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SL-125JN-21

CÓD: 7908433200420

UBERLÂNDIA
CÂMARA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA
DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Oficial Legislativo
EDITAL Nº 01/2021, DE 20 DE JANEIRO DE 2021
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos. Tipos e gêneros textuais. Coerência e coesão textual. Texto e discurso . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Formação e significação de palavras. Sinonímia, antonímia e polissemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3. Ortografia e acentuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4. Tipos de frases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5. Emprego dos sinais de pontuação e seus efeitos de sentido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
6. Morfologia: emprego e classificação das palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
7. Concordância verbal e concordância nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
8. Regência verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
9. Sintaxe: estrutura da oração e do período composto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Matemática
1. Conjunto dos números naturais: operações, divisibilidade, decomposição de um número natural nos seus fatores primos, múltiplos e
divisores, máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum de dois ou mais números naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conjunto dos números inteiros: operações. Conjunto dos números racionais: propriedades, operações, valor absoluto de um número,
potenciação e radiciação. O conjunto dos números reais: números irracionais, a reta real, intervalos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
3. Sistema de medida, sistema métrico decimal, unidade de comprimento, unidades usuais de tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Razões, proporções, grandezas direta e inversamente proporcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5. Regra de três simples e composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
6. Porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
7. Juros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
8. Equações de 1º grau, sistema de equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
9. Cálculo de área e perímetros de figuras planas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
10. Leitura e identificação de dados apresentados em gráficos de colunas e tabela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
11. Análise combinatória e probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

Raciocínio Lógico
1. Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas ou eventos fictícios; dedução de novas informações das
relações fornecidas e avaliação das condições usadas para estabelecer a estrutura destas relações. Conhecimentos de matemática
elementar necessários para resolver questões que envolvam estruturas lógicas, lógica de argumentação, lógica das proposições, uso
dos conectivos (e, ou, não, se... então), tabelas verdade, relações, gráficos e diagramas. Raciocínio lógico envolvendo problemas
aritméticos e geométricos com: Teoria dos Conjuntos (união e intersecção, diagrama de Venn) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Sequências numéricas; máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum; análise combinatória ;estatística e probabilidade . . . . . . . . . 25

Legislação
1. Conhecimento da legislação do Município de Uberlândia, Lei Orgânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei de Licitações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3. Estatuto do Servidor Público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4. Entre outros atos normativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Atualidades
1. Atualidades e conhecimentos gerais do Município de Uberlândia, do Estado de Minas Gerais e do Brasil, estabelecendo conexões com
acontecimentos mundiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimentos relativos a aspectos históricos, geográficos, políticos, econômicos, culturais e sociais do Município de Uberlândia, do
Estado de Minas Gerais e do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
ÍNDICE

Conhecimentos Específicos
Oficial Legislativo
1. Noções de Administração, fundamentos, funções, conceitos, princípios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Estoques, gestão de estoques e almoxarifado. Atividades e conceitos correlatos. Inventário e práticas de inventário. Uso e conservação
de equipamentos. Compras, fundamentos da gestão de compras, atividades e conceitos correlatos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Recursos humanos, fundamentos da gestão de pessoas, práticas de recursos humanos. Finanças, noções de finanças e finanças em-
presariais. Juros, capitalização e descontos. Empréstimos e financiamentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4. Noções de contabilidade, princípios e conceitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5. Registros. Escrituração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6. Demonstrativos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7. Orçamento. Orçamento tradicional e orçamento moderno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
8. Demonstrativos contábil-financeiros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
9. Informática básica, conceitos e práticas fundamentais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
10. MS Office 2010. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
11. Correspondência Oficial. Redação Oficial. Redação de leis e decretos, técnica legislativa. Redação de atos normativos. Análise e re-
dação de documentos. Expedientes, sumários, requerimentos, requisições, formulários, relatórios, cartas comerciais, ofícios, circu-
lares, pareceres, atas, minutas, portarias, declarações, notificações, certidões, gráficos, mapas, empenhos, liquidações, demonstrati-
vos. Editais, procurações, protocolos, contratos, correspondência, mensagens eletrônicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
12. Atendimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
13. Arquivos, conceitos, sistemas e práticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
14. Fundamentos da administração pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
15. Contratos. Gestão de contratos. Licitações. Conceitos e práticas. Lei de licitações – Lei 8.666 de 1993. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
16. Comunicação. Comunicação na empresa. Conceitos e práticas. Treinamentos. Reuniões. Assembleias. Estudos. Previsões. Rotina e
trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
17. Noções de Direito Administrativo. Natureza pública, agentes e integrantes da administração pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
18. Direito constitucional, noções e princípios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos. Tipos e gêneros textuais. Coerência e coesão textual. Texto e discurso . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Formação e significação de palavras. Sinonímia, antonímia e polissemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3. Ortografia e acentuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4. Tipos de frases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5. Emprego dos sinais de pontuação e seus efeitos de sentido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
6. Morfologia: emprego e classificação das palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
7. Concordância verbal e concordância nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
8. Regência verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
9. Sintaxe: estrutura da oração e do período composto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
LÍNGUA PORTUGUESA

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. TIPOS


E GÊNEROS TEXTUAIS. COERÊNCIA E COESÃO TEXTU-
AL. TEXTO E DISCURSO

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito, Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
ou que faça com que você realize inferências. este processo é intertextualidade.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas Interpretação de Texto
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a
Percebeu a diferença? uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su-
bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
Tipos de Linguagem de um texto.
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
facilite a interpretação de textos. vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
pode ser escrita ou oral. uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti-
ca e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta-
do, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto-
gráficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po-
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, lêmicos;
fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. - Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa-
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
principal e das ideias secundárias do texto.
– Separe fatos de opiniões.
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa- O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo
lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu-
com a não-verbal. tável).

1
LÍNGUA PORTUGUESA
– Retorne ao texto sempre que necessário. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
enunciados das questões. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
– Reescreva o conteúdo lido. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
picos ou esquemas. outro e a parceria deu certo.

Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa- Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu- sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
distração, mas também um aprendizado. falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a com- do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
preensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de As informações que se relacionam com o tema chamamos de
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se- ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
do texto. conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a iden- Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
tificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias capaz de identificar o tema do texto!
secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explica-
ções, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
prova. -secundarias/
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um signi-
ficado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o can- IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
didato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum TEXTOS VARIADOS
valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca
extrapole a visão dele. Ironia
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, novo sentido, gerando um efeito de humor.
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo Exemplo:
significativo, que é o texto.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

CACHORROS

Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma


espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos:


ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Ironia verbal NERO EM QUE SE INSCREVE
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
intenção são diferentes. pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Ironia de situação Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. principal. Compreender relações semânticas é uma competência
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Busca de sentidos
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
morte. os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
apreensão do conteúdo exposto.
Ironia dramática (ou satírica) Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre nos relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
textos literários quando a personagem tem a consciência de que citadas ou apresentando novos conceitos.
suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando por um Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência. tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- entrelinhas. Deve-seater às ideias do autor, o que não quer dizer
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a Importância da interpretação
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
Humor pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- específicos, aprimora a escrita.
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
rer algo fora do esperado numa situação. ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
acessadas como forma de gerar o riso. presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es-
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató-
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.

3
LÍNGUA PORTUGUESA
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. berdade para quem recebe a informação.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, Fato
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Diferença entre compreensão e interpretação uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- Exemplo de fato:
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O A mãe foi viajar.
leitor tira conclusões subjetivas do texto.
Interpretação
Gêneros Discursivos É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou sas, previmos suas consequências.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
dárias. ças sejam detectáveis.

Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente Exemplos de interpretação:
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única tro país.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
encaminham-se diretamente para um desfecho. do que com a filha.

Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- Opinião


do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
que fazemos do fato.
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de-
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
curto.
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
anteriores:
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
como horas ou mesmo minutos. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
do que com a filha. Ela foi egoísta.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
imagens. cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a mos expressando nosso julgamento.
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
vencer o leitor a concordar com ele. analisamos um texto dissertativo.

Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um Exemplo:


entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas com o sofrimento da filha.
de destaque sobre algum assunto de interesse.
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali- Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
os professores a identificar o nível de alfabetização delas. ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
e o do leitor.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Parágrafo Língua escrita e língua falada
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
sentada na introdução. conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem Linguagem popular e linguagem culta
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo o diálogo é usado para representar a língua falada.
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
prova. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma expressão dos esta dos emocionais etc.
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con-
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. A Linguagem Culta ou Padrão
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto- se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe- escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
ríodo, e o tópico que o antecede. mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
para a clareza do texto.
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- Gíria
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
sem coerência. a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es- o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os
mais direto. novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
NÍVEIS DE LINGUAGEM de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”,
Definição de linguagem “mina”, “tipo assim”.
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, Linguagem vulgar
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
comida”.
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
Linguagem regional
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
e caem em desuso.
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos e genêros textuais Tipo textual expositivo
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma pode ser expositiva ou argumentativa.
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
exemplos e as principais características de cada um deles.
Características principais:
Tipo textual descritivo • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma mar.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
um movimento etc. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
Características principais: de ponto de vista.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Apresenta linguagem clara e imparcial.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
caracterizadora. Exemplo:
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
meração. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• A noção temporal é normalmente estática. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- terminado tema.
ção. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.

Exemplo: Tipo textual dissertativo-argumentativo


Era uma casa muito engraçada Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Não tinha teto, não tinha nada sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Ninguém podia entrar nela, não apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Porque na casa não tinha chão clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Ninguém podia dormir na rede tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Porque na casa não tinha parede (leitor ou ouvinte).
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali Características principais:
Mas era feita com muito esmero • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento
Na rua dos bobos, número zero e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
(Vinícius de Moraes) gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, gestão/solução).
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente
comportamentos, nas leis jurídicas. nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e
um caráter de verdade ao que está sendo dito.
Características principais: • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali-
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver- zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas). • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de-
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios.
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Exemplo:
Exemplo: A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito- vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se administração política (tese), porque a força governamental certa-
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi- mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró-
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su- traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo
perior para formação de oficiais. dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula-
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar

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LÍNGUA PORTUGUESA
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Carta de opinião
cobrança efetiva (conclusão). Resenha
Artigo
Tipo textual narrativo Ensaio
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Monografia, dissertação de
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu- mestrado e tese de doutorado
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo,
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Narrativo Romance
Novela
Características principais: Crônica
• O tempo verbal predominante é o passado. Contos de Fada
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- Fábula
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história – Lendas
onisciente).
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
prosa, não em verso. ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
nitos e mudam de acordo com a demanda social.
Exemplo:
Solidão INTERTEXTUALIDADE
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
Nelson S. Oliveira ambos: forma e conteúdo.
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de
reais/4835684 forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri-
GÊNEROS TEXTUAIS ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música,
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos,
de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um provérbios, charges, dentre outros.
texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem Tipos de Intertextualidade
funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são • Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen-
passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser- te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego (pa-
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela rodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhan-
que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos te) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante a outro”.
textuais que neles predominam. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização
Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis),
Descritivo Diário significa a “repetição de uma sentença”.
Relatos (viagens, históricos, etc.) • Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí-
Biografia e autobiografia ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha
Notícia alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter-
Currículo mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
Lista de compras e “graphé” (escrita).
Cardápio • Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção
Anúncios de classificados textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
Injuntivo Receita culinária entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor.
Bula de remédio Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re-
Manual de instruções lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo
Regulamento “citação” (citare) significa convocar.
Textos prescritivos • Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
Expositivo Seminários termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Palestras • Outras formas de intertextualidade menos discutidas são o
Conferências pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
Entrevistas
Trabalhos acadêmicos ARGUMENTAÇÃO
Enciclopédia O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa-
Verbetes de dicionários ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente,

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LÍNGUA PORTUGUESA
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
propõe. outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo der bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
sos de linguagem. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de zado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- Tipos de Argumento
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- mento. Exemplo:
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna Argumento de Autoridade
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
enunciador está propondo. um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. dadeira. Exemplo:
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- cimento. Nunca o inverso.
mento de premissas e conclusões. Alex José Periscinoto.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a B.
A é igual a C. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor-
Então: C é igual a A. tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela,
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
que C é igual a A. acreditar que é verdade.
Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero. Argumento de Quantidade
A vaca é um ruminante. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú-
Logo, a vaca é um mamífero. mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
também será verdadeira. largo uso do argumento de quantidade.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se Argumento do Consenso
mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau- É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o
da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de
banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con- que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu-
fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não

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LÍNGUA PORTUGUESA
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao tal por três dias.
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
carentes de qualquer base científica. tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
Argumento de Existência deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar texto tem sempre uma orientação argumentativa.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
do que dois voando”. ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- outras, etc. Veja:
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vam abraços afetuosos.”
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
vios, etc., ganhava credibilidade. e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
Argumento quase lógico fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente injustiça, corrupção).
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con- - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais o argumento.
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con-
indevidas. texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
Argumento do Atributo exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi- que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o outros à sua dependência política e econômica”.
que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, cele- A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
bridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza, ali- ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
mentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação,
a associar o produto anunciado com atributos da celebridade. o assunto, etc).
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani-
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men-
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social- tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente,
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto,
dizer dá confiabilidade ao que se diz. sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali-
de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei- dades não se prometem, manifestam-se na ação.
ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade- A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico: que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
por bem determinar o internamento do governador pelo período a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar-
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che-

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LÍNGUA PORTUGUESA
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo - evidência;
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se - divisão ou análise;
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu - ordem ou dedução;
comportamento. - enumeração.
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
mica e até o choro. contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos caracteriza a universalidade.
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo-
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun- fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. o efeito. Exemplo:
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis- Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. Fulano é homem (premissa menor = particular)
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, Logo, Fulano é mortal (conclusão)
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve- A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol- te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
ver as seguintes habilidades: dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma O calor dilata o ferro (particular)
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- O calor dilata o bronze (particular)
mente contrária; O calor dilata o cobre (particular)
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O ferro, o bronze, o cobre são metais
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta- Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
ria contra a argumentação proposta;
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação oposta. Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar- também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos,
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu-
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata,
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques- deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé- argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de
todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do sofisma no seguinte diálogo:
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes- - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões - Lógico, concordo.
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co- - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio - Claro que não!
de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos Exemplos de sofismas:
e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a Dedução
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro Todo professor tem um diploma (geral, universal)
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma Fulano tem um diploma (particular)
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
da verdade:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
cular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
– conclusão falsa)
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são profes- sabiá, torradeira.
sores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou infun- Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
dadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise su- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
perficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, basea- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
dos nos sentimentos não ditados pela razão.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen- Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par- uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por- indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
pesquisa. seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; (Garcia, 1973, p. 302304.)
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in-
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de- trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio-
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria de vista sobre ele.
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina- A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua-
das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
o relógio estaria reconstruído. ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con- cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo- é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A
sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-
operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
relacionadas: metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. - o termo a ser definido;
- o gênero ou espécie;
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias - a diferença específica.
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco- O que distingue o termo definido de outros elementos da mes-
lha dos elementos que farão parte do texto. ma espécie. Exemplo:
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe- Elemento especiediferença
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as a ser definidoespecífica
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
análise é decomposição e classificação é hierarquisação. por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme- tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me- forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-

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LÍNGUA PORTUGUESA
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está assim, desse ponto de vista.
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
ou instalação”; elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan- ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma
dida;d forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as que, melhor que, pior que.
diferenças). Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala- mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
vra e seus significados. bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem- corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda- caráter confirmatório que comprobatório.
mentação coerente e adequada. Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás- cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por
sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco- caso, incluem-se
nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu- mortal, aspira à imortalidade);
rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis- dos e axiomas);
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão
expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro- discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que parece absurdo).
raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
cífico de relação entre as premissas e a conclusão. Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: cretos, estatísticos ou documentais.
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes- sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa- julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opi-
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados niões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprova-
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de da, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por- expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
virtude de, em vista de, por motivo de. dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli- -argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar gumentação:
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta- Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como: do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;

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LÍNGUA PORTUGUESA
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- banos;
dadeira; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- mais a sociedade.
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
dade da afirmação; Conclusão
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse-
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- quências maléficas;
ridade que contrariam a afirmação apresentada; - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- apresentados.
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados ção: é um dos possíveis.
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen- Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con- organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a com-
traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento preensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de
é que gera o controle demográfico”. mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coeren-
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para te, além de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada.
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui- Coerência
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
elaboração de um Plano de Redação. Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
tecnológica outra”).
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos- estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
ta, justificar, criando um argumento básico; der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação elementos formativos de um texto.
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
(rever tipos de argumentação); aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias elementos textuais.
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po- A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e conse- de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
quência); sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
argumento básico; imediato a coerência de um discurso.
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em A coerência:
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu- - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
mento básico; - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se- tual;
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou o aspecto global do texto;
menos a seguinte: - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.

Introdução Coesão
- função social da ciência e da tecnologia; É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
- definições de ciência e tecnologia; numa linha de sequência e com os quais se estabelece um víncu-
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. lo ou conexão sequencial.Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
Desenvolvimento tem-se a coesão lexical.
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol- A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
vimento tecnológico; vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
condições de vida no mundo atual; nentes do texto.
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica- Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub- que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
desenvolvidos; néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas- advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
sado; apontar semelhanças e diferenças; A coesão:

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LÍNGUA PORTUGUESA
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial; pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente-
componentes do texto; mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases. e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da
demagogia praticada pela classe dominante.
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con-
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida- siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re-
de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis- lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra-
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé”
diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio
é inserida. Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, cultura é o melhor conforto para a velhice”.
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex-
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
textos caracterizada por um citar o outro. sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um termo “citação” (citare) significa convocar.
texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se
utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di- termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos
pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema Pastiche é uma recorrência a um gênero.
pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode
mencionar um provérbio conhecido. A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com a recriação de um texto.
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to- Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi- mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
zá-lo ou ao compará-lo com outros. produtor e ao receptor de textos.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am-
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de- plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres- remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con- daquela citação ou alusão em questão.
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi-
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido. A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
Tipos de Intertextualidade ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer A intertextualidade explícita:
com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. – é facilmente identificada pelos leitores;
Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualida- – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
de. Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diá- – não exige que haja dedução por parte do leitor;
logo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as – apenas apela à compreensão do conteúdos.
mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
A intertextualidade implícita:
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto – não é facilmente identificada pelos leitores;
é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea- – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
outras palavras o que já foi dito. – exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por par-
te dos leitores;
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex- – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto a compreensão do conteúdo.
de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui,
um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada Discurso direto
para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador,
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces- ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com- — Que tal o carro?
pletamente bêbados, não é?
Foi aí que um dos bêbados pediu: Estilo 2:
— Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas)
o seu marido que os outros querem ir para casa. Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
(Stanislaw Ponte Preta)
Estilo 3:
Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é intro- Verbos de elocução no meio da fala:
duzida por um travessão, que deve estar alinhado dentro do pará- — Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o
grafo. carro.
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens, — Você, retrucou Antônio, está completamente enganado.
conserva características do linguajar de cada uma, como termos de
gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou ca- Verbos de elocução no fim da fala:
coetes pessoais. — Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou João.
declarativos ou dicendi) que indicam quem está emitindo a mensa- — Você está completamente enganado — retrucou Antônio.
gem.
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são: Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com
acrescentar travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos:
afirmar
concordar — Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu
consentir filho. (Machado de Assis)
contestar
continuar — Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse
declamar ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis)
determinar
dizer — Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta
esclarecer e oito. (Machado de Assis)
exclamar
explicar — Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis)
gritar
indagar Verbos de elocução depois de orações interrogativas e excla-
insistir mativas:
interrogar — Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com
interromper insistência. (Machado de Assis)
intervir — Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis)
mandar — Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
ordenar, pedir
perguntar Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús-
prosseguir culas depois dos pontos de exclamação e interrogação.
protestar
reclamar Discurso indireto
repetir No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala
replicar da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e
responder passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o
retrucar verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen-
solicitar ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de-
Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi
atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona- afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da
gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou- personagem na voz do narrador.
tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou
advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava
histérica, respondeu irritada, explicou docemente. muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo.
(Ciro dos Anjos)
Exemplo:
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos- Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa;
sas vidas. respondeu-me que não.
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) (Machado de Assis)
entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a
seguir: Discurso indireto livre
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe
Estilo 1: uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso
João perguntou: indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele,

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LÍNGUA PORTUGUESA
o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das Discurso Direto
personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so-
nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde • Presente
ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador. A enfermeira afirmou:
As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen- – É uma menina.
dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa-
gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo- • Pretérito perfeito
sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes – Já esperei demais, retrucou com indignação.
(terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse
discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e • Futuro do presente
ritmo que confere ao texto. Pedrinho gritou:
– Não sairei do carro.
Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in-
decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa • Imperativo
à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era Olhou-a e disse secamente:
bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. – Deixe-me em paz.
Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na
cadeia por que ele não sabe falar direito? Outras alterações
(Graciliano Ramos) • Primeira ou segunda pessoa
Maria disse:
Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discur- – Não quero sair com Roberto hoje.
so direto, apresentaria a seguinte formulação: Sou bruto, sim; em
discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto • Vocativo
livre: Era bruto, sim. – Você quer café, João?, perguntou a prima.

Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo inte- • Objeto indireto na oração principal
rior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias A prima perguntou a João se ele queria café.
etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamen-
tos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente • Forma interrogativa ou imperativa
nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narra- Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa:
dor. – E o amarelo?

Transposição de discurso • Advérbios de lugar e de tempo


Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã
a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O • Pronomes demonstrativos e possessivos
domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar essa(s), esta(s)
corretamente os tipos de discurso na redação. esse(s), este(s)
Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros isso, isto
recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não meu, minha
aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na teu, tua
atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insis- nosso, nossa
tência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem
construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece Discurso Indireto
dificuldade. • Pretérito imperfeito
A enfermeira afirmou que era uma menina.
• Futuro do pretérito
Pedrinho gritou que não sairia do carro.
• Pretérito mais-que-perfeito
Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha espera-
do) demais.
• Pretérito imperfeito do subjuntivo
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz.
Outras alterações
• Terceira pessoa
Maria disse que não queria sair com Roberto naquele dia.
• Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma declarativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa
pelo amarelo.
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia an-
terior, na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s), aquilo,
seu, sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Afixos
FORMAÇÃO E SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS. SINONÍ- Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois
MIA, ANTONÍMIA E POLISSEMIA do radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Divi-
dem-se em:
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical.
As palavras são formadas por estruturas menores, com signifi- Exemplos
cados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem para DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.
a formação das palavras.
Sufixo
Estrutura das palavras Afixo que se coloca depois do radical.
As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas Exemplos
menores - os morfemas, também chamados de elementos mórfi- contentaMENTO, reallDADE, enaltECER.
cos: Processos de formação das palavras
– radical e raiz; Composição: Formação de uma palavra nova por meio da jun-
– vogal temática; ção de dois ou mais vocábulos primitivos. Temos:
– tema;
– desinências; Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração na
– afixos; estrutura fonética das primitivas.
– vogais e consoantes de ligação. Exemplos
Radical: Elemento que contém a base de significação do vocá- passa + tempo = passatempo
bulo. gira + sol = girassol
Exemplos
VENDer, PARTir, ALUNo, MAR. Aglutinação:Formação de palavra composta com alteração da
estrutura fonética das primitivas.
Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos. Exemplos
em + boa + hora = embora
Dividem-se em: vossa + merce = você

Nominais Derivação:
Indicam flexões de gênero e número nos substantivos. Formação de uma nova palavra a partir de uma primitiva. Te-
Exemplos mos:
pequenO, pequenA, alunO, aluna.
pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas. Prefixação: Formação de palavra derivada com acréscimo de
um prefixo ao radical da primitiva.
Verbais Exemplos
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos CONter, INapto, DESleal.
Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo) Sufixação: Formação de palavra nova com acréscimo de um su-
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número) fixo ao radical da primitiva.
Exemplos
Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem. cafezAL, meninINHa, loucaMENTE.
Exemplos
1ª conjugação: – A – cantAr Parassíntese: Formação de palavra derivada com acréscimo de
2ª conjugação: – E – fazEr um prefixo e um sufixo ao radical da primitiva ao mesmo tempo.
3ª conjugação: – I – sumIr Exemplos
EMtardECER, DESanimADO, ENgravidAR.
Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica Derivação imprópria: Alteração da função de uma palavra pri-
oposição masculino/feminino. mitiva.
Exemplos Exemplo
livrO, dentE, paletó. Todos ficaram encantados com seu andar: verbo usado com
valor de substantivo.
Tema: União do radical e a vogal temática.
Exemplos Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura fonética
CANTAr, CORREr, CONSUMIr. de uma palavra primitiva para a formação de uma derivada. Em ge-
ral de um verbo para substantivo ou vice-versa.
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se inter- Exemplos
põem aos vocábulos por necessidade de eufonia. combater – o combate
Exemplos chorar – o choro
chaLeira, cafeZal.
Prefixos
Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos em:
vernáculos, latinos e gregos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou fo- arqui, arque, arce, arc – superioridade: arcebispo, arcanjo.
ram aportuguesados: a, além, ante, aquém, bem, des, em, entre, caco – mau: cacofonia.
mal, menos, sem, sob, sobre, soto. cata – de cima para baixo: cataclismo, catalepsia.
Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como:abordar, deca – dez: decâmetro.
além-mar, bem-aventurado, desleal, engarrafar, maldição, menos- dia – através de, divisão: diáfano, diálogo.
prezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc. dis – dualidade, mau: dissílabo, dispepsia.
en – sobre, dentro: encéfalo, energia.
Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina endo – para dentro: endocarpo.
original: epi – por cima: epiderme, epígrafe.
a, ab, abs – afastamento: aversão, abjurar. eu – bom: eufonia, eugênia, eupepsia.
a, ad – aproximação, direção: amontoar. hecto – cem: hectômetro.
ambi – dualidade: ambidestro. hemi – metade: hemistíquio, hemisfério.
bis, bin, bi – repetição, dualidade: bisneto, binário. hiper – superioridade: hipertensão, hipérbole.
centum – cem: centúnviro, centuplicar, centígrado. hipo – inferioridade: hipoglosso, hipótese, hipotermia.
circum, circun, circu – em volta de: circumpolar, circunstante. homo – semelhança, identidade: homônimo.
cis – aquem de: cisalpino, cisgangético. meta – união, mudança, além de: metacarpo, metáfase.
com, con, co – companhia, concomitância: combater, contem- míria – dez mil: miriâmetro.
porâneo. mono – um: monóculo, monoculista.
contra – oposição, posição inferior: contradizer. neo – novo, moderno: neologismo, neolatino.
de – movimento de cima para baixo, origem, afastamento: de- para – aproximação, oposição: paráfrase, paradoxo.
crescer, deportar. penta – cinco: pentágono.
des – negação, separação, ação contrária: desleal, desviar. peri – em volta de: perímetro.
dis, di – movimento para diversas partes, ideia contrária: dis- poli – muitos: polígono, polimorfo.
trair, dimanar. pro – antes de: prótese, prólogo, profeta.
entre – situação intermediaria, reciprocidade: entrelinha, en-
trevista. Sufixos
ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade, priva- Os sufixos podem ser: nominais, verbais e adverbial.
ção, situação cessante: exportar, espalmar, ex-professor.
extra – fora de, além de, intensidade: extravasar, extraordiná- Nominais
rio. Coletivos: -aria, -ada, -edo, -al, -agem, -atro, -alha, -ama.
im, in, i – movimento para dentro; ideia contraria: importar, Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço, -as-
ingrato. tro, -az.
inter – no meio de: intervocálico, intercalado. Agentes: -dor, -nte, -ário, -eiro, -ista.
intra – movimento para dentro: intravenoso, intrometer. Lugar: -ário, -douro, -eiro, -ório.
justa – perto de: justapor. Estado: -eza, -idade, -ice, -ência, -ura, -ado, -ato.
multi – pluralidade: multiforme. Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico.
ob, o – oposição: obstar, opor, obstáculo. Origem, procedência: -estre, -este, -esco.
pene – quase: penúltimo, península.
per – movimento através de, acabamento de ação; ideia pejo- Verbais
rativa: percorrer. Comuns: -ar, -er, -ir.
post, pos – posteridade: postergar, pospor. Frequentativos: -açar, -ejar, -escer, -tear, -itar.
pre – anterioridade: predizer, preclaro. Incoativos: -escer, -ejar, -itar.
preter – anterioridade, para além: preterir, preternatural. Diminutivos: -inhar, -itar, -icar, -iscar.
pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosseguir,
procurador, pronome. Adverbial = há apenas um
re – movimento para trás, ação reflexiva, intensidade, repeti- MENTE: mecanicamente, felizmente etc.
ção: regressar, revirar.
retro – movimento para trás: retroceder. Significação de palavras
satis – bastante: satisdar. As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação.
sub, sob, so, sus – inferioridade: subdelegado, sobraçar, sopé. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
subter – por baixo: subterfúgio. dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os
super, supra – posição superior, excesso: super-homem, super- significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos
povoado. que compõem este estudo.
trans, tras, tra, tres – para além de, excesso: transpor.
tris, três, tri – três vezes: trisavô, tresdobro. Antônimo e Sinônimo
ultra – para além de, intensidade: ultrapassar, ultrabelo. Começaremos por esses dois, que já são famosos.
uni – um: unânime, unicelular.
O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras.
Grego: Os principais prefixos de origem grega são: Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o signi-
a, an – privação, negação: ápode, anarquia. ficado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com
ana – inversão, parecença: anagrama, analogia. homem que é antônimo de mulher.
anfi – duplicidade, de um e de outro lado: anfíbio, anfiteatro.
anti – oposição: antipatia, antagonista.
apo – afastamento: apólogo, apogeu.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito im-
portante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos,
para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO

ORTOGRAFIA OFICIAL
• Mudanças no alfabeto:O alfabeto tem 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui,
que, qui.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Regras de acentuação – Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das persônico.
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima – Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
sílaba)
Observações:
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
Como era Como fica
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem
alcatéia alcateia essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
apóia apoia • Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano.
apóio apoio • O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento,
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope-
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas rar, cooperação, cooptar, coocupante.
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus. • Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al-
mirante.
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no • Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
u tônicos quando vierem depois de um ditongo. a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva,
pontapé, paraquedas, paraquedista.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
Como era Como fica
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar,
baiúca baiuca recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.
bocaiúva bocaiuva
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
vamos passar para mais um ponto importante.
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
e ôo(s).
Vejamos um por um:

Como era Como fica Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
aberto.
abençôo abençoo
Já cursei a Faculdade de História.
crêem creem Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
fechado.
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/ Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
caso afundo mais à frente).
Atenção: Sou leal à mulher da minha vida.
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. As palavras podem ser:
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, -já, ra-paz, u-ru-bu...)
reter, conter, convir, intervir, advir etc.). – Paroxítonas:quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, sa-
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as -bo-ne-te, ré-gua...)
palavras forma/fôrma. – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
Uso de hífen
Regra básica: As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho- • São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
mem. íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
Outros casos R, X, I(S), US, UM, UNS, OS,ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
1. Prefixo terminado em vogal: fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. • São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu,
semicírculo. dói, coronéis...)
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis- • São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
mo, antissocial, ultrassom. (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas.
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
2. Prefixo terminado em consoante:
nar e fixar as regras.
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
-bibliotecário.

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LÍNGUA PORTUGUESA
ACENTUAÇÃO • Período Composto: formado por mais de uma oração.
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período.
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
Vejamos um por um: • Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre • Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
aberto. A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
Já cursei a Faculdade de História. • Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da pre-
fechado. posição.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos. A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
caso afundo mais à frente). • Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transi-
Sou leal à mulher da minha vida. tivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de
preposição.
As palavras podem ser: Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- João gosta de beterraba.
-já, ra-paz, u-ru-bu...) • Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime
– Paroxítonas:quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, sa- determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica
-bo-ne-te, ré-gua...) um verbo, adjetivo ou advérbio.
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem prati-
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: ca a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) • Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um subs-
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, tantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS,ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter, de um verbo.
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...) Um casal de médicos eram os novos moradores do meu pré-
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), dio.
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, • Complemento Nominal: Termo da oração que completa no-
dói, coronéis...) mes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicio-
nado.
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais A realização do torneio teve a aprovação de todos.
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) • Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao su-
jeito da oração.
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei- A especulação imobiliária me parece um problema.
nar e fixar as regras. • Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao
objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou
TIPOS DE FRASES identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equi-
valentes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo • Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a
da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita quem se dirige a palavra.
coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar al- Senhora, peço aguardar mais um pouco.
gumas questões importantes:
Tipos de orações
• Frase:Enunciado que estabelece uma comunicação de senti- As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça,
do completo. não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, mo-
Os jornais publicaram a notícia. leza. Vamos comigo!!!
Silêncio! Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações
de um período são independentes (não dependem uma da outra
• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma para construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as ora-
locução verbal. ções de um período são dependentes (dependem uma da outra
Este filme causou grande impacto entre o público. para construir sentido completo).
A inflação deve continuar sob controle. As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas
uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam
• Período Simples: formado por uma única oração. da conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).
O clima se alterou muito nos últimos dias.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do jantar.
Exercem a função de sujeito
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a refeição
Exercem a função de predicativo no lugar.
Orações Subordinadas Substantivas
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se aborrecesse
Exercem a função de aposto com ela.
Objetivas Direta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto indireto
Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de quinta,
Explicam um termo dito anteriormente. terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de condição reunião.
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Assumem a função de advérbio de previsto.
Orações Subordinadas Adverbiais
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais tarde.
Assumem a função de advérbio de
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que todos
Assumem a função de advérbio de tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem de
Assumem a função de advérbio de tempo suas casas.

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO E SEUS EFEITOS DE SENTIDO

Pontuação
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a organi-
zar as relações e a proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as funções da
sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BECHARA, 2009, p. 514)
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns sinais
gráficos assim distribuídos:os separadores (vírgula [ , ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reticências [ ... ]), e
os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], travessão duplo [ — ],
parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).

Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de
oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as reticências.
Estaremos presentes na festa.

Ponto de interrogação ( ? )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
Você vai à festa?

Ponto de exclamação ( ! )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclamativa.
Ex: Que bela festa!

Reticências ( ... )
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com breve
espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Ex: Essa festa... não sei não, viu.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Dois-pontos ( : ) Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. re por alguns motivos:
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva. 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. verbo e o adjunto.

Ponto e vírgula ( ; ) Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem


Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, é necessária:
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume- Ontem, Maria foi à padaria.
ração (frequente em leis), etc. Maria, ontem, foi à padaria.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam- À padaria, Maria foi ontem.
bém uma linda decoração e bebidas caras.
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
Travessão ( — ) sário:
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com • Separa termos de mesma função sintática, numa enumera-
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta- ção.
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter- serem observadas na redação oficial.
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de • Separa aposto.
um diálogo, com ou sem aspas. Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. • Separa vocativo.
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ] • Separa termos repetidos.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico Aquele aluno era esforçado, esforçado.
mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên- • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli-
tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo,
aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza- ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com
dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi- efeito, digo.
rem uma nova inserção. O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara,
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go- ou seja, de fácil compreensão.
vernador) • Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen-
tos).
Aspas ( “ ” ) O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula-
As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)
particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para • Separa orações coordenadas assindéticas.
apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain- Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as
da, para marcar o discurso direto e a citação breve. ideias na cabeça...
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
• Isola o nome do lugar nas datas.
Vírgula Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa
disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões
vírgula: conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor-
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti- mações comprovam, etc.
mos” o momento certo de fazer uso dela. Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em nizar o problema.
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal, A vírgula realmente tem uma quantidade maior de regras, mas
cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?! nada impossível de saber, não é?!?! Bom, já vimos muita coisa até
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex- aqui e não vamos parar agora.
tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
menos importante e que pode ser colocada depois.
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Mariafoiàpadariaontem.
Sujeito VerboObjetoAdjunto

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LÍNGUA PORTUGUESA

MORFOLOGIA: EMPREGO E CLASSIFICAÇÃO DAS PALAVRAS

CLASSES GRAMATICAIS
As palavras costumam ser divididas em classes, segundo suas funções e formas. Palavras que se apresentam sempre com a mesma
forma chamam-se invariáveis; são variáveis, obviamente, as que apresentam flexão ou variação de forma.

Artigo
É a palavra que antecede os substantivos, de forma determinada (o, a, os, as) ou indeterminada (um, uma, uns, umas).

Classificação
Definidos: Determinam o substantivo de modo particular.
Ex.: Liguei para o advogado.

Indefinidos: Determinam o substantivo de modo geral.


Ex.: Liguei para um advogado.

Substantivo
É a palavra que nomeia o que existe, seja ele animado ou inanimado, real ou imaginário, concreto ou abstrato.

Classificação
Concreto: Dá nome ao ser de natureza independente, real ou imaginário.
Abstrato: Nomeia ação, estado, qualidade, sensação ou sentimento e todos os seres que não tem existência independente de outros.
Comum: Dá nome ao ser genericamente, como pertencente a uma determinada classe.
Ex.: cavalo, menino, rio, cidade.
Próprio: Dá nome ao ser particularmente, dentro de uma espécie.
Ex.: Pedro, Terra, Pacífico, Belo Horizonte.

Primitivo: É o que deriva uma série de palavras de mesma família etimológica; não se origina de nenhum
outro nome.
Ex.: pedra, pobre.

Derivado: Origina-se de um primitivo.


Ex.: pedrada, pobreza.

Simples: Apresenta apenas um radical.


Ex.: pedra, tempo, roupa.

Composto: Apresenta mais de um radical.


Ex.: pedra-sabão, guarda-chuva.

Coletivo: Embora no singular, expressa pluralidade.


Ex.: enxame, cardume, frota

Adjetivo
Palavra que modifica um substantivo, dando-lhe uma qualidade.

Exemplo:
Cadeira confortável

Locução adjetiva
Expressão formada de preposição mais substantivo com valor e emprego de adjetivo. A preposição faz com que um substantivo se
junte a outro para qualificá-lo:
menina (substantivo)de sorte (substantivo)
Menina de sorte
= sortuda (qualifica o substantivo)

Flexão do adjetivo - gênero


Uniformes: Uma forma única para ambos os gêneros.
Ex.: O livro comum – a receita comum

Biformes: Duas formas, para o masculino e outra para o feminino.


Ex.: homem mau – mulher má
Flexão do adjetivo - número

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LÍNGUA PORTUGUESA
Adjetivos simples: plural seguindo as mesmas regras dos substantivos simples.
Ex.: menino gentil – meninos gentis

Adjetivos compostos: plural com a flexão do último elemento.


Ex.: líquido doce-amargo – líquidos doce-amargos

Observações
Havendo a ideia de cor no adjetivo composto, far-se-á o plural mediante a análise morfológica dos elementos do composto:

– se o último elemento do adjetivo composto for adjetivo, haverá apenas a flexão desse último elemento.

Ex.: tecido verde-claro – tecidos verde-claros

– se o último elemento do adjetivo composto for substantivo, o adjetivo fica invariável.

Ex.: terno amarelo-canário – ternos amarelo-canário

Exceção
– azul-marinho (invariável):
carro azul-marinho – carros azul-marinho

Flexão do adjetivo -grau


Há dois graus: comparativo (indica se o ser é superior, inferior ou igual na qualificação) superlativo (uma qualidade é levada ao seu
mais alto grau de intensidade).

Comparativo de superioridade Superlativo absoluto


Adjetivo
Analítico Sintético Analítico Sintético
Bom mais bom melhor muito bom ótimo
Mau mais mau pior muito mau péssimo
Grande mais grande maior muito grande máximo
Pequeno mais pequeno menor muito pequeno mínimo
Alto mais alto superior muito alto supremo
Baixo mais baixo inferior muito baixo ínfimo

Numeral
Palavra que exprime quantidade, ordem, fração e multiplicação, em relação ao substantivo.

Classificação
Numeral cardinal: indica quantidade.

Exemplos
duas casas
dez anos

Numeral ordinal: indica ordem.

Exemplos
segunda rua
quadragésimo lugar

Numeral fracionário: indica fração.

Exemplos
um quinto da população
dois terços de água

Numeral multiplicativo: indica multiplicação.

Exemplos
o dobro da bebida
o triplo da dose

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ordinal Cardinal Ordinal Cardinal


Um Primeiro Vinte Vigésimo
Dois Segundo Trinta Trigésimo
Três Terceiro Cinquenta Quinquagésimo
Quatro Quarto Sessenta Sexagésimo
Cinco Quinto Oitenta Octogésimo
Seis Sexto Cem Centésimo
Sete Sétimo Quinhentos Quingentésimo
Oito Oitavo Setecentos Setingentésimo
Nove Nono Novecentos Noningentésimo
Dez Décimo Mil Milésimo

Pronome
Palavra que designa os seres ou a eles se refere, indicando-os apenas como pessoas do discurso, isto é:
– 1ª pessoa, o emissor da mensagem (eu, nós);
– 2ª pessoa, o receptor da mensagem (tu, você, vós, vocês);
– 3ª pessoa, o referente da mensagem, (ele, eles, ela, elas).

O pronome pode acompanhar um substantivo, ou substitui-lo.

Pessoais

Pronomes Pessoais
Pronomes do caso reto Pronomes do caso oblíquo
(função de sujeito) (função de complemento)
átonos (sem preposição) tônicos (com preposição)
eu me mim, comigo
singular tu te ti, contigo
ele/ela o, a, lhe, se si, ele, ela, consigo
nós nos nós, conosco
plural vós vos vós, convosco
eles/elas os, as, lhes, se si, eles, elas, consigo

Tratamento (trato familiar, cortes, cerimonioso)


Você – tratamento familiar
O Senhor, a Senhora – tratamento cerimonioso
Vossa Alteza (V. A.) – príncipes, duques
Vossa Eminência (V. Ema.) – cardeais
Vossa Excelência (V. Exa.) – altas autoridades
Vossa Magnificência – reitores de universidades
Vossa Majestade (V. M.) – reis
Vossa Majestade Imperial (V. M. I.) – imperadores
Vossa Santidade (V. S.) – papas
Vossa Senhoria (V. Sa.) – tratamento geral cerimonioso
Vossa Reverendíssima (V. Revma.) – sacerdotes
Vossa Excelência Reverendíssima – bispos e arcebispos

Esses pronomes, embora usados no tratamento com o interlocutor (2ª pessoa), levam o verbo para a 3ª pessoa.
Quando se referem a 3ª pessoa, apresentam-se com a forma: Sua Senhoria (S. Sa.), Sua Excelência (S. Exa.), Sua Santidade (S. S.) etc.

Possessivos
Exprimem posse:

1.ªpessoa: meu(s), minha(s)


Singular 2.ªpessoa: teu(s), tua(s)
3.ª pessoa: seu(s), sua(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

1.ªpessoa: nosso(s), nossa(s) Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.


Plural 2.ªpessoa: vosso(s), vossa(s) Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
3.ª pessoa: seu(s), sua(s) cientemente.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise:
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Observação: Dele, dela, deles, delas são considerados posses-
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
sivos também.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Demonstrativos
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
Indicam posição:
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
1.ª pessoa: este(s), esta(s), isto, estoutro(a)(s).
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
2.ª pessoa: esse(s), essa(s), isso, essoutro(a)(s).
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
3.ª pessoa: aquele(s), aquela(s), aquilo, aqueloutro(a)(s).
jam reduzidas: Percebia que o observavam.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
Também são considerados demonstrativos os pronomes:
tudo dá.
– o, a, os, as
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
– mesmo(s), mesma(s)
tentos são para nos prejudicarem.
– próprio(s), própria(s)
– tal, tais
Ênclise
– semelhante(s)
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
Relativos
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
Os pronomes relativos ligam orações, retomam uma palavra já
indicativo: Trago-te flores.
expressa antes e exercem função sintática na oração que eles intro-
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
duzem.
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
São relativos os pronomes que, o qual (e suas variações),
posição em: Saí, deixando-a aflita.
quem, cujo (e suas variações), onde (advérbio relativo com o senti-
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
do de em que), quanto.
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
Apressei-me a convidá-los.
Indefinidos
Vagamente, referem-se à 3ª pessoa:
Mesóclise
todo(s), toda(s), tudo
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
algum(ns), alguma(s), alguém, algo
nenhum(ns), nenhuma(s), ninguém, nada
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no
outro(s), outra(s), outrem
futuro do pretérito que iniciam a oração.
muito(s), muita(s), muito
Dir-lhe-ei toda a verdade.
pouco(s), pouca(s), pouco
Far-me-ias um favor?
mais, menos, bastante(s)
certo(s), certa(s)
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
cada, qualquer, quaisquer
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
tanto(s), tanta(s)
Eu lhe direi toda a verdade.
os demais, as demais
Tu me farias um favor?
vários, várias
um, uma, uns, umas, que, quem
Colocação do pronome átono nas locuções verbais
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono-
Exemplos:
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma
Devo-lhe dizer a verdade.
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou
Devo dizer-lhe a verdade.
após o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
do auxiliar ou depois do principal.
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita,
Exemplos:
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Não lhe devo dizer a verdade.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
Não devo dizer-lhe a verdade.
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
dique a eufonia da frase.
o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
auxiliar.
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois Exemplo
do infinitivo. Estude bastante.
Exemplos:
Hei de dizer-lhe a verdade. Formas nominais
Tenho de dizer-lhe a verdade. As três formas (gerúndio, particípio e infinitivo), além de seu
valor verbal, podem desempenhar função de substantivo.
Observação
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: Exemplos
Devo-lhe dizer tudo. O andar do menino trazia alegria aos pais. (infinitivo com valor
Estava-lhe dizendo tudo. de substantivo).
Havia-lhe dito tudo. Mulher sabida (particípio com valor de adjetivo, qualificando o
substantivo mulher.
Verbo Recebemos uma proposta contendo o valor. (gerúndio com va-
Conjugação lor de adjetivo).
São três: As formas têm duplo estado: são verbos (indicam processos:
1ª conjugação: AR (cantar) andar, saber, conter; tem voz ativa ou passiva), mas ao mesmo tem-
2ª conjugação: ER (comer) po tem características e comportamentos dos nomes (flexão de gê-
3ª conjugação: IR (dormir) nero e número).

Observação: O verbo pôr (bem como seus derivados: compor, Advérbio


depor etc.) é considerado verbo da 2.ª conjugação, pois, no portu- O advérbio é uma palavra invariável que modifica o verbo, ad-
guês arcaico, era poer. jetivo, outro advérbio ou toda uma oração.

Número e pessoas Exemplos


Ele fala bem. (verbo)
Eu Ele fala muito bem. (advérbio)
Singular tu Ele é muito inteligente. (adjetivo)
ele / ela / você Realmente ele viajou. (oração)

nós Locução adverbial


Plural vós O advérbio também pode ser formado por mais de um vocábu-
eles / elas / vocês lo (normalmente expressa por preposição + substantivo), com valor
e emprego de advérbio.
Tempos verbais
Presente: pode indicar referência a fatos que se passam no Exemplos
momento em que falamos, uma verdade geral, sendo comum em às pressas, por prazer, sem dúvida, de graça, com carinho etc.
expressões proverbiais, pode também indicar um hábito. É comum,
empregarmos o presente ao invés do futuro para indicar a realiza- Classificação
ção próxima de uma ação. Tempo:hoje, amanhã, depois, já, ontem, sempre, nunca, ja-
Passado: que usamos em referência aos fatos que se passam mais, antes, cedo, tarde, etc.
antes do momento em que falamos. São eles: Lugar: acima, além, aquém, atrás, dentro, perto, etc.
Perfeito: (eu trabalhei), que indica uma ação concluída. Intensidade: muito, pouco, bastante, mais, menos, tão, meio,
Imperfeito: (eu trabalhava), se trata de uma ação anterior ao completamente, demais etc.
momento em que se fala, mas que tem uma certa duração no pas- Modo: bem, mal, assim, depressa, como, melhor, pior, calma-
sado. mente, apressadamente, etc.
Mais-que-perfeito simples e composto: (eu trabalhara ou tinha Afirmação: sim, certamente, deveras, realmente, efetivamente
trabalhado) que denota uma ação concluída antes de outra que já etc.
era passada, passado anterior a outro. Negação: não.
Futuro do presente: (eu trabalharei), refere-se ao momento Dúvida: talvez, quiçá, provavelmente etc.
que falamos. Interrogativo: onde (aonde, donde), quando, como, por que
Futuro do pretérito: (eu trabalharia) refere-se a um momento (nas interrogativas diretas e indiretas).
do passado.
Graus do advérbio
Modos verbais Alguns advérbios de modo, tempo, lugar e intensidade podem,
Indicativo: Exprime o que realmente aconteceu. algumas vezes, assim como os adjetivos e substantivos, sofrer a fle-
Exemplo xão gradual.
Eu estudei bastante.
Comparativo:
Subjuntivo: Exprime algo possível, provável. De igualdade: O homem falava tão alto quanto o irmão.
Exemplos De superioridade: O homem falava mais alto (do) que o irmão.
Se eu estudasse bastante. De inferioridade: O homem falava menos alto (do) que o ir-
mão.
Imperativo: Exprime ordem, pedido, instrução.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Superlativo: oxalá! tomara! (desejo)
Absoluto analítico: O homem falava muito alto. perdão! (desculpa)
Absoluto sintético: O homem falava altíssimo. adeus! (saudação)
arre! (desagrado, alivio)
Preposição claro! pudera! ótimo! (assentimento)
Serve de conectivo de subordinação entre palavras e orações.
Vem antes da palavra por ela subordinada a outra. Locuções interjetivas
Expressões formadas por mais de um vocábulo, com valor e
Exemplos emprego de interjeição.
O carro de Ana é novo. (A preposição de subordina o substan-
tivo Ana ao substantivo carro; carro é subordinante e Ana, palavra Exemplos
subordinada.) Ora bolas!
Valha-me Deus!
O antecedente da preposição pode ser: Raios te partam!
- Substantivo: relógio de ouro; Nossa Senhora!
- Adjetivo: contente com a sorte;
- Pronome: quem de nós?; Conjunção
- Verbo: gosto de você. Conectivo de coordenação entre palavras e orações e o conec-
tivo de subordinação entre orações.
Locução prepositiva As locuções com valor e emprego de conjunção (para que, a
Geralmente formada de advérbio + preposição, com valor e fim de que, à proporção que, logo que, depois que) são chamadas
emprego de preposição: acima de, atrás de, através de, antes de, de locuções conjuntivas.
depois de, de acordo com, devido a, para com, a fim de, etc.
Classificação
Exemplo Conjunções coordenativas: Ligam termos oracionais ou orações
O senhor ficou atrás de mim. de igual valor ou função no período.

Classificação Aditivas (adição): e, nem, e as correlações entre não só, não


Essenciais: guardam, o valor de preposição. São seguidas de somente, não apenas, mas também, mas ainda, senão etc.
pronome obliquo: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, Adversativas (posição contrária): mas, porém, contudo, toda-
entre, para, perante, por, sem, sob, sobre. via, entretanto, no entanto, não obstante etc.
Acidentais: palavras essencialmente de outras classes gramati- Alternativas (alternância): ou… ou, ora… ora, quer… quer, já…
cais que, acidentalmente, funcionam como preposição: como, con- já etc.
forme, durante, exceto, feito, mediante, segundo, etc. Conclusivas (conclusão): logo, portanto, por conseguinte, pois
(posposto ao verbo).
Combinação e contração Explicativas (explicação): que, porque, por quanto, pois (ante-
As preposições a, de, per, em podem juntar-se com outras pa- posto ao verbo).
lavras. Então, teremos:
Conjunções subordinativas: Ligam uma oração principal a uma
Combinação: sem alteração fônica. oração subordinada com o verbo flexionado.

Exemplos Classificação
ao (a + o), aonde (a + onde) Integrantes (iniciam oração subordinada substantiva): que, se,
como (= que).
Contração: com alteração fônica. Temporais (tempo): quando, enquanto, logo que, mal, apenas,
sempre que, assim que, desde que, antes que etc.
Exemplos Finais (finalidade): para que, a fim de que, que (= para que),
à (a + a), àquele (a + aquele), do (de + o), donde (de + onde), porque (= para que).
no (em + o), naquele (em + aquele), pelo (per + o), coa (com + a). Proporcionais (proporcionalidade): à proporção que, à medida
que, quanto mais ... mais, quanto menos ... menos.
Interjeição Causais (causa): porque, como, porquanto, visto que, já que,
Palavra que exprime nossos estados emotivos. uma vez que etc.
Condicionais (condição): se, caso, contanto que, desde que, sal-
Exemplos: vo se, sem que (= se não) etc.
ah! (admiração) Comparativas (comparação): como, que, do que, quanto, que
viva! (exaltação) nem etc.
ufa! eh! (alivio) Conformativas (conformidade): como, conforme, segundo, con-
coragem! (animação) soante, etc.
bravo! (aplauso) Consecutivas (consequência): que (precedido dos termos in-
ai! (dor) tensivos: tal, tão, tanto, de tal forma etc.), de forma que etc.
bis! (repetição) Concessivas (concessão): embora, conquanto, ainda que, mes-
psiu! (silencio) mo que, posto que, por mais que, se bem que etc.
cuidado! atenção! (advertência)
vai! (desapontamento)

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LÍNGUA PORTUGUESA

CONCORDÂNCIA VERBAL E CONCORDÂNCIA NOMI- REGÊNCIA VERBAL


NAL
• Regência Nominal 
Concordância Nominal A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan-
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se -lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple-
referem. mento é estabelecida por uma preposição.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto-
sa. • Regência Verbal
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o
Casos Especiais de Concordância Nominal verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). 
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio: Isto pertence a todos.
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam
alerta.

• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma-


ção de palavras compostas:
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.

• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de


acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.

• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando


pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan-
do advérbios:
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./
Usou meia dúzia de ovos.

• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:


Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.

• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o


substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.

Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor-
mes.

Concordância ideológica ou silepse

• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne-


ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
Blumenau estava repleta de turistas.
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
texto.
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau-
sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
soa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
líticos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere
SINTAXE: ESTRUTURA DA ORAÇÃO E DO PERÍODO que serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo
COMPOSTO foi a conhecida Comissão Econômica para a América Latina
(CEPAL).
Prezado candidato, o tema supracitado foi abordado em tópi- (C) Não há dúvida de que os números são bons, num momen-
cos anteriores. to em que atingimos um bom superávit em conta-corrente,
em que se revela queda no desemprego e até se anuncia a
ampliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta
de novas fontes de petróleo.
EXERCÍCIOS (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continen-
te, percebe-se que nossa performance é inferior a que foi
1. 1. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – atribuída a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com
2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está cor- participação menor no conjunto dos bens produzidos pela
reta. América Latina.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo. (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros. com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que da América Latina, o organismo internacional está atribuindo
35% deles fosse despejado em aterros. um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo. do que o do Brasil.
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
de lixo. 5. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alternati-
va em que todas as palavras são acentuadas pela mesma
2. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012) razão.
Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações (A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
de concordância no texto abaixo. (B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou (C) “sérios”, “potência”, “após”.
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra- (D) “Goiás”, “já”, “vários”.
tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo- (E) “solidária”, “área”, “após”.
ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de-
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as 6. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex-
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan- clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse
ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de objetivo é a seguinte:
salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa (A) pôr.
Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência (B) ilhéu.
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital, (C) sábio.
responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF. (D) também.
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de (E) lâmpada.
plural em “deflacionados”.
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de 7. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003)
plural em “Elevaram-se”. Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em-
(C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar pregadas e grafadas.
as regras de concordância com “economia”. (A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o
(D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão poder de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de
de singular em “fez aumentar”. qualquer excesso e violência.
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordân- (B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata-
cia com “relevantes”. mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo
3. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberdades isso, num modo de intervenção específico.
...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a nossa (C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o
Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase aci- poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violen-
ma, na ordem dada, as expressões: to em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de
(A) a que – de que; revolta que ambos possam suscitar.
(B) de que – com que; (D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo p
(C) a cujas – de cujos; der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o
(D) à que – em que; corpo dos supliciados.
(E) em que – aos quais. (E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con-
4. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008) trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
Assinale o trecho que apresenta erro de regência. organização em delinqüência.
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil
fecha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente
a maior taxa registrada na última década.

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LÍNGUA PORTUGUESA
8. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR – 12. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) –
2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é: 2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade mesmo processo de formação é:
extraordinária de imitar vários estilos musicais. (A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso;
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti- (B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer;
mentos pessoais por meio de sua música. (C) deslealdade, colunista, incrível;
(C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das (D) anoitecer, festeiro, infeliz;
composições do músico na cultura ocidental. (E) reeducação, dignidade, enriquecer.
(D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo-
sitor termina em uma cena de reconciliação entre os personagens. 13. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
(E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se 2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso
deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração. cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação
utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a
9. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode ser palavra primitiva foi formada respectivamente é:
retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma pa- (A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté-
drão na seguinte sentença: tica (en + trist + ecer);
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente. (B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho. (en + triste + cer);
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe. (C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação paras-
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião. sintética (en + trist + ecer);
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso. (D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi-
xal (des + entristecer);
10. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM (E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti-
DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de ca (des + entristecer).
pontuação em:
(A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi- 14. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
dados e retirou-se da sala: era o final da reunião. 2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra- formada por derivação:
teiramente pela porta? (A) parassintética;
(C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se (B) prefixal;
tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo. (C) sufixal;
(D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem (D) imprópria;
muito branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com (E) regressiva.
os irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
(E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre- 15. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do
penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é:
cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia. (A) pronome;
(B) adjetivo;
11. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira- (C) advérbio;
mente correta a pontuação do seguinte período: (D) substantivo;
(A) Os personagens principais de uma história, responsáveis (E) preposição.
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente 16. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação
sem importância, ditam o rumo de toda a história. morfológica do pronome “alguém” (l. 44).
(B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis (A) Pronome demonstrativo.
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de peque- (B) Pronome relativo.
nas providências que tomadas por figurantes, aparentemente (C) Pronome possessivo.
sem importância, ditam o rumo de toda a história. (D) Pronome pessoal.
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis (E) Pronome indefinido.
pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
providências, que, tomadas por figurantes aparentemente, 17. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
sem importância, ditam o rumo de toda a história. oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de peque- nhados classificam-se, respectivamente, em
nas providências, que tomadas por figurantes aparentemente (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
sem importância, ditam o rumo de toda a história. (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, (C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de pequenas (D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
providências, que tomadas por figurantes, aparentemente, (E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.
sem importância, ditam o rumo de toda a história.

33
LÍNGUA PORTUGUESA
18. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente,
2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está cor- percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribu-
reta. ída a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com partici-
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo. pação menor no conjunto dos bens produzidos pela América
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros. Latina.
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
35% deles fosse despejado em aterros. com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo. da América Latina, o organismo internacional está atribuindo
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior
de lixo. do que o do Brasil.

19. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012) 22. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen-
de concordância no texto abaixo. te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou (A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra- (B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo- (C) Pretendo viajar a Paraíba.
ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de- (D) Ele gosta de bife à cavalo.
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição 23. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan- “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata-
ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se
salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas
Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital, marcada com o acento, EXCETO em:
responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF. (A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema.
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de (B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do
plural em “deflacionados”. eleitorado pelo resultado final.
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de (C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do siste-
plural em “Elevaram-se”. ma.
(C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar (D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolú-
as regras de concordância com “economia”. vel.
(D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão (E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o
de singular em “fez aumentar”. sistema.
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordân-
cia com “relevantes”. 24. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração
e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um
20. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda- (a):
des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a “A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças
nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase americanas, entre na fila.”
acima, na ordem dada, as expressões: (A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e
(A) a que – de que; subordinadas.
(B) de que – com que; (B) Período, composto por três orações.
(C) a cujas – de cujos; (C) Oração, pois possui sentido completo.
(D) à que – em que; (D) Período, pois é composto por frases e orações.
(E) em que – aos quais.
25. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS –
21. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008) 2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não dor-
Assinale o trecho que apresenta erro de regência. miu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segunda
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de oração.
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil (A) Oração coordenada assindética aditiva.
fecha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente (B) Oração coordenada sindética aditiva.
a maior taxa registrada na última década. (C) Oração coordenada sindética adversativa.
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere (D) Oração coordenada sindética explicativa.
que serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo (E) Oração coordenada sindética alternativa.
foi a conhecida Comissão Econômica para a América Latina
(CEPAL). 26. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia
(C) Não há dúvida de que os números são bons, num momen- a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer
to em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas
em que se revela queda no desemprego e até se anuncia a orações.
ampliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta (A) Oração coordenada assindética e oração coordenada
de novas fontes de petróleo. adversativa.
(B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(C) Oração coordenada assindética e oração coordenada 32. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA
aditiva. PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma
(D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu- questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é
tiva. sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque
(E) Oração coordenada assindética e oração coordenada tem como antônimo:
adverbial consecutiva. (A) fortuna;
(B) opulência;
27. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) Ana- (C) riqueza;
lise sintaticamente a oração em destaque: (D) escassez;
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen- (E) abundância.
sados” (Machado de Assis).
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal. 33. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade
(B) oração subordinada adverbial causal. é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida. se fundamenta em intertextualidade é:
(D) oração coordenada sindética conclusiva. (A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morri-
(E) oração coordenada sindética explicativa. do há muito tempo.”
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
28. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI- mete onde não é chamada.”
NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser (C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a
um processo de observação cristalina para assumir um discurso de gente mesmo!”
políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase (D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
nada retratam as necessidades de populações distintas.”. tudo bem.”
A oração grifada no trecho acima classifica-se como: (E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”
(A) subordinada substantiva predicativa;
(B) subordinada adjetiva restritiva; Atenção: Leia o texto abaixo para responder as questões.
(C) subordinada substantiva subjetiva; UM APÓLOGO
(D) subordinada substantiva objetiva direta; Machado de Assis.
(E) subordinada adjetiva explicativa. Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola-
29. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são — Deixe-me, senhora.
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como: — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
mas nunca à custa de nossos filhos...” der na cabeça.
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
sindética adversativa; Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
explicativa; outros.
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver- — Mas você é orgulhosa.
bial concessiva; — Decerto que sou.
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada — Mas por quê?
sindética adversativa; — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial ama, quem é que os cose, senão eu?
concessiva. — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
30. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No pe- — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
ríodo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um daço ao outro, dou feição aos babados…
governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
história.”, a oração sublinhada é classificada como: puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
(A) coordenada assindética; mando…
(B) subordinada substantiva completiva nominal; — Também os batedores vão adiante do imperador.
(C) subordinada substantiva objetiva indireta; — Você é imperador?
(D) subordinada substantiva apositiva. — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
31. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
o seguinte par de palavras: Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
(A) estrondo – ruído; tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
(B) pescador – trabalhador; costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en-
(C) pista – aeroporto; fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
(D) piloto – comissário; orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre
(E) aeronave – jatinho. os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
isto uma cor poética. E dizia a agulha:

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LÍNGUA PORTUGUESA
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo de costura. Faze como eu, que não abro caminho para nin-
e acima… guém. Onde me espetam, fico.” (L.40-41)
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe 35. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade,
ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que
tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli- os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi-
c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até (A) dimensão e pejoratividade;
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. (B) afetividade e intensidade;
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que (C) afetividade e dimensão;
a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para (D) intensidade e dimensão;
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da (E) pejoratividade e afetividade.
bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, 36. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
perguntou-lhe: mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna-
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi-
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para (A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? nossa ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
Vamos, diga lá. (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu-
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca- lha. Agulha não tem cabeça.” (L.06)
beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: (C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13)
que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze (D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi-
como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, nária!” (L.43)
fico. (E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou-
Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis- co?” (L.25)
se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
muita linha ordinária! 37. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo
34. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente
e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona- de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre-
gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique sente no texto:
a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os (A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
elementos dos textos: equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho,
cada sujeito possui atribuições próprias.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole-
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do
sujeito.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho,
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.

Leia o texto abaixo para responder a questão.


A lama que ainda suja o Brasil
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)

A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um


dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en- ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02) um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
(L.06) pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adian- anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
te, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
faço e mando...” (L.14-15) que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
eles, furando abaixo e acima.” (L.25-26) se tornou uma bomba relógio na região.”

36
LÍNGUA PORTUGUESA
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos 20 A
de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16 21 D
barragens de mineração em todo o País apresentam condições de 22 A
insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta 23 D
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do 24 B
senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar- 25 C
co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori- 26 C
dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos
27 E
judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com 28 A
o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer. 29 D
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL 30 B
31 E
38. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um 32 D
fato. 33 E
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
34 E
gênero textual editorial.
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já 35 D
que se trata de uma reportagem. 36 D
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
se trata de um editorial. 37 D
38 D
Analise as assertivas e responda:
(A) Somente a I é correta.
(B) Somente a II é incorreta.
(C) Somente a III é correta ANOTAÇÕES
(D) A III e IV são corretas.
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GABARITO ______________________________________________________

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1 E
______________________________________________________
2 A
3 A ______________________________________________________

4 D ______________________________________________________
5 A ______________________________________________________
6 A
______________________________________________________
7 B
8 C ______________________________________________________
9 B ______________________________________________________
10 E
______________________________________________________
11 A
12 A _____________________________________________________

13 A _____________________________________________________
14 D ______________________________________________________
15 A
______________________________________________________
16 E
17 B ______________________________________________________
18 E ______________________________________________________
19 A
______________________________________________________

37
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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1. Conjunto dos números naturais: operações, divisibilidade, decomposição de um número natural nos seus fatores primos, múltiplos e
divisores, máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum de dois ou mais números naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conjunto dos números inteiros: operações. Conjunto dos números racionais: propriedades, operações, valor absoluto de um número,
potenciação e radiciação. O conjunto dos números reais: números irracionais, a reta real, intervalos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
3. Sistema de medida, sistema métrico decimal, unidade de comprimento, unidades usuais de tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Razões, proporções, grandezas direta e inversamente proporcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5. Regra de três simples e composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
6. Porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
7. Juros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
8. Equações de 1º grau, sistema de equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
9. Cálculo de área e perímetros de figuras planas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
10. Leitura e identificação de dados apresentados em gráficos de colunas e tabela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
11. Análise combinatória e probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
MATEMÁTICA
Z={...-3, -2, -1, 0, 1, 2,...}
CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS: OPERAÇÕES,
DIVISIBILIDADE, DECOMPOSIÇÃO DE UM NÚMERO Subconjuntos do conjunto  :
NATURAL NOS SEUS FATORES PRIMOS, MÚLTIPLOS 1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero
E DIVISORES, MÁXIMO DIVISOR COMUM E MÍNIMO
MÚLTIPLO COMUM DE DOIS OU MAIS NÚMEROS NA- Z*={...-2, -1, 1, 2, ...}
TURAIS
2) Conjuntos dos números inteiros não negativos
Números Naturais
Os números naturais são o modelo matemático necessário Z+={0, 1, 2, ...}
para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade, 3) Conjunto dos números inteiros não positivos
obtemos o conjunto infinito dos números naturais
Z-={...-3, -2, -1}

Números Racionais
- Todo número natural dado tem um sucessor Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
a) O sucessor de 0 é 1. presso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
b) O sucessor de 1000 é 1001. São exemplos de números racionais:
c) O sucessor de 19 é 20.
-12/51
Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. -3

-(-3)
-2,333...
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces-
sor (número que vem antes do número dado). As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero. portanto são consideradas números racionais.
a) O antecessor do número m é m-1. Como representar esses números?
b) O antecessor de 2 é 1.
c) O antecessor de 56 é 55. Representação Decimal das Frações
d) O antecessor de 10 é 9. Temos 2 possíveis casos para transformar frações em decimais

Expressões Numéricas 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número de-
Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, mul- cimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
tiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer em
uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas utili-
zamos alguns procedimentos:

Se em uma expressão numérica aparecer as quatro operações,


devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeiramente, na
ordem em que elas aparecerem e somente depois a adição e a sub-
tração, também na ordem em que aparecerem e os parênteses são
resolvidos primeiro.

Exemplo 1 2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, mas


10 + 12 – 6 + 7 lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número racional
22 – 6 + 7 OBS: período da dízima são os números que se repetem, se não
16 + 7 repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, que tra-
23 taremos mais a frente.
Exemplo 2
40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 + 23
27

Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25
Representação Fracionária dos Números Decimais
Números Inteiros
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o
 Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
denominador seguido de zeros.
naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero.
Este conjunto pode ser representado por:

1
MATEMÁTICA
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa, - O quociente de dois números irracionais, pode ser um núme-
um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante. ro racional.

Exemplo:  :  =  = 2  e 2 é um número racional.

- O produto de dois números irracionais, pode ser um número


racional.

Exemplo:  .  =  = 7 é um número racional.

Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um número natu-


ral, se não inteira, é irracional.

Números Reais

2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como


podemos transformar em fração?

Exemplo 1
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada
de x, ou seja
X=0,333...
Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por
10.

10x=3,333...

E então subtraímos: Fonte: www.estudokids.com.br

10x-x=3,333...-0,333... Representação na reta


9x=3
X=3/9
X=1/3

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212... INTERVALOS LIMITADOS
100x = 112,1212... . Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou iguais a
e menores do que b ou iguais a b.
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99 Intervalo:[a,b]
Conjunto: {x∈R|a≤x≤b}
Números Irracionais Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores que b.

Identificação de números irracionais


- Todas as dízimas periódicas são números racionais. Intervalo:]a,b[
- Todos os números inteiros são racionais. Conjunto:{x∈R|a<x<b}
- Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irracionais. Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a ou
- Todas as raízes inexatas são números irracionais. iguais a a e menores do que b.
- A soma de um número racional com um número irracional é
sempre um número irracional.
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um número
racional. Intervalo:{a,b[
-Os números irracionais não podem ser expressos na forma , Conjunto {x∈R|a≤x<b}
com a e b inteiros e b≠0. Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e
menores ou iguais a b.
Exemplo:  -  = 0 e 0 é um número racional.

2
MATEMÁTICA

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}

INTERVALOS IIMITADOS 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resul-


ta em um número negativo.
Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais me-
nores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}
5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o si-
Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais me- nal para positivo e inverter o número que está na base. 
nores que b.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}

Semirreta direita, fechada de origem a – números reais maiores


ou iguais a a.
6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor
do expoente, o resultado será igual a zero. 
Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maiores


que a.
Propriedades

1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma


Intervalo:]a,+ ∞[ base, repete-se a base e  soma os expoentes.
Conjunto:{x∈R|x>a}
Exemplos:
Potenciação 24 . 23 = 24+3= 27
Multiplicação de fatores iguais (2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27
2³=2.2.2=8

Casos
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1. 2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.
Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

Exemplos:
96 : 92 = 96-2 = 94

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.


3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se
os expoentes.
Exemplos:
(52)3 = 52.3 = 56

3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta


em um número positivo.

3
MATEMÁTICA
4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um Raiz quadrada de frações ordinárias
expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente.
(4.3)²=4².3² 1 1
2 2 2 2 2
2
5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, podemos =  = 1 =
elevar separados. 3 3 3
Observe: 32

De modo geral,

Radiciação a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * ,
Radiciação é a operação inversa a potenciação se

então:

a na
n =
b nb
O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado
é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
radicando.

Técnica de Cálculo Raiz quadrada números decimais


A determinação da raiz quadrada de um número torna-se mais
fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números primos.
Veja: 
Operações

Operações

Multiplicação

Exemplo

64=2.2.2.2.2.2=26 Divisão

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um


e multiplica.

Exemplo

Observe:
1 1 1
3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
2 2 2
Adição e subtração

De modo geral, se
a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * , Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.
então:

n
a.b = n a .n b

O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado é


igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do radi-
cando.

4
MATEMÁTICA
Caso tenha: 03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-
CURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
(A) 0,2222...
(B) 0,6666...
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo. (C) 0,1616...
(D) 0,8888...
Racionalização de Denominadores
Normalmente não se apresentam números irracionais com 04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VUNESP/2017) Se,
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos numa divisão, o divisor e o quociente são iguais, e o resto é 10, sen-
radicais do denominador chama-se racionalização do denominador. do esse resto o maior possível, então o dividendo é
1º Caso:Denominador composto por uma só parcela (A) 131.
(B) 121.
(C) 120.
(D) 110.
(E) 101.

05. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) As expressões nu-


méricas abaixo apresentam resultados que seguem um padrão es-
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas. pecífico:

1ª expressão: 1 x 9 + 2

2ª expressão: 12 x 9 + 3
Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de
quadrados no denominador: 3ª expressão: 123 x 9 + 4

...

7ª expressão: █ x 9 + ▲

Seguindo esse padrão e colocando os números adequados no


EXERCÍCIOS lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª expressão será
(A) 1 111 111.
(B) 11 111.
01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível Superior II (C) 1 111.
- Direito – FGV/2017) Em um concurso, há 150 candidatos em ape- (D) 111 111.
nas duas categorias: nível superior e nível médio. (E) 11 111 111.
Sabe-se que:
• dentre os candidatos, 82 são homens; 06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um trei-
• o número de candidatos homens de nível superior é igual ao namento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio comercial
de mulheres de nível médio; informou que, nos cinquenta anos de existência do prédio, nunca
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mulheres. houve um incêndio, mas existiram muitas situações de risco, feliz-
mente controladas a tempo. Segundo ele, 1/13 dessas situações
O número de candidatos homens de nível médio é deveu-se a ações criminosas, enquanto as demais situações haviam
(A) 42. sido geradas por diferentes tipos de displicência. Dentre as situa-
(B) 45. ções de risco geradas por displicência,
(C) 48. − 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inadequada-
(D) 50. mente;
(E) 52. − 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas;
− 1/3 deveu-se a vazamentos de gás e
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- − as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar.
CURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, Isabella e José foram
a uma prova de hipismo, na qual ganharia o competidor que obti- De acordo com esses dados, ao longo da existência desse pré-
vesse o menor tempo final. A cada 1 falta seriam incrementados 6 dio comercial, a fração do total de situações de risco de incêndio
segundos em seu tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria geradas por descuidos ao cozinhar corresponde à
Eduarda fez 1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni (A) 3/20.
fez 1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a colo- (B) 1/4.
cação, é correto afirmar que o vencedor foi: (C) 13/60.
(A) José (D) 1/5.
(B) Isabella (E) 1/60.
(C) Maria Eduarda
(D) Raoni

5
MATEMÁTICA
07. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técnico I - Técnico Observações:
em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a alternativa que apresen- - Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
ta o valor da expressão - Todo número natural é múltiplo de 1.
- Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múlti-
plos.
- O zero é múltiplo de qualquer número natural.
(A) 1.
(B) 2. Máximo Divisor Comum
(C) 4. O máximo divisor comum de dois ou mais números naturais
(D) 8. não-nulos é o maior dos divisores comuns desses números.
(E) 16. Para calcular o m.d.c de dois ou mais números, devemos seguir
as etapas:
08. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017) • Decompor o número em fatores primos
• Tomar o fatores comuns com o menor expoente
Qual o resultado de ? • Multiplicar os fatores entre si.
(A) 3
(B) 3/2 Exemplo:
(C) 5
(D) 5/2

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor –


FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .

Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:


(A) 1;
(B) 2;
(C) 3;
(D) 4; O fator comum é o 3 e o 1 é o menor expoente.
(E) 6. m.d.c

10. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor –


FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de determinada empresa
tem o mesmo número de mulheres e de homens. Certa manhã, 3/4 Mínimo Múltiplo Comum
das mulheres e 2/3 dos homens dessa equipe saíram para um aten- O mínimo múltiplo comum (m.m.c) de dois ou mais números é
dimento externo. o menor número, diferente de zero.
Desses que foram para o atendimento externo, a fração de mu-
lheres é Para calcular devemos seguir as etapas:
(A) 3/4; • Decompor os números em fatores primos
(B) 8/9; • Multiplicar os fatores entre si
(C) 5/7;
(D) 8/13; Exemplo:
(E) 9/17.

Múltiplos
Um número é múltiplo de outro quando ao dividirmos o pri-
meiro pelo segundo, o resto é zero.
Exemplo

Para o mmc, fica mais fácil decompor os dois juntos.


O conjunto de múltiplos de um número natural não-nulo é in- Basta começar sempre pelo menor primo e verificar a divisão
finito e podemos consegui-lo multiplicando-se o número dado por com algum dos números, não é necessário que os dois sejam divisí-
todos os números naturais. veis ao mesmo tempo.
M(3)={0,3,6,9,12,...} Observe que enquanto o 15 não pode ser dividido, continua
aparecendo.
Divisores
Os números 12 e 15 são múltiplos de 3, portanto 3 é divisor Assim, o mmc
de 12 e 15.
D(12)={1,2,3,4,6,12}
D(15)={1,3,5,15}

6
MATEMÁTICA
Exemplo
O piso de uma sala retangular, medindo 3,52 m × 4,16 m, será EXERCÍCIOS
revestido com ladrilhos quadrados, de mesma dimensão, inteiros,
de forma que não fique espaço vazio entre ladrilhos vizinhos. Os
ladrilhos serão escolhidos de modo que tenham a maior dimensão 01. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VUNESP/2017) No
possível. depósito de uma loja de doces, há uma caixa contendo n bombons.
Na situação apresentada, o lado do ladrilho deverá medir Para serem vendidos, devem ser repartidos em pacotes iguais, todos
(A) mais de 30 cm. com a mesma quantidade de bombons. Com os bombons dessa cai-
(B) menos de 15 cm. xa, podem ser feitos pacotes com 5, ou com 6, ou com 7 unidades
(C) mais de 15 cm e menos de 20 cm. cada um, e, nesses casos, não faltará nem sobrará nenhum bombom.
(D) mais de 20 cm e menos de 25 cm. Nessas condições, o menor valor que pode ser atribuído a n é
(E) mais de 25 cm e menos de 30 cm. (A) 280.
(B) 265.
Resposta: A. (C) 245.
(D) 230.
(E) 210.

02. (EMBASA – Agente Administrativo – IBFC/2017) Conside-


rando A o MDC (maior divisor comum) entre os números 24 e 60 e
B o MMC (menor múltiplo comum) entre os números 12 e 20, então
o valor de 2A + 3B é igual a:
(A) 72
Devemos achar o mdc para achar a maior medida possível (B) 156
E são os fatores que temos iguais:25=32 (C) 144
(D) 204
Exemplo2
(MPE/SP – Oficial de Promotora I – VUNESP/2016) No aero- 03. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO /2017) Em um
porto de uma pequena cidade chegam aviões de três companhias determinado zoológico, a girafa deve comer a cada 4 horas, o leão
aéreas. Os aviões da companhia A chegam a cada 20 minutos, da a cada 5 horas e o macaco a cada 3 horas. Considerando que todos
companhia B a cada 30 minutos e da companhia C a cada 44 mi- foram alimentados às 8 horas da manhã de domingo, é correto afir-
nutos. Em um domingo, às 7 horas, chegaram aviões das três com- mar que o funcionário encarregado deverá servir a alimentação a
panhias ao mesmo tempo, situação que voltará a se repetir, nesse todos concomitantemente às:
mesmo dia, às (A) 8 horas de segunda-feira.
(A) 16h 30min. (B) 14 horas de segunda-feira.
(B) 17h 30min. (C) 10 horas de terça-feira.
(C) 18h 30min. (D) 20 horas de terça-feira.
(D) 17 horas. (E) 9 horas de quarta-feira.
(E) 18 horas.
04. (EMBASA – Assistente de Laboratório – IBFC/2017) Um
Resposta: E. marceneiro possui duas barras de ferro, uma com 1,40 metros de
comprimento e outra com 2,45 metros de comprimento. Ele pre-
tende cortá-las em barras de tamanhos iguais, de modo que cada
pedaço tenha a maior medida possível. Nessas circunstâncias, o
total de pedaços que o marceneiro irá cortar, utilizando as duas
de ferro, é:
(A) 9
(B) 11
(C) 12
(D) 13
Mmc(20,30,44)=2².3.5.11=660
1h---60minutos 05. (TJM/SP - Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2017)
x-----660 Em um pequeno mercado, o dono resolveu fazer uma promoção.
x=660/60=11 Para tanto, cada uma das 3 caixas registradoras foi programada para
acender uma luz, em intervalos de tempo regulares: na caixa 1, a luz
Então será depois de 11horas que se encontrarão acendia a cada 15 minutos; na caixa 2, a cada 30 minutos; e na caixa
7+11=18h 3, a luz acendia a cada 45 minutos. Toda vez que a luz de uma caixa
acendia, o cliente que estava nela era premiado com um desconto
de 3% sobre o valor da compra e, quando as 3 luzes acendiam, ao
mesmo tempo, esse desconto era de 5%. Se, exatamente às 9 horas
de um determinado dia, as luzes das 3 caixas acenderam ao mesmo
tempo, então é verdade que o número máximo de premiações de
5% de desconto que esse mercado poderia ter dado aos seus clien-
tes, das 9 horas às 21 horas e 30 minutos daquele dia, seria igual a
(A) 8.

7
MATEMÁTICA
(B) 10. (D) 4
(C) 21. (E) 5
(D) 27.
(E) 33.

06. (PREF. DE PIRAÚBA/MG – Agente Administrativo – MS-


GABARITO
CONCURSOS/2017) Sabendo que a sigla M.M.C. na matemática
significa Mínimo Múltiplo Comum e que M.D.C. significa Máximo 01. Resposta: E.
Divisor Comum, pergunta-se: qual o valor do M.M.C. de 6 e 8 dividi-
do pelo M.D.C. de 30, 36 e 72?
(A) 8
(B) 6
(C) 4
(D) 2

07. (CELESC – Assistente Administrativo – FEPESE/2016) Em


uma excursão participam 120 homens e 160 mulheres. Em deter- Mmc(5,6,7)=2⋅3⋅5⋅7=210
minado momento é preciso dividir os participantes em grupos for-
mados somente por homens ou somente por mulheres, de maneira 02. Resposta: E.
que os grupos tenham o mesmo número de integrantes.
Neste caso, o número máximo de integrantes em um grupo é:
(A) 10.
(B) 15.
(C) 20.
(D) 30.
(E) 40.
Para o cálculo do mdc, devemos multiplicar os comuns:
08. (PREF. DE GUARULHOS/SP – Assistente de Gestão Escolar MDC(24,60)=2²⋅3=12
– VUNESP/2016) Para iniciar uma visita monitorada a um museu, 96
alunos do 8º ano e 84 alunos do 9º ano de certa escola foram dividi-
dos em grupos, todos com o mesmo número de alunos, sendo esse
número o maior possível, de modo que cada grupo tivesse somente
alunos de um único ano e que não restasse nenhum aluno fora de
um grupo. Nessas condições, é correto afirmar que o número total
de grupos formados foi
(A) 8.
(B) 12. Mmc(12,20)=2²⋅3⋅5=60
(C) 13. 2A+3B=24+180=204
(D) 15.
(E) 18. 03. Resposta: D.
Mmc(3, 4, 5)=60
09. (PREF. DE JAMBEIRO – Agente Administrativo – JOTA CON- 60/24=2 dias e 12horas
SULTORIA/2016) O MMC(120, 125, 130) é: Como foi no domingo às 8h d amanhã, a próxima alimentação
(A) 39000 será na terça às 20h.
(B) 38000
(C) 37000 04. Resposta: B.
(D) 36000
(E) 35000

10. (MPE/SP – Analista Técnico Científico – VUNESP/2016) Pre-


tende-se dividir um grupo de 216 pessoas, sendo 126 com forma-
ção na área de exatas e 90 com formação na área de humanas, em
grupos menores contendo, obrigatoriamente, elementos de cada
uma dessas áreas, de modo que: (1) o número de grupos seja o
maior possível; (2) cada grupo tenha o mesmo número x de pessoas Mdc=5⋅7=35
com formação na área de exatas e o mesmo número y de pessoas 140/35=4
com formação na área de humanas; e (3) cada uma das 216 pessoas 245/35=7
participe de um único grupo. Nessas condições, e sabendo-se que Portanto, serão 11 pedaços.
no grupo não há pessoa com ambas as formações, é correto afirmar
que, em cada novo grupo, a diferença entre os números de pessoas
com formação em exatas e em humanas, nessa ordem, será igual a
(A) 1
(B) 2
(C) 3

8
MATEMÁTICA
05. Resposta: D. E 7+8=15

09. Resposta: A.

Mmc(15, 30, 45)=90 minutos


Ou seja, a cada 1h30 minutos tem premiações.
Das 9 ate as 21h30min=12h30 minutos

9 vezes no total, pois as 9 horas acendeu. Mmc(120, 125, 130)=2³.3.5³.13=39000


Como são 3 premiações: 9x3=27
10. Resposta: B.
06. Resposta: C. O cálculo utilizado aqui será o MDC (Máximo Divisor Comum)

Mdc(90, 125)=2.3²=18
Mmc(6,8)=24 Então teremos
126/18 = 7 grupos de exatas
90/18 = 5 grupos de humanas
A diferença é de 7-5=2

- eles são múltiplos de 2, pois terminam com números pares.


E são múltiplos de 3, lembrando que para ser múltiplo de 3,
basta somar os números e ser múltiplo de 3.
Mdc(30, 36, 72) =2x3=6 36=3+6=9
Portanto: 24/6=4 90=9+0=9
162=1+6+2=9
07. Resposta: E.

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS: OPERAÇÕES.


CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS: PROPRIEDA-
DES, OPERAÇÕES, VALOR ABSOLUTO DE UM NÚMERO,
POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO. O CONJUNTO DOS NÚ-
MEROS REAIS: NÚMEROS IRRACIONAIS, A RETA REAL,
INTERVALOS

MDC(120,160)=8x5=40 Conjunto está presente em muitos aspectos da vida, sejam eles


cotidianos, culturais ou científicos. Por exemplo, formamos conjun-
08. Resposta: D. tos ao organizar a lista de amigos para uma festa agrupar os dias da
semana ou simplesmente fazer grupos.
Os componentes de um conjunto são chamados de elementos.
Para enumerar um conjunto usamos geralmente uma letra
maiúscula.

Representações
Pode ser definido por:
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 3, 5, 7, 9}
-Simbolicamente: B={x>N|x<8}, enumerando esses elementos
temos:
MDC(84,96)=2²x3=12 B={0,1,2,3,4,5,6,7}
84/12=7
96/12=8

9
MATEMÁTICA
-Diagrama de Venn

Há também um conjunto que não contém elemento e é representado da seguinte forma: S=c ou S={ }.
Quando todos os elementos de um conjunto A pertencem também a outro conjunto B, dizemos que:
A é subconjunto de B
Ou A é parte de B
A está contido em B escrevemos:A⊂B

Se existir pelo menos um elemento de A que não pertence a B: A⊄B

Símbolos

Igualdade

Propriedades básicas da igualdade


Para todos os conjuntos A, B e C,para todos os objetos x ∈ U, temos que:
(1) A = A.
(2) Se A = B, então B = A.
(3) Se A = B e B = C, então A = C.
(4) Se A = B e x ∈ A, então x∈ B.
Se A = B e A ∈ C, então B ∈ C.
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exatamente os mesmos elementos. Em símbolo:
Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Classificação

Definição
Chama-se cardinal de um conjunto, e representa-se por #, ao número de elementos que ele possui.

10
MATEMÁTICA
Exemplo Exemplo:
Por exemplo, se A ={45,65,85,95} então #A = 4. A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
A∩B={d,e}
Definições
Dois conjuntos dizem-se equipotentes se têm o mesmo cardi- Diferença
nal. Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada
Um conjunto diz-se par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por:
a) infinito quando não é possível enumerar todos os seus ele- A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple-
mentos mentar de B em relação a A.
b) finito quando é possível enumerar todos os seus elementos A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten-
c) singular quando é formado por um único elemento cem a B.
d) vazio quando não tem elementos A\B = {x : x∈A e x∉B}.

Exemplos
N é um conjunto infinito (O cardinal do conjunto N (#N) é infi-
nito (∞));
A = {½, 1} é um conjunto finito (#A = 2);
B = {Lua} é um conjunto singular (#B = 1)
{ } ou ∅ é o conjunto vazio (#∅ = 0)

Pertinência
O conceito básico da teoria dos conjuntos é a relação de per-
tinência representada pelo símbolo ∈. As letras minúsculas desig-
nam os elementos de um conjunto e as maiúsculas, os conjuntos.
Assim, o conjunto das vogais (V) é: Exemplo:
V={a,e,i,o,u} A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
A relação de pertinência é expressa por: a∈V Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A
A relação de não-pertinência é expressa por:b∉V, pois o ele- menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
mento b não pertence ao conjunto V. Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Inclusão Complementar
A Relação de inclusão possui 3 propriedades: Sejam A e B dois conjuntos tais que A⊂B. Chama-se comple-
Propriedade reflexiva: A⊂A, isto é, um conjunto sempre é sub- mentar de A em relação a B, que indicamos por CBA, o conjunto
conjunto dele mesmo. cujos elementos são todos aqueles que pertencem a B e não per-
Propriedade antissimétrica: se A⊂B e B⊂A, então A=B tencem a A.
Propriedade transitiva: se A⊂B e B⊂C, então, A⊂C. A⊂B⇔ CBA={x|x∈B e x∉A}=B-A

Operações Exemplo
A={1,2,3} B={1,2,3,4,5}
União CBA={4,5}
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a Representação
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B. -Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 2, 3, 4, 5}
Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x∈B} -Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses ele-
Exemplo: mentos temos:
A={1,2,3,4} e B={5,6} B={3,4,5,6,7}
A∪B={1,2,3,4,5,6}
- por meio de diagrama:
Interseção
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
por : A∩B. Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-se de con-


junto vazio: S=∅ ou S={ }.

11
MATEMÁTICA
Igualdade
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
mente os mesmos elementos. Em símbolo:

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber


apenas quais são os elementos.

Não importa ordem:


A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição: Exemplo:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3} A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
A∩B={d,e}
Relação de Pertinência
Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação que o Diferença
elemento pertence (∈) ou não pertence (∉) Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5} par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por:
0∈A A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple-
2∉A mentar de B em relação a A.
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten-
Relações de Inclusão cem a B.
Relacionam um conjunto com outro conjunto.
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), ⊃(contém), A\B = {x : x ∈A e x∉B}.
(não contém)

A Relação de inclusão possui 3 propriedades:


Exemplo:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina, boca aber-
ta para o maior conjunto.
B-A = {x : x ∈B e x∉A}.
Subconjunto
O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de A é tam-
bém elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

Operações

União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado Exemplo:
pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B. Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈A ou x B} menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
Exemplo: Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6} Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto formado pelos
elementos do conjunto universo que não pertencem a A.

Interseção
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada Fórmulas da união
por : A∩B. n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
Simbolicamente: A∩B={x|x ∈A e x ∈B} n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-n(B
C)

12
MATEMÁTICA
Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés de fazer
todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula, o resultado é mais
rápido, o que na prova de concurso é interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você entender
melhor e perceber que, dependendo do exercício é melhor fazer de
uma forma ou outra.

(MANAUSPREV – Analista Previdenciário – FCC/2015) Em um


grupo de 32 homens, 18 são altos, 22 são barbados e 16 são care-
cas. Homens altos e barbados que não são carecas são seis. Todos
homens altos que são carecas, são também barbados. Sabe-se que
existem 5 homens que são altos e não são barbados nem carecas.
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são altos
nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas e não
são altos e nem barbados. Dentre todos esses homens, o número
de barbados que não são altos, mas são carecas é igual a Sabemos que 18 são altos
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre começamos pela


interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e por fim, cada um

Quando somarmos 5+x+6=18


X=18-11=7
Carecas são 16

Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas ho-


mens carecas e altos.

Homens altos e barbados são 6


7+y+5=16
Y=16-12
Y=4

Então o número de barbados que não são altos, mas são care-
cas são 4.
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula, ficou
grande devido as explicações, mas se você fizer tudo no mesmo dia-
grama, mas seguindo os passos, o resultado sairá fácil.

(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015) Suponha


que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo de perito criminal:
1) 80 sejam formados em Física;
2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são 5) 23 sejam formados em Química e Física;
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas 6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
e não são altos e nem barbados 7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Biologia.

13
MATEMÁTICA
Considerando essa situação, assinale a alternativa correta. 04. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário – INSTITUTO
(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são físicos nem AOCP/2017) Para realização de uma pesquisa sobre a preferência
biólogos nem químicos. de algumas pessoas entre dois canais de TV, canal A e Canal B, os
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são formados ape- entrevistadores colheram as seguintes informações: 17 pessoas
nas em Física. preferem o canal A, 13 pessoas assistem o canal B e 10 pessoas
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são formados gostam dos canais A e B. Assinale a alternativa que apresenta o total
apenas em Física e em Biologia. de pessoas entrevistadas.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são formados ape- (A) 20
nas em Química. (B) 23
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecionados, a (C) 27
probabilidade de ele ter apenas as duas formações, Física e Quími- (D) 30
ca, é inferior a 0,05. (E) 40

Resolução 05. (SAP/SP – Agente de Segurança Penitenciária – MSCON-


A nossa primeira conta, deve ser achar o número de candidatos CURSOS/2017) Numa sala de 45 alunos, foi feita uma votação para
que não são físicos, biólogos e nem químicos. escolher a cor da camiseta de formatura. Dentre eles, 30 votaram
n(F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩Q)- na cor preta, 21 votaram na cor cinza e 8 não votaram em nenhuma
-n(B∩Q) delas, uma vez que não farão as camisetas. Quantos alunos votaram
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162 nas duas cores?
Temos um total de 250 candidatos (A) 6
250-162=88 (B) 10
Resposta: A. (C) 14
(D) 18

06. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor –


EXERCÍCIOS FGV/2017) Na assembleia de um condomínio, duas questões inde-
pendentes foram colocadas em votação para aprovação. Dos 200
01. (CRF/MT - Agente Administrativo – QUADRIX/2017) Num condôminos presentes, 125 votaram a favor da primeira questão,
grupo de 150 jovens, 32 gostam de música, esporte e leitura; 48 110 votaram a favor da segunda questão e 45 votaram contra as
gostam de música e esporte; 60 gostam de música e leitura; 44 gos- duas questões.
tam de esporte e leitura; 12 gostam somente de música; 18 gostam Não houve votos em branco ou anulados.
somente de esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao escolher O número de condôminos que votaram a favor das duas ques-
ao acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele não gostar tões foi:
de nenhuma dessas atividades? (A) 80;
(A) 1/75 (B) 75;
(B) 39/75 (C) 70;
(C) 11/75 (D) 65;
(D) 40/75 (E) 60.
(E) 76/75
07. (IFBAIANO – Assistente em Administração – FCM/2017)
02. (CRMV/SC – Recepcionista – IESES/2017) Sabe-se que 17% Em meio a uma crescente evolução da taxa de obesidade infantil,
dos moradores de um condomínio tem gatos, 22% tem cachorros e um estudioso fez uma pesquisa com um grupo de 1000 crianças
8% tem ambos (gatos e cachorros). Qual é o percentual de condô- para entender o comportamento das mesmas em relação à prática
minos que não tem nem gatos e nem cachorros? de atividades físicas e aos hábitos alimentares.
(A) 53 Ao final desse estudo, concluiu-se que apenas 200 crianças pra-
(B) 69 ticavam alguma atividade física de forma regular, como natação, fu-
(C) 72 tebol, entre outras, e apenas 400 crianças tinham uma alimentação
(D) 47 adequada. Além disso, apenas 100 delas praticavam atividade física
e tinham uma alimentação adequada ao mesmo tempo.
03. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017) Em uma Considerando essas informações, a probabilidade de encontrar
pesquisa sobre a preferência entre dois candidatos, 48 pessoas vo- nesse grupo uma criança que não tenha alimentação adequada
tariam no candidato A, 63 votariam no candidato B, 24 pessoas vo- nem pratique atividade física de forma regular é de:
tariam nos dois; e, 30 pessoas não votariam nesses dois candidatos. (A) 30%.
Se todas as pessoas responderam uma única vez, então o total de (B) 40%.
pessoas entrevistadas foi: (C) 50%.
(A) 141. (D) 60%.
(B) 117. (E) 70%.
(C) 87.
(D) 105. 08. (TRF 2ª REGIÃO – Analista Judiciário – CONSULPLAN/2017)
(E) 112. Uma papelaria fez uma pesquisa de mercado entre 500 de seus
clientes. Nessa pesquisa encontrou os seguintes resultados:
• 160 clientes compraram materiais para seus filhos que cur-
sam o Ensino Médio;

14
MATEMÁTICA
• 180 clientes compraram materiais para seus filhos que cur- 32+10+12+18+16+28+12+x=150
sam o Ensino Fundamental II; X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades
• 190 clientes compraram materiais para seus filhos que cur- P=22/150=11/75
sam o Ensino Fundamental I;
• 20 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam 02. Resposta: B.
o Ensino Médio e Fundamental I;
• 40 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
o Ensino Médio e Fundamental II;
• 30 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
o Ensino Fundamental I e II; e,
• 10 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
o Ensino Médio, Fundamental I e II.

Quantos clientes da papelaria compraram materiais, mas os filhos


NÃO cursam nem o Ensino Médio e nem o Ensino Fundamental I e II?
(A) 50. 9+8+14+x=100
(B) 55. X=100-31
(C) 60. X=69%
(D) 65. 03. Resposta: B.

09. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suplementar –


FUNCAB/2016) Foram visitadas algumas residências de uma rua e
em todas foram encontrados pelo menos um criadouro com larvas
do mosquito Aedes aegypti. Os criadouros encontrados foram lista-
dos na tabela a seguir:
P. pratinhos com água embaixo de vasos de planta.
R. ralos entupidos com água acumulada.
K. caixas de água destampadas
24+24+39+30=117
Número de criadouros
04. Resposta: A.
P 103 N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
R 124 N(A∪B)=17+13-10=20
K 98
05. Resposta: C.
PeR 47
Como 8 não votaram, tiramos do total: 45-8=37
PeK 43 N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
ReK 60 37=30+21- n(A∩B)
P, R e K 25 n(A∩B)=14

De acordo com a tabela, o número de residências visitadas foi: 06. Resposta: A.


(A) 200. N(A ∪B)==200-45=155
(B) 150. N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
(C) 325. 155=125+110- n(A∩B)
(D) 500. n(A∩B)=80
(E) 455.
07. Resposta: C.
Sendo x o número de crianças que não praticam atividade física
e tem uma alimentação adequada
GABARITO N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
1000-x=200+400-100
01. Resposta: C. X=500
P=500/1000=0,5=50%

08. Resposta:A.
Sendo A=ensino médio
B fundamental I
C=fundamental II
X=quem comprou material e os filhos não cursam ensino mé-
dio e nem ensino fundamental
n(A∪B∪C) =n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-
-n(B∩C)
500-x=160+190+180+10-20-40-30
X=50

15
MATEMÁTICA
09. Resposta: A.

38+20+42+18+25+22+35=200 residências
Ou fazer direto pela tabela:
P+R+K+(P∩R∩K)-( P∩R)- (R∩K)-(P∩K)
103+124+98+25-60-43-47=200

SISTEMA DE MEDIDA, SISTEMA MÉTRICO DECIMAL, UNIDADE DE COMPRIMENTO, UNIDADES USUAIS DE TEMPO

Unidades de Comprimento
km hm dam m dm cm mm
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Os múltiplos do metro são utilizados para medir grandes distâncias, enquanto os submúltiplos, para pequenas distâncias. Para medi-
das milimétricas, em que se exige precisão, utilizamos:

mícron (µ) = 10-6 m angströn (Å) = 10-10 m

Para distâncias astronômicas utilizamos o Ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano):
Ano-luz = 9,5 · 1012 km

Exemplos de Transformação
1m=10dm=100cm=1000mm=0,1dam=0,01hm=0,001km
1km=10hm=100dam=1000m

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 10 e para a esquerda divide por 10.

Superfície
A medida de superfície é sua área e a unidade fundamental é o metro quadrado(m²).

Para transformar de uma unidade para outra inferior, devemos observar que cada unidade é cem vezes maior que a unidade imedia-
tamente inferior. Assim, multiplicamos por cem para cada deslocamento de uma unidade até a desejada.

Unidades de Área
km 2
hm 2
dam 2
m2 dm2 cm2 mm2
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2

Exemplos de Transformação
1m²=100dm²=10000cm²=1000000mm²
1km²=100hm²=10000dam²=1000000m²

16
MATEMÁTICA
Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 100 e para a esquerda divide por 100.

Volume
Os sólidos geométricos são objetos tridimensionais que ocupam lugar no espaço. Por isso, eles possuem volume. Podemos encontrar
sólidos de inúmeras formas, retangulares, circulares, quadrangulares, entre outras, mas todos irão possuir volume e capacidade.

Unidades de Volume
km 3
hm 3
dam 3
m3 dm3 cm3 mm3
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3

Capacidade
Para medirmos a quantidade de leite, sucos, água, óleo, gasolina, álcool entre outros utilizamos o litro e seus múltiplos e submúltiplos,
unidade de medidas de produtos líquidos.
Se um recipiente tem 1L de capacidade, então seu volume interno é de 1dm³
1L=1dm³

Unidades de Capacidade
kl hl dal l dl cl ml
Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l

Massa

Toda vez que andar 1 casa para direita, multiplica por 10 e quando anda para esquerda divide por 10.
E uma outra unidade de massa muito importante é a tonelada
1 tonelada=1000kg

Tempo
A unidade fundamental do tempo é o segundo(s).
É usual a medição do tempo em várias unidades, por exemplo: dias, horas, minutos

Transformação de unidades
Deve-se saber:
1 dia=24horas
1hora=60minutos
1 minuto=60segundos
1hora=3600s

Adição de tempo
Exemplo: Estela chegou ao 15h 35minutos. Lá, bateu seu recorde de nado livre e fez 1 minuto e 25 segundos. Demorou 30 minutos
para chegar em casa. Que horas ela chegou?

17
MATEMÁTICA

EXERCÍCIOS

01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU-


NESP/2017) Uma gráfica precisa imprimir um lote de 100000 folhe-
tos e, para isso, utiliza a máquina A, que imprime 5000 folhetos em
40 minutos. Após 3 horas e 20 minutos de funcionamento, a máqui-
Não podemos ter 66 minutos, então temos que transferir para na A quebra e o serviço restante passa a ser feito pela máquina B,
as horas, sempre que passamos de um para o outro tem que ser na que imprime 4500 folhetos em 48 minutos. O tempo que a máquina
mesma unidade, temos que passar 1 hora=60 minutos B levará para imprimir o restante do lote de folhetos é
Então fica: 16h6 minutos 25segundos (A) 14 horas e 10 minutos.
Vamos utilizar o mesmo exemplo para fazer a operação inversa. (B) 14 horas e 05 minutos.
(C) 13 horas e 45 minutos.
Subtração (D) 13 horas e 30 minutos.
Vamos dizer que sabemos que ela chegou em casa as 16h6 mi- (E) 13 horas e 20 minutos.
nutos 25 segundos e saiu de casa às 15h 35 minutos. Quanto tempo
ficou fora? 02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) Re-
nata foi realizar exames médicos em uma clínica. Ela saiu de sua
casa às 14h 45 min e voltou às 17h 15 min. Se ela ficou durante uma
hora e meia na clínica, então o tempo gasto no trânsito, no trajeto
de ida e volta, foi igual a

(A) 1/2h.
(B) 3/4h.
Não podemos tirar 6 de 35, então emprestamos, da mesma for- (C) 1h.
ma que conta de subtração. (D) 1h 15min.
1hora=60 minutos (E) 1 1/2h.

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) Uma


indústria produz regularmente 4500 litros de suco por dia. Sabe-se
que a terça parte da produção diária é distribuída em caixinhas P,
que recebem 300 mililitros de suco cada uma. Nessas condições, é
correto afirmar que a cada cinco dias a indústria utiliza uma quanti-
Multiplicação dade de caixinhas P igual a
Pedro pensou em estudar durante 2h 40 minutos, mas demo- (A) 25000.
rou o dobro disso. Quanto tempo durou o estudo? (B) 24500.
(C) 23000.
(D) 22000.
(E) 20500.

04. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)


Uma empresa farmacêutica distribuiu 14400 litros de uma substân-
cia líquida em recipientes de 72 cm3 cada um. Sabe-se que cada
recipiente, depois de cheio, tem 80 gramas. A quantidade de to-
Divisão neladas que representa todos os recipientes cheios com essa subs-
5h 20 minutos :2 tância é de
(A) 16
(B) 160
(C) 1600
(D) 16000

05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) João


estuda à noite e sua aula começa às 18h40min. Cada aula tem dura-
ção de 45 minutos, e o intervalo dura 15 minutos. Sabendo-se que
1h 20 minutos, transformamos para minutos :60+20=80minu- nessa escola há 5 aulas e 1 intervalo diariamente, pode-se afirmar
tos que o término das aulas de João se dá às:
(A) 22h30min
(B) 22h40min
(C) 22h50min
(D) 23h
(E) Nenhuma das anteriores

18
MATEMÁTICA
06. (IBGE – Agente Censitário Administrativo- FGV/2017) x----------200
Quando era jovem, Arquimedes corria 15km em 1h45min. Agora x=1000000/40=25000
que é idoso, ele caminha 8km em 1h20min.
Já foram impressos 25000, portanto faltam ainda 75000
Para percorrer 1km agora que é idoso, comparado com a época 4500-------48
em que era jovem, Arquimedes precisa de mais: 75000------x
(A) 10 minutos; X=3600000/4500=800 minutos
(B) 7 minutos; 800/60=13,33h
(C) 5 minutos; 13 horas e 1/3 hora
(D) 3 minutos; 13h e 20 minutos
(E) 2 minutos.

07. (IBGE – Agente Censitário Administrativo- FGV/2017) Lu-


cas foi de carro para o trabalho em um horário de trânsito intenso e
gastou 1h20min. Em um dia sem trânsito intenso, Lucas foi de carro
para o trabalho a uma velocidade média 20km/h maior do que no
dia de trânsito intenso e gastou 48min.
A distância, em km, da casa de Lucas até o trabalho é: 02. Resposta: C.
(A) 36; Como ela ficou 1hora e meia na clínica o trajeto de ida e volta
(B) 40; demorou 1 hora.
(C) 48;
(D) 50; 03. Resposta:A.
(E) 60. 4500/3=1500 litros para as caixinhas
1500litros=1500000ml
08. (EMDEC - Assistente Administrativo Jr – IBFC/2016) Carlos 1500000/300=5000 caixinhas por dia
almoçou em certo dia no horário das 12:45 às 13:12. O total de 5000.5=25000 caixinhas em 5 dias
segundos que representa o tempo que Carlos almoçou nesse dia é:
(A) 1840 04. Resposta:A.
(B) 1620 14400litros=14400000 ml
(C) 1780
(D) 2120

09. (ANP – Técnico Administrativo – CESGRANRIO/2016) Um


caminhão-tanque chega a um posto de abastecimento com 36.000 200000⋅80=16000000 gramas=16 toneladas
litros de gasolina em seu reservatório. Parte dessa gasolina é trans-
ferida para dois tanques de armazenamento, enchendo-os comple- 05. Resposta: B.
tamente. Um desses tanques tem 12,5 m3, e o outro, 15,3 m3, e 5⋅45=225 minutos de aula
estavam, inicialmente, vazios. 225/60=3 horas 45 minutos nas aulas mais 15 minutos de in-
Após a transferência, quantos litros de gasolina restaram no tervalo=4horas
caminhão-tanque? 18:40+4h=22h:40
(A) 35.722,00
(B) 8.200,00 06. Resposta: D.
(C) 3.577,20 1h45min=60+45=105 minutos
(D) 357,72 15km-------105
(E) 332,20 1--------------x
X=7 minutos
10. (DPE/RR – Auxiliar Administrativo – FCC/2015) Raimundo
tinha duas cordas, uma de 1,7 m e outra de 1,45 m. Ele precisava 1h20min=60+20=80min
de pedaços, dessas cordas, que medissem 40 cm de comprimento 8km----80
cada um. Ele cortou as duas cordas em pedaços de 40 cm de com- 1-------x
primento e assim conseguiu obter X=10minutos
(A) 6 pedaços.
(B) 8 pedaços. A diferença é de 3 minutos
(C) 9 pedaços. 07. Resposta: B.
(D) 5 pedaços. V------80min
(E) 7 pedaços. V+20----48
Quanto maior a velocidade, menor o tempo(inversamente)

GABARITO

01. Resposta: E. 80v=48V+960


3h 20 minutos-200 minutos 32V=960
5000-----40 V=30km/h

19
MATEMÁTICA
30km----60 min Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 esteja
x-----------80 em proporção com 4/6.

Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:

60x=2400
X=40km
.
08 Resposta: B.
12:45 até 13:12 são 27 minutos Segunda propriedade das proporções
27x60=1620 segundos Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos dois
primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo termo,
09. Resposta: B. assim como a soma ou a diferença dos dois últimos termos está
1m³=1000litros para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos:
36000/1000=36 m³
36-12,5-15,3=8,2 m³x1000=8200 litros

10.Resposta: E. ou
1,7m=170cm
1,45m=145 cm
170/40=4 resta 10
145/40=3 resta 25
4+3=7 Ou

RAZÕES, PROPORÇÕES, GRANDEZAS DIRETA E INVER-


SAMENTE PROPORCIONAIS ou

Razão
Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com b 0,
ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por a/bou a : b.
Terceira propriedade das proporções
Exemplo: Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos an-
Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças. tecedentes está para a soma ou a diferença dos consequentes, as-
Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de moças. sim como cada antecedente está para o seu respectivo consequen-
(lembrando que razão é divisão) te. Temos então:

Proporção ou
Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção entre
A/B e C/D é a igualdade:

Ou

Propriedade fundamental das proporções


Numa proporção:

ou

Os números A e D são denominados extremos enquanto os nú-


meros B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos meios Grandezas Diretamente Proporcionais
é igual ao produto dos extremos, isto é: Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente pro-
AxD=BxC porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual a
razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma maneira
Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois: mais informal, se eu pergunto:
Quanto mais.....mais....

20
MATEMÁTICA
Exemplo
Distância percorrida e combustível gasto

Distância(km) Combustível(litros)
13 1
26 2 Carlos ganhará R$210000,00 e Carlos R$315000,00.
39 3
Inversamente Proporcionais
52 4 Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inver-
samente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este número
Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível? M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a 1/p1, 1/p2,
Diretamente proporcionais ..., 1/pn.
Se eu dobro a distância, dobra o combustível A montagem do sistema com n equações e n incógnitas, assu-
me que X1+X2+...+ Xn=M e além disso
Grandezas Inversamente Proporcionais
Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro-
porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual
ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.
Quanto mais....menos...
cuja solução segue das propriedades das proporções:
Exemplo
velocidadextempo a tabela abaixo:

Velocidade (m/s) Tempo (s)


5 200
8 125
QUESTÕES
10 100
16 62,5 01. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITUTO
20 50 AOCP/2017) João e Marcos resolveram iniciar uma sociedade para
fabricação e venda de cachorro quente. João iniciou com um capital
Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo?? de R$ 30,00 e Marcos colaborou com R$ 70,00. No primeiro final de
Inversamente proporcional semana de trabalho, a arrecadação foi de R$ 240,00 bruto e ambos
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade. reinvestiram R$ 100,00 do bruto na sociedade, restando a eles R$
140,00 de lucro. De acordo com o que cada um investiu inicialmen-
Diretamente Proporcionais te, qual é o valor que João e Marcos devem receber desse lucro,
Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn direta- respectivamente?
mente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema (A) 30 e 110 reais.
com n equações e n incógnitas, sendo as somas X1+X2+...+Xn=M e (B) 40 e 100 reais.
p1+p2+...+pn=P. (C)42 e 98 reais.
(D) 50 e 90 reais.
(E) 70 e 70 reais.

02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Em uma empresa, tra-


balham oito funcionários, na mesma função, mas com cargas horá-
A solução segue das propriedades das proporções: rias diferentes: um deles trabalha 32 horas semanais, um trabalha
24 horas semanais, um trabalha 20 horas semanais, três trabalham
16 horas semanais e, por fim, dois deles trabalham 12 horas sema-
nais. No final do ano, a empresa distribuirá um bônus total de R$
74.000,00 entre esses oito funcionários, de forma que a parte de
Exemplo cada um seja diretamente proporcional à sua carga horária semanal.
Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Carlos Dessa forma, nessa equipe de funcionários, a diferença entre o
entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o prêmio maior e o menor bônus individual será, em R$, de
de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o combinado (A) 10.000,00.
entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma diretamente pro- (B) 8.000,00.
porcional? (C) 20.000,00.
(D) 12.000,00.
(E) 6.000,00.

21
MATEMÁTICA
03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) Para Sabe-se que os valores pagos foram diretamente proporcionais
uma pesquisa, foram realizadas entrevistas nos estados da Região a cada valor devido, na razão de 3 para 4. Nessas condições, é cor-
Sudeste do Brasil. A amostra foi composta da seguinte maneira: reto afirmar que o valor total devido a esses três fornecedores era,
– 2500 entrevistas realizadas no estado de São Paulo; antes dos pagamentos efetuados, igual a
– 1500 entrevistas realizadas nos outros três estados da Região (A) R$ 90.000,00.
Sudeste. (B) R$ 96.500,00.
(C) R$ 108.000,00.
Desse modo, é correto afirmar que a razão entre o número de (D) R$ 112.500,00.
entrevistas realizadas em São Paulo e o número total de entrevistas (E) R$ 120.000,00.
realizadas nos quatro estados é de
(A) 8 para 5. 08. (DPE/RS - Analista - FCC/2017) A razão entre as alturas de
(B) 5 para 8. dois irmãos era 3/4 e, nessa ocasião, a altura do irmão mais alto era
(C) 5 para 7. 1,40 m. Hoje, esse irmão mais alto cresceu 10 cm. Para que a razão
(D) 3 para 5. entre a altura do irmão mais baixo e a altura do mais alto seja hoje,
(E) 3 para 8. igual a 4/5 , é necessário que o irmão mais baixo tenha crescido,
nesse tempo, o equivalente a
04. (UNIRV/60 – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017) Em (A) 13,5 cm.
relação à prova de matemática de um concurso, Paula acertou 32 (B) 10,0 cm.
das 48 questões da prova. A razão entre o número de questões que (C) 12,5 cm.
ela errou para o total de questões da prova é de (D) 14,8 cm.
(A) 2/3 (E) 15,0 cm.
(B) 1/2
(C) 1/3 09. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017) O trans-
(D) 3/2 porte de 1980 caixas iguais foi totalmente repartido entre dois
veículos, A e B, na razão direta das suas respectivas capacidades
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) José, de carga, em toneladas. Sabe-se que A tem capacidade para trans-
pai de Alfredo, Bernardo e Caetano, de 2, 5 e 8 anos, respectiva- portar 2,2 t, enquanto B tem capacidade para transportar somente
mente, pretende dividir entre os filhos a quantia de R$ 240,00, em 1,8 t. Nessas condições, é correto afirmar que a diferença entre o
partes diretamente proporcionais às suas idades. Considerando o número de caixas carregadas em A e o número de caixas carregadas
intento do genitor, é possível afirmar que cada filho vai receber, em em B foi igual a
ordem crescente de idades, os seguintes valores: (A) 304.
(A) R$ 30,00, R$ 60,00 e R$150,00. (B) 286.
(B) R$ 42,00, R$ 58,00 e R$ 140,00. (C) 224.
(C) R$ 27,00, R$ 31,00 e R$ 190,00. (D) 216.
(D)R$ 28,00, R$ 84,00 e R$ 128,00. (E) 198.
(E) R$ 32,00, R$ 80,00 e R$ 128,00.
10. (EMDEC – Assistente Administrativo – IBFC/2016) Paulo
06. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2017) Sa- vai dividir R$ 4.500,00 em partes diretamente proporcionais às ida-
be-se que 16 caixas K, todas iguais, ou 40 caixas Q, todas também des de seus três filhos com idades de 4, 6 e 8 anos respectivamente.
iguais, preenchem totalmente certo compartimento, inicialmente Desse modo, o total distribuído aos dois filhos com maior idade é
vazio. Também é possível preencher totalmente esse mesmo com- igual a:
partimento completamente vazio utilizando 4 caixas K mais certa (A) R$2.500,00
quantidade de caixas Q. Nessas condições, é correto afirmar que o (B) R$3.500,00
número de caixas Q utilizadas será igual a (C) R$ 1.000,00
(A) 10. (D) R$3.200,00
(B) 28.
(C) 18.
(D) 22.
(E) 30. RESPOSTAS

07. (IPRESB/SP – Agente Previdenciário – VUNESP/2017) A ta- 01. Resposta: C.


bela, onde alguns valores estão substituídos por letras, mostra os 30k+70k=140
valores, em milhares de reais, que eram devidos por uma empresa 100k=140
a cada um dos três fornecedores relacionados, e os respectivos va- K=1,4
lores que foram pagos a cada um deles. 30⋅1,4=42
70⋅1,4=98
Fornecedor A B C
02. Resposta: A.
Valor pago 22,5 X 37,5 Vamos dividir o prêmio pelas horas somadas
Valor devido Y 40 z 32+24+20+3⋅16+2⋅12=148
74000/148=500
O maior prêmio foi para quem fez 32 horas semanais
32⋅500=16000
12⋅500=6000

22
MATEMÁTICA
A diferença é: 16000-6000=10000 2,2x495=1089
1980-1089=891
03. Resposta:B. 1089-891=198
2500+1500=4000 entrevistas
10. Resposta: B.

04. Resposta: C.
Se Paula acertou 32, errou 16. A+B+C=4500
4p+6p+8p=4500
18p=4500
P=250
B=6p=6x250=1500
05. Resposta: E. C=8p=8x250=2000
2k+5k+8k=240 1500+2000=3500
15k=240
K=16
Alfredo: 2⋅16=32
Bernardo: 5⋅16=80 REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA
Caetano: 8⋅16=128
Regra de três simples
06. Resposta: E. Regra de três simples é um processo prático para resolver pro-
Se, com 16 caixas K, fica cheio e já foram colocadas 4 caixa, blemas que envolvam quatro valores dos quais conhecemos três
faltam 12 caixas K, mas queremos colocar as caixas Q, então vamos deles. Devemos, portanto, determinar um valor a partir dos três já
ver o equivalente de 12 caixas K conhecidos.

Passos utilizados numa regra de três simples:


1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da mesma
Q=30 caixas espécie em colunas e mantendo na mesma linha as grandezas de
espécies diferentes em correspondência.
07. Resposta: E. 2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou inversamen-
te proporcionais.
3º) Montar a proporção e resolver a equação.
Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de 400Km/h,
faz um determinado percurso em 3 horas. Em quanto tempo faria
Y=90/3=30 esse mesmo percurso, se a velocidade utilizada fosse de 480km/h?

Solução: montando a tabela:

X=120/4=30 1) Velocidade (Km/h) Tempo (h)


400-----------------3
480---------------- x

2) Identificação do tipo de relação:


Z=150/3=50 Velocidade----------tempo
Portanto o total devido é de: 30+40+50=120000 400↓-----------------3↑
480↓---------------- x↑
08. Resposta: E.
Obs.: como as setas estão invertidas temos que inverter os nú-
meros mantendo a primeira coluna e invertendo a segunda coluna
ou seja o que está em cima vai para baixo e o que está em baixo na
X=1,05 segunda coluna vai para cima
Seo irmão mais alto cresceu 10cm, está com 1,50
Velocidade----------tempo
400↓-----------------X↓
480↓---------------- 3↓
X=1,20
Ele cresceu: 1,20-1,05=0,15m=15cm 480x=1200
X=25
09. Resposta: E.
2,2k+1,8k=1980 Regra de três composta
4k=1980 Regra de três composta é utilizada em problemas com mais de
K=495 duas grandezas, direta ou inversamente proporcionais.

23
MATEMÁTICA
Exemplos: (A) 44 minutos.
1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m³ de areia. Em (B) 46 minutos.
5 horas, quantos caminhões serão necessários para descarregar (C) 48 minutos.
125m³? (D) 50 minutos.
(E) 52 minutos.
Solução: montando a tabela, colocando em cada coluna as
grandezas de mesma espécie e, em cada linha, as grandezas de es- 03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-
pécies diferentes que se correspondem: CURSOS/2017) Para a construção de uma rodovia, 12 operários tra-
balham 8 horas por dia durante 14 dias e completam exatamente
Horas --------caminhões-----------volume a metade da obra. Porém, a rodovia precisa ser terminada daqui a
8↑----------------20↓----------------------160↑ exatamente 8 dias, e então a empresa contrata mais 6 operários
5↑------------------x↓----------------------125↑ de mesma capacidade dos primeiros. Juntos, eles deverão trabalhar
quantas horas por dia para terminar o trabalho no tempo correto?
A seguir, devemos comparar cada grandeza com aquela onde (A) 6h 8 min
está o x. (B)6h 50min
Observe que: (C) 9h 20 min
Aumentando o número de horas de trabalho, podemos dimi- (D) 9h 33min
nuir o número de caminhões. Portanto a relação é inversamente
proporcional (seta para cima na 1ª coluna). 04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017 ) Um
Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o número restaurante “por quilo” apresenta seus preços de acordo com a tabela:
de caminhões. Portanto a relação é diretamente proporcional (seta
para baixo na 3ª coluna). Devemos igualar a razão que contém o
termo x com o produto das outras razões de acordo com o sentido
das setas.
Montando a proporção e resolvendo a equação temos:

Horas --------caminhões-----------volume Rodolfo almoçou nesse restaurante na última sexta-feira. Se a


8↑----------------20↓----------------------160↓ quantidade de alimentos que consumiu nesse almoço custou R$ 21,00,
5↑------------------x↓----------------------125↓ então está correto afirmar que essa quantidade é, em gramas, igual a
(A) 375.
Obs.: Assim devemos inverter a primeira coluna ficando: (B) 380.
(C) 420.
Horas --------caminhões-----------volume (D) 425.
5----------------20----------------------160 (E) 450.
8------------------x----------------------125
05. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017 ) Um
carregamento de areia foi totalmente embalado em 240 sacos, com
40 kg em cada saco. Se fossem colocados apenas 30 kg em cada
saco, o número de sacos necessários para embalar todo o carrega-
Logo, serão necessários 25 caminhões mento seria igual a
(A) 420.
(B) 375.
(C) 370.
QUESTÕES (D) 345.
(E) 320.
01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU-
NESP/2017) Para imprimir 300 apostilas destinadas a um curso, 06. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)
uma máquina de fotocópias precisa trabalhar 5 horas por dia du- Quarenta e oito funcionários de uma certa empresa, trabalhando
rante 4 dias. Por motivos administrativos, será necessário imprimir 12 horas por dia, produzem 480 bolsas por semana. Quantos fun-
360 apostilas em apenas 3 dias. O número de horas diárias que essa cionários a mais, trabalhando 15 horas por dia, podem assegurar
máquina terá que trabalhar para realizar a tarefa é uma produção de 1200 bolsas por semana?
(A) 6. (A) 48
(B) 7. (B) 96
(C) 8. (C) 102
(D) 9. (D) 144
(E) 10.
07. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Durante
02. (SEPOG – Analista em Tecnologia da Informação e Comu- 90 dias, 12 operários constroem uma loja. Qual o número mínimo
nicação – FGV/2017) Uma máquina copiadora A faz 20% mais có- de operários necessários para fazer outra loja igual em 60 dias?
pias do que uma outra máquina B, no mesmo tempo. (A) 8 operários.
A máquina B faz 100 cópias em uma hora. (B) 18 operários.
A máquina A faz 100 cópias em (C) 14 operários.
(D) 22 operários.
(E) 25 operários

24
MATEMÁTICA
08. (FCEP – Técnico Artístico – AMAUC/2017) A vazão de uma
torneira é de 50 litros a cada 3 minutos. O tempo necessário para
essa torneira encher completamente um reservatório retangular,
cujas medidas internas são 1,5 metros de comprimento, 1,2 metros
de largura e 70 centímetros de profundidade é de: 8⋅18x=14⋅12⋅8
(A) 1h 16min 00s X=9,33h
(B) 1h 15min 36s 9 horas e 1/3 da hora
(C) 1h 45min 16s 1/3 de hora é equivalente a 20 minutos
(D) 1h 50min 05s 9horas e 20 minutos
(E) 1h55min 42s
04. Resposta:C.
09. (CRMV/SC – Assistente Administrativo – IESES/2017) Tra- 12,50------250
balhando durante 6 dias, 5 operários produzem 600 peças. Deter- 21----------x
mine quantas peças serão produzidas por sete operários trabalhan- X=5250/12,5=420 gramas
do por 8 dias:
(A) 1120 peças 05. Resposta: E.
(B)952 peças Sacoskg
(C) 875 peças 240----40
(D) 1250 peças x----30

10. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016) Para Quanto mais sacos, menos areia foi colocada(inversamente)
organizar as cadeiras em um auditório, 6 funcionários, todos com
a mesma capacidade de produção, trabalharam por 3 horas. Para
fazer o mesmo trabalho, 20 funcionários, todos com o mesmo ren-
dimento dos iniciais, deveriam trabalhar um total de tempo, em
minutos, igual a 30x=9600
(A) 48. X=320
(B) 50.
(C) 46. 06. Resposta: A.
(D) 54. ↓Funcionários↑ horasbolsas↓
(E) 52. 48------------------------12-----------480
x-----------------------------15----------1200
Quanto mais funcionários, menos horas precisam
Quanto mais funcionários, mais bolsas feitas
RESPOSTAS

01. Resposta: C.
↑Apostilas↑ horasdias↓
300------------------5--------------4 X=96 funcionários
360-----------------x----------------3 Precisam de mais 48 funcionários

↑Apostilas↑ horasdias↑ 07. Resposta: B.


300------------------5--------------3 Operários dias
360-----------------x----------------4 12-----------90
x--------------60
Quanto mais operários, menos dias (inversamente proporcio-
nal)

900x=7200
X=8

02. Resposta: D. 60x=1080


Como a máquina A faz 20% a mais: X=18
Em 1 hora a máquina A faz 120 cópias.
120------60 minutos 08. Resposta: B.
10-------x V=1,5⋅1,2⋅0,7=1,26m³=1260litros
X=50 minutos 50litros-----3 min
1260--------x
03. Resposta: C. X=3780/50=75,6min
↑Operário↓horas dias↑ 0,6min=36s
12--------------8------------14 75min=60+15=1h15min
18----------------x------------8
Quanto mais horas, menos operários
Quanto mais horas, menos dias

25
MATEMÁTICA
09. Resposta: A. Desconto Fator de Multiplicação
↑Dias↑ operáriospeças↑
6-------------5---------------600 10% 0,90
8--------------7---------------x 25% 0,75
34% 0,66
60% 0,40

30x=33600 90% 0,10


X=1120
Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:
10. Resposta: D.
Como o exercício pede em minutos, vamos transformar 3 horas
em minutos
Chamamos de lucro em uma transação comercial de compra e
3x60=180 minutos venda a diferença entre o preço de venda e o preço de custo.
↑Funcionários minutos↓ Lucro=preço de venda -preço de custo
6------------180
20-------------x Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de duas
formas:
As Grandezas são inversamente proporcionais, pois quanto
mais funcionários, menos tempo será gasto.
Vamos inverter os minutos
↑Funcionários minutos↑
6------------x
20-------------180
20x=6.180 (DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala de aula
20x=1040 com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está com gripe. Se x%
X=54 minutos das meninas dessa sala estão com gripe, o menor valor possível
para x é igual a
(A) 8.
(B) 15.
PORCENTAGEM
(C) 10.
(D) 6.
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, seu símbo- (E) 12.
lo é (%). Sua utilização está tão disseminada que a encontramos nos
meios de comunicação, nas estatísticas, em máquinas de calcular, etc. Resolução
45------100%
Os acréscimos e os descontos é importante saber porque ajuda X-------60%
muito na resolução do exercício. X=27
O menor número de meninas possíveis para ter gripe é se to-
Acréscimo dos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 meninas estão.
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um determina-
do valor, podemos calcular o novo valor apenas multiplicando
esse valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. Se o acrésci-
mo for de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim por diante. Veja Resposta: C.
a tabela abaixo:

Acréscimo ou Lucro Fator de Multiplicação EXERCÍCIOS


10% 1,10
15% 1,15 01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-
20% 1,20 CURSOS/2017) Um aparelho de televisão que custa R$1600,00 es-
tava sendo vendido, numa liquidação, com um desconto de 40%.
47% 1,47 Marta queria comprar essa televisão, porém não tinha condições de
67% 1,67 pagar à vista, e o vendedor propôs que ela desse um cheque para
15 dias, pagando 10% de juros sobre o valor da venda na liquidação.
Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos: Ela aceitou e pagou pela televisão o valor de:
(A) R$1120,00
(B)R$1056,00
Desconto (C)R$960,00
No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação será: (D) R$864,00
Fator de Multiplicação =1 - taxa de desconto (na forma deci-
mal). Veja a tabela abaixo:

26
MATEMÁTICA
02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) A equipe de segurança 05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Paulo,
de um Tribunal conseguia resolver mensalmente cerca de 35% das dono de uma livraria, adquiriu em uma editora um lote de apostilas
ocorrências de dano ao patrimônio nas cercanias desse prédio, iden- para concursos, cujo valor unitário original é de R$ 60,00. Por ter ca-
tificando os criminosos e os encaminhando às autoridades compe- dastro no referido estabelecimento, ele recebeu 30% de desconto
tentes. Após uma reestruturação dos procedimentos de segurança, a na compra. Para revender os materiais, Paulo decidiu acrescentar
mesma equipe conseguiu aumentar o percentual de resolução men- 30% sobre o valor que pagou por cada apostila. Nestas condições,
sal de ocorrências desse tipo de crime para cerca de 63%. De acordo qual será o lucro obtido por unidade?
com esses dados, com tal reestruturação, a equipe de segurança au- (A) R$ 4,20.
mentou sua eficácia no combate ao dano ao patrimônio em (B) R$ 5,46.
(A) 35%. (C) R$ 10,70.
(B) 28%. (D) R$ 12,60.
(C) 63%. (E) R$ 18,00.
(D) 41%.
(E) 80%. 06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Joana
foi fazer compras. Encontrou um vestido de R$ 150,00 reais. Des-
03. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Três irmãos, André, cobriu que se pagasse à vista teria um desconto de 35%. Depois de
Beatriz e Clarice, receberam de uma tia herança constituída pelas se- muito pensar, Joana pagou à vista o tal vestido. Quanto ela pagou?
guintes joias: um bracelete de ouro, um colar de pérolas e um par de (A) R$ 120,00 reais
brincos de diamante. A tia especificou em testamento que as joias (B) R$ 112,50 reais
não deveriam ser vendidas antes da partilha e que cada um deveria (C) R$ 127,50 reais
ficar com uma delas, mas não especificou qual deveria ser dada a (D) R$ 97,50 reais
quem. O justo, pensaram os irmãos, seria que cada um recebesse (E) R$ 90 reais
cerca de 33,3% da herança, mas eles achavam que as joias tinham va-
lores diferentes entre si e, além disso, tinham diferentes opiniões so- 07. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2017) A
bre seus valores. Então, decidiram fazer a partilha do seguinte modo: empresa Alfa Sigma elaborou uma previsão de receitas trimestrais
− Inicialmente, sem que os demais vissem, cada um deveria para 2018. A receita prevista para o primeiro trimestre é de 180 mi-
escrever em um papel três porcentagens, indicando sua avaliação lhões de reais, valor que é 10% inferior ao da receita prevista para
sobre o valor de cada joia com relação ao valor total da herança. o trimestre seguinte. A receita prevista para o primeiro semestre é
− A seguir, todos deveriam mostrar aos demais suas avaliações. 5% inferior à prevista para o segundo semestre. Nessas condições,
− Uma partilha seria considerada boa se cada um deles rece- é correto afirmar que a receita média trimestral prevista para 2018
besse uma joia que avaliou como valendo 33,3% da herança toda é, em milhões de reais, igual a
ou mais. (A) 200.
(B) 203.
As avaliações de cada um dos irmãos a respeito das joias foi a (C) 195.
seguinte: (D) 190.
(E) 198.

08. (CRM/MG – Técnico em Informática- FUNDEP/2017) Veja,


a seguir, a oferta da loja Magazine Bom Preço:
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Assim, uma partilha boa seria se André, Beatriz e Clarice rece- De R$ 720,00
bessem, respectivamente, Por apenas R$ 504,00
(A) o bracelete, os brincos e o colar.
(B) os brincos, o colar e o bracelete. Nessa oferta, o desconto é de:
(C) o colar, o bracelete e os brincos. (A) 70%.
(D) o bracelete, o colar e os brincos. (B) 50%.
(E) o colar, os brincos e o bracelete. (C) 30%.
(D) 10%.
04. (UTFPR – Técnico de Tecnologia da Informação – UT-
FPR/2017) Um retângulo de medidas desconhecidas foi alterado. Seu 09 (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) Considere que
comprimento foi reduzido e passou a ser 2/ 3 do comprimento origi- uma caixa de bombom custava, em novembro, R$ 8,60 e passou a
nal e sua largura foi reduzida e passou a ser 3/ 4 da largura original. custar, em dezembro, R$ 10,75. O aumento no preço dessa caixa de
Pode-se afirmar que, em relação à área do retângulo original, a bombom foi de:
área do novo retângulo: (A) 30%.
(A)foi aumentada em 50%. (B) 25%.
(B) foi reduzida em 50%. (C)20%.
(C) aumentou em 25%. (D) 15%
(D) diminuiu 25%.
(E)foi reduzida a 15%.

27
MATEMÁTICA
10. (ANP – Técnico em Regulação de Petróleo e Derivados – Somando os dois semestres: 380+400=780 milhões
CESGRANRIO/2016) Um grande tanque estava vazio e foi cheio de 780/4trimestres=195 milhões
óleo após receber todo o conteúdo de 12 tanques menores, idên-
ticos e cheios. 08. Resposta: C.
Se a capacidade de cada tanque menor fosse 50% maior do que
a sua capacidade original, o grande tanque seria cheio, sem exces-
sos, após receber todo o conteúdo de
(A) 4 tanques menores
(B) 6 tanques menores Ou seja, ele pagou 70% do produto, o desconto foi de 30%.
(C) 7 tanques menores OBS: muito cuidado nesse tipo de questão, para não errar con-
(D) 8 tanques menores forme a pergunta feita.
(E) 10 tanques menores
09. Resposta: B.
8,6(1+x)=10,75
8,6+8,6x=10,75
GABARITO 8,6x=10,75-8,6
8,6x=2,15
01. Resposta:B. X=0,25=25%
Como teve um desconto de 40%, pagou 60% do produto.
10. Resposta: D.
1600⋅0,6=960 50% maior quer dizer que ficou 1,5
Como vai pagar 10% a mais: Quantidade de tanque: x
960⋅1,1=1056 A quantidade que aumentaria deve ficar igual a 12 tanques
1,5x=12
02. Resposta: E. X=8
63/35=1,80
Portanto teve um aumento de 80%.

03. Resposta: D. JUROS


Clarice obviamente recebeu o brinco.
Beatriz recebeu o colar porque foi o único que ficou acima de Matemática Financeira
30% e André recebeu o bracelete. A Matemática Financeira possui diversas aplicações no atual
sistema econômico. Algumas situações estão presentes no cotidia-
04. Resposta: B. no das pessoas, como financiamentos de casa e carros, realizações
A=b⋅h de empréstimos, compras a crediário ou com cartão de crédito,
aplicações financeiras, investimentos em bolsas de valores, entre
outras situações. Todas as movimentações financeiras são baseadas
na estipulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um emprés-
timo a forma de pagamento é feita através de prestações mensais
Portanto foi reduzida em 50% acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação do empréstimo é
superior ao valor inicial do empréstimo. A essa diferença damos o
05. Resposta: D. nome de juros.
Como ele obteve um desconto de 30%, pagou 70% do valor:
60⋅0,7=42 Capital
Ele revendeu por: O Capital é o valor aplicado através de alguma operação finan-
42⋅1,3=54,60 ceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Pre-
Teve um lucro de: 54,60-42=12,60 sente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado
pela tecla PV nas calculadoras financeiras).
06. Resposta: D.
Como teve um desconto de 35%. Pagou 65%do vestido Taxa de juros e Tempo
150⋅0,65=97,50 A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro
emprestado, para um determinado período. Ela vem normalmente
07. Resposta: C. expressa da forma percentual, em seguida da especificação do pe-
Como a previsão para o primeiro trimestre é de 180 milhões e é ríodo de tempo a que se refere:
10% inferior, no segundo trimestre temos uma previsão de 8 % a.a. - (a.a. significa ao ano).
180-----90% 10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).
x---------100
x=200 Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que
é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %:
200+180=380 milhões para o primeiro semestre 0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
380----95 0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre)
x----100
x=400 milhões

28
MATEMÁTICA
Montante Juros Compostos
Também conhecido como valor acumulado é a soma do Capi- O juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do sal-
tal Inicial com o juro produzido em determinado tempo. do no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada
Essa fórmula também será amplamente utilizada para resolver intervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa a render
questões. juros também.
M=C+J
M = montante Quando usamos juros simples e juros compostos?
C = capital inicial A maioria das operações envolvendo dinheiro utilizajuros com-
J = juros postos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras
M=C+C.i.n com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplicações finan-
M=C(1+i.n) ceiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos
de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de
Juros Simples juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do pro-
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo em- cesso de desconto simples de duplicatas.
préstimo de um capital financeiro, a uma taxa combinada, por um
prazo determinado, produzida exclusivamente pelo capital inicial. O cálculo do montante é dado por:
Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado
é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação.
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situações
envolvendo juros simples é a seguinte: Exemplo
J = C i n, onde: Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de
J = juros R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses
C = capital inicial C=25000
i = taxa de juros i=25%aa=0,25
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre, ano...) i=72 meses=6 anos

Observação importante: a taxa de juros e o tempo de aplica-


ção devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os dois
devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres, anos... O
que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em anos, ou
qualquer outra combinação de períodos.

Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras “JU-


ROS SIMPLES” e facilita a sua memorização. M=C+J
J=95367,50-25000=70367,50
Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser tra-
balhada de várias maneiras para se obter cada um de seus valores, Podemos definir a taxa nominal como aquela em que a unidade
ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir o quarto, ou de referência do seu tempo não coincide com a unidade de tem-
seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o Capital Inicial (C) po dos períodos de capitalização. É usada no mercado financeiro,
e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale para mas para cálculo deve-se encontrar a taxa efetiva. Por exemplo, a
qualquer combinação. taxa nominal de 12% ao ano, capitalizada mensalmente, resultará
em uma taxa mensal de 1% ao mês. Entretanto, quando esta taxa
Exemplo é capitalizada pelo regime de juros compostos, teremos uma taxa
Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista. efetiva de 12,68% ao ano.
Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a
oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações de Taxa Nominal
R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa de A taxa nominal de juros relativa a uma operação financeira
juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de: pode ser calculada pela expressão:
(A) 5,0%
(B) 5,9% Taxa nominal = Juros pagos / Valor nominal do empréstimo
(C) 7,5%
(D) 10,0% Assim, por exemplo, se um empréstimo de $100.000,00,
(E) 12,5% deve ser quitado ao final de um ano, pelo valor monetário de
$150.000,00, a taxa de juros nominal será dada por:
Resposta Letra “e”. Juros pagos = Jp = $150.000 – $100.000 = $50.000,00
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri- Taxa nominal = in = $50.000 / $100.000 = 0,50 = 50%
meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45) e a
Sem dúvida, se tem um assunto que gera muita confusão na
parcela a ser paga de R$45.
Matemática Financeira são os conceitos de taxa nominal, taxa efe-
Aplicando a fórmula M = C + J:
tiva e taxa equivalente. Até na esfera judicial esses assuntos geram
45 = 40 + J
muitas dúvidas nos cálculos de empréstimos, financiamentos, con-
J=5
sórcios e etc.
Aplicando a outra fórmula J = C i n:
Vamos tentar esclarecer esses conceitos, que na maioria das
5 = 40 X i X 1
vezes nos livros e apostilas disponíveis no mercado, não são apre-
i = 0,125 = 12,5%
sentados de uma maneira clara.

29
MATEMÁTICA
Temos a chamada taxa de juros nominal, quando esta não é Conclusões:
realmente a taxa utilizada para o cálculo dos juros (é uma taxa “sem - A taxa nominal é 12% a.a, pois não foi aplicada no cálculo do
efeito”). A capitalização (o prazo de formação e incorporação de ju- montante. Normalmente a taxa nominal vem sempre ao ano!
ros ao capital inicial) será dada através de outra taxa, numa unidade - A taxa efetiva mensal, como o próprio nome diz, é aquela que
de tempo diferente, taxa efetiva. foi utilizado para cálculo do montante. Pode ser uma taxa propor-
Como calcular a taxa que realmente vai ser utilizada; isto é, a cional mensal (1 % a.m.) ou uma taxa equivalente mensal (0,949 %
taxa efetiva? a.m.).
Vamos acompanhar através do exemplo - Qual a taxa efetiva mensal que devemos utilizar? Em se tra-
tando de concursos públicos, a grande maioria das bancas exami-
Taxa Efetiva nadoras utilizam a convenção da taxa proporcional. Em se tratando
Calcular o montante de um capital de R$ 1.000,00 (mil reais), do mercado financeiro, utiliza-se a convenção de taxa equivalente.
aplicados durante 18 (dezoito) meses, capitalizados mensalmente,
a uma taxa de 12% a.a. Explicando o que é taxa Nominal, efetiva Taxa Equivalente
mensal e equivalente mensal: Taxas Equivalentes são taxas que quando aplicadas ao mes-
Respostas e soluções: mo capital, num mesmo intervalo de tempo, produzem montantes
1) A taxa Nominal é 12% a.a; pois o capital não vai ser capitali- iguais. Essas taxas devem ser observadas com muita atenção, em al-
zado com a taxa anual. guns financiamentos de longo prazo, somos apenas informados da
2) A taxa efetiva mensal a ser utilizada depende de duas con- taxa mensal de juros e não tomamos conhecimento da taxa anual
venções: taxa proporcional mensal ou taxa equivalente mensal. ou dentro do período estabelecido, trimestre, semestre entre ou-
a) Taxa proporcional mensal (divide-se a taxa anual por 12): tros. Uma expressão matemática básica e de fácil manuseio que nos
12%/12 = 1% a.m. fornece a equivalência de duas taxas é:
b) Taxa equivalente mensal (é aquela que aplicado aos R$ 1 + ia = (1 + ip)n, onde:
1.000,00, rende os mesmos juros que a taxa anual aplicada nesse ia = taxa anual
mesmo capital). ip = taxa período
n: número de períodos
Cálculo da taxa equivalente mensal:
Observe alguns cálculos:

Exemplo 1
Qual a taxa anual de juros equivalente a 2% ao mês?
onde: Temos que: 2% = 2/100 = 0,02
iq : taxa equivalente para o prazo que eu quero 1 + ia = (1 + 0,02)12
it : taxa para o prazo que eu tenho 1 + ia = 1,0212
q : prazo que eu quero 1 + ia = 1,2682
t : prazo que eu tenho ia = 1,2682 – 1
ia = 0,2682
ia = 26,82%

A taxa anual de juros equivalente a 2% ao mês é de 26,82%.

iq = 0,009489 a.m ou iq = 0,949 % a.m. As pessoas desatentas poderiam pensar que a taxa anual nesse
3) Cálculo do montante pedido, utilizando a taxa efetiva mensal caso seria calculada da seguinte forma: 2% x 12 = 24% ao ano. Como
vimos, esse tipo de cálculo não procede, pois a taxa anual foi calcu-
a) pela convenção da taxa proporcional: lada de forma correta e corresponde a 26,82% ao ano, essa variação
M = c (1 + i)n ocorre porque temos que levar em conta o andamento dos juros
M = 1000 (1 + 0,01) 18 = 1.000 x 1,196147 compostos (juros sobre juros).
M = 1.196,15
Taxa Real
b) pela convenção da taxa equivalente: A taxa real expurga o efeito da inflação. Um aspecto interes-
M = c (1 + i)n sante sobre as taxas reais de juros, é que elas podem ser inclusive,
M = 1000 (1 + 0,009489) 18 = 1.000 x 1,185296 negativas.
M = 1.185,29
Vamos encontrar uma relação entre as taxas de juros nominal e
NOTA: Para comprovar que a taxa de 0,948% a.m é equivalente real. Para isto, vamos supor que um determinado capital P é aplica-
a taxa de 12% a.a, basta calcular o montante utilizando a taxa anual, do por um período de tempo unitário, a certa taxa nominal in
neste caso teremos que transformar 18 (dezoito) meses em anos O montante S1 ao final do período será dado por S1 = P(1 + in).
para fazer o cálculo, ou seja : 18: 12 = 1,5 ano. Assim: Consideremos agora que durante o mesmo período, a taxa de
M = c (1 + i)n inflação (desvalorização da moeda) foi igual a j. O capital corrigido
M = 1000 (1 + 0,12) 1,5 = 1.000 x 1,185297 por esta taxa acarretaria um montanteS2 = P (1 + j).
M = 1.185,29 A taxa real de juros, indicada por r, será aquela aplicada ao
montante S2, produzirá o montante S1. Poderemos então escrever:
S1 = S2 (1 + r)
Substituindo S1 e S2 , vem:
P(1 + in) = (1+r). P (1 + j)

30
MATEMÁTICA
Daí então, vem que: Nos juros simples:
(1 + in) = (1+r). (1 + j), onde: M = C (1 + i×n)
in = taxa de juros nominal M = montante
j = taxa de inflação no período C = capital inicial
r = taxa real de juros i= taxa de juros
n = período
Observe que se a taxa de inflação for nula no período, isto é, j =
0, teremos que as taxas nominal e real são coincidentes. Nos juros compostos:
M = C (1+i)n
Exemplo M = montante
Numa operação financeira com taxas pré-fixadas, um banco C = capital inicial
empresta $120.000,00 para ser pago em um ano com $150.000,00. i = taxa de juros
Sendo a inflação durante o período do empréstimo igual a 10%, pe- n = período
de-se calcular as taxas nominal e real deste empréstimo.
Teremos que a taxa nominal será igual a: Nos juros simples:
in = (150.000 – 120.000)/120.000 = 30.000/120.000 = 0,25 =
25% Saldo
Portanto in = 25% n Juros Amortização Prestação
devedor
Como a taxa de inflação no período é igual a j = 10% = 0,10,
substituindo na fórmula anterior, vem: 0 - - - 100.000,00
(1 + in) = (1+r). (1 + j) 1 3.000,00 - - 103.000,00
(1 + 0,25) = (1 + r).(1 + 0,10)
1,25 = (1 + r).1,10 2 3.000,00 - - 106.000,00
1 + r = 1,25/1,10 = 1,1364 3 3.000,00 100.000,00 109.000,00 -
Portanto, r = 1,1364 – 1 = 0,1364 = 13,64%
Nos juros compostos:
Se a taxa de inflação no período fosse igual a 30%, teríamos
para a taxa real de juros:
(1 + 0,25) = (1 + r).(1 + 0,30) Saldo
n Juros Amortização Prestação
1,25 = (1 + r).1,30 devedor
1 + r = 1,25/1,30 = 0,9615 0 - - - 100.000,00
Portanto, r = 0,9615 – 1 = -,0385 = -3,85% e, portanto teríamos 1 3.000,00 - - 103.000,00
uma taxa real de juros negativa.
2 3.090,00 - - 106.090,00
Exemplo 3 3.182,70 100.000,00 109.272,70 -
$100.000,00 foi emprestado para ser quitado por $150.000,00
ao final de um ano. Se a inflação no período foi de 20%, qual a taxa Sistema Price (Sistema Francês)
real do empréstimo? Foi elaborado para apresentar pagamentos iguais ao longo do
Resposta: 25% período do desembolso das prestações. A fórmula para encontrar-
mos a prestação é dada a seguir:
Taxas Proporcionais
Para se compreender mais claramente o significado destas ta- PMT = VP . _i.(1+i)n_ (1+i)n -1
xas deve-se reconhecer que toda operação envolve dois prazos:
- o prazo a que se refere à taxa de juros; e PMT = valor da prestação
- o prazo de capitalização (ocorrência) dos juros. (ASSAF NETO, VP = valor inicial do empréstimo
2001). i = taxa de juros
n = período
Taxas Proporcionais: duas (ou mais) taxas de juro simples são
ditas proporcionais quando seus valores e seus respectivos perío- A fórmula foi desenvolvida, considerando-se apenas a capitali-
dos de tempo, reduzidos a uma mesma unidade, forem uma pro- zação por juros compostos. O resultado é listado a seguir:
porção. (PARENTE, 1996). Exemplos
Prestação = amortização + juros
Saldo
n Juros Amortização Prestação
Há diferentes formas de amortização, conforme descritas a se- devedor
guir. 0 - - - 100.000,00
Para os exemplos numéricos descritos nas tabelas, em todas
1 3.000,00 32.353,04 35.353,04 67.646,96
as diferentes formas de amortização, utilizaremos o mesmo exercí-
cio:uma dívida de valor inicial de R$ 100 mil, prazo de três meses e 2 2.029,41 33.323,63 35.353,04 34.323,33
juros de 3% ao mês. 3 1.029,71 34.323,33 35.353,04 -
Pagamento único
Sistema de Amortização Misto (SAM)
É a quitação de toda a dívida (amortização + juros) em um úni-
É a média aritmética das prestações calculadas nas duas formas
co pagamento, ao final do período. Utilizamos a mesma fórmula do
anteriores (SAC e Price). É encontrado pela fórmula:
montante:

31
MATEMÁTICA
PMTSAM = (PTMSAC + PMTPRICE) / 2

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 32.843,19 35.843,19 67.156,81
2 2.014,70 33.328,49 35.343,19 33.828,32
3 1.014,87 33.828,32 34.843,19 -

Sistema de Amortização Crescente (SACRE)


Este sistema, criado pela Caixa Econômica Federal (CEF), é uma das formas utilizadas para o cálculo das prestações dos financiamentos
imobiliários. Usa-se, para o cálculo do valor das prestações, a metodologia do sistema de amortização constante (SAC) anual, desconsi-
derando-se o valor da Taxa Referencial de Juros (TR). Esta é incluída posteriormente, resultando em uma amortização variável. Chamar
de “amortização crescente” parece-nos inadequado, pois pode resultar em amortizações decrescentes, dependendo da ocorrência de TR
com valor muito baixo.

Sistema Alemão
Neste caso, a dívida é liquidada também em prestações iguais, exceto a primeira, onde no ato do empréstimo (momento “zero”) já é
feita uma cobrança dos juros da operação. As prestações, a primeira amortização e as seguintes são definidas pelas três seguintes fórmulas:

PMT = _ Vp.i_
1- (1+i)n
PMT = valor da prestação
VP = valor inicial do empréstimo
i = taxa de juros
n = período

A1 = PMT . (1- i)n-1


A1 = primeira amortização
PMT = valor da prestação
i = taxa de juros
n = período

An = An-1_
(1- i)
An = amortizações posteriores (2º, 3º, 4º, ...)
An-1 = amortização anterior
i = taxa de juros
n = período

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
1 2.030,30 32.323,34 34.353,64 67.676,66
2 1.030,61 33.323,03 34.353,64 34.353,63
3 - 34.353,64 34.353,64 (0,01)

OBS: os resíduos em centavos, como saldo devedor final na tabela anterior, são resultados de arredondamento do cálculo e serão
desconsiderados.

Sistema de Amortização Constante – SAC


Consiste em um sistema de amortização de uma dívida em prestações periódicas, sucessivas e decrescentes em progressão aritmética, em que
o valor da prestação é composto por uma parcela de juros uniformemente decrescente e outra de amortização que permanece constante.
Sistema de Amortização Constante (SAC) é uma forma de amortização de um empréstimo por prestações que incluem os juros, amor-
tizando assim partes iguais do valor total do empréstimo.
Neste sistema o saldo devedor é reembolsado em valores de amortização iguais. Desta forma, no sistema SAC o valor das prestações é
decrescente, já que os juros diminuem a cada prestação. O valor da amortização é calculado dividindo-se o valor do principal pelo número
de períodos de pagamento, ou seja, de parcelas.

O SAC é um dos tipos de sistema de amortização utilizados em financiamentos imobiliários. A principal característica do SAC é que
ele amortiza um percentual fixo do saldo devedor desde o início do financiamento. Esse percentual de amortização é sempre o mesmo,
o que faz com que a parcela de amortização da dívida seja maior no início do financiamento, fazendo com que o saldo devedor caia mais
rapidamente do que em outros mecanismos de amortização.

32
MATEMÁTICA
Exemplo:
Um empréstimo de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) a ser pago em 12 meses, a uma taxa de juros de 1% ao mês (em juros sim-
ples). Aplicando a fórmula para obtenção do valor da amortização, iremos obter um valor igual a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Essa fórmula é o
valor do empréstimo solicitado divido pelo período, sendo nesse caso: R$ 120.000,00 / 12 meses = R$ 10.000,00. Logo, a tabela SAC fica:

Nº Prestação Prestação Juros Amortização Saldo Devedor


0 120000
1 11200 1200 10000 110000
2 11100 1100 10000 100000
3 11000 1000 10000 90000
4 10900 900 10000 80000
5 10800 800 10000 70000
6 10700 700 10000 60000
7 10600 600 10000 50000
8 10500 500 10000 40000
9 10400 400 10000 30000
10 10300 300 10000 20000
11 10200 200 10000 10000
12 10100 100 10000 0

Note que o juro é sempre 10% do saldo devedor do mês anterior, já a prestação é a soma da amortização e o juro. Sendo assim, o juro
é decrescente e diminui sempre na mesma quantidade, R$ 100,00. O mesmo comportamento tem as prestações. A soma das prestações
é de R$ 127.800,00, gerando juros de R$ 7.800,00.
Outra coisa a se observar é que as parcelas e juros diminuem em progressão aritmética (PA) de r=100.

