios. Também permite a instalação gratuita do
Windows Media Center.

Área de Trabalho
A Microsoft optou por deixar a famosa área de trabalho no novo Windows, possuindo as mesmas funções das versões anteriores, mas
com uma pequena diferença, o botão iniciar não existe mais, pois, como dito anteriormente, foi substituído pela nova interface Metro.

Área de trabalho do Windows 8.27

Para acessar a área de trabalho no Windows 8, basta entrar na tela inicial e procurar pelo ícone correspondente.

27 https://www.crn.com.au/news/windows-8-show-us-your-real-face-289865

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USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Extrair arquivos mais rápidos
O Windows 8 possui uma vantagem significativa na compactação e extração de arquivos, assim como também na transferência de
dados e no tempo para abrir algum software.

Windows Store
Outra novidade do Windows 8, é a nova ferramenta de compras de aplicativos, chamada de Windows Store.
Podemos dizer de que se trata de uma loja virtual criada pela Microsoft em busca de aproximar o usuário de novas descobertas de
aplicativos criados exclusivamente para o sistema operacional.
A ferramenta pode ser acessada da mesma maneira que as outras. Ela é encontrada na tela inicial (Interface Metro) e basta dar apenas
um clique para abrir a página com os aplicativos em destaques.

Nuvem e vínculo fácil com as redes sociais


Mais uma novidade, entre diversas outras do novo sistema operacional da Microsoft, é o armazenamento na nuvem, ou seja, o Win-
dows 8 também utiliza computação em nuvem para guardar seus dados, podendo o usuário acessá-los em outros computadores.
As integrações sociais também foi outro diferencial. Todas as redes favoritas podem ser usadas, como Twitter, Facebook, Google Plus,
entre outras, sem precisar acessá-las, tudo é mostrado na tela inicial, na forma de notificações.

Tela Sensível – Touch


Por últimos, mas não menos importante, é a tecnologia touch que o Windows 8 suporta. Essa tecnologia faz com que o usuário possa
usar as ferramentas do sistema operacional apenas com as mãos, sem o uso de mouse.

Acessórios do Windows
O Windows traz consigo alguns acessórios (pequenos programas) muito úteis para executar algumas tarefas básicas do dia-a-dia,
vejamos alguns desses acessórios:

Calculadora
A calculadora do Windows vem em dois formatos distintos (a Padrão e a Científica). Ela permite colar seus resultados em outros pro-
gramas ou copiar no seu visor (display) um número copiado de outro aplicativo.

109
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Bloco de Notas
É um pequeno editor de textos que acompanha o Windows porque permite uma forma bem simples de edição. Os tipos de formata-
ção existentes no bloco de notas são: fontes, estilo e tamanho. É muito utilizado por programadores para criar programas de computador.

WordPad
É como se fosse um Word reduzido. Pode ser classificado como um editor de textos, porque possui recursos de formatação.

110
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Paint
Programa muito utilizado por iniciantes em informática. O Paint é um pequeno programa criado para desenhar e cria arquivos no
formato bitmap que são imagens formadas para pequenos pontos. Ele não trabalha com imagens vetoriais (desenhos feitos através de
cálculos matemáticos), ele apenas permite a pintura de pequenos pontos para formar a imagem que se quer. Seus arquivos normalmente
são salvos no formato BMP, mas o programa também permite salvar os desenhos com os formatos JPG e GIF.

Lixeira
Lixeira na área de trabalho é um local de armazenamento temporário para arquivos excluídos. Quando você exclui um arquivo ou
pasta em seu computador (HD ou SSD), ele não é excluído imediatamente, mas vai para a Lixeira.

Cotas do Usuário
Recurso que foi herdado do Windows Vista é o gerenciamento de cotas de espaço em disco para usuários, algo muito interessante em
um PC usado por várias pessoas. Assim é possível delimitar quanto do disco rígido pode ser utilizado no máximo por cada um que utiliza
o computador.
Se você possui status de administrador do Windows pode realizar essa ação de modo rápido e simples seguindo as instruções.

Restauração do Sistema
É um recurso do Windows em que o computador literalmente volta para um estado (hora e data) no passado. É útil quando programas
que o usuário instalou comprometem o funcionamento do sistema e o usuário deseja que o computador volte para um estado anterior à
instalação do programa.

111
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Windows Explorer Bitlocker
É o programa que acompanha o Windows e tem por função É um dos recursos Windows, aprimorado nas versões Ultimate
gerenciar os objetos gravados nas unidades de disco, ou seja, todo e Enterprise do Windows 7, 8 e 10.
e qualquer arquivo que esteja gravado em seu computador e toda Este recurso tem como vocação a proteção de seus dados.
pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer., Qualquer arquivo é protegido, salvo em uma unidade criptografada
pelo recurso. A operação se desenvolve automaticamente após a
ativação.

Windows 10
Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a
proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma
única plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão
equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console
Xbox One e produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de
realidade aumentada HoloLens28.

Versões do Windows 10

– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada


para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e no-
tebook), tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para
PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home,
os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em peque-
nas empresas, apresentando recursos para segurança digital, su-
porte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.
Painel de Controle – Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro,
o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo.
Os alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte,
e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente em
tecnologias desenvolvidas no campo da segurança digital e produ-
tividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows 10
Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as necessida-
des do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os
dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para smar-
tphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise tem
como objetivo entregar a melhor experiência para os consumidores
que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas ele-
trônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento
para o varejo e robôs industriais – todas baseadas no Windows 10
Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise.
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e
desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft.
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Win-
dows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para uso
profissional mais avançado em máquinas poderosas com vários
processadores e grande quantidade de RAM.

É o programa que acompanha o Windows e permite ajustar to-


das as configurações do sistema operacional, desde ajustar a hora
do computador, até coisas mais técnicas como ajustar o endereço
virtual das interrupções utilizadas pela porta do mouse.
O painel de controle é, na verdade, uma janela que possui vá-
rios ícones, e cada um desses ícones é responsável por um ajuste
diferente no Windows.
28 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/SlideDe-
mo-4147.pdf

112
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Área de Trabalho (pacote aero)
Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no Windows a partir da versão 7.

Área de Trabalho do Windows 10.29


Aero Glass (Efeito Vidro)
Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes, parecendo um vidro.

Efeito Aero Glass.30

29 https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/
30 https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-glass-lancado-mod-windows-10.htm

113
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Aero Flip (Alt+Tab)
Permite a alternância das janelas na área de trabalho, organizando-as de acordo com a preferência de uso.

Efeito Aero Flip.


Aero Shake (Win+Home)
Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas. Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta sacudir
novamente e todas as janelas serão restauradas.

Efeito Aero Shake (Win+Home)

114
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado)
Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida de
modo a ocupar metade do monitor.

Efeito Aero Snap.

Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar Tudo)


O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil quando
você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue ver o que
precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área de trabalho (parte
inferior direita do Desktop). Ao posicionar o mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto transparente. Ao clicar sobre
ele, as janelas serão minimizadas.

Efeito Aero Peek.

115
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Menu Iniciar
Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na direita,
temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP, Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita temos uma
versão compacta da Modern UI, lembrando muito os azulejos do Windows Phone 8.

Menu Iniciar no Windows 10.31


Nova Central de Ações
A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões an-
teriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.

Central de ações do Windows 10.32

Paint 3D
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados, especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas antigas
de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar o programa
mais versátil.

31 https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-dicas-usar-melhor-menu-iniciar
32 Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/windows-how-to-open-action-center

116
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.

Paint 3D.

Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o caso
do Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades nativas. O
assistente pessoal inteligente que entende quem você é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar quando for solicita-
do, por meio de informações-chave, sugestões e até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.
Para abrir a Cortana selecionando a opção na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar o
tema que deseja.

Cortana no Windows 10.33

33 https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-novo-visual-windows-10-rumor.htm

117
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Microsot Edge
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional da Mi-
crosoft. O programa tem como características a leveza, a rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção de suporte a
tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o serviço de armaze-
namento na nuvem OneDrive, além do suporte a ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da Web.
Use a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos para mais tarde e lê-los no modo de leitura . Focalize guias abertas para visu-
alizá-las e leve seus favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em outro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows 10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.
Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge ou clique no ícone na barra de tarefas.

Microsoft Edge no Windows 10.

Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais segura do
que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN, bluetooth do
celular e senha com imagem.
Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure por
Hello ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.

Windows Hello.

118
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você pode
pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas, unidades
ou em sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente com Arquivos
Offline).

Tela Bibliotecas no Windows 10.34

One Drive
O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilhamento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você pode
acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que está
disponível para todos os dispositivos que você usar.

OneDivre.35

34 https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas
35 Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta-do-onedrive-no-windows-10

119
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo está
disponível para um ou mais programas de computador, sendo essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela extensão
recebida no ato de sua criação ou alteração.
Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro letras
(DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais comuns são
arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx), de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas (tabela.xlsx) e
apresentações (monografia.pptx).

Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organizar
tudo o que está dentro das unidades.
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos de
arquivos existentes.
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arquivos.

Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Colar)


Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados na imagem acima – Explorador de arquivos).
2. Botão direito do mouse.
3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção com a letra da unidade e origem e destino).

Central de Segurança do Windows Defender


A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área de proteção contra vírus e ameaças.
Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, clique no botão , selecione Configurações > Atualização e seguran-
ça > Windows Defender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

Windows Defender.36

36 Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de7c-4ee7-b90f-4bf76ad529b1

120
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Lixeira ALT + TAB: alternar entre janelas.
A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas ex- WIN + X: menu de acesso rápido.
cluídos das unidades internas do computador (c:\). F1: ajuda.
Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL. APLICATIVOS E USO DE FERRAMENTAS NA INTERNET
- Arrasta-lo para a lixeira. E(OU) INTRANET. NAVEGADORES WEB (GOOGLE
- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir. CHROME E INTERNET EXPLORER)
- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D.
Internet
Arquivos apagados permanentemente: A Internet é uma rede mundial de computadores interligados
- Arquivos de unidades de rede. através de linhas de telefone, linhas de comunicação privadas, ca-
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...). bos submarinos, canais de satélite, etc37. Ela nasceu em 1969, nos
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é mos- Estados Unidos. Interligava originalmente laboratórios de pesquisa
trado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o tamanho e se chamava ARPAnet (ARPA: Advanced Research Projects Agency).
do HD (disco rígido) do computador). Com o passar do tempo, e com o sucesso que a rede foi tendo, o nú-
- Deletar pressionando a tecla SHIFT. mero de adesões foi crescendo continuamente. Como nesta época,
- Desabilitar a lixeira (Propriedades). o computador era extremamente difícil de lidar, somente algumas
instituições possuíam internet.
Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente na No entanto, com a elaboração de softwares e interfaces cada
área de trabalho do Windows 10. vez mais fáceis de manipular, as pessoas foram se encorajando a
participar da rede. O grande atrativo da internet era a possibilida-
Outros Acessórios do Windows 10 de de se trocar e compartilhar ideias, estudos e informações com
outras pessoas que, muitas vezes nem se conhecia pessoalmente.
Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados,
mas os relacionados a seguir são os mais populares: Conectando-se à Internet
– Alarmes e relógio. Para se conectar à Internet, é necessário que se ligue a uma
– Assistência Rápida. rede que está conectada à Internet. Essa rede é de um provedor de
– Bloco de Notas. acesso à internet. Assim, para se conectar você liga o seu computa-
– Calculadora. dor à rede do provedor de acesso à Internet; isto é feito por meio
– Calendário. de um conjunto como modem, roteadores e redes de acesso (linha
– Clima. telefônica, cabo, fibra-ótica, wireless, etc.).
– E-mail.
– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes fí- World Wide Web
sicos). A web nasceu em 1991, no laboratório CERN, na Suíça. Seu
– Ferramenta de Captura. criador, Tim Berners-Lee, concebeu-a unicamente como uma lin-
– Gravador de passos. guagem que serviria para interligar computadores do laboratório e
– Internet Explorer. outras instituições de pesquisa, e exibir documentos científicos de
– Mapas. forma simples e fácil de acessar.
– Mapa de Caracteres. Hoje é o segmento que mais cresce. A chave do sucesso da
– Paint. World Wide Web é o hipertexto. Os textos e imagens são interli-
– Windows Explorer. gados por meio de palavras-chave, tornando a navegação simples
– WordPad. e agradável.
– Xbox.
Protocolo de comunicação
Principais teclas de atalho Transmissão e fundamentalmente por um conjunto de proto-
CTRL + F4: fechar o documento ativo. colos encabeçados pelo TCP/IP. Para que os computadores de uma
CTRL + R ou F5: atualizar a janela. rede possam trocar informações entre si é necessário que todos os
CTRL + Y: refazer. computadores adotem as mesmas regras para o envio e o recebi-
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar. mento de informações. Este conjunto de regras é conhecido como
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas. Protocolo de Comunicação. No protocolo de comunicação estão de-
WIN + A: central de ações. finidas todas as regras necessárias para que o computador de desti-
WIN + C: cortana. no, “entenda” as informações no formato que foram enviadas pelo
WIN + E: explorador de arquivos. computador de origem.
WIN + H: compartilhar. Existem diversos protocolos, atualmente a grande maioria das
WIN + I: configurações. redes utiliza o protocolo TCP/IP já que este é utilizado também na
WIN + L: bloquear/trocar conta. Internet.
WIN + M: minimizar as janelas. O protocolo TCP/IP acabou se tornando um padrão, inclusive
WIN + R: executar. para redes locais, como a maioria das redes corporativas hoje tem
WIN + S: pesquisar. acesso Internet, usar TCP/IP resolve a rede local e também o acesso
WIN + “,”: aero peek. externo.
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas.
WIN + TAB: task view (visão de tarefas).
WIN + HOME: aero shake.
37 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E-
7ado.pdf

121
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
TCP / IP Para funcionar, um navegador de internet se comunica com
Sigla de Transmission Control Protocol/Internet Protocol (Pro- servidores hospedados na internet usando diversos tipos de pro-
tocolo de Controle de Transmissão/Protocolo Internet). tocolos de rede. Um dos mais conhecidos é o protocolo HTTP, que
Embora sejam dois protocolos, o TCP e o IP, o TCP/IP aparece transfere dados binários na comunicação entre a máquina, o nave-
nas literaturas como sendo: gador e os servidores.
- O protocolo principal da Internet;
- O protocolo padrão da Internet; Funcionalidades de um Navegador de Internet
- O protocolo principal da família de protocolos que dá suporte A principal funcionalidade dos navegadores é mostrar para o
ao funcionamento da Internet e seus serviços. usuário uma tela de exibição através de uma janela do navegador.
Ele decodifica informações solicitadas pelo usuário, através de
Considerando ainda o protocolo TCP/IP, pode-se dizer que: códigos-fonte, e as carrega no navegador usado pelo internauta.
A parte TCP é responsável pelos serviços e a parte IP é respon- Ou seja, entender a mensagem enviada pelo usuário, solicitada
sável pelo roteamento (estabelece a rota ou caminho para o trans- através do endereço eletrônico, e traduzir essa informação na tela
porte dos pacotes). do computador. É assim que o usuário consegue acessar qualquer
site na internet.
Domínio O recurso mais comum que o navegador traduz é o HTML, uma
Se não fosse o conceito de domínio quando fossemos acessar linguagem de marcação para criar páginas na web e para ser inter-
um determinado endereço na web teríamos que digitar o seu en- pretado pelos navegadores.
dereço IP. Por exemplo: para acessar o site do Google ao invés de Eles também podem reconhecer arquivos em formato PDF,
você digitar www.google.com você teria que digitar um número IP imagens e outros tipos de dados.
– 74.125.234.180. Essas ferramentas traduzem esses tipos de solicitações por
É através do protocolo DNS (Domain Name System), que é pos- meio das URLs, ou seja, os endereços eletrônicos que digitamos na
sível associar um endereço de um site a um número IP na rede. parte superior dos navegadores para entrarmos numa determinada
O formato mais comum de um endereço na Internet é algo como página.
http://www.empresa.com.br, em que: Abaixo estão outros recursos de um navegador de internet:
www: (World Wide Web): convenção que indica que o ende- – Barra de Endereço: é o espaço em branco que fica localiza-
reço pertence à web. do no topo de qualquer navegador. É ali que o usuário deve digitar
empresa: nome da empresa ou instituição que mantém o ser- a URL (ou domínio ou endereço eletrônico) para acessar qualquer
viço. página na web.
com: indica que é comercial. – Botões de Início, Voltar e Avançar: botões clicáveis básicos
br: indica que o endereço é no Brasil. que levam o usuário, respectivamente, ao começo de abertura do
navegador, à página visitada antes ou à página visitada seguinte.
URL – Favoritos: é a aba que armazena as URLs de preferência do
Um URL (de Uniform Resource Locator), em português, Locali- usuário. Com um único simples, o usuário pode guardar esses en-
zador-Padrão de Recursos, é o endereço de um recurso (um arqui- dereços nesse espaço, sendo que não existe uma quantidade limite
vo, uma impressora etc.), disponível em uma rede; seja a Internet, de links. É muito útil para quando você quer acessar as páginas mais
ou uma rede corporativa, uma intranet. recorrentes da sua rotina diária de tarefas.
Uma URL tem a seguinte estrutura: protocolo://máquina/ca- – Atualizar: botão básico que recarrega a página aberta naque-
minho/recurso. le momento, atualizando o conteúdo nela mostrado. Serve para
mostrar possíveis edições, correções e até melhorias de estrutura
HTTP no visual de um site. Em alguns casos, é necessário limpar o cache
É o protocolo responsável pelo tratamento de pedidos e res- para mostrar as atualizações.
postas entre clientes e servidor na World Wide Web. Os endereços – Histórico: opção que mostra o histórico de navegação do
web sempre iniciam com http:// (http significa Hypertext Transfer usuário usando determinado navegador. É muito útil para recupe-
Protocol, Protocolo de transferência hipertexto). rar links, páginas perdidas ou revisitar domínios antigos. Pode ser
apagado, caso o usuário queira.
Hipertexto – Gerenciador de Downloads: permite administrar os downlo-
São textos ou figuras que possuem endereços vinculados a ads em determinado momento. É possível ativar, cancelar e pausar
eles. Essa é a maneira mais comum de navegar pela web. por tempo indeterminado. É um maior controle na usabilidade do
navegador de internet.
Navegadores – Extensões: já é padrão dos navegadores de internet terem
Um navegador de internet é um programa que mostra informa- um mecanismo próprio de extensões com mais funcionalidades.
ções da internet na tela do computador do usuário. Com alguns cliques, é possível instalar temas visuais, plug-ins com
Além de também serem conhecidos como browser ou web novos recursos (relógio, notícias, galeria de imagens, ícones, entre
browser, eles funcionam em computadores, notebooks, dispositi- outros.
vos móveis, aparelhos portáteis, videogames e televisores conec- – Central de Ajuda: espaço para verificar a versão instalada do
tados à internet. navegador e artigos (geralmente em inglês, embora também exis-
Um navegador de internet condiciona a estrutura de um site tam em português) de como realizar tarefas ou ações específicas
e exibe qualquer tipo de conteúdo na tela da máquina usada pelo no navegador.
internauta.
Esse conteúdo pode ser um texto, uma imagem, um vídeo, um
jogo eletrônico, uma animação, um aplicativo ou mesmo servidor.
Ou seja, o navegador é o meio que permite o acesso a qualquer
página ou site na rede.

122
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Firefox, Internet Explorer, Google Chrome, Safari e Opera são – Disponível em desktops e mobile com Windows 10.
alguns dos navegadores mais utilizados atualmente. Também co- – Não é compatível com sistemas operacionais mais antigos.
nhecidos como web browsers ou, simplesmente, browsers, os na-
vegadores são uma espécie de ponte entre o usuário e o conteúdo Firefox
virtual da Internet. Um dos navegadores de internet mais populares, o Firefox é
conhecido por ser flexível e ter um desempenho acima da média.
Internet Explorer Desenvolvido pela Fundação Mozilla, é distribuído gratuita-
Lançado em 1995, vem junto com o Windows, está sendo mente para usuários dos principais sistemas operacionais. Ou seja,
substituído pelo Microsoft Edge, mas ainda está disponível como mesmo que o usuário possua uma versão defasada do sistema ins-
segundo navegador, pois ainda existem usuários que necessitam de talado no PC, ele poderá ser instalado.
algumas tecnologias que estão no Internet Explorer e não foram
atualizadas no Edge.
Já foi o mais navegador mais utilizado do mundo, mas hoje per-
deu a posição para o Google Chrome e o Mozilla Firefox.

Algumas características de destaque do Firefox são:


– Velocidade e desempenho para uma navegação eficiente.
– Não exige um hardware poderoso para rodar.
Principais recursos do Internet Explorer: – Grande quantidade de extensões para adicionar novos recur-
– Transformar a página num aplicativo na área de trabalho, sos.
permitindo que o usuário defina sites como se fossem aplicativos – Interface simplificada facilita o entendimento do usuário.
instalados no PC. Através dessa configuração, ao invés de apenas – Atualizações frequentes para melhorias de segurança e pri-
manter os sites nos favoritos, eles ficarão acessíveis mais facilmente vacidade.
através de ícones. – Disponível em desktop e mobile.
– Gerenciador de downloads integrado.
– Mais estabilidade e segurança. Google Chorme
– Suporte aprimorado para HTML5 e CSS3, o que permite uma É possível instalar o Google Chrome nas principais versões do
navegação plena para que o internauta possa usufruir dos recursos sistema operacional Windows e também no Linux e Mac.
implementados nos sites mais modernos. O Chrome é o navegador de internet mais usado no mundo.
– Com a possibilidade de adicionar complementos, o navega- É, também, um dos que têm melhor suporte a extensões, maior
dor já não é apenas um programa para acessar sites. Dessa forma, é compatibilidade com uma diversidade de dispositivos e é bastante
possível instalar pequenos aplicativos que melhoram a navegação e convidativo à navegação simplificada.
oferecem funcionalidades adicionais.
– One Box: recurso já conhecido entre os usuários do Google
Chrome, agora está na versão mais recente do Internet Explorer.
Através dele, é possível realizar buscas apenas informando a pala-
vra-chave digitando-a na barra de endereços.

Microsoft Edge
Da Microsoft, o Edge é a evolução natural do antigo Explorer38.
O navegador vem integrado com o Windows 10. Ele pode receber
aprimoramentos com novos recursos na própria loja do aplicativo. Principais recursos do Google Chrome:
Além disso, a ferramenta otimiza a experiência do usuário con- – Desempenho ultra veloz, desde que a máquina tenha recur-
vertendo sites complexos em páginas mais amigáveis para leitura. sos RAM suficientes.
– Gigantesca quantidade de extensões para adicionar novas
funcionalidades.
– Estável e ocupa o mínimo espaço da tela para mostrar conte-
údos otimizados.
– Segurança avançada com encriptação por Certificado SSL (HT-
TPS).
– Disponível em desktop e mobile.

Outras características do Edge são:


– Experiência de navegação com alto desempenho.
– Função HUB permite organizar e gerenciar projetos de qual-
quer lugar conectado à internet.
– Funciona com a assistente de navegação Cortana.
38 https://bit.ly/2WITu4N

123
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Opera Pelo fato, a sua aplicação a todos os conceitos emprega-se à
Um dos primeiros navegadores existentes, o Opera segue evo- intranet, como, por exemplo, o paradigma de cliente-servidor. Para
luindo como um dos melhores navegadores de internet. tal, a gama de endereços IP reservada para esse tipo de aplicação
Ele entrega uma interface limpa, intuitiva e agradável de usar. situa-se entre 192.168.0.0 até 192.168.255.255.
Além disso, a ferramenta também é leve e não prejudica a qualida-
de da experiência do usuário. Dentro de uma empresa, todos os departamentos possuem
alguma informação que pode ser trocada com os demais setores,
podendo cada sessão ter uma forma direta de se comunicar com as
demais, o que se assemelha muito com a conexão LAN (Local Area
Network), que, porém, não emprega restrições de acesso.
A intranet é um dos principais veículos de comunicação em cor-
porações. Por ela, o fluxo de dados (centralização de documentos,
formulários, notícias da empresa, etc.) é constante, pretendendo
reduzir os custos e ganhar velocidade na divulgação e distribuição
de informações.
Outros pontos de destaques do Opera são: Apesar do seu uso interno, acessando aos dados corporativos,
– Alto desempenho com baixo consumo de recursos e de ener- a intranet permite que computadores localizados numa filial, se co-
gia. nectados à internet com uma senha, acessem conteúdos que este-
– Recurso Turbo Opera filtra o tráfego recebido, aumentando a jam na sua matriz. Ela cria um canal de comunicação direto entre
velocidade de conexões de baixo desempenho. a empresa e os seus funcionários/colaboradores, tendo um ganho
– Poupa a quantidade de dados usados em conexões móveis significativo em termos de segurança.
(3G ou 4G).
– Impede armazenamento de dados sigilosos, sobretudo em
páginas bancárias e de vendas on-line. SOFTWARES APLICATIVOS DO PACOTE MICROSOFT
– Quantidade moderada de plug-ins para implementar novas OFFICE 2021 (WORD, EXCEL, POWER POINT, OUTLOOK
funções, além de um bloqueador de publicidade integrado. E ACCESS) E SUAS FUNCIONALIDADES
– Disponível em desktop e mobile.
Microsoft Office
Safari
O Safari é o navegador oficial dos dispositivos da Apple. Pela
sua otimização focada nos aparelhos da gigante de tecnologia, ele
é um dos navegadores de internet mais leves, rápidos, seguros e
confiáveis para usar.

O Safari também se destaca em:


– Sincronização de dados e informações em qualquer disposi-
tivo Apple (iOS).
– Tem uma tecnologia anti-rastreio capaz de impedir o direcio- O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para
namento de anúncios com base no comportamento do usuário. uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas
– Modo de navegação privada não guarda os dados das páginas em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos –
visitadas, inclusive histórico e preenchimento automático de cam- Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações –
pos de informação. PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum:
– Compatível também com sistemas operacionais que não seja
da Apple (Windows e Linux). Word
– Disponível em desktops e mobile. O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
Intranet então apresentar suas principais funcionalidades.
A intranet é uma rede de computadores privada que assenta
sobre a suíte de protocolos da Internet, porém, de uso exclusivo de
um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma empresa,
que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou colaboradores
internos39.
39 https://centraldefavoritos.com.br/2018/01/11/conceitos-basicos-ferramen-
tas-aplicativos-e-procedimentos-de-internet-e-intranet-parte-2/

124
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
• Área de trabalho do Word • Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
com a necessidade. trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação),
se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
máticos.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho

• Iniciando um novo documento


Aumenta / diminui tamanho

Recursos automáticos de caixa-


-altas e baixas

Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.

• Alinhamentos • Outros Recursos interessantes:


Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha- GUIA ÍCONE FUNÇÃO
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.
- Mudar
Forma
GUIA PÁGINA TECLA DE Página - Mudar cor
ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO inicial de Fundo
Justificar (arruma a - Mudar cor
direito e a esquerda de Ctrl + J do texto
acordo com a margem
- Inserir
Alinhamento à direita Ctrl + G Tabelas
Inserir
- Inserir
Centralizar o texto Ctrl + E Imagens

Alinhamento à es-
Ctrl + Q
querda Verificação e
Revisão correção ortográ-
fica

Arquivo Salvar

125
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Excel • Formatação células
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


tomaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
pecíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um interva-


=MEDIA(célula X:célulaY)
lo de células)
– Podemos também ter o intervalo A1..B3
MÁXIMA (em um inter-
=MAX(célula X:célulaY)
valo de células)
MÍNIMA (em um inter-
=MIN(célula X:célulaY)
valo de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-


lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
uma planilha.

126
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre- Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro
ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior, uma posição para outra utilizando o mouse.
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor. As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas
para passagem entre elementos das apresentações.

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo


tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre-
diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referen- sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando
te ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, clicar no ícone correspondente no canto inferior direito.
tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
trabalho com o programa.

Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade


de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le-
vando a experiência dos usuários a outro nível.

Office 2013
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen-
tos com telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem,
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smart-
fones diversos.

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários • Atualizações no Word
no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe- – O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho. trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já – As imagens podem ser editadas dentro do documento;
apresentado anteriormente. – O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como
editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

127
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
• Atualizações no PowerPoint • Atualizações no Word
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi- – Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação desenvolvimento de documentos;
de apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos, – Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
a digitação de equações.

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó- • Atualizações no Excel
veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a – Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
questão do compartilhamento dos arquivos. destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
algum mapa que deseja construir.
• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
tão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

128
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
• Atualizações no PowerPoint Correio Eletrônico
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de cor-
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações; reio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um
– Inclusão de imagens 3D na apresentação. protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio
e recebimento de mensagens41. Estas mensagens são armazenadas
no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas
por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos
e extração de cópias das mensagens.

Funcionamento básico de correio eletrônico


Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois pro-
gramas funcionando em uma máquina servidora:
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de
transferência de correio simples, responsável pelo envio de men-
sagens.
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office)
ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de
correio internet), ambos protocolos para recebimento de mensa-
gens.

Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de


e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber
e-mails conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicial-
mente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever
sua mensagem de forma textual no editor oferecido pelo cliente
de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui
o formato “nome@dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar,
nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comu-
nicando-se com o programa SMTP, entregando a mensagem a ser
Office 365 enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do desti-
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura natário (nome antes do @) e o domínio, i.e., a máquina servidora
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio,
sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o o servidor SMTP resolve o DNS, obtendo o endereço IP do servi-
Word, Excel e PowerPoint. dor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa
SMTP deste servidor, perguntando se o nome do destinatário existe
Observações importantes: naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me- ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena a mensagem na caixa de
lhorias citadas constam nele; e-mail do destinatário.
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res-
ponsável por isso; Ações no correio eletrônico
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre Independente da tecnologia e recursos empregados no correio
atualizados. eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails
E-mail recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men- – Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descarta-
sagem atualmente40. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode dos pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha Lixeira. Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na
e-mail, não importando a distância ou a localização. lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru- mensagens definitivamente (este é um processo de segurança para
tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por en-
do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso. gano). Para apagar definitivamente um e-mail é necessário entrar,
O resultado é algo como: de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails
existentes.
maria@apostilassolucao.com.br – Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensa-
gem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio – Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em
eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook. geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário de destino separados por ponto-e-vírgula.
preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun- – CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repas-
to de regras para o uso desses serviços. samos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais
da mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.

40 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E- 41 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-webmail-
7ado.pdf -e-mozilla-thunderbird/

129
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
– CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repassamos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destinatários
principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
– Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio ao
usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente ele
será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso, recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiáveis e, em
geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus e pragas. Al-
guns antivírus permitem analisar anexos de e-mails antes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por exemplo, o Gmail,
permitem analisar preliminarmente se um anexo contém arquivos com malware.
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem
que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e
padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

42

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um ser-
vidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.

42 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b

130
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

COMPUTAÇÃO NAS NUVENS: ACESSO A DISTÂNCIA E TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO

Acesso à distância (acesso remoto)


Acesso à distância ou acesso remoto é uma tecnologia que permite que um computador consiga acessar um servidor privado – nor-
malmente de uma empresa – por meio de um outro computador que não está fisicamente conectado à rede43. A conexão à distância é feita
com segurança de dados em ambos os lados e pode trazer diversos benefícios para manutenção, por exemplo.
Na prática, essa tecnologia é o que permite acessar e-mails e arquivos corporativos fora do local de trabalho, assim como compartilhar
a tela do seu computador em aulas ou palestras à distância, de modo a fazer com que o receptor visualize exatamente o que é reproduzido
no computador principal e, por vezes, faça edições e alterações mediante permissão no PC.
Acesso remoto conecta servidores de empresas e permite controlar máquinas.
O acesso remoto também pode ocorrer via Internet, e controlar computadores de terceiros. Seu uso mais frequente é para suporte
técnico de softwares, já que o técnico pode ver e até pedir permissões para manipular a máquina completamente sem estar diante do
computador.
Utilizando as ferramentas adequadas, é possível acessar computadores com qualquer sistema operacional, em qualquer rede, a partir
de desktop, smartphone ou tablet conectado.
A maneira mais comum de usar o acesso remoto é por meio de uma VPN (Rede Privada Virtual, e português), que consegue estabe-
lecer uma ligação direta entre o computador e o servidor de destino – criando uma espécie de “túnel protegido” na Internet. Isto significa
que o usuário pode acessar tranquilamente seus documentos, e-mails corporativos e sistemas na nuvem, via VPN, sem preocupação de
ser interceptado por administradores de outras redes.

43 https://bit.ly/3gmqZ4w

131
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Para criar uma VPN existem duas maneiras: por meio do proto- Upload
colo SSL ou softwares. Na primeira, a conexão pode ser feita usando O termo upload faz referência a operação inversa a do downlo-
somente um navegador e um serviço em nuvem. No entanto, sem ad, isto é, ao envio de conteúdo à Internet.
o mesmo nível de segurança e velocidade dos programas desktop.
Já na segunda e mais comum forma de acesso remoto, é necessário
um software que utiliza protocolo IPseg para fazer a ligação direta APLICAÇÕES E APLICATIVOS EM DISPOSITIVOS
entre dois computadores ou entre um computador e um servidor. MÓVEIS
Nesse caso, a conexão tende a ser mais rápida e a segurança otimi-
zada. Sistemas Operacionais Móveis
Um sistema computacional moderno e composto de vários
componentes: um ou vários processadores, disco rígido, impres-
soras, teclado, monitor etc.47. Sistemas operacionais são softwares
complexos e responsáveis pelo gerenciamento dos componentes
fundamentais para funcionamento de um computador. Além de ge-
renciar, ele fornece uma interface gráfica que torna mais fácil a vida
do usuário por facilitar sua interação com hardware.
Os Sistemas Operacionais são classificados em vários tipos: Ser-
vidor, Grande Porte, Embarcado, Tempo Real, etc.48. Além desses
44 tipos citados pode se incluir os Sistemas Operacionais para Dispo-
sitivos moveis.
Transferência de informação e arquivos, bem como aplicati- Eles recebem essa classificação por executarem em aparelhos
vos de áudio, vídeo e multimídia como smartphones e tablets. Esses sistemas não podem ser compa-
rados com sistemas embarcados.
Um meio recente e também uma ótima forma de exemplo para Sistemas embarcados são mais simples e desenvolvidos para
explicar a transferência remota são os aplicativos e sites de “Nu- um objetivo em particular. Os dispositivos móveis oferecem novas
vem” isso é, Cloud. Google Drive e Dropbox são exemplos conhe- formas de interação com o usuário (sensores, GPS, acelerômetro,
cidos desses aplicativos, mas como isso funciona? A internet serve teclados virtuais, widgets, etc.) tornando seu desenvolvimento
nesse caso como conexão entre o usuário e o servidor onde os ar- completamente diferente de projetar aplicações para computado-
quivos estão guardados, um usuário cadastrado pode acessar esses res. Os principais sistemas operacionais moveis são: Android, iOS,
arquivos de qualquer lugar do mundo, pode baixá-los (download) Symbian, Windows Mobile e BlackBerry.
ou até mesmo carregá-los (upload) na internet.
Android
O processo não funciona diferente de movimentar pastas em
O Android e um Sistema Operacional Móvel Open Source de-
seu computador ou smartphone, porém essas pastas estão locali-
senvolvido inicialmente pela Google e possui uma arquitetura ba-
zadas em um computador ou servidor na maioria das vezes muitos
seada no kernel Linux para o controle das principais tarefas do sis-
quilômetros longe do usuário.
tema como segurança, gerenciamento de memória, gerenciamento
de processos, pilha de rede e modelo de driver. O kernel atua como
Upload e Download uma camada de abstração entre o hardware e o resto da pilha de
São termos utilizados para definir a transmissão de dados de software. Posteriormente a responsabilidade do desenvolvimento
um dispositivo para outro através de um canal de comunicação pre- foi transferida para Open Handset Alliance (OHA).
viamente estabelecido45. Open Handset Alliance é um consórcio de grandes empresas
com objetivo de popularizar e melhorar os dispositivos moveis. O
Google ´ e um dos membros do consorcio, continua responsável por
controlar importantes etapas do desenvolvimento do sistema como
a gerencia do produto e a engenharia de processos. A arquitetura
do Sistema Operacional Android e composta por cinco camadas:
- Applications: a primeira camada e a mais perto do usuário é a
dos aplicativos. Ela e composta pelos aplicativos nativos do Sistema
Operacional Android como cliente de e-mail, programa de SMS, ca-
lendário, mapas, navegador etc. ´
46
- Applications Frameworks: nesta camada encontramos os
componentes pelo gerenciamento das Activitys, gerenciamento das
Download Views, gerenciamento de Janelas, Provedores de Conteúdo, etc. Es-
Está relacionado com a obtenção de conteúdo da Internet, o tes componentes são manipulados pelos desenvolvedores durante
popular “baixar”, onde um servidor remoto hospeda dados que são o desenvolvimento.
acessados pelos clientes através de aplicativos específicos que se - Runtime: a camada responsável pela execução dos aplicati-
comunicam com o servidor através de protocolos, como é o caso do vos. Os aplicativos são escritos na linguagem Java, quando compi-
navegador web que acessa os dados de um servidor web normal- ladas eles geram bytescodes Dalvik ao contrário de bytecodes JVM
mente utilizando o protocolo HTTP. porque o sistema n ´ ao possui Máquina Virtual Java (JVM). No An-
droid está presente a Máquina Virtual Dalvik ´ (DVM) desenvolvida
44 https://www.kickidler.com/br/remote-access.html 47 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
45 Hunecke, M. Acesso à Distância a Computadores, Transferência de Informa- MENDONÇA, V. R. L., BITTAR, T. J., DIAS, M. S. Um estudo dos Sistemas Opera-
ção e Arquivos. cionais Android e iOS para o desenvolvimento de aplicativos. Catalao – GO.
46 https://www.cursosdeinformaticabasica.com.br/qual-a-diferenca-entre- 48 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
-download-e-upload/ (Tanenbaum 2008).

132
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
para dispositivos moveis, ela é uma versão otimizada da JVM por Facebook
possuir menos instruções. ˜ Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos pessoais
- Libraries: nesta camada encontramos diversas bibliotecas de seus membros.
como a biblioteca C padrão, SQLite (Banco de Dados), OpenGL (Ren-
derização 3D), etc.
- Kernel: a última camada e a de mais baixo nível e do kernel.
O kernel atua como uma camada de abstração entre hardware e
as camadas superiores, permitindo acesso a recursos como áudio,
vídeo e protocolos de rede.

iOS
iOS e a abreviatura para iPhone Operation System sendo desen- O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que reúne
volvido pela Apple. O sistema foi baseado no Sistema Operacional muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto para gerar ne-
MAC OS X e projetado para atender as necessidades de aparelhos gócios quanto para conhecer pessoas, relacionar-se com amigos e
moveis desenvolvidos pela Apple. O sistema realiza uma abstração família, informar-se, dentre outros50.
entre a comunicação do hardware com o aplicativo. A arquitetura
do iOS é composta por quatro camadas: WhatsApp
- CocoaTouch: camada equivalente a camada de frameworks É uma rede para mensagens instantânea. Faz também ligações
do Android. Esta camada fornece ferramentas e infraestrutura para telefônicas através da internet gratuitamente.
implementar eventos e aplicações para a interface do iPhone.
- Media: a camada responsável por fornecer recursos áudio e
vídeos. A tecnologia mais avançada para experiência multimídia e
são encontradas bibliotecas como: OpenGLES, QuartzCore, etc.
- Core Services: a camada que fornece os serviços fundamen-
tais do sistema como AdressBook, Core Location, CFNNetwork, Se-
curity, SQLite etc.
- Core OS: nesta camada que se encontra o kernel do sistema.
Além do kernel, encontramos os drivers e as interfaces básicas do A maioria das pessoas que têm um smartphone também o têm
sistema. instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o apelido de “zap
zap”.
Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas
REDES SOCIAIS
operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem debitar do
consumo do pacote de dados. Por isso, muita gente se informa atra-
Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da inter- vés dele.
net, por pessoas e organizações que se conectam a partir de inte-
resses ou valores comuns49. Muitos confundem com mídias sociais, YouTube
porém as mídias são apenas mais uma forma de criar redes sociais, Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos.
inclusive na internet.

O propósito principal das redes sociais é o de conectar pessoas.


Você preenche seu perfil em canais de mídias sociais e interage com
as pessoas com base nos detalhes que elas leem sobre você. Po-
de-se dizer que redes sociais são uma categoria das mídias sociais.
Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da atuali-
diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas redes dade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais de 1 bilhão de
sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o que com- horas de vídeos visualizados diariamente.
preendíamos como mídia antes da existência da internet: rádio, TV,
jornais, revistas. Quando a mídia se tornou disponível na internet, Instagram
ela deixou de ser estática, passando a oferecer a possibilidade de Rede para compartilhamento de fotos e vídeos.
interagir com outras pessoas.
No coração das mídias sociais estão os relacionamentos, que
são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão. Mídias
sociais são lugares em que se pode transmitir informações para ou-
tras pessoas.
Estas redes podem ser de relacionamento, como o Facebook,
profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos específicos
como o Youtube que compartilha vídeos.
As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube, Instagram, O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas para
Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e agora mais recente- acesso por meio do celular. E, embora hoje seja possível visualizar
mente, o Tik Tok. publicações no desktop, seu formato continua sendo voltado para
dispositivos móveis.
É possível postar fotos com proporções diferentes, além de ou-
tros formatos, como vídeos, stories e mais.
49 https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-sociais/ 50 https://bit.ly/32MhiJ0

133
USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Os stories são os principais pontos de inovação do aplicativo. O Pinterest é uma rede social de fotos que traz o conceito de
Já são diversos formatos de post por ali, como perguntas, enquetes, “mural de referências”. Lá você cria pastas para guardar suas inspi-
vídeos em sequência e o uso de GIFs. rações e também pode fazer upload de imagens assim como colocar
Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram Cenas, links para URLs externas.
uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode produzir vídeos Os temas mais populares são:
de 15 segundos, adicionando música ou áudios retirados de outro – Moda;
clipezinho. Há ainda efeitos de corte, legendas e sobreposição para – Maquiagem;
transições mais limpas – lembrando que esta é mais uma das fun- – Casamento;
cionalidades que atuam dentro dos stories. – Gastronomia;
– Arquitetura;
Twitter – Faça você mesmo;
Rede social que funciona como um microblog onde você pode – Gadgets;
seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo real as – Viagem e design.
atualizações que seus contatos fazem e eles as suas. Seu público é majoritariamente feminino em todo o mundo.

Snapchat
Rede para mensagens baseado em imagens.

O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para cá


está em declínio, mas isso não quer dizer todos os públicos pararam
de usar a rede social.
A rede social é usada principalmente como segunda tela em O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de fotos, ví-
que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo na deos e texto para mobile. Foi considerado o símbolo da pós-moder-
TV, postando comentários sobre noticiários, reality shows, jogos de nidade pela sua proposta de conteúdos efêmeros conhecidos como
futebol e outros programas. snaps, que desaparecem algumas horas após a publicação.
Nos últimos anos, a rede social acabou voltando a ser mais uti- A rede lançou o conceito de “stories”, despertando o interesse
lizada por causa de seu uso por políticos, que divulgam informações de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que diversas vezes tentou
em primeira mão por ali. adquirir a empresa, mas não obteve sucesso. Assim, o CEO lançou
a funcionalidade nas redes que já haviam sido absorvidas, criando
LinkedIn os concorrentes WhatsApp Status, Facebook Stories e Instagram
Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede quer Stories.
manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, como um Apesar de não ser uma rede social de nicho, tem um público
emprego por exemplo. bem específico, formado por jovens hiperconectados.

Skype
O Skype é um software da Microsoft com funções de videocon-
ferência, chat, transferência de arquivos e ligações de voz. O serviço
também opera na modalidade de VoIP, em que é possível efetuar
uma chamada para um telefone comum, fixo ou celular, por um
A maior rede social voltada para profissionais tem se tornado aparelho conectado à internet
cada vez mais parecida com outros sites do mesmo tipo, como o
Facebook.
A diferença é que o foco são contatos profissionais, ou seja: no
lugar de amigos, temos conexões, e em vez de páginas, temos com-
panhias. Outro grande diferencial são as comunidades, que reúnem
interessados em algum tema, profissão ou mercado específicos.
É usado por muitas empresas para recrutamento de profissio- O Skype é uma versão renovada e mais tecnológica do extinto
nais, para troca de experiências profissionais em comunidades e MSN Messenger.
outras atividades relacionadas ao mundo corporativo Contudo, o usuário também pode contratar mais opções de
uso – de forma pré-paga ou por meio de uma assinatura – para
Pinterest realizar chamadas para telefones fixos e chamadas com vídeo em
Rede social focada em compartilhamento de fotos, mas tam- grupo ou até mesmo enviar SMS.
bém compartilha vídeos. É possível, no caso, obter um número de telefone por meio pró-
prio do Skype, seja ele local ou de outra região/país, e fazer ligações
a taxas reduzidas.
Tudo isso torna o Skype uma ferramenta válida para o mundo
corporativo, sendo muito utilizado por empresas de diversos nichos
e tamanhos.

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USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
Tik Tok • Sensores
O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens disponível para iOS e • Parâmetros
Android, possui recursos que podem tornar criações de seus usuá- • Nuvem (camada de servidores na Internet)
rios mais divertidas e, além disso, aumentar seu número de segui- • Servidores
dores51. • Capacidades analíticas
• Casas inteligentes, relógios, pulseiras e carros inteligentes,
etc...
• Aplicação nas mais diversas áreas.

A integração da internet das coisas

Além de vídeos simples, é possível usar o TikTok para postar


duetos com cantores famosos, criar GIFs, slideshow animado e sin-
cronizar o áudio de suas dublagens preferidas para que pareça que
é você mesmo falando.
O TikTok cresceu graças ao seu apelo para a viralização. Os
usuários fazem desafios, reproduzem coreografias, imitam pessoas
famosas, fazem sátiras que instigam o usuário a querer participar da
brincadeira — o que atrai muito o público jovem.

INTERNET DAS COISAS

A Internet das coisas é um sistema de dispositivos interrela-


cionados conectados à internet para transferir e receber dados de
um para outro e interagir com o usuário conforme a necessidade.
Com a IOT praticamente todos os aparelhos podem ser conectados
e monitorados via internet.
Até recentemente a internet ajudou na conexão e interação
das pessoas, mas agora objetos ou coisas inanimadas sentem o am-
biente e podem interagir e colaborar, sendo acessadas por meio de
computadores e dispositivos móveis.

A integração com a nuvem, aprendizado da máquina, inteligên-


cia artificial e o Big Data estão pavimentado o caminho para muitas
inovações tecnológicas novas e interessantes relacionadas a inter-
net das coisas.

EXERCÍCIOS

1. (PREFEITURA DE AREAL - RJ - TÉCNICO EM INFORMÁTICA -


GUALIMP/2020) São características exclusivas da Intranet:
(A) Acesso restrito e Rede Local (LAN).
(B) Rede Local (LAN) e Compartilhamento de impressoras.
(C) Comunicação externa e Compartilhamento de Dados.
(D) Compartilhamento de impressoras e Acesso restrito.

2. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresenta


Como exemplo, podemos citar a ideia de uma casa inteligên- uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Página
cia, onde eletrodomésticos, ar condicionado, detectores de fuma- Inicial” do Word 2010.
ça, aquecedores, alarmes, podem ser conectados para compartilhar (A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
dados com usuário. Através de um aplicativo móvel, o usuário pode (B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
obter informações detalhadas sobre os dispositivos que estão ao do documento.
seu redor. (C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto
Palavras e pontos chave referentes a IOT
• Smartphone
• Modificação na forma de viver
• Funcionamento das coisas ao nosso redor
• Conectividade
51 https://canaltech.com.br/redes-sociais/tiktok-dicas-e-truques/

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USO DE TECNOLOGIAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS
3. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO 8. (PREFEITURA DE JAHU/SP - FARMACÊUTICO - OBJETI-
AMBIENTAL - COTEC/2020) LEIA as afirmações a seguir: VA/2019) Ao fazer a transferência de um arquivo de um computa-
I - É registrada a data e a hora de envio da mensagem. dor remoto para um computador local, qual procedimento é utili-
II - As mensagens devem ser lidas periodicamente para não zado?
acumular. (A) Compactação.
III - Não indicado para assuntos confidenciais. (B) Criptografia.
IV - Utilizada para comunicações internacionais e regionais, (C) Upload.
economizando despesas com telefone e evitando problemas com (D) Download.
fuso horário.
V - As mensagens podem ser arquivadas e armazenadas, per- 9. (PREFEITURA DE LINHARES/ES - AGENTE ADMINISTRATIVO
mitindo-se fazer consultas posteriores. - IBADE/2020) Facebook, Instagram e Twiter são softwares conhe-
São vantagens do correio eletrônico aquelas dispostas em ape- cidos como:
nas: (A) Redes Sociais.
(A) I, IV e V. (B) WebMail.
(B) I, III e IV. (C) Correio Eletrônico.
(C) II, III e V. (D) Sistema operacional.
(D) II, IV e V. (E) Comércio Eletrônico.
(E) III, IV e V.
10. (CRF/AC - ADVOGADO - INAZ DO PARÁ/2019) “Trata-se da
4. (PREFEITURA DE SANTO ANTÔNIO DO SUDOESTE/PR - PRO- maior rede social voltada para profissionais, formada por comuni-
FESSOR - INSTITUTO UNIFIL/2018) Assinale a alternativa que repre- dades que reúnem interessados em algum tema, profissão ou mer-
senta um Software. cado específico. É usado por muitas empresas para recrutamento
(A) Windows. de pessoas, para troca de experiências profissionais e outras ativi-
(B) Mouse. dades relacionadas ao mundo corporativo”.
(C)Hard Disk – HD. O trecho textual acima se refere a(o):
(D) Memória Ram. (A) Instagram.
(B) Pinterest.
5. (PREFEITURA DE VIDEIRA/SC PSICOPEDAGOGO - SC TREI- (C) Linkedln.
NAMENTOS/2018) Que tipos de arquivos podem ser abertos nor- (D) Snapchat.
malmente com o bloco de notas do Windows 7? (E) Google Corp.
1. Arquivos TXT
2. Arquivos DOCX
3. Arquivos EXE GABARITO
Assinale a alternativa que indica todos os itens corretos.
(A) É correto apenas o item 1.
1 B
(B) São corretos apenas os itens 1 e 2.
(C) São corretos apenas os itens 1 e 3. 2 D
(D) São corretos apenas os itens 2 e 3. 3 A
(E) São corretos os itens 1, 2 e 3.
4 A
6. (UFAC - TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - 5 A
UFAC/2018) Qual o navegador padrão do Microsoft Windows 8?
6 E
(A) Google Chrome
(B) Microsoft Edge 7 A
(C) Mozilla Firefox 8 D
(D) Windows Media Player
(E) Internet Explorer 9 A
10 C
7. (PREFEITURA DE PORTO XAVIER/RS - TÉCNICO EM ENFER-
MAGEM - FUNDATEC/2018) A tecla de atalho Ctrl+A, no sistema
operacional Microsoft Windows 10, possui a função de:
(A) Selecionar tudo.
(B) Imprimir.
(C) Renomear uma pasta.
(D) Finalizar o programa.
(E) Colocar em negrito.

136
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE

NOÇÕES DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

Em uma grande empresa, o diretor presidente e o conjunto da diretoria executiva se reportam hierarquicamente ao conselho de
administração. Este órgão tem um presidente, o presidente de conselho, além de vários diretores conselheiros, todos nomeados pelos
acionistas, dos quais são representantes.

O presidente e os diretores do conselho são eleitos em uma assembleia de acionistas, que é o órgão máximo da empresa.

O nome que se dá para as funções exercidas por este conselho de administração é ‘governar’. O conselho de administração governa
a empresa, faz a governança corporativa, enquanto o diretor presidente e demais diretores executivos a administram.

O conselho faz parte de uma estrutura organizacional que também inclui o conselho fiscal, a auditoria externa, a secretaria de gover-
nança, o comitê de auditoria, entre outros que este conselho julgar necessários. Esta é a estrutura da Governança Corporativa.

A figura abaixo mostra uma estrutura organizacional típica de Governança Corporativa.

O tema Governança Corporativa tem interessado a muitas pessoas enquanto possibilidade de carreira ou continuidade de carreira.

Empresas de todos os tipos – grandes, médias e pequenas, privadas e públicas, listadas em bolsa ou não, familiares ou não – têm
planejado implantar ou desenvolver uma estrutura de Governança Corporativa.

Isto ocorre porque, entre outras vantagens, uma estrutura adequada e boas práticas de Governança Corporativa facilitam a condução
dos negócios, a obtenção de financiamentos e a realização dos resultados desejados.

Por este motivo, tem aumentado a busca por profissionais com conhecimento no assunto. Se você é um dos que interessam pelo
tema, este artigo apresenta cinco perguntas básicas e suas respostas para você saber mais sobre o que é Governança Corporativa e quais
são as suas tendências.

O que é Governança Corporativa?


Governança Corporativa é isto mesmo que o nome indica, é o governo da empresa, o governo da corporação ou, como se diz em por-
tuguês europeu, é o governo da sociedade. A empresa possui uma estrutura organizacional com um grupo de executivos que a administra
e, acima deles, está a estrutura de governança corporativa, que os governa.

137
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
O ‘governo’ da empresa não é o mesmo que o governo de um O ‘mundo livre’, ao mesmo tempo que dá liberdade às pesso-
país ou de um estado, trata-se do governo da sociedade, mas tem as e empresas para que invistam aonde quiserem e que estimula
várias pontos parecidos, como, por exemplo: a competição, preocupa-se em dar garantias para quem investe e
para punir quem, eventualmente, comete fraudes.
Os seus membros – presidente e diretores do conselho – são
eleitos pelos acionistas, mas, diferentemente de outros governos, Em 2015, princípios de Governança Corporativa internacionais
na razão de ‘uma ação, um voto’, ou seja, os votos são proporcio- foram aprovados pelo grupo do G-20, o grupo das 20 maiores eco-
nais ao número de ações de cada acionista, nomias do planeta que tem uma agenda de reuniões para discutir
Existem garantias legais e regulatórias externas e acordos, re- temas mundiais, e pela OCDE, que é a Organização para a Coopera-
gimentos e políticas internas para garantir o direito das minorias, ção e Desenvolvimento Econômico com 36 países membros e que
ou seja, dos pequenos acionistas, aqueles que tem menos ações na visa estimular o progresso econômico e o comércio mundial.
proporção do total,
O conselho representa o conjunto de acionistas nos assuntos São seis princípios, que estabelecem comprometimento dos
relacionados à empresa e é quem nomeia ou aprova o diretor pre- países signatários, entre os quais o Brasil:
sidente e demais diretores executivos,
O conselho, geralmente, aprova o orçamento ou, pelo menos, A estrutura de Governança Corporativa deve promover mer-
as diretrizes para o orçamento anual e é também quem providencia cados transparentes e justos, assim como a alocação eficiente de
a auditoria externa independente e aprova a prestação de contas recursos. Deve ser consistente com o estado de direito e apoiar a
anuais. supervisão e aplicação eficazes.
Alguns autores tem definições próximas. Uns entendem Go- A estrutura de Governança Corporativa deve proteger e facili-
vernança Corporativa como um ‘sistema’, o que está correto pois tar o exercício dos direitos dos acionistas e garantir o tratamento
se trata de um sistema de governo, outros definem como um ‘con- paritário dos mesmos, incluindo os minoritários e estrangeiros. To-
junto de processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e insti- dos os acionistas devem ter a oportunidade de obter compensa-
tuições’, o que também está correto pois é o que este sistema de ções efetivas em caso de violação dos seus direitos.
governo precisa para funcionar. A estrutura de Governança Corporativa deve proporcionar in-
centivos sólidos através de toda a cadeia de investimento e possi-
Qual é o papel da Governança Corporativa? bilitar aos mercados acionistas funcionar de uma forma que contri-
Em síntese, o papel da Governança Corporativa é: bua para as boas práticas de Governança Corporativa.
A estrutura de Governança Corporativa deve reconhecer os di-
Estruturar o relacionamento entre acionistas, conselho de ad- reitos dos stakeholders estabelecidos por lei ou por meio de acor-
ministração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais dos mútuos, e estimular a cooperação ativa entre as empresas e os
stakeholders, seus stakeholders na criação de riqueza, empregos e na sustentabi-
Definir políticas, normas, e procedimentos para esta estrutura lidade de empresas financeiramente sólidas.
organizacional com base na legislação, regulamentação e melhores A estrutura de Governança Corporativa deve assegurar a di-
práticas, vulgação de informação atempada e rigorosa de todas as questões
Definir diretrizes estratégicas, objetivos e parâmetros de de- relevantes relacionadas com a empresa, incluindo a situação finan-
sempenho para a empresa. ceira, desempenho, estrutura acionista e Governança Corporativa.
Compete à estrutura de Governança Corporativa fornecer pa- A estrutura de Governança Corporativa deve garantir a orien-
râmetros para o relacionamento entre sócios, gestores e demais tação estratégica da empresa, o controle eficaz da equipe de gestão
atores de seus mercados econômico (de produtos e serviços) e fi- pelo conselho de administração, e a responsabilização deste conse-
nanceiro (de ações e outros títulos), assim como definir políticas, lho perante a sociedade e os seus acionistas.
normas e procedimentos para garantir direitos e definir responsa-
bilidades. Qual o perfil do profissional desejado?
Neste ponto, antes de concluir, é preciso falar sobre as opor-
Esta atividade é complicada, pois existem sócios com muito po- tunidades profissionais para quem quer trabalhar com Governança
der, os ‘majoritários’, com maioria das ações, e os sócios minoritá- Corporativa.
rios, com menos poder e que, eventualmente, precisam de amparo Além, é claro, das posições mais sêniores dos conselhos de ad-
legal e regulatório para continuar investindo e ter garantias de que ministração e diretoria, que ficam para o pessoal mais experiente,
seu investimento esteja seguro. encontram-se no mercado oportunidades para pessoas de diversas
áreas de formação, com destaque para Direito, Administração, Ci-
Quais são os princípios da Governança Corporativa? ências Contábeis e Relações Internacionais.
O tema Governança Corporativa tem importância mundial. Formados em Direito são requisitados para, por exemplo,
Pessoas e empresas do mundo inteiro investem, cada vez mais, fora orientações sobre o sistema de Governança Corporativa, incluin-
de seu país de origem. Trata-se do chamado fenômeno da globali- do legislação, regulamentação e elaboração de documentos como
zação do capital dinheiro, que consiste no fluxo de capitais entre regimentos internos, políticas, códigos de conduta, acordos entre
países. sócios, entre outros.

Claro que as economias dos países que recebem este dinheiro Na Administração, são demandados profissionais para tarefas
externo têm interesse que estas pessoas e empresas continuem in- como, por exemplo, desenvolvimento de processos, apoio a ges-
vestindo e se preocupam em dar garantias para que isto continue tão, marketing, finanças, RH, entre outras.
ocorrendo.
Em todos os casos, é importante constatar, uma característica
bastante procurada a capacidade do candidato para o relaciona-
mento.

138
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
zendo com que o tema processos e, mais recentemente, gestão por
GESTÃO POR PROCESSOS processos (Business Process Management, ou BPM) seja discutido
e estudado com crescente interesse pelas empresas.
Gestão por Processo Os principais fatores que tem contribuído para essa tendência
Ao analisar um processo, a equipe de projeto deve partir sem- são:
pre da perspectiva do cliente (interno ou externo), de forma a aten-  Aumento da demanda de mercado vem exigindo desenvol-
der às suas necessidades e preferências, ou seja, o processo co- vimento e lançamento de novos produtos e serviços de forma mais
meça e termina no cliente, como sugerido na abordagem derivada ágil e rápida.
da filosofia do Gerenciamento da Qualidade Total (TQM). Dentro  Com a implantação de Sistemas Integrados de Gestão, os
dessa linha, cada etapa do processo deve agregar valor para o clien- chamados ERPs, existe a necessidade prévia de mapeamento dos
te, caso contrário será considerado desperdício, gasto, excesso ou processos. Entretanto é muito comum a falta de alinhamento entre
perda; o que representaria redução de competitividade e justifica- processos, mesmo depois da implantação sistema.
ria uma abordagem de mudança.  As regras e procedimentos organizacionais se mostram cada
Entender como funcionam os processos e quais são os tipos vez mais desatualizados devido ao ambiente de constante mudan-
existentes é importante para determinar como eles devem ser ge- ça. Em tal situação erros são cometidos ou decisões são posterga-
renciados para obtenção de melhores resultados. das por falta de uma orientação clara.
Afinal, cada tipo de processo tem características específicas e  Maior frequência de entrada e saída de profissionais (turno-
deve ser gerenciado de maneira específica. ver) tem dificultado a gestão de conhecimento e a documentação
A visão de processos é uma maneira de identificar e aperfeiço- das regras de negócio, gerando como resultado maior dificuldade
ar as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o trabalho como na integração e treinamento de novos colaboradores.
que está sendo realizado é transferido de um setor para o seguin- Os efeitos destas e outras situações têm levado um número
te. Nessas transferências é que normalmente ocorrem os erros e a crescente de empresas a buscar uma nova forma de gerenciar seus
perda de tempo. processos. Muitas começam pelo desenvolvimento e revisão das
Todo trabalho realizado numa organização faz parte de um normas da organização ou ainda pelo mapeamento de processos.
processo. Não existe um produto ou serviço oferecido sem um pro- Entretanto, fazer isso de imediato é colocar o “carro na frente dos
cesso. A Gestão por Processos é a forma estruturada de visualiza- bois”.
ção do trabalho.
Em vez disso, o ponto de partida inicial é identificar os proces-
O objetivo central da Gestão por Processos é torná-los mais efi- sos relevantes e como devem ser operacionalizados com eficiência.
cazes, eficientes e adaptáveis. Questões que podem ajudar nesta análise são:
Eficazes: de forma a viabilizar os resultados desejados, a elimi-  Qual o dimensionamento de equipe ideal para a execução e
nação de erros e a minimização de atrasos; o controle dos processos?
Eficientes: otimização do uso dos recursos;  Qual o suporte adequado de ferramentas tecnológicas?
Adaptáveis: capacidade de adaptação às necessidades variá-  Quais os métodos de monitoramento e controle do desem-
veis do usuário e penho a serem utilizados?
organização.  Qual é o nível de integração e interdependência entre pro-
cessos?
Deve-se ter em mente que, quando os indivíduos estiverem A resposta a essas questões representa a adoção de uma visão
realizando o trabalho através dos processos, eles estarão contri- abrangente por parte da organização sobre os seus processos e de
buindo para que a organização atinja os seus objetivos. Esta relação como estão relacionados. Essa “visão” é o que chama de uma abor-
deve ser refletida pela equipe de trabalho, através da consideração dagem de BPM. Sua implantação deve considerar no mínimo cinco
de três variáveis de processo: 5 diferentes passos fundamentais:
- Objetivos do processo: derivados dos objetivos da organi-
zação, das necessidades dos clientes e das informações de ben- 1. Tradução do negócio em processos: É importante definir
chmarking disponíveis; quais são os processos mais relevantes para a organização e aque-
- Design do processo: deve-se responder a pergunta: “Esta é les que os suportam. Isso é possível a partir do entendimento da
melhor forma de realizar este processo?” Visão Estratégica, como se pretende atuar e quais os diferenciais
- Administração do processo: deve-se responder as seguintes atuais e desejados para o futuro. Com isso, é possível construir o
perguntas: “Vocês entendem os seus processos? Os subobjetivos Mapa Geral de Processos da Organização.
dos processos foram determinados corretamente? O desempenho 2. Mapeamento e detalhando os processos: A partir da defi-
dos processos é gerenciado? Existem recursos suficientes alocados nição do Mapa Geral de Processos inicia-se a priorização dos pro-
em cada processo? As interfaces entre os processos estão sendo cessos que serão detalhados. O mapeamento estruturado com a
gerenciadas?” definição de padrões de documentação permite uma análise de
Realizando estas considerações, a equipe estabelecerá a exis- todo o potencial de integração e automação possível. De forma
tência da ligação principal entre o desempenho da organização e o complementar são identificados os atributos dos processos, o que
individual no desenvolvimento de uma estrutura mais competitiva, permite, por exemplo, realizar estudos de custeio das atividades
além de levantar informações que servem para comparar as situa- que compõe o processo, ou ainda dimensionar o tamanho da equi-
ções atuais e desejadas da organização, de forma a impulsionar a pe que deverá realizá-lo.
mudança. 3. Definição de indicadores de desempenho: O objetivo do
BPM é permitir a gestão dos processos, o que significa medir, atuar
Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência, e melhorar! Assim, tão importante quanto mapear os processos é
redução de custos e qualidade, por isso é recorrente na agenda de definir os indicadores de desempenho, além dos modelos de con-
qualquer executivo. O atual dinamismo das organizações, aliado ao trole a serem utilizados.
peso cada vez maior que a tecnologia exerce nos negócios, vem fa-

139
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
4. Gerando oportunidades de melhoria: A intenção é garan- Cada um desses processos de suporte pode envolver um ciclo
tir um modelo de operação que não leve a retrabalho, perda de de vida de recursos e estão frequentemente associados a áreas fun-
esforço e de eficiência, ou que gere altos custos ou ofereça riscos cionais. Contudo, processos de suporte podem e geralmente atra-
ao negócio. Para tal é necessário identificar as oportunidades de vessam fronteiras funcionais.
melhoria, que por sua vez seguem quatro alternativas básicas: in- O fato de processos de suporte não gerarem diretamente valor
crementar, simplificar, automatizar ou eliminar. Enquanto que na aos clientes não significa que não sejam importantes para a organi-
primeira busca-se o ganho de escala, na última busca-se a simples zação. Os processos de suporte podem ser fundamentais e estraté-
exclusão da atividade ou transferência da mesma para terceiros. gicos à organização na medida em que aumentam sua capacidade
5. Implantando um novo modelo de gestão: O BPM não deve de efetivamente realizar os processos primários.
ser entendido como uma revisão de processos. A preocupação
maior é assegurar melhores resultados e nesse caminho trata-se de
uma mudança cultural. É necessária maior percepção das relações GESTÃO DE RISCOS
entre processos. Nesse sentido, não basta controlar os resultados
dos processos, é preciso treinar e integrar as pessoas visando gerar
fluxo de atividades mais equilibrado e de controles mais robustos. Gestão de riscos; Tipos de riscos; Gerenciamento de risco: O
É por causa desse último passo que a implantação de BPM papel do Auditor Interno
deve ser tratada de forma planejada e orientada em resultados de As empresas num cenário global cada vez mais em constante
curto, médio e longo prazo. evolução no mundo empresarial fazem uso de técnicas que tem o
O BPM representa uma visão bem mais abrangente, onde a objetivo de melhorar e aprimorar sua gestão não só dentro da or-
busca por ganhos está vinculada a um novo modelo de gestão. Co- ganização, mas também qual é o impacto que possui na sua relação
locar tal modelo em prática requer uma nova forma de analisar e com a comunidade onde está inserida em que o uso de uma fer-
decidir como será o dia-a-dia da organização de hoje, amanhã, na ramenta chamada de governança corporativa visa no alinhamento
semana que vem, no próximo ano e assim por diante. dessas ideias em que a relação harmônica entre acionistas, stake-
holders, gestores de cada setor da organização possam ser fatores
Podemos classificar processos de negócio em três tipos dife- de transparência das informações que são colocadas a público.
rentes: A busca de melhores resultados unindo os conceitos da gover-
 Processos primários (ou processos essenciais) nança corporativa e da gestão de risco são observadas por vários
 Processos de suporte setores da economia e administração por exigir uma postura mais
 Processos de gerenciamento ética quando do manejo das informações que impactam no merca-
do em que normalmente a gestão corporativa depende da analise
Processos primários de risco, tendo este conotação positiva ou negativa já que a estra-
Processos primários são ponta a ponta, interfuncionais e entre- tégia de uma empresa envolve prós e contras quando há um risco
gam valor aos clientes. São frequentemente chamados de proces- para ser gerenciado.
sos essenciais, pois representam as atividades essenciais que uma A prática da gestão de riscos aliada à governança corporativa
organização desempenha para cumprir sua missão. Esses processos traduz-se num marco em que a transparência empresarial é soma-
formam a cadeia de valor onde cada passo agrega valor ao passo da com práticas que visam a minimizar eventos que sejam favo-
anterior conforme medido por sua contribuição na criação ou en- ráveis ou desfavoráveis fazendo com que a gestão de riscos seja
trega de um produto ou serviço, em última instância, gerando valor uma ferramenta útil em que vai requerer dos gestores uma postura
aos clientes. mais ativa no conhecimento das diversas situações em que a orga-
Michael Porter descreveu cadeias de valor como compostas de nização está exposta, ou seja, variáveis econômicas que fazem com
atividades “primárias” e atividades “de suporte”. A cadeia de valor que a estratégia precisa ser revista para melhor adequar o geren-
do processo de negócio descreve a forma de contemplar a cadeia ciamento de risco da empresa.
de atividades (processos) que fornecem valor ao cliente. Cada uma O objetivo do estudo será o de expor os conceitos de risco e
dessas atividades tem seus próprios objetivos de desempenho vin- também conceitos básicos de governança corporativa, e como a
culados a seu processo de negócio principal. Processos primários gestão de risco está ligada a uma boa prática de governança corpo-
podem mover-se através de organizações funcionais, departamen- rativa e qual o seu impacto quando estes dois conceitos são integra-
tos ou até entre organizações e prover uma visão completa ponta- dos dentro de uma empresa e no tópico final serão apresentadas
-a-ponta de criação de valor. as considerações finais do estudo onde serão recapitulados todos
Atividades primárias são aquelas envolvidas com a criação fí- os conceitos discutidos e suas implicações para a aplicabilidade de
sica de um produto ou serviço, marketing e transferência ao com- maneira conjunta dos conceitos expostos.
prador, e suporte pós-venda, referidos como agregação de valor.
O Risco
Processos de suporte O conceito de risco engloba diversos significados conforme
Esses processos são desenhados para prover suporte a proces- o escopo a ser estudado, já que o risco existe nos mais diversos
sos primários, frequentemente pelogerenciamento de recursos e setores econômicos o qual dependendo da ciência que for estu-
ou infraestrutura requerida pelos processos primários. O principal dado o risco poderá ter um entendimento diferente do esperado.
diferenciador entre processos primários e de suporte, é que pro- Portanto, no presente estudo será apresentado este conceito de
cessos de suporte não geram valor direto aos clientes, ao passo uma forma que possa trabalhar o problema levantado o qual será
que os processos primários sim. Como exemplos de processos de trabalhado dentro da problemática levantada o conceito de risco
suporte têm-se: gerenciamento de tecnologia da informação, de com um foco na estratégia e gestão.
infraestrutura ou capacidade, e de recursos humanos. Segundo a Federação Nacional das Empresas de Seguros Priva-
dos e de Capitalização – FENASEG [2011?] através do seu glossário
de seguros disponível na Internet conceitua risco como “evento
incerto ou de data incerta que independe da vontade das partes

140
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
contratantes [...]”. Entende-se que neste conceito, o risco trata-se tos que sejam classificados como incertezas, sendo de fundamental
de um evento incerto porque não é possível ter uma data prová- importância a existência de uma inteligência que seja capaz de pre-
vel para acontecer, bem como não é fruto de uma das partes para ver e minimizar eventos que sejam classificados como incertezas.
sua origem já que o risco entendido nesta definição trata-se de um A gestão de risco, que será tratado no item posterior com mais
evento que poderá vir ou não a acontecer e que a existência do detalhes, se faz presente como mecanismo de planejamento para
risco leva as organizações a criarem estratégias com o objetivo de as empresas poder melhor classificar e quantificar se determina-
adaptar suas operações aos mais diversos cenários econômicos, se- do risco poderá ou não interferir diretamente nas suas atividades
jam estes eventos favoráveis ou não. gerenciais já que uma gestão eficaz e eficiente é necessária a in-
O risco possui componentes que fazem com que as organiza- tegração das esferas mais relevantes das organizações mapeando
ções estejam mais atentas quando da formulação da sua estratégia eventuais eventos que poderão existir para que sejam tratados se
empresarial. De acordo com Dabul e Silva [2011?] ao trazem a luz como risco ou como incerteza as quais variáveis internas (compor-
as discussões a respeito das características do risco, estes ressaltam tamento e desempenho de cada setor da empresa) e externas (eco-
que o risco possui três características básicas: O risco é possível, nômicas) podem interferir nesta classificação por parte das empre-
futuro e incerto ou aleatório. sas. Neste sentido, segundo Zamith diz que
A primeira característica ressaltada pelos autores é que risco Pode-se depreender que a simples parametrização do risco
seja possível já que as pessoas de maneira de maneira geral estão vislumbrará o grau de incerteza que norteia as atividades da ins-
expostas as mais diversas adversidades de todas as magnitudes tituição, o que já colabora com o processo decisório, uma vez que
sendo estas naturais, atmosféricas ou casuais, ou seja, eventos in- delimitam as possibilidades de incertezas que rondam as
dependentes a vontade alheia estão suscetíveis de acontecer. decisões da organização. Além disso, caracterizando-se como
A segunda característica é que o evento é futuro, ou seja, os uma vantagem a mais a interdisciplinaridade da análise e o envol-
eventos não são planejados para acontecer já que os sinistros po- vimento com outras tarefas gerenciais, mensurarão a capacidade
dem acontecer futuramente e a qualquer momento, ou seja, a pes- interna para admitir e aceitar as consequências das previsões e das
soa não tem domínio sobre o que irá acontecer num determinado decisões oriundas do tratamento do risco (ZAMITH, 2007, p.48).
intervalo por ser uma variável que foge ao seu controle alheio para O item a seguir procurará discutir em detalhes a gestão do ris-
mecanismo de planejamento.
co e qual a sua importância dentro das organizações e como ela age
A terceira característica é que o evento é incerto ou aleatório
no dia a dia das empresas.
onde não se tem o controle das variáveis externas que determina-
rão o acontecimento de um evento, ou seja, não há possibilidade de
A gestão do risco
conhecer quando um determinado evento adverso poderá ocorrer.
Após definir e expor os ângulos que o risco tem, será dado um
O risco diferencia-se da incerteza já que na incerteza existe
enfoque neste item sobre a gestão do risco já que por sua vez este é
uma conotação mais de desconhecido já que diferentemente do
calculado levando-se em conta fenômenos e registros históricos de
risco que pode ser quantificado, na incerteza já não há tal possibili-
determinado evento visto que a importância deste ser classificado
dade. Knight (2006) faz uma importante distinção entre o risco e a
incerteza uma vez que para este autor são dois eventos totalmente como risco é relevante porque as empresas possuem mecanismos
independentes o qual é impossível dizer qual impacto nas finanças nos seus setores para poder minimizar ou dependendo do caso ma-
de uma, ou seja, trata-se de um elemento totalmente desconheci- ximizar o risco (quando do caso o risco for entendido como ganho)
do que as organizações podem ter que enfrentar no dia a dia. que neste caso trata-se de uma oportunidade vislumbrada com ob-
Portanto, jetivo de retorno positivo.
A diferença prática entre os conceitos risco e incerteza é que O conceito de gerência de risco é conceituado de acordo com
no risco a formação da distribuição do resultado em um grupo num o Comitee of Sponsoring Organizations of the Treadway Comission-
determinado exemplo é conhecido (ou através de cálculos ou de re- -COSO citado por Dabul e Silva [2011] revelam que
sultados estatísticos passados), enquanto no caso da incerteza isto A gestão de riscos corporativos é um processo efetuado pelo
não é verdadeiro porque a situação lidada constitui-se num elevado conselho de administração de uma entidade, sua direção e todo o
grau único. (KNIGHT, 2006, p.233, tradução nossa). pessoal, aplicável à definição de estratégias em toda a empresa e
A distinção do conceito de risco e de incerteza torna-se de desenhado para identificar eventos potenciais que podem afetar a
grande valia uma vez que para existir o risco, este normalmente é organização, gerir seus riscos dentro do risco aceito e proporcionar
calculado não só futuramente, mas também registrado em dados uma segurança razoável sobre o alcance dos objetivos (COSO cita-
passados para que o risco seja devidamente quantificado e mensu- dos por DABUL e SILVA [2011], p.5).
rado. Dabul e Silva [2011?] citam que o risco apresenta caracterís- A gestão de riscos trata-se de um macro-processo que afetará
ticas adicionais indo de encontro ao pensamento de Knight, cujas todo o pessoal da empresa já que o planejamento da gestão de ris-
características são: Ser mensurável, o qual através de modelos es- co engloba os gestores de setores considerados estratégicos para
tatísticos construídos é possível ser quantificado; ter natureza eco- que estes relatem ao conselho de administração das empresas so-
nômica para que seja estimado o prejuízo que determinado sinistro bre a importância, a quantificação e a provável causa que deter-
poderá ocorrer para que seja fixado um valor para cliente quando minado risco poderá ter na condução da empresa já que a decisão
da contratação de um seguro; e ser independente da vontade das final sobre como o risco deverá ser tratado cabe ao conselho admi-
partes o qual o risco deverá existir entre as partes contratadas ao nistrativo da empresa que fará os ajustes necessários para que a
fechar um contrato de seguro. decisão tomada reflita em toda a empresa, procurando gerir o risco
O risco quando estudado pelo lado da estratégia das empresas, de forma que cada setor faça a sua parte com o objetivo de mini-
percebe-se que tais empresas estão preparadas em lidar com mar- mizar ou maximizar o risco, dependendo do contexto da situação.
gens de incertezas o que faz o planejamento das organizações con- O processo de se avaliar riscos dentro do planejamento deve
templarem todos os processos dentro de uma empresa já que as ser entendido como uma “inteligência” a serviço da empresa que
decisões atingirão todas as esferas cuja importância de tomadas de visa na adaptação da empresa a situação que podem afetá-la de
decisões integradas visam na eficiência da gestão, reduzindo even- forma negativa ou positiva. Segundo Cendrowski e Mair (2009, p.4,
)

141
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
“o processo de avaliação do risco consiste de 5 etapas: A enu- O foco da gestão do risco é manter um processo sustentável de
meração dos riscos, a análise qualitativa, a análise quantitativa, a criação de valor para os acionistas, uma vez que qualquer negócio
estratégia de implantação de gerenciamento de risco e a avaliação sempre está exposto a um conjunto de riscos. Para tanto, é necessá-
estratégica do gerenciamento risco.”. rio criar uma arquitetura informacional para monitorar a exposição
A enumeração dos riscos deve-se ao fato de levantar quais se- da empresa ao risco. (PADOVEZE. 2003, p.127)
rão as adversidades que serão apontadas dentro da organização No item posterior será realizada uma discussão sobre os prin-
com o objetivo de um melhor planejamento nas suas atividades cipais conceitos e variáveis da governança corporativa e como esta
internas o qual esta enumeração abrange os mais diversos setores impacta quando existe um gerenciamento de risco ativo dentro de
dentro de uma organização, ou seja, os auditores internos já irão uma entidade.
inteirar-se dos processos que regem o funcionamento para verifi-
car determinadas ineficiências encontradas dentro da organização Governança Corporativa e sua relação com o gerenciamento
para que possam repensar numa outra forma trabalho que tenha de risco
um efeito negativo menor para o seu gerenciamento ou maior em De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporati-
se tratando de um ganho de oportunidade considerável para a em- va- IBGC (2009) este é definido como:
presa onde O sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitora-
Os auditores avaliam os riscos quando eles executam um exa- das e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietá-
me (geralmente chamada de auditoria quando envolvem demons- rios, Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de controle. As
trativos contábeis). Ao executar um exame, o auditor deve sele- boas práticas de Governança Corporativa convertem princípio em
cionar uma combinação de informações de uma grande escala de recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de
evidências que limitam o risco material da distorção. Os gerentes preservar e otimizar valor da organização, facilitando seu acesso a
de operação devem avaliar os riscos associados com as operações recursos e contribuindo para sua longevidade. (IBGC, 2009, p.19)
internas do negócio (CENDROWSKI e MAIR, 2009, p.4) A empresa por operar dentro do conceito de sistemas o qual
A análise qualitativa refere-se ao conhecimento destes riscos todos os processos estão interligados entre si há a necessidade de
previamente apontados pela auditoria interna ou mesmo pelos ge- uma organização entre todos os membros da empresa, principal-
rentes internos o qual através das enumerações feitas na etapa an-
mente aqueles que ocupam um posto hierárquico maior de plane-
terior os gestores poderem começar a estruturarem suas decisões
jarem todo o escopo de tal forma que o risco do planejamento da
que afetarão todo o comportamento e a postura empresarial da
governança corporativa ser o mais minimizado possível para que
empresa reportar todas as informações levantadas ao conselho de
as margens de incertezas dentro do processo de planejamento da
administração para que estes tomem as decisões necessárias que
empresa estejam alinhadas com o seu negócio.
afetarão a empresa num todo.
Neste sentido, práticas de governança corporativa devem ser
A análise quantitativa refere-se a dar valores numéricos que
englobadas a princípios básicos para serem seguidos para as de-
determinado risco poderá ter dentro da empresa o qual o uso da
mais entidades já que uma vez que todos os processos estejam in-
estatística e de métodos anteriores de avaliação são fundamentais
terligados pelo fato das decisões se refletirem nas mais diversas
para que a empresa esteja preparada nos seus mais diversos seto-
res a lidar com as adversidades do seu negócio o qual todo o risco camadas da empresa. Segundo a Organização para Cooperação e
(entendido da parte estratégica) gera uma remuneração extra para Desenvolvimento Econômico citado por Brasil (2008, p.21) existem
as pessoas que souberam superar determinado risco. quatro princípios básicos para a governança corporativa: A Presta-
A estratégia da implantação de gerenciamento de risco está ção de Contas ou Accountability; a equidade; a transparência e a
relacionada com a capacidade de alcançar todas as etapas mapea- responsabilidade corporativa.
das anteriormente o qual a iminência a existência de um risco já é A prestação de contas num conceito amplo refere-se às expli-
realidade dentro da organização o qual caberão aos responsáveis cações das informações que são colocadas a disposição ao público
de cada setor estratégico da empresa pela formulação de plano, no que tange as informações financeiras e empresariais o qual uma
a aprovação do mesmo pelo conselho de administração e a forma empresa que possui uma boa controladoria consegue produzir in-
como será implantado para gerir o risco já que a integração dos formações de qualidade para os usuários destas informações.
diversos setores seja de produção, administrativo e comercial pro- A equidade refere-se ao tratamento igual que é dado aos mem-
duzirão efeitos globais no desempenho da empresa. bros da companhia que optam pela governança corporativa o qual
A avaliação estratégica da gestão do risco visa a alimentar as não há privilégios a serem concedidos para os seus funcionários.
eventuais falhas do plano original da estratégia de gerenciamento A transparência refere-se a divulgação das informações de tal
para que o ajuste realizado seja adequado a necessidade da em- forma que não exista favorecimentos ou privilégios a determina-
presa, funcionando como uma espécie de feedback ao sistema ela- dos setores onde as informações que são disponibilizadas reflitam
borado, garantindo o seu pleno funcionamento e a confiabilidade os reais acontecimentos dentro da organizações onde não possa
prejudicar tanto usuários internos (gerentes) quanto externos (in-
deste quando os gestores a formularam.
vestidores).
Portanto, a gestão de risco cria um processo de agregação de
valor à empresa já que faz uso de uma sólida base de informações
A responsabilidade corporativa refere-se ao papel social que a
tanto passadas como futuras com os quais envolvem o conheci-
empresa possui dentro da comunidade onde atua. De acordo com
mento de todos os processos intrínsecos levantados via processos o Consejo Coodirnador Empresarial do México (2006, p.6, tradução
de auditoria interna da organização dentro da empresa o qual esta nossa8), os elementos básicos que caracterizam uma boa prática da
deve ser entendida como um sistema integrado para que possa ter Governança Corporativa são dentre os itens mais relevantes:
uma análise que gere valor ao acionista, garantido solidez da orga- a) O tratamento igualitário e a proteção dos interesses de to-
nização quando da apresentação das suas práticas de gestão já que dos os acionistas; o reconhecimento da existência de terceiros inte-
segundo Padoveze ressados no andamento e a continuidade da sociedade;
b) A emissão e a revelação responsável da informação assim
como na transparência na administração;

142
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
c) A convicção de que existam guias estratégicas na sociedade, O gerenciamento do portfólio, ou seja, adequar seus produtos
o efetivo monitoramento da administração e a responsabilidade fi- a linha da governança corporativa para que as informações con-
duciária do conselho (que é agir de boa fé com a diligência e cuida- tidas nele sejam condizentes para a sua oferta onde os riscos en-
do, sempre buscando os melhores interesses da companhia e seus volvidos nele sejam conhecidos e que o gerenciador do portfólio,
acionistas); segundo o autor, deve agir conforme situações e cenários quando
d) A identificação dos controles e riscos que a sociedade está o risco encontra-se numa perspectiva negativa o qual o gerencia-
sujeita; a declaração de princípios éticos de responsabilidade social dor deve estar mais atento a perdas que determinada carteira pode
empresarial (entendido como o equilíbrio e os interesses da socie- ocorrer, ou até mesmo num cenário positivo em que o gerenciador
dade e da comunidade); pode adotar um comportamento mais agressivo para maximizar os
e) A prevenção de operações ilícitas e de conflitos de interes- ganhos, ou seja, neste caso é remunerado positivamente pelo seu
ses; a revelação de fatos indevidos com proteção aos usuários; risco ao ganhar além do esperado.
f) O cumprimento das regulamentações a que a sociedade está A transferência do risco ocorre quando estudados qualitativa e
sujeita e dar a certeza e confiança aos investidores interessados so- quantitativamente a realidade da empresa quando na fase do pla-
bre a condução honesta e responsável dos negócios da sociedade. nejamento da governança corporativa o que se reflete nas políticas
A boa prática de uma governança corporativa além de contem- de formulação do risco executada por cada setor responsável de
plar um processo disciplinado da sua gestão e alinhando interesses tal forma que o risco de cada setor em particular seja agregado ou
dos diversos acionistas da empresa, também é levado em conta o subtraído no desempenho global da empresa em que quando os
valor que ela representa dentro de uma sociedade já que uma em- relatórios destes setores encontram-se prontos, os acionistas tra-
presa que saiba respeitar o interesse dos acionistas no que tange çam estratégias num nível macro levando-se em conta cenários ex-
a transparência da gestão e o cumprimento das leis societárias e ternos (entendido aqui como cenário macroeconômico) para que o
regulatórias do setor deverá levar em conta os interesses sociais risco seja administrado em cada um dos setores.
já que uma empresa quando adota práticas de governança corpo- A análise do risco também se faz necessário o uso de ferramen-
rativa deverá ter em mente que irá gerar valor na medida em que tas analíticas porque é uma forma de auxiliar os gestores na gestão
exista um ganho não só no meio empresarial, mas também, no es- das informações relacionadas a um determinado risco em particu-
paço onde ela atua já que a empresa deve retornar parte dos lucros lar em que os recursos tecnológicos e de informática poderão pro-
em prol de melhorias que possam alavancar a qualidade de vida piciar uma base de informações que possibilite aos usuários dados
da comunidade onde está inserida, fazendo com que a governança que possam ser confiáveis quando da gestão do risco, em que é de
corporativa não só contemple atos que visem na melhora da gestão suma importância o registro de eventos passados para que seja um
e da transparência empresarial, mas também esteja inserida em va- instrumento norteador do planejamento visando um gerenciamen-
lores que visam na melhora da qualidade de vida das pessoas que to de risco cada vez mais analítico e preciso em que nesta parte do
moram no espaço onde a empresa está inserida. gerenciamento de risco integrado com a governança corporativa,
O gerenciamento de risco constitui-se de um processo inte- o uso de ferramentas computacionais aliada ao conhecimento es-
grado e que a Governança Corporativa possui um fator vital nas tatístico de eventos passados e a possibilidade de prever eventos
tomadas de decisões que virão a afetar o seu desempenho empre- futuros farão a diferença numa análise mais acurada do risco.
sarial já que as decisões tomadas pelos gestores afetarão não só O gerenciamento dos stakeholders visa manter um bom rela-
no desem cionamento com os principais gerenciadores e acionistas dentro da
empresa que são os responsáveis pelo fornecimento de informa-
ções que visam solidificar todo o gerenciamento corporativo e que
serão eles os principais responsáveis pelas estratégias que deter-
minado risco ao ser gerido deva englobar toda a organização e que
as decisões sejam tomadas levando-se em conta os fatos históricos
registrados, o potencial que este risco oferece a empresa, e tam-
bém os recursos tecnológicos envolvidos para que a decisão seja
uma ferramenta analítica para os acionistas e stakeholders.
O risco pode ser entendido sob diversos contextos sendo que o
mesmo apresenta características básicas e que o distingue da incer-
teza o qual é um importante divisor de marcos conceitual pelo fato
do risco pode ser gerenciado pelas empresas que podem ou não ser
uma ameaça ao seu negócio.
As empresas procurando melhorar seu relacionamento com
A governança corporativa é estabelecida de cima para baixo, a transparência das informações que são disponibilizadas para o
ou seja, parte dos níveis superiores da organização uma vez que os público sobre suas práticas utilizam-se de práticas de governança
formuladores das estratégias e dos riscos que ocorrem quando da corporativa o qual visa na apresentação de forma transparente dos
implantação de novos mecanismos de controle e de disciplinas na dados não só da sua gestão, mas também do relacionamento que a
implantação de uma gestão para favorecer as pessoas que num pri- empresa possui com o meio onde está inserida em que o social se
meiro momento participam do sistema para que sejam favorecidos faz presente através da socialização do seu capital quando negocia
outros membros da empresa. ações na bolsa de valores, por exemplo, em que a transparência e
A linha de gerenciamento deve contemplar as estratégias e a prestação de contas são itens fundamentais para a socialização
riscos que foram formulados para que a governança corporativa da empresa.
seja eficaz onde os gestores de cada setor responsável tenham um As práticas de gestão de riscos quando feita de sob a integra-
profundo conhecimento da sua realidade já que o alinhamento da ção de práticas de governança corporativa propiciam uma clareza
estratégia está diretamente ligado ao conhecimento dos riscos sen- adicional no que tange as suas práticas empresariais já que toda
do eles de conotação ou negativa ou positiva o qual cada setor em a empresa independente do setor possui um risco se investir nela
particular contribuirá para o risco da empresa. em que agora serão mais detalhadas as formas de como as em-

143
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
presas estão gerindo tal risco independente de ter uma conotação Hoje com o advento de um processo de governança corporati-
positiva ou negativa em que a presença de auditores internos pode va melhor estruturado, o auditor interno esta muito mais próximo
ser um fator determinante na verificação das atividades e das ro- da gestão, e isto fica muito claro quando analisamos a definição
tinas das empresas o qual podem ajudar a prevenir determinados que o IIA – Institute of Internal Auditors sobre a auditoria interna:
eventos não favoráveis que podem comprometer a sociabilidade “A auditoria interna é uma atividade independente e objetiva,
da empresa o qual dentro do gerenciamento quando aplicado fer- que presta serviços de avaliação e de consultoria, e tem como obje-
ramentas avançadas que possibilitem a análise do risco tais como tivo adicionar valor e melhorar as operações de uma organização. A
eventos estatísticos passados, como ocorrerá a transferência den- auditoria auxilia a organização a alcançar seus objetivos adotando
tre os mais diversos setores da organização, e como os acionistas uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliação e melho-
e stakeholders irão tratar esta informação para que sejam repassa- ria da eficácia dos processos de gerenciamento de riscos, de contro-
das as demais pessoas que fazem parte da socialização do capital le, e governança corporativa.”
da empresa. Desta forma fica claro que a auditoria interna tem um papel
O gerenciamento de riscos aliada a práticas de governança cor- muito importante no mundo corporativo, pois através de suas re-
porativa pode ser considerada uma revolução não só no relaciona- comendações, ela adiciona valor aos diversos processos da organi-
mento entre a empresa e demais entidades que participam da sua zação, valor este traduzido em melhor eficiência, maior economia e
“socialização”, através de uma maciça participação na composição a mitigação dos riscos através de um sistema de controles internos
do seu portfólio, mas também como é apresentado em minúcias eficazes. Não é possível falar em um processo de transparência com
dos efeitos positivos e negativos de determinado risco poderá ter governança corporativa sem que exista um departamento de audi-
no andamento das atividades da empresa, o qual as pessoas que toria interna atuante e presente no suporte a alta administração e
investem na capitalização da empresa são os que mais ganham por gestores.1
essa transparência de informações.
Ao falarmos da importância da atividade de auditoria interna
na moderna gestão corporativa, precisamos frisar dois aspectos de PROCESSOS DE ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO. GE-
gestão que irão direcionar, de forma lógica, o nosso entendimento RENCIAMENTO DE CRISES
sobre o assunto,
O primeiro destes aspectos, e premissa básica de qualquer ati- Processos de gerenciamento
vidade empresarial, é que ela somente existe para gerar valor às São utilizados para medir, monitorar e controlar atividades de
partes interessadas, seja ela uma entidade com ou sem fins lucrati- negócios. Tais processos asseguram que um processo primário, ou
vos, do setor privado ou governamental. de suporte, atinja metas operacionais, financeiras,regulatórias e
Em outras palavras, se toda e qualquer empresa tem objetivos legais. Os processos de gerenciamento não agregam diretamente
a serem alcançados, definidos em metas estratégicas que estão in- valor aos clientes, mas são necessários a fim de assegurar que a or-
timamente ligadas a sua razão de ser, também existem incertezas, ganização opere de maneira efetiva e eficiente.2Análise e tomada
isto é, existe uma grande chance, devido a eventos internos e/ou de decisão
externos, que estas metas não sejam alcançadas. O processo de escolher o caminho mais adequado para a em-
Outro conceito importante, também relacionado às metas es- presa, naquela circunstância, também é conhecido como tomada
tratégicas, é que a empresa necessita de processos operacionais de decisão.
para que possa alcançar as metas estratégicas definidas pela alta Os administradores devem ter como objetivo em suas tomadas
administração. Isto quer dizer que os objetivos de um processo de decisão:
operacional devem estar relacionados a uma ou mais metas es- • minimizar perdas;
tratégicas, bem, neste caso, também existem riscos inerentes ao • maximizar ganhos; e
processo, que são os riscos dos objetivos do processo não serem • alcançar uma situação em que, comparativamente, o gestor
atingidos como previamente planejado. julgue que haverá um ganho entre o estado em que se encontra a
Observem, que em ambos os casos estamos relacionando ob- organização e o estado em que irá se encontrar depois de imple-
jetivos com riscos, sejam eles estratégicos ou operacionais, assim, mentada a decisão.
baseado nisto podemos dizer que uma empresa de sucesso será Para que se tome a melhor decisão em determinadas situações
aquela que conseguir minimizar a probabilidade e impacto dos ris- de problema, cabe à pessoa que vai tomar a decisão elaborar to-
cos através de um bem estruturado processo de gerenciamento de das as alternativas possíveis sobre o problema em questão, visan-
riscos. Este entendimento é corroborado também pelo COSO – The do escolher o melhor caminho para otimizar a opção pela qual se
committee of sponsoring Organization of the Treadway Commis- decidiu, possibilitando à empresa crescer e desenvolver-se nesse
sion, quando define que: contexto de competitividade tão agressiva.
“O gerenciamento de riscos corporativos é um processo condu-
zido em uma organização pelo conselho de administração, diretoria O que significa decidir
e demais empregados, aplicado no estabelecimento de estratégias, • “Tomar decisões é o processo de escolher uma dentre um
formuladas para identificar em toda a organização eventos em po- conjunto de alternativas.”(Caravantes)
tencial, capazes de afetá-la, e administrar os riscos de modo a man- • “Uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, como
tê-los compatível com o apetite a risco da organização e possibilitar uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o objetivo de
garantia razoável do cumprimento dos seus objetivos.” resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade.” (Sobral)
Notem que é justamente neste ambiente corporativo que o au-
ditor interno esta inserido sendo requerido dele uma participação
muito mais ativa do que existia em um passado recente, onde ele se
limitava a avaliar se os procedimentos operacionais estavam sendo
conduzidos de acordo com as normas e regulamentos, sem se pre-
ocupar com a eficiência e economia.
1 Fonte: www.essenciasobreaforma.com.br – Por Eduardo Pardini
2 Fonte: www.siseb.sp.gov.br

144
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
• “A tomada de decisão ocorre em reação a um problema, isto é, existe uma discrepância entre o estado atual das coisas e o estado
desejável que exige uma consideração sobre cursos de ação alternativos. (...) O conhecimento sobre a existência de um problema e sobre
a necessidade de uma decisão depende da percepção da pessoa.” (Robbins)
• “(...) Embora tudo aquilo que um administrador faz envolva a tomada de decisões, isso não significa que todas as decisões sejam
complexas e demoradas. Naturalmente, as decisões estratégicas têm mais visibilidade, mas os administradores tomam muitas pequenas
decisões todos os dias. Aliás, quase sempre as decisões gerenciais são de rotina. No entanto, é o conjunto dessas decisões que permite à
organização resolver problemas, aproveitar oportunidades e, com isso, alcançar seus objetivos.” (Sobral)
Administrar é, em última análise, tomar decisões.
Para atingir os resultados organizacionais de forma eficiente e eficaz, é preciso fazer escolhas.
Qual o negócio da organização? Qual estratégia vai ser utilizada? Qual tecnologia vai ser empregada? Que fonte de recursos financei-
ros vai ser utilizada? A máquina será comprada ou alugada? Estas e inúmeras outras perguntas precisam ser respondidas durante a gestão
de uma organização. Para respondê-las é preciso fazer escolhas, é preciso decidir!

Técnicas de análise e solução de problemas


O MASP — Método de Análise e Solução de Problemas é um método gerencial que é utilizado para a criação, manutenção ou melhoria
de padrões. É uma metodologia para se manter e controlar a qualidade, e deve ser de amplo conhecimento de todos, ou seja, deve ser
dominada por todas as partes envolvidas dentro de uma organização.

Esse método apresenta duas grandes vantagens:


• permite a solução de problemas de modo eficaz;
• permite que os indivíduos de uma organização se capacitem de maneira a solucionar os problemas que sejam de sua responsabili-
dade.

O MASP é um caminho ordenado, composto de passos e sub-passos pré-definidos para a escolha de um problema, análise de suas
causas, determinação e planejamento de um conjunto de ações que consistem uma solução, verificação do resultado da solução e reali-
mentação do processo para a melhoria do aprendizado e da própria forma de aplicação em ciclos posteriores.
Partindo também do pressuposto de que em toda solução há um custo associado, a solução que se pretende descobrir é aquela que
maximize os resultados, minimizando os custos envolvidos. Há portanto, um ponto ideal para a solução, em que se pode obter o maior
benefício para o menor esforço, o que pode ser definido como decisão ótima (BAZERMAN).
A construção do MASP como método destinado a solucionar problemas dentro das organizações passou pela idealização de um con-
ceito, o ciclo PDCA, para incorporar um conjunto de ideias inter-relacionadas que envolve a tomada de decisões, a formulação e compro-
vação de hipóteses, a objetivação da análise dos fenômenos, dentre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico.
Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não se confunda os dois métodos, pois: O MASP é um método eficaz, ele
procura resolver problemas de forma rápida e objetiva e com menor custo a empresa, ou seja, é um método que tem como característica
a racionalidade utilizando lógica e dados

145
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
O MASP é formado por oito etapas:
O processo de tomada de decisões COMPLIANCE: CONCEITOS, SUPORTE DA ALTA ADMI-
A necessidade de tomar decisões rapidamente em um mundo NISTRAÇÃO, CÓDIGO DE CONDUTA, CONTROLES IN-
cada vez mais complexo e em contínua transformação, pode ser TERNOS, TREINAMENTO E COMUNICAÇÃO
desconcertante, pela impossibilidade de assimilar toda a informa-
ção necessária para adotar a decisão mais adequada. O importante Compliance é uma palavra da língua inglesa cuja tradução é
é adotar um enfoque proativo de tomada de decisões, ou seja, de- conformidade. O termo advém do verbo “to comply”, que significa
vemos tomar decisões sem esperar que os outros o façam por nós, obedecer, cumprir, agir de acordo com uma regra.
ou mesmo sem esperar a nos ver forçados a fazê-lo. Quando o termo é relacionado ao mundo corporativo, ele diz
Resumidamente, tudo isso nos leva a pensar que tomar deci- respeito à conformidade de uma empresa com as leis e normas.
sões supõe um processo mental que considera os seguintes passos A ligação imediata que muitos fazem é com a corrupção.
(CASSARRO, 2003, p. 67-72): Afinal, nos últimos anos, não foram poucas as notícias de em-
• identificação do problema: temos que reconhecer quando presas privadas envolvidas em escândalos como pagamento de pro-
estamos ante um problema para buscar alternativas a ele. Nesse pina a servidores públicos em troca de determinados benefícios.
primeiro escalão, temos que perguntar: o que decidir? Compliance é isso também, mas não apenas.
• análise do problema: nesse passo, devemos identificar as Basta lembrar que existem obrigações ambientais, trabalhistas,
causas do problema e suas consequências e recolher a máxima in- tributárias e regulatórias, saúde além de questões legais e éticas
formação sobre ele. Nessa ocasião, a questão a resolver é identifi- envolvendo a concorrência.
car as opções possíveis; E ainda os regulamentos internos da empresa, que existem
• avaliação ou estudo de opções/alternativas: aqui temos que para serem cumpridos.
nos preocupar em identificar as possíveis soluções ao problema ou Quem já está há um bom tempo no mercado sabe que nada
tema, assim como suas prováveis consequências; disso é exatamente novidade.
• seleção da melhor opção: uma vez analisadas todas as op- Leis, normas, regulamentos e códigos de conduta, sejam eles
ções, devemos escolher a que nos parece mais conveniente e ade- internos ou externos, sempre existiram e sempre foi importante
quada; que fossem cumpridos.
• colocar em prática as medidas tomadas: uma vez tomada a Por que, então, criar um termo novo, falar em compliance
decisão, devemos levá-la à prática e observar sua evolução; e como se fosse algo novo?
• avaliação dos resultados: nessa última fase temos que consi- Como destacamos na abertura deste artigo, o que acontece é
derar se o problema foi resolvido conforme o previsto, analisando que o contexto atual demanda uma postura mais firme das empre-
os resultados para conseguir o objetivo pretendido. sas para coibir ações escusas ou ilícitas.
Segundo Cassarro (2003, p. 75-81), uma vez vistos os passos
distintos e elementos que temos que considerar no processo de O que é estar em Compliance?
tomada de decisões, relacionamos as possíveis falhas ou erros em Se compliance significa conformidade, uma organização que
que se pode incorrer na forma de tomar decisões, como: está “em compliance” é aquela que anda conforme as normas.
• não realizar um bom estudo da situação. Falta de informação Ou seja, que cumpre rigorosamente tudo aquilo que falamos
(falta de dados); no tópico anterior: legislação, normas e regulamentos internos
• falta de decisão porque não se tem a informação completa; e externos, além de uma postura ética em relação à sua concor-
• resolver os sintomas em vez das causas; rência e preocupação genuína com a saúde e bem-estar de seus
• demora nas decisões por temer o equívoco. Extrema meti- colaboradores.
culosidade; É importante destacar que o fato de uma empresa estar em
• mudança constante de prioridades, indefinição. Falta de ob- compliance não está relacionado com o marketing que é feito em
jetivos; cima disso.
• decisões extremamente rápidas, quase compulsivas, para Estar em compliance não é dar publicidade à postura correta
acabar quanto antes com o problema; da empresa, mas sim dar transparência.
• considerar só a primeira alternativa de que se dispõe; Em outras palavras, é ser uma organização aberta, justamente
• decidir entre as alternativas por intuição sem elaborar crité- porque não tem nada a esconder.
rios; O reconhecimento do mercado e do público é consequência,
• acomodar-se aos critérios tradicionais ou convencionais na mas depois falaremos mais sobre isso.
tomada de decisões; Antes, vamos explicar como uma empresa pode transformar
• pretender resolver um excessivo número de problemas e to- o “estar em compliance” em uma condição permanente, e não
mar, simultaneamente, muitas decisões; e momentânea.
• falta de antecipação de riscos. Falta de previsão.
Todo o processo de tomada de decisões deve assumir riscos, O que é programa de Compliance?
porque qualquer decisão, embora planejada cuidadosamente, im- Um programa de compliance consiste na organização interna
plica um risco em si. de uma empresa para cumprir com todos os requisitos que, segun-
Acrescenta-se, também, a necessidade de renúncia, isto é, ao do acabamos de explicar, implicam em estar em compliance.
mesmo tempo que se opta por uma alternativa (decisão), renuncia- São mecanismos e procedimentos internos que incluem a
-se aos benefícios potenciais de outras opções e, finalmente, com criação de normas, fiscalização, auditoria, incentivo à denúncias
responsabilidade, pois quem toma uma decisão deve aceitar a res- de irregularidades, aplicação do código de conduta e promoção de
ponsabilidade das consequências. Se não compartilhamos a toma- campanhas de comunicação interna sobre esses tópicos.
da de decisões, não é justo dividir a responsabilidade.3 É um trabalho constante, que deve ser feito mesmo quando
não há um histórico de condutas inapropriadas dos colaboradores
da organização.
3 Fonte: www.portaleducacao.com.br

146
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Porque o programa de compliance é preventivo, existe para Melhora a imagem da empresa
evitar que os problemas aconteçam, não para remediá-los. Na abertura deste texto, destacamos o fato de que o público
Tenha em mente que empresas são pessoas jurídicas compos- está mais consciente. Os consumidores têm exigido mais do que
tas por várias pessoas físicas e que, sem regulamentos que orien- um produto ou serviço de qualidade.
tem suas condutas, as possibilidades de ocorrerem comportamen- As redes sociais costumam ser verdadeiros tribunais, nos
tos indesejados são maiores. quais não é raro algumas marcas entrarem para o ostracismo
Só o fato de existir um programa de compliance já comunica a quando uma má conduta ou deslize se torna público.
essas pessoas de que a empresa não está disposta a aceitar atitu- Falando nisso, fica a dica: muito cuidado com as campanhas
des que não estejam de acordo com as regras. de comunicação, principalmente nesses canais, em que a conversa
Por si só, isso já inibe condutas incorretas. com o público é mais horizontal.
Mas se mesmo assim elas acontecerem, o programa de com- Por exemplo, se a intenção é passar para o público uma ima-
pliance entra em ação para que esse seja um acontecimento isola- gem de empresa sustentável, é preciso que ela realmente se pre-
do e não se transforme em uma verdadeira crise. ocupe com o meio ambiente e que isso seja possível de observar
em seus processos.
Sistema de Compliance é obrigatório? O programa de compliance pode ser um aliado nesse sentido,
Em 2013, foi sancionada a Lei Nº 12.846, que dispõe sobre a para garantir que as normas externas e internas a esse respeito
“responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela sempre sejam cumpridas.
prática de atos contra a administração pública, nacional ou estran-
geira”. Melhora a satisfação dos funcionários
Ela é conhecida também como Lei Anticorrupção. A novidade É inegável que trabalhar em uma empresa correta, que cum-
é que, dessa vez, não aborda a corrupção no trabalho de gover- pre com todas as normas, é muito mais satisfatório do que ser
nantes eleitos e servidores públicos, mas sim das empresas. funcionário de uma companhia que, com frequência, passa por
A lei estabelece punições às organizações que lesam a admi- cima das regras.
nistração pública, como prometer vantagem indevida a um agente Dá uma sensação de segurança, primeiro por saber que seus
público ou fraudar uma licitação. direitos (salário, benefícios e boas condições de trabalho) serão
Não que antes esses comportamentos fossem aceitáveis. Mas, respeitados sempre.
agora, há uma lei específica que torna as consequências a essas Segundo porque, lembrando do primeiro benefício, gera uma
condutas mais severas. sensação de orgulho pertencer à equipe de uma organização so-
E o sistema de compliance, onde entra nisso? bre a qual não há nada de ruim a ser dito.
A lei não o torna obrigatório. Porém, com ela, grandes cor- Além disso tudo, um bom programa de compliance costuma
porações que não adotam um programa do tipo estão correndo ter efeito positivo em todos os processos da empresa, tornando-a
grandes riscos. muito mais organizada e atrativa para se trabalhar.
O que acontece é que situações nas quais os interesses da
companhia esbarram em regulações do poder público são muito Melhora a produtividade
frequentes. Esse é um benefício que surge graças ao anterior. Quando os
Se uma empresa depende de uma licença expedida por um colaboradores estão mais satisfeitos, eles produzem mais e me-
órgão público para tocar adiante determinado projeto, por exem- lhor.
plo, o gestor responsável pode se sentir tentado a adotar uma Em uma empresa com processos bem organizados e em que
prática ilegal para que seu interesse seja atendido. eles se sentem valorizados, os funcionários têm mais motivação e
Poderia ser uma má conduta isolada, culpa de um único pro- engajamento.
fissional, mas a empresa sofreria como um todo as consequências E níveis de estresse reduzidos, é claro, pois não precisam se
da Lei Anticorrupção. preocupar com as possíveis consequências de más condutas de
É por isso que, após a aprovação da lei, embora não seja obri- seus colegas, subordinados ou superiores.
gatório, grandes empresas não têm muita escolha: o sistema de Como todo mundo sabe, o estresse é uma condição que pre-
compliance é essencial para a sua própria segurança. judica muito a qualidade de vida de uma pessoa e, consequente-
Em alguns estados, por outro lado, adotar um programa de mente, seu rendimento no trabalho.
compliance é obrigatório para que a empresa possa celebrar de-
terminados tipos de contrato com a administração pública. Melhora a retenção e atração de talentos
Dois exemplos são a Lei Nº 7.753/2017 no Rio de Janeiro e Lei Muitas empresas sofrem bastante com a alta rotatividade em
Nº 6.112/2018 no Distrito Federal, que usam o termo “programa seus setores, o que significa perda de tempo e dinheiro.
de integridade”. Quando alguém sai, há um custo para selecionar um substitu-
to e um déficit na produção até que essa pessoa esteja contratada
Principais benefícios e treinada.
Adotar um sistema de compliance traz benefícios para em- Se os colaboradores estão mais satisfeitos, como abordamos
presas de qualquer porte e qualquer setor, que vão muito além da nos tópicos anteriores, eles não terão motivo para sair, o que di-
proteção à Lei Anticorrupção. minui a rotatividade.
Há vantagens diversas, mesmo para companhias que não No caso da atração de novos talentos, isso se deve à melhora
precisam de licenças especiais do poder público ou não têm a na imagem da marca e também ao fato de que os atuais colabora-
intenção de participar de licitações. dores, quando satisfeitos, atuam como embaixadores da empresa,
A seguir, listamos as principais. falando bem dela para todos que conhecem.

147
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Facilidade na captação de recursos (parceiros) Compliance no Setor Público
Em determinadas áreas e projetos, há parcerias estratégicas O objetivo é criar ferramentas práticas contra a corrupção e
com outras instituições que podem representar grandes oportuni- em favor da transparência entre
dades e levar a empresa a outro patamar. Com tantas empresas criando programas de compliance que
Mas quem vai arriscar ver seu nome vinculado a uma organi- combatem efetivamente condutas corruptas e ilegais, é natural
zação que não se preocupa com o compliance? que o poder público se inspire nessas experiências.
Na hora de avaliar os prós e contras do projeto, o possível O objetivo é criar ferramentas práticas contra a corrupção e
parceiro vai investigar o passado da empresa e julgar se vale a em favor da transparência entre os administradores públicos.
pena correr o risco de trabalhar com ela. Assim como no sistema de compliance em empresas, o pri-
meiro passo é admitir que as más condutas são possibilidades
Menos riscos jurídicos e financeiros reais, em vez da postura arrogante de dizer que, “no meu gover-
A empresa não corre riscos jurídicos apenas nos casos de que no, esse não é e nunca será um problema”.
trata a Lei Anticorrupção.
A Receita Federal e a Justiça do Trabalho, por exemplo, po- Convenhamos que é um tanto contraditório que o poder pú-
dem aplicar sanções pesadas a quem não respeitar suas leis e blico exija tanto – com a Lei Anticorrupção e outras regulamenta-
normas. ções – das empresas privadas enquanto não é ele próprio um bom
Somando esses prejuízos a outros já citados – como danos à exemplo de conformidade com as normas.
imagem da empresa -, o número de clientes diminui, as dívidas Então, para quem atua em uma empresa pública, só resta
aumentam e pode ficar difícil se recuperar, ainda mais quando a fazer a sua parte.
concorrência é feroz e as margens de lucro reduzidas.
Como atua um profissional da área de compliance?
Compliance e Governança Corporativa A crescente preocupação com compliance representa uma
Quanto mais uma empresa cresce, mais complexa fica a sua oportunidade principalmente para profissionais da área jurídica.
gestão – e é aí que surgem termos como compliance e governança Basta se especializar na legislação que regulamente a ativida-
corporativa. de das companhias privadas.
Você sabe qual é a diferença entre eles? Melhor ainda para aquele que conhece os meandros das nor-
Enquanto o sistema de compliance é aquele que garante que mas de determinada área – o que lhe confere um diferencial ainda
a empresa respeite as regras internas e externas de sua área de maior.
atuação, a governança corporativa trata das estratégias da compa- Para profissionais da contabilidade vale o mesmo: há uma
nhia para demonstrar seu valor e rentabilidade. série de normas que variam conforme o setor em que a organiza-
O foco é na transparência e no tratamento igualitário para ção atua.
todos os stakeholders – não apenas para os acionistas. Mas não são apenas os profissionais que prestam assessoria
A governança corporativa é uma espécie de prestação de con- jurídica e contábil que podem atuar no setor de compliance.
tas, na qual são expostas as consequências dos atos e omissões Colaboradores de diversas formações podem ser úteis no con-
que a empresa praticou. trole interno, mas especialmente aqueles que têm familiaridade
Compliance e governança corporativa são, portanto, termos com análise de riscos.
complementares, dois lados da mesma moeda. O programa de compliance também impacta o trabalho de
O compliance garante que a empresa está seguindo as nor- profissionais de outras áreas, como recursos humanos, comunica-
mas do mercado, enquanto a governança demonstra aos colabo- ção e outras.
radores, parceiros e investidores esse comprometimento. Esperamos que, com este texto, você compreenda a impor-
tância de organizar a empresa para que ela esteja sempre cum-
Como implantar o Compliance nas empresas prindo as regras exigidas em sua área de atuação.
O primeiro passo para adotar um sistema de compliance é E que fique claro que não estamos falando apenas em regras
entender a sua importância com sinceridade. externas, que são as leis, normas e regulamentações criadas por
Ou seja, saber que o respeito às regras é para valer, e não órgãos públicos.
somente demagogia ou marketing. A companhia precisa ter, também, uma noção própria do que
Depois, é necessária uma análise de risco, pois ela é que per- é certo e o que é errado.
mite compreender quais são os principais desafios que a organiza- Mesmo que determinada conduta seja permitida por lei, será
ção enfrenta. Assim, fica mais fácil saber quais esforços devem ser que ela é ética?
priorizados. Esse pensamento deve ser sempre a regra, deve guiar as atitu-
O passo seguinte é criar as políticas e processos de controle des de gestores e colaboradores incondicionalmente.
para reduzir esses riscos. É aquela velha história de fazer a coisa certa mesmo que nin-
Só depois de ter todas essas definições muito claras é que guém esteja olhando (embora a ideia do programa de compliance
deve-se investir em ações de comunicação interna e treinamento, seja justamente olhar para essas coisas).
extensivos a todos os colaboradores. Depois, os benefícios aparecerão, como melhora na imagem
Feito tudo isso, ocorrem as auditorias periódicas, que são da marca, na satisfação dos funcionários e outros que listamos
ações preventivas. E também, auditorias motivadas por denúncias aqui.
(que devem ser incentivadas), caso elas ocorram.
É um ciclo contínuo – e não um esforço pontual – e dinâmico. Suporte de alta administração
Isso significa que ele pode e deve ser revisado de tempos em Quem trabalha na área de gestão de riscos e integridade há
tempos e quando as circunstâncias (novas leis, nova parceria, am- algum tempo sabe que existem duas formas de se “estar em com-
pliação da empresa, etc.) exigirem. pliance”. Uma é intravenosa, é estrutural, alimenta todo o organis-
mo empresarial de uma forma consistente. Reconhece-se quando
se está diante de uma companhia que vivencia o compliance como

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
cultura. Todos os colaboradores têm ciência da importância das re- Além da multa, que pode chegar a 20% do faturamento bruto
gras do compliance e as adotam como um ideal funcional inerente do ano anterior, a empresa pode passar a fazer parte de uma “lis-
aos valores da companhia. Com certeza, essa é a mais complexa e a ta suja”, impedida de firmar contratos públicos. E, assim, o tema
mais importante maneira de se “estar em compliance”. compliance – satisfação de todos os requisitos referentes à gestão
A outra é meramente cutânea, estética, formal. Trata-se aqui de riscos para o negócio e ao cumprimento de normas e regras –
dos programas de compliance instituídos com a finalidade de se ganhou força nas organizações e na sociedade. Quanto maior a
agregar algum valor à marca da companhia, além, é claro, de se empresa, e quanto maior a quantidade de negócios com a Adminis-
obterem os benefícios previstos na Lei Anticorrupção. Os processos tração Pública ela realizar, mais importante é a criação de um de-
formais são devidamente instituídos, há um código de conduta bem partamento específico, que crie um código de ética e acompanhe as
formatado, um canal de denúncias adequado, mas não há, neces- atividades da companhia, avaliando riscos e atualizando normas de
sariamente, a incorporação do compliance como cultura dentro da conduta. No entanto, você sabia que o compliance também pode
empresa. É um “estar em compliance” apenas da porta para fora. trazer vantagens competitivas para a sua empresa? Entenda como:
Qual é a forma necessária para uma companhia que deseje um - Os processos são modelados e, consequentemente, monito-
bom programa de compliance? As duas. rados de forma mais fácil;
Para a efetividade plena do programa, é certo que não basta o - A análise de riscos se torna criteriosa e abrangente;
seu aspecto formal. A própria Lei Anticorrupção exige sua eficácia - Certificações, como ISO e outras, para atestar o cumprimento
interna como requisito para a aplicação de seus benefícios. Por ou- de normas, sempre trazem melhoria para os processos;
tro lado, também não basta que a companhia opere culturalmente - Confiança dos investidores ao analisar a empresa e, por isso,
de forma ética, mas não atenda aos requisitos formais estabeleci- atração de capital;
dos na lei. Por mais que seja um instrumento hábil, o compliance - Preferência do público por empresas éticas;
não é infalível. Sempre haverá o risco de falhas pontuais por parte - Atração e manutenção de talentos, além de maior motivação;
de um ou outro colaborador em relação a fraudes ou atos de cor- - A comunicação mais ágil, dados e informações mais confiá-
rupção. Para essas situações, o cumprimento dos requisitos formais veis.
do programa será essencial para preservação da companhia. Mas, ao implementar um programa de integridade, garanta
O suporte da alta administração tem o papel fundamental na que ele tenha robustez. Para que isso aconteça, sua liderança deve
internalização da cultura do compliance por todos os colaboradores estar comprometida com o programa. Além dos bons exemplos de
da empresa. Segue-se, aqui, o preceito basilar de que o bom exem- gestão, é fundamental oferecer treinamentos e palestras para que
plo deve vir de cima – tune from the top. Portanto, não apenas é todos compreendam bem o código de ética da instituição e para
importante que o programa esteja fundamentado no apoio da alta que o controle seja mais efetivo. Os manuais de conduta e outras
administração da empresa, como que fique bem claro que as regras ferramentas de endomarketing também ajudam a disseminar a cul-
do compliance se aplicam a todos, indistintamente. tura dentro da companhia.
É muito ruim para o desenvolvimento de uma cultura anticor- Procure elaborar um código de conduta ética simples e eficaz,
rupção a ideia de que as regras não se aplicam a todos, principal- com medidas e regras claras. Lembre-se que cada empresa preci-
mente aos que ocupam os cargos mais relevantes na empresa. Dá a sa do seu próprio programa de compliance, que se adeque às suas
ideia de que o compliance funciona apenas no papel ou para aque- necessidades. Importar um programa de compliance de outro lugar
les que ocupam um menor grau hierárquico na empresa. pode ser inapropriado, ou até ineficiente. Tente entender quais as
A instituição desse alicerce, portanto, significará, para todos os atividades da empresa e quais os momentos de interação com o
colaboradores, que os preceitos de compliance são valores inalie- poder público.
náveis da empresa e que devem ser seguidos como qualquer outra A comunicação deve acontecer com todos os colaboradores e
norma de cunho essencial. terceiros que lidam com a empresa, de forma transparente e efeti-
Como fazer isso? Com o envolvimento dos executivos da em- va. A análise dos riscos para os negócios envolvendo fornecedores,
presa nas principais etapas de implantação do programa, tal como contratos, relacionamento com o cliente etc. deve ser contínua. E é
na parte de divulgação, nos treinamentos etc. É também uma téc- aqui que entram as auditorias periódicas em várias áreas como con-
nica muito interessante incluir mensagens da alta direção estimu- tratos, licitações, financeiro, jurídico etc. Defina, também, ações
lando as práticas do compliance, seja no código de conduta, seja em para diminuição de riscos e tratamento dos desvios identificados
correios periódicos para os colaboradores. como, por exemplo, no caso de alguma denúncia contra a empresa.
Outras medidas criativas também podem e devem ser adota-
das na sua companhia sempre que o intuito for demonstrar para Controles Internos
todos os colaboradores o envolvimento da alta direção no cumpri- Consiste na criação de procedimentos e padronização de
mento das regras de compliance. ações de uma empresa, garantindo que todos realizem uma fun-
Não fique limitado aos padrões mais acessíveis. O suporte da ção da mesma forma, sem que haja dúvida ou erros. Com os Con-
alta administração é um alicerce fundamental que deve estar pre- troles Internos, qualquer um da empresa consegue realizar todas
sente em todas as etapas do programa, e não apenas como uma as funções de forma eficaz, garantindo a eficiência, evitando que
mensagem de abertura do código de conduta! ocorram erros, fraudes e violações de normas.

Código de conduta De que forma podem ser realizados os Controles Internos?


Os grandes escândalos de corrupção, como a Operação Lava Há várias formas de se realizar os Controles Internos, como
Jato, trouxeram a tona a importância dos códigos de conduta e éti- a criação de procedimentos, planilhas de controle, formulários e
ca dentro das empresas. Isso porque a Lei 12.846/2013, chamada treinamento. Essas ações ajudam os sócios e colaboradores a atu-
“Lei Anticorrupção”, prevê responsabilidade objetiva da companhia arem de forma mais eficaz, tendo um passo a passo ou um gráfico
e dos sócios e, se o funcionário for pego em atos de corrupção, a que ajude a medir o desempenho da empresa.
empresa é punida mesmo sem a comprovação de que tinha conhe- Procedimentos: Estes são classificados como forma de padro-
cimento do que estava acontecendo. nização das ações de uma empresa. Através de um passo a passo
de tudo que deve ser feito, é garantida a eficiência na execução.

149
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Planilhas de Controle: São aquelas utilizadas para controlar o Os benefícios dos Controles Internos
desempenho da organização, fornecendo dados que auxiliam na Os Controles Internos e programas de compliance são essen-
supervisão das ações. ciais em uma empresa, trazendo diversos benefícios. Veja alguns
Formulários: São modelos que devem ser preenchidos com deles:
dados específicos, de acordo com cada pessoa. Isso facilita a com- • Aprimora a governança da empresa;
preensão de informações tornando mais prática a execução das • Aumento da credibilidade para com os investidores, for-
funções. necedores e clientes;
Treinamento: Trata-se de um processo de educação profissio- • Ameniza riscos;
nal focada em melhorar o desempenho dos colaboradores de uma • Evita fraudes;
empresa. • Diminui custos;
• Melhora a qualidade do serviço final;
Normas Reguladoras de Compliance e Controles Internos • Transmite os valores da empresa;
Por conta dos diversos casos de fraudes ocorridos em grandes • Fixa uma cultura organizacional;
empresas internacionais e nacionais, foram criadas normas que • Ajuda a cumprir as legalidades.
regulamentam as práticas de compliance:
FCPA-EUA: A Foreign Corrupt Practices Act é uma lei federal Qual a importância de ter um setor de Compliance?
americana, que visa impedir que qualquer quantia monetária seja Após entender o que é compliance, é fundamental entender a
paga a cargos governamentais com a intenção de ter vantagem e importância de desenvolver esse setor dentro da organização. Isso
obter negócios. Além disso, exige que as empresas realizem seus é essencial para assegurar que os controles internos estejam sen-
livros e registros de forma clara e possuam um sistema de controle do aplicados de forma correta e efetiva. Através de um setor de
interno que impeça que subornos sejam realizados. compliance também é possível:
OEA: O Operador Econômico Autorizado é um fórum governa- • Averiguar se as normas e leis estão sendo cumpridas;
mental, que foi criado com o objetivo de manter ordem e paz nas • Analisar e garantir o cumprimento dos princípios éticos e
entidades. Baseia-se na democracia, nos Direitos Humanos, segu- normas de conduta;
rança e o desenvolvimento. • Promover treinamento e avaliação de risco.
OCDE: É a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico. Uma organização que atua e ajuda na realidade das Como garantir que o sistema de Compliance funcione bem?
empresas, com o intuito de organizar definições, medidas e con- Para garantir o bom funcionamento dos processos de com-
ceitos. pliance é necessário ter uma evidenciação da distinção de cargos,
ONU – Global Pact: O Pacto Global foi desenvolvido com o nomear pessoas qualificadas para elaborar e fiscalizar as políticas
intuito de ajudar as entidades fornecendo normas para um cres- internas da empresa, criando inicialmente um plano de ação, re-
cimento da cidadania baseando-se em lideranças corporativas alizando um processo de criação de cultura organizacional para
inovadoras. que possam repassar os conhecimentos. Estas pessoas possuem a
UK – Bribery Act: É uma lei do Reino Unido, que combate a função de fiscalizar a adequação e funcionamento dos Controles
corrupção internacional. Internos. O objetivo é diminuir os riscos, espalhar a cultura da
Lei Anticorrupção: A Lei 12.846 tem o objetivo de fixar o prin- empresa e assegurar o cumprimento de leis e normas.
cípio de moralidade administrativa e evitar atos de corrupção.
Garante que não apenas os diretores e colaboradores da empresa, O que tem em um bom programa de compliance:
mas a pessoa jurídica também passe por um processo de respon- • Procedimentos organizados e integrados;
sabilização civil por atos relacionados à corrupção. • Sistemas bem programados;
Lei Sarbanes Oxley: A Lei SOX foi executada com a intenção de • Capacitação dos profissionais;
melhorar a governança corporativa e a prestação de contas, tendo • Mensuração de riscos e instruções bem explicadas;
como objetivo identificar, combater e prevenir erros e fraudes nas • Treinamento contínuo.
empresas.
Estas leis são aplicadas independentemente da forma de or- Possuir algum tipo de padronização e fiscalização de ações é
ganização ou modelo societário adotado pela organização. É de essencial em todos os tipos de empresas, inclusive para as micro
extrema importância que as organizações as sigam. e pequenas empresas. Isso porque sem estes procedimentos as
empresas ficam sem uma orientação com relação ao rumo que
Por que é necessário ter Controles Internos? estão seguindo. Também passa a não ter um controle sobre algum
Depois de entender o que é compliance, é preciso perceber o tipo de erro e fraude em sua organização. Sendo assim, os progra-
valor em possuir controles internos. Desta forma, independente- mas de compliance e os controles internos são fundamentais para
mente do tipo da empresa, os controles internos são fundamen- o bom funcionamento de uma empresa. Eles garantem sua per-
tais. As micro e pequenas empresas precisam ter formas de padro- manência no mercado e a segurança nas informações e processos
nização de ações e controle do que acontece dentro da entidade. transitados.
Com isso, é possível garantir o bom funcionamento, agregando
valor ao negócio. Não é preciso ter um grande investimento em Comunicação e Treinamento
programas de compliance para que funcione de forma correta. A comunicação e o treinamento compõem um dos principais
Basta ter pessoas qualificadas para realizar a supervisão dos con- pilares do programa de compliance. De nada adianta o levanta-
troles, como um setor responsável, sendo de responsabilidade da mento dos riscos inerentes ao ramo de atividade de uma empresa,
administração da empresa realizá-los de forma efetiva. seguida da implementação de normas e políticas para mitigá-los,
se, ao final, nada sai do papel.
Nesse sentido, a Controladoria Geral da União, em sua carti-
lha de diretrizes de integridade às empresas, destaca que “[...] os
valores e as linhas gerais sobre as principais políticas de integrida-

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
de adotadas pela empresa, geralmente externalizados no código § 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilida-
de ética ou conduta, devem estar acessíveis a todos os interessa- de da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa
dos e ser amplamente divulgados.” (p.20). e reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio
Da mesma forma, o Decreto nº 8.420/2015, que regulamenta transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas
a Lei nº 12.846/2013 (também conhecida como Lei da Empresa nesta Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da
Limpa), dispõe expressamente no artigo 42, incisos III e IV, que o fusão ou incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente
programa de compliance será avaliado, quanto a sua existência e intuito de fraude, devidamente comprovados.
aplicação, de acordo com os “padrões de conduta, código de ética § 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou,
e políticas de integridade estendidas, quando necessário, a tercei- no âmbito do respectivo contrato, as consorciadas serão solida-
ros, tais como, fornecedores, prestadores de serviço, agentes inter- riamente responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei,
mediários e associados” e com “treinamentos periódicos sobre o restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de
programa de integridade.” multa e reparação integral do dano causado.
Portanto, é fundamental a um programa efetivo que suas
diretrizes e bases sejam periodicamente divulgadas, explicadas e CAPÍTULO II
reexplicadas – tanto aos membros da Diretoria e do Conselho de DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL
Administração quanto aos gerentes, colaboradores, acionistas, OU ESTRANGEIRA
autoridades públicas e reguladoras, clientes e terceiros (fornece-
dores).4 Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacio-
nal ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados
pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º ,
LEGISLAÇÃO ANTICORRUPÇÃO: LEI Nº 12.846/2013 E que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro,
DECRETO Nº 8.420/2015 contra princípios da administração pública ou contra os compro-
missos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vanta-
LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013 gem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacio-
nada;
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pesso- II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de
as jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos
nacional ou estrangeira, e dá outras providências. nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
CAPÍTULO I a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qual-
DISPOSIÇÕES GERAIS quer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento li-
citatório público;
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva admi- b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato
nistrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a de procedimento licitatório público;
administração pública, nacional ou estrangeira. c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, in- d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
dependentemente da forma de organização ou modelo societário e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para
adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entida- participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;
des ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulen-
ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de to, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com
direito, ainda que temporariamente. a administração pública, sem autorização em lei, no ato convoca-
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetiva- tório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contra-
mente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos pre- tuais; ou
vistos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos
ou não. contratos celebrados com a administração pública;
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a res- V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de ór-
ponsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou gãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação,
de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fisca-
ilícito. lização do sistema financeiro nacional.
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independente- § 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos
mente da responsabilização individual das pessoas naturais refe- e entidades estatais ou representações diplomáticas de país es-
ridas no caput . trangeiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as
§ 2º Os dirigentes ou administradores somente serão respon- pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
sabilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade. público de país estrangeiro.
Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipó- § 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração
tese de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão pública estrangeira as organizações públicas internacionais.
ou cisão societária. § 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins des-
ta Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração,
4 Fonte: www.sbcoaching.com.br//www.canalabertobrasil.com.br/www.zmb.
exerça cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades
adv.br/www.conube.com.br/Roberta Volpato Hanoff

151
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro, CAPÍTULO IV
assim como em pessoas jurídicas controladas, direta ou indireta- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO
mente, pelo poder público de país estrangeiro ou em organizações
públicas internacionais. Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrati-
vo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabem à
CAPÍTULO III autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Execu-
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA tivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante provo-
cação, observados o contraditório e a ampla defesa.
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas ju- § 1º A competência para a instauração e o julgamento do pro-
rídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta cesso administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa
Lei as seguintes sanções: jurídica poderá ser delegada, vedada a subdelegação.
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte § 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-
por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao -Geral da União - CGU terá competência concorrente para instau-
da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a rar processos administrativos de responsabilização de pessoas ju-
qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível rídicas ou para avocar os processos instaurados com fundamento
sua estimação; e nesta Lei, para exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o
II - publicação extraordinária da decisão condenatória. andamento.
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a apu-
ou cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso con- ração, o processo e o julgamento dos atos ilícitos previstos nesta
creto e com a gravidade e natureza das infrações. Lei, praticados contra a administração pública estrangeira, obser-
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será prece- vado o disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da
dida da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações
pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público. Comerciais Internacionais, promulgada pelo Decreto nº 3.678, de
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, 30 de novembro de 2000.
em qualquer hipótese, a obrigação da reparação integral do dano Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsa-
causado. bilidade de pessoa jurídica será conduzido por comissão designada
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível pela autoridade instauradora e composta por 2 (dois) ou mais ser-
utilizar o critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, vidores estáveis.
a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (ses- § 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação
senta milhões de reais). judicial, ou equivalente, a pedido da comissão a que se refere o
§ 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocor- caput , poderá requerer as medidas judiciais necessárias para a in-
rerá na forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídi- vestigação e o processamento das infrações, inclusive de busca e
ca, em meios de comunicação de grande circulação na área da prá- apreensão.
tica da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em § 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade
publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação instauradora que suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da
de edital, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio estabe- investigação.
lecimento ou no local de exercício da atividade, de modo visível ao § 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180
público, e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores. (cento e oitenta) dias contados da data da publicação do ato que a
§ 6º (VETADO). instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre os fatos apurados e
Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das san- eventual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma
ções: motivada as sanções a serem aplicadas.
I - a gravidade da infração; § 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante
II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; ato fundamentado da autoridade instauradora.
III - a consumação ou não da infração; Art. 11. No processo administrativo para apuração de respon-
IV - o grau de lesão ou perigo de lesão; sabilidade, será concedido à pessoa jurídica prazo de 30 (trinta)
V - o efeito negativo produzido pela infração; dias para defesa, contados a partir da intimação.
VI - a situação econômica do infrator; Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comis-
VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das in- são, será remetido à autoridade instauradora, na forma do art. 10,
frações; para julgamento.
VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de
integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e reparação integral do dano não prejudica a aplicação imediata das
a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da sanções estabelecidas nesta Lei.
pessoa jurídica; Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo paga-
IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o mento, o crédito apurado será inscrito em dívida ativa da fazenda
órgão ou entidade pública lesados; e pública.
X - (VETADO). Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada
Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir
procedimentos previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para
em regulamento do Poder Executivo federal. provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos
das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e
sócios com poderes de administração, observados o contraditório
e a ampla defesa.

152
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabili- CAPÍTULO VI
dade de pessoa jurídica, após a conclusão do procedimento admi- DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL
nistrativo, dará conhecimento ao Ministério Público de sua existên-
cia, para apuração de eventuais delitos. Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa
jurídica não afasta a possibilidade de sua responsabilização na es-
CAPÍTULO V fera judicial.
DO ACORDO DE LENIÊNCIA Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º des-
ta Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por
Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pú- meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representa-
blica poderá celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas ção judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajui-
responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colabo- zar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas
rem efetivamente com as investigações e o processo administrati- jurídicas infratoras:
vo, sendo que dessa colaboração resulte: I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração,
couber; e ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II - a obtenção célere de informações e documentos que com- II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
provem o ilícito sob apuração. III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser cele- IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções,
brado se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de ins-
I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu tituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público,
interesse em cooperar para a apuração do ato ilícito; pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento § 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determi-
na infração investigada a partir da data de propositura do acordo; nada quando comprovado:
III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coo- I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual
pere plena e permanentemente com as investigações e o processo para facilitar ou promover a prática de atos ilícitos; ou
administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que so- II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses
licitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento. ilícitos ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados.
2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídi- § 2º (VETADO).
ca das sanções previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do art. § 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou
19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável. cumulativa.
§ 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obri- § 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de
gação de reparar integralmente o dano causado. representação judicial, ou equivalente, do ente público poderá re-
§ 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias querer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários
para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do
processo. dano causado, conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito
§ 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes- do terceiro de boa-fé.
soas jurídicas que integram o mesmo grupo econômico, de fato e Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão
de direito, desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as ser aplicadas as sanções previstas no art. 6º , sem prejuízo daque-
condições nele estabelecidas. las previstas neste Capítulo, desde que constatada a omissão das
§ 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pú- autoridades competentes para promover a responsabilização ad-
blica após a efetivação do respectivo acordo, salvo no interesse das ministrativa.
investigações e do processo administrativo. Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o
§ 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito rito previsto na Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
investigado a proposta de acordo de leniência rejeitada. Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de re-
§ 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a parar, integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor será
pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo apurado em posterior liquidação, se não constar expressamente da
de 3 (três) anos contados do conhecimento pela administração pú- sentença.
blica do referido descumprimento.
§ 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo
CAPÍTULO VII
prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei.
DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão compe-
tente para celebrar os acordos de leniência no âmbito do Poder
Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Ca-
Executivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados
dastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará
contra a administração pública estrangeira.
publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos
Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acor-
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de
do de leniência com a pessoa jurídica responsável pela prática de
governo com base nesta Lei.
ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas
à isenção ou atenuação das sanções administrativas estabelecidas § 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deverão infor-
em seus arts. 86 a 88. mar e manter atualizados, no Cnep, os dados relativos às sanções
por eles aplicadas.
§ 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações
acerca das sanções aplicadas:
I - razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou en-
tidade no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ;

153
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
II - tipo de sanção; e DECRETO Nº 8.420, DE 18 DE MARÇO DE 2015
III - data de aplicação e data final da vigência do efeito limita-
dor ou impeditivo da sanção, quando for o caso. Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, que
§ 3º As autoridades competentes, para celebrarem acordos dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídi-
de leniência previstos nesta Lei, também deverão prestar e man- cas pela prática de atos contra a administração pública, nacional
ter atualizadas no Cnep, após a efetivação do respectivo acordo, as ou estrangeira e dá outras providências.
informações acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse
procedimento vier a causar prejuízo às investigações e ao processo A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe
administrativo. confere o art. 84, caput , inciso IV, da Constituição, e tendo em vista
§ 4º Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo o disposto na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
de leniência, além das informações previstas no § 3º , deverá ser
incluída no Cnep referência ao respectivo descumprimento. DECRETA:
§ 5º Os registros das sanções e acordos de leniência serão ex- Art. 1º Este Decreto regulamenta a responsabilização objetiva
cluídos depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a ad-
ato sancionador ou do cumprimento integral do acordo de leniên- ministração pública, nacional ou estrangeira, de que trata a Lei nº
cia e da reparação do eventual dano causado, mediante solicitação 12.846, de 1º de agosto de 2013 .
do órgão ou entidade sancionadora. CAPÍTULO I
Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legisla- DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
tivo e Judiciário de todas as esferas de governo deverão informar e
manter atualizados, para fins de publicidade, no Cadastro Nacional Art. 2º A apuração da responsabilidade administrativa de pes-
de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS, de caráter público, ins- soa jurídica que possa resultar na aplicação das sanções previstas
tituído no âmbito do Poder Executivo federal, os dados relativos às no art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013 , será efetuada por meio de
sanções por eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts. 87 e 88 Processo Administrativo de Responsabilização - PAR.
da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. Art. 3º A competência para a instauração e para o julgamento
Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores do PAR é da autoridade máxima da entidade em face da qual foi
aplicados com fundamento nesta Lei serão destinados preferencial- praticado o ato lesivo, ou, em caso de órgão da administração dire-
mente aos órgãos ou entidades públicas lesadas. ta, do seu Ministro de Estado.
Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas Parágrafo único. A competência de que trata o caput será exer-
nesta Lei, contados da data da ciência da infração ou, no caso de cida de ofício ou mediante provocação e poderá ser delegada, sen-
infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. do vedada a subdelegação.
Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a pres- Art. 4º A autoridade competente para instauração do PAR, ao
crição será interrompida com a instauração de processo que tenha tomar ciência da possível ocorrência de ato lesivo à administração
por objeto a apuração da infração. pública federal, em sede de juízo de admissibilidade e mediante
Art. 26. A pessoa jurídica será representada no processo admi- despacho fundamentado, decidirá:
nistrativo na forma do seu estatuto ou contrato social. I - pela abertura de investigação preliminar;
§ 1º As sociedades sem personalidade jurídica serão represen- II - pela instauração de PAR; ou
tadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens. III - pelo arquivamento da matéria.
§ 2º A pessoa jurídica estrangeira será representada pelo ge- § 1º A investigação de que trata o inciso I do caput terá cará-
rente, representante ou administrador de sua filial, agência ou su- ter sigiloso e não punitivo e será destinada à apuração de indícios
cursal aberta ou instalada no Brasil. de autoria e materialidade de atos lesivos à administração pública
Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento federal.
das infrações previstas nesta Lei, não adotar providências para a § 2º A investigação preliminar será conduzida por comissão
apuração dos fatos será responsabilizada penal, civil e administrati- composta por dois ou mais servidores efetivos.
vamente nos termos da legislação específica aplicável. § 3º Em entidades da administração pública federal cujos qua-
Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa dros funcionais não sejam formados por servidores estatutários, a
jurídica brasileira contra a administração pública estrangeira, ainda comissão a que se refere o § 2º será composta por dois ou mais
que cometidos no exterior. empregados públicos.
Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do § 4º O prazo para conclusão da investigação preliminar não ex-
Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da cederá sessenta dias e poderá ser prorrogado por igual período,
Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que mediante solicitação justificada do presidente da comissão à auto-
constitua infração à ordem econômica. ridade instauradora.
Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta § 5º Ao final da investigação preliminar, serão enviadas à auto-
os processos de responsabilização e aplicação de penalidades de- ridade competente as peças de informação obtidas, acompanhadas
correntes de: de relatório conclusivo acerca da existência de indícios de autoria e
I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº materialidade de atos lesivos à administração pública federal, para
8.429, de 2 de junho de 1992 ; e decisão sobre a instauração do PAR.
II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de Art. 5º No ato de instauração do PAR, a autoridade designará
1993, ou outras normas de licitações e contratos da administração comissão, composta por dois ou mais servidores estáveis, que ava-
pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contrata- liará fatos e circunstâncias conhecidos e intimará a pessoa jurídica
ções Públicas - RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de para, no prazo de trinta dias, apresentar defesa escrita e especificar
2011. eventuais provas que pretende produzir.
Art. 31. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após
a data de sua publicação.

154
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
§ 1º Em entidades da administração pública federal cujos qua- III - solicitar ao órgão de representação judicial ou equivalente
dros funcionais não sejam formados por servidores estatutários, a dos órgãos ou entidades lesados que requeira as medidas necessá-
comissão a que se refere o caput será composta por dois ou mais rias para a investigação e o processamento das infrações, inclusive
empregados públicos, preferencialmente com no mínimo três anos de busca e apreensão, no País ou no exterior.
de tempo de serviço na entidade. § 3º Concluídos os trabalhos de apuração e análise, a comissão
§ 2º Na hipótese de deferimento de pedido de produção de elaborará relatório a respeito dos fatos apurados e da eventual res-
novas provas ou de juntada de provas julgadas indispensáveis pela ponsabilidade administrativa da pessoa jurídica, no qual sugerirá,
comissão, a pessoa jurídica poderá apresentar alegações finais no de forma motivada, as sanções a serem aplicadas, a dosimetria da
prazo de dez dias, contado da data do deferimento ou da intimação multa ou o arquivamento do processo.
de juntada das provas pela comissão. § 4º O relatório final do PAR será encaminhado à autoridade
§ 3º Serão recusadas, mediante decisão fundamentada, pro- competente para julgamento, o qual será precedido de manifes-
vas propostas pela pessoa jurídica que sejam ilícitas, impertinentes, tação jurídica, elaborada pelo órgão de assistência jurídica compe-
desnecessárias, protelatórias ou intempestivas. tente.
§ 4º Caso a pessoa jurídica apresente em sua defesa informa- § 5º Caso seja verificada a ocorrência de eventuais ilícitos a
ções e documentos referentes à existência e ao funcionamento de serem apurados em outras instâncias, o relatório da comissão será
programa de integridade, a comissão processante deverá examiná- encaminhado, pela autoridade julgadora:
-lo segundo os parâmetros indicados no Capítulo IV, para a dosime- I - ao Ministério Público;
tria das sanções a serem aplicadas. II - à Advocacia-Geral da União e seus órgãos vinculados, no
Art. 6º A comissão a que se refere o art. 5º exercerá suas ati- caso de órgãos da administração pública direta, autarquias e fun-
vidades com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo, dações públicas federais; ou
sempre que necessário à elucidação do fato e à preservação da III - ao órgão de representação judicial ou equivalente no caso
imagem dos envolvidos, ou quando exigido pelo interesse da ad- de órgãos ou entidades da administração pública não abrangidos
ministração pública, garantido o direito à ampla defesa e ao con- pelo inciso II.
traditório. § 6º Na hipótese de decisão contrária ao relatório da comissão,
Art. 7º As intimações serão feitas por meio eletrônico, via pos- esta deverá ser fundamentada com base nas provas produzidas no
tal ou por qualquer outro meio que assegure a certeza de ciência PAR.
da pessoa jurídica acusada, cujo prazo para apresentação de defesa Art. 10. A decisão administrativa proferida pela autoridade jul-
será contado a partir da data da cientificação oficial, observado o gadora ao final do PAR será publicada no Diário Oficial da União e
disposto no Capítulo XVI da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 . no sítio eletrônico do órgão ou entidade público responsável pela
§ 1º Caso não tenha êxito a intimação de que trata o caput , instauração do PAR.
será feita nova intimação por meio de edital publicado na imprensa Art. 11. Da decisão administrativa sancionadora cabe pedido
oficial, em jornal de grande circulação no Estado da federação em de reconsideração com efeito suspensivo, no prazo de dez dias,
que a pessoa jurídica tenha sede, e no sítio eletrônico do órgão ou contado da data de publicação da decisão.
entidade pública responsável pela apuração do PAR, contando-se o § 1º A pessoa jurídica contra a qual foram impostas sanções no
prazo para apresentação da defesa a partir da última data de publi- PAR e que não apresentar pedido de reconsideração deverá cum-
cação do edital. pri-las no prazo de trinta dias, contado do fim do prazo para inter-
§ 2º Em se tratando de pessoa jurídica que não possua sede, posição do pedido de reconsideração.
filial ou representação no País e sendo desconhecida sua represen- § 2º A autoridade julgadora terá o prazo de trinta dias para
tação no exterior, frustrada a intimação nos termos do caput , será decidir sobre a matéria alegada no pedido de reconsideração e pu-
feita nova intimação por meio de edital publicado na imprensa ofi- blicar nova decisão.
cial e no sítio eletrônico do órgão ou entidade público responsável § 3º Mantida a decisão administrativa sancionadora, será con-
pela apuração do PAR, contando-se o prazo para apresentação da cedido à pessoa jurídica novo prazo de trinta dias para cumprimen-
defesa a partir da última data de publicação do edital. to das sanções que lhe foram impostas, contado da data de publi-
Art. 8º A pessoa jurídica poderá acompanhar o PAR por meio cação da nova decisão.
de seus representantes legais ou procuradores, sendo-lhes assegu- Art. 12. Os atos previstos como infrações administrativas à Lei
rado amplo acesso aos autos. nº 8.666, de 21 de junho de 1993 , ou a outras normas de licitações
Parágrafo único. É vedada a retirada dos autos da repartição e contratos da administração pública que também sejam tipifica-
pública, sendo autorizada a obtenção de cópias mediante reque- dos como atos lesivos na Lei nº 12.846, de 2013 , serão apurados
rimento. e julgados conjuntamente, nos mesmos autos, aplicando-se o rito
Art. 9º O prazo para a conclusão do PAR não excederá cen- procedimental previsto neste Capítulo.
to e oitenta dias, admitida prorrogação por meio de solicitação do § 1º Concluída a apuração de que trata o caput e havendo au-
presidente da comissão à autoridade instauradora, que decidirá de toridades distintas competentes para julgamento, o processo será
forma fundamentada. encaminhado primeiramente àquela de nível mais elevado, para
§ 1º O prazo previsto no caput será contado da data de publi- que julgue no âmbito de sua competência, tendo precedência o jul-
cação do ato de instauração do PAR. gamento pelo Ministro de Estado competente.
§ 2º A comissão, para o devido e regular exercício de suas fun- § 2º Para fins do disposto no caput , o chefe da unidade res-
ções, poderá: ponsável no órgão ou entidade pela gestão de licitações e contratos
I - propor à autoridade instauradora a suspensão cautelar dos deve comunicar à autoridade prevista no art. 3º sobre eventuais
efeitos do ato ou do processo objeto da investigação; fatos que configurem atos lesivos previstos no art. 5º da Lei nº
II - solicitar a atuação de especialistas com notório conheci- 12.846, de 2013.
mento, de órgãos e entidades públicos ou de outras organizações, Art. 13. A Controladoria-Geral da União possui, no âmbito do
para auxiliar na análise da matéria sob exame; e Poder Executivo federal, competência:
I - concorrente para instaurar e julgar PAR; e

155
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
II - exclusiva para avocar os processos instaurados para exame V - cinco por cento no caso de reincidência, assim definida a
de sua regularidade ou para corrigir-lhes o andamento, inclusive ocorrência de nova infração, idêntica ou não à anterior, tipificada
promovendo a aplicação da penalidade administrativa cabível. como ato lesivo pelo art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013 , em menos
§ 1º A Controladoria-Geral da União poderá exercer, a qual- de cinco anos, contados da publicação do julgamento da infração
quer tempo, a competência prevista no caput , se presentes quais- anterior; e
quer das seguintes circunstâncias: VI - no caso de os contratos mantidos ou pretendidos com o
I - caracterização de omissão da autoridade originariamente órgão ou entidade lesado, serão considerados, na data da prática
competente; do ato lesivo, os seguintes percentuais:
II - inexistência de condições objetivas para sua realização no a) um por cento em contratos acima de R$ 1.500.000,00 (um
órgão ou entidade de origem; milhão e quinhentos mil reais);
III - complexidade, repercussão e relevância da matéria; b) dois por cento em contratos acima de R$ 10.000.000,00 (dez
IV - valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o milhões de reais);
órgão ou entidade atingida; ou c) três por cento em contratos acima de R$ 50.000.000,00 (cin-
V - apuração que envolva atos e fatos relacionados a mais de quenta milhões de reais);
um órgão ou entidade da administração pública federal. d) quatro por cento em contratos acima de R$ 250.000.000,00
§2º Ficam os órgãos e entidades da administração pública obri- (duzentos e cinquenta milhões de reais); e
gados a encaminhar à Controladoria-Geral da União todos os docu- e) cinco por cento em contratos acima de R$ 1.000.000.000,00
mentos e informações que lhes forem solicitados, incluídos os au- (um bilhão de reais).
tos originais dos processos que eventualmente estejam em curso. Art. 18. Do resultado da soma dos fatores do art. 17 serão sub-
Art. 14. Compete à Controladoria-Geral da União instaurar, traídos os valores correspondentes aos seguintes percentuais do
apurar e julgar PAR pela prática de atos lesivos à administração pú- faturamento bruto da pessoa jurídica do último exercício anterior
blica estrangeira, o qual seguirá, no que couber, o rito procedimen- ao da instauração do PAR, excluídos os tributos:
tal previsto neste Capítulo. I - um por cento no caso de não consumação da infração;
II - um e meio por cento no caso de comprovação de ressarci-
CAPÍTULO II mento pela pessoa jurídica dos danos a que tenha dado causa;
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DOS ENCAMINHAMEN- III - um por cento a um e meio por cento para o grau de colabo-
TOS JUDICIAIS ração da pessoa jurídica com a investigação ou a apuração do ato
SEÇÃO I lesivo, independentemente do acordo de leniência;
DISPOSIÇÕES GERAIS IV - dois por cento no caso de comunicação espontânea pela
pessoa jurídica antes da instauração do PAR acerca da ocorrência
Art. 15. As pessoas jurídicas estão sujeitas às seguintes sanções do ato lesivo; e
administrativas, nos termos do art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013 : V - um por cento a quatro por cento para comprovação de a
I - multa; e pessoa jurídica possuir e aplicar um programa de integridade, con-
II - publicação extraordinária da decisão administrativa sancio- forme os parâmetros estabelecidos no Capítulo IV.
nadora. Art. 19. Na ausência de todos os fatores previstos nos art. 17
Art. 16. Caso os atos lesivos apurados envolvam infrações ad- e art. 18 ou de resultado das operações de soma e subtração ser
ministrativas à Lei nº 8.666, de 1993 , ou a outras normas de licita- igual ou menor a zero, o valor da multa corresponderá, conforme
ções e contratos da administração pública e tenha ocorrido a apu- o caso, a:
ração conjunta prevista no art. 12, a pessoa jurídica também estará I - um décimo por cento do faturamento bruto do último exer-
sujeita a sanções administrativas que tenham como efeito restrição cício anterior ao da instauração do PAR, excluídos os tributos; ou
ao direito de participar em licitações ou de celebrar contratos com II - R$ 6.000,00 (seis mil reais), na hipótese do art. 22.
a administração pública, a serem aplicadas no PAR. Art. 20. A existência e quantificação dos fatores previstos nos
art. 17 e art. 18, deverá ser apurada no PAR e evidenciada no relató-
SEÇÃO II rio final da comissão, o qual também conterá a estimativa, sempre
DA MULTA que possível, dos valores da vantagem auferida e da pretendida.
§ 1º Em qualquer hipótese, o valor final da multa terá como
Art. 17. O cálculo da multa se inicia com a soma dos valores limite:
correspondentes aos seguintes percentuais do faturamento bruto I - mínimo, o maior valor entre o da vantagem auferida e o
da pessoa jurídica do último exercício anterior ao da instauração do previsto no art. 19; e
PAR, excluídos os tributos: II - máximo, o menor valor entre:
I - um por cento a dois e meio por cento havendo continuidade a) vinte por cento do faturamento bruto do último exercício
dos atos lesivos no tempo; anterior ao da instauração do PAR, excluídos os tributos; ou
II - um por cento a dois e meio por cento para tolerância ou ci- b) três vezes o valor da vantagem pretendida ou auferida.
ência de pessoas do corpo diretivo ou gerencial da pessoa jurídica; § 2º O valor da vantagem auferida ou pretendida equivale aos
III - um por cento a quatro por cento no caso de interrupção ganhos obtidos ou pretendidos pela pessoa jurídica que não ocor-
no fornecimento de serviço público ou na execução de obra con- reriam sem a prática do ato lesivo, somado, quando for o caso, ao
tratada; valor correspondente a qualquer vantagem indevida prometida ou
IV - um por cento para a situação econômica do infrator com dada a agente público ou a terceiros a ele relacionados.
base na apresentação de índice de Solvência Geral - SG e de Liqui- § 3º Para fins do cálculo do valor de que trata o § 2º, serão de-
dez Geral - LG superiores a um e de lucro líquido no último exercício duzidos custos e despesas legítimos comprovadamente executados
anterior ao da ocorrência do ato lesivo; ou que seriam devidos ou despendidos caso o ato lesivo não tivesse
ocorrido.

156
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Art. 21. Ato do Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Ge- SEÇÃO IV
ral da União fixará metodologia para a apuração do faturamento DA COBRANÇA DA MULTA APLICADA
bruto e dos tributos a serem excluídos para fins de cálculo da multa
a que se refere o art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013. Art. 25. A multa aplicada ao final do PAR será integralmente
Parágrafo único. Os valores de que trata o caput poderão ser recolhida pela pessoa jurídica sancionada no prazo de trinta dias,
apurados, entre outras formas, por meio de: observado o disposto nos §§ 1º e 3º do art. 11.
I - compartilhamento de informações tributárias, na forma do § 1º Feito o recolhimento, a pessoa jurídica sancionada apre-
inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de sentará ao órgão ou entidade que aplicou a sanção documento que
1966 ; e ateste o pagamento integral do valor da multa imposta.
II - registros contábeis produzidos ou publicados pela pessoa § 2º Decorrido o prazo previsto no caput sem que a multa te-
jurídica acusada, no país ou no estrangeiro. nha sido recolhida ou não tendo ocorrido a comprovação de seu
Art. 22. Caso não seja possível utilizar o critério do valor do pagamento integral, o órgão ou entidade que a aplicou encaminha-
faturamento bruto da pessoa jurídica no ano anterior ao da instau- rá o débito para inscrição em Dívida Ativa da União ou das autar-
ração ao PAR, os percentuais dos fatores indicados nos art. 17 e art. quias e fundações públicas federais.
18 incidirão: § 3º Caso a entidade que aplicou a multa não possua Dívida
I - sobre o valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, ex- Ativa, o valor será cobrado independentemente de prévia inscrição.
cluídos os tributos, no ano em que ocorreu o ato lesivo, no caso de
a pessoa jurídica não ter tido faturamento no ano anterior ao da SEÇÃO V
instauração ao PAR; DOS ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS
II - sobre o montante total de recursos recebidos pela pessoa
jurídica sem fins lucrativos no ano em que ocorreu o ato lesivo; ou Art. 26. As medidas judiciais, no País ou no exterior, como a
III - nas demais hipóteses, sobre o faturamento anual estimável cobrança da multa administrativa aplicada no PAR, a promoção da
da pessoa jurídica, levando em consideração quaisquer informa- publicação extraordinária, a persecução das sanções referidas nos
ções sobre a sua situação econômica ou o estado de seus negócios, incisos I a IV do caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013 , a repa-
tais como patrimônio, capital social, número de empregados, con- ração integral dos danos e prejuízos, além de eventual atuação ju-
tratos, dentre outras. dicial para a finalidade de instrução ou garantia do processo judicial
Parágrafo único. Nas hipóteses previstas no caput , o va- ou preservação do acordo de leniência, serão solicitadas ao órgão
lor da multa será limitado entre R$ 6.000,00 (seis mil reais) e R$ de representação judicial ou equivalente dos órgãos ou entidades
60.000.000,00 (sessenta milhões de reais). lesados.
Art. 23. Com a assinatura do acordo de leniência, a multa apli- Art. 27. No âmbito da administração pública federal direta, a
cável será reduzida conforme a fração nele pactuada, observado o atuação judicial será exercida pela Procuradoria-Geral da União,
limite previsto no § 2º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013 . com exceção da cobrança da multa administrativa aplicada no PAR,
§ 1º O valor da multa previsto no caput poderá ser inferior ao que será promovida pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
limite mínimo previsto no art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013 . Parágrafo único. No âmbito das autarquias e fundações públi-
§ 2º No caso de a autoridade signatária declarar o descumpri- cas federais, a atuação judicial será exercida pela Procuradoria-Ge-
mento do acordo de leniência por falta imputável à pessoa jurídica ral Federal, inclusive no que se refere à cobrança da multa adminis-
colaboradora, o valor integral encontrado antes da redução de que trativa aplicada no PAR, respeitadas as competências específicas da
trata o caput será cobrado na forma da Seção IV, descontando-se as Procuradoria-Geral do Banco Central.
frações da multa eventualmente já pagas.
CAPÍTULO III
SEÇÃO III DO ACORDO DE LENIÊNCIA
DA PUBLICAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DA DECISÃO ADMINIS-
TRATIVA SANCIONADORA Art. 28. O acordo de leniência será celebrado com as pessoas
jurídicas responsáveis pela prática dos atos lesivos previstos na Lei
Art. 24. A pessoa jurídica sancionada administrativamente pela nº 12.846, de 2013 , e dos ilícitos administrativos previstos na Lei nº
prática de atos lesivos contra a administração pública, nos termos 8.666, de 1993 , e em outras normas de licitações e contratos, com
da Lei nº 12.846, de 2013 , publicará a decisão administrativa san- vistas à isenção ou à atenuação das respectivas sanções, desde que
cionadora na forma de extrato de sentença, cumulativamente: colaborem efetivamente com as investigações e o processo admi-
I - em meio de comunicação de grande circulação na área da nistrativo, devendo resultar dessa colaboração:
prática da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, I - a identificação dos demais envolvidos na infração adminis-
em publicação de circulação nacional; trativa, quando couber; e
II - em edital afixado no próprio estabelecimento ou no local II - a obtenção célere de informações e documentos que com-
de exercício da atividade, em localidade que permita a visibilidade provem a infração sob apuração.
pelo público, pelo prazo mínimo de trinta dias; e Art. 29. Compete à Controladoria-Geral da União celebrar
III - em seu sítio eletrônico, pelo prazo de trinta dias e em des- acordos de leniência no âmbito do Poder Executivo federal e nos
taque na página principal do referido sítio. casos de atos lesivos contra a administração pública estrangeira.
Parágrafo único. A publicação a que se refere o caput será feita Art. 30. A pessoa jurídica que pretenda celebrar acordo de le-
a expensas da pessoa jurídica sancionada. niência deverá:
I - ser a primeira a manifestar interesse em cooperar para a
apuração de ato lesivo específico, quando tal circunstância for re-
levante;
II - ter cessado completamente seu envolvimento no ato lesivo
a partir da data da propositura do acordo;
III - admitir sua participação na infração administrativa

157
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
IV - cooperar plena e permanentemente com as investigações e III - a natureza de título executivo extrajudicial do instrumento
o processo administrativo e comparecer, sob suas expensas e sem- do acordo, nos termos do inciso II do caput do art. 585 da Lei nº
pre que solicitada, aos atos processuais, até o seu encerramento; e 5.869, de 11 de janeiro de 1973 ; e
V - fornecer informações, documentos e elementos que com- IV - a adoção, aplicação ou aperfeiçoamento de programa de
provem a infração administrativa. integridade, conforme os parâmetros estabelecidos no Capítulo IV.
§ 1º O acordo de leniência de que trata o caput será proposto Art. 38. A Controladoria-Geral da União poderá conduzir e jul-
pela pessoa jurídica, por seus representantes, na forma de seu es- gar os processos administrativos que apurem infrações administra-
tatuto ou contrato social, ou por meio de procurador com poderes tivas previstas na Lei nº 12.846, de 2013 , na Lei nº 8.666, de 1993
específicos para tal ato, observado o disposto no art. 26 da Lei nº , e em outras normas de licitações e contratos, cujos fatos tenham
12.846, de 2013 . sido noticiados por meio do acordo de leniência.
§ 2º A proposta do acordo de leniência poderá ser feita até a Art. 39. Até a celebração do acordo de leniência pelo Ministro
conclusão do relatório a ser elaborado no PAR. de Estado Chefe da Controladoria-Geral da União, a identidade da
Art. 31. A proposta de celebração de acordo de leniência pode- pessoa jurídica signatária do acordo não será divulgada ao público,
rá ser feita de forma oral ou escrita, oportunidade em que a pessoa ressalvado o disposto no § 1º do art. 31.
jurídica proponente declarará expressamente que foi orientada a Parágrafo único. A Controladoria-Geral da União manterá res-
respeito de seus direitos, garantias e deveres legais e de que o não trito o acesso aos documentos e informações comercialmente sen-
atendimento às determinações e solicitações da Controladoria-Ge- síveis da pessoa jurídica signatária do acordo de leniência.
ral da União durante a etapa de negociação importará a desistência Art. 40. Uma vez cumprido o acordo de leniência pela pessoa
da proposta. jurídica colaboradora, serão declarados em favor da pessoa jurídi-
§ 1º A proposta apresentada receberá tratamento sigiloso e o ca signatária, nos termos previamente firmados no acordo, um ou
acesso ao seu conteúdo será restrito aos servidores especificamen- mais dos seguintes efeitos:
te designados pela Controladoria-Geral da União para participar da I - isenção da publicação extraordinária da decisão administra-
negociação do acordo de leniência, ressalvada a possibilidade de a tiva sancionadora;
proponente autorizar a divulgação ou compartilhamento da exis- II - isenção da proibição de receber incentivos, subsídios, sub-
tência da proposta ou de seu conteúdo, desde que haja anuência venções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicos
da Controladoria-Geral da União. e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo Poder Pú-
§ 2º Poderá ser firmado memorando de entendimentos entre blico;
a pessoa jurídica proponente e a Controladoria-Geral da União para III - redução do valor final da multa aplicável, observado o dis-
formalizar a proposta e definir os parâmetros do acordo de leniên- posto no art. 23; ou
cia. IV - isenção ou atenuação das sanções administrativas previs-
§ 3º Uma vez proposto o acordo de leniência, a Controladoria- tas nos art. 86 a art. 88 da Lei nº 8.666, de 1993 , ou de outras
-Geral da União poderá requisitar os autos de processos adminis- normas de licitações e contratos.
trativos em curso em outros órgãos ou entidades da administração Parágrafo único. Os efeitos do acordo de leniência serão esten-
pública federal relacionados aos fatos objeto do acordo. didos às pessoas jurídicas que integrarem o mesmo grupo econô-
Art. 32. A negociação a respeito da proposta do acordo de leni- mico, de fato e de direito, desde que tenham firmado o acordo em
ência deverá ser concluída no prazo de cento e oitenta dias, conta- conjunto, respeitadas as condições nele estabelecidas.
do da data de apresentação da proposta.
Parágrafo único. A critério da Controladoria-Geral da União, CAPITULO IV
poderá ser prorrogado o prazo estabelecido no caput , caso pre- DO PROGRAMA DE INTEGRIDADE
sentes circunstâncias que o exijam.
Art. 33. Não importará em reconhecimento da prática do ato Art. 41. Para fins do disposto neste Decreto, programa de in-
lesivo investigado a proposta de acordo de leniência rejeitada, da tegridade consiste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto
qual não se fará qualquer divulgação, ressalvado o disposto no § 1º de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria
do art. 31. e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de
Art. 34. A pessoa jurídica proponente poderá desistir da pro- códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes com objetivo
posta de acordo de leniência a qualquer momento que anteceda a de detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos
assinatura do referido acordo. praticados contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
Art. 35. Caso o acordo não venha a ser celebrado, os documen- Parágrafo Único. O programa de integridade deve ser estrutu-
tos apresentados durante a negociação serão devolvidos, sem re- rado, aplicado e atualizado de acordo com as características e riscos
tenção de cópias, à pessoa jurídica proponente e será vedado seu atuais das atividades de cada pessoa jurídica, a qual por sua vez
uso para fins de responsabilização, exceto quando a administração deve garantir o constante aprimoramento e adaptação do referido
pública federal tiver conhecimento deles independentemente da programa, visando garantir sua efetividade.
apresentação da proposta do acordo de leniência. Art. 42. Para fins do disposto no § 4º do art. 5º, o programa de
Art. 36. O acordo de leniência estipulará as condições para as- integridade será avaliado, quanto a sua existência e aplicação, de
segurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo, acordo com os seguintes parâmetros:
do qual constarão cláusulas e obrigações que, diante das circuns- I - comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, inclu-
tâncias do caso concreto, reputem-se necessárias. ídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao
Art. 37. O acordo de leniência conterá, entre outras disposi-
programa;
ções, cláusulas que versem sobre:
II - padrões de conduta, código de ética, políticas e procedi-
I - o compromisso de cumprimento dos requisitos previstos nos
mentos de integridade, aplicáveis a todos os empregados e admi-
incisos II a V do caput do art. 30;
nistradores, independentemente de cargo ou função exercidos;
II - a perda dos benefícios pactuados, em caso de descumpri-
mento do acordo;

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
III - padrões de conduta, código de ética e políticas de integri- § 3º Na avaliação de microempresas e empresas de pequeno
dade estendidas, quando necessário, a terceiros, tais como, forne- porte, serão reduzidas as formalidades dos parâmetros previstos
cedores, prestadores de serviço, agentes intermediários e associa- neste artigo, não se exigindo, especificamente, os incisos III, V, IX,
dos; X, XIII, XIV e XV do caput .
IV - treinamentos periódicos sobre o programa de integridade; § 4º Caberá ao Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Ge-
V - análise periódica de riscos para realizar adaptações neces- ral da União expedir orientações, normas e procedimentos com-
sárias ao programa de integridade; plementares referentes à avaliação do programa de integridade de
VI - registros contábeis que reflitam de forma completa e pre- que trata este Capítulo.
cisa as transações da pessoa jurídica; § 5º A redução dos parâmetros de avaliação para as microem-
VII - controles internos que assegurem a pronta elaboração e presas e empresas de pequeno porte de que trata o § 3º poderá ser
confiabilidade de relatórios e demonstrações financeiros da pessoa objeto de regulamentação por ato conjunto do Ministro de Estado
jurídica; Chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa e do Ministro de
VIII - procedimentos específicos para prevenir fraudes e ilícitos Estado Chefe da Controladoria-Geral da União.
no âmbito de processos licitatórios, na execução de contratos ad-
ministrativos ou em qualquer interação com o setor público, ainda CAPÍTULO V
que intermediada por terceiros, tal como pagamento de tributos, DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS E SUS-
sujeição a fiscalizações, ou obtenção de autorizações, licenças, per- PENSAS E DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS PUNIDAS
missões e certidões;
IX - independência, estrutura e autoridade da instância interna Art. 43. O Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspen-
responsável pela aplicação do programa de integridade e fiscaliza- sas - CEIS conterá informações referentes às sanções administrati-
ção de seu cumprimento; vas impostas a pessoas físicas ou jurídicas que impliquem restrição
X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e ampla- ao direito de participar de licitações ou de celebrar contratos com
mente divulgados a funcionários e terceiros, e de mecanismos des- a administração pública de qualquer esfera federativa, entre as
tinados à proteção de denunciantes de boa-fé; quais:
XI - medidas disciplinares em caso de violação do programa de I - suspensão temporária de participação em licitação e impedi-
integridade; mento de contratar com a administração pública, conforme dispos-
XII - procedimentos que assegurem a pronta interrupção de ir- to no inciso III do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993 ;
regularidades ou infrações detectadas e a tempestiva remediação II - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
dos danos gerados; administração pública, conforme disposto no inciso IV do caput do
XIII - diligências apropriadas para contratação e, conforme o art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993 ;
caso, supervisão, de terceiros, tais como, fornecedores, prestado- III - impedimento de licitar e contratar com União, Estados, Dis-
res de serviço, agentes intermediários e associados; trito Federal ou Municípios, conforme disposto no art. 7º da Lei nº
XIV - verificação, durante os processos de fusões, aquisições e 10.520, de 17 de julho de 2002 ;
reestruturações societárias, do cometimento de irregularidades ou IV - impedimento de licitar e contratar com a União, Estados,
ilícitos ou da existência de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas Distrito Federal ou Municípios, conforme disposto no art. 47 da Lei
envolvidas; nº 12.462, de 4 de agosto de 2011 ;
XV - monitoramento contínuo do programa de integridade vi- V - suspensão temporária de participação em licitação e im-
sando seu aperfeiçoamento na prevenção, detecção e combate à pedimento de contratar com a administração pública, conforme
ocorrência dos atos lesivos previstos no art. 5º da Lei nº 12.846, disposto no inciso IV do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 18 de
de 2013 ; e novembro de 2011 ; e
XVI - transparência da pessoa jurídica quanto a doações para VI - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
candidatos e partidos políticos. administração pública, conforme disposto no inciso V do caput do
§ 1º Na avaliação dos parâmetros de que trata este artigo, se- art. 33 da Lei nº 12.527, de 2011.
rão considerados o porte e especificidades da pessoa jurídica, tais Art. 44. Poderão ser registradas no CEIS outras sanções que
como: impliquem restrição ao direito de participar em licitações ou de ce-
I - a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores; lebrar contratos com a administração pública, ainda que não sejam
II - a complexidade da hierarquia interna e a quantidade de de natureza administrativa.
departamentos, diretorias ou setores; Art. 45. O Cadastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP con-
III - a utilização de agentes intermediários como consultores ou terá informações referentes:
representantes comerciais; I - às sanções impostas com fundamento na Lei nº 12.846, de
IV - o setor do mercado em que atua; 2013 ; e
V - os países em que atua, direta ou indiretamente; II - ao descumprimento de acordo de leniência celebrado com
VI - o grau de interação com o setor público e a importância de fundamento na Lei nº 12.846, de 2013 .
autorizações, licenças e permissões governamentais em suas ope- Parágrafo único. As informações sobre os acordos de leniência
rações; celebrados com fundamento na Lei nº 12.846, de 2013 , serão re-
VII - a quantidade e a localização das pessoas jurídicas que in- gistradas no CNEP após a celebração do acordo, exceto se causar
tegram o grupo econômico; e prejuízo às investigações ou ao processo administrativo.
VIII - o fato de ser qualificada como microempresa ou empresa Art. 46. Constarão do CEIS e do CNEP, sem prejuízo de outros
de pequeno porte. a serem estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, dados e
§ 2º A efetividade do programa de integridade em relação ao informações referentes a:
ato lesivo objeto de apuração será considerada para fins da avalia- I - nome ou razão social da pessoa física ou jurídica sancionada;
ção de que trata o caput .

159
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
II - número de inscrição da pessoa jurídica no Cadastro Nacio- Denota-se que os contratos da Administração podem ser nas
nal da Pessoa Jurídica - CNPJ ou da pessoa física no Cadastro de formas:
Pessoas Físicas - CPF; Contratos Administrativos: são aqueles comandados pelas
III - tipo de sanção; normas de Direito Público.
IV - fundamentação legal da sanção; Contratos de Direito Privado firmados pela Administração:
V - número do processo no qual foi fundamentada a sanção; são aqueles comandados por normas de Direito Privado.
VI - data de início de vigência do efeito limitador ou impeditivo
da sanção ou data de aplicação da sanção; Princípios
VII - data final do efeito limitador ou impeditivo da sanção, Princípio da legalidade
quando couber; Disposto no art. 37 da CRFB/1988, recebe um conceito como
VIII - nome do órgão ou entidade sancionador; e um produto do Liberalismo, que propagava evidente superioridade
IX - valor da multa, quando couber. do Poder Legislativo por intermédio da qual a legalidade veio a ser
Art. 47. A exclusão dos dados e informações constantes do CEIS bipartida em importantes desdobramentos:
ou do CNEP se dará: 1) Supremacia da lei: a lei prevalece e tem preferência sobre
I - com fim do prazo do efeito limitador ou impeditivo da san- os atos da Administração;
ção; ou 2) Reserva de lei: a apreciação de certas matérias deve ser for-
II -mediante requerimento da pessoa jurídica interessada, após malizada pela legislação, deletando o uso de outros atos de caráter
cumpridos os seguintes requisitos, quando aplicáveis: normativo.
a) publicação da decisão de reabilitação da pessoa jurídica san- Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado como o
cionada, nas hipóteses dos incisos II e VI do caput do art. 43; principal conceito para a configuração do regime jurídico-adminis-
b) cumprimento integral do acordo de leniência; trativo, tendo em vista que segundo ele, a administração pública
c) reparação do dano causado; ou só poderá ser desempenhada de forma eficaz em seus atos execu-
d) quitação da multa aplicada. tivos, agindo conforme os parâmetros legais vigentes. De acordo
Art. 48. O fornecimento dos dados e informações de que tra- com o princípio em análise, todo ato que não possuir base em fun-
tam os art. 43 a art. 46, pelos órgãos e entidades dos Poderes Exe- damentos legais é ilícito.
cutivo, Legislativo e Judiciário de cada uma das esferas de governo,
será disciplinado pela Controladoria-Geral da União. Princípio da impessoalidade
Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988, possui
CAPÍTULO VI duas interpretações possíveis:
DISPOSIÇÕES FINAIS a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Públi-
ca deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonômico
Art. 49. As informações referentes ao PAR instaurado no âm- aos particulares, com o fito de atender a finalidade pública, veda-
bito dos órgãos e entidades do Poder Executivo federal serão re- das a discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo: art. 37,
gistradas no sistema de gerenciamento eletrônico de processos II, da CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com ressalvas ao
administrativos sancionadores mantido pela Controladoria-Geral tratamento que é diferenciado para pessoas que estão se encon-
da União, conforme ato do Ministro de Estado Chefe da Controla- tram em posição fática de desigualdade, com o fulcro de efetivar a
doria-Geral da União. igualdade material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB e art. 5.0, § 2. °,
Art. 50. Os órgãos e as entidades da administração pública, no da Lei 8.112/1990: reserva de vagas em cargos e empregos públicos
exercício de suas competências regulatórias, disporão sobre os efei- para portadores de deficiência.
tos da Lei nº 12.846, de 2013, no âmbito das atividades reguladas, b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações
inclusive no caso de proposta e celebração de acordo de leniência. públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas como
Art. 51. O processamento do PAR não interfere no seguimento feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pelos quais
regular dos processos administrativos específicos para apuração da toda a publicidade dos atos do Poder Público deve possuir caráter
ocorrência de danos e prejuízos à administração pública federal re- educativo, informativo ou de orientação social, nos termos do art.
sultantes de ato lesivo cometido por pessoa jurídica, com ou sem a 37, § 1. °, da CRFB: “dela não podendo constar nomes, símbolos
participação de agente público. ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades
Art. 52. Caberá ao Ministro de Estado Chefe da Controladoria- ou servidores públicos”.
-Geral da União expedir orientações e procedimentos complemen-
tares para a execução deste Decreto. Princípio da moralidade
Art. 53. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a atu-
Brasília, 18 de março de 2015; 194º da Independência e 127º ação administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria. Nesse
da República. diapasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999 ordena
ao administrador nos processos administrativos, a autêntica “atu-
ação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”.
NOÇÕES DE CONTRATOS Exemplo: a vedação do ato de nepotismo inserido da Súmula Vin-
culante 13 do STF. Entretanto, o STF tem afastado a aplicação da
mencionada súmula para os cargos políticos, o que para a doutrina
No desempenho da função administrativa, o Poder Público em geral não parece apropriado, tendo em vista que o princípio da
empraza diversas relações jurídicas com pessoas físicas e jurídicas, moralidade é um princípio geral e aplicável a toda a Administração
públicas e privadas. A partir do momento em que tais relações se Pública, vindo a alcançar, inclusive, os cargos de natureza política.
constituem por intermédio da manifestação bilateral da vontade
das partes, afirmamos que foi celebrado um contrato da Adminis-
tração.