Sistema Americano
O tomador do empréstimo paga os juros mensalmente e o principal, em um único pagamento final.
Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
2 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
3 3.000,00 100.000,00 103.000,00 -

Sistema de Amortização Constante (SAC) ou Sistema Hamburguês


O tomador do empréstimo amortiza o saldo devedor em valores iguais e constantes ao longo do período.
Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 33.333,33 36.333,33 66.666,67
2 2.000,00 33.333,33 35.333,33 33.333,34
3 1.000,00 33.333,34 34.333,34 -

Qual a melhor forma de amortização?


A tabela abaixo lista o fluxo de caixa nos diversos sistemas de amortização discutidos nos itens anteriores.

N Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (3.000,00) (36.333,33) (35.353,04) (35.843,19) (34.353,64)
2 - (3.000,00) (35.333,33) (35.353,04) (35.343,19) (34.353,64)
3 (109.272,70) (103.000,00) (34.333,34) (35.353,04) (34.843,19) (34.353,64)

33
MATEMÁTICA
As várias formas de amortização utilizadas pelo mercado brasileiro, em sua maioria, consideram o regime de capitalização por juros
compostos. A comparação entre estas, por meio do VPL (vide item 6.2), demonstra que o custo entre elas se equivale. Vejam: no nosso
exemplo, todos, exceto no sistema alemão, os juros efetivos cobrados foram de 3% ao mês (regime de juros compostos) ou 9,27% no
acumulado dos três meses.

n Pgto único(jrs comp.) SistemaAmericano SAC PRICE SAM Alemão


0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.912,62) (35.275,08) (34.323,34) (34.799,21) (33.353,04)
2 - (2.827,79) (33.305,05) (33.323,63) (33.314,35) (32.381,60)
3 (100.000,00) (94.259,59) (31.419,87) (32.353,04) (31.886,45) (31.438,44)
VPL - - - - - (173,09)

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 3% ao mês.
Considerando o custo de oportunidade de 2% ao mês, isto é, abaixo do valor do empréstimo, teríamos a tabela abaixo. Isso seria uma
situação mais comum: juros do empréstimo mais caro que uma aplicação no mercado. Neste caso, quanto menor (em módulo) o VPL,
melhor para o tomador do empréstimo, ou seja, o sistema SAC seria o melhor sob o ponto de vista financeiro.

n Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.941,18) (35.620,91) (34.659,84) (35.140,38) (33.680,04)
2 - (2.883,51) (33.961,29) (33.980,24) (33.970,77) (33.019,64)
3 (102.970,11) (97.059,20) (32.353,07) (33.313,96) (32.833,52) (32.372,20)
VPL (2.970,11) (2.883,88) (1.935,28) (1.954,04) (1.944,67) (2.071,88)

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 2% ao mês.
Outra situação seria considerarmos um empréstimo com taxa de juros abaixo do mercado. Neste exemplo a seguir, teremos como
custo de oportunidade a taxa de 4% ao mês. Isso, na vida real, não será comum: juros do empréstimo mais barato do que uma aplicação no
mercado. Assim, como no exemplo anterior, quanto maior o VPL, melhor para o tomador do empréstimo, ou seja, o sistema de pagamento
único, sob o ponto de vista financeiro, é o melhor, como no caso abaixo.

n Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.884,62) (34.935,89) (33.993,31) (34.464,61) (33.032,34)
2 - (2.773,67) (32.667,65) (32.685,87) (32.676,77) (31.761,87)
3 (97.143,03) (91.566,62) (30.522,21) (31.428,72) (30.975,47) (30.540,26)
VPL 2.856,97 2.775,09 1.874,24 1.892,10 1.883,16 1.665,53

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 4% ao mês.
M = C (1+i)n
M = montante
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = período

Nos juros simples:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - - 103.000,00
2 3.000,00 - - 106.000,00
3 3.000,00 100.000,00 109.000,00 -

34
MATEMÁTICA
07. (UFES – Assistente em Administração – UFES/2017) No
QUESTÕES regime de juros simples, os juros em cada período de tempo são
calculados sobre o capital inicial. Um capital inicial C0 foi aplicado a
01. (TRE/PR – Analista Judiciário – FCC/2017) Uma geladeira juros simples de 3% ao mês. Se Cn é o montante quando decorridos
está sendo vendida nas seguintes condições: n meses, o menor valor inteiro para n, tal que Cn seja maior que o
− Preço à vista = R$ 1.900,00; dobro de C0, é
− Condições a prazo = entrada de R$ 500,00 e pagamento de (A) 30
uma parcela de R$ 1.484,00 após 60 dias da data da compra. (B) 32
(C) 34
A taxa de juros simples mensal cobrada na venda a prazo é de (D) 36
(A) 1,06% a.m. (E) 38
(B) 2,96% a.m.
(C) 0,53% a.m. 08. (PREF. DE NITERÓI/RJ – Agente Fazendário – FGV/2016)
(D) 3,00% a.m. Para pagamento de boleto com atraso em período inferior a um
(E) 6,00% a.m. mês, certa instituição financeira cobra, sobre o valor do boleto,
multa de 2% mais 0,4% de juros de mora por dia de atraso no re-
02. (FUNAPEP - Analista em Gestão Previdenciária-FCC/2017) gime de juros simples. Um boleto com valor de R$ 500,00 foi pago
João emprestou a quantia de R$ 23.500,00 a seu filho Roberto. Tra- com 18 dias de atraso.
taram que Roberto pagaria juros simples de 4% ao ano. Roberto O valor total do pagamento foi:
pagou esse empréstimo para seu pai após 3 anos. O valor total dos (A) R$ 542,00;
juros pagos por Roberto foi (B) R$ 546,00;
(A) 3.410,00. (C) R$ 548,00;
(B) R$ 2.820,00. (D) R$ 552,00;
(C) R$ 2.640,00. (E) R$ 554,00.
(D) R$ 3.120,00.
(E) R$ 1.880,00. 09. (CASAN – Assistente Administrativo – INSTITUTO
AOCP/2016) Para pagamento um mês após a data da compra, certa
03. (IFBAIANO – Técnico em Contabilidade – FCM/2017) O loja cobrava juros de 25%. Se certa mercadoria tem preço a prazo
montante acumulado ao final de 6 meses e os juros recebidos a igual a R$ 1500,00, o preço à vista era igual a
partir de um capital de 10 mil reais, com uma taxa de juros de 1% (A) R$ 1200,00.
ao mês, pelo regime de capitalização simples, é de (B) R$ 1750,00.
(A) R$ 9.400,00 e R$ 600,00. (C) R$ 1000,00.
(B) R$ 9.420,00 e R$ 615,20. (D) R$ 1600,00.
(C) R$ 10.000,00 e R$ 600,00. (E) R$ 1250,00.
(D) R$ 10.600,00 e R$ 600,00.
(E) R$ 10.615,20 e R$ 615,20. 10. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO AOCP/2016)
A fatura de um certo cartão de crédito cobra juros de 12% ao mês
04. (CEGAS – Assistente Técnico – IESES/2017)O valor dos juros por atraso no pagamento. Se uma fatura de R$750,00 foi paga com
simples em uma aplicação financeira de $ 3.000,00 feita por dois um mês de atraso, o valor pago foi de
trimestres a taxa de 2% ao mês é igual a:
(A) R$ 970,00.
(A) $ 360,00
(B) R$ 777,00.
(B) $ 240,00
(C) R$ 762,00.
(C)$ 120,00
(D) R$ 800,00.
(D) $ 480,00
(E) R$ 840,00.
05. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU-
11. (DPE/PR – Contador – INAZ DO PARÁ/2017) Em 15 de ju-
NESP/2017) Um capital foi aplicado a juros simples, com taxa de 9%
ao ano, durante 4 meses. Após esse período, o montante (capital + nho de 20xx, Severino restituiu R$ 2.500,00 do seu imposto de ren-
juros) resgatado foi de R$ 2.018,80. O capital aplicado era de da. Como estava tranquilo financeiramente, resolveu realizar uma
(A) R$ 2.010,20. aplicação financeira para retirada em 15/12/20xx, período que vai
(B) R$ 2.000,00. realizar as compras de natal. A uma taxa de juros de 3% a.m., qual
(C) R$ 1.980,00. é o montante do capital, sabendo-se que a capitalização é mensal:
(D) R$ 1.970,40. (A) R$ 2.985,13
(E) R$ 1.960,00. (B) R$ 2.898,19
(C) R$ 3.074,68
06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Em um (D) R$ 2.537,36
investimento no qual foi aplicado o valor de R$ 5.000,00, em um (E) R$ 2.575,00
ano foi resgatado o valor total de R$ 9.200,00. Considerando estes
apontamentos e que o rendimento se deu a juros simples, é verda-
deiro afirmar que a taxa mensal foi de:
(A) 1,5%
(B) 2 %
(C) 5,5%
(D) 6%
(E) 7%

35
MATEMÁTICA
12. (TRE/PR – Analista Judiciário- FCC/2017) A Cia. Escocesa, 04. Resposta: A.
não tendo recursos para pagar um empréstimo de R$ 150.000,00 2 trimestres=6meses
na data do vencimento, fez um acordo com a instituição financeira J=Cin
credora para pagá-la 90 dias após a data do vencimento. Sabendo J=3000⋅0,02⋅6
que a taxa de juros compostos cobrada pela instituição financeira J=360
foi 3% ao mês, o valor pago pela empresa, desprezando-se os cen-
tavos, foi, em reais, 05. Resposta: E.
(A) 163.909,00. 4meses=1/3ano
(B) 163.500,00. M=C(1+in)
(C) 154.500,00. 2018,80=C(1+0,09⋅1/3)
(D) 159.135,00. 2018,80=C+0,03C
1,03C=2018,80
13. (FUNAPE – Analista em Gestão Previdenciária – FCC/2017) C=1960
O montante de um empréstimo de 4 anos da quantia de R$
20.000,00, do qual se cobram juros compostos de 10% ao ano, será 06. Resposta: E.
igual a M=C(1+in)
(A) R$ 26.000,00. 9200=5000(1+12i)
(B) R$ 28.645,00. 9200=5000+60000i
(C) R$ 29.282,00. 4200=60000i
(D) R$ 30.168,00. I=0,07=7%
(E) R$ 28.086,00.
07. Resposta: C.
14. (IFBAIANO - Técnico em Contabilidade- FCM/2017) A em- M=C(1+in)
presa Good Finance aplicou em uma renda fixa um capital de 100 Cn=Co(1+0,03n)
mil reais, com taxa de juros compostos de 1,5% ao mês, para resga- 2Co=Co(1+0,03n)
te em 12 meses. O valor recebido de juros ao final do período foi de 2=1+0,03n
(A) R$ 10.016,00. 1=0,03n
(B) R$ 15.254,24. N=33,33
(C) R$ 16.361,26. Ou seja, maior que 34
(D) R$ 18.000,00.
(E) R$ 19.561,82. 08. Resposta: C.
M=C(1+in)
15. (POLICIA CIENTIFICA – Perito Criminal – IBFC/2017) Assi- C=500+500x0,02=500+10=510
nale a alternativa correta. Uma empresa recebeu um empréstimo M=510(1+0,004x18)
bancário de R$ 120.000,00 por 1 ano, pagando o montante de R$ M=510(1+0,072)=546,72
180.000,00. A taxa anual de juros desse empréstimo foi de:
(A) 0,5% ao ano 09. Resposta: A.
(B) 5 % ao ano M=C(1+in)
(C) 5,55 % ao ano 1500=C(1+0,25x1)
(D) 150% ao ano 1500=C(1,25)
(E) 50% ao ano C=1500/1,25
C=1200

10. Resposta: E.
RESPOSTAS M=C(1+in)
M=750(1+0,12)
01. Resposta: D. M=750x1,12=840
J=500+1484-1900=84
C=1900-500=1400 11. Resposta: A.
J=Cin D junho a dezembro: 6 meses
84=1400.i.2 M=C(1+i)t
I=0,03=3% M=2500(1+0,03)6
M=2500⋅1,194=2985
02. Resposta: B.
J=Cin 12. Resposta: A.
J=23500⋅0,04⋅3 90 dias=3 meses
J= 2820 M=C(1+i)t
M=150000(1+0,03)3
03. Resposta: D. M=150000⋅1,092727=163909,05
J=Cin Desprezando os centavos: 163909
J=10000⋅0,01⋅6=600 13. Resposta: C.
M=C+J M=C(1+i)t
M=10000+600=10600 M=20000(1+0,1)4
M=20000⋅1,4641=29282

36
MATEMÁTICA
14. Resposta: E. A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje é:
J=Cin (A) 72;
J=10000⋅0,015⋅12=18000 (B) 69;
(C) 66;
Não, ninguém viu errado. (D) 63;
Como ficaria muito difícil de fazer sem calculadora, a tática é (E) 60.
fazer o juro simples, e como sabemos que o composto vai dar maior
que esse valor, só nos resta a alternativa E. Você pode se perguntar, Resolução
e se houver duas alternativas com números maiores? Olha pessoal, A ideia de resolver as equações é literalmente colocar na lin-
não creio que a banca fará isso, e sim que eles fizeram mais para guagem matemática o que está no texto.
usar isso mesmo. “Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
Pi=Pa+3
15. Resposta: E. “Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da idade
M=C(1+i)t que Pedro tem hoje.”
180000=120000(1+i)
180000=120000+120000i
60000=120000i
i=0,5=50%
A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da soma das
idades de seus dois filhos,
Pe=2(Pi+Pa)
EQUAÇÕES DE 1º GRAU, SISTEMA DE EQUAÇÕES Pe=2Pi+2Pa

Equação 1º grau Lembrando que:


Equação é toda sentença matemática aberta representada por Pi=Pa+3
uma igualdade, em que exista uma ou mais letras que representam
números desconhecidos. Substituindo em Pe
Equação do 1º grau, na incógnita x, é toda equação redutível Pe=2(Pa+3)+2Pa
à forma ax+b=0, em que a e b são números reais, chamados coefi- Pe=2Pa+6+2Pa
cientes, com a≠0. Pe=4Pa+6
Uma raiz da equação ax+b =0(a≠0) é um valor numérico de x
que, substituindo no 1º membro da equação, torna-se igual ao 2º
membro.
Pa+3+10=2Pa+3
Nada mais é que pensarmos em uma balança. Pa=10
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
Pe=40+6=46
Soma das idades: 10+13+46=69
Resposta: B.

Equação 2º grau
A equação do segundo grau é representada pela fórmula geral:

A balança deixa os dois lados iguais para equilibrar, a equação


também.
No exemplo temos: Onde a, b e c são números reais,
3x+300
Outro lado: x+1000+500 Discussão das Raízes
E o equilíbrio?
3x+300=x+1500 1.
1.
Quando passamos de um lado para o outro invertemos o sinal
3x-x=1500-300
2x=1200
X=600 Se for negativo, não há solução no conjunto dos números
reais.
Exemplo
(PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas – FGV/2015) A idade Se for positivo, a equação tem duas soluções:
de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da soma das idades de
seus dois filhos, Paulo e Pierre. Pierre é três anos mais velho do que
Paulo. Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da idade
que Pedro tem hoje.

37
MATEMÁTICA
Exemplo Exemplo
Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau.

Solução
S=x1+x2=-2+7=5
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0

Exemplo
, portanto não há solução real. (IMA – Analista Administrativo Jr – SHDIAS/2015) A soma das
idades de Ana e Júlia é igual a 44 anos, e, quando somamos os qua-
drados dessas idades, obtemos 1000. A mais velha das duas tem:
(A) 24 anos
(B) 26 anos
(C) 31 anos
(D) 33 anos

Resolução
A+J=44
A²+J²=1000
A=44-J
(44-J)²+J²=1000
1936-88J+J²+J²=1000
2J²-88J+936=0

Dividindo por2:
J²-44J+468=0
∆=(-44)²-4.1.468
∆=1936-1872=64
Se não há solução, pois não existe raiz quadrada real de
um número negativo.

Se , há duas soluções iguais:

Se , há soluções reais diferentes:


Substituindo em A
A=44-26=18
Ou A=44-18=26
Resposta: B.
Relações entre Coeficientes e Raízes
Dada as duas raízes:
Inequação
Uma inequação é uma sentença matemática expressa por uma
ou mais incógnitas, que ao contrário da equação que utiliza um sinal
de igualdade, apresenta sinais de desigualdade. Veja os sinais de
Soma das Raízes desigualdade:
>: maior
<: menor
≥: maior ou igual
≤: menor ou igual
Produto das Raízes
O princípio resolutivo de uma inequação é o mesmo da equa-
ção, onde temos que organizar os termos semelhantes em cada
membro, realizando as operações indicadas. No caso das inequa-
ções, ao realizarmos uma multiplicação de seus elementos por
Composição de uma equação do 2ºgrau, conhecidas as raízes –1com o intuito de deixar a parte da incógnita positiva, invertemos
Podemos escrever a equação da seguinte maneira: o sinal representativo da desigualdade.

x²-Sx+P=0 Exemplo 1
4x + 12 > 2x – 2
4x – 2x > – 2 – 12

38
MATEMÁTICA
2x > – 14
x > –14/2
x>–7

Inequação-Produto
Quando se trata de inequações-produto, teremos uma desi-
gualdade que envolve o produto de duas ou mais funções. Portan-
to, surge a necessidade de realizar o estudo da desigualdade em Vamos achar a solução de cada inequação.
cada função e obter a resposta final realizando a intersecção do
conjunto resposta das funções. 4x + 4 ≤ 0
4x ≤ - 4
Exemplo x≤-4:4
x≤-1

S1 = {x R | x ≤ - 1}

a)(-x+2)(2x-3)<0 Fazendo o cálculo da segunda inequação temos:


x+1≤0
x≤-1

Inequação -Quociente
Na inequação- quociente, tem-se uma desigualdade de funções A “bolinha” é fechada, pois o sinal da inequação é igual.
fracionárias, ou ainda, de duas funções na qual uma está dividindo
a outra. Diante disso, deveremos nos atentar ao domínio da função S2 = { x R | x ≤ - 1}
que se encontra no denominador, pois não existe divisão por zero. Calculando agora o CONJUTO SOLUÇÃO da inequação
Com isso, a função que estiver no denominador da inequação deve-
rá ser diferente de zero. temos:
O método de resolução se assemelha muito à resolução de S = S1 ∩ S2
uma inequação-produto, de modo que devemos analisar o sinal das
funções e realizar a intersecção do sinal dessas funções.
Exemplo
Resolva a inequação a seguir:

x-2≠0
x≠2
Portanto:

S = { x R | x ≤ - 1} ou S = ] - ∞ ; -1]

Inequação 2º grau
Chama-se inequação do 2º grau, toda inequação que pode ser
escrita numa das seguintes formas:
ax²+bx+c>0
ax²+bx+c≥0
ax²+bx+c<0
ax²+bx+c<0
ax²+bx+c≤0
ax²+bx+c≠0

Sistema de Inequação do 1º Grau Exemplo


Um sistema de inequação do 1º grau é formado por duas ou Vamos resolver a inequação3x² + 10x + 7 < 0.
mais inequações, cada uma delas tem apenas uma variável sendo
que essa deve ser a mesma em todas as outras inequações envol- Resolvendo Inequações
vidas. Resolver uma inequação significa determinar os valores reais
Veja alguns exemplos de sistema de inequação do 1º grau: de x que satisfazem a inequação dada.

39
MATEMÁTICA
Assim, no exemplo, devemos obter os valores reais de x que 04. (ITAIPU BINACIONAL -Profissional Nível Técnico I - Técnico
tornem a expressão 3x² + 10x +7negativa. em Eletrônica – NCUFPR/2017) Considere a equação dada por 2x²
+ 12x + 3 = -7. Assinale a alternativa que apresenta a soma das duas
soluções dessa equação.
(A) 0.
(B) 1.
(C) -1.
(D) 6.
(E) -6.

05. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)


Num estacionamento encontram-se 18 motos, 15 triciclos e alguns
carros. Se Pedrinho contou um total de 269 rodas, quantos carros
tem no estacionamento?
(A) 45
(B) 47
(C)50
(D) 52

06. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)


O valor de m para que a equação (2m -1) x² - 6x + 3 = 0 tenha duas
raízes reais iguais é
(A) 3
(B) 2
S = {x ∈ R / –7/3 < x < –1} (C) −1
(D) −6

EXERCÍCIOS 07. (IPRESB - Agente Previdenciário – VUNESP/2017) Em se-


tembro, o salário líquido de Juliano correspondeu a 4/5 do seu salá-
rio bruto. Sabe-se que ele destinou 2/5 do salário líquido recebido
01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- nesse mês para pagamento do aluguel, e que poupou 2/5 do que
CURSOS/2017) O dobro do quadrado de um número natural au- restou. Se Juliano ficou, ainda, com R$ 1.620,00 para outros gastos,
mentado de 3 unidades é igual a sete vezes esse número. Qual é então o seu salário bruto do mês de setembro foi igual a
esse número? (A) R$ 6.330,00.
(A) 2 (B) R$ 5.625,00.
(B) 3 (C) R$ 5.550,00.
(C) 4 (D) R$ 5.125,00.
(D) 5 (E) R$ 4.500,00.

02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) Um 8. (SESAU/RO – Técnico em Informática – FUNRIO/2017) Da-
carro parte da cidade A em direção à cidade B pela rodovia que liga qui a 24 anos, Jovelino terá o triplo de sua idade atual. Daqui a cinco
as duas cidades, percorre 1/3 do percurso total e para no ponto P. anos, Jovelino terá a seguinte idade:
Outro carro parte da cidade B em direção à cidade A pela mesma (A) 12.
rodovia, percorre 1/4 do percurso total e para no ponto Q. Se a (B) 14.
soma das distâncias percorridas por ambos os carros até os pontos (C) 16.
em que pararam é igual a 28 km, então a distância entre os pontos (D) 17.
P e Q, por essa rodovia, é, em quilômetros, igual a (E) 18.
(A) 26.
(B) 24. 09. (PREF. DE FAZENDA RIO GRANDE/PR – Professor –
(C) 20. PUC/2017) A equação 8x² – 28x + 12 = 0 possui raízes iguais a x1 e
(D) 18. x2. Qual o valor do produto x1 . x2?
(E) 16. (A) 1/2 .
(B) 3.
03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) Nel- (C) 3/2 .
son e Oto foram juntos a uma loja de materiais para construção. (D) 12.
Nelson comprou somente 10 unidades iguais do produto P, todas (E) 28.
de mesmo preço. Já Oto comprou 7 unidades iguais do mesmo pro-
duto P, e gastou mais R$ 600,00 na compra de outros materiais. Se
10 (PREF.DO RIO DE JANEIRO – Agente de Administração –
os valores totais das compras de ambos foram exatamente iguais,
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Ao perguntar para João qual era a
então o preço unitário do produto P foi igual a
sua idade atual, recebi a seguinte resposta:
(A) R$ 225,00.
- O quíntuplo da minha idade daqui a oito anos, diminuída do
(B) R$ 200,00.
quíntuplo da minha idade há três anos atrás representa a minha
(C) R$ 175,00.
idade atual.A soma dos algarismos do número que representa, em
(D) R$ 150,00.
anos, a idade atual de João, corresponde a:
(E) R$ 125,00.

40
MATEMÁTICA
(A) 6 M=2
(B) 7
(C) 10 07. Resposta: B.
(D) 14 Salário liquido: x

GABARITO

01. Resposta: B.
2x²+3=7x 10x+6x+40500=25x
2x²-7x+3=0 9x=40500
∆=49-24=25 X=4500

Salariofração
y---------------1
4500---------4/5

Como tem que ser natural, apenas o número 3 convém.

02. Resposta: C.
08. Resposta: D.
Idade atual: x
X+24=3x
Mmc(3,4)=12 2x=24
X=12
4x+3x=336 Ele tem agora 12 anos, daqui a 5 anos: 17.
7x=336 09. Resposta: C.
X=48 ∆=(-28)²-4.8.12
A distância entre A e B é 48km ∆=784-384
Como já percorreu 28km ∆=400
48-28=20 km entre P e Q.

03. Resposta:B.
Sendo x o valor do material P
10x=7x+600
3x=600
X=200

04. Resposta: E.
2x²+12x+10=0
∆=12²-4⋅2⋅10
∆=144-80=64 10. Resposta: C.
Atual:x
5(x+8)-5(x-3)=x
5x+40-5x+15=x
X=55
Soma: 5+5=10

A soma das duas é -1-5=-6

05. Resposta:B. CÁLCULO DE ÁREA E PERÍMETROS DE FIGURAS PLA-


Vamos fazer a conta de rodas: NAS
Motos tem 2 rodas, triciclos 3 e carros 4
18⋅2+15⋅3+x⋅4=269 GEOMETRIA PLANA
4x=269-36-45
4x=188 Ângulos
X=47 Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas se-
mirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome de la-
06. Resposta: B dos do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.
∆=-(-6)²-4⋅(2m-1) ⋅3=0
36-24m+12=0
-24m=-48

41
MATEMÁTICA
Triângulo

Elementos

Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que liga um
vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que 90º.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo intercepta o


lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da bissetriz de


um ângulo do triângulo que liga um vértice a um ponto do lado
oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.
Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º.

Ângulo Raso:
- É o ângulo cuja medida é 180º; Altura de um triângulo é o segmento que liga um vértice a um
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas. ponto da reta suporte do lado oposto e é perpendicular a esse lado.

Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Ângulo Reto:
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular a


esse segmento pelo seu ponto médio.

Na figura, a reta m é a mediatriz de .

42
MATEMÁTICA
Quanto aos ângulos
Triângulo acutângulo:tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do triângulo Triângulo retângulo:tem um ângulo reto
que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.

Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso

Classificação

Quanto aos lados


Triângulo escaleno:três lados desiguais.

Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos


Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor que
a soma dos outros dois.Em qualquer triângulo, ao maior ângulo
opõe-se o maior lado, e vice-versa.

Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais. QUADRILÁTEROS


Quadrilátero é todo polígono com as seguintes propriedades:
- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.

Triângulo equilátero: três lados iguais.

- é paralelo a
- Losango: 4 lados congruentes
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

43
MATEMÁTICA
Número de Diagonais

- Observações:
- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes
(iguais)
- No losango e no quadrado as diagonais são perpendiculares
entre si (formam ângulo de 90°) e são bissetrizes dos ângulos inter-
nos (dividem os ângulos ao meio).
Ângulos Internos
Áreas A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono con-
vexo de n lados é (n-2).180
1- Trapézio: , onde B é a medida da base maior, b Unindo um dos vértices aos outros n-3, convenientemente es-
é a medida da base menor e h é medida da altura. colhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das medidas dos ângu-
2- Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da base e h é los internos do polígono é igual à soma das medidas dos ângulos
a medida da altura. internos dos n-2 triângulos.
3- Retângulo: A = b.h

4- Losango: , onde D é a medida da diagonal maior e


d é a medida da diagonal menor.
5- Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

Polígono
Chama-se polígono a união de segmentos que são chamados
lados do polígono, enquanto os pontos são chamados vértices do
polígono.

Ângulos Ex
ternos

Diagonal de um polígono é um segmento cujas extremidades


são vértices não-consecutivos desse polígono.
A soma dos ângulos externos=360°

Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, então a
razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal é igual à ra-
zão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que são váli-
das as seguintes proporções:

44
MATEMÁTICA
Exemplo

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo


2 Considerando o triângulo retângulo ABC.

Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus ân-
gulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, e os
lados correspondentes forem proporcionais.

Casos de Semelhança

1º Caso:AA(ângulo-ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

Temos:

2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcio-
nais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, então es-
ses dois triângulos são semelhantes.

Fórmulas Trigonométricas

Relação Fundamental
Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
3º Caso: LLL(lado-lado-lado) um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes proporcio-
nais, então esses dois triângulos são semelhantes.

45
MATEMÁTICA
3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos
catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados


dos catetos (Teorema de Pitágoras).

Posições Relativas de Duas Retas


Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo plano.
Neste triângulo, temos que: c²=a²+b² Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem também não
Dividindo os membros por c² estar no mesmo plano. Nesse caso, são denominadas retas rever-
sas.

Retas Coplanares
a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum

Como

-Duas retas concorrentes podem ser:

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado trian- 1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.
gulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são: 2. Oblíquas:r e s não são perpendiculares.

b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são coinci-


dentes.
a: hipotenusa
b e c: catetos
h:altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes entre os
diversos segmentos desse triângulo. Assim:

1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenu-


sa pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa


pela altura relativa à hipotenusa.

46
MATEMÁTICA
04. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na figura abai-
EXERCÍCIOS xo, ABCD é um quadrado de lado 10; E, F, G e H são pontos médios
dos lados do quadrado ABCD e são os centros de quatro círculos
01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU- tangentes entre si.
NESP/2017) Um terreno retangular ABCD, com 40 m de largura por
60 m de comprimento, foi dividido em três lotes, conforme mostra
a figura.

A área da região sombreada, da figura acima apresentada, é


(A)100 - 5π .
Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é 864 m², o (B) 100 - 10π .
perímetro do lote 2 é (C) 100 - 15π .
(A) 100 m. (D)100 - 20π .
(B) 108 m. (E)100 - 25π .
(C) 112 m.
(D) 116 m. 05. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) No cubo de
(E) 120 m. aresta 10, da figura abaixo, encontra-se representado um plano
passando pelos vértices B e C e pelos pontos P e Q, pontos médios,
02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Considere um respectivamente, das arestas EF e HG, gerando o quadrilátero BCQP.
triângulo retângulo de catetos medindo 3m e 5m. Um segundo
triângulo retângulo, semelhante ao primeiro, cuja área é o dobro
da área do primeiro, terá como medidas dos catetos, em metros:
(A) 3 e 10.
(B) 3√2 e 5√2 .
(C) 3√2 e 10√2 .
(D)5 e 6.
(E) 6 e 10.

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na figura abai-


xo, encontra-se representada uma cinta esticada passando em tor-
no de três discos de mesmo diâmetro e tangentes entre si. A área do quadrilátero BCQP, da figura acima, é
(A) 25√5.
(B) 50√2.
(C) 50√5.
(D)100√2 .
(E) 100√5.

06. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-


CURSOS/2017) O triângulo retângulo em B, a seguir, de vértices A,
B e C, representa uma praça de uma cidade. Qual é a área dessa
praça?

Considerando que o diâmetro de cada disco é 8, o comprimen-


to da cinta acima representada é
(A) 8/3 π + 8 .
(B) 8/3 π + 24.
(C) 8π + 8 .
(D) 8π + 24.
(E) 16π + 24. (A) 120 m²
(B)90 m²
(C) 60 m²
(D) 30 m²

47
MATEMÁTICA
07. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) A 10. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário- VUNESP/2017) A fi-
figura, com dimensões indicadas em centímetros, mostra um painel gura seguinte, cujas dimensões estão indicadas em metros, mostra
informativo ABCD, de formato retangular, no qual se destaca a re- as regiões R1 e R2 , ambas com formato de triângulos retângulos,
gião retangular R, onde x > y. situadas em uma praça e destinadas a atividades de recreação in-
fantil para faixas etárias distintas.

Se a área de R1 é 54 m², então o perímetro de R2 é, em metros,


igual a
(A) 54.
Sabendo-se que a razão entre as medidas dos lados correspon- (B) 48.
dentes do retângulo ABCD e da região R é igual a 5/2 , é correto (C) 36.
afirmar que as medidas, em centímetros, dos lados da região R, in- (D) 40.
dicadas por x e y na figura, são, respectivamente, (E) 42.
(A) 80 e 64.
(B) 80 e 62. 11. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária – MSCON-
(C) 62 e 80. CURSOS/2017)
(D) 60 e 80.
(E) 60 e 78.
Seja a expressão definida em 0< x <
08. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) O π/2 . Ao simplificá-la, obteremos:
piso de um salão retangular, de 6 m de comprimento, foi totalmente (A) 1
coberto por 108 placas quadradas de porcelanato, todas inteiras. (B) sen²x
Sabe-se que quatro placas desse porcelanato cobrem exatamente (C)cos²x
1 m2 de piso. Nessas condições, é correto afirmar que o perímetro (D)0
desse piso é, em metros, igual a
(A) 20. 12. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária – MSCON-
(B) 21. CURSOS/2017) Fábio precisa comprar arame para cercar um ter-
(C) 24. reno no formato a seguir, retângulo em B e C. Considerando que
(D) 27. ele dará duas voltas com o arame no terreno e que não terá per-
(E) 30. das, quantos metros ele irá gastar? (considere √3 =1,7; sen30º=0,5;
cos30º=0,85; tg30º=0,57).
09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor –
FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular resolveu cer-
cá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de madeira. Colocou uma
estaca em cada um dos quatro cantos do terreno e as demais igual-
mente espaçadas, de 3 em 3 metros, ao longo dos quatro lados do
terreno.
O número de estacas em cada um dos lados maiores do terre-
no, incluindo os dois dos cantos, é o dobro do número de estacas (A) 64,2 m
em cada um dos lados menores, também incluindo os dois dos can- (B) 46,2 m
tos. (C)92,4 m
A área do terreno em metros quadrados é: (D) 128,4 m
(A) 240;
(B) 256;
(C) 324;
(D) 330;
(E) 372.

48
MATEMÁTICA
A parte do círculo é igual a 120°, pois é 1/3 do círculo, como são
GABARITO três partes, é a mesma medida de um círculo.
O comprimento do círculo é dado por: 2πr=8π
01. Resposta: D. Portanto, a cinta tem 8π+24

04. Resposta: E.
Como o quadrado tem lado 10,a área é 100.

O ladao AF e AE medem 5, cada um, pois F e E é o ponto Médio


X²=5²+5²
X²=25+25
X²=50
X=5√2
96h=1728 X é o diâmetro do círculo, como temos 4 semi círculos, temos
H=18 2 círculos inteiros.

Como I é um triângulo: A área de um círculo é


60-36=24
X²=24²+18²
X²=576+324
X²=900
X=30
Como h=18 e AD é 40, EG=22
A sombreada=100-25π
Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116
05. Resposta: C.
02. Resposta: B. CQ é hipotenusa do triângulo GQC.
01. CQ²=10²+5²
CQ²=100+25
CQ²=125
CQ=5√5
A área do quadrilátero seria CQ⋅BC
A=5√5⋅10=50√5

06. Resposta: C
Para saber a área, primeiro precisamos descobrir o x.

17²=x²+8²
289=x²+64
X²=225
X=15

Lado=3√2 07. Resposta: A.


Outro lado =5√2

03. Resposta: D.
Observe o triângulo do meio, cada lado é exatamente a mesma 5y=320
medida da parte reta da cinta. Y=64
Que é igual a 2 raios, ou um diâmetro, portanto o lado esticado
tem 8x3=24 m

49
MATEMÁTICA

5x=400
X=80
12. Resposta: D.

08. Resposta: B.
108/4=27m²
6x=27
X=27/6

O perímetro seria
X=6

09. Resposta: C.
Número de estacas: x
X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contando duas ve-
zes o canto
6x=30 Y=10,2
X=5 2 voltas=2(12+18+10,2+6+18)=128,4m
Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas a cada 3m
4 espaços de 3m=12m
Lado maior 10 estacas TRIGONOMETRIA
9 espaços de 3 metros=27m
A=12⋅27=324 m² Fórmulas Trigonométricas

10. Resposta: B. Relação Fundamental


Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

9x=108
X=12
Para encontrar o perímetro do triângulo R2:

Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Dividindo os membros por c²

! ! !! ! !
= +
!! !! !!
!! ! !
1= !+ !
! !
Y²=16²+12² Como
Y²=256+144=400 ! !
Y=20 !"# Â = !!!!!"# ! = , !"#$%
! !
Perímetro: 16+12+20=48
!"!! ! + !"! ! ! = 1
11. Resposta: C. !

1-cos²x=sen²x

50
MATEMÁTICA
Lei dos Cossenos Temos:
A lei dos cossenos é uma importante ferramenta matemática
para o cálculo de medidas dos lados e dos ângulos de triângulos cateto!oposto!a!! !
sen!α = =
quaisquer. hipotenusa !

cateto!adjacente!a!! !
cos ! = =
hipotenusa !

cateto!oposto!a!! !
tg!α = =
!"#$#%!!"#!$%&'%!!!! !
!

1 !"#$#%!!"#!$%&'%!!!! !
!"#$!! = = =
!"!! !"#$#%!!"!#$!!!!! !
Lei dos Senos

1 ℎ!"#$%&'() !
sec ! = = =
cos ! !"#$#%!!"#!$%&'%!!!! !

1 ℎ!"#$%&'() !
!"#$!!! = = = !
!"#$ !"#$#%!!"!#$!!!!! !
!
Teorema de Pitágoras
c²=a²+b²

Considere um arco !" !, contido numa circunferência de raio r,


tal que o comprimento do arco !" !seja igual a r.

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo


Considerando o triângulo retângulo ABC. Dizemos que a medida do arco !"!é 1 radiano(1rad)
Transformação de arcos e ângulos
Determinar em radianos a medida de 120°
!"#$ = 180°!
π----180
x-----120
120! 2!
!= = !"#
180 3
!
!": ℎ!"#$%&'() = !
!": !"#$#%!!"!#$!!!!!!!!!"#!$%&'%!!!! = !
!": !"#$#%!!"#!$%&'%!!!!!!!!"!#$!!!!! = !
!

51
MATEMÁTICA
Circunferência Trigonométrica

D=R
Im=[-1,1]
Exemplo
Determine o conjunto imagem da função f(x)=2+cos x.

Solução
-1≤cos x≤1
-1+2≤2+cos x≤1+2
1≤f(x)≤3
Logo, Im=[1,3]
Redução ao Primeiro quadrante
Sen(π-x)=senx Função Tangente
Cos(π-x)=-cos x A todo arco !" ! de medida x associa a ordenada yT do pontoT.
Tg (π-x)=-tg x O ponto T é a interseção da reta !" ! com o eixo das tangentes.
Sen(π+x)=-sen x
Cos(π+x)=-cos x
Tg(π+x)=tg x ! ! = !"!! !
Sen(2π-x)=-sen x
Cos(2π-x)=cos x
Tg(2π-x)=-tg x

Funções Trigonométricas

Função seno
A função seno é uma função !: ! → ! ! que a todo arco !"!
de medida x∈R associa a ordenada y’ do ponto M.
! ! = !"#!! ! !
!= !∈!!≠ + !", ! ∈ ! !
D=R e Im=[-1,1] 2

Im=R
Considerados dois arcos quaisquer de medidas a e b, as ope-
rações da soma e da diferença entre esses arcos será dada pelas
seguintes identidades:

!"# ! + ! = !"#!! ∙ cos ! + cos ! ∙ !"#!!

cos ! + ! = cos ! ∙ cos ! − !"#!! ∙ !"#!!


Exemplo
Sem construir o gráfico, determine o conjunto imagem da fun- !"!! + !"!!
ção f(x)=2sen x. !" ! + ! =
1 − !"!! ∙ !"!!
Solução
!
-1≤sen x≤1
-2≤2sen x≤2
-2≤f(x)≤2
Im=[-2,2]

Função Cosseno
A função cosseno é uma função !: ! → ! ! que a todo arcode
medida x∈R associa a abscissa x do ponto M.

52
MATEMÁTICA
Duplicação de arcos a) 9,6.
b) 7,2.
c) 5,4.
!"#2! = 2!"#$! ∙ !"#$ d) 4,5.
e) 2,6.

!"#2! = !"! ! ! − !"!! ! 4. (PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO/2012) Assinale a alterna-


tiva que apresenta a medida do lado AC da figura abaixo.
2!"#
!"2! =
1 − !!! !
!

EXERCÍCIOS

1. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA DE CLAS- !"#$#%!!"!#$!


SE I – VUNESP/2013) Roberto irá cercar uma parte de seu terreno (Dados: sen 30°=0,5 e senx= ).!
para fazer um canil. Como ele tem um alambrado de 10 metros, de- a) 5 metros.
ℎ!"#$%&'()
cidiu aproveitar o canto murado de seu terreno (em ângulo reto) e b) 6 metros.
fechar essa área triangular esticando todo o alambrado, sem sobra. c) 9 metros.
Se ele utilizou 6 metros de um muro, do outro muro ele irá utilizar, d) 10 metros.
em metros,
a) 7. 5. (PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO/2012) Assinale a alter-
b) 5. nativa que apresenta o valor da medida do lado AB do triângulo
c) 8. abaixo.
d) 6.
e) 9.

2. (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012) No clube, há


um campo de futebol cujas traves retangulares têm 6 m de largura
e 2 m de altura. Logo, a medida da diagonal da trave
a) menor que 6 metros.
b) maior que 6 metros e menor que 7 metros.
c) maior que 7 metros e menor que 8 metros.
d) maior que 8 metros e menor que 9 metros. a) 20.
e) maior que 9 metros. b) 28.
c) 30.
3. (PM/SP – OFICIAL – VUNESP/2013) Em um determinando d) 32.
momento, duas viaturas da PM encontram-se estacionadas nos
pontos A e B separados por uma distância de 12km em linha reta. 6. (ESCOLA DE SARGENTO DAS ARMAS – COMBATENTE/LO-
Acionadas via rádio, ambas partem simultaneamente e se deslocam GÍSTICA – TÉCNICA/AVIAÇÃO – EXÉRCITO BRASILEIRO/2012) A
na direção do ponto C, seguindo o trajeto mostrado na figura. soma dos valores de m que satisfazem a ambas as igualdades sen-
x=(m+1)/m e cos x=(m+2)/m
a) 5
b) 6
c) 4
d) -4
e) -6

Admita que, nesses trajetos, as velocidades médias desenvolvi-


das pelas viaturas que estavam nos pontos A e B tenham sido de 60
km/h e 50km/h, respectivamente. Nesse caso, pode-se afirmar que
o intervalo de tempo, em minutos, decorrido entre os momentos
de chegada de ambas no ponto C foi, aproximadamente,

!"!#:! 2 = 1,41!

53
MATEMÁTICA
7. (IAMSPE – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP/2012) Ob- A) 9 3!!"#$%&
serve o desenho
B) 3 3!!"#$%&
! !
C) ! !!"#$%&
D) 3!!"#$%&
E) 4,5!!"#$%&
!
10. Dois lados de um triângulo medem 6m e 10m e formam
entre si um ângulo de 120º. Determinar a medida do terceiro lado.
Representando geometricamente a situação, temos:

Todos os pontos do desenho representam as portarias de vários GABARITO


prédios de um complexo hospitalar. Os segmentos representados,
cujas medidas estão em cm, são as ruas internas desse complexo e
representam as distâncias entre uma portaria e outra, podendo-se 1. RESPOSTA: “C”.
circular entre duas portarias quaisquer a pé. Cada 1 cm do desenho
corresponde a uma distância real de 50 metros. Para ir de B a D, a
menor distância que uma pessoa pode percorrer é
a) 650 m.
b) 600m.
c) 500m.
d) 400m.
e) 350m.

8. (CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA/2013) Durante a aula,


uma professora pede que os alunos façam recortes de papel em
formatos triangulares. Os triângulos devem ser triângulos retângu- 10! = 6! + ! !
los pitangóricos, a hipotenusa deve medir 13 cm, e um dos catetos ! ! = 100 − 36
deve medir 12 cm. Dessa forma, qual será a área desses recortes
triangulares? ! ! = 64
a) 30 mm2 ! = 8!
b) 30 cm2 !
c) 30 m2
d) 17 cm2 2. RESPOSTA: “B”.
e) 25 cm2

9. (ESPCEX – CADETES DO EXÉRCITO – EXÉRCITO BRASILEI-


RO/2013) Um tenente do Exército está fazendo um levantamento
topográfico da região onde será realizado um exercício de campo.
Ele quer determinar a largura do rio que corta a região e por isso
adotou os seguintes procedimentos: marcou dois pontos, A (uma
árvore que ele observou na outra margem) e B (uma estaca que
ele fincou no chão na margem onde ele se encontra); marcou um
ponto C distante 9 metros de B, fixou um aparelho de medir ângulo
(teodolito) de tal modo que o ângulo no ponto B seja reto e obteve x²=6²+2²
uma medida de π/3 rad para o ângulo !!! ! . Qual foi a largura do x²=36+4
rio que ele encontrou? x²=40

54
MATEMÁTICA
6. RESPOSTA: “E”.

!"!! ! + !"! ! ! = 1

! !
!+1 !+2
+ =1
! !
! = 2 10 ≈ 6,32! !! + 2! + 1 !! + 4! + 4
Portanto, é maior que 6 e menor que 7. + −1=0
!! !!
3. RESPOSTA: “E”.
!! + 2! + 1 + !! + 4! + 4 − !! = 0
!"
!"45 =
12 !! + 6! + 5 = 0
!
!"
1= S=-b/a
12 S=-6/1=-6

!" = 12!" 7. RESPOSTA: “A”.

!! = 12 2 = 12 ∙ 1,41 = 16,92km
!
60km----60 minutos
16,92---x

X=16,92 minutos

50km---60 minutos
12------x

X=14,4 minutos

Diferença: 16,92-14,4=2,52≅2,6

4. RESPOSTA: “B”.
3 A menor distância de B a D é:
!"#30° =
!" X²=12²+5²
X²=144+25
3 X²=169
0,5 = X=13
!" 1cm---50m
13 cm---y
!" = 6! Y=650m
!
8. RESPOSTA: “B”.
5. RESPOSTA: “A”.

!!! = 12! + 16!


!!! = 144 + 256
!!! = 400
!" = 20
!
13²=12²+x²
169=144+x²
25=x²
X=5

55
MATEMÁTICA
! Tabelas de frequência - Ao dispor de uma lista volumosa de
! = 12 ∙ ! = 30!!"² dados, as tabelas de frequência servem para agrupar informações
! de modo que estas possam ser analisadas. As tabelas podem ser de
frequência simples ou de frequência em faixa de valores.
9. RESPOSTA: “A”. Gráficos - O objetivo da representação gráfica é dirigir a aten-
ção do analista para alguns aspectos de um conjunto de dados. Al-
guns exemplos de gráficos são: diagrama de barras, diagrama em
setores, histograma, boxplot, ramo-e-folhas, diagrama de disper-
são, gráfico sequencial.

Resumos numéricos - Por meio de medidas ou resumos numé-


ricos podemos levantar importantes informações sobre o conjunto
de dados tais como: a tendência central, variabilidade, simetria, va-
lores extremos, valores discrepantes, etc.

Estatística inferencial (Indutiva)


Utiliza informações incompletas para tomar decisões e tirar
! ! conclusões satisfatórias. O alicerce das técnicas de estatística infe-
!" = rencial está no cálculo de probabilidades. Fazemos uso de:
3 9
Estimação - A técnica de estimação consiste em utilizar um
! conjunto de dados incompletos, ao qual iremos chamar de amos-
3= tra, e nele calcular estimativas de quantidades de interesse. Estas
9
estimativas podem ser pontuais (representadas por um único valor)
ou intervalares.
!=9 3
! Teste de Hipóteses - O fundamento do teste estatístico de hi-
póteses é levantar suposições acerca de uma quantidade não co-
10.Pela lei dos cossenos: nhecida e utilizar, também, dados incompletos para criar uma regra
de escolha.
! ! = 10² + 6! − 2 ∙ 10 ∙ 6 ∙ !"#120
População e amostra

1
! ! = 100 + 36 − 2 ∙ 10 ∙ 6 ∙ −
2

! ! = 136 + 60 = 196

! = 13
!

População: é o conjunto de todas as unidades sobre as quais


LEITURA E IDENTIFICAÇÃO DE DADOS APRESENTADOS há o interesse de investigar uma ou mais características.
EM GRÁFICOS DE COLUNAS E TABELA
Variáveis e suas classificações
ESTATÍSTICA DESCRITIVA Qualitativas – quando seus valores são expressos por atribu-
O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca- tos: sexo (masculino ou feminino), cor da pele, entre outros. Dize-
racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos mos que estamos qualificando.
e resumos numéricos. Quantitativas – quando seus valores são expressos em núme-
ros (salários dos operários, idade dos alunos, etc). Uma variável
Noções de estatística quantitativa que pode assumir qualquer valor entre dois limites
A estatística torna-se a cada dia uma importante ferramenta de recebe o nome de variável contínua; e uma variável que só pode
apoio à decisão. Resumindo: é um conjunto de métodos e técnicas assumir valores pertencentes a um conjunto enumerável recebe o
que auxiliam a tomada de decisão sob a presença de incerteza. nome de variável discreta.

Estatística descritiva (Dedutiva) Fases do método estatístico


O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca- - Coleta de dados: após cuidadoso planejamento e a devida
racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos determinação das características mensuráveis do fenômeno que se
e resumos numéricos. Fazemos uso de: quer pesquisar, damos início à coleta de dados numéricos necessá-
rios à sua descrição. A coleta pode ser direta e indireta.

56
MATEMÁTICA
- Crítica dos dados: depois de obtidos os dados, os mesmos Tipos de gráficos
devem ser cuidadosamente criticados, à procura de possível falhas Barras- utilizam retângulos para mostrar a quantidade.
e imperfeições, a fim de não incorrermos em erros grosseiros ou
de certo vulto, que possam influir sensivelmente nos resultados. A Barra vertical
crítica pode ser externa e interna.

- Apuração dos dados: soma e processamento dos dados obti-


dos e a disposição mediante critérios de classificação, que pode ser
manual, eletromecânica ou eletrônica.
- Exposição ou apresentação de dados: os dados devem ser
apresentados sob forma adequada (tabelas ou gráficos), tornando
mais fácil o exame daquilo que está sendo objeto de tratamento
estatístico.
- Análise dos resultados: realizadas anteriores (Estatística Descriti-
va), fazemos uma análise dos resultados obtidos, através dos métodos
da Estatística Indutiva ou Inferencial, que tem por base a indução ou
inferência, e tiramos desses resultados conclusões e previsões.

Censo
É uma avaliação direta de um parâmetro, utilizando-se todos os
componentes da população. Fonte: tecnologia.umcomo.com.br
Barra horizontal
Principais propriedades:
- Admite erros processual zero e tem 100% de confiabilidade;
- É caro;
- É lento;
- É quase sempre desatualizado (visto que se realizam em pe-
ríodos de anos 10 em 10 anos);
- Nem sempre é viável.

Dados brutos: é uma sequência de valores numéricos não organi-


zados, obtidos diretamente da observação de um fenômeno coletivo.

Rol: é uma sequência ordenada dos dados brutos.

GRÁFICOS E TABELAS
Os gráficos e tabelas apresentam o cruzamento entre dois da-
dos relacionados entre si.
A escolha do tipo e a forma de apresentação sempre vão de-
pender do contexto, mas de uma maneira geral um bom gráfico
deve:
-Mostrar a informação de modo tão acurado quanto possível. Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br
-Utilizar títulos, rótulos, legendas, etc. para tornar claro o con- Histogramas
texto, o conteúdo e a mensagem. São gráfico de barra que mostram a frequência de uma variável
-Complementar ou melhorar a visualização sobre aspectos des- específica e um detalhe importante que são faixas de valores em x.
critos ou mostrados numericamente através de tabelas.
-Utilizar escalas adequadas.
-Mostrar claramente as tendências existentes nos dados.

57
MATEMÁTICA

Da mesma forma, as tabelas ajudam na melhor visualização de


dados e muitas vezes é através dela que vamos fazer os tipos de
gráficos vistos anteriormente.

Podem ser tabelas simples:

Quantos aparelhos tecnológicos você tem na sua casa?

aparelho quantidade
televisão 3
celular 4
Setor ou pizza- Muito útil quando temos um total e queremos
demonstrar cada parte, separando cada pedaço como numa pizza. Geladeira 1

Até as tabelas que vimos nos exercícios de raciocínio lógico

EXERCÍCIOS

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na Pesquisa Na-


cional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram obtidos os dados
da taxa de desocupação da população em idade para trabalhar. Es-
ses dados, em porcentagem, encontram-se indicados na apresenta-
ção gráfica abaixo, ao longo de trimestres de 2014 a 2017.
Fonte: educador.brasilescola.uol.com.br

Linhas- É um gráfico de grande utilidade e muito comum na


representação de tendências e relacionamentos de variáveis

Dentre as alternativas abaixo, assinale a que apresenta a me-


lhor aproximação para o aumento percentual da taxa de desocupa-
ção do primeiro trimestre de 2017 em relação à taxa de desocupa-
ção do primeiro trimestre de 2014.
(A) 15%.
(B) 25%.
(C) 50%.
Pictogramas – são imagens ilustrativas para tornar mais fácil a (D) 75%.
compreensão de todos sobre um tema. (E) 90%.

58
MATEMÁTICA
02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) A Analisando o gráfico, é correto afirmar que a medida do ângulo
tabela seguinte, incompleta, mostra a distribuição, percentual e interno correspondente ao setor circular que representa o conceito
quantitativa, da frota de uma empresa de ônibus urbanos, de acor- BOM é igual a
do com o tempo de uso destes. (A) 144º.
(B) 135º.
Tempo de uso Quantidade de ônibus % do total (C) 126º
(D) 117º
Até 5 anos ----- 35% (E) 108º.
6 a 10 anos 81 -----
05. (TCE/PR – Conhecimentos Básicos – CESPE/2016)
11 a 15 anos 27 -----
Mais de 15 anos ----- 5%

O número total de ônibus dessa empresa é


(A) 270.
(B) 250.
(C) 220
(D) 180.
(E) 120.

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) O gráfico


mostra o número de carros vendidos por uma concessionária nos cinco
dias subsequentes à veiculação de um anúncio promocional.

Tendo como referência o gráfico precedente, que mostra os va-


lores, em bilhões de reais, relativos à arrecadação de receitas e aos
gastos com despesas do estado do Paraná nos doze meses do ano
de 2015, assinale a opção correta.
(A) No ano considerado, o segundo trimestre caracterizou-se
por uma queda contínua na arrecadação de receitas, situação que
se repetiu no trimestre seguinte.
(B) No primeiro quadrimestre de 2015, houve um período de
queda simultânea dos gastos com despesas e da arrecadação de
O número médio de carros vendidos por dia nesse período foi igual a receitas e dois períodos de aumento simultâneo de gastos e de ar-
(A) 10. recadação.
(B) 9. (C) No último bimestre do ano de 2015, foram registrados tanto
(C) 8. o maior gasto com despesas quanto a maior arrecadação de recei-
(D) 7. tas.
(E) 6. (D) No ano em questão, janeiro e dezembro foram os únicos
meses em que a arrecadação de receitas foi ultrapassada por gastos
04. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017) Uma com despesas.
professora elaborou um gráfico de setores para representar a distri- (E) A menor arrecadação mensal de receitas e o menor gasto
buição, em porcentagem, dos cinco conceitos nos quais foram agru- mensal com despesas foram verificados, respectivamente, no pri-
padas as notas obtidas pelos alunos de uma determinada classe em meiro e no segundo semestre do ano de 2015.
uma prova de matemática. Observe que, nesse gráfico, as porcen-
tagens referentes a cada conceito foram substituídas por x ou por
múltiplos e submúltiplos de x.

59
MATEMÁTICA
06. (BRDE – Assistente Administrativo – FUNDATEC/2015) As- 8,0 2
sinale a alternativa que representa a nomenclatura dos três gráficos
abaixo, respectivamente. 15,0 1

Pode-se concluir que


(A) o total da folha de pagamentos é de 35,3 salários.
(B) 60% dos trabalhadores ganham mais ou igual a 3 salários.
(C) 10% dos trabalhadores ganham mais de 10 salários.
(D) 20% dos trabalhadores detêm mais de 40% da renda total.
(E) 60% dos trabalhadores detêm menos de 30% da renda total.

08. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015) Considere a


tabela de distribuição de frequência seguinte, em quexié a variável
estudada efié a frequência absoluta dos dados.

xi fi
30-35 4
35-40 12
40-45 10
45-50 8
50-55 6
TOTAL 40

Assinale a alternativa em que o histograma é o que melhor re-


presenta a distribuição de frequência da tabela.

(A)

(B)

(C)

(A) Gráfico de Setores – Gráfico de Barras – Gráfico de Linha.


(B) Gráfico de Pareto – Gráfico de Pizza – Gráfico de Tendência.
(C) Gráfico de Barras – Gráfico de Setores – Gráfico de Linha.
(D) Gráfico de Linhas – Gráfico de Pizza – Gráfico de Barras.
(E) Gráfico de Tendência – Gráfico de Setores – Gráfico de Li- (D)
nha.

07. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015) A distribui-


ção de salários de uma empresa com 30 funcionários é dada na ta-
bela seguinte.

(E)
Salário (em salários mínimos) Funcionários
1,8 10
2,5 8
3,0 5
5,0 4

60
MATEMÁTICA
09. (DEPEN – Agente Penitenciário Federal – CESPE/2015)

Ministério da Justiça — Departamento Penitenciário Nacional —


Sistema Integrado de Informações Penitenciárias – InfoPen, Relatório ( ) Certo
Estatístico Sintético do Sistema Prisional Brasileiro, dez./2013 Interne- ( ) Errado
t:<www.justica.gov.br>(com adaptações)

A tabela mostrada apresenta a quantidade de detentos no GABARITO


sistema penitenciário brasileiro por região em 2013. Nesse ano, o
déficit relativo de vagas — que se define pela razão entre o déficit
de vagas no sistema penitenciário e a quantidade de detentos no 01. Resposta: E.
sistema penitenciário — registrado em todo o Brasil foi superior a 13,7/7,2=1,90
38,7%, e, na média nacional, havia 277,5 detentos por 100 mil ha- Houve um aumento de 90%.
bitantes.
Com base nessas informações e na tabela apresentada, julgue 02. Resposta:D
o item a seguir. 81+27=108
Em 2013, mais de 55% da população carcerária no Brasil se en- 108 ônibus somam 60%(100-35-5)
contrava na região Sudeste. 108-----60
( )certo x--------100
() errado x=10800/60=180

10. (DEPEN – Agente Penitenciário Federal – CESPE/2015) 03. Resposta: C.

04. Resposta: A.
X+0,5x+4x+3x+1,5x=360
10x=360
X=36
Como o conceito bom corresponde a 4x: 4x36=144°

05. Resposta: B.
Analisando o primeiro quadrimestre, observamos que os dois
primeiros meses de receita diminuem e os dois meses seguintes
aumentam, o mesmo acontece com a despesa.

A partir das informações e do gráfico apresentados, julgue o


item que se segue.
Se os percentuais forem representados por barras verticais,
conforme o gráfico a seguir, então o resultado será denominado
histograma.

61
MATEMÁTICA
06. Resposta: C. Fatorial
Como foi visto na teoria, gráfico de barras, de setores ou pizza É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produto
e de linha de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecu-
tivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
07. Resposta: D.
(A) 1,8x10+2,5x8+3,0x5+5,0x4+8,0x2+15,0x1=104 salários
(B) 60% de 30=18 funcionários e se juntarmos quem ganha
mais de 3 salários (5+4+2+1=12) Arranjo Simples
(C)10% de 30=0,1x30=3 funcionários Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p, toda
E apenas 1 pessoa ganha sequência de p elementos distintos de E.
(D) 40% de 104=0,4x104= 41,6
20% de 30=0,2x30=6 Exemplo
5x3+8x2+15x1=46, que já é maior. Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2
(E) 60% de 30=0,6x30=18 algarismos distintos podemos formar?
30% de 104=0,3x104=31,20da renda: 31,20

08. Resposta: A.
Colocando em ordem crescente: 30-35, 50-55, 45-50, 40-45,
35-40,

09. Resposta: CERTA.


555----100%
x----55%
x=305,25
Está correta, pois a região sudeste tem 306 pessoas.

10. Resposta: ERRADO.


Como foi visto na teoria, há uma faixa de valores no eixo x e não
simplesmente um dado.

Referências
http://www.galileu.esalq.usp.br

Observe que os números obtidos diferem entre si:


ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Análise Combinatória Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos
A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos 3 elementos tomados 2 a 2.
problemas de contagem.
Indica-se
Princípio Fundamental da Contagem
Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de
um evento composto de duas ou mais etapas.
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão E2
pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras de se Permutação Simples
tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2. Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer
agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
Exemplo O número de permutações simples de n elementos é indicado
por Pn.

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução
A palavra tem 8 letras, portanto:

O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças). Permutação com elementos repetidos


3(blusas)=6 maneiras De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.

62
MATEMÁTICA

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Permutações.
Como temos uma letra repetida, esse número será menor.
Binômio de Newton
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma
, com n∈N. Vamos desenvolver alguns binômios:

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode-
mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto com
i elementos é chamado combinação simples.

Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo de


Exemplo Pascal.
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que po-
demos formar a partir de um grupo de 5 alunos.
Solução

Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados p a p,
também é representado pelo número binomial . EXERCÍCIOS

01. (UFES - Assistente em Administração – UFES/2017) Uma


determinada família é composta por pai, por mãe e por seis filhos.
Eles possuem um automóvel de oito lugares, sendo que dois lugares
Binomiais Complementares estão em dois bancos dianteiros, um do motorista e o outro do ca-
Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos de- rona, e os demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no
nominadores é igual ao numerador são iguais: automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um dos dois
bancos dianteiros. O número de maneiras de dispor os membros da
família nos lugares do automóvel é igual a:
(A) 1440
(B) 1480
Relação de Stifel (C) 1520
(D) 1560
(E) 1600

02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Tomando os al-


Triângulo de Pascal garismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números pares de 4 algarismos
distintos podem ser formados?
(A) 120.
(B) 210.
(C) 360.
(D) 630.
(E) 840.

63
MATEMÁTICA
03. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) Seis livros diferentes es- Solução
tão distribuídos em uma estante de vidro, conforme a figura abaixo: a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lançamento,
há duas possibilidades.

2x2x2=8

b)E={(C,C,C),(C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(-
C,R,R),(R,R,R)}

Probabilidade
Considerando-se essa mesma forma de distribuição, de quantas Considere um experimento aleatório de espaço amostral E com
maneiras distintas esses livros podem ser organizados na estante? n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento com n(A) amostras.
(A) 30 maneiras
(B) 60 maneiras
(C) 120 maneiras
(D) 360 maneiras
(E) 720 maneiras
Eventos complementares
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A um even-
to de E. Chama-se complementar de A, e indica-se por , o evento
GABARITO formado por todos os elementos de E que não pertencem a A.

01. Resposta: A.
P2⋅P6=2!⋅6!=2⋅720=1440

02. Resposta: C.
__ ___ __ __
6⋅ 5⋅4⋅ 3=360

03. Resposta: E.
P6=6!=6⋅5⋅4⋅3⋅2⋅1=720

04. Resposta: E.
P4=4!= 4⋅3⋅2⋅1=24
Note que

Experimento Aleatório
Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é imprevisível, Exemplo
por depender exclusivamente do acaso, por exemplo, o lançamen- Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas coloridas.
to de um dado. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada uma bola vermelha
é Calcular a probabilidade de ter sido retirada uma bola que não
Espaço Amostral seja vermelha.
Num experimento aleatório, o conjunto de todos os resultados
possíveis é chamado espaço amostral, que se indica por E. Solução
No lançamento de um dado, observando a face voltada para
cima, tem-se:
E={1,2,3,4,5,6} são complementares.
No lançamento de uma moeda, observando a face voltada
para cima:
E={Ca,Co}

Evento Adição de probabilidades


É qualquer subconjunto de um espaço amostral. Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, finito e não
No lançamento de um dado, vimos que vazio. Tem-se:
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}: Ocorrer
um número par, tem-se {2,4,6}.
Exemplo Exemplo
Considere o seguinte experimento: registrar as faces voltadas No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se obter
para cima em três lançamentos de uma moeda. um número par ou menor que 5, na face superior?

a) Quantos elementos tem o espaço amostral? Solução


b) Descreva o espaço amostral. E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
Sejam os eventos

64
MATEMÁTICA
A={2,4,6} n(A)=3 04. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/2017) Uma
B={1,2,3,4} n(B)=4 pesquisa feita com 200 frequentadores de um parque, em que 50
não praticavam corrida nem caminhada, 30 faziam caminhada e
corrida, e 80 exercitavam corrida, qual a probabilidade de encon-
trar no parque um entrevistado que pratique apenas caminhada?
(A) 7/20
(B) 1/2
(C)1/4
(D) 3/20
(E) 1/5
Probabilidade Condicional
É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocorreu o 05. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR – Perito Criminal – IBFC/2017) A
evento B, definido por: probabilidade de se sortear um número múltiplo de 5 de uma urna
que contém 40 bolas numeradas de 1 a 40, é:
(A) 0,2
(B) 0,4
(C) 0,6
E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6 (D) 0,7
B={2,4,6} n(B)=3 (E) 0,8
A={2}
06. (PREF. DE PIRAUBA/MG – Assistente Social – MSCONCUR-
SOS/2017) A probabilidade de qualquer uma das 3 crianças de um
grupo soletrar, individualmente, a palavra PIRAÚBA de forma cor-
reta é 70%. Qual a probabilidade das três crianças soletrarem essa
palavra de maneira errada?
(A) 2,7%
(B) 9%
Eventos Simultâneos (C) 30%
Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espaço amos- (D) 35,7%
tral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por:
07. (UFTM – Tecnólogo – UFTM/2016) Lançam-se simultanea-
mente dois dados não viciados, a probabilidade de que a soma dos
resultados obtidos seja nove é:
(A) 1/36
EXERCÍCIOS (B) 2/36
(C) 3/36
(D) 4/36
01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Em cada um
de dois dados cúbicos idênticos, as faces são numeradas de 1 a 6. 08. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO AOCP/2016)
Lançando os dois dados simultaneamente, cuja ocorrência de cada Um empresário, para evitar ser roubado, escondia seu dinheiro no
face é igualmente provável, a probabilidade de que o produto dos interior de um dos 4 pneus de um carro velho fora de uso, que man-
números obtidos seja um número ímpar é de: tinha no fundo de sua casa. Certo dia, o empresário se gabava de
(A) 1/4. sua inteligência ao contar o fato para um de seus amigos, enquanto
(B) 1/3. um ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O ladrão tinha tem-
(C) 1/2. po suficiente para escolher aleatoriamente apenas um dos pneus,
(D) 2/3. retirar do veículo e levar consigo. Qual é a probabilidade de ele ter
(E) 3/4. roubado o pneu certo?
(A) 0,20.
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- (B) 0,23.
CURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pessoas, entre homens (C) 0,25.
e mulheres. Numa escolha ao acaso, a probabilidade de se sortear (D) 0,27.
um homem é de 5/12 . Quantas mulheres foram à excursão? (E) 0,30.
(A) 20
(B) 24 09. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Em uma urna
(C) 28 há quinze bolas iguais numeradas de 1 a 15. Retiram-se aleatoria-
(D) 32 mente, em sequência e sem reposição, duas bolas da urna.
A probabilidade de que o número da segunda bola retirada da
03. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/2017) Qual a urna seja par é:
probabilidade de, lançados simultaneamente dois dados honestos, (A) 1/2;
a soma dos resultados ser igual ou maior que 10? (B) 3/7;
(A) 1/18 (C) 4/7;
(B) 1/36 (D) 7/15;
(C) 1/6 (E) 8/15.
(D) 1/12
(E) ¼

65
MATEMÁTICA
10. (CASAN – Advogado – INSTITUTO AOCP/2016) Lançando 5+4
uma moeda não viciada por três vezes consecutivas e anotando
seus resultados, a probabilidade de que a face voltada para cima P=4/36
tenha apresentado ao menos uma cara e ao menos uma coroa é:
(A) 0,66. 08. Resposta: C.
(B) 0,75. A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o dinheiro
(C) 0,80. está em 1.
(D) 0,98. 1/4=0,25
(E) 0,50.
09. Resposta: D.
Temos duas possibilidades
As bolas serem par/par ou ímpar/par
GABARITO Ser par/par:

01. Resposta: A. Os números pares são: 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14


Para o produto ser ímpar, a única possibilidade, é que os dois
dados tenham ímpar:

Ímpar/par:

02. Resposta: C. Os número símpares são: 1, 3, 5, 7, 9, 11 ,13, 15


Como para homens é de 5/12, a probabilidade de escolher uma
mulher é de 7/12

A probabilida de é par/par OU ímpar/par


12x=336
X=28

03. Resposta: C.
P=6x6=36 10. Resposta: B.
Pra ser maior ou igual a 10: São seis possibilidades:
4+6 Cara, coroa, cara
5+5
5+6
6+4
6+5
6+6 Cara, coroa, coroa

04. Resposta: A. Cara, cara, coroa


Praticam apenas corrida: 80-30=50
Apenas caminhada:x
X+50+30+50=200
70
P=70/200=7/20 Coroa, cara, cara

05. Resposta: A.
M5={5,10,15,20,25,30,35,40}
P=8/40=1/5=0.2
Coroa, coroa, cara
06. Resposta:A.
A probabilidade de uma soletrar errado: 0,3 Coroa, cara, coroa
__ __ __
0,3▲0,3▲0,3=0,027=2,7%

07. Resposta: D.
Para dar 9, temos 4 possibilidades
3+6
6+3
4+5

66
RACIOCÍNIO LÓGICO
1. Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas ou eventos fictícios; dedução de novas informações das
relações fornecidas e avaliação das condições usadas para estabelecer a estrutura destas relações. Conhecimentos de matemática
elementar necessários para resolver questões que envolvam estruturas lógicas, lógica de argumentação, lógica das proposições, uso
dos conectivos (e, ou, não, se... então), tabelas verdade, relações, gráficos e diagramas. Raciocínio lógico envolvendo problemas
aritméticos e geométricos com: Teoria dos Conjuntos (união e intersecção, diagrama de Venn) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Sequências numéricas; máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum; análise combinatória ;estatística e probabilidade . . . . . . . . . 25
RACIOCÍNIO LÓGICO
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
ESTRUTURA LÓGICA DE RELAÇÕES ARBITRÁRIAS verdadeira ou falsa sem mais informações)
ENTRE PESSOAS, LUGARES, COISAS OU EVENTOS FIC-
TÍCIOS; DEDUÇÃO DE NOVAS INFORMAÇÕES DAS RE- CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO LÓGICO
LAÇÕES FORNECIDAS E AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES
USADAS PARA ESTABELECER A ESTRUTURA DESTAS Proposição
RELAÇÕES. CONHECIMENTOS DE MATEMÁTICA ELE- Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensa-
MENTAR NECESSÁRIOS PARA RESOLVER QUESTÕES mento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensa-
QUE ENVOLVAM ESTRUTURAS LÓGICAS, LÓGICA DE mentos, isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a
ARGUMENTAÇÃO, LÓGICA DAS PROPOSIÇÕES, USO respeito de determinados conceitos ou entes.
DOS CONECTIVOS (E, OU, NÃO, SE... ENTÃO), TABE-
LAS VERDADE, RELAÇÕES, GRÁFICOS E DIAGRAMAS. Valores lógicos
RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma
ARITMÉTICOS E GEOMÉTRICOS COM: TEORIA DOS verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a
CONJUNTOS (UNIÃO E INTERSECÇÃO, DIAGRAMA DE proposição é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos
VENN ) os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO – PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble- pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife- – PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUN-
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte CA existindo um terceiro caso.
consiste nos seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos. Fique Atento!!
- Cálculos com porcentagens. “Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé- são: V ou F.”
tricos e matriciais.
- Geometria básica. Classificação de uma proposição
- Álgebra básica e sistemas lineares. Elas podem ser:
- Calendários. Sentença aberta:quando não se pode atribuir um valor lógico
- Numeração. verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
- Razões Especiais. não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças aber-
- Análise Combinatória e Probabilidade. tas:
- Progressões Aritmética e Geométrica. - Frases interrogativas: Quando será prova?- Estudou ontem?
– Fez Sol ontem?
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de
televisão.
Argumentação.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem
figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação
Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO va-
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
lor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
O mais importante é praticar o máximo de questões que envol-
uma frase, proposição ou sentença lógica.
vam os conteúdos: Proposições simples e compostas
- Lógica sequencial Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
- Calendários nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
RACIOCÍNIO VERBAL p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar Exemplos
conclusões lógicas. r: Thiago é careca.
Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha- s: Pedro é professor.
bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli- Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas):
gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições sim-
conhecimento por meio da linguagem. ples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um maiúsculas P,Q,R, R...,também chamadas letras proposicionais.
trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma- Exemplo:
ções, selecionando uma das possíveis respostas: P: Thiago é careca e Pedro é professor.
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das
informações ou opiniões contidas no trecho) ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as in- por duas proposições simples.
formações ou opiniões contidas no trecho)

1
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:(Cespe/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
• “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
• A expressão x + y é positiva.
• O valor de √4 + 3 = 7.
• Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
• O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? -como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
01. Resposta: B.

Conectivos (concectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

Operação Conectivo Estrutura Lógica Tabela verdade

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo: (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP). Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou sím-
bolos (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa
que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simpleste componentes contém 2n linhas.”

Exemplo: (Cespe/UnB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da
proposição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


- Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

- Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que
sejam as proposições P0, Q0, R0, ...

3
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Contigência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
01. (PECFAZ/ESAF) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

Resolução:
Resposta: C.

02. (DPU – Analista – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
() Certo ( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V

Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V

Então concluímos que a afirmação é verdadeira.


Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mes-
ma solução em suas respectivas tabelas verdade.

Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

4
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.
Leis de Morgan
Com elas:
- Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
- Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalando a afirmar que ambas são falsas.

Atenção!!!
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÂO transforma:
CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO e DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

Exemplo: (TJ/PI – Analista Judiciário – Escrivão Judicial – FGV) Considere a afirmação:


“Mato a cobra e mostro o pau”
A negação lógica dessa afirmação é:
(A) não mato a cobra ou não mostro o pau;
(B) não mato a cobra e não mostro o pau;
(C) não mato a cobra e mostro o pau;
(D) mato a cobra e não mostro o pau;
(E) mato a cobra ou não mostro o pau.

Resolução:
Resposta: A
CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

Operação Conectivo Estrutura Lógica Exemplos


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

5
RACIOCÍNIO LÓGICO
Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusi-
vo”(considera apenas um dos casos) Exemplo: R: Paulo é professor
ou administrador S: Maria é jovem ou idosa No primeiro caso,o“ou-
”é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira,
podendo ser ambas. No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois
somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “e” (˄) Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada
de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade: subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fi-
zer sol, então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não dis-
se o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

FIQUE ATENTO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” pos-


suirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou
argumentos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Esteinclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente.
(Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente). Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando
a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada
bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é
condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição
necessária e suficiente para p”.

Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somen-


te se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
Conectivo “ou” (v) 1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
Esteexclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se 2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa). 3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela
verdade:

Mais sobre o Conectivo “ou”


- “inclusivo”(considera os dois casos) Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as pro-
-“exclusivo”(considera apenas um dos casos) posições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

Exemplos: FICA A DICA


R: Paulo é professor ou administrador O importante sobre os concectivos é ter em mente a tabela
S: Maria é jovem ou idosa de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
No primeiro caso,o“ou”é inclusivo,pois pelo menos umadas questão referente ao assunto.
proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das
proposições poderá ser verdadeira

6
RACIOCÍNIO LÓGICO
Ordem de precedência dos conectivos: Resolução:
O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos Montando a tabela teremos que:
ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica mate-
mática prioriza as operações de acordo com a ordem listadas: P ~p ~p ^p
V F F
V F F
Em resumo:
F V F
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante


de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C.

ENTENDIMENTO DA ESTRUTURA LÓGICA DE RELAÇÕES AR-


Exemplo: (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP). Os conecti- BITRÁRIAS ENTRE AS PESSOAS, LUGARES, OBJETOS OU EVENTOS
vos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou FICTÍCIOS; DEDUÇÃO DE NOVAS RELAÇÕES FORNECIDAS E AVA-
símbolos (da linguagem formal) utilizados para conectar proposi- LIAÇÃO DAS CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER A ESTRUTU-
ções de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a RA DAQUELAS RELAÇÕES
alternativa que apresenta exemplos de conjunção, negação e impli- Este conteúdo é também chamado de Análise combinatória.
cação, respectivamente. A análise combinatória desenvolve métodos que permitem contar,
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q indiretamente, o número de elementos de um conjunto. É neces-
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
sário aplicar as propriedades da análise combinatória. Veja quais
(C) p -> q, p v q, ¬ p
propriedades existem:
(D) p v p, p -> q, ¬ q
– Princípio fundamental da contagem
(E) p v q, ¬ q, p v q
– Fatorial
– Arranjos simples
Resolução: – Permutação simples
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta – Combinação
o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é – Permutação com elementos repetidos
representada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma
proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implica- PROBLEMAS DE RACIOCÍNIO: DEDUZIR INFORMAÇÕES DE RE-
ção é uma proposição composta do tipo condicional (Se, então) é LAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE OBJETOS, LUGARES, PESSOAS E/OU
representada pelo símbolo (→). EVENTOS FICTÍCIOS DADOS
Resposta: B. A dedução de informações está ligada à Estrutura lógica de re-
lações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictí-
CONTRADIÇÕES cios. Logo o conteúdo a ser estudado é o acima relacionado.
São proposições compostas formadas por duas ou mais propo-
sições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente ESTRUTURAS LÓGICAS
do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos: Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
A proposição:p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
tabela-verdade: atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

Elas podem ser:


Sentença aberta:quando não se pode atribuir um valor lógico
verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças aber-
Exemplo: (PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, tas:
a proposição ~P ∧ P é: - Frases interrogativas: Quando será prova?- Estudou ontem?
(A) uma tautologia.
– Fez Sol ontem?
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
(C) uma contradição.
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
(D) uma contingência.
televisão.
(E) uma disjunção.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO va-
lor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.
Proposições simples e compostas

7
RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As pro-
posições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições sim-
ples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R...,também chamadas letras proposicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

Operação Conectivo Estrutura Lógica Tabela verdade

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

8
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo: (MEC – Conhecimentos básicos para os Postos 9,10,11 e 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.

Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

() Certo ( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo.

IMPLICAÇÃO LÓGICA
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira. Repre-
sentamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

9
RACIOCÍNIO LÓGICO
FIQUE ATENTO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distintos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conecti-
vo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica que pode ou não existir entre duas proposições. Exemplo:

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.

Transitiva:
– Se P(p,q,r,...) ⇒Q(p,q,r,...) e
Q(p,q,r,...) ⇒R(p,q,r,...), então
P(p,q,r,...) ⇒R(p,q,r,...)
– Se P ⇒Q e Q ⇒R, então P ⇒R

Regras de Inferência
Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em outras
palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de proposições verdadeiras já existentes.

Regras de Inferência obtidas da implicação lógica

- Silogismo Disjuntivo

10
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Modus Ponens Exemplo: (TJ/PI – Analista Judiciário – Escrivão Judicial – FGV)
Renato falou a verdade quando disse:
• Corro ou faço ginástica.
• Acordo cedo ou não corro.
• Como pouco ou não faço ginástica.

Certo dia, Renato comeu muito.

É correto concluir que, nesse dia, Renato:


(A) correu e fez ginástica;
- Modus Tollens (B) não fez ginástica e não correu;
(C) correu e não acordou cedo;
(D) acordou cedo e correu;
(E) não fez ginástica e não acordou cedo.

Resolução:
Na disjunção, para evitarmos que elas fiquem falsas, basta por
uma das proposições simples como verdadeira, logo:
“Renato comeu muito”

Como pouco ou não faço ginástica


FV

Corro ou faço ginástica


VF
Tautologias e Implicação Lógica
Acordo cedo ou não corro
Teorema VF
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,-
q,r,...) Portanto ele:
Comeu muito
Não fez ginástica
Corrreu, e;
Acordou cedo
Resposta: D.

QUANTIFICADORES UNIVERSAL E EXISTENCIAL


Quantificador é um termo utilizado para quantificar uma ex-
pressão. Os quantificadores são utilizados para transformar uma
sentença aberta ou proposição aberta em uma proposição lógica.

Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P → Tipos de quantificadores
Q é tautológica.
- Quantificador universal (∀)
Inferências O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:

Regra do Silogismo Hipotético

Exemplo: Todo homem é mortal.


Princípio da inconsistência A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica mortal.
p ^ ~p ⇒q
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo-
sição q.

A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a


condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

11
RACIOCÍNIO LÓGICO
Na representação do diagrama lógico, seria: Forma simbólica dos quantificadores
Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B).
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).

Exemplos:
1) Todo cavalo é um animal. Logo,
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho- (B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
mem. (C) Todo animal é cavalo.
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões: (D) Nenhum animal é cavalo.
1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
2ª) Se José é homem, então José é mortal. Resolução:
A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B. sões:
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀ – Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
(x) (A (x) → B). – Se é cavalo, então é um animal.
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional. Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda for-
Aplicando temos: ma de conclusão).
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for- Resposta: B.
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 (lê-se: para todo pertencente a N temos x
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira? 2) (CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a pro-
posição (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos Resolução:
julgar, logo, é uma proposição lógica. Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
- Quantificador existencial (∃) tal que x + y = x.
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas: - 1º passo: observar os quantificadores.
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade.
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
- 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
Exemplo: O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase é: O elemento y pertence ao conjunto os números reais.

- 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).


A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0.
X + 0 = X.

Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de


O quantificador existencial tem a função de elemento comum. x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- reto.
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: Resposta: CERTO.
(∃ (x)) (A (x) ∧ B).
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Aplicando temos: Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
∈ N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
que x + 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
sentença será verdadeira? argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador, mento.
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
julgar, logo, é uma proposição lógica.
- A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B”
é diferente de “Todo B é A”.
- A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.

12
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-
mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a idéia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamdo de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido. Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
“Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
Argumentos Válidos comum.
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató- vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
ria do seu conjunto de premissas.

Exemplo: O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

Fique Atento!!!
O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CONTEÚDO!
Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão! Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
– NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
Como saber se um determinado argumento é mesmo válido? será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa Argumentos Inválidos
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
essa frase da seguinte maneira: ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
são.

Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois


as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam
de chocolate.

13
RACIOCÍNIO LÓGICO
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo artifício,
que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do diagrama:

1º) Fora do conjunto maior;


2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, AL-
GUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre
quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “→” e “↔”. Baseia-se na
construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem
de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

14
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese:

Exemplo: Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.
- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?
A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos seguir
adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta também
é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q)→r é verdade. Sabendo que r é falsa, concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa.
E quando uma conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou ambas forem falsas. Logo, não é possível determinamos
os valores lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar
se o argumento é ou NÃO VÁLIDO.

Resolução pelo 4º Método


Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Teremos:
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verdadeiro!
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas verdadeiras! Teremos:

15
RACIOCÍNIO LÓGICO
- 1ª Premissa) (p∧q)→r é verdade. Sabendo que p e q são ver- Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo: dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
r é verdadeiro. Resposta: Errado.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! 02. (Petrobras – Técnico (a) de Exploração de Petróleo Júnior
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no – Informática – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada, então
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si- Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca é um
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma bruxa.
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
(A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
Exemplos: 01. (DPU – Agente Administrativo – CESPE) Consi- (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
dere que as seguintes proposições sejam verdadeiras. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
• Quando Fernando está estudando, não chove. Resolução:
• Durante a noite, faz frio. Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
item subsecutivo. o valor lógico (V), então:
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
() Certo ( ) Errado →V
(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
Resolução: (F) → V
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bru-
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas: xa(F) → V
A = Chove (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
B = Maria vai ao cinema
C = Cláudio fica em casa Logo:
D = Faz frio Temos que:
E = Fernando está estudando Esmeralda não é fada(V)
F = É noite Bongrado não é elfo (V)
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Monarca não é um centauro (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verda-
deiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única
que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B.
LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA
Aqui veremos questões que envolvem correlação de elemen-
tos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Veja-
mos o passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia,
A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles
utilizando isso temos: trabalham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também
O que se quer saber é:Se Maria foi ao cinema, então Fernando não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente
estava estudando. // B → ~E descobrir o nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome
Iniciando temos: de suas esposas.
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B a) O médico é casado com Maria.
= V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove b) Paulo é advogado.
tem que ser F. c) Patrícia não é casada com Paulo.
3º -Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V). // d) Carlos não é médico.
C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria vai
ao cinema tem que ser V. Vamos montar o passo a passo para que você possa compreen-
der como chegar a conclusão da questão.
2º -Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
= V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio 1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualiza-
sai de casa tem que ser F. ção da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas
5º -Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V). no enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: ho-
// E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode mens, esposas e profissões.
ser V ou F.
1º-Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que
ficam meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca
dos grupos e elementos.

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento de
Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo colo-
camos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).

- Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
- Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
- Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está resolvido:

Exemplo: (TRT-9ª REGIÃO/PR – Técnico Judiciário – Área Administrativa – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro,
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curitiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, sabe-se
que:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba;
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO
É correto concluir que, em janeiro, LÓGICA SEQUENCIAL
(A) Paulo viajou para Fortaleza. As sequências podem ser formadas por números, letras, pes-
(B) Luiz viajou para Goiânia. soas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer uma se-
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. quência, o importante é que existem pelo menos três elementos
(D) Mariana viajou para Salvador. que caracterize a lógica de sua formação, entretanto algumas sé-
(E) Luiz viajou para Curitiba. ries necessitam de mais elementos para definir sua lógica1. Um bom
conhecimento em Progressões Algébricas (PA) e Geométricas (PG),
Resolução: fazem com que deduzir as sequências se tornem simples e sem
Vamos preencher a tabela: complicações. E o mais importante é estar atento a vários detalhes
que elas possam oferecer. Exemplos:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um mesmo
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador número.

Luiz N
Arnaldo N
Mariana
Paulo
Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente um
− Mariana viajou para Curitiba; mesmo número.

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N Sequência de Figuras: Esse tipo de sequência pode seguir o
mesmo padrão visto na sequência de pessoas ou simplesmente so-
− Paulo não viajou para Goiânia; frer rotações, como nos exemplos a seguir. Exemplos:

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador 01. Analise a sequência a seguir:

Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N N
Admitindo-se que a regra de formação das figuras seguintes
− Luiz não viajou para Fortaleza. permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figura que ocuparia a
277ª posição dessa sequência é:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N N

Agora, completando o restante: Resolução:


Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En- A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. Assim, conti-
tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia nua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A figura de número 277
ocupa, então, a mesma posição das figuras que representam núme-
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador ro 5n + 2, com nN. Ou seja, a 277ª figura corresponde à 2ª figura,
que é representada pela letra “B”.
Luiz N S N N Resposta: B.
Arnaldo S N N N
Mariana N N S N 02. (Câmara de Aracruz/ES - Agente Administrativo e Legis-
lativo - IDECAN) A sequência formada pelas figuras representa as
Paulo N N N S posições, a cada 12 segundos, de uma das rodas de um carro que
mantém velocidade constante. Analise-a.
Resposta: B.
1 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/21/sequencias-com-numeros-
-com-figuras-de-palavras/

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

Após 25 minutos e 48 segundos, tempo no qual o carro permanece nessa mesma condição, a posição da roda será:

Resolução:
A roda se mexe a cada 12 segundos. Percebe-se que ela volta ao seu estado inicial após 48 segundos.
O examinador quer saber, após 25 minutos e 48 segundos qual será a posição da roda. Vamos transformar tudo para segundos:
25 minutos = 1500 segundos (60x25)
1500 + 48 (25m e 48s) = 1548
Agora é só dividir por 48 segundos (que é o tempo que levou para roda voltar à posição inicial)
1548 / 48 = vai ter o resto “12”.
Portanto, após 25 minutos e 48 segundos, a roda vai estar na posição dos 12 segundos.
Resposta: B.

DIAGRAMAS LÓGICOS E LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM

LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposições com quantificadores. Numa proposição categórica, é importante
que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coerente e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira ou falsa.

Vejamos algumas formas:


- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.

Onde temos que A e B são os termos ou características dessas proposições categóricas.

20
RACIOCÍNIO LÓGICO
Classificação de uma proposição categórica de acordo com o Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”
tipo e a relação Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun- posição:
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.

Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição


categórica em afirmativa ou negativa.

Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica uma


proposição categórica em universal ou particular. A classificação
dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto


“A” tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”.
Contudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem
todo A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B”
e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três
letras A, E, I e O. representações possíveis:

Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”.


Teremos duas possibilidades.

Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no


conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o
“Todo B é A”. conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo
Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”. que Algum B não é A.
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o Negação das Proposições Categóricas
mesmo que dizer “nenhum B é A”. Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as
seguintes convenções de equivalência:
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte - Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos
diagrama (A ∩ B = ø): uma proposição categórica particular.
- Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição
categórica particular geramos uma proposição categórica universal.
- Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos,
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca,
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre,
uma proposição de natureza afirmativa.
Em síntese:

21
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E.

Equivalência entre as proposições


Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões.

Exemplos:
01. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV) João olhou as dez
bolas que havia em um saco e afirmou:
“Todas as bolas desse saco são pretas”.
Sabe-se que a afirmativa de João é falsa.
É correto concluir que:
(A) nenhuma bola desse saco é preta;
(B) pelo menos nove bolas desse saco são pretas;
(C) pelo menos uma bola desse saco é preta; Exemplo: (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil - UESPI) Qual a ne-
(D) pelo menos uma bola desse saco não é preta; gação lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou
(E) nenhuma bola desse saco é branca. igual a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
Resolução: (B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
Resposta: D. (C) Todo número natural é diferente de cinco.
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
02. (DESENVOLVE/SP - Contador - VUNESP) Alguns gatos não (E) Existe um número natural que é diferente de cinco.
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir- Resolução:
mação anterior é: Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pe-
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são pardos. de-se a sua negação.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos. O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
não miam alto. ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos. Todos e Nenhum, que também são universais.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem
A é não B. quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não nativas A, B e C.
são pardos NÃO miam alto. Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
Resposta: C. cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
03. (CBM/RJ - Cabo Técnico em Enfermagem - ND) Dizer que a negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de Resposta: D.
vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
(A) Todos os não psicólogos são professores.
(B) Nenhum professor é psicólogo.
(C) Nenhum psicólogo é professor.
(D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
(E) Pelo menos um professor não é psicólogo.

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RACIOCÍNIO LÓGICO
DIAGRAMAS LÓGICOS
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. È uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento podem ser formadas por proposições categóricas.
Fica a dica!!!
É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

Tipo Preposição Diagramas

A TODO A é B

Se um elemento pertence ao conjunto A, então pertence também a B.

E NENHUM A é B

Existe pelo menos um elemento que pertence a A, então não pertence a B, e vice-versa.

Existe pelo menos um elemento comum aos conjuntos A e B.


Podemos ainda representar das seguintes formas:

I ALGUM A é B

O ALGUM A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a atenção está sobre o(s) elemento (s) de A que não são B (enquanto
que, no “Algum A é B”, a atenção estava sobre os que eram B, ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a diferença entre conjuntos, que forma o conjunto A - B

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RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: (GDF–Analista de Atividades Culturais Administra-
ção – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa
de cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro
é casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução: (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
Vamos chamar de: mo princípio acima.
Cinema = C (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
Casa de Cultura = CC a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
Teatro = T afirma isso
Analisando as proposições temos:

- Todo cinema é uma casa de cultura

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-


cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
- Existem teatros que não são cinemas (E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
não é cinema.

- Algum teatro é casa de cultura

Resposta: E.

PROBLEMAS DE RACIOCÍNIO LÓGICO, PROBLEMAS USANDO


AS QUATRO OPERAÇÕES
É possível resolver problemas usando o raciocínio lógico e as-
sociar ao mesmo, questões matemáticas básicas. No entanto, ele
não pode ser ensinado diretamente, mas pode ser desenvolvido
através da resolução de exercícios lógicos que contribuem para a
evolução de algumas habilidades mentais.
Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
Segundo as afirmativas temos: Exemplos:
01. (TJ/PI – Analista Judiciário – Escrivão Judicial – FGV) Em
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último um prédio há três caixas d’água chamadas de A, B e C e, em certo
diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo momento, as quantidades de água, em litros, que cada uma con-
menos um dos cinemas é considerado teatro. tém aparecem na figura a seguir.

24
RACIOCÍNIO LÓGICO
03. (Pref. Petrópolis/RJ – Auxiliar de coveiro- Fundação Dom
Cintra) Um elevador pode transportar, no máximo, 7 adultos por
viagem. Numa fila desse elevador estão 45 adultos. O número míni-
mo de viagens que esse elevador deverá dar, para que possa trans-
portar todas as pessoas que estão na fila, é:
(A) 4;
(B) 5;
(C) 6;
(D) 7;
Abrindo as torneiras marcadas com x no desenho, as caixas fo-
(E) 8.
ram interligadas e os níveis da água se igualaram.
Considere as seguintes possibilidades:
Resolução:
1. A caixa A perdeu 300 litros.
Dividindo 45/7= 6,42. Como 6.7 = 42 sobram 3 pessoas para
2. A caixa B ganhou 350 litros.
uma próxima viagem. Logo temos 6 + 1 = 7 viagens
3. A caixa C ganhou 50 litros.
Resposta: D.
É verdadeiro o que se afirma em:
04. (Pref. Marilândia/ES – Aux. Serviços Gerais – IDECAN) Anel
(A) somente 1;
está para dedo, assim como colar está para
(B) somente 2;
(A) papel
(C) somente 1 e 3;
(B) braço
(D) somente 2 e 3;
(C) perna
(E) 1, 2 e 3.
(D) pescoço
Resolução:
Resolução:
Somando os valores contidos nas 3 caixas temos: 700 + 150 +
O Anel usa-se no dedo, logo o colar usa-se no pescoço.
350 = 1200, como o valor da caixa será igualado temos: 1200/3 =
Resposta: D.
400l. Logo cada caixa deve ter 400 l.
Então de A: 700 – 400 = 300 l devem sair
05. (DPU – Agente Administrativo – CESPE) Em uma festa com
De B: 400 – 150 = 250 l devem ser recebidos
15 convidados, foram servidos 30 bombons: 10 de morango, 10 de
De C: Somente mais 50l devem ser recebidos para ficar com
cereja e 10 de pistache. Ao final da festa, não sobrou nenhum bom-
400 (400 – 350 = 50). Logo As possibilidades corretas são: 1 e 3
bom e
Resposta: C.
•quem comeu bombom de morango comeu também bombom
02. (TJ/PI – Analista Judiciário – Escrivão Judicial – FGV) Cada
de pistache;
um dos 160 funcionários da prefeitura de certo município possui
• quem comeu dois ou mais bombons de pistache comeu tam-
nível de escolaridade: fundamental, médio ou superior. O quadro a
bém bombom de cereja;
seguir fornece algumas informações sobre a quantidade de funcio-
• quem comeu bombom de cereja não comeu de morango.
nários em cada nível:
Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Fundamental Médio Superior É possível que um mesmo convidado tenha comido todos os 10
Homens 15 30 bombons de pistache.
() Certo ( ) Errado
Mulheres 13 36
Resolução:
Sabe-se também que, desses funcionários, exatamente 64 têm Vamos partir da 2ª informação, utilizando a afirmação do
nível médio. Desses funcionários, o número de homens com nível enunciado que ele comeu 10 bombons de pistache:
superior é: - quem comeu dois ou mais bombons (10 bombons) de pista-
(A) 30; che comeu também bombom de cereja; - CERTA.
(B) 32; Sabemos que quem come pistache come morango, logo:
(C) 34; - quem comeu bombom de morango comeu também bombom
(D) 36; de pistache; - CERTA
(E) 38. Analisando a última temos:
- quem comeu bombom de cereja não comeu de morango. –
Resolução: ERRADA, pois esta contradizendo a informação anterior.
São 160 funcionários Resposta: Errado.
No nível médio temos 64, como 30 são homens, logo 64 – 30
= 34 mulheres
Somando todos os valores fornecidos temos: 15 + 13 + 30 + 34 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS; MÁXIMO DIVISOR CO-
+ 36 = 128 MUM E MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM; ANÁLISE COM-
160 – 120 = 32, que é o valor que está em branco em homens BINATÓRIA ;ESTATÍSTICA E PROBABILIDADE
com nível superior.
Resposta: B. Prezado candidato, o tema supracitado foi abordado na maté-
ria de “MATEMÁTICA”.

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RACIOCÍNIO LÓGICO

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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LEGISLAÇÃO
1. Conhecimento da legislação do Município de Uberlândia, Lei Orgânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei de Licitações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3. Estatuto do Servidor Público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4. Entre outros atos normativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
LEGISLAÇÃO
§ 2º Incide na penalidade de destituição de mandato adminis-
CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO trativo ou de cargo ou função de direção, em órgão ou entidade
DE UBERLÂNDIA, LEI ORGÂNICA da administração pública, o agente público que deixar, injustifica-
damente, de sanar, dentro de trinta dias da data do requerimento
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA/MG. do interessado, omissão que inviabilize o exercício de direito cons-
PREÂMBULO titucional.
§ 3º Nos processos administrativos, qualquer que seja o objeto
O Povo do Município de Uberlândia, consciente de que cumpre e o procedimento, observar-se-ão, entre outros requisitos de vali-
a todos contribuir para a formação de uma sociedade com base dade, a publicidade, o contraditório, a defesa ampla e o despacho
na justiça e na solidariedade como valores indispensáveis à convi- ou decisão motivados.
vência humana, sob a proteção de Deus e por seus representantes § 4º Todos têm direito de requerer e obter informação sobre
eleitos, promulga a seguinte Lei Orgânica do Município: projeto do Poder Público, ressalvado aquele cujo sigilo seja, tempo-
rariamente, imprescindível à segurança da sociedade e do Municí-
TÍTULO I pio, nos termos da lei, que fixará, também, o prazo em que deva ser
DO MUNICÍPIO prestada a informação.
CAPÍTULO I § 5º Será punido administrativamente, nos termos da lei, o
DOS PRINCÍPIOS GERAIS agente público que, no exercício de suas atribuições e indepen-
dentemente da função que exerça, violar direito constitucional do
Art. 1º O Município de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, in- cidadão.
tegra, com autonomia político-administrativa, a República Federa- § 6º O Poder Público coibirá todo e qualquer ato discriminató-
tiva do Brasil, como participante do Estado Democrático de Direito, rio em seus órgãos e entidades e estabelecerá formas de punição.
comprometendo-se a respeitar, valorizar e promover seus funda-
mentos básicos: CAPÍTULO III
I - a soberania; DOS DISTRITOS
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana; Art. 5º A criação, organização e supressão de distritos obede-
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; cerão aos critérios estabelecidos em legislação estadual.
V - o pluralismo político. Art. 6º A lei estruturará os distritos, definindo-lhes atribuições,
Parágrafo Único - Todo o poder emana do povo, que o exerce descentralizando neles as atividades do Governo Municipal.
por meio de representantes eleitos, ou diretamente, nos termos da Parágrafo Único - Cada distrito terá um Conselho Comunitário,
Constituição Federal e desta Lei Orgânica.
cuja composição e competência serão definidas em lei.
Art. 2º São poderes do Município, independentes e harmôni-
cos entre sí, o Legislativo e o Executivo.
CAPÍTULO IV
Parágrafo Único - O Prefeito, o Vice-Prefeito eos Vereadores
DA COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO
são eleitos para o mandato de quatro anos, na forma estabelecida
pela Constituição Federal.(Redação dada pela Emenda à Lei Orgâ-
Art. 7º Compete ao Município:
nica nº 24/2005)
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e estadual no que couber;
CAPÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
Art. 3º O Município de Uberlândia tem fundamento em sua au- tar contas e publicar balancetes nos prazos previstos em lei.
tonomia e os seguintes objetivos prioritários: IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; estadual;
II - promover o bem-estar de todos, sem preconceito de ori- V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
gem, raça, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação; são ou permissão os serviços públicos de interesse local, incluindo
III - combater a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- o transporte coletivo, que tem caráter essencial;
gualdades sociais; VI - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
IV - garantir, no âmbito de sua competência a efetividade dos do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
direitos e garantias fundamentais da pessoa humana; VII - promover, no que couber, o adequado ordenamento terri-
V - promover adequado ordenamento territorial, de modo a torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento
assegurar a qualidade de vida de sua população e a integração ur- e da ocupação do solo urbano;
bano-rural; VIII - manter, com a cooperação técnica e financeira da União
VI - promover planos, programas e projetos de interesse dos e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino fun-
segmentos mais carentes da sociedade; damental;
VII - promover o desenvolvimento econômico com justa distri- IX - ordenar as atividades urbanas, fixando condições e horá-
buição de renda entre todos os segmentos da população; rios para funcionamento de estabelecimentos industriais, comer-
VIII - garantir a participação popular nas ações de governo. ciais, prestadores de serviços e similares;
Art. 4º O Município assegura, no seu território e nos limites de sua X - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
competência, os direitos e garantias fundamentais que a Constituição observadas a legislação e a ação fiscalizadora Federal e Estadual;
Federal confere aos brasileiros e estrangeiros residentes no País. XI - legislar sobre os seguintes assuntos, observadas as normas
§ 1º Nenhuma pessoa será discriminada ou de qualquer forma gerais da União e as suplementares do Estado:
prejudicada pelo fato de litigar com órgão municipal, no âmbito ad- a) plano plurianual, diretrizes orçamentárias e orçamentos
ministrativo ou judicial. anuais;

1
LEGISLAÇÃO
b) caça, pesca, conservação da natureza e defesa do solo e dos § 4º A Câmara Municipal, por deliberação da maioria absoluta
recursos naturais; de seus membros, e por motivo de conveniência pública, poderá
c) educação, cultura, ensino e desporto; reunir-se temporária e provisoriamente fora de sua sede.
d) proteção à infância, à juventude, à gestante e ao idoso. § 5º A convocação de sessões extraordinárias, havendo motivo
XII - promover, em comum com os demais membros da fede- urgente e relevante, será feita sempre por escrito e com pauta fixa
ração: para deliberação:
a) programas de construção de moradias e a melhoria das con- I - pelo Prefeito Municipal;
dições habitacionais e de saneamento básico; II - pelo Presidente da Câmara;
b) combate às causas da pobreza e aos fatores de marginali- III - pela maioria absoluta dos membros da Câmara;
zação, fomentando a integração social dos setores desfavorecidos; § 6º Durante o recesso haverá uma Comissão Representativa
c) implantação de política de educação para segurança do trân- da Câmara Municipal atendida em sua composição, tanto quanto
sito. possível, a proporcionalidade das representações partidárias exis-
XIII - organizar a estrutura administrativa do Município; tentes na Câmara, observando o seguinte:
XIV - elaborar o plano diretor de desenvolvimento integrado. I - seus membros serão eleitos na última sessão da reunião or-
XV - Criar mecanismos que combatam a discriminação à mu- dinária que antecede o recesso, ficando inelegíveis para o subse-
lher, à criança e adolescente, às pessoas portadoras de deficiência qüente;
e de doenças contagiosas, ao homossexual, ao idoso, ao índio, ao II - suas atribuições serão definidas no Regimento Interno.
negro, ao ex-detento e promovam a igualdade entre os cidadãos. § 7º Nas reuniões havidas durante o período de recesso parla-
(Inciso acrescido pela Emenda nº 2/1999, renumerado para Emen- mentar, a Câmara Municipal somente deliberará sobre a matéria
da à Lei Orgânica nº 14/1999, por força do disposto no art. 226a, para a qual foi convocada, vedado o pagamento de parcela indeni-
acrescido à Lei Orgânica pelo art. 4º, da Emenda à Lei Orgânica Nº zatória, em razão da convocação. (Redação acrescida pela Emenda
22/2004) à Lei Orgânica nº 28/2006)
TÍTULO II SEÇÃO II
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES MUNICIPAIS
DAS ATRIBUIÇÕES DA CÂMARA MUNICIPAL
CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
Art. 11 Cabe à Câmara Municipal, com a sanção do Prefeito,
SEÇÃO I
dispor sobre todas as matérias de competência do Município, es-
DA CÂMARA MUNICIPAL
pecialmente;
I - plano plurianual e orçamentos anuais;
Art. 8º O Poder Legislativo é exercido pela Câmara Municipal,
II - diretrizes orçamentarias;
nos termos da Constituição Federal.(Redação dada pela Emenda à
III - sistema tributário municipal, arrecadação e distribuição de
Lei Orgânica Nº 1/2004, renumerada pela Emenda à Lei Orgânica
nº 21/2004) rendas;
Parágrafo Único - O número de Vereadores será fixado em IV - dívida pública, abertura e operações de crédito;
cada legislatura para a subseqüente, por lei complementar aprova- V - planos de desenvolvimento;
da por dois terços dos membros da Câmara, observados os limites VI - normas gerais relativas ao planejamento e execução de
da Constituição Federal, até 60 dias antes da data em que será rea- funções de interesse comum, a cargo das associações urbanas ou
lizada a eleição municipal. distritos;
Art. 9º As deliberações da Câmara, salvo disposição em contrá- VII - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
rio nesta Lei Orgânica, serão tomadas por maioria de votos, presen- funções públicas da Administração Direta, autárquica e fundacional
te a maioria absoluta de seus membros. e fixação de remuneração, observados os parâmetros estabeleci-
Parágrafo Único - O Vereador que tiver interesse pessoal na dos na lei de diretrizes orçamentárias;
deliberação não poderá votar. VIII - servidores públicos municipais da Administração Direta,
Art. 10 A Câmara Municipal de Uberlândia reunir-se-á em ses- autárquica e fundacional, seu regime único, provimento de cargos,
sões legislativas ordinárias, em sede própria, independente de con- estabilidade e aposentadoria;
vocação, de dois de fevereiro a dezessete de julho e de primeiro de IX - criação, estruturação de Secretarias Municipais, empresas
agosto a vinte e dois de dezembro de cada ano. (Redação dada pela públicas, sociedades de economia mista e demais entidades sob o
Emenda à Lei Orgânica nº 28/2006) controle direto ou indireto do Município.
§ 1º As sessões marcadas para estas datas serão transferidas X - bens do domínio público;
para o primeiro dia útil subseqüente, quando recaírem em sábados, XI - aquisição onerosa ou alienação de bens imóveis do Muni-
domingos ou feriados. cípio;
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprova- XII - matéria decorrente da competência comum prevista no
ção do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. art. 23 da Constituição Federal.
§ 3º No início de cada legislatura haverá uma reunião prepara- XIII - fixação do subsídio do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Se-
tória no dia 1º de janeiro, com a finalidade de: cretários Municipais”. (Redação acrescida pela Emenda à Lei Orgâ-
I - dar posse aos Vereadores diplomados e declaração de su- nica Nº 22/2004)
plentes; XIV - estabelecer normas urbanísticas, particularmente as rela-
II - eleger a Mesa Diretora para o mandato de 02 (dois) anos, tivas a zoneamento e loteamento. (Redação acrescida pela Emenda
vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediata- à Lei Orgânica nº 37/2019)
mente subseqüente, na mesma Legislatura, quando deverá haver Art. 12 Compete privativamente à Câmara Municipal:
renovação de ao menos 50% (cinqüenta por cento) dos membros I - eleger e destituir a Mesa Diretora;
da Mesa.(Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 27/2006) II - elaborar e aprovar o Regimento Interno;
III - dar posse ao Prefeito e ao Vice-Prefeito; III - dispor sobre a sua organização, funcionamento e polícia;

2
LEGISLAÇÃO
IV - dispor sobre a criação, transformação ou extinção de car- SEÇÃO III
gos, de empregos ou funções de seus serviços administrativos e DOS VEREADORES
fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros es-
tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; Art. 14 Os Vereadores gozam de inviolabilidade por suas opi-
V - aprovar créditos especiais e suplementares para a Câmara niões, palavras e votos no exercício do mandato, na circunscrição
Municipal; do Município, tendo o direito de obterem quaisquer informações
VI - fixar, para viger na legislatura subsequente, o subsídio dos solicitadas ao Poder Executivo Municipal.(Alterado pela Emenda à
Vereadores, até o término do primeiro semestre da última sessão Lei Orgânica nº 4/00, renumerado para Emenda à Lei Orgânica nº
legislativa, considerando-se mantidos os mesmos critérios, na hi- 16/00, por força do disposto no art. 226a, acrescido à Lei Orgânica
pótese de não se proceder à fixação na época própria, admitida pelo art. 4º, da Emenda à Lei Orgânica nº 22/04)
apenas a atualização de valores. (Redação dada pela Emenda à Lei Art. 15 O Vereador não poderá:
Orgânica nº 31/2011) I - desde a expedição do diploma:
VII - dar posse ao Prefeito e ao Vice-Prefeito; a) firmar ou manter contrato com pessoas jurídicas de direito
VIII - conhecer da renúncia do Prefeito e Vice-Prefeito; público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista,
IX - conceder licença ao Prefeito para interromper o exercício fundação pública ou privada, instituída ou mantida pelo Poder Pú-
de suas funções; blico ou empresa concessionária de serviços públicos, salvo quando
X - autorizar o Prefeito a ausentar-se do Município ou País, o contrato obedecer a cláusula uniforme;
quando a ausência for superior a quinze dias; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado,
XI - instaurar Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar incluídos os demissíveis “ad nutum”, nas entidades constantes da
infrações político-administrativas do Prefeito, Vice-Prefeito e Vere- alínea anterior, salvo função de Secretário ou Procurador Municipal.
adores; II - desde a posse:
XII - proceder à tomada de contas do Prefeito quando não a) ser proprietário, controlador ou diretor de empresa que
apresentadas dentro do prazo de sessenta dias após a abertura da goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direi-
sessão legislativa; to público, ou nela exercer função remunerada;
XIII - julgar, mediante parecer prévio do Tribunal de Contas do b) ocupar cargo ou função de que seja demissível “ad nutum”
Estado, as contas do Prefeito e da Presidência da Câmara Munici- nas entidades referidas no inciso I alínea “a”;
pal; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer dessas
XIV - solicitar intervenção estadual no Município; entidades a que se refere o inciso I, alínea “a”;
XV - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi- d) ser titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
tem ao poder regulamentar; Art. 16 Perderá o mandato o Vereador:
XVI - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, incluídos I - que infringir qualquer das proibições do artigo anterior;
os da Administração Indireta; II - cujo procedimento for declarado incompatível com o deco-
ro parlamentar;
XVII - dispor sobre os limites e condições para concessão de
III - que deixar de comparecer à terça parte das sessões no pe-
garantia do Município em operação de crédito;
ríodo legislativo de um ano, salvo licença ou missão autorizada pela
XVIII - zelar pela preservação de sua competência legislativa
Câmara Municipal.
em face da atribuição normativa dos outros poderes;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
XIX - aprovar, previamente, alienação ou concessão de terras
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos na
públicas;
Constituição Federal;
XX - mudar temporariamente sua sede.
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em
§ 1º O subsídio dos Vereadores será revisado anualmente, ob- julgado, com pena acessória de perda do mandato;
servando-se a mesma data e índice do subsídio dos Deputados Esta- VII - que fixar residência fora do Município.
duais. (Redação acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 22/2004) § 1º É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos
§ 2º Em qualquer hipótese, o subsídio dos Vereadores corres- definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas assegu-
ponderá a setenta e cinco por cento daquele estabelecido em espé- radas ao Vereador ou a percepção de vantagens indevidas.
cie para os Deputados Estaduais. (Redação acrescida pela Emenda à § 2º Nos casos dos incisos I, II e IV, a perda do mandato será de-
Lei Orgânica nº 22/2004) cidida pela Câmara Municipal, em sessão aberta, por voto de dois
Art. 13 A Câmara Municipal, bem como qualquer de suas Co- terços de seus membros, mediante provocação da Mesa Diretora
missões, poderá convocar Secretário Municipal e Diretor de Autar- ou de partido representado na Câmara Municipal, assegurada am-
quias e Fundações para prestar, pessoalmente, informações sobre pla defesa ao Vereador acusado. (Redação dada pela Emenda à Lei
o assunto previamente determinado, importando em infração polí- Orgânica nº 25/2005.)
tico-administrativa a ausência sem justificação adequada. § 3º Nos casos dos incisos III, IV e V, a perda será declarada
§ 1º Os Secretários Municipais poderão comparecer ao Ple- pela Mesa Diretora, de ofício ou mediante provocação de qualquer
nário da Câmara Municipal, ou a qualquer de suas Comissões, por dos membros ou de partido político com representação na Câmara
sua iniciativa e mediante entendimento com a Mesa Diretora, para Municipal, assegurada ampla defesa.
expor assunto de relevância ou de interesse das respectivas Secre- Art. 17 Não perderá o mandato o Vereador:
tarias. I - investido na função de Secretário ou Procurador Municipal,
§ 2º A requerimento de Vereador, aprovado em Plenário, a podendo optar pela remuneração de Vereador;
Mesa Diretora deverá encaminhar os pedidos de informação, por II - licenciado por motivo de doença, no desempenho de mis-
escrito, ao Prefeito que deverá, no prazo de trinta dias, respondê- são temporária autorizada, ou para tratar, sem remuneração, de
-los formalmente. interesses particulares, desde que, neste caso, a licença não ultra-
§ 3º O não atendimento no prazo previsto no parágrafo ante- passe a sessenta dias.
rior importa em infração político-administrativa, sujeitando-se às § 1º Nos casos de doença comprovada e no desempenho de
penalidades previstas em lei. missão temporária autorizada, o Vereador terá direito à remune-
ração total.

3
LEGISLAÇÃO
§ 2º O suplente será convocado nos casos de vaga por morte, § 3º O referendo de Emenda à Lei Orgânica ou de lei aprovada
renúncia expressa, investidura nas funções de Secretário Munici- pela Câmara Municipal é obrigatório caso haja solicitação, dentro
pal, ou licença superior a trinta dias. de noventa dias, subscrita por, no mínimo, cinco por cento do elei-
§ 3º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, a Mesa Diretora torado do Município.
comunicará o fato ao Juiz Eleitoral que determinará nova eleição § 4º A Emenda à Lei Orgânica será promulgada pela Mesa Dire-
para preenchê-la, se faltarem mais de 15 meses para o término, tora da Câmara com o respectivo número de ordem.
observando-se o seguinte: Art. 22 A iniciativa das leis complementares e ordinárias, res-
I - o suplente convocado terá três dias para tomar posse, em peitadas as limitações da Constituição Federal, cabe a qualquer Ve-
sessão ou na forma que a Mesa Diretora achar conveniente; reador, às Comissões da Câmara Municipal, ao Prefeito e aos cida-
dãos, na forma e nos casos definidos nesta Lei Orgânica.
II - ao tomar posse, o suplente fará o juramento e declarará
Parágrafo Único - As leis complementares serão aprovadas por
seus bens;
maioria absolutas de votos dos membros da Câmara.
III - no exercício do mandato, o suplente terá direito ao total Art. 23 São matérias de iniciativa da Mesa Diretora da Câmara,
da remuneração. além de outras previstas nesta Lei:
Art. 18 Em caso de invalidez ou morte no curso do mandato de I - Regimento Interno da Câmara Municipal.
Prefeito, Vice-Prefeito ou Vereador, fica assegurado ao inválido ou II - fixação, através de Lei, da remuneração dos agentes políti-
aos seus dependentes e cônjuge, uma pensão igual ao valor da re- cos em cada legislatura para a subseqüente, observados os princí-
muneração média mensal que vinha recebendo e que sofrerá rea- pios da Constituição Federal e inciso VI do artigo 12 desta Lei Orgâ-
justes iguais aos dos servidores públicos municipais, para preservar nica;(Nova redação do inciso II dada pela Emenda à Lei Orgânica nº
seu valor real, até o final do mandato para o qual foi eleito. 2/02, renumerado para Emenda à Lei Orgânica nº 19/02, por força
§ 1º Se, ao tempo da morte do inválido, houver dependentes, do disposto no at. 226a, acrescido à Lei Orgânica pelo art. 4º, da
estes terão direito à continuidade do recebimento da pensão. Emenda à Lei Orgânica Nº 22/04)
§ 2º Finda, por qualquer modo, a dependência, ficará extinto III - o regulamento geral ou a modificação que disponha sobre
o direito à pensão. serviços administrativos da Câmara Municipal, funcionamento, po-
der de polícia, criação, transformação ou extinção de cargos, em-
SEÇÃO IV pregos, funções, regime jurídico único de seus servidores e fixação
DAS COMISSÕES da respectiva remuneração, atendidos os parâmetros da lei de di-
retrizes orçamentarias e orçamento anual.
Art. 24 Salvo as hipóteses de iniciativa privativa e de matérias
Art. 19 A Câmara Municipal terá Comissões Permanentes e
indelegáveis previstas nesta Lei, a iniciativa popular pode ser exer-
temporárias constituídas na forma e com atribuições previstas no
cida pela apresentação, à Câmara Municipal, de projeto de lei subs-
respectivo Regimento Interno ou no ato que resultar sua criação. crito por, no mínimo, cinco por cento do eleitorado do Município.
§ 1º Na constituição de cada Comissão é assegurada, tanto Art. 25 Não será admitido o aumento da despesa prevista:
quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos I - nos projetos de iniciativa do Prefeito, com as ressalvas cons-
blocos parlamentares que participem da Câmara Municipal. titucionais;
§ 2º As Comissões Parlamentares de Inquérito terão poderes II - nos projetos de iniciativa da Mesa Diretora sobre a organi-
de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros zação dos serviços internos da Casa.
previstos no Regimento Interno, serão criadas pela Câmara Muni- Art. 26 O Prefeito poderá solicitar urgência na apreciação de
cipal, mediante requerimento de um terço de seus membros para projetos de sua iniciativa.
apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas con- § 1º Se a Câmara Municipal não se manifestar sobre a matéria
clusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público para que no prazo de quarenta e cinco dias, será a mesma incluída na ordem
promova a responsabilidade civil e criminal dos infratores. do dia, sobrestando-se a deliberação sobre os demais assuntos
para que se ultime a votação.
SEÇÃO V § 2º O prazo do parágrafo anterior não corre nos períodos de
DO PROCESSO LEGISLATIVO recesso nem se aplica aos processos que exijam quorum especial
para aprovação ou que seja matéria de codificação.
Art. 20 O processo legislativo compreende a elaboração de: Art. 27 O projeto aprovado será enviado ao Prefeito, pelo Pre-
sidente da Câmara Municipal, no prazo de 15 (quinze) dias úteis
I - emendas à lei Orgânica;
para sanção e promulgação. (Alterações decorrentes da Emenda à
II - leis complementares;
Lei Orgânica Nº 1/03, renumerado para Emenda à Lei Orgânica nº
III - leis ordinárias; 21/04 por força do disposto no art. 226a, acrescido à Lei Orgânica
IV - leis delegadas; pelo art. 4º, da Emenda à Lei Orgânica Nº 22/04).
V - resoluções; § 1º Se o Prefeito considerar o projeto, no todo ou em parte,
VI - decreto legislativo. inconstitucional, ilegal em face desta Lei Orgânica ou contrário ao
Art. 21 A Lei Orgânica poderá ser emendada mediante proposta: interesse público, veta-lo-á total ou parcialmente, no prazo de 15
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara Municipal; (quinze) dias úteis, contados da data do recebimento comunican-
II - do Prefeito Municipal; do, dentro de vinte e quatro horas, ao Presidente da Câmara, os
III - de cinco por cento, no mínimo, do eleitorado municipal. motivos do veto, observando-se ainda o seguinte:
§ 1º A Lei Orgânica Municipal não poderá ser emendada na I - O veto será enviado a Câmara Municipal respeitados os
vigência do estado de sítio ou estado de defesa, nem quando o Mu- prazos acima descritos, na forma original não se admitindo docu-
nicípio estiver sob intervenção. mentos xerocopiados ou com assinatura eletrônica, escaneada ou
§ 2º A proposta será discutida e votada nominalmente, em dois inserida via computador.
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, dois ter- II - Após enviado o veto à Câmara o Prefeito não poderá retirar
ços dos votos dos membros da Câmara Municipal, com interstício o documento contendo o veto, sem um pedido por escrito, sujeito
mínimo de dez dias. à discussão e aprovação pelo Plenário da Câmara.

4
LEGISLAÇÃO
III - O veto total ou parcial será publicado e divulgado no Jornal II - o código de obras;
Oficial do Município, com circulação de até 48 (quarenta e oito) III - o código tributário e a legislação tributária correlata;
horas após o prazo previsto no caput deste artigo. IV - o regime jurídico único e o estatuto dos servidores públi-
IV - Nenhuma tramitação de documento referente a veto ou cos;
não, se fará sem a inclusão em livro próprio de protocolo em cada V - a lei de parcelamento, ocupação e uso do solo;
seção. (Alterações decorrentes da Emenda à Lei Orgânica Nº 1/03, VI - a lei instituidora da Guarda Municipal..(Redação dada pela
renumerado para Emenda à Lei Orgânica nº 21/04 por força do dis- Emenda à Lei Orgânica nº 24/2005)
posto no art. 226a, acrescido à Lei Orgânica pelo art. 4º, da Emenda Art. 32 Dependem do voto favorável:
à Lei Orgânica Nº 22/04). I - de 2/3 (dois terços) dos membros da Câmara, em votação
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, nominal, as seguintes matérias:
de parágrafo, de inciso ou de alínea. a) proposta de emenda à Lei Orgânica;
§ 3º Decorrido o prazo de 15 (quinze) dias, o silêncio do Pre- b) rejeição de parecer prévio do Tribunal de Contas;
feito importará em sanção.(Alterações decorrentes da Emenda à c) destituição de membros da Mesa Diretora da Câmara;
Lei Orgânica Nº 1/03, renumerado para Emenda à Lei Orgânica nº d) delilberação sobre processo de cassação de mandato de Ve-
21/04 por força do disposto no art. 226a, acrescido à Lei Orgânica readores, Prefeito e Vice-Prefeito.
pelo art. 4º, da Emenda à Lei Orgânica Nº 22/04). II - da maioria absoluta dos membros da Câmara, em votação
§ 4º O veto será apreciado dentro de trinta dias, a contar do nominal, a aprovação e alterações das seguintes matérias:
seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria a) leis complementares;
absoluta dos membros da Câmara Municipal.(Redação dada pela b) lei de diretrizes orçamentárias;
Emenda à Lei Orgânica nº 25/2005.) c) plano plurianual de investimento;
§ 5º Rejeitado o veto, a matéria que constituirá seu objeto será d) leis orçamentárias e financeiras;
enviada ao Prefeito para promulgação. e) lei que fixa a remuneração do Prefeito, Vice-Prefeito e Secre-
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no pa- tários Municipais; (Alínea e) declarada inconstitucional, conforme
rágrafo quarto, o veto será colocado na ordem do dia da sessão ADIN nº 0363892-84.2011.8.13.0000)
imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final. f) concessão de subvenções.(Redação dada pela Emenda à Lei
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito ho- Orgânica nº 24, de 07 de março de 2005) (Alínea f) declarada in-
ras pelo Prefeito, o Presidente da Câmara Municipal a promulgará constitucional, conforme ADIN nº 0363892-84.2011.8.13.0000)
em igual prazo. g) concessões públicas.(Redação dada pela Emenda à Lei Orgâ-
Art. 28 São matérias de iniciativa privativa do Prefeito: nica nº 26, de 02 de junho de 2006) (Alínea g) declarada inconstitu-
a) a fixação e a modificação dos efetivos da Guarda Municipal; cional, conforme ADIN nº 0363892-84.2011.8.13.0000)
b) a criação de cargo e funções públicos da Administração Dire-
ta, autárquica e fundacional e a fixação da respectiva remuneração, SEÇÃO VI
observados os parâmetros da lei de diretrizes orçamentárias; DO CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
c) o regime jurídico único dos servidores públicos dos órgãos SUBSEÇÃO I
da Administração Direta, autárquica e fundacional, incluindo o pro- DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
vimento de cargo, estabilidade e aposentadoria;
d) o quadro de empregados das empresas públicas, sociedade Art. 33 A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera-
de economia mista e demais entidades de economia sob controle cional e patrimonial do Município e das entidades da Administração
direto ou indireto do Município; Direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicida-
e) a criação, estruturação e extinção de Secretaria Municipal e de, aplicação das subvenções e renúncias de receitas será exercida
de entidade da Administração Indireta; pela Câmara Municipal, mediante controle externo e pelo sistema
f) a criação e organização dos órgãos e serviços da administra- de controle interno de cada Poder.
ção pública; § 1º Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública
g) os planos plurianuais; que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens
h) as diretrizes orçamentárias; e valores municipais ou pelos quais o Município responda, ou que,
i) os orçamentos anuais. em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária.
Art. 29 A matéria constante de projeto de lei rejeitado somen- § 2º Ficam todos os órgãos públicos municipais da Adminis-
te poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão le- tração Direta, indireta e fundações, obrigados a publicar, mensal-
gislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros da mente, pela imprensa, e afixar em local público o balancete mensal
Câmara Municipal. discriminado de receita e despesa.
Art. 30 As leis delegadas serão elaboradas pelo Prefeito que Art. 34 O controle externo da Câmara Municipal será exercido
deverá solicitar a delegação à Câmara Municipal. com auxílio do Tribunal de Contas do Estado.
§ 1º Não podem constituir objeto de delegação, os atos de § 1º O parecer prévio, emitido pelo Tribunal de Contas sobre
competência privativa da Câmara Municipal, a matéria reservada as contas que o Prefeito prestar anualmente, nos termos desta Lei
a lei complementar e a legislação sobre plano plurianual, diretrizes Orgânica, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
orçamentárias e orçamentos. membros da Câmara Municipal.
§ 2º A delegação ao Prefeito terá a forma de resolução da Câ- § 2º As contas do Município, após o parecer prévio, ficarão du-
mara Municipal, que especificará seu conteúdo e os termos de seu rante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer cidadão
exercício. para exame e apreciação.
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pela § 3º O cidadão poderá questionar a legitimidade das contas, me-
Câmara Municipal, esta o fará em votação única, vedada qualquer diante petição escrita e por ele assinada perante a Câmara Municipal.
emenda. § 4º A Câmara apreciará as objeções ou impugnações do con-
Art. 31 Consideram-se matérias de lei complementar: tribuinte em sessão ordinária dentro de, no máximo, vinte dias, a
I - o plano diretor; contar de seu recebimento.

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LEGISLAÇÃO
§ 5º Se acolher a petição, remeterá o expediente ao Tribunal CAPÍTULO II
de Contas, para pronunciamento e, ao Prefeito, para defesa e expli- DO PODER EXECUTIVO MUNICIPAL
cações, depois do que julgará as contas em definitivo. SEÇÃO I
Art. 35 Os Poderes Legislativo e Executivo manterão, de forma DO PREFEITO E DO VICE-PREFEITO
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano pluria- Art. 40 O Poder Executivo é exercido pelo Prefeito, auxiliado
nual, a execução dos programas de governo e do orçamento;(Reda- pelos Secretários Municipais.
ção do inciso I dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 1/97, renume- Art. 41 A eleição do Prefeito importará, para mandato corres-
rado para Emenda à Lei Orgânica nº 13/1997, por força do disposto pondente, na eleição do Vice-Prefeito com ele registrado.
no art. 226a, acrescido à Lei Orgânica pelo art. 4º, da Emenda à Lei § 1º O Vice-Prefeito substitui o Prefeito nos impedimentos e o
Orgânica nº 22/2004). sucede nos casos de vaga e, se o Vice-Prefeito estiver impedido, as-
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto à efi- sumirá o Presidente da Câmara; impedido este, o Procurador Geral
ciência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos do Município responderá pelo expediente da Prefeitura.
e entidades da administração municipal, bem como da aplicação de § 2º O Vice-Prefeito, além de outras atribuições que lhe forem
recursos públicos por entidades de direito privado; conferidas por lei complementar, auxiliará o Prefeito sempre que
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garan- por ele for convocado para missões especiais.
tias, bem como dos direitos e haveres do Município; § 3º Quando houver a vacância dos cargos de Prefeito e Vice-
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão ins- -Prefeito, far-se-á eleição sessenta dias depois de aberta a última
titucional. vaga, salvo quando faltarem menos de quinze meses para o térmi-
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem co- no do mandato, hipótese em que assumirá a chefia do Executivo
nhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão o Presidente da Câmara Municipal ou, em caso de impedimento
ciência ao Tribunal de Contas do Estado, sob pena de responsabili- deste, aquele que a Câmara eleger.
dade solidária. Art. 42 O Prefeito, regularmente licenciado pela Câmara, terá
§ 2º Qualquer cidadão eleitor, partido político, associação ou direito de perceber sua remuneração quando em:
sindicato é parte legítima para denunciar, mediante petição escrita I - tratamento de saúde, devidamente comprovado;
e devidamente assinada, irregularidades e ilegalidades perante o II - missão de representação do Município;
Tribunal de Contas do Estado. III - licença maternidade e paternidade.
Art. 36 As disponibilidades de caixa do Município e dos órgãos Art. 43 O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse em reunião
ou entidades do Poder Público Municipal e das empresas por ele da Câmara Municipal.
controladas serão depositadas em instituições financeiras oficiais, Parágrafo Único - Na posse e no término do mandato, o Prefei-
ressalvados os casos previstos em lei federal, ficando autorizada a to e o Vice-Prefeito apresentarão, à Câmara Municipal, declaração
aplicação financeira. de seus bens registrada em cartório.
Art. 37 Antes da apreciação das contas do Prefeito, este será Art. 44 O Prefeito residirá no Município e dele não poderá au-
convidado, por escrito, a prestar, no prazo de sessenta dias, os es- sentar-se sem autorização da Câmara Municipal por mais de quinze
clarecimentos que julgar oportunos sobre matéria constante do dias, sob pena de perder o cargo, salvo se em gozo de férias ou
parecer prévio do Tribunal de Contas, podendo juntar documentos licença.(Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 24, de 07 de
e requerer a produção de provas pericial e testemunhal, perante a março de 2005.)
Comissão competente.
Art. 38 Quando as contas tiverem que ser apreciadas após o SEÇÃO II
encerramento do mandato, proceder-se-á na forma do artigo ante- DAS ATRIBUIÇÕES DO PREFEITO
rior, assegurado ao ex-Prefeito, por sí ou através de procurador, o
direito de examinar os documentos de sua gestão e de requerer o Art. 45 Compete privativamente ao Prefeito, além das atribui-
fornecimento de cópias pela Administração. ções dadas pela Constituição Federal:
Art. 39 As decisões relativas à prestação de contas, obedecidos I - nomear e exonerar Secretários Municipais;
os preceitos do artigo 180 da Constituição Estadual, terão a forma II - exercer, com auxílio dos Secretários Municipais, a direção
de resolução, dispondo sobre: superior do Poder Executivo;
I - o arquivamento do processo, com baixa, na responsabilida- III - prover e extinguir os cargos públicos do Poder Executivo,
de dos ordenadores de despesa, quando for o caso; observando o disposto nesta lei;
II - recomendação quanto à necessária correção de procedi- IV - prover os cargos de direção ou administração superior dos
mentos futuros, quando apenas se configurarem meras imperfei- órgãos da Administração Indireta;
ções ou impropriedades formais; V - iniciar o processo legislativo na forma e nos casos previstos
III - a inscrição, em conta de responsabilidade, quando houver nesta lei;
imputação de débito, para efeito de ressarcimento aos cofres com VI - fundamentar os projetos de lei que remeter à Câmara Mu-
os acréscimos legais; nicipal;
IV - encaminhamento de cópia do processo ao Ministério Públi- VII - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis e, para sua fiel
co, quando houver indício de infração penal. execução, expedir decretos e regulamentos;
VIII - vetar proposições de lei total ou parcialmente;
IX - elaborar as leis delegadas;
X - remeter mensagens e planos de governo à Câmara Muni-
cipal, quando da reunião inaugural da sessão legislativa ordinária,
expondo a situação do Município;
XI - enviar à Câmara Municipal o plano plurianual de ação go-
vernamental, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro-
postas de orçamento, previstos nesta lei;

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LEGISLAÇÃO
XII - prestar, anualmente, à Câmara Municipal, dentro de ses- SEÇÃO V
senta dias da abertura da sessão legislativa ordinária, contas refe- DA PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO
rentes ao exercício anterior;
XIII - dispor, na forma da lei, sobre a organização e atividade do Art. 50 A Procuradoria do Município tem por chefe o Procura-
Poder Executivo; dor Geral do Município, de livre designação pelo Prefeito, dentre
XIV - (Revogado pela Emenda à Lei Orgânica nº 38/2019) advogados de reconhecido saber jurídico e reputação ilibada.
XV - contrair empréstimos externos ou internos e fazer opera- Parágrafo Único - O ingresso na classe inicial de Procurador
ção ou acordo externo de qualquer natureza, após autorização da Municipal far-se-á mediante concurso público e prova de títulos.
Câmara Municipal, nos termos da Constituição Federal e desta Lei;
XVI - convocar extraordinariamente a Câmara Municipal; SEÇÃO VI
XVII - responder, no prazo de trinta dias, aos pedidos de infor-
DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS
mação formulados pela Câmara Municipal ou pelos Vereadores;(-
Nova redação do inciso XVII dada pela Emenda à Lei Orgânica nº
Art. 51 Os cargos, empregos e funções são acessíveis aos brasi-
4/00, renumerado para Emenda à Lei Orgânica nº 16/00, por força
do disposto no art. 226a, acrescido à Lei Orgânica pelo art. 4º, da leiros que preencham os requisitos estabelecidos em Lei.
Emenda à Lei Orgânica nº 22/2004) § 1º A investidura em cargo ou emprego público depende da
XVIII - (Revogado pela Emenda à Lei Orgânica nº 36/2018) aprovação prévia em concurso de provas ou de provas e títulos,
Art. 46 O Prefeito poderá delegar, por decreto, aos Secretários ressalvadas as nomeações para cargo em Comissão declarado em
Municipais e ao Procurador Municipal, funções administrativas que lei, de livre nomeação e exoneração.
não sejam de sua competência privativa. § 2º O prazo de validade do concurso público é de até dois
Art. 47 A cada doze meses, o Prefeito terá direito a trinta dias anos, prorrogável uma vez, por igual período.
de férias, enviando à Câmara Municipal comunicação prévia. § 3º Durante o prazo improrrogável, previsto no edital da con-
§ 1º As férias do Prefeito poderão ser fruídas de uma só vez ou vocação, o aprovado em concurso público será convocado, obser-
em períodos mínimos de 15 dias. vada a ordem de classificação, com prioridade sobre os novos con-
§ 2º Nas férias do Prefeito, assumirá imediatamente o Vice- cursados, para assumir o cargo ou emprego na carreira.
-Prefeito ou o Presidente da Câmara, na forma da lei. § 4º A inobservância do disposto nos parágrafos 1º e 3º deste
artigo implica em nulidade do ato e punição da autoridade respon-
SEÇÃO III sável, nos termos da lei.
DA RESPONSABILIDADE DO PREFEITO § 5º Ao servidor público municipal será garantida, no concurso
interno, uma pontuação definida em lei.
Art. 48 O Prefeito será processado e julgado:
Art. 52 A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
I - Pelo Tribunal de Justiça do Estado, nos crimes comuns e nos
determinado, para atender a necessidade temporária e de excep-
de responsabilidade, nos termos da legislação federal aplicável;
II - pela Câmara Municipal, nas infrações político-administrati- cional interesse público.
vas, nos termos do seu Regimento Interno, assegurados, entre ou- § 1º É vedado o desvio de função de pessoa contratada na for-
tros requisitos de validade, o contraditório, a publicidade, a ampla ma autorizada no artigo, bem como sua recontratação, sob pena
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes e a decisão moti- de nulidade do contrato e responsabilidade administrativa e civil da
vada que se limitará a decretar a cassação do mandato do Prefeito. autoridade contratante.
§ 1º Admitir-se-á a denúncia por qualquer munícipe eleitor. § 2º O disposto no artigo não se aplica a funções de magistério.
§ 2º Não participará do processo, nem do julgamento, o Vere- Art. 53 O cargo em Comissão e a função de confiança na admi-
ador denunciante. nistração pública direta e indireta serão exercidos, preferencialmen-
§ 3º Se, decorridos, os cento e oitenta dias, o julgamento não te, por servidores públicos municipais ocupantes de cargo de carreira
estiver concluído, o processo será arquivado. técnica ou profissional, nos casos e condições previstos na lei.
§ 4º O Prefeito, na vigência de seu mandato, não pode ser res- Art. 54 A revisão geral da remuneração do servidor público
ponsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. municipal far-se-á sempre no mês que a lei fixar, sendo, ainda, as-
segurada a preservação mensal de seu poder aquisitivo, desde que
SEÇÃO IV respeitados os limites a que se refere a Constituição da República.
DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS § 1º A Lei fixará o limite máximo e a relação entre a maior e a
menor remuneração dos servidores públicos municipais, observa-
Art. 49 Os Secretários Municipais serão escolhidos entre os
dos, como limites máximos, os valores percebidos como remunera-
brasileiros civilmente capazes e no exercício de seus direitos po-
ção em espécie pelo Prefeito.
líticos.
Parágrafo Único - Compete aos Secretários Municipais, além § 2º Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo não po-
de outras atribuições conferidas em Lei: dem ser superiores aos percebidos pelo Poder Executivo.
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos § 3º É vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos
de sua Secretaria e de entidade de Administração Indireta a ela vin- para efeitos de remuneração do pessoal do serviço público, ressal-
culada; vado o disposto nesta Lei Orgânica.
II - referendar atos e decretos, referentes a sua Secretaria, as- § 4º Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
sinados pelo Prefeito; não serão computados, nem acumulados, para o fim de concessão
III - expedir instruções para a execução das leis, decretos e re- de acréscimo ulterior sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
gulamentos; § 5º Os vencimentos do servidor público são irredutíveis e a
IV - apresentar ao Prefeito e à Câmara Municipal relatório anu- remuneração observará o disposto nos parágrafos 1º e 2º deste ar-
al de sua gestão; tigo e os preceitos estabelecidos nos artigos 150-II, 153-III e 153, §
V - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhes forem 2º, I da Constituição Federal.
outorgadas ou delegadas pelo Prefeito.

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LEGISLAÇÃO
§ 6º É assegurado aos servidores públicos e às entidades repre- § 3º Para provimento de cargo de natureza técnica exigir-se-á
sentativas o direito de reunião nos locais de trabalho, após prévia a respectiva habilitação profissional.
comunicação à chefia imediata, desde que não haja comprometi- Art. 61 Ficam assegurados, aos servidores públicos municipais,
mento do serviço público. os seguintes direitos:
Art. 55 É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, I - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, ca-
salvo se houver compatibilidade de horários: paz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
I - a de dois cargos de professor; mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
II - a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
III - a de dois cargos privativos de médico. que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
Parágrafo Único - A proibição de acumular estende-se a em- para qualquer fim;
pregos e funções e abrange autarquias, empresas públicas, socie- II - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
dades de economia mista e fundações públicas. ou acordo coletivo;
Art. 56 Ao servidor público municipal em exercício de mandato III - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
eletivo aplicam-se às seguintes disposições:
percebem remuneração variável;
I - tratando-se do mandato eletivo federal ou estadual, ficará
IV - décimo terceiro salário, com base na remuneração integral
afastado do cargo, emprego ou função;
ou no valor da aposentadoria;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
V - remuneração do trabalho noturno superior ao do diurno;
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar por sua remunera-
ção; VI - salário família para os seus dependentes;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- VII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diá-
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego rias e quarenta semanais, facultada a compensação de horários e a
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo e, não redução da jornada nos termos que dispuser a lei;
havendo compatibilidade, será aplicada a norma inscrita no inciso VIII - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
anterior; mingos;
IV - em qualquer caso que exija afastamento para o exercício IX - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
do mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos mo, em cinqüenta por cento à do normal;
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; X - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afasta- terço a mais do que o salário normal;
mento, os valores serão determinados como se no exercício esti- XI - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
vesse. com a duração de cento e vinte dias;
Art. 57 A lei reservará percentual dos cargos e empregos públi- XII - licença paternidade nos termos fixados em lei;
cos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios XIII - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
de sua admissão. incentivos específicos, nos termos da lei;
Art. 58 Os atos de improbidade administrativa importam em XIV - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
suspensão dos direitos políticos, perda de função pública, indis- normas de saúde, higiene e segurança;
ponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, na forma e na XV - adicional de remuneração para as atividades penosas, in-
gradação estabelecidas em lei federal, sem prejuízo da ação penal salubres ou perigosas, na forma da lei;
cabível. XVI - proibição de diferença de salários, de exercícios de função
Art. 59 É vedado ao servidor público municipal desempenhar e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
atividades que não sejam próprias do cargo de que for titular, ex- civil.
ceto quando ocupar cargo em Comissão ou desempenhar função § 1º Cabe ao Sindicato a defesa dos direitos e interesses cole-
de confiança.
tivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
Art. 60 O Município instituirá o regime jurídico único e planos
administrativas.
de carreira para os servidores públicos municipais de órgãos da
§ 2º A participação do sindicato nas negociações salariais
Administração Direta, de autarquias e de fundações públicas, após
é obrigatória.(Redação dos incisos I a XVI e §§ 1º e 2º dada pela
ouvido, obrigatoriamente, o órgão sindical dos servidores públicos
municipais. Emenda à Lei Orgânica nº 4/92)
§ 1º A política de pessoal obedecerá as seguintes diretrizes: § 3º O pagamento dos vencimentos, vantagens e demais par-
I - valorização e dignificação da função pública e do serviço pú- celas que compõem a remuneração do funcionalismo público mu-
blico; nicipal, dos ativos, inativos e pensionistas, da administração direta
II - profissionalização e aperfeiçoamento do servidor público e indireta, autárquica e fundacional, dar-se-á em parcela única até
municipal; o ultimo dia útil do mês a que se referir. (Redação acrescida pela
III - constituição de quadro dirigente mediante formação e Emenda à Lei Orgânica nº 35/2016)
aperfeiçoamento de administradores; Art. 62 A lei assegurará ao servidor público municipal da Admi-
IV - sistema de mérito objetivamente apurado para o ingresso nistração Direta isonomia de vencimentos para cargos de atribui-
no sistema de mérito objetivamente apurado para ingresso no ser- ções iguais ou semelhantes no mesmo Poder, ou entre servidores
viço e desenvolvimento da carreira. dos Poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens de
V - remuneração compatível com a complexidade e a respon- caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
sabilidade das tarefas e com a escolaridade exigida para o seu de- Art. 63 É garantida a liberação do servidor público municipal
sempenho para o exercício de mandato eletivo em diretoria de entidade sin-
§ 2º Ao servidor que, por acidente ou doença, tornar-se inapto dical, sem prejuízo da remuneração e dos demais direitos e vanta-
para exercer as atribuições específicas de seu cargo, serão asse- gens de seu cargo.
gurados os direitos e vantagens a ele inerentes, até seu definitivo Art. 64 É garantido o direito de greve aos servidores públicos
aproveitamento em outro cargo de atribuições afins, respeitada a municipais, a ser exercido nos termos e limites definidos em lei
habilitação exigida. complementar federal.

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LEGISLAÇÃO
Art. 65 É estável, após dois anos de efetivo exercício, o servidor Art. 69 O servidor público municipal será aposentado:
público municipal nomeado em virtude de concurso público. I - por invalidez permanente, com proventos integrais, quando
§ 1º O servidor público municipal estável só perderá o cargo decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou processo grave, contagiosa ou
administrativo em que seja assegurada ampla defesa. incurável, especificadas em lei, e proporcionais nos demais ca-
§ 2º Invalidada, por sentença judicial, a demissão do servidor sos;
público municipal estável, será ele reintegrado e o eventual ocu- II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-
pante da vaga reconduzido ao cargo de origem, sem direito a inde- tos proporcionais ao tempo de serviço;
nização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade. III - voluntariamente:
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e trinta, se
vidor público municipal estável ficará em disponibilidade remune- mulher, com proventos integrais;
rada até seu adequado aproveitamento em outro cargo de atribui- b) aos trinta anos, se professor, e vinte e cinco, se professora,
ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado, de efetivo exercício em funções de magistério, com proventos in-
respeitada a habilitação exigida. tegrais;
Art. 66 O Município assegurará ao servidor público municipal c) aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e cinco, se
que, por motivo de acidente ou de doença, tornar-se inapto para mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
exercer sua função de origem, o direito à reabilitação e à readapta- d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, aos sessenta,
ção a uma nova função, sem perda de nenhuma espécie. se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
Art. 67 O servidor público municipal legalmente responsável por § 1º As exceções ao disposto no inciso III, alíneas “a” e “c”, no
pessoa portadora de deficiência em tratamento especializado, po- caso de exercício de atividades consideradas penosas, insalubres
derá ter sua jornada de trabalho reduzida, conforme dispuser a lei. ou perigosas, serão estabelecidas em lei complementar federal.
§ 2º A lei disporá sobre a aposentadoria em cargo, função ou
SEÇÃO VII emprego temporários.
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL § 3º O tempo de serviço público federal, estadual ou municipal
será computado integralmente para os efeitos de aposentadoria e
Art. 68 O Município manterá plano de previdência e assistência disponibilidade.
social para o servidor público municipal submetido a regime pró- § 4º É assegurado ao servidor público municipal afastar-se da
prio e para sua família.
atividade a partir da data do requerimento de aposentadoria. A sua
§ 1º O plano de previdência e assistência social visa dar cober-
não concessão importará na reposição do período de afastamento.
tura aos riscos a que estão sujeitos os beneficiários mencionados
§ 5º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem
no artigo e atenderá nos termos da lei a:
recíproca do tempo de contribuição da administração pública e
I - cobertura nos eventos de doenças, invalidez, velhice, aci-
privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos sistemas de
dente em serviço, falecimento e reclusão;
previdência social se compensarão financeiramente, segundo os
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
critérios estabelecidos em lei federal.
III - assistência à saúde;
IV - ajuda à manutenção dos dependentes dos beneficiários. § 6º O servidor público municipal que retornar à atividade após
§ 2º O plano será custeado com o produto da arrecadação de a cessação dos motivos que causaram sua aposentadoria por inva-
contribuições sociais obrigatórias do servidor público municipal e lidez, terá direito, para todos os fins, salvo para o de promoção, à
do Poder, órgão ou entidade a que se encontra vinculado, e de ou- contagem do tempo relativo ao período de afastamento.
tras fontes de receita definidas em lei. § 7º O benefício da pensão por morte corresponderá à totali-
§ 3º A contribuição mensal do servidor público municipal e do dade dos vencimentos ou proventos do servidor falecido, até o limi-
agente político será diferenciada em função da remuneração, na te estabelecido em lei, observado o disposto nos parágrafos 8º e 9º.
forma que a lei fixar. § 8º Os proventos da aposentadoria e as pensões por morte,
§ 4º Os benefícios do plano serão concedidos nos termos e nunca inferiores ao salário mínimo, serão revistos na mesma pro-
condições estabelecidos em lei: porção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração
I - quanto ao servidor público municipal e agente político: do servidor em atividade.
a) aposentadoria; § 9º Serão estendidos aos inativos os benefícios ou vanta-
b) auxílio natalidade; gens posteriormente concedidos ao servidor em atividade, mesmo
c) salário família diferenciado; quando decorrentes de transformação ou reclassificação do cargo
d) auxílio transporte; ou da função em que se tiver dado a aposentadoria.
e) licença para tratamento de saúde; § 10 A pensão por morte abrangerá o cônjuge, o companheiro
f) licença à gestante, à adotante e paternidade; e demais dependentes, na forma da lei.
g) licença por acidente em serviço. § 11 Nenhum benefício ou serviço da previdência social poderá
II - quanto ao dependente: ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
a) pensão por morte; custeio total.
b) auxílio reclusão; Art. 70 Incumbe à entidade da Administração Indireta gerir,
c) auxílio funeral; com exclusividade, o sistema de previdência e assistência social dos
d) pecúlio. servidores públicos municipais.
§ 5º Nos casos previstos nas alíneas “e”, “f” e “g” do inciso Parágrafo Único - Os cargos de direção da entidade serão ocu-
I, parágrafo anterior, o servidor perceberá remuneração integral pados, preferencialmente, por servidores públicos municipais de
como se em exercício estivesse. cargo de carreira.
§ 6º O Poder, órgão ou entidade a que se vincule o servidor públi- Art. 71 O piso mínimo dos valores a serem pagos aos aposenta-
co municipal terá, após os descontos, um prazo de dez dias para reco- dos e pensionistas não poderá ser inferior ao salário mínimo fixado
lher as respectivas contribuições sociais, sob pena de responsabilidade pelo Governo Federal.
de seu proposto e pagamento dos acréscimos definidos em lei.

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LEGISLAÇÃO
TÍTULO III I - em qualquer dos Poderes do Município, nas autarquias e
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL nas fundações públicas, por servidor público, ocupante de cargo
CAPÍTULO I público, em caráter definitivo ou em Comissão, ou de função de
DOS PRINCÍPIOS GERAIS confiança.
II - nas sociedades de economia mista, empresas públicas e de-
Art. 72 A administração pública municipal é o conjunto de ór- mais entidades de direito privado sob o controle direto ou indireto
gãos institucionais, materiais, financeiros e humanos destinados à do Município, por empregado público, ocupante de emprego públi-
execução das decisões do governo local. co ou função de confiança.
§ 1º A administração pública municipal é direta quando realiza-
da por órgãos da Prefeitura ou Câmara Municipal. CAPÍTULO II
§ 2º A administração pública municipal é indireta quando rea- DAS OBRAS E SERVIÇOS MUNICIPAIS
lizada por:
I - autarquia; Art. 81 Lei municipal, observadas as normas gerais estabele-
II - sociedade de economia mista; cidas pela União, disciplinará o procedimento de licitação impres-
III - empresa pública. cindível à contratação de obras, serviços, compras e alienação do
§ 3º A administração pública municipal é fundacional quando Município.
realizada por fundação instituída ou mantida pelo Município. Parágrafo Único - Nas licitações do Município e de suas entida-
§ 4º Somente por lei específica poderão ser criadas autarquias, des de Administração Indireta e fundacionais, observar-se-ão, sob
sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações mu- pena de nulidade, os princípios de isonomia, publicidade, probida-
nicipais. de, vinculação ao instrumento convocatório e julgamento objetivo.
Art. 73 A atividade administrativa do Município, direta ou in- Art. 82 O Município organizará e prestará, diretamente ou sob
direta, descentralizada, obedecerá aos princípios da transparência, regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de sua
legalidade, finalidade, razoabilidade, motivação, impessoalidade, competência.
moralidade, publicidade, da licitação e da responsabilidade. § 1º A concessão de serviço público será outorgada mediante
Art. 74 Qualquer cidadão poderá levar ao conhecimento da au- contrato precedido de concorrência e autorização legislativa.
toridade municipal irregularidades, ilegalidades ou abuso de poder § 2º A permissão de serviço público, sempre a título precário,
imputáveis a qualquer agente público, cumprindo ao servidor pú- será outorgada por decreto, após edital de chamamento de interes-
blico municipal o dever de fazê-lo perante seu superior hierárquico, sados, para a escolha do melhor pretendente.
para as providências e correções pertinentes. § 3º Os serviços concedidos e permitidos ficarão sempre sujei-
Art. 75 A publicação das leis e dos atos municipais far-se-á na tos à regulamentação e fiscalização do Município, incumbindo aos
imprensa local. que o executem, sua permanente atualização e adequação às ne-
§ 1º Os atos de efeitos externos só produzirão efeito após a cessidades dos usuários.
sua publicação. § 4º O Município poderá intervir na prestação dos serviços
§ 2º A publicação dos atos normativos internos, pela imprensa, concedidos ou permitidos para corrigir distorções ou abusos, bem
poderá ser resumida. como retomá-los, sem indenização, desde que executados em des-
§ 3º Os Poderes Legislativo e Executivo organizarão registros conformidade com o contrato ou ato quando se revelarem insufi-
de seus atos e documentos de forma a preservar-lhes a inteireza e cientes para o atendimento dos usuários.
possibilitar-lhes a consulta e extração de cópias e certidões, sempre Art. 83 As tarifas de serviços públicos e de utilidade pública de-
que necessário. verão ser fixadas pelo Prefeito, tendo em vista justa remuneração,
Art. 76 Os Poderes Legislativo e Executivo são obrigados a for- segundo critérios estabelecidos em lei.
necer, a qualquer interessado, no prazo máximo de dez dias, certi-
dões de atos, contratos e decisões, sob pena de responsabilidade CAPÍTULO III
da autoridade ou servidor público municipal que negar ou retardar DO TRANSPORTE PÚBLICO
sua expedição, assim como atender às requisições judiciais em igual
prazo, se outro não foi fixado pelo requisitante. Art. 84 Incumbe ao Município, respeitada a legislação federal,
Art. 77 A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e planejar, organizar, dirigir, coordenar, executar, delegar e controlar
campanhas dos órgãos públicos municipais, qualquer que seja o a prestação de serviços públicos ou de utilidade pública relativos a
veículo de comunicação, somente poderá ter caráter informativo, transporte coletivo individual de passageiros, o tráfego, o trânsito e
educativo ou de orientação social, dela não podendo constar no- o sistema viário municipal.
mes, símbolos ou imagens que caracterizem a promoção pessoal de § 1º Os serviços a que se refere o artigo, incluindo o de trans-
autoridade ou servidor público municipal. porte escolar, serão prestados diretamente ou sob o regime de
Parágrafo Único - Os custos da publicidade referida neste arti- concessão ou permissão nos termos da lei.
go serão comunicados à Câmara Municipal, no prazo de quinze dias § 2º A exploração de atividade de transporte coletivo que o Po-
após sua veiculação. der Público seja levado a exercer por força de contingência ou con-
Art. 78 A execução de obras públicas municipais deverá ser veniência administrativa, será empreendida por empresa pública.
sempre precedida de projeto elaborado segundo as normas técni- Art. 85 Lei municipal disporá sobre organização, funcionamen-
cas adequadas. to e fiscalização dos serviços de transporte coletivo e de táxi, de-
Art. 79 Será obrigatória a publicação do resumo de todos os vendo ser fixadas diretrizes de caracterização precisa e proteção
termos de contratos administrativos, ou quando não exigível a eficaz do interesse público e dos direitos dos usuários.
formalização por este meio, das respectivas escrituras públicas ou § 1º O Município assegurará transporte coletivo a todos os ci-
particulares, ou cartas-contratos, ou notas de empenho ou a auto- dadãos.
rização de compra ou ordem de execução de obras ou de serviço, § 2º É obrigatória a manutenção de linhas noturnas de trans-
referentes a despesas relevantes, definidas em legislação ordinária. porte coletivo em toda a área do Município, racionalmente distri-
Art. 80 A atividade administrativa permanente é exercida: buídas pelo órgão ou entidade competente.