160
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Princípio da publicidade que a doutrina e a jurisprudência passaram a afirmar que a propor-
Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos cionalidade seria um princípio implícito advindo do próprio Estado
do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do art. de Direito.
2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importância que a Embora haja polêmica em relação à existência ou não de dife-
transparência dos atos administrativos guarda estreita relação com renças existentes entre os princípios da razoabilidade e da propor-
o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da CRFB/1988), vin- cionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da fungibilidade
do a possibilitar o exercício do controle social sobre os atos públi- entre os mencionados princípios que se relacionam e forma paritá-
cos praticados pela Administração Pública em geral. Denota-se que ria com os ideais igualdade, justiça material e racionalidade, vindo a
a atuação administrativa obscura e sigilosa é característica típica consubstanciar importantes instrumentos de contenção dos exces-
dos Estados autoritários. Como se sabe, no Estado Democrático de sos cometidos pelo Poder Público.
Direito, a regra determinada por lei, é a publicidade dos atos esta-
tais, com exceção dos casos de sigilo determinados e especificados O princípio da proporcionalidade é subdividido em três
por lei. Exemplo: a publicidade é um requisito essencial para a pro- subprincípios:
dução dos efeitos dos atos administrativos, é uma necessidade de a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado será
motivação dos atos administrativos. adequado quando vier a contribuir para a realização do resultado
pretendido.
Princípio da eficiência b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibição
Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC 19/1998, do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para alcan-
com o fito de substituir a Administração Pública burocrática pela çar os fins perseguidos de interesse público, o Poder Público terá
Administração Pública gerencial. O intuito de eficiência está relacio- o dever de adotar a medida menos agravante aos direitos funda-
nado de forma íntima com a necessidade de célere efetivação das mentais.
finalidades públicas dispostas no ordenamento jurídico. Exemplo: c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma
duração razoável dos processos judicial e administrativo, nos dita- típica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
mes do art. 5.0, LXXVIII, da CRFB/1988, inserido pela EC 45/2004), atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo qual
a restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente justifica-
bem como o contrato de gestão no interior da Administração (art.
da, tendo em vista importância do princípio ou direito fundamental
37 da CRFB) e com as Organizações Sociais (Lei 9.637/1998).
que será efetivado.
Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios que
garantem sua eficiência:
Princípio da supremacia do interesse público sobre o interes-
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se torna
se privado (princípio da finalidade pública)
eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa sem pio-
É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicional,
rar a situação de outrem.
tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em duas
b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplicadas
categorias:
de forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior número
a) interesse público primário: encontra-se relacionado com a
de pessoas, onde os benefícios de “X” superam os prejuízos de “Y”).
necessidade de satisfação de necessidades coletivas promovendo
Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios mencionados
justiça, segurança e bem-estar através do desempenho de ativi-
acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob o prisma
dades administrativas que são prestadas à coletividade, como por
econômico, tendo em vista que a Administração possui a obrigação
exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o fomento, dentre
de considerar outros aspectos fundamentais, como a qualidade do
outros.
serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade, dentre outros as-
b) interesse público secundário: trata-se do interesse do pró-
pectos.
prio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encontra-se
ligando de forma expressa à noção de interesse do erário, imple-
Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
mentado através de atividades administrativas instrumentais que
Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Magna
são necessárias ao atendimento do interesse público primário.
Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu no
Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento, aos agentes
direito norte-americano por intermédio da evolução jurispruden-
público e ao patrimônio público.
cial da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas 5.’ e 14.’
da Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de lado o seu
Princípio da continuidade
caráter procedimental (procedural due process of law: direito ao
Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo que
contraditório, à ampla defesa, dentre outras garantias processuais)
tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não pode
para, por sua vez, incluir a versão substantiva (substantive due pro-
ser interrompida, levando em conta a necessidade permanente de
cess of law: proteção das liberdades e dos direitos dos indivíduos
satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela legislação.
contra abusos do Estado).
Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço pú-
Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem sendo
blico, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, prestador
aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem como da
do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá prestar o
constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, demons-
serviço de forma adequada, em consonância com as normas vigen-
trando ser um dos mais importantes instrumentos de defesa dos
tes e, em se tratando dos concessionários, devendo haver respeito
direitos fundamentais dispostos na legislação pátria.
às condições do contrato de concessão. Em resumo, a continuidade
O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das
pressupõe a regularidade, isso por que seria inadequado exigir que
teorias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do momento
o prestador continuasse a prestar um serviço de forma irregular.
no qual foi reconhecida a existência de direitos perduráveis ao ho-
Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não
mem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramente no âmbito
impor que todos os serviços públicos sejam prestados diariamente
do Direito Administrativo, no “direito de polícia”, vindo a receber,
e em período integral. Na realidade, o serviço público deverá ser
na Alemanha, dignidade constitucional, a partir do momento em
prestado sempre na medida em que a necessidade da população

161
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessidade absoluta da ne- Desta forma, o princípio constitucional da participação é o pio-
cessidade relativa, onde na primeira, o serviço deverá ser prestado neiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas jurídico-
sem qualquer tipo interrupção, tendo em vista que a população ne- -políticas, sendo também uma forma de controle social, devido aos
cessita de forma permanente da disponibilidade do serviço. Exem- seus institutos participativos e consensuais.
plos: hospitais, distribuição de energia, limpeza urbana, dentre ou-
tros. Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
boa-fé
Princípio da autotutela Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de re- boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham entre si.
ver os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício de O princípio da segurança jurídica está dividido em dois senti-
legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de conveniência dos:
e de oportunidade, de acordo com a previsão contida nas Súmulas a) objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando
346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei 9.784/1999.
em conta a necessidade de que sejam respeitados o direito adquiri-
A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades,
do, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI, da CRFB);
bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela
b) subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas re-
própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato ilegal
lacionadas às expectativas geradas por promessas e atos estatais.
e revogação de ato inconveniente ou inoportuno.
Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se que
esta possui limites importantes que, por sua vez, são impostos ante Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções:
à necessidade de respeito à segurança jurídica e à boa-fé dos parti- a) objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos
culares de modo geral. particulares;
b) subjetiva: está ligada a relação com o caráter psicológico
Princípios da consensualidade e da participação daquele que atuou em conformidade com o direito. Esta caracteri-
Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade zação da confiança legítima depende em grande parte da boa-fé do
tornaram-se decisivas para as democracias contemporâneas, pelo particular, que veio a crer nas expectativas que foram geradas pela
fato de contribuem no aprimoramento da governabilidade, vindo atuação do Estado.
a fazer a praticar a eficiência no serviço público, propiciando mais Condizente à noção de proteção da confiança legítima, verifi-
freios contra o abuso, colocando em prática a legalidade, garan- ca-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utilização
tindo a atenção a todos os interesses de forma justa, propiciando abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que termi-
decisões mais sábias e prudentes usando da legitimidade, desen- nam por surpreender os seus receptores.
volvendo a responsabilidade das pessoas por meio do civismo e Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança jurí-
tornando os comandos estatais mais aceitáveis e mais fáceis de ser dica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé, com
obedecidos. supedâneo em fundamento constitucional que se encontra implí-
Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre o cito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art. 1.° da
Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal, veio a CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfei-
assumir um importante papel no condizente ao processo de iden- to e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI, da CRFB/1988.
tificação de interesses públicos e privados que se encontram sob a Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o
tutela da Administração Pública. princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei
Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensualida- 9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança legíti-
de e da participação, a administração termina por voltar-se para a ma, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos:
coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas e aspirações a) ato da Administração suficientemente conclusivo para gerar
da sociedade, passando a ter a ter atividades de mediação para no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes casos:
resolver e compor conflitos de interesses entre várias partes ou confiança do afetado de que a Administração atuou corretamente;
entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não mais colocando confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na relação jurídi-
o ato como instrumento exclusivo de definição e atendimento do ca que mantém com a Administração; ou confiança do afetado de
interesse público, mas sim em forma de atividade aberta para a co- que as suas expectativas são razoáveis;
laboração dos indivíduos, passando a ter importância o momento b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade admi-
do consenso e da participação. nistrativa, que, independentemente do caráter vinculante, orien-
De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na to- tam o cidadão a adotar determinada conduta;
mada de decisões administrativas está refletido em alguns institu- c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma situa-
tos jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de informações, ção jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao patrimônio
conselhos municipais, ombudsman, debate público, assessoria jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade é confiável;
externa ou pelo instituto da audiência pública. Salienta-se: a de- d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con-
cisão final é do Poder Público; entretanto, ele deverá orientar sua fiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou to-
decisão o mais próximo possível em relação à síntese extraída na lerância da Administração); e
audiência do interesse público. Nota-se que ocorre a ampliação da e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obriga-
participação dos interessados na decisão”, o que poderá gerar tan- ções no caso.
to uma “atuação coadjuvante” como uma “atuação determinante
por parte de interessados regularmente habilitados à participação” Elementos
(MOREIRA NETO, 2006, p. 337-338). Aduz-se que sobre esta matéria, a lei nada menciona a respei-
to, porém, a doutrina tratou de a conceituar e estabelecer alguns
paradigmas. Refere-se à classificação que a doutrina faz do contra-
to administrativo. Desta forma, o contrato administrativo é:

162
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
1) Comutativo: trata-se dos contratos de prestações certas e H) Onerosidade – o contrato possui valor econômico conven-
determinadas. Possui prestação e contraprestação já estabelecidas cionado;
e equivalentes. Nesta espécie de contrato, as partes, além de re- I) Comutatividade – os contratos exigem equidade das presta-
ceberem da outra prestação proporcional à sua, podem apreciar ções do contratante e do contratado, sendo que estas devem ser
imediatamente, verificando previamente essa equivalência. Res- previamente definidas e conhecidas;
salta-se que o contrato comutativo se encontra em discordância J) Caráter sinalagmático – constituído de obrigações recíprocas
do contrato aleatório que é aquele contrato por meio do qual, as tanto para a Administração contratante como para o contratado;
partes se arriscam a uma contraprestação que por ora se encontra K) Natureza de contrato de adesão – as cláusulas dos contratos
desconhecida ou desproporcional, dizendo respeito a fatos futuros. administrativos devem ser fixadas de forma unilateral pela Admi-
Exemplo: contrato de seguro, posto que uma das partes não sabe nistração.
se terá que cumprir alguma obrigação, e se tiver, nem sabe qual Registra-se que deve constar no edital da licitação, a minuta
poderá ser. do contrato que será celebrado. Desta maneira, os licitantes ao
fazerem suas propostas, estão acatando os termos contratuais es-
Com referência a esse tipo de contrato, aduz o art. 4 do Decre- tabelecidos pela Administração. Ainda que o contrato não esteja
to-Lei n.7.568/2011: precedido de licitação, a doutrina aduz que é sempre a administra-
Art. 4º A celebração de convênio ou contrato de repasse com ção quem estabelece as cláusulas contratuais, pelo fato de estar
entidades privadas sem fins lucrativos será precedida de chama- vinculada às normas e também ao princípio da indisponibilidade do
mento público a ser realizado pelo órgão ou entidade concedente, interesse público;
visando à seleção de projetos ou entidades que tornem mais eficaz L) Caráter intuitu personae – por que os contratos administra-
o objeto do ajuste. (Redação dada pelo Decreto n. 7.568, de 2011) tivos são firmados tomando em conta as características pessoais do
2) Oneroso: por ter natureza bilateral, comporta vantagens contratado. Por esta razão, de modo geral, é proibida a subcontra-
para ambos os contraentes, tendo em vista que estes sofrem um tação total ou parcial do objeto contratado, a associação do contra-
sacrifício patrimonial equivalente a um proveito almejado. Existe tado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem
um benefício recebido que corresponde a um sacrifício, por meio como a fusão, cisão ou incorporação, cuja desobediência é motivo
do qual, as partes gozam de benefícios e deveres. Ocorre de forma para rescisão contratual (art. 78, VI, Lei 8.666/1993). Entretanto, a
contrária do contrato gratuito, como a doação, posto que neste, só regra anterior é amparada pelo art. 72 da mesma lei, que determi-
uma das partes possui obrigação, que é entregar o bem, já a outra, na a possibilidade de subcontratação de partes de obra, serviço ou
não tem. fornecimento, até o limite admitido pela Administração. Aduz-se
3) Formal: é dotado de condições específicas previstas na le- que a possibilidade de subcontratação é abominada pela doutrina,
gislação para que tenha validade. A formalização do contrato en- tendo em vista vez que permite que uma empresa que não partici-
contra-se paramentada no art. 60 Lei 8.666/1993. Denota-se, por pou por meios legais da licitação de forma indireta, acabe contra-
oportuno, que o contrato administrativo é celebrado pela forma tando com o Poder Público, o que ofende o princípio da licitação
escrita, nos ditames art. 60, parágrafo único. previsto no art. 37, XXI, da Constituição Federal.

Características Formalização
A doutrina não é unânime quanto às características dos contra- Em regra, os contratos administrativos são precedidos da reali-
tos administrativos. Ainda assim, de modo geral, podemos aduzir zação de licitação, ressalvado nas hipóteses por meio das quais a lei
que são as seguintes: estabelece a dispensa ou inexigibilidade deste procedimento. Além
A) Presença da Administração Pública – nos contratos admi- disso, a minuta do futuro contrato a ser firmado pela Administração
nistrativos, a Administração Pública atua na relação contratual na com o licitante vencedor, constitui anexo do edital de licitação, dele
posição de Poder Público, por esta razão, é dotada de um rol de sendo parte integrante (art. 40, § 2º, III).
prerrogativas que acabam por a colocar em posição de hierarquia Os contratos administrativos são em regra, formais e escritos.
diante do particular, sendo que tais prerrogativas se materializam Registre-se que o instrumento de contrato, á ato obrigatório
nas cláusulas exorbitantes; nas situações de concorrência ou de tomadas tomada de preços,
B) Finalidade pública – do mesmo modo que nos contratos de bem como ainda nas situações de dispensa ou inexigibilidade de
direito privado, nos contratos administrativos sempre deverá estar licitação, nas quais os valores contratados estejam elencados nos
presente a incessante busca da satisfação do interesse público, sob limites daquelas duas modalidades licitatórias.
pena de incorrer em desvio de poder; Aduz-se que nos demais casos, o termo de contrato será facul-
C) Procedimento legal – são estabelecidos por meio de lei pro- tativo, fato que enseja à Administração adotar o instrumento con-
cedimentos de cunho obrigatório para a celebração dos contratos tratual ou, ainda, vir a optar por substituí-lo por outro instrumento
administrativos, que contém, dentre outras medidas, autorização hábil a documentar a avença, conforme quadro a seguir (art. 62, §
legislativa, justificativa de preço, motivação, autorização pela au- 2º):
toridade competente, indicação de recursos orçamentários e lici- Todo contrato administrativo tem natureza de contrato de
tação; adesão, pois todas as cláusulas contratuais são fixadas pela Admi-
D) Bilateralidade – independentemente de serem de direito nistração. Contrato de adesão é aquele em que todas as cláusulas
privado ou de direito público, os contratos são formados a partir de são fixadas por apenas uma das partes, no caso do contrato admi-
manifestações bilaterais de vontades da Administração contratante nistrativo, a Administração.
e do particular contratado;
E) Consensualidade – são o resultado de um acordo de vonta- Prazo
des plenas e livres, e não de ato impositivo; Tendo em vista que os contratos administrativos devem ter
F) Formalidade – não basta que haja a vontade das partes para prazo determinado, sua vigência deve ficar adjunta à vigência dos
que o contrato administrativo se aperfeiçoe, sendo necessário o respectivos créditos orçamentários. Assim sendo, em regra, os con-
cumprimento de determinações previstas na Lei 8.666/1993; tratos terão duração de um ano, levando em conta que esse é o
prazo de vigência dos créditos orçamentários que são passados aos

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
órgãos e às entidades. Nos ditames da Lei 4.320/1964, o crédito previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
orçamentário tem duração de um ano, vindo a coincidir com o ano impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força
civil. maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
Entretanto, o art. 57 da Lei 8.666/1993 determina outras situa- mica extraordinária e extracontratual. (Redação dada pela Lei nº
ções que não seguem ao disposto na regra acima. Vejamos: 8.883, de 1994)
• Aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas me- Desta maneira, percebe-se que o contrato administrativo per-
tas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorro- mite de forma regulamentada, que haja alteração em suas cláu-
gados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sulas durante sua execução. Registre-se que contrato não é um
sido previsto no ato convocatório; documento rígido e inflexível, tendo em vista que o mesmo pode
• À prestação de serviços a serem executados de forma contí- sofrer alterações para que venha a se adequar às modificações que
nua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e suces- forem preciso durante a execução contratual. Além disso, a lei fixa
sivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais percentuais por meio dos quais a Administração pode promover
vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; (Reda- alterações no objeto do contrato, restando o contratado obrigado
ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998); a acatar as modificações realizadas, desde que dentro dos percen-
• Ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de tuais fixados pela legislação.
informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48
(quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato. Revisão
De acordo com a Carta Magna, toda programação de longo A princípio, denota-se que as causas que justificam a inexecu-
prazo do Governo tem o dever de estar contida do plano plurianual. ção contratual possuem o condão de gerar apenas a interrupção
Desta maneira, estando o contrato contemplado nessa programa- momentânea da execução contratual, bem como a total impossibi-
ção a longo prazo – PPA –, sua duração será estendida enquanto lidade de sua conclusão com a consequente rescisão. Em tais situ-
existir a previsão nessa lei específica. ações, pelo ato de as situações não decorrem de culpa do contra-
Em relação aos serviços contínuos na Administração Pública, tado, este poderá vir a paralisar a execução de forma que não seja
denota-se que são aqueles que exigem uma permanência do servi- considerado descumpridor. Assegurado pela CFB/1988, em seu art.
ço. Sendo uma espécie de serviço que é mais coerente manter por 37, XXI, o equilíbrio econômico-financeiro da relação contratual
um período maior ao invés de ficar renovando e trocando todos os consiste na manutenção das condições de pagamento estabeleci-
anos. Por isso, em razão da Lei n. 12.349/2010, foi acrescentado das quando do início do contrato, de forma que a relação se mante-
mais um dispositivo que determina que o contrato pode ter dura- nha estável entre as obrigações do contratado e haja correta e justa
ção superior a um ano, que é a regra geral retribuição da Administração pelo fornecimento do bem, execução
de obra ou prestação de serviço.
Alteração Havendo qualquer razão que cause a alteração do contrato
Em consonância com o art. 65 da Lei 8.666/1993, Lei de Lici- sem que o contratado tenha culpa, tal razão terá que ser restabele-
tações, a Administração Pública possui o poder de fazer alterações cida. Registra-se que essa garantia é de cunho constitucional. Nesse
durante a execução de seus contratos de maneira unilateral, inde- sentido, caso o contrato seja atingido por acontecimentos posterio-
pendentemente da vontade do ente contratado. res à sua celebração, vindo a onerar o contratado, o equilíbrio eco-
Infere-se aqui, que o contrato administrativo possui o condão nômico-financeiro inicial deverá, nos termos legais que lhe assiste,
de ser alterado unilateralmente ou por meio de acordo. Além dis- ser restabelecido por intermédio da recomposição contratual. Des-
so, ressalte-se que as alterações unilaterais podem ser de ordem ta maneira, a inexecução sem culpa do contratado virá a acarretar
qualitativa ou quantitativa. Vejamos o dispositivo legal acerca do a revisão contratual, caso tenha havido alteração do equilíbrio eco-
assunto: nômico-financeiro
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: Prorrogação
I - unilateralmente pela Administração: Via regra geral, os contratos administrativos regidos pela Lei
a) quando houver modificação do projeto ou das especifica- 8.666/1993 possuem duração determinada e vinculada à vigência
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; dos respectivos créditos orçamentários. No entanto, há exceções a
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de- essa regra nas seguintes situações:
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, a) Quando o contrato se referir à execução dos projetos cujos
nos limites permitidos por esta Lei; produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano
II - por acordo das partes: Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato con-
b) quando necessária a modificação do regime de execução da vocatório (art. 57, I);
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de b) Quando o contrato for relativo à prestação de serviços a se-
verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais ori- rem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração
ginários; prorrogada por iguais e sucessivos períodos visando à obtenção de
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor a 60 meses (art. 57, II);
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela- c) No caso do aluguel de equipamentos e da utilização de pro-
ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra- gramas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; de até 48 meses após o início da vigência do contrato (art. 57, IV);
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial- d) Nos contratos celebrados com dispensa de licitação pelos
mente entre os encargos do contratado e a retribuição da adminis- seguintes motivos:
tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, I) possibilidade de comprometimento da segurança nacional;
objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini-
cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou

164
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
II) para as compras de material de uso das forças armadas, Renovação
exceto materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver Cuida-se a renovação do contrato da inovação no todo ou em
necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de parte do ajuste, desse que mantido seu objeto inicial. A finalidade
apoio logístico naval, aéreo e terrestre; da renovação contratual é a manutenção da continuidade do servi-
III) para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou ço público, tendo em vista a admissão da recontratação direta do
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexi- atual contratado, isso, desde que as circunstâncias a justifiquem e
dade tecnológica e defesa nacional; permitam seu enquadramento numa das hipóteses dispostas por
IV) para contratação de empresas relacionadas à pesquisa e lei de dispensa ou inexigibilidade de licitação, como acontece por
desenvolvimento tecnológico, conforme previsto nos arts. 3º, 4º, exemplo, quando o contrato original é extinto, vindo a faltar ínfima
5º e 20 da Lei 10.973/2004. parte da obra, serviço ou fornecimento para concluída, ou quando
Denota-se que esses contratos terão vigência por até 120 me- durante a execução, surge a necessidade de reparação ou amplia-
ses, por interesse da Administração (art. 57, V, dispositivo incluído ção não prevista, mas que pode ser feita pelo pessoal e equipamen-
pela Lei 12.349, de 2010).
tos que já se encontram em atividade.
É importante registrar que em se tratando de casos de contra-
Via regra geral, a renovação é realizada por meio de nova lici-
tos celebrados com dispensa de licitação por motivos de emergên-
tação, com a devida observância de todas as formalidades legais.
cia ou calamidade pública, a duração do contrato deverá se esten-
Ocorrendo isso, a lei impõe vedações ao estabelecimento no edital
der apenas pelo período necessário ao afastamento da urgência,
tendo prazo máximo de 180 dias, contados da ocorrência da emer- de cláusulas que venham a favorecer o atual contratado em preju-
gência ou calamidade, vedada a sua prorrogação (art. 24, IV). ízo dos demais concorrentes, com exceção das que prevejam sua
Embora a lei determine a proibição da prorrogação de contrato indenização por equipamentos ou benfeitorias que serão utilizados
com fundamento na dispensa de licitação por emergência ou cala- pelo futuro contratado.
midade pública, ressalta-se que o TCU veio a consolidar entendi-
mento de que pode haver exceções a essa regra em algumas hipó- Reajuste contratual
teses restritas, advindas de fato superveniente, e também, desde Reajuste contratual é uma das formas de reequilíbrio econô-
que a duração do contrato se estenda por período de tempo razo- mico-financeiro dos contratos. É caracterizado por fazer parte de
ável e suficiente para enfrentar a situação emergencial (AC- 1941- uma fórmula prevista no contrato que é utilizada para proteger os
39/07-P). contratados dos efeitos inflacionários.
Em análise ao art. 57, § 3º, da Lei 8.666/1993, percebe-se que Infere-se que a Lei 8.666/1993, no art. 55, III, prevê o reajus-
este proíbe a existência de contrato administrativo com prazo de te como cláusula estritamente necessária em todo contrato a que
vigência indeterminado. No entanto, tal regra não é aplicada ao estabeleça o preço e as condições de pagamento, os critérios, da-
contrato de concessão de direito real de uso de terrenos públicos ta-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de
para finalidades específicas de regularização fundiária de interesse atualização monetária entre a data do adimplemento das obriga-
social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, ções e a do efetivo pagamento.
aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comuni-
dades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modali- Execução e inexecução
dades de interesse social em áreas urbanas, que poderá ser firma- Por determinação legal a execução do contrato será acompa-
do por tempo certo ou indeterminado (Decreto-lei 271/1967, art. nhada e também fiscalizada por um representante advindo da Ad-
7º, com redação dada pela Lei 11.481/2007). ministração designado, sendo permitida a contratação de terceiros
Afirma-se que a princípio, as partes devem se prestar ao fiel para assisti-lo e subsidiá-lo de informações relativas a essa atribui-
cumprimento dos prazos previstos nos contratos. Entretanto, exis- ção.
tem situações nas quais não é possível o cumprimento da aven- Deverá ser anotado em registro próprio todas as ocorrências
ça no prazo originalmente previsto. Ocorrendo isso, a lei admite a pertinentes à execução do contrato, determinando o que for pre-
prorrogação dos prazos contratuais, desde que tal fato seja justifi- ciso à regularização das faltas bem como dos defeitos observados.
cado e autorizado de forma antecedente pela autoridade compe- Ressalta-se, que tanto as decisões como as providências que ultra-
tente para celebrar o contrato, o que é aceito pela norma nos casos passarem a competência do representante deverão ser requeridas
em que houver (art. 57, § 1º): a seus superiores em tempo suficiente para a adoção das medidas
A) alteração do projeto ou especificações, pela Administração; que se mostrarem pertinentes.
B) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra- Em relação ao contratado, deverá manter preposto, admitido
nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi- pela Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo
ções de execução do contrato; na execução contratual. O contratado possui como obrigação o de-
C) interrupção da execução do contrato ou diminuição do rit- ver de reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas
mo de trabalho por ordem e no interesse da Administração; au- custas, no total ou em parte, o objeto do contrato no qual forem
mento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos encontrados vícios, defeitos ou incorreções advindas da execução
limites permitidos por essa Lei; ou de materiais empregados.
Além do exposto a respeito do contratado, este também é res-
D) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
ponsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a
terceiro reconhecido pela Administração em documento contem-
terceiros, advindos de sua culpa ou dolo na execução contratual,
porâneo à sua ocorrência; omissão ou atraso de providências a car-
não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou
go da Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos
o acompanhamento por meio do órgão interessado. O contratado
de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na também se encontra responsável pelos encargos trabalhistas, pre-
execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis videnciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do con-
aos responsáveis. trato.

165
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Em se tratando da inexecução do contrato, percebe-se que a São exemplos de cláusulas exorbitantes: a viabilidade de alte-
mesma está prevista no art. 77 da Lei de licitações 8.666/93. Ve- ração unilateral do contrato por intermédio da Administração, sua
jamos: rescisão unilateral, a fiscalização do contrato, a possibilidade de
Art. 77 - A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua aplicação de penalidades por inexecução e a ocupação, na hipótese
rescisão com as consequências contratuais e as previstas em lei ou de rescisão contratual.
regulamento.
Anulação
Observação importante: Cumpre Ressaltar que a Administra- Apenas a Administração Pública detém o poder de executar a
ção Pública responde solidariamente com o contratado pelos en- anulação unilateral. Isso significa que caso o contratado ou outro
cargos previdenciários resultantes da execução do contrato interessado desejem fazer a anulação contratual, terão que recor-
rer às esferas judiciais para conseguir a anulação. A anulação do
Pondera-se que a inexecução pode ocorrer de forma parcial ou contrato é advinda de ilegalidade constatada na sua execução ou,
total, posto que ocorrendo a inexecução parcial de uma das par- ainda, na fase de licitação, posto que os vícios gerados no procedi-
tes, não é observado um prazo disposto em cláusula específica em mento licitatório causam a anulação do contrato.
havendo a inexecução total, se o contratado não veio a executar Nos parâmetros do art. 59 da Lei de Licitações, é demonstrado
o objeto do contrato. Infere-se que qualquer dessas situações são que a nulidade não possui o condão de exonerar a Administração
passíveis de propiciar responsabilidade para o inadimplente, resul- do dever de indenização ao contratado pelo que este houver feito
tando em sanções contratuais e legais proporcionais à falta come- até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos causados
tida pela parte inadimplente, vindo tais sanções a variar desde as comprovados, desde que não lhe seja imputável, vindo a promover
multas, a revisão ou a rescisão do contrato. a responsabilização de quem deu motivo ao ocorrido. Assim sendo,
Registre-se que a inexecução do contrato pode ser o resul- caso ocorra anulação, o contratado deverá auferir ganhos pelo que
tado de um ato ou omissão da parte contratada, tendo tal parte já executou, pois, caso contrário, seria considerado enriquecimen-
agido com negligência, imprudência e imperícia. Podem também to ilícito da Administração Pública. Porém, caso seja o contratado
ter acontecido causas justificadoras por meio das quais o contra- que tenha dado causa à nulidade, infere-se que este não terá esse
tante tenha dado causa ao descumprimento das cláusulas contra- mesmo direito.
tuais, vindo a agir sem culpa, podendo se desvencilhar de qualquer
responsabilidade assumida, tendo em vista que o comportamento Observação importante: A anulação possui efeito ex tunc, ou
ocorreu de forma alheia à vontade da parte. seja, retroativo (voltado para o sentido passado), posto que a lei
Por fim, ressalte-se que a inexecução total ou parcial do con- dispõe que ela acaba por desconstituir os efeitos produzidos e im-
trato enseja à Administração Pública o poder de aplicar as sanções pede que se produzam novos efeitos.
de natureza administrativa dispostas no art. 87:
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Adminis- Revogação
tração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as A questão da possibilidade de desfazimento do processo de
seguintes sanções: licitação e do contrato administrativo por meio da própria Adminis-
I – advertência; tração Pública é matéria que não engloba discussões doutrinárias e
II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou jurisprudenciais. Inclusive, o controle interno dos atos administra-
no contrato; tivos se encontra baseado no princípio da autotutela, que se trata
III – suspensão temporária de participação em licitação e impe- do poder - dever da Administração Pública de revogar e anular seus
dimento de contratar com a Administração, por prazo não superior próprios atos, desde que haja justificação pertinente, com vistas a
a 2 (dois) anos; preservar o interesse público, bem como sejam respeitados o devi-
IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com do processo legal e os direitos e interesses legítimos dos destinatá-
a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determi- rios, conforme determina a Súmula 473 do STF. Vejamos:
nantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante Súmula 473 do STF - A administração pode anular seus pró-
a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida prios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de con-
resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base veniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
no inciso anterior. ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Conforme determinação do art. 49 da Lei Federal 8.666/93,
Cláusulas exorbitantes assim preceitua quanto ao desfazimento dos processos licitatórios:
De todas as características, essa é a mais importante. As Cláu-
sulas exorbitantes conferem uma série de poderes para a Adminis- Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do proce-
tração em detrimento do contratado. Mesmo que de forma implíci- dimento somente poderá revogar a licitação por razões de interes-
ta, se encontram presentes em todos os contratos administrativos. se público decorrente de fato superveniente devidamente compro-
São também chamadas de cláusulas leoninas, porque só dão vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo
esses poderes para a Administração Pública, consideradas como anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
exorbitantes porque saem fora dos padrões de normalidade, vindo mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
a conferir poderes apenas a uma das partes. Para efeitos de rescisão unilateral do contrato administrativo,
O contratado não pode se valer das cláusulas exorbitantes ou por motivos de interesse público, a discricionariedade administrati-
leoninas em contrato de direito privado, tendo em vista a ilegali-
va exige que a questão do interesse público deve ser justificada em
dade de tal ato, posto que é ilegal nesses tipos de contratos, além
fatos de grande relevância, o que torna insuficiente a simples ale-
disso, as partes envolvidas devem ter os mesmos direitos e obriga-
gação do interesse público, se restarem ausentes a comprovação
ções. Havendo qualquer tipo de cláusula em contrato privado que
atribua direito somente a uma das partes, esta cláusula será ilegal
e leonina.

166
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
das lesões advindas da manutenção do contrato e das circunstân- Denota-se que os mencionados dispositivos determinam que
cias extraordinárias, bem como dos danos irreparáveis ou de difícil as condições efetivas da proposta devem ser mantidas, não ten-
reparação. do como argumentar de maneira contrária no que diz respeito à
legalidade da modificação do valor contratual original, com o obje-
Extinção e Consequências tivo de equilibrar o que foi devidamente avençado e pactuado no
A extinção do contrato administrativo diz respeito ao término momento da assinatura, bem como ao que foi disposto a pagar a
da obrigação vinculada existente entre a Administração e o contra- contratante ao contratado.
tado, podendo ocorrer de duas maneiras, sendo elas: Isso não quer dizer que toda alteração deveria ser feita para
A) de maneira ordinária, pelo cumprimento do objeto (ex.: na adicionar valor ao contrato original, tendo em vista que também
finalização da construção de instituição pública) ou pelo aconteci- pode ser para diminuir, isso, desde que se comprove por vias ade-
mento do termo final já previsto no contrato (ex.: a data final de um quadas que o valor do serviço ou produto contratado se encontra
contrato de fornecimento de forma contínua); acima do valor proposto inicialmente, ocasionado por deflação ou
B) de maneira extraordinária, pela anulação ou pela rescisão queda de valores nos insumos, produtos ou serviços, ou até mesmo
contratual. em decorrência de uma desvalorização cambial. Além disso, o Po-
Em relação à extinção ordinária, denota-se que esta não com- der Público não tem a obrigação de pagar além do que se propôs,
porta maiores detalhamentos, sendo que as partes, ao cumprir nem valor menor ao acordado inicialmente, devendo sempre haver
suas obrigações, a consequência natural a ocorrer é a extinção do equilíbrio em relação aos pactos contratuais.
vínculo obrigacional, sem maiores necessidades de manifestação Os artigos 57, 58 3 65 da Lei 8666/93, aliados aos artigos 9 1e
por via administrativa ou judicial. 10 da Lei Federal nº 8987/95, conforme descrição, se completam
Já a extinção extraordinária do contrato por meio da anulação, em relação a esse tema e, se referindo ao princípio da legalidade,
considera-se que a lei prevê consequências diferentes para o caso existe a necessidade de se apreciar os contratos sujeitos aos entes
de haver ou não haver culpa do contratado no fato que deu causa à públicos. Vejamos:
rescisão contratual. Existindo culpa do contratado pela rescisão do Art. 57: A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
contrato, as consequências são as seguintes (art. 80, I a IV): adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto
quanto aos relativos:
1) assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local
§ 1º. Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e
em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do
2) ocupação e utilização provisória do local, instalações, equi-
contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-
pamentos, material e pessoal empregados na execução do contra-
-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devida-
to, necessários à sua continuidade, que deverá ser precedida de
mente autuados em processo:
autorização expressa do Ministro de Estado competente, ou Secre-
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
tário Estadual ou Municipal, conforme o caso (art. 80, § 3º);
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra-
3) execução da garantia contratual, para ressarcimento da Ad-
nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi-
ministração, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos; ções de execução do contrato;
4) retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do rit-
dos prejuízos causados à Administração. mo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contra-
Em síntese, temos: to, nos limites permitidos por esta Lei;
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO terceiro reconhecido pela Administração em documento contempo-
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA râneo à sua ocorrência;
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Adminis-
I –Pelo cumprimento do objeto; tração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte,
I – Pela anulação;
II – Pelo advento do termo final do con- diretamente, impedimento ou retardamento na execução do con-
II – Pela rescisão.
trato. trato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
Como se observa, existe previsão explicita na Lei no. 8666/93,
Equilíbrio Econômico-financeiro art. 57, § 1º., I, II, III, IV, V, VI, de que o contrato deve ser equilibra-
Em alusão ao tratamento do equilíbrio econômico - contratual, do sempre que houver uma das condições dos incisos I a VI, de for-
a Constituição Federal de 1.988 em seu art. 37, inciso XXI dispõe o ma que o legislador previu quais as hipóteses que se encaixam para
seguinte: o equilíbrio. Entretanto, não apresenta de forma clara, cabendo ao
Art. 37: A administração pública direta e indireta, de qualquer administrador agir com legalidade e bom senso nos casos concretos
dos poderes da União, dos Estados e dos Municípios obedecerá aos específicos. No entanto, a aludida previsão não se restringe somen-
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e te ao art. 57, § 1º, incisos I, II, III, IV, V e VI da Lei no. 8666/93, tendo
eficiência e também, ao seguinte: previsão ainda no art. 58 do mesmo diploma legal. Vejamos:
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, Art. 58: O regime jurídico dos contratos administrativos ins-
serviços, compras e alienações serão contratados mediante proces- tituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
so de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos
prerrogativa de:
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pa-
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às
gamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos
finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contra-
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação téc-
tado;
nica e econômica, indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações. II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no in-
ciso I do art. 79 desta Lei;
III – fiscalizar-lhes a execução;

167
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial Art. 9º: A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo
do ajuste; preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas re-
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente gras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato. § 2º.
bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a
contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração admi- fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro. § 3º. Ressal-
nistrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipó- vados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção
tese de rescisão do contrato Administrativo. de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos con- proposta, quando comprovado seu impacto, implicara a revisão da
tratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia con- tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. § 4º. Em haven-
cordância do contratado. do alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômi- econômico-financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo,
co-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mante- concomitantemente à alteração.
Art. 10º. Sempre que forem atendidas as condições do contra-
nha o equilíbrio contratual.
to, considera-se mantido seu equilíbrio econômico-financeiro.
Assim, o legislador ao repetir no art. 58 da Lei 8666/93 o direi-
Atentos às fundamentações legais, observamos que parte na
to ao equilíbrio contratual, fica bastante clara a preocupação em
inicial da Constituição Federal, verifica-se que na Administração Pú-
manter a igualdade entre as partes. Note que o parágrafo 2º prevê
blica é possível haver o equilíbrio econômico-financeiro, entretan-
respeito ao direito do contratado, uma vez que é admitido que a to, há diversas dúvidas a respeito da utilização do ajuste contratual,
administração, desde que seja motivos de interesse público se ne- principalmente pela ausência de conhecimento da legislação, o que
gue a equilibrar um contrato que esteja resultando em prejuízos ao acaba por causar problemas de ordem econômica, tanto em rela-
contratado, desde que o fato do prejuízo se encaixe em uma das ção ao contratado quanto ao contratante. Registre-se, por fim, que
hipóteses dispostas no art. 57, Lei no. 8666/93. Proposta que não o pacto contratual deve ser mantido durante o período completo
pode ser executada, não é passível de equilíbrio. de execução, e o equilíbrio financeiro acaba por se tornar a ferra-
menta mais adequada para proporcionar essa condição.
Ante o exposto, acrescenta-se ainda que a Lei 8666/93 destaca
o equilíbrio no art. 65, I e II. Vejamos: Convênios e terceirização
Art. 65: Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera- Os convênios podem ser definidos como os ajustes entre o
dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: Poder Público e entidades públicas ou privadas, nos quais estejam
I - unilateralmente pela Administração: estabelecidos a previsão de colaboração mútua, com o fito de rea-
a) quando houver modificação do projeto ou das especifica- lização de objetivos de interesse comum.
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; Não obstante, o convênio possua em comum com o contrato
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de- o fato de ser um acordo de vontades, com este não se confunde.
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, Denota-se que pelo convênio, os interesses dos signatários são
nos limites permitidos por esta Lei; comuns, ao passo que nos contratos, os interesses são opostos e
II - por acordo das partes: contraditórios.
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; Em decorrência de tal diferença de interesses, é que se alude
b) quando necessária a modificação do regime de execução da que nos contratos existem partes e nos convênios existem partíci-
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de pes.
verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais ori- De acordo com o art. 116 da Lei 8.666/1993, a celebração de
ginários; convênio, acordo ou ajuste por meio dos órgãos ou entidades da
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, Administração Pública depende de antecedente aprovação de com-
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor petente plano de trabalho a ser proposto pela organização interes-
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela- sada, que deverá conter as seguintes informações:
ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra- A) identificação do objeto a ser executado;
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; B) metas a serem atingidas;
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial- C) etapas ou fases de execução;
mente entre os encargos do contratado e a retribuição da Adminis- D) plano de aplicação dos recursos financeiros;
tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, E) cronograma de desembolso;
objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini- F) previsão de início e fim da execução do objeto e, bem assim,
cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou da conclusão das etapas ou fases programadas;
previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força Em relação à terceirização na esfera da Administração Pública,
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô- depreende-se que é exigida do administrador muito cuidado, posto
mica extraordinária e extracontratual. que, embora haja contrariamento ao art. 71 da Lei 8.666/93, a dívi-
Verifica-se que o art. 65 determina que, de início, deve ha- da trabalhista das empresas terceirizadas acabam por recair sobre
ver o restabelecimento do que foi pactuado no contrato avença- o órgão tomador dos serviços, que é o que chamamos de responsa-
do, devendo ser dotados de equilíbrio os encargos, bem como a bilidade subsidiária. Assim sendo, o administrador público deverá
retribuição da administração para que haja justa remuneração, exigir garantias, bem como passar a acompanhar o cumprimento
sendo mantidas as condições originais do termo contratual. Em se das obrigações trabalhistas advindos da empresa prestadora de
tratando, especificamente da concessão de serviço público, a Lei serviços, com fito especial quando do encerramento do contrato.
8.987/95 dispõe no art. 9º a revisão de tarifa como uma forma de Registre-se que a responsabilidade subsidiária pela tomadora
equilíbrio financeiro. Vejamos: dos serviços é o que entende a Justiça do trabalho, com base no
Enunciado nº 331, item IV editado pelo Tribunal Superior do Traba-
lho – TST, que aduz:

168
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
“O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do § 5º Submetem-se ao regime previsto nesta Lei a empresa pú-
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador blica e a sociedade de economia mista que participem de consórcio,
dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos ór- conforme disposto no art. 279 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro
gãos da administração direta, das autarquias, das fundações públi- de 1976 , na condição de operadora.
cas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, § 6º Submete-se ao regime previsto nesta Lei a sociedade, in-
desde que haja participado da relação processual e constem tam- clusive a de propósito específico, que seja controlada por empresa
bém do título executivo judicial.” pública ou sociedade de economia mista abrangidas no caput .
Com fulcro no Enunciado retro citado, denota-se que incontá- § 7º Na participação em sociedade empresarial em que a em-
veis são as decisões condenatórias à Administração Pública, em re- presa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias
lação ao pagamento de obrigações trabalhistas que cabem de for- não detenham o controle acionário, essas deverão adotar, no de-
ma original à empresa prestadora de serviços, onerando o erário, ver de fiscalizar, práticas de governança e controle proporcionais
vindo a contrariar o que se espera da Terceirização que é a redução à relevância, à materialidade e aos riscos do negócio do qual são
de custos à Administração Pública. partícipes, considerando, para esse fim:
I - documentos e informações estratégicos do negócio e de-
mais relatórios e informações produzidos por força de acordo de
LEI Nº 13.303/2016 acionistas e de Lei considerados essenciais para a defesa de seus
interesses na sociedade empresarial investida;
II - relatório de execução do orçamento e de realização de in-
LEI Nº 13.303, DE 30 DE JUNHO DE 2016. vestimentos programados pela sociedade, inclusive quanto ao ali-
nhamento dos custos orçados e dos realizados com os custos de
Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da mercado;
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da III - informe sobre execução da política de transações com par-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. tes relacionadas;
IV - análise das condições de alavancagem financeira da socie-
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de dade;
PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional V - avaliação de inversões financeiras e de processos relevan-
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: tes de alienação de bens móveis e imóveis da sociedade;
VI - relatório de risco das contratações para execução de obras,
TÍTULO I fornecimento de bens e prestação de serviços relevantes para os
DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS PÚBLICAS interesses da investidora;
E ÀS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA VII - informe sobre execução de projetos relevantes para os
interesses da investidora;
CAPÍTULO I VIII - relatório de cumprimento, nos negócios da sociedade,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES de condicionantes socioambientais estabelecidas pelos órgãos am-
bientais;
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa IX - avaliação das necessidades de novos aportes na socieda-
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, de e dos possíveis riscos de redução da rentabilidade esperada do
abrangendo toda e qualquer empresa pública e sociedade de eco- negócio;
nomia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- X - qualquer outro relatório, documento ou informação pro-
cípios que explore atividade econômica de produção ou comercia- duzido pela sociedade empresarial investida considerado relevante
lização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a atividade para o cumprimento do comando constante do caput .
econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja Art. 2º A exploração de atividade econômica pelo Estado será
de prestação de serviços públicos. exercida por meio de empresa pública, de sociedade de economia
§ 1º O Título I desta Lei, exceto o disposto nos arts. 2º, 3º, 4º, mista e de suas subsidiárias.
5º, 6º, 7º, 8º, 11, 12 e 27, não se aplica à empresa pública e à socie- § 1º A constituição de empresa pública ou de sociedade de
dade de economia mista que tiver, em conjunto com suas respec- economia mista dependerá de prévia autorização legal que indi-
tivas subsidiárias, no exercício social anterior, receita operacional que, de forma clara, relevante interesse coletivo ou imperativo de
bruta inferior a R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais). segurança nacional, nos termos do caput do art. 173 da Constitui-
§ 2º O disposto nos Capítulos I e II do Título II desta Lei aplica- ção Federal .
-se inclusive à empresa pública dependente, definida nos termos § 2º Depende de autorização legislativa a criação de subsidiá-
do inciso III do art. 2º da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio rias de empresa pública e de sociedade de economia mista, assim
de 2000 , que explore atividade econômica, ainda que a atividade como a participação de qualquer delas em empresa privada, cujo
econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja objeto social deve estar relacionado ao da investidora, nos termos
de prestação de serviços públicos. do inciso XX do art. 37 da Constituição Federal .
§ 3º Os Poderes Executivos poderão editar atos que estabele- § 3º A autorização para participação em empresa privada pre-
çam regras de governança destinadas às suas respectivas empresas vista no § 2º não se aplica a operações de tesouraria, adjudicação
públicas e sociedades de economia mista que se enquadrem na hi- de ações em garantia e participações autorizadas pelo Conselho de
pótese do § 1º, observadas as diretrizes gerais desta Lei. Administração em linha com o plano de negócios da empresa pú-
§ 4º A não edição dos atos de que trata o § 3º no prazo de 180 blica, da sociedade de economia mista e de suas respectivas subsi-
(cento e oitenta) dias a partir da publicação desta Lei submete as diárias.
respectivas empresas públicas e sociedades de economia mista às Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade
regras de governança previstas no Título I desta Lei. jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com
patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.

169
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante per- IV - elaboração e divulgação de política de divulgação de in-
maneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal formações, em conformidade com a legislação em vigor e com as
ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a melhores práticas;
participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, V - elaboração de política de distribuição de dividendos, à luz
bem como de entidades da administração indireta da União, dos do interesse público que justificou a criação da empresa pública ou
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. da sociedade de economia mista;
Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de VI - divulgação, em nota explicativa às demonstrações finan-
personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada ceiras, dos dados operacionais e financeiros das atividades relacio-
por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito nadas à consecução dos fins de interesse coletivo ou de segurança
a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito nacional;
Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta. VII - elaboração e divulgação da política de transações com par-
§ 1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia tes relacionadas, em conformidade com os requisitos de competiti-
mista tem os deveres e as responsabilidades do acionista contro-
vidade, conformidade, transparência, equidade e comutatividade,
lador, estabelecidos na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 ,
que deverá ser revista, no mínimo, anualmente e aprovada pelo
e deverá exercer o poder de controle no interesse da companhia,
Conselho de Administração;
respeitado o interesse público que justificou sua criação.
VIII - ampla divulgação, ao público em geral, de carta anual de
§ 2º Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de eco-
nomia mista com registro na Comissão de Valores Mobiliários su- governança corporativa, que consolide em um único documento
jeita-se às disposições da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976 . escrito, em linguagem clara e direta, as informações de que trata
o inciso III;
CAPÍTULO II IX - divulgação anual de relatório integrado ou de sustentabi-
DO REGIME SOCIETÁRIO DA EMPRESA PÚBLICA lidade.
E DA SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA § 1º O interesse público da empresa pública e da sociedade de
Seção I economia mista, respeitadas as razões que motivaram a autoriza-
Das Normas Gerais ção legislativa, manifesta-se por meio do alinhamento entre seus
objetivos e aqueles de políticas públicas, na forma explicitada na
Art. 5º A sociedade de economia mista será constituída sob a carta anual a que se refere o inciso I do caput .
forma de sociedade anônima e, ressalvado o disposto nesta Lei, es- § 2º Quaisquer obrigações e responsabilidades que a empresa
tará sujeita ao regime previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro pública e a sociedade de economia mista que explorem atividade
de 1976 . econômica assumam em condições distintas às de qualquer outra
Art. 6º O estatuto da empresa pública, da sociedade de eco- empresa do setor privado em que atuam deverão:
nomia mista e de suas subsidiárias deverá observar regras de go- I - estar claramente definidas em lei ou regulamento, bem
vernança corporativa, de transparência e de estruturas, práticas de como previstas em contrato, convênio ou ajuste celebrado com o
gestão de riscos e de controle interno, composição da administra- ente público competente para estabelecê-las, observada a ampla
ção e, havendo acionistas, mecanismos para sua proteção, todos publicidade desses instrumentos;
constantes desta Lei. II - ter seu custo e suas receitas discriminados e divulgados de
Art. 7º Aplicam-se a todas as empresas públicas, as sociedades forma transparente, inclusive no plano contábil.
de economia mista de capital fechado e as suas subsidiárias as dis- § 3º Além das obrigações contidas neste artigo, as sociedades
posições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e as normas de economia mista com registro na Comissão de Valores Mobiliá-
da Comissão de Valores Mobiliários sobre escrituração e elabora- rios sujeitam-se ao regime informacional estabelecido por essa au-
ção de demonstrações financeiras, inclusive a obrigatoriedade de tarquia e devem divulgar as informações previstas neste artigo na
auditoria independente por auditor registrado nesse órgão. forma fixada em suas normas.
Art. 8º As empresas públicas e as sociedades de economia mis- § 4º Os documentos resultantes do cumprimento dos requisi-
ta deverão observar, no mínimo, os seguintes requisitos de trans- tos de transparência constantes dos incisos I a IX do caput deverão
parência: ser publicamente divulgados na internet de forma permanente e
I - elaboração de carta anual, subscrita pelos membros do Con- cumulativa.
selho de Administração, com a explicitação dos compromissos de Art. 9º A empresa pública e a sociedade de economia mista
consecução de objetivos de políticas públicas pela empresa públi- adotarão regras de estruturas e práticas de gestão de riscos e con-
ca, pela sociedade de economia mista e por suas subsidiárias, em trole interno que abranjam:
atendimento ao interesse coletivo ou ao imperativo de segurança I - ação dos administradores e empregados, por meio da imple-
nacional que justificou a autorização para suas respectivas criações, mentação cotidiana de práticas de controle interno;
com definição clara dos recursos a serem empregados para esse II - área responsável pela verificação de cumprimento de obri-
fim, bem como dos impactos econômico-financeiros da consecução gações e de gestão de riscos;
desses objetivos, mensuráveis por meio de indicadores objetivos; III - auditoria interna e Comitê de Auditoria Estatutário.
II - adequação de seu estatuto social à autorização legislativa § 1º Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e
de sua criação; Integridade, que disponha sobre:
III - divulgação tempestiva e atualizada de informações rele- I - princípios, valores e missão da empresa pública e da socie-
vantes, em especial as relativas a atividades desenvolvidas, estru- dade de economia mista, bem como orientações sobre a prevenção
tura de controle, fatores de risco, dados econômico-financeiros, de conflito de interesses e vedação de atos de corrupção e fraude;
comentários dos administradores sobre o desempenho, políticas e II - instâncias internas responsáveis pela atualização e aplica-
práticas de governança corporativa e descrição da composição e da ção do Código de Conduta e Integridade;
remuneração da administração;

170
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de de- II - requisitos específicos para o exercício do cargo de diretor,
núncias internas e externas relativas ao descumprimento do Código observado o número mínimo de 3 (três) diretores;
de Conduta e Integridade e das demais normas internas de ética e III - avaliação de desempenho, individual e coletiva, de perio-
obrigacionais; dicidade anual, dos administradores e dos membros de comitês,
IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie observados os seguintes quesitos mínimos:
de retaliação a pessoa que utilize o canal de denúncias; a) exposição dos atos de gestão praticados, quanto à licitude e
V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras do Código à eficácia da ação administrativa;
de Conduta e Integridade; b) contribuição para o resultado do exercício;
VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo anual, sobre c) consecução dos objetivos estabelecidos no plano de negó-
Código de Conduta e Integridade, a empregados e administradores, cios e atendimento à estratégia de longo prazo;
e sobre a política de gestão de riscos, a administradores. IV - constituição e funcionamento do Conselho Fiscal, que exer-
§ 2º A área responsável pela verificação de cumprimento de cerá suas atribuições de modo permanente;
obrigações e de gestão de riscos deverá ser vinculada ao diretor- V - constituição e funcionamento do Comitê de Auditoria Es-
-presidente e liderada por diretor estatutário, devendo o estatuto tatutário;
social prever as atribuições da área, bem como estabelecer meca- VI - prazo de gestão dos membros do Conselho de Administra-
nismos que assegurem atuação independente. ção e dos indicados para o cargo de diretor, que será unificado e
§ 3º A auditoria interna deverá: não superior a 2 (dois) anos, sendo permitidas, no máximo, 3 (três)
I - ser vinculada ao Conselho de Administração, diretamente ou reconduções consecutivas;
por meio do Comitê de Auditoria Estatutário; VII – (VETADO);
II - ser responsável por aferir a adequação do controle inter- VIII - prazo de gestão dos membros do Conselho Fiscal não su-
no, a efetividade do gerenciamento dos riscos e dos processos de perior a 2 (dois) anos, permitidas 2 (duas) reconduções consecuti-
governança e a confiabilidade do processo de coleta, mensuração, vas.
classificação, acumulação, registro e divulgação de eventos e tran-
sações, visando ao preparo de demonstrações financeiras. Seção II
§ 4º O estatuto social deverá prever, ainda, a possibilidade de Do Acionista Controlador
que a área de compliance se reporte diretamente ao Conselho de
Administração em situações em que se suspeite do envolvimento Art. 14. O acionista controlador da empresa pública e da socie-
do diretor-presidente em irregularidades ou quando este se furtar dade de economia mista deverá:
à obrigação de adotar medidas necessárias em relação à situação I - fazer constar do Código de Conduta e Integridade, aplicável
a ele relatada. à alta administração, a vedação à divulgação, sem autorização do
Art. 10. A empresa pública e a sociedade de economia mista órgão competente da empresa pública ou da sociedade de econo-
deverão criar comitê estatutário para verificar a conformidade do mia mista, de informação que possa causar impacto na cotação dos
processo de indicação e de avaliação de membros para o Conselho títulos da empresa pública ou da sociedade de economia mista e
de Administração e para o Conselho Fiscal, com competência para em suas relações com o mercado ou com consumidores e forne-
auxiliar o acionista controlador na indicação desses membros. cedores;
Parágrafo único. Devem ser divulgadas as atas das reuniões do II - preservar a independência do Conselho de Administração
comitê estatutário referido no caput realizadas com o fim de verifi- no exercício de suas funções;
car o cumprimento, pelos membros indicados, dos requisitos defi- III - observar a política de indicação na escolha dos administra-
nidos na política de indicação, devendo ser registradas as eventuais dores e membros do Conselho Fiscal.
manifestações divergentes de conselheiros. Art. 15. O acionista controlador da empresa pública e da so-
Art. 11. A empresa pública não poderá: ciedade de economia mista responderá pelos atos praticados com
I - lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários, abuso de poder, nos termos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
conversíveis em ações; 1976 .
II - emitir partes beneficiárias. § 1º A ação de reparação poderá ser proposta pela sociedade,
Art. 12. A empresa pública e a sociedade de economia mista nos termos do art. 246 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976
deverão: , pelo terceiro prejudicado ou pelos demais sócios, independente-
I - divulgar toda e qualquer forma de remuneração dos admi- mente de autorização da assembleia-geral de acionistas.
nistradores; § 2º Prescreve em 6 (seis) anos, contados da data da prática do
II - adequar constantemente suas práticas ao Código de Con- ato abusivo, a ação a que se refere o § 1º.
duta e Integridade e a outras regras de boa prática de governança
corporativa, na forma estabelecida na regulamentação desta Lei. Seção III
Parágrafo único. A sociedade de economia mista poderá solu- Do Administrador
cionar, mediante arbitragem, as divergências entre acionistas e a
sociedade, ou entre acionistas controladores e acionistas minoritá- Art. 16. Sem prejuízo do disposto nesta Lei, o administrador de
rios, nos termos previstos em seu estatuto social. empresa pública e de sociedade de economia mista é submetido
Art. 13. A lei que autorizar a criação da empresa pública e da às normas previstas na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 .
sociedade de economia mista deverá dispor sobre as diretrizes e Parágrafo único. Consideram-se administradores da empresa
restrições a serem consideradas na elaboração do estatuto da com- pública e da sociedade de economia mista os membros do Conse-
panhia, em especial sobre: lho de Administração e da diretoria.
I - constituição e funcionamento do Conselho de Administra- Art. 17. Os membros do Conselho de Administração e os indi-
ção, observados o número mínimo de 7 (sete) e o número máximo cados para os cargos de diretor, inclusive presidente, diretor-geral
de 11 (onze) membros; e diretor-presidente, serão escolhidos entre cidadãos de reputação

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
ilibada e de notório conhecimento, devendo ser atendidos, alterna- interno, código de conduta, a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de
tivamente, um dos requisitos das alíneas “a”, “b” e “c” do inciso I e, 2013 (Lei Anticorrupção), e demais temas relacionados às ativida-
cumulativamente, os requisitos dos incisos II e III: des da empresa pública ou da sociedade de economia mista.
I - ter experiência profissional de, no mínimo: § 5º Os requisitos previstos no inciso I do caput poderão ser
a) 10 (dez) anos, no setor público ou privado, na área de atu- dispensados no caso de indicação de empregado da empresa pú-
ação da empresa pública ou da sociedade de economia mista ou blica ou da sociedade de economia mista para cargo de administra-
em área conexa àquela para a qual forem indicados em função de dor ou como membro de comitê, desde que atendidos os seguintes
direção superior; ou quesitos mínimos:
b) 4 (quatro) anos ocupando pelo menos um dos seguintes car- I - o empregado tenha ingressado na empresa pública ou na so-
gos: ciedade de economia mista por meio de concurso público de provas
1. cargo de direção ou de chefia superior em empresa de porte ou de provas e títulos;
ou objeto social semelhante ao da empresa pública ou da socieda- II - o empregado tenha mais de 10 (dez) anos de trabalho efeti-
vo na empresa pública ou na sociedade de economia mista;
de de economia mista, entendendo-se como cargo de chefia supe-
III - o empregado tenha ocupado cargo na gestão superior da
rior aquele situado nos 2 (dois) níveis hierárquicos não estatutários
empresa pública ou da sociedade de economia mista, comprovan-
mais altos da empresa;
do sua capacidade para assumir as responsabilidades dos cargos de
2. cargo em comissão ou função de confiança equivalente a
que trata o caput .
DAS-4 ou superior, no setor público;
3. cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da Seção IV
empresa pública ou da sociedade de economia mista; Do Conselho de Administração
c) 4 (quatro) anos de experiência como profissional liberal em
atividade direta ou indiretamente vinculada à área de atuação da Art. 18. Sem prejuízo das competências previstas no art. 142 da
empresa pública ou sociedade de economia mista; Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 , e das demais atribuições
II - ter formação acadêmica compatível com o cargo para o qual previstas nesta Lei, compete ao Conselho de Administração:
foi indicado; e I - discutir, aprovar e monitorar decisões envolvendo práticas
III - não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade previstas de governança corporativa, relacionamento com partes interessa-
nas alíneas do inciso I do caput do art. 1º da Lei Complementar nº das, política de gestão de pessoas e código de conduta dos agentes;
64, de 18 de maio de 1990 , com as alterações introduzidas pela Lei II - implementar e supervisionar os sistemas de gestão de riscos
Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010. e de controle interno estabelecidos para a prevenção e mitigação
§ 1º O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia dos principais riscos a que está exposta a empresa pública ou a so-
mista e de suas subsidiárias poderá dispor sobre a contratação de ciedade de economia mista, inclusive os riscos relacionados à inte-
seguro de responsabilidade civil pelos administradores. gridade das informações contábeis e financeiras e os relacionados
§ 2º É vedada a indicação, para o Conselho de Administração à ocorrência de corrupção e fraude;
e para a diretoria: III - estabelecer política de porta-vozes visando a eliminar risco
I - de representante do órgão regulador ao qual a empresa pú- de contradição entre informações de diversas áreas e as dos exe-
blica ou a sociedade de economia mista está sujeita, de Ministro cutivos da empresa pública ou da sociedade de economia mista;
de Estado, de Secretário de Estado, de Secretário Municipal, de IV - avaliar os diretores da empresa pública ou da sociedade de
titular de cargo, sem vínculo permanente com o serviço público, economia mista, nos termos do inciso III do art. 13, podendo con-
de natureza especial ou de direção e assessoramento superior na tar com apoio metodológico e procedimental do comitê estatutário
administração pública, de dirigente estatutário de partido político referido no art. 10.
e de titular de mandato no Poder Legislativo de qualquer ente da Art. 19. É garantida a participação, no Conselho de Adminis-
federação, ainda que licenciados do cargo; tração, de representante dos empregados e dos acionistas mino-
II - de pessoa que atuou, nos últimos 36 (trinta e seis) meses, ritários.
como participante de estrutura decisória de partido político ou § 1º As normas previstas na Lei nº 12.353, de 28 de dezembro
em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de de 2010 , aplicam-se à participação de empregados no Conselho de
campanha eleitoral; Administração da empresa pública, da sociedade de economia mis-
III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical; ta e de suas subsidiárias e controladas e das demais empresas em
IV - de pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital
fornecedor ou comprador, demandante ou ofertante, de bens ou social com direito a voto.
serviços de qualquer natureza, com a pessoa político-administrati- § 2º É assegurado aos acionistas minoritários o direito de ele-
va controladora da empresa pública ou da sociedade de economia ger 1 (um) conselheiro, se maior número não lhes couber pelo pro-
mista ou com a própria empresa ou sociedade em período inferior cesso de voto múltiplo previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro
a 3 (três) anos antes da data de nomeação; de 1976 .
V - de pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de confli- Art. 20. É vedada a participação remunerada de membros da
to de interesse com a pessoa político-administrativa controladora administração pública, direta ou indireta, em mais de 2 (dois) con-
da empresa pública ou da sociedade de economia mista ou com a selhos, de administração ou fiscal, de empresa pública, de socieda-
própria empresa ou sociedade. de de economia mista ou de suas subsidiárias.
§ 3º A vedação prevista no inciso I do § 2º estende-se também Art. 21. (VETADO).
aos parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau das pesso- Parágrafo único. (VETADO).
as nele mencionadas.
§ 4º Os administradores eleitos devem participar, na posse e
anualmente, de treinamentos específicos sobre legislação societá-
ria e de mercado de capitais, divulgação de informações, controle

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Seção V § 2º Compete ao Conselho de Administração, sob pena de seus
Do Membro Independente do Conselho de Administração integrantes responderem por omissão, promover anualmente aná-
lise de atendimento das metas e resultados na execução do plano
Art. 22. O Conselho de Administração deve ser composto, no de negócios e da estratégia de longo prazo, devendo publicar suas
mínimo, por 25% (vinte e cinco por cento) de membros indepen- conclusões e informá-las ao Congresso Nacional, às Assembleias
dentes ou por pelo menos 1 (um), caso haja decisão pelo exercício Legislativas, à Câmara Legislativa do Distrito Federal ou às Câmaras
da faculdade do voto múltiplo pelos acionistas minoritários, nos Municipais e aos respectivos tribunais de contas, quando houver.
termos do art. 141 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 . § 3º Excluem-se da obrigação de publicação a que se refere o
§ 1º O conselheiro independente caracteriza-se por: § 2º as informações de natureza estratégica cuja divulgação possa
I - não ter qualquer vínculo com a empresa pública ou a socie- ser comprovadamente prejudicial ao interesse da empresa pública
dade de economia mista, exceto participação de capital; ou da sociedade de economia mista.
II - não ser cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o ter-
ceiro grau ou por adoção, de chefe do Poder Executivo, de Ministro Seção VII
de Estado, de Secretário de Estado ou Município ou de administra- Do Comitê de Auditoria Estatutário
dor da empresa pública ou da sociedade de economia mista;
III - não ter mantido, nos últimos 3 (três) anos, vínculo de qual- Art. 24. A empresa pública e a sociedade de economia mista
quer natureza com a empresa pública, a sociedade de economia deverão possuir em sua estrutura societária Comitê de Auditoria
mista ou seus controladores, que possa vir a comprometer sua in- Estatutário como órgão auxiliar do Conselho de Administração, ao
dependência; qual se reportará diretamente.
IV - não ser ou não ter sido, nos últimos 3 (três) anos, emprega- § 1º Competirá ao Comitê de Auditoria Estatutário, sem prejuí-
do ou diretor da empresa pública, da sociedade de economia mista zo de outras competências previstas no estatuto da empresa públi-
ou de sociedade controlada, coligada ou subsidiária da empresa ca ou da sociedade de economia mista:
pública ou da sociedade de economia mista, exceto se o vínculo for I - opinar sobre a contratação e destituição de auditor inde-
exclusivamente com instituições públicas de ensino ou pesquisa; pendente;
V - não ser fornecedor ou comprador, direto ou indireto, de II - supervisionar as atividades dos auditores independentes,
serviços ou produtos da empresa pública ou da sociedade de eco- avaliando sua independência, a qualidade dos serviços prestados
nomia mista, de modo a implicar perda de independência; e a adequação de tais serviços às necessidades da empresa pública
VI - não ser funcionário ou administrador de sociedade ou enti- ou da sociedade de economia mista;
dade que esteja oferecendo ou demandando serviços ou produtos III - supervisionar as atividades desenvolvidas nas áreas de con-
à empresa pública ou à sociedade de economia mista, de modo a trole interno, de auditoria interna e de elaboração das demonstra-
implicar perda de independência; ções financeiras da empresa pública ou da sociedade de economia
VII - não receber outra remuneração da empresa pública ou mista;
da sociedade de economia mista além daquela relativa ao cargo IV - monitorar a qualidade e a integridade dos mecanismos de
de conselheiro, à exceção de proventos em dinheiro oriundos de controle interno, das demonstrações financeiras e das informações
participação no capital. e medições divulgadas pela empresa pública ou pela sociedade de
§ 2º Quando, em decorrência da observância do percentual economia mista;
mencionado no caput , resultar número fracionário de conselhei- V - avaliar e monitorar exposições de risco da empresa públi-
ros, proceder-se-á ao arredondamento para o número inteiro: ca ou da sociedade de economia mista, podendo requerer, entre
I - imediatamente superior, quando a fração for igual ou supe- outras, informações detalhadas sobre políticas e procedimentos
rior a 0,5 (cinco décimos); referentes a:
II - imediatamente inferior, quando a fração for inferior a 0,5 a) remuneração da administração;
(cinco décimos). b) utilização de ativos da empresa pública ou da sociedade de
§ 3º Não serão consideradas, para o cômputo das vagas desti- economia mista;
nadas a membros independentes, aquelas ocupadas pelos conse- c) gastos incorridos em nome da empresa pública ou da socie-
lheiros eleitos por empregados, nos termos do § 1º do art. 19. dade de economia mista;
§ 4º Serão consideradas, para o cômputo das vagas destinadas VI - avaliar e monitorar, em conjunto com a administração e a
a membros independentes, aquelas ocupadas pelos conselheiros área de auditoria interna, a adequação das transações com partes
eleitos por acionistas minoritários, nos termos do § 2º do art. 19. relacionadas;
§ 5º (VETADO). VII - elaborar relatório anual com informações sobre as ativida-
des, os resultados, as conclusões e as recomendações do Comitê de
Seção VI Auditoria Estatutário, registrando, se houver, as divergências sig-
Da Diretoria nificativas entre administração, auditoria independente e Comitê
de Auditoria Estatutário em relação às demonstrações financeiras;
Art. 23. É condição para investidura em cargo de diretoria da VIII - avaliar a razoabilidade dos parâmetros em que se funda-
empresa pública e da sociedade de economia mista a assunção de mentam os cálculos atuariais, bem como o resultado atuarial dos
compromisso com metas e resultados específicos a serem alcança- planos de benefícios mantidos pelo fundo de pensão, quando a em-
dos, que deverá ser aprovado pelo Conselho de Administração, a presa pública ou a sociedade de economia mista for patrocinadora
quem incumbe fiscalizar seu cumprimento. de entidade fechada de previdência complementar.
§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput , a diretoria deverá § 2º O Comitê de Auditoria Estatutário deverá possuir meios
apresentar, até a última reunião ordinária do Conselho de Adminis- para receber denúncias, inclusive sigilosas, internas e externas à
tração do ano anterior, a quem compete sua aprovação: empresa pública ou à sociedade de economia mista, em matérias
I - plano de negócios para o exercício anual seguinte; relacionadas ao escopo de suas atividades.
II - estratégia de longo prazo atualizada com análise de riscos e
oportunidades para, no mínimo, os próximos 5 (cinco) anos.

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
§ 3º O Comitê de Auditoria Estatutário deverá se reunir quando dezembro de 1976 , relativas a seus poderes, deveres e responsa-
necessário, no mínimo bimestralmente, de modo que as informa- bilidades, a requisitos e impedimentos para investidura e a remu-
ções contábeis sejam sempre apreciadas antes de sua divulgação. neração, além de outras disposições estabelecidas na referida Lei.
§ 4º A empresa pública e a sociedade de economia mista de- § 1º Podem ser membros do Conselho Fiscal pessoas naturais,
verão divulgar as atas das reuniões do Comitê de Auditoria Estatu- residentes no País, com formação acadêmica compatível com o
tário. exercício da função e que tenham exercido, por prazo mínimo de 3
§ 5º Caso o Conselho de Administração considere que a divul- (três) anos, cargo de direção ou assessoramento na administração
gação da ata possa pôr em risco interesse legítimo da empresa pú- pública ou cargo de conselheiro fiscal ou administrador em empre-
blica ou da sociedade de economia mista, a empresa pública ou a sa.
sociedade de economia mista divulgará apenas o extrato das atas. § 2º O Conselho Fiscal contará com pelo menos 1 (um) mem-
§ 6º A restrição prevista no § 5º não será oponível aos órgãos bro indicado pelo ente controlador, que deverá ser servidor público
de controle, que terão total e irrestrito acesso ao conteúdo das atas com vínculo permanente com a administração pública.
do Comitê de Auditoria Estatutário, observada a transferência de
sigilo. CAPÍTULO III
§ 7º O Comitê de Auditoria Estatutário deverá possuir auto- DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA PÚBLICA E DA SOCIEDADE
nomia operacional e dotação orçamentária, anual ou por projeto, DE ECONOMIA MISTA
dentro de limites aprovados pelo Conselho de Administração, para
conduzir ou determinar a realização de consultas, avaliações e in- Art. 27. A empresa pública e a sociedade de economia mista te-
vestigações dentro do escopo de suas atividades, inclusive com a rão a função social de realização do interesse coletivo ou de atendi-
contratação e utilização de especialistas externos independentes. mento a imperativo da segurança nacional expressa no instrumen-
Art. 25. O Comitê de Auditoria Estatutário será integrado por, to de autorização legal para a sua criação.
no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, em sua maio- § 1º A realização do interesse coletivo de que trata este arti-
ria independentes. go deverá ser orientada para o alcance do bem-estar econômico
§ 1º São condições mínimas para integrar o Comitê de Audito- e para a alocação socialmente eficiente dos recursos geridos pela
ria Estatutário: empresa pública e pela sociedade de economia mista, bem como
I - não ser ou ter sido, nos 12 (doze) meses anteriores à nome- para o seguinte:
ação para o Comitê: I - ampliação economicamente sustentada do acesso de consu-
a) diretor, empregado ou membro do conselho fiscal da em- midores aos produtos e serviços da empresa pública ou da socieda-
presa pública ou sociedade de economia mista ou de sua contro- de de economia mista;
ladora, controlada, coligada ou sociedade em controle comum, II - desenvolvimento ou emprego de tecnologia brasileira para
direta ou indireta; produção e oferta de produtos e serviços da empresa pública ou da
b) responsável técnico, diretor, gerente, supervisor ou qual- sociedade de economia mista, sempre de maneira economicamen-
quer outro integrante com função de gerência de equipe envolvi- te justificada.
da nos trabalhos de auditoria na empresa pública ou sociedade de § 2º A empresa pública e a sociedade de economia mista de-
economia mista; verão, nos termos da lei, adotar práticas de sustentabilidade am-
II - não ser cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o biental e de responsabilidade social corporativa compatíveis com o
segundo grau ou por adoção, das pessoas referidas no inciso I; mercado em que atuam.
III - não receber qualquer outro tipo de remuneração da em- § 3º A empresa pública e a sociedade de economia mista po-
presa pública ou sociedade de economia mista ou de sua controla- derão celebrar convênio ou contrato de patrocínio com pessoa fí-
dora, controlada, coligada ou sociedade em controle comum, dire- sica ou com pessoa jurídica para promoção de atividades culturais,
ta ou indireta, que não seja aquela relativa à função de integrante sociais, esportivas, educacionais e de inovação tecnológica, desde
do Comitê de Auditoria Estatutário; que comprovadamente vinculadas ao fortalecimento de sua marca,
IV - não ser ou ter sido ocupante de cargo público efetivo, ain- observando-se, no que couber, as normas de licitação e contratos
da que licenciado, ou de cargo em comissão da pessoa jurídica de desta Lei.
direito público que exerça o controle acionário da empresa pública
ou sociedade de economia mista, nos 12 (doze) meses anteriores à TÍTULO II
nomeação para o Comitê de Auditoria Estatutário. DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS PúBLICAS, ÀS SO-
§ 2º Ao menos 1 (um) dos membros do Comitê de Auditoria CIEDADES DE ECONOMIA MISTA E ÀS SUAS SUBSIDIÁRIAS QUE
Estatutário deve ter reconhecida experiência em assuntos de con- EXPLOREM ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO OU COMER-
tabilidade societária. CIALIZAÇÃO DE BENS OU DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, AINDA
§ 3º O atendimento às previsões deste artigo deve ser com- QUE A ATIVIDADE ECONÔMICA ESTEJA SUJEITA AO REGIME DE
provado por meio de documentação mantida na sede da empresa MONOPÓLIO DA UNIÃO OU SEJA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
pública ou sociedade de economia mista pelo prazo mínimo de 5 PÚBLICOS.
(cinco) anos, contado a partir do último dia de mandato do membro
do Comitê de Auditoria Estatutário. CAPÍTULO I
DAS LICITAÇÕES
Seção VIII SEÇÃO I
Do Conselho Fiscal DA EXIGÊNCIA DE LICITAÇÃO E DOS CASOS
DE DISPENSA E DE INEXIGIBILIDADE
Art. 26. Além das normas previstas nesta Lei, aplicam-se aos
membros do Conselho Fiscal da empresa pública e da sociedade de Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à prestação de
economia mista as disposições previstas na Lei nº 6.404, de 15 de serviços às empresas públicas e às sociedades de economia mista,
inclusive de engenharia e de publicidade, à aquisição e à locação
de bens, à alienação de bens e ativos integrantes do respectivo pa-

174
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
trimônio ou à execução de obras a serem integradas a esse patri- VIII - para a aquisição de componentes ou peças de origem na-
mônio, bem como à implementação de ônus real sobre tais bens, cional ou estrangeira necessários à manutenção de equipamentos
serão precedidos de licitação nos termos desta Lei, ressalvadas as durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original
hipóteses previstas nos arts. 29 e 30. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for in-
§ 1º Aplicam-se às licitações das empresas públicas e das socie- dispensável para a vigência da garantia;
dades de economia mista as disposições constantes dos arts. 42 a IX - na contratação de associação de pessoas com deficiência
49 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 . física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, para a pres-
§ 2º O convênio ou contrato de patrocínio celebrado com pes- tação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que o
soas físicas ou jurídicas de que trata o § 3º do art. 27 observará, no preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
que couber, as normas de licitação e contratos desta Lei. X - na contratação de concessionário, permissionário ou auto-
§ 3º São as empresas públicas e as sociedades de economia rizado para fornecimento ou suprimento de energia elétrica ou gás
mista dispensadas da observância dos dispositivos deste Capítulo natural e de outras prestadoras de serviço público, segundo as nor-
nas seguintes situações: mas da legislação específica, desde que o objeto do contrato tenha
I - comercialização, prestação ou execução, de forma direta, pertinência com o serviço público.
pelas empresas mencionadas no caput , de produtos, serviços ou XI - nas contratações entre empresas públicas ou sociedades
obras especificamente relacionados com seus respectivos objetos de economia mista e suas respectivas subsidiárias, para aquisição
sociais; ou alienação de bens e prestação ou obtenção de serviços, desde
II - nos casos em que a escolha do parceiro esteja associada a que os preços sejam compatíveis com os praticados no mercado e
suas características particulares, vinculada a oportunidades de ne- que o objeto do contrato tenha relação com a atividade da contra-
gócio definidas e específicas, justificada a inviabilidade de procedi- tada prevista em seu estatuto social;
mento competitivo. XII - na contratação de coleta, processamento e comerciali-
§ 4º Consideram-se oportunidades de negócio a que se refere zação de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em
o inciso II do § 3º a formação e a extinção de parcerias e outras áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa-
formas associativas, societárias ou contratuais, a aquisição e a alie- ções ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas
nação de participação em sociedades e outras formas associativas,
de baixa renda que tenham como ocupação econômica a coleta de
societárias ou contratuais e as operações realizadas no âmbito do
materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com
mercado de capitais, respeitada a regulação pelo respectivo órgão
as normas técnicas, ambientais e de saúde pública;
competente.
XIII - para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou
Art. 29. É dispensável a realização de licitação por empresas
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexi-
públicas e sociedades de economia mista: (Vide Lei nº 14.002, de
dade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão
2020)
especialmente designada pelo dirigente máximo da empresa públi-
I - para obras e serviços de engenharia de valor até R$
ca ou da sociedade de economia mista;
100.000,00 (cem mil reais), desde que não se refiram a parcelas de
XIV - nas contratações visando ao cumprimento do disposto
uma mesma obra ou serviço ou ainda a obras e serviços de mesma
nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004
natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
, observados os princípios gerais de contratação dela constantes;
concomitantemente;
XV - em situações de emergência, quando caracterizada ur-
II - para outros serviços e compras de valor até R$ 50.000,00
gência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo
(cinquenta mil reais) e para alienações, nos casos previstos nesta
ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipa-
Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,
mentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os
compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizado de uma
bens necessários ao atendimento da situação emergencial e para
só vez; as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo
III - quando não acudirem interessados à licitação anterior e máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos,
essa, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para contado da ocorrência da emergência, vedada a prorrogação dos
a empresa pública ou a sociedade de economia mista, bem como respectivos contratos, observado o disposto no § 2º ;
para suas respectivas subsidiárias, desde que mantidas as condi- XVI - na transferência de bens a órgãos e entidades da admi-
ções preestabelecidas; nistração pública, inclusive quando efetivada mediante permuta;
IV - quando as propostas apresentadas consignarem preços XVII - na doação de bens móveis para fins e usos de interesse
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socio-
ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes; econômica relativamente à escolha de outra forma de alienação;
V - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi- XVIII - na compra e venda de ações, de títulos de crédito e
mento de suas finalidades precípuas, quando as necessidades de de dívida e de bens que produzam ou comercializem. (Vide ADIN
instalação e localização condicionarem a escolha do imóvel, desde 5624) (Vide ADIN 5846) (Vide ADIN 5924) (Vide ADIN 6029)
que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo ava- § 1º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contrata-
liação prévia; ção nos termos do inciso VI do caput , a empresa pública e a socie-
VI - na contratação de remanescente de obra, de serviço ou de dade de economia mista poderão convocar os licitantes remanes-
fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que centes, na ordem de classificação, para a celebração do contrato
atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as nas condições ofertadas por estes, desde que o respectivo valor
mesmas condições do contrato encerrado por rescisão ou distrato, seja igual ou inferior ao orçamento estimado para a contratação,
inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; inclusive quanto aos preços atualizados nos termos do instrumento
VII - na contratação de instituição brasileira incumbida regi- convocatório.
mental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desen- § 2º A contratação direta com base no inciso XV do caput não
volvimento institucional ou de instituição dedicada à recuperação dispensará a responsabilização de quem, por ação ou omissão, te-
social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável nha dado causa ao motivo ali descrito, inclusive no tocante ao dis-
reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos; posto na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 .

175
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
§ 3º Os valores estabelecidos nos incisos I e II do caput podem II - superfaturamento quando houver dano ao patrimônio da
ser alterados, para refletir a variação de custos, por deliberação do empresa pública ou da sociedade de economia mista caracterizado,
Conselho de Administração da empresa pública ou sociedade de por exemplo:
economia mista, admitindo-se valores diferenciados para cada so- a) pela medição de quantidades superiores às efetivamente
ciedade. executadas ou fornecidas;
Art. 30. A contratação direta será feita quando houver invia- b) pela deficiência na execução de obras e serviços de enge-
bilidade de competição, em especial na hipótese de: (Vide Lei nº nharia que resulte em diminuição da qualidade, da vida útil ou da
14.002, de 2020) segurança;
I - aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só c) por alterações no orçamento de obras e de serviços de en-
possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante genharia que causem o desequilíbrio econômico-financeiro do con-
comercial exclusivo; trato em favor do contratado;
II - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados, d) por outras alterações de cláusulas financeiras que gerem
com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a recebimentos contratuais antecipados, distorção do cronograma
inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação: físico-financeiro, prorrogação injustificada do prazo contratual com
a) estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou exe- custos adicionais para a empresa pública ou a sociedade de econo-
cutivos; mia mista ou reajuste irregular de preços.
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; § 2º O orçamento de referência do custo global de obras e ser-
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras viços de engenharia deverá ser obtido a partir de custos unitários
ou tributárias; de insumos ou serviços menores ou iguais à mediana de seus cor-
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser- respondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices
viços; da Construção Civil (Sinapi), no caso de construção civil em geral,
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; ou no Sistema de Custos Referenciais de Obras (Sicro), no caso de
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; obras e serviços rodoviários, devendo ser observadas as peculiari-
g) restauração de obras de arte e bens de valor histórico. dades geográficas.
§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou a
§ 3º No caso de inviabilidade da definição dos custos conso-
empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
ante o disposto no § 2º, a estimativa de custo global poderá ser
de desempenho anterior, estudos, experiência, publicações, orga-
apurada por meio da utilização de dados contidos em tabela de re-
nização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos rela-
ferência formalmente aprovada por órgãos ou entidades da admi-
cionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é nistração pública federal, em publicações técnicas especializadas,
essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação em banco de dados e sistema específico instituído para o setor ou
do objeto do contrato. em pesquisa de mercado.
§ 2º Na hipótese do caput e em qualquer dos casos de dispen- § 4º A empresa pública e a sociedade de economia mista po-
sa, se comprovado, pelo órgão de controle externo, sobrepreço ou derão adotar procedimento de manifestação de interesse privado
superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado para o recebimento de propostas e projetos de empreendimentos
quem houver decidido pela contratação direta e o fornecedor ou o com vistas a atender necessidades previamente identificadas, ca-
prestador de serviços. bendo a regulamento a definição de suas regras específicas.
§ 3º O processo de contratação direta será instruído, no que § 5º Na hipótese a que se refere o § 4º, o autor ou financiador
couber, com os seguintes elementos: do projeto poderá participar da licitação para a execução do em-
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que preendimento, podendo ser ressarcido pelos custos aprovados pela
justifique a dispensa, quando for o caso; empresa pública ou sociedade de economia mista caso não vença
II - razão da escolha do fornecedor ou do executante; o certame, desde que seja promovida a cessão de direitos de que
III - justificativa do preço. trata o art. 80.
Art. 32. Nas licitações e contratos de que trata esta Lei serão
Seção II observadas as seguintes diretrizes: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
Disposições de Caráter Geral sobre Licitações e Contratos I - padronização do objeto da contratação, dos instrumentos
convocatórios e das minutas de contratos, de acordo com normas
Art. 31. As licitações realizadas e os contratos celebrados por internas específicas;
empresas públicas e sociedades de economia mista destinam-se a II - busca da maior vantagem competitiva para a empresa pú-
assegurar a seleção da proposta mais vantajosa, inclusive no que blica ou sociedade de economia mista, considerando custos e be-
se refere ao ciclo de vida do objeto, e a evitar operações em que nefícios, diretos e indiretos, de natureza econômica, social ou am-
se caracterize sobrepreço ou superfaturamento, devendo observar biental, inclusive os relativos à manutenção, ao desfazimento de
os princípios da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da bens e resíduos, ao índice de depreciação econômica e a outros
publicidade, da eficiência, da probidade administrativa, da econo- fatores de igual relevância;
micidade, do desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação III - parcelamento do objeto, visando a ampliar a participação
ao instrumento convocatório, da obtenção de competitividade e do de licitantes, sem perda de economia de escala, e desde que não
julgamento objetivo. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) atinja valores inferiores aos limites estabelecidos no art. 29, incisos
§ 1º Para os fins do disposto no caput , considera-se que há: I e II;
I - sobrepreço quando os preços orçados para a licitação ou IV - adoção preferencial da modalidade de licitação denomi-
os preços contratados são expressivamente superiores aos preços nada pregão, instituída pela Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002
referenciais de mercado, podendo referir-se ao valor unitário de , para a aquisição de bens e serviços comuns, assim considerados
um item, se a licitação ou a contratação for por preços unitários de aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser ob-
serviço, ou ao valor global do objeto, se a licitação ou a contratação jetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usu-
for por preço global ou por empreitada; ais no mercado;

176
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
V - observação da política de integridade nas transações com Art. 36. A empresa pública e a sociedade de economia mista
partes interessadas. poderão promover a pré-qualificação de seus fornecedores ou pro-
§ 1º As licitações e os contratos disciplinados por esta Lei de- dutos, nos termos do art. 64. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
vem respeitar, especialmente, as normas relativas à: Art. 37. A empresa pública e a sociedade de economia mista
I - disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só- deverão informar os dados relativos às sanções por elas aplicadas
lidos gerados pelas obras contratadas; aos contratados, nos termos definidos no art. 83, de forma a man-
II - mitigação dos danos ambientais por meio de medidas con- ter atualizado o cadastro de empresas inidôneas de que trata o art.
dicionantes e de compensação ambiental, que serão definidas no 23 da Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013 . (Vide Lei nº 14.002,
procedimento de licenciamento ambiental; de 2020)
III - utilização de produtos, equipamentos e serviços que, com- § 1º O fornecedor incluído no cadastro referido no caput não
provadamente, reduzam o consumo de energia e de recursos na- poderá disputar licitação ou participar, direta ou indiretamente, da
turais; execução de contrato.
IV - avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legisla- § 2º Serão excluídos do cadastro referido no caput , a qualquer
ção urbanística; tempo, fornecedores que demonstrarem a superação dos motivos
V - proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e que deram causa à restrição contra eles promovida.
imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou in- Art. 38. Estará impedida de participar de licitações e de ser
direto causado por investimentos realizados por empresas públicas contratada pela empresa pública ou sociedade de economia mista
e sociedades de economia mista; a empresa: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
VI - acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobi- I - cujo administrador ou sócio detentor de mais de 5% (cinco
lidade reduzida. por cento) do capital social seja diretor ou empregado da empresa
§ 2º A contratação a ser celebrada por empresa pública ou so- pública ou sociedade de economia mista contratante;
ciedade de economia mista da qual decorra impacto negativo so- II - suspensa pela empresa pública ou sociedade de economia
bre bens do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e imaterial mista;
tombados dependerá de autorização da esfera de governo encar- III - declarada inidônea pela União, por Estado, pelo Distrito
regada da proteção do respectivo patrimônio, devendo o impacto Federal ou pela unidade federativa a que está vinculada a empresa
ser compensado por meio de medidas determinadas pelo dirigente pública ou sociedade de economia mista, enquanto perdurarem os
máximo da empresa pública ou sociedade de economia mista, na efeitos da sanção;
forma da legislação aplicável. IV - constituída por sócio de empresa que estiver suspensa, im-
§ 3º As licitações na modalidade de pregão, na forma eletrôni- pedida ou declarada inidônea;
ca, deverão ser realizadas exclusivamente em portais de compras V - cujo administrador seja sócio de empresa suspensa, impedi-
de acesso público na internet. da ou declarada inidônea;
§ 4º Nas licitações com etapa de lances, a empresa pública ou VI - constituída por sócio que tenha sido sócio ou administra-
sociedade de economia mista disponibilizará ferramentas eletrôni- dor de empresa suspensa, impedida ou declarada inidônea, no pe-
cas para envio de lances pelos licitantes. ríodo dos fatos que deram ensejo à sanção;
Art. 33. O objeto da licitação e do contrato dela decorrente VII - cujo administrador tenha sido sócio ou administrador de
será definido de forma sucinta e clara no instrumento convocató- empresa suspensa, impedida ou declarada inidônea, no período
rio. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) dos fatos que deram ensejo à sanção;
Art. 34. O valor estimado do contrato a ser celebrado pela VIII - que tiver, nos seus quadros de diretoria, pessoa que par-
empresa pública ou pela sociedade de economia mista será sigi- ticipou, em razão de vínculo de mesma natureza, de empresa de-
loso, facultando-se à contratante, mediante justificação na fase de clarada inidônea.
preparação prevista no inciso I do art. 51 desta Lei, conferir publi- Parágrafo único. Aplica-se a vedação prevista no caput :
cidade ao valor estimado do objeto da licitação, sem prejuízo da I - à contratação do próprio empregado ou dirigente, como
divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais infor- pessoa física, bem como à participação dele em procedimentos lici-
mações necessárias para a elaboração das propostas. (Vide Lei nº tatórios, na condição de licitante;
14.002, de 2020) II - a quem tenha relação de parentesco, até o terceiro grau
§ 1º Na hipótese em que for adotado o critério de julgamento civil, com:
por maior desconto, a informação de que trata o caput deste artigo a) dirigente de empresa pública ou sociedade de economia
constará do instrumento convocatório. mista;
§ 2º No caso de julgamento por melhor técnica, o valor do prê- b) empregado de empresa pública ou sociedade de economia
mio ou da remuneração será incluído no instrumento convocatório. mista cujas atribuições envolvam a atuação na área responsável
§ 3º A informação relativa ao valor estimado do objeto da li- pela licitação ou contratação;
citação, ainda que tenha caráter sigiloso, será disponibilizada a ór- c) autoridade do ente público a que a empresa pública ou so-
gãos de controle externo e interno, devendo a empresa pública ou ciedade de economia mista esteja vinculada.
a sociedade de economia mista registrar em documento formal sua III - cujo proprietário, mesmo na condição de sócio, tenha ter-
disponibilização aos órgãos de controle, sempre que solicitado. minado seu prazo de gestão ou rompido seu vínculo com a respecti-
§ 4º (VETADO). va empresa pública ou sociedade de economia mista promotora da
Art. 35. Observado o disposto no art. 34, o conteúdo da pro- licitação ou contratante há menos de 6 (seis) meses.
posta, quando adotado o modo de disputa fechado e até sua aber- Art. 39. Os procedimentos licitatórios, a pré-qualificação e os
tura, os atos e os procedimentos praticados em decorrência desta contratos disciplinados por esta Lei serão divulgados em portal es-
Lei submetem-se à legislação que regula o acesso dos cidadãos às pecífico mantido pela empresa pública ou sociedade de economia
informações detidas pela administração pública, particularmente mista na internet, devendo ser adotados os seguintes prazos míni-
aos termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 . (Vide Lei mos para apresentação de propostas ou lances, contados a partir
nº 14.002, de 2020) da divulgação do instrumento convocatório: (Vide Lei nº 14.002,
de 2020)

177
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
I - para aquisição de bens: VII - anteprojeto de engenharia: peça técnica com todos os
a) 5 (cinco) dias úteis, quando adotado como critério de julga- elementos de contornos necessários e fundamentais à elaboração
mento o menor preço ou o maior desconto; do projeto básico, devendo conter minimamente os seguintes ele-
b) 10 (dez) dias úteis, nas demais hipóteses; mentos:
II - para contratação de obras e serviços: a) demonstração e justificativa do programa de necessidades,
a) 15 (quinze) dias úteis, quando adotado como critério de jul- visão global dos investimentos e definições relacionadas ao nível de
gamento o menor preço ou o maior desconto; serviço desejado;
b) 30 (trinta) dias úteis, nas demais hipóteses; b) condições de solidez, segurança e durabilidade e prazo de
III - no mínimo 45 (quarenta e cinco) dias úteis para licitação entrega;
em que se adote como critério de julgamento a melhor técnica ou c) estética do projeto arquitetônico;
a melhor combinação de técnica e preço, bem como para licitação d) parâmetros de adequação ao interesse público, à economia
em que haja contratação semi-integrada ou integrada. na utilização, à facilidade na execução, aos impactos ambientais e
Parágrafo único. As modificações promovidas no instrumento à acessibilidade;
convocatório serão objeto de divulgação nos mesmos termos e pra- e) concepção da obra ou do serviço de engenharia;
zos dos atos e procedimentos originais, exceto quando a alteração f) projetos anteriores ou estudos preliminares que embasaram
não afetar a preparação das propostas. a concepção adotada;
Art. 40. As empresas públicas e as sociedades de economia g) levantamento topográfico e cadastral;
mista deverão publicar e manter atualizado regulamento interno h) pareceres de sondagem;
de licitações e contratos, compatível com o disposto nesta Lei, es- i) memorial descritivo dos elementos da edificação, dos com-
pecialmente quanto a: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) ponentes construtivos e dos materiais de construção, de forma a
I - glossário de expressões técnicas; estabelecer padrões mínimos para a contratação;
II - cadastro de fornecedores; VIII - projeto básico: conjunto de elementos necessários e su-
III - minutas-padrão de editais e contratos; ficientes, com nível de precisão adequado, para, observado o dis-
IV - procedimentos de licitação e contratação direta; posto no § 3º, caracterizar a obra ou o serviço, ou o complexo de
V - tramitação de recursos; obras ou de serviços objeto da licitação, elaborado com base nas
VI - formalização de contratos; indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegure a viabi-
VII - gestão e fiscalização de contratos; lidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
VIII - aplicação de penalidades; empreendimento e que possibilite a avaliação do custo da obra e a
IX - recebimento do objeto do contrato. definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os
Art. 41. Aplicam-se às licitações e contratos regidos por esta seguintes elementos:
Lei as normas de direito penal contidas nos arts. 89 a 99 da Lei nº a) desenvolvimento da solução escolhida, de forma a fornecer
8.666, de 21 de junho de 1993 . (Vide Lei nº 14.002, de 2020) visão global da obra e a identificar todos os seus elementos consti-
tutivos com clareza;
Seção III b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente de-
Das Normas Específicas para Obras e Serviços talhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou
de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e
Art. 42. Na licitação e na contratação de obras e serviços por de realização das obras e montagem;
empresas públicas e sociedades de economia mista, serão observa- c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais
das as seguintes definições: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especifica-
I - empreitada por preço unitário: contratação por preço certo ções, de modo a assegurar os melhores resultados para o empreen-
de unidades determinadas; dimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
II - empreitada por preço global: contratação por preço certo d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de mé-
e total; todos construtivos, instalações provisórias e condições organiza-
III - tarefa: contratação de mão de obra para pequenos traba- cionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua
lhos por preço certo, com ou sem fornecimento de material; execução;
IV - empreitada integral: contratação de empreendimento em e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da
sua integralidade, com todas as etapas de obras, serviços e instala- obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de supri-
ções necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a mentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em
sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, cada caso;
atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em con- f) (VETADO);
dições de segurança estrutural e operacional e com as característi- IX - projeto executivo: conjunto dos elementos necessários e
cas adequadas às finalidades para as quais foi contratada; suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas
V - contratação semi-integrada: contratação que envolve a ela- técnicas pertinentes;
boração e o desenvolvimento do projeto executivo, a execução de X - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e
obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de tes-
responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilíbrio
tes, a pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes
econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus finan-
para a entrega final do objeto, de acordo com o estabelecido nos §§
ceiro decorrente de eventos supervenientes à contratação, conten-
1º e 3º deste artigo;
do, no mínimo, as seguintes informações:
VI - contratação integrada: contratação que envolve a elabo-
a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura
ração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a exe-
do contrato, impactantes no equilíbrio econômico-financeiro da
cução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização
avença, e previsão de eventual necessidade de prolação de termo
de testes, a pré-operação e as demais operações necessárias e sufi-
aditivo quando de sua ocorrência;
cientes para a entrega final do objeto, de acordo com o estabeleci-
do nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo;

178
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
b) estabelecimento preciso das frações do objeto em que ha- § 4º No caso de licitação de obras e serviços de engenharia, as
verá liberdade das contratadas para inovar em soluções metodoló- empresas públicas e as sociedades de economia mista abrangidas
gicas ou tecnológicas, em obrigações de resultado, em termos de por esta Lei deverão utilizar a contratação semi-integrada, prevista
modificação das soluções previamente delineadas no anteprojeto no inciso V do caput , cabendo a elas a elaboração ou a contratação
ou no projeto básico da licitação; do projeto básico antes da licitação de que trata este parágrafo,
c) estabelecimento preciso das frações do objeto em que não podendo ser utilizadas outras modalidades previstas nos incisos do
haverá liberdade das contratadas para inovar em soluções meto- caput deste artigo, desde que essa opção seja devidamente justi-
dológicas ou tecnológicas, em obrigações de meio, devendo haver ficada.
obrigação de identidade entre a execução e a solução pré-definida § 5º Para fins do previsto na parte final do § 4º, não será ad-
no anteprojeto ou no projeto básico da licitação. mitida, por parte da empresa pública ou da sociedade de economia
§ 1º As contratações semi-integradas e integradas referidas, mista, como justificativa para a adoção da modalidade de contrata-
respectivamente, nos incisos V e VI do caput deste artigo restringir- ção integrada, a ausência de projeto básico.
-se-ão a obras e serviços de engenharia e observarão os seguintes Art. 43. Os contratos destinados à execução de obras e serviços
requisitos: de engenharia admitirão os seguintes regimes: (Vide Lei nº 14.002,
I - o instrumento convocatório deverá conter: de 2020)
a) anteprojeto de engenharia, no caso de contratação integra- I - empreitada por preço unitário, nos casos em que os objetos,
da, com elementos técnicos que permitam a caracterização da obra por sua natureza, possuam imprecisão inerente de quantitativos
ou do serviço e a elaboração e comparação, de forma isonômica, em seus itens orçamentários;
das propostas a serem ofertadas pelos particulares; II - empreitada por preço global, quando for possível definir
b) projeto básico, nos casos de empreitada por preço unitário, previamente no projeto básico, com boa margem de precisão, as
de empreitada por preço global, de empreitada integral e de con- quantidades dos serviços a serem posteriormente executados na
tratação semi-integrada, nos termos definidos neste artigo; fase contratual;
c) documento técnico, com definição precisa das frações do III - contratação por tarefa, em contratações de profissionais
empreendimento em que haverá liberdade de as contratadas ino- autônomos ou de pequenas empresas para realização de serviços
varem em soluções metodológicas ou tecnológicas, seja em termos técnicos comuns e de curta duração;
de modificação das soluções previamente delineadas no antepro- IV - empreitada integral, nos casos em que o contratante ne-
jeto ou no projeto básico da licitação, seja em termos de detalha- cessite receber o empreendimento, normalmente de alta comple-
mento dos sistemas e procedimentos construtivos previstos nessas xidade, em condição de operação imediata;
peças técnicas; V - contratação semi-integrada, quando for possível definir
d) matriz de riscos; previamente no projeto básico as quantidades dos serviços a serem
II - o valor estimado do objeto a ser licitado será calculado com posteriormente executados na fase contratual, em obra ou serviço
base em valores de mercado, em valores pagos pela administração de engenharia que possa ser executado com diferentes metodolo-
pública em serviços e obras similares ou em avaliação do custo glo- gias ou tecnologias;
bal da obra, aferido mediante orçamento sintético ou metodologia VI - contratação integrada, quando a obra ou o serviço de en-
expedita ou paramétrica; genharia for de natureza predominantemente intelectual e de ino-
III - o critério de julgamento a ser adotado será o de menor pre- vação tecnológica do objeto licitado ou puder ser executado com
ço ou de melhor combinação de técnica e preço, pontuando-se na diferentes metodologias ou tecnologias de domínio restrito no
avaliação técnica as vantagens e os benefícios que eventualmente mercado.
forem oferecidos para cada produto ou solução; § 1º Serão obrigatoriamente precedidas pela elaboração de
IV - na contratação semi-integrada, o projeto básico poderá ser projeto básico, disponível para exame de qualquer interessado, as
alterado, desde que demonstrada a superioridade das inovações licitações para a contratação de obras e serviços, com exceção da-
em termos de redução de custos, de aumento da qualidade, de quelas em que for adotado o regime previsto no inciso VI do caput
redução do prazo de execução e de facilidade de manutenção ou deste artigo.
operação. § 2º É vedada a execução, sem projeto executivo, de obras e
§ 2º No caso dos orçamentos das contratações integradas: serviços de engenharia.
I - sempre que o anteprojeto da licitação, por seus elementos Art. 44. É vedada a participação direta ou indireta nas licitações
mínimos, assim o permitir, as estimativas de preço devem se basear para obras e serviços de engenharia de que trata esta Lei: (Vide Lei
em orçamento tão detalhado quanto possível, devendo a utilização nº 14.002, de 2020)
de estimativas paramétricas e a avaliação aproximada baseada em I - de pessoa física ou jurídica que tenha elaborado o antepro-
outras obras similares ser realizadas somente nas frações do em- jeto ou o projeto básico da licitação;
preendimento não suficientemente detalhadas no anteprojeto da II - de pessoa jurídica que participar de consórcio responsável
licitação, exigindo-se das contratadas, no mínimo, o mesmo nível pela elaboração do anteprojeto ou do projeto básico da licitação;
de detalhamento em seus demonstrativos de formação de preços; III - de pessoa jurídica da qual o autor do anteprojeto ou do
II - quando utilizada metodologia expedita ou paramétrica para projeto básico da licitação seja administrador, controlador, geren-
abalizar o valor do empreendimento ou de fração dele, considera- te, responsável técnico, subcontratado ou sócio, neste último caso
das as disposições do inciso I, entre 2 (duas) ou mais técnicas esti- quando a participação superar 5% (cinco por cento) do capital vo-
mativas possíveis, deve ser utilizada nas estimativas de preço-base tante.
a que viabilize a maior precisão orçamentária, exigindo-se das lici- § 1º A elaboração do projeto executivo constituirá encargo do
tantes, no mínimo, o mesmo nível de detalhamento na motivação contratado, consoante preço previamente fixado pela empresa pú-
dos respectivos preços ofertados. blica ou pela sociedade de economia mista.
§ 3º Nas contratações integradas ou semi-integradas, os riscos § 2º É permitida a participação das pessoas jurídicas e da pes-
decorrentes de fatos supervenientes à contratação associados à soa física de que tratam os incisos II e III do caput deste artigo em
escolha da solução de projeto básico pela contratante deverão ser licitação ou em execução de contrato, como consultor ou técnico,
alocados como de sua responsabilidade na matriz de riscos.

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusi- I - identificação do bem comprado, de seu preço unitário e da
vamente a serviço da empresa pública e da sociedade de economia quantidade adquirida;
mista interessadas. II - nome do fornecedor;
§ 3º Para fins do disposto no caput , considera-se participa- III - valor total de cada aquisição.
ção indireta a existência de vínculos de natureza técnica, comer-
cial, econômica, financeira ou trabalhista entre o autor do projeto Seção V
básico, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos Das Normas Específicas para Alienação de Bens
serviços, fornecimentos e obras, incluindo-se os fornecimentos de
bens e serviços a estes necessários. Art. 49. A alienação de bens por empresas públicas e por socie-
§ 4º O disposto no § 3º deste artigo aplica-se a empregados dades de economia mista será precedida de: (Vide Lei nº 14.002,
incumbidos de levar a efeito atos e procedimentos realizados pela de 2020)
empresa pública e pela sociedade de economia mista no curso da I - avaliação formal do bem contemplado, ressalvadas as hipó-
licitação. teses previstas nos incisos XVI a XVIII do art. 29;
Art. 45. Na contratação de obras e serviços, inclusive de enge- II - licitação, ressalvado o previsto no § 3º do art. 28.
nharia, poderá ser estabelecida remuneração variável vinculada ao Art. 50. Estendem-se à atribuição de ônus real a bens integran-
desempenho do contratado, com base em metas, padrões de qua- tes do acervo patrimonial de empresas públicas e de sociedades
lidade, critérios de sustentabilidade ambiental e prazos de entrega de economia mista as normas desta Lei aplicáveis à sua alienação,
definidos no instrumento convocatório e no contrato. (Vide Lei nº inclusive em relação às hipóteses de dispensa e de inexigibilidade
14.002, de 2020) de licitação. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
Parágrafo único. A utilização da remuneração variável respeita-
rá o limite orçamentário fixado pela empresa pública ou pela socie- Seção VI
dade de economia mista para a respectiva contratação. Do Procedimento de Licitação
Art. 46. Mediante justificativa expressa e desde que não impli-
que perda de economia de escala, poderá ser celebrado mais de Art. 51. As licitações de que trata esta Lei observarão a seguin-
um contrato para executar serviço de mesma natureza quando o te sequência de fases: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
objeto da contratação puder ser executado de forma concorrente I - preparação;
e simultânea por mais de um contratado. (Vide Lei nº 14.002, de II - divulgação;
2020) III - apresentação de lances ou propostas, conforme o modo de
§ 1º Na hipótese prevista no caput deste artigo, será mantido disputa adotado;
controle individualizado da execução do objeto contratual relativa- IV - julgamento;
mente a cada um dos contratados. V - verificação de efetividade dos lances ou propostas;
§ 2º (VETADO). VI - negociação;
VII - habilitação;
Seção IV VIII - interposição de recursos;
Das Normas Específicas para Aquisição de Bens IX - adjudicação do objeto;
X - homologação do resultado ou revogação do procedimento.
Art. 47. A empresa pública e a sociedade de economia mista, § 1º A fase de que trata o inciso VII do caput poderá, excep-
na licitação para aquisição de bens, poderão: (Vide Lei nº 14.002, cionalmente, anteceder as referidas nos incisos III a VI do caput ,
de 2020) desde que expressamente previsto no instrumento convocatório.
I - indicar marca ou modelo, nas seguintes hipóteses: § 2º Os atos e procedimentos decorrentes das fases enume-
a) em decorrência da necessidade de padronização do objeto; radas no caput praticados por empresas públicas, por sociedades
b) quando determinada marca ou modelo comercializado por de economia mista e por licitantes serão efetivados preferencial-
mais de um fornecedor constituir o único capaz de atender o objeto mente por meio eletrônico, nos termos definidos pelo instrumento
do contrato; convocatório, devendo os avisos contendo os resumos dos editais
c) quando for necessária, para compreensão do objeto, a iden- das licitações e contratos abrangidos por esta Lei ser previamente
tificação de determinada marca ou modelo apto a servir como refe- publicados no Diário Oficial da União, do Estado ou do Município e
rência, situação em que será obrigatório o acréscimo da expressão na internet.
“ou similar ou de melhor qualidade”; Art. 52. Poderão ser adotados os modos de disputa aberto ou
II - exigir amostra do bem no procedimento de pré-qualificação fechado, ou, quando o objeto da licitação puder ser parcelado, a
e na fase de julgamento das propostas ou de lances, desde que jus- combinação de ambos, observado o disposto no inciso III do art. 32
tificada a necessidade de sua apresentação; desta Lei. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
III - solicitar a certificação da qualidade do produto ou do pro- § 1º No modo de disputa aberto, os licitantes apresentarão lan-
cesso de fabricação, inclusive sob o aspecto ambiental, por institui- ces públicos e sucessivos, crescentes ou decrescentes, conforme o
ção previamente credenciada. critério de julgamento adotado.
Parágrafo único. O edital poderá exigir, como condição de acei- § 2º No modo de disputa fechado, as propostas apresentadas
tabilidade da proposta, a adequação às normas da Associação Bra- pelos licitantes serão sigilosas até a data e a hora designadas para
sileira de Normas Técnicas (ABNT) ou a certificação da qualidade que sejam divulgadas.
do produto por instituição credenciada pelo Sistema Nacional de Art. 53. Quando for adotado o modo de disputa aberto, pode-
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro) . rão ser admitidos: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
Art. 48. Será dada publicidade, com periodicidade mínima se- I - a apresentação de lances intermediários;
mestral, em sítio eletrônico oficial na internet de acesso irrestrito, à II - o reinício da disputa aberta, após a definição do melhor
relação das aquisições de bens efetivadas pelas empresas públicas lance, para definição das demais colocações, quando existir dife-
e pelas sociedades de economia mista, compreendidas as seguintes rença de pelo menos 10% (dez por cento) entre o melhor lance e o
informações: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) subsequente.

180
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Parágrafo único. Consideram-se intermediários os lances: III - os critérios estabelecidos no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23
I - iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando adotado o de outubro de 1991 , e no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de
julgamento pelo critério da maior oferta; junho de 1993 ;
II - iguais ou superiores ao menor já ofertado, quando adota- IV - sorteio.
dos os demais critérios de julgamento. Art. 56. Efetuado o julgamento dos lances ou propostas, será
Art. 54. Poderão ser utilizados os seguintes critérios de julga- promovida a verificação de sua efetividade, promovendo-se a des-
mento: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) classificação daqueles que: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
I - menor preço; I - contenham vícios insanáveis;
II - maior desconto; II - descumpram especificações técnicas constantes do instru-
III - melhor combinação de técnica e preço; mento convocatório;
IV - melhor técnica; III - apresentem preços manifestamente inexequíveis;
V - melhor conteúdo artístico; IV - se encontrem acima do orçamento estimado para a contra-
VI - maior oferta de preço; tação de que trata o § 1º do art. 57, ressalvada a hipótese prevista
VII - maior retorno econômico; no caput do art. 34 desta Lei;
VIII - melhor destinação de bens alienados. V - não tenham sua exequibilidade demonstrada, quando exi-
§ 1º Os critérios de julgamento serão expressamente identifi- gido pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista;
cados no instrumento convocatório e poderão ser combinados na VI - apresentem desconformidade com outras exigências do
hipótese de parcelamento do objeto, observado o disposto no in- instrumento convocatório, salvo se for possível a acomodação a
ciso III do art. 32. seus termos antes da adjudicação do objeto e sem que se prejudi-
§ 2º Na hipótese de adoção dos critérios referidos nos incisos que a atribuição de tratamento isonômico entre os licitantes.
III, IV, V e VII do caput deste artigo, o julgamento das propostas será § 1º A verificação da efetividade dos lances ou propostas pode-
efetivado mediante o emprego de parâmetros específicos, defini- rá ser feita exclusivamente em relação aos lances e propostas mais
dos no instrumento convocatório, destinados a limitar a subjetivi- bem classificados.
dade do julgamento. § 2º A empresa pública e a sociedade de economia mista po-
§ 3º Para efeito de julgamento, não serão consideradas vanta- derão realizar diligências para aferir a exequibilidade das propostas
gens não previstas no instrumento convocatório. ou exigir dos licitantes que ela seja demonstrada, na forma do in-
§ 4º O critério previsto no inciso II do caput : ciso V do caput .
I - terá como referência o preço global fixado no instrumento § 3º Nas licitações de obras e serviços de engenharia, conside-
convocatório, estendendo-se o desconto oferecido nas propostas ram-se inexequíveis as propostas com valores globais inferiores a
ou lances vencedores a eventuais termos aditivos; 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:
II - no caso de obras e serviços de engenharia, o desconto in- I - média aritmética dos valores das propostas superiores a 50%
cidirá de forma linear sobre a totalidade dos itens constantes do (cinquenta por cento) do valor do orçamento estimado pela empre-
orçamento estimado, que deverá obrigatoriamente integrar o ins- sa pública ou sociedade de economia mista; ou
trumento convocatório. II - valor do orçamento estimado pela empresa pública ou so-
§ 5º Quando for utilizado o critério referido no inciso III do ciedade de economia mista.
caput , a avaliação das propostas técnicas e de preço considerará o § 4º Para os demais objetos, para efeito de avaliação da exe-
percentual de ponderação mais relevante, limitado a 70% (setenta quibilidade ou de sobrepreço, deverão ser estabelecidos critérios
por cento). de aceitabilidade de preços que considerem o preço global, os
§ 6º Quando for utilizado o critério referido no inciso VII do quantitativos e os preços unitários, assim definidos no instrumento
caput , os lances ou propostas terão o objetivo de proporcionar convocatório.
economia à empresa pública ou à sociedade de economia mista, Art. 57. Confirmada a efetividade do lance ou proposta que ob-
por meio da redução de suas despesas correntes, remunerando-se teve a primeira colocação na etapa de julgamento, ou que passe a
o licitante vencedor com base em percentual da economia de re- ocupar essa posição em decorrência da desclassificação de outra
cursos gerada. que tenha obtido colocação superior, a empresa pública e a socie-
§ 7º Na implementação do critério previsto no inciso VIII do dade de economia mista deverão negociar condições mais vantajo-
caput deste artigo, será obrigatoriamente considerada, nos termos sas com quem o apresentou. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
do respectivo instrumento convocatório, a repercussão, no meio § 1º A negociação deverá ser feita com os demais licitantes,
social, da finalidade para cujo atendimento o bem será utilizado segundo a ordem inicialmente estabelecida, quando o preço do pri-
pelo adquirente. meiro colocado, mesmo após a negociação, permanecer acima do
§ 8º O descumprimento da finalidade a que se refere o § 7º orçamento estimado.
deste artigo resultará na imediata restituição do bem alcançado ao § 2º (VETADO).
acervo patrimonial da empresa pública ou da sociedade de econo- § 3º Se depois de adotada a providência referida no § 1º deste
mia mista, vedado, nessa hipótese, o pagamento de indenização artigo não for obtido valor igual ou inferior ao orçamento estimado
em favor do adquirente. para a contratação, será revogada a licitação.
Art. 55. Em caso de empate entre 2 (duas) propostas, serão uti- Art. 58. A habilitação será apreciada exclusivamente a partir
lizados, na ordem em que se encontram enumerados, os seguintes dos seguintes parâmetros: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
critérios de desempate: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) I - exigência da apresentação de documentos aptos a compro-
I - disputa final, em que os licitantes empatados poderão apre- var a possibilidade da aquisição de direitos e da contração de obri-
sentar nova proposta fechada, em ato contínuo ao encerramento gações por parte do licitante;
da etapa de julgamento; II - qualificação técnica, restrita a parcelas do objeto técnica ou
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, economicamente relevantes, de acordo com parâmetros estabele-
desde que exista sistema objetivo de avaliação instituído; cidos de forma expressa no instrumento convocatório;
III - capacidade econômica e financeira;

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
IV - recolhimento de quantia a título de adiantamento, tratan- Art. 64. Considera-se pré-qualificação permanente o proce-
do-se de licitações em que se utilize como critério de julgamento a dimento anterior à licitação destinado a identificar: (Vide Lei nº
maior oferta de preço. 14.002, de 2020)
§ 1º Quando o critério de julgamento utilizado for a maior ofer- I - fornecedores que reúnam condições de habilitação exigidas
ta de preço, os requisitos de qualificação técnica e de capacidade para o fornecimento de bem ou a execução de serviço ou obra nos
econômica e financeira poderão ser dispensados. prazos, locais e condições previamente estabelecidos;
§ 2º Na hipótese do § 1º, reverterá a favor da empresa pública II - bens que atendam às exigências técnicas e de qualidade da
ou da sociedade de economia mista o valor de quantia eventual- administração pública.
mente exigida no instrumento convocatório a título de adianta- § 1º O procedimento de pré-qualificação será público e perma-
mento, caso o licitante não efetue o restante do pagamento devido nentemente aberto à inscrição de qualquer interessado.
no prazo para tanto estipulado. § 2º A empresa pública e a sociedade de economia mista po-
Art. 59. Salvo no caso de inversão de fases, o procedimento derão restringir a participação em suas licitações a fornecedores
licitatório terá fase recursal única. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
ou produtos pré-qualificados, nas condições estabelecidas em re-
§ 1º Os recursos serão apresentados no prazo de 5 (cinco) dias
gulamento.
úteis após a habilitação e contemplarão, além dos atos praticados
§ 3º A pré-qualificação poderá ser efetuada nos grupos ou seg-
nessa fase, aqueles praticados em decorrência do disposto nos inci-
mentos, segundo as especialidades dos fornecedores.
sos IV e V do caput do art. 51 desta Lei.
§ 2º Na hipótese de inversão de fases, o prazo referido no § 1º § 4º A pré-qualificação poderá ser parcial ou total, contendo
será aberto após a habilitação e após o encerramento da fase pre- alguns ou todos os requisitos de habilitação ou técnicos necessários
vista no inciso V do caput do art. 51, abrangendo o segundo prazo à contratação, assegurada, em qualquer hipótese, a igualdade de
também atos decorrentes da fase referida no inciso IV do caput do condições entre os concorrentes.
art. 51 desta Lei. § 5º A pré-qualificação terá validade de 1 (um) ano, no máxi-
Art. 60. A homologação do resultado implica a constituição de mo, podendo ser atualizada a qualquer tempo.
direito relativo à celebração do contrato em favor do licitante ven- § 6º Na pré-qualificação aberta de produtos, poderá ser exigida
cedor. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) a comprovação de qualidade.
Art. 61. A empresa pública e a sociedade de economia mista § 7º É obrigatória a divulgação dos produtos e dos interessados
não poderão celebrar contrato com preterição da ordem de classi- que forem pré-qualificados.
ficação das propostas ou com terceiros estranhos à licitação. (Vide Art. 65. Os registros cadastrais poderão ser mantidos para efei-
Lei nº 14.002, de 2020) to de habilitação dos inscritos em procedimentos licitatórios e se-
rão válidos por 1 (um) ano, no máximo, podendo ser atualizados a
Art. 62. Além das hipóteses previstas no § 3º do art. 57 desta
qualquer tempo. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
Lei e no inciso II do § 2º do art. 75 desta Lei, quem dispuser de com-
§ 1º Os registros cadastrais serão amplamente divulgados e fi-
petência para homologação do resultado poderá revogar a licitação
carão permanentemente abertos para a inscrição de interessados.
por razões de interesse público decorrentes de fato superveniente
§ 2º Os inscritos serão admitidos segundo requisitos previstos
que constitua óbice manifesto e incontornável, ou anulá-la por ile- em regulamento.
galidade, de ofício ou por provocação de terceiros, salvo quando § 3º A atuação do licitante no cumprimento de obrigações as-
for viável a convalidação do ato ou do procedimento viciado. (Vide sumidas será anotada no respectivo registro cadastral.
Lei nº 14.002, de 2020) § 4º A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou can-
§ 1º A anulação da licitação por motivo de ilegalidade não gera celado o registro do inscrito que deixar de satisfazer as exigências
obrigação de indenizar, observado o disposto no § 2º deste artigo. estabelecidas para habilitação ou para admissão cadastral.
§ 2º A nulidade da licitação induz à do contrato. Art. 66. O Sistema de Registro de Preços especificamente desti-
§ 3º Depois de iniciada a fase de apresentação de lances ou nado às licitações de que trata esta Lei reger-se-á pelo disposto em
propostas, referida no inciso III do caput do art. 51 desta Lei, a revo- decreto do Poder Executivo e pelas seguintes disposições: (Vide Lei
gação ou a anulação da licitação somente será efetivada depois de nº 14.002, de 2020)
se conceder aos licitantes que manifestem interesse em contestar § 1º Poderá aderir ao sistema referido no caput qualquer órgão
o respectivo ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito ou entidade responsável pela execução das atividades contempla-
ao contraditório e à ampla defesa. das no art. 1º desta Lei.
§ 4º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo aplica-se, § 2º O registro de preços observará, entre outras, as seguintes
no que couber, aos atos por meio dos quais se determine a contra- condições:
tação direta. I - efetivação prévia de ampla pesquisa de mercado;
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em re-
Seção VII gulamento;
Dos Procedimentos Auxiliares das Licitações III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle e atua-
lização periódicos dos preços registrados;
Art. 63. São procedimentos auxiliares das licitações regidas por IV - definição da validade do registro;
esta Lei: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) V - inclusão, na respectiva ata, do registro dos licitantes que
I - pré-qualificação permanente; aceitarem cotar os bens ou serviços com preços iguais ao do licitan-
te vencedor na sequência da classificação do certame, assim como
II - cadastramento;
dos licitantes que mantiverem suas propostas originais.
III - sistema de registro de preços;
§ 3º A existência de preços registrados não obriga a adminis-
IV - catálogo eletrônico de padronização.
tração pública a firmar os contratos que deles poderão advir, sendo
Parágrafo único. Os procedimentos de que trata o caput deste
facultada a realização de licitação específica, assegurada ao licitan-
artigo obedecerão a critérios claros e objetivos definidos em regu- te registrado preferência em igualdade de condições.
lamento.

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Art. 67. O catálogo eletrônico de padronização de compras, § 2º A garantia a que se refere o caput não excederá a 5% (cin-
serviços e obras consiste em sistema informatizado, de gerencia- co por cento) do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas
mento centralizado, destinado a permitir a padronização dos itens mesmas condições nele estabelecidas, ressalvado o previsto no §
a serem adquiridos pela empresa pública ou sociedade de econo- 3º deste artigo.
mia mista que estarão disponíveis para a realização de licitação. § 3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto en-
(Vide Lei nº 14.002, de 2020) volvendo complexidade técnica e riscos financeiros elevados, o li-
Parágrafo único. O catálogo referido no caput poderá ser utili- mite de garantia previsto no § 2º poderá ser elevado para até 10%
zado em licitações cujo critério de julgamento seja o menor preço (dez por cento) do valor do contrato.
ou o maior desconto e conterá toda a documentação e todos os § 4º A garantia prestada pelo contratado será liberada ou res-
procedimentos da fase interna da licitação, assim como as espe- tituída após a execução do contrato, devendo ser atualizada mone-
cificações dos respectivos objetos, conforme disposto em regula- tariamente na hipótese do inciso I do § 1º deste artigo.
mento. Art. 71. A duração dos contratos regidos por esta Lei não exce-
derá a 5 (cinco) anos, contados a partir de sua celebração, exceto:
CAPÍTULO II (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
DOS CONTRATOS I - para projetos contemplados no plano de negócios e inves-
Seção I timentos da empresa pública ou da sociedade de economia mista;
Da Formalização dos Contratos II - nos casos em que a pactuação por prazo superior a 5 (cinco)
anos seja prática rotineira de mercado e a imposição desse prazo
Art. 68. Os contratos de que trata esta Lei regulam-se pelas inviabilize ou onere excessivamente a realização do negócio.
suas cláusulas, pelo disposto nesta Lei e pelos preceitos de direito Parágrafo único. É vedado o contrato por prazo indeterminado.
privado. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) Art. 72. Os contratos regidos por esta Lei somente poderão ser
Art. 69. São cláusulas necessárias nos contratos disciplinados alterados por acordo entre as partes, vedando-se ajuste que resulte
por esta Lei: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) em violação da obrigação de licitar. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
I - o objeto e seus elementos característicos; Art. 73. A redução a termo do contrato poderá ser dispensa-
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; da no caso de pequenas despesas de pronta entrega e pagamento
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data- das quais não resultem obrigações futuras por parte da empresa
-base e a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios pública ou da sociedade de economia mista. (Vide Lei nº 14.002,
de atualização monetária entre a data do adimplemento das obri- de 2020)
gações e a do efetivo pagamento; Parágrafo único. O disposto no caput não prejudicará o registro
IV - os prazos de início de cada etapa de execução, de conclu- contábil exaustivo dos valores despendidos e a exigência de recibo
são, de entrega, de observação, quando for o caso, e de recebi- por parte dos respectivos destinatários.
mento; Art. 74. É permitido a qualquer interessado o conhecimento
V - as garantias oferecidas para assegurar a plena execução do dos termos do contrato e a obtenção de cópia autenticada de seu
objeto contratual, quando exigidas, observado o disposto no art. inteiro teor ou de qualquer de suas partes, admitida a exigência de
68; ressarcimento dos custos, nos termos previstos na Lei nº 12.527, de
VI - os direitos e as responsabilidades das partes, as tipificações 18 de novembro de 2011 . (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
das infrações e as respectivas penalidades e valores das multas; Art. 75. A empresa pública e a sociedade de economia mista
VII - os casos de rescisão do contrato e os mecanismos para convocarão o licitante vencedor ou o destinatário de contratação
alteração de seus termos; com dispensa ou inexigibilidade de licitação para assinar o termo
VIII - a vinculação ao instrumento convocatório da respectiva de contrato, observados o prazo e as condições estabelecidos, sob
licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, bem como ao pena de decadência do direito à contratação. (Vide Lei nº 14.002,
lance ou proposta do licitante vencedor; de 2020)
IX - a obrigação do contratado de manter, durante a execução § 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado 1 (uma)
do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumi- vez, por igual período.
das, as condições de habilitação e qualificação exigidas no curso do § 2º É facultado à empresa pública ou à sociedade de econo-
procedimento licitatório; mia mista, quando o convocado não assinar o termo de contrato no
X - matriz de riscos. prazo e nas condições estabelecidos:
§ 1º (VETADO). I - convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classifi-
§ 2º Nos contratos decorrentes de licitações de obras ou ser- cação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propos-
viços de engenharia em que tenha sido adotado o modo de dispu- tas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualiza-
ta aberto, o contratado deverá reelaborar e apresentar à empresa dos em conformidade com o instrumento convocatório;
pública ou à sociedade de economia mista e às suas respectivas II - revogar a licitação.
subsidiárias, por meio eletrônico, as planilhas com indicação dos Art. 76. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover,
quantitativos e dos custos unitários, bem como do detalhamento reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o
das Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos Sociais objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incor-
(ES), com os respectivos valores adequados ao lance vencedor, para reções resultantes da execução ou de materiais empregados, e res-
fins do disposto no inciso III do caput deste artigo. ponderá por danos causados diretamente a terceiros ou à empresa
Art. 70. Poderá ser exigida prestação de garantia nas contra- pública ou sociedade de economia mista, independentemente da
tações de obras, serviços e compras. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) comprovação de sua culpa ou dolo na execução do contrato. (Vide
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes moda- Lei nº 14.002, de 2020)
lidades de garantia: Art. 77. O contratado é responsável pelos encargos trabalhis-
I - caução em dinheiro; tas, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. (Vide
II - seguro-garantia; Lei nº 14.002, de 2020)
III - fiança bancária.

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
§ 1º A inadimplência do contratado quanto aos encargos tra- ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente con-
balhistas, fiscais e comerciais não transfere à empresa pública ou à traprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou
sociedade de economia mista a responsabilidade por seu pagamen- serviço;
to, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regula- VI - para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial-
rização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro mente entre os encargos do contratado e a retribuição da adminis-
de Imóveis. tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
§ 2º (VETADO). objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini-
Art. 78. O contratado, na execução do contrato, sem prejuí- cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
zo das responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força
cada caso, pela empresa pública ou pela sociedade de economia maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
mista, conforme previsto no edital do certame. (Vide Lei nº 14.002, mica extraordinária e extracontratual.
de 2020) § 1º O contratado poderá aceitar, nas mesmas condições con-
§ 1º A empresa subcontratada deverá atender, em relação ao tratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, ser-
objeto da subcontratação, as exigências de qualificação técnica im- viços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial
postas ao licitante vencedor. atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício
§ 2º É vedada a subcontratação de empresa ou consórcio que ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para
tenha participado: os seus acréscimos.
I - do procedimento licitatório do qual se originou a contrata- § 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limi-
ção; tes estabelecidos no § 1º, salvo as supressões resultantes de acor-
II - direta ou indiretamente, da elaboração de projeto básico do celebrado entre os contratantes.
ou executivo. § 3º Se no contrato não houverem sido contemplados preços
§ 3º As empresas de prestação de serviços técnicos especia- unitários para obras ou serviços, esses serão fixados mediante acor-
lizados deverão garantir que os integrantes de seu corpo técnico do entre as partes, respeitados os limites estabelecidos no § 1º.
executem pessoal e diretamente as obrigações a eles imputadas, § 4º No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o
quando a respectiva relação for apresentada em procedimento lici- contratado já houver adquirido os materiais e posto no local dos
tatório ou em contratação direta. trabalhos, esses materiais deverão ser pagos pela empresa pública
Art. 79. Na hipótese do § 6º do art. 54, quando não for gera- ou sociedade de economia mista pelos custos de aquisição regular-
da a economia prevista no lance ou proposta, a diferença entre a mente comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber
economia contratada e a efetivamente obtida será descontada da indenização por outros danos eventualmente decorrentes da su-
remuneração do contratado. (Vide Lei nº 14.002, de 2020) pressão, desde que regularmente comprovados.
Parágrafo único. Se a diferença entre a economia contratada e § 5º A criação, a alteração ou a extinção de quaisquer tributos
a efetivamente obtida for superior à remuneração do contratado, ou encargos legais, bem como a superveniência de disposições le-
será aplicada a sanção prevista no contrato, nos termos do inciso VI gais, quando ocorridas após a data da apresentação da proposta,
do caput do art. 69 desta Lei. com comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a
Art. 80. Os direitos patrimoniais e autorais de projetos ou ser- revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso.
viços técnicos especializados desenvolvidos por profissionais au- § 6º Em havendo alteração do contrato que aumente os encar-
tônomos ou por empresas contratadas passam a ser propriedade gos do contratado, a empresa pública ou a sociedade de economia
da empresa pública ou sociedade de economia mista que os tenha mista deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômi-
contratado, sem prejuízo da preservação da identificação dos res- co-financeiro inicial.
pectivos autores e da responsabilidade técnica a eles atribuída. § 7º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste
(Vide Lei nº 14.002, de 2020) de preços previsto no próprio contrato e as atualizações, compen-
sações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de
Seção II pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações or-
Da Alteração dos Contratos çamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não
caracterizam alteração do contrato e podem ser registrados por
Art. 81. Os contratos celebrados nos regimes previstos nos inci- simples apostila, dispensada a celebração de aditamento.
sos I a V do art. 43 contarão com cláusula que estabeleça a possibili- § 8º É vedada a celebração de aditivos decorrentes de eventos
dade de alteração, por acordo entre as partes, nos seguintes casos: supervenientes alocados, na matriz de riscos, como de responsabi-
(Vide Lei nº 14.002, de 2020) lidade da contratada.
I - quando houver modificação do projeto ou das especifica-
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; Seção III
II - quando necessária a modificação do valor contratual em de- Das Sanções Administrativas
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
nos limites permitidos por esta Lei; Art. 82. Os contratos devem conter cláusulas com sanções ad-
III - quando conveniente a substituição da garantia de execu- ministrativas a serem aplicadas em decorrência de atraso injustifi-
ção; cado na execução do contrato, sujeitando o contratado a multa de
IV - quando necessária a modificação do regime de execução mora, na forma prevista no instrumento convocatório ou no con-
da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face trato. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais § 1º A multa a que alude este artigo não impede que a empresa
originários; pública ou a sociedade de economia mista rescinda o contrato e
V - quando necessária a modificação da forma de pagamento, aplique as outras sanções previstas nesta Lei.
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor § 2º A multa, aplicada após regular processo administrativo,
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela- será descontada da garantia do respectivo contratado.

184
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
§ 3º Se a multa for de valor superior ao valor da garantia pres- Art. 86. As informações das empresas públicas e das socieda-
tada, além da perda desta, responderá o contratado pela sua di- des de economia mista relativas a licitações e contratos, inclusive
ferença, a qual será descontada dos pagamentos eventualmente aqueles referentes a bases de preços, constarão de bancos de da-
devidos pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista dos eletrônicos atualizados e com acesso em tempo real aos órgãos
ou, ainda, quando for o caso, cobrada judicialmente. de controle competentes.
Art. 83. Pela inexecução total ou parcial do contrato a empre- § 1º As demonstrações contábeis auditadas da empresa públi-
sa pública ou a sociedade de economia mista poderá, garantida a ca e da sociedade de economia mista serão disponibilizadas no sítio
prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções: (Vide Lei eletrônico da empresa ou da sociedade na internet, inclusive em
nº 14.002, de 2020) formato eletrônico editável.
I - advertência; § 2º As atas e demais expedientes oriundos de reuniões, ordi-
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou nárias ou extraordinárias, dos conselhos de administração ou fiscal
no contrato; das empresas públicas e das sociedades de economia mista, inclu-
III - suspensão temporária de participação em licitação e impe- sive gravações e filmagens, quando houver, deverão ser disponibili-
dimento de contratar com a entidade sancionadora, por prazo não zados para os órgãos de controle sempre que solicitados, no âmbito
superior a 2 (dois) anos. dos trabalhos de auditoria.
§ 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia pres- § 3º O acesso dos órgãos de controle às informações referidas
tada, além da perda desta, responderá o contratado pela sua dife- no caput e no § 2º será restrito e individualizado.
rença, que será descontada dos pagamentos eventualmente devi- § 4º As informações que sejam revestidas de sigilo bancário,
dos pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista ou estratégico, comercial ou industrial serão assim identificadas, res-
cobrada judicialmente. pondendo o servidor administrativa, civil e penalmente pelos danos
§ 2º As sanções previstas nos incisos I e III do caput poderão ser causados à empresa pública ou à sociedade de economia mista e a
aplicadas juntamente com a do inciso II, devendo a defesa prévia seus acionistas em razão de eventual divulgação indevida.
do interessado, no respectivo processo, ser apresentada no prazo § 5º Os critérios para a definição do que deve ser considerado
de 10 (dez) dias úteis. sigilo estratégico, comercial ou industrial serão estabelecidos em
Art. 84. As sanções previstas no inciso III do art. 83 poderão regulamento.
também ser aplicadas às empresas ou aos profissionais que, em ra- Art. 87. O controle das despesas decorrentes dos contratos e
zão dos contratos regidos por esta Lei: (Vide Lei nº 14.002, de 2020) demais instrumentos regidos por esta Lei será feito pelos órgãos do
I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, por sistema de controle interno e pelo tribunal de contas competente,
meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tributos; na forma da legislação pertinente, ficando as empresas públicas e
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os objetivos as sociedades de economia mista responsáveis pela demonstração
da licitação; da legalidade e da regularidade da despesa e da execução, nos ter-
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar com a mos da Constituição.
empresa pública ou a sociedade de economia mista em virtude de § 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital
atos ilícitos praticados. de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo pro-
tocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para
CAPÍTULO III a ocorrência do certame, devendo a entidade julgar e responder à
DA FISCALIZAÇÃO PELO ESTADO E PELA SOCIEDADE impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade
prevista no § 2º.
Art. 85. Os órgãos de controle externo e interno das 3 (três) es- § 2º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica
feras de governo fiscalizarão as empresas públicas e as sociedades poderá representar ao tribunal de contas ou aos órgãos integrantes
de economia mista a elas relacionadas, inclusive aquelas domicilia- do sistema de controle interno contra irregularidades na aplicação
das no exterior, quanto à legitimidade, à economicidade e à eficácia desta Lei, para os fins do disposto neste artigo.
da aplicação de seus recursos, sob o ponto de vista contábil, finan- § 3º Os tribunais de contas e os órgãos integrantes do sistema
ceiro, operacional e patrimonial. de controle interno poderão solicitar para exame, a qualquer tem-
§ 1º Para a realização da atividade fiscalizatória de que trata o po, documentos de natureza contábil, financeira, orçamentária, pa-
caput , os órgãos de controle deverão ter acesso irrestrito aos do- trimonial e operacional das empresas públicas, das sociedades de
cumentos e às informações necessários à realização dos trabalhos, economia mista e de suas subsidiárias no Brasil e no exterior, obri-
inclusive aqueles classificados como sigilosos pela empresa pública gando-se, os jurisdicionados, à adoção das medidas corretivas per-
ou pela sociedade de economia mista, nos termos da Lei nº 12.527, tinentes que, em função desse exame, lhes forem determinadas.
de 18 de novembro de 2011 . Art. 88. As empresas públicas e as sociedades de economia
§ 2º O grau de confidencialidade será atribuído pelas empresas mista deverão disponibilizar para conhecimento público, por meio
públicas e sociedades de economia mista no ato de entrega dos eletrônico, informação completa mensalmente atualizada sobre a
documentos e informações solicitados, tornando-se o órgão de execução de seus contratos e de seu orçamento, admitindo-se re-
controle com o qual foi compartilhada a informação sigilosa corres- tardo de até 2 (dois) meses na divulgação das informações.
ponsável pela manutenção do seu sigilo. § 1º A disponibilização de informações contratuais referentes a
§ 3º Os atos de fiscalização e controle dispostos neste Capítu- operações de perfil estratégico ou que tenham por objeto segredo
lo aplicar-se-ão, também, às empresas públicas e às sociedades de industrial receberá proteção mínima necessária para lhes garantir
economia mista de caráter e constituição transnacional no que se confidencialidade.
refere aos atos de gestão e aplicação do capital nacional, indepen- § 2º O disposto no § 1º não será oponível à fiscalização dos
dentemente de estarem incluídos ou não em seus respectivos atos órgãos de controle interno e do tribunal de contas, sem prejuízo da
e acordos constitutivos. responsabilização administrativa, civil e penal do servidor que der
causa à eventual divulgação dessas informações.

185
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Art. 89. O exercício da supervisão por vinculação da empresa I - o § 2º do art. 15 da Lei nº 3.890-A, de 25 de abril de 1961 ,
pública ou da sociedade de economia mista, pelo órgão a que se com a redação dada pelo art. 19 da Lei nº 11.943, de 28 de maio
vincula, não pode ensejar a redução ou a supressão da autonomia de 2009;
conferida pela lei específica que autorizou a criação da entidade II - os arts. 67 e 68 da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997 .
supervisionada ou da autonomia inerente a sua natureza, nem au- Art. 97. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
toriza a ingerência do supervisor em sua administração e funciona-
mento, devendo a supervisão ser exercida nos limites da legislação Brasília, 30 de junho de 2016; 195º da Independência e 128º
aplicável. da República.
Art. 90. As ações e deliberações do órgão ou ente de controle
não podem implicar interferência na gestão das empresas públicas
e das sociedades de economia mista a ele submetidas nem ingerên- CONDUTA BASEADA NO CÓDIGO
cia no exercício de suas competências ou na definição de políticas DE CONDUTA ÉTICA DO BRB
públicas.
CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA DO BRB – BANCO
TÍTULO III DE BRASÍLIA S.A.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Regulamentar diretrizes de conduta para os dirigentes, admi-
Art. 91. A empresa pública e a sociedade de economia mista nistradores, empregados e colaboradores que exerçam atividades
constituídas anteriormente à vigência desta Lei deverão, no prazo em nome do BRB.
de 24 (vinte e quatro) meses, promover as adaptações necessárias
à adequação ao disposto nesta Lei. TÍTULO I – ÉTICA
§ 1º A sociedade de economia mista que tiver capital fechado CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
na data de entrada em vigor desta Lei poderá, observado o prazo SEÇÃO I – OBJETIVOS
estabelecido no caput , ser transformada em empresa pública, me-
diante resgate, pela empresa, da totalidade das ações de titularida- Art. 1º. O Código de Conduta Ética do BRB Banco de Brasília
de de acionistas privados, com base no valor de patrimônio líquido S.A. é o documento que tem como objetivos:
constante do último balanço aprovado pela assembleia-geral. I – Estabelecer referência formal e institucional, clara e acessí-
§ 2º (VETADO). vel, para a conduta ética e profissional no âmbito do BRB;
§ 3º Permanecem regidos pela legislação anterior procedimen- II – Contribuir para o aperfeiçoamento dos padrões éticos no
tos licitatórios e contratos iniciados ou celebrados até o final do Banco, a partir do exemplo dado pelas autoridades de nível hierár-
prazo previsto no caput . quico superior;
Art. 92. O Registro Público de Empresas Mercantis e Ativida- III – Dispor sobre missão, princípios e valores da organização,
des Afins manterá banco de dados público e gratuito, disponível bem como orientar sobre a prevenção de interesse de conflitos e
na internet, contendo a relação de todas as empresas públicas e as vedação de atos de corrupção e fraude;
sociedades de economia mista. IV – Minimizar a possibilidade de conflito entre o interesse pri-
Parágrafo único. É a União proibida de realizar transferência vado e o dever funcional das autoridades públicas;
voluntária de recursos a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios V – Estabelecer mecanismo de consulta destinado a possibilitar
que não fornecerem ao Registro Público de Empresas Mercantis e o prévio e pronto esclarecimento de dúvidas quanto à conduta éti-
Atividades Afins as informações relativas às empresas públicas e às ca dos administradores;
sociedades de economia mista a eles vinculadas. VI – Garantir a necessária integridade, lisura, legitimidade e
Art. 93. As despesas com publicidade e patrocínio da empresa transparência à Administração;
pública e da sociedade de economia mista não ultrapassarão, em VII – Dispor sobre o canal de denúncias e instâncias responsá-
cada exercício, o limite de 0,5% (cinco décimos por cento) da recei- veis pelo processo de normatização, apuração e gestão do Código
ta operacional bruta do exercício anterior. de Conduta Ética;
§ 1º O limite disposto no caput poderá ser ampliado, até o li- VIII – Preservar a imagem e a reputação dos administradores
mite de 2% (dois por cento) da receita bruta do exercício anterior, e empregados, cujas condutas estejam de acordo com as normas
por proposta da diretoria da empresa pública ou da sociedade de éticas estabelecidas neste Código.
economia mista justificada com base em parâmetros de mercado
do setor específico de atuação da empresa ou da sociedade e apro- SEÇÃO II – ABRANGÊNCIA
vada pelo respectivo Conselho de Administração.
§ 2º É vedado à empresa pública e à sociedade de economia Art. 2º. As normas contidas neste Código aplicam-se a todos os
mista realizar, em ano de eleição para cargos do ente federativo a empregados, Administradores, Conselheiros, parceiros de negócio,
que sejam vinculadas, despesas com publicidade e patrocínio que fornecedores, prestadores de serviço e colaboradores, atuando no
excedam a média dos gastos nos 3 (três) últimos anos que antece- Banco ou nas Empresas Subsidiárias e Controladas.
dem o pleito ou no último ano imediatamente anterior à eleição.
Art. 94. Aplicam-se à empresa pública, à sociedade de eco- TÍTULO I – ÉTICA
nomia mista e às suas subsidiárias as sanções previstas na Lei nº CAPÍTULO II – PRINCÍPIOS
12.846, de 1º de agosto de 2013 , salvo as previstas nos incisos II, III
e IV do caput do art. 19 da referida Lei . Art. 3º. A atuação do BRB Banco de Brasília S.A. baseia-se em
Art. 95. A estratégia de longo prazo prevista no art. 23 deverá princípios éticos, aderentes à sua Missão, Visão e Valores, cujas es-
ser aprovada em até 180 (cento e oitenta) dias da data de publica- tratégias são elaboradas pelos seus dirigentes e compartilhadas por
ção da presente Lei. todos os seus empregados e colaboradores, de forma a garantir o
Art. 96. Revogam-se: fortalecimento, a reputação e a integridade do Banco no mercado.

186
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Art. 4º. No relacionamento com os diversos setores da socieda- V – Inovação: é a mudança que gera um padrão de desempe-
de, o BRB adota os seguintes princípios: nho novo ou superior e a estratégia como capacidade de alinhar
I – Manter a reputação de empresa sólida e confiável, buscan- esforços para a implementação de uma iniciativa. A intenção da
do níveis crescentes de competitividade e rentabilidade, de forma inovação é a criação de valor para o negócio, enquanto a estratégia
justa, legal e transparente; ordena e disciplina as condições necessárias para se chegar lá;
II – Zelar pelos valores e pela imagem e patrimônio da institui- VI – Comprometimento com o resultado e com a gestão de ris-
ção; cos: é a busca em exercer esforços consideráveis para alcançar os
III – Estabelecer e difundir as melhores práticas de governança objetivos da Instituição. Para isso, o Banco planeja, organiza, dirige
corporativa, preservando os compromissos com clientes, investido- e controla os recursos humanos e materiais no sentido de minimi-
res e acionistas; zar os riscos e maximizar os resultados.
IV – Primar pela valorização, respeito, diversidade, integridade,
responsabilidade, equidade, prudência e diligência, tanto nas rela- TÍTULO II – CONDUTA
ções de trabalho, como nas relações institucionais com parceiros, CAPÍTULO I – ALTA ADMINISTRAÇÃO
fornecedores, prestadores de serviços, comunidade, agentes públi-
cos, concorrentes e clientes; Art. 7º. Além das condutas amplas, que tratam das relações
V – Reconhecer a responsabilidade socioambiental como uma institucionais, aplicáveis a todos os empregados, administradores,
oportunidade de inovar processos, práticas e produtos, a fim de conselheiros, parceiros de negócio, fornecedores, prestadores de
atingir resultados melhores nos negócios da Organização, conside- serviço e colaboradores, atuando no Banco ou nas Empresas Sub-
rando o uso consciente dos recursos naturais, econômicos e sociais; sidiárias e Controladas, existem Condutas direcionadas exclusiva-
VI – Valorizar as competências individuais com vistas a integrá- mente para a Alta Administração.
-las aos objetivos da Instituição e contribuir com o desenvolvimen-
to dos colaboradores; SEÇÃO I – DEVERES
VII – Manter a lisura, transparência, confiança, integridade
em todas suas atividades e respeito na relação com seus colabo- Art. 8º. São deveres dos membros da Alta Administração do
radores, clientes, governo, acionistas, investidores, associações e BRB, Subsidiárias e Controladas:
entidades de classe, correspondentes, coligadas, controladas, for- I – Esclarecer a existência de eventual conflito de interesses e
necedores e outros públicos com os quais a Instituição se relaciona; comunicar qualquer circunstância ou fato impeditivo de sua partici-
VIII – Guiar as decisões empresariais em negócios e em acordos pação em decisões individuais ou coletivas;
de forma que contribuam para estimular soluções economicamen- II – Agir com lealdade e boa-fé, primando pela justiça e hones-
te viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas; tidade no desempenho de suas funções e em suas relações com os
IX – Reconhecer, aceitar e valorizar a diversidade do conjunto agentes públicos, superiores hierárquicos, empregados e clientes;
de pessoas que compõem o Conglomerado BRB, repudiando atitu- III – Observar os princípios da ética, legalidade, impessoalida-
des guiadas por discriminação de qualquer natureza. de, moralidade, publicidade, eficiência, cortesia, proporcionalida-
de, razoabilidade, probidade, segurança jurídica, à clareza de posi-
TÍTULO I – ÉTICA ções, ao decoro, com vistas a motivar o respeito e a confiança dos
CAPÍTULO III – MISSÃO E VALORES empregados e clientes do BRB e público em geral;
IV – Manter a conduta ética profissional sendo-lhe vedado opi-
Art. 5º. A Missão do BRB é atuar como Banco Público voltado nar publicamente a respeito da honorabilidade e do desempenho
ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável do funcional de outra autoridade pública;
Distrito Federal e regiões de influência, com soluções inovadoras e V – Participar anualmente de treinamentos sobre o Código de
atendimento com excelência. Conduta Ética do BRB e sobre as Políticas de Gerenciamento de Ris-
Art. 6º. Os valores do Banco estão diretamente ligados à or- cos relacionadas ao negócio.
ganização como um todo, dando ao corpo funcional visão comum,
espírito de unidade e coesão. Os valores do BRB são: SEÇÃO II – VEDAÇÕES
I – Foco no cliente: estar atento, identificar e atender às neces-
sidades dos clientes e sempre que possível superar expectativas, Art. 9º. Além das previstas e em Lei, é vedado ao Administra-
buscando a sua fidelização; dor:
II – Ética e transparência: conduta de respeito, confiança, cre- I – Ser conivente com erro ou infração a este Código;
dibilidade, transparência, acessibilidade e divulgação de informa- II – Usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
ções relacionadas à Instituição; regular de direito por qualquer pessoa;
III – Valorização das pessoas e respeito à diversidade: conta- III – Intervir em benefício ou em nome de pessoa física ou ju-
mos com a diversidade de culturas, conhecimentos e talentos. O rídica, em órgão ou entidade da Administração Pública do Distrito
BRB investe no seu quadro de pessoal e em sua carteira de clientes, Federal com que tenham tido relacionamento direto e relevante
porque acredita que só é possível alcançar a excelência nos resulta- nos 6 meses anteriores à exoneração;
dos através das pessoas. O respeito à diversidade humana e cultu- IV – Divulgar informações que possam causar impacto na ima-
ral e a não-discriminação são princípios essenciais; gem e/ou cotação de títulos da empresa.
IV – Sustentabilidade: ações e atividades humanas que visam
suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprome- TÍTULO II – CONDUTA
ter o futuro das próximas gerações, ou seja, a sustentabilidade está CAPÍTULO II – RELAÇÕES INSTITUCIONAIS
diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e mate-
rial sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de Art. 10. O BRB estabelece cooperações técnicas, parcerias,
forma inteligente, para que eles se mantenham no futuro. Seguin- representações, convênios, patrocínios e demais relações com
do estes parâmetros, o Banco busca, em suas atividades, promover o mercado, visando à otimização de recursos próprios, mediante
o desenvolvimento sustentável; identificação de objetivos de interesse mútuo, que somem esforços

187
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
para uma finalidade comum e assegurem os valores de integridade, SEÇÃO V – RELAÇÃO COM CONCORRENTES
idoneidade, direitos do consumidor e respeito à comunidade e ao
meio ambiente. Art. 17. O BRB atua no mercado e junto aos concorrentes de
forma ética, lícita e civilizada.
SEÇÃO I – RELAÇÃO COM ACIONISTAS E INVESTIDORES Parágrafo único. A troca de informações com outras Institui-
ções Financeiras deve ser efetuada por fontes previamente auto-
Art. 11. As relações com os investidores são embasadas nos rizadas, de forma lícita, transparente e fidedigna, preservando os
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade interesses do Banco e os princípios do sigilo bancário e estratégico.
e eficiência, além dos princípios de boas práticas reconhecidas e
exigidas pelo mercado. SEÇÃO VI – RELAÇÃO COM PRESTADORES DE SERVIÇOS E
Art. 12. O Banco deve administrar com eficiência seus negó- FORNECEDORES
cios, suas operações de mercado e seu relacionamento com todas
as partes interessadas, com vistas ao seu fortalecimento financeiro. Art. 18. O BRB adota uma postura transparente e imparcial
§ 1º O Banco será transparente em suas políticas e diretrizes, quanto aos critérios de seleção e contratação dos fornecedores,
na distribuição de dividendos e nos demonstrativos da situação em conformidade com a legislação vigente, zelando pela qualidade
econômico-financeira, sendo oportuno e fidedigno nas informa- e viabilidade econômica dos produtos adquiridos e serviços presta-
ções aos acionistas. dos, valorizando as seguintes diretrizes:
§ 2º. A divulgação das informações internas relacionadas ao I – Cumprimento do dispositivo constitucional quanto à não
BRB Banco de Brasília S.A. segue a Política de Divulgação de Atos e utilização de mão de obra infantil;
Fatos Relevantes, com base nos normativos legais vigentes e deve II – Cumprimento de políticas adequadas de preservação am-
ser observada por todo o corpo funcional. biental;
§ 3º. A divulgação das informações relacionadas ao BRB de- III – Conduta compatível com padrões éticos e de responsabi-
vem ser de conhecimento prévio da área responsável pelas rela- lidade.
ções com investidores, a fim de que os riscos relacionados à sua Art. 19. Serão exigidos dos fornecedores o cumprimento fiel da
imagem perante as partes interessadas e o seu valor de mercado legislação trabalhista, previdenciária e fiscal.
sejam mitigados.
§ 4º. O Banco será proativo na divulgação de informações ao SEÇÃO VII – RELAÇÃO COM PARCEIROS
mercado, de maneira a evitar rumores e especulações.
Art. 20. O BRB compartilha os valores de integridade, idoneida-
SEÇÃO II – RELAÇÃO COM AGENTES PÚBLICOS de, respeito e comprometimento junto às comunidades nas quais
se insere e aos direitos dos consumidores.
Art. 13. O BRB atua em parceria com o governo na implemen- Art. 21. Nos compromissos acordados, o Banco zela mutua-
tação de políticas, projetos e programas socioeconômicos voltados mente pela imagem e interesses comuns.
para o desenvolvimento da região.
SEÇÃO VIII – RELAÇÃO COM IMPRENSA
SEÇÃO III – RELAÇÃO COM CLIENTES
Art. 22. O relacionamento com a imprensa é pautado pela
Art. 14. O atendimento ao cliente externo e interno deve ser transparência, credibilidade e confiança. Os representantes, quan-
pautado pelos seguintes princípios: do autorizados a se manifestar em nome do Banco, devem expres-
I – Impessoalidade, respeito, educação e cordialidade no aten- sar sempre o ponto de vista da instituição.
dimento prestado;
II – Comercialização de produtos e serviços de maneira eficaz, TÍTULO II – CONDUTA
fornecendo informações e respostas tempestivas, claras e confi- CAPÍTULO III – CONDUTAS INTERNAS
áveis às consultas e reclamações, permitindo ao cliente a melhor SEÇÃO I – RELAÇÕES INTERNAS
decisão nos negócios e assegurando a sua satisfação;
III – Garantia do sigilo das informações cadastrais dos clientes, Art. 23. No ambiente de trabalho, independente do cargo ou
serviços e operações bancárias, excetuados os casos previstos em função que exerçam, os empregados devem manter o respeito mú-
Lei; tuo e o bom relacionamento com as áreas da Direção Geral e rede
IV – Receptividade às manifestações do cliente, considerando- de Agências, com o objetivo de proporcionar sinergia entre as uni-
-as para a melhoria do atendimento, aperfeiçoamento dos produ- dades, colaborando com a execução eficaz de todas as atividades.
tos e qualificação nos serviços oferecidos; Art. 24. É incentivada a apresentação de sugestões e reclama-
V – Oferta de produtos e serviços com qualidade, segurança e ções por parte do corpo funcional, sempre que isso possa reverter
inovação, seguindo as normas internas e externas. em benefício à Instituição.

SEÇÃO IV – RELAÇÃO COM A COMUNIDADE E O MEIO AM- SEÇÃO II – CONDUTAS DE INTEGRIDADE PROFISSIONAL E
BIENTE PESSOAL

Art. 15. Art. 15. com o intuito de valorizar a melhoria das con- Art. 25. Todo o corpo funcional do Conglomerado BRB deverá
dições sociais da população, a erradicação de todas as formas de atuar em defesa dos interesses do Banco, mantendo os negócios e
trabalho e exploração infantil, forçado e escravo, o respeito aos as informações em absoluto sigilo, bem como preservar a imagem
valores culturais, esportivos, credo religioso e ações relacionadas e patrimônio, sem colocar em risco sua integridade pessoal e pro-
à sustentabilidade. fissional. Deverá ainda, no exercício de suas atividades:
Art. 16. É valorizada e incentivada a preservação ambiental, em I – Cumprir a legislação vigente no país, bem como as políticas
linha com o desenvolvimento sustentável. e normas internas do Banco na realização de suas atividades;

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GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
II – Ter conduta ética condizente com as responsabilidades do Art. 29. Em conformidade com a Lei 9.294 de 15/07/1996, o
cargo e função que exerce e assumir a integral responsabilidade consumo de cigarros não será permitido nos ambientes internos
decorrente dos atos praticados; do Banco.
III – Dedicar as horas de trabalho aos interesses da organiza- Art. 30. Todos devem se apresentar ao trabalho com vestimen-
ção, abstendo-se de realizar atividades do seu interesse privado ta adequada ao seu cargo ou função, natureza do serviço e ambien-
enquanto em serviço, evitando vinculá-las ao nome e à imagem do te (unidades do Banco, treinamentos, feiras, exposições, etc.).
Banco; Art. 31. O BRB apoia e incentiva os profissionais do seu quadro
IV – Colaborar efetivamente para o atingimento de objetivos de pessoal que desejem atuar em ações de voluntariado, por meio
e metas estabelecidos nos níveis operacional, tático e estratégico; de campanhas internas de arrecadação ou pelo exercício de cola-
V – Estar engajado na busca permanente da eficiência no aten- boração pessoal.
dimento aos clientes, preservando a imagem do Banco;
VI – Zelar pelo estabelecimento de um ambiente de trabalho SEÇÃO III – AMBIENTE, SEGURANÇA
saudável, pautando as relações de trabalho com os superiores hie- E SAÚDE NO TRABALHO
rárquicos, colaboradores e subordinados, pela cortesia, respeito,
honestidade, imparcialidade, cooperação e cordialidade, indepen- Art. 32. O Banco disponibilizará um ambiente profissional se-
dentemente de sua origem, raça, gênero, cor, sexo, idade, convic- guro e adequado aos seus colaboradores, com vistas a prevenir
ções filosóficas, credo religioso, classe social, orientação sexual, acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, bem como analisa-
capacidade física e nacionalidade; rá propostas de melhoria das áreas responsáveis pela Segurança e
VII – Agir com discrição, abstendo-se de comentar matérias Saúde no Trabalho, apresentadas pela Comissão Interna de Preven-
relativas ao serviço em locais públicos ou com pessoas alheias ao ção de Acidentes – CIPA e Área de Qualidade de Vida no Trabalho.
trabalho; Art. 33. O empregado, o administrador e o colaborador devem
VIII – Respeitar a hierarquia e dar fiel cumprimento às determi- cumprir as normas e orientações de segurança e saúde, com o ob-
nações legais emanadas seus superiores; jetivo de preservar a sua saúde e integridade pessoal, podendo ser
IX – Formalizar ao superior hierárquico, ou à área do Banco penalizado, em caso de recusa no cumprimento, conforme norma-
responsável pelas atividades de prevenção à lavagem de dinheiro, tização em vigor.
o conhecimento de indícios de situações envolvendo suspeita de Art. 34. O Banco manterá limpos e em boas condições de uso o
lavagem de dinheiro; local de trabalho e os equipamentos utilizados diariamente, seguin-
X – Ter assiduidade e pontualidade ao trabalho, cumprindo do os padrões de higiene e segurança.
com atenção e profissionalismo as atribuições impostas ao cargo e/
ou função e consciência de que sua ausência provoca prejuízos ao SEÇÃO IV – TECNOLOGIA
trabalho ordenado;
XI – Comunicar ao superior hierárquico, com antecedência, Art. 35. Cada empregado, administrador e colaborador é res-
eventuais atrasos ou ausências ao serviço, por qualquer que seja ponsável pelo uso correto dos equipamentos de informática, sof-
o motivo; twares e sistemas colocados à sua disposição para execução de
XII – Dar ciência ao superior hierárquico de qualquer irregula- suas atividades. Todas as tentativas de acesso ilegal aos sistemas de
ridade relativa ao serviço, e à área responsável, quando detectar informação são registradas e monitoradas pela área de segurança
riscos à sua saúde e segurança no trabalho; da informação do BRB e são passíveis de punição.
XIII – Comunicar, por meio do canal de denúncia da Instituição, Art. 36. Os equipamentos de informática devem ser utilizados
qualquer ato de fraude, má-fé ou corrupção de que tenha conheci- exclusivamente para a condução dos negócios do Banco. Eventuais
mento, evitando que o Banco seja ou venha a ser usado em práticas arquivos particulares não devem ser armazenados nos servidores
ilícitas de qualquer natureza, em especial, nos casos de corrupção corporativos.
e lavagem de dinheiro; Art. 37. Cada empregado, administrador e colaborador é res-
XIV – Comunicar à unidade de pessoal todas as ocorrências ponsável pela utilização das senhas de acesso à rede e demais sis-
que impliquem alteração no seu registro funcional, principalmente temas corporativos a eles concedidos. Todas as senhas são de uso
aquelas que estejam em desconformidade com as normas traba- pessoal e intransferível e não deverão ser divulgadas a terceiros
lhistas vigentes; em hipótese alguma, cabendo ao empregado, administrador e co-
XV – Observar os preceitos deste Código e outras disposições laborador todas as responsabilidades por ações realizadas em seus
internas, como o Regulamento de Pessoal e o Plano Básico Organi- perfis.
zacional, que disciplinam os serviços, a boa ordem dos trabalhos e Art. 38. A utilização da intranet, internet e do e-mail deve res-
o funcionamento do Banco; tringir-se às atividades relacionadas aos negócios do Banco e é mo-
XVI – Realizar anualmente treinamento sobre o Código de Con- nitorada pela área de segurança da informação do Banco por meio
duta Ética do BRB. de login, telas, filtros, endereços dos sites visitados, e-mails e pala-
Art. 26. O Banco desaprova qualquer comportamento no am- vras-chave pesquisadas, de forma a garantir a segurança dos negó-
biente profissional que caracterize algum tipo de assédio, seja ele cios do Banco e dos dados sigilosos de seus clientes e da Instituição.
moral ou sexual. Não é permitido ao empregado, administrador ou ao colaborador
Art. 27. Em suas dependências, bem como em suas relações direito de privacidade nesse sistema.
institucionais, o Banco não admitirá nenhuma forma de exploração Art. 39. Não é permitida a utilização da internet e e-mail para
do trabalho que agrida a dignidade humana, principalmente o tra- acessos não autorizados a computadores, redes, bancos de dados
balho infantil, forçado, compulsório, ou escravo. ou a informações guardadas eletronicamente, bem como o acesso
Art. 28. Não será aceito, no ambiente profissional, o consumo a sites de conteúdo ofensivo ou inadequado ao ambiente de tra-
e substâncias que alterem o humor, a capacidade cognitiva e labo- balho e troca de mensagens com declarações ofensivas ou inapro-
rativa do empregado, administrador ou colaborador, ou consumo priadas em função do risco de banda, do risco legal e do risco de
de quaisquer outras substâncias não permitidas por lei. insegurança.

189
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
Art. 40. O BRB apoia o uso de tecnologias de mídias sociais Art. 52. A todos os empregados e administradores impõe-se
para ampliar a comunicação, a colaboração e a troca de informa- atuação profissional condizente com o cargo e a busca permanente
ções com seus diversos públicos, contribuindo, ainda, para a con- do interesse público e do bem comum, observando em sua função
cretização da missão, valores e visão de futuro da Empresa. O uso ou fora dela, a dignidade, decoro, zelo e os princípios morais em
de novas tecnologias de informação e comunicação segue o mes- busca da excelência profissional, ciente de que seus atos, compor-
mo padrão de práticas profissionais e éticas já estabelecido pelo tamentos e atitudes implicam diretamente na preservação da ima-
BRB. Todos os empregados e colaboradores do BRB devem seguir gem do BRB.
princípios de conduta de qualidade, de colaboração com boa-fé, de Art. 53. Empregados e administradores, no âmbito de suas atri-
integridade de caráter, de competência, de comprometimento, de buições, deverão primar pela divulgação tempestiva e atualizada
responsabilidade, de justiça, de ética e de legalidade. Tais princípios de informações relevantes para os acionistas e sociedade.
devem guiar o comportamento dos empregados e colaboradores
do Banco tanto no ambiente off line quanto na esfera online. SEÇÃO VI – CONDUTAS PROIBITIVAS

SEÇÃO V – CONDUTAS ESPECÍFICAS Art. 54. Aos empregados, administradores, membros de con-
selhos ou colegiados superiores e colaboradores do Banco e Em-
Art. 41. Todo o corpo funcional deve agir de forma que seja presas Subsidiárias e Controladas, no exercício de suas atividades,
mantido um bom relacionamento entre as dependências do Banco, é vedado:
visando o atingimento dos objetivos propostos pela Instituição. I – Receber de terceiros comissões, presentes, favores ou van-
Art. 42. A conduta é pautada em atitudes e comportamentos tagens de quaisquer espécies, em razão de suas atribuições, exce-
que visem sua integridade pessoal e profissional e que não coloque tuando-se brindes claramente identificados, cujo valor comercial
em risco sua segurança financeira e patrimonial ou a do Banco. não ultrapasse R$ 100,00 (cem reais);
II – Manifestar-se em nome do Banco, divulgando dados, notí-
Art. 43. Os empregados cuja função pressupõe atribuição de cias e informações relacionadas à qualquer das empresas do Con-
gestão de pessoas e liderança, devem, conforme metodologia ado- glomerado, sem a devida autorização pela instância competente;
tada pelo Banco, avaliar e acompanhar o desempenho de sua equi- III – Fazer uso em suas relações pessoais ou profissionais ou de
pe, oferecendo feedback e oportunidades de desenvolvimento. sua condição funcional com o objetivo de obter benefício pessoal
Art. 44. Os processos de seleção interna para ocupar funções ou para terceiros, ou objetivando o atendimento de suas preten-
gratificadas devem ser amplamente divulgados, com as caracterís- sões no Banco, tais como promoções, comissionamentos, transfe-
ticas e competências desejáveis ou necessárias requeridas, dos cri- rências, etc.;
térios de seleção e do processo de escolha, garantindo a igualdade IV – Agir, ativa ou passivamente, em nome do BRB, salvo nos
de direitos e oportunidades. casos autorizados ou em decorrência de exercício do cargo ou fun-
Art. 45. Os gestores que integram a Instituição, bem como as ção;
áreas competentes, devem propiciar igualdade de oportunidade V – Receber benefícios, de qualquer espécie, que possam, de
para promover o desenvolvimento profissional dos empregados, forma efetiva ou potencial, influenciar ou parecer influenciar as
não se admitindo qualquer atitude que possa afetar a carreira pro- ações da alta administração, conselhos, comitês e outras instâncias
fissional de seus subordinados com base em favores pessoais, privi- decisórias;
légios ou qualquer tipo de discriminação. VI – Estabelecer vínculos de qualquer natureza com organiza-
Art. 46. As formas de avaliação de desempenho aplicáveis aos ções ou clientes cuja conduta não seja compatível com os padrões
empregados e administradores devem ser previamente definidas/ éticos e de responsabilidade;
acordadas e realizadas periodicamente, conforme normatização VII – Coagir ou aliciar colegas com objetivo político ou religioso;
específica. VIII – Tomar ou fazer empréstimo a juros a seus colegas;
Art. 47. Administradores e membros de comitês, estão sujeitos IX – Promover, subscrever ou fazer circular rifa, loteria ou sor-
a realização, no mínimo anual, de avaliação de desempenho, indivi- teios de qualquer espécie;
dual ou coletiva, observados os seguintes quesitos mínimos: X – Praticar atos de comércio no recinto do Banco;
I – Exposição de atos de gestão; XI – Acumular o emprego no Banco com cargo ou emprego pú-
II – Contribuição para o resultado do exercício, e; blico em entidade da Administração Pública Direta ou da Adminis-
III – Consecução dos objetivos estabelecidos no plano de negó-
tração Pública Indireta, seja em autarquias, fundações, empresas
cios e atendimento à estratégia de longo prazo.
públicas ou sociedades de economia mista, ressalvadas as exceções
Art. 48. O conjunto de benefícios, financeiros ou não, concedi-
previstas em Lei;
dos aos empregados e/ou dirigentes, devem ser previamente defi-
XII – Transmitir, comunicar, transferir, divulgar ou disponibili-
nidos e publicados.
zar para terceiros quaisquer informações, documentos, relatórios
Art. 49. Todos os colaboradores do Banco devem comunicar
financeiros, registros contábeis, estratégias, cadastro de clientes,
imediatamente ao seu superior hierárquico, qualquer suspeita ou
projetos, normativos e/ou programas contendo dados sigilosos de
conhecimento de fatos que sejam contrários ou pareçam contrários
aos princípios deste Código e que possam prejudicar a Instituição. propriedade ou de interesse exclusivo do Banco ou retirar, sem
Art. 50. Os empregados e colaboradores têm o direito de mani- prévia autorização, qualquer documento ou material do recinto de
festar livremente suas opiniões, ideias e pensamentos, mas a falta trabalho;
de respeito a regras básicas, inclusive de boa convivência, podem XIII – Deixar de atender convocação do Banco;
ser configuradas como discriminação, calúnia e difamação, crimes XIV – Deixar de realizar o Exame Médico Periódico dentro do
passíveis de penalidades previstas em lei. prazo estabelecido pela área responsável;
Art. 51. Comentários infundados, negligentes, difamatórios, XV – Envolver-se direta ou indiretamente em crimes de lava-
caluniosos, que prejudiquem a imagem da Empresa, publicados na gem de dinheiro, atuando interna ou externamente ao Conglome-
internet ou fora dela, poderão levar o empregado a responder, con- rado BRB, por ação ou omissão, desde que tenha conhecimento
forme regime disciplinar do Banco. dos fatos;

190
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
XVI – Praticar ou participar de ato de corrupção e, ainda, omi- VI – Propor a instauração de processo administrativo discipli-
tir-se de comunicar o fato por meio do canal de denúncia, quando nar em desfavor do empregado responsável pelo ato de assédio,
dele tomar conhecimento; conforme a gravidade das provas colhidas ou a reincidência da
XVII – Realizar gravações em áudio/vídeo de atendimentos, ocorrência;
processos, atividades, reuniões sem a autorização da Administra- VII – solicitar às áreas competentes apoio ao assediado e,
ção do Banco; quando necessário, proteção, de forma a resguardar sua integrida-
XVIII – Deixar de realizar treinamentos e certificações obriga- de física e mental;
tórias; VIII – requisitar os serviços de profissionais, como psicólogos
XIX – Imputar a outrem fato desabonador da moral e da ética e assistentes sociais para suporte técnico da Comissão e/ou apoio
que sabe não ser verdade. ao assediado.
Art. 55. Receber salário ou outra remuneração de fonte pri-
vada, em desacordo com a Lei, nem hospedagem, transporte ou TÍTULO III – GESTÃO DO CÓDIGO
favores particulares ou outras vantagens que possam gerar dúvida CAPÍTULO II – CANAL DE DENÚNCIAS
sobre sua probidade ou honorabilidade.
Art. 56. Ceder às pressões que visem a obter quaisquer favores, Art. 62. O Banco disponibiliza um Canal de Denúncias, no Portal
benesses ou vantagens indevidas. de Negócios BRB – Portal/Especiais/Central de Denúncias, adminis-
Art. 57. Atuar em benefício próprio ou de pessoa física ou jurí- trado pela Superintendência de Auditoria Interna – Suaud, para tra-
dica, inclusive sindicato ou tamento de quaisquer denúncias que envolvam o descumprimento
associação de classe, em processo ou negocio do qual seja par- de dispositivos previstos nas normas internas do Banco ou na le-
te em razão de suas atribuições. gislação do País, incluindo as relacionadas à violação do Código de
Conduta Ética, as fraudes, a falsificação de documentos e assinatu-
TÍTULO III – GESTÃO DO CÓDIGO ras, a obtenção indevida de dados, a favorecimentos, a conflitos de
CAPÍTULO I – PAPÉIS E RESPONSABILIDADES interesses, dentre outras.
Art. 63. É resguardado ao denunciante o direito ao anonimato,
Art. 58. A gestão do Código de Conduta Ética do BRB Banco de evitando-se qualquer espécie de retaliação à pessoa que utilize o
Canal.
Brasília S.A. caberá à Superintendência de Gestão de Pessoas – Su-
gep, no desempenho dos seguintes papéis:
TÍTULO IV – DISPOSIÇÕES FINAIS
I – Esclarecer dúvidas e interpretações das normas do Código;
II – Promover as alterações e atualizações periódicas deste nor-
Art. 64. O presente Código de Conduta Ética possui os padrões
mativo; de conduta estabelecidos em consonância com os normativos vi-
III – Sensibilizar os empregados e administradores da necessi- gentes, que são de conhecimento dos acionistas, da direção, dos
dade de cumprimento dos princípios e diretrizes deste normativo. empregados, fornecedores e clientes do Banco e demais partes
Art. 59. O Comitê Superior de Ética, Disciplina e Recursos tem relacionadas e interessadas, devendo ser observado segundo suas
como objetivo zelar pelos padrões de conduta profissional exigidos respectivas responsabilidades.
aos administradores, aos empregados e aos contratados do BRB, Art. 65. No caso de violação de qualquer norma estabelecida
suas Subsidiárias Integrais, Controladas e Coligadas, a fim de esta- neste Código, serão adotadas as medidas disciplinares previstas
belecer deveres e vedações de acordo com os princípios da ética, nos normativos vigentes, internos e externos.
da moral e da justiça. Art. 66. O sucesso deste Código de Conduta está relacionado às
Art. 60. Além das atribuições específicas previsto no Regula- ações pró-ativas e positivas de cada integrante do Banco.
mento interno do Comitê competelhe, ainda: Art. 67. As normas previstas neste Código aplicam-se sem pre-
I – Zelar pela ética no âmbito do Conglomerado BRB; juízo dos deveres funcionais e sanções disciplinares previstas em
II – disseminar e revisar o Código de Conduta Ética para o BRB; Lei, bem como da apuração de responsabilidade civil, penal e ad-
III – apreciar as normas de conduta do BRB; ministrativa.
IV – examinar e emitir parecer sobre os assuntos submetidos
pelas Comissões do Banco que estejam sob sua coordenação.
Art. 61. Compete à Comissão de Combate ao Assédio Moral e EXERCÍCIOS
Sexual:
I – orientar ações de combate ao assédio nas relações de tra-
balho; 1. (FGV/2015 - Câmara Municipal de Caruaru/PE) Estar em
II – disseminar informações sobre assédio moral e sexual ao “compliance” é estar em conformidade com leis e regulamentos
corpo funcional por meio de cursos, palestras, treinamentos e car- externos e internos da organização ou instituição. Compliance tem
tilhas; sido uma expressão bastante utilizada ultimamente e gerou uma
III – solicitar a aplicação de alerta formal aos empregados res- corrida em diversas organizações para a absorção do conceito e a
ponsáveis por condutas inapropriadas, após a confirmação de tais implementação de estruturas, processos e mecanismos que o ga-
atos, com base em provas colhidas; rantam.
IV – registrar Acordo de Conduta Pessoal e Profissional – ACPP A função compliance envolve as atividades listadas a seguir, à
para os empregados envolvidos em denúncias de assédio, após a exceção de uma. Assinale-a.
comprovação das condutas que justifiquem a medida; (A) Assumir as funções de auditoria interna na organização.
V – solicitar à instância competente a execução de atos admi- (B) Avaliar os riscos do negócio referentes às regras estabele-
nistrativos que preservem a integridade dos envolvidos nas denún- cidas.
cias e garantam a estabilidade do ambiente de trabalho;

191
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
(C) Avaliar a conformidade entre normas externas, internas e (C) alteração unilateral do contrato, determinada a qualquer
políticas corporativas. tempo pela contratante, com vistas a promover modificação do
(D) Reportar-se diretamente ao Conselho e à Alta Administra- projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica
ção sem intervenção ou veto de outras áreas aos seus objetivos.
(E) Agir para integrar governança corporativa, gestão de riscos (D) atualização anual da contraprestação monetária, com base
e os controles da instituição, orientados para a sua estratégia. em índice previamente estabelecido no contrato, passível de
registro por simples apostila, dispensando a celebração de adi-
2. (CESPE/2018 – IPAHN) Julgue o item subsequente, relativo tamento.
à participação social nos processos de gestão na administração pú- (E) alteração unilateral do contrato, determinada a qualquer
blica e ao controle social. tempo pela contratante, quando necessária a modificação do
Inserem-se no âmbito do controle social quaisquer atividades valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição
reivindicatórias ou de participação de tomada de decisão do cida- quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela lei.
dão frente à administração pública.
6. (EDUCA - 2020 - Prefeitura de São Francisco - PB - Conta-
( ) CERTO
dor) Segundo art. 11º da Lei 13.303/2016, a empresa pública não
( ) ERRADO
poderá:
I. Lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários,
3. (CESPE/2015 TCE/RN) Com relação à gestão de risco e de conversíveis em ações;
plano de continuidade de negócio, julgue o item seguinte. II. Emitir partes beneficiárias.
A implementação de gestão de risco deverá resultar na iden- III. Divulgar toda e qualquer forma de remuneração dos admi-
tificação, no tratamento, no acompanhamento e na extinção total nistradores.
do risco. IV. Adequar constantemente suas práticas ao Código de Con-
( ) CERTO duta e Integridade e a outras regras de boa prática de governança
( ) ERRADO corporativa, na forma estabelecida na regulamentação desta Lei.

4. (FEPESE/2018 - CELESC) Assinale a alternativa que descre- Assinale a alternativa CORRETA:


ve corretamente trecho da Lei Federal Anticorrupção n° 12.846 de (A) I, III, IV, apenas.
2013 (B) I, II, III, IV.
(A) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, (C)I, II, apenas.
nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos praticados (D) I, IV, apenas.
em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. (E) II, IV, apenas.
(B) A responsabilização da pessoa jurídica exclui a responsabi-
lidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de 7. (FUNDATEC - 2021 - Carris Porto-Alegrense - Auditor) A Lei
qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato nº 13.303/2016, conhecida como a Lei das Estatais, trata em seção
ilícito. específica da exigência de licitação e dos casos de dispensa e de
(C) A instauração e o julgamento de processo administrativo inexigibilidade para as empresas públicas e sociedades de econo-
para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabe so- mia mista. De acordo com esta norma, é dispensável a realização
mente à autoridade máxima do Poder Judiciário, que agirá de de licitação por empresas públicas e sociedades de economia mista
ofício ou mediante provocação, observados o contraditório e a em algumas hipóteses. Nos termos da referida Lei, analise as as-
ampla defesa. sertivas abaixo em relação às hipóteses de dispensa de licitação,
(D) Fica restrito à autoridade máxima do Poder Judiciário a expressamente previstas na norma, assinalando V, se verdadeiras,
ou F, se falsas.
possibilidade de celebrar acordo de leniência com as pessoas
( ) Quando não acudirem interessados à licitação anterior e
jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei
essa, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para
que colaborem efetivamente com as investigações e o processo
a empresa pública ou a sociedade de economia mista, bem como
administrativo.
para suas respectivas subsidiárias, desde que mantidas as condi-
(E) Fica criado no âmbito do Poder Judiciário Federal o Cadastro ções preestabelecidas.
Nacional de Empresas Punidas (CNEP), que reunirá e dará pu- ( ) Para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi-
blicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos mento de suas finalidades precípuas, quando as necessidades de
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas instalação e localização condicionarem a escolha do imóvel, desde
de governo. que o preço seja inferior ao valor de mercado, segundo índices imo-
biliários oficiais.
5. (FCC/2018 – PGE/TO) Na gestão dos contratos administrati- ( ) Quando as propostas apresentadas consignarem preços ma-
vos, repactuação é a nifestamente superiores aos praticados no mercado nacional ou
(A) alteração bilateral do contrato, visando a adequação dos incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes.
preços contratuais aos novos preços de mercado, observados ( ) Na contratação de associação sem fins lucrativos para a
o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da prestação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que
variação dos componentes dos custos do contrato, devidamen- o preço contratado seja inferior com o praticado no mercado.
te justificada. ( ) Na transferência de bens a órgãos e entidades da adminis-
(B) alteração bilateral do contrato, formalizada a qualquer tem- tração pública, inclusive quando efetivada mediante permuta.
po, visando promover o reequilíbrio econômico-financeiro, na
hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, po-
rém de consequências incalculáveis, retardadores ou impediti-
vos da execução do ajustado.