10
LEGISLAÇÃO
Art. 86 O planejamento dos serviços de transporte coletivo CAPÍTULO IV
deve ser feito com observância dos seguintes princípios: DO PATRIMÔNIO MUNICIPAL
I - compatibilidade entre transporte e uso do solo;
II - integração física, operacional e tarifária entre as diversas Art. 95 Integram o patrimônio do Município todos os bens imó-
modalidades de transporte; veis e móveis, direitos e ações que, por qualquer título, lhe perten-
III - racionalização dos serviços; çam.
IV - análise de alternativas mais eficientes ao sistema; Art. 96 Cabe ao Prefeito a administração do patrimônio muni-
V - participação de entidades de classe e da população orga- cipal, respeitada a competência da Câmara quanto aos bens utiliza-
nizada; dos em seus serviços.
VI - as concessionárias de transporte público devem observar a Art. 97 A aquisição de bens imóveis, por compra ou permuta,
legislação sobre saúde e meio ambiente, na forma da lei. dependerá de prévia avaliação e autorização legislativa.
Parágrafo Único - O Município, ao traçar as diretrizes de or- Art. 98 A alienação de bens municipais subordinada à existên-
denamento dos transportes, estabelecerá metas prioritárias de cia de interesse público, devidamente justificado, será sempre pre-
circulação de coletivo urbano, que terá preferência em relação às cedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
demais modalidades de transporte. I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa e con-
Art. 87 As tarifas de serviço de transporte coletivo e de táxi corrência, dispensada esta nos seguintes casos:
e de estacionamento público, no âmbito municipal, serão fixadas a) a doação, devendo constar da escritura pública os encargos
pelo Poder Executivo, podendo ser diferenciadas em função das do donatário, o prazo de seu cumprimento e as cláusulas de re-
características técnicas e dos custos específicos provenientes do trocessão e de inalienabilidade, impermutabilidade e impenhora-
atendimento aos distintos segmentos de usuários. (Redação dada bilidade, sendo estas vinculadas ao cumprimento dos encargos e a
pela Emenda à Lei Orgânica nº 34/2014) execução do objeto da doação pelo prazo mínimo de 10 (dez) anos,
§ 1º O Poder Executivo deverá proceder ao cálculo da remune- sob pena de nulidade do ato, podendo tais encargos ser dispensa-
ração do serviço de transporte de passageiros às empresas opera- dos, por lei, se o donatário for pessoa jurídica integrante da Admi-
doras, com base em planilha de custos, contendo metodologia de nistração Indireta do Município e o imóvel destinar-se a garantia de
cálculo, parâmetros e coeficientes técnicos em função das peculia- financiamento junto ao Sistema Financeiro de Habitação. (Redação
ridades do sistema de transporte urbano municipal.
dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 38/2019)
§ 2º As planilhas de custo serão atualizadas quando houver al-
b) permuta.
teração no preço de componentes da estrutura de custos de trans-
II - quando móveis, dependerá de licitação dispensada nos se-
porte, necessários à operação do serviço.
guintes casos:
§ 3º É assegurado à entidade representativa da sociedade civil
a) doação, que será permitida exclusivamente para fins de in-
e à Câmara o acesso aos dados informadores da planilha de custos,
teresse social;
bem como a elementos da metodologia de cálculo, parâmetros e
b) permuta.
coeficientes técnicos.
§ 4º O sistema de transporte coletivo fornecerá, para aquisição § 1º O Município, preferentemente à venda ou doação de seus
antecipada aos usuários, bilhete ou cartão de transporte de valor in- bens imóveis, outorgará concessão de direito real de uso mediante
ferior à tarifa vigente, e o desconto deverá ser aprovado pela Câmara prévia autorização legislativa e concorrência. A concorrência pode-
Municipal. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 34/2014) rá ser dispensada, por lei, quando o uso se destinar a concessioná-
Art. 88 O equilíbrio econômico-financeiro dos serviços de ria de serviço público e entidades assistenciais, ou quando houver
transporte coletivo será assegurado pela compensação entre a re- relevante interesse público, devidamente justificado.
ceita auferida e o custo total do sistema. § 2º A venda a proprietários de imóveis lindeiros de áreas ur-
Parágrafo Único - A fixação de qualquer tipo de gratuidade no banas remanescentes e inaproveitáveis para edificação, resultantes
transporte coletivo urbano só poderá ser feita mediante lei que de obra pública, dependerá apenas de prévia avaliação. As áreas
contenha a fonte de recursos para custeá-la, salvo os casos previs- resultantes de modificação de alinhamento serão alienadas nas
tos nesta Lei Orgânica. mesmas condições, quer sejam aproveitáveis ou não.
Art. 89 O Poder Público promoverá permanente vistoria nas § 3º Uma vez cumprido os encargos e transcorridos o prazo
unidades de transporte coletivo, determinando a retirada de circu- mínimo de 10 (dez) anos de execução do objeto de que trata a alí-
lação dos veículos que não estejam apropriados ao uso e sua ime- nea “a” do inciso I deste artigo, terá o donatário direito a baixa do
diata substituição. gravame das cláusulas de retrocessão, inalienabilidade, impermu-
Art. 90 As vias integrantes dos itinerários das linhas de trans- tabilidade e impenhorabilidade, mediante prévia verificação da Ad-
porte coletivo de passageiros terão prioridade para pavimentação ministração Pública Municipal. (Redação acrescida pela Emenda à
e conservação. Lei Orgânica nº 38/2019)
Art. 91 O Poder Público constituirá terminais de transporte co- Art. 99 O uso de bens municipais por terceiros poderá ser feito
letivo urbano para onde possam convergir as linhas de ônibus dos mediante concessão, permissão ou autorização, se o interesse pú-
principais corredores de transporte da cidade. blico o justificar.
Art. 92 Em quarteirão fechado, o mobiliário urbano será dis- § 1º A concessão administrativa dos bens públicos de uso es-
posto de forma a facilitar o trânsito eventual de veículos, especial- pecial e dominicais far-se-á mediante contrato precedido de auto-
mente em situação de emergência. rização legislativa e concorrência, dispensada esta, por lei, quando
Art. 93 Fica instituído o Conselho Municipal de Mobilidade Ur- o uso se destinar a concessionária de serviço público, a entidades
bana e Transporte Público. assistenciais, ou quando houver interesse público relevante, devi-
Parágrafo único. A composição e as atribuições do Conselho damente justificado.
Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte Público serão defini- § 2º A permissão, que poderá incidir sobre qualquer bem públi-
das em lei. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 32/2013) co, será feita a título precário, por decreto.
Art. 94 Na concessão de serviços que envolvam transporte de § 3º A autorização, que poderá incidir sobre qualquer bem pú-
pessoas, será exigido curso de direção defensiva ou similar, na for- blico, será feita por portaria, para atividades ou usos específicos.
ma da lei. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 5/1995, renumerado

11
LEGISLAÇÃO
para Emenda à Lei Orgânica nº 10/1995, por força do disposto no Art. 103 As taxas só poderão ser instituídas por lei municipal,
art. 226a, acrescido à Lei Orgânica pelo art. 4º, da Emenda à Lei em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva
Orgânica nº 22/2004) ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
§ 4º Cessão é transferência gratuita da posse de um bem do ao contribuinte ou postos à sua disposição pelo Município
Município para outro órgão ou entidade pública, a fim de que o ces- Parágrafo Único - As taxas não poderão ter base de cálculo
sionário utilize, nas condições estabelecidas no respectivo termo, própria de impostos.(Renumerado pela Emenda à Lei Orgânica nº
por tempo determinado (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica 2/94, que revogou o § 2º, renumerado para Emenda à Lei Orgânica
nº 38/2019) nº 7/94, por força do disposto no art. 226a, acrescido à Lei Orgânica
Art. 100 Fica expressamente vedada a doação de bens imóveis pelo art. 4º da Emenda à Lei Orgânica nº 22/04)
municipais a qualquer pessoa jurídica cujos objetivos não se confi- Art. 104 A contribuição de melhoria será instituída por lei para
gurem em atividades sociais, devendo a beneficiária ser reconhe- ser cobrada em decorrência da execução de obras públicas muni-
cipais.
cida de utilidade pública municipal e constar da lei de doação que,
Art. 105 O Município instituirá, por lei, contribuição cobrada de
em caso de extinção da entidade, o patrimônio doado reverterá ao
seus servidores, para custeio, em benefício destes, de sistemas de
patrimônio municipal. previdência e assistência social.
§ 1º A proibição prevista no caput deste artigo não se aplica à
doação de interesse para o Município e, especialmente, que tenha SEÇÃO II
por objetivo ampliar o seu potencial turístico, cultural, econômico, DA RECEITA E DA DESPESA
social, religioso e incrementar o seu parque industrial. (Redação
dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 38/2019) Art. 106 A receita do Município constitui-se da arrecadação de
§ 2º A proibição prevista no caput deste artigo não se aplica seus tributos, da participação em tributos federais e estaduais, dos
aos casos em que já tenha havido o reconhecimento da Administra- preços resultantes da utilização de seus bens, serviços, atividades e
ção Municipal quanto ao cumprimento dos encargos e à execução de outros ingressos.
do objeto da doação pelo prazo mínimo de 10(dez) anos. (Redação Art. 107 A fixação dos preços públicos devidos pela utilização
acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 38/2019) de bens, serviços e atividades municipais, será feita por decreto,
segundo critérios gerais estabelecidos em lei.
CAPÍTULO V Art. 108 A despesa pública atenderá às normas gerais de direi-
DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA to financeiro federal e aos princípios orçamentários.
SEÇÃO I
DOS TRIBUTOS SEÇÃO III
DOS ORÇAMENTOS
Art. 101 Tributos municipais são os impostos, as taxas e a con-
Art. 109 Leis de iniciativa do Prefeito estabelecerão:
tribuição de melhoria instituídos por lei local, atendidos os princí- I - o plano plurianual;
pios da Constituição Federal e as normas gerais de direito tributário II - as diretrizes orçamentárias;
estabelecidos em lei Complementar federal, sem prejuízo de outras III - os orçamentos anuais.
garantias que a legislação tributária municipal assegure ao contri- § 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá as dire-
buinte. trizes, objetivos e metas da administração municipal para as des-
Art. 102 Compete ao Município instituir impostos sobre: pesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos
I - propriedade predial e territorial urbana; programas de duração continuada.
II - transmissão inter-vivos, a qualquer título, por ato oneroso, § 2º A lei de diretrizes orçamentárias estabelecerá metas e
de bens imóveis por natureza ou acessão física, e de direitos reais prioridades da administração municipal, incluindo as despesas de
sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elabo-
à sua aquisição: ração da lei orçamentária anual e disporá sobre as alterações na
III - vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto legislação tributária.
óleo diesel e gás de cozinha; § 3º O Poder Executivo publicará, até o dia dez de cada mês, o
IV - serviço de qualquer natureza, não compreendidos na com- balancete das contas municipais.
petência do Estado e definidos em lei complementar federal. Art. 110 O lei orçamentária anual compreenderá:
§ 1º O imposto previsto no inciso I poderá ser progressivo, nos I - o orçamento fiscal;
II - o orçamento das autarquias e das fundações instituídas ou
termos de lei municipal, de forma a assegurar o cumprimento da
mantidas pelo Município;
função social da propriedade.
III - o orçamento de investimentos das empresas em que o Mu-
§ 2º O imposto referido no inciso I poderá ter alíquotas diversi- nicípio, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social
ficadas em função de interesse estabelecido no plano diretor. com direito a voto.
§ 3º Lei municipal estabelecerá critérios objetivos para a edi- § 1º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de de-
ção da planta de valores de imóveis, tendo em vista a incidência do monstrativo do efeito sobre as despesas decorrentes de isenções,
imposto previsto no inciso I. anistias e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.
§ 4º O imposto previsto no inciso II compete ao Município da § 2º Os orçamentos, compatibilizados com o plano plurianual,
situação do bem e não incide sobre a transmissão de bens ou direi- terão, entre suas funções, a de reduzir desigualdades entre os dis-
tos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de tritos do Município, segundo critério populacional.
capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes § 3º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho
de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, sal- à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na
vo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a proibição a autorização para a abertura de crédito suplementar e
compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de
ou arrendamento mercantil. receita, nos termos da lei federal aplicável.

12
LEGISLAÇÃO
Art. 111 O orçamento municipal assegurará investimentos IV - a vinculação da receita de impostos a órgãos, fundo ou
prioritários em programas de educação, de ensino pré-escolar e despesas, ressalvadas a destinação de recursos para o desenvolvi-
fundamental, de saúde, de saneamento básico, de transporte co- mento do ensino e a prestação de garantia às operações de crédito
letivo e de moradia. por antecipação de receita;
Art. 112 Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às dire- V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia
trizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais autorização legislativa e sem indicação dos recursos corresponden-
serão de iniciativa exclusiva do Prefeito e serão apreciadas pela Câ- tes;
mara Municipal, com observância do disposto nesta Lei Orgânica VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de re-
sobre o processo legislativo. cursos de uma categoria de programação para outra de um órgão
§ 1º O Prefeito enviará à Câmara Municipal projeto de lei: para outro, sem prévia autorização legislativa;
I - de diretrizes orçamentárias, até 15 de maio de cada exer- VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
cício; VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de re-
II - do orçamento anual, até o dia 30 de setembro de cada exer- cursos do orçamento fiscal para suprir necessidade ou cobrir déficit
cício. (Incisos I e II alterados pela Emenda nº 3/2000 renumerado de entidade da Administração Indireta e de fundos;
para Emenda à Lei Orgânica nº 15/2000, por força do disposto no IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia
art. 226a, acrescido à Lei Orgânica pelo art. 4º, da Emenda à Lei autorização legislativa.
Orgânica nº 22/2004) § 1º Nenhum investimento, cuja execução ultrapasse um exer-
§ 2º Junto com o projeto de lei orçamentária anual, o Prefeito cício financeiro, poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano
encaminhará, também, projeto de lei do plano plurianual corres- plurianual ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de respon-
pondente ao período necessário para que tenha vigência perma- sabilidade.
nente de, no mínimo, três anos. § 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no
§ 3º Caberá à Comissão de Finanças e Orçamento: exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos nes- autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
te artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Prefeito exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão
Municipal; incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente.
II - exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, § 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admiti-
sem prejuízo das demais Comissões criadas de acordo com o dis- da para atender despesas imprevisíveis e urgentes, como as decor-
posto no Art. 19. rentes de calamidade pública.
§ 4º As emendas serão apresentadas na Comissão de Finanças Art. 114 Os recursos correspondentes às dotações orçamentá-
e Orçamento, que sobre elas emitirá pareceres a serem apreciados, rias, compreendidos os créditos suplementares e especiais destina-
dos à Câmara Municipal, ser-lhe-ão entregues em duodécimos até
na forma regimental, pelo Plenário da Câmara Municipal.
o dia vinte de cada mês.
§ 5º As emendas ao projeto da lei anual ou a projetos que a
modifiquem somente podem ser aprovadas caso:
TÍTULO IV
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de
DA ORDEM ECONÔMICA
diretrizes orçamentárias;
CAPÍTULO I
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os pro-
DOS PRINCÍPIOS GERAIS
venientes de anulação de despesas, excluídas as que incidam sobre:
a) dotações de pessoal e seus encargos;
Art. 115 O Município de Uberlândia exercerá, nos limites de
b) serviço da dívida municipal;
seu território e dentro de sua competência constitucional, as fun-
III - sejam relacionados com: ções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determi-
a) a correção de omissão; nante para o setor público e indicativo para o setor privado.
b) os dispositivos do texto do projeto de lei. § 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases para o desenvolvi-
§ 6º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias mento municipal, com aproveitamento das potencialidades e re-
não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plu- cursos locais e de forma integrada com os planos nacionais e regio-
rianual. nais de desenvolvimento.
§ 7º O Prefeito poderá enviar mensagem à Câmara Municipal § 2º O Município, na forma da lei, apoiará e estimulará o coo-
para propor modificações nos projetos a que se refere este artigo, perativismo e outras formas de associativismo.
enquanto não iniciada a votação na Comissão referida no § 3º. Art. 116 O Município dispensará às micro-empresas e às em-
§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou re- presas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurí-
jeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas dico diferenciado, visando incentivá-las pela simplificação de suas
correspondentes, poderão ser utilizados, conforme o caso, median- obrigações administrativas e tributárias, ou pela eliminação ou re-
te créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica au- dução destas por meio de lei.
torização legislativa. Art. 117 A exploração direta de atividade econômica pelo Mu-
Art. 113 São vedados: nicípio ficará condicionada à existência de relevante interesse cole-
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orça- tivo, conforme definido em lei.
mentária anual; § 1º A empresa pública, a sociedade de economia mista e ou-
II - a realização de despesas ou assunção de obrigações diretas tras entidades que explorem a atividade econômica sujeitam-se ao
que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; regime jurídico das empresas privadas, inclusive quanto às obriga-
III - a realização de operações de créditos que excedam o mon- ções trabalhistas e tributárias.
tante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante § 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista
créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, apro- não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor
vados pela Câmara Municipal por maioria absoluta; privado.

13
LEGISLAÇÃO
§ 3º O Município, mediante autorização legislativa, poderá c)usos incompatíveis ou inconvenientes.
subscrever títulos representativos de capital de empresas privadas, Parágrafo Único - A política de desenvolvimento urbano no
integralizado ou a integralizar, sempre que tais investimentos se Município será promovida pela adoção dos seguintes instrumentos:
fizerem necessários e convenientes no território municipal, para a I - código de urbanismo do Município;
propulsão de atividades econômicas de relevante interesse. II - elaboração e execução do plano diretor;
§ 4º O licenciamento de qualquer atividade econômica, para III - leis e planos de controle do uso, do parcelamento e da ocu-
funcionar no território do Município, ficará condicionado à prévia pação do solo urbano;
satisfação de todas as exigências legais para preservação do meio IV - código de obras e edificações.
ambiente. Art. 121 O código de urbanismo do Município compreenderá
Art. 118 O Município, através de ações próprias ou integradas os princípios gerais, os objetivos, a definição de áreas de ordena-
com a União e o Estado, adotará instrumentos para: mento prioritário e as de ordenamento diferido e de normas gerais
I - restrição ao abuso do poder econômico; de orientação dos planos diretor e de controle de uso, parcelamen-
II - defesa, promoção e divulgação dos direitos do consumidor,
to e ocupação do solo.
educação para o consumo e estímulo à organização de associações
Art. 122 Os planos urbanísticos previstos nos incisos II e III do
voltadas para esse fim;
parágrafo único do artigo 120, aprovados por lei, constituem ins-
III - fiscalização e controle de qualidade, de preços e de pesos e
trumentos básicos do processo de produção, reprodução ou uso do
medidas dos bens e serviços produzidos e comercializados em seu
território; espaço urbano, mediante a definição, entre outros, dos seguintes
IV - eliminação de entrave burocrático que embarace o exercí- objetivos gerais:
cio da atividade econômica. I - controle do processo de urbanização, para assegurar-lhe
Art. 119 O Município adotará programas de desenvolvimento equilíbrio e evitar o despovoamento das áreas agrícolas ou pastoris;
rural, destinados a fomentar a produção agropecuária, organizar o II - organização das funções da cidade, abrangendo habitação,
abastecimento alimentar, promover o bem-estar do homem que trabalho, circulação, recreação, democratização, convivência social
vive do trabalho da terra e fixá-lo no campo. e realização de vida urbana digna;
§ 1º O Município participará de todas as ações relacionadas III - promoção de melhoramento na área rural, na medida ne-
com a consecução dos objetivos indicados neste artigo, integran- cessária ao seu ajustamento ao crescimento dos núcleos urbanos;
do-se através de convênios e outras formas de ajustes aos esforços IV - estabelecimento de prescrições, usos, reservas e destinos
de organismos públicos e privados. de imóveis, águas e áreas verdes.
§ 2º Serão especialmente incentivadas as iniciativas e progra- Art. 123 A política de desenvolvimento urbano do Município
mas que tenham por finalidade: terá como prioridade básica, no âmbito de sua competência, asse-
I - promover a criação e organização de agrovilas, favorecendo gurar o direito de acesso à moradia adequada, com condições míni-
a fixação do homem na zona rural; mas de privacidade e segurança, atendidos os serviços de transpor-
II - eletrificação rural e irrigação; te coletivo, saneamento básico, educação, saúde, lazer e demais
III - a construção de habitações para o trabalhador rural; dispositivos de habitabilidade condigna.
IV - o incentivo à pesquisa tecnológica e científica; § 1º O Poder Público Municipal, inclusive mediante estímulo
V - a assistência técnica e a extensão rural; e apoio a entidades comunitárias e a construtores privados, pro-
VI - a instalação de agroindústrias; moverá as condições necessárias, incluindo a execução de planos e
VII - a oferta, pelo Poder Público, de infra-estrutura de arma- programas habitacionais, à efetivação deste direito.
zenagem, de garantia de mercado e de sistema viário adequado ao § 2º A habitação será tratada, dentro do contexto do desen-
escoamento da produção. volvimento urbano, de forma conjunta e articulada com os demais
§ 3º O Município incentivará, por todo os meio possíveis, o aspectos da cidade.
cultivo de novas espécies, objetivando a consolidação e o desen-
Art. 124 O código de obras e edificações conterá normas edi-
volvimento da produção agrícola, através de suas múltiplas formas.
lícias relativas às construções do território municipal, consignando
princípios sobre segurança, funcionalidade, higiene, salubridade e
CAPÍTULO II
estética das construções, e definirá regras sobre proporcionalidade
DO DESENVOLVIMENTO E POLÍTICA URBANOS
entre ocupação e equipamento urbano.
Art. 120 A política de desenvolvimento urbano do Município, Art. 125 No estabelecimento das diretrizes relativas ao desen-
observadas as diretrizes fixadas em lei federal, tem por finalidade volvimento urbano a lei assegurará:
ordenar o pleno desenvolvimento das funções urbanas e garantir I - a justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do
o bem-estar da comunidade local, mediante a implementação dos processo de urbanização;
seguintes objetivos gerais: II - a prevalência da função social da propriedade urbana;
I - ordenação da expansão urbana; III - a preservação e restauração do meio ambiente, patrimô-
II - integração urbano-rural; nio histórico, cultural, paisagístico, arqueológico, espeleológico e
III - prevenção e a correção das distorções do crescimento ur- paleontológico;
bano; IV - a urbanização, regularização fundiária e titulação de lote-
IV - proteção, preservação e recuperação do meio ambiente; amentos clandestinos das áreas ocupadas em regime de posse ou
V - proteção, preservação e recuperação do patrimônio históri- em condições de sub-habitação, permitida a remoção apenas em
co, artístico, turístico, cultural e paisagístico; situações de risco em terreno, ou para implementação de equipa-
VI - controle do uso do solo, de modo a evitar: mentos e infra-estrutura urbanística indispensável ao bem-estar da
a) o parcelamento do solo e a edificação vertical excessivos comunidade, garantindo-se sempre, nestes casos, a permuta por
com relação aos equipamentos urbanos e comunitários existentes; moradia que disponha de edificação e acesso a todas as redes de
b) a ociosidade, subutilização ou não-utilização do solo urbano serviço público assegurando-se, em qualquer hipótese, a proprie-
edificáveis; dade da mesma;

14
LEGISLAÇÃO
V - a participação da sociedade civil organizada, no planeja- IV - instrumento incluindo:
mento e execução da política urbana, e das comunidades interes- a) instrumento legal do plano;
sadas, por meio de suas entidades representativas, quando a exe- b) programas relativos às atividades-fim;
cução de alguma medida as atingir diretamente; c) programas relativos às atividades-meio;
VI - o conhecimento do meio geológico, tendo em vista a ade- d) programas dependentes da cooperação de outras entidades
quação dos assentamentos urbanos; públicas.
VII - o planejamento da expansão urbana, tendo em vista o Art. 128 A delimitação da zona urbana será definida por lei,
combate à especulação imobiliária; observado o estabelecido no plano diretor.
VIII - a implantação de uma política que assegure, aos portado- Art. 129 É facultado ao Poder Público Municipal, mediante a lei
res de deficiência, o atendimento de suas necessidades específicas; específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da
IX - a integração e complementaridade das atividades urbanas lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subtiliza-
e rurais. do ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,
Art. 126 O Município deverá organizar a sua administração, sob pena, sucessivamente de:
exercer suas atividades e promover sua política de desenvolvimen- I - parcelamento ou edificação compulsórios;
to urbano dentro de um processo de planejamento permanente, II - impostos sobre a propriedade predial e territorial urbana
atendendo aos objetivos e diretrizes estabelecidos no plano diretor progressiva no tempo;
e mediante adequado sistema de planejamento. III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívi-
§ 1º O plano diretor é o instrumento orientador e básico dos da pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
processos de transformação do espaço urbano e de sua estrutura com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais iguais e
territorial, servindo de referência para todos os agentes públicos e sucessivas, assegurado o valor real de indenização e os juros legais.
privados que atuam na cidade. Art. 130 O Município desenvolverá programa visando a ocu-
§ 2º Sistema de planejamento é o conjunto de órgãos, normas, pação ordenada do solo, incentivando a construção de unidades
recursos humanos e técnicos voltados à coordenação planejada da e conjuntos residenciais, que deverão ser implantadas com toda
administração municipal. infra-estrutura, inclusive pavimentação.
§ 3º Será assegurada, pela participação em órgãos de sistema Parágrafo Único - Fica criado o Fundo Municipal de Habitação
de planejamento, a cooperação de associações representativas le- de Interesse Social - FMHIS, com a finalidade de fazer face às des-
galmente organizadas, no planejamento municipal. pesas com programas habitacionais para população carente, com
renda familiar até seis salários mínimos, cujos recursos serão defi-
Art. 127 O plano diretor deverá considerar a totalidade do ter-
nidos por lei ordinária.(Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica
ritório municipal, incluindo as áreas urbanas e rurais.
nº 30/2009, de 18 de junho de 2009)
§ 1º O plano diretor, atendidas as peculiaridades locais, deve-
Art. 131 O Município procurará obter e manter o equilíbrio en-
rá:
tre a população e a disponibilidade de equipamentos urbanos e so-
I - estabelecer diretrizes para o desenvolvimento econômico-
ciais, mediante a formulação de política urbana pelo Poder Público
-social, consideradas as potencialidade do Município e sua inserção
Municipal, que terá por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento
nos âmbitos regional e estadual;
das funções sociais da cidade e promover o bem estar de seus ha-
II - estabelecer diretrizes de organização do território, resguar- bitantes.
dada a proteção do patrimônio ambiental, cultural e científico e a
adequação entre as densidades e formas de uso e ocupação do solo CAPÍTULO III
e as infra-estruturas e serviços urbanos existentes ou passíveis de DO TURISMO
implantação no horizonte do plano;
III - propor medidas administrativas ou financeiras necessárias Art. 132 O Município, colaborando com os segmentos do setor,
à gestão do Município; apoiará e incentivará o turismo como atividade econômica, reco-
IV - apontar os instrumentos normativos e tributários, bem nhecendo-o como forma de promoção e desenvolvimento social e
como os instrumentos jurídicos adequados à conservação das me- cultural.
tas desejadas e ao cumprimento da função social da propriedade; Art. 133 Cabe ao Município, obedecidas as legislações federal
V - definir os recursos necessários e as formas de prioridades e estadual, definir a política municipal de turismo e as diretrizes e
de sua aplicação ao longo do horizonte previsto. ações, devendo:
§ 2º O orçamento anual do Município deverá estar compatibi- I - adotar, por meio de lei, plano integrado e permanente de
lizado com as prioridades e metas estabelecidas no plano diretor. desenvolvimento do turismo em seu território;
§ 3º A elaboração do plano diretor deverá compreender as se- II - desenvolver efetiva infra-estrutura turística;
guintes fases, com extensão e profundidade, respeitadas as pecu- III - estimular e apoiar a produção artesanal local, as feiras,
liaridades do Município: exposições, eventos turísticos e programas de orientação e divul-
I - o estudo preliminar abrangendo: gação de projetos municipais, bem como elaborar o calendário de
a) avaliação das condições de desenvolvimento; eventos;
b) avaliação das condições de administração. IV - promover a conscientização do público para preservação e
II - diagnóstico: difusão natural e do turismo como atividade econômica e fator de
a) do desenvolvimento econômico e social; desenvolvimento;
b) da organização territorial; V - regulamentar o uso, ocupação e fruição de bens naturais e
c) das atividades-fim da Prefeitura; culturais de interesse turístico, proteger o patrimônio ecológico e
d) da organização administrativa e das atividades-meio da Pre- histórico-cultural e incentivar o turismo social;
feitura. VI - incentivar a formação de pessoal especializado para o aten-
III - definição de diretrizes, compreendendo: dimento das atividades turísticas.
a) política de desenvolvimento; Parágrafo Único - O Município consignará, no orçamento, re-
b) diretrizes de desenvolvimento; cursos necessários à efetiva execução da política de desenvolvi-
c) diretrizes de organização territorial. mento de turismo.

15
LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO IV IV - serão reservadas, no loteamento, as áreas destinadas a es-
DA HABITAÇÃO paços livres de uso público;
V - em caso de ser concedido prazo aos loteadores para cons-
Art. 134 Compete ao Poder Público formular e executar política trução de equipamentos urbanos, deverão ser, obrigatoriamente,
habitacional visando a ampliação da oferta de moradia destinada, formalizadas as garantias reais para a execução das obras, cujo cus-
prioritariamente, à população de baixa renda, bem como à melho- to e também o valor das garantias serão estabelecidos em laudo
ria das condições habitacionais. técnico firmado por uma Comissão de servidores, especialmente
§ 1º Para fins deste artigo o Poder Público atuará: designada, não podendo esta garantia ter valor inferior a setenta
I - na oferta de habitação e de lotes urbanizados, integrados à por cento do total do loteamento;
malha urbana existente; VI - ficarão sujeitos às mesmas exigências de construção de
II - na implantação de programa para redução do custo de ma- equipamentos previstos para o parcelamento de fins urbanos os
teriais de construção; parcelamentos para sítios de recreio e usos similares;
III - no incentivo a cooperativas habitacionais; VII - não será permitido, em hipótese alguma, o parcelamento
IV - na urbanização e regularização fundiárias e titulação de de áreas em que o despejo de esgoto sanitário tenha se fazer:
loteamentos clandestinos de áreas ocupadas em regime de posse
a) em águas correntes ou dormentes;
ou em condição de sub-habitação;
b) em emissários que já sirvam a outros bairros e que não apre-
V - na assessoria, à população, em matéria de usucapião urbano.
sentem dimensão suficiente para nova coleta, conforme se atestar
§ 2º A lei orçamentária anual destinará, ao Fundo Municipal
de Habitação de Interesse Social - FMHIS os recursos necessários à em laudo técnico elaborado pelo setor administrativo competente
implantação da política habitacional do Município.(Redação dada do Município.
pela Emenda à Lei Orgânica nº 30/2009, de 18 de junho de 2009) § 1º O recurso a estações elevatórias e bombeamento de esgo-
Art. 135 O Poder Público poderá promover licitação para exe- tos sanitários somente será permitido após estudo de viabilidade
cução de conjuntos habitacionais ou loteamentos com urbanização técnica e conjugado com emissários próprios e exclusivos para o
simplificada, assegurado: loteamento, que conduzam os esgotos até o seu destino final de
I - a redução do preço final das unidades; despejo.
II - a complementação, pelo Poder Público, da infra-estrutura § 2º a manutenção de estações elevatórias e de bombeamento
não implantada; ficará sujeita a tarifa específica de manutenção que for fixada pelo
III - a destinação exclusiva àqueles que não possuam imóveis. órgão competente.
§ 1º Na implantação de conjunto habitacional, incentivar-se-á § 3º Nos parcelamentos de solo destinados à população de
integração de atividades econômicas que promovam a geração de baixa renda poderá ser exigida a pavimentação somente nas vias
empregos para a população residente. públicas que devam servir de transporte coletivo urbano, devendo
§ 2º Na desapropriação da área habitacional decorrente de constar do processo e dos contratos de compra e venda que os cus-
obra pública ou na desocupação de áreas de risco, o Poder Público tos de futuras pavimentação serão suportados pelos adquirentes,
é obrigado a promover reassentamento da população desalojada. nas condições que a lei estabelecer.
§ 3º Para aprovação de construção de conjuntos e loteamen-
tos, será exigida, na forma da lei, a apresentação de Relatório de TÍTULO V
Impacto Ambiental e Econômico-Social, assegurando-se a sua dis- DA ORDEM SOCIAL
cussão em audiência pública.(§ 3º acrescentado pela Emenda à Lei CAPÍTULO I
Orgânica nº 2/91) DA SAÚDE
Art. 136 A política habitacional do Município será executa-
da por órgão ou entidade específicos da administração pública, a Art. 138 A saúde é um direito de todos e dever do Poder Públi-
quem compete a gerência do Fundo Municipal de Habitação de In- co assegurado mediante políticas econômicas, sociais, ambientais e
teresse Social - FMHIS.(Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica
outras que visem a prevenção e a eliminação do risco de doenças e
nº 30/2009, de 18 de junho de 2009)
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção e recuperação, sem qualquer discriminação.
CAPÍTULO V
DO PARCELAMENTO DO SOLO Parágrafo Único - O direito à saúde implica nos seguintes direi-
tos fundamentais:
Art. 137 O parcelamento do solo na Município, para qualquer I - condições dignas de trabalho, renda, moradia, alimentação,
finalidade, ficará sujeito à aprovação do Poder Público Municipal, educação, lazer e saneamento;
na forma do que dispuser a lei, obedecidos os seguintes princípios II - respeito ao meio ambiente e controle da poluição ambien-
básicos; tal;
I - qualquer ato de aprovação de parcelamento do solo cons- III - opção quanto ao tamanho da prole;
tará de processo próprio e será formalizado em ato do Prefeito ba- IV - participação da sociedade, por intermédio de entidades
seado em laudo firmado pelo funcionário competente que ateste o representativas;
cumprimento d todas as exigências legais; V - acesso às informações de interesse para a preservação da
II - os funcionários que intervirem no processo de loteamento saúde coletiva e individual;
serão responsáveis solidários por despesas a que o Município se vir VI - dignidade, gratuidade e boa qualidade no atendimento e
obrigado em decorrência de erros e omissões dolosas ou culposas no tratamento da saúde.
nas informações ou intervenções que produzirem no processo; Art. 139 As ações e serviço de saúde integram uma rede regio-
III - será obrigação única e exclusiva do loteador a construção nalizada e hierarquizada e constituirão um sistema único de saúde
de equipamentos de pavimentação, meios-fios e sarjetas, redes de organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
escoamento de águas pluviais, do sistema público de abastecimen- I - integralidade da atenção à saúde entendida como a abor-
to de água, da rede de energia elétrica, do sistema de esgoto sanitá- dagem do indivíduo no contexto social, através da articulação das
rio e outros que vierem a ser exigidos na legislação complementar; ações de saúde;

16
LEGISLAÇÃO
II - participação, em nível de planejamento, de entidades re- Parágrafo Único - A rede hospitalar manterá o Sistema Único
presentativas de usuários e profissionais de saúde na política mu- de Saúde informado da ocorrência de toda morte cerebral, possibi-
nicipal e das ações de saúde, através da constituição do Conselho litando concretizar as doações de órgãos.
Municipal de Saúde, com caráter consultivo; Art. 142 A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
III - organização de distritos sanitários com a locação de recur- § 1º As instituições privadas poderão participar, de forma com-
sos, técnicas e práticas de saúde adequadas à realidade epidemio- plementar do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste,
lógica local; mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferên-
IV - desenvolvimento de uma política de recursos humanos, em cia as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
nível municipal, em conjunto com os órgãos federais e estaduais, § 2º É vedada aos prestadores de serviços de assistência à saú-
objetivando a formação, treinamento e capacitação dos profissio- de pública, contratados ou conveniados pelo Sistema Único de Saú-
nais da área de saúde. de, cobrança de valores complementares aos usuários, salvo nos
Art. 140 Compete ao Município, através da Secretaria compe- casos previstos em lei.
tente no âmbito do Sistema Único de Saúde, além de outras atribui- § 3º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílio ou
ções previstas nas legislações federal e estadual: subvenção às instituições privadas com fins lucrativos;
I - a direção, gestão, controle e avaliação das ações dos serviços § 4º É vedada a participação direta ou indireta de empresa ou
da saúde, em nível municipal; capital estrangeiro na assistência à saúde no Município, salvo nos
II - a administração do Fundo Municipal de Saúde e a elabora- casos previstos em lei federal.
ção de propostas orçamentárias; Art. 143 É de responsabilidade do Sistema Único de Saúde do
III - participar do controle e fiscalização da proteção, transpor- Município garantir o cumprimento das normas legais que dispuse-
te, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxi- rem sobre as condições e requisitos que facilitem a remoção de
cos e radioativos em conjunto com os órgãos federal e estadual; órgãos, tecidos e substâncias para fins de transplante, pesquisa ou
IV - planejar, executar e avaliar as ações de vigilância epidemio- tratamento, bem como a coleta, o processamento e a transfusão
lógica e sanitária, incluindo as relativas à saúde do trabalhador e de sangue e seus derivados, vedado todo o tipo de comercialização.
ao meio ambiente, em conjunto com os demais órgãos e entidades Parágrafo Único - Ficará sujeito às penalidades, na forma da
governamentais; lei, o responsável pelo não cumprimento da legislação relativa à
V - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle comercialização do sangue e seus derivados e dos órgãos, tecidos e
de seu teor nutricional, bebidas e águas para o consumo humano; substâncias humanas.
VI - garantir aos cidadãos, por meio de equipes multiprofissio-
Art. 144 Ao Sistema Único de Saúde compete, ainda:
nais e de recursos de apoio, assistência e tratamento necessários e
I - desenvolver política de recursos humanos, garantindo-se,
adequados, incluindo práticas alternativas reconhecidas;
aos profissionais de saúde, plano de cargos e classificação de salário
VII - garantir, com prioridade, assistência integral à saúde da
único, com admissão sempre através de concurso público, ampla-
criança, na faixa etária de zero a catorze anos, e da mulher, pela
mente divulgado, assegurando-se, ainda, a capacitação e recicla-
rede institucionalizada de saúde, assegurando:
gem permanente;
a) o acesso aos serviços de planejamento familiar e os procedi-
II - participar da formulação da política e da execução das ações
mentos que se fizerem necessários;
b) o direito à cirurgia interruptiva de gravidez, nos casos pre- de saneamento básico e da proteção ao meio ambiente;
vistos em lei; III - estabelecer normas, fiscalizar e controlar edificações, ins-
c) o atendimentos às creches, pré-escolas e escolas. talações, estabelecimentos, atividades, procedimentos, produtos,
VIII - elaborar a normatização complementar e padronização substâncias e equipamentos que interfiram individualmente ou co-
dos procedimentos relativos à saúde, através do Código Municipal letivamente, incluindo os referentes à saúde do trabalhador;
de Saúde; IV - propor atualizações periódicas ao Código Sanitário Muni-
IX - fazer a celebração de consórcios intermunicipais para a for- cipal;
mação de sistema regionalizado de saúde, quando houver indica- V - prestação de serviços de saúde, de vigilância sanitária e epi-
ção técnica e consenso das partes; demiológica, incluídos os relativos à saúde do trabalhador, além de
X - pugnar, para os profissionais de saúde, planos de carrei- outros de responsabilidade do sistema;
ra, considerando os níveis de escolaridade, admissão através de VI - desenvolver, formular e implantar:
concurso público, incentivo à dedicação exclusiva, capacitação, re- a) saúde do trabalhador e seu ambiente de trabalho;
ciclagens permanentes e condições adequadas de trabalho para a b) saúde da mulher ou suas propriedades;
execução de suas atividades em todos os níveis; c) saúde das pessoas portadoras de deficiência.
XI - fiscalizar os serviços especializados em segurança e medi- Art. 145 O Sistema Único de Saúde, no âmbito do Município,
cina do trabalho; será financiado com recursos da União, do Estado e do orçamento
XII - adotar uma política de fiscalização e controle de infecção do Município, além de outras fontes, os quais constituirão o Fundo
hospitalar e de endemias, juntamente com órgãos federais e esta- Municipal de Saúde.
duais; Art. 146 A lei disporá sobre a organização e o funcionamento
XIII - promover o controle da raiva humana e animal e outras do Conselho Municipal de Saúde.
zoonozes de sua competência; Art. 147 Ao proprietário-controlador, administrador e dirigen-
XIV - manter a população informada sobre os riscos e danos à te de entidade privada ou serviços contratados, é vedado exercer
saúde e sobre medidas de promoção, proteção, prevenção, recupe- cargos de chefia ou função de confiança no Sistema Único de Saú-
ração e reabilitação; de.
XV - participar na formulação da política e execução das ações Art. 148 A assistência à saúde será obrigatória nas creches e
de saneamento básico. pré-escolas no local, por profissionais habilitados na área de saúde,
Art. 141 O Município garantirá benefícios no sentido de incen- integrantes do quadro de servidores públicos municipais.
tivar doações de órgãos, sangue, leite materno, ficando vedado
qualquer tipo de comercialização, em consonância ao que determi-
nam as Constituições Federal e Estadual.

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LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO II § 2º O Município poderá firmar convênio com entidades bene-
DO SANEAMENTO BÁSICO ficentes e de assistência social para execução do plano.
§ 3º O Município poderá estabelecer consórcios com outros
Art. 149 Compete ao Poder Público formular e executar a po- Municípios, visando o desenvolvimento de serviços comuns à as-
lítica e os planos plurianuais do saneamento básico, assegurando: sistência social.
I - o abastecimento de água para adequada higiene, conforto e § 4º O Município incentivará e apoiará a criação de clubes de
qualidade compatível com os padrões de potabilidade; mães nos bairros.
II - a coleta e disposição dos esgotos sanitários, dos resíduos § 5º O Poder Público Municipal manterá o núcleo de migrantes
sólidos e drenagem das águas pluviais de forma a preservar o equi- para triagem, recebimento e encaminhamento dos migrantes ca-
líbrio ecológico e prevenir ações danosas à saúde; rentes vindos para o Município.
III - o controle de vetores. § 6º Compete ao Município incentivar sistema sócio-educativo
§ 1º As ações de saneamento básico serão precedidas de pla- de apoio ao menor infrator, que contará com um estabelecimento
nejamento que atenda aos critérios de avaliação do quadro sanitá- de reeducação.
rio da área a ser beneficiada, objetivando a reversão e a melhoria Art. 152 O Município, em cooperação com a União e o Estado,
do perfil epidemiológico. estabelecerá benefício a pessoa portadora de deficiência e ao idoso
§ 2º O Poder Público desenvolverá mecanismos institucionais que comprovem não possuir meios de prover à própria manuten-
que compatibilizem as ações de saneamento básico, habitação, ção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
desenvolvimento urbano, preservação do meio ambiente e gestão Art. 153 Fica garantida a distribuição anual de recursos muni-
dos recursos hídricos, buscando a integração com outros Municí- cipais para as entidades de assistência e promoção social, reconhe-
pios nos casos que exigirem ações conjuntas; cidas de utilidade pública municipal e cujas condições de funciona-
§ 3º As ações municipais de saneamento básico serão executa- mento e atendimento forem julgadas satisfatórias pela Secretaria
das diretamente, ou por meio de concessão ou permissão, visando competente.
o atendimento adequado à população.
Art. 150 O Município manterá sistema de limpeza urbana, cole- CAPÍTULO IV
ta, tratamento e destinação final do lixo.
DA EDUCAÇÃO
§ 1º A coleta de lixo será seletiva.
§ 2º Os resíduos recicláveis devem ser acondicionados de
Art. 154 A educação, enquanto direito de todos, é dever do es-
modo a serem reintroduzidos no ciclo do sistema ecológico.
tado e deve ser baseada nos princípios da democracia, da liberdade
§ 3º Os resíduos não recicláveis devem ser acondicionados de
de expressão, da solidariedade e do respeito aos direitos humanos,
maneira a minimizar o impacto ambiental.
visando constituir um instrumento de desenvolvimento da capaci-
§ 4º Todo o lixo hospitalar, de clínicas, de laboratórios e de
dade de elaboração, reflexão crítica da realidade e preparação para
farmácias terá destinação final em incinerador público.
§ 5º As áreas resultantes de aterro sanitário serão destinadas a a vida em uma sociedade democrática.
parques e áreas verdes. Art. 155 O ensino será ministrado com base nos seguintes prin-
§ 6º A comercialização dos materiais recicláveis, por meio de cípios:
cooperativas de trabalho, será estimulada pelo Poder Público. I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
cola;
CAPÍTULO III II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen-
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL samento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas e coexis-
Art. 151 A assistência social será prestada pelo Município a tência de instituições públicas e privadas de ensino;
quem necessitar, mediante articulação com os serviços federais e IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
estaduais congêneres, tendo por objetivo: V - valorização dos profissionais do ensino, garantindo, na for-
I - a proteção à maternidade, à infância, à adolescência e à ve- ma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso
lhice; salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público
II - a proteção aos desvalidos e às famílias numerosas despro- de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as
vidas de recursos; instituições mantidas pelo Município;
III - proteção e encaminhamento de crianças adolescentes em VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
situação de risco pessoal e social ou que praticarem atos infracio- VII - garantia de padrão de qualidade.
nais; Parágrafo Único - O Poder Público Municipal tornará obrigató-
IV - o combate ao desemprego e à mendicância, mediante inte- ria a educação ambiental nas escolas do Município.
gração ao mercado de trabalho; Art. 156 Fica vedada ao Município a destinação de recursos
V - o amparo ao menor carente e sua formação em curso pro- públicos às escolas particulares, as quais, como agentes suplemen-
fissionalizante; tares da educação, poderão receber outros estímulos e incentivos,
VI - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de defi- nos casos definidos em lei.
ciências e a promoção de sua integração à vida comunitária; Art. 157 O dever do Município com a educação pré-escolar e
VII - combate ao uso de tóxicos. de primeiro grau, incluindo a educação de jovens e adultos, será
§ 1º O Município estabelecerá planos de ações na área de as- efetivado mediante as seguintes garantias previstas no artigo 208
sistência social, observando os seguintes princípios: da Constituição Federal.
I - recursos financeiros consignados no orçamento municipal, I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os
além de outras fontes; que a ele não tiverem acesso na idade própria;
II - coordenação, execução e acompanhamento a cargo do Po- II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
der Executivo; ensino médio;
III - participação da população na formulação de políticas e no III - atendimento educacional especializado aos portadores de
controle das ações em todos os níveis. deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

18
LEGISLAÇÃO
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a Art. 160 O Município aplicará anualmente, no mínimo, vinte
seis anos de idade; e cinco por cento da receita resultante de imposto, compreendida
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da a proveniente de transferências, exclusivamente na manutenção,
criação artística, segundo a capacidade de cada um; expansão e desenvolvimento do ensino público municipal.
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições § 1º As verbas municipais destinadas a atividades esportivas,
do educando; culturais e recreativas, bem como os programas suplementares de
VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, atra- alimentação e saúde, não compõem o percentual que será obtido,
vés de programas suplementares de material didático-escolar, levando-se em conta a data de arrecadação e aplicação dos recur-
transporte, alimentação e assistência à saúde. sos, de forma que não se comprometam os valores reais efetiva-
§ 1º Aos alunos da zona rural ficam asseguradas, também, a mente liberados.
gratuidade e obrigatoriedade do transporte escolar. § 2º O Poder Executivo publicará, no jornal oficial, até dez de
§ 2º Fica vedado, no Município de Uberlândia, o ensino multi- março de cada ano, demonstrativo da aplicação de verbas na edu-
seriado, exceto os de alfabetização de adultos. cação, especificando a destinação das mesmas.
§ 3º O ensino de primeiro grau, obrigatório e gratuito, inclusive Art. 161 O Poder Executivo submeterá à aprovação da Câmara
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria, será minis- Municipal, projeto de lei estruturando o sistema municipal de en-
trado em períodos de oito horas diárias para o curso diurno. sino que conterá, obrigatoriamente, a organização administrativa
Art. 158 Para o atendimento psico-pedagógico às crianças de e técnico-pedagógica do órgão municipal de educação, bem como
até seis anos de idade, o Município, em cooperação com a União e projetos de lei que instituam:
I - o plano de carreira do magistério municipal;
o Estado, deverá:
II - o estatuto do magistério municipal;
I - criar, implantar e gerir creches municipais;
III - a organização da gestão democrática de ensino público mu-
II - dar apoio, implementar, orientar, supervisionar e fiscalizar
nicipal;
as creches institucionais e filantrópicas;
IV - o Conselho Municipal de Educação;
III - atender, por meio de equipe multi-disciplinar, composta V - o plano municipal plurianual de educação;
por professor, supervisor pedagógico, orientador educacional, psi- VI - plano plurianual de atendimento às creches.
cólogo, assistente social, nutricionista e médico, às necessidades da § 1º Fica assegurada a participação do magistério municipal,
rede municipal de creche; mediante representação da categoria na elaboração dos projetos
IV - propiciar cursos e programas de reciclagem, treinamento, de leis complementares estabelecidos neste artigo.
gerenciamento administrativo e especialização, visando a melhoria § 2º A lei assegurará a participação efetiva, no Conselho Muni-
e aperfeiçoamento dos trabalhadores de creche; cipal de Educação, de todos os segmentos sociais envolvidos direta
V - estabelecer normas de construção e reforma de logradouros e indiretamente no processo educacional do Município. (Redação
e dos edifícios para funcionamento de creches, buscando soluções dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 33/2014)
arquitetônicas adequadas à faixa etária das crianças atendidas; § 3º A composição do Conselho Municipal de Educação não
§ 1º O Município fornecerá instalações e equipamentos para será inferior a 16 (dezesseis) e nem excederá a 32 (trinta e dois)
creches e pré-escolas, observados os seguintes critérios: membros efetivos. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº
I - prioridade para as áreas de maior densidade demográfica e 33/2014)
de menor faixa de renda; § 4º A lei definirá os deveres, as atribuições e as prerrogativas
II - escolha do local para funcionamento de creche e pré-esco- do Conselho Municipal, bem como a forma de eleição e duração do
la, mediante indicação da comunidade; mandato de seus membros.
III - integração de pré-escola e creches. § 5º O plano municipal plurianual referir-se-á ao ensino de pri-
§ 2º Cabe ao Poder Público Municipal o atendimento, em cre- meiro grau e à educação pré-escolar.
ches comuns, de crianças portadoras de deficiência, oferecendo, § 6º O plano municipal de atendimento às creches será elabo-
sempre que necessário, recursos da educação especial. rado de forma a atender as necessidades das creches municipais,
§ 3º O Poder Público Municipal deverá manter cursos de ha- plurianualmente.
bilitação, aperfeiçoamento, especialização e treinamento para Art. 162 As escolas municipais deverão contar, entre outras
profissionais dedicados à educação e recuperação do portador de instalações e equipamentos, com auditório, cantina, sanitário, ves-
deficiência. tiário, quadra de esportes e espaço não cimentado para recreação.
§ 1º O Município garantirá o funcionamento de biblioteca em
Art. 159 O sistema de ensino do Município compreende, obri-
cada escola municipal, acessível à população e com acervo neces-
gatoriamente:
sário ao atendimento dos alunos.
I - serviços de assistência educacional que assegurem con-
§ 2º O mobiliário escolar utilizado pelas escolas públicas muni-
dições de eficiência escolar e permanência na escola, aos alunos
cipais deverá estar em conformidade com as recomendações cien-
necessitados, compreendendo garantia de cumprimento da obri- tíficas.
gatoriedade escolar mediante auxílio para aquisição de material Art. 163 O currículo escolar de primeiro e segundo graus das
escolar, transporte, vestuário, tratamento médico e dentário, as- escolas municipais incluirá conteúdo programático sobre preven-
sistência psicológica, orientação pedagógica, bolsa de ensino desti- ção de uso de drogas, de educação para o trânsito, educação sexu-
nada a substituir a contribuição do estudante à renda familiar ou a al, religiosa e ambiental.
subvencionar a sua manutenção; Art. 164 A lei que estruturar o sistema municipal de ensino de-
II - conselhos escolares que funcionarão como órgãos de as- terminará a composição das turmas por série e grau.
sessoria e como elementos de ligação entre a comunidade escolar, § 1º O quadro de pessoal necessário ao funcionamento das
administração da escola e Conselho Municipal de Educação. Em unidades municipais de ensino será estabelecido por lei, de acordo
sua composição, deverão estar representados, partidariamente, com o número de turmas e séries existentes na escola.
os professores, os alunos, os funcionários e os representantes das § 2º O estatuto do magistério disporá sobre o provimento dos
associações de pais. cargos de direção e de especialistas em educação.

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LEGISLAÇÃO
Art. 165 Os Poderes Públicos Municipais adotarão todas as me- à coletividade. Pressupõe o fortalecimento da identidade nacio-
didas necessárias para coibir prática do racismo, crime imprescrití- nal, a defesa de nossa memória histórica e o aumento crescente
vel e inafiançável, sujeito a pena de reclusão, nos termos da Cons- da autonomia cultural da nação.
tituição da República, onde o combate às formas de discriminação Parágrafo Único - A produção e o consumo da cultura são to-
racial pelos Poderes Públicos Municipais compreenderá: talmente livres de controles externos e de censura ideológica ou
I - a proposta de revisão dos livros didáticos dos textos adota- política.
dos e das práticas pedagógicas utilizadas na rede municipal, visan- Art. 168 Os arquivos históricos serão ativados para funcionar
do eliminação de estereótipos racistas; como centros de pesquisas, de proteção e de exibição de documen-
II - o estudo da cultura afro-brasileira será contemplado no tos. O Município promoverá a organização de serviços paleográfi-
conteúdo programático das escolas municipais; cos, de fichário e tombamento acessíveis à comunidade e ao traba-
III - a formação e reciclagem dos professores de modo a ha- lho amador e científico de reconstrução histórica.
bilitá-los para a remoção das idéias e práticas racistas nas escolas Art. 169 Os traços ou complexos culturais que não caibam no
municipais e para a criação de uma nova imagem das crianças e dos artigo anterior ou que possuam caracteres específicos de colecio-
adolescentes negros, bem como da mulher; namento, preservação e exibição como artefatos, esculturas, gra-
IV - os cursos de aperfeiçoamento do servidor público inclui- vuras, pinturas, serão expostos ao alcance do público em condições
rão, nos seus programas, disciplinas que valorizem a participação confortáveis e atraentes que favoreçam a sua observação, estudo
dos negros na formação histórica e cultural da sociedade brasileira; e reprodução com fins de prazer estético, pedagógico ou criativo.
V - a liberdade de expressão e manifestação das religiões afro- Parágrafo Único - Todas as manifestações populares que pos-
-brasileiras; sam ser exibidas de forma organizada, encontrarão apoio ativo do
VI - a criação e divulgação de programas educativos nos meios Município como serviço público de interesse coletivo.
de comunicação de propriedade do Município ou em espaços por Art. 170 Todos os serviços públicos visam a conservação e a di-
ele utilizados na iniciativa privada, visando o fim de todas as formas fusão da cultura e devem ser postos ao alcance direto dos estratos
de discriminação racial. mais pobres da população. Serão organizadas bibliotecas, seções
de museu e exibições especiais de caráter itinerante por todo o Mu-
CAPÍTULO V nicípio com especialistas e técnicos aptos a explicar o sentido das
DA CULTURA atividades em questão.
Art. 171 É facultativo ao Município:
Art. 166 O Poder Público garante, a todos, o pleno exercício I - firmar convênios de intercâmbio e cooperação financeira
dos direitos culturais, para o que incentivará, valorizará e difundirá com entidades públicas ou privadas para prestação, orientação e
as manifestações culturais da comunidade brasileira, mineira e, es- assistência na criação e manutenção de bibliotecas públicas do Mu-
pecialmente, uberlandense devendo, sobretudo: nicípio;
I - preservar os seguintes bens materiais e imateriais: II - promover, mediante incentivos especiais ou concessão de
a) arquitetônicos e documentais; prêmios e bolsas, atividades e estudos de interesse local, de natu-
b) ecológicos; reza científica ou sócio-econômica.
c) espeleológicos relacionados com a história, memória e cul- Art. 172 O Município, em colaboração com a comunidade, pro-
tura do Município; tegerá o patrimônio cultural por meio de inventário, repressão aos
II - garantir o efetivo acesso da população aos mais diversos danos e ameaças a este patrimônio:
bens e manifestações culturais, em atenção às suas aspirações ma- Parágrafo Único - A lei disporá sobre as multas para atos relati-
teriais e espirituais; vos a evasão, destruição e descaracterização de obras de arte e de
III - apoiar e incentivar as mais diversas formas de produção outros bens de interesse histórico, artístico, cultural e ambiental,
cultural, sejam elas artísticas, científicas e tecnológicas; sendo seus valores adequados aos custos de recuperação, restau-
IV - promover a articulação entre o Estado e a União, com o ração ou reposição do bem extraviado ou danificado.
objetivo de captar recursos junto a órgãos e empresas para mobili- Art. 173 O Poder Público elaborará e implementará, com a par-
zação das ações culturais; ticipação e cooperação da sociedade civil, plano de instalação de
V - adotar incentivos fiscais para empresas de caráter privado centros culturais nas regiões e bairros do Município.
que contribuírem para produção artístico-cultural e na preservação § 1º O Poder Público poderá celebrar convênios, atendidas as
do patrimônio histórico do Município; exigências desta Lei Orgânica, com órgãos e entidades públicas, sin-
VI - assegurar, junto aos órgãos públicos (Executivo, Legislativo dicatos, associações de moradores e outras entidades da sociedade
e Judiciário), uma política de preservação do conjunto documental, civil para viabilizar o disposto no artigo.
com vistas a garantir sua integridade para o resgate da história e § 2º Junto aos centros culturais serão instalados bibliotecas e
memória do Município; oficinas ou cursos de redação, artes plásticas, artesanatos, danças
VII - consolidar as funções do arquivo público municipal e do e expressão corporal, cinema, literatura, filosofia e fotografia, além
Museu de Ofícios e apoiar a criação das associações de amigos do de outras expressões culturais e artísticas, incluindo a cultura indí-
arquivo público e do Museu de Ofícios; gena e negra.
VIII - promover a integração das instituições de ensino com ór- Art. 174 Ficará disposta em lei a fixação de datas comemorati-
gãos culturais, especialmente o arquivo público municipal, museus vas de fatos relevantes à cultura municipal.
e bibliotecas, assegurando-lhes a manutenção de suas atividades
técnico-administrativas, bem como espaços próprios adequados. CAPÍTULO VI
Art. 167 A cultura é uma produção do ser humano que, por DO DESPORTO E LAZER
sua vez, é produto e portador da cultura. Cabe ao Município pro-
teger, ampliar e desenvolver, por todos os meios ao seu alcance, Art. 175 o Município apoiará e incrementará as práticas espor-
a preservação do crescimento e difusão da cultura, que pressu- tivas na comunidade, mediante estímulos especiais e auxílios ma-
põe políticas e programas de apoio e de promoção direta e in- teriais às agremiações amadoras, organizadas pela população, de
direta ao talento criativo em fins que interessam ao indivíduo e forma regular.

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LEGISLAÇÃO
Art. 176 O Município proporcionará meios de recreação sadia e CAPÍTULO VII
construtiva à comunidade, mediante: DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO
I - reserva de espaços verdes ou livres, em forma de parques, ADOLESCENTE, DO DEFICIENTE E DO IDOSO
bosques, jardins e assemelhados, como base física da recreação ur-
bana; Art. 185 A família receberá proteção especial do Município.
II - construção e equipamento de parques infantis, centros de § 1º O Município manterá, em cooperação com a União e com
juventude e edifício de convivência comunitária; o Estado, programas destinados à assistência à família.
III - aproveitamento de rios, lagos e matas e outros recursos § 2º Caberá ao Município propiciar, em cooperação com a
naturais como locais de lazer; União e o Estado, recursos educacionais e científicos para o exercí-
IV - práticas excursionistas dentro do território municipal de cio do direito ao planejamento familiar.
modo a pôr em permanente contato as populações rural e urbana; § 3º O Município, em cooperação com a União e o Estado, as-
V - estímulo à organização participativa da população rural na segurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a
vida comunitária; integram, criando mecanismo para coibir a violência na âmbito de
VI - programas especiais para divertimento e recreação de pes- suas relações.
soas idosas. Art. 186 O Município deverá desenvolver um conjunto de ações
Parágrafo Único - O planejamento da recreação pelo Municí- integradas, de caráter educativo promocional, visando:
pio, deverá adotar, entre outros, os seguintes padrões: I - aperfeiçoar a mão-de-obra nas áreas de trabalhos manuais,
I - economia de construção e manutenção; artesanato e confecção de costura;
II - possibilidade de fácil aproveitamento pelo público das áreas II - orientar e dar proteção à mulher e estimular a formação
de recreação; do Conselho Municipal da Mulher, destinado à sua defesa;(Nova
III - facilidade de acesso, de funcionamento, de fiscalização, redação do inciso II dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 3/95, renu-
sem prejuízo da segurança; merado para Emenda à Lei Orgânica nº 8/95, por força do disposto
IV - aproveitamento dos aspectos artísticos das belezas natu- no art. 226a, acrescido à Lei Orgânica pelo art. 4º da Emenda à Lei
rais; Orgânica nº 22/04)
V - criação de centros de lazer no meio rural. III - possibilitar o acesso às escolas e cursos profissionalizantes;
Art. 177 O esporte amador receberá, preferencialmente, re- IV - desenvolver programas preventivos à saúde para ambos
cursos do Município. os sexos;
Art. 178 Ao esporte amador será dispensada, pelo Município, V - colaborar na busca de melhorias na qualidade de vida da
uma alta prioridade, de modo que ele seja incentivado nas escolas população, através de ações produtivas e lucrativas.
de todos os graus, em particular nas universidades, nos núcleos es- Art. 187 A lei disporá sobre normas de construção e adapta-
portivos comunitários e nas empresas de maior porte. ção de logradouros e dos edifícios de uso público, a fim de garantir
Art. 179 O lazer é um direito fundamental do menor, do adulto acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
e do idoso. O Município promoverá criação e a universalização de Parágrafo Único - O Poder Público não fornecerá alvará de
práticas de lazer que protejam o corpo humano, a alegria de viver construção para prédios particulares com destinação comercial ou
e as relações dos seres humanos entre sí, com outros seres vivos e multifamiliar, acima de três andares, que tiverem em seus projetos
com a natureza. obstáculo arquitetônicos e ambientais que impeçam ou dificultem
Art. 180 A promoção do lazer pelo Poder Público voltar-se-á o acesso e circulação dos portadores de deficiência e promoverá a
especialmente para os setores da população de baixa renda. fiscalização de sua execução.
Art. 181 O Município criará, na forma da lei, programas espe- Art. 188 O Município assegurará, às pessoas portadoras de de-
ciais que regularão a existência e a preservação de reservas flores- ficiência, o direito à educação básica e profissionalizante gratuita,
tais, de parques e jardins devidamente equipados para o uso cons- sem limite de idade e garantirá o encaminhamento ao mercado de
trutivo do ócio, ao longo do dia e em qualquer tempo. trabalho.
Art. 182 As várias modalidades do esporte amador e profissio- Art. 189 A garantia de educação, pelo Poder Público, dar-se-á
nal são veículos privilegiados do lazer, no Brasil. O Município toma- mediante criação de programas que visem o atendimento educa-
rá, na forma da lei, decisões voltadas para uso construtivo desses cional, inclusive especializado, ao portador de deficiência, na rede
meios de lazer, com fins deliberativos de democratizar as relações pública de ensino, com garantia de recursos humanos capacitados,
raciais, de combater as privações psicológicas causadas pela pobre- material e equipamentos públicos e de vaga em escola próxima de
za, de facilitar e incentivar a expansão da solidariedade humana. sua residência.
Art. 183 O Município protegerá e fomentará todas as formas Art. 190 Será assegurada às pessoas carentes, portadoras de
de diversão e de lazer, de acordo com a lei, buscando mantê-las deficiência, totalmente impossibilitadas de usar o sistema de trans-
vivas nos núcleos em que são valorizadas socialmente e dissemi- porte comum, a freqüência a escolas, através de um sistema de
nando-as em todo o Município. A dança, a música, o circo, o teatro, transporte a ser instituído e mantido pelo Poder Público Municipal.
as artes plásticas e o artesanato serão objetos de programa de pro- Art. 191 É proibida a recusa de matrícula em escolas públicas
teção, de exibição e de participação popular. sob a alegação de deficiência e dificuldades apresentadas pelo alu-
Art. 184 O Município procurará incentivar a difusão de jogos no, bem como a existência de barreiras que dificultem seu acesso.
cênicos, do balé, da música, das artes plásticas e do teatro erudito, Art. 192 O Poder Público Municipal garantirá, às pessoas porta-
do cinema e da cultura como forma de lazer, especialmente entre doras de deficiências, atendimento especializado no que se refere
jovens e no seio das populações de baixa renda, de acordo com a lei. à pratica de desporto amador e competitivo, inclusive no âmbito
escolar.
Art. 193 Fica assegurado o passe livre nos transportes coletivos
municipais às pessoas portadoras de deficiências, matriculadas em
escola ou clínicas especializadas ou associadas às entidades repre-
sentativas estendendo-se, também, este benefício a um acompa-
nhante, se necessário.

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LEGISLAÇÃO
Art. 194 O Município estimulará o desenvolvimento de tec- § 2º Cabe à Secretaria Municipal competente fazer cumprir,
nologia, a publicação e divulgação de terapêuticas destinadas à executar e fiscalizar o plano referido neste artigo.
prevenção, tratamento e reabilitação de deficiências, bem como o § 3º O servidor público municipal encarregado da execução da
aperfeiçoamento de equipamentos de uso das pessoas portadoras política municipal do meio ambiente, que tiver conhecimento de
de deficiência. infrações persistentes, intencionais e por omissão dos padrões e
Art. 195 O Poder Público Municipal garantirá a participação das normas ambientais, deverá, imediatamente, comunicar o fato ao
entidades dos portadores de deficiência na formulação de política Ministério Público, indicando os elementos de convicção, sob pena
para o setor, respeitando-se as sugestões da classe. de responsabilidade administrativa, na forma da lei.
Art. 196 A lei reservará um percentual mínimo de cargos e Art. 202 Para assegurar a efetividade de direito ao meio am-
empregos públicos municipais para os trabalhadores portadores biente ecologicamente equilibrado e saudável, incumbe ao Poder
de deficiências e definirá critérios para admissão, respeitando as Público Municipal:
limitações do trabalhador e sua qualificação para a função, sem que I - propor uma política municipal de proteção ao meio ambiente;
recaia sobre este qualquer ato ou ação discriminatórios. II - elaborar e implementar normas e diretrizes que garantam
Art. 197 O Município instituirá o plano municipal de apoio ao uma adequada condição ambiental nas áreas de educação, traba-
deficiente, garantindo sua participação, através de entidades re- lho, habitação e lazer;
presentativas, na formulação de sua política. III - promover a educação ambiental em todos os níveis de
Art. 198 O Município dará estímulos, através de assistência ensino e campanhas para disseminar as informações necessárias
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhi- à conscientização pública para a preservação, conservação e recu-
mento, sob forma de guarda, de crianças ou adolescentes órfãos peração do meio ambiente;
ou abandonados. IV - adotar medidas, nas diferentes áreas de ação pública e jun-
to ao setor privado, para manter e promover o equilíbrio ecológico
CAPÍTULO VIII e a melhoria da qualidade ambiental, prevenindo a degradação em
DA GUARDA MUNICIPAL E DEFESA SOCIAL todas as suas formas e impedindo ou mitigando impactos ambien-
tais negativos e recuperando o meio ambiente degradado;
Art. 199 A proteção dos bens, serviços e instalações do Municí- V - definir, implantar, administrar e proteger unidades de con-
pio é responsabilidade da Guarda Municipal. servação representativas de todos os ecossistemas originais do
§ 1º A lei disciplinará a organização e o funcionamento da Guar- espaço territorial do Município, sendo a alteração e supressão, in-
da Municipal de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. clusive das áreas já existentes, permitidas somente por lei. Ficam
§ 2º À Guarda Municipal, além das atribuições definidas em lei, mantidas as unidades de conservação atualmente existentes;
incumbe a execução de atividades de defesa civil. VI - determinar a realização periódica, preferencialmente por
§ 3º É vedado à Guarda Municipal promover a segurança pes- instituições científicas e sem fins lucrativos, de auditorias no sis-
soal de qualquer cidadão ou agente investido em cargo público. tema de controle de poluição e prevenção de riscos de acidentes
§ 4º A investidura no cargo de Guarda Municipal será feita das instalações e atividades de significativo potencial poluidor, in-
através de concurso público, sendo exigido, que os participantes cluindo a avaliação detalhada dos efeitos de sua operação sobre a
tenham concluído o segundo grau.(§ 4º acrescentado pela Emenda qualidade física, química e biológica dos recursos ambientais;
à Lei Orgânica nº 1/02 renumerado para Emenda à Lei Orgânica nº VII - estabelecer, controlar e fiscalizar padrões de qualidade
18/02, por força do disposto no art. 226a, acrescido à Lei Orgânica ambiental, considerando os efeitos sinérgicos e cumulativos da ex-
pelo art. 4º, da Emenda à Lei Orgânica nº 22/04). posição às fontes de poluição, incluída a absorção de substâncias
químicas através da dieta alimentar, com especial atenção para
CAPÍTULO IX aquelas efetivas ou potencialmente cancerígenas, mutagênicas e
DO ACESSO A JUSTIÇA E O DIREITO À CIDADANIA teratogênicas;
VIII - garantir o acesso dos interessados às informações sobre
Art. 200 Fica instituída a Assistência Judiciária Municipal como as fontes e causas da degradação ambiental, bem como os resulta-
instituição essencial, a fim de assegurar, às pessoas carentes, orien- dos das auditorias e monitoramentos ao que se refere o inciso VI;
tação e assistência jurídica gratuita. IX - informar, sistematicamente, a população sobre os níveis de
Parágrafo Único - Lei Complementar organizará a Assistência poluição, a qualidade do meio ambiente, situações de riscos, de aci-
Judiciária Municipal em cargos de carreira, providos de classe inicial dentes e a presença de substâncias potencialmente nocivas à saúde
mediante concurso público de provas e títulos. na água potável e nos alimentos;
X - estimular a pesquisa, o desenvolvimento e a utilização de
TÍTULO VI tecnologias poupadoras de energia, bem como de fontes energéti-
DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE cas alternativas que possibilitem, em particular nas indústrias e nos
veículos, a redução das emissões poluentes;
Art. 201 Impõe-se ao Poder Público Municipal e à coletividade XI - fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação
a responsabilidade de preservar, conservar, defender e recuperar genética;
o meio ambiente no âmbito do Município, bem como promover XII - proteger a flora e a fauna, nesta compreendidos todos os
a melhoria da qualidade de vida, como forma de assegurar o de- animais silvestres, exóticos e domésticos, vedadas as práticas que
senvolvimento social e econômico sustentável, para o benefício das provoquem extinção de espécies ou submetam os animais à cruel-
gerações atuais e futuras. dade, fiscalizando a extração, produção, criação, métodos de aba-
§ 1º O Município, mediante lei, criará um plano municipal de tes, transporte, comercialização e consumo de seus espécimes e
meio ambiente que contemplará a administração da qualidade subprodutos;
ambiental, através da proteção, controle e monitoramento do am- XIII - controlar e fiscalizar a produção, armazenamento, trans-
biente e do uso adequado dos recursos naturais, para organizar, co- porte, comercialização, utilização e destino final de substâncias,
ordenar e integrar as ações de órgãos e entidades da administração bem como o uso de técnicas, métodos e instalações que compor-
pública direta e indireta, assegurada a participação da sociedade tem risco efetivo ou potencial para qualidade de vida e meio am-
civil organizada. biente, incluindo o ambiente de trabalho;

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LEGISLAÇÃO
XV - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais § 2º A licença ambiental renovável, na forma da lei, para insta-
das espécies e dos ecossistemas; lação, execução e a exploração mencionadas no caput deste artigo,
XV - promover a captação e orientar a aplicação de recursos quando potencialmente causadoras de significativa modificação ou
financeiros destinados ao desenvolvimento de todas as atividades degradação do meio ambiente, será sempre precedida, conforme
relacionadas com a proteção e conservação do meio ambiente; critérios das legislações federal e estadual, da aprovação do estu-
XVI - disciplinar a restrição à participação em concorrências do prévio de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto
públicas e vedar o acesso a benefícios e incentivos fiscais e crédi- ambiental a que dará prévia publicidade, garantida a realização de
tos oficiais às pessoas físicas e jurídicas condenados por atos de audiência públicas.
degradação do meio ambiente ou a projetos que desrespeitem as Art. 205 Aquele que explorar recursos naturais ou desenvolver
normas e padrões de proteção ambiental; qualquer atividade que altere as condições ambientais, fica obri-
XVII - acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pes- gado a realizar programas de monitoramento das condições am-
quisas e exploração de recursos hídricos e minerais efetuados pela bientais e a recuperar o meio ambiente degradado, tanto na área
União, no território do Município; do empreendimento, como nas áreas afetadas ou de influência, de
XVIII - implantar política setorial visando a coleta seletiva, acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competen-
transporte, tratamento e disposição final de resíduos urbanos, hos- te, na forma da lei.
pitalares e industriais, com ênfase nos processos que envolvam sua § 1º É obrigatória, na forma da lei, a recuperação, pelo respon-
reciclagem; sável, da vegetação adequada nas áreas protegidas, sem prejuízo
XIX - promover medidas judiciais e administrativas de punição das demais sanções cabíveis
aos causadores de poluição ou de degradação ambiental; § 2º As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujei-
XX - promover e manter o inventário e mapeamento da cober- tarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e
tura vegetal nativa, dos recursos hídricos e das condições ambien- administrativas, na forma da lei.
tais das áreas sob ameaça de degradação ou já degradadas, visando Art. 206 O Poder Público poderá estabelecer restrições admi-
a adoção de medidas especiais de proteção; nistrativas de uso de áreas privadas para fins de proteção de ecos-
XXI - promover o reflorestamento, preferencialmente com es- sistemas.
pécies nativas, em áreas degradadas, objetivando, especialmente, Parágrafo Único - As restrições administrativas de uso a que se
a proteção de encostas e das margens de rios, córregos, represas e refere este artigo deverão ser averbadas no registro imobiliário, no
lagoas, de acordo com índices mínimos, na forma da lei; prazo de um ano, a contar de seu estabelecimento.
XXII - incentivar e auxiliar tecnicamente as associações ambien- Art. 207 Os recursos oriundos de multas administrativas e con-
talistas ecológicas constituídas na forma da lei, respeitando a sua denações judiciais por atos lesivos ao meio ambiente, da dotação
autonomia e independência de atuação; orçamentária, das taxas incidentes sobre a utilização de recursos
XXIII - estimular e contribuir para a recuperação da vegetação ambientais e de outras fontes, serão destinados a um fundo muni-
em áreas urbanas, com plantio de árvores preferencialmente fru- cipal de defesa ambiental, para utilização prioritária em projetos de
tíferas objetivando, especialmente, atingir os índices mínimos de educação ambiental, sendo vedada sua utilização para pagamento
de pessoal da administração pública direta e indireta ou despesa de
área verde por habitante estipulados pela Organização das Nações
custeio, diversas de suas finalidades.
Unidas;
Art. 208 A utilização dos recursos naturais com fins econômicos
XXIV - instituir programas especiais mediante a integração com
será objeto de taxas correspondentes aos custos necessários à fis-
outros órgãos governamentais, incluindo os de crédito, objetivando
calização e à manutenção dos padrões de qualidade ambiental, em
incentivar os proprietários rurais a executarem as práticas corretas
percentuais a serem estabelecidos em lei.
de manejo e conservação do solo e da água, de preservação e re-
Art. 209 A Câmara Municipal manifestar-se-á previamente em
posição das matas ciliares, manutenção das reservas de vegetação
relação ao território municipal sobre:
nativa conforme o Código Florestal e replantios de espécies nativas; I - a instalação de reator nuclear;
XXV - controlar e fiscalizar obras, atividades, processos produti- II - a disposição e o transporte de rejeitos de usina que operar
vos e empreendimentos que, direta ou indiretamente, possam cau- com reator nuclear;
sar degradação do meio ambiente, adotando medidas preventivas III - a fabricação, a comercialização, o transporte e a utilização
ou corretivas e aplicando as sanções administrativas pertinentes. de equipamentos bélicos nucleares.
Art. 203 O Município promoverá, com a participação das comu- Art. 210 São consideradas áreas de preservação permanente:
nidades, o zoneamento ambiental de seu território. I - na zona urbana:
§ 1º a implantação de áreas ou pólos industrias, bem como as a) as nascentes, as margens numa faixa de trinta metros e
transformações de uso do solo, dependerão de estudos de impacto os cursos d`água dos córregos, ficando vedado o lançamento de
ambiental e do correspondente licenciamento. afluentes domésticos e industriais em todo o seu percurso;
§ 2º O registro dos projetos de loteamento dependerá do pré- b) os remanescentes de matas ciliares, capões de mata e bu-
vio licenciamento na forma da legislação de proteção ambiental. ritizais;
§ 3º Os proprietários rurais ficam obrigados, na forma da lei, c) uma faixa de cinqüenta metros de largura em ambas as mar-
a preservar a recuperar com espécies nativas suas propriedades. gens do Rio Uberabinha, em toda sua extensão na zona urbana;
Art. 204 A instalação e execução de obras, atividades, proces- d) os parques, reservas, praças e demais logradouros públicos
sos produtivos e empreendimentos de exploração de recursos na- de valor ecológico, paisagístico e cultural;
turais de qualquer espécie, quer pelo setor público, quer pelo pri- II - na zona rural:
vado, dentro dos limites do Município, serão admitidas se houver a) os capões de mata, as matas ciliares, as veredas ou buritizais
resguarda do meio ambiente ecologicamente equilibrado. e os campos hidromórficos ou covais das nascentes ou margens dos
§ 1º A outorga de licença ambiental será efetuada pela Secre- cursos d`água;
taria Municipal competente, como última instância legal e será fei- b) as nascentes, os mananciais e as cachoeiras;
ta com observância dos critérios gerais fixados em lei, além de nor- c) as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e flora,
mas e padrões estabelecidos pelo Poder Público, em conformidade bem como aquelas que sirvam como local de pouso e alimentação
com planejamento e zoneamento ambiental. de espécies migratórias;

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LEGISLAÇÃO
d) os rios, ribeirões, córregos e lagoas; II - reflorestamento com a finalidade de suprir a demanda de
e) as áreas de interesse arqueológico, histórico, científico, es- produtos lenhoso;
peleológico, paleontológico, paisagístico e cultural; III - programas de conservação de solos, para minimizar a ero-
f) as nascentes de águas sulfurosas existentes no Colégio Agrí- são e o assoreamento dos cursos d`água e recuperar e manter a
cola. fertilidade dos solos;
Parágrafo Único - Além das áreas dispostas no artigo, o Poder IV - programas de conservação e de recuperação da qualidade
Público poderá declarar de preservação permanente, florestas e da água, do ar e do solo;
demais formas de vegetação destinadas: V - produção de mudas adequadas à arborização urbana e à
a) a atenuar a erosão das terras; manutenção de logradouros públicos;
b) a formar faixas de proteção ao longo das rodovias e ferro- VI - desenvolvimento de pesquisas de espécies da flora que se
vias; adaptem a explorações econômicas.
c) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico Parágrafo Único - Para assegurar o disposto neste artigo, o
ou histórico;
Município poderá celebrar convênios com a União, com o Estado e
d) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extin-
com entidades privadas.
ção;
Art. 217 Caberá ao Município disciplinar a produção, a comer-
e) a assegurar condições de bem-estar público.
cialização, o armazenamento, o uso e o transporte de agrotóxicos
Art. 211 O Poder Executivo deverá divulgar à população, tri-
mestralmente, relatório de monitoramento da água distribuída à dentro dos limites de seu território.
população, a ser elaborado por instituição de reconhecida capaci- Art. 218 Fica o Município autorizado a criar o Conselho Mu-
dade técnica e científica. nicipal de Desenvolvimento Ambiental - CODEMA, que deverá ser
Parágrafo Único - O monitoramento deverá incluir a avaliação institucionalizado por Lei Complementar, como órgão colegiado, de
dos parâmetros microbiológicos e físico-químicos, incluindo especi- assessoramento consultivo ao Poder Público Municipal e deliberati-
ficamente a identificação de resíduos de pesticidas organoclorados, vo no âmbito de sua competência.(Nova redação dada pela Emen-
organofosforados e carbonatos, bem como de metais pesados. da à Lei Orgânica nº 1/01, renumerado para Emenda à Lei Orgânica
Art. 212 Fica vedado no território municipal: nº 19/01, por força do art. 226a, acrescido à Lei Orgânica pelo art.
I - a produção, a comercialização e distribuição de aerosóis que 4º, da Emenda à Lei Orgânica nº 22/04)
contenham clorofluocarbono, na forma da legislação federal; Art. 219 A captação em cursos d`água para fins industriais será
II - a caça profissional; feita a jusante do ponto de lançamento dos afluentes da própria
III - a caça amadora e esportiva só será permitida nos locais indústria, na forma da lei.
previamente estabelecidos pelo Executivo Municipal, através de
seu órgão competente. TÍTULO VII
Art. 213 O Município exercerá o controle de utilização de insu- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
mos químicos na agricultura e na criação de animais para alimenta-
ção humana, de forma a assegurar a proteção ao meio ambiente e Art. 220 É considerada data cívica o dia da criação do Municí-
da saúde coletiva. pio, comemorado a 31 de agosto de cada ano.
Parágrafo Único - O controle a que se refere este artigo será Art. 221 Todo Prefeito eleito designará uma Comissão de Tran-
executado, tanto na esfera de produção quanto na de consumo, sição, cujos trabalhos iniciar-se-ão, no mínimo, trinta dias antes de
com a participação do órgão encarregado da execução da política sua posse, recebendo do Prefeito em exercício todas as condições
ambiental. para um completo levantamento da situação da Prefeitura.
Art. 214 Os lançamentos finais dos sistemas públicos e parti- Art. 222 Cópia das contas do Prefeito Municipal, dos órgãos da
culares de coleta de esgoto doméstico e industrial deverão ser pre-
Administração Direta e indireta e da Mesa da Câmara ficarão, du-
cedidos, no mínimo, de tratamento primário completo, na forma
rante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer cidadão
da lei.
para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimi-
§ 1º Fica vedada a implantação de sistema de coleta conjunta
dade, na forma da lei.
de águas pluviais e esgoto.
§ 2º As atividades poluidoras deverão dispor de bacias de con- § 1º Entendem-se como partes integrantes das contas todos
tenção para águas de drenagem. os documentos a elas pertinentes, incluídos os comprobatórios de
Art. 215 O Município, com a colaboração da comunidade, to- despesas e da legalidade destas, tais como termos de compromis-
mará todas as providências necessárias para: sos de qualquer natureza, convênios, contratos e processos das
I - proteger a fauna e a flora, assegurando a diversidade das es- respectivas licitações.
pécies e dos ecossistemas, de modo a preservar, em seu território, § 2º O cidadão terá o direito de examinar contas e documen-
o patrimônio genético; tos, no horário de expediente, sob a supervisão de funcionário ha-
II - evitar, no seu território, a extinção das espécies; bilitado, designado especialmente para tal finalidade, que lhe exi-
III - prevenir e controlar a poluição, a erosão e o assoreamento; birá todos os documentos pedidos para exame e lhe fornecerá as
IV - exigir estudo prévio de impacto ambiental, especialmente cópias requeridas por escrito, livre de qualquer taxa.
de pedreiras, dentro de núcleos urbanos; Art. 223 É vedada a nomeação de parentes até o segundo grau
V - exigir a recomposição do ambiente degradado por condu- do Prefeito e dos Vereadores, em qualquer cargo em Comissão.
tas ou atividades ilícitas ou não, sem prejuízo de outras sanções (art. 223 teve sua redação alterada pela Emenda à Lei Orgânica nº
cabíveis: 1/93 e, posteriormente foi revogado pela Emenda à Lei Orgânica nº
VI - definir sanções municipais aplicáveis nos casos de degrada- 004/95, renumerado para Emenda à Lei Orgânica nº 9/05, por força
ção do meio ambiente. do disposto no art. 226a, acrescido à lei Orgânica pelo art. 4º da
Art. 216 o Município criará mecanismo de fomento a: Emenda à Lei Orgânica Nº 22/04).
I - reflorestamento com essências nativas que ocorrem na re- Art. 224 É vedada a participação do Município no custeio de
gião para suprir a carência de vegetação em áreas de nascentes e obras e serviços, em planos habitacionais que não se destinem ex-
ao longo dos mananciais; clusivamente à população de baixa renda.

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LEGISLAÇÃO
Art. 225 Anualmente será elaborado e cumprido, pelo Poder § 1º Os novos veículos de transporte coletivo municipal deve-
Executivo, um calendário de vistoria de todas as obras públicas rão ser adaptados de modo a atender o disposto no caput deste
existentes no Município, especialmente prédios públicos, prédios artigo.
escolares, galerias, pontes, viadutos, estradas de rodagem, pavi- § 2º O sistema de veículos adaptados será implantado em três
mentação de vias públicas, depósitos de lixo, sistemas de abasteci- etapas anuais equivalentes a cinco por cento cada, a partir da pro-
mento de água, sistemas de esgotos sanitários e sistemas de esco- mulgação desta Lei.
amento de águas pluviais. § 3º Os veículos adaptados deverão circular em linhas prioritá-
§ 1º Será elaborado um laudo técnico referente a cada visto- rias conforme levantamento feito junto às entidades representati-
ria, assinado por empresa contratada mediante licitação ou por vas de portadores de deficiência.
Comissão técnica nomeada pelo Prefeito, presidida pela Secreta- Art. 7º No prazo de noventa dias, contados da promulgação
ria competente, descrevendo o estado de conservação da obra e da Lei Orgânica do Município, será instituído o Conselho Municipal
propondo as medidas reparadoras ou de correção eventualmente de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente, do Portador de
necessárias. Deficiência e do Idoso.
§ 2º Quando se tratarem de obras da responsabilidade de ou- Art. 8º Para fins do disposto no artigo 19 das Disposições Tran-
tra esfera de governo, será remetida cópia do laudo à autoridade sitórias da Constituição Federal, será contado o tempo de serviço
competente. do servidor municipal, prestado na Administração Direta, autárqui-
Art. 226 Ficam obrigados a apresentarem, à Câmara Municipal, ca e nas fundações públicas, desde que preservada a continuidade
a declaração de seus bens: da prestação de serviço.
I - na posse e no término do mandato, os Vereadores; Art. 9º Ao ocupante de cargo em Comissão que contar, na data
II - na posse e na exoneração dos cargos: da promulgação desta Lei, mais de dez anos no exercício da função
a) os Secretários Municipais; será concedida averbação do tempo para fins de aposentadoria no
b) os dirigentes das entidades da Administração Indireta; Instituto de Previdência Municipal de Uberlândia.
c) os ocupantes de cargo em Comissão ou função de confiança Art. 10 O Município disciplinará em lei:
da administração pública direta e indireta(Art. 226 acrescentado I - os procedimentos administrativos pertinentes à área tribu-
pela Emenda à Lei Orgânica nº 5/1992). tária destinados a garantir a efetividade dos direitos dos cidadãos;
Art. 226-A As emendas à Lei Orgânica deverão ser numeradas II - a forma de proteção à infância, à juventude, ao idoso e ao
cronologicamente, em ordem crescente e contínua, a partir de portador de deficiência física;
III - as responsabilidades dos Secretários Municipais de que tra-
1990, procedendo-se à renumeração das já editadas.(Art. 226-A
ta o artigo 49;
acrescentado pela Emenda à Lei Orgânica nº 22/2004).
IV - as normas para contratação de pessoal por tempo deter-
minado.
ATO DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 11 O Poder Executivo reavaliará todas as isenções, incen-
tivos e benefícios fiscais em vigor e proporá ao Poder Legislativo as
Art. 1º O Prefeito Municipal e os Vereadores prestarão com-
medidas cabíveis.
promisso de manter, defender e cumprir a Lei Orgânica, no ato e na
Parágrafo Único - Considerar-se-ão revogados, após seis me-
data de sua promulgação.
ses, contados da promulgação da Lei Orgânica, os incentivos que
Art. 2º O Poder Legislativo e o Poder Executivo, em coopera- não forem confirmados por lei.
ção ou não com a iniciativa privada, promoverão edição popular Art. 12 A Câmara Municipal criará, no prazo de sessenta dias da
do texto integral da Lei Orgânica que será colocada à disposição data da promulgação desta Lei, uma Comissão especial para proce-
das escolas, dos sindicatos, das igrejas e de outras instituições re- der à revisão do seu Regimento Interno, observado, na composição
presentativas da comunidade, gratuitamente, de modo a que cada da Comissão, a proporcionalidade de representação partidária.
cidadão uberlandense possa conhecer o seu texto. Art. 13 Os Poderes Executivo e Legislativo publicarão relação
Art. 3º Os funcionários públicos municipais, aposentados an- contendo o número de cargos, sua denominação, formas e requi-
tes da Lei nº 4.019 de 28 de dezembro de 1983, no grau máximo sitos de provimento de seus quadros para atender ao princípio de
da carreira (CA-20), terão seus vencimentos equiparados ao grau valorização do servidor público municipal na definição do treina-
máximo previsto na Lei referida (CA-24), ressalvadas as vantagens mento para cargos mais especializados.
de caráter individual. Art. 14 A assistência ao doente mental será ministrada pelo Po-
Art. 4º O Município procederá à revisão dos direitos dos servi- der Executivo, sempre que possível, de forma centralizada.
dores públicos inativos e pensionistas e à atualização dos proventos Art. 15 É considerada de relevante interesse ecológico a área
e pensões a eles devidos, a fim de ajustá-los ao disposto na Consti- da bacia do Rio Uberabinha, a montante da zona urbana de Uber-
tuição Federal e nesta Lei Orgânica. lândia, delimitada por seus divisores naturais de água, visando a
Art. 5º Os benefícios de prestação continuada, mantidos pela preservação da qualidade e quantidade de água que serve à popu-
Previdência Municipal na data da promulgação da Lei Orgânica, te- lação, sendo que a sua utilização dependerá de prévia autorização
rão seus valores revistos, a fim de que seja restabelecido o poder dos órgãos competentes, para que sejam preservados seus atribu-
aquisitivo, expresso em número de salários mínimos que tinha na tos essenciais.
época da concessão. Art. 16 A presente Lei será revisada após a revisão da Consti-
Parágrafo Único - As prestações mensais dos benefícios reali- tuição Federal.
zados de acordo com este artigo serão devidas e pagas a partir do
décimo mês, a contar da promulgação da Lei Orgânica.
Art. 6º A frota de veículos de transporte coletivo municipal de-
verá ter um percentual nunca inferior a quinze por cento de seus
veículos adaptados, a fim de garantir o livre acesso e circulação das
pessoas com dificuldade de locomoção, inclusive em cadeira de ro-
das.

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LEGISLAÇÃO
formidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoa-
LEI DE LICITAÇÕES lidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do jul-
A licitação está prevista na lei 8.666/93 que regulamenta o art. gamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licita-
ções e contratos da Administração Pública. Observe que a redação termina com a expressão “... e dos que
Não é somente com seus próprios meios, ou por intermédio de lhes são correlatos”. Dessa maneira, verifica-se que o rol de princí-
suas entidades ou órgãos, que a Administração Pública, gestora dos pios previstos nesse artigo não é exaustivo.
interesses da coletividade, realiza as suas atividades. Usualmente
necessita contratar terceiros, e o faz, seja para aquisição, execução 1. Princípio da Legalidade, Impessoalidade, Publicidade e Mo-
de serviços, locação de bens, seja para a concessão e permissão de ralidade: O art. 3.º, caput, da Lei 8.666/93 faz referência aos prin-
serviços públicos, entre outros. cípios da legalidade, impessoalidade e moralidade. O princípio da
A licitação por sua vez, possui como objeto a seleção da pro- eficiência não está relacionado. Isso porque, quando a Lei n. 8.666
posta mais vantajosa para a Administração Pública. surgiu, em 1993, ainda não existia o caput do art. 37 da Constitui-
A escolha dos que serão contratados pela Administração Pú- ção Federal com sua redação atual (“...obedecerá aos princípios de
blica não pode decorrer de critérios pessoais do administrador ou legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”).
de ajustes entre interessados. A escolha dos que serão contratados Legalidade: O administrador está obrigado a fazer tão somente
decorrerá do procedimento denominado licitação, de obrigatorie- o que a lei determina.
dade imposta por regra constitucional, à luz do art. 37, inciso XXI: Impessoalidade: Significa que a Administração Pública não
poderá atuar discriminando pessoas, a Administração Pública deve
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, permanecer numa posição de neutralidade em relação às pessoas
serviços, compras e alienações serão contratados mediante proces- privadas.
so de licitação pública que assegure igualdade de condições a to- Publicidade: É o dever atribuído à Administração, de dar total
dos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de transparência a todos os atos que praticar, ou seja, como regra ge-
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- ral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso.
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação Moralidade: A atividade da Administração Pública deve obede-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das cer não só à lei, mas também à moral.
obrigações. (Regulamento) 2. Princípio da Isonomia (Igualdade Formal, ou Igualdade):
A obrigatoriedade de licitar alcança a Administração Pública Está previsto no caput do art. 5.º da Constituição Federal. Esse prin-
direta e indireta, inclusive as entidades empresariais (art. 173, § cípio não se limita a máxima: “os iguais devem ser tratados igual-
1.º, inc. III, da CF). As empresas públicas e as sociedades de econo- mente; os desiguais devem ser tratados desigualmente, na medida
mia mista, como dita aquela regra constitucional, podem possuir de suas desigualdades”.
estatuto próprio, mas, para que possam contratar, também devem Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo, é errado imaginar
promover o certame licitatório. que o princípio da isonomia veda todas as discriminações. Discrimi-
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a nar (retirando seu sentido pejorativo) é separar um grupo de pes-
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per- soas para lhes atribuir tratamento diferenciado do restante. Nesse
mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional sentido, toda a norma jurídica discrimina, porque incide sobre algu-
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. mas pessoas e sobre outras não.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública,
da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explo- Exemplos:
rem atividade econômica de produção ou comercialização de bens • Abertura de concurso público para o preenchimento de va-
ou de prestação de serviços, dispondo sobre: gas no quadro feminino da polícia militar. Qual é o fato discrimi-
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alie- nado pela norma? É o sexo feminino. Qual é a razão jurídica pela
nações, observados os princípios da administração pública; qual a discriminação é feita? A razão jurídica da discriminação é o
fato de que, em determinadas circunstâncias, algumas atividades
O Poder Público não pode ter a liberdade que possuem os par- policiais são exercidas de forma mais adequada por mulheres. Há,
ticulares para contratar. Ele deve sempre se nortear por dois valo- portanto, correspondência lógica entre o fato discriminado e a ra-
res distintos: zão pela qual a discriminação é feita, tornando a norma compatível
a) Isonomia: O administrador público deve tratar igualmente com o princípio da isonomia.
os administrados; • Uma licitação é aberta, exigindo de seus participantes uma
b) Probidade: O Poder Público deve sempre escolher a melhor determinada máquina. Qual é o fato discriminado pela norma? É
alternativa para os interesses públicos. a determinada máquina. Qual é a razão jurídica pela qual a discri-
minação é feita? Essa pergunta pode ser respondida por meio de
Licitação é o procedimento administrativo por meio do qual outra indagação: A máquina é indispensável para o exercício do
o Poder Público, mediante critérios preestabelecidos, isonômicos contrato? Se for, a discriminação é compatível com o princípio da
e públicos, busca escolher a melhor alternativa para a celebração isonomia.
de um ato jurídico.
3. Princípio da Probidade: Ser probo, nas licitações, é escolher
PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO objetivamente a melhor alternativa para os interesses públicos, nos
O art. 3.º da Lei n. 8.666/93 estabelece os princípios da licitação: termos do edital.
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do prin-
cípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais van- 4. Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: O
tajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento instrumento convocatório é o ato administrativo que convoca a li-
nacional sustentável e será processada e julgada em estrita con- citação, ou seja, é o ato que chama os interessados a participarem

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LEGISLAÇÃO
da licitação; é o ato que fixa os requisitos da licitação. É chamado, VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico
por alguns autores, de “lei daquela licitação”, ou de “diploma legal para regular preços ou normalizar o abastecimento;
que rege aquela licitação”. Geralmente vem sob a forma de edital, VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços
contudo, há uma exceção: O convite (uma modalidade diferente manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional,
de licitação). O processamento de uma licitação deve estar rigo- ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais compe-
rosamente de acordo com o que está estabelecido no instrumen- tentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta
to convocatório. Os participantes da licitação têm a obrigação de Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos
respeitar o instrumento convocatório, assim como o órgão público bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de
responsável. preços, ou dos serviços;
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público
5. Princípio do Julgamento Objetivo: Esse princípio afirma que interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou en-
as licitações não podem ser julgadas por meio de critérios subjeti- tidade que integre a Administração Pública e que tenha sido cria-
vos ou discricionários. Os critérios de julgamento da licitação de- do para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei,
vem ser objetivos, ou seja, uniformes para as pessoas em geral. desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
Exemplo: Em uma licitação foi estabelecido o critério do menor mercado;
preço. Esse é um critério objetivo, ou seja, é um critério que não IX - quando houver possibilidade de comprometimento da se-
varia para ninguém. Todas as pessoas têm condições de avaliar e gurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presiden-
de decidir. te da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi-
6. Outros Princípios: mento das finalidades precípuas da administração, cujas necessi-
a) Princípio do procedimento formal: Estabelece que as forma- dades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde
lidades prescritas para os atos que integram as licitações devem ser que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo ava-
rigorosamente obedecidas. liação prévia;
b) Princípio da adjudicação compulsória: Esse princípio tem XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou forne-
uma denominação inadequada. Ele afirma que, se em uma licitação
cimento, em consequência de rescisão contratual, desde que aten-
houver a adjudicação, esta deverá ser realizada em favor do vence-
dida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mes-
dor do procedimento. Essa afirmação não é absoluta, uma vez que
mas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto
várias licitações terminam sem adjudicação.
ao preço, devidamente corrigido;
c) Princípio do sigilo das propostas: É aquele que estabele-
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros
ce que as propostas de uma licitação devem ser apresentadas de
perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos
modo sigiloso, sem que se dê acesso público aos seus conteúdos.
licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no
preço do dia;
EXCEÇÕES AO DEVER DE LICITAR
A nossa legislação prevê duas exceções ao dever de licitar: XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regi-
DISPENSA DE LICITAÇÃO: É a situação em que, embora viável a mental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desen-
competição em torno do objeto licitado, a lei faculta a realização di- volvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação
reta do ato. Os casos de dispensa devem estar expressamente previs- social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável re-
tos em lei. Vamos conferir a redação do artigo 24 da Lei n. 8.666/93: putação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
Art. 24. É dispensável a licitação: XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando
por cento) do limite previsto na alínea «a», do inciso I do artigo as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o
anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra Poder Público;
ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante- históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou
mente; inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários pa-
cento) do limite previsto na alínea «a», do inciso II do artigo ante- dronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais,
rior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não bem como para prestação de serviços de informática a pessoa ju-
se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação rídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que in-
de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez; tegrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem na-
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando cional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa oca- durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original
sionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, servi- desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for in-
ços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente dispensável para a vigência da garantia;
para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abas-
calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser con- tecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e
cluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas se-
vedada a prorrogação dos respectivos contratos; des, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento,
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a nor-
esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para malidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não
a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições prees- exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta
tabelecidas; Lei:

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LEGISLAÇÃO
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, § 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste
com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quan- artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços
do houver necessidade de manter a padronização requerida pela contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista,
estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na for-
mediante parecer de comissão instituída por decreto; ma da lei, como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715,
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência de 2012).
física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos § 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade que
ou entidades da Administração Pública, para a prestação de servi- integre a administração pública estabelecido no inciso VIII do caput
ços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que produzem
seja compatível com o praticado no mercado. produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de
XXI - para a aquisição de bens e insumos destinados exclusiva- 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção
mente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos nacional do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
pela Capes, pela FINEP, pelo CNPq ou por outras instituições de fo-
mento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico; Hipóteses de Dispensa de Licitação
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de ener-
1. Licitação dispensada: É aquela que a própria lei declarou
gia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou au-
como tal. O artigo 17 da Lei n. 8.666/93 cuida das hipóteses de dis-
torizado, segundo as normas da legislação específica;
pensa de licitação em casos de alienação e cessão de uso de bens
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou socie-
dade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para públicos. Vamos conferir:
a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de servi- Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordi-
ços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado nada à existência de interesse público devidamente justificado, será
no mercado. precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para
com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacio-
esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de nais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá
gestão. de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência,
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tec- dispensada esta nos seguintes casos:
nológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de a) dação em pagamento;
tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explora- b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou en-
ção de criação protegida. tidade da administração pública, de qualquer esfera de governo,
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;
Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos cons-
prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do tantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de co- d) investidura;
operação. e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública,
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercia- de qualquer esfera de governo;
lização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa- direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis
ções ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no
de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária
materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da admi-
as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. nistração pública;
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art.
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexi-
29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa
dade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão
e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja compe-
especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para tência legal inclua-se tal atribuição;
atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente jus- direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de
tificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e
ratificadas pelo Comandante da Força. cinquenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por ór-
privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de gãos ou entidades da administração pública;
assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacio- i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou one-
nal de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar rosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde
e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fun-
nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, diária, atendidos os requisitos legais;
observados os princípios gerais de contratação dela constantes. II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licita-
XXXII - na contratação em que houver transferência de tecno- ção, dispensada esta nos seguintes casos:
logia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interes-
no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme se social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socio-
elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação;
da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecno- b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entida-
lógica. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012). des da Administração Pública;

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LEGISLAÇÃO
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, ob- § 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário ne-
servada a legislação específica; cessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente; de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou segundo grau em favor do doador.
entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades; § 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou global-
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou mente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso
entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por II, alínea «b» desta Lei, a Administração poderá permitir o leilão.
quem deles dispõe. § 7o (VETADO).
§ 1o Os imóveis doados com base na alínea «b» do inciso I deste 2. Licitação dispensável: Nesse caso, a Administração pode
artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão dispensar a competição. A contratação direta existirá porque a
ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação competição, embora possível, não ocorrerá, por opção da Adminis-
pelo beneficiário. tração. É inexigível licitação quando inviável a competição. No caso,
§ 2o A Administração também poderá conceder título de pro- contrata-se diretamente. O que diferencia dispensa e inexigibilida-
priedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licitação, de é que, na primeira, a competição é possível, mas a Administra-
quando o uso destinar-se: ção poderá dispensá-la, enquanto a inexigibilidade é a possibilida-
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qual- de de contratação sem licitação, por ser a competição inviável.
quer que seja a localização do imóvel;
II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato INEXIGIBILIDADE DE LICITAR: Ocorre quando é inviável a com-
normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos petição em torno do objeto que a Administração quer adquirir (art.
mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração direta 25 da Lei 8.666/93).
sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um) mó- Ambas, dispensa e inexigibilidade, são formas de contratação
dulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, desde que não direta sem licitação, sendo essa a única semelhança entre elas, e
exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares); só podem ser vinculadas por lei federal, porque se trata de norma
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispensadas de geral.
autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes condi- Alguns autores mencionam a má técnica do legislador ao ex-
cionamentos: pressar o rol dos casos de dispensa, alegando que algumas dessas
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por par- hipóteses seriam casos de inexigibilidade. Vamos fazer a leitura do
ticular seja comprovadamente anterior a 1o de dezembro de 2004; referido artigo 25 da Lei 8.666/93:
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de
legal e administrativo da destinação e da regularização fundiária
competição, em especial:
de terras públicas;
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que
III - vedação de concessões para hipóteses de exploração não-
só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representan-
-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de terras públi-
te comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a
cas, ou nas normas legais ou administrativas de zoneamento ecoló-
comprovação de exclusividade ser feita através de atestado forneci-
gico-econômico; e
do pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dispensada
notificação, em caso de declaração de utilidade, ou necessidade pú- a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Con-
blica ou interesse social. federação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art.
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a ve- 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas
dação, impedimento ou inconveniente a sua exploração mediante de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de
atividades agropecuárias; publicidade e divulgação;
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde III - para contratação de profissional de qualquer setor artísti-
que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dispensa de co, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que con-
licitação para áreas superiores a esse limite; ) sagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente § 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou
da figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até o empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
limite previsto no inciso II deste parágrafo. de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, orga-
IV – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.763, de 2008) nização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos re-
§ 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei: lacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área re- é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação
manescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar do objeto do contrato.
inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avalia- § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dis-
ção e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por cento) do pensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidaria-
valor constante da alínea “a” do inciso II do art. 23 desta lei; mente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo
destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais constru- de outras sanções legais cabíveis.
ídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que
considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e MODALIDADES DE LICITAÇÃO
não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. A licitação pode ser processada de diversas maneiras. As moda-
§ 4o A doação com encargo será licitada e de seu instrumento lidades de licitação estão dispostas no artigo 22 da Lei n. 8.666/93,
constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumpri- que prescreve cinco modalidades de licitação:
mento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo a) Concorrência
dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente b) Tomada de preços
justificado; c) Convite

29
LEGISLAÇÃO
d) Concurso É a modalidade mais completa de licitação. É destinada a con-
e) Leilão tratos de grande expressão econômica, por ser um procedimento
complexo, que exige o preenchimento de vários requisitos e a apre-
Há uma modalidade de licitação que não consta no artigo ci- sentação detalhada de documentos. A Lei prevê, no art. 23, a tabela
tado acima, mas foi instituída por Medida Provisória: É a licitação de valores para cada modalidade de licitação.
por Pregão. Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos
Art. 22. São modalidades de licitação: I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguin-
I - concorrência; tes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:
II - tomada de preços; I - para obras e serviços de engenharia:
III - convite; a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais);
IV - concurso; b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e qui-
V - leilão. nhentos mil reais);
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e qui-
interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, compro- nhentos mil reais);
vem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edi- II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:
tal para execução de seu objeto. a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre inte- b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquen-
ressados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as ta mil reais);
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquen-
à data do recebimento das propostas, observada a necessária qua- ta mil reais).
lificação. § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração
§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem técni-
ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e ca e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas
convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade adminis- ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e
trativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento à ampliação da competitividade sem perda da economia de escala.
convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspon- § 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de bens,
dente especialidade que manifestarem seu interesse com antece- parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou con-
dência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das pro- junto de etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder
postas. licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a exe-
§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer in- cução do objeto em licitação.
teressados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qual-
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedo- quer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou aliena-
res, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa ção de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas
oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais,
§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interes- admitindo-se neste último caso, observados os limites deste arti-
sados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração go, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de
ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a cadastro internacional de fornecedores ou o convite, quando não
alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o houver fornecedor do bem ou serviço no País.
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. § 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.
de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado § 5o É vedada a utilização da modalidade «convite» ou «toma-
para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no da de preços», conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra
mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no
convidados nas últimas licitações. mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante-
§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinte- mente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso
resse dos convidados, for impossível a obtenção do número míni- de «tomada de preços» ou «concorrência», respectivamente, nos
mo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstâncias termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica
deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de re- que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especiali-
petição do convite. dade diversa daquela do executor da obra ou serviço.
§ 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a § 6o As organizações industriais da Administração Federal di-
combinação das referidas neste artigo. reta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limites es-
§ 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administração tabelecidos no inciso I deste artigo também para suas compras e
somente poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos serviços em geral, desde que para a aquisição de materiais aplica-
previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível dos exclusivamente na manutenção, reparo ou fabricação de meios
com o objeto da licitação, nos termos do edital. operacionais bélicos pertencentes à União.
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde que não
1. Concorrência: A concorrência está prevista no art. 22, § 1.º, haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a cotação
da Lei n. 8.666/93 e pode ser definida como “modalidade de licita- de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a am-
ção entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação pliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo mí-
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualifica- nimo para preservar a economia de escala.
ção exigidos no edital para execução de seu objeto”. A concorrên- § 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos
cia pública é a modalidade de licitação utilizada, via de regra, para valores mencionados no caput deste artigo quando formado por
maiores contratações, aberta a quaisquer interessados que preen- até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por
cham os requisitos estabelecidos no edital. maior número.

30
LEGISLAÇÃO
2. Tomada de Preços: Prevista no art. 22, § 2.º, da Lei n. Administração faria a licitação se achasse conveniente). O concurso
8.666/93, pode ser definida como “modalidade de licitação entre não é, entretanto, uma modalidade discricionária, mas sim o objeto
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas da licitação.
as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia ante-
rior à data do recebimento das propostas, observada a necessária 5. Leilão: Previsto no art. 22, § 5.º, da Lei n. 8.666/93, pode ser
qualificação”. definido como “modalidade de licitação entre quaisquer interessa-
É uma modalidade mais simplificada, mais célere e, por esse dos para a venda de bens móveis inservíveis para a Administração
motivo, não está voltada a contratos de grande valor econômico. ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a
Essa modalidade de licitação era direcionada apenas aos inte- alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o
ressados previamente cadastrados. Atualmente, o § 2.º do art. 22 maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação”.
da Lei em estudo dispõe, conforme transcrito acima, que também O leilão tem um objetivo próprio, visa a alienação de bens. Na
deverão ser recebidas as propostas daqueles que atenderem às redação original da lei em estudo, o leilão somente se destina à
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à alienação de bens móveis. A redação original, entretanto, foi mo-
data do recebimento das propostas. dificada pela Lei n. 8.883/94, que passou a permitir que o leilão se
A tomada de preços, portanto, destina-se a dois grupos de pes- destinasse, em certos casos, à alienação de bens imóveis.
soas previamente definidos: O art. 19 dispõe que, nos casos de alienação de um bem que
 Cadastrados: Para que a empresa tenha seu cadastro, de- tenha sido adquirido por via de procedimento judicial ou por dação
verá demonstrar sua idoneidade. Uma vez cadastrada, a empresa em pagamento, a alienação pode ser feita por leilão. Nos demais
estará autorizada a participar de todas as tomadas de preço. casos, somente por concorrência.
 Não cadastrados: Se no prazo legal – três dias antes da
apresentação das propostas – demonstrarem atender aos requisi- 6. Pregão: Modalidade licitatória regulamentada pela lei
tos exigidos para o cadastramento, poderão participar da tomada 10.520, de 17 de julho de 2002. É a modalidade de licitação voltada
de preço. à aquisição de bens e serviços comuns, assim considerados aqueles
cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetiva-
Na tomada de preço, os licitantes têm seus documentos ana- mente definidos no edital por meio de especificações do mercado.
lisados antes da abertura da licitação e, por este motivo, é uma A autoridade competente justificará a necessidade de contra-
modalidade de licitação mais célere, podendo a Administração con- tação e definirá o objeto do certame, as exigências de habilitação,
ceder um prazo menor para o licitante apresentar sua proposta. os critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimple-
3. Convite: O convite está previsto no art. 22, § 3.º, da Lei n. mento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos
8.666/93, e pode ser definido como “modalidade de licitação en- para fornecimento. A definição do objeto deverá ser precisa, sufi-
tre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou ciente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrele-
não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela vantes ou desnecessárias, limitem a competição.
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia
do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados REVOGAÇÃO
na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse Revogar uma licitação é extingui-la por ser inconveniente ou
com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação inoportuna.
das propostas”. Desde o momento em que a licitação foi aberta até o final da
É a modalidade simplificada de licitação e, por isso, é destinada mesma, pode-se falar em revogação. Após a assinatura do contra-
a contratos de pequeno valor. Além de prazos mais reduzidos, o to, entretanto, não poderá haver a revogação da licitação.
convite tem uma convocação restrita. Pela lei, somente dois grupos A revogação também está disciplinada no art. 49 da Lei n.
podem participar do convite: 8.666/93, que restringiu o campo discricionário da Administração:
 Convidados: A Administração escolhe no mínimo três in- para uma licitação ser revogada, é necessário um fato supervenien-
teressados para participar da licitação e envia–lhes uma carta-con- te, comprovado, pertinente e suficiente para justificá-lo.
vite, que é o instrumento convocatório da licitação. Somente se justifica a revogação quando houver um fato pos-
 Cadastrados, no ramo do objeto licitado, não convidados: terior à abertura da licitação e quando o fato for pertinente, ou
todos os cadastrados no ramo do objeto licitado poderão participar seja, quando possuir uma relação lógica com a revogação da lici-
da licitação, desde que, no prazo de até 24h antes da apresentação tação. Ainda deve ser suficiente, quando a intensidade do fato jus-
das propostas, manifestem seu interesse em participar da licitação. tificar a revogação. Deve ser respeitado o direito ao contraditório
e ampla defesa, e a revogação deverá ser feita mediante parecer
4. Concurso: O art. 22, § 4.º, da Lei n. 8.666/93 prevê o con- escrito e devidamente fundamentado.
curso, que pode ser definido como “modalidade de licitação entre Quanto à indenização, no caso, a lei foi omissa, fazendo alguns
quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico autores entenderem que há o dever de indenizar, fundamentado
ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos no art. 37, § 6.º, da Constituição Federal de 1988. A posição inter-
vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na mediária, entretanto, entende que somente haveria indenização
imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) nos casos de adjudicação em relação ao adjudicatário pelos prejuí-
dias”. zos que sofreu, mas não pelos lucros cessantes
Essa modalidade de licitação não pode ser confundida com o
concurso para provimento de cargo público. O concurso é uma mo- ANULAÇÃO
dalidade de licitação específica, que tem por objetivo a escolha de Anular é extinguir um ato ou um conjunto de atos em razão
um trabalho técnico, artístico ou científico. de sua ilegalidade. Quando se fala, portanto, em anulação de uma
Há quem diga que o concurso é uma modalidade de licitação licitação, pressupõe-se a ilegalidade da mesma, pois anula-se o que
discricionária, alegando que esses trabalhos, normalmente, são sin- é ilegítimo. A licitação poderá ser anulada pela via administrativa
gulares e, por este motivo, não haveria necessidade de licitação (a ou pela via judiciária.

31
LEGISLAÇÃO
A anulação de uma licitação pode ser total (se o vício atingir a modalidade, não consta elencado na Lei de Licitações nº 8.666/93.
origem dos atos licitatórios) ou parcial (se o vício atingir parte dos Sua disposição legal encontra-se prevista na Lei nº 10.520/2002 e
atos licitatórios). Decretos 3.555/2000 e 3.697/2002.
A Anulação pela via administrativa está disciplinada no art. 49 A principio a modalidade pregão visa acelerar a contratação
da Lei 8.666/93. A autoridade competente para a aprovação do por parte da Administração Pública, de serviços e aquisição de bens
procedimento será competente para anular a licitação. O § 3.º do comuns em contratos que teriam valores menores ou que fossem
mesmo art. dispõe, ainda, que, no caso de anulação da licitação, de mais rápida conclusão. Porém sem dúvida, sua abrangência é
ficam assegurados o contraditório e a ampla defesa. A anulação da bem maior pois esta modalidade não possui teto de valor de con-
licitação deve vir acompanhada de um parecer escrito e devida- trato, o que a torna um perfeito substituto para as demais modali-
mente fundamentado. dades as quais se destinam a aquisição de bens e serviços comuns,
Nada impede que, após a assinatura do contrato, seja anulada como por exemplo convite, tomada de preços e concorrência.
a licitação e, reflexamente, também o contrato firmado com base Jorge Ulysses Jacoby conceitua da seguinte forma:
nela (art. 49, § 2.º, da Lei n. 8.666/93). O pregão é uma nova modalidade de licitação pública e pode
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do proce- ser conceituado como o procedimento administrativo por meio
dimento somente poderá revogar a licitação por razões de interes- do qual a Administração Pública, garantindo a isonomia, seleciona
se público decorrente de fato superveniente devidamente compro- fornecedor ou prestador de serviço, visando à execução de objeto
vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo comum no mercado, permitindo aos licitantes, em sessão pública
anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, presencial ou virtual, reduzir o valor da proposta por meio de lan-
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. ces verbais e sucessivos.
§ 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo de ile-
galidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no Normas Regulamentadoras
parágrafo único do art. 59 desta Lei. O pregão foi instituído pela Medida Provisória nº 2.026, de 04
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do contra- de maio de 2000,na qual acrescentava o Pregão como nova mo-
to, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. dalidade de licitação, restrito ao âmbito da União Federal, sendo
§ 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica asse-
regulamentado pelo Decreto nº 3.555/00, posteriormente alterado
gurado o contraditório e a ampla defesa.
pelo Decreto No 3.693/00, e pelo Decreto nº 3.784/01.
§ 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos
Posteriormente com a edição da Lei Nº 10.520, de 17 de julho
atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação.
de 2002, o Pregão foi estendido às demais esferas da Federação,
A anulação da licitação, em regra, não gera o dever de indeni-
abrangendo portanto sua aplicabilidade, não só mais restritiva à
zar (art. 49, § 1.º), salvo na hipótese do parágrafo único do art. 59
União, mas também aos Estados, Municípios e Distrito Federal.
da Lei n. 8.666/93, que disciplina a indenização do contratado se
Ementa da lei nº10.520:
este não tiver dado causa ao vício que anulou o contrato (indeniza-
“Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Mu-
ção pelos serviços prestados e pelos danos sofridos). Nos casos em
que a anulação da licitação ocorrer após a assinatura do contrato nicípios, nos termos do art. 37, Inciso XXI, da Constituição Federal,
e o contratado não tiver dado causa ao vício, será a Administração, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de
portanto, obrigada a indenizar. bens e serviços comuns, e dá outras providências”.
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo Importante ainda frisar que o Decreto nº 3.697/00 foi o que
opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, or- regulamentou o pregão por meio da utilização de recursos de tec-
dinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produ- nologia da informação, posteriormente veio o Decreto nº 5.450/05,
zidos. que regulamentou o pregão na forma eletrônica para aquisição de
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do bens e serviços comuns, e deu outras providências.
dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até Mais recentemente ainda houve a edição do Decreto No
a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmen- 5.504/05, que deu grande importância para o Pregão, sobretudo
te comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promoven- na forma eletrônica.
do-se a responsabilidade de quem lhe deu causa. Estabelece a exigência de utilização do pregão, preferencial-
mente na forma eletrônica, para entes públicos ou privados, nas
Há uma corrente intermediária que entende que o dever de contratações de bens e serviços comuns, realizadas em decorrência
indenizar existirá se tiver ocorrido a adjudicação somente em re- de transferências voluntárias de recursos públicos da União, decor-
lação ao adjudicatário, independentemente da assinatura ou não rentes de convênios ou instrumentos congêneres, ou consórcios
do contrato. públicos.

Veja na íntegra a Lei 8.666/1993 no link a seguir: http://www. Limitação do Uso a Aquisição de Bens e Serviços Comuns
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm Esta característica do Pregão é imposta à ele por definição le-
gal. A própria lei nº10. 520/2002, na tentativa de ser o mais autoe-
Lei nº 10.520/2002: Modalidade de licitação denominada xplicativa possível, elencou em seu art. 1º tal limitação.
pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras
providências. Dispõe a Lei 10.520/02:
Decreto nº 5.450/2005: Regulamenta o pregão, na forma Art. 1º Para a aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser
eletrônica, para aquisição e bens e serviços comuns, e dá outras adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por
providências. está Lei.
Parágrafo Único. Consideram-se bens e serviços comuns, para
O Pregão é modalidade de licitação, relativamente nova, que os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempe-
visa dar um escopo mais célere para o procedimento licitatório que nho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital,
busca a aquisição de bens e serviços comuns. Por tratar-se de nova por meio de especificações usuais de mercado.

32
LEGISLAÇÃO
Tal redação em, portanto, afirmar que é facultado a utilização da Exclusões ao Pregão
modalidade Pregão para aquisição de bens e serviços comuns, e im- Bens e Serviços de Informática
plicitamente vedar sua utilização nos demais casos. Porém por mais Após a análise e definição de bens e serviços comuns se faz ne-
técnico que seja a redação de tal artigo, temos que ir mais além para cessário ressaltar que não cabe a modalidade pregão para a aquisi-
buscar o real alcance de tal definição de bens e serviços comuns. Se ção de bens e serviços de informática. Apesar de tais bens estarem
faz portanto de suma relevância definir quais produtos e atividades previstos no Decreto 3.555/00, tal previsão esta disposta de manei-
se inserem no rol definido pelo art. 1º da Lei nº 10.520/02. ra muito contraditória pois em um primeiro momento, nos itens 2.2
Na esfera federal, tal definição vem exposta no Anexo II do De- e 2.3 do Anexo II do referido Decreto se mostra de forma proibitiva
creto 3.555/00, que em seu teor, nomina e individualiza cada ele- porém no item 2.5 abre exceção à microcomputadores de mesa ou
mento de bens e serviços e elenca algumas hipóteses de variações portátil, monitores de vídeo e impressora. Mas não é esta contra-
e assim dispõe: dição a principal causa de tal proibição, mas sim a vedação trazida
Os bens comuns dividem-se em bens de consumo (os de fre- pela Lei nº 8.666/93, art. 45,§ 4º, que assenta tratar-se obrigatória
quente aquisição) e bens permanentes (mobiliários, veículos, entre a aquisição de bens e serviços de informática pelo tipo de licitação
outros). Os serviços comuns são de natureza diversa, incluindo-se, “técnica e preço”, e como veremos em item pertinente, o Pregão só
entre outros, os de apoio administrativo, hospitalares, conservação pode ser realizado no tipo “menor preço”. Tal disposição portanto
e limpeza, vigilância, transporte, eventos, assinatura de periódicos, é o que realmente torna a aquisição de bens e serviços de informá-
serviços gráficos, hotelaria, atividades auxiliares (motorista, gar- tica proibida de ser licitada através de Pregão, seja qual for a sua
çom, ascensorista, copeiro, entre outros). forma, presencial ou eletrônica.
A definição doutrinaria também é tema de debates entre inú-
meros autores de grande conhecimento acerca do assunto. Enten- Obras e Serviços de Engenharia
dendo em sua maioria que este rol elencado pelo Anexo II do refe- A M.P. 2.026/00, que instituiu o Pregão, veio de forma expres-
rido Decreto não é taxativo. sa vedar a utilização deste para a aquisição de obras e serviços de
Marçal Justen Filho discorre da seguinte maneira: engenharia.
“Não se afigura cabível interpretar em termos rígidos o elenco Entende-se também, de maneira clara, que ao analisar o já re-
contido no Anexo II. A ausência de rigidez se manifesta sob dois ferido ponto de que só pode ser alvo de licitação por Pregão, a aqui-
aspectos. Em primeiro lugar, o elenco não é exaustivo. Qualquer sição de bens ou serviços comuns, que se exclui automaticamente
outro objeto qualificado como comum, ainda que não constante do qualquer outro objeto que ali não se encaixe. Excluindo, portan-
rol do Anexo II pode ser contratado através de pregão. (...) Se algum to obras de qualquer tipo, por mais comuns que sejam. Ao excluir
objeto qualificado como comum puder ser caracterizado além do obras a dificuldade recai sobre serviços de engenharia. Teremos,
elenco do Decreto, seria inconstitucional pretender excluí-lo com portanto que analisar a validade do Decreto supracitado, se ele ain-
fundamento na ausência de alusão por parte do ato infralegal. Ou da vale com a edição da Lei nº10.520/02.
A respeito disso Jacoby Fernandes narra:
seja, não é juridicamente cabível que a competência instituída por
(...) é preciso assentar que o decreto, tendo por objetivo re-
Lei seja restringida por meio de Decreto.”
gular Medida Provisória, perde parcialmente a eficácia quando a
No mesmo sentido, os atualizadores da obra de Hely Lopes
norma que regulava – Medida Provisória – foi convertida em lei.
Meirelles afirmam que:
Somente na dimensão em que as regras da MP foram acolhidas
O Decreto nº 3.555/2000 (alterado pelo Decreto 3.693, de
pela lei é que se pode admitir que as regras do decreto tenham sido
20.12.2000), regulamenta a matéria, contendo, no Anexo II, a re-
recepcionadas pelo ordenamento jurídico. Numa apertada síntese
lação dos bens e serviços comuns. A lista é apenas exemplificativa
as regras do decreto têm valor na medida em que se reconhece a
e serve para orientar o administrador na caracterização do bem ou subsistência do dispositivo da MP convertida em lei e a permanên-
serviço comum. O essencial é que o objeto licitado possa ser defini- cia da regulamentação. Não é pois questão de definir se o decreto
do por meio de especificações usuais no mercado (...) está ou não em vigor, mas verificar caso a caso, se a norma nele
Neste sentido o Tribunal de Contas da União – TCU, em lição do contida é ou não compatível com a nova lei. Tecnicamente a lei não
Ministro Valmir Campelo, discorreu que se trata, portanto de classifica- revogou os dispositivos do decreto, eles continuam em vigor, ou
ção discricionária a definição de bens e serviços comuns. Como vemos: não, segundo seja compatível ou não com a nova lei.
“(…) Como se vê, a Lei nº 10.520, de 2002, não excluiu previa- Olhando o exposto acima, e verificando que, com a nova lei,
mente a utilização do Pregão para a contratação de obras e serviços deixou-se de exigir o que prescindia a M.P., logo a definição de bens
de engenharia. O que exclui essas contratações é o art. 5º do Decre- e serviços comuns não mais seria objeto de regulamentação, pas-
to 3.555, de 2000. Todavia, o item 20 do Anexo II desse mesmo De- sando este encargo de definir o que é e o que não é bem ou serviço
creto autoriza a utilização do Pregão para a contratação de serviços comum a discricionariedade do Administrador.
de manutenção de imóveis, que pode ser considerado serviço de Portanto, se o Administrador entendesse que determinado
engenharia. Examinada a aplicabilidade dos citados dispositivos le- serviço específico serviço de engenharia seria um serviço comum,
gais, recordo que somente à lei compete inovar o ordenamento ju- não seria problema para ser licitado através de Pregão.
rídico, criando e extinguindo direitos e obrigações para as pessoas, Claro que tal análise enfrenta diversos conflitos, entre eles di-
como pressuposto do princípio da legalidade. Assim, o Decreto, por ferentes entendimentos e divergências até mesmo do TCU, sendo
si só, não reúne força para criar proibição que não esteja prevista portanto prudente a não utilização do Pregão em serviços de enge-
em lei, com o propósito e regrar-lhe a execução e a concretização, nharia para evitar problemas futuros.
tendo em vista o que dispõe o inciso IV do art. 84 da Carta Política
de 1988. Desse modo, as normas regulamentadores que proíbem a Alienação de Bens e Locação de Imóveis
contratação de obras e serviços e engenharia pelo Pregão carecem O entendimento lógico é de que seria impossível a utilização
de fundamento de validade, visto que não possuem embasamento da modalidade pregão de licitação para a alienação de bens. Pois
na Lei nº 10.520, de 2002. O único condicionamento que a Lei do implicitamente verifica-se tal vedação, ora ressaltado pela própria
Pregão estabelece é a configuração do objeto da licitação com bem natureza do pregão, que é a busca do menor preço, enquanto na
ou serviço comum…” (Acordão 817/2005 – 1ª Câmara. Rel. Ministro alienação se busca a proposta mais vantajosa, a qual seria de maior
Valmir Campelo. Brasília, 03 de maio de 2005).” preço, para os cofres da Administração Pública.

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LEGISLAÇÃO
Características do Pregão tendo sido regulado pelo Decreto 3.697, de 21.12.2000, o qual
Possibilidade de Redução do Valor da Proposta recentemente foi revogado e substituído pelo Decreto 5.450, de
No Pregão o licitante pode reduzir o valor da sua proposta, em 31.5.2005. Seu procedimento segue as regras básicas do pregão
momento apropriado, durante o curso da sessão pública, reduzin- comum, mas, como é evidente, deixa de ocorrer na presença física
do o valor da proposta de preços. Este recurso é embasado pelo do pregoeiro e dos participantes, já que todas as comunicações são
uso parcial do princípio da oralidade, confrontando o que se assen- feitas por via eletrônica.
ta na Lei nº8.666/93, que preceitua não serem validos os valores Marçal Justen Filho Preceitua da seguinte forma::
baseados em ofertas de outros licitantes. No pregão, forma eletrô- O pregão, na forma eletrônica, consiste na modalidade de lici-
nica, admite-se de acordo com o decreto que o regulamentou que tação pública, de tipo menor preço, destinada à seleção da propos-
o licitante faça lance inferior à sua proposta, porém não se explicita ta mais vantajosa para a contratação de bem ou serviço comum,
que esse pode ser menor que a proposta mais inferior por meio de propostas seguidas de lances, em que os atos jurídicos
Sobre a publicidade deste ato, Jacoby Fernandes diz: “A publi- da Administração Pública e dos interessados desenvolvem-se com
cidade é limitada ao preço e permanece, mesmo após encerrada a utilização dos recursos da Tecnologia da Informação, valendo-se es-
fase de lances, no momento em que o pregoeiro e licitante devem pecialmente da rede mundial de computadores.
negociar a proposta.” No mesmo sentido Diógenes Gasparini define:
Espécie de pregão em que a disputa pelo fornecimento de bens
Inversão das Fases de Julgamento ou prestação de serviços comuns à Administração Pública é feita à
Diferentemente do que se tem as outras modalidades de licita- distância, em sessão pública, por meio de propostas de preços e
ção que estão elencadas na Lei nº8. 666/93, no Pregão se inverte a lances visando melhorá-las, apresentados pela internet.
fase de julgamento. Nas licitações convencionais, primeiro se veri-
fica a documentação do licitante, para saber se este está apto, nos Implantação
âmbitos fiscais, jurídicos, econômico-financeiro e técnico, se estiver Para a implantação do pregão eletrônico devem ser obser-
ele poderá prosseguir a fase seguinte, abrindo-se então os envelo- vados cuidados comuns aos tomados no pregão presencial como
pes das propostas. O que ocorre no pregão é o exame primeiro da disponibilização de espaço físico-estrutural para a realização das
proposta, que será presencial ou virtual, de acordo com a forma de
operações inerentes, completa o mesmo que o pregão eletrônico
pregão. Somente prosseguirá a fase de habilitação aquele licitante
só será passível de realização se a autoridade administrativa assim
que obtiver a proposta vencedora. Restringindo portanto somente
o querer e, para isso, haverá de promulgar alguma norma (lei ou
à analise de habilitação de um licitante. Se por ventura o licitante
decreto), com a finalidade de adotar uma política interna de aquisi-
vencedor estiver irregular, será chamado o segundo colocado.
ções e de contratações além de firmar termo de cooperação com o
detentor do servidor do sistema que será utilizado para o certame
Unificação da Fase Recursal
eletrônico e a capacitação dos servidores que irão atuar na opera-
As modalidades convencionais de licitação apresentam pelo
cionalização do sistema, pregoeiro e servidores da equipe de apoio.
menos dois momentos que se pode ensejar recurso. O fato de
existir duas fases recursais atrasa e desacelera o processo. Já no Firmar termo de cooperação técnica ou providenciar acesso
pregão, só existe um momento que em que se pode recorrer. Há, ao sistema. Deve-se atentar na escolha da plataforma que irá gerir
portanto a unificação das duas fases em uma só o pregão, uma vez que o provedor deverá atender aos interesses
No momento em que o pregoeiro definir, serão consultados os da Administração Pública e dos licitantes, pois alguns provedores
licitantes para saber se querem ou não recorrer. Se sim, devem de- disponibilizam os seus sistemas mediante a pagamentos, que irão
clara interesse e motivar o recurso. Caso não se manifestem ou es- agregar custos ou para a Administração Pública ou para os licitan-
tejam ausentes à esta fase ,decairá o direto de recurso do licitante. tes, circunstância esta que poderá gerar polêmica. Hoje em dia exis-
tem inúmeros servidores que gerem sistemas de pregão eletrônico.
O Pregão Eletrônico é uma das formas de realização da moda- A designação dos servidores que irão compor a equipe de exe-
lidade licitatória de pregão, apresentando as mesmas regras bási- cução do pregão eletrônico, deve ser feita mediante a ato adminis-
cas do Pregão Presencial, acrescidas de procedimentos específicos. trativo específico3 , exarado pela autoridade competente. Segundo
Tendo como característica marcante a inexistência presencial de Jorge Ulisses Jacoby Fernandes:
um pregoeiro e dos demais licitantes. Pois como se trata, nesta for- Os servidores deverão ser do próprio órgão, com vínculo em-
ma, de um procedimento virtual, todas as transações ocorrem atra- pregatício com o mesmo, uma vez que, a capacitação dos mesmos
vés de uma plataforma eletrônica disponibilizada pela internet, o redunda em custos para o órgão da administração e funcionários
que confere grande celeridade nos processos licitatórios aos quais sem vínculo empregatício, podem por sua vez, desvincular-se cau-
ele é a modalidade. sando prejuízo para o erário público.
Atributos estes que otimizam os custos processuais, comuns Diógenes Gasparini chama atenção ao que dispõe o art. 10, §
em outros tipos de licitação. Além de promover uma maior inte- 4º do Decreto 5.450/05:
ração entre os agentes públicos responsáveis pela realização da A função do pregoeiro somente poderá ser exercido por servi-
licitação e os licitantes, pois amplia o universo de participantes, o dor ou militar, conforme § 2º do mesmo artigo, que reúnam qua-
que leva a uma maior transparência e publicidade ao rito do certa- lificações profissional e perfil adequados e aferidos pela autorida-
me, uma vez que qualquer pessoa interessada pode acompanhar de competente, na falta de funcionários capacitados a designação
o desenvolvimento da sessão pública e ter acesso a todos os atos deve recair em agentes integrantes órgão ou entidade integrante
e procedimentos praticados desde a abertura até o encerramento do Sistema de Serviços Gerais – SISG.
dos trabalhos pertinentes ao procedimento licitatório. Sob esta ótica registra-se que a qualificação do servidor desig-
Tendo em vista o exposto, pregão eletrônico, segundo Hely Lo- nado como pregoeiro e sua equipe de apoio é de estrema impor-
pes Meirelles: tância sob pena de comprometer o pregão Recomenda-se que os
É aquele efetuado por meio de utilização de recursos de tecno- atores do certame devam ter conhecimento prévio de todo arsenal
logia da informação, ou seja, por meio de comunicação pela ‹Inter- jurídico normativo, a cerca do pregão eletrônico isso irá evitar pro-
net›. Está previsto no parágrafo 2º do art. 2º da Lei 10.520/2002, blemas que podem acarretar em nulidades insanáveis, pela abso-

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LEGISLAÇÃO
luta falta de conhecimento jurídico. E não somente isso, deve ele Identificação da Necessidade
também reunir qualidades de liderança e conciliação para o bom Jorge Ulisses Jacoby Fernandes explica que :
prosseguimento do procedimento. Neste sentido, Aírton Nóbrega, o primeiro passo de qualquer procedimento licitatório é a re-
citado por Sidney Bittencourt destaca: quisição do objeto. Este tem sua necessidade manifestado pelo
“O pregoeiro deve reunir, pois, não só conhecimentos da legis- agente público, podendo assim, a Administração iniciar o processo
lação específica e geral, como também ser detentor de habilidades da futura contratação. Espera-se que o objeto da licitação seja de
que lhe permitam instaurar o certame e conduzir de forma efetiva irrelevante necessidade para o órgão público.
e real as negociações, estimulando a competição que se pretende
seja normalmente instalada nessa modalidade de licitação através Elaboração do Termo de Referência
dos lances verbais. Momentos decerto surgirão em que somente a A Lei do pregão não exige que seja divulgado o projeto básico,
capacidade conciliadora solucionará impasses e permitirá o prosse- mas apenas o termo de referência. No caso de serviços, seguindo
guimento do certame de forma satisfatória e positiva para a admi- uma boa prática desenvolvida pelo Conselho de Justiça Federal, re-
nistração.” comenda-se que o mesmo seja descrito sumariamente através de
O órgão da administração deverá proporcionar ao servidor capa- projeto básico, predizendo as características mínimas necessárias
citação adequada, o que é previsto na Constituição Federal no § 2º do para garantir aos licitantes o conhecimento para formulação das
Art. 39. Haja vista que, no caso do pregoeiro este será responsabilizado propostas. O Decreto nº 3.555/2000 conceitua o termo de referên-
individualmente pelos atos praticados. Portanto, uma adequada capa- cia no Art. 8º, inciso II, que diz:
citação além de favorecê-lo, também ira beneficiar a Administração O termo de referência é o documento que deverá conter ele-
Pública e a sociedade. Vale ressaltar que nem sempre o servidor capa- mentos capazes de propiciar a avaliação do custo pela Adminis-
citado por cursos específicos será o melhor indicado para conduzir o tração, diante de orçamento detalhado, considerando os preços
certamente, como vemos na lição de Sidney Bittencourt: praticados no mercado, a definição dos métodos, a estratégia de
“Cabe acrescentar que, em nossas andanças pela Administra- suprimento e o prazo de execução do contrato.
ção Pública, verificamos a existência de pessoas que, sem cursos Diógenes Gasparini ressalta que na nova regulamentação do
específicos, dispõe de totais condições para exercer a função de pregão eletrônico, através do Decreto nº 5.450/2005 (Art. 9º,§ 2º,
pregoeiro e outras que, mesmo realizando treinamentos, não de- referido Decreto), ficou estabelecido que o termo de referência é o
tém o perfil adequado para tal. documento que deverá conter elementos capazes de propiciar ava-
No caso do pregão eletrônico a atividade é mais simplificada
liação do custo pela administração diante de orçamento detalhado,
que a do pregão presencial. Isso porque, no pregão eletrônico, é
definição dos métodos, estratégia de suprimento, valor estimado
o sistema que recebe todos os lances e já os ordena. O pregoeiro
em planilhas de acordo com o preço de mercado, cronograma físi-
não precisa colher lances de licitante por licitante. Cada um deles
co-financeiro, se for o caso, critério de aceitação do objeto, deveres
é quem envia o lance pela internet, que o próprio sistema de infor-
do contratado e do contratante, procedimentos de fiscalização e
mática recebe e ordena. Então, a atividade do pregoeiro, no pregão
gerenciamento do contrato, prazo de execução e sanções, de for-
eletrônico, é mais simples do que no pregão presencial, conquanto
ma clara, concisa e objetiva.
ainda recaiam sobre os ombros dele várias responsabilidades. Con-
tudo, espera-se dos agentes que comporão a equipe tenham um O que demonstra segundo o autor que as informações que de-
bom conhecimento de informática e familiaridade com o sistema verão estar contidas neste termo refletem praticamente o próprio
disponibilizado por órgão competente, tal qual o portal Compras. teor do edital do certame, fato este que, a seu ver desvirtua sua
net do governo federal, aliás, esse mesmo portal disponibiliza trei- própria finalidade.
namentos presenciais e via internet para pregoeiro.
Aprovação pela autoridade competente
Fases procedimentais do pregão eletrônico Nesta fase os trabalhos são realizados internamente, com a
O procedimento do pregão está previsto e enumerado na Lei participação do servidor responsável por compras e contratações,
10.520/2002, § 3º e § 4º, e foi dividido em duas fases distintas, a da unidade administrativa ou área encarregada de serviços gerais
primeira denominada de fase interna ou preparatória e a segunda e da unidade ou área da qual se origine a demanda pela licitação.
denominada de fase externa ou executória. Segundo Jair Eduardo Santana, este dirigente é denominado
Autoridade Competente, que é designada no Regimento do órgão
Fase Interna ou Preparatória do Pregão ou entidade, atua durante todo o certame, desde a fase interna,
Na fase preparatória a autoridade competente além de justifi- até a contratual, exercendo atribuições de grande importância, tem
car a necessidade de se contratar bens e serviços comuns, deverá poder decisório e fiscalizatório é, em suma, o dirigente responsável
também definir o objeto a ser licitado, as exigências para a habilita- pela administração das compras e contratações. Completa o autor
ção dos licitantes e tudo o mais que for necessário para a realização que cada unidade administrativa deverá ser identificada tal pessoa
do certame. conforme divisão das alçadas decisórias.
Nesse sentido o autor Marçal Justen Filho registra: As atribuições regimentais da Autoridade Competente, de uma
Ressalte-se que a fase preparatória do pregão eletrônico com- maneira geral, contemplam o seguinte:
preende o desenvolvimento de inúmeras atividades administra- • Determinar a abertura da licitação;
tivas que são inerentes a qualquer licitação. Aplicam-se, por isso, • Elaboração de projetos e planilha de quantitativos e preços
todos os requisitos da Lei nº 10.520, da Lei nº 8.666 e da própria Lei unitários (quando o objeto exigir);
de Responsabilidade Fiscal • Elaboração do edital e preparação do aviso do Edital;
Trata-se de um ato da autoridade competente, nos termos do • Exame e aprovação das minutas do edital e do contrato pela
artigo 9º do Decreto nº 5.450/2005, que avaliará previamente a Assessoria Jurídica;
necessidade e conveniência da instauração do certame; justificará • Assinatura do edital;
a necessidade de contratação; definirá o objeto da licitação, as exi- • Envio do aviso para publicação;
gências da habilitação, a reserva de recursos orçamentários, os cri- • Designar o pregoeiro e os componentes da equipe de apoio
térios de aceitação das propostas, as sanções por descumprimento, ao pregão, credenciando-os junto ao provedor do sistema;
as cláusulas do contrato e a fixação dos prazos para o fornecimento. • Indicar o provedor;

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LEGISLAÇÃO
• Estabelecer os requisitos e critérios que regem a licitação e a o instituto do pregão obedece a normas e princípios diversos da-
execução do contrato; queles utilizados em licitações convencionais. E, como regra, não se
• Decidir os recursos contra atos do pregoeiro; deve exigir habilitação que não correspondam ao objeto requerido
• Homologar a adjudicação do pregão, determinando a cele- pela Administração Pública.
bração do contrato; O Licitante vencedor deve comprovar a habilitação jurídica e a
regularidade fiscal. O encaminhamento da documentação poderá
Fase externa do pregão (executiva) ser de imediato via fax e posteriormente do original ou cópia auten-
Diógenes Gasparini assevera que a fase externa do pregão ele- ticada nos prazos, norteado pelo princípio da razoabilidade (artigo
trônico inicia-se, obrigatoriamente, com a publicação do edital na 25, parágrafo 3º, Decreto nº 5.450/2005).
Internet, indicando o objeto a ser licitado, os dias e horários para O artigo 24, parágrafo 8º, Decreto nº 5.450/2005 permite que
o recebimento de propostas, o endereço eletrônico da internet no o pregoeiro encaminhe contraproposta ao licitante que tenha apre-
qual ocorrerá a sessão pública e a data e horário da sua realiza- sentado o lance mais vantajoso, com intuito de obter a melhor pro-
ção(idem art. 4º da Lei 10.520/02). O mesmo autor adverte que, posta. Tal negociação será realizada por meio do sistema eletrônico
os atos da fase externa deverão espelhar o que foi decidido na fase e acompanhada pelos demais licitantes.
interna. Em face disto, nesta fase, nada poderá contradizer o que Na habilitação exige-se que o licitante encontre-se com situa-
foi decidido no edital publicado. ção regular junto a Fazenda Nacional, a Seguridade Social, o Fundo
Sessão de Julgamento e Classificação de Garantia por Tempo de Serviço, e as Fazendas Estaduais (artigo
Nesta fase é necessário o prévio credenciamento no pregão 14 do Decreto nº 5.450/2005); além do atendimento de exigências
eletrônico, perante o coordenador do sistema eletrônico do órgão técnicas e econômico-financeiras e do cumprimento do artigo 7º,
realizador do pregão, da autoridade competente, do pregoeiro, dos inciso XXXIII da Constituição Federal de 1988 e inciso XVIII do artigo
membros da equipe de apoio, dos operadores do sistema e dos lici- 78 da Lei nº 8.666/1993.
tantes que participarão da sessão. O parágrafo único do artigo 14 do Decreto 5.450/05, permite
A sessão inicia-se a partir do horário previsto no edital, com a que a documentação exigida poderá ser substituída pelo registro
divulgação das propostas de preços recebidas e em perfeita conso- cadastral no SICAF ou , em se tratando de órgão ou entidade não
nância com as especificações e condições do edital. abrangida pelo referido Sistema, por certificado de registro cadas-
No decorrer da sessão os licitantes poderão oferecer lances tral que atenda os requisitos previstos na legislação geral. Marçal
sucessivos que, no entanto, só serão aceitos lances cujos valores Justen Filho explica:
sejam inferiores ao último lance registrado no sistema eletrônico. A parte documental deverá ser apresentado em tempo hábil de
Na hipótese de haver dois ou mais lances de igual valor, prevalece aproximadamente uma hora, a ser computada a partir do instante
aquele que foi recebido e registrado no sistema em primeiro lugar. em que a fase de lances for encerrada. Mas essa alternativa deverá
Durante a sessão, os licitantes serão informados do valor do me- ser consagrada no próprio ato convocatório, inclusive para permitir
nor lance registrado, sendo vedada a identificação do detentor do a todos os interessados perfeita ciência das limitações temporais a
lance. que estarão sujeitos em caso de vitória na etapa competitiva.
O Julgamento e classificação das propostas seguem o critério Após o encerramento da etapa competitiva e da sessão pública
do menor preço. Obviamente que serão observados os prazos má- declara-se imediatamente o vencedor. É importante salientar que,
ximos para fornecimento, as especificações técnicas e os parâme- se o vencedor não for habilitado será verificada a documentação do
tros mínimos de desempenho e qualidades estabelecidos no edital segundo classificado e assim sucessivamente.
de licitação. O Licitante vencedor deve comprovar a habilitação jurídica e a
O Sistema efetuará a classificação das propostas automatica- regularidade fiscal. O encaminhamento da documentação poderá
mente em ordem crescente do preço ofertado (artigo 23 do Decre- ser de imediato por “fac-símile” e posteriormente do original ou
to nº 5.450/2005), e o pregoeiro desclassificará aquelas que não cópia autenticada nos prazos, norteado pelo princípio da razoabili-
preencherem os requisitos do edital de forma fundamentada com dade (artigo 25, parágrafo 3º, Decreto nº 5.450/2005).
o devido registro no sistema (artigo 22, parágrafos 2º e 3º, Decreto O autor Marçal Justen Filho assevera que:
nº 5.450/2005). Daí se infere que o tempo necessário e razoável para exibição
Após a classificação das propostas, inicia-se a fase competitiva, dos documentos corresponde a aproximadamente uma hora, a ser
na qual os licitantes classificados podem encaminhar lances exclusi- computada a partir do instante em que a fase de lances for encerra-
vamente por meio eletrônico (artigo 24 do Decreto nº 5.450/2005). da. Mas essa alternativa deverá ser consagrada no próprio ato con-
O Sistema só admite lances inferiores ao do apresentado pelo vocatório, inclusive para permitir a todos os interessados perfeita
licitante e registrado pelo sistema (artigo 24, parágrafo 3º, Lei nº ciência das limitações temporais a que estarão sujeitos em caso de
5.450/2005). O lance é comunicado a todos os licitantes sem a vitória na etapa competitiva.
identificação de sua autoria.
A disputa é encerrada por decisão do pregoeiro (artigo 24, pa- Recurso
rágrafo 6º, Decreto nº 5.450/2005). Como já foi dito em outro momento, o pregão eletrônico tem
Após o encerramento da etapa competitiva e da sessão pública uma fase recursal característica dele, diferenciando-se das fases re-
declara-se imediatamente o vencedor. cursais das demais modalidades. Neste momento os licitantes só
terão um momento para demonstrar insatisfação com o resultado
Habilitação do certame, claro, mediantes justificada fundamentação. Poderá
Em última análise a habilitação indica quem será contratado nesta fase demonstrar sua inconformidade desde o ato de creden-
pois como bem lembra Sidney Bittencourt, somente se deve pro- ciamento, bem como de qualquer ato do pregoeiro, até a declara-
ceder com a habilitação do licitante classificado em primeiro lugar. ção final do vencedor.
Observa-se que no pregão há uma inversão na ordem do proce- A fase recursal do pregão na forma eletrônica não guarda
dimento, ou seja, inicialmente procura-se quem venceu a parte maiores diferenças para a forma eletrônica. O ponto diferentemen-
comercial (menor preço) e posteriormente serão conferidos os te neste caso seria que o licitante só teria acesso aos documentos
documentos de habilitação do licitante vencedor. Lembrando que disponibilizados na internet, no provedor do sistema, mas nada

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LEGISLAÇÃO
impede que este se desloque para pedir vista ao processo físico, mitem a comunicação de forma instantânea de ponto a ponto em
podendo extrair cópias dele se preciso for. Trata-se neste caso de qualquer lugar do mundo, proporcionou novas possibilidades para
direito líquido e certo dele. a Administração Pública.
O recurso tem seu momento próprio, sujeito a decadência no Buscou-se, portanto através de tais adventos tecnológicos, o
caso de não manifestação fundamentada por parte do licitante, encurtamento de barreiras e uma maior divulgação do certame,
mas caso havendo a propositura de um recurso o pregoeiro não pela qual um maior numero de disputantes têm acesso, sendo mais
pode adjudicar o objeto, salvo se ele der provimento ao recurso. célere e menos burocrático, tornando um processo de menor custo
e maior eficácia no que diz respeito à contratação e compra de bens
Momento de Declarar o Recurso e serviços comuns.
O momento de propor recurso, definido por lei é quando se Suas regras são tão modernas quanto sua concepção de pro-
declara o vencedor. A partir daí qualquer outro licitante pode ime- cedimento. A possibilidade de se ater apenas ao necessário já e
diatamente interpor recurso. Tendo o prazo imediato que depois muito uma forma de agilizar o procedimento. A inversão da fase de
de transcorrido opera-se a decadência do direito. habilitação com a de julgamento permite que seja analisado ape-
Nas palavras de Jacoby Fernandes temos: nas aquela licitante que venceu a disputa, e não mais a analise de
O prazo para manifestação é imediato. Não havendo manifes- todas as empresas, proporcionando um ganha de tempo e custo
tação opera-se de imediato a decadência de direito; fica definiti- consideráveis.
vamente preclusa a oportunidade do recurso administrativo. Além De sorte que se conclui com o presente trabalho que o pregão
dos efeitos administrativos, poderá ainda firma-se a litigância de eletrônico é a modernização do sistema licitatório para contratação
má-fé, se o licitante, tendo a oportunidade de manifestar-se, resol- e compra de bens e serviços comuns, que sejam das mais simples
ve silenciar-se para depois ir ao Poder Judiciário formular pleito que necessidades da Administração Pública, o que permite ao Estado de
poderia igualmente manifestar sem ônus perante a Administração maneira mais eficaz garantir o interesse público, reduzindo a buro-
Pública, contribuindo mais ainda para a sobrecarga do aparelho es- cracia e garantindo a lisura e idoneidade do certame.
tatal judicial.
Vejam na íntegra a Lei 10.520/2002 no link a seguir:
Legitimidade para Recorrer http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10520.htm
Os licitantes credenciados que participaram do certame ou
seus representantes, devidamente qualificados. E no link a seguir o Decreto 5.240/05 na íntegra:
http://www.comprasnet.gov.br/legislacao/decretos/
Consequências de5450_2005.html
Com a manifestação oportuna da intenção de recorrer o pre-
goeiro pode: Compras no setor público
• Reconhecer o equivoca revendo o ato praticado, alterando-o A gestão de compras assume papel verdadeiramente estraté-
de imediato e comunicar aos licitantes. gico nos negócios de hoje em face do volume de recursos, princi-
• Manter o ato praticado para que se possa dar melhor reexa- palmente financeiros, quebra-se então uma visão preconceituosa
me a ele. de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um centro de
• Se houver o reconhecimento do equivoco e alteração do ato, despesas e não um centro de lucros.
caberá aos outros licitantes nova discordância deste ato. A função é muito mais ampla e, se realizada com eficiência, en-
volve todos os departamentos da empresa. Obter o material certo,
Efeitos do Recurso nas quantidades certas, com a entrega correta (tempo e lugar), da
Jacoby Fernandes diz: fonte correta e no preço certo são todas as funções de compras.
Tradicionalmente os efeitos do recurso são suspensivo e devo-
lutivo. Suspensivo quando o próprio nome indica, suspende a deci- O departamento de compras tem a responsabilidade principal
são da qual se recorre; devolutivo porque devolve a autoridade que de localizar fontes adequadas de suprimentos e de negociar preços.
decidiu ou a seu superior o inteiro conhecimento da matéria. Todo O insumo vindo de outros departamentos é necessário para a busca
o recurso tem o efeito devolutivo. e a avaliação das fontes de suprimento, auxiliando também o de-
partamento de compras na negociação dos preços. Comprar, nesse
Adjudicação sentido amplo, é responsabilidade de todos.
A adjudicação é feita pelo pregoeiro, quando não houver re- Segundo Arnold “essa função é responsável pelo estabeleci-
curso interposto, caso contrario o poder para adjudicar sai das mento do fluxo dos materiais na firma, pelo segmento junto ao for-
mãos do pregoeiro e passa para a autoridade superior. Mais uma necedor, e pela agilização da entrega.”.
vez recorrendo aos ensinamentos de Jacoby Fernandes: A função compras é vista hoje como uma parte do processo
Adjudicar é formalizar a definição do vencedor, é um ato ad- de logística das empresas, ou seja, parte integrante da cadeia de
ministrativo com efeitos externos ao certame. O principal efeito é suprimentos (suplly chain).
tornar certo o ato, nascendo nesse momento, para todos os lici- Sua influência é de caráter direto nos processos produtivos em
tantes, o direito de recorrer ao Poder Judiciário, pois é iminente a uma empresa, os prazos devem ser cumpridos de maneira rígida
possibilidade de contratação futura. tanto na entrada como na saída de insumos, pois poderão gerar
O Pregão, modalidade inovadora de licitar, veio como resposta sérios problemas dentro do ciclo, em especial nos departamentos
à lentidão das modalidades convencionais de licitação, que não se de produção e vendas.
mostravam muito eficazes no que diz respeito ao atendimento das Esta função pode ser dividida em quatro categorias:
mais simples necessidades da Administração Pública. - Obter mercadorias e serviços na quantidade e com qualidade
Concebido para ser um procedimento mais célere, trouxe em necessárias.
sua forma eletrônica a modernidade. A utilização da tecnologia de - Obter mercadorias e serviços ao menos custo.
informação e telecomunicação com o uso da internet e computa- - Garantir o melhor serviço possível e pronta entrega por parte
dores, ferramentas estas indispensáveis nos dias atuais e que per- do fornecedor

37
LEGISLAÇÃO
- Desenvolver e manter boas relações com fornecedores.
Para alcançar tais objetivos, devem ser desempenhadas certas ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO
funções básicas:
- Tempo e lugar (especificações de compra). LEI COMPLEMENTAR Nº 40/1992
- Fonte certa (fornecedores).
- Negociar condições de compra. DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO
- Administrar pedido de compra. MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, SUAS AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES
Diante ao exposto, tais argumentos servirão para dar continui- PÚBLICAS E CÂMARA MUNICIPAL.
dade ao ciclo produtivo, tendo em vista que dentro desta pasta, os
critérios adotados deverão ser de suma importância para a admi- O povo do Município de Uberlândia, por seus representantes,
nistração em si na busca de aumento de lucros dentro menor custo aprovou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte Lei Complementar:
possível.
O Setor de Compras ocupa papel de destaque na Cadeia de TÍTULO I
Suprimentos das organizações. DISPOSIÇÕES GERAIS
Segundo Martins et al. (2006, p. 81): CAPÍTULO I
A função de compras assume papel verdadeiramente estraté- DO ESTATUTO
gico nos negócios de hoje em face do volume de recursos, princi-
palmente financeiros envolvidos, deixando cada vez mais a visão Art. 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, servidor é a
preconceituosa de que era uma atividade burocrática e repetitiva, pessoa legalmente investida em cargo público, de provimento efe-
um centro de despesas e não um centro de lucros. tivo ou em comissão, que presta serviços aos Poderes do Municí-
pio, inclusive suas Autarquias e Fundações Públicas.
Nas empresas estatais e autárquicas, como também no servi- Art. 2º Cargo Público é o conjunto de atribuições e responsabi-
ço público em geral, o processo de compras obedece uma série de lidades previstas na estrutura organizacional que devem ser come-
requisitos, conforme estabelece a Lei nº. 8.666, de 21-6-1993, al- tidas a um servidor.
terada pela Lei nº. 8.883, de 8-6-1994, motivo pelo qual se tornam Parágrafo Único - Os cargos públicos, acessíveis a todos os bra-
totalmente transparentes. sileiros são criados por lei com denominação própria número certo
Sabemos que há várias diferenças entre o processo de compra e vencimentos pagos pelos cofres públicos.
no sistema privado e no sistema público, mas destacamos como Art. 3º Os cargos de provimento efetivo da Administração Pú-
principal: blica Municipal direta, das autarquias e das fundações públicas se-
Compras na Administração Pública – FORMALIDADE rão organizados em carreiras.
Compras na Administração Privada – INFORMALIDADE Art. 4º As carreiras serão organizadas em classes de cargos, ob-
servadas a escolaridade e a qualificação profissional exigidas, bem
De acordo com o Art. 14 da Lei da Licitação, dois princípios pre- como a natureza e a complexidade das atribuições a serem exerci-
liminares devem ser seguidos: das por seus ocupantes, na forma prevista na legislação específica.
1 - A definição precisa do seu objeto; Parágrafo Único - Respeitado o Plano de Carreira ou o Regula-
2 - A existência de recursos orçamentários que garantam o pa- mento, as atribuições inerentes a um cargo podem ser cometidas
gamento resultante. indistintamente aos servidores de suas diferentes classes.
Art. 5º Classe é o agrupamento de cargos de atribuições da mes-
A seguir, as condições necessárias para validar o processo de ma natureza, de denominação idêntica, do mesmo nível de venci-
compras públicas: mento e graus de dificuldade e de responsabilidade das atribuições.
1. Avaliar a necessidade (planejamento); Art. 6º Grupo ocupacional é o conjunto de carreiras e classes
2. Definir o quanto adquirir; isoladas, reunidas segundo a correlação e a afinidade entre as ati-
3. Verificar as condições de guarda e armazenamento; vidades de cada uma, a natureza do trabalho, ou grau de conheci-
4. Buscar atender o princípio da padronização; mento necessários ao exercício das respectivas atribuições.
5. Obter as informações técnicas quando necessárias; Art. 7º Quadro é o conjunto de carreiras e série de classes de
6. Proceder a pesquisas de mercado; natureza efetiva, cargos em comissão, ou os isolados e as funções
7. Definir a modalidade e tipo de licitação ou a sua dispensa / gratificadas.
inexigibilidade;
8. Indicar (empenho) os recursos orçamentários. CAPÍTULO II
DO PROVIMENTO
O principal elemento que justifica o processo licitatório para SEÇÃO I
realização de compras no setor público é a TRANSPARÊNCIA que DISPOSIÇÕES GERAIS
este representa.
Portanto, conceituando temos que: Art. 8º São requisitos básicos para ingresso no serviço público:
Licitação é o procedimento administrativo pelo qual uma pes- I - A nacionalidade brasileira;
soa governamental pretendendo alienar, adquirir ou locar bens, II - O gozo dos direitos políticos;
realizar obras ou serviços, segundo condições por ela estipuladas III - A quitação com as obrigações militares e eleitorais;
previamente, convoca interessados na apresentação de propostas, IV - A idade mínima de dezoito anos.
a fim de selecionar a que se revele mais conveniente em função de Parágrafo Único - As atribuições do cargo podem justificar a
parâmetros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este pro- exigência de outros requisitos estabelecidos em Lei.
cedimento visa garantir duplo objetivo: de um, lado proporcionar Art. 9º As pessoas portadoras de deficiência é assegurado o
às entidades governamentais possibilidade de realizarem o negócio direito de se inscrever em concurso público para provimento de
mais vantajoso; de outro, assegurar aos administrados ensejo de cargo, cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que
disputarem entre si a participação nos negócios que as pessoas ad- são portadoras, e para as quais serão reservados dez por cento das
ministrativas entendam de realizar com os particulares. vagas oferecidas no concurso público.