192
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima
para baixo, é: GABARITO
(A) F – V – V – V – V.
(B) F – V – F – F – F.
1 A
(C) V – F – F – V – V.
(D) V – F – V – F – F. 2 ERRADO
(E) V – F – V – F – V. 3 ERRADO
8. (CESGRANRIO - 2018 - Petrobras - Contador Júnior) De acor- 4 A
do com o Decreto no 8.420/2015, a apuração da responsabilidade 5 A
administrativa de pessoa jurídica que possa resultar na aplicação
6 C
das sanções previstas no art. 6o da Lei no 12.846, de 2013, será
efetuada por meio de Processo Administrativo de 7 E
(A) Especialização 8 D
(B) Fixação
(C) Contribuição 9 C
(D) Responsabilização 10 E
(E) Proporcionalização

9. (FUNDATEC - 2017 - BRDE - Analista de Projetos - Área Eco-


nômico - Financeira) De acordo com o Decreto nº 8.420/2015, con- ANOTAÇÕES
siste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanis-
mos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo ______________________________________________________
à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de
ética e de conduta, políticas e diretrizes com objetivo de detectar ______________________________________________________
e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados
contra a administração pública, nacional ou estrangeira. A que ter- ______________________________________________________
mo se refere a descrição acima?
(A) Sistema de Controles Internos. ______________________________________________________
(B) Sistema de Combate a Atos Ilícitos Contra a Administração
Pública. ______________________________________________________
(C) Programa de Integridade.
______________________________________________________
(D) Política de Governança Corporativa.
(E) Processo Administrativo de Responsabilização. ______________________________________________________
10. (IADES - 2019 - BRB - Advogado) O compliance envolve ______________________________________________________
questão estratégica [...] para a consolidação de um novo compor-
tamento por parte das empresas, que devem buscar lucratividade ______________________________________________________
de forma sustentável, focando no desenvolvimento econômico e
socioambiental na condução dos seus negócios. MONKS, Robert A. ______________________________________________________
G.; MINOW, Nell. Ownership-Based Governance: Corporate Gover-
nance for the New Millennium, 1999. Disponível em:<https://ssrn. ______________________________________________________
com/abstract=6148>. Acesso em: 14 jun. 2019, tradução livre. ______________________________________________________
O objetivo da governança é maximizar a geração de riqueza
na medida em que ela seja compatível com os interesses gerais da ______________________________________________________
sociedade.
RIBEIRO, Marcia Carla Pereira; DINIZ, Patrícia Dittrich Ferreira. ______________________________________________________
Compliance e lei anticorrupção nas empresas.
In: Revista de Informação Legislativa, v. 52, n. 205, p. 87-105, 2015. ______________________________________________________
Disponível em:: <https://www12.senado.leg.br/> . Acesso em: 14 jun.
2019. ______________________________________________________

______________________________________________________
Com base no exposto, assinale a alternativa que indica uma
prática ou atividade na qual os objetivos da governança corporativa ______________________________________________________
se consorciam ao conceito de compliance.
(A) Publicidade e propaganda ______________________________________________________
(B) Participação social na gestão
(C) Modelos colaborativos de tomada de decisão ______________________________________________________
(D) Desenvolvimento e capacitação
(E) Respo ______________________________________________________
nsabilidade socioambiental corporativa
______________________________________________________

______________________________________________________

193
GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE
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INOVAÇÃO

Qual o propósito do Decreto nº 9.283 / 2018?


LEI Nº 10.973/2004 O Decreto visa regulamentar as medidas de incentivo à inova-
ção e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo,
Os principais objetivos visados pela Lei nº 10.973/04, conheci- com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia
da como “Lei da Inovação”, que “dispõe sobre inventivos à inovação tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional
e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá e regional.
outras providências”, podem ser resumidos da seguinte maneira: O Decreto foi criado principalmente para atender dispositivos
a) promover maior desenvolvimento científico e tecnológico do da Lei nº 13.243/2016 que necessitavam de regulamentação.
país; O Decreto também regula dispositivos das Leis nº 8.666 (1993),
b) estimular a transformação das inovações concebidas no am- nº 8.010 (1990), nº 8.032 (1990), do Decreto 6.759 (2009) e da Lei
biente acadêmico (universidades e instituições científicas) em tec- de Inovação (nº 10.973 / 2004).
nologia efetivamente implementada no mercado produtivo e Pontos destacáveis do Decreto nº 9.283/18
c) incentivar a cooperação entre as entidades públicas e o se- - Estímulos à constituição de alianças estratégicas e o desen-
tor privado, nas diversas etapas do processo inovativo e produtivo, volvimento de projetos de cooperação que envolvam empresas,
desde a criação da invenção até a transferência de tecnologia, me- instituições de ciência e tecnologia (ICT’s) e entidades privadas sem
diante, por exemplo, licenciamento. fins lucrativos.
- Autorização às ICT’s públicas integrantes da administração
No ano de 2016, a Lei de Inovação (Lei nº 10.973/2004) foi mo- pública indireta, às agências de fomento, às empresas públicas e às
dificada pela Lei nº 13.243/2016, visando simplificar a relação entre sociedades de economia mista a participarem minoritariamente do
as empresas e as instituições de pesquisas. capital social de empresas.
Os principais destaques são: - Tratamento prioritário e procedimentos simplificados para
- Dispensa a obrigatoriedade de licitação para compra ou con- processos de importação e de desembaraço aduaneiro de bens e
tratação de produtos para fins de pesquisa e desenvolvimento; produtos utilizados em pesquisa científica e tecnológica ou em pro-
- Torna as regras simplificadas e reduz impostos para importa- jetos de inovação.
ção de material de pesquisa; - Os Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT) poderão ser consti-
- Permite que professores das universidades públicas em regi- tuídos com personalidade jurídica própria, como entidade privada
me de dedicação exclusiva exerçam atividade de pesquisa também sem fins lucrativos, inclusive sob a forma de fundação de apoio.
no setor privado, com remuneração; - O poder público manterá mecanismos de fomento, apoio e
- Aumenta o número de horas que o professor em dedicação gestão adequados à internacionalização das ICT´s públicas, que po-
exclusiva pode se comprometer com a atividades fora da universi- derão exercer fora do território nacional atividades relacionadas
dade, de 120 horas para 416 horas anuais (8 horas/semana); com ciência, tecnologia e inovação.
- Permite que universidades e institutos de pesquisa comparti- - Aperfeiçoamento de instrumentos para estímulo à inovação
lhem o uso de seus laboratórios e equipes com empresas, para fins nas empresas, como a permissão de uso de despesas de capital na
de pesquisa (desde que isso não interfira ou conflite com as ativida- subvenção econômica, regulamentação de encomenda tecnológica
des de pesquisa e ensino da própria instituição). e criação de bônus tecnológico.
- Regulamentação dos instrumentos jurídicos de parcerias para
Destacamos ainda que no ano passado, em 2018 – o Decreto nº a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação: termo de outorga,
9.283 que regulamenta o Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia acordo de parceria para pesquisa, desenvolvimento e inovação,
e Inovação (Lei nº 13.243/2016), a partir da Lei nº 10.973/2004 e convênio para pesquisa, desenvolvimento e inovação.
da Emenda Constitucional no. 85/2015, trouxe algumas novidades. - Facilidades para a transferência de tecnologia de ICT pública
para o setor privado.
Quais são os princípios do novo marco legal de ciência, tecno- - Dispensa de licitação para a aquisição ou contratação de pro-
logia e inovação? duto para pesquisa e desenvolvimento. No caso de obras e serviços
- A promoção das atividades científicas e tecnológicas como es- de engenharia o valor limite passa de R$ 15 mil para R$ 300 mil.
tratégicas para o desenvolvimento econômico e social; - Documentação exigida para contratação de produto para pes-
- A promoção da cooperação e interação entre os entes públi- quisa e desenvolvimento poderá ser dispensada, no todo ou em
cos, entre os setores público e privado e entre empresas; parte, desde que para pronta entrega ou até o valor de R$ 80 mil.
- O estímulo à atividade de inovação nas empresas e nas insti- - Autorização para a administração pública direta, as agências
tuições de ciência e tecnologia (ICTs); de fomento e as ICT’s apoiarem a criação, a implantação e a conso-
- A simplificação de procedimentos para gestão de projetos de lidação de ambientes promotores da inovação.
ciência, tecnologia e inovação e adoção de controle por resultados
- Prestação de contas simplificada, privilegiando os resultados
em sua avaliação.
obtidos nos acordos de parceria e convênios para pesquisa, desen-
volvimento e inovação.

195
INOVAÇÃO
- Possibilidade de transposição, remanejamento ou transferên- XII - simplificação de procedimentos para gestão de projetos de
cia de recursos entre categorias de programação nas atividades de ciência, tecnologia e inovação e adoção de controle por resultados
ciência, tecnologia e inovação, de até 20% do valor do projeto, sem em sua avaliação; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
necessidade de anuência prévia da concedente.1 XIII - utilização do poder de compra do Estado para fomento à
inovação; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
LEI Nº 10.973, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004 XIV - apoio, incentivo e integração dos inventores independen-
tes às atividades das ICTs e ao sistema produtivo. (Incluído pela Lei
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- nº 13.243, de 2016)
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I - agência de fomento: órgão ou instituição de natureza pú-
CAPÍTULO I blica ou privada que tenha entre os seus objetivos o financiamento
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES de ações que visem a estimular e promover o desenvolvimento da
ciência, da tecnologia e da inovação;
Art. 1º Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à II - criação: invenção, modelo de utilidade, desenho industrial,
pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas programa de computador, topografia de circuito integrado, nova
à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desen- cultivar ou cultivar essencialmente derivada e qualquer outro de-
volvimento industrial do País, nos termos dos arts. 218 e 219 da senvolvimento tecnológico que acarrete ou possa acarretar o surgi-
Constituição. mento de novo produto, processo ou aperfeiçoamento incremental,
obtida por um ou mais criadores;
Art. 1º Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à
III - criador: pessoa física que seja inventora, obtentora ou auto-
pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas
ra de criação; (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e
III-A - incubadora de empresas: organização ou estrutura que
ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do
objetiva estimular ou prestar apoio logístico, gerencial e tecnológico
País, nos termos dos arts. 23, 24, 167, 200, 213, 218, 219 e 219- ao empreendedorismo inovador e intensivo em conhecimento, com
A da Constituição Federal. (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016) o objetivo de facilitar a criação e o desenvolvimento de empresas
Parágrafo único. As medidas às quais se refere o caput deve- que tenham como diferencial a realização de atividades voltadas à
rão observar os seguintes princípios: (Incluído pela Lei nº 13.243, inovação; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
de 2016) IV - inovação: introdução de novidade ou aperfeiçoamento no
I - promoção das atividades científicas e tecnológicas como ambiente produtivo e social que resulte em novos produtos, serviços
estratégicas para o desenvolvimento econômico e social; (Incluído ou processos ou que compreenda a agregação de novas funcionali-
pela Lei nº 13.243, de 2016) dades ou características a produto, serviço ou processo já existente
II - promoção e continuidade dos processos de desenvolvimento que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade
científico, tecnológico e de inovação, assegurados os recursos hu- ou desempenho; (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
manos, econômicos e financeiros para tal finalidade; (Incluído pela V - Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT): órgão
Lei nº 13.243, de 2016) ou entidade da administração pública direta ou indireta ou pessoa
III - redução das desigualdades regionais; (Incluído pela Lei nº jurídica de direito privado sem fins lucrativos legalmente constitu-
13.243, de 2016) ída sob as leis brasileiras, com sede e foro no País, que inclua em
IV - descentralização das atividades de ciência, tecnologia e sua missão institucional ou em seu objetivo social ou estatutário a
inovação em cada esfera de governo, com desconcentração em pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico ou
cada ente federado; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos; (Reda-
V - promoção da cooperação e interação entre os entes públi- ção pela Lei nº 13.243, de 2016) (Vide Decreto nº 9.841, de 2019)
cos, entre os setores público e privado e entre empresas; (Incluído VI - Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT): estrutura instituída
pela Lei nº 13.243, de 2016) por uma ou mais ICTs, com ou sem personalidade jurídica própria,
VI - estímulo à atividade de inovação nas Instituições Científi- que tenha por finalidade a gestão de política institucional de ino-
ca, Tecnológica e de Inovação (ICTs) e nas empresas, inclusive para vação e por competências mínimas as atribuições previstas nesta
a atração, a constituição e a instalação de centros de pesquisa, Lei; (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
desenvolvimento e inovação e de parques e polos tecnológicos no VII - fundação de apoio: fundação criada com a finalidade de
dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão, projetos de de-
País; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
senvolvimento institucional, científico, tecnológico e projetos de es-
VII - promoção da competitividade empresarial nos mercados
tímulo à inovação de interesse das ICTs, registrada e credenciada no
nacional e internacional; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
Ministério da Educação e no Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-
VIII - incentivo à constituição de ambientes favoráveis à inova-
vação, nos termos da Lei nº 8.958, de 20 de dezembro de 1994, e
ção e às atividades de transferência de tecnologia; (Incluído pela Lei das demais legislações pertinentes nas esferas estadual, distrital e
nº 13.243, de 2016) municipal; (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016) (Vide Decreto nº
IX - promoção e continuidade dos processos de formação e ca- 9.841, de 2019)
pacitação científica e tecnológica; (Incluído pela Lei nº 13.243, de VIII - pesquisador público: ocupante de cargo público efetivo, ci-
2016) vil ou militar, ou detentor de função ou emprego público que realize,
X - fortalecimento das capacidades operacional, científica, tec- como atribuição funcional, atividade de pesquisa, desenvolvimento
nológica e administrativa das ICTs; (Incluído pela Lei nº 13.243, de e inovação; (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
2016) IX - inventor independente: pessoa física, não ocupante de car-
XI - atratividade dos instrumentos de fomento e de crédito, bem go efetivo, cargo militar ou emprego público, que seja inventor, ob-
como sua permanente atualização e aperfeiçoamento; (Incluído tentor ou autor de criação.
pela Lei nº 13.243, de 2016)
1 Fonte: www.sebrae.com.br/www.poli.usp.br/www.brasil.abgi-group.com

196
INOVAÇÃO
X - parque tecnológico: complexo planejado de desenvolvimen- Art. 3º-B. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios,
to empresarial e tecnológico, promotor da cultura de inovação, da as respectivas agências de fomento e as ICTs poderão apoiar a cria-
competitividade industrial, da capacitação empresarial e da promo- ção, a implantação e a consolidação de ambientes promotores da
ção de sinergias em atividades de pesquisa científica, de desenvol- inovação, incluídos parques e polos tecnológicos e incubadoras de
vimento tecnológico e de inovação, entre empresas e uma ou mais empresas, como forma de incentivar o desenvolvimento tecnológi-
ICTs, com ou sem vínculo entre si; (Incluído pela Lei nº 13.243, de co, o aumento da competitividade e a interação entre as empresas
2016) e as ICTs. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
XI - polo tecnológico: ambiente industrial e tecnológico carac- § 1º As incubadoras de empresas, os parques e polos tecnológi-
terizado pela presença dominante de micro, pequenas e médias cos e os demais ambientes promotores da inovação estabelecerão
empresas com áreas correlatas de atuação em determinado espaço suas regras para fomento, concepção e desenvolvimento de proje-
geográfico, com vínculos operacionais com ICT, recursos humanos, tos em parceria e para seleção de empresas para ingresso nesses
laboratórios e equipamentos organizados e com predisposição ao ambientes. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
intercâmbio entre os entes envolvidos para consolidação, marke- § 2º Para os fins previstos no caput, a União, os Estados, o Dis-
ting e comercialização de novas tecnologias; (Incluído pela Lei nº trito Federal, os Municípios, as respectivas agências de fomento e as
13.243, de 2016)
ICTs públicas poderão: (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
XII - extensão tecnológica: atividade que auxilia no desenvolvi-
I - ceder o uso de imóveis para a instalação e a consolidação de
mento, no aperfeiçoamento e na difusão de soluções tecnológicas e
ambientes promotores da inovação, diretamente às empresas e às
na sua disponibilização à sociedade e ao mercado; (Incluído pela Lei
ICTs interessadas ou por meio de entidade com ou sem fins lucrati-
nº 13.243, de 2016)
XIII - bônus tecnológico: subvenção a microempresas e a em- vos que tenha por missão institucional a gestão de parques e polos
presas de pequeno e médio porte, com base em dotações orçamen- tecnológicos e de incubadora de empresas, mediante contrapartida
tárias de órgãos e entidades da administração pública, destinada obrigatória, financeira ou não financeira, na forma de regulamen-
ao pagamento de compartilhamento e uso de infraestrutura de pes- to; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
quisa e desenvolvimento tecnológicos, de contratação de serviços II - participar da criação e da governança das entidades gesto-
tecnológicos especializados, ou transferência de tecnologia, quando ras de parques tecnológicos ou de incubadoras de empresas, desde
esta for meramente complementar àqueles serviços, nos termos de que adotem mecanismos que assegurem a segregação das funções
regulamento; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) de financiamento e de execução. (Incluído pela Lei nº 13.243, de
XIV - capital intelectual: conhecimento acumulado pelo pesso- 2016)
al da organização, passível de aplicação em projetos de pesquisa, Art. 3º-C. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
desenvolvimento e inovação. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) estimularão a atração de centros de pesquisa e desenvolvimento
de empresas estrangeiras, promovendo sua interação com ICTs e
CAPÍTULO II empresas brasileiras e oferecendo-lhes o acesso aos instrumentos
DO ESTÍMULO À CONSTRUÇÃO DE AMBIENTES ESPECIALIZA- de fomento, visando ao adensamento do processo de inovação no
DOS E COOPERATIVOS DE INOVAÇÃO País. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
Art. 3º-D. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios
Art. 3º A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e e as respectivas agências de fomento manterão programas especí-
as respectivas agências de fomento poderão estimular e apoiar a ficos para as microempresas e para as empresas de pequeno porte,
constituição de alianças estratégicas e o desenvolvimento de proje- observando-se o disposto na Lei Complementar nº 123, de 14 de
tos de cooperação envolvendo empresas, ICTs e entidades privadas dezembro de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
sem fins lucrativos voltados para atividades de pesquisa e desenvol- Art. 4º A ICT pública poderá, mediante contrapartida financeira
vimento, que objetivem a geração de produtos, processos e serviços ou não financeira e por prazo determinado, nos termos de contrato
inovadores e a transferência e a difusão de tecnologia. (Redação ou convênio: (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
pela Lei nº 13.243, de 2016) I - compartilhar seus laboratórios, equipamentos, instrumen-
Parágrafo único. O apoio previsto no caput poderá contemplar
tos, materiais e demais instalações com ICT ou empresas em ações
as redes e os projetos internacionais de pesquisa tecnológica, as
voltadas à inovação tecnológica para consecução das atividades de
ações de empreendedorismo tecnológico e de criação de ambientes
incubação, sem prejuízo de sua atividade finalística; (Redação pela
de inovação, inclusive incubadoras e parques tecnológicos, e a for-
Lei nº 13.243, de 2016)
mação e a capacitação de recursos humanos qualificados. (Redação
pela Lei nº 13.243, de 2016) II - permitir a utilização de seus laboratórios, equipamentos,
Art. 3º-A. A Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP, como instrumentos, materiais e demais instalações existentes em suas
secretaria executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientí- próprias dependências por ICT, empresas ou pessoas físicas volta-
fico e Tecnológico - FNDCT, o Conselho Nacional de Desenvolvimen- das a atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, desde
to Científico e Tecnológico - CNPq e as Agências Financeiras Oficiais que tal permissão não interfira diretamente em sua atividade-fim
de Fomento poderão celebrar convênios e contratos, nos termos nem com ela conflite; (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
do inciso XIII do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, por III - permitir o uso de seu capital intelectual em projetos de pes-
prazo determinado, com as fundações de apoio, com a finalidade de quisa, desenvolvimento e inovação. (Redação pela Lei nº 13.243, de
dar apoio às IFES e demais ICTs, inclusive na gestão administrativa 2016)
e financeira dos projetos mencionados no caput do art. 1º da Lei nº Parágrafo único. O compartilhamento e a permissão de que
8.958, de 20 de dezembro de 1994, com a anuência expressa das tratam os incisos I e II do caput obedecerão às prioridades, aos
instituições apoiadas. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) critérios e aos requisitos aprovados e divulgados pela ICT pública,
observadas as respectivas disponibilidades e assegurada a igualda-
de de oportunidades a empresas e demais organizações interessa-
das. (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)

197
INOVAÇÃO
Art. 5º São a União e os demais entes federativos e suas en- § 4º O licenciamento para exploração de criação cujo objeto
tidades autorizados, nos termos de regulamento, a participar mi- interesse à defesa nacional deve observar o disposto no § 3º do art.
noritariamente do capital social de empresas, com o propósito de 75 da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. (Incluído pela Lei nº
desenvolver produtos ou processos inovadores que estejam de acor- 13.243, de 2016)
do com as diretrizes e prioridades definidas nas políticas de ciência, § 5º A transferência de tecnologia e o licenciamento para ex-
tecnologia, inovação e de desenvolvimento industrial de cada esfera ploração de criação reconhecida, em ato do Poder Executivo, como
de governo. (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016) de relevante interesse público, somente poderão ser efetuados a tí-
§ 1º A propriedade intelectual sobre os resultados obtidos per- tulo não exclusivo. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
tencerá à empresa, na forma da legislação vigente e de seus atos § 6º Celebrado o contrato de que trata o caput, dirigentes, cria-
constitutivos. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) dores ou quaisquer outros servidores, empregados ou prestadores
§ 2º O poder público poderá condicionar a participação societá- de serviços são obrigados a repassar os conhecimentos e informa-
ria via aporte de capital à previsão de licenciamento da propriedade ções necessários à sua efetivação, sob pena de responsabilização
intelectual para atender ao interesse público. (Incluído pela Lei nº administrativa, civil e penal, respeitado o disposto no art. 12. (Inclu-
13.243, de 2016) ído pela Lei nº 13.243, de 2016)
§ 3º A alienação dos ativos da participação societária referida § 7º A remuneração de ICT privada pela transferência de tecno-
no caput dispensa realização de licitação, conforme legislação vi- logia e pelo licenciamento para uso ou exploração de criação de que
gente. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) trata o § 6º do art. 5º , bem como a oriunda de pesquisa, desenvolvi-
§ 4º Os recursos recebidos em decorrência da alienação da par- mento e inovação, não representa impeditivo para sua classificação
ticipação societária referida no caput deverão ser aplicados em pes- como entidade sem fins lucrativos. (Incluído pela Lei nº 13.243, de
quisa e desenvolvimento ou em novas participações societárias. (In- 2016)
cluído pela Lei nº 13.243, de 2016) Art. 7º A ICT poderá obter o direito de uso ou de exploração de
§ 5º Nas empresas a que se refere o caput, o estatuto ou con- criação protegida.
trato social poderá conferir às ações ou quotas detidas pela União Art. 8º É facultado à ICT prestar a instituições públicas ou pri-
ou por suas entidades poderes especiais, inclusive de veto às deli- vadas serviços técnicos especializados compatíveis com os objetivos
berações dos demais sócios nas matérias que especificar. (Incluído desta Lei, nas atividades voltadas à inovação e à pesquisa científica
pela Lei nº 13.243, de 2016) e tecnológica no ambiente produtivo, visando, entre outros objeti-
§ 6º A participação minoritária de que trata o caput dar-se-á vos, à maior competitividade das empresas. (Redação pela Lei nº
por meio de contribuição financeira ou não financeira, desde que 13.243, de 2016)
economicamente mensurável, e poderá ser aceita como forma de § 1º A prestação de serviços prevista no caput dependerá de
remuneração pela transferência de tecnologia e pelo licenciamento aprovação pelo representante legal máximo da instituição, faculta-
para outorga de direito de uso ou de exploração de criação de titu- da a delegação a mais de uma autoridade, e vedada a subdelega-
laridade da União e de suas entidades. (Incluído pela Lei nº 13.243, ção. (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
de 2016) § 2º O servidor, o militar ou o empregado público envolvido na
prestação de serviço prevista no caput deste artigo poderá rece-
CAPÍTULO III ber retribuição pecuniária, diretamente da ICT ou de instituição de
DO ESTÍMULO À PARTICIPAÇÃO DAS ICT NO PROCESSO DE apoio com que esta tenha firmado acordo, sempre sob a forma de
INOVAÇÃO adicional variável e desde que custeado exclusivamente com recur-
sos arrecadados no âmbito da atividade contratada.
Art. 6º É facultado à ICT pública celebrar contrato de transfe- § 3º O valor do adicional variável de que trata o § 2º deste ar-
tigo fica sujeito à incidência dos tributos e contribuições aplicáveis
rência de tecnologia e de licenciamento para outorga de direito de
à espécie, vedada a incorporação aos vencimentos, à remuneração
uso ou de exploração de criação por ela desenvolvida isoladamente
ou aos proventos, bem como a referência como base de cálculo para
ou por meio de parceria. (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
qualquer benefício, adicional ou vantagem coletiva ou pessoal.
§ 1º A contratação com cláusula de exclusividade, para os fins
§ 4º O adicional variável de que trata este artigo configura-se,
de que trata o caput, deve ser precedida da publicação de extra-
para os fins do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, ga-
to da oferta tecnológica em sítio eletrônico oficial da ICT, na for-
nho eventual.
ma estabelecida em sua política de inovação. (Redação pela Lei nº
Art. 9º É facultado à ICT celebrar acordos de parceria com insti-
13.243, de 2016)
tuições públicas e privadas para realização de atividades conjuntas
§ 1º-A. Nos casos de desenvolvimento conjunto com empresa,
de pesquisa científica e tecnológica e de desenvolvimento de tec-
essa poderá ser contratada com cláusula de exclusividade, dispen- nologia, produto, serviço ou processo. (Redação pela Lei nº 13.243,
sada a oferta pública, devendo ser estabelecida em convênio ou de 2016)
contrato a forma de remuneração. (Incluído pela Lei nº 13.243, de § 1º O servidor, o militar, o empregado da ICT pública e o aluno
2016) de curso técnico, de graduação ou de pós-graduação envolvidos na
§ 2º Quando não for concedida exclusividade ao receptor de execução das atividades previstas no caput poderão receber bolsa
tecnologia ou ao licenciado, os contratos previstos no caput deste de estímulo à inovação diretamente da ICT a que estejam vincula-
artigo poderão ser firmados diretamente, para fins de exploração dos, de fundação de apoio ou de agência de fomento. (Redação pela
de criação que deles seja objeto, na forma do regulamento. (Incluí- Lei nº 13.243, de 2016)
do pela Lei nº 13.243, de 2016) § 2º As partes deverão prever, em instrumento jurídico especí-
§ 3º A empresa detentora do direito exclusivo de exploração de fico, a titularidade da propriedade intelectual e a participação nos
criação protegida perderá automaticamente esse direito caso não resultados da exploração das criações resultantes da parceria, asse-
comercialize a criação dentro do prazo e condições definidos no con- gurando aos signatários o direito à exploração, ao licenciamento e
trato, podendo a ICT proceder a novo licenciamento. (Incluído pela à transferência de tecnologia, observado o disposto nos §§ 4º a 7º
Lei nº 13.243, de 2016) do art. 6º . (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)

198
INOVAÇÃO
§ 3º A propriedade intelectual e a participação nos resultados Art. 13. É assegurada ao criador participação mínima de 5%
referidas no § 2º serão asseguradas às partes contratantes, nos (cinco por cento) e máxima de 1/3 (um terço) nos ganhos econô-
termos do contrato, podendo a ICT ceder ao parceiro privado a micos, auferidos pela ICT, resultantes de contratos de transferência
totalidade dos direitos de propriedade intelectual mediante com- de tecnologia e de licenciamento para outorga de direito de uso ou
pensação financeira ou não financeira, desde que economicamente de exploração de criação protegida da qual tenha sido o inventor,
mensurável. (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016) obtentor ou autor, aplicando-se, no que couber, o disposto no pará-
§ 4º A bolsa concedida nos termos deste artigo caracteriza-se grafo único do art. 93 da Lei nº 9.279, de 1996.
como doação, não configura vínculo empregatício, não caracteri- § 1º A participação de que trata o caput deste artigo poderá ser
za contraprestação de serviços nem vantagem para o doador, para partilhada pela ICT entre os membros da equipe de pesquisa e de-
efeitos do disposto no art. 26 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de senvolvimento tecnológico que tenham contribuído para a criação.
1995, e não integra a base de cálculo da contribuição previdenciá- § 2º Entende-se por ganho econômico toda forma de royalty ou
ria, aplicando-se o disposto neste parágrafo a fato pretérito, como de remuneração ou quaisquer benefícios financeiros resultantes da
previsto no inciso I do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de exploração direta ou por terceiros da criação protegida, devendo
1966. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) ser deduzidos: (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
Art. 9º-A. Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Dis- I - na exploração direta e por terceiros, as despesas, os encar-
trito Federal e dos Municípios são autorizados a conceder recursos gos e as obrigações legais decorrentes da proteção da propriedade
para a execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento e ino- intelectual; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
vação às ICTs ou diretamente aos pesquisadores a elas vinculados, II - na exploração direta, os custos de produção da ICT. (Incluído
pela Lei nº 13.243, de 2016)
por termo de outorga, convênio, contrato ou instrumento jurídico
§ 3º A participação prevista no caput deste artigo obedecerá ao
assemelhado. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
disposto nos §§ 3º e 4º do art. 8º .
§ 1º A concessão de apoio financeiro depende de aprovação de
§ 4º A participação referida no caput deste artigo deverá ocor-
plano de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
rer em prazo não superior a 1 (um) ano após a realização da receita
§ 2º A celebração e a prestação de contas dos instrumentos aos que lhe servir de base, contado a partir da regulamentação pela au-
quais se refere o caput serão feitas de forma simplificada e compa- toridade interna competente. (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
tível com as características das atividades de ciência, tecnologia e Art. 14. Para a execução do disposto nesta Lei, ao pesquisador
inovação, nos termos de regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.243, público é facultado o afastamento para prestar colaboração a outra
de 2016) ICT, nos termos do inciso II do art. 93 da Lei nº 8.112, de 11 de de-
§ 3º A vigência dos instrumentos jurídicos aos quais se refere zembro de 1990, observada a conveniência da ICT de origem.
o caput deverá ser suficiente à plena realização do objeto, admitida § 1º As atividades desenvolvidas pelo pesquisador público, na
a prorrogação, desde que justificada tecnicamente e refletida em instituição de destino, devem ser compatíveis com a natureza do
ajuste do plano de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) cargo efetivo, cargo militar ou emprego público por ele exercido na
§ 4º Do valor total aprovado e liberado para os projetos re- instituição de origem, na forma do regulamento.
feridos no caput, poderá ocorrer transposição, remanejamento ou § 2º Durante o período de afastamento de que trata o caput
transferência de recursos de categoria de programação para outra, deste artigo, são assegurados ao pesquisador público o vencimento
de acordo com regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) do cargo efetivo, o soldo do cargo militar ou o salário do emprego
§ 5º A transferência de recursos da União para ICT estadual, público da instituição de origem, acrescido das vantagens pecuniá-
distrital ou municipal em projetos de ciência, tecnologia e inovação rias permanentes estabelecidas em lei, bem como progressão fun-
não poderá sofrer restrições por conta de inadimplência de quais- cional e os benefícios do plano de seguridade social ao qual estiver
quer outros órgãos ou instâncias que não a própria ICT. (Incluído vinculado.
pela Lei nº 13.243, de 2016) § 3º As gratificações específicas do pesquisador público em re-
Art. 10. Os acordos e contratos firmados entre as ICT, as ins- gime de dedicação exclusiva, inclusive aquele enquadrado em plano
tituições de apoio, agências de fomento e as entidades nacionais de carreiras e cargos de magistério, serão garantidas, na forma do
de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de § 2º deste artigo, quando houver o completo afastamento de ICT
pesquisa, cujo objeto seja compatível com a finalidade desta Lei, pública para outra ICT, desde que seja de conveniência da ICT de
poderão prever recursos para cobertura de despesas operacionais e origem. (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
administrativas incorridas na execução destes acordos e contratos, § 4º No caso de pesquisador público em instituição militar, seu
afastamento estará condicionado à autorização do Comandante da
observados os critérios do regulamento.
Força à qual se subordine a instituição militar a que estiver vincu-
Art. 11. Nos casos e condições definidos em normas da ICT e nos
lado.
termos da legislação pertinente, a ICT poderá ceder seus direitos
Art. 14-A. O pesquisador público em regime de dedicação ex-
sobre a criação, mediante manifestação expressa e motivada e a
clusiva, inclusive aquele enquadrado em plano de carreiras e cargos
título não oneroso, ao criador, para que os exerça em seu próprio de magistério, poderá exercer atividade remunerada de pesquisa,
nome e sob sua inteira responsabilidade, ou a terceiro, mediante desenvolvimento e inovação em ICT ou em empresa e participar da
remuneração. (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016) execução de projeto aprovado ou custeado com recursos previstos
Parágrafo único. A manifestação prevista no caput deste artigo nesta Lei, desde que observada a conveniência do órgão de origem
deverá ser proferida pelo órgão ou autoridade máxima da institui- e assegurada a continuidade de suas atividades de ensino ou pes-
ção, ouvido o núcleo de inovação tecnológica, no prazo fixado em quisa nesse órgão, a depender de sua respectiva natureza. (Incluído
regulamento. pela Lei nº 13.243, de 2016)
Art. 12. É vedado a dirigente, ao criador ou a qualquer servidor, Art. 15. A critério da administração pública, na forma do regu-
militar, empregado ou prestador de serviços de ICT divulgar, noticiar lamento, poderá ser concedida ao pesquisador público, desde que
ou publicar qualquer aspecto de criações de cujo desenvolvimento não esteja em estágio probatório, licença sem remuneração para
tenha participado diretamente ou tomado conhecimento por força constituir empresa com a finalidade de desenvolver atividade em-
de suas atividades, sem antes obter expressa autorização da ICT. presarial relativa à inovação.

199
INOVAÇÃO
§ 1º A licença a que se refere o caput deste artigo dar-se-á pelo VIII - desenvolver estudos e estratégias para a transferência de
prazo de até 3 (três) anos consecutivos, renovável por igual período. inovação gerada pela ICT; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
§ 2º Não se aplica ao pesquisador público que tenha constituí- IX - promover e acompanhar o relacionamento da ICT com em-
do empresa na forma deste artigo, durante o período de vigência da presas, em especial para as atividades previstas nos arts. 6º a 9º
licença, o disposto no inciso X do art. 117 da Lei nº 8.112, de 1990. ; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
§ 3º Caso a ausência do servidor licenciado acarrete prejuízo às X - negociar e gerir os acordos de transferência de tecnologia
atividades da ICT integrante da administração direta ou constituída oriunda da ICT. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
na forma de autarquia ou fundação, poderá ser efetuada contra- § 2º A representação da ICT pública, no âmbito de sua política
tação temporária nos termos da Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de de inovação, poderá ser delegada ao gestor do Núcleo de Inovação
1993, independentemente de autorização específica. Tecnológica. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
Art. 15-A. A ICT de direito público deverá instituir sua política de § 3º O Núcleo de Inovação Tecnológica poderá ser constituído
inovação, dispondo sobre a organização e a gestão dos processos com personalidade jurídica própria, como entidade privada sem fins
que orientam a transferência de tecnologia e a geração de inova- lucrativos. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
ção no ambiente produtivo, em consonância com as prioridades da § 4º Caso o Núcleo de Inovação Tecnológica seja constituído
política nacional de ciência, tecnologia e inovação e com a política com personalidade jurídica própria, a ICT deverá estabelecer as di-
industrial e tecnológica nacional. (Incluído pela Lei nº 13.243, de retrizes de gestão e as formas de repasse de recursos. (Incluído pela
2016) Lei nº 13.243, de 2016)
Parágrafo único. A política a que se refere o caput deverá esta- § 5º Na hipótese do § 3º , a ICT pública é autorizada a estabe-
belecer diretrizes e objetivos: (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) lecer parceria com entidades privadas sem fins lucrativos já existen-
I - estratégicos de atuação institucional no ambiente produtivo tes, para a finalidade prevista no caput. (Incluído pela Lei nº 13.243,
local, regional ou nacional; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) de 2016)
II - de empreendedorismo, de gestão de incubadoras e de parti- Art. 17. A ICT pública deverá, na forma de regulamento, prestar
cipação no capital social de empresas; (Incluído pela Lei nº 13.243, informações ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. (Reda-
de 2016) ção pela Lei nº 13.243, de 2016)
III - para extensão tecnológica e prestação de serviços técni- I - ( Revogado ) ; (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
cos; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) II - ( Revogado ); (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
IV - para compartilhamento e permissão de uso por terceiros de III - ( Revogado ); (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
seus laboratórios, equipamentos, recursos humanos e capital inte- IV - ( Revogado ). (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
lectual; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput à ICT privada
V - de gestão da propriedade intelectual e de transferência de beneficiada pelo poder público, na forma desta Lei. (Redação pela
tecnologia; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) Lei nº 13.243, de 2016)
VI - para institucionalização e gestão do Núcleo de Inovação Art. 18. A ICT pública, na elaboração e na execução de seu
Tecnológica; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) orçamento, adotará as medidas cabíveis para a administração e
VII - para orientação das ações institucionais de capacitação a gestão de sua política de inovação para permitir o recebimento
de recursos humanos em empreendedorismo, gestão da inovação, de receitas e o pagamento de despesas decorrentes da aplicação
transferência de tecnologia e propriedade intelectual; (Incluído pela
do disposto nos arts. 4º a 9º , 11 e 13, o pagamento das despesas
Lei nº 13.243, de 2016)
para a proteção da propriedade intelectual e o pagamento devido
VIII - para estabelecimento de parcerias para desenvolvimento
aos criadores e aos eventuais colaboradores. (Redação pela Lei nº
de tecnologias com inventores independentes, empresas e outras
13.243, de 2016)
entidades. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
Parágrafo único. A captação, a gestão e a aplicação das recei-
Art. 16. Para apoiar a gestão de sua política de inovação, a ICT
tas próprias da ICT pública, de que tratam os arts. 4º a 8º , 11 e
pública deverá dispor de Núcleo de Inovação Tecnológica, próprio
13, poderão ser delegadas a fundação de apoio, quando previsto
ou em associação com outras ICTs. (Redação pela Lei nº 13.243, de
em contrato ou convênio, devendo ser aplicadas exclusivamente em
2016)
§ 1º São competências do Núcleo de Inovação Tecnológica a objetivos institucionais de pesquisa, desenvolvimento e inovação,
que se refere o caput, entre outras: (Redação pela Lei nº 13.243, incluindo a carteira de projetos institucionais e a gestão da política
de 2016) de inovação. (Redação pela Lei nº 13.243, de 2016)
I - zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à
proteção das criações, licenciamento, inovação e outras formas de CAPÍTULO IV
transferência de tecnologia; DO ESTÍMULO À INOVAÇÃO NAS EMPRESAS
II - avaliar e classificar os resultados decorrentes de atividades e
projetos de pesquisa para o atendimento das disposições desta Lei; Art. 19. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios,
III - avaliar solicitação de inventor independente para adoção as ICTs e suas agências de fomento promoverão e incentivarão a
de invenção na forma do art. 22; pesquisa e o desenvolvimento de produtos, serviços e processos
IV - opinar pela conveniência e promover a proteção das cria- inovadores em empresas brasileiras e em entidades brasileiras de
ções desenvolvidas na instituição; direito privado sem fins lucrativos, mediante a concessão de recur-
V - opinar quanto à conveniência de divulgação das criações sos financeiros, humanos, materiais ou de infraestrutura a serem
desenvolvidas na instituição, passíveis de proteção intelectual; ajustados em instrumentos específicos e destinados a apoiar ativi-
VI - acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, para atender às
dos títulos de propriedade intelectual da instituição. prioridades das políticas industrial e tecnológica nacional. (Redação
VII - desenvolver estudos de prospecção tecnológica e de inteli- pela Lei nº 13.243, de 2016)
gência competitiva no campo da propriedade intelectual, de forma § 1º As prioridades da política industrial e tecnológica nacional
a orientar as ações de inovação da ICT; (Incluído pela Lei nº 13.243, de que trata o caput deste artigo serão estabelecidas em regula-
de 2016) mento.

200
INOVAÇÃO
§ 2º-A. São instrumentos de estímulo à inovação nas empresas, XI - previsão de cláusulas de investimento em pesquisa e de-
quando aplicáveis, entre outros: (Redação pela Lei nº 13.243, de senvolvimento em concessões públicas e em regimes especiais de
2016) incentivos econômicos; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
I - subvenção econômica; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) XII - implantação de solução de inovação para apoio e incentivo
II - financiamento; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) a atividades tecnológicas ou de inovação em microempresas e em
III - participação societária; (Incluído pela Lei nº 13.243, de empresas de pequeno porte. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
2016) § 7º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
IV - bônus tecnológico; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) poderão utilizar mais de um instrumento de estímulo à inovação a
V - encomenda tecnológica; (Incluído pela Lei nº 13.243, de fim de conferir efetividade aos programas de inovação em empre-
2016) sas. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
VI - incentivos fiscais; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) § 8º Os recursos destinados à subvenção econômica serão apli-
VII - concessão de bolsas; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) cados no financiamento de atividades de pesquisa, desenvolvimen-
VIII - uso do poder de compra do Estado; (Incluído pela Lei nº to tecnológico e inovação em empresas, admitida sua destinação
13.243, de 2016) para despesas de capital e correntes, desde que voltadas prepon-
IX - fundos de investimentos; (Incluído pela Lei nº 13.243, de derantemente à atividade financiada. (Incluído pela Lei nº 13.243,
2016) de 2016)
X - fundos de participação; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) Art. 20. Os órgãos e entidades da administração pública, em
XI - títulos financeiros, incentivados ou não; (Incluído pela Lei matéria de interesse público, poderão contratar diretamente ICT,
nº 13.243, de 2016) entidades de direito privado sem fins lucrativos ou empresas, iso-
XII - previsão de investimento em pesquisa e desenvolvimento ladamente ou em consórcios, voltadas para atividades de pesquisa
em contratos de concessão de serviços públicos ou em regulações e de reconhecida capacitação tecnológica no setor, visando à reali-
setoriais. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) zação de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação que
§ 3º A concessão da subvenção econômica prevista no § 1º des- envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico espe-
te artigo implica, obrigatoriamente, a assunção de contrapartida cífico ou obtenção de produto, serviço ou processo inovador. (Reda-
pela empresa beneficiária, na forma estabelecida nos instrumentos ção pela Lei nº 13.243, de 2016)
de ajuste específicos. § 1º Considerar-se-á desenvolvida na vigência do contrato a
§ 4º O Poder Executivo regulamentará a subvenção econômica que se refere o caput deste artigo a criação intelectual pertinente
de que trata este artigo, assegurada a destinação de percentual mí- ao seu objeto cuja proteção seja requerida pela empresa contrata-
nimo dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico da até 2 (dois) anos após o seu término.
e Tecnológico - FNDCT. § 2º Findo o contrato sem alcance integral ou com alcance par-
§ 5º Os recursos de que trata o § 4º deste artigo serão objeto de cial do resultado almejado, o órgão ou entidade contratante, a seu
programação orçamentária em categoria específica do FNDCT, não exclusivo critério, poderá, mediante auditoria técnica e financeira,
sendo obrigatória sua aplicação na destinação setorial originária, prorrogar seu prazo de duração ou elaborar relatório final dando-o
sem prejuízo da alocação de outros recursos do FNDCT destinados à por encerrado.
subvenção econômica. § 3º O pagamento decorrente da contratação prevista
§ 6º As iniciativas de que trata este artigo poderão ser estendi- no caput será efetuado proporcionalmente aos trabalhos executa-
das a ações visando a: (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) dos no projeto, consoante o cronograma físico-financeiro aprovado,
I - apoio financeiro, econômico e fiscal direto a empresas para com a possibilidade de adoção de remunerações adicionais associa-
as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológi- das ao alcance de metas de desempenho no projeto. (Redação pela
ca; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) Lei nº 13.243, de 2016)
II - constituição de parcerias estratégicas e desenvolvimento de § 4º O fornecimento, em escala ou não, do produto ou processo
projetos de cooperação entre ICT e empresas e entre empresas, em inovador resultante das atividades de pesquisa, desenvolvimento e
atividades de pesquisa e desenvolvimento, que tenham por objetivo inovação encomendadas na forma do caput poderá ser contratado
a geração de produtos, serviços e processos inovadores; (Incluído mediante dispensa de licitação, inclusive com o próprio desenvolve-
pela Lei nº 13.243, de 2016) dor da encomenda, observado o disposto em regulamento específi-
III - criação, implantação e consolidação de incubadoras de em- co. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
presas, de parques e polos tecnológicos e de demais ambientes pro- § 5º Para os fins do caput e do § 4º , a administração pública po-
motores da inovação; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) derá, mediante justificativa expressa, contratar concomitantemente
IV - implantação de redes cooperativas para inovação tecnoló- mais de uma ICT, entidade de direito privado sem fins lucrativos ou
gica; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) empresa com o objetivo de: (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
V - adoção de mecanismos para atração, criação e consolida- I - desenvolver alternativas para solução de problema técnico
ção de centros de pesquisa e desenvolvimento de empresas brasilei- específico ou obtenção de produto ou processo inovador; ou (Incluí-
ras e estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) do pela Lei nº 13.243, de 2016)
VI - utilização do mercado de capitais e de crédito em ações de II - executar partes de um mesmo objeto. (Incluído pela Lei nº
inovação; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) 13.243, de 2016)
VII - cooperação internacional para inovação e para transferên- § 6º Observadas as diretrizes previstas em regulamento espe-
cia de tecnologia; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) cífico, os órgãos e as entidades da administração pública federal
VIII - internacionalização de empresas brasileiras por meio de competentes para regulação, revisão, aprovação, autorização ou
inovação tecnológica; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) licenciamento atribuído ao poder público, inclusive para fins de
IX - indução de inovação por meio de compras públicas; (Incluí- vigilância sanitária, preservação ambiental, importação de bens e
do pela Lei nº 13.243, de 2016) segurança, estabelecerão normas e procedimentos especiais, sim-
X - utilização de compensação comercial, industrial e tecnológi- plificados e prioritários que facilitem: (Incluído pela Lei nº 13.322,
ca em contratações públicas; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) de 2016)

201
INOVAÇÃO
I - a realização das atividades de pesquisa, desenvolvimento ou II - assistência para transformação da invenção em produto ou
inovação encomendadas na forma do caput ; (Incluído pela Lei nº processo com os mecanismos financeiros e creditícios dispostos na
13.322, de 2016) legislação; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
II - a obtenção dos produtos para pesquisa e desenvolvimento III - assistência para constituição de empresa que produza o
necessários à realização das atividades descritas no inciso I deste bem objeto da invenção; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
parágrafo; e (Incluído pela Lei nº 13.322, de 2016) IV - orientação para transferência de tecnologia para empresas
III - a fabricação, a produção e a contratação de produto, servi- já constituídas. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
ço ou processo inovador resultante das atividades descritas no inci-
so I deste parágrafo. (Incluído pela Lei nº 13.322, de 2016) CAPÍTULO VI
Art. 20-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
II - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) Art. 23. Fica autorizada a instituição de fundos mútuos de in-
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) vestimento em empresas cuja atividade principal seja a inovação,
§ 2º Aplicam-se ao procedimento de contratação as regras caracterizados pela comunhão de recursos captados por meio do
próprias do ente ou entidade da administração pública contratan- sistema de distribuição de valores mobiliários, na forma da Lei nº
te. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) 6.385, de 7 de dezembro de 1976, destinados à aplicação em car-
§ 3º Outras hipóteses de contratação de prestação de serviços teira diversificada de valores mobiliários de emissão dessas empre-
ou fornecimento de bens elaborados com aplicação sistemática de sas.
conhecimentos científicos e tecnológicos poderão ser previstas em Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários editará
regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) normas complementares sobre a constituição, o funcionamento e
§ 4º Nas contratações de que trata este artigo, deverá ser a administração dos fundos, no prazo de 90 (noventa) dias da data
observado o disposto no inciso IV do art. 27. (Incluído pela Lei nº de publicação desta Lei.
13.243, de 2016)
Art. 21. As agências de fomento deverão promover, por meio CAPÍTULO VII
de programas específicos, ações de estímulo à inovação nas micro DISPOSIÇÕES FINAIS
e pequenas empresas, inclusive mediante extensão tecnológica re-
alizada pelas ICT. Art. 24. A Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993, passa a vigo-
Art. 21-A. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, rar com as seguintes alterações:
os órgãos e as agências de fomento, as ICTs públicas e as fundações “ Art. 2º . . .................................................................
de apoio concederão bolsas de estímulo à inovação no ambiente ...................................................................
produtivo, destinadas à formação e à capacitação de recursos hu-
VII - admissão de professor, pesquisador e tecnólogo substitu-
manos e à agregação de especialistas, em ICTs e em empresas, que
tos para suprir a falta de professor, pesquisador ou tecnólogo ocu-
contribuam para a execução de projetos de pesquisa, desenvolvi-
pante de cargo efetivo, decorrente de licença para exercer atividade
mento tecnológico e inovação e para as atividades de extensão tec-
empresarial relativa à inovação.
nológica, de proteção da propriedade intelectual e de transferência
................................................................... “ (NR)
de tecnologia. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
“ Art. 4º . . .................................................................
...................................................................
CAPÍTULO V
IV - 3 (três) anos, nos casos dos incisos VI, alínea ‘h’, e VII do
DO ESTÍMULO AO INVENTOR INDEPENDENTE
art. 2º ;
Art. 22. Ao inventor independente que comprove depósito de ...................................................................
pedido de patente é facultado solicitar a adoção de sua criação por Parágrafo único.. ..................................................................
ICT pública, que decidirá quanto à conveniência e à oportunidade da ...................................................................
solicitação e à elaboração de projeto voltado à avaliação da criação V - no caso do inciso VII do art. 2º , desde que o prazo total não
para futuro desenvolvimento, incubação, utilização, industrialização exceda 6 (seis) anos.” (NR)
e inserção no mercado. (Redação dada pela Lei nº 13.243, de 2016) Art. 25. O art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, pas-
§ 1º O núcleo de inovação tecnológica da ICT avaliará a inven- sa a vigorar acrescido do seguinte inciso:
ção, a sua afinidade com a respectiva área de atuação e o interesse “ Art. 24. ...................................................................
no seu desenvolvimento. ...................................................................
§ 2º O núcleo informará ao inventor independente, no prazo XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tec-
máximo de 6 (seis) meses, a decisão quanto à adoção a que se refe- nológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de
re o caput deste artigo. tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explora-
§ 3º O inventor independente, mediante instrumento jurídico ção de criação protegida.
específico, deverá comprometer-se a compartilhar os eventuais ga- ...................................................................” (NR)
nhos econômicos auferidos com a exploração da invenção protegi- Art. 26. As ICT que contemplem o ensino entre suas atividades
da adotada por ICT pública. (Redação dada pela Lei nº 13.243, de principais deverão associar, obrigatoriamente, a aplicação do dis-
2016) posto nesta Lei a ações de formação de recursos humanos sob sua
Art. 22-A. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, responsabilidade.
as agências de fomento e as ICTs públicas poderão apoiar o inventor Art. 26-A. As medidas de incentivo previstas nesta Lei, no que
independente que comprovar o depósito de patente de sua criação, for cabível, aplicam-se às ICTs públicas que também exerçam ativi-
entre outras formas, por meio de: (Incluído pela Lei nº 13.243, de dades de produção e oferta de bens e serviços. (Incluído pela Lei nº
2016) 13.243, de 2016)
I - análise da viabilidade técnica e econômica do objeto de sua Art. 27. Na aplicação do disposto nesta Lei, serão observadas
invenção; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) as seguintes diretrizes:

202
INOVAÇÃO
I - priorizar, nas regiões menos desenvolvidas do País e na Ama- O conceito surgiu no século XVII na França como entreprenuer.
zônia, ações que visem a dotar a pesquisa e o sistema produtivo Contudo, só chegou no Brasil nos anos 90. Apesar da demora para
regional de maiores recursos humanos e capacitação tecnológica; chegar até aqui, a quantidade de novos empreendedores ultrapas-
II - atender a programas e projetos de estímulo à inovação na sa os 5 milhões que geram emprego e movimentam a economia no
indústria de defesa nacional e que ampliem a exploração e o de- país.
senvolvimento da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e da Plataforma Então, o que significa ser empreendedor? Significa ser uma
Continental; pessoa que tem a visão aguçada para os problemas na sociedade,
III - assegurar tratamento diferenciado, favorecido e simplifi- visando sempre a melhor forma de solucioná-los.
cado às microempresas e às empresas de pequeno porte; (Redação E para isso é necessário ter uma perspectiva diferente do ce-
dada pela Lei nº 13.243, de 2016) nário, visando a inovação como resultado final. Assim é possível in-
IV - dar tratamento preferencial, diferenciado e favorecido, na vestir recursos para solucionar os demais problemas apresentados
aquisição de bens e serviços pelo poder público e pelas fundações e impactar positivamente a sociedade.
de apoio para a execução de projetos de desenvolvimento institu- Mas se engana quem pensa que o empreendedorismo signifi-
cional da instituição apoiada, nos termos da Lei nº 8.958, de 20 de ca apenas o surgimento de novos negócios. O empreendedorismo
dezembro de 1994, às empresas que invistam em pesquisa e no de- pode atuar dentro de empresas já existentes, nesses casos são co-
senvolvimento de tecnologia no País e às microempresas e empre- nhecidos como empreendedorismo corporativo (ou empreendedo-
sas de pequeno porte de base tecnológica, criadas no ambiente das rismo interno) e intraempreendedorismo.
atividades de pesquisa das ICTs. (Redação dada pela Lei nº 12.349,
de 2010) Empreendedorismo como inovação dentro de empresas
V - promover a simplificação dos procedimentos para gestão Como já falamos logo acima, os desafios do empreendedoris-
dos projetos de ciência, tecnologia e inovação e do controle por re- mo englobam desde a criação de novos negócios até o desenvolvi-
sultados em sua avaliação; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) mento de empresas já existentes.
VI - promover o desenvolvimento e a difusão de tecnologias No caso do empreendedorismo corporativo a inovação aconte-
sociais e o fortalecimento da extensão tecnológica para a inclusão ce em empresas já estabelecidas no mercado. Em que um indivíduo
produtiva e social. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) ou um grupo de pessoas influentes buscam por aperfeiçoar ativi-
Art. 27-A. Os procedimentos de prestação de contas dos recur- dades para que obtenham mais lucro. Podendo ser desde criando
sos repassados com base nesta Lei deverão seguir formas simpli- organizações ou setores novos até exercer ações que incentivem a
ficadas e uniformizadas e, de forma a garantir a governança e a criatividade dos colaboradores para que a empresa prospere.
transparência das informações, ser realizados anualmente, prefe- Já no intraempreendedorismo, qualquer pessoa que faça parte
rencialmente, mediante envio eletrônico de informações, nos ter- de uma empresa pode buscar por inovação para o negócio como
mos de regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) um todo. Ou seja, é a maneira de reagir diante de desafios empre-
Art. 28. A União fomentará a inovação na empresa mediante a sariais com a visão de inovação.
concessão de incentivos fiscais com vistas na consecução dos objeti-
Empreendedor: principais características
vos estabelecidos nesta Lei.
Um empreendedor muitas vezes pode passar despercebido no
Parágrafo único. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso
dia a dia. Apesar de vir a cabeça a imagem de uma pessoa vestida
Nacional, em até 120 (cento e vinte) dias, contados da publicação
com roupas sociais, nem sempre é assim. Um empreendedor pode
desta Lei, projeto de lei para atender o previsto no caput deste ar-
ser uma pessoa comum que possui características marcantes como:
tigo.
- Criatividade: desenvolver a criatividade é essencial. O em-
Art. 29. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
preendedorismo inclui a boa imaginação, capacidade de solucionar
Brasília, 2 de dezembro de 2004; 183º da Independência e 116º
problemas de maneira inovadora e de pensar fora da caixa.
da República.
- Iniciativa: a pessoa empreendedora não espera que alguém
lhe diga que um problema deve ser solucionado. Ela está sempre
procurando melhorias e novas formas de fazer as coisas.
EMPREENDEDORISMO
- Pensamento estratégico: o planejamento, visão e solução de
. problemas são características essenciais para as pessoas empreen-
O economista austríaco Joseph A. Schumpeter, no livro “Capi- dedoras.
talismo, socialismo e democracia”, publicado em 1942, associa o - Autoconfiança: sem confiança em suas capacidades, o empre-
empreendedor ao desenvolvimento econômico. endedorismo não pode perseverar. Afinal, é necessário confiar em
Segundo ele, o sistema capitalista tem como característica ine- seu julgamento para demonstrar iniciativa ou propor soluções.
rente uma força denominada de processo de destruição criativa, - Otimismo: encarar erros como oportunidades de aprendizado
fundamentando-se no princípio que reside no desenvolvimento de e a vida no geral de maneira mais positiva é uma das características
novos produtos, novos métodos de produção e novos mercados; mais proeminentes no empreendedorismo.
em síntese, trata-se de destruir o velho para se criar o novo. - Resiliência: resistir, se adaptar e tentar novamente são habi-
Pela definição de Schumpeter, o agente básico desse processo lidades necessárias para quem deseja conquistar qualquer coisa.
de destruição criativa está na figura do que ele considera como o Aprenda mais sobre a resiliência.
empreendedor. - Adaptação: conquistar grandes objetivos inclui encontrar
Em uma visão mais simplista, podemos entender como empre- obstáculos e imprevistos no caminho. Por isso, é preciso possuir a
endedor aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, en- capacidade de se adaptar, ajustar os planos e continuar insistindo.
fim, aquele que realiza antes, aquele que sai da área do sonho, do - Manejo da ansiedade e riscos: o empreendedorismo, por
desejo e parte para a ação. definição, exige que você saia da sua zona de conforto. Por isso é
fundamental saber lidar com riscos e ansiedades.

203
INOVAÇÃO
- Desejo de protagonismo: finalmente, a pessoa empreende- O autoconhecimento nada mais é do que uma investigação so-
dora tem vontade de se destacar. Quer mudar o mundo, quer me- bre si próprio
lhorar a vida de outras pessoas e, principalmente, quer deixar um Também pode ser um projeto ético, quando o que se busca é
legado em seu nome. a realização de algo que leve o sujeito a ser mestre de si e, conse-
quentemente, um ser humano melhor.
Qual o impacto do empreendedorismo na sociedade? Em outras palavras, é a nossa capacidade de olhar para dentro
O empreendedorismo é o fator que possibilita o desenvolvi- e saber exatamente quais são as virtudes e os defeitos, as forças e
mento social e econômico, em todos os setores de uma comunida- as fraquezas.
de. Seja no âmbito pessoal, local ou mundial, as pessoas empreen- Isso acontece não como quem julga, mas como quem aceita e
dedoras são aquelas que movimentam o mundo para frente. faz o possível para se tornar melhor a cada dia.
Vamos tomar como exemplo o avanço científico. Hoje, sabe- Significa fazer um mapeamento interno completo e, a partir
mos muito mais sobre nosso universo e contamos com tecnologias dele, perceber quais devem ser nossas ações e onde elas vão nos
mais incríveis do que nossos avós poderiam sonhar. Isso é possível levar.
apenas através do empreendedorismo. Autoconhecimento, ao fim e ao cabo, é compreender cada de-
Seja nos negócios ou no âmbito social, a criatividade, iniciativa talhe que se passa em nós mesmos, sejam pensamentos, emoções
e vontade de transformar o mundo ao seu redor dos empreende- e mesmo anseios.
dores é o que nos permite ver o avanço do ser humano como so- É fazer de você a sua própria bússola.
ciedade.
A base do empreendedorismo é a solução de problemas de Benefícios do processo de autoconhecimento
maneira criativa, eficiente e simples. Sem ele, não teríamos ne-
nhum avanço: da roda ao smartphone. O empreendedorismo visa
tornar nossas vidas mais fáceis e melhores.2

AUTOCONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DE
OPORTUNIDADES

Autoconhecimento é uma palavra que se explica por si só, mas


cujo processo exige uma reflexão bastante profunda.
Se alguém perguntar a você o quanto se conhece, qual seria a
resposta?
A maioria das pessoas pode achar o questionamento até estra-
nho, mas a verdade é que a prática do autoconhecimento ainda é Com o autoconhecimento, podemos colher diversos benefícios,
pouco exercitada. que podem nos ajudar tanto no âmbito pessoal quanto profissional.
É quando a dificuldade e os obstáculos surgem que consegui- Separamos três vantagens que o desenvolvimento desta virtu-
mos ter a real noção de quem somos, a partir de nossas respostas de pode oferecer. Confira!
e ações.
Algumas pessoas até se surpreendem com atitudes que to- Descoberta das nossas forças e fraquezas
mam, e aí que surgem as famosas frases: “nossa, não sabia que eu Todos têm pontos fortes e carências que ajudam a definir a
era capaz disso” ou “nunca imaginei que pudesse fazer aquilo”. sua personalidade, mas só quem se conhece verdadeiramente sabe
Mas não se preocupe, você não precisa esperar que os momen- quais são.
tos desafiadores cheguem para promover o autoconhecimento. É impossível você se fazer valer dessas qualidades se não sou-
Existem ferramentas e metodologias que trabalham justamen- ber reconhecer e determinar como podem ser aplicadas da melhor
te a partir do princípio de olhar para dentro e reconhecer a si mes- maneira.
mo, seus pontos fortes e vulnerabilidades.
Quer saber mais sobre o assunto? Então, nos acompanhe ao Suas forças precisam ser usadas a seu favor, de maneira que
longo do artigo. funcionem como facilitadoras para a obtenção de resultados.
E quando o assunto são as suas limitações, o autoconhecimen-
O que é autoconhecimento? to é ainda mais importante.
Do contrário, é difícil que elas possam ser superadas em algum
momento.

Busca pela consciência


As respostas que descobrimos com o exame da nossa mente
não só contribuem para que nos conheçamos melhor, como tam-
bém para que possamos avançar à uma próxima etapa, em busca
de um estado de consciência plena.
Isso significa entender, de fato, quem você é.
Você não é alguém que possa ser definido por estereótipos e
nem por seus pontos fortes e fracos – ainda que eles façam parte do
todo representado por você.
Tudo isso poder ser modificado, mas a sua essência não muda.
E é exatamente nisso que precisa pensar.
2 Fonte: www.sbcoaching.com.br/www.eadbox.com

204
INOVAÇÃO
Trabalhe para alterar comportamentos nocivos e tome o rumo - Adotar uma postura empreendedora de sempre estar mais
na direção da transformação real. atento ao que está acontecendo ao seu redor, analisar o mercado,
Mas atenção: será preciso muita força de vontade e dedicação adaptando-se às suas constantes mudanças, identificar tendências
para isso. e principalmente ser criativo e inovador.
Aplicando a percepção no âmbito organizacional temos o as-
Abertura da mente pecto do senso de observação e análise do ambiente da empresa. A
Ao se conhecer melhor, você abre um leque de oportunidades partir daí é possível identificar as necessidades de melhoria dentro
para buscar a felicidade. do ambiente de trabalho. É possível também identificar fatores po-
Novas experiências só aparecem para aqueles que estão dis- sitivos que podem ser fortalecidos. Desse modo, é estimulada uma
postos a encarar cada oportunidade com unhas e dentes, sem cultura de alta performance.
medo.
Para isso, é preciso se arriscar – e só dá esse passo quem prati- Tipos de percepção organizacional
ca o autoconhecimento.
Afinal, superação tem a ver com ultrapassar seus limites. A pro- - Percepções externas
pósito, você sabe quais são eles? Quando são identificados comportamentos provocados por si-
Porque sucesso depende de autoconhecimento? tuações ou pelo ambiente em que o indivíduo está inserido. Geral-
O caminho do sucesso inclui conseguir identificar as oportuni- mente são atitudes forçadas.
dades que surgem e, sem dúvida, isso passa pelo autoconhecimen-
to. Mas por onde começar? - Percepções internas
Comportamentos realizados por estímulos pessoais, como sen-
Em primeiro lugar, entendendo que autoconhecimento é um timentos, emoções, experiências passadas e expectativas do ob-
processo que tem início, mas não tem fim. Em segundo, reconhe- servado. Geralmente são atitudes de próprio interesse. Para uma
cendo que cada escolha conta um pouco quem se é, das caracte- avaliação mais consistente, é preciso fazer uma análise baseada nos
rísticas que temos, do que se valoriza. Prestar atenção nos pensa- seguintes fatores:
mentos, nas emoções, na forma como nosso corpo reage às várias - Distintividade: Averiguar se o comportamento é consequente
situações também são informações a nosso respeito. de causas internas ou externas.
O autoconhecimento está relacionado à consciência que te- - Consenso: Se a maioria das pessoas teve o mesmo comporta-
mos de nós mesmos e isso possibilita administrar as característi- mento, a causa pode ser externa. Se apenas uma pessoa teve deter-
cas de forma a utilizá-las a nosso favor, o que é um diferencial dos minada reação, a causa pode ser interna.
profissionais, tanto na hora da seleção como durante toda sua vida - Consistência: Quando o comportamento for individual, toma-
profissional. do de forma inconsciente, as causas podem ser externas.
Profissionais com autoconhecimento fazem escolhas mais
conscientes, são produtivos, seguros, íntegros e valiosos. Eles sa- Percepção Seletiva
bem quais são suas forças e fraquezas e assumem todas elas, não Não é possível para a mente humana assimilar tudo que vemos
atribuindo suas dificuldades à empresa ou aos colaboradores. e observamos com todos os nossos sentidos. Diante desta impos-
Conhecer-se também é ter o gosto pela diferença e a humil- sibilidade, a percepção é feita aos poucos, fazendo deste processo
dade de entender que cada ser humano é um universo, portanto, algo seletivo. Esta seletividade é pautada por nossos interesses e
com características complementares. Assim, ao pensar em formar experiências anteriores. É esta percepção que nos dá a capacidade
equipe, provavelmente o líder, consciente de si mesmo, vai buscar de fazer uma “leitura dinâmica” das pessoas que nos rodeiam. Nem
profissionais com competências diversas das dele. sempre esta leitura é precisa e muitas vezes, nos faz ter conclusões
Equipes com líderes conscientes de si mesmos, normalmente bastante imprecisas e negativas sobre a outra pessoa.
são estimuladas também a se conhecerem e, então, seu trabalho Mas, o que explica estes mecanismos de percepção da nossa
se torna também mais produtivo, principalmente pelo fato de que a mente? Existem algumas teorias que explicam este fato. Uma delas
comunicação é construída de forma mais segura e assertiva. é a Teoria do Efeito Halo. Mas, o que diz esta teoria? Eu te contarei
a seguir, querida pessoa!
Autoestima e autoconhecimento
Prima irmã do autoconhecimento, encontramos a autoestima, Percepção e a Teoria do Efeito Halo
que diz respeito a gostarmos de nós mesmos, do jeito que somos. Desenvolvida na década de 1920 pelo psicólogo americano
Isso não significa a opção pela zona de conforto, mas sim, a busca Edward Thorndike, o “Efeito Halo” é uma teoria que defende que
pela expansão, a partir das nossas potencialidades e forças. o cérebro humano faz cognições a partir de características que este
Autoconhecimento e autoestima são duas faces da mesma julgam positivas, formulando um conceito geral sobre outra pes-
moeda. Desenvolvê-las é necessário para todo profissional e essa soa ou situação baseando-se apenas neste fator. Estas cognições
busca pode ser feita de várias formas, desde com a ajuda de um podem ser feitas com base na aparência, modo de falar, postura,
profissional, passando pela atenção dada aos feedbacks recebidos vestimenta, entre outros fatores. Os experimentos de Thorndike
e, ainda, pela auto-observação. A participação em treinamentos foram realizados entre soldados do Exército. Ele percebeu que os
possibilita-nos algum esclarecimento sobre o assunto, potenciali- comandantes classificavam seus soldados de maneira cognitiva. O
zando esta busca. especialista constatou que as aptidões dos soldados e suas aparên-
cias tinham uma forte correlação: os mais fortes, bonitos e de me-
Como identificar uma oportunidade? lhor postura eram considerados mais habilidosos.
- Enxergar além do horizonte, abrir a mente para novas possi-
bilidades.
- Aprender a olhar as coisas de maneiras diferente. Muitas ve-
zes a oportunidade está nos lugares óbvios, basta prestar mais aten-
ção e ser otimista.

205
INOVAÇÃO
No ambiente corporativo, entretanto, é imprescindível manter Já a inovação é um processo mais complexo, abrangendo vários
a imparcialidade e sempre tomar cuidado para que o efeito halo aspectos, tais como: técnicos, sociais, econômicos entre outros. Es-
não leve a percepções errôneas. Nesse sentido, a Ferramenta 360º ses processos visam trazer novas leituras de cenários que possam
pode auxiliar os gestores a elaborar uma avaliação consistente e estar ficando defasados ou que já não atendam mais às necessida-
realista, identificando necessidades concretas a partir do levanta- des da organização, ou que não estejam acompanhando as mudan-
mento de indicadores pautados em dados.3 ças no cenário macro social como um todo, isto é, como a figura
abaixo mostra, o mercado e a organização precisam em estar em
O PROCESSO DE INOVAÇÃO. GERAÇÃO DE IDEIAS E O sintonia, caminhando e evoluindo no mesmo ritmo, e a inovação,
PROCESSO CRIATIVO.INOVAÇÃO X INVENÇÃO.TIPOS junto com ações de criatividade e soluções alternativas permitem
DE INOVAÇÃO.ECOSSISTEMAS COMPLEXOS DE INFOR- que essa sintonia se apresente de forma contínua e eficientemente
5.4 O processo de inovação.
MAÇÃO responsável para resultados serem alcançados.

Quando falamos em inovação e mudança, estamos nos refe-


rindo à condição de permanência das organizações no cenário, ou
seja, as organizações que não estiverem aptas a se adaptar à volati-
lidade do mercado estão fadadas ao fracasso.
Essa adaptabilidade permite que os ajustes necessários sejam
feitos, sem que a cultura organizacional perca sua coerência ou sua
identidade, para isso, todos os envolvidos precisar ter uma postura
linear diante dessas mudanças.
Pessoas diferentes interpretam a expressão gestão da mudan-
ça de modos diferentes. Profissionais de Tecnologia da Informação
podem entendê-la como sendo o gerenciamento do controle de
versões de software e hardware. Outros da área de gestão de pes-
soas podem entendê-la como sendo comunicação e treinamento
ou considerá-la como sendo desenvolvimento organizacional. No
contexto do gerenciamento de projetos, a expressão tem sido usa-
da para descrever mudanças no cronograma ou no escopo. Essa inovação organizacional permite, por exemplo, que as or-
Uma definição clara de gestão da mudança é fundamental para ganizações possam reduzir seus custos, aumentar a produtividade,
a comunicação correta entre profissionais que apoiam projetos e potencializar a capacitação de seus profissionais, adotar e imple-
iniciativas e entre organizações que buscam desenvolver compe- mentar softwares de gestão, entre outras medidas visando o que
tências e alcançar melhores resultados por meio da gestão do lado falamos acima.
humano da mudança. Nesse processo de mudanças e inovação, algumas estratégias
Esta definição pode surgir da compreensão das relações lógicas podem ser adotas, tais como mudanças em aspectos específicos
apresentadas na figura abaixo, a partir da identificação da necessi- como vemos abaixo:
dade de melhoria dos resultados da organização. Quanto ao membros da organização podemos ver uma mudan-
A referência de qualquer projeto é o resultado e a melhoria ça de pessoas, através de novas contratações ou de mudanças no
organizacional. Para isto, definem-se projetos ou iniciativas de mu- comportamento das que já estejam na organização.
danças técnicas. Por outro lado, em qualquer mudança é essencial Quanto ao modelo de trabalho, a mudança de trabalho pode se
que as pessoas realmente mudem sua maneira de trabalhar para dar no formato, na carga horária, nas tarefas ou mesmo na forma
que as mudanças técnicas sejam efetivamente aproveitadas e pro- de organização.
duzam a melhoria no resultado da organização. Quanto às normas inter-relacionais, a mudança no sistema so-
Então gestão da mudança é uma abordagem que apoia indiví- cial é o caminho, através de uma adequação na cultura e psicologia
duos na mudança requerida pelo projeto na maneira como traba- organizacional adotada, isso no aspecto informal da organização. Já
lham. no aspecto formal dessa, o que temos é a mudança quanto à estru-
Portanto gestão da mudança não é desenvolvimento organiza- tura, através de alterações no formato de gestão da organização, ou
cional e nem gestão de pessoas que são conceitos genéricos. Ges- seja, estrutura hierárquica, papéis dos gestores, entre outros.
tão da mudança é uma abordagem relativamente nova que foca as
mudanças necessárias na forma de trabalhar de pessoas envolvidas A mudança é tida como um processo natural ao longo da exis-
em um projeto. E por ser focada, ter objetivo claro em termos de tência das organizações, e é decorrente da reação destas à ação de
resultado e aplicar estudos sobre como as pessoas passam por um forças exercidas pelo meio onde estão inseridas.
processo de mudança, a gestão da mudança integra a aplicação de Para Pettigrew e Whipp (1992), este processo pode ser melhor
vários conhecimentos, técnicas e instrumentos de um modo mais entendido se dividido em três aspectos:
eficaz e eficiente para o sucesso de um projeto ou iniciativa de mu- - Contexto da Mudança: representa os fatores contextuais fora
dança. da empresa e que podem afetar o processo de mudança, como taxa
de desemprego, leis trabalhistas, etc.;
- Conteúdo da Mudança: significa o que vai ser mudado.
Pode ser desde uma máquina, equipamento ou material utilizado
(“hard”), ou mudanças na estrutura organizacional ou maneiras e
procedimentos utilizados (“soft”).

3 Fonte: www.ibccoaching.com.br/www.sbcoaching.com.br/www.vagas.com.
br

206
INOVAÇÃO
McCalmann e Patton (1992) consideram que quanto mais relacionadas ao “hard”, mais fáceis de conduzir serão as mudanças;
- Processo de Mudança: é o aspecto relacionado ao estilo de liderança utilizada na mudança, que pode variar do participativo ao au-
tocrático, e à velocidade da mudança.

Seja qual for a mudança e o seu nível dentro da organização, é preciso:


- Conhecer as razões da mudança;
- Gerenciar o processo de mudança;
- Realizar um diagnóstico organizacional;
- Definir a direção da mudança;
- Estabelecer um plano estratégico de mudança;
- Monitorar e avaliar o processo de mudança

Conhecendo as razões da mudança


Os motivos de qualquer mudança em uma organização estão dentro da própria organização ou no ambiente onde ela está inserida,
ou como combinação de ambos. A mudança causada por estas forças vai depender de sua natureza e intensidade, mas também da própria
capacidade e versatilidade da própria organização em enfrentá-las.

Quanto às forças externas à organização pode-se destacar as influências política, econômica, legal, ética e social. Dentre as forças
internas destacam-se os recursos organizacionais excedentes e novos objetivos organizacionais.
O quadro a seguir, apresentado por Kisil (1998), mostra alguns exemplos de forças externas e internas e alguns de seus possíveis re-
sultados.

207
INOVAÇÃO
Gerenciar a mudança Conforme estabelecido na introdução do trabalho, a teoria
Seja qual for a mudança, é um processo que necessita ser ge- apresentada não tem a pretensão de esgotar o assunto, nem ser
renciado. Dependendo do nível de mudança e a dificuldade do seu considerada uma verdade indiscutível. Na verdade, ela apresenta
gerenciamento, pode ser necessário definir uma equipe responsá- alguns pontos comuns que precisam ser considerados nos proces-
vel pela mudança, no entanto, cada membro da organização deve sos de mudança organizacional, e alguns conselhos que a bibliogra-
ser envolvido. Gerentes, supervisores e chefes de equipe devem fia sobre o assunto mostra sobre estes pontos.
liderar alguns aspectos do processo, cada qual no seu nível. Cada ponto apresentado poderia ser discutido ampla e exaus-
Segundo Hodgetts (2000), as empresas têm de ser capazes de tivamente, o que, aliás, tem sido feito, dando início a uma série de
atuar em um ambiente no qual, independente do lugar, tempo, vo- novos assuntos que nos últimos anos tem aparecido com frequên-
lume ou qualquer fator, as premissas e as regras do jogo mudem cia nas publicações técnicas da área.
continuamente. Para ele, a mudança além de desejável, é necessá- Cumprindo com a proposta apresentada, este artigo apresenta
ria; e os executivos precisam estar preparados para ela. os conceitos e ideias básicas sobre o assunto, servindo de base para
Conhecer o presente e projetar um futuro melhor é o que cria a estudos mais aprofundados, possibilitando, inclusive, um direciona-
tensão que impulsiona as pessoas durante o processo de mudança. mento a algum ponto específico sem perder a noção da teoria geral
Por isso, é desejável que a equipe responsável pela mudança tenha sobre o processo de mudanças.4
a capacidade de:
- usar eficientemente seu conhecimento e as informações; O processo de inovação
- ser criativa; No mercado de trabalho, o termo inovação significa mudança
- projetar o futuro dentro e fora da organização; de comportamento de produtores e consumidores. É a exploração
- trabalhar em equipe; com sucesso de novas ideias, que para as empresas, significa au-
- ser flexível e se adaptar facilmente aos novos processos; mento de faturamento, acesso a novos mercados e aumento das
- motivar os demais integrantes; margens de lucro.
- ter ótima comunicação (interna e externa à organização); Inovar é fundamental porque permite que as empresas explo-
- assumir riscos e resolver conflitos; rem novos mercados, realizem novas parcerias e aumentem o valor
de suas marcas. O processo de inovação é descobrir, criar e desen-
Toda mudança traz incertezas, mas também oportunidades. volver ideias, refiná-las em formas úteis e usá-las para obter lucros,
Em geral, mudanças criam pressões dentro de qualquer organiza- aumentar eficiência e reduzir custos.
ção, especialmente quando os gerentes não têm experiência em
lidar com mudanças. Assim, a sentença de ordem dentro de uma Veja como funciona o processo de inovação.
organização que decide mudar é: APRENDER A APRENDER. Pensamento Estratégico - O processo de inovação começa com
Segundo Garvin (1998), para atender a suas necessidades de a criação de uma vantagem estratégica no mercado mirando nas
mudanças, muitas empresas já incorporaram a necessidade de ad- áreas alvo onde a inovação tem o maior potencial.
quirir continuamente novos conhecimentos organizacionais. Por- Pesquisa- Através de pesquisas, é possível descobrir um pú-
que o que se aprende numa escola ou universidade, ou no próprio blico desconhecido com uma necessidade específica. A pesquisa
trabalho, torna-se rapidamente obsoleto e, progressivamente, as inclui também, tecnologias emergentes, mudança social e valores
transformações vividas pela sociedade fazem com que nenhuma do cliente, e, assim são criadas oportunidades novas e significativas
organização tenha condições de garantir a um empregado um tra- para a inovação.
balho específico para sempre. Insight - O insight é o resultado de um processo dedicado de
O que dificulta um processo de mudança e coíbe o aprendizado análise e desenvolvimento. Não ocorre porque alguém de forma ca-
organizacional é a capacidade de aprender das pessoas e da equipe. sual, e sim porque a equipe, buscou de forma diligente e persistente
por ele.
Durante um processo de mudança, as pessoas envolvidas po- Desenvolvimento de inovação: É o processo de design, enge-
dem apresentar as seguintes fases: nharia, prototipagem e testes, que resulta em produto, serviço e
- Recusa à mudança - pode ser identificada pela apatia e/ou projetos de negócios acabados. Fabricação, distribuição, branding,
indiferença ao que está acontecendo. Para saírem desta fase as pes- marketing e vendas também são projetados nesta etapa em um
soas precisam receber mais informações a respeito do processo e processo multidisciplinar integrado.
qual a melhor maneira de se adaptarem a nova situação. Demanda Desenvolvimento de Mercado - O processo de planejamento de
tempo para reflexão. negócios universal continua com a preparação para clientes enten-
- Resistência à mudança - as pessoas podem demonstrar raiva, derem e escolherem esta inovação e leva ao crescimento rápido das
incômodo ou isolamento. Ao líder da mudança cabe ouvi-las, aco- vendas.
lher seus sentimentos. É um processo que demanda convencimen- Venda: É o retorno financeiro com o sucesso na venda dos
to e tempo. novos produtos e serviços. No caso de inovações de melhoria de
- Experimentação - evidenciada pelo sentimento de frustração, processos direcionados internamente, os benefícios são colhidos há
falta de foco, muito trabalho. Deve-se estabelecer metas de curto aumento na eficiência e na produtividade.5
prazo, concentrar-se em prioridades e estabelecer o acompanha-
mento das ações. Inovação, invenção e criatividade
- Comprometimento - notado pela satisfação, linha de ação Existe uma grande discussão a respeito das diferenças entre es-
bem definida e trabalho em equipe. O líder deve procurar a manu- ses termos tão populares e presentes no vocabulário de qualquer
tenção desta fase estabelecendo metas de longo prazo e incentivar empresa.
o trabalho em equipe.

Em qualquer fase deve-se evitar exigir produtividade antes do


tempo, ignorar a resistência e concentrar-se no trabalho em equipe 4 Fonte: www.revistas2.uepg.br – Texto adaptado de Paulo Cesar Barbosa
antes da poeira baixar. Lopes/Carlos Cesar Stadler/João Luiz Kovaleski/www.rhportal.com.br/
5 Fonte: www.domboscoead.com.br

208
INOVAÇÃO
Em um mundo de mudanças constantes é importante que as 1. Desalinhamento com a estratégia da empresa e com as ne-
empresas entendam as diferenças entre Criatividade & Inovação e cessidades do mercado. As pessoas são convidadas a gerar qual-
possam emprega-las no seu dia-a-dia. quer ideia, isso torna o universo muito amplo e em grande parte
Criatividade está relacionada com o nosso potencial de gerar a empresa não receberá ideias que estejam alinhadas com as suas
novas ideias. Ideias podem se apresentar de diversas formas, po- necessidades atuais e que possam receber investimento de tempo
dem ser apenas o pensamento na cabeça de uma pessoa, podem e recursos para se tornarem inovações.
ser verbalizadas, escritas, podem ser tangibilizadas em coisas que 2. Falta de método. Não existe um método para avaliação e va-
podemos tocar e experimentar. lidação das ideias, para que essas possam se tornar projetos efeti-
Porém, criatividade é algo subjetivo, e portanto, difícil de ser vos de inovação.
mensurado. Um caminho para tornar as “Caixas de ideia” mais produtivas
Já a inovação é totalmente mensurável. Há quem diga que: seria propor desafios com problemas bem definidos, problemas ali-
“Inovação é quando a criatividade emite nota fiscal.” Nós preferi- nhados com a estratégia da empresa. E implantar um método de
mos a definição de que inovação é quando a criatividade gera va- avaliação e validação das ideias, com formação times multidiscipli-
lor, pois a palavra valor possui um significado mais amplo, podendo nares utilizando abordagens como o design thinking e o desenvolvi-
estar relacionada com qualquer tipo de resultado positivo, fruto de mento de MVPs (produto mínimo viável), para iniciar o processo de
uma inovação. transformação de ideias em inovação, testando as hipóteses levan-
Inovação está relacionada com todo o trabalho necessário para tadas pelos colaboradores de forma ágil e com baixo custo.6
tornar uma ideia viável. Uma organização pode utilizar o seu poten-
cial criativo para desenvolver uma solução que atenda a necessida- Tipos de inovação
des e problemas ainda não solucionados, gerando um retorno em Confira nossa breve definição sobre os principais tipos de ino-
relação ao investimento feito. vação existentes.

INVENÇÃO É: 1. Inovação em produto


- Gerar uma ideia, um conceito ou uma solução onde não existe É a introdução de um novo produto ao mercado ou de uma
nada. versão melhorada de algum produto já existente. Não basta realizar
- É descobrir algo novo. pequenas alterações, é necessário ser relevante e gerar valor para o
- Ser 100% original. consumidor, como novas funcionalidades, por exemplo.
Desde a indústria alimentícia até a mecânica de automóveis,
INOVAÇÃO É: empresas de diversos setores se emprenham nesse tipo de inova-
- Tornar novo. ção, por se o modo mais conhecido para inovar.
- Mudar ou alterar as coisas, introduzindo novidades que gere
diferencial. 2. Inovação em serviços
- Pode ser no produto, no processo, nos serviços ou até mesmo Similar à inovação em produtos, mas focada em novos serviços
no negócio. ou na melhoria de um serviço já disponibilizado. Da mesma forma,
é preciso gerar valor para o cliente. Ocorre nos mais variados tipos
A invenção surge de um processo criativo, sem objetivo comer- de prestadoras de serviços.
cial definido. A partir do momento em que chegar à sociedade e
produzir algum resultado. Aí sim, torna-se inovação. 3. Inovação em processo
Nas palavras de Theodore Levitt: “O que normalmente falta nas É a criação de métodos, fluxos e soluções destinadas a desen-
organizações não é a criatividade, do ponto de vista de geração de volver novos meios de fabricação, novas formas de prestação de
ideias, mas sim a inovação, do ponto de vista de ação e produção, serviços, e de processos operacionais mais otimizados para a orga-
isto é, colocar as ideias para trabalhar.” nização. Cria valor para o consumidor de maneira direta, como por
Daí temos a importância da criatividade no dia-a-dia das em- exemplo: aumento de produtividade, redução de custos e aumento
presas, de permitir o pensamento criativo, pois este leva a inovação. da qualidade de processos ligados aos setores financeiros e de re-
Porém, apenas a criatividade, a livre geração de ideias, não é cursos humanos.
suficiente para gerar um diferencial competitivo para as empresas.
Essa criatividade precisa ser canalizada para a solução de proble- 4. Inovação em marketing
mas e necessidades latentes. Novas abordagens de marketing que transformam a maneira
Em nossos workshops falamos muito sobre o potencial criativo como a organização desenvolve suas ações, segmenta públicos, es-
e o processo criativo, ambos são fundamentais para que os indiví- tabelece preços, se posiciona no mercado, e como ela estabelece
duos consigam dar o primeiro passo na identificação de problemas sua comunicação com os consumidores. É o caminho ideal para se
e na geração de soluções criativas para esses problemas. diferenciar e fortalecer a imagem.
Mas ainda existe um grande gap nas empresas entre a identifi-
cação do problema, a geração de ideias para soluciona-lo e a gera- 5. Inovação organizacional
ção de valor a partir dessas ideias, isto é a inovação. Como o próprio nome já diz, é um tipo de inovação que tem
Temos aqui o dilema da “Caixa de ideias”, muitas empresas im- por finalidade alterar as estruturas organizacionais, permitindo o
plantam uma caixa de ideias para estimular a criatividade em seus aumento da capacidade competitiva. São novos métodos imple-
colaboradores, porém a iniciativa não gera valor algum para empre- mentados em setores como: gestão de pessoas, logística, entre ou-
sa, pois as ideias jamais são transformadas em inovação, gerando tros.
apenas uma grande frustração em seus colaboradores que deixam
de pensar de forma criativa, pois entendem que isso não é valoriza-
do pela empresa.
Na nossa opinião, existem dois grandes problemas com as “Cai-
xas de ideia”:
6 Fonte: www.blog.impacthub.com.br

209
INOVAÇÃO
6. Inovação de modelo de negócio
É o desenvolvimento de novos negócios, ou da maneira como a EXERCÍCIOS
organização realiza os seus negócios, a fim de, conquistar vantagem
competitiva e sustentável perante o mercado. Este tipo de inovação
é o mais abrangente, pois atua tanto no que é oferecido ao consu- 1. (VUNESP/2018 – UNICAMP)
midor, quanto ao seu próprio modelo de operação interna. Segundo o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, con-
Na maioria dos processos, são considerados dois ou três tipos sidera-se Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT):
de inovação simultâneos. Porém, aqui há uma profundidade maior, (A) entidade sem fins lucrativos, com sede e foro no Brasil, que
abrangendo inovações de produtos, serviços, marketing e organi- inclua em sua missão institucional ou em seu objetivo social ou
zacional. estatutário a pesquisa básica ou aplicada de caráter científico
ou tecnológico ou o desenvolvimento de novos produtos, ser-
Inovação e Ecossistemas viços ou processos.
A variabilidade dos ecossistemas consiste nas mudanças dos (B) fundação criada com a finalidade de dar apoio a projetos
estoques e fluxos ao longo do tempo, devido, principalmente, a fa- de pesquisa, ensino e extensão, projetos de desenvolvimento
tores estocásticos, intrínsecos e extrínsecos, enquanto que a resili- institucional, científico, tecnológico e projetos de estímulo à
ência pode ser considerada como a habilidade de os ecossistemas inovação, registrada e credenciada no Ministério da Educação
retornarem ao seu estado natural após um evento de perturbação e no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
natural, sendo que quanto menor o período de recuperação, maior (C) complexo planejado de desenvolvimento empresarial e tec-
é a resiliência de determinado ecossistema. Pode também ser de- nológico, promotor da cultura de inovação, da competitividade
finida como a medida da magnitude dos distúrbios que podem ser industrial, da capacitação empresarial e da promoção de siner-
absorvidos por um ecossistema sem que o mesmo mude seu pata- gias em atividades de pesquisa científica, de desenvolvimento
mar de equilíbrio estável. As atividades econômicas apenas são sus- tecnológico e de inovação, entre empresas, com ou sem víncu-
tentáveis quando os ecossistemas que as alicerçam são resilientes lo entre si.
(Arrow et al., 1995). (D) estrutura instituída por uma ou mais fundações de apoio,
O ponto de mudança de patamar (ou de ruptura) é definido com ou sem personalidade jurídica própria, que tenha por fi-
como o limiar de resiliência do ecossistema. Os limiares, ou pontos nalidade a gestão de política institucional de inovação e por
de ruptura (breakpoints), são aqueles pontos-limite além dos quais competências mínimas as atribuições previstas nessa Lei.
há um dramático e repentino desvio em relação ao comportamento
médio dos ecossistemas (MA, 2003). A possibilidade de perdas irre- 2. (COPESE/UFT – 2017 – COPESE/UFT)
versíveis, bem como a ignorância relativa ao funcionamento sistê- O Empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acon-
mico, imprimem elevado grau de incerteza em estudos que utilizam tecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, com ha-
o conceito de ecossistemas como unidade básica de análise (Daly; bilidade financeira e capacidade para identificar oportunidades.
Farley, 2004), evidenciando a necessidade de adoção de compor- Assinale a alternativa CORRETA em relação às habilidades e aos
tamentos precavidos diante de incerteza e riscos (Romeiro, 2002). recursos que ele pode e deve fazer.
(A) Criar negócios que se desenvolvam e que beneficiem o
Ecossistemas de inovação meio ambiente.
Várias pessoas, empresas e organizações interagem entre si (B) Motivar pessoas, criar oportunidades de negócios e fortale-
com o objetivo de desenvolver projetos, formando um ambiente de cer o trabalho em equipe.
aprendizagem e criação inovadora — esse é o conceito de ecossis- (C) Transformar ideias em realidade para o benefício próprio e
tema de inovação. Essa ideologia de cooperação remete aos polos da comunidade.
empreendedores, que devido à unificação de vários empresários de (D) Tornar-se independente, desenvolver habilidade criativa e
um determinado segmento de mercado, criam um ambiente de for- buscar conhecimento de mercado.
te comércio e desenvolvimento empresarial.
Um exemplo real de um ecossistema bem-sucedido está no
Vale do Silício, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Essa
região concentra um grande número de empresas de tecnologia
com aptidão empreendedora. Somado a isso, diversas universida-
des locais interagem com as empresas, fornecendo conhecimento
e novos talentos — o ambiente ideal para o surgimento de grandes
inovações.
A realidade é que nem todas as regiões têm um parque tec-
nológico, mas não é por esse motivo que o empresário fica sem a
oportunidade de interagir com profissionais de sua área para en-
contrar soluções para seu negócio.
Um modelo de criação e produção coletiva que visa desenvol-
ver projetos e soluções é o crowdsourcing, e muitas empresas têm
escolhido ingressar nessa forma de produzir, alcançando bons re-
sultados.
Existem empresas no mercado que implantam e gerenciam o
programa de inovação corporativo por meio de comunidades cola-
borativas, que ajudam sua empresa a desenvolver ideias e soluções
para seu negócio. Esse modelo de negócios segue o bem-sucedido
sistema do ecossistema de inovação e pode inovar sua empresa.7
tradores.com.br/www.all-affective.com.br/www.biomassabioenergia.com.br/
7 Fonte: www.pesquisa-eaesp.fgv.br/www.blog.aevo.com.br/www.adminis- www.blog.simplez.com.br/

210
INOVAÇÃO
3. (ACAFE/MPE/SC) 6. (FCC/2017 - TRF-5ª REGIÃO)
A percepção pode ser definida como o processo cognitivo, por A mudança organizacional é um aspecto essencial da criativi-
meio do qual as pessoas organizam e interpretam suas impressões dade e inovação nas empresas atualmente. A mudança significa
sensoriais (SOBRAL; PECI, 2008). Para minimizar a complexidade a passagem de um estado para outro diferente. Ela constitui um
do mundo, as pessoas fazem uso de atalhos em seus sistemas de processo composto de três etapas: descongelamento, mudança e
percepção que lhes permitem processar informações e julgar os recongelamento. No descongelamento temos
outros. A percepção focaliza alguns estímulos e ignora outros, pro- (A) a fase intermediária da mudança. As pessoas começam a
vocando distorções. viver em dissonância cognitiva entre o novo e o velho costume.
Assinale a alternativa correta em relação aos principais tipos de (B) a etapa em que novas ideias e práticas são experimenta-
distorções perceptivas. das. A adoção de novas crenças e atitudes são imediatamente
(A) A Percepção Seletiva ocorre quando a pessoa separa certa instaladas.
informação que apoia ou reforça uma convicção anterior e fil- (C) a morte simbólica da cultura organizacional presente e a
tra a informação que não confirma sua opinião. instalação de novos símbolos para que as pessoas possam ade-
(B) A Projeção se faz presente quando os gerentes formam uma rir ao novo modelo mental apagando qualquer vestígio do pas-
opinião geral sobre uma pessoa, baseando-se apenas em uma sado e definitivamente incorporando novos comportamentos.
característica, como a aparência, por exemplo. (D) a fase inicial da mudança. Representa a abdicação ao pa-
(C) O Efeito de Halo é a tendência para julgar os outros com drão atual de comportamento para ser substituído por um
base nas características do grupo ao qual pertencem. novo padrão.
(D) Os estereótipos são tendências para reconhecer, nas outras (E) a etapa final que representa a total estabilização da mu-
pessoas, seus próprios sentimentos ou suas próprias caracte- dança.
rísticas.

4. (FAU/2017 – PREFEITURA DE IVAIPORÃ/PR) GABARITO


Sabe-se que a inovação hoje é vital para as organizações, o fa-
tor isolado mais importante para que os negócios cresçam é a capa-
cidade da empresa em transformar novas ideias em produtos e/ou 1 A
serviços. Sobre INOVAÇÃO é INCORRETO afirmar:
(A) As organizações que não inovam tendem a não permanecer 2 C
no mercado por muito tempo. 3 A
(B) Uma empresa pode inovar em produtos novos que coloca-
rá no mercado, sem dúvida, mas pode inovar em outras áreas 4 D
também: em processos, em sistemas logísticos, controles ad- 5 A
ministrativos, formas de contratação de funcionários ou forne-
6 D
cedores, organização do trabalho, etc.
(C) A inovação depende de investimento financeiro, capital in-
telectual e ambiente facilitador.
(D) A inovação sempre representa um passo atrás (retrocesso) ANOTAÇÕES
por parte da empresa em relação ao seu estágio atual.
(E) É necessário existir na empresa uma cultura de aceitação da ______________________________________________________
inovação para favorecer tal processo.
______________________________________________________
5. (COPESE/UFT – 2017 – UFT)
No contexto do empreendedorismo, o espírito empreendedor, ______________________________________________________
aspecto esse relacionado ao indivíduo que empreende, é compre-
endido como uma série de aspectos e qualidades que se comple- ______________________________________________________
mentam e que não podem existir separadamente. Assim, valendo-
-se da explicação, analise as alternativas abaixo sobre quais são as ______________________________________________________
três características básicas que identificam o espirito empreende-
______________________________________________________
dor.
Analise as afirmativas a seguir. ______________________________________________________
I. Necessidade de realização.
II. Disposição para assumir riscos. ______________________________________________________
III. Autoconfiança.
IV. Percepção de Mercado. ______________________________________________________
V. Experiência.
______________________________________________________
Marque a alternativa CORRETA.
(A) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. ______________________________________________________
(B) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas. ______________________________________________________
(C) Somente as afirmativas III, IV e V estão corretas.
(D) Somente as afirmativas II, III e V estão corretas. ______________________________________________________

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211
INOVAÇÃO
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212
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA,
GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO DF E DA RIDE
Após ser eleito JK aplicou o seu plano político que continha
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, dois pilares, conforme a imagem abaixo:
CULTURA, POLÍTICA E ECONÔMICA DO
DISTRITO FEDERAL E DA REGIÃO INTEGRADA DE DESEN-
VOLVIMENTO DO DISTRITO FEDERAL (RIDE) Plano político de Juscelino Kubitschek (JK)
PILAR POLÍTICO PILAR ECONÔMICO
Visão histórica Defender a constituição Lema para desenvolvimento: 50
A capital do Brasil foi primeiramente Salvador, depois se tor- anos em 5
nou o Rio de Janeiro e atualmente é Brasília no planalto central. A Defender a democracia Plano de 30 metas para o
ideia de levar a capital para o planalto central, porém ocorreu bem desenvolvimento
antes da fundação de Brasília. Abaixo relatamos um quadro histó-
Lançamento da Meta síntese
rico sobre os fatos relevantes.
(Construção de Brasília)

Marques de Pombal menciona levar a capital Dentro deste contexto foi lançada então a Meta Síntese que
para interior do país usando como justificativa tratava da construção e transferência da capital para a Brasília.
1761
a segurança nacional, visto ficar interiorizada
longe da costa marítima. Construção e interiorização da capital
Na inconfidência mineira manifestou-se o de- Na construção da capital no interior do Brasil ocorreram mi-
1789 sejo de interiorizar a capital levando-a para a grações internas principalmente de nordestinos e isto resultou
num crescimento desordenado na região.
cidade de Ouro Preto.
Os seguintes fatores estavam envolvidos:
Foi criado o congresso nacional. O deputado 1 — Segurança nacional
José de Bonifácio defendia veementemente a 2 — Interiorização do povoamento
1823 interiorização da capital. 3 — Integração nacional
Neste mesmo ano José Bonifácio propõe o 4 — Interiorizaçao do desenvolvimento (pecuária e agricultu-
nome de “Brasília” para a nova capital. ra)
Foi promulgada a 1ª constituição republicana.
A região do Distrito Federal e os arredores foram protagonis-
Esta constituição determinou a transferência, a
tas dos fatos citados acima causando um grande impacto social e
demarcação e reserva de uma área de 14.400
1891 econômico.
Km2 no planalto central para a fixação da capi-
Neste cenário JK colocou o seu plano de desenvolvimento e
tal do Brasil, oficializando assim a construção metas estabelecidas por meio da construção de rodovias, abertura
de Brasília. para entrada de indústrias automobilísticas, etc. Esse foi um pe-
Foi encaminhada para o Planalto Central a Mis- ríodo marcado pelo grande desenvolvimento do Brasil em todos
são Crul que era uma missão exploradora do os aspectos.
planalto central do Brasil com o objetivo de fa-
1882 Outros Fatos relevantes sobre a construção de Brasília
zer um estudo técnico. A missão Crul estudou
e demarcou a área para a futura construção da — Os trabalhadores na construção de Brasília eram conheci-
capital. dos como “Candangos”;
— Participação da empresa pública NOVACAP na construção
Pedra Fundamental (Simplesmente um símbo- de Brasília;
1922
lo para anunciar que será construída a capital). — Os nomes chaves responsáveis pela construção de Brasília
Foi encaminhada outra missão exploradora de- foram: Juscelino Kubitschek (Presidente do Brasil), Oscar Niemeyer
nominada Missão Poli Coelho para atualizar os (Projeto arquitetônico), Lúcio Costa (Projeto Urbanístico) e Israel
1946 Pinheiro (político e empresário).
dados, visto que 1ª missão foi no século pas-
sado.
Realocação populacional
No governo do presidente JK a capital é trans- Como foi relatado, Brasília foi construída por trabalhadores
1956 - 1960
ferida após sua construção parcial. (candangos) vindos de outras regiões do Brasil (principalmente
nordeste). Estes trabalhadores fixaram residência na região, por-
Fatos relevantes sobre JK referentes a construção da capital tanto era necessário realoca-los, liberando assim á área construída
1954 — Morte de Getúlio Vargas do DF para a função política-administrativa.
1955 — Eleição de Juscelino Kubitschek (JK)

213
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO DF E DA RIDE
Dentro deste contexto esta população foi alocada na periferia, nascendo então as Cidades Satélites, que inicialmente eram cinco
núcleos habitacionais: Planaltina, Brazilândia, Taguatinga, Núcleo Bandeirante e Candangolândia.
Todos esses acontecimentos se deram antes da inauguração de Brasília, mas até hoje o governo do Distrito Federal adota uma po-
lítica habitacional e urbana. Esta postura tem como objetivo preservar o plano piloto original da construção de Brasília com sua função
política-administrativa.
Dentro deste cenário migratório, os municípios do entorno de Goiás e Minas Gerais também foram alvos da migração de contingen-
tes populacionais, desta forma o DF e estes munícipios ficaram com relações estabelecidas e dependentes um do outro.

Criação da RIDE-DF (Rede Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno)


Ride na verdade é uma legislação que visa regulamentar aspectos jurídicos e administrativos desta realidade concreta de dependên-
cia social, espacial, econômica, cultural e política entre as partes, neste caso do DF e os municípios do entorno.
Vamos ver a imagem abaixo para solidificar o conceito de RIDE.

R I D E
Região Integrada (Conjunta) Desenvolvimento

Fatos relevantes sobre RIDE


• A RIDE-DF é a Rede Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno;
• A RIDE-DF é formada pelo DF + alguns municípios de Goiás e outros de Minas Gerais;
• As áreas de atuação da RIDE são: Transporte, saneamento básico, infraestrutura, saúde, segurança educação;
• Os municípios que pertencem a RIDE possuem prioridades na captação de recursos da UNIÃO;
• A legislação da RIDE foi criada em 1998 pela lei complementar No 94;
• A legislação da RIDE foi alterada em junho 2018 pela lei complementar 163 sancionada pelo presidente Michel Temer;
• Em 1998 a RIDE era formada pelo DF + 19 municípios de Goiás 2 de Minas Gerais;
• Após a alteração da lei em 2018 temos o DF + 29 municípios de Goiás 4 de Minas Gerais;
• Os 4 municípios de MG que fazem parte da RIDE são: Cabeceira Grande, Arinos, Buritis e Unaí, sendo que Cabeceira Grande e
Arinos são inclusões recentes na RIDE;
• Existem outras RIDE pelo Brasil regulamentadas pela legislação;
• Há 3 RIDEs no BRASIL (1º-DF e Entrono, 2º Teresina e Timom, 3º Juazeiro e Petrolina;
• A RIDE objeto do nosso estudo é a RIDE-DF e entorno;
• RIDE é diferente de Região Metropolitana.

Diferença entre RIDE e Região Metropolitana, segundo o quadro abaixo:

RIDE REGIÃO METROPOLITANA


LEI FEDERAL LEI ESTADURAL
2 OU MAIS UNIDADES FEDERATIVAS TODOS OS MUNICIPOS DO ESTADO

Geografia e política regional


O Distrito Federal possui a área de 5.801,9 km² e está localizado na região Centro-Oeste. As regiões limítrofes do DF são Planaltina
de Goiás (Norte), Formosa (Nordeste e Leste), Minas gerais (Leste), Cristalina e Luziânia (Sul), Santo Antônio do Descoberto (Oeste e Su-
doeste), Corumbá de Goiás (Oeste) e Padre Bernardo (Noroeste).
Abaixo relatamos um quadro de resumo geográfico e político-regional

Relevo Planalto
Vegetação Cerrado
Clima Tropical
Horário 3 horas em relação a Greenwich (Inglaterra)
Rios Principais Preto, Paranoá, São Bartolomeu e Santo Antônio do Descoberto
Governo do DF Governador e câmara legislativa com 24 deputados

214
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO DF E DA RIDE
O Distrito Federal é dividido em 33 Regiões Administrativas, segundo a figura abaixo:

A região do plano piloto do DF é composta de órgãos diversos do governo federal, embaixadas, residências oficiais e prédios públicos
federais e estão localizados na asa norte e sul e lago sul, em sua grande maioria.
Também existe uma divisão em áreas segundo o segmento de atuação das empresas, tais como: Setor Comercial, Setor Bancário,
Setor Hospitalar, Setor de Diversões, Setor de Autarquias, Setor de Embaixadas, Setor de Clubes, áreas comerciais, residenciais, etc.

O fluxo urbano da região administrativa principal possui as vias principais


— Via Eixo Monumental: Esta avenida divide as áreas da região da Asa Norte e Asa Sul. Nestas áreas estão o congresso nacional, os
ministérios e outros órgãos;
— Via Eixo Rodoviário: É uma longa avenida que liga a cidade de norte a sul, de um lado a outro.
— W-3: Avenida comercial com muitas lojas, etc. Esta avenida também atravessa a cidade da asa norte a asa sul.
— L-2: Avenida onde encontramos escolas, hospitais, igrejas, etc. Esta avenida também atravessa a asa sul e norte.
— A Região administrativa principal possui o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.

Quando falamos em “Asa Norte” e “Asa Sul’, nos referimos a Plano Piloto (Planejamento da área administrativa do governo federal),
de acordo com a figura abaixo:

215
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO DF E DA RIDE

População de Brasília
A população de Brasília foi formada por sucessivas migrações de várias regiões em busca de melhores condições de vida, melhor
remuneração e atraídas pelo desenvolvimento. Eles se concentravam no Núcleo Bandeirante e Vila Planalto, suas construções eram
simples e muitas são conservadas e preservadas como patrimônio histórico.
Dentro deste contexto pré-estabelecido a cidade é um Mix de costumes devidos às diferenças culturais refletindo assim no folclore,
expressões, costumes, etc.

Economia
Para fins de entendimento vamos dividir a economia e setores conforme abaixo:

Setor da Participação Setores Econômicos


economia
Comunicações: Cia Brasil Telecom., estações publicas e privadas de televisão e suas regionais, TV
Câmara, TV Senado e Justiça.
Terciário 94,3% Finanças: Em Brasília ficas as sedes de vários bancos tais como: Banco Central, Banco do Brasil,
Banco de Brasília, Caixa Econômica Federal, etc.
Entretenimento, tecnologia de informática e serviços legais.
Secundário Construção e processamento de alimentos
5,4%

Produtos agrícolas: café, hortaliças e grãos, milho, morango, etc.


Primário 0,3%
Pecuária e artesanato.

Clima
No DF é predominante o clima tropical, com sua temperatura média de 22º C e variações que vão de 13º a 28º C.
Durante o dia a temperatura tende a se elevar. Sendo que após a primavera acontecem períodos chuvosos com fortes chuvas de
curta duração e a umidade do ar relativa do ar chega a 70%
Durante os meses de maio e setembro as temperaturas ficam mais altas com a baixa umidade relativa do ar. O território de Brasília
é muito seco, os períodos de seca tendem a durar até cinco meses. O DF é marcado pela baixa umidade relativa do ar, acentuando o
desconforto e alerta de autoridades.

Cultura
Brasília foi reconhecida como patrimônio histórico da humanidade pela UNESCO, preservando assim o plano piloto original do pro-
jeto. Dentro deste cenário foi reconhecido o projeto urbanístico de Lucio Costa e o projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer.

Museus Históricos:
— Catetinho: Primeira Residência oficial de Juscelino Kubitschek
— Museu vivo da história candanga.
— Museu Nacional da República
— Centro cultural três poderes

216
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO DF E DA RIDE
Todos reúnem fotos, peças e objetos de JK, objetos da história ______________________________________________________
dos construtores de Brasília (candangos) e da república.
— Casa do Cantador: Espaço dedicado aos repentistas e lite- ______________________________________________________
ratura de Cordel
— Feira da Torre de TV: Mostra a diversidade do povo de Bra- ______________________________________________________
sília, através da culinária, objetos em geral.
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ANOTAÇÕES
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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO DF E DA RIDE
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PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES

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II PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES
(2020 – 2023) HTTPS://WWW.MULHER.DF.GOV.BR/ ______________________________________________________
PDPM/
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Prezado Candidato, devido ao formato do material disponibi- ______________________________________________________
lizaremos o conteúdo para estudo na “Área do cliente” em nosso
site. Disponibilizamos o passo a passo no índice da apostila. ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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219
PLANO DISTRITAL DE POLÍTICA PARA MULHERES
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220
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Sistema Financeiro Nacional (SFN)


De acordo com o BACEN:
“O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por um conjunto de entidades e instituições que promovem a intermediação finan-
ceira, isto é, o encontro entre credores e tomadores de recursos. É por meio do sistema financeiro que as pessoas, as empresas e o governo
circulam a maior parte dos seus ativos, pagam suas dívidas e realizam seus investimentos.
O SFN é organizado por agentes normativos, supervisores e operadores. Os órgãos normativos determinam regras gerais para o bom
funcionamento do sistema. As entidades supervisoras trabalham para que os integrantes do sistema financeiro sigam as regras definidas
pelos órgãos normativos. Os operadores são as instituições que ofertam serviços financeiros, no papel de intermediários”.

Fonte: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sfn

* Dependendo de suas atividades corretoras e distribuidoras também são fiscalizadas pela CVM.
** As Instituições de Pagamento não compõem o SFN, mas são reguladas e fiscalizadas pelo BCB, conforme diretrizes estabelecidas
pelo CMN.

221
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Sistema financeiro seguro e eficient​​e
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL Faz parte da missão do BC assegurar que o sistema financeiro
seja sólido (tenha capital suficiente para arcar com seus compro-
É a autoridade máxima do Sistema Financeiro Nacional. Sendo missos) e eficiente.
órgão normativo, apenas define normas e diretrizes para execução
do BACEM e da CVM. Banco do governo
Conforme definição do Banco Central do Brasil: O BC detém as contas mais importantes do governo e é o depo-
“O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão superior do sitório das reservas internacionais do país
Sistema Financeiro Nacional (SFN) e tem a responsabilidade de for-
mular a política da moeda e do crédito. Seu objetivo é a estabilida- Banco dos bancos
de da moeda e o desenvolvimento econômico e social do país. As instituições financeiras precisam manter contas no BC. Essas
contas são monitoradas para que as transações financeiras acon-
Como funciona o CMN teçam com fluidez e para que as próprias contas não fechem o dia
​Os membros do CMN reúnem-se uma vez por mês para deli- com saldo negativo.
berar sobre assuntos como adaptar o volume dos meios de paga-
mento às reais necessidades da economia; regular o valor interno e Emissor do dinheiro​
externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; orien- O BC gerencia o meio circulante, que nada mais é do que ga-
tar a aplicação dos recursos das instituições financeiras; propiciar o rantir, para a população, o fornecimento adequado de dinheiro em
aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; espécie”.
zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; e coor-
denar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida
pública interna e externa. COPOM – COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA
Em casos extraordinários, pode acontecer mais de uma reunião
por mês. As matérias aprovadas são regulamentadas por meio de COPOM – Comitê de Política Monetária
Resoluções CMN divulgadas no Diário Oficial da União (DOU) e no Copom, ou Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco
Busca de normas do Conselho e do Banco Central (BC). Central. Ele foi criado em 1996 com o objetivo de traçar e acompa-
nhar a política monetária do país. Esse é o órgão responsável pelo
Composição do CMN estabelecimento de diretrizes a respeito da taxa de juros.
• Ministro da Economia (presidente do Conselho) Trata-se de um órgão do Banco Central criado com o objetivo
• Presidente do Banco Central de estabelecer importantes critérios sobre a economia do Brasil.
• Secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia As decisões do Copom impactam diretamente no dia a dia dos
brasileiros, principalmente os investidores. Veja quais são os obje-
O CMN foi criado junto com o Banco Central, pela Lei nº 4.595, tivos do Copom, conforme declarados pelo Banco Central do Brasil:
de 31 de dezembro de 1964. O Conselho deu início às suas ativida- - Implementar a política monetária;
des 90 dias depois, em 31 de março de 1965”. - Estabelecer a meta da Taxa Selic;
- Analisar o Relatório de Inflação.
BANCO CENTRAL DO BRASIL Mais adiante nesse artigo, iremos explorar melhor as funções
do Copom e seu impacto na economia brasileira.
Conhecido como BACEN, Banco Central do Brasil ou mesmo,
Banco Central, é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Histórico do Copom
Economia, com sua sede em Brasília. O Copom foi inspirado em uma solução similar adotada nos
Possui autonomia para executar medidas que favoreçam a eco- Estados Unidos, o Federal Open Market Committee (FOMC). Além
nomia do país. disso, também empresta alguns conceitos do órgão associado ao
Conforme definição própria: Banco Central Alemão, o Central Bank Council.
“O Banco Central (BC) é o guardião dos valores do Brasil. O BC é Criado em 20 de junho de 1996, o Copom é considerado uma
uma autarquia federal, vinculada - mas não subordinada - ao Minis- solução para proporcionar maior transparência para o estabeleci-
tério da Economia, e foi criado pela Lei nº 4.595/1964. mento de diretrizes da política monetária, além da definição da taxa
Sua missão é assegurar à sociedade a estabilidade do poder de juros.
de compra da moeda e um sistema financeiro sólido, eficiente e Em junho de 1998, o Banco Central da Inglaterra também ade-
competitivo. riu a um modelo similar, instituindo o Monetary Policy Committee
(MPC).
Múltiplas atividades O regulamento do Copom tem passado por muitas mudan-
As tarefas a cargo do Banco Central são bastante diversas. En- ças desde seu estabelecimento em 1996. As alterações se referem
tenda no detalhe: tanto ao objetivo do comitê quanto à periodicidade das reuniões e
competências de seus integrantes.
Inflação baixa​e estável Em 21 de junho de 1999, pelo Decreto n° 3.088, foi adotada a
Manter a inflação sob controle, ao redor da meta, é objetivo sistemática de “metas para a inflação” como diretriz de política mo-
fundamental do BC. netária. Isso é, as decisões do Copom passam a ter como principal
A estabilidade dos preços preserva o v​alor do dinheiro, man- objetivo o cumprimento de metas para a inflação, definidas pelo
tendo o poder de compra da moeda​. ​Para alcançar esse objetivo, o Conselho Monetário Nacional.
BC utiliza a política monetária, política que se refere às ações do BC
que visam afetar o custo do dinheiro (taxas de juros) e a quantidade
de dinheiro (condições de liquidez) na economia.

222
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Importância do Copom para a economia brasileira Em 3,75% ao ano desde o dia 18 de março, a Selic se encontra
O Copom é responsável pelo estabelecimento de políticas mo- no menor patamar desde que a taxa passou a ser utilizada como
netárias. Isso significa que suas decisões influenciam fatores como instrumento de política monetária, em 1999. Esse corte, o segundo
o controle da oferta de moeda e questões relacionadas à concessão no governo de Jair Bolsonaro, já estava previsto segundo a pesquisa
de créditos, por exemplo. Focus do BC.
Dessa forma, essas decisões impactam no poder de compra,
preço das mercadorias, valor da moeda nacional e até mesmo valor Quem faz parte do Copom?
dos serviços disponibilizados no país. O Copom é formado pelos presidentes e diretores do Banco
O Comitê também tem a responsabilidade de, de 3 em 3 me- Central do Brasil. Além disso, fazem parte do Comitê outros agentes
ses, divulgar o relatório de inflação. Com base nesses estudos, é de departamentos ligados à economia – direta ou indiretamente.
definido pelo Copom um dos mais importantes índices econômicos Os membros do Copom associados ao Banco Central do Brasil
para investidores: a taxa Selic. são:
Ou seja, seus investimentos são afetados diretamente pelas - Presidente;
decisões do Copom. Se você possui títulos com rentabilidade pós- - Diretor de Administração;
-fixada ou híbrida, o retorno acompanhará essas diretrizes. Além - Diretoria de Política Econômica;
disso, boa parte dos investimentos de renda fixa também estão as- - Diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Cor-
sociados à Selic. porativos;
A famosa Selic trata-se de uma meta para a taxa de juros básica - Diretoria de Fiscalização;
da economia brasileira. Vamos falar mais sobre ela ao longo desse - Diretor de Organização do Sistema Financeiro e Controle de
artigo. Operações do Crédito Rural;
- Diretoria de Política Monetária;
Qual a função do Copom? - Diretor de Regulação;
O Copom é uma solução para regular a liquidez da economia - Diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania.
brasileira.
A implementação do Comitê visava tornar esse processo mais Também participam das reuniões os chefes de departamen-
transparente e eficaz. Como você viu nesse artigo, essa não é uma tos do Banco Central:
estratégia adotada apenas no Brasil, mas em diversos outros países, - Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pa-
como os Estados Unidos e Alemanha. gamentos;
Claro, um dos mais conhecidos objetivos do Copom é o estabe- - Depto de Operações do Mercado Aberto;
lecimento da taxa Selic. Vamos entender melhor: - Departamento Econômico;
- Depto de Estudos e Pesquisas;
O que é a taxa Selic? - Departamento das Reservas Internacionais;
Uma das principais pautas abordadas em reuniões do Copom - Depto de Assuntos Internacionais;
se refere ao valor dos juros básicos da economia brasileira: a taxa - Departamento de Relacionamento com Investidores e Estu-
Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia). dos Especiais.
A Selic é utilizada tanto por bancos quanto por outras institui-
ções financeiras como referência no momento de conceder em- De quanto em quanto tempo ocorre a reunião do Copom?
préstimos, financiamentos e aplicações. Desde sua criação até 2005, as reuniões do Copom aconteciam
Em resumo, representa a média de juros que o Governo brasi- todos os meses. Atualmente, elas acontecem a cada 45 dias. Isso é,
leiro paga por empréstimos. Isso significa que, quando a Selic está 8 vezes por ano.
alta, os bancos preferem emprestar ao Governo. Com uma taxa Normalmente, o calendário de reuniões do Copom é divulgado
mais baixa, existe um incentivo maior para emprestar ao consumi- pelo Banco Central até junho do ano anterior. Veja o calendário de
dor final. 2020:
Então, quanto maior a Selic, mais “caro” é para o consumidor - 4 e 5 de fevereiro;
final realizar qualquer tipo de financiamento. Isso faz com que o - 17 e 18 de março;
consumo caia. Assim, uma Selic mais baixa proporciona incentivos - 5 e 6 de maio;
ao crescimento da economia nacional. - 16 e 17 de junho;
Em contrapartida, quanto menor a taxa Selic, menor ficam os - 4 e 5 de agosto;
rendimentos de aplicações de renda fixa. Alguns exemplos são a - 15 e 16 de setembro;
poupança, CBDs e Tesouro Direto atrelado a esse índice. - 27 e 28 de outubro;
Dessa forma, muitos investidores deixam a renda fixa e passam - 8 e 9 de dezembro.
a investir diretamente nas empresas ou até mesmo empreender,
Como funciona uma reunião do Copom
gerando mais empregos.
As reuniões do Copom acontecem no decorrer de dois dias.
Dessa forma, elas são divididas em duas sessões:
A relação entre o Copom e a Taxa Selic
1. Apresentações técnicas de conjuntura econômica;
Um dos principais objetivos do Copom é, justamente, a fixação
2. Decisão da meta da Taxa Selic.
da taxa Selic. Isso é, a cada 45 dias, os membros se reúnem para
decidir se a Selic se mantém ou se modifica.
No primeiro dia de reuniões, é apresentada uma análise técni-
Essa decisão tem influência em todo mercado de investimen-
ca pelos chefes de departamento. Os dados abrangem:
tos. Além disso, impacta também o valor da moeda e os preços de
- Inflação;
mercadorias e serviços. - Nível de atividade;
Assim, acompanhar os movimentos da taxa básica de juros é - Evolução dos agregados monetários;
fundamental, e não apenas para quem investe. - Contas públicas;

223
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
- Balanço de pagamentos;
- Economia internacional;
- Mercado de câmbio;
- Reservas internacionais;
- Mercado monetário;
- Operações de mercado aberto;
- Expectativas para variáveis macroeconômicas.

No segundo dia de reunião, os membros do Copom definem, por maioria simples de votos, a meta da Taxa Selic. A decisão é tomada
com base na avaliação do cenário macroeconômico e dos riscos associados.
Após o término do segundo dia de reunião, a partir das 18h, são divulgados os comunicados de decisões do Copom. As atas, em por-
tuguês, são divulgadas às 8h da terça-feira da semana posterior a cada reunião.
O Copom publica, ainda, um documento chamado “Relatório de Inflação” ao fim de cada trimestre civil. Isso é, em março, junho, se-
tembro e dezembro. Esse documento analisa detalhadamente a conjuntura econômica e financeira do Brasil e traz projeções para a taxa
de inflação.
Veja na tabela a seguir o processo completo de uma reunião do Copom:

Um dos passos mais importantes para investir de maneira eficaz e o mais segura possível é, sem dúvidas, a educação financeira. É
essencial, principalmente, compreender os fatores que geram impacto na nossa economia e como são definidos.
Um dos indicadores mais importantes para a economia brasileira é a taxa Selic, definida a cada 45 dias pelo Copom.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS

Autarquia federal, vinculada ao Ministério da Economia. Possui autoridade executora e reguladora, ou seja, cria normas e regras atra-
vés da Instrução Normativa CVM. Todas as informações relacionadas ao mercado de capitais estão reguladas nesse conjunto de instruções.
Conforme o Ministério da Economia:
“A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada em 07/12/1976 pela Lei 6.385/76, com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disci-
plinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil.
A CVM é uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Economia, com personalidade jurídica e patrimônio
próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus
dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária.

Desenvolvimento do mercado
Estimular a formação de poupança e a sua aplicação em valores mobiliários; promover a expansão e o funcionamento eficiente e
regular do mercado de ações; e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertas sob controle de
capitais privados nacionais (Lei 6.385/76, art. 4º, incisos I e II).

Eficiência e funcionamento do mercado


Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e de balcão; assegurar a observância de práticas comerciais
equitativas no mercado de valores mobiliários; e assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de crédito fixadas pelo
Conselho Monetário Nacional (Lei 6.385/76, art. 4º, incisos III, VII e VIII).

Proteção dos investidores


Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra emissões irregulares de valores mobiliários; atos
ilegais de administradores e acionistas controladores das companhias abertas, ou de administradores de carteira de valores mobiliários; e
o uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários. Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação
destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado (Lei 6.385/76, art. 4º,
incisos IV e V).

Acesso à informação adequada


Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido, regu-
lamentando a Lei e administrando o sistema de registro de emissores, de distribuição e de agentes regulados (Lei 6.385/76, art. 4º, inciso
VI, e art. 8º, incisos I e II).

224
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Fiscalização e punição Operações de underwriting, negociação de títulos e valores
Fiscalizar permanentemente as atividades e os serviços do imobiliários, administração de recursos de terceiros, intermedia-
mercado de valores mobiliários, bem como a veiculação de infor- ção de câmbio e de derivativos e operações estruturadas de em-
mações relativas ao mercado, às pessoas que dele participam e aos préstimos ou financiamento são as principais atribuições e fun-
valores nele negociados, e impor penalidades aos infratores das ções dos bancos múltiplos.
Leis 6.404/76 e 6.385/76, das normas da própria CVM ou de leis es- No modo de operações ativas, o banco toma a função de cre-
peciais cujo cumprimento lhe incumba fiscalizar (Lei 6.385/76, art. dor, disponibilizando recursos ao cliente que se torna devedor e
8º, incisos III e V, e art. 11)”. deve pagar os juros e o valor principal do serviço prestado a ele,
os quais podem ser: abertura de crédito (simples e em conta-cor-
rente), desconto de títulos, empréstimos para capital de giro, con-
CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA FINANCEIRO cessão de crédito rural, entre outros;
NACIONAL Já nas operações passivas, o banco assume uma responsa-
bilidade com empresas terceiras, as quais disponibilizaram a ele
Tem como função principal, revisar as decisões administrativas seus recursos, os quais deverão ser pagos pelo banco os juros,
e de primeira instância do Sistema Financeiro Nacional, principal- devolvendo o valor principal; os serviços adquiridos podem ser:
mente do BACEN, da CVM e do COAF (Conselho de controle de Ati- depósitos à vista e prazo fixo (pessoas físicas e jurídicas), emissões
vidades Financeiras). de CDBs (certificados de depósitos bancários), entre outros.
A Secretaria Especial da Fazenda define: Nas operações acessórias, o banco presta serviços a empre-
“O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CR- sas privadas, bancos particulares ou até ao governo, o produto
SFN) é um órgão colegiado, de segundo grau, integrante da estrutu- que oferta é sua expertise, seu conhecimento sobre serviços ban-
ra do Ministério da Economia e tem por finalidade julgar, em última cários, agindo como um tipo de intermediador entre as entidades
instância administrativa, os recursos contra as sanções aplicadas pelo (físicas ou jurídicas), esses conhecimentos podem tratar de: ope-
BCB e CVM e, nos processos de lavagem de dinheiro, as sanções apli- rações de câmbio, custódia de títulos e valores, operações com-
cadas pelo COAF, SUSEP e demais autoridades competentes”. promissadas, administrações de fundos de investimentos, entre
outros.
BANCOS MÚLTIPLOS
BANCOS COMERCIAIS
Os bancos múltiplos dizem respeito às instituições financeiras,
públicas ou privadas, que realizam operações, ativas, passivas e aces- É o banco mais popular entre as instituições financeiras. Foi o
sórias de outras diversas instituições financeiras, agindo como me- primeiro banco comercial a oferecer a tão conhecida conta corren-
diadoras no processo de adesão de investimentos provenientes de te (conta de depósito à vista), além de outros serviços bancárias
diferentes bancos. No Brasil, a presença de bancos múltiplos não é como; recebimento e pagamento de títulos, operações de crédito,
algo incomum. Os principais bancos nessa categoria são o Santander, conta poupança, vendas de seguros, etc.
o Banco do Brasil, o Itaú, o Bradesco e a Caixa Econômica Federal. É a principal instituição financeira intermediária, tendo o poder
Antes do ano do ano de 1988, bancos múltiplos não existiam, da geração de moeda na economia brasileira. Atende pessoas físi-
apenas os sistemas formais de serviço bancário eram disponibi- cas e jurídicas.
lizados nas instituições financeiras. Com o passar do tempo, po-
rém, os bancos começaram a entender a grande vantagem em
oferecer serviços variados dentro de uma mesma instituição, o CAIXAS ECONÔMICAS
que fez com que bancos especializados em diferentes serviços se
unissem, tornando-se grandes conglomerados de instituições fi- É uma instituição financeira que oferece todos os serviços de
nanceiras, também chamados de oligopólios, a fim de que fosse um banco comercial, porém, apenas a caixa tem desempenha o pa-
possível ofertar múltiplas funções com custo operacional reduzido pel de banco social, participando diretamente dos programas do
mais baixo, além da facilidade de o cliente encontrar em um mes-
governo. Inclusive os cidadãos que não são clientes, podem usufruir
mo banco, uma gama variada de serviços à sua disposição.
desses serviços.
Com a evolução dos bancos especializados em conglomera-
dos, criou-se uma legislação específica para esse novo modelo de
negócio bancário que havia surgido no setor, passando a ser uma COOPERATIVAS DE CRÉDITO
categoria de instituição bancária reconhecida por lei em 1988. As
operações passivas, ativas e acessórias, realizadas pelos bancos
Representa um grupo de pessoas com a mesma intenção,
múltiplos, são possíveis por meio das carteiras:
• Comercial prestar serviços financeiros, como; abertura de contas, aplicações
• Investimento e/ou desenvolvimento financeiras, emissão de cartão de crédito, etc. O diferencial é que na
• Crédito imobiliário cooperativa, o cliente como associados, é também um dos donos.
• Arrendamento mercantil e de crédito (leasing) Essas instituições estão localizadas também longe dos grandes
• Financiamento e investimento centros, como em pequenos bairros ou comunidades.
Contam com a proteção do Fundo Garantidor do Cooperativis-
Para que uma instituição financeira se enquadre na catego- mo de Crédito, para casos em que o dinheiro deva ser devolvido
ria de banco multiplico, primeiramente, em sua denominação ela aos clientes.
deve constar o nome “banco” e, em seguida, ter ao menos duas
das carteiras que mencionamos anteriormente, uma comercial e
outra de investimentos.

225
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
bancos e o cliente final. O lucro dessas empresas está baseado na
BANCOS COMERCIAIS COOPERATIVOS taxa de câmbio entre as moedas no processo de compra e venda,
cada moeda possui sua taxa, uma margem de lucro acima do valor
São bancos instituídos como cooperativas, porém, tiveram da cotação da moeda.
que se modificar com o passar do tempo devido seu crescimento. O serviço prestado pelas corretoras de câmbio é uma “mão-
Juntam-se três centrais cooperativas e constituem uma Sociedade -na-roda” para aqueles que desejam fazer uma viagem ao exterior,
Anônima de capital fechado, em que 51% de seu capital deve per- pois é através dessas empresas que o processo de troca (compra e
manecer em poder das controladoras. venda) de moeda estrangeira em espécie, mas este não é o único
Os bancos comerciais cooperativos devem ter uma carteira co- serviço que prestam.
mercial e funcionar como um banco comercial. Suas atividades fi- Respeitado o limite, casas de câmbio possibilitem formas de
cam restritas apenas no estado em que estejam seus controladores. investimento em moeda estrangeira, como o dólar, por meio da
compra em espécie do dinheiro na mesma moeda. A moeda ame-
ricana, sendo o correspondente monetário mais usado em todo o
ADMINISTRADORAS DE CONSÓRCIOS mundo, é uma boa opção para fazer hedge cambial e proteção de
patrimônio.
Para entender o que uma administradora de consórcios faz é As corretoras de câmbio, no entanto, não são instituições
necessário ter noções anteriores do que são os consórcios. Con- bancárias, portanto podem trabalhar exclusivamente com o mer-
sórcio diz respeito a um grupo de pessoas físicas ou jurídicas com cado de câmbio de moedas. Alguns serviços bancários, tais como
números de cotas ligados a algum produto ou serviço definidos financiamentos a exportações e importações, adiantamentos so-
previamente, administrados, determinados e promovidos por bre contratos de câmbio e operações no mercado futuro de dólar
uma administradora de consórcios, a fim de que os integrantes em bolsa de valores, são operações com moeda estrangeira que
do grupo adquiram esses bens ou serviços através do sistema de somente bancos podem fazer.
autofinanciamento.
O papel da administradora de consórcios, a qual é a pessoa
jurídica responsável pela administração de grupos de consórcios, BANCOS DE INVESTIMENTO
reside nas seguintes atividades:
• Definir as características do grupo São instituições financeiras privadas que captam e adminis-
• Fazer a análise da viabilidade econômica do serviço tram recursos na forma de fundos de investimento, emprestando
• Verificar prazos e números de cotistas no mercado a médios e longos prazos. Executam alguns serviços
• Definir os valores de crédito dos bancos comerciais, mas não abrem contas correntes.
• Estabelecer requisitos para a atualização de crédito Sua forma de constituição é a Sociedade Anônima.
• Organizar assembleias
• Fazer sorteios e organizar lances
• Conceder ao contemplado a carta de crédito BANCOS DE DESENVOLVIMENTO
• Fazer a organização dos recebimentos
• Cuidar atentamente das inadimplências São bancos públicos que oferecem crédito para projetos que
desenvolvimento econômico e social do país. No Brasil, o principal é
Por todas as responsabilidades que a administradora de cré- o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
dito possui diante do consórcio e o grupo de pessoas que fez sua
adesão, ela tem também o direito de cobrar uma taxa de adminis-
tração por seu trabalho. Pois além de toda a estrutura financeira SOCIEDADES DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
interna pela qual é responsável, também faz todo o gerenciamen- INVESTIMENTO
to e administração do grupo do consórcio em questão, garantindo
a saúde do grupo, com atualizações constantes quanto à coloca- São instituições financeiras privadas, mais conhecidas como fi-
ção de cada consorciado de acordo com as inadimplências e paga- nanceiras; que fornecem empréstimos e financiamentos para aqui-
mentos, além de evitar a desorganização de consórcios informais sição de bens, serviços, capitas de giro, etc.
(como os feitos em família ou em grupos de amigos) por meio de São constituídas como Sociedades Anônimas e devem manter
uma organização profissional pensada e estruturada para fazer o em sua denominação social a expressão “crédito, financiamento e
consórcio “andar”. investimento”.
O trabalho de uma administradora de consórcios está pre- Podem ser independentes, sem vínculos com outras institui-
sente em diversas instituições bancárias, as quais possuem seu ções ou ligadas a ligados a diversos tipos de conglomerado, tais
próprio profissional do setor responsável por toda a administra- como, financeiros, estabelecimentos comerciais, grupos indústrias
ção do grupo do consórcio de forma específica, um administrador (montadoras).
pode ser o responsável por diferentes grupos dentro de uma ins- Sua captação de recurso ocorre principalmente por Letras de
tituição financeira, mas também existem profissionais autônomos câmbio e RDB.
que atuam com poucos grupos a fim de atendê-los de modo mais
especializado e focado em suas necessidades.
SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL

CORRETORAS DE CÂMBIO São empresas que operam as carteiras de leasing, não são con-
sideradas como instituições financeiras.
Corretoras de câmbio, também conhecidas como casas de Oferecem serviços de arrendamento de bens móveis e imóveis
câmbio, são empresas que compram, vendem e trocam moedas próprios, segundo as especificações do arrendatário (cliente).
estrangeiras para terceiros, agem como intermediadoras entre os

226
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
São fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil e realizam opera-
ções com idênticas a financiamentos. BNDES – BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO E SOCIAL

SOCIEDADES CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -


MOBILIÁRIOS BNDES é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que tem como
São instituições que atuam na intermediação de títulos e va- objetivo o financiamento de longo prazo de empreendimentos
lores mobiliários (recursos captados pelas empresas para suprir as que contribuam para o desenvolvimento do país. Essa ativida-
necessidades de caixa) nos mercados financeiro e de capitais. de de financiamento resulta na melhoria da competitividade da
Possuem autorização de funcionamento pelo Banco Central do economia brasileira e no aumento da qualidade de vida de sua
Brasil e compõem o Sistema Financeiro Nacional. população.
O BNDES também busca fortalecer a estrutura de capital das
empresas privadas e o desenvolvimento do mercado de capitais,
SOCIEDADES DISTRIBUIDORAS DE TÍTULOS E VALORES o comércio de máquinas e equipamentos e o financiamento às
MOBILIÁRIOS; SOCIEDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO exportações. As linhas de apoio financeiro e os programas do
BNDES atendem às necessidades de investimentos de empresas
São as principais instituições que operam na Bolsa de Valores, de qualquer porte e setor, estabelecidas no país. A parceria com
também atuando no mercado de câmbio. Constituídas sob a forma instituições financeiras, com agências instaladas em todo o país,
de Sociedades Anônimas ou sociedades por quotas de responsabi- permite a divulgação do crédito, possibilitando maior acesso aos
lidade limitada. São fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil e pela recursos do BNDES.
Comissão de Valores Mobiliários. O BNDES se considera de fundamental importância, na execu-
Sua administração é realizada por pessoas naturais, residentes ção de sua política de crédito, levando em consideração os princí-
no Brasil, que cumprem exigências pelo Banco Central do Brasil, pios ético-ambientais e o compromisso com os princípios do de-
com relação a sua formação e conhecimento. Cumprem funções senvolvimento sustentável. O BNDES apoia projetos que tenham
auxiliares no Sistema Financeiro Nacional. impacto direto na melhoria das condições de vida da população
São capacitadas para: nas áreas de desenvolvimento urbano, ambiental, social, regional
Encarregar-se da administração de carteira de custódia de títu- e rural. Em especial, um papel importante é o apoio a investimen-
los e valores mobiliários. tos sociais voltados para educação e saúde, agricultura familiar,
• Exercer funções de agente fiduciário. saneamento básico e transporte coletivo de massa.
• Instituir, organizar e administrar fundos de investimentos e O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
clubes de investimento. (BNDES) é o principal agente financiador do desenvolvimento no
• Constituir sociedades de investimentos de capital estrangeiro Brasil. Desde sua fundação, em 1952, o BNDES tem desempenha-
e administrar a respectiva carteira de títulos e valores mobiliários. do um papel fundamental no estímulo à expansão da indústria
e da infraestrutura no país. Ao longo da história do Banco, sua
atuação evoluiu de acordo com os desafios socioeconômicos bra-
ASSOCIAÇÕES DE POUPANÇA E EMPRÉSTIMO sileiros, e agora inclui apoio à exportação, inovação tecnológica,
desenvolvimento socioambiental sustentável e modernização da
Instituições não consideradas financeiras, mas sim sociedades administração pública.
civis. Tem como finalidade captação de poupança e financiamento O Banco oferece diversos mecanismos de apoio financeiro a
da casa própria. empresas brasileiras de todos os portes e entidades da adminis-
São regulamentadas pela Lei nº 6.855/80, pertencem ao Siste- tração pública, viabilizando investimentos em todos os setores
ma Financeiro Nacional, devendo seguir as regras do BACEN e do econômicos. Em qualquer empreendimento apoiado, desde a
COPOM. Pertencem também ao Sistema Financeiro da Habitação fase de análise até o monitoramento, o BNDES destaca três fato-
(SFH). res que considera estratégicos: inovação, desenvolvimento local e
A Poupex é a única APE em atividade no Brasil nos dias de hoje, desenvolvimento socioambiental.
atuando para captar recursos da poupança e financiamento de ha- No século XXI, o BNDES alinha sua atuação à realidade de
bitação para seus associados. um mundo globalizado, com economias profundamente conecta-
Os associados são aqueles que depositam para formar poupan- das, e intensifica seus esforços para assumir papéis e atribuições
ças e também os que adquirem financiamento imobiliário. que ultrapassam as fronteiras do Brasil, em consonância com o
Suas operações quanto a aplicação de dinheiro consistem em aumento da inserção internacional de o país. Hoje, o Banco tem
direcionar os recursos para o mercado imobiliário, incluindo o SFH. escritórios em Londres, um dos centros financeiros mais impor-
tantes do planeta, e em Montevidéu, considerada a “capital” do
As operações para captar recursos, além dos depósitos de bloco comercial do Mercosul e sede de diversos organismos re-
poupança, são constituídas por: Letras hipotecárias, repasses e re- gionais. O BNDES também financia a expansão de empresas na-
financiamentos contraídos no país, empréstimos e financiamentos cionais muito além das fronteiras do país e busca diversificar as
contraídos no exterior, letras de crédito imobiliário, letra financeira fontes de seus recursos no mercado internacional. Além disso, o
e depósitos interfinanceiros. BNDES fortaleceu seus esforços já tradicionalmente realizados,
como o financiamento à exportação de bens e serviços brasileiros
em projetos realizados no exterior e a captação de recursos insti-
tucionais por meio de organismos multilaterais, compartilhamen-
to de experiências e oportunidades de promoção.

227
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
O BNDES possui três subsidiárias integrais: FINAME, BNDES- acrescida da indicação da Unidade da Federação controladora, deve
PAR e BNDES Limited. Juntas, as quatro empresas compõem o Sis- constar obrigatoriamente da denominação social da instituição. A
tema BNDES. supervisão de suas atividades é feita pelo Banco Central.

Os recursos do FINAME destinam-se ao financiamento de Atividades permitidas às agências de fomento


operações de compra e venda e exportação de máquinas e equi- • financiamento para o desenvolvimento de empreendimentos
pamentos brasileiros, bem como à importação de bens da mesma de natureza profissional, comercial ou industrial, de pequeno porte,
natureza produzidos no exterior. Suas atividades são desenvolvi- inclusive a pessoas físicas;
das em conjunto com a colaboração do BNDES, que por sua vez é • financiamento de capitais fixo e de giro associados a projetos;
responsável pela FINAME. No entanto, a gestão desta agência é da • operações de crédito rural;
responsabilidade do seu Conselho de Administração. • cessão de créditos;
A BNDESPAR é uma sociedade empresária, que foi constituída • prestação de garantias em operações compatíveis com o ob-
como subsidiária integral do BNDES. Realiza operações de capi- jeto social;
talização de empreendimentos controlados por grupos privados, • prestação de serviços de consultoria e de agente financeiro;
respeitando os planos e políticas do BNDES. • prestação de serviços de administrador de fundos de desen-
Entre os outros objetivos, a subsidiária é responsável por con- volvimento;
tribuir para o fortalecimento do mercado de capitais brasileiro por • operações específicas de câmbio;
meio da ampliação da oferta de títulos e da democratização da • aplicação de disponibilidades de caixa em títulos públicos fe-
titularidade do capital social. derais, ou em cotas de fundos de investimento cujas carteiras es-
O banco é o principal instrumento de apoio financeiro no tejam representadas exclusivamente por títulos públicos federais,
Brasil para investimentos em todos os setores econômicos. O desde que assim conste nos regulamentos dos fundos;
Banco destina recursos especiais, preferencialmente na forma de • aquisição de créditos oriundos de operações compatíveis
financiamentos de longo prazo e participações acionárias, além com o objeto social;
de apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvi- • participação societária em sociedades empresárias não inte-
mento econômico e social. grantes do sistema financeiro;
O dinamismo do sistema econômico moderno estimula o • swap para proteção de posições próprias;
BNDES a investir não apenas em projetos de grande porte, mas • operações de arrendamento mercantil;
também em empreendimentos de micro, pequenas e médias em- • integralização de cotas de fundos que tenham participação
presas, pessoas físicas e órgãos da administração pública. Dessa da União:
forma, o Banco universalizou o acesso ao crédito e, assim, con- • aplicação em operações de microfinanças (DIM).
tribui para o avanço da economia e, consequentemente, para a ​
geração de emprego e renda. Obrigações
Os desembolsos do BNDES encerraram o ano de 2011 em R$ Além de recursos próprios, essas instituições só podem, em
139,7 bilhões. O resultado ficou dentro das expectativas do Banco operações passivas, empregar recursos provenientes de fundos
e permitiu que a instituição continuasse contribuindo para a ex- e programas oficiais; orçamentos federal, estaduais e municipais;
pansão dos investimentos na economia brasileira, com destaque organismos e instituições financeiras nacionais e internacionais de
para o setor de infraestrutura. desenvolvimento; e captação de depósitos interfinanceiros vincu-
lados a operações de microfinanças (DIM). É vedada a captação de
recursos junto do público.
AGÊNCIAS DE FOMENTO Ademais, essas instituições devem constituir e manter, perma-
nentemente, fundo de liquidez equivalente, no mínimo, a 10% do
O que é agência de fomento? valor de suas obrigações, a ser integralmente aplicado em títulos
Agência de fomento é a instituição com o objetivo principal de públicos federais.
financiar capital fixo e de giro para empreendimentos previstos em
programas de desenvolvimento, na unidade da Federação onde es- Histórico
tiver sediada. As agências de fomento surgiram a partir do processo de rees-
Entre os potenciais beneficiários do financiamento (operações truturação do segmento bancário nacional, no âmbito do Programa
ativas) estão projetos de infraestrutura, profissionais liberais e mi- de Incentivo à Redução da Presença do Setor Público na Atividade
cro e pequenas empresas. Indústria, comércio, agronegócio, turis- Financeira (PROES), previsto inicialmente na Medida Provisória nº
mo e informática são exemplos de áreas que podem ser fomenta- 1.514, de 1996, que foi reeditada diversas vezes durante a vigência do
das. Programa, até a edição da Medida Provisória nº 2.192-70, de 2001.
A agência de fomento pode inclusive abrir linhas de crédito O PROES previa que as instituições financeiras sob o controle dos
para municípios de seu estado, voltadas para projetos de interesse estados seriam extintas, privatizadas ou transformadas em institui-
da população. Excepcionalmente, quando o empreendimento visar ções financeiras dedicadas ao financiamento de capital fixo e de giro
benefícios de interesse comum, as agências de fomento podem associado a projetos no País, denominadas agências de fomento.
prestar assistência a programas e projetos desenvolvidos em estado
limítrofe à sua área de atuação.

A agência fomento deve ser constituída sob a forma de socie-


dade anônima de capital fechado. Cada estado e o Distrito Federal
podem constituir uma única agência, que ficará sob o controle do
ente federativo onde tenha sede. A expressão Agência de Fomento,

228
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Principais leis e normas - Intermediação entre a bandeira do cartão, os estabelecimen-
Medida Provisória nº 1.514, de 07 de agosto de 1996 – esta- tos que aceitam os cartões e os clientes;
belece mecanismos objetivando incentivar a redução da presença - Atualização cadastral do cliente;
do setor público estadual na atividade financeira bancária, dispõe - Estabelecimento e análise de limites de crédito para a utiliza-
sobre a privatização de instituições financeiras, e dá outras provi- ção do cartão.
dências. (Última reedição pela MPV nº 2.192-70, de 24 de agosto
de 2001). As administradoras de cartões de crédito mais conhecidas são
Resolução nº 2.828, de 30 de março de 2001 – dispõe sobre a Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Nubank. Percebe-se que bancos
constituição e o funcionamento de agências de fomento. múltiplos3 e as chamadas Fintechs4 atuam como administradoras de
cartões de crédito.
Fonte: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/agenciafomen-
to
PRODUTOS E SERVIÇOS FINANCEIROS. DEPÓSITOS E
TRANSFERÊNCIAS
SOCIEDADES DE FOMENTO MERCANTIL (FACTORING)
PRODUTOS E SERVIÇOS FINANCEIROS
Sociedades de Fomento Mercantil (Factoring)
Fran Martins conceituou a atividade de fomento mercantil da DEPÓSITOS À VISTA, DEPÓSITOS A PRAZO (CDB E RDB)
seguinte forma: “O contrato de faturização ou factoring é aquele Depósitos à vista: Conhecidos como depósitos em conta cor-
em que um comerciante cede a outro os créditos, na totalidade ou rente, representam a entrega de valores as instituições financeiras,
em parte, de suas vendas a terceiros, recebendo o primeiro do se- para que sejam guardados ou aplicados, com resgate total ou par-
gundo o montante desses créditos, mediante o pagamento de uma cial no momento em que o cliente necessitar.
remuneração”1. Também é uma forma de captação de recursos pelos bancos,
Tal conceituação evoluiu, encontrando atualmente previsão no porém, sem remuneração, já que possuem liquidez imediata.
próprio Ordenamento Jurídico Positivado. Neste sentido, a ativida- Depósitos a prazo: Investimentos em que o cliente deve aguar-
de de fomento mercantil é prevista na alínea “d” do Inciso III do § dar o prazo de vencimento para resgatá-lo, conforme contrato.
1º do art. 15 da Lei nº 9.249/952 nos seguintes termos: “prestação Certificado de Depósito bancário (CDB) e Recibo de Depósito
cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercado- Bancário (RDB) são os principais instrumentos de depósitos a prazo.
lógica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas Considerados investimentos, pois são aplicados em troca de remu-
a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de neração de juros.
vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring)”. • CDB – Possui liquidez diária e pode ser regatado a qualquer
A palavra Factoring mundialmente conhecida, a partir do sécu- momento (sob aviso prévio). Tem emissão digital e física. Suscetí-
lo XVII, não encontra tradução precisa em português. A palavra tem veis a incidência de IR e IOF, possuem garantia pelo Fundo Garanti-
origem inglesa e contém o radical “factor” que seria o agente faze- dor de Crédito em até R$ 250.000,00 por título, (limitado a quatro
dor de negócios. A finalidade do Factoring está ligada à necessidade por CPF ou CNPJ).
de reposição do capital de giro da pequena e da média empresa. • RDB – Título de renda fixa emitido pelas instituições finan-
O fator de compra oscila na mesma proporção do risco do cré- ceiras. Nesse investimento o cliente empresta dinheiro para uma
dito cedido. O Factoring se diferencia do sistema bancário, dentro instituição financeira e no vencimento tem o retorno do capital in-
de seus novos e modernos conceitos, pelas suas características bá- vestido mais o rendimento. Sofre incidência de IR e de IOF apenas
sicas. quando resgatado num prazo menor que 30 dias após a aplicação.
O Factoring é uma atividade de fomento comercial, desen- Tem a segurança do Fundo Garantidor de Crédito nas mesmas con-
volvida por empresas independentes e autônomas, caracterizada dições do CDB.
sobretudo por aquisição de ativos (contas a receber) de micros e
pequenas empresas, mediante um preço à vista, sem riscos de ina- Transferência
dimplemento ao cedente dos créditos transferidos, sem direito de Uma transferência bancária é quando você configura um pa-
regresso contra a empresa cedente. gamento que vai de sua conta para outra conta ou quando um pa-
gamento é transferido para sua conta de outra. As transferências
bancárias são uma maneira segura de enviar e receber dinheiro,
SOCIEDADES ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE pois você não precisa sacar dinheiro para fazer isso.
CRÉDITO

Sociedades Administradoras de Cartões de Crédito


Entende-se como Sociedades Administradoras de Cartão de
3 Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que
Crédito, as empresas responsáveis pela emissão e administração
realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições
dos cartões de crédito e/ou débito utilizados pela população em
financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento
geral.
e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e
São de responsabilidade das administradoras de cartões de
de crédito, financiamento e investimento
crédito:
4 As fintechs, ou startups voltadas a serviços financeiros, são atualmente a ve-
- Atendimento ao cliente;
dete dos investidores no Brasil e no mundo. Uma fintech usa solução para criar
- Cobrança de taxas e anuidade;
modelos de crédito atualizados em tempo real. A grosso modo, uma startup é
- Envio de faturas;
um modelo de negócio inovador e com capacidade de vendas escaláveis, isto
1 https://www.emerj.tjrj.jus.br/serieaperfeicoamentodemagistrados/paginas/ é, que pode aumentar exponencialmente sua receita com o passar do tempo
series/9/fomentomercantil_153.pdf sem ampliar as despesas na mesma medida. Já uma fintech é basicamente uma
2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9249.htm startup focada em oferecer serviços financeiros.

229
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Pode optar por fazer a sua transferência bancária através de Considerada uma maneira de gerenciar recursos do cliente,
três vias principais: pois dada a autorização, o banco pode também fazer o resgate de
• Transferências bancárias on-line valores (resgate automático), transferindo-os da conta de aplicação
• Transferências por aplicativos de banco no celular para a conta corrente quando houver necessidade da cobertura de
• Transferências telefônicas possíveis valores que não estejam disponíveis.
• Transferências em agências (se o seu banco, sociedade de
crédito imobiliário ou banco alternativo tiver uma agência de rua)
COBRANÇA E PAGAMENTO DE TÍTULOS E CARNÊS
Geralmente, a maneira mais fácil de fazer uma transferência
é através do seu banco on-line ou aplicativo de banco móvel, pois A movimentação de títulos e carnês tem objetivo de processar
tudo o que você precisa fazer é preencher os detalhes solicitados e e controlar as operações realizadas com títulos e carnês enviados as
o dinheiro é enviado. Também é mais comum que os bancos forne- instituições financeiras por empresas ou pessoas físicas.
çam serviços online hoje em dia, em vez de um serviço na agência. Boleto: Título de cobrança regulamentado pelo BACEN. É mui-
Quando você faz uma transferência para uma nova pessoa, to popular, podendo ser emitido por pessoas físicas e jurídicas, in-
pode levar até duas horas para ser processada. No entanto, des- clusive para pessoas que não possuem vínculo com algum banco,
de que os sistemas rápidos de transferência entraram em vigor nos porém, seu emissor dever ter conta corrente para que os valores
bancos mais modernos, a maioria das transferências é processada recebidos sejam por lá, depositados. Seu pagamento pode ocorrer
imediatamente, tornando-se uma ótima maneira de levar dinheiro em estabelecimentos variados, como supermercados, lotéricas, etc.
para onde é mais necessário. O valor estará disponível em conta, um dia após a sua liquidação.
Como em qualquer processo de pagamento, existem alguns Tem a facilidade de ser pago em supermercados, lotéricas, etc.
problemas que você pode encontrar. A boa notícia é que muitas Para a realização deste serviço, os bancos estão autorizados a
vezes eles podem ser evitados verificando tudo antes de pressionar cobrar tarifas conforme o contrato da conta corrente do cliente.
o botão de transferência. Fique atento aos seguintes problemas co- Carnê: Também um título de cobrança, representa a união de
muns ao organizar sua transferência: vários boletos. São emitidos para compras parceladas, formalizan-
Detalhes incorretos sendo inseridos – é quando você digita in- do uma relação de crédito concedido entre vendedor e consumidor.
corretamente as informações inseridas para que a conta não possa Antes de sua emissão, é necessário análise dos dados do cliente,
ser localizada. Para evitar isso, verifique novamente os números in- com a finalidade de determinar se este tem condições de pagar
seridos e certifique-se de colocá-los nas caixas corretas. pelo objeto de compra.
Enviando-se para cheque especial – outro problema comum é
quando você envia dinheiro apenas para descobrir que não tinha os CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO
fundos necessários e depois entra em um cheque especial. Antes
de enviar dinheiro, você deve verificar quais compromissos você já
possui e qual será o saldo de sua conta após o envio do dinheiro. Cartões de crédito
Modalidade de crédito que beneficia o consumidor no mo-
As transferências bancárias são uma maneira de fazer paga-
mento da compra de um produto ou serviço, já que o vencimento
mentos de um banco para outro e geralmente fornecem uma ma-
da fatura (documento que detalhas as despesas) ocorrerá em data
neira fácil de enviar e receber dinheiro quando você mais precisa.
posterior, inclusive com situações de parcelamento. Por isso, não é
necessário dispor de dinheiro no momento da aquisição.
LETRAS DE CÂMBIO No entanto, o vendedor/prestador receber em poucos dias
através da instituição financeira ou da administradora de cartões.
Caso o valor não seja pago com atrasos ou em data diferente do
Letras de câmbio LC’s): São títulos de renda fixa que permitem vencimento, há incidência de juros conforme contrato.
que o dinheiro seja emprestado a uma financeira. Podem ser pré e
pós fixadas ou híbridas. Cartões de débito
• Pré fixada – Indicam a rentabilidade final no momento da Ao realizar pagamentos utilizando os cartões de débito, o des-
aplicação inicial. conto será automático do saldo de conta corrente (saldo positivo ou
• Pós fixada – A rentabilidade total será apresentada apenas no cheque especial). É considerado sempre como pagamento à vista,
vencimento do título. pois utiliza o dinheiro que já disponível.
• Híbrida – Parte do valor está na modalidade pré e a outra
metade na pós fixada. Rede de aceitação (adquirências)
As adquirentes são as redes de aceitação de cartões, como a
São asseguradas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), no Cielo, Rede, GetNet, etc. São responsáveis por fazer a comunicação
valor de até R$ 250.000,00, com um limite total de R$ 1.000.000,00. da bandeira do cartão.
Sofrem incidência de IOF e também de IR. Elas irão processar os dados e após alguns dias farão o repasse
do valor das compras aos lojistas, mediante taxa de transação.
As adquirentes vão garantir algumas vantagens como, facilida-
TRANSFERÊNCIAS AUTOMÁTICAS DE FUNDOS
de na cobrança e menor taxa na transação. Porém, também podem
trazer alguns problemas, como falta de comunicação por alguns
Prestação de serviços em que a instituição financeira movimen- instantes; nesse caso o lojista fica impossibilitado de receber suas
ta recursos de uma ou mais contas correntes para um ou mais fun- vendas. Além do fato de, no caso algum serviço complementar ser
dos. Para isso, o cliente antecipadamente autoriza o banco o movi- necessário, deverá em muitos casos, optar pela contratação a parte,
mentar suas contas. o que aumenta a burocracia para lojistas de pequeno porte.
É um serviço sem cobrança adicional para o cliente.

230
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Com o tempo, foram criadas as subadquirentes, que são in- É geralmente utilizado por pessoas jurídicas, mas pessoas físi-
termediárias de pagamentos, fazendo a mediação entre lojistas e cas também tem acesso.
adquirentes. Capazes também de aprovar transações, além de ter
serviços antifraudes.
Existem também as empresas conhecidas como gateways, FINANCIAMENTO DE CAPITAL DE GIRO
que atuam apenas no mundo virtual, da mesma maneira que as
“maquininhas” de recebimento, porém, apenas nas empresas de O financiamento do capital de giro pode ocorrer de duas for-
e-commerce. mas:
a) Quando o capital de giro não está vinculado a algum gasto
Bandeiras de cartão exclusivo.
Empresas como Visa, Mastercard, Elo, etc. representam as b) Quando está vinculado a compra de insumos ou material de
bandeiras dos cartões. Elas trabalham para definir onde os cartões estoque.
serão aceitos, pois também indicam as máquinas dos estabeleci-
mentos. A movimentação dos recursos ocorre através de transferência
Visa e Mastercard são as bandeiras mais aceitas no mundo; a para a conta do tomador.
Elo é uma bandeira nacional, ainda aceita apenas no Brasil. O limite de financiamento é determinado pela análise de crédi-
Além da aceitação, a bandeira é responsável pela comunicação to do cliente e sua capacidade de pagamento. Os pagamentos po-
entre ela, a empresa da máquina e o emissor do cartão no momen- dem variar conforme a necessidade da empresa.
to em que ocorre a compra para a conclusão da transação. Os bancos comerciais costumam ter muitas opções para finan-
A bandeira pode oferecer também promoções, descontos, se- ciamento de capital de giro quanto a prazos, taxas, garantias. Po-
guros e vantagens exclusivas para seus clientes. Quanto melhor a rém, ocorre dessa modalidade de financiamento ter taxas de juros
modalidade do cartão, melhores serão os benefícios oferecidos. mais baixas. Os recursos liberados podem ocorrer de forma isolada
ou associada a investimentos fixos e possuem incidência de IOF.
ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS E TARIFAS PÚBLICAS As garantias para essa linha de crédito incluem alienação fidu-
ciária, penhora de recebíveis, hipoteca, etc.
Toda a arrecadação de tributos e tarifas públicas, obrigatoria-
mente transita pelas instituições financeiras para seu pagamento. LEASING: TIPOS, FUNCIONAMENTO, BENS
São serviços prestados através de convênios específicos de arreca-
dação e repasse. Leasing é um arrendamento mercantil. Neste processo, exis-
Geralmente, o poder público mantém um banco preferencial tem duas partes envolvidas, que podem ser tanto pessoas físicas
conveniado para centralizar suas arrecadações e identificar paga- como jurídicas.
mento dos contribuintes. O arrendatário é que tem o direito da posse de uso temporário
Tributo: Cobrança coercitiva, realizada pelo agente público de um bem, em troca do pagamento de parcelas mensais a empresa
(união, estados e municípios) em relação à pessoa física e jurídica que fez o arrendamento. É uma forma de desfrutar do bem, sem ne-
(impostos, taxas e contribuições). cessidade de comprá-lo. Para que essa relação aconteça, é preciso
Tarifas Públicas: Pagamento de serviços realizados por conces- do arrendador (empresa).
sionárias (água, luz, telefone e gás). Existem três tipos de leasing:
a) Leasing financeiro – de longo prazo, em que o cliente ma-
CRÉDITO ROTATIVO nifesta o interesse na aquisição do bem. Ao finalizar o contrato, o
bem já terá sido pago. Caso não haja interesse em permanecer com
o bem, este será vendido e se o recebido for menor que o valor de
Modalidade de crédito muito utilizada para pagamento de car- aquisição, o arrendatário pagará por essa diferença; sendo este va-
tões de créditos, porém, também para cheque especial, caução de lor maior, receberá o valor correspondente; chamado de Valor Resi-
duplicatas. Pessoas físicas e jurídica podem contar com este recur- dual Garantido (VRG). Para os bens com vida útil de até cinco anos,
so. o prazo do contrato será de dois anos. Já os bens com vida útil su-
O limite de crédito é utilizado em um período curto, mediante perior a cinco anos, o contrato deverá ser de no mínimo, três anos.
o pagamento com juros. b) Leasing operacional – de curto prazo, em que o arrendatá-
Ex. Fatura do cartão de crédito no valor de R$ 5.000,00; com rio manifesta logo de início sua opção por não obrigatoriedade em
pagamento mínimo obrigatório de R$ 1.000,00; pagamento reali- adquirir o bem. São três opções ao final desse contrato: adquirir o
zado de R$ 800,00. O saldo restante a pagar de R$ 4.200,00 é o bem, renovar o bem, ou não renovar. Nessa modalidade, não existe
crédito rotativo. o VRG. Prazo mínimo de contrato, por 90 dias, não podendo ultra-
passar 75% da vida útil do bem.
DESCONTOS DE TÍTULOS c) Sale and leaseback – modalidade em que o arrendatário ven-
de o bem a um terceiro, no entanto, continua fazendo uso deste por
meio de aluguel, formalizado em contrato.
Modalidade de crédito, conhecida como a antecipação de re-
cebíveis que o cliente tem e já apresentou a instituição financeira Todos os contratos de leasing podem ter bens móveis e imó-
como forma de garantia (nota promissória, cheques, etc.). veis.
Por essa antecipação, o banco cobra uma taxa, chamada de
taxa de redesconto, definida a partir de um percentual sobre o valor
nominal ou futuro do título. Nessa antecipação de recurso incide o
IOF; e outros encargos bancários contratuais.

231
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
• Fiscalização do financiador
FINANCIAMENTO DE CAPITAL FIXO • Cumprimento das regras de zoneamento.

As instituições financeiras não tem muita opção para crédito Pode ser concedido para pessoas físicas ou jurídicas, inclusive
quando se trata de capital fixo. Esse capital geralmente necessita para quem não é produtor rural; desde que esteja vinculado a ativi-
de valores muito altos, o que gera muita insegurança nos bancos, dades pertinentes a agricultura, pecuária, pesquisa, etc.
quanto ao cumprimento dessa obrigação, pelo volume de recursos São necessárias garantias como penhor, aval, fiança, hipoteca,
e pelo período de amortização muito longo. etc.
Os recursos são liberados para financiar itens que contribuam A lei que define o crédito rural é a Lei nº 4.829, de 05/12/1965.
para o crescimento e desenvolvimento e funcionamento das em- O pagamento será realizado conforme seu valor original e po-
presas, como máquinas e equipamentos, instalações, etc. derá ser desde uma única parcela, ou amortizações conforme con-
Assim, as instituições governamentais se dispõem com maior trato.
facilidade a financiar em longo prazo, o capital fixo; como o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As modalidades de crédito são: CADERNETAS DE POUPANÇA
• Crédito Direto ao Consumidor (CDC) – Concedidos por bancos
e financeiras, as pessoas físicas e jurídicas, na aquisição de bens e A aplicação mais popular, devido sua segurança e facilidade e
serviços. Com pagamentos geralmente realizado em prestações men- liquidez imediata.
sais. Com incidência de juros, IOF e taxas de abertura de crédito. Pode ter resgate em qualquer momento, porém a remunera-
• CDC com Interveniência (CDCI) – Liberados apenas para em- ção só ocorrer para valores que ficam parados a partir de 30 dias.
presas exclusivos intermediários de seus clientes, garantindo o pa- Para cálculos de juros, será observado o índice de 0,5% a.m., sem-
gamento. Tem os mesmos prazos e taxas do CDC, porém, menores; pre que a taxa SELIC for maior que 8,5% a.a.; se a meta for inferior
pois não há risco por parte do cliente, mas sim, do seu interveniente. ou igual a 8,5% a.a., o índice corresponderá a 70% do valor da meta.
• Crédito Direto (CD) – Semelhante ao CDCI, em que a institui- A poupança foi criada para estimular o sistema habitacional do
ção se apropria da carteira dos lojistas e assume os riscos do crédito. país.
• Crédito Automático por Cheque – Concedido aos clientes Não há limite de aplicação ou de resgate. Está isenta da tri-
especiais, como um cheque especial. Com pagamento parcelado, butação do IR e IOF. Os bancos não cobram pela manutenção das
com taxas de juros pré fixadas ou flutuantes, aceitas pelos clientes cadernetas de poupança.
e acordadas em contratos.

As garantias para essa linha de crédito incluem alienação fidu- CARTÕES DE CRÉDITO
ciária, penhora de recebíveis, hipoteca, etc.
Prezado candidato, o tema supracitado foi abordado em
tópicos anteriores.
CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR
TÍTULOS DE CAPITALIZAÇÃO
Linha de crédito, também conhecida como empréstimo pesso-
al; destinada geralmente a pessoas físicas. Realizado por instituição Título de crédito, regulamentado pela Superintendência de
bancária ou instituição particular (como lojas de departamento). Os
Seguros Privados (SUSEP) com prazo e regras estabelecidos em
juros são considerados altos, devido a poucas garantias, pois o valor
contrato. É conhecido popularmente como uma forma segura de
é descontado diretamente da conta corrente.
guardar dinheiro e concorrer sorteio de prêmios.
O capital é separado em três partes:
CRÉDITO RURAL 1ª. É acumulada com juros corrigidos ao longo do tempo.
2ª. Destinada para custear os sorteios.
3ª. Reservada para custear as despesas administrativas.
Crédito destinado aos produtores rurais, cooperativas de pro-
dutores rurais, associação de produtores rurais, etc. Os recursos são
disponibilizados por instituições financeiras, considerados especiais Além de ser vendido em agências bancárias, pode ser encon-
por terem taxas de juros abaixo do mercado. trado em lotéricas, correios, etc. Suas principais características são:
Seu objetivo é estimular o crescimento da área rural, incenti- • Prazo de vigência – mínimo de 12 meses, organizadas em sé-
vando e fortalecendo pequenos produtores, desenvolvendo as ati- ries visíveis no próprio título, com emissão de ao menos, 10.000
vidades florestais e pecuárias, aumentando a produção através de unidades.
métodos eficazes; estimulando a geração de renda e a mão de obra • Forma de pagamento – mensal, periódico ou único.
para agricultura familiar e aquisição de equipamentos.
Muitas vezes, o título de capitalização pode ser confundido
Financia as atividades de custeio, investimento e beneficia- com uma espécie de poupança com premiação através de sorteios,
mento ou industrialização. Serve também para o custeio de despe- porém, no final do contrato, o valor resgatado é menor que o valor
sas de produção, investimento na produção e custeio das despesas inicial investido. Sua rentabilidade mínima oferecida deve ser a par-
pós produção. tir do valor da Taxa Referencial (TR), somada a 20% da taxa de juros
Por ser um programa do governo tem algumas, devem ser obe- mensal aplicada a caderneta de poupança.
decidas algumas exigências: Não possui liquidez imediata e de acordo com o contrato, po-
• Idoneidade derá ou não ser resgatada antes do vencimento. Sendo possível, o
• Orçamento do Projeto e viabilidade econômica valor será menor do que o valor total pago até o momento.
• Acompanhamento do cronograma indicado no projeto

232
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

PLANOS DE APOSENTADORIA E PENSÃO PRIVADOS ABERTURA E MOVIMENTAÇÃO DE CONTAS:


DOCUMENTOS BÁSICOS
Plano de previdência privada é um tipo de produto financeiro,
uma forma de seguro em que o investidor acumula capital, remune- Abertura e movimentação de contas: documentos básicos
rado conforme as aplicações escolhidas pelo administrador do pla- Para abertura de conta de depósitos é obrigatória a completa
no. O fundo de previdência é o canal de investimento dos planos. identificação do depositante, mediante preenchimento de ficha-
A Previdência privada foi criada com o objetivo de complemen- -proposta contendo, no mínimo, as seguintes informações:
tar a previdência social, porém, também, como um seguro para os I – qualificação do depositante:
trabalhadores que não contribuem para o INSS. a) pessoas físicas: nome completo, filiação, nacionalidade, data
Os principais planos são PGBL e VGBL, que se diferenciam pela e local do nascimento, sexo, estado civil, nome do cônjuge, se ca-
tributação. No VGBL, a incidência do IR ocorre apenas sobre os ren- sado, profissão, documento de identificação (tipo, número, data de
dimentos; no PGBL o IR incide sobre o valor resgatado ou no rece- emissão e órgão expedidor) e número de inscrição no Cadastro de
bimento da renda. Pessoas Físicas – CPF;
Conforme a SUSEP: b) pessoas jurídicas: razão social, atividade principal, forma e
“VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) e PGBL (Plano Gera- data de constituição, documentos, contendo as informações refe-
dor de Benefícios Livres) são planos por sobrevivência (de seguro ridas na alínea anterior, que qualifiquem e autorizem os represen-
de pessoas e de previdência complementar aberta, respectivamen- tantes, mandatários ou prepostos a movimentar a conta, número
te) que, após um período de acumulação de recursos (período de de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ e atos
diferimento), proporcionam aos investidores (segurados e partici- constitutivos, devidamente registrados.
pantes) uma renda mensal - que poderá ser vitalícia ou por período II – endereços residencial e comercial completos;
determinado - ou um pagamento único. O primeiro (VGBL) é clas- III – número do telefone e código DDD;
sificado como seguro de pessoa, enquanto o segundo (PGBL) é um IV – fontes de referência consultadas;
plano de previdência complementar. V – data da abertura da conta e respectivo número;
No caso do PGBL, os participantes que utilizam o modelo com- VI – assinatura do depositante.
pleto de declaração de ajuste anual do I.R.P.F podem deduzir as
contribuições do respectivo exercício, no limite máximo de 12% IMPORTANTE: Se a conta de depósitos for titulada por menor
de sua renda bruta anual. Os prêmios/contribuições pagos a pla- ou por pessoa incapaz, além de sua qualificação, também deverá
nos VGBL não podem ser deduzidos na declaração de ajuste anual ser identificado o responsável que o assistir ou o representa.
do I.R.P.F e, portanto, este tipo de plano seria mais adequado aos
consumidores que utilizam o modelo simplificado de declaração de FICHA PROPOSTA
ajuste anual do I.R.P.F ou aos que já ultrapassaram o limite de 12% A ficha-proposta relativa a conta de depósitos à vista deverá
da renda bruta anual para efeito de dedução dos prêmios e ainda conter, ainda, cláusulas tratando, entre outros, dos seguintes assun-
desejam contratar um plano de acumulação para complementação tos:
de renda”. I – saldo exigido para manutenção da conta;
II – condições estipuladas para fornecimento de talonário de
cheques;
PLANOS DE SEGUROS III – obrigatoriedade de comunicação, devidamente formaliza-
da pelo depositante, sobre qualquer alteração nos dados cadastrais
Seguro é toda situação em que o segurador tem é obrigado e nos documentos.
a indenizar o segurado na ocorrência de um sinistro, em troca do IV –inclusão do nome do depositante no Cadastro de Emitentes
prêmio de seguro. Os seguros são acionados por diversas ocasiões, de Cheques sem Fundos (CCF), nos termos da regulamentação em
por isso existem os planos de seguro. vigor, no caso de emissão de cheques sem fundos, com a devolução
dos cheques em poder do depositante à instituição financeira;
Os planos de seguros fazem parte do Sistema Nacional de Se- V – informação de que os cheques liquidados, uma vez micro-
guros Privados; instituído pelo Decreto Lei nº 73/1.966. Constituído filmados, poderão ser destruídos;
pelo Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP; pela Superin- VI –procedimentos a serem observados com vistas ao encerra-
tendência de Seguros Privados – SUSEP; pelos resseguradores; por mento da conta de depósitos.
sociedades autorizadas a operar em seguros privados; e por corre-
tores habilitados. As fichas-proposta, bem como as cópias da documentação re-
Um plano de seguro é um serviço oferecido por empresas pri- ferida no artigo anterior, poderão ser microfilmadas, decorrido o
vadas que disponibilizam atendimentos para situações de sinistro. prazo mínimo de 5 (cinco) anos.
Os planos são individualizados para atender cada cliente conforme
suas necessidades. Para isso, é necessário formalizar o plano atra- IMPORTANTE: É vedado o fornecimento de talonário de che-
vés de um contrato chamado apólice. ques ao depositante enquanto não verificadas as informações
A apólice é o contrato da cobertura com direitos e obrigações constantes da ficha-proposta ou quando, a qualquer tempo, forem
para as partes envolvidas. Nela devem constar todas as informa- constatadas irregularidades nos dados de identificação do deposi-
ções sobre o objeto do seguro, como dados do segurado e do bem tante ou de seu procurador É facultada à instituição financeira a
a ser coberto, período de contratação, localização do bem, riscos abertura, manutenção ou encerramento de conta de depósitos à
envolvidos, prêmio, tipos de sinistros, valor e condições gerais da vista cujo titular figure ou tenha figurado no Cadastro de Emitentes
indenização, franquia. Os planos de seguro são contratados como de Cheques sem Fundos (CCF), sendo proibido o fornecimento de
forma de prevenção, no entanto podem não se concretizar, caso talão de cheque.
não haja sinistros.

233
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
FORNECIMENTO DE TALÃO • documentos que qualifiquem e autorizem os representantes,
As instituições financeiras devem incluir nos contratos de aber- mandatários ou prepostos a movimentar a conta;
tura e manutenção de contas de depósitos à vista movimentáveis • inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).
por meio de cheques, entre outras, cláusulas prevendo:
I. as regras de natureza operacional para o fornecimento de fo- 4. O menor de idade pode ser titular de conta bancária?
lhas de cheques; Sim. O jovem menor de 16 anos precisa ser representado pelo
II. a possibilidade de não fornecimento ou de interrupção do pai ou responsável legal. O maior de 16 e menor de 18 anos (não-
fornecimento de folhas de cheques; -emancipado) deve ser assistido pelo pai ou pelo responsável legal.
III. a gratuidade do fornecimento de até dez folhas de cheques
por mês, desde que o correntista reúna os requisitos necessários à 5. Que informações o banco deve me prestar no ato de aber-
utilização de cheques. tura da minha conta?
Informações sobre direitos e deveres do correntista e do ban-
As regras para o fornecimento de folhas de cheques ao corren- co, constantes de contrato, como:
tista devem ser estabelecidas com base, entre outros, nos seguintes • saldo médio mínimo exigido para manutenção da conta;
critérios: • condições para fornecimento de talonário de cheques;
1. saldo suficiente para o pagamento de cheque; • necessidade de você comunicar, por escrito, qualquer mu-
2. restrições cadastrais; dança de endereço ou número de telefone;
3. histórico de práticas e ocorrências na utilização de cheques; • condições para inclusão do nome do depositante no Cadastro
4. estoque de folhas de cheque em poder do correntista; de Emitentes de Cheque sem Fundos (CCF);
5.registro no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos • informação de que os cheques liquidados, uma vez microfil-
(CCF); e mados, poderão ser destruídos;
6. regularidade dos dados e dos documentos de identificação • tarifas de serviços;
do correntista. • necessidade de comunicação prévia, por escrito, da intenção
de qualquer das partes de encerrar a conta;
No site do Banco Central encontramos uma área de PERGUN- • prazo para adoção das providências relacionadas à rescisão
TAS E RESPOSTAS que podem esclarecer várias dúvidas, vejamos: do contrato;
1. Quais os tipos de conta que posso ter? • necessidade de expedição de aviso da instituição financeira
Você pode ter conta de depósito à vista, de depósito a prazo e ao correntista, admitida a utilização de meio eletrônico, com a data
de poupança. do efetivo encerramento da conta de depósitos à vista;
- A conta de depósito à vista é do tipo mais comum. Nela, o di- • obrigatoriedade da devolução das folhas de cheque em po-
nheiro do depositante fica à sua disposição para ser sacado a qual- der do correntista, ou de apresentação de declaração de que as
quer momento. inutilizou;
- A conta de depósito a prazo é o tipo de conta onde o seu • necessidade de manutenção de fundos suficientes para o pa-
dinheiro só pode ser sacado depois de um prazo fixado por ocasião gamento de compromissos assumidos com a instituição financeira
do depósito. ou decorrentes de disposições legais;
- A conta de poupança foi criada para estimular a economia
popular e permite a aplicação de pequenos valores que passam a Todos esses assuntos devem estar previstos em cláusulas ex-
gerar rendimentos mensalmente. plicativas na ficha-proposta, que é o contrato de abertura da conta
celebrado entre o banco e você.
2. O que é conta-salário?
A conta-salário é um tipo especial de conta destinada ao pa- 6. Quais os cuidados que devo tomar antes de abrir uma con-
gamento de salários, proventos, soldos, vencimentos, aposentado- ta?
rias, pensões e similares. A conta-salário não admite outro tipo de • Ler atentamente o contrato de abertura de conta (ficha-pro-
depósito além dos créditos da entidade pagadora e não é movimen- posta);
tável por cheques. • não assinar nenhum documento antes de esclarecer todas
O instrumento contratual é firmado entre a instituição financei- as dúvidas;
ra e a entidade pagadora. A cota-salário não está sujeita aos regula- • solicitar cópia dos documentos que assinou.
mentos aplicáveis às demais contas de depósito.
7. Quais os cuidados que o banco deve ter por ocasião da
3. O que é necessário para eu abrir uma conta de depósitos? abertura de minha conta?
Dispor da quantia mínima exigida pelo banco, preencher a fi- As informações incluídas na ficha-proposta e todos os docu-
cha-proposta de abertura de conta, que é o contrato firmado entre mentos de identificação devem ser conferidos, nos originais, pelo
banco e cliente, e apresentar os originais dos seguintes documen- funcionário encarregado da abertura da conta, que assina a ficha
tos: juntamente com o gerente responsável. Os nomes desses dois fun-
• no caso de pessoa física: cionários devem estar claramente indicados na ficha-proposta.
• documento de identificação (carteira de identidade ou equi- Em caso de abertura de contas para deficientes visuais o banco
valente, como carteira profissional, carteira de trabalho ou certifi- deve providenciar a leitura de todo o contrato, em voz alta.
cado de reservista);
• CPF; 8. O dinheiro depositado em qualquer tipo de conta pode ser
• comprovante de residência. transferido, pelo banco, para qualquer modalidade de investimen-
• no caso de pessoa jurídica: to sem minha autorização?
• documento de constituição da empresa (contrato social e re- Não. Somente com sua autorização feita por escrito ou por
gistro na junta comercial); meio eletrônico.

234
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
9. Quando o banco fizer algum débito em minha conta, fica • Conta de titular falecido: movimentação apenas mediante a
obrigado a me informar? apresentação de alvará judicial, exceto conta conjunta de titulares
O débito dos impostos e das tarifas previstas no contrato (ou solidários.
ficha-proposta) pode ser feito sem aviso. • Contas de depósitos judiciais: movimentação apenas através
Qualquer outra cobrança não prevista só pode ser feita me- de alvará ou mandado judicial.
diante o seu prévio consentimento. • Menores de 16 anos: movimentação exclusiva pelo pai, mãe,
Você pode autorizar, por escrito ou por meio eletrônico, o débi- tutor ou curador (ou seja, por seu representante).
to em sua conta por ordem de terceiro. • Maiores de 16 e menores de 18 anos: a movimentação pode
Depósitos realizados em sua conta por falha do banco podem ser assistida ou autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
ser estornados sem aviso prévio. Comentário: É responsabilidade dos pais, toda a movimenta-
ção de titulares com idade entre 16 e 18 anos.
10. O banco é obrigado a me fornecer comprovante da opera-
ção de depósito realizada? MOVIMENTAÇÕES DE CONTAS DE DEPÓSITO À VISTA:
Sim. É da natureza do contrato de depósito a entrega imediata,
pelo banco depositário, de recibo da operação de depósito reali- Documento de Crédito – DOC:
zada. O banco e você podem pactuar, em comum acordo, outras • Valor Mínimo: não tem
formas de comprovação da operação realizada. • Valor Máximo: R$ 4.999,99

11. Posso abrir uma conta em moeda estrangeira? Transferência Eletrônica Disponível – TED:
As contas em moeda estrangeira no País podem ser abertas por • Valor Mínimo: R$ 250,00
estrangeiros transitoriamente no Brasil e por brasileiros residentes • Valor Máximo: não tem, porém se o valor for inferior a R$
ou domiciliados no exterior. Além dessas situações, existem outras 1.000.000,00 é liquidada no SITRAF, enquanto as de valores supe-
especificamente tratadas na regulamentação cambial. riores são liquidadas diretamente no STR.
Na transferência de recursos destinada à liquidação antecipada
12. O que é necessário para encerrar a minha conta no banco? de contratos de concessão de crédito e de arrendamento mercan-
Sendo um contrato voluntário e por tempo indeterminado, til em conta não movimentável por cheques destinada ao registro
uma conta bancária pode ser encerrada por qualquer uma das par- e controle de fluxo de recursos de pagamentos de salários, venci-
tes contratadas. mentos, proventos, aposentadorias, pensões e similares, deve ser
Quando a iniciativa do encerramento for do banco, este deve utilizada exclusivamente a TED independemente do valor.
comunicar o fato a você, solicitando-lhe a regularização do saldo e a
devolução dos cheques por acaso em seu poder, e anotar a decisão ENCERRAMENTO DE CONTAS
na ficha-proposta. → Por ser um contrato voluntário e por tempo indeterminado,
O banco deverá encerrar a conta se forem verificadas irregu- uma conta bancária pode ser encerrada por qualquer uma das par-
laridades nas informações prestadas, julgadas de natureza grave, tes contratadas a qualquer momento.
comunicando o fato imediatamente ao Banco Central. • Iniciativa do Banco:
No caso da inclusão no CCF, o encerramento da conta depende • Após comunicação ao cliente, por escrito;
da decisão do próprio banco,mas não poderá continuar fornecendo • Mediante a verificação de irregularidades cometidas pelo
talão de cheque a você. cliente, julgadas de natureza grave (Ex. Documentos Fraudados). O
banco deve comunicar imediatamente ao Banco Central.
Quando a iniciativa do encerramento for sua, deverá observar • Encerramento da conta por iniciativa do cliente:
os seguintes cuidados: • Entregar ao banco correspondência (em duas vias) solicitan-
• entregar ao banco correspondência solicitando o encerra- do o encerramento de sua conta; (assinar modelo pronto do banco)
mento da sua conta, exigindo recibo na cópia, ou enviar pelo cor- • Verificar se todos os cheques que não estão em seu poder
reio, por meio de carta registrada; foram compensados, para evitar a sua devolução e a conseqüente
• verificar se todos os cheques emitidos foram compensados inclusão no Cadastro de Emitentes de Cheques Sem Fundos (alínea
para evitar que seu nome seja incluído no CCF pelo motivo 13 (con- 13, conta encerrada);
ta encerrada); • Entregar ao banco os cheques ainda em seu poder.
• entregar ao banco os cheques ainda em seu poder.
• Documentação Necessária para a abertura de contas (BACEN) O encerramento de contas empresarias não significa o imedia-
to encerramento das contas dos seus sócios, e vice-versa.
Pessoas Físicas Comentário: É proibido o encerramento de contas pelo banco,
- Documento de Identificação sem aviso prévio ao titular da conta.
- CPF
- Comprovante de residência TIPO DE CONTAS
→Tipos de conta:
Pessoas Jurídicas a) Individual: um único titular;
- Documento de constituição e alterações b) Conjunta: mais de um titular.
- CNPJ • Simples ou não solidária: necessidade da assinatura de todos
- Qualificação dos representantes os titulares;
• Solidária: necessidade da assinatura de apenas um dos titu-
- Documentação dos representantes lares.
• Contas não movimentadas nos últimos 06 meses e com saldo Atenção: desde 01/10/2004, é proibida a abertura e movimen-
inferior ao mínimo: sujeitas a tarifas. tação de conta corrente conjunta em nome de pessoas jurídicas.

235
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Comentário: As contas conjuntas NÃO solidárias são também IV - se os membros respondem ou não, subsidiariamente, uns
conhecidas como contas do tipo “e” onde se exige a assinatura de pelos outros, pelas obrigações sociais;
ambos os titulares para movimentações financeiras. Essas contas V - as condições de extinção das pessoas jurídicas, e o destino
são vetadas o uso de cartão magnético. de seu patrimônio, nesse caso;
VI - os nomes dos fundadores, ou instituidores, e dos membros
da diretoria provisória ou definitiva, com indicação da nacionalida-
PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA: CAPACIDADE E de, estado civil ou profissão de cada um, bem como o nome e resi-
INCAPACIDADE CIVIL, REPRESENTAÇÃO E DOMICÍLIO dência do apresentante dos exemplares.

Pessoa Física Capacidade e incapacidade civil


É o ser humano nascido da mulher.Sua existência começa do Capacidade de fato ou de exercício: É poder exercer pessoalmente
nascimento com vida (a respiração é a melhor prova do nascimento seus direitos, praticando os atos sem interferência de outrem.
com vida) e termina com a morte. Capacidade de direito ou de gozo: É inerente a toda pessoa a
O homem, pessoa natural, é sujeito e titular da relação jurídica. partir do nascimento com vida, significando ser sujeito de direito,
participar do mundo jurídico.
Pessoa Jurídica Capacidade civil: Aptidão da pessoa para praticar atos da vida
Pessoas jurídicas são entidades a que a lei empresta persona- civil, poder livremente contratar adquirindo direitos e aceitando
lidade, isto e, são seres que atuam na vida jurídica, com personali- obrigações.
dade diversa da dos indivíduos que os compõem, capazes de serem - Enquanto não adquirida a capacidade plena, há a necessidade de
sujeitos de direitos e obrigações na ordem civil. que, para prática dos atos, sejam representados ou assistidos por quem
1) De acordo com a sua estrutura: a) as que têm como elemen- tenha legitimidade para fazê-lo (é a chamada capacidade de fato).
to adjacente o homem, isto é, as que se compõem pela reunião - Incapacidade: A incapacidade é a inaptidão para praticar pes-
de pessoas, tais como as associações e as sociedades; b) as que se soalmente os atos civis.
constituem em torno de um patrimônio destinado a um fim, isto é, - Quem não tem capacidade de fato ou de exercício é incapaz
as fundações. juridicamente.
2) De acordo com sua órbita de atuação: as pessoas podem ser
de direito externo (as várias Nações, a Santa Sé, a Organização das A incapacidade decorre de vários fatores, como a idade e o pró-
Nações Unidas) ou interno (a União, os Estados, o Distrito Federal prio estado de saúde mental das pessoas.
e cada um dos Municípios legalmente constituídos); e de direito
privado (as sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou Incapacidade Absoluta
literárias, as associações de utilidade publica, as fundações e, ainda, PF fica impedida de participar pessoalmente de qualquer ato
as sociedades mercantis). jurídico.
Dentre as pessoas jurídicas de Direito privado, podemos dis-
São absolutamente incapazes:
tinguir as associações, isto e, agrupamentos de indivíduos sem fim
- Menores de 16 anos (menores impúberes);
lucrativo, como os clubes desportivos, os centros culturais, as enti-
- Enfermos ou deficientes mentais que não tiverem o necessá-
dades pias, etc.; e, de outro, as sociedades, isto é, os agrupamentos
rio discernimento para prática desses atos (loucos de todo gênero,
individuais com escopo de lucro.
surdos mudos que não puderem exprimir a sua vontade);
A existência, perante a lei, das pessoas jurídicas de direito pri-
- Aqueles que momentaneamente não puderem exprimir sua
vado começa com a inscrição dos seus contrates, atos constitutivos,
estudos ou compromissos em seu registro publico peculiar. vontade.
Antes da inscrição, a pessoa jurídica pode existir no plano dos - Os ausentes, declarados tais por ato do juiz.
acontecimentos, mas o direito despreza sua existência, nega-lhe
personalidade civil, ou seja, nega-lhe a capacidade para ser titular Obs.: a incapacidade absoluta dos maiores de 16 anos deverá
de direitos (pois, para que a pessoa moral ingresse na orbita jurídi- ser reconhecida judicialmente.
ca, é necessário o elemento formal, ou seja, a inscrição no registro
próprio). Representação:
Cumpre ressaltar, porém, que o ordenamento jurídico não Absolutamente incapazes - Representados.
pode ignorar a existência de fato da pessoa moral, antes de seu re- - Menores de 16 anos-pelo pai, pela mãe ou pelo tutor legal;
gistro.Assim, embora não prestigie a existência, atribui alguma con- - Demais-por curador nomeado legalmente.
seqüência a tal organismo.
Para se proceder ao registro de uma pessoa jurídica de direito Incapacidade Relativa:
privado de natureza civil, apresentam-se dois exemplares do jornal A PF pode praticar, por si, os atos da vida civil, devidamente
oficial em que houverem sido publicados os estatutos, contratos ou assistido por quem legalmente tenha essa atribuição.
outros documentos constitutivos ao cartório competente. No do-
cumento deve figurar, para que seja declarado peio Oficial, no livro São relativamente incapazes:
competente: -Os maiores de 16 e menores de 18 anos (menores púberes);
I - a denominação fundo social (quando houver), os fins e a -Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os deficientes
sede da associação, ou fundação, bem como o tempo de sua du- mentais, com discernimento reduzido;
ração; -Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
II - o modo por que se administra e representa a sociedade, -Os pródigos (pessoas que gastam ou se desfazem de seus ha-
ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; veres ou bens, sem justificativa, desabusada e desordenadamente,
III - se os estatutos, contrato ou o compromisso são reformá- em visívelameaça à estabilidade econômica de seu patrimônio).
veis no tocante a administração, e de que modo; -Relativamente incapazes – Assistidos.

236
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
-Maiores de 16 anos e menores de 18 anos -pelo pai ou pela viva, morrendo no segundo subseqüente, o patrimônio de seu pai
mãe. Na falta destes por um tutor nomeado legalmente; pré-morto (que foi a seu filho no momento em que ele nasceu com
-Demais: por um curador nomeado legalmente. vida) passara aos do infante, no caso, a mãe.
A lei brasileira protege os direitos do nascituro desde a sua con-
Obs.: a incapacidade relativa dos maiores de 18 anos deverá ser cepção (nascituro é o ser já concebido, mas que se encontra no ventre
reconhecida judicialmente, com a nomeação do respectivo curador. materno), embora só lhe conceda a personalidade se nascer com vida.
A personalidade que o indivíduo adquire, ao nascer com vida,
Fim da Incapacidade para os menores: termina com a morte.No instante em que expira, cessa sua aptidão
- Ao atingir a maioridade, ou seja, completar 18 anos de idade; para ser titular de direitos, e seus bens se transmitem, incontinenti,
- Por emancipação, que pode ocorrer nas seguintes circunstân- a seus herdeiros.
cias: Já foi dito que todo ser humano, desde seu nascimento ate sua
- Concessão dos pais ou de um deles na falta do outro, por in- morte, tem capacidade para ser titular de direitos e obrigações,
termédio de escritura pública, ao menor com idade superior a 16 na ordem civil.Mas isso não significa que todas as pessoas possam
anos ou por decisão judicial quando o menor estiver sob tutela. exercer, pessoalmente, tais direitos.A lei, tendo em vista a idade, a
- Pelo casamento civil, observando que a idade mínima é de saúde ou o desenvolvimento intelectual de determinadas pessoas,
16 anos tanto para homens como para mulheres, salvo exceções com o intuito de protege-las, não lhes permite o exercício pessoal
legais; de direitos, e denomina tais pessoas de incapazes.
- Pelo exercício de emprego público efetivo; Portanto, incapacidade é o reconhecimento da inexistência,
- Pela colação de grau em curso de ensino superior; numa pessoa, daqueles requisitos que a lei acha indispensáveis
- Pela participação em sociedade civil ou comercial, ou pela para que ela exerça os seus direitos.
existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o Existe, assim, uma distinção entre incapacidade absoluta e re-
menor de 16 anos completos tenha economia própria. Em ambos lativa.
os casos é necessária a declaração em sentença judicial da emanci- São absolutamente incapazes aqueles que não podem, por si
pação do menor. mesmos, praticar quaisquer atos jurídicos e, se o fizerem, tais atos
- Os índios ou silvícolas são incapazes, deverão ser representa- são nulos.Por exemplo: se um menor impubere vende uma proprie-
dos ou assistidos pela FUNAI. Serão capazes quando reconhecida, dade, ou faz um contrato de seguro, tal ato e absolutamente inefi-
em sentença judicial a plenitude de sua capacidade civil. caz, porque a manifestação de vontade provinda dele, desprezada
- Para efeito trabalhista, menor é aquele maior de 14 anos e que é pelo ordenamento jurídico, não produz efeitos na orbita do
menos de 18anos. Nessa idade poderá ter conta salário (sem repre- direito, e nulo o ato e não gera efeitos.
sentação /assistência). Deve sacar mediante recibo e de uma só vez. Diferente e a incapacidade relativa, porque a inaptidão físico-
“MENOR APRENDIZ”. -psíquica e menos intensa.Trata-se de pessoas que, sem terem um
julgamento, adequado das coisas, apresentam um grau de perfei-
Capacidade e Representação das Pessoas Jurídicas ção intelectual não-desprezível.A lei, então, lhes permite a pratica
No momento em que a pessoa jurídica registra seu contrato de atos jurídicos, condicionando a validade destes ao fato de eles
constitutivo, adquire personalidade, isto e, capacidade para ser ti- se aconselharem com pessoa plenamente capaz (seu pai, tutor ou
curador)que os devem assistir-nos atos jurídicos.
tular de direito.Naturalmente ela só pode ser titular daqueles direi-
Enquanto o absolutamente incapaz e representado, o relativa-
tos compatíveis com a sua condição de pessoa fictícia, ou seja, os
mente incapaz e apenas assistido.
patrimônios.Não se lhe admitem os direitos personalísticos.
O ato praticado pelo relativamente incapaz não e nulo, mas
Para exercer tais direitos, a pessoa jurídica recorre a pessoas fí-
anulável.
sicas que a representam, ou seja, por quem os respectivos estatutos
Entende-se por pródigo aquele que, desordenadamente, gasta
designarem ou, não os designando, pelos seus diretores.
e destrói o seu patrimônio.Como a sua deficiência só se mostra no
trato de seus próprios bens, sua incapacidade e limitada aos atos
Capacidade e Incapacidade que o podem conduzir a um empobrecimento.
Se toda relação jurídica tem por titular um homem, verdade e, Os silvícolas, por viverem afastados da civilização, não contam,
também, que todo homem pode ser titular de uma relação jurídica. habitualmente, com um grau de experiência suficiente para defen-
Isto é, todo ser humano tem capacidade para ser titular de direitos. der sua pessoa e seus bens, em contato com o branco.No entanto,
Antigamente, nos regimes onde florescia a escravidão, o escra- deixam de ser considerados relativamente incapazes se adaptarem
vo em vez de sujeito era objeto de direito.No mundo moderno, a e se integrarem a civilização do pais.
mera circunstancia de existir confere ao homem a possibilidade de
ser titular de direitos.A isso se chama personalidade. Responsabilidade das Pessoas Jurídicas
Afirmar que o homem tem personalidade e o mesmo que dizer As pessoas jurídicas são responsáveis na orbita civil, contratual
que ele tem capacidade para ser titular de direitos.Tal personalida- e extracontratual.
de se adquire com o nascimento com vida. As pessoas jurídicas com fim lucrativo só serão responsáveis
Parece que melhor se conceituaria personalidade dizendo ser pelos atos ilícitos, praticados por seus representantes, provando-se
a aptidão para adquirir direitos e assumir obrigações na ordem ci- que concorreram com culpa para o evento danoso.
vil.Como se vera, a aptidão para adquirir direitos não se identifica Tal culpa poderá se configurar quer na eleição de seus admi-
com a aptidão para exercer direitos, da qual se excluem as pessoas nistradores, quer na vigilância de sua atividade.Mas, atualmente,
mencionadas (incapazes), que pessoalmente não os podem exercer. houve uma evolução nesta interpretação através de uma farta juris-
Voltando a analise, se deve ressaltar a relevância, na pratica, prudência de nossos Tribunais.
de tal dispositivo, conforme se demonstre que o indivíduo nasceu Assim, quando a pessoa jurídica de finalidade lucrativa causar
morto, ou morreu logo após o nascimento. Por exemplo: suponha dano a outrem através de ato de seu representante, surge a presun-
que um indivíduo morreu, deixando esposa gravida; se a criança ção que precisa ser destruída pela própria pessoa jurídica, sob pena
nascer morta, o patrimônio do “de cujus” passara aos herdeiros de ser condenada solidariamente a reparação do prejuízo.
deste, que podem ser seus pais, se ele os tiver; se a criança nascer

237
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Quanto a responsabilidade das associações que não tem lu- - domicílio legal ou necessário é aquele que a lei impõe a de-
cro, nada se encontra na lei.A responsabilidade pela reparação do terminadas pessoas, que se encontram em dadas circunstâncias.As-
prejuízo será do agente causador.Apenas, neste caso, deve a vitima sim, os incapazes tem necessariamente por domicílio o dos seus re-
demonstrar a culpa da associação. presentantes.O domicilio da mulher casada e o do marido (exceção:
a) quando estiver separada; b) - quando lhe couber a administração
Extinção das Pessoas Jurídicas dos bens do casal).Os funcionários públicos reputam-se domicilia-
I - pela sua dissolução, deliberada entre os seus membros, sal- dos onde exercerem, em caráter permanente, suas funções.O do-
vo o direito da minoria e de terceiros; micílio do militar em serviço ativo e o lugar onde servir.O domicílio
II pela sua dissolução, quando a lei determine; dos oficiais e tripulantes da marinha mercante e o lugar onde esti-
III pela sua dissolução em virtude de ato do Governo que lhe ver matriculado o navio.O preso ou desterrado tem o domicílio no
casse a autorização para funcionar, quando a pessoa jurídica incorra lugar onde cumpre a sentença ou o desterro.O ministro ou o agente
em atos opostos aos seus fins ou nocivos ao bem público. diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar extraterrito-
rialidade, sem designar onde tem, no pais, o seu domicílio, poderá
Quando se trata de pessoa jurídica com finalidade lucrativa, ser demandado no Distrito Federal ou no ultimo ponto do território
nenhum problema surge quanto ao destino dos bens.Eles serão re- brasileiro onde o teve.
partidos entre os sócios, pois o lucro constitui o próprio objeto que - domicílio de eleição ou convencional é o escolhido pelos con-
os reuniu. tratantes, nos contratos escritos, para fim de exercício dos direitos e
Nas associações sem fim lucrativo que se dissolvem, o patrimô- cumprimento das obrigações que dos mesmos decorram.
nio seguira a destinação dada pelos Estatutos; em não havendo tal,
a deliberação eficaz dada pelos sócios sobre a matéria.Se os - mes- Se, porem, a pessoa natural tiver diversas residências onde
mos nada resolveram, ou se a deliberação for - ineficaz, devolver- alternadamente viva, ou vários centros de ocupações habituais,
-se-á o patrimônio a um estabelecimento publico congênere ou de considerar-se-á domicílio seu qualquer destes ou daquelas.Caso de
fins semelhantes.Se, no Município, Estado ou no Distrito-Federal, pluralidade de domicílios.
inexistirem estabelecimentos nas condições indicadas, o patrimô- Domicílio ocasional ou aparente.Ter-se-á por domicílio da pes-
nio passara a Fazenda Publica. soa natural, que não tenha residência habitual, ou empregue a vida
em viagens, sem ponto central de negócios, o lugar onde for en-
Fundações contrada.
Fundação e uma organização que gira em torno de um patri- A mudança de domicílio ocorre quando a pessoa natural altera
mônio, que se destina a uma determinada finalidade.Deve ser ulti- a sua residência, com a intenção de transferir o seu centro habitual
mada por escritura publica ou testamento. de atividade.A prova da intenção resultara do que declarar a pessoa
Aquele a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio mudada às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai,
elaborara o Estatuto da fundação projetada, submetendo-o a auto- ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as cir-
ridade competente, isto e, ao órgão do Ministério Publico.Aprovado cunstancial que a acompanharem.
por este, o Estatuto devera ser registrado e, neste momento, a Fun-
dação adquire personalidade jurídica. Domicílio da pessoa jurídica de Direito Público
A lei só permite que se altere o Estatuto da Fundação consoan- O domicílio da União e o Distrito Federal; dos Estados, as res-
te três condições: 1º) deliberação da maioria dos administradores e pectivas Capitais; e dos Municípios, o lugar onde funciona a Ad-
representantes da Fundação; 2º) respeito a sua finalidade original; ministração Municipal.Das demais pessoas jurídicas, o lugar onde
3º) aprovação da autoridade competente. funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde
A Fundação se extingue quando vencido o prazo de sua existên- elegeram domicílio especial, nos seus estatutos ou atos constitu-
cia. Tal hipótese raramente se apresenta, porque, em geral , a Fun- tivos.
dação e criada por prazo indeterminado; além disso, extingue-se Quando o direito pleiteado se originar de um fato ocorrido
quando se torna nociva ao interesse publico; e, finalmente, quando onde um ato praticado, ou que deva produzir os seus efeitos, fora
seu objeto se torna impossível. do Distrito Federal, a União será demandada na seção judicial em
Nas três hipóteses acima, o patrimônio da Fundação extinta vai que o fato ocorreu, ou onde tiver sua sede a autoridade de que o
se incorporar ao de outras de fins idênticos ou semelhantes. ato emanou, ou onde este tenha de ser executado.

Representação e Domicilio Domicílio da pessoa jurídica de Direito Privado


Domicílio-civil da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece É o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e admi-
sua residência com animo definitivo. nistrações, isto quando nos seus estatutos não constar eleição de
A ideia de animo definitivo vai decorrer das circunstancias ex- domicílio especial.
ternas reveladoras da intenção do indivíduo, isto é, do seu propósi- Tendo a pessoa jurídica de direito privado diversos estabeleci-
to de fazer daquele local o centro de suas atividades. mentos, em lugares diferentes, cada um será considerado domicílio,
O conceito de domicílio se distingue do de residência.Este re- para os atos nele praticados.
presenta uma relação de fato entre uma pessoa e um lugar, envol-
vendo a ideia de habitação, enquanto o de domicílio compreende Domicílio da pessoa jurídica estrangeira
o de residência, acrescido do animo de ai fazer o centro de sua ati- Se a administração e diretoria tiver sede no estrangeiro, ha-
vidade jurídica. ver-se-á por domicílio da pessoa-jurídica, no tocante as obrigações
contraídas por cada uma das suas agencias, o lugar do estabeleci-
Espécies de domicílio. mento, sito no Brasil, a que ela responder.5
- domicílio voluntário e o estabelecido voluntariamente pelo
indivíduo, sem sofrer outra influência que não a de sua vontade ou
conveniência.
5 Fonte: www.portalprudente.com.br/Claudio Henriques

238
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
A sociedade empresária para ser constituída deverá obrigato-
TIPOS DE SOCIEDADE: EM NOME COLETIVO, riamente adotar um dos tipos societários regulados pelo Código Ci-
POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA, vil, exceto a cooperativa.
ANÔNIMAS, FIRMA INDIVIDUAL OU EMPRESÁRIA
b) Sociedade simples: é a espécie de sociedade personificada
Sociedade Empresária é denominada pela pessoa jurídica de que explora a sua atividade de forma não empresarial, sem profis-
direito privado que explora sua atividade na forma própria de em- sionalismo ou de modo não organizado. Ao ser constituída poderá
presário. Não será considerada empresária, a sociedade que mes- adotar um dos tipos societários regulados pelo Código Civil, exceto
mo atuando com profissionalismo e de modo organizado exercer sociedade por ações (comandita por ações e sociedade anônima).
uma profissão intelectual de natureza científica, literária ou artísti- Caso a opção é de não adotar nenhum tipo societário específico, ela
ca, salvo se constituído elemento de empresa; se exercer uma ativi- será regida pelas regras que lhe são próprias (arts. 997 a 1.038, do
dade rural e não tiver seus atos constitutivos (contrato ou estatuto CC) e que atribuem responsabilidade ilimitada a seus sócios.
social) arquivados na junta comercial ou então se adotar como tipo
societário a cooperativa. São espécies de sociedades:
São pessoas jurídicas de direito privado: a) Sociedade empresária: atos arquivados na junta comercial.
a) associações; Acesso à recuperação de empresas;
b) fundações; b) Sociedade simples.
c) sociedades: exploram atividade com fins lucrativos; Tipos ou formas societárias: que determinam o grau de respon-
d) organizações religiosas; sabilidade dos sócios.
e) partidos políticos. a) nome coletivo (N/C): responsabilidade ilimitada;
As sociedades são divididas em: b) comandita simples (C/S): responsabilidade limitada e ilimita-
da para alguns sócios.
- Sociedades personificadas: possuem personalidade jurídica c) comandita por ações (C/A): responsabilidade limitada e ili-
(sujeitos de direitos e obrigações). Titularidade obrigacional, ou mitada para alguns sócios. Sempre será uma sociedade empresária.
seja, é sujeito de direitos e obrigações. Titularidade processual: a d) limitadas (LTDA): responsabilidade limitada.
sociedade poderá promover ações judiciais. Titularidade patrimo- e) anônimas (S/A): responsabilidade limitada. Sempre será uma
nial: significa ter patrimônio próprio (patrimônio autônomo: os sociedade empresária.
bens da sociedade não se confundem com os bens de seus sócios). f) cooperativas: sempre será uma sociedade simples.
Os sócios possuem o direito ao benefício de ordem, ou seja, os só-
cios são executados de forma subsidiária à sociedade. - Sociedades não personificadas: o direito societário determi-
Em razão desta personificação, a sociedade tem patrimônio na que se houver uma personalidade jurídica distinta da sociedade
autônomo que não se confunde com os bens particulares de seus em relação à personalidade de seus sócios, advindo de um efeito
sócios. Portanto, os credores deverão, em caso de inadimplência, em relação à responsabilidade desses, admite-se a existência de
buscar a satisfação de seus créditos nos bens que integram o patri- sociedade desprovida de personalidade jurídica própria, conheci-
mônio da sociedade, não podendo, em regra, cobrar diretamente das como sociedades não personificadas. Portanto, asociedade não
dos sócios pelas dívidas da sociedade, uma vez que estes têm res- personificada desenvolve atividades econômicas, mas não possui
ponsabilidade subsidiária. registros formais dos órgãos fiscais e controle como por exemplo,
Mas esta autonomia patrimonial não é absoluta, quando for junta comercial, cartório de registro de pessoa jurídica, receita fe-
demonstrada em juízo a má utilização ou o uso abusivo do instituto deral, entre outros órgãos.
da personalidade jurídica, poderá o juiz desconsiderar a personali-
dade jurídica e permitir que os efeitos de certas e determinadas re- As sociedades não personificadas são divididas em sociedade
lações obrigacionais atinjam diretamente os bens particulares dos em comum e sociedade em contas de participação.
sócios da sociedade. a) sociedade comum: é a codificação da sociedade de fato, ou
Este abuso é caracterizado pelo desvio de finalidade ou confu- seja, duas ou mais pessoas se unem informalmente para desenvol-
são patrimonial. Aplicando-se a teoria da desconsideração da per- ver uma atividade econômica sem se preocupar com registros em
sonalidade jurídica, como demonstra o artigo 50 do CC. órgão de controle de fiscalização bem como não se preocupam com
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracteri- os recolhimentos fiscais, trabalhistas e previdenciários. Por isso, os
zado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode bens e dívidas sociais constituem um patrimônio especial, dos quais
o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público os sócios são titulares em comum e assim respondem de forma soli-
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas dária e ilimitada pelas obrigações sociais.
e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens b) sociedade em conta de participação: está previsto entre os
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. artigos 991 e 996 e suas características são:
- existência de dois tipos de sócios;
As sociedades personificadas são classificadas quanto a sua es- - ausência de formalidade na contratação entre os sócios;
pécie, sendo que o principal critério é a forma pela qual explorarão - o sócio participante não aparece perante a sociedade, quanto
a sua atividade. à atividade da empresa, e sua responsabilidade é limitada, a sua
a) Sociedade empresária: explora a sua atividade na forma contribuição societária.
própria de “empresário”, como já foi visto, de maneira profissional - este tipo de sociedade se assemelha a ideia de consórcio
e de modo organizado. Mas há exceções, quando exercer profis- onde, pessoas admitem artigos de outras na busca de um proveito
são intelectual de natureza científica, literária ou artística, salvo se comum.
constituído elemento de empresa; também não será empresária, se - os sócios participantes podem contribuir para a sociedade em
exercer atividade rural e não houver optado pela inscrição de seus conta de participação com bens ou serviços
atos constitutivos na junta comercial; e por fim, não será empresá- - o sócio ostensivo é responsável solidariamente e ilimitada-
ria a sociedade que adotar como tipo societário a cooperativa. mente pelas obrigações sociais.

239
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Portanto, a sociedade em conta de participação é considerada outra sociedade até o término da integralização total da sua quo-
uma sociedade anônima, ou seja, tem o sócio oculto que não apa- ta parte. O sócio que não integraliza as suas quotas é considerado
rece, tratando-se de uma sociedade sui generis. remisso e deve ser expulso da sociedade pelos demais, sob pena
A sociedade em conta de participação, dado seu caráter espe- deles se responsabilizarem pelas quotas não integralizadas.
cial, de existir apenas entre sócios, não está sujeita, para constitui- Para que ocorra a cessão das cotas, que pode ser total ou par-
ção às formalidades exigidas para as demais sociedades comerciais, cial, é preciso o consentimento dos sócios bem como a modificação
ou seja, a ter um contrato escrito, quer por instrumento público no contrato social. Em faltando algum desses requisitos, a cessão
ou particular, e arquivado no Registro de Comércio. Pode ela, na será considerada ineficaz em relação aos demais sócios, e em rela-
verdade, constituir-se mediante contrato, mas esse não deverá ser ção à própria sociedade.
arquivado, sob pena de deixar de ser a sociedade uma participação, O sócio que repassou a quota responderá solidariamente com
já que com o arquivamento do seu ato constitutivo adquire ela per- o cessionário (aquele que assumiu o lugar), pelas obrigações sociais
sonalidade jurídica. pelo prazo de dois anos após a modificação contratual.
Pode ser sócio qualquer pessoa física ou jurídica. No caso de
A sociedade simples é um tipo societário criado como regra ser incapaz, o capital deve estar todo integralizado no momento da
geral para sociedades não empresárias, podem ser de vários tipos constituição. Os sócios têm responsabilidade pelas dívidas da socie-
societários, inclusive aqueles estipulados para as sociedades em- dade de forma subsidiária, limitada e não solidária. Ou seja, primeiro
presárias. Mas as sociedades cooperativas, independente do obje- atinge o patrimônio da sociedade, depois o patrimônio dos sócios no
to, sempre serão consideradas sociedade simples. limite das suas quotas, casos essas não tenham sido integralizadas e
Desta forma, as regras pertinentes à sociedade simples irão os sócios não são responsáveis pelas quotas dos demais.
regular todas as sociedades não empresárias e também servirá de Em relação à obrigação e responsabilidade dos sócios, temos
subsídio para as próprias sociedades empresárias, quando restar que, quando a obrigação se der mediante prestação de serviços à
qualquer omissão na legislação sobre os vários tipos societários. sociedade, não pode o sócio exercer atividade estranha à esta, a
A sua constituição e registro tem que ser realizada através de não ser que haja previsão contratual. Caso contrário, se a atividade
contrato escrito que contenha: qualificação dos sócios, atividade, for alheia aos interesses da sociedade, o sócio poderá ser privado
sede, capital social, valor unitário das quotas, total de quotas por dos lucros, bem como ser excluído da mesma.
sócio, indicação do administrador, responsabilidade dos sócios. E Em sendo o sócio que contribuiu com bens para a sociedade,
deve ser registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurí- este será responsável por quaisquer consequências jurídicas que
dicas. Este registro deve ser realizado em até 30 dias após a sua eventualmente possam envolver os referidos bens. Da mesma ma-
constituição, a fim de que os atos praticados nesse período estejam neira, se a contribuição para a sociedade se der por cessão de cré-
cobertos pela separação patrimonial da pessoa jurídica. As filiais, dito, o sócio tem a obrigação de garantir que o devedor faça jus à
sucursais e agências devem ter registro no lugar onde existem e jun- sua obrigação.
to ao registro da sede. Caso o sócio não cumpra suas obrigações 30 dias após uma no-
Se algum outro documento em separado estipular diretriz con- tificação da sociedade, responderá por sua falta, sendo responsabi-
trária ao que determina o contrato, este será considerado ineficaz lizado pelos danos provenientes da demora no cumprimento de sua
em relação a terceiros. obrigação e será considerado sócio remisso.
Se o contrato constar cláusula que determine a exclusão de al- É permito por lei que os demais sócios deliberem a respeito
gum sócio dos lucros da sociedade, esta cláusula será considerada da exclusão do sócio remisso, ou reduzir o montante de sua quota,
nula. caso já tenha sido efetuada parte da integralização do capital.
Já em relação aos direitos dos sócios, são eles: a participação
nos lucros na proporção da participação; participar das delibera-
Algumas alterações, como dispõe o art. 997, deverão ser apro-
ções; direito de preferência em adquirir novas quotas caso haja
vadas mediante a concordância de todos os sócios. São elas:
aumento no capital social; se retirar da sociedade, dentre outros.
- nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos
O parágrafo 1º do art. 1.011 estipula que os administradores da
sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionali-
sociedade simples serão designados no próprio contrato social, mas
dade e sede dos sócios, se jurídicas;
em caso de deliberação em instrumento separado, deverá este ser
- denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
averbado ao registro de inscrição da sociedade.
- capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo
Caso o administrador pratique qualquer ato antes deste regis-
compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação tro, implicará em responsabilidade pessoal e solidária do adminis-
pecuniária; trador perante a sociedade. Isto também ocorre se o mesmo no
- a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; desempenho de suas funções praticar atos prejudiciais com culpa,
- as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição con- responderá solidariamente perante a sociedade e a terceiros.
sista em serviços; Em regra geral o administrador não pode se fazer substituir por
- as pessoas naturais incumbidas da administração da socieda- outrem, mas pode nomear alguém para que desempenhe determi-
de, e seus poderes e atribuições; nados atos dentro dos limites de seus poderes.
- a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; Quando ocorrer a morte do cônjuge de um dos sócios ou em
- se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obri- caso de separação judicial, não poderão os herdeiros e o ex-cônjuge
gações sociais. exigir a parte que lhes cabe na quota social. Apenas concorrerão à
divisão periódica dos lucros até a liquidação da sociedade.
Já as outras alterações, que não constam neste rol, devem ser Outra questão é em relação ao credor particular de determina-
aprovadas por maioria absoluta, ou seja, mais da metade do capital do sócio. Em caso de inadimplemento da obrigação, o credor pode
social. executar os lucros provenientes da sociedade ou da parte que seria
O Capital social deve ser em moeda corrente nacional, sendo devida ao sócio em caso de liquidação.
dividido em quotas em partes iguais e indivisíveis. Podendo ser in-
tegralizado em espécie, bens e serviços. Caso a integralização seja
em serviço, aquele que integraliza não pode exercer atividade em

240
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Já em relação ao falecimento de um sócio, a regra geral é que A quota social, parcela do capital social é patrimônio pessoal
se proceda à liquidação de sua quota, apurando os valores devidos do sócio, que dela pode fazer uso, podendo empenhá-la, mas se
a ele para o pagamento dos direitos dos herdeiros e do cônjuge isto ocorrer, tal quota somente terá liquidez com a dissolução da
sobrevivente. sociedade.
Mas, há a possibilidade do contrato estipular, nesta situação, Mas caso a sociedade não estiver dissolvida, as quotas sociais
uma solução divergente e com isto prevalecerá o contrato. Os só- não poderão ser liquidadas para o pagamento de dívidas particula-
cios podem, também, estipular mediante acordo com os herdeiros res do sócio, pois isto alteraria a estrutura da sociedade em nome
a substituição do sócio falecido. Ficando, portanto desnecessária a coletivo.
liquidação das quotas do sócio falecido. Se a sociedade for por prazo indeterminado, o credor particular
Outra possibilidade é em que os sócios restantes não tenham inte- de seu sócio não poderá pretender a liquidação de sua quota, se a
resse na continuidade da sociedade. Nesta situação não haverá a liqui- mesma não tiver sido dissolvida, ou então se estiver em dissolução,
dação da quota do falecido, mas a completa dissolução da sociedade. isto porque há a responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios pe-
Pode um sócio, por sua vontade, se retirar da sociedade, sendo las dívidas sociais e ante o fato de ser essa sociedade, como já vimos,
este um direito seu denominado direito de recesso. Mas para isto intuitu personae, pois um terceiro não pode nela ingressar, substi-
deve ser observado um requisito obrigatório, que é o prazo de dura- tuindo o sócio, neste caso, devedor executado, que se retirou, e, além
ção da sociedade. Caso a sociedade seja por prazo indeterminado, o disso, a liquidação de sua quota pelo credor particular reduziria o ca-
sócio poderá se retirar após notificação aos demais sócios com pelo pital social, prejudicando a sociedade e os sócios remanescentes.
menos 60 dias de antecedência. Já, se a sociedade for por tempo A Sociedade em Nome Coletivo, sendo simples, será dissolvida
determinado, o exercício do direito de recesso somente poderá ser de pleno direito, conforme o dispositivo legal, nos seguintes casos:
exercido após a comprovação judicial de justa causa. - consenso unânime dos sócios.
A última possibilidade de dissolução da sociedade é aquela que - deliberação da maioria absoluta dos sócios.
confere aos sócios o poder de excluir um sócio por falta grave no - falta de pluralidade de sócios.
desempenho de suas funções ou incapacidade superveniente. - cassação de autorização para funcionamento.
- falência.
A Sociedade em Nome Coletivo poderá ser adotada tanto na
sociedade simples como na empresária, de conformidade com o Se um dos sócios falecer e se o contrato social nada dispuser
objetivo social que poderá ser uma atividade não empresarial ou a respeito, terá a liquidação total das quotas do falecido e os seus
empresarial. herdeiros somente ingressarão no quadro societário se houver al-
É uma sociedade de pessoas (intuitu personae) voltada à con- guma cláusula expressa a respeito.
secução de atividade econômica na qual todos os sócios, pessoas A definição deste tipo societário é uma sociedade de pesso-
naturais (empresária ou não), responderão solidária e ilimitada- as para o exercício de atividade empresarial, ou não, obrigando-se
mente pelas obrigações sociais, perante terceiros. Por ser socieda- umas (comanditadas), por serem empreendedoras, como sócias
de de pessoas, a cessão da quota social de um sócio somente será solidárias e ilimitadamente responsáveis pelos débitos sociais e ou-
possível com a anuência dos demais. tras (comanditárias), meras prestadoras de capital, como limitada-
Por esta conceituação inferem-se seus dois caracteres funda-
mente responsáveis pelas suas contribuições no capital social.
mentais:
Ocorrerá a Sociedade em Comandita Simples se o capital co-
1) Composição do quadro societário unicamente por pessoas
manditado for representado por quota declarada no contrato so-
naturais.
cial, e se houver duas categorias de sócios, nele discriminadas:
2) Responsabilidade solidária e ilimitada de todos os sócios,
- os comanditados, pessoas naturais, que, por participarem da
cujos bens particulares poderão ser executados por débitos sociais,
administração da sociedade, são responsáveis solidária e ilimitada-
após a execução dos bens sociais.
mente pelas obrigações sociais e
A constituição de uma Sociedade em Nome Coletivo se dá por - os comanditários, pessoas naturais ou jurídicas, obrigados pe-
via contratual, instrumento público ou particular, contendo: los fundos com que entraram para a sociedade, pelo valor de sua
- cláusulas firmadas pelos sócios; quota no capital social subscrito.
- indicação: da firma social constituída pelo nome de todos ou É também característica desta sociedade que a firma social
de um ou alguns, seguindo a expressão “& Companhia” ou “& Cia”; constituída seja pelo nome dos sócios comanditados ou de um de-
- qualificação dos sócios; les, seguido de “& Cia” e também pode ser uma sociedade simples
- objeto social, sede, prazo de duração, capital social, contribui- ou empresária.
ção de cada sócio; Em relação a sua administração, é competência dos sócios co-
- subsidiariedade ou não de sua responsabilidade pelas obriga- manditados ou dentre eles aquele designado no contrato social.
ções sociais; Caso o contrato nada dispor, todos os sócios comanditados, em
- participação nos lucros e perdas; iguais condições, serão gerentes, terão o controle imediato da so-
- designação de gerente. ciedade e poderão usar a firma social.
É vedado ao comanditário praticar ato de gestão; ter seu nome
A administração é de competência dos sócios, pois se não hou- na firma social e receber lucro que, futuramente, for apurado, se o
ver indicação de qual deles será o sócio administrador, todos ou capital social sofrer diminuição para absorver perdas supervenien-
qualquer deles poderá exercer tal função, para isso é necessário tes, antes de ter sido reintegralizado aquele capital.
que se faça uso da firma dentro dos limites do contrato social, sob Caso haja a redução do capital social, os lucros apenas pode-
pena de responder pelas perdas e danos. Se algum sócio utilizar rão ser entregues aos comanditários depois do restabelecimento
indevidamente a firma social, responderá, individualmente, pelas do capital social original. Havendo diminuição do capital em virtude
perdas e danos. de perdas supervenientes, não se deverá proceder à distribuição de
Todos os sócios, em regra, terão igualdade na possibilidade da lucros, sob pena de restituição, a não ser que haja recomposição ou
administração da sociedade, neste caso não se leva em considera- reintegralização daquele capita reduzido.
ção o tamanho da sua participação no capital social.

241
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
São direitos dos sócios comanditários: A doutrina conceitua tal sociedade como: sociedade contratual
- participar das deliberações sociais. formada por duas ou mais pessoas, com o escopo de obter lucro,
- fiscalizar as operações sociais efetivas pelos comanditados. em que cada sócio responde perante ela pelo valor de sua quota-
- ser constituído procurador da sociedade com poderes espe- -parte e todos assumem relativamente a terceiros, subsidiariamen-
ciais para efetivar certos negócios. te, uma responsabilidade solidária, mas limitada ao total do capital
- perceber lucros recebidos de boa fé, conforme balanço efe- social.
tuado.
- receber, como compensação de prejuízo acumulado, lucros São características da Sociedade Limitada:
futuros determinados pelo balanço patrimonial depois da reposi- - limitação da responsabilidade.
ção do capital social afetado. - representação da participação dos sócios por meio de quotas.
- divisão do capital social em quotas iguais e desiguais.
Poderá ocorrer redução do capital social e diminuição propor- - solidariedade pela integralização do capital.
cional das quotas do comanditário. - indivisibilidade da quota em relação à sociedade.
Por o contrato social discriminar os sócios comanditados e co- - livre formação do capital social.
manditários e o total dos fundos colocados em comandita, mesmo - uso de firma ou denominação social.
que os comanditários têm apenas uma discreta posição de simples - deliberação dos sócios pela maioria de votos, conforme o va-
prestadores de capital, não aparecendo perante terceiros, nem lor das quotas.
mesmo praticando qualquer ato de gestão, em havendo a diminui- - exclusão de sócio faltoso pela maioria do capital.
ção de sua quota, em razão de dedução de capital social, sem preju-
ízo dos credores pré existentes, a sua modificação (contrato) deverá A sua natureza jurídica é sui generis por ser uma sociedade
ser necessária e, somente depois de averbada, no Registro Público contratual com caráter predominantemente personalista, mas hí-
de Empresas Mercantis (se for empresária), ou então no Registro brido, pois em sua estrutura orgânica rege-se por normas de caráter
Civil de Pessoas Jurídicas (simples), terá eficácia erga omnes, visto capitalista, e, nas suas relações com os sócios e nas relações dos
que sua responsabilidade pelo passivo da sociedade está limitada à sócios entre si, pelas de cunho personalista.
sua contribuição ao capital social. A constituição do contrato social é plurileteral, realizado por
Em morrendo o sócio comanditário ou então o sócio comandi- instrumento público ou particular, levando a assento (simples) no
tado, a sociedade continua com herdeiros do comanditário falecido, Registro Civil de Pessoas Jurídicas, e se for empresária, será no Re-
que assumirão sua quota social, direitos e deveres. Mas, se o óbito gistro Público de Pessoas Mercantis.
for do comanditado, ter-se-á a liquidação da sua quota. Em relação ao conteúdo do contrato social, podemos afirmar
que há questões obrigatórias, que estão elencadas no artigo 997 CC
Em relação à dissolução e em caso de nomeação de adminis- e facultativas, que são cláusulas que atendam a seus interesses ao
trador provisório, se se tratar de sociedade simples, a dissolução disciplinar a organização e o funcionamento social, relativas às reu-
da sociedade em comandita simples será de pleno iure, mas se a niões dos sócios; à regência supletiva da sociedade pelas normas
sociedade for empresária, a dissolução também será pela declara- da sociedade anônima; às consequências de morte de sócio; à au-
ção de falência. torização para que estranho administre a sociedade; à retirada ou
A dissolução de pleno iure se sara: exclusão de sócio por justa causa; à instituição do Conselho Fiscal; à
- vencimento do prazo de sua duração. retirada mensal de pro labore; à distribuição de encargos adminis-
- acordo unânime dos sócios. trativos; ao acordo de quotistas.
- deliberação, por maioria absoluta dos sócios, sendo seu prazo
indeterminado. Já quando for para modificar o contrato original, o teor do con-
trato modificativo será para alterar os seguintes assuntos:
- falta de pluralidade de sócios.
- aumento ou diminuição do capital social.
- cassação de autorização de funcionamento.
- alteração de sede.
- ausência de uma das categorias de sócios por mais de 180
- retirada ou exclusão de sócio.
dias.
- prorrogação de prazo de sua duração.
- falência.
- modificação da firma social.
- dissolução antecipada.
A Sociedade Limitada é no Brasil, a forma societária mais co-
-admissão de ingresso de novo sócio.
mum das sociedades simples e empresárias.
O sucesso desse tipo societário justifica-se, principalmente, em O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, caben-
razão de dois fatores: do uma ou diversas a cada sócio. E cada sócio responde solidaria-
1) Limitação da responsabilidade dos sócios quotistas ao mon- mente pela exata estimação de bens conferidos ao capital social, até
tante do capital social por ele subscrito e o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade. A quota é
2) Facilidade de constituição, sendo esta muito menos comple- indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência.
xa que a Sociedade Anônima. E por isso é vedada a contribuição que consista em prestação
de serviços.
O Código Civil de 2002 trouxe relevante inovação: a criação de Em relação ao condomínio de quota, os direitos a ela inerentes
dois subtipos desse tipo de sociedade. A sujeição a um ou outro somente podem ser exercidos pelo condômino representante, ou
subtipo depende do que estiver escrito no contrato social, isto é, do pelo inventariante do espólio de sócio falecido. E os condôminos de
que os sócios negociarem. Um subtipo é o do regime de regência quota indivisa respondem solidariamente pelas prestações neces-
supletiva da sociedade simples, quando no contrato social os sócios sárias à sua integralização.
se omitem ou escolhem que se apliquem as normas da sociedade
simples na supressão de suas lacunas; o outro subtipo é quando os
sócios escolhem, no contrato social, regerem as lacunas pelas nor-
mas da sociedade anônima.

242
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
A cessão da quota social ocorrerá através de um contrato, pelo conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos
qual o sócio cedente transfere, no todo ou em parte, sua quota a suplentes, sócios ou não, residentes no país, eleitos na assembleia
outro sócio o a terceiro (cessionário), que se sub-rogará nos seus geral anual.
direitos e obrigações. Para cedê-la a estranho deverá obter o con- Os sócios minoritários que representarem menos de 1/5 do ca-
senso de sócios que representem ¾ do capital social. pital social podem eleger um membro e suplente. Pode o contrato
A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, a par- instituir conselho fiscal e suplentes (três ou mais membros), sócios
tir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios ou não. Em relação às demonstrações financeiras, deverão ser ela-
anuentes. boradas pelo menos três, ao final de cada exercício social.
É permitida a aquisição das próprias quotas pela sociedade Uma vez fazendo parte do Conselho Fiscal, seus membros não
apesar da omissão do Código Civil, quando houver acordo de sócios podem pertencer aos demais órgãos da sociedade ou de outra so-
ou permissão do contrato social, desde que observe-se as condi- ciedade que seja por ela controlada, nem os empregados de quais-
ções estabelecidas na Lei das Sociedades por Ações. quer delas ou dos respectivos administradores, o cônjuge ou pa-
Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios
rentes destes até o terceiro grau; também é vedada a participação
podem tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primi-
daqueles que estão proibidos de comerciar.
tivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros
Esta figura está disposta no Código Civil, mas habitualmente é
da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.
rara devido o perfil habitual das sociedades limitadas brasileiras.
Em relação à reposição dos lucros, os sócios serão obrigados
à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer título, Os sócios deliberam sobre a sociedade limitada, simples ou
ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia empresária, em reunião ou em assembleia, conforme previsto no
se distribuírem com prejuízo do capital. contrato social, mas se o número de sócios for superior a dez, será
A quota social é um bem penhorável, uma vez que não integra obrigatório deliberar por meio de assembleia.
as relações de bens impenhoráveis. Desta forma é possível a sua pe- A sua frequência deverá ser ao menos uma vez por ano, nos
nhorabilidade, mesmo porque, em um sistema processual em que quatro meses seguintes ao término do exercício social, com o ob-
a execução é real e em que o patrimônio do devedor é a garantia jetivo de tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o
comum dos credores, somente a existência de regra expressa de balanço patrimonial e o de resultado econômico, sendo que os do-
exclusão permite afastar de determinados bens sua afetação à res- cumentos respectivos devem ser postos, por escrito, à disposição
ponsabilidade de seu titular na execução contra ele dirigida. dos sócios que não exerçam a administração até trinta dias antes
Atualmente a doutrina se divide: uma parte entende pela im- da data marcada para assembleia, o que se comprovará por escrito.
penhorabilidade e a outra pela possibilidade da penhora, indepen- Todos os sócios ficam vinculados, mesmo não estando presen-
dentemente da anuência dos demais sócios, se o contrato social te nas reuniões e assembleias às deliberações tomadas em confor-
permitir a cessão. midade com a lei e o contrato social, desde que não tenha havido
A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas falhas na convocação. Vinculam, até, os sócios que se abstiverem de
designadas no contrato social ou em ato separado. Sendo atribuída votar e aqueles que votaram em sentido diverso.
no contrato, a todos os sócios não se estende de pleno direito aos O exercício do direito de voto nas deliberações sociais, em
que posteriormente adquiram essa qualidade. reunião ou assembleia, faz-se sempre no interesse da sociedade,
O administrador pode ser sócio ou estranho (pessoa natural caracterizando voto abusivo aquele que sobrepõe os interesses in-
ou jurídica) havendo permissão contratual, e terá a função de ad- dividuais ao da coletividade social.
ministrar e representar ativa e passivamente a sociedade perante A dissolução da Sociedade Limitada poderá ser parcial o de ple-
terceiros. no iure.
A designação de administradores não sócios dependerá de Parcial dar-se por exclusão de sócio minoritário por vontade da
aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não esti- maioria do capital social, pela pratica de atos graves, mediante alte-
ver integralizado, e de 2/3 (dois terços), no mínimo, após a integrali- ração do contrato social feita em reunião ou assembleia.
zação. O administrador designado em ato separado investir-se-á no Já a dissolução de pleno iure segue os artigos 1033 e 1044 do
cargo mediante termo de posse no livro de atas da administração. CC e falência quando for à sociedade empresária.
Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes à designação,
esta se tornará sem efeito. Sociedade Anônima
Nos dez dias seguintes ao da investidura, deve o administra- Pessoa jurídica de direito privado, de natureza empresarial,
dor requerer seja averbada sua nomeação no registro competente, cujo capital está dividido em ações negociáveis de igual valor no-
mencionando o seu nome, nacionalidade, estado civil, residência, minal, quando assim emitidas, ou sem valor nominal, limitando-se
com exibição de documento de identidade, o ato e a data da nome- a responsabilidade dos subscritores e dos acionistas ao preço da
ação e o prazo de gestão. emissão das ações por elas subscritas ou adquiridas.
O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, As sociedades anônimas classificam-se em abertas e fechadas,
em qualquer tempo, do titular, ou pelo término do prazo se, fixado de acordo com a negociação de seus valores na Bolsa de Valores e
no contrato ou em ato separado, não houver recondução. no Mercado de Balcão.
A cessação do exercício do cargo de administrador deve ser São características desse tipo de sociedade:
averbada no registro competente, mediante requerimento apre- 1) Sociedade empresária e de capital.
sentado nos dez dias seguintes ao da ocorrência. A renúncia de 2) Constituição por subscrição pública ou particular.
administrador torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde o 3) Divisão do capital em ações nominativas (negociáveis e pe-
momento em que esta toma conhecimento da comunicação escrita nhoráveis) com ou sem valor nominal.
do renunciante; e, em relação a terceiros, após a averbação e pu- 4) Transferibilidade das ações sem alteração social.
blicação. 5) Existência de dois ou mais acionistas.
Já em relação ao Conselho Fiscal, este órgão é comum nas so- 6) Responsabilidade dos acionistas limitada pelo preço da
ciedades anônimas e é facultativo nas limitadas. Independentemen- emissão das ações subscritas ou adquiridas.
te de assembleia ou reunião dos sócios, pode o contrato instituir

243
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
7) Uso de denominação, acompanhada de locução “compa- - transferência da titularidade dos bens entregues para integra-
nhia” ou “sociedade anônima”. lização, total ou parcial, do capital social, com o assento da certidão
8) Tônus publicístico. dos atos constitutivos, passada pelo Registro Público de Empresas
Mercantis em que forem arquivadas, no registro competente.
A Sociedade anônima tem como objeto social o fim pretendi-
do pelos acionistas para a organização de uma atividade para sua O capital social deste tipo societário é fracionado em unidades
consecução. representadas por ações. Os seus sócios, por isso, são chamados de
A finalidade social é a obtenção do lucro, logo, seu objeto social acionistas, e eles respondem pelas obrigações sociais até o limite
(ramo de atividade econômica) visa auferir resultados econômicos. do que falta para a integralização das ações de que sejam titulares.
O nome empresarial é a denominação dada, ou seja, é o nome O capital social é parte da contribuição em dinheiro, bens (cor-
fantasia dou nome de seu fundador, indicando o objeto social, que póreos, incorpóreos, móveis ou imóveis) ou créditos, suscetíveis
é o ramo de atividade e a sigla S.A. ou Cia.. de avaliação monetária, com o qual os acionistas (subscritores), ao
integralizá-lo, forma o fundo necessário para o início da atividade
Para a constituição de uma Sociedade Anônima é preciso ob- social.
servar alguns requisitos e sua ordem. Podendo ser dividida da se-
guinte forma: A ação de uma sociedade anônima vale diferentemente de
- Contrato Social; acordo com os objetivos da avaliação.
- Observância de requisitos preliminares; - Valor nominal: o resultante da operação matemática de divi-
- Constituição sucessiva ou por subscrição pública; são do valor do capital social pelo número de ações é o valor nomi-
- Constituição simultânea ou por subscrição particular; nal. O estatuto da sociedade pode expressar este valor ou não; no
- Providências complementares; primeiro caso, ter-se-á ação com valor nominal, no segundo, ação
sem valor nominal.
Veremos detalhadamente uma a uma. - Valor patrimonial: o valor da participação do titular da ação
no patrimônio líquido da companhia. Resulta da operação matemá-
- Contrato Social: tica de divisão do patrimônio líquido pelo número de ações em que
Requer para a sua formação um contrato social plurilateral, se divide o capital social. É o valor devido ao acionista em caso de
oriundo de um projeto escrito que contém as diretivas do estatuto, liquidação da sociedade ou amortização da ação.
da observância do cumprimento de certos requisitos legais preli- - Valor de negociação: é o preço que o titular da ação consegue
minares, da constituição sucessiva ou por subscrição pública ou da obter na sua alienação. O valor pago pelo adquirente é definido por
constituição simultânea ou por subscrição particular e de providen- uma série de fatores econômicos.
cias complementares. - Valor econômico: é o calculado, por avaliadores de ativos,
através de técnicas específicas, e representa o montante que é ra-
- Observância de requisitos preliminares: cional pagar por uma ação, tendo em vista as perspectivas de renta-
- subscrição, pelo menos por 2 pessoas, de todas as ações em bilidade da companhia emissora.
que se divide o capital social fixado no estatuto. - Preço de emissão: é o preço pago por quem subscreve a ação,
- realização, como entrada, de 10% no mínimo do preço de à vista ou parcelado. É destinado a mensurar a contribuição que o
emissão das ações subscritas em dinheiro. acionista dá para o capital social da companhia, bem como o limite
- depósito, no Banco do Brasil S.A. ou em outro estabelecimen- de sua responsabilidade subsidiária.
to bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da
parte do capital realizado em dinheiro. Os títulos de emissão de uma sociedade anônima podem ser
classificados da seguinte forma, mas antes disso é importante con-
- Constituição sucessiva ou por subscrição pública: ceituá-lo como sendo valores mobiliários representativos de fra-
Se a sociedade for aberta poderá ser formada por subscrição ções ideais e negociáveis do capital social da sociedade emissora.
pública, caso em que o fundador fará, por meio da Bolsa de Valores - Valores Mobiliários
ou do mercado de balcão, um apelo ao público investidor para cap- São títulos de investimento que a sociedade anônima emite
tar recursos necessários. para obtenção dos recursos que necessita. Além da ação (valor mo-
São etapas a serem cumpridas: pedido prévio de registro de biliário representativo de unidade do capital social), a companhia
emissão na CVM; colocação das ações, emitidas pela sociedade em poderá emitir os seguintes principais valores imobiliários:
organização, junto aos investidores por intermédio de instituição
financeira (underwriter); convocação da assembleia geral da consti- → Debêntures:
tuição pelo fundador. São títulos representativos de um contrato de mútuo, em que
a companhia é a mutuaria e o debenturista o mutuante. Os titula-
- Constituição simultânea ou por subscrição particular: res de debêntures têm direito de crédito perante a companhia, de
É própria para sociedade fechada, embora a aberta dela possa acordo com a escritura de emissão. Tal instrumento estabelece se
fazer uso. Essa constituição se opera por deliberação dos subscrito- o crédito é monetariamente corrigido ou não, as garantias desfru-
res em assembleia geral ou por escritura pública, considerando-se tadas pelos debenturistas, as épocas de vencimento da obrigação e
fundadores todos os subscritores do capital, seus acionistas. demais requisitos determinados por lei.
Sempre que as debêntures forem distribuídas, ou admitidas no
- Providências complementares: mercado, à nomeação de agente fiduciário é obrigatória. Se isto não
- arquivamento do ato constitutivo no Registro Público de Em- ocorrer, será facultativa a sua intervenção. Pode exercer a função
presas Mercantis. de agente fiduciário dos debenturistas a pessoa física que preen-
- publicidade dos atos constitutivos e da certidão de arquiva- cher os requisitos que a lei estabelece para os administradores e a
mento, mediante publicação, feita pelos primeiros administradores, instituição financeira especialmente autorizada pelo Banco Central
em órgão oficial da sede da sociedade constituída. do Brasil.

244
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
As debêntures, em relação a garantia oferecida aos seus titula- Na primeira hipótese, trata-se de responsabilidade civil subje-
res, podem ser da seguinte forma: tiva.
- Com garantia real: um bem, pertencente ou não à companhia,
é onerado. Já na segunda, existem duas correntes acerca da natureza da
- Com garantia flutuante: confere aos debenturistas um privi- responsabilidade: uma entende que é o caso de responsabilidade
légio geral sobre o ativo da companhia, pelo qual terão preferência objetiva, pouco importando a culpa (minoritária). A majoritária en-
sobre os credores quirografários, em caso de falência da companhia tende que se trata de responsabilidade subjetiva, cabendo a inver-
emissora; são do ônus da prova. Cabe ao administrador provar que não houve
- Quirografária: cujo titular concorre com os demais credores violação.
sem garantia, na massa falida; Os prejuízos causados pelos administradores são suportados
- Subordinada ou subquirografária: o titular tem preferência pela companhia, tendo esta legitimidade para responsabilizá-los
apenas sobre os acionistas, em caso de falência da sociedade de- por não terem cumprido com seus deveres. A prévia deliberação
vedora. em Assembleia Geral é condição de procedibilidade da ação de res-
ponsabilização em face dos administradores.
→ Partes beneficiárias:
São títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao ca- Mas se Assembleia Geral decidir pela responsabilização do ad-
pital social, que dão aos seus titulares direito de crédito eventual, ministrador, este deverá ser substituído, devendo a ação ser pro-
consistente na participação nos lucros da companhia emissora. posta nos três meses seguintes. Passado este prazo sem que a ação
Dos lucros, não poderá ser destinado às partes beneficiárias seja proposta, qualquer dos acionistas que detenha pelo menos 5%
mais do que 10%. Esses títulos poderão ser alienados ou atribuí- do capital social poderá fazê-lo isoladamente como substituto pro-
dos. A atribuição, por sua vez, poderá ser onerosa, em pagamento a cessual.
prestação de serviços, ou gratuita.
As partes beneficiárias terão a duração estabelecida pelos esta- Os direitos dos acionistas estão divididos em 3 espécies:
tutos, não ultrapassando a 10 anos no caso de títulos de atribuição - Essenciais: participação nos lucros sociais e no acervo social,
gratuita, a não ser se emitidos em favor de sociedade ou fundação na hipótese de liquidação da companhia; fiscalização da gestão dos
beneficente de empregados da companhia, hipótese em que os es- negócios sociais; preferência para a subscrição de novas ações, par-
tatutos poderão fixar a duração do título livremente. tes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis
As partes beneficiárias podem conter, também, a cláusula de em ações e bônus de subscrição; retirada da sociedade nos casos
conversibilidade em ações, devendo, neste caso, ser constituída previstos em lei.
uma reserva especial para capitalização. - Especiais: os reservados aos titulares de ações preferenciais.
A alteração dos estatutos para modificar ou reduzir vantagens - Gerais: coletivos ou sociais: os que têm relação direta com
conferidas aos titulares das partes beneficiárias somente terá eficá- a existência da sociedade, sendo exercidos pelos acionistas, como
cia após sua aprovação, em assembleia, pela metade, no mínimo, membros do quadro societário, em razão de lei ou estatuto, em co-
dos titulares das partes beneficiárias. mum com os demais no interesse geral.
Já os deveres, podemos afirmar que o dever principal é o de
→ Bônus de subscrição: integralizar as ações subscritas. O acionista que não cumpre com
É título de crédito nominativo ou valor mobiliário, emitido pela esse dever será considerado remisso.
sociedade de capital autorizado, que confere ao seu titular direito Diante de um acionista remisso, a sociedade anônima tem 2
de preferência na subscrição de ações, havendo aumento do capital opções: poderá optar pela cobrança do valor a integralizar ou po-
social, que será exercido mediante apresentação do título à compa- derá alienar as ações do remisso na Bolsa de Valores em leilão es-
nhia e pagamento do preço de emissão das ações. pecial.
Essas opções são válidas para sociedade anônima aberta ou
→ Ações: fechada, e o que já foi integralizado pelo remisso será devolvido.
As ações são valores mobiliários representativos de frações É dever também, se responsabilizar não só pelos danos causa-
ideais e negociáveis do capital social da sociedade emissora, dando dos pelo exercício abusivo de seus direitos, como também, solida-
aos seus titulares um complexo de direitos e deveres. riamente, com os adquirentes, pelo prazo de 2 anos da transferên-
cia das ações, pela integralização total deles.
São modalidades de sociedades por ações:
- Companhia aberta, se os valores mobiliários de sua emissão Acordo de acionistas é o contrato realizado entre acionistas
puderem ser negociados em Bolsa de Valores ou mercado de bal- com o objetivo de estabilizar as relações na companhia, tendo por
cão, para captação de recursos junto ao público. finalidade a regulação do exercício dos direitos referentes às suas
- Companhia fechada, se não tiver autorização para lançar os ações, tanto no que ser refere ao voto como à negociabilidade des-
títulos de sua emissão no mercado de capitais, obtendo recursos tes. Podendo apresentar sob 3 modalidades: acordo de comando;
entre os próprios acionistas. acordo entre controladores e minoritários e acordo de defesa ou
- Pequena companhia, se, não sendo integrante de grupo de entre minoritários.
sociedades, tiver menos de 20 acionistas e patrimônio líquido infe- São órgãos sociais diretivos da Sociedade Anônima: assembleia
rior ao valor nominal de 20 mil TR. geral; conselho de administração; diretoria e conselho fiscal.

A lei das sociedades anônimas prevê que os administradores Demonstrações contábeis: apuradas no final do exercício so-
serão responsabilizados em duas situações: cial, para avaliar a situação patrimonial, econômica e financeira da
a) quando agirem com dolo ou culpa, ainda que dentro de suas companhia e os resultados positivo e negativo obtidos no empreen-
atribuições; dimento. São auditadas por empresa de auditoria contábil ou por
b) quando agirem com violação à Lei ou ao estatuto. auditor contábil. Abrangendo o balanço patrimonial; demonstração

245
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração do resultado do tação em assembleia geral. O tempo da administração é ilimitado,
exercício social; demonstração dos fluxos de caixa e do valor adi- podendo apenas ser destituído por deliberação de acionistas que
cionado. representem no mínimo dois terços do capital social.
A dissolução da Sociedade Anônima poderá ocorrer através de A destituição de diretor dá-se por deliberação de acionistas
3 formas: de pleno iure, por decisão judicial ou então por decisão de que representem 2/3 do capital social, havendo justa causa. Em
autoridade administrativa. havendo a destituição, o ex-diretor continuará, pelo prazo de dois
Já a sua liquidação poderá ser convencional ou judicial. E a sua anos, contado da data da destituição, responsável pelas obrigações
extinção será através do encerramento da liquidação, distribuindo- sociais assumidas durante sua gestão.
-se o patrimônio líquido ou então pela ocorrência de incorporação São atos vedados à assembleia geral sem anuência dos coman-
(uma sociedade incorporadora absorve outra sociedade, sendo que ditados: a mudança do objeto social, a prorrogação do prazo de du-
a incorporadora remanesce e as incorporadas se extinguem), fusão ração da sociedade, o aumento ou a redução do capital social e a
(duas ou mais sociedades se extinguem para que, da conjugação de criação ou emissão de debentures ou partes beneficiárias.
seus patrimônios, surja uma nova sociedade) e cisão (a sociedade
se subdivide total ou parcialmente, sendo que parcela de seu patri- Sociedade Cooperativa
mônio é vertida para outra ou outras sociedades pré-constituídas É um tipo de sociedade de pessoas, sem fins lucrativos, sem re-
ou constituídas para este fim), operando-se a transferência de todo ceita própria, regulada por lei especial e que se destina unicamente
o seu patrimônio a outra sociedade. à prestação direta de serviços aos associados. Em cujo âmbitoo co-
A Sociedade em Comandita Por Ações é um pouco usual, tem operado é ao mesmo tempo dono e usuário do“empreendimento”.
o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à Já o conceito legal de sociedade cooperativa encontra-se no
sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes e caput do art. 4º da Lei Federal Nº 5.764/71, complementado, na-
opera sob firma ou denominação. Seus sócios respondem pelo pre- turalmente, pelas características da sociedade. Tais características
ço da emissão das ações subscritasou adquiridas e, além disso, há encontram-se no texto do artigo 1.094 do Código Civil e nos incisos
responsabilidade subsidiária, solidária e ilimitada dos diretores (co- do art. 4º, mas para o momento trabalharemos no caput, pois é
manditados) pelas perdas sociais, podendo por isso, receber parti- ponto central deste artigo, uma vez que visamos analisar os termos
do conceito.
cipação nos lucros.
Art. 4º - As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma
A administração da Sociedade em Comandita por Ações é di-
e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falên-
versa da Sociedade Anônima, pois nesta a administração é eleita
cia, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-
por Assembleia Geral, ficando a eleição disponível para todos que
-se das demais sociedades pelas seguintes características.
compõe o quadro societário.
Diante do conceito legal temos os seguintes elementos:
Neste caso, existem duas espécies de sócios, os comanditários
1. Sociedade de pessoas;
e os comanditados. Os sócios comanditários exercem o papel de
2. Forma e natureza jurídica e forma jurídica própria;
administrador e gerenciam a sociedade, ficando responsável ilimi-
3. De natureza civil;
tadamente por todas as obrigações assumidas. Já os comanditados
4. Não sujeitas à falência;
são os acionistas que não fazem parte da administração, respon-
5. Objetivo fundamental (prestação de serviços);
dendo apenas pelo preço de emissão das ações.
Uma outra caraterística é a divisão do capital social, que neste
Assim explicamos que:
caso é por ações; a responsabilidade dos sócios é limitada ao valor
1. Sociedade de pessoas tem duas acepções. A primeira delas,
das ações para os comanditários e responsabilidade subsidiária, so-
a distingue das sociedades de capital. Nas sociedades de pessoas a
lidária e ilimitada pelas obrigações sociais para os comanditados.
característica da pessoa é imprescindível para a formação e consti-
Devido à responsabilidade ilimitada dos sócios diretores, a as-
sembleia geral da Sociedade em Comandita por Ações não pode, tuição da pessoa jurídica. Para tanto complementamos a ideia com
sem o consentimento deles: o conceito do art. 3º:
a) mudar o objeto essencial da sociedade; Art. 3º - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pes-
b) prorrogar o prazo de duração da sociedade; soas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou
c) aumentar ou diminuir o capital social; serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito
d) criar debêntures, ou partes beneficiárias. comum, sem objetivo de lucro.

Estabelece o art. 1.157, que a sociedade em que haja sócios de Desta forma a característica da pessoa (atividade econômica
responsabilidade ilimitada deve operar sob firma, na qual somente exercida) é aquela que permite que se contribua com bens ou ser-
os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar viços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito co-
ao nome de um deles a expressão “e companhia” ou sua abreviatu- mum.
ra, ou então a denominação social, seguida da locução “em coman- Outra acepção do termo “sociedade de pessoas” diz respeito
dita por ações”. ao emprego da “pessoa” como fundamento dos institutos da so-
Em relação à administração, os sócios comanditários exercem ciedade, por exemplo, o quórum de instalação e deliberação nas
o papel de administrador, ficando responsável por todas as obriga- assembleias é baseado no número de associados e não no capital.
ções da sociedade, inclusive em relação as suas responsabilidades A distribuição de resultados não é com base no capital e o próprio
a qual tratamos um pouco antes. Os comanditados são os acionis- conceito de “sobras” em diferenciação ao lucro das sociedades em-
tas que não fazem parte da administração, respondendo apenas presárias.
pelo preço de emissão das ações. Uma grande diferença entre as
sociedades anônimas e as comanditas por ações, em razão da ad- 2. Naturalmente que a forma e a natureza da sociedade coo-
ministração, encontra-se na forma de eleger o administrador, pois perativa é própria, não se confundindo com nenhum outro tipo de
na sociedade em comandita por ações não existe conselho admi- pessoa jurídica. Neste sentido, alguns estudiosos chegam a dizer
nistrativo, nem fiscal. Nesta a nomeação do administrador é feita que a cooperativa é um misto de associação (com a sua estrutu-
no ato constitutivo da sociedade, naquela é possível através da vo- ra societária simples) e de sociedade empresária (possibilidade de
crescimento econômico e complexidade de operações). Mas a prin-

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
cipal diferenciação é o papel do “proprietário” da sociedade, isto A liquidação de uma sociedade é uma das etapas a serem
é o cooperado, que difere de todos os cotistas ou acionistas. Na cumpridas legalmente para a extinção do negócio, sobretudo nos
cooperativa o sócio cooperado é ao mesmo tempo “dono da socie- aspectos contábil e patrimonial. Destaque-se em princípio, que a
dade” (possuidor de cotas-partes) usuário e fornecedor. sociedade uma vez constituída passa à condição de pessoa jurídica,
Ademais a legislação específica da cooperativa é aplicada para que por sua vez para ser extinta legalmente, deverá cumprir os pro-
resolução de suas questões, restando apenas e tão somente outros cedimentos de dissolução, concluindo com a liquidação e partilha
comandos se houver silêncio na Lei Nº 5.764/71. (e LC 130/2009 – do acervo patrimonial.
para o ramo crédito). A dissolução de uma sociedade, como uma das fases para a ex-
3. Entendemos que após o advento do Código Civil e a nova tinção da pessoa jurídica, ocorre em função dos mais variados mo-
classificação de sociedade simples e sociedade empresária este co- tivos, podendo advir da vontade dos seus membros, por imposição
mando deve ser lido no sentido de que a sociedade cooperativa não das circunstâncias de mercado, por determinação legal ou judicial.
é, de forma alguma, sociedade empresária e com ela não pode se Sob o ângulo legal, de acordo com o Código Civil a dissolução pode
confundir – leia-se que não se admite institutos que desconfigurem decorrer de uma das seguintes circunstâncias: vontade dos sócios;
esta característica. E aí vai um alerta para os estudiosos do coopera- término do prazo de sociedade por prazo determinado; em decor-
tivismo e os aplicadores da lei cooperativista, pois a nosso ver, estão rência de falência; falta de pluralidade de sócios - unipessoalidade;
vedadas práticas e normativos estatutários neste sentido. inexequilibidade do fim social ou exaustão do fim social; e extinção
4. Ainda tendo em vista a estrutura anterior ao Código Civil de da autorização de funcionamento.
2002, a cooperativa, por ser sociedade civil, e assim não é passível
de falência e sim liquidação. E aí vai uma crítica pessoal, pois ausen- Mais especificamente sobre a liquidação da sociedade, como já
te o instituto da Recuperação Judicial. afirmamos, essa é uma das fases indispensáveis à extinção do negó-
5. Temos, por fim, a característica principal, o objetivo primor- cio, porquanto, segundo o artigo 1.102 do código civil, dissolvida a
dial da cooperativa que liga o conceito do art. 4º, acentua o coman- sociedade e nomeado o liquidante, procede-se à sua liquidação, de
do do art. 3º que é exemplificado pelo art. 7º. conformidade com os preceitos estabelecidos nos artigos 1.102 a
Art. 7º - As cooperativas singulares se caracterizam pela presta- 1.112, ressalvado o disposto no ato constitutivo ou no instrumento
ção direta de serviços aos associados. da dissolução.
A cooperativa, nos dizeres de é a “longa manus” o ente que liga Essa liquidação deve ser comandada por uma pessoa especí-
o cooperado ao mercado. Só pratica atos pelo e para o cooperado, é fica, podendo ser vinculado à sociedade ou não. Segundo estabe-
sociedade auxiliar. Este é o entendimento de Paulo Roberto Stöberl lece o parágrafo único do artigo 1.102 do Código Civil, o liquidante
a respeito deste tema. que não seja administrador da sociedade, investir-se-á nas funções,
averbada a sua nomeação no registro próprio.
Consideram-se coligadas as sociedades que, em suas relações O liquidante, uma vez investido na função, deve desenvolver o
de capital, são controladas, filiadas, ou de simples participação, na trabalho com estrita observação da legislação, sobretudo no cum-
forma dos artigos seguintes. primento dos deveres previstos no artigo 1.103.
Destacamos ainda que de acordo com o parágrafo único do ar-
Controladora tigo 1.103, em todos os atos, documentos ou publicações, o liqui-
É controlada: dante empregará a firma ou denominação social sempre seguida
I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria da cláusula “em liquidação” e de sua assinatura individual, com a
dos votos nas deliberações dos quotistas ou da assembleia geral e o declaração de sua qualidade.
poder de eleger a maioria dos administradores; As obrigações e a responsabilidade do liquidante regem-se
II - a sociedade cujo controle, referido no item antecedente, pelos preceitos peculiares às dos administradores da sociedade li-
esteja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por quidanda. Portanto, a exemplo do administrador da sociedade, o
sociedades ou sociedades por esta já controladas. liquidante deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a
diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na ad-
Filiada ministração de seus próprios negócios.
Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra so- A representação da sociedade na fase de liquidação não mais
ciedade participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, pertence aos antigos administradores, mas ao liquidante nomea-
sem controlá-la. do, que a representará, praticando todos os atos necessários à sua
liquidação, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir, rece-
Simples Participação ber e dar quitação (artigo 1.105).
É de simples participação a sociedade de cujo capital outra so- Ressaltamos, porém, que o liquidante não dispõe de liberdade
ciedade possua menos de dez por cento do capital com direito de absoluta para a prática de seus atos porquanto de acordo com o pa-
voto. rágrafo único do artigo 1.105, sem estar expressamente autorizado
pelo contrato social, ou pelo voto da maioria dos sócios, não pode
Participação recíproca o liquidante gravar de ônus reais os móveis e imóveis, contrair em-
préstimos, salvo quando indispensáveis ao pagamento de obriga-
Salvo disposição especial de lei, a sociedade não pode partici-
ções inadiáveis, nem prosseguir, embora para facilitar a liquidação,
par de outra, que seja sua sócia, por montante superior, segundo o
na atividade social.
balanço, ao das próprias reservas, excluída a reserva legal.
Quanto à quitação dos débitos da sociedade, respeitados os di-
Aprovado o balanço em que se verifique ter sido excedido esse
reitos dos credores preferenciais, pagará o liquidante as dívidas so-
limite, a sociedade não poderá exercer o direito de voto correspon-
ciais proporcionalmente, sem distinção entre vencidas e vincendas,
dente às ações ou quotas em excesso, as quais devem ser alienadas
mas, em relação a estas, com desconto. Esta regra está posta no
nos cento e oitenta dias seguintes àquela aprovação.
artigo 1.106, que trás, entretanto no seu parágrafo, a faculdade do
liquidante, sob sua responsabilidade pessoal, pagar integralmente
as dívidas vencidas, desde que o ativo seja superior ao passivo.

247
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Estando pagos todos os credores, os sócios passam a ter mais A referida Lei não adotou o Princípio da Unicidade do Proces-
liberdade na partilha do acervo patrimonial, mesmo porque, estaria so de Insolvência Empresarial ou Falência, ao contrário, há agora 2
satisfeita a segurança dos credores. Neste sentido expressa o artigo processos especiais aplicáveis ao devedor empresário:
1.107 que os sócios podem resolver, por maioria de votos, antes de - Processo de Recuperação Judicial e
ultimada a liquidação, mas depois de pagos os credores, que o liqui- - Processo de Falência.
dante faça rateios por antecipação da partilha, à medida em que se
apurem os haveres sociais. Por meio de uma criação jurídica veio à lume um ente autôno-
As contas finais deverão ser encerradas e submetidas aos só- mo, ou ainda, um corpo artificial cujo objetivo precípuo é congregar
cios, providência esta a ser tomada pelo liquidante após concluído direitos e deveres distintos das pessoas de seus criadores.
o pagamento do passivo e respectiva partilha do haveres. Os sócios A sociedade empresarial possui personalidade jurídica própria
examinarão a prestação final das contas relativas à liquidação em e, portanto, capacidade e vontade distintas das de seus sócios, o
assembleia convocada pelo liquidante. que, consequentemente, implica em uma responsabilidade patri-
Finalizada a assembleia com aprovação das contas, encerra-se monial autônoma.
a liquidação, e a sociedade se extingue, ao ser averbada no registro A sociedade empresarial se forma pela manifestação de vonta-
próprio a ata da respectiva assembleia. Não concordando, o sócio de de duas ou mais pessoas que resolvem unir esforços para a re-
dissidente tem o prazo de trinta dias, a contar da publicação da ata, alização de um fim comum, qual seja, o exercício de uma atividade
devidamente averbada, para promover a ação que couber, de modo econômica, constituindo um organismo capaz de alcançar esse fim
a reverter eventuais irregularidades ou prejuízos que tenha sofrido almejado.
na liquidação e partilha dos haveres. Nesse sentido, afirma Francisco Amaral (2000, v. 1, p. 271-272)
Quanto à insatisfação do credor, uma vez encerrada a liquida- que “(...) sua razão de ser está na necessidade ou conveniência de
ção, o credor não satisfeito só terá direito a exigir dos sócios, indi- as pessoas singulares combinarem recursos de ordem pessoal ou
vidualmente, o pagamento do seu crédito, até o limite da soma por material para a realização de objetivos comuns, que transcendem
eles recebida em partilha, e a propor contra o liquidante, ação de as possibilidades de cada um dos interessados por ultrapassarem o
perdas e danos. limite moral da sua existência ou exigirem a prática de atividades
Sendo a liquidação procedida na esfera judicial, esta deverá ob- não exercitáveis por eles”.
servar as disposições da lei processual. A problemática em torno do tema em comento surge quando
Por fim, no curso de liquidação judicial, o juiz convocará, se ne- a personalidade jurídica societária acaba servindo para “camuflar”
cessário, reunião ou assembleia para deliberar sobre os interesses fraudes e abusos de direito. Nesses casos, os sócios, revestidos
da liquidação, e as presidirá, resolvendo sumariamente as questões dessa personalidade jurídica autônoma, contraem empréstimos,
suscitadas. Além do mais, as atas das assembleias serão, em cópia adquirem bens, visando, em verdade, ao aumento do patrimônio
autêntica, apensadas ao processo judicial (artigo 1.112 e parágra- pessoal em detrimento do da sociedade empresária.
fo). (http://www.fortesauditoria.com.br/) Em consequência dessa atuação fraudulenta, a probabilidade
de que não restem bens suficientes no patrimônio empresarial para
O doutrinador Waldo Fazzio Júnior ensina que essa crise advém a satisfação das obrigações empresariais é muito grande, ficando os
de situações como: iliquidez, insolvência, situação patrimonial de- credores com o prejuízo, e a sociedade empresária, via de regra, à
pendente de readequação. E esta crise acaba trazendo danos àque- beira da falência.
les que nele investiram seu capital, aos seus credores e à comunida- A figura da desconsideração da personalidade jurídica surge
de por gerar desemprego, desconfiança do mercado, diminuição de com o objetivo de coibir esse uso indevido da pessoa jurídica. Como
arrecadação de imposto, problemas de ordem econômica, incerte- afirma Tomazette (2012, p. 237), o dogma da separação patrimonial
za dos consumidores, entre outros. entre a pessoa jurídica e os seus membros não pode prevalecer se a
Quando a insolvência não for irreversível há a possibilidade, pessoa jurídica tiver seus propósitos desvirtuados.
através do instituto da recuperação judicial ou extrajudicial, ao A desconsideração da personalidade jurídica é uma forma de
empresário devedor, sem comprometer a segurança do mercado, readequar a pessoa ao fim a que ela foi criada, ou seja, é uma forma
a oportunidade de reestruturação financeira e administrativa da de limitar e coibir o uso indevido da pessoa jurídica. Note-se que
empresa, conducente ao fortalecimento de seu crédito e à possi- não se destrói a pessoa jurídica - que continua a existir, sendo des-
bilidade de satisfazer a seus credores evitando, com isso, que sua considerada apenas no caso concreto -, mas apenas se coíbe o des-
situação se agrave. vio da sua função, cabendo ao juiz limitar-se a “confinar a pessoa
jurídica à esfera que o Direito lhe destinou” (SERICK, 1958, p. 242).
Dentre as principais inovações trazidas por esta Lei está: Trata-se, por conseguinte, de medida excepcionalíssima, pois
- a eliminação da concordata suspensiva; a regra é que prevaleça a autonomia patrimonial, sendo a descon-
- a possibilidade de rápida realização do ativo com prioritaria- sideração, portanto, uma exceção! Nesse sentido é o Enunciado 07
mente em bloco; da Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal - CJF e do
- a exigência de um valor mínimo para que o credo requeira Centro de Estudos Jurídicos do CJF: “7 – Art. 50: só se aplica a des-
falência do devedor e consideração da personalidade jurídica quando houver a prática de
- a alteração da ordem de classificação dos créditos. ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que
nela hajam incorrido.”
Contudo, o maior avanço no campo da preservação da empre- Apenas quando um valor maior é colocado em jogo é que a
sa está elencado no art. 141, inciso II, que prevê a eliminação de personificação será desconsiderada. Segundo Kriger Filho (1995, p.
qualquer risco se sucessão tributária, previdenciária e trabalhista, 80): “Quando o interesse ameaçado é valorado pelo ordenamento
para o empresário ou grupo corporativo que adquirir o fundo de jurídico como mais desejável e menos sacrificável do que o interes-
comercio ou o estabelecimento comercial da empresa falida, e ain- se colimado através da personificação societária, abre-se a oportu-
da em partes. nidade para a desconsideração sob pena de alteração da escala de
valores”.

248
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
De acordo com Justen Filho (1987, p. 57), a desconsideração “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado
“é a ignorância, para casos concretos e sem retirar a validade do pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz
ato jurídico específico, dos efeitos da personificação jurídica valida- decidir, a requerimento da parte ou do Ministério Público quando
mente reconhecida a uma ou mais sociedades, a fim de evitar um lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determi-
resultado incompatível com a função da pessoa jurídica”. nadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particula-
Para Tomazette (2012, p. 239): “a desconsideração da perso- res dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
nalidade jurídica é a retirada episódica, momentânea e excepcional Com essa visão mais ampla do instituto, a teoria da desconsi-
da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, a fim de estender os deração da personalidade jurídica foi subdividida pela doutrina em
efeitos de suas obrigações à pessoa de seus titulares, sócios ou ad- “teoria maior” - a prevista no âmbito da legislação civil -, e “teoria
ministradores, com o fim de coibir o desvio da função jurídica, per- menor”, cristalizada no Código de Defesa do Consumidor e na Lei de
petrado por estes”. E consoante Fábio Ulhoa Coelho (1989, p. 92): Crimes Ambientais.
“O juiz pode decretar a suspensão episódica da eficácia do ato cons- De acordo com a teoria maior da desconsideração (que é a
titutivo da pessoa jurídica, se verificar que ela foi utilizada como regra geral no sistema jurídico brasileiro) não basta o descumpri-
instrumento para a realização de fraude ou de abuso de direito”. mento de uma obrigação por parte da pessoa jurídica, exige-se a
A “teoria da desconsideração da personalidade jurídica” é prova de insolvência, a demonstração de desvio de finalidade (teo-
conhecida internacionalmente como: Disregard of legal entity ou ria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão
disregard doctrine; Piercing the corporate veil (“levantando o véu patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). Caso contrário, se
da pessoa jurídica); Durchgriff der juristichen Person; Superamento estaria extinguindo uma das maiores criações do direito, a pessoa
della personalitá giuridica; ou ainda, Desestimación de la persona- jurídica, e desrespeitando-se o princípio basilar da autonomia pa-
lidad. trimonial.
O primeiro diploma brasileiro a adotar a teoria da desconside- Nesse sentido se pronunciou o extinto 1º Tribunal de Alçada Ci-
ração da personalidade jurídica foi o Código de Defesa do Consumi- vil de São Paulo: “(...) percalços econômico-financeiros da empresa,
dor (Lei 8.078/90) que, em seu art. 28, estabelece: “O juiz poderá tão comuns na atualidade, mesmo que decorrentes da incapacida-
desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em de administrativa de seus dirigentes, não se consubstanciam, por si
detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de po- sós, em comportamento ilícito e desvio de finalidade da entidade
der, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou jurídica. Do contrário, seria banir completamente o instituto da pes-
contrato social. soa jurídica?” (1º TACiv. SP. Ap. 507.880-6, 3ª C., J. 15.9.92., Rel. Juiz
A desconsideração também será efetivada quando houver Ferraz Nogueira, RT 690/103).
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da Por sua vez, a teoria menor da desconsideração “incide com
pessoa jurídica provocados por má administração.” O parágrafo 5º a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento
desse dispositivo ainda determina que: “Também poderá ser des- de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de
considerada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de finalidade ou de confusão patrimonial”, conforme já afirmou o STJ
alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados (Resp. 279.273/SP).
aos consumidores.” Nessa concepção, o risco empresarial normal às atividades eco-
Vale lembrar que críticas existiram a esse artigo no que diz res- nômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com
peito às hipóteses ensejadoras do superamento da autonomia da a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta,
pessoa jurídica. No que se refere ao abuso de direito, a referên- ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é,
cia legal é correta e se coaduna à teoria da desconsideração, no mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar condu-
entanto, não deveriam constar do texto legal as alusões feitas ao ta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da
excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos pessoa jurídica.
estatutos ou contrato social, falência, estado de insolvência e má De acordo com a teoria menor, se ignora totalmente a ideia de
administração. autonomia patrimonial das pessoas jurídicas. É importante frisar,
Frise-se que essas situações descritas pela lei já permitem a como o faz Tomazette (2012, p. 246), que o uso da pessoa jurídica
responsabilização direta do administrador ou do sócio por eventual foi e continua sendo um instrumento especial, para se incentivar
dano causado, sem a necessidade de desconsideração da persona- o exercício de atividades econômicas, logo, “não se pode simples-
lidade jurídica. mente ignorar essa autonomia, mesmo com todo o uso abusivo da
A próxima lei a ser promulgada e que cuidou do tema foi a Lei pessoa jurídica.”
Antitruste (Lei 8.884/94) que determinava em seu art. 18 (revogado A par da construção tradicional da desconsideração da perso-
posteriormente pelo art. 34 da Lei 12.529/2011: nalidade jurídica, adotou-se, outrossim, a possibilidade de aplica-
“A personalidade jurídica do responsável por infração da or- ção da desconsideração no sentido inverso.
dem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da par- A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracte-
te deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou riza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade,
ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. para, contrariamente ao que ocorre na desconsideração da perso-
A desconsideração também será efetivada quando houver fa- nalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio
lência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pes- social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações
soa jurídica, provocados por má administração.” do sócio controlador (Resp. 948.117/MS).
A Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) foi a seguinte na cro- Essa inversão da desconsideração da personalidade jurídica foi
nologia de cristalização legislativa do instituto, dispondo em seu art. idealizada para evitar que o devedor oculte seu patrimônio pessoal
4º: “Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua na pessoa jurídica, evitando, com isso, o acesso dos credores aos
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causa- seus bens. Os legitimados para propor a desconsideração da per-
dos à qualidade do meio ambiente”. sonalidade jurídica são os interessados e o Ministério Público, e os
E, por derradeiro, com a edição do Código Civil de 2002, a teo- efeitos da desconsideração são aplicáveis àquelas relações obriga-
ria da desconsideração passou a ser recepcionada no ordenamento cionais certas e determinadas que estejam envolvidas com o pedi-
jurídico brasileiro de forma mais abrangente, no seu artigo 50: do de desconsideração.

249
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
O Anteprojeto de Código de Processo Civil trouxe um capítulo Ressaltamos, porém, que o liquidante não dispõe de liberdade
próprio dedicado ao instituto da desconsideração. O artigo 62 traz absoluta para a prática de seus atos porquanto de acordo com o pa-
o seguinte texto: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, ca- rágrafo único do artigo 1.105, sem estar expressamente autorizado
racterizado na forma da lei, o juiz pode, em qualquer processo ou pelo contrato social, ou pelo voto da maioria dos sócios, não pode
procedimento, decidir, a requerimento da parte ou do Ministério o liquidante gravar de ônus reais os móveis e imóveis, contrair em-
Público, quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de préstimos, salvo quando indispensáveis ao pagamento de obriga-
certas e determinadas obrigações sejam estendidos aos bens parti- ções inadiáveis, nem prosseguir, embora para facilitar a liquidação,
culares dos administradores ou dos sócios da pessoa jurídica”. na atividade social.
A desconsideração da personalidade jurídica, como já afirmou- Quanto à quitação dos débitos da sociedade, respeitados os di-
-se, constitui instituto excepcional, porquanto o ordinário é a pre- reitos dos credores preferenciais, pagará o liquidante as dívidas so-
servação da personalidade jurídica e da responsabilidade civil da ciais proporcionalmente, sem distinção entre vencidas e vincendas,
sociedade que firmou o negócio jurídico. Portanto, a desconsidera- mas, em relação a estas, com desconto. Esta regra está posta no
ção da personalidade jurídica depende de procedimento incidental artigo 1.106, que trás, entretanto no seu parágrafo, a faculdade do
próprio, de caráter cognitivo, na qual deverá o credor demonstrar liquidante, sob sua responsabilidade pessoal, pagar integralmente
a presença do pressuposto fraudulento. Por Márcio Morena Pinto as dívidas vencidas, desde que o ativo seja superior ao passivo.
Estando pagos todos os credores, os sócios passam a ter mais
A liquidação de uma sociedade é uma das etapas a serem liberdade na partilha do acervo patrimonial, mesmo porque, esta-
cumpridas legalmente para a extinção do negócio, sobretudo nos ria satisfeita a segurança dos credores. Neste sentido expressa o
aspectos contábil e patrimonial. Destaque-se em princípio, que a artigo 1.107 que os sócios podem resolver, por maioria de votos,
sociedade uma vez constituída passa à condição de pessoa jurídica, antes de ultimada a liquidação, mas depois de pagos os credores,
que por sua vez para ser extinta legalmente, deverá cumprir os pro- que o liquidante faça rateios por antecipação da partilha, à medida
cedimentos de dissolução, concluindo com a liquidação e partilha em que se apurem os haveres sociais.
do acervo patrimonial.
A dissolução de uma sociedade, como uma das fases para a ex- As contas finais deverão ser encerradas e submetidas aos só-
tinção da pessoa jurídica, ocorre em função dos mais variados mo- cios, providência esta a ser tomada pelo liquidante após concluído
tivos, podendo advir da vontade dos seus membros, por imposição o pagamento do passivo e respectiva partilha do haveres. Os sócios
das circunstâncias de mercado, por determinação legal ou judicial. examinarão a prestação final das contas relativas à liquidação em
Sob o ângulo legal, de acordo com o Código Civil a dissolução pode assembleia convocada pelo liquidante.
decorrer de uma das seguintes circunstâncias: vontade dos sócios; Finalizada a assembleia com aprovação das contas, encerra-se
término do prazo de sociedade por prazo determinado; em decor- a liquidação, e a sociedade se extingue, ao ser averbada no registro
rência de falência; falta de pluralidade de sócios - unipessoalidade; próprio a ata da respectiva assembleia. Não concordando, o sócio
inexequilibidade do fim social ou exaustão do fim social; e extinção dissidente tem o prazo de trinta dias, a contar da publicação da
da autorização de funcionamento. ata, devidamente averbada, para promover a ação que couber, de
Mais especificamente sobre a liquidação da sociedade, como já modo a reverter eventuais irregularidades ou prejuízos que tenha
afirmamos, essa é uma das fases indispensáveis à extinção do negó- sofrido na liquidação e partilha dos haveres.
cio, porquanto, segundo o artigo 1.102 do código civil, dissolvida a Quanto à insatisfação do credor, uma vez encerrada a liquida-
sociedade e nomeado o liquidante, procede-se à sua liquidação, de ção, o credor não satisfeito só terá direito a exigir dos sócios, indi-
conformidade com os preceitos estabelecidos nos artigos 1.102 a vidualmente, o pagamento do seu crédito, até o limite da soma por
1.112, ressalvado o disposto no ato constitutivo ou no instrumento eles recebida em partilha, e a propor contra o liquidante, ação de
da dissolução. perdas e danos.
Essa liquidação deve ser comandada por uma pessoa especí- Sendo a liquidação procedida na esfera judicial, esta deverá
fica, podendo ser vinculado à sociedade ou não. Segundo estabe- observar as disposições da lei processual.
lece o parágrafo único do artigo 1.102 do Código Civil, o liquidante Por fim, no curso de liquidação judicial, o juiz convocará, se ne-
que não seja administrador da sociedade, investir-se-á nas funções, cessário, reunião ou assembleia para deliberar sobre os interesses
averbada a sua nomeação no registro próprio. da liquidação, e as presidirá, resolvendo sumariamente as questões
O liquidante, uma vez investido na função, deve desenvolver o suscitadas. Além do mais, as atas das assembleias serão, em cópia
trabalho com estrita observação da legislação, sobretudo no cum- autêntica, apensadas ao processo judicial (artigo 1.112 e parágra-
primento dos deveres previstos no artigo 1.103. fo). (http://www.fortesauditoria.com.br/)
Destacamos ainda que de acordo com o parágrafo único do Transformação é a operação pela qual a legislação societária
artigo 1.103, em todos os atos, documentos ou publicações, o liqui- permite que a sociedade mude, altere ou modifique o seu tipo so-
dante empregará a firma ou denominação social sempre seguida cietário.
da cláusula “em liquidação” e de sua assinatura individual, com a Pode-se citar, como exemplo, que quando uma sociedade
declaração de sua qualidade. empresária (LTDA) transforma-se em sociedade anônima, os bens
As obrigações e a responsabilidade do liquidante regem-se serão absorvidos pela nova empresa, que assumirá também os di-
pelos preceitos peculiares às dos administradores da sociedade li- reitos e as obrigações da extinta.
quidanda. Portanto, a exemplo do administrador da sociedade, o A sociedade obedecerá a preceitos quanto à nova constitui-
liquidante deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a ção, exige consentimento unânime dos sócios ou acionistas não po-
diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na ad- dendo prejudicar em hipótese alguma os direitos de seus credores.
ministração de seus próprios negócios. O ato de transformação obedecerá sempre às formalidades
A representação da sociedade na fase de liquidação não mais legais à constituição e registro do novo tipo a ser adotado pela nova
pertence aos antigos administradores, mas ao liquidante nomeado, sociedade.
que a representará, praticando todos os atos necessários à sua li-
quidação, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir, rece-
ber e dar quitação (artigo 1.105).

250
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
O art. 220, § único da Lei 6.404/1976 diz: Já a Cisão é a operação pela qual a companhia transfere par-
Art. 220. A transformação e a operação pela qual a sociedade celas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituí-
passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo das para esse fim ou já existentes, extinguindo-se totalmente ou
para outro. parcialmente a companhia cindida, se houver versão de todo o seu
Parágrafo único. A transformação obedecerá aos preceitos que patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a cisão.
regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela so- Existem duas formas de cisão: total e parcial, no primeiro caso
ciedade. todo o patrimônio passa para outra empresa extinguindo-se a ou-
tra sociedade. No segundo caso, parte do patrimônio passa para
Para a transformação de uma sociedade empresária para uma outra empresa e a outra empresa subsiste reduzindo o seu capital.
sociedade anônima naquilo que a Lei 6.404/1976 não for o suficien- Tem-se utilizado a cisão muitas vezes como transferência de
te, pode-se recorrer do art. 1.113 ao art. 1.115 da Lei 10.406/2002. propriedade de bens imóveis sem o pagamento do imposto de
transmissão. Neste caso, a cindida fica somente com o imóvel, dis-
Incorporação empresarial é aquela em que uma empresa já tribuindo todos os demais bens, direitos e deveres para os sócios
existente absorve outra, ou quando ocorre a aquisição de uma ou sendo posteriormente vendida para outro sócio ou grupo de sócios,
mais empresas por outra, em que a incorporadora não perde a sua sem alteração do nome do proprietário do imóvel.
identidade. As que foram incorporadas deixam de existir. Estas novas empresas poderão adotar outra forma de tributa-
A empresa incorporadora continuará com a sua personali- ção diferente da empresa da qual resultaram, conforme estabelece
dade jurídica, absorvendo todo o patrimônio e dívidas existentes a legislação tributária.
da empresa incorporada, e esta última desaparece juridicamente, A Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais socie-
enquanto a empresa incorporadora realizará alteração contratual dades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os
com o aumento do capital social e do patrimônio. direitos e obrigações.
A incorporação pode ser operada entre sociedades personi- Na fusão, todas as sociedades fusionadas se extinguem para
ficadas de tipos jurídicos iguais ou entre tipos jurídicos diferentes. dar lugar à formação de nova sociedade com personalidade jurídica
Segundo Miranda: na incorporação e na fusão de sociedade distinta das que foram extintas.
há persistência do vínculo social, e a finalidade da lei, ao regulá-las, Esta nova sociedade que surge assumirá todas as obrigações
foi a de evitar solução de continuidade que abrisse abismo entre o ativas e passivas das sociedades fusionadas.
ontem e o hoje, e implica que se admitam na sociedade incorporan- Neste tipo de operação, ocorre a transmissão total do patri-
te ou fundente os acionistas ou sócios da incorporada ou fundida. mônio da empresa bem como a extinção da empresa fusionada.
(MIRANDA, 1983, p.66-77) A nova sociedade será composta pelos sócios e pelo patrimô-
Para realização do processo de incorporação é necessária a nio das empresas fusionadas.
aprovação da operação pela incorporada e pela incorporadora
através da reunião de sócios para as sociedades empresárias ou as- É crescente a presença de empresas estrangeiras instaladas e
sembleia geral dos acionistas para sociedade anônima. em funcionamento no território nacional. O Estado, então, enquan-
Quando existir bens, devem ser avaliados através de laudos to administrador, agente normativo e regulador da atividade eco-
técnicos por peritos especializados e aprovados por ambas as par- nômica, deve elaborar previsões legais no ordenamento jurídico
tes (incorporada e incorporadora). A lei não impede que os bens que possibilitem a regulamentação das empresas estrangeiras que
sejam incorporados pelo valor inferior ao de mercado. aqui forem desenvolver suas atividades, a fim de que as empresas
A incorporação somente será realizada entre sociedades que nacionais não sejam prejudicadas, tampouco aqueles com quem
tenham o patrimônio positivo, isto quer dizer que não há incorpo- elas estabeleçam relações comerciais. Da mesma maneira, existem
ração entre sociedades com o patrimônio negativo. sociedades constituídas no território nacional, que necessitam de
A incorporadora deverá providenciar o arquivamento e publi- autorização do Estado para exercerem suas atividades. A autoriza-
cação dos atos de incorporação no órgão competente assim como ção para funcionamento da empresa, uma vez obtida pelos inte-
declarar a extinção da pessoa jurídica incorporada. ressados, deverá ser utilizada dentro de um período razoável, con-
O caput do art. 227 e seus §§ da Lei 6.404/1976 define e deli- siderando que poderá tornar-se sem efeito. Sua efetiva utilização
mita as obrigações para as empresas na forma de sociedades anôni- deve ser concretizada no prazo legal e na falta de prazo estipulado
mas: em lei ou em ato do poder público, será considerada caduca se a
Art. 227. A incorporação e a operação pela qual uma ou mais sociedade não entrar em funcionamento nos doze meses seguintes
sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os à respectiva publicação do ato autorizador. Tendo a competência
direitos e obrigações. para sua concessão, ao Poder Executivo também lhe é facultado,
§ 1º. A assembleia geral da companhia incorporadora, se a qualquer tempo, cassar a autorização concedida à sociedade na-
aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumento de cional ou estrangeira que infringir disposição de ordem pública, ou
capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão contrarie o estabelecido em seu contrato social.
do seu patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão. Para o estudo desses tipos de sociedades, será feita a exposi-
§ 2º. A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar ção das normas constitucionais correlacionadas ao tema, a defini-
o protocolo da operação, autorizará seus administradores ção da sociedade estrangeira, comparada com a nacional, median-
a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a te os diversos critérios eleitos pela doutrina e a demonstração das
subscrição do aumento de capital da incorporadora. disposições legais pertinentes.
§ 3º. Aprovados pela assembleia geral da incorporadora o
laudo de avaliação e a incorporação, extingue-se incorporada, 1. SOCIEDADE NACIONAL
competindo à primeira promover o arquivamento e a publicação Estabelece o código que é nacional a sociedade organizada de
dos atos da incorporação. conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de
sua administração. Quando a lei exigir que todos ou alguns sócios
sejam brasileiros, as ações da sociedade anônima revestirão, no si-

251
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
lêncio da lei, a forma nominativa. Qualquer que seja o tipo da socie- no estatuto ou a de comprovação de capacidade de atendimento
dade, na sua sede ficará arquivada cópia autêntica do documento das condições econômicas, financeiras ou jurídicas especificadas
comprobatório da nacionalidade dos sócios. em lei.
Sobre a questão da alteração da nacionalidade, não haverá Nos casos em que o Poder Executivo não conceder a autoriza-
mudança de nacionalidade de sociedade brasileira sem o consen- ção desde logo, a sociedade, após expedido o decreto de autori-
timento unânime dos sócios ou acionistas. zação, tem de demonstrar o cumprimento das exigências (no con-
Em relação ao procedimento, o requerimento de autorização trato ou estatuto ou do atendimento das condições que o Poder
de sociedade nacional deve ser acompanhado de cópia do con- Executivo entendeu faltantes) em trinta dias no órgão oficial da
trato, assinada por todos os sócios, ou, tratando-se de sociedade União, cujo exemplar representará prova para inscrição, no registro
anônima, de cópia, autenticada pelos fundadores, dos documentos próprio, dos atos constitutivos da sociedade. Se a exigência não for
exigidos pela lei especial. cumprida nesses termos, não ocorrerá a autorização, e a sociedade
O código determina ainda que ao Poder Executivo é faculta- não se constitui. Por fim, a sociedade deve publicar o termo de ins-
do exigir que se procedam a alterações ou aditamento no contrato crição no prazo de trinta dias, no órgão oficial da União.
ou no estatuto, devendo os sócios, ou, tratando-se de sociedade Não havendo prazo estipulado em lei ou em ato do poder pú-
anônima, os fundadores, cumprir as formalidades legais para revi- blico, a autorização será considerada caduca se a sociedade não
são dos atos constitutivos, e juntar ao processo prova regular. entrar em funcionamento nos doze meses seguintes à respectiva
Cumpridas as formalidades legais, expedido o decreto de autori- publicação. Obtida a autorização do Poder Executivo e constituída
zação, cumprirá à sociedade publicar os atos referidos nos arts. 1.128 a sociedade, essa deverá proceder à inscrição de todos os seus atos
e 1.129, em trinta dias, no órgão oficial da União, cujo exemplar repre- constitutivos, nos termos do artigo 1.132, § 2º do Código Civil.
sentará prova para inscrição, no registro próprio, dos atos constituti-
vos da sociedade. A sociedade promoverá, também no órgão oficial 2. SOCIEDADE ESTRANGEIRA
da União e no prazo de trinta dias, a publicação do termo de inscrição. A sociedade estrangeira, qualquer que seja sua finalidade
A nacionalidade da sociedade está em conformidade com a lei ou tipo, que pretenda atuar no Brasil terá de ter autorização do
de sua constituição, não importando a nacionalidade individual dos governo federal, conforme preceitua o artigo 64 do Decreto-lei
membros que a compõem, quer se trate de sociedade de pessoas, 2.627/1940. O interessado deve ir ao Ministério ou agência esta-
quer de capitais. tal com competência para fiscalização da atividade a ser exercida a
Tendo claro então que a nacionalidade é um atributo da per- fim de obter a autorização do governo federal. Sendo empresária,
sonalidade da pessoa jurídica, urge ressaltar que no Brasil se ado- seu registro se dará no Registro Público das Empresas Mercantis,
tou a teoria da constituição para determinar que uma empresa seja operado pelas Juntas Comerciais, as quais deverão ter livro próprio
considerada nacional. De acordo com essa teoria, a nacionalidade para a inscrição das sociedades estrangeiras. Em não havendo ór-
brasileira será conferida à instituição que se organizar conforme o gão específico que possa determinar a autorização, o representan-
ordenamento jurídico pátrio, não importando a nacionalidade dos te da pretensa sociedade terá de processar o pedido de autorização
membros componentes, nem o controle financeiro. Essa escolha de funcionamento perante o DNRC (Departamento Nacional do Re-
possibilita que a empresa permaneça sem variações na nacionali- gistro do Comércio).
dade em razão de sub-rogação dos direitos dos membros, por ato O Código Civil vigente, nesse mesmo sentido, disciplina que a
entre vivos ou causa mortis. sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode
O Código Civil vigente, de 2002, dispõe no artigo 1.126, caput: funcionar no País sem autorização do Poder Executivo, ainda que
“É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei bra- por estabelecimentos subordinados.
sileira e que tenha no País a sede de sua administração”. Destarte, Para que venha pleitear autorização de funcionamento no Bra-
a empresa que for constituída no Brasil segundo as leis brasileiras e sil, deve requerer a respectiva autorização, juntando os seguintes
tenha no País a sede de sua administração será uma empresa nacio- documentos:
nal, em conformidade com a legislação mencionada. Assim, leciona I - prova de se achar a sociedade constituída conforme a lei de
Fábio Ulhoa Coelho, demonstrando que o direito brasileiro está em seu país;
consonância com os direitos italiano, português e espanhol no que II - inteiro teor do contrato ou do estatuto;
tange ao critério do local da constituição da empresa para definir a III - relação dos membros de todos os órgãos da administração
nacionalidade. da sociedade, com nome, nacionalidade, profissão, domicílio e, sal-
Com base nisso, foram delimitadas as bases gerais para as so- vo quanto a ações ao portador, o valor da participação de cada um
ciedades anônimas nacionais cuja constituição dependa da auto- no capital da sociedade;
rização do Poder Executivo federal, caso se pretenda formar seu IV - cópia do ato que autorizou o funcionamento no Brasil e
capital por via de subscrição pública. Para essas sociedades se cons- fixou o capital destinado às operações no território nacional;
tituírem é preciso o requerimento da autorização perante o Poder V - prova de nomeação do representante no Brasil, com pode-
Executivo, a qual deve ser acompanhada de cópia do contrato, res expressos para aceitar as condições exigidas para a autorização;
assinada por todos os sócios. Caso a pretensa sociedade nacional e VI - último balanço.
seja uma sociedade anônima, a autorização deve ser acompanhada
de cópia, autenticada pelos fundadores, dos documentos exigidos Destacamos ainda que os documentos serão autenticados, de
pela lei especial. Se, ainda a sociedade tiver sido constituída por conformidade com a lei nacional da sociedade requerente, legaliza-
escritura pública, bastará juntar-se a certidão ao requerimento a dos no consulado brasileiro da respectiva sede e acompanhados de
ser encaminhado ao Poder Executivo. tradução em vernáculo (língua portuguesa).
O Poder Executivo, por sua vez, poderá proceder nos seguintes Para a concessão da autorização, o Poder Executivo pode esta-
sentidos: poderá conceder desde logo, mediante decreto, a auto- belecer condições convenientes à defesa dos interesses nacionais.
rização ou poderá condicionar a expedição do decreto ao cumpri- Se as condições forem aceitas, expedirá o Poder Executivo decreto
mento das exigências que lhe impuser. Essas exigências poderão de autorização, do qual constará o montante de capital destinado
ser de duas ordens: a de alteração ou aditamento no contrato ou às operações no País, cabendo à sociedade promover a publicação
dos atos referidos no art. 1.131 e no § 1º do art. 1.134.

252
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Quanto à legalização para efeitos operacionais, a sociedade au- Requisitos Essenciais
torizada não pode iniciar sua atividade antes de inscrita no registro A Nota Promissória contém:
próprio do lugar em que se deva estabelecer. 1. Denominação “Nota Promissória” inserta no próprio texto
Ressaltamos que uma vez autorizada a funcionar no Brasil, fi- do título e expressa na língua empregada para a redação desse títu-
cará sujeita às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos ou lo. A nota promissória é uma promessa de pagamento e deve con-
operações praticados no nosso País, adotando no território nacio- ter estes requisitos essenciais, lançados, por extenso no contexto, a
nal o nome que tiver em seu País de origem, podendo acrescentar denominação de “Nota Promissória” ou termo correspondente, na
as palavras “do Brasil” ou “para o Brasil”. língua em que for emitida;
Por outro lado, a sociedade estrangeira autorizada a funcionar 2. A promessa pura e simples de pagar uma quantia determina-
é obrigada a ter, permanentemente, representante no Brasil, com da, promessa direta e incondicional de pagamento;
poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial 3. A época do pagamento. A Nota Promissória em que se não
pela sociedade. Além do mais, o representante somente pode agir indique a época do pagamento será considerada pagável à vista;
perante terceiros depois de arquivado e averbado o instrumento 4. A indicação do lugar em que se efetuar o pagamento;
de sua nomeação. 5. O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser
A lei determina também que qualquer modificação no contrato paga (promissário credor ou beneficiário);
ou no estatuto dependerá da aprovação do Poder Executivo, para 6. A indicação da data, a Nota Promissória em que se não in-
produzir efeitos no território nacional. dique a época do pagamento será considerada pagável à vista, em
A sociedade estrangeira se assim desejar, pode se tornar na- que e do lugar onde a Nota Promissória é passada. O título em que
cional, determinando o código que mediante autorização do Poder faltar algum dos requisitos indicados rio artigo anterior não produ-
Executivo, a sociedade estrangeira admitida a funcionar no País zirá efeito como Nota Promissória, salvo nos casos determinados
pode nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil. das alíneas seguintes. Na falta de indicação especial, o lugar onde o
Rubens Requião faz a ressalva de que sociedade estrangeira título foi passado considera-se como sendo o lugar do pagamento
não é sinônimo de sociedade multinacional. Para ele, a denomina- e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do subscritor da Nota Pro-
ção sociedade multinacional surgiu para designar as grandes em- missória. A Nota Promissória que não contenha indicação do lugar
presas, que atuam em muitos países e que têm poderio econômico onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designa-
maior que dos governos nacionais economicamente fracos, poden- do ao lado do nome do subscritor;
do interferir na política interna dessas nações. A sociedade multina- 7. A assinatura de quem passa a Nota Promissória (subscritor).
cional equivaleria à sociedade supranacional, para esse autor. (Por Os títulos cambiais e as duplicatas de fatura conterão, obrigatoria-
Michelle Aparecida Belli de Souza) mente, a identificação do devedor pelo número de sua cédula de
identidade, de inscrição no cadastro de pessoa física, do título elei-
toral ou da carteira profissional.
DOCUMENTOS COMERCIAIS E TÍTULOS DE CRÉDITO:
NOTA PROMISSÓRIA, DUPLICATA, FATURA TÍTULOS DE CRÉDITO

Os títulos de crédito são instrumentos que facilitam a Duplicata


circulação de riqueza materializada na cártula, com fundamento Documento emitido pelas empresas, em que o comprador se
no crédito. O crédito, por seu turno, pode ser definido como a declara conhecedor do débito através de sua assinatura.
junção da confiança (moral e jurídica) com o prazo conferido para
cumprimento da obrigação descrita no referido instrumento ou Características Gerais
cártula. a) diferencia-se dos outros títulos de credito estudados por ne-
Segundo o conceito clássico do italiano Cesare Vivante, “título cessitar de uma causa de natureza empresarial (se emitida por um
de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, empresário) ou civil (se emitida por um prestador de serviços não
literal e autônomo, nele mencionado”. Esse conceito doutrinário empresário) para sua emissão;
foi praticamente reproduzido pelo art. 887 do CC, senão veja-se: b) a causalidade afigura-se como um elemento essencial para
“título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito a existência e a validade da duplicata, sendo que o CP, em seu art.
literal e autônomo nele contido, mas que somente produz efeitos 172, prevê, inclusive, o crime de emissão de duplicata simulada
quando preenche os requisitos da lei”. (“Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda
à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço
Nota Promissória prestado”);
Promessa de pagamento de uma quantia em dinheiro, em dia c) caracteriza-se como uma ordem de pagamento emitida pelo
e local determinado. sacador (empresário ou prestador de serviços) contra o sacado
São características gerais da nota promissória: (obrigado cambiário), tendo por finalidade primordial assegurar a
a) a nota promissória, conforme exposto, e uma promessa de eficaz satisfação do direito de credito detido pelo sacador contra o
pagamento, ao passo que a letra de cambio e uma ordem de paga- sacado; a esse respeito observa Rubens Requião (Curso de direito
mento; comercial, v. 2, p. 549): “Poder-se-ia conceituar a duplicata comer-
b) em virtude do seu caráter de promessa unilateral, a nota cial como um titulo formal, circulante por meio de endosso, consti-
promissória não necessita de aceite por parte do devedor; tuindo um saque fundado sobre o credito proveniente de contrato
c) e um título abstrato, pois a sua emissão não exige uma causa de compra e venda mercantil.”
legal especifica, não necessitando, assim, trazer expresso o motivo d) é um titulo de credito formal, pois a forma e essencial para
que lhe deu origem; a sua validade;
d) no Brasil, a nota promissória somente pode ser emitida e) na contabilidade empresarial, a duplicata e considerada um
como titulo a ordem; recebível, comumente utilizada pelos empresários como garantia
para a obtenção de credito no mercado financeiro, sendo utilizada
em operações de desconto bancário, como se vera adiante;

253
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
f) no caso de perda ou extravio da duplicata, poderá ser emiti- Ela é separada em dois tipos de operação:
da uma triplicata, que e a segunda via da duplicata; - Entrada – Indica o “sentido” de entrada do documento, con-
g) Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma sequentemente dos produtos.
fatura. Nos casos de venda para pagamento em parcelas, poderá - Saída – Indica o “sentido” de saída do documento, conse-
ser emitida duplicata única, em que se discriminarão todas as quentemente dos produtos.
prestações e seus vencimentos, ou série de duplicatas, uma para
cada prestação distinguindo-se a numeração, pelo acréscimo de Outra característica da Nota Fiscal de Produto são suas finali-
letra do alfabeto, em sequência; dades que podem ser:
- Normal – É a finalidade que é utilizada para emissão das notas
A adoção do regime de vendas de Fatura e da Duplicata obriga por padrão.
o vendedor a ter e a escriturar o Livro de Registro de Duplicatas. - Complementar – É usado nos casos em que precisá-se corrigir
algum preço da operação ou prestação, como também mudanças
Requisitos Essenciais na quantidade de mercadoria.
No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma du- - NF-e Ajuste – Utilizada para fins de escriturais onde, a opera-
plicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida ção não envolve um produto ou mercadoria, mas sim escriturações.
qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o sa- - Devolução de Mercadoria – Está finalidade é usada quando é
que do vendedor pela importância faturada ao comprador. preciso devolver uma mercadoria ao fornecedor, sendo assim, anu-
lado a operação de compra.
A duplicata conterá:
a) A denominação “duplicata”, a data de sua emissão e o nú- Recomendamos que sempre entre em contato com seu conta-
mero de ordem; dor para saber qual finalidade você pode usar, pois existem regras
b) O número da fatura; claras para cada uma delas que nós não comentaremos neste ar-
c) A data certa do vencimento ou a declaração de ser a dupli- tigo.
cata à vista;
d) O nome e domicílio do vendedor e do comprador. Os títulos NFCe ou Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica
cambiais e as duplicatas de fatura conterão, obrigatoriamente, a Utilizado amplamente no comércio varejista e tem como um
identificação do devedor pelo número de sua cédula de identidade, dos objetivos substituir o Cupom Fiscal. Está nota é usada para
de inscrição no cadastro de pessoa física, do título eleitoral ou da comprovar a aquisição de bens e produtos.
carteira profissional; Algumas das suas características são:
e) A importância a pagar, em algarismos e por extenso; - Não obrigatoriedade do contribuinte informar o destinatário.
f) A praça de pagamento; - Possuir QR-Code para facilitar a pesquisa da nota no site da
g) A cláusula à ordem; SEFAZ
h) A declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obri- - Simplicidade, não necessita de Redução Z, Leitura X ou algum
gação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, tipo de lacre ou bloqueio na impressora.
cambial; - Utiliza impressora não fiscal.
i) A assinatura do emitente; - Contingência offline, que possibilita a impressão da DANFE
j) Data de emissão do título; mesmo sem o acesso a Sefaz ou internet. O documento deve ser
k) Número de ordem emitido assim que voltar a conexão com a Secretaria da Fazenda.
- Estrutura do XML é semelhante ao da NFe.
Fatura
É uma síntese da nota fiscal, que relata as mercadorias NFSe ou Nota Fiscal de Serviço Eletrônica
fornecidas ao comprador pelo vendedor. Numa fatura podem ser Está é a nota emitida pelas empresas de prestação de serviço
incluídas várias notas fiscais, globalizando o valer da venda de um para os municípios do país.
determinado período. Sua estrutura é bem diferente das outras duas notas que ci-
No Brasil usa-se também como documento fiscal, quando in- tamos anteriormente e as notas são autorizadas pelas prefeituras.
clui elementos da legislação fiscal, principalmente as do IPI-ICMS- Dessa forma, os municípios possuem autonomia para criar o seu
-ISSQN. Nesse caso o formulário denomina-se “nota fiscal/fatura”. próprio padrão de campos e obrigatoriedades.
Em geral, a fatura só é emitida para pagamentos ainda não efe- Sua principal característica é a obrigatoriedade de informar os da-
tuados (vendas a prazo ou contra-apresentação). Nela são discrimi- dos referentes ao serviço prestado e, nela o destinatário é tratado como
nados todos os itens comprados na operação, e por isso, a fatura tomador do serviço, pois é aquele que paga e contrata o prestador.6
também é usada como controle. Nesse caso assemelha-se a um
romaneio, que é um documento comercial.
Da fatura se extrai a duplicata, que é um título de crédito.
6 Fonte e adaptação de:
Nota Fiscal
www.sebrae.com.br/www.sustentabilidade.santander.com.br/www.bnb.gov.
Documento emitido pelos comerciantes industriais, produto-
br/www.meupositivo.com.br/www.portalfat.mte.gov.br/www.bb.com.br/www.
res para acompanhar mercadoria do vendedor ao comprador. É
direitoemsala.com/www.centraljuridica.com/www.unisanta.br/www.direi-
exigido pela Legislação tributária e fiscal.
tobrasil.adv.br/www.buscajus.com.br/www.bcb.gov.br/www.portaleducacao.
com.br/www.clubedovalor.com.br/www.verios.com.br/www.blog.rico.com.vc/
Tipos e Características
www.cetip.com.br/www.portalprudente.com.br/www.jkolb.com.br/www.brasil.
gov.br/www.topinvest.com.br/www.sebrae.com.br/www.ie.ufrj.br/www.mar-
NFe ou Nota Fiscal Eletrônica
celotoledo.com/www.blogcasadoestudante.blogspot.com.br/www.focusnfe.
Conhecida também como nota de produto, a NFe é uma das
com.br/Pronaf/Banco Central do Brasil/Moyses Simão Sznifer/Maria Bernarde-
notas mais utilizadas e a que possui maior parametrização da Sefaz.
te Miranda/Rita Valente/Robson Carlos/ João Pedro Wagner de Azevedo

254
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
IV - os critérios de apuração e de ressarcimento, pelo emiten-
CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO te ou por terceiro garantidor, das despesas de cobrança da dívida
e dos honorários advocatícios, judiciais ou extrajudiciais, sendo
Pode ser emitida por empresa ou pessoa física, tendo insti- que os honorários advocatícios extrajudiciais não poderão supe-
tuição bancária como contraparte. Entre as vantagens do ativo, rar o limite de dez por cento do valor total devido;
está o fato de ser um instrumento de crédito ágil, que pode ser V - quando for o caso, a modalidade de garantia da dívida, sua
emitido com ou sem garantia, real ou fidejussória. Outro benefício extensão e as hipóteses de substituição de tal garantia;
é a possibilidade de aquisição pelos fundos mútuos, fundações e VI - as obrigações a serem cumpridas pelo credor;
seguradoras. A remuneração da CCB pode ser por taxa prefixada, VII - a obrigação do credor de emitir extratos da conta-corren-
taxa flutuante (DI, Selic), Índice de Preços e Variação Cambial. te ou planilhas de cálculo da dívida, ou de seu saldo devedor, de
É possível criar um certificado representativo de um conjunto acordo com os critérios estabelecidos na própria Cédula de Crédi-
de cédulas (CCCB – Certificado de Cédulas de Crédito Bancário). to Bancário, observado o disposto no § 2o; e
Neste caso, a emissora assume as responsabilidades de depositá- VIII - outras condições de concessão do crédito, suas garantias
ria e mandatária do titular do certificado, cabendo-lhe promover ou liquidação, obrigações adicionais do emitente ou do terceiro
a cobrança das cédulas e entregar o produto da cobrança do seu garantidor da obrigação, desde que não contrariem as disposições
principal e encargos ao titular do certificado. desta Medida Provisória.
§ 2o Sempre que necessário, a apuração do valor exato da
MEDIDA PROVISÓRIA NO 1.925-15, DE 14 DE DEZEMBRO obrigação, ou de seu saldo devedor, representado pela Cédula de
DE 2000. Crédito Bancário, será feita pelo credor por meio de planilha de
cálculo ou dos extratos da conta-corrente, ou de ambos, docu-
Dispõe sobre a Cédula de Crédito Bancário. mentos esses que integrarão a Cédula, observado que:
I - os cálculos realizados deverão evidenciar de modo claro,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe preciso e de fácil entendimento e compreensão, o valor principal
confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provi- da dívida, seus encargos e despesas contratuais devidos, a parcela
sória, com força de lei: de juros e os critérios de sua incidência, a parcela de atualização
monetária ou cambial, a parcela correspondente a multas e de-
CAPÍTULO I mais penalidades contratuais, as despesas de cobrança e de ho-
DA CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO norários advocatícios devidos até a data do cálculo e, por fim, o
valor total da dívida; e
Art. 1o A Cédula de Crédito Bancário é título de crédito emiti- II - a Cédula de Crédito Bancário representativa de dívida
do, por pessoa física ou jurídica, em favor de instituição financeira oriunda de contrato de abertura de crédito bancário em conta-
ou de entidade a esta equiparada, representando promessa de -corrente será emitida pelo valor total do crédito posto à disposi-
pagamento em dinheiro, decorrente de operação de crédito, de ção do emitente, competindo ao credor, nos termos deste pará-
qualquer modalidade. grafo, discriminar nos extratos da conta-corrente ou nas planilhas
§ 1o A instituição credora deve integrar o Sistema Financeiro de cálculo, que serão anexados à Cédula, as parcelas utilizadas
Nacional, sendo admitida a emissão da Cédula de Crédito Bancá- do crédito aberto, os aumentos do limite do crédito inicialmente
rio em favor de instituição domiciliada no exterior, desde que a concedido, as eventuais amortizações da dívida e a incidência dos
obrigação esteja sujeita exclusivamente à lei e ao foro brasileiros. encargos nos vários períodos de utilização do crédito aberto.
§ 2o A Cédula de Crédito Bancário em favor de instituição do- Art. 4o A Cédula de Crédito Bancário deve conter os seguin-
miciliada no exterior poderá ser emitida em moeda estrangeira. tes requisitos essenciais:
Art. 2o A Cédula de Crédito Bancário poderá ser emitida, com I - a denominação “Cédula de Crédito Bancário”;
ou sem garantia, real ou fidejussória, cedularmente constituída. II - a promessa do emitente de pagar a dívida em dinheiro,
Parágrafo único. A garantia constituída será especificada na certa, líquida e exigível no seu vencimento ou, no caso de dívida
Cédula de Crédito Bancário, observadas as disposições do Capí- oriunda de contrato de abertura de crédito bancário, a promessa
tulo II desta Medida Provisória e, no que não forem com estas do emitente de pagar a dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível
conflitantes, as da legislação comum ou especial aplicável. correspondente ao crédito utilizado;
Art. 3o A Cédula de Crédito Bancário é título executivo extra- III - a data e o lugar do pagamento da dívida e, no caso de
judicial e representa dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível, pagamento parcelado, as datas e os valores de cada prestação, ou
seja pela soma nela indicada, seja pelo saldo devedor demons- os critérios para essa determinação;
trado em planilha de cálculo, ou nos extratos da conta-corrente, IV - o nome da instituição credora, podendo conter cláusula
elaborados conforme previsto no § 2o. à ordem;
§ 1o Na Cédula de Crédito Bancário poderão ser pactuados: V - a data e o lugar de sua emissão; e
I - os juros sobre a dívida, capitalizados ou não, os critérios de VI - a assinatura do emitente e, se for o caso, do terceiro ga-
sua incidência e, se for o caso, a periodicidade de sua capitaliza- rantidor da obrigação, ou de seus respectivos mandatários.
ção, bem como as despesas e os demais encargos decorrentes da § 1o A Cédula de Crédito Bancário poderá ser objeto de ces-
obrigação; são de acordo com as disposições de direito comum, caso em que
II - os critérios de atualização monetária, como permitido em o cessionário, mesmo não sendo instituição financeira ou entida-
lei, ou os critérios de atualização cambial da dívida, na forma do § de a ela equiparada, ficará sub-rogado em todos os direitos do
2o do art. 1o e nos demais casos permitidos em lei; cedente, podendo, inclusive, cobrar os juros e demais encargos na
III - os casos de ocorrência de mora e de incidência das multas forma pactuada na Cédula.
e penalidades contratuais, bem como as hipóteses de vencimento
antecipado da dívida;

255
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
§ 2o A Cédula de Crédito Bancário será emitida por escrito, § 2o Quando a garantia for prestada por pessoa jurídica, esta
em tantas vias quantas forem as partes que nela intervierem, as- indicará representantes para responder nos termos do parágrafo
sinadas pelo credor, pelo emitente e pelo terceiro garantidor, se anterior.
houver, ou por seus respectivos mandatários, devendo cada parte Art. 11. Para a eficácia, em face de terceiros, de garantia pig-
receber uma via. noratícia ou de alienação fiduciária, será suficiente, no caso de
§ 3o Somente a via do credor será negociável, devendo cons- veículos automotores de qualquer espécie, a averbação do ônus
tar nas demais vias a expressão “não negociável”. no respectivo órgão de trânsito, em que deve ser feito o registro
§ 4o A Cédula de Crédito Bancário pode ser aditada, retifica- para a aquisição ou transferência de direitos.
da e ratificada mediante documento escrito, datado, com os re- Art. 12. O credor poderá exigir que o bem constitutivo da
quisitos previstos no parágrafo anterior, passando esse documen- garantia seja coberto por seguro até a efetiva liquidação da obri-
to a integrar a Cédula para todos os fins. gação garantida, em que o credor será indicado como exclusivo
beneficiário da apólice securitária e estará autorizado a receber
CAPÍTULO II a indenização para liquidar ou amortizar a obrigação garantida.
DAS GARANTIAS CEDULARMENTE CONSTITUÍDAS Art. 13. Se o bem constitutivo da garantia for desapropriado,
ou se for danificado ou perecer por fato imputável a terceiro, o
Art. 5o A constituição de garantia da obrigação representada credor sub-rogar-se-á no direito à indenização devida pelo expro-
pela Cédula de Crédito Bancário é disciplinada por esta Medida priante ou pelo terceiro causador do dano, até o montante neces-
Provisória, sendo aplicáveis as disposições da legislação comum sário para liquidar ou amortizar a obrigação garantida.
ou especial que não forem com ela conflitantes. Art. 14. Nos casos previstos nos arts. 12 e 13 desta Medida
Art. 6o A garantia da Cédula de Crédito Bancário poderá ser Provisória, facultar-se-á ao credor exigir a substituição da garan-
fidejussória ou real, neste último caso constituída por bem pa- tia, ou o seu reforço, renunciando ao direito à percepção do valor
trimonial de qualquer espécie, disponível e alienável, móvel ou relativo à indenização.
imóvel, material ou imaterial, presente ou futuro, fungível ou in- Art. 15. O credor poderá exigir a substituição ou o reforço da
fungível, consumível ou não, cuja titularidade pertença ao próprio garantia, em caso de perda, deterioração ou diminuição de seu
emitente ou a terceiro garantidor da obrigação principal. valor.
Parágrafo único. O penhor de direitos constitui-se pela mera Parágrafo único. O credor notificará por escrito o emitente e,
notificação ao devedor do direito apenhado. se for o caso, o terceiro garantidor, para que substituam ou refor-
Art. 7o A constituição da garantia poderá ser feita na própria cem a garantia no prazo de quinze dias, sob pena de vencimento
Cédula de Crédito Bancário ou em documento separado, neste antecipado da dívida garantida.
caso fazendo-se, na Cédula, menção a tal circunstância.
Art. 8o O bem constitutivo da garantia deverá ser descrito e CAPÍTULO III
individualizado de modo que permita sua fácil identificação. DAS DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Parágrafo único. A descrição e individualização do bem cons-
titutivo da garantia poderá ser substituída pela remissão a docu- Art. 16. Nas operações de crédito rotativo, o limite de crédito
mento ou certidão expedida por entidade competente, que inte- concedido será recomposto, automaticamente e durante o prazo
grará a Cédula de Crédito Bancário para todos os fins. de vigência da Cédula de Crédito Bancário, sempre que o devedor,
Art. 9o A garantia da obrigação abrangerá, além do bem prin- não estando em mora ou inadimplente, amortizar ou liquidar a
cipal constitutivo da garantia, todos os seus acessórios, benfeito- dívida.
rias de qualquer espécie, valorizações a qualquer título, frutos e Art. 17. Para fins de lavratura de protesto, a Cédula de Cré-
qualquer bem vinculado ao bem principal por acessão física, inte- dito Bancário poderá ser encaminhada, por cópia, ao oficial do
lectual, industrial ou natural. cartório, desde que a instituição credora declare estar de posse da
§ 1o O credor poderá averbar, no órgão competente para o sua única via negociável e indique o valor pelo qual será protesta-
registro do bem constitutivo da garantia, a existência de qualquer da, inclusive no caso de protesto parcial.
outro bem por ela abrangido. Art. 18. A validade e eficácia da Cédula de Crédito Bancário
§ 2o Até a efetiva liquidação da obrigação garantida, os bens não dependem de registro, mas as garantias reais, por ela cons-
abrangidos pela garantia não poderão, sem prévia autorização tituídas, ficam sujeitas, para valer contra terceiros, aos registros
escrita do credor, ser alterados, retirados, deslocados ou destruí- ou averbações previstos na legislação aplicável, com as alterações
dos, nem poderão ter sua destinação modificada, exceto quando introduzidas por esta Medida Provisória.
a garantia for constituída por semoventes ou por veículos, auto- Art. 19. As instituições financeiras, quando autorizadas pelo
motores ou não, e a remoção ou o deslocamento desses bens for Banco Central do Brasil e nas condições estabelecidas pelo Conse-
inerente à atividade do emitente da Cédula de Crédito Bancário, lho Monetário Nacional, poderão emitir Certificados de Cédulas
ou do terceiro prestador da garantia. de Crédito Bancário - CCB com lastro efetivo em Cédulas de Cré-
Art. 10. Os bens constitutivos de garantia pignoratícia ou ob- dito Bancário mantidas em custódia, para negociar esses créditos
jeto de alienação fiduciária poderão, a critério do credor, perma- no mercado nacional ou internacional, com pessoas integrantes
necer sob a posse direta do emitente ou do terceiro prestador da ou não do Sistema Financeiro Nacional.
garantia, nos termos da cláusula de constituto possessório, caso § 1o As Cédulas de Crédito Bancário emitidas na forma pre-
em que as partes deverão especificar o local em que o bem será vista nesta Medida Provisória, que derem origem aos CCB, deve-
guardado e conservado até a efetiva liquidação da obrigação ga- rão permanecer custodiadas em instituição financeira autorizada
rantida. nos termos do caput, que fará a cobrança junto aos respectivos
§ 1o O emitente e, se for o caso, o terceiro prestador da ga- devedores.
rantia responderão solidariamente pela guarda e conservação do § 2o Os CCB poderão ser desdobrados ou reagrupados por
bem constitutivo da garantia. conveniência do emitente ou do adquirente.

256
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
§ 3o O capital ingressado, no caso de negociação em merca- Art. 22. Ficam convalidados os atos praticados com base na
do externo, será registrado no Banco Central do Brasil mediante Medida Provisória no 1.925-14, de 16 de novembro de 2000.
comprovação da efetiva negociação das divisas no País. Art. 23. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua
§ 4o Os CCB poderão ser emitidos sob a forma física ou escri- publicação.
tural e, em ambos os casos, registrados em arquivos magnéticos
organizados pelo emitente, dos quais constarão: LEI Nº 10.931, DE 2 DE AGOSTO DE 2004
I - o local e a data de emissão;
II - o nome do depositante das Cédulas de Crédito Bancário; Dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações
III - o nome da instituição financeira emitente; imobiliárias, Letra de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito
IV - a denominação “Certificado de Cédula de Crédito Bancá- Imobiliário, Cédula de Crédito Bancário, altera o Decreto-Lei nº
rio - CCB”; 911, de 1º de outubro de 1969, as Leis nº 4.591, de 16 de de-
V - a expressa indicação da respectiva cédula ou cédulas sob zembro de 1964, nº 4.728, de 14 de julho de 1965, e nº 10.406,
as quais tiver sido emitido, o valor de principal, os encargos con- de 10 de janeiro de 2002, e dá outras providências.
vencionados e a época de amortização, total ou parcial, e o ven-
cimento final; O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
VI - o nome dos emitentes devedores das Cédulas de Crédito Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Bancário; e
VII - o lugar e as datas de pagamento do resgate de principal
CAPÍTULO I
e dos encargos das Cédulas de Crédito Bancário.
DO REGIME ESPECIAL TRIBUTÁRIO
§ 5o O CCB poderá ser transferido mediante endosso ou ter-
DO PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO
mo de cessão, se escritural, devendo, em qualquer caso, a trans-
ferência ser datada e assinada pelo seu titular ou mandatário com
poderes especiais e averbada junto à instituição emitente, no pra- Art. 1º Fica instituído o regime especial de tributação aplicá-
zo máximo de dois dias. vel às incorporações imobiliárias, em caráter opcional e irretra-
§ 6o As despesas e os encargos decorrentes da transferência tável enquanto perdurarem direitos de crédito ou obrigações do
e averbação do CCB serão suportados pelo cessionário, salvo con- incorporador junto aos adquirentes dos imóveis que compõem
venção em contrário. a incorporação.
Art. 2º A opção pelo regime especial de tributação de que
CAPÍTULO IV trata o art. 1º será efetivada quando atendidos os seguintes re-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS quisitos:
I - entrega do termo de opção ao regime especial de tribu-
Art. 20. Aplica-se às Cédulas de Crédito Bancário, no que não tação na unidade competente da Secretaria da Receita Federal,
contrariar o disposto nesta Medida Provisória, a legislação cam- conforme regulamentação a ser estabelecida; e
bial, dispensado o protesto para garantir o direito de regresso II - afetação do terreno e das acessões objeto da incorpora-
contra endossantes, avalistas e terceiros garantidores. ção imobiliária, conforme disposto nos arts. 31-A a 31-E da Lei
Art. 21. Os títulos de crédito e direitos creditórios, represen- nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964.
tados sob a forma escritural ou física, que tenham sido objeto de Art. 3º O terreno e as acessões objeto da incorporação imo-
desconto, poderão ser admitidos a redesconto junto ao Banco biliária sujeitas ao regime especial de tributação, bem como os
Central do Brasil, observando-se as normas e instruções baixadas demais bens e direitos a ela vinculados, não responderão por
pelo Conselho Monetário Nacional. dívidas tributárias da incorporadora relativas ao Imposto de
§ 1o Os títulos de crédito e os direitos creditórios de que trata Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ, à Contribuição Social sobre
o caput considerar-se-ão transferidos, para fins de redesconto, à o Lucro Líquido - CSLL, à Contribuição para o Financiamento da
propriedade do Banco Central do Brasil, desde que inscritos em Seguridade Social - COFINS e à Contribuição para os Programas
termo de tradição eletrônico constante do Sistema de Informa- de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor
ções do Banco Central - SISBACEN, ou, ainda, no termo de tradição
Público - PIS/PASEP, exceto aquelas calculadas na forma do art.
previsto no § 1o do art. 5o do Decreto no 21.499, de 9 de junho de
4º sobre as receitas auferidas no âmbito da respectiva incorpo-
1932, com a redação dada pelo art. 1o do Decreto no 21.928, de
ração.
10 de outubro de 1932.
§ 2o Entendem-se inscritos nos termos de tradição referidos Parágrafo único. O patrimônio da incorporadora responderá
no parágrafo anterior os títulos de crédito e direitos creditórios pelas dívidas tributárias da incorporação afetada.
neles relacionados e descritos, observando-se os requisitos, os Art. 4º Para cada incorporação submetida ao regime espe-
critérios e as formas estabelecidas pelo Conselho Monetário Na- cial de tributação, a incorporadora ficará sujeita ao pagamen-
cional. to equivalente a 4% (quatro por cento) da receita mensal re-
§ 3o A inscrição produzirá os mesmos efeitos jurídicos do cebida, o qual corresponderá ao pagamento mensal unificado
endosso, somente se aperfeiçoando com o recebimento, pela ins- do seguinte imposto e contribuições: (Redação dada pela Lei nº
tituição financeira proponente do redesconto, de mensagem de 12.844, de 2013) (Produção de efeito)
aceitação do Banco Central do Brasil, ou, não sendo eletrônico o I - Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ;
termo de tradição, após a assinatura das partes. II - Contribuição para os Programas de Integração Social e de
§ 4o Os títulos de crédito e documentos representativos de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP;
direitos creditórios, inscritos nos termos de tradição, poderão, a III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; e
critério do Banco Central do Brasil, permanecer na posse direta da IV - Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
instituição financeira beneficiária do redesconto, que os guardará - COFINS.
e conservará em depósito, devendo proceder, como comissária
del credere, à sua cobrança judicial ou extrajudicial.

257
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
§ 1º Para fins do disposto no caput, considera-se receita Art. 8º Para fins de repartição de receita tributária e do dis-
mensal a totalidade das receitas auferidas pela incorporadora posto no § 2º do art. 4º , o percentual de 4% (quatro por cento)
na venda das unidades imobiliárias que compõem a incorpora- de que trata o caput do art. 4º será considerado: (Redação dada
ção, bem como as receitas financeiras e variações monetárias pela Lei nº 12.844, de 2013) (Produção de efeito)
decorrentes desta operação. I - 1,71% (um inteiro e setenta e um centésimos por cento)
§ 2º O pagamento dos tributos e contribuições na forma do como Cofins; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (Pro-
disposto no caput deste artigo será considerado definitivo, não dução de efeito)
gerando, em qualquer hipótese, direito à restituição ou à com- II - 0,37% (trinta e sete centésimos por cento) como Contri-
pensação com o que for apurado pela incorporadora. (Redação buição para o PIS/Pasep; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de
dada pela Lei nº 11.196, de 2005) 2013) (Produção de efeito)
§ 3º As receitas, custos e despesas próprios da incorpora- III - 1,26% (um inteiro e vinte e seis centésimos por cento)
ção sujeita a tributação na forma deste artigo não deverão ser como IRPJ; e (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (Pro-
computados na apuração das bases de cálculo dos tributos e dução de efeito)
contribuições de que trata o caput deste artigo devidos pela in- IV - 0,66% (sessenta e seis centésimos por cento) como CSLL.
corporadora em virtude de suas outras atividades empresariais, (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (Produção de efeito)
inclusive incorporações não afetadas. (Redação dada pela Lei nº Parágrafo único. O percentual de 1% (um por cento) de que
11.196, de 2005) trata o § 6º do art. 4º será considerado para os fins do caput :
§ 4º Para fins do disposto no § 3º deste artigo, os custos e (Incluído pela Lei nº 12.024, de 2009)
despesas indiretos pagos pela incorporadora no mês serão apro- I - 0,44% (quarenta e quatro centésimos por cento) como
priados a cada incorporação na mesma proporção representa- Cofins; (Incluído pela Lei nº 12.024, de 2009)
da pelos custos diretos próprios da incorporação, em relação II - 0,09% (nove centésimos por cento) como Contribuição
ao custo direto total da incorporadora, assim entendido como para o PIS/Pasep; (Incluído pela Lei nº 12.024, de 2009)
a soma de todos os custos diretos de todas as incorporações e III - 0,31% (trinta e um centésimos por cento) como IRPJ; e
o de outras atividades exercidas pela incorporadora. (Redação (Incluído pela Lei nº 12.024, de 2009)
dada pela Lei nº 11.196, de 2005) IV - 0,16% (dezesseis centésimos por cento) como CSLL. (In-
§ 5º A opção pelo regime especial de tributação obriga o cluído pela Lei nº 12.024, de 2009)
contribuinte a fazer o recolhimento dos tributos, na forma do Art. 9º Perde eficácia a deliberação pela continuação da
caput deste artigo, a partir do mês da opção. (Incluído pela Lei obra a que se refere o § 1º do art. 31-F da Lei nº 4.591, de 1964,
nº 11.196, de 2005) bem como os efeitos do regime de afetação instituídos por esta
§ 6º Para os projetos de incorporação de imóveis residen- Lei, caso não se verifique o pagamento das obrigações tribu-
ciais de interesse social cuja construção tenha sido iniciada ou tárias, previdenciárias e trabalhistas, vinculadas ao respectivo
contratada a partir de 31 de março de 2009, o percentual cor- patrimônio de afetação, cujos fatos geradores tenham ocorrido
respondente ao pagamento unificado dos tributos de que trata até a data da decretação da falência, ou insolvência do incorpo-
o caput deste artigo será equivalente a 1% (um por cento) da re- rador, as quais deverão ser pagas pelos adquirentes em até um
ceita mensal recebida, desde que, até 31 de dezembro de 2018, ano daquela deliberação, ou até a data da concessão do habite-
a incorporação tenha sido registrada no cartório de imóveis -se, se esta ocorrer em prazo inferior.
competente ou tenha sido assinado o contrato de construção. Art. 10. O disposto no art. 76 da Medida Provisória nº 2.158-
(Redação dada pela Lei nº 13.970, de 2019) 35, de 24 de agosto de 2001, não se aplica ao patrimônio de afe-
§ 7º Para efeito do disposto no § 6º , consideram-se proje- tação de incorporações imobiliárias definido pela Lei nº 4.591,
tos de incorporação de imóveis de interesse social os destina- de 1964.
dos à construção de unidades residenciais de valor de até R$ Art. 11-A. O regime especial de tributação previsto nesta Lei
100.000,00 (cem mil reais) no âmbito do Programa Minha Casa, será aplicado até o recebimento integral do valor das vendas de
Minha Vida, de que trata a Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009. todas as unidades que compõem o memorial de incorporação
(Redação dada pela Lei nº 12.767, de 2012) registrado no cartório de imóveis competente, independente-
§ 8º As condições para utilização do benefício de que tra- mente da data de sua comercialização, e, no caso de contratos
ta o § 6º serão definidas em regulamento. (Incluído pela Lei nº de construção, até o recebimento integral do valor do respecti-
12.024, de 2009) vo contrato.(Incluído pela Lei nº 13.970, de 2019)
Art. 5º O pagamento unificado de impostos e contribuições
efetuado na forma do art. 4º deverá ser feito até o 20º (vigési- CAPÍTULO II
mo) dia do mês subsequente àquele em que houver sido auferi- DA LETRA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO
da a receita. (Redação dada pela Lei nº 12.024, de 2009)
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, a incorpora- Art. 12. Os bancos comerciais, os bancos múltiplos com cartei-
dora deverá utilizar, no Documento de Arrecadação de Receitas ra de crédito imobiliário, a Caixa Econômica Federal, as sociedades
Federais - DARF, o número específico de inscrição da incorpora- de crédito imobiliário, as associações de poupança e empréstimo,
ção no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas - CNPJ e código as companhias hipotecárias e demais espécies de instituições que,
de arrecadação próprio. para as operações a que se refere este artigo, venham a ser ex-
Art. 6º Os créditos tributários devidos pela incorporadora pressamente autorizadas pelo Banco Central do Brasil, poderão
na forma do disposto no art. 4º não poderão ser objeto de par- emitir, independentemente de tradição efetiva, Letra de Crédito
celamento. Imobiliário - LCI, lastreada por créditos imobiliários garantidos por
Art. 7º O incorporador fica obrigado a manter escrituração hipoteca ou por alienação fiduciária de coisa imóvel, conferindo
contábil segregada para cada incorporação submetida ao regime aos seus tomadores direito de crédito pelo valor nominal, juros e,
especial de tributação. se for o caso, atualização monetária nelas estipulados.

258
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
§ 1º A LCI será emitida sob a forma nominativa, podendo ser § 3º A CCI poderá ser emitida com ou sem garantia, real ou
transferível mediante endosso em preto, e conterá: fidejussória, sob a forma escritural ou cartular.
I - o nome da instituição emitente e as assinaturas de seus § 4º A emissão da CCI sob a forma escritural ocorrerá por
representantes; meio de escritura pública ou instrumento particular, que perma-
II - o número de ordem, o local e a data de emissão; necerá custodiado em instituição financeira. (Redação dada pela
III - a denominação “Letra de Crédito Imobiliário”; Lei nº 13.986, de 2020
IV - o valor nominal e a data de vencimento; § 4º-A. A negociação da CCI emitida sob forma escritural ou
V - a forma, a periodicidade e o local de pagamento do prin- a substituição da instituição custodiante de que trata o § 4º des-
cipal, dos juros e, se for o caso, da atualização monetária; te artigo será precedida de registro ou depósito em entidade
VI - os juros, fixos ou flutuantes, que poderão ser renegoci- autorizada pelo Banco Central do Brasil a exercer a atividade de
áveis, a critério das partes; registro ou de depósito centralizado de ativos financeiros. (In-
VII - a identificação dos créditos caucionados e seu valor; cluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
VIII - o nome do titular; e § 4º-B. O Conselho Monetário Nacional poderá estabelecer
IX - cláusula à ordem, se endossável. as condições para o registro e o depósito centralizado de CCI e
§ 2º A LCI poderá ser emitida sob a forma escritural, por a obrigatoriedade de depósito da CCI em entidade autorizada
meio do lançamento em sistema eletrônico do emissor, e deverá pelo Banco Central do Brasil a exercer a atividade de depósito
ser registrada ou depositada em entidade autorizada pelo Banco centralizado de ativos financeiros. (Incluído pela Lei nº 13.986,
Central do Brasil a exercer a atividade de registro ou de depósi- de 2020).
to centralizado de ativos financeiros. (Redação dada pela Lei nº § 4º-CNa hipótese de a CCI ser liquidada antes de ser nego-
13.986, de 2020 ciada, a instituição custodiante declarará a inexistência do regis-
Art. 13. A LCI poderá ser atualizada mensalmente por índice tro ou do depósito de que trata o § 4º-A deste artigo, para fins
de preços, desde que emitida com prazo mínimo de trinta e seis do disposto no art. 24 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.986, de
meses. 2020).
Parágrafo único. É vedado o pagamento dos valores relati- § 5º Sendo o crédito imobiliário garantido por direito real,
vos à atualização monetária apropriados desde a emissão, quan-
a emissão da CCI será averbada no Registro de Imóveis da situ-
do ocorrer o resgate antecipado, total ou parcial, em prazo infe-
ação do imóvel, na respectiva matrícula, devendo dela constar,
rior ao estabelecido neste artigo, da LCI emitida com previsão de
exclusivamente, o número, a série e a instituição custodiante.
atualização mensal por índice de preços.
§ 6º A averbação da emissão da CCI e o registro da garan-
Art. 14. A LCI poderá contar com garantia fidejussória adi-
tia do crédito respectivo, quando solicitados simultaneamente,
cional de instituição financeira.
serão considerados como ato único para efeito de cobrança de
Art. 15. A LCI poderá ser garantida por um ou mais créditos
emolumentos.
imobiliários, mas a soma do principal das LCI emitidas não po-
§ 7º A constrição judicial que recaia sobre crédito represen-
derá exceder o valor total dos créditos imobiliários em poder da
tado por CCI será efetuada nos registros da instituição custo-
instituição emitente.
§ 1º A LCI não poderá ter prazo de vencimento superior ao diante ou mediante apreensão da respectiva cártula.
prazo de quaisquer dos créditos imobiliários que lhe servem de § 8º O credor da CCI deverá ser imediatamente intimado de
lastro. constrição judicial que recaia sobre a garantia real do crédito
§ 2º O crédito imobiliário caucionado poderá ser substituído imobiliário representado por aquele título.
por outro crédito da mesma natureza por iniciativa do emitente § 9º No caso de CCI emitida sob a forma escritural, caberá
da LCI, nos casos de liquidação ou vencimento antecipados do à instituição custodiante identificar o credor, para o fim da inti-
crédito, ou por solicitação justificada do credor da letra. mação prevista no § 8º .
Art. 16. O endossante da LCI responderá pela veracidade do Art. 19. A CCI deverá conter:
título, mas contra ele não será admitido direito de cobrança re- I - a denominação “Cédula de Crédito Imobiliário”, quando
gressiva. emitida cartularmente;
Art. 17. O Conselho Monetário Nacional poderá estabelecer II - o nome, a qualificação e o endereço do credor e do deve-
o prazo mínimo e outras condições para emissão e resgate de LCI, dor e, no caso de emissão escritural, também o do custodiante;
observado o disposto no art. 13 desta Lei, podendo inclusive dife- III - a identificação do imóvel objeto do crédito imobiliário,
renciar tais condições de acordo com o tipo de indexador adotado com a indicação da respectiva matrícula no Registro de Imóveis
contratualmente. (Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015) competente e do registro da constituição da garantia, se for o
caso;
CAPÍTULO III IV - a modalidade da garantia, se for o caso;
DA CÉDULA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO V - o número e a série da cédula;
VI - o valor do crédito que representa;
Art. 18. É instituída a Cédula de Crédito Imobiliário - CCI VII - a condição de integral ou fracionária e, nessa última
para representar créditos imobiliários. hipótese, também a indicação da fração que representa;
§ 1º A CCI será emitida pelo credor do crédito imobiliário e VIII - o prazo, a data de vencimento, o valor da prestação
poderá ser integral, quando representar a totalidade do crédito, total, nela incluídas as parcelas de amortização e juros, as taxas,
ou fracionária, quando representar parte dele, não podendo a seguros e demais encargos contratuais de responsabilidade do
soma das CCI fracionárias emitidas em relação a cada crédito devedor, a forma de reajuste e o valor das multas previstas con-
exceder o valor total do crédito que elas representam. tratualmente, com a indicação do local de pagamento;
§ 2º As CCI fracionárias poderão ser emitidas simultanea- IX - o local e a data da emissão;
mente ou não, a qualquer momento antes do vencimento do X - a assinatura do credor, quando emitida cartularmente;
crédito que elas representam.

259
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
XI - a autenticação pelo Oficial do Registro de Imóveis com- § 1º A instituição credora deve integrar o Sistema Financeiro
petente, no caso de contar com garantia real; e Nacional, sendo admitida a emissão da Cédula de Crédito Ban-
XII - cláusula à ordem, se endossável. cário em favor de instituição domiciliada no exterior, desde que
Art. 20. A CCI é título executivo extrajudicial, exigível pelo a obrigação esteja sujeita exclusivamente à lei e ao foro brasi-
valor apurado de acordo com as cláusulas e condições pactuadas leiros.
no contrato que lhe deu origem. § 2º A Cédula de Crédito Bancário em favor de instituição
Parágrafo único. O crédito representado pela CCI será exi- domiciliada no exterior poderá ser emitida em moeda estran-
gível mediante ação de execução, ressalvadas as hipóteses em geira.
que a lei determine procedimento especial, judicial ou extrajudi- Art. 27. A Cédula de Crédito Bancário poderá ser emitida,
cial para satisfação do crédito e realização da garantia. com ou sem garantia, real ou fidejussória, cedularmente cons-
Art. 21. A emissão e a negociação de CCI independe de au- tituída.
torização do devedor do crédito imobiliário que ela representa. Parágrafo único. A garantia constituída será especificada
Art. 22. A cessão do crédito representado por CCI poderá na Cédula de Crédito Bancário, observadas as disposições deste
ocorrer por meio de sistema de entidade autorizada pelo Banco Capítulo e, no que não forem com elas conflitantes, as da legis-
Central do Brasil a exercer a atividade de depósito centralizado lação comum ou especial aplicável.
de ativos financeiros na qual a CCI tenha sido depositada. (Reda- Art. 27-A. A Cédula de Crédito Bancário poderá ser emitida
ção dada pela Lei nº 13.986, de 2020 sob a forma escritural, por meio do lançamento em sistema ele-
§ 1º A cessão do crédito representado por CCI implica au- trônico de escrituração. (Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
tomática transmissão das respectivas garantias ao cessionário, Parágrafo único. O sistema eletrônico de escrituração de
sub-rogando-o em todos os direitos representados pela cédula, que trata o caput deste artigo será mantido em instituição fi-
ficando o cessionário, no caso de contrato de alienação fiduciá- nanceira ou em outra entidade autorizada pelo Banco Central do
ria, investido na propriedade fiduciária. Brasil a exercer a atividade de escrituração eletrônica. (Incluído
§ 2º A cessão de crédito garantido por direito real, quando pela Lei nº 13.986, de 2020).
representado por CCI emitida sob a forma escritural, está dis- Art. 27-B. Compete ao Banco Central do Brasil: (Incluído
pensada de averbação no Registro de Imóveis, aplicando-se, no pela Lei nº 13.986, de 2020).
que esta Lei não contrarie, o disposto nos arts. 286 e seguintes I - estabelecer as condições para o exercício da atividade de
da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil Brasi- escrituração eletrônica de que trata o parágrafo único do art.
leiro. 27-A desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
Art. 23. A CCI, objeto de securitização nos termos da Lei nº II - autorizar e supervisionar o exercício da atividade previs-
9.514, de 20 de novembro de 1997, será identificada no respec- ta no inciso I do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.986,
tivo Termo de Securitização de Créditos, mediante indicação do de 2020).
seu valor, número, série e instituição custodiante, dispensada § 1º A autorização de que trata o parágrafo único do art.
a enunciação das informações já constantes da Cédula, ou nos 27-A desta Lei poderá, a critério do Banco Central do Brasil, ser
controles das entidades mencionadas no § 4º-A do art. 18 desta concedida por segmento, por espécie ou por grupos de entida-
Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.986, de 2020 des que atendam a critérios específicos, dispensada a concessão
Parágrafo único. O regime fiduciário de que trata a Seção de autorização individualizada. (Incluído pela Lei nº 13.986, de
VI do Capítulo I da Lei nº 9.514, de 1997, no caso de emissão de 2020).
Certificados de Recebíveis Imobiliários lastreados em créditos § 2º As infrações às normas legais e regulamentares que
representados por CCI, será registrado na instituição custodian- regem a atividade de escrituração eletrônica sujeitam a entida-
te, mencionando o patrimônio separado a que estão afetados, de responsável pelo sistema eletrônico de escrituração, os seus
não se aplicando o disposto no parágrafo único do art. 10 da administradores e os membros de seus órgãos estatutários ou
mencionada Lei. contratuais ao disposto na Lei nº 13.506, de 13 de novembro de
Art. 24. O resgate da dívida representada pela CCI prova-se 2017. (Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
com a declaração de quitação, emitida pelo credor, ou, na falta Art. 27-C. A entidade responsável pelo sistema eletrônico de
desta, por outros meios admitidos em direito. escrituração de que trata o art. 27-A desta Lei expedirá, median-
Art. 25. É vedada a averbação da emissão de CCI com garan- te solicitação de seu titular, certidão de inteiro teor do título,
tia real quando houver prenotação ou registro de qualquer ou- a qual corresponderá a título executivo extrajudicial. (Incluído
tro ônus real sobre os direitos imobiliários respectivos, inclusive pela Lei nº 13.986, de 2020).
penhora ou averbação de qualquer mandado ou ação judicial. Parágrafo único. A certidão de que trata o caput deste artigo
poderá ser emitida na forma eletrônica, observados os requisi-
CAPÍTULO IV tos de segurança que garantam a autenticidade e a integridade
DA CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO do documento. (Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
Art. 27-D. O Banco Central do Brasil poderá regulamentar a
Art. 26. A Cédula de Crédito Bancário é título de crédito emissão, a assinatura, a negociação e a liquidação da Cédula de
emitido, por pessoa física ou jurídica, em favor de instituição fi- Crédito Bancário emitida sob a forma escritural. (Incluído pela
nanceira ou de entidade a esta equiparada, representando pro- Lei nº 13.986, de 2020).
messa de pagamento em dinheiro, decorrente de operação de Art. 28. A Cédula de Crédito Bancário é título executivo
crédito, de qualquer modalidade. extrajudicial e representa dívida em dinheiro, certa, líquida e
exigível, seja pela soma nela indicada, seja pelo saldo devedor
demonstrado em planilha de cálculo, ou nos extratos da conta
corrente, elaborados conforme previsto no § 2º .
§ 1º Na Cédula de Crédito Bancário poderão ser pactuados:

260
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
I - os juros sobre a dívida, capitalizados ou não, os critérios II - a promessa do emitente de pagar a dívida em dinheiro,
de sua incidência e, se for o caso, a periodicidade de sua capitali- certa, líquida e exigível no seu vencimento ou, no caso de dívida
zação, bem como as despesas e os demais encargos decorrentes oriunda de contrato de abertura de crédito bancário, a promes-
da obrigação; sa do emitente de pagar a dívida em dinheiro, certa, líquida e
II - os critérios de atualização monetária ou de variação exigível, correspondente ao crédito utilizado;
cambial como permitido em lei; III - a data e o lugar do pagamento da dívida e, no caso de
III - os casos de ocorrência de mora e de incidência das mul- pagamento parcelado, as datas e os valores de cada prestação,
tas e penalidades contratuais, bem como as hipóteses de venci- ou os critérios para essa determinação;
mento antecipado da dívida; IV - o nome da instituição credora, podendo conter cláusula
IV - os critérios de apuração e de ressarcimento, pelo emi- à ordem;
tente ou por terceiro garantidor, das despesas de cobrança da V - a data e o lugar de sua emissão; e
dívida e dos honorários advocatícios, judiciais ou extrajudiciais, VI - a assinatura do emitente e, se for o caso, do terceiro
sendo que os honorários advocatícios extrajudiciais não pode- garantidor da obrigação, ou de seus respectivos mandatários.
rão superar o limite de dez por cento do valor total devido; § 1º A Cédula de Crédito Bancário será transferível median-
V - quando for o caso, a modalidade de garantia da dívida, te endosso em preto, ao qual se aplicarão, no que couberem, as
sua extensão e as hipóteses de substituição de tal garantia; normas do direito cambiário, caso em que o endossatário, mes-
VI - as obrigações a serem cumpridas pelo credor; mo não sendo instituição financeira ou entidade a ela equipara-
VII - a obrigação do credor de emitir extratos da conta cor- da, poderá exercer todos os direitos por ela conferidos, inclusive
rente ou planilhas de cálculo da dívida, ou de seu saldo devedor, cobrar os juros e demais encargos na forma pactuada na Cédula.
de acordo com os critérios estabelecidos na própria Cédula de § 2º Na hipótese de emissão sob a forma cartular, a Cédula
Crédito Bancário, observado o disposto no § 2º ; e de Crédito Bancário será emitida em tantas vias quantas forem
VIII - outras condições de concessão do crédito, suas ga- as partes que nela intervierem, assinadas pelo emitente e pelo
rantias ou liquidação, obrigações adicionais do emitente ou do terceiro garantidor, se houver, ou por seus respectivos manda-
terceiro garantidor da obrigação, desde que não contrariem as tários, e cada parte receberá uma via.(Redação dada pela Lei nº
disposições desta Lei. 13.986, de 2020
§ 2º Sempre que necessário, a apuração do valor exato da § 3º Somente a via do credor será negociável, devendo
obrigação, ou de seu saldo devedor, representado pela Cédula constar nas demais vias a expressão “não negociável”.
de Crédito Bancário, será feita pelo credor, por meio de planilha § 4º A Cédula de Crédito Bancário pode ser aditada, retifi-
de cálculo e, quando for o caso, de extrato emitido pela institui- cada e ratificada mediante documento escrito, datado, com os
ção financeira, em favor da qual a Cédula de Crédito Bancário requisitos previstos no caput, passando esse documento a inte-
foi originalmente emitida, documentos esses que integrarão a grar a Cédula para todos os fins.
Cédula, observado que: § 5º A assinatura de que trata o inciso VI do caput deste ar-
I - os cálculos realizados deverão evidenciar de modo claro, tigo poderá ocorrer sob a forma eletrônica, desde que garantida
preciso e de fácil entendimento e compreensão, o valor princi- a identificação inequívoca de seu signatário. (Incluído pela Lei nº
pal da dívida, seus encargos e despesas contratuais devidos, a 13.986, de 2020).
parcela de juros e os critérios de sua incidência, a parcela de atu- Art. 30. A constituição de garantia da obrigação representa-
alização monetária ou cambial, a parcela correspondente a mul- da pela Cédula de Crédito Bancário é disciplinada por esta Lei,
tas e demais penalidades contratuais, as despesas de cobrança e sendo aplicáveis as disposições da legislação comum ou especial
de honorários advocatícios devidos até a data do cálculo e, por que não forem com ela conflitantes.
fim, o valor total da dívida; e Art. 31. A garantia da Cédula de Crédito Bancário poderá
II - a Cédula de Crédito Bancário representativa de dívida ser fidejussória ou real, neste último caso constituída por bem
oriunda de contrato de abertura de crédito bancário em conta patrimonial de qualquer espécie, disponível e alienável, móvel
corrente será emitida pelo valor total do crédito posto à dis- ou imóvel, material ou imaterial, presente ou futuro, fungível ou
posição do emitente, competindo ao credor, nos termos deste infungível, consumível ou não, cuja titularidade pertença ao pró-
parágrafo, discriminar nos extratos da conta corrente ou nas prio emitente ou a terceiro garantidor da obrigação principal.
planilhas de cálculo, que serão anexados à Cédula, as parcelas Art. 32. A constituição da garantia poderá ser feita na pró-
utilizadas do crédito aberto, os aumentos do limite do crédito pria Cédula de Crédito Bancário ou em documento separado,
inicialmente concedido, as eventuais amortizações da dívida e neste caso fazendo-se, na Cédula, menção a tal circunstância.
a incidência dos encargos nos vários períodos de utilização do Art. 33. O bem constitutivo da garantia deverá ser descrito
crédito aberto. e individualizado de modo que permita sua fácil identificação.
§ 3º O credor que, em ação judicial, cobrar o valor do cré- Parágrafo único. A descrição e individualização do bem
dito exeqüendo em desacordo com o expresso na Cédula de constitutivo da garantia poderá ser substituída pela remissão a
Crédito Bancário, fica obrigado a pagar ao devedor o dobro do documento ou certidão expedida por entidade competente, que
cobrado a maior, que poderá ser compensado na própria ação, integrará a Cédula de Crédito Bancário para todos os fins.
sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos. Art. 34. A garantia da obrigação abrangerá, além do bem
Art. 29. A Cédula de Crédito Bancário deve conter os seguin- principal constitutivo da garantia, todos os seus acessórios, ben-
tes requisitos essenciais: feitorias de qualquer espécie, valorizações a qualquer título,
I - a denominação “Cédula de Crédito Bancário”; frutos e qualquer bem vinculado ao bem principal por acessão
física, intelectual, industrial ou natural.
§ 1º O credor poderá averbar, no órgão competente para o
registro do bem constitutivo da garantia, a existência de qual-
quer outro bem por ela abrangido.

261
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
§ 2º Até a efetiva liquidação da obrigação garantida, os bens III - o endosso em preto de que trata o § 1º do art. 29 des-
abrangidos pela garantia não poderão, sem prévia autorização ta Lei e a cadeia de endossos, se houver; (Incluído pela Lei nº
escrita do credor, ser alterados, retirados, deslocados ou destru- 13.986, de 2020).
ídos, nem poderão ter sua destinação modificada, exceto quan- IV - os aditamentos, as retificações e as ratificações de que
do a garantia for constituída por semoventes ou por veículos, trata o § 4º do art. 29 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.986, de
automotores ou não, e a remoção ou o deslocamento desses 2020).
bens for inerente à atividade do emitente da Cédula de Crédito V - a inclusão de notificações, de cláusulas contratuais, de
Bancário, ou do terceiro prestador da garantia. informações, inclusive sobre o fracionamento, quando houver,
Art. 35. Os bens constitutivos de garantia pignoratícia ou ou de outras declarações referentes à Cédula de Crédito Bancá-
objeto de alienação fiduciária poderão, a critério do credor, per- rio ou ao certificado de que trata o art. 43 desta Lei; e (Incluído
manecer sob a posse direta do emitente ou do terceiro presta- pela Lei nº 13.986, de 2020).
dor da garantia, nos termos da cláusula de constituto possessó- VI - as ocorrências de pagamento, se houver.(Incluído pela
rio, caso em que as partes deverão especificar o local em que Lei nº 13.986, de 2020).
o bem será guardado e conservado até a efetiva liquidação da § 1º Na hipótese de serem constituídos garantias e quais-
obrigação garantida. quer outros gravames e ônus, tais ocorrências serão informadas
§ 1º O emitente e, se for o caso, o terceiro prestador da no sistema eletrônico de escrituração de que trata o art. 27-A
garantia responderão solidariamente pela guarda e conservação desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
do bem constitutivo da garantia. § 2º As garantias dadas na Cédula de Crédito Bancário ou,
§ 2º Quando a garantia for prestada por pessoa jurídica, esta ainda, a constituição de gravames e ônus sobre o título deverão
indicará representantes para responder nos termos do § 1º . ser informadas no sistema ao qual se refere o art. 27-A desta Lei.
Art. 36. O credor poderá exigir que o bem constitutivo da (Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
garantia seja coberto por seguro até a efetiva liquidação da obri- Art. 42-B. Para fins da cobrança de emolumentos e custas
gação garantida, em que o credor será indicado como exclusivo cartorárias relacionadas ao registro da garantia, fica a Cédula de
beneficiário da apólice securitária e estará autorizado a receber Crédito Bancário, quando utilizada para a formalização de ope-
a indenização para liquidar ou amortizar a obrigação garantida.
rações de crédito rural, equiparada à Cédula de Crédito Rural
Art. 37. Se o bem constitutivo da garantia for desapropria-
de que trata o Decreto-Lei nº 167, de 14 de fevereiro de 1967.
do, ou se for danificado ou perecer por fato imputável a tercei-
(Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
ro, o credor sub-rogar-se-á no direito à indenização devida pelo
Art. 43. As instituições financeiras, nas condições estabele-
expropriante ou pelo terceiro causador do dano, até o montante
cidas pelo Conselho Monetário Nacional, poderão emitir título
necessário para liquidar ou amortizar a obrigação garantida.
representativo das Cédulas de Crédito Bancário por elas manti-
Art. 38. Nos casos previstos nos arts. 36 e 37 desta Lei, fa-
das em custódia, do qual constarão: (Redação dada pela Lei nº
cultar-se-á ao credor exigir a substituição da garantia, ou o seu
13.986, de 2020
reforço, renunciando ao direito à percepção do valor relativo à
I - o local e a data da emissão;
indenização.
Art. 39. O credor poderá exigir a substituição ou o reforço II - o nome e a qualificação do custodiante das Cédulas de
da garantia, em caso de perda, deterioração ou diminuição de Crédito Bancário;(Redação dada pela Lei nº 13.986, de 2020
seu valor. III - a denominação “Certificado de Cédulas de Crédito Ban-
Parágrafo único. O credor notificará por escrito o emitente cário”;
e, se for o caso, o terceiro garantidor, para que substituam ou IV - a especificação das cédulas custodiadas, o nome dos
reforcem a garantia no prazo de quinze dias, sob pena de venci- seus emitentes e o valor, o lugar e a data do pagamento do cré-
mento antecipado da dívida garantida. dito por elas incorporado; (Redação dada pela Lei nº 13.986, de
Art. 40. Nas operações de crédito rotativo, o limite de cré- 2020
dito concedido será recomposto, automaticamente e durante o V - o nome da instituição emitente;
prazo de vigência da Cédula de Crédito Bancário, sempre que o VI - a declaração de que a instituição financeira, na quali-
devedor, não estando em mora ou inadimplente, amortizar ou dade e com as responsabilidades de custodiante e mandatária
liquidar a dívida. do titular do certificado, promoverá a cobrança das Cédulas de
Art. 41. A Cédula de Crédito Bancário poderá ser protesta- Crédito Bancário, e a declaração de que as cédulas custodiadas,
da por indicação, desde que o credor apresente declaração de o produto da cobrança do seu principal e os seus encargos serão
posse da sua única via negociável, inclusive no caso de protesto entregues ao titular do certificado somente com a apresentação
parcial. deste;(Redação dada pela Lei nº 13.986, de 2020
Art. 42. A validade e eficácia da Cédula de Crédito Bancário VII - o lugar da entrega do objeto da custódia; e(Redação
não dependem de registro, mas as garantias reais, por ela cons- dada pela Lei nº 13.986, de 2020
tituídas, ficam sujeitas, para valer contra terceiros, aos registros VIII - a remuneração devida à instituição financeira pela cus-
ou averbações previstos na legislação aplicável, com as altera- tódia das cédulas objeto da emissão do certificado, se conven-
ções introduzidas por esta Lei. cionada.(Redação dada pela Lei nº 13.986, de 2020
Art. 42-A. Na hipótese de Cédula de Crédito Bancário emiti- § 1º A instituição financeira responderá pela origem e pela
da sob a forma escritural, o sistema eletrônico de escrituração autenticidade das Cédulas de Crédito Bancário nela custodiadas.
de que trata o art. 27-A desta Lei fará constar: (Incluído pela Lei (Redação dada pela Lei nº 13.986, de 2020
nº 13.986, de 2020). § 2º Emitido o certificado, as Cédulas de Crédito Bancário e
I - a emissão do título, com seus requisitos essenciais; (Inclu- as importâncias recebidas pela instituição financeira a título de
ído pela Lei nº 13.986, de 2020). pagamento do principal e de encargos não poderão ser objeto
II - a forma de pagamento ajustada no título; (Incluído pela de penhora, arresto, seqüestro, busca e apreensão, ou qualquer
Lei nº 13.986, de 2020).

262
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
outro embaraço que impeça a sua entrega ao titular do certifi- ta da instituição financeira beneficiária do redesconto, que os
cado, mas este poderá ser objeto de penhora, ou de qualquer guardará e conservará em depósito, devendo proceder, como
medida cautelar por obrigação do seu titular. comissária del credere, à sua cobrança judicial ou extrajudicial.
§ 3º O certificado poderá ser emitido sob forma escritural, Art. 45-A. Para fins do disposto no § 1º do art. 2º da Lei nº
por meio do lançamento no sistema eletrônico de escrituração, 6.385, de 7 de dezembro de 1976, a Cédula de Crédito Bancá-
hipótese em que se aplica, no que couber, com as devidas adap- rio, o Certificado de Cédulas de Crédito Bancário e a Cédula de
tações, o disposto nos arts. 27-A, 27-B, 27-C, 27-D e 42-A desta Crédito Imobiliário são títulos cambiais de responsabilidade de
Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.986, de 2020 instituição financeira ou de entidade autorizada a funcionar pelo
§ 4º O certificado será transferido somente por meio de en- Banco Central do Brasil, desde que a instituição financeira ou a
dosso, ainda que por intermédio de sistema eletrônico de escri- entidade:(Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
turação, hipótese em que a transferência deverá ser datada e I - seja titular dos direitos de crédito por eles representa-
assinada por seu titular ou mandatário com poderes especiais dos;(Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
e, na hipótese de certificado cartular, averbada na instituição II - preste garantia às obrigações por eles representadas; ou-
financeira emitente, no prazo de 2 (dois) dias, contado da data (Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
do endosso. (Redação dada pela Lei nº 13.986, de 2020 III - realize, até a liquidação final dos títulos, o serviço de
§ 5º As despesas e os encargos decorrentes da transferência monitoramento dos fluxos de recursos entre credores e devedo-
e averbação do certificado serão suportados pelo endossatário res e de eventuais inadimplementos.(Incluído pela Lei nº 13.986,
ou cessionário, salvo convenção em contrário. de 2020).
§ 6º O endossatário do certificado, ainda que não seja insti-
tuição financeira ou entidade a ela equiparada, fará jus a todos CAPÍTULO V
os direitos nele previstos, incluídos a cobrança de juros e os de- DOS CONTRATOS DE FINANCIAMENTO DE IMÓVEIS
mais encargos. (Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020).
§ 7º O certificado poderá representar: (Incluído pela Lei nº Art. 46. Nos contratos de comercialização de imóveis, de fi-
13.986, de 2020). nanciamento imobiliário em geral e nos de arrendamento mer-
I - uma única cédula;(Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020). cantil de imóveis, bem como nos títulos e valores mobiliários
II - um agrupamento de cédulas; ou(Incluído pela Lei nº por eles originados, com prazo mínimo de trinta e seis meses, é
13.986, de 2020). admitida estipulação de cláusula de reajuste, com periodicidade
III - frações de cédulas.(Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020). mensal, por índices de preços setoriais ou gerais ou pelo índice
§ 8º Na hipótese de que trata o inciso III do § 7º deste artigo, de remuneração básica dos depósitos de poupança.
o certificado somente poderá representar frações de Cédulas de § 1º É vedado o pagamento dos valores relativos à atuali-
Crédito Bancário emitidas sob forma escritural, e essa informa- zação monetária apropriados nos títulos e valores mobiliários,
ção deverá constar do sistema de que trata o § 3º deste artigo. quando ocorrer o resgate antecipado, total ou parcial, em prazo
(Incluído pela Lei nº 13.986, de 2020). inferior ao estabelecido no caput.
Art. 44. Aplica-se às Cédulas de Crédito Bancário, no que § 2º Os títulos e valores mobiliários a que se refere o caput
não contrariar o disposto nesta Lei, a legislação cambial, dispen- serão cancelados pelo emitente na hipótese de resgate anteci-
sado o protesto para garantir o direito de cobrança contra en- pado em que o prazo a decorrer for inferior a trinta e seis meses.
dossantes, seus avalistas e terceiros garantidores. § 3º Não se aplica o disposto no § 1º , no caso de quitação ou
Art. 45. Os títulos de crédito e direitos creditórios, represen- vencimento antecipados dos créditos imobiliários que lastreiem
tados sob a forma escritural ou física, que tenham sido objeto de ou tenham originado a emissão dos títulos e valores mobiliários
desconto, poderão ser admitidos a redesconto junto ao Banco a que se refere o caput.
Central do Brasil, observando-se as normas e instruções baixa- Art. 47. São nulos de pleno direito quaisquer expedientes
das pelo Conselho Monetário Nacional. que, de forma direta ou indireta, resultem em efeitos equivalen-
§ 1º Os títulos de crédito e os direitos creditórios de que tes à redução do prazo mínimo de que trata o caput do art. 46.
trata o caput considerar-se-ão transferidos, para fins de redes- Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional poderá
conto, à propriedade do Banco Central do Brasil, desde que ins- disciplinar o disposto neste artigo.
critos em termo de tradição eletrônico constante do Sistema de Art. 48. Fica vedada a celebração de contratos com cláusula
Informações do Banco Central - SISBACEN, ou, ainda, no termo de equivalência salarial ou de comprometimento de renda, bem
de tradição previsto no § 1º do art. 5º do Decreto nº 21.499, de como a inclusão de cláusulas desta espécie em contratos já fir-
9 de junho de 1932, com a redação dada pelo art. 1º do Decreto mados, mantidas, para os contratos firmados até a data de en-
nº 21.928, de 10 de outubro de 1932. trada em vigor da Medida Provisória nº 2.223, de 4 de setembro
§ 2º Entendem-se inscritos nos termos de tradição referidos de 2001, as disposições anteriormente vigentes.
no § 1º os títulos de crédito e direitos creditórios neles relacio- Art. 49. No caso do não-pagamento tempestivo, pelo deve-
nados e descritos, observando-se os requisitos, os critérios e as dor, dos tributos e das taxas condominiais incidentes sobre o
formas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. imóvel objeto do crédito imobiliário respectivo, bem como das
§ 3º A inscrição produzirá os mesmos efeitos jurídicos do parcelas mensais incontroversas de encargos estabelecidos no
endosso, somente se aperfeiçoando com o recebimento, pela respectivo contrato e de quaisquer outros encargos que a lei
instituição financeira proponente do redesconto, de mensagem imponha ao proprietário ou ao ocupante de imóvel, poderá o
de aceitação do Banco Central do Brasil, ou, não sendo eletrôni- juiz, a requerimento do credor, determinar a cassação de medi-
co o termo de tradição, após a assinatura das partes. da liminar, de medida cautelar ou de antecipação dos efeitos da
§ 4º Os títulos de crédito e documentos representativos de tutela que tenha interferido na eficácia de cláusulas do contrato
direitos creditórios, inscritos nos termos de tradição, poderão, de crédito imobiliário correspondente ou suspendido encargos
a critério do Banco Central do Brasil, permanecer na posse dire- dele decorrentes.