38
LEGISLAÇÃO
Parágrafo Único - Lei específica definirá os critérios de admis- § 1º - A posse ocorrerá dentro do prazo de trinta dias contados
são para as pessoas de que trata este artigo. da publicação do ato de provimento, prorrogável por mais trinta
Art. 10 - O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante dias, a requerimento do interessado, cujo deferimento ficará ao
ato da autoridade competente de cada Poder, do dirigente superior exclusivo critério de administração. (Redação dada pela Lei Com-
de autarquia ou fundação pública. plementar nº 84/1994)
Art. 11 - A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. § 2º - Em se tratando de servidor em licença, ou afastado por
Art. 12 - São formas de provimento em cargo público: qualquer outro motivo legal, o prazo será contado do término do
I - Nomeação; impedimento.
II - Promoção; § 3º - Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por
III - Transposição; nomeação e transposição.
IV - Readaptação; § 4º - No ato da posse, o servidor apresentará, obrigatoriamen-
V - Reversão; te, declaração dos bens e valores que constituem seu patrimônio e
VI - Aproveitamento; declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou
VII - Reintegração; função pública.
VIII - Recondução; § 5º - Será tornado sem efeito o ato de nomeação se a posse
IX - Transferência; (Revogado pela Lei Complementar nº não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste artigo.
327/2003) § 6º - Será permitida a posse, mediante procuração específica.
X - Readmissão. (Revogado pela Lei Complementar nº § 7º - São competentes para dar posse:
373/2004) I - O Prefeito, aos Secretários Municipais e autoridades a este
equiparadas;
SEÇÃO II II - O responsável pelo órgão de pessoal, nos demais casos.
DA NOMEAÇÃO § 8º - A autoridade que der posse deverá verificar, sob pena
de responsabilidade, se foram satisfeitas as condições legais para a
Art. 13 - A nomeação far-se-á: investidura no cargo.
I - Em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado ou de Art. 20 - A posse em cargo público dependerá de prévia inspe-
carreira; ção médica oficial.
II - Em comissão, para cargos de confiança, de livre exoneração.
Parágrafo Único - Só poderá ser empossado aquele que for jul-
Art. 14 - A nomeação para cargo isolado ou de carreira depende
gado apto física e mentalmente par ao exercício do cargo, cabendo
de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e
recurso ao órgão ou autoridade imediatamente superiores a quem
títulos, obedecidos à ordem de classificação e o prazo de sua validade.
decidiu sobre a inaptidão para a posse.
Parágrafo Único - Os demais requisitos para o ingresso e o de-
Art. 21 - Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
senvolvimento do servidor na carreira, serão estabelecidos pela Lei
cargo.
que fixará diretrizes do sistema de carreira na Administração Públi-
§ 1º - O exercício do cargo terá início dentro do prazo de trinta
ca Municipal e seus regulamentos.
Art. 15 - Os cargos em comissão serão providos mediante livre dias, contados:
escolha do Prefeito, preferencialmente entre os servidores ocupan- I - Da data da posse;
tes de cargos de carreira técnica ou profissional, nos casos e nas II - Da data da publicação do ato em qualquer outro caso.
condições previstos em Lei. § 2º - O prazo referido no parágrafo anterior poderá ser pror-
rogado, por igual período, ajuízo da autoridade competente para
SEÇÃO III dar posse.
DO CONCURSO PÚBLICO § 3º - A autoridade competente do órgão ou entidade para
onde for designado o servidor, compete dar-lhe exercício.
Art. 16 - A investidura em cargo de provimento efetivo será § 4º - Será exonerado o servidor empossado que não entrar em
feita mediante concurso público de provas ou de provas e títulos, exercício nos prazos previstos nos §§ 1º e 2º deste artigo.
podendo ser utilizadas, também provas práticas ou prático-orais. Art. 22 - O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do
(Redação dada pela Lei Complementar nº 84/1994) exercício serão registrados no assentamento individual do servidor.
Art. 17 - O concurso público terá validade de até dois anos, po- Parágrafo Único - Ao entrar em exercício, o servidor apresen-
dendo esta ser prorrogada uma única vez, por igual período. tará ao órgão competente os elementos necessários ao assenta-
§ 1º - O prazo de validade do concurso e as condições de sua mento individual.
realização serão fixados em edital, que será publicado no órgão ofi- Art. 24 - O servidor que deva ter exercício em outra localida-
cial e em jornal diário de grande circulação no Município. de terá trinta dias para fazê-lo, incluindo-se neste prazo, o tempo
§ 2º - Não será convocado candidato aprovado em novo con- necessário ao deslocamento para a nova sede, desde que implique
curso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior, mudança de seu domicílio.
com prazo de validade ainda não expirado. Parágrafo Único - Na hipótese de o servidor encontrar-se afas-
Art. 18 - O edital do concurso estabelecerá os requisitos a se- tado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a
rem satisfeitos pelos candidatos. partir do término do afastamento.
Art. 25 - O ocupante de cargo de provimento efetivo fica sujei-
SEÇÃO IV to a quarenta horas semanais de trabalho, salvo quando for estabe-
DA POSSE E DO EXERCÍCIO lecido duração diversa.
Parágrafo Único - O exercício de cargo em comissão exigirá de
Art. 19 - A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, seu ocupante integral dedicação ao serviço, podendo ser convoca-
no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi- do sempre que houver interesse da Administração.
lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão
ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados
os atos de ofício previstos em Lei.

39
LEGISLAÇÃO
SEÇÃO V § 2º São assegurados ao servidor que reverter à atividade os
DA ESTABILIDADE mesmos direitos, garantias, vantagens e deveres aplicáveis aos ser-
vidores em atividade.
Art. 26 O servidor habilitado em concurso público e empossado § 3º A reversão fica sujeita à existência de dotação orçamentá-
em cargo de provimento efetivo, adquirirá estabilidade no serviço ria e financeira, devendo ser observado o disposto na Lei Comple-
público ao completar três anos de efetivo exercício. (Redação dada mentar Federal nº 101, de 4 de maio de 2000.
pela Lei Complementar nº 426/2006) § 4º O servidor de que trata o inciso II do caput deste artigo
Art. 27 - O servidor estável só perderá o cargo em virtude de somente terá os proventos calculados com base nas regras atuais
sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra- se permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. § 5º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 715/2020)
SEÇÃO VI Art. 32 - A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul-
DA PROMOÇÃO tante de sua transformação.
§ 1º Encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá suas
atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga. (Redação
Art. 28 - Promoção é a elevação do servidor para classe ime-
dada pela Lei Complementar nº 715/2020)
diatamente superior aquela a que pertence na mesma carreira,
§ 2º O disposto no § 1º deste artigo não se aplica à hipótese
segundo critério estabelecido em Lei específica, respeitadas as dis-
de que trata o inciso II do caput do artigo 31 desta Lei. (Redação
posições da Lei 5089, de 18 de maio de 1990. acrescida pela Lei Complementar nº 715/2020)
Art. 33. Não poderá reverter o aposentado que já tiver com-
SEÇÃO VII pletado 75 (setenta e cinco) anos de idade. (Redação dada pela Lei
DA TRANSPOSIÇÃO Complementar nº 715/2020)

Art. 29 - Transposição é a passagem do servidor de um para SEÇÃO X


outro cargo de provimento efetivo, de carreira diversa, mediante DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
aprovação em concurso.
Art. 34 - (Revogado pela Lei Complementar nº 426/2006)
SEÇÃO VIII Art. 35 - (Revogado pela Lei Complementar nº 426/2006)
DA READAPTAÇÃO Art. 36 - (Revogado pela Lei Complementar nº 426/2006)

Art. 30 - Readaptação é o aproveitamento do servidor em car- SEÇÃO IX


go de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação DA REINTEGRAÇÃO
que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, verificada
em inspeção médica. Art. 37 - Reintegração é a reinvestidura do servidor no cargo
§ 1º - Se julgado incapaz para o serviço público, o servidor será anteriormente ocupado ou no cargo resultante de sua transforma-
aposentado. ção, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa
§ 2º - A readaptação será efetivada em cargo de carreira de ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
atribuições afins, respeitada a habilitação exigida. § 1º - Na hipótese do cargo ter sido extinto, o servidor ficará
§ 3º - Em qualquer hipótese, inexistindo cargo de igual venci- em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 51 e 54.
mento, a readaptação dar-se-á em cargo de vencimento imediata- § 2º - Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupan-
mente superior. te será reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
ou aproveitado em outro cargo, ou ainda, posto em disponibilidade
remunerada.
SEÇÃO IX
DA REVERSÃO
SEÇÃO XIII
DA RECONDUÇÃO
Art. 31. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposen-
tado: Art. 38 - Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
I - por invalidez, ex officio ou a pedido, quando junta médica anteriormente ocupado e decorrerá de:
oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria, no pra- I - Inabilitação comprovada no período de estágio probatório
zo de cinco anos contados da ciência da cessação da incapacidade; relativo ao novo cargo, conforme o previsto no art. 36. (Redação
ou dada pela Lei Complementar nº 84/1994)
II - no interesse da administração, desde que: II - Reintegração do anterior ocupante.
a) mediante requerimento; Parágrafo Único - Encontrando-se ocupado o cargo de origem, o
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 52.
c) estável quando na atividade;
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à SEÇÃO XIII
solicitação; e DA REDISTRIBUIÇÃO (REDAÇÃO DADA
e) haja cargo vago. PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 327/2003)
§ 1º O servidor que reverter à atividade perceberá, em subs-
tituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do car- Art. 39 Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimen-
go que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza to efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal,
pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria e será repo- para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apre-
sicionado na carreira na mesma situação em que se encontrava ao ciação da Secretaria Municipal de Administração, observados os
aposentar-se. seguintes preceitos:

40
LEGISLAÇÃO
I - interesse da Administração; g) Por convocação para o serviço militar.
II - equivalência de vencimentos; VI - Participação em competição desportiva nacional ou convo-
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; cação para integrar representação desportiva nacional, no país ou
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexi- no exterior, conforme o disposto em Lei específica;
dade das atividades; VII - Afastamento por processo disciplinar, se o servidor for de-
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação clarado inocente, ou se a punição se limitar a pena de advertência;
profissional; VIII - Prisão, se, a final, for reconhecida a ilegalidade daquela,
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalida- ou a improcedência da imputação que a ocasionou.
des institucionais do órgão ou entidade. Art. 46 - Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de disponibilidade:
lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu- I - O tempo de serviço público prestado a União, Estados, Mu-
sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou nicípios, suas respectivas autarquias e fundações, bem como as em-
entidade. presas públicas e sociedades de economia mista;
§ 2º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou enti- II - A licença para atividade política, no caso do art. 122.
dade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou III - O tempo correspondente ao desempenho de mandato ele-
entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado tivo municipal, estadual ou federal, anterior ao ingresso no serviço
em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma que dispõe a público municipal;
Constituição Federal. IV - O tempo de serviço em atividade privada, vinculada a Pre-
§ 3º O servidor que não for redistribuído ou colocado em dis- vidência Social;
ponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do setor de V - O tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
pessoal de seu órgão ou entidade de origem, e ter exercício provi- VI - Exercício de cargo em comissão ou equivalente em órgão
sório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado aproveita- ou entidade federal, estadual, municipal ou Distrito Federal.
mento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 327/2003) § 1º - O tempo em que o servidor esteve aposentado será con-
tado apenas para nova aposentadoria.
§ 2º - Será contado em dobro, para efeito de aposentadoria:
SEÇÃO XIV
a) O tempo de serviço prestado às Forças Armadas em opera-
DA READMISSÃO
ções de guerra;
b) O tempo de licença-prêmio não gozada e nem convertida
Art. 40 - (Revogado pela Lei Complementar nº 373/2004)
em pecúnia.
Art. 41 - Vetado.
§ 3º - É vetada a soma de tempo de serviço simultaneamente
Parágrafo Único - Vetado.
prestado, seja exclusivamente na administração pública, ou nesta e
Art. 42 - (Revogado pela Lei Complementar nº 373/2004)
na atividade privada.
CAPÍTULO III CAPÍTULO IV
DO TEMPO DE SERVIÇO DA VACÂNCIA
Art. 43 - É contado para todos os efeitos o tempo de serviço Art. 47 - A vacância do cargo público decorrerá de:
público municipal local. (Artigo promulgado em 06/11/1992) I - Exoneração;
Art. 44 - A apuração do tempo de serviço será feita em dias, II - Demissão;
que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen- III - Promoção;
tos e sessenta e cinco dias. IV - Transposição;
Parágrafo Único - Feita a conversão, os dias restantes, até cento V - Aposentadoria;
e oitenta e dois, não serão comutados, arredondando-se para um ano VI - Posse em outro cargo de acumulação proibida;
quando excederem este número, para efeito de aposentadoria e adi- VII - Falecimento;
cional por tempo de serviço, quando da passagem para a inatividade. VIII - Transferência;
Art. 45 - Além das ausências ao serviço previstas no art. 143, IX - Readaptação.
são considerados como de efetivo exercícios os afastamentos em X - recondução. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº
virtude de: 84/1994)
I - Férias; Art. 48 - A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do
II - Participação em programas de treinamento regularmente servidor ou de ofício.
instituídos e em cursos de aperfeiçoamento, reciclagem, congres- Parágrafo Único - A exoneração de ofício dar-se-á:
sos, seminários e outros eventos de interesse da atividade do servi- I - Quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
dor, desde que autorizado pela autoridade competente; II - Quando tendo tomado posse, não entrar no exercício.
III - Desempenho de mandato eletivo federal, estadual, munici- Art. 49 - A exoneração de cargo em comissão dar-se-á:
pal ou no Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento; I - A juízo da autoridade competente;
IV - Júri e outros serviços obrigatórios por Lei; II - A pedido do próprio servidor.
V - Licença: Art. 50 - A vaga ocorrerá na data:
a) A gestante, a adotante e a paternidade; I - Do falecimento;
b) Para tratamento da própria saúde; II - Imediata aquela em que o servidor completar setenta anos
c) Para o desempenho de mandato classista, exceto para efeito de idade;
de promoção por merecimento; III - Da vigência da Lei que criar novo cargo e conceder dotação
d) Por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; para o seu provimento ou da que determinar esta última medida,
e) Para tratamento de saúde de pessoa da família do servidor, se o cargo já estiver criado, ou ainda do ato que aposentar, exone-
com remuneração; rar, demitir, conceder promoção ou transposição;
f) Prêmio, por assiduidade; IV - Da posse em outro cargo de acumulação proibida.

41
LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO V TÍTULO II
DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS
CAPÍTULO I
Art. 51 - Extinto o cargo ou declarado a sua desnecessidade, DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
o servidor estável ficará em disponibilidade com remuneração in-
tegral. Art. 57 - Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício
Art. 52 - O retorno à atividade de servidor em disponibilidade de cargo público, com valor fixado em Lei, nunca inferior a um salá-
far-se-á mediante aproveitamento obrigatório no prazo máximo de rio mínimo, reajustado de modo a preservar-lhe o poder aquisitivo,
doze meses em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis sendo vedada a sua vinculação, ressalvado o disposto no inciso XIII
com o anteriormente ocupado. do art. 37 da Constituição Federal.
Parágrafo Único - O órgão de pessoal determinará o imediato Parágrafo Único - A revisão geral da remuneração dos servido-
aproveitamento do servidor em disponibilidade em vaga que vier res far-se-á sempre na mesma data, devendo ocorrer em maio de
a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Mu- cada ano.
nicipal. Art. 58 - Remuneração é o vencimento do cargo, acrescido das
Art. 53 - O aproveitamento do servidor que se encontre em dis- vantagens pecuniárias, permanentes ou temporárias, estabelecidas
ponibilidade dependerá de prévia comprovação de sua capacidade em Lei.
física e mental por junta médica oficial. § 1º - O vencimento dos cargos públicos é irredutível, porém a
§ 1º - Se julgado apto, o servidor assumirá o exercício do cargo remuneração observará o disposto na Constituição Federal.
imediatamente após, a publicação do ato de aproveitamento. § 2º - É assegurada a isonomia de vencimento para cargos de
§ 2º - Verificada a incapacidade definitiva, o servidor em dispo- atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou entre ser-
nibilidade será aposentado. vidores dos Poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as vanta-
Art. 54 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e extinta a gens de caráter individual e as relativas a natureza ou ao local de
disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo de trabalho.
trinta dias, salvo em caso de doença comprovada por junta médica § 3º - É proibido o exercício gratuito de cargos públicos, salvo
oficial. nos casos previstos em Lei.
§ 1º - A hipótese prevista neste artigo configurará abandono Art. 59 - Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a
de cargo apurado mediante processo disciplinar na forma desta Lei. título de remuneração, importância superior à soma dos valores
§ 2º - Nos casos de extinção de órgão ou entidade, os servido- percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, pelo
res estáveis que não puderem ser redistribuídos, na forma deste ar- Prefeito Municipal.
tigo, serão colocados em disponibilidade, até seu aproveitamento. Parágrafo Único - A vedação do caput deste artigo não se aplica
aos servidores que exercem acumulação constitucionalmente per-
CAPÍTULO VI mitida nos termos do art. 37, XVI, da Constituição Federal.
DA SUBSTITUIÇÃO Art. 60 - O servidor perderá:
I - A remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
Art. 55 - Haverá substituição no impedimento do titular de car- justifi cado; (Redação dada pela Lei Complementar nº 634/2017)
go ou função de direção ou chefia. (Vide Decreto nº 8833/2002 nº II - a parcela da remuneração diária, proporcional aos atrasos
8863/2002) e saídas antecipadas iguais ou superiores à soma de 90 (noventa)
§ 1º - A substituição dependerá de ato da Administração. minutos, durante o mês. (Redação dada pela Lei Complementar nº
§ 2º - A substituição será gratuita, quando, porém, exceder a 634/2017)
dez dias, será remunerada e por todo o período. III - (Revogado pela Lei Complementar nº 634/2017)
§ 3º - No caso de substituição remunerada, o substituto perce- Parágrafo Único - A situações mencionadas nos incisos deste
berá a remuneração do cargo em que se der a substituição, salvo se artigo poderão ser toleradas ou compensadas, com justifi cativa
optar pelos vencimentos do seu cargo efetivo. aceita pelo superior imediato, sendo assim consideradas efetivo
exercício. (Redação dada pela Lei Complementar nº 634/2017)
CAPÍTULO VII Art. 61. Salvo por imposição legal ou mandado judicial, ne-
DA REMOÇÃO nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
§ 1º Mediante autorização do servidor poderá ser efetuado
Art. 56 - Remoção é o ato mediante o qual o servidor passa a desconto em sua remuneração a favor de qualquer pessoa física ou
exercer suas funções em outro órgão, ou unidade administrativa da jurídica, por intermédio de regulamento.
Administração Direta, Autarquias ou Fundações, sem que se modi- § 2º O desconto na remuneração do servidor a favor de qual-
fique a sua situação funcional. quer pessoa jurídica fica condicionado à prévia celebração de con-
Parágrafo Único - A remoção ser concedida a requerimento do vênio entre as entidades consignatárias e o Município de Uberlândia
interessado e dependerá da conveniência do serviço. A remoção e/ou a Câmara Municipal. (Redação dada pela Lei Complementar nº
será determinada no caso de interesse de administração, após o 531/2011)
cumprimento do estágio probatório pelo servidor. (Redação dada Art. 62 - As reposições e indenizações ao Erário serão descon-
pela Lei Complementar nº 84/1994) tadas em parcelas mensais não excedentes a décima parte da re-
muneração ou provento, em valores atualizados.
Parágrafo Único - Independentemente do parcelamento pre-
visto neste artigo, o recebimento de quantias indevidas poderá im-
plicar processo disciplinar para apuração das responsabilidades e
aplicação das penalidades cabíveis.
Art. 63 - O servidor em débito com o Erário, que for demitido,
exonerado ou que tiver a sua aposentadoria ou disponibilidade cas-
sada, terá o prazo de sessenta dias para quita-lo.

42
LEGISLAÇÃO
Parágrafo Único - A não quitação do débito no prazo previsto CAPÍTULO III
implicará sua inscrição em dívida ativa. DOS BENEFÍCIOS
Art. 64 - O vencimento, a remuneração e o provento não serão SEÇÃO ÚNICA
objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de pres- DA APOSENTADORIA
tação de alimentos resultante de decisão judicial.
Parágrafo Único - O servidor que for exonerado do serviço pú- Art. 78 - O servidor público será aposentado:
blico municipal terá direito à percepção do saldo do proporcional I - Por invalidez permanente, com proventos integrais, quando
aos dias trabalhados no mês, até o dia de seu desligamento. decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
Art. 65 - Vetado. grave, contagiosa ou incurável, especificadas em Lei, e proporcio-
nais nos demais casos;
SEÇÃO ÚNICA II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-
DA INCORPORAÇÃO DOS QUINTOS tos proporcionais ao tempo de serviço;
III - Voluntariamente:
Art. 66.- (Revogado pela Lei Complementar nº 259/2001) a) Aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta
Art. 67 - (Revogado pela Lei Complementar nº 259/2001) anos, se mulher, com proventos integrais;
b) Aos trinta anos de efetivo exercício em funções de magisté-
CAPÍTULO II rio, se professor, e aos vinte e cinco, se professora, com proventos
DAS INDENIZAÇÕES integrais;
c) Aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e cinco, se
Art. 68 - Constituem indenizações ao servidor: mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço;
I - Ajuda de custo; d) Aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e aos sessen-
II - Diárias; ta, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
III - Transporte. § 1º - Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incu-
Art. 69 - A ajuda de custo destina-se à compensação das des- ráveis, a que se refere o inciso I deste artigo: quadros psicóticos
pesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passa orgânicos; psicoses endógenas; neoplasias malignas; cegueira pro-
a ter exercício nos distritos, com mudança de domicílio em caráter fissional posterior ao ingresso no serviço público; hanseníase; car-
permanente. diopatia grave; pênfigo foliáceo ou vulgar; espondiloartrose anqui-
Art. 70 - A ajuda de custo é calculada sobre o vencimento do losante; osteíte deformante (doença de Paget); insuficiência renal
servidor, não podendo exceder a importância correspondente a crônica; síndrome de imunodeficiência adquirida - AIDS; doença
três meses do respectivo vencimento. desmielinizantes e degenerativas do SNC; paralisias de qualquer
Art. 71 - Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se etiologia, irreversíveis, que prejudiquem ou impeçam a locomoção;
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. lúpus eritematoso sistemático; artrite reumatoide; DPOC avança-
Art. 72 - O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo da; diabetes mellitus grave com complicações renais, circulatórias
quando, injustificadamente, não se apresentar na sede. ou neurológicas irreversíveis e outras que a Lei indicar com base na
Parágrafo Único - Não haverá obrigação de restituir a ajuda de medicina especializada.
custo nos casos de exoneração de ofício, ou de retorno por motivo § 2º - As exceções ao disposto no inciso III alíneas “a” e “c”, no
de doença comprovada. caso de exercício de atividades consideradas penosas, insalubres
Art. 73 - O servidor que, a serviço, se afastar do Município em ou perigosas, serão as estabelecidas em Lei Complementar Federal.
caráter eventual ou transitório, para outro ponto do território na- § 3º - O tempo de serviço público federal, estadual ou munici-
cional, fará jus a passagens e diárias, para cobrir as despesas de pal será computado integralmente para os efeitos de aposentado-
pousadas, alimentação e locomoção. ria e disponibilidade.
§ 1º - A diária será concedida por dia de afastamento, sendo § 4º - Os proventos da aposentadoria, nunca inferiores ao salá-
devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite rio mínimo, serão revistos, na mesma proporção e na mesma data,
fora do Município. sempre que se modificar a remuneração do servidor em atividade,
§ 2º - Nos casos em que o deslocamento para fora do Municí- e serão estendidos ao inativo ou benefícios ou as vantagens poste-
pio constituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará riormente concedidos ao servidor em atividade mesmo quando de-
jus às diárias. correntes de transformação ou reclassificação do cargo ou função
Art. 74 - O servidor que receber diárias e não se afastar do Mu- em que se deu a aposentadoria.
nicípio, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integral- § 5º - o benefício da pensão por morte corresponderá a totali-
mente, no prazo de cinco dias. dade dos vencimentos ou proventos do servidor falecido até o limi-
Parágrafo Único - Na hipótese de o servidor retornar ao Muni- te estabelecido em Lei, observado o disposto no parágrafo anterior.
cípio em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, § 6º - É assegurado ao servidor afastar-se da atividade a partir
deverá restituir as diárias recebidas em excesso, em igual prazo. da data do requerimento da aposentadoria e, a sua não concessão,
Art. 75 - A concessão de ajuda de custo impede a concessão de se declarado insubsistente o pedido, importará na reposição da
diárias e vice-versa. prestação de serviço correspondente ao período de afastamento.
Art. 76 - Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor § 7º - Para efeito de aposentadoria é assegurado a contagem
que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo- recíproca do tempo de serviço na administração pública e na ativi-
ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições dade privada, rural e urbana, hipótese em que os sistemas de pre-
próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. (Vide vidência social se compensação financeiramente, segundo critérios
Decreto nº 6479/1994) estabelecidos em Lei.
Art. 77 - Os valores das indenizações serão fixados por decreto § 8º - O servidor público que retornar à atividade após a cessa-
do Poder Executivo. ção dos motivos que causaram sua aposentadoria por invalidez terá
direito, para todos os fins, salvo para o de promoção, a contagem
do tempo relativo ao período de afastamento.

43
LEGISLAÇÃO
§ 9º - Para efeito de benefício previdenciário, no caso de afas- SUBSEÇÃO II
tamento, os valores serão determinados como se o servidor esti- DA GRATIFICAÇÃO NATALINA
vesse no exercício.
§ 10 - As aposentadorias, inclusive por invalidez decorrente de Art. 84 - A gratificação natalina será paga, anualmente, a todo
acidente em serviço e pensões, serão concedidas e mantidas pelo servidor municipal, independentemente da remuneração a que fi-
órgão previdenciário municipal. zer jus.
§ 11 - O recebimento indevido de benefício havido por fraude, § 1º - A gratificação natalina corresponderá a um doze avos,
dolo ou má-fé, implicará devolução ao Erário do total auferido, de- por mês de efetivo exercício, da remuneração devida, do cargo de
vidamente atualizado, sem prejuízo da ação penal cabível. que seja titular, em dezembro do ano correspondente.
§ 12 - Na hipótese do inciso I deste artigo, o servidor será sub- § 2º - A fração igual ou superior a quinze dias de exercício será
metido à Junta Médica Oficial do Município, que atestará a inva- tomada como mês integral, para efeito do parágrafo anterior.
lidez definitiva, quando caracterizada a incapacidade total para o § 3º - A gratificação natalina será estendida aos inativos e pen-
desempenho das atribuições do cargo ou a impossibilidade de se sionistas, com base nos proventos que perceberem na data do pa-
aplicar o disposto no art. 30 desta Lei Complementar. (Redação gamento daquela.
acrescida pela Lei Complementar nº 449/2007) § 4º O pagamento da gratificação natalina será efetuado da
seguinte forma:
CAPÍTULO IV I - em 02 (duas) parcelas:
DAS VANTAGENS a) a primeira parcela com os devidos descontos previstos em
SEÇÃO I lei, correspondente a 50% (cinquenta por cento) da gratificação na-
DISPOSIÇÕES GERAIS talina para: (Regulamentada pelo Decreto nº 14.235/2013)
1. o servidor que fizer aniversário entre os meses de janeiro a
Art. 79 - Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as junho, com o pagamento no mês de aniversário;
seguintes vantagens: 2. o servidor que fizer aniversário entre os meses de julho a
I - Gratificações e adicionais; dezembro, com o pagamento no mês de julho;
II - Abono familiar; b) a segunda parcela correspondente a 50% (cinquenta por
III - Indenizações. cento) da gratificação natalina, com o pagamento no decorrer do
Parágrafo Único - As gratificações e os adicionais somente se mês de dezembro, no máximo até o dia 20 (vinte);
incorporarão ao vencimento ou provento nos casos indicados na II - integral, com os devidos descontos, no decorrer do mês de
Lei. dezembro, no máximo até o dia 20 (vinte), desde que haja manifes-
Art. 80 - Os servidores que ocupam apenas cargos em comis- tação formal que deve ser dirigida à Diretoria de Desenvolvimento
são, não farão jus a qualquer vantagem que tenha por pressuposto Humano da Secretaria Municipal de Administração, obedecendo
o caráter de permanência no serviço público. aos prazos a seguir:
a) antes do fechamento da folha de pagamento do mês de ani-
SEÇÃO II versário, no caso do servidor que o fizer no primeiro semestre;
DAS GRATIFICAÇÕES E DOS ADICIONAIS b) antes do fechamento da folha de pagamento do mês de ju-
lho, para o servidor com a data de aniversário no segundo semes-
Art. 81 - Além dos vencimentos e das vantagens previstas nes- tre. (Redação dada pela Lei Complementar nº 568/2013)
ta Lei Complementar, serão deferidos aos servidores os seguintes § 5º - Ao servidor inativo e ao pensionista, será paga a primeira
adicionais e gratificações: parcela até o mês de junho de cada ano.
I - Gratificação de função; § 6º - O pagamento de cada parcela far-se-á tomando-se por
II - Gratificação natalina; base a remuneração do mês em que o mesmo ocorrer.
III - Adicional por tempo de serviço; § 7º - A segunda parcela será calculada com base na remune-
IV - Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ração em vigor no mês de dezembro, deduzida a importância da
ou penosas; primeira parcela, pelo valor pago.
V - Adicional pela prestação de serviço extraordinário; § 8º - O servidor exonerado antes de completado o interstício
VI - Adicional noturno; correspondente ao valor da primeira parcela já recebida, ressarcirá
VII - outros relativos à natureza ou ao local de trabalho; e (Re- ao Município a diferença havida, por ocasião de seu desligamento.
dação dada pela Lei Complementar nº 699/2019) (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 204/1998)
VIII - adicional de estabilidade financeira por exercício de cargo § 9º O pagamento da primeira parcela da gratificação natalina
em comissão ou função de confiança. (Redação acrescida pela Lei de que trata o § 4º, I, “a” deste artigo poderá ser de 70% (setenta
Complementar nº 699/2019) por cento), desde que regulamentado por decreto do Chefe do Exe-
cutivo. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 568/2013)
SUBSEÇÃO I Art. 85 - O servidor efetivo ou comissionado, que se aposentar
DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO ou for exonerado da função gratificada ou cargo em comissão, per-
ceberá gratificação natalina proporcional ao número de meses de
Art. 82 - Ao servidor investido em função de chefia, direção ou exercício no ano, com base na média simples dos últimos 12 meses
assessoramento é devida uma gratificação pelo seu exercício. em que ocorrer a exoneração, a aposentadoria e a destituição da
Art. 83 - A Lei Municipal estabelecerá o valor da remuneração dos função gratificada e do cargo comissionado. (Redação dada pela Lei
cargos em comissão e das gratificações previstas no artigo anterior. Complementar nº 273/2002)
Parágrafo único. A remuneração pelo exercício de cargo em co- Art. 86 - O servidor exonerado de cargo em comissão ou dis-
missão ou função gratificada não será incorporada ao vencimento pensado de função gratificada terá assegurado o pagamento da
ou à remuneração do servidor, ressalvado o disposto no artigo 96-A gratificação natalina correspondente ao tempo de efetivo exercício
e seguintes desta Lei Complementar. (Redação dada pela Lei Com- no cargo em comissão ou função gratificada, calculado sobre as res-
plementar nº 699/2019) pectivas remunerações.

44
LEGISLAÇÃO
SUBSEÇÃO III SUBSEÇÃO V
DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO

Art. 87 - Por anuênio de efetivo exercício contínuo ou não, no Art. 94 - O serviço extraordinário será remunerado com acrés-
serviço público municipal local, será concedido ao servidor um adi- cimo de cinquenta por cento em relação à hora normal de trabalho.
cional correspondente a um por cento do vencimento de seu cargo Art. 95 - Somente será permitido serviço extraordinário para
efetivo, ao qual se incorpora para todos os efeitos legais, até o limi- atender a situação excepcionais e temporárias, respeitado o limite
te de trinta e cinco anuênios. máximo de duas horas diárias, podendo ser prorrogado por igual
§ 1º - O adicional é devido a partir do dia imediato aquele em período, se o interesse público o exigir, conforme dispuser decreto
que o servidor completar o tempo de serviço exigido. do prefeito Municipal. (Vide Decreto nº 8773/2002)
§ 2º - O servidor que exercer, cumulativamente, mais de um § 1º - O serviço extraordinário previsto neste artigo será prece-
cargo, terá direito ao adicional de tempo de serviço calculado sobre dido de autorização da chefia imediata, que justificará o fato.
o vencimento de cada um deles. § 2º - Ao serviço extraordinário realizado no horário previsto
Art. 88 - Os ocupantes, unicamente, de cargo em comissão, no art. 96 será acrescido o percentual relativo ao serviço noturno,
não farão jus ao adicional previsto nesta Subseção. em função de cada hora extra.
Art. 89 - Os anuênios percebidos pelo servidor não serão com- § 3º - (declarado inconstitucional pela ADIN nº 10.376-2, de 22
putados nem acumulados, para fins de concessão de anuênios ul- de dezembro de 1993)
teriores.
SUBSEÇÃO VI
SUBSEÇÃO IV DO ADICIONAL NOTURNO
DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE,
PERICULOSIDADE OU PENOSIDADE Art. 96 - O serviço noturno, prestado em horário compreen-
dido entre vinte e duas horas de um dia, cinco horas do dia se-
Art. 90 - Os servidores que trabalhem com habitualidade em guinte, terá o valor/hora acrescido de mais vinte e cinco por cento,
locais insalubres, perigosos, penosos ou em contato permanente computando-se cada hora como cinquenta e dois minutos e trinta
com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus segundos.
a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.
§ 1º - O valor do adicional de insalubridade, conforme graus
SUBSEÇÃO VIII
mínimo, médio e máximo, corresponderão a dez por cento, vinte
DO ADICIONAL DE ESTABILIDADE FINANCEIRA POR EXER-
por cento e quarenta por cento, respectivamente, calculado sobre
CÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIAN-
o menor padrão de vencimento pago pelos cofres municipais.
ÇA (REDAÇÃO ACRESCIDA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº
§ 2º - O valor do adicional de periculosidade será de trinta por
699/2019)
cento, calculado sobre o vencimento padrão do servidor.
§ 3º - O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e
Art. 96-A O servidor ocupante de cargo de provimento efetivo
periculosidade deverá optar por um deles não sendo acumuláveis
estas vantagens. e estável do Município de Uberlândia, que, na condição de efetivo,
§ 4º - O direito ao adicional de insalubridade ou periculosida- tenha exercido cargo em comissão ou função de confiança, por 15
de cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram (quinze) anos, ininterruptos ou intercalados, terá direito a incor-
causa a sua concessão. porar à sua remuneração o valor relativo à diferença entre o ven-
Art. 91 - O adicional de penosidade será devido aos servidores cimento do cargo efetivo e a remuneração do cargo comissionado
em exercício em localidades cujas condições de vida o justifiquem, ou valor integral da função de confiança ocupado de maior monta.
os termos, condições e limites fixados em regulamento. § 1º Para fins de cômputo do benefício de que trata este artigo,
Art. 92 - Haverá permanente controle da atividade de servidor a base de cálculo do valor a ser incorporado considerará as funções
em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou peri- de confiança e os cargos em comissão ocupados em período não
gosos. inferior a 3 (três) anos.
Parágrafo Único - A servidora gestante ou lactante, enquan- § 2º Na impossibilidade de aplicação do disposto no § 1º des-
to durarem a gestação e a lactação, será afastada das operações te artigo, hipótese em que o servidor não tiver ocupado cargo em
e locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local comissão ou função de confiança pelo período mínimo de 3 (três)
salubre e em serviço não perigoso. anos, observar-se-á, para fins de cômputo do benefício de que trata
Art. 93 - na concessão dos adicionais de penosidade, insalubri- este artigo, a permanência por maior tempo.
dade e periculosidade serão observadas as situações constantes da § 3º Para os fins do benefício de que trata este artigo, conside-
legislação específica. rar-se-á, também, o tempo de efetivo exercício no cargo de Secre-
§ 1º - Os locais de trabalho e os servidores que operem com tário Municipal ou equivalente.
raio X ou substâncias radioativas devem ser mantidos sob controle § 4º O adicional de estabilidade financeira por exercício de car-
permanente, de modo que as doses de radiação ionizantes não ul- go em comissão ou função de confiança integra a remuneração do
trapassem o nível máximo previsto na legislação própria. servidor efetivo estável que atenda aos requisitos deste artigo para
§ 2º - Os servidores que fizerem jus aos adicionais referidos todos os efeitos legais, especialmente a ser incorporada aos pro-
no caput deste artigo, serão submetidos a exames médicos a cada ventos da inatividade.
seis meses. § 5º O benefício de que trata este artigo é inacumulável com
qualquer outro benefício de idêntico fundamento, podendo o ser-
vidor beneficiado fazer jus à revisão, mediante renúncia do ante-
rior, quando, após a concessão, vier a preencher 3 (três) anos de
exercício em cargo em comissão ou função de confiança de maior
remuneração, nos termos do caput deste artigo.

45
LEGISLAÇÃO
§ 6º O valor referente ao cálculo e a ser incorporado deverá § 1º - Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada
corresponder ao valor atualizado da simbologia remuneratória vi- na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se
gente à época em que foi exercido o cargo em comissão ou função encontrar internado.
de confiança. § 2º - Inexistindo médico do órgão ou entidade no local onde
§ 7º O servidor beneficiado que exercer cargo em comissão ou se encontra o servidor, será aceito atestado passado por médico
função de confiança deverá optar pela percepção, enquanto per- particular, que deverá ser homologado por médico do Município.
durar esta situação, do adicional de estabilidade financeira de que Art. 106 - Findo o prazo da licença, o servidor será submetido
trata este artigo ou da remuneração pertinente ao respectivo cargo à nova inspeção médica, que concluirá pela volta ao serviço, pela
em comissão ou função de confiança em exercício, respeitando-se prorrogação da licença ou pela aposentadoria.
as demais normas atinentes à espécie. Art. 107 - O atestado e o laudo da junta médica referir-se-ão
§ 8º O disposto no § 7º deste artigo não impede a efetiva in- apenas ao CID (Código Internacional de Doenças), salvo quando se
corporação do adicional de estabilidade financeira por exercício tratar de lesões produzidas por acidentes em serviço ou doença
de cargo em comissão ou função de confiança. (Redação acrescida profissional.
pela Lei Complementar nº 699/2019) Art. 108 - O servidor que apresente indícios de lesões orgânicas
Art. 97 - (Revogado pela Lei nº 8049/2002) ou funcionais será submetido à inspeção médica.
Art. 98 - (Revogado pela Lei nº 8049/2002) Art. 109 - O servidor não poderá recusar-se à inspeção médica,
Art. 99 - (Revogado pela Lei nº 8049/2002) sob pena de suspensão de pagamento da remuneração, até que se
Art. 100 - (Revogado pela Lei nº 8049/2002) realize a inspeção.
Art. 101 - (Revogado pela Lei nº 8049/2002) Art. 110 - No curso da licença poderá o servidor requerer inspe-
ção médica, caso se julgue em condições de reassumir o exercício
CAPÍTULO V ou com direito a aposentadoria.
DAS LICENÇAS
SEÇÃO I SEÇÃO III
DISPOSIÇÕES GERAIS DA LICENÇA A GESTANTE, A ADOTANTE
E DA LICENÇA PATERNIDADE
Art. 102 - Conceder-se-á ao servidor licença:
Art. 111 - Será concedida licença a servidora gestante, por cen-
I - Para tratamento de saúde; (Vide Decreto nº 10.420/2006)
to e vinte dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
II - A gestante, a adotante e a paternidade;
§ 1º - A licença terá início no primeiro dia do nono mês de ges-
III - Por acidente em servidor;
tação, podendo ser retardada por opção da servidora, com auto-
IV - Por motivo de doença em pessoa da família;
rização médica, não podendo, entretanto, ser concedida antes do
V - Para o serviço militar;
início do sétimo mês.
VI - Para a atividade política;
§ 2º - No caso de nascimento prematuro, a licença terá início
VII - Para tratar de interesses particulares; a partir do parto.
VIII - Para desempenho de mandato classista; § 3º - No caso de natimorto, decorridos trinta dias do evento,
IX - Prêmio; a servidora será submetida a exame médico e, se julgada apta, re-
X - Por afastamento do cônjuge ou companheiro. assumirá o exercício.
XI - por motivo de manutenção, substituição ou reparos de pró- § 4º - No caso de aborto, atestado por médico oficial, a servido-
tese e órtese dos servidores portadores de necessidades especiais. ra terá direito a trinta dias de repouso remunerado.
(Redação acrescida pela Lei Complementar nº 428/2006) Art. 111-A Será concedida prorrogação da licença-maternida-
§ 1º - A licença prevista no inciso IV será precedida de atestado de à servidora gestante, por 60 (sessenta) dias consecutivos, sem
ou exame médico e comprovação do parentesco. prejuízo de sua remuneração, mediante requerimento formal,
§ 2º - O servidor poderá permanecer em licença da mesma es- apresentado até 30 (trinta) dias antes do encerramento da licença
pécie por período superior a vinte e quatro meses, nos casos dos prevista no art. 111 desta Lei Complementar.
incisos V, VIII e X, deste artigo. § 1º O direito à prorrogação da licença-maternidade estende-
§ 3º - É vedado o exercício de atividade remunerada, durante -se à servidora adotante ou detentora de guarda judicial para fins
o período da licença prevista nos incisos I, II, III e IV deste artigo. de adoção de criança, na seguinte proporção:
§ 4º - Será de responsabilidade do órgão previdenciário muni- I - 60 (sessenta) dias, no caso de criança de até um ano de ida-
cipal, o pagamento da remuneração a que fizer jus o servidor, du- de;
rante o período da licença referida no inciso I deste artigo, a partir II - 30 (trinta) dias, no caso de criança de mais de um e menos
do décimo sexto dia. de quatro anos de idade;
Art. 103 - A licença concedida dentro de sessenta dias do térmi- III - 15 (quinze) dias, no caso de criança de quatro a oito anos
no de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação. de idade.
§ 2º A prorrogação prevista neste artigo iniciar-se-á no dia sub-
SEÇÃO II sequente ao término da vigência da referida licença.
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE § 3º No período da prorrogação da licença-maternidade, a servi-
dora pública licenciada não poderá exercer qualquer atividade remu-
Art. 104 - Será concedida ao servidor licença para tratamento nerada e a criança não poderá ser mantida em creche ou organização
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem similar, sob pena da perda do direito à prorrogação, sem prejuízo do
prejuízo da remuneração a que fizer jus, observados os termos da devido ressarcimento ao erário, visto que a essência da concessão do
legislação específica. benefício justifica-se nos interesses da criança recém nascida.
Art. 105 - Para licença até quinze dias, a inspeção será feita por § 4º No requerimento formal previsto no caput deste artigo
médico indicado pelo órgão de pessoal e, se por prazo superior, por constará termo de compromisso estipulando as condições estabe-
médico indicado pelo órgão previdenciário municipal. lecidas no § 3º deste artigo, e sua inobservância sujeitará a servido-

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LEGISLAÇÃO
ra licenciada, além do ressarcimento previsto, a responsabilização § 2º - A licença será concedida sem prejuízo da remuneração
administrativa, penal e civil, em razão das despesas relativas à con- do cargo efetivo, até sessenta dias, podendo ser prorrogada por
tratação para sua substituição no período de afastamento. igual período, mediante parecer de junta médica, e, excedendo es-
§ 5º No caso de óbito da criança cessará imediatamente o di- tes prazos, com os seguintes descontos:
reito à prorrogação previsto nesta lei complementar, respeitando- I - De um terço, no quinto e sexto mês;
-se a licença prevista no art. 143, inciso III da Lei Complementar nº II - De dois terços, no sétimo e oitavo mês;
40, de 1992. III - Sem vencimento ou remuneração, do nono ao vigésimo
§ 6º A prorrogação da licença de que trata este artigo será cus- quarto mês.
teada com recursos do Tesouro Municipal. (Redação acrescida pela
Lei Complementar nº 516/2010) SEÇÃO VI
Art. 112 - Pelo nascimento de filho, o servidor terá direito a DA LICENÇA PARA SERVIÇO MILITAR
licença-paternidade de cinco dias úteis, contados a partir da data
do parto. Art. 120 - Ao servidor convocado para o serviço militar será
Art. 113 - Para amamentar o próprio filho, até a data de seis concedida licença a vista de documento oficial.
meses, a servidora terá direito, durante a jornada de trabalho, a § 1º - Do vencimento do servidor será descontado a impor-
duas horas, que poderão ser parceladas em dois períodos de uma tância percebida na qualidade de incorporado salvo se tiver havido
hora. (Regulamentado pelo Decreto nº 10.071/2005) opção pelas vantagens do serviço militar.
Parágrafo Único - Não terão direito ao afastamento para ama- § 2º - Ao servidor desincorporado será concedido prazo não
mentação, as servidoras que cumpram jornada de trabalho igual ou excedente a trinta dias para reassumir o exercício sem perda do
inferior a quatro horas diárias. vencimento ou remuneração.
Art. 114. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial para Art. 121 - Ao servidor oficial da reserva das Forças Armadas
fins de adoção de criança serão concedidos, a título de licença re- será concedida licença com remuneração integral, durante os está-
munerada: gios não remunerados previstos pelos regulamentos militares.
I - cento e vinte dias, se a criança tiver até um ano de idade; Parágrafo Único - No caso de estágio remuneração, assegurar-
II - sessenta dias, se a criança tiver entre um e quatro anos de -se-lhe-á direito de opção de remuneração.
idade; e
III - trinta dias, se a criança tiver de quatro a oito anos de idade. SEÇÃO VII
(Redação dada pela Lei Complementar nº 370/2004) DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA

SEÇÃO IV Art. 122 - O servidor terá direito a licença, sem remuneração.


DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO Durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
Art. 115 - Será licenciado, com remuneração integral, o servi- de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
dor acidentado em serviço. Parágrafo Único - A partir do registro da candidatura e até o
Art. 116 - Configura acidente em serviço o dano físico ou men- décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus a licença se
tal sofrido pelo servidor e que se relacione mediata ou imediata- prejuízo de sua remuneração, mediante comunicação, por escrito,
mente com as atribuições do cargo exercido. do afastamento.
Parágrafo Único - Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
I - Decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi- SEÇÃO VIII
dor no exercício do cargo; DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES
II - Sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
-versa. Art. 123 - A critério da Administração poderá ser concedida ao
Art. 117 - O servidor acidentado em serviço, que necessite de servidor estável, licença para o trato de assuntos particulares, pelo
tratamento especializado, poderá ser tratado em instituição priva- prazo de até dois anos consecutivos, sem remuneração.
da, à conta de recursos públicos. § 1º - O requerente aguardará, em exercício, a concessão da
Parágrafo Único - O tratamento recomendado por junta mé- licença, sob pena de demissão por abandono de cargo.
dica oficial constitui medida de exceção e somente será admissível § 2º - A licença poderá ser interrompida a qualquer tempo, a
quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição pú- pedido do servidor ou no interesse do serviço.
blica. § 3º - Não se concederá nova licença antes de decorridos dois
Art. 118 - A prova do acidente será feita no prazo de dois dias, anos do término da anterior.
prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. Art. 124 - Ao servidor ocupante de cargo em c omissão não se
concederá a licença de que trata o artigo anterior.
SEÇÃO V
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA SEÇÃO IX
EM PESSOAS DA FAMÍLIA DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO CLASSISTA

Art. 119 - Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo Art. 125 É garantida a liberação do servidor público municipal
de doença do cônjuge ou companheira, padrasto ou madrasta, as- para o exercício de mandato eletivo em diretoria de entidade sin-
cendente e descendente, enteado ou tutelado, mediante compro- dical, sem prejuízo da remuneração, e dos demais direitos e vanta-
vação médica. gens de seu cargo. (Artigo promulgado em 06/11/1992)
§ 1º - A licença somente será deferida se a assistência direta
do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea-
mente com o exercício do cargo, o que deverá ser apurado, através
de acompanhamento social.

47
LEGISLAÇÃO
SEÇÃO X SEÇÃO XII
DA LICENÇA PRÊMIO DA LICENÇA POR MOTIVO DE MANUTENÇÃO, SUBSTITUIÇÃO
(VIDE REGULAMENTAÇÃO DADA PELO DECRETO Nº OU REPAROS DE PRÓTESE E ÓRTESE DOS SERVIDORES POR-
13.809/2012) TADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS (REDAÇÃO ACRESCI-
DA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 428/2006)
Art. 126 - Após cada cinco anos de efetivo exercício no serviço
público municipal local, o servidor efetivo fará jus a três meses de Art. 133-A O servidor portador de necessidades especiais, que
licença-prêmio, consecutivo ou não, com a remuneração do cargo faz uso de órtese ou prótese, deverá apresentar ao seu superior
que ocupa. imediato documento comprobatório de que o aparelho esteja em
Parágrafo Único - As faltas injustificadas ao serviço retardarão manutenção ou necessite de substituição ou reparos, além de in-
a concessão da licença prevista neste artigo, na proporção de dez dicar por quanto tempo esta situação o impedirá de comparecer
dias para cada falta. ao trabalho, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contadas a
Art. 127 - Não se concederá licença prêmio ao servidor que, no partit do início do referido procedimento. (Redação acrescida pela
período aquisitivo: Lei Complementar nº 428/2006)
I - Sofrer penalidade disciplinar de suspensão; Art. 133-B Quando do primeiro afastamento, o documento de
II - Afastar-se do cargo em virtude de: que trata o art. 133 A deverá ser encaminhado ao Núcleo de Assun-
a) Licença por motivo de doença em pessoa da família, sem tos Sociais da Diretoria de Desenvolvimento Humano, que solicitará
remuneração; a avaliação de médico perito, o qual decidirá sobre a necessidade
b) Licença para tratar de interesses particulares; ou não do afastamento do servidor em relação às suas atribuições,
c) Condenação a pena privativa de liberdade por sentença de- face à ausência da prótese ou órtese. (Redação acrescida pela Lei
finitiva; Complementar nº 428/2006)
d) Afastamento para acompanhar cônjuge ou companheiro. Art. 133-C Os afastamentos posteriores, pelo mesmo motivo,
Art. 128 - O número de servidores em gozo simultâneo de li- levarão em conta a apreciação do médico perito realizada da pri-
cença-prêmio não poderá ser superior a um terço da lotação da meira vez. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 428/2006)
respectiva unidade administrativa do órgão ou entidade. Art. 133-D Quando o pedido de afastamento for superior a três
Art. 129 - O pedido de concessão de licença-prêmio deverá ser dias, o Núcleo de Assuntos Sociais da Diretoria de Desenvolvimento
instruído com a certidão de contagem de tempo fornecida pela re- Humano tomará as providências cabíveis para verificar a pertinên-
partição competente. cia do prazo solicitado. (Redação acrescida pela Lei Complementar
Art. 130 - O servidor poderá optar entre gozar a licença-prê- nº 428/2006)
mio, podendo acumulá-la, converter em dinheiro ou contar em
dobro para efeito de aposentadoria; neste último caso, o período
CAPÍTULO VI
simples será computado para efeito de concessão do adicional por
DAS FÉRIAS
tempo de serviço.
Parágrafo Único - Ao servidor exoneração, ou demitido, será
Art. 134 O servidor terá direito ao gozo de 30 (trinta) dias de
paga importância equivalente à licença-prêmio não fruída, cujo pe-
férias a cada 12 (doze) meses de efetivo exercício, de acordo com
ríodo aquisitivo já tenha se completado, exceto se o mesmo optar,
escala organizada pelo titular do órgão de lotação. (Redação dada
por escrito, para que o período seja contado em dobro, como tem-
pela Lei Complementar nº 634/2017)
po de serviço.
§ 1º As férias poderão ser usufruídas em até 3 (três) períodos
SEÇÃO XI não inferiores a 10 (dez) dias, desde que requeridas pelo servidor
DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO e no interesse da administração, neste caso, o servidor receberá
DO CÔNJUGE OU COMPANHEIRO o adicional de 1/3 (um terço) no momento da fruição do primeiro
período (Redação dada pela Lei Complementar nº 634/2017)
Art. 131 - Poderá ser concedida licença ao servidor efetivo para § 2º Não poderá ser autorizado o gozo de novo período fruiti-
acompanhar cônjuge ou companheiro servidor público, de qual- vo de férias enquanto houver saldo remanescente. (Redação dada
quer esfera, que for deslocado para outro ponto do Estado, do Ter- pela Lei Complementar nº 634/2017)
ritório Nacional ou para o exterior. § 3º O servidor efetivo ou comissionado, que for dispensado
§ 1º - A licença será concedida mediante pedido devidamente da função gratifi cada ou exonerado do cargo em comissão, terá
instruído. direito a perceber a título de férias, conforme a média simples das
§ 2º - A licença será por prazo indeterminado e sem remunera- remunerações que percebeu nos últimos 12 (doze) meses. (Reda-
ção, devendo ser comprovada a sua necessidade a cada dois anos. ção dada pela Lei Complementar nº 634/2017)
Art. 132 - Não sendo mais justificado o afastamento do cônju- § 4º A Concessão de férias coletivas é ato discricionário da au-
ge, o servidor deverá reassumir o exercício no prazo de trinta dias, toridade competente, e observar-se-á, quando necessário, a frui-
a partir dos quais a sua ausência será computada como falta ao ção e o pagamento proporcional de acordo com o período aquisiti-
trabalho. vo. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 634/2017)
Art. 133 - Independentemente do regresso do cônjuge, o servi- § 5º O gozo de férias do servidor sempre se inicia em um dia
dor poderá reassumir o exercício a qualquer tempo, não podendo, útil. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 634/2017)
neste caso, renovar o pedido de licença se não depois de dois anos Art. 135 - O pagamento da remuneração das férias será efetua-
da data da reassunção, salvo se o cônjuge for transferido novamen- do até dois dias antes do início do respectivo período, observando-
te para outro lugar. -se o disposto no § 1º deste artigo.
§ 1º É facultado ao servidor converter um terço das férias em
abono pecuniário, desde que cumulativamente:
I - seja protocolado requerimento na Diretoria de Desenvolvi-
mento Humano com ao menos 60 (sessenta) dias de antecedência;

48
LEGISLAÇÃO
II - tenha disponibilidade orçamentária declarada por meio de Art. 145 - O servidor legalmente responsável por pessoa porta-
Decreto para o respectivo exercício. (Redação dada pela Lei Com- dora de deficiência, que esteja em tratamento especializado, com
plementar nº 576/2013) necessidade comprovada por junta médica oficial, terá sua jornada
§ 2º - No cálculo do abono pecuniário será considerado o valor diária de trabalho reduzida a seis horas corridas, conforme laudo
do acréscimo da remuneração de férias previsto no art. 137. médico expedido pela mesma.
§ 3º O servidor poderá optar pela não antecipação do paga- Art. 146 O servidor efetivo, sem cargo de provimento em co-
mento da remuneração de férias, mediante requerimento próprio, missão, poderá ser cedido mediante requisição para ter exercício
com pelo menos 60 (sessenta) dias de antecedência. (Redação em outros órgãos ou entidades públicas dos poderes da União, do
acrescida pela Lei Complementar nº 634/2017) Estado, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como em entida-
Art. 136 - O servidor que opera direta e permanentemente des privadas, sem fins lucrativos, nas seguintes hipóteses:
com raios X ou substâncias radioativas gozará vinte dias consecu- I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;
tivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em II - em casos previstos em lei específica;
III - mediante convênio. (Redação dada pela Lei Complementar
qualquer hipótese, a acumulação.
nº 312/2003)
Parágrafo Único - O servidor referido neste artigo não fará jus
§ 1º Na hipótese do inciso I deste artigo, o ônus da remunera-
ao abono pecuniário de que trata o artigo anterior.
ção será do órgão ou entidade requisitante. (Redação dada pela Lei
Art. 137 - Por ocasião das férias será pago ao servidor um terço
Complementar nº 312/2003) (Parágrafo único transformado em §
a mais de sua remuneração, calculada com base na média simples, 1º pela Lei Complementar nº 605/2015)
conforme previsto no § 3º do art. 134. § 2º Na hipótese do inc. III, a cessão poderá se dar com ônus
Parágrafo Único - No caso do servidor ter exercido função gra- para o órgão ou entidade requisitante ou para o órgão cedente,
tificada ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vantagem será desde que devidamente justificado. (Redação acrescida pela Lei
considerada na remuneração apurada nos termos do § 3º do art. Complementar nº 605/2015)
134, inclusive no cálculo do adicional de que trata este artigo. (Re- § 3º Quando a cessão se der nos termos do parágrafo ante-
dação dada pela Lei Complementar nº 273/2002) rior com ônus para o órgão requisitante e o servidor cedido perma-
Art. 138 - O servidor promovido, transferido ou removido, necer na folha de pagamento do órgão cedente, caberá ao órgão
quando em gozo de férias, não será obrigado a apresentar-se antes requisitante promover o reembolso. (Redação acrescida pela Lei
de terminá-las. Complementar nº 605/2015)
Art. 139 - (Revogado pela Lei Complementar nº 634/2017) § 4º Para fins desta Lei Complementar considera-se reembolso,
Art. 140 - As férias somente poderão ser interrompidas por a restituição ao cedente das parcelas da remuneração ou salário, já
motivos de calamidade pública, comoção interna, convocação para incorporadas à remuneração ou salário do servidor cedido, de na-
júri, serviço militar ou eleitoral ou por motivo de superior interesse tureza permanente, inclusive encargos sociais. (Redação acrescida
público. pela Lei Complementar nº 605/2015)
Art. 141 - É proibida a acumulação de férias, salvo em caso de § 5º O reembolso, quando devido, deverá ser realizado até o
absoluta necessidade do serviço e pelo prazo máximo de dois anos, 5º dia útil do mês subsequente ao serviço prestado, devendo o ces-
com justificação comprovada pela chefia imediata e ratificada pelo sionário apresentar o comprovante de pagamento no primeiro dia
titular do órgão de lotação. útil subsequente ao efetuado. (Redação acrescida pela Lei Comple-
Parágrafo Único - Em caso de acumulação de férias, poderá o mentar nº 605/2015)
servidor gozá-las ininterruptamente. § 6º O valor do reembolso, quando devido, será apresentado
Art. 142 Em caso de exoneração, demissão, aposentadoria e ao cessionário pelo cedente, sempre que houver alteração do valor
falecimento, é assegurado o direito ao pagamento de indenização da remuneração ou salário, discriminando a parcela remuneratória
relativa ao período aquisitivo de férias não gozadas, ao incompleto, e o servidor objeto da cessão. (Redação acrescida pela Lei Comple-
mentar nº 605/2015)
na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de efetivo exercício,
Art. 147 - O servidor estável poderá ausentar-se do Município
ou fração igual ou superior a 15 (quinze) dias. (Redação dada pela
para estudo, sem remuneração, desde que autorizado pelo Prefeito
Lei Complementar nº 634/2017)
Municipal.
§ 1º - Poderá ser autorizada a ausência, com percepção in-
CAPÍTULO VII tegral de sua remuneração, se o estudo for afim com a atividade
DAS CONCESSÕES pública exercida pelo servidor, mediante autorização motivada do
Prefeito Municipal.
Art. 143 - Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar- § 2º - A ausência de que trata este artigo não excederá de qua-
-se do serviço: tro anos, e, findo o período, somente decorrido outro igual, será
I - Por um dia, para doação de sangue; permitida nova ausência para estudo, ou concedida licença para
II - Por dois dias, para se alistar como eleitor; tratar de interesse particular.
III - Por oito dias consecutivos em razão de:
a) Casamento; CAPÍTULO VIII
b) Falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou DO EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela, irmãos,
avós e netos. Art. 148 - Ao servidor municipal investido em mandato eletivo,
Art. 144 - Será concedido horário especial ao servidor estudan- aplicam-se as disposições previstas na Constituição Federal.
te, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar Parágrafo Único - O servidor investido em mandato eletivo Mu-
e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. nicipal é inamovível de ofício pelo tempo de duração do seu man-
Parágrafo Único - Para efeito do disposto neste artigo será exi- dato.
gida a compensação de horário na repartição, respeitada a duração
semanal do trabalho.

49
LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO IX TÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA A SAÚDE E SEGURIDADE SOCIAL DO REGIME DISCIPLINAR
CAPÍTULO I
Art. 149 - A assistência a saúde do servidor ativo ou inativo e de DOS DEVERES
sua família compreende assistência médica, hospitalar, odontológi-
ca, psicológica e farmacêutica prestada na forma da Lei Municipal. Art. 163 - São deveres do servidor:
Art. 150 - O Município manterá Plano de Seguridade Social I - Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
para o servidor e sua família, através de seu órgão Previdenciário. II - Ser leal às instituições a que servir;
Parágrafo Único - O Plano de Seguridade Social visa dar cober- III - Observar as normas legais e regulamentares;
tura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família e com- IV - Cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta-
preende um conjunto de benefícios estabelecidos em legislação mente ilegais;
específica. V - Atender com presteza:
a) Ao público, em geral, prestando as informações requeridas,
CAPÍTULO X ressalvadas as protegidas por sigilo;
DO DIREITO DE PETIÇÃO b) À expedição de certidões requeridas para defesa de direito
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Art. 151 - É assegurado ao servidor o direito de requerer aos c) Às requisições para a defesa do Município, com preferência
Poderes Municipais, em defesa de direito ou interesse legítimo. sobre qualquer outro serviço.
Art. 152 - O requerimento será dirigido à autoridade compe- VI - Levar ao conhecimento da autoridade superior as irregula-
tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que ridades de que tiver ciência em razão do cargo;
estiver imediatamente subordinado o requerente. VII - Zelar pela economia do material e pela conservação do
Art. 153 - Cabe pedido da reconsideração à autoridade que que for confiado à sua guarda ou utilização;
houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não poden- VIII - Guardar sigilo sobre assuntos da repartição;
do ser renovado. IX - Manter conduta compatível com a moralidade administra-
Parágrafo Único - O requerimento e o pedido de reconsidera- tiva;
ção de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados X - Ser assíduo e pontual ao serviço, inclusive na convocação
no prazo de cinco dias e decididos dentro de trinta dias. para serviços extraordinários;
Art. 154 - Caberá recursos: XI - Tratar com urbanidade as pessoas;
I - Do indeferimento do pedido de reconsideração; XII - Representar contra a ilegalidade, omissão ou abuso de po-
II - Das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. der;
§ 1º - O recurso será dirigido a autoridade imediatamente su- XIII - Sugerir providências tendentes à melhoria dos serviços;
perior a que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessi- XIV - Frequentar cursos de treinamento ou especialização,
vamente, em escala ascendente, ás demais autoridades. quando designado.
§ 2º - O recurso será encaminhado por intermédio da autorida- XV - manter sempre atualizados seus dados cadastrais, espe-
de a que estiver imediatamente subordinado o requerente. cialmente, endereço residencial e domiciliar, e relação de depen-
Art. 155 - O prazo para interposição de pedido de reconciliação dentes. (Redação acrescida pela Lei Complementar nº 528/2011)
ou de recurso é de trinta dias, a contar da publicação ou da ciência, Parágrafo Único - A representação de que trata o inciso XII,
pelo interessado, da decisão recorrida. deste artigo, será encaminhada pela via hierárquica e obrigatoria-
Art. 156 - O recurso poderá ser recebido com efeito suspensi- mente apreciada pela autoridade superior aquela contra a qual é
vo, a juízo da autoridade competente. formulada, assegurando-se ao representante o direito de defesa.
Parágrafo Único - Em caso de provimento do pedido de recon-
sideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão a data do CAPÍTULO II
ato impugnado. DAS PROIBIÇÕES
Art. 157 - O direito de requerer prescreve:
I - Em cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação Art. 164 - Ao servidor é proibido:
de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afete interesse patri- I - Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
monial e créditos resultantes das relações de trabalho; autorização do chefe imediato;
II - Em cento e vinte dias, nos demais casos, salvo quando outro II - Retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
prazo for fixado em Lei. qualquer documento ou objeto da repartição;
Parágrafo Único - O prazo de prescrição será contado da data III - Recusar fé a documentos públicos;
da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interes- IV - Opor resistência injustificada a tramitação de documento e
sado, quando o ato não for publicado. processo ou execução de serviço;
Art. 158 - O pedido de reconsideração e o recurso, quando ca- V - Promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
bíveis, interrompem a prescrição. da repartição;
Art. 159 - A prescrição é de ordem pública, não podendo ser VI - Referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso às auto-
relevada pela Administração, sem expressa autorização legislativa. ridades públicas ou aos atos do Poder Público, mediante manifes-
Art. 160 - Para o exercício do direito de petição, é assegurada tação escrita ou oral, podendo, porém, criticar ato do Poder Públi-
vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a co, do ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço, em
procurador por ele constituído, podendo ser extraídas cópias de trabalho assinado;
atas e documentos do processo por procurador habilitado. VII - Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
Art. 161 - A Administração deverá rever seus atos, a qualquer previstos em Lei, o desempenho de atribuição que seja de sua res-
tempo, quando eivados de ilegalidade. ponsabilidade ou de seu subordinado;
Art. 162 - São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos VIII - Coagir ou aliciar outro servidor no sentido de filiação à
neste Capítulo, salvo motivo de força maior. associação profissional, sindical ou partido político;

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LEGISLAÇÃO
IX - Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de § 3º - A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucesso-
confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau res e contra eles será executada, até o limite do valor da herança
civil; recebida.
X - Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou- Art. 170 - A responsabilidade penal abrange os crimes e contra-
trem, em detrimento da dignidade da função pública; venções imputados ao servidor, nessa qualidade.
XI - Participar de gerência ou de administração de empresa pri- Art. 171 - A responsabilidade administrativa resulta de ato
vada, de sociedade civil, ou exercer comércio e, nessa qualidade, omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fun-
transacionar com o Município, exceto se a transação for precedida ção.
de licitação; Art. 172 - As sanções civis, penais e administrativas poderão
XII - Atuar, como procurador ou intermediário, junto a repar- cumular-se, sendo independentes entre si.
tições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciá- Art. 173 - A responsabilidade civil ou administrativa do servidor
rios ou assistenciais de parentes até segundo grau, e de cônjuge ou será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência
companheiro; do fato ou sua autoria.
XIII - Receber propina, comissão, presente ou vantagem de Art. 174 - É dever das chefias fazer cumprir as determinações
qualquer espécie, em razão de suas atribuições; expedidas pelas autoridades competentes, através dos atos norma-
XIV - Praticar usura sob qualquer de suas formas; tivos, sob pena, inclusive, de destituição de função.
XV - Proceder de forma desidiosa;
XVI - Utilizar pessoal ou recurso materiais da repartição em ser- CAPÍTULO V
viços ou atividades particulares; DAS PENALIDADES
XVII - Cometer a outro servidor atribuições estranhas às do
cargo que ocupa, exceto em situações transitórias de emergência; Art. 175 - São penalidades disciplinares:
XVIII - Exercer quaisquer atividades, inclusive conversas e leitu- I - Advertência;
ras, que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e II - Suspensão;
com o horário de trabalho. III - Demissão;
IV - Cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
CAPÍTULO III V - Destituição de cargo em comissão;
DA ACUMULAÇÃO VI - Destituição de função gratificada.
Art. 176 - Na aplicação das penalidades serão consideradas a
Art. 165 - A acumulação remunerada de cargos públicos so- natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
mente será permitida nos casos previstos na Constituição da Re- provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
pública. atenuantes e os antecedentes funcionais.
Parágrafo Único - A proibição de acumular estende-se a empre- Art. 177 - A advertência será aplicada por escrito, nos casos de
gos e funções e abrange autarquias, empresas públicas, sociedades violação de proibição constantes do art. 164, incisos I a IX, e de ino-
de economia mista e fundações mantidas pelo Poder Público. bservância de dever funcional previsto em Lei, regulamento ou nor-
Art. 166 - O servidor não poderá exercer mais de um cargo em ma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave.
comissão, nem ser remunerado pela participação em órgão de de- Art. 178 - A suspensão será aplicada em caso de reincidência
liberação coletiva. das faltas punidas com a advertência e de violação das demais proi-
Art. 167 - O servidor, vinculado ao regime desta Lei, que acu- bições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demis-
mular licitamente dois cargos de carreira, quando investido em car- são, não podendo exceder de noventa dias.
go de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos Parágrafo Único - Será punido com suspensão de até quinze
efetivos. dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido
§ 1º - O servidor que se afastar dos dois cargos que ocupa po- à inspeção médica determinada pela autoridade competente, cas-
derá optar pela remuneração destes mais a gratificação do cargo sando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
em comissão ou, unicamente,por aquela do cargo em comissão. Art. 179 - As penalidades de advertência e de suspensão terão
§ 2º - O afastamento previsto neste artigo ocorrerá apenas em seus registros cancelados, após o decurso de três e cinco anos de
relação a um dos cargos, se houver compatibilidade de horários. efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse
§ 3º - O servidor que se afastar de um dos cargos que ocupa, período, praticado nova infração disciplinar.
poderá optar pela remuneração deste, mais a gratificação do cargo Parágrafo Único - O cancelamento da penalidade não surtirá
em comissão ou pela remuneração correspondente ao cargo em efeitos retroativos.
comissão. Art. 180 - A demissão será aplicada nos seguintes casos:
I - Crime contra a Administração Pública;
CAPÍTULO IV II - Abandono de cargo;
DAS RESPONSABILIDADES III - Inassiduidade habitual;
IV - Improbidade administrativa;
Art. 168 - O servidor responde civil, penal e administrativamen- V - Incontinência pública e conduta escandalosa, no local de
te, pelo exercício irregular de suas atribuições. trabalho;
Art. 169 - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou VI - Insubordinação grave em serviço;
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao Erário ou VII - Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
a terceiros. em legítima defesa ou defesa de outrem;
§ 1º - A indenização de prejuízo dolosamente causado ao Erá- VIII - Aplicação irregular de dinheiros públicos;
rio somente será liquidada na forma prevista no art. 62, na falta de IX - Revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. cargo;
§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o X - Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio mu-
servidor perante a Fazenda Pública em ação regressiva. nicipal;

51
LEGISLAÇÃO
XI - Corrupção; TÍTULO IV
XII - Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi- DOS PROCEDIMENTOS DE NATUREZA DISCIPLINAR
cas; CAPÍTULO I
XIII - Transgressão do art. 164, incisos X a XVII. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 181 - Verificada, em processo disciplinar, acumulação proi-
bida e provada a boa-fé, o servidor optará por um dos cargos. Art. 191 - O servidor que tiver ciência de irregularidade no ser-
§ 1º - Provada a má-fé, perderá também o cargo que exercia há viço público é obrigado a dar ciência à autoridade e esta a tomar
tempo e restituirá o que tiver percebido indevidamente. providências, objetivando a apuração dos fatos e responsabilida-
§ 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, sendo um dos cargos, des, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar.
empregos ou função exercido em outro órgão ou entidade, a de- § 1º - As providências de apuração terão início logo em seguida
missão lhe será comunicada. ao conhecimento dos fatos e serão tomadas na Secretaria, onde
Art. 182 - A destituição de cargo em comissão exercido por não estes ocorreram, devendo consistir, no mínimo, em relatório cir-
ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujei- cunstanciado sobre o que se verificou.
tas às penalidades de suspensão e de demissão. § 2º - A averiguação preliminar de que trata o parágrafo an-
Art. 183 - A demissão ou a destituição de cargo em comissão terior poderá ser cometida pelo Secretário da área a servidor ou
nos casos dos incisos IV, VIII e X do art. 180, implica a indisponibi- comissão de servidores.
lidade dos bens e o ressarcimento ao Erário, sem prejuízo de ação Art. 192 - O processo administrativo disciplinar procederá sem-
penal cabível. pre a aplicação das penas de suspensão, por mais de trinta dias,
Art. 184 - A demissão ou a destituição de cargo em comissão destituição de função gratificada ou de cargo em comissão, demis-
por infrigênica do art. 164, incisos X e XIII, incompatibiliza o ex-ser- são e cassação de aposentadoria ou disponibilidade, sendo assegu-
vidor para nova investidura em cargo público pelo prazo mínimo rada ao acusado ampla defesa.
de cinco anos. (Redação dada pela Lei Complementar nº 154/1996) Art. 193 - Quando o fato narrado não configurar evidente in-
Parágrafo Único - Não poderá retornar ao serviço público mu- fração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por
nicipal, o servidor que for demitido ou destituído do cargo em co- falta de objeto.
missão por infrigência do art. 180, incisos I, IV, VIII, X e XI.
Art. 194 - Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
Art. 185 - A destituição de função gratificada será aplicada nos
venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau-
casos de infração, sujeita a penalidade de suspensão.
radora do processo disciplinar poderá ordenar o seu afastamento
Art. 186 - Configura abandono de cargo a ausência intencional
do exercício do cargo, pelo prazo de até sessenta dias, sem prejuízo
do servidor ao sérviço por mais de trinta dias consecutivos. (Regu-
da remuneração.
lamentado pelo Decreto nº 16.466/2016)
Parágrafo Único - O afastamento poderá ser prorrogado por
Art. 187 - Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
durante o período de doze meses. concluído o processo.
Art. 188 - O ato da imposição da penalidade mencionará sem-
pre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. CAPÍTULO II
Art. 189 - As penalidades disciplinares serão aplicadas: DA SINDICÂNCIA
I - Pelo Prefeito, pelo Presidente da Câmara Municipal e pelo
dirigente superior de autarquia e fundação, quando se tratar de de- Art. 195 - A sindicância é peça preliminar informativa do pro-
missão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor cesso administrativo disciplinar, devendo ser promovida quando os
vinculado ao respectivo Poder, órgão ou entidade; fatos não estiverem definidos ou faltarem elementos indicativos da
II - Pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata- autoria.
mente inferior aquelas mencionadas no inciso I deste artigo, quan- § 1º - O relatório da sindicância conterá a descrição articulada
do se tratar de suspensão superior a trinta dias; dos fatos e proposta objetiva ante o que se apurou.
III - Pelo chefe da repartição ou outra autoridade, na forma dos § 2º - Quando recomendar a instauração de processo adminis-
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência trativo, o relatório deverá apontar os dispositivos legais infringidos
ou de suspensão de até trinta dias; e a autoria apurada.
IV - Pela autoridade que houver feito à nomeação ou s desig- Art. 196 - A sindicância não comporta o contraditório e tem
nação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão de caráter sigiloso, devendo ser ouvidos, no entanto, os envolvidos
não ocupante de cargo efetivo ou destituição de função gratificada. nos fatos.
Art. 190 - A ação disciplinar prescreverá: Art. 197 - A sindicância deverá estar concluída no prazo de
I - Em cinco anos, quanto às infrações puníveis com demissão, trinta dias, que só poderá prorrogado, mediante justificação fun-
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo damentada.
em comissão; Art. 198 - Da sindicância poderá resultar:
II - Em dois anos, quanto à suspensão e destituição de função I - Arquivamento do processo;
gratificada; II - Aplicação de penalidades de advertência ou suspensão de
III - Em cento e oitenta dias, quanto à advertência. até trinta dias;
§ 1º - O prazo de prescrição começa a fluir da data em que o III - Instauração de processo administrativo disciplinar.
fato se tornou conhecido.
§ 2º - Os prazos de prescrição previstos na Lei penal aplicam-se CAPÍTULO III
às infrações disciplinares capituladas também como crime. DO PROCESSO DISCIPLINAR
§ 3º - A abertura de sindicância ou a instauração de processo
disciplinar interrompem a prescrição, até a decisão final proferida Art. 199 - O processo disciplinar é o instrumento destinado a
por autoridade competente. apurar a responsabilidade do servidor por infração praticada no
§ 4º - Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
fluir a partir do dia em que cessar a interrupção. ções do cargo em que se encontre investido.

52
LEGISLAÇÃO
Art. 200 - O processo disciplinar será conduzido por Comissão Art. 208 - As testemunhas serão intimadas a depor mediante
Processante, permanente ou especial, composta de três servidores, mandato expedido pelo Presidente da Comissão, devendo a segun-
entre os quais um advogado, designados pela autoridade compe- da via, com o ciente do interessado, ser anexada aos autos.
tente que indicará, dentre eles, o seu Presidente. (Vide Decreto nº Parágrafo Único - Se a testemunha for servidor público, a ex-
13.878/2013) pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da
§ 1º - A Comissão terá como secretário um servidor designado repartição onde serve, com indicação do dia e da hora marcados
pelo seu presidente, podendo a designação recair em um dos seus para a inquirição.
membros. Art. 209 O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
§ 2º - Não poderá participar de Comissão Processante, cônju- termo, não sendo lícito á testemunha trazê-lo por escrito.
ge, companheiro ou parente do acusado, consanguíneo ou afim, § 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente.
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, seu amigo íntimo § 2º - Na hipótese de depoimento contraditórios ou que se in-
ou inimigo. firmem, proceder-se-á a acareação entre os depoentes.
Art. 201 - A Comissão Processante exercerá suas atividades Art. 210 - A comissão promoverá o interrogatório do acusa-
com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessá- do, e em seguida, inquirirá as testemunhas, observados os proce-
rio à elucidação do fato, ou exigido pelo interesse da Administra- dimentos previstos nos artigos 208 e 209. (Redação dada pela Lei
ção, bem assim, ampla garantia no exercício de suas atribuições. Complementar nº 154/1996)
Parágrafo Único - Incorrerá em falta grave, passível de demis- § 1º - No caso de mais de um acusado, cada um deles será ou-
são, o servidor que, por qualquer meio, obstar dolosamente o an- vido separamente, e, sempre que divergirem em suas declarações
damento dos trabalhos da Comissão, incorrer em atitude de ofensa sobre os fatos ou circunstâncias, será promovida acareação entre
ou desrespeito em relação aos seus membros ou tentar persuadi- eles.
-los em sua decisão. § 2º - O procurador do acusado poderá assistir ao interroga-
Art. 202 - O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes tório, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado
fases: interferir nas perguntas e respostas facultando-se-lhe, porém, rein-
I - Instauração com a publicação do ato que constituir a Co- quiri-las, por intermédio do presidente da comissão.
missão; Art. 211 - Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
II - Instrução, que compreende interrogatório, produção de
submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo
provas, defesa e relatórios;
menos um médico psiquiatra.
III - Julgamento.
Parágrafo Único - O incidente de sanidade mental será proces-
Parágrafo Único - A instauração do processo disciplinar compe-
sado em auto apartado e penso ao processo principal, após a expe-
te as autoridades de que trata o inciso I do art. 189 desta Lei Com-
dição do laudo pericial.
plementar, admitindo-se a delegação pelo Prefeito Municipal, pelo
Art. 212 - Tipificada a infração disciplinar, será formulada a in-
Presidente Municipal, pelo Presidente da Câmara Municipal e pelo
dicação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados
dirigente superior de autarquia e fundação. (Redação dada pela Lei
e das respectivas provas.
Complementar nº 476/2008) § 1º - O indiciado será citado por mandato expedido pelo presi-
Art. 203 - O processo disciplinar será iniciado no prazo de cinco dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de dez
dias, contados do recebimento dos autos pela Comissão e concluí- dias, assegurando-se-lhe vista do processo.
do no prazo de sessenta dias, contados do seu início, admitida a sua § 2º - Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem, e de vinte dias.
mediante justificação fundamentada. § 3º - O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro,
§ 1º - Sempre que necessário, a Comissão dedicará tempo in- para diligências reputadas indispensáveis.
tegral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do § 4º - No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
ponto, até a entrega do relatório final. da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada em
§ 2º - As reuniões da Comissão serão registradas em atas que termo próprio pelo membro da comissão que fez a citação, com a
deverão detalhar as deliberações adotadas. assinatura de duas testemunhas.
Art. 204 - O processo disciplinar será contraditória, assegurada Art. 213. O indiciado que mudar de residência, fica obrigado a
ao acusado ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
admitidos em direito. Art. 214 - Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabi-
Art. 205 - Os autos da sindicância integrarão o processo disci- do, será citado por edital, publicado no órgão oficial do Município
plinar, como peça informativa da instrução. e em jornal de grande circulação na localidade, para apresentar
Art. 206 - No processo disciplinar, a comissão promoverá a to- defesa.
mada de depoimento, acareações, investigações e diligências cabí- Parágrafo Único - Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
veis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessá- será de quinze dias a partir da última publicação do edital.
rio, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação Art. 215 - Considerar-ser-á revel o indiciado que, regularmente
dos fatos. citado, não apresentar defesa no prazo legal.
Art. 207 - É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o § 1º - A revelia será declarada por termo nos autos do processo
processo, pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e e devolverá o prazo para a defesa.
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular § 2º - Para defender o indiciado revel, a autoridade instaurado-
quesitos, quando se tratar de prova pericial. ra do processo designará um dos advogados do Ente Empregador
§ 1º - O presidente da Comissão poderá denegar pedidos con- como defensor dativo.
siderados impertinentes, meramente protelatórios ou de nenhum § 3º - (Revogado pela Lei Complementar nº 483/2008)
interesse para o esclarecimento dos fatos. Art. 215-A O Município de Uberlândia poderá formalizar par-
§ 2º - Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com- ceria com a Ordem dos Advogados do Brasil para nomeação de
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. advogado, para atuação remunerada, como defensor dativo, em

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LEGISLAÇÃO
todas as fases dos processos administrativos disciplinares da Ad- § 1º - Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
ministração Direta e Indireta, mediante autorização legislativa, nas do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão
hipóteses do não comparecimento do servidor quando do seu in- do processo.
terrogatório, da revelia do indiciado e quando no início do processo § 2º - Em caso de incapacidade mental do servidor, a revisão
seja verificada a hipossuficiência econômica. (Redação dada pela será requerida pelo respectivo curador.
Lei Complementar nº 492/2008) Art. 226 - No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re-
Art. 216 - Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório querente.
minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencio- Art. 227 - A simples alegação de injustiça da penalidade não
nará as provas em que se baseou para formar a sua convicção. constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos,
§ 1º - O relatório será sempre conclusivo quanto á inocência ou ainda não apreciados no processo originário.
a responsabilidade do servidor. Art. 228 - O requerimento de revisão de processo será enca-
§ 2º - Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comis- minhado ao dirigente do órgão ou entidades onde se originou o
são indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem processo disciplinar.
como as circunstâncias agravantes ou atenuantes. Parágrafo Único - Deferida a petição, o dirigente do órgão ou
Art. 217 - O processo disciplinar, com o relatório da comissão, entidade providenciará a constituição de comissão, na forma pre-
será remetido a autoridade que o instaurou, para que profira o jul- vista no art. 200 desta Lei.
gamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 476/2008) Art. 229 - A revisão correrá em apenso ao processo originário.
Parágrafo Único - Na petição inicial, o requerente pedirá dia e
SEÇÃO I hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
DO JULGAMENTO arrolar.
Art. 230 - A comissão revisora terá até sessenta dias para a
Art. 218 - No prazo de sessenta dias, contados do recebimento conclusão dos trabalhos, prorrogáveis por igual prazo, quando as
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. circunstâncias o exigirem.
Art. 219 - O julgamento se baseará no relatório da comissão, Art. 231 - Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
que couber, as normas e os procedimentos próprios da comissão
salvo quando contrário às provas dos autos.
do processo disciplinar.
Parágrafo Único - Quando o relatório da comissão contrariar as
Art. 232 - O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pe-
provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente,
nalidade.
agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
Parágrafo Único - O prazo para julgamento será de até sessen-
responsabilidade.
ta dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a
Art. 220 - Verificada a existência de vício insanável, a autori-
autoridade julgadora poderá determinar diligência.
dade julgadora declarará a nulidade total ou parcial do processo
Art. 233 - Julgada procedente a revisão, será declarada sem
e ordenará a constituição de outra comissão para instauração de efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
novo processo. do servidor.
§ 1º - O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade Parágrafo Único - Da revisão do processo não poderá resultar
do processo. agravamento de penalidade.
§ 2º - A autoridade julgadora que der causa a prescrição de
que trata o art. 190, § 1º, será responsabilizada na forma desta Lei. TÍTULO V
Art. 221 - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade CAPÍTULO ÚNICO DAS CONTRATAÇÕES TEMPORÁRIAS
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi-
duais do funcionário. Art. 234 - (Caput do art. 234 declarado inconstitucional pela
Art. 222 - Quando a infração estiver capitulada como crime, a ADIN nº 1.0000.04.413.442-7/000)
autoridade julgadora determinará a remessa dos autos do processo Parágrafo Único - É vedado o desvio de função de pessoa con-
disciplinar policial, ficando um traslado na repartição. tratada na forma deste artigo, bem como sua recontratação, sob
Art. 223 - O servidor que responder a processo disciplinar só pena de nulidade do contrato e responsabilidade administrativa e
poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, civil da autoridade contratante.
após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade aca-
so aplicada. TÍTULO VI
Parágrafo Único - Ocorrida a exoneração de que trata o art. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
48, parágrafo único, inciso I, o ato será convertido em demissão,
se for o caso. Art. 235 - Os instrumentos de procuração utilizados para rece-
Art. 224 - Serão assegurados transporte e diárias: bimento de direitos ou vantagens de servidores municipais terão
I - Ao servidor convocado para prestar depoimento fora da validade por doze meses, devendo ser renovados após findo este
sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciando prazo.
ou indiciado. Art. 236 - Para todos os efeitos previstos nesta Lei Complemen-
II - Aos membros da comissão e ao secretário, quando obri- tar e em leis do Município de Uberlândia, os exames de sanidade
gados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de física e mental serão obrigatoriamente realizados por médico da
missão essencial para esclarecimento dos fatos. prefeitura ou, na sua falta, por médico credenciado pelo Município.
§ 1º - Em casos especiais, atendendo a natureza da enfermida-
SEÇÃO II de, a autoridade municipal poderá designar junta médica para pro-
DA REVISÃO DO PROCESSO ceder ao exame, dela fazendo parte, obrigatoriamente, o médico
do Município ou o médico credenciado pela autoridade municipal.
Art. 225 - O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer § 2º - Os atestados médicos concedidos aos servidores munici-
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem a inocência do pais, quando em tratamento fora do Município, terão sua validade
punido ou a inadequação da penalidade aplicada. condicionada à verificação posterior pelo médico do Município.

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LEGISLAÇÃO
Art. 237 - Salvo disposição expressa em contrário, à contagem máximo e a relação de valores entre a maior e a menor remunera-
de tempo e de prazos previstos neste Estatuto, será feita em dias ção dos servidores públicos, observados, como limites máximos, os
corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se do seu tér- valores percebidos como remuneração, em espécie, pelo Prefeito.
mino. Art. 252 - Em caso de falecimento do servidor na ativa fica as-
Parágrafo Único - Considera-se prorrogado o prazo até o pri- segurada ao cônjuge sobrevivente ou herdeiros legalmente insti-
meiro dia útil, se o término cair em sábado, domingo, feriado ou tuídos, a percepção da remuneração do saldo de dias trabalhados
em dia que: no mês do evento, bem como da quantia correspondente a férias
I - Não houver expediente; e gratificação de natal, integral ou proporcionalmente, e de licen-
II - O expediente for encerrado antes da hora normal. ça-prêmio cujo direito já tenha sido adquirido até o dia do faleci-
Art. 238 - É vedado exigir atestado de ideologia como condição mento.
de posse ou exercício em cargo público. Art. 253 - As despesas de funeral e sepultamento de servidor
Art. 239 - São isentos de taxas, emolumentos ou custas os re- morto em decorrência do comprovado acidente do trabalho cor-
querimentos, certidões e outros papéis que, na esfera administrati- rerão á conta de erário público municipal, respeitados os limites
va, interessarem ao servidor municipal, ativo ou inativo, no que se mínimos de preços de mercado.
referir a sua situação funcional. § 1º - Nesta hipótese não será devida a concessão do auxílio
Art. 240 - O dia vinte e oito de outubro será consagrado ao ser- funeral previsto no artigo 47, da Lei nº 4407, de 16 de setembro
vidor público municipal, sendo fixada a última sexta-feira daquele de 1986.
mês para sua comemoração. § 2º - Será concedido transporte á família do servidor, quando
Art. 241 - A jornada de trabalho nas repartições municipais este falecer fora do Município, em território nacional, no desempe-
será fixada por decreto do Prefeito Municipal, respeitada a duração nho de cargo ou função. (Redação dada pela Lei Complementar nº
do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta 116/1995)
semanais e facultadas à compensação de horários e a redução da Art. 254 - Em caso de falecimento do servidor a serviço fora do
jornada. (Vide Decreto nº 8773/2002) Município, inclusive no exterior, as despesas de translado do corpo
Parágrafo Único - Fica o Poder Executivo Municipal autorizado correrão a conta de recursos municipais.
a instituir jornadas especiais de 12x36 horas, bem como escalas de Art. 255 - Lei Municipal estabelecerá critérios para a compati-
serviço, mediante decreto, respeitada a duração máxima da jorna- bilização de seus quadros de pessoal ao disposto nesta Lei comple-
da de 40 horas semanais, conforme a necessidade de serviço. (Re- mentar e a reforma administrativa dela decorrente.
dação acrescida pela Lei Complementar nº 473/2008) Art. 256 - (Revogado pela Lei Complementar nº 84/1994)
Art. 242 - O Prefeito Municipal baixará, por Decreto, os regu- Art. 257 - Lei Municipal fixará as diretrizes dos planos de carrei-
lamentos necessários a execução da presente Lei Complementar. ra para a Administração direta, as autarquias e as fundações muni-
Art. 243 - A presente Lei Complementar aplicar-se-á aos servi- cipais, de acordo com suas peculiaridades.
dores da Câmara Municipal, cabendo ao Presidente desta as atri- Art. 258 - Para efeito de concessão do adicional sobre anuê-
buições reservadas ao Prefeito Municipal, quando for o caso. nio de serviço de que trata esta Lei, fica assegurado aos servidores
Art. 244 - Ficam submetidos ao regime previsto nesta Lei Com- abrangidos pelo art. 2º da Lei Complementar nº 3, de 11 de janeiro
plementar os servidores estatutários da Prefeitura, da Câmara Mu- de 1991, o cômputo do tempo de serviço municipal local não consi-
nicipal, das autarquias e das fundações públicas municipais. derado para percepção do benefício concedido pelas N.P. 11 e N.P.
Art. 245 - O Departamento de Recursos Humanos tomará, no 12 do Decreto nº 3870, de 13 de abril de 1988, já revogado.
âmbito de suas atribuições, as medidas necessárias para facilitar os Art. 259 - As férias-prêmio de que trata a lei nº 157, de 2 de
procedimentos decorrentes do disposto nesta Lei Complementar. março de 1951, ficam transformadas em licença-prêmio, nos ter-
Art. 246 - (Art. 246 declarado inconstitucional pela ADIN nº mos dos arts. 126 a 130.
10.376-2, de 22 de dezembro de 1993) Art. 260 - Ao servidor público municipal não estável que teve
Art. 247 - Fica assegurado aos servidores de que trata o art. 2º seu contrato de trabalho transformado em função pública, pela Lei
da Lei Complementar nº 19 de 27 de dezembro de 1991, o aprovei- Complementar nº 03, de 11 de janeiro de 1991, fica assegurado, em
tamento do tempo excedente ao do último quinquênio para per- caso de sua exoneração, em virtude de não aprovação em concurso
cepção do adicional sobre o anuênio, à razão de dois por cento por público, todos os direitos anteriormente a ele garantidos pelas leis
ano completo de efetivo exercício até a vigência desta Lei. trabalhistas. (Artigo promulgado em 06/11/1992)
Parágrafo Único - O período não integralizado será computado Art. 261 - Aos casos omissos serão aplicadas, subsidiariamente,
da seguinte forma: as normas do pessoal civil do Estado de Minas Gerais e da União.
a) As frações iguais ou maiores a cento e oitenta dias integrali- Art. 262 - Revoga-se a seguinte Legislação Municipal: Leis nº
zarão o anuênio subsequente no percentual de dois por cento; s: 70, de 10 de junho de 1949, exceto os arts. 47 a 63; 149, de 27
b) As frações menores a cento e oitenta dias integralizarão o de setembro de 1950; 224, de 27 de dezembro de 1951; 157, de
anuênio subsequente à razão de um por cento. 2 de março de 1951; 502, de 15 de dezembro de 1954; 520, de 1º
Art. 248 É permitida a participação de servidor ocupante do de março de 1955; 716, de 8 de dezembro de 1985; 995, de 26 de
cargo de provimento efetivo de Advogado ou de Procurador Muni- dezembro de 1961; 1004, de 20 de março de 1962; 1006, de 11 de
cipal, na comissão de que trata o art. 200, desta Lei Complementar. julho de 1962; 1372, de 19 de novembro de 1965; 3041, de 3 de
(Redação dada pela Lei Complementar nº 411/2005) outubro de 1979; e de mais disposições em contrário, em especial
Art. 249 - Os atuais servidores públicos estatutários integram os arts. 34 a 38 da Lei nº 4407, de 16 de setembro de 1986 e os arts.
o Quadro de servidores Públicos do Município, mantidas as suas 44 a 48 do Decreto nº 3406, de 22 de dezembro de 1986.
atuais lotações nos respectivos órgãos. Art. 263 - Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua
Art. 250 - Esta Lei se aplica aos servidores que exercem função pú- publicação.
blica, nos termos da Lei Complementar nº 3, de 11 de janeiro de 1991. Prefeitura Municipal de Uberlândia, 5 de outubro de 1992.
Art. 251 - O Chefe do Poder Executivo remeterá à Câmara Mu- VIRGILIO GALASSI
nicipal, no prazo de cento e oitenta dias a contar da data da vigên- Prefeito
cia desta Lei Complementar, projeto de Lei que estabeleça o limite ----------------------------------

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LEGISLAÇÃO
LEI COMPLEMENTAR Nº 40, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992. - Art. 2º - O Poder Legislativo do Município é exercido pela Câ-
(PROMULGADA PELA CÂMARA MUNICIPAL) mara de Vereadores e tem sua Sede no Palácio do Centenário, situ-
ado na Av. João Naves de Ávila, 1617.
DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO § 1º - A Câmara Municipal de Uberlândia, por deliberação da
MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, SUAS AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES maioria absoluta de seus Membros e por motivo de conveniência pú-
PÚBLICAS E CÂMARA MUNICIPAL. blica, poderá reunir-se temporária e provisoriamente fora de sua Sede.
§ 2º - Na Sede da Câmara não se realizarão atividades estra-
O Presidente da Câmara Municipal de Uberlândia, no uso de nhas às suas finalidades, vedada a cessão para eventos de forma-
suas atribuições, nos termos do § 7º do artigo 27 da Lei Orgânica turas e festas, exceto para realização de convenções de Partidos
do Município, PROMULGA os seguintes artigos e parágrafos da Lei Políticos e para trabalho de Comissão Parlamentar de Inquérito de
Complementar nº 40/1992. outras Câmaras Municipais, Assembléias Legislativas, Câmara Fe-
deral e Senado da República, cuja utilização submete-se a requeri-
Art. 1º “Art. 43 É contado para todos os efeitos o tempo de mento do interessado dirigido à Mesa Diretora, protocolado junto
serviço público municipal local”. à Divisão Administrativa.
Art. 2º “Art. 95 - ... § 3º - O Plenário poderá também ser cedido, mediante reque-
§ 1º - ... rimento de Vereador aprovado pela Câmara, para realizações de
§ 2º - ... debates, simpósios, congressos, conferências, seminários, aulas de
§ 3º - O serviço extraordinário prestado por um período inin- cidadania dirigida por Vereador, solenidades diplomando Vereador
terrupto de dois anos, assegurará ao servidor direito de incorporar Membro desta Casa e encontros políticos pertinentes ao interesse
ao seu vencimento o valor correspondente à média dos últimos público e coletivo.
doze meses, em caso de diminuição ou suspensão”. § 4º - Nos recessos parlamentares, o requerimento para utiliza-
Art. 3º “Art. 96 ... ção do Plenário deverá ter assinatura da maioria dos Vereadores, e
Parágrafo único. Ao servidor público municipal que prestar ser- será encaminhado à Mesa Diretora para deliberação, dispensado o
viço noturno por um período ininterrupto de dois anos, fica assegu- quorum mínimo, se o local solicitado for o salão nobre de reuniões.
rado o direito a incorporar ao seu vencimento, o valor correspon- § 5º - Os demais recintos da Câmara Municipal somente pode-
dente à média dos últimos doze meses, em caso de sua suspensão”. rão ser utilizados para serviços inerentes as atividades parlamen-
Art. 4º “Art. 125 É garantida a liberação do servidor público tares, exceto, nos seguintes casos, e desde que tenha autorização
municipal para o exercício de mandato eletivo em diretoria de enti- expressa da Mesa Diretora:
dade sindical, sem prejuízo da remuneração, e dos demais direitos a) o Salão de Reuniões das Comissões Permanentes poderá ser
e vantagens de seu cargo”. utilizado para outras reuniões e encontros;
Art. 5º “Art. 246 O tempo de serviço público municipal local b) o saguão “Jacy de Assis” poderá ser utilizado para exposições
prestado sob o regime celetista será computado para todos os efei- artísticas, culturais e lançamento de livros, vedada comercialização;
tos, inclusive para fins de férias, gratificações natalina, licença-prê- c) a TV Legislativa poderá filmar os eventos desde que sejam
mio, anuênio, aposentadoria, disponibilidade e o disposto no artigo fornecidas as fitas pelo solicitante; vedada transmissão direta ao
66 desta lei”. vivo.
Art. 6º “Art. 260 Ao servidor público municipal não estável que § 6º - Somente será permitida transmissão ao vivo pela TV
teve seu contrato de trabalho transformado em função pública, Legislativa das reuniões ordinárias, extraordinárias, solenes e es-
pela Lei Complementar nº 03, de 11 de janeiro de 1991, fica assegu- peciais, salvo em caso de Sessões oficiais e debates dirigidos pela
rado, em caso de sua exoneração, em virtude de não aprovação em Mesa Diretora do Legislativo ou por Vereador.
concurso público, todos os direitos anteriormente a ele garantidos Art. 3º - O diploma expedido pela Justiça Eleitoral, com a comu-
pelas leis trabalhistas”. nicação do nome parlamentar e da legenda partidária, será entre-
Art. 7º Esses artigos e parágrafos entram em vigor na data de gue na Secretaria da Câmara, pelo Vereador, ou por intermédio de
sua publicação. seu Partido, até o dia 20 (vinte) de Dezembro do ano anterior ao da
instalação da Legislatura.
§ 1º - O nome parlamentar do Vereador é composto de 2 (dois)
OUTROS ATOS NORMATIVOS elementos indicados pelo próprio Vereador.
§ 2º - A lista dos Vereadores diplomados, em ordem alfabética
REGIMENTO INTERNO e com a indicação das respectivas legendas partidárias, será publi-
RESOLUÇÃO Nº 031/2002 cada até o dia 30 (trinta) de Dezembro no jornal “O Legislativo”.

DISPÕE SOBRE O REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA MUNICI- CAPÍTULO II


PAL DE UBERLÂNDIA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. DA INSTALAÇÃO DA LEGISLATURA
SEÇÃO I
A Câmara Municipal APROVA, e o Presidente PROMULGA a se- DA ABERTURA DA REUNIÃO
guinte RESOLUÇÃO:
Art. 4º - No início de cada Legislatura haverá uma Reunião pre-
TÍTULO I paratória, dos Vereadores eleitos, independentemente de convo-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES cação, no dia 1º de Janeiro, com finalidade de: (Rel. 054/04)
CAPÍTULO I I - dar posse aos Vereadores diplomados e declaração de Su-
DA SEDE E DA COMPOSIÇÃO plentes;
II - dar posse ao Prefeito e ao Vice-Prefeito;
Art. 1º - O Regimento Interno da Câmara Municipal de Uber- III - eleger a Mesa Diretora para o mandato anual, permitida a
lândia passa a vigorar de acordo com as disposições da presente recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subse-
Resolução. qüente.

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LEGISLAÇÃO
§ 1º - Assumirá a direção dos trabalhos o último Presidente, se SEÇÃO IV
reeleito Vereador e, na sua falta, o Vereador mais idoso, dentre os DA ELEIÇÃO DA MESA
de maior número de Legislaturas.
§ 2º - O Presidente designará dois Vereadores para receber o Art. 9º - Para o primeiro período legislativo de cada Legislatura,
Prefeito e o Vice-Prefeito e introduzí-los no Plenário, os quais toma- a eleição da Mesa e posse dos eleitos serão realizadas em Reunião
rão assento ao lado do Presidente. que se iniciará imediatamente após a Reunião de posse dos Verea-
§ 3º - Verificada a autenticidade dos diplomas, o Presidente dores, do Prefeito e do VicePrefeito.
convidará 2 (dois) outros Vereadores eleitos para funcionarem § 1º – Para os períodos subsequentes, a eleição da Mesa Dire-
como Secretários, até a posse da nova Mesa Diretora. tora será realizada na última sessão ordinária do mês de novembro,
às dez horas, com a posse na mesma data da última sessão ordiná-
SEÇÃO II ria de dezembro, às vinte horas, entrando os eleitos em exercício
DA POSSE DOS VEREADORES de seus cargos em 1º de janeiro do ano seguinte. (alterado pela R.
067/06)
Art. 5º - O Vereador mais votado, a convite do Presidente, § 2º - A Reunião de posse será dirigida pela Mesa do período
prestará de pé, no que será acompanhado pelos presentes, o se- legislativo imediatamente anterior. Na ausência ou impedimento
guinte compromisso: “Prometo manter, defender e cumprir as do Primeiro ou Segundo Secretário, o Presidente convocará outros
Constituições da República e do Estado, a Lei Orgânica do Municí- Vereadores, entre os presentes, para substituí-los.
pio, observar as Leis, promover o bem geral do povo uberlandense § 3º - Na ausência ou impedimento da Mesa, o Presidente
e exercer o meu mandato sob a inspiração do interesse público, da eleito dará abertura à Reunião, convocando Vereadores entre os
lealdade e da honra”. presentes e atribuindo-lhes os respectivos cargos para dirigirem
§ 1º - Em seguida, será feita, por um dos Secretários, a chama- aquela Reunião de posse.
da dos Vereadores e cada um, ao ser proferido o seu nome, respon- Art. 10 – A eleição da Mesa Diretora da Câmara far-se-á por
derá: “Assim o Prometo”. processo de votação nominal, conduzido pelo Presidente, obser-
§ 2º - O compromissando não poderá apresentar, no ato da vadas as seguintes exigências e formalidades: (Redação dada pela
posse, declaração oral ou escrita, nem ser representado por pro- Resolução 067/06) –
curador. I – registro de inscrição por chapa completa junto a Mesa, até
§ 3º - Cumprido o compromisso, que se completa mediante a trinta minutos antes do início do processo de votação (Redação
aposição da assinatura em termo lavrado em livro próprio, o Presi- dada pela Resolução 067/06)
dente declarará empossados os Vereadores. II – chamada dos vereadores, para comprovação da maioria
§ 4º - O Vereador que comparecer posteriormente será con- absoluta dos membros da Câmara (Redação dada pela Resolução
duzido ao recinto do Plenário por 02 (dois) outros e prestará o 067/06) ;
compromisso, exceto durante o recesso, quando o fará perante o III – designação, pelo Presidente, de 02 (dois) Vereadores para
Presidente da Câmara. funcionarem como escrutinadores (Redação dada pela Resolução
Art. 6º - Salvo motivo de força maior ou de enfermidade devi- 067/06) ;
damente comprovada, a posse deverá ocorrer no prazo de 30 (trin- IV - chamada para a votação;
ta) dias, contados: V - colocação das cédulas identificadas na cabina indevassável,
I - da Reunião de instalação da Legislatura; em sobrecarta rubricada pelos Secretário da mesa ; (Redação dada
II - da diplomação, se eleito Vereador durante a Legislatura; pela Resolução 067/06)
III - da ocorrência do fato que ensejar, por convocação do Pre- VI- colocação das cédulas na urna;
sidente da Câmara. VII - abertura da urna por um dos escrutinadores, retirada de
§ 1º - O prazo estabelecido no artigo poderá ser prorrogado, contagem das cédulas e verificação, para ciência do Plenário, de
por igual período, a requerimento do interessado. coincidência de seu número com o de votantes;
§ 2º - Não se investirá no mandato de Vereador quem deixar de VIII - leitura dos votos por um escrutinador e sua anotação, por
prestar o compromisso regimental. outro, à medida que forem apurados;
§ 3º - Tendo prestado o compromisso uma vez na mesma Le- IX - invalidação da cédula que não atenda ao disposto no inc. V
gislatura, o Suplente de Vereador será dispensado de fazê-lo em e VI: (Redação dada pela Resolução 067/06)
convocações subseqüentes, bem como o Vereador ao reassumir o X - redação, pelos Secretários, e leitura, pelo Presidente, de
mandato, sendo o seu retorno comunicado ao Presidente da Câ- boletim com o resultado da eleição;
mara. XI – apuração e comprovação dos votos da maioria simples dos
Art. 7º - Ao Presidente compete conhecer da renúncia de man- Vereadores da Câmara para a eleição dos Membros da Mesa Dire-
dato solicitada no transcurso dessa Reunião e convocar o Suplente. tora por chapa;(Redação dada pela Resolução 067/06)
XII – eleição da chapa completa com vitória da que contiver os
SEÇÃO III candidatos mais idosos em somatória, em caso de empate no pro-
DA POSSE DO PREFEITO E DO VICE-PREFEITO cesso de votação (Redação dada pela Resolução 067/06) ;
XIII – proclamação, pelo Presidente, dos eleitos; (Redação dada
Art. 8º - Dando prosseguimento aos trabalhos, o Prefeito e o pela Resolução 067/06)
VicePrefeito prestarão o compromisso de que trata o art. 5º após o XIV – posse dos eleitos, na forma regimental (Redação dada
que o Presidente, observado o disposto nos §§ 2º e 3º do art. 5º, os pela
declarará empossados, lavrandose termo em livro próprio. Resolução 067/106);
Parágrafo único - Vagando o cargo de Prefeito e Vice-Prefeito, Parágrafo único - A composição da Mesa atenderá, tanto
ou ocorrendo impedimento destes, à posse de seu substituto apli- quanto possível, a participação proporcional dos Partidos Políticos
ca-se o disposto no artigo. ou Blocos Parlamentares representados na Câmara.
Art. 11 - Se o Presidente da Reunião for eleito Presidente da
Câmara, o Vice-Presidente, já investido, dar-lhe-á posse.

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LEGISLAÇÃO
Art. 12 - Se até 31 (trinta e um) de outubro do ano do mandato I - de ofício;
da Mesa, nela se verificar vaga, esta será preenchida mediante elei- II - a requerimento da maioria dos Membros da Câmara;
ção, observadas, no que couber, as disposições do art. 10. III - a requerimento do Prefeito Municipal.
§ 1º - Após a data indicada no artigo, a substituição se proces- Art. 18 - As Reuniões são públicas e somente nos casos previs-
sará na forma estabelecida no art. 84. tos neste Regimento serão secretas.
§ 2º - No caso de vacância de todos os cargos da Mesa, o Verea- Art. 19 - O prazo de duração da Reunião pode ser prorrogado
dor mais idoso, dentre os de maior número de Legislaturas, assume pelo Presidente, de ofício, a requerimento do Colégio de Líderes ou,
a Presidência até a nova eleição, que se realizará dentro dos 15 por deliberação do Plenário, a requerimento do Vereador.
(quinze) dias imediatos. § 1º - A prorrogação não poderá exceder a 04 (quatro) horas.
§ 3º - O eleito completará o período do seu antecessor. § 2º - Na prorrogação, não se tratará de assunto diverso do que
a tiver determinado.
SEÇÃO V Art. 20 - A Câmara só realiza suas Reuniões com a presença
DA DECLARAÇÃO DE INSTALAÇÃO DA LEGISLATURA da maioria dos Membros, ressalvado o disposto no § 1º do art. 16.
§ 1º - Se até 15 (quinze) minutos depois da hora designada para
Art. 13 - Empossada a Mesa na Reunião de que trata o art. 4º, a abertura, não se achar o número legal de Vereadores, faz-se a
o Presidente, de forma solene e de pé, no que será acompanhado chamada, procedendo-se:
pelos presentes, declarará instalada a Legislatura. I - leitura de um versículo bíblico;
II - leitura da ata;
TÍTULO II III - leitura de correspondências;
DAS SESSÕES LEGISLATIVAS IV – apresentação e leitura de proposições.
CAPÍTULO I § 2º - Persistindo a falta do número, às 10:00 horas o Presi-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS dente fará segunda chamada e, até às 10:15 não havendo quorum,
deixa de abrir a Reunião, anunciando a Ordem do Dia seguinte.
Art. 14 - Sessão Legislativa é o conjunto dos períodos de funcio- § 3º - Não se encontrando presente à hora do início da Reu-
namento da Câmara em cada ano.
nião qualquer dos Membros da Mesa, assume a presidência dos
Parágrafo único - Período é o conjunto das Reuniões mensais.
trabalhos o Vereador mais idoso, dentre aquele de maior número
Art. 15 - A Sessão Legislativa da Câmara é:
de Legislatura.
I - Ordinária: a que, independentemente de convocação, se re-
§ 4º - Da ata do dia em que não houver Reunião, por falta de
aliza nos dez primeiros dias úteis de cada mês;
quorum, constarão os fatos verificados, registrando-se o nome dos
II - Extraordinária: a que se realiza em período diverso dos fixa-
Vereadores presentes e dos ausentes.
dos no inciso anterior.
Art. 21 - Considera-se presente o Vereador que requerer a ve-
§ 1º - A Sessão Legislativa Ordinária não será interrompida sem
a aprovação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, nem rificação do quorum.
encerra sem a aprovação do projeto de Lei do Orçamento Anual. Art. 22 - Durante as Reuniões somente serão admitidos no Ple-
§ 2º - A convocação de Sessão Extraordinária, havendo motivo nário:
urgente e relevante, será feita sempre por escrito, e com pauta fixa, I - os Vereadores;
salvo se realizada imediatamente após a Ordinária para apreciar II – os Assessores Jurídicos Parlamentares dos Gabinetes;
projetos em segunda votação. III - os Assessores Técnicos, no apoio ao processo legislativo;
IV – um Assessor Parlamentar de cada gabinete;
CAPÍTULO II V - representantes populares, na forma deste Regimento;
DAS REUNIÕES DA CÂMARA VI - ex-Vereadores, que comporão a Mesa Diretora;
SEÇÃO I VII - autoridades a quem a Mesa conferir tal distinção.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 1º - Poderão permanecer nas dependências contíguas ao Ple-
nário, Membros da imprensa, credenciados.
Art. 16 - As Reuniões da Câmara são: § 2º - No Auditório, no Plenário da Câmara, nos Gabinetes e
I - Ordinárias, as que se realizam uma vez por dia, nos dias nos demais setores fechados de trabalho é proibido fumar.
úteis, de segunda a sexta-feira, durante qualquer Sessão legislativa;
II - Extraordinárias, as que se realizam em dia ou horário dife- SEÇÃO II
rentes dos fixados para as Ordinárias; ORDEM DOS TRABALHOS
III - Especiais, as que se realizam para a eleição e posse da
Mesa, para a exposição de assuntos de relevante interesse público Art. 23 - A Reunião Ordinária ou Extraordinária, com início às
ou posse de Suplente; 09h00minh (nove horas), tem a duração de até 4 (quatro horas).
IV - Solenes, as de instalação e encerramento de Legislatura e Art. 24 - Aberta a Reunião, os trabalhos obedecem a seguinte
as que se realizam para comemorações ou homenagens. ordem:
§ 1º - As Reuniões Solenes e as Especiais são realizadas com I - PRIMEIRA PARTE - Pequeno Expediente, com duração de
qualquer número, exceto as de que trata o art. 4º. uma hora, compreendendo:
§ 2º - As Reuniões Solenes e Especiais são convocadas pelo Pre- a) leitura e discussão da ata da Reunião anterior;
sidente, de ofício, ou a requerimento de 1/3 (um terço) dos Mem- b) leitura de correspondências e comunicações;
bros da Câmara, aprovado pelo Plenário. c) apresentação de proposições, permitida leitura sem discus-
Art. 17 - A convocação de Reunião Extraordinária que é feita são.
pelo Presidente da Câmara, determinará dia e hora dos trabalhos e II - SEGUNDA PARTE - Ordem do Dia, com duração de 02 (duas)
matéria a ser considerada, sendo divulgada em Reunião ou median- horas, compreendendo:
te comunicação individual. a) discussão e votação dos projetos em pauta;
Parágrafo único - O Presidente da Câmara convocará Reunião b) discussão e votação das demais proposições;
Extraordinária: c) leitura de Pareceres;

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LEGISLAÇÃO
d) devolução de processos. Art. 33 - A alteração da Ordem do Dia, a requerimento, se dará
III - TERCEIRA PARTE - Grande Expediente, destinado a até nos seguintes casos:
quinze oradores inscritos e entrega de títulos honoríficos, com du- I - urgência;
ração de 01 (uma) hora. (Res. 105/17) II - adiamento;
§ 1º - A primeira parte da Reunião, aprovado requerimento as- III - retirada de proposição.
sinado pela maioria absoluta, poderá ser destinada a discussão ou Art. 34 - O Vereador pode requerer a inclusão na pauta, de
debate com autoridades ou dirigentes de entidades sobre matéria qualquer proposição, até ser anunciada a Ordem do Dia.
a ser apreciada pelos Vereadores. § 1º - A requerimento do Vereador, aprovado pelo Plenário,
§ 2º - O Presidente da Câmara, de ofício ou a requerimento, o projeto, decorridos 60 (sessenta) dias de seu recebimento, será
poderá destinar a 3ª (terceira) parte da Reunião Ordinária a ho- incluído na Ordem do Dia.
menagem especial, ou interrompê-la para receber personalidade § 2º - O projeto incluído na Ordem do Dia, na forma do § an-
de relevo. terior, somente pode ser dela retirado a requerimento do Autor
Art. 25 - Esgotada a matéria destinada a uma parte da Reunião, ou do Líder do Prefeito, nesta hipótese, quando o projeto for de
ou findo o prazo de sua duração, passa-se à parte seguinte. Autoria do Poder Executivo.
Art. 26 - À hora do início da Reunião, os Membros da Mesa e
demais Vereadores ocuparão seus lugares. SEÇÃO V
Art. 27 - A presença de Vereadores será registrada em livro DO GRANDE EXPEDIENTE
próprio, autenticado pelo Secretário.
§ 1º - Verificada a presença da maioria dos Membros da Câma- Art. 35 - Em seguida, poderá ser concedida a palavra para pro-
ra, o Presidente declara aberta a Reunião, podendo pronunciar as nunciamentos sobre assuntos relevantes do dia.
seguintes palavras: “Com a graça de Deus e em nome do povo de Art. 36 A inscrição dos 15 oradores far-se-á por ordem de regis-
Uberlândia, declaro aberta a Reunião ....” tro biométrico o qual estará disponível a partir das 07h30min até as
§ 2º - Não havendo número regimental para a abertura da Reu- 09h00min e sua ordem será intransferível.
nião, o Presidente aguardará o transcurso do Pequeno Expediente Parágrafo único – A partir das 09h00min o painel eletrônico
será reiniciado exclusivamente para registro de presença dos vere-
para que o quorum se complete.
adores, não sendo computado para inscrição no grande expediente
§ 3º - Inexistindo número regimental, o Presidente anunciará a
mesmo que não tenha obtido numero máximo de inscritos, previs-
próxima Ordem do Dia.
ta no caput deste artigo. (Redação dada pela Res. 105/17)
§ 4º - Não havendo Reunião, o Secretário despachará a corres-
Art. 37 - É de 10 (dez) minutos o tempo de que dispõe o orador
pondência, dando-lhe publicidade.
para pronunciar seu discurso. (Redação dada pela Res. 105/17)
§ 1º - Pode, o Presidente, a requerimento do orador, desde que
SEÇÃO III
não haja outro inscrito ou, havendo, com anuência deste, prorro-
DO EXPEDIENTE
gar-lhe, ainda, o prazo pelo tempo necessário à conclusão de seu
discurso, até completar-se o horário do expediente, fixado no inc.
Art. 28 - Aberta a Reunião, o Secretário faz a leitura da ata da III do art. 24.
Reunião anterior, que o Presidente considerará aprovada, não ha- § 2º - Se a discussão e a votação da matéria da Ordem do Dia
vendo manifestação contrária, ressalvada a retificação. não absorverem todo o tempo destinado à Reunião, pode ser con-
Parágrafo único - Para retificar a ata, o Vereador poderá falar cedida a palavra ao orador que não tenha concluído seu discurso.
uma vez, pelo prazo de 03 (três) minutos, cabendo ao Secretário § 3º - Desde que requeira, é considerado inscrito em 1º (pri-
prestar os esclarecimentos que julgar convenientes, constando, a meiro) lugar, para prosseguir seu discurso na Reunião Ordinária
retificação, se procedente, da ata da Reunião. seguinte, o Vereador que não tenha podido valer-se das prorroga-
Art. 29 - A leitura da ata e da correspondência será feita no pra- ções permitidas nos §§ anteriores, não lhe sendo concedida outra
zo de 30 (trinta) minutos e a apresentação de proposições em igual prorrogação, além da primeira.
tempo, destinado, 05 (cinco) minutos a cada Vereador Art. 38 - Terá preferência o Vereador que não houver falado
Parágrafo único - Se o prazo for esgotado o Secretário despa- nas 02 (duas) últimas Reuniões.
chará a correspondência e dar-lhe-á publicidade. Art. 39 - Procede-se à chamada dos Vereadores:
Art. 30 - Aprovada a ata, lidas e despachadas as correspondên- I - antes do início da votação da Ordem do Dia;
cias e apresentadas as proposições, passar-se-á à parte destinada II - na verificação de “quorum”;
à Ordem do Dia. III - na votação nominal e por escrutínio secreto;
Parágrafo único - O Vereador poderá encaminhar à Mesa as IV - na eleição da Mesa.
proposições que não tiverem sido apresentadas da Tribuna, rece-
bendo protocolo. SEÇÃO VI
DA REUNIÃO SECRETA
SEÇÃO IV
DA ORDEM DO DIA Art. 40 - A Câmara realizará Reuniões Secretas, por deliberação
tomada pela maioria absoluta de seus Membros, quando ocorrer
Art. 31 - A Ordem do Dia é disponibilizada pelo processamento motivo relevante e para a preservação do decoro parlamentar.
de dados (CPD) até as 13h00min horas do dia anterior ao da reali- § 1º - Deliberada a Reunião Secreta, ainda que para realizá-la
zação da respectiva Reunião. se deva interromper a Reunião Pública, o Presidente determinará
Parágrafo único – Para conhecimento público, a Ordem do Dia aos assistentes a retirada do recinto de suas dependências, assim
será fixada no rol de entrada da Câmara, disponibilizada à Imprensa como aos funcionários da Câmara e representantes da imprensa.
pelo sistema de comunicação e distribuída aos Gabinetes. § 2º - Iniciada a Reunião Secreta, a Câmara deliberará, prelimi-
Art. 32 - A Ordem do Dia não será interrompida, salvo para narmente, se o objeto deve continuar a ser tratado secretamente,
posse de Vereador. caso contrário a Reunião tornar-se-á pública.

59
LEGISLAÇÃO
§ 3º - A ata será lavrada pelo Secretário e, lida e aprovada na VI - utilizar-se dos serviços da Divisão Administrativa, desde
mesma Reunião, será lacrada e arquivada, com rótulo datado e ru- que para fins relacionados com o exercício do mandato, com auto-
bricado pela Mesa. rização da Mesa Diretora;
§ 4º - As atas assim lacradas só poderão ser reabertas para VII - requisitar à autoridade competente, diretamente ou por
exame em Reunião Secreta, sob pena de responsabilidade civil ou intermédio da Mesa, as providências necessárias à garantia do
criminal. exercício de seu mandato;
§ 5º - Será permitido, ao Vereador que houver participado dos VIII - receber mensalmente a remuneração pelo exercício do
debates, reduzir seu discurso escrito para ser arquivado com a ata mandato;
e os documentos referentes à Reunião. IX - solicitar licença por tempo determinado.
§ 6º - Antes de encerrada a Reunião, a Câmara resolverá, após Parágrafo único - O Vereador não poderá presidir os trabalhos
discussão, se a matéria debatida deverá ser publicada no todo ou da Câmara ou de Comissão, quando se estiver discutindo ou votan-
em parte. do assunto de seu interesse pessoal.
Art. 44 - O Vereador é inviolável por suas opiniões, palavras
SEÇÃO VII e votos proferidos no exercício do mandato e na circunscrição do
DAS REUNIÕES Município.
Parágrafo único - Não lhe é, porém, permitido em seus pronun-
Art. 41 - As Reuniões serão documentadas, mediante: ciamentos, Pareceres ou proposições, usar de linguagem anti-par-
I - gravação em fita cassete, contendo todo o teor da Reunião; lamentar ou contrária à ordem pública.
II - transcrição em ata, com relato sucinto, a ser publicada no Art. 45 - São deveres do Vereador:
jornal “O Legislativo”, após sua aprovação. I – comparecer no dia, hora e local designados para a realiza-
Parágrafo único - O Vereador poderá requerer ao Presidente, ção das reuniões da Câmara, apresentando justificativa ao 2º Secre-
cópia da Reunião, mediante o seguinte: tário em caso de ausência. (Res. 038/03).
a) quando for de parte da Reunião, deverá o Vereador indicar II - não se eximir de trabalho algum relativo ao desempenho
o trecho a que tem interesse; do mandato;
b) quando for de toda a Reunião, o Vereador receberá a fita III - dar, nos prazos regimentais, informações, Pareceres ou
gravada, devendo, no entanto, fornecer a fita cassete para grava- votos de que for incumbido, comparecendo e tomando parte nas
ção. reuniões de Comissão a que pertencer;
Art. 42 - Os documentos oficiais serão resumidos na ata sucin- IV - propor, ou levar ao conhecimento da Câmara, medida que
ta. julgar conveniente ao Município e à segurança e ao bem estar dos
§ 1º - O documento não oficial será indicado na ata destinada a munícipes, bem como impugnar a que lhe pareça prejudicial ao in-
publicação, com a declaração de seu objeto, salvo decisão em con- teresse público;
trário do Presidente da Câmara, sucintamente motivado. V - tratar respeitosamente a Mesa e os demais Membros da
§ 2º - Da ata não constará documento sem expressa permissão Câmara;
da Mesa da Câmara. VI - comparecer às reuniões de traje social completo, observa-
§ 3º - O Vereador poderá fazer inserir o seu voto na ata a ser das as normas expedidas pela Mesa.
publicada, bem como as razões do mesmo redigidas em termos §1º - As justificativas pelas faltas do Vereador deverão ser mo-
concisos. tivadas, devendo ser apresentada ao 2º Secretário da Mesa Direto-
§ 4º - A ata é assinada pelo Presidente e pelo Secretário, depois ra no prazo de até 72 (setenta e duas horas), em que serão admiti-
de lida e aprovada. das ausências por razões de saúde, luto familiar, para representar
§ 5º - No último dia de Reunião, ao fim de cada Legislatura, o oficialmente o Poder Legislativo e, ainda, para estar presente em
Presidente suspende os trabalhos até que seja redigida a ata para atividades de interesse público ligadas a atividade da vereança.
ser aprovada na mesma Reunião, presente qualquer número de (Res. O38/03).
Vereadores. §2º - Caso a justificativa venha ser indeferida pelo 2º Secretá-
rio, caberá recurso à Mesa Diretora. (Res. 038/03).
TÍTULO III §3º - As informações sobre a presença ou ausência injustifica-
DOS VEREADORES da do Vereador, às Reuniões, serão fornecidas, por escrito, pelo 2º
CAPÍTULO I Secretário à Diretoria de Recursos Humanos, para fins de efetuar o
DO EXERCÍCIO DE MANDATO pagamento mensal dos respectivos subsídios parlamentares.” (Res.
038/03).
Art. 43 - São direitos do Vereador, uma vez empossado, além
de outros previstos neste Regimento: CAPÍTULO II
I - integrar o Plenário e as Comissões, tomar parte nas reuniões DA VAGA, DA LICENÇA, DO AFASTAMENTO E
e nelas votar e ser votado; DA SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO MANDATO
II - apresentar proposições, discutir e deliberar sobre matéria
em tramitação; Art. 46 - A vaga na Câmara verifica-se:
III - encaminhar, por intermédio da Mesa, pedidos escritos de I - por morte;
informação; II - por renúncia;
IV - usar da palavra, quando julgar preciso, solicitando-a pre- III - por perda de mandato.
viamente ao Presidente da Câmara ou de Comissão, atendendo às Art. 47 - A renúncia ao mandato deve ser manifestada, por es-
normas regimentais; crito, ao Presidente da Câmara e se tornará efetiva e irretratável
V - examinar ou requisitar, a todo tempo, qualquer documento depois de lida na primeira parte da Reunião e publicada no jornal
existente nos arquivos da Câmara, o qual lhe será confiado median- “O Legislativo”.
te carga em livro próprio, por intermédio da Mesa; Art. 48 - Considera-se haver renunciado:

60
LEGISLAÇÃO
I - o Vereador que não prestar compromisso na forma e no § 9º - Concluída a votação, o Presidente proclamará o resul-
prazo, respectivamente, dos termos dos arts. 5º e 6º; tado e, se houver condenação pelo voto de 2/3 (dois terços) dos
II - o Suplente que, convocado, não entrar em exercício do Membros da Câmara, promulgará imediatamente a Resolução de
mandato nos termos deste Regimento. cassação do mandato ou, se o resultado for absolutório, determi-
Parágrafo único - A vacância, nos casos de renúncia, será decla- nará o arquivamento do processo, comunicando, em qualquer dos
rada pelo Presidente, em Plenário, durante Reunião. casos, o resultado à Justiça Eleitoral.
Art. 49 - Perderá o mandato o Vereador que, além do disposto § 10 - O processo deverá estar concluído dentro de 30 (trinta)
no art. 16 da Lei Orgânica Municipal: dias úteis, contados da citação do denunciado, funcionando a Câ-
I - utilizar-se do mandato para a prática de atos de corrupção mara em Sessão Legislativa Extraordinária nos dias daquele prazo
ou de improbidade administrativa; não destinados a período de Reuniões.
II - proceder de modo incompatível com a dignidade da Câma- Art. 51 - Não perderá o mandato o Vereador:
ra, ou faltar com o decoro na sua conduta pública; I - investido em cargo de Ministro da República, Secretário de
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar: Estado, Secretário de Município, Procurador do Município, Admi-
a) o abuso de prerrogativa assegurada ao Vereador; nistrador Regional ou Chefe de Missão Diplomática Temporária,
b) a prática de irregularidades graves no desempenho do man- desde que se afaste do exercício da vereança;
dato ou encargos dele decorrentes; II - licenciado por motivo de doença, de gestação, no desem-
c) a prática de ato que afete a dignidade da investidura; penho de missão temporária autorizada, ou para tratar, sem remu-
d) a percepção de vantagens indevidas. neração, de interesses particulares desde que, neste caso, a licença
§ 2º - Nos casos dos incs. I e II deste artigo e do inc. VII do art. não ultrapasse a 60 (sessenta) dias;
16 da Lei Orgânica Municipal, a perda do mandato será decidida § 1º - O Suplente será convocado nos casos de vaga de investi-
pela Câmara, em Reunião Secreta, por voto secreto de 2/3 (dois dura em cargo mencionado no inc. I deste artigo ou licença superior
terços) dos seus Membros, mediante convocação da Mesa ou de a 30(trinta) dias.
Partido Político devidamente registrado. § 2º - Na hipótese do inc. I, o Vereador poderá optar pela re-
§ 3º - Em caso de condenação criminal, em sentença transitada muneração do mandato.
em julgado, com pena acessória de perda de mandato (inc. VI do
§ 3º - O Vereador que se afastar do exercício do mandato para
art. 16 da Lei Orgânica Municipal), em sendo culposo o crime, a
ser investido em cargo ou na missão de que trata o inc. I deste ar-
perda será decidida, na forma do § 2º deste artigo e, se doloso, a
tigo, bem como reassumir suas funções, deverá fazer comunicação
perda do mandato será declarada nos termos do § 3º do art. 16 da
escrita à Mesa.
Lei Orgânica Municipal.
Art. 52 - Suspende-se o exercício do mandato de Vereador:
Art. 50 - Nos casos em que a perda do mandato dependa de de-
I - pela decretação judicial da prisão preventiva;
cisão do Plenário, o Vereador será processado e julgado na forma
II - pela prisão em flagrante delito;
prevista neste Regimento.
III - pela imposição de prisão administrativa.
§ 1º - A denúncia, escrita e assinada, conterá a exposição dos
fatos e a indicação das provas. Art. 53 - Será concedida licença ao Vereador para:
§ 2º - De posse da denúncia, o Presidente da Câmara, na pri- I - tratar de saúde;
meira Reunião subseqüente, determinará sua leitura e constitui- II - desempenhar missão temporária, de caráter representa-
rá Comissão Processante, formada por 05 (cinco) Vereadores, 04 tivo, mediante participação em curso, congresso, conferência ou
(quatro) dos quais sorteados entre os desimpedidos e pertencentes reunião considerada de interesse parlamentar;
a Partidos diferentes e mais o Presidente da Comissão de Legisla- III - tratar de interesse particular;
ção, Justiça e Redação, que será o Relator. IV - à gestante, nos termos do inc. XI do art. 61 da Lei Orgânica
§ 3º - Se o Presidente da Comissão de Legislação, Justiça e Re- Municipal.
dação estiver impedido de compor a Comissão Processante, subs- § 1º - A licença só poderá ser concedida à vista de requerimen-
tituí-lo-á, nesta ordem, o Relator ou Membro daquela Comissão. to fundamentado, cabendo à Mesa dar Parecer para, dentro de 72
§ 4º - Recebida e processada na Comissão, será fornecida cópia (setenta e duas) horas, ser o pedido encaminhado à deliberação da
da denúncia ao Vereador, que terá o prazo de 10 (dez) dias para Câmara.
oferecer defesa escrita, ou indicar provas. § 2º - Apresentado o requerimento e não havendo número
§ 5º - Não oferecida a defesa, o Presidente da Comissão nome- para deliberar durante 02 (duas) Reuniões consecutivas, será ele
ará Defensor Dativo para fazê-lo no prazo de 05 (cinco) dias. despachado pelo Presidente, conforme a conclusão do Parecer da
§ 6º - Oferecida defesa, a Comissão, no prazo de 05 (cinco) Mesa, “ad referendum” do Plenário.
dias, procederá a instrução probatória e proferirá, pelo voto da Art. 54 - Ao Vereador que, por motivo de doença comprovada,
maioria de seus Membros, Parecer concluindo pela apresentação se encontre impossibilitado de atender aos deveres do exercício do
de projeto de Resolução de perda de mandato, se procedente a de- mandato, será concedida licença para tratamento de saúde.
núncia, ou por arquivamento, e solicitará ao Presidente da Câmara § 1º - Para obtenção ou prorrogação da licença, será necessário
a convocação de Reunião para julgamento que se realizará após a laudo médico.
publicação no órgão local, a distribuição em avulso e a inclusão, em § 2º - Se o estado de saúde do interessado não lhe permitir
Ordem do Dia, do Parecer. encaminhar o requerimento de licença, outro Vereador o fará.
§ 7º - Na Reunião de julgamento, o processo será lido integral- Art. 55 - Independentemente de requerimento, considera-se
mente e, a seguir, os Vereadores que o desejarem poderão usar da como licença o não comparecimento às Reuniões de Vereador pri-
palavra pelo tempo máximo de 10 (dez) minutos cada um, após o vado temporariamente de sua liberdade, em virtude do processo
que poderão deduzir suas alegações, por até 01 (uma) hora cada, criminal em curso.
o Relator da Comissão Processante e o denunciado ou seu procu- Art. 56 - Para afastar-se do território nacional, em caráter par-
rador. ticular e por mais de 30 (trinta) dias, o Vereador dará prévia ciên-
§ 8º - Em seguida, o Presidente da Câmara submeterá à vo- cia à Câmara, sem prejuízo do disposto no inc. III do art. 16 da Lei
tação, por escrutínio secreto, o Parecer da Comissão Processante. Orgânica Municipal e no art. 65, parágrafo único deste Regimento.

61
LEGISLAÇÃO
Parágrafo único – O Vereador somente poderá viajar ao ex- Art. 63 - O Suplente de Vereador, quando convocado em cará-
terior representando o Poder Legislativo, em missão temporária, ter de substituição, não poderá ser eleito para os cargos da Mesa da
participação em curso, congresso, conferência, pesquisa e estudo, Câmara, nem de Presidente da Comissão.
desde que tenha autorização expressa da Câmara Municipal, apro-
vado mediante Resolução. CAPÍTULO V
DA REMUNERAÇÃO
CAPÍTULO III
DO DECORO PARLAMENTAR Art. 64 - A remuneração do Presidente da Câmara, Vereadores,
Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários Municipais será fixada pela Câ-
Art. 57 - O Vereador que descumprir os deveres decorrentes do mara, através de projeto único de lei, em cada Legislatura, para ter
mandato, ou praticar ato que afete a dignidade da investidura, es- vigência na subseqüente, por voto da maioria de seus Membros,
tará sujeito a processo e a penalidades previstas neste Regimento. até dez dias antes das eleições municipais.
Parágrafo único - Constituem penalidades:
§ 1º - O pagamento da remuneração corresponderá ao compa-
I - censura;
recimento do Vereador às reuniões, registrado no livro de presen-
II - impedimento temporário do exercício do mandato, não ex-
ça, salvo licença.
cedente a 30 (trinta) dias;
§ 2º - Deixando a Câmara de fixar a remuneração, ficarão man-
III - perda do mandato.
Art. 58 - O Vereador, acusado da prática de ato que ofenda a tidos, na Legislatura subseqüente, os valores vigentes em Dezem-
sua honorabilidade, poderá requerer ao Presidente da Câmara, ou bro do último exercício da Legislatura anterior, admitida a atualiza-
de Comissão, que mande apurar a veracidade da argüição e, pro- ção do valor monetário.
vada a improcedência, imponha ao Vereador ofensor a penalidade § 3º - Na hipótese do § 2º, deverá a Mesa Diretora empossada,
regimental cabível. na primeira quinzena de Janeiro, dar publicidade a esses valores no
Art. 59 - A censura será verbal ou escrita. jornal “O Legislativo”.
§ 1º - A censura verbal é aplicada em Reunião, pelo Presidente Art. 65 - A remuneração será:
da Câmara ou de Comissão, ao Vereador que: I - integral, para o Vereador:
I - deixar de observar, salvo motivo justificado, os deveres de- a) no exercício do mandato;
correntes do mandato ou os preceitos deste Regimento; b) quando licenciado na forma dos incs. I, II e IV do art. 53 e II
II - perturbar a ordem ou praticar atos que infringem as regras do art. 51;
de boa conduta no recinto da Câmara ou em suas demais depen- II - proporcional, aos dias de exercício do mandato à razão de
dências. 1/30 (um trinta avos), para o Vereador:
§ 2º - A censura escrita será imposta pela Mesa da Câmara ao a) licenciado na forma do inc. III do art. 53;
Vereador que: b) Suplente, quando convocado para o exercício do mandato.
I - reincidir nas hipóteses previstas no § anterior; Parágrafo único - O não comparecimento do Vereador à Reu-
II - usar, em discurso ou proposição, expressões atentatórias nião Ordinária, sem justificativa, após comunicação escrita do Se-
ao decoro parlamentar; cretário ao Presidente, implicará na perda do direito à percepção
III - praticar ofensas físicas ou morais em dependências da Câ- do valor correspondente a 1/30 (um trinta avos) de sua remune-
mara ou desacatar, por atos ou palavras, outro Vereador, a Mesa ração.
ou Comissão e respectivas Presidências ou Plenário. Art. 66 – Na hipótese de convocação Extraordinária durante os
Art. 60 - Considera-se incurso na sanção de impedimento tem- meses de recesso, será devido ao Vereador o pagamento corres-
porário do exercício do mandato o Vereador que: pondente ao valor integral de sua remuneração mensal, indepen-
I - reincidir nas hipóteses previstas no § 2º do artigo anterior;
dentemente do número de Reuniões realizadas.
II - praticar transgressão grave ou reiterada aos preceitos deste
Art. 67 - A verba indenizatória será fixada pela Câmara Munici-
Regimento;
pal em percentual correspondente a 75% (setenta e cinco por cen-
III - revelar informações e documentos oficiais, de caráter re-
to) da verba indenizatória percebida pelos deputados estaduais.(
servado, de que tenha tido conhecimento.
Parágrafo único - Nos casos indicados no artigo, a penalidade Res. 036/03)
será aplicada pelo Plenário, assegurada, ao infrator, ampla defesa.
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO IV DAS LIDERANÇAS
DA CONVOCAÇÃO DO SUPLENTE SEÇÃO I
DA BANCADA
Art. 61 - A Mesa convocará, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, o Suplente de Vereador, nos casos de: Art. 68 - Bancada é o agrupamento organizado dos Vereadores
I - ocorrência de vaga; de uma mesma representação partidária.
II - investidura do titular em cargo ou função indicados no inc. Art. 69 - Líder é o porta-voz da respectiva Bancada e o interme-
I do art. 52; diário entre esta e o órgão da Câmara.
III - licença para tratamento de saúde do titular por prazo supe- § 1º - Cada Bancada indicará à Mesa da Câmara, até cinco dias
rior a 30 (trinta) dias; após o início da Sessão Legislativa Ordinária, o nome de seu Líder,
IV - licença-maternidade. escolhido em Reunião por ela realizada para este fim.
Parágrafo único - O Suplente será convocado para tomar posse § 2º - A indicação de que trata o § anterior será formalizada em
em Reunião Especial, marcada para tal fim exclusivo. ata, cuja cópia será encaminhada à Mesa.
Art. 62 - Se ocorrer vaga e não houver Suplente, far-se-á elei- § 3º - Enquanto não for feita a indicação, considerar-se-á Líder
ção para preenchê-la se faltarem mais de 15 (quinze) meses para o Vereador mais idoso, dentre os de maior número de Legislaturas.
o término do mandato, cabendo ao Presidente comunicar o fato à § 4º - Cada Líder poderá indicar Vice-Líderes na proporção de
Justiça Eleitoral. um por 04 (quatro) Vereadores, ou fração da respectiva Bancada.