263
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Art. 50. Nas ações judiciais que tenham por objeto obri- § 3º Os bens e direitos integrantes do patrimônio de afeta-
gação decorrente de empréstimo, financiamento ou alienação ção somente poderão ser objeto de garantia real em operação
imobiliários, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre de crédito cujo produto seja integralmente destinado à conse-
as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, cução da edificação correspondente e à entrega das unidades
quantificando o valor incontroverso, sob pena de inépcia. imobiliárias aos respectivos adquirentes.
§ 1º O valor incontroverso deverá continuar sendo pago no § 4º No caso de cessão, plena ou fiduciária, de direitos cre-
tempo e modo contratados. ditórios oriundos da comercialização das unidades imobiliárias
§ 2º A exigibilidade do valor controvertido poderá ser sus- componentes da incorporação, o produto da cessão também
pensa mediante depósito do montante correspondente, no tem- passará a integrar o patrimônio de afetação, observado o dis-
po e modo contratados. posto no § 6º .
§ 3º Em havendo concordância do réu, o autor poderá efe- § 5º As quotas de construção correspondentes a acessões
tuar o depósito de que trata o § 2º deste artigo, com remune- vinculadas a frações ideais serão pagas pelo incorporador até
ração e atualização nas mesmas condições aplicadas ao contrato: que a responsabilidade pela sua construção tenha sido assumida
I - na própria instituição financeira credora, oficial ou não; ou por terceiros, nos termos da parte final do § 6º do art. 35.
II - em instituição financeira indicada pelo credor, oficial ou § 6º Os recursos financeiros integrantes do patrimônio de
não, desde que estes tenham pactuado nesse sentido. afetação serão utilizados para pagamento ou reembolso das
§ 4º O juiz poderá dispensar o depósito de que trata o § 2º despesas inerentes à incorporação.
em caso de relevante razão de direito e risco de dano irreparável § 7º O reembolso do preço de aquisição do terreno somente
ao autor, por decisão fundamentada na qual serão detalhadas as poderá ser feito quando da alienação das unidades autônomas,
razões jurídicas e fáticas da ilegitimidade da cobrança no caso na proporção das respectivas frações ideais, considerando-se
concreto. tão-somente os valores efetivamente recebidos pela alienação.
§ 5º É vedada a suspensão liminar da exigibilidade da obri- § 8º Excluem-se do patrimônio de afetação:
gação principal sob a alegação de compensação com valores pa- I - os recursos financeiros que excederem a importância
gos a maior, sem o depósito do valor integral desta. necessária à conclusão da obra (art. 44), considerando-se os
Art. 51. Sem prejuízo das disposições do Código Civil, as valores a receber até sua conclusão e, bem assim, os recursos
obrigações em geral também poderão ser garantidas, inclusive necessários à quitação de financiamento para a construção, se
por terceiros, por cessão fiduciária de direitos creditórios de- houver; e
correntes de contratos de alienação de imóveis, por caução de II - o valor referente ao preço de alienação da fração ideal de
direitos creditórios ou aquisitivos decorrentes de contratos de terreno de cada unidade vendida, no caso de incorporação em
venda ou promessa de venda de imóveis e por alienação fiduci- que a construção seja contratada sob o regime por empreitada
ária de coisa imóvel. (art. 55) ou por administração (art. 58).
Art. 52. Uma vez protocolizados todos os documentos ne- § 9º No caso de conjuntos de edificações de que trata o art.
cessários à averbação ou ao registro dos atos e dos títulos a que 8º , poderão ser constituídos patrimônios de afetação separa-
se referem esta Lei e a Lei nº 9.514, de 1997, o oficial de Regis- dos, tantos quantos forem os:
tro de Imóveis procederá ao registro ou à averbação, dentro do I - subconjuntos de casas para as quais esteja prevista a
prazo de quinze dias. mesma data de conclusão (art. 8º , alínea “a”); e
II - edifícios de dois ou mais pavimentos (art. 8º , alínea “b”).
CAPÍTULO VI § 10. A constituição de patrimônios de afetação separados
DISPOSIÇÕES FINAIS de que trata o § 9º deverá estar declarada no memorial de in-
corporação.
Alterações da Lei de Incorporações § 11. Nas incorporações objeto de financiamento, a comer-
Art. 53. O Título II da Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de cialização das unidades deverá contar com a anuência da insti-
1964, passa a vigorar acrescido dos seguintes Capítulo e artigos: tuição financiadora ou deverá ser a ela cientificada, conforme
vier a ser estabelecido no contrato de financiamento.
“CAPÍTULO I-A. § 12. A contratação de financiamento e constituição de ga-
DO PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO rantias, inclusive mediante transmissão, para o credor, da pro-
priedade fiduciária sobre as unidades imobiliárias integrantes da
Art. 31-A. A critério do incorporador, a incorporação poderá incorporação, bem como a cessão, plena ou fiduciária, de direi-
ser submetida ao regime da afetação, pelo qual o terreno e as tos creditórios decorrentes da comercialização dessas unidades,
acessões objeto de incorporação imobiliária, bem como os de- não implicam a transferência para o credor de nenhuma das
mais bens e direitos a ela vinculados, manter-se-ão apartados do obrigações ou responsabilidades do cedente, do incorporador
patrimônio do incorporador e constituirão patrimônio de afeta- ou do construtor, permanecendo estes como únicos responsá-
ção, destinado à consecução da incorporação correspondente e veis pelas obrigações e pelos deveres que lhes são imputáveis.
à entrega das unidades imobiliárias aos respectivos adquirentes. Art. 31-B. Considera-se constituído o patrimônio de afeta-
§ 1º O patrimônio de afetação não se comunica com os de- ção mediante averbação, a qualquer tempo, no Registro de Imó-
mais bens, direitos e obrigações do patrimônio geral do incorpo- veis, de termo firmado pelo incorporador e, quando for o caso,
rador ou de outros patrimônios de afetação por ele constituídos também pelos titulares de direitos reais de aquisição sobre o
e só responde por dívidas e obrigações vinculadas à incorpora- terreno.
ção respectiva.
§ 2º O incorporador responde pelos prejuízos que causar ao
patrimônio de afetação.

264
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Parágrafo único. A averbação não será obstada pela existên- III - liquidação deliberada pela assembléia geral nos termos
cia de ônus reais que tenham sido constituídos sobre o imóvel do art. 31-F, § 1º .
objeto da incorporação para garantia do pagamento do preço Art. 31-F. Os efeitos da decretação da falência ou da insol-
de sua aquisição ou do cumprimento de obrigação de construir vência civil do incorporador não atingem os patrimônios de afe-
o empreendimento. tação constituídos, não integrando a massa concursal o terreno,
Art. 31-C. A Comissão de Representantes e a instituição fi- as acessões e demais bens, direitos creditórios, obrigações e en-
nanciadora da construção poderão nomear, às suas expensas, cargos objeto da incorporação.
pessoa física ou jurídica para fiscalizar e acompanhar o patrimô- § 1º Nos sessenta dias que se seguirem à decretação da fa-
nio de afetação. lência ou da insolvência civil do incorporador, o condomínio dos
§ 1º A nomeação a que se refere o caput não transfere para adquirentes, por convocação da sua Comissão de Representan-
o nomeante qualquer responsabilidade pela qualidade da obra, tes ou, na sua falta, de um sexto dos titulares de frações ideais,
pelo prazo de entrega do imóvel ou por qualquer outra obri- ou, ainda, por determinação do juiz prolator da decisão, reali-
zará assembléia geral, na qual, por maioria simples, ratificará
gação decorrente da responsabilidade do incorporador ou do
o mandato da Comissão de Representantes ou elegerá novos
construtor, seja legal ou a oriunda dos contratos de alienação
membros, e, em primeira convocação, por dois terços dos votos
das unidades imobiliárias, de construção e de outros contratos
dos adquirentes ou, em segunda convocação, pela maioria ab-
eventualmente vinculados à incorporação.
soluta desses votos, instituirá o condomínio da construção, por
§ 2º A pessoa que, em decorrência do exercício da fiscali- instrumento público ou particular, e deliberará sobre os termos
zação de que trata o caput deste artigo, obtiver acesso às in- da continuação da obra ou da liquidação do patrimônio de afeta-
formações comerciais, tributárias e de qualquer outra natureza ção (art. 43, inciso III); havendo financiamento para construção,
referentes ao patrimônio afetado responderá pela falta de zelo, a convocação poderá ser feita pela instituição financiadora.
dedicação e sigilo destas informações. § 2º O disposto no § 1º aplica-se também à hipótese de pa-
§ 3º A pessoa nomeada pela instituição financiadora deverá ralisação das obras prevista no art. 43, inciso VI.
fornecer cópia de seu relatório ou parecer à Comissão de Repre- § 3º Na hipótese de que tratam os §§ 1º e 2º , a Comissão
sentantes, a requerimento desta, não constituindo esse forneci- de Representantes ficará investida de mandato irrevogável para
mento quebra de sigilo de que trata o § 2º deste artigo. firmar com os adquirentes das unidades autônomas o contrato
Art. 31-D. Incumbe ao incorporador: definitivo a que estiverem obrigados o incorporador, o titular do
I - promover todos os atos necessários à boa administração domínio e o titular dos direitos aquisitivos do imóvel objeto da
e à preservação do patrimônio de afetação, inclusive mediante incorporação em decorrência de contratos preliminares.
adoção de medidas judiciais; § 4º O mandato a que se refere o § 3º será válido mesmo
II - manter apartados os bens e direitos objeto de cada in- depois de concluída a obra.
corporação; § 5º O mandato outorgado à Comissão de Representantes
III - diligenciar a captação dos recursos necessários à incor- confere poderes para transmitir domínio, direito, posse e ação,
poração e aplicá-los na forma prevista nesta Lei, cuidando de manifestar a responsabilidade do alienante pela evicção e imitir
preservar os recursos necessários à conclusão da obra; os adquirentes na posse das unidades respectivas.
IV - entregar à Comissão de Representantes, no mínimo § 6º Os contratos definitivos serão celebrados mesmo com
a cada três meses, demonstrativo do estado da obra e de sua os adquirentes que tenham obrigações a cumprir perante o in-
correspondência com o prazo pactuado ou com os recursos fi- corporador ou a instituição financiadora, desde que comprova-
nanceiros que integrem o patrimônio de afetação recebidos damente adimplentes, situação em que a outorga do contrato
no período, firmados por profissionais habilitados, ressalvadas fica condicionada à constituição de garantia real sobre o imóvel,
eventuais modificações sugeridas pelo incorporador e aprova- para assegurar o pagamento do débito remanescente.
§ 7º Ainda na hipótese dos §§ 1º e 2º , a Comissão de Repre-
das pela Comissão de Representantes;
sentantes ficará investida de mandato irrevogável para, em nome
V - manter e movimentar os recursos financeiros do patri-
dos adquirentes, e em cumprimento da decisão da assembléia ge-
mônio de afetação em conta de depósito aberta especificamen-
ral que deliberar pela liquidação do patrimônio de afetação, efeti-
te para tal fim;
var a alienação do terreno e das acessões, transmitindo posse, di-
VI - entregar à Comissão de Representantes balancetes
reito, domínio e ação, manifestar a responsabilidade pela evicção,
coincidentes com o trimestre civil, relativos a cada patrimônio
imitir os futuros adquirentes na posse do terreno e das acessões.
de afetação;
§ 8º Na hipótese do § 7º , será firmado o respectivo contrato
VII - assegurar à pessoa nomeada nos termos do art. 31-C o
de venda, promessa de venda ou outra modalidade de contrato
livre acesso à obra, bem como aos livros, contratos, movimen-
compatível com os direitos objeto da transmissão.
tação da conta de depósito exclusiva referida no inciso V deste
§ 9º A Comissão de Representantes cumprirá o mandato nos
artigo e quaisquer outros documentos relativos ao patrimônio
termos e nos limites estabelecidos pela deliberação da assem-
de afetação; e
bléia geral e prestará contas aos adquirentes, entregando-lhes o
VIII - manter escrituração contábil completa, ainda que es-
produto líquido da alienação, no prazo de cinco dias da data em
teja desobrigado pela legislação tributária.
que tiver recebido o preço ou cada parcela do preço.
Art. 31-E. O patrimônio de afetação extinguir-se-á pela:
§ 10. Os valores pertencentes aos adquirentes não localiza-
I - averbação da construção, registro dos títulos de domínio
dos deverão ser depositados em Juízo pela Comissão de Repre-
ou de direito de aquisição em nome dos respectivos adquirentes
sentantes.
e, quando for o caso, extinção das obrigações do incorporador
§ 11. Caso decidam pela continuação da obra, os adquiren-
perante a instituição financiadora do empreendimento;
tes ficarão automaticamente sub-rogados nos direitos, nas obri-
II - revogação em razão de denúncia da incorporação, depois
gações e nos encargos relativos à incorporação, inclusive aque-
de restituídas aos adquirentes as quantias por eles pagas (art.
les relativos ao contrato de financiamento da obra, se houver.
36), ou de outras hipóteses previstas em lei; e

265
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
§ 12. Para os efeitos do § 11 deste artigo, cada adquiren- I - ao proprietário do terreno, nas hipóteses em que este
te responderá individualmente pelo saldo porventura existente seja pessoa distinta da pessoa do incorporador, a preferência
entre as receitas do empreendimento e o custo da conclusão da para aquisição das acessões vinculadas à fração objeto da ven-
incorporação na proporção dos coeficientes de construção atri- da, a ser exercida nas vinte e quatro horas seguintes à data de-
buíveis às respectivas unidades, se outro critério de rateio não signada para a venda; e
for deliberado em assembléia geral por dois terços dos votos dos II - ao condomínio, caso não exercida a preferência de que
adquirentes, observado o seguinte: trata o inciso I, ou caso não haja licitantes, a preferência para
I - os saldos dos preços das frações ideais e acessões inte- aquisição da fração ideal e acessões, desde que deliberada em
grantes da incorporação que não tenham sido pagos ao incor- assembléia geral, pelo voto da maioria simples dos adquirentes
porador até a data da decretação da falência ou da insolvência presentes, e exercida no prazo de quarenta e oito horas a contar
civil passarão a ser pagos à Comissão de Representantes, per- da data designada para a venda.
manecendo o somatório desses recursos submetido à afetação, § 18. Realizada a venda prevista no § 14, incumbirá à Comis-
nos termos do art. 31-A, até o limite necessário à conclusão da são de Representantes, sucessivamente, nos cinco dias que se
incorporação; seguirem ao recebimento do preço:
II - para cumprimento do seu encargo de administradora da I - pagar as obrigações trabalhistas, previdenciárias e tribu-
incorporação, a Comissão de Representantes fica investida de tárias, vinculadas ao respectivo patrimônio de afetação, obser-
mandato legal, em caráter irrevogável, para, em nome do in- vada a ordem de preferência prevista na legislação, em especial
corporador ou do condomínio de construção, conforme o caso, o disposto no art. 186 do Código Tributário Nacional;
receber as parcelas do saldo do preço e dar quitação, bem como II - reembolsar aos adquirentes as quantias que tenham
promover as medidas extrajudiciais ou judiciais necessárias a adiantado, com recursos próprios, para pagamento das obriga-
esse recebimento, praticando todos os atos relativos ao leilão ções referidas no inciso I;
de que trata o art. 63 ou os atos relativos à consolidação da pro- III - reembolsar à instituição financiadora a quantia que esta
priedade e ao leilão de que tratam os arts. 26 e 27 da Lei nº tiver entregue para a construção, salvo se outra forma for con-
9.514, de 20 de novembro de 1997, devendo realizar a garantia vencionada entre as partes interessadas;
IV - entregar ao condomínio o valor que este tiver desem-
e aplicar na incorporação todo o produto do recebimento do sal-
bolsado para construção das acessões de responsabilidade do
do do preço e do leilão;
incorporador (§ 6º do art. 35 e § 5º do art. 31-A), na proporção
III - consideram-se receitas do empreendimento os valores
do valor obtido na venda;
das parcelas a receber, vincendas e vencidas e ainda não pagas,
V - entregar ao proprietário do terreno, nas hipóteses em
de cada adquirente, correspondentes ao preço de aquisição das
que este seja pessoa distinta da pessoa do incorporador, o va-
respectivas unidades ou do preço de custeio de construção, bem
lor apurado na venda, em proporção ao valor atribuído à fração
como os recursos disponíveis afetados; e
ideal; e
IV - compreendem-se no custo de conclusão da incorpora-
VI - entregar à massa falida o saldo que porventura rema-
ção todo o custeio da construção do edifício e a averbação da
nescer.
construção das edificações para efeito de individualização e dis- § 19. O incorporador deve assegurar à pessoa nomeada nos
criminação das unidades, nos termos do art. 44. termos do art. 31-C, o acesso a todas as informações necessá-
§ 13. Havendo saldo positivo entre as receitas da incorpo- rias à verificação do montante das obrigações referidas no § 12,
ração e o custo da conclusão da incorporação, o valor corres- inciso I, do art. 31-F vinculadas ao respectivo patrimônio de afe-
pondente a esse saldo deverá ser entregue à massa falida pela tação.
Comissão de Representantes. § 20. Ficam excluídas da responsabilidade dos adquirentes
§ 14. Para assegurar as medidas necessárias ao prossegui- as obrigações relativas, de maneira direta ou indireta, ao impos-
mento das obras ou à liquidação do patrimônio de afetação, a to de renda e à contribuição social sobre o lucro, devidas pela
Comissão de Representantes, no prazo de sessenta dias, a con- pessoa jurídica do incorporador, inclusive por equiparação, bem
tar da data de realização da assembléia geral de que trata o § 1º como as obrigações oriundas de outras atividades do incorpora-
, promoverá, em leilão público, com observância dos critérios dor não relacionadas diretamente com as incorporações objeto
estabelecidos pelo art. 63, a venda das frações ideais e respecti- de afetação.” (NR)
vas acessões que, até a data da decretação da falência ou insol- Art. 54. A Lei nº 4.591, de 1964, passa a vigorar com as se-
vência não tiverem sido alienadas pelo incorporador. guintes alterações:
§ 15. Na hipótese de que trata o § 14, o arrematante ficará “Art. 32. ...............................................................
sub-rogado, na proporção atribuível à fração e acessões adquiri- .............................................................................
das, nos direitos e nas obrigações relativas ao empreendimento, § 2º Os contratos de compra e venda, promessa de venda,
inclusive nas obrigações de eventual financiamento, e, em se cessão ou promessa de cessão de unidades autônomas são irre-
tratando da hipótese do art. 39 desta Lei, nas obrigações peran- tratáveis e, uma vez registrados, conferem direito real oponível
te o proprietário do terreno. a terceiros, atribuindo direito a adjudicação compulsória peran-
§ 16. Dos documentos para anúncio da venda de que trata te o incorporador ou a quem o suceder, inclusive na hipótese de
o § 14 e, bem assim, o inciso III do art. 43, constarão o valor das insolvência posterior ao término da obra.
acessões não pagas pelo incorporador (art. 35, § 6º ) e o preço .............................................................................” (NR)
da fração ideal do terreno e das acessões (arts. 40 e 41). “Art. 43. ...............................................................
§ 17. No processo de venda de que trata o § 14, serão asse- .............................................................................
guradas, sucessivamente, em igualdade de condições com ter- VII - em caso de insolvência do incorporador que tiver op-
ceiros: tado pelo regime da afetação e não sendo possível à maioria
prosseguir na construção, a assembléia geral poderá, pelo voto
de 2/3 (dois terços) dos adquirentes, deliberar pela venda do

266
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
terreno, das acessões e demais bens e direitos integrantes do § 4º No tocante à cessão fiduciária de direitos sobre coisas
patrimônio de afetação, mediante leilão ou outra forma que es- móveis ou sobre títulos de crédito aplica-se, também, o disposto
tabelecer, distribuindo entre si, na proporção dos recursos que nos arts. 18 a 20 da Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997.
comprovadamente tiverem aportado, o resultado líquido da § 5º Aplicam-se à alienação fiduciária e à cessão fiduciária
venda, depois de pagas as dívidas do patrimônio de afetação e de que trata esta Lei os arts. 1.421, 1.425, 1.426, 1.435 e 1.436
deduzido e entregue ao proprietário do terreno a quantia que da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002.
lhe couber, nos termos do art. 40; não se obtendo, na venda, a § 6º Não se aplica à alienação fiduciária e à cessão fiduciária
reposição dos aportes efetivados pelos adquirentes, reajustada de que trata esta Lei o disposto no art. 644 da Lei nº 10.406, de
na forma da lei e de acordo com os critérios do contrato celebra- 10 de janeiro de 2002.” (NR)
do com o incorporador, os adquirentes serão credores privile- Art. 56. O Decreto-Lei nº 911, de 1º de outubro de 1969,
giados pelos valores da diferença não reembolsada, responden- passa a vigorar com as seguintes alterações:
do subsidiariamente os bens pessoais do incorporador.” (NR) “ Art. 3º . ............................................................................
“ Art. 50. Será designada no contrato de construção ou elei- § 1º Cinco dias após executada a liminar mencionada no
ta em assembléia geral uma Comissão de Representantes com- caput, consolidar-se-ão a propriedade e a posse plena e exclusi-
posta de três membros, pelo menos, escolhidos entre os adqui- va do bem no patrimônio do credor fiduciário, cabendo às repar-
rentes, para representá-los perante o construtor ou, no caso do tições competentes, quando for o caso, expedir novo certificado
art. 43, ao incorporador, em tudo o que interessar ao bom anda- de registro de propriedade em nome do credor, ou de terceiro
mento da incorporação, e, em especial, perante terceiros, para por ele indicado, livre do ônus da propriedade fiduciária.
praticar os atos resultantes da aplicação dos arts. 31-A a 31-F. § 2º No prazo do § 1º , o devedor fiduciante poderá pagar a
............................................................................. integralidade da dívida pendente, segundo os valores apresen-
§ 2º A assembléia geral poderá, pela maioria absoluta dos tados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem
votos dos adquirentes, alterar a composição da Comissão de Re- lhe será restituído livre do ônus.
presentantes e revogar qualquer de suas decisões, ressalvados § 3º O devedor fiduciante apresentará resposta no prazo de
os direitos de terceiros quanto aos efeitos já produzidos. quinze dias da execução da liminar.
..............................................................................” (NR) § 4º A resposta poderá ser apresentada ainda que o devedor
tenha se utilizado da faculdade do § 2º , caso entenda ter havido
Alterações de Leis sobre Alienação Fiduciária pagamento a maior e desejar restituição.
Art. 55. A Seção XIV da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, § 5º Da sentença cabe apelação apenas no efeito devolutivo.
passa a vigorar com a seguinte redação: § 6º Na sentença que decretar a improcedência da ação de
busca e apreensão, o juiz condenará o credor fiduciário ao paga-
“ Seção XIV mento de multa, em favor do devedor fiduciante, equivalente a
Alienação Fiduciária em Garantia no cinqüenta por cento do valor originalmente financiado, devida-
mente atualizado, caso o bem já tenha sido alienado.
Âmbito do Mercado Financeiro e de Capitais § 7º A multa mencionada no § 6º não exclui a responsabili-
Art. 66-B. O contrato de alienação fiduciária celebrado no dade do credor fiduciário por perdas e danos.
âmbito do mercado financeiro e de capitais, bem como em ga- § 8º A busca e apreensão prevista no presente artigo cons-
rantia de créditos fiscais e previdenciários, deverá conter, além titui processo autônomo e independente de qualquer procedi-
dos requisitos definidos na Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de mento posterior.” (NR)
2002 - Código Civil, a taxa de juros, a cláusula penal, o índice “ Art. 8º-A. O procedimento judicial disposto neste Decreto-
de atualização monetária, se houver, e as demais comissões e -Lei aplica-se exclusivamente às hipóteses da Seção XIV da Lei nº
encargos. 4.728, de 14 de julho de 1965, ou quando o ônus da propriedade
§ 1º Se a coisa objeto de propriedade fiduciária não se iden- fiduciária tiver sido constituído para fins de garantia de débito
tifica por números, marcas e sinais no contrato de alienação fi- fiscal ou previdenciário.” (NR)
duciária, cabe ao proprietário fiduciário o ônus da prova, contra Art. 57. A Lei nº 9.514, de 1997, passa a vigorar com as se-
terceiros, da identificação dos bens do seu domínio que se en- guintes alterações:
contram em poder do devedor. “Art. 5º .............................................................................
§ 2º O devedor que alienar, ou der em garantia a terceiros, ..........................................................................................
coisa que já alienara fiduciariamente em garantia, ficará sujeito § 2º As operações de comercialização de imóveis, com pa-
à pena prevista no art. 171, § 2º , I, do Código Penal. gamento parcelado, de arrendamento mercantil de imóveis e de
§ 3º É admitida a alienação fiduciária de coisa fungível e a financiamento imobiliário em geral poderão ser pactuadas nas
cessão fiduciária de direitos sobre coisas móveis, bem como de mesmas condições permitidas para as entidades autorizadas a
títulos de crédito, hipóteses em que, salvo disposição em con- operar no SFI.” (NR)
trário, a posse direta e indireta do bem objeto da propriedade “Art. 8º .............................................................................
fiduciária ou do título representativo do direito ou do crédito é I - (Revogado pela Medida Provisória nº 1.103, de 2022);
atribuída ao credor, que, em caso de inadimplemento ou mora ..........................................................................................”
da obrigação garantida, poderá vender a terceiros o bem objeto (NR)
da propriedade fiduciária independente de leilão, hasta públi- “Art. 16 .............................................................................
ca ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial, devendo .........................................................................................
aplicar o preço da venda no pagamento do seu crédito e das § 3º (Revogado pela Medida Provisória nº 1.103, de 2022)
despesas decorrentes da realização da garantia, entregando ao “Art. 22. .............................................................................
devedor o saldo, se houver, acompanhado do demonstrativo da
operação realizada.

267
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Parágrafo único. A alienação fiduciária poderá ter como ob- I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção
jeto bens enfitêuticos, sendo também exigível o pagamento do das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na con-
laudêmio se houver a consolidação do domínio útil no fiduciá- venção;
rio.” (NR) § 1º (VETADO)
“Art. 26. ............................................................................ ...........................................................................................
.......................................................................................... ” (NR)
§ 7º Decorrido o prazo de que trata o § 1º sem a purgação “ Art. 1.351. Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos
da mora, o oficial do competente Registro de Imóveis, certifican- votos dos condôminos a alteração da convenção; a mudança da
do esse fato, promoverá a averbação, na matrícula do imóvel, da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, depende da
consolidação da propriedade em nome do fiduciário, à vista da aprovação pela unanimidade dos condôminos.” (NR)
prova do pagamento por este, do imposto de transmissão inter “ Art. 1.368-A. As demais espécies de propriedade fiduciária
vivos e, se for o caso, do laudêmio. ou de titularidade fiduciária submetem-se à disciplina específica
§ 8º O fiduciante pode, com a anuência do fiduciário, dar das respectivas leis especiais, somente se aplicando as disposi-
seu direito eventual ao imóvel em pagamento da dívida, dispen- ções deste Código naquilo que não for incompatível com a legis-
sados os procedimentos previstos no art. 27.” (NR) lação especial.” (NR)
“Art. 27. ........................................................................... “ Art. 1.485. Mediante simples averbação, requerida por
......................................................................................... ambas as partes, poderá prorrogar-se a hipoteca, até 30 (trin-
§ 7º Se o imóvel estiver locado, a locação poderá ser denun- ta) anos da data do contrato. Desde que perfaça esse prazo, só
ciada com o prazo de trinta dias para desocupação, salvo se tiver poderá subsistir o contrato de hipoteca reconstituindo-se por
havido aquiescência por escrito do fiduciário, devendo a denún- novo título e novo registro; e, nesse caso, lhe será mantida a
cia ser realizada no prazo de noventa dias a contar da data da precedência, que então lhe competir.” (NR)
consolidação da propriedade no fiduciário, devendo essa con- Alterações na Lei de Registros Públicos
dição constar expressamente em cláusula contratual específica, Art. 59. A Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passa a
destacando-se das demais por sua apresentação gráfica. vigorar com as seguintes alterações:
§ 8º Responde o fiduciante pelo pagamento dos impostos, “Art. 167. ..............................................................................
taxas, contribuições condominiais e quaisquer outros encargos ..............................................................................................
que recaiam ou venham a recair sobre o imóvel, cuja posse te- II - ........................................................................................
nha sido transferida para o fiduciário, nos termos deste artigo, ..............................................................................................
até a data em que o fiduciário vier a ser imitido na posse.” (NR) 21) da cessão de crédito imobiliário.” (NR)
“ Art. 37-A. O fiduciante pagará ao fiduciário, ou a quem vier “Art. 212. Se o registro ou a averbação for omissa, imprecisa
a sucedê-lo, a título de taxa de ocupação do imóvel, por mês ou ou não exprimir a verdade, a retificação será feita pelo Oficial
fração, valor correspondente a um por cento do valor a que se do Registro de Imóveis competente, a requerimento do interes-
refere o inciso VI do art. 24, computado e exigível desde a data sado, por meio do procedimento administrativo previsto no art.
da alienação em leilão até a data em que o fiduciário, ou seus 213, facultado ao interessado requerer a retificação por meio de
sucessores, vier a ser imitido na posse do imóvel.” (NR) procedimento judicial.
“ Art. 37-B. Será considerada ineficaz, e sem qualquer efei- Parágrafo único. A opção pelo procedimento administrativo
to perante o fiduciário ou seus sucessores, a contratação ou a previsto no art. 213 não exclui a prestação jurisdicional, a reque-
prorrogação de locação de imóvel alienado fiduciariamente por rimento da parte prejudicada.
prazo superior a um ano sem concordância por escrito do fidu- Art. 213. O oficial retificará o registro ou a averbação:
ciário.” (NR) I - de ofício ou a requerimento do interessado nos casos de:
“ Art. 38. Os contratos de compra e venda com financiamen- a) omissão ou erro cometido na transposição de qualquer
to e alienação fiduciária, de mútuo com alienação fiduciária, de elemento do título;
arrendamento mercantil, de cessão de crédito com garantia real b) indicação ou atualização de confrontação;
poderão ser celebrados por instrumento particular, a eles se c) alteração de denominação de logradouro público, com-
atribuindo o caráter de escritura pública, para todos os fins de provada por documento oficial;
direito.” (NR) d) retificação que vise a indicação de rumos, ângulos de de-
Alterações no Código Civil flexão ou inserção de coordenadas georeferenciadas, em que
Art. 58. A Lei nº 10.406, de 2002 - Código Civil passa a vigo- não haja alteração das medidas perimetrais;
rar com as seguintes alterações: e) alteração ou inserção que resulte de mero cálculo ma-
“ Art. 819-A. (VETADO) “ temático feito a partir das medidas perimetrais constantes do
“Art. 1.331. ...................................................................... registro;
......................................................................................... f) reprodução de descrição de linha divisória de imóvel con-
§ 3º A cada unidade imobiliária caberá, como parte insepa- frontante que já tenha sido objeto de retificação;
rável, uma fração ideal no solo e nas outras partes comuns, que g) inserção ou modificação dos dados de qualificação pesso-
será identificada em forma decimal ou ordinária no instrumento al das partes, comprovada por documentos oficiais, ou mediante
de instituição do condomínio. despacho judicial quando houver necessidade de produção de
..........................................................................................” outras provas;
(NR) II - a requerimento do interessado, no caso de inserção
“Art. 1.336. ....................................................................... ou alteração de medida perimetral de que resulte, ou não, al-
.......................................................................................... teração de área, instruído com planta e memorial descritivo
assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de

268
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
anotação de responsabilidade técnica no competente Conselho II - a adequação da descrição de imóvel rural às exigências
Regional de Engenharia e Arquitetura - CREA, bem assim pelos dos arts. 176, §§ 3º e 4º , e 225, § 3º , desta Lei.
confrontantes. § 12. Poderá o oficial realizar diligências no imóvel para a
§ 1º Uma vez atendidos os requisitos de que trata o caput constatação de sua situação em face dos confrontantes e locali-
do art. 225, o oficial averbará a retificação. zação na quadra.
§ 2º Se a planta não contiver a assinatura de algum confron- § 13. Não havendo dúvida quanto à identificação do imóvel,
tante, este será notificado pelo Oficial de Registro de Imóveis o título anterior à retificação poderá ser levado a registro desde
competente, a requerimento do interessado, para se manifestar que requerido pelo adquirente, promovendo-se o registro em
em quinze dias, promovendo-se a notificação pessoalmente ou conformidade com a nova descrição.
pelo correio, com aviso de recebimento, ou, ainda, por solicita- § 14. Verificado a qualquer tempo não serem verdadeiros os
ção do Oficial de Registro de Imóveis, pelo Oficial de Registro de fatos constantes do memorial descritivo, responderão os reque-
Títulos e Documentos da comarca da situação do imóvel ou do rentes e o profissional que o elaborou pelos prejuízos causados,
domicílio de quem deva recebê-la. independentemente das sanções disciplinares e penais.
§ 3º A notificação será dirigida ao endereço do confrontante § 15. Não são devidos custas ou emolumentos notariais ou
constante do Registro de Imóveis, podendo ser dirigida ao pró- de registro decorrentes de regularização fundiária de interesse
prio imóvel contíguo ou àquele fornecido pelo requerente; não social a cargo da administração pública.
sendo encontrado o confrontante ou estando em lugar incerto Art. 214. .........................................................................
e não sabido, tal fato será certificado pelo oficial encarregado § 1º A nulidade será decretada depois de ouvidos os atin-
da diligência, promovendo-se a notificação do confrontante me- gidos.
diante edital, com o mesmo prazo fixado no § 2º , publicado por § 2º Da decisão tomada no caso do § 1º caberá apelação ou
duas vezes em jornal local de grande circulação. agravo conforme o caso.
§ 4º Presumir-se-á a anuência do confrontante que deixar § 3º Se o juiz entender que a superveniência de novos regis-
de apresentar impugnação no prazo da notificação. tros poderá causar danos de difícil reparação poderá determinar
§ 5º Findo o prazo sem impugnação, o oficial averbará a re- de ofício, a qualquer momento, ainda que sem oitiva das partes,
tificação requerida; se houver impugnação fundamentada por o bloqueio da matrícula do imóvel.
parte de algum confrontante, o oficial intimará o requerente e o § 4º Bloqueada a matrícula, o oficial não poderá mais nela
praticar qualquer ato, salvo com autorização judicial, permitin-
profissional que houver assinado a planta e o memorial a fim de
do-se, todavia, aos interessados a prenotação de seus títulos,
que, no prazo de cinco dias, se manifestem sobre a impugnação.
que ficarão com o prazo prorrogado até a solução do bloqueio.
§ 6º Havendo impugnação e se as partes não tiverem forma-
§ 5º A nulidade não será decretada se atingir terceiro de
lizado transação amigável para solucioná-la, o oficial remeterá o
boa-fé que já tiver preenchido as condições de usucapião do
processo ao juiz competente, que decidirá de plano ou após ins-
imóvel.” (NR)
trução sumária, salvo se a controvérsia versar sobre o direito de
propriedade de alguma das partes, hipótese em que remeterá o
Alteração na Lei do FGTS
interessado para as vias ordinárias.
Art. 60. O caput do art. 9º da Lei nº 8.036, de 11 de maio de
§ 7º Pelo mesmo procedimento previsto neste artigo po-
1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
derão ser apurados os remanescentes de áreas parcialmente
“ Art. 9º As aplicações com recursos do FGTS poderão ser
alienadas, caso em que serão considerados como confrontantes
realizadas diretamente pela Caixa Econômica Federal e pelos
tão-somente os confinantes das áreas remanescentes. demais órgãos integrantes do Sistema Financeiro da Habitação
§ 8º As áreas públicas poderão ser demarcadas ou ter seus - SFH, exclusivamente segundo critérios fixados pelo Conselho
registros retificados pelo mesmo procedimento previsto neste Curador do FGTS, em operações que preencham os seguintes
artigo, desde que constem do registro ou sejam logradouros de- requisitos:” (NR)
vidamente averbados.
§ 9º Independentemente de retificação, dois ou mais con- Alterações na Lei de Locações
frontantes poderão, por meio de escritura pública, alterar ou es- Art. 61. A Lei no 8.245, de 18 de outubro de 1991, passa a
tabelecer as divisas entre si e, se houver transferência de área, vigorar com as seguintes alterações:
com o recolhimento do devido imposto de transmissão e desde “ Art. 32. .......................................................................
que preservadas, se rural o imóvel, a fração mínima de parcela- Parágrafo único. Nos contratos firmados a partir de 1º de
mento e, quando urbano, a legislação urbanística. outubro de 2001, o direito de preferência de que trata este ar-
§ 10. Entendem-se como confrontantes não só os proprie- tigo não alcançará também os casos de constituição da proprie-
tários dos imóveis contíguos, mas, também, seus eventuais dade fiduciária e de perda da propriedade ou venda por quais-
ocupantes; o condomínio geral, de que tratam os arts. 1.314 e quer formas de realização de garantia, inclusive mediante leilão
seguintes do Código Civil, será representado por qualquer dos extrajudicial, devendo essa condição constar expressamente em
condôminos e o condomínio edilício, de que tratam os arts. cláusula contratual específica, destacando-se das demais por
1.331 e seguintes do Código Civil, será representado, conforme sua apresentação gráfica.” (NR)
o caso, pelo síndico ou pela Comissão de Representantes. “ Art. 39. (VETADO)”
§ 11. Independe de retificação:
I - a regularização fundiária de interesse social realizada em Alterações na Lei de Protesto de Títulos e Documentos de
Zonas Especiais de Interesse Social, nos termos da Lei nº 10.257, Dívida
de 10 de julho de 2001, promovida por Município ou pelo Distri- Art. 62. (VETADO)
to Federal, quando os lotes já estiverem cadastrados individual-
mente ou com lançamento fiscal há mais de vinte anos;

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Normas Complementares a esta Lei de bens ou serviços e ainda movimentando a economia e os negó-
Art. 63. Nas operações envolvendo recursos do Sistema Fi- cios em todo país. De acordo com Lorraine Andrade Batista e Aluer
nanceiro da Habitação e do Sistema Financeiro Imobiliário, rela- Baptista Freire Junior,
cionadas com a moradia, é vedado cobrar do mutuário a elabo- Em observação ao direito empresarial, chamados por alguns
ração de instrumento contratual particular, ainda que com força de direito comercial, o cheque é uma figura denominada de títu-
de escritura pública. lo de crédito (documento necessário para o exercício do direito,
Art. 64. (VETADO) literal e autônomo, nele mencionado), sendo a principal finalidade
Art. 65. O Conselho Monetário Nacional e a Secretaria da do mesmo a sua circulação de maneira mais célere e eficaz possí-
Receita Federal, no âmbito das suas respectivas atribuições, ex- vel.   Por pertencer ao mundo dos títulos de crédito, assim como
pedirão as instruções que se fizerem necessárias à execução das estes, o cheque é de grande valia e essencial importância para o
disposições desta Lei. bem comum, onde engloba financeiramente toda uma sociedade.
Sendo então classificado como título de crédito, o cheque também
Vigência é composto formalmente por diversos requisitos responsáveis por
Art. 66. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. sua eficácia. Tais requisitos são encontrados em uma Lei específica
a qual chamasse Lei de Cheque, válida desde 02 de setembro de
1985, sob o número 7.357. Justamente por conter formalidades e
Revogações
requisitos, o cheque constitui um título de crédito de modelo vincu-
Art. 67. Ficam revogadas as Medidas Provisórias nºs 2.160-
lado, ou seja, possui suas padronizações obrigatórias, não podendo
25, de 23 de agosto de 2001, 2.221, de 4 de setembro de 2001,
ser criado como bem quiser ou entender melhor, muito menos por
e 2.223, de 4 de setembro de 2001, e os arts. 66 e 66-A da Lei nº qualquer folha de papel. De acordo com a doutrina majoritária, por
4.728, de 14 de julho de 1965. ser o cheque um título de crédito, é permitido execução, e sua pres-
crição contar-se-á a partir do fim do prazo de apresentação. (BATIS-
Brasília, 2 de agosto de 2004; 183º da Independência e 116º TA; FREIRE JUNIOR, 2017:1)
da República. Este trabalho será realizado por meio de uma pesquisa biblio-
gráfica. Nesta pesquisa serão analisados e discutidos artigos acadê-
CHEQUE: REQUISITOS ESSENCIAIS, CIRCULAÇÃO, micos, doutrinas e jurisprudência que tratam da problemática do
ENDOSSO, CRUZAMENTO E COMPENSAÇÃO cheque a fim de entender o amparo legal atribuído a este título de
crédito. Para entender a natureza do cheque, precisa-se voltar ao
tempo. Fran Martins relata que
O cheque é um dos tipos de títulos de crédito amplamente [...] chega-se a dizer que possuíam características de cheque
utilizado nas relações comerciais brasileiras. É um instrumento que certos documentos, existentes no Egito antigo, contendo ordens de
permite a circulação de riquezas, estabelecendo uma relação ba- pagamento em favor de terceiros. Essa prática teria influenciado a
seada, inclusive na boa-fé, entre o emitente e o sacado. Grécia e Roma, onde também tais ordens eram encontradas. (MAR-
Este dispositivo representa uma ordem de pagamento que tem TINS, 2010:5)
sido amplamente utilizada na realização de acordo comerciais, uma Na Idade Média, depositava-se ouro em lugar seguro, com di-
vez que representa o compromisso do emissor de realizar um pa- versos dispositivos de segurança a fim de prestar total segurança
gamento ao sacado. Uma das modalidades mais amplamente uti- aos depositantes. Esses valores em ouro eram depositados em um
lizada de cheque é o cheque pós-datado, o qual representa uma lugar denominado Oficina de Ourives. Buscando um meio de pro-
promessa de pagamento futura. porcionar ainda mais segurança ao ouro depositado, viu-se que se-
Essa modalidade de utilização não possui amparo legal, porém, ria interessante que outra pessoa pudesse organizar e representar
é o modelo mais utilizado nas relações comerciais. Isso porque o finanças bem como realizar os negócios com maior rapidez, passou
cheque pós-datado permite o parcelamento de débito ou a aquisi- a existir a emissão de papéis pelos ourives, os papéis possuíam va-
ção de um produto ou serviço cujo pagamento será realizado pos- lores fixos. Fran Martins ainda relata:
teriormente. Permite a movimentação de compra e venda fomen- [...] a partir da segunda metade da Idade Média, ordens de pa-
tando o comércio brasileiro. gamento contra bancos, com algumas características dos cheques
Em razão da não previsão legal de emissão de cheque pós-da- atuais, entre as quais o fato de poderem as mesmas circular e de
tado, faz-se necessário realizar este estudo a fim de informar os di- haver responsabilidade dos que nelas lançavam suas assinaturas
reitos e deveres do emitente e do beneficiário. Assim, o problema foram usuais em vários países da Europa. Esses documentos eram,
desta pesquisa é: como a lei protege o sacado que aceita cheque entre outros, chamados de polizzenotatafede, e billsofsaccario, na
pós-datado como ordem de pagamento? Inglaterra. (MARTINS, 2010:5)
Pretende-se, com essa pesquisa, analisar a importância da uti- O cheque também esteve presente na Inglaterra, segundo
lização de cheque como ordem de pagamento; entender a natureza Gladston Mamede:
jurídica do cheque; investigar aspectos legislativos acerca da utili- Na Inglaterra, em meados do século XVIII (entre 1759 a 1772),
zação do cheque. Bem como demonstrar como se dá a utilização que pela primeira vez usou-se o nome cheque e deu-se ao instru-
deste tipo de título de crédito; discutir as formas de emissão de um mento a forma mais próxima da atual, marcando definitivamente a
cheque; apresentar o prazo prescricional do cheque e analisar as diferença entre o bilhete bancário e o que atualmente se entende
necessidades de mudança legislativa acerca da utilização do che- por cheque. (MAMEDE, 2008:242)
que.
Torna-se necessário realizar essa discussão, pois o cheque é um Ainda, nas palavras da Gladson Mamede,
título de crédito que representa uma ordem de pagamento permi- [...] as práticas medievais que conduziram ao cheque não são
tindo a realização de negócios entre emitente e sacado. Este tipo inovadoras, mas mera evolução de práticas comerciais anteriores
de negócio, com a utilização de cheque é bastante utilizado no país que diante das necessidades que foram se apresentando, acaba-
como forma de concretização de negócios, permitindo a aquisição ram por dar-lhe nova conformação. O mandado de pagamento, por
exemplo era usado pelos imperadores germânicos, que mantinham

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
uma conta corrente em cidades tributárias, sacando valores por A lei nº 7.357, de 2 de setembro de 1985 foi promulgada para
meio de recibos. Já os reis ingleses emitiam Bill of Exchequer con- regular o uso dos cheques e ainda hoje é utilizada. Em seu primeiro
tra seus tesoureiros mesmo a favor das cidades italianas, das quais artigo esta lei define os requisitos necessários à emissão deste títu-
eram devedores. A segurança oferecida pelas casas bancárias, dian- lo de crédito:
te do impulso do comércio, levou a prática do depósito dos valo- Artigo 1º: O cheque contêm:
res nestes estabelecimentos, bem como de dispor de importâncias I – a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e
por meio de títulos escritos, o que provavelmente se deu na Itália, expressa na língua em que este é redigido;
com stanse dei publici pagamenti. Assim o estabelecimento bancá- II – a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
rio de Veneza (1942) recebia depósitos e pagava mediante ordem III – o nome do banco ou da instituição financeira que deve
do depositante. A instituição emitia títulos denominados contadi pagar (sacado);
di banco que circulavam como se fossem dinheiro. Já o banco de IV – a indicação do lugar de pagamento;
S. Gerídio, em Genebra (1407) emitia bigliette di cartulatorio, que V – a indicação da data e do lugar de emissão;
chegavam de S. Grerício, em dinheiro de contado. Somen as cedole VI – a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário
catulario do Banco de Santo Ambrósio, em Milão e as polizze ou fedi com poderes especiais.
di credi do Banco de Nápoles. [...] (MAMEDE, 2008:242) Parágrafo único – A assinatura do emitente ou a de seu manda-
A ideia do cheque não é uma novidade da sociedade moderna. tário com poderes especiais pode ser constituída, na forma de legis-
Este instrumento, ainda que não com as características atuais, vem lação específica, por chancela mecânica ou processo equivalente.
sendo utilizado deste a época medieval. Gladson Mamede conta (BRASIL, 2015:1447)
ainda que:
Na Inglaterra, encontramo-se tanto os Golgsmiths notes, bi- A lei de cheques determina, ainda, que o mesmo é uma ordem
lhetes de ourives, quanto as Cash Notes, bilhetes de caixa. Os pri- de pagamento à vista, logo, é vedada qualquer disposição em con-
meiros eram emitidos pelos bancos, ao passo que os segundos, pe- trário contida neste título. Esta é a previsão do artigo 32 da lei em
los  depositantes em favor de terceiros, podendo ser endossados, questão: “Art. 32. O cheque é pagável à vista. Considera-se não-es-
com quase todas as caractrísticas atuais do cheque. Na Holanda, no trita qualquer menção em contrário.” (BRASIL, 2015:1460). Fábio
Ulhoa Coelho prescreve que
século XVI tem quase todas as características tem-se o overwisin-
O cheque é uma ordem de pagamento à vista, sacada contra
je e kassierbrieffe. Uma ordenança de 15 de julho de 1608 chegou
um banco e com base em suficiente provisão de fundos deposita-
a proibir a prática, mas esse foi paulatinamente caindo em desu-
dos pelo sacador em mãos do sacado ou decorrente de contrato de
so em face dos benefícios oferecidos pelos tesoureiros que, entre
abertura de crédito entre ambos. O elemento essencial do conceito
1770 e 1780, já contavam 54, só em Amsterdã. Entre os franceses,
de cheque é a sua natureza de ordem à vista, que não pode ser
existiram os mandats blancs( mandatos brancos) e os mandats rou-
descaracterizada por acordo entre as partes. Qualquer cláusula in-
ges (mandatos vermelhos), emitidos pelo banco da França: os pri-
serida no cheque com o objetivo de alterar esta sua essencial carac-
meiros eram entregues aos clientes dos bancos para que retirassem
terística é considerada não escrita e, portanto, ineficaz (Lei. 7.357,
importâncias depositadas, os segundos destinavam-se a realizar de 1985 – Lei do Cheque, art. 32.) (COELHO, 2015:275)
compensação entre os clientes do banco, quando devedores uns Contudo, o cheque é comumente utilizado de forma contrária
dos outros, por meio de simples lançamento no livro de depósito. ao que prevê o artigo 32, sendo utilizado como ordem de pagamen-
Na Inglaterra, em meados dos séculos XVIII (entre 1759 a 1772), to futura, ou seja, o cheque é admitido para concretização de negó-
que pela primeira vez usou-se o nome cheque e deu-se ao instru- cios tendo por base a boa-fé uma vez que o emissor o faz pós-data-
mento a forma mais próxima da atual, marcando definitivamente a do, o que não há amparo legal para tal.
diferença entre o bilhete bancário e o que atualmente se entende Desta forma, o cheque ao ser utilizado como forma de paga-
por cheque. (MAMEDE, 2008:242) mento futuro, é denominado como cheque pós-datado. Assim, o
No Brasil, conforme lecionam Kelsilene Cristine Abrantes Pires cheque representa a concessão de crédito, que a movimentação de
Beserra e Maria Bernadete Miranda, a primeira disposição acerca riquezas no país.
do cheque foi a seguinte:  
[...] é a que constou do Regulamento do Banco da Província da Os princípios que regem os títulos de crédito
Bahia, que foi aprovado pelo Decreto n.º 438, de 13 de novembro O cheque é uma espécie de título de crédito que representa um
de 1845. Depois, em 22 de agosto de 1860 uma nova Lei n.º 1083, documento cuja função é representar uma obrigação. Estes títulos
continha providências sobre os bancos de emissão, meio circulante de crédito têm algumas características importantes, tais como os
e outras disposições necessárias para o uso do cheque, mas nesta princípios que os regem. São eles: literalidade, autonomia e cartu-
lei a palavra cheque não era usada, e sim, recibos ou mandatos ao laridade. Princípios essenciais para a definição do título de crédito.
portador. A palavra cheque somente começa a ser usada “pelo De- Fábio Ulhoa Coelho ensina sobre estes princípios:
creto nº 149-B, de 20 de julho de 1893 [...] Somente em 1906, é que O regime jurídico-cambial caracteriza-se por três princípios
o Presidente Rodrigues Alves, por intermédio do Ministro da Fazen- – o da cartularidade, o da literalidade e o da autonomia cambial.
da, Leopoldo de Bulhões, confiou ao Dr. Ubaldino do Amaral, na Embora presentemente tais princípios estejam passando por um
época presidente do Banco do Brasil, a elaboração do anteprojeto processo de revisão, em muito provocado pelo desenvolvimento
de lei sobre a regulamentação do cheque no País. Este anteprojeto da informática, o certo é que, por enquanto, eles ainda se aplicam,
se transformou no Decreto-lei nº 2.591, de 07 de agosto de 1912, grosso modo, aos títulos de crédito. A própria conceituação de tí-
que vigorou durante muito tempo. Em decisão prolatada em 1971 tulo de crédito, conforme já visto, gravita em torno deles, de sorte
pelo Supremo Tribunal Federal, o Brasil passa a adotar, mas com a se poder afirmar que é título de crédito o título representativo de
reservas o Decreto nº 57.595, de 07 de janeiro de 1966, resultante obrigação pecuniário sujeito a tais princípios. (COELHO, 2011:299)
da Convenção de Genebra. (BESERRA; MIRANDA, 2011:3-4)
Estes princípios regem a utilização dos títulos de crédito. Para
Fábio Ulhoa Coelho, o princípio da cartularidade expressa “Somen-
te quem exibe a cártula (isto é, o papel em que se lançaram os atos

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
cambiários constitutivos de crédito) pode pretender a satisfação de assemelhada para pagar uma quantia determinada ao emitente ou
uma pretensão relativamente ao direito documentado pelo título.” a terceiro, havendo fundos disponíveis em poder do sacado. (COS-
(COELHO, 2011:396). Sobre o princípio da literalidade, Rubens Re- TA, 2008:323).
quião diz: É necessário entender que a pessoa que emite um cheque está
O título é literal porque sua existência se regula pelo teor de emitindo uma ordem de pagamento para uma instituição bancária
seu conteúdo. O título de crédito se enuncia em um escrito, e so- ou financeira, a favor de um terceiro. Jorge Luis Schneider e Nelcy
mente o que está nele inserido se leva em consideração; uma obri- Renatus Brandt destacam que
gação que dele não conste, embora sendo expressa em documento O cheque é um título de credito abstrato, que não tem origem
separado, nele não se integra. (REQUÃO, 2014:458) num tipo específico de negócio, revelando-se como mera declara-
E, sobre a autonomia, insta dizer que é um princípio de grande ção unilateral, feita pelo emitente, da existência do débito anotado,
importância para a circulação dos títulos de crédito, tendo relação e a ordem para que seja saldado por uma instituição na qual, presu-
com a boa-fé. Rubens Requião diz: mivelmente, o emitente tem valores bastantes ou crédito suficiente
[...] porque o possuidor de boa-fé exercita um direito próprio, para fazer frente ao saque. Trata-se, aqui, de uma ordem de paga-
que não pode ser restringido ou destruído em virtude das relações mento e não apenas de uma promessa de pagamento. (SCHNEIDER;
existentes entre os anteriores possuidores e o devedor. Cada obri- BRANDT, 2013:518)
gação que deriva do título é autônoma em relação às demais. (RE- Acrescenta Fábio Ulhoa:
QUIÃO, 2014:458). O elemento essencial do conceito de cheque é a sua natureza
Deste modo, o título de crédito é autônomo. Além disso, os tí- de ordem à vista, que não pode ser descaracterizada por acordo en-
tulos de crédito possuem características como abstração, indepen- tre as partes. Qualquer cláusula inserida no cheque com o objetivo
dência e inoponibilidade. Sobre a abstração pode-se dizer que os de alterar esta sua essencial característica é considerada não-escri-
títulos são abstratos quando colocados em circulação sem causa de ta e, portanto, ineficaz (Lei n. 7.357, de 1985 – Lei do Cheque, art.
emissão, exemplo disso, são a nota promissória e o cheque. Sobre 32). (COELHO, 2011:272)
esta característica, Fábio Ulhoa Coelho explica “Quando o título de Logo, o cheque é um documento importante para a circulação
crédito é posto em circulação, diz-se que se opera a abstração, isto de riquezas no país. A Lei n° 7.357/85 estabeleceu os critérios obri-
é, a desvinculação do ato ou negocio jurídico que deu ensejo à sua gatórios para o cheque, tais como a denominação “cheque” expres-
criação.” (COELHO, 2011:401). sa no título; a ordem de pagar quantia determinada; o nome do
A outra característica é independência, que relaciona-se ao banco ou instituição financeira, o sacado; a indicação de lugar de
fato de que a legislação obriga o título a seguir determinada forma pagamento, data e do lugar de emissão; assinatura do emitente que
para ser válido, e por não necessitar de outro documento para com- é o sacador ou do mandatário (art. 1°). O cheque possui rigor cam-
pletar-se. Assim, conforme relata Rubens Requião, “[...] são títulos bial em sua forma, conteúdo e execução judicial.
de crédito regulados pela lei, de forma a se bastarem a si mesmos.
Não se integram, não surgem nem resultam de nenhum outro do- NATUREZA JURÍDICA E TIPO DE EMISSÃO
cumento. Não se ligam ao ato originário de onde provieram.” (RE- A natureza jurídica do cheque é controversa, mas, acredita-se
QUIÃO, 2014:460). Assim, estes títulos não precisam de nada para que se baseia na teoria contratualista. De acordo com esta teoria, o
ser válido, são completos e, cabe nesta categoria a nota promis- cheque é um contrato sui generis semelhante ao contrato de com-
sória. Agora, sobre a inoponobilidade, leciona Fábio Ulhoa Coelho: pra e venda. Segundo Jorge Luis Schneider e Nelcy Renatus Brandt,
Pelo subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais aos pela teoria contratualista o cheque é visto como um
terceiros de boa-fé, o executado em virtude de um título de crédito [...] contrato de compra e venda de moedas, a teoria de cessão,
não pode alegar, em seus embargos, matéria de defesa estranha à para a qual haveria uma cessão no ato do deposito bancário. Dei-
sua relação direta com o exequente, salvo provando a má-fé dele. xando de lado tais aspectos que envolvem mais as relações entre
São, em outros termos, inoponíveis aos terceiros defesas (exceções) sacador e sacado, na realidade o cheque é uma ordem de paga-
não fundadas no título. Ainda no exemplo criado para o princípio
mento. A faculdade circulatória mediante endossos sucessivos en-
da autonomia, nos embargos de Benedito, interpostos na execução
tre contrariar a sua própria natureza jurídica é que lhe empresta
judicial da nota promissória, a matéria de defesa fica circunscrita
feição de título de crédito. O cheque de simples meio de pagamen-
apenas à relação jurídica que mantém com o exequente, Carlos.
to pode transformar-se em título de crédito quando posto a circular
Que relação é essa? Simples: Benedito é o devedor de uma nota
por meio de endosso. Mesmo, porém, nas mãos do tomador que,
promissória, de que é credor Carlos. Nada mais. Assim, as exceções
por confiar no emitente, o recebeu em lugar do dinheiro, o cheque
admitidas, na execução, dizem respeito somente a tal relação, ou
não deixa de ser um título de crédito de vida brevíssima em geral,
seja, à nota promissória. Por exemplo: a prescrição do título, a nuli-
dade da nota por não preencher os requisitos da lei, falsificação etc. mas título de crédito, com feição característica de documento ne-
(COELHO, 2011:402). cessário ao exercício literal e autônomo que nele se contém. (SCH-
Todos estes princípios e características são essenciais para os NEIDER; BRANDT, 2013:521)
títulos de crédito, pois garante-lhes validade e segurança. Considera-se ser o cheque um instrumento de natureza au-
tônoma que é utilizado para exercer uma função econômica. Para
O CHEQUE E SUA NATUREZA JURÍDICA Fran Martins “[...] o cheque tem natureza jurídica autônoma, dota-
O cheque é um título abstrato e revela-se como uma mera de- do pelo legislador de um estatuto particular para torná-lo próprio
claração unilateral, que é realizada pelo emitente. Para Fran Mar- a preencher sua função econômica de instrumento de pagamento
tins, um cheque é visto “[...] como uma ordem de pagamento, à à vista e de compensação”. (MARTINS, 2010:11). Luis Emygdio da
vista, dada a um banco ou instituição assemelhada, por alguém que Rosa Junior relata:
tem fundos disponíveis no mesmo, em favor próprio ou de tercei- O cheque é o título cambiário abstrato, formal, resultante de
ro”. (MARTINS, 2010:237) É uma ordem de pagamento e não uma uma mera declaração unilateral de vontade, pelo qual ma pessoa,
promessa. De acordo com Wille Duarte Costa, sacado, dá contra o banco, em decorrência de convenção expressa
O cheque é uma promessa indireta de pagamento feita pelo ou tácita, uma ordem incondicional de pagamento à vista, em seu
emitente, cujo conteúdo, tal como na letra de câmbio, corresponde
a uma ordem de pagamento a um Banco ou Instituição Financeira

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
próprio benefício ou em favor de terceiro, intitulado tomador ou O comerciante só poderá se recusar a receber cheque caso haja
beneficiário, nas condições estabelecidas no título. (ROSA JÚNIOR, informação clara e ostensiva no estabelecimento indicando a não
2002:506)    aceitação desta modalidade de pagamento. O descumprimento
E Marllon Tomazatte engrossam esse discurso ao dizer que das normas enseja a aplicação de algumas sanções administrativas
[...] o cheque seria um título de crédito impróprio, na medida previstas no Código de Defesa do Consumidor, art. 56, que vão de
em que não envolveria uma típica operação de crédito, por ser à vis- multa à interdição.
ta. Todavia, ao circular por endosso, haveria a operação de crédito,
que o tornaria um título de crédito. Só com o endosso é que estaria O cheque como meio de pagamento
presente o elemento tempo, que seria essencial para a caracteriza- Os títulos de crédito podem ser utilizados para transações mer-
ção da operação de crédito. (TOMAZETTE, 2011:219) cantis como forma de garantir mais segurança e agilidade ao sis-
Sobre sua emissão, o cheque pode ser emitido ao portador, à tema de capital. Desta forma, o crédito facilita as negociações e o
ordem ou nominalmente. No primeiro tipo, não há identificação de progresso comercial.
um beneficiário e no segundo tipo, à ordem traz na cártula a indi- Todos os títulos de crédito têm circulação facilitada por se tra-
cação do beneficiário ou dos beneficiários, permitindo que se faça tar de um instrumento de circulação de renda, que permite que o
o pagamento a outrem, à ordem do beneficiário que está nomeado capital circule de modo seguro pelo meio econômico. Tornando-se,
no cheque. O beneficiário endossa em branco, passando o cheque assim figura como um instrumento produtivo na captação das ri-
que estava à ordem para um portador. No tipo nominal, o emissor quezas de maneira rápida e segura.
deve indicar o beneficiário, que pode ser uma pessoa ou empresa. Um dos tipos de título de crédito é o cheque. O cheque é um
Este tipo de cheque só pode ser compensado com a identificação título de crédito que representa uma ordem de pagamento emitida
do beneficiário ou de quem ele indicar no verso do cheque, o cha- de uma pessoa, denominada emitente ou sacador, para que o sa-
mado endosso. cado pague esta ordem, o sacado é a instituição bancária, esta ins-
Pode haver ainda a modalidade de cheque cruzado onde os tituição faz o pagamento ao beneficiário nomeado, se não houver
cheques ao portador e os nominais podem ser cruzados, o que per- nomeação de beneficiário, o pagamento é feito ao portador.
mite o pagamento do mesmo mediante depósito em conta corren- Deste feito, o cheque, portanto, é considerado como uma
te, para cruzar o cheque, basta apenas incluir dois traços paralelos ordem de pagamento emanada pelo emitente ou sacador a um
em diagonal na frente do documento. E tem ainda o cheque admi- beneficiário, representando um título de crédito abstrato. Possui
nistrativo, onde o emissor é o sacado, isto é, o próprio banco, é uma natureza contratualista, autônomo e foi estabelecido para exercer
espécie de cheque avulso para aqueles que não possuem talão, en- determinada função comercial. Sendo ainda caracterizado como
tão a instituição bancária emite em nome do indicado pelo cliente e título de crédito próprio ou impróprio é aplicável ao cheque princí-
o valor é descontado da conta do emissor. pios e normas cambiais.
A emissão de cheque para pagamento em uma data futura é
O CHEQUE PÓS-DATADO bastante usual e por não possuir regulamentação legal é vedada
Desde a primeira regulamentação do uso do cheque, este é
pela legislação, isto porque entende-se que tal prática retira a natu-
tratado como uma ordem de pagamento à vista. Tal feito se deu pri-
reza do título de crédito em questão como ordem de pagamento à
meiramente no Decreto 2.591/1912 responsável por regular a cir-
vista, violando princípios inerentes aos títulos de crédito, tais como
culação e emissão do cheque, mas permitia flexibilidade para a data
a literalidade e a abstração.
de pagamento do mesmo. A Lei n° 7.357/85 determina somente a
O uso deste tipo de instrumento, o cheque pós-datado, enseja
previsão de pagamento à vista e é pagável mediante sua apresen-
o estabelecimento de uma relação obrigacional entre quem dá o
tação, mesmo que seja em tempo diferente do dia indicado como
cheque e quem o recebe. Essa relação estabelecida pode significar
dada de emissão: “Art. 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se
um acordo comercial onde ambos assumem a obrigação de respei-
não-estrita qualquer menção em contrário. Parágrafo único - O che-
que apresentado para pagamento antes do dia indicado como data tar as determinações acordadas, sendo que uma das determina-
de emissão é pagável no dia da apresentação.” (BRASIL, 2015:1460).   ções é a apresentação do cheque somente na data futura acordada
O cheque é mais comumente utilizado como forma de paga- e a outra é o pagamento do cheque nesta data futura.
mento pós-datado, ou seja, representando uma ordem de paga- Resta dizer que o uso de cheque, sobretudo na modalidade
mento futura. Este meio de utilização é comum nas relações comer- pós-datada, como meio de circulação de dinheiro, é aceito pela ju-
ciais, mas não encontra autorização legal, tendo em vista que sua risprudência e é, portanto, um instrumento legal de realizar paga-
função é representar uma ordem de pagamento à vista. Contudo, mentos. É necessário estabelecer mecanismos mais seguros a fim
encontra amparo na jurisprudência que acredita que o acordo es- de resguardar o tomador acerca do pagamento futuro, garantindo
tabelecido entre emitente e tomador gera uma obrigação baseada ao emitente e ao tomador maior segurança para o uso do cheque,
na boa-fé. sendo importante disciplinar o uso deste, como acontece em outros
países, tornando-o um meio de pagamento com maior segurança
POSSÍVEIS MUDANÇAS PARA O ACEITE DO CHEQUE jurídica.
Em 2017 a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do
Senado aprovou um Projeto de Lei Complementar n° 124/2017 com Requisitos
novas regras para o uso do cheque. O projeto trata da aceitação e - cheque é uma ordem de pagamento a vista (considerase não
da recusa do cheque como meio de pagamento no comércio. Ficou escrita qualquer menção em contrário);
estabelecido que o comerciante que aceitar o cheque como meio - deve ser a apresentado para pagamento no prazo 30 dias da
de pagamento, só poderá recusá-lo caso o emitente esteja cadas- emissão (quando emitido no lugar onde deve ser pago), caso con-
trado no serviço de proteção ao crédito ou se o consumidor não for trário em 60 dias;
o titular do cheque e da conta corrente. Por este projeto ficou ainda
estabelecido que o tempo de abertura da conta no banco não deve
ser critério de recusa do cheque pelo estabelecimento comercial.

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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
- o portador do cheque tem o prazo de 6 meses para promover 3. Cheque nominativo
a execução (ação de cobrança judicial do cheque) contra seu emi- Segue-se o cheque nominativo. Tal como o nome indica, este
tente ou avalista sob pena de prescrição (perder o direito a esta já nomeia o beneficiário da quantia em causa, devendo indicar o
ação judicial); nome por extenso, de forma a ficar claro quem pode movimentar
- o cheque prédatado não é juridicamente válido, mas na prá- esse dinheiro. Para levantar a quantia em causa, o banco vai exigir
tica tem sido utilizado e, assim, assume características de uma pro- que apresente um documento de identificação.
missória;
4. Cheque cruzado
Endosso O quarto tipo de cheque é aquele que é cruzado no seu canto
O endosso é um processo em que o beneficiário transfere a superior esquerdo com duas linhas paralelas, na diagonal. Dentro
posse e os direitos do crédito de um cheque para um terceiro, iden- deste, há dois subtipos de cheques cruzados:
tificando a ação no próprio documento. * Cruzamento geral – quando não há qualquer indicação dentro
Para endossar um cheque é preciso assinar no seu verso e in- das linhas que o cruzam, significa que este tipo de cheque deve ser
dicar o nome do novo beneficiário que passa a ter com o processo. depositado, sendo livre de escolher a instituição. Se, por acaso, for
cliente do mesmo banco que o emitiu, pode recebê-lo ao balcão.
Como endossar um cheque * Cruzamento especial – quando entre as linhas aparece inscrito
Para endossar um cheque apenas é preciso que o beneficiário o nome de um banco, só pode depositar o cheque nessa mesma
do cheque assine no verso do cheque, com a possibilidade de indi- instituição bancária. Mantém-se, no entanto, a possibilidade de ser
car quem deve ser o novo beneficiário do título. pago ao balcão se for cliente desse mesmo banco.
O endosso do cheque pode acontecer de duas maneiras:
- Endosso em branco: quando o beneficiário apenas assina no 5. Cheque visado
verso do cheque; Cheque visado é aquele para o qual o banco garante o
- Endosso em preto: quando o beneficiário assina e também pagamento. A importância nele definida fica cativa na conta de
escreve o nome do novo beneficiário a que o cheque se destina. quem o emite durante, pelo menos, oito dias.

É possível ainda, escrever sobre a assinatura a expressão 6. Cheque bancário


«apenas para depósito», o que indica que o novo dono do cheque O último tipo de cheque de que lhe falamos é o cheque ban-
apenas pode depositá-lo em uma conta bancária. cário. E é bancário porque é emitido pelo próprio banco e não pelo
O endosso pode ser impedido pelo emite do cheque ao riscar titular da conta, a favor de uma terceira pessoa, sempre com indi-
a expressão “à ordem”, escrevendo ao lado “não à ordem”, como cação do seu nome. Na prática, é também um cheque nominativo.7
também “não transferível”, “proibido o endosso” ou outra equiva-
lente.
SISTEMA DE PAGAMENTO BRASILEIRO
Compensação
- valores depositados em cheque (que somente entram para as O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) compreende as enti-
reservas ao banco após sua compensação) somente podem ser mo- dades, os sistemas e os procedimentos relacionados com o proces-
vimentados, no mesmo dia, via cheque (ainda assim caso sejam da samento e a liquidação de operações de transferência de fundos,
mesma praça cidade) pois do contrário dão origem aos chamados de operações com moeda estrangeira ou com ativos financeiros e
“saques sobre valor” onde o banco perde reservas pois estaria, na valores mobiliários.
verdade, emprestando um recurso antes de realmente dispor dele; São integrantes do SPB, os serviços de compensação de che-
- os cheques administrativos, visados ou DOC de emissão do ques, de compensação e liquidação de ordens eletrônicas de débito
próprio correntista são movimentados como se dinheiro fossem, e de crédito, de transferência de fundos e de outros ativos finan-
embora sempre compensados. ceiros, de compensação e de liquidação de operações com títulos e
valores mobiliários, de compensação e de liquidação de operações
Tipos de cheques realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros, e outros, cha-
São 6 os tipos de cheques existentes. Referimo-nos às modali- mados coletivamente de entidades operadoras de Infraestruturas
dades de emissão desta forma de pagamento ainda muito utilizada. do Mercado Financeiro (IMF). A partir de outubro de 2013, com a
Os tipos de cheques dependem de quem os emite, da indica- edição da Lei 12.865, os arranjos e as instituições de pagamento
ção ou não do seu beneficiário, da possibilidade de ser endossado e passaram, também, a integrar o SPB.
da possibilidade de ser pago em vez de depositado. As infraestruturas do mercado financeiro desempenham um
papel fundamental para o sistema financeiro e a economia de uma
1. Cheque não à ordem forma geral. É importante que os mercados financeiros confiem na
Os chamados cheques não à ordem são emitidos com indica- qualidade e continuidade dos serviços prestados pelas IMF. Seu fun-
ção do seu beneficiário e só este pode receber o valor em causa. cionamento adequado é essencial para a estabilidade financeira e
Este é um tipo de cheque não passível de ser endossado, logo, mais condição necessária para salvaguardar os canais de transmissão da
seguro para quem o emite. política monetária.
Para acesso à lista de sistemas em funcionamento no âmbito
2. Cheque ao portador do Sistema de Pagamentos Brasileiro acessar “Comunicados”.
O segundo tipo de cheque de que lhe falamos é o cheque ao Para informações detalhadas acerca de cada infraestrutura,
portador, ou seja, aquele que não é dirigido a ninguém específico acesse “IMF - Infraestruturas do Mercado Financeiro”.
e que pode ser pago a quem o tiver na sua posse. Logo, uma opção
menos segura.

7 Fonte: www.economias.pt/www.dicionariofinanceiro.com/ www.jus.com.br

274
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
O Sistema de Pagamentos Brasileiro - SPB apresenta alto grau e devem ser autorizadas pelo BCB. O princípio da entrega contra
de automação, com crescente utilização de meios eletrônicos para pagamento é observado em todos os sistemas de compensação e
transferência de fundos e liquidação de obrigações, em substituição de liquidação de títulos e valores mobiliários. No caso de operação
aos instrumentos baseados em papel. em câmara de compensação e de liquidação envolvendo moeda es-
Até meados dos anos 90, as mudanças no SPB foram motivadas trangeira, o princípio de pagamento contra pagamento também é
pela necessidade de se lidar com altas taxas de inflação e, por isso, observado.
o progresso tecnológico então alcançado visava principalmente o Após a implantação das reformas de 2002, o Banco Central do
aumento da velocidade de processamento das transações financei- Brasil iniciou um projeto institucional de modernização de paga-
ras. mentos de varejo. O processo gerou os relatórios “Diagnóstico do
Na reforma conduzida pelo Banco Central do Brasil – BCB até Sistema de Pagamentos de Varejo do Brasil”, em 2005, e “Relatório
2002, o foco foi redirecionado para a administração de riscos. A en- sobre a Indústria de Cartões de Pagamentos”, em 2010, apontado
trada em funcionamento do Sistema de Transferência de Reservas ineficiências e sugerindo melhorias no mercado de pagamentos
- STR, em abril de 2002, marca o início de uma nova fase do SPB. de varejo, culminando com edição da Lei 12.865 em 2013. Em de-
O STR, operado pelo BCB, é um sistema de liquidação bruta em corrências das novas competências atribuídas pela referida Lei, o
tempo real onde há a liquidação final de todas as obrigações finan- Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil editaram
ceiras no Brasil. São participantes do STR as instituições financeiras, normas disciplinando arranjos e instituições de pagamento . Esse
as câmaras de compensação e liquidação e a Secretaria do Tesouro novo arcabouço normativo buscou estabelecer condições mínimas
Nacional. para a oferta segura de serviços de pagamento, estimular a compe-
Com esse sistema, o país ingressou no grupo daqueles em que tição, com a entrada de novos atores, potencializando o surgimento
transferências de fundos interbancárias podem ser liquidadas em de modelos mais competitivos e eficientes, criando, portanto, um
tempo real, em caráter irrevogável e incondicional, Além disso, ambiente mais inclusivo e favorável a inovações em pagamentos de
qualquer transferência de fundos entre as contas dos participantes varejo.
do STR passou a ser condicionada à existência de saldo suficiente de O CMN estabeleceu as diretrizes a serem observadas pelo BCB
recursos na conta do participante emitente da transferência. Para na regulamentação, supervisão e vigilância e, em linha com os obje-
que haja liquidez e consequentemente um melhor funcionamento tivos estabelecidos pela Lei, e direcionou as ações desta autarquia
do sistema de pagamentos no ambiente de liquidação em tempo no sentido de promover a interoperabilidade, a inovação, a solidez,
real, três aspectos são especialmente importantes: a eficiência, a competição, o acesso não discriminatório aos servi-
• o BCB concede, às instituições financeiras participantes do ços e às infraestruturas, o atendimento às necessidades dos usuá-
STR, crédito intradia na forma de operações compromissadas com rios finais e a inclusão financeira.8
títulos públicos federais, sem custos financeiros;
• utilização pelos bancos dos saldos do recolhimentos compul- Papel dos intermediários financeiros
sórios ao longo do dia para fins de liquidação de obrigações, já que Ocupam posição de destaque no âmbito do sistema de paga-
a verificação de cumprimento é feita com base em saldos de final mentos, os bancos comerciais, os bancos múltiplos com carteira co-
do dia; e mercial, as caixas econômicas e, em plano inferior, as cooperativas
• acionamento pelo BCB de rotina para otimizar o processo de de crédito.
liquidação das ordens de transferência de fundos mantidas em filas Essas instituições captam depósitos à vista e, em contraparti-
de espera no âmbito do STR. da, oferecem a seus clientes, pessoas físicas e jurídicas, contas de
depósito que são utilizadas para movimentação de recursos e para
Esses fatos possibilitaram a redução dos riscos de liquidação pagamentos.
Além dessas instituições, é importante citar que, atuando em
nas operações interbancárias, com consequente redução também
nome dos bancos, os correspondentes bancários, tipicamente ca-
do risco sistêmico, isto é, o risco de que a quebra de uma institui-
sas lotéricas, farmácias, supermercados e outros estabelecimentos
ção financeira provoque a quebra em cadeia de outras, no chama-
varejistas, oferecem alguns serviços bancários e de pagamentos in-
do “efeito dominó”. Até abril de 2002, para mitigar tal risco e não
clusive em locais não atendidos pela rede bancária convencional.
propagar a falta de liquidez de um participante aos outros, muitas
vezes o BCB bancava operações a descoberto em conta Reservas
O papel do Banco Central do Brasil
Bancárias, o que significava elevar o seu risco de não receber os re-
O Banco Central do Brasil tem como missão institucional a esta-
cursos em caso de liquidação da instituição financeira, consequen- bilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema finan-
temente, provocando prejuízo para a sociedade brasileira. Com as ceiro. No que diz respeito ao sistema de pagamentos, nos termos
alterações nos procedimentos, houve significativa redução do risco da Resolução 2.882, o Banco Central do Brasil deve atuar no sentido
de crédito incorrido pelo BCB. de promover a solidez, o normal funcionamento e o contínuo aper-
A reforma de 2002, entretanto, foi além dessas modificações. feiçoamento do sistema de pagamentos. Para funcionamento, os
Para redução do risco sistêmico, que era o objetivo maior da refor- sistemas de liquidação estão sujeitos à autorização e à supervisão
ma, foram igualmente importantes algumas alterações legais. do Banco Central do Brasil, inclusive aqueles que liquidam opera-
A base legal relacionada com os sistemas de liquidação foi for- ções com títulos, valores mobiliários, moeda estrangeira e deriva-
talecida por intermédio da Lei 10.214, de março de 2001, que, entre tivos financeiros6. Como previsto na Lei 10.214, compete também
outras disposições, reconhece a compensação multilateral e possi- ao Banco Central do Brasil a definição de quais são os sistemas de
bilita a efetiva realização de garantias no âmbito desses sistemas liquidação sistemicamente importantes. O Banco Central do Brasil
mesmo no caso de insolvência civil de participante. Caso uma enti- é também provedor de serviços de liquidação e nesse papel ele
dade opere algum sistema sistemicamente importante é necessário opera o STR (item 3.2.1) e o Selic (item 3.3.1), respectivamente um
que atue como contraparte central e, ressalvado o risco de emissor, sistema de transferência de fundos e um sistema de liquidação de
assegure a liquidação dessas operações em seu sistema. operações com títulos públicos.
As entidades que atuam como contraparte central devem ado-
tar adequados mecanismos de proteção, dependendo do tipo de
sistema e da natureza das operações cursadas em seus sistemas,
8 Fonte: www.bcb.gov.br

275
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Para operacionalização de algumas de suas atribuições, o Ban- O pagamento por transferência de crédito pode ser iniciado
co Central do Brasil oferece às instituições bancárias e aos bancos nos caixas das agências bancárias, em máquinas de atendimento
de investimento contas denominadas Reservas Bancárias, cuja titu- automático (ATM) ou pela Internet (Internet banking). Os bloquetos
laridade é obrigatória para as instituições que recebem depósitos de cobrança contêm código de barras que possibilita a leitura ótica
à vista e opcional para os bancos de investimento e para os bancos de seus dados (Optical Character Recognition – OCR).
múltiplos sem carteira comercial. Por intermédio dessas contas, as Quaisquer que sejam o modo10 e o meio utilizados para dar
instituições financeiras cumprem os recolhimentos compulsórios/ início à transferência de crédito, a movimentação de fundos é sem-
encaixes obrigatórios sobre recursos à vista, sendo que elas funcio- pre feita eletronicamente.
nam também como contas de liquidação. Cada instituição é titular
de uma única conta, centralizada, identificada por um código nu- Cheque
mérico. Já foram feitas algumas considerações acima sobre o cheque,
No Brasil, por disposição legal, uma instituição bancária não vamos apenas abordar alguns aspectos aqui, e recomenda-se a re-
pode manter conta em outra instituição bancária. Por isso, exceto leitura dos tipos de cheque já citados.
aqueles efetuados em espécie e aqueles que se completam no am-
biente de um único banco, isto é, quando o pagador e o recebedor Pode-se definir cheque como uma ordem de pagamento à vis-
são clientes do mesmo banco, todos os pagamentos têm liquidação ta, já que deve ser pago no momento de sua apresentação ao ban-
final nas contas Reservas Bancárias. co sacado, envolvendo nessa operação três sujeitos, quais sejam, o
Por determinação constitucional, o Banco Central do Brasil é o emitente, o sacado e portador.
único depositário das disponibilidades do Tesouro Nacional. Tam- Aquele é a pessoa que emite a ordem, esse é a instituição fi-
bém as entidades operadoras de sistemas de liquidação defasada, nanceira onde o passador possui conta e que recebe a ordem, en-
se considerados sistemicamente importantes, são obrigadas a man- quanto este é o beneficiário que receberá a quantia.
ter conta no Banco Central do Brasil, para liquidação dos resultados Para ser válido, o cheque deve conter alguns elementos esta-
líquidos por elas apurados. belecidos pela lei acima referida, quais sejam: a denominação “che-
Para assegurar o suave funcionamento do sistema de paga- que” inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este
mentos no ambiente de liquidação de obrigações em tempo real, o
é redigido; a ordem incondicional de pagar quantia determinada; o
Banco Central do Brasil concede crédito intradia aos participantes
nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (saca-
do STR titulares de contas Reservas Bancárias, na forma de ope-
do); a indicação do lugar de pagamento; a indicação da data e do
rações compromissadas com títulos públicos federais, sem custos lugar de emissão; e a assinatura do emitente (sacador), ou de seu
financeiros.9 mandatário com poderes especiais.
A obrigatoriedade de indicar o local de pagamento, a data e
Instrumentos de pagamento o lugar de emissão é relativizada pela própria lei em seu art. 2º,
que considera o local de pagamento o endereço junto ao nome do
Pagamentos em espécie banco quando ausente indicação especial; não havendo qualquer
O dinheiro em espécie é usado principalmente para pagamen- tipo de determinação, o cheque deve ser pago onde foi emitido. Em
tos de baixo valor, relacionados com as pequenas compras do dia- caso de ausência de designação do lugar de emissão, é reputado
-a-dia. como emitido no local determinado junto ao nome do emitente.
A ordem de pagamento não pode estabelecer condições e deve
Pagamentos sem utilização de papel-moeda (non-cash) ser explicitada de forma exata, não cabendo a fixação de juros. Ha-
Pagamentos que não envolvem a utilização de papel-moeda vendo divergência entre o valor constante em algarismos e o valor
são efetuados principalmente por meio de cheques, transferências escrito por extenso, este prepondera. Entretanto, caso apareçam
de crédito, cartões de crédito e de débito e, também, por débitos ambos os valores mais de uma vez de maneira divergente, prevale-
diretos. Todas essas movimentações, quando cursadas no Sistema ce a informação de menor monta.
Financeiro Nacional, são realizadas exclusivamente na moeda na- A assinatura pode ser por chancela mecânica ou processo equi-
cional. valente, consoante previsão do parágrafo único do art. 1°.
Além dos requisitos da Lei n° 7.357/85, outras normas também
Transferências de crédito se aplicam a esse título, tais como resoluções do Banco Central do
No Brasil, as transferências de crédito interbancárias efetu- Brasil e a Lei n° 6.268, de 24 de novembro 1975, a qual obriga os
adas por não-bancos compreendem as Transferências Eletrônicas títulos cambiais a possuírem a identificação do devedor pelo núme-
Disponíveis (TEDs) por conta de cliente, os Documentos de Crédi- ro de sua cédula de identidade, de inscrição no cadastro de pessoa
to (DOCs) e as movimentações interbancárias relacionadas com os física, do título eleitoral ou da carteira profissional.
bloquetos de cobrança. É válido salientar ainda que o cheque é um documento padro-
A transferência de crédito feita por intermédio da TED é dis- nizado, cujo modelo é estabelecido pelo Banco Central do Brasil,
ponibilizada para o favorecido no mesmo dia (same day funds), ge- especialmente pela resolução 885, de 22 de dezembro de 1983, que
ralmente em poucos minutos após a emissão da correspondente fixa, por exemplo, as dimensões de 175 mm de comprimento e 80
ordem pelo remetente. No caso do DOC, os recursos são disponi- mm de largura, com algumas tolerâncias.
bilizados para o favorecido, para saque, no dia útil seguinte (D+1).
A transferência de crédito relacionada com bloqueto de cobrança, Natureza Jurídica
cuja liquidação interbancária também ocorre em D+1, é colocada à O cheque é um título de crédito anômalo, vez que é um instru-
disposição do favorecido em prazo menor ou maior conforme acor- mento de mobilização financeira revestido de algumas característi-
do entre ele e seu banco. cas dos títulos de crédito.
Essa questão da natureza jurídica do cheque é bastante contro-
versa, para uns esse é considerado título de crédito, enquanto para
outros não, havendo ainda os que o consideram título de crédito
sui generis.
9 Fonte: www.epge.fgv.br

276
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Waldo Fazzio Júnior, ao emitir sua opinião sobre o tema, lecio- Quais são os tipos de boleto?
na: Antes de entrarmos na questão do registro de boletos e carnês,
O cheque – que não é título de crédito em sentido estrito – é vamos explicar os dois tipos existentes. Quando uma compra é feita
mesmo um instrumento de pagamento que se exaure com o recebi- para pagamento à vista, é gerado um boleto avulso. Já para vendas
mento do seu valor, mas contém diversos elementos peculiares aos parceladas, utiliza-se o carnê, ou seja, uma série de boletos sequen-
títulos de crédito tradicionais, como, por exemplo, a literalidade e ciais para pagamento.
a abstratividade. De outra parte, é inegável que o sacado não tem
nenhuma obrigação cambial, não garante o pagamento, não aceita Boleto sem registro
(art. 6°), não endossa (at. 18, § 1°) e não avaliza (art. 29) o título. Começaremos explicando como funciona o boleto sem regis-
Também é discutível sua circulabilidade. Deve ser contemplado, re- tro, também chamado de boleto simples. Só em 2016, de cada dez
almente, um título de crédito sui generis. boletos emitidos todos os dias no Brasil, quatro foram sem registro.
No entanto, as regras mudaram e este de boleto não pode mais ser
Percebe-se que o professor explica que o cheque não é títu- emitido.
lo de crédito próprio, tendo em vista que se dissipa quando há o Quando esse tipo de boleto era emitido, as informações sobre
seu pagamento. Entretanto, lembra que o cheque vale o que nele o comprador, a data de vencimento e o valor da compra não eram
contém (literalidade) e é desvinculado do negócio do qual nasceu repassadas ao banco.
(abstração), características dos títulos de créditos clássicos. Assim, Isso significa que a empresa que fez a venda precisava ter um
entende que o cheque é um título de crédito sui generis. controle eficiente dos seus recebimentos. Era imprescindível confe-
rir o preço e o prazo de pagamento para ter certeza de que a emis-
Boleto Bancário são foi realizada com todos os dados corretos.
O boleto bancário nada mais é do que uma forma simples e Você deve estar se perguntando por que alguém escolheria
ágil para realização de pagamentos que têm importantes funciona- emitir um boleto sem registro, seja pessoa física ou jurídica, se essa
lidades de cobrança e controle de recebimentos por parte de quem opção envolve riscos de erro no recebimento. Isso acontecia por
vende. uma razão simples: a flexibilidade que o boleto simples oferece.
Levando em consideração que praticamente 4 em cada 10 bra-
Ele permitia que informações, como condição de pagamento
sileiros com mais de 18 anos são considerados desbancarizados,
e valores, fossem alteradas sem a necessidade de qualquer comu-
possibilitar a emissão de boleto bancário como forma de pagamen-
nicação com o banco emissor. Além disso, o valor da taxa cobrada
to da venda de um produto ou serviço pode ser um fator de sobre-
pelo banco costumava ser único, enquanto o registrado tem a co-
vivência para muitas empresas.
brança de mais tarifas.
Diversos negócios têm por hábito oferecer descontos para
O boleto sem registro também liberava o pagamento da taxa de
quem paga por meio de boleto. Assim, a praticidade do pagamento
compensação, caso o título não fosse pago. Ou seja, se um e-com-
vale tanto para quem paga quanto para quem recebe, sendo esta-
belecida uma relação de ganhos mútua. merce fizesse uma venda, mas o comprador desistisse da transação,
ele simplesmente não pagaria o boleto. Porém o emissor também
Funcionalidades do boleto bancário não teria que arcar com o custo da taxa do documento emitido.
Quem efetua a venda é o cedente do boleto. Quando é utiliza- Como já dissemos, apesar de possuir vantagens, o boleto sem
da uma instituição de pagamento, ela, e não a empresa responsável registro oferecia também algumas desvantagens. Além do perigo
pela venda, aparece como cedente. Já o comprador é chamado de de descontrole dos recebimentos, se o sacado não pagasse o título,
sacado e sua obrigação é quitar o boleto de acordo com sua data nenhuma punição poderia ser executada por parte do cedente. A
de vencimento. única medida que poderia ser feita era a inserção eventual de mul-
As tarifas variam de acordo com a instituição que emite o bo- tas e juros no boleto.
leto. Vale lembrar que uma nova regra estabelece que boletos de- Abria-se, portanto, um grande espaço para fraudes e cobran-
vem, compulsoriamente, ter o registro bancário. ças enganosas. Inclusive, justamente por isso, as regras do boleto
Para fazer a emissão com uma instituição bancária, a empresa sem registro foram recentemente alteradas e você precisa estar por
precisa de uma conta-corrente aberta. Mas, caso opte por uma pla- dentro delas.
taforma intermediadora de pagamentos, uma conta poupança já é
suficiente. O perigo do boleto sem registro
É por meio dessa mesma conta bancária que o recebimento do Golpes envolvendo boletos bancários são comuns. Portanto,
valor pago pelo sacado será realizado. O prazo é sempre em confor- provavelmente, você já ouviu alguma história ou sofreu com isso.
midade com a negociação feita entre a empresa e o banco ou insti- Uma das fraudes mais frequentes acontece quando um vírus é ins-
tuição emissora. A compensação pode ter prazo de um a três dias talado em um computador. A vítima faz uma compra pelo aparelho
úteis para ser feita em favor do vendedor. Portanto, é recomendado em qualquer loja virtual, efetua o pagamento e não recebe a mer-
conferir com o gerente da sua conta qual é a configuração do boleto cadoria. Isso acontece porque a empresa não identifica a baixa do
que você vai emitir. boleto. Afinal, ele não recebeu a quantia referente às compras, não
Apesar de ser mais comum entre pessoas jurídicas, a emissão liberando o envio do pedido. Por fim, o dinheiro pago pelo cliente
de boleto por pessoa física também é permitida. acabava sendo desviado para a conta dos criminosos.
As novas regras do boleto bancário, que abordaremos em bre- Sem o registro das informações do boleto, ficava praticamente
ve neste texto, também tratam da emissão de 2ª via. Com as mu- impossível evitar esse tipo de crime.
danças em vigor, alguns pontos importantes foram alterados. Não
há mais necessidade de emitir um novo boleto quando passar a O fim da cobrança não registrada
data de vencimento e o título não for quitado. Além de poder ser Justamente devido ao alto número de boletos fraudados, a Fe-
pago em qualquer banco, o valor será automaticamente atualizado. braban (Federação Brasileira de Bancos) criou a Nova Plataforma
As multas e juros estipulados no momento da emissão serão incor- de Cobrança.
porados no documento sem a necessidade de correspondência en-
tre as partes.

277
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
A principal mudança está na obrigatoriedade do registro do tí- Portanto, podemos dizer que uma empresa que não oferece o
tulo. Os dados do emissor e pagador (CNPJ ou CPF), valor a ser pago boleto bancário como forma de pagamento para seus clientes, com
e a data de vencimento do boleto devem ser enviados ao banco certeza, está perdendo dinheiro.
emissor compulsoriamente. Então, vamos passar para o próximo passo e lhe explicar como
Com a ajuda da tecnologia, no ato do pagamento do boleto, a emissão de um boleto bancário é realizada.
automaticamente será realizada uma conferência de dados nessa
nova plataforma de cobrança. A operação será efetivada somente Como emitir um boleto?
se as informações forem compatíveis. A emissão de um boleto bancário, como já vimos, pode ser fei-
Vale ressaltar que o pagamento do boleto sem registro só será ta tanto por pessoa física, por meio de um CPF (Cadastro de Pessoa
aceito no banco emissor, mesmo antes da data de vencimento. Física), como por pessoa jurídica, usando um CNPJ (Cadastro Nacio-
nal de Pessoa Jurídica).
Boleto registrado Hoje em dia, com o avanço tecnológico que a Internet propor-
Para emitir um boleto registrado facilmente, a empresa precisa cionou ao mundo dos negócios, existem diversas ferramentas para
comunicar ao banco todas as informações contidas nele. Isso inclui gerar um boleto bancário. Aqui, vamos falar das principais formas
o nome e CPF ou razão social e CNPJ do comprador, valor da nego- usadas no Brasil:
ciação e data de pagamento. Dados sobre a política de recebimento
fora do prazo e penalidades em caso de atraso também precisam Internet Banking
ser informados. A empresa pode optar por fazer o processo diretamente no In-
O envio desses dados ao banco é realizado por meio da criação ternet Banking da instituição financeira com a qual firmou o contra-
de um arquivo no sistema quando a emissão do boleto com registro to de emissão dos títulos. O passo a passo para efetivar a emissão
é finalizada. No caso de emissão por meio de um intermediador de varia de banco para banco. Mas os dados necessários são sempre os
pagamento, esse processo é feito automaticamente pelo interme- mesmos, como já vimos neste artigo: cedente ou sacador/avalista
diador. (que fará a cobrança), sacado (o comprador), prazo de pagamento,
Todo esse controle tem suas vantagens. A empresa ou pessoa valor do título e orientações relacionadas a juros e multas.
física que realizou a venda tem assegurado seu direito de protestar Aqui, você precisa ter uma conta-corrente aberta, mas não se
o comprador em caso de não pagamento do boleto. Claro que essa esqueça de solicitar a inclusão desse serviço no seu pacote, pois
regra vale apenas para situações em que o produto tenha sido en- não é algo automático. Ao finalizar a emissão, você pode optar pela
tregue ou o serviço tenha sido prestado. impressão do boleto, pelo envio via e-mail por meio de um docu-
Sendo assim, a norma não é válida para e-commerce. O mo- mento em .pdf ou por link.
tivo é simples: lojas online não liberam a entrega da mercadoria Esse tipo de ferramenta não visa escalabilidade, pois só permi-
enquanto seu sistema não identificar que o pagamento do boleto te o preenchimento manual, um a um. Ou seja, caso seu negócio
foi efetivamente realizado. tenha um volume considerável de vendas, talvez essa não seja a
Boletos registrados, quando gerados por uma instituição ban- melhor opção para você. Mas, se a emissão de boletos for apenas
cária, têm o ônus do seu custo, pois mesmo os títulos não pagos e eventual, pode ser que funcione de acordo com as suas necessida-
cancelados têm cobrança de tarifa bancária. Porém, quem opta por des.
plataformas de pagamentos online encontram mais vantagens na
hora de emitir boletos. Intermediadores de cobrança
Para negócios que precisam ganhar tempo e otimizar suas ope-
Quais são as vantagens do boleto bancário? rações de cobrança, vale a pena considerar a contratação de uma
Vale a pena ressaltar as vantagens do boleto bancário em re- plataforma para emissão de boleto online. Existem diversas opções
lação a outros meios de pagamentos. É verdade que o cartão de no mercado com diferentes planos. Com certeza, você encontrará o
crédito tem sido muito usado pelos consumidores, principalmente que esteja mais alinhado com as suas necessidades.
em compras via Internet. Boletos emitidos dessa forma são aceitos em todos os bancos,
Mas também é real o medo que muitos brasileiros ainda têm de em agências postais, lotéricas ou qualquer estabelecimento que
clonagem e outras fraudes online. Há ainda golpes que podem ser seja credenciado o recebimento. Além disso, o arquivo fica salvo na
aplicados offline, em máquinas de cartão adulteradas, por exemplo. nuvem, garantindo que nunca será perdido.
E não podemos nos esquecer das pessoas que nem possuem car- Essas plataformas também oferecem integrações via API, uma
tões de crédito, situação que é uma realidade no Brasil. funcionalidade importante para programadores. A partir das inte-
Então imagine um comprador que, por qualquer razão, não te- grações, eles podem incorporar sistemas empresariais e de e-com-
nha ou não possa usar seu cartão para pagar sua compra. Agora merce com a emissão de boletos online.
considere a realidade da violência no Brasil, onde andar com dinhei-
ro vivo pelas ruas representa perigo de assalto. Dessa forma, fica Outras vantagens que os melhores intermediadores de paga-
fácil entender que o boleto bancário ainda tem (e muito!) seu valor. mento do mercado garantem são:
- Plataforma completa para gestão de boletos e carnês, clientes
Conheça outros benefícios da cobrança via boleto bancário: e serviços;
- o boleto bancário é aceito em todo o país; - Funcionalidades unificadas e integradas no mesmo local, pro-
- muitos produtos e serviços que são vendidos ao governo ou a porcionando agilidade no processo;
pessoas jurídicas não têm outra opção de pagamento além do bole- - Não há necessidade de passar pela burocracia de fazer contra-
to, único método aceito pela política empresarial de muitos clientes tos com instituições financeiras;
corporativos; - Baixa complexidade de integração com e-commerce, tornan-
- aumento da conversão de vendas por atingir consumidores do a implementação mais barata.10
que ainda não estão habituados com outros tipos de pagamento.

10Fonte: www.gerencianet.com.br

278
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Toda a estrutura do Sistema de Pagamentos Brasileiro visa na - Liquidação Multibandeiras de cartão de crédito da REDECARD;
redução do prazo entre as transferências de recursos assim como a - SILOC: Sistema de Liquidação Diferida das Transferências In-
sua transparência e segurança. terbancárias de Ordens de Crédito;
Para que tal objetivo torne-se viável há o gerenciamento de ris-
cos executado através das câmaras de liquidação (clearing house) Sistema de Liquidação de Valores Mobiliários
que atuam como uma contraparte central minimizando os riscos - SELIC: Sistema Especial de Liquidação e Custódia;
através de operações multilaterais ou bilaterais. - Câmara de Câmbio: Compensação de Operações de Câmbio;
O sistema de pagamentos brasileiro está baseado no Sistema - Câmara de Ações: Antiga CBLC, liquidação de operações com
de Transferências de Reserva, o STR. A principal característica do ações mercado Bovespa;
STR é o funcionamento através do Sistema de Liquidação Bruta em - Câmara de Registro: Registra as operações em ambiente
Tempo Real, o LBTR. BVMF;
- CETIP: Câmara de Compensação de Títulos Privados;
Câmaras de Compensação (Clearing House) - CIP: Central Interbancária de Pagamentos;
De uma forma simples, a liquidação das operações financeiras
em território nacional executadas pelo sistema brasileiro de paga- Termos Importantes
mentos pode ser dividido em quatro grandes câmaras de compen- - Arranjo de Pagamento: normas que regulam a prestação de
sação. serviço de pagamentos aceito por mais de um recebedor;
- SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia: esta câ- - Instituição de Pagamento: empresa não financeira que preste
mara é responsável pela liquidação dos títulos do Tesouro Direto, serviço de pagamentos;
estritamente escriturais. - Riscos de Liquidação: risco de crédito e liquidez;
- CETIP – Central de Liquidação e Custódia de Títulos Privados:- - Contraparte Central: clearing house, intermediário central;
clearing house que responde pelos títulos privados e títulos públi-
cos de estados e municípios.
- COMPE – Serviço de Compensação de Cheques e Outros Pa- MERCADO DE CAPITAIS. AÇÕES: CARACTERÍSTICAS
peis: esta é a câmara mais utilizada pelo público em geral tendo a E DIREITOS. DEBÊNTURES. DIFERENÇAS
responsabilidade da liquidação de cheques, TEDs, DOCs… ENTRE COMPANHIAS ABERTAS E FECHADAS.
FUNCIONAMENTO DO MERCADO À VISTA DE AÇÕES.
- Câmara de Ações (Antiga CBLC): A câmara de ações responde
MERCADO DE BALCÃO. OPERAÇÕES COM OURO
pela liquidação dos títulos negociados em bolsa de valores.

Com o atual design do sistema de pagamentos brasileiro temos É o ambiente onde são negociados os títulos que representam
pontos positivos como a ampla automatização dos processos devi- o capital das empresas (ações) ou títulos de dívidas (debêntures). Nes-
do a grande maioria dos títulos serem escriturais. Além de sua liqui- te local se encontram empresas e investidores (pessoas físicas e jurídi-
dação em tempo recorde e o excelente funcionamento das Clearing cas). As empresas estão em busca de alavancar seu capital de giro ou
House (câmaras de compensação). fixo através da emissão de títulos. São operações geralmente de longo
Em contrapartida o BACEN assume grande parte dos riscos do prazo, sem a intermediação de instituições financeiras, porém, as ins-
sistema uma vez que as câmaras não possuem um mecanismo que tituições responsáveis pela negociação entre empresas e investidores
venha a assegurar a continuação sem grandes solavancos em caso devem estar autorizadas a operar no Sistema Financeiro Nacional.
de falência de um dos participantes. As ações são os títulos mais negociados no mercado de capi-
A base do sistema de pagamentos brasileiro é instituída pela tais. Podem ser ordinárias (com direito a votos) ou preferenciais
Lei 10.214 de 2001 que reconhece a compensação multilateral e (preferência na distribuição de resultados).
bilateral possibilitando a liquidação das garantias no caso de insol- O mercado de capitais é constituído por:
vência de um dos participantes do sistema. • Bolsa de Valores – Local onde as companhias são listadas.
Aqui fica também ressaltada a importância de uma contraparte • Corretoras – Responsáveis pelo intermédio entre Bolsas e in-
central para a diluição de risco dos emissores dando maior garantia vestidores.
a liquidação de suas operações. As instituições financeiras que atu- • Bancos – Responsáveis pelos estudos de viabilidade das em-
am como contraparte central devem estar precavidas com mecanis- presas.
mos de proteção dependendo do tipo de operações que realiza e • CVM – Comissão de Valores Mobiliários, órgão regulador des-
ser devidamente autorizada pelo BACEN. se mercado.
Aqui o CMN estabelece as diretrizes que devem ser observadas
pelo BACEN para que efetue a regulamentação e a supervisão das O mercado de capitais está dividido em outros dois mercados:
normas estabelecidas na lei. • Mercado primário –Quando uma empresa lança pela primei-
Os participantes dependem aqui de prévia autorização para ra vez um título.
funcionamento do BACEN que atuará com o objetivo de garantir • Mercado secundário – Quando um título já está em poder de
eficiência e solidez ao mercado. um investidor, porém, este o oferece no mercado, devido a neces-
sidade de liquidez.
Comunicado 25.164
De acordo com o comunicado 25.164, são sistema de compen- O mercado financeiro é dividido em setores, ou segmentos, de
sação e liquidação: acordo com o tipo de produto e de cliente. Para fins didáticos e
Sistema de Transferência de Fundos conceituais, o grande mercado financeiro costuma ser dividido em
- STR: Sistema de Transferência de Reservas; 4 grandes segmentos:
a) mercado monetário;
- COMPE: Central de compensação de cheques;
b) mercado de capitais;
- Liquidação Multibandeiras de cartão de crédito da CIELO;
c) mercado cambial; e
d) mercado de crédito.

279
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Mercado monetário cessidades dos indivíduos e empresas, tais como financiamento de
O mercado monetário é o segmento do mercado financeiro consumo das pessoas e de capital de giro das empresas. É o merca-
onde são efetuadas operações de curto e curtíssimo prazos, desti- do onde se desenvolve a intermediação financeira.
nadas a atender necessidades imediatas, principalmente das insti- Esse mercado também é denominado de mercado bancário, e
tuições financeiras. abrange as operações de empréstimo e financiamento. O mercado
É nesse mercado que os agentes econômicos e os próprios in- de crédito é dito organizado porque os agentes econômicos envol-
termediários financeiros suprem suas necessidades momentâneas vidos atuam por meio de estruturas definidas e regulamentadas em
de caixa, por meio das operações com reservas bancárias. É tam- que a oferta e a demanda de recursos possuem fluxos regulares. O
bém o mercado onde se concentram as operações para controle da Banco Central do Brasil é o órgão responsável pelo controle, norma-
oferta de moeda e das taxas de juros de curto prazo, com vistas a tização e fiscalização deste mercado.
garantir a liquidez da economia, através da colocação, recompra e O grau de complexidade do mercado de crédito está direta-
resgate de títulos da dívida pública de curto prazo. mente relacionado ao tamanho das economias e à velocidade de
Os principais participantes do mercado monetário, além do ocorrência das transações. O mercado de crédito é fundamental
Banco Central do Brasil, são as instituições financeiras captadoras para alimentar a economia de liquidez, através do financiamento
de depósitos à vista. As demais instituições autorizadas a emiti e/ou das vendas ou compras das empresas e dos empréstimos para os
adquirir depósitos interfinanceiros também participam do mercado projetos de investimentos. Uma medida importante no mercado de
monetário. crédito é a relação entre operações de crédito e o PIB de um país.
Em decorrência do recolhimento compulsório imposto pelo Essa medida consegue avaliar o nível de intermediação existente
Banco Central do Brasil sobre os depósitos à vista e a prazo, as ins- em um país, e mostra o grau de endividamento global dos agentes
tituições detentoras de conta de reservas bancárias são obrigadas econômicos tomadores. Podemos observar o elevado percentual
a manter um nível mínimo de recursos nessa conta. Para atender de operações de crédito em relação ao PIB nos países mais desen-
àexigibilidade do compulsório, as instituições financeiras trocam re- volvidos (Quadro 1). Esse fato demonstra a existência de fontes de
servas bancárias por meio de operações compromissadas com títu- financiamento para o consumo e para os investimentos que esti-
los públicos federais ou por meio da negociação de depósitos inter- mulam a economia. O caso do Brasil, onde a relação crédito/PIB é
financeiros (DIs). Se por um lado os bancos não podem apresentar
baixa, pode ser explicado pela escassez de poupança interna e pelas
saldo na conta de reservas bancárias insuficiente para atender ao
elevadas taxas de juros que inibem a tomada de crédito.11
recolhimento compulsório, por outro também não é interessante
manter saldos excessivos, uma vez que esse excesso normalmente
Mercado de capitais
não é remunerado pelo Banco Central e representaria a perda da
O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores
possibilidade de direcionamento desses recursos para operações
mobiliários, que tem o objetivo de proporcionar liquidez aos títulos
lucrativas. Dessa forma, tanto as instituições com reservas insufi-
de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização.
cientes quanto as que apresentam reservas excedentes têm inte-
resse em participar do mercado monetário.
O Banco Central atua no mercado monetário para ajustar a li- Estrutura do mercado de capitais
quidez da economia, valendo-se de três instrumentos: recolhimen- O Mercado de Capitais é constituído pelas bolsas de valores,
to compulsório, operações de assistência de liquidez (redesconto) sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas.
e operações de mercado aberto (open market). Nas operações de O mesmo é subdividido em Mercado Primário e o Mercado Secun-
mercado aberto, o Banco Central opera diretamente com 22 insti- dário.
tuições credenciadas, os chamados “dealers” do mercado aberto, No Mercado Primário é onde se negocia a subscrição de novas
que intermedeiam o relacionamento da autarquia com as demais ações ao público, isto é, onde os valores mobiliários circulam pela
instituições do mercado. Os “dealers” são selecionados por critérios primeira vez e onde a empresa obtém o capital para seus empreen-
de desempenho nos mercados primário e secundário de títulos pú- dimentos, pois o dinheiro da venda vai para a empresa.
blicos. Atualmente, há 12 dealers, dos quais dez são bancos e dois Já o Mercado Secundário são as demais negociações com esses
são corretoras ou distribuidoras independentes. O desempenho de títulos, como simples trocas de possuidores, pois a empresa emis-
cada instituição é avaliado a cada seis meses, e aquelas com o pior sora já não terá mais contato com o dinheiro proveniente dessas
desempenho são substituídas. trocas. Esse último mercado se caracteriza também pelas negocia-
ções realizadas fora das bolsas, em negociações que denominamos
Instituições credenciadas para atuar como dealers do Banco como mercado de balcão, trazendo dessa forma mais liquidez para
Central e do Tesouro Nacional esses ativos financeiros.
- Banco Bradesco S.A. Segundo Fortuna (2005) “Mercado de Balcão é um mercado
- Banco BTG Pactual S.A. sem local físico determinado para a realização das transações. Elas
- Banco Citibank S.A. são realizadas por telefone, entre as instituições financeiras. Nes-
- Banco do Brasil S.A. te mercado, normalmente, são negociadas ações de empresas não
- Banco J. P. Morgan S.A. registradas na BOVESPA, além de outras espécies de títulos. O mer-
- Banco Santander (Brasil) S.A. cado de balcão é dito organizado quando se estrutura como um sis-
- Banco Votorantim S.A. tema de negociações de títulos e valores mobiliários administrados
- Caixa Econômica Federal por entidade autorizada pela CVM.”
- CM Capital Markets Corretora de Câmbio, Títulos e Valores
Mobiliários Ltda. Principais Benefícios do Mercado Acionário
- HSBC Bank Brasil S.A. – Banco Múltiplo Para que o Mercado Acionário se desenvolva, consiga cumprir
com sua função e traga benefícios para as partes envolvidas, o am-
Mercado de crédito biente de negócios no país de atuação deve ter total liberdade e
O mercado de crédito é o conjunto de transações realizadas possuir regras claras e definidas.
pelos agentes econômicos e instituições financeiras, de prazo curto
e médio, destinadas ao suprimento de recursos para atender às ne- 11 Fonte: www.robertoquaranta.blogspot.com.br

280
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Eis abaixo alguns dos principais benefícios que um Mercado de Ações: características e direitos
Ações desenvolvido pode propiciar a uma nação:
• Financia a produção e os negócios, pois através da venda de Mercado de capitais
ações as empresas obtêm recursos para expandir seu capital, com O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valo-
obrigações apenas no longo prazo; res mobiliários, que tem o propósito de proporcionar liquidez aos
• Possibilita que os recursos poupados se tornem investimen- títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processode capita-
tos, proporcionando crescimento econômico e crescimento de pro- lização.
dutividade com a inserção das poupanças no setor produtivos; É constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e
• Constitui uma forma de crescimento das companhias, que po- outras instituições financeiras autorizadas.
dem aumentar sua participação no mercado através da distribuição No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os
de ações, além de possibilitar a elas aumentar seus ativos e valor representativos do capital de empresas - as ações - ou de emprés-
de mercado; timos tomados, via mercado, por empresas - debêntures conversí-
• Auxilia a redistribuição de renda, à medida que pode propor- veis em ações, bônus de subscrição e “commercial papers” -,que
cionar a seus investidores ganhos decorrentes de valorizações do permitem acirculação de capital para custear o desenvolvimento
valor da ação e distribuição de dividendos, compartilhando assim o econômico.
lucros das empresas; O mercado de capitais abrange, ainda, as negociações com di-
• Aprimoramento dos princípios da Governança Corporativa, reitos e recibos de subscrição de valores mobiliários, certificados de
através de melhorias na administração e eficiência, visto que as depósitos de ações e demais derivativos autorizados à negociação.
companhias abertas precisam cumprir a regras cada vez mais rígi-
das propostas pelo governo e pelas Bolsas de Valores, além de dei- Ações- características e direitos
xar o mercado mais transparente; O empresário para a realização de investimentos conta com
• Possibilita a inserção de pequenos investidores, já que para fontes internas e externas de financiamento.
investir em ações não há a necessidade de grandes somas de capital As empresas à medida que se expandem carecem de mais re-
como outros tipos de investimentos; cursos que podemser obtidos basicamente através de:
• O Mercado de Ações atua como indicador econômico, uma - empréstimos de terceiros,
vez que é extremamente sensível e a cotação das ações pode refle- - reinvestimentos dos lucros e
tir as forças do mercado, como momentos de recessão, estabilida- - participação dos acionistas
de, crescimento, etc.
As duas primeiras geralmente são utilizadas para manter sua
Investimentos em Títulos atividade operacional. Através da participação de acionistas (ven-
• Renda: Divido em fixa e variável. A renda é fixa quando se da de ações) uma empresa ganha condição de obter novos recur-
conhece previamente a forma do rendimento que será conferida ao sos,não exigíveis, como contrapartida à participação no seu capital.
título. Nesse caso, o rendimento pode ser pós ou prefixado, como
ocorre, por exemplo, com o certificado de depósito bancário. A ren- Mercado Primário de Ações
da variável será definida de acordo com os resultados obtidos pela O mercado primário de ações é onde se negocia a subscrição
empresa ou instituição emissora do respectivo título. (venda) de novas ações ao público, ou seja, onde a empresa obtém
• Prazo: Há títulos com prazo de emissão variável ou indeter- recursos para seus empreendimentos.
minado, isto é, não têm data definida para resgate ou vencimento, É a primeira negociação da ação e o dinheiro da venda vai para
podendo sua conversão em dinheiro ser feita a qualquer momento. a empresa.
Já os títulos de prazo fixo apresentam data estipulada para venci- Os lançamentos de ações novas no mercado de uma forma am-
mento ou resgate, quando seu detentor receberá o valor corres- pla e não restrita à subscrição pelos atuais acionistas, chamam-se
pondente à sua aplicação, acrescido da respectiva remuneração. lançamentos públicos de ações ou operações de UNDERWRITING.
• Emissão: Os títulos podem ser particulares ou públicos. Parti-
Mercado Secundário de Ações
culares, quando lançados por sociedades anônimas ou instituições
O mercado secundário de ações é onde se transferem títulos
financeiras autorizadas pela CVM ou pelo Banco Central do Brasil,
entre investidores e/ou instituições (Bolsas de Valores e Mercado
respectivamente; público, se emitidos pelo governo federal, esta-
de Balcão).
dual ou municipal.
O Mercado de Balcão é simplesmente um mercado organizado
de títulos, mas cuja negociação não faz em local determinado e sim
Como investir e operar no mercado de capitais?
por telefone ou por meio eletrônico, através do qual os operadores
Para operar no mercado secundário de ações é necessário que
promovem entre si ofertas de compra e venda de títulos, cumprin-
o investidor se dirija a uma sociedade corretora membro de uma do ordens de seus clientes ou por conta própria.
bolsa de valores, na qual funcionários especializados poderão for- Um mercado secundário organizado e eficiente é extremamen-
necer os mais diversos esclarecimentos e orientação na seleção do te importante. É condição para a existência do Mercado Primário.
investimento, de acordo com os objetivos definidos pelo aplicador.
Se pretender adquirir ações de emissão nova, ou seja, no mercado Classificação das Ações
primário, o investidor deverá procurar um banco, uma corretora ou Ações ordinárias: caracterizam-se, principalmente, pelo direito
uma distribuidora de valores mobiliários, que participem do lança- de voto que dão aos seus possuidores (além, naturalmente, da par-
mento das ações pretendidas.12 ticipação nos lucros da sociedade).
Normalmente, a cada ação corresponde um voto e, portanto,
quando a diretoria é eleita, os indivíduos que detém o maior núme-
ro de ações podem eleger os diretores.

12 Fonte: www.bertolo.pro.br/MatFin/HTML/Mercado_capitais.htm

281
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
No Brasil, na maioria dos casos, os dirigentes da empresa são Debêntures
os próprios acionistas majoritários. Na medida em que a sociedade Pouco conhecidas, ao menos por enquanto, pela maioria dos
se desenvolve, cada vez mais propriedade e administração vão se investidores, as debêntures aparecem como a principal forma de
dissociando. captação de recursos por parte das empresas. Dada sua versatilida-
Isto é, as empresas tendem a ser administradas por profissio- de, elas se ajustam às necessidades de financiamento das compa-
nais especializados e não por aqueles que detém o maior número nhias, combinando custos competitivos com prazos longos.
de ações. Para se ter uma idéia, em 2005, as empresas brasileiras capta-
O acionista, possuidor dessas ações, tem responsabilidades e ram cerca de R$ 43,5 bilhões em debêntures, de acordo com dados
obrigações correspondentes ao montante das ações possuídas. da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), dez vezes mais do que
O fato de poder votar permite ao seu titular tomar parte ativa em ações.
na administração da sociedade: influir na modificação de estatutos, Boa parte destes títulos foi parar nas mãos de investidores ins-
na eleição da diretoria, na autorização de venda de bens fixos, etc. titucionais, como administradores de recursos e fundos de pensão.
No entanto, existem estudos avançados para popularizar esta apli-
Ações preferenciais: geralmente garantem ao acionista a prio- cação. Assim, vale a pena saber um pouco mais sobre estes títulos,
ridade no recebimento dos dividendos e, em caso de dissolução da que prometem estar cada vez mais presentes nas carteiras dos pe-
empresa, têm também prioridade (em relação aos acionistas pos- quenos investidores.
suidores de ações ordinárias) no reembolso do capital, mas, nor-
malmente, não dão direito a voto. O que são debêntures?
Existem três casos em que os acionistas preferenciais passam a As debêntures são títulos de dívida de médio e longo prazo
ter direito ao voto: quando a empresa passa três anos consecutivos emitidos por empresas, que conferem ao detentor do título, o de-
sem pagar dividendos; quando são títulos conversíveis; e quando as benturista, um direito de crédito contra a emissora. Assim, ao com-
ações preferenciais tem direito a voto, conforme os estatutos. prar uma debênture, você passa a ser credor da empresa.
Pode ser assegurado um dividendo mínimo às ações preferen-
ciais. Entretanto, após o pagamento desse dividendo e ao das ordi- As debêntures podem ser conversíveis em ações, simples ou
nárias, aquelas participam, , dos lucros remanescentes.
permutáveis. As primeiras podem ser convertidas em ações de
Em alguns casos as ações preferenciais têm assegurado odirei-
emissão da empresa, nas condições estabelecidas pela escritura de
to a um dividendo fixo.13
emissão. As segundas são aquelas que são resgatáveis exclusiva-
mente em moeda local.
Tipos de ações
Já as terceiras podem ser transformadas em ações de emissão
de outra companhia que não a emissora de papéis, ou ainda, menos
Quanto à espécie:
freqüente, em outros tipos de bens, tais como títulos de crédito.
- Ordinárias (ON): ações que concedem àqueles que as pos-
suem o poder de voto nas assembléias deliberativas da companhia.
Quais são as garantias?
- Preferenciais (PN): ações que oferecem preferência na distri-
Uma pergunta importante que as pessoas que investem de-
buição de resultados ou no reembolso do capital em caso de liqui-
vem fazer diz respeito ao risco. Vale detalhar aqui as garantias que
dação da companhia, não concedendo o direito de voto.
podem ser dadas à emissão. Com respeito a isso, existem basica-
mente quatro tipos de debêntures: com garantia real, com garantia
O acionista preferencial recebe 10% a mais de dividendos do
flutuante, quirográfica e subordinada.
que os acionistas ordinários, caso o estatuto social da Cia. não esta-
Debêntures com garantia real são garantidas por bens dados
beleça um dividendo mínimo.
em hipoteca, penhor ou anticrese, pela companhia emissora, por
empresas de seu conglomerado ou por terceiros. Já as debêntures
Quanto à forma:
com garantia flutuante são aquelas com privilégio geral sobre o ati-
- Nominativas registradas: quando a empresa mantém um re-
vo da empresa, o que não impede, entretanto, a negociação dos
gistro do controle de propriedade das ações. Este controle também
bens que compõem esse ativo. Elas possuem, porém, preferência
pode ser efetuado por terceiros. Pode ocorrer ou não a emissão de
de pagamento sobre outros créditos.
certificados que apresentam o nome do acionista, cuja transferên-
As quirográficas são aquelas sem as vantagens dos dois tipos
cia é feita com a entrega de cautela e a averbação de termo, em
citados acima. Por fim, as subordinadas são debêntures sem garan-
livro próprio da empresa emitente, identificando o novo acionista.
tia, que preferem apenas aos acionistas no ativo remanescente, em
O termo denominado para a guarda destes títulos se chama
caso de liquidação da companhia.
custódia infungível, onde os títulos são mantidos discriminada-
mente por depositante.
Como é feita a remuneração?
- Escriturais nominativas: neste caso não há emissão de caute-
As formas de remuneração podem variar muito de debênture
las ou movimentação física dos documentos.
para debênture. Elas podem ser representadas por juros fixos ou
Hoje em dia, quase a totalidade das ações é do tipo escritu-
variáveis, participação e/ou prêmios.
ral, controlada por meio eletrônico e custodiadas na CBLC, empresa
Em suma, a remuneração dependerá do contrato pactuado na
responsável pelo serviço de custódia fungível das ações.
escritura de emissão da debênture. Essa heterogeneidade na remu-
O termo custódia fungível, é quando as ações ou os valores
neração é apontada por alguns especialistas como um dos fatores
mobiliários quando depositados podem ser substituídos, na retira-
que limita a expansão desse mercado.
da, por outros iguais (mesma espécie, qualidade e quantidade).14
Atualmente, a maioria das debêntures emitidas para colocação
junto a investidores em mercado de capitais é efetuada utilizando
como indexador o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) ou a
variação do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro).
13 www.conhecimentosbancarios.com.br
14 Fonte: www.campossalles.edu.br

282
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Debêntures ou ações? Título-objeto
Você pode se perguntar também se vale mais a pena comprar Todas as ações de emissão de empresas admitidas à negocia-
a ação de uma empresa ao invés de debêntures emitidas por ela. A ção na BOVESPA.
principal diferença entre os dois investimentos é que quem adquire
uma debênture vira credor da empresa. Já quem compra ações dela Formação de Preços
vira acionista, ou seja, sócio da empresa, com direito à participação Os preços são formados em pregão, pela dinâmica das forças
nos lucros, mas também sujeito às oscilações diárias do valor do de oferta e demanda de cada papel, o que torna a cotação praticada
papel no mercado. um indicador confiável do valor que o mercado atribui às diferentes
O que isso implica? Em termos de garantia para o investidor, a ações. A maior ou menor oferta e procura por determinado papel
debênture é mais segura do que a ação, pois o debenturista recebe está diretamente relacionada ao comportamento histórico dos pre-
antes dos acionistas no caso de falência da empresa, por ser classi- ços e, sobretudo, às perspectivas futuras da empresa emissora, aí
ficado como credor. se incluindo sua política de dividendos, prognósticos de expansão
Como vantagens, o ganho do investidor é mais certo no caso de seu mercado e dos seus lucros, influência da política econômica
da debênture, pois o principal risco de não receber o que investiu é sobre as atividades da empresa etc.
se a empresa não honrara seus compromissos. Mas a existência de
garantias e de um agente fiduciário, que tem como obrigação emitir Negociação
relatórios periódicos sobre a empresa, reduz esse risco. A realização de negócios no mercado a vista requer a interme-
diação de uma Sociedade Corretora que poderá executar, em pre-
Como desvantagem na comparação com as ações, um ponto gão, a ordem de compra ou venda de seu cliente, por meio de um
é que seu mercado secundário ainda é bem menos desenvolvido. de seus representantes (operadores), ou ainda autorizar seu clien-
Ou seja, as debêntures apresentam maior dificuldade para serem te a registrar suas ordens no sistema eletrônico de negociação do
vendidas e compradas.15 MEGA BOLSA, utilizando para isso o Home Broker da Corretora.

Diferenças entre companhias abertas e companhias fechadas É possível acompanhar o andamento das operações a vista, du-
Sociedade anônima (normalmente abreviado por S.A., SA ou rante todo o pregão, por meio da rede de terminais da BOVESPA,
S/A) é uma forma de constituição de empresas na qual o capital dos terminais de um “Vendor” de informações, do serviço de vi-
social não se encontra atribuído a um nome em específico, mas está deotexto da Telefônica e da rede nacional ou internacional de telex,
dividido em ações que podem ser transacionadas livremente, sem bem como por telefone, pelo serviço Disque Bovespa. Além disso,
necessidade de escritura pública ou outro ato notarial. Por ser uma também é possível acompanhar as informações relevantes sobre os
sociedade de capital, prevê a obtenção de lucros a serem distribuí- negócios a vista no site da BOVESPA e, após o encerramento das
dos aos acionistas. negociações, no BDI - Boletim Diário de Informações da BOVESPA e
nos jornais de grande circulação.
Há duas espécies de sociedades anônimas:
1. a companhia aberta (também chamada de empresa de capi- Formas de Negociação
tal aberto), serão assim consideradas se os valores imobiliários de a) Sistema Eletrônico de Negociação - é um sistema que per-
sua emissão estiverem sendo negociados em Bolsas ou n mercado mite às corretoras cumprir as ordens de clientes diretamente de
de Balcão que capta recursos junto ao público e é fiscalizada pela seus escritórios. Pelo S.E.N., a oferta de compra ou venda é feita
CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por meio de terminais de computador. O encontro das ofertas e o
2. a companhia fechada (também chamada de empresa de fechamento de negócios realizados automaticamente pelos compu-
capital fechado), que obtém seus recursos dos próprios acionistas. tadores.
Não possuem registro na CVM; são, na sua maior parte, empresas b) After market - É o pregão eletrônico que acontece diaria-
familiares; o controle é interno, dos seus sócios majoritários. mente após o fechamento do mercado. No After Market, só podem
ser feitas operações no mercado à vista.
No Brasil, as sociedades anônimas ou companhias são regu-
ladas pela Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das SA), Desde 29/03/99, também entrou em operação um novo con-
com as alterações dadas pelas Leis 9.457, de maio de 1997, 10.303, ceito de atendimento e de realização de negócios no mercado acio-
de 31 de outubro de 2001, 11.638, de 28 de dezembro de 2007 e nário: o Home Broker. O Home Broker é um moderno canal de rela-
11.941, de 27 de maio de 2009. cionamento entre os investidores e as Sociedades Corretoras, que
Não houve alteração em decorrência da entrada em vigor do torna ainda mais ágil e simples as negociações no mercado acioná-
novo Código Civil (art.1089). De acordo com o artigo 1º (primeiro) rio, permitindo o envio de ordens de compra e venda de ações pela
deste diploma legal “A companhia ou sociedade anônima terá o Internet, e possibilitando o acesso às cotações, o acompanhamento
capital dividido em ações e a responsabilidade dos sócios ou acio- de carteiras de ações, entre vários outros recursos.
nistas será limitada ao preço da emissão das ações subscritas ou
adquiridas”. Liquidação
Após a execução da ordem, é feita a liquidação física e finan-
Funcionamento do mercado à vista de ações ceira, processo pelo qual se dá a transferência da propriedade dos
É a compra ou venda de uma determinada quantidade de títulos e o pagamento e/ou recebimento do montante financeiro
ações, a um preço estabelecido em pregão. Assim, quando há a envolvido, dentro do calendário específico estabelecido pela bolsa
realização de um negócio, ao comprador cabe arcar com o valor para cada mercado.
financeiro envolvido na operação, sendo que o vendedor deve fazer
a entrega dos títulos-objeto da transação, nos prazos estabelecidos
pela Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA e pela Companhia
Brasileira de Liquidação e Custódia - CBLC.
15 Fonte: www.conhecimentosbancarios.com.br

283
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
No mercado à vista, vigora o seguinte calendário de liquida- Apesar disso, todas as negociações no mercado de balcão de-
ção: vem respeitar determinadas regras – que têm como objetivo prezar
• D+0 – dia da operação; pela manutenção da transparência das negociações.
• D+1 – prazo para os intermediários financeiros especificarem Para muitas empresas, o mercado de balcão é de vital impor-
as operações por eles executadas junto à bolsa; tância. Isso porque existe uma série de condições que devem ser
• D+2 – entrega e bloqueio dos títulos para a liquidação física preenchidas pelas companhias para que ações e outros ativos se-
da operação, caso ainda não estejam na custódia da CBLC; jam negociados em bolsa de valores. E muitas destas empresas que
• D+3 – liquidação física e financeira da operação. não conseguem preencher todos estes requisitos.
Já no mercado de balcão, as exigências são menores e mais
A liquidação é realizada por meio de empresas de compen- flexíveis, permitindo que mais empresas possam participar deste
sação e liquidação de negócios, que podem ser ligadas à bolsa ou mercado e se aproximar dos investidores. Sem o mercado de bal-
independentes. A BM&FBOVESPA utiliza a CBLC – Companhia Bra- cão, portanto, muitas empresas – especialmente as menores – não
sileira de Liquidação e Custódia para liquidar as operações realiza- teriam como ter acesso ao mercado de capitais.
das em seus mercados. As corretoras da BM&FBOVESPA e outras
instituições financeiras são os agentes de compensação da CBLC, Mercado de balcão SOMA
responsáveis pela boa liquidação das operações que executam para O primeiro mercado de balcão organizado destinado às nego-
si ou para seus clientes. ciações de ativos no Brasil foi a SOMA – Sociedade Operadora de
Mercados Ativos, que foi adquirida pela BM&FBovespa (atual B3)
Liquidação Física em 2002. Após o negócio, a SOMA passou a se chamar de SOMA
É a entrega dos títulos à CBLC (Companhia Brasileira de Liqui- FIX – atual mercado de balcão organizado de títulos de renda fixa
dação e Custódia), pela corretora que representa o «vendedor». da bolsa de São Paulo.
Ocorre no segundo dia útil após a realização do negócio em pregão A maior parte das negociações eletrônicas envolvendo ativos,
(D+2). As ações só ficam disponíveis ao «comprador» após a liqui- títulos e derivativos que acontece no mercado de balcão brasileiro
dação financeira. é registrada pela Cetip (Central de Custódia e Liquidação Financeira
de Títulos Privados).
É a companhia que oferece a este mercado suporte ao registro
Liquidação Financeira
eletrônico, depósito, negociação e liquidação financeira das nego-
Compreende o pagamento do valor total da operação, pela cor-
ciações – garantindo maior transparência e segurança nas transa-
retora intermediária do “comprador”, e o respectivo recebimento
ções.
pelo “vendedor”. Ocorre no terceiro dia útil após a realização do
negócio em pregão (D+3). No caso de operações o pagamento ocor-
Mercado de balcão organizado
re em (D+1).
O mercado de balcão organizado é aquele que possui uma es-
trutura – como já diz o nome – organizada para negociação de títu-
Custos de Transação los e valores mobiliários.
Sobre as operações realizadas no mercado à vista, incidem a Neste caso, existe um sistema que permite que as operações
taxa de corretagem pela intermediação – livremente pactuada en- de compra e venda sejam realizadas – como o sistema eletrônico,
tre o cliente e a Corretora e incidente sobre o movimento financei- permitindo que instituições e investidores processem suas ordens e
ro total (compras mais vendas) das ordens realizadas em nome do fechem seus negócios eletronicamente e remotamente.
investidor, por uma mesma Corretora e em um mesmo pregão – os
emolumentos e o Aviso de Negociações com Ações - ANA, cobrado Mercado de balcão “desorganizado”
por pregão em que tenham ocorrido negócios por ordem do inves- O mercado de balcão “desorganizado” nos dias de hoje é re-
tidor, independentemente do número de transações em seu nome presentado pelos intermediários que atuam neste ambiente. Entre
(esse aviso, no momento, está isento de custo por tempo indeter- estes agentes estão as instituições financeiras, bancos de investi-
minado).
mento, sociedades que compram e revendem valores imobiliários e
corretores de valores mobiliários.
Tributação
O nível atual de tributação no mercado de ações é composto de
Ativos negociados no mercado de balcão
Imposto de renda pela de 15% aplicada sobre os ganhos de capital
São negociados, no mercado de balcão organizado, ativos e
(diferença entre o preço médio de aquisição da ação e o que você
títulos, como debêntures, índices representativos de carteira de
recebeu pela venda). Essa alíquota vale para todos os tipos de ope-
ações, ações de companhias abertas, opções de compra e venda
rações nos vários mercados de ações, com exceção das operações
de day trade em que a alíquota é de 20%.16 de valores mobiliários, quotas de fundos fechados de investimento,
quotas de Fundos Imobiliários, etc.
Mercado de balcão No Brasil, valores mobiliários como debêntures, fundos de
O mercado de balcão nada mais é que mais um segmento do investimento, ações, fundos fechados, certificados de recebíveis
mercado de capitais, no qual são negociados títulos autorregulados imobiliários (CRIs), entre outros, são negociados na SOMA FIX, no
sob fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Neste mercado paulista.
segmento, não existe um local físico determinado para as opera-
ções de compra e venda de ativos – que costumam acontecer por Como operar no mercado de balcão?
telefone ou através de sistemas eletrônicos. Os investidores que desejam realizar negociações no mercado
Enquanto a Bolsa de Valores é um mercado organizado onde de balcão organizado devem buscar orientação das corretoras ou
ativos financeiros são negociados, o mercado de balcão – também bancos dos quais são clientes sobre as regras de operação sobre os
conhecido como OTC – é um mercado onde são negociados os mais negócios que podem ser executados neste ambiente.
diversos títulos de valores mobiliários que não possuem autoriza-
ção para serem negociados na Bolsa de Valores.
16 Fonte: www.portaleducacao.com.br

284
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Em geral, as operações são realizadas de modo simples e sem Taxa de câmbio alta desestimula importações, pois produtos
burocracia. É importante, no entanto, escolher uma instituição de- e insumos importados ficam mais caros e com isso, uma possível
vidamente habilitada para realizar estas negociações no mercado redução da oferta de produtos no mercado interno. A inflação ten-
com maior segurança.17 de a se elevar e as demandas internacionais por bens e serviços
aumentam.
Quando a taxa de câmbio está baixa, há um estímulo as impor-
MERCADO DE CÂMBIO. INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS tações de produtos e insumos importados mais baratos. Ocorre au-
A OPERAR. OPERAÇÕES BÁSICAS. CARACTERÍSTICAS mento da competitividade entre produtos nacionais e estrangeiros.
DOS CONTRATOS DE CÂMBIO. TAXAS DE CÂMBIO. A tendência da inflação é diminuir demandas internacionais por
REMESSAS bens e serviços.

As instituições que operam neste mercado são os bancos múlti- Remessas


plos, bancos comerciais, caixas econômicas, bancos de investimen- Representam uma forma segura do envio de dinheiro para fora
to, bancos de câmbio (realizam todas as operações previstas para o do país, sendo muito semelhante a uma transferência entre contas.
mercado de câmbio). Por ocorrer entre países diferentes, possuem regras específicas, por
Os bancos de desenvolvimento, agências de fomento e as so- exemplo, na compra é necessário a comprovação de uma fatura pró
ciedades de crédito, financiamento e investimento; podem execu- forma, documento que registra e formaliza a intenção da compra e
tar apenas algumas operações autorizadas pelo BACEN. venda; com o objetivo de rastrear a origem das transações, evitan-
As sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, socie- do fraudes e evasão de divisas de um país para outro.
dades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades Dados pessoais e bancários são necessários para ajudar os go-
de câmbio; realizam operações de câmbio com clientes para liqui- vernos dos países envolvidos na transação e identificar origem da
dação de até US$ 100 mil ou em moedas de outras nacionalidades e saída e destino desse envio.
operações no mercado interbancário, arbitragens no país e através É preciso contar com uma instituição financeira para interme-
de banco autorizado a operar no mercado de câmbio e arbitragem diar esse processo.
com o exterior. O motivo do envio também deve ser explicado, para que se
adeque ao enquadramento de câmbio do BACEN do Brasil.
Operações Básicas A remessa internacional é uma operação sujeita ao IOF e tam-
Qualquer modalidade de pagamentos ou recebimentos em bém outros impostos sobre o valor, dependendo do enquadramen-
moeda estrangeira, inclusive, aplicações no mercado financeiro ex- to do BACEN. Os enquadramentos mais comuns são: pagamento de
terno, transferências. cursos, manutenção de residências e compra de imóveis no exterior.
Todas as operações de câmbio são formalizadas e registradas Além disso, uma taxa de envio deve ser paga a instituição que
no sistema de câmbio – Sistema Integrado de Registro de Opera- viabiliza a transação; o valor muda de instituição para instituição.
ções de Câmbio.
SISCOMEX
Características de Contratos de Câmbio Programa integrado de comércio exterior que possibilita as
Operações que envolvem a movimentação de valores para o operações de compra e venda no mercado internacional.
exterior. Implica uma negociação de troca de moedas, regulamen- Foi criado em 1992, iniciando suas operações na exportação no
tado pelo BACEN, através da circular nº 3591, de 16/12/2013. Nesse ano seguinte; e em 1997 foi implantado seu módulo de importação.
contrato, devem constar as partes interessadas, ou seja, a institui- Integra todo o país na área de comércio exterior, sendo ope-
ção que está autorizada a operar o câmbio, a parte que está no Bra- racionalizado pela rede SERPRO. Para sua utilização, é necessário o
sil e a parte que se encontra no exterior. cadastro da empresa na Receita Federal, para os processamentos
É necessário, discriminar no documento; o custo da operação, de registros na importação e exportação.
a taxa de câmbio, o prazo para liquidação da operação, o intermedi- Seu objetivo é simplificar e padronizar as operações de comér-
ário (casa de câmbio) e a taxa da comissão de corretagem. cio exterior, agilizando as operações de embarque de mercadoria,
diminuindo o período de liberação dos importados, dispondo de
Taxas de Câmbio controle automático, gerando dados confiáveis, inibindo possíveis
Processo da relação de troca entre moedas. É possível quan- fraudes, ampliando atendimentos, motivando a entrada de novas
tificar como o montante de Real necessário para trocar por dólar, empresas do comércio exterior.
euro, etc.
A relação entre a taxa de Câmbio surge entre a demanda e a
oferta pelas demais moedas em relação ao Real. GARANTIAS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.
Exemplo: Os exportadores compram produtos no Brasil e ven- AVAL; FIANÇA; PENHOR MERCANTIL; ALIENAÇÃO
dem para o resto do mundo, logo, recebem dos compradores em FIDUCIÁRIA; HIPOTECA; FIANÇAS BANCÁRIAS; FUNDO
dólar que entram na economia brasileira. Enquanto isso, no Brasil, GARANTIDOR DE CRÉDITO (FGC)
os fornecedores precisam receber em Real. Já, os importadores
compram mercadorias no exterior e trazem para o país, vendem e São obrigações assumidas por meio do oferecimento do patri-
recebem em Real; porém, os fornecedores estrangeiros querem levar mônio para garantir uma dívida.
dólares para o exterior. Temos assim, a relação de oferta e demanda, Aval: Declaração unilateral através da qual o avalista assume as
com exportadores ofertando dólares e precisando de reais e impor- obrigações previstas no título.
tadores oferecendo reais e precisando de dólares. Assim demanda e Fiança: O fiador garante satisfazer o credor através da quitação
oferta se igualam, criando um equilíbrio, a chamada taxa de câmbio. da dívida, caso o devedor não o faça.
Penhor mercantil: Válido para as negociações comerciais. Ga-
rantia real sobre bens móveis. Estabelecido em favor do credor para
que haja mais certeza que o seu direito será realizado. O devedor
17 Fonte: www.andrebona.com.br

285
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
transfere para o credor a posse de um bem (estoque, veículos, joias)
móvel até que sua dívida seja quitada, desta forma o se devolve a CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO. CONCEITO E
posse do bem para seu dono. ETAPAS. PREVENÇÃO E COMBATE AO CRIME DE
Alienação fiduciária: Transferência da posse de um bem à ins- LAVAGEM DE DINHEIRO E FINANCIAMENTO AO
TERRORISMO: LEI Nº 9.613/1998
tituição financeira. É realizado principalmente, nos contratos de fi-
nanciamento de veículos e imóveis. A informação de que o compa-
rador tem direito de usufruir do bem, mas juridicamente pertence a Conceito e etapas
instituição que concedeu o crédito até seu pagamento total. Toda situação que tem como intenção ocultar a origem de
Hipoteca: Na contratação de um crédito se oferece um bem dinheiro de atividades criminosas. Ou seja, são tentativas de dar
imóvel de sua propriedade que ficará e caso não ocorra o pagamen- aparência de dinheiro “limpo” (lícito) para quantias “sujas” (ilícitas).
to, o bem poderá ser tomado pelo credor. Suas fases compreendem:
Fiança bancária: Garantia concedida pela instituição financeira 1ª. Colocação – Quando o dinheiro entra no mercado financei-
quando o cliente não possui outro tipo de fiador. ro, circulando através da aquisição de bens (geralmente com paga-
Fundo Garantidor de Crédito (FGC): Instituição sem fins lucra- mento em espécie), depósitos em contas correntes e em contas de
tivos, criada em 1995, com a finalidade de proteger o investidor “paraísos fiscais”, etc.
em eventuais riscos nas empresas administradores desses recursos. 2ª. Ocultação – Também conhecida como estratificação, tende
Alguns produtos são cobertos pelas garantias de até R$ 250.000,00, a dificultar o rastreamento do dinheiro, através da alta quantidade
como depósitos a vista, depósitos de poupança, Letras de Câmbio, de transações.
Letras hipotecárias, depósitos a prazo, com ou sem emissão de CDB 3ª. Integração – Momento em que o dinheiro sujo volta formal-
e RDB, etc. mente para o sistema financeiro com aparência de “limpo”.

Segundo o FGC, quanto ao limite da garantia de até R$ 1 mi- Prevenção e combate ao crime de lavagem de dinheiro
lhão: Regras e normas estabelecidas pelas instituições financeiras
“O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, em 21 de de- adotam para a prevenção do crime de “lavagem de dinheiro”. O
mínimo de informações exigidas e que devem estar sempre atu-
zembro de 2017, a alteração promovida no Regulamento do Fundo
alizadas são: Nome, identificação e comprovação de documentos
Garantidor de Créditos (FGC), que estabelece teto de R$ 1 milhão,
pessoais, profissão, estado civil e endereço.
a cada período de 4 anos, para garantias pagas para cada CPF ou
As regras e normas são baseadas em critérios como cadastro
CNPJ.
completo e sempre atualizado, Relacionamento de proximidade
com o cliente e monitoramento das operações.
Teto para investidor vale para cada período de 4 anos, por CPF
A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) desde 2008 vem
ou CNPJ. Após 4 anos, o teto é restabelecido.
concentrando esforços na tentativa de combater à lavagem de di-
A contagem do período de 4 anos se inicia na data da liqui- nheiro, aprovando inclusive, neste mesmo ano, o código de Autor-
dação ou intervenção em instituição financeira onde o investidor regulação Bancária, em que ficam muito claros, seus esforços na
detenha valor garantido pelo FGC. Prevenção e combate à Lavagem de Dinheiro e Financiamento do
Permanece inalterado o limite de ​R$ 250 mil por CPF ou CNPJ e Terrorismo e Responsabilidade Social.
conglomerado financeiro.
Aos investimentos contratados ou repactuados até 21 de de- Lei n.º 9.613/1998 e suas alterações
zembro de 2017 não se aplica o teto de R$ 1 milhão a cada período Mais conhecida como “Lei de lavagem de dinheiro”, foi criada
de 4 anos”. para atender as solicitações de instituições financeiras e econômi-
cas, que já tinham esgotados todos os recursos jurídicos contra os
COMO ERA COMO FICOU crimes de lavagem de dinheiro; já que nela se preveem punições
rigorosas para os praticantes de tais atos, porém com algumas es-
Garantia de até R$ 250 mil por CPF/
pecificações e exclusividades para tipos de crimes, penas e multas.
CNPJ e conglomerado financeiro, Em 09 de julho de 2012 foi publicada uma nova lei sobre lava-
em depósitos cobertos pelo Fundo Limite permanece gem de dinheiro, a Lei nº 12.683, também chamada de PLDII, que
Garantidor de Créditos e emitidos inalterado. apenas atualiza a Lei nº 9.613/98.
por instituições associadas à A PLDII tem o objetivo de tornar mais eficiente a investigação
entidade. criminal e o processo penal para os crimes de lavagem de dinheiro.
Teto de R$ 1 milhão por Uma das alterações foi permitir o enquadramento com origem
Não havia teto para garantia paga
CPF ou CNPJ, a cada oculta ou ilícita e a adoção de punição mais severa. Isto foi neces-
pelo FGC por CPF ou CNPJ em
período de 4 anos, para a sário devido o nível de inteligência e inovação nos métodos de atu-
qualquer período.
garantia paga pelo FGC. ação dos criminosos.
Enquanto na Lei 9.613/98, havia uma lista pré definidas de ati-
Investidores não-
vidades ilícitas, por exemplo, tráfico de drogas, terrorismo, seques-
residentes passam a
Investidores não-residentes não tro, etc., na PLDII a possibilidade é de punição para qualquer que
contar com a garantia,
contavam com a garantia do FGC. seja a origem ilícita.
para investimentos
Na Lei 9.613/98, o teto para as multas era de R$ 200.00,00,
elegíveis.
com penas de 3 à 10 anos de reclusão; agora as multas podem che-
gar a R$ 20 milhões.
Fonte: https://www.fgc.org.br/garantia-fgc/fgc-nova-garantia
Também ocorreu a ampliação dos tipos de profissionais obriga-
dos a enviar ao COAF, informações de operações suspeitas, como as
de doleiros, comerciantes de artigos de luxo, etc.

286
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Como esta nova lei trata-se de uma atualização, já prevê a pos- II – Situações relacionadas com operações em espécie e car-
sibilidade de apreensão em nome de “laranjas” e também a sua tões pré-pagos em moeda estrangeira e cheques de viagem;
venda, ficando este valor depositado em juízo até o final do julga- III – Situações relacionadas com a identificação e qualificação
mento. de clientes;
No caso da colaboração do auto, coautor ou qualquer partici- IV – Situações relacionadas com a movimentação de contas de
pante da lavagem de dinheiro colaborar com as autoridades, a pena depósito e de contas de pagamento em moeda nacional;
poderá ser reduzida de 1 à , cabendo ao juiz a decisão por sua apli- VI – Situações relacionadas com operações de crédito no País;
cação ou redução, a qualquer tempo, mesmo após a condenação VII – Situações relacionadas com a movimentação de recursos
oriundos de contratos com o setor público;
Circular Bacen nº 3461/2009 VIII – Situações relacionadas a consórcios;
Circular que trata de alguns procedimentos específicos na pre- IX – Situações relacionadas a pessoas ou entidades suspeitas
venção dos crimes previstos na Lei nº 9.613/1998. de envolvimento com financiamento ao terrorismo e a proliferação
São procedimentos que as instituições financeiras autorizadas de armas de destruição em massa;
a funcionar, devem realizar. Os artigos 12 e 13 desta circular, infor- X – Situações relacionadas com atividades internacionais;
mam por exemplo, que as instituições financeiras são obrigadas a XI – Situações relacionadas com operações de crédito contra-
fazer comunicação de informações suspeitas ao COAF. tadas no exterior;
XII – Situações relacionadas com operações de investimento
Conforme a Circular: externo;
XIII – Situações relacionadas com funcionários, parceiros e
“Comunicações ao Coaf prestadores de serviços terceirizados;
Art. 12. As instituições de que trata o art. 1º devem comunicar XIV – Situações relacionadas a campanhas eleitorais;
ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), na forma XV – Situações relacionadas a BNDU (Bens Não De Uso) e ou-
determinada pelo Banco Central do Brasil: tros ativos não financeiros;
I - as ocorrências de que trata o art. 8º, § 1º, inciso I, no prazo XVI – Situações relacionadas com a movimentação de contas
correntes em moeda estrangeira (CCME); e
de até 5 (cinco) dias úteis após o encerramento do mês calendário;
XVII – Situações relacionadas com operações realizadas em
II - as ocorrências de que trata o art. 9º, § 1º, incisos I e III, na
municípios localizados em regiões de risco.
data da operação. Parágrafo único. Devem também ser comunica-
das ao Coaf as propostas de realização das operações de que trata
LEI Nº 9.613, DE 3 DE MARÇO DE 1998.
o caput.
Art. 13. As instituições de que trata o art. 1º devem comunicar
Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens,
ao Coaf, na forma determinada pelo Banco Central do Brasil:
direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro
I - as operações realizadas ou serviços prestados cujo valor seja
para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de
igual ou superior a R$10.000,00 (dez mil reais) e que, considerando
Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências.
as partes envolvidas, os valores, as formas de realização, os instru-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
mentos utilizados ou a falta de fundamento econômico ou legal,
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
possam configurar a existência de indícios dos crimes previstos na
Lei nº 9.613, de 1998;
CAPÍTULO I
II - as operações realizadas ou serviços prestados que, por sua
DOS CRIMES DE “LAVAGEM” OU OCULTAÇÃO DE BENS, DIREI-
habitualidade, valor ou forma, configurem artifício que objetive
TOS E VALORES
burlar os mecanismos de identificação, controle e registro;
III - as operações realizadas ou os serviços prestados, qualquer
Art. 1oOcultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
que seja o valor, a pessoas que reconhecidamente tenham perpe-
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou
trado ou intentado perpetrar atos terroristas ou neles participado
valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
ou facilitado o seu cometimento, bem como a existência de recur-
(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
sos pertencentes ou por eles controlados direta ou indiretamente;
I - (revogado);(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
IV - os atos suspeitos de financiamento do terrorismo.
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
§ 1º O disposto no inciso III aplica-se também às entidades per-
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
tencentes ou controladas, direta ou indiretamente, pelas pessoas
IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
ali mencionadas, bem como por pessoas e entidades atuando em
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
seu nome ou sob seu comando.
VI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
§ 2º As comunicações das ocorrências de que tratam os incisos
VII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
III e IV devem ser realizadas até o dia útil seguinte àquele em que
VIII - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
verificadas.
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa.(Redação
§ 3º Devem também ser comunicadas ao Coaf as propostas de
dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
realização das operações e atos descritos nos incisos I a IV”.
§ 1oIncorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular
a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração
Carta-Circular Bacen nº 4001/2020
penal: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
Circular com a relação das atividades e situações que possam
I - os converte em ativos lícitos;
configurar crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, di-
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garan-
reitos e valores. Compondo 17 categorias a serem adotadas pelas
tia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere;
instituições financeiras autorizadas a funcionar no país.
III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes
I – Situações relacionadas com operações em espécie em moe-
aos verdadeiros.
da nacional com a utilização de contas de depósitos ou de contas de
§ 2oIncorre, ainda, na mesma pena quem:(Redação dada pela
pagamento;
Lei nº 12.683, de 2012)

287
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos § 2oO juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens,
ou valores provenientes de infração penal;(Redação dada pela Lei direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem,
nº 12.683, de 2012) mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários
II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhe- e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações
cimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal. (Reda-
prática de crimes previstos nesta Lei. ção dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. § 3oNenhum pedido de liberação será conhecido sem o com-
14 do Código Penal. parecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se
§ 4oA pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes defi- refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de
nidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem
de organização criminosa. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) prejuízo do disposto no § 1o. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de
§ 5oA pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cum- 2012)
prida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar § 4oPoderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre
de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da
de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontanea- infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para paga-
mente com as autoridades, prestando esclarecimentos que condu- mento de prestação pecuniária, multa e custas. (Redação dada pela
zam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, Lei nº 12.683, de 2012)
coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou va- Art. 4o-A.A alienação antecipada para preservação de valor de
lores objeto do crime. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) bens sob constrição será decretada pelo juiz, de ofício, a requeri-
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo, admi- mento do Ministério Público ou por solicitação da parte interessa-
te-se a utilização da ação controlada e da infiltração de agentes. da, mediante petição autônoma, que será autuada em apartado e
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) cujos autos terão tramitação em separado em relação ao processo
principal.(Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
CAPÍTULO II § 1oO requerimento de alienação deverá conter a relação de
DISPOSIÇÕES PROCESSUAIS ESPECIAIS
todos os demais bens, com a descrição e a especificação de cada
um deles, e informações sobre quem os detém e local onde se en-
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:
contram. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
I – obedecem às disposições relativas ao procedimento comum
§ 2oO juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos apar-
dos crimes punidos com reclusão, da competência do juiz singular;
tados, e intimará o Ministério Público.(Incluído pela Lei nº 12.683,
II - independem do processo e julgamento das infrações pe-
de 2012)
nais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo
§ 3oFeita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre
ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão so-
bre a unidade de processo e julgamento;(Redação dada pela Lei nº o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o valor atribu-
12.683, de 2012) ído aos bens e determinará sejam alienados em leilão ou pregão,
III - são da competência da Justiça Federal: preferencialmente eletrônico, por valor não inferior a 75% (seten-
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem ta e cinco por cento) da avaliação. (Incluído pela Lei nº 12.683, de
econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou in- 2012)
teresses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas § 4oRealizado o leilão, a quantia apurada será depositada em
públicas; conta judicial remunerada, adotando-se a seguinte disciplina:(In-
b) quando a infração penal antecedente for de competência da cluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
Justiça Federal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) I - nos processos de competência da Justiça Federal e da Justiça
§ 1oA denúncia será instruída com indícios suficientes da exis- do Distrito Federal: (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
tência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos pre- a) os depósitos serão efetuados na Caixa Econômica Federal ou
vistos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, em instituição financeira pública, mediante documento adequado
ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. (Redação para essa finalidade; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)
dada pela Lei nº 12.683, de 2012) b) os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica Federal
§ 2oNo processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o ou por outra instituição financeira pública para a Conta Única do
disposto no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade,
1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não com- no prazo de 24 (vinte e quatro) horas; e(Incluída pela Lei nº 12.683,
parecer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguin- de 2012)
do o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo. c) os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal ou por
(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) instituição financeira pública serão debitados à Conta Única do Te-
Art. 3º(Revogado pela Lei nº 12.683, de 2012) souro Nacional, em subconta de restituição; (Incluída pela Lei nº
Art. 4oO juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público 12.683, de 2012)
ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Minis- II - nos processos de competência da Justiça dos Estados: (In-
tério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios sufi- cluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
cientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias a) os depósitos serão efetuados em instituição financeira de-
de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou exis- signada em lei, preferencialmente pública, de cada Estado ou, na
tentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, sua ausência, em instituição financeira pública da União;(Incluída
produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações pela Lei nº 12.683, de 2012)
penais antecedentes. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) b) os depósitos serão repassados para a conta única de cada
§ 1oProceder-se-á à alienação antecipada para preservação do Estado, na forma da respectiva legislação. (Incluída pela Lei nº
valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de 12.683, de 2012)
deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para
sua manutenção. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)

288
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
§ 5oMediante ordem da autoridade judicial, o valor do depósi- II - prestará, por determinação judicial, informações periódicas
to, após o trânsito em julgado da sentença proferida na ação penal, da situação dos bens sob sua administração, bem como explicações
será: (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) e detalhamentos sobre investimentos e reinvestimentos realizados.
I - em caso de sentença condenatória, nos processos de com- Parágrafo único.Os atos relativos à administração dos bens su-
petência da Justiça Federal e da Justiça do Distrito Federal, incor- jeitos a medidas assecuratórias serão levados ao conhecimento do
porado definitivamente ao patrimônio da União, e, nos processos Ministério Público, que requererá o que entender cabível.(Redação
de competência da Justiça Estadual, incorporado ao patrimônio do dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
Estado respectivo; (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
II - em caso de sentença absolutória extintiva de punibilidade, CAPÍTULO III
colocado à disposição do réu pela instituição financeira, acrescido DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
da remuneração da conta judicial. (Incluído pela Lei nº 12.683, de
2012) Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Có-
§ 6oA instituição financeira depositária manterá controle dos digo Penal:
valores depositados ou devolvidos. (Incluído pela Lei nº 12.683, de I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos de
2012) competência da Justiça Estadual -, de todos os bens, direitos e valo-
§ 7oSerão deduzidos da quantia apurada no leilão todos os tri- res relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes pre-
butos e multas incidentes sobre o bem alienado, sem prejuízo de vistos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança,
iniciativas que, no âmbito da competência de cada ente da Fede- ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;(Redação
ração, venham a desonerar bens sob constrição judicial daqueles dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
ônus. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) II - a interdição do exercício de cargo ou função pública de
§ 8oFeito o depósito a que se refere o § 4o deste artigo, os qualquer natureza e de diretor, de membro de conselho de admi-
autos da alienação serão apensados aos do processo principal. (In- nistração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9º,
cluído pela Lei nº 12.683, de 2012) pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.
§ 9oTerão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos § 1oA União e os Estados, no âmbito de suas competências,
contra as decisões proferidas no curso do procedimento previsto regulamentarão a forma de destinação dos bens, direitos e valores
neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) cuja perda houver sido declarada, assegurada, quanto aos proces-
§ 10.Sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal con- sos de competência da Justiça Federal, a sua utilização pelos órgãos
denatória, o juiz decretará, em favor, conforme o caso, da União ou federais encarregados da prevenção, do combate, da ação penal e
do Estado: (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) do julgamento dos crimes previstos nesta Lei, e, quanto aos proces-
I - a perda dos valores depositados na conta remunerada e da sos de competência da Justiça Estadual, a preferência dos órgãos
fiança; (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) locais com idêntica função. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
II - a perda dos bens não alienados antecipadamente e daque- § 2oOs instrumentos do crime sem valor econômico cuja perda
les aos quais não foi dada destinação prévia; e(Incluído pela Lei nº em favor da União ou do Estado for decretada serão inutilizados ou
12.683, de 2012) doados a museu criminal ou a entidade pública, se houver interesse
III - a perda dos bens não reclamados no prazo de 90 (noventa) na sua conservação. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
dias após o trânsito em julgado da sentença condenatória, ressal-
vado o direito de lesado ou terceiro de boa-fé.(Incluído pela Lei nº CAPÍTULO IV
12.683, de 2012) DOS BENS, DIREITOS OU VALORES ORIUNDOS DE CRIMES
§ 11.Os bens a que se referem os incisos II e III do § 10 deste ar- PRATICADOS NO ESTRANGEIRO
tigo serão adjudicados ou levados a leilão, depositando-se o saldo na
conta única do respectivo ente. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) Art. 8oO juiz determinará, na hipótese de existência de tratado
§ 12.O juiz determinará ao registro público competente que ou convenção internacional e por solicitação de autoridade estran-
emita documento de habilitação à circulação e utilização dos bens geira competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou
colocados sob o uso e custódia das entidades a que se refere o valores oriundos de crimes descritos no art. 1o praticados no es-
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) trangeiro.(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
§ 13.Os recursos decorrentes da alienação antecipada de bens, § 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de
direitos e valores oriundos do crime de tráfico ilícito de drogas e tratado ou convenção internacional, quando o governo do país da
que tenham sido objeto de dissimulação e ocultação nos termos autoridade solicitante prometer reciprocidade ao Brasil.
desta Lei permanecem submetidos à disciplina definida em lei es- § 2oNa falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou va-
pecífica. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) lores privados sujeitos a medidas assecuratórias por solicitação de
Art. 4o-B.A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecu- autoridade estrangeira competente ou os recursos provenientes da
ratórias de bens, direitos ou valores poderão ser suspensas pelo juiz, sua alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil,
ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata puder na proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou de ter-
comprometer as investigações.(Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) ceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
Art. 5oQuando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido
o Ministério Público, nomeará pessoa física ou jurídica qualificada CAPÍTULO V
para a administração dos bens, direitos ou valores sujeitos a me- (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 12.683, DE 2012)
didas assecuratórias, mediante termo de compromisso.(Redação DAS PESSOAS SUJEITAS AO MECANISMO DE CONTROLE
dada pela Lei nº 12.683, de 2012) (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 12.683, DE 2012)
Art. 6oA pessoa responsável pela administração dos bens:(Re-
dação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) Art. 9oSujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as
I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satis- pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou
feita com o produto dos bens objeto da administração; eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente
ou não: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)

289
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financei- d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer
ros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; natureza, fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas; (In-
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ati- cluída pela Lei nº 12.683, de 2012)
vo financeiro ou instrumento cambial; e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e (Incluída pela Lei nº
III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação, 12.683, de 2012)
intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários. f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacio-
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações: nados a atividades desportivas ou artísticas profissionais; (Incluída
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e pela Lei nº 12.683, de 2012)
os sistemas de negociação do mercado de balcão organizado; (Re- XV - pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, in-
dação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) termediação, comercialização, agenciamento ou negociação de di-
II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de reitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposições ou
previdência complementar ou de capitalização; eventos similares; (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
III - as administradoras de cartões de credenciamento ou car- XVI - as empresas de transporte e guarda de valores; (Incluído
tões de crédito, bem como as administradoras de consórcios para pela Lei nº 12.683, de 2012)
aquisição de bens ou serviços; XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de
IV - as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão alto valor de origem rural ou animal ou intermedeiem a sua comer-
ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que cialização; e (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
permita a transferência de fundos; XVIII - as dependências no exterior das entidades mencionadas
V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing), as em- neste artigo, por meio de sua matriz no Brasil, relativamente a resi-
presas de fomento comercial (factoring) e as Empresas Simples de dentes no País. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
Crédito (ESC); (Redação dada pela Lei Complementar nº 167, de
2019) CAPÍTULO VI
VI - as sociedades que, mediante sorteio, método assemelha- DA IDENTIFICAÇÃO DOS CLIENTES
do, exploração de loterias, inclusive de apostas de quota fixa, ou E MANUTENÇÃO DE REGISTROS
outras sistemáticas de captação de apostas com pagamento de prê-
Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º:
mios, realizem distribuição de dinheiro, de bens móveis, de bens
I - identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado,
imóveis e de outras mercadorias ou serviços, bem como concedam
nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes;
descontos na sua aquisição ou contratação; (Redação dada pela Lei
II - manterão registro de toda transação em moeda nacional ou
nº 14.183, de 2021)
estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos de crédito, metais,
VII - as filiais ou representações de entes estrangeiros que
ou qualquer ativo passível de ser convertido em dinheiro, que ultra-
exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas neste artigo, ain-
passar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de
da que de forma eventual; instruções por esta expedidas;
VIII - as demais entidades cujo funcionamento dependa de au- III - deverão adotar políticas, procedimentos e controles inter-
torização de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, nos, compatíveis com seu porte e volume de operações, que lhes
de capitais e de seguros; permitam atender ao disposto neste artigo e no art. 11, na forma
IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que disciplinada pelos órgãos competentes;(Redação dada pela Lei nº
operem no Brasil como agentes, dirigentes, procuradoras, comissio- 12.683, de 2012)
nárias ou por qualquer forma representem interesses de ente estran- IV - deverão cadastrar-se e manter seu cadastro atualizado no
geiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo; órgão regulador ou fiscalizador e, na falta deste, no Conselho de
X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), na forma e condições por
promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis; (Redação eles estabelecidas; (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
dada pela Lei nº 12.683, de 2012) V - deverão atender às requisições formuladas pelo Coaf na pe-
XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pe- riodicidade, forma e condições por ele estabelecidas, cabendo-lhe
dras e metais preciosos, objetos de arte e antigüidades. preservar, nos termos da lei, o sigilo das informações prestadas.
XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)
luxo ou de alto valor, intermedeiem a sua comercialização ou exer- § 1º Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa jurídica,
çam atividades que envolvam grande volume de recursos em espé- a identificação referida no inciso I deste artigo deverá abranger as
cie; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) pessoas físicas autorizadas a representá-la, bem como seus pro-
XIII - as juntas comerciais e os registros públicos;(Incluído pela prietários.
Lei nº 12.683, de 2012) § 2º Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II deste
XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que artigo deverão ser conservados durante o período mínimo de cinco
eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, au- anos a partir do encerramento da conta ou da conclusão da tran-
ditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em sação, prazo este que poderá ser ampliado pela autoridade com-
operações: (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) petente.
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais § 3º O registro referido no inciso II deste artigo será efetuado
ou industriais ou participações societárias de qualquer natureza; também quando a pessoa física ou jurídica, seus entes ligados, hou-
(Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012) ver realizado, em um mesmo mês-calendário, operações com uma
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; mesma pessoa, conglomerado ou grupo que, em seu conjunto, ul-
(Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012) trapassem o limite fixado pela autoridade competente.
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, Art. 10A. O Banco Central manterá registro centralizado for-
investimento ou de valores mobiliários; (Incluída pela Lei nº 12.683, mando o cadastro geral de correntistas e clientes de instituições
de 2012) financeiras, bem como de seus procuradores. (Incluído pela Lei nº
10.701, de 2003)

290
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
CAPÍTULO VII § 2oA multa será aplicada sempre que as pessoas referidas no
DA COMUNICAÇÃO DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS art. 9o, por culpa ou dolo:(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
I – deixarem de sanar as irregularidades objeto de advertência,
Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º: no prazo assinalado pela autoridade competente;
I - dispensarão especial atenção às operações que, nos termos II - não cumprirem o disposto nos incisos I a IV do art. 10;(Re-
de instruções emanadas das autoridades competentes, possam dação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou III - deixarem de atender, no prazo estabelecido, a requisição
com eles relacionar-se; formulada nos termos do inciso V do art. 10;(Redação dada pela Lei
II - deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de nº 12.683, de 2012)
tal ato a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira a infor- IV - descumprirem a vedação ou deixarem de fazer a comunica-
mação, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a proposta ou reali- ção a que se refere o art. 11.
zação: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) § 3º A inabilitação temporária será aplicada quando forem verifica-
a) de todas as transações referidas no inciso II do art. 10, acom- das infrações graves quanto ao cumprimento das obrigações constantes
panhadas da identificação de que trata o inciso I do mencionado desta Lei ou quando ocorrer reincidência específica, devidamente carac-
artigo; e(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) terizada em transgressões anteriormente punidas com multa.
b) das operações referidas no inciso I;(Redação dada pela Lei § 4º A cassação da autorização será aplicada nos casos de rein-
nº 12.683, de 2012) cidência específica de infrações anteriormente punidas com a pena
III - deverão comunicar ao órgão regulador ou fiscalizador da prevista no inciso III do caput deste artigo.
sua atividade ou, na sua falta, ao Coaf, na periodicidade, forma e Art. 13. (Revogado pela Lei nº 13.974, de 2020)
condições por eles estabelecidas, a não ocorrência de propostas,
transações ou operações passíveis de serem comunicadas nos ter- CAPÍTULO IX
mos do inciso II.(Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) DO CONSELHO DE CONTROLE
§ 1º As autoridades competentes, nas instruções referidas no DE ATIVIDADES FINANCEIRAS
inciso I deste artigo, elaborarão relação de operações que, por suas
características, no que se refere às partes envolvidas, valores, forma Art. 14.Fica criado, no âmbito do Ministério da Economia, o
de realização, instrumentos utilizados, ou pela falta de fundamento Conselho de Controle de Atividades Financeiras - Coaf, com a fina-
econômico ou legal, possam configurar a hipótese nele prevista. lidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, exami-
§ 2º As comunicações de boa-fé, feitas na forma prevista neste nar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas pre-
artigo, não acarretarão responsabilidade civil ou administrativa. vistas nesta Lei, sem prejuízo das competências de outros órgãos e
§ 3oO Coaf disponibilizará as comunicações recebidas com entidades. (Redação dada pela Medida Provisória nº 886, de 2019)
base no inciso II do caput aos respectivos órgãos responsáveis pela § 1º As instruções referidas no art. 10 destinadas às pessoas
regulação ou fiscalização das pessoas a que se refere o art. 9o. (Re- mencionadas no art. 9º, para as quais não exista órgão próprio fis-
dação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) calizador ou regulador, serão expedidas pelo COAF, competindo-
Art. 11-A.As transferências internacionais e os saques em espé- -lhe, para esses casos, a definição das pessoas abrangidas e a apli-
cie deverão ser previamente comunicados à instituição financeira, cação das sanções enumeradas no art. 12.
nos termos, limites, prazos e condições fixados pelo Banco Central § 2º O COAF deverá, ainda, coordenar e propor mecanismos
do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rá-
pidas e eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens,
CAPÍTULO VIII direitos e valores.
DA RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA § 3o O COAF poderá requerer aos órgãos da Administração Pú-
blica as informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas
Art. 12. Às pessoas referidas no art. 9º, bem como aos admi- envolvidas em atividades suspeitas. (Incluído pela Lei nº 10.701, de
nistradores das pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as obriga- 2003)
ções previstas nos arts. 10 e 11 serão aplicadas, cumulativamente Art. 15. O COAF comunicará às autoridades competentes para
ou não, pelas autoridades competentes, as seguintes sanções: a instauração dos procedimentos cabíveis, quando concluir pela
I - advertência; existência de crimes previstos nesta Lei, de fundados indícios de
II - multa pecuniária variável não superior: (Redação dada pela sua prática, ou de qualquer outro ilícito.
Lei nº 12.683, de 2012) Art. 16. (Revogado pela Lei nº 13.974, de 2020)
a) ao dobro do valor da operação; (Incluída pela Lei nº 12.683, Art. 17. (Revogado pela Lei nº 13.974, de 2020)
de 2012)
b) ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria CAPÍTULO X
obtido pela realização da operação; ou(Incluída pela Lei nº 12.683, (INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.683, DE 2012)
de 2012) DISPOSIÇÕES GERAIS
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais); (Inclu- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.683, DE 2012)
ída pela Lei nº 12.683, de 2012)
III - inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o Art. 17-A.Aplicam-se, subsidiariamente, as disposições do De-
exercício do cargo de administrador das pessoas jurídicas referidas creto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo
no art. 9º; Penal), no que não forem incompatíveis com esta Lei. (Incluído pela
IV - cassação ou suspensão da autorização para o exercício de Lei nº 12.683, de 2012)
atividade, operação ou funcionamento.(Redação dada pela Lei nº Art. 17-B.A autoridade policial e o Ministério Público terão
12.683, de 2012) acesso, exclusivamente, aos dados cadastrais do investigado que
§ 1º A pena de advertência será aplicada por irregularidade no informam qualificação pessoal, filiação e endereço, independente-
cumprimento das instruções referidas nos incisos I e II do art. 10. mente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas

291
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
empresas telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos provedo- § 2º O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual
res de internet e pelas administradoras de cartão de crédito. (Inclu- ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos
ído pela Lei nº 12.683, de 2012) sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional,
Art. 17-C.Os encaminhamentos das instituições financeiras e direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a
tributárias em resposta às ordens judiciais de quebra ou transfe- contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender
rência de sigilo deverão ser, sempre que determinado, em meio in- direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da
formático, e apresentados em arquivos que possibilitem a migração tipificação penal contida em lei.
de informações para os autos do processo sem redigitação. (Incluí- Art. 3º Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pesso-
do pela Lei nº 12.683, de 2012) almente ou por interposta pessoa, a organização terrorista:
Art. 17-D.Em caso de indiciamento de servidor público, este Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa.
será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos pre- § 1º (VETADO).
vistos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fun- § 2º (VETADO).
damentada, o seu retorno. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) Art. 4º (VETADO).
Art. 17-E.A Secretaria da Receita Federal do Brasil conservará Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo com o pro-
os dados fiscais dos contribuintes pelo prazo mínimo de 5 (cinco) pósito inequívoco de consumar tal delito:
anos, contado a partir do início do exercício seguinte ao da declara- Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de
ção de renda respectiva ou ao do pagamento do tributo. (Incluído um quarto até a metade.
pela Lei nº 12.683, de 2012) § 1º Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósi-
Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. to de praticar atos de terrorismo:
I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que
viajem para país distinto daquele de sua residência ou nacionali-
LEI 13.260/2016 dade; ou
II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele
LEI Nº 13.260, DE 16 DE MARÇO DE 2016. de sua residência ou nacionalidade.
§ 2º Nas hipóteses do § 1º, quando a conduta não envolver
Regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º da Consti- treinamento ou viagem para país distinto daquele de sua residên-
tuição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposi- cia ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito con-
ções investigatórias e processuais e reformulando o conceito de sumado, diminuída de metade a dois terços.
organização terrorista; e altera as Leis n º 7.960, de 21 de dezem- Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em
bro de 1989, e 12.850, de 2 de agosto de 2013. depósito, solicitar, investir, de qualquer modo, direta ou indire-
tamente, recursos, ativos, bens, direitos, valores ou serviços de
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- qualquer natureza, para o planejamento, a preparação ou a exe-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: cução dos crimes previstos nesta Lei:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
Art. 1º Esta Lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem oferecer ou
5º da Constituição Federal , disciplinando o terrorismo, tratando receber, obtiver, guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir
de disposições investigatórias e processuais e reformulando o ou de qualquer modo contribuir para a obtenção de ativo, bem ou
conceito de organização terrorista. recurso financeiro, com a finalidade de financiar, total ou parcial-
Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou mais indi- mente, pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, organiza-
víduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, ção criminosa que tenha como atividade principal ou secundária,
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando mesmo em caráter eventual, a prática dos crimes previstos nesta
cometidos com a finalidade de provocar terror social ou genera- Lei.
lizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a Art. 7º Salvo quando for elementar da prática de qualquer
incolumidade pública. crime previsto nesta Lei, se de algum deles resultar lesão corporal
§ 1º São atos de terrorismo: grave, aumenta-se a pena de um terço, se resultar morte, aumen-
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer ta-se a pena da metade.
consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, Art. 8º (VETADO).
químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou Art. 9º (VETADO).
promover destruição em massa; Art. 10. Mesmo antes de iniciada a execução do crime de ter-
II – (VETADO); rorismo, na hipótese do art. 5º desta Lei, aplicam-se as disposi-
III - (VETADO); ções do art. 15 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, 1940 - Código Penal .
grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéti- Art. 11. Para todos os efeitos legais, considera-se que os
cos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, crimes previstos nesta Lei são praticados contra o interesse da
de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, União, cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em sede
estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, de inquérito policial, e à Justiça Federal o seu processamento e
escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde julgamento, nos termos do inciso IV do art. 109 da Constituição
funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou Federal .
transmissão de energia, instalações militares, instalações de ex- Parágrafo único. (VETADO).
ploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições Art. 12. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Públi-
bancárias e sua rede de atendimento; co ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o
V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa: Ministério Público em vinte e quatro horas, havendo indícios sufi-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções cor- cientes de crime previsto nesta Lei, poderá decretar, no curso da
respondentes à ameaça ou à violência. investigação ou da ação penal, medidas assecuratórias de bens,

292
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em Art. 19. O art. 1º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013 ,
nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou passa a vigorar com a seguinte alteração:
proveito dos crimes previstos nesta Lei. “Art. 1º .......................................................................
§ 1º Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação ............................................................................................
do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau § 2º .............................................................................
de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade ............................................................................................
para sua manutenção. II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas vol-
§ 2º O juiz determinará a liberação, total ou parcial, dos bens, tadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos.”
direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem e (NR)
destinação, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento
de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infra-
ção penal. CIRCULAR BACEN 3.978/2020
§ 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o com-
parecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se CIRCULAR Nº 3.978, DE 23 DE JANEIRO DE 2020
refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de
atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem Dispõe sobre a política, os procedimentos e os controles in-
prejuízo do disposto no § 1º. ternos a serem adotados pelas instituições autorizadas a funcio-
§ 4º Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre nar pelo Banco Central do Brasil visando à prevenção da utilização
bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da do sistema financeiro para a prática dos crimes de “lavagem” ou
infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para paga- ocultação de bens, direitos e valores, de que trata a Lei nº 9.613,
mento de prestação pecuniária, multa e custas. de 3 de março de 1998, e de financiamento do terrorismo, previs-
Art. 13. Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ou- to na Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016.
vido o Ministério Público, nomeará pessoa física ou jurídica quali-
ficada para a administração dos bens, direitos ou valores sujeitos A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, em sessão
a medidas assecuratórias, mediante termo de compromisso. realizada em 22 de janeiro de 2020, com base nos arts. 9º da Lei nº
Art. 14. A pessoa responsável pela administração dos bens: 4.595, de 31 de dezembro de 1964, 10, 11 e 11-A da Lei nº 9.613,
I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será sa- de 3 de março de 1998, 6º e 7º, inciso III, da Lei nº 11.795, de 8
tisfeita preferencialmente com o produto dos bens objeto da ad- de outubro de 2008, e 15 da Lei nº 12.865, de 9 de outubro de
ministração; 2013, e tendo em vista o disposto na Lei nº 13.260, de 16 de março
II - prestará, por determinação judicial, informações periódi- de 2016, na Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e
cas da situação dos bens sob sua administração, bem como ex- Substâncias Psicotrópicas, promulgada pelo Decreto nº 154, de 26
plicações e detalhamentos sobre investimentos e reinvestimentos de junho de 1991, na Convenção das Nações Unidas contra o Cri-
realizados. me Organizado Transnacional, promulgada pelo Decreto nº 5.015,
Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens de 12 de março de 2004, na Convenção Interamericana contra o
serão levados ao conhecimento do Ministério Público, que reque- Terrorismo, promulgada pelo Decreto nº 5.639, de 26 de dezembro
rerá o que entender cabível. de 2005, na Convenção Internacional para Supressão do Financia-
Art. 15. O juiz determinará, na hipótese de existência de tra- mento do Terrorismo, promulgada pelo Decreto nº 5.640, de 26
tado ou convenção internacional e por solicitação de autoridade de dezembro de 2005, e na Convenção das Nações Unidas contra
estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre bens, di- a Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro
reitos ou valores oriundos de crimes descritos nesta Lei praticados de 2006, resolve:
no estrangeiro.
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de CAPÍTULO I
tratado ou convenção internacional, quando houver reciprocida- DO OBJETO E DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO
de do governo do país da autoridade solicitante.
§ 2º Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou Art. 1º Esta Circular dispõe sobre a política, os procedimentos
valores sujeitos a medidas assecuratórias por solicitação de au- e os controles internos a serem adotados pelas instituições autori-
toridade estrangeira competente ou os recursos provenientes da zadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil visando à prevenção
sua alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Bra- da utilização do sistema financeiro para a prática dos crimes de “la-
sil, na proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou de vagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, de que trata a Lei
terceiro de boa-fé. nº 9.613, de 3 de março de 1998, e de financiamento do terrorismo,
Art. 16. Aplicam-se as disposições da Lei nº 12.850, de 2 agos- previsto na Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016.
to de 2013 , para a investigação, processo e julgamento dos crimes Parágrafo único. Para os fins desta Circular, os crimes referidos
no caput serão denominados genericamente “lavagem de dinhei-
previstos nesta Lei.
ro” e “financiamento do terrorismo”.
Art. 17. Aplicam-se as disposições da Lei nº 8.072, de 25 de
julho de 1990 , aos crimes previstos nesta Lei.
CAPÍTULO II
Art. 18. O inciso III do art. 1º da Lei nº 7.960, de 21 de dezem-
DA POLÍTICA DE PREVENÇÃO À LAVAGEM DE DINHEIRO E AO
bro de 1989 , passa a vigorar acrescido da seguinte alínea p :
FINANCIAMENTO DO TERRORISMO
“Art. lº ......................................................................
...........................................................................................
Art. 2º As instituições mencionadas no art. 1º devem imple-
III - ............................................................................. mentar e manter política formulada com base em princípios e di-
............................................................................................ retrizes que busquem prevenir a sua utilização para as práticas de
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.” (NR) lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo.