62
LEGISLAÇÃO
§ 5º - Ausente ou impedido o Líder ou, se houver, o Vice-Líder, § 1º - Os Líderes de Bancadas que participem de Bloco Par-
suas atribuições serão exercidas por liderados, com preferência lamentar e o Líder do Governo terão direito a voz no Colégio de
para o mais idoso. Líderes, mas não a voto.
§ 6º - Os Líderes e Vice-Líderes não poderão ser Membros da § 2º - As deliberações do Colégio de Líderes serão tomadas por
Mesa da Câmara nos cargos de Presidente e Primeiro Secretário. maioria de seus Membros.
Art. 70 - Haverá Líder do Governo se o Prefeito o indicar à Mesa
da Câmara. TÍTULO IV
Parágrafo único - Poderá ser indicado pelo Líder do Governo, DA MESA DA CÂMARA
um ViceLíder. CAPÍTULO I
Art. 71 - Além de outras atribuições regimentais, cabe ao Líder: DA COMPOSIÇÃO E DA COMPETÊNCIA
I - inscrever Membros da Bancada para o horário destinado ao
Expediente, sem prejuízo da atribuição do próprio Vereador; Art. 76 - A Mesa compõe-se de Presidência e de Secretaria,
II - indicar candidatos da Bancada ou do Bloco Parlamentar constituindo-se a primeira, do Presidente e dos Primeiro, Segun-
para concorrerem aos cargos da Mesa da Câmara; do e Terceiro VicePresidentes; a segunda de Primeiro e Segundo
III - indicar à Mesa os Membros da Bancada ou do Bloco Parla- Secretários.
mentar para comporem as Comissões e proporem substituição no § 1º - Tomam assento à Mesa, durante as reuniões, todos os
caso do art. 115. seus Membros.
Art. 72 - A Mesa da Câmara será comunicada sobre qualquer § 2º - O Presidente e o Primeiro Secretário, não podem ausen-
alteração nas lideranças. tar-se, antes de convocado o substituto.
Art. 73 - É facultado a qualquer Líder de Partido, em caráter § 3º - O Presidente convidará o Segundo Secretário, para as-
excepcional, no Grande Expediente ou após o término da Ordem do sumir o cargo na Mesa, na ausência do titular. Não estando ambos
Dia, salvo se houver orador na tribuna, usar da palavra por tempo presentes, convidará um Vereador para substituição eventual.
não superior a 10 (dez) minutos, a fim de tratar de assunto que, Art. 77 - É de 01 (um) ano o mandato para o Membro da Mesa
por sua relevância e urgência, interesse à Câmara, ou responder a Diretora, permitida a recondução para o mesmo cargo na eleição
crítica dirigida à Bancada ou ao Bloco Parlamentar a que pertença.
imediatamente subseqüente, na mesma Legislatura.
Art. 78 - Compete privativamente à Mesa da Câmara, entre ou-
SEÇÃO II
tras atribuições:
DOS BLOCOS PARLAMENTARES
I - dirigir os trabalhos legislativos e tomar as providências ne-
cessárias à sua regularidade;
Art. 74 - É facultado às Bancadas, por decisão da maioria de
II - apresentar projeto de Resolução que vise a:
seus Membros, constituir Bloco Parlamentar, sob liderança comum,
a) dispor sobre o regulamento geral que conterá a organização
vedada a participação em mais de um Bloco, devendo o ato de sua
da Divisão Administrativa da Câmara, seu funcionamento, sua polí-
criação e as alterações serem comunicadas à Mesa da Câmara para
publicação e registro. cia, criação, transformação ou extinção de cargo, emprego e função
§ 1º - O Bloco Parlamentar terá o tratamento dispensado às de seus servidores e fixação da respectiva remuneração, observa-
Bancadas. dos os parâmetros estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentá-
§ 2º - A escolha do Líder será comunicada à Mesa até 05 (cinco) rias, e o disposto na Lei Orgânica;
dias após a criação do Bloco Parlamentar, em documento subscrito b) Autorizar o Prefeito a ausentar-se do Município ou interrom-
pelo indicado, acompanhado de cópia da ata da Reunião por eles per o exercício de suas funções;
realizada para tal fim. c) mudar temporariamente a Sede da Câmara.
§ 3º - As lideranças das Bancadas, coligadas em Bloco Parla- III - promulgar Emenda à Lei Orgânica;
mentar, têm suspensas suas atribuições e prerrogativas regimen- IV - dar conhecimento à Câmara, na última Sessão Legislativa
tais. Ordinária, do relatório de suas atividades;
§ 4º - Não será admitida a forma de Bloco Parlamentar com- V - Autorizar despesas dentro da previsão orçamentária;
posto de menos de 03 (três) Vereadores da Câmara Municipal. VI - orientar os serviços administrativos da Câmara, interpretar
§ 5º - Se o desligamento de uma Bancada implicar composição o regulamento e decidir, em grau de recurso, as matérias relativas
numérica menor que a fixada no § anterior, extinguir-se-á o Bloco aos direitos e deveres dos servidores;
Parlamentar. VII - nomear, promover, conceder gratificações e fixar seus
§ 6º - O Bloco Parlamentar tem existência por Sessão Legisla- percentuais, salvo quando expressos em Lei ou Resolução, conce-
tiva Ordinária, prevalecendo na convocação extraordinária da Câ- der licença, pôr em disponibilidade, suspender, demitir e aposentar
mara. servidor efetivo da Câmara.
§ 7º - Dissolvido o Bloco Parlamentar, ou modificada sua com- VIII - declarar a perda do mandato do Vereador, nos termos
posição numérica, será revista a representação das Bancadas ou dos §§ 2º e 3º do art. 49;
dos Blocos nas Comissões, para o fim de redistribuição de lugares, IX - aplicar a penalidade de censura escrita a Vereador, conso-
consoante o princípio da proporcionalidade partidária. ante ao § 2º do art. 59;
§ 8º - A Bancada que integrava Bloco Parlamentar dissolvido, X - aprovar a proposta do orçamento anual da Secretaria da
ou a que dele se desvincular, não poderá participar de outro na Câmara e encaminhá-la ao Poder Executivo;
mesma Sessão Legislativa Ordinária. XI - encaminhar ao Tribunal de Contas do Estado e, dentro de
60 (sessenta) dias de abertura da Sessão Legislativa Ordinária, ao
SEÇÃO III Plenário, a prestação de contas da Secretaria da Câmara em cada
DO COLÉGIO DE LÍDERES exercício financeiro;
XII - encaminhar ao Prefeito, no primeiro e no último ano do
Art. 75 - Os Líderes das Bancadas e dos Blocos Parlamentares mandato deste, o inventário de todos os bens móveis e imóveis da
constituem o Colégio dos Líderes. Câmara;

63
LEGISLAÇÃO
XIII - publicar mensalmente, resumo do demonstrativo das des- l) dirigir a polícia da Câmara;
pesas orçamentárias executadas no período pelas unidades admi- m) promover, até o dia 10 de Março, no início de cada Legis-
nistrativas da Câmara; latura, ciclos de eventos destinados à formação de Vereadores e
XIV - Autorizar a aplicação de disponibilidades financeiras da demais Membros da sociedade;
Câmara; n) zelar pela preservação da documentação da Câmara e esti-
XV - constituir Comissão de Representação que importe ônus mular a pesquisa sobre sua história e atividade legislativa;
para a Câmara; o) propor a criação de um centro de documentação e pesquisa
XVI - conceder licença à Vereador, mediante solicitação; sobre a história e atividade legislativa da Câmara Municipal;
XVII - Autorizar abertura de crédito suplementar a orçamento p) supervisionar e acompanhar os trabalhos a serem realizados
da Câmara; pela TV Legislativa.
XVIII - decidir sobre requerimento de inserção, nos anais da II - quanto às Reuniões:
Câmara, de documentos e pronunciamentos não oficiais; a) convocar as Reuniões;
XIX - justificar, a pedido de Vereador, suas faltas. b) convocar Sessão Legislativa Extraordinária;
Parágrafo único - As disposições relativas às Comissões Perma- c) abrir, presidir e encerrar Reunião da Câmara e de sua Mesa,
nentes aplicam-se, no que couber, à Mesa da Câmara. neste caso tendo direito a voto;
Art. 79 - Será destituído do cargo da Mesa Diretora, por voto de d) manter a ordem, observando e fazendo observar as leis e
2/3 (dois terços) dos Membros da Câmara de Vereadores, o Mem- este Regimento;
bro que atentar contra o Regimento Interno ou, por qualquer meio, e) prorrogar, de ofício, o horário da Reunião;
dificultar ou impedir o livre exercício do mandato de Vereador, ou f) fazer ler a ata pelo Secretário, submetê-la a discussão e assi-
que atentar contra a dignidade do Poder Legislativo e das institui- ná-la, depois de aprovada;
ções e liberdades democráticas. g) fazer ler a correspondência pelo Secretário;
Parágrafo único - O requerimento para destituição de Membro h) conceder a palavra ao Vereador e prorrogar o prazo do ora-
da Mesa dependerá da assinatura da maioria absoluta da Câmara, dor inscrito;
assegurando-se ampla defesa ao denunciado. i) interromper o orador que se desviar do ponto em discussão,
Art. 80 - Apresentado o requerimento, que deverá fixar o mo-
falar sobre o vencido, faltar à consideração para com a Câmara, sua
tivo da destituição, deverá o Presidente da Câmara nomear uma
Mesa, suas Comissões ou algum de seus Membros e, em geral, para
Comissão Especial de 03 (três) Vereadores, sendo um deles da Co-
representantes do poder público, chamando-o à ordem ou reite-
missão de Legislação, Justiça e Redação, para dar Parecer sobre o
rando-lhe a palavra;
pedido. Se contrário ao pedido, o Parecer será submetido
j) convidar o Vereador a retirar-se do recinto do Plenário,
ao Plenário.
quando perturbar a ordem;
Parágrafo único - Para destituição de qualquer Membro da
l) aplicar censura verbal a Vereador;
Mesa a votação será secreta, dela não podendo participar o Mem-
m) chamar a atenção do Vereador ao esgotar-se o prazo de sua
bro denunciado.
permanência na Tribuna;
CAPÍTULO II n) não permitir a publicação de expressões vedadas por este
DO PRESIDENTE DA CÂMARA Regimento;
o) suspender ou levantar a Reunião, ou fazer retirar assistentes
Art. 81 - A Presidência é órgão representativo da Câmara Mu- das galerias, se as circunstâncias o exigirem;
nicipal, quando ela se enuncia coletivamente, e responsável pela p) ordenar a confecção de avulsos;
direção dos trabalhos institucionais e por sua ordem. q) submeter à discussão e votação a matéria em pauta, esta-
Art. 82 - Compete ao Presidente: belecendo o objeto da discussão e o ponto sobre o qual deva recair
I - como chefe do Poder Legislativo: a votação;
a) representar a Câmara perante as autoridades constituídas; r) anunciar o resultado da votação e mandar proceder à sua
b) dar posse ao Vereador; verificação, quando requerida;
c) promulgar a Resolução e o Decreto Legislativo; s) mandar proceder à chamada dos Vereadores e ao anúncio
d) promulgar a lei resultante de sanção tácita transcorrido o do número de presentes;
prazo previsto no § 3º do art. 27 da Lei Orgânica; t) assinar com o Secretário, as folhas de votações nominais
e) promulgar a lei ou disposição legal resultante da rejeição de após anotado o resultado;
Veto, transcorrido o prazo a que se refere o § 7º do art. 27 da Lei u) decidir questão de ordem;
Orgânica; v) designar um dos Vereadores presentes para exercer as fun-
f) assinar a correspondência oficial sobre assuntos afetos à Câ- ções de Secretário da Mesa, na ausência ou impedimento dos titu-
mara; lares, e escrutinadores, na votação secreta;
g) nomear e exonerar servidores públicos ocupantes de cargos x) anunciar o projeto apreciado conclusivamente pelas Comis-
efetivos e em comissão, do quadro da administração da Câmara, sões e a fluência do prazo para interposição do recurso a que se
sendo que para os Assessores de Gabinete a nomeação ou exonera- refere o art. 158, § 3º;
ção será precedida de autorização expressa do Gabinete do Verea- III - quanto às proposições:
dor, em que o Assessor estiver lotado, salvo em caso de falta grave; a) decidir sobre requerimento submetido à sua apreciação;
h) dar andamento legal aos recursos interpostos contra atos b) determinar, a requerimento do Autor, a retirada de proposi-
que praticar, de modo a garantir o direito das partes; ção, nos termos regimentais;
i) exercer o governo do Município no caso previsto no art. 41, c) determinar o arquivamento, a retirada de pauta ou a de-
§ 1º da Lei Orgânica; volução ao Prefeito de proposição de sua iniciativa, quando este
j) zelar pelo prestígio e dignidade da Câmara, pelo respeito às solicitar por escrito, ou através de seu Líder;
prerrogativas constitucionais de seus Membros e pelo decoro par- d) recusar Substitutivos ou Emendas impertinentes à proposi-
lamentar; ção inicial ou manifestamente ilegais;

64
LEGISLAÇÃO
e) determinar a anexação, a Reunião, o arquivamento ou o de- CAPÍTULO IV
sarquivamento de proposição; DOS SECRETÁRIOS DA CÂMARA
f) observar e fazer observar os prazos regimentais;
g) solicitar informação e colaboração técnica para estudo de Art. 85 - São atribuições do Primeiro Secretário:
matéria sujeita à apreciação da Câmara; I - verificar e anunciar a presença de Vereadores, por meio de
h) declarar a prejudicialidade de proposição; chamada, nos casos previstos neste Regimento;
i) determinar a redação final das proposições; II - proceder à leitura da ata e da correspondência, bem como
j) assinar as proposições de lei; à das proposições para discussão e votação;
IV - quanto às Comissões: III - proceder à leitura de um versículo bíblico;
a) designar os Membros das Comissões e seus substitutos; IV - assinar, com o Presidente, as proposições de lei, as Leis,
b) constituir Comissão de Representação; Resoluções e Decretos Legislativos que este promulgar;
c) indeferir requerimento de audiência de Comissão, quando V – assinar com o Presidente as folhas de votações nominais
impertinente, ou quando sobre a proposição já se tenham pronun- logo após declarado e anotado o resultado;
ciado 03 (três) Comissões, salvo o disposto no § 9º do art. 201; VI- superintender a redação das atas das reuniões, assiná-las
d) declarar a perda da qualidade do Membro de Comissão, por depois do Presidente e fazer-lhes publicar no jornal “O Legislativo”;
motivo de falta, nos termos do § 2º do art. 114; Parágrafo único – compete também ao Primeiro Secretário:
e) distribuir matérias às Comissões; a) praticar todos os atos inerentes ao cargo de Ordenador de
f) decidir, em grau de recurso, sobre questão de ordem resolvi- Despesa, tais como a administração financeira e orçamentária da
da por Presidente da Comissão; Câmara;
g) encaminhar aos órgãos ou entidades referidas no art. 109, as b) emitir cheques da Câmara, conjuntamente, com Coordena-
conclusões de Comissão Parlamentar de Inquérito; dor do Controle Interno e o Gerente da Divisão Financeira;
V - quanto às publicações: c) indicar servidores efetivos para compor Comissão de Licita-
a) fazer publicar os atos legislativos que promulgar; ção;
b) não permitir a publicação de pronunciamentos contrários à d) controlar e fiscalizar dos produtos e materiais adquiridos
ordem pública, na forma do art. 44, parágrafo único; pela Câmara;
Art. 83 - O Presidente da Câmara participa somente nas vo- e) inspecionar os trabalhos da Câmara e fiscalizar-lhe as des-
tações secretas e, quando houver empate, nas votações públicas. pesas;
§ 1º - Considera-se empatada a votação pública que resultar f) presidir Comissão de avaliação e promoção de servidor públi-
igual número de votos a favor e contra; co efetivo da Câmara; (Res. 38/03,)
§ 2º - Será contada sua presença atendendo o disposto no art. Art. 86 - Ao Segundo Secretário compete substituir o Primeiro
254. Secretário em caso de ausência ou impedimento, observado o dis-
posto no parágrafo único do art. 85, auxiliá-lo no exercício de suas
CAPÍTULO III
funções e exercer outras atribuições que lhe forem delegadas, tais
DOS VICE-PRESIDENTES DA CÂMARA
como:
I – a administração geral de pessoal, notadamente no controle
Art. 84 - O Primeiro Vice-Presidente substituirá o Presidente
de sua lotação, freqüência e disciplina, salvo Assessores de Gabine-
na sua ausência ou impedimento, e, na falta deste, o Segundo Vice-
te cujo controle compete ao seu Vereador;
-Presidente, Terceiro Vice-Presidente, Primeiro e Segundo Secretá-
II – administração do setor do protocolo geral controlado pela
rios, nesta ordem.
§ 1º - O Presidente assume as suas funções logo que compare- Divisão Administrativa;
cer à Reunião que já se tiver iniciado. III – controle do protocolo de proposições encaminhadas à
§ 2º - Sempre que a ausência ou impedimento tenha duração Mesa durante Reuniões Ordinárias e Extraordinárias ou, se for o
superior a 10 (dez) dias, a substituição se fará em todas as atribui- caso, à Assessoria Técnico-Legislativa nos dias de recesso.
ções do titular do cargo. IV - tomar nota das observações e reclamações que sobre as
§ 3º - Compete, ainda, aos Vice-Presidentes exercerem as atri- atas forem feitas; (R. 038/
buições que lhes forem delegadas pelo Presidente: V - fazer recolher e guardar, em boa ordem, os projetos e suas
§ 4.º - Ao Primeiro Vice-Presidente compete ainda: Emendas, bem como as demais proposições para o fim de serem
a) assinar cheques na ausência de uma das três pessoas res- apresentados, quando necessário;
ponsáveis pela sua emissão; VI - manter, sob sua ordem, na Assessoria Técnico-Legislativa,
b) supervisionar o jornal “O Legislativo” e acompanhar suas o livro de inscrição de oradores e o livro de chamada e presença
publicações que deverão conter somente os atos oficiais, exceto dos Vereadores;
na primeira página que conterá fotos e comentários registrando os VII - proceder à contagem dos Vereadores, em verificação de
debates no Plenário, evitando citação dos nomes para promoção votação;
pessoal, nem divulgação do trabalho individual. VIII - autenticar, o livro de chamada e presença dos Vereado-
§ 5.º - Ao Segundo Vice-Presidente compete ainda: res;
a) administrar o setor de transporte; IX - fornecer por escrito à tesouraria, para efeito de pagamento
b) supervisionar a administração do estacionamento da Câma- mensal da respectiva remuneração, os dados relativos ao não com-
ra Municipal. parecimento do Vereador, em cada Reunião;
§ 6.º Ao Terceiro Vice-Presidente compete ainda: X - abrir, numerar, rubricar e encerrar os livros destinados aos
a) administração do serviço de segurança; serviços da Câmara;
b) administração do serviço de limpeza; XI- acompanhar as atividades da Assessoria Técnico-Legislativa
c) controle de entrada e saída de servidor fora do dia e horário junto ao Plenário.
de trabalho. XII -fiscalizar os vales refeições e vales transportes coletivo
§ 7.º - O estacionamento da Câmara Municipal será administra- controlados pela Gerência da Divisão Financeira.
do pela Gerência de Divisão Administrativa, mediante regulamento.

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LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO V VI - convocar, com antecedência mínima de (05) cinco dias,
DA POLÍCIA INTERNA Secretário Municipal ou dirigente de entidade da Administração
Indireta para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto
Art. 87 - O policiamento da Sede da Câmara e de suas depen- previamente determinado e constante da convocação, sob pena de
dências compete privativamente à Mesa. responsabilização;
§ 1º - Fica o Primeiro Vice-Presidente designado para auxiliar o VII - convocar servidor municipal para prestar informação so-
Presidente na manutenção do decoro, da ordem e da disciplina no bre assunto inerente às suas atribuições, constituindo infração ad-
âmbito da Câmara. ministrativa a recusa ou o não atendimento no prazo de 30 (trinta)
§ 2.º - É vedado em qualquer recinto da Câmara Municipal: dias;
a) portar qualquer tipo de arma; VIII - encaminhar, por intermédio da Mesa da Câmara, pedido
b) comercializar qualquer tipo de produtos ou mercadorias, in- escrito de informação ao Prefeito Municipal, a dirigente de enti-
clusive bilhetes e cartões de jogos. dade da Administração Indireta e a outras autoridades municipais,
§ 3.º O Primeiro Vice-Presidente tem poderes para revistar, e a recusa, ou não atendimento no prazo de 30 (trinta) dias, ou a
desarmar e apreender qualquer mercadoria ou produto que viole prestação de informação falsa constituem infração administrativa,
a vedação exposta no parágrafo anterior, no que será apoiado pela sujeita a responsabilização;
Divisão Administrativa da Câmara. IX - receber petição, reclamação, representação, ou queixa de
§ 4º - A Mesa pode requisitar o auxílio da autoridade compe- qualquer pessoa contra ato ou omissão de autoridade ou entidade
tente, quando entender necessário, para assegurar a ordem. pública;
Art. 88 – O porte de armas em recinto da Câmara somente será X - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
permitido para o pessoal responsável pela guarda. XI - apreciar plano de desenvolvimento e programa de obras do
Parágrafo único - A constatação do fato implica falta de decoro Município;
parlamentar, relativamente ao Vereador. XII - acompanhar a implantação dos planos e programas de que
Art. 89 - Será permitido, a qualquer pessoa decentemente trata o inciso anterior e exercer a fiscalização dos recursos munici-
trajada, ingressar e permanecer no edifício da Câmara e assistir às pais neles investidos;
XIII - exercer o acompanhamento e a fiscalização contábil, fi-
Reuniões do Plenário e às das Comissões.
nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial das unidades
§ 1º - O assistente não poderá aplaudir, nem reprovar o que se
administrativas dos Poderes do Município, das entidades da Admi-
passar durante as Reuniões.
nistração Indireta, incluídas as fundações e sociedades por ele ins-
§ 2º - O Presidente fará sair do edifício da Câmara o assistente
tituídas e mantidas e das empresas de cujo capital social participe
que perturbar a ordem.
o Município;
Art. 90 - Os Vereadores somente terão acesso ao Plenário em
XIV - determinar a realização, quando for o caso, de perícias,
traje social completo, e os servidores da Câmara, vestidos de forma
inspeções e auditorias nos órgãos e entidades indicadas no inciso
adequada.
anterior;
Art. 91 - Será preso em flagrante aquele que perturbar a or- XV - exercer a fiscalização e controle dos atos da Administração
dem dos trabalhos, desacatar a Mesa ou os Vereadores, quando Pública;
em Reunião. XVI - propor a sustação dos atos normativos do Poder Executi-
vo que exorbitem do poder regulamentar, elaborando o respectivo
TÍTULO V projeto de Decreto Legislativo;
DAS COMISSÕES XVII - estudar qualquer assunto compreendido no respectivo
CAPÍTULO I campo temático ou área de atividade, podendo promover, em seu
DISPOSIÇÕES GERAIS âmbito, conferências, exposições, seminários ou eventos congêne-
res;
Art. 92 - As Comissões da Câmara são: XVIII - realizar audiência com órgão ou entidade da Adminis-
I - Permanentes, as que subsistem às Legislaturas; tração Pública, para elucidação de matéria sujeita a seu Parecer ou
II - Temporárias, as que se extinguem com o término da Legisla- decisão;
tura, ou antes dela, se atingido o fim para o qual foram criadas, ou XIX - solicitar informações técnicas às Secretarias ou órgãos pú-
findo o prazo estipulado para seu funcionamento. blicos, afetos à matéria objeto de proposição em análise.
Art. 93 - Os Membros Efetivos e Suplentes das Comissões são Parágrafo único - As atribuições contidas nos incisos II, VIII, IX,
nomeados pelo Presidente da Câmara, por indicação dos Líderes XV, XVI e
das Bancadas, ou Blocos Parlamentares. XVIII não excluem a competência concorrente de Vereador.
§ 1º - Haverá tantos Suplentes quantos forem os Membros Art. 95 - As Comissões funcionam com a presença, no mínimo,
Efetivos das Comissões, exceto nos casos de Comissão de Repre- da maioria de seus Membros, e as deliberações são tomadas por
sentação. maioria de votos dos presentes, salvo os casos previstos neste Re-
§ 2º - O Suplente substituirá o Membro Efetivo de sua Bancada gimento.
ou Bloco Parlamentar em suas faltas ou impedimentos. Art. 96 - Na constituição das Comissões é assegurada, tanto
Art. 94 - Às Comissões, em razão de sua competência ou da quanto possível, a participação proporcional das Bancadas ou Blo-
finalidade de sua constituição, cabe: cos Parlamentares.
I - apreciar os assuntos ou proposições submetidos ao seu exa- Art. 97 - O Vereador que não seja Membro da Comissão poderá
me e sobre eles emitir Parecer; participar das discussões, sem direito a voto.
II - iniciar o processo legislativo;
III - realizar inquérito;
IV - realizar audiência pública com entidades da sociedade civil;
V - realizar audiência pública em regiões do Município para
subsidiar o processo legislativo;

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LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO II f) concessão de subvenções sociais;
DAS COMISSÕES PERMANENTES g) relações de consumo e medidas de proteção e defesa do
SEÇÃO I consumidor;
DA DENOMINAÇÃO h) orientação e educação do consumidor;
i) economia popular e questões relativas ao abuso de poder
“Art. 98 - São as seguintes as Comissões Permanentes: econômico;
I - Direitos Humanos, Sociais e do Consumidor; j) controle de qualidade, preços e medidas de produtos.
II - Educação, Cultura e Ciência; (Res. N.º 113/19) II - Educação, Cultura e Ciência
III – Finanças, Orçamento e Tributos; a) política e sistema educacionais;
IV - Legislação, Justiça e Redação; b) implantação de unidades e programas educacionais relati-
V - Política Urbana, Habitação e Urbanismo; vos a custo/benefício;
VI – Política Rural e Administração dos Distritos; c) política de desenvolvimento e proteção do patrimônio histó-
VII – Saúde, Saneamento (Res. 104/16) rico e cultural do Município;(Res. 113/19)
VIII – Segurança Pública; III - Finanças, Orçamento e Tributos, sem prejuízo da compe-
IX – Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho; tência específica das demais Comissões:
X - Administração Pública; (Res. nº 035/2003) a) Plano Plurianual, Diretrizes Orçamentárias e Orçamento
XI – Mista de Participação Popular; (Res. N.º 087/2008) Anual;
XII – Promoção da Igualdade Racial. (Res. N.º 087/2008) b) abertura de créditos, contas públicas, acompanhamento e
XIII – Políticas Públicas Sobre Drogas. (Res. N.º 103/16) fiscalização orçamentária;
XIV – Meio Ambiente e Defesa Animal (Res. 104/16) c) planos de desenvolvimento, acompanhamento da execução
XV – Micro e Pequena Empresa (Res. N.º 107/17) de políticas públicas e a fiscalização de investimentos;
XVI – Esporte, Lazer e Paradesporto (Res. N.º 113/19) d) impacto e repercussão orçamentária e financeira das propo-
XVII – Inovação, Tecnologia e Juventude (Res. N.º 113/19) sições, nos termos da Lei Complementar nº 101/2000;
Parágrafo único – A Comissão Mista Permanente de Participa- e) existência e disponibilidade de receitas para garantir a exe-
ção Legislativa Popular tem como finalidade apreciar sugestões le- cução de programas ou projetos;
gislativas apresentadas pela sociedade organizada, contribuindo no f) fiscalização de recursos originários de convênios e contra-
aprimoramento da gestão do Município e promovendo uma maior partidas;
integração entre o Poder Legislativo e a comunidade uberlandense, g) matérias de que tratam os incisos XIII e XV do art. 94 deste
podendo para tal debater e incentivar a participação popular na Regimento;
gestão pública, no intuito de construir um legislativo comprome- h) instituição de tributos, fixação e alteração de alíquotas;
tido com o aprofundamento da democracia participativa. (Res. N.º i) concessões de benefícios tributários e impacto na receita
087/2008) municipal;
Art. 99 - A designação dos Membros das Comissões Perma- j) acompanhamento das licitações públicas;
nentes far-seá no prazo de 05 (cinco) dias, a contar da instalação k) matérias que importam em despesas para a Administração.
das Sessões Legislativas Ordinárias e prevalecerá pelo prazo de 02 IV - Legislação, Justiça e Redação:
(dois) anos, salvo a hipótese de alteração da composição partidária a) aspectos jurídico constitucional, legal e regimental das pro-
e o disposto no § 7º do art. 75. posições, para efeito de admissibilidade e tramitação;
§1º - Considerar-se-á provisória a designação dos representan- b) adequação de proposições às normas legais e regimentais;
tes das Bancadas ou dos Blocos Parlamentares que não se houve- c) redação final e proposição;
rem manifestado dentro do prazo estabelecido no artigo. d)análise de legalidade na publicidade dos atos oficiais;
§2º As comissões criadas após a instalações das sessões legis- e) manifestar-se em recursos previstos neste Regimento.
lativas ordinárias terão prazo de duração correspondente ao lapso V - Política Urbana, Habitação e Urbanismo e Transporte Pú-
temporal complementar ao prazo previsto no “caput”. blico:
Art. 100 - A Mesa fará publicar, no Jornal “O Legislativo”, se- a) política e desenvolvimento urbano e rural;
mestralmente, e sempre que houver alteração, a relação das Co- b) política de ocupação, parcelamento e uso do solo urbano;
missões Permanentes, com a designação de local, dia e hora das c) planta de valores de imóveis;
reuniões, bem como os nomes de seus Membros Efetivos e Suplen- d) Plano Diretor, metas e programas;
tes. e) delimitação de áreas urbanas e normas de construção;
Art. 101 – (Revogada pela Res. 113/19) f) implantação e modernização de serviços e obras públicas;
g) topônimos municipais;
SEÇÃO II h) limpeza pública;
A COMPETÊNCIA i) política habitacional, infra-estrutura básica;
j) desapropriação, alienação e concessão de imóveis do patri-
Art. 102 - A competência de cada Comissão Permanente de- mônio público;
corre da matéria compreendida em sua denominação incumbindo, k) política de ordenação e exploração dos serviços de transpor-
especificamente: te público urbano;
I – Comissão de Direitos Humanos, Sociais e Defesa do Consu- l) isenção de tarifas em transporte público e fonte de custeio;
midor: m) concessão de bens e serviços de transportes público;
a) defesa dos direitos individuais e coletivos; n) política de educação e segurança no trânsito;
b) promoção e divulgação dos direitos humanos; o) instalação de sistema para fiscalização eletrônica no trânsito
c) programas de recuperação da população carcerária; urbano.
d) assistência social e proteção à infância, adolescência, à mu- VI – Política Rural e Administração dos Distritos:
lher e ao idoso; a) programas de desenvolvimento rural e do bem-estar social
e) direitos dos portadores de deficiência; (Res. 087/2009) no campo;

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LEGISLAÇÃO
b) programas de moradia envolvendo o perímetro rural dos e) modernização administrativa, programas de treinamento,
distritos; qualificação de servidor;
c) fomento à produção rural, abastecimento e comercialização; f) bolsas de estudo;
d) eletrificação rural e projetos para uso de água na irrigação g) aquisição, alienação, locação, cessão de uso, permissão de
de lavouras; propriedade do patrimônio público ou a serviço da Administração.
e) apoio à produção artesanal de produtos alimentícios; XI - Comissão Mista de participação popular legislativa:
f) sistema viário para escoamento da produção rural; a) receber, examinar e transformar em proposição de sua ini-
g) apoio a projetos tecnológicos para o desenvolvimento sus- ciativa, quando aprovadas, as sugestões de proposições legislativas
tentado do solo rural; apresentadas por associações, órgãos de classe, sindicatos, conse-
h) obras, serviços e equipamentos para uso da comunidade lhos, organizações não governamentais e entidades organizadas da
dos distritos; sociedade, excetuando-se os partidos políticos e organismos inter-
i) arrendamentos, cessão de uso, orientação e amparo ao tra- nacionais;
balhador rural; b) promover pareceres técnicos e exposições sobre experiên-
j) programas de geração de emprego na zona rural, com estí- cias inovadoras em gestão pública, participação popular e transpa-
mulo à produção compartilhada.
rência administrativa;
VII – Saúde e Saneamento:
c) requisitar informações, relatórios e documentos sobre a
a) política de saúde em geral;
aplicação de Leis, programas e despesas do Município, diretamente
b) ações e serviços de saúde pública, prevenção e erradicação
de doenças; ou através do Tribunal de Contas;
c) vigilância sanitária e epidemiológica; d) propiciar o envolvimento da cidadania em assuntos de inte-
d) lixo urbano; resse social, promovendo o direito da sociedade à informação e à
e) projetos de saneamento básico, inclusive de rede pluviomé- participação. (Res. 085/2009)
trica; XII - Comissão de Promoção da Igualdade Racial:
f) abastecimento, controle e qualidade de água potável. (Res. a) analisar ações e políticas públicas com a finalidade de redu-
104/16) zir a desigualdade racial;
VIII - Segurança Pública: b) proposta de inclusão da pessoa negra nos diversos setores
a) política de segurança pública, em conjunto com o Estado; produtivos, educacionais, culturais...;
b) ações e recursos destinados à segurança pública no Muni- c) possibilidade de habilitação e reabilitação do trabalhador
cípio; negro;
c) participação em programas de combate à marginalidade e d) garantia de participação, em igualdade de oportunidades, a
recuperação de detentos; todos os cidadãos brasileiros, independente da cor da pele, crença
d) análise de planos e programas de combate ao uso de drogas; política e religiosa”;
e) participação em ações integradas com entidades ligadas às e) opinar sobre a proposta orçamentária anual, destinada a
questões de segurança pública. atender as políticas de promoção da igualdade racial;
IX – Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho: f) opinar sobre projetos direcionados para preservação da me-
a) fomento à produção industrial, do comércio e do turismo; mória e das tradições afro-brasileiras e dos demais seguimentos
b) projetos de criação de polos industriais; étnicos;
c) incentivos fiscais destinados ao desenvolvimento de ações g) defesa de direitos de indivíduos e grupos ´étnicos-raciais,
relacionadas com o comércio, a indústria, a agroindústria, o turis- afetados pela discriminação racial e demais formas de intolerância;
mo e geração de empregos; h) outras matérias relacionadas com questões raciais e das mi-
d) aplicação de recursos públicos mediante convênios na in- norias. (Res.087/2009).
dústria, comércio, turismo e trabalho; Parágrafo Único – Quando se tratar de matérias não inseridas
e) participação nas ações nacionais e internacionais, direciona-
nos incisos de que trata o art. 102 deste Regimento, serão elas
das para empreendimentos no Município;
distribuídas para a Comissão que tenha afinidade com o conteúdo
f) feiras, mercados, exposições, centrais de abastecimento;
proposto. (O art. 102 e incisos foram alterados pela Resolução nº
g) comercialização de produtos “a varejo” nas vias e logradou-
ros públicos; 035/2003)
h) projetos para qualificação de mão-de-obra para os setores XIII – Políticas Públicas Sobre Drogas (Res. N.º 103/16)
da indústria, comércio e turismo; a) ações e recursos destinados as políticas públicas sobre dro-
i) ações para ampliação do mercado de trabalho com gerações gas no município;
de empregos; b) análise de planos e programas de prevenção e combate ao
j) política de desenvolvimento do turismo regional; uso de drogas;
k) incentivo à criação de áreas de turismo, cultural ecológico c) participação em ações integradas com entidades ligadas às
e histórico; questões de prevenção e combate ao uso de drogas;
l) política econômica, planos e programas municipais e inter- d) análise de pesquisas e levantamentos sobre os aspectos de
municipais; saúde, educacionais, sociais, culturais e econômicos decorrentes
m) modernização e implementação de ações integradas para do consumo e da oferta de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas,
atendimento ao turista. que propiciem uma análise capaz de nortear as políticas públicas
X – Administração Púbica: na área de drogas;
a) organização administrativa dos Poderes Municipais; e) ações de prevenção, tratamento, (re)inserção social, redu-
b) regime jurídico, criação de cargos, estatuto e planos de car- ção dos danos sociais e à saúde, redução da oferta e da demanda
reira dos servidores da Administração Direta e Indireta; de drogas no município e estudos, pesquisas e avaliações pertinen-
c) revisão geral e reajuste de servidores; tes à temática;
d) previdência pública e participação do Município em progra- f) fiscalização e o acompanhamento dos programas governa-
mas de saúde do servidor; mentais relativos à prevenção e ao combate ao uso de drogas;

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LEGISLAÇÃO
g) proposta de inclusão do ex-dependente químico nos diver- p) criar meios para a facilitação do acesso ao crédito e ao mer-
sos setores do mercado de trabalho, produtivos, educacionais, cul- cado das micro e pequenas empresas;
turais, etc. q) articular com o poder público para garantir a preferência nas
h) possibilidade de habilitação e reabilitação do ex-dependen- compras públicas, por meio do incentivo à participação das micro e
te químico; pequenas empresas nas licitações municipais;
i) opinar sobre a proposta orçamentária anual, destinada a r) estimular à formalização do Micro Empreendedor Individu-
atender as políticas públicas sobre drogas; al (MEI) por meio de parcerias públicos e privadas com entidades
j) outras matérias relacionadas com questões de políticas pú- governamentais e não governamentais visando o desenvolvimento
blicas sobre drogas. econômico e social do MEI no Município. (Res. 117/19 alterou a
XIV – Meio Ambiente e Defesa Animal: Res. 107/17)
a) lixo urbano e ações de proteção ao meio-ambiente;
b) preservação dos recursos naturais; CAPÍTULO III
c) proteção, recuperação e conservação de ecossistemas; DAS COMISSÕES TEMPORÁRIAS
d) controle de poluição e da degradação ambiental;
e) abastecimento, controle e qualidade de água potável; XVI – Esporte, Lazer e Paradesporto;
f) ações e políticas públicas de defesa e proteção animal. (Res. a) programas para difusão e prática de esportes;
104/16) b) programas para a inclusão da Pessoa com Deficiência em
XV – Comissão Permanente da Micro e Pequena Empresa – modalidades esportivas através do Paradesporto;
MPE: c) política municipal de esporte, lazer e paradesporto;
a) políticas e diretrizes para o apoio às Micro e Pequenas Em- d) assuntos relacionados à colaboração com entidades públi-
presas para seu fortalecimento, expansão e formalização; cas e nãogovernamentais, que atuem no esporte em geral, e/ou
b) programas de incentivo e promoção de arranjos produtivos paradesporto;
locais relacionados às Micro e Pequenas Empresas e de promoção e) implantação de unidades e programas de esporte, lazer e/ou
do desenvolvimento da produção; paradesporto relativos a custo/benefício;
c) programas e ações de qualificação e extensão empresarial f) concessão de subvenções sociais a entidades envolvidas na
voltada às Micro e Pequenas Empresas; área de esporte, turismo, lazer e/ou paradesporto; (Res. 113/19)
d) programas de promoção da competitividade e inovação vol- XVII – Inovação , Tecnologia e Juventude:
tada às Micro e Pequenas Empresas; a) analisar matérias relativas ao desenvolvimento científico e
e) coordenar e supervisionar os Programas de Apoio às Micro tecnológico e política municipal de ciência e tecnologia;
e Pequenas Empresas;
b) política municipal de informática e automação;
f) articular e incentivar à participação de Micros e Pequenas
c) política municipal inclusão digital;
Empresas nas exportações brasileiras de bens e serviços e sua in-
d) promover estudos e opinar sobre assuntos e atividades cien-
ternacionalização;
tíficas e tecnologias;
g) criar e alterar leis, regulamentos, procedimentos, sistemas
e) participar e estimular a realização de palestras, conferências
de informação, portais e canais de comunicação da administração
e congressos e outros eventos que se relacionam com o desenvol-
pública direta e indireta do Município;
vimento econômico. Inovação e tecnologia;
h) ajustar e aperfeiçoar ações e projetos, governamentais e
f) promover iniciativa em defesa do desenvolvimento econô-
não governamentais, para harmonizar e potencializar resultados
mico, inovação e tecnologia do município;
das Micro e Pequenas Empresas;
i) articular à integração entre instituições, órgãos do Poder Pú- g) matérias relativas aos interesses e direitos da juventude,
blico e entidades de apoio e representação local, regional, nacional bem como assuntos ligados ao desenvolvimetno físico, metnal,
e internacional que atuem diretamente no segmento de Micro e moral social;
Pequena Empresa; h) políticas públicas de saúde para jovens;
j) implantar, desenvolver e promover fóruns setoriais de Micro i) políticas públicas de fomento ao talento cultural juvenil;
e Pequena Empresa no Município, com participação dos órgãos pú- j) políticas para diminuição da vunerabilidade social ao risco de
blicos competentes e das entidades vinculadas ao setor; violência entre jovens;
k) tratar dos aspectos tributários do Simples Nacional, espe- k) políticas do trabalho para juventude;
cialmente da regulamentação de pontos imprescindíveis para boa l) políticas de desenvolvimento do jovem empreendedor; (Res.
aplicação do Simples Nacional e suas alterações no Município; 113/19)
l) articular com as entidades envolvidos na abertura, alteração
e baixa das micro e pequenas empresas, dos três âmbitos de gover- SEÇÃO I
no (federal, estadual e municipal), para compatibilizar e integrar DISPOSIÇÕES GERAIS
procedimentos que facilitem o cumprimento da lei pelas micros e
pequenas empresas no Município; Art. 103 - As Comissões Temporárias são:
m) articular ações públicas de promoção do desenvolvimento I - especiais;
local, visando ao cumprimento e manutenção das diretrizes estabe- II - de Inquérito;
lecidas na Lei Geral da MPE; III - de Representação;
n) articular com as entidades de apoio e representação empre- IV - Processante.
sarial para capacitação, estudos e pesquisas, publicações, promo- § 1º - As Comissões Temporárias serão assim compostas:
ção de intercâmbio de informações e experiências para o desenvol- I - por 03 (três) Membros, as indicadas nos incisos I e III do
vimento econômico estímulo à inovação tecnológica; artigo;
o) incentivar o associativismo na formação de consórcios para II - por 05 (cinco) Membros, as indicadas nos incisos II e IV do
fomentação de negócios das micro e pequenas empresas; artigo.

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LEGISLAÇÃO
§ 2º - Os Membros de Comissão Temporária serão nomeados I - ao Ministério Público ou à Procuradoria Geral do Município;
pelo Presidente da Câmara, de ofício ou a requerimento fundamen- II - ao Poder Executivo, para adotar as providências saneadoras
tado, resguardando a participação proporcional das Bancadas ou de caráter disciplinar e administrativo, assinalando prazo hábil para
dos Blocos Parlamentares, devendo um de seus Membros perten- seu cumprimento;
cer, obrigatoriamente, à Comissão de Legislação, Justiça e Redação. III - à Comissão de Finanças e Orçamento e ao Tribunal de Con-
Art. 104 - A Comissão Temporária reunir-se-á após nomeada, tas do Estado, para as providências cabíveis;
para, sob a convocação e a presidência do mais idoso de seus Mem- IV - a autoridade à qual esteja afeto o conhecimento da ma-
bros, eleger o seu Presidente e escolher o Relator da matéria que téria.
for objeto de sua constituição, ressalvado o disposto no § 2º do Parágrafo único - As conclusões do relatório poderão ser revis-
art. 50. tas pelo Plenário.
Art. 109 - Não será criada Comissão de Inquérito enquanto
SEÇÃO II estiverem funcionando, concomitantemente, pelo menos, três Co-
DAS COMISSÕES ESPECIAIS missões.

Art. 105 - São Comissões Especiais as constituídas para: SEÇÃO IV


I - emitir Parecer sobre: DA COMISSÃO DE REPRESENTAÇÃO
a) proposta de Emenda à Lei Orgânica;
b) Veto a proposição de lei; Art. 110 - A Comissão de Representação tem por finalidade es-
c) projeto concedendo título de cidadania honorária e diplo- tar presente a atos, em nome da Câmara, bem como desincumbir-
mas de honra ao mérito e mérito desportivo. -se de missão que lhe for atribuída pelo Plenário.
II - emitir Parecer sobre matéria de proposição não incluída na Art. 111 - A Comissão de Representação será constituída de
competência das Comissões Permanentes. ofício ou a requerimento.
III - proceder o estudo sobre matéria determinada. § 1º - A representação que implicar em ônus para a Câmara
IV - desincumbir-se de missão atribuída pelo Plenário, não co- somente poderá ser constituída se houver disponibilidade orça-
metida a outra Comissão por este Regimento. mentária.
§ 2º - Não haverá suplência na Comissão de Representação.
SEÇÃO III
DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO SEÇÃO V
DA COMISSÃO PROCESSANTE
Art. 106 - A Câmara, a requerimento de um 1/3 (terço) de seus
Membros, constituirá Comissão Parlamentar de Inquérito para
Art. 112 - À Comissão Processante compete praticar os atos
apuração de fato determinado, e por prazo certo, a qual terá po-
previstos na Lei Orgânica e neste Regimento quando do processo
deres de investigação próprios das autoridades judiciais, além de
e julgamento:
outros previstos em lei e neste Regimento.
I - do Prefeito, do Vice-Prefeito e de Secretário Municipal, nas
§ 1º - Considera-se fato determinado o acontecimento de rele-
infrações político-administrativas;
vante interesse para a vida pública e para a ordem constitucional,
legal, econômica e social do Município, que demande investigação, II - do Vereador, na hipótese do § 2º do art. 50.
elucidação e fiscalização e que estiver devidamente caracterizado
no requerimento de constituição a Comissão. CAPÍTULO IV
§ 2º - Recebido o requerimento, o Presidente o despachará à DA VAGA NAS COMISSÕES
publicação, observando o disposto no art. 110.
§ 3º - O primeiro signatário do requerimento fará parte da Co- Art. 113 - Dá-se vaga, na Comissão, com a renúncia, perda do
missão, não podendo ser seu Presidente ou Relator. lugar, desfiliação do partido pelo qual foi feita a indicação, e nos
§ 4º - No prazo de 02 (dois) dias, contados da publicação do casos do art. 46.
requerimento, os Membros da Comissão serão indicados pelos Lí- § 1º - A renúncia tornar-se-á efetiva desde que, formalizada
deres. por escrito ao Presidente da Comissão, for por este encaminhada
§ 5º - Esgotado o prazo de indicação, o Presidente, de ofício, ao Presidente da Câmara.
procederá à designação. § 2º - A perda do lugar ocorrerá quando o Membro efetivo da
Art. 107 - A Comissão Parlamentar de Inquérito poderá, no Comissão, no exercício do mandato, deixar de comparecer a 03
exercício de suas atribuições, determinar diligências, convocar Se- (três) Reuniões Ordinárias consecutivas ou a 05 (cinco) alternadas
cretário Municipal, tomar depoimento de autoridade, ouvir indi- na Sessão Legislativa Ordinária.
ciados, inquirir testemunhas, requisitar informações, documentos § 3º - O Presidente da Câmara, de ofício ou a requerimento,
e serviços, inclusive policiais, e transportar-se aos lugares onde se designará novo Membro para a Comissão.
fizer necessária a sua presença.
§ 1º - Indiciados e testemunhas serão intimados na forma da CAPÍTULO V
legislação federal específica, que se aplica, subsidiariamente, a DA SUBSTITUIÇÃO DE MEMBRO DA COMISSÃO
todo o procedimento.
§ 2º - No caso de não comparecimento do indiciado ou da tes- Art. 114 - Na ausência de Suplente, o Presidente de Comissão
temunha, sem motivo justificado, a sua intimação poderá ser re- solicitará a indicação de substituto ao Líder de Bancada ou Bloco
querida ao Juiz Criminal da localidade em que estes residam ou se Parlamentar.
encontrem.
Art. 108 - A Comissão apresentará relatório circunstanciado,
com suas conclusões à Mesa da Câmara, para as providências de
sua competência, ou de sua alçada, ao Plenário e, se for o caso,
encaminhado:

70
LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO VI CAPÍTULO VIII
DA PRESIDÊNCIA DA COMISSÃO DA REUNIÃO CONJUNTA DE COMISSÕES

Art. 115 - Nos 03 (três) dias seguintes ao de sua constituição, Art. 122 - Duas ou mais Comissões reúnem-se conjuntamente:
reunir-seá a Comissão, sob a presidência do mais idoso de seus I - em cumprimento de disposição regimental;
Membros, em uma das Sala das Comissões, para eleger o Presiden- II - por deliberação de seus Membros;
te, escolhido entre os Membros Efetivos. III - a requerimento.
Parágrafo único - Até que se realize a eleição, continuará na Parágrafo único - A convocação de Reunião conjunta será feita
presidência o Membro mais idoso. por ofício ou em Plenário, constando seu objeto, dia, hora e local.
Art. 116 - Na ausência do Presidente, a presidência caberá ao Art. 123 - Nas Reuniões conjuntas, exigir-se-ão de cada Comis-
mais idoso dos Membros presentes. são, o quorum de presença e o de votação estabelecida para a Reu-
Art. 117 - Ao Presidente de Comissão compete: nião isolada.
I - fixar dia e hora das Reuniões; Art. 124 - À Reunião conjunta de Comissões aplicam-se normas
II - dirigir as reuniões, adotando medidas cabíveis para o de- que disciplinam o funcionamento de Comissão.
sempenho da Comissão;
III - convocar Reuniões Extraordinárias, de ofício; CAPÍTULO IX
IV - designar Relatores; DA ORDEM DOS TRABALHOS
V - submeter a matéria à votação e proclamar o resultado;
VI - enviar à Mesa Diretora a matéria apreciada, ou não decidi- Art. 125 - Os trabalhos de Comissão obedecem à ordem se-
da, findo o prazo regimental; guinte:
VII - assinar Parecer com os demais Membros da Comissão; I - leitura e aprovação da ata;
VIII - conceder vista de proposição a Membro da Comissão; II - discussão e votação de Parecer sobre proposição sujeita à
IX - declarar a prejudicialidade de proposição; apreciação do Plenário da Câmara.
X - encaminhar e reiterar pedidos de informação, nos termos Parágrafo Único - É vedada a apreciação de Parecer sobre pro-
do art. 95; jeto que não conste de pauta previamente distribuída.
XI - receber petição, reclamação, representação ou queixa de Art. 126 - Contado do primeiro dia útil após a distribuição do
qualquer pessoa contra ato ou omissão de autoridades ou entida- projeto ao Relator, o prazo para emissão de Parecer, salvo exceções
des públicas, e adotar o procedimento regimental adequado. regimentais, será o seguinte:
I - para a Comissão de Legislação, Justiça e Redação:
Art. 118 - O Presidente pode funcionar como Relator e tem
a) 03 (três) dias úteis para projeto de Lei, Resolução ou Decreto
voto nas deliberações.
Legislativo;
§ 1º - Em caso de empate, repete-se a votação e, persistindo o
b) 02 (dois) dias úteis para requerimento, Substitutivo, Emen-
resultado, prevalece o voto do Relator.
da, mensagem, ofício, recurso e matéria semelhante.
§ 2º - O Autor da proposição não pode ser designado seu Re-
II - para as demais Comissões, o prazo será de 02 (dois) dias
lator, emitir voto, nem presidir a Comissão, quando da discussão e
úteis, a contar do recebimento do processo pela Comissão.
votação da matéria, sendo substituído pelo Suplente.
Parágrafo único - Havendo motivo justificado, os prazos fixados
nos incisos anteriores, poderão ser prorrogados por prazo não su-
CAPÍTULO VII perior a 05 (cinco) dias, a critério do Presidente da Câmara e apro-
DA REUNIÃO DE COMISSÃO vado em Plenário.
Art. 127 - A distribuição de proposição ao Relator será feita
Art. 119 - As Comissões, salvo a de Representação, reunir-se-ão pelo Presidente até o primeiro dia útil subseqüente ao recebimento
publicamente, na Câmara, em dias fixados, ou quando convocadas da mesma, pela Comissão.
extraordinariamente pelos respectivos Presidentes, de ofício ou a § 1º - Cada proposição terá um Relator.
requerimento da maioria dos seus Membros Efetivos. § 2º - Na hipótese de perda do prazo, será designado novo Re-
Art. 120 - As Comissões contarão com consultoria-técnico le- lator, para emitir Parecer em 02 (dois) dias.
gislativa e, quando necessário, com assessoramento específico de § 3º - Sempre que houver prorrogação de prazo do Relator ou
profissionais e especialistas nas áreas correlatas ao Parecer a ser a designação de outro, prorrogar-se-á por 02 (dois) dias o prazo de
elaborado, contratados pela Câmara Municipal, após pedido fun- Comissão, o que será imediatamente comunicado ao Presidente da
damentado do Presidente da Comissão. Câmara.
Art. 121 - As reuniões de Comissão Permanente são: Art. 128 - O Membro de Comissão poderá requerer vista de
I - Ordinárias, que se realizam em dias pré-estabelecidos, de proposição em discussão, quando não houver distribuição de avul-
2ª a 6ª feiras; so antes da leitura do relatório.
II - Extraordinárias, as convocadas pelo seu Presidente, de ofí- Parágrafo único - A vista será concedida pelo Presidente, por
cio ou a requerimento de qualquer de seus Membros, com antece- 24 (vinte e quatro) horas, sendo comum aos Membros da Comis-
dência mínima de 24 (vinte e quatro) horas, salvo “ad referendum” são, vedadas a sua renovação e a retirada do projeto da Secretaria
da Comissão, em caso de absoluta urgência. da Comissão.
Parágrafo único - A Reunião de Comissão destinada a Audiên- Art. 129 - Para efeito de contagem, os votos relativos ao Pare-
cia Pública em região do Município será convocada com antecedên- cer, são:
cia mínima de 02 (dois) dias. I - favoráveis, os pela conclusão, os com restrição e os em sepa-
rado, não divergentes da conclusão;
II - contrários, os divergentes da conclusão;
§ 1º - Considerar-se-á voto vencido o Parecer rejeitado.
§ 2º - Havendo, na Reunião, divergência entre os Membros da
Comissão, de modo a impossibilitar a emissão do Parecer, os votos
serão registrados separadamente, com a devida fundamentação.

71
LEGISLAÇÃO
Art. 130 - Distribuída a mais de uma Comissão e vencido o pra- CAPÍTULO XI
zo de uma delas, a proposição passa ao exame da seguinte. DA DILIGÊNCIA
Parágrafo Único - Cabe ao Presidente da Câmara fiscalizar o
cumprimento do prazo por Comissão, findo o qual, determinará o Art. 139 - Consideram-se diligências as atribuições de que tra-
encaminhamento da proposição à Comissão seguinte. tam os incisos IV, V, VI, VII, VIII, X e XVIII do art. 95, quando desti-
Art. 131 - Esgotado o prazo das Comissões, o Presidente da nadas a subsidiar a manifestação da Comissão sobre matéria em
Câmara incluirá a proposição na Ordem do Dia, de ofício ou a re- tramitação a ela distribuída.
querimento. Parágrafo Único - As diligências não suspendem o prazo da Co-
Art. 132 - Quando, vencido o prazo e após notificação do Pre- missão para emitir Parecer ou decisão, ressalvado o disposto nos §§
sidente, o Membro de Comissão retiver proposição, será o fato co- 2º e 3º do art. 176.
municado ao Presidente da Câmara, que determinará a utilização Art. 140 - A requerimento de qualquer de seus Membros, a
do processo suplementar. Comissão pode deliberar pela suspensão, por uma única vez, do
Art. 133 - O Parecer sobre proposição objeto de deliberação do prazo para emissão de Parecer ou de decisão, a fim de aguardar
Plenário será enviado à Mesa da Câmara. prestação de informações de que tratam os incisos do art. 95.
§ 1º - Após o transcurso do prazo referido no caput, sem que as
CAPÍTULO X informações sejam prestadas, a Comissão pode deliberar:
DO PARECER I - pela reiteração do requerimento, caso em que o novo prazo
não poderá exceder em 05 (cinco) dias;
Art. 134 - Parecer é o pronunciamento de Comissão, de caráter II - pela dispensa da diligência.
opinativo, sobre matéria sujeita a seu exame. § 2º - Decorrido o prazo a que se refere o inciso I do § anterior,
§ 1º - O Parecer será escrito em termos explícitos e concluirá ou dispensada a diligência, a matéria será imediatamente delibe-
pela aprovação ou rejeição da tramitação da matéria. rada.
§ 2º - Poderá ser oral o Parecer sobre requerimento ou Emen- § 3º - Em caso de não atendimento da convocação, ou do pe-
da à redação final e na ocorrência de perda de prazo pela Comissão. dido de informação, no prazo fixado, a Comissão formulará repre-
§ 3º - Incluído o projeto da Ordem do Dia, sem Parecer, o Pre- sentação ao Presidente da Câmara, que determinará as medidas
sidente da Câmara designar-lhe-á Relator que, no prazo de 24 (vin- necessárias à responsabilização do faltoso.
te e quatro) horas, emitirá Parecer no Plenário, sobre o projeto e Art. 141 - Poderá haver instrução de proposição a requerimen-
Emenda, se houver, cabendo-lhe apresentar Emenda e Subemen- to do Relator ou da Comissão, exceto se tratar de Parecer oficial de
da. órgão ou servidor da Câmara.
§ 4º - É vedado Parecer oral sobre propostas de Emenda à Lei Parágrafo único – A medida a que se refere o artigo não se
Orgânica. considera diligência, nem implica em dilatação de prazo para emitir
Art. 134-A – Na defesa de suas propostas legislativas, é lícito Parecer ou decisão.
aos autores, apresentar contra razões a parecer contrário, median-
te requerimento oral, ao Presidente da Mesa Diretora. TÍTULO VI
§ 1º - As contra razões serão apresentadas, por escrito, no pra- DO DEBATE E DA QUESTÃO DE ORDEM
zo de 24 horas, a contar da leitura do parecer, em sessão plenária; CAPÍTULO I
§ 2º - Apresentadas as contra razões, estas serão anexadas à DO DEBATE
proposta legislativa, para leitura posterior ao parecer; SEÇÃO I
§ 3º - Transcorrido o prazo, com ou sem contra razões, a pro- DISPOSIÇÕES GERAIS
posta legislativa será posta, incontinente, na ordem do dia da ses-
são seguinte, para apreciação.(Res. Nº 064/06) Art. 142 - Os debates devem realizar-se em ordem e solenidade
Art. 135 - O Parecer de Comissão versa exclusivamente sobre próprias à Edilidade, não podendo o Vereador falar sem que o Pre-
o mérito das matérias submetidas a seu exame, nos termos de sua sidente lhe tenha concedido a palavra.
competência, salvo o da Comissão de Legislação, Justiça e Redação, § 1º - O Vereador deve sempre dirigir o seu discurso ao Presi-
que pode limitar-se à preliminar de inconstitucionalidade. dente ou à Câmara em geral, de frente para a Mesa.
Art. 136 - O Parecer é composto de relatório, fundamentação § 2º - O Vereador fala de pé, da tribuna ou de seu assento no
e conclusão. Plenário.
§ 1º - Cada proposição tem Parecer independente, salvo em se Art. 143 - Todos os trabalhos em Plenário devem ser gravados
tratando de matérias anexadas, quando só receberá a proposição para que constem, expressa e fielmente, dos anais.
principal, ou reunidas, quando o Parecer abrangerá estas. § 1º - Antes da revisão, só podem ser fornecidas certidões ou
§ 2º - O Presidente da Câmara devolverá à Comissão o Parecer cópias de discursos e apartes com autorização expressa dos ora-
emitido em desacordo com as disposições deste artigo e seu § 1º. dores.
Art. 137 - Se a Comissão concluir pela conveniência de determi- § 2º - O Presidente da Câmara determinará a cessação da gra-
nada matéria ser formalizada em proposição, o Parecer contê-la-á, vação das palavras proferidas em desatendimento às disposições
para que seja submetida aos trâmites regimentais. regimentais.
Art. 138 - A requerimento de Vereador, pode ser dispensado o Art. 144 - Havendo descumprimento deste Regimento no curso
Parecer de Comissão para proposição apresentada, exceto: dos debates, o Presidente da Câmara adotará as seguintes provi-
I - proposta de Emenda à Lei Orgânica; dências:
II - projeto de Lei ou de Resolução; I - advertência;
III - proposição que envolva dúvida quanto ao seu aspecto le- II - cassação da palavra, ou
gal; III - suspensão da Reunião.
IV - proposição que contenha medida manifestamente fora da Art. 145 - O Presidente da Câmara, entendendo ter havido prá-
rotina administrativa ou legislativa; tica de ato incompatível com o decoro parlamentar, adotará as pro-
V - proposição que envolva aspecto político, a critério da Mesa. vidências indicadas no Capítulo III do Título III.

72
LEGISLAÇÃO
SEÇÃO II II- quando o orador não o permitir tácita ou expressamente;
DO USO DA PALAVRA III - paralelo a discurso do orador;
IV - no encaminhamento de votação;
Art. 146 - O Vereador tem direito à palavra: V - quando o orador estiver suscitando questão de ordem, fa-
I - para apresentar proposição; lando em explicação pessoal ou declaração de voto;
II - para falar sobre assunto relevante do dia; VI - quando se estiver procedendo aos atos de que tratam as
III - para discutir proposição; alíneas “a” e “b” do inc. I do art. 24.
IV - para encaminhar votação;
V - pela ordem; SEÇÃO IV
VI - em explicação pessoal; DA EXPLICAÇÃO PESSOAL
VII - para solicitar aparte;
VIII - para falar sobre assunto de interesse público, no Grande Art. 153 - O Vereador pode usar da palavra em explicação pes-
Expediente, como orador inscrito; soal pelo prazo de 05 (cinco) minutos, observando o disposto no
IX - para declarar o voto; art. 150 e também o seguinte:
X - para solicitar retificação de ata. I - somente uma vez;
§ 1º - O uso da palavra não poderá exceder de: II - para esclarecer sentido obscuro da matéria em discussão,
I - 10 (dez) minutos, nos casos dos incs. III e VII; de sua Autoria;
II - 05 (cinco) minutos, nos casos dos incs. I, II, IV, V e VI; III - para aclarar o sentido e a extensão de suas palavras, que
III - 03 (três) minutos, nos casos dos incs. IX e X. julgar terem sido mal compreendidas pela Câmara ou qualquer de
§ 2º - Apenas nos casos do inc. VIII o uso da palavra é precedido seus pares, e quando citado;
e inscrição no livro próprio. IV - somente após esgotada a matéria da Ordem do Dia.
§ 3º - O Presidente cassará a palavra se ela não for usada estri-
tamente para o fim solicitado. CAPÍTULO II
Art. 147 - A palavra é dada ao Vereador que primeiro a tiver DA QUESTÃO DE ORDEM
solicitado, cabendo ao Presidente regular a precedência em caso
de pedidos simultâneos. Art. 154 - A dúvida sobre a interpretação deste Regimento, na
§ 1º - Quando mais de um Vereador estiver inscrito para dis- sua prática, ou relacionada com a Lei Orgânica, considera-se ques-
cussão, o Presidente da Câmara concederá a palavra na seguinte tão de ordem que pode ser suscitada em qualquer fase da Reunião.
ordem: Art. 155 - A questão de ordem é formulada, no prazo de 05
I - ao Autor da proposição; (cinco) minutos, com clareza e com a indicação do dispositivo que
II - ao Relator; se pretenda elucidar.
III - ao Autor de voto vencido ou em separado; § 1º - Se o Vereador não indicar inicialmente o dispositivo, o
IV - ao Autor da Emenda; Presidente retirar-lhe-á a palavra e determinará sejam excluídas da
V - a um Vereador de cada Bancada ou Bloco, alternadamente, ata as alegações feitas.
observada a ordem numérica da respectiva composição. § 2º - Não se pode interromper orador na tribuna para levantar
§ 2º - No encaminhamento de votação, quando houver pedido questão de ordem, salvo consentimento deste.
simultâneo da palavra, atender-se-á o critério previsto no artigo. § 3º - Durante a Ordem do Dia, só pode ser formulada questão
Art. 148 - O Vereador que solicitar a palavra na discussão de de ordem atinente à matéria que nela figure.
proposição não pode: § 4º - Sobre a mesma questão de ordem o Vereador só pode
I - desviar-se da matéria em debate; falar uma vez.
II - usar de linguagem imprópria; Art. 156 - A questão de ordem suscitada durante a Reunião é
III - ultrapassar o prazo que lhe foi concedido; resolvida, em definitivo, pelo Presidente da Câmara.
IV - deixar de atender às advertências do Presidente. § 1º - A decisão sobre questão de ordem considera-se como
Art. 149 - O Vereador falará apenas uma vez: simples precedente e só adquire força obrigatória, quando incor-
I - na discussão de proposição, ressalvados os projetos de porada ao Regimento.
Emenda à Lei Orgânica e projetos de lei, quando poderá falar 02 § 2º - Quando da questão de ordem estiver relacionada com
(duas) vezes; a Lei Orgânica, pode o Vereador recorrer da decisão do Presidente
II - no encaminhamento de votação. para o Plenário, ouvida a Comissão de Legislação, Justiça e Redação.
Art. 150 - O Vereador tem o direito de prosseguir, pelo tem- § 3º - O recurso de que trata o § anterior somente será rece-
po que lhe restar, em seu pronunciamento interrompido, salvo na bido se entregue à Mesa, por escrito, no prazo de 02 (dois) dias, a
hipótese de cassação da palavra ou de encerramento da parte da contar da decisão.
Reunião. § 4º - O recurso será remetido à Comissão de Legislação, Jus-
Art. 151 - Os apartes, as questões de ordem e os incidentes tiça e Redação, que emitirá Parecer, no prazo de 05 (cinco) dias, a
suscitados ou consentidos pelo orador são computados no prazo de contar do recebimento.
que dispuser para seu pronunciamento. § 5º - Enviado à Mesa, o Parecer será incluído em Ordem do Dia
para discussão e votação.
SEÇÃO III Art. 157 - O Membro da Comissão pode formular questão de
DOS APARTES ordem ao seu Presidente, admitido o recurso ao Presidente da Câ-
mara e observadas as exigências dos artigos anteriores, no que fo-
Art. 152 - Aparte é a interrupção breve e oportuna ao orador rem aplicáveis.
para indagação ou esclarecimento relativo à matéria em debate.
§ 1º - O Vereador, ao apartear, solicita permissão ao orador.
§ 2º - Não é permitido aparte:
I - quando o Presidente estiver usando da palavra;

73
LEGISLAÇÃO
TÍTULO VII § 1º - Ocorrendo descumprimento do previsto no artigo, a pri-
DO PROCESSO LEGISLATIVO meira proposição apresentada que prevalecerá, anexando-se as
CAPÍTULO I posteriores, por determinação do Presidente da Câmara, de ofício
DA PROPOSIÇÃO ou a requerimento.
SEÇÃO I § 2º - Durante o período de Reuniões, as proposições serão
DISPOSIÇÕES GERAIS apresentadas e protocoladas pela Mesa Diretora.
§ 3º - As proposições apresentadas fora do período de reuniões
Art. 158 - Proposição é toda matéria sujeita à apreciação da serão protocoladas na Assessoria Técnico Legislativa.
Câmara. § 4º - Nos casos dos §§ 2º e 3º deste artigo, quando as propo-
Art. 159 - São proposições do processo legislativo: sições apresentadas tiverem o mesmo objeto, aquela que primeiro
I - Emenda à Lei Orgânica; for protocolada terá preferência de tramitação, devendo as demais
II - Leis Complementares; serem devolvidas aos Autores.
III - Leis Ordinárias; Art. 162 - Havendo conexão ou continência, o Presidente da
IV - Leis Delegadas; Câmara, de ofício ou a requerimento, pode determinar a Reunião
V - Resoluções; de proposições apresentadas em separado, a fim de que sejam
VI - Decretos Legislativos; apreciadas simultaneamente.
VII - Veto a proposição de lei. § 1º - Reputam-se conexas as duas ou mais proposições, quan-
§ 1º - Incluem-se no Processo Legislativo, por extensão do con- do lhes for comum o objeto ou a causa de propor.
ceito de proposição: § 2º - Dá-se continência entre duas ou mais proposições sem-
I - o Requerimento; pre que houver identidade quanto à causa de propor, mas o objeto
II - a Indicação; de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.
III - a Representação; Art. 163 - Da proposição sujeita a apreciação por mais de um
IV - a Emenda; órgão da Câmara serão extraídas cópias para formação de processo
V - o Recurso; suplementar, a este se anexando, por cópia, os despachos proferi-
dos, Pareceres e documentos elucidativos, até o final da tramita-
VI - o Parecer;
ção.
VII - a Mensagem e a matéria assemelhada;
Art. 164 - Não é permitido ao Vereador:
VIII - o Substitutivo;
I - apresentar proposição de interesse particular seu ou de seu
IX - a Moção;
ascendente, descendente ou parente, por consangüinidade ou afi-
X - o Pedido de Informação.
nidade, até o 2º grau nem sobre ela emitir voto;
§ 2º - Considera-se dispositivo, para efeito deste Regimento, o
II - emitir voto em Comissão, quando da apreciação de propo-
artigo, o parágrafo, o inciso, a alínea e o número.
sição de sua Autoria, podendo, entretanto, participar da discussão
Art. 160 - O Presidente da Câmara só recebe proposição redigi- e votação em Plenário.
da com clareza e observância da técnica legislativa e do estilo par- § 1º - Qualquer Vereador pode lembrar à Mesa verbalmente
lamentar, em conformidade com a legislação em vigor, salvo por ou por escrito, o impedimento do Vereador que não se manifestar.
deliberação do Plenário, por maioria absoluta. § 2º - Reconhecido o impedimento, serão considerados nulos
§ 1º - Após a apresentação pelo Autor, em Plenário, a proposi- todos os atos praticados pelo impedido, em relação à proposição.
ção será encaminhada a Assessoria Técnico Legislativa, para exame Art. 165 - A proposição encaminhada depois do expediente
da documentação necessária à sua formação processual. será recebida na Reunião seguinte, exceto quando se tratar de con-
§ 2º - Estando adequada para tramitação, todas as folhas do vocação de Reunião Extraordinária ou de prorrogação de Reunião.
processo serão numeradas, recebendo carimbo e assinatura do Art. 166 - Os projetos tramitam em dois turnos, salvo os casos
servidor da Assessoria Técnico-Legislativa, a proposição será con- previstos neste Regimento, constituindo cada turno de discussão e
siderada objeto de deliberação, na primeira Sessão subseqüente e, votação.
após sua formalização, será, em seguida, encaminhada à Comissão Art. 167 - A proposição que não for apreciada até o término da
pertinente. Legislatura será arquivada, salvo a prestação de contas do Prefeito,
§ 3º - O Autor da proposição ou o Líder do Prefeito, em caso de Veto a proposição de lei e projeto de lei com pedido de urgência.
proposição de Autoria do Poder Executivo, poderá solicitar urgên- § 1º - A proposição arquivada finda a Legislatura ou no seu cur-
cia na tramitação. so poderá ser desarquivada, a requerimento de qualquer Vereador,
§ 4º - Em sendo aprovado, por maioria simples, o pedido de cabendo ao Presidente da Câmara:
urgência, a proposição será formalizada e encaminhada à Comissão I - deferí-lo, quanto a projeto que tenha recebido Parecer fa-
Permanente, no mesmo dia. Neste caso, as Comissões, em conjun- vorável;
to ou separadamente, a critério do Plenário, terão prazo de 24 (vin- II - submetê-lo a votação, quanto a projeto sem Parecer ou
te e quatro) horas para emissão de Parecer. com Parecer contrário.
§ 5º - A proposição em que houver referência a lei, ou que tiver § 2º - Será tido como Autor da proposição o Vereador que te-
sido precedida de estudos, Pareceres, decisões ou despacho, será nha requerido seu desarquivamento, devendo contar da proposi-
acompanhada do respectivo texto. ção o nome do Vereador que tenha sido Autor do projeto original.
§ 6º- A proposição de iniciativa popular será encaminhada, pre- § 3º - A proposição desarquivada fica sujeita a nova tramitação,
viamente, à Comissão de Legislação, Justiça e Redação, para ade- desde a fase inicial, não prevalecendo Pareceres, votos, Emendas e
quá-la às exigências deste artigo. Substitutivos.
§ 7º - Salvo as exceções previstas na Lei Orgânica e neste Re- Art. 168 - A matéria constante de projeto rejeitado somente
gimento, as proposições para serem apresentadas, necessitam poderá constituir objeto de novo projeto na mesma Sessão Legisla-
apenas da assinatura de seu Autor ou Autores, dispensado o apoia- tiva mediante proposta da maioria dos Membros da Câmara ou de
mento. pelo menos 5% (cinco por cento) do eleitorado.
Art. 161 - Não é permitido ao Vereador apresentar proposição Parágrafo único - Considera-se rejeitado o projeto cujo Veto foi
que guarde identidade com outra em tramitação na Câmara. mantido em Plenário.

74
LEGISLAÇÃO
SEÇÃO II § 2º - O disposto neste artigo e no § 1º se aplica à iniciativa
DA DISTRIBUIÇÃO DE PROPOSIÇÃO popular de Emenda a projeto de lei em tramitação na Câmara, res-
peitadas as vedações do art. 25 da Lei Orgânica Municipal.
Art. 169 - A distribuição de proposição às Comissões é feita Art. 177 - Recebido, o projeto será numerado e distribuído às
pelo Presidente da Câmara, que a formalizará em despacho. Comissões para, nos termos dos arts. 103 e 104, ser objeto de Pa-
Art. 170 - Sem prejuízo do exame preliminar da Comissão de recer.
Legislação, Justiça e Redação, as proposições serão distribuídas a § 1º - Confeccionar-se-ão avulsos do projeto e dos textos que o
todas as Comissões, recebendo Pareceres apenas daquelas que ti- acompanham, nos termos do § 5º do art. 162, bem como de Emen-
verem pertinência com a matéria. das e Pareceres.
Art. 171 - Se a proposição depender do Parecer das Comissões § 2º - É dispensada a inclusão, nos avulsos de mensagem e
de Legislação, Justiça e Redação e de Finanças e Orçamento serão matéria assemelhada não sujeita a deliberação da Câmara, dos do-
estas ouvidas em primeiro e em último lugar, respectivamente. cumentos que a instruam ou que devam ser devolvidos ao Poder
Art. 172 - Quando a Comissão de Legislação, Justiça e Redação Executivo.
concluir pela inconstitucionalidade de proposição, será enviada à § 3º - Caberá ao Presidente da Câmara, em despacho, autori-
Mesa da Câmara, para inclusão do Parecer em Ordem do Dia, para zar a confecção de avulsos de qualquer outra matéria constante do
apreciação preliminar. processo.
§ 1º - Se o Plenário rejeitar o Parecer, será a proposição enca- Art. 178 - Será dada ampla divulgação aos projetos de Emenda
minhada a outra Comissão competente para emitir Parecer sobre à Lei Orgânica, estatuto e código previstos na Lei Orgânica, facul-
a matéria. tado a qualquer cidadão, no prazo de 15 (quinze) dias da data de
§ 2º - Mantido o Parecer, a proposição será arquivada, sem sua publicação, apresentar sugestões sobre qualquer deles ao Pre-
apreciação de seu mérito. sidente da Câmara, que encaminhará à Comissão respectiva, para
§ 3º O quorum para votação do Parecer contrário da Comis- apreciação.
são de Legislação Justiça e Redação, será de maioria absoluta, salvo Art. 179 - Enviado à Mesa, o Parecer será distribuído em avul-
quando a matéria tratada exigir 2/3 e o Parecer contrário for unâ- so, incluindo-se o projeto na Ordem do Dia, em primeiro turno.
nime.
§ 1º - No decorrer da discussão em primeiro turno, poderão ser
Art. 173 - A audiência de qualquer Comissão sobre determina-
apresentadas Emendas e Substitutivos.
da matéria poderá ser requerida por Vereador ou Comissão.
§ 2º - Encerrada a discussão, são submetidos à votação em pri-
Parágrafo único - Na mesma fase de tramitação, não se admiti-
meiro turno o projeto e os respectivos Pareceres.
rá renovação de audiência de Comissão.
§ 3º - Rejeitado em primeiro turno, o projeto será arquivado.
Art. 180 - Aprovado em primeiro turno, o projeto será enca-
SEÇÃO III
minhado à Comissão competente, para redação final, para votação
DO PROJETO
SUBSEÇÃO I em segundo turno.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 1º - Durante a discussão em segundo turno, admitir-se-á a
apresentação de Emendas:
Art. 174 - Os projetos de Lei, de Resolução e de Decreto Legis- I - contendo matéria nova, desde que seja pertinente ao proje-
lativo devem ser redigidos em artigos concisos, assinados por seu to e aprovada por unanimidade das lideranças, a qual será votada
Autor ou Autores, e serão numerados vistados e rubricados pela em segundo turno independentemente de Parecer da Comissão;
Assessoria Técnico-Legislativa. II - de redação, a ser votada na fase seguinte.
§ 1º - Nenhum projeto poderá conter duas ou mais proposi- § 2º - Rejeitado em segundo turno, o processo será arquivado.
ções independentes e antagônicas. Art. 181 - Nenhum projeto pode ser incluído na Ordem do Dia
§ 2º - Quando a proposição tiver por fim alterar, modificar ou para turno único ou primeiro turno de discussão e votação sem
criar serviços ou atividades inerentes à Administração Pública de- que, com antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas, te-
verá vir acompanhado de informações do órgão a que tiver afeto, nham sido distribuídos aos Vereadores, os avulsos confeccionados
sobre a sua viabilidade, para fim de análise da Comissão de mérito. na forma do § 1º do art. 179, salvo deliberação da maioria dos
§ 3º - Caso a proposição não esteja instruída com as informa- Membros presentes na Sessão.
ções de que trata o § anterior, caberá a Comissão de mérito, antes Art. 182 - Considerar-se-á rejeitado o projeto que receber,
de emitir seu Parecer, requerê-las ao órgão respectivo, anexando- quanto ao mérito, Parecer contrário de todas as Comissões que ti-
-as ao projeto. verem pertinência com a matéria.
Art. 175 - Ressalvada a iniciativa privativa prevista na Lei Orgâ-
nica, a apresentação do projeto cabe: SUBSEÇÃO II
I - a Vereador; DAS PECULIARIDADES DO PROJETO DE
II - a Comissão ou à Mesa da Câmara; RESOLUÇÃO E DO DECRETO LEGISLATIVO
III - ao Prefeito;
IV - aos cidadãos. Art. 183 - Os projetos de Resolução e de Decreto Legislativo são
Art. 176 - Salvo nas hipóteses previstas no art. 28 da Lei Orgâni- destinados a regular matéria da competência privativa da Câmara
ca, a iniciativa popular em matéria de interesse específico do Muni- e as de caráter político, processual, legislativo ou administrativo.
cípio, da cidade ou de bairros, pode ser exercida pela apresentação Art. 184 - Constituem matéria de Decreto Legislativo:
à Câmara de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 5% (cinco por a) aprovação ou rejeição das contas do Prefeito e dos órgãos
cento) do eleitorado do Município, em lista organizada por entida- da Administração Indireta;
de associativa, legalmente constituída, que se responsabilizará pela b) cassação de mandatos eletivos;
idoneidade das assinaturas. c) autorização para o Prefeito se ausentar do Município ou li-
§ 1º - Nas Comissões ou em Plenário, poderá usar da palavra cenciar-se, por período superior a 15 (quinze) dias;
para discutir o projeto de que trata o artigo, pelo prazo de 20 (vin- d) sustação de atos normativos do Poder Executivo que exorbi-
te) minutos, o primeiro signatário, ou quem este tiver indicado. tem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

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LEGISLAÇÃO
e) concessão de cidadania honorária, honra ao mérito e mérito § 1º - Não será admitida Emenda prejudicada ou rejeitada.
desportivo; § 2º - A Emenda contendo matéria nova só será admitida por
f) instituição de prêmios e condecorações; acordo unânime de lideranças e desde que pertinente à proposi-
g) autorização de obras e serviços; ção.
h) homenagens e honrarias; Art. 195 - Tendo sido apresentada Emenda, será a proposta
Parágrafo único - As proposições de homenagens e honrarias, enviada à Comissão Especial, para receber Parecer no prazo de 03
salvo medalha Augusto César, não conterão data pré-fixada da en- (três) dias úteis.
trega, sendo esta acordada entre Câmara e homenageado dentro Parágrafo único - Distribuído em avulso o Parecer, a proposta
do ano estabelecido. será incluída na Ordem do Dia para discussão e votação em segun-
Art. 185 - Constituem matérias objeto de Resolução: do turno.
a) Regimento Interno; Art. 196 - Na discussão de proposta popular de Emenda poderá
b) concessão de licença a Vereador; usar da palavra, na Comissão e no Plenário, pelo prazo de 20 (vinte)
c)organização e estrutura administrativa da Câmara Municipal; minutos, o primeiro signatário, ou quem este tiver indicado.
d) delegação de atribuições a Membros da Mesa ou a Verea- Art. 197 - Aprovada em redação final, a Emenda será promul-
dor; gada pela Mesa da Câmara, no prazo de 05 (cinco) dias, enviada
e) formação de Comissões Temporárias. à publicação, e anexada, com o respectivo número de ordem, ao
Art. 186 - As Resoluções e os Decretos Legislativos são pro- texto da Lei Orgânica do Município.
mulgados pelo Presidente da Câmara e assinados com o Primeiro Art. 198 - A matéria constante da proposta de Emenda rejeita-
Secretário, no prazo de 05 (cinco) dias, a partir da aprovação da da ou havida por prejudicada não pode ser reapresentada na mes-
redação final do projeto. ma Sessão Legislativa.
Art. 187 - O Presidente da Câmara, no prazo previsto no artigo
anterior, poderá impugnar motivadamente a Resolução e Decreto SUBSEÇÃO II
Legislativo ou parte deles, hipótese em que a matéria será devolvi- DOS PROJETOS DE LEI PLANO PLURIANUAL, DE DIRETRIZES
da a reexame do Plenário. ORÇAMENTÁRIAS, DO ORÇAMENTO ANUAL E DE CRÉDITO
Art. 188 - A matéria não promulgada será incluída em Ordem ADICIONAL
do Dia, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, devendo o Plenário
deliberar em 10 (dez) dias. Art. 199 - Os projetos de que trata esta subseção serão imedia-
§ 1º - Esgotado o prazo estabelecido no artigo, sem delibera- tamente distribuídos em avulso aos Vereadores e às Comissões a
ção, a matéria permanecerá na pauta, observado o disposto no art. que estiverem afetos e encaminhados às Comissões de Legislação,
131. Justiça e Redação e de Finanças e Orçamento, para emissão de Pa-
§ 2º - Se a impugnação não for mantida, a matéria será promul- receres.
gada no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. § 1º - A Comissão de Legislação, Justiça e Redação emitirá Pa-
Art. 189 - A Resolução e o Decreto Legislativo aprovados e pro- recer, nos primeiros cinco dias, sobre a legalidade e constitucionali-
mulgados nos termos deste Regimento têm eficácia de Lei Ordiná- dade do projeto e a Comissão de Finanças e Orçamento, no mesmo
ria. prazo, manifestará sobre o mérito, nos termos do inc. III do art. 103
deste Regimento.
SEÇÃO IV § 2º - Da discussão e da votação do projeto na Comissão de
DAS PROPOSIÇÕES SUJEITAS A PROCEDIMENTOS ESPECIAIS Finanças e Orçamento poderão participar, com direito a voz um
SUBSEÇÃO I Membro de cada uma das Comissões Permanentes às quais tenha
DA PROPOSTA DE EMENDA A LEI ORGÂNICA sido distribuído.
§ 3º - Nos primeiros 10 (dez) dias do prazo previsto no artigo,
Art. 190 - A Lei Orgânica poderá ser emendada, nos termos do poderão ser apresentadas Emendas ao projeto.
art. 21 da Lei Orgânica Municipal. § 4º - As Emendas ao projeto de Lei do Orçamento Anual ou a
Art. 191 - Recebida, a proposta de Emenda à Lei Orgânica será projeto que a modifique devem obedecer o disposto no § 5º do art.
ela numerada e sua Ementa será publicada em jornal local, perma- 112 da Lei Orgânica Municipal.
necendo sobre a Mesa, durante o prazo de 15 (quinze) dias, para § 5º - Vencido o prazo do § 3º, o Presidente da Comissão de
receber as Emendas. Finanças e Orçamento proferirá, em 02 (dois) dias, despacho de re-
Parágrafo único - A Emenda à proposta será também subscrita cebimento de Emendas, que serão numeradas e dará publicidade
por 1/3 (um terço) dos Membros da Câmara. interna em separado, encaminhando-as à Comissão de Legislação,
Art. 192 - Findo o prazo de apresentação de Emendas, será a Justiça e Redação, para emissão de Parecer quanto a sua legalidade
proposta enviada à Comissão Especial, para receber Parecer, no e constitucionalidade.
prazo de 10 (dez) dias úteis. § 6º - O Parecer que considerar ilegal ou inconstitucional as
Parágrafo único - Distribuído em avulso o Parecer, incluir-se-á Emendas será levado em Plenário para votação, obedecendo-se os
a proposta na Ordem do Dia para discussão e votação em primeiro mesmos critérios estabelecidos no art. 172 e seu § único deste Re-
turno. gimento.
Art. 193 - Se, concluída a votação em primeiro turno, a propos- § 7º - As Emendas consideradas constitucionais ou legais deve-
ta tiver sido alterada em virtude de Emenda, será enviada a Comis- rão receber Parecer da Comissão de Finanças e Orçamento sobre
são Especial para redação do vencido no prazo de 02 (dois) dias. a sua pertinência, sendo levadas em Plenário para sua aprovação.
Parágrafo único - Redigido o vencido ou não tendo havido a § 8º - Do despacho de não-recebimento de Emenda, caberá
aprovação da Emenda, a proposta será remetida à Mesa para distri- recurso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, à Comissão Espe-
buição em avulso da matéria aprovada no primeiro turno. cial formada para o fim específico de analisar a recusa da Emen-
Art. 194 - No primeiro dia útil após decorrido intervalo mínimo da, devendo constar obrigatoriamente da referida Comissão, um
de 10 (dez) dias, a proposta permanecerá sobre a Mesa para rece- Membro da Comissão de Legislação, Justiça e Redação, que terá um
ber Emenda em segundo turno. prazo de 02 (dois) dias para decidir.

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LEGISLAÇÃO
§ 9º - Esgotado o prazo dos parágrafos anteriores, o projeto Art. 209 - Salvo requerimento o Parecer ao projeto não terá
será encaminhado aos Relatores das Comissões de Legislação, Jus- seus avulsos confeccionados, cabendo ao Relator divulgar, em Ple-
tiça e Redação e Finanças e Orçamento para emissão de Parecer nário, apenas a conclusão do Parecer.
final conjunto. Art. 210 - A entrega do Título ou Diploma é feita em Reunião
Art. 200 - O Prefeito poderá enviar mensagem à Câmara, para Solene da Câmara, a qual pode ser dispensada a pedido do outor-
propor modificação no projeto, enquanto não iniciada, na Comis- gado.
são de Finanças e Orçamento, a votação do Parecer relativamente § 1º - Para recebê-lo, o outorgado marcará o dia da solenidade,
à parte cuja alteração for proposta. de comum acordo com o Autor do projeto e o Presidente da Câma-
Parágrafo único - A mensagem será distribuída em avulsos aos ra, que expedirá os convites.
Vereadores e despachada à Comissão, cujo prazo para o Parecer § 2º - Não ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, o ou-
será: torgado receberá o Título ou Diploma em dia e hora marcados pelo
I - o que lhe restar, se igual ou superior a 05 (cinco) dias; Presidente da Câmara.
II - de 05 (cinco) dias úteis, nos demais casos.
Art. 201 - Enviado à Mesa, o Parecer será divulgado em avulso, SEÇÃO V
incluindo-se o projeto na Ordem do Dia, para discussão e votação. DA REFORMA DO REGIMENTO INTERNO
Art. 202 - Concluída a votação o projeto será remetido às Co-
missões de Finanças e Orçamento e de Legislação, Justiça e Reda- Art. 211 - O Regimento Interno pode ser reformado por meio
ção para, em conjunto apresentarem Parecer na redação final, no de projeto de Resolução de iniciativa:
prazo de 05 (cinco) dias. I - da Mesa da Câmara;
Art. 203 - Aprovada a redação final, a matéria será enviada à II – da maioria dos Membros da Câmara.
sanção, sob a forma de proposição de lei, observado o prazo con- § 1º - Distribuído em avulsos, o projeto fica sobre a Mesa du-
signado na legislação específica. rante o prazo de 05 (cinco) dias úteis para receber Emendas, findo
Art. 204 - Aplicam-se aos projetos de que trata esta subseção, o qual será emitido o Parecer da Comissão de Legislação, Justiça e
no que não a contrariem, as demais normas pertinentes ao proces- Redação.
so legislativo.
§ 2º - O projeto sujeita-se a turno único de discussão e votação.
Art. 212 - A Mesa, ao fim da Legislatura, determinará a consoli-
SUBSEÇÃO III
dação das modificações que tenham sido feitas no Regimento, para
DO PROJETO DE INICIATIVA DO
distribuição.
PREFEITO COM SOLICITAÇÃO DE URGÊNCIA
SEÇÃO V
Art. 205 - O Prefeito pode solicitar urgência para apreciação de
DA PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS
projeto de sua iniciativa, salvo de Emenda à Lei Orgânica, lei estatu-
tária ou equivalente a Código, ou que dependa de quorum especial
Art. 213 - Recebido o processo de prestação de contas do
para aprovação.
§ 1º - Se a Câmara não se manifestar em até 45 (quarenta e Prefeito, o Presidente distribuirá em avulsos, em 05 (cinco) dias, a
cinco) dias sobre o projeto, será ele incluído na Ordem do Dia, para mensagem com os documentos que a instruírem.
discussão e votação em turno único, sobrestando-se a deliberação Parágrafo Único - Distribuído o avulso, o processo ficará sobre
quanto aos demais assuntos. a Mesa, por 10 (dez) dias, para requerimento de informações ao
§ 2º - O prazo conta-se a partir do recebimento pela Câmara, Poder Executivo.
da solicitação, que poderá ser feita após a remessa do projeto em Art. 214 - Recebido o Parecer prévio do Tribunal de Contas do
qualquer fase de seu andamento. Estado sobre as contas do Prefeito, o Presidente determinará a sua
§ 3º - O prazo não corre em período de recesso da Câmara. distribuição em avulsos, encaminhando o processo à Comissão de
Art. 206 - Sempre que o projeto for distribuído a mais de uma Finanças e Orçamento para, em 20 (vinte) dias úteis, emitir Parecer,
Comissão, estas se reunirão conjuntamente, para, no prazo de 05 que concluirá por projeto de Decreto Legislativo.
(cinco) dias úteis, emitirem Parecer. § 1º - Se a conclusão for pela rejeição parcial do Parecer do Tri-
Art. 207 - Esgotado o prazo sem pronunciamento das Comis- bunal de Contas, a Comissão elaborará 02 (dois) projetos de Decre-
sões, o Presidente da Câmara incluirá o projeto em Ordem do Dia to Legislativo de que constem expressamente as partes aprovadas
e designar-lhe-á Relator, que, no prazo de até 24 (vinte e quatro) e rejeitadas.
horas, emitirá Parecer sobre o projeto e Emendas, se houver, ca- § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, os projetos serão
bendo-lhe apresentar Emenda e Subemenda. apensados para fim de tramitação.
Art. 215 - Publicado o projeto, abrir-se-á na Comissão o prazo
SUBSEÇÃO IV de 10 (dez) dias para apresentação de Emenda.
DOS PROJETOS DE CIDADANIA HONORÁRIA, § 1º - Emitido o Parecer sobre as Emendas, se houver, o projeto
HONRA AO MÉRITO E MÉRITO DESPORTIVO será enviado à Mesa Diretora e incluído na Ordem do Dia para dis-
cussão e votação em turno único.
Art. 208 - O projeto concedendo Título de Cidadania Honorá- § 2º - O projeto de Decreto Legislativo que concluir pela apro-
ria ou Diplomas de Honra ao Mérito e de Mérito Desportivo será vação ou rejeição parcial ou total do Parecer prévio do Tribunal de
apreciado por Comissão Especial, constituída na forma deste Re- Contas, somente será aprovado mediante voto favorável de 2/3
gimento. (dois terços) dos Membros da Câmara.
§ 1º - A Comissão tem o prazo de 09 (nove) dias úteis para Art. 216 - Se as contas não forem, no todo ou em parte, apro-
apresentar seu Parecer, dela não podendo fazer parte o Autor do vadas pelo Plenário, será o processo encaminhado à Comissão de
projeto. Legislação, Justiça e Redação para que no prazo de 10 (dez) dias,
§ 2º - (Revogado pela Resolução 048/04). indique as providências a serem adotadas pela Câmara.

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LEGISLAÇÃO
Art. 217 - Decorrido o prazo de 60 (sessenta) dias úteis, conta- II - se incidente sobre um só dispositivo, a não ser que se trate
do do recebimento do Parecer prévio do Tribunal de Contas, sem de matéria correlata, de maneira que a modificação de uma, envol-
deliberação da Câmara, considerar-se-ão aprovadas ou rejeitadas va a necessidade de se alterarem outros dispositivos.
as contas, de acordo com a conclusão do mencionado Parecer. Art. 228 - Substitutivo é a proposição apresentada com sucedâ-
Art. 218 - Decorrido 60 (sessenta) dias da abertura da Sessão neo integral de outra.
Legislativa Ordinária, sem que a Câmara tenha recebido a presta- Parágrafo único - Ao Substitutivo aplicam-se as normas regi-
ção de contas do Prefeito, estas serão tomadas pela Comissão de mentais atinentes à Emenda, salvo o dispositivo no inc. II do artigo
Finanças e Orçamento observando-se, no que couber, o disposto anterior.
nesta subseção.
Art. 219 - A prestação de contas da Mesa da Câmara sujeita-se, SEÇÃO VIII
no que couber, aos procedimentos desta subseção. DA INDICAÇÃO, DA REPRESENTAÇÃO, DA MOÇÃO E DO RE-
QUERIMENTO
SEÇÃO VI SUBSEÇÃO I
DO VETO A PROPOSIÇÃO DE LEI DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 220 - O Veto parcial ou total, depois de lido no Pequeno Ex- Art. 229 - O Vereador pode provocar a manifestação da Câma-
pediente, é distribuído a Comissão Especial designada de imediato ra ou de qualquer uma de suas Comissões, sob determinado assun-
pelo Presidente da Câmara, para sobre ele emitir Parecer no prazo to, formulando por escrito, em termos explícitos, forma sintética
de 05 (cinco) dias úteis contados do despacho de distribuição. e linguagem parlamentar, Indicações, Representações, Moções e
Parágrafo único - Um dos Membros da Comissão deve perten- Requerimentos.
cer, obrigatoriamente, à Comissão de Legislação, Justiça e Redação. § 1º - Nos períodos de Reuniões Ordinárias ou Extraordinárias,
Art. 221 - A Câmara dentro de 30 (trinta) dias contados do rece- as proposições mencionadas no caput deste artigo devem ser en-
bimento da comunicação do Veto, sobre ele decidirá, em escrutínio tregues, obrigatoriamente, à Mesa Diretora, sob pena de indeferi-
secreto, e sua rejeição só ocorrerá pelo voto da maioria dos Mem- mento liminar; nos demais dias, tais documentos deverão ser pro-
bros da Câmara. tocolizados, somente, na Assessoria TécnicoLegislativa.
§ 2º - As proposições são formuladas durante o Pequeno Ex-
Art. 222 - Esgotado o prazo estabelecido no artigo anterior,
pediente, e quando independerem de Parecer, são submetidas a
sem deliberação, o Veto será incluído na Ordem do Dia da Reunião
votação na fase da Ordem do Dia da Reunião.
imediata, sobrestadas às demais proposições, até à votação final,
§ 3º - As proposições rejeitadas pelo Plenário não podem ser
ressalvado o projeto de iniciativa do Prefeito, com solicitação de
renovadas pelo seu Autor ou por outro Vereador da Bancada a que
urgência.
pertencer.
§ 1º - Se o Veto não for mantido, será a proposição de lei envia-
§ 4º - Serão consideradas prejudicadas as proposições que não
da ao Prefeito, para promulgação.
forem apreciadas pela ausência do Autor no momento da votação.
§ 2º - Se dentro de 48 (quarenta e oito) horas, a proposição de
lei não for promulgada, o Presidente da Câmara a promulgará, e, se SUBSEÇÃO II
este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente fazê-lo. DA INDICAÇÃO
§ 3º - Mantido o Veto, dar-se-á ciência do fato ao Prefeito.
Art. 223 - Aplicam-se a apreciação do Veto as disposições à Art. 230 - Indicação é a proposição na qual o Vereador sugere
tramitação de projeto, naquilo que não contrariar as normas desta às autoridades do Município, medidas de interesse público.
seção. Parágrafo único - A Indicação recebida pela Mesa será lida e
encaminhada, por Membro da Mesa Diretora, às autoridades com-
SEÇÃO VII petentes.
DA EMENDA E DO SUBSTITUTIVO
SUBSEÇÃO III
Art. 224 - Emenda é a proposição apresentada como acessória DA REPRESENTAÇÃO
da outra, com a finalidade de aditar, modificar, substituir ou supri-
mir dispositivo. Art. 231 - Representação é a proposição em que o Vereador
§ 1º - Aditiva é a Emenda que visa a acrescentar dispositivo. sugere a formulação à autoridade competente de denúncia em de-
§ 2º - Emenda de Redação ou Modificativa é a que objetiva fesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder.
sanar vício de linguagem, incorreção de técnica legislativa ou lapso Parágrafo único - A Representação independe de Parecer da
manifesto no dispositivo. Comissão, salvo se houver requerimento, subscrito por 1/3 (um ter-
§ 3º - Substitutiva é a Emenda apresentada como sucedânea ço) dos Membros da Câmara e aprovada em Plenário.
de dispositivo.
§ 4º - Supressiva é a Emenda destinada a excluir dispositivo. SUBSEÇÃO IV
Art. 225 - A Emenda, quanto a sua iniciativa, é: DA MOÇÃO
I - de Vereador;
II - de Comissão, quando incorporada a Parecer; Art. 232 - Moção é a proposição em que se sugere manifesta-
III - do Prefeito, formulada por meio de mensagem a proposi- ção de regozijo, congratulação, pesar, protesto e repúdio.
ção de sua Autoria; § 1º - Se a proposição, envolver aspecto político ou manifesta-
IV - de cidadãos, nos projetos de iniciativa popular. ção de protesto e repúdio, deverá ser subscrita por 1/3 (um terço)
Art. 226 - Denomina-se Subemenda a Emenda apresentada a dos Membros da Câmara, e encaminhada à Comissão de Legisla-
outra Emenda em Comissão, ou no caso previsto no art. 209. ção, Justiça e Redação para emissão de Parecer, no prazo de 05
Art. 227 - A Emenda será admitida: (cinco) dias úteis, previamente à sua discussão e votação que terá
I - se pertinente à matéria contida na proposição principal; quorum de votação de 2/3.

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LEGISLAÇÃO
§ 2º - A Moção de Pesar, Regozijo ou Congratulação será entre- Parágrafo único - São submetidos também a turno único de
gue à Mesa e encaminhada por um dos seus Membros. discussão e votação, os Requerimentos, Indicações, Moções e Re-
§ 3º - A Moção de Regozijo e Congratulação será enviada com presentações.
um Diploma assinado pelo Autor e Presidente. Art. 241 - Entre uma e outra discussão do mesmo projeto me-
diará o interstício mínimo de 24 (vinte e quatro) horas, exceto por
SEÇÃO IX deliberação em contrário da maioria dos Membros presentes à
DO REQUERIMENTO Reunião.
Art. 242 - Excetuados os projetos de Lei Orgânica, estatutária
Art. 233 - Os Requerimentos são pedidos escritos ou orais so- ou equivalente a Código, nenhuma proposição permanecerá na
bre qualquer assunto e sujeitam-se à deliberação do Plenário. Ordem do Dia para discussão por mais de 03 (três) reuniões, em
“§1º - A apreciação dos requerimentos pelo Plenário deverá qualquer turno.
ocorrer na Reunião plenária posterior `a sua apresentação.” (modi- Parágrafo único - Para efeito de encerramento de discussão,
ficada pela Res. 038/03). não se considera a Reunião de cuja pauta conste proposição com a
§ 2º - O prazo previsto no parágrafo anterior contará, inclusive, tramitação prevista nos arts. 207, § 1º e 224.
nas Reuniões Extraordinárias. Art. 243 - A retirada de projeto pode ser requerida pelo seu
Art. 234 - Poderá ser apresentada Emenda antes de anunciada Autor até ser anunciada a sua votação em primeiro turno.
a votação durante o seu encaminhamento. § 1º - O projeto retirado, por prazo superior a 60 (sessenta)
Art. 235 - Será matéria de requerimento escrito, os que solici- dias, para se submeter a nova tramitação, deverá ser encaminhado
tem: à Comissão de Legislação, Justiça e Redação e à Comissão de mérito
I - designação de substituto a Membro de Comissão, na ausên- a que está afeto.
cia do Suplente, ou o preenchimento de vaga; § 2º - Quando o projeto é apresentado pela Comissão, conside-
II - representação da Câmara por meio de Comissão; ra-se o Autor o seu Relator e, na sua ausência deste, o Presidente.
III - convocação de Reunião Extraordinária, nos casos do § 2º Art. 244 - O Prefeito pode solicitar a devolução de projeto de
do art. 15 e dos incs. II e III do § único do art. 17; sua Autoria em qualquer fase de tramitação, cabendo ao Presiden-
IV - constituição de Comissão de Inquérito e Especial, bem te atender ao pedido, independentemente de discussão e votação,
como prorrogação do seu prazo para emissão de relatório; ainda que contenha Emendas ou Pareceres favoráveis.
V - licença de Vereador, nas hipóteses dos incs. I, II e IV do art. Art. 245 - Da inscrição do Vereador constará sua posição favo-
53; rável ou contrária à proposição.
VI - desarquivamento de proposição, nas hipóteses do § 1º do § 1º - A palavra será dada ao Vereador segundo à ordem de
art. 169; inscrição, alternando-se um a favor e outro contra se houver di-
VII - comparecimento à Câmara de Secretário Municipal ou di- vergência.
rigentes de entidades da Administração Indireta; § 2º - Será cancelada a inscrição do Vereador que, chamado,
VIII - informação às autoridades municipais, por intermédio da não estiver presente.
Mesa da Câmara; Art. 246 - O prazo de discussão, salvo exceções regimentais,
IX - redução de prazo para comparecimento de Secretário Mu- será:
nicipal ou dirigente de entidade da Administração Indireta; I - de 60 (sessenta) minutos, para proposta de Emenda à Lei
Parágrafo único - Os demais requerimentos poderão ser feitos Orgânica, projeto e Veto;
oralmente, registrados em ata. II - de 10 (dez) minutos, para as demais proposições.

CAPÍTULO II SEÇÃO II
DA DISCUSSÃO DO ADIAMENTO DA DISCUSSÃO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 247 - A discussão pode ser adiada uma vez, pelo prazo de
até 05 (cinco) dias úteis, salvo quanto a projeto sob regime de ur-
Art. 236 - Discussão é a fase de debate da proposição. gência e Veto.
Parágrafo único - Durante a discussão, o Vereador só poderá § 1º - O Autor do Requerimento tem o máximo de 05 (cinco)
ter direito a vista do processo, uma única vez, em prazo fixado pelo minutos para justificá-lo.
Presidente, não superior a 48 (quarenta e oito) horas. § 2º - Ocorrendo dois ou mais Requerimentos no mesmo senti-
Art. 237 - A discussão da proposição será feita no todo, inclu- do, é votado o que fixar prazo menor.
sive Emendas. § 3º - Rejeitado o primeiro Requerimento de adiamento, ficam
Art. 238 - Será objeto de discussão apenas a proposição cons- os demais, se houver, prejudicados, não podendo ser reproduzidos,
tante na Ordem do Dia, salvo as autorizadas pela maioria dos Mem- ainda que por outra forma, e prosseguindo logo na discussão inter-
bros presentes à Sessão. rompida.
Art. 239 - As proposições que não possam ser apreciadas no Art. 248 - O Requerimento apresentado no correr da discussão
mesmo dia ficam transferidas para a Reunião seguinte, na qual têm que se pretende adiar ficará prejudicado se não for votado imedia-
preferência sobre as que forem apresentadas posteriormente. tamente, seja por falta de quorum ou por esgotar-se o tempo da
Art. 240 - Os Projetos de Lei, de Resolução e de Decreto Legisla- Reunião, não podendo ser renovado.
tivo passam por dois turnos de discussão e votação, sendo de turno
único, aqueles que dispuserem sobre: SEÇÃO III
a) denominação de próprios e logradouros públicos; DO ENCERRAMENTO DA DISCUSSÃO
b) concessão de Título de Honraria, de Honra ao Mérito e de
Diploma de Mérito Desportivo; Art. 249 - Não havendo quem deseje usar da palavra ou de-
c) declaração de Utilidade Pública; e corrido o prazo regimental, o Presidente declara encerrada a dis-
d) apreciação de convênios. cussão.

79
LEGISLAÇÃO
Parágrafo único - Dá-se, ainda, o encerramento de qualquer c) cassação do mandato do Prefeito e destituição do cargo do
discussão, quando, tendo falado 02 (dois) oradores de cada corren- Secretário Municipal, após condenação por infração político-admi-
te de opinião, o Plenário, a requerimento, assim deliberar. nistrativa;
d) perda de mandato de Vereador.
CAPÍTULO III IV - o Parecer favorável ao prosseguimento do processo de jul-
DA VOTAÇÃO gamento do Prefeito ou do Secretário Municipal por infração polí-
SEÇÃO I tico-administrativa.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 254 - Dependem de voto favorável da maioria dos Mem-
bros da Câmara, em qualquer turno:
Art. 250 - A cada discussão segue-se a votação, que completa o I - projeto de lei sobre:
turno regimental de tramitação. a) Código de Obras;
§ 1º - A proposição será colocada em votação, salvo Emendas. b) Código Tributário Municipal;
§ 2º - As Emendas serão votadas em grupo, conforme tenham c) Estatuto dos Servidores Públicos Municipais;
o Parecer favorável ou contrário de todas as Comissões que as te- d) Plano Diretor;
nham examinado, observado o disposto no art. 277 e permitido e) Código de Posturas;
destaque. f) Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo;
g) lei instituidora do Regime Jurídico Único dos Servidores;
§ 3º - A votação não será interrompida, salvo:
h) lei instituidora da Guarda Municipal;
I - por falta de quorum;
i) lei que fixa as atribuições do Prefeito e Vice-Prefeito;
II - para votação de Requerimento de prorrogação do prazo da
j) lei instituidora de normas sobre a política de proteção, con-
Reunião;
trole e conservação do meio ambiente;
III - por terminar o horário da Reunião ou de sua prorrogação. k) lei que fixa a remuneração do Prefeito Municipal, Presidente
§ 4º - Existindo matéria a ser votada e não havendo quorum, o da Câmara, Vereadores, Vice-Prefeito, Secretários Municipais, atra-
Presidente da Câmara poderá aguardar que este se verifique, sus- vés do projeto de lei, até 10 (dez) dias antes das eleições munici-
pendendo a Reunião por tempo prefixado. pais;
§ 5º - Cessada a interrupção a votação tem prosseguimento. l) lei das Diretrizes Orçamentárias, Plano Plurianual de Investi-
§ 6º - Se, à falta de quorum para votação, tiver prosseguimento mentos, Lei orçamentária e Lei que autoriza transferências corren-
a discussão das matérias em pauta, tão logo se verificar, o Presiden- te e de capital;
te da Câmara solicitará ao Vereador que interrompa o pronuncia- m) abertura de créditos adicionais, suplementares e especiais;
mento, a fim de concluir-se a votação. n) concessão de subvenções;
Art. 251 - A votação das proposições será feita em seu todo, o) pagamento, reajuste, abonos, gratificações, reposições, pro-
salvo os casos previstos neste Regimento. gressões e fixação de critérios para avaliação salarial dos servidores
§ 1º - a votação por partes será requerida antes de anunciada públicos dos Poderes Legislativo e Executivo;
a votação da proposição a que se referir; II - o projeto de Resolução sobre:
§ 2º - requerendo destaque para votação, o dispositivo desta- a) pagamento, progressões e fixação de critérios para avalia-
cado será votado no final sem prejuízo dos aprovados. ção salarial dos servidores públicos do Poder Legislativo;
Art. 252 - Salvo disposição em contrário da Lei Orgânica e neste b) fixação de valores de diárias de viagem para Vereadores e
Regimento Interno, as deliberações do Plenário são tomadas por Servidores da Câmara Municipal;
maioria de votos, presente a maioria dos Membros da Câmara. c) solicitação de intervenção do Estado;
Art. 253 - Dependem do voto favorável de 2/3 (dois terços) dos d) manifestação favorável a proposta de Emenda à Constitui-
Membros da Câmara, em qualquer turno: ção do Estado;
I – proposta de Emenda a Lei Orgânica; e) realização do plebiscito;
II - o projeto de lei sobre: f) alteração do Regimento Interno.
a) concessão de serviços públicos; III – eleição da Mesa em primeiro escrutínio.
Art. 255 - O Vereador impedido de votar terá registrada sua
b) alienação de bens imóveis;
presença para efeito de quorum.
c) aquisição de bens imóveis por doação com encargos;
d) qualquer desconto, isenção, anistia ou remissão que envolva
SEÇÃO II
matéria tributária ou previdenciária;
DO PROCESSO DE VOTAÇÃO
e) desafetação para fins de doação, de quaisquer áreas públi-
cas de loteamento destinados a uso institucional, equipamentos Art. 256 - São três os processos de votação:
urbanos ou comunitários e áreas de recreação; I - simbólico;
f) criação de cargos, funções e empregos públicos do Municí- II - nominal;
pio; III – (revogado pela R. 059/05)
g) concessão de direito real de uso de bens imóveis; Art. 257 - Adota-se o processo simbólico para todas as vota-
h) contratação de empréstimos; ções, salvo requerimento aprovado ou exceções regimentais.
i) criação de cargos, funções e empregos públicos da Câmara; § 1º - Na votação simbólica, o Presidente solicita aos Verea-
j) abertura de concurso público do Poder Legislativo e a regula- dores que ocupem os respectivos lugares no Plenário e convida a
mentação de seu Edital. permanecerem sentados os que estiverem a favor da matéria.
III - o projeto de Resolução ou de Decreto Legislativo sobre: § 2º - Inexistindo imediato requerimento de verificação, o re-
a) rejeição do Parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado, sultado proclamado torna-se definitivo.
relativamente à prestação de contas do Prefeito e dos órgãos da Art. 258 - Adotar-se-á votação nominal:
Administração Indireta; I - nos casos em que se exige quorum de 2/3 (dois terços) ou
b) Autorização para contratação de empréstimo, operação ou de maioria absoluta dos Membros, ressalvadas as hipóteses de es-
acordo externo, de qualquer natureza, de interesse do Município; crutínio secreto;

80
LEGISLAÇÃO
II - quando o Plenário assim deliberar. CAPÍTULO IV
§ 1º - Na votação nominal, o primeiro Secretário faz a chamada DA REDAÇÃO FINAL
dos Vereadores, que responderão “sim” ou “não”, cabendo ao se-
gundo Secretário anotar o voto. Art. 268 - Dar-se-á redação final a proposta de Emenda à Lei
§ 2º - Encerrada a votação, o Presidente proclama o resultado, Orgânica e a projeto.
não admitindo o voto de Vereador que tenha entrado no Plenário §1º– É de responsabilidade da Assessoria Técnico-Legislativa
após declarado resultado. a elaboração da Redação Final, constando em todas suas folhas o
Art. 259 – (revogado pela R. 059/05) carimbo e assinatura do chefe do setor.
Art. 260 - As proposições acessórias, compreendendo os re- § 2º - Encaminhada pela Mesa Diretora a proposição para abrir
querimentos incidentes na tramitação, serão votados pelo proces- processo, todas as folhas serão numeradas, carimbadas e assinadas
so aplicável à proposição principal. pela Assessoria Técnico-Legislativa, como também as demais peças
Art. 261 - Qualquer que seja o processo de votação, aos Secre- que vierem a ser incluídas no processo;
tários compete apurar o resultado e ao Presidente anunciá-lo. § 3º - Em todas as fases de tramitação até a redação final, a As-
Art. 262 - Anunciado o resultado de votação pública, pode ser sessoria Técnico-Legislativa deverá manter em seu setor a segunda
dada a palavra ao Vereador que a requerer, para declaração de via do processo;
voto, pelo tempo previsto no inc. III, do § 1º do art. 148.
§ 4º - A Assessoria Técnico-Legislativa manterá em arquivo pró-
Art. 263 - Nenhum Vereador pode protestar, verbalmente ou
prio a redação final aprovada, além da cópia que ficará no arquivo
por escrito, contra decisão da Câmara, salvo em grau de recurso,
geral da Câmara.
sendo-lhe facultado fazer inserir na ata a sua declaração de voto.
Art. 264 - Logo que concluídas, as deliberações são lançadas Art. 269 - Será admitida, durante a discussão, Emenda à Reda-
pelo Presidente nos respectivos papéis, com a sua rubrica e a do ção Final.
Secretário. Art. 270 - A discussão limitar-se-á aos termos da redação e nela
Parágrafo único – nas votações nominais os resultados são lan- só poderão tomar parte, uma vez e por 10 (dez) minutos, o Autor
çados em folhas próprias de votação, com a rubrica do Presidente da Emenda, o Relator da Comissão e os Líderes.
e Secretário. Art. 271 - Aprovada a Redação Final, a matéria será enviada no
prazo de 05 (cinco) dias à sanção, sob forma de proposição de lei,
SEÇÃO III ou à promulgação, conforme o caso, acompanhada do processo de
DO ENCAMINHAMENTO DE VOTAÇÃO sua tramitação.
§ 1º - O original da proposição de lei ficará arquivado na Se-
Art. 265 - Ao ser anunciada a votação, o Vereador pode obter a cretaria da Câmara, remetendo-se ao Prefeito cópia autografada
palavra para encaminhá-la. pela Mesa.
Parágrafo único - O encaminhamento far-se-á sobre a propo- § 2º - No caso de sanção tácita do Prefeito, observar-se-á o
sição no seu todo, inclusive Emendas, mesmo que a votação se dê disposto no § 2º do art. 224.
por partes.
CAPÍTULO V
SEÇÃO IV DAS PECULIARIDADES DO PROCESSO LEGISLATIVO
DA VERIFICAÇÃO DE VOTAÇÃO SEÇÃO I
DA PREFERÊNCIA E DO DESTAQUE
Art. 266 - Proclamado o resultado da votação, é permitido ao
Vereador requerer imediatamente a sua verificação. Art. 272 - A preferência entre as proposições para discussão e
§ 1º - Para a verificação, o Presidente solicitará dos Vereadores votação, obedecerá a ordem seguinte, que poderá ser alterada por
que ocupem os respectivos lugares no Plenário e convidará a se deliberação do Plenário:
levantarem os que tenham votado a favor, repetindo-se o procedi- I - proposta de Emenda à Lei Orgânica;
mento quanto à apuração dos votos contrários.
II - projeto de Lei do Plano Plurianual;
§ 2º - O Vereador ausente na votação não pode participar da
III - projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias;
verificação.
IV - projeto de Lei do Orçamento e de abertura de crédito;
§ 3º - É considerado presente o Vereador que requerer a verifi-
cação de votação ou de quorum. V - Veto e matéria devolvida ao reexame do Plenário;
§ 4º - O requerimento de verificação é privativo do processo VI - projeto sobre matéria de economia interna da Câmara;
simbólico. VII - projeto de lei;
§ 5º - Nas votações nominais, as dúvidas, quanto ao seu resul- VIII - projeto de Resolução;
tado, são sanadas com a gravação da votação. IX - Decreto Legislativo.
§ 6º - Se a dúvida for levantada contra o resultado da votação Parágrafo único - Entre os projetos de Lei ou Resolução, a pre-
secreta, o Presidente solicitará aos escrutinadores a recontagem ferência é estabelecida pela maior qualificação do quorum para vo-
dos votos. tação da matéria.
Art. 273 - A proposição com discussão encerrada terá preferên-
SEÇÃO V cia para votação.
DO ADIAMENTO DE VOTAÇÃO Art. 274 - Entre proposições da mesma espécie, terá preferên-
cia na discussão aquela que já a tiver iniciada.
Art. 267 - A votação pode ser adiada uma vez, a requerimento de Art. 275 - Não estabelecida em requerimento aprovado, a pre-
1/3 (um terço) dos Vereadores, até o momento em que for anunciada. ferência será regulada pelas seguintes normas:
§ 1º - O adiamento é concedido para a Reunião seguinte. I - o Substitutivo preferirá à proposição a que se referir e o de
§ 2º - Considera-se prejudicado o requerimento que, por esgo- Comissão preferirá ao de Vereador;
tar-se o horário de Reunião ou por falta de quorum deixar de ser II - a Emenda Supressiva terá preferência sobre a Substitutiva,
apreciado. e ambas terão preferência sobre as demais;

81
LEGISLAÇÃO
III - a Emenda Aditiva e a de Redação serão votadas logo após a § 4º - Os prazos fixados por dias úteis somente correm em Ses-
parte da proposição que visarem alterar; são Legislativa extraordinária se da convocação desta constar a ma-
IV - a Emenda de Comissão preferirá à de Vereador. téria objeto de proposição a que se referirem.
Parágrafo único - O requerimento de preferência de uma Art. 284 – As proposições somente deverão ser encaminhadas
Emenda sobre outra será apresentado antes de iniciada a discussão à Mesa Diretora, onde será protocolada a terceira via por um servi-
ou, quando for o caso, a votação da proposição a que se referir. dor da Assessoria Técnico-Legislativa, indicado para assistir os tra-
Art. 276 - Quando houver mais de um Requerimento sujeito a balhos da Mesa Diretora, tanto nas Reuniões Ordinárias quanto nas
votação, a preferência será estabelecida pela ordem de apresen- Extraordinárias. (Res. 038/03)
§ 1º - Não havendo Reuniões plenárias, as proposições serão
tação.
protocoladas junto à Assessoria Técnico-Legislativa, vedado enca-
Parágrafo único - Apresentados simultaneamente Requeri-
minhamento a outro setor da Câmara.
mentos que tiverem o mesmo objetivo, a preferência será estabe- § 2º - O recebimento das proposições pela Assessoria Técnico-
lecida pelo Presidente da Câmara. Legislativa somente ocorrerá nos dias de recesso, no horário das
Art. 277 - Não se admitirá preferência de matéria em discussão 8:00 às 18:00 horas, de Segunda à Sexta, mediante protocolo.
sobre outra em votação.
Art. 278 - A preferência de um projeto sobre outro, constante TÍTULO IX
da mesma Ordem do Dia, será requerida antes de iniciada a apre- DO COMPARECIMENTO DE AUTORIDADES
ciação da pauta.
Art. 279 - O destaque, para votação em separado, de disposi- Art. 285 - O Presidente da Câmara convocará Reunião especial
tivo ou Emenda será requerido até anunciar-se a votação da pro- para ouvir o Prefeito:
posição. I - dentro de 60 (sessenta) dias do início da Sessão Legislativa
Art. 280 - A alteração da ordem estabelecida nesta seção não Ordinária, a fim de ser informado, por meio de relatório, o estado
prejudicará as preferências fixadas no § 1º do art. 190, no § 1º do em que se encontram os assuntos municipais;
art. 207 e no art. 224. II - sempre que este manifestar propósito de expor assunto de
interesse público.
SEÇÃO II Parágrafo único - O comparecimento a que se refere o inc. II
DA PREJUDICIALIDADE dependerá de prévio entendimento com a Mesa da Câmara.
Art. 286 - A convocação de Secretário Municipal ou dirigente
de entidade da Administração Indireta para comparecerem ao Ple-
Art. 281 - Consideram-se prejudicados:
nário da Câmara, ou ao de qualquer de suas Comissões, a eles será
I - a discussão ou a votação de proposição idêntica a outra que comunicada, por ofício, com a indicação do assunto estabelecido e
tenha sido aprovada ou rejeitada na mesma Sessão Legislativa; da data para seu comparecimento.
II - a discussão ou a votação de proposição semelhante a outra § 1º - Se não puder comparecer na data fixada pela Câmara,
considerada inconstitucional pelo Plenário; a autoridade apresentará justificação, no prazo de 03 (três) dias, e
III - a discussão ou a votação de proposição anexada a outra, proporá nova data e hora.
quando aprovada ou rejeitada a primeira; § 2º - O não comparecimento injustificado do convocado implica a
IV - a proposição e as Emendas incompatíveis com Substitutivo imediata instauração do processo de julgamento, por infração político-
aprovado; administrativa do Secretário Municipal, ou do processo administrativo
V - a Emenda ou a Subemenda de matéria idêntica à outra disciplinar para apuração de falta grave dos demais agentes públicos.
aprovada ou rejeitada; § 3º - Se o Secretário for Vereador, o não comparecimento ca-
VI - a Emenda ou a Subemenda em sentido contrário ao de ou- racterizará procedimento incompatível com a dignidade da Câma-
tra ou de dispositivo aprovado; ra, para os fins do inc. II do art. 51.
VII - o Requerimento com finalidade idêntica à do aprovado; § 4º - Aplica-se o disposto no artigo à convocação, por Comis-
VIII - a Emenda ou parte de proposição incompatível com ma- são, de servidor municipal, cuja recusa ou não atendimento no pra-
téria aprovada em votação destacada. zo de 30 (trinta) dias, constitui infração administrativa.
Art. 287 - O Secretário Municipal poderá solicitar à Câmara ou
alguma de suas Comissões que designe data para seu compareci-
TÍTULO VIII
mento, a fim de expor assunto de relevância de sua Secretaria ob-
REGRAS GERAIS DO PRAZO
servado o disposto no art. 287, § único.
Art. 288 - O tempo fixado para exposição de Secretário Munici-
Art. 282 - Ao Presidente da Câmara e ao de Comissão compete pal, ou de dirigente de entidades da Administração Indireta, e para
fiscalizar o cumprimento dos prazos. os debates a que ela sucederem poderá ser prorrogado de ofício,
Art. 283 - No processo legislativo, os prazos são fixados: pelo Presidente da Câmara.
I - por dias contínuos; Art. 289 - Enquanto permanecerem no Plenário, o Secretário
II - por dias úteis; Municipal ou o dirigente de entidades de Administração Indireta
III - por hora. ficam sujeitos às normas regimentais que regulam os debates e a
§ 1º - Os prazos indicados no artigo contam-se: questão de ordem.
a) excluído o dia do começo e incluído o do vencimento, nos
casos dos incs. I e II; TÍTULO X
b) minuto por minuto, no caso do inc. III. DA TRIBUNA LIVRE
§ 2º - Os prazos fixados por dias contínuos, cujo termo inicial
ou final coincida com sábado, domingo ou feriado, têm seu começo Art. 290 - Fica instituída a Tribuna Livre, que será realizada uma
ou término prorrogado para o primeiro dia útil. vez por mês, na primeira Reunião Ordinária de cada mês, iniciando
§ 3º - Consideram-se dias úteis aqueles, de segunda a sexta- às 9:00 horas, com duração de 30 (trinta) minutos, a ser realizada
-feiras, exceto feriados, para os quais haja convocação de Reunião com representantes de entidades ou movimentos, devidamente
na Câmara. registrados, para:

82
LEGISLAÇÃO
I - exposição ou debate de matérias de interesse da comuni- Art. 299 – As salas, espaços, anexos e demais setores do pré-
dade; dio da Câmara Municipal, somente poderão receber denominações
II - reivindicação de solução a problemas enfrentados pela co- de nomes de parlamentares ou ex-parlamentares, pelo reconheci-
munidade; mento do trabalho realizado.
Parágrafo único - Durante os meses em que a Câmara perma- Art. 300 – A qualquer tempo os ex-Vereadores terão acesso a
necer em recesso, não será realizada a Tribuna Livre. documentos e informações, podendo examiná-los ou requerer có-
“Art. 290-A – Fica instituída a Tribuna do Ex-Vereador, que será pias, bastando para isto, enviar requerimento ao setor competente.
realizada uma vez por mês, na segunda Reunião Ordinária de cada Art.301 – O Índice Geral e Índice Remissivo constarão em ane-
mês, iniciando às 9:00 horas, com duração de 30 (trinta) minutos, xo I.
a ser realizada com ex-vereadores do Poder Legislativo de Uberlân-
dia, previamente registrados, para: TÍTULO XII
I - exposição ou debate de matérias de interesse da comuni- DISPOSIÇÕES FINAIS
dade;
II - reivindicação de solução a problemas enfrentados pela co- Art. 302 - O presente Regimento Interno deverá ser impresso e
munidade; na parte interna de sua contracapa deverá constar o nome de todos
III – consideração de questões políticas relevantes. os componentes da atual Mesa Diretora e de todos os Vereadores
§1º - Sempre que forem inscritos mais de um ex-vereador para da presente Legislatura.
fazerem uso da tribuna no mesmo dia, serão obedecidos os seguin- Art. 303 – Fica revogada a Resolução n.º 066/94, e suas altera-
tes critérios para escolha do orador. (Res. 094/11) ções posteriores.
Art. 291 - Poderão se inscrever para a mesma tribuna livre ou Art. 304 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publi-
para a tribuna do ex-vereador, o máximo de 02 (duas) entidades ou cação.
02 (dois) exvereadores, ficando reservado o tempo de 15 (quinze)
minutos, para cada participante. (Res. 094/11) LEI COMPLEMENTAR Nº 647, DE 29 DE JUNHO DE 2018.
Art. 292 - A inscrição dos interessados será feita através de ofí-
Dispõe sobre o Plano de Carreira dos Servidores Públicos da
cio ao Presidente da Câmara, entregue com antecedência mínima
Câmara Municipal de Uberlândia, REVOGA dispositivos da Lei Com-
de 05 (cinco) dias, sendo o pedido acompanhado de assinatura de
plementar nº 346, de 13.02.2004, REVOGA A LEI COMPLEMENTAR
um Vereador, que passará a ser o Autor do convite.
Nº 596, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2014 e dá outras providências.
§ 1º - No requerimento para comparecimento na tribuna livre
ou tribuna do ex-vereador, deverá ser especificado o assunto a ser
O PREFEITO DE UBERLÂNDIA, Faço Saber que a Câmara Muni-
tratado. . (Res. 094/11)
cipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 2º - Se o assunto for do interesse de alguma Secretaria Muni-
cipal, será convidado o respectivo Secretário para que compareça à
CAPÍTULO I
Câmara, no dia, ou que envie representante para os esclarecimen-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
tos que se fizerem necessários.
§ 3º - O Presidente distribuirá a cada Vereador, com antece- Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o Plano de Carreira dos Servido-
dência mínima de 24 (vinte e quatro) horas, a relação dos oradores res Públicos da Câmara Municipal de Uberlândia, composto pelos
inscritos, bem como a matéria a ser discutida. cargos de provimento efetivo de sua estrutura administrativa de-
Art. 293 - A Tribuna Livre ou Tribuna do Ex-Vereador será usa- talhados no Anexo I.
da pelo orador, somente para abordar o assunto sobre o qual se Art. 2º O Plano de Carreira dos Servidores Públicos da Câmara
inscreveu, cabendo a interferência obrigatória da Mesa Diretora Municipal de Uberlândia aplica-se a todos os servidores do quadro
quando o assunto registrado for desviado. (Res. 094/11) permanente do Poder Legislativo Municipal, bem como aos apo-
Art. 294 - Serão aceitos até 02 (dois) oradores de cada entida- sentados e pensionistas, respeitada a opção prevista no art. 23 des-
de, por uso da tribuna, seguindo rigorosamente a ordem de inscri- ta Lei.
ção. (Res. 094/11)
CAPÍTULO II
TÍTULO XI DA GESTÃO DO QUADRO DE PESSOAL E DA LOTAÇÃO
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 3º A gestão dos cargos do Plano de Carreira observará os
Art. 295 – A correspondência da Câmara, dirigida ao Prefeito seguintes princípios e diretrizes:
ou aos Poderes do Estado ou União, é feita por meio de ofício assi- I - natureza, função social e objetivos do Município de Uberlân-
nado pelo Presidente. dia e seu Poder Legislativo;
Art. 296 - As ordens da Mesa e do Presidente, relativamente ao II - dinâmica dos processos de trabalho nas unidades adminis-
funcionamento dos serviços da Câmara, serão expedidos por meio trativas e as competências específicas deles decorrentes;
de Portarias. III - qualidade do processo de trabalho;
Art. 297 - Serão registrados no livro próprio e arquivados na IV - vinculação ao planejamento estratégico e ao desenvolvi-
Secretaria da Câmara os originais de Leis e Resoluções. mento organizacional;
Parágrafo único - A Mesa providenciará, no início de cada Ses- V - investidura em cada cargo condicionada à prévia aprovação
são Legislativa Ordinária, edição completa de todas as Leis e Reso- em concurso público de provas ou de provas e títulos;
luções publicadas no ano anterior. VI - desenvolvimento do servidor vinculado aos objetivos ins-
Art. 298 - Nos casos omissos, a Mesa ou o Presidente aplicará titucionais;
o Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Estado de Minas VII - garantia de programas de capacitação que contemplem
Gerais e, subsidiariamente, as praxes parlamentares. a formação específica e a geral, nesta incluída a educação formal;

83
LEGISLAÇÃO
VIII - avaliação do desempenho funcional dos servidores, como a) Classe B: Fundamental incompleto ou completo;
processo pedagógico, realizada mediante critérios objetivos decor- b) Classe C: Ensino médio completo;
rentes das metas institucionais; c) Classe D: Curso Técnico completo, compatível com o cargo
IX - oportunidade de acesso às atividades de direção, chefia e exercido;
assessoramento, respeitadas as normas específicas; e) Curso E: Curso de Graduação, compatível com o cargo exer-
X - aplicação das normas estatutárias próprias do Município de cido;
Uberlândia previstas em lei específica. f) Curso de Especialização completo, com duração mínima de
trezentos e sessenta horas, compatível com o cargo exercido.
CAPÍTULO III III - O Cargo de AGENTE DE MANUTENÇÃO E REPAROS abrange
DOS CONCEITOS níveis de qualificação de B a F de acordo com sua escolaridade:
a) Classe B: Fundamental completo;
Art. 4º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se b) Classe C: Ensino Médio completo;
por: c) Classe D: Curso Técnico completo, compatível com o cargo
I - plano de carreira: conjunto de princípios, diretrizes e normas exercido;
que regulam o desenvolvimento profissional dos servidores titula- d) Classe E: Curso de Graduação completo, compatível com o
res de cargos que integram determinada carreira, constituindo-se cargo exercido;
em instrumento de gestão do órgão; e) Classe F: Curso de Especialização completo, com duração
II - carreira: conjunto de cargos da mesma natureza de traba- mínima de trezentos e sessenta horas, compatível com a função
lho, hierarquizados segundo o nível de complexidade e o grau de exercida.
responsabilidade de suas atribuições, dentro do qual se dá o desen- IV - O Cargo de AGENTE LEGISLATIVO abrange níveis de qualifi-
volvimento profissional do servidor; cação de B a F, de acordo com sua escolaridade:
III - nível de classificação: conjunto de cargos de mesma hie- a) Classe B: Fundamental completo;
rarquia, classificados a partir do requisito de escolaridade, nível de b) Classe C: Ensino Médio completo;
responsabilidade, conhecimentos, habilidades específicas, forma- c) Classe D: Curso Técnico completo, compatível com o cargo
ção especializada e experiência para o desempenho de suas atri- exercido;
d) Classe E: Curso de Graduação completo, compatível com o
buições;
cargo exercido;
IV - padrão de vencimento: posição do servidor na escala de
e) Classe F: Curso de Especialização completo, com duração
vencimento da carreira em função do nível de capacitação, cargo e
mínima de trezentos e sessenta horas, compatível com cargo exer-
nível de classificação;
cido.
V - cargo: conjunto de especialidades de mesmo nível de com-
V - Os Cargos de OFICIAL LEGISLATIVO, CINEGRAFISTA, FOTÓ-
plexidade, hierarquia e responsabilidades previstas na estrutura
GRAFO, TÉCNICO EM INFORMÁTICA abrangem níveis de qualifica-
organizacional, com vista a atender às necessidades institucionais;
ção de C a G, de acordo com sua escolaridade:
VI - nível de qualificação: posição do servidor na matriz hierár- a) Classe C: Ensino Médio completo;
quica dos padrões de vencimento em decorrência da capacitação b) Classe D: Curso Técnico completo compatível com o cargo
por qualificação, realizada após o ingresso no cargo, que supere as exercido;
exigências para o provimento inicial no referido cargo; c) Classe E: Curso de Graduação completo, compatível com o
VII - matriz hierárquica: tabela que compreende a hierarquia cargo exercido;
dos níveis de classificação e de vencimento básico dos cargos, com- d) Classe F: Curso de Especialização completo, com duração
posta por uma coluna de padrões de vencimento, conforme Anexo mínima de trezentos e sessenta horas, compatível com o cargo
II desta Lei. exercido.
e) Classe G: Curso de Mestrado completo, compatível com o
CAPÍTULO IV cargo exercido.
DA ESTRUTURA DO PLANO DE CARREIRA VI - Os Cargos de ASSESSOR JURÍDICO, ANALISTA DE SISTEMAS,
ASSESSOR TÉCNICO LEGISLATIVO, CONTABILISTA, JORNALISTA
Art. 5º Os cargos do Plano de Carreira dos Servidores Públicos abrangem níveis de qualificação de E a H, de acordo com sua es-
da Câmara Municipal são estruturados em 6 (seis) níveis de classi- colaridade:
ficação e 5 (quatro) níveis de qualificação, exceto para os cargos a) Classe E: Curso de Graduação completo;
constantes da Tabela F, que possui 4 (quatro) níveis de qualificação, b) Classe F: Curso de Especialização completo, com duração
conforme Anexo II. mínima de trezentos e sessenta horas, compatível com o cargo
Art. 6º Os níveis de qualificação desdobram-se em vinte e três exercido;
padrões de vencimento, indicados por algarismos numéricos, que c) Classe G: Curso de Mestrado completo, compatível com o
constituem as linhas de progressões. cargo exercido;
I - Os cargos de AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS e VIGIA inte- d) Classe H: Curso de Doutorado completo, compatível com o
gram a Tabela “A” e abrangem níveis de qualificação de A a E, de cargo exercido.
acordo com sua escolaridade:
a) Classe A: Fundamental incompleto; CAPÍTULO V
b) Classe B: Fundamental completo; DO INGRESSO NO CARGO E DAS FORMAS
c) Classe C: Ensino Médio completo; DE DESENVOLVIMENTO NA CARREIRA
d) Classe D: Curso Técnico completo, compatível com o cargo
exercido; Art. 7º O ingresso no cargo do Plano de Cargos e Carreiras far-
e) Classe E: Curso de Graduação completo, compatível com o -se-á no primeiro padrão do nível de qualificação correspondente
cargo exercido. à escolaridade inicial exigida, mediante concurso público de provas
II - O cargo de MOTORISTA integra a Tabela “B” e abrange ní- ou de provas e títulos, observados os requisitos de provimento ini-
veis de qualificação de B a F, de acordo com sua escolaridade: cial estabelecidos no Anexo II.

84
LEGISLAÇÃO
Parágrafo único. O edital definirá as características de cada § 1º A certificação obtida pelo servidor deverá ser compatível
fase do concurso público, os requisitos de escolaridade e a forma- com o cargo ocupado e a carga horária mínima exigida.
ção especializada, nos termos desta Lei Complementar. § 2º A progressão por capacitação profissional será concedida
Art. 8º O desenvolvimento do servidor na carreira dar-se-á ex- respeitando-se o interstício de 2 (dois) anos e o limite máximo de
clusivamente nas seguintes modalidades: 5 (cinco) progressões, nos termos da tabela constante do Anexo III
I - Progressão por qualificação profissional; desta Lei.
II - Progressão por mérito profissional; § 3º O Programa de Capacitação que trata o artigo anterior
III - Progressão por capacitação profissional. será parte do Plano de Desenvolvimento a ser elaborado pela Câ-
Parágrafo único. As progressões por qualificação profissional, mara Municipal.
por capacitação profissional e por mérito profissional não acarreta- Art. 16 O servidor que fizer jus à progressão por capacitação
rão mudança de nível de classificação. profissional será posicionado no padrão de vencimento imediata-
mente subsequente, no mesmo nível de classificação e de qualifi-
SEÇÃO I cação.
DA PROGRESSÃO POR QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
CAPÍTULO VI
Art. 9º Progressão por qualificação profissional é o instituto DA REMUNERAÇÃO
pelo qual o servidor em efetivo exercício no cargo muda de nível de
qualificação, dentro do mesmo cargo e nível de classificação, de- Art. 17 As tabelas de vencimentos dos cargos nas respectivas
corrente da obtenção de certificação em curso de educação formal carreiras passam a ser os constantes do Anexo II, desta Lei Com-
devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação, que exce- plementar.
da as exigências para ingresso na carreira, cargo e especialidade e Art. 18 A revisão do vencimento inicial dos cargos de cada car-
que seja compatível com as atribuições do cargo. reira levará em conta as diretrizes estabelecidas pela Câmara Mu-
§ 1º O requerimento para progressão por qualificação profis- nicipal e a sua capacidade financeira.
sional será protocolizado pelo servidor instruído com documento Parágrafo único. A revisão do vencimento inicial de cada cargo
hábil que comprove a conclusão de curso de educação formal. tem como referência a natureza do trabalho, o grau de dificuldade,
§ 2º Após análise e aprovação da Comissão de Desenvolvimen- a responsabilidade e a formação escolar exigida para o seu desem-
to Funcional, o servidor será posicionado no nível de qualificação penho,
correspondente ao grau obtido, com padrão de vencimento idênti- Art. 19 A remuneração dos integrantes do Plano de Carreira
co ao que ocupava anteriormente. dos Servidores Públicos da Câmara Municipal de Uberlândia será
Art. 10 O efeito financeiro decorrente da progressão por quali- composta do vencimento básico, correspondente ao valor estabe-
ficação profissional do servidor ocorrerá a partir do primeiro dia do lecido para o padrão de vencimento do nível de classificação e de
mês subsequente ao protocolo do requerimento. qualificação ocupados pelo servidor, acrescido das demais vanta-
gens pecuniárias estabelecidas em lei.
SEÇÃO II Art. 20 Fica criado o Adicional de Atividade - AT, que será devi-
DA PROGRESSÃO POR MÉRITO PROFISSIONAL do aos servidores enquadrados nos cargos de nível de classificação
E, F, G e H, constantes da Tabela F de Vencimentos.
Art. 11 Progressão por mérito profissional é o instituto pelo § 1º O valor do Adicional de Atividade - AT dos servidores públi-
qual o servidor em efetivo exercício no cargo muda para o padrão cos enquadrados nos cargos de Analista de Sistemas, Contabilista e
de vencimento imediatamente subsequente, dentro do mesmo ní- Jornalista fica fixado em R$ 1.003,20 (um mil, três reais e vinte cen-
vel de classificação e nível de qualificação a cada 2 (dois) anos de tavos) e para os cargos de Assessor Técnico Legislativo e Assessor
efetivo exercício no cargo. Jurídico fica fixado em R$ 3.966,80 (três mil, novecentos sessenta e
Parágrafo único. A Progressão por mérito profissional fica li- seis reais, oitenta centavos).
mitada ao número máximo de 17 (dezessete) e a sua concessão § 2º Incidirão sobre o Adicional de Atividade - AT disposto neste
depende da obtenção de resultado favorável fixado em programa artigo os descontos legais para efeito de benefício previdenciário.
de avaliação de desempenho do servidor. § 3º O valor de Adicional de Atividade - AT será incorporado
Art. 12 Os critérios e os fatores que serão considerados para aos proventos de inatividade.
fins do Programa de Avaliação de Desempenho do servidor, serão § 4º Os valores do Adicional de Atividade - AT serão atualizados
objeto do Plano de Desenvolvimento conforme estabelecido no art. a partir do exercício de 2019, no mesmo percentual concedido para
27, desta Lei Complementar. o vencimento básico dos cargos de que trata essa Lei.
Art. 13 O efeito financeiro decorrente da progressão do servidor
terá início a partir do primeiro dia do mês subsequente à sua última CAPÍTULO VII
avaliação de desempenho, para o interstício a que se referir, após a de- DO ENQUADRAMENTO DOS SERVIDORES
vida análise e aprovação da Comissão de Desenvolvimento Funcional.
Art. 14 Após cada interstício de 02 (dois) anos de efetivo exer- Art. 21 Os servidores públicos do quadro permanente da Câ-
cício será reiniciada a avaliação de desempenho do servidor, tenha mara Municipal serão enquadrados ao Plano de Carreiras instituído
ou não obtido progressão no interstício anterior. por esta Lei.
Art. 22 Após o enquadramento, caso o vencimento básico re-
SEÇÃO III sulte em valor menor que o recebido pelo servidor, na data de pu-
DA PROGRESSÃO POR CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL blicação desta lei, proceder-se-á ao pagamento da diferença com
parcela complementar, sob a denominação de VBC - Vencimento
Art. 15 Progressão por capacitação profissional é o instituto Básico Complementar.
pelo qual o servidor em efetivo exercício no cargo muda de padrão Parágrafo único. A parcela complementar de que trata o caput
de vencimento, dentro do mesmo nível de qualificação e nível de deste artigo será reduzida gradativamente por ocasião de cada con-
classificação, em decorrência da obtenção de certificação em pro- cessão de reajuste geral incidente sobre o vencimento básico do
grama de capacitação. cargo, até sua completa absorção e eliminação.

85
LEGISLAÇÃO
Art. 23 O enquadramento do servidor público ao Plano de Car- CAPÍTULO VIII
reiras instituído por esta Lei será efetuado mediante opção irretra- DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO
tável do respectivo titular.
§ 1º O enquadramento no nível de classificação levará em con- Art. 27 A política institucional da Câmara contemplará o Plano
ta o cargo efetivo ocupado pelo servidor, conforme descrição das de Desenvolvimento para os servidores integrantes de seu quadro
tabelas A a F, do Anexo II desta Lei. permanente.
§ 2º O enquadramento no nível de qualificação será feito me- § 1º O Plano de Desenvolvimento deverá conter o Programa
diante a apresentação de certificado de conclusão de curso de edu- de Capacitação e o Programa de Avaliação de Desempenho, para
cação formal devidamente reconhecido pelo Ministério da Educa- fins de concessão da progressão por capacitação profissional e da
ção, compatível com as atribuições do cargo efetivo ocupado e que progressão por mérito profissional.
exceda o requisito de ingresso. § 2º Até que seja aprovado o Plano de Desenvolvimento as
§ 3º Será concedido um padrão de vencimento para cada dois progressões por mérito profissional e por qualificação profissional
anos de serviços prestados ao Município pelo servidor, observan- obedecerão as disposições dos arts. 39 a 49 da Lei Complementar
do-se a tabela constante do Anexo IV desta Lei. nº 346, de 13 de fevereiro de 2004 e da Portaria nº 130, de 21 de
§ 4º O tempo residual de exercício apurado após o enquadra- março de 2005.
mento será considerado para a subsequente progressão por mérito
profissional. CAPÍTULO IX
§ 5º Para efeito de enquadramento será considerado o tempo DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
de exercício nos cargos relacionados no Anexo I desta Lei, com as
alterações de nomenclatura que tenham sofrido por força de legis- Art. 28 Os cargos de Auxiliar de Serviços Gerais,Vigia, Motoris-
lação municipal, se for o caso, bem como o tempo que o servidor ta, Agente de Manutenção e Reparos, Agente Legislativo, Fotógra-
exerceu atribuições compatíveis com as de seu cargo atual, ainda fo, Cinegrafista, Operador de Áudio, Operador de Mídia, Operador
que sob a tutela do regime jurídico celetista. de Máster, Técnico em Informática, Analista de Sistema e Jornalis-
Art. 24 O enquadramento dos cargos de que trata esta Lei dar- ta, constantes no quadro de cargos efetivos do Anexo I, passam a
-se-á mediante opção irretratável do respectivo titular, dentro do compor quadro de cargos em extinção observando-se as seguintes
prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência desta Lei. disposições:
§ 1º A opção de que trata o caput deste artigo dar-se-á median- I - os cargos que se encontrarem vagos na data de vigência des-
te apresentação do Termo de Opção devidamente assinado pelo ta Lei serão por ela automaticamente extintos;
servidor ou procurador constituído, conforme modelo constante II - os cargos que se encontrarem providos na data de vigência
do Anexo V. desta Lei serão considerados em extinção e definitivamente extin-
§ 2º O servidor que não formalizar a opção pelo enquadramen- tos quando da vacância.
to na carreira prevista nesta Lei dentro do prazo estabelecido com- Art. 29 Integram esta Lei Complementar os seguintes Anexos:
porá quadro em extinção e será submetido à legislação específica a) Anexo I - Quadro dos cargos de provimento efetivo, com
do cargo ocupado. denominações, símbolos, quantidades de cargos e vencimentos
§ 3º Ocorrendo a hipótese prevista no § 2º deste artigo, quan- iniciais;
do da vacância do cargo, ocorrerá sua extinção automática. b) Anexo II - Tabela de vencimentos dos cargos de provimento
§ 4º O servidor que fizer a opção pelo enquadramento na car- efetivo, com indicação de Níveis de Classificação e Níveis de Qua-
reira de que trata o Plano de Carreira dos Servidores Públicos da Câ- lificação;
mara Municipal de Uberlândia será submetido às regras específicas c) Anexo III - Tabela para Progressão por Capacitação Profis-
definidas nesta Lei e em seus regulamentos, respeitadas as normas sional;
estatutárias aplicáveis aos servidores públicos. d) Anexo IV - Tabela de Conversão e Critérios de Enquadramen-
Art. 25 O enquadramento dos servidores em atividade ao Pla- to;
no de Carreira de que trata esta Lei dar-se-á por intermédio de uma e) Anexo V - Termo de Opção.
Comissão Especial, composta por cinco servidores integrantes do Art. 30 Fica revogada a Lei Complementar nº 596, de
quadro permanente, constituída por Portaria para este fim especí- 29.12.2014.
fico, que terá prazo de 20 ( vinte ) dias, podendo ser prorrogado por Art. 31 Aplicam-se aos servidores que não fizerem a opção pre-
igual período, para conclusão dos trabalhos. vista no art. 23 desta Lei as previsões dos arts. 26 a 38 e dos Anexos
Art. 26 O enquadramento dos servidores inativos e pensionis- I e II da Lei Complementar nº 346, de 13 de fevereiro de 2004 e
tas que tenham paridade de proventos, nos termos do art. 7º da suas alterações posteriores, sendo tais previsões automaticamente
Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003 e suas revogadas quando da vacância do último cargo que se achar por
alterações, ocorrerá da mesma forma que o enquadramento dos elas regido.
servidores em atividade, por meio de expressa opção e consideran- Art. 32 As despesas decorrentes desta Lei correrão por conta
do a situação funcional do servidor até a data de concessão de sua das dotações orçamentárias próprias, constantes do orçamento.
aposentadoria. Art. 33 Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua
Parágrafo único. Todas as fases do enquadramento previstas publicação, produzindo efeitos financeiros a partir de 01 de agosto
nesta Lei, no tocante aos servidores inativos e pensionistas, serão de 2018.
de responsabilidade do Instituto de Previdência dos Servidores Pú-
blicos do Município de Uberlândia - IPREMU.

86
LEGISLAÇÃO
ANEXO I
QUADRO DE CARGOS DE PROVIMENTO EFETIVO

*Cargos que serão extintos após sua vacância.

87
LEGISLAÇÃO
ANEXO II

88
LEGISLAÇÃO

89
LEGISLAÇÃO

90
LEGISLAÇÃO

ANEXO III

91
LEGISLAÇÃO
ANEXO IV ANEXO V
TABELA DE CONVERSÃO E CRITÉRIOS DE ENQUADRAMENTO PLANO CARREIRA DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA CÂMARA
MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA TERMO DE OPÇÃO
DADOS DO SERVIDOR:

NOME:
CARGO:
MATRÍCULA:
DEPARTAMENTO/SEÇÃO:

Venho, nos termos da Lei nº __________, de ______ de


______________ de 2018, observado o disposto no Capítulo VIII,
optar, em caráter irretratável, por integrar o Plano Carreira dos Ser-
vidores Públicos da Câmara Municipal de Uberlândia.

DATA E ASSINATURA DO SERVIDOR:

Uberlândia - MG,_________/_________/_______

___________________________________________
Assinatura do Servidor

(Preenchimento pelo órgão do Município)

Recebido em:_________/_________/_________.

____________________________________________ |
Assinatura/Matrícula ou Carimbo do Servidor da Comissão de
Enquadramento

LEI COMPLEMENTAR Nº 705, DE 30 DE ABRIL DE 2020

REGULARIZA DISPOSITIVOS E ANEXOS DA LEI COMPLEMEN-


TAR Nº 346, DE 13 DE FEVEREIRO DE 2004, QUE ESTABELECE O
QUADRO DE CARGOS E FUNÇÕES E RESPECTIVA REMUNERAÇÃO
DA CÂMARA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA, DISPÕE SOBRE O PLANO
DE CARGOS E CARREIRAS, REVOGA A RESOLUÇÃO Nº 060, DE 18
DE OUTUBRO DE 1994 E DEMAIS ALTERAÇÕES POSTERIORES E DÁ
OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

O Presidente da Câmara Municipal de Uberlândia, com funda-


mento na Lei Orgânica Municipal em seu § 3º, art. 27 PROMULGA
a seguinte Lei:

Art. 1º Os dispositivos abaixo relacionados e os Anexos I, II, III


e VIA, VIB, VIC e VII da Lei Complementar nº 346, de 13 de feverei-
ro de 2004, com as alterações oriundas das Leis Complementares
nº s. 538/2011, 556/2013, 559/2013 e 575/2013, considerando a
disposição contida na Lei Complementar nº 647/2018, que revogou
integralmente a Lei Complementar nº 596/2014, sem repristinar
expressamente os anexos revogados, com as alterações posterio-
res, em total descumprimento ao disposto no § 3º, art. 2º, do De-
creto-Lei nº 4.657/42, para fins de regularização, passam a serem
os artigos e os Anexos constantes desta Lei Complementar.
Art. 2º Os dispositivos da Lei Complementar nº 346/2004 abai-
xo relacionados passam a vigorar com as seguintes redações:
a) Capítulo II - Dos Cargos de provimento efetivo
b) Art. 3º - ....
II - enquadramento de servidores efetivos em exercício nos
cargos criados pela Resolução nº 060/94 e demais alterações pos-
teriores, na forma desta Lei Complementar.
c) Art. 4º - ....
§ 2º A mudança de carreira ou cargo somente pode ocorrer
mediante nomeação efetiva, precedida de concurso público de pro-
vas ou de provas e títulos.

92
LEGISLAÇÃO
d) Título II - Capítulo I - Dos Principios e definições
e) Art. 26 - ....
II - a promoção funcional na carreira de acordo com a formação e qualificação profissional do servidor e a avaliação do seu desem-
penho.
f) Art. 27 - ....
§ 3º Cada classe desdobra-se em trinta e cinco níveis, com seus respectivos padrões de vencimento indicados por algarismos arábicos,
que constituem as linhas de progressão
g) Título II - Capítulo II - Da Progressão
h) Art. 28 - ....
II - obter grau dois na soma das duas avaliações anuais consecutivas, de acordo com o que estabelece o art. 41 desta Lei Complemen-
tar.
i) Art. 29 - Os critérios e os fatores que serão considerados para fins de avaliação de desempenho funcional do servidor serão os
constantes desta Lei Complementar.
j) Art. 30 - O efeito financeiro decorrente da progressão do servidor terá início a partir do primeiro dia do mês subsequente à sua
última avaliação de desempenho para o interstício a que se referir.
k) Art. 31 - Após cada interstício de setecentos e trinta dias de efetivo exercício será reiniciada a avaliação de desempenho do servidor,
tenha ou não obtido progressão no interstício anterior.
l) Título II - Capítulo III - Da promoção
m) Art. 32 - A promoção do servidor efetivo ocorre, mediante requerimento, imediatamente após a análise e a aprovação da docu-
mentação que comprove a sua formação escolar pela Comissão de Desenvolvimento Funcional.
n) Art. 33 - A promoção do servidor edetivo, para classe imediatamente superior à que ocupar, poderá decorrer de sua aprovação
em seleção interna, mediante prova em que se apure a capacidade funcional equivalente à formação escolar da classe a que concorra.
o) Art. 34 - ....
§ 5º Do resultado cabe recurso ao 1º Secretário, e deste, reconsideração ao Presidente da Câmara, no prazo de 10 (dez) dias da ci-
ência, com igual prazo para a decisão.
p) Art. 35 - --
Parágrafo único. O número de cargos disponíveis em cada classe, para efeito de promoção mediante processo seletivo interno em
cada cargo, será, no mínimo, um e, em relação ao total daquele cargo, no máximo 10% (dez por cento.
q) Art. 36 - O efeito financeiro decorrente da promoção do servidor terá início a partir do primeiro dia do mês subseqüente à aprova-
ção na seleção interna.
r) Título II - Capítulo IV - Dos Vencimentos
s) Art. 37 - ....
§ 2º No eixo vertical da tabela de vencimentos, cada nível, a partir do inicial, tem um incremento de 2,89% (dois inteiros, oitenta e
nove centésimos por cento).
t) Art. 38 - ....
Parágrafo único. A revisão do vencimento inicial de cada cargo tem como referência a natureza do trabalho, o grau de dificuldade, a
responsabilidade e a formação escolar exigida para o seu desempenho.
u) Art. 54 - ....
§ 3º O disposto no § 2º deste artigo não se aplica aos servidores ocupantes de cargos em comissão da estrutura administrativa e aos
designados para exercício de função gratificada.
v) Art. 55 - Ao ocupante de cargo em comissão aplica-se o disposto no artigo anterior, mas poderá ser convocado sempre que houver
interesse da Câmara Municipal.
Art. 3º O Anexo I - CARGOS DE PROVIMENTO EFETIVO da Lei Complementar nº 346, de 13 de fevereiro de 2004, com as alterações
advindas da Lei Complementar nº 647/2018, passam a ter as seguintes redações:

93
LEGISLAÇÃO
ANEXO I - CARGOS DE PROVIMENTO EFETIVO

*Cargos que serão extintos após sua vacância.

Parágrafo único. Ficam extintos os cargos de provimento efetivo de Operador de Audio, Operador de Mídia, Analista de Sistemas e
Operador de Master.

Art. 4º O Anexo II - VENCIMENTOS, PROGRESSÃO E PROMOÇÃO DOS CARGOS EFETIVOS da Lei Complementar nº 346/2004 é o cons-
tante no Anexo II - Tabela de vencimentos dos cargos de provimento efetivo, com indicação de Níveis de Classificação e Níveis de Qualifi-
cação constante nos termos da Lei Complementar nº 647/2018.

Art. 5º O Anexo III da Lei Complementar nº 346/2004, alterado pela Lei Complementar nº 575, de 29.11.13, para fins de regularização,
passa a ser o seguinte:

94
LEGISLAÇÃO

Art. 6º Os Anexos VIA, VIB, VIC e VID - DESCRIÇÕES E ATRIBUIÇÕES DOS CARGOS DE PROVIMENTO EFETIVO, DOS CARGOS EM CO-
MISSÃO E DAS FUNÇÕES GRATIFICADAS DA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA da Lei Complementar nº 346/2004, para fins de regularização e
ainda em virtude do disposto no artigo anterior passam a ter as seguintes redações:

A - DESCRIÇÕES E ATRIBUIÇÕES DOS CARGOS DE PROVIMENTO EFETIVO.

A1 - AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS


DESCRIÇÃO: atua nas áreas de cantina, copa, almoxarifado, manutenção, execução de serviços de fornecimento de lanche, controle
de estoque dos produtos para a cantina e lanche.
ATRIBUIÇÕES: a) executar serviços de atendimento aos gabinetes e demais setores para manutenção e oferecimento de lanche, café,
etc; b) recepcionar o público fornecendo informações que se fizer necessárias. c) controlar o estoque de produtos das cantinas do Plenário
e dos servidores; d) prestar atendimento ao Plenário durante as sessões e eventos; e) auxiliar nos serviços de copa, portaria, recepção,
telefonia e limpeza quando solicitado; f) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade associado à sua especiali-
dade ou ambiente organizacional.

95
LEGISLAÇÃO
PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Ensino Fundamental in- PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Ensino Fundamental In-
completo completo - Experiência prática comprovada e CNH categoria E.
PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO FUNCIONAL: - Promo- RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median-
ção: Para as classes B, C, D e E mediante comprovação de escolari- te concurso público.
dade que exceda as exigências iniciais para ingresso no cargo. - Pro-
gressão: após interstício de 02 (dois) anos de efetivo exercício no A4 - AGENTE DE MANUTENÇÃO E REPAROS
Poder Legislativo, para o nível imediatamente superior, mediante DESCRIÇÃO: atua na execução de tarefas auxiliares nos traba-
aprovação em avaliação desempenho funcional. lhos de alvenaria, pintura, instalação e conserto de instalações elé-
RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median- tricas e hidráulicas, montagem e manutenção de encanamentos,
te concurso público. tubulação e demais condutos, confecção e conserto de peças de
madeira em geral, solda de peças e ligas metálicas, montagem e
A2 - VIGIA desmontagem de estruturas.
DESCRIÇÃO: atua no controle de entrada e saída do prédio da ATRIBUIÇÕES: a) Auxilia na instalação e manutenção de insta-
Câmara e na prestação de informações ao público em geral. lações hidráulicas, tais como: Bebedouros, pias, válvulas e outros;
ATRIBUIÇÕES: a) F iscalizar a entrada e a saída de veículos nos b) auxilia nos serviços ligados à construção civil, tais como: edifi-
estacionamentos, identificando o motorista e anotando a placa do cações, reparos de paredes, muros, calçadas, pinturas, preparo
veículo, inclusive de funcionários autorizados a estacionarem seus de argamassas e outros; c) mantêm a limpeza das ferramentas,
carros particulares na área interna da instalação, mantendo sempre afiando o corte, mantendo-as em perfeito estado para utilização;
os portões fechados; b) controlar a entrada e saída nos estaciona- d) realiza reparos nas instalações hidráulicas, verificando tubos e
mentos da Câmara Municipal e nas portas de acesso ao prédio; c) outros similares; e) efetua reparos de portas, batentes, azulejos,
dar informações às pessoas que procuram atendimento dos vere- louças e metais sanitários; f) coloca dobradiças, puxadores, trincos
adores e dos demais órgãos da Câmara Municipal nas entradas do e outros acessórios, realizando acabamento; g) auxilia no remane-
prédio; d) monitorar e informar à chefia quanto a situação de por- jamento de móveis e materiais das instalações; h) efetua carga e
tas, janelas e portões, para a manutenção da ordem e da segurança descargas de materiais, manualmente ou utilizando equipamen-
do prédio; e) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível
tos, tais como carrinhos de mão e alavancas; i) auxiliar na entrega,
de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente orga-
transporte, carga, descarga e armazenagem de materiais e equi-
nizacional.
pamentos diversos; j) executar serviços de manutenção, reparos e
PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Ensino Fundamental in-
acabamento em mobiliários; efetuar conservação de edificações e
completo
equipamentos em geral executando serviços sob orientação; k) ze-
PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO FUNCIONAL - Promoção:
lar pela manutenção, limpeza, e conservação do seu local de traba-
para as classes B, C, D e E mediante comprovação de escolaridade
lho, bem como, a guarda e o controle de todo material, aparelhos e
que exceda as exigências iniciais para ingresso no cargo. - Progres-
equipamentos sob sua responsabilidade; l) informar ao responsável
são: após interstício de 02 (dois) anos de efetivo exercício no Poder
Legislativo, para o nível imediatamente superior, mediante aprova- imediato falhas/irregularidades que prejudiquem a realização satis-
ção em avaliação desempenho funcional. fatória da tarefa; m) executar serviços de reparo e manutenção nas
RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median- instalações elétricas, bem como tomadas, disjuntores, interrupto-
te concurso público. res e iluminação, e cabeamento em geral; auxiliar na manutenção
da cabine de alta tensão sob a supervisão de pessoa capacitada e
A3 - MOTORISTA habilitada para tal; n) executar outras tarefas da mesma natureza
DESCRIÇÃO: atua na direção de veículos de propriedade da Câ- ou nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambien-
mara Municipal, observando as normas de segurança de trânsito. te organizacional.
ATRIBUIÇÕES: a) Dirigir automóveis, ônibus e demais veículos PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Ensino fundamental
de transporte de passageiros e cargas; b) zelar pela segurança de Completo - Experiência prática comprovada
passageiros verificando o fechamento de portas e o uso de cintos RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median-
de segurança; c) manter o veículo limpo, interna e externamente e, te concurso público.
em condições de uso, levando-o à manutenção sempre que neces-
sário; d) observar os períodos de revisão e manutenção preventiva A5 - AGENTE LEGISLATIVO
do veículo; e) anotar, segundo normas estabelecidas, a quilometra- DESCRIÇÃO: atua nas diversas atividades inerentes à área ad-
gem rodada, viagens realizadas, objetos, pessoas e cargas transpor- ministrativa da Câmara Municipal, desempenhando atividades rela-
tadas, itinerários e outras ocorrências; f) recolher o veículo após o cionadas às competências da unidade onde estiver lotado e compa-
serviço, deixando-o corretamente estacionado e fechado; g) con- tível com seu grau de instrução.
duzir os servidores da Câmara Municipal a lugar e em hora determi- ATRIBUIÇÕES: a) Auxiliar em tarefas simples relativas às ati-
nados, conforme itinerário estabeledico ou instruções específicas; vidades gerais de administração; b) recolher e distribuir interna-
h) trabalhar seguindo normas de segurança, higiene, qualidade e mente correspondências, pequenos volumes, separando por des-
proteção ao meio ambiente; i) vistoriar o veículo sob sua responsa- tinatário, solicitando assinatura em livros de protocolo; c) prestar
bilidade, verificando o estado dos pneus, nivel de combustível, óleo informações simples de caráter geral, pessoalmente ou por tele-
e àgua; j) dirigir o veículo observando as normas de trânsito, res- fone, anotando e transmitindo recados; d) auxiliar na execução de
ponsabilizando-se pelos cidadãos e cargas conduzidas; k) providen- serviços simples nos departamentos: carimbar, protocolar, colher
ciar a manutenção do veículo, comunicando as falhas e solicitando assinaturas, numerar processos; e) dar atendimento aos serviços
os reparos necessários; l) fazer viagens fora do perímetro urbano de telefonia; f) atuar na recepção; g) efetuar controle de arquivo e
de acordo com determinação da chefia imediata, após liberação protocolo; h) efetuar controle de serviços de classificação e registro
da Presidência; m) executar outras tarefas da mesma natureza ou de documentos; i) efetuar controle de serviços de material e almo-
nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente xarifado; j) efetuar controle de material por setor de atividade; k)
organizacional. atuar em atividades de organização, registro e controle da bibliote-

96
LEGISLAÇÃO
ca; l) efetuar registros de documentos diversos; m) executar outras utilização; o) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível
tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade associado à de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente orga-
sua especialidade ou ambiente organizacional. nizacional.
PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Ensino fundamental PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Ensino Médio Completo
Completo - Experiência prática comprovada
RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median- RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median-
te concurso público. te concurso público.