293
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Parágrafo único. A política de que trata o caput deve ser com- Art. 7º A política referida no art. 2º deve ser:
patível com os perfis de risco: I - documentada;
I - dos clientes; II - aprovada pelo conselho de administração ou, se inexisten-
II - da instituição; te, pela diretoria da instituição; e
III - das operações, transações, produtos e serviços; e III - mantida atualizada.
IV - dos funcionários, parceiros e prestadores de serviços ter-
ceirizados. CAPÍTULO III
Art. 3º A política referida no art. 2º deve contemplar, no mí- DA GOVERNANÇA DA POLÍTICA DE PREVENÇÃO À LAVAGEM
nimo: DE DINHEIRO E AO FINANCIAMENTO DO TERRORISMO
I - as diretrizes para:
a) a definição de papéis e responsabilidades para o cumpri- Art. 8º As instituições mencionadas no art. 1º devem dispor de
mento das obrigações de que trata esta Circular; estrutura de governança visando a assegurar o cumprimento da po-
b) a definição de procedimentos voltados à avaliação e à análi- lítica referida no art. 2º e dos procedimentos e controles internos
se prévia de novos produtos e serviços, bem como da utilização de de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terro-
novas tecnologias, tendo em vista o risco de lavagem de dinheiro e rismo previstos nesta Circular.
de financiamento do terrorismo; Art. 9º As instituições referidas no art. 1º devem indicar for-
c) a avaliação interna de risco e a avaliação de efetividade de malmente ao Banco Central do Brasil diretor responsável pelo cum-
que tratam os arts. 10 e 62; primento das obrigações previstas nesta Circular.
d) a verificação do cumprimento da política, dos procedimen- § 1º O diretor mencionado no caput pode desempenhar outras
tos e dos controles internos de que trata esta Circular, bem como a funções na instituição, desde que não haja conflito de interesses.
identificação e a correção das deficiências verificadas; § 2º A responsabilidade mencionada no caput deve ser obser-
e) a promoção de cultura organizacional de prevenção à lava- vada em cada instituição, mesmo no caso de opção pela faculdade
gem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, contemplando, estabelecida nos arts. 4º, 11, 42, 46 e 52.
inclusive, os funcionários, os parceiros e os prestadores de serviços
terceirizados;
CAPÍTULO IV
f) a seleção e a contratação de funcionários e de prestadores
DA AVALIAÇÃO INTERNA DE RISCO
de serviços terceirizados, tendo em vista o risco de lavagem de di-
nheiro e de financiamento do terrorismo; e
Art. 10. As instituições referidas no art. 1º devem realizar ava-
g) a capacitação dos funcionários sobre o tema da prevenção
liação interna com o objetivo de identificar e mensurar o risco de
à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, incluindo
utilização de seus produtos e serviços na prática da lavagem de di-
os funcionários dos correspondentes no País que prestem atendi-
nheiro e do financiamento do terrorismo.
mento em nome das instituições mencionadas no art. 1º;
II - as diretrizes para implementação de procedimentos: § 1º Para identificação do risco de que trata o caput, a avalia-
a) de coleta, verificação, validação e atualização de informa- ção interna deve considerar, no mínimo, os perfis de risco:
ções cadastrais, visando a conhecer os clientes, os funcionários, os I - dos clientes;
parceiros e os prestadores de serviços terceirizados; II - da instituição, incluindo o modelo de negócio e a área geo-
b) de registro de operações e de serviços financeiros; gráfica de atuação;
c) de monitoramento, seleção e análise de operações e situa- III - das operações, transações, produtos e serviços, abrangen-
ções suspeitas; e do todos os canais de distribuição e a utilização de novas tecnolo-
d) de comunicação de operações ao Conselho de Controle de gias; e
Atividades Financeiras (Coaf); e IV - das atividades exercidas pelos funcionários, parceiros e
III - o comprometimento da alta administração com a efetivi- prestadores de serviços terceirizados.
dade e a melhoria contínua da política, dos procedimentos e dos § 2º O risco identificado deve ser avaliado quanto à sua pro-
controles internos relacionados com a prevenção à lavagem de di- babilidade de ocorrência e à magnitude dos impactos financeiro,
nheiro e ao financiamento do terrorismo. jurídico, reputacional e socioambiental para a instituição.
Art. 4º Admite-se a adoção de política de prevenção à lavagem § 3º Devem ser definidas categorias de risco que possibilitem
de dinheiro e ao financiamento do terrorismo única por conglome- a adoção de controles de gerenciamento e de mitigação reforçados
rado prudencial e por sistema cooperativo de crédito. para as situações de maior risco e a adoção de controles simplifica-
Parágrafo único. As instituições que não constituírem política dos nas situações de menor risco.
própria, em decorrência do disposto no caput, devem formalizar a § 4º Devem ser utilizadas como subsídio à avaliação interna
opção por essa faculdade em reunião do conselho de administra- de risco, quando disponíveis, avaliações realizadas por entidades
ção ou, se inexistente, da diretoria da instituição. públicas do País relativas ao risco de lavagem de dinheiro e de fi-
Art. 5º As instituições mencionadas no art. 1º devem assegurar nanciamento do terrorismo.
a aplicação da política referida no art. 2º em suas unidades situadas Art. 11. A avaliação interna de risco pode ser realizada de for-
no exterior. ma centralizada em instituição do conglomerado prudencial e do
Parágrafo único. Na hipótese de impedimento ou limitação le- sistema cooperativo de crédito.
gal à aplicação da política referida no caput à unidade da instituição Parágrafo único. As instituições que optarem por realizar a ava-
situada no exterior, deverá ser elaborado relatório justificando o liação interna de risco na forma do caput devem formalizar essa
impedimento ou a limitação. opção em reunião do conselho de administração ou, se inexistente,
Art. 6º A política referida no art. 2º deve ser divulgada aos da diretoria da instituição.
funcionários da instituição, parceiros e prestadores de serviços ter- Art. 12. A avaliação interna de risco deve ser:
ceirizados, mediante linguagem clara e acessível, em nível de de- I - documentada e aprovada pelo diretor referido no art. 9º;
talhamento compatível com as funções desempenhadas e com a II - encaminhada para ciência:
sensibilidade das informações. a) ao comitê de risco, quando houver;
b) ao comitê de auditoria, quando houver; e

294
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
c) ao conselho de administração ou, se inexistente, à diretoria coletar, no mínimo, o nome da empresa, o endereço da sede e o
da instituição; e número de identificação ou de registro da empresa no respectivo
III - revisada a cada dois anos, bem como quando ocorrerem país de origem.
alterações significativas nos perfis de risco mencionados no art. 10, Art. 17. As informações referidas no art. 16 devem ser manti-
§ 1º. das atualizadas.

CAPÍTULO V SEÇÃO III


DOS PROCEDIMENTOS DESTINADOS A CONHECER OS DA QUALIFICAÇÃO DOS CLIENTES
CLIENTES
SEÇÃO I Art. 18. As instituições mencionadas no art. 1º devem adotar
DOS PROCEDIMENTOS procedimentos que permitam qualificar seus clientes por meio da
coleta, verificação e validação de informações, compatíveis com o
Art. 13. As instituições mencionadas no art. 1º devem imple- perfil de risco do cliente e com a natureza da relação de negócio.
mentar procedimentos destinados a conhecer seus clientes, in- § 1º Os procedimentos de qualificação referidos no caput de-
cluindo procedimentos que assegurem a devida diligência na sua vem incluir a coleta de informações que permitam avaliar a capa-
identificação, qualificação e classificação. cidade financeira do cliente, incluindo a renda, no caso de pessoa
§ 1º Os procedimentos referidos no caput devem ser compa- natural, ou o faturamento, no caso de pessoa jurídica.
tíveis com: § 2º A necessidade de verificação e de validação das informa-
I - o perfil de risco do cliente, contemplando medidas refor- ções referidas no § 1º deve ser avaliada pelas instituições de acordo
çadas para clientes classificados em categorias de maior risco, de com o perfil de risco do cliente e com a natureza da relação de
acordo com a avaliação interna de risco referida no art. 10; negócio.
II - a política de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financia- § 3º Nos procedimentos de que trata o caput, devem ser cole-
mento do terrorismo de que trata o art. 2º; e tadas informações adicionais do cliente compatíveis com o risco de
III - a avaliação interna de risco de que trata o art. 10. utilização de produtos e serviços na prática da lavagem de dinheiro
§ 2º Os procedimentos mencionados no caput devem ser for- e do financiamento do terrorismo.
malizados em manual específico. § 4º A qualificação do cliente deve ser reavaliada de forma per-
§ 3º O manual referido no § 2º deve ser aprovado pela direto- manente, de acordo com a evolução da relação de negócio e do
ria da instituição e mantido atualizado. perfil de risco.
Art. 14. As informações obtidas e utilizadas nos procedimentos § 5º As informações coletadas na qualificação do cliente de-
referidos no art. 13 devem ser armazenadas em sistemas informa- vem ser mantidas atualizadas.
tizados e utilizadas nos procedimentos de que trata o Capítulo VII. § 6º O Banco Central do Brasil poderá divulgar rol de informa-
Art. 15. Os procedimentos previstos neste Capítulo devem ser ções a serem coletadas, verificadas e validadas em procedimentos
observados sem prejuízo do disposto na regulamentação que disci- específicos de qualificação de clientes.
plina produtos e serviços específicos. Art. 19. Os procedimentos de qualificação referidos no art. 18
devem incluir a verificação da condição do cliente como pessoa ex-
SEÇÃO II posta politicamente, nos termos do art. 27, bem como a verifica-
DA IDENTIFICAÇÃO DOS CLIENTES ção da condição de representante, familiar ou estreito colaborador
dessas pessoas.
Art. 16. As instituições referidas no art. 1º devem adotar proce- § 1º Para os fins desta Circular, considera-se:
dimentos de identificação que permitam verificar e validar a iden- I - familiar, os parentes, na linha reta ou colateral, até o segun-
tidade do cliente. do grau, o cônjuge, o companheiro, a companheira, o enteado e a
§ 1º Os procedimentos referidos no caput devem incluir a ob- enteada; e
tenção, a verificação e a validação da autenticidade de informações II - estreito colaborador:
de identificação do cliente, inclusive, se necessário, mediante con- a) pessoa natural conhecida por ter qualquer tipo de estreita
frontação dessas informações com as disponíveis em bancos de da- relação com pessoa exposta politicamente, inclusive por:
dos de caráter público e privado. 1. ter participação conjunta em pessoa jurídica de direito pri-
§ 2º No processo de identificação do cliente devem ser coleta- vado;
dos, no mínimo: 2. figurar como mandatária, ainda que por instrumento parti-
I - o nome completo, o endereço residencial e o número de cular da pessoa mencionada no item 1; ou
registro no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), no caso de pessoa 3. ter participação conjunta em arranjos sem personalidade
natural; e jurídica; e
II - a firma ou denominação social, o endereço da sede e o nú- b) pessoa natural que tem o controle de pessoas jurídicas ou
mero de registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), de arranjos sem personalidade jurídica, conhecidos por terem sido
no caso de pessoa jurídica. criados para o benefício de pessoa exposta politicamente.
§ 3º No caso de cliente pessoa natural residente no exterior § 2º Para os clientes qualificados como pessoa exposta politi-
desobrigada de inscrição no CPF, na forma definida pela Secretaria camente ou como representante, familiar ou estreito colaborador
da Receita Federal do Brasil, admite-se a utilização de documento dessas pessoas, as instituições mencionadas no art. 1º devem:
de viagem na forma da Lei, devendo ser coletados, no mínimo, o I - adotar procedimentos e controles internos compatíveis com
país emissor, o número e o tipo do documento. essa qualificação;
§ 4º No caso de cliente pessoa jurídica com domicílio ou sede II - considerar essa qualificação na classificação do cliente nas
no exterior desobrigada de inscrição no CNPJ, na forma definida categorias de risco referidas no art. 20; e
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, as instituições devem III - avaliar o interesse no início ou na manutenção do relacio-
namento com o cliente.

295
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
§ 3º A avaliação mencionada no § 2º, inciso III, deve ser realiza- Art. 25. As instituições mencionadas no art. 1º devem estabe-
da por detentor de cargo ou função de nível hierárquico superior ao lecer valor mínimo de referência de participação societária para a
do responsável pela autorização do relacionamento com o cliente. identificação de beneficiário final.
§ 1º O valor mínimo de referência de participação societária
SEÇÃO IV de que trata o caput deve ser estabelecido com base no risco e não
DA CLASSIFICAÇÃO DOS CLIENTES pode ser superior a 25% (vinte e cinco por cento), considerada, em
qualquer caso, a participação direta e a indireta.
Art. 20. As instituições mencionadas no art. 1º devem classifi- § 2º O valor de referência de que trata o caput deve ser justi-
car seus clientes nas categorias de risco definidas na avaliação in- ficado e documentado no manual de procedimentos referido no
terna de risco mencionada no art. 10, com base nas informações art. 13, § 2º.
obtidas nos procedimentos de qualificação do cliente referidos no Art. 26. No caso de relação de negócio com cliente residente
art. 18. no exterior, que também seja cliente de instituição do mesmo gru-
Parágrafo único. A classificação mencionada no caput deve ser: po no exterior, fiscalizada por autoridade supervisora com a qual o
I - realizada com base no perfil de risco do cliente e na natureza Banco Central do Brasil mantenha convênio para a troca de infor-
da relação de negócio; e mações, admite-se que as informações relativas ao beneficiário fi-
II - revista sempre que houver alterações no perfil de risco do nal sejam obtidas da instituição no exterior, desde que assegurado
cliente e na natureza da relação de negócio. ao Banco Central do Brasil o acesso às informações e aos procedi-
mentos adotados.
SEÇÃO V
DISPOSIÇÕES COMUNS À IDENTIFICAÇÃO, À QUALIFICAÇÃO SEÇÃO VII
E À CLASSIFICAÇÃO DOS CLIENTES DA QUALIFICAÇÃO COMO PESSOA EXPOSTA POLITICAMENTE

Art. 21. As instituições referidas no art. 1º devem adotar os Art. 27. As instituições mencionadas no art. 1º devem imple-
procedimentos de identificação, de qualificação e de classificação mentar procedimentos que permitam qualificar seus clientes como
pessoa exposta politicamente.
previstos neste Capítulo para os administradores de clientes pesso-
§ 1º Consideram-se pessoas expostas politicamente:
as jurídicas e para os representantes de clientes.
I - os detentores de mandatos eletivos dos Poderes Executivo
Parágrafo único. Os procedimentos referidos no caput devem
e Legislativo da União;
ser compatíveis com a função exercida pelo administrador e com a
II - os ocupantes de cargo, no Poder Executivo da União, de:
abrangência da representação.
a) Ministro de Estado ou equiparado;
Art. 22. Os critérios utilizados para a definição das informações
b) Natureza Especial ou equivalente;
necessárias e dos procedimentos de verificação, validação e atu-
c) presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalentes, de
alização das informações para cada categoria de risco devem ser entidades da administração pública indireta; e
previstos no manual de que trata o art. 13, § 2º. d) Grupo Direção e Assessoramento Superiores (DAS), nível 6,
Art. 23. É vedado às instituições referidas no art. 1º iniciar re- ou equivalente;
lação de negócios sem que os procedimentos de identificação e de III - os membros do Conselho Nacional de Justiça, do Supremo
qualificação do cliente estejam concluídos. Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores, dos Tribunais Regionais
Parágrafo único. Admite-se, por um período máximo de trinta Federais, dos Tribunais Regionais do Trabalho, dos Tribunais Regio-
dias, o início da relação de negócios em caso de insuficiência de nais Eleitorais, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e do
informações relativas à qualificação do cliente, desde que não haja Conselho da Justiça Federal;
prejuízo aos procedimentos de monitoramento e seleção de que IV - os membros do Conselho Nacional do Ministério Público, o
trata o art. 39. Procurador-Geral da República, o Vice-Procurador-Geral da Repú-
blica, o Procurador-Geral do Trabalho, o Procurador-Geral da Justi-
SEÇÃO VI ça Militar, os Subprocuradores-Gerais da República e os Procurado-
DA IDENTIFICAÇÃO E DA QUALIFICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO res-Gerais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal;
FINAL V - os membros do Tribunal de Contas da União, o Procurador-
-Geral e os Subprocuradores-Gerais do Ministério Público junto ao
Art. 24. Os procedimentos de qualificação do cliente pessoa
Tribunal de Contas da União;
jurídica devem incluir a análise da cadeia de participação societária
VI - os presidentes e os tesoureiros nacionais, ou equivalentes,
até a identificação da pessoa natural caracterizada como seu bene-
de partidos políticos;
ficiário final, observado o disposto no art. 25.
VII - os Governadores e os Secretários de Estado e do Distri-
§ 1º Devem ser aplicados à pessoa natural referida no caput,
to Federal, os Deputados Estaduais e Distritais, os presidentes, ou
no mínimo, os procedimentos de qualificação definidos para a cate-
equivalentes, de entidades da administração pública indireta esta-
goria de risco do cliente pessoa jurídica na qual o beneficiário final
detenha participação societária. dual e distrital e os presidentes de Tribunais de Justiça, Tribunais
§ 2º É também considerado beneficiário final o representante, Militares, Tribunais de Contas ou equivalentes dos Estados e do
inclusive o procurador e o preposto, que exerça o comando de fato Distrito Federal; e
sobre as atividades da pessoa jurídica. VIII - os Prefeitos, os Vereadores, os Secretários Municipais, os
§ 3º Excetuam-se do disposto no caput as pessoas jurídicas presidentes, ou equivalentes, de entidades da administração pú-
constituídas sob a forma de companhia aberta ou entidade sem fins blica indireta municipal e os Presidentes de Tribunais de Contas ou
lucrativos e as cooperativas, para as quais as informações coletadas equivalentes dos Municípios.
devem abranger as informações das pessoas naturais autorizadas § 2º São também consideradas expostas politicamente as pes-
a representá-las, bem como seus controladores, administradores e soas que, no exterior, sejam:
diretores, se houver. I - chefes de estado ou de governo;
II - políticos de escalões superiores;

296
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
III - ocupantes de cargos governamentais de escalões superio- Art. 29. Os registros de que trata este Capítulo devem ser reali-
res; zados inclusive nas situações em que a operação ocorrer no âmbito
IV - oficiais-generais e membros de escalões superiores do Po- da mesma instituição.
der Judiciário;
V - executivos de escalões superiores de empresas públicas; ou SEÇÃO II
VI - dirigentes de partidos políticos. DO REGISTRO DE OPERAÇÕES DE PAGAMENTO, DE RECEBI-
§ 3º São também consideradas pessoas expostas politicamente MENTO E DE TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS
os dirigentes de escalões superiores de entidades de direito inter-
nacional público ou privado. Art. 30. No caso de operações relativas a pagamentos, rece-
§ 4º No caso de clientes residentes no exterior, para fins do bimentos e transferências de recursos, por meio de qualquer ins-
disposto no caput, as instituições mencionadas no art. 1º devem trumento, as instituições referidas no art. 1º devem incluir nos
adotar pelo menos duas das seguintes providências: registros mencionados no art. 28 as informações necessárias à
I - solicitar declaração expressa do cliente a respeito da sua identificação da origem e do destino dos recursos.
qualificação; § 1º A origem mencionada no caput refere-se à instituição pa-
II - recorrer a informações públicas disponíveis; e gadora, sacada ou remetente e à pessoa sacada ou remetente dos
III - consultar bases de dados públicas ou privadas sobre pesso- recursos, bem como ao instrumento de transferência ou de paga-
as expostas politicamente. mento utilizado na transação.
§ 5º A condição de pessoa exposta politicamente deve ser apli- § 2º O destino mencionado no caput refere-se à instituição re-
cada pelos cinco anos seguintes à data em que a pessoa deixou de cebedora ou destinatária e à pessoa recebedora ou destinatária dos
se enquadrar nas categorias previstas nos §§ 1º, 2º, e 3º. recursos, bem como ao instrumento de transferência ou de paga-
§ 6º No caso de relação de negócio com cliente residente no mento utilizado na transação.
exterior que também seja cliente de instituição do mesmo grupo no § 3º Para fins do cumprimento do disposto no caput, devem
exterior, fiscalizada por autoridade supervisora com a qual o Banco ser incluídas no registro das operações, no mínimo, as seguintes
Central do Brasil mantenha convênio para troca de informações, informações, quando couber:
admite-se que as informações de qualificação de pessoa exposta
I - nome e número de inscrição no CPF ou no CNPJ do reme-
politicamente sejam obtidas da instituição no exterior, desde que
tente ou sacado;
assegurado ao Banco Central do Brasil o acesso aos respectivos da-
II - nome e número de inscrição no CPF ou no CNPJ do recebe-
dos e procedimentos adotados.
dor ou beneficiário;
III - códigos de identificação, no sistema de liquidação de paga-
CAPÍTULO VI
mentos ou de transferência de fundos, das instituições envolvidas
DO REGISTRO DE OPERAÇÕES
na operação; e
SEÇÃO I
IV - números das dependências e das contas envolvidas na ope-
DISPOSIÇÕES GERAIS
ração.
§ 4º No caso de transferência de recursos por meio de cheque,
Art. 28. As instituições referidas no art. 1º devem manter regis-
as instituições mencionadas no art. 1º devem incluir no registro da
tros de todas as operações realizadas, produtos e serviços contrata-
operação, além das informações referidas no § 3º, o número do
dos, inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos, recebimen-
cheque.
tos e transferências de recursos.
Art. 31. Caso as instituições referidas no art. 1º estabeleçam
§ 1º Os registros referidos no caput devem conter, no mínimo, relação de negócio com terceiros não sujeitos a autorização para
as seguintes informações sobre cada operação: funcionar do Banco Central do Brasil, participantes de arranjo de
I - tipo; pagamento do qual a instituição também participe, deve ser esti-
II - valor, quando aplicável; pulado em contrato o acesso da instituição à identificação dos des-
III - data de realização; tinatários finais dos recursos, para fins de prevenção à lavagem de
IV - nome e número de inscrição no CPF ou no CNPJ do titular dinheiro e do financiamento do terrorismo.
e do beneficiário da operação, no caso de pessoa residente ou se- Parágrafo único. O disposto no caput se aplica inclusive no caso
diada no País; e de relação de negócio que envolva a interoperabilidade com arran-
V - canal utilizado. jo de pagamento não sujeito a autorização pelo Banco Central do
§ 2º No caso de operações envolvendo pessoa natural residen- Brasil, do qual as instituições referidas no art. 1º não participem.
te no exterior desobrigada de inscrição no CPF, na forma definida Art. 32. No caso de transferência de recursos por meio da
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, as instituições devem compensação interbancária de cheque, a instituição sacada deve
incluir no registro as seguintes informações: informar à instituição depositária, e a instituição depositária deve
I - nome; informar à instituição sacada, os números de inscrição no CPF ou
II - tipo e número do documento de viagem e respectivo país no CNPJ dos titulares da conta sacada e da conta depositária, res-
emissor; e pectivamente.
III - organismo internacional de que seja representante para o
exercício de funções específicas no País, quando for o caso. SEÇÃO III
§ 3º No caso de operações envolvendo pessoa jurídica com do- DO REGISTRO DAS OPERAÇÕES EM ESPÉCIE
micílio ou sede no exterior desobrigada de inscrição no CNPJ, na
forma definida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, as insti- Art. 33. No caso de operações com utilização de recursos em
tuições devem incluir no registro as seguintes informações: espécie de valor individual superior a R$2.000,00 (dois mil reais),
I - nome da empresa; e as instituições referidas no art. 1º devem incluir no registro, além
das informações previstas nos arts. 28 e 30, o nome e o respectivo
II - número de identificação ou de registro da empresa no res-
número de inscrição no CPF do portador dos recursos.
pectivo país de origem.

297
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Art. 34. No caso de operações de depósito ou aporte em espé- CAPÍTULO VII
cie de valor individual igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta DO MONITORAMENTO, DA SELEÇÃO E DA ANÁLISE DE OPE-
mil reais), as instituições referidas no art. 1º devem incluir no regis- RAÇÕES E SITUAÇÕES SUSPEITAS
tro, além das informações previstas nos arts. 28 e 30: SEÇÃO I
I - o nome e o respectivo número de inscrição no CPF ou no DOS PROCEDIMENTOS DE MONITORAMENTO, SELEÇÃO E
CNPJ, conforme o caso, do proprietário dos recursos; ANÁLISE DE OPERAÇÕES E SITUAÇÕES SUSPEITAS
II - o nome e o respectivo número de inscrição no CPF do por-
tador dos recursos; e Art. 38. As instituições referidas no art. 1º devem implemen-
III - a origem dos recursos depositados ou aportados. tar procedimentos de monitoramento, seleção e análise de opera-
Parágrafo único. Na hipótese de recusa do cliente ou do porta- ções e situações com o objetivo de identificar e dispensar especial
dor dos recursos em prestar a informação referida no inciso III do atenção às suspeitas de lavagem de dinheiro e de financiamento
caput, a instituição deve registrar o fato e utilizar essa informação do terrorismo.
nos procedimentos de monitoramento, seleção e análise de que § 1º Para os fins desta Circular, operações e situações suspeitas
tratam os art. 38 a 47. referem-se a qualquer operação ou situação que apresente indícios
Art. 35. No caso de operações de saque, inclusive as realizadas de utilização da instituição para a prática dos crimes de lavagem de
por meio de cheque ou ordem de pagamento, de valor individual dinheiro e de financiamento do terrorismo.
igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta mil reais), as institui- § 2º Os procedimentos de que trata o caput devem ser aplica-
ções referidas no art. 1º devem incluir no registro, além das infor- dos, inclusive, às propostas de operações.
mações previstas nos arts. 28 e 30: § 3º Os procedimentos mencionados no caput devem:
I - o nome e o respectivo número de inscrição no CPF ou no I - ser compatíveis com a política de prevenção à lavagem de
CNPJ, conforme o caso, do destinatário dos recursos; dinheiro e ao financiamento do terrorismo de que trata o art. 2º;
II - o nome e o respectivo número de inscrição no CPF do por- II - ser definidos com base na avaliação interna de risco de que
tador dos recursos; trata o art. 10;
III - a finalidade do saque; e III - considerar a condição de pessoa exposta politicamente,
IV - o número do protocolo referido no art. 36, § 2º, inciso II.
nos termos do art. 27, bem como a condição de representante,
Parágrafo único. Na hipótese de recusa do cliente ou do porta-
familiar ou estreito colaborador da pessoa exposta politicamente,
dor dos recursos em prestar a informação referida no inciso III do
nos termos do art. 19; e
caput, a instituição deve registrar o fato e utilizar essa informação
IV - estar descritos em manual específico, aprovado pela dire-
nos procedimentos de monitoramento, seleção e análise de que
toria da instituição.
tratam os art. 38 a 47.
Art. 36. As instituições mencionadas no art. 1º devem requerer
SEÇÃO II
dos sacadores clientes e não clientes solicitação de provisionamen-
to com, no mínimo, três dias úteis de antecedência, das operações DO MONITORAMENTO E DA SELEÇÃO DE OPERAÇÕES E SITU-
de saque, inclusive as realizadas por meio de cheque ou ordem de AÇÕES SUSPEITAS
pagamento, de valor igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta
mil reais). Art. 39. As instituições referidas no art. 1º devem implementar
§ 1º As operações de saque de que trata o caput devem ser procedimentos de monitoramento e seleção que permitam identi-
consideradas individualmente, para efeitos de observação do limite ficar operações e situações que possam indicar suspeitas de lava-
previsto no caput. gem de dinheiro e de financiamento do terrorismo, especialmente:
§ 2º As instituições referidas no caput devem: I - as operações realizadas e os produtos e serviços contrata-
I - possibilitar a solicitação de provisionamento por meio do dos que, considerando as partes envolvidas, os valores, as formas
sítio eletrônico da instituição na internet e das agências ou Postos de realização, os instrumentos utilizados ou a falta de fundamento
de Atendimento; econômico ou legal, possam configurar a existência de indícios de
II - emitir protocolo de atendimento ao cliente ou ao sacador lavagem de dinheiro ou de financiamento do terrorismo, inclusive:
não cliente, no qual devem ser informados o valor da operação, a a) as operações realizadas ou os serviços prestados que, por
dependência na qual deverá ser efetuado o saque e a data progra- sua habitualidade, valor ou forma, configurem artifício que objeti-
ve burlar os procedimentos de identificação, qualificação, registro,
mada para o saque; e
monitoramento e seleção previstos nesta Circular;
III - registrar, no ato da solicitação de provisionamento, as in-
b) as operações de depósito ou aporte em espécie, saque em
formações indicadas no art. 35, conforme o caso.
espécie, ou pedido de provisionamento para saque que apresen-
§ 3º No caso de saque em espécie a ser realizado por meio de
tem indícios de ocultação ou dissimulação da natureza, da origem,
cheque por sacador não cliente, a solicitação de provisionamento
da localização, da disposição, da movimentação ou da propriedade
de que trata o caput deve ser realizada exclusivamente em agências
de bens, direitos e valores;
ou em Postos de Atendimento.
c) as operações realizadas e os produtos e serviços contratados
§ 4º O disposto neste artigo deve ser observado sem prejuízo que, considerando as partes e os valores envolvidos, apresentem
do art. 2º da Resolução nº 3.695, de 26 de março de 2009. incompatibilidade com a capacidade financeira do cliente, incluin-
Art. 37. As instituições referidas no art. 1º devem manter regis- do a renda, no caso de pessoa natural, ou o faturamento, no caso
tro específico de recebimentos de boleto de pagamento pagos com de pessoa jurídica, e o patrimônio;
recursos em espécie. d) as operações com pessoas expostas politicamente de nacio-
Parágrafo único. A instituição que receber boleto de pagamen- nalidade brasileira e com representantes, familiares ou estreitos
to que não seja de sua emissão deve remeter à instituição emissora colaboradores de pessoas expostas politicamente;
a informação de que o boleto foi pago em espécie. e) as operações com pessoas expostas politicamente estran-
geiras;
f) os clientes e as operações em relação aos quais não seja pos-
sível identificar o beneficiário final;

298
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
g) as operações oriundas ou destinadas a países ou territórios Art. 45. As instituições referidas no art. 1º devem dispor, no
com deficiências estratégicas na implementação das recomenda- País, de recursos e competências necessários à análise de opera-
ções do Grupo de Ação Financeira (Gafi); e ções e situações suspeitas referida no art. 43.
h) as situações em que não seja possível manter atualizadas as Art. 46. Os procedimentos de análise referidos no art. 43 po-
informações cadastrais de seus clientes; e dem ser realizados de forma centralizada em instituição do conglo-
II - as operações e situações que possam indicar suspeitas de merado prudencial e do sistema cooperativo de crédito.
financiamento do terrorismo. Parágrafo único. As instituições que optarem por realizar os
Parágrafo único. O período para a execução dos procedimen- procedimentos de análise na forma do caput devem formalizar a
tos de monitoramento e de seleção das operações e situações sus- opção em reunião do conselho de administração ou, se inexistente,
peitas não pode exceder o prazo de quarenta e cinco dias, contados da diretoria da instituição.
a partir da data de ocorrência da operação ou da situação.
Art. 40. As instituições referidas no art. 1º devem assegurar SEÇÃO IV
que os sistemas utilizados no monitoramento e na seleção de ope- DISPOSIÇÕES GERAIS
rações e situações suspeitas contenham informações detalhadas
das operações realizadas e das situações ocorridas, inclusive infor- Art. 47. No caso de contratação de serviços de processamento
mações sobre a identificação e a qualificação dos envolvidos. e armazenamento de dados e de computação em nuvem utilizados
§ 1º As instituições devem manter documentação detalhada para monitoramento e seleção de operações e situações suspeitas,
dos parâmetros, variáveis, regras e cenários utilizados no monitora- bem como de serviços auxiliares à análise dessas operações e situa-
mento e seleção de operações e situações que possam indicar sus- ções, as instituições referidas no art. 1º devem observar:
peitas de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo. I - o disposto no Capítulo III da Circular nº 3.909, de 16 de agos-
§ 2º Os sistemas e os procedimentos utilizados no monitora- to de 2018, e, no que couber, nos Capítulos IV e V da referida Circu-
mento e na seleção de operações e situações suspeitas devem ser lar, no caso de instituições de pagamento; e
passíveis de verificação quanto à sua adequação e efetividade. II - o disposto no Capítulo III da Resolução nº 4.658, de 26 de
Art. 41. Devem ser incluídos no manual referido no art. 38, § abril de 2018, e, no que couber, nos Capítulos IV e V da referida
3º, inciso IV: Resolução, no caso de instituições financeiras e demais instituições
I - os critérios de definição da periodicidade de execução dos autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
procedimentos de monitoramento e seleção para os diferentes ti-
pos de operações e situações monitoradas; e CAPÍTULO VIII
II - os parâmetros, as variáveis, as regras e os cenários utiliza- DOS PROCEDIMENTOS DE COMUNICAÇÃO AO COAF
dos no monitoramento e seleção para os diferentes tipos de ope- SEÇÃO I
rações e situações. DA COMUNICAÇÃO DE OPERAÇÕES E SITUAÇÕES SUSPEITAS
Art. 42. Os procedimentos de monitoramento e seleção referi-
dos no art. 39 podem ser realizados de forma centralizada em ins- Art. 48. As instituições referidas no art. 1º devem comunicar ao
tituição do conglomerado prudencial e do sistema cooperativo de Coaf as operações ou situações suspeitas de lavagem de dinheiro e
crédito. de financiamento do terrorismo.
Parágrafo único. As instituições que optarem por realizar os § 1º A decisão de comunicação da operação ou situação ao
procedimentos de monitoramento e seleção na forma do caput de- Coaf deve:
vem formalizar essa opção em reunião do conselho de administra- I - ser fundamentada com base nas informações contidas no
ção ou, se inexistente, da diretoria da instituição. dossiê mencionado no art. 43, § 2º;
II - ser registrada de forma detalhada no dossiê mencionado
SEÇÃO III no art. 43, § 2º; e
DOS PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE OPERAÇÕES E SITUA- III - ocorrer até o final do prazo de análise referido no art. 43,
ÇÕES SUSPEITAS § 1º.
§ 2º A comunicação da operação ou situação suspeita ao Coaf
Art. 43. As instituições referidas no art. 1º devem implementar deve ser realizada até o dia útil seguinte ao da decisão de comuni-
procedimentos de análise das operações e situações selecionadas cação.
por meio dos procedimentos de monitoramento e seleção de que
trata o art. 39, com o objetivo de caracterizá-las ou não como sus- SEÇÃO II
peitas de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo. DA COMUNICAÇÃO DE OPERAÇÕES EM ESPÉCIE
§ 1º O período para a execução dos procedimentos de análise
das operações e situações selecionadas não pode exceder o prazo Art. 49. As instituições mencionadas no art. 1º devem comu-
de quarenta e cinco dias, contados a partir da data da seleção da nicar ao Coaf:
operação ou situação. I - as operações de depósito ou aporte em espécie ou saque
§ 2º A análise mencionada no caput deve ser formalizada em em espécie de valor igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta mil
dossiê, independentemente da comunicação ao Coaf referida no reais);
art. 48. II - as operações relativas a pagamentos, recebimentos e trans-
Art. 44. É vedada: ferências de recursos, por meio de qualquer instrumento, contra
I - a contratação de terceiros para a realização da análise refe- pagamento em espécie, de valor igual ou superior a R$50.000,00
rida no art. 43; e (cinquenta mil reais); e
II - a realização da análise referida no art. 43 no exterior. III - a solicitação de provisionamento de saques em espécie de
Parágrafo único. A vedação mencionada no caput não inclui a valor igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta mil reais) de que
contratação de terceiros para a prestação de serviços auxiliares à trata o art. 36.
análise referida no art. 43.

299
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Parágrafo único. A comunicação mencionada no caput deve § 2º Os critérios para a classificação em categorias de risco re-
ser realizada até o dia útil seguinte ao da ocorrência da operação ferida no caput devem estar previstos no documento mencionado
ou do provisionamento. no art. 57.
§ 3º As informações relativas aos funcionários, parceiros e
SEÇÃO III prestadores de serviços terceirizados devem ser mantidas atuali-
DISPOSIÇÕES GERAIS zadas, considerando inclusive eventuais alterações que impliquem
mudança de classificação nas categorias de risco.
Art. 50. As instituições referidas no art. 1º devem realizar as Art. 59. As instituições referidas no art. 1º, na celebração de
comunicações mencionadas nos arts. 48 e 49 sem dar ciência aos contratos com instituições financeiras sediadas no exterior, devem:
envolvidos ou a terceiros. I - obter informações sobre o contratado que permitam com-
Art. 51. As comunicações alteradas ou canceladas após o quin- preender a natureza de sua atividade e a sua reputação;
to dia útil seguinte ao da sua realização devem ser acompanhadas II - verificar se o contratado foi objeto de investigação ou de
de justificativa da ocorrência. ação de autoridade supervisora relacionada com lavagem de di-
Art. 52. As comunicações podem ser realizadas de forma cen- nheiro ou com financiamento do terrorismo;
tralizada por meio de instituição do conglomerado prudencial e de III - certificar que o contratado tem presença física no país onde
sistema cooperativo de crédito, em nome da instituição na qual está constituído ou licenciado;
ocorreu a operação ou a situação. IV - conhecer os controles adotados pelo contratado relativos
Parágrafo único. As instituições que optarem por realizar as à prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terro-
comunicações de forma centralizada, nos termos do caput, devem rismo;
formalizar a opção em reunião do conselho de administração ou, se V - obter a aprovação do detentor de cargo ou função de nível
inexistente, da diretoria da instituição. hierárquico superior ao do responsável pela contratação; e
Art. 53. As comunicações referidas nos arts. 48 e 49 devem es- VI - dar ciência do contrato de parceria ao diretor mencionado
pecificar, quando for o caso, se a pessoa objeto da comunicação: no art. 9º.
I - é pessoa exposta politicamente ou representante, familiar Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se inclusive às re-
lações de parceria estabelecidas com bancos correspondentes no
ou estreito colaborador dessa pessoa;
exterior.
II - é pessoa que, reconhecidamente, praticou ou tenha inten-
Art. 60. As instituições referidas no art. 1º, na celebração de
tado praticar atos terroristas ou deles participado ou facilitado o
contratos com terceiros não sujeitos a autorização para funcionar
seu cometimento; e
do Banco Central do Brasil, participantes de arranjo de pagamento
III - é pessoa que possui ou controla, direta ou indiretamente,
do qual a instituição também participe, devem:
recursos na instituição, no caso do inciso II.
I - obter informações sobre o terceiro que permitam compre-
Art. 54. As instituições de que trata o art. 1º que não tiverem
ender a natureza de sua atividade e a sua reputação;
efetuado comunicações ao Coaf em cada ano civil deverão pres- II - verificar se o terceiro foi objeto de investigação ou de ação
tar declaração, até dez dias úteis após o encerramento do referido de autoridade supervisora relacionada com lavagem de dinheiro ou
ano, atestando a não ocorrência de operações ou situações passí- com financiamento do terrorismo;
veis de comunicação. III - certificar que o terceiro tem licença do instituidor do arran-
Art. 55. As instituições referidas no art. 1º devem se habilitar jo para operar, quando for o caso;
para realizar as comunicações no Sistema de Controle de Ativida- IV - conhecer os controles adotados pelo terceiro relativos à
des Financeiras (Siscoaf), do Coaf. prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terroris-
mo; e
CAPÍTULO IX V - dar ciência do contrato ao diretor mencionado no art. 9º.
DOS PROCEDIMENTOS DESTINADOS A CONHECER FUNCIO-
NÁRIOS, PARCEIROS E PRESTADORES DE SERVIÇOS TERCEIRI- CAPÍTULO X
ZADOS DOS MECANISMOS DE ACOMPANHAMENTO E DE CONTROLE
Art. 56. As instituições mencionadas no art. 1º devem imple- Art. 61. As instituições mencionadas no art. 1º devem instituir
mentar procedimentos destinados a conhecer seus funcionários, mecanismos de acompanhamento e de controle de modo a assegu-
parceiros e prestadores de serviços terceirizados, incluindo proce- rar a implementação e a adequação da política, dos procedimentos
dimentos de identificação e qualificação. e dos controles internos de que trata esta Circular, incluindo:
Parágrafo único. Os procedimentos referidos no caput devem I - a definição de processos, testes e trilhas de auditoria;
ser compatíveis com a política de prevenção à lavagem de dinheiro II - a definição de métricas e indicadores adequados; e
e ao financiamento do terrorismo de que trata o art. 2º e com a III - a identificação e a correção de eventuais deficiências.
avaliação interna de risco de que trata o art. 10. Parágrafo único. Os mecanismos de que trata o caput devem
Art. 57. Os procedimentos referidos no art. 56 devem ser for- ser submetidos a testes periódicos pela auditoria interna, quando
malizados em documento específico aprovado pela diretoria da aplicáveis, compatíveis com os controles internos da instituição.
instituição.
Parágrafo único. O documento mencionado no caput deve ser CAPÍTULO XI
mantido atualizado. DA AVALIAÇÃO DE EFETIVIDADE
Art. 58. As instituições referidas no art. 1º devem classificar as
atividades exercidas por seus funcionários, parceiros e prestadores Art. 62. As instituições referidas no art. 1º devem avaliar a efe-
de serviços terceirizados nas categorias de risco definidas na avalia- tividade da política, dos procedimentos e dos controles internos de
ção interna de risco, nos termos do art. 10.
que trata esta Circular.
§ 1º A classificação em categorias de risco mencionada no
§ 1º A avaliação referida no caput deve ser documentada em
caput deve ser mantida atualizada.
relatório específico.
§ 2º O relatório de que trata o § 1º deve ser:

300
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
I - elaborado anualmente, com data-base de 31 de dezembro; e IV - o documento relativo à avaliação interna de risco de que
II - encaminhado, para ciência, até 31 de março do ano seguin- trata o art. 12, inciso I, juntamente com a documentação de supor-
te ao da data-base: te à sua elaboração;
a) ao comitê de auditoria, quando houver; e V - o contrato referido no art. 31;
b) ao conselho de administração ou, se inexistente, à diretoria VI - a ata de reunião do conselho de administração ou, na sua
da instituição. inexistência, da diretoria da instituição, no caso de serem formali-
Art. 63. O relatório referido no art. 62, § 1º, deve: zadas as opções mencionadas nos arts. 11, 42, 46, 52 e 64;
I - conter informações que descrevam: VII - o relatório de avaliação de efetividade de que trata o art.
a) a metodologia adotada na avaliação de efetividade; 62, § 1º;
b) os testes aplicados; VIII - as versões anteriores da avaliação interna de risco de que
c) a qualificação dos avaliadores; e trata o art. 10;
d) as deficiências identificadas; e IX - o manual relativo aos procedimentos destinados a conhe-
II - conter, no mínimo, a avaliação: cer os clientes referido no art. 13, § 2º;
a) dos procedimentos destinados a conhecer clientes, incluin- X - o manual relativo aos procedimentos de monitoramento,
do a verificação e a validação das informações dos clientes e a ade- seleção e análise de operações e situações suspeitas mencionado
quação dos dados cadastrais; no art. 38, § 3º, inciso IV;
b) dos procedimentos de monitoramento, seleção, análise e XI - o documento relativo aos procedimentos destinados a co-
comunicação ao Coaf, incluindo a avaliação de efetividade dos pa- nhecer os funcionários, parceiros e prestadores de serviços tercei-
râmetros de seleção de operações e de situações suspeitas; rizados mencionado no art. 57;
c) da governança da política de prevenção à lavagem de dinhei- XII - as versões anteriores do relatório de avaliação de efetivi-
ro e ao financiamento do terrorismo; dade de que trata o art. 62, § 1º;
d) das medidas de desenvolvimento da cultura organizacional XIII - os dados, os registros e as informações relativas aos me-
voltadas à prevenção da lavagem de dinheiro e ao financiamento canismos de acompanhamento e de controle de que trata o art.
do terrorismo; 61; e
e) dos programas de capacitação periódica de pessoal; XIV - os documentos relativos ao plano de ação e ao respectivo
f) dos procedimentos destinados a conhecer os funcionários, relatório de acompanhamento mencionados no art. 65.
parceiros e prestadores de serviços terceirizados; e § 1º O contrato referido no inciso V do caput deve permanecer
g) das ações de regularização dos apontamentos oriundos da à disposição do Banco Central do Brasil pelo prazo mínimo de cinco
auditoria interna e da supervisão do Banco Central do Brasil. anos após o encerramento da relação contratual.
Art. 64. Admite-se a elaboração de um único relatório de ava- § 2º Os documentos e informações referidos nos incisos VIII a
liação de efetividade nos termos do art. 62, § 1º, relativo às insti- XIV do caput devem permanecer à disposição do Banco Central do
tuições do conglomerado prudencial e do sistema cooperativo de Brasil pelo prazo mínimo de cinco anos.
crédito. Art. 67. As instituições referidas no art. 1º devem manter à dis-
Parágrafo único. As instituições que optarem por realizar o re- posição do Banco Central do Brasil e conservar pelo período míni-
latório de avaliação de efetividade na forma do caput devem for- mo de dez anos:
malizar a opção em reunião do conselho de administração ou, se I - as informações coletadas nos procedimentos destinados a
inexistente, da diretoria da instituição. conhecer os clientes de que tratam os arts. 13, 16 e 18, contado o
Art. 65. As instituições referidas no art. 1º devem elaborar pla- prazo referido no caput a partir do primeiro dia do ano seguinte ao
no de ação destinado a solucionar as deficiências identificadas por término do relacionamento com o cliente;
meio da avaliação de efetividade de que trata o art. 62. II - as informações coletadas nos procedimentos destinados a
§ 1º O acompanhamento da implementação do plano de ação conhecer os funcionários, parceiros e prestadores de serviços ter-
referido no caput deve ser documentado por meio de relatório de ceirizados de que trata o art. 56, contado o prazo referido no caput
acompanhamento. a partir da data de encerramento da relação contratual;
§ 2º O plano de ação e o respectivo relatório de acompanha- III - as informações e registros de que tratam os arts. 28 a 37,
mento devem ser encaminhados para ciência e avaliação, até 30 de contado o prazo referido no caput a partir do primeiro dia do ano
junho do ano seguinte ao da data-base do relatório de que trata o seguinte ao da realização da operação; e
art. 62, § 1º: IV - o dossiê referido no art. 43, § 2º.
I - do comitê de auditoria, quando houver; Art. 68. A Circular nº 3.691, de 16 de dezembro de 2013, passa
II - da diretoria da instituição; e a vigorar com as seguintes alterações:
III - do conselho de administração, quando existente. “Art. 18. Os agentes autorizados a operar no mercado de
câmbio devem verificar a legalidade das operações, as responsa-
CAPÍTULO XII bilidades das partes envolvidas, bem como identificar seus clientes
DISPOSIÇÕES FINAIS previamente à realização das operações no mercado de câmbio na
forma prevista pela regulamentação sobre a política, os procedi-
Art. 66. Devem permanecer à disposição do Banco Central do mentos e os controles internos na prevenção à prática dos crimes
Brasil: de ‘lavagem’ ou ocultação de bens, direitos e valores, previstos na
I - o documento de que trata o art. 7º, inciso I, relativo à política Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, e de financiamento do terro-
de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terro- rismo, de que trata a Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016.” (NR)
rismo de que trata o art. 2º; “Art. 135. As instituições autorizadas a operar no mercado de
II - a ata de reunião do conselho de administração ou, na sua câmbio devem desenvolver mecanismos que permitam evitar a
inexistência, da diretoria da instituição, no caso de ser formalizada prática de operações que visem a burlar os limites e outros reque-
a opção de que trata o caput do art. 4º; rimentos estabelecidos nesta Circular.” (NR)
III - o relatório de que trata o art. 5º, parágrafo único, se exis-
tente;

301
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
“Art. 139. As instituições autorizadas a operar no mercado de verificar a necessidade de cadastramento prévio. Já para os profis-
câmbio devem certificar-se da qualificação de seus clientes, me- sionais de contabilidade e organizações contábeis, a comunicação
diante documentação em meio físico ou eletrônico e mediante a é realizada diretamente via Portal de Sistema do CFC.
realização, entre outras providências pertinentes, de avaliação de Art. 49. As instituições mencionadas no art. 1º devem comu-
desempenho, de procedimentos comerciais e de capacidade finan- nicar ao Coaf:
ceira.” (NR) I – as operações de depósito ou aporte em espécie ou saque
Art. 69. Ficam revogados: em espécie de valor igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta
I - a Circular nº 3.461, de 24 de julho de 2009; mil reais);
II - a Circular nº 3.517, de 7 de dezembro de 2010; II – as operações relativas a pagamentos, recebimentos e
III - a Circular nº 3.583, de 12 de março de 2012; transferências de recursos, por meio de qualquer instrumen-
IV - a Circular nº 3.654, de 27 de março de 2013; to, contra pagamento em espécie, de valor igual ou superior a
V - a Circular nº 3.839, de 28 de junho de 2017; R$50.000,00 (cinquenta mil reais); e
VI - a Circular nº 3.889, de 28 de março de 2018; III – a solicitação de provisionamento de saques em espécie
VII - os arts. 6º, 6º-A e 6º-B da Circular nº 3.680, de 4 de no- de valor igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta mil reais) de
vembro de 2013; que trata o art. 36.
VIII - o § 2º do art. 11 da Circular nº 3.691, de 2013;
IX - o parágrafo único do art. 19 da Circular nº 3.691, de 2013; Bibliografia
X - o art. 32 da Circular nº 3.691, de 2013; https://proeducacional.com/ead/preparatorio-conteudo-brasileiro-c-
XI - o inciso IV do art. 32-A da Circular nº 3.691, de 2013; npi/capitulos/sistema-financeiro-nacional-3/aulas/bancos-multiplos-e-
XII - os incisos I e II do art. 139 da Circular nº 3.691, de 2013; -bancos-de-investimento-2/
XIII - o art. 166 da Circular nº 3.691, de 2013; https://www.suno.com.br/artigos/bancos-multiplos/
XIV - o art. 170 da Circular nº 3.691, de 2013; https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%-
XV - o art. 213 da Circular nº 3.691, de 2013; 2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fcomposicao%2Fbm.asp
XVI - o art. 2º da Circular nº 3.727, de 6 de novembro de 2014; https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/administradoracon-
XVII - o art. 3º da Circular nº 3.780, de 21 de janeiro de 2016; e sorcio
XVIII - o art. 18 da Circular nº 3.858, de 14 de novembro de https://www.embracon.com.br/blog/afinal-o-que-uma-administrado-
2017. ra-de-consorcio-faz
Art. 70. Esta Circular entra em vigor em 1º de julho de 2020. https://consorciomagalu.com.br/2021/04/30/administradora-de-con-
sorcio/

COAF – CONSELHO DE CONTROLE DE ATIVIDADES


FINANCEIRAS AUTORREGULAÇÃO BANCÁRIA

O COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), A Autorregulação bancária é um conjunto de normas criado
criado a partir da Lei 9613/9, posteriormente reestruturado pela em 2007 pela FEBRABAN, com aprovação e publicação em 2008,
Lei 13974/2020 é um conselho vinculado administrativamente ao para que o setor tenha serviços prestados com mais qualidade e
Banco Central brasileiro que atua em todo o território nacional e satisfação para os clientes e também a redução de reclamações nos
é responsável por receber e analisar as comunicações sobre movi- órgãos de proteção ao consumidor, incluindo ações judiciais.
mentações financeiras suspeitas, direcionando-as às autoridades Desde sua aprovação, a Autorregulação incluiu em seu siste-
competentes para a aplicação da lei. ma de atuação, temas como Prevenção e Combate à Lavagem de
Pessoas físicas ou jurídicas, relacionadas ao Art.9º da Lei Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo e a Responsabilidade
9613/98, devem reportar ao COAF ocorrências de operações fi- Socioambiental.
nanceiras suspeitas e/ou acima de um valor estabelecido norma- A última alteração na Autorregulação bancária, ocorreu a partir
tivamente, e é responsável por viabilizar o controle de operações de 23/03/2021, em que todos os contratos novos e refinanciamen-
financeiras, a fim administrar processos de crimes de lavagem tos com agregação de margem, serão consultados no sistema do
ou ocultação de bens, direitos e valores, bem como prevenção SRCC (Serviço de Registro de Crédito Consignado) após a averbação
de atos ilícitos do sistema financeiro para financiamentos dessas do contrato. Realizada a consulta, o sistema retorna ao banco com
operações. a informação se a comissão sobre a operação pode ou não ser paga.
Dentre as áreas de atuação do COAF, estão: instituições finan- A finalidade principal da Autorregulação é promover a padro-
ceiras, administradoras de cartões, corretoras de seguros, comér- nização nas ações de todas as instituições financeiras participantes.
cio de bens de luxo ou alto valor, joalherias, juntas comerciais,
serviços de assessoria, consultoria, entre outros.
Ao ser comunicado, o conselho faz a análise das informações
recebidas e caso haja indícios de lavagem de dinheiro, ocultação
de bens, dentre outros atos ilícitos no sistema financeiro, formula
o Relatório de Inteligência Fiscal (RIF), documento que deve ser
encaminhado para as autoridades competentes, como o Mem-
bros do Ministério Público, a Polícia Federal, a Polícia Civil, entre
outros, que analisam a necessidade de abertura de investigação
dos atos descritos no relatório da COAF.
As pessoas físicas e jurídicas obrigadas a realizar a comunica-
ção ao COAF devem acessar o sistema Sicoaf. No caso de primeiro
acesso, o sistema solicitará os dados e informações cadastrais. As
atividades devem observar o órgão fiscalizador e regulador para

302
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
4. (PREFEITURA DE COCAL/PI – AUXILIAR ADMINISTRATIVO –
EXERCÍCIOS MÉDIO – IMA – 2019) As operações exercidas pelos bancos se divi-
dem em operações ativas e operações passivas, onde normalmente
o lucro dos bancos resultam da diferença entre as operações pas-
1. (FITO – ANALISTA DE GESTÃO FINANÇAS – SUPERIOR – VU-
sivas e ativas. Assinale a alternativa que se refere a uma operação
NESP – 2020) Assinale a alternativa correta a respeito do Sistema
passiva dos bancos:
Financeiro Nacional.
(A) Desconto de títulos.
(A) As instituições financeiras, conhecidas por bancárias, são
(B) Concessão de crédito rural.
aquelas a quem se permite a criação de moeda por meio do (C) Operações de repasses e refinanciamentos.
recebimento de depósitos à vista. (D) Depósitos a prazo fixo (de pessoas físicas ou jurídicas).
(B) Corretoras, bancos de investimento e sociedades de arren-
damento mercantil são exemplos de instituições financeiras 5. (METRÔ/SP – ANALISTA DE DESENVOLVIMENTO DEGESTÃO
conhecidas como bancárias. JÚNIOR AUXILIAR ADMINISTRATIVO A – SUPERIOR – FCC – 2019)
(C) O Sistema Financeiro Nacional é constituído pelas institui- O Banco Central do Brasil é uma autarquia federal integrante do
ções financeiras privadas existentes no país. Sistema Financeiro Nacional, sendo vinculado ao Ministério da Eco-
(D) O Banco Central do Brasil (BACEN) tem por finalidade básica nomia. Dentre as suas diversas funções, o Banco Central é respon-
a normatização, fiscalização e o controle do mercado de valores sável por
mobiliários, representado principalmente por ações, partes be- (A) negociar ações de sociedades de capital aberto e outros va-
neficiárias e debêntures. lores mobiliários.
(E) O Conselho Monetário Nacional (CMN) desenvolve uma sé- (B) certificar os profissionais do mercado financeiro e de capi-
rie de atividades executivas, tais como o recebimento de depó- tais do Brasil.
sito à vista. (C) gerenciar as reservas cambiais do país em ouro e em moeda
estrangeira.
2. (FITO – ANALISTA DE GESTÃO FINANÇAS – SUPERIOR – VU- (D) fazer o registro das companhias abertas.
NESP – 2020) Assinale a alternativa correta sobre o Sistema de Li- (E) organizar o funcionamento e as operações das bolsas de
quidação e Custódia. valores.
(A) A taxa Selic é fixada periodicamente pelo Comitê de Política
Monetária (COPOM) da Comissão de Valores Mobiliários. 6. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) No âm-
(B) O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) tem por
bito do Sistema Financeiro Nacional, a atribuição da coordenação
finalidade controlar e liquidar financeiramente as operações de
da Dívida Pública Federal externa e interna é
compra e de venda de títulos públicos (Dívida Pública Federal
(A) do Banco Central do Brasil.
Interna) e manter sua custódia física e escritural.
(B) do Ministério da Fazenda.
(C) Os Certificados de Depósitos Interfinanceiros (CDIs) são tí-
(C) da Secretaria do Tesouro Nacional.
tulos emitidos por instituições financeiras com circulação res-
(D) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
trita no mercado internacional.
(D) Os participantes da Central de Custódia e de Liquidação (E) do Conselho Monetário Nacional.
Financeira de Títulos Privados (Cetip) são as instituições que
compõem o mercado financeiro, como bancos privados, corre- 7. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) Como
toras públicas e distribuidoras de TVM, fundos de investimen- parte da missão de assegurar que o sistema financeiro seja sólido
tos em títulos do tesouro nacional, fundos de pensão, compa- e eficiente, a autorização para funcionamento de instituições finan-
nhias de seguro vinculadas a bancos públicos. ceiras controladas por capitais nacionais é concedida (A) pelo Con-
(E) Os títulos mais negociados no Selic são os emitidos pelo Te- selho Monetário Nacional.
souro Nacional que compõem a Dívida Pública Federal Externa. (B) pela Comissão de Valores Mobiliários.
(C) pela Presidência da República.
3. (FITO – ANALISTA DE GESTÃO FINANÇAS – SUPERIOR – VU- (D) pelo Banco Central do Brasil.
NESP – 2020) Assinale a alternativa correta sobre o Certificado de (E) pelo Senado Federal.
Depósitos Bancários (CDB).
(A) É uma obrigação de pagamento passada de um capital apli- 8. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) O que
cado em depósito a prazo fixo em instituições financeiras. caracteriza um banco múltiplo, como o Banrisul, é a
(B) Não incide Imposto de Renda sobre os rendimentos produ- (A) possibilidade de captar, por meio das suas agências, somen-
zidos pelo CDB. te depósitos à vista.
(C) Não pode ser negociado antes de seu vencimento. (B) atuação com, pelo menos, duas carteiras, devendo uma,
(D) Se for prefixado, é informado ao investidor, no momento da obrigatoriamente, ser de banco comercial ou de investimento.
aplicação, quanto irá pagar em seu vencimento. (C) proibição de realizar compra e venda de moeda estrangeira
(E) Trata-se de um título de alto risco, visto que está vinculado em espécie.
à solvência da instituição financeira. (D) atuação na gestão dos recursos do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS).
(E) obrigatoriedade de ter o controle acionário de uma socieda-
de de arrendamento mercantil.

303
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
9. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) Para 13. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) O Sis-
que possam fornecer empréstimo e financiamento para aquisição tema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) é uma das deno-
de bens, serviços e capital de giro no mercado nacional, as socieda- minadas Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF), por meio do
des de crédito, financiamento e investimento, além de utilizar o seu qual
capital próprio, emitem (A) são custodiados títulos privados mantidos em carteiras de
(A) letras de câmbio. fundos de investimento.
(B) certificados de depósito bancário. (B) são registradas as transações de compra e venda de títulos
(C) notas promissórias comerciais. emitidos por instituições financeiras.
(D) letras de crédito imobiliário. (C) são transferidos os títulos para o comprador, em cada nego-
(E) debêntures conversíveis. ciação, em tempo real.
(D) ocorrem transferências de reservas e fundos para as câma-
10. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) O Co- ras de compensação e liquidação.
mitê de Política Monetária (Copom) é o órgão decisório do Banco (E) há possibilidade de lançamentos retroativos até determina-
Central que, no regime de metas para a inflação, implementado no do horário limite no dia posterior.
Brasil em 1999, tem por objetivo:
I. Promover a maior geração de empregos. 14. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) As
II . Estabelecer as diretrizes da política monetária. Bolsas são ambientes físicos ou virtuais organizados para compra e
III . Definir a meta para a taxa básica de juros no Brasil e seu venda de ações, derivativos e outros valores mobiliários. Para que
eventual viés. as transações ocorram, é necessário que funcione, de forma harmo-
niosa, toda uma cadeia de serviços de negociação e pós-negocia-
Está correto o que consta de ção, o que, no Brasil, caracteriza o setor como sendo
(A) I, apenas. (A) verticalmente integrado.
(B) I e I I , apenas. (B) de regime de compensação negociado caso a caso para de-
(C) I I e I I I , apenas. rivativos financeiros.
(D) I I I , apenas. (C) horizontalmente distribuído entre os agentes do mercado.
(E) I, I I e I I I . (D) aquele em que é desnecessária a existência de contraparte
central garantidora.
11. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) A Co- (E) dependente da Comissão de Valores Mobiliários para con-
missão de Valores Mobiliários (CVM) é uma entidade autárquica em trole do risco.
regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, que tem o ob-
jetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado 15. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) Fre-
de valores mobiliários no Brasil. Para tanto, o seu mandato legal quentemente ofertados aos clientes das redes bancárias, os títulos
contempla de capitalização proporcionam
(A) proteger as instituições financeiras intermediárias. (A) garantia da instituição financeira emissora.
(B) assegurar o sigilo das informações sobre os valores mobiliá- (B) isenção de imposto de renda sobre o valor resgatado que
rios negociados e as companhias que os tenham emitido. exceda à aplicação.
(C) estimular a formação de poupança e a sua aplicação em (C) prazo de validade igual ou superior a seis meses na moda-
títulos do Tesouro Nacional. lidade tradicional.
(D) estimular as aplicações permanentes em ações do capital (D) possibilidade de transferência durante a vigência, de uma
social de companhias abertas sob controle público. pessoa para outra.
(E) evitar modalidades de manipulação destinadas a criar con- (E) a opção, pelo subscritor, da emissão “ao portador”.
dições artificiais de negociação no mercado de valores mobili-
ários. 16. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) As
Cédulas de Crédito Bancário (CCB) constituem uma promessa de
12. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) O pagamento em dinheiro e são:
Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional é um órgão I. Títulos executivos judiciais que representam dívida em di-
colegiado, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, e que nheiro, certa, líquida e exigível.
tem por finalidade julgar os recursos contra as sanções aplicadas II . Lastreadas em uma operação de crédito de qualquer mo-
pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dalidade.
e, nos processos de lavagem de dinheiro, as sanções aplicadas pelo III . Isentas de imposto de renda sobre os rendimentos, quando
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e demais adquiridas por pessoa física.
autoridades competentes em
(A) casos de interesse exclusivo de investidores estrangeiros. Está correto o que consta de
(B) processos de segunda instância judicial. (A) I, apenas.
(C) situações de litígio entre instituições financeiras estatais. (B) I e I I I , apenas.
(D) segundo grau e última instância administrativa. (C) I I e I I I , apenas.
(E) arbitragens decorrentes da utilização de instrumentos fi- (D) I, I I e I I I .
nanceiros derivativos. (E) I I , apenas.

304
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
17. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) O Fun- (C) opera uma carteira comercial.
do Garantidor de Créditos (FGC) administra o mecanismo de pro- (D) consiste em um banco público.
teção aos depositantes e investidores no âmbito do Sistema Finan- (E) está organizada sob a forma de sociedade limitada.
ceiro Nacional e, sob certas condições, garante cobertura ordinária
sobre 21. (BRB – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – IADES – 2019) A respeito
(A) depósitos à vista e valores aplicados em previdência privada das operações de arrendamento mercantil, assinale a alternativa
VGBL ou PGBL. correta.
(B) depósitos sacáveis mediante aviso prévio e letras de câm- (A) Se o valor presente das contraprestações for maior que o
bio. custo do bem, a operação classifica-se como de arrendamento
(C) depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado, e mercantil financeiro.
depósitos judiciais. (B) Independentemente da modalidade de arrendamento mer-
(D) letras de crédito do agronegócio e cotas de fundos de in- cantil, a arrendatária é sempre uma pessoa jurídica.
vestimento. (C) As operações na modalidade de arrendamento mercan-
(E) operações relacionadas a programas de interesse governa- til financeiro são privativas das sociedades de arrendamento
mental instituídos por lei e depósitos de poupança. mercantil.
(D) Não havendo previsão de pagamento de valor residual ga-
18. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) Os rantido, tem-se, obrigatoriamente, um contrato de compra e
produtos e serviços bancários, oferecidos pelos bancos comerciais, venda, e não de arrendamento mercantil.
são objeto de regulação do Banco Central do Brasil (BACEN). Por- (E) A constituição e o funcionamento das sociedades de arren-
tanto, para o funcionário da instituição, compreender as expecta- damento mercantil dependem de autorização da Comissão de
tivas do cliente Valores Mobiliários (CVM).
(A) não deve ser objeto de seu trabalho, visto que o tempo gas-
to com essa atividade diminui a dedicação a outras atividades 22. (BRB – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – IADES – 2019) A Lei no
importantes a serem desenvolvidas. 9.613/1998 tipifica, no respectivo art. 1o , os crimes de lavagem de
dinheiro, com enquadramento penal básico consistente na oculta-
(B) não é importante, visto que o cliente poderá encontrar es-
ção ou dissimulação da natureza, origem, localização, disposição,
ses produtos e serviços em qualquer outra instituição financei-
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores prove-
ra.
nientes, direta ou indiretamente, de infração penal, ao tempo em
(C) é necessário, bem como interpretar as necessidades atuais
que estabelece, nos arts. 2º a 7º, disposições especiais referentes
e futuras do cliente, fazendo com que a oferta de valor de um
a processo e julgamento, bem como aos efeitos pessoais e patri-
produto ou serviço seja a mais adequada possível.
moniais de eventual condenação. Considerando os aspectos legais
(D) não é necessário, bem como conhecer detalhadamente
os produtos e serviços oferecidos pela instituição, porque isso referentes à lavagem de dinheiro e o fato de que ela se desenvolve
foge completamente das suas atribuições. em fases que eventualmente se superpõem ou comunicam, assina-
(E) pode parecer acintoso, ao passo que questões de ordem le a alternativa correta.
profissional e pessoal poderão ser abordadas, não contribuin- (A) A primeira fase da lavagem de dinheiro, denominada “dissi-
do com práticas apropriadas de atendimento ao cliente, geran- mulação” (layering), é caracterizada por uma multiplicidade de
do constrangimentos. operações e transações realizadas mediante empresas e contas
sem aparente relação com o agente envolvido na prática delitu-
19. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – FCC – 2019) A Cir- osa, tornando impossível ou extremamente difícil identificar a
cular no 3.461/2009 e suas alterações, do Banco Central, consolida origem ilícita dos bens, direitos ou valores provenientes, direta
as regras sobre os procedimentos a serem adotados por instituições ou indiretamente, de infração penal.
financeiras na prevenção e combate às atividades relacionadas com (B) Os crimes de lavagem de dinheiro somente se configuram
os crimes de lavagem de dinheiro, previstos na Lei n2 9.613/1998 e caso sejam cometidos de forma reiterada ou se a infração pe-
suas alterações. Dentre outros, determina que deve ser dispensada nal antecedente tiver sido praticada por organização criminosa.
especial atenção (C) A pena para os crimes de lavagem de dinheiro poderá ser
(A) a situações em que não seja possível manter atualizadas as reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime semia-
informações cadastrais de seus clientes. berto ou aberto, sendo possível ao juiz deixar de aplicá-la ou
(B) ao sistema de vigilância presencial nas dependências das substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos,
agências bancárias. se o agente, no curso de investigação ou processo, colaborar
(C) à habitualidade de depósitos em espécie em valores totais espontaneamente com as autoridades, prestando esclareci-
mensais que não superem três mil reais. mentos que conduzam à apuração das infrações penais, à iden-
(D) à elevada frequência de utilização, pelo cliente, de caixas tificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização
eletrônicos em diferentes locais. dos bens, direitos ou valores objeto da infração penal.
(E) ao volume das aquisições de moeda estrangeira pelo cliente (D) Os tipos penais de lavagem de dinheiro admitem a forma
para fins de alegadas viagens internacionais. culposa, em que o agente criminoso dá causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.
20. (BRB – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – IADES – 2019) Considere (E) O processo e julgamento dos crimes de lavagem de dinheiro
uma instituição financeira autorizada a operar três carteiras: a car- são de competência exclusiva da Justiça Federal.
teira de desenvolvimento, a carteira de crédito imobiliário e uma
outra carteira. Com base apenas nessas informações, é correto afir-
mar que a instituição
(A) está autorizada a captar depósitos à vista.
(B) pode emitir debêntures.

305
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
23. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – MÉDIO – FGV – 2018) III. Constitui-se a propriedade fiduciária de bem imóvel através
A remuneração atual da caderneta de poupança possui um compo- do registro do contrato que lhe serve de título no competente Re-
nente básico, baseado na taxa referencial (TR), e um adicional, de- gistro de Imóveis.
pendente da política monetária corrente. O parâmetro de política
monetária utilizado no cálculo é a: Está correto o que se afirma em:
(A) taxa do CDI – Certificado de Depósito Interbancário; (A) somente I;
(B) meta da taxa Selic; (B) somente II;
(C) meta de inflação; (C) somente I e III;
(D) taxa Selic diária; (D) somente II e III;
(E) rentabilidade média das NTN-B’s. (E) I, II e III.

24. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – MÉDIO – FGV – 2018) 28. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – MÉDIO – FGV – 2018)
A fiança bancária é uma operação tradicional no mercado brasileiro, Alfredo contraiu uma dívida com o Banco X e assinou uma cédula de
em que um banco, por meio da “carta de fiança”, assume o papel de crédito bancário com o aval de João. Em relação ao aval, é correto
fiador de uma outra companhia numa operação comercial, concor- afirmar que o avalista:
rência pública ou de crédito. Do ponto de vista dos riscos envolvidos (A) passa a ser o único responsável pelo pagamento, exoneran-
para as partes, há mitigação do risco: do o avalizado Alfredo de responsabilidade;
(A) de crédito envolvido entre o fiador (banco) e o afiançado (B) responderá subsidiariamente pelo pagamento, na ausência
(empresa); de bens suficientes de Alfredo para pagar a dívida;
(B) de mercado envolvido entre a empresa afiançada e sua con- (C) torna-se devedor solidário pelo pagamento perante o Ban-
traparte – um fornecedor, por exemplo; co X, podendo esse cobrar a dívida tanto dele quanto do ava-
(C) operacional envolvido entre a empresa afiançada e sua con- lizado;
traparte – um fornecedor, por exemplo; (D) não se obriga pelo pagamento porque é nulo aval prestado
(D) de crédito envolvido entre a empresa afiançada e sua con- em favor de instituição financeira, caso do Banco X;
traparte – um fornecedor, por exemplo; (E) responderá pelo pagamento solidariamente com Alfredo,
(E) de mercado envolvido entre o fiador (banco) e o afiançado desde que esse celebre simultaneamente contrato de fiança
(empresa). com o Banco X.

25. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – MÉDIO – FGV – 2018) 29. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – MÉDIO – FGV – 2018)
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é uma entidade privada, sem Durante a vigência de um contrato de fiança, o credor Atílio con-
fins lucrativos, e que administra um mecanismo de proteção aos cedeu prorrogação do prazo de pagamento da dívida (moratória)
correntistas, poupadores e investidores. Sua função primordial é a ao afiançado sem consentimento do fiador Jerônimo. Com esse ato
recuperação dos depósitos ou créditos mantidos em instituição fi- por parte do credor, é correto afirmar que:
nanceira, até determinado valor, em caso de: (A) deverá Jerônimo requerer a Atílio prorrogação do prazo de
(A) fusão, cisão ou aquisição; duração do contrato para se adequar à moratória concedida ao
(B) abertura de capital; afiançado;
(C) fechamento de capital; (B) Jerônimo, ainda que solidário pelo pagamento da dívida
(D) oferta pública inicial; perante Atílio, ficará desobrigado pela falta de consentimento
(E) intervenção, liquidação ou falência. com a moratória;
(C) Jerônimo permanecerá obrigado pelo pagamento da dívida
26. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – MÉDIO – FGV – 2018) pelos 6 meses seguintes ao dia do vencimento; findo tal prazo
O cartão de crédito é um meio de pagamento que permite ao clien- ficará desobrigado;
te pagar compras ou serviços até um limite de crédito previamente (D) caberá a Atílio decidir se Jerônimo ficará ou não desobriga-
definido no contrato de uso do cartão. O ideal é que o cliente sem- do da fiança com a concessão da moratória;
pre pague suas faturas nas datas acordadas – o valor inteiro ou pelo (E) Jerônimo poderá pedir a anulação do contrato porque é
menos um percentual do valor devido. Esse procedimento evita: proibido ao credor conceder moratória ao afiançado.
(A) o cancelamento do cartão de crédito;
(B) o cancelamento da conta corrente do cliente; 30. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – MÉDIO – FGV – 2018)
(C) a entrada no crédito rotativo; Em garantia de empréstimo concedido pelo Banco W, Tereza deu
(D) a entrada no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC); um imóvel de sua propriedade ao credor. A garantia constituída
(E) um processo junto ao Banco Central. abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções do imó-
vel e não impede a proprietária de aliená-lo. Com base nessas infor-
27. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – MÉDIO – FGV – 2018) mações, a garantia prestada por Tereza é:
Uma das garantias ao cumprimento de um contrato celebrado no (A) aval;
âmbito do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) é a alienação (B) fiança bancária;
fiduciária. Sobre o instituto e suas disposições legais, analise as afir- (C) alienação fiduciária em garantia;
mativas a seguir. (D) hipoteca;
I. Por meio da alienação fiduciária o devedor, ou fiduciante, (E) anticrese.
com a finalidade de garantia, contrata a transferência ao credor, ou
fiduciário, da propriedade resolúvel de bem imóvel.
II. A alienação fiduciária poderá ser contratada por pessoa física
ou jurídica, não sendo privativa das entidades que operam no SFI.

306
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 A ______________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 C
6 E ______________________________________________________
7 D ______________________________________________________
8 B
______________________________________________________
9 A
10 C ______________________________________________________
11 E ______________________________________________________
12 D
______________________________________________________
13 C
______________________________________________________
14 A
15 D ______________________________________________________
16 E ______________________________________________________
17 B
______________________________________________________
18 C
19 A ______________________________________________________

20 D ______________________________________________________
21 A
______________________________________________________
22 C
______________________________________________________
23 B
24 D ______________________________________________________
25 E ______________________________________________________
26 C
______________________________________________________
27 E
28 C ______________________________________________________

29 B ______________________________________________________
30 D ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
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______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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307
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
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308
OS BANCOS NA ERA DIGITAL
(PRESENTE E TENDÊNCIAS)

“Dinheiro de plástico”
INTERNET BANKING, BANCO VIRTUAL E “DINHEIRO É o meio físico de pagamento, mais conhecido como “cartão”,
DE PLÁSTICO”. MOBILE BANKING. OPEN BANKING. utilizado para pagamentos, saques e diversas movimentações em
O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR NA caixas eletrônicos.
RELAÇÃO COM O BANCO. A EXPERIÊNCIA DO Facilitam na rapidez e no sentido de evitar idas nas agências,
USUÁRIO. 6 SEGMENTAÇÃO E INTERAÇÕES DIGITAIS. apenas para tais serviços. Promove também o conforto e a seguran-
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COGNITIVA. BANCO ça do cliente que não necessita da utilização de dinheiro em espécie
DIGITALIZADO X BANCO DIGITAL. FINTECHS E para suas operações financeiras. Reduz custos para as instituições
STARTUPS. SOLUÇÕES MOBILE E SERVICE DESIGN. O financeiras e promove a garantia do recebimento para os comer-
DINHEIRO NA ERA DIGITAL: BLOCKCHAIN, BITCOIN E ciantes.
DEMAIS CRIPTOMOEDAS. O DESAFIO DOS BANCOS NA Os cartões mais utilizados são:
ERA DIGITAL • Cartões de débito – Débito automático na conta do cliente
do valor referente a compra. Segurança também para o estabele-
Presente, tendências e desafios cimento, pois tem a certeza que o pagamento já saiu da conta do
Os bancos “tradicionais” já utilizam a tecnologia para oferecer cliente.
serviços e facilidades aos seus clientes. Seja através de internet • Cartão de crédito – Incentiva o consumo, pois o pagamento
banking ou móbile banking. No entanto, esses bancos precisam ino- de suas compras ocorrerá apenas no vencimento da fatura, inclusi-
var tecnologicamente o mais rápido possível, caso contrário, serão ve em parcelas.
substituídos pelos bancos digitais. • Cartões múltiplos – Que exercem duas funções simultâneas
O maior desafio de um banco digital no Brasil é transformar (débito e crédito).
uma cultura de muitos anos de contatos diretos com atendentes,
gerentes e pagamentos via operadores de caixa em agências físi- Mobile banking
cas para o atendimento virtual. Pois ainda existe a desconfiança de É a tecnologia do banco voltada para a tela do celular ou outros
muitos clientes, principalmente aqueles com idades mais elevadas; dispositivos móveis, 365 dias por ano, permitindo a realização de
inclusive a dificuldade e insegurança para o acesso. diversas transações financeiras através de aplicativos que são bai-
Para conquistarem mais clientes, os bancos digitais inovam xados em smartphones, relógios inteligentes, etc.
cada vez mais em tecnologia e resolução de problemas de forma Possibilita aos clientes rapidez e comodidade, devido acesso
mais simples e rápido, trazendo um conceito de valor e utilidade em qualquer localidade e sem a necessidade de idas as agências
para seus usuários. físicas; o que também reduz custos das instituições financeiras.

Internet banking, banco virtual e “dinheiro de plástico” Open banking e o modelo de bank as a service

Internet Banking Open Banking


É a plataforma bancária que utiliza a tecnologia como sua alia- É um conjunto de práticas que torna o cliente detentor de seus
da. É o ambiente que fica na internet em que os clientes realizam dados financeiros, como por exemplo, datas e valores de transfe-
operações bancárias, em ambiente fora da agência. rências, pagamentos, ou produtos que selecionou para investimen-
No site do banco, os clientes podem realizar operações de ex- tos. O que proporciona inovação e concorrência entre os serviços
tratos, saldos, pagamentos, empréstimos, etc.; permitindo que as financeiros.
movimentações sejam realizadas com mais conforto e comodidade, Em abril de 2019, o Banco Central do Brasil, iniciou a imple-
pois não há necessidade de se deslocar até uma agência. mentação do Open Banking no Brasil.
Essas novas ações possibilitam que o consumidor tenha o po-
Banco virtual der de escolha de transferir seus dados do banco A para o banco
São plataformas tecnológicas, também conhecidas como finte- B; pois acredita, por exemplo, que no segundo banco terá melhor
chs (empresas que inovaram no modelo de negócios e operação) do condições de taxas de juros, tarifas ou até mesmo, melhor atendi-
Sistema Financeiro Nacional. mento.
Foram criados para com a intenção de permitir o acesso ao Assim, o usuário tem a propriedade de seus dados e escolhe
sistema bancário aos brasileiros que não tem acesso aos bancos com quem compartilhá-los.
comuns.
Toda sua operação é realizada de modo virtual, sem agências fí- Modelo de bank as a service
sicas abertas. Desde a abertura de contas até as movimentações de Também conhecido por “banco como serviço”, é uma solução
pagamentos, consultas diversas, transferências são realizadas por que tem o potencial de ampliar a competitividade e a colaboração
meio de sites ou aplicativos. na prestação de serviços financeiros.

309
OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)
Com o bank as a service, empresas de qualquer segmento de Já foram criados nesse novo conceito e seus clientes utilizam
mercado, passam a ter condições de oferecer serviços bancários de 100% de internet banking e móbile banking para realizar operações
uma forma simples e rápida. como pagamentos, transferências, consultas, etc.; o saque ocorre
Os grandes benefícios para o consumidor é a variedade de em- em caixas eletrônicos espalhados por estabelecimentos diversos.
presas oferecendo serviços bancários, as filas em bancos ficam ape- Para abrir uma conta nos bancos digitais, todo o processo é via
nas na lembrança, pois tudo é realizado por meio digital. ambiente virtual. O interessado se cadastra, faz a solicitação e após
aprovação; envia os documentos e assinatura digitalizados.
O comportamento do consumidor na relação com o banco Fintechs, Startups e Big Techs
Cada vez mais ligados as tecnologias, consumidores tem bus- As fintechs (finanças + tecnologia) são startups que trabalham
cado facilidade, comodidade e rapidez nos serviços em geral. Em para otimizar o processo tradicional dos serviços financeiros e tam-
relação aos serviços bancários não seria diferente. bém resolver através da tecnologia, problemas específicos de pes-
Os bancos digitais preencheram grande parte dessas necessi- soas físicas ou jurídicas.
dades, através da redução de burocracia, fim das filas e idas em Em geral, trazem produtos altamente inovadores, simples e
agências físicas dos bancos tradicionais. Com essas instituições já é muito eficientes. Muitas vezes, analisando e preenchendo espaços
possível abrir contas, realizar aplicações, obter financiamentos por que deveriam ser dos bancos tradicionais, atendendo um público
aplicativos de forma rápida e segura. que em muitos casos, não tem acesso as instituições financeiras
Desde a entrada dos bancos virtuais, os clientes mudaram o comuns.
relacionamento e o comportamento com os bancos, deixando a de- Big Techs são grandes empresas de tecnologia que dominam o
pendência física das agências, passando a se comunicar pelo inter- mercado, moldam como as pessoas compra, vendem, consomem e
net banking e móbile banking na utilização dos serviços financeiros.
trabalham. Tem como motor a inovação, sempre definindo novas
tecnologias e serviços. Entre as principais estão a Apple, Amazon e
A experiência do usuário
Microsoft.
A experiência do usuário (user experience – UX) é o termo uti-
lizado para mencionar a relação de uma pessoa com um produto,
serviço, objeto, etc. Essa relação de utilidade vai definir se a experi- Soluções mobile e service design
ência foi boa ou ruim.
Soluções Mobile
Os bancos digitais tem concentrado todos os esforços para que Utilização de aplicativos na tecnologia da resolução das ne-
a experiências de seus clientes seja a melhor possível. Para isso, de- cessidades dos clientes. Para que esse processo ocorra de maneira
senvolvem a todo momento, produtos e serviços que atendam às mais eficaz, é necessário identificar quais serviços e produtos os
necessidades dos usuários, tanto na forma de redução de burocra- usuários mais precisam.
cia de atendimento, facilidade e rapidez na solução de problemas, No sistema bancário, são os aplicativos que permitem abertura
realização de tarefas de maneira mais ágil. de conta e a realização de todas as transações bancárias e atendi-
São produtos e serviços cada vez mais inovadores e tecnológi- mento ao cliente no local em que estiver, através de um smartpho-
cos, que proporcionam aos clientes e as empresas geração de valor. ne.

Inteligência artificial cognitiva Service Design


É a utilização da inteligência de computadores (robôs) que Serviço capaz de oferecer aos clientes utilidade, eficiência, efi-
adquirem conhecimento com o passar do tempo. Ao utilizar essa cácia, ou seja, o serviço que é reconhecido pelos clientes a ponto de
tecnologia em seus serviços, as instituições financeiras tem como gerar valor para ambas as partes.
objetivo principal, a eficácia, rapidez no atendimento. E personali- No setor financeiro, os bancos digitais procuram oferecer servi-
zação dos serviços oferecidos. ços de qualidade, otimizando tempo e custos de clientes e trazendo
A cada acesso, o computador é abastecido com as informações soluções simples e rápidas para problemas financeiros.
do cliente, percebendo suas necessidades e preferências, por isso
que o sistema fica cada vez mais inteligente; por exemplo, ao aces- O dinheiro na era digital: blockchain, bitcoin e demais cripto-
sar o internet banking. É a tecnologia em constante desenvolvimen- moedas
to.
Essa tecnologia é utilizada principalmente no atendimento te- Blockchain
lefônico das instituições, nos caixas eletrônicos através da leitura
É a tecnologia que permite o registro de informações de forma
biométrica e também na internet e móbile banking.
segura. Através dela, ocorre a transferência de valores digitalmente
mesmo sem a intermediação de instituições financeiras. Devido seu
Banco digitalizado versus banco digital
nível de segurança, não há necessidade da confiança entre terceiros
Banco digitalizado é a modalidade já conhecida de bancos
“tradicionais” (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, etc.) que para as transações.
utilizaram a tecnologia para modernizar o atendimento e inovar Essa tecnologia pode ter outras funções, como a utilização na
o modo como seus clientes realizam as transações. Através da di- indústria, para que a cadeia produtiva seja mais passível de rastrea-
gitalização, conseguiram mudar o foco das agências para internet mento e suas informações fiquem registradas de forma imutável e,
banking e móbile banking. ainda, para que seus dados seu se percam.
Porém, mesmo passando por essa inovação, não são totalmen- Tudo pode ser registrado na blockchain, pois sua composição
te digitais e ainda possuem agências físicas para apoio presencial se assemelha a uma grande biblioteca e a chave pública pode ser
com operadores de caixa, atendentes e gerentes. comparada a pastas de arquivos.
Os bancos digitais são aqueles totalmente virtuais, não pos- Para utilizar seus recursos, os usuários devem possuir um ende-
suem atendimento em agências físicas, por exemplo, Nubank e reço na própria blockchain.
Neon.

310
OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)
Bitcoin Diante da mudança de cenário, onde o modelo digital de negó-
Bitcoin é uma moeda em forma de código, que não existe fisi- cios cresce a cada dia surgem as Startups voltadas ao meio finan-
camente e não tem um banco central que organize sua organização. ceiro denominadas de Fintechs, que são empresas de tecnologia
Ou seja, só existe no mundo virtual. financeira com o objetivo de cobrir os gargalos do sistema financei-
Ela surgiu em 2008, tendo sua criação associada a um grupo de ro tradicional, com o lema “inovação”. A ideia vem apresentando
a um grupo de programadores, usando um pseudônimo de Satoshi forte crescimento e se demonstrando como tendência mundial. O
Nakamoto. Para isso, seus criadores utilizaram a soma do processa- sucesso das Fintechs se deve ao fato das facilidades e efetividade do
mento de seus computadores para acelerar tal ação; pois um com- suprimento das necessidades dos clientes e usuários.
putador apenas levaria aproximadamente um ano para a realização O material genético de uma Startup é a palavra “inovação”, e o
de uma fração de bitcoin. objetivo principal é a transformação com vistas a um “melhor ser-
Para ser dono de bitcoins é necessário possuir uma carteira vir- vir”. Por serem segmentos novos no mercado, o futuro é incerto,
tual, representada por um aplicativo em que fica armazenado uma mas altamente promissor, tanto que a cada ano o crescimento é
sequência de letras, que representa o dinheiro do comprador. Caso exponencial.
esse código seja perdido, o resultado será a perda do investimento. Ainda que diante de toda incerteza verifica-se que as Startups
Atualmente existem diversas corretoras que trabalham com a estão presentes em todos os segmentos da sociedade, como exem-
venda de bitcoins. plo: saúde, lazer, agronegócios, alimentação, vestuário, financeiros,
bancário, entre outros.
Demais criptomoedas
Dando ênfase ao segmento bancário tem-se que as Startups
As principais criptomoedas negociadas são:
atuantes neste contexto são denominadas de Fintechs, as quais são
• XRP Ripple – Criptomoeda centralizada, projetada para au-
empresas que inovam quanto à forma de dispor os serviços finan-
xiliar instituições financeirasa movimentar dinheiro de forma mais
ceiros e bancários, trazendo facilidades atribuídas pelo rompimento
rápida, global e também com redução de custos.
• Litecan – Criptomoeda criada para transações mais rápidas e da burocracia dos métodos tradicionais de fornecimento de bens e
com menos custos que a bitcoin, para ser utilizada em pagamentos serviços.
do dia a dia. Das definições apresentadas entende-se que, as Fintechs são
• Bitcoin Cash – Projetada para transações mais rápidas e roti- Startups especializadas no setor financeiro/bancário tendo como
neiras, com taxas mais baixas. propósito a desburocratização e capilarização dos serviços e pro-
• Ethereum – Blockchain que permite o armazenamento de dutos financeiros. O objetivo maior é o fornecimento de soluções
contratos inteligentes e aplicativos em sua rede. Utiliza como crip- ágeis e eficazes para cada usuário, melhorando assim, a experiência
tomoeda a Ether, lançada em 2017. no consumo de bens e produtos do segmento.
Sistema de bancos-sombra (shadow banking) Atualmente, atribui-se às Startups e Fintechs, a fonte impulsio-
É um conjunto de operações não-regulamentadas de interme- nadora dos grandes movimentos tecnológicos, já que figuram como
diários financeiros, que fornecem crédito no sistema financeiro glo- agentes de transformação. A demanda pelo universo digital vem
bal de forma “informal”. Ou seja, de forma indireta, sem passar por crescendo a passos largos, devido as facilidades oferecidas e a boa
supervisão ou regulamentação bancária, algumas instituições con- aceitação dos usuários.
seguem realizar financiamentos e empréstimos com suas atividades As Startups e Fintechs vieram para revolucionar a forma de
paralelas ao sistema bancário tradicional. como se executa algo, seu objetivo principal é facilitar a vida de
Operações desse tipo oferecem maiores riscos de mercado, seus usuários em busca da satisfação, ingrediente primordial para o
visto que, na maior parte das vezes, não possuem uma garantia de sucesso de qualquer organização no mercado.
capital reserva, o que não impediu seu crescimento à nível global, Nesse contexto, a disputa ente as Fintechs e os grandes bancos
de modo que se estima que há que quase 100 trilhões de dólares no Brasil são acirradas, já que aquelas são estruturas enxutas e alta-
circulam em ativos financeiros desse tipo, tornando-o importante e mente dinâmicas no quesito digital, o que lhes garantem maior fle-
relevante na estrutura financeira global, como fornecedor de capi- xibilidade e possibilidade de desenvoltura, já os bancos tradicionais
tal e crédito para investidores e corporações. precisam se reinventar a cada dia, para fazer frente à manutenção
Contudo, observa-se um papel crítico atender esse tipo de de seus clientes e usuários, de forma a garantir que no futuro te-
demanda, de modo que muitos argumentam que esses mercados nham espaço no mercado.
paralelos colaboraram para grandes crises financeiras, como a de
2008 nos Estados Unidos, por isso tenta-se desde então aprovar
O desenvolvimento tecnológico aplicado ao segmento bancá-
uma série de medidas para regular ou limitar esse tipo de opera-
rio
ção, visto que seus números alavancados e sem garantia seguem
A evolução digital vem revolucionando a forma de como se re-
expondo os sistemas financeiros do mundo todo em risco.
aliza negócios em todos os segmentos do mercado. Em especial, o
Segmentação e interações digitais setor bancário tradicional é altamente afetado pelos reflexos das
A era dos avanços tecnológicos traz em seu bojo inúmeras variações tecnológicas, e por conta disso, busca a cada dia se ade-
transformações, em especial na forma de como os negócios tradi- quar às inovações, para garantir sua permanência em um mercado
cionais no mercado se realizam. Quanto a transformação digital do altamente competitivo.
setor bancário, por muitos anos, esse era um setor cheio de forma- Em uma análise de contexto específico sobre essas mudanças
lidades, com muitas agências físicas, grandes filas e alguns procedi- que a era digital vem ocasionando no mercado financeiro, área
mentos exigiam retorno duas ou mais vezes às agências, ou seja, era onde circulam grande volume de negócios, pode-se perceber a
sinônimo de preocupação ao usuário. O cenário era de concentra- ocorrência de uma constante ruptura do formalismo bancário tradi-
ção de mercado, pautada no domínio centrado em poucas institui- cional, exigido pela legislação que afeta ao segmento, para muitas
ções contribuindo para desbancarização de muitas pessoas1. flexibilizações e facilidades na forma de disponibilizar seus produtos
e serviços a seus consumidores de forma eficiente e com rapidez.
1 https://www.famaqui.edu.br/app/webroot/ojs/index.php/saberes/article/
download/26/25/.

311
OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)
Essas mudanças de paradigmas demonstradas com o avanço Nesse sentido, as principais ferramentas implementadas fo-
da tecnologia impulsionaram os bancos tradicionais a se adaptarem ram: acesso ao mobile banking; internet banking; correspondentes
às mesmas, por conta do desenvolvimento tecnológico responsável bancários e terminais de autoatendimento. Destes canais, o que
por despontar no mercado, em especial o financeiro, novos presta- mais cresceu foi o mobile banking devido aos smartphones ganha-
dores de produtos e serviços carregados de novidades e transfor- rem significativo espaço no quotidiano das pessoas.
mações aos usuários, como as Startups e Fintechs, disputando o Os negócios bancários digitais, ou seja, aqui entendidos como
competitivo e pouco aberto mercado financeiro. os produtos e serviços bancários transacionados por meios digitais,
Neste cenário, pode-se perceber que a expansão das Fintechs se solidificam a cada dia, devido à percepção ao usuário externo
no Brasil é recente, por volta de 2010, a mudança ainda era silen- da segurança e agilidade que possuem. Neste sentido, os bancos,
ciosa, mas hoje essas empresas comandam uma grande transfor- se consubstanciam como o setor de mercado que mais investe em
mação nesse mercado. Com o surgimento das primeiras Fintechs, segurança no meio digital.
observa-se no mercado um vertiginoso crescimento destas, impul- O cenário de atuação bancária é de risco, e, portanto, são ex-
sionando e influenciando mudanças aos participantes do mercado tremamente necessários os investimentos de tecnologia aliados
financeiro, em especial os bancos tradicionais. com a segurança, com vistas a garantir que seus usuários e clientes
É importante salientar que no desenvolvimento tecnológico no tenham a proteção necessária, o que culminará com o sucesso da
segmento bancário despontam as Fintechs, empresas 100% (cem instituição no mercado.
por cento) digitais, que se dedicam a área financeira, facilitando a A iminente concorrência de mercado ocasionada pelos players
concessão de produtos e serviços, como por exemplo: digitais, como as Fintechs, bem como o acelerado mundo dos negó-
cios traz o despertar e a necessidade de incorporar a tecnologia aos
→ a disponibilização de crédito rápido, menos burocrático e processos bancários. Junto a esta necessidade, os bancos investem
com reduzidas taxas de juros; maciçamente em segurança, pois de nada adiantaria tecnologia que
→ abertura de conta corrente sem custos; colocasse em risco os usuários e clientes.
→ concessão de cartões de créditos com limites que agradam
os usuários e sem anuidades; As parcerias digitais como forma de cooperação
→ serviços bancários como: transferências, pagamentos, segu- É notória a presença crescente das Startups e Fintechs em par-
ros e investimentos; cela significativa do mercado financeiro, e a principal causa desse
→ atendimento remoto e muito ágil, facilitando a rotina dos crescimento, é sem dúvida, a facilitação na contratação de serviços
usuários, já que não é necessário atendimento presencial, ou seja, ou na aquisição de produtos do segmento.
agradável ao público a que se destina. Nesse cenário de crescimento digital no ramo dos negócios, os
bancos no movimento de observar os players do mercado tecno-
Diante dessas facilidades, verifica-se o crescimento das Star- lógico (aqui definidos como grupos com muita expertise no ramo,
tups e Fintechs por atuarem e buscarem parcela de clientes não investidores em mercados não tão promissores, mas com grande
bancarizados, ou descontentes com a forma de prestação de servi- perspectiva de desenvolvimento), adotam a posição para mitigação
de riscos inerentes à atividade, cuja forma mais comum se dá por
ço bancário tradicional. Parcela de clientes que na maioria das vezes
meio das parcerias.
possui ampla voz ativa no mercado, aliados com contribuição que
Consta-se que muitas das Fintechs ainda não contabilizam lu-
o marketing digital disponibiliza para a expansão crescente deste
cros, por dependerem de aportes pecuniários externos, fator deter-
modelo de negócio.
minante para sua sobrevivência. Os bancos tradicionais conhecedo-
Verifica-se que as Startups e Fintechs possuem hoje presença
res dessa realidade frequentemente firmam parcerias em forma de
mínima no mercado financeiro, porém suficiente para impulsionar
capital x tecnologia, onde injetam recursos financeiros em troca de
as mudanças no segmento, já que disponibiliza facilidades nunca
toda tecnologia desenvolvida para aplicarem em seus negócios. Os
antes vistas na forma de ofertar produtos e serviços financeiros aos
resultados geralmente são de altas performances financeiras.
diversos clientes, que precisam de novidades como medida de atra- Sobre a relação de parceria entre as Fintechs e bancos, a mes-
ção e segurança, e uma forma de fidelização em negócios de alta ma se restringe a preocupação de Fintechs com uma chamada dee-
competitividade. xperiência do cliente, algo que os bancos também estão buscando
Neste cenário, as instituições bancárias tradicionais cientes das alcançar um novo desenvolvimento de serviços.
evoluções tecnológicas buscam moldar-se às tendências de merca- Observa-se que por meio das parcerias se obtêm grande com-
do, para assegurar sua permanência no competitivo mercado finan- partilhamento de informações, e essas permitem o crescimento e
ceiro. fortalecimento das organizações. Importante destacar, que as par-
cerias entre as Fintechs e grandes bancos, ocorrem em formatos
Transformação digital no Sistema Financeiro variados das mais rápidas e pontuais: como maratonas de progra-
mação, conhecidas por hackathons; até níveis mais profundos de
Disruptura do método tradicional de atendimento bancário relacionamento e investimento, exemplo: a constituição de fundos
Sobre a conceituação do termo disruptura, que significa rup- para aporte em startups.
tura ou quebra da continuidade, diante do poder de influência das Os grandes bancos e correlatas do segmento que patrocinam
Startups e Fintechs, os bancos a cada dia criam formas de se ajustar as hackathons (maratonas de programação) buscam encontrar so-
a oferta de produtos e serviços seguindo as tendências de mercado, luções inovadoras para seus produtos e serviços. Complementando
que em termos de avanços tecnológicos muitas mudanças deverão tem-se os aportes financeiros vultosos de grandes bancos e suas
ocorrer para melhorias continuas dos processos. Para tanto, a prá- subsidiárias nos chamados laboratórios de inovação, responsáveis
tica mais adotada pelas instituições financeiras é a implementação pela experimentação de novas tecnologias a serem aplicadas atra-
dos canais digitais. Hoje os principais players do mercado financeiro vés de testes.
estão altamente digitalizados2.

2 https://www.famaqui.edu.br/app/webroot/ojs/index.php/saberes/article/
download/26/25/.

312
OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)
Hoje existe uma única certeza no mercado financeiro: que todo (E) Disponibilizar serviços gratuitos e pacotes padronizados de
grande banco precisa pensar como Fintech se não quiser ser inco- serviços, tais como os exigidos pela Resolução no 3.919, art.
modado por elas. Diante dessa constatação as grandes instituições 2o , inciso I, do Banco Central, é o que define um banco como
bancárias no Brasil, já sinalizaram que entenderam o recado do digital.
mercado, e por conta disso, percebe-se a evolução digital nos ne-
gócios bancários. 3. (BRB – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – IADES – 2019) A respeito
Pode-se afirmar que nesse regime de parceria, os bancos de- das definições de startups e dos respectivos tipos e nichos de atua-
têm uma vantagem em relação às Fintechs, que é o requisito con- ção, assinale a alternativa correta.
fiança. Por representarem solidez no mercado vislumbra-se que ao (A) Startups B2B são as que têm outras empresas como con-
adequarem a tecnologia ao meio digital, podem atingir resultados sumidores finais e, para se manterem competitivas, precisam
sustentáveis e crescentes. Os grandes conglomerados bancários evitar que o respectivo modelo de negócio seja repetível.
despontam na vanguarda da tecnologia digital, modernizando sua (B) Startups são empresas nascentes escaláveis ou não, desde
estrutura de atendimento de forma a proporcionar a melhor expe- que atuem com negócios digitais inovadores e em cenários mi-
riência a seus usuários. nimamente estáveis.
Percebe-se que todo grande banco precisará pensar e agir (C) Toda empresa no respectivo estágio inicial pode ser consi-
como uma Fintech, caso deseje perpetuar no mercado competi- derada uma startup, exceto franqueadas, por se tratarem, na
tivo e altamente digital. Trata-se de um novo processo de gestão verdade, de filiais de empresas cuja marca já é consolidada.
bancária, onde a implementação das tecnologias tem a finalidade (D) Fintechs são bancos digitais que aproveitam o alcance da
de melhorias nos processos, bem como a fidelização com o cliente internet para ofertarem serviços financeiros a um custo menor
de forma a dispor ao público produtos e serviços com segurança e e nos quais o foco está na experiência do usuário. (E) Startups
rapidez. B2B2C são as que atuam com modelos de negócio repetível e
escalável em parceria com outras empresas, visando à realiza-
ção de vendas para o cliente final.
EXERCÍCIOS
4. (BRB – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – IADES – 2019) Acerca de
conceitos e aplicações do design de serviços no contexto bancário,
1. (BRB – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – IADES – 2019) O sistema assinale a alternativa correta.
bancário vem passando por um processo acelerado de transforma- (A) O foco do design de serviços é aprimorar apenas a expe-
ção digital. Entretanto, o nível de maturidade digital varia de banco riência em serviços digitais, como aplicativos móveis, internet
para banco. A respeito desse assunto, assinale a alternativa correta. banking e outros.
(A) Uma característica do banco digital é a realização de proces- (B) Queixas recorrentes de clientes são indicativos de que o de-
sos não presenciais, como o envio de informações e documen- sign de serviço poderia ser aprimorado.
tos por meio digital e a coleta eletrônica de assinatura para a (C) A aplicação correta da metodologia sugere que os especia-
abertura de contas. listas devem se reunir e projetar um design que, posteriormen-
(B) Um banco digital é o mesmo que um banco digitalizado, te, deverá ser seguido por toda a organização.
visto que ambos apresentam o mesmo nível de automação dos (D) Um dos princípios do design de serviços é ser centrado no
processos. ser humano. Entende-se, com isso, que o design deve se con-
(C) A oferta de canais de acesso virtual representa o mais alto centrar apenas na experiência do cliente.
nível de maturidade digital. (E) Soluções móveis devem aplicar apenas o design da experi-
(D) O banco digitalizado dispensa o atendimento presencial e o ência do usuário (ux design), e não o design de serviço.
fluxo físico de documentos.
(E) Por questão de segurança, o banco digital permite a consul- 5. (BRB – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – IADES – 2019) A pesquisa
ta de produtos e serviços financeiros por meio de canais eletrô- Febraban de Tecnologia Bancária 2019 revelou que, entre 2017 e
nicos, mas ainda não permite a contratação. 2018, as transações realizadas por meio de canais digitais cresce-
ram 16%, totalizando 60% das transações bancárias. A respeito do
2. (BRB – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – IADES – 2019) Quanto às uso dos canais digitais, assinale a alternativa correta.
diferenças entre bancos digitalizados e bancos digitais, assinale a (A) O aumento das transações com movimentação financeira
alternativa correta. nos canais digitais evidencia o aumento da confiança do cliente
(A) Um banco digital pode permitir que o próprio cliente ajuste na segurança do canal.
o respectivo limite de transferência ou do cartão de crédito e, (B) A abertura de conta por meio de canal digital somente pode
por medida de segurança, demandar que tal cliente dirija-se a ser efetuada pelo internet banking.
um caixa eletrônico ou agência para concluir o processo. (C) O mobile banking somente pode ser usado para transações
(B) Permitir que o cliente abra a própria conta corrente sem sem movimentação financeira.
precisar sair de casa e não cobrar taxa de manutenção da conta (D) São considerados canais digitais o internet banking, o mobi-
são os únicos requisitos obrigatórios que diferenciam um ban- le banking e os correspondentes no País.
co digital de um banco digitalizado. (E) Internet banking e mobile banking são canais digitais mu-
(C) Para que um banco seja considerado digital, basta que dis- tuamente excludentes, ou seja, o cliente tem que informar ao
ponibilize um ambiente de internet banking e aplicativos mó- banco qual canal quer usar para acessar as transações bancá-
veis, mesmo que, por medida de segurança, seja necessário rias.
instalar softwares de segurança adicionais que possam com-
prometer a experiência do cliente.
(D) Demandar que o cliente se dirija a um caixa eletrônico para
desbloquear o respectivo cartão ou senha de internet é acei-
tável para bancos digitalizados, mas não para bancos digitais.

313
OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)
6. (BRB – ESCRITURÁRIO – MÉDIO – IADES – 2019) Por meio 10. (POLÍCIA FEDERAL – PERITO CRIMINAL FEDERAL – SUPE-
do Comunicado no 33.455/2019, o Banco Central aprovou os re- RIOR – CESPE – 2018) Acerca das consequências que poderão advir
quisitos fundamentais para a implementação do Sistema Financeiro no caso de um cliente não liquidar integralmente, na data do ven-
Aberto (open banking) no Brasil. De acordo com o modelo propos- cimento, o saldo devedor da fatura do seu cartão de crédito, julgue
to, o conceito de open banking refere-se à (ao) os itens a seguir.
(A) integração de plataformas e infraestruturas de sistemas de É permitida a cobrança de juros remuneratórios sobre o saldo
informação para fins de compartilhamento de produtos e ser- devedor não quitado pelo cliente, além de multa e juros de mora,
viços entre as instituições financeiras, sendo vedada a identifi- nos termos da legislação em vigor.
cação do cliente. ( ) CERTO
(B) atribuição de uma nota de crédito ao cliente (credit score), ( ) ERRADO
que poderá ser consultada por qualquer instituição financeira,
mediante prévio consentimento. 11. (POLÍCIA FEDERAL – PERITO CRIMINAL FEDERAL – SUPE-
(C) compartilhamento de dados cadastrais, produtos e servi- RIOR – CESPE – 2018) Acerca das consequências que poderão advir
ços pelas instituições financeiras, mediante prévia autorização, no caso de um cliente não liquidar integralmente, na data do ven-
por meio de sistemas de informações integrados que garantam cimento, o saldo devedor da fatura do seu cartão de crédito, julgue
uma experiência simples e segura ao cliente. os itens a seguir.
(D) inclusão do nome do cliente em um cadastro positivo para Além do crédito rotativo, que permite ao cliente liquidar parcial
fins de compartilhamento de dados, produtos e serviços pelas ou integralmente o seu débito a qualquer momento, outras mo-
instituições financeiras, garantindo ao cliente acesso a taxas de dalidades de crédito em condições mais favoráveis poderão ser-lhe
juros menores. oferecidas a qualquer tempo, antes do vencimento da fatura sub-
(E) implementação de uma interface de integração digital para sequente, com vistas a financiar o saldo devedor remanescente do
compartilhamento de dados entre instituições financeiras, com cartão de crédito.
base no princípio de que os dados pertencem às instituições, e ( ) CERTO
não aos usuários. ( ) ERRADO

7. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – MÉDIO – FGV – 2018) O 12. (CÂMARA MUNICIPAL DE PÉROLA D’OESTE/PR – CONTA-
cartão de crédito é um meio de pagamento que permite ao cliente DOR – SUPERIOR – FAUEL – 2018) Considere a seguinte análise
pagar compras ou serviços até um limite de crédito previamente sobre um interessante aspecto econômico e tecnológico da atua-
definido no contrato de uso do cartão. O ideal é que o cliente sem- lidade e assinale a alternativa que lhe corresponde. “Trata-se de
pre pague suas faturas nas datas acordadas – o valor inteiro ou pelo uma moeda, assim como o real ou o dólar, mas bem diferente dos
menos um percentual do valor devido. Esse procedimento evita: exemplos citados. O primeiro motivo é que não é possível mexer
(A) o cancelamento do cartão de crédito; no bolso da calça e encontrar uma delas esquecida. Ela não existe
(B) o cancelamento da conta-corrente do cliente; fisicamente: é totalmente virtual. O outro motivo é que sua emissão
(C) a entrada no crédito rotativo; não é controlada por um Banco Central. Ela é produzida de forma
(D) a entrada no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC); descentralizada por milhares de computadores, mantidos por pes-
(E) um processo junto ao Banco Central. soas que ‘emprestam’ a capacidade de suas máquinas para criá-las
e registrar todas as transações feitas”. (Exame, 06/02/18, com adap-
8. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – MÉDIO – FGV – 2018) tações).
Acerca dos riscos ligados às chamadas criptomoedas ou moedas (A) Bitcoin.
virtuais, o Banco Central do Brasil, em comunicado de novembro (B) GPS.
de 2017, alertou para questões relacionadas à conversibilidade e ao (C) Iene.
lastro de tais ativos, destacando que não é responsável por regular, (D) Wifi.
autorizar ou supervisionar o seu uso. Assim, é correto afirmar que
seu valor: 13. (FUNPAPA – ARTE EDUCADOR – MÉDIO – AOCP – 2018)
(A) decorre da garantia de conversão em moedas soberanas; “Bitcoin é uma bolha envolta em misticismo tecnológico e termi-
(B) decorre da emissão e garantia por conta de autoridades nará em desastre.” “Bitcoin recua 7% com reguladores colocando
monetárias; contra a parede uma das maiores exchanges do mundo.” Recente-
(C) decorre de um lastro em ativos reais; mente, manchetes como as dispostas, ganharam destaque no ce-
(D) é associado ao tamanho da base monetária; nário internacional. Sobre o assunto, assinale a alternativa correta.
(E) decorre exclusivamente da confiança conferida pelos indiví- (A) Bitcoin é a denominação da moeda de uso oficial em di-
duos ao seu emissor. versos países, impressa pelo Sistema de Reserva Federal dos
Estados Unidos, destacando-se por ter o maior nível de moeda
9. (POLÍCIA FEDERAL – PERITO CRIMINAL FEDERAL – SUPE- circulante no mundo.
RIOR – CESPE – 2018) Acerca das consequências que poderão advir (B) Bitcoins são papéis que representam uma pequena parte do
no caso de um cliente não liquidar integralmente, na data do ven- capital social de uma empresa, podendo ser classificados como
cimento, o saldo devedor da fatura do seu cartão de crédito, julgue ordinários ou preferenciais.
os itens a seguir. (C) A Bitcoin foi criada há 12 anos e sua origem está associada
A parcela não quitada do saldo devedor poderá ser financiada à mineração de cálculos matemáticos. No Brasil, sua emissão é
por meio da modalidade de crédito rotativo, com prazo de vigência controlada pelo Banco Central.
de até doze meses, contados da data do vencimento da fatura não (D) Apesar da resistência de alguns países, a Bitcoin é conside-
paga integralmente. rada um moeda digital, que pode ser recebida e enviada pela
( ) CERTO internet. Sua emissão é realizada de forma descentralizada, ou
( ) ERRADO seja, sem o controle de uma instituição financeira ou de ban-
cos.

314
OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)
(E) Bitcoin é um sistema de crédito que ocorre a partir da vali- 10 CERTO
dação de um banco ou de uma processadora de cartão de cré-
dito. 11 CERTO
12 A
14. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO/SP – AUXILIAR DE SAÚDE
BUCAL – MÉDIO – VUNESP – 2018) Leia o trecho da matéria. Na 13 D
quinta-feira (11.01) o bitcoin, registrou queda significativa após o 14 D
Governo da Coreia do Sul anunciar que discute um plano para ba-
15 B
ni-lo do mercado local, um dos mais importantes do mundo. Nesta
sexta-feira (12.01), foi a vez de instituições do Brasil entrarem na 16 C
lista das autoridades mundiais que estão buscando formas para
regulamentar um ativo cujos preços dispararam no ano passado.
(goo.gl/n2hQWt. Adaptado) Bitcoin é ANOTAÇÕES
(A) uma letra de câmbio emitida pelo governo brasileiro.
(B) uma ação comercializada nas bolsas de valores da China.
(C) um investimento baseado na cotação do ouro no mercado ______________________________________________________
internacional.
(D) uma moeda digital, criada por computadores e que circula ______________________________________________________
apenas na internet.
______________________________________________________
(E) um fundo de ações controlado pelo Banco Central alemão.
______________________________________________________
15. (TRF/3ª. REGIÃO – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – SUPERIOR
– TRF/3ª. REGIÃO – 2018) Sobre bitcoin, assinale a alternativa COR- ______________________________________________________
RETA:
(A) É moeda eletrônica. ______________________________________________________
(B) Não é regulada pelo Bacen (Banco Central do Brasil).
(C) As empresas que negociam ou guardam as chamadas mo- ______________________________________________________
edas virtuais em nome dos usuários, pessoas naturais ou jurídicas,
______________________________________________________
são autorizadas a funcionar pelo Bacen.
(D) É valor mobiliário. ______________________________________________________
16. (TRANSERP/SP– AGENTE ADMINISTRATIVO – MÉDIO – VU- ______________________________________________________
NESP – 2019) . Após a black friday, no fim de novembro, a empresa
de entregas Rappi e a varejista Dafiti passarão a aceitar a moeda ______________________________________________________
virtual como forma de pagamento. Quem está nessa cruzada para
ampliar esse cenário comercial é a fintech brasileira Warp Exchan- ______________________________________________________
ge, que criou a tecnologia de pagamento que recebe e converte a
moeda virtual em reais em até 2 horas. (Revista Exame. 31.10.2018. ______________________________________________________
Adaptado)
______________________________________________________
A moeda virtual a que se refere a notícia é
(A) o boleto flash. ______________________________________________________
(B) o hipercard.
(C) os bitcoins. ______________________________________________________
(D) o e-commerce.
(E) o pague seguro. ______________________________________________________

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GABARITO
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1 A
______________________________________________________
2 D
3 E ______________________________________________________
4 B ______________________________________________________
5 A
_____________________________________________________
6 C
_____________________________________________________
7 C
8 E ______________________________________________________
9 ERRADO ______________________________________________________

315
OS BANCOS NA ERA DIGITAL (PRESENTE E TENDÊNCIAS)
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316
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E
DIVERSIDADE

Ferramentas para acompanhar e medir a satisfação de clientes


SATISFAÇÃO, VALOR E RETENÇÃO DE CLIENTES - Sistemas de reclamações e sugestões: podem ser feitos em
forma de caixa de sugestões, SAC e centrais de atendimento. Esses
Hoje além de elaborar estratégias para atrair novos clientes e sistemas visam melhorar, aperfeiçoar e mudar gestões e serviços
criar transações com eles, as empresas empenham-se em reter os que não estejam de acordo com as necessidades dos clientes.
clientes existentes e construir com eles relacionamentos lucrativos - Pesquisas de satisfação de clientes: São pesquisas realizadas
e duradouros. E para construir esses relacionamentos duradouros é através de empresas contratadas, ou, pela própria empresa interes-
necessário criar valor e satisfazer o cliente de forma superior. sada. Essas pesquisas têm como intuito ouvir, saber e entender a
opinião do público.
Clientes satisfeitos tem maior probabilidade de se tornarem - Compras simuladas: É uma técnica de pesquisa de compre-
clientes fiéis. E clientes fiéis tem maior probabilidade de dar às ins- ensão da satisfação dos clientes. É a simulação de uma compra, ou,
tituições uma participação maior em sua preferência. contratação de um serviço, solicitada pela própria empresa. E serve
para testar a qualidade de atendimento de seus funcionários.
Satisfação - Análise de clientes perdidos: Consiste em analisar os reais mo-
Consiste na sensação de prazer ou desapontamento resultante tivos que fizeram os clientes perdidos deixarem de fazer uso de seus
da comparação do desempenho (ou resultado) percebido de um produtos ou serviços.
produto em relação às expectativas do comprador.
- Cliente insatisfeito: desempenho do produto não alcança ex- Valor
pectativas. Valor para o cliente é a diferença entre o valor total para o
- Cliente satisfeito: desempenho do produto alcança expecta- cliente e o custo total para o cliente.
tivas. O valor total é o conjunto de benefícios que os clientes esperam
- Cliente altamente satisfeito (encantado): supera expectativas. de um determinado produto ou serviço. O custo total é o conjunto
de custos em que os consumidores esperam incorrer para avaliar,
Satisfazer o cliente é ter conhecimento profundo de seus de- obter, utilizar e descartar um produto ou serviço.
sejos. É conseguir entender o que ele quer e atender suas expec- Ou seja, valor total é tudo o que o produto ou serviço represen-
tativas. ta. Os benefícios e qualidades agregam valor ao produto ou serviço.
A satisfação dos clientes não é uma opção, é uma questão de E é isso o que os clientes esperam. Cliente quer valor.
sobrevivência para as empresas. Custo total é o preço que o cliente desembolsa para garantir o
O atendimento é fundamental para o alcance dessa satisfação. produto ou serviço. É a quantia em espécie paga.
Os clientes não procuram apenas preços e qualidade. Eles esperam O valor para o cliente é a diferença entre esses dois. É quando o
mais. Clientes desejam atendimentos personalizados, atenção, ser- cliente tem a percepção que o valor do produto ou serviço é maior
viços de pós-venda e transparência. E atender bem o cliente, signi- do que o preço.
fica antecipar-se às suas necessidades. Exemplo: Um cliente que compra um carro. Se ele chegar a con-
De acordo com o U.S. Office of Consumer Affairs, por cada clusão que o custo do carro compensou e foi menor do que todos os
cliente insatisfeito que reclama, há 16 que não o fazem. Cada clien- benefícios garantidos, como: segurança, conforto e beleza; pronto!
te insatisfeito transmite a sua insatisfação, em média, a um grupo O valor do carro para ele foi maior. E, portanto, esse cliente saiu
de 8 a 16 pessoas. satisfeito, e a probabilidade de construir um relacionamento dura-
Dos clientes insatisfeitos, 91% não voltam à empresa. 95% dos douro será muito maior.
clientes insatisfeitos têm a sensação de que não vale a pena recla-
mar porque não são atendidos. Retenção
É mais provável que o cliente que apresenta reclamação conti- Atrair um cliente não é uma tarefa fácil. E reter, se torna ainda
nue como cliente do que o que não se queixa. Por isso, um cliente mais difícil.
que apresenta queixa deve ser considerado como um elemento fa- Hoje muitas empresas se preocupam em apenas atrair os clien-
vorável. tes. E para isso, traçam várias estratégias para chamar atenção do
Satisfazer um cliente é ouvi-lo, entendê-lo, estreitar o relacio- público. Porém, esquecem-se da importância de retê-los.
namento para que sempre os produtos e serviços sejam ofertados à Atrair significa chamar a atenção, seduzir, aproximar. E isso tem
eles de maneira adequada, consciente e efetiva. que ser feito através de um diferencial. Algo que sobressaia.
Portanto, para satisfazer o cliente, o atendimento da empresa Reter significa manter. Ou seja, mantê-los fiéis. É fazer com
deve destacar-se das demais. Coisas extras devem ser feitas. Tam- que, para esses clientes, a empresa, seus produtos e serviços virem
bém, mostrar preocupação com o problema e interesse à sua ne- referenciais de qualidade.
cessidade são fundamentais para que o cliente queira construir um
relacionamento.

317
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Portanto, atraí-los, significa promover isso à eles. Retê-los, é Há empresas que criam códigos sobre como cuidar da apa-
além de atender essas expectativas, superá-las. E isso, não se faz, rência, entretanto, as que não tem, os profissionais devem ter um
apenas através de produtos de qualidade e bons preços. Reter senso crítico e observar como os colegas e executivos se vestem e
clientes e fideliza-los é um trabalho de relacionamento, que é feito assim ter uma base do que pode ser usado.
através do atendimento. E também, através de suprimento de dúvi- Roupas limpas e discretas, corte de cabelo, barba feita e unhas
das, atendimento de sugestões e críticas. bem cuidadas, fazem parte da etiqueta, não significa ser obrigado
O desafio não é deixar os clientes satisfeitos; vários concorren- a seguir as tendências da moda, mas a maneira de se apresentar
tes podem fazer isso. O desafio é conquistar clientes fiéis. Ou seja, demonstra elegância e respeito.
fideliza-los através de atendimentos que superem as expectativas. Fonte:
Tornando-o um aliado. https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/etiqueta-corporati-
Sabemos, portanto que, atualmente os clientes fazem sua es- va-como-agir-em-diversas-situaes-do-dia-a-dia/
colha com base em suas percepções de qualidade, serviço e valor.
Essa percepção se dá desde o primeiro contato dele com a em- Comunicação
presa e o atendimento.1 Ser um comunicador habilidoso é essencial para ser um bom
administrador e líder de equipe. Mas a comunicação também deve
ser administrada em toda a organização. A cada minuto de cada
ETIQUETA EMPRESARIAL: COMPORTAMENTO, APA- dia, incontáveis bits de informação são transmitidos em uma orga-
RÊNCIA, CUIDADOS NO ATENDIMENTO PESSOAL E nização. Serão discutidas as comunicações de cima para baixo, de
TELEFÔNICO baixo para cima, horizontal e informal nas organizações.
Comunicação de Cima Para Baixo
A comunicação de cima para baixo refere-se ao fluxo de in-
Etiqueta no mundo dos negócios é fundamental. Saber se por- formação que parte dos níveis mais altos da hierarquia da orga-
tar corretamente no ambiente de trabalho é essencial para ser re- nização, chegando aos mais baixos. Entre os exemplos estão um
conhecido dentro de uma empresa e poder aumentar as oportuni- gerente passando umas atribuições a sua secretária, um supervisor
dades ao longo da carreira. Portanto, é preciso estar atento: em um fazendo um anúncio a seus subordinados e o presidente de uma
mercado tão competitivo um bom comportamento pessoal pode empresa dando uma palestra para sua equipe de administração.
ser o diferencial para quem quer se destacar. Os funcionários devem receber a informação de que precisam para
Para ser um profissional qualificado é necessário possuir co- desempenhar suas funções e se tornar (e permanecer) membros
nhecimentos técnicos e profissionais, que envolvem as habilidades leais da organização.
e capacidades na execução das atividades, e também conhecimen- Muitas vezes, os funcionários ficam sem a informação adequa-
tos pessoais, que envolvem o cuidado com a imagem, a postura e o da. Um problema é a sobrecarga de informação: os funcionários
comportamento diante de outras pessoas. A falta de etiqueta pode são bombardeados com tanta informação que não conseguem ab-
comprometer a conquista de um cliente, um grande negócio ou um sorver tudo. Grande parte da informação não é muito importante,
bom emprego. mas seu volume faz com que muitos pontos relevantes se percam.
Quanto menor o número de níveis de autoridade através dos
Atitudes discretas preservam a harmonia do ambiente quais as comunicações devem passar, tanto menor será a perda ou
No trabalho, a pessoa deve ter acima de tudo discrição em seus distorção da informação.
atos, pois certas “brincadeiras” ou comentários podem ofender
outras pessoas e gerar situações constrangedoras. Nestes casos, a Administração da comunicação de cima para baixo
melhor maneira de contornar a situação é pedir desculpas e cuidar Os administradores podem fazer muitas coisas para melhorar a
para que não ocorram novamente. comunicação de cima para baixo. Em primeiro lugar, a administra-
As empresas valorizam as atitudes de seus empregados, como ção deve desenvolver procedimentos e políticas de comunicação.
a postura e o medo de proceder diante dos obstáculos. Saber agir Em segundo lugar, a informação deve estar disponível àqueles que
em momentos difíceis do dia-a-dia representa vantagem competi- dela necessitam. Em terceiro lugar, a informação deve ser comu-
tiva, o que demonstra que o empregado tem um bom senso e está nicada de forma adequada e eficiente. As linhas de comunicação
preparado para representar a empresa em qualquer ocasião. devem ser tão diretas, breves e pessoais quanto possível. A infor-
Todas as atitudes que incomodam as pessoas são consideradas mação deve ser clara, consistente e pontual - nem muito precoce
falta de respeito e por isso deve haver uma série de cuidados, como nem (o que é um problema mais comum) muito atrasada.
por exemplo: não bater o telefone, falar alto, importunar seu cole-
ga com conversas e perguntas o tempo todo, entre outros. Comunicação de Baixo Para Cima
Ser elegante em um ambiente de trabalho e bem educado, não A comunicação de baixo para cima vai dos níveis mais baixos
significa bajular todo mundo e sim ser cortês, simpático e sociável. da hierarquia para os mais altos.
Isto certamente facilitará a comunicação e tornará o convívio mais Os administradores devem facilitar a comunicação de baixo
agradável e saudável. para cima.
Mas os administradores devem também motivar as pessoas a
Cuidar da aparência é imprescindível fornecer informações valiosas.
A maneira de se vestir influencia de forma decisiva na relação
profissional. A utilização de roupas inadequadas pode fazer com
que as pessoas se sintam pouco à vontade ao seu lado e mante-
nham distância.
A roupa depende muito do ambiente de trabalho que o profis-
sional atua, pois existem empresas com ambientes mais formais e
outras nem tanto.
1 Por João Henrique Rafael Junior

318
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Comunicação Horizontal PRONÚNCIA DAS PALAVRAS
Muita informação precisa ser partilhada entre pessoas do mes-
mo nível hierárquico. Essa comunicação horizontal pode ocorrer Quando se fala em comunicação interna organizacional, auto-
entre pessoas da mesma equipe de trabalho. Outro tipo de comu- maticamente relaciona ao profissional de Relações Públicas, pois
nicação importante deve ocorrer entre pessoas de departamentos ele é o responsável pelo relacionamento da empresa com os seus
diferentes. Por exemplo, um agente de compras discute um pro- diversos públicos (internos, externos e misto).
blema com um engenheiro de produção, ou uma força-tarefa de As organizações têm passado por diversas mudanças buscan-
chefes de departamento se reúne para discutir uma preocupação do a modernização e a sobrevivência no mundo dos negócios. Os
particular. maiores objetivos dessas transformações são: tornar a empresa
Especialmente em ambientes complexos, nos quais as decisões competitiva, flexível, capaz de responder as exigências do mercado,
de uma unidade afetam a outra, a informação deve ser partilhada reduzindo custos operacionais e apresentando produtos competi-
horizontalmente. tivos e de qualidade.
A reestruturação das organizações gerou um público interno
Comunicação Formal e Informal de novo perfil. Hoje, os empregados são muito mais conscientes,
As comunicações organizacionais diferem em sua formalidade. responsáveis, inseridos e atentos às cobranças das empresas em
As comunicações formais são oficiais, episódios de transmissão de todos os setores. Diante desse novo modelo organizacional, é que
informação sancionados pela organização. Podem mover-se de bai- se propõe como atribuição do profissional de Relações Públicas ser
xo para cima, de cima para baixo ou horizontalmente, muitas vezes o intermediador, o administrador dos relacionamentos institucio-
envolvendo papel. nais e de negócios da empresa com os seus públicos. Sendo assim,
A comunicação informal é menos oficial. fica claro que esse profissional tem seu campo de ação na política
A função de controle está relacionada com as demais funções de relacionamento da organização.
do processo administrativo: o planejamento, a organização e a di- A comunicação interna, portanto, deve ser entendida como
reção repercutem nas atividades de controle da ação empresarial. um feixe de propostas bem encadeadas, abrangentes, coisa sig-
Muitas vezes se torna necessário modificar o planejamento, a orga- nificativamente maior que um simples programa de comunicação
nização ou a direção, para que os sistemas de controle possam ser impressa. Para que se desenvolva em toda sua plenitude, as empre-
mais eficazes. sas estão a exigir profissionais de comunicação sistêmicos, abertos,
A avaliação intimida. É comum os gerentes estarem ocupados treinados, com visões integradas e em permanente estado de aler-
demais para se manterem a par daquilo que as pessoas estão fa- ta para as ameaças e oportunidades ditadas pelo meio ambiente.
zendo e com qual grau de eficiência. É quando gerentes não sabem Percebe-se com isso, a multivariedade das funções dos Rela-
o que seu pessoal está fazendo, não podem avaliar corretamente. ções Públicas: estratégica, política, institucional, mercadológica,
Como resultado, sentem-se incapazes de substanciar suas impres- social, comunitária, cultural, etc.; atuando sempre para cumprir os
sões e comentários sobre desempenho - por isso evitam a tarefa. objetivos da organização e definir suas políticas gerais de relacio-
Mas quando a seleção e o direcionamento são feitos correta- namento.
mente, a avaliação se torna um processo lógico de fácil implemen- Em vista do que foi dito sobre o profissional de Relações Públi-
tação. Se você sabe o que seu pessoal deveria fazer e atribui tare- cas, destaca-se como principal objetivo liderar o processo de comu-
fas, responsabilidades e objetivos com prazos a cada funcionário nicação total da empresa, tanto no nível do entendimento, como
especificamente, então você terá critérios com os quais medir o no nível de persuasão nos negócios.
desempenho daquele indivíduo. Nessa situação, a avaliação se tor-
na uma simples questão de determinar se, e com que eficiência, Pronúncia correta das palavras
uma pessoa atingiu ou não aquelas metas. Proferir as palavras corretamente. Isso envolve:
Os gerentes costumam suor que se selecionarem boas pessoas - Usar os sons corretos para vocalizar as palavras;
e as direcionarem naquilo que é esperado, as coisas serão bem fei- - Enfatizar a sílaba certa;
tas. Eles têm razão. As coisas serão feitas, mas se serão bem feitas e - Dar a devida atenção aos sinais diacríticos
quanto tempo levará para fazê-las são fatores incertos. A avaliação
permite que se determine até que ponto uma coisa foi bem feita e Por que é importante?
se foi realizada no tempo certo. De certa forma, a avaliação é como A pronúncia correta confere dignidade à mensagem que prega-
um guarda de trânsito. Você pode colocar todas as placas indica- mos. Permite que os ouvintes se concentrem no teor da mensagem
doras de limite de velocidade do mundo: não serão respeitadas a sem ser distraídos por erros de pronúncia.
não ser que as pessoas saibam que as infrações serão descobertas Fatores a considerar. Não há um conjunto de regras de pronún-
e multadas. cia que se aplique a todos os idiomas. Muitos idiomas utilizam um
Isso parece lógico, mas é surpreendente quantos gerentes alfabeto. Além do alfabeto latino, há também os alfabetos árabe,
adiam continuamente a avaliação enquanto se concentram em cirílico, grego e hebraico. No idioma chinês, a escrita não é feita por
atribuições urgentes mas, em última análise, menos importantes. meio de um alfabeto, mas por meio de caracteres que podem ser
Quando a avaliação é adiada, os prazos também são prorrogados, compostos de vários elementos.
porque funcionários começam a sentir que pontualidade e qualida- Esses caracteres geralmente representam uma palavra ou par-
de não são importantes. Quando o desempenho cai, mais respon- te de uma palavra. Embora os idiomas japonês e coreano usem ca-
sabilidades são deslocadas para o gerente - que, assim, tem ainda racteres chineses, estes podem ser pronunciados de maneiras bem
menos tempo para direcionar e avaliar funcionários. diferentes e nem sempre ter o mesmo significado.

319
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Nos idiomas alfabéticos, a pronúncia adequada exige que se Pronúncia de números telefonicos
use o som correto para cada letra ou combinação de letras. Quando O número de telefone deve ser pronunciado algarismo por al-
o idioma segue regras coerentes, como é o caso do espanhol, do garismo.
grego e do zulu, a tarefa não é tão difícil. Contudo, as palavras es- Deve-se dar uma pausa maior após o prefixo.
trangeiras incorporadas ao idioma às vezes mantêm uma pronúncia Lê-se em caso de uma sequencia de números de tres em tres
parecida à original. Assim, determinadas letras, ou combinações de algarismos, com exceção de uma sequencia de quatro numeros jun-
letras, podem ser pronunciadas de diversas maneiras ou, às vezes, tos, onde damos uma pausa a cada dois algarismos.
simplesmente não ser pronunciadas. Você talvez precise memo- O número “6” deve ser pronunciado como “meia” e o número
rizar as exceções e então usá-las regularmente ao conversar. Em “11”, que é outra exceção, deve ser pronunciado como “onze”.
chinês, a pronúncia correta exige a memorização de milhares de Veja abaixo os exemplos
caracteres. Em alguns idiomas, o significado de uma palavra muda 011.264.1003 – zero, onze – dois, meia, quatro – um, zero –
de acordo com a entonação. Se a pessoa não der a devida atenção zero, tres
a esse aspecto do idioma, poderá transmitir ideias erradas. 021.271.3343 – zero, dois, um – dois, sete, um – tres, tres –
Se as palavras de um idioma forem compostas de sílabas, é im- quatro, tres
portante enfatizar a sílaba correta. Muitos idiomas que usam esse 031.386.1198 – zero, tres, um – tres, oito, meia – onze – nove,
tipo de estrutura têm regras bem definidas sobre a posição da sí- oito
laba tônica (aquela que soa mais forte). As palavras que fogem a Exceções
essas regras geralmente recebem um acento gráfico, o que torna 110 -cento e dez
relativamente fácil pronunciá-las de maneira correta. Contudo, se 111 – cento e onze
houver muitas exceções às regras, o problema fica mais complica- 211 – duzentos e onze
do. Nesse caso, exige bastante memorização para se pronunciar 118 – cento e dezoito
corretamente as palavras. 511 – quinhentos e onze
Em alguns idiomas, é fundamental prestar bastante atenção 0001 – mil ao contrario
aos sinais diacríticos que aparecem acima e abaixo de determina-
das letras, como: è, é, ô, ñ, ō, ŭ, ü, č, ç. Atendimento telefônico
Na questão da pronúncia, é preciso evitar algumas armadilhas. Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocutor
A precisão exagerada pode dar a impressão de afetação e até de se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da utili-
esnobismo. O mesmo acontece com as pronúncias em desuso. Tais zação de um canal de comunicação a distância. É preciso, portanto,
coisas apenas chamam atenção para o orador. Por outro lado, é que o processo de comunicação ocorra da melhor maneira possível
bom evitar o outro extremo e relaxar tanto no uso da linguagem para ambas as partes (emissor e receptor) e que as mensagens se-
quanto na pronúncia das palavras. Algumas dessas questões já fo- jam sempre acolhidas e contextualizadas, de modo que todos pos-
ram discutidas no estudo “Articulação clara”. sam receber bom atendimento ao telefone.
Em alguns idiomas, a pronúncia aceitável pode diferir de um Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações para
país para outro — até mesmo de uma região para outra no mesmo o atendimento telefônico:
país. Um estrangeiro talvez fale o idioma local com sotaque. Os di- • não deixar o cliente esperando por um tempo muito longo.
cionários às vezes admitem mais de uma pronúncia para determi- É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retornar a
nada palavra. Especialmente se a pessoa não teve muito acesso à ligação em seguida;
instrução escolar ou se a sua língua materna for outra, ela se bene- • o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem de
ficiará muito por ouvir com atenção os que falam bem o idioma lo- se empenhar em explicar corretamente produtos e serviços;
cal e imitar sua pronúncia. Como Testemunhas de Jeová queremos • atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo que o
falar de uma maneira que dignifique a mensagem que pregamos e atendente não possa fornecer, é importante oferecer alternativas;
que seja prontamente entendida pelas pessoas da localidade. • agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia” ou “bo-
No dia-a-dia, é melhor usar palavras com as quais se está bem a-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição são
familiarizado. Normalmente, a pronúncia não constitui problema atitudes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o nome
numa conversa, mas ao ler em voz alta você poderá se deparar com do cliente e tratá-lo pelo nome transmitem a ideia de que ele é im-
palavras que não usa no cotidiano. portante para a empresa ou instituição. O atendente deve também
esperar que o seu interlocutor desligue o telefone. Isso garante que
Maneiras de aprimorar. Muitas pessoas que têm problemas de ele não interrompa o usuário ou o cliente. Se ele quiser comple-
pronúncia não se dão conta disso. mentar alguma questão, terá tempo de retomar a conversa.
Em primeiro lugar, quando for designado a ler em público, con-
sulte num dicionário as palavras que não conhece. Se não tiver prá- No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal
tica em usar o dicionário, procure em suas páginas iniciais, ou finais, para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso que
a explicação sobre as abreviaturas, as siglas e os símbolos fonéticos o atendente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas deman-
usados ou, se necessário, peça que alguém o ajude a entendê-los. das de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso correto da
Em alguns casos, uma palavra pode ter pronúncias diferentes, de- língua portuguesa e a qualidade da dicção também são fatores im-
pendendo do contexto. Alguns dicionários indicam a pronúncia de portantes para assegurar uma boa comunicação telefônica. É fun-
letras que têm sons variáveis bem como a sílaba tônica. Antes de damental que o atendente transmita a seu interlocutor segurança,
fechar o dicionário, repita a palavra várias vezes em voz alta. compromisso e credibilidade.
Uma segunda maneira de melhorar a pronúncia é ler para al- Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir,
guém que pronuncia bem as palavras e pedir-lhe que corrija seus procedimentos para a excelência no atendimento telefônico:
erros.
Um terceiro modo de aprimorar a pronúncia é prestar atenção
aos bons oradores.

320
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
• Identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém gos- • Concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evi-
ta de falar com um interlocutor desconhecido, por isso, o atenden- tar distrair-se com outras pessoas, colegas ou situações, desvian-
te da chamada deve identificar-se assim que atender ao telefone. do-se do tema da conversa, bem como evitar comer ou beber en-
Por outro lado, deve perguntar com quem está falando e passar a quanto se fala);
tratar o interlocutor pelo nome. Esse toque pessoal faz com que o • Comportamento ético na conversação – o que envolve
interlocutor se sinta importante; também evitar promessas que não poderão ser cumpridas.
• assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que • Atendimento e tratamento
atende ao telefone deve considerar o assunto como seu, ou seja, O atendimento está diretamente relacionado aos negócios de
comprometer-se e, assim, garantir ao interlocutor uma resposta uma organização, suas finalidades, produtos e serviços, de acordo
rápida. Por exemplo: não deve dizer “não sei”, mas “vou imediata- com suas normas e regras. O atendimento estabelece, dessa forma,
mente saber” ou “daremos uma resposta logo que seja possível”. uma relação entre o atendente, a organização e o cliente.
Se não for mesmo possível dar uma resposta ao assunto, o aten-
dente deverá apresentar formas alternativas para o fazer, como: A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada
fornecer o número do telefone direto de alguém capaz de resolver por indicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente a:
o problema rapidamente, indicar o e-mail ou numero da pessoa • competência – recursos humanos capacitados e recursos tec-
responsável procurado. A pessoa que ligou deve ter a garantia de nológicos adequados;
que alguém confirmará a recepção do pedido ou chamada; • confiabilidade – cumprimento de prazos e horários estabele-
• Não negar informações: nenhuma informação deve ser cidos previamente;
negada, mas há que se identificar o interlocutor antes de a for- • credibilidade – honestidade no serviço proposto;
necer, para confirmar a seriedade da chamada. Nessa situação, é • segurança – sigilo das informações pessoais;
adequada a seguinte frase: vamos anotar esses dados e depois en- • facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal de
traremos em contato com o senhor contato;
• Não apressar a chamada: é importante dar tempo ao tem- • comunicação – clareza nas instruções de utilização dos ser-
po, ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e mostrar viços.
que o diálogo está sendo acompanhado com atenção, dando fee-
dback, mas não interrompendo o raciocínio do interlocutor; Fatores críticos de sucesso ao telefone:
• Sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demonstra • A voz / respiração / ritmo do discurso
que o atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada; • A escolha das palavras
• Ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catas- • A educação
trófica: as más palavras difundem-se mais rapidamente do que as Ao telefone, a sua voz é você. A pessoa que está do outro lado
boas; da linha não pode ver as suas expressões faciais e gestos, mas você
• Manter o cliente informado: como, nessa forma de comu- transmite através da voz o sentimento que está alimentando ao
nicação, não se estabele o contato visual, é necessário que o aten- conversar com ela. As emoções positivas ou negativas, podem ser
dente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefone durante reveladas, tais como:
alguns segundos, peça licença para interromper o diálogo e, depois, • Interesse ou desinteresse,
peça desculpa pela demora. Essa atitude é importante porque pou- • Confiança ou desconfiança,
cos segundos podem parecer uma eternidade para quem está do • Alerta ou cansaço,
outro lado da linha; • Calma ou agressividade,
• Ter as informações à mão: um atendente deve conservar • Alegria ou tristeza,
a informação importante perto de si e ter sempre à mão as infor- • Descontração ou embaraço,
mações mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar a • Entusiasmo ou desânimo.
rapidez de resposta e demonstra o profissionalismo do atendente; O ritmo habitual da comunicação oral é de 180 palavras por
• Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga: minuto; ao telefone deve-se reduzir para 120 palavras por minuto
quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa deve aproximadamente, tornando o discurso mais claro.
voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição A fala muito rápida dificulta a compreensão da mensagem e
vai retornar a chamada. pode não ser perceptível; a fala muito lenta pode o outro a julgar
• que não existe entusiasmo da sua parte.
Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitudes no
atendimento telefônico: O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao
• Receptividade - demonstrar paciência e disposição para cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando sua simpa-
servir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns dos tia. Está relacionada a:
usuários como se as estivesse respondendo pela primeira vez. Da • Presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando
mesma forma é necessário evitar que interlocutor espere por res- prontamente a solicitação do usuário;
postas; • Cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cor-
• Atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, di- dialidade;
zer palavras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário, ano- • Flexibilidade – capacidade de lidar com situações não-pre-
tar a mensagem do interlocutor); vistas.
• Empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pro- •
nunciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expressões A comunicação entre as pessoas é algo multíplice, haja vista,
como “meu bem”, “meu querido, entre outras); que transmitir uma mensagem para outra pessoa e fazê-la com-
preender a essência da mesma é uma tarefa que envolve inúmeras
variáveis que transformam a comunicação humana em um desafio
constante para todos nós.

321
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
E essa complexidade aumenta quando não há uma comunica- 13 – Cumpra seus compromissos: um atendente que não tem
ção visual, como na comunicação por telefone, onde a voz é o único responsabilidade de cumprir aquilo que foi acordado demonstra
instrumento capaz de transmitir a mensagem de um emissor para desleixo e incompetência, comprometendo assim, a imagem da
um receptor. Sendo assim, inúmeras empresas cometem erros pri- empresa. Sendo assim, se tiver que dar um recado, ou, retornar
mários no atendimento telefônico, por se tratar de algo de difícil uma ligação lembre-se de sua responsabilidade, evitando esque-
consecução. cimentos.
14 – Tenha uma postura afetuosa e prestativa: ao atender o te-
Abaixo 16 dicas para aprimorar o atendimento telefônico, de lefone, você deve demonstrar para o cliente uma postura de quem
modo a atingirmos a excelência, confira: realmente busca ajudá-lo, ou seja, que se importa com os proble-
mas do mesmo. Atitudes negativas como um tom de voz desinte-
1 - Profissionalismo: utilize-se sempre de uma linguagem for- ressado, melancólico e enfadado contribuem para a desmotivação
mal, privilegiando uma comunicação que transmita respeito e se- do cliente, sendo assim, é necessário demonstrar interesse e inicia-
riedade. Evite brincadeiras, gírias, intimidades, etc, pois assim fa- tiva para que a outra parte se sinta acolhida.
zendo, você estará gerando uma imagem positiva de si mesmo por 15 – Não seja impaciente: busque ouvir o cliente atentamente,
conta do profissionalismo demonstrado. sem interrompê-lo, pois, essa atitude contribui positivamente para
2 - Tenha cuidado com os ruídos: algo que é extremamente a identificação dos problemas existentes e consequentemente para
prejudicial ao cliente são as interferências, ou seja, tudo aquilo que as possíveis soluções que os mesmos exigem.
atrapalha a comunicação entre as partes (chieira, sons de aparelhos 16 – Mantenha sua linha desocupada: você já tentou ligar para
eletrônicos ligados, etc.). Sendo assim, é necessário manter a linha alguma empresa e teve que esperar um longo período de tempo
“limpa” para que a comunicação seja eficiente, evitando desvios. para que a linha fosse desocupada? Pois é, é algo extremamente in-
3 - Fale no tom certo: deve-se usar um tom de voz que seja conveniente e constrangedor. Por esse motivo, busque não delon-
minimamente compreensível, evitando desconforto para o cliente gar as conversas e evite conversas pessoais, objetivando manter, na
que por várias vezes é obrigado a “implorar” para que o atendente medida do possível, sua linha sempre disponível para que o cliente
fale mais alto. não tenha que esperar muito tempo para ser atendido.
4 - Fale no ritmo certo: não seja ansioso para que você não Buscar a excelência constantemente na comunicação huma-
cometa o erro de falar muito rapidamente, ou seja, procure encon- na é um ato fundamental para todos nós, haja vista, que estamos
trar o meio termo (nem lento e nem rápido), de forma que o cliente nos comunicando o tempo todo com outras pessoas. Infelizmente
entenda perfeitamente a mensagem, que deve ser transmitida com algumas pessoas não levam esse importante ato a sério, compro-
clareza e objetividade. metendo assim, a capacidade humana de transmitir uma simples
5 - Tenha boa dicção: use as palavras com coerência e coesão mensagem para outra pessoa. Sendo assim, devemos ficar atentos
para que a mensagem tenha organização, evitando possíveis erros para não repetirmos esses erros e consequentemente aumentar-
mos nossa capacidade de comunicação com nosso semelhante.
de interpretação por parte do cliente.
6 - Tenha equilíbrio: se você estiver atendendo um cliente sem
Resoluções de situações conflitantes ou problemas quanto ao
educação, use a inteligência, ou seja, seja paciente, ouça-o aten-
atendimento de ligações ou transferências
tamente, jamais seja hostil com o mesmo e tente acalmá-lo, pois
O agente de comunicação é o cartão de visita da empresa.. Por
assim, você estará mantendo sua imagem intacta, haja vista, que
isso é muito importante prestar atenção a todos os detalhes do seu
esses “dinossauros” não precisam ser atacados, pois, eles se ma-
trabalho. Geralmente você é a primeira pessoa a manter contato
tam sozinhos.
com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir muito para
7 - Tenha carisma: seja uma pessoa empática e sorridente para
a imagem que irão formar sobre sua empresa. Não esqueça: a pri-
que o cliente se sinta valorizado pela empresa, gerando um clima meira impressão é a que fica.
confortável e harmônico. Para isso, use suas entonações com criati- Alguns detalhes que podem passar despercebidos na rotina do
vidade, de modo a transmitir emoções inteligentes e contagiantes. seu trabalho:
8 - Controle o tempo: se precisar de um tempo, peça o cliente - Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural pos-
para aguardar na linha, mas não demore uma eternidade, pois, o sível. Assim você fala só uma vez e evita perda de tempo.
cliente pode se sentir desprestigiado e desligar o telefone. - Calma:Ás vezes pode não ser fácil mas é muito importante que
9 - Atenda o telefone o mais rápido possível: o ideal é atender você mantenha a calma e a paciência . A pessoa que esta chamando
o telefone no máximo até o terceiro toque, pois, é um ato que de- merece ser atendida com toda a delicadeza. Não deveser apressada
monstra afabilidade e empenho em tentar entregar para o cliente ou interrompida. Mesmo que ela seja um pouco grosseira, você não
a máxima eficiência. deve responder no mesmo tom. Pelo contrário, procure acalmá-la.
10 - Nunca cometa o erro de dizer “alô”: o ideal é dizer o nome - Interesse e iniciativa: Cada pessoa que chama merece aten-
da organização, o nome da própria pessoa seguido ainda, das tra- ção especial. E você, como toda boa telefonista, deve ser sempre
dicionais saudações (bom dia, boa tarde, etc.). Além disso, quando simpática e demonstrar interesse em ajudar.
for encerrar a conversa lembre-se de ser amistoso, agradecendo e - Sigilo: Na sua profissão, às vezes é preciso saber de detalhe-
reafirmando o que foi acordado. simportantes sobre o assunto que será tratado. Esses detalhes são
11 - Seja pró ativo: se um cliente procurar por alguém que não confidenciais e pertencem somente às pessoas envolvidas. Você
está presente na sua empresa no momento da ligação, jamais peça deve ser discreta e manter tudo em segredo. A quebra de sigilo nas
a ele para ligar mais tarde, pois, essa é uma função do atendente, ligações telefônicas é consideradauma falta grave, sujeita às pena-
ou seja, a de retornar a ligação quando essa pessoa estiver de volta lidades legais.
à organização. O que dizer e como dizer
12 - Tenha sempre papel e caneta em mãos: a organização é Aqui seguem algumas sugestões de como atender as chama-
um dos princípios para um bom atendimento telefônico, haja vista, das externas:
que é necessário anotar o nome da pessoa e os pontos principais - Ao atender uma chamada externa, você deve dizer o nome da
que foram abordados. sua empresa seguido de bom dia, boa tarde ou boa noite.

322
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
- Essa chamada externa vai solicitar um ramalou pessoa. Você Informações básicas adicionais
deve repetir esse número ou nome, para ter certeza de que enten- - Ramal: são os terminais de onde saem e entram as ligações
deucorretamente. Em seguida diga: “ Um momento, por favor,” e telefônicas. Eles se dividem em:
transfira a ligação. * Ramais privilegiados: são os ramais de onde se podem fazer
Ao transferir as ligações, forneça as informações que já possui; ligações para fora sem passar pela telefonista
faça uso do seu vocabulário profissional; fale somente o necessário * Ramais semi-privilegiados: nestes ramais é necessário o auxi-
e evite assuntos pessoais. lio da telefonista para ligar para fora.
Nunca faça a transferência ligeiramente, sem informar ao seu * Ramais restritos: só fazem ligações internas.
interlocutor o que vai fazer, para quem vai transferir a ligação, -Linha - Tronco: linha telefônica que ligaa CPCT à central Tele-
mantenha-o ciente dos passos desse atendimento. fônica Pública.
Não se deve transferir uma ligação apenas para se livrar dela. - Número-Chave ou Piloto: Número que acessa automatica-
Deve oferecer-se para auxiliar o interlocutor, colocar-se à disposi- mente as linhas que estãoem busca automática, devendo ser o úni-
ção dele, e se acontecer de não ser possível, transfira-o para quem co número divulgado ao público.
realmente possa atendê-lo e resolver sua solicitação. Transferir o - Enlace: Meio pelo qual se efetuam as ligaçõesentre ramais e
cliente de um setor para outro, quando essa ligação já tiver sido linhas-tronco.
transferida várias vezes não favorece a imagem da empresa. Nesse - Bloqueador de Interurbanos: Aparelho que impede a realiza-
caso, anote a situação e diga que irá retornar com as informações ção de ligações interurbanas.
solicitadas. - DDG: (Discagem Direta Gratuita), serviço interurbano fran-
- Se o ramal estiver ocupado quando você fizer a transferência, queado, cuja cobrança das ligaçõesé feita no telefone chamado.
diga à pessoaque chamou: “O ramal está ocupado. Posso anotar - DDR : (Discagem direta a Ramal) , as chamadas externas vão
o recado e retornar a ligação.” É importante que você não deixe diretopara o ramal desejado, sem passar pela telefonista . Isto só é
uma linha ocupadacom uma pessoa que estáapenas esperando a possível em algumas CPCTs do tipo PABX.
liberação de um ramal. Isso pode congestionar as linhas do equipa- - Pulso : Critério de medição de uma chamada por tempo, dis-
mento, gerando perda de ligações. Mas caso essa pessoa insista em tância e horário.
falar com o ramal ocupado, você deve interromper a outra ligaçãoe - Consultores: empregados da Telems que dãoorientaçãoàs
dizer: “Desculpe-me interrompersua ligação, mas há uma chama- empresas quanto ao melhor funcionamento dos sistemas de tele-
da urgente do (a) Sr.(a) Fulano(a) para este ramal. O (a) senhor (a) comunicações.
pode atender?” Se a pessoa puder atender , complete a ligação, se - Mantenedora: empresa habilitada para prestar serviço e dar
não, diga que a outra ligação ainda está em andamento e reafirme assistência às CPCTs.
sua possibilidade em auxiliar. - Serviço Noturno: direciona as chamadas recebidas nos horá-
Lembre-se: rios fora do expediente para determinados ramais. Só é possível em
Você deve ser natural, mas não deve esquecer de certas forma- CPCTs do tipo PBX e PABX.
lidades como, por exemplo, dizer sempre “por favor” , “Queira des-
culpar”, “Senhor”, “Senhora”. Isso facilita a comunicação e induz a Em casos onde você se depara com uma situação que repre-
outra pessoa a ter com você o mesmo tipo de tratamento. sente conflito ou problema, é necessário adequar a sua reação à
A conversa: existemexpressões que nunca devem ser usadas, cada circunstância. Abaixo alguns exemplos.
tais como girias, meias palavras, e palavras com conotação de inti-
midade. A conversa deve ser sempre mantida em nível profissional. 1ª - Um cliente chega nervoso – o que fazer?
• Não interrompa a fala do Cliente. Deixe-o liberar a raiva.
Equipamento básico • Acima de tudo, mantenha-se calmo.
Além da sala, existem outras coisas necessárias para assegurar • Por nenhuma hipótese, sintonize com o Cliente, em um esta-
o bom andamento do seu trabalho: do de nervosismo.
- Listas telefônicas atualizadas. • Jamais diga ao Cliente: “Calma, o (a) senhor (a) está muito
- Relação dos ramais por nomes de funcionários (em ordem nervoso (a), tente acalmar-se”.
alfabética). • Use frases adequadas ao momento. Frases que ajudam acal-
- Relação dos númerosde telefones mais chamados. mar o Cliente, deixando claro que você está ali para ajudá-lo
- Tabela de tarifas telefônicas.
- Lápis e caneta 2ª – Diante de um Cliente mal-educado – o que fazer?
- Bloco para anotações • O tratamento deverá ser sempre positivo, independente-
- Livro de registro de defeitos. mente das circunstâncias.
• Não fique envolvido emocionalmente. Aprenda a entender
O que você precisa saber: que você não é o alvo.
O seu equipamento telefônico não é apenas parte do seu ma- • Reaja com mais cortesia, com suavidade, cuidando para não
terial de trabalho. É o que há de mais importante. Por isso você parecer ironia. Quando você toma a iniciativa e age positivamente,
deve saber como ele funciona. Tecnicamente, o equipamento que coloca uma pressão psicológica no Cliente, para que ele reaja de
você usa é chamado de CPCT - Central Privada de Comunicação Te- modo positivo.
lefônica, que permite você fazer ligações internas (de ramal para
ramal) e externas. Atualmente existem dois tipos: PABX e KS. 3ª – Diante de erros ou problemas causados pela empresa
- PABX (Private Automatic Branch Exchange): neste sistema, • ADMITA o erro, sem evasivas, o mais rápido possível.
todas as ligaçõesinternas e a maioria das ligações para fora da em- • Diga que LAMENTA muito e que fará tudo que estiver ao seu
presa são feitas pelos usuários de ramais. Todas as ligações que alcance para que o problema seja resolvido.
entram, passam pela telefonista. • CORRIJA o erro imediatamente, ou diga quando vai corrigir.
- KS (Key System): todas as ligações, sejam elas de entrada, de • Diga QUEM e COMO vai corrigir o problema.
saída ou internas, são feitas sem passar pela telefonista • EXPLIQUE o que ocorreu, evitando justificar.

323
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
• Entretanto, se tiver uma boa justificativa, JUSTIFIQUE, mas • Entender que para você o problema apresentado pelo cliente
com muita prudência. O Cliente não se interessa por “justificati- é um entre dezenas de outros; para o cliente não, o problema é
vas”. Este é um problema da empresa. único, é o problema dele.
4ª – O Cliente não está entendendo – o que fazer? • Entender que seu trabalho é este: atender o melhor possível.
• Concentre-se para entender o que realmente o Cliente quer • Entender que você e a empresa dependem do cliente, não
ou, exatamente, o que ele não está entendendo e o porquê. ele de vocês.
• Caso necessário, explique novamente, de outro jeito, até que • Entender que da qualidade de sua REAÇÃO vai depender o
o Cliente entenda. futuro da relação do cliente com a empresa.
• Alguma dificuldade maior? Peça Ajuda! Chame o gerente,
o chefe, o encarregado, mas evite, na medida do possível, que o Ligações: Urbanas, Interurbanas - classes de chamadas e ta-
Cliente saia sem entender ou concordar com a resolução. rifas.
Código da operadora ou prestadora:
5ª – Discussão com o Cliente “Código da Operadora”, como é mais conhecido o Código de
Em uma discussão com o Cliente, com ou sem razão, você sem- Seleção de Prestadora (CSP), são dois dígitos que indicam por qual
pre perde! operadora serão realizadas as chamadas não-locais: interurbanas,
Uma maneira eficaz de não cair na tentação de “brigar” ou interestaduais ou internacionais. As chamadas locais não precisam
“discutir” com um cliente é estar consciente – sempre alerta -, de indicar o código da operadora, somente as chamadas interurbanas,
forma que se evite SINTONIZAR na mesma frequência emocional do interestaduais e internacionais.
Cliente, quando esta for negativa. Exemplos: Dezenas de operadoras oferecem este serviço, e as determi-
nações de tarifas são determinadas de cada uma. O ideal é utilizar
a operadora indicada pelo seu plano na contratação, pois é a que
O Cliente está... Reaja de forma oposta oferece as tarifas mais baratas.

DDD – Discagem Direta à Distância


Falando alto, gritando. O DDD é um sistema que permite a discagem interurbana atra-
Fale baixo, pausadamente. vés da inserção de prefixos regionais. É válido dentro do Brasil. O
Brasil possui atualmente 66 códigos DDD. No Rio Grande do Sul,
Irritado são quatro: 51, 53, 54 e 55, e cada um deles engloba um número
Mantenha a calma. determinado de municípios. É assim em todo o Brasil. Podem ser
aplicadas taxas diferenciadas, na telefonia fixa e móvel, para liga-
ções entre diferentes DDD’s. É importante observar isso na hora da
Desafiando sua contratação, avaliando a sua necessidade de ligações longa-dis-
Não aceite. Ignore o desafio. tância nacionais.

DDI – Discagem Direta Internacional


DDI significa Discagem Direta Internacional. É um sistema de
Ameaçando Diga-lhe que é possível resolver ligação telefônica automática entre chamadas internacionais. Cada
o problema sem a necessidade país possui um código que deve ser acrescentado à discagem para
de uma ação extrema. que a ligação seja completada.O código do Brasil é 55.
Se você for passar o seu telefone para alguém de fora do país,
deverá incluir o DDI (55) e o DDD (da sua região).
Fique atento aos planos de sua operadora e da prestadora para
Ofendendo Diga-lhe que o compreende, que ligações de longa distância (DDD o DDI), visando aproveitar os me-
gostaria que ele lhe desse uma lhores preços.
oportunidade para ajudá-lo. Exemplo:
A ordem é: 00 + código da operadora + código do país + código
da cidade + n° do telefone.
6ª – Equilíbrio Emocional
Uma ligação para Dallas (Código de área: 214), Texas – Estados
Em uma época em que manter um excelente relacionamento
Unidos (Código do país: 1).
com o Cliente é um pré-requisito de sucesso, ter um alto coeficien-
Então ficaria assim: 00+21+1+214+5408730.
te de IE (Inteligência Emocional) é muito importante para todos os
Caso se tenha um parente, amigo ou alguém que se mantenha
profissionais, particularmente os que trabalham diretamente no
um contato constante, as operadoras vão disponibilizando pacotes
atendimento a Clientes.
promocionais que diminuem os custos.
Você exercerá melhor sua Inteligência Emocional à medida que:
Fazendo ligações interurbanas
• For paciente e compreensivo com o Cliente.
Aprendendo a fazer as ligações internacionais, as ligações na-
• Tiver uma crescente capacidade de separar as questões pes-
cionais são bem mais fáceis. A Discagem Direta à Distância – DDD,
soais dos problemas da empresa.
é a ligação entre os Estados do Brasil, de qualquer cidade de um
• Entender que o foco de “fúria” do Cliente não é você, mas,
estado para qualquer outra cidade em outro estado.
sim, a empresa. Que você só está ali como uma espécie de “para-
Exemplo:
-raios”.
A ordem é: 0 + código da operadora + código de área + nº do
• Não fizer pré julgamentos dos clientes.
telefone.
• Entender que cada cliente é diferente do outro.
Numa ligação de qualquer cidade de Pernambuco para Fortale-
za no Ceará (código de área 85).

324
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Então ficaria assim: 0 + 21 + 85 + 32241520. - + número do telefone desejado
Fazendo ligações locais Exemplo:
Os Estados possuem mais de um código de área e devido a isso Se você deseja ligar para o telefone 1234.5678, em Nova Ior-
é necessário que a ligação seja feita como interurbana, pois houve que, você deverá discar:
uma mudança do código de área. Já as ligações locais são as mais Prefixo internacional (00) + operadora (21, se for Embratel) +
comuns e ele ocorre quando você liga para um telefone que está 1 (código do país, no caso Estados Unidos) + 212 (código da cidade,
na sua cidade. no caso Nova Iorque) + 1234.5678 (telefone desejado). O núme-
Exemplo de ligação local: ro, completo, ficou assim: 0021121212345678. Alguns países não
Número do telefone – somente isso: 9999-2888. têm códigos específicos para as cidades. Nesse caso utilize apenas
Quando é dentro do mesmo Estado mas mudam os códigos de o 00+Operadora+Código do País+Telefone (suprima o código da ci-
área entre as cidades se faz assim: 0 + código da operadora + código dade).
de área + número do telefone. Existem alguns países que possuem telefones alfanuméricos
0 + 21 + 14 + 33715505 (composto de letras e números). Assim, apresentamos abaixo a ta-
São Paulo é um grande exemplo, pois pelo tamanho e popula- bela para conversão:
ção do estado, possui vários DDD´s, entre eles: 11, 13, 14, 15, entre Canadá e Estados Unidos ==> ABC (2); DEF (3); GHI (4); JKL (5);
outros. MNO (6); PRS (7); TUV (8) e WXY (9).
Exemplo: O telefone AFJ-1234, onde o A (2), o F (3) e o J (5),
Fazendo ligações a cobrar você deve discar 235-1234, precedido dos critérios quanto ao códi-
Para fazer ligações a cobrar, apenas se coloca o número 9 go internacional, da prestdora, do país e da área.
(nove) na frente de todos os dígitos, no caso de ligações a longa França e Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e
distância. E nas locais coloca-se 9090 na frente dos números do te- País de Gales) ==> ABC (2); DEF (3); GHI (4); JKL (5); MN (6); PRS (7);
lefone. TUV (8); WXY (9) e O, Q (0).
Exemplo: Exemplo: O telefone ANQ-1234, você deve discar 260-1234.3
Ligações à cobrar de longa distância: 9 + 0 + código da operado- Lista telefônica
ra + código de área + nº do telefone. Lista telefônica ou lista telefónica é uma publicação destinada
Ligações locais: 9090 + número do telefone.2 à divulgação de informações sobre assinantes do serviço de telefo-
nia. Há basicamente quatro seções nas listas telefônicas: seção de
DDD assinantes; seção de classificados; seção de endereços e seção de
A discagem direta a distância (DDD) é o sistema adotado para compras e serviços.
discagem interurbana automática através da inserção de prefixos A primeira lista telefônica do mundo foi publicada em 21 de
regionais e posteriormente de operadoras de longa distância e que fevereiro de 1878 em New Haven, estado de Connecticut, nos Esta-
se tornou possível graças à automação dos sistemas de telefonia. dos Unidos. Ela possuía apenas 50 nomes de empresas e casas de
No Brasil começou a ser implantada em 1969, mas começou a ser negócios que tinham um telefone.
implantada em grande escala nas centrais telefônicas brasileiras a A história das listas telefônicas no Brasil faz parte, naturalmen-
partir da década de 70. No início dos anos 90 o sistema estava pra- te da história da telefonia no país. No dia 13 de outubro de 1880,
ticamente instalado em todas as cidades brasileiras. constituiu-se nos Estados Unidos a Telephone Company of Brazil,
Atualmente existem dezenas de operadoras que oferecem o instalada em janeiro de 1881 à Rua da Quitanda, com a finalida-
serviço no Brasil e no mundo: de de estabelecer um serviço telefônico completo no Brasil. Nesta
Operadoras no Brasil mesma ocasião, a companhia publicou aquela que seria a primeira
-Algar Telecom – 12 lista telefônica, cujo original está na Biblioteca Nacional e que o
- Oi (Nos seguintes estados: AC, DF, GO, MT, MS, PR, RO, RS, Museu das Telecomunicações tem microfilmada.
SC e TO) – 14 Em 1883, ano que ficou pronta a primeira linha interurbana
- Vivo – 15 ligando o Rio de Janeiro a Petrópolis, o Rio já tinha 5.000 assinantes
- Aerotech – 17 distribuídos em cinco estações. Com tal número de assinantes, uma
- Embratel (Claro) – 21 lista telefônica bem feita passava a ser essencial para o bom funcio-
- Oi (Nos seguintes estados: AL, AM, AP, BA, CE, ES, MA, MG, namento do serviço telefônico, facilitando ao usuário encontrar o
PA, PB, PE, PI, RN, RJ, RR e SE) – 31 número de telefone de outros usuários.
- Convergia – 32 Naturalmente, com tal estabilidade, maior atenção foi dada
- TIM – 41 pela operadora ao aperfeiçoamento das listas para facilitar o tráfe-
- Sercomtel – 43 go eletrônico. O enriquecimento do conteúdo das mesmas, com a
- Nextel - 99 inclusão de anúncios, além de facilitar a consulta, fornece informa-
ções sobre os estabelecimentos, os produtos e os serviços ofereci-
DDI dos, proporcionando uma dimensão adicional à utilidade da lista.
Critérios: No Brasil é função da ABL - Associação Brasileira de Listas Tele-
Para se efetuar ligações internacionais, você deve entender fônicas representar a categoria econômica das editoras de listas te-
primeiramente o funcionamento do sistema. O número é compos- lefônicas perante os Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, em
to de: todo território nacional, sem fins lucrativos. Segundo as normas da
- prefixo internacional DDI (00 sempre) ABL, para ser considerada editora de listas telefônicas a pessoa jurí-
- + prefixo da prestadora, se houver (21 - Embratel; 41 - TIM; dica deve executar, por si ou por terceiros, a produção, editoração,
51 Telefonica) comercialização de inserções e anúncios para publicação nas listas
- + código do país (veja lista abaixo dos principais países) telefônicas e ou guias informativos e distribuição dos exemplares.
- + código da cidade
2 Fonte: www.coladaweb.com/www.todamateria.com.br/www.prestus.
com.br/www.blog.triway.net.br/www.luis.blog.br 3 Fonte: www.pt.wikipedia.org/www.portalbrasil.net

325
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Versão online A maioria das secretárias eletrônicas modernas possuem um
As Listas Telefônicas On-line são versões on-line das tradicio- sistema para saudação. O proprietário pode gravar sua própria
nais listas impressas produzidas por editoras especializadas em mensagem que será reproduzida para quem ligar, ou utilizar-se
todo o mundo. As funcionalidades das listas on-line são semelhan- da mensagem-padrão instalada de fábrica (normalmente bilíngüe,
tes às tradicionais, incluem listagens alfabéticas de empresas que sendo o inglês o segundo idioma) caso não queira gravar uma. Em
podem ser pesquisas por nome da empresa, tipo de atividade, geral, secretárias eletrônicas podem ser programadas para atender
produto ou serviço. Diferentemente das listas impressas limitadas uma ligação após certo número de toques. Isto é útil se o proprie-
por espaço físico, as versões on-line permitem através de um único tário estiver aguardando uma determinada chamada e não desejar
meio (Internet) obter informações sobre centenas de milhares de atender a todos os que ligam.4
empresas ao redor do mundo, bem como obter informações adi-
cionais sobre o perfil das empresas e seus produtos e serviços. Uma A postura profissional
das vantagens das versões on-line é que elas são atualizadas diaria-
mente, permitindo maior precisão das listagens já que informações É o comportamento adequado dentro das organizações, na
podem ser alteradas a qualquer momento. qual busca seguir os valores da empresa para um resultado posi-
Por exemplo: Se um visitante on-line procura um restaurante tivo.
francês em uma determinada cidade, ele obtêm um mapa interati-
vo da região. Se este restaurante pagou para a editora colocar in- A importância da qualidade
formações adicionais sobre seus serviços, o visitante pode também As mudanças no mundo, em geral, estão cada vez mais contí-
saber outras informações, como se são aceitos cartões “American nuas aceleradas e, principalmente, diversificadas. Isso se deve ao
Express” ou se o restaurante serve “Bouillabaise”. fenômeno da globalização, aos avanços tecnológicos, à preocupa-
ção com a saúde e o meio ambiente, entre outros fatores.
Lista telefônica eletrônica Tanto os profissionais como as empresas precisam adequar
Listas telefônicas eletrônicas são disponibilizadas para sua ins- seu perfil para atender a essas novas mudanças, inclusive se ajus-
talação e utilização em mais variadas e diversas plataformas como tando às exigências do mercado, cada vez maiores. Para superar os
computadores, tablets ou celulares, necessitando-se ou não de novos desafios impostos pela realidade e atender às expectativas
uma fonte de Internet para realizar uma procura. As buscar são fei- dos clientes, as empresas precisam de profissionais competentes e
tas através de uma pesquisa que faz a filtragem em um banco de que realizem suas atividades com qualidade.
dados contendo informações e principalmente o contato do núme- Mas, afinal, o que é qualidade? Qualidade, na linguagem cor-
ro de telefone fornecido para uma determinada empresa, indús- porativa, é uma das condições para se ter sucesso e, hoje em dia,
tria, profissional liberal, repartição pública e residências. significa um dos diferenciais competitivos mais importantes. Ou
Nas mais atuais são usados aplicativos para Android, IOS e Win- seja, é um conjunto de características que distinguem, de forma
dowsPhone, como o da LTB Lista Telefônica Brasil, Lista Mais, Guia positiva, um profissional ou uma empresa dos demais e que agre-
Fácil, Telelistas ou Verfone, o qual possui cadastros telefônicos da gam valor ao seu trabalho.
maior parte do país. Para se manter competitivo no mercado e ter um diferencial, o
Um exemplo comum é o CD-ROM de instalação para o compu- profissional precisa realizar suas atividades corretamente. Apenas
tador da Lista Telefônica VerFone. a qualidade técnica, porém, não assegura o lugar no mercado. O
grande desafio do profissional de qualquer área de atuação é saber
Listas telefônicas brasileiras se relacionar bem (tratar as pessoas adequadamente, mostrar-se
O Brasil possui inúmeras empresas publicadoras de listas te- disponível e acessível, ser gentil), ter um comportamento compa-
lefônicas, sendo algumas: Guiatel, LTB Lista Telefônica Brasil, Lista tível com as regras e valores da empresa e se comunicar bem (se
Mais, Superlista, VerFone, Guia Fácil, Telelistas, MinhaBoituva, Lista fazer entender pelos outros, escrever bem, saber ouvir).
telefônica, EPIL, Guia Mais, Ache Certo, Lista BR, Lista Metropolita- Por fim, vale ressaltar: estamos falando de um conceito dinâ-
na e Listel, Lista Total, TeleNumeros, Onde Comprar, entre outras. mico, ou seja, cada empresa tem o seu. Fique atento: o que re-
presenta qualidade para uma empresa não necessariamente o é
Secretária eletrônica para outra. Portanto, ao iniciar qualquer experiência profissional,
Uma secretária eletrônica ou atendedor de chamadas (ou ainda procure entender quais são as competências valorizadas naquele
atendedor automático) é um dispositivo para responder automati- ambiente de trabalho. Investir nelas é o primeiro passo para reali-
camente chamadas telefônicas e gravar mensagens deixadas por zar suas tarefas com qualidade.
pessoas que ligam para um determinado número, quando a pessoa
chamada não pode atender o telefone. Diferentemente do correio As novas exigências
de voz, o qual é um sistema centralizado ou intercomunicante que Aqueles que pretendem ingressar no mercado de trabalho já
realiza uma função similar, uma secretária eletrônica é instalada na devem ter escutado de professores, pais ou pessoas mais experien-
propriedade do cliente, ao lado ou incorporada ao telefone dele. tes que “a concorrência está cada vez mais acirrada” e que “é preci-
Enquanto as primeiras secretárias eletrônicas usavam tecno- so se preparar”, e os recém-chegados ao mundo corporativo já po-
logia de fita magnética, equipamentos mais modernos usam me- dem ter constatado esse fato. Mas o que isso significa na prática?
mórias solid state. Fitas magnéticas ainda são utilizadas em muitos Há quem ache que “se preparar” está diretamente ligado à es-
dispositivos de baixo custo. Nos dias de hoje, todavia, secretárias colha do curso superior e ao desempenho na faculdade, mas não
eletrônicas que usam fitas não podem ser mais encontradas com é de todo verdade: isso é o primeiro passo, mas não garante uma
facilidade nas lojas. vaga no mercado.

4 Fonte: www.pt.wikipedia.org

326
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Dia após dia, surgem novas tecnologias e formas de se execu- Ao integrar uma equipe de trabalho, um dos primeiros passos
tar melhor uma tarefa e, com elas, relações de trabalho que exigem a serem dados é procurar compreender a rotina da organização.
uma nova postura profissional — a de desenvolver as “habilidades” Ter uma visão global das atividades que a organização desenvolve
necessárias para enfrentar os desafios propostos. Na verdade, algu- é indispensável para um bom desempenho e, principalmente, para
mas dessas habilidades só ganharam destaque recentemente, en- a conquista da autonomia. Para tanto, é fundamental atenção con-
quanto outras apenas mudaram de foco, atualizando-se. Vejamos tínua aos processos. Com isso, você pode compreender o seu papel
algumas delas: na equipe e na organização, além de entender como os setores in-
• Seja parceiro da educação. Uma boa postura profissional exi- teragem e qual a função e inter-relação de cada um, considerando
ge uma boa educação, ou seja, respeitar os demais, saber se com- o conjunto.
portar em público, honrar os compromissos e prezar pela organiza- Conhecer a rotina de sua equipe e da empresa permite otimizar
ção no ambiente de trabalho. e sistematizar suas atividades. Além disso, você pode administrar
• Mantenha sempre uma boa aparência. Não é necessário es- melhor o seu tempo, identificar e solucionar eventuais problemas
tar sempre elegante, pois uma boa aparência significa saber usar com mais agilidade, bem como propor alternativas para aprimorar
a roupa certa no lugar certo. Devemos saber nos vestir de acordo a qualidade do trabalho, sempre com o foco nos resultados.
com que o local de trabalho nos solicita, sabendo sempre o que é Sem a compreensão dos processos, é menos provável perceber
certo e o que é errado para cada ambiente. o seu papel na organização. Resultado: mais desperdício, menos
• Cumprir todas as tarefas. Isso não é somente uma questão produtividade. Evite sempre trabalhar no “piloto automático”. Isso
de bom senso, mas também uma questão de comprometimento pode acarretar retrabalho, gasto desnecessário de energia e recur-
profissional. Desenvolver as tarefas que lhe são atribuídas é um sos, não-cumprimento de prazos, burocratização e baixa competiti-
ponto positivo que acaba também sendo avaliado por gestores do vidade. Em síntese: prejuízo para você e para a empresa.
colaborador. Portanto, para satisfazer às exigências do mercado, é cada vez
• Ser pontual. Faça o seu trabalho de maneira correta e cum- mais importante possuir uma visão global do ambiente de trabalho.
pra os horários planejados, mantendo sempre a pontualidade para Conhecer a rotina da organização e manter atenção aos processos
os compromissos marcados. só trazem ganhos para ambas as partes: para o profissional, maior
• Respeitar os demais colegas de trabalho. Não é necessário competitividade e possibilidade de agilizar soluções e, para a em-
ter estima por todos os colegas de trabalho, mas respeitá-lo é uma presa, equipes mais integradas e que falam a mesma língua. Para o
obrigação. Não apenas no ambiente de trabalho, mas em demais conjunto, melhores resultados.5
situações cotidianas. Por isso, respeitar as diferenças e os limites no
relacionamento com os outros é fundamental. A aprendizagem, como já vimos, pressupõe uma busca cria-
• Aceitar opiniões. É importante saber escutar, opinar e acei- tiva da inovação, ao mesmo tempo em que lida com a memória
tar opiniões diferentes, pois essa atitude acaba levando as pessoas organizacional e a reconstrói. Pressupõe, também, motivação para
a também entenderem o seu ponto de vista, sem que este seja im- aprender. E motivação só é possível se as pessoas se identificam
posto ao demais. e consideram nobres as missões organizacionais e se orgulham de
• Autocrítica e interesse. Ao ter uma preocupação constante fazer parte e de lutar pelos objetivos. Se há uma sensação de que
em melhorar, dificilmente se terá problemas com relação a postura é bom trabalhar com essa empresa, pode-se vislumbrar um cresci-
profissional, pois essa preocupação constante em melhorar é um mento conjunto e ilimitado. Se há ética e confiança nessa relação,
ponto que leva a melhoria contínua nas carreiras profissionais. se não há medos e se há valorização à livre troca de experiências
• Espera-se que todo profissional tenha um preparo básico, e saberes.
mas o novo profissional deve demonstrar também esforço e inte- Nesse aspecto, é possível perceber que a comunicação organi-
resse incansáveis para aprender. zacional pode se constituir numa instância da aprendizagem pois,
• É necessário ter um ânimo permanente, disposição para o se praticada com ética, pode provocar uma tendência favorável
trabalho e para correr atrás do que se quer. à participação dos trabalhadores, dar maior sentido ao trabalho,
• O profissional de hoje deve demonstrar disponibilidade e boa favorecer a credibilidade da direção (desde que seja transparen-
administração do seu tempo e das suas tarefas. te), fomentar a responsabilidade e aumentar as possibilidades de
• Muitas organizações começam a mostrar interesse em inves- melhoria da organização ao favorecer o pensamento criativo entre
tir na capacitação de seus funcionários, mas, para isso, é preciso os empregados para solucionar os problemas da empresa (Ricarte,
uma sólida relação de confiança mútua. 1996).
• A ética é fundamental no trabalho. Sem seriedade, nenhuma Para Ricarte, um dos grandes desafios das próximas décadas
relação profissional pode dar certo. será fazer da criatividade o principal foco de gestão de todas as em-
presas, pois o único caminho para tornar uma empresa competitiva
Há, ainda, outras características que certamente podem contar é a geração de ideias criativas; a única forma de gerar ideias é atrair
pontos positivos na hora da contratação ou mesmo na convivência para a empresa pessoas criativas; e a melhor maneira de atrair e
diária no ambiente de trabalho: uma boa rede de contatos; per- manter pessoas criativas é proporcionando-lhes um ambiente ade-
sistência (uma vez que a vontade, por si só, às vezes não basta); quado para trabalhar.
cuidado com a aparência; assiduidade e pontualidade. A Conexão Esse ambiente adequado pressupõe liberdade e competência
Profissional, na terceira edição da série Desafios para se tornar um para comunicar. Hoje, uma das principais exigências para o exer-
bom profissional, trata de mais um dos desafios dos recém-chega- cício da função gerencial é certamente a habilidade comunicacio-
dos ao mundo corporativo: a atenção aos processos e às rotinas nas nal. As outras habilidades seriam a predisposição para a mudança e
organizações. para a inovação; a busca do equilíbrio entre a flexibilidade e a ética,
a desordem e a incerteza; a capacidade permanente de aprendiza-
gem; saber fazer e saber ser.

5 Por Rozilane Mendonça

327
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Essa habilidade comunicacional, porém, na maioria das empre- Para encontrarmos maior crescimento, a disponibilidade em
sas, ainda não faz parte da job-description de um executivo. É ainda aprender se faz necessária. Só aprendemos aquilo que queremos
uma reserva do profissional de comunicação, embora devesse ser e quando queremos.
encarada como responsabilidade de todos, em todos os níveis. Nas relações humanas, nada é mais importante do que nossa
O desenvolvimento dessa habilidade pressupõe, antes de tudo, motivação em estar com outro, participar na coordenação de cami-
saber ouvir e lidar com a diferença. É preciso lembrar: sempre ape- nhos ou metas a alcançar.
nas metade da mensagem pertence a quem a emite, a outra me- Um fato merecedor de nossa atenção é que o homem necessi-
tade é de quem a escuta e a processa. Lasswell já dizia que quem ta viver com outros homens, pela sua própria natureza social, mas
decodifica a mensagem é aquele que a recebe, por isso a necessi- ainda não se harmonizou nessa relação.
dade de se ajustarem os signos e códigos ao repertório de quem vai Lewin (1965) considerou o grupo como o terreno sobre o qual
processá-los. o indivíduo se sustenta e se satisfaz. Um instrumento para satis-
Pode-se afirmar, ainda, que as bases para a construção de um fação das necessidades físicas, econômicas, políticas, sociais, etc.·.
ambiente propício à criatividade, à inovação e à aprendizagem es-
tão na autoestima, na empatia e na afetividade. Sem esses elemen- Comportamento
tos, não se estabelece a comunicação nem o entendimento. Embo-
ra durante o texto tenhamos exposto inúmeros obstáculos para o As organizações contemporâneas têm percebido a importân-
advento dessa nova realidade e que poderiam nos levar a acreditar, cia do comportamento organizacional como fator competitivo nos
tal qual Luhman (1992), na improbabilidade da comunicação, acre- últimos tempos.
ditamos que essa é uma utopia pela qual vale a pena lutar. Atualmente, devido aos avanços em tecnologia e informação,
Mas é preciso ter cuidado. Esse ambiente de mudanças, que as pessoas têm tido maiores oportunidades de se desenvolver e se
traz consigo uma radical mudança no processo de troca de infor- tornar diferenciais no mercado de trabalho em termos de conheci-
mações nas organizações e afeta, também, todo um sistema de mento técnico, por exemplo.
comunicação baseado no paradigma da transmissão controlada de Porém, o conhecimento técnico não é o único responsável por
informações, favorece o surgimento e a atuação do que chamo de gerar diferencial no mercado de trabalho. É possível o trabalhador
novos Messias da comunicação, que prometem internalizarem nas de forma geral ter muito conhecimento sobre o que faz, ter habili-
pessoas os novos objetivos e conceitos, estimularem a motivação e dade para realizar, mas não ter atitude para fazer, o que depende
o comprometimento à nova ordem de coisas, organizarem rituais da decisão do mesmo.
de passagem em que se dá outro sentido aos valores abandonados As empresas por sua vez, têm uma importante tarefa neste
e introduz-se o novo. contexto. Cada empresa tem seu grupo de crenças, valores e prin-
Hoje, não é raro encontrar-se nos corredores das organizações cípios que formam sua cultura organizacional. Esta cultura é de-
profissionais da mudança cultural, agentes da nova ordem, verda- monstrada a partir do comportamento das pessoas dentro da orga-
deiros profetas munidos de fórmulas infalíveis, de cartilhas ilumi- nização. A tarefa das empresas diante desta realidade, geralmente
nistas, capazes de minar resistências e viabilizar uma nova cultura e do setor de RH ou gestão de pessoas, é de alinhar o mais próximo
que se autodenominam reengenheiros da cultura. possível, o comportamento do colaborador dentro da empresa e
Esses profissionais se aproveitam da constatação de que a co- até fora dela, em atuação pelo trabalho, ao comportamento espe-
municação é, sim, instrumento essencial da mudança, mas se es- rado pela organização de acordo com sua cultura organizacional.
quecem de que o que transforma e qualifica é o diálogo, a experi- Comportamento organizacional é o estudo do comportamento
ência vivida e praticada, e não a simples transmissão unilateral de dos indivíduos e grupos em situação de trabalho e seus impactos
conceitos, frases feitas e fórmulas acabadas tão próprias da chama- no ambiente empresarial. O estudo desses comportamentos está
da educação bancária descrita por Paulo Freire. relacionado a fatores de grande influência nos resultados alcan-
E a viabilização do diálogo e da participação tem de ser uma çados pelas empresas como: liderança, estruturas e processos de
política de comunicação e de RH. A construção e a viabilização grupo, percepção, aprendizagem, atitude, adaptação às mudanças,
dessa política é, desde já, um desafio aos estrategistas de RH e de conflito, dimensionamento do trabalho, entre outros que afetam
comunicação, como forma de criar o tal ambiente criativo a que os indivíduos e as equipes organizacionais.
Ricarte de referiu e viabilizar, assim, a construção da organização Os relatórios gerados pelo estudo do comportamento organi-
qualificante, capaz de enfrentar os desafios constantes de um mun- zacional geram para os gestores, poderosas ferramentas que au-
do em mutação, incerto e inseguro. xiliam na melhor administração diante da complexidade existente
Em Sociologia, um grupo é um sistema de relações sociais, de devido à diversidade, globalização, contínuas mudanças, aumento
interações recorrentes entre pessoas. Também pode ser definido dos padrões de qualidade, ou seja, consequências dos avanços de
como uma coleção de várias pessoas que compartilham certas ca- modo geral.
racterísticas, interajam uns com os outros, aceitem direitos e obri- Os setores responsáveis por lutarem por esse alinhamento
gações como sócios do grupo e compartilhem uma identidade co- tão importante usam diversas ferramentas e estratégias para pro-
mum — para haver um grupo social, é preciso que os indivíduos se porcionar os resultados esperados, dente eles estão programas de
percebam de alguma forma afiliados ao grupo. coaching, questionários de perfis comportamentais, BSC com foco
Segundo COSTA (2002), o grupo surgiu pela necessidade de pessoal, PDCA também com foco pessoal, mapeamento de compe-
o homem viver em contato com os outros homens. Nesta relação tências, dentre muitas outras.
homem-homem, vários fenômenos estão presentes; comunicação, Neste processo é necessário que a empresa consiga o máximo
percepção, afeição liderança, integração, normas e outros. À medi- possível, compartilhar com os colaboradores de todos os níveis es-
da que nós nos observamos na relação eu-outro surge uma ampli- tratégicos sua cultura com clareza, de modo que os colaboradores
tude de caminhos para nosso conhecimento e orientação. possam entender e participar praticando a mesma com responsa-
Cada um passa a ser um espelho que reflete atitudes e dá re- bilidade e convicção.6
torno ao outro, através do feedback.

6 Fonte: www.administradores.com.br – Texto adaptado de Deyviane Teixeira

328
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Indivíduos e grupos A categorização inerente à formação das impressões orienta
Fundamentalmente a partir da aprendizagem, o comporta- o nosso comportamento. Ao desenvolvermos expectativas sobre o
mento apresenta uma enorme complexidade e diversidade nas comportamento dos outros a partir das impressões que formamos,
mais diferentes relações que se estabelece com o meio. As intera- isso possibilita-nos planear as nossas ações, o que é um facilitador
ções sociais são aquilo que nos separam dos animais. do processo das interações sociais.
Grande parte da nossa vida gira à volta de instituições sociais
que orientam um novo comportamento. Para além disso, a maior A formação das impressões
parte das interações sociais são orientadas por fatores de ordem Na base da formação das impressões está a interpretação. A
cognitiva, este fatores de carácter cognitivo levam-nos a interpre- maneira como formamos uma impressão tem como base quatro
tar as situações e a organizar as respostas mais adequadas. indícios:
- Físicos – aparência, expressões sociais e gestos. Ex.: se a pes-
Cognição social – conjunto de processos que estão adjacen- soa for magra posso associar a uma personalidade irritável.
tes ao modo como encaramos os outros, a nós próprios e à forma - Verbais – exemplo: o modo como a pessoa fala, surge como
como interagimos. um indicador de instrução
A cognição social refere-se, assim, ao papel desempenhado - Não - verbais – exemplo: vestuário, o modo como a pessoa se
por fatores cognitivos no nosso comportamento social, procurando senta ou gesticula enquanto fala.
conhecer o modo como os nossos pensamentos são afetados pelo - Comportamentais – conjunto de comportamentos. Ex.: o
contexto social. Este processo é uma forma de conhecimento e de modo como os comportamentos são interpretados remete para as
relação com o mundo dos outros. experiências passadas. Daí que o mesmo comportamento possa ter
Como temos uma capacidade limitada de processos de in- significados diferentes para diferentes pessoas.
formação relativa do mundo social, recorremos a esquemas que Teoria implícita da personalidade
representam o nosso conhecimento sobre nos, sobre os outros e Todos nós a partir de poucas informações estamos preparados
sobre o nosso papel no mundo. É a partir desses esquemas que para inferir a personalidade geral de uma pessoa, basta dar duas
processamos a informação sobre o mundo social e que formamos informações e deduzir algo da pessoa.
opiniões sobre nós e sobre os outros.
Processos de cognição social: .O efeito das primeiras impressões
- Impressões A primeira informação é a que tem maior influência sobre as
- Expectativas nossas impressões. Por tanto, a ordem com que conhecemos as ca-
- Atitudes racterísticas de uma pessoa não é indiferente para a formação de
- Representações sociais impressões sobre ela.
Uma das características das primeiras impressões é a sua per-
Impressões sistência, dado que, a partir de algumas informações constituímos
Este processo é o primeiro que temos no primeiro contato com uma ideia geral sobre a pessoa, é muito difícil alterarmos a nossa
alguém que não conhecemos, construímos uma ideia/imagem, so- percepção, mesmo que, recebamos informações que contradizem
bre essa pessoa a partir de algumas características. Isto também a nossa impressão inicial. Á como uma rejeição a entregar novas
acontece com os objetos com que contatamos. Contudo, há dife- informações.
renças assinaláveis quando se trata de pessoas: a produção da im-
pressão é mútua (o outro também tem impressões); por outro lado, Efeito de Halo – se as primeiras impressões forem positivas, te-
a minha impressão afeta o meu comportamento e por tanto, o seu mos tendência a criar algo de bom sobre a pessoa, a idealizar uma
comportamento para comigo. boa relação, sendo que o contrário também se verifica.
Um dos aspectos mais importantes das impressões é a relação Todos nós tendemos a fazer perdurar no tempo as primeiras
interpessoal que se estabelecerá no futuro. Se, alguma das primei- impressões que obtemos de alguém, sendo que essas persistem no
ras impressões for modificada, temos tendência a rejeitar a nova tempo, sendo que tendemos sempre a crer que novas informações
informação, mantendo a que ficou no primeiro encontro. contraditórias sejam submetidas ao crivo (separação das primeiras
impressões).
Impressão e categorização
Para se simplificar o armazenamento de toda a informação, Expectativas
procedemos a um processo de categorização, ou seja, reagrupamos Podemos definir as expectativas como modos de categorizar
os objetos, as pessoas, as situações, a partir daquilo que considera- as pessoas através dos indícios e das informações, prevendo o seu
mos serem as suas diferenças e semelhanças. comportamento e as suas atitudes. As expectativas são mútuas,
isto é, o outro com quem interagimos desenvolve também expec-
No caso das impressões classificamos a pessoa em categorias, tativas relativamente a nós.
esta ideia global vai orientar o nosso comportamento, porque nos Exemplo: ao entrar num tribunal vimos um homem de toga
fornece um esboço psicológico da pessoa em questão. A caracte- preta e deduzimos que seja um advogado ou um juiz. Isto funcio-
rização permite simplificar a complexidade do mundo social. Esta na como um indício que me permitiu incluí-lo numa determina da
categorização contempla três tipos de avaliação: categoria social.
• Afetiva
• Moral
• Instrumental

329
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Na categorização estão envolvidas duas operações básicas: É a partir de uma informação ou convicção a que se atribui um
indução e a dedução. É pela indução que passamos da percepção sentimento que desenvolvo um conjunto de comportamentos.
da toga preta à inclusão daquela categoria. É pela dedução que, a Por exemplo, uma atitude negativa relativamente ao tabaco
partir do momento em que reconhecemos a categoria a que uma pode basear-se numa crença de que há uma relação entre o taba-
pessoa pertence, passamos a atribuir-lhe determinadas caracterís- co e o cancro (componente cognitiva). A pessoa que partilha desta
ticas. Podemos afirmar que, tal como outros processos de cognição crença não gosta do fumo e experimenta sentimentos desagradá-
social, as expectativas formam-se no processo de socialização por veis em ambientes onde as pessoas fumam (componente afetiva).
influência da família, da escola, do grupo de pares, da comunidade A esta atitude estão, associados alguns destes comportamentos: a
social. Estão, portanto, marcadas pelos valores, crenças, atitudes e pessoa não fuma, tenta convencer os outros a não fumar (compo-
normas de um dado contexto social, bem como pela história pes- nente comportamental).
soal.
O facto de não conhecermos o desconhecido leva-nos a cons- Atitudes e comportamentos
truir esquemas interpretativos que organizam a informação que As atitudes não são diretamente observáveis: inferem-se dos
captamos e que estão na base das impressões e das expectativas. comportamentos. Também é possível, a partir de um comporta-
Nós comportamo-nos de acordo com aquilo que pensamos mento, inferir a atitude que esteve na sua origem. Assim, se sou-
que os outros pensam de nós. bermos que uma pessoa tem uma atitude negativa face ao tabaco,
podemos prever a forma como se comportará face a uma campa-
Expectativas, estatuto e papel
nha antitabaco, ou como reagirá se fumarmos junto a ela.
Um exemplo muito claro das expectativas na vida social é por
De igual modo, as reações de uma pessoa face a uma situação
exemplo uma relação entre marido mulher, pais e filhos.
podem permitir prever a atitude que lhe está subjacente.
Ao exercer as funções respectivas, há um conjunto de expecta-
As atitudes são o suporte intencional de grande parte dos nos-
tivas mútuas que regulam as relações.
A cada estatuto corresponde um papel, isto é, um conjunto de sos comportamentos.
comportamentos que esperados de um individuo com determina-
do estatuto. No caso de uma professora nós esperamos que ela Formação e mudança de atitudes
ensine bem. Existe, portanto, uma complementaridade entre esta- As atitudes não nascem conosco, formam-se e aprendem-se
tuto e papel. no processo de socialização. São vários os agentes sociais respon-
Numa sociedade, os papeis sociais prescrevem todos um con- sáveis pela formação das atitudes: os pais e a família, a escola, o
junto de comportamentos, possuem padrões de comportamentos grupo de amigos, a imprensa.
próprios, de tal forma institucionalizados que os seus membros sa- São sobretudo os pais que exercem um papel fundamental na
bem quais as reações que um seu comportamento pode provocar formação das primeiras atitudes nas crianças. A educação escolar
– expectativa de conduta. desempenha, na nossa sociedade, um papel central na formação
Estas experiências (experiência do telefone) mostraram que das atitudes. Na adolescência, tem particular relevo o grupo de
as expectativas positivas geram comportamentos positivos e as ex- amigos.
pectativas negativas geram comportamentos negativos. Atualmente, os meios de comunicação, têm grande influência
na formação de novas atitudes ou no reforço das que já existem.
Atitudes É através da observação, identificação e imitação dos modelos
Uma atitude é uma tendência para responder a um objeto so- que se aprendem, que se formam as atitudes. Esta aprendizagem
cial – situação, pessoa, grupo, acontecimento – de modo favorável ocorre ao longo da vida, mas tem particular prevalência na infância
ou desfavorável. A atitude não é, portanto, um comportamento e na adolescência. Há, contudo, uma tendência para a estabilidade
mas uma predisposição. É uma tomada de posição intencional de das atitudes.
um indivíduo face a um objeto social. As atitudes desempenham Apesar da relativa estabilidade das atitudes, estas podem mu-
um papel importante no modo como processamos a informação do dar ao longo da vida. As experiências vividas pelo próprio podem
mundo social em que estamos inseridos. Permitem-nos interpretar, conduzir à alteração das atitudes. Por exemplo, uma pessoa é a fa-
organizar e processar as informações. É este processo que explica vor da pena de morte pode mudar de atitude porque viu um filme
que, face a uma mesma situação, diferentes pessoas a interpretem que a comoveu, um documentário impressionante. Várias pesqui-
de formas distintas.
sas levadas a cabo por psicólogos sociais nas últimas décadas per-
mitem identificar situações ou fatores que favorecem a mudança
Componentes das atitudes
de atitude.
Construídas ao longo da vida, mas com especial incidência na
infância e na adolescência, as atitudes envolvem diferentes com-
ponentes interligadas. Nas atitudes, podem distinguir-se três com- Dissonância cognitiva
ponentes: Leon Festinger, psicólogo social, levou a cabo uma investigação
- Componente cognitiva – é construída pelo conjunto de ideias, a partir da qual elaborou a teoria da dissonância cognitiva.
de informações, de crenças que se têm sobre um dado objeto so- Sempre que uma informação ou acontecimento contradiz o
cial. É o que consideramos como verdadeiro acerca do objeto. sistema de representações, as convicções, a atitude de uma pessoa,
- Componente afetiva - conjunto de valores e emoções, posi- gera-se um mal – estar e uma inquietação que têm de ser resolvi-
tivas ou negativas, relativamente ao objeto social. Está ligada ao dos: ou se muda o sistema de crenças, ou se reinterpreta a informa-
sistema de valores, sendo a sua direção emocional. ção que a contradiz, ou se reformulam as crenças anteriores.
- Componente comportamental – conjunto de reações, de A dissonância cognitiva é um sentimento desagradável que
respostas, face ao objeto social. Esta disposição para agir de de- pode ocorrer quando uma pessoa sustenta duas atitudes que se
terminada maneira depende das crenças e dos valores que se têm opõem, quando estão presentes duas cognições que não se ade-
relativamente ao objeto social. quam ou duas componentes de atitude que se contradizem. Por
exemplo: a pessoa que gosta de fumar e que sabe que o tabaco

330
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
pode provocar cancro está perante uma dissonância cognitiva que - Função de justificação – permitem explicar e justificar as opi-
lhe pode provocar sentimentos de angústia de contradição ou in- niões e comportamentos dos indivíduos.
consistência. Poderá atenuar a situação: Influência Social
- Mudando as duas convicções; Pelo processo de socialização, integramos normas, valores,
- Alterando a percepção da importância de uma delas; atitudes, comportamentos considerados desejáveis na sociedade a
- Acrescentando uma outra informação; que pertencemos. Todas as pessoas que vivem em sociedade são
- Negando a relação entre as duas convicções/informações. influenciadas pelas outras, mesmo que não tenham consciência
A opção por qualquer uma delas conduz a dissonância cogni- disso.
tiva. Podemos definir influência social como o processo pelo qual
Quanto mais fracas forem as razões para o comportamento as pessoas modificam, afetam os pensamentos, os sentimentos, as
discrepante, maior é o sentimento de dissonância e maior a mo- emoções e os comportamentos de outras pessoas. Este processo
tivação para se modificar a atitude que provoca a inconsistência. decorre da própria interação social, não tendo de ser intencional ou
deliberado. Segundo o psicólogo social W. Doise, influência é: “um
Representações sociais conjunto de processos que modificam as percepções, juízos, atitu-
É através das representações que somos capazes de evocar des ou comportamentos de um indivíduo a partir do conhecimento
uma pessoa, uma ideia e/ou um objeto, na sua ausência. O conceito das percepções, juízos e atitudes dos outros.”
de representação foi alargado por Serge Moscovici, que o caracte-
rizou como um conhecimento que se distingue do conhecimento Processos de influência entre indivíduos
científico, elaborado a partir de modelos sociais e culturais e que A influência social manifesta-se em três grandes processos que
dão quadros de compreensão e de interpretação do real. vamos analisar para compreender o seu efeito no comportamento:
Assim, podemos definir as representações sociais como o con- normalização, conformismo, obediência.
junto das explicitações, das crenças e das ideias que são partilhadas
e aceites coletivamente numa sociedade e são produto das intera- Normalização
ções sociais. Correspondem a determinadas épocas, decorrendo de Através do processo de socialização, integramos um conjunto
um conjunto de circunstâncias socioeconómicas, políticas e cultu- de regras, de normas vigentes na sociedade em que estamos inseri-
rais, podendo, assim, alterar-se. dos e que regulam os comportamentos, dos mais simples aos mais
complexos. As normas estruturam as interações com os outros e
A Elaboração das Representações Sociais são aprendidas nos vários contextos sociais, na sua prática.
As representações são indispensáveis nas relações humanas, As normas são regras sociais básicas que estabelecem o que
uma vez que fazem parte do processo de interação social. Moscovci as pessoas podem ou não podem fazer em determinadas situações
identificou dois processos que estão na sua origem: que implicam o seu cumprimento. As normas são uma expressão
- Objetivação – processo através do qual as representações de influência social. A sua interiorização progressiva ao longo do
complexas e abstratas se tornam simples e concretas. Neste pro- processo de socialização torna-as tão naturais que não nos aperce-
cesso alguns elementos são excluídos/esquecidos e outros valori- bemos da forma como influenciam os nossos pensamentos e com-
zados/desenvolvidos, de forma a explicar a realidade de um modo portamentos.
mais simples. Envolve também o reagrupamento das ideias e ima- As normas, que regulam as relações interpessoais e que refle-
gens. tem o que é socialmente desejável, orientam o comportamento.
- Construção seletiva – os elementos do objeto de uma repre- Definem o que é ou não é desejável, o que é conveniente num dado
sentação são selecionados e descontextualizados, sendo que ape- grupo social, apresentando modelos de conduta.
nas a parte mais importante da informação é mantida. É graças ao conjunto de normas que os comportamentos dos
- Esquematização figurativa – as informações selecionadas são indivíduos de um dado grupo social são uniformizados (toda a gen-
organizadas num «núcleo figurativo», ou seja, são convertidas num te lava os dentes de manha; toda a gente usa talheres para comer,
esquema figurativo simples. etc), o que é uma vantagem, porque sabemos o que podemos es-
- Naturalização – a representação é materializada, o abstrato perar dos outros e o que os outros esperam de nós (prever o com-
torna-se concreto. portamento dos outros).
- Ancoragem – corresponde à assimilação das imagens criadas s normas traduzem os valores dominantes de uma sociedade
pela objetivação. As novas representações juntam-se às anteriores ou de um grupo, constituindo elementos de coesão grupal, dado
formando o «universo de opiniões». que estabelecem um sistema de referência comum: atitudes e pa-
Uma vez ancorada, uma representação social desempenha um drões de comportamentos. As normas são facilitadoras do proces-
papel de filtro cognitivo, isto é, as informações novas são interpre- so de adaptação, pois mantêm-se estáveis no tempo, asseguram ao
tadas segundo os quadros de representação preexistentes. Estão grupo uma identidade.
muito marcadas pela cultura e pela sociedade: a cada época, a cada Na ausência de normas explícitas, reconhecidas coletivamente,
sociedade correspondem representações próprias. os indivíduos que constituem um grupo tentam elaborá-las influen-
ciando-se uns aos outros. A este processo dá-se o nome de norma-
Funções das Representações Sociais lização. Esta necessidade decorre do facto de a ausência de normas
- Função de saber – as representações dão um sentido à rea- ser geradora de desorientação e angústia nos membros do grupo. A
lidade: servem para os indivíduos explicarem, compreenderem e vida em sociedade seria impossível se não houvesse normas: as in-
desenvolverem ações concretas sobre o real. terações sociais seriam imprevisíveis, o que comprometeria a vida
- Função de orientação – são um guia dos comportamentos. social. É pelas normas que prevemos o comportamento dos outros
Prescrevem práticas na medida em que precedem o desenvolvi- e que orientamos o nosso comportamento. São as normas que as-
mento de uma ação. seguram a estabilidade do nosso viver social.
- Função Identitária – permitem ao indivíduo construir uma A falta de cumprimento das normas leva a sanções/castigos,
identidade social, posicionando-se em relação aos outros grupos que são aplicados da sociedade ao individuo.
sociais de pertença ou não-pertença.

331
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Conformismo Assim, o marketing de serviços tem características diferencia-
O conformismo é uma forma de influência social que resulta das do marketing feito para produtos. Sua ênfase se faz no pres-
do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou as suas tador do serviço, com profissionais satisfeitos, bem treinados e
atitudes por efeito da pressão do grupo. produtivos; e no cliente, que pelo desempenho de alta qualidade
Existem factos que influenciam e explicam o conformismo: dos serviços, ficam satisfeitos e se tornam leais e voltam a procurar
- A unanimidade do grupo – o conformismo é maior nos gru- aquele profissional. “A chave é superar as expectativas dos clientes
pos em que há unanimidade. Basta haver no grupo um aliado que quanto á qualidade do serviço. ... Conservar os clientes é a melhor
partilhe uma opinião diferente (pode ser igual à nossa ou não!), medida de qualidade”.(Kotler, 1995 p. 459).
para os efeitos do conformismo serem menores. Na experiência de Pesquisas mostram que um profissional gasta bem menos para
Asch, bastava um dos indivíduos respondesse corretamente, que o manter seus clientes do que obter novos e no setor de serviços esse
nível de conformismo baixa de forma significativa. quesito é muito importante por que a que a maioria da propaganda
- A natureza da resposta – o conformismo aumenta quando a é feita boca a boca, um cliente insatisfeito pode propagar sua insa-
resposta é dada publicamente: a resistência à aceitação da opinião tisfação com o serviço a dezenas de pessoas, com isso os esforços
da maioria é maior quando a privacidade é assegurada (ex. mesas para conseguir novos clientes podem ser em vão.
de voto). O serviço conta com o mesmo mix de marketing de produtos:
- A ambiguidade da situação – a pressão de grupo aumenta Produto /Serviço, Preço, Promoção, e Praça, no entanto, há outras
quando não estamos certos do que é correto. Por isso, é maior o variáveis a ter em consideração: Pessoas; Processos /Procedimen-
conformismo quando as tarefas ou as questões são ambíguas, não tos; e Evidências físicas.
sendo clara e inequívoca a opção (ex. nos testes quando não sabe- Na primeira variável Serviço temos diferentes tipos de design
mos a resposta, metemos o que nos disserem, mesmo que discor- diferenciais do serviço, marca política de garantia; o Preço são as
des parcialmente). formas de pagamento, financiamentos, prestações, descontos; a
- A importância do grupo – quanto mais atrativo for o grupo Promoção são as propagandas, publicidade, relações públicas e
para a pessoa maior é a probabilidade de ela se conformar. A ne- a Praça é o ponto de venda do serviço o canal de distribuição; as
cessidade de pertença ao grupo implica, por parte do individuo, a outras variáveis consideradas em serviços são Pessoas que não é
adopção de comportamentos, normas e valores do grupo. somente o consumidor final, mas qualquer pessoa envolvida na en-
- A autoestima – as pessoas com um nível mais elevado de au- trega do produto, direta ou indiretamente, cada vez é dada mais
toestima são mais independentes do que as que têm uma autoes- importância a um atendimento personalizado, é necessário que os
tima mais baixa. fornecedores de serviços estejam preparados para as necessidades
O conformismo está ligado às normas do grupo, pois o indivi- gerais e individuais dos consumidores.
duo conforma-se em relação às normas do grupo. Processos ou Procedimentos refere-se a todos os procedimen-
As razoes que leva uma pessoa a conformar-se são as mesmas tos de entrega de serviços, incluindo todos os procedimentos aces-
que a levam a fazer parte de grupos: a necessidade de ser aceite, sórios essenciais a uma entrega eficaz do produto.
de interagir com os outros, e de o fazer de forma a terem sentido. Por último temos Evidências físicas, ou seja, ambiente onde é
entregue o serviço, um local acolhedor, confortável, com uma de-
coração adequada ao serviço e ao público que adquire o serviço,
NOÇÕES DE MARKETING DE RELACIONAMENTO são pontos muito importantes.
Reunindo todos estes pontos é possível criar uma campanha
adequada ao tipo de serviços que são fornecidos, garantindo a via-
Atualmente há uma grande procura pelo setor de serviços, di- bilidade das empresas que os fornecem.
ferente de produtos os serviços são intangíveis, ou seja, são ideias, O treinamento também é essencial para esse setor, a persona-
conceitos não é possível que a pessoa pegue o serviço e o leve con- lização do atendimento e o pós-serviço para manter uma relação
sigo. Segundo Kotler (1988, p. 191), “Serviço é qualquer atividade duradoura com o cliente ter uma boa imagem perante o mercado e
ou benefício que uma parte possa oferecer a outra, que seja es- poder se destacar entre os concorrentes.7
sencialmente intangível e não resulte na propriedade de qualquer
coisa. Sua produção pode estar ou não vinculada a um produto fí- Desafios do setor
sico”. Existem algumas características de serviços como, por exem-
plo, eles são intangíveis por esse motivo não podem ser tocados, É consenso afirmar que os serviços diferem dos bens (ou pro-
também são inseparáveis, pois não podem ser separados de seus dutos). São quatros os atributos que representam os desafios para
fornecedores, são variáveis já que um serviço nunca é prestado esse setor. Saber avaliar esses pontos possibilita entender de forma
exatamente igual para mais de uma pessoa e são perecíveis não mais ampla a indústria dos serviços.
podem ser estocados como os produtos. A intangibilidade
Com o crescimento evidente desse setor ocorre uma compe-
tição entre diversas empresas, daí a importância do marketing de Os serviços não podem ser vistos, sentidos nem experimen-
serviços, uma ferramenta que pode destacar uma empresa apre- tados da mesma maneira que um bem tangível. Quem move um
sentar seus diferenciais. processo legal não poderá saber o resultado antes do julgamento,
O marketing de serviços é o conjunto de atividades que ana- por exemplo.
lisam, planejam implementam e controlam medidas objetivadas
a servir a demanda por serviços, de forma adequada, atendendo
desejos e necessidades dos clientes e /ou usuários com satisfação,
qualidade e lucratividade.

7 Fonte: www.administradores.com.br

332
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
A heterogeneidade MKT de Relacionamento

Os serviços são ações executadas, na maioria das vezes, por Atualmente, na área de atendimento, devemos mudar a men-
seres humanos. Assim, não podemos garantir que dois serviços se- talidade de “fechar uma venda” para a de “iniciar um relacionamen-
jam exatamente idênticos. O melhor advogado pode cometer um to com o cliente”. Para que esse relacionamento nos proporcione
engano, o melhor engenheiro pode esquecer um detalhe essencial lealdade, precisamos aprender a dialogar com nossos clientes.
e o melhor médico pode estar enfrentando um dia ruim. Sendo assim, devemos interagir com os nossos clientes, pois
são eles que passam o feedback dos nossos serviços e produtos. É
A geração e o consumo simultâneos necessário conversar, saber a opinião deles e entender quais são as
suas expectativas, para melhor atendê-los.
Os serviços normalmente são vendidos antes de serem gera- Em seu livro “Marketing de Relacionamento”, Vavra menciona
dos e consumidos. Muitas vezes o cliente testemunha ou mesmo alguns dos benefícios que o diálogo com o cliente pode trazer:
participa ativamente do serviço. Um bom exemplo são os cursos de - Abertura para que o cliente dê sugestões para corrigir erros e
graduação, em que alunos e professores desenvolvem as aulas de promover melhorias na empresa;
forma conjunta e colaborativa. - Ideias sobre novos produtos e maneiras de apresentar os pro-
dutos atuais;
A perecibilidade - Despertar um maior interesse no cliente potencial, sem deixá-
-lo aborrecido ou frustrado;
Os serviços não podem ser armazenados ou mesmo devolvi- - Fazer que o cliente sinta-se mais leal e compromissado ao
dos. Alguns médicos cobram consultas de que pacientes se ausen- fazer negócios com a empresa;
tam, pois o valor do serviço existia apenas naquele momento e de- - Agregar valor aos produtos e serviços.
sapareceu quando o paciente não compareceu no horário marcado.
Avaliando cada atributo é possível entender, de forma mais Para Vavra, o contato direto com o cliente é uma das melhores
ampla, a indústria de serviços. Estamos na “Era da Informação” ou maneiras de construir relacionamentos duradouros.
na “Era do Conhecimento”? O que muito se percebe é que estamos Seguem algumas dicas para se aproximar dos seus clientes:
em um momento ímpar em que a internet invade nosso cotidiano e Deixe no seu estabelecimento uma urna ou uma caixa de su-
muda nossas vidas. Um mundo em que informação e conhecimen- gestões para que o cliente compartilhe suas opiniões sobre a loja
to transformados em inteligência geram diferenciação competitiva ou informe sobre algum produto que esperava adquirir, mas não
por meio de serviços. encontrou. Não é necessário que o cliente se identifique, pois dessa
forma ele se sentirá mais à vontade para fazer sua avaliação.
Serviço e tecnologia Devemos nos preocupar, principalmente, com aqueles que não
reclamam, pois esses vão embora e não retornam. Os clientes que
Mas afinal o que são serviços? São ações e resultados produzi- demonstram sua insatisfação são os que desejam ainda manter um
dos por uma entidade ou pessoa para outra entidade ou pessoa, na relacionamento com sua empresa.
intenção da gerar valor para quem o recebe, evidenciando sua con- Interaja com seus clientes.
dição de ser produzido e consumido concomitantemente, tornando – Em uma loja de roupas, por exemplo, você pode, median-
o prestador de serviço e o consumidor coprodutores dos resultados te autorização, tirar fotos de suas clientes (com as roupas da loja)
obtidos, sejam bons ou ruins. e colocá-las em um mural ou postá-las no Facebook, marcando a
Ótimos exemplos são serviços de manicure, cursos, investi- cliente. Dessa forma, todos os seus amigos a verão e isso será, au-
mentos financeiros, transportes, turismo ou mesmo assistência tomaticamente, uma propaganda da sua loja. Seja uma consultora
médica. de moda, estude moda, as tendências e auxilie sua cliente. Dê dicas
Nesses casos, se o cliente não for participativo, dando informa- de modas, enviei e-mail, ou use o face e watsapp para informar di-
ções importantes, tirando dúvidas e executando as recomendações cas de moda. Ofereça um curso de moda para suas principais clien-
sugeridas, o serviço não terá certamente os resultados desejados. tes que pode ser abordado assuntos como uso de roupa para cada
Mas os serviços não se limitam às empresas de serviços. Eles ocasião, o certo e errado, como usar acessórios com determinados
podem ser o grande diferencial de qualquer segmento da econo- tipos de roupas.
mia. E é a partir desse quadro que a tecnologia da informação abra- – Em restaurantes, barzinhos, cafeterias ou pizzarias, você
ça completamente os serviços, sendo sua grande incentivadora. pode pedir que o cliente crie um drink ou um prato, que levará seu
A tecnologia da informação molda o setor de serviços e exerce nome. Chame um chefe de cozinha para ensinar pratos diferentes e
influência nunca antes observada no mundo dos negócios. Ela cria dicas de culinárias, e convide seus principais clientes.
oportunidades para novos produtos, tornando viáveis, além de – Envie um cartão no aniversário do cliente ou em outras datas
acessíveis, rápidas e lucrativas, formas distintas para a oferta de comemorativas.
serviços existentes. – No dia 15 de setembro, dia do cliente, dê brindes, cartões de
A tecnologia da informação transforma ações básicas, como agradecimento, descontos ou chame seus clientes para um café ou
pagamentos, solicitações, agendamentos, vendas e comunicação, chá da tarde especial.
mudando completamente a experiência do cliente. A compra de – Faça uso de cartões fidelidade. Pode ser utilizado em salões
uma geladeira pode ser realizada dentro de casa com apenas dois de beleza, lojas, restaurantes etc.
cliques, por exemplo.8 – Valorize aquele cliente que faz indicações e propaganda gra-
tuita do seu estabelecimento. Dê um presente ou um grande des-
conto.

8 Fonte: www.sebrae.com.br

333
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
– Utilize um sistema de gerenciamento de dados com infor- Programas de fidelidade
mações dos seus clientes, com suas últimas compras, preferências,
datas de aniversário etc. Ligue ou envie e-mails para falar das no- Essa estratégia pode garantir um bom retorno. Para iniciar o
vidades, descontos ou até mesmo convidá-los para participar de planejamento, é preciso pensar em alguns pontos importantes: o
eventos. Faça pós venda não deixa o cliente esquecer de você. tipo de premiação, as regras de funcionamento, pontuação, sof-
Atualmente, também é possível utilizar as redes sociais para tware para acompanhamento do programa etc. Um programa de
interagir com os clientes. Elas nos proporcionam esse contato mais fidelidade atrativo deve ser de fácil entendimento, utilização e ofe-
próximo, que podemos utilizar a nosso favor. Utilize também o recer prêmios que sejam de interesse do cliente.
WhatsApp para falar sobre lançamentos de produtos ou sobre um
novo cardápio.9 Interações em redes sociais

Marketing de Relacionamento: Fidelizar o Criar perfis nas redes sociais, postar conteúdo regularmente
cliente e melhorar a reputação da sua marca e estimular a interação são ações fundamentais para conquistar o
cliente que vive conectado e trocando informações a todo o mo-
Em algum momento da sua carreira de empreendedor, você mento. Já falamos aqui no blog sobre a importância do Marketing
já deve ter ouvido a frase: “É mais difícil manter um cliente do que Digital para o seu negócio, confira abaixo mais dicas para aplicar
conquistá-lo”. Os dois processos são desafiadores, claro, mas fide- em seu dia a dia:
lizar um cliente exige um conjunto de estratégias diferenciadas, o - Faça, no mínimo, um post por dia;
que conhecemos no mercado como marketing de relacionamento. - Responda às dúvidas na própria rede social, não peça para o
Entenda o que é Marketing de Relacionamento cliente enviar e-mail ou ligar (se for um assunto particular, respon-
da por inbox);
O que é marketing de relacionamento: - Crie enquetes ou faça perguntas, para criar interação;
- Publique vídeos.
Trata-se de ações realizadas pela empresa com o objetivo de
manter o cliente próximo. Diante da concorrência, que oferece os Lembrança de aniversário
mesmos produtos a preços equivalentes, é necessário se destacar
na memória das pessoas. Além disso, um cliente fidelizado também Mande um e-mail simpático no aniversário, cumprimentando
realiza o famoso “boca a boca”, criando uma boa reputação da sua seu cliente ou até mesmo oferecendo um desconto no dia. Tem
empresa e alavancando seu negócio. uma grande carteira de clientes e acha que não vai lembrar do ani-
O marketing de relacionamento promove essa ligação afetiva, versário de todos eles? Deixe de se preocupar com isso! Seu siste-
por meio de algumas estratégias que veremos ao longo do texto. ma de gestão comercial pode avisá-lo de todas as datas importan-
Antes, é importante lembrar que para realizar um bom planeja- tes e ações que devem ser realizadas diariamente.
mento, é necessário conhecer muito bem sua base de clientes, seus Se você ainda não se deu conta sobre o que é Marketing de
gostos e necessidades. Você pode obter essas informações por um Relacionamento, pense que ele é muito semelhante a uma amizade
software para gestão comercial, pesquisas de satisfação, entre ou- ou namoro: quem é amigo lembra do seu aniversário!10
tras ações.
Identifique quais são aqueles que fazem negócio com mais fre- Os requisitos básicos para que uma empresa possa praticar o
quência e que fazem diferença no seu faturamento e monte uma marketing de relacionamento são: estratégias utilizadas e os bene-
estratégia diferenciada. Esses clientes precisam de um acompanha- fícios alcançados com estas estratégias, a partir daí as empresas
mento mais personalizado e próximo, para que essa relação seja devem trabalhar cada vez mais o relacionamento, para obter uma
duradoura e sempre vantajosa. vantagem competitiva, reduzindo custos, além de conquistas de
clientes fiéis e satisfeitos aumentando a estabilidade da empresa,
Estratégias utilizadas pelo marketing de relacionamento comprovando que o foco no relacionamento traz resultados muito
positivos.
Confira algumas das estratégias de marketing de relaciona- O objetivo maior das empresas atualmente é reter o cliente já
mento mais utilizadas e como aplicá-las em seu negócio: que isso significa maximizar o lucro a longo prazo e durante esse
período em que o cliente se relaciona com a organização poderá
Atendimento de qualidade trazer novos clientes, seus amigos e familiares.
Conclui-se, portanto que, para manter seus clientes fieis, é ne-
Pode parecer óbvio, mas é sempre bom lembrar como um cessário que a empresa possua foco estratégico, conquiste a con-
bom atendimento é essencial para fidelizar o cliente. Afinal, o que é fiança dos seus clientes, invista nos funcionários, se preocupe com
Marketing de Relacionamento se não conquistar a confiança de seu detalhes, cuide constantemente de sua imagem e utilize o marke-
cliente mostrando proximidade e interesse em ajudá-lo sempre? ting de relacionamento.11
De acordo com uma pesquisa realizada pela revista Pequenas Em-
presas, Grandes Negócios, 61% das pessoas afirmam que receber
um bom atendimento é mais importante do que o valor ou quali-
dade do produto. Por isso, invista nos canais de contato e na capa-
citação do seu time.
A fidelização depende de esforços diários para ajudar seu clien-
te a ter aquilo que ele busca

10 Fonte: www.agendor.com.br
9 Fonte: www.administradores.com.br – Por Vanessa Urbini 11 Fonte: www.rhportal.com.br

334
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Relacionamento com diversos públicos nas Organizações Além de outras ações como:
 Transparência: é um fator essencial para a conquista da
Qual o conceito de Públicos e quais os existentes? credibilidade, é um dos tributos básicos na prática da Comunicação
Para Cândido Teobaldo: público é “o agrupamento espontâneo Interna, pois, necessariamente, ela é o ponto de partida para se
de pessoas adultas ou grupos sociais organizados, com ou sem con- estabelecer vínculos de confiança aceitação do público interno para
tigüidade física, com abundância de informações, analisando uma com a empresa.
controvérsia, com atitudes e opiniões múltiplas quanto à solução  Informação em primeira mão: é fator estratégico que os
ou medidas a serem tomadas frente a ela; com ampla oportunidade funcionários sejam os primeiros a conhecer novas posturas, produ-
de discussão e acompanhamento ou participando do debate geral, tos e informações da empresa. Isso faz com que eles se sintam par-
através da interação social ou dos veículos de comunicação, à pro- te importante do negócio, bem como contribui para uma imagem
cura de uma atitude comum, expressa em uma decisão ou opinião e um clima de trabalho positivos. Os colaboradores costumam ser
coletiva, que permitirá a ação conjugada”. o primeiro público afetado pelas decisões das organizações. Nada
J.B. Pinho, com base na definição de Teobaldo, afirma que uma mais justo e inteligente, portanto, informá-los em primeira mão.12
organização tem como seus públicos aqueles grupos que desfrutam
de ampla liberdade de informação e discussão e que se voltam para CRM - “Customer Relationship Management” (Gestão de Re-
essa organização a fim de externar suas opiniões e posições diante lacionamento com o Cliente)
de controvérsias e questões de interesse. A determinação da iden-
tidade de cada grupo nas suas relações com as instituições vai se Muitas pessoas, ainda hoje, confundem a sigla CRM com um
dar pelo interesse público, que representa um elo entre eles. tipo de software ou aplicativo de vendas, quando, na verdade, a
A classificação clássica dos públicos de uma organização ba- gestão de relacionamento com clientes vai muito além disso.
seia-se no critério de proximidade física, no nível de relacionamen-
to que os públicos mantêm com a organização e na existência de Manter um bom relacionamento com os clientes depende de
interesses em comum. Segundo essa classificação, os públicos de uma série de fatores: destacamos alguns deles neste post!
uma organização podem ser divididos em: Como diria o conceituado autor Ronald Swift, vice-presidente
 Público interno: os empregados de todos os níveis da or- da NCR Corpotation:
ganização e seus familiares. Gestão de relacionamento com clientes é uma abordagem em-
 Público externo: consumidores, concorrentes, imprensa, presarial destinada a entender e influenciar o comportamento dos
governo, comunidade e público em geral. clientes, por meio de comunicações significativas para melhorar as
 Público misto: acionistas, distribuidores, fornecedores, compras, a retenção, a lealdade e a lucratividade deles.
revendedores. Segundo Pinho, classificar acionistas, distribuidores, Mas é claro que tudo isso só é possível, nos dias de hoje, com
fornecedores e revendedores como público misto não é uma clas- ajuda da tecnologia, que potencializa todas as habilidades, experi-
sificação consensual. Para o autor, alguns estudiosos classificam ências e conhecimentos dos profissionais de vendas, ao se relacio-
esses públicos como interno, uma vez que esses grupos possuem narem de forma significativa com os clientes e prospects.
ligações estreitas com as organizações e nas suas manifestações se Em outro artigo recente de nosso blog, comentamos a impor-
assemelham às reações do público interno. tância das conversas significativas (ou comunicações significativas,
como citado na definição de Swift) na gestão de relacionamento
Quais são as ações de comunicação possíveis de serem desen- com clientes, e de como elas fazem seu fluxo de vendas gerar mais
volvidas para efetivar o relacionamento com os públicos de uma conversões.
organização? Mas, na postagem de hoje, nosso foco vai além da conversão!
A Comunicação pode agir em diversas áreas na empresa se di- Vamos esclarecer como cada etapa do processo de gestão do rela-
rigindo até mesmo para públicos específicos, permeados por cultu- cionamento com clientes pode tornar esse objetivo mais fácil de se
ras organizacionais distintas. alcançar, de uma forma mais sustentável e lucrativa.
A seleção de ferramentas de Comunicação Interna sempre Para isso, além de consultar diversos autores e artigos, selecio-
deve ser feita de forma planejada e alinhada aos objetivos estraté- namos as seis etapas da gestão do relacionamento com clientes,
gicos da empresa. Para facilitar a avaliação do que implantar suge- conforme são apresentadas pelo próprio Ronald Swift, em seu livro
re-se as seguintes categorias: Como Revolucionar o Marketing de Relacionamento:
 Comunicação Interna Institucional – materiais e campa- 1. Descobrir Clientes
nhas que visam apresentar e posicionar a organização, seus concei- 2. Conhecer os Clientes
tos de missão, visão, valores, políticas e processos. 3. Manter o relacionamento com os clientes
 Veículos de Comunicação Interna – constituídos por ca- 4. Verificar se receberam mesmo o que foi prometido
nais de comunicação estabelecidos de forma permanente, com pe- 5. Assegurar que eles recebam o que desejam em todos os de-
riodicidade e formato definidos e possibilidade de interação entre talhes
emissor e receptor (comunicação de mão dupla). 6. Assegurar que o cliente se mantenha na empresa
 Ações de relacionamento – programas de capacita- Vale lembrar que MKT de Relacionamento é uma visão de lon-
ção para gestores e para agentes de comunicação, por meio de go prazo, totalmente focada em uma gestão de relacionamento
workshops e treinamentos, no sentido de difundir a cultura de com o cliente contínua e duradoura.
comunicação e multiplicar conceitos, ampliando a abrangência e E essa conclusão nos inspirou a trazer uma definição de marke-
divulgando, para além da área de comunicação, a forma como a ting de relacionamento criada por Ian Gordon, autor do livro Geren-
empresa troca suas informações, gerando e compartilhando co- ciando a Nova Relação com o Cliente, para fechar nossa postagem
nhecimento. de hoje:

12 Fonte: www.rhportal.com.br

335
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Marketing de relacionamento é o processo contínuo de iden- Na verdade, os elementos tangíveis do serviço, que podem ser
tificação e criação de novos valores com clientes individuais e o pessoas que nele trabalham, cumprem o papel de reduzir o nível
compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de de dúvida sobre a qualidade do serviço, como dito popularmente,
parcerias “todo serviço é a compra de uma promessa”, isto é somente o con-
Uma vida toda de parcerias: esse é o segredo da gestão de sumidor saberá se o serviço prometido foi cumprido após a experi-
relacionamento com clientes.13 ência obtida no decorrer do serviço. Neste sentido, os tangíveis são
sinalizadores para verificar se pode-se confiar ou não na promessa
do serviço.
NOÇÕES DE IMATERIALIDADE OU INTANGIBILIDADE, Citando um exemplo simples, muitas vezes julga-se a qualidade
INSEPARABILIDADE E VARIABILIDADE DOS PRODUTOS do serviço de um supermercado pela aparência de seus ambien-
BANCÁRIOS tes; um ambiente sujo, comunica má qualidade. Assim, os tangíveis
acabam funcionando como uma “embalagem” do serviço, e, como
Na área da administrativa um serviço é o conjunto de ativida- para os produtos, traduzem muitas vezes a qualidade do que é ofer-
des realizadas por uma organização para responder às expectativas tado, o que será verificado apenas com a prestação do serviço;
e necessidades dos clientes, posto isso, o serviço é definido como
sendo um bem não material. → Inseparabilidade
Esse conceito também permite fazer referência aos serviços Pela característica da Inseparabilidade ou Produção e Consumo
públicos que são pagos pelos contribuintes através de taxas ou im- Simultâneos, o cliente participa do processo de produção, poden-
postos, e ao fornecimento de serviços prestados com vista a satisfa- do não somente participar passivamente, mas também como co-
zer alguma necessidade desde que não consistam na produção de autor do serviço. Nos serviços, o cliente é quem inicia o processo
bens materiais. de produção, pois o serviço só é produzido após sua solicitação/
Serviços são atividades, benefícios ou satisfações que são co- contratação.
locadas à venda ou proporcionados em conexão com a venda de Assim, o grau de contato entre cliente e empresa é maior que
bens. Em outras palavras, o serviço pode ser entendido como as na produção de bens. A inseparabilidade aponta para a seguinte
transações de negócios que acontecem entre um provedor (presta- questão: todo serviço tem um momento em que sua produção e
dor de serviço) e um receptor (cliente) a fim de produzir um resul- consumo são simultâneos, inseparáveis.
tado que satisfaça o cliente14. Como exemplo prático pode-se citar uma aula, ao mesmo tem-
Já os serviços de qualidade são aqueles que atendem perfei- po em que um professor produz sua aula, esta é consumida pelos
tamente, de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo às alunos. Ao mesmo tempo em que o médico produz sua consulta, o
necessidades dos clientes. Dessa forma a organização deve possuir paciente a consome, como cliente do serviço.
um esforço de compromisso com a qualidade do serviço que é ofer- Nesses exemplos, produção e consumo são simultâneos, dife-
tado15. rentemente de uma empresa de produtos, em que claramente exis-
te um momento de produção e um momento de consumo;
Características dos Serviços
Os serviços possuem algumas características específicas que os → Variabilidade
diferenciam dos bens manufaturados e que devem ser considera- Os serviços são variáveis, isto é, os serviços variam e podem
das para uma gestão de serviços eficaz, tais características são elen- variar conforme o prestador do serviço e o cliente. Esta também é
cadas abaixo16: uma característica do serviço, a variabilidade, podendo ser vista sob
um prisma positivo quanto negativo.
→ Intangibilidade Deste modo, uma organização tem pouco ou nenhum controle
Os serviços são intangíveis por natureza, ou seja, eles não po- sobre as ações e atitudes que o cliente assume ao participar da pro-
dem ser tocados ou possuídos pelo cliente como os bens manu- dução do serviço, somado a isto, os funcionários e os outros recur-
faturados. Logo, o cliente vivencia o serviço que lhe é prestado, o sos que interagem com o cliente podem variar significativamente
que torna mais difícil a avaliação do serviço pelo cliente, pois esta em diferentes ocasiões para diferentes ocasiões.
assume um caráter subjetivo. Por isto, muitos autores apontam a variabilidade como mais
Cabe observar que em relação às características intrínsecas ao uma característica específica dos serviços. O prisma positivo da va-
serviço, no que se refere à intangibilidade, embora um serviço não riabilidade é que ela permite a customização, a personalização, o
seja palpável, ele possui diversos elementos tangíveis, perceptíveis. atendimento diferenciado às expectativas de grupos de clientes.
Por exemplo, em uma escola, o ambiente físico, as instalações, os Como exemplos, um palestrante pode adaptar a sua palestra
materiais utilizados em sala, livros e pessoas, são elementos tangí- a seu público, assim como um médico pode adaptar o seu serviço
veis. ao tipo de paciente que está atendendo. O lado negativo da varia-
Mais ainda, todas as comunicações da escola são elementos bilidade é que ela torna difícil o estabelecimento de um padrão de
visíveis do serviço que, no mínimo, comunicam sobre ele. Os ele- serviço, de um desempenho padronizado, imune a erros;
mentos tangíveis funcionam como evidências do serviço.
São sugestões de como ele deve ser. Assim, voltando ao exem- → Perecibilidade
plo da escola, se vê-se uma sala de aula moderna, bem iluminada, Nos serviços, a produção ocorre ao mesmo tempo em que o
com amplos recursos tecnológicos, apoiada em modernos concei- consumo. Daí decorrem outras implicações, como o fato de os ser-
tos pedagógicos, naturalmente, infere-se modernidade. viços não poderem ser estocados e da necessidade do controle de
qualidade ocorrer durante o processo, uma vez que não é possível
13 Fonte: www.agendor.com.br serem feitas inspeções como na indústria de manufatura. Eventuais
14 https://www.ama.org erros que venham a ocorrer durante o processo são imediatamente
15 CAMPOS, V. F.; Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). Nova Lima: percebidos pelo cliente.
INDG Tecnologia e Serviços LTDA, 2004.
16 http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/1013809_2012_
cap_2.pdf

336
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Pela perecividade, os serviços são perecíveis, isto é, não podem II – no caso de empresas concessionárias de serviço público,
ser estocados, assim, são temporais, prestados num tempo e local a multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.500,00 (dois mil e
precisos. Neste sentido, há uma necessidade de se encontrar um quinhentos reais), por veículos sem as condições previstas nos arts.
ponto ótimo entre a oferta e a demanda do serviço, ou seja, um 3o e 5o;
entrave é como administrar a demanda de um serviço. III – no caso das instituições financeiras, às penalidades previs-
Por exemplo, num transporte aéreo com 100 lugares, se houver tas no art. 44, incisos I, II e III, da Lei no 4.595, de 31 de dezembro
1 ou 100 passageiros, o custo do voo é praticamente o mesmo, po- de 1964.
rém caso existam lugares vazios quando o voo começar, então a em- Parágrafo único. As penalidades de que trata este artigo serão
presa que oferece esse serviço não conseguirá a receita esperada, elevadas ao dobro, em caso de reincidência.
ficando incapaz de recuperá-la. Ora, haverá momentos de altíssima Art. 7o O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de
demanda e outros de pequena, em todos eles, contudo, persistirá sessenta dias, contado de sua publicação.
um alto custo fixo, fazendo com que a empresa e se esforce em Art. 8o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
vender pelo menos ao nível do seu ponto de equilíbrio operacional. Brasília, 8 de novembro de 2000; 179o da Independência e
Assim, encontrar o ponto ótimo entre oferta e demanda é cru- 112o da República.
cial em serviços para não ocorrer um problema comum, que tan-
to não pode conseguir atender o excesso de demanda (e perder
clientes em função disso) quanto ter que suportar pesados custos LEI Nº 10.098/2000
operacionais sem uma receita satisfatória, conseguida por uma de-
manda mínima.
LEI No 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000.
LEI Nº 10.048/2000 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

LEI N 10.048, DE 8 DE NOVEMBRO DE 2000. CAPÍTULO I


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- DISPOSIÇÕES GERAIS
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o  As pessoas com deficiência, os idosos com idade igual Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos
ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as pes- para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de defi-
soas com crianças de colo e os obesos terão atendimento priori- ciência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de bar-
tário, nos termos desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de reiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário
2015)(Vigência) urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de trans-
Art. 2o As repartições públicas e empresas concessionárias de porte e de comunicação.
serviços públicos estão obrigadas a dispensar atendimento priori- Art. 2o Para os fins desta Lei são estabelecidas as seguintes de-
tário, por meio de serviços individualizados que assegurem trata- finições:
mento diferenciado e atendimento imediato às pessoas a que se I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para
refere o art. 1o. utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários,
Parágrafo único. É assegurada, em todas as instituições finan- equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
ceiras, a prioridade de atendimento às pessoas mencionadas no art. comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de
1o. outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou
Art. 3o As empresas públicas de transporte e as concessioná- privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por
rias de transporte coletivo reservarão assentos, devidamente iden- pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida;(Redação dada
tificados, aos idosos, gestantes, lactantes, pessoas portadoras de pela Lei nº 13.146, de 2015)(Vigência)
deficiência e pessoas acompanhadas por crianças de colo. II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou compor-
Art. 4o Os logradouros e sanitários públicos, bem como os edi- tamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem
fícios de uso público, terão normas de construção, para efeito de como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilida-
licenciamento da respectiva edificação, baixadas pela autoridade de, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao
competente, destinadas a facilitar o acesso e uso desses locais pelas acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança,
pessoas portadoras de deficiência. entre outros, classificadas em:(Redação dada pela Lei nº 13.146, de
Art. 5o Os veículos de transporte coletivo a serem produzidos 2015) (Vigência)
após doze meses da publicação desta Lei serão planejados de forma a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços
a facilitar o acesso a seu interior das pessoas portadoras de defici- públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;(Redação
ência. dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 1o (VETADO) b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos
§ 2o Os proprietários de veículos de transporte coletivo em uti- e privados;(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
lização terão o prazo de cento e oitenta dias, a contar da regulamen- c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios
tação desta Lei, para proceder às adaptações necessárias ao acesso de transportes;(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigên-
facilitado das pessoas portadoras de deficiência. cia)
Art. 6o A infração ao disposto nesta Lei sujeitará os responsá- d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer en-
veis: trave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impos-
I – no caso de servidor ou de chefia responsável pela repartição sibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informa-
pública, às penalidades previstas na legislação específica; ções por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da
informação;(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

337
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
III - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento de Parágrafo único. O passeio público, elemento obrigatório de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o urbanização e parte da via pública, normalmente segregado e em
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua nível diferente, destina-se somente à circulação de pedestres e,
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condi- quando possível, à implantação de mobiliário urbano e de vegeta-
ções com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de ção.(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
2015) (Vigência) Art. 4o As vias públicas, os parques e os demais espaços de uso
IV - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por público existentes, assim como as respectivas instalações de servi-
qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou ços e mobiliários urbanos deverão ser adaptados, obedecendo-se
temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilida- ordem de prioridade que vise à maior eficiência das modificações,
de, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, ges- no sentido de promover mais ampla acessibilidade às pessoas por-
tante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso;(Redação dada tadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Parágrafo único. No mínimo 5% (cinco por cento) de cada
V - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com de- brinquedo e equipamento de lazer existentes nos locais referidos
ficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente no caput devem ser adaptados e identificados, tanto quanto tecni-
pessoal; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) camente possível, para possibilitar sua utilização por pessoas com
VI - elemento de urbanização: quaisquer componentes de deficiência, inclusive visual, ou com mobilidade reduzida.(Redação
obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, sa- dada pela Lei nº 13.443, de 2017)(Vigência)
neamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elé- Art. 5o O projeto e o traçado dos elementos de urbanização
trica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abaste- públicos e privados de uso comunitário, nestes compreendidos os
cimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam itinerários e as passagens de pedestres, os percursos de entrada
as indicações do planejamento urbanístico;(Redação dada pela Lei e de saída de veículos, as escadas e rampas, deverão observar os
nº 13.146, de 2015) (Vigência) parâmetros estabelecidos pelas normas técnicas de acessibilidade
VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elemen- Art. 6o Os banheiros de uso público existentes ou a construir
tos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modifica- em parques, praças, jardins e espaços livres públicos deverão ser
ção ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses acessíveis e dispor, pelo menos, de um sanitário e um lavatório que
elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, atendam às especificações das normas técnicas da ABNT.
terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes § 1º Os eventos organizados em espaços públicos e privados
de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quais- em que haja instalação de banheiros químicos deverão contar com
quer outros de natureza análoga;(Incluído pela Lei nº 13.146, de unidades acessíveis a pessoas com deficiência ou com mobilidade
2015) (Vigência) reduzida. (Incluído pela Lei nº 13.825, de 2019)
VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipa- § 2º O número mínimo de banheiros químicos acessíveis cor-
mentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas responderá a 10% (dez por cento) do total, garantindo-se pelo me-
e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à nos 1 (uma) unidade acessível caso a aplicação do percentual resul-
atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobili- te em fração inferior a 1 (um). (Incluído pela Lei nº 13.825, de 2019)
dade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade Art. 7o Em todas as áreas de estacionamento de veículos, loca-
de vida e inclusão social;(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vi- lizadas em vias ou em espaços públicos, deverão ser reservadas va-
gência) gas próximas dos acessos de circulação de pedestres, devidamente
IX - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abran- sinalizadas, para veículos que transportem pessoas portadoras de
ge, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de deficiência com dificuldade de locomoção.
Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sina- Parágrafo único. As vagas a que se refere o caput deste arti-
lização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispo- go deverão ser em número equivalente a dois por cento do total,
sitivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, garantida, no mínimo, uma vaga, devidamente sinalizada e com
os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, as especificações técnicas de desenho e traçado de acordo com as
meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, in- normas técnicas vigentes.
cluindo as tecnologias da informação e das comunicações; (Incluído
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) CAPÍTULO III
X - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, pro- DO DESENHO E DA LOCALIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO URBANO
gramas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem neces-
sidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos Art. 8o Os sinais de tráfego, semáforos, postes de iluminação ou
de tecnologia assistiva.(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vi- quaisquer outros elementos verticais de sinalização que devam ser
gência) instalados em itinerário ou espaço de acesso para pedestres deve-
rão ser dispostos de forma a não dificultar ou impedir a circulação,
CAPÍTULO II e de modo que possam ser utilizados com a máxima comodidade.
DOS ELEMENTOS DA URBANIZAÇÃO Art. 9o Os semáforos para pedestres instalados nas vias pú-
blicas deverão estar equipados com mecanismo que emita sinal
Art. 3oO planejamento e a urbanização das vias públicas, dos sonoro suave, intermitente e sem estridência, ou com mecanismo
parques e dos demais espaços de uso público deverão ser conce- alternativo, que sirva de guia ou orientação para a travessia de pes-
bidos e executados de forma a torná-los acessíveis para todas as soas portadoras de deficiência visual, se a intensidade do fluxo de
pessoas, inclusive para aquelas com deficiência ou com mobilidade veículos e a periculosidade da via assim determinarem.
reduzida. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

338
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Parágrafo único. Os semáforos para pedestres instalados em II – percurso acessível que una a edificação à via pública, às
vias públicas de grande circulação, ou que deem acesso aos servi- edificações e aos serviços anexos de uso comum e aos edifícios vi-
ços de reabilitação, devem obrigatoriamente estar equipados com zinhos;
mecanismo que emita sinal sonoro suave para orientação do pedes- III – cabine do elevador e respectiva porta de entrada acessíveis
tre. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzi-
Art. 10. Os elementos do mobiliário urbano deverão ser proje- da.
tados e instalados em locais que permitam sejam eles utilizados pe- Art. 14. Os edifícios a serem construídos com mais de um pa-
las pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. vimento além do pavimento de acesso, à exceção das habitações
Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urbano em área unifamiliares, e que não estejam obrigados à instalação de eleva-
de circulação comum para pedestre que ofereça risco de acidente dor, deverão dispor de especificações técnicas e de projeto que fa-
à pessoa com deficiência deverá ser indicada mediante sinalização cilitem a instalação de um elevador adaptado, devendo os demais
tátil de alerta no piso, de acordo com as normas técnicas pertinen- elementos de uso comum destes edifícios atender aos requisitos de
tes. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) acessibilidade.
Art. 15. Caberá ao órgão federal responsável pela coordenação
CAPÍTULO IV da política habitacional regulamentar a reserva de um percentual
DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS OU DE USO mínimo do total das habitações, conforme a característica da popu-
COLETIVO lação local, para o atendimento da demanda de pessoas portadoras
de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Art. 11. A construção, ampliação ou reforma de edifícios públi-
cos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser executadas CAPÍTULO VI
de modo que sejam ou se tornem acessíveis às pessoas portadoras DA ACESSIBILIDADE NOS VEÍCULOS DE TRANSPORTE COLETI-
de deficiência ou com mobilidade reduzida. VO
Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na cons-
trução, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados Art. 16. Os veículos de transporte coletivo deverão cumprir os
destinados ao uso coletivo deverão ser observados, pelo menos, os requisitos de acessibilidade estabelecidos nas normas técnicas es-
seguintes requisitos de acessibilidade: pecíficas.
I – nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a
garagem e a estacionamento de uso público, deverão ser reserva- CAPÍTULO VII
das vagas próximas dos acessos de circulação de pedestres, devi- DA ACESSIBILIDADE NOS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO E
damente sinalizadas, para veículos que transportem pessoas por- SINALIZAÇÃO
tadoras de deficiência com dificuldade de locomoção permanente;
II – pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá Art. 17. O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras
estar livre de barreiras arquitetônicas e de obstáculos que impeçam na comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas
ou dificultem a acessibilidade de pessoa portadora de deficiência que tornem acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização às
ou com mobilidade reduzida; pessoas portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade de
III – pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal comunicação, para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à
e verticalmente todas as dependências e serviços do edifício, entre comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao
si e com o exterior, deverá cumprir os requisitos de acessibilidade esporte e ao lazer.
de que trata esta Lei; e Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profis-
IV – os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um banheiro sionais intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de
acessível, distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de ma- guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação dire-
neira que possam ser utilizados por pessoa portadora de deficiência ta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de
ou com mobilidade reduzida. comunicação.Regulamento
Art. 12. Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens
de natureza similar deverão dispor de espaços reservados para pes- adotarão plano de medidas técnicas com o objetivo de permitir o
soas que utilizam cadeira de rodas, e de lugares específicos para uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação, para garantir o
pessoas com deficiência auditiva e visual, inclusive acompanhante, direito de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência
de acordo com a ABNT, de modo a facilitar-lhes as condições de auditiva, na forma e no prazo previstos em regulamento.
acesso, circulação e comunicação.
Art. 12-A. Os centros comerciais e os estabelecimentos con- CAPÍTULO VIII
gêneres devem fornecer carros e cadeiras de rodas, motorizados DISPOSIÇÕES SOBRE AJUDAS TÉCNICAS
ou não, para o atendimento da pessoa com deficiência ou com mo-
bilidade reduzida.(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Art. 20. O Poder Público promoverá a supressão de barreiras
urbanísticas, arquitetônicas, de transporte e de comunicação, me-
CAPÍTULO V diante ajudas técnicas.
DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS DE USO PRIVADO Art. 21. O Poder Público, por meio dos organismos de apoio
à pesquisa e das agências de financiamento, fomentará programas
Art. 13. Os edifícios de uso privado em que seja obrigatória a destinados:
instalação de elevadores deverão ser construídos atendendo aos I – à promoção de pesquisas científicas voltadas ao tratamento
seguintes requisitos mínimos de acessibilidade: e prevenção de deficiências;
I – percurso acessível que una as unidades habitacionais com o II – ao desenvolvimento tecnológico orientado à produção de
exterior e com as dependências de uso comum; ajudas técnicas para as pessoas portadoras de deficiência;
III – à especialização de recursos humanos em acessibilidade.

339
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Art. 21-A. Às pessoas com deficiência visual será garantido,
sem custo adicional, quando por elas solicitado, um kit que conterá, DECRETO Nº 5.296/2004, QUE REGULAMENTA A LEI Nº
no mínimo: (Incluído pela Lei nº 13.835, de 2019)(Vigência) 10.048/2000
I - etiqueta em braile: filme transparente fixo ao cartão com
informações em braile, com a identificação do tipo do cartão e os
6 (seis) dígitos finais do número do cartão; (Incluído pela Lei nº DECRETO Nº 5.296 DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004.
13.835, de 2019)(Vigência)
II - identificação do tipo de cartão em braile: primeiro dígito, da O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
esquerda para a direita, identificador do tipo de cartão; (Incluído confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis-
pela Lei nº 13.835, de 2019)(Vigência) posto nas Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de
III - fita adesiva: fita para fixar a etiqueta em braile de dados no 19 de dezembro de 2000,
cartão; (Incluído pela Lei nº 13.835, de 2019)(Vigência) DECRETA:
IV - porta-cartão: objeto para armazenar o cartão e possibilitar
ao portador acesso às informações necessárias ao pleno uso do car- CAPÍTULO I
tão, com identificação, em braile, do número completo do cartão, DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
do tipo de cartão, da bandeira, do nome do emissor, da data de
validade, do código de segurança e do nome do portador do car- Art. 1o Este Decreto regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de
tão. (Incluído pela Lei nº 13.835, de 2019)(Vigência) novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
Parágrafo único. O porta-cartão de que trata o inciso IV Art. 2o Ficam sujeitos ao cumprimento das disposições deste
do caput deste artigo deverá possuir tamanho suficiente para que Decreto, sempre que houver interação com a matéria nele regula-
constem todas as informações descritas no referido inciso e deverá mentada:
ser conveniente ao transporte pela pessoa com deficiência visual. I - a aprovação de projeto de natureza arquitetônica e urba-
(Incluído pela Lei nº 13.835, de 2019)(Vigência) nística, de comunicação e informação, de transporte coletivo, bem
como a execução de qualquer tipo de obra, quando tenham desti-
CAPÍTULO IX nação pública ou coletiva;
DAS MEDIDAS DE FOMENTO À ELIMINAÇÃO DE BARREIRAS II - a outorga de concessão, permissão, autorização ou habilita-
ção de qualquer natureza;
Art. 22. É instituído, no âmbito da Secretaria de Estado de Di- III - a aprovação de financiamento de projetos com a utilização
reitos Humanos do Ministério da Justiça, o Programa Nacional de de recursos públicos, dentre eles os projetos de natureza arquitetô-
Acessibilidade, com dotação orçamentária específica, cuja execu- nica e urbanística, os tocantes à comunicação e informação e os re-
ção será disciplinada em regulamento. ferentes ao transporte coletivo, por meio de qualquer instrumento,
tais como convênio, acordo, ajuste, contrato ou similar; e
CAPÍTULO X IV - a concessão de aval da União na obtenção de empréstimos
DISPOSIÇÕES FINAIS e financiamentos internacionais por entes públicos ou privados.
Art. 3o Serão aplicadas sanções administrativas, cíveis e penais
Art. 23. A Administração Pública federal direta e indireta des- cabíveis, previstas em lei, quando não forem observadas as normas
tinará, anualmente, dotação orçamentária para as adaptações, eli- deste Decreto.
minações e supressões de barreiras arquitetônicas existentes nos Art. 4o O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora
edifícios de uso público de sua propriedade e naqueles que estejam de Deficiência, os Conselhos Estaduais, Municipais e do Distrito Fe-
sob sua administração ou uso. deral, e as organizações representativas de pessoas portadoras de
Parágrafo único. A implementação das adaptações, elimina- deficiência terão legitimidade para acompanhar e sugerir medidas
ções e supressões de barreiras arquitetônicas referidas no caput para o cumprimento dos requisitos estabelecidos neste Decreto.
deste artigo deverá ser iniciada a partir do primeiro ano de vigência
desta Lei. CAPÍTULO II
Art. 24. O Poder Público promoverá campanhas informativas DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
e educativas dirigidas à população em geral, com a finalidade de
conscientizá-la e sensibilizá-la quanto à acessibilidade e à integra- Art. 5o Os órgãos da administração pública direta, indireta e
ção social da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade fundacional, as empresas prestadoras de serviços públicos e as ins-
reduzida. tituições financeiras deverão dispensar atendimento prioritário às
Art. 25. As disposições desta Lei aplicam-se aos edifícios ou pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
imóveis declarados bens de interesse cultural ou de valor históri- § 1o Considera-se, para os efeitos deste Decreto:
co-artístico, desde que as modificações necessárias observem as I - pessoa portadora de deficiência, além daquelas previstas na
normas específicas reguladoras destes bens. Lei no 10.690, de 16 de junho de 2003, a que possui limitação ou
Art. 26. As organizações representativas de pessoas portadoras incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas
de deficiência terão legitimidade para acompanhar o cumprimento seguintes categorias:
dos requisitos de acessibilidade estabelecidos nesta Lei. a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou
Art. 27. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometi-
Brasília, 19 de dezembro de 2000; 179o da Independência e mento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia,
112o da República. paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia,
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação
ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades es-
téticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de
funções;

340
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de qua- VII - divulgação, em lugar visível, do direito de atendimento
renta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas fre- prioritário das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilida-
qüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz; de reduzida;
c) deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual VIII - admissão de entrada e permanência de cão-guia ou cão-
ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção ópti- -guia de acompanhamento junto de pessoa portadora de deficiên-
ca; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no cia ou de treinador nos locais dispostos no caput do art. 5o, bem
melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a como nas demais edificações de uso público e naquelas de uso co-
somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual letivo, mediante apresentação da carteira de vacina atualizada do
ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das animal; e
condições anteriores; IX - a existência de local de atendimento específico para as pes-
d) deficiência mental: funcionamento intelectual significativa- soas referidas no art. 5o.
mente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos § 2o Entende-se por imediato o atendimento prestado às pes-
e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adap- soas referidas no art. 5o, antes de qualquer outra, depois de con-
tativas, tais como: cluído o atendimento que estiver em andamento, observado o dis-
1. comunicação; posto no inciso I do parágrafo único do art. 3o da Lei no 10.741, de
2. cuidado pessoal; 1o de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso).
3. habilidades sociais; § 3o Nos serviços de emergência dos estabelecimentos públi-
4. utilização dos recursos da comunidade; cos e privados de atendimento à saúde, a prioridade conferida por
5. saúde e segurança; este Decreto fica condicionada à avaliação médica em face da gravi-
6. habilidades acadêmicas; dade dos casos a atender.
7. lazer; e § 4o Os órgãos, empresas e instituições referidos no caput do
8. trabalho; art. 5o devem possuir, pelo menos, um telefone de atendimento
e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiên- adaptado para comunicação com e por pessoas portadoras de de-
cias; e ficiência auditiva.
II - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se en- Art. 7o O atendimento prioritário no âmbito da administração
quadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, pública federal direta e indireta, bem como das empresas prestado-
por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ras de serviços públicos, obedecerá às disposições deste Decreto,
ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexi- além do que estabelece o Decreto no 3.507, de 13 de junho de
bilidade, coordenação motora e percepção. 2000.
§ 2o O disposto no caput aplica-se, ainda, às pessoas com idade Parágrafo único. Cabe aos Estados, Municípios e ao Distrito Fe-
igual ou superior a sessenta anos, gestantes, lactantes e pessoas deral, no âmbito de suas competências, criar instrumentos para a
com criança de colo. efetiva implantação e o controle do atendimento prioritário referi-
§ 3o O acesso prioritário às edificações e serviços das institui- do neste Decreto.
ções financeiras deve seguir os preceitos estabelecidos neste De-
creto e nas normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasi- CAPÍTULO III
leira de Normas Técnicas - ABNT, no que não conflitarem com a Lei DAS CONDIÇÕES GERAIS DA ACESSIBILIDADE
no 7.102, de 20 de junho de 1983, observando, ainda, a Resolução
do Conselho Monetário Nacional no 2.878, de 26 de julho de 2001. Art. 8o Para os fins de acessibilidade, considera-se:
Art. 6o O atendimento prioritário compreende tratamento di- I - acessibilidade: condição para utilização, com segurança e
ferenciado e atendimento imediato às pessoas de que trata o art. autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipa-
5o. mentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos
§ 1o O tratamento diferenciado inclui, dentre outros: dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por
I - assentos de uso preferencial sinalizados, espaços e instala- pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;
ções acessíveis; II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou im-
II - mobiliário de recepção e atendimento obrigatoriamente peça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segu-
adaptado à altura e à condição física de pessoas em cadeira de ro- rança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem
das, conforme estabelecido nas normas técnicas de acessibilidade acesso à informação, classificadas em:
da ABNT; a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos
III - serviços de atendimento para pessoas com deficiência espaços de uso público;
auditiva, prestado por intérpretes ou pessoas capacitadas em Lín- b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior
gua Brasileira de Sinais - LIBRAS e no trato com aquelas que não das edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas
se comuniquem em LIBRAS, e para pessoas surdocegas, prestado internas de uso comum nas edificações de uso privado multifami-
por guias-intérpretes ou pessoas capacitadas neste tipo de atendi- liar;
mento; c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de
IV - pessoal capacitado para prestar atendimento às pessoas transportes; e
com deficiência visual, mental e múltipla, bem como às pessoas d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entra-
idosas; ve ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o re-
V - disponibilidade de área especial para embarque e desem- cebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios
barque de pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade re- ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como
duzida; aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação;
VI - sinalização ambiental para orientação das pessoas referidas
no art. 5o;

341
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
III - elemento da urbanização: qualquer componente das obras § 1o As entidades de fiscalização profissional das atividades de
de urbanização, tais como os referentes à pavimentação, sanea- Engenharia, Arquitetura e correlatas, ao anotarem a responsabili-
mento, distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abaste- dade técnica dos projetos, exigirão a responsabilidade profissional
cimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam declarada do atendimento às regras de acessibilidade previstas nas
as indicações do planejamento urbanístico; normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica
IV - mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas e neste Decreto.
vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos § 2o Para a aprovação ou licenciamento ou emissão de certifi-
da urbanização ou da edificação, de forma que sua modificação ou cado de conclusão de projeto arquitetônico ou urbanístico deverá
traslado não provoque alterações substanciais nestes elementos, ser atestado o atendimento às regras de acessibilidade previstas
tais como semáforos, postes de sinalização e similares, telefones nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação espe-
e cabines telefônicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, cífica e neste Decreto.
quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; § 3o O Poder Público, após certificar a acessibilidade de edifi-
V - ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou cação ou serviço, determinará a colocação, em espaços ou locais de
tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar ampla visibilidade, do “Símbolo Internacional de Acesso”, na forma
a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobili- prevista nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT e na Lei
dade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida; no 7.405, de 12 de novembro de 1985.
VI - edificações de uso público: aquelas administradas por enti- Art. 12. Em qualquer intervenção nas vias e logradouros públi-
dades da administração pública, direta e indireta, ou por empresas cos, o Poder Público e as empresas concessionárias responsáveis
prestadoras de serviços públicos e destinadas ao público em geral; pela execução das obras e dos serviços garantirão o livre trânsito e
VII - edificações de uso coletivo: aquelas destinadas às ativida- a circulação de forma segura das pessoas em geral, especialmente
des de natureza comercial, hoteleira, cultural, esportiva, financeira, das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida,
turística, recreativa, social, religiosa, educacional, industrial e de durante e após a sua execução, de acordo com o previsto em nor-
saúde, inclusive as edificações de prestação de serviços de ativida- mas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e
des da mesma natureza; neste Decreto.
VIII - edificações de uso privado: aquelas destinadas à habita- Art. 13. Orientam-se, no que couber, pelas regras previstas nas
ção, que podem ser classificadas como unifamiliar ou multifamiliar; normas técnicas brasileiras de acessibilidade, na legislação específi-
e ca, observado o disposto na Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001,
IX - desenho universal: concepção de espaços, artefatos e pro- e neste Decreto:
dutos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com I - os Planos Diretores Municipais e Planos Diretores de Trans-
diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma porte e Trânsito elaborados ou atualizados a partir da publicação
autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou deste Decreto;
soluções que compõem a acessibilidade. II - o Código de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso e Ocupa-
Art. 9o A formulação, implementação e manutenção das ações ção do Solo e a Lei do Sistema Viário;
de acessibilidade atenderão às seguintes premissas básicas: III - os estudos prévios de impacto de vizinhança;
I - a priorização das necessidades, a programação em cronogra-
IV - as atividades de fiscalização e a imposição de sanções, in-
ma e a reserva de recursos para a implantação das ações; e
cluindo a vigilância sanitária e ambiental; e
II - o planejamento, de forma continuada e articulada, entre os
V - a previsão orçamentária e os mecanismos tributários e fi-
setores envolvidos.
nanceiros utilizados em caráter compensatório ou de incentivo.
§ 1o Para concessão de alvará de funcionamento ou sua reno-
CAPÍTULO IV
vação para qualquer atividade, devem ser observadas e certificadas
DA IMPLEMENTAÇÃO DA ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA E
as regras de acessibilidade previstas neste Decreto e nas normas
URBANÍSTICA
técnicas de acessibilidade da ABNT.
SEÇÃO I
DAS CONDIÇÕES GERAIS § 2o Para emissão de carta de “habite-se” ou habilitação equi-
valente e para sua renovação, quando esta tiver sido emitida an-
Art. 10. A concepção e a implantação dos projetos arquitetô- teriormente às exigências de acessibilidade contidas na legislação
nicos e urbanísticos devem atender aos princípios do desenho uni- específica, devem ser observadas e certificadas as regras de aces-
versal, tendo como referências básicas as normas técnicas de aces- sibilidade previstas neste Decreto e nas normas técnicas de acessi-
sibilidade da ABNT, a legislação específica e as regras contidas neste bilidade da ABNT.
Decreto.
§ 1o Caberá ao Poder Público promover a inclusão de conteú- SEÇÃO II
dos temáticos referentes ao desenho universal nas diretrizes curri- DAS CONDIÇÕES ESPECÍFICAS
culares da educação profissional e tecnológica e do ensino superior
dos cursos de Engenharia, Arquitetura e correlatos. Art. 14. Na promoção da acessibilidade, serão observadas as
§ 2o Os programas e as linhas de pesquisa a serem desenvol- regras gerais previstas neste Decreto, complementadas pelas nor-
vidos com o apoio de organismos públicos de auxílio à pesquisa e mas técnicas de acessibilidade da ABNT e pelas disposições conti-
de agências de fomento deverão incluir temas voltados para o de- das na legislação dos Estados, Municípios e do Distrito Federal.
senho universal. Art. 15. No planejamento e na urbanização das vias, praças, dos
Art. 11. A construção, reforma ou ampliação de edificações de logradouros, parques e demais espaços de uso público, deverão ser
uso público ou coletivo, ou a mudança de destinação para estes ti- cumpridas as exigências dispostas nas normas técnicas de acessibi-
pos de edificação, deverão ser executadas de modo que sejam ou lidade da ABNT.
se tornem acessíveis à pessoa portadora de deficiência ou com mo- § 1o Incluem-se na condição estabelecida no caput:
bilidade reduzida. I - a construção de calçadas para circulação de pedestres ou a
adaptação de situações consolidadas;

342
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
II - o rebaixamento de calçadas com rampa acessível ou eleva- § 1º Também estão sujeitos ao disposto no caput os acessos,
ção da via para travessia de pedestre em nível; e as piscinas, os andares de recreação, os salão de festas e de reuni-
III - a instalação de piso tátil direcional e de alerta. ões, as saunas e os banheiros, as quadras esportivas, as portarias,
§ 2o Nos casos de adaptação de bens culturais imóveis e de os estacionamentos e as garagens, entre outras partes das áreas
intervenção para regularização urbanística em áreas de assenta- internas ou externas de uso comum das edificações de uso privado
mentos subnormais, será admitida, em caráter excepcional, faixa multifamiliar e das de uso coletivo.(Incluído pelo Decreto nº 10.014,
de largura menor que o estabelecido nas normas técnicas citadas de 2019)
no caput, desde que haja justificativa baseada em estudo técnico § 2º O disposto no caput não se aplica às áreas destinadas ao
e que o acesso seja viabilizado de outra forma, garantida a melhor altar e ao batistério das edificações de uso coletivo utilizadas como
técnica possível. templos de qualquer culto.(Incluído pelo Decreto nº 10.014, de
Art. 16. As características do desenho e a instalação do mobiliá- 2019)
rio urbano devem garantir a aproximação segura e o uso por pessoa Art. 19. A construção, ampliação ou reforma de edificações de
portadora de deficiência visual, mental ou auditiva, a aproximação uso público deve garantir, pelo menos, um dos acessos ao seu inte-
e o alcance visual e manual para as pessoas portadoras de deficiên- rior, com comunicação com todas as suas dependências e serviços,
cia física, em especial aquelas em cadeira de rodas, e a circulação li- livre de barreiras e de obstáculos que impeçam ou dificultem a sua
vre de barreiras, atendendo às condições estabelecidas nas normas acessibilidade.
técnicas de acessibilidade da ABNT. § 1o No caso das edificações de uso público já existentes, terão
§ 1o Incluem-se nas condições estabelecida no caput: elas prazo de trinta meses a contar da data de publicação deste De-
I - as marquises, os toldos, elementos de sinalização, luminosos creto para garantir acessibilidade às pessoas portadoras de defici-
e outros elementos que tenham sua projeção sobre a faixa de cir-
ência ou com mobilidade reduzida.
culação de pedestres;
§ 2o Sempre que houver viabilidade arquitetônica, o Poder Pú-
II - as cabines telefônicas e os terminais de auto-atendimento
blico buscará garantir dotação orçamentária para ampliar o número
de produtos e serviços;
de acessos nas edificações de uso público a serem construídas, am-
III - os telefones públicos sem cabine;
IV - a instalação das aberturas, das botoeiras, dos comandos e pliadas ou reformadas.
outros sistemas de acionamento do mobiliário urbano; Art. 20. Na ampliação ou reforma das edificações de uso púbico
V - os demais elementos do mobiliário urbano; ou de uso coletivo, os desníveis das áreas de circulação internas
VI - o uso do solo urbano para posteamento; e ou externas serão transpostos por meio de rampa ou equipamento
VII - as espécies vegetais que tenham sua projeção sobre a faixa eletromecânico de deslocamento vertical, quando não for possível
de circulação de pedestres. outro acesso mais cômodo para pessoa portadora de deficiência ou
§ 2o A concessionária do Serviço Telefônico Fixo Comutado - com mobilidade reduzida, conforme estabelecido nas normas téc-
STFC, na modalidade Local, deverá assegurar que, no mínimo, dois nicas de acessibilidade da ABNT.
por cento do total de Telefones de Uso Público - TUPs, sem cabine, Art. 21. Os balcões de atendimento e as bilheterias em edifica-
com capacidade para originar e receber chamadas locais e de longa ção de uso público ou de uso coletivo devem dispor de, pelo menos,
distância nacional, bem como, pelo menos, dois por cento do to- uma parte da superfície acessível para atendimento às pessoas por-
tal de TUPs, com capacidade para originar e receber chamadas de tadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, conforme os
longa distância, nacional e internacional, estejam adaptados para o padrões das normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
uso de pessoas portadoras de deficiência auditiva e para usuários Parágrafo único. No caso do exercício do direito de voto, as
de cadeiras de rodas, ou conforme estabelecer os Planos Gerais de urnas das seções eleitorais devem ser adequadas ao uso com au-
Metas de Universalização. tonomia pelas pessoas portadoras de deficiência ou com mobilida-
§ 3o As botoeiras e demais sistemas de acionamento dos termi- de reduzida e estarem instaladas em local de votação plenamente
nais de auto-atendimento de produtos e serviços e outros equipa- acessível e com estacionamento próximo.
mentos em que haja interação com o público devem estar localiza- Art. 22. A construção, ampliação ou reforma de edificações de
dos em altura que possibilite o manuseio por pessoas em cadeira de uso público ou de uso coletivo devem dispor de sanitários acessí-
rodas e possuir mecanismos para utilização autônoma por pessoas veis destinados ao uso por pessoa portadora de deficiência ou com
portadoras de deficiência visual e auditiva, conforme padrões esta- mobilidade reduzida.
belecidos nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. § 1o Nas edificações de uso público a serem construídas, os
Art. 17. Os semáforos para pedestres instalados nas vias públi- sanitários destinados ao uso por pessoa portadora de deficiência
cas deverão estar equipados com mecanismo que sirva de guia ou
ou com mobilidade reduzida serão distribuídos na razão de, no mí-
orientação para a travessia de pessoa portadora de deficiência visu-
nimo, uma cabine para cada sexo em cada pavimento da edificação,
al ou com mobilidade reduzida em todos os locais onde a intensida-
com entrada independente dos sanitários coletivos, obedecendo às
de do fluxo de veículos, de pessoas ou a periculosidade na via assim
normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
determinarem, bem como mediante solicitação dos interessados.
Art. 18. A construção de edificações de uso privado multifa- § 2o Nas edificações de uso público já existentes, terão elas
miliar e a construção, ampliação ou reforma de edificações de uso prazo de trinta meses a contar da data de publicação deste Decre-
coletivo devem atender aos preceitos da acessibilidade na interliga- to para garantir pelo menos um banheiro acessível por pavimento,
ção de todas as partes de uso comum ou abertas ao público, con- com entrada independente, distribuindo-se seus equipamentos e
forme os padrões das normas técnicas de acessibilidade da ABNT. acessórios de modo que possam ser utilizados por pessoa portado-
ra de deficiência ou com mobilidade reduzida.
§ 3o Nas edificações de uso coletivo a serem construídas, am-
pliadas ou reformadas, onde devem existir banheiros de uso públi-
co, os sanitários destinados ao uso por pessoa portadora de defici-
ência deverão ter entrada independente dos demais e obedecer às
normas técnicas de acessibilidade da ABNT.

343
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
§ 4o Nas edificações de uso coletivo já existentes, onde haja ciais para a presença física de intérprete de Libras e de guias-intér-
banheiros destinados ao uso público, os sanitários preparados para pretes, com a projeção em tela da imagem do intérprete sempre
o uso por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade redu- que a distância não permitir sua visualização direta. (Redação dada
zida deverão estar localizados nos pavimentos acessíveis, ter entra- pelo Decreto nº 9.404, de 2018)
da independente dos demais sanitários, se houver, e obedecer as § 7o O sistema de sonorização assistida a que se refere o § 6o
normas técnicas de acessibilidade da ABNT. será sinalizado por meio do pictograma aprovado pela Lei no 8.160,
Art. 23. Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de de 8 de janeiro de 1991.
esporte, locais de espetáculos e de conferências e similares, serão § 8o As edificações de uso público e de uso coletivo referidas
reservados espaços livres para pessoas em cadeira de rodas e as- no caput, já existentes, têm, respectivamente, prazo de trinta e qua-
sentos para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, renta e oito meses, a contar da data de publicação deste Decreto,
de acordo com a capacidade de lotação da edificação, conforme o para garantir a acessibilidade de que trata o caput e os §§ 1o a 5o.
disposto no art. 44 § 1º, da Lei 13.446, de 2015. (Redação dada § 9º Na hipótese de a aplicação do percentual previsto nos §
pelo Decreto nº 9.404, de 2018) 1º e § 2º resultar em número fracionado, será utilizado o primeiro
§ 1º Os espaços e os assentos a que se refere o caput, a serem número inteiro superior.(Incluído pelo Decreto nº 9.404, de 2018)
instalados e sinalizados conforme os requisitos estabelecidos nas § 10. As adaptações necessárias à oferta de assentos com ca-
normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Nor- racterísticas dimensionais e estruturais para o uso por pessoa obesa
mas Técnicas - ABNT, devem: (Redação dada pelo Decreto nº 9.404, de que trata o § 2º serão implementadas no prazo de doze meses,
de 2018) contado da data de publicação deste Decreto.(Incluído pelo Decre-
I - ser disponibilizados, no caso de edificações com capacidade to nº 9.404, de 2018)
de lotação de até mil lugares, na proporção de: (Incluído pelo De- § 11. O direito à meia entrada para pessoas com deficiência
creto nº 9.404, de 2018) não está restrito aos espaços e aos assentos reservados de que tra-
a) dois por cento de espaços para pessoas em cadeira de rodas, ta o caput e está sujeito ao limite estabelecido no § 10 do art. 1º da
com a garantia de, no mínimo, um espaço; e(Incluído pelo Decreto Lei nº 12.933, de 26 de dezembro de 2013. (Incluído pelo Decreto
nº 9.404, de 2018) nº 9.404, de 2018)
b) dois por cento de assentos para pessoas com deficiência ou § 12. Os espaços e os assentos a que se refere o caput deve-
com mobilidade reduzida, com a garantia de, no mínimo, um assen- rão garantir às pessoas com deficiência auditiva boa visualização da
to; ou (Incluído pelo Decreto nº 9.404, de 2018) interpretação em Libras e da legendagem descritiva, sempre que
II - ser disponibilizados, no caso de edificações com capacidade estas forem oferecidas. (Incluído pelo Decreto nº 9.404, de 2018)
de lotação acima de mil lugares, na proporção de:(Incluído pelo De- Art. 23-A. Na hipótese de não haver procura comprovada pelos
creto nº 9.404, de 2018) espaços livres para pessoas em cadeira de rodas e assentos reser-
a) vinte espaços para pessoas em cadeira de rodas mais um por vados para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida,
cento do que exceder mil lugares; e(Incluído pelo Decreto nº 9.404, esses podem, excepcionalmente, ser ocupados por pessoas sem
de 2018) deficiência ou que não tenham mobilidade reduzida.(Incluído pelo
b) vinte assentos para pessoas com deficiência ou com mobili- Decreto nº 9.404, de 2018)
dade reduzida mais um por cento do que exceder mil lugares.(Inclu- § 1º A reserva de assentos de que trata o caput será garanti-
ído pelo Decreto nº 9.404, de 2018) da a partir do início das vendas até vinte e quatro horas antes de
§ 2º Cinquenta por cento dos assentos reservados para pesso- cada evento, com disponibilidade em todos os pontos de venda de
as com deficiência ou com mobilidade reduzida devem ter carac- ingresso, sejam eles físicos ou virtuais. (Incluído pelo Decreto nº
terísticas dimensionais e estruturais para o uso por pessoa obesa, 9.404, de 2018)
conforme norma técnica de acessibilidade da ABNT, com a garantia § 2º No caso de eventos realizados em estabelecimentos com
de, no mínimo, um assento.(Redação dada pelo Decreto nº 9.404, capacidade superior a dez mil pessoas, a reserva de assentos de
de 2018) que trata o caput será garantida a partir do início das vendas até
§ 3º Os espaços e os assentos a que se refere este artigo deve- setenta e duas horas antes de cada evento, com disponibilidade em
rão situar-se em locais que garantam a acomodação de um acompa- todos os pontos de venda de ingresso, sejam eles físicos ou virtuais.
nhante ao lado da pessoa com deficiência ou com mobilidade redu- (Incluído pelo Decreto nº 9.404, de 2018)
zida, resguardado o direito de se acomodar proximamente a grupo § 3º Os espaços e os assentos de que trata o caput, em cada
familiar e comunitário. (Redação dada pelo Decreto nº 9.404, de setor, somente serão disponibilizados às pessoas sem deficiência ou
2018) sem mobilidade reduzida depois de esgotados os demais assentos
§ 4º Nos locais referidos no caput, haverá, obrigatoriamente, daquele setor e somente quando os prazos estabelecidos nos § 1º e
rotas de fuga e saídas de emergência acessíveis, conforme padrões § 2º se encerrarem.(Incluído pelo Decreto nº 9.404, de 2018)
das normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a fim de permitir a § 4º Nos cinemas, a reserva de assentos de que trata o caput
saída segura de pessoas com deficiência ou com mobilidade redu- será garantida a partir do início das vendas até meia hora antes de
zida, em caso de emergência.(Redação dada pelo Decreto nº 9.404, cada sessão, com disponibilidade em todos os pontos de venda de
de 2018) ingresso, sejam eles físicos ou virtuais. (Incluído pelo Decreto nº
§ 5º As áreas de acesso aos artistas, tais como coxias e cama- 9.404, de 2018)
rins, também devem ser acessíveis a pessoas com deficiência ou Art. 23-B. Os espaços livres para pessoas em cadeira de rodas
e assentos reservados para pessoas com deficiência ou com mobili-
com mobilidade reduzida.(Redação dada pelo Decreto nº 9.404, de
dade reduzida serão identificados no mapa de assentos localizados
2018)
nos pontos de venda de ingresso e de divulgação do evento, sejam
§ 6º Para obtenção do financiamento de que trata o inciso III
eles físicos ou virtuais. (Incluído pelo Decreto nº 9.404, de 2018)
do caput do art. 2º, as salas de espetáculo deverão dispor de meios
Parágrafo único. Os pontos físicos e os sítios eletrônicos de ven-
eletrônicos que permitam a transmissão de subtitulação por meio
da de ingressos e de divulgação do evento deverão: (Incluído pelo
de legenda oculta e de audiodescrição, além de disposições espe-
Decreto nº 9.404, de 2018)

344
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
I - ser acessíveis a pessoas com deficiência e com mobilidade § 1o No caso da instalação de elevadores novos ou da troca
reduzida; e (Incluído pelo Decreto nº 9.404, de 2018) dos já existentes, qualquer que seja o número de elevadores da edi-
II - conter informações sobre os recursos de acessibilidade dis- ficação de uso público ou de uso coletivo, pelo menos um deles
poníveis nos eventos. (Incluído pelo Decreto nº 9.404, de 2018) terá cabine que permita acesso e movimentação cômoda de pessoa
Art. 24. Os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, eta- portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, de acordo
pa ou modalidade, públicos ou privados, proporcionarão condições com o que especifica as normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
de acesso e utilização de todos os seus ambientes ou comparti- § 2o Junto às botoeiras externas do elevador, deverá estar sina-
mentos para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade lizado em braile em qual andar da edificação a pessoa se encontra.
reduzida, inclusive salas de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios e § 3o Os edifícios a serem construídos com mais de um pavimen-
instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários. to além do pavimento de acesso, à exceção das habitações unifami-
§ 1o Para a concessão de autorização de funcionamento, de liares e daquelas que estejam obrigadas à instalação de elevadores
abertura ou renovação de curso pelo Poder Público, o estabeleci- por legislação municipal, deverão dispor de especificações técnicas
mento de ensino deverá comprovar que: e de projeto que facilitem a instalação de equipamento eletromecâ-
I - está cumprindo as regras de acessibilidade arquitetônica, nico de deslocamento vertical para uso das pessoas portadoras de
urbanística e na comunicação e informação previstas nas normas deficiência ou com mobilidade reduzida.
técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica ou nes- § 4o As especificações técnicas a que se refere o § 3o devem
te Decreto; atender:
II - coloca à disposição de professores, alunos, servidores e em- I - a indicação em planta aprovada pelo poder municipal do
pregados portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida local reservado para a instalação do equipamento eletromecânico,
ajudas técnicas que permitam o acesso às atividades escolares e ad- devidamente assinada pelo autor do projeto;
ministrativas em igualdade de condições com as demais pessoas; e II - a indicação da opção pelo tipo de equipamento (elevador,
III - seu ordenamento interno contém normas sobre o trata- esteira, plataforma ou similar);
mento a ser dispensado a professores, alunos, servidores e empre- III - a indicação das dimensões internas e demais aspectos da
cabine do equipamento a ser instalado; e
gados portadores de deficiência, com o objetivo de coibir e reprimir
IV - demais especificações em nota na própria planta, tais como
qualquer tipo de discriminação, bem como as respectivas sanções
a existência e as medidas de botoeira, espelho, informação de voz,
pelo descumprimento dessas normas.
bem como a garantia de responsabilidade técnica de que a estrutu-
§ 2o As edificações de uso público e de uso coletivo referidas
ra da edificação suporta a implantação do equipamento escolhido.
no caput, já existentes, têm, respectivamente, prazo de trinta e qua-
renta e oito meses, a contar da data de publicação deste Decreto, SEÇÃO III
para garantir a acessibilidade de que trata este artigo. DA ACESSIBILIDADE NA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Art. 25. Nos estacionamentos externos ou internos das edifica-
ções de uso público ou de uso coletivo, ou naqueles localizados nas Art. 28. Na habitação de interesse social, deverão ser promovi-
vias públicas, serão reservados, pelo menos, dois por cento do total das as seguintes ações para assegurar as condições de acessibilida-
de vagas para veículos que transportem pessoa portadora de defi- de dos empreendimentos:
ciência física ou visual definidas neste Decreto, sendo assegurada, I - definição de projetos e adoção de tipologias construtivas li-
no mínimo, uma vaga, em locais próximos à entrada principal ou ao vres de barreiras arquitetônicas e urbanísticas;
elevador, de fácil acesso à circulação de pedestres, com especifica- II - no caso de edificação multifamiliar, execução das unidades
ções técnicas de desenho e traçado conforme o estabelecido nas habitacionais acessíveis no piso térreo e acessíveis ou adaptáveis
normas técnicas de acessibilidade da ABNT. quando nos demais pisos;
§ 1o Os veículos estacionados nas vagas reservadas deverão III - execução das partes de uso comum, quando se tratar de
portar identificação a ser colocada em local de ampla visibilidade, edificação multifamiliar, conforme as normas técnicas de acessibi-
confeccionado e fornecido pelos órgãos de trânsito, que disciplina- lidade da ABNT; e
rão sobre suas características e condições de uso, observando o dis- IV - elaboração de especificações técnicas de projeto que facili-
posto na Lei no 7.405, de 1985. te a instalação de elevador adaptado para uso das pessoas portado-
§ 2o Os casos de inobservância do disposto no § 1o estarão ras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
sujeitos às sanções estabelecidas pelos órgãos competentes. Parágrafo único. Os agentes executores dos programas e pro-
§ 3o Aplica-se o disposto no caput aos estacionamentos locali- jetos destinados à habitação de interesse social, financiados com
zados em áreas públicas e de uso coletivo. recursos próprios da União ou por ela geridos, devem observar os
§ 4o A utilização das vagas reservadas por veículos que não es- requisitos estabelecidos neste artigo.
tejam transportando as pessoas citadas no caput constitui infração Art. 29. Ao Ministério das Cidades, no âmbito da coordenação
ao art. 181, inciso XVII, da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997. da política habitacional, compete:
I - adotar as providências necessárias para o cumprimento do
Art. 26. Nas edificações de uso público ou de uso coletivo, é
disposto no art. 28; e
obrigatória a existência de sinalização visual e tátil para orientação
II - divulgar junto aos agentes interessados e orientar a clientela
de pessoas portadoras de deficiência auditiva e visual, em confor-
alvo da política habitacional sobre as iniciativas que promover em
midade com as normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
razão das legislações federal, estaduais, distrital e municipais relati-
Art. 27. A instalação de novos elevadores ou sua adaptação em vas à acessibilidade.
edificações de uso público ou de uso coletivo, bem assim a instala-
ção em edificação de uso privado multifamiliar a ser construída, na
qual haja obrigatoriedade da presença de elevadores, deve atender
aos padrões das normas técnicas de acessibilidade da ABNT.

345
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
SEÇÃO IV Art. 37. Cabe às empresas concessionárias e permissionárias
DA ACESSIBILIDADE AOS BENS CULTURAIS IMÓVEIS e as instâncias públicas responsáveis pela gestão dos serviços de
transportes coletivos assegurar a qualificação dos profissionais que
Art. 30. As soluções destinadas à eliminação, redução ou supe- trabalham nesses serviços, para que prestem atendimento priori-
ração de barreiras na promoção da acessibilidade a todos os bens tário às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade re-
culturais imóveis devem estar de acordo com o que estabelece a duzida.
Instrução Normativa no 1 do Instituto do Patrimônio Histórico e Ar-
tístico Nacional - IPHAN, de 25 de novembro de 2003. SEÇÃO II
DA ACESSIBILIDADE NO TRANSPORTE COLETIVO RODOVIÁ-
CAPÍTULO V RIO
DA ACESSIBILIDADE AOS SERVIÇOS DE TRANSPORTES COLE-
TIVOS Art. 38. No prazo de vinte e quatro meses, contado da data de
SEÇÃO I publicação das normas técnicas referidas no § 1º, os veículos de
DAS CONDIÇÕES GERAIS transporte coletivo rodoviário para utilização no País serão fabrica-
dos acessíveis e estarão disponíveis para integrar a frota operante,
Art. 31. Para os fins de acessibilidade aos serviços de transpor- de forma a garantir o uso por pessoas com deficiência ou com mo-
te coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, considera-se como inte- bilidade reduzida.(Redação dada pelo Decreto nº 10.014, de 2019)
grantes desses serviços os veículos, terminais, estações, pontos de § 1o As normas técnicas para fabricação dos veículos e dos
parada, vias principais, acessos e operação. equipamentos de transporte coletivo rodoviário, de forma a torná-
Art. 32. Os serviços de transporte coletivo terrestre são: -los acessíveis, serão elaboradas pelas instituições e entidades que
I - transporte rodoviário, classificado em urbano, metropolita- compõem o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Quali-
no, intermunicipal e interestadual; dade Industrial, e estarão disponíveis no prazo de até doze meses a
II - transporte metroferroviário, classificado em urbano e me- contar da data da publicação deste Decreto.
tropolitano; e § 2o A substituição da frota operante atual por veículos aces-
III - transporte ferroviário, classificado em intermunicipal e in- síveis, a ser feita pelas empresas concessionárias e permissioná-
terestadual. rias de transporte coletivo rodoviário, dar-se-á de forma gradativa,
Art. 33. As instâncias públicas responsáveis pela concessão e conforme o prazo previsto nos contratos de concessão e permissão
permissão dos serviços de transporte coletivo são: deste serviço.
I - governo municipal, responsável pelo transporte coletivo mu- § 3o A frota de veículos de transporte coletivo rodoviário e a
nicipal; infra-estrutura dos serviços deste transporte deverão estar total-
II - governo estadual, responsável pelo transporte coletivo me- mente acessíveis no prazo máximo de cento e vinte meses a contar
tropolitano e intermunicipal; da data de publicação deste Decreto.
III - governo do Distrito Federal, responsável pelo transporte § 4o Os serviços de transporte coletivo rodoviário urbano de-
coletivo do Distrito Federal; e vem priorizar o embarque e desembarque dos usuários em nível
IV - governo federal, responsável pelo transporte coletivo inte- em, pelo menos, um dos acessos do veículo.
restadual e internacional. § 5º O disposto neste artigo não se aplica aos veículos destina-
Art. 34. Os sistemas de transporte coletivo são considerados dos exclusivamente às empresas de transporte de fretamento e de
acessíveis quando todos os seus elementos são concebidos, orga- turismo, observado o disposto no art. 49 da Lei nº 13.146, de 6 de
nizados, implantados e adaptados segundo o conceito de desenho julho de 2015.(Incluído pelo Decreto nº 10.014, de 2019)
universal, garantindo o uso pleno com segurança e autonomia por Art. 39. No prazo de até vinte e quatro meses a contar da data
todas as pessoas. de implementação dos programas de avaliação de conformidade
Parágrafo único. A infra-estrutura de transporte coletivo a ser descritos no § 3o, as empresas concessionárias e permissionárias
implantada a partir da publicação deste Decreto deverá ser acessí- dos serviços de transporte coletivo rodoviário deverão garantir a
vel e estar disponível para ser operada de forma a garantir o seu uso acessibilidade da frota de veículos em circulação, inclusive de seus
por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. equipamentos.
Art. 35. Os responsáveis pelos terminais, estações, pontos de § 1o As normas técnicas para adaptação dos veículos e dos
parada e os veículos, no âmbito de suas competências, assegurarão equipamentos de transporte coletivo rodoviário em circulação, de
espaços para atendimento, assentos preferenciais e meios de aces- forma a torná-los acessíveis, serão elaboradas pelas instituições e
so devidamente sinalizados para o uso das pessoas portadoras de entidades que compõem o Sistema Nacional de Metrologia, Nor-
deficiência ou com mobilidade reduzida. malização e Qualidade Industrial, e estarão disponíveis no prazo de
Art. 36. As empresas concessionárias e permissionárias e as até doze meses a contar da data da publicação deste Decreto.
instâncias públicas responsáveis pela gestão dos serviços de trans- § 2o Caberá ao Instituto Nacional de Metrologia, Normaliza-
portes coletivos, no âmbito de suas competências, deverão garantir ção e Qualidade Industrial - INMETRO, quando da elaboração das
a implantação das providências necessárias na operação, nos ter- normas técnicas para a adaptação dos veículos, especificar dentre
minais, nas estações, nos pontos de parada e nas vias de acesso, de esses veículos que estão em operação quais serão adaptados, em
forma a assegurar as condições previstas no art. 34 deste Decreto. função das restrições previstas no art. 98 da Lei no 9.503, de 1997.
Parágrafo único. As empresas concessionárias e permissioná- § 3o As adaptações dos veículos em operação nos serviços de
rias e as instâncias públicas responsáveis pela gestão dos serviços transporte coletivo rodoviário, bem como os procedimentos e equi-
de transportes coletivos, no âmbito de suas competências, deverão pamentos a serem utilizados nestas adaptações, estarão sujeitas a
autorizar a colocação do “Símbolo Internacional de Acesso” após programas de avaliação de conformidade desenvolvidos e imple-
certificar a acessibilidade do sistema de transporte. mentados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial - INMETRO, a partir de orientações normativas
elaboradas no âmbito da ABNT.

346
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
SEÇÃO III § 1o As empresas concessionárias e permissionárias dos ser-
DA ACESSIBILIDADE NO TRANSPORTE COLETIVO AQUAVIÁ- viços de transporte coletivo metroferroviário e ferroviário deverão
RIO apresentar plano de adaptação dos sistemas existentes, prevendo
ações saneadoras de, no mínimo, oito por cento ao ano, sobre os
Art. 40. No prazo de até trinta e seis meses a contar da data de elementos não acessíveis que compõem o sistema.
edição das normas técnicas referidas no § 1o, todos os modelos e § 2o O plano de que trata o § 1o deve ser apresentado em até
marcas de veículos de transporte coletivo aquaviário serão fabrica- seis meses a contar da data de publicação deste Decreto.
dos acessíveis e estarão disponíveis para integrar a frota operante,
de forma a garantir o seu uso por pessoas portadoras de deficiência SEÇÃO V
ou com mobilidade reduzida. DA ACESSIBILIDADE NO TRANSPORTE COLETIVO AÉREO
§ 1o As normas técnicas para fabricação dos veículos e dos
equipamentos de transporte coletivo aquaviário acessíveis, a serem Art. 44. No prazo de até trinta e seis meses, a contar da data
elaboradas pelas instituições e entidades que compõem o Sistema da publicação deste Decreto, os serviços de transporte coletivo aé-
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, es- reo e os equipamentos de acesso às aeronaves estarão acessíveis
tarão disponíveis no prazo de até vinte e quatro meses a contar da e disponíveis para serem operados de forma a garantir o seu uso
data da publicação deste Decreto. por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
§ 2o As adequações na infra-estrutura dos serviços desta mo- Parágrafo único. A acessibilidade nos serviços de transporte
dalidade de transporte deverão atender a critérios necessários para coletivo aéreo obedecerá ao disposto na Norma de Serviço da Ins-
proporcionar as condições de acessibilidade do sistema de trans- trução da Aviação Civil NOSER/IAC - 2508-0796, de 1o de novembro
porte aquaviário. de 1995, expedida pelo Departamento de Aviação Civil do Comando
Art. 41. No prazo de até cinqüenta e quatro meses a contar da da Aeronáutica, e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
data de implementação dos programas de avaliação de conformi-
dade descritos no § 2o, as empresas concessionárias e permissioná- SEÇÃO VI
rias dos serviços de transporte coletivo aquaviário, deverão garantir DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
a acessibilidade da frota de veículos em circulação, inclusive de seus
equipamentos. Art. 45. Caberá ao Poder Executivo, com base em estudos e
§ 1o As normas técnicas para adaptação dos veículos e dos pesquisas, verificar a viabilidade de redução ou isenção de tributo:
equipamentos de transporte coletivo aquaviário em circulação, de I - para importação de equipamentos que não sejam produzi-
forma a torná-los acessíveis, serão elaboradas pelas instituições e dos no País, necessários no processo de adequação do sistema de
entidades que compõem o Sistema Nacional de Metrologia, Nor- transporte coletivo, desde que não existam similares nacionais; e
malização e Qualidade Industrial, e estarão disponíveis no prazo de II - para fabricação ou aquisição de veículos ou equipamentos
até trinta e seis meses a contar da data da publicação deste Decreto. destinados aos sistemas de transporte coletivo.
§ 2o As adaptações dos veículos em operação nos serviços de Parágrafo único. Na elaboração dos estudos e pesquisas a que
transporte coletivo aquaviário, bem como os procedimentos e equi- se referem o caput, deve-se observar o disposto no art. 14 da Lei
pamentos a serem utilizados nestas adaptações, estarão sujeitas a Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, sinalizando impacto
programas de avaliação de conformidade desenvolvidos e imple- orçamentário e financeiro da medida estudada.
mentados pelo INMETRO, a partir de orientações normativas elabo- Art. 46. A fiscalização e a aplicação de multas aos sistemas de
radas no âmbito da ABNT. transportes coletivos, segundo disposto no art. 6o, inciso II, da Lei
no 10.048, de 2000, cabe à União, aos Estados, Municípios e ao
SEÇÃO IV Distrito Federal, de acordo com suas competências.
DA ACESSIBILIDADE NO TRANSPORTE COLETIVO METROFER-
ROVIÁRIO E FERROVIÁRIO CAPÍTULO VI
DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO
Art. 42. A frota de veículos de transporte coletivo metroferro-
viário e ferroviário, assim como a infra-estrutura dos serviços deste Art. 47. No prazo de até doze meses a contar da data de pu-
blicação deste Decreto, será obrigatória a acessibilidade nos por-
transporte deverão estar totalmente acessíveis no prazo máximo de
tais e sítios eletrônicos da administração pública na rede mundial
cento e vinte meses a contar da data de publicação deste Decreto.
de computadores (internet), para o uso das pessoas portadoras de
§ 1o A acessibilidade nos serviços de transporte coletivo me-
deficiência visual, garantindo-lhes o pleno acesso às informações
troferroviário e ferroviário obedecerá ao disposto nas normas téc-
disponíveis.
nicas de acessibilidade da ABNT.
§ 1o Nos portais e sítios de grande porte, desde que seja de-
§ 2o No prazo de até trinta e seis meses a contar da data da pu-
monstrada a inviabilidade técnica de se concluir os procedimentos
blicação deste Decreto, todos os modelos e marcas de veículos de
para alcançar integralmente a acessibilidade, o prazo definido no
transporte coletivo metroferroviário e ferroviário serão fabricados
caput será estendido por igual período.
acessíveis e estarão disponíveis para integrar a frota operante, de
§ 2o Os sítios eletrônicos acessíveis às pessoas portadoras de
forma a garantir o seu uso por pessoas portadoras de deficiência ou deficiência conterão símbolo que represente a acessibilidade na
com mobilidade reduzida. rede mundial de computadores (internet), a ser adotado nas res-
Art. 43. Os serviços de transporte coletivo metroferroviário e pectivas páginas de entrada.
ferroviário existentes deverão estar totalmente acessíveis no pra- § 3o Os telecentros comunitários instalados ou custeados pelos
zo máximo de cento e vinte meses a contar da data de publicação Governos Federal, Estadual, Municipal ou do Distrito Federal devem
deste Decreto. possuir instalações plenamente acessíveis e, pelo menos, um com-
putador com sistema de som instalado, para uso preferencial por
pessoas portadoras de deficiência visual.

347
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Art. 48. Após doze meses da edição deste Decreto, a acessibi- § 1o O processo de regulamentação de que trata o caput deve-
lidade nos portais e sítios eletrônicos de interesse público na rede rá atender ao disposto no art. 31 da Lei no 9.784, de 29 de janeiro
mundial de computadores (internet), deverá ser observada para de 1999.
obtenção do financiamento de que trata o inciso III do art. 2o. § 2o A regulamentação de que trata o caput deverá prever a
Art. 49. As empresas prestadoras de serviços de telecomuni- utilização, entre outros, dos seguintes sistemas de reprodução das
cações deverão garantir o pleno acesso às pessoas portadoras de mensagens veiculadas para as pessoas portadoras de deficiência
deficiência auditiva, por meio das seguintes ações: auditiva e visual:
I - no Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC, disponível para I - a subtitulação por meio de legenda oculta;
uso do público em geral: II - a janela com intérprete de LIBRAS; e
a) instalar, mediante solicitação, em âmbito nacional e em lo- III - a descrição e narração em voz de cenas e imagens.
cais públicos, telefones de uso público adaptados para uso por pes- § 3o A Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Por-
soas portadoras de deficiência; tadora de Deficiência - CORDE da Secretaria Especial dos Direitos
b) garantir a disponibilidade de instalação de telefones para Humanos da Presidência da República assistirá o Ministério das Co-
uso por pessoas portadoras de deficiência auditiva para acessos municações no procedimento de que trata o § 1o. (Redação dada
individuais; pelo Decreto nº 5.645, de 2005)
c) garantir a existência de centrais de intermediação de comu- Art. 54. Autorizatárias e consignatárias do serviço de radiodifu-
nicação telefônica a serem utilizadas por pessoas portadoras de de- são de sons e imagens operadas pelo Poder Público poderão adotar
ficiência auditiva, que funcionem em tempo integral e atendam a plano de medidas técnicas próprio, como metas antecipadas e mais
todo o território nacional, inclusive com integração com o mesmo amplas do que aquelas as serem definidas no âmbito do procedi-
serviço oferecido pelas prestadoras de Serviço Móvel Pessoal; e mento estabelecido no art. 53.
d) garantir que os telefones de uso público contenham dispo- Art. 55. Caberá aos órgãos e entidades da administração públi-
sitivos sonoros para a identificação das unidades existentes e con- ca, diretamente ou em parceria com organizações sociais civis de
sumidas dos cartões telefônicos, bem como demais informações interesse público, sob a orientação do Ministério da Educação e da
exibidas no painel destes equipamentos; Secretaria Especial dos Direitos Humanos, por meio da CORDE, pro-
II - no Serviço Móvel Celular ou Serviço Móvel Pessoal: mover a capacitação de profissionais em LIBRAS.
a) garantir a interoperabilidade nos serviços de telefonia mó- Art. 56. O projeto de desenvolvimento e implementação da te-
vel, para possibilitar o envio de mensagens de texto entre celulares
levisão digital no País deverá contemplar obrigatoriamente os três
de diferentes empresas; e
tipos de sistema de acesso à informação de que trata o art. 52.
b) garantir a existência de centrais de intermediação de comu-
Art. 57. A Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão
nicação telefônica a serem utilizadas por pessoas portadoras de de-
Estratégica da Presidência da República editará, no prazo de doze
ficiência auditiva, que funcionem em tempo integral e atendam a
meses a contar da data da publicação deste Decreto, normas com-
todo o território nacional, inclusive com integração com o mesmo
plementares disciplinando a utilização dos sistemas de acesso à
serviço oferecido pelas prestadoras de Serviço Telefônico Fixo Co-
informação referidos no § 2o do art. 53, na publicidade governa-
mutado.
mental e nos pronunciamentos oficiais transmitidos por meio dos
§ 1o Além das ações citadas no caput, deve-se considerar o es-
tabelecido nos Planos Gerais de Metas de Universalização aprova- serviços de radiodifusão de sons e imagens.
dos pelos Decretos nos 2.592, de 15 de maio de 1998, e 4.769, de Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no caput e observa-
27 de junho de 2003, bem como o estabelecido pela Lei no 9.472, das as condições técnicas, os pronunciamentos oficiais do Presiden-
de 16 de julho de 1997. te da República serão acompanhados, obrigatoriamente, no prazo
§ 2o O termo pessoa portadora de deficiência auditiva e da fala de seis meses a partir da publicação deste Decreto, de sistema de
utilizado nos Planos Gerais de Metas de Universalização é entendi- acessibilidade mediante janela com intérprete de LIBRAS.
do neste Decreto como pessoa portadora de deficiência auditiva, Art. 58. O Poder Público adotará mecanismos de incentivo para
no que se refere aos recursos tecnológicos de telefonia. tornar disponíveis em meio magnético, em formato de texto, as
Art. 50. A Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL re- obras publicadas no País.
gulamentará, no prazo de seis meses a contar da data de publicação § 1o A partir de seis meses da edição deste Decreto, a indústria
deste Decreto, os procedimentos a serem observados para imple- de medicamentos deve disponibilizar, mediante solicitação, exem-
mentação do disposto no art. 49. plares das bulas dos medicamentos em meio magnético, braile ou
Art. 51. Caberá ao Poder Público incentivar a oferta de apare- em fonte ampliada.
lhos de telefonia celular que indiquem, de forma sonora, todas as § 2o A partir de seis meses da edição deste Decreto, os fa-
operações e funções neles disponíveis no visor. bricantes de equipamentos eletroeletrônicos e mecânicos de uso
Art. 52. Caberá ao Poder Público incentivar a oferta de apare- doméstico devem disponibilizar, mediante solicitação, exemplares
lhos de televisão equipados com recursos tecnológicos que permi- dos manuais de instrução em meio magnético, braile ou em fonte
tam sua utilização de modo a garantir o direito de acesso à informa- ampliada.
ção às pessoas portadoras de deficiência auditiva ou visual. Art. 59. O Poder Público apoiará preferencialmente os congres-
Parágrafo único. Incluem-se entre os recursos referidos no sos, seminários, oficinas e demais eventos científico-culturais que
caput: ofereçam, mediante solicitação, apoios humanos às pessoas com
I - circuito de decodificação de legenda oculta; deficiência auditiva e visual, tais como tradutores e intérpretes de
II - recurso para Programa Secundário de Áudio (SAP); e LIBRAS, ledores, guias-intérpretes, ou tecnologias de informação e
III - entradas para fones de ouvido com ou sem fio. comunicação, tais como a transcrição eletrônica simultânea.
Art. 53. Os procedimentos a serem observados para imple- Art. 60. Os programas e as linhas de pesquisa a serem desen-
mentação do plano de medidas técnicas previstos no art. 19 da volvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio à pesquisa e
Lei no 10.098, de 2000., serão regulamentados, em norma com- de agências de financiamento deverão contemplar temas voltados
plementar, pelo Ministério das Comunicações. (Redação dada pelo para tecnologia da informação acessível para pessoas portadoras
Decreto nº 5.645, de 2005) de deficiência.

348
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Parágrafo único. Será estimulada a criação de linhas de crédito Art. 66. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos instituirá
para a indústria que produza componentes e equipamentos relacio- Comitê de Ajudas Técnicas, constituído por profissionais que atuam
nados à tecnologia da informação acessível para pessoas portado- nesta área, e que será responsável por:
ras de deficiência. I - estruturação das diretrizes da área de conhecimento;
II - estabelecimento das competências desta área;
CAPÍTULO VII III - realização de estudos no intuito de subsidiar a elaboração
DAS AJUDAS TÉCNICAS de normas a respeito de ajudas técnicas;
IV - levantamento dos recursos humanos que atualmente tra-
Art. 61. Para os fins deste Decreto, consideram-se ajudas técni- balham com o tema; e
cas os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adap- V - detecção dos centros regionais de referência em ajudas téc-
tados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade nicas, objetivando a formação de rede nacional integrada.
da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, § 1o O Comitê de Ajudas Técnicas será supervisionado pela
favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida. CORDE e participará do Programa Nacional de Acessibilidade, com
§ 1o Os elementos ou equipamentos definidos como ajudas vistas a garantir o disposto no art. 62.
técnicas serão certificados pelos órgãos competentes, ouvidas as § 2o Os serviços a serem prestados pelos membros do Comitê
entidades representativas das pessoas portadoras de deficiência. de Ajudas Técnicas são considerados relevantes e não serão remu-
§ 2o Para os fins deste Decreto, os cães-guia e os cães-guia de nerados.
acompanhamento são considerados ajudas técnicas.
Art. 62. Os programas e as linhas de pesquisa a serem desen- CAPÍTULO VIII
volvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio à pesquisa e DO PROGRAMA NACIONAL DE ACESSIBILIDADE
de agências de financiamento deverão contemplar temas voltados
para ajudas técnicas, cura, tratamento e prevenção de deficiências Art. 67. O Programa Nacional de Acessibilidade, sob a coorde-
ou que contribuam para impedir ou minimizar o seu agravamento. nação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, por intermédio
Parágrafo único. Será estimulada a criação de linhas de crédi- da CORDE, integrará os planos plurianuais, as diretrizes orçamentá-
to para a indústria que produza componentes e equipamentos de rias e os orçamentos anuais.
ajudas técnicas. Art. 68. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos, na condi-
Art. 63. O desenvolvimento científico e tecnológico voltado ção de coordenadora do Programa Nacional de Acessibilidade, de-
para a produção de ajudas técnicas dar-se-á a partir da instituição senvolverá, dentre outras, as seguintes ações:
de parcerias com universidades e centros de pesquisa para a produ- I - apoio e promoção de capacitação e especialização de recur-
ção nacional de componentes e equipamentos. sos humanos em acessibilidade e ajudas técnicas;
Parágrafo único. Os bancos oficiais, com base em estudos e II - acompanhamento e aperfeiçoamento da legislação sobre
pesquisas elaborados pelo Poder Público, serão estimulados a con- acessibilidade;
ceder financiamento às pessoas portadoras de deficiência para III - edição, publicação e distribuição de títulos referentes à te-
aquisição de ajudas técnicas. mática da acessibilidade;
Art. 64. Caberá ao Poder Executivo, com base em estudos e IV - cooperação com Estados, Distrito Federal e Municípios para
pesquisas, verificar a viabilidade de: a elaboração de estudos e diagnósticos sobre a situação da acessi-
I - redução ou isenção de tributos para a importação de equi- bilidade arquitetônica, urbanística, de transporte, comunicação e
pamentos de ajudas técnicas que não sejam produzidos no País ou informação;
que não possuam similares nacionais; V - apoio e realização de campanhas informativas e educativas
II - redução ou isenção do imposto sobre produtos industriali- sobre acessibilidade;
zados incidente sobre as ajudas técnicas; e VI - promoção de concursos nacionais sobre a temática da aces-
III - inclusão de todos os equipamentos de ajudas técnicas para sibilidade; e
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida na VII - estudos e proposição da criação e normatização do Selo
categoria de equipamentos sujeitos a dedução de imposto de ren- Nacional de Acessibilidade.
da.
Parágrafo único. Na elaboração dos estudos e pesquisas a que CAPÍTULO IX
se referem o caput, deve-se observar o disposto no art. 14 da Lei DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Complementar no 101, de 2000, sinalizando impacto orçamentário
e financeiro da medida estudada. Art. 69. Os programas nacionais de desenvolvimento urbano,
Art. 65. Caberá ao Poder Público viabilizar as seguintes diretri- os projetos de revitalização, recuperação ou reabilitação urbana in-
zes: cluirão ações destinadas à eliminação de barreiras arquitetônicas e
I - reconhecimento da área de ajudas técnicas como área de urbanísticas, nos transportes e na comunicação e informação devi-
conhecimento; damente adequadas às exigências deste Decreto.
II - promoção da inclusão de conteúdos temáticos referentes a Art. 70. O art. 4o do Decreto no 3.298, de 20 de dezembro de
ajudas técnicas na educação profissional, no ensino médio, na gra- 1999, passa a vigorar com as seguintes alterações:
duação e na pós-graduação; “Art. 4o .......................................................................
III - apoio e divulgação de trabalhos técnicos e científicos refe-
rentes a ajudas técnicas;
IV - estabelecimento de parcerias com escolas e centros de
educação profissional, centros de ensino universitários e de pesqui-
sa, no sentido de incrementar a formação de profissionais na área
de ajudas técnicas; e
V - incentivo à formação e treinamento de ortesistas e prote-
sistas.

349
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no
mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimen- âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres
to da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, negras e os demais segmentos sociais;
paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autode-
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação claram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela
ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades es- que adotam autodefinição análoga;
téticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adota-
funções; dos pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucionais;
II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais ado-
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas tados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das de-
freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; sigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportuni-
III - deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é dades.
igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção Art. 2o É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade
óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, inde-
no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a pendentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação
somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômi-
ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das cas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo
condições anteriores; sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
IV - ....................................................................... Art. 3o Além das normas constitucionais relativas aos prin-
....................................................................... cípios fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos
d) utilização dos recursos da comunidade; direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade
.......................................................................”(NR) Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas
Art. 71. Ficam revogados os arts. 50 a 54 do Decreto no 3.298, de desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade étnica e o
de 20 de dezembro de 1999. fortalecimento da identidade nacional brasileira.
Art. 72. Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação. Art. 4o A participação da população negra, em condição de
Brasília, 2 de dezembro de 2004; 183o da Independência e igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e
116o da República. cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de:
I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econô-
mico e social;
TEMÁTICA DE RAÇA E ETNIA, CONFORME LEI Nº II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirma-
12.288/2010 tiva;
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o
LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010. adequado enfrentamento e a superação das desigualdades étnicas
decorrentes do preconceito e da discriminação étnica;
Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716, IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o com-
de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 bate à discriminação étnica e às desigualdades étnicas em todas as
de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003. suas manifestações individuais, institucionais e estruturais;
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e insti-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- tucionais que impedem a representação da diversidade étnica nas
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: esferas pública e privada;
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da
sociedade civil direcionadas à promoção da igualdade de oportuni-
TÍTULO I dades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive mediante
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e
prioridade no acesso aos recursos públicos;
Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, des- VII - implementação de programas de ação afirmativa destina-
tinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de dos ao enfrentamento das desigualdades étnicas no tocante à edu-
oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos cação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia,
e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de into- meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à
lerância étnica. terra, à Justiça, e outros.
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclu- -se-ão em políticas públicas destinadas a reparar as distorções e
são, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou desigualdades sociais e demais práticas discriminatórias adotadas,
origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir nas esferas pública e privada, durante o processo de formação so-
o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, cial do País.
de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos políti- Art. 5o Para a consecução dos objetivos desta Lei, é instituído
co, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), con-
pública ou privada; forme estabelecido no Título III.
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferen-
ciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas
esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica;

350
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
TÍTULO II I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da po-
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS pulação negra ao ensino gratuito e às atividades esportivas e de
CAPÍTULO I lazer;
DO DIREITO À SAÚDE II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço para
promoção social e cultural da população negra;
Art. 6o O direito à saúde da população negra será garantido III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas
pelo poder público mediante políticas universais, sociais e econômi- escolas, para que a solidariedade aos membros da população negra
cas destinadas à redução do risco de doenças e de outros agravos. faça parte da cultura de toda a sociedade;
§ 1o O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde IV - implementação de políticas públicas para o fortalecimento
(SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da popu- da juventude negra brasileira.
lação negra será de responsabilidade dos órgãos e instituições pú-
blicas federais, estaduais, distritais e municipais, da administração SEÇÃO II
direta e indireta. DA EDUCAÇÃO
§ 2o O poder público garantirá que o segmento da população
negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado sem Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de en-
discriminação. sino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da história
Art. 7o O conjunto de ações de saúde voltadas à população geral da África e da história da população negra no Brasil, observa-
negra constitui a Política Nacional de Saúde Integral da População do o disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especificadas: § 1o Os conteúdos referentes à história da população negra no
I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças Brasil serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, res-
dos movimentos sociais em defesa da saúde da população negra gatando sua contribuição decisiva para o desenvolvimento social,
nas instâncias de participação e controle social do SUS; econômico, político e cultural do País.
II - produção de conhecimento científico e tecnológico em saú- § 2o O órgão competente do Poder Executivo fomentará a for-
de da população negra; mação inicial e continuada de professores e a elaboração de mate-
III - desenvolvimento de processos de informação, comunica- rial didático específico para o cumprimento do disposto no caput
ção e educação para contribuir com a redução das vulnerabilidades
deste artigo.
da população negra.
§ 3o Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos res-
Art. 8o Constituem objetivos da Política Nacional de Saúde In-
ponsáveis pela educação incentivarão a participação de intelectuais
tegral da População Negra:
e representantes do movimento negro para debater com os estu-
I - a promoção da saúde integral da população negra, priorizan-
dantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.
do a redução das desigualdades étnicas e o combate à discrimina-
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à
ção nas instituições e serviços do SUS;
pesquisa e à pós-graduação poderão criar incentivos a pesquisas e a
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS
programas de estudo voltados para temas referentes às relações ét-
no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados de-
sagregados por cor, etnia e gênero; nicas, aos quilombos e às questões pertinentes à população negra.
III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racis- Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos com-
mo e saúde da população negra; petentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas e
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos privadas, sem prejuízo da legislação em vigor, a:
processos de formação e educação permanente dos trabalhadores I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar gru-
da saúde; pos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos programas de pós-
V - a inclusão da temática saúde da população negra nos pro- -graduação que desenvolvam temáticas de interesse da população
cessos de formação política das lideranças de movimentos sociais negra;
para o exercício da participação e controle social no SUS. II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação
Parágrafo único. Os moradores das comunidades de remanes- de professores temas que incluam valores concernentes à pluralida-
centes de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos de étnica e cultural da sociedade brasileira;
para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condi- III - desenvolver programas de extensão universitária destina-
ções ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e dos a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, assegu-
nutricional e na atenção integral à saúde. rado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os benefi-
ciários;
CAPÍTULO II IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos esta-
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO belecimentos de ensino públicos, privados e comunitários, com as
LAZER escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e
SEÇÃO I ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de
DISPOSIÇÕES GERAIS equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas.
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações socioedu-
Art. 9o A população negra tem direito a participar de ativida- cacionais realizadas por entidades do movimento negro que desen-
des educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequadas a seus volvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante coope-
interesses e condições, de modo a contribuir para o patrimônio cul- ração técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros
tural de sua comunidade e da sociedade brasileira. mecanismos.
Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9o, os gover- Art. 15. O poder público adotará programas de ação afirmativa.
nos federal, estaduais, distrital e municipais adotarão as seguintes Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos res-
providências: ponsáveis pelas políticas de promoção da igualdade e de educação,
acompanhará e avaliará os programas de que trata esta Seção.

351
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
SEÇÃO III IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de ar-
DA CULTURA tigos e materiais religiosos adequados aos costumes e às práticas
fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas veda-
Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento das so- das por legislação específica;
ciedades negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao
da população negra, com trajetória histórica comprovada, como exercício e à difusão das religiões de matriz africana;
patrimônio histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais
Constituição Federal. e jurídicas de natureza privada para a manutenção das atividades
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos religiosas e sociais das respectivas religiões;
quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes, tradi- VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para di-
ções e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado. vulgação das respectivas religiões;
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de
detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos, ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância religiosa
tombados nos termos do § 5o do art. 216 da Constituição Federal, nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.
receberá especial atenção do poder público. Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de
Art. 19. O poder público incentivará a celebração das perso- religiões de matrizes africanas internados em hospitais ou em ou-
nalidades e das datas comemorativas relacionadas à trajetória do tras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles submeti-
samba e de outras manifestações culturais de matriz africana, bem dos a pena privativa de liberdade.
como sua comemoração nas instituições de ensino públicas e pri- Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para
vadas. o combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e
Art. 20. O poder público garantirá o registro e a proteção da à discriminação de seus seguidores, especialmente com o objetivo
capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza de:
imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos ter- I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para a
mos do art. 216 da Constituição Federal. difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham
Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na
dos atos normativos necessários, a preservação dos elementos for- religiosidade de matrizes africanas;
madores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais. II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e
outros bens de valor artístico e cultural, os monumentos, manan-
SEÇÃO IV ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matrizes
DO ESPORTE E LAZER africanas;
III - assegurar a participação proporcional de representantes
Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da popula- das religiões de matrizes africanas, ao lado da representação das
ção negra às práticas desportivas, consolidando o esporte e o lazer demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instân-
como direitos sociais. cias de deliberação vinculadas ao poder público.
Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de criação
nacional, nos termos do art. 217 da Constituição Federal. CAPÍTULO IV
§ 1o A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA
modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte, SEÇÃO I
luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território DO ACESSO À TERRA
nacional.
§ 2o É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas Art. 27. O poder público elaborará e implementará políticas
e privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e for- públicas capazes de promover o acesso da população negra à terra
malmente reconhecidos. e às atividades produtivas no campo.
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das atividades pro-
dutivas da população negra no campo, o poder público promoverá
CAPÍTULO III ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento agrí-
DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E cola.
AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS Art. 29. Serão assegurados à população negra a assistência
técnica rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o for-
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, talecimento da infraestrutura de logística para a comercialização da
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, produção.
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Art. 30. O poder público promoverá a educação e a orientação
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao profissional agrícola para os trabalhadores negros e as comunida-
livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreende: des negras rurais.
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos
religiosidade e a fundação e manutenção, por iniciativa privada, de que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade de-
lugares reservados para tais fins; finitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá
preceitos das respectivas religiões; políticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento sus-
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de ins- tentável dos remanescentes das comunidades dos quilombos, res-
tituições beneficentes ligadas às respectivas convicções religiosas; peitando as tradições de proteção ambiental das comunidades.

352
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das § 2o As ações visando a promover a igualdade de oportunida-
comunidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes des na esfera da administração pública far-se-ão por meio de nor-
tratamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas es- mas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação específi-
peciais de financiamento público, destinados à realização de suas ca e em seus regulamentos.
atividades produtivas e de infraestrutura. § 3o O poder público estimulará, por meio de incentivos, a
adoção de iguais medidas pelo setor privado.
Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se § 4o As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão
beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras leis o princípio da proporcionalidade de gênero entre os beneficiários.
para a promoção da igualdade étnica. § 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena pro-
dução, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mu-
SEÇÃO II lheres negras.
DA MORADIA § 6o O poder público promoverá campanhas de sensibilização
contra a marginalização da mulher negra no trabalho artístico e cul-
Art. 35. O poder público garantirá a implementação de po- tural.
líticas públicas para assegurar o direito à moradia adequada da § 7o O poder público promoverá ações com o objetivo de ele-
população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas su- var a escolaridade e a qualificação profissional nos setores da eco-
butilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de nomia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores
reintegrá-las à dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente negros de baixa escolarização.
e na qualidade de vida. Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Tra-
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos balhador (Codefat) formulará políticas, programas e projetos volta-
desta Lei, inclui não apenas o provimento habitacional, mas tam- dos para a inclusão da população negra no mercado de trabalho e
bém a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos comu- orientará a destinação de recursos para seu financiamento.
nitários associados à função habitacional, bem como a assistência Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de
técnica e jurídica para a construção, a reforma ou a regularização financiamento para constituição e ampliação de pequenas e médias
fundiária da habitação em área urbana. empresas e de programas de geração de renda, contemplarão o es-
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamen- tímulo à promoção de empresários negros.
tais realizadas no âmbito do Sistema Nacional de Habitação de In- Parágrafo único. O poder público estimulará as atividades vol-
teresse Social (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho tadas ao turismo étnico com enfoque nos locais, monumentos e ci-
de 2005, devem considerar as peculiaridades sociais, econômicas e dades que retratem a cultura, os usos e os costumes da população
culturais da população negra. negra.
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municí- Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar crité-
pios estimularão e facilitarão a participação de organizações e mo- rios para provimento de cargos em comissão e funções de confiança
vimentos representativos da população negra na composição dos destinados a ampliar a participação de negros, buscando reproduzir
conselhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de a estrutura da distribuição étnica nacional ou, quando for o caso,
Habitação de Interesse Social (FNHIS). estadual, observados os dados demográficos oficiais.
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promo-
verão ações para viabilizar o acesso da população negra aos finan- CAPÍTULO VI
ciamentos habitacionais. DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

CAPÍTULO V Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação


DO TRABALHO valorizará a herança cultural e a participação da população negra
na história do País.
Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a inclusão Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados à vei-
da população negra no mercado de trabalho será de responsabili- culação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas,
dade do poder público, observando-se: deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de empre-
I - o instituído neste Estatuto; go para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e
II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Con- qualquer discriminação de natureza política, ideológica, étnica ou
venção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Dis- artística.
criminação Racial, de 1965; Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se aplica
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Con- aos filmes e programas que abordem especificidades de grupos ét-
venção no 111, de 1958, da Organização Internacional do Trabalho nicos determinados.
(OIT), que trata da discriminação no emprego e na profissão; Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias destinadas
IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo Bra- à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográfi-
sil perante a comunidade internacional. cas o disposto no art. 44.
Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pública fe-
igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a popu- deral direta, autárquica ou fundacional, as empresas públicas e as
lação negra, inclusive mediante a implementação de medidas visan- sociedades de economia mista federais deverão incluir cláusulas de
do à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o participação de artistas negros nos contratos de realização de fil-
incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e organiza- mes, programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.
ções privadas.
§ 1o A igualdade de oportunidades será lograda mediante a
adoção de políticas e programas de formação profissional, de em-
prego e de geração de renda voltados para a população negra.

353
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
§ 1o Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão, § 2o É o Poder Executivo federal autorizado a instituir fórum
nas especificações para contratação de serviços de consultoria, intergovernamental de promoção da igualdade étnica, a ser co-
conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças ordenado pelo órgão responsável pelas políticas de promoção da
publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades igualdade étnica, com o objetivo de implementar estratégias que vi-
de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço sem à incorporação da política nacional de promoção da igualdade
contratado. étnica nas ações governamentais de Estados e Municípios.
§ 2o Entende-se por prática de iguais oportunidades de em- § 3o As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção
prego o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a finali- da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado que asse-
dade de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe gure a participação da sociedade civil.
vinculada ao projeto ou serviço contratado. Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais,
§ 3o A autoridade contratante poderá, se considerar neces- no âmbito das respectivas esferas de competência, poderão insti-
sário para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego, tuir conselhos de promoção da igualdade étnica, de caráter perma-
requerer auditoria por órgão do poder público federal. nente e consultivo, compostos por igual número de representantes
§ 4o A exigência disposta no caput não se aplica às produções de órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil
publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étnicos representativas da população negra.
determinados. Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o repasse dos re-
cursos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei aos
TÍTULO III Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado conselhos
DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RA- de promoção da igualdade étnica.
CIAL (SINAPIR)
CAPÍTULO I CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA E
À SEGURANÇA
Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igual-
dade Racial (Sinapir) como forma de organização e de articulação Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e
voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços desti- no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Perma-
nados a superar as desigualdades étnicas existentes no País, presta- nentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e encaminhar
dos pelo poder público federal. denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou
§ 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão cor e acompanhar a implementação de medidas para a promoção
participar do Sinapir mediante adesão. da igualdade.
§ 2o O poder público federal incentivará a sociedade e a inicia- Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica o
tiva privada a participar do Sinapir. acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública,
ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas instân-
CAPÍTULO II cias, para a garantia do cumprimento de seus direitos.
DOS OBJETIVOS Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres ne-
gras em situação de violência, garantida a assistência física, psíqui-
Art. 48. São objetivos do Sinapir: ca, social e jurídica.
I - promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a vio-
sociais resultantes do racismo, inclusive mediante adoção de ações lência policial incidente sobre a população negra.
afirmativas; Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocializa-
II - formular políticas destinadas a combater os fatores de mar- ção e proteção da juventude negra em conflito com a lei e exposta
ginalização e a promover a integração social da população negra; a experiências de exclusão social.
III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discri-
governos estaduais, distrital e municipais; minação e preconceito praticados por servidores públicos em detri-
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção mento da população negra, observado, no que couber, o disposto
da igualdade étnica; na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989.
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de
para a implementação das ações afirmativas e o cumprimento das lesão aos interesses da população negra decorrentes de situações
metas a serem estabelecidas. de desigualdade étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumentos,
à ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de
CAPÍTULO III 1985.
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA
CAPÍTULO V
Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano nacional DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA
de promoção da igualdade racial contendo as metas, princípios e IGUALDADE RACIAL
diretrizes para a implementação da Política Nacional de Promoção
da Igualdade Racial (PNPIR). Art. 56. Na implementação dos programas e das ações cons-
§ 1o A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e tantes dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da União,
acompanhamento da PNPIR, bem como a organização, articulação deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que se re-
e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável fere o inciso VII do art. 4o desta Lei e outras políticas públicas que
pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional. tenham como objetivo promover a igualdade de oportunidades e a
inclusão social da população negra, especialmente no que tange a:
I - promoção da igualdade de oportunidades em educação, em-
prego e moradia;

354
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde “Art. 3o ........................................................................
e emprego, voltadas para a melhoria da qualidade de vida da popu- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de
lação negra; discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional,
III - incentivo à criação de programas e veículos de comunica- obstar a promoção funcional.” (NR)
ção destinados à divulgação de matérias relacionadas aos interes- “Art. 4o ........................................................................
ses da população negra; § 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi-
IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas ad- nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de
ministradas por pessoas autodeclaradas negras; descendência ou origem nacional ou étnica:
V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre-
pessoas negras na educação fundamental, média, técnica e supe- gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores;
rior; II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra
VI - apoio a programas e projetos dos governos estaduais, dis- forma de benefício profissional;
trital e municipais e de entidades da sociedade civil voltados para a III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
promoção da igualdade de oportunidades para a população negra; ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de servi-
tradições africanas e brasileiras. ços à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade
§ 1o O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamen-
que garantam, em cada exercício, a transparência na alocação e na to de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça
execução dos recursos necessários ao financiamento das ações pre- ou etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exi-
vistas neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos gências.” (NR)
recursos orçamentários destinados aos programas de promoção da Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995,
igualdade, especialmente nas áreas de educação, saúde, emprego passam a vigorar com a seguinte redação:
e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvi- “Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2o e nos dispositivos
mento regional, cultura, esporte e lazer. legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de etnia,
§ 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercí- raça ou cor, as infrações do disposto nesta Lei são passíveis das se-
cio subsequente à publicação deste Estatuto, os órgãos do Poder guintes cominações:
Executivo federal que desenvolvem políticas e programas nas áreas ...................................................................................” (NR)
referidas no § 1o deste artigo discriminarão em seus orçamentos “Art. 4o O rompimento da relação de trabalho por ato discri-
anuais a participação nos programas de ação afirmativa referidos minatório, nos moldes desta Lei, além do direito à reparação pelo
no inciso VII do art. 4o desta Lei. dano moral, faculta ao empregado optar entre:
§ 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar as medidas ne- ...................................................................................” (NR)
cessárias para a adequada implementação do disposto neste artigo, Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar
podendo estabelecer patamares de participação crescente dos pro- acrescido do seguinte § 2o, renumerando-se o atual parágrafo úni-
gramas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o co como § 1o:
§ 2o deste artigo. “Art. 13. ........................................................................
§ 4o O órgão colegiado do Poder Executivo federal responsável § 1o ...............................................................................
pela promoção da igualdade racial acompanhará e avaliará a pro- § 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em
gramação das ações referidas neste artigo nas propostas orçamen- dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do dis-
tárias da União. posto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá dire-
Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, po- tamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações
derão ser consignados nos orçamentos fiscal e da seguridade social de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho
para financiamento das ações de que trata o art. 56: Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão
I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Federal e nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial esta-
dos Municípios; duais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou
II - doações voluntárias de particulares; local, respectivamente.” (NR)
III - doações de empresas privadas e organizações não governa- Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei nº 10.778, de 24 de novembro
mentais, nacionais ou internacionais; de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação:
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacionais; “Art. 1o .......................................................................
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, § 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência contra
tratados e acordos internacionais. a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, inclusi-
ve decorrente de discriminação ou desigualdade étnica, que cause
TÍTULO IV morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher,
DISPOSIÇÕES FINAIS tanto no âmbito público quanto no privado.
...................................................................................” (NR)
Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989, passa a
em prol da população negra que tenham sido ou venham a ser ado- vigorar acrescido do seguinte inciso III:
tadas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos “Art. 20. ......................................................................
Municípios. .............................................................................................
Art. 59. O Poder Executivo federal criará instrumentos para § 3o ...............................................................................
aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei e efetuará .............................................................................................
seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de infor-
relatórios periódicos, inclusive pela rede mundial de computadores. mação na rede mundial de computadores.
Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 7.716, de 1989, passam a ...................................................................................” (NR)
vigorar com a seguinte redação:

355
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data Transparência dos atos públicos ansparência dos atos públi-
de sua publicação. cos – o ansparência dos atos públicos respeito aos princípios da
administração pública, tais como legalidade, impessoalidade, mo-
ralidade e eficiência, com transparência nos atos públicos e con-
POLÍTICA NACIONAL PARA MULHERES trole social, deve ser garantido;
Participação e controle social Participação e controle social
– o Participação e controle social debate e a participação das mu-
Plano Nacional de Políticas para as Mulheres lheres na formulação, implementação, avaliação e controle social
das políticas públicas devem ser garantidos e ratificados pelo Es-
A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Pre- tado brasileiro, como medida de proteção aos direitos humanos
sidência da República (SPM/ PR) foi criada em 1º de janeiro de das mulheres e meninas.
2003, com status de ministério e inaugurou um novo momento
da história do Brasil no que se refere à formulação, coordenação e O Plano na vida das mulheres
articulação de políticas que promovam a igualdade entre mulhe-
res e homens. O Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM) vai
O Governo Federal deu um importante passo para a promo- beneficiar você, mulher, sua família e sua comunidade. Para que
ção dessas mudanças com a realização da I Conferência Nacio- ele se torne realidade e mude, de fato, a vida de todas as mulhe-
nal de Políticas para as Mulheres (I CNPM), em julho de 2004. A res, é necessário que os Governos Federal, Estaduais e Municipais
Conferência foi um marco na afirmação dos direitos da mulher e trabalhem em conjunto e, também, que a sociedade seja parceira
mobilizou, por todo o Brasil, cerca de 120 mil mulheres que parti- em sua execução. Para tanto, é preciso que mecanismos institu-
ciparam, diretamente, dos debates e apresentaram as propostas cionais de defesa dos direitos da mulher sejam criados ou forta-
para a elaboração do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres lecidos em todo o país. E mais: que todas estejam representadas
que, agora, a SPM está colocando em prática. - mulheres índias, negras, lésbicas, idosas, jovens mulheres, com
O Plano traduz em ações o compromisso assumido pelo Presi- deficiência, ciganas, profissionais do sexo, rurais, urbanas, entre
dente Luiz Inácio Lula da Silva, quando de sua eleição em 2002, de outras – e participem, ativamente, em suas localidades.
enfrentar as desigualdades entre mulheres e homens em nosso * O MAIOR ACESSO E A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NOS
país e reconhece o papel fundamental do Estado, através de ações ESPAÇOS DE PODER SÃO INSTRUMENTOS ESSENCIAIS PARA DE-
e políticas públicas, no combate a estas e outras desigualdades MOCRATIZAR O ESTADO E A SOCIEDADE *
sociais. Conheça o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e sai-
* ba como ele pode ser um instrumento de afirmação da cidadania
COMBATER TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA das mulheres.
A MULHER *
Comece sabendo que cada uma das ações do Plano Nacional
A Política Nacional para as Mulheres de Políticas para as Mulheres tem como objetivos:
A Política Nacional para as Mulheres orienta-se pelos seguin-
tes pontos fundamentais: 1. a igualdade de gênero, raça e etnia;
Igualdade e respeito à diversidade – Igualdade e respeito à 2. o desenvolvimento democrático e sustentável, levando em
diversidade mulheres e homens são iguais em seus direitos. consideração as diversidades regionais com o objetivo de superar
A promoção da igualdade implica no respeito à diversidade as desigualdades econômicas e culturais;
cultural, étnica, racial, inserção social, situação econômica e re- 3. o cumprimento dos tratados, acordos e convenções inter-
gional, assim como os diferentes momentos da vida das mulheres; nacionais firmados e ratificados pelo Governo Brasileiro, relativos
Eqüidade Eqüidade – a Eqüidade todas as pessoas deve ser aos direitos humanos das mulheres;
garantida a igualdade de oportunidades, observando-se os direi- 4. o pleno exercício de todos os direitos e liberdades funda-
tos universais e as questões específicas das mulheres; mentais para distintos grupos de mulheres;
Autonomia das mulheres Autonomia das mulheres – o Auto- 5. o equilíbrio de poder entre mulheres e homens, em termos
nomia das mulheres poder de decisão sobre suas vidas e corpos de recursos econômicos, direitos legais, participação política e re-
deve ser assegurado às mulheres, assim como as condições de lações interpessoais;
influenciar os acontecimentos em sua comunidade e seu país; 6. o combate às distintas formas de apropriação e exploração
Laicidade do Estado Laicidade do Estado – as Laicidade do mercantil do corpo e da vida das mulheres;
Estado políticas públicas voltadas para as mulheres devem ser 7. o reconhecimento da violência de gênero, raça e etnia
formuladas e implementadas independentemente de princípios como violência estrutural e histórica, que expressa a opressão das
religiosos, de forma a assegurar os direitos consagrados na Cons- mulheres que precisa ser tratada como questão de segurança, jus-
tituição Federal e nos instrumentos e acordos internacionais assi- tiça e saúde pública;
nados pelo Brasil; 8. o reconhecimento da responsabilidade do Estado na im-
Universalidade das políticas Universalidade das políticas – as plementação de políticas que incidam na divisão social e sexual
po Universalidade das políticas líticas públicas devem garantir, em do trabalho;
sua implementação, o acesso aos direitos sociais, políticos, econô- 9. a construção social de valores, por meio da Educação, que
micos, culturais e ambientais para todas as mulheres; enfatizem a importância do trabalho historicamente realizado pe-
Justiça social Justiça social – a Justiça social redistribuição dos las mulheres, além da necessidade de viabilizar novas formas para
recursos e riquezas produzidas pela sociedade e a busca de supe- sua efetivação;
ração da desigualdade social, que atinge de maneira significativa 10. a inclusão das questões de gênero, raça e etnia nos currí-
às mulheres, devem ser assegurados; culos escolares, além do reconhecimento e busca de formas que
alterem as práticas educativas, a produção de conhecimento, a
educação formal, a cultura e a comunicação discriminatórias;

356
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
11. a inclusão de recursos nos Planos Plurianuais, Leis de Dire- 5. conceder 400 mil títulos conjuntos de terra, no caso de lo-
trizes Orçamentárias e Leis Orçamentárias Anuais para implemen- tes pertencentes a casais, a todas as famílias beneficiadas pela
tação de políticas públicas para as mulheres; reforma agrária até 2007;
12. a elaboração e divulgação de indicadores sociais, econô- 6. atender 350 mil mulheres nos projetos de Assistência Téc-
micos e culturais sobre a população afro-descendente e indígena, nica e Extensão Rural e de Assistência Técnica Sustentável, até
como subsídios para a formulação e implementação de políticas 2007.
públicas de saúde, previdência social, trabalho, educação e cultu-
ra, que levem em consideração a realidade urbana e rural; Quais são as prioridades?
13. a capacitação de servidores(as) públicos(as) em gênero, 1. ampliar o acesso das mulheres ao mercado de trabalho;
raça, etnia e direitos humanos, de forma a garantir a implementa- 2. promover a autonomia econômica e financeira das mulhe-
ção de políticas públicas voltadas para a igualdade; res por meio do apoio ao empreendedorismo, associativismo, co-
14. a participação e o controle social na formulação, imple- operativismo e comércio;
mentação, monitoramento e avaliação de políticas públicas, dis- 3. promover relações de trabalho não-discriminatórias, com
ponibilizando dados e indicadores relacionados aos atos públicos eqüidade salarial e de acesso a cargos de direção;
e garantindo a transparência das ações; 4. garantir o cumprimento da legislação no âmbito do traba-
15. a criação, o fortalecimento e a ampliação de organismos lho doméstico e estimular a divisão das tarefas domésticas;
específicos de defesa dos direitos e de políticas para as mulheres 5. ampliar o exercício da cidadania das mulheres e do acesso
no primeiro escalão de governo, nas esferas federal, estaduais e a terra e à moradia.
municipais.
B. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E NÃO SEXISTA
O que é o Plano Quais são os objetivos?
O PNPM tem 199 ações, distribuídas em 26 prioridades, que 1. incorporar a perspectiva de gênero, raça, etnia e orientação
foram definidas a partir dos debates estabelecidos na I Conferên- sexual no processo educacional formal e informal;
cia Nacional de Políticas para as Mulheres. Elas foram organiza- 2. garantir um sistema educacional não discriminatório, que
das por um Grupo de Trabalho, coordenado por esta Secretaria não reproduza estereótipos de gênero, raça e etnia;
e composto por representantes dos ministérios da Saúde, Edu- 3. promover o acesso à educação básica de mulheres jovens
cação, Trabalho e Emprego, Justiça, Desenvolvimento Agrário, e adultas;
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Planejamento, Orça- 4. promover a visibilidade da contribuição das mulheres na
mento e Gestão, Minas e Energia e Secretaria Especial de Políticas construção da história da humanidade;
da Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Conselho Nacional dos 5. combater os estereótipos de gênero, raça e etnia na cultura
Direitos da Mulher (CNDM) e de representantes das esferas go-
e comunicação.
vernamentais estadual – representados pelo Acre - e municipal
– representada por Campinas/SP.
Quais são os primeiros passos para alcançar esses objetivos?
As ações do Plano foram traçadas a partir de 4 linhas de atu-
1. reduzir em 15% a taxa de analfabetismo entre mulheres
ação, consideradas como as mais importantes e urgentes para ga-
acima de 45 anos até 2007;
rantir, de fato, o direito a uma vida melhor e mais digna para todas
2. aumentar em 12% o número de crianças entre zero e 06
as mulheres. São elas:
anos de idade freqüentando creche ou pré-escola, na rede pública
até 2007.
A. AUTONOMIA, IGUALDADE NO MUNDO DO TRABALHO E
CIDADANIA
Quais são os objetivos? Quais são as prioridades?
1. promover a autonomia econômica e financeira das mulhe- 1. promover ações no processo educacional para a eqüidade
res; de gênero, raça, etnia e orientação sexual;
2. promover a eqüidade de gênero, raça e etnia nas relações 2. ampliar o acesso à educação infantil: creches e pré-escolas;
de trabalho; 3. promover a alfabetização e ampliar a oferta de ensino fun-
3. promover políticas de ações afirmativas que reafirmem a damental para mulheres adultas e idosas, especialmente negras
condição das mulheres como sujeitos sociais e políticos; e índias;
4. ampliar a inclusão das mulheres na reforma agrária e na 4. valorizar as iniciativas culturais das mulheres;
agricultura familiar; 5. estimular a difusão de imagens não-discriminatórias e não-
5. promover o direito à vida na cidade com qualidade, acesso -estereotipadas das mulheres.
a bens e serviços.
C. SAÚDE DAS MULHERES, DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS RE-
Quais são os primeiros passos para alcançar esses objetivos? PRODUTIVOS.
1. adotar medidas que promovam o aumento em 5,2% na Quais são os objetivos?
taxa de atividade das mulheres na População Economicamente 1. promover a melhoria da saúde das mulheres brasileiras,
Ativa (PEA) até 2007; mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e ampliar
2. manter a média nacional em, no mínimo, 50% de partici- o acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistên-
pação das mulheres no total de trabalhadores capacitados e qua- cia e recuperação da saúde, em todo território brasileiro;
lificados atendidos pelo Plano Nacional de Qualificação (PNQ) e 2. garantir os direitos sexuais e direitos reprodutivos das mu-
nos convênios do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com lheres;
entidades que desenvolvam formação profissional; 3. contribuir para a redução da morbidade e mortalidade fe-
3. conceder crédito a 400 mil mulheres trabalhadoras rurais, minina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os
no período de 2005 a 2006; ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem qualquer
4. documentar 250 mil mulheres rurais até 2007; forma de discriminação;

357
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
4. ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde D. ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
da mulher no Sistema Único de Saúde (SUS). Quais são os objetivos?
1. implantar uma Política Nacional de Enfrentamento à Vio-
Quais são os primeiros passos para alcançar esses objetivos? lência contra a Mulher;
1. implantar, com equipes de Saúde da Família (SF), em um 2. garantir o atendimento integral, humanizado e de qualida-
município de cada região do país, a atenção qualificada às mu- de às mulheres em situação de violência;
lheres com queixas clínicoginecológicas, com especial atenção à 3. reduzir os índices de violência contra as mulheres;
raça e etnia; 4. garantir o cumprimento dos instrumentos e acordos inter-
2. implantar projetos pilotos de modelo de atenção à saúde nacionais e revisar a legislação brasileira de enfrentamento à vio-
mental das mulheres na perspectiva de gênero, em 10 municípios lência contra as mulheres.
com Centros de Atenção Psicossocial (CAPs);
3. implementar, através do Centro de Referência em Saúde do Quais são os primeiro passos para alcançar esses objetivos?
Trabalhador, em um município de cada região do país, ações volta- 1. proceder a um diagnóstico quantitativo e qualitativo sobre
das aos agravos à saúde das trabalhadoras do campo e da cidade; os serviços de prevenção e atenção às mulheres em situação de
4. implantar a atenção integral à saúde da mulher índia em violência em todo o território nacional;
10% dos pólos básicos; 2. definir a aplicação de normas técnicas nacionais para o fun-
5. habilitar 35% dos estados que têm presídios femininos, cionamento dos serviços de prevenção e assistência às mulheres
para a Atenção Integral à Saúde das mulheres encarceradas; em situação de violência;
6. ampliar as ações de Planejamento Familiar, garantindo a 3. integrar os serviços em redes locais, regionais e nacionais;.
oferta de métodos anticoncepcionais reversíveis para 60% da po- 4. instituir redes de atendimento às mulheres em situação de
pulação de mulheres em idade fértil, usuárias do SUS, em todos violência em todos os estados brasileiros, englobando os seguin-
os municípios com equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) tes serviços: Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher
ou que tenham aderido ao Programa de Humanização no Pré-na- (DEAMs), Polícia Militar e Unidades Móveis do Corpo de Bom-
tal e Nascimento (PHPN); beiros, Centros de Referência, Casas Abrigo, Serviços de Saúde,
7. reduzir em 5% o número de complicações de abortamento Instituto Médico Legal, Defensorias Públicas, Defensorias Públicas
atendidas pelo SUS; da Mulher, além de programas sociais de trabalho e renda, de ha-
8. reduzir em 15% a mortalidade materna no Brasil, consi- bitação e moradia, de educação e cultura e de justiça, Conselhos
derando a meta estabelecida no Pacto Nacional pela Redução da e movimentos sociais;
Mortalidade Materna e Neonatal, lançado em março de 2004, 5. implantar serviços especializados de atendimento às mu-
pelo Governo Federal; lheres em situação de violência em todos os estados brasileiros
9. reduzir em 3% a incidência de Aids em mulheres; e Distrito Federal, segundo diagnósticos e estatísticas disponíveis
10. eliminar a sífilis congênita como problema de saúde pú- sobre a violência em cada região;
blica; 6. aumentar em 15% os serviços de atenção à saúde da mu-
11. aumentar em 30% a cobertura de Papanicolau na popula- lher em situação de 6. violência;
ção feminina de risco (35 a 49 anos); 7. implantar um sistema nacional de informações sobre vio-
12. aumentar em 30% o número de mamografias realizadas lência contra a mulher;
no País. . 8. implantar processo de capacitação e treinamento dos
profissionais atuantes nos serviços de prevenção e assistência,
Quais são as prioridades? segundo modelo integrado desenvolvido pelo MS/SEPPIR/SPM e
1. estimular a implantação, na Atenção Integral à Saúde da SENASP, em todas as unidades da Federação, com especial aten-
Mulher, de ações que atendam as necessidades específicas das ção às cidades com maiores índices de violência contra a mulher;
mulheres nas diferentes fases de seu ciclo vital, abrangendo as 9. ampliar em 50% o número de DEAMs e Núcleos Especiali-
mulheres negras, as com deficiência, as índias, as encarceradas, zados nas delegacias existentes.
as trabalhadoras rurais e urbanas e as de diferentes orientações
sexuais, contemplando questões ligadas às relações de gênero; Quais são as prioridades?
2. estimular a implementação da assistência em Planejamen- 1. ampliar e aperfeiçoar a Rede de Prevenção e Atendimento
to Familiar, para homens e mulheres, adultos e adolescentes, na às mulheres em 1. situação de violência;
perspectiva da atenção integral à saúde; 2. revisar e implementar a legislação nacional e garantir a
3. promover a atenção obstétrica, qualificada e humanizada, aplicação dos tratados 2. internacionais ratificados visando o
inclusive a assistência ao abortamento em condições inseguras aperfeiçoamento dos mecanismos de enfrentamento à violência
para mulheres e adolescentes, visando reduzir a mortalidade ma- contra as mulheres;
terna, especialmente entre as mulheres negras; 3. promover ações preventivas em relação à violência domés-
4. promover a prevenção e o controle das doenças sexual- tica e sexual; 3.
mente transmissíveis e de infecção pelo HIV/Aids na população 4. promover a atenção à saúde das mulheres em situação de
feminina; violência doméstica e 4. sexual;
5. reduzir a morbimortalidade por câncer cérvico-uterino e de 5. produzir e sistematizar dados e informações sobre a violên-
mama na população feminina; cia contra as mulheres;
6. revisar a legislação punitiva que trata da interrupção volun- 6. capacitar os profissionais das áreas de segurança pública,
tária da gravidez saúde, educação e 6. assistência psicossocial na temática da vio-
lência de gênero;
7. ampliar o acesso à justiça e à assistência jurídica gratuita.

358
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Para que todas essas ações do PNPM sejam colocadas em A partir de 2003, as políticas públicas para o enfrentamento à
prática nós, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, violência contra as mulheres são ampliadas e passam a incluir ações
em conjunto com os ministérios parceiros e diferentes órgãos de integradas, como: criação de normas e padrões de atendimento,
governo, estamos promovendo a Gestão e Monitoramento do aperfeiçoamento da legislação, incentivo à constituição de redes de
Plano para fazer acontecer a igualdade entre mulheres e homens. serviços, o apoio a projetos educativos e culturais de prevenção à
violência e ampliação do acesso das mulheres à justiça e aos servi-
COMO FAZER A GESTÃO E O MONITORAMENTO DO PLANO? ços de segurança pública. Esta ampliação é retratada em diferentes
Em abril de 2005, criamos um Comitê formado por represen- documentos e leis publicados neste período, a exemplo dos Planos
tantes de ministérios e secretarias especiais - e coordenado pela Nacionais de Políticas para as Mulheres, a Lei Maria da Penha, a
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - para acompa- Política e o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as
nhar o desenvolvimento das ações do Plano por cada um dos dife- Mulheres, as Diretrizes de Abrigamento das Mulheres em situação
rentes órgãos do Governo Federal. de Violência, as Diretrizes Nacionais de Enfrentamento à Violência
O Comitê atua, também, no sentido de fazer com que con- contra as Mulheres do Campo e da Floresta, Norma Técnica do Cen-
ceitos e práticas que atendam às necessidades específicas das tro de Atendimento à Mulher em situação de Violência, Norma Téc-
mulheres, sejam incorporados nas políticas governamentais de nica das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, entre
todas as áreas e nas diversas instâncias e fóruns governamentais outros.
e não-governamentais. Nesta publicação da Política Nacional de Enfrentamento à Vio-
O Comitê é constituído pelos seguintes integrantes: lência contra as Mulheres, serão apresentados os conceitos, princí-
· Secretaria Especial de Políticas para Mulheres; pios, diretrizes e ações de prevenção e combate à violência contra
· Ministério da Educação; as mulheres, assim como de assistência e garantia de direitos às
· Ministério da Justiça; mulheres em situação de violência, conforme normas e instrumen-
· Ministério da Saúde; tos internacionais de direitos humanos e legislação nacional. Neste
· Ministério das Cidades; volume, são discutidos os conceitos de enfrentamento e os diver-
· Ministério das Minas e Energia; sos tipos de violência contra as mulheres abordados no âmbito da
· Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Política.
· Ministério do Desenvolvimento Agrário; Iriny Lopes
· Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres
· Ministério do Trabalho e Emprego;
· Secretaria Especial de Direitos Humanos; Introdução
· Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade A Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mu-
Racial; lheres tem por finalidade estabelecer conceitos, princípios, diretri-
· Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. zes e ações de prevenção e combate à violência contra as mulheres,
assim como de assistência e garantia de direitos às mulheres em
Quais são as prioridades do Comitê? situação de violência, conforme normas e instrumentos internacio-
1. capacitar e qualificar os agentes públicos em gênero, raça nais de direitos humanos e legislação nacional. Além disso, está es-
e direitos humanos; 1. truturada a partir do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres
2. produzir, organizar e disseminar dados, estudos e pesqui- (PNPM), elaborado com base na I Conferência Nacional de Políticas
sas que tratem das 2. temáticas de gênero e raça; para as Mulheres, realizada em 2004 pela Secretaria de Políticas
3. criar e fortalecer os mecanismos institucionais de direitos e para as Mulheres (SPM) e pelo Conselho Nacional dos Direitos da
de políticas para as 3. mulheres. Mulher (CNDM).
* POLÍTICAS PARA AS MULHERES, COMPROMISSO DE TODOS O PNPM possui como um de seus Capítulos o enfrentamento
OS DIAS * à violência contra a mulher que, por sua vez, define como objetivo
a criação de uma Política Nacional. Vale notar que a questão do
enfrentamento a todas as formas de violência contra a mulher foi
mantida como um eixo temático na II Conferência Nacional de Po-
POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊN- líticas para as Mulheres (CNPM), realizada em agosto de 2007 e no
CIA CONTRA AS MULHERES II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, lançado em 2008.
A Política Nacional encontra-se, também, em consonância com
Apresentação a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e com convenções e tra-
Desde a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres, em tados internacionais ratificados pelo Brasil, tais como: a Declaração
2003, as políticas públicas de enfrentamento à violência contra as Universal dos Direitos Humanos (1948), a Convenção Interameri-
mulheres foram fortalecidas por meio da elaboração de conceitos, cana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher
diretrizes, normas; e da definição de ações e estratégias de gestão (Convenção de Belém do Pará, 1994), a Convenção sobre a Elimi-
e monitoramento relativas à temática. Até então, as iniciativas de nação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CE-
enfrentamento à violência contra as mulheres constituíam, em ge- DAW, 1981) e a Convenção Internacional contra o Crime Organizado
ral, ações isoladas e referiam-se basicamente a duas estratégias: a Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico
capacitação de profissionais da rede de atendimento às mulheres de Pessoas (Convenção de Palermo, 2000).
em situação de violência e a criação de serviços especializados,
mais especificamente Casas-Abrigo e Delegacias Especializadas de
Atendimento à Mulher.