A6 - OFICIAL LEGISLATIVO A9 - TÉCNICO EM INFORMÁTICA


DESCRIÇÃO: atua nas diversas atividades inerentes a área ad- DESCRIÇÃO: atuar na promoção do uso eficiente, consciente
ministrativa da Câmara Municipal, desempenhando atividades rela- e seguro dos recursos tecnológicos fornecidos pela Câmara Muni-
cionadas às competências da unidade onde estiver lotado. cipal de Uberlândia, prestando suporte técnico e capacitação dos
ATRIBUIÇÕES: a) Planejar, orientar e executar atividades perti- servidores no uso das ferramentas específicas de tecnologia da in-
nentes à Administração em seus vários segmentos, dando suporte formação.
administrativo e técnico à chefia do Departamento/Seção, promo- ATRIBUIÇÕES: a) P restar suporte técnico às diversas reparti-
vendo contatos com os diversos setores da Câmara Municipal e ções da Câmara, remanejando equipamentos, instalando e reins-
terceiros; b) organizar e executar atividades administrativas do De- talando e atualizando softwares; b) fazer backup´s periódicos dos
partamento/Seção onde tiver lotado; c) atender ao público interno sistemas gerenciados pela área de informática; c) manter atuali-
e externo, prestando informações, anotando recados, recebendo zadas diariamente as planilhas das tarefas efetuadas pela área de
correspondências e efetuando encaminhamentos; d) arquivar do- informática da Câmara; d) realizar a manutenção preventiva e cor-
cumentos diversos seguindo normas de seu Departamento/Seção; retiva de equipamentos; e) realizar testes nos equipamentos que
e) auxiliar na elaboração de políticas públicas em sua área de atu- apresentarem problemas e solucioná-los; f) realizar treinamento
ação; f) participar da elaboração de projetos, planilhas, estudos e com usuários quando necessário; g) prestar suporte físico e lógi-
análise para melhoria dos serviços; g) manter-se atualizado sobre a co à implantação e manutenção da rede; h) realizar tarefas básicas
aplicação de lei, normas e regulamentos de sua área de atuação; h) nos servidores de rede (AD, DHCP, DNS); i) manter o ambiente de
assistir a direção do órgão no levantamento e distribuição dos ser- trabalho organizado e limpo; j) executar outras tarefas da mesma
viços administrativos; i) controlar procedimentos administrativos natureza ou nível de complexidade associado à sua especialidade
da área de atuação; j) redigir atos administrativos e documentos; ou ambiente organizacional.
k) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível de comple- PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Ensino Médio completo
xidade associado à sua especialidade ou ambiente organizacional. - Experiência prática comprovada.
PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Ensino Médio completo RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median-
RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median- te concurso público.
te concurso público.
A10 - JORNALISTA
A7 - CINEGRAFISTA DESCRIÇÃO: profissional de nível superior responsável pelas
DESCRIÇÃO: trabalha na captação de imagens. reportagens, informativos e apoio à produção e edição.
ATRIBUIÇÕES: a) filmar as sessões e reuniões da Câmara; b) ATRIBUIÇÕES: a) Atuar em rádio e TV na captação de notícias;
responder pela qualidade das imagens colhidas; c) elaborar relató- b) realizar reportagens e entrevistas internas e externas; c) apre-
rios de reportagens externas; d) executar outras tarefas da mesma sentar boletins informativos ao vivo ou pré-gravados; d) orientar
natureza ou nível de complexidade associado à sua especialidade o cinegrafista e apoiar a produção e a edição; e) levantar notícias;
ou ambiente organizacional. f) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível de comple-
PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Ensino Médio completo xidade associado à sua especialidade ou ambiente organizacional.
- Experiência prática comprovada PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Curso superior em jor-
RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median- nalismo e registro profissional junto ao órgão competente.
te concurso público RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median-
te concurso público.
A8 - FOTÓGRAFO
DESCRIÇÃO: responsável pela captação de imagens em fotos, A11 - CONTABILISTA
catalogação e arquivo do material produzido interna e externamen- DESCRIÇÃO: atua nas atividades de execução de contabilidade
te. pública, execução e análise de balanços, relatórios e demonstrati-
ATRIBUIÇÕES: a) Fotografar acontecimentos, pessoas, paisa- vos, operação de sistemas contábeis automatizados e acompanha-
gens e outros temas; b) operar câmera fotográfica (de película ou mento da execução orçamentária e financeira da Câmara.
digital), acessórios e equipamentos de iluminação; c) calibrar os ATRIBUIÇÕES: a) Atuar na operação de sistemas automatiza-
equipamentos e monitorar equipamentos de medição; d) operar dos de contabilidade pública; b) emitir notas de empenhos, sub
programas de tratamento de imagens; e) Interpretar o objeto a empenhos, ordens de pagamentos e outros documentos inerentes
ser fotografado; f) experimentar produtos e técnicas fotográficas; à operacionalização do sistema orçamentário e financeiro; c) emitir
g) definir o suporte material da imagem fotográfica; h) compor e documentos relacionados à concessão de adiantamentos financei-
enquadrar a imagem e modular a luz; i) revelar filmes, editar e di- ros, diárias de viagens, folhas de pagamento e outros inerentes ao
gitalizar imagem e ampliar fotos; j) tratar imagem digitalizada ou setor; d) cuidar do arquivo mensal dos documentos contábeis, as-
convencional: brilho, contraste, definições e corte; k) restaurar, sim como, do arquivo geral da contabilidade; e) acompanhar a exe-
ampliar e retocar imagens fotográficas; l) catalogar documentos cução de pagamentos de obrigações diárias da Câmara Municipal,
fotográficos; m) organizar e manter organizado o arquivo fotográ- tais como: INSS - IPREMU, ISS, contas de água, luz, telefone, cor-
fico da Câmara Municipal de Uberlândia; n) manter e conservar os reios e outras obrigações; f) acompanhar a devolução de recursos
materiais e equipamentos fotográficos sempre em condições de devidos à Prefeitura Municipal, tais como: Aplicações Financeiras,

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LEGISLAÇÃO
IRRF, e outros; g) fazer o acompanhamento diário e mensal, junto tos de direito, de ordem geral ou específica, habilitando a Câmara
à Tesouraria, dos saldos dos recursos disponíveis e das aplicações a solucionar os problemas jurídicos; p) prestar consultoria direta
financeiras; h) proceder a publicação de balanços, relatórios e ou- ao Presidente da Câmara; q) fazer defesa e acompanhamento de
tros, no Jornal Oficial do Legislativo e no Portal Transparência da processos em grau de recurso, só ou em conjunto com outros pro-
Câmara Municipal; i) cuidar da integridade e manutenção dos bens fissionais; r) fazer palestras, conferências e ministrar cursos para
patrimoniais, à disposição do Departamento; j) participar do acom- aprimoramento do Legislativo dentro dos limites de suas atribui-
panhamento e da execução orçamentária e financeira da Câmara ções específicas; s) executar outras tarefas da mesma natureza ou
Municipal; k) fazer o controle e acompanhamento dos pagamentos nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente
mensais de obrigações contratuais, com os fornecedores da Câma- organizacional.
ra Municipal, dentro dos prazos previstos em contrato; l) executar PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Graduação em Direito e
outras tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade asso- inscrição na OAB.
ciado à sua especialidade ou ambiente organizacional. RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median-
PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Graduação em Ciências te concurso público.
Contábeis e registro no Conselho de Classe.
RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median- B - DESCRIÇÃO E ATRIBUIÇÕES DOS CARGOS EM COMISSÃO DA
te concurso público. ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DA CÂMARA MUNICIPAL DE UBER-
LÂNDIA.
A12 - ASSESSOR TÉCNICO-LEGISLATIVO B1 - CARGOS DA PRESIDÊNCIA
DESCRIÇÃO: atua no assessoramento geral no processo técni- B1.1 - ASSESSOR DA MESA DIRETORA
co-legislativo, mediante elaboração de estudos e pareceres técni- DESCRIÇÃO: atua junto à Mesa Diretora, exercendo assessora-
cos. mento direto a seus componentes em atividades políticas ou admi-
ATRIBUIÇÕES: a) Preparar a resenha do Expediente e da Ordem nistrativas.
do dia das reuniões; b) proceder revisão periódica na Legislação do ATRIBUIÇÕES: a) Assessorar os componentes da Mesa Diretora
Município, de modo a adequá-la às condições jurídicas atuais, quan- nas atividades de caráter político desenvolvidas pela Câmara pe-
do os instrumentos necessários e pessoal forem disponibilizados. c) rante a comunidade e a classe política; b) tomar parte nas relações
orientar tecnicamente os Assessores Parlamentares na elaboração de intercâmbio entre o Poder Legislativo e Executivo, em nome da
dos projetos e nos pareceres das Comissões Permanentes; d) con- Mesa Diretora; c) assessorar no intercâmbio das diversas ativida-
duzir a tramitação dos projetos legislativos, mantendo os livros de des administrativas desenvolvidas pela Câmara, em âmbito interno,
andamentos sempre atualizados; e) controlar os prazos para trami- no propósito de fazer cumprir os desígnios da Mesa Diretora; d)
tação dos processos, solicitando através da Presidência a devolução assessorar a Mesa Diretora nas atividades administrativas que lhe
de projetos quando exauridos os prazos regimentais; f) assessorar são atribuídas, especialmente, na condução do processo legislativo
os Vereadores nas tarefas técnicas legislativas pertinentes ao exer- e da política administrativa interna; e) assessorar a Mesa Diretora
cício da vereança; g) cumprir e zelar para que sejam cumpridas as no controle de despesas e no acompanhamento da execução orça-
normas contidas no Regimento Interno no curso dos processos le- mentaria da Câmara; f) executar outras tarefas da mesma natureza
gislativos; h) assessorar os trabalhos da Mesa Diretora durante as ou nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambien-
votações; i) orientar e assessorar as Comissões no desempenho das te organizacional.
atribuições conferidas pelo Regimento Interno; j) executar outras
tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade associado à B1.2 - CHEFE DO GABINETE DA PRESIDÊNCIA
sua especialidade ou ambiente organizacional. DESCRIÇÃO: chefia o Gabinete da Presidência da Câmara, des-
PRÉ-REQUISITO PARA PROVIMENTO: - Graduação em Direito. pachando diretamente com o Presidente para solução de questões
RECRUTAMENTO: - Externo, no mercado de trabalho, median- políticas e administrativas de competência deste.
te concurso público. ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conservação
dos bens patrimoniais locados no Gabinete da Presidência; b) infor-
A13 - ASSESSOR JURÍDICO mar o comportamento funcional dos servidores lotados no Gabine-
DESCRIÇÃO: atua na consultoria e assessoramento em assun- te da Presidência ao órgão de Pessoal e ao Presidente; c) articular
tos de Direito Municipal e na defesa judicial e administrativa da Câ- e integrar a atuação da Presidência da Câmara com os demais ór-
mara Municipal e seus componentes. gãos administrativos, bem como o órgão da administração direta e
ATRIBUIÇÕES: a) Emitir parecer sobre matéria requerida pela suas divisões, entidades da administração indireta e fundacional; d)
Mesa, pelo Presidente e Vereadores, através da Presidência; b) as- orientar a formulação de políticas internas a serem observadas e
sessorar as Comissões Especiais sempre que forem instituídas; c) executadas pela Presidência; e) auxiliar, imediata e diretamente o
representar a Câmara Municipal em juízo, nas demandas em que Presidente, supervisionando e coordenando as atividades do Gabi-
esta for parte; d) orientar os Departamentos da Câmara nas ques- nete; f) representar o Presidente em reuniões internas da Câmara
tões legais pertinentes; e) elaborar portarias, atos, editais, avisos e de caráter administrativo; g) preparar os expedientes destinados às
contratos, mediante ordem da Presidência; f) responder consultas reuniões da Mesa Diretora; h) organizar a pauta de atendimentos
dos Vereadores sobre interpretações de textos legais de interesse do Presidente e exercer o respectivo controle; i) controlar a agen-
do Município, por intermédio de solicitação do Presidente; g) exe- da pessoal de compromissos do Presidente; j) manter o Presiden-
cutar outras tarefas jurídicas, atendendo necessidades do Poder te permanentemente informado acerca dos assuntos e atividades
Legislativo, mediante solicitação da Presidência; h) pesquisar sobre afetos à Presidência; k) propor ao Presidente o estabelecimento de
assuntos jurídicos; i) acompanhar processos judiciais e administra- normas e critérios para disciplinar a execução dos trabalhos afetos
tivos de que tome parte a Câmara Municipal e seus Vereadores; j) ao Gabinete; l) responsabilizar-se pelos despachos e correspondên-
confeccionar peças processuais de mero andamento; k) confeccio- cias do Presidente; m) executar outras tarefas da mesma natureza
nar atos administrativos requisitados pela Presidência; l) orientar ou nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambien-
os setores internos da Câmara; m) confeccionar petições iniciais e te organizacional.
recursos; n) assessorar as Comissões Especiais; o) estudar assun-

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LEGISLAÇÃO
B1.3 - ASSESSOR DO GABINETE DA PRESIDÊNCIA ATRIBUIÇÕES: a) Substituir o Procurador em todas as suas au-
DESCRIÇÃO: Presta assessoria direta ao Presidente e seu Chefe sências; b) manifestar-se em nome da Procuradoria da Câmara,
de Gabinete, exercendo atividades de orientação, atendimento e quando instado a fazê-lo, perante a Presidência, a Mesa Diretora e
acompanhamento de questões políticas e administrativas. demais órgãos da Casa, em conjunto ou não com o Procurador; c)
ATRIBUIÇÔES: a) Assessorar nas atividades do Gabinete; co- participar de reuniões internas em que for solicitada a presença de
lhendo dados e informações para o desenvolvimento das atividades representante da Procuradoria da Câmara; d) ministrar cursos, pa-
políticas a cargo da Presidência; b) orientar as diversas atividades lestras e outros eventos internos relacionados ao aprimoramento
desenvolvidas em âmbito interno pela Câmara, de maneira a asse- dos demais advogados da Casa, mediante solicitação da Presidên-
gurar o cumprimento das políticas administrativas que forem defi- cia; e) assinar documentos legais, em substituição ao Procurador,
nidas pela Presidência; c) acompanhar todos os atos determinados quando necessário. f) executar outras tarefas da mesma natureza
pela Presidência, desenvolvendo estudos, levantamentos e plane- ou nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambien-
jamentos que visem a implantação de serviços tendentes a raciona- te organizacional.
lizar as rotinas desenvolvidas pela Câmara Municipal; d) zelar pelo
desenvolvimento dos trabalhos políticos e administrativos a cargo B2.3 - CHEFE DA SEÇÃO DE GESTÃO DE CONTRATOS
do Gabinete da Presidência; e) receber documentos oficiais remeti- DESCRICÃO: Supervisiona e controla a gestão de contratos da
dos ao Presidente, bem como solicitação de atendimentos, dando o Câmara Municipal.
devido encaminhamento; f) realizar atendimentos pessoais na área ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conservação
administrativa, em substituição ao Presidente, mediante delegação dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso das
deste ou do Chefe do Gabinete; g) representar o Presidente em atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvimento
reuniões de natureza política perante a Mesa Diretora e demais Ve- dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o compor-
readores; h) realizar, em nome do Presidente, solicitações de cunho tamento funcional dos servidores que integram a seção; d) supervi-
político e administrativo perante outros órgãos internos ou exter- sionar e coordenar a formalização dos contratos, extratos e outros
nos; i) acompanhar o Presidente em seus deslocamentos oficias, instrumentos equivalentes, substitutivos ou complementares, bem
inclusive viagens, assessorando-o no que for necessário, inclusive como seus aditamentos e alterações; e) promover o controle dos
na condução dos veículos da Câmara. j) executar outras tarefas da prazos de vigência dos contratos e convênios firmados pela Câma-
mesma natureza ou nível de complexidade associado à sua especia- ra; f) promover a atualização dos arquivos sobre legislação, normas
lidade ou ambiente organizacional. e jurisprudências pertinentes aos contratos; g) promover a elabo-
ração de normas para acompanhamento, gestão e fiscalização dos
B2 - CARGOS DA PROCURADORIA contratos; h) promover o registro da elaboração dos termos de
B2.1 - PROCURADOR contratação; i) opinar e propor medidas que visem o aprimoramen-
DESCRIÇÃO: Presta assessoria e consultoria jurídica direta à to de sua área; j) acompanhar a execução dos contratos; k) elaborar
Presidência da Câmara e representar judicialmente a Câmara em pareceres jurídicos relacionados aos processos licitatórios e à ges-
qualquer instância. tão de contratos; l) executar outras tarefas da mesma natureza ou
ATRIBUIÇÕES: a) Representar a Câmara Municipal de Uberlân- nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente
dia, judicial ou administrativamente, nos processos em que for parte organizacional.
ou tiver interesse; b) representar os Vereadores, judicial ou adminis-
trativamente, nos processos afetos ao múnus público da vereança; c) B3 - CARGOS DA ESCOLA DO LEGISLATIVO
supervisionar os serviços do processo legislativo, realizados no âmbi- B3.1 - DIRETOR DA ESCOLA DO LEGISLATIVO
to do Municipal; d) elaborar petições iniciais e recursos; e) apresentar DESCRIÇÃO: responder pela Escola do Legislativo atuando di-
peças de defesa e executar as diversas etapas de acompanhamento retamente nas atividades da Escola, viabilizando atender todos os
dos processos em que a Câmara for parte, em grau de recurso, só seus objetivos.
ou em conjunto com outros profissionais; f) emitir pareceres sobre ATRIBUIÇÕES: a) Representar a Escola, em assuntos específi-
assuntos requeridos, através de solicitação do Presidente da Câmara; cos, junto à Câmara Municipal e a entidades externas; b) dirigir as
g) assessorar a comissão de inquérito, quando instituída; h) orientar, atividades da Escola e tomar as providências necessárias à sua re-
judicialmente, todos os setores da Câmara, nas questões relaciona- gularidade; c) elaborar o relatório anual de atividades a ser subme-
das aos servidores da Câmara Municipal; i) executar outras tarefas tido ao Conselho Escolar; d) administrar os gastos de acordo com
jurídicas, atendendo às necessidades do Poder Legislativo, mediante a previsão orçamentária; e) orientar os serviços da Secretaria da
solicitação da Presidência; j) elaborar portarias, atos, editais, avisos, Escola; f) assinar, juntamente com o Secretário Legislativo, certifi-
mediante determinação da Presidência; k) realizar consultoria dire- cados e documentos escolares; g) presidir o Conselho Escolar, com
ta ao Presidente da Câmara; l) atender a consultas dos Vereadores direito a voto; h) prover, mediante requisição, os recursos necessá-
sobre interpretação de textos legais de interesse do Município, por rios ao funcionamento da Escola; i) convocar as reuniões do Conse-
intermédio de solicitação do Presidente; m) orientar, aos demais lho Escolar; j) propor, ouvido o Conselho Escolar, o recrutamento
departamentos da Câmara nas questões legais pertinentes; n) estu- temporário de professores e conferencistas e a assinatura dos con-
dar assuntos de direito, de ordem legal ou específico, habilitando a vênios, conforme dispuser em regulamento; k) aplicar, no âmbito
Câmara a solucionar suas questões jurídicas; o) elaborar os termos da Escola, medidas disciplinares decididas pelo Conselho Escolar,
de convocação dos procedimentos licitatórios; p) chefiar o corpo nos termos do Regimento; l) assinar, em conjunto, com o Secretário
jurídico da Câmara Municipal; q) executar outras tarefas da mesma Legislativo, a correspondência oficial da Escola; m) apreciar, junta-
natureza ou nível de complexidade associado à sua especialidade ou mente, com o Secretário Legislativo, requerimentos de dispensa de
ambiente organizacional. disciplina ou de matrícula por disciplina. n) executar outras tarefas
da mesma natureza ou nível de complexidade associado à sua espe-
B2.2 - DIRETOR AJUNTO DA PROCURADORIA cialidade ou ambiente organizacional.
DESCRIÇÃO: Presta assessoria e consultoria jurídica direta à
Presidência da Câmara e representar judicialmente a Câmara em
qualquer instância.

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LEGISLAÇÃO
B3.2 - COORDENADOR DA ESCOLA DO LEGISLATIVO laridade, ilegalidade ou abuso de poder que apurar ou de que tiver
DESCRIÇÃO: responsáveis pelo núcleo comum, pelos núcleos conhecimento, para apuração de responsabilidade que couber; r)
específicos e pelos programas especiais. acompanhar junto ao Tribunal de Contas, a tramitação dos assuntos
ATRIBUIÇÕES: a) Planejar os cursos e programas a serem ofe- de interesse da Câmara; s) orientar os órgãos de pessoal, contabi-
recidos no semestre, conforme decisão do Conselho Escolar; b) lidade, tesouraria, licitações e compras, patrimônio e almoxarifado
coordenar, acompanhar e avaliar o desenvolvimento dos cursos e nos assuntos pertinentes ao Controle Interno, mediante solicitação
programas e o desempenho dos professores; c) submeter à apro- do interessado ou determinação do Presidente; t) analisar todos os
vação do Conselho Escolar os nomes de professores, instrutores ou termos de contrato, convênio e congêneres em que a Câmara for
conferencistas. d) comunicar ao Conselho Escolar os casos de rein- partícipe, opinando quanto à legalidade da celebração; u) opinar
cidência em falta disciplinar; e) opinar sobre matrícula em disciplina nos processos de prestação de contas da verba indenizatória, para
isolada; f) elaborar e submeter ao Conselho Escolar os editais de se- fins de liberação dos ressarcimentos pelo Ordenador de Despesas;
leção para ingresso na Escola. g) executar outras tarefas da mesma v) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível de comple-
natureza ou nível de complexidade associado à sua especialidade xidade associado à sua especialidade ou ambiente organizacional.
ou ambiente organizacional.
B3.3 - ASSESSOR DA ESCOLA DO LEGISLATIVO B4.2 - ASSESSOR DO COORDENADOR DO CONTROLE INTERNO
DESCRIÇÃO: auxiliar o Diretor em todas as atividades adminis- DESCRIÇÃO: Assessora o Coordenador do Controle Interno em
trativas e pedagógicas da Escola do Legislativo. todas as atividades que lhe são atribuídas.
ATRIBUIÇÕES: a) Manter atualizados os registros do aluno e do ATRIBUIÇÕES: a) Orientar as atividades de análises de relató-
professor; b) providenciar o diário de classe ou lista de presença; c) rios; b) acompanhar a coleta de dados e documentos para análi-
expedir certificados; d) manter cadastro de nomes de profissionais, ses necessárias na atuação dos diversos departamentos/seções
instrutores e especialistas; e) lavrar atas das reuniões do Conselho da Câmara; c) dar atendimento pessoal a servidores e vereadores,
Escolar; f) divulgar editais de seleção; g) elaborar a correspondên- em substituição ao Coordenador do Controle Interno; d) conferir
cia da Escola; h) prover as necessidades de material para o desen- previamente a documentação objeto de análise do Coordenador
volvimento dos cursos e programas; i) executar outras tarefas da do Controle Interno, indicando as irregularidades que porventura
mesma natureza ou nível de complexidade associado à sua espe- encontrar; e) analisar e conferir a prestação de contas da verba in-
cialidade ou ambiente organizacional. denizatória, para fins de liberação dos ressarcimentos pelo Coorde-
nador do Controle Interno; f) analisar os relatórios mensais de exe-
B4. CARGOS DO CONTROLE INTERNO (ORDENADOR DE DESPE- cução e recomendar medidas de acertamento; g) acompanhar os
SAS). trabalhos dos demais servidores do Departamento orientando-os
B4.1 - COORDENADOR DO CONTROLE INTERNO quanto às providências que forem cabíveis à vista de casos concre-
DESCRIÇÂO: Exerce a chefia superior do serviço de Controle In- tos; h) acompanhar as reuniões realizadas por outros Departamen-
terno do Poder Legislativo, participando, com poderes de decisão tos e reportar ao Controlador; i) reportar ao Coordenador do Con-
e fiscalização, de todas as atividades que impliquem em gastos e trole Interno dando sugestões para melhoria no Departamento; j)
consumo de recursos pela Câmara. acompanhamento das atualizações das legislações pertinentes e
ATRIBUIÇÔES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conservação repasse das informações aos demais servidores; k) executar outras
dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso das tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade associado à
atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvimento sua especialidade ou ambiente organizacional.
dos trabalhos do seu Departamento; c) informar, periodicamente,
o comportamento funcional dos servidores que integram a seção; B4.3 - DIRETOR DE LICITAÇÃO E COMPRAS
d) exercer, com o caráter de assessoramento ao Presidente e à DESCRIÇÃO: dirige o Departamento de Licitação e Compras,
Mesa Diretora, a fiscalização e o controle financeiro, contábil, or- atuando, com poderes de decisão e fiscalização, em todos os pro-
çamentário da Câmara; e) fiscalizar o cumprimento da legalidade, cessos licitatórios da Câmara Municipal.
moralidade, eficácia, eficiência, economicidade e oportunidade dos ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva-
atos de gestão financeira, patrimonial e orçamentária da Câmara; f) ção dos bens patrimoniais locados no Departamento para uso das
apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional; g) atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvimento
analisar os relatórios mensais de execução e recomendar medidas dos trabalhos de seu Departamento, em permanente sintonia com
de acertamento; h) avaliar a evolução das despesas, notadamen- os demais Departamentos da Casa; c) informar, periodicamente, o
te as de pessoal, material, publicidade, comunicação telefônica, comportamento funcional dos servidores que integram o Departa-
combustível, lubrificante e adiantamento do numerário; i) realizar mento; d) determinar a elaboração dos termos de convocação dos
auditorias nos serviços de: contabilidade, execução orçamentária, procedimentos licitatórios; e) acompanhar a montagem e organiza-
financeiro, licitações e compras, contratos, pessoal, entre outros ção, bem como o controle dos processos de licitação, incluindo os
de natureza administrativa; j) promover a normatização, o acompa- de dispensa e inexigibilidade licitatória; f) acompanhar as reuniões
nhamento e a padronização dos procedimentos de controle, fisca- realizadas para efeitos de julgamento de licitações; g) promover o
lização e avaliação de gestão; k) exercer o controle das prestações fornecimento mensal de informações necessárias à prestação de
de contas por aqueles que a elas estejam sujeitas; l) criar, alterar, contas ao Tribunal de Contas, de todos os procedimentos licitató-
substituir ou complementar os pontos de controle interno; m) as- rios realizados pela Câmara, inclusive o de dispensa e de inexigibi-
sistir, auxiliar e orientar os demais membros dos departamentos/ lidade; h) velar pela manutenção do arquivo de todos os processos
seções quanto a correta e plena execução de suas atribuições; n) licitatórios realizados pela Câmara; i) agilizar, quando necessário, a
assistir, auxiliar e orientar, em conjunto com a equipe, aos demais formalização dos atos de revogação e anulação dos processos licita-
servidores do Poder Legislativo; o) determinar a organização e ma- tórios, com acolhimento das assinaturas dos responsáveis e poste-
nutenção dos arquivos de instruções normativas, súmulas e respos- rior publicação j) providenciar o encaminhamento à Procuradoria,
tas a consultas formuladas pelo Tribunal de Contas; p) determinar a de requerimentos para elaboração dos termos de contratação, ter-
requisição de informações e documentos de quaisquer dos órgãos mos de revogação e anulação, quando necessários; k) acompanhar
administrativos da Câmara; q) informar ao Presidente toda a irregu- os trabalhos dos demais servidores do Departamento, orientan-

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LEGISLAÇÃO
do-os quanto às providências que forem cabíveis à vista de casos Legislativo; i) supervisionar a efetivação dos meios necessários à lo-
concretos; l) análise do objeto a ser licitado e posterior contato efe- comoção dos integrantes do Poder Legislativo, quando em viagens
tivo junto ao requerente para melhoria das descrições do objeto e realizadas a serviço da casa; j) promover a elaboração de relatórios
justificativas; m) procedimentos inerentes à abertura de Processos financeiros; k) supervisionar o fechamento financeiro mensal e as
Administrativos junto a fornecedores; n) controle, junto ao almo- prestações de contas realizadas sob o regime de adiantamentos fi-
xarifado, dos atrasos de entregas de mercadorias, para posterior nanceiros; l) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível
abertura de processos administrativos - se for o caso; o) cotações de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente orga-
de preços junto aos fornecedores e/ou pesquisas de preços em si- nizacional.
tes, no Banco de Preços, etc; p) operacionalização de atividades tais
como cotações, pesquisa de preços, juntada de documentos, e o B4.7. CHEFE DA SEÇÃO DE TESOURARIA
que se fizer necessário, quando de grande demanda no Departa- DESCRIÇÃO: responsável pela Tesouraria da Câmara Municipal.
mento; q) acompanhamento das atualizações das legislações perti- ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva-
nentes e repasse das informações aos demais; r) emissão e poste- ção dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso
rior divulgação, dos relatórios mensais de fechamento de compras das atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvi-
no mural da Câmara Municipal de Uberlândia, envio ao Ordenador mento dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o
de Despesas e arquivo; s) solicitação, controle e sugestão dos mem- comportamento funcional dos servidores que integram a seção; d)
bros que comporão as Portarias de Pregoeiro e Equipes de Apoio e promover o controle e registro do movimento das contas bancárias
Presidente e Membros da Comissão Permanente de Licitações; t) do Legislativo; e) manter a conciliação bancária dos valores sob a
acompanhamento direto na confecção dos editais, junto à Chefia responsabilidade da Câmara; f) promover a execução da tomada
de Contratos e Editais; u) acompanhamento da atualização cadas- de contas dos recursos liberados sob o regime de adiantamento,
tral anual, obrigatória por lei; v) solicitações de pareceres jurídicos, conferindo a validade dos documentos que integram os respectivos
referentes aos processos licitatórios. w) executar outras tarefas da processos; g) diligenciar a efetivação dos meios necessários à loco-
mesma natureza ou nível de complexidade associado à sua especia- moção dos integrantes do Poder Legislativo, quando em viagens re-
lidade ou ambiente organizacional. alizadas a serviço da Casa; h) promover a execução dos serviços de
escrituração do caixa; i) promover a emissão das respectivas ordens
B4.5 - CHEFE DA SEÇÃO DE LICITAÇÃO E COMPRAS de pagamento das despesas já empenhadas e liquidadas a serem
DESCRIÇÃO: responde pela Seção de Compras, atuando dire- efetivadas por cheques ou ordens bancárias; j) comandar outros
tamente em todos os processos licitatórios de aquisição de bens e serviços correlatos às atividades da Tesouraria da Câmara; k) exe-
serviços pela Câmara Municipal. cutar outras tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade
ATRIBUICÔES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conservação associado à sua especialidade ou ambiente organizacional.
dos bens patrimoniais locados na Seção para uso das atividades
desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvimento dos traba- B4.8 - DIRETOR DE CONTABILIDADE E ORÇAMENTO
lhos de sua Seção; c) informar, periodicamente, o comportamento DESCRIÇÃO: dirige o Departamento de Contabilidade e Orça-
funcional dos servidores que integram a Seção; d) velar pela manu- mento, atuando, com poderes de decisão.
tenção de cadastro atualizado dos fornecedores e prestadores de ATRIBUICÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva-
serviços à Câmara Municipal; e) determinar, fiscalizar e orientar a ção dos bens patrimoniais locados no Departamento para uso das
realização de pesquisa de preços para elaboração de orçamentos atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvimento
visando a aquisição direta ou para consultas de preços praticados dos trabalhos de seu Departamento, em permanente sintonia com
no mercado local; f) determinar a execução de mapas de apura- os demais órgãos da Casa; c) informar, periodicamente, o compor-
ção de preços praticados no mercado; g) reportar-se à diretoria do tamento funcional dos servidores que integram o Departamento;
departamento, oferecendo sugestões destinadas a melhorar o sis- d) assistir o Ordenador de Despesa e a Mesa Diretora na propos-
tema de compras e aquisições da Câmara Municipal; h) executar ta, definição e desempenho da política orçamentária da Câmara;
outras tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade asso- e) preparar os Instrumentos de Planejamento: PPA - Plano Pluria-
ciado à sua especialidade ou ambiente organizacional. nual, LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias e LOA - Lei Orçamen-
tária Anual, da Câmara Municipal, e acompanhar sua tramitação,
B4.6 - DIRETOR DE FINANÇAS para que sejam incorporadas aos instrumentos de Planejamento
DESCRIÇÃO: dirige o Departamento de Finanças, exercendo a do Poder Executivo; f) dar assessoramento aos demais setores
chefia superior em todas as questões e atividades relacionadas à competentes da Câmara, durante o curso do processo legislativo
execução orçamentária e gastos empreendidos pela Câmara. referente aos instrumentos de planejamento: PPA, LDO e LOA; g)
ATRIBUIÇÕES: a) Supervisionar e coordenar as atividades de- assegurar, no âmbito da elaboração dos Instrumentos de Plane-
senvolvidas no Departamento pelo qual responde, zelando pela fiel jamento do Poder Legislativo, a aplicação de metodologias que
e oportuna consecução de suas finalidades; b) responsabilizar-se permitam procedimentos coerentes e o tratamento agregado de
pela guarda e conservação dos bens patrimoniais locados nas res- informações; h) acompanhar o processo de envio de informações,
pectivas seções para uso das atividades desenvolvidas; c) informar, prestações de contas, relatórios, balanços e remessas de arquivos
periodicamente, o comportamento funcional dos servidores que digitais da Câmara Municipal, junto ao Tribunal de Contas e outros
integram o Departamento; d) orientar e informar aos setores ad- Órgãos Estaduais e Federais, prestando auxílio aos demais setores
ministrativos da Câmara em questões afetas a execução financeira. envolvidos no procedimento; i) fazer o acompanhamento sistemá-
e) participar na elaboração da peça orçamentária do Poder Legis- tico da execução orçamentária, cuidando para a correta aplicação
lativo da Câmara; f) acompanhar a organização de documentos dos recursos disponíveis, difundindo essas informações perante os
no processo legislativo, especialmente nos projetos que envolvam demais órgãos da Câmara; j) acompanhar a execução de todas as
matéria financeira; g) promover a emissão das respectivas ordens atividades de competência da Seção de Contabilidade, tomando as
de pagamentos das despesas já empenhadas e liquidadas, a serem providências que forem cabíveis à vista de casos concretos; k) exe-
efetivadas por meio de cheques ou ordem bancária; h) supervisio- cutar outras tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade
nar o controle e registro do movimento das contas bancárias do associado à sua especialidade ou ambiente organizacional.

101
LEGISLAÇÃO
B4.9 - CHEFE DA SEÇÃO DE CONTABILIDADE serviços administrativos da Câmara Municipal; e) exercer a orien-
DESCRIÇÃO: atua nas atividades de execução de contabilidade tação superior das diversas Diretorias da Câmara Municipal; f) de-
pública, execução e análise de balanços e balancetes, racionaliza- finir a política de administração da Câmara e velar para seu efetivo
ção e automação do plano contábil, realização de perícias contá- cumprimento. g) executar outras atividades análogas aos objetivos
beis, emissão de pareceres e relatórios sobre assuntos financeiros, e competência da Secretaria.
orçamentários e contábeis, e outras correlatas.
ATRIBUIÇÕES: a) Fazer a liquidação de dívidas relacionadas B5.2 - DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA
e restos a pagar; b) zelar pelo desenvolvimento dos trabalhos de DESCRIÇÃO: Responsável pelas atividades relacionadas com a
sua seção; c) registrar, de modo sistemático, seus livros e fichá- tecnologia da informação nas dependências da Câmara Municipal
rios, assim como seus sistemas informatizados de contabilidade; de Uberlândia, organizando o ambiente computacional e dissemi-
d) manter guardados processos de consultas sobre legalidade de nando a utilização de meios eletrônicos para comunicação entre os
abertura de créditos adicionais, bem como os de registros destes, diversos setores.
assim como os de tabelas de créditos orçamentários; e) manter em ATRIBUIÇÕES: a) Fornecer e manter um ambiente computa-
dia a escrituração dos livros contábeis referentes ao movimento fi- cional adequado e com segurança para os usuários; b) zelar pelo
nanceiro patrimonial e orçamentário do Legislativo; f) emitir notas desenvolvimento dos trabalhos de seu Departamento, em perma-
de empenho e ordens de pagamento de despesas autorizadas pelo nente sintonia com os demais Departamentos da Casa; c) planejar,
Presidente; g) examinar os documentos comprobatórios relativos administrar e padronizar o ambiente operacional de tecnologia da
a essas despesas; h) registrar a operação de contabilidade da Câ- informação, (configuração e disponibilidade do ambiente); d) pro-
mara Municipal; i) proceder, mensalmente, à tomada de contas da por e acompanhar aquisições de novas soluções de tecnologia da
Tesouraria e verificação dos valores existentes; j) elaborar recibos, informação; e) planejar, administrar e executar ações que zelem
notas de despesas e notas de empenho, assinar os empenhos, sub- pela segurança das informações no ambiente informatizado da Câ-
-empenhos, ordens de pagamento e encaminhar documentos à mara Municipal de Uberlândia; f) analisar e aprovar equipamentos
consideração da Diretoria; k) dar cumprimento às Resoluções, atos e softwares aplicativos corporativos que sejam compatíveis com
e demais determinações quanto a prestação de contas na execu- os padrões estabelecidos pela Câmara Municipal de Uberlândia; g)
ção orçamentária das verbas atribuídas à Câmara Municipal; l) ter promover a pesquisa e a atualização tecnológica do ambiente com-
sob guarda os livros de contabilidade, fichas de empenho, recibos, putacional da Câmara Municipal de Uberlândia; h) planejar, implan-
notas de despesas, sistemas informatizados e demais documentos tar e administrar os projetos de infraestrutura e conectividade das
relacionados com o serviço; m) manter informatizados os dados redes da Câmara Municipal de Uberlândia; i) identificar oportunida-
contábeis; n) examinar e instruir processos relativos a registro, des de aplicação de tecnologia da informação para otimização dos
distribuição e redistribuição orçamentários adicionais; o) corrigir e trabalhos da Câmara Municipal de Uberlândia; j) definir diretrizes e
sistematizar elementos para o relatório das contas da Câmara Mu- padrões para o uso da tecnologia da informação na Câmara Munici-
nicipal; p) levantar balancetes mensais e balanços anuais, encami- pal de Uberlândia; k) responsabilizar-se pela guarda e conservação
nhando-os à gerência; q) organizar, processar e informar todas as dos bens patrimoniais locados nas respectivas seções para uso das
despesas do Legislativo; r) organizar os sistemas de contabilidade atividades desenvolvidas; l) realizar atendimento, quando necessá-
e de registro analítico, das dotações atribuídas à Câmara; s) pro- rio, para resolução de problemas do ambiente computacional; m)
ceder ao levantamento dos balanços orçamentários, patrimonial e participar da definição dos requisitos não funcionais dos sistemas
financeiro e das variações patrimoniais, bem como elaboração dos informatizados da Câmara Municipal de Uberlândia; n) informar,
quadros demonstrativos na forma da Legislação pertinente; t) pres- conforme normas estabelecidas na casa, o comportamento funcio-
tar assistência à Comissão de Finanças e Orçamento na apreciação nal dos servidores que integram o Departamento; o) acompanhar a
dos Instrumentos de Planejamento do Município: PPA, LDO e LOA; execução de contratos relativos à sua área de atuação. p) executar
u) acompanhar o processo de envio de informações, prestações de outras tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade asso-
contas, relatórios, balanços e remessas de arquivos digitais, da Câ- ciado à sua especialidade ou ambiente organizacional. q) executar
mara Municipal, junto ao Tribunal de Contas e outros Órgãos Esta- outras tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade asso-
duais e Federais, prestando auxílio aos demais setores envolvidos ciado à sua especialidade ou ambiente organizacional.
no procedimento; v) executar outras atividades inerentes à seção
de contabilidade; w) assistir a assessoria técnico-legislativa no que B5.3. - CHEFE DA SEÇÃO DE SUPORTE TÉCNICO
concerne a elaboração de projetos de Lei envolvendo a matéria or- DESCRIÇÃO: responsável por administrar o suporte técnico aos
çamentária à luz da Constituição Federal e Constituição Estadual, usuários e a sistemas instalados e em funcionamento na Câmara
Lei 4.320/64 e outros dispositivos legais pertinentes ao orçamento Municipal de Uberlândia, provendo assistência através de meio ele-
público; x) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível de trônico, telefônico, acesso remoto e/ou presencial.
complexidade associado à sua especialidade ou ambiente organi- ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva-
zacional. ção dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso
das atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvi-
B5. CARGOS DA SECRETARIA GERAL mento dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o
B5.1 - SECRETÁRIO GERAL comportamento funcional dos servidores que integram a seção; d)
DESCRIÇÃO: exerce a chefia superior da estrutura administra- definir ferramentas de instalação, gerenciamento e manutenção de
tiva da Câmara, orientando e coordenando as atividades dos diver- sistemas operacionais de redes e de comunicação de dados e esta-
sos Departamentos. belecer normas para seu uso; e) avaliar e fornecer as especificações
ATRIBUIÇÕES: a) Dirigir as atividades técnicas e administrati- técnicas destinadas à aquisição de equipamentos e aplicativos bá-
vas da Câmara, praticando todos os atos inerentes a sua gestão; sicos; f) propor medidas visando o aperfeiçoamento dos recursos
b) exercer controle superior sobre todos os órgãos administrativos de aplicativos básicos e de comunicação de dados; g) determinar
da Câmara; c) aprovar e expedir as normas de administração, pro- o atendimento das demandas dos usuários quanto aos problemas
mover a aplicação e a orientação de leis e regulamentos; d) propor decorrentes do uso de microcomputadores; h) promover o monito-
políticas a serem implementadas visando o aprimoramento dos ramento dos sistemas, subsistemas e módulos de informática em

102
LEGISLAÇÃO
operação; i) acompanhar a administração das redes de computa- orientar o fornecimento de elementos necessários à elaboração da
dores implantados, criando mecanismo de segurança e de armaze- folha de pagamento de pessoal; i) exercer o controle das despesas
namento; j) avaliar o desempenho dos sistemas de processamen- de convênios médicos e odontológicos promovendo a consolida-
to; k) propor sugestões à formulação de políticas e diretrizes de ção das informações e garantindo o cumprimento das exigências
informática e de informação para a área Legislativa ao Diretor de fiscais; j) manter os dados dos responsáveis pelos departamentos
Departamento; l) executar outras tarefas da mesma natureza ou e seções da Câmara devidamente atualizados no sítio da Câmara
nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente Municipal de Uberlândia. k) expedir certidões, declarações, atesta-
organizacional. dos a requerimento dos interessados; l) executar outras tarefas da
mesma natureza ou nível de complexidade associado à sua especia-
B5.4. - DIRETOR DE RECURSOS HUMANOS lidade ou ambiente organizacional.
DESCRIÇÃO: dirige o Departamento de Recursos Humanos,
exercendo a chefia superior de todas as atividades relacionadas à B5.6. - CHEFE DA SEÇÃO DE CONTROLE DE CARGOS E SALÁRIOS
execução da política de pessoal da Câmara Municipal de Uberlân- DESCRIÇÂO: responde pela Seção de Controle de Cargos e Sa-
dia. lários, atuando em todos os procedimentos de concessão de vanta-
ATRIBUIÇÕES: a) Supervisionar e coordenar as atividades de- gens aos servidores.
senvolvidas no Departamento pelo qual responde, zelando pela fiel ATRIBUIÇÔES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva-
e oportuna consecução das finalidades do setor; b) supervisionar ção dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso
e coordenar os chefes das seções integrantes do Departamento; das atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvi-
c) responsabilizar-se pela guarda e conservação dos bens patrimo- mento dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o
niais locados nas respectivas seções para uso das atividades desen- comportamento funcional dos servidores que integram a seção; d)
volvidas pelo setor; d) zelar pelo desenvolvimento dos trabalhos de supervisionar o acompanhamento das questões relativas a direitos
seu Departamento em permanente sintonia com os desenvolvidos e vantagens dos servidores, informando ao Presidente as provi-
pelos demais Departamentos; e) informar periodicamente o com- dências a serem tomadas em atendimento às normas estatutárias
portamento funcional dos servidores que integram o Departamen- vigentes; e) diligenciar o fornecimento de elementos para apropria-
to, bem como das chefias de seção subordinadas; f) acompanhar a ção de despesas com pessoal e a previsão do mês subsequente; f)
elaboração do registro individual dos servidores e Vereadores, onde exercer o controle das variações funcionais dos servidores da Câ-
constarão as formas de localização; g) acompanhar a manutenção mara, dentro da respectiva carreira pública; g) participar dos pro-
do registro de férias e demais licenças de todos os servidores, com cessos de avaliação para fins de progressão e promoção funcional;
elaboração dos respectivos cronogramas; h) acompanhamento h) acompanhar os casos de alterações de cargos, transferências de
das questões relativas a direitos e vantagens dos servidores, infor- lotações, demissões e outros tipos de movimentação de pessoal,
mando ao Presidente as providências a serem tomadas em aten- observando as normas e procedimentos aplicáveis. i) manter os da-
dimento às normas estatutárias vigentes; i) promover a retenção dos do sitio da Câmara Municipal atualizados no que se refere à Lei
de valores; autorizada pelo devedor, no momento da elaboração da Transparência; j) executar outras tarefas da mesma natureza ou
das folhas de pagamento; j) averiguar o cumprimento das exigên- nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente
cias fiscais relativas as questões funcionais; k) determinar o cum- organizacional.
primento dos prazos estipulados pela legislação aplicável à área;
l) determinar atos de comunicação especialmente quando houver B5.7. - CHEFE DA SEÇÃO DE FORMAÇÃO E APRIMORAMENTO
exoneração de chefes de seções ou encarregados, aos respectivos DO SERVIDOR
superiores hierárquicos; m) prestar informações aos servidores e DESCRIÇÂO: responde pela Seção de Formação e Aprimora-
vereadores sobre procedimentos do Departamento de Recursos mento do Servidor, definindo a política de valorização e aprimo-
Humanos, visando assegurar a qualidade das informações em con- ramento a ser adotada para o funcionalismo do Poder Legislativo.
formidade com os procedimentos legais e às normas de pessoal em ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva-
vigor; n) solicitação, controle e sugestão dos membros que compo- ção dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso
rão a Comissão de Desenvolvimento Funcional o) executar outras das atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvi-
tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade associado à mento dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o
sua especialidade ou ambiente organizacional. comportamento funcional dos servidores que integram a seção; d)
acompanhar e avaliar a execução dos planos e programas, elaboran-
B5.5. CHEFE DA SEÇÃO DE MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAL do metodologias de acompanhamento e avaliação; e) coordenar o
DESCRIÇÂO: responde pela Seção de Movimentação de Pesso- processo de acompanhamento e avaliação das atividades da Câmara,
al, coordenando todas as ações de admissão, movimentação e des- com base em indicadores de desempenho organizacional; f) acompa-
ligamento de servidores, bem ainda dos agentes políticos. nhar e promover a execução das atividades de avaliação de desem-
ATRIBUIÇÔES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva- penho, de levantamento das necessidades e de desenvolvimento de
ção dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso recursos humanos; g) determinar a elaboração e implementação de
das atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvi- programas e projetos de capacitação, de acordo com diretrizes esta-
mento dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o belecidas pela Câmara; h) promover a participação de servidores em
comportamento funcional dos servidores que integram a seção; d) atividades de treinamento e eventos de capacitação e desenvolvi-
promover a formalização dos atos de nomeação e exoneração dos mentos de recursos humanos; i) coordenar os treinamentos de servi-
servidores do legislativo municipal; e) supervisionar a confecção de dores que forem ministrados pela Câmara; j) dispor sobre a participa-
folhas de pagamento inerentes a remuneração e demais vantagens ção de servidores em eventos de aprimoramento tais como cursos,
pecuniárias; f) orientar a elaboração e determinar a remessa ao seminários, congressos, decidindo quanto à oportunidade dessa par-
Tribunal de Contas da documentação relativa a movimentação de ticipação; k) prestar informações aos funcionários admitidos, escla-
pessoal da Câmara; g) exercer o controle das folhas de frequência, recendo dúvidas quanto à seus direitos e deveres; l) executar outras
consolidando as informações para efeito de pagamento, verifican- tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade associado à sua
do inclusive os lançamentos de justificativas de faltas e atrasos; h) especialidade ou ambiente organizacional.

103
LEGISLAÇÃO
B5.8. - DIRETOR DA ADMINISTRAÇÃO e cadastrar novos materiais de manutenção para inclusão nos itens
DESCRIÇÃO: dirige o Departamento de Administração, coorde- de estoque e sistema de compras; k) supervisionar o recebimento e
nando e decidindo em todas as atividades relacionadas às seções inspeção de materiais para manutenção, assegurando sua confor-
que compõem o Departamento. midade com as especificações; l) promover o controle dos equipa-
ATRIBUIÇÕES: a) Supervisionar e coordenar as atividades de- mentos para prevenção de incêndios; m) programar, acompanhar
senvolvidas no Departamento pelo qual responde, zelando pela fiel e realizar paradas para manutenção e novas instalações elétricas,
e oportuna consecução das finalidades do setor; b) supervisionar tanto em baixa tensão como nas subestações que se encontrarem
e coordenar os chefes das seções integrantes do Departamento; sob sua supervisão. n) executar outras tarefas da mesma natureza
c) responsabilizar-se pela guarda e conservação dos bens patrimo- ou nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambien-
niais locados nas respectivas seções para uso das atividades desen- te organizacional.
volvidas pelo setor; d) zelar pelo desenvolvimento dos trabalhos de
seu Departamento em permanente sintonia com os desenvolvidos B.5.10 - CHEFE DA SEÇÃO DE PATRIMÔNIO, ALMOXARIFADO E
pelos demais Departamentos; e) informar periodicamente o com- ARQUIVO
portamento funcional dos servidores que integram o Departamen- DESCRIÇÃO: chefia a Seção de Patrimônio, Almoxarifado e Ar-
to, bem como das chefias de seção a ela subordinadas; f) coordenar quivo, controlando diretamente a gestão dos bens patrimoniais e
a elaboração e organização dos cronogramas de viagens e demais frota da Câmara.
transcursos percorridos pelos veículos da Câmara, no exercício de ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conservação
suas atividades institucionais; g) gerenciar o recebimento, distri- dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso das
buição e controle da tramitação dos documentos e demais papéis atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvimento
oficiais que circulam na Câmara; h) coordenar o controle do an- dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o compor-
damento das correspondências emitidas e recebidas pelo Poder tamento funcional dos servidores que integram a seção; d) deter-
Legislativo; i) acompanhar a revisão periódica dos processos e de- minar a recepção e guarda dos materiais adquiridos pela Câmara; e)
mais documentos arquivados, propondo `a Presidência, quando ne- controlar o estoque e consumo dos materiais adquiridos, utilizando
cessário a destinação conveniente; j) acompanhar o arquivamento sistema de observação do estoque máximo e mínimo; f) determinar
de cópia de leis promulgadas pelo Legislativo, autógrafos de leis, a distribuição, mediante requisição, dos materiais adquiridos para
portarias, decretos legislativos, decretos do Poder Executivo, reso- consumo, bem como os equipamentos destinados à execução dos
luções, atos, avisos, indicações, requerimentos, moções, pedidos serviços da Casa; g) promover o controle físico do patrimônio da
de informações e demais documentos que se fizerem necessários; Câmara Municipal; h) efetivar o cadastramento, as transferências e
adotando medidas para garantia de sua segurança e preservação; as baixas patrimoniais dos bens da Câmara; i) exercer participação
k) administrar os serviços prestados como apoio administrativo às opinativa em todas as aquisições a serem efetuadas pela Câmara;
atividades internas da Casa; l) supervisionar os serviços de higiene, j) determinar a execução de reparos nos equipamentos de proprie-
conservação e segurança das dependências da Câmara, de forma a dade da Câmara, quando isso se demonstrar necessário e tecnica-
garantir sua boa realização; m) supervisionar os serviços de contro- mente possível; k) promover a execução anual de inventário dos
le do patrimônio e de estoque físico de material de propriedade da bens patrimoniais da Câmara Municipal; l) executar outras tarefas
Câmara; n) orientar e controlar todas as atividades relacionadas à da mesma natureza ou nível de complexidade associado à sua espe-
conservação e à aquisição do acervo bibliográfico da Câmara, com cialidade ou ambiente organizacional.
vistas à manutenção e expansão de sua biblioteca; o) executar ou-
tras tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade associa- B.5.11 - CHEFE DA SEÇÃO DE PROTOCOLO, TELEFONIA E RE-
do à sua especialidade ou ambiente organizacional. PROGRAFIA
DESCRIÇÂO: chefia a Seção de Protocolo, controlando e deci-
B.5.9 - CHEFE DA SEÇÃO DE APOIO E MANUTENÇÃO dindo quanto aos serviços relativos à Seção.
DESCRIÇÃO: exerce a chefia da Seção de Apoio e Manutenção, ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva-
exercendo a controle das instalações físicas da Câmara Municipal. ção dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso
ATRIBUIÇÕES: a) Programar e supervisionar as atividades das das atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvi-
obras e serviços de manutenção corretiva, preventiva e preditiva, mento dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o
visando manter as instalações e seus equipamentos em condições comportamento funcional dos servidores que integram a seção; d)
adequadas de funcionamento; b) zelar pelo desenvolvimento dos coordenar o recebimento de todos os papéis que dão entrada na
trabalhos de sua seção; c) programar e supervisionar os serviços de Câmara Municipal de Uberlândia, protocolando-os regularmente
instalação, envolvendo construção, manutenção de equipamentos, e distribuindo-os aos órgãos envolvidos; e) velar pela devolução
adequação de lay-out e instalações eletro-hidráulico, visando am- aos requerentes de documentos solicitados, obtendo a assinatura
pliar e melhorar a capacidade e produtividade dos equipamentos; da retirada e providenciando o encaminhamento dos documentos
d) programar paradas de máquinas e demais elementos, para ma- para arquivo; f) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível
nutenção preventiva e corretiva, visando minimizar o tempo não de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente orga-
produtivo; e) programar os serviços referentes a pequenas instala- nizacional;
ções, serviços de manutenção ou melhoria nas instalações do pré-
dio da Câmara Municipal; f) elaborar os procedimentos de trabalho B5.12 - DIRETOR DE COMUNICAÇÃO
para manutenção corretiva/preventiva, fazendo as alterações e DESCRIÇÃO: dirige o Departamento de Comunicação, exercen-
adaptações conforme necessário; g) elaborar projetos de desenvol- do a chefia de atividades relacionadas às seções da Câmara volta-
vimento de adequação de espaços, visando um melhor aproveita- das à comunicação interna e externa.
mento das instalações, suas máquinas e equipamentos; h) elaborar ATRIBUIÇÔES: a) Supervisionar e coordenar as atividades de-
projetos elétricos para automação das instalações e distribuição de senvolvidas no Departamento pelo qual responde, zelando pela fiel
energia; i) selecionar e contratar serviços de terceiros para conser- e oportuna consecução das finalidades do setor; b) responsabilizar-
tos em equipamentos, mediante avaliação técnica, pesquisa mer- -se pela guarda e conservação dos bens patrimoniais locados nas
cado e análise da relação custo/benefício do trabalho; j) pesquisar respectivas seções para uso das atividades desenvolvidas; c) zelar

104
LEGISLAÇÃO
pelo desenvolvimento dos trabalhos de seu Departamento; em Câmara, orientando os servidores, as autoridades e os convidados
permanente sintonia com os desenvolvidos pelos demais Departa- presentes; l) promover os meios que conduzam ao bom relaciona-
mentos que integram a Câmara Municipal de Uberlândia; d) infor- mento do Poder Legislativo com as entidades representativas da
mar, periodicamente, o comportamento funcional dos servidores comunidade; m) executar outras tarefas da mesma natureza ou
que integram o Departamento; e) supervisionar a edição do texto nível de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente
e imagens das matérias jornalísticas produzidas pela TV Câmara; f) organizacional.
responsabilizar-se pelos contatos da Câmara junto à imprensa; g)
responsabilizar-se pela triagem de informações de outros órgãos B5.15 - DIRETOR DA “TV LEGISLATIVA”
públicos; h) definir a política de comunicação externa da Câmara DESCRIÇÃO: dirige a “TV Legislativa”, órgão oficial de informa-
Municipal; i) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível ção da Câmara, criado para dar atendimento ao princípio da publi-
de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente orga- cidade.
nizacional. ATRIBUIÇÕES: a) Definir a programação da TV Câmara, de ma-
neira a atender as determinações regimentais e legais aplicáveis ao
B5.13. - CHEFE DA SEÇÃO DE JORNALISMO seu funcionamento; b) propor a celebração de acordos, convênios
DESCRIÇÂO: chefia a Seção de Jornalismo, opinando e decidin- e outros ajustes perante a órgãos externos, que se mostrarem ade-
do quanto ao material publicitário da Câmara. quados ao aprimoramento da programação apresentada pela TV
ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva- Câmara; c) responsabilizar-se pela guarda e conservação dos bens
ção dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso patrimoniais locados na respectiva seção para uso das atividades
das atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvi- desenvolvidas pelo setor; d) zelar pelo desenvolvimento dos traba-
mento dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o lhos da TV Câmara; e) informar, periodicamente, o comportamento
comportamento funcional dos servidores que integram a seção; d) funcional dos servidores que integram o Departamento; f) decidir
supervisionar e coordenar todas as atividades relativas a divulgação sobre o material veiculado, inclusive textos e imagens de abertu-
das realizações e dos atos do Legislativo, nos âmbitos internos; e) ra do programa oficial da Câmara e transmissões da TV Câmara;
zelar pela boa imagem do Poder e de seus representantes, e pas- g) coordenar e dirigir os trabalhos do pessoal técnico envolvido na
sar à comunidade, por intermédio da informação, a transparência gravação, transmissão e veiculação das sessões da Câmara; h) fis-
das ações desenvolvidas pelos Vereadores; f) promover a transmis- calizar o material exibido pelas emissoras contratadas, propondo à
são em tempo real das sessões e demais atividades do Plenário, e Presidência as medidas que forem necessárias em caso de descum-
manter atualizadas as informações fornecidas pela mídia virtual via primento das finalidades visadas pela exibição; i) conferir a edição
internet; g) determinar a produção e promover a atualização das final das gravações que serão levadas ao ar, ordenando os cortes
gravações com os Vereadores para a “espera” telefônica da Câma- que, a seu juízo, forem recomendáveis para a melhoria do material
ra, definindo as mensagens que forem veiculadas; h) promover o apresentado ao público; j) executar outras tarefas da mesma na-
atendimento dos Vereadores em suas necessidades de comunica- tureza ou nível de complexidade associado à sua especialidade ou
ção interna e externa, no que se refere às gravações de áudio, vídeo ambiente organizacional.
e fotografias, dentro das condições técnicas e operacionais ofere-
cidas pela Diretoria; i) velar pela mantença da informação para a B5.16 - CHEFE DA SEÇÃO DE ÁUDIO E VÍDEO
imprensa, sobre projetos e demais atividades de Plenário, suge- DESCRIÇÃO: chefia a Seção de Áudio e Vídeo, controlando e
rindo pautas interessantes por meio de contatos pessoais, relea- fiscalização as atividades técnicas de som e vídeo realizadas com
se, telefone e e-mail, bem como promover o acesso de repórteres material, pessoal e equipamentos da Câmara.
aos Vereadores e vice - versa; j) manifestar-se oficialmente junto ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva-
aos órgãos de comunicação local em nome da Câmara; k) definir os ção dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso
textos das publicações de cunho institucional ou informativo que das atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvi-
forem feitas pela Câmara; l) executar outras tarefas da mesma na- mento dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o
tureza ou nível de complexidade associado à sua especialidade ou comportamento funcional dos servidores que integram a seção; d)
ambiente organizacional. coordenar os trabalhos desenvolvidos pelo setor de áudio e vídeo,
organizando atividades de cinegrafia, editoração, de VT e operação
B5.14 - CHEFE DA SEÇÃO DE CERIMONIAL de áudio e vídeo; e) chefiar os trabalhos técnicos de som e imagem
DESCRIÇÃO: chefia o Cerimonial da Câmara, comandando as realizados na Câmara; f) supervisionar a manutenção dos equipa-
ações e atividades havidas durante eventos. mentos utilizados; g) propor a aquisição de equipamentos de ma-
ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva- neira a adequar a tecnologia disponível às inovações que ocorrem
ção dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso na área da transmissão de sons e imagens; h) selecionar o material
das atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvi- a ser inserido nas veiculações oficiais da Câmara; i) executar outras
mento dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade associado à
comportamento funcional dos servidores que integram a seção; d) sua especialidade ou ambiente organizacional.
coordenar a organização e apresentação dos eventos (títulos, ho-
menagens, debates, etc..). e) promover a confecção e determinar B5.17 - CHEFE DE SEÇÃO DE PRODUÇÃO GRÁFICA E FOTOGRA-
o envio dos respectivos convites; f) definir a agenda dos eventos FIA
especiais a serem realizados na Câmara; g) velar pelo cumprimento DESCRIÇÂO: chefia as atividades de produção de imagem e fo-
de datas, horário e local em que ocorrerão as atividades sob a res- tografia, coordenando os trabalhos de fotografia.
ponsabilidade do setor; h) orientar a aplicação dos estilos de recep- ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conserva-
ção adequados aos diversos eventos realizados; i) supervisionar os ção dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso
serviços de apoio ao pessoal administrativo da casa que atuará nas das atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvi-
solenidades; j) promover a mantença da lista de autoridades nacio- mento dos trabalhos de sua seção; c) informar, periodicamente, o
nais, estaduais e municipais, devidamente atualizadas; k) coorde- comportamento funcional dos servidores que integram a seção; d)
nar a organização de todas as solenidades realizadas no recinto da supervisionar a identificação e classificação das fotografias, bem

105
LEGISLAÇÃO
como, a organização dos registros e arquivos fotográficos; e) coor- B5.20 - CHEFE DA SEÇÃO DE CONTROLE DE PROCESSOS LEGIS-
denar a execução dos trabalhos fotográficos; f) selecionar o mate- LATIVOS
rial fotográfico originário da Câmara a ser distribuído aos órgãos de DESCRIÇÃO: dirige a Seção de Controle de Processos Legislati-
imprensa; g) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível vos, chefiando as tarefas de todos os servidores que tomam parte
de complexidade associado à sua especialidade ou ambiente orga- dos processos legislativos, para que sejam atendidas as regras le-
nizacional. gais e regimentais aplicáveis.
ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conservação
B5.18 - DIRETOR TÉCNICO - LEGISLATIVO dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso das
DESCRIÇÃO: dirige o Departamento Técnico-Legislativo, exer- atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvimento
cendo a chefia superior relacionada aos processos legislativos que dos trabalhos de sua seção; c) coordenar as atividades dos servi-
tramitam pela Casa. dores lotados no departamento, tomando as providências cabíveis
ATRIBUIÇÕES: a) Supervisionar e coordenar as atividades de- constantes do estatuto dos servidores em caso de descumprimento
senvolvidas no Departamento pelo qual responde, zelando pela das atribuições funcionais. d) acompanhar os registros e a autuação
fiel e oportuna consecução das finalidades do setor; b) responsa- dos processos legislativos; e) exercer o controle dos textos de leis
bilizar-se pela guarda e conservação dos bens patrimoniais locados a serem publicados, comunicando as irregularidades observadas; f)
no Departamento Técnico-Legislativo da Câmara para uso das ati- elaborar ofícios de encaminhamento de proposituras, projetos de
vidades do setor; c) zelar pelo desenvolvimento dos trabalhos de lei, resoluções e demais atos devidamente aprovados, aos setores
seu Departamento, em permanente sintonia com os desenvolvidos competentes; g) controlar os prazos de tramitação dos processos
pelos demais Departamentos que integram a Câmara Municipal de legislativos, comunicando aos Vereadores para as providências
Uberlândia; d) informar, periodicamente, o comportamento fun- que forem cabíveis; h) definir a natureza das proposições, no ato
cional dos servidores que integram o Departamento; e) coordenar de apresentação, para fins de numeração e registro; i) atender os
as atividades dos servidores lotados no departamento, tomando Assessores Parlamentares, oferecendo os subsídios que forem so-
as providências cabíveis constantes do estatuto dos servidores em licitados pelos respectivos Gabinetes; j) proceder ao controle de
caso de descumprimento das atribuições funcionais. f) coordenar prazos de projetos enviados à sanção do Prefeito, bem como em
o processo legislativo das proposições sujeitas à apreciação do Po- relação ao recebimento de vetos, bem como fiscalizar o encami-
der Legislativo Municipal, mediante o devido registro e abertura do nhamento de todo o processo; k) executar outras tarefas da mesma
processo; g) acompanhar todo o andamento da tramitação dos pro- natureza ou nível de complexidade associado à sua especialidade
cessos legislativos, zelando pelo cumprimento dos prazos regimen- ou ambiente organizacional.
tais e juntada de toda a documentação pertinente; h) coordenar os
trabalhos de assessoramento da Mesa Diretora durante a realiza- C - DESCRIÇÃO E ATRIBUIÇÕES DAS FUNÇÕES GRATIFICADAS
ção das sessões legislativas; i) orientar a preparação da pauta dos DA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DA CÂMARA MUNICIPAL DE
assuntos a serem tratados nas reuniões legislativas; j) determinar a UBERLÂNDIA.
elaboração dos resumos das atas das reuniões legislativas; k) exe- TEM A MESMA CORRESPÔNDENCIA E RESPECTIVAS ATRIBUI-
cutar outras tarefas da mesma natureza ou nível de complexidade ÇÕES COM OS CARGOS EM COMISSÃO, SENDO QUE AS FUNÇÕES
associado à sua especialidade ou ambiente organizacional. GRATIFICADAS SÃO ASSUMIDAS EXCLUSIVAMENTE POR SERVIDO-
RES OCUPANTES DE CARGOS EFETIVOS QUE PODEM OPTAR PELO
B5.19. CHEFE DA SEÇÃO DE APOIO AS COMISSÕES VENCIMENTO DO CARGO EM COMISSÃO OU O VENCIMENTO DO
DESCRIÇÃO: dirige a Seção de Apoio às Comissões Temporárias CARGO EFETIVO ACRESCIDO DE 40% DE GRATIFICAÇÃO
e Especiais da Câmara, assessorando-as no curso dos processos le- NOS TERMOS DO ART. 9º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 346/2004
gislativos que tramitam pela Casa. “As funções gratificadas são exclusivamente para atribuições de
ATRIBUIÇÕES: a) Responsabilizar-se pela guarda e conservação chefia, cabendo ao Presidente da Câmara Municipal optar em no-
dos bens patrimoniais locados na respectiva seção para uso das meação para o respectivo cargo em comissão ou designação para a
atividades desenvolvidas pelo setor; b) zelar pelo desenvolvimento função gratificada”.
dos trabalhos de sua seção; c) coordenar as atividades dos servi- Art. 7º O Anexo VII - organograma da Câmara Municipal é o
dores lotados no departamento, tomando as providências cabíveis constante desta Lei Complementar.
constantes do estatuto dos servidores em caso de descumprimento Art. 8º Fica autorizada a republicação na integra da Lei Comple-
das atribuições funcionais. d) coordenar os trabalhos referentes às mentar nº 346/2004 com todas s alterações vigentes.
diversas Comissões Permanentes e às Comissões Especiais, orien- Art. 9º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua
tando o tratamento de matérias que lhe são propostas; e) promo- publicação.
ver a oferta aos membros das Comissões de subsídios que orientam
a elaboração de pareceres e votos; f) determinar a prestação de LEI COMPLEMENTAR Nº 123, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2006
informações sobre a situação dos projetos e documentos em tra-
mitação nas comissões; g) fazer a distribuição dos pedidos de pare- Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de
ceres e estudos aos componentes das seção, para atendimento; h) Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, am-
participar das reuniões das Comissões Permanentes e Especiais da bas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho
Câmara, oferecendo sugestões; i) coordenar pesquisa na legislação - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943,
municipal, de modo a adequar a tramitação das proposições apre- da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar
sentadas; j) executar outras tarefas da mesma natureza ou nível de no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de
complexidade associado à sua especialidade ou ambiente organi- dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999.
zacional.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

106
LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO I III - Comitê para Gestão da Rede Nacional para Simplificação
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, vin-
culado à Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da
Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas gerais rela- República, composto por representantes da União, dos Estados e
tivas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às do Distrito Federal, dos Municípios e demais órgãos de apoio e de
microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Po- registro empresarial, na forma definida pelo Poder Executivo, para
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, tratar do processo de registro e de legalização de empresários e
especialmente no que se refere: de pessoas jurídicas. (Redação pela Lei Complementar nº 147, de
I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da 2014)
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante § 1º Os Comitês de que tratam os incisos I e III do caput des-
regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias; te artigo serão presididos e coordenados por representantes da
II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciá- União.
rias, inclusive obrigações acessórias; § 2º Os representantes dos Estados e do Distrito Federal nos
III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à prefe- Comitês referidos nos incisos I e III do caput deste artigo serão indi-
rência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à cados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ e os
tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão. dos Municípios serão indicados, um pela entidade representativa
IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere das Secretarias de Finanças das Capitais e outro pelas entidades de
o inciso IV do parágrafo único do art. 146, in fine, da Constituição representação nacional dos Municípios brasileiros.
Federal. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) § 3º As entidades de representação referidas no inciso III do
§ 1o Cabe ao Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) apre- caput e no § 2º deste artigo serão aquelas regularmente constituí-
ciar a necessidade de revisão, a partir de 1o de janeiro de 2015, dos das há pelo menos 1 (um) ano antes da publicação desta Lei Com-
valores expressos em moeda nesta Lei Complementar. plementar.
§ 2o (VETADO). § 4º Os Comitês de que tratam os incisos I e III do caput deste
§ 3o Ressalvado o disposto no Capítulo IV, toda nova obrigação artigo elaborarão seus regimentos internos mediante resolução.
que atinja as microempresas e empresas de pequeno porte deverá § 5o O Fórum referido no inciso II do caput deste artigo tem
apresentar, no instrumento que a instituiu, especificação do trata- por finalidade orientar e assessorar a formulação e coordenação da
mento diferenciado, simplificado e favorecido para cumprimento. política nacional de desenvolvimento das microempresas e empre-
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) sas de pequeno porte, bem como acompanhar e avaliar a sua im-
§ 4o Na especificação do tratamento diferenciado, simplificado plantação, sendo presidido e coordenado pela Secretaria da Micro
e favorecido de que trata o § 3o, deverá constar prazo máximo, e Pequena Empresa da Presidência da República. (Redação dada
quando forem necessários procedimentos adicionais, para que os pela Lei nº 12.792, de 2013)
órgãos fiscalizadores cumpram as medidas necessárias à emissão § 6º Ao Comitê de que trata o inciso I do caput deste artigo
de documentos, realização de vistorias e atendimento das deman- compete regulamentar a opção, exclusão, tributação, fiscalização,
das realizadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte arrecadação, cobrança, dívida ativa, recolhimento e demais itens
com o objetivo de cumprir a nova obrigação. (Incluído pela Lei Com- relativos ao regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar,
plementar nº 147, de 2014) observadas as demais disposições desta Lei Complementar.
§ 5o Caso o órgão fiscalizador descumpra os prazos estabeleci- § 7º Ao Comitê de que trata o inciso III do caput deste arti-
dos na especificação do tratamento diferenciado e favorecido, con- go compete, na forma da lei, regulamentar a inscrição, cadastro,
forme o disposto no § 4o, a nova obrigação será inexigível até que abertura, alvará, arquivamento, licenças, permissão, autorização,
seja realizada visita para fiscalização orientadora e seja reiniciado o registros e demais itens relativos à abertura, legalização e funcio-
prazo para regularização. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, namento de empresários e de pessoas jurídicas de qualquer porte,
de 2014) atividade econômica ou composição societária.
§ 6o A ausência de especificação do tratamento diferenciado, § 8o Os membros dos Comitês de que tratam os incisos I e III
simplificado e favorecido ou da determinação de prazos máximos, do caput deste artigo serão designados, respectivamente, pelos Mi-
de acordo com os §§ 3o e 4o, tornará a nova obrigação inexigível nistros de Estado da Fazenda e da Secretaria da Micro e Pequena
para as microempresas e empresas de pequeno porte. (Incluído Empresa da Presidência da República, mediante indicação dos ór-
pela Lei Complementar nº 147, de 2014) gãos e entidades vinculados. (Redação pela Lei Complementar nº
§ 7o A inobservância do disposto nos §§ 3o a 6o resultará em 147, de 2014)
atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício § 9o O CGSN poderá determinar, com relação à microempresa
profissional da atividade empresarial. (Incluído pela Lei Comple- e à empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional, a
mentar nº 147, de 2014) forma, a periodicidade e o prazo: (Incluído pela Lei Complementar
Art. 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensa- nº 147, de 2014)
do às microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o I - de entrega à Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB de
art. 1o desta Lei Complementar será gerido pelas instâncias a seguir uma única declaração com dados relacionados a fatos geradores,
especificadas: base de cálculo e valores da contribuição para a Seguridade Social
I - Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério devida sobre a remuneração do trabalho, inclusive a descontada
da Fazenda, composto por 4 (quatro) representantes da Secreta- dos trabalhadores a serviço da empresa, do Fundo de Garantia
ria da Receita Federal do Brasil, como representantes da União, 2 do Tempo de Serviço - FGTS e outras informações de interesse do
(dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municípios, Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, do Instituto Nacional do
para tratar dos aspectos tributários; e Seguro Social - INSS e do Conselho Curador do FGTS, observado o
II - Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pe- disposto no § 7o deste artigo; e (Incluído pela Lei Complementar nº
queno Porte, com a participação dos órgãos federais competentes 147, de 2014)
e das entidades vinculadas ao setor, para tratar dos demais aspec- II - do recolhimento das contribuições descritas no inciso I e do
tos, ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo; FGTS. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

107
LEGISLAÇÃO
§ 10. O recolhimento de que trata o inciso II do § 9o deste ar- III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como
tigo poderá se dar de forma unificada relativamente aos tributos empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento
apurados na forma do Simples Nacional. (Incluído pela Lei Comple- jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde
mentar nº 147, de 2014) que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso
§ 11. A entrega da declaração de que trata o inciso I do § 9o II do caput deste artigo;
substituirá, na forma regulamentada pelo CGSN, a obrigatoriedade IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por
de entrega de todas as informações, formulários e declarações a cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei
que estão sujeitas as demais empresas ou equiparados que con- Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite
tratam trabalhadores, inclusive relativamente ao recolhimento do de que trata o inciso II do caput deste artigo;
FGTS, à Relação Anual de Informações Sociais e ao Cadastro Geral V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de
de Empregados e Desempregados. (Incluído pela Lei Complemen- outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta
tar nº 147, de 2014) global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste
§ 12. Na hipótese de recolhimento do FGTS na forma do inciso artigo;
II do § 9o deste artigo, deve-se assegurar a transferência dos recur- VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de con-
sos e dos elementos identificadores do recolhimento ao gestor des- sumo;
se fundo para crédito na conta vinculada do trabalhador. (Incluído VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica;
pela Lei Complementar nº 147, de 2014) VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimen-
§ 13. O documento de que trata o inciso I do § 9o tem caráter tos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de
declaratório, constituindo instrumento hábil e suficiente para a exi- crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de
gência dos tributos, contribuições e dos débitos fundiários que não corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câm-
tenham sido recolhidos resultantes das informações nele presta- bio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e
das. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) de capitalização ou de previdência complementar;
IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra
CAPÍTULO II forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido
em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores;
DA DEFINIÇÃO DE MICROEMPRESA
X - constituída sob a forma de sociedade por ações.
E DE EMPRESA DE PEQUENO PORTE
XI - cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com
o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e
Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se
habitualidade. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade em-
§ 5o O disposto nos incisos IV e VII do § 4o deste artigo não
presária, a sociedade simples, a empresa individual de responsa-
se aplica à participação no capital de cooperativas de crédito, bem
bilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei
como em centrais de compras, bolsas de subcontratação, no con-
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente
sórcio referido no art. 50 desta Lei Complementar e na sociedade
registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de propósito específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar,
de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: e em associações assemelhadas, sociedades de interesse econômi-
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, co, sociedades de garantia solidária e outros tipos de sociedade,
receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta que tenham como objetivo social a defesa exclusiva dos interesses
mil reais); e econômicos das microempresas e empresas de pequeno porte.
II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada § 6º Na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno
ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e porte incorrer em alguma das situações previstas nos incisos do §
sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro mi- 4o, será excluída do tratamento jurídico diferenciado previsto nes-
lhões e oitocentos mil reais). (Redação dada pela Lei Complementar ta Lei Complementar, bem como do regime de que trata o art. 12,
nº 155, de 2016) Produção de efeito com efeitos a partir do mês seguinte ao que incorrida a situação
§ 1º Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput impeditiva.
deste artigo, o produto da venda de bens e serviços nas operações § 7o Observado o disposto no § 2o deste artigo, no caso de iní-
de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas cio de atividades, a microempresa que, no ano-calendário, exceder
operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os o limite de receita bruta anual previsto no inciso I do caput deste
descontos incondicionais concedidos. artigo passa, no ano-calendário seguinte, à condição de empresa
§ 2º No caso de início de atividade no próprio ano-calendário, de pequeno porte.
o limite a que se refere o caput deste artigo será proporcional ao § 8o Observado o disposto no § 2o deste artigo, no caso de
número de meses em que a microempresa ou a empresa de peque- início de atividades, a empresa de pequeno porte que, no ano-ca-
no porte houver exercido atividade, inclusive as frações de meses. lendário, não ultrapassar o limite de receita bruta anual previsto no
§ 3º O enquadramento do empresário ou da sociedade simples inciso I do caput deste artigo passa, no ano-calendário seguinte, à
ou empresária como microempresa ou empresa de pequeno porte condição de microempresa.
bem como o seu desenquadramento não implicarão alteração, de- § 9º A empresa de pequeno porte que, no ano-calendário, ex-
núncia ou qualquer restrição em relação a contratos por elas ante- ceder o limite de receita bruta anual previsto no inciso II do caput
riormente firmados. deste artigo fica excluída, no mês subsequente à ocorrência do ex-
§ 4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferen- cesso, do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Com-
ciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que plementar, incluído o regime de que trata o art. 12, para todos os
trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, efeitos legais, ressalvado o disposto nos §§ 9o-A, 10 e 12.
a pessoa jurídica: § 9o-A. Os efeitos da exclusão prevista no § 9o dar-se-ão no
I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica; ano-calendário subsequente se o excesso verificado em relação à
II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, receita bruta não for superior a 20% (vinte por cento) do limite re-
de pessoa jurídica com sede no exterior; ferido no inciso II do caput.

108
LEGISLAÇÃO
§ 10. A empresa de pequeno porte que no decurso do ano-ca- CAPÍTULO III
lendário de início de atividade ultrapassar o limite proporcional de DA INSCRIÇÃO E DA BAIXA
receita bruta de que trata o § 2o estará excluída do tratamento ju-
rídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, bem como do Art. 4o Na elaboração de normas de sua competência, os ór-
regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, com efeitos gãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empre-
retroativos ao início de suas atividades. sas, dos 3 (três) âmbitos de governo, deverão considerar a unici-
§ 11. Na hipótese de o Distrito Federal, os Estados e os respec- dade do processo de registro e de legalização de empresários e de
tivos Municípios adotarem um dos limites previstos nos incisos I e II pessoas jurídicas, para tanto devendo articular as competências
do caput do art. 19 e no art. 20, caso a receita bruta auferida pela próprias com aquelas dos demais membros, e buscar, em conjunto,
empresa durante o ano-calendário de início de atividade ultrapasse compatibilizar e integrar procedimentos, de modo a evitar a dupli-
1/12 (um doze avos) do limite estabelecido multiplicado pelo núme- cidade de exigências e garantir a linearidade do processo, da pers-
ro de meses de funcionamento nesse período, a empresa não poderá pectiva do usuário.
recolher o ICMS e o ISS na forma do Simples Nacional, relativos ao § 1o O processo de abertura, registro, alteração e baixa da
estabelecimento localizado na unidade da federação que os houver microempresa e empresa de pequeno porte, bem como qualquer
adotado, com efeitos retroativos ao início de suas atividades. exigência para o início de seu funcionamento, deverão ter trâmi-
§ 12. A exclusão de que trata o § 10 não retroagirá ao início das te especial e simplificado, preferencialmente eletrônico, opcional
atividades se o excesso verificado em relação à receita bruta não para o empreendedor, observado o seguinte: (Redação dada pela
for superior a 20% (vinte por cento) do respectivo limite referido Lei Complementar nº 147, de 2014)
naquele parágrafo, hipótese em que os efeitos da exclusão dar-se- I - poderão ser dispensados o uso da firma, com a respectiva
-ão no ano-calendário subsequente. assinatura autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas,
§ 13. O impedimento de que trata o § 11 não retroagirá ao informações relativas ao estado civil e regime de bens, bem como
início das atividades se o excesso verificado em relação à receita remessa de documentos, na forma estabelecida pelo CGSIM; e
bruta não for superior a 20% (vinte por cento) dos respectivos li- II - (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
mites referidos naquele parágrafo, hipótese em que os efeitos do de 2014) (Produção de efeito)
impedimento ocorrerão no ano-calendário subsequente. § 2º (REVOGADO)
§ 14. Para fins de enquadramento como microempresa ou em- § 3o Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar, ficam
presa de pequeno porte, poderão ser auferidas receitas no mercado reduzidos a 0 (zero) todos os custos, inclusive prévios, relativos à
interno até o limite previsto no inciso II do caput ou no § 2o, conforme abertura, à inscrição, ao registro, ao funcionamento, ao alvará, à
o caso, e, adicionalmente, receitas decorrentes da exportação de mer- licença, ao cadastro, às alterações e procedimentos de baixa e en-
cadorias ou serviços, inclusive quando realizada por meio de comercial cerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor
exportadora ou da sociedade de propósito específico prevista no art. Individual, incluindo os valores referentes a taxas, a emolumen-
56 desta Lei Complementar, desde que as receitas de exportação tam- tos e a demais contribuições relativas aos órgãos de registro, de
bém não excedam os referidos limites de receita bruta anual. (Redação licenciamento, sindicais, de regulamentação, de anotação de res-
dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) ponsabilidade técnica, de vistoria e de fiscalização do exercício de
§ 15. Na hipótese do § 14, para fins de determinação da alí- profissões regulamentadas. (Redação dada pela Lei Complementar
quota de que trata o § 1o do art. 18, da base de cálculo prevista nº 147, de 2014)
em seu § 3o e das majorações de alíquotas previstas em seus §§ § 3o-A. O agricultor familiar, definido conforme a Lei nº 11.326,
16, 16-A, 17 e 17-A, serão consideradas separadamente as receitas de 24 de julho de 2006, e identificado pela Declaração de Aptidão
brutas auferidas no mercado interno e aquelas decorrentes da ex- ao Pronaf - DAP física ou jurídica, bem como o MEI e o empreen-
portação. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) dedor de economia solidária ficam isentos de taxas e outros valo-
(Produção de efeito) res relativos à fiscalização da vigilância sanitária. (Incluído pela Lei
§ 16. O disposto neste artigo será regulamentado por resolu- Complementar nº 147, de 2014)
ção do CGSN. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) § 4o No caso do MEI, de que trata o art. 18-A desta Lei Comple-
§ 17. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de mentar, a cobrança associativa ou oferta de serviços privados rela-
2016) Produção de efeito tivos aos atos de que trata o § 3o deste artigo somente poderá ser
§ 18. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de efetuada a partir de demanda prévia do próprio MEI, firmado por
2016) Produção de efeito meio de contrato com assinatura autógrafa, observando-se que:
Art. 3o-A. Aplica-se ao produtor rural pessoa física e ao agricul- (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
tor familiar conceituado na Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006, I - para a emissão de boletos de cobrança, os bancos públicos e
com situação regular na Previdência Social e no Município que te- privados deverão exigir das instituições sindicais e associativas au-
nham auferido receita bruta anual até o limite de que trata o inciso torização prévia específica a ser emitida pelo CGSIM; (Incluído pela
II do caput do art. 3o o disposto nos arts. 6o e 7o, nos Capítulos V a Lei Complementar nº 147, de 2014)
X, na Seção IV do Capítulo XI e no Capítulo XII desta Lei Complemen- II - o desrespeito ao disposto neste parágrafo configurará van-
tar, ressalvadas as disposições da Lei no 11.718, de 20 de junho de tagem ilícita pelo induzimento ao erro em prejuízo do MEI, aplican-
2008. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) do-se as sanções previstas em lei. (Incluído pela Lei Complementar
Parágrafo único. A equiparação de que trata o caput não se nº 147, de 2014)
aplica às disposições do Capítulo IV desta Lei Complementar. (Inclu- § 5o (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de
ído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 2014)
Art. 3o-B. Os dispositivos desta Lei Complementar, com exce- § 6o Na ocorrência de fraude no registro do Microempreende-
ção dos dispostos no Capítulo IV, são aplicáveis a todas as microem- dor Individual - MEI feito por terceiros, o pedido de baixa deve ser
presas e empresas de pequeno porte, assim definidas pelos incisos feito por meio exclusivamente eletrônico, com efeitos retroativos à
I e II do caput e § 4o do art. 3o, ainda que não enquadradas no data de registro, na forma a ser regulamentada pelo CGSIM, não sen-
regime tributário do Simples Nacional, por vedação ou por opção. do aplicáveis os efeitos do § 1o do art. 29 desta Lei Complementar.
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito

109
LEGISLAÇÃO
Art. 5o Os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fecha- I - entrada única de dados e documentos; (Incluído pela Lei
mento de empresas, dos 3 (três) âmbitos de governo, no âmbito de Complementar nº 147, de 2014)
suas atribuições, deverão manter à disposição dos usuários, de for- II - processo de registro e legalização integrado entre os órgãos
ma presencial e pela rede mundial de computadores, informações, e entes envolvidos, por meio de sistema informatizado que garan-
orientações e instrumentos, de forma integrada e consolidada, que ta: (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
permitam pesquisas prévias às etapas de registro ou inscrição, alte- a) sequenciamento das seguintes etapas: consulta prévia de
ração e baixa de empresários e pessoas jurídicas, de modo a prover nome empresarial e de viabilidade de localização, registro empre-
ao usuário certeza quanto à documentação exigível e quanto à via- sarial, inscrições fiscais e licenciamento de atividade; (Incluído pela
bilidade do registro ou inscrição. Lei Complementar nº 147, de 2014)
Parágrafo único. As pesquisas prévias à elaboração de ato b) criação da base nacional cadastral única de empresas; (Inclu-
constitutivo ou de sua alteração deverão bastar a que o usuário ído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
seja informado pelos órgãos e entidades competentes: III - identificação nacional cadastral única que corresponderá
I - da descrição oficial do endereço de seu interesse e da possi- ao número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas -
bilidade de exercício da atividade desejada no local escolhido; CNPJ. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
II - de todos os requisitos a serem cumpridos para obtenção § 1o O sistema de que trata o inciso II do caput deve garantir
de licenças de autorização de funcionamento, segundo a atividade aos órgãos e entidades integrados: (Incluído pela Lei Complemen-
pretendida, o porte, o grau de risco e a localização; e tar nº 147, de 2014)
III - da possibilidade de uso do nome empresarial de seu inte- I - compartilhamento irrestrito dos dados da base nacional úni-
resse. ca de empresas; (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
Art. 6o Os requisitos de segurança sanitária, metrologia, con- II - autonomia na definição das regras para comprovação do
trole ambiental e prevenção contra incêndios, para os fins de regis- cumprimento de exigências nas respectivas etapas do processo.
tro e legalização de empresários e pessoas jurídicas, deverão ser (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
simplificados, racionalizados e uniformizados pelos órgãos envol- § 2o A identificação nacional cadastral única substituirá para
vidos na abertura e fechamento de empresas, no âmbito de suas todos os efeitos as demais inscrições, sejam elas federais, estaduais
ou municipais, após a implantação do sistema a que se refere o
competências.
inciso II do caput, no prazo e na forma estabelecidos pelo CGSIM.
§ 1o Os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fecha-
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
mento de empresas que sejam responsáveis pela emissão de licen-
§ 3o É vedado aos órgãos e entidades integrados ao sistema
ças e autorizações de funcionamento somente realizarão vistorias
informatizado de que trata o inciso II do caput o estabelecimento
após o início de operação do estabelecimento, quando a atividade,
de exigências não previstas em lei. (Incluído pela Lei Complementar
por sua natureza, comportar grau de risco compatível com esse
nº 147, de 2014)
procedimento.
§ 4o A coordenação do desenvolvimento e da implantação do
§ 2o Os órgãos e entidades competentes definirão, em 6 (seis)
sistema de que trata o inciso II do caput ficará a cargo do CGSIM.
meses, contados da publicação desta Lei Complementar, as ativida- (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
des cujo grau de risco seja considerado alto e que exigirão vistoria Art. 9o O registro dos atos constitutivos, de suas alterações e
prévia. extinções (baixas), referentes a empresários e pessoas jurídicas em
§ 3o Na falta de legislação estadual, distrital ou municipal espe- qualquer órgão dos 3 (três) âmbitos de governo ocorrerá indepen-
cífica relativa à definição do grau de risco da atividade aplicar-se-á dentemente da regularidade de obrigações tributárias, previden-
resolução do CGSIM. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de ciárias ou trabalhistas, principais ou acessórias, do empresário, da
2014) sociedade, dos sócios, dos administradores ou de empresas de que
§ 4o A classificação de baixo grau de risco permite ao empre- participem, sem prejuízo das responsabilidades do empresário, dos
sário ou à pessoa jurídica a obtenção do licenciamento de ativida- titulares, dos sócios ou dos administradores por tais obrigações,
de mediante o simples fornecimento de dados e a substituição da apuradas antes ou após o ato de extinção. (Redação dada pela Lei
comprovação prévia do cumprimento de exigências e restrições Complementar nº 147, de 2014)
por declarações do titular ou responsável. (Incluído pela Lei Com- § 1o O arquivamento, nos órgãos de registro, dos atos cons-
plementar nº 147, de 2014) titutivos de empresários, de sociedades empresárias e de demais
§ 5o O disposto neste artigo não é impeditivo da inscrição fis- equiparados que se enquadrarem como microempresa ou empresa
cal. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) de pequeno porte bem como o arquivamento de suas alterações
Art. 7o Exceto nos casos em que o grau de risco da atividade são dispensados das seguintes exigências:
seja considerado alto, os Municípios emitirão Alvará de Funciona- I - certidão de inexistência de condenação criminal, que será
mento Provisório, que permitirá o início de operação do estabeleci- substituída por declaração do titular ou administrador, firmada sob
mento imediatamente após o ato de registro. as penas da lei, de não estar impedido de exercer atividade mer-
Parágrafo único. Nos casos referidos no caput deste artigo, cantil ou a administração de sociedade, em virtude de condenação
poderá o Município conceder Alvará de Funcionamento Provisório criminal;
para o microempreendedor individual, para microempresas e para II - prova de quitação, regularidade ou inexistência de débito
empresas de pequeno porte: referente a tributo ou contribuição de qualquer natureza.
I - instaladas em área ou edificação desprovidas de regulação § 2o Não se aplica às microempresas e às empresas de peque-
fundiária e imobiliária, inclusive habite-se; ou (Incluído pela Lei no porte o disposto no § 2o do art. 1o da Lei no 8.906, de 4 de julho
Complementar nº 147, de 2014) de 1994.
II - em residência do microempreendedor individual ou do titu- § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº
lar ou sócio da microempresa ou empresa de pequeno porte, na hi- 147, de 2014)
pótese em que a atividade não gere grande circulação de pessoas. § 4o A baixa do empresário ou da pessoa jurídica não impe-
Art. 8o Será assegurado aos empresários e pessoas jurídicas: de que, posteriormente, sejam lançados ou cobrados tributos,
(Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) contribuições e respectivas penalidades, decorrentes da falta do

110
LEGISLAÇÃO
cumprimento de obrigações ou da prática comprovada e apurada IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
em processo administrativo ou judicial de outras irregularidades - COFINS, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo;
praticadas pelos empresários, pelas pessoas jurídicas ou por seus V - Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no in-
titulares, sócios ou administradores. (Redação dada pela Lei Com- ciso XII do § 1o deste artigo;
plementar nº 147, de 2014) VI - Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguri-
§ 5o A solicitação de baixa do empresário ou da pessoa jurídica dade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei
importa responsabilidade solidária dos empresários, dos titulares, nº 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da microempresa
dos sócios e dos administradores no período da ocorrência dos res- e da empresa de pequeno porte que se dedique às atividades de
pectivos fatos geradores. (Redação dada pela Lei Complementar nº prestação de serviços referidas no § 5º-C do art. 18 desta Lei Com-
147, de 2014) plementar;
§ 6º Os órgãos referidos no caput deste artigo terão o prazo de VII - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Merca-
60 (sessenta) dias para efetivar a baixa nos respectivos cadastros. dorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual
§ 7º Ultrapassado o prazo previsto no § 6º deste artigo sem e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS;
manifestação do órgão competente, presumir-se-á a baixa dos re- VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.
gistros das microempresas e a das empresas de pequeno porte. § 1o O recolhimento na forma deste artigo não exclui a incidên-
§ 8o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº cia dos seguintes impostos ou contribuições, devidos na qualidade
147, de 2014) de contribuinte ou responsável, em relação aos quais será observa-
§ 9o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº da a legislação aplicável às demais pessoas jurídicas:
147, de 2014) I - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF;
147, de 2014) II - Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros - II;
§ 11. (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº III - Imposto sobre a Exportação, para o Exterior, de Produtos
147, de 2014) Nacionais ou Nacionalizados - IE;
§ 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº IV - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR;
147, de 2014) V - Imposto de Renda, relativo aos rendimentos ou ganhos lí-
Art. 10. Não poderão ser exigidos pelos órgãos e entidades en- quidos auferidos em aplicações de renda fixa ou variável;
volvidos na abertura e fechamento de empresas, dos 3 (três) âmbi- VI - Imposto de Renda relativo aos ganhos de capital auferidos
tos de governo: na alienação de bens do ativo permanente;
I - excetuados os casos de autorização prévia, quaisquer do- VII - Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Trans-
cumentos adicionais aos requeridos pelos órgãos executores do missão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e do Re- - CPMF;
gistro Civil de Pessoas Jurídicas; VIII - Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Ser-
II - documento de propriedade ou contrato de locação do imó- viço - FGTS;
vel onde será instalada a sede, filial ou outro estabelecimento, sal- IX - Contribuição para manutenção da Seguridade Social, rela-
vo para comprovação do endereço indicado; tiva ao trabalhador;
III - comprovação de regularidade de prepostos dos empresá- X - Contribuição para a Seguridade Social, relativa à pessoa do
rios ou pessoas jurídicas com seus órgãos de classe, sob qualquer empresário, na qualidade de contribuinte individual;
forma, como requisito para deferimento de ato de inscrição, alte- XI - Imposto de Renda relativo aos pagamentos ou créditos efe-
ração ou baixa de empresa, bem como para autenticação de instru- tuados pela pessoa jurídica a pessoas físicas;
mento de escrituração. XII - Contribuição para o PIS/Pasep, Cofins e IPI incidentes na
Art. 11. Fica vedada a instituição de qualquer tipo de exigên- importação de bens e serviços;
cia de natureza documental ou formal, restritiva ou condicionante, XIII - ICMS devido:
pelos órgãos envolvidos na abertura e fechamento de empresas, a) nas operações sujeitas ao regime de substituição tributária,
dos 3 (três) âmbitos de governo, que exceda o estrito limite dos tributação concentrada em uma única etapa (monofásica) e sujeitas
requisitos pertinentes à essência do ato de registro, alteração ou ao regime de antecipação do recolhimento do imposto com encer-
baixa da empresa. ramento de tributação, envolvendo combustíveis e lubrificantes;
energia elétrica; cigarros e outros produtos derivados do fumo; be-
CAPÍTULO IV bidas; óleos e azeites vegetais comestíveis; farinha de trigo e mis-
DOS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES turas de farinha de trigo; massas alimentícias; açúcares; produtos
SEÇÃOI lácteos; carnes e suas preparações; preparações à base de cereais;
DA INSTITUIÇÃO E ABRANGÊNCIA chocolates; produtos de padaria e da indústria de bolachas e biscoi-
tos; sorvetes e preparados para fabricação de sorvetes em máqui-
Art. 12. Fica instituído o Regime Especial Unificado de Arreca- nas; cafés e mates, seus extratos, essências e concentrados; prepa-
dação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e rações para molhos e molhos preparados; preparações de produtos
Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional. vegetais; rações para animais domésticos; veículos automotivos e
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar automotores, suas peças, componentes e acessórios; pneumáticos;
nº 155, de 2016) Produção de efeito câmaras de ar e protetores de borracha; medicamentos e outros
Art. 13. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, produtos farmacêuticos para uso humano ou veterinário; cosméti-
mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impos- cos; produtos de perfumaria e de higiene pessoal; papéis; plásticos;
tos e contribuições: canetas e malas; cimentos; cal e argamassas; produtos cerâmicos;
I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; vidros; obras de metal e plástico para construção; telhas e caixas
II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o d’água; tintas e vernizes; produtos eletrônicos, eletroeletrônicos e
disposto no inciso XII do § 1o deste artigo; eletrodomésticos; fios; cabos e outros condutores; transformado-
III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; res elétricos e reatores; disjuntores; interruptores e tomadas; isola-

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LEGISLAÇÃO
dores; para-raios e lâmpadas; máquinas e aparelhos de ar-condicio- § 6º O Comitê Gestor do Simples Nacional:
nado; centrifugadores de uso doméstico; aparelhos e instrumentos I - disciplinará a forma e as condições em que será atribuída à
de pesagem de uso doméstico; extintores; aparelhos ou máquinas microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples
de barbear; máquinas de cortar o cabelo ou de tosquiar; aparelhos Nacional a qualidade de substituta tributária; e
de depilar, com motor elétrico incorporado; aquecedores elétricos II - poderá disciplinar a forma e as condições em que será esta-
de água para uso doméstico e termômetros; ferramentas; álcool belecido o regime de antecipação do ICMS previsto na alínea g do
etílico; sabões em pó e líquidos para roupas; detergentes; alve- inciso XIII do § 1º deste artigo.
jantes; esponjas; palhas de aço e amaciantes de roupas; venda de § 7o O disposto na alínea a do inciso XIII do § 1o será discipli-
mercadorias pelo sistema porta a porta; nas operações sujeitas ao nado por convênio celebrado pelos Estados e pelo Distrito Federal,
regime de substituição tributária pelas operações anteriores; e nas ouvidos o CGSN e os representantes dos segmentos econômicos
prestações de serviços sujeitas aos regimes de substituição tributá- envolvidos. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Pro-
ria e de antecipação de recolhimento do imposto com encerramen- dução de efeito)
to de tributação; (Redação dada pele Lei Complementar nº 147, de § 8o Em relação às bebidas não alcóolicas, massas alimentícias,
2014) (Produção de efeito) produtos lácteos, carnes e suas preparações, preparações à base de
b) por terceiro, a que o contribuinte se ache obrigado, por for- cereais, chocolates, produtos de padaria e da indústria de bolachas
ça da legislação estadual ou distrital vigente; e biscoitos, preparações para molhos e molhos preparados, prepa-
c) na entrada, no território do Estado ou do Distrito Federal, de rações de produtos vegetais, telhas e outros produtos cerâmicos
petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos para construção e detergentes, aplica-se o disposto na alínea a do
dele derivados, bem como energia elétrica, quando não destinados inciso XIII do § 1o aos fabricados em escala industrial relevante em
à comercialização ou industrialização; cada segmento, observado o disposto no § 7o. (Incluído pela Lei
d) por ocasião do desembaraço aduaneiro; Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
e) na aquisição ou manutenção em estoque de mercadoria de- Art. 13-A. Para efeito de recolhimento do ICMS e do ISS no Sim-
sacobertada de documento fiscal; ples Nacional, o limite máximo de que trata o inciso II do caput do
f) na operação ou prestação desacobertada de documento fis- art. 3o será de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais),
cal;
observado o disposto nos §§ 11, 13, 14 e 15 do mesmo artigo, nos
g) nas operações com bens ou mercadorias sujeitas ao regime
§§ 17 e 17-A do art. 18 e no § 4o do art. 19. (Incluído pela Lei Com-
de antecipação do recolhimento do imposto, nas aquisições em ou-
plementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
tros Estados e Distrito Federal:
Art. 14. Consideram-se isentos do imposto de renda, na fonte
1. com encerramento da tributação, observado o disposto no
e na declaração de ajuste do beneficiário, os valores efetivamente
inciso IV do § 4º do art. 18 desta Lei Complementar;
pagos ou distribuídos ao titular ou sócio da microempresa ou em-
2. sem encerramento da tributação, hipótese em que será co-
presa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional, salvo os
brada a diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sendo
vedada a agregação de qualquer valor; que corresponderem a pró-labore, aluguéis ou serviços prestados.
h) nas aquisições em outros Estados e no Distrito Federal de § 1o A isenção de que trata o caput deste artigo fica limitada
bens ou mercadorias, não sujeitas ao regime de antecipação do re- ao valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art.
colhimento do imposto, relativo à diferença entre a alíquota inter- 15 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita
na e a interestadual; bruta mensal, no caso de antecipação de fonte, ou da receita bruta
XIV - ISS devido: total anual, tratando-se de declaração de ajuste, subtraído do valor
a) em relação aos serviços sujeitos à substituição tributária ou devido na forma do Simples Nacional no período.
retenção na fonte; § 2o O disposto no § 1o deste artigo não se aplica na hipótese
b) na importação de serviços; de a pessoa jurídica manter escrituração contábil e evidenciar lucro
XV - demais tributos de competência da União, dos Estados, superior àquele limite.
do Distrito Federal ou dos Municípios, não relacionados nos incisos Art. 15. (VETADO).
anteriores. Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica en-
§ 1o-A. Os valores repassados aos profissionais de que trata quadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno
a Lei no 12.592, de 18 de janeiro de 2012, contratados por meio porte dar-se-á na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Ges-
de parceria, nos termos da legislação civil, não integrarão a receita tor, sendo irretratável para todo o ano-calendário.
bruta da empresa contratante para fins de tributação, cabendo ao § 1o Para efeito de enquadramento no Simples Nacional, con-
contratante a retenção e o recolhimento dos tributos devidos pelo siderar-se-á microempresa ou empresa de pequeno porte aquela
contratado. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Pro- cuja receita bruta no ano-calendário anterior ao da opção esteja
dução de efeito compreendida dentro dos limites previstos no art. 3o desta Lei
§ 2o Observada a legislação aplicável, a incidência do imposto Complementar.
de renda na fonte, na hipótese do inciso V do § 1o deste artigo, será § 1º-A. A opção pelo Simples Nacional implica aceitação de sis-
definitiva. tema de comunicação eletrônica, destinado, dentre outras finali-
§ 3o As microempresas e empresas de pequeno porte optantes dades, a:
pelo Simples Nacional ficam dispensadas do pagamento das demais I - cientificar o sujeito passivo de quaisquer tipos de atos ad-
contribuições instituídas pela União, inclusive as contribuições para ministrativos, incluídos os relativos ao indeferimento de opção, à
as entidades privadas de serviço social e de formação profissional exclusão do regime e a ações fiscais;
vinculadas ao sistema sindical, de que trata o art. 240 da Constitui- II - encaminhar notificações e intimações; e
ção Federal, e demais entidades de serviço social autônomo. III - expedir avisos em geral.
§ 4o (VETADO). § 1º-B. O sistema de comunicação eletrônica de que trata o
§ 5º A diferença entre a alíquota interna e a interestadual de § 1o-A será regulamentado pelo CGSN, observando-se o seguinte:
que tratam as alíneas g e h do inciso XIII do § 1º deste artigo será I - as comunicações serão feitas, por meio eletrônico, em portal
calculada tomando-se por base as alíquotas aplicáveis às pessoas próprio, dispensando-se a sua publicação no Diário Oficial e o envio
jurídicas não optantes pelo Simples Nacional. por via postal;

112
LEGISLAÇÃO
II - a comunicação feita na forma prevista no caput será consi- VI - que preste serviço de transporte intermunicipal e inte-
derada pessoal para todos os efeitos legais; restadual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou
III - a ciência por meio do sistema de que trata o § 1o-A com quando possuir características de transporte urbano ou metropo-
utilização de certificação digital ou de código de acesso possuirá os litano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropoli-
requisitos de validade; tana para o transporte de estudantes ou trabalhadores; (Redação
IV - considerar-se-á realizada a comunicação no dia em que o dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
sujeito passivo efetivar a consulta eletrônica ao teor da comunica- VII - que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comer-
ção; e cializadora de energia elétrica;
V - na hipótese do inciso IV, nos casos em que a consulta se dê VIII - que exerça atividade de importação ou fabricação de au-
em dia não útil, a comunicação será considerada como realizada no tomóveis e motocicletas;
primeiro dia útil seguinte. IX - que exerça atividade de importação de combustíveis;
§ 1º-C. A consulta referida nos incisos IV e V do § 1º-B deverá X - que exerça atividade de produção ou venda no atacado de:
ser feita em até 45 (quarenta e cinco) dias contados da data da a) cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de
disponibilização da comunicação no portal a que se refere o inciso fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes;
I do § 1º-B, ou em prazo superior estipulado pelo CGSN, sob pena b) bebidas não alcoólicas a seguir descritas: (Redação dada
de ser considerada automaticamente realizada na data do término pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
desse prazo. 1 - (Revogado pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
§ 1º-D. Enquanto não editada a regulamentação de que trata o 2 - refrigerantes, inclusive águas saborizadas gaseificadas;
§ 1o-B, os entes federativos poderão utilizar sistemas de comunica- 2. (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
ção eletrônica, com regras próprias, para as finalidades previstas no de 2014)
§ 1º-A, podendo a referida regulamentação prever a adoção desses 3 - preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentra-
sistemas como meios complementares de comunicação. dos ou sabores concentrados), para elaboração de bebida refrige-
§ 2o A opção de que trata o caput deste artigo deverá ser reali- rante, com capacidade de diluição de até 10 (dez) partes da bebida
zada no mês de janeiro, até o seu último dia útil, produzindo efeitos para cada parte do concentrado;
a partir do primeiro dia do ano-calendário da opção, ressalvado o
3. (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
disposto no § 3o deste artigo.
de 2014)
§ 3o A opção produzirá efeitos a partir da data do início de
4 - cervejas sem álcool;
atividade, desde que exercida nos termos, prazo e condições a se-
c) bebidas alcoólicas, exceto aquelas produzidas ou vendidas
rem estabelecidos no ato do Comitê Gestor a que se refere o caput
no atacado por: (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
deste artigo.
Produção de efeito
§ 4o Serão consideradas inscritas no Simples Nacional, em 1o
1. micro e pequenas cervejarias; (Incluído pela Lei Complemen-
de julho de 2007, as microempresas e empresas de pequeno porte
regularmente optantes pelo regime tributário de que trata a Lei no tar nº 155, de 2016) Produção de efeito
9.317, de 5 de dezembro de 1996, salvo as que estiverem impedidas 2. micro e pequenas vinícolas; (Incluído pela Lei Complementar
de optar por alguma vedação imposta por esta Lei Complementar. nº 155, de 2016) Produção de efeito
§ 5o O Comitê Gestor regulamentará a opção automática pre- 3. produtores de licores; (Incluído pela Lei Complementar nº
vista no § 4o deste artigo. 155, de 2016) Produção de efeito
§ 6o O indeferimento da opção pelo Simples Nacional será for- 4. micro e pequenas destilarias; (Incluído pela Lei Complemen-
malizado mediante ato da Administração Tributária segundo regu- tar nº 155, de 2016) Produção de efeito
lamentação do Comitê Gestor. XI - (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
de 2014) (Produção de efeito)
SEÇÃO II XII - que realize cessão ou locação de mão-de-obra;
DAS VEDAÇÕES AO INGRESSO NO SIMPLES NACIONAL XIII - (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº
147, de 2014) (Produção de efeito)
Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na XIV - que se dedique ao loteamento e à incorporação de imó-
forma do Simples Nacional a microempresa ou empresa de peque- veis.
no porte: (Redação dada pela Lei Complementar nº 167, de 2019) XV - que realize atividade de locação de imóveis próprios, ex-
I - que explore atividade de prestação cumulativa e contínua ceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS.
de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e ris- XVI - com ausência de inscrição ou com irregularidade em ca-
cos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento dastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando exigível.
de ativos (asset management) ou compra de direitos creditórios re- § 1º As vedações relativas a exercício de atividades previstas
sultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços no caput deste artigo não se aplicam às pessoas jurídicas que se de-
(factoring) ou que execute operações de empréstimo, de financia- diquem exclusivamente às atividades referidas nos §§ 5o-B a 5o-E
mento e de desconto de títulos de crédito, exclusivamente com re- do art. 18 desta Lei Complementar, ou as exerçam em conjunto
cursos próprios, tendo como contrapartes microempreendedores com outras atividades que não tenham sido objeto de vedação no
individuais, microempresas e empresas de pequeno porte, inclusi- caput deste artigo.
ve sob a forma de empresa simples de crédito; (Redação dada pela I - (REVOGADO)
Lei Complementar nº 167, de 2019) II - (REVOGADO)
II - que tenha sócio domiciliado no exterior; III - (REVOGADO)
III - de cujo capital participe entidade da administração pública, IV - (REVOGADO)
direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; V - (REVOGADO)
IV - (REVOGADO) VI - (REVOGADO)
V - que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro So- VII - (REVOGADO)
cial - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Muni- VIII - (REVOGADO)
cipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; IX - (REVOGADO)

113
LEGISLAÇÃO
X - (REVOGADO) § 1o-B. Os percentuais efetivos de cada tributo serão calcu-
XI - (REVOGADO) lados a partir da alíquota efetiva, multiplicada pelo percentual de
XII - (REVOGADO) repartição constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar, ob-
XIII - (REVOGADO) servando-se que: (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
XIV - (REVOGADO) Produção de efeito
XV - (REVOGADO) I - o percentual efetivo máximo destinado ao ISS será de 5%
XVI - (REVOGADO) (cinco por cento), transferindo-se eventual diferença, de forma
XVII - (REVOGADO) proporcional, aos tributos federais da mesma faixa de receita bruta
XVIII - (REVOGADO) anual; (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
XIX - (REVOGADO) de efeito
XX - (REVOGADO) II - eventual diferença centesimal entre o total dos percentuais
XXI - (REVOGADO) e a alíquota efetiva será transferida para o tributo com maior per-
XXII - (VETADO); centual de repartição na respectiva faixa de receita bruta. (Incluído
XXIII - (REVOGADO) pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
XXIV - (REVOGADO) § 1o-C. Na hipótese de transformação, extinção, fusão ou su-
XXV - (REVOGADO) cessão dos tributos referidos nos incisos IV e V do art. 13, serão
XXVI - (REVOGADO) mantidas as alíquotas nominais e efetivas previstas neste artigo e
XXVII - (REVOGADO) nos Anexos I a V desta Lei Complementar, e lei ordinária disporá so-
XXVIII - (VETADO). bre a repartição dos valores arrecadados para os tributos federais,
§ 2o Também poderá optar pelo Simples Nacional a microem- sem alteração no total dos percentuais de repartição a eles devi-
presa ou empresa de pequeno porte que se dedique à prestação de dos, e mantidos os percentuais de repartição destinados ao ICMS e
outros serviços que não tenham sido objeto de vedação expressa ao ISS. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
neste artigo, desde que não incorra em nenhuma das hipóteses de de efeito
vedação previstas nesta Lei Complementar. § 2o Em caso de início de atividade, os valores de receita bruta
§ 3o (VETADO). acumulada constantes dos Anexos I a V desta Lei Complementar
§ 4º Na hipótese do inciso XVI do caput, deverá ser observado, devem ser proporcionalizados ao número de meses de atividade no
para o MEI, o disposto no art. 4o desta Lei Complementar. período. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
§ 5o As empresas que exerçam as atividades previstas nos Produção de efeito
itens da alínea c do inciso X do caput deste artigo deverão obri- § 3o Sobre a receita bruta auferida no mês incidirá a alíquota
gatoriamente ser registradas no Ministério da Agricultura, Pecuá- efetiva determinada na forma do caput e dos §§ 1o, 1o-A e 2o deste
ria e Abastecimento e obedecerão também à regulamentação da artigo, podendo tal incidência se dar, à opção do contribuinte, na
Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Secretaria da Receita forma regulamentada pelo Comitê Gestor, sobre a receita recebida
Federal do Brasil quanto à produção e à comercialização de bebi- no mês, sendo essa opção irretratável para todo o ano-calendário.
das alcoólicas. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
Produção de efeito de efeito
§ 4o O contribuinte deverá considerar, destacadamente, para
SEÇÃO III fim de pagamento, as receitas decorrentes da: (Redação dada pela
DAS ALÍQUOTAS E BASE DE CÁLCULO Lei Complementar nº 147, de 2014)
I - revenda de mercadorias, que serão tributadas na forma do
Art. 18. O valor devido mensalmente pela microempresa ou Anexo I desta Lei Complementar; (Redação dada pela Lei Comple-
empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional será de- mentar nº 147, de 2014)
terminado mediante aplicação das alíquotas efetivas, calculadas a II - venda de mercadorias industrializadas pelo contribuinte,
partir das alíquotas nominais constantes das tabelas dos Anexos I a que serão tributadas na forma do Anexo II desta Lei Complementar;
V desta Lei Complementar, sobre a base de cálculo de que trata o § (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
3o deste artigo, observado o disposto no § 15 do art. 3o. (Redação III - prestação de serviços de que trata o § 5o-B deste artigo e
dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito dos serviços vinculados à locação de bens imóveis e corretagem de
§ 1o Para efeito de determinação da alíquota nominal, o su- imóveis desde que observado o disposto no inciso XV do art. 17,
jeito passivo utilizará a receita bruta acumulada nos doze meses que serão tributados na forma do Anexo III desta Lei Complemen-
anteriores ao do período de apuração. (Redação dada pela Lei Com- tar; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
plementar nº 155, de 2016) Produção de efeito IV - prestação de serviços de que tratam os §§ 5o-C a 5o-F e
§ 1o A. A alíquota efetiva é o resultado de: 5o-I deste artigo, que serão tributadas na forma prevista naqueles
RBT12xAliq-PD, em que: parágrafos; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
RBT12 V - locação de bens móveis, que serão tributadas na forma do
(Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de Anexo III desta Lei Complementar, deduzida a parcela correspon-
efeito dente ao ISS; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de
I - RBT12: receita bruta acumulada nos doze meses anteriores 2014)
ao período de apuração; (Incluído pela Lei Complementar nº 155, VI - atividade com incidência simultânea de IPI e de ISS, que
de 2016) Produção de efeito serão tributadas na forma do Anexo II desta Lei Complementar, de-
II - Aliq: alíquota nominal constante dos Anexos I a V desta Lei duzida a parcela correspondente ao ICMS e acrescida a parcela cor-
Complementar; (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) respondente ao ISS prevista no Anexo III desta Lei Complementar;
Produção de efeito (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
III - PD: parcela a deduzir constante dos Anexos I a V desta Lei VII - comercialização de medicamentos e produtos magistrais
Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) produzidos por manipulação de fórmulas: (Incluído pela Lei Com-
Produção de efeito plementar nº 147, de 2014)

114
LEGISLAÇÃO
a) sob encomenda para entrega posterior ao adquirente, em XIII - transporte municipal de passageiros;
caráter pessoal, mediante prescrições de profissionais habilitados XIV - escritórios de serviços contábeis, observado o disposto
ou indicação pelo farmacêutico, produzidos no próprio estabeleci- nos §§ 22-B e 22-C deste artigo.
mento após o atendimento inicial, que serão tributadas na forma XV - produções cinematográficas, audiovisuais, artísticas e cul-
do Anexo III desta Lei Complementar; (Incluído pela Lei Comple- turais, sua exibição ou apresentação, inclusive no caso de música,
mentar nº 147, de 2014) literatura, artes cênicas, artes visuais, cinematográficas e audiovi-
b) nos demais casos, quando serão tributadas na forma do suais.
Anexo I desta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Complementar XVI - fisioterapia; (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de
nº 147, de 2014) 2014)
§ 4o-A. O contribuinte deverá segregar, também, as receitas: XVII - corretagem de seguros. (Incluído pela Lei Complementar
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) nº 147, de 2014)
I - decorrentes de operações ou prestações sujeitas à tributa- XVIII - arquitetura e urbanismo; (Incluído pela Lei Complemen-
ção concentrada em uma única etapa (monofásica), bem como, em tar nº 155, de 2016) Produção de efeito
relação ao ICMS, que o imposto já tenha sido recolhido por substi- XIX - medicina, inclusive laboratorial, e enfermagem; (Incluído
tuto tributário ou por antecipação tributária com encerramento de pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
tributação; (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) XX - odontologia e prótese dentária; (Incluído pela Lei Comple-
II - sobre as quais houve retenção de ISS na forma do § 6o deste mentar nº 155, de 2016) Produção de efeito
artigo e § 4o do art. 21 desta Lei Complementar, ou, na hipótese do XXI - psicologia, psicanálise, terapia ocupacional, acupuntura,
§ 22-A deste artigo, seja devido em valor fixo ao respectivo municí- podologia, fonoaudiologia, clínicas de nutrição e de vacinação e
pio; (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) bancos de leite. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
III - sujeitas à tributação em valor fixo ou que tenham sido ob- Produção de efeito
jeto de isenção ou redução de ISS ou de ICMS na forma prevista § 5º-C Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 17 desta Lei
nesta Lei Complementar; (Incluído pela Lei Complementar nº 147, Complementar, as atividades de prestação de serviços seguintes
de 2014) serão tributadas na forma do Anexo IV desta Lei Complementar,
IV - decorrentes da exportação para o exterior, inclusive as ven- hipótese em que não estará incluída no Simples Nacional a con-
das realizadas por meio de comercial exportadora ou da sociedade tribuição prevista no inciso VI do caput do art. 13 desta Lei Com-
de propósito específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar; plementar, devendo ela ser recolhida segundo a legislação prevista
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) para os demais contribuintes ou responsáveis:
V - sobre as quais o ISS seja devido a Município diverso do es- I - construção de imóveis e obras de engenharia em geral, in-
tabelecimento prestador, quando será recolhido no Simples Nacio-
clusive sob a forma de subempreitada, execução de projetos e ser-
nal. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
viços de paisagismo, bem como decoração de interiores;
§ 5º As atividades industriais serão tributadas na forma do
II - (REVOGADO)
Anexo II desta Lei Complementar..
III - (REVOGADO)
I - (REVOGADO)
IV - (REVOGADO)
II - (REVOGADO)
V - (REVOGADO)
III - (REVOGADO)
VI - serviço de vigilância, limpeza ou conservação.
IV - (REVOGADO)
VII - serviços advocatícios. (Incluído pela Lei Complementar nº
V - (REVOGADO)
VI - (REVOGADO) 147, de 2014)
VII - (REVOGADO). § 5o-D. Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 17 desta Lei
§ 5o-A. (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº Complementar, as seguintes atividades de prestação de serviços
147, de 2014) (Produção de efeito) serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei Complementar:
§ 5º-B Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 17 desta Lei (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
Complementar, serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei de efeito
Complementar as seguintes atividades de prestação de serviços: I - administração e locação de imóveis de terceiros; (Redação
I - creche, pré-escola e estabelecimento de ensino fundamen- dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
tal, escolas técnicas, profissionais e de ensino médio, de línguas II - academias de dança, de capoeira, de ioga e de artes mar-
estrangeiras, de artes, cursos técnicos de pilotagem, preparatórios ciais;
para concursos, gerenciais e escolas livres, exceto as previstas nos III - academias de atividades físicas, desportivas, de natação e
incisos II e III do § 5º-D deste artigo; escolas de esportes;
II - agência terceirizada de correios; IV - elaboração de programas de computadores, inclusive jo-
III - agência de viagem e turismo; gos eletrônicos, desde que desenvolvidos em estabelecimento do
IV - centro de formação de condutores de veículos automoto- optante;
res de transporte terrestre de passageiros e de carga; V - licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de
V - agência lotérica; computação;
VI - (REVOGADO) VI - planejamento, confecção, manutenção e atualização de
VII - (REVOGADO) páginas eletrônicas, desde que realizados em estabelecimento do
VIII - (REVOGADO) optante;
IX - serviços de instalação, de reparos e de manutenção em VII - (REVOGADO)
geral, bem como de usinagem, solda, tratamento e revestimento VIII - (REVOGADO)
em metais; IX - empresas montadoras de estandes para feiras;
X - (REVOGADO) X - (REVOGADO)
XI - (REVOGADO) XI - (REVOGADO)
XII - (REVOGADO) XII - laboratórios de análises clínicas ou de patologia clínica;

115
LEGISLAÇÃO
XIII - serviços de tomografia, diagnósticos médicos por ima- § 5o-K. Para o cálculo da razão a que se referem os §§ 5o-J e
gem, registros gráficos e métodos óticos, bem como ressonância 5o-M, serão considerados, respectivamente, os montantes pagos e
magnética; auferidos nos doze meses anteriores ao período de apuração para
XIV - serviços de prótese em geral. fins de enquadramento no regime tributário do Simples Nacional.
§ 5o-E. Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 17 desta Lei (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
Complementar, as atividades de prestação de serviços de comu- § 5o-L. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de
nicação e de transportes interestadual e intermunicipal de cargas, 2016) Produção de efeito
e de transportes autorizados no inciso VI do caput do art. 17, in- § 5o-M. Quando a relação entre a folha de salários e a receita
clusive na modalidade fluvial, serão tributadas na forma do Anexo bruta da microempresa ou da empresa de pequeno porte for infe-
III, deduzida a parcela correspondente ao ISS e acrescida a parcela rior a 28% (vinte e oito por cento), serão tributadas na forma do
correspondente ao ICMS prevista no Anexo I. (Redação dada pela Anexo V desta Lei Complementar as atividades previstas: (Incluído
Lei Complementar nº 147, de 2014) pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
§ 5o-F. As atividades de prestação de serviços referidas no § I - nos incisos XVI, XVIII, XIX, XX e XXI do § 5o-B deste artigo; (In-
2o do art. 17 desta Lei Complementar serão tributadas na forma cluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
do Anexo III desta Lei Complementar, salvo se, para alguma dessas II - no § 5o-D deste artigo. (Incluído pela Lei Complementar nº
atividades, houver previsão expressa de tributação na forma dos 155, de 2016) Produção de efeito
Anexos IV ou V desta Lei Complementar. (Redação dada pela Lei § 6o No caso dos serviços previstos no § 2o do art. 6o da Lei
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito Complementar no 116, de 31 de julho de 2003, prestados pelas mi-
§ 5o-G. (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº croempresas e pelas empresas de pequeno porte, o tomador do
147, de 2014) (Produção de efeito) serviço deverá reter o montante correspondente na forma da legis-
§ 5o-H. A vedação de que trata o inciso XII do caput do art. 17 lação do município onde estiver localizado, observado o disposto
desta Lei Complementar não se aplica às atividades referidas no § no §4o do art. 21 desta Lei Complementar.
5o-C deste artigo. § 7o A sociedade de propósito específico de que trata o art.
§ 5o-I. Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 17 desta Lei 56 desta Lei Complementar que houver adquirido mercadorias de
Complementar, as seguintes atividades de prestação de serviços microempresa ou empresa de pequeno porte que seja sua sócia,
serão tributadas na forma do Anexo V desta Lei Complementar: bem como a empresa comercial exportadora que houver adquirido
(Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção mercadorias ou serviços de empresa optante pelo Simples Nacio-
de efeito nal, com o fim específico de exportação para o exterior, que, no
I - (Revogado pela Lei Complementar nº 155, de 2016) prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data da emissão da
II - medicina veterinária; (Incluído pela Lei Complementar nº nota fiscal pela vendedora, não comprovar o seu embarque para o
147, de 2014) (Produção de efeito) exterior ficará sujeita ao pagamento de todos os impostos e contri-
III - (Revogado pela Lei Complementar nº 155, de 2016) buições que deixaram de ser pagos pela empresa vendedora, acres-
IV - (Revogado pela Lei Complementar nº 155, de 2016) cidos de juros de mora e multa, de mora ou de ofício, calculados na
V - serviços de comissaria, de despachantes, de tradução e de forma da legislação relativa à cobrança do tributo não pago, aplicá-
interpretação; (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) vel à sociedade de propósito específico ou à própria comercial ex-
(Produção de efeito) portadora. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
VI - engenharia, medição, cartografia, topografia, geologia, ge- (Produção de efeito)
odésia, testes, suporte e análises técnicas e tecnológicas, pesquisa, § 8o Para efeito do disposto no § 7o deste artigo, considera-se
design, desenho e agronomia; (Redação dada pela Lei Complemen- vencido o prazo para o pagamento na data em que a empresa ven-
tar nº 155, de 2016) Produção de efeito dedora deveria fazê-lo, caso a venda houvesse sido efetuada para
VII - representação comercial e demais atividades de interme- o mercado interno.
diação de negócios e serviços de terceiros; (Incluído pela Lei Com- § 9o Relativamente à contribuição patronal previdenciária, de-
plementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) vida pela vendedora, a sociedade de propósito específico de que
VIII - perícia, leilão e avaliação; (Incluído pela Lei Complemen- trata o art. 56 desta Lei Complementar ou a comercial exportadora
tar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) deverão recolher, no prazo previsto no § 8o deste artigo, o valor
IX - auditoria, economia, consultoria, gestão, organização, con- correspondente a 11% (onze por cento) do valor das mercadorias
trole e administração; (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de não exportadas nos termos do § 7o deste artigo.
2014) (Produção de efeito) § 10. Na hipótese do § 7o deste artigo, a sociedade de propó-
X - jornalismo e publicidade; (Incluído pela Lei Complementar sito específico de que trata o art. 56 desta Lei Complementar ou a
nº 147, de 2014) (Produção de efeito) empresa comercial exportadora não poderão deduzir do montante
XI - agenciamento, exceto de mão de obra; (Incluído pela Lei devido qualquer valor a título de crédito de Imposto sobre Produ-
Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) tos Industrializados - IPI da Contribuição para o PIS/PASEP ou da
XII - outras atividades do setor de serviços que tenham por fi- COFINS, decorrente da aquisição das mercadorias e serviços objeto
nalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de ati- da incidência.
vidade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, ar- § 11. Na hipótese do § 7o deste artigo, a sociedade de propó-
tística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, sito específico ou a empresa comercial exportadora deverão pagar,
desde que não sujeitas à tributação na forma dos Anexos III ou IV também, os impostos e contribuições devidos nas vendas para o
desta Lei Complementar. (Redação dada pela Lei Complementar nº mercado interno, caso, por qualquer forma, tenham alienado ou
155, de 2016) Produção de efeito utilizado as mercadorias.
§ 5o-J. As atividades de prestação de serviços a que se refere o § 12. Na apuração do montante devido no mês relativo a cada
§ 5o-I serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei Complemen- tributo, para o contribuinte que apure receitas mencionadas nos
tar caso a razão entre a folha de salários e a receita bruta da pessoa incisos I a III e V do § 4o-A deste artigo, serão consideradas as
jurídica seja igual ou superior a 28% (vinte e oito por cento). (In- reduções relativas aos tributos já recolhidos, ou sobre os quais
cluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito tenha havido tributação monofásica, isenção, redução ou, no caso

116
LEGISLAÇÃO
do ISS, que o valor tenha sido objeto de retenção ou seja devido § 18-A. A microempresa que, no ano-calendário, exceder o li-
diretamente ao Município. (Redação dada pela Lei Complementar mite de receita bruta previsto no § 18 fica impedida de recolher o
nº 147, de 2014) ICMS ou o ISS pela sistemática de valor fixo, a partir do mês subse-
§ 13. Para efeito de determinação da redução de que trata o quente à ocorrência do excesso, sujeitando-se à apuração desses
§ 12 deste artigo, as receitas serão discriminadas em comerciais, tributos na forma das demais empresas optantes pelo Simples Na-
industriais ou de prestação de serviços, na forma dos Anexos I, II, cional. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção
III, IV e V desta Lei Complementar. (Redação dada pela Lei Comple- de efeito)
mentar nº 155, de 2016) Produção de efeito § 19. Os valores estabelecidos no § 18 deste artigo não pode-
§ 14. A redução no montante a ser recolhido no Simples Nacio- rão exceder a 50% (cinqüenta por cento) do maior recolhimento
nal relativo aos valores das receitas decorrentes da exportação de possível do tributo para a faixa de enquadramento prevista na ta-
que trata o inciso IV do § 4o-A deste artigo corresponderá tão so- bela do caput deste artigo, respeitados os acréscimos decorrentes
mente às alíquotas efetivas relativas à Cofins, à Contribuição para o do tipo de atividade da empresa estabelecidos no § 5o deste artigo.
PIS/Pasep, ao IPI, ao ICMS e ao ISS, apuradas com base nos Anexos § 20. Na hipótese em que o Estado, o Município ou o Distrito
I a V desta Lei Complementar. (Redação dada pela Lei Complemen- Federal concedam isenção ou redução do ICMS ou do ISS devido
tar nº 155, de 2016) Produção de efeito por microempresa ou empresa de pequeno porte, ou ainda deter-
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, mine recolhimento de valor fixo para esses tributos, na forma do §
de 2014) (Produção de efeito) 18 deste artigo, será realizada redução proporcional ou ajuste do
II - (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, valor a ser recolhido, na forma definida em resolução do Comitê
de 2014) (Produção de efeito) Gestor.
§ 15. Será disponibilizado sistema eletrônico para realização do § 20-A. A concessão dos benefícios de que trata o § 20 deste
cálculo simplificado do valor mensal devido referente ao Simples artigo poderá ser realizada:
Nacional. I - mediante deliberação exclusiva e unilateral do Estado, do
§ 15-A. As informações prestadas no sistema eletrônico de cál- Distrito Federal ou do Município concedente;
culo de que trata o § 15: II - de modo diferenciado para cada ramo de atividade.
§ 20-B. A União, os Estados e o Distrito Federal poderão, em
I - têm caráter declaratório, constituindo confissão de dívida e
lei específica destinada à ME ou EPP optante pelo Simples Nacio-
instrumento hábil e suficiente para a exigência dos tributos e con-
nal, estabelecer isenção ou redução de COFINS, Contribuição para
tribuições que não tenham sido recolhidos resultantes das informa-
o PIS/PASEP e ICMS para produtos da cesta básica, discriminando
ções nele prestadas; e
a abrangência da sua concessão. (Incluído pela Lei Complementar
II - deverão ser fornecidas à Secretaria da Receita Federal do
nº 147, de 2014)
Brasil até o vencimento do prazo para pagamento dos tributos de-
§ 21. O valor a ser recolhido na forma do disposto no § 20 des-
vidos no Simples Nacional em cada mês, relativamente aos fatos
te artigo, exclusivamente na hipótese de isenção, não integrará o
geradores ocorridos no mês anterior.
montante a ser partilhado com o respectivo Município, Estado ou
§ 16. Na hipótese do § 12 do art. 3o, a parcela de receita bruta Distrito Federal.
que exceder o montante determinado no § 10 daquele artigo es- § 22. (REVOGADO)
tará sujeita às alíquotas máximas previstas nos Anexos I a V desta § 22-A. A atividade constante do inciso XIV do § 5º-B deste ar-
Lei Complementar, proporcionalmente, conforme o caso. (Redação tigo recolherá o ISS em valor fixo, na forma da legislação municipal.
dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito § 22-B. Os escritórios de serviços contábeis, individualmente
§ 16-A. O disposto no § 16 aplica-se, ainda, às hipóteses de que ou por meio de suas entidades representativas de classe, deverão:
trata o § 9o do art. 3o, a partir do mês em que ocorrer o excesso I – promover atendimento gratuito relativo à inscrição, à opção
do limite da receita bruta anual e até o mês anterior aos efeitos da de que trata o art. 18-A desta Lei Complementar e à primeira de-
exclusão. claração anual simplificada da microempresa individual, podendo,
§ 17. Na hipótese do § 13 do art. 3o, a parcela de receita bruta para tanto, por meio de suas entidades representativas de classe,
que exceder os montantes determinados no § 11 daquele artigo firmar convênios e acordos com a União, os Estados, o Distrito Fe-
estará sujeita, em relação aos percentuais aplicáveis ao ICMS e ao deral e os Municípios, por intermédio dos seus órgãos vinculados;
ISS, às alíquotas máximas correspondentes a essas faixas previstas II – fornecer, na forma estabelecida pelo Comitê Gestor, re-
nos Anexos I a V desta Lei Complementar, proporcionalmente, con- sultados de pesquisas quantitativas e qualitativas relativas às mi-
forme o caso. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de croempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples
2016) Produção de efeito Nacional por eles atendidas;
§ 17-A. O disposto no § 17 aplica-se, ainda, à hipótese de que III – promover eventos de orientação fiscal, contábil e tributá-
trata o § 1o do art. 20, a partir do mês em que ocorrer o excesso ria para as microempresas e empresas de pequeno porte optantes
do limite da receita bruta anual e até o mês anterior aos efeitos do pelo Simples Nacional por eles atendidas.
impedimento. § 22-C. Na hipótese de descumprimento das obrigações de que
§ 18. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âm- trata o § 22-B deste artigo, o escritório será excluído do Simples
bito das respectivas competências, poderão estabelecer, na forma Nacional, com efeitos a partir do mês subseqüente ao do descum-
definida pelo Comitê Gestor, independentemente da receita bruta primento, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor.
recebida no mês pelo contribuinte, valores fixos mensais para o re- § 23. Da base de cálculo do ISS será abatido o material forne-
colhimento do ICMS e do ISS devido por microempresa que aufira cido pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da
receita bruta, no ano-calendário anterior, de até o limite máximo lista de serviços anexa à Lei Complementar no 116, de 31 de julho
previsto na segunda faixa de receitas brutas anuais constantes dos de 2003.
Anexos I a VI, ficando a microempresa sujeita a esses valores du- § 24. Para efeito de aplicação do § 5o-K, considera-se folha de
rante todo o ano-calendário, ressalvado o disposto no § 18-A. (Re- salários, incluídos encargos, o montante pago, nos doze meses an-
dação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de teriores ao período de apuração, a título de remunerações a pesso-
efeito) as físicas decorrentes do trabalho, acrescido do montante efetiva-

117
LEGISLAÇÃO
mente recolhido a título de contribuição patronal previdenciária e § 4o Não poderá optar pela sistemática de recolhimento pre-
FGTS, incluídas as retiradas de pró-labore. (Redação dada pela Lei vista no caput deste artigo o MEI:
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito I - cuja atividade seja tributada na forma dos Anexos V ou VI
§ 25. Para efeito do disposto no § 24 deste artigo, deverão ser desta Lei Complementar, salvo autorização relativa a exercício de
consideradas tão somente as remunerações informadas na forma atividade isolada na forma regulamentada pelo CGSN; (Redação
prevista no inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212, de 24 de dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
julho de 1991. II - que possua mais de um estabelecimento;
§ 26. Não são considerados, para efeito do disposto no § 24, III - que participe de outra empresa como titular, sócio ou ad-
valores pagos a título de aluguéis e de distribuição de lucros, obser- ministrador; ou
vado o disposto no § 1o do art. 14. IV - (Revogado pela Lei Complementar nº 155, de 2016)(Vigên-
§ 27. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de cia)
2016) Produção de efeito V - constituído na forma de startup. (Incluído pela Lei Comple-
Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar mentar nº 167, de 2019)
pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo § 4º-A. Observadas as demais condições deste artigo, poderá
Simples Nacional em valores fixos mensais, independentemente optar pela sistemática de recolhimento prevista no caput o empre-
da receita bruta por ele auferida no mês, na forma prevista neste sário individual que exerça atividade de comercialização e proces-
artigo. samento de produtos de natureza extrativista.
§ 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI § 4º-B. O CGSN determinará as atividades autorizadas a optar
o empresário individual que se enquadre na definição do art. 966 pela sistemática de recolhimento de que trata este artigo, de forma
da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou o em- a evitar a fragilização das relações de trabalho, bem como sobre a
preendedor que exerça as atividades de industrialização, comercia- incidência do ICMS e do ISS.
lização e prestação de serviços no âmbito rural, que tenha auferido § 5º A opção de que trata o caput deste artigo dar-se-á na for-
receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oi- ma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, observando-se
tenta e um mil reais), que seja optante pelo Simples Nacional e que que:
não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo.
I - será irretratável para todo o ano-calendário;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
II - deverá ser realizada no início do ano-calendário, na forma
de efeito
disciplinada pelo Comitê Gestor, produzindo efeitos a partir do pri-
§ 2o No caso de início de atividades, o limite de que trata o
meiro dia do ano-calendário da opção, ressalvado o disposto no
§ 1o será de R$ 6.750,00 (seis mil, setecentos e cinquenta reais)
inciso III;
multiplicados pelo número de meses compreendido entre o início
III - produzirá efeitos a partir da data do início de atividade
da atividade e o final do respectivo ano-calendário, consideradas
desde que exercida nos termos, prazo e condições a serem esta-
as frações de meses como um mês inteiro. (Redação dada pela Lei
belecidos em ato do Comitê Gestor a que se refere o caput deste
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
§ 3º Na vigência da opção pela sistemática de recolhimento parágrafo.
prevista no caput deste artigo: § 6º O desenquadramento da sistemática de que trata o caput
I – não se aplica o disposto no § 18 do art. 18 desta Lei Com- deste artigo será realizado de ofício ou mediante comunicação do
plementar; MEI.
II – não se aplica a redução prevista no § 20 do art. 18 desta Lei § 7º O desenquadramento mediante comunicação do MEI à
Complementar ou qualquer dedução na base de cálculo; Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB dar-se-á:
III - não se aplicam as isenções específicas para as microempre- I - por opção, que deverá ser efetuada no início do ano-calen-
sas e empresas de pequeno porte concedidas pelo Estado, Municí- dário, na forma disciplinada pelo Comitê Gestor, produzindo efei-
pio ou Distrito Federal a partir de 1o de julho de 2007 que abranjam tos a partir de 1º de janeiro do ano-calendário da comunicação;
integralmente a faixa de receita bruta anual até o limite previsto II - obrigatoriamente, quando o MEI incorrer em alguma das si-
no § 1º; tuações previstas no § 4º deste artigo, devendo a comunicação ser
IV – a opção pelo enquadramento como Microempreendedor efetuada até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que
Individual importa opção pelo recolhimento da contribuição referi- ocorrida a situação de vedação, produzindo efeitos a partir do mês
da no inciso X do § 1o do art. 13 desta Lei Complementar na forma subseqüente ao da ocorrência da situação impeditiva;
prevista no § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; III - obrigatoriamente, quando o MEI exceder, no ano-calendá-
V – o MEI, com receita bruta anual igual ou inferior a R$ rio, o limite de receita bruta previsto no § 1º deste artigo, devendo
81.000,00 (oitenta e um mil reais), recolherá, na forma regulamen- a comunicação ser efetuada até o último dia útil do mês subse-
tada pelo Comitê Gestor, valor fixo mensal correspondente à soma qüente àquele em que ocorrido o excesso, produzindo efeitos:
das seguintes parcelas: (Redação dada pela Lei Complementar nº a) a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subseqüente ao
155, de 2016) Produção de efeito da ocorrência do excesso, na hipótese de não ter ultrapassado o
a) R$ 45,65 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centa- referido limite em mais de 20% (vinte por cento);
vos), a título da contribuição prevista no inciso IV deste parágrafo; b) retroativamente a 1º de janeiro do ano-calendário da ocor-
b) R$ 1,00 (um real), a título do imposto referido no inciso VII rência do excesso, na hipótese de ter ultrapassado o referido limite
do caput do art. 13 desta Lei Complementar, caso seja contribuinte em mais de 20% (vinte por cento);
do ICMS; e IV - obrigatoriamente, quando o MEI exceder o limite de recei-
c) R$ 5,00 (cinco reais), a título do imposto referido no inciso ta bruta previsto no § 2º deste artigo, devendo a comunicação ser
VIII do caput do art. 13 desta Lei Complementar, caso seja contri- efetuada até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que
buinte do ISS; ocorrido o excesso, produzindo efeitos:
VI – sem prejuízo do disposto nos §§ 1o a 3o do art. 13, o MEI a) a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subseqüente ao
terá isenção dos tributos referidos nos incisos I a VI do caput daque- da ocorrência do excesso, na hipótese de não ter ultrapassado o
le artigo, ressalvado o disposto no art. 18-C. referido limite em mais de 20% (vinte por cento);

118
LEGISLAÇÃO
b) retroativamente ao início de atividade, na hipótese de ter III - abertura de filial.
ultrapassado o referido limite em mais de 20% (vinte por cento). § 18. Os Municípios somente poderão realizar o cancelamento
§ 8º O desenquadramento de ofício dar-se-á quando verificada da inscrição do MEI caso tenham regulamentação própria de clas-
a falta de comunicação de que trata o § 7º deste artigo. sificação de risco e o respectivo processo simplificado de inscrição
§ 9º O Empresário Individual desenquadrado da sistemática de e legalização, em conformidade com esta Lei Complementar e com
recolhimento prevista no caput deste artigo passará a recolher os as resoluções do CGSIM. (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
tributos devidos pela regra geral do Simples Nacional a partir da de 2014)
data de início dos efeitos do desenquadramento, ressalvado o dis- § 19. Fica vedada aos conselhos representativos de categorias
posto no § 10 deste artigo. econômicas a exigência de obrigações diversas das estipuladas nes-
§ 10. Nas hipóteses previstas nas alíneas a dos incisos III e IV ta Lei Complementar para inscrição do MEI em seus quadros, sob
do § 7º deste artigo, o MEI deverá recolher a diferença, sem acrés- pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
cimos, em parcela única, juntamente com a da apuração do mês de de 2014)
janeiro do ano-calendário subseqüente ao do excesso, na forma a § 19-A O MEI inscrito no conselho profissional de sua categoria
ser estabelecida em ato do Comitê Gestor. na qualidade de pessoa física é dispensado de realizar nova inscri-
§ 11. O valor referido na alínea a do inciso V do § 3o deste ar- ção no mesmo conselho na qualidade de empresário individual. (In-
tigo será reajustado, na forma prevista em lei ordinária, na mesma cluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
data de reajustamento dos benefícios de que trata a Lei no 8.213, § 19-B. São vedadas aos conselhos profissionais, sob pena de
de 24 de julho de 1991, de forma a manter equivalência com a con- responsabilidade, a exigência de inscrição e a execução de qualquer
tribuição de que trata o § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de tipo de ação fiscalizadora quando a ocupação do MEI não exigir re-
julho de 1991. gistro profissional da pessoa física. (Incluído pela Lei Complementar
§ 12. Aplica-se ao MEI que tenha optado pela contribuição na nº 155, de 2016) Produção de efeito
forma do § 1o deste artigo o disposto no § 4º do art. 55 e no § 2º § 20. Os documentos fiscais das microempresas e empresas
do art. 94, ambos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, exceto se de pequeno porte poderão ser emitidos diretamente por sistema
optar pela complementação da contribuição previdenciária a que nacional informatizado e pela internet, sem custos para o empre-
se refere o § 3o do art. 21 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. endedor, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor do Simples
§ 13. O MEI está dispensado, ressalvado o disposto no art. 18-C Nacional. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
desta Lei Complementar, de: § 21. Assegurar-se-á o registro nos cadastros oficiais ao guia
I - atender o disposto no inciso IV do caput do art. 32 da Lei no de turismo inscrito como MEI. (Incluído pela Lei Complementar nº
8.212, de 24 de julho de 1991; 147, de 2014)
II - apresentar a Relação Anual de Informações Sociais (Rais); e § 22. Fica vedado às concessionárias de serviço público o au-
III - declarar ausência de fato gerador para a Caixa Econômica mento das tarifas pagas pelo MEI por conta da modificação da sua
Federal para emissão da Certidão de Regularidade Fiscal perante o condição de pessoa física para pessoa jurídica. (Incluído pela Lei
FGTS. Complementar nº 147, de 2014)
§ 23. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de
§ 14. O Comitê Gestor disciplinará o disposto neste artigo.
2014)
§ 15. A inadimplência do recolhimento do valor previsto na alí-
§ 24. Aplica-se ao MEI o disposto no inciso XI do § 4o do art. 3o.
nea “a” do inciso V do § 3o tem como consequência a não conta-
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
gem da competência em atraso para fins de carência para obtenção
§ 25. O MEI poderá utilizar sua residência como sede do es-
dos benefícios previdenciários respectivos.
tabelecimento, quando não for indispensável a existência de local
§ 15-A. Ficam autorizados os Estados, o Distrito Federal e os
próprio para o exercício da atividade. (Incluído pela Lei Comple-
Municípios a promover a remissão dos débitos decorrentes dos va-
mentar nº 154, de 2016)
lores previstos nas alíneas b e c do inciso V do § 3o, inadimplidos Art. 18-B. A empresa contratante de serviços executados por
isolada ou simultaneamente. (Incluído pela Lei Complementar nº intermédio do MEI mantém, em relação a esta contratação, a obri-
147, de 2014) gatoriedade de recolhimento da contribuição a que se refere o in-
§ 15-B. O MEI poderá ter sua inscrição automaticamente ciso III do caput e o § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho
cancelada após período de 12 (doze) meses consecutivos sem de 1991, e o cumprimento das obrigações acessórias relativas à
recolhimento ou declarações, independentemente de qualquer contratação de contribuinte individual. (Vide Lei Complementar nº
notificação, devendo a informação ser publicada no Portal do Em- 147, de 2014)
preendedor, na forma regulamentada pelo CGSIM. (Incluído pela § 1o Aplica-se o disposto neste artigo exclusivamente em rela-
Lei Complementar nº 147, de 2014) ção ao MEI que for contratado para prestar serviços de hidráulica,
§ 16. O CGSN estabelecerá, para o MEI, critérios, procedimen- eletricidade, pintura, alvenaria, carpintaria e de manutenção ou
tos, prazos e efeitos diferenciados para desenquadramento da reparo de veículos. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
sistemática de que trata este artigo, cobrança, inscrição em dívida de 2014)
ativa e exclusão do Simples Nacional. § 2º O disposto no caput e no § 1o não se aplica quando pre-
§ 16-A A baixa do MEI via portal eletrônico dispensa a comuni- sentes os elementos da relação de emprego, ficando a contratante
cação aos órgãos da administração pública. (Incluído pela Lei Com- sujeita a todas as obrigações dela decorrentes, inclusive trabalhis-
plementar nº 155, de 2016) Produção de efeito tas, tributárias e previdenciárias.
§ 17. A alteração de dados no CNPJ informada pelo empresário Art. 18-C. Observado o disposto no caput e nos §§ 1o a 25 do
à Secretaria da Receita Federal do Brasil equivalerá à comunicação art. 18-A desta Lei Complementar, poderá enquadrar-se como MEI
obrigatória de desenquadramento da sistemática de recolhimento o empresário individual ou o empreendedor que exerça as ativida-
de que trata este artigo, nas seguintes hipóteses: des de industrialização, comercialização e prestação de serviços no
I - alteração para natureza jurídica distinta de empresário indi- âmbito rural que possua um único empregado que receba exclu-
vidual a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro sivamente um salário mínimo ou o piso salarial da categoria pro-
de 2002 (Código Civil); fissional. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
II - inclusão de atividade econômica não autorizada pelo CGSN; Produção de efeito

119
LEGISLAÇÃO
§ 1º Na hipótese referida no caput, o MEI: § 4o É vedado impor restrições ao MEI relativamente ao exer-
I - deverá reter e recolher a contribuição previdenciária relativa cício de profissão ou participação em licitações, em função da sua
ao segurado a seu serviço na forma da lei, observados prazo e con- natureza jurídica, inclusive por ocasião da contratação dos serviços
dições estabelecidos pelo CGSN; previstos no § 1o do art. 18-B desta Lei Complementar. (Redação
II - é obrigado a prestar informações relativas ao segurado a dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
seu serviço, na forma estabelecida pelo CGSN; e § 5o O empreendedor que exerça as atividades de industriali-
III - está sujeito ao recolhimento da contribuição de que trata zação, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural que
o inciso VI do caput do art. 13, calculada à alíquota de 3% (três por efetuar seu registro como MEI não perderá a condição de segurado
cento) sobre o salário de contribuição previsto no caput, na forma especial da Previdência Social. (Incluído pela Lei Complementar nº
e prazos estabelecidos pelo CGSN. 155, de 2016) Produção de efeito
§ 2º Para os casos de afastamento legal do único empregado § 6o O disposto no § 5o e o licenciamento simplificado de ati-
do MEI, será permitida a contratação de outro empregado, inclu- vidades para o empreendedor que exerça as atividades de indus-
sive por prazo determinado, até que cessem as condições do afas- trialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural
tamento, na forma estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Em- serão regulamentados pelo CGSIM em até cento e oitenta dias. (In-
prego. cluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
§ 3º O CGSN poderá determinar, com relação ao MEI, a forma, § 7o O empreendedor que exerça as atividades de industria-
a periodicidade e o prazo: lização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural
I - de entrega à Secretaria da Receita Federal do Brasil de uma manterá todas as suas obrigações relativas à condição de produtor
única declaração com dados relacionados a fatos geradores, base rural ou de agricultor familiar. (Incluído pela Lei Complementar nº
de cálculo e valores dos tributos previstos nos arts. 18-A e 18-C, da 155, de 2016) Produção de efeito
contribuição para a Seguridade Social descontada do empregado Art. 19. Sem prejuízo da possibilidade de adoção de todas as
e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e outras in- faixas de receita previstas nos Anexos I a V desta Lei Complemen-
formações de interesse do Ministério do Trabalho e Emprego, do tar, os Estados cuja participação no Produto Interno Bruto brasilei-
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Conselho Curador do ro seja de até 1% (um por cento) poderão optar pela aplicação de
FGTS, observado o disposto no § 7o do art. 26; sublimite para efeito de recolhimento do ICMS na forma do Sim-
II - do recolhimento dos tributos previstos nos arts. 18-A e 18- ples Nacional nos respectivos territórios, para empresas com re-
C, bem como do FGTS e da contribuição para a Seguridade Social ceita bruta anual de até R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos
mil reais). (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
descontada do empregado.
Produção de efeito
§ 4o A entrega da declaração única de que trata o inciso I do §
§ 1o A participação no Produto Interno Bruto brasileiro será apu-
3o substituirá, na forma regulamentada pelo CGSN, a obrigatorie-
rada levando em conta o último resultado divulgado pelo Instituto
dade de entrega de todas as informações, formulários e declara-
Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que o substitua.
ções a que estão sujeitas as demais empresas ou equiparados que
§ 2o A opção prevista no caput produzirá efeitos somente para
contratam empregados, inclusive as relativas ao recolhimento do
o ano-calendário subsequente, salvo deliberação do CGSN. (Redação
FGTS, à Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e ao Cadastro
dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
§ 3o O disposto neste artigo aplica-se ao Distrito Federal.
§ 5o Na hipótese de recolhimento do FGTS na forma do inci- § 4o Para os Estados que não tenham adotado sublimite na
so II do § 3o, deve-se assegurar a transferência dos recursos e dos forma do caput e para aqueles cuja participação no Produto Interno
elementos identificadores do recolhimento ao gestor desse fundo Bruto brasileiro seja superior a 1% (um por cento), para efeito de
para crédito na conta vinculada do trabalhador. recolhimento do ICMS e do ISS, observar-se-á obrigatoriamente o
§ 6o O documento de que trata o inciso I do § 3o deste artigo sublimite no valor de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil
tem caráter declaratório, constituindo instrumento hábil e suficien- reais). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
te para a exigência dos tributos e dos débitos fundiários que não te- de efeito
nham sido recolhidos resultantes das informações nele prestadas. Art. 20. A opção feita na forma do art. 19 desta Lei Comple-
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) mentar pelos Estados importará adoção do mesmo limite de recei-
Art. 18-D. A tributação municipal do imposto sobre imóveis ta bruta anual para efeito de recolhimento na forma do ISS dos Mu-
prediais urbanos deverá assegurar tratamento mais favorecido ao nicípios nele localizados, bem como para o do ISS devido no Distrito
MEI para realização de sua atividade no mesmo local em que re- Federal.
sidir, mediante aplicação da menor alíquota vigente para aquela § 1o A empresa de pequeno porte que ultrapassar os limites a
localidade, seja residencial ou comercial, nos termos da lei, sem que se referem o caput e o § 4o do art. 19 estará automaticamente
prejuízo de eventual isenção ou imunidade existente. (Incluído pela impedida de recolher o ICMS e o ISS na forma do Simples Nacional,
Lei Complementar nº 147, de 2014) a partir do mês subsequente àquele em que tiver ocorrido o exces-
Art. 18-E. O instituto do MEI é uma política pública que tem so, relativamente aos seus estabelecimentos localizados na unida-
por objetivo a formalização de pequenos empreendimentos e a in- de da Federação que os houver adotado, ressalvado o disposto nos
clusão social e previdenciária. (Incluído pela Lei Complementar nº §§ 11 e 13 do art. 3o. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155,
147, de 2014) de 2016) Produção de efeito
§ 1o A formalização de MEI não tem caráter eminentemente § 1º-A. Os efeitos do impedimento previsto no § 1º ocorrerão
econômico ou fiscal. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de no ano-calendário subsequente se o excesso verificado não for su-
2014) perior a 20% (vinte por cento) dos limites referidos.
§ 2o Todo benefício previsto nesta Lei Complementar aplicável § 2o O disposto no § 1o deste artigo não se aplica na hipótese
à microempresa estende-se ao MEI sempre que lhe for mais favorá- de o Estado ou de o Distrito Federal adotarem, compulsoriamente
vel. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) ou por opção, a aplicação de faixa de receita bruta superior à que
§ 3o O MEI é modalidade de microempresa. (Incluído pela Lei vinha sendo utilizada no ano-calendário em que ocorreu o excesso
Complementar nº 147, de 2014) da receita bruta.

120
LEGISLAÇÃO
§ 3o Na hipótese em que o recolhimento do ICMS ou do ISS não VI – não será eximida a responsabilidade do prestador de ser-
esteja sendo efetuado por meio do Simples Nacional por força do viços quando a alíquota do ISS informada no documento fiscal for
disposto neste artigo e no art. 19 desta Lei Complementar, as faixas inferior à devida, hipótese em que o recolhimento dessa diferença
de receita do Simples Nacional superiores àquela que tenha sido será realizado em guia própria do Município;
objeto de opção pelos Estados ou pelo Distrito Federal sofrerão, VII – o valor retido, devidamente recolhido, será definitivo, não
para efeito de recolhimento do Simples Nacional, redução da alí- sendo objeto de partilha com os municípios, e sobre a receita de
quota efetiva desses impostos, apurada de acordo com os Anexos I prestação de serviços que sofreu a retenção não haverá incidência
a V desta Lei Complementar, conforme o caso. (Redação dada pela de ISS a ser recolhido no Simples Nacional.
Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito § 4o-A. Na hipótese de que tratam os incisos I e II do § 4o, a
§ 4o O Comitê Gestor regulamentará o disposto neste artigo e falsidade na prestação dessas informações sujeitará o responsável,
no art. 19 desta Lei Complementar. o titular, os sócios ou os administradores da microempresa e da
empresa de pequeno porte, juntamente com as demais pessoas
SEÇÃO IV que para ela concorrerem, às penalidades previstas na legislação
DO RECOLHIMENTO DOS TRIBUTOS DEVIDOS criminal e tributária.
§ 5o O CGSN regulará a compensação e a restituição dos valo-
Art. 21. Os tributos devidos, apurados na forma dos arts. 18 a res do Simples Nacional recolhidos indevidamente ou em montante
20 desta Lei Complementar, deverão ser pagos: superior ao devido.
I - por meio de documento único de arrecadação, instituído § 6o O valor a ser restituído ou compensado será acrescido de
pelo Comitê Gestor; juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do Sistema Especial
II - (REVOGADO) de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, acumulada
III - enquanto não regulamentado pelo Comitê Gestor, até o mensalmente, a partir do mês subsequente ao do pagamento in-
último dia útil da primeira quinzena do mês subseqüente àquele a devido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compen-
que se referir; sação ou restituição, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês
IV - em banco integrante da rede arrecadadora do Simples Na- em que estiver sendo efetuada.
cional, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor.
§ 7o Os valores compensados indevidamente serão exigidos
§ 1o Na hipótese de a microempresa ou a empresa de pequeno
com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35.
porte possuir filiais, o recolhimento dos tributos do Simples Nacio-
§ 8o Na hipótese de compensação indevida, quando se com-
nal dar-se-á por intermédio da matriz.
prove falsidade de declaração apresentada pelo sujeito passivo, o
§ 2o Poderá ser adotado sistema simplificado de arrecadação
contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual
do Simples Nacional, inclusive sem utilização da rede bancária, me-
previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de
diante requerimento do Estado, Distrito Federal ou Município ao
dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo
Comitê Gestor.
§ 3o O valor não pago até a data do vencimento sujeitar-se-á o valor total do débito indevidamente compensado.
à incidência de encargos legais na forma prevista na legislação do § 9o É vedado o aproveitamento de créditos não apurados no
imposto sobre a renda. Simples Nacional, inclusive de natureza não tributária, para extin-
§ 4º A retenção na fonte de ISS das microempresas ou das em- ção de débitos do Simples Nacional.
presas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional somente § 10. Os créditos apurados no Simples Nacional não poderão
será permitida se observado o disposto no art. 3o da Lei Comple- ser utilizados para extinção de outros débitos para com as Fazen-
mentar no 116, de 31 de julho de 2003, e deverá observar as se- das Públicas, salvo por ocasião da compensação de ofício oriunda
guintes normas: de deferimento em processo de restituição ou após a exclusão da
I - a alíquota aplicável na retenção na fonte deverá ser infor- empresa do Simples Nacional.
mada no documento fiscal e corresponderá à alíquota efetiva de § 11. No Simples Nacional, é permitida a compensação tão
ISS a que a microempresa ou a empresa de pequeno porte estiver somente de créditos para extinção de débitos para com o mesmo
sujeita no mês anterior ao da prestação; (Redação dada pela Lei ente federado e relativos ao mesmo tributo.
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito § 12. Na restituição e compensação no Simples Nacional serão
II - na hipótese de o serviço sujeito à retenção ser prestado observados os prazos de decadência e prescrição previstos na Lei
no mês de início de atividades da microempresa ou da empresa de no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional).
pequeno porte, deverá ser aplicada pelo tomador a alíquota efetiva § 13. É vedada a cessão de créditos para extinção de débitos
de 2% (dois por cento); (Redação dada pela Lei Complementar nº no Simples Nacional.
155, de 2016) Produção de efeito § 14. Aplica-se aos processos de restituição e de compensação
III – na hipótese do inciso II deste parágrafo, constatando-se o rito estabelecido pelo CGSN.
que houve diferença entre a alíquota utilizada e a efetivamente § 15. Compete ao CGSN fixar critérios, condições para rescisão,
apurada, caberá à microempresa ou empresa de pequeno porte prazos, valores mínimos de amortização e demais procedimentos
prestadora dos serviços efetuar o recolhimento dessa diferença no para parcelamento dos recolhimentos em atraso dos débitos tri-
mês subseqüente ao do início de atividade em guia própria do Mu- butários apurados no Simples Nacional, observado o disposto no §
nicípio; 3º deste artigo e no art. 35 e ressalvado o disposto no § 19 deste
IV – na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno artigo. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016)
porte estar sujeita à tributação do ISS no Simples Nacional por va- § 16. Os débitos de que trata o § 15 poderão ser parcelados em
lores fixos mensais, não caberá a retenção a que se refere o caput até 60 (sessenta) parcelas mensais, na forma e condições previstas
deste parágrafo; pelo CGSN. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016)
V - na hipótese de a microempresa ou a empresa de pequeno § 17. O valor de cada prestação mensal, por ocasião do pa-
porte não informar a alíquota de que tratam os incisos I e II deste gamento, será acrescido de juros equivalentes à taxa referencial
parágrafo no documento fiscal, aplicar-se-á a alíquota efetiva de do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos
5% (cinco por cento); (Redação dada pela Lei Complementar nº federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês sub-
155, de 2016) Produção de efeito sequente ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento,

121
LEGISLAÇÃO
e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pagamento Parágrafo único. Enquanto o Comitê Gestor não regulamentar
estiver sendo efetuado, na forma regulamentada pelo CGSN. (Vide o prazo para o repasse previsto no inciso II do caput deste artigo,
Lei Complementar nº 155, de 2016) esse será efetuado nos prazos estabelecidos nos convênios celebra-
§ 18. Será admitido reparcelamento de débitos constantes de dos no âmbito do colegiado a que se refere a alínea g do inciso XII
parcelamento em curso ou que tenha sido rescindido, podendo ser do § 2o do art. 155 da Constituição Federal.
incluídos novos débitos, na forma regulamentada pelo CGSN. (Vide
Lei Complementar nº 155, de 2016) SEÇÃO VI
§ 19. Os débitos constituídos de forma isolada por parte de DOS CRÉDITOS
Estado, do Distrito Federal ou de Município, em face de ausência de
aplicativo para lançamento unificado, relativo a tributo de sua com- Art. 23. As microempresas e as empresas de pequeno porte
petência, que não estiverem inscritos em Dívida Ativa da União, optantes pelo Simples Nacional não farão jus à apropriação nem
poderão ser parcelados pelo ente responsável pelo lançamento de transferirão créditos relativos a impostos ou contribuições abrangi-
acordo com a respectiva legislação, na forma regulamentada pelo dos pelo Simples Nacional.
CGSN. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016) § 1º As pessoas jurídicas e aquelas a elas equiparadas pela le-
§ 20. O pedido de parcelamento deferido importa confissão gislação tributária não optantes pelo Simples Nacional terão direito
irretratável do débito e configura confissão extrajudicial. (Vide Lei a crédito correspondente ao ICMS incidente sobre as suas aquisi-
Complementar nº 155, de 2016) ções de mercadorias de microempresa ou empresa de pequeno
§ 21. Serão aplicadas na consolidação as reduções das multas porte optante pelo Simples Nacional, desde que destinadas à co-
de lançamento de ofício previstas na legislação federal, conforme mercialização ou industrialização e observado, como limite, o ICMS
regulamentação do CGSN. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016) efetivamente devido pelas optantes pelo Simples Nacional em rela-
§ 22. O repasse para os entes federados dos valores pagos e ção a essas aquisições.
da amortização dos débitos parcelados será efetuado proporcional- § 2º A alíquota aplicável ao cálculo do crédito de que trata o §
mente ao valor de cada tributo na composição da dívida consolida- 1º deste artigo deverá ser informada no documento fiscal e corres-
da. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016) ponderá ao percentual de ICMS previsto nos Anexos I ou II desta Lei
§ 23. No caso de parcelamento de débito inscrito em dívida Complementar para a faixa de receita bruta a que a microempresa
ativa, o devedor pagará custas, emolumentos e demais encargos ou a empresa de pequeno porte estiver sujeita no mês anterior ao
legais. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016) da operação.
§ 24. Implicará imediata rescisão do parcelamento e remessa § 3º Na hipótese de a operação ocorrer no mês de início de
do débito para inscrição em dívida ativa ou prosseguimento da exe- atividades da microempresa ou empresa de pequeno porte optante
cução, conforme o caso, até deliberação do CGSN, a falta de paga- pelo Simples Nacional, a alíquota aplicável ao cálculo do crédito de
mento: (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016) que trata o § 1º deste artigo corresponderá ao percentual de ICMS
I - de 3 (três) parcelas, consecutivas ou não; ou referente à menor alíquota prevista nos Anexos I ou II desta Lei
Complementar.
II - de 1 (uma) parcela, estando pagas todas as demais.
§ 4º Não se aplica o disposto nos §§ 1º a 3º deste artigo quan-
§ 25. O documento previsto no inciso I do caput deste arti-
do:
go deverá conter a partilha discriminada de cada um dos tributos
I - a microempresa ou empresa de pequeno porte estiver su-
abrangidos pelo Simples Nacional, bem como os valores destinados
jeita à tributação do ICMS no Simples Nacional por valores fixos
a cada ente federado. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de
mensais;
2016) Produção de efeito
II - a microempresa ou a empresa de pequeno porte não infor-
Art. 21-A. A inscrição de microempresa ou empresa de peque-
mar a alíquota de que trata o § 2º deste artigo no documento fiscal;
no porte no Cadastro Informativo dos créditos não quitados do se-
III - houver isenção estabelecida pelo Estado ou Distrito Fede-
tor público federal - CADIN, somente ocorrerá mediante notificação ral que abranja a faixa de receita bruta a que a microempresa ou
prévia com prazo para contestação. (Incluído pela Lei Complemen- a empresa de pequeno porte estiver sujeita no mês da operação.
tar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) IV - o remetente da operação ou prestação considerar, por
Art. 21-B. Os Estados e o Distrito Federal deverão observar, em opção, que a alíquota determinada na forma do caput e dos §§ 1o e
relação ao ICMS, o prazo mínimo de 60 (sessenta) dias, contado a 2o do art. 18 desta Lei Complementar deverá incidir sobre a receita
partir do primeiro dia do mês do fato gerador da obrigação tribu- recebida no mês.
tária, para estabelecer a data de vencimento do imposto devido § 5º Mediante deliberação exclusiva e unilateral dos Estados
por substituição tributária, tributação concentrada em uma única e do Distrito Federal, poderá ser concedido às pessoas jurídicas e
etapa (monofásica) e por antecipação tributária com ou sem encer- àquelas a elas equiparadas pela legislação tributária não optantes
ramento de tributação, nas hipóteses em que a responsabilidade pelo Simples Nacional crédito correspondente ao ICMS incidente
recair sobre operações ou prestações subsequentes, na forma re- sobre os insumos utilizados nas mercadorias adquiridas de indús-
gulamentada pelo Comitê Gestor. (Incluído pele Lei Complementar tria optante pelo Simples Nacional, sendo vedado o estabelecimen-
nº 147, de 2014) to de diferenciação no valor do crédito em razão da procedência
dessas mercadorias.
SEÇÃO V § 6º O Comitê Gestor do Simples Nacional disciplinará o dispos-
DO REPASSE DO PRODUTO DA ARRECADAÇÃO to neste artigo.
Art. 24. As microempresas e as empresas de pequeno porte
Art. 22. O Comitê Gestor definirá o sistema de repasses do to- optantes pelo Simples Nacional não poderão utilizar ou destinar
tal arrecadado, inclusive encargos legais, para o: qualquer valor a título de incentivo fiscal.
I - Município ou Distrito Federal, do valor correspondente ao ISS; § 1o Não serão consideradas quaisquer alterações em bases
II - Estado ou Distrito Federal, do valor correspondente ao ICMS; de cálculo, alíquotas e percentuais ou outros fatores que alterem
III - Instituto Nacional do Seguro Social, do valor corresponden- o valor de imposto ou contribuição apurado na forma do Simples
te à Contribuição para manutenção da Seguridade Social. Nacional, estabelecidas pela União, Estado, Distrito Federal ou

122
LEGISLAÇÃO
Município, exceto as previstas ou autorizadas nesta Lei Comple- Simples Nacional, bem como, o estabelecimento de exigências adi-
mentar. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) cionais e unilaterais pelos entes federativos, exceto os programas
Produção de efeito de cidadania fiscal. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de de 2014)
2016) Produção de efeito § 4o-A. A escrituração fiscal digital ou obrigação equivalente
não poderá ser exigida da microempresa ou empresa de pequeno
SEÇÃO VII porte optante pelo Simples Nacional, salvo se, cumulativamente,
DAS OBRIGAÇÕES FISCAIS ACESSÓRIAS houver: (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
I - autorização específica do CGSN, que estabelecerá as condi-
Art. 25. A microempresa ou empresa de pequeno porte optan- ções para a obrigatoriedade; (Incluído pela Lei Complementar nº
te pelo Simples Nacional deverá apresentar anualmente à Secreta- 147, de 2014)
ria da Receita Federal do Brasil declaração única e simplificada de II - disponibilização por parte da administração tributária esti-
informações socioeconômicas e fiscais, que deverá ser disponibili- pulante de aplicativo gratuito para uso da empresa optante. (Inclu-
zada aos órgãos de fiscalização tributária e previdenciária, observa- ído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
dos prazo e modelo aprovados pelo CGSN e observado o disposto § 4o-B. A exigência de apresentação de livros fiscais em meio
no § 15-A do art. 18. eletrônico aplicar-se-á somente na hipótese de substituição da en-
§ 1o A declaração de que trata o caput deste artigo constitui trega em meio convencional, cuja obrigatoriedade tenha sido pré-
confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência via e especificamente estabelecida pelo CGSN. (Incluído pela Lei
dos tributos e contribuições que não tenham sido recolhidos resul- Complementar nº 147, de 2014)
tantes das informações nela prestadas. § 4o-C. Até a implantação de sistema nacional uniforme esta-
§ 2o A situação de inatividade deverá ser informada na decla- belecido pelo CGSN com compartilhamento de informações com
ração de que trata o caput deste artigo, na forma regulamentada os entes federados, permanece válida norma publicada por ente
pelo Comitê Gestor. federado até o primeiro trimestre de 2014 que tenha veiculado exi-
§ 3o Para efeito do disposto no § 2o deste artigo, considera-se gência vigente de a microempresa ou empresa de pequeno porte
em situação de inatividade a microempresa ou a empresa de pe- apresentar escrituração fiscal digital ou obrigação equivalente. (In-
queno porte que não apresente mutação patrimonial e atividade cluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
operacional durante todo o ano-calendário. § 5o As microempresas e empresas de pequeno porte ficam
§ 4o A declaração de que trata o caput deste artigo, relativa ao sujeitas à entrega de declaração eletrônica que deva conter os da-
MEI definido no art. 18-A desta Lei Complementar, conterá, para dos referentes aos serviços prestados ou tomados de terceiros, na
efeito do disposto no art. 3º da Lei Complementar nº 63, de 11 de conformidade do que dispuser o Comitê Gestor.
janeiro de 1990, tão-somente as informações relativas à receita
§ 6º Na hipótese do § 1º deste artigo:
bruta total sujeita ao ICMS, sendo vedada a instituição de declara-
I - deverão ser anexados ao registro de vendas ou de presta-
ções adicionais em decorrência da referida Lei Complementar.
ção de serviços, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, os
§ 5o A declaração de que trata o caput, a partir das informa-
documentos fiscais comprobatórios das entradas de mercadorias
ções relativas ao ano-calendário de 2012, poderá ser prestada por
e serviços tomados referentes ao período, bem como os documen-
meio da declaração de que trata o § 15-A do art. 18 desta Lei Com-
tos fiscais relativos às operações ou prestações realizadas eventu-
plementar, na periodicidade e prazos definidos pelo CGSN. (Incluí-
almente emitidos;
do pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
Art. 26. As microempresas e empresas de pequeno porte op- II - será obrigatória a emissão de documento fiscal nas vendas
tantes pelo Simples Nacional ficam obrigadas a: e nas prestações de serviços realizadas pelo MEI para destinatário
I - emitir documento fiscal de venda ou prestação de serviço, cadastrado no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), ficando
de acordo com instruções expedidas pelo Comitê Gestor; dispensado desta emissão para o consumidor final.
II - manter em boa ordem e guarda os documentos que fun- § 7o Cabe ao CGSN dispor sobre a exigência da certificação di-
damentaram a apuração dos impostos e contribuições devidos e gital para o cumprimento de obrigações principais e acessórias por
o cumprimento das obrigações acessórias a que se refere o art. 25 parte da microempresa, inclusive o MEI, ou empresa de pequeno
desta Lei Complementar enquanto não decorrido o prazo decaden- porte optante pelo Simples Nacional, inclusive para o recolhimento
cial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes. do FGTS.
§ 1º O MEI fará a comprovação da receita bruta mediante § 8o O CGSN poderá disciplinar sobre a disponibilização, no
apresentação do registro de vendas ou de prestação de serviços portal do SIMPLES Nacional, de documento fiscal eletrônico de ven-
na forma estabelecida pelo CGSN, ficando dispensado da emissão da ou de prestação de serviço para o MEI, microempresa ou empre-
do documento fiscal previsto no inciso I do caput, ressalvadas as sa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional. (Incluído pela
hipóteses de emissão obrigatória previstas pelo referido Comitê. Lei Complementar nº 147, de 2014)
I - (REVOGADO) § 9o O desenvolvimento e a manutenção das soluções de tec-
II - (REVOGADO) nologia, capacitação e orientação aos usuários relativas ao disposto
III - (REVOGADO) no § 8o, bem como as demais relativas ao Simples Nacional, pode-
§ 2o As demais microempresas e as empresas de pequeno por- rão ser apoiadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-
te, além do disposto nos incisos I e II do caput deste artigo, deverão, nas Empresas - SEBRAE. (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
ainda, manter o livro-caixa em que será escriturada sua movimen- de 2014)
tação financeira e bancária. § 10. O ato de emissão ou de recepção de documento fiscal
§ 3o A exigência de declaração única a que se refere o caput por meio eletrônico estabelecido pelas administrações tributárias,
do art. 25 desta Lei Complementar não desobriga a prestação de em qualquer modalidade, de entrada, de saída ou de prestação, na
informações relativas a terceiros. forma estabelecida pelo CGSN, representa sua própria escrituração
§ 4o É vedada a exigência de obrigações tributárias acessórias fiscal e elemento suficiente para a fundamentação e a constituição
relativas aos tributos apurados na forma do Simples Nacional além do crédito tributário. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de
daquelas estipuladas pelo CGSN e atendidas por meio do Portal do 2014)

123
LEGISLAÇÃO
§ 11. Os dados dos documentos fiscais de qualquer espécie X - for constatado que durante o ano-calendário o valor das
podem ser compartilhados entre as administrações tributárias da aquisições de mercadorias para comercialização ou industrializa-
União, Estados, Distrito Federal e Municípios e, quando emitidos ção, ressalvadas hipóteses justificadas de aumento de estoque, for
por meio eletrônico, na forma estabelecida pelo CGSN, a microem- superior a 80% (oitenta por cento) dos ingressos de recursos no
presa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional mesmo período, excluído o ano de início de atividade;
fica desobrigada de transmitir seus dados às administrações tribu- XI - houver descumprimento reiterado da obrigação contida no
tárias. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) inciso I do caput do art. 26;
§ 12. As informações a serem prestadas relativas ao ICMS de- XII - omitir de forma reiterada da folha de pagamento da em-
vido na forma prevista nas alíneas a, g e h do inciso XIII do § 1o do presa ou de documento de informações previsto pela legislação
art. 13 serão fornecidas por meio de aplicativo único. (Incluído pela previdenciária, trabalhista ou tributária, segurado empregado, tra-
Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) balhador avulso ou contribuinte individual que lhe preste serviço.
§ 13. Fica estabelecida a obrigatoriedade de utilização de docu- § 1o Nas hipóteses previstas nos incisos II a XII do caput deste
mentos fiscais eletrônicos estabelecidos pelo Confaz nas operações artigo, a exclusão produzirá efeitos a partir do próprio mês em que
e prestações relativas ao ICMS efetuadas por microempresas e em- incorridas, impedindo a opção pelo regime diferenciado e favoreci-
presas de pequeno porte nas hipóteses previstas nas alíneas a, g e do desta Lei Complementar pelos próximos 3 (três) anos-calendário
h do inciso XIII do § 1o do art. 13. (Incluído pela Lei Complementar seguintes.
nº 147, de 2014) (Produção de efeito) § 2o O prazo de que trata o § 1o deste artigo será elevado para
§ 14. Os aplicativos necessários ao cumprimento do disposto 10 (dez) anos caso seja constatada a utilização de artifício, ardil ou
nos §§ 12 e 13 deste artigo serão disponibilizados, de forma gratui- qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fis-
ta, no portal do Simples Nacional. (Incluído pela Lei Complementar calização em erro, com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento
nº 147, de 2014) (Produção de efeito) de tributo apurável segundo o regime especial previsto nesta Lei
§ 15. O CGSN regulamentará o disposto neste artigo. (Incluído Complementar.
pela Lei Complementar nº 147, de 2014) § 3o A exclusão de ofício será realizada na forma regulamenta-
Art. 27. As microempresas e empresas de pequeno porte op- da pelo Comitê Gestor, cabendo o lançamento dos tributos e con-
tantes pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar con- tribuições apurados aos respectivos entes tributantes.
tabilidade simplificada para os registros e controles das operações § 4o (REVOGADO)
realizadas, conforme regulamentação do Comitê Gestor. § 5o A competência para exclusão de ofício do Simples Nacio-
nal obedece ao disposto no art. 33, e o julgamento administrativo,
SEÇÃO VIII ao disposto no art. 39, ambos desta Lei Complementar.
DA EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL § 6º Nas hipóteses de exclusão previstas no caput, a notifica-
ção:
Art. 28. A exclusão do Simples Nacional será feita de ofício ou I - será efetuada pelo ente federativo que promoveu a exclu-
mediante comunicação das empresas optantes. são; e
Parágrafo único. As regras previstas nesta seção e o modo de II - poderá ser feita por meio eletrônico, observada a regula-
sua implementação serão regulamentados pelo Comitê Gestor. mentação do CGSN.
Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Sim- § 7º (REVOGADO)
§ 8º A notificação de que trata o § 6º aplica-se ao indeferimen-
ples Nacional dar-se-á quando:
to da opção pelo Simples Nacional.
I - verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória;
§ 9º Considera-se prática reiterada, para fins do disposto nos
II - for oferecido embaraço à fiscalização, caracterizado pela
incisos V, XI e XII do caput:
negativa não justificada de exibição de livros e documentos a que
I - a ocorrência, em 2 (dois) ou mais períodos de apuração,
estiverem obrigadas, bem como pelo não fornecimento de infor-
consecutivos ou alternados, de idênticas infrações, inclusive de na-
mações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou ativida-
tureza acessória, verificada em relação aos últimos 5 (cinco) anos-
de que estiverem intimadas a apresentar, e nas demais hipóteses
-calendário, formalizadas por intermédio de auto de infração ou
que autorizam a requisição de auxílio da força pública;
notificação de lançamento; ou
III - for oferecida resistência à fiscalização, caracterizada pela
II - a segunda ocorrência de idênticas infrações, caso seja cons-
negativa de acesso ao estabelecimento, ao domicílio fiscal ou a tatada a utilização de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudu-
qualquer outro local onde desenvolvam suas atividades ou se en- lento que induza ou mantenha a fiscalização em erro, com o fim de
contrem bens de sua propriedade; suprimir ou reduzir o pagamento de tributo.
IV - a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas; Art. 30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunica-
V - tiver sido constatada prática reiterada de infração ao dis- ção das microempresas ou das empresas de pequeno porte, dar-
posto nesta Lei Complementar; -se-á:
VI - a empresa for declarada inapta, na forma dos arts. 81 e 82 I - por opção;
da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e alterações poste- II - obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das
riores; situações de vedação previstas nesta Lei Complementar; ou
VII - comercializar mercadorias objeto de contrabando ou des- III - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendário
caminho; de início de atividade, o limite proporcional de receita bruta de que
VIII - houver falta de escrituração do livro-caixa ou não permitir trata o § 2o do art. 3o;
a identificação da movimentação financeira, inclusive bancária; IV - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendá-
IX - for constatado que durante o ano-calendário o valor das rio, o limite de receita bruta previsto no inciso II do caput do art. 3o,
despesas pagas supera em 20% (vinte por cento) o valor de ingres- quando não estiver no ano-calendário de início de atividade.
sos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de ati- § 1o A exclusão deverá ser comunicada à Secretaria da Receita
vidade; Federal:

124
LEGISLAÇÃO
I - na hipótese do inciso I do caput deste artigo, até o último dia § 2o Na hipótese dos incisos V e XVI do caput do art. 17, será
útil do mês de janeiro; permitida a permanência da pessoa jurídica como optante pelo
II - na hipótese do inciso II do caput deste artigo, até o último Simples Nacional mediante a comprovação da regularização do dé-
dia útil do mês subseqüente àquele em que ocorrida a situação de bito ou do cadastro fiscal no prazo de até 30 (trinta) dias contados
vedação; a partir da ciência da comunicação da exclusão.
III - na hipótese do inciso III do caput: § 3o O CGSN regulamentará os procedimentos relativos ao im-
a) até o último dia útil do mês seguinte àquele em que tiver ul- pedimento de recolher o ICMS e o ISS na forma do Simples Nacio-
trapassado em mais de 20% (vinte por cento) o limite proporcional nal, em face da ultrapassagem dos limites estabelecidos na forma
de que trata o § 10 do art. 3o; ou dos incisos I ou II do art. 19 e do art. 20.
b) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário § 4o No caso de a microempresa ou a empresa de pequeno
subsequente ao de início de atividades, caso o excesso seja inferior porte ser excluída do Simples Nacional no mês de janeiro, na hi-
a 20% (vinte por cento) do respectivo limite; pótese do inciso I do caput do art. 30 desta Lei Complementar, os
IV - na hipótese do inciso IV do caput: efeitos da exclusão dar-se-ão nesse mesmo ano.
a) até o último dia útil do mês subsequente à ultrapassagem § 5o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, uma vez
em mais de 20% (vinte por cento) do limite de receita bruta previs- que o motivo da exclusão deixe de existir, havendo a exclusão re-
to no inciso II do caput do art. 3o; ou troativa de ofício no caso do inciso I do caput do art. 29 desta Lei
b) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário Complementar, o efeito desta dar-se-á a partir do mês seguinte ao
subsequente, na hipótese de não ter ultrapassado em mais de 20% da ocorrência da situação impeditiva, limitado, porém, ao último
(vinte por cento) o limite de receita bruta previsto no inciso II do dia do ano-calendário em que a referida situação deixou de existir.
caput do art. 3o. Art. 32. As microempresas ou as empresas de pequeno porte
§ 2o A comunicação de que trata o caput deste artigo dar-se-á excluídas do Simples Nacional sujeitar-se-ão, a partir do período
na forma a ser estabelecida pelo Comitê Gestor. em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tribu-
§ 3º A alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP tação aplicáveis às demais pessoas jurídicas.
à Secretaria da Receita Federal do Brasil, equivalerá à comunicação § 1o Para efeitos do disposto no caput deste artigo, na hipótese
obrigatória de exclusão do Simples Nacional nas seguintes hipóte- da alínea a do inciso III do caput do art. 31 desta Lei Complementar,
ses: a microempresa ou a empresa de pequeno porte desenquadrada
I - alteração de natureza jurídica para Sociedade Anônima, So- ficará sujeita ao pagamento da totalidade ou diferença dos respec-
ciedade Empresária em Comandita por Ações, Sociedade em Conta
tivos impostos e contribuições, devidos de conformidade com as
de Participação ou Estabelecimento, no Brasil, de Sociedade Estran-
normas gerais de incidência, acrescidos, tão-somente, de juros de
geira;
mora, quando efetuado antes do início de procedimento de ofício.
II - inclusão de atividade econômica vedada à opção pelo Sim-
§ 2o Para efeito do disposto no caput deste artigo, o sujeito
ples Nacional;
passivo poderá optar pelo recolhimento do imposto de renda e da
III - inclusão de sócio pessoa jurídica;
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido na forma do lucro presu-
IV - inclusão de sócio domiciliado no exterior;
mido, lucro real trimestral ou anual.
V - cisão parcial; ou
§ 3º Aplica-se o disposto no caput e no § 1o em relação ao
VI - extinção da empresa.
Art. 31. A exclusão das microempresas ou das empresas de pe- ICMS e ao ISS à empresa impedida de recolher esses impostos na
queno porte do Simples Nacional produzirá efeitos: forma do Simples Nacional, em face da ultrapassagem dos limites a
I - na hipótese do inciso I do caput do art. 30 desta Lei Comple- que se referem os incisos I e II do caput do art. 19, relativamente ao
mentar, a partir de 1o de janeiro do ano-calendário subseqüente, estabelecimento localizado na unidade da federação que os houver
ressalvado o disposto no § 4o deste artigo; adotado.
II - na hipótese do inciso II do caput do art. 30 desta Lei Com-
plementar, a partir do mês seguinte da ocorrência da situação im- SEÇÃO IX
peditiva; DA FISCALIZAÇÃO
III - na hipótese do inciso III do caput do art. 30 desta Lei Com-
plementar: Art. 33. A competência para fiscalizar o cumprimento das obri-
a) desde o início das atividades; gações principais e acessórias relativas ao Simples Nacional e para
b) a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subsequente, na verificar a ocorrência das hipóteses previstas no art. 29 desta Lei
hipótese de não ter ultrapassado em mais de 20% (vinte por cento) Complementar é da Secretaria da Receita Federal e das Secretarias
o limite proporcional de que trata o § 10 do art. 3o; de Fazenda ou de Finanças do Estado ou do Distrito Federal, segun-
IV - na hipótese do inciso V do caput do art. 17 desta Lei Com- do a localização do estabelecimento, e, tratando-se de prestação
plementar, a partir do ano-calendário subseqüente ao da ciência da de serviços incluídos na competência tributária municipal, a com-
comunicação da exclusão; petência será também do respectivo Município.
V - na hipótese do inciso IV do caput do art. 30: § 1o As Secretarias de Fazenda ou Finanças dos Estados po-
a) a partir do mês subsequente à ultrapassagem em mais de derão celebrar convênio com os Municípios de sua jurisdição para
20% (vinte por cento) do limite de receita bruta previsto no inciso atribuir a estes a fiscalização a que se refere o caput deste artigo.
II do art. 3o; § 1o-A. Dispensa-se o convênio de que trata o § 1o na hipótese
b) a partir de 1o de janeiro do ano-calendário subsequente, na de ocorrência de prestação de serviços sujeita ao ISS por estabele-
hipótese de não ter ultrapassado em mais de 20% (vinte por cento) cimento localizado no Município.
o limite de receita bruta previsto no inciso II do art. 3o. § 1o-B. A fiscalização de que trata o caput, após iniciada, po-
§ 1o Na hipótese prevista no inciso III do caput do art. 30 desta derá abranger todos os demais estabelecimentos da microempresa
Lei Complementar, a microempresa ou empresa de pequeno porte ou da empresa de pequeno porte, independentemente da ativida-
não poderá optar, no ano-calendário subseqüente ao do início de de por eles exercida ou de sua localização, na forma e condições
atividades, pelo Simples Nacional. estabelecidas pelo CGSN.

125
LEGISLAÇÃO
§ 1o-C. As autoridades fiscais de que trata o caput têm compe- Art. 37. A imposição das multas de que trata esta Lei Comple-
tência para efetuar o lançamento de todos os tributos previstos nos mentar não exclui a aplicação das sanções previstas na legislação
incisos I a VIII do art. 13, apurados na forma do Simples Nacional, penal, inclusive em relação a declaração falsa, adulteração de do-
relativamente a todos os estabelecimentos da empresa, indepen- cumentos e emissão de nota fiscal em desacordo com a operação
dentemente do ente federado instituidor. efetivamente praticada, a que estão sujeitos o titular ou sócio da
§ 1o-D. A competência para autuação por descumprimento de pessoa jurídica.
obrigação acessória é privativa da administração tributária perante Art. 38. O sujeito passivo que deixar de apresentar a Declara-
a qual a obrigação deveria ter sido cumprida. ção Simplificada da Pessoa Jurídica a que se refere o art. 25 des-
§ 2o Na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno ta Lei Complementar, no prazo fixado, ou que a apresentar com
porte exercer alguma das atividades de prestação de serviços pre- incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração
vistas no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar, caberá à Secre- original, no caso de não-apresentação, ou a prestar esclarecimen-
taria da Receita Federal do Brasil a fiscalização da Contribuição para tos, nos demais casos, no prazo estipulado pela autoridade fiscal,
a Seguridade Social, a cargo da empresa, de que trata o art. 22 da na forma definida pelo Comitê Gestor, e sujeitar-se-á às seguintes
Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. multas:
§ 3o O valor não pago, apurado em procedimento de fiscaliza- I - de 2% (dois por cento) ao mês-calendário ou fração, inciden-
ção, será exigido em lançamento de ofício pela autoridade compe- tes sobre o montante dos tributos e contribuições informados na
tente que realizou a fiscalização. Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, ainda que integralmen-
§ 4o O Comitê Gestor disciplinará o disposto neste artigo. te pago, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após
o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no
SEÇÃO X § 3o deste artigo;
DA OMISSÃO DE RECEITA II - de R$ 100,00 (cem reais) para cada grupo de 10 (dez) infor-
mações incorretas ou omitidas.
Art. 34. Aplicam-se à microempresa e à empresa de pequeno § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do
porte optantes pelo Simples Nacional todas as presunções de omis- caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia se-
são de receita existentes nas legislações de regência dos impostos guinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da
e contribuições incluídos no Simples Nacional. declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso
§ 1o É permitida a prestação de assistência mútua e a permuta de não-apresentação, da lavratura do auto de infração.
de informações entre a Fazenda Pública da União e as dos Estados, § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas se-
do Distrito Federal e dos Municípios, relativas às microempresas e rão reduzidas:
às empresas de pequeno porte, para fins de planejamento ou de I - à metade, quando a declaração for apresentada após o pra-
execução de procedimentos fiscais ou preparatórios. (Incluído pela zo, mas antes de qualquer procedimento de ofício;
Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito II - a 75% (setenta e cinco por cento), se houver a apresentação
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de da declaração no prazo fixado em intimação.
2016) Produção de efeito § 3º A multa mínima a ser aplicada será de R$ 200,00 (duzentos
§ 3o Sem prejuízo de ação fiscal individual, as administrações reais).
tributárias poderão utilizar procedimento de notificação prévia vi- § 4o Considerar-se-á não entregue a declaração que não aten-
sando à autorregularização, na forma e nos prazos a serem regula- der às especificações técnicas estabelecidas pelo Comitê Gestor.
mentados pelo CGSN, que não constituirá início de procedimento § 5o Na hipótese do § 4o deste artigo, o sujeito passivo será
fiscal. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção intimado a apresentar nova declaração, no prazo de 10 (dez) dias,
de efeito contados da ciência da intimação, e sujeitar-se-á à multa prevista
§ 4o (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de no inciso I do caput deste artigo, observado o disposto nos §§ 1o a
2016) Produção de efeito 3o deste artigo.
§ 6o A multa mínima de que trata o § 3o deste artigo a ser
SEÇÃO XI aplicada ao Microempreendedor Individual na vigência da opção
DOS ACRÉSCIMOS LEGAIS de que trata o art. 18-A desta Lei Complementar será de R$ 50,00
(cinqüenta reais).
Art. 35. Aplicam-se aos impostos e contribuições devidos pela Art. 38-A. O sujeito passivo que deixar de prestar as informa-
microempresa e pela empresa de pequeno porte, inscritas no Sim- ções no sistema eletrônico de cálculo de que trata o § 15 do art.
ples Nacional, as normas relativas aos juros e multa de mora e de 18, no prazo previsto no § 15-A do mesmo artigo, ou que as prestar
ofício previstas para o imposto de renda, inclusive, quando for o com incorreções ou omissões, será intimado a fazê-lo, no caso de
caso, em relação ao ICMS e ao ISS. não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos,
Art. 36. A falta de comunicação, quando obrigatória, da exclu- no prazo estipulado pela autoridade fiscal, na forma definida pelo
são da pessoa jurídica do Simples Nacional, nos prazos determina- CGSN, e sujeitar-se-á às seguintes multas, para cada mês de refe-
dos no § 1o do art. 30 desta Lei Complementar, sujeitará a pessoa rência:
jurídica a multa correspondente a 10% (dez por cento) do total dos I - de 2% (dois por cento) ao mês-calendário ou fração, a partir
impostos e contribuições devidos de conformidade com o Simples do primeiro dia do quarto mês do ano subsequente à ocorrência
Nacional no mês que anteceder o início dos efeitos da exclusão, dos fatos geradores, incidentes sobre o montante dos impostos e
não inferior a R$ 200,00 (duzentos reais), insuscetível de redução. contribuições decorrentes das informações prestadas no sistema
Art. 36-A. A falta de comunicação, quando obrigatória, do de- eletrônico de cálculo de que trata o § 15 do art. 18, ainda que inte-
senquadramento do microempreendedor individual da sistemática gralmente pago, no caso de ausência de prestação de informações
de recolhimento prevista no art. 18-A desta Lei Complementar nos ou sua efetuação após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento),
prazos determinados em seu § 7o sujeitará o microempreendedor observado o disposto no § 2o deste artigo; e
individual a multa no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais), insuscep- II - de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) infor-
tível de redução. mações incorretas ou omitidas.

126
LEGISLAÇÃO
§ 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do Art. 40. As consultas relativas ao Simples Nacional serão solu-
caput, será considerado como termo inicial o primeiro dia do quar- cionadas pela Secretaria da Receita Federal, salvo quando se refe-
to mês do ano subsequente à ocorrência dos fatos geradores e rirem a tributos e contribuições de competência estadual ou muni-
como termo final a data da efetiva prestação ou, no caso de não cipal, que serão solucionadas conforme a respectiva competência
prestação, da lavratura do auto de infração. tributária, na forma disciplinada pelo Comitê Gestor.
§ 2o A multa mínima a ser aplicada será de R$ 50,00 (cinquenta
reais) para cada mês de referência. SEÇÃO XIII
§ 3o Aplica-se ao disposto neste artigo o disposto nos §§ 2o, DO PROCESSO JUDICIAL
4o e 5o do art. 38.
§ 4º O CGSN poderá estabelecer data posterior à prevista no Art. 41. Os processos relativos a impostos e contribuições
inciso I do caput e no § 1º. abrangidos pelo Simples Nacional serão ajuizados em face da
Art. 38-B. As multas relativas à falta de prestação ou à incorre- União, que será representada em juízo pela Procuradoria-Geral da
ção no cumprimento de obrigações acessórias para com os órgãos Fazenda Nacional, observado o disposto no § 5º deste artigo.
e entidades federais, estaduais, distritais e municipais, quando em § 1o Os Estados, Distrito Federal e Municípios prestarão auxílio
valor fixo ou mínimo, e na ausência de previsão legal de valores es- à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em relação aos tributos
pecíficos e mais favoráveis para MEI, microempresa ou empresa de de sua competência, na forma a ser disciplinada por ato do Comitê
pequeno porte, terão redução de: (Incluído pela Lei Complementar Gestor.
nº 147, de 2014) (Produção de efeito) § 2º Os créditos tributários oriundos da aplicação desta Lei
I - 90% (noventa por cento) para os MEI; (Incluído pela Lei Com- Complementar serão apurados, inscritos em Dívida Ativa da União
plementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) e cobrados judicialmente pela Procuradoria-Geral da Fazenda Na-
II - 50% (cinquenta por cento) para as microempresas ou em- cional, observado o disposto no inciso V do § 5º deste artigo.
presas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional. (Incluído § 3o Mediante convênio, a Procuradoria-Geral da Fazenda
pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) Nacional poderá delegar aos Estados e Municípios a inscrição em
Parágrafo único. As reduções de que tratam os incisos I e II do dívida ativa estadual e municipal e a cobrança judicial dos tributos
estaduais e municipais a que se refere esta Lei Complementar.
caput não se aplicam na: (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
§ 4o Aplica-se o disposto neste artigo aos impostos e contribui-
de 2014) (Produção de efeito)
ções que não tenham sido recolhidos resultantes das informações
I - hipótese de fraude, resistência ou embaraço à fiscalização;
prestadas:
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de
I - no sistema eletrônico de cálculo dos valores devidos no Sim-
efeito)
ples Nacional de que trata o § 15 do art. 18;
II - ausência de pagamento da multa no prazo de 30 (trinta)
II - na declaração a que se refere o art. 25.
dias após a notificação. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de
§ 5º Excetuam-se do disposto no caput deste artigo:
2014) (Produção de efeito)
I - os mandados de segurança nos quais se impugnem atos de
autoridade coatora pertencente a Estado, Distrito Federal ou Mu-
SEÇÃO XII nicípio;
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL II - as ações que tratem exclusivamente de tributos de compe-
tência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, as quais
Art. 39. O contencioso administrativo relativo ao Simples Na- serão propostas em face desses entes federativos, representados
cional será de competência do órgão julgador integrante da estru- em juízo por suas respectivas procuradorias;
tura administrativa do ente federativo que efetuar o lançamento, III - as ações promovidas na hipótese de celebração do convê-
o indeferimento da opção ou a exclusão de ofício, observados os nio de que trata o § 3º deste artigo;
dispositivos legais atinentes aos processos administrativos fiscais IV - o crédito tributário decorrente de auto de infração lavrado
desse ente. exclusivamente em face de descumprimento de obrigação acessó-
§ 1o O Município poderá, mediante convênio, transferir a atri- ria, observado o disposto no § 1o-D do art. 33;
buição de julgamento exclusivamente ao respectivo Estado em que V - o crédito tributário relativo ao ICMS e ao ISS de que trata o
se localiza. § 16 do art. 18-A.
§ 2o No caso em que o contribuinte do Simples Nacional exer- V - o crédito tributário relativo ao ICMS e ao ISS de que tratam
ça atividades incluídas no campo de incidência do ICMS e do ISS e as alíneas b e c do inciso V do § 3o do art. 18-A desta Lei Comple-
seja apurada omissão de receita de que não se consiga identificar mentar. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
a origem, a autuação será feita utilizando a maior alíquota prevista
nesta Lei Complementar, e a parcela autuada que não seja corres- CAPÍTULO V
pondente aos tributos e contribuições federais será rateada entre (REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 147, DE 2014)
Estados e Municípios ou Distrito Federal. DO ACESSO AOS MERCADOS
§ 3o Na hipótese referida no § 2o deste artigo, o julgamento SEÇÃO I
caberá ao Estado ou ao Distrito Federal. DAS AQUISIÇÕES PÚBLICAS
§ 4º A intimação eletrônica dos atos do contencioso adminis-
trativo observará o disposto nos §§ 1o-A a 1o-D do art. 16. Art. 42. Nas licitações públicas, a comprovação de regularidade
§ 5º A impugnação relativa ao indeferimento da opção ou à ex- fiscal e trabalhista das microempresas e das empresas de pequeno
clusão poderá ser decidida em órgão diverso do previsto no caput, porte somente será exigida para efeito de assinatura do contrato.
na forma estabelecida pela respectiva administração tributária. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
§ 6º Na hipótese prevista no § 5o, o CGSN poderá disciplinar de efeito
procedimentos e prazos, bem como, no processo de exclusão, pre- Art. 43. As microempresas e as empresas de pequeno porte,
ver efeito suspensivo na hipótese de apresentação de impugnação, por ocasião da participação em certames licitatórios, deverão apre-
defesa ou recurso. sentar toda a documentação exigida para efeito de comprovação

127
LEGISLAÇÃO
de regularidade fiscal e trabalhista, mesmo que esta apresente al- pal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o
guma restrição. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de incentivo à inovação tecnológica. (Redação dada pela Lei Comple-
2016) Produção de efeito mentar nº 147, de 2014)
§ 1o Havendo alguma restrição na comprovação da regula- Parágrafo único. No que diz respeito às compras públicas,
ridade fiscal e trabalhista, será assegurado o prazo de cinco dias enquanto não sobrevier legislação estadual, municipal ou regula-
úteis, cujo termo inicial corresponderá ao momento em que o pro- mento específico de cada órgão mais favorável à microempresa e
ponente for declarado vencedor do certame, prorrogável por igual empresa de pequeno porte, aplica-se a legislação federal. (Incluído
período, a critério da administração pública, para regularização da pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
documentação, para pagamento ou parcelamento do débito e para Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei
emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com efeito Complementar, a administração pública: (Redação dada pela Lei
de certidão negativa. (Redação dada pela Lei Complementar nº Complementar nº 147, de 2014)
155, de 2016) Produção de efeito I - deverá realizar processo licitatório destinado exclusivamen-
§ 2o A não-regularização da documentação, no prazo previsto te à participação de microempresas e empresas de pequeno porte
no § 1o deste artigo, implicará decadência do direito à contratação, nos itens de contratação cujo valor seja de até R$ 80.000,00 (oi-
sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 da Lei no 8.666, de tenta mil reais); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de
21 de junho de 1993, sendo facultado à Administração convocar os 2014)
licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para a assina- II - poderá, em relação aos processos licitatórios destinados à
tura do contrato, ou revogar a licitação. aquisição de obras e serviços, exigir dos licitantes a subcontratação
Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de de- de microempresa ou empresa de pequeno porte; (Redação dada
sempate, preferência de contratação para as microempresas e em- pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
presas de pequeno porte. III - deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens
§ 1o Entende-se por empate aquelas situações em que as pro- de natureza divisível, cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do
postas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno objeto para a contratação de microempresas e empresas de peque-
porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à propos- no porte. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
ta mais bem classificada. § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº
§ 2o Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabe- 147, de 2014)
lecido no § 1o deste artigo será de até 5% (cinco por cento) superior § 2o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, os empe-
ao melhor preço. nhos e pagamentos do órgão ou entidade da administração pública
Art. 45. Para efeito do disposto no art. 44 desta Lei Comple- poderão ser destinados diretamente às microempresas e empresas
mentar, ocorrendo o empate, proceder-se-á da seguinte forma: de pequeno porte subcontratadas.
I - a microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem § 3o Os benefícios referidos no caput deste artigo poderão,
classificada poderá apresentar proposta de preço inferior àquela justificadamente, estabelecer a prioridade de contratação para as
considerada vencedora do certame, situação em que será adjudica- microempresas e empresas de pequeno porte sediadas local ou re-
do em seu favor o objeto licitado; gionalmente, até o limite de 10% (dez por cento) do melhor preço
II - não ocorrendo a contratação da microempresa ou empresa válido. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
de pequeno porte, na forma do inciso I do caput deste artigo, serão Art. 49. Não se aplica o disposto nos arts. 47 e 48 desta Lei
convocadas as remanescentes que porventura se enquadrem na hi- Complementar quando:
pótese dos §§ 1o e 2o do art. 44 desta Lei Complementar, na ordem I - (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
classificatória, para o exercício do mesmo direito; de 2014) (Produção de efeito)
III - no caso de equivalência dos valores apresentados pelas mi- II - não houver um mínimo de 3 (três) fornecedores competi-
croempresas e empresas de pequeno porte que se encontrem nos tivos enquadrados como microempresas ou empresas de pequeno
intervalos estabelecidos nos §§ 1o e 2o do art. 44 desta Lei Com- porte sediados local ou regionalmente e capazes de cumprir as exi-
plementar, será realizado sorteio entre elas para que se identifique gências estabelecidas no instrumento convocatório;
aquela que primeiro poderá apresentar melhor oferta. III - o tratamento diferenciado e simplificado para as micro-
§ 1o Na hipótese da não-contratação nos termos previstos no empresas e empresas de pequeno porte não for vantajoso para a
caput deste artigo, o objeto licitado será adjudicado em favor da administração pública ou representar prejuízo ao conjunto ou com-
proposta originalmente vencedora do certame. plexo do objeto a ser contratado;
§ 2o O disposto neste artigo somente se aplicará quando a me- IV - a licitação for dispensável ou inexigível, nos termos dos
lhor oferta inicial não tiver sido apresentada por microempresa ou arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, excetuando-
empresa de pequeno porte. -se as dispensas tratadas pelos incisos I e II do art. 24 da mesma Lei,
§ 3o No caso de pregão, a microempresa ou empresa de pe- nas quais a compra deverá ser feita preferencialmente de micro-
queno porte mais bem classificada será convocada para apresentar empresas e empresas de pequeno porte, aplicando-se o disposto
nova proposta no prazo máximo de 5 (cinco) minutos após o encer- no inciso I do art. 48. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
ramento dos lances, sob pena de preclusão. de 2014)
Art. 46. A microempresa e a empresa de pequeno porte titu-
lar de direitos creditórios decorrentes de empenhos liquidados por SEÇÃO II
órgãos e entidades da União, Estados, Distrito Federal e Município (REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 147, DE 2014)
não pagos em até 30 (trinta) dias contados da data de liquidação ACESSO AO MERCADO EXTERNO
poderão emitir cédula de crédito microempresarial.
Art. 47. Nas contratações públicas da administração direta e Art. 49-A. A microempresa e a empresa de pequeno porte
indireta, autárquica e fundacional, federal, estadual e municipal, beneficiárias do SIMPLES usufruirão de regime de exportação que
deverá ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para contemplará procedimentos simplificados de habilitação, licencia-
as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a pro- mento, despacho aduaneiro e câmbio, na forma do regulamento.
moção do desenvolvimento econômico e social no âmbito munici- (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

128
LEGISLAÇÃO
Parágrafo único. As pessoas jurídicas prestadoras de serviço de presas de pequeno porte, deverá ser prioritariamente orientadora
logística internacional, quando contratadas pelas empresas descri- quando a atividade ou situação, por sua natureza, comportar grau
tas nesta Lei Complementar, estão autorizadas a realizar atividades de risco compatível com esse procedimento. (Redação dada pela
relativas a licenciamento administrativo, despacho aduaneiro, con- Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
solidação e desconsolidação de carga e a contratar seguro, câmbio, § 1o Será observado o critério de dupla visita para lavratura de
transporte e armazenagem de mercadorias, objeto da prestação autos de infração, salvo quando for constatada infração por falta
do serviço, de forma simplificada e por meio eletrônico, na forma de registro de empregado ou anotação da Carteira de Trabalho e
de regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de Previdência Social – CTPS, ou, ainda, na ocorrência de reincidência,
2016) Produção de efeito fraude, resistência ou embaraço à fiscalização.
Art. 49-B. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, § 2o (VETADO).
de 2016) Produção de efeito § 3o Os órgãos e entidades competentes definirão, em 12
(doze) meses, as atividades e situações cujo grau de risco seja con-
CAPÍTULO VI siderado alto, as quais não se sujeitarão ao disposto neste artigo.
DA SIMPLIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO § 4o O disposto neste artigo não se aplica ao processo adminis-
SEÇÃO I
trativo fiscal relativo a tributos, que se dará na forma dos arts. 39 e
DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO
40 desta Lei Complementar.
§ 5o O disposto no § 1o aplica-se à lavratura de multa pelo
Art. 50. As microempresas e as empresas de pequeno porte
serão estimuladas pelo poder público e pelos Serviços Sociais Au- descumprimento de obrigações acessórias relativas às matérias do
tônomos a formar consórcios para acesso a serviços especializados caput, inclusive quando previsto seu cumprimento de forma unifi-
em segurança e medicina do trabalho. cada com matéria de outra natureza, exceto a trabalhista. (Incluído
pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
SEÇÃO II § 6o A inobservância do critério de dupla visita implica nulida-
DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS de do auto de infração lavrado sem cumprimento ao disposto neste
artigo, independentemente da natureza principal ou acessória da
Art. 51. As microempresas e as empresas de pequeno porte obrigação. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
são dispensadas: § 7o Os órgãos e entidades da administração pública federal,
I - da afixação de Quadro de Trabalho em suas dependências; estadual, distrital e municipal deverão observar o princípio do tra-
II - da anotação das férias dos empregados nos respectivos li- tamento diferenciado, simplificado e favorecido por ocasião da fi-
vros ou fichas de registro; xação de valores decorrentes de multas e demais sanções adminis-
III - de empregar e matricular seus aprendizes nos cursos dos trativas. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
Serviços Nacionais de Aprendizagem; § 8o A inobservância do disposto no caput deste artigo implica
IV - da posse do livro intitulado “Inspeção do Trabalho”; e atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
V - de comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego a con- profissional da atividade empresarial. (Incluído pela Lei Comple-
cessão de férias coletivas. mentar nº 147, de 2014)
Art. 52. O disposto no art. 51 desta Lei Complementar não dis- § 9o O disposto no caput deste artigo não se aplica a infrações
pensa as microempresas e as empresas de pequeno porte dos se- relativas à ocupação irregular da reserva de faixa não edificável, de
guintes procedimentos: área destinada a equipamentos urbanos, de áreas de preservação
I - anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social - permanente e nas faixas de domínio público das rodovias, ferro-
CTPS; vias e dutovias ou de vias e logradouros públicos. (Incluído pela Lei
II - arquivamento dos documentos comprobatórios de cumpri- Complementar nº 147, de 2014)
mento das obrigações trabalhistas e previdenciárias, enquanto não
prescreverem essas obrigações;
CAPÍTULO VIII
III - apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garan-
DO ASSOCIATIVISMO
tia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP;
SEÇÃO ÚNICA
IV - apresentação das Relações Anuais de Empregados e da Re-
lação Anual de Informações Sociais - RAIS e do Cadastro Geral de DA SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO FORMADA POR
Empregados e Desempregados - CAGED. MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE OPTAN-
Parágrafo único. (VETADO). TES PELO SIMPLES NACIONAL
Art. 53. (REVOGADO)
Art. 56. As microempresas ou as empresas de pequeno porte
SEÇÃO III poderão realizar negócios de compra e venda de bens e serviços
DO ACESSO À JUSTIÇA DO TRABALHO para os mercados nacional e internacional, por meio de sociedade
de propósito específico, nos termos e condições estabelecidos pelo
Art. 54. É facultado ao empregador de microempresa ou de Poder Executivo federal. (Redação dada pela Lei Complementar nº
empresa de pequeno porte fazer-se substituir ou representar pe- 147, de 2014)
rante a Justiça do Trabalho por terceiros que conheçam dos fatos, § 1º Não poderão integrar a sociedade de que trata o caput
ainda que não possuam vínculo trabalhista ou societário. deste artigo pessoas jurídicas não optantes pelo Simples Nacional.
§ 2º A sociedade de propósito específico de que trata este ar-
CAPÍTULO VII tigo:
DA FISCALIZAÇÃO ORIENTADORA I - terá seus atos arquivados no Registro Público de Empresas
Mercantis;
Art. 55. A fiscalização, no que se refere aos aspectos trabalhis- II - terá por finalidade realizar:
ta, metrológico, sanitário, ambiental, de segurança, de relações de a) operações de compras para revenda às microempresas ou
consumo e de uso e ocupação do solo das microempresas e das em- empresas de pequeno porte que sejam suas sócias;

129
LEGISLAÇÃO
b) operações de venda de bens adquiridos das microempresas Art. 58. Os bancos comerciais públicos e os bancos múltiplos
e empresas de pequeno porte que sejam suas sócias para pessoas públicos com carteira comercial, a Caixa Econômica Federal e o
jurídicas que não sejam suas sócias; Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES
III - poderá exercer atividades de promoção dos bens referidos manterão linhas de crédito específicas para as microempresas e
na alínea b do inciso II deste parágrafo; para as empresas de pequeno porte, vinculadas à reciprocidade so-
IV - apurará o imposto de renda das pessoas jurídicas com base cial, devendo o montante disponível e suas condições de acesso ser
no lucro real, devendo manter a escrituração dos livros Diário e Ra- expressos nos respectivos orçamentos e amplamente divulgados.
zão; (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
V - apurará a Cofins e a Contribuição para o PIS/Pasep de modo de efeito
não-cumulativo; § 1o As instituições mencionadas no caput deste artigo deve-
VI - exportará, exclusivamente, bens a ela destinados pelas mi- rão publicar, juntamente com os respectivos balanços, relatório cir-
croempresas e empresas de pequeno porte que dela façam parte; cunstanciado dos recursos alocados às linhas de crédito referidas
VII - será constituída como sociedade limitada; no caput e daqueles efetivamente utilizados, consignando, obriga-
VIII - deverá, nas revendas às microempresas ou empresas de toriamente, as justificativas do desempenho alcançado. (Redação
pequeno porte que sejam suas sócias, observar preço no mínimo dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
igual ao das aquisições realizadas para revenda; e § 2o O acesso às linhas de crédito específicas previstas no
IX - deverá, nas revendas de bens adquiridos de microempre- caput deste artigo deverá ter tratamento simplificado e ágil, com
sas ou empresas de pequeno porte que sejam suas sócias, observar divulgação ampla das respectivas condições e exigências. (Incluído
preço no mínimo igual ao das aquisições desses bens. pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
§ 3º A aquisição de bens destinados à exportação pela socie- § 3o (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de
dade de propósito específico não gera direito a créditos relativos a 2016) Produção de efeito
impostos ou contribuições abrangidos pelo Simples Nacional. § 4o O Conselho Monetário Nacional - CMN regulamentará o
§ 4º A microempresa ou a empresa de pequeno porte não po- percentual mínimo de direcionamento dos recursos de que trata o
derá participar simultaneamente de mais de uma sociedade de pro- caput, inclusive no tocante aos recursos de que trata a alínea b do
pósito específico de que trata este artigo. inciso III do art. 10 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964. (In-
§ 5º A sociedade de propósito específico de que trata este ar- cluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
tigo não poderá: Art. 58-A. Os bancos públicos e privados não poderão contabi-
I - ser filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pes- lizar, para cumprimento de metas, empréstimos realizados a pesso-
soa jurídica com sede no exterior; as físicas, ainda que sócios de empresas, como disponibilização de
II - ser constituída sob a forma de cooperativas, inclusive de crédito para microempresas e empresas de pequeno porte. (Incluí-
consumo; do pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
III - participar do capital de outra pessoa jurídica; Art. 59. As instituições referidas no caput do art. 58 desta Lei
IV - exercer atividade de banco comercial, de investimentos e Complementar devem se articular com as respectivas entidades de
de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, apoio e representação das microempresas e empresas de pequeno
financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corre- porte, no sentido de proporcionar e desenvolver programas de trei-
tora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, namento, desenvolvimento gerencial e capacitação tecnológica.
de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de Art. 60. (VETADO).
capitalização ou de previdência complementar; Art. 60-A. Poderá ser instituído Sistema Nacional de Garantias
V - ser resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra de Crédito pelo Poder Executivo, com o objetivo de facilitar o aces-
forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido so das microempresas e empresas de pequeno porte a crédito e de-
em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; mais serviços das instituições financeiras, o qual, na forma de regu-
VI - exercer a atividade vedada às microempresas e empresas lamento, proporcionará a elas tratamento diferenciado, favorecido
de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional. e simplificado, sem prejuízo de atendimento a outros públicos-alvo.
§ 6º A inobservância do disposto no § 4º deste artigo acarreta- Parágrafo único. O Sistema Nacional de Garantias de Crédito
rá a responsabilidade solidária das microempresas ou empresas de integrará o Sistema Financeiro Nacional.
pequeno porte sócias da sociedade de propósito específico de que Art. 60-B. Os fundos garantidores de risco de crédito empresa-
trata este artigo na hipótese em que seus titulares, sócios ou admi- rial que possuam participação da União na composição do seu ca-
nistradores conhecessem ou devessem conhecer tal inobservância. pital atenderão, sempre que possível, as operações de crédito que
§ 7º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo envolvam microempresas e empresas de pequeno porte, definidas
até 31 de dezembro de 2008. na forma do art. 3o desta Lei. (Incluído pela Lei Complementar nº
§ 8º (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 147, de 2014)
2016) Produção de efeito Art. 60-C. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
de 2014)
CAPÍTULO IX Art. 61. Para fins de apoio creditício às operações de comércio
DO ESTÍMULO AO CRÉDITO E À CAPITALIZAÇÃO exterior das microempresas e das empresas de pequeno porte, se-
SEÇÃO I rão utilizados os parâmetros de enquadramento ou outros instru-
DISPOSIÇÕES GERAIS mentos de alta significância para as microempresas, empresas de
pequeno porte exportadoras segundo o porte de empresas, apro-
Art. 57. O Poder Executivo federal proporá, sempre que ne- vados pelo Mercado Comum do Sul - MERCOSUL.
cessário, medidas no sentido de melhorar o acesso das microem- Art. 61-A. Para incentivar as atividades de inovação e os inves-
presas e empresas de pequeno porte aos mercados de crédito e de timentos produtivos, a sociedade enquadrada como microempresa
capitais, objetivando a redução do custo de transação, a elevação ou empresa de pequeno porte, nos termos desta Lei Complemen-
da eficiência alocativa, o incentivo ao ambiente concorrencial e a tar, poderá admitir o aporte de capital, que não integrará o capi-
qualidade do conjunto informacional, em especial o acesso e porta- tal social da empresa. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de
bilidade das informações cadastrais relativas ao crédito. 2016) Produção de efeito

130
LEGISLAÇÃO
§ 1o As finalidades de fomento a inovação e investimentos pro- SEÇÃO I-A
dutivos deverão constar do contrato de participação, com vigência DA SOCIEDADE DE GARANTIA SOLIDÁRIA E DA SOCIEDADE
não superior a sete anos. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, DE CONTRAGARANTIA
de 2016) Produção de efeito (INCLUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 169, DE 2019)
§ 2o O aporte de capital poderá ser realizado por pessoa física
ou por pessoa jurídica, denominadas investidor-anjo. (Incluído pela Art. 61-E. É autorizada a constituição de sociedade de garantia
Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito solidária (SGS), sob a forma de sociedade por ações, para a conces-
§ 3o A atividade constitutiva do objeto social é exercida unica- são de garantia a seus sócios participantes. (Incluído pela Lei Com-
mente por sócios regulares, em seu nome individual e sob sua ex- plementar nº 169, de 2019)
clusiva responsabilidade. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 169, de
de 2016) Produção de efeito 2019)
§ 4o O investidor-anjo: (Incluído pela Lei Complementar nº § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 169, de
155, de 2016) Produção de efeito 2019)
I - não será considerado sócio nem terá qualquer direito a § 3º Os atos da sociedade de garantia solidária serão arquiva-
gerência ou voto na administração da empresa; (Incluído pela Lei dos no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito (Incluído pela Lei Complementar nº 169, de 2019)
II - não responderá por qualquer dívida da empresa, inclusive § 4º É livre a negociação, entre sócios participantes, de suas
em recuperação judicial, não se aplicando a ele o art. 50 da Lei no ações na respectiva sociedade de garantia solidária, respeitada a
10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil; (Incluído pela Lei participação máxima que cada sócio pode atingir. (Incluído pela Lei
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito Complementar nº 169, de 2019)
III - será remunerado por seus aportes, nos termos do contrato § 5º Podem ser admitidos como sócios participantes os peque-
de participação, pelo prazo máximo de cinco anos. (Incluído pela Lei nos empresários, microempresários e microempreendedores e as
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito pessoas jurídicas constituídas por esses associados. (Incluído pela
§ 5o Para fins de enquadramento da sociedade como microem- Lei Complementar nº 169, de 2019)
presa ou empresa de pequeno porte, os valores de capital aportado § 6º (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 169, de
não são considerados receitas da sociedade. (Incluído pela Lei Com- 2019)
plementar nº 155, de 2016) Produção de efeito § 7º Sem prejuízo do disposto nesta Lei Complementar, apli-
§ 6o Ao final de cada período, o investidor-anjo fará jus à re- cam-se à sociedade de garantia solidária as disposições da lei que
muneração correspondente aos resultados distribuídos, conforme rege as sociedades por ações. (Incluído pela Lei Complementar nº
contrato de participação, não superior a 50% (cinquenta por cento) 169, de 2019)
dos lucros da sociedade enquadrada como microempresa ou em- Art. 61-F. O contrato de garantia solidária tem por finalidade
presa de pequeno porte. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, regular a concessão da garantia pela sociedade ao sócio participan-
de 2016) Produção de efeito te, mediante o recebimento de taxa de remuneração pelo serviço
§ 7o O investidor-anjo somente poderá exercer o direito de prestado, devendo fixar as cláusulas necessárias ao cumprimento
resgate depois de decorridos, no mínimo, dois anos do aporte de das obrigações do sócio beneficiário perante a sociedade. (Incluído
capital, ou prazo superior estabelecido no contrato de participação, pela Lei Complementar nº 169, de 2019)
e seus haveres serão pagos na forma do art. 1.031 da Lei no 10.406, Parágrafo único. Para a concessão da garantia, a sociedade de
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, não podendo ultrapassar o garantia solidária poderá exigir contragarantia por parte do sócio
valor investido devidamente corrigido. (Incluído pela Lei Comple- participante beneficiário, respeitados os princípios que orientam
mentar nº 155, de 2016) Produção de efeito a existência daquele tipo de sociedade. (Incluído pela Lei Comple-
§ 8o O disposto no § 7o deste artigo não impede a transfe- mentar nº 169, de 2019)
rência da titularidade do aporte para terceiros. (Incluído pela Lei Art. 61-G. A sociedade de garantia solidária pode conceder ga-
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito rantia sobre o montante de recebíveis de seus sócios participantes
§ 9o A transferência da titularidade do aporte para terceiro que sejam objeto de securitização. (Incluído pela Lei Complementar
alheio à sociedade dependerá do consentimento dos sócios, sal- nº 169, de 2019)
vo estipulação contratual expressa em contrário. (Incluído pela Lei Art. 61-H. É autorizada a constituição de sociedade de contra-
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito garantia, que tem como finalidade o oferecimento de contragaran-
§ 10. O Ministério da Fazenda poderá regulamentar a tributa- tias à sociedade de garantia solidária, nos termos a serem definidos
ção sobre retirada do capital investido. (Incluído pela Lei Comple- por regulamento. (Incluído pela Lei Complementar nº 169, de 2019)
mentar nº 155, de 2016) Produção de efeito Art. 61-I. A sociedade de garantia solidária e a sociedade de
Art. 61-B. A emissão e a titularidade de aportes especiais não contragarantia integrarão o Sistema Financeiro Nacional e terão
impedem a fruição do Simples Nacional. (Incluído pela Lei Comple- sua constituição, organização e funcionamento disciplinados pelo
mentar nº 155, de 2016) Produção de efeito Conselho Monetário Nacional, observado o disposto nesta Lei Com-
Art. 61-C. Caso os sócios decidam pela venda da empresa, o plementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 169, de 2019)
investidor-anjo terá direito de preferência na aquisição, bem como
direito de venda conjunta da titularidade do aporte de capital, nos SEÇÃO II
mesmos termos e condições que forem ofertados aos sócios regu- DAS RESPONSABILIDADES DO BANCO CENTRAL DO BRASIL
lares. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
de efeito Art. 62. O Banco Central do Brasil disponibilizará dados e infor-
Art. 61-D. Os fundos de investimento poderão aportar capital mações das instituições financeiras integrantes do Sistema Finan-
como investidores-anjos em microempresas e empresas de peque- ceiro Nacional, inclusive por meio do Sistema de Informações de
no porte. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produ- Crédito - SCR, de modo a ampliar o acesso ao crédito para micro-
ção de efeito empresas e empresas de pequeno porte e fomentar a competição
bancária. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

131
LEGISLAÇÃO
§ 1o O disposto no caput deste artigo alcança a disponibiliza- SEÇÃO II
ção de dados e informações específicas relativas ao histórico de DO APOIO À INOVAÇÃO
relacionamento bancário e creditício das microempresas e das em- SEÇÃO II
presas de pequeno porte, apenas aos próprios titulares. (INCLUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 167, DE 2019)
§ 2o O Banco Central do Brasil poderá garantir o acesso simpli- DO APOIO À INOVAÇÃO E DO INOVA SIMPLES DA EMPRESA
ficado, favorecido e diferenciado dos dados e informações constan- SIMPLES DE INOVAÇÃO
tes no § 1o deste artigo aos seus respectivos interessados, podendo
a instituição optar por realizá-lo por meio das instituições financei- Art. 65. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
ras, com as quais o próprio cliente tenha relacionamento. e as respectivas agências de fomento, as ICT, os núcleos de ino-
vação tecnológica e as instituições de apoio manterão programas
SEÇÃO III específicos para as microempresas e para as empresas de pequeno
DAS CONDIÇÕES DE ACESSO AOS DEPÓSITOS ESPECIAIS DO porte, inclusive quando estas revestirem a forma de incubadoras,
FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR – FAT observando-se o seguinte:
I - as condições de acesso serão diferenciadas, favorecidas e
Art. 63. O CODEFAT poderá disponibilizar recursos financeiros simplificadas;
por meio da criação de programa específico para as cooperativas II - o montante disponível e suas condições de acesso deverão
de crédito de cujos quadros de cooperados participem microem- ser expressos nos respectivos orçamentos e amplamente divulga-
preendedores, empreendedores de microempresa e empresa de dos.
pequeno porte bem como suas empresas. § 1o As instituições deverão publicar, juntamente com as res-
Parágrafo único. Os recursos referidos no caput deste artigo pectivas prestações de contas, relatório circunstanciado das estra-
deverão ser destinados exclusivamente às microempresas e em- tégias para maximização da participação do segmento, assim como
presas de pequeno porte. dos recursos alocados às ações referidas no caput deste artigo e
aqueles efetivamente utilizados, consignando, obrigatoriamente,
SEÇÃO IV as justificativas do desempenho alcançado no período.
(VETADO)
§ 2o As pessoas jurídicas referidas no caput deste artigo terão
(INCLUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 155, DE 2016)
por meta a aplicação de, no mínimo, 20% (vinte por cento) dos re-
cursos destinados à inovação para o desenvolvimento de tal ativi-
CAPÍTULO X
dade nas microempresas ou nas empresas de pequeno porte.
DO ESTÍMULO À INOVAÇÃO
§ 3o Os órgãos e entidades integrantes da administração pú-
SEÇÃO I
blica federal, estadual e municipal atuantes em pesquisa, desenvol-
DISPOSIÇÕES GERAIS
vimento ou capacitação tecnológica terão por meta efetivar suas
aplicações, no percentual mínimo fixado neste artigo, em progra-
Art. 64. Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se:
I - inovação: a concepção de um novo produto ou processo de mas e projetos de apoio às microempresas ou às empresas de pe-
fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou ca- queno porte, transmitindo ao Ministério da Ciência, Tecnologia e
racterísticas ao produto ou processo que implique melhorias incre- Inovação, no primeiro trimestre de cada ano, informação relativa
mentais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando aos valores alocados e a respectiva relação percentual em relação
em maior competitividade no mercado; ao total dos recursos destinados para esse fim. (Redação dada pela
II - agência de fomento: órgão ou instituição de natureza pú- Lei Complementar nº 147, de 2014)
blica ou privada que tenha entre os seus objetivos o financiamento § 4º Ficam autorizados a reduzir a 0 (zero) as alíquotas dos im-
de ações que visem a estimular e promover o desenvolvimento da postos e contribuições a seguir indicados, incidentes na aquisição,
ciência, da tecnologia e da inovação; ou importação, de equipamentos, máquinas, aparelhos, instrumen-
III - Instituição Científica e Tecnológica - ICT: órgão ou entidade tos, acessórios, sobressalentes e ferramentas que os acompanhem,
da administração pública que tenha por missão institucional, den- na forma definida em regulamento, quando adquiridos, ou impor-
tre outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de tados, diretamente por microempresas ou empresas de pequeno
caráter científico ou tecnológico; porte para incorporação ao seu ativo imobilizado:
IV - núcleo de inovação tecnológica: núcleo ou órgão constitu- I - a União, em relação ao IPI, à Cofins, à Contribuição para o
ído por uma ou mais ICT com a finalidade de gerir sua política de PIS/Pasep, à Cofins-Importação e à Contribuição para o PIS/Pasep-
inovação; -Importação; e
V - instituição de apoio: instituições criadas sob o amparo da II - os Estados e o Distrito Federal, em relação ao ICMS.
Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, com a finalidade de dar § 5º A microempresa ou empresa de pequeno porte, adqui-
apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão e de desenvolvi- rente de bens com o benefício previsto no § 4º deste artigo, fica
mento institucional, científico e tecnológico. obrigada, nas hipóteses previstas em regulamento, a recolher os
VI - instrumentos de apoio tecnológico para a inovação: qual- impostos e contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos
quer serviço disponibilizado presencialmente ou na internet que de juros e multa, de mora ou de ofício, contados a partir da data
possibilite acesso a informações, orientações, bancos de dados de da aquisição, no mercado interno, ou do registro da declaração de
soluções de informações, respostas técnicas, pesquisas e atividades importação - DI, calculados na forma da legislação que rege a co-
de apoio complementar desenvolvidas pelas instituições previstas brança do tributo não pago.
nos incisos II a V deste artigo. (Incluído pela Lei Complementar nº § 6o Para efeito da execução do orçamento previsto neste
147, de 2014) artigo, os órgãos e instituições poderão alocar os recursos desti-
nados à criação e ao custeio de ambientes de inovação, incluin-
do incubadoras, parques e centros vocacionais tecnológicos,
laboratórios metrológicos, de ensaio, de pesquisa ou apoio ao
treinamento, bem como custeio de bolsas de extensão e remu-

132
LEGISLAÇÃO
neração de professores, pesquisadores e agentes envolvidos nas § 6º A empresa submetida ao regime do Inova Simples cons-
atividades de apoio tecnológico complementar. (Incluído pela tituída na forma deste artigo deverá abrir, imediatamente, conta
Lei Complementar nº 147, de 2014) bancária de pessoa jurídica, para fins de captação e integralização
Art. 65-A. É criado o Inova Simples, regime especial simplifica- de capital, proveniente de aporte próprio de seus titulares ou de
do que concede às iniciativas empresariais de caráter incremental investidor domiciliado no exterior, de linha de crédito público ou
ou disruptivo que se autodeclarem como startups ou empresas de privado e de outras fontes previstas em lei. (Incluído pela Lei Com-
inovação tratamento diferenciado com vistas a estimular sua cria- plementar nº 167, de 2019)
ção, formalização, desenvolvimento e consolidação como agentes § 7º No portal da Redesim, no espaço destinado ao preenchi-
indutores de avanços tecnológicos e da geração de emprego e ren- mento de dados do Inova Simples, deverá ser criado campo ou íco-
da. (Incluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019) ne para comunicação automática ao Instituto Nacional da Proprie-
§ 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se star- dade Industrial (INPI) do conteúdo inventivo do escopo da inciativa
tup a empresa de caráter inovador que visa a aperfeiçoar sistemas, empresarial, se houver, para fins de registro de marcas e patentes,
métodos ou modelos de negócio, de produção, de serviços ou de sem prejuízo de o titular providenciar os registros de propriedade
produtos, os quais, quando já existentes, caracterizam startups de intelectual e industrial diretamente, de moto próprio, no INPI. (In-
natureza incremental, ou, quando relacionados à criação de algo cluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
totalmente novo, caracterizam startups de natureza disruptiva. (In- § 8º O INPI deverá criar mecanismo que concatene desde a
cluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019) recepção dos dados ao processamento sumário das solicitações de
§ 2º As startups caracterizam-se por desenvolver suas ino- marcas e patentes de empresas Inova Simples. (Incluído pela Lei
vações em condições de incerteza que requerem experimentos e Complementar nº 167, de 2019)
validações constantes, inclusive mediante comercialização experi- § 9º Os recursos capitalizados não constituirão renda e desti-
mental provisória, antes de procederem à comercialização plena nar-se-ão exclusivamente ao custeio do desenvolvimento de pro-
e à obtenção de receita. (Incluído pela Lei Complementar nº 167, jetos de startup de que trata o § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei
de 2019) Complementar nº 167, de 2019)
§ 3º O tratamento diferenciado a que se refere o caput deste § 10. É permitida a comercialização experimental do serviço
ou produto até o limite fixado para o MEI nesta Lei Complementar.
artigo consiste na fixação de rito sumário para abertura e fecha-
(Incluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
mento de empresas sob o regime do Inova Simples, que se dará
§ 11. Na eventualidade de não lograr êxito no desenvolvimento
de forma simplificada e automática, no mesmo ambiente digital do
do escopo pretendido, a baixa do CNPJ será automática, mediante
portal da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Lega-
procedimento de autodeclaração no portal da Redesim. (Incluído
lização de Empresas e Negócios (Redesim), em sítio eletrônico ofi-
pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
cial do governo federal, por meio da utilização de formulário digital
§ 12. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 167, de
próprio, disponível em janela ou ícone intitulado Inova Simples. (In-
2019)
cluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
§ 13. O disposto neste artigo será regulamentado pelo Comi-
§ 4º Os titulares de empresa submetida ao regime do Inova tê Gestor do Simples Nacional. (Incluído pela Lei Complementar nº
Simples preencherão cadastro básico com as seguintes informa- 167, de 2019)
ções: (Incluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019) Art. 66. No primeiro trimestre do ano subseqüente, os órgãos e
I - qualificação civil, domicílio e CPF; (Incluído pela Lei Comple- entidades a que alude o art. 67 desta Lei Complementar transmiti-
mentar nº 167, de 2019) rão ao Ministério da Ciência e Tecnologia relatório circunstanciado
II - descrição do escopo da intenção empresarial inovadora e dos projetos realizados, compreendendo a análise do desempenho
definição da razão social, que deverá conter obrigatoriamente a ex- alcançado.
pressão “Inova Simples (I.S.)”; (Incluído pela Lei Complementar nº Art. 67. Os órgãos congêneres ao Ministério da Ciência e Tec-
167, de 2019) nologia estaduais e municipais deverão elaborar e divulgar relató-
III - autodeclaração, sob as penas da lei, de que o funcionamen- rio anual indicando o valor dos recursos recebidos, inclusive por
to da empresa submetida ao regime do Inova Simples não produzi- transferência de terceiros, que foram aplicados diretamente ou por
rá poluição, barulho e aglomeração de tráfego de veículos, para fins organizações vinculadas, por Fundos Setoriais e outros, no segmen-
de caracterizar baixo grau de risco, nos termos do § 4º do art. 6º to das microempresas e empresas de pequeno porte, retratando e
desta Lei Complementar; (Incluído pela Lei Complementar nº 167, avaliando os resultados obtidos e indicando as previsões de ações
de 2019) e metas para ampliação de sua participação no exercício seguinte.
IV - definição do local da sede, que poderá ser comercial, resi-
dencial ou de uso misto, sempre que não proibido pela legislação SEÇÃO III
municipal ou distrital, admitindo-se a possibilidade de sua instala- DO APOIO À CERTIFICAÇÃO
ção em locais onde funcionam parques tecnológicos, instituições (INCLUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 155, DE 2016)
de ensino, empresas juniores, incubadoras, aceleradoras e espaços PRODUÇÃO DE EFEITO
compartilhados de trabalho na forma de coworking; e (Incluído
pela Lei Complementar nº 167, de 2019) Art. 67-A. O órgão competente do Poder Executivo disponibi-
V - em caráter facultativo, a existência de apoio ou validação lizará na internet informações sobre certificação de qualidade de
de instituto técnico, científico ou acadêmico, público ou privado, produtos e processos para microempresas e empresas de pequeno
bem como de incubadoras, aceleradoras e instituições de ensino, porte. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
nos parques tecnológicos e afins. (Incluído pela Lei Complementar de efeito
nº 167, de 2019) Parágrafo único. Os órgãos da administração direta e indireta e
§ 5º Realizado o correto preenchimento das informações, será as entidades certificadoras privadas, responsáveis pela criação, re-
gerado automaticamente número de CNPJ específico, em nome da gulação e gestão de processos de certificação de qualidade de pro-
denominação da empresa Inova Simples, em código próprio Inova dutos e processos, deverão, sempre que solicitados, disponibilizar
Simples. (Incluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019) ao órgão competente do Poder Executivo informações referentes

133
LEGISLAÇÃO
a procedimentos e normas aplicáveis aos processos de certificação II - para o pagamento do título em cartório, não poderá ser
em seu escopo de atuação. (Incluído pela Lei Complementar nº exigido cheque de emissão de estabelecimento bancário, mas, feito
155, de 2016) Produção de efeito o pagamento por meio de cheque, de emissão de estabelecimento
bancário ou não, a quitação dada pelo tabelionato de protesto será
CAPÍTULO XI condicionada à efetiva liquidação do cheque;
DAS REGRAS CIVIS E EMPRESARIAIS III - o cancelamento do registro de protesto, fundado no paga-
SEÇÃO I mento do título, será feito independentemente de declaração de
DAS REGRAS CIVIS anuência do credor, salvo no caso de impossibilidade de apresenta-
SUBSEÇÃO I ção do original protestado;
DO PEQUENO EMPRESÁRIO IV - para os fins do disposto no caput e nos incisos I, II e III
do caput deste artigo, o devedor deverá provar sua qualidade de
Art. 68. Considera-se pequeno empresário, para efeito de apli- microempresa ou de empresa de pequeno porte perante o tabelio-
nato de protestos de títulos, mediante documento expedido pela
cação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei nº 10.406, de 10
Junta Comercial ou pelo Registro Civil das Pessoas Jurídicas, con-
de janeiro de 2002 (Código Civil), o empresário individual caracte-
forme o caso;
rizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que
V - quando o pagamento do título ocorrer com cheque sem a
aufira receita bruta anual até o limite previsto no § 1o do art. 18-A.
devida provisão de fundos, serão automaticamente suspensos pe-
los cartórios de protesto, pelo prazo de 1 (um) ano, todos os benefí-
SUBSEÇÃO II cios previstos para o devedor neste artigo, independentemente da
(VETADO). lavratura e registro do respectivo protesto.
Art. 73-A. São vedadas cláusulas contratuais relativas à limita-
Art. 69. (VETADO). ção da emissão ou circulação de títulos de crédito ou direitos cre-
ditórios originados de operações de compra e venda de produtos e
SEÇÃO II serviços por microempresas e empresas de pequeno porte. (Incluí-
DAS DELIBERAÇÕES SOCIAIS E do pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
CAPÍTULO XII
Art. 70. As microempresas e as empresas de pequeno porte DO ACESSO À JUSTIÇA
são desobrigadas da realização de reuniões e assembléias em qual- SEÇÃO I
quer das situações previstas na legislação civil, as quais serão subs- DO ACESSO AOS JUIZADOS ESPECIAIS
tituídas por deliberação representativa do primeiro número inteiro
superior à metade do capital social. Art. 74. Aplica-se às microempresas e às empresas de pequeno
§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica caso haja porte de que trata esta Lei Complementar o disposto no § 1º do
disposição contratual em contrário, caso ocorra hipótese de justa art. 8º da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, e no inciso I do
causa que enseje a exclusão de sócio ou caso um ou mais sócios caput do art. 6º da Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001, as quais,
ponham em risco a continuidade da empresa em virtude de atos de assim como as pessoas físicas capazes, passam a ser admitidas
inegável gravidade. como proponentes de ação perante o Juizado Especial, excluídos os
§ 2o Nos casos referidos no § 1o deste artigo, realizar-se-á reu- cessionários de direito de pessoas jurídicas.
nião ou assembléia de acordo com a legislação civil. Art. 74-A. O Poder Judiciário, especialmente por meio do Con-
Art. 71. Os empresários e as sociedades de que trata esta Lei selho Nacional de Justiça - CNJ, e o Ministério da Justiça implemen-
Complementar, nos termos da legislação civil, ficam dispensados da tarão medidas para disseminar o tratamento diferenciado e favo-
recido às microempresas e empresas de pequeno porte em suas
publicação de qualquer ato societário.
respectivas áreas de competência. (Incluído pela Lei Complementar
nº 147, de 2014)
SEÇÃO III
DO NOME EMPRESARIAL
SEÇÃO II
DA CONCILIAÇÃO PRÉVIA, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM
Art. 72. (Revogado pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
(Vigência) Art. 75. As microempresas e empresas de pequeno porte de-
verão ser estimuladas a utilizar os institutos de conciliação prévia,
SEÇÃO IV mediação e arbitragem para solução dos seus conflitos.
DO PROTESTO DE TÍTULOS § 1o Serão reconhecidos de pleno direito os acordos celebra-
dos no âmbito das comissões de conciliação prévia.
Art. 73. O protesto de título, quando o devedor for microem- § 2o O estímulo a que se refere o caput deste artigo compre-
presário ou empresa de pequeno porte, é sujeito às seguintes con- enderá campanhas de divulgação, serviços de esclarecimento e
dições: tratamento diferenciado, simplificado e favorecido no tocante aos
I - sobre os emolumentos do tabelião não incidirão quaisquer custos administrativos e honorários cobrados.
acréscimos a título de taxas, custas e contribuições para o Estado
ou Distrito Federal, carteira de previdência, fundo de custeio de SEÇÃO III
atos gratuitos, fundos especiais do Tribunal de Justiça, bem como DAS PARCERIAS
de associação de classe, criados ou que venham a ser criados sob
qualquer título ou denominação, ressalvada a cobrança do devedor Art. 75-A. Para fazer face às demandas originárias do estímulo
das despesas de correio, condução e publicação de edital para rea- previsto nos arts. 74 e 75 desta Lei Complementar, entidades priva-
lização da intimação; das, públicas, inclusive o Poder Judiciário, poderão firmar parcerias

134
LEGISLAÇÃO
entre si, objetivando a instalação ou utilização de ambientes pro- § 1o O valor mínimo da parcela mensal será de R$ 100,00 (cem
pícios para a realização dos procedimentos inerentes a busca da reais), considerados isoladamente os débitos para com a Fazenda
solução de conflitos. Nacional, para com a Seguridade Social, para com a Fazenda dos
Art. 75-B. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, Estados, dos Municípios ou do Distrito Federal.
de 2016) Produção de efeito § 2o Esse parcelamento alcança inclusive débitos inscritos em
dívida ativa.
CAPÍTULO XIII § 3o O parcelamento será requerido à respectiva Fazenda para
DO APOIO E DA REPRESENTAÇÃO com a qual o sujeito passivo esteja em débito.
§ 3º-A O parcelamento deverá ser requerido no prazo estabe-
Art. 76. Para o cumprimento do disposto nesta Lei Comple- lecido em regulamentação do Comitê Gestor.
mentar, bem como para desenvolver e acompanhar políticas pú- § 4o Aplicam-se ao disposto neste artigo as demais regras vi-
blicas voltadas às microempresas e empresas de pequeno porte, gentes para parcelamento de tributos e contribuições federais, na
o poder público, em consonância com o Fórum Permanente das forma regulamentada pelo Comitê Gestor.
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, sob a coordenação § 5o (VETADO)
da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da Repú- § 6o (VETADO)
blica, deverá incentivar e apoiar a criação de fóruns com participa- § 7o (VETADO)
ção dos órgãos públicos competentes e das entidades vinculadas ao § 8o (VETADO)
setor. (Redação dada pela Lei nº 12.792, de 2013) § 9º O parcelamento de que trata o caput deste artigo não se
Parágrafo único. A Secretaria da Micro e Pequena Empresa da aplica na hipótese de reingresso de microempresa ou empresa de
Presidência da República coordenará com as entidades represen- pequeno porte no Simples Nacional.
tativas das microempresas e empresas de pequeno porte a imple- Art. 79-A. (VETADO)
mentação dos fóruns regionais nas unidades da federação. (Reda-
Art. 79-B. Excepcionalmente para os fatos geradores ocorridos
ção dada pela Lei nº 12.792, de 2013)
em julho de 2007, os tributos apurados na forma dos arts. 18 a 20
Art. 76-A. As instituições de representação e apoio empresa-
desta Lei Complementar deverão ser pagos até o último dia útil de
rial deverão promover programas de sensibilização, de informa-
agosto de 2007.
ção, de orientação e apoio, de educação fiscal, de regularidade dos
contratos de trabalho e de adoção de sistemas informatizados e Art. 79-C. A microempresa e a empresa de pequeno porte que,
eletrônicos, como forma de estímulo à formalização de empreen- em 30 de junho de 2007, se enquadravam no regime previsto na
dimentos, de negócios e empregos, à ampliação da competitivida- Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e que não ingressaram no
de e à disseminação do associativismo entre as microempresas, os regime previsto no art. 12 desta Lei Complementar sujeitar-se-ão, a
microempreendedores individuais, as empresas de pequeno porte partir de 1o de julho de 2007, às normas de tributação aplicáveis às
e equiparados. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) demais pessoas jurídicas.
§ 1o Para efeito do disposto no caput deste artigo, o sujeito
CAPÍTULO XIV passivo poderá optar pelo recolhimento do Imposto sobre a Renda
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS da Pessoa Jurídica – IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Lí-
quido - CSLL na forma do lucro real, trimestral ou anual, ou do lucro
Art. 77. Promulgada esta Lei Complementar, o Comitê Gestor presumido.
expedirá, em 30 (trinta) meses, as instruções que se fizerem neces- § 2o A opção pela tributação com base no lucro presumido dar-
sárias à sua execução. -se-á pelo pagamento, no vencimento, do IRPJ e da CSLL devidos,
§ 1o O Ministério do Trabalho e Emprego, a Secretaria da Re- correspondente ao 3o (terceiro) trimestre de 2007 e, no caso do
ceita Federal, a Secretaria da Receita Previdenciária, os Estados, o lucro real anual, com o pagamento do IRPJ e da CSLL relativos ao
Distrito Federal e os Municípios deverão editar, em 1 (um) ano, as mês de julho de 2007 com base na estimativa mensal.
leis e demais atos necessários para assegurar o pronto e imediato Art. 79-D Excepcionalmente, para os fatos geradores ocorridos
tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido às mi- entre 1o de julho de 2007 e 31 de dezembro de 2008, as pessoas
croempresas e às empresas de pequeno porte. jurídicas que exerçam atividade sujeita simultaneamente à incidên-
§ 2º A administração direta e indireta federal, estadual e mu- cia do IPI e do ISS deverão recolher o ISS diretamente ao Município
nicipal e as entidades paraestatais acordarão, no prazo previsto no em que este imposto é devido até o último dia útil de fevereiro de
§ 1º deste artigo, as providências necessárias à adaptação dos res- 2009, aplicando-se, até esta data, o disposto no parágrafo único do
pectivos atos normativos ao disposto nesta Lei Complementar. art. 100 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tribu-
§ 3o (VETADO).
tário Nacional - CTN.
§ 4o O Comitê Gestor regulamentará o disposto no inciso I do §
Art. 79-E. A empresa de pequeno porte optante pelo Simples
6o do art. 13 desta Lei Complementar até 31 de dezembro de 2008.
Nacional em 31 de dezembro de 2017 que durante o ano-calendá-
§ 5o A partir de 1o de janeiro de 2009, perderão eficácia as
rio de 2017 auferir receita bruta total anual entre R$ 3.600.000,01
substituições tributárias que não atenderem à disciplina estabeleci-
da na forma do § 4o deste artigo. (três milhões, seiscentos mil reais e um centavo) e R$ 4.800.000,00
§ 6o O Comitê de que trata o inciso III do caput do art. 2o desta (quatro milhões e oitocentos mil reais) continuará automaticamen-
Lei Complementar expedirá, até 31 de dezembro de 2009, as instru- te incluída no Simples Nacional com efeitos a partir de 1o de janei-
ções que se fizerem necessárias relativas a sua competência. ro de 2018, ressalvado o direito de exclusão por comunicação da
Art. 78. (REVOGADO) optante. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
Art. 79. Será concedido, para ingresso no Simples Nacional, Produção de efeito
parcelamento, em até 100 (cem) parcelas mensais e sucessivas, dos Art. 80. O art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, fica
débitos com o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, ou com acrescido dos seguintes §§ 2o e 3o, passando o parágrafo único a
as Fazendas Públicas federal, estadual ou municipal, de responsa- vigorar como § 1o:
bilidade da microempresa ou empresa de pequeno porte e de seu “Art. 21. .........................................................................
titular ou sócio, com vencimento até 30 de junho de 2008. .............................................................................................

135
LEGISLAÇÃO
§ 2º É de 11% (onze por cento) sobre o valor correspondente “Art. 94. ........................................................................
ao limite mínimo mensal do salário-de-contribuição a alíquota de ..............................................................................................
contribuição do segurado contribuinte individual que trabalhe por § 2º Não será computado como tempo de contribuição, para
conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equipara- efeito dos benefícios previstos em regimes próprios de previdên-
do, e do segurado facultativo que optarem pela exclusão do direito cia social, o período em que o segurado contribuinte individual ou
ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. facultativo tiver contribuído na forma do § 2º do art. 21 da Lei nº
§ 3o O segurado que tenha contribuído na forma do § 2o deste 8.212, de 24 de julho de 1991, salvo se complementadas as contri-
artigo e pretenda contar o tempo de contribuição correspondente buições na forma do § 3o do mesmo artigo.” (NR)
para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição Art. 84. O art. 58 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
ou da contagem recíproca do tempo de contribuição a que se refe- aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, passa
re o art. 94 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, deverá com- a vigorar acrescido do seguinte § 3o:
plementar a contribuição mensal mediante o recolhimento de mais “Art. 58. .......................................................................
9% (nove por cento), acrescido dos juros moratórios de que trata o ..............................................................................................
disposto no art. 34 desta Lei.” (NR) § 3º Poderão ser fixados, para as microempresas e empresas
Art. 81. O art. 45 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passa de pequeno porte, por meio de acordo ou convenção coletiva, em
a vigorar com as seguintes alterações: caso de transporte fornecido pelo empregador, em local de difí-
“Art. 45. ......................................................................... cil acesso ou não servido por transporte público, o tempo médio
............................................................................................. despendido pelo empregado, bem como a forma e a natureza da
§ 2º Para apuração e constituição dos créditos a que se refere remuneração.” (NR)
o § 1o deste artigo, a Seguridade Social utilizará como base de in- Art. 85. (VETADO).
cidência o valor da média aritmética simples dos maiores salários- Art. 85-A. Caberá ao Poder Público Municipal designar Agente
-de-contribuição, reajustados, correspondentes a 80% (oitenta por de Desenvolvimento para a efetivação do disposto nesta Lei Com-
cento) de todo o período contributivo decorrido desde a compe- plementar, observadas as especificidades locais.
tência julho de 1994. § 1º A função de Agente de Desenvolvimento caracteriza-se
........................................................................................... pelo exercício de articulação das ações públicas para a promoção
§ 4º Sobre os valores apurados na forma dos §§ 2o e 3o des- do desenvolvimento local e territorial, mediante ações locais ou
te artigo incidirão juros moratórios de 0,5% (zero vírgula cinco por comunitárias, individuais ou coletivas, que visem ao cumprimento
das disposições e diretrizes contidas nesta Lei Complementar, sob
cento) ao mês, capitalizados anualmente, limitados ao percentual
supervisão do órgão gestor local responsável pelas políticas de de-
máximo de 50% (cinqüenta por cento), e multa de 10% (dez por
senvolvimento.
cento).
§ 2º O Agente de Desenvolvimento deverá preencher os se-
............................................................................................
guintes requisitos:
§ 7º A contribuição complementar a que se refere o § 3o do
I - residir na área da comunidade em que atuar;
art. 21 desta Lei será exigida a qualquer tempo, sob pena de indefe-
II - haver concluído, com aproveitamento, curso de qualifica-
rimento do benefício.” (NR)
ção básica para a formação de Agente de Desenvolvimento; e
Art. 82. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar III - possuir formação ou experiência compatível com a função
com as seguintes alterações: a ser exercida; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de
“Art. 9o .......................................................................... 2014)
§ 1º O Regime Geral de Previdência Social - RGPS garante a IV - ser preferencialmente servidor efetivo do Município. (In-
cobertura de todas as situações expressas no art. 1o desta Lei, ex- cluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
ceto as de desemprego involuntário, objeto de lei específica, e de § 3o A Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidên-
aposentadoria por tempo de contribuição para o trabalhador de cia da República juntamente com as entidades municipalistas e de
que trata o § 2o do art. 21 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. apoio e representação empresarial prestarão suporte aos referidos
.............…..............................……...........................” (NR) agentes na forma de capacitação, estudos e pesquisas, publicações,
“Art....................…......................................................... promoção de intercâmbio de informações e experiências. (Redação
I - .................................................................................. dada pela Lei nº 12.792, de 2013)
........................................................................................ Art. 86. As matérias tratadas nesta Lei Complementar que não
c) aposentadoria por tempo de contribuição; sejam reservadas constitucionalmente a lei complementar poderão
......................................................................................... ser objeto de alteração por lei ordinária.
§ 3º O segurado contribuinte individual, que trabalhe por con- Art. 87. O § 1º do art. 3º da Lei Complementar nº 63, de 11 de
ta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado, e janeiro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
o segurado facultativo que contribuam na forma do § 2º do art. 21 “Art. 3o .......................................................................
da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, não farão jus à aposentado- § 1º O valor adicionado corresponderá, para cada Município:
ria por tempo de contribuição.” (NR) I - ao valor das mercadorias saídas, acrescido do valor das pres-
“Art. 55. ....................................................................... tações de serviços, no seu território, deduzido o valor das mercado-
.......................................................................................... rias entradas, em cada ano civil;
§ 4º Não será computado como tempo de contribuição, para II - nas hipóteses de tributação simplificada a que se refere o
efeito de concessão do benefício de que trata esta subseção, o pe- parágrafo único do art. 146 da Constituição Federal, e, em outras
ríodo em que o segurado contribuinte individual ou facultativo tiver situações, em que se dispensem os controles de entrada, conside-
contribuído na forma do § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de rar-se-á como valor adicionado o percentual de 32% (trinta e dois
julho de 1991, salvo se tiver complementado as contribuições na por cento) da receita bruta.
forma do § 3o do mesmo artigo.” (NR) ...................................................................................” (NR)
Art. 83. O art. 94 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, fica Art. 87-A. Os Poderes Executivos da União, Estados, Distrito Fe-
acrescido do seguinte § 2o, passando o parágrafo único a vigorar deral e Municípios expedirão, anualmente, até o dia 30 de novem-
como § 1o: bro, cada um, em seus respectivos âmbitos de competência, de-

136
LEGISLAÇÃO
cretos de consolidação da regulamentação aplicável relativamente X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de ale-
às microempresas e empresas de pequeno porte. (Incluído pela Lei gações finais, à produção de provas e à interposição de recursos,
Complementar nº 147, de 2014) nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
Art. 88. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua litígio;
publicação, ressalvado o regime de tributação das microempresas XI - proibição de cobranças de despesas processuais, ressalva-
e empresas de pequeno porte, que entra em vigor em 1o de julho das as previstas em lei;
de 2007. XII - impulsão de ofício, do processo administrativo, sem preju-
Art. 89. Ficam revogadas, a partir de 1o de julho de 2007, a ízo da atuação dos interessados;
Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e a Lei nº 9.841, de 5 de XIII - interpretação da norma administrativa da forma que me-
outubro de 1999. lhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada
aplicação retroativa de nova interpretação.
LEI Nº 8814, DE 30 DE AGOSTO DE 2004
CAPÍTULO II
DISCIPLINA O PROCESSO ADMINISTRATIVO NO ÂMBITO DA DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL.
Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a ad-
ministração sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
O PREFEITO MUNICIPAL, Faço saber que a Câmara Municipal
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores que
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de
suas obrigações;
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em
CAPÍTULO I que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter có-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS pias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferi-
das, às suas expensas, conforme regulamento;
Art. 1º Esta lei estabelece normas básicas sobre o processo ad- III - formular alegações e apresentar documentos antes da de-
ministrativo no âmbito da Administração Municipal Direta e Indire- cisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competen-
ta visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados te;
e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
§ 1º Os preceitos desta lei também se aplicam ao Poder Legis- quando obrigatória a representação por força de lei.
lativo Municipal, quando no desempenho de função administrativa.
§ 2º Para os fins desta lei consideram-se: CAPÍTULO III
I - Órgão: a unidade de atuação integrante da estrutura da ad- DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
ministração direta e indireta;
II - Entidade: a unidade de atuação dotada de personalidade Art. 4º São deveres do administrado perante a administração,
jurídica; sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:
III - Autoridade: o servidor ou agente público dotado do poder I - expor os fatos conforme a verdade;
de decisão. II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
Art. 2º A Administração Pública obedecerá dentre outros aos III - não agir de modo temerário;
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, pro- IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colabo-
porcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran- rar para o esclarecimento dos fatos.
ça jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo Único - Nos processos administrativos serão obser- CAPÍTULO IV
vados, entre outros os critérios de: DO INÍCIO DO PROCESSO
I - atuação conforme a lei e o direito;
Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia
pedido de interessado.
total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em
Art. 6º O requerimento inicial do interessado, salvo casos em
lei;
que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada
conter os seguintes dados:
a promoção pessoal de agentes ou autoridade; I - órgão ou entidade administrativa a que se dirige;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e II - identificação do interessado e de quem o represente, se for
boa-fé; o caso;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as III - domicílio do requerente ou local para recebimento de co-
hipóteses de sigilo previstas na Constituição e na Lei Orgânica; municação;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obri- IV - formulação do pedido com exposição dos fatos e de seus
gações, restrições e sanções em medida superior àquelas estrita- fundamentos;
mente necessárias ao atendimento do interesse público; V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que deter- § 1º É vedada à administração a recusa imotivada de recebi-
minarem a decisão; mento de documentos devendo o servidor orientar o interessado
VIII - observância das formalidades essenciais à garantia dos quanto ao suprimento de eventuais falhas.
direitos dos administrados; § 2º Tanto o requerimento inicial, quanto o requerimento de
IX - adoção de formas simples suficientes para propiciar ade- juntada de documentos ao processo administrativo deverão ocor-
quado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos ad- rer via protocolo geral do órgão requisitado, para fins do devido
ministrados; andamento e validade.

137
LEGISLAÇÃO
Art. 7º Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar CAPÍTULO VII
modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
pretensões equivalentes.
Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados Art. 18 É impedido de atuar em processo administrativo servi-
tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formula- dor ou autoridade que:
dos em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário. I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
II - tenha participado ou venha a participar como perito, teste-
CAPÍTULO V munha ou representante ou se tais situações ocorrem quanto ao
DOS INTERESSADOS cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, até o
terceiro grau;
Art. 9º São legitimados como interessados no processo admi- III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o inte-
nistrativo: ressado ou respectivo cônjuge ou companheiro.
I - pessoas físicas ou jurídicas titulares de direitos ou interesses Art. 19 A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento
individuais ou no exercício do direito de representação; deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos atuar.
ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; Parágrafo Único - A omissão do dever de comunicar o impedi-
III - as organizações e associações representativas no tocante a mento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.
direitos e interesses coletivos; Art. 20 Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quan- que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos in-
to a direitos ou interesses difusos. teressados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, paren-
Art. 10 São capazes, para fins de processo administrativo, os tes consanguíneos ou afins até o terceiro grau.
maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato nor- Art. 21 O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser
mativo próprio. objeto de recurso, sem efeito suspensivo.

CAPÍTULO VI CAPÍTULO VIII


DA COMPETÊNCIA DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO

Art. 11 A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos Art. 22 Os atos do processo administrativo não dependem de
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo nos casos de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
§ 1º Os atos do processo devem ser produzidos:
delegação e avocação legalmente admitidos.
I - por escrito em vernáculo, com a data e o local de sua realiza-
Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
ção e assinatura do agente/servidor responsável;
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a
II - oral e reduzido a termo, com a data e o local de sua realiza-
outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhes sejam hierar-
ção e assinatura do agente/servidor responsável.
quicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de
§ 2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somen-
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou ter-
te será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
ritorial.
§ 3º A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá
Parágrafo Único - O disposto no caput deste artigo aplica-se à ser feita pelo órgão administrativo.
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos § 4º O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüen-
presidentes. cialmente e rubricadas.
Art. 13 Não podem ser objeto de delegação: Art. 23 Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no
I - a edição de atos de caráter normativo; horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o
II - a decisão de recursos administrativos; processo.
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori- Parágrafo Único - Serão concluídos depois do horário normal
dade. os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do
Art. 14 O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- procedimento ou cause dano ao interessado ou à administração.
cados no jornal oficial do Município. Art. 24 Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes servidor responsável pelo processo e dos administrados que dele
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo mo-
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva tivo de força maior.
de exercício da atribuição delegada. Parágrafo Único - O prazo previsto neste artigo pode ser dilata-
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela do até o dobro, mediante comprovada justificação.
autoridade delegante. Art. 25 Os atos do processo devem realizar-se preferencial-
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar mente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de- for o local de realização.
legado.
Art. 15 Será permitida, em caráter excepcional e por motivos CAPÍTULO IX
relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
Art. 16 Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publi- Art. 26 O órgão competente perante o qual tramita o processo
camente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a administrativo determinará a intimação do interessado para ciência
unidade funcional, competente em matéria de interesse especial. de decisão ou a efetivação de diligências.
Art. 17 Inexistindo competência legal específica, o processo § 1º A intimação deverá conter:
administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade ad-
grau hierárquico para decidir. ministrativa;

138
LEGISLAÇÃO
II - finalidade da intimação; Art. 34 Os resultados da consulta e audiência pública e de ou-
III - data, hora e local em que deve comparecer; tros meios de participação de administrados deverão ser apresen-
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se tados com a indicação do procedimento adotado.
representar; Art. 35 Quando necessária à instrução do processo a audiência
V - informação da continuidade do processo independente- de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada
mente do seu comparecimento; em reunião conjunta, com a participação de titulares ou represen-
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. tantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser
§ 2º A intimação observará a antecedência mínima de três dias juntada aos autos.
úteis quanto à data de comparecimento. Art. 36 Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha ale-
§ 3º A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, gado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a
por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro instrução e do disposto no art. 37 desta lei.
meio que assegure a certeza da ciência do interessado. Art. 37 Quando o interessado declarar que fatos e dados estão
§ 4º No caso de interessados indeterminados, desconhecidos registrados em documentos existentes na própria administração
ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo o ór-
gão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos
meio de edital, mediante publicação em jornal oficial do Município.
documentos ou das respectivas cópias.
§ 5º As intimações serão nulas quando feitas sem observância
Art. 38 O interessado poderá na fase instrutória e antes da
das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado su-
tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer dili-
pre sua falta ou irregularidade. gências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria
Art. 27 O desatendimento da intimação não importa o reco- objeto do processo.
nhecimento da verdade dos fatos nem a renúncia a direitos pelo § 1º Os elementos probatórios deverão ser considerados na
administrado. motivação do relatório e da decisão.
Parágrafo Único - No prosseguimento do processo será garan- § 2º Somente poderão ser recusados mediante decisão fun-
tido direito de ampla defesa ao interessado. damentada as provas propostas pelos interessados quando sejam
Art. 28 Devem ser objeto de intimação os atos do processo que ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, san- Art. 39 Quando for necessária a prestação de informações ou
ções ou restrições ao exercício de direitos e atividades e os atos de apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão ex-
outra natureza de seu interesse. pedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, for-
ma e condições de atendimento.
CAPÍTULO X Parágrafo Único - Não sendo atendida a intimação, poderá o
DA INSTRUÇÃO órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofí-
cio a omissão não se eximindo de proferir a decisão.
Art. 29 As atividades de instrução destinadas a averiguar e Art. 40 Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao
comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado,
de ofício ou mediante pedido do órgão responsável pelo processo, o não atendimento no prazo fixado pela administração para a res-
sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações pro- pectiva apresentação implicará arquivamento do processo.
batórias. Art. 41 Os interessados serão intimados de prova ou diligência
§ 1º O órgão competente para a instrução fará constar dos au- ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionan-
tos os dados necessários à decisão do processo. do-se data, hora e local de realização.
§ 2º Os atos de instrução que exijam a atuação dos interes- Art. 42 Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão con-
sados devem realizar-se do modo menos oneroso para estes, de sultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias,
acordo com a sua capacidade e sempre que possível. salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo.
§ 1º Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emi-
Art. 30 São inadmissíveis no processo administrativo as provas
tido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respec-
obtidas por meios ilícitos.
tiva apresentação responsabilizando-se quem der causa ao atraso.
Art. 31 Quando a matéria do processo envolver assunto de in-
§ 2º Se um parecer não obrigatório e não vinculante deixar de
teresse geral, o órgão competente poderá, a seu critério, mediante ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento
despacho motivado, abrir período de consulta pública para mani- e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade
festação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver de quem se omitiu no atendimento.
prejuízo para a parte interessada. Art. 43 Quando por disposição de ato normativo devam ser
§ 1º A abertura da consulta pública será objeto de divulgação previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e
pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas pos- estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão res-
sam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de ale- ponsável pela distribuição deverá solicitar laudo técnico de outro
gações escritas. órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes.
§ 2º O comparecimento à consulta pública não confere, por Art. 44 Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de
si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo
de obter da administração resposta fundamentada, que poderá ser for legalmente fixado.
comum a todas as alegações substancialmente iguais. Art. 45 Em caso de risco iminente, a administração pública po-
Art. 32 Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, derá motivadamente adotar providências acautelatórias sem a pré-
diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pú- via manifestação do interessado.
blica para debates sobre a matéria do processo. Art. 46 Os interessados têm direito à vista do processo e a ob-
Art. 33 Os órgãos e entidades administrativas, em matéria rele- ter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que
vante, poderão estabelecer outros meios de participação dos admi- o integram, às suas expensas, ressalvados os dados e documentos
nistrados, diretamente ou por meio de organizações e associações de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à
legalmente reconhecidas. honra e à imagem, conforme regulamento.

139
LEGISLAÇÃO
Art. 47 O órgão de instrução que não for competente para CAPÍTULO XIV
emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de
decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à au- Art. 53 A Administração deve anular seus próprios atos quan-
toridade competente. do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
CAPÍTULO XI Art. 54 O direito da Administração de anular os atos adminis-
DO DEVER DE DECIDIR trativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
decai em cinco anos contados da data em que foram praticados,
Art. 48 A administração tem o dever de explicitamente emitir salvo comprovada má-fé.
decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou recla- § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de de-
mações protocoladas, em matéria de sua competência. cadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
Art. 49 Concluída a instrução de processo administrativo, a Ad- § 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer me-
ministração tem o prazo de até trinta dias para decidir, prorrogá- dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali-
veis por igual período, cuja necessidade deve ser justificada. dade do ato.
Art. 55 Em decisão na qual não haja evidente lesão ao interesse
CAPÍTULO XII público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defei-
DA MOTIVAÇÃO tos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

Art. 50 Os atos administrativos deverão ser motivados com in- CAPÍTULO XV


dicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando; DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres encargos ou sanções; Art. 56 Das decisões administrativas cabe recurso em face de
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção razões de legalidade e de mérito.
pública; § 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a deci-
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- são, a qual, se não se reconsiderar no prazo de cinco dias, o enca-
tatório; minhará à autoridade superior.
V - decidam recursos administrativos; § 2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso adminis-
VI - decorram de reexame de ofício; trativo independe de caução.
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão Art. 57 O recurso administrativo tramitará no máximo por três
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- Art. 58 Tem legitimidade para interpor recurso administrativo:
ção de ato administrativo. I - os titulares de direitos e interesses que figuram como inte-
§ 1º A motivação deve ser explicita, clara e congruente, po- ressados no processo;
dendo consistir em declaração de concordância com fundamentos II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente
de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, afetados pela decisão recorrida;
neste caso, serão parte integrante do ato. III - as organizações e associações representativas no tocante a
§ 2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode direitos e interesses coletivos;
ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses
decisões desde que não prejudique direito ou garantia dos interes- difusos.
sados. Art. 59 Salvo disposição legal específica é de dez dias o prazo
§ 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comis- para interposição de recurso administrativo contado a partir da ci-
sões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo ência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
escrito. § 1º Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso adminis-
trativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir
CAPÍTULO XIII do recebimento dos autos pelo órgão competente.
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO § 2º O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser
prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
Art. 51 O interessado poderá, mediante manifestação escrita, Art. 60 O recurso interpõe-se por meio de requerimento no
desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, re- qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de ree-
nunciar a direitos disponíveis. xame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
§ 1º Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia Art. 61 Salvo disposição legal em contrário o recurso não tem
atinge somente quem a tenha formulado. efeito suspensivo.
§ 2º A desistência ou renúncia do interessado, conforme o Parágrafo Único - Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a adminis- incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida
tração considerar que o interesse público assim o exige. ou imediatamente superior poderá de ofício ou a pedido dar efeito
Art. 52 O órgão competente poderá declarar extinto o proces- suspensivo ao recurso.
so quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar Art. 62 Interposto o recurso, o órgão competente para dele co-
impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. nhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo
de cinco dias úteis, apresentem alegações.
Art. 63 O recurso não será conhecido quando interposto:
I - fora do prazo;
II - perante órgão incompetente;
III - por quem não seja legitimado;

140
LEGISLAÇÃO
IV - após exaurida a esfera administrativa. (...)
§ 1º Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a au- § 4º Concedida a prioridade, esta não cessará com a morte
toridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. do beneficiário, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite ou
§ 2º O não conhecimento do recurso não impede a administra- companheiro em união estável, desde que com idade igual ou su-
ção de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão perior a 60 (sessenta) anos”. (NR)
administrativa. Art. 2º Fica acrescido o art. 69-B à Lei nº 8.814, de 30 de agosto
Art. 64 O órgão competente para decidir o recurso poderá con- de 2004, passa a vigorar com a seguinte redação:
firmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deci- “Art. 69. - B Terão prioridade especial na tramitação, no âmbi-
são recorrida, se a matéria for de sua competência. to da Administração Municipal Direta e Indireta, os procedimentos
Parágrafo Único - Se da aplicação do disposto neste artigo pu- administrativos em que figure como parte ou interveniente pessoa
der decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser com idade igual ou superior a 80 (oitenta) anos.
cientificado para que formule suas alegações antes da decisão. § 1º Serão beneficiadas com o disposto no “caput” desse artigo
Art. 65 Os processos administrativos de que resultem sanções aquelas previstos nos incisos II e III do art. 69-A.
poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, § 2º Os procedimentos previstos nos §§1º ao 4º do art. 69-A
quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetí- prevalecerão para a pessoa prevista no `caput` desse artigo” (NR)
veis de justificar a inadequação da sanção aplicada. Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Parágrafo Único - Da revisão do processo não poderá resultar
agravamento da sanção. DECRETO Nº 18.389, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2019.

CAPÍTULO XVI REGULAMENTA, NO ÂMBITO DO PODER EXECUTIVO MUNICI-


DOS PRAZOS PAL, A LEI FEDERAL Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013 E SUAS
ALTERAÇÕES, QUE “DISPÕE SOBRE A RESPONSABILIZAÇÃO ADMI-
Art. 66 Os prazos começam a correr a partir da data da cientifi- NISTRATIVA E CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS PELA PRÁTICA DE ATOS
cação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluin- CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, NACIONAL OU ESTRANGEI-
do-se o do vencimento. RA, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS”.
§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil
seguinte, se o vencimento cair em dia que não houver expediente O PREFEITO DE UBERLÂNDIA, no exercício de suas atribuições
ou este for encerrado antes da hora normal. legais, em especial a que lhe confere o inciso VII do artigo 45 da Lei
§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se de modo contí- Orgânica Municipal, e tendo em vista o disposto na Lei Federal nº
nuo. 12.846, de 1º de agosto de 2013 e suas alterações, DECRETA:
§ 3º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a
data; se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àque- CAPÍTULO I
le do início do prazo, tem-se termo o último dia do mês. DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 67 Salvo motivo de força maior devidamente comprovado,
os prazos processuais não se suspendem. Art. 1º Este Decreto regulamenta, no âmbito do Poder Execu-
tivo municipal, a responsabilização objetiva administrativa de pes-
soas jurídicas, de que trata a Lei Federal nº 12.846, de 1º de agosto
CAPÍTULO XVII
2013 e suas alterações, pela prática de atos contra a administração
DAS SANÇÕES
pública municipal.
Art. 68 As sanções, a serem aplicadas por autoridade compe-
CAPÍTULO II
tente, terão natureza pecuniária, ou consistirão em obrigação de
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa.
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO XVIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 2º A apuração da responsabilidade administrativa de pes-
soa jurídica que possa resultar na aplicação das sanções previstas
Art. 69 Os processos administrativos específicos continuarão a no artigo 6º da Lei Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações,
reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente será efetuada por meio de Processo Administrativo de Responsa-
os preceitos desta lei. bilização - PAR.
Art. 70 Esta Lei entra em vigor noventa dias após a sua publi- Parágrafo único. As infrações administrativas previstas na Lei
cação. Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ou em outras normas de
licitações e contratos da administração pública, também tipificadas
LEI Nº 13.380, DE 18 DE SETEMBRO DE 2020. como atos lesivos à administração pública municipal, poderão ser
apuradas nos autos do PAR, observadas as disposições deste Decre-
ALTERA E ACRESCENTA DISPOSITIVOS NA LEI Nº 8.814, DE 30 to, sem prejuízo da aplicação das normas previstas no Decreto nº
DE AGOSTO DE 2004 QUE “DISCIPLINA O PROCESSO ADMINISTRA- 18.198, de 1º de agosto de 2019.
TIVO NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL”. Art. 3º Compete ao Controlador Geral do Município instaurar
e julgar o PAR.
O PREFEITO DE UBERLÂNDIA, Faço saber que a Câmara Munici- Parágrafo único. As competências do Controlador Geral do
pal decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Município para instaurar a investigação preliminar, incidente de
desconsideração da personalidade jurídica, incidente de simula-
Art. 1º Acrescenta §4º ao artigo 69-A da Lei nº 8.814/2004, que ção ou fraude e instaurar e julgar o PAR poderão ser delegadas ao
passa a vigorar com a seguinte redação: responsável pela unidade competente que vier a ser instituída no
“Art. 69-A. âmbito da Controladoria Geral do Município.

141
LEGISLAÇÃO
Art. 4º Compete à autoridade de que trata o artigo 3º deste d) as providências adotadas para mitigar os efeitos negativos
Decreto, de ofício ou por provocação, ao tomar ciência da possí- do ato.
vel ocorrência de ato lesivo à administração pública municipal, em § 1º A autoridade instauradora poderá determinar a realização
sede de juízo de admissibilidade, decidir motivadamente: de diligências prévias, antes de decidir pela abertura da investiga-
I - pela abertura de investigação preliminar; ção preliminar ou pelo arquivamento da matéria.
II - pela instauração de PAR; ou § 2º O planejamento das atividades de investigação observará,
III - pelo arquivamento da matéria. dentre outros, critérios de materialidade, relevância, criticidade e
Parágrafo único. Ao decidir pela instauração de PAR, a autori- interesse público.
dade competente requisitará aos órgãos e entidades responsáveis § 3º A Ouvidoria do Município é o órgão responsável pelo rece-
informações sobre a existência e o atual estágio de processos ad- bimento, tratamento e encaminhamento das manifestações a que
ministrativos já instaurados com fulcro na Lei Federal nº 8.666, de se refere o inciso II do caput deste artigo.
1993 e suas alterações, ou em outras normas de licitações e con- Art. 9º O procedimento de investigação preliminar será ins-
tratos da administração pública, para apuração dos mesmos fatos. taurado por meio de ato de designação, contendo a indicação dos
Art. 5º Realizada a diligência prevista no parágrafo único artigo servidores responsáveis pelos trabalhos da comissão e o objeto in-
4º deste Decreto, competirá à autoridade instauradora: vestigado.
I - requisitar a remessa de processos administrativos ainda não Art. 10. Durante o procedimento de investigação preliminar, a
concluídos para julgamento conjunto com o PAR; autoridade instauradora poderá solicitar:
II - solicitar aos órgãos e entidades responsáveis que não reali- I - servidores da administração pública municipal, preferencial-
zem a instauração, caso seja certificada a inexistência de processos mente nominalmente, para auxiliar nos trabalhos;
administrativos; ou II - à Procuradoria Geral do Município que requeira as medidas
III - declarar prejudicada a apuração, nos autos do PAR, das in- judiciais necessárias; e
frações previstas na Lei Federal nº 8.666, de 1993 e suas alterações, III - colaboração de outros órgãos e entidades da administração
ou em outras normas de licitações e contratos da administração pública municipal para obtenção de informações imprescindíveis
pública, caso seja certificada a conclusão do processo administra- aos trabalhos.
tivo conexo. Art. 11. Ao final do procedimento de investigação preliminar, a
Art. 6º Compete à autoridade máxima de cada órgão e enti- comissão elaborará relatório de investigação sugerindo a instaura-
ção de PAR ou o arquivamento da matéria.
dade da administração pública municipal cientificar a autoridade
§ 1º Em caso de sugestão de abertura de PAR, o relatório de
competente sobre a possível ocorrência de ato lesivo previsto no
investigação conterá:
artigo 5º da Lei Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações, por
I - a descrição do suposto ato lesivo à administração pública
meio de comunicação formal, no prazo de 10 (dez) dias úteis con-
municipal e o seu provável autor;
tados da ciência, sob pena de responsabilização penal, civil e admi-
II - a indicação precisa dos indícios de autoria e materialidade
nistrativa nos termos da legislação específica.
constantes dos autos;
III - o enquadramento dos atos lesivos previstos no artigo 5º da
SEÇÃO II Lei Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações, e, se for o caso,
DA INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR em normas de licitações e contratos da administração pública; e
IV - a ocorrência das circunstâncias previstas no artigo 30 deste
Art. 7º A investigação preliminar constitui procedimento de Decreto.
caráter sigiloso e não punitivo destinado à apuração de indícios de § 2º A comissão poderá sugerir o encaminhamento dos autos
autoria e materialidade de ato lesivo à administração pública mu- a outros órgãos e entidades para adoção de providências cabíveis.
nicipal. Art. 12. Após a emissão do relatório de investigação, os autos
§ 1º A investigação preliminar será conduzida por comissão do procedimento de investigação preliminar serão encaminhados
composta por, no mínimo, dois servidores, que poderá utilizar dos à autoridade de que trata o artigo 3º deste Decreto, que poderá:
meios investigativos admitidos em lei. I - determinar a realização de novas diligências;
§ 2º Os servidores designados autuarão todos os indícios, pro- II - encerrar a investigação e determinar o arquivamento dos
vas e demais elementos produzidos durante a investigação, deven- autos, sem abertura de PAR;
do numerar e rubricar as folhas dos autos. III - encaminhar os autos a outros órgãos e entidades para as
§ 3º O prazo para conclusão da investigação preliminar não providências cabíveis; ou
excederá noventa dias e poderá ser prorrogado por igual período, IV - instaurar o PAR.
mediante solicitação justificada do presidente da comissão à auto- Parágrafo único. Em caso de novos indícios ou provas, a autori-
ridade competente. dade competente poderá, de ofício ou a requerimento, desarquivar
Art. 8º O procedimento de investigação preliminar será instau- os autos do procedimento de investigação preliminar, observados
rado pela autoridade de que trata o artigo 3º deste Decreto: os prazos prescricionais.
I - de ofício;
II - em face de manifestação fundamentada formulada por SEÇÃO III
qualquer pessoa, inclusive anonimamente, por qualquer meio le- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
galmente permitido; ou DE RESPONSABILIZAÇÃO - PAR
III - por comunicação fundamentada da autoridade máxima de
órgão ou entidade da administração pública municipal, em envelo- Art. 13. O Proceso Administrativo de Responsabilização - PAR
pe lacrado que conste o dizer “DOCUMENTO SIGILOSO”, contendo obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, celeridade,
obrigatoriamente: informalidade, motivação, moralidade, ampla defesa, contraditório
a) a narrativa dos fatos; e eficiência, aplicando-se a Lei nº 8.814, de 30 de agosto de 2004 e
b) descrição da forma e da data em que tomou conhecimento suas alterações, e, subsidiariamente, o Código de Processo Penal,
dos fatos; e observará o disposto no Capítulo IV da Lei Federal nº 12.846, de
c) os indícios de autoria e materialidade; e 2013 e suas alterações.

142
LEGISLAÇÃO
Art. 14. A instauração do PAR dar-se-á mediante portaria a ser Art. 21. Na hipótese de deferimento de pedido de produção de
publicada no Diário Oficial do Município e deverá conter: novas provas ou de juntada de provas julgadas indispensáveis pela
I - as iniciais da razão social ou denominação da pessoa jurídica comissão processante, a pessoa jurídica poderá apresentar novas
processada; alegações acerca do que foi produzido no prazo de dez dias, conta-
II - os membros da comissão processante, com a indicação de do do deferimento ou da intimação de juntada das provas.
presidente; e Art. 22. Caso a pessoa jurídica apresente em sua defesa infor-
III - o número dos autos e a informação de que o processo ins- mações e documentos referentes à existência e ao funcionamento
taurado tem por objeto a apuração de supostos atos lesivos à admi- de programa de integridade, a comissão processante deverá exami-
nistração pública municipal. ná-lo segundo os parâmetros indicados em regulamento do Poder
Art. 15. O PAR será conduzido por comissão processante com- Executivo federal, nos termos do parágrafo único do artigo 7º da
posta por, no mínimo, dois servidores, que exercerá suas atividades Lei Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações, para subsidiar a
com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo sempre dosimetria das sanções a serem aplicadas.
que necessário à elucidação do fato e à preservação da imagem Art. 23. Concluídos os trabalhos de apuração e análise, a co-
missão processante elaborará relatório final a respeito dos fatos
dos envolvidos ou quando exigido pelo interesse da administração
apurados e da eventual responsabilidade administrativa da pessoa
pública municipal, garantido o direito à ampla defesa e ao contra-
jurídica, no qual sugerirá sugerirá, de forma motivada, as sanções
ditório.
a serem aplicadas, a dosimetria da multa ou o arquivamento do
Parágrafo único. A comissão processante, para o devido e re- processo.
gular exercício de suas funções, poderá: § 1º O PAR, com o relatório final da comissão processante, será
I - propor à autoridade instauradora a suspensão cautelar dos remetido à autoridade competente para julgamento.
efeitos do ato ou do processo objeto da investigação; § 2º A autoridade competente terá o prazo de trinta dias para
II - solicitar a atuação de especialistas com notório conheci- julgar o PAR, sendo imprescindível manifestação jurídica prévia,
mento, de órgãos e entidades públicos ou de outras organizações, elaborada pela Procuradoria Geral do Município.
para auxiliar na análise da matéria sob exame; e § 3º A comissão designada para apuração da responsabilidade
III - solicitar à Procuradoria Geral do Município que requeira de pessoa jurídica, após a conclusão do PAR, dará conhecimento ao
as medidas necessárias para a investigação e o processamento das Ministério Público de sua existência, para apuração de eventuais
infrações, inclusive de busca e apreensão, no País ou no exterior. delitos, e, ainda, remeterá cópia integral dos autos à Procuradoria
Art. 16. O prazo para conclusão do PAR não excederá cento Geral do Município para as providências a que alude o artigo 19 da
e oitenta dias, admitida prorrogação por meio de solicitação do Lei Federal nº 12.846, 2013 e suas alterações.
presidente da comissão à autoridade instauradora, que decidirá de § 4º Na hipótese de decisão contrária ao relatório da comissão
forma fundamentada. processante, esta deverá ser fundamentada com base nas provas
Art. 17. Instaurado o PAR, a comissão processante analisará produzidas no PAR.
os documentos pertinentes e intimará a pessoa jurídica para, no Art. 24. A decisão administrativa proferida pela autoridade
prazo de trinta dias, contados da data do recebimento da intima- competente ao final do PAR será publicada no Diário Oficial do Mu-
ção, apresentar defesa escrita e especificar eventuais provas que nicípio e no sítio eletrônico oficial.
pretende produzir. Art. 25. Caberá pedido de reconsideração à autoridade julga-
Parágrafo único. Deverá constar do mandado de intimação: dora, com efeito suspensivo, no prazo de dez dias, contado da data
I - a identificação da pessoa jurídica; de publicação da decisão.
II - a indicação do órgão ou entidade da administração pública § 1º A autoridade julgadora terá o prazo de trinta dias para
municipal envolvido na ocorrência e o número do processo admi- decidir sobre a matéria alegada no pedido de reconsideração e pu-
nistrativo de responsabilização; blicar nova decisão.
§ 2º Mantida a decisão administrativa sancionadora, será con-
III - a descrição objetiva dos atos lesivos supostamente pratica-
cedido à pessoa jurídica novo prazo de trinta dias para cumprimen-
dos contra a administração pública municipal;
to das sanções que lhe foram impostas, contado da data de publi-
IV - a especificação das provas utilizadas pela comissão pro-
cação da nova decisão.
cessante do PAR para imputar responsabilidade à pessoa jurídica; Art. 26. A pessoa jurídica contra a qual foram impostas sanções
V - a informação de que a pessoa jurídica tem o prazo de 30 no PAR e que não apresentar pedido de reconsideração deverá
(trinta) dias para apresentar defesa escrita e especificar provas; e cumpri-las no prazo de trinta dias, contado do fim do prazo para
VI - a identificação da comissão com a indicação do local onde interposição do pedido de reconsideração.
ela se encontra instalada.
Art. 18. As intimações serão feitas por qualquer meio que asse- CAPÍTULO III
gure a certeza de ciência da pessoa jurídica acusada. DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E
Parágrafo único. Estando a parte estabelecida em local incerto, DOS ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS
não sabido ou inacessível, ou caso não tenha êxito a intimação na SEÇÃO I
forma do caput deste artigo, será feita nova intimação por meio de DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
edital.
Art. 19. Na hipótese de a pessoa jurídica requerer a produção Art. 27. As pessoas jurídicas estão sujeitas às seguintes sanções
de provas em sua defesa, a comissão processante fixará prazo razo- administrativas, nos termos do artigo 6º da Lei Federal nº 12.846,
ável para sua produção. de 2013 e suas alterações:
Parágrafo único. Serão recusadas, mediante decisão funda- I - multa; e
mentada, provas propostas pela pessoa jurídica que sejam ilícitas, II - publicação extraordinária da decisão administrativa sancio-
impertinentes, desnecessárias, protelatórias ou intempestivas. nadora.
Art. 20. O depoimento de testemunhas observará o procedi- § 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada
mento previsto na legislação municipal que regulamenta a matéria, ou cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso con-
aplicando-se, subsidiariamente, o Código de Processo Civil. creto e com a gravidade e natureza das infrações.

143
LEGISLAÇÃO
§ 2º Nos termos do parágrafo único do artigo 2º deste Decreto, XI - o ressarcimento integral dos danos causados à administra-
poderão ser aplicadas as sanções previstas na Lei Federal nº 8.666, ção pública antes da prolação da decisão administrativa condena-
de 1993 e suas alterações, ou em outras normas de licitações e con- tória;
tratos da administração pública. XII - a comprovação pela pessoa jurídica da existência ou da
implementação de programa de integridade;
SEÇÃO II XIII - a gravidade da infração;
DA MULTA XIV - a repercussão social da infração; e
XV - os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Art. 28. A multa será fixada em percentual incidente sobre o Parágrafo único. A avaliação do programa de integridade, para
faturamento bruto, excluídos os tributos, da pessoa jurídica no a definição do percentual de redução da multa, levará em consi-
exercício anterior ao da instauração do PAR, no valor de 0,1% (um deração as informações prestadas no prazo de defesa prévia e sua
décimo por cento) a 20% (vinte por cento). comprovação, nos relatórios de perfil e de conformidade do pro-
§ 1º A multa não será inferior à vantagem auferida, quando for grama, observado o disposto no Capítulo VIII deste Decreto.
possível sua mensuração. Art. 31. A assinatura do acordo de leniência implicará redução
§ 2º O valor da vantagem auferida ou pretendida equivale aos da multa conforme a fração nele pactuada, observado o limite pre-
valores obtidos ou pretendidos pela pessoa jurídica que não ocor- visto no § 2º do artigo 16 da Lei Federal nº 12.846, de 2013 e suas
reriam sem a prática do ato lesivo, somado, quando for o caso, ao alterações.
valor correspondente a qualquer vantagem indevida prometida ou § 1º No caso do caput deste artigo, o valor da multa poderá
dada ao agente público ou a terceiros a ele relacionados. ser inferior ao limite mínimo previsto no artigo 6º da Lei Federal nº
Art. 29. Caso não seja possível utilizar o critério do valor do 12.846, de 2013 e suas alterações.
faturamento bruto da pessoa jurídica no ano anterior ao da instau- § 2º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, o va-
ração do PAR, a multa-base incidirá: lor integral encontrado antes da redução de que trata o caput deste
I - sobre o valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, ex- artigo será cobrado, descontando-se as frações da multa eventual-
cluídos os tributos, no ano em que ocorreu o ato lesivo, no caso de mente já pagas.
Art. 32. A multa aplicada deverá ser paga em até sessenta dias,
a pessoa jurídica não ter tido faturamento no ano anterior ao da
a contar da intimação do trânsito em julgado da decisão adminis-
instauração do processo administrativo;
trativa sancionadora.
II - sobre o montante total de recursos recebidos pela pessoa
§ 1º O comprovante de pagamento deverá ser juntado aos au-
jurídica sem fins lucrativos no ano em que ocorreu o ato lesivo; ou
tos em até cinco dias úteis após o prazo final do pagamento.
III - nas demais hipóteses, sobre o faturamento anual estimável
§ 2º Não sendo comprovado o pagamento no prazo previsto no
da pessoa jurídica, levando-se em consideração quaisquer informa-
§ 1º deste artigo, o crédito será inscrito em dívida ativa.
ções sobre a sua situação econômica ou o estado de seus negócios,
tais como patrimônio, capital social, número de empregados, con-
SEÇÃO III
tratos, dentre outras. DA PUBLICAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DA DECISÃO ADMINIS-
Parágrafo único. Nas hipóteses previstas neste artigo, o va- TRATIVA SANCIONADORA E INSCRIÇÃO NO CNEP, CEIS E
lor da multa será limitado entre R$ 6.000,00 (seis mil reais) e R$ CADUDI
60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).
Art. 30. Para o cálculo da multa, devem ser considerados os Art. 33. No prazo de trinta dias a contar da intimação do trân-
elementos presentes no artigo 7º da Lei Federal nº 12.846, de 2013 sito em julgado, a pessoa jurídica sancionada administrativamente
e suas alterações, bem como: pela prática de atos lesivos contra a administração pública munici-
I - o valor do contrato firmado ou pretendido; pal, nos termos da Lei Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações,
II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator, calculada publicará a decisão administrativa sancionadora na forma de extra-
conforme to de sentença, cumulativamente:
§ 2º do artigo 28 deste Decreto, quando for possível sua esti- I - em meio de comunicação de grande circulação na área da
mativa; prática da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta,
III - a repercussão dos efeitos do ato lesivo em atividades fiscais de circulação nacional;
ou em contratos, convênios ou termos de parceria na área de saú- II - em edital afixado no estabelecimento da pessoa jurídica
de, educação, segurança pública e assistência social; ou no local de exercício da sua atividade que permita a visibilidade
IV - a reincidência, assim definida a ocorrência de nova infra- pelo público, pelo prazo mínimo de trinta dias; e
ção, idêntica ou não à anterior, tipificada como ato lesivo pelo ar- III - em local de destaque da página principal do sítio eletrônico
tigo 5º da Lei Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações, em até da pessoa jurídica, pelo prazo de trinta dias.
cinco anos, contados do trânsito em julgado da decisão que houver Art. 34. A Controladoria Geral do Município, no mesmo prazo
reconhecido a infração anterior; de trinta dias a contar do trânsito em julgado, incluirá os dados e
V - a ciência de pessoas do corpo diretivo ou gerencial da pes- informações da pessoa jurídica no Cadastro Nacional das Empresas
soa jurídica; Punidas - CNEP e, se for o caso, no Cadastro Nacional de Empre-
VI - a interrupção na prestação de serviços ao Município ou ao sas Inidôneas e Suspensas - CEIS e no Cadastro de Fornecedores
cidadão; Impedidos de Licitar e Contratar com o Município de Uberlândia
VII - a continuidade dos atos lesivos no tempo; - CADUDI.
VIII - a consumação do ato lesivo; Parágrafo único. Os órgãos e entidades da administração pú-
IX - a colaboração efetiva da pessoa jurídica com a investiga- blica municipal consultarão o CEIS, o CNEP e o CADUDI antes da
ção ou a apuração do ato lesivo, independentemente do acordo formalização de qualquer contratação para se certificar que a pes-
de leniência; soa jurídica a ser contratada não está cumprindo nenhuma sanção
X - a comunicação espontânea da ocorrência do ato lesivo, pela administrativa que impossibilite o estabelecimento de relação con-
pessoa jurídica, antes da publicação do ato de instauração do PAR; tratual com a administração pública.

144
LEGISLAÇÃO
SEÇÃO IV II - ter cessado completamente seu envolvimento no ato lesivo
DOS ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS a partir da data da propositura do acordo;
III - admitir sua participação na infração administrativa;
Art. 35. As medidas judiciais, no País ou no exterior, como a IV - cooperar plena e permanentemente com as investigações e
cobrança da multa administrativa aplicada no PAR, a promoção da o processo administrativo e comparecer, sob suas expensas e sem-
publicação extraordinária, a persecução das sanções referidas nos pre que solicitada, aos atos processuais até o seu encerramento; e
incisos I a IV do caput do artigo 19 da Lei Federal nº 12.846, de 2013 V - fornecer informações, documentos e elementos que com-
e suas alterações, a reparação integral dos danos e prejuízos, além provem a infração administrativa.
de eventual atuação judicial para a finalidade de instrução ou ga- Art. 40. Compete ao Controlador Geral do Município celebrar
rantia do processo judicial ou preservação do acordo de leniência, acordos de leniência no âmbito da administração pública munici-
serão solicitadas à Procuradoria Geral do Município. pal, vedada a delegação, nos termos do Capítulo V da Lei Federal nº
12.846, de 2013 e suas alterações.
CAPÍTULO IV Art. 41. O acordo de leniência será proposto pela pessoa jurídi-
DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO ca, por seus representantes, na forma de seu estatuto ou contrato
DA PERSONALIDADE JURÍDICA social, ou por meio de procurador com poderes específicos para tal
ato, observado o disposto no artigo 26 da Lei Federal nº 12.846, de
Art. 36. Havendo suspeita de ocorrência das situações previs- 2013 e suas alterações.
tas no artigo 14 da Lei Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações, § 1º A proposta do acordo de leniência receberá tratamento
a autoridade de que trata o artigo 3º deste Decreto instaurará inci- sigiloso, conforme previsto no § 6º do artigo 16 da Lei Federal nº
dente de desconsideração da personalidade jurídica, que tramitará 12.846, de 2013 e suas alterações, e tramitará em autos apartados
em autos apartados, e não suspenderá o andamento do PAR. do PAR.
§ 1º Os administradores e sócios com poderes de administra- § 2º A proposta do acordo de leniência poderá ser feita até a
ção da pessoa jurídica serão citados para se defender da suposta conclusão do relatório a ser elaborado no PAR.
prática das condutas previstas no artigo 14 da Lei Federal nº 12.846, § 3º A apresentação da proposta de acordo de leniência deverá
de 2013 e suas alterações. ser realizada por escrito, com a qualificação completa da pessoa
§ 2º O incidente de desconsideração da personalidade jurídica jurídica e de seus representantes, devidamente documentada, e
observará, no que couber, o rito previsto para o PAR. deverá conter, no mínimo:
§ 3º Acolhido o incidente, os efeitos das sanções impostas no I - a previsão de identificação dos demais envolvidos no supos-
PAR serão estendidos aos administradores e sócios com poderes de to ilícito, quando couber;
administração da pessoa jurídica. II - o resumo da prática supostamente ilícita; e
III - a descrição das provas e documentos a serem apresenta-
CAPÍTULO V dos na hipótese de sua celebração.
DO INCIDENTE DE SIMULAÇÃO OU § 4º A proposta será protocolada na Controladoria Geral do
FRAUDE NA FUSÃO OU INCORPORAÇÃO Município, em envelope lacrado e identificado com os dizeres “Pro-
posta de Acordo de Leniência nos termos da Lei Federal nº 12.846,
Art. 37. Havendo suspeita de simulação ou de intuito de fraude de 2013 e suas alterações” e “Confidencial”.
em fusão ou incorporação da pessoa jurídica, a autoridade de que Art. 42. Uma vez apresentada a proposta de acordo de leniên-
trata o artigo 3º deste Decreto instaurará incidente de simulação cia, o Controlador Geral do Município:
ou fraude, que tramitará em autos apartados, e não suspenderá o I - designará, por despacho, comissão composta por, no míni-
andamento do PAR. mo, dois servidores efetivos, que será responsável pela condução
§ 1º A pessoa jurídica sucessora será citada para se defender da negociação;
da suposta prática de fraude ou simulação. II - supervisionará os trabalhos relativos à negociação;
§ 2º O incidente de fraude ou simulação observará, no que III - requisitará, se for o caso, os autos de processos adminis-
couber, o rito previsto para o PAR. trativos em curso em outros órgãos ou entidades da administração
§ 3º Acolhido o incidente, os efeitos de todas as sanções im- pública municipal relacionados aos fatos objeto do acordo;
postas no PAR serão estendidos à pessoa jurídica sucessora. IV - solicitará, se for o caso, a indicação de servidor ou empre-
gado do órgão ou entidade lesado para integrar a comissão de que
CAPÍTULO VI trata o inciso I do caput deste artigo;
DO ACORDO DE LENIÊNCIA V - solicitará à Procuradoria Geral do Município a indicação de
Procurador Municipal para integrar a comissão de que trata o inciso
Art. 38. O acordo de leniência será celebrado com as pessoas I do caput deste artigo; e
jurídicas responsáveis pela prática dos atos lesivos previstos na Lei VI - convidará o Ministério Público e o Tribunal de Contas com-
Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações, e dos ilícitos admi- petente para participarem da negociação.
nistrativos previstos na Lei Federal nº 8.666, de 1993 e suas alte- Parágrafo único. Após manifestação de interesse da pessoa
rações, e em outras normas de licitações e contratos, com vistas à jurídica, poderá ser firmado memorando de entendimentos com
isenção ou à atenuação das respectivas sanções, desde que colabo- a Controladoria Geral do Município, para formalizar a proposta e
rem efetivamente com as investigações e o processo administra- definir os parâmetros do acordo de leniência.
tivo, observados os requisitos previstos nos artigos 16 e 17 da Lei Art. 43. Compete à comissão do acordo de leniência:
Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações. I - esclarecer à pessoa jurídica proponente os requisitos legais
Art. 39. A pessoa jurídica que pretenda celebrar acordo de le- necessários para a celebração de acordo de leniência;
niência deverá: II - averiguar a presença dos requisitos previstos no artigo 39
I - ser a primeira a manifestar interesse em cooperar para a deste Decreto;
apuração do ato lesivo, quando tal circunstância for relevante; III - propor a assinatura de memorando de entendimentos;

145
LEGISLAÇÃO
IV - proceder à avaliação do programa de integridade, caso § 2º Os benefícios do acordo de leniência serão estendidos às
existente; pessoas jurídicas que integrarem o mesmo grupo econômico, de
V - propor cláusulas e obrigações para o acordo de leniência, fato ou de direito, desde que tenham firmado o acordo em conjun-
com o objetivo de assegurar: to, respeitadas as condições nele estabelecidas.
a) a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo; Art. 47. Do acordo de leniência constará obrigatoriamente:
b) o comprometimento da pessoa jurídica em promover alte- I - a identificação completa da pessoa jurídica e de seus repre-
rações em sua governança que mitiguem o risco de ocorrência de sentantes legais;
novos atos lesivos; II - a descrição da prática denunciada, incluindo a identificação
c) a obrigação da pessoa jurídica em adotar, aplicar ou aperfei- dos participantes que a pessoa jurídica tenha conhecimento e rela-
çoar programa de integridade; e to de suas respectivas participações no ilícito, com a individualiza-
d) o acompanhamento eficaz dos compromissos firmados no ção das condutas;
acordo de leniência; e III - a confissão da participação da pessoa jurídica no ilícito,
com a individualização de sua conduta;
VI - submeter ao Controlador Geral do Município relatório de
IV - a declaração da pessoa jurídica no sentido de ter cessado
negociação, sugerindo de forma motivada, quando for o caso, a
completamente o seu envolvimento no suposto ilícito, antes ou a
aplicação dos efeitos previstos pelo artigo 46 deste Decreto
partir da data da propositura do acordo;
Art. 44. O prazo para conclusão da fase de negociação é de cen-
V - a lista com os documentos fornecidos ou que a pessoa jurí-
to e oitenta dias contados da apresentação da proposta, podendo dica se obriga a fornecer com o intuito de demonstrar a prática do
ser prorrogado por iguais períodos, motivadamente, pelo Controla- ato ilícito e o prazo para a sua disponibilização;
dor Geral do Município. VI - a obrigação da pessoa jurídica em cooperar plena e perma-
§ 1º A pessoa jurídica será representada na negociação e na ce- nentemente com as investigações e com o processo administrativo,
lebração do acordo de leniência por seus representantes, na forma comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos
de seu estatuto ou contrato social. os atos processuais, até seu encerramento;
§ 2º Nas reuniões de negociação do acordo de leniência haverá VII - o percentual em que será reduzida a multa, bem como a
registro dos temas tratados em memorando de entendimentos, em indicação das demais sanções que serão isentadas ou atenuadas e
duas vias assinado pelos presentes, o qual será mantido em sigilo, o grau de atenuação, caso a pessoa jurídica cumpra as obrigações
devendo uma das vias ser entregue ao representante da pessoa ju- do acordo, nos termos do § 2º do artigo 16 da Lei Federal nº 12.846,
rídica. de 2013 e suas alterações;
Art. 45. A qualquer momento que anteceda a celebração do VIII - a previsão de que o não cumprimento das obrigações
acordo de leniência, a pessoa jurídica proponente poderá desistir previstas no acordo de leniência resultará na perda dos benefícios
da proposta ou a Controladoria Geral do Município poderá rejei- acordados;
tá-la. IX - a natureza de título executivo extrajudicial do instrumento
§ 1º A desistência da proposta de acordo de leniência ou sua do acordo, nos termos do Código de Processo Civil;
rejeição: X - a obrigação de adoção, aplicação ou aperfeiçoamento de
I - não importará em confissão quanto à matéria de fato nem programa de integridade, conforme os parâmetros estabelecidos
em reconhecimento da prática do ato lesivo; no Capítulo VIII deste Decreto;
II - acarretará a devolução, sem retenção de cópias, dos do- XI - o prazo e a forma de acompanhamento pela Controladoria
cumentos apresentados pela pessoa jurídica, sendo vedado o uso Geral do Município do cumprimento das condições nele estabele-
destes ou de outras informações obtidas durante a negociação para cidas; e
fins de responsabilização, exceto quando a administração pública XII - as demais condições que a Controladoria Geral do Municí-
tiver conhecimento deles por outros meios; e pio considerar necessárias para assegurar a efetividade da colabo-
ração e o resultado útil do processo.
III - não possibilitará a divulgação da proposta, ressalvado o dis-
§ 1º A proposta somente se tornará pública após a efetivação
posto no § 1º do artigo 47 deste Decreto.
do respectivo acordo, salvo se a proponente e o Controlador Geral
§ 2º O não atendimento às determinações e solicitações da
do Município autorizarem a sua divulgação e a medida não preju-
Controladoria Geral do Município durante a etapa de negociação
dicar o interesse das investigações e do processo administrativo.
acarretará a rejeição da proposta. § 2º O percentual de redução da multa e a isenção ou atenua-
Art. 46. Uma vez cumprido o acordo de leniência pela pessoa ção das sanções administrativas serão estabelecidas na fase de ne-
jurídica colaboradora, serão declarados em favor da pessoa jurídi- gociação, levando-se em consideração o grau de cooperação plena
ca signatária, nos termos previamente firmados no acordo, um ou e permanente da pessoa jurídica com as investigações e o processo
mais dos seguintes efeitos: administrativo, especialmente com relação ao detalhamento das
I - isenção da publicação extraordinária da decisão administra- práticas ilícitas, a identificação dos demais envolvidos na infração,
tiva sancionadora; quando for o caso, e as provas apresentadas.
II - isenção da proibição de receber incentivos, subsídios, sub- Art. 48. Será considerado descumprido o acordo caso a pessoa
venções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicos jurídica celebrante forneça provas falsas, omita ou destrua provas
e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder pú- ou, de qualquer modo, comporte-se de maneira contrária à boa-fé.
blico municipal; Parágrafo único. A Controladoria Geral do Município constará
III - redução do valor final da multa aplicável, observado o dis- o ocorrido nos autos do processo no CNEP e comunicará o fato ao
posto no artigo 31 deste Decreto; e Ministério Público.
IV - isenção ou atenuação das sanções administrativas previs- Art. 49. No caso de descumprimento do acordo de leniência:
tas na Lei Federal nº 8.666, de 1993 e suas alterações, ou de outras I - a pessoa jurídica perderá os benefícios pactuados e ficará im-
normas de licitações e contratos. pedida de celebrar novo acordo pelo prazo de três anos, contados
§ 1º O gozo dos benefícios fica condicionado ao cumprimento da data da ciência do descumprimento pela administração pública;
do acordo. II - o PAR correlato será retomado; e

146
LEGISLAÇÃO
III - será cobrado o valor integral da multa, descontando-se as
frações eventualmente já pagas.
ANOTAÇÕES
Parágrafo único. O descumprimento do acordo de leniência ______________________________________________________
será registrado no CNEP.
Art. 50. Concluído o acompanhamento de que trata o inciso ______________________________________________________
XI do caput do artigo 47 deste Decreto, o acordo de leniência será
considerado definitivamente cumprido por meio de ato do Contro- ______________________________________________________
lador Geral do Município.
______________________________________________________
CAPÍTULO VII
DO PROGRAMA DE INTEGRIDADE ______________________________________________________

______________________________________________________
Art. 51. Para fins do disposto neste Decreto, programa de in-
tegridade consiste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto ______________________________________________________
de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria
e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de ______________________________________________________
códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes com objetivo
de detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos ______________________________________________________
praticados contra a administração pública.
Parágrafo único. O programa de integridade deve ser estrutura- ______________________________________________________
do, aplicado e atualizado de acordo com as regras estabelecidas em
regulamento do Poder Executivo federal, nos termos do parágrafo ú- ______________________________________________________
nico do artigo 7º da Lei Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações.
______________________________________________________
CAPÍTULO VIII ______________________________________________________
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
______________________________________________________
Art. 52. A pretensão de aplicar as sanções administrativas pre-
vistas na Lei Federal nº 12.846, de 2013 e suas alterações, prescre- ______________________________________________________
ve em cinco anos contados da data da ciência inequívoca da infra-
ção por qualquer agente público municipal não envolvido nos fatos. ______________________________________________________
§ 1º A prescrição será interrompida:
I - pela publicação no DOM da instauração do PAR; ______________________________________________________
II - pela celebração de acordo de leniência.
§ 2º Caso a prática da infração permaneça ou continue após a ______________________________________________________
ciência prevista no caput deste artigo, o prazo prescricional contar-
______________________________________________________
-se-á do dia da cessação.
Art. 53. Os contratos administrativos deverão conter a seguinte ______________________________________________________
cláusula anticorrupção: “Para a execução deste contrato, nenhuma
das partes poderá oferecer, dar ou se comprometer a dar a quem ______________________________________________________
quer que seja, ou aceitar ou se comprometer a aceitar de quem
quer que seja, tanto por conta própria quanto por intermédio de ______________________________________________________
outrem, qualquer pagamento, doação, compensação, vantagens
financeiras ou não financeiras ou benefícios de qualquer espécie ______________________________________________________
que constituam prática ilegal ou de corrupção, seja de forma direta
ou indireta quanto ao objeto deste contrato, ou de outra forma a _____________________________________________________
ele não relacionada, devendo garantir, ainda, que seus prepostos e
colaboradores ajam da mesma forma.”. _____________________________________________________
Art. 54. A aplicação das sanções administrativas ou a celebra-
______________________________________________________
ção de acordo de leniência não excluem a obrigação de reparar in-
tegralmente o dano causado. ______________________________________________________
Parágrafo único. O disposto neste Decreto não exclui o proces-
samento de Tomada de Contas Especial e procedimentos correlatos. ______________________________________________________
Art. 55. A Controladoria Geral do Município fica autorizada a
expedir normas complementares que se fizerem necessárias à ope- ______________________________________________________
racionalização deste Decreto.
Art. 56. Este Decreto entrará em vigor em 1º de julho de 2021. ______________________________________________________
(Redação dada pela Lei nº 18.950/2020)
§ 1º No prazo descrito no caput deste artigo, a Controladoria ______________________________________________________
Geral do Município deverá adotar procedimentos visando à organi-
zação, normatização e capacitação dos responsáveis pela execução ______________________________________________________
do presente Decreto.
______________________________________________________
§ 2º Até que o Município implante a Ouvidoria de que trata o §
3º do artigo 8º deste Decreto, as manifestações serão encaminha- ______________________________________________________
das diretamente à Controladoria Geral do Município.