359
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
Desse modo, a elaboração da Política Nacional de Enfrenta- fisz3 mostra que “em dez anos (1997 a 2007) 41.532 mulheres mor-
mento à Violência contra as Mulheres pela Secretaria de Políticas reram vítimas de homicídios – índice 4.2 assassinadas por 100.000
para as Mulheres (SPM) tem como objetivo explicitar os fundamen- mil habitantes”.
tos conceituais e políticos do enfrentamento à questão, que têm Dados de investigação conduzida pela Universidade de São
orientado a formulação e execução das políticas públicas formula- Paulo em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (2001)
das e executadas - desde a criação da SPM em janeiro de 2003 - demonstram que 27% de 4.299 mulheres entrevistadas na grande
para a prevenção, combate e enfrentamento à violência contra as São Paulo e 34% na Zona da Mata pernambucana relataram algum
mulheres, assim como para a assistência às mulheres em situação episódio de violência física cometido por parceiro ou ex-parceiros;
de violência. e que 29% das entrevistadas com mais de 15 anos referiram ter sido
vítimas de violência sexual por parte de estranhos.
Contextualizando a violência contra as mulheres no Brasil No período de 08 a 28 de fevereiro de 2011, o DataSenado
Dados sobre a violência realizou pesquisa com 1.352 mulheres, revelando que 66% destas
A violência contra as mulheres constitui-se em uma das princi- acham que aumentou a violência doméstica e familiar contra o gê-
pais formas de violação dos seus direitos humanos, atingindo-as em nero feminino, ao mesmo tempo em que a maioria (60%) entende
seus direitos à vida, à saúde e à integridade física. Homens e mulhe- que a proteção está melhor, após a criação da Lei Maria da Penha.
res são atingidos pela violência de maneira diferenciada. Enquanto Os resultados de 2011 indicam na Pesquisa do DataSenado que o
os homens tendem a ser vítimas de uma violência predominante- conhecimento sobre a Lei Maria da Penha cresceu nos dois últimos
mente praticada no espaço público, as mulheres sofrem cotidiana- anos: 98% disseram já ter ouvido falar na lei, contra 83% em 2009.
mente com um fenômeno que se manifesta dentro de seus próprios Foram feitas 1.352 entrevistas, apenas com mulheres, em 119 mu-
lares, na grande parte das vezes praticado por seus companheiros e nicípios, incluídas todas as Capitais e o DF.
familiares. A violência contra as mulheres em todas as suas formas Do total de entrevistadas, 57% declararam conhecer mulheres
(doméstica, psicológica, física, moral, patrimonial, sexual, tráfico de que já sofreram algum tipo de violência doméstica. A que mais se
mulheres, assédio sexual, etc.) é um fenômeno que atinge mulhe- destaca é a violência física, citada por 78% das pessoas ouvidas pela
res de diferentes classes sociais, origens, idades, regiões, estados pesquisa. Em segundo lugar aparece a violência moral, com 28%,
civis, escolaridade, raças e até mesmo a orientação sexual. Faz-se praticamente empatada com a violência psicológica (27%). Dados
necessário, portanto, que o Estado brasileiro adote políticas pú- da Vigilância de Violência e Acidentes (VIVA) do Ministério da Saú-
blicas, acessíveis a todas as mulheres, que englobem as diferentes de, de 27 municípios, de agosto de 2006 a julho de 2007, mostram
modalidades pelas quais a violência se expressa. Nessa perspectiva, que são as mulheres as principais vítimas das violências doméstica
devem ser também consideradas as ações de combate ao tráfico de e sexual, da infância até a terceira idade. Do total de 8.9184 noti-
mulheres, jovens e meninas ficações de atendimentos de violência doméstica, sexual e outras
Ainda que seja um fenômeno reconhecidamente presente na violências, registradas no período analisado, 6.636, ou seja, 74% re-
vida de milhões de brasileiras, não existem estatísticas sistemáticas feriam-se a vítimas do sexo feminino. As mulheres adultas (20 a 59
e oficiais que apontem para a magnitude desse fenômeno. Alguns anos) foram as que mais sofreram violência: 3.235 atendimentos,
estudos, realizados por institutos de pesquisa não governamen- representando 79,9% do total de agressões relatadas.
tais, como a Fundação Perseu Abramo (2010), apontam que apro- Mesmo com a carência de dados oficiais, a percepção é de que
ximadamente 24% das mulheres já foram vítimas de algum tipo a violência doméstica é um problema da maior gravidade e aponta
de violência doméstica. Quando estimuladas por meio da citação para o reconhecimento de sua existência e das sérias consequências
de diferentes formas de agressão, esse percentual sobe para 40%. que atingem – física e psicologicamente – as mulheres vitimadas.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) indica, também, a Diante da dimensão do problema da violência doméstica, tan-
maior vulnerabilidade de mulheres e meninas ao tráfico de pesso- to em termos do alto número de mulheres atingidas quanto das
as e à exploração sexual (2005). Segundo estudo1 divulgado pela consequências psíquicas, sociais e econômicas, e em resposta às
UNESCO em 1999, uma em cada três ou quatro meninas é abusada recomendações do Comitê para Eliminação de Todas as Formas de
sexualmente antes de completar 18 anos. Discriminação contra as Mulheres (CEDAW/ONU) e da Convenção
A Organização Internacional do Trabalho2 (OIT) estimou ainda Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
em 2005, que o Tráfico Internacional de Pessoas movimenta anual- a Mulher ao Estado brasileiro, o Brasil promulgou em 2006 uma lei
mente US$ 32 bilhões, sendo a terceira atividade ilícita mais lucra- específica para coibir a violência doméstica e familiar contra a mu-
tiva. O fenômeno da violência doméstica e sexual praticado contra lher (Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, conhecida como Lei
mulheres constitui uma das principais formas de violação dos Di- Maria da Penha). A partir da Lei, os crimes devem ser julgados nos
reitos Humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à Juizados Especializados de Violência Doméstica e Familiar contra a
integridade física. Mulher, instrumentos criados a partir dessa legislação, ou, enquan-
A Constituição Federal, em seu art. 226, parágrafo 8º, assegura to estes não existirem, nas Varas Criminais. Dentre outras conquis-
“a assistência à família, na pessoa de cada um dos que a integram, tas importantes, vale citar: a categorização dos tipos de violência
criando mecanismos para coibir a violência, no âmbito de suas re- doméstica, que pode ser física, sexual, patrimonial, psicológica e
lações”, assumindo, dessa forma, que o Estado brasileiro tem um moral; a proibição da aplicação de penas pecuniárias aos agresso-
papel a cumprir no enfrentamento a qualquer tipo de violência seja res; e a determinação de encaminhamentos das mulheres em situ-
ela praticada contra homens ou mulheres, adultos ou crianças. Ho- ação de violência, assim como de seus dependentes, a programas e
mens e mulheres, porém, são atingidos pela violência de maneira serviços de proteção e de assistência social.
diferenciada. Enquanto os homens tendem a ser vítimas de uma No que tange à produção de dados, a Lei Maria da Penha prevê
violência predominantemente praticada no espaço público, as mu- a criação de um Sistema Nacional de Dados e Estatísticas sobre a
lheres sofrem cotidianamente com um fenômeno que se manifesta Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Ainda no que se
dentro de seus próprios lares, na grande parte das vezes praticado refere às iniciativas do governo para a construção de estatísticas
por seus companheiros e ex-companheiros. Pesquisa realizada em oficiais, há que se registrar duas importantes fontes: o sistema de
2010 pelo Instituto Sangari e coordenada por Julio Jacobo Waisel- notificação compulsória dos casos de violência contra a mulher, sob

360
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
responsabilidade do Ministério da Saúde5 ; e o Sistema Nacional de Com a criação da Secretaria de Políticas para Mulheres em
Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal/SINESPJC (que 20039 , as ações para o enfrentamento à violência contra as mu-
inclui o Módulo Registro das Ocorrências; o Módulo Perfil das Insti- lheres passam a ter um maior investimento e a política é ampliada
tuições de Segurança Pública; a Pesquisa Nacional de Vitimização; o no sentido de promover a criação de novos serviços (como o Cen-
Fluxo do Sistema de Justiça Criminal), sob responsabilidade da Se- tro de Referência de Atendimento às Mulheres, as Defensorias da
cretaria Nacional de Segurança Pública/ Ministério da Justiça. Mulher, os Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor,
A Central de Atendimento à Mulher-Ligue 180 da Secretaria as Promotorias Especializadas) e de propor a construção de Redes
de Políticas para as Mulheres, criada para orientar as mulheres em de Atendimento às mulheres em situação de violência. Com a rea-
situação de violência sobre seus direitos e sobre os serviços espe- lização da I e da II Conferência Nacional de Políticas para Mulheres
cializados, bem como para auxiliar no monitoramento da rede de (I e II CNPM) e com a construção coletiva de dois Planos Nacionais
atendimento às mulheres em todo o território nacional, mesmo de Políticas para Mulheres, o Enfrentamento à Violência contra as
não oferecendo dados que permitam construir um diagnóstico do Mulheres é consolidado como um eixo intersetorial e prioritário no
problema, oferece uma visão geral das características da violência campo das políticas para as mulheres. Assim, a partir do PNPM, as
contra as mulheres no país e de sua magnitude. Apesar de não se ações de enfrentamento à violência contra as mulheres não mais se
tratar de um conjunto de informações estatisticamente represen- restringem às áreas da segurança e assistência social, mas buscam
tativas do universo, mas de registros dos atendimentos efetuados envolver diferentes setores do Estado no sentido de garantir os di-
neste serviço, produz vieses importantes que devem ser considera- reitos das mulheres a uma vida sem violência.
dos na análise desta questão. A importância do desenvolvimento de políticas públicas de
Portanto, embora haja no Brasil poucos estudos nacionais so- enfrentamento à violência contra as mulheres é efetivamente con-
bre a magnitude da violência contra as mulheres, nota-se um cres- solidada quando do lançamento do Pacto Nacional pelo Enfrenta-
cente interesse pelo levantamento de dados que possam subsidiar mento à Violência contra as Mulheres, em agosto de 2007. O Pacto
as políticas públicas voltadas para o enfrentamento da questão; Nacional foi parte da Agenda Social do Governo Federal e consiste
assim como um comprometimento do Estado com o diagnóstico numa estratégia de integração entre governo federal, estadual e
da violência contra as mulheres, que pode ser observado na Lei n° municipal no tocante às ações de enfrentamento à violência contra
10.778/2003 referente à notificação compulsória dos casos de vio-
as mulheres e de descentralização das políticas públicas referentes
lência contra a mulher na saúde e na Lei n° 11.340/2006 (Lei Maria
à temática, por meio de um acordo federativo, que tem por base
da Penha) que determina a criação do Sistema Nacional de Dados e
a transversalidade de gênero, a intersetorialidade e a capilaridade
Estatísticas sobre a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
das ações referentes à temática.
Contextualizando a Política: o Estado Brasileiro e a questão da
violência contra as mulheres Aspectos conceituais: definindo a violência contra as mulhe-
As primeiras conquistas do movimento feminista junto ao Esta- res
do para a implementação de políticas públicas voltadas ao enfren- O conceito de violência contra as mulheres1 , adotado pela Po-
tamento à violência contra mulheres datam da década de 1980. Em lítica Nacional, fundamenta-se na definição da Convenção de Belém
1985, justamente na culminância da Década da Mulher, declarada do Pará (1994), segundo a qual a violência contra a mulher constitui
pela ONU, é inaugurada a primeira Delegacia de Defesa da Mulher “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte,
e criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM)6 , por dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no
meio da Lei nº 7.353/85. No ano seguinte, foi criada pela Secreta- âmbito público como no privado” (Art. 1°). A definição é, portanto,
ria de Segurança Pública de São Paulo, a primeira Casa Abrigo para ampla e abarca diferentes formas de violência contra as mulheres,
mulheres em situação de risco de morte do país (Silveira, 2006). tais como:
Essas três importantes conquistas da luta feminista brasileira foram, A violência doméstica ou em qualquer outra relação interpes-
durante muito tempo, as principais balizas das ações do Estado vol- soal, em que o agressor conviva ou haja convivido no mesmo do-
tadas para a promoção dos direitos das mulheres no enfrentamento micílio que a mulher, compreendendo, entre outras, as violências
à violência. física, psicológica, sexual, moral e patrimonial (Lei nº 11.340/2006);
De 1985 a 2002, a criação de DEAMs e de Casas-Abrigo foi o A violência ocorrida na comunidade e que seja perpetrada por
principal eixo da política de enfrentamento à violência contra as qualquer pessoa e que compreende, entre outros, violação, abuso
mulheres, cuja ênfase, portanto, estava na segurança pública e na sexual, tortura, tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro
assistência social. Esse foco constituiu também a base do Programa e assédio sexual no lugar de trabalho, bem como em instituições
Nacional de Combate à Violência contra a Mulher, sob gerência da educacionais, estabelecimentos de saúde ou qualquer outro lugar;
Secretaria de Estado de Direitos da Mulher (SEDIM), criada em 2002 A violência perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agen-
e vinculada ao Ministério da Justiça. O ano de 1998 com a elabora- tes, onde quer que ocorra (violência institucional).
ção da Norma Técnica7 para prevenção e tratamento dos agravos A violência contra as mulheres não pode ser entendida sem
resultantes da violência sexual pelo Ministério da Saúde, marcou se considerar a dimensão de gênero, ou seja, a construção social,
mais um avanço nas políticas públicas para as mulheres. Esta Norma
política e cultural da(s) masculinidade(s) e da(s) feminilidade(s),
Técnica determinava a garantia de atendimento a mulheres vítimas
assim como as relações entre homens e mulheres. É um fenôme-
de violência sexual nos serviços de saúde, representando uma das
no, portanto, que se dá no nível relacional e societal, requerendo
medidas a serem adotadas com vistas à redução dos agravos decor-
mudanças culturais, educativas e sociais para seu enfrentamento,
rentes deste tipo de violência. A oferta desses serviços, entretanto,
permitiu a adolescentes e mulheres o acesso imediato a cuidados bem como o reconhecimento de que as dimensões de raça/etnia,
de saúde, à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de geração e de classe contribuem para sua exacerbação.
à gravidez indesejada. Cinco anos depois, a promulgação da Lei Joan Scott (1994) afirma que o gênero é igualmente utilizado
10.778/03 institui-se um novo avanço: a Notificação Compulsória8 para designar as relações sociais entre os sexos sua reflexão dire-
dos casos de violência contra as mulheres atendidas nos serviços de ciona-se no sentido da produção do saber sobre a diferença sexual.
saúde, públicos ou privados. Para ela, a “História é tanto objeto da atenção analítica quanto um

361
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
método de análise. Vista em conjunto desses dois ângulos, ela ofe- relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha con-
rece um modo de compreensão e uma contribuição ao processo vivido com a ofendida, independentemente de coabitação (Lei nº
através do qual gênero é produzido”. 11.340/2006). A violência doméstica2 contra a mulher subdivide-se
O conhecimento histórico não é o documento fiel da realidade em: violência física, violência psicológica, violência sexual, violên-
vivida, logo, não documenta as reais e únicas condições vivenciadas cia patrimonial e violência moral. O Parágrafo Único da Lei Maria
por homens e mulheres ao longo do tempo, ela sim, oferece um da Penha dá visibilidade à violência doméstica e familiar contra as
modo de compreensão e uma contribuição ao processo através do mulheres lésbicas, ao afirmar que “as relações pessoais enunciadas
qual gênero é produzido. O gênero é, segundo essa definição, uma neste artigo independem de orientação sexual”.
categoria social imposta sobre um corpo sexuado. Violência Sexual – É a ação que obriga uma pessoa a manter
A violência de gênero segundo Saffioti (O Poder do Ma- contato sexual, físico ou verbal, ou participar de outras relações se-
cho,1987) “é tudo que tira os direitos humanos numa perspectiva xuais com uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno,
de manutenção das desigualdades hierárquicas existentes para ga- manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule o li-
rantir obediência, subalternidade de um sexo a outro. Trata-se de mite da vontade pessoal. Manifesta-se como: expressões verbais ou
forma de dominação permanente e acontece em todas as classes corporais que não são do agrado da pessoa; toques e carícias não
sociais, raças e etnias”. desejados; exibicionismo e voyerismo; prostituição forçada; partici-
Simone de Beauvoir (O Segundo Sexo,1949) em seu estudo so- pação forçada em pornografia; relações sexuais forçadas - coerção
bre a mulher e o seu papel na sociedade aponta como a subalter- física ou por medo do que venha a ocorrer (Taquette, 2007).
nidade da mulher ao homem advém de uma perspectiva em que o Violência Física – Qualquer conduta que ofenda a integridade
papel feminino é destituído de identidade cultural, e histórico, clas- ou saúde corporal da mulher.
sificado como algo natural, meramente biológico. Beauvoir descre- Violência Psicológica – Conduta que cause dano emocional e
ve então sua recusa naquela ideia da naturalidade e aponta como diminuição da autoestima da mulher ou que lhe prejudique e per-
ocorre a construção social dos sexos. turbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar
Desta forma atribui diferentes espaços de poder para homens e suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ame-
mulheres, nos quais a mulher em geral ocupa lugares de menor em- aça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigi-
poderamento, de desvalorização e de subalternidade. Não se trata, lância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridi-
portanto, de diferenças, mas de desigualdades que são produzidas cularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer
e reproduzidas em diferentes espaços – no âmbito doméstico, no outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autode-
trabalho, nas religiões, nas profissões, etc. A violência contra as mu- terminação.
lheres só pode ser entendida no contexto das relações desiguais de Violência Patrimonial – Qualquer conduta que configure reten-
gênero, como forma de reprodução do controle do corpo feminino ção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instru-
e das mulheres numa sociedade sexista e patriarcal. As desigual- mentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos
dades de gênero têm, assim, na violência contra as mulheres, sua ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas
expressão máxima que, por sua vez, deve ser compreendida como necessidades.
uma violação dos direitos humanos das mulheres. Violência Moral – Entendida como qualquer conduta que con-
Portanto, o conceito de violência contra as mulheres, que tem figure calúnia, difamação ou injúria.
por base a questão de gênero, remete a um fenômeno multiface- Violência Institucional – É aquela praticada, por ação e/ou
tado, com raízes histórico-culturais, é permeado por questões ét- omissão, nas instituições prestadoras de serviços públicos3 . Mu-
nico-raciais, de classe e de geração. Nesse sentido falar em gênero lheres em situação de violência são, por vezes, ‘revitimizadas’ nos
requer do Estado e dos demais agentes uma abordagem interseto- serviços quando: são julgadas; não têm sua autonomia respeitada;
rial e multidimensional na qual as dimensões acima mencionadas são forçadas a contar a história de violência inúmeras vezes; são
sejam reconhecidas e enfrentadas. Além do mais, uma política na discriminadas em função de questões de raça/etnia, de classe e ge-
área de violência contra as mulheres exige uma atuação conjunta racionais. Outra forma de violência institucional que merece desta-
para o enfrentamento do problema, que envolva diversos setores, que é a violência sofrida pelas mulheres em situação de prisão, que
tais como: a saúde, a educação, a assistência social, a segurança são privadas de seus direitos humanos, em especial de seus direitos
pública, a cultura, a justiça, entre outros; no sentido de dar conta sexuais e reprodutivos.
da complexidade da violência contra as mulheres e de garantir a Tráfico de Mulheres – O conceito de Tráfico de Mulheres ado-
integralidade do atendimento àquelas que vivenciam tal situação tado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República do Brasil (SPM/PR) baseia-se em uma abordagem focada
Especificando conceitos: os diferentes tipos de violência con- na perspectiva dos direitos humanos das mulheres e no Protocolo
tra as mulheres de Palermo, em que há três elementos centrais: 1. movimento de
O conceito de violência contra as mulheres é, tal como men- pessoas, seja dentro do território nacional ou entre fronteiras; 2.
cionado, bastante amplo e compreende diversos tipos de violência: uso de engano ou coerção, incluindo o uso ou ameaça da força ou
a violência doméstica (que pode ser psicológica, sexual, física, mo- abuso de autoridade ou situação de vulnerabilidade; e, 3. a finalida-
ral e patrimonial), a violência sexual, o abuso e a exploração sexual de de exploração (exploração sexual; trabalho ou serviços forçados,
de mulheres adolescentes/jovens, o assédio sexual no trabalho, o incluindo o doméstico; escravatura ou práticas similares à escrava-
assédio moral, o tráfico de mulheres e a violência institucional. A tura; servidão; remoção de órgãos; casamento servil). Toda vez que
Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres houver movimento de pessoas por meio de engano ou coerção,
reconhece essa diversidade, ainda que suas ações estejam mais com o fim último de explorá-la, estaremos diante de uma situação
fortemente direcionadas para as seguintes expressões de violência: de tráfico de pessoas. Importante ressaltar que, para fins de iden-
Violência Doméstica – entendida como qualquer ação ou omis- tificação do tráfico de pessoas, o uso de engano ou coerção inclui
são baseada no gênero que cause à mulher morte, lesão, sofrimen- o abuso da ‘situação de vulnerabilidade’, mencionada na definição
to físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial no âm- do Protocolo de Palermo. Isso significa dizer que não importa que a
bito da unidade doméstica, no âmbito da família ou em qualquer pessoa explorada tenha consentido em se transportar de um local

362
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
a outro, desde que esteja em seu local de origem em situação de um atendimento qualificado e humanizado àquelas em situação de
vulnerabilidade que a faça aceitar qualquer proposta na busca de violência. Portanto, a noção de enfrentamento não se restringe à
encontrar uma oportunidade de superá-la. questão do combate, mas compreende também as dimensões da
Exploração Sexual de Mulheres – Segundo o Código Penal Bra- prevenção, da assistência e da garantia de direitos das mulheres
sileiro em seu Capítulo V – do Lenocínio e do Tráfico de Pessoa para (ver figura 1), que compõem os Eixos Estruturantes da Política Na-
fim de Prostituição ou outra forma de Exploração Sexual no Artigo cional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres:
227 diz que exploração sexual “é induzir alguém a satisfazer a lascí- No âmbito preventivo, a Política Nacional prevê o desenvolvi-
via de outrem” e no Artigo 228 fala que é “induzir ou atrair alguém mento de ações que desconstruam os mitos e estereótipos de gêne-
à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, im- ro e que modifiquem os padrões sexistas, perpetuadores das desi-
pedir ou dificultar que alguém a abandone”. A Secretaria de Políti- gualdades de poder entre homens e mulheres e da violência contra
cas para as Mulheres compreende a exploração sexual de mulheres as mulheres. A prevenção inclui não somente ações educativas, mas
como uma das formas de violência contra a mulher que se configura também culturais que disseminem atitudes igualitárias e valores
como um meio pelo qual um indivíduo tira proveito da sexualidade éticos de irrestrito respeito às diversidades de gênero, raça/etnia,
de outra pessoa (neste caso, das mulheres) com base numa relação geracionais e de valorização da paz. As ações preventivas incluirão
desigual de poder, podendo fazer uso da coerção física, psicológica campanhas que visibilizem as diferentes expressões de violência de
e do engano. gênero sofridas pelas mulheres e que rompam com a tolerância da
Exploração sexual4 para fins comerciais trata-se de uma práti- sociedade frente ao fenômeno. No tocante à violência doméstica, a
ca que envolve troca de dinheiro com/ou favores entre um usuário prevenção deverá focar a mudança de valores, em especial no que
um intermediário/aliciador/agente e outros que obtêm lucro com a tange à cultura do silêncio quanto à violência contra as mulheres
compra e venda do uso do corpo das crianças e dos adolescentes, no espaço doméstico e à banalização do problema pela sociedade.
como se fosse uma mercadoria”. O combate à violência contra as mulheres compreende o es-
Exploração sexual comercial de mulheres, adolescentes/jovens tabelecimento e cumprimento de normas penais que garantam a
– A exploração sexual comercial de crianças e adolescentes5 , tam- punição e a responsabilização dos agressores/autores de violência
bém conhecida pela sigla ESCCA, é considerada como uma questão contra as mulheres. No âmbito do combate, a Política Nacional pre-
social e uma prática criminosa. Representa uma violação de direito vê ações que garantem a implementação da Lei Maria da Penha,
humano fundamental, especialmente do direito ao desenvolvimen- em especial nos seus aspectos processuais/penais e no que tange
à criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
to de uma sexualidade saudável, bem como uma ameaça à inte-
Mulher. A Política também busca fortalecer ações de combate ao
gridade física e psicossocial. Existem três formas primárias de ex-
tráfico de mulheres e à exploração comercial de mulheres adoles-
ploração sexual comercial6 e que possuem uma relação entre si: a
centes/jovens.
prostituição, a pornografia e o tráfico com fins sexuais, incluindo-se
No que diz respeito à garantia dos direitos humanos das mu-
aí o turismo sexual. lheres, a Política deverá cumprir as recomendações previstas nos
Assédio Sexual – A abordagem, não desejada pelo outro, com tratados internacionais na área de violência contra as mulheres (em
intenção sexual ou insistência inoportuna de alguém em posição especial aquelas contidas na Convenção de Belém do Pará e na CE-
privilegiada que usa dessa vantagem para obter favores sexuais de DAW). No eixo da garantia de direitos, devem ser implementadas
subalternos ou dependentes. Para sua perfeita caracterização, o iniciativas que promovam o empoderamento das mulheres, o aces-
constrangimento deve ser causado por quem se prevaleça de sua so à justiça e a o resgate das mulheres como sujeito de direitos.
condição de superior hierárquico ou ascendência, inerentes ao No que tange à assistência às mulheres em situação de violên-
exercício de emprego, cargo ou função. Assédio Sexual7 é crime cia, a Política Nacional deve garantir o atendimento humanizado
(art. 216-A, do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 10.224, e qualificado àquelas em situação1 de violência por meio da for-
de 15 de maio de 1991). mação continuada de agentes públicos e comunitários; da criação
Assédio Moral – É toda e qualquer conduta abusiva (gesto, de serviços especializados (Casas-Abrigo, Centros de Referência,
palavra, escritos, comportamento, atitude, etc.) que, intencional e Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor, Juizados
frequentemente, fira a dignidade e a integridade física ou psíquica de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Defensorias da
de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima Mulher); e da constituição/fortalecimento da Rede de Atendimento
de trabalho. (articulação dos governos Federal, Estadual/Distrital, Municipal e
Cárcere Privado – Segundo o Art. 148 do Código Penal Brasi- da sociedade civil para o estabelecimento de uma rede de parcerias
leiro, configura-se quando uma pessoa é impedida de andar com para o enfrentamento da violência contra as mulheres, no sentido
liberdade e é mantida presa contra a vontade. E se a vítima é a mãe, de garantir a integralidade do atendimento).
pai, filho, filha ou esposa do agressor, a pena é aumentada Vale ressaltar que, para a consecução dos quatro eixos da Polí-
tica, é fundamental o monitoramento das ações de enfrentamento
O conceito de enfrentamento à violência contra a mulher à violência contra as mulheres, ou seja, a avaliação sistemática e o
O conceito de enfrentamento, adotado pela Política Nacional acompanhamento de todas as iniciativas desenvolvidas nas áreas
de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, diz respeito à im- de prevenção, combate à violência contra as mulheres; a assistência
plementação de políticas amplas e articuladas, que procurem dar e garantia de direitos.
conta da complexidade da violência contra as mulheres em todas
Conceituando a Rede de Atendimento
as suas expressões. O enfrentamento requer a ação conjunta dos
Os governos (Estaduais, Distrito Federal e Municipais) e a so-
diversos setores envolvidos com a questão (saúde, segurança públi-
ciedade civil possuem um papel a desempenhar na prevenção e
ca, justiça, educação, assistência social, entre outros), no sentido de
no combate da violência contra as mulheres, e na assistência a ser
propor ações que: desconstruam as desigualdades e combatam as prestada a cada uma delas. Todavia, ainda existe uma tendência ao
discriminações de gênero e a violência contra as mulheres; interfi- isolamento dos serviços e à desarticulação entre os diversos níveis
ram nos padrões sexistas/machistas ainda presentes na sociedade de governo no enfrentamento da questão. O trabalho em rede sur-
brasileira; promovam o empoderamento das mulheres; e garantam ge, então, como um caminho para superar essa desarticulação e a

363
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
fragmentação dos serviços, por meio da ação coordenada de dife- Universalidade das políticas – As políticas públicas devem ga-
rentes áreas governamentais, com o apoio e monitoramento de or- rantir, em sua implementação, o acesso aos direitos sociais, polí-
ganizações não-governamentais e da sociedade civil como um todo. ticos, econômicos, culturais e ambientais para todas as mulheres.
O conceito de Rede de atendimento refere-se à atuação arti- Justiça social – A redistribuição dos recursos e riquezas produ-
culada entre as instituições/serviços governamentais, não-gover- zidas pela sociedade e a busca de superação da desigualdade social,
namentais e a comunidade, visando à ampliação e melhoria da que atinge de maneira significativa às mulheres, deve ser assegu-
qualidade do atendimento; à identificação e encaminhamento ade- rada.
quado das mulheres em situação de violência; e ao desenvolvimen- Transparência dos atos públicos – O respeito aos princípios da
to de estratégias efetivas de prevenção. A constituição da rede de administração pública, tais como legalidade, impessoalidade, mora-
atendimento busca dar conta da complexidade da violência contra lidade e eficiência, com transparência nos atos públicos e controle
as mulheres e do caráter multidimensional do problema, que per- social, deve ser garantido.
passa diversas áreas, tais como: a saúde, a educação, a segurança Participação e controle social – O debate e a participação das
pública, a assistência social, a cultura, entre outras. mulheres na formulação, implementação, avaliação e controle so-
A necessidade de criação de uma Rede de Atendimento leva cial das políticas públicas devem ser garantidos e ratificados pelo
em conta a rota crítica1 (OMS/OPAS, 1998) que a mulher em situa- Estado brasileiro, como medida de proteção aos direitos humanos
ção de violência percorre. Essa rota possui diversas portas de-entra- das mulheres e meninas.
da (serviços de emergência na saúde, delegacias, serviços da assis- São diretrizes da Política Nacional de Enfrentamento à Violên-
tência social), que devem trabalhar de forma articulada no sentido cia contra as Mulheres:
de prestar uma assistência qualificada, integral e não-revitimizante Garantir o cumprimento dos tratados, acordos e convenções
à mulher em situação de violência. internacionais firmados e ratificados pelo Estado Brasileiro relativos
No âmbito do governo, a Rede de Atendimento à Mulher em ao enfrentamento da violência contra as mulheres.
situação de Violência é composta pelos seguintes serviços: Reconhecer a violência de gênero, raça e etnia como violência
• Centros de Referência de Atendimento à Mulher estrutural e histórica que expressa a opressão das mulheres e que
• Núcleos de Atendimento à Mulher precisa ser tratada como questão da segurança, justiça, educação,
• Casas-Abrigo assistência social e saúde pública.
• Casas de Acolhimento Provisório Combater as distintas formas de apropriação e exploração mer-
• Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) cantil do corpo e da vida das mulheres, como a exploração sexual e
• Núcleos ou Postos de Atendimento à Mulher nas Delegacias o tráfico de mulheres.
Comuns Implementar medidas preventivas nas políticas públicas, de
• Polícia Civil e Militar maneira integrada e intersetorial nas áreas de saúde, educação, as-
• Instituto Médico Legal sistência, turismo, comunicação, cultura, direitos humanos e justiça
• Defensorias da Mulher Juizados de Violência Doméstica e Fa- Incentivar a formação e capacitação de profissionais para o
miliar enfrentamento à violência contra as mulheres, em especial no que
• Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 tange à assistência.
• Ouvidorias Estruturar a Redes de Atendimento à mulher em situação de
• Ouvidoria da Mulher da Secretaria de Políticas para as Mu- violência nos Estados, Municípios e Distrito Federal.
lheres
• Serviços de Saúde voltados para o atendimento dos casos de Objetivos da Política Nacional de Enfrentamento à Violência
violência sexual e doméstica contra as Mulheres
• Posto de Atendimento Humanizado nos Aeroportos Geral
• Núcleo da Mulher da Casa do Migrante Enfrentar todas as formas de violência contra as mulheres a
partir de uma perspectiva de gênero e de uma visão integral deste
Princípios e Diretrizes da Política Nacional de Enfrentamento fenômeno.
à Violência contra as Mulheres
A Política Nacional para as Mulheres orienta-se pelos princípios Específicos:
propostos no I e II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres nos Reduzir os índices de violência contra as mulheres.
seguintes pontos fundamentais: Promover uma mudança cultural a partir da disseminação de
Igualdade e respeito à diversidade – Mulheres e homens são atitudes igualitárias e valores éticos de irrestrito respeito às diversi-
iguais em seus direitos. A promoção da igualdade implica no res- dades de gênero e de valorização da paz.
peito à diversidade cultural, étnica, racial, inserção social, situação Garantir e proteger os direitos das mulheres em situação de
econômica e regional, assim como os diferentes momentos da vida violência considerando as questões raciais, étnicas, geracionais, de
das mulheres. orientação sexual, de deficiência e de inserção social, econômica e
Equidade – A todas as pessoas deve ser garantida a igualdade regional.
de oportunidades, observando-se os direitos universais e as ques- Proporcionar às mulheres em situação de violência um atendi-
tões específicas das mulheres. mento humanizado e qualificado nos serviços especializados e na
Autonomia das mulheres – O poder de decisão sobre suas vidas Rede de Atendimento.
e corpos deve ser assegurado às mulheres, assim como as condi-
ções de influenciar os acontecimentos em sua comunidade e seu Ações e Prioridades da Política Nacional de Enfrentamento à
país. Violência contra as Mulheres
Laicidade do Estado – As políticas públicas voltadas para as A Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mu-
mulheres devem ser formuladas e implementadas independen- lheres buscará implementar ações previstas no Plano Nacional de
temente de princípios religiosos, de forma a assegurar os direitos Políticas para as Mulheres que, em sua segunda edição, já apresen-
consagrados na Constituição Federal e nos instrumentos e acordos ta as seguintes prioridades na área de violência contra as mulheres:
internacionais assinados pelo Brasil.

364
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
• Ampliar e aperfeiçoar a Rede de Prevenção e Atendimento às Garantia da autonomia das mulheres em situação de violên-
mulheres em situação de violência (assistência). cia e ampliação de seus direitos
• Garantir a implementação da Lei Maria da Penha e demais Com ações relacionadas:
normas jurídicas nacionais e internacionais (combate e garantia de 1 – Garantia da autonomia das mulheres
direitos). 2 – Ampliação dos direitos das mulheres em situação de vio-
• Promover ações de prevenção a todas as formas de violência lência
contra as mulheres nos espaços público e privado (prevenção).
• Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de fonte: https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/en-
violência com atendimento qualificado ou específico (assistência). tenda-a-violencia/pdfs/politica-nacional-de-enfrentamento-a-
• Produzir e sistematizar dados e informações sobre a violência -violencia-contra-as-mulheres
contra as mulheres (prevenção e assistência).
• Garantir o enfrentamento da violência contra as mulheres,
jovens e meninas vítimas do tráfico e da exploração sexual e que ESTATUTO NACIONAL DA IGUALDADE RACIAL
exercem a atividade da prostituição (prevenção, assistência e ga-
rantia de direitos). Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
• Promover os direitos humanos das mulheres em (assistência em tópicos anteriores
e garantia de direitos).
Além das prioridades mencionadas, a Política Nacional incor-
porou em 2007 ações voltadas para o enfrentamento ao tráfico de EXERCÍCIOS
mulheres, para a garantia de direitos das mulheres em situação de
prisão e para o combate à feminização da AIDS. 1. (Prefeitura de São Felipe D`Oeste/RO - Agente Administrati-
Essas áreas foram incluídas no enfrentamento da violência vo – IBADE/2020) Análise de Swot ou como também é conhecida,
contra as mulheres a partir das recomendações da II Conferência FOFA, é utilizada para mapear diversos aspectos relacionados a um
de Políticas para as Mulheres, realizada em agosto de 2007 e do produto ou serviço, além de ajudar a definir os seus diferenciais
lançamento do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra competitivos diante do mercado, encontrar e corrigir todo o tipo de
as Mulheres (2007). As ações detalhadas e as metas a serem im- falha que possa vir a ameaçar o negócio. A técnica de administração
plementadas pela Política Nacional – assim como a gestão do pro- ANÁLISE DE SWOT (FOFA) consiste em encontrar, EXCETO:
cesso de enfrentamento à violência contra as mulheres no âmbito (A) oportunidades.
do governo federal, dos estados e dos municípios – encontram-se (B) pontos fortes.
previstas no Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra (C) atitudes.
as Mulheres, que constitui um plano de ações referente à Agenda (D) ameaças.
Social do Programa de Aceleração do Desenvolvimento, elaborado (E) pontos fracos.
em agosto de 2007. O Pacto Nacional vem sendo executado por
diferentes órgãos da Administração Pública Federal (Ministério da 2. (IF/ES - Tecnólogo - Processos Gerenciais – IF/ES/2019) Se-
Saúde, Ministério da Justiça, Ministério do Desenvolvimento Social, gundo Maximiano (2017), “a análise de ameaças e oportunidade
Ministério da Educação, Ministério da Cultura, entre outros), Esta- do ambiente é um dos pilares do planejamento estratégico. Quanto
dual e Municipal com as seguintes áreas estruturantes: mais competitivo, instável e complexo o ambiente, maior a necessi-
dade de analisá-lo. Há diversas maneiras de dividir o ambiente em
Garantia da aplicabilidade da Lei Maria da Penha componentes para facilitar a análise […]. O entendimento das forças
Com ações relacionadas: competitivas de um ramo de negócios é fundamental para o desen-
1 – Difusão da Lei e dos instrumentos de proteção dos direitos volvimento de uma estratégia. Porter propõe os componentes para
das mulheres (Estimular a mobilização em defesa da LMP) a análise das forças competitivas”.
2 – Implementação da Lei Maria da Penha Analise as forças que agem nos mercados competitivos, segun-
do Porter, nas afirmativas abaixo e assinale a alternativa INCORRE-
Ampliação e fortalecimento da Rede de Serviços para Mulhe- TA:
res em Situação de Violência (A) Ameaça de produtos e serviços substitutos
Com ações relacionadas: (B) Poder de barganha dos fornecedores.
1 – Ampliação dos Serviços Especializados de Atendimento as (C) Formação de alianças e parcerias.
Mulheres em Situação de Violência e Capilaridade do Atendimento (D) Ameaça da entrada de novos competidores.
2 – Fortalecimento da Rede de Atendimento para Mulheres em (E) Poder de barganha dos compradores.
Situação de Violência
3. (CORE/SP – Telefonista - INAZ DO PARÁ/2019) Podemos dizer
Garantia da segurança cidadã e acesso à justiça que a imagem de uma organização é um dos seus maiores patrimô-
Com ações relacionadas: nios. A partir da definição de imagem institucional, que item atende
1 – Segurança Cidadã a esta especificação?
2 – Acesso a Justiça às mulheres em situação de violência (A) É construída pela mídia local.
(B) É como a instituição é vista pelo seu público.
Garantia dos direitos sexuais, enfrentamento à exploração se- (C) Cabe à organização a construção da sua imagem.
xual e ao tráfico de mulheres (D) É como a organização é percebida pelos seus funcionários.
Com ações relacionadas: (E) Tem relação com o seu histórico de criação.
1 – Garantia dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
2 – Enfrentamento à Exploração Sexual e ao Tráfico de Mulhe-
res

365
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
4. (IF Goiano – Administrador - CS-UFG/2019) Considera-se o 7. (CFO/DF – Administrador – QUADRIX/2020) A respeito do
planejamento estratégico uma metodologia gerencial que permite processo de planejamento, julgue o item.
direcionar o caminho que a empresa deverá seguir para atingir um A estratégia genérica de foco faz com que a empresa procure
futuro desejado, interagindo com o ambiente de negócios no qual atender segmentos de mercado definidos e estreitos e dê enfoque
está inserida. Essa metodologia envolve a definição de em grupos de clientes, linhas de produtos ou mercados geográficos.
(A) um posicionamento estratégico e a construção de cenários
que permitam a identificação e seleção de alternativas de ca- ( ) CERTO
minhos que conduzam aos melhores resultados. ( ) ERRADO
(B) um posicionamento estratégico e a construção de cenários
que permitam a identificação e seleção da alternativa de cami- 8. (CREA/TO – Analista Administrativo – QUADRIX/2019) No
nho que conduz ao melhor resultado. que se refere à função de planejamento, julgue o item.
(C) um posicionamento tático e a construção de cenários que A estratégia de segmentação destaca‐se por buscar atender
permitam a identificação e seleção de alternativas de caminhos muito bem o alvo determinado, diferentemente das outras estra-
que determinam os melhores resultados. tégias, que buscam atingir objetivos para todo o mercado consu-
(D) posicionamentos estratégicos e táticos e a construção de midor.
cenários que permitam a identificação e seleção de alternativas ( ) CERTO
de caminhos que conduzam aos melhores resultados. ( ) ERRADO

5. (IFN/MG – Administrador – FCM/2019) A fim de conhecer 9. (IF/MS – Administração – IF/MS/2019) A rapidez e a facili-
melhor seus clientes e, a partir disso, dar prosseguimento à cons- dade observada no processo de troca de informações, bem como
trução do Planejamento Estratégico, as organizações utilizam-se de a inserção de empresas de diferentes portes em cadeias de valor
uma ferramenta ou de um processo bastante conhecido: a segmen- globais, reforçam a importância de se analisar o contexto externo
tação de mercado. à organização. Ao analisar o ambiente externo, o administrador
Sobre o processo de segmentação de mercado e suas variáveis, verifica as ameaças e as oportunidades que estão no ambiente da
é INCORRETO afirmar que empresa e as melhores maneiras de evitar ou usufruir dessas situa-
(A) trata-se de um instrumento para a construção do perfil de ções. Considerando uma correta análise das oportunidades, pode-
consumidores reais e potenciais. -se afirmar que
(B) permite um melhor aproveitamento dos recursos de mídia (A) uma empresa provavelmente se aproveitará de uma vanta-
e, especificamente, de propaganda. gem diferencial, se suas características particulares satisfazem
(C) facilita a identificação de oportunidades de mercado e o al- os requisitos para o sucesso da oportunidade de forma mais
cance de melhores resultados nesse sentido. eficiente, eficaz e efetiva que sua concorrente potencial.
(D) faculta a definição de estratégias de distribuição, identifica- (B) a identificação das oportunidades deve ser restrita, pois não
ção de intermediários adequados e dos canais preferidos pelos se faz necessário um mapeamento extenso, uma vez que todas
clientes. as empresas possuem recursos limitados e não conseguem res-
(E) torna mais complexa a realização da pesquisa de mercado, ponder a todas as vantagens do ambiente externo.
uma vez que envolve diferentes variáveis como a idade, a renda (C) as oportunidades internas são mais relevantes que as ex-
familiar e o estilo de vida. ternas, pois há um maior conhecimento de suas característi-
cas. Com isso, seu uso é mais rápido e de menor custo, como a
6. (UFRPE – Administrador - SUGEP – UFRPE/2019) A análise oportunidade relativa a novos produtos e serviços.
de mercado é um dos componentes do plano de negócios, que está (D) dentre as oportunidades observáveis, existe a denominada
relacionado ao marketing da organização. Ela apresenta o entendi- “ponto neutro”. Esta é uma variável identificada pela empresa;
mento do mercado da empresa, seus clientes, seus concorrentes e todavia, não existem critérios e parâmetros de avaliação para
quanto a empresa conhece, em dados e informações, o mercado sua classificação como ponto forte ou ponto fraco.
onde atua. A análise do mercado permite ainda que se conheça de (E) todas as situações observáveis no ambiente interno e ex-
perto o ambiente onde o produto/serviço se encontra. O mercado terno podem ser consideradas oportunidades, pois a empresa
está composto pelo ambiente em que a empresa e o produto se lo- pode mudar seu processo produtivo e/ou seus interesses para
calizam, pela concorrência e pelo perfil do consumidor. A definição usufruir dos benefícios advindos delas.
de mercado leva em conta: a Análise da Indústria/Setor, a Descrição
do Segmento de Mercado, a Análise SWOT do produto/serviço e a 10. (TJ/SP - Administrador Judiciário – VUNESP/2019) A des-
Análise da Concorrência. Em relação à descrição do segmento de crição dos componentes básicos da operação numa organização e
mercado, é correto afirmar que: dos relacionamentos entre eles, demonstrando como a organização
(A) inicia-se com a coleta de informações do setor ao qual per- concretiza seus objetivos e sua missão, permitindo ter uma visão
tence o produto/serviço. sistêmica do negócio, desde o nível macro até a descrição detalhada
(B) avalia os pontos fortes e fracos dos seus principais concor- das atividades, é a definição de
rentes em relação ao seu produto/serviço. (A) modelagem de processos.
(C) deve ser avaliada em relação a produtos/serviços e à orga- (B) processos de apoio.
nização (nesse caso, sua análise já ocorreu na etapa de plane- (C) cadeia de valor.
jamento estratégico). (D) estrutura organizacional.
(D) é definida a partir das características do produto, do estilo (E) monitoramento de processos.
de vida do consumidor (idade, sexo, renda, profissão, família,
personalidade etc.).
(E) estabelece um procedimento de reativação das variáveis
utilizadas durante o levantamento de informações junto ao
mercado fornecedor.

366
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
11. (IF/MS – Administração – IF/MS/2019) O conceito de Ca- 15. (BRB – Escriturário – IADES/2019) Assinale a alternativa que
deia de Valor de Michael Porter (Livro Vantagem Competitiva: crian- indica objetivo(s) das ações de marketing de relacionamento com
do e sustentando um desempenho superior, 16ª Edição. Rio de Ja- o cliente.
neiro: Campus, 1989) é um modelo que ajuda a analisar atividades (A) Satisfação, fidelização e lealdade do cliente e incremento na
específicas por meio das quais as empresas criam valor e vantagem percepção de valor da marca.
competitiva. Marque a alternativa que contenha as atividades prin- (B) Identificação de nichos de mercado e segmentação do pú-
cipais da Cadeia de Valor. blico-alvo.
(A) Promoção, treinamento, aquisição, infraestrutura e gerên- (C) Diminuição da margem de lucro do vendedor ou prestador
cia de RH. de serviço.
(B) Logística externa, logística interna, desenvolvimento de tec- (D) Modificações no produto para adequá-lo às peculiaridades
nologia e infraestrutura e operações. da clientela.
(C) Aquisição, desenvolvimento de tecnologia, promoção e in- (E) Praça, preço, promoção e produto.
fraestrutura da empresa.
(D) Pode ser por meio dos recursos e competências. 16. (BANRISUL – Escriturário – FCC/2019) Desde a primeira Re-
(E) Logística interna, operações, logística externa, marketing e volução Industrial até os dias atuais, passamos da “era da produ-
vendas e serviço. ção” para a “era do cliente”. Uma consequência dessa passagem é
(A) a decadência dos departamentos de vendas e das ações de
12. (CRA/PA – Administrador – QUADRIX/2019) Com relação à marketing das empresas.
gestão de processos, julgue o item. (B) a redução da importância do ato de venda, como fim em
A gestão de processos traz benefícios, como a melhoria dos si mesmo, ao passo que o papel do vendedor passa a ser o de
resultados, a satisfação do cliente em função do desempenho em identificar as necessidades e satisfazer o consumidor.
áreas críticas e os menores custos, devido à redução da complexi- (C) a redução da importância das pesquisas de mercado.
dade e do retrabalho. (D) o abandono dos canais de comunicação com os clientes,
( ) CERTO como os Serviços de Atendimento ao Consumidor (SACs), que
( ) ERRADO se tornaram obsoletos.
(E) o abandono de estratégias como a segmentação e o posicio-
13. (BANRISUL – Escriturário – FCC/2019) A chamada Gestão da namento de mercado, com o advento do consumo de massa.
Experiência do Cliente
(A) tem seu foco exclusivo no ato de condicionar o cliente a 17. (EBSERH - Analista Administrativo - Gestão Hospitalar –
realizar somente determinadas operações. IBFC/2020) Na aprendizagem organizacional além dos princípios
(B) não se preocupa com a construção do relacionamento com fundamentais, dois componentes organizacionais são definidos
o cliente, centrando-se na lógica da transação. como fundamentais para a aprendizagem. Assinale a alternativa
(C) pode ser aplicada na estratégia de segmentação de merca- que apresenta esses dois componentes.
do e de definição de públicos-alvo da empresa, mas não em sua (A) A estrutura organizacional e as competências e habilidades
estratégia de posicionamento. dos funcionários da instituição.
(D) está centrada na visão da empresa que ao ofertar seus pro- (B) Acultura de experimentação e a estrutura organizacional.
dutos despreza o chamado insight do cliente. (C) A transferência de conhecimento e a liderança.
(E) tem uma visão geral da maneira pela qual a empresa e seus (D) A estrutura organizacional e o trabalho em grupo e coope-
produtos podem ser importantes em todas as fases da vida do ração.
cliente. (E) A missão e visão organizacional.

14. (BANRISUL – Escriturário – FCC/2019) Colocando em prática 18. (EBSERH - Psicólogo - Organizacional e do Trabalho – VU-
sua estratégia de fidelização dos clientes por meio do chamado ma- NESP/2020) Em uma organização, o processo de aprendizagem
nejo de carteira, um determinado Banco adotou uma série de práti- pode ocorrer em três níveis: do indivíduo, do grupo e da organi-
cas e criou diversos produtos. NÃO condiz com essa abordagem da zação. Neste último, também chamado de aprendizagem organiza-
gestão de carteiras de clientes: cional,
(A) a concentração, sob uma mesma gerência, da gestão de (A) constituem-se as organizações que aprendem, que são ca-
contas de pessoas físicas e jurídicas, sem distinção de renda ou pazes de criar, adquirir e transferir conhecimentos, porém sem
faturamento. modificar os comportamentos individuais.
(B) a segmentação do atendimento aos clientes por perfil de (B) ocorre basicamente o processo de aprendizagem operacio-
renda. nal, que consiste na aquisição e no desenvolvimento de habili-
(C) a abordagem diferenciada para nichos de públicos-alvo es- dades físicas para produzir ações.
pecíficos, como, por exemplo, o de mulheres empreendedoras (C) tornam-se institucionalizados os processos de aprendiza-
de atividades produtivas de pequeno porte. gem individual e de grupo, e se expressam em diversos artefa-
(D) a ampliação da carteira de crédito consignado junto a servi- tos organizacionais, como estrutura, regras, procedimentos e
dores públicos aposentados. elementos simbólicos.
(E) a concessão de crédito, em condições vantajosas, para fi- (D) verifica-se uma redução da aprendizagem conceitual, pois
nanciamento de veículos menos poluentes, a permissionários a aquisição e o desenvolvimento da capacidade para articular
de táxis. conhecimentos conceituais sobre uma experiência tornam-se
menos relevantes.
(E) encontra-se, como principal foco do processo de aprendiza-
gem, o comportamento, que pode ser observado, mensurado,
bem como servir de base para a experimentação científica.

367
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
19. (UFPB – Psicólogo - INSTITUTO AOCP/2019) Sobre os de- II - A perecibilidade não se aplica ao caso, uma vez que os pro-
safios para a sustentabilidade organizacional, assinale a alternativa dutos vendidos nos postos de gasolina têm longa vida útil.
correta. III - A simultaneidade entre produção e consumo não se aplica
(A) O enfoque triple bottom line para a sustentabilidade intro- ao caso, pois os produtos adquiridos no posto só serão consumidos
duz a necessidade de pensar em cada setor da organização e após o fim da prestação do serviço.
adequá-los aos interesses sociais. IV - A heterogeneidade não se aplica ao caso, pois toda vez que
(B) A responsabilidade social presente nas organizações deve os consumidores se apresentam ao posto para receber um serviço
refletir, em primeiro lugar, na satisfação de seus clientes. – seja ele de abastecimento, troca de óleo, lavagem geral, etc. – re-
(C) Os princípios gerenciais da sustentabilidade são o enfoque ceberão exatamente o mesmo serviço.
sistêmico e a visão de longo prazo.
(D) No triple bottom line, a dimensão econômica deve ficar em É(São) correta(s):
segundo plano para que as dimensões social, natural e de tra- (A) I, II, III e IV.
balho possam ser satisfeitas. (B) I e III, apenas
(E) O principal desafio da sustentabilidade é priorizar a humani- (C) II e IV, apenas.
zação e a preservação ambiental em detrimento do lucro e do (D) IV, apenas.
desenvolvimento econômico. (E) I, apenas.

20. (UFPB – Psicólogo - INSTITUTO AOCP/2019) Sobre a susten- 23. (IFC/SC - Assistente Administrativo – IFC) O setor de ser-
tabilidade organizacional, considere as seguintes afirmativas: viços é um dos que mais cresce. A prestação de serviços pode ser
1. A sustentabilidade é um paradigma que visa à integração en- identificada pelo conjunto de características:
tre a economia, o ambiente e a sociedade. (A) Perecibilidade, intangibilidade, inseparabilidade, relações
2. A sustentabilidade indica que a preocupação das empresas com os clientes, esforço do cliente e uniformidade.
deve ir além da produção e da geração de dividendos, devendo se (B) Tangibilidade, alta lucratividade, estocagem, relações com
debruçar sobre questões que proporcionem o bem-estar dos seus os clientes, perecibilidade e uniformidade.
empregados, associadas à preocupação com a comunidade da qual (C) Tangibilidade, separabilidade, perecibilidade, estocagem,
fazem parte esses mesmos empregados. movimentação e inseparabilidade.
3. Na prática, o modelo e o paradigma da sustentabilidade tra- (D) Alta lucratividade, separabilidade, uniformidade, tangibili-
dicional têm servido ao consumo externo e aos discursos cobertura dade, não perecibilidade e esforço do cliente.
sobre as reais finalidades das ações para a sustentabilidade. (E) Relações com os clientes, alta lucratividade, inseparabilida-
4. Na perspectiva de uma crítica ao modelo tradicional de sus- de, movimentação, esforço do cliente e uniformidade.
tentabilidade, o objetivo de um ambiente organizacional externo
e interno sustentável é que as pessoas sejam consideradas o alvo 24. (Câmara Municipal de Jaboticabal/SP - Agente de Adminis-
principal da garantia de uma vida saudável, tanto econômica e po- tração - VUNESP) Dos produtos a seguir, aquele que possui como
liticamente quanto do ponto de vista da saúde física e emocional. uma de suas principais características a intangibilidade é:
(A) logística.
Assinale a alternativa correta. (B) serviços.
(A) Somente a afirmativa 1 é verdadeira. (C) construção civil.
(B) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. (D) agronegócios.
(C) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. (E) indústria.
(D) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
(E) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. 25. (EBSERH - Analista Administrativo - Relações Públicas –
IBFC/2020) Assinale a alternativa que indica qual a importância da
21. (UNIFESP – Administrador - CAIP-IMES/2013) São carac- produção de conteúdo para o blog institucional.
terísticas dos serviços, que afetam enormemente a elaboração de (A) Gerar likes nas páginas das redes sociais apenas.
programas de marketing, exceto: (B) Atrair seguidores para as redes sociais somente.
(A) Imperecibilidade. (C) Atrair leads interessados em temas específicos e que pode-
(B) Intangibilidade. rão ser convertidos em clientes da empresa.
(C) Variabilidade. (D) Gerar engajamento em apenas alguns temas específicos da
(D) Inseparabilidade. organização.
(E) Gerar comentários positivos no site apenas.
22. (Petrobras – Administrador – CESGRANRIO) Um aluno de
Administração de Empresas estudou, na disciplina de Marketing de
Serviços, que os serviços distinguiam- se dos bens basicamente em
função das características da intangibilidade, perecibilidade, simul-
taneidade entre produção e consumo e heterogeneidade.
Recém-admitido como estagiário numa Companhia distribui-
dora de petróleo, ele se propôs a analisar a adequação da teoria
ao setor específico de postos de gasolina. Como resultado de sua
análise, o aluno fez as quatro afirmativas a seguir - uma sobre cada
característica estudada.
I - A intangibilidade aplica-se ao caso, ainda que os serviços
prestados em postos de gasolina sejam fortemente calcados na
venda de bens físicos, como gasolina, óleos, extintores de incêndio,
etc.

368
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
26. (SECOM/PA – Publicitário – AOCP/2018) A realização do Pla- 28. (AL/GO - Comunicador Social – IADES/2019) A respeito de
no de Mídia permite que a agência defina para seu anunciante os campanhas de marketing, assinale a alternativa correta.
melhores meios, veículos e estratégias a serem usados. E uma das (A) As campanhas atuais integram ações de mala direta com
estratégias a ser usada é a de Inbound Marketing. Assinale a alter- marketing interativo, criando sinergia entre a comunicação por
nativa correta quanto ao Inbound Marketing na publicidade. meio impresso e os canais digitais.
(A) Trabalha com o uso de ferramentas online que, na maio- (B) É correto afirmar que uma campanha de marketing digital
ria das vezes, são gratuitas, como blogs e redes sociais, sem a equivale à mala direta dos tempos atuais.
necessidade de investimentos exorbitantes por parte do anun- (C) Já está comprovado que os diversos segmentos de públi-
ciante. co são fiéis ao respectivo perfil ou aceitam a mala direta ou o
(B) A ferramenta de Inbound Marketing não é recomendada marketing digital.
para as organizações e anunciantes que estão iniciando suas (D) A taxa de cliques (CTR ou click-trough rate) é verificada di-
atividades no mercado, devido ao baixo investimento. vidindo-se o número de cliques que um anúncio recebe pela
(C) O Inbound Marketing é utilizado para atrair todas as pesso- quantidade de usuários em um determinado espaço de tempo.
as, independente se estas buscam ou não o que a organização (E) Com a chegada de novos recursos e ferramentas que dina-
e o anunciante estão oferecendo no mercado. mizam a comunicação por meios digitais, a mala direta caiu no
(D) Apesar de ser uma ferramenta online, o Inbound Marketing esquecimento.
não permite a presença da organização e do anunciante nas
redes sociais, somente por meio do e-mail marketing. 29. (UFCSPA/RS – Assistente de Administração – FAURGS/2018)
(E) Para trabalhar o Inbound Marketing é necessário e impor- Quanto à postura ética do profissional envolvido com vendas e ne-
tante que as organizações e anunciantes, possuam um alto or- gociações, considere as atitudes abaixo.
çamento destinado ao Marketing Digital. I - Conduzir negociação com confiança mútua.
II - Conduzir negociação com suspeita e desconfiança.
27. (UEPA - Técnico de Nível Superior - Comunicação Social – III - Ser imprevisível e incoerente.
FADESP/2020) Em sentido estrito, marketing significa o mercado IV - Ser claro, transparente e honesto.
atuando. Por isso mesmo, a principal dificuldade que as empresas e
instituições públicas enfrentam na atualidade é acompanhar as mu- Quais estão INCORRETAS?
danças do mercado, especialmente com a entrada das novas tecno- (A) Apenas I.
logias digitais. Deste modo, o marketing digital, quando se trata do (B) Apenas I e II.
relacionamento com o público, deve se preocupar em (C) Apenas I e IV.
I. atualizar os sistemas de relacionamento com o consumidor (D) Apenas II e III.
ou usuário, usando as redes sociais e os ambientes digitais. (E) I, II, III e IV.
II. desenvolver campanhas com base na responsabilidade so-
cial para as plataformas de propaganda e publicidade nos ambien- 30. (MSGás – Técnico Comercial – IESES/2021) A ética constitui
tes digitais, com o objetivo de posicionar a marca com relação às o conjunto de valores ou princípios morais que definem o que é
questões socioeconômicas. certo ou errado para uma pessoa, grupo ou organização. O com-
III. transformar o consumidor em um aliado, considerando o portamento ético acontece quando a organização incentiva seus
processo de engajamento social dos clientes, que caracteriza, em membros a comportarem eticamente de maneira que os membros
boa medida, as ações de participação e colaboração que caracteri- aceitem e sigam tais valores e princípios. Verifique as assertivas e
zam a cultura do consumo. assinale a INCORRETA:
IV. ignorar a concorrência, uma vez que a competição nos mer- (A) Administradores éticos alcançam sucesso a partir de práti-
cados globais deixou de ser vertical para ser horizontal; em outras cas administrativas caracterizadas por equidade e justiça.
palavras, empresas pequenas não devem ser consideradas como (B) A ética constitui um elemento catalisador de ações social-
peças importantes no posicionamento mercadológico. mente responsáveis da organização por meio de seus adminis-
tradores e parceiros.
Está(Estão) correto(s) o(s) item(itens) (C) Quando as organizações são confiáveis quanto à ação ética,
(A) I e IV somente. a sociedade pressiona por uma legislação que regule mais in-
(B) I, II, III e IV. tensamente os negócios.
(C) I, II e IV somente. (D) A ética é uma preocupação com o bom comportamento.
(D) I, II e III somente.
31. (Prefeitura de Catanduvas/PR – Assistente Administrativo –
FAUEL/2021) _______________________ é o termo que represen-
ta e estabelece os imperativos de uma boa conduta e integridade
profissional de um indivíduo no exercício de sua função. A lacuna
acima pode ser CORRETAMENTE preenchida pela alternativa:
(A) Autoritarismo.
(B) Improbidade Administrativa.
(C) Ética Profissional.
(D) Comunicação Empresarial.

369
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
32. (DETRAN/PA - Agente de Educação de Trânsito – FA- 36. (Câmara de Cabo de Santo Agostinho/PE – Técnico em Mí-
DESP/2019) Práticas de negócios éticos ou antiéticos costumam dias - INSTITUTO AOCP/2019) Ao criar anúncios para as diversas
refletir os valores, as atitudes, as crenças e os comportamentos pa- mídias sociais, é fundamental pensar no formato adequado não
drão da cultura organizacional. Portanto, pode-se dizer que apenas para a mídia escolhida como também para o público e o
(A) a ética é exatamente a mesma coisa que moral, pois é a objetivo específico de sua campanha. No caso do Facebook, quando
ética que cria a moral e vice-versa. o anúncio com foto é a melhor opção?
(B) os problemas éticos caracterizam-se pela sua especificidade (A) Quando você quer dar mais flexibilidade e alternativas para
em situações concretas. seu conteúdo, ajudando os clientes a encontrar e explorar seus
(C) a moral estuda uma forma de comportamento humano que produtos de uma maneira interativa, imersiva e exclusiva para
os homens julgam obrigatório e valioso. dispositivos móveis.
(D) a ética deve fornecer a compreensão racional de um aspec- (B) Quando você precisar criar um anúncio em poucos minutos,
to real e efetivo do comportamento humano. tiver a intenção de aumentar o reconhecimento de seus produ-
(E) uma decisão eticamente correta não é a que melhor assegu- tos ou quiser direcionar as pessoas para o seu site.
ra os direitos das pessoas por ela afetadas. (C) Quando você tem a intenção de ser imersivo, autêntico, in-
clusivo e viciante, mas sempre atentando para o formato verti-
33. (Petrobras – Administrador Pleno – CESGRANRIO) No pas- cal da tela do celular.
sado, muitas empresas realizavam vendas para um único mercado, (D) Quando você precisar criar uma experiência imersiva rapi-
por meio de um único canal de marketing. Hoje, com a proliferação damente, direto de seu celular, com a intenção de simplificar
de segmentos de clientes e de alternativas de canal, um número uma narrativa ou um processo complexo para alcançar pessoas
cada vez maior de empresas vem adotando o chamado “marketing com conexões mais lentas.
multicanal”, isto é, uma única empresa emprega dois ou mais canais
de marketing para atingir um ou mais segmentos de mercado. Que 37. (SEED/PR - Professor - Produção Cultural e Design - CESPE /
afirmação NÃO corresponde a uma característica da utilização de CEBRASPE/2021) Em se tratando de uma pesquisa de satisfação de
múltiplos canais? clientes de uma rede de supermercados, é correto afirmar que o
(A) Cada canal só pode ser empregado para uma tarefa da em- cliente está totalmente satisfeito quando
presa (pré-venda, fechamento da venda, pós-venda etc.). (A) a rede possui uma ampla oferta de produtos caros.
(B) Empregando mais canais, uma empresa pode conseguir (B) a rede possui uma maior quantidade de itens a oferecer.
maior cobertura de mercado. (C) sua expectativa é atendida sempre que ele vai até um dos
(C) O acréscimo de novos canais pode reduzir o custo por canal. supermercados da rede.
(D) Novos canais podem oferecer vendas mais personalizadas. (D) a motivação dos funcionários da rede é alta.
(E) Diferentes canais de uma mesma empresa podem acabar (E) sua percepção é de que há agilidade no processo de aten-
competindo pelos mesmos clientes. dimento.
38. (SLU/DF - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos - Comu-
34. (MPE/PA - Estagiário - Comunicação Social - Publicidade nicação Social - Relações Públicas - CEBRASPE/2019) Acerca de opi-
e Propaganda – CONSULPLAN/2019) A comunicação voltada para nião pública, julgue o próximo item.
as mídias sociais necessita da concretização de alguns passos e da A primeira das quatro fases do processo de elaboração da opi-
observância a certos cuidados para que seja feita com êxito. Par- nião pública é caracterizada pelo aparecimento de questões de in-
tindo-se da validade de tal postulado, são medidas essenciais para teresse geral, que, ao serem solucionadas, geram uma sensação de
aprimorar a comunicação nas mídias sociais, EXCETO: bem-estar aos envolvidos; a fase seguinte é a da controvérsia.
(A) Personificar a própria marca e interagir constantemente ( ) CERTO
com os receptores. ( ) ERRADO
(B) Encorajar a discussão e a participação junto ao público para
adicionar valor às próprias postagens. 39. (SLU/DF - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos - Comu-
(C) Mapear quem são os concentradores de tráfego de conteú- nicação Social - Relações Públicas - CEBRASPE/2019) Acerca de opi-
do e de informações, monitorando o que eles dizem. nião pública, julgue o próximo item.
(D) Compartilhar informações irrelevantes, usando ferramentas Para se caracterizar um posicionamento acerca de determina-
que promovam o conteúdo, tornando-o acessível ao público. do tema como de opinião pública, é necessário haver acordo da
maioria das opiniões de uma coletividade sobre questões relativas
35. (Petrobras - Técnico de Comercialização e Logística Júnior – a esse posicionamento.
CESGRANRIO/2018) Diversas empresas utilizam canais comerciais e ( ) CERTO
de distribuição que são formados por intermediários, como os va- ( ) ERRADO
rejistas, que têm a função de
(A) conceituar a imagem da empresa e sua marca. 40. (SLU/DF - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos - Comuni-
(B) definir os custos de produção e de distribuição do fabrican- cação Social - Relações Públicas - CEBRASPE/2019) No que se refere
te. à comunicação com o mercado, julgue o item que se segue.
(C) planejar a comunicação institucional dos bens fabricados. O atendimento aos direitos do consumidor e o cuidado com o
(D) tornar o produto acessível para o consumidor final. cliente são questões de sobrevivência da empresa no mercado, as
(E) vender os produtos a atacadistas e distribuidores. quais impactam diretamente na imagem e dão visibilidade à empre-
sa que assume essa atitude perante o consumidor.
( ) CERTO
( ) ERRADO

370
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE

GABARITO ANOTAÇÕES

______________________________________________________
1 C
2 C ______________________________________________________
3 B ______________________________________________________
4 A
______________________________________________________
5 E
______________________________________________________
6 D
7 CERTO ______________________________________________________
8 CERTO ______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 C
11 E ______________________________________________________

12 CERTO ______________________________________________________
13 E
______________________________________________________
14 A
______________________________________________________
15 A
16 B ______________________________________________________
17 A ______________________________________________________
18 C
______________________________________________________
19 C
20 E ______________________________________________________

21 A ______________________________________________________
22 E ______________________________________________________
23 A
______________________________________________________
24 B
25 C ______________________________________________________
26 A ______________________________________________________
27 D
______________________________________________________
28 A
______________________________________________________
29 D
30 C _____________________________________________________
31 C _____________________________________________________
32 D
______________________________________________________
33 A
34 D ______________________________________________________
35 D ______________________________________________________
36 B
______________________________________________________
37 C
______________________________________________________
38 ERRADO
39 CERTO ______________________________________________________
40 CERTO ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

371
QUALIDADE NO ATENDIMENTO E DIVERSIDADE
______________________________________________________ ______________________________________________________

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372
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

• Backups incrementais: é uma cópia dos dados criados e al-


ROTINAS DE BACKUP E PREVENÇÃO DE VÍRUS terados desde o último backup completo (normal) ou incremental,
ou seja, cópia dos novos arquivos criados. Por ser mais rápidos e
Backup é uma cópia de segurança que você faz em outro dis- ocupar menos espaço no disco ele tem maior frequência de backup.
positivo de armazenamento como HD externo, armazenamento na Ele marca os arquivos copiados.
nuvem ou pen drive por exemplo, para caso você perca os dados • Backups diferenciais: da mesma forma que o backup incre-
originais de sua máquina devido a vírus, dados corrompidos ou ou- mental, o backup diferencial só copia arquivos criados ou alterados
tros motivos e assim possa restaurá-los (recuperá-los)1. desde o último backup completo (normal), mas isso pode variar em
Backups são extremamente importantes, pois permitem2: diferentes programas de backup. Juntos, um backup completo e
• Proteção de dados: você pode preservar seus dados para que um backup diferencial incluem todos os arquivos no computador,
sejam recuperados em situações como falha de disco rígido, atua- alterados e inalterados. No entanto, a diferença deste para o incre-
lização malsucedida do sistema operacional, exclusão ou substitui- mental é que cada backup diferencial mapeia as modificações em
ção acidental de arquivos, ação de códigos maliciosos/atacantes e relação ao último backup completo. Ele é mais seguro na manipula-
furto/perda de dispositivos. ção de dados. Ele não marca os arquivos copiados.
• Recuperação de versões: você pode recuperar uma versão • Arquivamento: você pode copiar ou mover dados que deseja
antiga de um arquivo alterado, como uma parte excluída de um tex- ou que precisa guardar, mas que não são necessários no seu dia a
to editado ou a imagem original de uma foto manipulada. dia e que raramente são alterados.

Muitos sistemas operacionais já possuem ferramentas de ba-


ckup e recuperação integradas e também há a opção de instalar ROTINAS DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E
programas externos. Na maioria dos casos, ao usar estas ferramen- RECUPERAÇÃO DE ARQUIVOS
tas, basta que você tome algumas decisões, como:
• Onde gravar os backups: podem ser usadas mídias (como CD, Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção
DVD, pen-drive, disco de Blu-ray e disco rígido interno ou externo) de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para
ou armazená-los remotamente (on-line ou off-site). A escolha de- um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organi-
pende do programa de backup que está sendo usado e de ques- zação3.
tões como capacidade de armazenamento, custo e confiabilidade. É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma cor-
Um CD, DVD ou Blu-ray pode bastar para pequenas quantidades de poração, sendo também fundamentais para as atividades do negó-
dados, um pen-drive pode ser indicado para dados constantemen- cio.
te modificados, ao passo que um disco rígido pode ser usado para Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata-
grandes volumes que devam perdurar. ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém,
• Quais arquivos copiar: apenas arquivos confiáveis e que qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para pro-
tenham importância para você devem ser copiados. Arquivos de blemas.
programas que podem ser reinstalados, geralmente, não precisam
ser copiados. Fazer cópia de arquivos desnecessários pode ocupar A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares4:
espaço inutilmente e dificultar a localização dos demais dados. Mui- – Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponí-
tos programas de backup já possuem listas de arquivos e diretórios vel somente a pessoas autorizadas.
recomendados, podendo optar por aceitá-las ou criar suas próprias – Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam
listas. acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja,
• Com que periodicidade realizar: depende da frequência com de modo permanente a elas.
que os arquivos são criados ou modificados. Arquivos frequente- – Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja,
mente modificados podem ser copiados diariamente ao passo que sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e
aqueles pouco alterados podem ser copiados semanalmente ou nem em qual etapa, se no processamento ou no envio.
mensalmente. – Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e auto-
ria do conteúdo seja mesmo a anunciada.
Tipos de backup Existem outros termos importantes com os quais um profissio-
• Backups completos (normal): cópias de todos os arquivos, nal da área trabalha no dia a dia.
independente de backups anteriores. Conforma a quantidade de
dados ele pode ser é um backup demorado. Ele marca os arquivos
copiados.

1 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/02/procedimentos-de-backup/ 3 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/
2 https://cartilha.cert.br/mecanismos/ 4 https://bit.ly/2E5beRr

373
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se refere ao
controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, que permite examinar o histórico de um evento de segurança da informação,
rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada uma delas.

Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares


– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo protegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança da
informação, ainda que sem intenção
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulnerabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio.
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser explorada por uma ameaça.
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o conteúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, ajudando a determinar onde concentrar investimentos em segurança da
informação.

Tipos de ataques
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles5:
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque
passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a sessão pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adulteração,
fraude, reprodução, bloqueio).
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados coletados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema, infectar
o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: interceptação, mo-
nitoramento, análise de pacotes).
Política de Segurança da Informação
Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança da organização através de regras de alto nível que representam os prin-
cípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível tático) e proce-
dimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão para informar
sobre o que pode e o que é proibido, incluindo:
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra
de formação e periodicidade de troca.
• Política de backup: define as regras sobre a realização de cópias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de retenção e
frequência de execução.
• Política de privacidade: define como são tratadas as informações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
• Política de confidencialidade: define como são tratadas as informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas a ter-
ceiros.

Mecanismos de segurança
Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técnica, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar o
conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
Ele pode ser aplicado de duas formas:
– Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à informação
ou infraestrutura que dá suporte a ela
– Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um antivírus,
firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos de en-
criptação, que transformam as informações em códigos que terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a certificação
e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.

Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por profissional habilitado conforme o plano de segurança da informação da
empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.

Criptografia
É uma maneira de codificar uma informação para que somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de uma
chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a informação6.
Tem duas maneiras de criptografar informações:
• Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma sequ-
ência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto o emissor
quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
• Criptografia assimétrica (chave pública): tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pessoa
que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.
Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá ser descriptografada pela chave privada.
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.

5 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-seguranca-da-informacao/
6 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/

374
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da infor-
mação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a ação. A
chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um con-
junto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados podem
ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basicamente em
bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.7

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser8.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

Códigos maliciosos (Malware)


Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas em
um computador9. Algumas das diversas formas como os códigos maliciosos podem infectar ou comprometer um computador são:
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos programas instalados;
– Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como pen-drives;
– Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegadores vulneráveis;
– Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o computador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos;
– Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em páginas
Web ou diretamente de outros computadores (através do compartilhamento de recursos).

Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso aos dados armazenados no computador e podem executar ações em
nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada usuário.

7 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%C3%A3o%20
de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
8 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/
9 https://cartilha.cert.br/malware/

375
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver Bot e botnet
e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens fi- Bot é um programa que dispõe de mecanismos de comunicação
nanceiras, a coleta de informações confidenciais, o desejo de au- com o invasor que permitem que ele seja controlado remotamente.
topromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos são Possui processo de infecção e propagação similar ao do worm, ou
muitas vezes usados como intermediários e possibilitam a prática seja, é capaz de se propagar automaticamente, explorando vulne-
de golpes, a realização de ataques e a disseminação de spam (mais rabilidades existentes em programas instalados em computadores.
detalhes nos Capítulos Golpes na Internet, Ataques na Internet e A comunicação entre o invasor e o computador infectado pelo
Spam, respectivamente). bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes do tipo
A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos ma- P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode enviar
liciosos existentes. instruções para que ações maliciosas sejam executadas, como des-
ferir ataques, furtar dados do computador infectado e enviar spam.
Vírus Um computador infectado por um bot costuma ser chamado de
Vírus é um programa ou parte de um programa de computador, zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remotamente,
normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si mes- sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser chamado de
mo e se tornando parte de outros programas e arquivos. spam zombie quando o bot instalado o transforma em um servidor
Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo de e-mails e o utiliza para o envio de spam.
de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de com-
hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é putadores zumbis e que permite potencializar as ações danosas
preciso que um programa já infectado seja executado. executadas pelos bots.
O principal meio de propagação de vírus costumava ser os Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente ela
disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso e será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus próprios
começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. Atu- ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou grupos que
almente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o principal desejem que uma ação maliciosa específica seja executada.
meio de propagação, não mais por disquetes, mas, principalmente, Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas
pelo uso de pen-drives. por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço,
Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer ocul- propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), coleta
tos, infectando arquivos do disco e executando uma série de ativi- de informações de um grande número de computadores, envio de
dades sem o conhecimento do usuário. Há outros que permanecem spam e camuflagem da identidade do atacante (com o uso de pro-
inativos durante certos períodos, entrando em atividade apenas em xies instalados nos zumbis).
datas específicas. Alguns dos tipos de vírus mais comuns são:
– Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo ane- Spyware
xo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre Spyware é um programa projetado para monitorar as ativida-
este arquivo, fazendo com que seja executado. des de um sistema e enviar as informações coletadas para terceiros.
– Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBS- Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa, de-
cript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por pendendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo de
e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe as
escrito em formato HTML. informações coletadas. Pode ser considerado de uso:
– Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em – Legítimo: quando instalado em um computador pessoal, pelo
linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo de veri-
aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que ficar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusivo ou não
compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre ou- autorizado.
tros). – Malicioso: quando executa ações que podem comprometer
– Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular para a privacidade do usuário e a segurança do computador, como mo-
celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens MMS nitorar e capturar informações referentes à navegação do usuário
(Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando um usu- ou inseridas em outros programas (por exemplo, conta de usuário
ário permite o recebimento de um arquivo infectado e o executa. e senha).

Worm Alguns tipos específicos de programas spyware são:


Worm é um programa capaz de se propagar automaticamen- – Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digitadas
te pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador para pelo usuário no teclado do computador.
computador. – Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a po-
Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da inclu- sição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momentos em
são de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos, mas que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição onde o
sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração auto- mouse é clicado.
mática de vulnerabilidades existentes em programas instalados em – Adware: projetado especificamente para apresentar propa-
computadores. gandas.
Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos
recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo que Backdoor
costumam propagar e, como consequência, podem afetar o desem- Backdoor é um programa que permite o retorno de um invasor
penho de redes e a utilização de computadores. a um computador comprometido, por meio da inclusão de serviços
criados ou modificados para este fim.

376
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, que O antivírus analisa os arquivos do computador buscando pa-
tenham previamente infectado o computador, ou por atacantes, drões de comportamento e códigos que não seriam comuns em
que exploram vulnerabilidades existentes nos programas instalados algum tipo de arquivo e compara com seu banco de dados. Com
no computador para invadi-lo. isto ele avisa o usuário que tem algo suspeito para ele tomar pro-
Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso fu- vidência.
turo ao computador comprometido, permitindo que ele seja aces- O banco de dados do antivírus é muito importante neste pro-
sado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer nova- cesso, por isso, ele deve ser constantemente atualizado, pois todos
mente aos métodos utilizados na realização da invasão ou infecção os dias são criados vírus novos.
e, na maioria dos casos, sem que seja notado. Uma grande parte das infecções de vírus tem participação do
usuário. Os mais comuns são através de links recebidos por e-mail
Cavalo de troia (Trojan) ou download de arquivos na internet de sites desconhecidos ou
Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que, mesmo só de acessar alguns sites duvidosos pode acontecer uma
além de executar as funções para as quais foi aparentemente proje-
contaminação.
tado, também executa outras funções, normalmente maliciosas, e
Outro jeito de contaminar é através de dispositivos de armaze-
sem o conhecimento do usuário.
namentos móveis como HD externo e pen drive. Nestes casos de-
Exemplos de trojans são programas que você recebe ou obtém
vem acionar o antivírus para fazer uma verificação antes.
de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões virtuais ani-
Existem diversas opções confiáveis, tanto gratuitas quanto pa-
mados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, entre outros.
gas. Entre as principais estão:
Estes programas, geralmente, consistem de um único arquivo e ne-
– Avast;
cessitam ser explicitamente executados para que sejam instalados
– AVG;
no computador. – Norton;
Trojans também podem ser instalados por atacantes que, após – Avira;
invadirem um computador, alteram programas já existentes para – Kaspersky;
que, além de continuarem a desempenhar as funções originais, – McAffe.
também executem ações maliciosas.
Filtro anti-spam
Rootkit Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não solici-
Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite tados, que geralmente são enviados para um grande número de
esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro código pessoas.
malicioso em um computador comprometido. Spam zombies são computadores de usuários finais que foram
Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após in- comprometidos por códigos maliciosos em geral, como worms,
vadirem um computador, os instalavam para manter o acesso pri- bots, vírus e cavalos de tróia. Estes códigos maliciosos, uma vez ins-
vilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos utilizados talados, permitem que spammers utilizem a máquina para o envio
na invasão, e para esconder suas atividades do responsável e/ou de spam, sem o conhecimento do usuário. Enquanto utilizam má-
dos usuários do computador. Apesar de ainda serem bastante usa- quinas comprometidas para executar suas atividades, dificultam a
dos por atacantes, os rootkits atualmente têm sido também utili- identificação da origem do spam e dos autores também. Os spam
zados e incorporados por outros códigos maliciosos para ficarem zombies são muito explorados pelos spammers, por proporcionar o
ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por mecanis- anonimato que tanto os protege.
mos de proteção. Estes filtros são responsáveis por evitar que mensagens indese-
jadas cheguem até a sua caixa de entrada no e-mail.
Ransomware
Ransomware é um tipo de código malicioso que torna inacessí- Anti-malwares
veis os dados armazenados em um equipamento, geralmente usan- Ferramentas anti-malware são aquelas que procuram detectar
e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um computa-
do criptografia, e que exige pagamento de resgate (ransom) para
dor. Antivírus, anti-spyware, anti-rootkit e anti-trojan são exemplos
restabelecer o acesso ao usuário10.
de ferramentas deste tipo.
O pagamento do resgate geralmente é feito via bitcoins.
Pode se propagar de diversas formas, embora as mais comuns
sejam através de e-mails com o código malicioso em anexo ou que POLÍTICA DE CONFIDENCIALIDADE.
induzam o usuário a seguir um link e explorando vulnerabilidades CONFIDENCIALIDADE, DISPONIBILIDADE E
em sistemas que não tenham recebido as devidas atualizações de INTEGRIDADE DA INFORMAÇÃO. DIRETRIZES
segurança. PARA USO DA INFORMAÇÃO EM AMBIENTES
CORPORATIVOS. PROCESSOS E CONTROLES PARA
Antivírus PROTEÇÃO DA INFORMAÇÃO
O antivírus é um software de proteção do computador que eli-
mina programas maliciosos que foram desenvolvidos para prejudi- Definitivamente não é segredo que, atualmente, a tecnologia
car o computador. é elemento-chave para qualquer negócio. Já reparou que, inde-
O vírus infecta o computador através da multiplicação dele (có- pendentemente do porte ou da área de atuação das empresas, os
pias) com intenção de causar danos na máquina ou roubar dados. grandes destaques do mercado operam seus principais sistemas em
computadores e com grande dependência da conectividade? Esse
é um dos motivos que justificam a necessidade de uma política de
segurança da informação nas empresas.

10 https://cartilha.cert.br/ransomware/

377
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Nas últimas décadas, houve um significativo aumento da quan- sigilo, a depender do teor das informações, pode ocasionar danos
tidade de informações sensíveis circulando de um ponto a outro inestimáveis para a empresa, seus clientes e até mesmo para todo
tanto dentro da organização como dela para o mundo todo, via o mercado.
internet. E por mais que a proliferação dos dispositivos móveis e A exemplo, instituições financeiras, detentoras de dados pesso-
dos serviços de cloud computing sejam aspectos mais recentes, ais e bancários de uma infinidade de usuários, não só precisam, mas
também vêm impulsionando os investimentos em ambientes de TI devem manter a confidencialidade de todas as informações em seu
seguros. domínio. A quebra desse sigilo significaria expor à riscos uma gran-
Já é questão de primeira necessidade ter políticas que, docu- de quantidade de pessoas, causando prejuízos incalculáveis.
mentadas, detalhem procedimentos e diretrizes para eliminar a
subjetividade ao lidar com informações sensíveis. Assim, as empre- Integridade
sas podem gerenciar os riscos por meio de controles bem definidos, Quando empresas lidam com dados, um dos seus grandes deve-
que ainda fornecem referências para auditorias e ações corretivas. res é mantê-los intocados, de forma a preservar a sua originalidade
Mas o que exatamente é uma política de segurança da informa- e confiabilidade. Caso contrário, erros podem ocorrer na interpreta-
ção? Quer entender como é desenvolvida e por que documentá-la ção dessas informações, gerando também rupturas no compliance
é tão importante para sua empresa? Então acompanhe conosco! do negócio e, no pior dos casos, sanções penais pesadas.
Nesse contexto, garantir a integridade é, pois, adotar todas as
O que é uma política de segurança da informação? precauções necessárias para que a informação não seja modificada
Para realmente entender o que é essa política, você precisa sa- ou eliminada sem autorização, isto é, que mantenha a sua legitimi-
ber o que exatamente significa segurança da informação. De acordo dade e consistência, condizendo exatamente com a realidade.
com a definição da norma ISO 27001, que estabelece as diretrizes Qualquer falha nesse quesito, seja por uma alteração, falsifi-
gerais para a gestão da informação de uma empresa, segurança da cação ou acesso irregular, gera a quebra da integridade. Da mesma
informação nada mais é que o ato de proteger os dados da empre- forma que a quebra de confidencialidade, a ruptura na integrida-
sa (especialmente aqueles confidenciais) contra diversos tipos de de das informações também pode implicar impactos negativos de
ameaças e riscos — espionagens, sabotagens, incidentes com vírus grande monta em uma empresa, sobretudo de grande porte, em
ou códigos maliciosos e até acidentes, como incêndio e inundação. que os dados e informações têm um valor ainda maior.
A segurança da informação é, então, obtida pela implantação
de uma gama de controles que incluem procedimentos de rotina Disponibilidade
(como as verificações de antivírus), infraestrutura de hardware e A relação da segurança da informação com a disponibilidade é
software (como a gestão de soluções para assinatura eletrônica de basicamente a garantia de acesso aos dados sempre que necessá-
documentos), além da criação de uma política devidamente docu- rio. Ou seja, é a possibilidade de os colaboradores e membros da or-
mentada. ganização acessarem os dados de maneira fluida, segura e eficiente.
Chegamos, assim, à política de segurança da informação, defi- No contexto corporativo, a disponibilidade das informações é
nida como as regras que ditam o acesso, o controle e a transmissão matéria de extrema importância, visto que o negócio pode depen-
da informação em uma organização. Lembrando que uma política der da disponibilidade dos seus dados e sistemas para fechar con-
de segurança não é um documento imutável ou inquestionável. tratos, vendas e atender os clientes.
Muito pelo contrário, requer atualização constante e participação Imagine como pode ser prejudicial para uma empresa que tra-
não só da diretoria da empresa, mas também dos funcionários e da balha com vendas sofrer algum ataque na sua base de dados e, em
equipe de TI. razão disso, ter o sistema derrubado por um dia inteiro. Além do
prejuízo à imagem, há também perdas financeiras com o não fecha-
Quais os princípios básicos da segurança da informação? mento de vendas. Logo, a disponibilidade também figura como um
Como se trata de uma verdadeira metodologia de proteção às dos pilares para a segurança da informação.
informações da empresa, a PSI é implementada nas organizações
por intermédio de alguns princípios básicos, os quais garantem que Que benefícios ela traz à gestão da empresa?
cada variável importante receba a devida atenção e corrobore com O bem mais importante que qualquer empresa possui é jus-
o objetivo central da ação que é aumentar a integridade dos siste- tamente a informação. E especialmente hoje, com o mercado sen-
mas de informações. do obrigado a lidar com quantidades massivas de informação em
Os princípios mencionados são: confidencialidade, integrida- diversas camadas, é preciso se manter constantemente atento às
de e disponibilidade. Cada um deles denota uma postura diferente situações que envolvem o manuseio de dados.
dentro da empresa, exigindo ações pontuais para que se mante- Ataques à integridade dos sistemas das empresas vêm crescen-
nham sempre presentes. do tanto em número como em sofisticação. Assim, informações crí-
A seguir explicaremos de forma mais detalhada um a um. ticas e confidenciais correm o risco de serem corrompidas, perdidas
Acompanhe: ou até mesmo de cair nas mãos da concorrência. De toda forma, os
prejuízos são incalculáveis.
Confidencialidade Com uma política de segurança da informação bem desenha-
O conceito de confidencialidade não foge muito à noção que o da, é possível reduzir consideravelmente esses riscos, dando à or-
próprio termo nos passa. A confidencialidade, no contexto da segu- ganização a devida proteção contra ameaças internas e falhas de
rança da informação, nada mais é do que a garantia de que deter- segurança.
minada informação, fonte ou sistema é acessível apenas às pessoas Ao determinar e comunicar o time sobre as diretrizes do uso
previamente autorizadas a terem acesso. aceitável da informação, garante-se que os funcionários saibam
Ou seja, sempre que uma informação confidencial é acessada qual é a postura esperada na hora de lidar com os diversos níveis de
por um indivíduo não autorizado, intencionalmente ou não, ocorre confidencialidade e importância, conhecimento que previne viola-
o que se chama de quebra da confidencialidade. A ruptura desse ções acidentais.

378
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Uma vez implantada a política de segurança da informação, o E quais são suas etapas de implantação?
aumento da transparência e a elevação da eficiência do negócio Agora que você já sabe o que é e por que é tão importante para
surgem como consequências naturais. Essa política deve ser mais sua empresa, é hora de saber que etapas deve seguir na hora de
clara possível, para que os colaboradores entendam como organizar implantar uma política de segurança da informação.
a informação seguindo um padrão para facilitar os fluxos de proces- Antes, porém, precisamos destacar que, para que o documento
sos em todas as escalas. tenha aceitação na organização, deve não só ser apoiado pela cú-
A execução adequada das regras de segurança da informação pula estratégica da empresa, mas contar com sua participação ativa
leva a uma evolução proporcional à drástica redução dos danos à in- durante o processo. Dito isso, vamos aos passos:
fraestrutura de TI da empresa. Assim, a experiência do usuário tam-
bém se beneficia significativamente, dando um salto de qualidade. Planejamento e levantamento do perfil da empresa
Deve ser feito um planejamento que inclua o objetivo máximo
Como elaborar uma política de segurança da informação? da política, determine seus responsáveis e os prazos para conclu-
A segurança da informação, como dito, se desenvolve como são, analisando o que deve ser protegido, tanto em relação ao trá-
uma metodologia, seguindo-se uma sistemática e conceitos pró- fego externo como ao interno.
prios da área. Assim, é fundamental estudar e planejar essa tarefa
para que possa se adaptar à empresa e, mais do que isso, cumprir Elaboração das normas e proibições
o seu papel. Etapa de criação das normas relativas ao uso de programas,
A elaboração de uma PSI depende de alguns cuidados básicos, internet, dispositivos móveis, acesso à rede da empresa, bloqueio
algumas ações prévias que ajudarão a compor a estrutura neces- de sites, uso do e-mail corporativo, de aplicativos de mensagens de
sária e a cultura mais indicada para que todos saibam lidar com os texto e voz — resumindo: recursos tecnológicos em geral.
conceitos e ferramentas.
A seguir, listamos alguns pontos que merecem ser destacados Alinhamento com as demais políticas do negócio
na elaboração dessa política. Vejamos: Esse é o momento de estudar as demais políticas da empresa,
bem como sua visão, sua missão e seus valores, para que tudo este-
Definição dos contornos e ferramentas necessárias ja devidamente alinhado.
Com já dito, uma política de informação deve atender aos re-
quisitos da empresa. No entanto, essa etapa não pode ser feita só Aprovação pelo RH
com profissionais do setor de TI, mas por todos os setores da orga- Além da diretoria, o RH da empresa também deve ler o docu-
nização, abrangendo diferentes equipes, visto que ela será aplicada mento e aprovar suas premissas, de acordo com as leis trabalhistas
e replicada todos os funcionários. e com o manual interno dos empregados da organização.
Nesta etapa serão definidos os processos e tarefas que poderão
ser alterados para garantir a segurança. A exemplo, podemos citar: Aplicação e treinamento dos colaboradores
- definição de cronogramas de backup; Trata-se de efetivamente implantar a política. Nesse momento,
- estabelecimento de regras para o uso de senhas e credenciais é preciso comunicar todos os funcionários, que devem receber uma
de acesso; cópia do documento, além de um treinamento prático que apresen-
- controle de acesso aos espaços físicos; te seus pontos principais.
- definição de diretrizes para o acesso à informação de dife- A política deve estar sempre acessível aos colaboradores e a
rentes profissionais e times, estabelecendo graus de acessibilidade; assinatura de cada um deles, com uma declaração de comprometi-
- criação de planos de contingência e de gerenciamento de ris- mento, deve ser recolhida após o treinamento.
cos; Vale mencionar, ainda, a importância do desenvolvimento de
- definição das políticas de atualização de softwares planos de contingência, cujo objetivo é deixar claro para os cola-
Todas essas medidas, de alguma forma, impactam o trabalho boradores, gestores e profissionais de TI o que pode — e deve ser
de diferentes setores da empresa. Daí a importância de que todos feito — em caso de ruptura na segurança. Assim, se garante respos-
participem, já que ações pontuais, realizadas por cada funcionário, tas mais rápidas e efetivas às ameaças, reduzindo eventuais danos.
quando somadas, formam um ambiente mais seguro.
Avaliação periódica
Classificação das informações da empresa Na verdade, essa etapa consiste em ações contínuas, já que a
Outra etapa importante para a criação de uma boa PSI é a clas- política deve ser revisada regularmente, a fim de atualizá-la, caso
sificação dos dados entre públicos, internos, confidenciais e secre- seja necessário. A segurança da informação, por ter uma íntima re-
tos. Essa ação é necessária porque dependendo da empresa o mes- lação com a tecnologia, está em constante evolução.
mo tipo de dado pode receber classificações distintas. Por esse e outros motivos, é imperioso manter uma rotina de
A exemplo, para a maior parte das empresas, dados relacio- avaliação, comparando os recursos de proteção internos da empre-
nados ao faturamento e balanço financeiro são tidos como confi- sa à sofisticação das ameaças e, caso necessário, compatibilizando-
denciais, fazendo parte da estratégia de negócio. Por outro lado, -os para que sejam suficientes e eficiente no combate às vulnera-
Sociedade Anônimas, de capital aberto, não tem sigilo nesse tipo bilidades.
de informação, dada a necessidade de os investidores conhecerem
esses números. Atenção a novas tecnologias
É com base nessa classificação dos dados é que os níveis de O setor de TI deve estar sempre atento ao surgimento de no-
acesso de cada colaborador às informações poderão ser estabeleci- vas tecnologias no mercado, aquelas que podem alterar as regras
dos, mantendo-se o rigor no manuseio dos dados. da política empresarial, submetendo-a às atualizações necessárias.
Como exemplo aqui podemos citar a substituição das cartas regis-
tradas por soluções no e-mail corporativo.

379
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Não se esqueça de que uma política de segurança da informa- I - realizado por pessoa natural para fins exclusivamente parti-
ção é tão eficaz quanto o grau em que é praticada dentro da orga- culares e não econômicos;
nização. Portanto, uma boa política é aquela de fácil entendimento II - realizado para fins exclusivamente:
e acessível, atingindo e informando eficientemente todos os fun- a) jornalístico e artísticos; ou
cionários. b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 7º e 11
Também ser flexível e aberta a mudanças de requisitos e à evo- desta Lei;
lução do negócio, além de constantemente atualizada para perma- III - realizado para fins exclusivos de:
necer relevante. Afinal, as informações da sua organização devem a) segurança pública;
ser preservadas e resguardadas de todas as formas possíveis. b) defesa nacional;
c) segurança do Estado; ou
d) atividades de investigação e repressão de infrações penais;
LEI Nº 13.709/2018 – LGPD
ou
IV - provenientes de fora do território nacional e que não sejam
LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018. objeto de comunicação, uso compartilhado de dados com agentes
de tratamento brasileiros ou objeto de transferência internacional
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). (Redação de dados com outro país que não o de proveniência, desde que o
dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência país de proveniência proporcione grau de proteção de dados pes-
soais adequado ao previsto nesta Lei.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- § 1º O tratamento de dados pessoais previsto no inciso III será
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: regido por legislação específica, que deverá prever medidas pro-
porcionais e estritamente necessárias ao atendimento do interesse
CAPÍTULO I público, observados o devido processo legal, os princípios gerais de
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES proteção e os direitos do titular previstos nesta Lei.
§ 2º É vedado o tratamento dos dados a que se refere o inciso
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, III do caput deste artigo por pessoa de direito privado, exceto em
inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurí- procedimentos sob tutela de pessoa jurídica de direito público, que
dica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os serão objeto de informe específico à autoridade nacional e que de-
direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desen- verão observar a limitação imposta no § 4º deste artigo.
volvimento da personalidade da pessoa natural. § 3º A autoridade nacional emitirá opiniões técnicas ou reco-
Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta Lei são de mendações referentes às exceções previstas no inciso III do caput
interesse nacional e devem ser observadas pela União, Estados, deste artigo e deverá solicitar aos responsáveis relatórios de impac-
Distrito Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) to à proteção de dados pessoais.
Vigência § 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pessoais de ban-
Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais tem como co de dados de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá
fundamentos: ser tratada por pessoa de direito privado, salvo por aquela que pos-
I - o respeito à privacidade; sua capital integralmente constituído pelo poder público. (Redação
II - a autodeterminação informativa; dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
III - a liberdade de expressão, de informação, de comunicação Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:
e de opinião; I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural iden-
IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; tificada ou identificável;
V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou
VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consu- étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou
midor; e a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado refe-
VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personali- rente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quan-
dade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais. do vinculado a uma pessoa natural;
Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de tratamento III - dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser
realizada por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito públi- identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis
co ou privado, independentemente do meio, do país de sua sede ou e disponíveis na ocasião de seu tratamento;
do país onde estejam localizados os dados, desde que: IV - banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais,
I - a operação de tratamento seja realizada no território na- estabelecido em um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou
físico;
cional;
V - titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais
II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou
que são objeto de tratamento;
o fornecimento de bens ou serviços ou o tratamento de dados de
VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público
indivíduos localizados no território nacional; ou (Redação dada pela
ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamen-
Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
to de dados pessoais;
III - os dados pessoais objeto do tratamento tenham sido cole-
VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou
tados no território nacional.
privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do
§ 1º Consideram-se coletados no território nacional os dados
controlador;
pessoais cujo titular nele se encontre no momento da coleta. VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controlador e opera-
§ 2º Excetua-se do disposto no inciso I deste artigo o tratamen- dor para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os
to de dados previsto no inciso IV do caput do art. 4º desta Lei. titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados
Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais: (ANPD); (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
IX - agentes de tratamento: o controlador e o operador;

380
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
X - tratamento: toda operação realizada com dados pessoais, VI - transparência: garantia, aos titulares, de informações
como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, claras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do tra-
utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processa- tamento e os respectivos agentes de tratamento, observados os
mento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou segredos comercial e industrial;
controle da informação, modificação, comunicação, transferência, VII - segurança: utilização de medidas técnicas e administrati-
difusão ou extração; vas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados
XI - anonimização: utilização de meios técnicos razoáveis e e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração,
disponíveis no momento do tratamento, por meio dos quais um comunicação ou difusão;
dado perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência
indivíduo; de danos em virtude do tratamento de dados pessoais;
XII - consentimento: manifestação livre, informada e inequívo- IX - não discriminação: impossibilidade de realização do trata-
ca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados mento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos;
pessoais para uma finalidade determinada; X - responsabilização e prestação de contas: demonstração,
XIII - bloqueio: suspensão temporária de qualquer operação pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de compro-
de tratamento, mediante guarda do dado pessoal ou do banco de var a observância e o cumprimento das normas de proteção de da-
dados; dos pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas.
XIV - eliminação: exclusão de dado ou de conjunto de dados
armazenados em banco de dados, independentemente do proce- CAPÍTULO II
dimento empregado; DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
XV - transferência internacional de dados: transferência de da- SEÇÃO I
dos pessoais para país estrangeiro ou organismo internacional do DOS REQUISITOS PARA O TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
qual o país seja membro;
XVI - uso compartilhado de dados: comunicação, difusão, Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente poderá ser
transferência internacional, interconexão de dados pessoais ou tra- realizado nas seguintes hipóteses:
tamento compartilhado de bancos de dados pessoais por órgãos e
I - mediante o fornecimento de consentimento pelo titular;
entidades públicos no cumprimento de suas competências legais,
II - para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo
ou entre esses e entes privados, reciprocamente, com autorização
controlador;
específica, para uma ou mais modalidades de tratamento permiti-
III - pela administração pública, para o tratamento e uso com-
das por esses entes públicos, ou entre entes privados;
XVII - relatório de impacto à proteção de dados pessoais: do- partilhado de dados necessários à execução de políticas públicas
cumentação do controlador que contém a descrição dos proces- previstas em leis e regulamentos ou respaldadas em contratos,
sos de tratamento de dados pessoais que podem gerar riscos às convênios ou instrumentos congêneres, observadas as disposições
liberdades civis e aos direitos fundamentais, bem como medidas, do Capítulo IV desta Lei;
salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco; IV - para a realização de estudos por órgão de pesquisa, ga-
XVIII - órgão de pesquisa: órgão ou entidade da administração rantida, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais;
pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem V - quando necessário para a execução de contrato ou de pro-
fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com cedimentos preliminares relacionados a contrato do qual seja parte
sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em o titular, a pedido do titular dos dados;
seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de VI - para o exercício regular de direitos em processo judicial,
caráter histórico, científico, tecnológico ou estatístico; e (Redação administrativo ou arbitral, esse último nos termos da Lei nº 9.307,
dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem) ;
XIX - autoridade nacional: órgão da administração pública res- VII - para a proteção da vida ou da incolumidade física do titu-
ponsável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento desta lar ou de terceiro;
Lei em todo o território nacional. (Redação dada pela Lei nº 13.853, VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento
de 2019) Vigência realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autorida-
Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão de sanitária; (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
observar a boa-fé e os seguintes princípios: IX - quando necessário para atender aos interesses legítimos
I - finalidade: realização do tratamento para propósitos legí- do controlador ou de terceiro, exceto no caso de prevalecerem di-
timos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibi- reitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção
lidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas dos dados pessoais; ou
finalidades; X - para a proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto na
II - adequação: compatibilidade do tratamento com as finali- legislação pertinente.
dades informadas ao titular, de acordo com o contexto do trata- § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019)
mento;
Vigência
III - necessidade: limitação do tratamento ao mínimo neces-
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019)
sário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos
Vigência
dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às
§ 3º O tratamento de dados pessoais cujo acesso é público
finalidades do tratamento de dados;
IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e deve considerar a finalidade, a boa-fé e o interesse público que jus-
gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre tificaram sua disponibilização.
a integralidade de seus dados pessoais; § 4º É dispensada a exigência do consentimento previsto no
V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão, caput deste artigo para os dados tornados manifestamente públi-
clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com a ne- cos pelo titular, resguardados os direitos do titular e os princípios
cessidade e para o cumprimento da finalidade de seu tratamento; previstos nesta Lei.

381
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
§ 5º O controlador que obteve o consentimento referido no verá informar previamente o titular sobre as mudanças de finalida-
inciso I do caput deste artigo que necessitar comunicar ou com- de, podendo o titular revogar o consentimento, caso discorde das
partilhar dados pessoais com outros controladores deverá obter alterações.
consentimento específico do titular para esse fim, ressalvadas as § 3º Quando o tratamento de dados pessoais for condição
hipóteses de dispensa do consentimento previstas nesta Lei. para o fornecimento de produto ou de serviço ou para o exercício
§ 6º A eventual dispensa da exigência do consentimento não de direito, o titular será informado com destaque sobre esse fato
desobriga os agentes de tratamento das demais obrigações previs- e sobre os meios pelos quais poderá exercer os direitos do titular
tas nesta Lei, especialmente da observância dos princípios gerais e elencados no art. 18 desta Lei.
da garantia dos direitos do titular. Art. 10. O legítimo interesse do controlador somente poderá
§ 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a que se re- fundamentar tratamento de dados pessoais para finalidades legí-
ferem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser realizado para novas timas, consideradas a partir de situações concretas, que incluem,
finalidades, desde que observados os propósitos legítimos e espe- mas não se limitam a:
cíficos para o novo tratamento e a preservação dos direitos do titu- I - apoio e promoção de atividades do controlador; e
lar, assim como os fundamentos e os princípios previstos nesta Lei. II - proteção, em relação ao titular, do exercício regular de seus
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência direitos ou prestação de serviços que o beneficiem, respeitadas as
Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art. 7º desta Lei legítimas expectativas dele e os direitos e liberdades fundamentais,
deverá ser fornecido por escrito ou por outro meio que demonstre nos termos desta Lei.
a manifestação de vontade do titular. § 1º Quando o tratamento for baseado no legítimo interesse
§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por escrito, esse de- do controlador, somente os dados pessoais estritamente necessá-
verá constar de cláusula destacada das demais cláusulas contratu- rios para a finalidade pretendida poderão ser tratados.
ais. § 2º O controlador deverá adotar medidas para garantir a
§ 2º Cabe ao controlador o ônus da prova de que o consenti- transparência do tratamento de dados baseado em seu legítimo
mento foi obtido em conformidade com o disposto nesta Lei. interesse.
§ 3º É vedado o tratamento de dados pessoais mediante vício § 3º A autoridade nacional poderá solicitar ao controlador re-
de consentimento. latório de impacto à proteção de dados pessoais, quando o trata-
§ 4º O consentimento deverá referir-se a finalidades determi- mento tiver como fundamento seu interesse legítimo, observados
nadas, e as autorizações genéricas para o tratamento de dados pes- os segredos comercial e industrial.
soais serão nulas.
§ 5º O consentimento pode ser revogado a qualquer momento SEÇÃO II
mediante manifestação expressa do titular, por procedimento gra- DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS SENSÍVEIS
tuito e facilitado, ratificados os tratamentos realizados sob amparo
do consentimento anteriormente manifestado enquanto não hou- Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis somente po-
ver requerimento de eliminação, nos termos do inciso VI do caput derá ocorrer nas seguintes hipóteses:
do art. 18 desta Lei. I - quando o titular ou seu responsável legal consentir, de for-
§ 6º Em caso de alteração de informação referida nos incisos ma específica e destacada, para finalidades específicas;
I, II, III ou V do art. 9º desta Lei, o controlador deverá informar ao II - sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóte-
titular, com destaque de forma específica do teor das alterações, ses em que for indispensável para:
podendo o titular, nos casos em que o seu consentimento é exigido, a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo contro-
revogá-lo caso discorde da alteração. lador;
Art. 9º O titular tem direito ao acesso facilitado às informações b) tratamento compartilhado de dados necessários à execu-
sobre o tratamento de seus dados, que deverão ser disponibiliza- ção, pela administração pública, de políticas públicas previstas em
das de forma clara, adequada e ostensiva acerca de, entre outras leis ou regulamentos;
características previstas em regulamentação para o atendimento c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sem-
do princípio do livre acesso: pre que possível, a anonimização dos dados pessoais sensíveis;
I - finalidade específica do tratamento; d) exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em pro-
II - forma e duração do tratamento, observados os segredos cesso judicial, administrativo e arbitral, este último nos termos da
comercial e industrial; Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem) ;
III - identificação do controlador; e) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de
IV - informações de contato do controlador; terceiro;
V - informações acerca do uso compartilhado de dados pelo f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado
controlador e a finalidade; por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitá-
VI - responsabilidades dos agentes que realizarão o tratamen- ria; ou (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
to; e g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos
VII - direitos do titular, com menção explícita aos direitos con- processos de identificação e autenticação de cadastro em sistemas
tidos no art. 18 desta Lei. eletrônicos, resguardados os direitos mencionados no art. 9º desta
§ 1º Na hipótese em que o consentimento é requerido, esse Lei e exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades funda-
será considerado nulo caso as informações fornecidas ao titular te- mentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais.
nham conteúdo enganoso ou abusivo ou não tenham sido apresen- § 1º Aplica-se o disposto neste artigo a qualquer tratamento
tadas previamente com transparência, de forma clara e inequívoca. de dados pessoais que revele dados pessoais sensíveis e que possa
§ 2º Na hipótese em que o consentimento é requerido, se hou- causar dano ao titular, ressalvado o disposto em legislação especí-
ver mudanças da finalidade para o tratamento de dados pessoais fica.
não compatíveis com o consentimento original, o controlador de-

382
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
§ 2º Nos casos de aplicação do disposto nas alíneas “a” e “b” § 4º Para os efeitos deste artigo, a pseudonimização é o tra-
do inciso II do caput deste artigo pelos órgãos e pelas entidades pú- tamento por meio do qual um dado perde a possibilidade de as-
blicas, será dada publicidade à referida dispensa de consentimento, sociação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de in-
nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei. formação adicional mantida separadamente pelo controlador em
§ 3º A comunicação ou o uso compartilhado de dados pessoais ambiente controlado e seguro.
sensíveis entre controladores com objetivo de obter vantagem eco-
nômica poderá ser objeto de vedação ou de regulamentação por SEÇÃO III
parte da autoridade nacional, ouvidos os órgãos setoriais do Poder DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS DE CRIANÇAS E DE
Público, no âmbito de suas competências. ADOLESCENTES
§ 4º É vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre
controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças e de ado-
objetivo de obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses rela- lescentes deverá ser realizado em seu melhor interesse, nos termos
tivas a prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêutica deste artigo e da legislação pertinente.
e de assistência à saúde, desde que observado o § 5º deste artigo, § 1º O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser
incluídos os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefí- realizado com o consentimento específico e em destaque dado por
cio dos interesses dos titulares de dados, e para permitir: (Redação pelo menos um dos pais ou pelo responsável legal.
dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência § 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste artigo,
I - a portabilidade de dados quando solicitada pelo titular; ou os controladores deverão manter pública a informação sobre os ti-
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência pos de dados coletados, a forma de sua utilização e os procedimen-
II - as transações financeiras e administrativas resultantes do tos para o exercício dos direitos a que se refere o art. 18 desta Lei.
uso e da prestação dos serviços de que trata este parágrafo. (Inclu- § 3º Poderão ser coletados dados pessoais de crianças sem o
ído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência consentimento a que se refere o § 1º deste artigo quando a coleta
§ 5º É vedado às operadoras de planos privados de assistência for necessária para contatar os pais ou o responsável legal, utiliza-
à saúde o tratamento de dados de saúde para a prática de sele- dos uma única vez e sem armazenamento, ou para sua proteção, e
ção de riscos na contratação de qualquer modalidade, assim como em nenhum caso poderão ser repassados a terceiro sem o consen-
na contratação e exclusão de beneficiários. (Incluído pela Lei nº timento de que trata o § 1º deste artigo.
13.853, de 2019) Vigência § 4º Os controladores não deverão condicionar a participação
Art. 12. Os dados anonimizados não serão considerados dados dos titulares de que trata o § 1º deste artigo em jogos, aplicações
pessoais para os fins desta Lei, salvo quando o processo de ano- de internet ou outras atividades ao fornecimento de informações
nimização ao qual foram submetidos for revertido, utilizando ex- pessoais além das estritamente necessárias à atividade.
clusivamente meios próprios, ou quando, com esforços razoáveis, § 5º O controlador deve realizar todos os esforços razoáveis
puder ser revertido.
para verificar que o consentimento a que se refere o § 1º deste
§ 1º A determinação do que seja razoável deve levar em con-
artigo foi dado pelo responsável pela criança, consideradas as tec-
sideração fatores objetivos, tais como custo e tempo necessários
nologias disponíveis.
para reverter o processo de anonimização, de acordo com as tecno-
§ 6º As informações sobre o tratamento de dados referidas
logias disponíveis, e a utilização exclusiva de meios próprios.
§ 2º Poderão ser igualmente considerados como dados pesso- neste artigo deverão ser fornecidas de maneira simples, clara e
ais, para os fins desta Lei, aqueles utilizados para formação do perfil acessível, consideradas as características físico-motoras, percepti-
comportamental de determinada pessoa natural, se identificada. vas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, com uso de re-
§ 3º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões e cursos audiovisuais quando adequado, de forma a proporcionar a
técnicas utilizados em processos de anonimização e realizar veri- informação necessária aos pais ou ao responsável legal e adequada
ficações acerca de sua segurança, ouvido o Conselho Nacional de ao entendimento da criança.
Proteção de Dados Pessoais.
Art. 13. Na realização de estudos em saúde pública, os órgãos SEÇÃO IV
de pesquisa poderão ter acesso a bases de dados pessoais, que se- DO TÉRMINO DO TRATAMENTO DE DADOS
rão tratados exclusivamente dentro do órgão e estritamente para
a finalidade de realização de estudos e pesquisas e mantidos em Art. 15. O término do tratamento de dados pessoais ocorrerá
ambiente controlado e seguro, conforme práticas de segurança nas seguintes hipóteses:
previstas em regulamento específico e que incluam, sempre que I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou de que os
possível, a anonimização ou pseudonimização dos dados, bem dados deixaram de ser necessários ou pertinentes ao alcance da
como considerem os devidos padrões éticos relacionados a estu- finalidade específica almejada;
dos e pesquisas. II - fim do período de tratamento;
§ 1º A divulgação dos resultados ou de qualquer excerto do es- III - comunicação do titular, inclusive no exercício de seu direito
tudo ou da pesquisa de que trata o caput deste artigo em nenhuma de revogação do consentimento conforme disposto no § 5º do art.
hipótese poderá revelar dados pessoais. 8º desta Lei, resguardado o interesse público; ou
§ 2º O órgão de pesquisa será o responsável pela segurança IV - determinação da autoridade nacional, quando houver vio-
da informação prevista no caput deste artigo, não permitida, em lação ao disposto nesta Lei.
circunstância alguma, a transferência dos dados a terceiro. Art. 16. Os dados pessoais serão eliminados após o término de
§ 3º O acesso aos dados de que trata este artigo será objeto de seu tratamento, no âmbito e nos limites técnicos das atividades,
regulamentação por parte da autoridade nacional e das autorida- autorizada a conservação para as seguintes finalidades:
des da área de saúde e sanitárias, no âmbito de suas competências.
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo contro-
lador;

383
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possí- § 7º A portabilidade dos dados pessoais a que se refere o inciso
vel, a anonimização dos dados pessoais; V do caput deste artigo não inclui dados que já tenham sido anoni-
III - transferência a terceiro, desde que respeitados os requisi- mizados pelo controlador.
tos de tratamento de dados dispostos nesta Lei; ou § 8º O direito a que se refere o § 1º deste artigo também po-
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu acesso por tercei- derá ser exercido perante os organismos de defesa do consumidor.
ro, e desde que anonimizados os dados. Art. 19. A confirmação de existência ou o acesso a dados pesso-
ais serão providenciados, mediante requisição do titular:
CAPÍTULO III I - em formato simplificado, imediatamente; ou
DOS DIREITOS DO TITULAR II - por meio de declaração clara e completa, que indique a
origem dos dados, a inexistência de registro, os critérios utilizados
Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de e a finalidade do tratamento, observados os segredos comercial e
seus dados pessoais e garantidos os direitos fundamentais de liber- industrial, fornecida no prazo de até 15 (quinze) dias, contado da
dade, de intimidade e de privacidade, nos termos desta Lei. data do requerimento do titular.
Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter do con- § 1º Os dados pessoais serão armazenados em formato que
trolador, em relação aos dados do titular por ele tratados, a qual- favoreça o exercício do direito de acesso.
quer momento e mediante requisição: § 2º As informações e os dados poderão ser fornecidos, a cri-
I - confirmação da existência de tratamento; tério do titular:
II - acesso aos dados; I - por meio eletrônico, seguro e idôneo para esse fim; ou
III - correção de dados incompletos, inexatos ou desatualiza- II - sob forma impressa.
dos; § 3º Quando o tratamento tiver origem no consentimento do
IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desneces- titular ou em contrato, o titular poderá solicitar cópia eletrônica
sários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto integral de seus dados pessoais, observados os segredos comercial
nesta Lei; e industrial, nos termos de regulamentação da autoridade nacional,
V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou em formato que permita a sua utilização subsequente, inclusive em
produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regula- outras operações de tratamento.
mentação da autoridade nacional, observados os segredos comer- § 4º A autoridade nacional poderá dispor de forma diferencia-
cial e industrial; (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigên- da acerca dos prazos previstos nos incisos I e II do caput deste arti-
cia go para os setores específicos.
VI - eliminação dos dados pessoais tratados com o consenti- Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de
mento do titular, exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta decisões tomadas unicamente com base em tratamento automa-
Lei; tizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as
VII - informação das entidades públicas e privadas com as quais decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de
o controlador realizou uso compartilhado de dados; consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade. (Reda-
VIII - informação sobre a possibilidade de não fornecer consen- ção dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
timento e sobre as consequências da negativa; § 1º O controlador deverá fornecer, sempre que solicitadas,
IX - revogação do consentimento, nos termos do § 5º do art. informações claras e adequadas a respeito dos critérios e dos pro-
8º desta Lei. cedimentos utilizados para a decisão automatizada, observados os
§ 1º O titular dos dados pessoais tem o direito de peticionar em segredos comercial e industrial.
relação aos seus dados contra o controlador perante a autoridade § 2º Em caso de não oferecimento de informações de que trata
nacional. o § 1º deste artigo baseado na observância de segredo comercial e
§ 2º O titular pode opor-se a tratamento realizado com funda- industrial, a autoridade nacional poderá realizar auditoria para veri-
mento em uma das hipóteses de dispensa de consentimento, em ficação de aspectos discriminatórios em tratamento automatizado
caso de descumprimento ao disposto nesta Lei. de dados pessoais.
§ 3º Os direitos previstos neste artigo serão exercidos median- § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
te requerimento expresso do titular ou de representante legalmen- Art. 21. Os dados pessoais referentes ao exercício regular de
te constituído, a agente de tratamento. direitos pelo titular não podem ser utilizados em seu prejuízo.
§ 4º Em caso de impossibilidade de adoção imediata da pro- Art. 22. A defesa dos interesses e dos direitos dos titulares de
vidência de que trata o § 3º deste artigo, o controlador enviará ao dados poderá ser exercida em juízo, individual ou coletivamente,
titular resposta em que poderá: na forma do disposto na legislação pertinente, acerca dos instru-
I - comunicar que não é agente de tratamento dos dados e in- mentos de tutela individual e coletiva.
dicar, sempre que possível, o agente; ou
II - indicar as razões de fato ou de direito que impedem a ado- CAPÍTULO IV
ção imediata da providência. DO TRATAMENTO DE DADOS
§ 5º O requerimento referido no § 3º deste artigo será atendi-
PESSOAIS PELO PODER PÚBLICO
do sem custos para o titular, nos prazos e nos termos previstos em
SEÇÃO I
regulamento.
DAS REGRAS
§ 6º O responsável deverá informar, de maneira imediata, aos
agentes de tratamento com os quais tenha realizado uso comparti-
Art. 23. O tratamento de dados pessoais pelas pessoas jurídicas
lhado de dados a correção, a eliminação, a anonimização ou o blo-
de direito público referidas no parágrafo único do art. 1º da Lei nº
queio dos dados, para que repitam idêntico procedimento, exceto
12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) ,
nos casos em que esta comunicação seja comprovadamente impos-
deverá ser realizado para o atendimento de sua finalidade pública,
sível ou implique esforço desproporcional. (Redação dada pela Lei
nº 13.853, de 2019) Vigência

384
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
na persecução do interesse público, com o objetivo de executar as IV - quando houver previsão legal ou a transferência for res-
competências legais ou cumprir as atribuições legais do serviço pú- paldada em contratos, convênios ou instrumentos congêneres; ou
blico, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
I - sejam informadas as hipóteses em que, no exercício de suas V - na hipótese de a transferência dos dados objetivar exclusi-
competências, realizam o tratamento de dados pessoais, fornecen- vamente a prevenção de fraudes e irregularidades, ou proteger e
do informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a fina- resguardar a segurança e a integridade do titular dos dados, desde
lidade, os procedimentos e as práticas utilizadas para a execução que vedado o tratamento para outras finalidades. (Incluído pela Lei
dessas atividades, em veículos de fácil acesso, preferencialmente nº 13.853, de 2019) Vigência
em seus sítios eletrônicos; § 2º Os contratos e convênios de que trata o § 1º deste artigo
II - (VETADO); e deverão ser comunicados à autoridade nacional.
III - seja indicado um encarregado quando realizarem opera- Art. 27. A comunicação ou o uso compartilhado de dados pes-
ções de tratamento de dados pessoais, nos termos do art. 39 desta soais de pessoa jurídica de direito público a pessoa de direito priva-
Lei; e (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência do será informado à autoridade nacional e dependerá de consenti-
IV - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência mento do titular, exceto:
§ 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre as formas de I - nas hipóteses de dispensa de consentimento previstas nesta
publicidade das operações de tratamento. Lei;
§ 2º O disposto nesta Lei não dispensa as pessoas jurídicas II - nos casos de uso compartilhado de dados, em que será dada
mencionadas no caput deste artigo de instituir as autoridades de publicidade nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei; ou
que trata a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Aces- III - nas exceções constantes do § 1º do art. 26 desta Lei.
so à Informação) . Parágrafo único. A informação à autoridade nacional de que
§ 3º Os prazos e procedimentos para exercício dos direitos do trata o caput deste artigo será objeto de regulamentação. (Incluído
titular perante o Poder Público observarão o disposto em legislação pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
específica, em especial as disposições constantes da Lei nº 9.507, Art. 28. (VETADO).
de 12 de novembro de 1997 (Lei do Habeas Data) , da Lei nº 9.784, Art. 29. A autoridade nacional poderá solicitar, a qualquer mo-
de 29 de janeiro de 1999 (Lei Geral do Processo Administrativo) , mento, aos órgãos e às entidades do poder público a realização de
e da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à operações de tratamento de dados pessoais, informações específi-
Informação) . cas sobre o âmbito e a natureza dos dados e outros detalhes do tra-
§ 4º Os serviços notariais e de registro exercidos em caráter tamento realizado e poderá emitir parecer técnico complementar
privado, por delegação do Poder Público, terão o mesmo tratamen- para garantir o cumprimento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
to dispensado às pessoas jurídicas referidas no caput deste artigo, 13.853, de 2019) Vigência
nos termos desta Lei. Art. 30. A autoridade nacional poderá estabelecer normas
§ 5º Os órgãos notariais e de registro devem fornecer acesso complementares para as atividades de comunicação e de uso com-
aos dados por meio eletrônico para a administração pública, tendo partilhado de dados pessoais.
em vista as finalidades de que trata o caput deste artigo.
Art. 24. As empresas públicas e as sociedades de economia SEÇÃO II
mista que atuam em regime de concorrência, sujeitas ao disposto
DA RESPONSABILIDADE
no art. 173 da Constituição Federal , terão o mesmo tratamento
dispensado às pessoas jurídicas de direito privado particulares, nos
Art. 31. Quando houver infração a esta Lei em decorrência do
termos desta Lei.
tratamento de dados pessoais por órgãos públicos, a autoridade
Parágrafo único. As empresas públicas e as sociedades de eco-
nomia mista, quando estiverem operacionalizando políticas pú- nacional poderá enviar informe com medidas cabíveis para fazer
blicas e no âmbito da execução delas, terão o mesmo tratamento cessar a violação.
dispensado aos órgãos e às entidades do Poder Público, nos termos Art. 32. A autoridade nacional poderá solicitar a agentes do
deste Capítulo. Poder Público a publicação de relatórios de impacto à proteção de
Art. 25. Os dados deverão ser mantidos em formato interope- dados pessoais e sugerir a adoção de padrões e de boas práticas
rável e estruturado para o uso compartilhado, com vistas à execu- para os tratamentos de dados pessoais pelo Poder Público.
ção de políticas públicas, à prestação de serviços públicos, à des-
centralização da atividade pública e à disseminação e ao acesso das CAPÍTULO V
informações pelo público em geral. DA TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DADOS
Art. 26. O uso compartilhado de dados pessoais pelo Poder
Público deve atender a finalidades específicas de execução de po- Art. 33. A transferência internacional de dados pessoais so-
líticas públicas e atribuição legal pelos órgãos e pelas entidades mente é permitida nos seguintes casos:
públicas, respeitados os princípios de proteção de dados pessoais I - para países ou organismos internacionais que proporcionem
elencados no art. 6º desta Lei. grau de proteção de dados pessoais adequado ao previsto nesta
§ 1º É vedado ao Poder Público transferir a entidades privadas Lei;
dados pessoais constantes de bases de dados a que tenha acesso, II - quando o controlador oferecer e comprovar garantias de
exceto: cumprimento dos princípios, dos direitos do titular e do regime de
I - em casos de execução descentralizada de atividade pública proteção de dados previstos nesta Lei, na forma de:
que exija a transferência, exclusivamente para esse fim específico a) cláusulas contratuais específicas para determinada transfe-
e determinado, observado o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de rência;
novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) ; b) cláusulas-padrão contratuais;
II - (VETADO); c) normas corporativas globais;
III - nos casos em que os dados forem acessíveis publicamente,
observadas as disposições desta Lei.

385
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
d) selos, certificados e códigos de conduta regularmente emi- § 4º Os atos realizados por organismo de certificação poderão
tidos; ser revistos pela autoridade nacional e, caso em desconformidade
III - quando a transferência for necessária para a cooperação com esta Lei, submetidos a revisão ou anulados.
jurídica internacional entre órgãos públicos de inteligência, de in- § 5º As garantias suficientes de observância dos princípios ge-
vestigação e de persecução, de acordo com os instrumentos de di- rais de proteção e dos direitos do titular referidas no caput deste
reito internacional; artigo serão também analisadas de acordo com as medidas técnicas
IV - quando a transferência for necessária para a proteção da e organizacionais adotadas pelo operador, de acordo com o previs-
vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro; to nos §§ 1º e 2º do art. 46 desta Lei.
V - quando a autoridade nacional autorizar a transferência; Art. 36. As alterações nas garantias apresentadas como sufi-
VI - quando a transferência resultar em compromisso assumido cientes de observância dos princípios gerais de proteção e dos di-
em acordo de cooperação internacional; reitos do titular referidas no inciso II do art. 33 desta Lei deverão ser
VII - quando a transferência for necessária para a execução de comunicadas à autoridade nacional.
política pública ou atribuição legal do serviço público, sendo dada
publicidade nos termos do inciso I do caput do art. 23 desta Lei; CAPÍTULO VI
VIII - quando o titular tiver fornecido o seu consentimento es- DOS AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
pecífico e em destaque para a transferência, com informação pré- SEÇÃO I
via sobre o caráter internacional da operação, distinguindo clara- DO CONTROLADOR E DO OPERADOR
mente esta de outras finalidades; ou
IX - quando necessário para atender as hipóteses previstas nos Art. 37. O controlador e o operador devem manter registro das
incisos II, V e VI do art. 7º desta Lei. operações de tratamento de dados pessoais que realizarem, espe-
Parágrafo único. Para os fins do inciso I deste artigo, as pessoas cialmente quando baseado no legítimo interesse.
jurídicas de direito público referidas no parágrafo único do art. 1º Art. 38. A autoridade nacional poderá determinar ao contro-
da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Infor- lador que elabore relatório de impacto à proteção de dados pes-
mação) , no âmbito de suas competências legais, e responsáveis, no soais, inclusive de dados sensíveis, referente a suas operações de
âmbito de suas atividades, poderão requerer à autoridade nacional tratamento de dados, nos termos de regulamento, observados os
a avaliação do nível de proteção a dados pessoais conferido por segredos comercial e industrial.
país ou organismo internacional. Parágrafo único. Observado o disposto no caput deste artigo, o
Art. 34. O nível de proteção de dados do país estrangeiro ou relatório deverá conter, no mínimo, a descrição dos tipos de dados
do organismo internacional mencionado no inciso I do caput do art. coletados, a metodologia utilizada para a coleta e para a garantia
33 desta Lei será avaliado pela autoridade nacional, que levará em da segurança das informações e a análise do controlador com re-
consideração: lação a medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco
I - as normas gerais e setoriais da legislação em vigor no país de adotados.
destino ou no organismo internacional; Art. 39. O operador deverá realizar o tratamento segundo as
II - a natureza dos dados; instruções fornecidas pelo controlador, que verificará a observân-
III - a observância dos princípios gerais de proteção de dados cia das próprias instruções e das normas sobre a matéria.
pessoais e direitos dos titulares previstos nesta Lei; Art. 40. A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões
IV - a adoção de medidas de segurança previstas em regula- de interoperabilidade para fins de portabilidade, livre acesso aos
mento; dados e segurança, assim como sobre o tempo de guarda dos re-
V - a existência de garantias judiciais e institucionais para o res- gistros, tendo em vista especialmente a necessidade e a transpa-
peito aos direitos de proteção de dados pessoais; e rência.
VI - outras circunstâncias específicas relativas à transferência.
Art. 35. A definição do conteúdo de cláusulas-padrão contra- SEÇÃO II
tuais, bem como a verificação de cláusulas contratuais específicas DO ENCARREGADO PELO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
para uma determinada transferência, normas corporativas globais
ou selos, certificados e códigos de conduta, a que se refere o inci- Art. 41. O controlador deverá indicar encarregado pelo trata-
so II do caput do art. 33 desta Lei, será realizada pela autoridade mento de dados pessoais.
nacional. § 1º A identidade e as informações de contato do encarrega-
§ 1º Para a verificação do disposto no caput deste artigo, deve- do deverão ser divulgadas publicamente, de forma clara e objetiva,
rão ser considerados os requisitos, as condições e as garantias mí- preferencialmente no sítio eletrônico do controlador.
nimas para a transferência que observem os direitos, as garantias e § 2º As atividades do encarregado consistem em:
os princípios desta Lei. I - aceitar reclamações e comunicações dos titulares, prestar
§ 2º Na análise de cláusulas contratuais, de documentos ou de esclarecimentos e adotar providências;
normas corporativas globais submetidas à aprovação da autorida- II - receber comunicações da autoridade nacional e adotar pro-
de nacional, poderão ser requeridas informações suplementares ou vidências;
realizadas diligências de verificação quanto às operações de trata- III - orientar os funcionários e os contratados da entidade a res-
mento, quando necessário. peito das práticas a serem tomadas em relação à proteção de dados
§ 3º A autoridade nacional poderá designar organismos de cer- pessoais; e
tificação para a realização do previsto no caput deste artigo, que IV - executar as demais atribuições determinadas pelo contro-
permanecerão sob sua fiscalização nos termos definidos em regu- lador ou estabelecidas em normas complementares.
lamento.

386
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
§ 3º A autoridade nacional poderá estabelecer normas com- CAPÍTULO VII
plementares sobre a definição e as atribuições do encarregado, DA SEGURANÇA E DAS BOAS PRÁTICAS
inclusive hipóteses de dispensa da necessidade de sua indicação, SEÇÃO I
conforme a natureza e o porte da entidade ou o volume de opera- DA SEGURANÇA E DO SIGILO DE DADOS
ções de tratamento de dados.
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência Art. 46. Os agentes de tratamento devem adotar medidas de
segurança, técnicas e administrativas aptas a proteger os dados
SEÇÃO III pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou
DA RESPONSABILIDADE E DO RESSARCIMENTO DE DANOS ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer
forma de tratamento inadequado ou ilícito.
Art. 42. O controlador ou o operador que, em razão do exercí- § 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre padrões técni-
cio de atividade de tratamento de dados pessoais, causar a outrem cos mínimos para tornar aplicável o disposto no caput deste artigo,
dano patrimonial, moral, individual ou coletivo, em violação à legis- considerados a natureza das informações tratadas, as característi-
lação de proteção de dados pessoais, é obrigado a repará-lo. cas específicas do tratamento e o estado atual da tecnologia, es-
§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao titular dos da- pecialmente no caso de dados pessoais sensíveis, assim como os
dos: princípios previstos no caput do art. 6º desta Lei.
I - o operador responde solidariamente pelos danos causados § 2º As medidas de que trata o caput deste artigo deverão ser
pelo tratamento quando descumprir as obrigações da legislação de observadas desde a fase de concepção do produto ou do serviço
proteção de dados ou quando não tiver seguido as instruções lícitas até a sua execução.
do controlador, hipótese em que o operador equipara-se ao con- Art. 47. Os agentes de tratamento ou qualquer outra pessoa
trolador, salvo nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei; que intervenha em uma das fases do tratamento obriga-se a ga-
II - os controladores que estiverem diretamente envolvidos no rantir a segurança da informação prevista nesta Lei em relação aos
tratamento do qual decorreram danos ao titular dos dados respon- dados pessoais, mesmo após o seu término.
dem solidariamente, salvo nos casos de exclusão previstos no art. Art. 48. O controlador deverá comunicar à autoridade nacional
43 desta Lei. e ao titular a ocorrência de incidente de segurança que possa acar-
§ 2º O juiz, no processo civil, poderá inverter o ônus da prova retar risco ou dano relevante aos titulares.
a favor do titular dos dados quando, a seu juízo, for verossímil a § 1º A comunicação será feita em prazo razoável, conforme
alegação, houver hipossuficiência para fins de produção de prova definido pela autoridade nacional, e deverá mencionar, no mínimo:
ou quando a produção de prova pelo titular resultar-lhe excessiva- I - a descrição da natureza dos dados pessoais afetados;
mente onerosa. II - as informações sobre os titulares envolvidos;
§ 3º As ações de reparação por danos coletivos que tenham III - a indicação das medidas técnicas e de segurança utilizadas
por objeto a responsabilização nos termos do caput deste artigo para a proteção dos dados, observados os segredos comercial e in-
podem ser exercidas coletivamente em juízo, observado o disposto dustrial;
IV - os riscos relacionados ao incidente;
na legislação pertinente.
V - os motivos da demora, no caso de a comunicação não ter
§ 4º Aquele que reparar o dano ao titular tem direito de regres-
sido imediata; e
so contra os demais responsáveis, na medida de sua participação
VI - as medidas que foram ou que serão adotadas para reverter
no evento danoso.
ou mitigar os efeitos do prejuízo.
Art. 43. Os agentes de tratamento só não serão responsabiliza- § 2º A autoridade nacional verificará a gravidade do incidente
dos quando provarem: e poderá, caso necessário para a salvaguarda dos direitos dos ti-
I - que não realizaram o tratamento de dados pessoais que lhes tulares, determinar ao controlador a adoção de providências, tais
é atribuído; como:
II - que, embora tenham realizado o tratamento de dados pes- I - ampla divulgação do fato em meios de comunicação; e
soais que lhes é atribuído, não houve violação à legislação de pro- II - medidas para reverter ou mitigar os efeitos do incidente.
teção de dados; ou § 3º No juízo de gravidade do incidente, será avaliada eventual
III - que o dano é decorrente de culpa exclusiva do titular dos comprovação de que foram adotadas medidas técnicas adequadas
dados ou de terceiro. que tornem os dados pessoais afetados ininteligíveis, no âmbito e
Art. 44. O tratamento de dados pessoais será irregular quando nos limites técnicos de seus serviços, para terceiros não autoriza-
deixar de observar a legislação ou quando não fornecer a seguran- dos a acessá-los.
ça que o titular dele pode esperar, consideradas as circunstâncias Art. 49. Os sistemas utilizados para o tratamento de dados
relevantes, entre as quais: pessoais devem ser estruturados de forma a atender aos requisitos
I - o modo pelo qual é realizado; de segurança, aos padrões de boas práticas e de governança e aos
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; princípios gerais previstos nesta Lei e às demais normas regulamen-
III - as técnicas de tratamento de dados pessoais disponíveis à tares.
época em que foi realizado.
Parágrafo único. Responde pelos danos decorrentes da viola- SEÇÃO II
ção da segurança dos dados o controlador ou o operador que, ao DAS BOAS PRÁTICAS E DA GOVERNANÇA
deixar de adotar as medidas de segurança previstas no art. 46 desta
Lei, der causa ao dano. Art. 50. Os controladores e operadores, no âmbito de suas
Art. 45. As hipóteses de violação do direito do titular no âmbito competências, pelo tratamento de dados pessoais, individualmen-
das relações de consumo permanecem sujeitas às regras de res- te ou por meio de associações, poderão formular regras de boas
ponsabilidade previstas na legislação pertinente. práticas e de governança que estabeleçam as condições de orga-
nização, o regime de funcionamento, os procedimentos, incluindo

387
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
reclamações e petições de titulares, as normas de segurança, os II - multa simples, de até 2% (dois por cento) do faturamento
padrões técnicos, as obrigações específicas para os diversos envol- da pessoa jurídica de direito privado, grupo ou conglomerado no
vidos no tratamento, as ações educativas, os mecanismos internos Brasil no seu último exercício, excluídos os tributos, limitada, no
de supervisão e de mitigação de riscos e outros aspectos relaciona- total, a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) por infração;
dos ao tratamento de dados pessoais. III - multa diária, observado o limite total a que se refere o in-
§ 1º Ao estabelecer regras de boas práticas, o controlador e ciso II;
o operador levarão em consideração, em relação ao tratamento e IV - publicização da infração após devidamente apurada e con-
aos dados, a natureza, o escopo, a finalidade e a probabilidade e a firmada a sua ocorrência;
gravidade dos riscos e dos benefícios decorrentes de tratamento de V - bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até
dados do titular. a sua regularização;
§ 2º Na aplicação dos princípios indicados nos incisos VII e VIII VI - eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração;
do caput do art. 6º desta Lei, o controlador, observados a estrutura, VII - (VETADO);
a escala e o volume de suas operações, bem como a sensibilidade
VIII - (VETADO);
dos dados tratados e a probabilidade e a gravidade dos danos para
IX - (VETADO).
os titulares dos dados, poderá:
X - suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a
I - implementar programa de governança em privacidade que,
que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses,
no mínimo:
a) demonstre o comprometimento do controlador em adotar prorrogável por igual período, até a regularização da atividade de
processos e políticas internas que assegurem o cumprimento, de tratamento pelo controlador; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
forma abrangente, de normas e boas práticas relativas à proteção XI - suspensão do exercício da atividade de tratamento dos da-
de dados pessoais; dos pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de
b) seja aplicável a todo o conjunto de dados pessoais que es- 6 (seis) meses, prorrogável por igual período; (Incluído pela Lei nº
tejam sob seu controle, independentemente do modo como se re- 13.853, de 2019)
alizou sua coleta; XII - proibição parcial ou total do exercício de atividades rela-
c) seja adaptado à estrutura, à escala e ao volume de suas ope- cionadas a tratamento de dados. (Incluído pela Lei nº 13.853, de
rações, bem como à sensibilidade dos dados tratados; 2019)
d) estabeleça políticas e salvaguardas adequadas com base em § 1º As sanções serão aplicadas após procedimento adminis-
processo de avaliação sistemática de impactos e riscos à privaci- trativo que possibilite a oportunidade da ampla defesa, de forma
dade; gradativa, isolada ou cumulativa, de acordo com as peculiaridades
e) tenha o objetivo de estabelecer relação de confiança com o do caso concreto e considerados os seguintes parâmetros e crité-
titular, por meio de atuação transparente e que assegure mecanis- rios:
mos de participação do titular; I - a gravidade e a natureza das infrações e dos direitos pessoais
f) esteja integrado a sua estrutura geral de governança e es- afetados;
tabeleça e aplique mecanismos de supervisão internos e externos; II - a boa-fé do infrator;
g) conte com planos de resposta a incidentes e remediação; e III - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
h) seja atualizado constantemente com base em informações IV - a condição econômica do infrator;
V - a reincidência;
obtidas a partir de monitoramento contínuo e avaliações periódi-
VI - o grau do dano;
cas;
VII - a cooperação do infrator;
II - demonstrar a efetividade de seu programa de governança
VIII - a adoção reiterada e demonstrada de mecanismos e pro-
em privacidade quando apropriado e, em especial, a pedido da au-
cedimentos internos capazes de minimizar o dano, voltados ao
toridade nacional ou de outra entidade responsável por promover
tratamento seguro e adequado de dados, em consonância com o
o cumprimento de boas práticas ou códigos de conduta, os quais,
disposto no inciso II do § 2º do art. 48 desta Lei;
de forma independente, promovam o cumprimento desta Lei.
IX - a adoção de política de boas práticas e governança;
§ 3º As regras de boas práticas e de governança deverão ser
X - a pronta adoção de medidas corretivas; e
publicadas e atualizadas periodicamente e poderão ser reconheci-
XI - a proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensi-
das e divulgadas pela autoridade nacional. dade da sanção.
Art. 51. A autoridade nacional estimulará a adoção de padrões § 2º O disposto neste artigo não substitui a aplicação de san-
técnicos que facilitem o controle pelos titulares dos seus dados pes- ções administrativas, civis ou penais definidas na Lei nº 8.078, de
soais. 11 de setembro de 1990, e em legislação específica. (Redação dada
pela Lei nº 13.853, de 2019)
CAPÍTULO VIII § 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII do caput deste
DA FISCALIZAÇÃO artigo poderá ser aplicado às entidades e aos órgãos públicos, sem
SEÇÃO I prejuízo do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei nº 12.527, de 18 de
novembro de 2011. (Promulgação partes vetadas)
Art. 52. Os agentes de tratamento de dados, em razão das in- § 4º No cálculo do valor da multa de que trata o inciso II do
frações cometidas às normas previstas nesta Lei, ficam sujeitos às caput deste artigo, a autoridade nacional poderá considerar o fa-
seguintes sanções administrativas aplicáveis pela autoridade nacio- turamento total da empresa ou grupo de empresas, quando não
nal: (Vigência) dispuser do valor do faturamento no ramo de atividade empresa-
I - advertência, com indicação de prazo para adoção de medi- rial em que ocorreu a infração, definido pela autoridade nacional,
das corretivas; ou quando o valor for apresentado de forma incompleta ou não for
demonstrado de forma inequívoca e idônea.

388
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
§ 5º O produto da arrecadação das multas aplicadas pela § 3º O provimento dos cargos e das funções necessários à cria-
ANPD, inscritas ou não em dívida ativa, será destinado ao Fundo de ção e à atuação da ANPD está condicionado à expressa autorização
Defesa de Direitos Difusos de que tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, física e financeira na lei orçamentária anual e à permissão na lei de
de 24 de julho de 1985, e a Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995. diretrizes orçamentárias. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 55-B. É assegurada autonomia técnica e decisória à ANPD.
§ 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do caput deste (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
artigo serão aplicadas: (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 55-C. A ANPD é composta de: (Incluído pela Lei nº 13.853,
I - somente após já ter sido imposta ao menos 1 (uma) das de 2019)
sanções de que tratam os incisos II, III, IV, V e VI do caput deste I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção; (Incluído pela
artigo para o mesmo caso concreto; e (Incluído pela Lei nº 13.853, Lei nº 13.853, de 2019)
de 2019) II - Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri-
II - em caso de controladores submetidos a outros órgãos e vacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
entidades com competências sancionatórias, ouvidos esses órgãos. III - Corregedoria; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) IV - Ouvidoria; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
§ 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não autorizados V - órgão de assessoramento jurídico próprio; e (Incluído pela
de que trata o caput do art. 46 desta Lei poderão ser objeto de con- Lei nº 13.853, de 2019)
ciliação direta entre controlador e titular e, caso não haja acordo, o VI - unidades administrativas e unidades especializadas neces-
controlador estará sujeito à aplicação das penalidades de que trata sárias à aplicação do disposto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.853,
este artigo. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) de 2019)
Art. 53. A autoridade nacional definirá, por meio de regula- Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será composto de 5
mento próprio sobre sanções administrativas a infrações a esta Lei, (cinco) diretores, incluído o Diretor-Presidente. (Incluído pela Lei
que deverá ser objeto de consulta pública, as metodologias que nº 13.853, de 2019)
orientarão o cálculo do valor-base das sanções de multa. (Vigência) § 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhi-
§ 1º As metodologias a que se refere o caput deste artigo de- dos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após apro-
vem ser previamente publicadas, para ciência dos agentes de trata- vação pelo Senado Federal, nos termos da alínea ‘f’ do inciso III do
mento, e devem apresentar objetivamente as formas e dosimetrias art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo em comissão do
para o cálculo do valor-base das sanções de multa, que deverão Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, no mínimo, de
conter fundamentação detalhada de todos os seus elementos, de- nível 5. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
monstrando a observância dos critérios previstos nesta Lei. § 2º Os membros do Conselho Diretor serão escolhidos dentre
§ 2º O regulamento de sanções e metodologias corresponden- brasileiros que tenham reputação ilibada, nível superior de educa-
tes deve estabelecer as circunstâncias e as condições para a adoção ção e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para
de multa simples ou diária. os quais serão nomeados. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 54. O valor da sanção de multa diária aplicável às infrações § 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor será de 4
a esta Lei deve observar a gravidade da falta e a extensão do dano (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
ou prejuízo causado e ser fundamentado pela autoridade nacional. § 4º Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor
(Vigência) nomeados serão de 2 (dois), de 3 (três), de 4 (quatro), de 5 (cinco)
Parágrafo único. A intimação da sanção de multa diária deverá e de 6 (seis) anos, conforme estabelecido no ato de nomeação. (In-
conter, no mínimo, a descrição da obrigação imposta, o prazo razo- cluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
ável e estipulado pelo órgão para o seu cumprimento e o valor da § 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do mandato de
multa diária a ser aplicada pelo seu descumprimento. membro do Conselho Diretor, o prazo remanescente será comple-
tado pelo sucessor. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
CAPÍTULO IX Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somente perderão
DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS seus cargos em virtude de renúncia, condenação judicial transitada
(ANPD) E DO CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS em julgado ou pena de demissão decorrente de processo adminis-
PESSOAIS E DA PRIVACIDADE trativo disciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
SEÇÃO I § 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao Ministro de
Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República instaurar o
DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS
processo administrativo disciplinar, que será conduzido por comis-
(ANPD)
são especial constituída por servidores públicos federais estáveis.
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 55. (VETADO).
§ 2º Compete ao Presidente da República determinar o afas-
Art. 55-A. Fica criada, sem aumento de despesa, a Autoridade
tamento preventivo, somente quando assim recomendado pela
Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão da administração pú-
comissão especial de que trata o § 1º deste artigo, e proferir o jul-
blica federal, integrante da Presidência da República. (Incluído pela
gamento. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho Diretor, após o
§ 1º A natureza jurídica da ANPD é transitória e poderá ser exercício do cargo, o disposto no art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de
transformada pelo Poder Executivo em entidade da administração maio de 2013. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
pública federal indireta, submetida a regime autárquico especial e Parágrafo único. A infração ao disposto no caput deste artigo
vinculada à Presidência da República. (Incluído pela Lei nº 13.853, caracteriza ato de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei nº
de 2019) 13.853, de 2019)
§ 2º A avaliação quanto à transformação de que dispõe o § 1º Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá sobre a es-
deste artigo deverá ocorrer em até 2 (dois) anos da data da entra- trutura regimental da ANPD. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
da em vigor da estrutura regimental da ANPD. (Incluído pela Lei nº
13.853, de 2019)

389
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
§ 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura regimen- representar alto risco à garantia dos princípios gerais de proteção
tal, a ANPD receberá o apoio técnico e administrativo da Casa Civil de dados pessoais previstos nesta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853,
da Presidência da República para o exercício de suas atividades. (In- de 2019)
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade em maté-
§ 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento interno da rias de interesse relevante e prestar contas sobre suas atividades e
ANPD. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) planejamento; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de confiança da XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no relatório
ANPD serão remanejados de outros órgãos e entidades do Poder de gestão a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, o deta-
Executivo federal. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) lhamento de suas receitas e despesas; (Incluído pela Lei nº 13.853,
Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e das funções de 2019)
de confiança da ANPD serão indicados pelo Conselho Diretor e no- XVI - realizar auditorias, ou determinar sua realização, no âm-
meados ou designados pelo Diretor-Presidente. (Incluído pela Lei bito da atividade de fiscalização de que trata o inciso IV e com a
nº 13.853, de 2019)
devida observância do disposto no inciso II do caput deste artigo,
Art. 55-J. Compete à ANPD: (Incluído pela Lei nº 13.853, de
sobre o tratamento de dados pessoais efetuado pelos agentes de
2019)
tratamento, incluído o poder público; (Incluído pela Lei nº 13.853,
I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos da legis-
de 2019)
lação; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
II - zelar pela observância dos segredos comercial e industrial, XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso com agen-
observada a proteção de dados pessoais e do sigilo das informa- tes de tratamento para eliminar irregularidade, incerteza jurídica
ções quando protegido por lei ou quando a quebra do sigilo violar ou situação contenciosa no âmbito de processos administrativos,
os fundamentos do art. 2º desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de acordo com o previsto no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setem-
de 2019) bro de 1942; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
III - elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de XVIII - editar normas, orientações e procedimentos simplifi-
Dados Pessoais e da Privacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de cados e diferenciados, inclusive quanto aos prazos, para que mi-
croempresas e empresas de pequeno porte, bem como iniciativas
2019)
empresariais de caráter incremental ou disruptivo que se autode-
IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de da-
clarem startups ou empresas de inovação, possam adequar-se a
dos realizado em descumprimento à legislação, mediante processo
esta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
administrativo que assegure o contraditório, a ampla defesa e o di-
XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos seja efetu-
reito de recurso; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ado de maneira simples, clara, acessível e adequada ao seu enten-
V - apreciar petições de titular contra controlador após com- dimento, nos termos desta Lei e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro
provada pelo titular a apresentação de reclamação ao controlador de 2003 (Estatuto do Idoso); (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
não solucionada no prazo estabelecido em regulamentação; (Inclu- XX - deliberar, na esfera administrativa, em caráter terminati-
ído pela Lei nº 13.853, de 2019) vo, sobre a interpretação desta Lei, as suas competências e os casos
VI - promover na população o conhecimento das normas e das omissos; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
políticas públicas sobre proteção de dados pessoais e das medidas XXI - comunicar às autoridades competentes as infrações pe-
de segurança; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) nais das quais tiver conhecimento; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas nacionais e 2019)
internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade; (Inclu- XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o descumpri-
ído pela Lei nº 13.853, de 2019) mento do disposto nesta Lei por órgãos e entidades da administra-
VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e produtos ção pública federal; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
que facilitem o exercício de controle dos titulares sobre seus dados XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras públicas
pessoais, os quais deverão levar em consideração as especificida- para exercer suas competências em setores específicos de ativida-
des das atividades e o porte dos responsáveis; (Incluído pela Lei nº des econômicas e governamentais sujeitas à regulação; e (Incluído
13.853, de 2019) pela Lei nº 13.853, de 2019)
IX - promover ações de cooperação com autoridades de prote- XXIV - implementar mecanismos simplificados, inclusive por
ção de dados pessoais de outros países, de natureza internacional meio eletrônico, para o registro de reclamações sobre o tratamen-
ou transnacional; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) to de dados pessoais em desconformidade com esta Lei. (Incluído
X - dispor sobre as formas de publicidade das operações de pela Lei nº 13.853, de 2019)
tratamento de dados pessoais, respeitados os segredos comercial e § 1º Ao impor condicionantes administrativas ao tratamento
industrial; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) de dados pessoais por agente de tratamento privado, sejam eles
XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do poder pú- limites, encargos ou sujeições, a ANPD deve observar a exigência de
blico que realizem operações de tratamento de dados pessoais in- mínima intervenção, assegurados os fundamentos, os princípios e
forme específico sobre o âmbito, a natureza dos dados e os demais os direitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Fede-
detalhes do tratamento realizado, com a possibilidade de emitir ral e nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
parecer técnico complementar para garantir o cumprimento desta § 2º Os regulamentos e as normas editados pela ANPD devem
Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ser precedidos de consulta e audiência públicas, bem como de aná-
XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas ativida- lises de impacto regulatório. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
des; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) § 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis
XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de pela regulação de setores específicos da atividade econômica e
dados pessoais e privacidade, bem como sobre relatórios de impac- governamental devem coordenar suas atividades, nas correspon-
to à proteção de dados pessoais para os casos em que o tratamento dentes esferas de atuação, com vistas a assegurar o cumprimento
de suas atribuições com a maior eficiência e promover o adequado

390
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
funcionamento dos setores regulados, conforme legislação especí- II - 1 (um) do Senado Federal; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
fica, e o tratamento de dados pessoais, na forma desta Lei. (Incluído 2019)
pela Lei nº 13.853, de 2019) III - 1 (um) da Câmara dos Deputados; (Incluído pela Lei nº
§ 4º A ANPD manterá fórum permanente de comunicação, in- 13.853, de 2019)
clusive por meio de cooperação técnica, com órgãos e entidades IV - 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Lei
da administração pública responsáveis pela regulação de setores nº 13.853, de 2019)
específicos da atividade econômica e governamental, a fim de faci- V - 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluí-
litar as competências regulatória, fiscalizatória e punitiva da ANPD. do pela Lei nº 13.853, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) VI - 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil; (Incluído
§ 5º No exercício das competências de que trata o caput deste pela Lei nº 13.853, de 2019)
artigo, a autoridade competente deverá zelar pela preservação do VII - 3 (três) de entidades da sociedade civil com atuação rela-
segredo empresarial e do sigilo das informações, nos termos da lei. cionada a proteção de dados pessoais; (Incluído pela Lei nº 13.853,
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) de 2019)
§ 6º As reclamações colhidas conforme o disposto no inciso V VIII - 3 (três) de instituições científicas, tecnológicas e de inova-
do caput deste artigo poderão ser analisadas de forma agregada, e ção; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
as eventuais providências delas decorrentes poderão ser adotadas IX - 3 (três) de confederações sindicais representativas das
de forma padronizada. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) categorias econômicas do setor produtivo; (Incluído pela Lei nº
Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta Lei compe- 13.853, de 2019)
te exclusivamente à ANPD, e suas competências prevalecerão, no X - 2 (dois) de entidades representativas do setor empresarial
que se refere à proteção de dados pessoais, sobre as competências relacionado à área de tratamento de dados pessoais; e (Incluído
correlatas de outras entidades ou órgãos da administração pública. pela Lei nº 13.853, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) XI - 2 (dois) de entidades representativas do setor laboral. (In-
Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação com outros ór- cluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
gãos e entidades com competências sancionatórias e normativas § 1º Os representantes serão designados por ato do Presidente
afetas ao tema de proteção de dados pessoais e será o órgão cen- da República, permitida a delegação. (Incluído pela Lei nº 13.853,
tral de interpretação desta Lei e do estabelecimento de normas e de 2019)
diretrizes para a sua implementação. (Incluído pela Lei nº 13.853, § 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III, IV, V e
de 2019) VI do caput deste artigo e seus suplentes serão indicados pelos titu-
Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD: (Incluído pela Lei nº lares dos respectivos órgãos e entidades da administração pública.
13.853, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
I - as dotações, consignadas no orçamento geral da União, os § 3º Os representantes de que tratam os incisos VII, VIII, IX,
créditos especiais, os créditos adicionais, as transferências e os re- X e XI do caput deste artigo e seus suplentes: (Incluído pela Lei nº
passes que lhe forem conferidos; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 13.853, de 2019)
2019) I - serão indicados na forma de regulamento; (Incluído pela Lei
II - as doações, os legados, as subvenções e outros recursos que nº 13.853, de 2019)
lhe forem destinados; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) II - não poderão ser membros do Comitê Gestor da Internet no
III - os valores apurados na venda ou aluguel de bens móveis e Brasil; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
imóveis de sua propriedade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) III - terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recon-
IV - os valores apurados em aplicações no mercado financeiro dução. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
das receitas previstas neste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.853, de § 4º A participação no Conselho Nacional de Proteção de Da-
2019) dos Pessoais e da Privacidade será considerada prestação de servi-
V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ço público relevante, não remunerada. (Incluído pela Lei nº 13.853,
VI - os recursos provenientes de acordos, convênios ou con- de 2019)
tratos celebrados com entidades, organismos ou empresas, públi- Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de Proteção de Da-
cos ou privados, nacionais ou internacionais; (Incluído pela Lei nº dos Pessoais e da Privacidade: (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
13.853, de 2019) I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a
VII - o produto da venda de publicações, material técnico, da- elaboração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da
dos e informações, inclusive para fins de licitação pública. (Incluído Privacidade e para a atuação da ANPD; (Incluído pela Lei nº 13.853,
pela Lei nº 13.853, de 2019) de 2019)
Art. 56. (VETADO). II - elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das
Art. 57. (VETADO). ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri-
vacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
SEÇÃO II III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD; (Incluído pela
DO CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSO- Lei nº 13.853, de 2019)
AIS E DA PRIVACIDADE IV - elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas
sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade; e (Incluído
Art. 58. (VETADO). pela Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pes-
e da Privacidade será composto de 23 (vinte e três) representan- soais e da privacidade à população. (Incluído pela Lei nº 13.853, de
tes, titulares e suplentes, dos seguintes órgãos: (Incluído pela Lei 2019)
nº 13.853, de 2019) Art. 59. (VETADO).
I - 5 (cinco) do Poder Executivo federal; (Incluído pela Lei nº
13.853, de 2019)

391
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
CAPÍTULO X III - Apesar de alguns inconvenientes, há um acréscimo do nível
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS de segurança.
IV - Instabilidades e incompatibilidades podem fazer com que
Art. 60. A Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da vulnerabilidades se apresentem.
Internet) , passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 7º .................................................................. Estão CORRETAS as afirmativas:
....................................................................................... (A) I, II e IV, apenas.
X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a (B) I, III e IV, apenas.
determinada aplicação de internet, a seu requerimento, ao térmi- (C) II e III, apenas.
no da relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de guarda (D) II e IV, apenas.
obrigatória de registros previstas nesta Lei e na que dispõe sobre a (E) II, III e IV, apenas.
proteção de dados pessoais;
..............................................................................” (NR) 2. (PREFEITURA DE TOLEDO/PR - ASSISTENTE EM ADMINIS-
“Art. 16. ................................................................. TRAÇÃO - PREFEITURA DE TOLEDO/PR/2020) Programas antivírus
....................................................................................... tem uma importância um tanto quanto fundamental para os usuá-
II - de dados pessoais que sejam excessivos em relação à fina- rios. As principais funções dessa ferramenta são, EXCETO:
lidade para a qual foi dado consentimento pelo seu titular, exceto (A) Atuar para identificação e eliminação da maior quantidade
nas hipóteses previstas na Lei que dispõe sobre a proteção de da- de vírus possível.
dos pessoais.” (NR) (B) Verificar continuamente os discos rígidos, HDs externos e
Art. 61. A empresa estrangeira será notificada e intimada de to- mídias removíveis.
dos os atos processuais previstos nesta Lei, independentemente de (C) Trabalhar sincronizado com outro antivírus para aumentar
procuração ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa o nível de segurança.
do agente ou representante ou pessoa responsável por sua filial, (D) Ao encontrar um problema o software em questão avisa o
agência, sucursal, estabelecimento ou escritório instalado no Brasil. usuário.
Art. 62. A autoridade nacional e o Instituto Nacional de Estudos (E) A utilização de uma versão paga oferece ao usuário mais
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no âmbito de suas segurança.
competências, editarão regulamentos específicos para o acesso a
dados tratados pela União para o cumprimento do disposto no § 2º 3. (CÂMARA DE CABIXI/RO - CONTADOR - MS CONCUR-
do art. 9º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Dire- SOS/2018) Um vírus de computador é um software malicioso que
trizes e Bases da Educação Nacional) , e aos referentes ao Sistema é desenvolvido por programadores geralmente inescrupulosos. Tal
Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), de que trata como um vírus biológico, o programa infecta o sistema, faz cópias
a Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004 . de si e tenta se espalhar para outros computadores e dispositivos
Art. 63. A autoridade nacional estabelecerá normas sobre a de informática.
adequação progressiva de bancos de dados constituídos até a data As alternativas a seguir apresentam exemplos de vírus de com-
de entrada em vigor desta Lei, consideradas a complexidade das putador, exceto o que se apresenta na alternativa:
operações de tratamento e a natureza dos dados. (A) Vírus de boot.
Art. 64. Os direitos e princípios expressos nesta Lei não ex- (B) Crackers.
cluem outros previstos no ordenamento jurídico pátrio relaciona- (C) Cavalo de troia.
dos à matéria ou nos tratados internacionais em que a República (D) Time Bomb.
Federativa do Brasil seja parte.
Art. 65. Esta Lei entra em vigor: (Redação dada pela Lei nº 4. (RIOPRETOPREV - ANALISTA PREVIDENCIÁRIO - FCC/2019)
13.853, de 2019) O computador de um usuário foi infectado por um ransomware, um
I - dia 28 de dezembro de 2018, quanto aos arts. 55-A, 55-B, 55- tipo de malware que:
C, 55-D, 55-E, 55-F, 55-G, 55-H, 55-I, 55-J, 55-K, 55-L, 58-A e 58-B; e (A) torna inacessíveis os dados armazenados no computador,
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) geralmente usando criptografia, e exige pagamento de resgate
I-A – dia 1º de agosto de 2021, quanto aos arts. 52, 53 e 54; (via bitcoins) para restabelecer o acesso ao usuário.
(Incluído pela Lei nº 14.010, de 2020) (B) após identificar potenciais computadores alvos, efetua có-
II - 24 (vinte e quatro) meses após a data de sua publicação, pias de si mesmo e tenta enviá-las para estes computadores,
quanto aos demais artigos. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) por e-mail, chat etc.
(C) monitora e captura informações referentes à navegação ou
digitação do usuário, e envia estas informações ao atacante.
EXERCÍCIOS (D) assegura o acesso futuro do atacante ao computador com-
prometido, permitindo que ele seja acessado remotamente
1. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - TÉCNICO EM IN- por meio do protocolo Telnet.
FORMÁTICA - COTEC/2020) Os softwares antivírus são comumente (E) torna o computador um zumbi, sendo controlado remota-
utilizados para proteger os sistemas de ameaças e potenciais sof- mente e desferindo automaticamente ataques de negação de
twares malintencionados (conhecidos por malwares). Alguns usu- serviço a redes e servidores determinados pelo atacante.
ários de computadores chegam a instalar mais de um antivírus na
mesma máquina para sua proteção. Verifique o que pode ocorrer
no caso da instalação de mais de um antivírus:
I - Um antivírus pode identificar o outro antivírus como sendo
uma possível ameaça.
II - Vai ocasionar um uso excessivo de processamento na CPU
do computador.

392
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
5. (PREFEITURA DE CUNHA PORÃ/SC - ENFERMEIRO - INSTI- 10. (PREFEITURA DE CUNHA PORÃ/SC - ENFERMEIRO - UNI-
TUTO UNIFIL/2020) Considerando os conceitos de segurança da FIL/2020) Devido aos riscos e a sua importância, a segurança da
informação e os cuidados que as organizações e particulares devem informação é um tópico que se tornou um objetivo constante para
ter para proteger as suas informações, assinale a alternativa que as organizações. Contudo, para que ele possa ser reforçado nas
não identifica corretamente um tipo de backup. empresas, é preciso atenção aos três pilares que sustentam a se-
(A) Backup Incremental. gurança das informações em um ambiente informatizado. Assinale
(B) Backup Excepcional. a alternativa que não representa um dos pilares de segurança da
(C) Backup Diferencial. informação.
(D) Backup Completo ou Full. (A) Confidencialidade.
(B) Integridade.
6. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ/SC - MÉDICO VETERINÁRIO - (C) Disponibilidade.
ESES/2019) As cópias de segurança (backup) são imprescindíveis (D) Imparcialidade.
nas organizações. Elas podem ser armazenadas de diversas formas.
O tipo de backup onde cópias são feitas apenas dos arquivos que
foram modificados desde a última interação é denominado: GABARITO
(A) Backup diferencial.
(B) Backup cumulativo.
(C) Backup completo.
1 A
(D) Backup incremental.
2 C
7. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ/SC - ANALISTA JURÍDICO - IE- 3 B
SES/2019) Qual o tipo de backup que deve ser realizado para fazer
a cópia apenas das alterações relativas ao último backup? 4 A
(A) Diferencial. 5 B
(B) Completo.
6 D
(C) Incremental.
(D) Analógico. 7 C
8 C
8. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - MÉDICO - OBJETIVA/2019)
Para que a segurança da informação seja efetiva, é necessário que 9 D
os serviços disponibilizados e as comunicações realizadas garantam 10 D
alguns requisitos básicos de segurança. Sobre esses requisitos, assi-
nalar a alternativa CORRETA:
(A) Repúdio de ações realizadas, integridade, monitoramento ANOTAÇÕES
e irretratabilidade.
(B) Protocolos abertos, publicidade de informação, incidentes
e segurança física. ______________________________________________________
(C) Confidencialidade, integridade, disponibilidade e autentica-
ção. ______________________________________________________
(D) Indisponibilidade, acessibilidade, repúdio de ações realiza-
das e planejamento. ______________________________________________________

9. (PREFEITURA DE JAHU/SP - MONITOR DE ALUNOS COM ______________________________________________________


NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS - OBJETIVA/2019) Em ______________________________________________________
conformidade com a Cartilha de Segurança para Internet, quanto
a alguns cuidados que se deve tomar ao usar redes, independente- ______________________________________________________
mente da tecnologia, analisar os itens abaixo:
I. Manter o computador atualizado, com as versões mais recen- ______________________________________________________
tes e com todas as atualizações aplicadas.
II. Utilizar e manter atualizados mecanismos de segurança, ______________________________________________________
como programa antimalware e firewall pessoal.
III. Ser cuidadoso ao elaborar e ao usar suas senhas. ______________________________________________________

______________________________________________________
Estão CORRETOS:
(A) Somente os itens I e II. ______________________________________________________
(B) Somente os itens I e III.
(C) Somente os itens II e III. ______________________________________________________
(D) Todos os itens.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

393
CONFIDENCIALIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
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394
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA

Resolução:
ANÁLISE COMBINATÓRIA; NOÇÕES DE PROBABILIDA- A questão trata-se de princípio fundamental da contagem, logo
DE; TEOREMA DE BAYES; PROBABILIDADE vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o pedido:
CONDICIONAL 6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras.
Resposta: B.
A Análise Combinatória é a parte da Matemática que desen-
volve meios para trabalharmos com problemas de contagem. Ve- Fatorial
jamos eles: Sendo n um número natural, chama-se de n! (lê-se: n fatorial)
a expressão:
Princípio fundamental de contagem (PFC) n! = n (n - 1) (n - 2) (n - 3). ... .2 . 1, como n ≥ 2.
É o total de possibilidades de o evento ocorrer. Exemplos:
5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120.
• Princípio multiplicativo: P1. P2. P3. ... .Pn.(regra do “e”). É 7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040.
um princípio utilizado em sucessão de escolha, como ordem.
• Princípio aditivo: P1 + P2 + P3 + ... + Pn. (regra do “ou”). É o ATENÇÃO
princípio utilizado quando podemos escolher uma coisa ou outra.
0! = 1
Exemplos: 1! = 1
(BNB) Apesar de todos os caminhos levarem a Roma, eles pas-
Tenha cuidado 2! = 2, pois 2 . 1 = 2. E 3!
sam por diversos lugares antes. Considerando-se que existem três
Não é igual a 3, pois 3 . 2 . 1 = 6.
caminhos a seguir quando se deseja ir da cidade A para a cidade
B, e que existem mais cinco opções da cidade B para Roma, qual a
Arranjo simples
quantidade de caminhos que se pode tomar para ir de A até Roma,
Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p
passando necessariamente por B?
é um número natural, é qualquer ordenação de p elementos dentre
(A) Oito.
os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se
(B) Dez.
diferenciam pela ordem e natureza dos elementos.
(C) Quinze.
(D) Dezesseis.
Atenção: Observe que no grupo dos elementos: {1,2,3} um dos
(E) Vinte.
arranjos formados, com três elementos, 123 é DIFERENTE de 321, e
assim sucessivamente.
Resolução:
Observe que temos uma sucessão de escolhas:
• Sem repetição
Primeiro, de A para B e depois de B para Roma.
A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por:
1ª possibilidade: 3 (A para B).
Obs.: o número 3 representa a quantidade de escolhas para a
primeira opção.

2ª possibilidade: 5 (B para Roma).


Temos duas possibilidades: A para B depois B para Roma, logo,
uma sucessão de escolhas.
Onde:
Resultado: 3 . 5 = 15 possibilidades.
n = Quantidade total de elementos no conjunto.
Resposta: C.
P =Quantidade de elementos por arranjo
Exemplo: Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão
(PREF. CHAPECÓ/SC – ENGENHEIRO DE TRÂNSITO – IOBV) Em
escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador pedagó-
um restaurante os clientes têm a sua disposição, 6 tipos de carnes,
gico. Quantas as possibilidades de escolha?
4 tipos de cereais, 4 tipos de sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o
n = 18 (professores)
cliente quiser pedir 1 tipo carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobre-
p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógi-
mesa e 1 tipo de suco, então o número de opções diferentes com
co)
que ele poderia fazer o seu pedido, é:
(A) 19
(B) 480
(C) 420
(D) 90

395
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA
• Com repetição • Com repetição
Os elementos que compõem o conjunto podem aparecer re- Na permutação com elementos repetidos ocorrem permuta-
petidos em um agrupamento, ou seja, ocorre a repetição de um ções que não mudam o elemento, pois existe troca de elementos
mesmo elemento em um agrupamento. iguais. Por isso, o uso da fórmula é fundamental.
A fórmula geral para o arranjo com repetição é representada
por:

Exemplo:
Exemplo: Seja P um conjunto com elementos: P = {A,B,C,D}, (CESPE) Considere que um decorador deva usar 7 faixas colo-
tomando os agrupamentos de dois em dois, considerando o arranjo ridas de dimensões iguais, pendurando-as verticalmente na vitri-
com repetição quantos agrupamentos podemos obter em relação ne de uma loja para produzir diversas formas. Nessa situação, se 3
ao conjunto P. faixas são verdes e indistinguíveis, 3 faixas são amarelas e indistin-
guíveis e 1 faixa é branca, esse decorador conseguirá produzir, no
Resolução: máximo, 140 formas diferentes com essas faixas.
P = {A, B, C, D} ( ) Certo
n=4 ( ) Errado
p=2
A(n,p)=np Resolução:
A(4,2)=42=16 Total: 7 faixas, sendo 3 verdes e 3 amarelas.

Permutação
É a TROCA DE POSIÇÃO de elementos de uma sequência. Utili-
zamos todos os elementos.

• Sem repetição
Resposta: Certo.

• Circular
A permutação circular é formada por pessoas em um formato
circular. A fórmula é necessária, pois existem algumas permutações
Atenção: Todas as questões de permutação simples podem ser realizadas que são iguais. Usamos sempre quando:
resolvidas pelo princípio fundamental de contagem (PFC). a) Pessoas estão em um formato circular.
b) Pessoas estão sentadas em uma mesa quadrada (retangular)
Exemplo: de 4 lugares.
(PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTADOR SOCIAL –
IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão entre
o número de anagramas de seus nomes representa a diferença en-
tre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é
(A) 24. Exemplo:
(B) 25. (CESPE) Uma mesa circular tem seus 6 lugares, que serão ocu-
(C) 26. pados pelos 6 participantes de uma reunião. Nessa situação, o nú-
(D) 27. mero de formas diferentes para se ocupar esses lugares com os par-
(E) 28. ticipantes da reunião é superior a 102.
( ) Certo
Resolução: ( ) Errado
Anagramas de RENATO
______ Resolução:
6.5.4.3.2.1=720 É um caso clássico de permutação circular.
Pc = (6 - 1) ! = 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades.
Anagramas de JORGE Resposta: CERTO.
_____
5.4.3.2.1=120 Combinação
Combinação é uma escolha de um grupo, SEM LEVAR EM CON-
Razão dos anagramas: 720/120=6 SIDERAÇÃO a ordem dos elementos envolvidos.
Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos.
Resposta: C.
• Sem repetição
Dados n elementos distintos, chama-se de combinação simples
desses n elementos, tomados p a p, a qualquer agrupamento de p
elementos distintos, escolhidos entre os n elementos dados e que
diferem entre si pela natureza de seus elementos.

396
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA
Fórmula:

Exemplo:
(CRQ 2ª REGIÃO/MG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FUNDEP) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com 3 deles. Como
esse grupo deverá ter um coordenador, que pode ser qualquer um deles, o número de maneiras distintas possíveis de se fazer esse grupo
é:
(A) 4
(B) 660
(C) 1 320
(D) 3 960

Resolução:
Como trata-se de Combinação, usamos a fórmula:

Onde n = 12 e p = 3

Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
Resposta: B.

As questões que envolvem combinação estão relacionadas a duas coisas:


– Escolha de um grupo ou comissões.
– Escolha de grupo de elementos, sem ordem, ou seja, escolha de grupo de pessoas, coisas, objetos ou frutas.

• Com repetição
É uma escolha de grupos, sem ordem, porém, podemos repetir elementos na hora de escolher.

Exemplo:
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto {a, b, c}, quantas combinações obtemos?
Utilizando a fórmula da combinação com repetição, verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar todas as possibi-
lidades:
n=3ep=2

PROBABILIDADES
A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de ocorrência de um número em um experimento aleatório.

Elementos da teoria das probabilidades


• Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam resultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições sejam
semelhantes.
• Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório.
• Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço amostral.

397
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA

Experimento composto
Quando temos dois ou mais experimentos realizados simultaneamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o nú-
mero de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos números de elementos dos espaços amostrais de cada experimento.
n(U) = n(U1).n(U2)

Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento E,
com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que:

Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.

Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, todos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

ATENÇÃO:
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou representadas em porcentagem.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p(∅) = 0 ou p(∅) = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%

Exemplo:
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa repartição
pública:

FAIXA DE IDADES (ANOS) NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS


20 ou menos 2
De 21 a 30 8
De 31 a 40 12
De 41 a 50 14
Mais de 50 4

Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade de que ele tenha mais de 40 anos é:
(A) 30%;
(B) 35%;
(C) 40%;
(D) 45%;
(E) 55%.

398
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA
Resolução:
O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40
O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 = 18
Logo a probabilidade é:

Resposta: D

Probabilidade da união de eventos


Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos a seguinte expressão:

Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩ B = Ø, utilizamos a seguinte equação:

Probabilidade de um evento complementar


É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.

Probabilidade condicional
Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral, dizemos que se trata de uma probabilidade condicional.
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B) ≠ 0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilidade de
ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que vai ocorrer o evento B, ou seja:

Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que” ou “sabendo que” a probabilidade de B.

– Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou
sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro, sabendo
que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo:

399
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA
Elementos da tabela
Uma tabela estatística é composta de elementos essenciais e
elementos complementares. Os elementos essenciais são:
− Título: é a indicação que precede a tabela contendo a desig-
nação do fato observado, o local e a época em que foi estudado.
– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de − Corpo: é o conjunto de linhas e colunas onde estão inseridos
um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou os dados.
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos: − Cabeçalho: é a parte superior da tabela que indica o conteú-
do das colunas.
− Coluna indicadora: é a parte da tabela que indica o conteúdo
P (A ∩ B) = P(A). P(B) das linhas.

Lei Binomial de probabilidade Os elementos complementares são:


A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula: − Fonte: entidade que fornece os dados ou elabora a tabela.
− Notas: informações de natureza geral, destinadas a esclare-
cer o conteúdo das tabelas.
− Chamadas: informações específicas destinadas a esclarecer
ou conceituar dados numa parte da tabela. Deverão estar indica-
das no corpo da tabela, em números arábicos entre parênteses, à
esquerda nas casas e à direita na coluna indicadora. Os elementos
Sendo: complementares devem situar-se no rodapé da tabela, na mesma
n: número de tentativas independentes; ordem em que foram descritos.
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (su-
cesso);
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p
k: número de sucessos.

ATENÇÃO:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as
n vezes.
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
– Cada experimento é independente dos demais.
Exemplo:
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorre-
rem três faces 6?

Resolução: Gráficos
n: número de tentativas ⇒ n = 5 Outro modo de apresentar dados estatísticos é sob uma forma
k: número de sucessos ⇒ k = 3 ilustrada, comumente chamada de gráfico. Os gráficos constituem-
p: probabilidade de ocorrer face 6 ⇒ p = 1/6 -se numa das mais eficientes formas de apresentação de dados.
q: probabilidade de não ocorrer face 6 ⇒ q = 1- p ⇒ q = 5/6 Um gráfico é, essencialmente, uma figura construída a partir de
uma tabela; mas, enquanto a tabela fornece uma ideia mais precisa
e possibilita uma inspeção mais rigorosa aos dados, o gráfico é mais
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA; POPULAÇÃO E AMOSTRA; indicado para situações que visem proporcionar uma impressão
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS; mais rápida e maior facilidade de compreensão do comportamento
REGRESSÃO, TENDÊNCIAS, EXTRAPOLAÇÕES E INTER- do fenômeno em estudo.
POLAÇÕES; TABELAS DE DISTRIBUIÇÃO EMPÍRICA DE Os gráficos e as tabelas se prestam, portanto, a objetivos distin-
VARIÁVEIS E HISTOGRAMAS; ESTATÍSTICA DESCRITIVA tos, de modo que a utilização de uma forma de apresentação não
(MÉDIA, MEDIANA, VARIÂNCIA, DESVIO PADRÃO, exclui a outra.
PERCENTIS, QUARTIS, OUTLIERS, COVARIÂNCIA) Para a confecção de um gráfico, algumas regras gerais devem
ser observadas:
Os gráficos, geralmente, são construídos num sistema de eixos
Tabelas chamado sistema cartesiano ortogonal. A variável independente é
A tabela é a forma não discursiva de apresentar informações, localizada no eixo horizontal (abscissas), enquanto a variável de-
das quais o dado numérico se destaca como informação central. pendente é colocada no eixo vertical (ordenadas). No eixo vertical,
Sua finalidade é apresentar os dados de modo ordenado, simples o início da escala deverá ser sempre zero, ponto de encontro dos
e de fácil interpretação, fornecendo o máximo de informação num eixos.
mínimo de espaço. − Iguais intervalos para as medidas deverão corresponder a
iguais intervalos para as escalas. Exemplo: Se ao intervalo 10-15 kg
corresponde 2 cm na escala, ao intervalo 40-45 kg também deverá
corresponder 2 cm, enquanto ao intervalo 40-50 kg corresponderá
4 cm.

400
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA
− O gráfico deverá possuir título, fonte, notas e legenda, ou • Pictogramas ou gráficos pictóricos: são gráficos puramente
seja, toda a informação necessária à sua compreensão, sem auxílio ilustrativos, construídos de modo a ter grande apelo visual, dirigi-
do texto. dos a um público muito grande e heterogêneo. Não devem ser uti-
− O gráfico deverá possuir formato aproximadamente quadra- lizados em situações que exijam maior precisão.
do para evitar que problemas de escala interfiram na sua correta
interpretação.

Tipos de Gráficos

• Estereogramas: são gráficos onde as grandezas são repre-


sentadas por volumes. Geralmente são construídos num sistema
de eixos bidimensional, mas podem ser construídos num sistema
tridimensional para ilustrar a relação entre três variáveis.

• Diagramas: são gráficos geométricos de duas dimensões, de


fácil elaboração e grande utilização. Podem ser ainda subdivididos
em: gráficos de colunas, de barras, de linhas ou curvas e de setores.

a) Gráfico de colunas: neste gráfico as grandezas são compa-


radas através de retângulos de mesma largura, dispostos vertical-
mente e com alturas proporcionais às grandezas. A distância entre
os retângulos deve ser, no mínimo, igual a 1/2 e, no máximo, 2/3 da
largura da base dos mesmos.

• Cartogramas: são representações em cartas geográficas (ma-


pas).

401
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA
b) Gráfico de barras: segue as mesmas instruções que o gráfico Exemplo:
de colunas, tendo a única diferença que os retângulos são dispostos (PREF. FORTALEZA/CE – PEDAGOGIA – PREF. FORTALEZA) “Es-
horizontalmente. É usado quando as inscrições dos retângulos fo- tar alfabetizado, neste final de século, supõe saber ler e interpretar
rem maiores que a base dos mesmos. dados apresentados de maneira organizada e construir represen-
tações, para formular e resolver problemas que impliquem o reco-
lhimento de dados e a análise de informações. Essa característica
da vida contemporânea traz ao currículo de Matemática uma de-
manda em abordar elementos da estatística, da combinatória e da
probabilidade, desde os ciclos iniciais” (BRASIL, 1997).

Observe os gráficos e analise as informações.

c) Gráfico de linhas ou curvas: neste gráfico os pontos são dis-


postos no plano de acordo com suas coordenadas, e a seguir são li-
gados por segmentos de reta. É muito utilizado em séries históricas
e em séries mistas quando um dos fatores de variação é o tempo,
como instrumento de comparação.

d) Gráfico em setores: é recomendado para situações em que


se deseja evidenciar o quanto cada informação representa do total. A partir das informações contidas nos gráficos, é correto afir-
A figura consiste num círculo onde o total (100%) representa 360°, mar que:
subdividido em tantas partes quanto for necessário à representa- (A) nos dias 03 e 14 choveu a mesma quantidade em Fortaleza
ção. Essa divisão se faz por meio de uma regra de três simples. Com e Florianópolis.
o auxílio de um transferidor efetuasse a marcação dos ângulos cor- (B) a quantidade de chuva acumulada no mês de março foi
respondentes a cada divisão. maior em Fortaleza.
(C) Fortaleza teve mais dias em que choveu do que Florianó-
polis.
(D) choveu a mesma quantidade em Fortaleza e Florianópolis.

Resolução:
A única alternativa que contém a informação correta com os
gráficos é a C.
Resposta: C

402
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA
Média Aritmética Exemplo:
Ela se divide em: (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – PRO-
GRAMADOR DE COMPUTADOR – FIP) A média semestral de um cur-
• Simples: é a soma de todos os seus elementos, dividida pelo so é dada pela média ponderada de três provas com peso igual a 1
número de elementos n. na primeira prova, peso 2 na segunda prova e peso 3 na terceira.
Para o cálculo: Qual a média de um aluno que tirou 8,0 na primeira, 6,5 na segunda
Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto numéri- e 9,0 na terceira?
co A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição: (A) 7,0
(B) 8,0
(C) 7,8
(D) 8,4
(E) 7,2

Resolução:
Exemplo: Na média ponderada multiplicamos o peso da prova pela sua
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANALIS- nota e dividimos pela soma de todos os pesos, assim temos:
TA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) Na festa
de seu aniversário em 2014, todos os sete filhos de João estavam
presentes. A idade de João nessa ocasião representava 2 vezes a
média aritmética da idade de seus filhos, e a razão entre a soma das
idades deles e a idade de João valia
(A) 1,5. Resposta: B
(B) 2,0.
(C) 2,5. Média geométrica
(D) 3,0. É definida, para números positivos, como a raiz n-ésima do pro-
(E) 3,5. duto de n elementos de um conjunto de dados.

Resolução:
Foi dado que: J = 2.M

(I)
• Aplicações
Como o próprio nome indica, a média geométrica sugere inter-
Foi pedido: pretações geométricas. Podemos calcular, por exemplo, o lado de
um quadrado que possui a mesma área de um retângulo, usando a
definição de média geométrica.
Na equação ( I ), temos que:
Exemplo:
A média geométrica entre os números 12, 64, 126 e 345, é
dada por:
G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013

Média harmônica
Corresponde a quantidade de números de um conjunto dividi-
dos pela soma do inverso de seus termos. Embora pareça compli-
cado, sua formulação mostra que também é muito simples de ser
calculada:

Resposta: E
• Ponderada: é a soma dos produtos de cada elemento multi-
plicado pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos.

Para o cálculo

ATENÇÃO: A palavra média, sem especificações (aritmética ou


ponderada), deve ser entendida como média aritmética.

403
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA
Exemplo: Note, no desenho, que os segmentos AD e AB possuem o mes-
Na figura abaixo os segmentos AB e DA são tangentes à cir- mo comprimento, pois são tangentes à circunferência. Vamos então
cunferência determinada pelos pontos B, C e D. Sabendo-se que os substituir na expressão acima AD = AB:
segmentos AB e CD são paralelos, pode-se afirmar que o lado BC é:

Ou seja, BC é a média geométrica entre AB e CD.


Resposta: B

(A) a média aritmética entre AB e CD. ANOTAÇÕES


(B) a média geométrica entre AB e CD.
(C) a média harmônica entre AB e CD.
(D) o inverso da média aritmética entre AB e CD. ______________________________________________________
(E) o inverso da média harmônica entre AB e CD.
______________________________________________________
Resolução:
______________________________________________________
Sendo AB paralela a CD, se traçarmos uma reta perpendicular a
AB, esta será perpendicular a CD também. ______________________________________________________
Traçamos então uma reta perpendicular a AB, passando por B e
outra perpendicular a AB passando por D: ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Sendo BE perpendicular a AB temos que BE irá passar pelo cen- ______________________________________________________


tro da circunferência, ou seja, podemos concluir que o ponto E é
ponto médio de CD. ______________________________________________________
Agora que ED é metade de CD, podemos dizer que o compri-
______________________________________________________
mento AF vale AB-CD/2.
Aplicamos Pitágoras no triângulo ADF: ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

(1) ______________________________________________________

______________________________________________________
Aplicamos agora no triângulo ECB:
______________________________________________________
(2)
______________________________________________________

Agora diminuímos a equação (1) da equação (2): ______________________________________________________

______________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

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