147
LEGISLAÇÃO
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148
ATUALIDADES
1. Atualidades e conhecimentos gerais do Município de Uberlândia, do Estado de Minas Gerais e do Brasil, estabelecendo conexões com
acontecimentos mundiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimentos relativos a aspectos históricos, geográficos, políticos, econômicos, culturais e sociais do Município de Uberlândia, do
Estado de Minas Gerais e do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
ATUALIDADES

ATUALIDADES E CONHECIMENTOS GERAIS DO MU-


NICÍPIO DE UBERLÂNDIA, DO ESTADO DE MINAS GE-
RAIS E DO BRASIL, ESTABELECENDO CONEXÕES COM
ACONTECIMENTOS MUNDIAIS

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE ATUALIDADES

Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e estudantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem se tornado cada
vez mais relevante. Quando pensamos em matemática, língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, inevitavelmente as colocamos
em um patamar mais elevado que outras que nos parecem menos importantes, pois de algum modo nos é ensinado a hierarquizar a rele-
vância de certos conhecimentos desde os tempos de escola.
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos e
transformações. O conhecimento do mundo em que se vive de modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para concursos, pois
permite que o indivíduo vá além do conhecimento técnico e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de mundo.
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em concursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, mas podem
também apresentar conhecimentos específicos do meio político, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte, política, economia,
figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, as questões de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os candidatos e selecionarem os
melhores preparados não apenas de modo técnico.
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter constantemente informado. Os temas de atualidades em concursos são sempre
relevantes. É certo que nem todas as notícias que você vê na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, manter-se informado,
porém, sobre as principais notícias de relevância nacional e internacional em pauta é o caminho, pois são debates de extrema recorrência
na mídia.
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo. Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente, é
preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. Por diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio etc.) adap-
tam o formato jornalístico ou informacional para transmitirem outros tipos de informação, como fofocas, vidas de celebridades, futebol,
acontecimentos de novelas, que não devem de modo algum serem inseridos como parte do estudo de atualidades. Os interesses pessoais
em assuntos deste cunho não são condenáveis de modo algum, mas são triviais quanto ao estudo.
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininterrupto de
informações veiculados impede que saibamos de fato como estudar. Apostilas e livros de concursos impressos também se tornam rapida-
mente desatualizados e obsoletos, pois atualidades é uma disciplina que se renova a cada instante.
O mundo da informação está cada vez mais virtual e tecnológico, as sociedades se informam pela internet e as compartilham em
velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a editora prepara mensalmente o material de atualidades de mais diversos campos do conhe-
cimento (tecnologia, Brasil, política, ética, meio ambiente, jurisdição etc.) em nosso site.
Lá, o concurseiro encontrará um material completo com ilustrações e imagens, notícias de fontes verificadas e confiáveis, exercícios
para retenção do conteúdo aprendido, tudo preparado com muito carinho para seu melhor aproveitamento. Com o material disponibili-
zado online, você poderá conferir e checar os fatos e fontes de imediato através dos veículos de comunicação virtuais, tornando a ponte
entre o estudo desta disciplina tão fluida e a veracidade das informações um caminho certeiro.
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Bons estudos!

CONHECIMENTOS RELATIVOS A ASPECTOS HISTÓRI-


COS, GEOGRÁFICOS, POLÍTICOS, ECONÔMICOS, CUL-
TURAIS E SOCIAIS DO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA,
DO ESTADO DE MINAS GERAIS E DO BRASIL

A Fazenda São Francisco foi sede da Sesmaria de João Pereira da Rocha, o primeiro morador a fixar residência nesta região no início
do século XIX, por volta de 1818. A cidade de Uberlândia se formou em terras desmembradas desta família.
Por volta de 1835, chegaram os irmãos Luiz, Francisco, Antônio e Felisberto Carrejo, que compraram de João Pereira da Rocha as
terras para formar as respectivas propriedades: Olhos D’Água, Lage, Marimbondo e Tenda. Ainda hoje elas permanecem na zona rural do
município.
Felisberto Alves Carrejo construiu em sua fazenda uma tenda de ferreiro para abrigar as suas atividades profissionais, por isso, sua
propriedade ficou conhecida por “Tenda”. Apesar das benfeitorias feitas no local, Felisberto transferiu sua residência para 10 alqueires
de terra de cultura, nas imediações do Córrego Das “Galinhas” (Avenida Getúlio Vargas), adquiridos de Dona Francisca Alves Rabelo, viúva
de João Pereira da Rocha. Nesta ocasião, esta porção de terra, atualmente Bairro Tabajaras, já era habitada por um pequeno número de
pessoas.
Uberlândia é uma cidade que, como muitas, nasceu no entorno de uma capela. Como símbolo de uma comunidade que se pretendia
organizada e civilizada, os moradores pediram ao Bispado a permissão para a construção de uma Capela Curada, a ser dedicada à Nossa
Senhora do Carmo. Desta forma, construída em adobe e barro nas suas formas mais simples em termos arquitetônicos, ela foi idealizada
em 1846.
Para viabilizar a sua construção, os procuradores da obra entraram em entendimento com D. Francisca Alves Rabelo e dela ad-
quiriram, pela quantia de quatrocentos mil réis, cem alqueires de terras de cultura e campo, entre os Córregos Das Galinhas e São Pe-

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ATUALIDADES
dro. Todo o Patrimônio foi doado a Nossa Senhora do Carmo e, Brasil. OIDH da cidade está acima tanto da média estadual quanto
atualmente, corresponde à parte central da cidade de Uberlândia. nacional, que nesse ano de 2010 foram calculadas em 0,731 e 0,699
O Arraial recebeu então o nome de Nossa Senhora do Carmo e São re
Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha. Nas proximidades spectivamente.
do lugar escolhido para a construção da capela, havia um caminho Saúde
denominado de “Estrada Salineira”, foi às margens deste caminho
que se formou o primitivo núcleo urbano. Uberlândia é considerada referência em saúde para a região do
Quando o Arraial passou à sede do Distrito, a estrada recebeu Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Noroeste de Minas e Sul Goiano,
o nome de Rua Sertãozinho, posteriormente Rua Tupinambás e, ao dispor de mais de uma dezena de hospitais, tanto privados como
atualmente, denomina-se Rua José Ayube. Como o cotidiano das públicos. A exemplo de unidades públicas temos o Hospital de Clíni-
pessoas era pontuado pela vida religiosa, a Capela abrigava à sua cas (SUS/UFU), as Unidades de Atendimento Integrado (UAI’s), o
volta uma faixa de terreno que ficou conhecido como “Campo San- Hospital do Câncer e o Hospital e Maternidade Municipal, que pos-
to”, nele foram sepultados os primeiros habitantes da Vila. sui 258 leitos para assistência de média complexidade, pediatria e
As raízes da cidade estão em um bairro conhecido hoje por maternidade.
Fundinho. As pequenas e tortuosas ruas que entrecortavam o ar- Com relação a alguns números da sáude, no ano de 2005, o
raial se formaram ladeadas pela sequência de casas, quintais e an- município possuia 198 estabelecimentos de saúde, sendo 64 deles
tigos muros que emprestaram à geografia urbana o seu sentido. privados e 134 públicos entre hospitais, pronto-socorros, postos de
Por volta de 1861, pouco tempo após sua inauguração, a cape- saúde e serviços odontológicos. Ao total a cidade conta com 944
linha foi ampliada e transformou-se na Matriz de Nossa Senhora leitos para internação, destes 420 são privados e 524 privados.
do Carmo, abrigando até 1941 as principais atividades religiosas da
cidade. Em 1943, após a inauguração da imponente Matriz de Santa Educação
Terezinha na Praça Tubal Vilela, ela foi demolida e, em seu lugar, foi
construído um prédio para abrigar a Estação Rodoviária. No âmbito da educação, a cidade de Uberlândia se destaca por
sua taxa de escolarização das crianças de 6 a 14 anos. No ano de
2010, de acordo com o IBGE, essa taxa foi de 94%. No que se ref-
O nome Uberlândia
ere à educação básica, as escolas da cidade receberam, no ano de
2010, nota 6 e nota 4 no Índice de Desenvolvimento da Educação
O caratáter identitário do município de Uberlândia começou
Básica (IDEB), nos anos iniciais e nos anos finais do ensino funda-
ser firmado ainda nos anos de 1910 e 1920. Nesse período surgiu,
mental, respectivamente.
em rodas de conversas realizadas na Livraria Kosmos, a ideia de se
Em 2015, de acordo com o IBGE, foram realizadas 14.539
dar um novo nome a cidade. Entre os frequentadores da livraria o
matrículas no ensino pré-escolar, 78.05 no ensino fundamental e
argumento era que a cidade que tinha aspirações de progresso não
23.384 no ensino médio. Ainda neste ano, foram contabilizados
podia ser uma pequena Uberaba, portanto, precisava de um nome 181 estabelecimentos que ofertam ensino fundamental e 49 insti-
próprio. João de Deus Faria, então, sugeriu o nome Uberlândia, que tuições que ofertam ensino médio.
significa terra fértil. Na ocasião, o Coronel José Theófilo Carneiro Na escala de 0 a 1 do Índice de Desenvolvimento Municipal
rejeitou a ideia e extinguiu o projeto de troca do nome. Passados (IDHM), a área da educação recebeu a nota 0,716 no ano de 2010. Em
aproximadamente 20 anos o coronel decidiu que era um bom mo- 1991, por exemplo, esse índice foi de 0,366, o que demonstra uma
mento para alterar o nome do município. Ao chegar à capital infor- maior ascendência da taxa de escolaridade da população uberland-
mou que gostaria que o nome da cidade fosse alterado para ‘Mara- ense no que diz respeito ao ensino fundamental e ao ensino médio.
vilha’, o tabelião o advertiu que esse era um bom nome para vaca e
não para um município. Diante da situção Theófilo recordou-se da Renda
sugestão dada por João de Deus há anos atrás e colocou o nome da
cidade de Uberlândia. Com relação ao trabalho e rendimento da cidade de Uberlân-
dia, dados do IBGE do ano de 2015 apontam que a renda mensal
Dados demográficos dos trabalhadores formais foi de 2,7 salários mínimos. Segundo
dados do IBGE, do ano de 2010, a renda per capita do município
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografica e era de R$ 1.126,57, desse modo, a cidade ocupava a 160º entre os
Estatísticas (IBGE), no ano de 2017 a população estimada de Uber- municípios do Brasil. Quanto à ocupação da população, em 2010,
lândia era de seiscentos e setenta e seis mil e seiscentos e treze duzentos e quarenta e seis mil quatrocentos e onze (246.411) pes-
(676.613) habitantes. Segundo o último censo, realizado no ano de soas estavam ocupadas. Esse número representa 37,2% da popu-
2010 pelo IBGE, haviam seiscentos e quatro mil e treze (604.013) lação de Uberlândia.
cidadãos em Uberlândia. O município expande-se por uma área Religião
4.115,206 Km² e possui uma densidade demográfica de de 146,78
(hab/km²), segundo dados do IBGE (2010). De acordo com o IBGE, a cidade, em 2010, registrou 330.564
Com relação a distribuição da população por sexo, dados do fiéis da religião Católica Apostólica Romana, o que representa a
censo de 2010 revelaram que 51,17% da população eram mulheres porcentagem de 54,7% da população uberlandense. A religião
e 48,83% eram homens. A faixa etária com maior percentual de Evangélica somou, na época, 154.411 fiéis, ou seja, 25,2% dos ci-
cidadãos foi a de 20 a 24 anos, com 9,9% da população. dadãos de Uberlândia. Foram registradas 50.640 pessoas sem re-
ligião (8,4%), 44.817 espíritas (7,4%), 7.136 testemunhas de Jeová
Dados sociais (1,2%). As demais religiões praticadas na cidade, juntas, somaram
18.443 pessoas, o que representa 3,1% da população de Uberlân-
Em 2010 o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de dia.
Uberlândia foi de 0,789, número considerado ‘alto’ pela Organ- Relação de todos os administradores e prefeitos de Uberlândia
ização das Nações Unidas. Com esse índice, Uberlândia é o terceiro
município com mehor IDH no estado de Minas Gerais e o 71º do

2
ATUALIDADES

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ATUALIDADES

Formação Administrativa

Distrito criado com a denominação de São Pedro de Uberabinha, pela Lei Provincial n.º 831, de 11-07-1857, e Lei Estadual n.º 2, de
14-09-1891, subordinado ao município de Uberaba.
Elevado à categoria de vila com a denominação de São Pedro de Uberabinha, pela Lei Provincial n.º 3.643, de 31-08-1888, desmemb-
rado de Uberaba. Sede no antigo distrito de São Pedro de Uberabinha. Constituído de 2 distritos: São Pedro de Uberabinha e Santa Maria,
o segundo desmembrado de Monte Alegre. Instalado em 14-03-1891.
Elevado à condição de município com a denominação de Uberabinha, pela Lei Estadual n.º 23, de 14-03-1891.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído de 2 distritos: Uberabinha e Santa Maria.
Assim permanecendo nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-IX-1920.
Pela Lei Estadual n.º 843, de 07-09-1923, é criado o distrito de Martinópolis com terras desmembradas do distrito sede Uberabinha e
anexado ao município de Uberabinha.
Pela Lei Estadual n.º 1.128, de 19-10-1929, o município de Uberabinha tomou o nome de Uberlândia.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 3 distritos: Uberlândia (ex-Uberabinha), Martinóp-
olis e Santa Maria.
Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937.
Pelo Decreto-lei Estadual n.º 1.058, de 31-12-1943, foram criados distritos de Tapuirama e Cruzeiro dos Peixotos e anexados ao mu-
nicípio de Uberlândia. Sob o mesmo Decreto-lei Estadual, o distrito de Santa Maria passou a denominar-se Miraporanga e Martinópolis a
chamar-se Martinésia.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 5 distritos: Uberlândia, Cruzeiro dos Peixotos, Martinésia
(ex-Martinópolis), Miraporanga (ex-Santa Maria) e Tapuirama.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

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ATUALIDADES

POPULAÇÃO
População estimada [2020] 699.097 pessoas
População no último censo [2010] 604.013 pessoas
Densidade demográfica [2010] 146,78 hab/km²

TRABALHO E RENDIMENTO
Salário médio mensal dos trabalhadores formais [2018] 2,7 salários mínimos
Pessoal ocupado [2018] 239.710 pessoas
População ocupada [2018] 35,1 %
Percentual da população com rendimento nominal mensal per capita de até 1/2 salário mínimo [2010] 27,2 %

Em 2018, o salário médio mensal era de 2.7 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era
de 35.1%. Na comparação com os outros municípios do estado, ocupava as posições 30 de 853 e 16 de 853, respectivamente. Já na com-
paração com cidades do país todo, ficava na posição 378 de 5570 e 280 de 5570, respectivamente. Considerando domicílios com rendi-
mentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 27.2% da população nessas condições, o que o colocava na posição 835 de
853 dentre as cidades do estado e na posição 5127 de 5570 dentre as cidades do Brasil.

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ATUALIDADES

EDUCAÇÃO
Taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade [2010] 98 %
IDEB – Anos iniciais do ensino fundamental (Rede pública) [2017] 6,1
IDEB – Anos finais do ensino fundamental (Rede pública) [2017] 4,7
Matrículas no ensino fundamental [2018] 83.861 matrículas
Matrículas no ensino médio [2018] 22.921 matrículas
Docentes no ensino fundamental [2018] 4.455 docentes
Docentes no ensino médio [2018] 1.379 docentes
Número de estabelecimentos de ensino fundamental [2018] 185 escolas
Número de estabelecimentos de ensino médio [2018] 52 escolas

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ATUALIDADES

ECONOMIA
PIB per capita [2018] 54.801,25 R$
Percentual das receitas oriundas de fontes externas [2015] 54,7 %
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) [2010] 0,789
Total de receitas realizadas [2017] 2.171.504,12 R$ (×1000)
Total de despesas empenhadas [2017] 2.038.217,90 R$ (×1000)

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ATUALIDADES

SAÚDE
Mortalidade Infantil [2017] 9,03 óbitos por mil nascidos vivos
Internações por diarreia [2016] 0,4 internações por mil habitantes
Estabelecimentos de Saúde SUS [2009] 108 estabelecimentos

A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 9.03 para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são de 0.4 para
cada 1.000 habitantes. Comparado com todos os municípios do estado, fica nas posições 488 de 853 e 421 de 853, respectivamente.
Quando comparado a cidades do Brasil todo, essas posições são de 3343 de 5570 e 3606 de 5570, respectivamente.

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ATUALIDADES

TERRITÓRIO E AMBIENTE
Área da unidade territorial [2019] 4.115,206 km²
Esgotamento sanitário adequado [2010] 98,2 %
Arborização de vias públicas [2010] 95,2 %
Urbanização de vias públicas [2010] 33 %
Bioma [2019] Cerrado;Mata Atlântica
Sistema Costeiro-Marinho [2019] Não pertence

Apresenta 98.2% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 95.2% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização
e 33% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio). Quan-
do comparado com os outros municípios do estado, fica na posição 2 de 853, 30 de 853 e 309 de 853, respectivamente. Já quando com-
parado a outras cidades do Brasil, sua posição é 59 de 5570, 875 de 5570 e 1064 de 5570, respectivamente.

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ATUALIDADES

Geografia de Uberlândia

A área do município é de 4.115,82 km², representando 0,7017 % do estado, 0,4452 % da Região Sudeste e 0,0484 % de todo o terri-
tório brasileiro. Desse total 135,3492 km² estão em perímetro urbano.
Uberlândia tem a altitude média de 887 m. O ponto culminante do município está localizado na cabeceira do Córrego Cachoeirinha,
que mede 930 m. A altitude mínima se encontra na foz do Rio Uberabinha, com 622 m. A sede municipal se encontra em altitude de
863,18 m. O município de Uberlândia está situado no domínio dos Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná, estando inseri-
do na sub-unidade do Planalto Meridional da Bacia do Paraná. Possui relevo típico de chapada (suavemente ondulado sobre formações
sedimentares, apresentando vales espaçados e raros). Nesse conjunto a vegetação característica é o cerrado e suas variáveis. Os solos
são ácidos e pouco férteis. Cerca de 70% do território uberlandense é de terras onduladas e nos 30% restantes o terreno é planificado

Hidrografia

Uberlândia está localizada junto à bacia do rio Paranaíba, tendo em seu território várias sub-bacias de pequenos e médios córregos
com papéis importantes em sua configuração. É drenado pela bacia hidrográfica do Rio Tejuco (o segundo maior afluente do rio Paranaí-
ba), com sua bacia a sul e sudoeste do município, que possui como principais afluentes os Ribeirões Babilônia, Douradinho e Estiva, o Rio
Cabaçal, estes localizados na zona rural, e o Rio Araguari. A bacia do Araguari abrange a porção leste do município. Seu principal afluente,
na área do município, é o rio Uberabinha, que passa dentro do perímetro urbano. Há exploração do potencial hidrelétrico desse rio, a qual
vêm ocorrendo através do funcionamento das usinas hidroelétricas de Nova Ponte, de Miranda e Amador Aguiar I e II.
O Rio Uberabinha, integrante da bacia do Rio Araguari, possui grande relevância para a cidade, constituindo-se em conjunto com seus
afluentes, no manancial usado para o abastecimento de água para a população. Os principais afluentes do Araguari estão na zona rural,
que são os Ribeirões Beija-Flor, Rio das Pedras e o Ribeirão Bom Jardim, outro importante manancial para o abastecimento do município.
Na zona urbana o Rio Uberabinha tem afluentes menores, como os córregos Cajubá, Tabocas, São Pedro (totalmente canalizados), Vinhe-
do, Lagoinha, Liso, do Salto, Guaribas, Bons Olhos, do Óleo, Cavalo, dentre outros

Clima

O clima de Uberlândia é caracterizado como tropical, com diminuição de chuvas no inverno e temperatura média compensada anual
em torno de 22 °C. Outono e primavera são estações de transição. O índice pluviométrico é pouco superior a 1 600 milímetros (mm), con-
centrando-se nos meses de verão. As precipitações caem sob a forma de chuva, podendo em algumas ocasiões ocorrer granizo. Por outro
lado, na estação seca é comum o município registrar índices de umidade relativa do ar críticos, algumas vezes abaixo de 20%, sendo que
abaixo de 30% já é considerado estado de atenção.

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ATUALIDADES
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (IN- Setor secundário
MET), referentes ao período de 1980 a 2006, a menor temperatura
registrada em Uberlândia foi de 1 °C em 21 de julho de 1981, e a A indústria, atualmente, é o segundo setor mais relevante para
maior atingiu 37,4 °C em três ocasiões, a primeira em 14 de out- a economia uberlandense. 2 729 956 mil reais do PIB municipal são
ubro de 1997 e as demais em outubro de 2002, nos dias 12 e 14. do valor adicionado bruto da indústria (setor secundário). Uma im-
O maior acumulado de precipitação em 24 horas atingiu 157,8 mm portante parcela de participação do setor secundário municipal é
em 12 de dezembro de 1986. Outros grandes acumulados foram oriunda do Distrito Industrial Guiomar de Freitas Costa, localizado
129,8 mm em 9 de novembro de 1999, 126,8 mm em 19 de janeiro na zona norte da cidade. Nele, estão as principais indústrias da ci-
de 1983, 106,2 mm em 15 de janeiro de 2002 e 105,8 mm em 1° de dade, inclusive instalações de algumas das maiores empresas do
dezembro de 1980 Brasil e ainda multinacionais, como Cargill Agrícola, Casas Bahia, Al-
gar Telecom (antiga CTBC), Monsanto, Petrobras, Sadia, Souza Cruz
Ecologia e meio ambiente e Coca-Cola.
Uberlândia conta também com a AmBev, que tem um centro
A vegetação predominante do município é o cerrado e suas de distribuição na zona oeste e uma fábrica, planejada para ser a
variáveis como veredas, campos limpos, campos sujos ou cerradin- maior do mundo, localizada na zona rural do extremo sudeste da
hos, cerradões, matas de várzea, matas de galeria ou ciliares e ma- cidade.
tas mesofíticas. Apenas na parte oeste do município, em locais onde
a altitude varia de 700 a 850 m, os solos são mais rasos com baixa Setor terciário
fertilidade e a vegetação predominante é a mata subcaducifólia.
A cidade conta com onze áreas protegidas pela legislação 7 479 038 mil reais do PIB municipal são de prestações de
ambiental, as chamadas Unidades de Conservação que contam serviços (terciário).[70] O setor terciário atualmente é a maior fon-
com a presença de mata ciliar às margens dos cursos d’água (rios, te geradora do PIB uberlandense. De acordo com o IBGE, a cidade
ribeirões, córregos, etc), que protegem suas águas contra o as- possuía, no ano de 2008, 21 492 empresas e 339 922 trabalhadores,
soreamento e suas vertentes contra erosão, colaborando para sendo 183 888 pessoal ocupado total e 156 034 ocupado assala-
preservação da fauna e da flora do Cerrado. riado. Salários juntamente com outras remunerações somavam
Também com o objetivo de preservar o meio ambiente, a pre- 2.358.463 reais e o salário médio mensal de todo município era de
feitura organiza anualmente, em junho, desde 2007, a Semana do 2,9 salários-mínimos.
Meio Ambiente, que conta com a participação média de aproxi- Uberlândia conta com alguns dos maiores shopping centers da
madamente 1.500 pessoas. São realizadas palestras, oficinas e vis- região do Triângulo Mineiro, como o Center Shopping e o Pátio Sa-
itas monitoradas. biá, na Zona Leste; o Uberlândia Shopping, Pátio Vinhedos, Village
Altamira e o Griff Shopping, na Zona Sul; e o Pratic Shopping, na
Economia região central. Assim como no resto do país, o maior período de
vendas em Uberlândia, é o Natal.
O produto interno bruto (PIB) de Uberlândia é o 27º maior do
Brasil, destacando-se na área de prestação de serviços. Nos dados Tradições e artes
do IBGE de 2008, o município possuía 14 270 392,490 mil reais no
seu Produto Interno Bruto. Desse total, 2 003 554 mil são de impos- Vista noturna da Praça Tubal Vilela, no Centro da cidade, tom-
tos sobre produtos líquidos de subsídios. O PIB per capita é de 22 bada como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 9.676,
926,50 reais. de 22 de novembro de 2004.
A cidade conta com um rico patrimônio cultural. Possui 19
Setor primário bens tombados, sendo alguns deles a Praça Tubal Vilela, tomba-
da como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 9.676, de
Produção de Milho, Soja e Cana-de-açúcar (2008) 22 de novembro de 2004, sendo parte dos projetos urbanísticos
elaborados no final do século XIX objetivando a construção de uma
Produto Área colhida (Hectares) Produção (Tonelada) cidade moderna;[133] a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, tom-
bada pela Lei nº 4.263 de 9 de dezembro de 1985, conhecida por
Milho 18 000 140 400 ser o prédio religioso mais antigo no espaço urbano de Uberlândia,
Soja 43 500 138 330 tendo suas obras iniciadas em 1893; Igreja do Espírito Santo do Cer-
rado, registrada pela Lei Municipal nº 5.207, de 27 de fevereiro de
Cana-de-açúcar 300 28 500
1991, foi projetada em 1975 pela arquiteta Lina Bo Bardi a pedido
do Frei Egydio Parisi e o Frei Fúlvio; dentre outros.
A agricultura é o setor menos relevante da economia de Uber- A cidade também organiza diversas festas e eventos, realiza-
lândia. De todo o PIB da cidade, 271 271 mil reais é o valor adicio- dos muitas vezes em locais públicos. São os mais tradicionais o
nado bruto da agropecuária.[70] Segundo o IBGE, em 2008 o mu- carnaval, que primitivamente era onde se cantava de tudo: valsas,
nicípio possuía um rebanho de 205 709 bovinos, 619 464 suínos, 6 marzurcas, xotes, porém a grande atração era a catira. Hoje, além
169 equinos, 762 caprinos, 78 bufalinos, 319 asinos, 541 muares, de bailes de clubes, o município conta ainda com a participação de
4 633 ovinos, 378 coelhos e 5 798 617 aves, dentre estas 2 480 quatro escolas de samba - Tabajara, Acadêmicos do Samba, Garo-
000 galinhas e 3 318 617 galos, frangos e pintinhos.[73] Em 2008, tos do Samba, Unidos do Chatão e os blocos “Axé” e “Unidos de São
a cidade produziu 48 900 mil litros de leite de 31 623 vacas. Foram Gabriel”, que realizam o Carnaval de rua em Uberlândia; e as Festas
produzidos 50 068 mil dúzias de ovos de galinha e 1 400 quilos de Juninas, que São muito comemoradas durante o mês de Junho. São
mel de abelha. Na lavoura temporária, são produzidos, principal- festas em louvor a três santos - Santo Antônio, dia 13; São João
mente, o milho (140 400 toneladas), a soja (138 330 toneladas) e a Batista, dia 24; e São Pedro, dia 29. Na cidade, as Festas Juninas, a
cana-de-açúcar (28 500 toneladas). cada ano, se estendem mais e mais pelo mês de julho. São as cham-
adas Festas Julinas. São consumidos alimentos churrascados, como

11
ATUALIDADES
a batata-doce e castanha de caju, além das comidas típicas juninas, a Avenida Sílvio Rugani, no bairro Tubalina, na região sudoeste do
derivadas principalmente do milho, amendoim e mandioca. Ainda município e vai até a BR-050, na altura do bairro Custódio Pereira,
no campo das tradições, no município se destaca o “Congado de na região leste.
Uberlândia”, que, ainda no tempo da escravatura, um grupo de ne- Além da Praça Tubal Vilela, Praça Clarimundo Carneiro, Praça
gros escravos se reunia no mato e cantavam e dançavam em louvor Sérgio Pacheco e Praça da Bicota (Praça Rui Barbosa), que são pon-
a sua santa protetora, Nossa Senhora do Rosário. Por volta de 1874 tos turísticos e importantes da cidade.
começou o movimento do Congado em Uberlândia. Com o passar
dos anos, eles sentiram a necessidade de realizar a Festa do Conga- Turismo de negócios
do na cidade. Os negros vinham em carros de bois e se agrupavam
de baixo de uma grande árvore, onde hoje se encontra a Praça Tu- Uberlândia integra o circuito turístico do Triângulo Mineiro] e
bal Vilela. Depois eles seguiam por uma trilha até a Capela de Nos- se destaca na área de turismo de negócio em escala nacional e no
sa Senhora do Rosário, construída de pau-a-pique e buritis, onde é turismo comercial em âmbito regional. Recentemente a cidade foi
hoje a Praça Doutor Duarte, e ali realizavam a Festa. Esta Capela foi classificada pela International Congress and Convention Associa-
construída por volta de 1880. tion (ICCA) (a principal entidade do segmento de turismo e eventos
O perfil de Uberlândia na área da culinária segue os padrões internacionais) como uma das cidades brasileiras que mais sedia
típicos da região do cerrado. Se destacam receitas como Arroz com eventos internacionais, ficando na nona posição. Entre as doze ci-
suã, galinhada, molho de pequi, de mamão verde, guariroba, cam- dades melhores colocadas, Uberlândia é a única que não é capital, e
buquira, frango ao molho pardo, angu de milho verde, temperados superada apenas por grandes centros como São Paulo, Rio de Janei-
com açafrão, colorau ou pimenta. São muitas vezes feitos com pro- ro, Belo Horizonte e Brasília. Anualmente são realizados na cidade
dutos naturais encontrados na própria região. São típicos da região centenas de eventos de várias partes do país e até de outros países.
também os doces do pau de mamão, cajuzinho do campo, ambró- Um estudo feito por entidades revelou que o turismo é o maior
sia, ameixinha de queijo, geléia de mocotó e outros acompanhados gerador de oportunidade de trabalho mundial com mais de 200 mil-
de queijo fresco e requeijão caipira. hões de empregos, além de ter grande relevância no PIB e atingir
diretamente cerca de 50 setores da economia. E dentre os segmen-
Turismo tos, o turismo de eventos é considerado como o que mais cresce no
mundo, movimentando US$ 4 trilhões anualmente. Em Uberlândia,
A cidade de Uberlândia possui muitos atrativos turísticos, tan- 17% das empresas que realizam eventos, 50% são de grande porte
to de valor arquitetônico quanto cultural e natural. São alguns dos e em 82% dos eventos o público-alvo são os funcionários das em-
principais pontos da cidade: presas
Mercado Municipal de Uberlândia: Está localizado no Centro
da cidade. Foi instituído em 1923, mas só teve suas obras executa- Feriados
das em 1944, no mandato do prefeito Vasconcelos Costa, com ar-
quitetura moderna para a época. Foi centro atacadista até 1977, Em Uberlândia há quatro feriados municipais, oito feriados
quando o comércio foi transferido para a Ceasa. Situado à Rua nacionais e três pontos facultativos. Os feriados municipais são: a
Olegário Maciel, e oferece diversos produtos típicos de Minas Ge- Sexta-Feira Santa, celebrada sempre em março ou abril; o Corpus
rais e serviços variados. Christi, que sempre é realizado na quinta-feira seguinte ao domin-
Museu Municipal de Uberlândia: Fica localizado no Centro da go da Santíssima Trindade; o dia de Nossa Senhora da Abadia, em
cidade, na Praça Clarimundo Carneiro. O mesmo foi sede da Prefei- 15 de agosto; e o aniversário de emancipação do município junta-
tura da cidade e também abrigou a Câmara Municipal. Totalmente mente com o dia de São Raimundo, em 31 de agosto. De acordo
reformado, hoje é palco de importantes trabalhos e é onde são re- com a lei federal nº 9.093 de 12 de setembro de 1995, os municí-
alizados diversos projetos culturais. pios podem ter no máximo quatro feriados municipais, já incluso
Parque do Sabiá: É um parque/zoológico administrado pela neste, a Sexta-Feira Santa.[
FUTEL (Fundação Uberlandense de Turismo, Esporte e Lazer), local-
izado no bairro Tibery, Zona Leste da cidade. É um complexo verde
composto por Zoológico com animais em cativeiro de dezenas de
espécies; Sete lagos que formam uma grande Lagoa; Aquário, que
comporta 36 aquários e 36 espécies diferentes de peixes; Pista de
Cooper de 5.100 metros de extensão; além de outros atrativos.
Parque Municipal Victorio Siquierolli: Está localizado na Zona
Norte de Uberlândia, sendo onde encontram-se legítimos exem-
plos da vegetação do cerrado, com suas árvores de folhas coreáce-
as, troncos retorcidos e cascudos, flores coloridas e frutos agrestes,
além de um espaço com brinquedos para crianças e museu de bi-
odiversidade do cerrado. Conta com área total de 232 300 metros
quadrados e fica entre os bairros Jardim América II, Residencial
Gramado, Nossa Senhora das Graças e Cruzeiro do Sul.
Avenida Rondon Pacheco: É considerada o “corredor gas-
tronômico” de Uberlândia. Nela concentra a vida noturna da cidade,
contando com vários bares, restaurantes, cachaçarias, pizzarias,
cafeterias, sorveterias e docerias. São mais de 60 estabelecimentos
com quase 8 mil lugares na avenida. Além disso a avenida conta
com hotéis, lojas de conveniência, postos de gasolina, supermer-
cados, e hipermercados. A avenida corta a cidade de leste a oeste.
A Avendia Governador Rondon Pacheco, se inicia no encontro com

12
ATUALIDADES
Produto Interno Bruto dos Municípios

MINAS GERIAS
História

O desbravamento do sertão do atual Estado de Minas Gerais começou, em 1554, com a expedição exploradora do espanhol Francisco
Bruza Espinosa, que residia na Bahia. Por ordem de Duarte da Costa, o Governador do Brasil, Espinosa partiu de Porto Seguro, percorreu
parte das bacias do Rio Pardo e do Rio Jequitinhonha e atingiu o Rio São Francisco, em busca de riquezas minerais. A região era, então,
parte da Capitania de Porto Seguro. Posteriormente, criadores baianos de gado seguiram pela região, com as notícias da expedição.
A ocupação efetiva do atual território de Minas Gerais, pelos portugueses, começou a partir do final do século 17, com a descoberta
das primeiras jazidas de ouro. A primeira vila foi fundada em 1712, a Vila do Ribeirão do Carmo, que foi elevada à categoria de cidade, em
1745, com o nome de Mariana, em homenagem à rainha dona Maria Ana d’Áustria.
Em 1720, foi criada a capitania das Minas Gerais, desmembrada da capitania de São Paulo e Minas d’Ouro. No século 18, Minas Gerais
tornou-se uma das principais fontes de riqueza do Império Lusitano.
Com a riqueza, seguiu-se um rápido povoamento da região e conflitos pela exploração das minas, como a Guerra dos Emboabas, com
mineiros paulistas. Depois surgiram os conflitos pelo pagamento da parte do Rei, relativa à concessão das minas.
Ao contrário do que muitos autores escrevem, o quinto (20%), a parte do Rei, não era elevada, de uma forma geral, era inferior aos
impostos pagos atualmente no Brasil. O termo “imposto” também é inadequado, pois as minas pertenciam ao Rei. O termo apropriado
é royalty, embora não usado na época.
Em meados do século 18, a produção de ouro contabilizada nas Minas Gerais ficava por volta de 10 toneladas anuais. Em 1789, a
Capitania devia à Coroa mais de sete toneladas de ouro. As ações para a cobrança dessas dívidas levaram, em oposição, ao movimento
da Inconfidência Mineira.
No início do século 19, Minas Gerais entrou em um novo ciclo econômico, com a expansão da cafeicultura, mas a Bahia era, então, a
capitania mais rica.
Em 1816, por alvará de 4 de abril, a região conhecida como Triângulo Mineiro, então parte da Capitania de Goyaz, foi incorporada à
Capitania de Minas Gerais.
De 1880 a 1883, o engenheiro baiano Miguel de Teive e Argollo construiu a mais importante ferrovia de Minas Gerais, no século 19:
a Ferrovia Bahia-Minas. Argollo era também o concessionário dessa Ferrovia, que foi transferida para o Estado de Minas Gerais, em 1897.
No século 20, a economia mineira foi diversificada e ampliada.

Ocupação indígena

A região onde se encontra atualmente Minas Gerais já era habitada por povos indígenas possivelmente entre 11 400 a 12 000 anos
atrás, período o qual estima-se ter se originado Luzia, nome recebido pelo fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas, achado
em escavações na Lapa Vermelha, uma gruta na região de Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Na região dos municípios de Januária, Montalvânia, Itacarambi e Juvenília, no norte do estado, escavações arqueológicas levaram a esti-
mativas de que a ocupação inicial tenha ocorrido entre 11 000 e 12 000 anos atrás. Desse período, herdaram-se características culturais
como o uso de peças de pedra ou osso, fogueiras extintas, criação de cemitérios, pequenos silos com sementes e pinturas rupestres. Mais
tarde, há cerca de quatro mil anos, especula-se que tenha ocorrido o cultivo de vegetais, em especial o milho, e há dois mil anos já havia
importante manufatura de produtos cerâmicos.
O descobrimento de Luzia, na década de 1970, fez com que fosse formulada a hipótese de que o povoamento das Américas teria sido
feito por correntes migratórias de caçadores e coletores, ambas vindas da Ásia, provavelmente pelo estreito de Bering através de uma
língua de terra chamada Beríngia (que se formou com a queda do nível dos mares durante a última idade do gelo). Os povos indígenas que

13
ATUALIDADES
predominavam em Minas Gerais, assim como em todo o Brasil e na artesãos. Dentre os movimentos culturais destacam-se o trabalho
América do Sul, são descendentes dessas tribos caçadoras que se de Aleijadinho e Mestre Ataíde, dentre outros, que permitiram o
instalaram na região, oriundas da América do Norte. florescimento do Barroco Mineiro.
Mais de cem grupos indígenas habitavam o estado de Minas No mesmo período, na região do vale do Jequitinhonha, ocor-
Gerais. A região foi ocupada, até o século XVI, por povos indígenas reu a descoberta do diamante, embora seus descobridores por dé-
do tronco linguístico macro-jê, tais como os xacriabás, os maxacalis, cadas não reconheceram o valor desta pedra preciosa. Contudo,
os crenaques, os aranãs, os mocurins, os atu-auá-araxás e os puris. a Coroa Portuguesa, ao reconhecer a produção mineral da região,
Algumas décadas após o Descobrimento do Brasil, no entanto, pas- logo estabeleceu uma forma de cobrar impostos sobre a pro-
saram a ser visados a servirem como escravos, sendo capturados dução, de forma similar ao quinto do ouro. O principal núcleo de
pelos bandeirantes para os usarem em suas próprias fazendas ou exploração dos diamantes era próximo de onde surgiu o Arraial do
serem vendidos durante séculos; os que se revoltaram eram ex- Tijuco (hoje Diamantina).
terminados, o que provocou uma grande redução na população No auge da exploração do ouro, a mão de obra escrava era
indígena (restando atualmente cinco grupos: xacriabás, crenaques, essencial para os grandes proprietários. Desta forma, intensifi-
maxacalis, pataxós e pankararus). cou-se o comércio de negros trazidos do continente africano para
trabalhar nas minas. Muitos dos negros tentavam e conseguiam
A corrida do ouro fugir, o que provocou o intenso surgimento de quilombos por todo
o atual estado. Estima-se que durante o século XVIII surgiram mais
Pintura retratando a lavra do ouro em primeiro plano e Vila de 120 destas comunidades por toda a capitania. Contudo, tais as-
Rica ao fundo. (Rugendas, 1820-1825) sentamentos não se encontravam tão afastados dos centros min-
Desde o início da colonização portuguesa, alguns colonos se eradores, o que facilitava a fuga de mais negros. Existia, ainda, o
embrenhavam nas matas em busca de metais preciosos, motiva- comércio de produtos de subsistência entre os negros e comerci-
dos por lendas sobre as possíveis riquezas do interior selvagem, antes, que tiravam vantagem do preço mais baixo oferecido pelos
mas raramente retornavam. Somente a partir do fim do século XVII quilombolas.
foram registradas as primeiras evidências de que a região de fato
possuía uma grande riqueza mineral, cuja descoberta atribui-se aos Inconfidência Mineira
bandeirantes paulistas, em especial a Antônio Rodrigues Arzão, que
inicialmente buscavam índios para servirem como escravos. Den- Contudo, a partir da segunda metade do século XVIII a pro-
tre as incursões que rumaram para o interior do estado, destaca-se dução aurífera dava sinais claros de declínio. Para manter a arrec-
a de Antônio Dias de Oliveira, em cujo assentamento aos pés do adação, a Coroa Portuguesa passou a aumentar os impostos e a
pico do Itacolomi viria se formar Vila Rica. A notícia da descoberta fiscalização na colônia, além de criar a derrama, uma nova forma de
de ouro na região logo se espalhou, atraindo pessoas interessadas imposto que garantiria seus lucros. As regiões auríferas passaram a
em adquirir riqueza fácil nas terras ainda a serem desbravadas. Ini- ficar cada vez mais escassas, e os colonos não mais podiam arcar
cialmente o ouro era extraído do leito dos rios, o que obrigava os com tais impostos, levando o governo lusitano ao confisco de suas
garimpeiros a se mudar conforme o esgotamento do metal. Após propriedades.
algum tempo, a exploração passou a ser feita também nas encos- Tais ações consideradas abusivas trouxeram profunda insatis-
tas de montanhas, o que obrigava o assentamento permanente dos fação entre a população mineira. Então, influenciados pelos ideais
mineradores. Isso proporcionou o surgimento dos primeiros núcle- do Iluminismo que surgira na Europa e se espalhavam pelo mundo
os de povoamento. ocidental, as elites mineradoras passaram a conjecturar um plano
Os paulistas se julgavam proprietários do ouro retirado das com o objetivo de criar uma nova república na região de Minas Ge-
minas, alegando direito de conquista, e não queriam que outros rais. A revolução estava marcada para acontecer em 1789, quan-
se apossassem dessa riqueza. Com isso, em 1708, teve início o do ocorreria uma nova cobrança da derrama. Dentre os líderes do
primeiro grande conflito da região, uma guerra na qual os embo- movimento estavam os poetas Cláudio Manoel da Costa e Tomás
abas (“aquele que ofende”, em tupi) atacaram os paulistas. Estes Antônio Gonzaga, o padre Carlos Correia de Toledo e Melo, o cor-
saíram derrotados do conflito e passaram a buscar por ouro em onel Joaquim Silvério dos Reis e o alferes Tiradentes. Contudo, a
outras regiões, e o encontraram onde hoje estão os estados de cobrança da derrama foi revogada pelas autoridades lusitanas.
Goiás e Mato Grosso. A imposição da autoridade da Coroa Portu- Ao mesmo tempo, havia a investigação por parte da coroa sobre
guesa também contribuiu para o fim do conflito, a partir da criação o movimento de insurreição que estaria para acontecer. Em troca
da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro em 1709 e da Capitania do perdão de suas dívidas, Joaquim Silvério dos Reis delatou todo
de Minas Gerais em 1720. o plano dos inconfidentes, o que levou à prisão de vários de seus
A Coroa Portuguesa, então, passou a controlar com rigor a ex- companheiros antes que a insurreição acontecesse. Como boa par-
ploração de ouro nas minas, recolhendo vinte por cento de tudo te dos membros dos movimentos tinham forte ligação com a elite,
o que era produzido, o que ficou conhecido como quinto. A pop- poucos foram de fato condenados. Como Tiradentes era de origem
ulação da capitania continuava a crescer, mas existiam até então popular, toda a responsabilidade do movimento foi atribuída a ele.
somente pequenos cultivos agropecuários de subsistência, o que Como forma de reprimir outros movimentos, a Coroa Portuguesa
demandava a importação de produtos de outras regiões da colônia. realizou o enforcamento e o esquartejamento do alferes, e partes
Novos acessos a região passaram a ser criados e o fluxo de pessoas de seu corpo foram espalhadas por vias de acesso da capitania.
e mercadorias aumentou intensamente surgindo, assim, o primei-
ro grande mercado consumidor do Brasil. Ao longo desses acessos Decadência da produção mineral
apareciam povoados, tendo, portanto, papel fundamental no pov-
oamento da capitania. Dentre esses trajetos destaca-se o Camin- Até então a maior parte da população da capitania concentra-
ho Novo, que ligava as regiões mineradoras ao Rio de Janeiro. A va-se nos núcleos urbanos e nas proximidades da região minerado-
intensa mistura de pessoas associada a riqueza oriunda do ouro e ra. Contudo, o esgotamento das jazidas auríferas e de diamantes
a vida urbana proporcionaram a formação de uma nova sociedade levou à diáspora da população urbana, que se deslocou para outras
culturalmente diversa, com vários músicos, artistas, escultores e regiões. Os desbravadores passaram a criar novas fazendas por out-

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ATUALIDADES
ras regiões do atual estado, erguiam capelas onde posteriormente eleitoral. Na década de 1920, vários fatores aceleraram o declínio
surgiam arraiais e vilas. No início do século XIX, houve uma intensa do domínio oligárquico, como revoltas populares, movimentos
criação de vilas, freguesias, distritos e municípios. Isto contribuiu tenentistas e a crise econômica do café, que se agravou ainda mais
para a expansão e povoamento do território mineiro, expandido com a grande depressão. Mas a política do café-com-leite termi-
suas fronteiras para o norte (adquirindo partes da província de Per- nou de fato quando o então presidente paulista Washington Luís
nambuco), para leste (adquirindo áreas do Espírito Santo), para o deveria indicar um mineiro para sucessão, mas indicou outro pau-
oeste (anexando a região do Triângulo Mineiro, antes pertencente lista, Júlio Prestes. Em oposição ao episódio, Minas Gerais se uniu à
a Goiás). A população mineira passou a ser predominantemente ru- Aliança Liberal, que realizou um golpe de Estado em 1930 e instaur-
ral, e as cidades do ouro ficaram cada vez mais vazias, o que teve ou uma nova república no Brasil, sob o comando de Getúlio Vargas.
grande influência na cultura e na política da província.
Industrialização
O período imperial
O ciclo do café no estado teve certas características particu-
Durante o período imperial, houve duas mobilizações impor- lares que desfavoreceram o crescimento econômico do estado.
tantes da população. A primeira delas foi a Sedição Militar de 1833, O lucro gerado pela cultura era em parte destinado aos portos de
um movimento sem consistência que queria o retorno de Dom Pe- exportação nos estados vizinhos. Além disso, findo o período da
dro I ao país, mas foi logo abafado pelo governo provincial. Outro escravidão, não houve a transição direta para o trabalho livre e as-
grande movimento foi a Revolução Liberal de 1842. No Brasil Im- salariado nas lavouras, o que levou à menor circulação monetária.
pério as forças políticas estavam divididas essencialmente entre lib- Outro agravante era a desarticulação entre as regiões do estado,
erais e conservadores. Quando Dom Pedro II atingiu a maioridade que tinham mais relações econômicas com os estados vizinhos. Em
em 1840, o Partido Conservador assumiu o poder, o que provocou reconhecimento a esta situação, as elites mineiras iniciaram uma
a revolta dos liberais. Tiveram início, então, conflitos armados na tentativa de centralizar a economia estadual a partir de diversas
província de São Paulo, que ganharam adesão dos liberais minei- iniciativas, dentre elas a criação de uma nova capital, Belo Horizon-
ros em 1842, com a participação inicial de quinze dos quarenta e te, em 1897. Uma exceção ao atraso industrial foi a cidade de Juiz
dois municípios existentes na época. Para conter os revoltosos, o de Fora, que apresentou um surto de desenvolvimento industrial
governo imperial enviou guardas nacionais e unidades do exército, sustentado pela economia cafeeira aliado à proximidade com o Rio
que deveriam prender os líderes do partido liberal. Transcorreram de Janeiro. Contudo, tal desenvolvimento durou até 1930, quando
vários conflitos durante mais de dois meses até que o movimento a competição com os outros grandes centros industriais do país lev-
foi finalmente abafado por completo. Os líderes foram julgados e ou à estagnação e posterior declínio do parque industrial da cidade.
absolvidos seis anos depois. O projeto de desenvolvimento mineiro estava pautado em
duas orientações. A primeira delas incluía a diversificação produti-
Índios em uma fazenda c. 1824
va, em que se pretendia a criação de uma forte agricultura capaz de
sustentar o desenvolvimento industrial. A outra estratégia envolvia
Durante a segunda metade do século surgiram os primei-
o aproveitamento dos recursos naturais do estado para realizar a
ros avanços no setor industrial em Minas. No campo siderúrgico
especialização produtiva, com a produção de bens intermediários.
começava a aumentar a produção e manufatura do ferro. Surgiram
Através das primeiras décadas do século XX o plano foi sendo grad-
ainda várias fábricas de produtos têxteis, laticínios, vinhos, alimen-
ualmente implementado com diversas iniciativas, como a criação
tos, cerâmicas e louças. Contudo as atividades agropecuárias dom-
inavam a economia da época, sendo voltadas principalmente para da Cidade Industrial de Contagem em 1941. Contudo, o avanço foi
subsistência, desfavorecendo o crescimento econômico da provín- prejudicado por conta de problemas logísticos como a falta de en-
cia. A mão de obra era predominantemente escrava, provenientes ergia e de uma rede eficiente de transportes.
dos que restaram das atividades mineradoras. A produção de café A partir do fim da década de 40 e ao longo da década de 50,
voltada para a exportação chegou à província no início do período entretanto, Minas passa por um importante processo de transfor-
imperial e aumentou substancialmente até o fim do século. Con- mação, que visa sanar os problemas que barravam o desenvolvi-
tudo, a produção paulista sempre foi expressivamente maior e mento mineiro, principalmente durante o período do mandato de
fatores administrativos, naturais e econômicos desfavoreceram o Juscelino Kubitschek como governador (1951-1955) e presidente
desenvolvimento da cafeicultura mineira na época. da república (1956-1961). Foram criadas a Companhia Energética
de Minas Gerais (Cemig), várias usinas hidroelétricas e milhares
Cafeicultura de quilômetros de rodovias. Um importante setor industrial que
se desenvolveu neste período foi o metalúrgico, sustentado pela
Em 1889 tem início o período da República Velha no Brasil, que exploração do ferro na região central do estado.[36] Contudo, a in-
foi comandado inicialmente por presidentes militares. Somente em stabilidade econômica que se sucedeu durante a década de 1960
1894 houve a eleição do primeiro presidente civil do Brasil, dan- afetou a continuidade de tal crescimento, deixando o estado em
do início ao período da República Oligárquica. Em Minas Gerais, defasagem. Durante a ditadura militar, as federações de indústri-
surgiam os primeiros grandes barões do café, responsáveis por as de Minas Gerais e importantes industriais mineiros apoiaram o
aumentar significativamente a produção do estado. As oligarquias regime.
cafeeiras tinham grande influência no cenário político nacional, a Na década seguinte, entretanto, Minas retoma sua trajetória
ponto de escolherem os representantes que iriam ocupar o car- de crescimento econômico beneficiado, sobretudo, pelo processo
go de presidente do país. Os dois estados mais populosos do país, de descentralização industrial. Como resultado, o crescimento do
então, firmaram um acordo em que os presidentes eleitos seriam produto interno bruto mineiro foi superior à média nacional por
alternados entre paulistas e mineiros, o que ficou conhecido como vários anos. Tal processo deveu-se ao incremento da produção in-
política do café-com-leite. dustrial e fortalecimento da agricultura. Tal processo provocou ain-
Houve, contudo, algumas divergências políticas entre os dois da o aumento da porcentagem da população que vivia nas cidades,
estados, o que permitiu a eleição de presidentes de outros estados, embora boa parte deste êxodo rural tenha motivado a emigração
embora nunca deixassem de exercer influência sobre o processo da população para os grandes centros urbanos de outros estados.

15
ATUALIDADES
Na década de 1980, o crescimento econômico mineiro sofre uma dos rios Paranaíba e Grande).Na estação das secas é observado um
nova descontinuidade por conta da crise econômica generalizada menor volume das águas, sendo que no norte mineiro alguns cur-
pela qual o país passava. Mesmo assim, o crescimento mineiro ain- sos chegam a secar nos períodos de estiagem. Já na estação das
da foi superior à média nacional. A partir da década de 90, o estado chuvas ocorre a cheia dos rios e, por vezes, enchentes.
apresentou baixo dinamismo econômico, seguindo a tendência na-
cional. A partir de então, Minas se consolida na economia nacional Clima
com o terceiro maior PIB do país, e se mantém na posição até hoje
O clima em Minas Gerais é de influência tropical de altitude. A
Aspectos Geográficos temperatura média é de 20º C e há duas estações bem definidas, a
Relevo de chuva e a seca.
No estado de Minas Gerais, predominam quatro tipos distintos
O relevo mineiro é caracterizado por planaltos com escarpas. de clima: o clima subtropical de altitude (Cwb, segundo a Classi-
Entre os exemplos estão a serra da Mantiqueira e a serra do Espin- ficação climática de Köppen-Geiger), que ocorre nas regiões mais
haço. O Pico da Bandeira é o ponto mais alto do estado, com 2,8 elevadas das serras da Canastra, Espinhaço e Mantiqueira e em pe-
metros de altura. quenas áreas próximas às cidades de Araguari e Carmo do Paranaí-
Oficialmente, as formas de relevo existentes no estado de Mi- ba, tendo estiagens no inverno e temperaturas amenas durante o
nas Gerais podem ser divididas nos seguintes tipos de unidades geo- ano e cuja temperatura média do mês mais quente é inferior a 22
morfológicas: planalto Cristalino, serra do Espinhaço, depressão do °C; o clima subtropical de inverno seco — e com temperaturas in-
rio São Francisco, planalto do São Francisco e planalto do Paraná. O feriores a 18 °C — e verão quente — temperaturas maiores de 22
planalto cristalino possui altitudes médias de 800 metros — sendo °C — (Cwa), observado a norte das serras do Espinhaço e do Cabral;
reduzida ao aproximar-se da Zona da Mata —, apresentando de- clima tropical com inverno seco (Aw), que predomina no Triângulo
pressões onde originam-se os vales dos rios Jequitinhonha e Doce. Mineiro, na Zona da Mata, Vale do Rio Doce e em quase toda a
A serra do Espinhaço possui altitude média de 1 300 metros, rele- metade norte do estado, tendo estação seca no inverno e chuvas
vando-se por dividir a bacia do rio São Francisco com as bacias hi- abundantes no verão, com precipitações anuais entre 750 mm a 1
drográficas costeiras. A depressão do rio São Francisco tem altitude 800 mm; e o clima tropical semi úmido com chuvas no verão (As),
média de 500 metros e está presente na parte oeste de Minas, em que ocorre no norte mineiro, com precipitações anuais sempre in-
sentido norte-sul. O planalto do São Francisco tem altitude média feriores a 1 000 mm e por vezes menores que 750 mm. Segundo
de mil metros e é composto por chapadões acidentados entrelaça- a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o
dos por vales. Por fim, o planalto do Paraná tem altitude média de clima semiárido está presente em 88 municípios mineiros, todos
600 metros e corresponde ao sudoeste mineiro, sendo cortado por no norte do estado, muitos dos quais estão em processo de deser-
rios como o da Prata, Tijuco e o Araguari. tificação.
O estado sofre influência de frentes frias durante todo o ano,
Hidrografia no entanto no inverno a presença de um núcleo anticiclone sub-
tropical impede o avanço da umidade, mantendo os dias secos e
Na rede hidrográfica, entre os principais rios do estado de ensolarados, e favorece a influência de massas de ar frio, configu-
Minas Gerais estão o Doce, que nasce entre as encostas das ser- rando-se a estação seca. Entre o final da primavera e começo do
ras da Mantiqueira e Espinhaço e percorre 853 km até desaguar verão (principalmente entre novembro e março), com o afastamen-
no Oceano Atlântico, no Espírito Santo; o Grande, cuja nascente to do anticiclone, as frentes frias atuam com maior intensidade e há
está na Serra da Mantiqueira, no município de Bocaina de Minas, uma intensa organização da convecção tropical, manifestada por
percorrendo 1 360 km até o Rio Paranaíba, formando assim o Rio uma banda de nebulosidade convectiva, as chamadas zonas de con-
Paraná (no estado de São Paulo); o Paranaíba, que nasce na Mata vergência — dentre as quais a zona de convergência do Atlântico
da Corda, em Paranaíba, e tem aproximadamente 1 070 km; o São sul (ZCAS) é a que mais afeta o estado, provocando dias seguidos
Francisco, que nasce na Serra da Canastra, percorre 2 830 km, de chuvas intensas em algumas regiões. Devido à nebulosidade,
cortando a Bahia e passando por Pernambuco, Sergipe e Alagoas as chuvas causadas pelas ZCAS e por frentes frias são capazes de
até desaguar no oceano, sendo suas águas essenciais para o turis- provocar quedas de temperatura, que normalmente fica elevada
mo, lazer, irrigação e transporte em várias cidades, especialmente nessa época, devido à atuação de massas de ar quente continen-
no norte mineiro e, por fim, o Jequitinhonha, que nasce na serra do tais.
Espinhaço, em Serro, e percorre 920 km até sua foz no Atlântico.
Outros rios importantes do estado são o Mucuri, Pardo, Paraíba do Ecologia e meio ambiente
Sul, São Mateus e das Velhas. O Parque Estadual do Rio Doce abriga
o maior sistema lacustre do estado. Contudo, existem importantes Originalmente, a cobertura vegetal de Minas Gerais era con-
reservatórios de usinas hidrelétricas, como a Represa de Furnas no stituída por quatro biomas principais: cerrado, Mata Atlântica, cam-
sul e a Três Marias no centro do estado. pos rupestres e a mata seca. O cerrado é o bioma predominante,
Devido à grande quantidade de nascentes, o estado é conheci- sendo observado em 50% do território mineiro, mais presente na
do como a caixa-d’água do Brasil, tendo muitos desses rios relevân- porção oeste do estado. A vegetação é predominantemente ras-
cia energética, agrícola e turística, com grande presença de usinas teira, composta por gramíneas, arbustos e árvores, tendo como
hidrelétricas, canais para irrigação e atividades de lazer. 16 bacias representantes da fauna tamanduá, tatu, anta, jiboia, cascavel e o
hidrográficas compõem o estado de Minas Gerais, sendo a maior cachorro-do-mato, além de espécies ameaçadas de extinção, como
delas a do São Francisco, que abrange uma área de 2,3 milhões de o lobo-guará, o veado-campeiro e o pato-mergulhão.
km² no estado. Quatro regiões hidrográficas abrangem o território A Mata Atlântica ocupa a segunda maior área de ocorrência em
mineiro, sendo elas a do São Francisco (tendo como principais com- Minas Gerais, predominando nas regiões da Zona da Mata, Campos
ponentes, em Minas, os rios São Francisco, das Velhas e Paracatu), das Vertentes, Sul, Metropolitana de Belo Horizonte, Vale do Rio
do Atlântico Leste (rios como São Mateus, Doce, Itaúnas e Itabapo- Doce e Vale do Mucuri, no entanto foi fortemente devastada, ocor-
ana), do Atlântico Sudeste e do Paraná (composta pelas sub-bacias rendo atualmente em áreas restritas. A vegetação é densa e, devi-

16
ATUALIDADES
do ao elevado índice pluviométrico, bastante verde, sendo possível A Secretaria Estadual de Cultura (SEC), que foi criada em 1983,
encontrar bromélias, cipós, samambaias, orquídeas e líquens e, na durante o governo de Tancredo Neves, e estruturada em 1996, é o
fauna, macacos, preguiças, capivaras, onças, araras, papagaios e órgão vinculado ao Governo do Estado de Minas Gerais responsáv-
beija-flores. Os campos rupestres possuem cobertura vegetal de el por atuar no setor de cultura do estado, desde seu planejamento
menor porte e são típicos das terras altas do estado, tendo vege- financeiro até a execução de projetos e manutenção de bibliote-
tação herbácea e poucas árvores, apresentando raposas, veados, cas, museus e do Arquivo Público Mineiro. A SEC atua em parceria
micos, capivaras e cobras.[64] Já a mata seca é uma fitocenose do com diversas outras instituições e entidades culturais, diretamente
cerrado e ocorre no norte do estado, no vale do rio São Francisco, subordinadas ou não ao órgão público, como a Fundação Clóvis Sal-
apresentando plantas espinhosas e com galhos secos, dentre as gado (FCS), a Fundação TV Minas Cultural e Educativa, a Fundação
quais destacam-se as barrigudas, os ipês e os pau-ferros na flora e de Arte de Ouro Preto (FAOP), o Instituto Estadual do Patrimônio
a ariranha, a onça, a anta, a capivara e a águia-pescadora na fauna. Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG) e a Rádio Incon-
Segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF), o estado con- fidência.
tava, em 2012, com onze estações ecológicas (que protegiam um
total de 12 528,9812 ha.), nove reservas biológicas (16 977,35 ha.), Artes cênicas
onze monumentos naturais (8 581,8 ha.), quatro refúgios de vida
silvestre (22 292,76 ha.), 16 áreas de proteção ambiental (APA — 2 Fachada do Palácio das Artes de Belo Horizonte, um dos
154 705,71 ha.), duas florestas estaduais (4 538,87 ha.), uma res- maiores núcleos culturais da América Latina.
erva de desenvolvimento sustentável (4 538,87 ha.), 182 reservas Minas Gerais conta com vários espaços, projetos e eventos
particulares do patrimônio natural (RPPN — 90 148,39 ha.), e 23 dedicados ao fomento das áreas teatral e de dança. O estado é
parques estaduais. Sete parques nacionais também estão situados berço de uma considerável gama de grupos teatrais de sucesso
em Minas Gerais: Caparaó, Grande Sertão Veredas, Itatiaia, Cav- nacional ou mesmo internacional, tais como o Grupo Galpão, o Gi-
ernas do Peruaçu, Sempre-Vivas, Serra da Canastra e Serra do Cipó, ramundo Teatro de Bonecos, o Grupo Corpo e Ponto de Partida.
de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodi- Muitos deles têm suas origens e manutenção ligadas à formação
versidade (ICMBio). A Serra do Cipó é inclusive a maior comunidade artística profissional e a mecanismos municipais e estaduais de in-
vegetal em espécies por metro quadrado do mundo. centivo cultural; o Grupo Divulgação, de Juiz de Fora, por exemplo,
Apesar da existência das áreas de preservação, o estado ain- nasceu na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Federal
da apresenta consideráveis índices de desmatamento, encontran- de Juiz de Fora (UFJF). A Companhia de Dança Palácio das Artes,
do-se com 9,84% de seu território dentro do polígono das secas, fundada em Belo Horizonte em 1971, é um dos grupos profissionais
segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura mantidos pela Fundação Clóvis Salgado e ocasionalmente está pre-
e Alimentação (FAO). Outra situação grave é a da Mata Atlântica, sente em palcos nacionais e internacionais.
cujo bioma perdeu um espaço de 10 572 ha. entre 2011 e 2012 em Em Minas Gerais situam-se alguns dos maiores espaços teatrais
Minas Gerais, o que representa 44% do total desmatado em todo do Brasil, tais como o Teatro Municipal de Ouro Preto, que também
país. é o teatro mais antigo das Américas, inaugurado no século XVIII; o
Cine-Theatro Central, em Juiz de Fora, cuja importância arquitetôni-
A Mata Atlântica, que já chegou a se estender do Rio Grande
ca e histórica culminou no tombamento pelo IPHAN; o Palácio das
do Sul ao Rio Grande do Norte de hoje, foi quase totalmente dev-
Artes de Belo Horizonte, que é considerado como o maior centro de
astada, restando atualmente apenas 5% de sua vegetação original
produção, formação e difusão cultural do estado e um dos maiores
(cerca de 52 000 km²); em Minas Gerais, cobria cerca de 81,8% da
da América Latina, sendo mantido pela Fundação Clóvis Salgado,
área que corresponde ao atual estado, mas hoje esse percentual é
que oferece à população uma série de programações artísticas e
de apenas de 7%, sendo os principais responsáveis pelo desflores-
de atividades educativas; o Centro Cultural Usiminas, em Ipatinga,
tamento, no período colonial, a extração do pau-brasil e as plan-
considerado como um dos mais modernos do país e mantido pelo
tações de cana-de-açúcar e café e, mais recentemente, a miner-
Instituto Cultural Usiminas; e o Centro Cultural Banco do Brasil, em
ação e a agropecuária. Por outro lado, muitos projetos do governo Belo Horizonte, mantido pelo Banco do Brasil.
e iniciativas privadas estão tentando reverter este quadro.[ São vários os eventos artísticos do estado em que os grupos e
artistas demonstram suas atividades, sendo realizados tanto nos
Divisão Territorial espaços culturais quanto ao ar livre. Na capital mineira, são alguns
exemplos o Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua (FIT-BH), o
Minas Gerais é dividida em dez regiões que seguem carac- Festival Internacional de Teatro de Bonecos, o Festival Internacional
terísticas geográficas e de afinidade econômica. As regiões são: de Dança (FID), o Festival Internacional de Corais (FIC), o Festival In-
Alto Paranaíba, Central, Centro-Oeste de Minas, Jequitinhonha ou ternacional de Curtas, o Festival Mundial de Circo do Brasil e o Festi-
Mucuri, Mata, Noroeste de Minas, Norte de Minas, Rio Doce, Sul de val Internacional de Quadrinhos. No interior do estado, destaca-se a
Minas e Triângulo Mineiro. realização da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, com
espetáculos teatrais em Juiz de Fora e no Vale do Aço; e o Festival de
Cultura Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais, com oficinas de
iniciação e atualização, espetáculos, peças de teatro e exposições em
A cultura mineira é uma das mais ricas e diversas do Brasil. São vários municípios do estado, como Diamantina e Cataguases.
fortes as influências do colonizador português no artesanato, nas
manifestações populares, na culinária e na arte. Música, cinema e literatura
Como ocorre com os demais estados brasileiros, também é
marcante o misto com as culturas indígenas e africana. O ator mineiro Selton Mello na 5ª edição do Prêmio Bravo!
Entre as mais importantes manifestações culturais de Minas Prime de Cultura, em 2009.
estão o congado, a folia de reis, pastorinhas, boi de reis, festa do A música se faz presente em Minas Gerais desde o período
Divino, cavalhada, mulinha de ouro, dança de São Gonçalo, Caxam- colonial. Os primeiros instrumentos musicais a adentrarem o es-
bu, maneiro o pau e a quadrilha. tado foram trazidos pela Companhia de Jesus na segunda meta-

17
ATUALIDADES
de do século XVI, com objetivo de converterem os indígenas aos dores; as comemorações da Folia de Reis, que celebram desde o
costumes europeus, difundindo a música barroca. Por décadas, os nascimento de Jesus até a visita dos Três Reis Magos através de
jesuítas foram responsáveis tanto pelo ensinamento da gramática procissões e visitas a casas; as “Pastorinhas”, que são meninos e
e do latim quanto pela alfabetização musical nas escolas. No século meninas que visitam os presépios nas casas, assim como se fazia
XVIII destacou-se a obra sacra de Lobo de Mesquita] e, no XIX, a de em Belém na época do nascimento de Jesus; o bumba meu boi,
João de Deus de Castro Lobo, cujas obras estão disponibilizadas, que simboliza a morte e renascimento do boi; a Festa do Divino,
dentre outras, nas séries Acervo da Música Brasileira e Patrimônio em homenagem ao Divino Espírito Santo; as Cavalhadas, repre-
Arquivístico-Musical Mineiro. A partir do século XIX, as bandas de sentando os combates e guerras travadas entre mouros e cristãos;
música se desenvolvem a ponto de serem hoje um dos marcos de a Dança de São Gonçalo; e as quadrilhas, nas festas juninas.
identidade cultural do estado. Na primeira metade do século XX, Boa parte da produção artesanal mineira tem ligação às
destacam-se o samba, a bossa nova, o chorinho e as marchinhas tradições culturais do estado, como na representação de imagens
com os compositores Ary Barroso, de Ubá, e Ataulfo Alves, de de santos ou personagens históricos. O artesanato está presente
Miraí. Na década de 1970, surge em Belo Horizonte o movimento em diversas regiões de Minas Gerais, com produção baseada em
Clube da Esquina, cujas maiores influências eram a bossa nova e os pedra-sabão, cerâmica, madeira e fibras vegetais, argila, prata e es-
Beatles. Na década de 80, destacaram-se mundialmente Sepultura tanho. Em Tiradentes destacam-se os objetos em prata; na região
e Sarcófago e na década de 90, surgem Skank, Jota Quest, Pato Fu do Vale do Jequitinhonha são feitas peças em madeira e principal-
e Tianastácia. Às primeiras décadas do século XXI, surgem artistas mente cerâmica; em Ouro Preto, Congonhas, Mariana e Serro há
musicais como César Menotti & Fabiano e Paula Fernandes. considerável presença dos trabalhos em pedra-sabão; em Ouro
No cinema mineiro, os nomes de Humberto Mauro e João Preto e Viçosa são produzidos utensílios com cobre e outros me-
Carriço se destacam por serem os pioneiros do cinema nacional. tais; e em todo o estado são encontrados bordados, trançados em
Humberto Mauro iniciou suas primeiras filmagens em 1925 em Cat- talas, bambu e fibras têxteis, crochês e tricôs, além da madeira.
aguases, mudando-se para o Rio de Janeiro. Seu contemporâneo Na cozinha mineira, por sua vez, a carne de porco é muito pre-
João Carriço, com o lema “Cinema para o povo”, lançou a Carriço sente, sendo famosos o tutu com lombo de porco, a costelinha de
Filmes, em Juiz de Fora, produzindo cinejornais e documentários porco e o leitão à pururuca. Também são apreciados a vaca atolada,
no início do século XX. No período do Cinema Novo e do Cinema o feijão tropeiro com torresmo, a canjiquinha com carne (de boi
Marginal, desponta o nome de Carlos Alberto Prates Correia, um ou porco), linguiça e couve, o frango ao molho pardo com angu
dos principais realizadores da história do estado, autor de filmes de fubá, o frango com quiabo ensopado e arroz com pequi. São
evocadores da paisagem, da cultura e do povo mineiro, como os in- famosos os doces mineiros, especialmente o doce de leite, a goia-
ventivos Perdida, Cabaret Mineiro e Noites do Sertão. Finalmente, bada e a paçoca. O pão de queijo, os queijos (e seu modo artesanal
no cinema contemporâneo, ressaltam-se Cao Guimarães produtor de preparo) e o café também estão entre as principais referências
de curtas premiados no mundo inteiro; Helvécio Ratton, diretor de da cozinha mineira. Muitos pratos têm origens indígenas, cuja cu-
entre outros filmes Menino Maluquinho e Pequenas Histórias; e linária era predominantemente à base de mandioca e milho e teve
Selton Mello, que atuou em filmes como Guerra de Canudos, O Que incremento dos costumes europeus, com a introdução dos ovos, do
É Isso, Companheiro?, O Palhaço, O Cheiro do Ralo e Meu Nome vinho, dos quentes e dos doces.
Não é Johnny.
A literatura mineira, por sua vez, teve bastante contribuição Arquitetura
para a primeira geração literária brasileira, ainda no século XVIII.
As obras oriundas do estado tinham ideais bucólicos, visando a Museu da Inconfidência e Igreja de Nossa Senhora do Carmo,
representar paisagens locais, sendo os principais autores da época na Cidade Histórica de Ouro Preto, considerada um Patrimônio da
Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Humanidade pela UNESCO.
Costa. Com o Romantismo e o Simbolismo, no século XIX, ganham Durante o período colonial, a riqueza oriunda do ouro e dos
destaque as obras de Bernardo Guimarães e Alphonsus de Gui- diamantes propiciou o surgimento de cidades que tinham como
maraens. No século XX, Minas conquista grande espaço no cenário característica o dinamismo cultural. Nesse contexto, desenvolver-
literário brasileiro, revelando nomes como Carlos Drummond de am-se as cidades e a arquitetura colonial, cujas obras permanecem
Andrade, Emílio Moura e João Guimarães Rosa, que contribuíram como sendo alguns dos conjuntos mais notáveis deste período da
para o auge do Modernismo no Brasil. Entre a segunda metade do história brasileira. As casas das cidades mineiras eram construídas
século XX e a contemporaneidade, ressaltam-se Abgar Renault, com aspectos uniformes entre si e, usualmente, ocupavam todo o
Cyro dos Anjos, Murilo Rubião, Affonso Romano de Sant’Anna, Mu- terreno. As ruas estreitas se adaptavam à topografia acidentada do
rilo Mendes, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Fernando território mineiro. Dada a influência da Igreja Católica, muitas igre-
Sabino, Henriqueta Lisboa, Affonso Ávila, Oswaldo França Júnior, jas foram erguidas nas cidades e vilas da época, com característi-
Roberto Drummond, Bartolomeu Campos de Queirós e Ziraldo. cas arquitetônicas notáveis típicas do período barroco. Merecem
destaque, especialmente, as obras de Antônio Francisco Lisboa, o
Folclore, artesanato e culinária Aleijadinho, notável por seu estilo peculiar refletido nas esculturas,
obras arquitetônicas e entalhes do final do período colonial. Os
A história da mineração refletiu diretamente na culinária principais remanescentes desta fase da arquitetura mineira são o
mineira. Entre os pratos mais conhecidos estão o feijão tropeiro, Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (em Congonhas, com obras
angu, frango com quiabo, paçoca de carne seca, farofa, leitão à pu- de Aleijadinho), o centro histórico de Ouro Preto e de de Diaman-
ruruca, torresmo e pernil assado. tina (todos declarados patrimônios da humanidade pela UNESCO),
O pão de queijo é um prato típico da culinária mineira. além da Igreja de São Francisco de Assis em São João del-Rei. Já no
A religiosidade tem influência marcante nas principais mani- fim do período colonial, houve a transição para o período neoclás-
festações culturais do povo mineiro, principalmente nas festas sico. Contudo, tal estilo não foi tão marcante em território mineiro,
folclóricas. Dentre as tradições presentes no estado, destacam-se deixando traços em algumas construções como na Casa da Câmara
o Congado, que reúne danças herdadas dos costumes africanos, e Cadeia de Ouro Preto e na fachada da Igreja de Nossa Senhora do
difundidos pelos escravos, com as tradições católicas dos coloniza- Pilar em Nova Lima.

18
ATUALIDADES
Posteriormente, a partir das últimas décadas do século XIX, Economia
o ecletismo europeu passa a influenciar as obras arquitetônicas
do estado, que passava por um surto de desenvolvimento graças No âmbito da economia, Minas Gerais é o maior produtor de
à atividade cafeeira e à pecuária. Em um primeiro momento, tal café e leite do país, é o segundo Estado mais industrializado do
estilo ainda sofre influência do neoclassicismo, apresentando con- Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo. A agropecuária é uma
tornos suaves. Somente a partir do século XX, o ecletismo passa atividade muito influente. Um setor que está se desenvolvendo no
a apresentar uma estética rebuscada, além de permitir uma vasta Estado é a biotecnologia. É o maior produtor brasileiro de minério
gama de combinações estilísticas influenciada sobretudo pela arte de ferro, outros minerais explorados são o ouro e o zinco.
europeia, que se estendem até a década de 1940. No período en-
treguerras chega ao estado a tendência mundial do art déco, que O estado apresenta uma grande disparidade social entre o sul
valorizava em sua estética a abstração, a linha, a forma, o volume e e o norte do seu território, sendo o norte de Minas Gerais uma das
a cor e que se beneficiou pelas inovações construtivas, como a uti- áreas mais pobres do Brasil, com precária rede de esgoto, alta taxa
lização do concreto armado. Contudo, uma grande revolução viria de mortalidade infantil e analfabetismo.
com os projetos de Oscar Niemeyer que, ao conceber o Conjunto Minas Gerais é o estado brasileiro que possui o terceiro maior
Arquitetônico da Pampulha, buscou a criação de formas simples e produto interno bruto, que totalizava 351,38 bilhões de reais no
úteis, com suas características curvas. Na década de 50, o arquite- fim do ano de 2010. Ao longo dos últimos anos, a economia mineira
to concebeu outras obras notáveis, como o Edifício Niemeyer. Ao apresentou crescimento praticamente contínuo, interrompido so-
mesmo tempo chegam a Minas novos conceitos do nascente Es- mente durante a grande recessão entre os anos de 2008 e 2009
tilo Internacional, além do surgimento da arquitetura modernista quando houve o decréscimo significativo do PIB mineiro. Contudo,
no Brasil. Desde então, as construções passaram a integrar como posteriormente, a economia voltou a crescer em ritmo superior à
princípios a funcionalidade e integração com seus arredores. Um media nacional. Das regiões mineiras, a Região Metropolitana de
dos mais recentes e notáveis projetos arquitetônicos no estado é Belo Horizonte concentra 45% das atividades econômicas do esta-
a Cidade Administrativa de Minas Gerais, projetada por Oscar Nie- do, e é também uma das regiões que apresenta maior crescimento.
meyer e concluída em 2010. A capital mineira, por si só, possui 43% das atividades econômicas
da região, seguida pelos municípios de Betim e Contagem. A seguir
estão o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, o Sul e Sudoeste de
Turismo
Minas, Zona da Mata e Vale do Rio Doce que juntas correspondem
Cachoeira na Serra do Cipó.
a cerca de 40% do PIB mineiro. As regiões menos desenvolvidas são
os vales do Jequitinhonha e do Mucuri, que juntas possuem 2,1%
Um dos mais importantes circuitos turísticos de Minas Gerais
de participação no PIB estadual.
é a Estrada Real, que passa pelos antigos caminhos utilizados para
O estado, segundo dados de 2012, é o terceiro que mais expor-
transportar o ouro das minas, que liga a região central do estado às
ta no país, sendo responsável por 12,78% dos produtos vendidos ao
cidades do Rio de Janeiro e Parati. Os diferentes roteiros deste cir- exterior, ficando atrás apenas de São Paulo (26,55%) e Rio de Janei-
cuito apresentam atrativos históricos, culturais e naturais para seus ro (12,88%). A pauta de exportação do estado, no entanto, é mui-
visitantes.] Outro aspecto notável do turismo mineiro inclui a visi- to concentrada e baseada em produtos primários, principalmente
tação às cidades históricas, as quais conservam as construções do minério de ferro (43,15%), café (11,29%), ferro-ligas (5,86%) e ouro
museu colonial além de incluírem museus e espaços culturais que (5,15%). O volume total de exportações em 2012 foi de cerca U$D
revelam o passado dessas localidades. Destas cidades, destaca-se 33 000 000 000,00 (trinta e três bilhões de dólares).
Ouro Preto, onde encontra-se o Museu da Inconfidência.
O relevo do estado, com abundância de picos e serras (espe- Agropecuária
cialmente os grandes picos), além da grande quantidade de grutas
e cavernas, rios e lagos naturais e artificiais e a riqueza da fauna Campos agrícolas com irrigação por gotejamento perto da ci-
e flora estadual atraem praticantes do ecoturismo e também do dade de Perdizes.
turismo de aventura. Outro segmento relevante é o turismo rural, O setor primário da economia mineira correspondeu a cerca
já que Minas é um dos estados que mais possuem empreendimen- de 8,7% da soma de tudo o que foi produzido no estado durante o
tos voltados para esta finalidade. Na região central do estado, além ano de 2012. Das culturas do estado, o café foi o que teve a maior
das cidades históricas e da capital, encontram-se parques nacion- participação no que se refere ao valor da produção agrícola estad-
ais como o Serra do Cipó, além do Museu de Inhotim, que possui ual, chegando a 40% em 2011. Minas Gerais foi a origem de 61,2%
um dos maiores acervos de arte contemporânea do país. No sul do de todo o café produzido no país no mesmo ano sendo, portanto, o
estado encontra-se o Circuito das águas, conhecido por suas estân- maior produtor do país. A região sul do estado é a principal origem
cias minerais. do café mineiro, onde é cultivado em sua maioria a variedade arábi-
Destaca-se ainda o turismo de negócios que está em franca ex- ca. A produção de cana-de-açúcar, por sua vez, representa quase
pansão, uma vez que nos últimos anos grandes eventos de projeção vinte por cento do valor da produção agrícola de Minas, seguido
internacional foram realizados no estado. Em especial, destaca-se pelo milho, soja e feijão. Minas também se destaca no cenário na-
nesse segmento a cidade de Belo Horizonte, que atrai cada vez mais cional na produção de batata, sorgo, tomate, banana e abacaxi.
feiras, congressos e reuniões, o que pode ser atribuído à infraestru- No município de Jaíba, no norte de estado, um projeto implantou
tura e à importante rede hoteleira da cidade. Outras cidades do a maior área de agricultura irrigada da América do Sul, onde são
interior (como Juiz de Fora, Uberaba e Uberlândia) também ofere- cultivadas mais de trinta variedades de frutas, dentre elas a ba-
cem opções para a realização de eventos de negócios de grande nana-prata, da qual o município é o maior produtor.
porte Em relação à pecuária, Minas Gerais lidera a produção nacional
de leite, com uma produção de 8,4 bilhões de litros em 2010, o que
equivaleu a um quarto da produção brasileira. O estado também
possui uma importante participação nacional nas criações de corte
de bovinos, suínos e frangos. A produção mineira de ovos também
foi a segunda maior do país, com cerca de 375 milhões de dúzias.

19
ATUALIDADES
Indústria dutos químicos e farmacêuticos, produtos minerais e maquinaria
industrial. O resultado da balança comercial mineira manteve-se
A atividade de extração de minerais metálicos é a que pos- positivo ao longo nos últimos dez anos, o que significa que o estado
sui maior participação no setor secundário mineiro, com aprox- exportou mais do que importou. Em 2011, o superávit mineiro che-
imadamente um quarto de representação na indústria estadual gou a 28,4 bilhões de reais, muito próximo ao superávit brasileiro
e responde por mais de quarenta por cento da produção miner- de 29,8 bilhões, evidenciando, portanto, a relevância do estado no
al nacional. Dentre os principais minérios extraídos destacam-se comércio internacional brasileiro.
o ferro, manganês (explorados sobretudo na região conhecida No ano de 2011, 10,635 milhões de pessoas se enquadravam
como Quadrilátero Ferrífero), ouro, níquel, nióbio, zinco, quartzo, na categoria de população economicamente ativa, dos quais aprox-
enxofre, fosfato e bauxita. Três quartos da indústria mineira, por imadamente dez milhões se encontravam ocupadas. Destes, 3,8
sua vez, correspondem a atividades de transformação dos quais o milhões de pessoas possuíam carteira assinada. A taxa de desem-
mais participativo é o setor de metalurgia, sendo que, no âmbito prego no estado apresentou contínua queda desde 2009, passando
da indústria siderúrgica o estado foi responsável por um terço da de 7,2% para 3,9% no fim de 2012. Dentre as principais ocupações
produção nacional. Em Minas estão instaladas unidades produtivas
da população economicamente ativa, destacam-se as atividades de
de alguns dos maiores grupos ligados ao setor do país, como a Ger-
comércio (16,3%), agropecuária (16,2%) e da indústria de transfor-
dau, Usiminas e ArcelorMittal. O estado possui, ainda, significativa
mação (11,8%), seguidas por serviços de saúde, educação e serviços
participação no setor de fundição, com atividades concentradas so-
sociais, construção civil e serviços domésticos. Todos os setores de
bretudo no centro-oeste do estado e cuja metade da produção é
destinada ao setor de automobilísticos. atividade econômica[nota 1] apresentam maior quantidade de em-
A seguir, destaca-se o setor de produtos alimentícios, que cor- pregados na região central do estado, com exceção das atividades
responde a 13% das atividades industriais de Minas. Em seguida, agropecuárias, na qual o Sul de Minas possui maior quantidade de
com participação praticamente semelhante, está o setor automo- trabalhadores formais
bilístico, responsável pela produção de quase um quarto da pro-
dução nacional de veículos a parti da presença de unidades produ- BRASIL
tivas de empresas como Iveco, Fiat e Mercedes Benz. Destaca-se História do Brasil
ainda, a produção de cimento, sendo que o estado é o maior pro-
dutor nacional, fato que é favorecido pelas grandes reservas de cal- Na História do Brasil, estão relacionados todos os assuntos re-
cário em território mineiro. Outro setor importante é a indústria ferentes à história do país. Sendo assim, o estudo e o ensino de
química, especialmente o setor de plásticos, cuja produção desti- História do Brasil abordam acontecimentos que se passaram no
na-se principalmente a atender outras cadeias produtivas. espaço geográfico brasileiro ou que interferiram diretamente em
nosso país.
Serviços Portanto, os povos pré-colombianos que habitavam o territó-
rio que hoje corresponde ao Brasil antes da chegada dos portugue-
O setor terciário é o mais importante da economia mineira, ses fazem parte da história de nosso país. Isso é importante de ser
pois corresponde a mais da metade das atividades econômicas mencionado porque muitas pessoas consideram que a história bra-
do estado. Neste setor, o comércio varejista tem acompanhado o sileira iniciou-se com a chegada dos portugueses, em 1500.
crescimento do setor no país, que foi de 8,3% no período de 2009 a
2012. Contudo, alguns segmentos apresentaram comportamentos Nossa história é marcada pela diversidade em sua formação,
distintos como a venda de móveis e eletrodomésticos que evoluiu decorrente dos muitos povos que aqui chegaram para desbravar e
acima da média nacional, ao contrário do segmento de super e hi- conquistar nossas terras.
permercados, que foi abaixo da média brasileira no mesmo perío- Esse processo de colonização e formação de uma nova socie-
do. dade se deu através de muitos movimentos e manifestações, sem-
Contudo, a participação do comércio no setor terciário é su-
pre envolvendo interesses e aspectos sociais, políticos e econômi-
perada somente pelo segmento de administração pública, re-
cos.
sponsável por movimentar 13,7% de todo o PIB estadual. Em 2010,
Movimentos esses que estão entrelaçados entre si, em função
foram arrecadados no estado aproximadamente 43,5 bilhões de
dos fatores que os originavam e dos interesses que por traz deles se
reais em impostos, o que corresponde a doze por cento do PIB
mineiro. Destacam-se ainda, as atividades ligadas ao setor imo- apresentavam.
biliário e de aluguéis (8,6% do valor agregado bruto mineiro), inter- Diante disso, faremos uma abordagem sobre nossa história,
mediação financeira (5,2%) e de transportes (5,1%). desde o tempo da colonização portuguesa, até os dias de hoje,
O comércio exterior de Minas Gerais tem apresentado um abordando os movimentos que ao longo do tempo foram tecen-
crescimento continuo acima da média nacional, o que fez sua par- do as condições para que nosso Brasil apresente hoje essas carac-
ticipação em vendas externas nacionais aumentarem de 10,5% em terísticas políticas-sócio-economicas.
2002 para 13,4% em 2012 e consolidar-se como o segundo maior
estado exportador do país. Mais da metade do total exportado Embora os portugueses tenham chegado ao Brasil em 1500,
compõe-se de produtos da extração mineral bruta ou processados o processo de colonização do nosso país teve início somente em
pela indústria metalúrgica. Cerca de um quinto desse total compõe- 1530. Nestes trinta primeiros anos, os portugueses enviaram para
se de produtos da agropecuária, em especial o café. Destaca-se, as terras brasileiras algumas expedições com objetivos de reconhe-
ainda, o crescimento na exportação de medicamentos, soja e ouro cimento territorial e construção de feitorais para a exploração do
não monetário nas exportações mineiras. Os principais destinos pau-brasil. Estes primeiros portugueses que vieram para cá circula-
dos produtos exportados são a China, o Japão, Alemanha, Estados ram apenas em territórios litorâneos. Ficavam alguns dias ou meses
Unidos e Argentina. De forma similar, a importação de produtos e logo retornavam para Portugal. Como não construíram residên-
no estado manteve-se crescendo com taxas similares às nacionais. cias, ou seja, não se fixaram no território, não houve colonização
Destaca-se nesse contexto a compra de veículos automotores, pro- nesta época.

20
ATUALIDADES
Neste período também ocorreram os primeiros contatos com de mercado, com a mercantilização crescente dos vários setores
os indígenas que habitavam o território brasileiro. Os portugueses produtivos antes à margem da circulação de mercadorias – a pro-
começaram a usar a mão-de-obra indígena na exploração do pau- dução colonial, isto é, a produção de núcleos criados na periferia de
-brasil. Em troca, ofereciam objetos de pequeno valor que fasci- centros dinâmicos europeus para estimulá-los, era uma produção
navam os nativos como, por exemplo, espelhos, apitos, chocalhos, mercantil, ligada às grandes linhas do tráfico internacional. Só isso
etc. já indicaria o sentido da colonização como peça estimuladora do
capitalismo mercantil, mas o comércio colonial era mais o comércio
O início da colonização exclusivo da metrópole, gerador de super-lucros, o que completa
Preocupado com a possibilidade real de invasão do Brasil por aquela caracterização.
outras nações (holandeses, ingleses e franceses), o rei de Portugal Para que este sistema pudesse funcionar era necessário que
Dom João III, que ficou conhecido como “o Colonizador”, resolveu existissem formas de exploração do trabalho que permitissem a
enviar ao Brasil, em 1530, a primeira expedição com o objetivo de concentração de renda nas mãos da classe dominante colonial, a
colonizar o litoral brasileiro. Povoando, protegendo e desenvolven- estrutura escravista permitia esta acumulação de renda em alto
do a colônia, seria mais difícil de perdê-la para outros países. Assim, grau: quando a maior parte do excedente seguia ruma à metrópole,
chegou ao Brasil a expedição chefiada por Martim Afonso de Souza uma parte do excedente gerado permanecia na colônia permitindo
com as funções de estabelecer núcleos de povoamento no litoral, a continuidade do processo.
explorar metais preciosos e proteger o território de invasores. Teve Importante ressaltar que as colônias encontravam-se intei-
início assim a efetiva colonização do Brasil. ramente à mercê de impulsos provenientes da metrópole, e não
Nomeado capitão-mor pelo rei, cabia também à Martim Afon- podiam auto estimular-se economicamente. A economia agro-
so de Souza nomear funcionários e distribuir sesmarias (lotes de -exportadora de açúcar brasileira atendeu aos estímulos do cen-
terras) à portugueses que quisessem participar deste novo empre- tro econômico dominante. Este sistema colonial mercantilista ao
endimento português. funcionar plenamente acabou criando as condições de sua própria
A colonização do Brasil teve início em 1530 e passou por fases crise e de sua superação.
(ciclos) relacionadas à exploração, produção e comercialização de Neste ponto é interessante registrar a opinião de Ciro Flama-
rion Cardoso e Héctor P. Buiquióli:
um determinado produto.
O processo de acumulação prévia de capitais de fato não se
Vale ressaltar que a colonização do Brasil não foi pacífica, pois
limita à exploração colonial em todas as suas formas; seus aspec-
teve como características principais a exploração territorial, uso de
tos decisivos de expropriação e proletarização se dão na própria
mão-de-obra escrava (indígena e africana), utilização de violência
Europa, em um ambiente histórico global ao qual por certo não é
para conter movimentos sociais e apropriação de terras indígenas.
indiferente à presença dos impérios ultramarinos. A superação his-
O conceito mais sintético que podemos explorar é o que define
tórica da fase da acumulação prévia de capitais foi, justamente o
como Regime Colonial, uma estrutura econômica mercantilista que
surgimento do capitalismo como modo de produção.
concentra um conjunto de relações entre metrópoles e colônias. O
fim último deste sistema consistia em proporcionar às metrópoles A relação Brasil-África na época
um fluxo econômico favorável que adviesse das atividades desen- do Sistema Colonial Português.
volvidas na colônia.
Neste sentido a economia colonial surgia como complementar A princípio parece fácil descrever as relações econômicas entre
da economia metropolitana europeia, de forma que permitisse à metrópole e colônia, mas devemos entender que o Sistema Colo-
metrópole enriquecer cada vez mais para fazer frente às demais nial se trata de uma teia de relações comerciais bem mais complexa
nações europeias. e nem sempre fácil de identificar.
De forma simplificada, o Pacto ou Sistema Colonial definia uma Os portugueses detinham o controle do tráfico de escravos en-
série de considerações que prevaleceriam sobre quaisquer outras tre a África e o Brasil, estabelecia-se uma estrutura de comércio
vigentes. A colônia só podia comercializar com a metrópole, for- que foge um pouco ao modelo apresentado anteriormente.
necer-lhe o que necessitasse e dela comprar os produtos manu- Traficantes portugueses aportavam no Brasil onde adquiriam
faturados. Era proibido na colônia o estabelecimento de qualquer fumo e aguardente (geribita), daí partiam para Angola e Luanda
tipo de manufatura que pudesse vir a concorrer com a produção onde negociariam estes produtos em troca de cativos. A cachaça
da metrópole. Qualquer transação comercial fora dessa norma era era produzida principalmente em Pernambuco, na Bahia e no Rio
considerada contrabando, sendo reprimido de acordo com a lei de Janeiro; o fumo era produzido principalmente na Bahia. A im-
portuguesa. portância destes produtos se dá em torno do seu papel central nas
A economia colonial era organizada com o objetivo de permitir estratégias de negociação para a transação de escravos nos sertões
a acumulação primitiva de capitais na metrópole. O mecanismo que africanos.
tornava isso possível era o exclusivismo nas relações comerciais ou A geribita tinha diversos atributos que a tornavam imbatível
monopólio, gerador de lucros adicionais (sobre-lucro). em relação aos outros produtos trocados por escravos. A cachaça
As relações comerciais estabelecidas eram: a metrópole ven- é considerada um subproduto da produção açucareira e por isso
deria seus produtos o mais caro possível para a colônia e deveria apresentava uma grande vantagem devido ao baixíssimo custo de
comprar pelos mais baixos preços possíveis a produção colonial, produção, lucravam os donos de engenho que produziam a cachaça
gerando assim o sobre-lucro. e os traficantes portugueses que fariam a troca por cativos na Áfri-
Fernando Novais em seu livro Portugal e Brasil na crise do Anti- ca, além é claro do elevado teor alcoólico da bebida (em torno de
go Sistema Colonial ressalta o papel fundamental do comércio para 60%) que a tornava altamente popular entre seus consumidores.
a existência dos impérios ultramarinos: O interessante de se observar é que do ponto de vista do con-
O comércio foi de fato o nervo da colonização do Antigo Regi- trole do tráfico, o efeito mais importante das geribitas foi trans-
me, isto é, para incrementar as atividades mercantis processava- feri-lo para os comerciantes brasileiros. Os brasileiros acabaram
-se a ocupação, povoamento e valorização das novas áreas. E aqui usando a cachaça para quebrar o monopólio dos comerciantes me-
ressalta de novo o sentido que indicamos antes da colonização da tropolitanos que em sua maioria preferia comercializar usando o
época Moderna; indo em curso na Europa a expansão da economia vinho português como elemento de troca por cativos.

21
ATUALIDADES
Pode-se perceber que o Pacto Colonial acabou envolvendo O sistema não funcionou muito bem. Apenas as capitanias
teias de relações bem mais complexas que a dicotomia Metrópole- de São Vicente e Pernambuco deram certo. Podemos citar como
-Colônia, o comércio intercolonial também existiu, talvez de forma motivos do fracasso: a grande extensão territorial para administrar
mais frequente do que se imagina. Na questão das manufaturas as (e suas obrigações), falta de recursos econômicos e os constantes
coisas se complicavam um pouco, mas não podemos esquecer do ataques indígenas.
intenso contrabando que ocorria no período. O sistema de Capitanias Hereditárias vigorou até o ano de
1759, quando foi extinto pelo Marquês de Pombal.
Despotismo esclarecido em Portugal.
Capitanias Hereditárias criadas no século XVI:
Na esfera política, a formação do Estado absolutista correspon- Capitania do Maranhão
deu a uma necessidade de centralização do poder nas mãos dos Capitania do Ceará
reis, para controlar a grande massa de camponeses e adequar-se Capitania do Rio Grande
ao surgimento da burguesia. Capitania de Itamaracá
O despotismo esclarecido foi uma forma de Estado Absolutista Capitania de Pernambuco
que predominou em alguns países europeus no século XVIII. Filóso- Capitania da Baía de Todos os Santos
fos iluministas, como Voltaire, defendiam a ideia de um regime mo- Capitania de Ilhéus
nárquico no qual o soberano, esclarecido pelos filósofos, governaria Capitania de Porto Seguro
apoiando-se no povo contra os aristocratas. Esse monarca acabaria Capitania do Espírito Santo
com os privilégios injustos da nobreza e do clero e, defendendo o Capitania de São Tomé
direito natural, tornaria todos os habitantes do país iguais perante Capitania de São Vicente
a lei. Em países onde, o desenvolvimento econômico capitalista es- Capitania de Santo Amaro
tava atrasado, essa teoria inspirou o despotismo esclarecido. Capitania de Santana
Os déspotas procuravam adequar seus países aos novos tem-
pos e às novas odeias que se desenvolviam na Europa. Embora Governo Geral
tenham feito uma leitura um pouco diferenciada dos ideais ilumi-
nistas, com certeza diminuíram os privilégios considerados mais Respondendo ao fracasso do sistema das capitanias hereditá-
odiosos da nobreza e do clero, mas ao invés de um governo apoia- rias, o governo português realizou a centralização da administração
do no “povo” vimos um governo apoiado na classe burguesa que colonial com a criação do governo-geral, em 1548. Entre as justifi-
crescia e se afirmava. cativas mais comuns para que esse primeiro sistema viesse a entrar
Em Portugal, o jovem rei D. José I “entregou” a árdua tarefa de em colapso, podemos destacar o isolamento entre as capitanias, a
modernizar o país nas mãos de seu principal ministro, o Marquês falta de interesse ou experiência administrativa e a própria resis-
de Pombal. Sendo um leitor ávido dos filósofos iluministas e dos tência contra a ocupação territorial oferecida pelos índios.
economistas ingleses, o marquês estabeleceu algumas metas que Em vias gerais, o governador-geral deveria viabilizar a criação
ele acreditava serem capazes de levar Portugal a alinhar-se com os de novos engenhos, a integração dos indígenas com os centros de
países modernos e superar sua crise econômica. colonização, o combate do comércio ilegal, construir embarcações,
A primeira atitude foi fortalecer o poder do rei, combatendo defender os colonos e realizar a busca por metais preciosos. Mes-
os privilégios jurídicos da nobreza e econômicos do clero (principal- mo que centralizadora, essa experiência não determinou que o
mente da Companhia de Jesus). Na tentativa de modernizar o país, governador cumprisse todas essas tarefas por si só. De tal modo,
o marquês teve de acabar com a intolerância religiosa e o poder da o governo-geral trouxe a criação de novos cargos administrativos.
inquisição a fim de desenvolver a educação e o pensamento literá- O ouvidor-mor era o funcionário responsável pela resolução de
rio e científico. todos os problemas de natureza judiciária e o cumprimento das leis
Economicamente houve um aumento da exploração colonial vigentes. O chamado provedor-mor estabelecia os seus trabalhos
visando libertar Portugal da dependência econômica inglesa. O na organização dos gastos administrativos e na arrecadação dos
Marquês de Pombal aumentou a vigilância nas colônias e comba- impostos cobrados. Além destas duas autoridades, o capitão-mor
teu ainda mais o contrabando. Houve a instalação de uma maior desenvolvia ações militares de defesa que estavam, principalmen-
centralização política na colônia, com a extinção das Capitanias he- te, ligadas ao combate dos invasores estrangeiros e ao ataque dos
reditárias que acabou diminuindo a excessiva autonomia local. nativos.
Na maioria dos casos, as ações a serem desenvolvidas pelo go-
Capitanias Hereditárias verno-geral estavam subordinadas a um tipo de documento oficial
da Coroa Portuguesa, conhecido como regimento. A metrópole
As Capitanias hereditárias foi um sistema de administração ter- expedia ordens comprometidas com o aprimoramento das ativida-
ritorial criado pelo rei de Portugal, D. João III, em 1534. Este sistema des fiscais e o estímulo da economia colonial. Mesmo com a forte
consistia em dividir o território brasileiro em grandes faixas e entre- preocupação com o lucro e o desenvolvimento, a Coroa foi alvo de
gar a administração para particulares (principalmente nobres com ações ilegais em que funcionários da administração subvertiam as
relações com a Coroa Portuguesa). leis em benefício próprio.
Este sistema foi criado pelo rei de Portugal com o objetivo de Entre os anos de 1572 e 1578, o rei D. Sebastião buscou apri-
colonizar o Brasil, evitando assim invasões estrangeiras. Ganharam morar o sistema de Governo Geral realizando a divisão do mesmo
o nome de Capitanias Hereditárias, pois eram transmitidas de pai em duas partes. Um ao norte, com capital na cidade de Salvador, e
para filho (de forma hereditária). outro ao sul, com uma sede no Rio de Janeiro. Nesse tempo, os re-
Estas pessoas que recebiam a concessão de uma capitania sultados pouco satisfatórios acabaram promovendo a reunificação
eram conhecidas como donatários. Tinham como missão colonizar, administrativa com o retorno da sede a Salvador. No ano de 1621,
proteger e administrar o território. Por outro lado, tinham o direito um novo tipo de divisão foi organizado com a criação do Estado do
de explorar os recursos naturais (madeira, animais, minérios). Brasil e do Estado do Maranhão.

22
ATUALIDADES
Ao contrário do que se possa imaginar, o sistema de capitanias - Horizontal.
hereditárias não foi prontamente descartado com a organização do - Escravista.
governo-geral. No ano de 1759, a capitania de São Vicente foi a - Patriarcal
última a ser destituída pela ação oficial do governo português. Com OBS. Os mascates, comerciantes itinerantes, constituíam um
isso, observamos que essas formas de organização administrativa pequeno grupo social.
conviveram durante um bom tempo na colônia.
- Mineração
Economia e sociedade colonial A mineração ocorreu, principalmente, nos atuais estados de
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, entre o final do século XVII e a
A colonização implantada por Portugal estava ligada aos in- segunda metade do século XVIII.
teresses do sistema mercantilista, baseado na circulação de mer-
cadorias. Para obter os maiores benefícios desse comércio, a Me- Ouro
trópole controlava a colônia através do pacto colonial, da lei da Havia dois tipos de exploração aurífera: ouro de faiscação (re-
complementaridade e da imposição de monopólios sobre as rique- alizada nas areias dos rios e riachos, em pequena quantidade, por
zas coloniais. homens livres ou escravos no dia da folga); e ouro de lavra ou de
mina (extração em grandes jazidas feita por grande quantidade de
- Pau-Brasil escravos).
O pau-brasil era valioso na Europa, devido à tinta avermelhada, A Intendência das Minas era o órgão, independente de qual-
que dele se extraía e por isso atraía para cá muitos piratas contra- quer autoridade colonial, encarregado da exploração das jazidas,
bandistas (os brasileiros). Foi declarado monopólio da Coroa por- bem como, do policiamento, da fiscalização e da tributação.
tuguesa, que autorizava sua exploração por particulares mediante - Tributação: A Coroa exigia 20% dos metais preciosos (o Quin-
pagamento de impostos. A exploração era muito simples: utilizava- to) e a Capitação (imposto pago de acordo com o número de escra-
-se mão-de-obra indígena para o corte e o transporte, pagando-a vos). Mas como era muito fácil contrabandear ouro em pó ou em
com bugigangas, tais como, miçangas, canivetes, espelhos, tecidos, pepita, em 1718 foram criadas as Casas de Fundição e todo ouro
etc. (escambo). Essa atividade predatória não contribuiu para fixar encontrado deveria ser fundido em barras.
população na colônia, mas foi decisiva para a destruição da Mata Em 1750, foi criada uma taxa anual de 100 arrobas por ano
Atlântica. (1500 quilos). Sempre que a taxa fixada não era alcançada, o go-
verno poderia decretar a Derrama (cobrança forçada dos impostos
- Cana-de-Açúcar atrasados). A partir de 1762, a taxa jamais foi alcançada e as “der-
O açúcar consumido na Europa era fornecido pelas ilhas da ramas” se sucederam, geralmente usando de violência. Em 1789, a
Madeira, Açores e Cabo Verde (colônias portuguesas no Atlântico), Derrama foi suspensa devido à revolta conhecida como Inconfidên-
Sicília e pelo Oriente, mas a quantidade era muito reduzida diante cia Mineira.
da demanda.
Animada com as perspectivas do mercado e com a adequação Diamantes
do clima brasileiro (quente e úmido) ao plantio, a Coroa, para ini- No início a exploração era livre, desde que se pagasse o Quinto.
ciar a produção açucareira, tratou de levantar capitais em Portugal A fiscalização ficava por conta do Distrito Diamantino, cujo centro
e, principalmente, junto a banqueiros e comerciantes holandeses, era o Arraial do Tijuco. Mas, a partir de 1740, só poderia ser rea-
que, aliás, foram os que mais lucraram com o comércio do açúcar. lizada pelo Contratador Real dos Diamantes, destacando-se João
Para que fosse economicamente viável, o plantio de cana de- Fernandes de Oliveira.
veria ser feito em grandes extensões de terra e com grande volume Em 1771 foi criada, pelo Marquês de Pombal, a Intendência
de mão-de-obra. Assim, a produção foi organizada em sistema de Real dos Diamantes, com o objetivo de controlar a atividade.
plantation: latifúndios (engenhos), escravidão (inicialmente indíge-
na e posteriormente africana), monocultura para exportação. Para Sociedade mineradora
dar suporte ao empreendimento, desenvolveu-se uma modesta A sociedade mineira ou mineradora possuía as seguintes ca-
agricultura de subsistência (mandioca, feijão, algodão, etc). racterísticas:
O cultivo de cana foi iniciado em 1532, na Vila de São Vicente, - Urbana.
por Martim Afonso de Sousa, mas foi na Zona da Mata nordestina - Escravista.
que a produção se expandiu. Em 1570, já existiam no Brasil cerca - Maior Mobilidade Social
de 60 engenhos e, em fins do século XVI, esse número já havia sido
duplicado, dos quais 62 estavam localizados em Pernambuco, 36 na OBS.
Bahia e os restantes nas demais capitanias. A decadência se iniciou 1- Surgem novos grupos sociais, como, tropeiros, garimpeiros
na segunda metade do século XVII, devido à concorrência do açúcar e mascates.
holandês. É bom destacar que nenhuma atividade superou a rique- 2- Alguns escravos, como Xica da Silva e Chico Rei, tornaram-se
za de açúcar no Período Colonial. muito ricos e obtiveram ascensão social.
OBS. Apesar dos escravos serem a imensa maioria da mão-de- 3- É um erro achar que a população da região mineradora era
-obra, existiam trabalhadores brancos remunerados, que ocupa- abastada, pois a maioria era muito pobre e apenas um pequeno
vam funções de destaque, mas por trabalharem junto aos negros, grupo era muito rico. Além disso, os preços dos produtos eram mais
sofriam preconceito. elevados do que no restante do Brasil.
4- A mineração contribuiu para interiorizar a colonização e
Sociedade Açucareira para criar um mercado interno na colônia.
A sociedade açucareira nordestina do Período Colonial possuía
as seguintes características:
- Latifundiária.
- Rural.

23
ATUALIDADES
- Pecuária As atividades exploratórias do interior
A criação de gado foi introduzida na época de Tomé de Sou-
sa, como uma atividade subsidiária à cana-de-açúcar, mas como o 1) Entradas: expedições patrocinadas pela Coroa com intuito
gado destruía o canavial, sua criação foi sendo empurrada para o de procurar metais, fundar povoados, abrir estradas etc.
sertão, tornando-se responsável pela interiorização da colonização 2) Bandeiras: expedições particulares que partiam de São Vi-
do Nordeste, com grandes fazendas e oficinas de charque, utilizan- cente com o intuito de explorar riquezas no interior. As bandeiras
do a mão-de-obra local e livre, pois o vaqueiro era pago através da podem ser classificadas em três tipos:
“quartiação”. Mais tarde, devido às secas devastadoras no sertão a) Bandeiras de prospecção: procuravam metais preciosos
nordestino, a região Sul passou a ser a grande produtora de carne (ouro, diamantes, esmeraldas etc);
de charque, utilizando negros escravos. b) Bandeiras de apresamento ou preação: capturavam índios
no interior para vendê-los como escravos. Os principais alvos do
- Algodão apresamento indígena foram as missões jesuíticas, onde os índios
A plantação de algodão se desenvolveu no Nordeste, principal- já se encontravam em acentuado processo de aculturação pela im-
mente no Maranhão e tinha uma importância econômica de cará- posição de uma cultura europeia caracterizada pelo catolicismo,
ter interno, pois era utilizado para fazer roupas para a população pelo regime de trabalho intenso e pela língua vernácula (português
mais pobre e para os escravos. ou espanhol).
c) Bandeiras de sertanismo de contrato: expedições contra-
- Tabaco tadas por donatários, senhores de engenho ou pela própria Coroa
Desenvolveu-se no Nordeste como uma atividade comercial, para o combate militar a tribos indígenas rebeldes e quilombos. O
escravista e exportadora, pois era utilizado, juntamente com a exemplo mais importante foi a bandeira de Domingos Jorge Velho,
rapadura e a aguardente, como moeda para adquirir escravos na responsável pela destruição do Quilombo de Palmares.
África.
- Drogas do sertão 3) Monções: expedições comerciais que partiam de São Paulo
Desde o século XVI, as Drogas do Sertão (guaraná, pimentas, para abastecer as áreas de mineração do interior.
ervas, raízes, cascas de árvores, cacau, etc.) eram coletadas pelos
índios na Amazônia e exportadas para a Europa, tanto por contra- 4) Missões jesuíticas: arrebanhavam índios de várias tribos,
bandistas, quanto por padres jesuítas. Como o acesso à região era principalmente daquelas já desmanteladas pela ação das bandeiras
muito difícil, a floresta foi preservada. de apresamento. Os índios eram reunidos em aldeamentos chefia-
dos pelos padres jesuítas, que impunham a esses índios uma dura
Povoamento do interior no Período Colonial (Séc. XVII) disciplina marcada pelo regime de intenso trabalho e educação vol-
tada à catequização indígena. As principais missões jesuíticas por-
Até o século XVI, com a extração de pau-brasil e a produção tuguesas se concentravam na Amazônia e tinham como base eco-
açucareira, o povoamento do Brasil se limitou a uma estreita fai- nômica a extração e a comercialização das chamadas “drogas do
xa territorial próximo ao litoral, em função da vegetação e do solo sertão”, isto é, especiarias da Amazônia como o cacau e a baunilha.
favoráveis a tais práticas respectivamente, porem, como vimos As principais missões espanholas em áreas atualmente brasileiras
acima, esses não eram os únicos produtos explorados, o sistema se situavam no sul, com destaque para o Rio Grande do Sul, onde
econômico exploratório envolvia outras fontes, isso potencializou hoje figura um importante patrimônio arquitetônico na região de
o povoamento do interior. Sete Povos das Missões. A base econômica dessas missões era a
pecuária, favorecida pelas gramíneas dos Pampas.
As causas da interiorização do povoamento
5) Mineração: atividade concentrada no interior, inclusive em
1) União Ibérica (1580-1640): a união entre Espanha e Portugal áreas situadas além dos antigos limites de Tordesilhas, como as mi-
por imposição da Coroa Espanhola colocou em desuso o Tratado de nas de Goiás e Mato Grosso. A mineração nessas áreas, principal-
Tordesilhas, permitindo que expedições exploratórias partissem do mente em Minas Gerais, provocou nas primeiras décadas do século
litoral brasileiro em direção ao que antes era definido como Amé- XVIII um decréscimo populacional em Portugal em função do inten-
rica Espanhola. so povoamento dessas áreas mineradoras do interior.
2) Tratado de Madri (1750): o fim da União Ibérica foi marcado
pela incerteza acerca dos limites entre terras portuguesas e espa- 6) Tropeirismo: era o comércio com vistas ao abastecimento
nholas. Alguns conflitos e acordos sucederam a restauração portu- das cidades mineradoras de Minas Gerais. Os tropeiros conduziam
guesa de 1640, até que os países ibéricos admitissem o princípio do verdadeiras tropas de gado do Rio Grande do Sul até a feira de So-
“uti possidetis” como critério de divisão territorial no Tratado de rocaba, em São Paulo. Daí, os tropeiros partiam para os pólos mine-
Madri. O princípio legitima a posse territorial pelo seu uso, ou seja, radores de Minas Gerais. Além de venderem gado (vacum e muar
pela sua exploração. Com base nesse princípio, Portugal passou a principalmente) nessas áreas, os tropeiros também transportavam
ter salvo-conduto em áreas ocupadas e exploradas desde a União e vendiam mantimentos no lombo do gado. Ao longo do “Caminho
Ibérica por expedições com origem no Brasil. das Tropas” surgiram vários entrepostos de comércio e pernoite
3) Crise açucareira (séc.XVII): a crise açucareira no Brasil impul- dos tropeiros, os chamados “pousos de tropa”, que deram origem a
sionou a busca por novas riquezas no interior. A procura por metais importantes povoados no interior de Santa Catarina e Paraná.
preciosos, pelo extrativismo vegetal na Amazônia e por mão-de-o-
bra escrava indígena foram alguns dos focos principais das expedi- 7) Pecuária: a exclusividade do litoral para as áreas açucareiras,
ções exploratórias intensificadas no século XVII. conforme determinava a Coroa no início da colonização, permitiu o
desenvolvimento de fazendas pecuaristas no interior nordestino,
principalmente durante a invasão holandesa, quando a expansão
canavieira eliminou o pasto de muitos engenhos. A expansão da pe-
cuária para o interior de Pernambuco seguiu a rota do Rio São Fran-

24
ATUALIDADES
cisco até alcançar Minas Gerais no início do século XVIII, quando a O principal ponto deste choque se dava em torno das princi-
pecuária passou a abastecer muito mais as cidades mineradoras do pais características da economia colonial: o monopólio comercial e
que os engenhos. o regime de trabalho escravista. Era necessária a criação de merca-
dos livres para que os donos de indústria pudessem ter um maior
Invasões estrangeiras número de mercados consumidores. Com relação à escravidão, o
capitalismo industrial defendia o seu fim e substituição pela mão-
Durante os séculos XVI e XVII, o Brasil sofreu saques, ataques e -de-obra assalariada para que se ampliasse o seu mercado consu-
ocupações de países europeus. Estes ataques ocorreram na região midor. A abolição da escravidão no Brasil acabou se dando de for-
litorânea e eram organizados por corsários ou governantes euro- ma tardia, mas os ingleses acabaram se adaptando à situação.
peus. Tinham como objetivos o saque de recursos naturais ou até
mesmo o domínio de determinadas regiões. Ingleses, franceses e A chegada da família real portuguesa ao
holandeses foram os povos que mais participaram destas invasões Brasil e o início do Período Imperial
nos primeiros séculos da História do Brasil Colonial.
Mudanças drásticas em todas as estruturas políticas e econô-
- Invasões francesas micas tiveram seu ápice com a chegada da família rela portuguesa
Comandados pelo almirante francês Nicolas Villegaignon, os ao Brasil, fugindo da invasão napoleônica na Europa.
franceses fundaram a França Antártica no Rio de Janeiro, em 1555. Protegidos por uma esquadra naval inglesa, D. João e a corte
Foram expulsos pelos portugueses, com a ajuda de tribos indígenas portuguesa chegaram à Bahia em 22 de Janeiro de 1808. Um mês
depois, a corte se transferiu para o Rio de Janeiro, onde instalou-se
do litoral, somente em 1567.
a sede do governo.
Em 1612, sob o comando do capitão da marinha francesa
A Inglaterra acabou pressionando D. João a acabar com o mo-
Daniel de La Touche, os franceses fundaram a cidade de São Luis
nopólio comercial, sendo que em 28 de Janeiro de 1808, D. João de-
(Maranhão), criando a França Equinocial. Foram expulsos três anos
cretou a abertura dos portos às nações amigas. Sendo a Inglaterra a
depois. principal beneficiária da abertura dos portos, pois pagaria menores
Entre os anos de 1710 e 1711, os franceses tentaram novamen- taxas sobre seus produtos no mercado brasileiro em relação às ou-
te, mas sem sucesso, invadir e ocupar o Rio de Janeiro. tras nações, inclusive Portugal.
O governo de D. João foi responsável pela implantação de di-
- Invasões holandesas versas estruturas culturais, sociais e urbanas inexistentes no Brasil
As cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Santos foram atacadas como: a fundação da Academia Militar e da Marinha; criação do en-
pelos holandeses no ano de 1599. sino superior com a fundação de duas escolas de Medicina; criação
Em 1603 foi a vez da Bahia ser atacada pelos holandeses. Com do Jardim Botânico; inauguração da Biblioteca Real; fundação da
a ajuda dos espanhóis, os portugueses expulsam os holandeses da imprensa Régia; criação da Academia de Belas-Artes.
Bahia em 1625. Mas a transformação mais forte se deu na forma de se viver
Em 1630 tem início o maior processo de invasão estrangeira no o espaço urbano, até então, mesmo com o ciclo de mineração, o
Brasil. Os holandeses invadem a região do litoral de Pernambuco. Brasil nunca deixara efetivamente de ser um país rural.
Entre 1630 e 1641, os holandeses ocupam áreas no litoral do
Maranhão, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte. Urbanização e pobreza.
O Conde holandês Maurício de Nassau chegou em Pernambu-
co, em 1637, com o objetivo de organizar e administrar as áreas A intensa urbanização nas principais capitais de províncias do
invadidas. Império do Brasil no século XIX, não estava associado ao desenvol-
Em 1644 começou uma forte reação para expulsar os holande- vimento de grandes indústrias. As cidades brasileiras que foram
ses do Nordeste. Em 1645 teve início a Insurreição Pernambucana. antigas sedes da administração colonial portuguesa acabaram con-
As tropas holandesas foram vencidas, em 1648, na famosa e servando muitas das suas tradicionais funções burocráticas e co-
sangrenta Batalha dos Guararapes. Porém, a expulsão definitiva merciais.
dos holandeses ocorreu no ano de 1654. Geralmente explica-se o decréscimo populacional do Nordeste
e o consequente “inchamento” do Sudeste, especialmente o Rio de
- Invasões inglesas Janeiro pela decadência da região algodoeira e açucareira nordesti-
na, contrapondo-se à expansão da agricultura cafeeira e da econo-
Em 1591, sob o comando do corsário inglês Thomas Cavendish,
mia industrial do sul, fatores estes que explicariam pelo menos em
ingleses saquearam, invadiram e ocuparam, por quase três meses,
parte a grande onda de migrações internas do período.
as cidades de São Vicente e Santos.
Na cidade do Rio de Janeiro, nos anos iniciais do século XIX,
houve um acentuado crescimento demográfico, impulsionado pela
A crise do Sistema Colonial. chegada constante de estrangeiros, principalmente portugueses.
Outras cidades também sofreram mudanças consideráveis em
A partir de meados do século XVIII, o sistema colonial come- suas estruturas urbanas, sofreram também um considerável cres-
çou a enfrentar séria crise, decorrente dos efeitos da transforma- cimento demográfico; respeitando-se, é claro, as especificidades
ção econômica desencadeada pela Revolução Industrial nos países econômicas locais.
mais desenvolvidos economicamente da Europa. Nestes países, o As principais cidades do Brasil, Rio de Janeiro, Salvador e Recife
capitalismo deixava o estágio comercial e encaminhava-se para a constituíram-se dos principais cenários de reformas urbanas e da
etapa industrial. atuação dos poderes públicos com o objetivo viabilizar o ordena-
Portugal neste período se encontrava em profunda crise e de- mento do espaço urbano.
pendia fortemente da política econômica inglesa. Neste cenário o Neste período as classes dominantes imperiais buscavam des-
capitalismo industrial inglês acabou entrando em choque com o co- vincular-se da imagem de atraso colonial, buscava-se a ordem na
lonialismo mercantilista português. sociedade e nas cidades.

25
ATUALIDADES
A vida urbana intensificava-se, a imponência e riqueza se tra- pelo antigo pacto colonial. Com tal medida, os grandes produto-
duzia na construção dos prédios públicos que refletiam o desejo de res agrícolas e comerciantes nacionais puderam avolumar os seus
ordem social. Na cidade de Salvador, os edifícios pertencentes à negócios e viver um tempo de prosperidade material nunca antes
administração provincial contrastavam com a arquitetura barroca e experimentado em toda história colonial. A liberdade já era sentida
colonial dos estabelecimentos religiosos. no bolso de nossas elites.
Difícil acreditar que todas as pessoas tivessem acesso às me- Para fora do campo da economia, podemos salientar como a
lhores moradias ou desfrutassem dos confrontos proporcionados reforma urbanística feita por Dom João VI promoveu um embele-
pela vida na cidade. Pelo contrário, a maioria da população, cons- zamento do Rio de Janeiro até então nunca antes vivida na capital
tituída em sua maioria de negros e mestiços, vivia no limiar da po- da colônia, que deixou de ser uma simples zona de exploração para
breza. ser elevada à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Se
Políticas de intervenção urbana se intensificaram por volta de a medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo despertou a
1830. Redes de esgoto, iluminação a gás, linhas de bondes, praças, insatisfação dos portugueses que foram deixados à mercê da admi-
parques, construção de prédios públicos, instalação de fábricas e
nistração de Lorde Protetor do exército inglês.
políticas de saneamento e saúde pública passaram a integrar o co-
Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimentaram um
tidiano urbano.
movimento de mudanças por parte das elites lusitanas, que se viam
Na cidade surgem novas possibilidades de trabalho, novos me-
abandonadas por sua antiga autoridade política. Foi nesse contex-
canismos de sobrevivência. A população sai do campo em busca de
melhores oportunidades e, em sua maioria, acaba ocupando uma to que uma revolução constitucionalista tomou conta dos quadros
esfera marginal da vida econômica e social da cidade. políticos portugueses em agosto de 1820. A Revolução Liberal do
Com a nova visão sobre o espaço urbano e sobre a sociedade Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania política portu-
acabam por surgir novos elementos reguladores da conduta urba- guesa por meio de uma reforma liberal que limitaria os poderes do
na. Neste sentido surgem os asilos para loucos, reformatórios e rei e reconduziria o Brasil à condição de colônia.
abrigos para pessoas da rua. O discurso higienista começa a ganhar Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de As-
adeptos e a medicalização da sociedade de torna evidentemente sembleia Nacional que ganhou o nome de “Cortes”. Nas Cortes,
necessária para a elite. Prostitutas, mendigos, loucos e crianças de as principais figuras políticas lusitanas exigiam que o rei Dom João
rua, vão ser constantemente vigiados e reprimidos nas suas idas e VI retornasse à terra natal para que legitimasse as transformações
vindas pela cidade. políticas em andamento. Temendo perder sua autoridade real, D.
A mulher acaba sofrendo ainda mais do que os outros “exclu- João saiu do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I, como
ídos” da política urbana. As novas praças, ruas e prédios não são príncipe regente do Brasil.
para todos, muitas mulheres precisavam trabalhar nas ruas para A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos cofres bra-
ajudar no sustento da família e muitas vezes tinham seus movi- sileiros, o que deixou a nação em péssimas condições financeiras.
mentos pela cidade impedidos pelas normas de conduta vigentes. Em meio às conturbações políticas que se viam contrárias às inten-
A vigilância sobre o corpo, a sexualidade e sobre a mulher assumem ções políticas dos lusitanos, Dom Pedro I tratou de tomar medidas
caráter científico e caráter de importância fundamental para o bom em favor da população tupiniquim. Entre suas primeiras medidas,
funcionamento da sociedade. o príncipe regente baixou os impostos e equiparou as autoridades
Sob o discurso da racionalidade científica e dos conceitos de militares nacionais às lusitanas. Naturalmente, tais ações desagra-
ordem e progresso que se desejavam implantar, os poderes pú- daram bastante as Cortes de Portugal.
blicos procuravam transformar e modernizar as cidades, além de Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes exigi-
atingir também os hábitos e costumes da população moldando-os, ram que o príncipe retornasse para Portugal e entregasse o Brasil
sob estruturas repressoras a uma imagem de salubridade e moder- ao controle de uma junta administrativa formada pelas Cortes. A
nidade. A maioria destes discursos continua, talvez com ainda mais
ameaça vinda de Portugal despertou a elite econômica brasileira
força, durante a primeira República e desta vez, com a tônica de
para o risco que as benesses econômicas conquistadas ao longo do
romper com o “atraso” da Monarquia.
período joanino corriam. Dessa maneira, grandes fazendeiros e co-
merciantes passaram a defender a ascensão política de Dom Pedro
Independência do Brasil
I à líder da independência brasileira.
A independência do Brasil, enquanto processo histórico, de- No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram sua
senhou-se muito tempo antes do príncipe regente Dom Pedro I força máxima, os defensores da independência organizaram um
proclamar o fim dos nossos laços coloniais às margens do rio Ipiran- grande abaixo-assinado requerendo a permanência e Dom Pedro
ga. De fato, para entendermos como o Brasil se tornou uma nação no Brasil. A demonstração de apoio dada foi retribuída quando, em
independente, devemos perceber como as transformações políti- 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no
cas, econômicas e sociais inauguradas com a chegada da família conhecido Dia do Fico. A partir desse ato público, o príncipe regen-
da Corte Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade da te assinalou qual era seu posicionamento político.
independência. Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas pró-
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de -independência aos quadros administrativos de seu governo. Entre
grande importância para que possamos iniciar as justificativas da eles estavam José Bonifácio, grande conselheiro político de Dom
nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom João VI tra- Pedro e defensor de um processo de independência conservador
tou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra, que se com- guiado pelas mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom Pe-
prometera em defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar dro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma ordem vinda
a Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo antes de de Portugal poderia ser adotada sem sua autorização prévia.
chegar à capital da colônia, o rei português realizou a abertura dos Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação política
portos brasileiros às demais nações do mundo. com as Cortes praticamente insustentável. Em setembro de 1822,
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista a assembleia lusitana enviou um novo documento para o Brasil exi-
como um primeiro “grito de independência”, onde a colônia bra- gindo o retorno do príncipe para Portugal sob a ameaça de invasão
sileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial imposto militar, caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao

26
ATUALIDADES
tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I (que estava em mais junto da população. Um momento delicado acontece quando
viagem) declarou a independência do país no dia 7 de setembro de o Imperador, em viagem a Minas Gerais, é hostilizado pelos minei-
1822, às margens do rio Ipiranga. ros por conta desse assassinato. Portugueses no Rio de Janeiro ime-
diatamente respondem aos mineiros, se mobilizando em favor do
Primeiro Reinado imperador. As ruas do Rio de Janeiro testemunham momentos e
atos de desordem e agitação pública.
O Primeiro Reinado foi a fase inicial do período monárquico do Nesse momento, duas das mais importantes categorias de
Brasil após a independência. Esse período se inicia com a declara- sustentação do regime também retiram seu apoio. A Nobreza e o
ção da independência por Dom Pedro I e se finda em 1831, com a Exército abandonam o Imperador e tornam a situação política in-
abdicação do imperador. sustentável.
Quando Dom Pedro I declarou a independência do Brasil, em Pressionado e sem apoio político, D. Pedro I abdicou do cargo
7 de setembro de 1822, movido por intensa pressão das elites por- de imperador em abril de 1831, deixando o Brasil sob comando da
tuguesas e brasileiras, o exército português, ainda fiel à lógica co- Regência enquanto seu filho Pedro de Alcântara, de 5 anos, atingia
lonial, resistiu o quanto pôde, procurando resguardar os privilégios
a maioridade.
dados aos lusitanos em terras brasileiras.
A vitória das forças leais ao Imperador Pedro I contra essa re-
Política externa no Primeiro Reinado – A aceitação da indepen-
sistência dão ao monarca um aumento considerável de prestígio e
dência do Brasil foi gradual. Vale destacar o caso de Portugal, que
poder.
Uma das primeiras iniciativas do imperador brasileiro foi criar só reconheceu a independência brasileira após receber a indeniza-
e promulgar uma nova Constituição para o país para, ao mesmo ção de 2 milhões de libras esterlinas, paga através de empréstimo
tempo, aumentar e consolidar seu poder político e frear iniciativas concedido ao Brasil, pela Inglaterra. Ou seja, o Brasil pagou pela in-
revolucionárias que já estavam acontecendo no Brasil. dependência que já havia conquistado, o que gerou grandes dívidas
A Assembleia Constituinte formada em 1823 foi a primeira externas com a Inglaterra.
tentativa, invalidada pela falta de acordo e pela incompatibilidade
entre os deputados e a vontade do Imperador. Numa nova tenta- Período Regencial
tiva, a Constituição é promulgada em 1824, a primeira do Brasil in- Chamamos de período regencial o período entre a abdicação
dependente. de D. Pedro I e a posse de D. Pedro II no trono do Brasil, compreen-
Essa Constituição, entre outras medidas, dava ao Imperador dendo os anos de 1831 a 1840.
o poder de dissolver a Câmara e os conselhos provinciais, mano- Com a abdicação de D Pedro I, por lei, quem assumiria o trono
brando, portanto, o legislativo, além de eliminar cargos quando seria seu filho D. Pedro II. No entanto, a idade de D. Pedro II, ainda
necessário, instituir ministros e senadores com poderes vitalícios e criança à época não obedecia as determinações de maioridade da
indicar presidentes de comarcas. Essas medidas deixavam a maior Constituição. Nesse sentido, se tornou clara a necessidade da Re-
parte do poder de decisão nas mãos do imperador e evidenciavam gência, um governo de transição que administraria o país enquanto
um caráter despótico e autoritário de um governo que prometeu o imperador ainda não tivesse idade suficiente para governas. A re-
ser liberal. gência seria trina, a princípio, formada por membros da Assembleia
Essa guinada autoritária do governo gerou novas revoltas e Geral (Senado e Câmara dos deputados). Nesse sentido e diante da
insuflou antigas, dando mais instabilidade ainda ao país recém in- situação do país, a adoção da regência provisória era questão de
dependente. Uma dessas revoltas foi a Confederação do Equador. urgência.
Liderados por Frei Caneca, os pernambucanos revoltosos contra o O período regencial foi dividido em duas partes: Regência Trina
governo foram reprimidos pelos militares, não sem antes mostrar (1831 a 1834) e Regência Una (1834 a 1840). Naquele momento, a
sua insatisfação com os rumos do país. Assembleia possuía três grupos: Moderados (maioria, representa-
Em 1825 o Brasil foi derrotado na guerra da Cisplatina, que vam a elite e era defensores da centralização), Restauradores (de-
transformou essa antiga parte da colônia no independente Uruguai
fendiam a restauração do Imperador D. Pedro I) e Exaltados (defen-
em 1828. Essa guerra causa danos ao país, tanto políticos quanto
diam a descentralização do poder).
econômicos. Com problemas com importações, baixa arrecada-
A Regência Trina provisória governa de abril a julho, sendo
ção de impostos, dificuldade na cobrança dos mesmos por causa
composta pelos senadores José Joaquim Carneiro Campos, repre-
da extensão do território e a produção agrícola em baixa, causada
por uma crise internacional, a economia brasileira tem uma queda sentante da ala dos restauradores, Nicolau de Campos Vergueiro,
acentuada. representando os liberais moderados e o brigadeiro Francisco de
Quando, em 1826, Dom João VI morre, surge um grande emba- Lima e Silva que representava os setores mais conservadores dos
te quanto a sucessão do trono português. Diante de reivindicações militares, sobretudo no Exército.
de brasileiros e portugueses, Dom Pedro abdica em favor da filha, Logo, o jogo político exigiu a formação de uma Regência Trina
D. Maria da Glória. No entanto, seu irmão, D. Miguel, dá um golpe Permanente. Esta foi eleita em julho de 1831 pela Assembleia Ge-
de Estado e usurpa o poder da irmã. ral. Era composta pelo já integrante da Regência Provisória, Fran-
O Imperador brasileiro então envia tropas brasileiras para so- cisco de Lima e Silva, o deputado moderado José da Costa Carvalho
lucionar o embate e restituir o poder à filha. Esse fato irrita os bra- e João Bráulio Muniz. Com isso, finda a provisoriedade da regência.
sileiros, uma vez que o Imperador está novamente priorizando os Nesse governo, como ministro da Justiça é nomeado o padre Diogo
assuntos de Portugal em detrimento do Brasil. Essa “reaproxima- Antônio Feijó.
ção’ entre Portugal e Brasil incomoda e gera temor de uma nova No entanto, mesmo com as mudanças, o país ainda enfrenta
época de dependência. Com isso, o Imperador perde popularidade. sérios problemas de governabilidade. A oposição entre restaurado-
A tudo isso se soma o assassinato de Líbero Badaró, jornalis- res e exaltados de um lado e os regentes do outro torna o cenário
ta conhecido e desafeto do imperador. Naturalmente, as suspeitas político bastante delicado. Por segurança contra os excessos, Diogo
pelo atentado sofrido pelo jornalista recaem no governante luso- Feijó cria a Guarda Nacional, em 1831, arregimentando filhos de
-brasileiro. Esse episódio faz a aprovação do Imperador cair ainda aristocratas em sua formação.

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ATUALIDADES
A partir de 1833, a situação se agrava e conflitos internos, mui- da economia, observamos que o café teve grande importância para
tos separatistas, eclodem pelo país. A Cabanagem, no Pará dá início o desenvolvimento dos centros urbanos e nos primeiros passos que
à onda. Seguem-se a Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul, a a economia industrial trilhou em terras brasileiras.
Sabinada e a Revolta dos Malês, na Bahia, e a Balaiada no Mara- Vivendo seu auge entre 1850 e 1870, o regime imperial entrou
nhão. em declínio com o desenrolar de várias transformações. O fim do
No ano de 1834, a morte de D. Pedro I altera o cenário po- tráfico negreiro, a introdução da mão de imigrante, as contendas
lítico. A assembleia passa a abrigar a disputa entre progressistas com militares e religiosos e a manutenção do escravismo foram
defensores do diálogo com os revoltosos e regressistas, adeptos da questões fundamentais no abalo da monarquia. Paulatinamente,
repressão às mesmas revoltas. membros das elites econômicas e intelectuais passaram a compre-
Um novo documento é assinado em 12 de agosto de 1834. Por ender a república como um passo necessário para a modernização
esse documento, denominado “Ato Adicional”, conquista-se um das instituições políticas nacionais.
“avanço liberal”, substituindo a Regência Trina pela Regência Una. O primeiro golpe contundente contra D. Pedro II aconteceu no
Os candidatos favoritos para essa eleição eram Antônio Fran- ano de 1888, quando a princesa Isabel autorizou a libertação de to-
cisco de Paula e Holanda Cavalcanti (conservador) e padre Diogo dos os escravos. A partir daí, o governo perdeu o favor dos escravo-
Antônio Feijó (liberal). Este último venceu a disputa por apertada cratas, último pilar que sustentava a existência do poder imperial.
margem de votos. Feijó sobe ao poder em 1835, mas tem governo No ano seguinte, o acirramento nas relações entre o Exército e o
breve, deixando o poder em 1837, ainda que eleito para o período Império foi suficiente para que um quase encoberto golpe militar
de 4 anos, motivado pelos problemas com separatistas, falta de re- estabelecesse a proclamação do regime republicano no Brasil.
cursos e isolamento político.
A Segunda Regência Una foi conservadora. Chefiada por Pe- A crise no Império
dro de Araújo Lima que aproveita a derrocada dos liberais e se ele-
ge Regente Uno em 19 de setembro de 1837 – fortalecimento da O ultimo gabinete ministerial do Império, o “Gabinete Ouro
centralização política. A disputa com os liberais gera, entre outras Preto”, sob a chefia do Senador pelo Partido Liberal Visconde do
medidas, a Lei Interpretativa do Ato Adicional de 1834, que é res- Ouro Preto, assim que assume em junho de 1889 propõe um pro-
pondida com o chamado “golpe da maioridade”. grama de governo com reformas profundas no centralismo do
A contenda entre liberais e conservadores traz desconfiança governo imperial. Pretendia dar feição mais representativa aos
para a elite, que prefere centralizar o poder, apoiando a posse de moldes de uma monarquia constitucional, contemplando aos re-
D. Pedro II. Os Liberais criam o “Clube da Maioridade” e fazem pro- publicanos com o fim da vitaliciedade do senado e adoção da liber-
paganda pela maioridade antecipada de D Pedro II. dade de culto. Ouro Preto é acusado pela Câmara de estar dando
A opinião pública, influenciada pelos liberais, contraria a Cons- inicio à República e se defende garantindo que seu programa inuti-
tituição e aprova a Declaração de Maioridade em 1840, quando D. lizaria a proposta da República. Recebe críticas de seus companhei-
Pedro II tem apenas 14 anos de idade. ros do Partido Liberal por não discutir o problema do Federalismo.
Após a decisão, o jogo político tem como objetivo, para conser- Os problemas no Império estavam em várias instâncias que da-
vadores e liberais, controlar D. Pedro II em proveito próprio garan- vam base ao trono de Dom Pedro II:
tindo assim seus privilégios. - A Igreja Católica: Descontentamento da Igreja Católica frente
ao Padroado exercido por D. Pedro II que interferia em demasia nas
Segundo Reinado decisões eclesiásticas.
- O Exército: Descontentamento dos oficiais de baixo escalão
O período nomeado de Segundo Reinado é segunda fase da do Exército Brasileiro pela determinação de D. Pedro II que os im-
história do Brasil monárquico, época em que o país esteve sob a pedia de manifestar publicamente nos periódicos suas críticas à
liderança de Dom Pedro II. monarquia.
Em virtude dos sucessivos entraves e dificuldades enfrentadas - Os grandes proprietários: Após a Lei Áurea ascende entre os
por D. Pedro I para manter-se no trono do Brasil recém indepen- grandes fazendeiros um clamor pela República, conhecidos como
dente e, ao mesmo tempo, garantir sua influência em Portugal, a Republicanos de 14 de maio, insatisfeitos pela decisão monárqui-
responsabilidade de comandar o Brasil recaiu sobre D. Pedro II, que ca do fim da escravidão se voltam contra o regime. Os fazendeiros
assume o poder com apenas 15 anos de idade. paulistas que já importavam mão de obra imigrante, também estão
No ano de 1840, com apenas quinze anos de idade, Dom Pedro contrários à monarquia, pois buscam maior participação política e
II foi lançado à condição de Imperador do Brasil graças ao expresso poder de decisão nas questões nacionais.
apoio dos liberais. Nessa época, a eclosão de revoltas em diferente • A classe média urbana: As classes urbanas em ascensão bus-
parte do território brasileiro e a clara instabilidade política possibi- cam maior participação política e encontram no sistema imperial
litou sua chegada ao poder. Dali em diante, ele passaria a ser a mais um empecilho para alcançar maior liberdade de econômica e poder
importante figura política do país por praticamente cinco décadas. de decisão nas questões políticas.
Para se manter tanto tempo no trono, o governo de Dom Pe-
dro II teve habilidade suficiente para negociar com as demandas A escravidão no Brasil
políticas da época. De fato, tomando a mesma origem dos partidos
da época, percebeu que a divisão de poderes seria um meio eficien- As viagens dos europeus à África e Ásia fizeram com que os
te para que as antigas disputas fossem equilibradas. Não por acaso, negros participassem do sistema econômico vigente na época, não
uma das mais célebres frases de teor político dessa época concluía de uma maneira igualitária como mercadores, mas como escravos
que nada poderia ser mais conservador do que um liberal no poder. a serviço dos seus donos. A partir de então, os negros passaram a
Esse quadro estável também deve ser atribuído à nova situação ser levados para terra que estavam sendo descobertas, tanto para
que a economia brasileira experimentou. O aumento do consumo as colônias europeias como as colônias na América. E com isto, che-
do café no mercado externo transformou a cafeicultura no susten- garam os negros no Brasil, para devastar matas, cuidar da roça, do
táculo fundamental da nossa economia. Mediante o fortalecimento gado, trabalhar na cana de açúcar e dinamizar a economia da época

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ATUALIDADES
Neste sentido, os negros foram fortes colaboradores para a vo Histórico - Eclesiástico de Florianópolis do ano de 1821-1822, os
economia brasileira, não pelo lado intelectual, mas no impulso di- jornais “O Argos” no 154 de 1857 e no 857 de 1861 e “O Desper-
reto da dinamização do sistema econômico. No ciclo da mineração, tador” no 77 de 1863, onde isto pode ser extrapolado para o país.
o trabalho era árduo e impiedoso, na busca de satisfazer os desejos A escravidão no Brasil durou muito tempo sem nenhuma pie-
ambiciosos dos Reis de Portugal que objetivavam única e exclusiva- dade pela classe dominante, porque só queriam extrair ao máximo
mente, extrair os minérios existentes no País. Eram quilômetros e possível, o retorno sobre seu capital empregado. Mas, internac-
quilômetros de mata a dentro, passando todo tipo de miséria e sof- ionalmente, a utilização e o tráfico de escravos já estavam sendo
rimento, com o ficto de se conseguir minerais preciosos. Do mesmo combatidos, desde 1462 quando o Papa PIO II publicou a sua Bula
modo, aconteceu na época do ciclo da cana de açúcar e, em fim, de de 7 de outubro deste mesmo ano. Toda trajetória de escravidão
toda economia, com uma escravidão de negros, de participação tão do negro já vinha sendo combatida de maneira muito intensa, mas
ativa e indesprezível. ecoava pouco nos países ou colônias subdesenvolvidas. É tanto que
O negro não tinha direito a nada unicamente a ração diária e Portugal eliminou a escravidão em seu território e continuou prat-
um cantinho simples para dormir. A vida do negro era o trabalho, o icando seu ato de selvageria em outros lugares que estravam sob
máximo possível, para retornar de maneira eficaz os custos imputa- seu domínio e ai está o Brasil.
dos na compra de um negro trabalhador. Diante de tantos sofrimentos, a Nação brasileira começava a
A relação feitor-negro era o mesmo que máquina e quem a dar os primeiros passos no sentido de abolir os escravos brasileiros.
comanda, com uma diferença, é que o negro não tinha nenhum Esse trabalho foi lento e acima de tudo, não obedecendo as Leis
privilégio e a máquina tem a seu favor a limpeza de manutenção, internacionais de abolição da escravatura. Portugal declara extinta
entretanto, o negro tinha como recompensa, as chicotadas e o cas- a escravidão negra nas ilhas de Madeira e dos Açores e, pela Lei de
tigo. O tratamento recebido do patrão era de tamanho desprezo e 16 de janeiro de 1773, declaravam livres os recém-nascidos de mul-
distanciamento, porque branco é branco e negro é negro, e o que her escrava desta Nação - Lei do Ventre Livre. No Brasil continua do
resta por último é o trabalho e o conforto, somente na hora da mesmo jeito. Já na Inglaterra, em 1807 ficou proibido o tráfico de
dormida, poucas horas. escravos com barcos ingleses e entrada de escravos nas possessões
A escravidão de negros não pode sobreviver por muito tempo, inglesas, mesmo havendo um grupo denominado “Abolition Socie-
partiu-se para escravizar índios, mas este não aguentou este méto- ty” fundada em 1787 que não podia avançar muito.
do de trabalho, tendo em vista o ritmo da atividade e a dependên- No Brasil, a abolição foi implantada vagarosamente, mesmo
cia que estava submetido o escravo. Nesta hora o negro mostrou existindo uma proibição internacional contra o tráfico negreiro,
que só ele serviria para tal atividade, por causa de sua robusteza e como as normas de 19 de fevereiro de 1810, implementada em
resistência de sua pele, que aguentava sol causticante, com poucos 1815, com mais adições em 1817 e realmente posta em prática
problemas para sua saúde física. O negro na economia era o tra- em 1826, onde foi criada uma Comissão internacional luso-inglesa
balho desqualificado. Era o trabalho bruto, quer dizer, não era um que ficariam, uma na África, outra na Serra Leoa e outra no Brasil,
trabalho que usasse a inteligência, pois não era do interesse de seu para coibir o tráfico negreiro. Não foi desta vez que foi extinta a
proprietário, educá-lo para atividades de servidão e total subordi- escravidão, mas a luta continuava empunhada pelos abolicionistas
nação ao seu senhor. que tanto se dedicaram pela causa do negro que era acima de tudo,
Falando-se da importância do negro na economia brasileira, sentimental. Entretanto, foi a 13 de maio de 1888 que a escravidão
Pandiá CALÓGERAS, em seu livro intitulado “Formação Histórica foi eliminada para sempre no País.
do Brasil” fez uma síntese das causas principais dessa atividade na A abolição dos escravos no Brasil não aconteceu por pura bon-
economia, quando coloca: o Brasil, não tendo ainda revelado ha- dade da Princesa Isabel, mas das dificuldades que atravessava o
veres minerais, só podia ser colônia agrícola. Os portugueses, por país na obtenção do negro e nos custos que eles imputavam. O mo-
demais escassos, não possuíam braços bastantes para o cultivo de mento internacional exigia uma mudança na estrutura produtiva
suas fazendas nem para a extração do pau-brasil. Saída única para predominante no Brasil, devido inovações que foram ocorrendo e
tais dificuldades deveria ser arrancar, por quaisquer meios, tra- a necessidade do mercado internacional se abrir para a tecnologia.
balhadores baratos do viveiro aparentemente inesgotável da pop- A forma de escravidão já não era lucrativa e a substituição pelo as-
ulação regional. Essa foi a origem do negro na economia do país e salariamento seria mais viável às condições patronais de rentabil-
que durou muito tempo. idade. Sendo assim, o negro não tinha condições de participar do
O negro na economia brasileira, como em qualquer outra processo produtivo com custos compatíveis com a situação empre-
economia que usava o negro como mão-de-obra escrava, era trata- sarial.
do como uma mercadoria que era vendável, como bem retrata este A escravidão foi eliminada somente no aspecto de compra e
anúncio da época: compram-se escravos de ambos os sexos, com venda de escravos para o trabalho cotidiano na roça, nas casas par-
ofício e sem ele, e paga-se bem contanto que sejam boas pessoas, ticulares, ou em qualquer trabalho que seus donos quisessem. A
na rua do Príncipe no 66 loja ou então este: quem tiver para vender escravidão foi substituída pelo assalariamento que não é muito, só
um casal de escravos, dirija-se a rua do Príncipe no Armazém de com diferença na forma de dependência, mas o processo de ser-
Molhados no 35 que achará com quem tratar. Desta forma, os jor- vidão é o mesmo, miserável e impiedosa. A escravidão agora deix-
nais da época anunciavam constantemente transações de compra e ou de ser unicamente do negro e passou a ser de negros e brancos,
venda de seres humanos, como se fossem produtos que vendidos, entretanto, o negro traz consigo o pior, a discriminação, o estigma.
pudessem passar de mão em mão sem nenhum poder de reação. O País precisa de tomar consciência da situação do negro e intro-
Desta forma, pergunta-se normalmente, quais as origens do duzi-lo na sociedade de igual com os brancos, pois são todos seres
negro no território Brasileiro? Para esta pergunta, pode-se citar humanos e mortais.
um trecho de Walter F. PIAZZA40 (1975) quando escreveu que Finalmente, a abolição aconteceu por conveniência circunstan-
“Entretanto, conseguimos, em buscas nos arquivos eclesiásticos, cial do momento, não deixando de continuar a escravidão sobre
anotar as seguintes “nações” de origem dos elementos africanos os negros de maneira geral. Os longos anos de subordinação criar-
que povoaram Santa Catarina: “congo”, “moçambique”, “cabinda”, am um estigma de negro sobre branco que não é uma simples Lei
“angola”, “costa da guiné” e rebolla”, ou então “mina”, “benguella” Imperial que vai torná-los iguais perante a sociedade. Criou-se na
e “monjolo””. Esses países de origem foram encontrados no Arqui- cultura universal, em especial, nos países pobres que negro é ne-

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ATUALIDADES
gro e branco é branco e não há quem mude este estado de coisas. BRASIL REPÚBLICA
Portanto, deve-se ficar claro que o negro é um ser humano cheio
de virtudes e defeitos que devem ser aplaudidos e reprovados do A Proclamação da República Brasileira aconteceu no dia 15 de
mesmo modo que os brancos, banindo de uma vez por todas as novembro de 1889. Resultado de um evante político-militar que
diferenciações que existem entre negros e brancos ou vice-versa. deu inicio à República Federativa Presidencialista. Fica marcada
a figura de Marechal Deodoro da Fonseca como responsável pela
Revoltas e Quilombos efetiva proclamação e como primeiro Presidente da República bra-
sileira em um governo provisório (1889-1891).
Uma questão que marcou o período colonial, mas também o Marechal Deodoro da Fonseca foi herói na guerra do Paraguai
período imperial brasileiro foi a escravidão africana. A luta desses (1864-1870), comandando um dos Batalhões de Brigada Expedicio-
povos africanos no Brasil contra o trabalho compulsório foi uma das nária. Sempre contrário ao movimento republicano e defensor da
mais significativas na história do nosso país por mais de trezentos Monarquia como deixa claro em cartas trocadas com seu sobrinho
anos. Clodoaldo da Fonseca em 1888 afirmando que apesar de todos os
No desenvolvimento do regime escravocrata no Brasil, obser- seus problemas a Monarquia continuava sendo o “único susten-
vamos que os negros trazidos para o espaço colonial sofriam um táculo” do país, e a república sendo proclamada constituiria uma
grande número de abusos. A dura rotina de trabalho era geral- “verdadeira desgraça” por não estarem, os brasileiros, preparados
mente marcada por longas jornadas e a realização de tarefas que para ela.
exigiam um grande esforço físico. Dessa forma, principalmente nas
grandes propriedades, observava-se que o tempo de vida de um A República Federativa Brasileira nasce pelas mãos dos milita-
escravo não ultrapassava o prazo de uma década. res que se veriam a partir de então como os defensores da Pátria
Quando não se submetiam às tarefas impostas, os escravos brasileira. A República foi proclamada por um monarquista. Deodo-
eram severamente punidos pelos feitores, que organizavam o tra- ro da Fonseca assim como parte dos militares que participaram da
balho e evitavam a realização de fugas. Quando pegos infringindo movimentação pelas ruas do Rio de Janeiro no dia 15 de Novem-
alguma norma, os escravos eram amarrados no tronco e açoitados bro pretendiam derrubar apenas o gabinete do Visconde de Ouro
com um chicote que abria feridas na pele. Em casos mais severos, as Preto. No entanto, levado ao ato da proclamação, mesmo doente,
punições poderiam incluir a mutilação, a castração ou a amputação Deodoro age por acreditar que haveria represália do governo mo-
de alguma parte do corpo. De fato, a vida dos escravos negros no nárquico com sua prisão e de Benjamin Constant, devido à insur-
espaço colonial era cercada pelo signo do abuso e do sofrimento. gência dos militares.
Entretanto, não podemos deixar de salientar que a população A população das camadas sociais mais humildes observam atô-
negra também gerava formas de resistência que iam contra o siste- nitos os dias posteriores ao golpe republicano. A República não fa-
ma escravista. Não raro, alguns escravos organizavam episódios de vorecia em nada aos mais pobres e também não contou com a par-
sabotagem que prejudicavam a produção de alguma fazenda. Em ticipação desses na ação efetiva. O Império, principalmente após
outros casos, tomados pelo chamado “banzo”, os escravos aden- a abolição da escravidão tem entre essas camadas uma simpatia e
travam um profundo estado de inapetência que poderia levá-los mesmo uma gratidão pela libertação. Há então um empenho das
à morte. classes ativamente participativas da República recém-fundada para
Não suportando a dureza do trabalho ou a perda dos laços apagar os vestígios da monarquia no Brasil, construir heróis repu-
afetivos e culturais de sua terra natal, muitos negros preferiam blicanos e símbolos que garantissem que a sociedade brasileira se
atentar contra a própria vida. Nesse mesmo tipo de ação de re- identificasse com o novo modelo Republicano Federalista.
sistência, algumas escravas grávidas buscavam o preparo de ervas
com propriedades abortivas. Além disso, podemos salientar que o A Maçonaria e o Positivismo
planejamento de emboscadas para assassinar os feitores e senho-
res de engenho também integrava esse corolário de ações contra O Governo Republicano Provisório foi ocupado por Marechal
a escravidão. Deodoro da Fonseca como Presidente, Marechal Floriano Peixoto
Segundo a perspectiva de alguns estudiosos, as manifestações como vice-presidente e como ministros: Benjamin Constant, Quin-
culturais dos negros também indicavam outra prática de resistên- tino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio
cia. A associação dos orixás com santos católicos, a comida, as lutas Ribeiro e o Almirante Eduardo Wandenkolk, todos os presentes na
(principalmente a capoeira) e as atividades musicais eram outras nata gestora da República eram membros regulares da Maçonaria
formas de se preservar alguns dos vínculos e costumes de origem Brasileira. A Maçonaria e os maçons permanecem presentes entre
africana. Com o passar do tempo, vários itens da cultura negra se as lideranças brasileiras desde a Independência, aliados aos ideais
consolidaram na formação cultural do povo brasileiro. da filosofia Positivista, unem-se na formação do Estado Republica-
Do ponto de vista histórico, os quilombos foram a estratégia de no, principalmente no que tange o Direito.
resistência que melhor representou a luta contra a ordem escravo- A filosofia Positivista de Auguste Comte esteve presente prin-
crata. Ao organizarem suas fugas, os negros formaram comunida- cipalmente na construção dos símbolos da República. Desde a
des no interior das matas conhecidas como quilombos. Nesses es- produção da Bandeira Republicana com sua frase que transborda
paços, organizavam uma produção agrícola autônoma e formas de a essência da filosofia Comteana “Ordem e Progresso”, ou no uso
organização sociopolítica peculiares. Ao longo de quatro séculos, dos símbolos como um aparato religioso à religião republicana. Po-
os quilombos representaram um significativo foco de luta contra sitivistas Ortodoxos como Miguel Lemos e Teixeira Mendes foram
a lógica escravocrata. O quilombo mais famoso foi o de Palmares, os principais ativistas, usando das alegorias femininas e o mito do
localizado na Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas, tendo herói para fortalecer entre toda a população a crença e o amor
como grande líder Zumbi. pela República. Esses Positivistas Ortodoxos acreditavam tão ple-
namente em sua missão política de fortalecimento da República
que apesar de ridicularizados por seus opositores não esmorecem
e seguem fortalecendo o imaginário republicano com seus símbo-
los, mitos e alegorias.

30
ATUALIDADES
A nova organização brasileira pouco ou nada muda nas formas No entanto, a República da Espada chegava ao fim após reali-
de controle social, nem mesmo há mudanças na pirâmide econômi- zar uma transição necessária aos interesses das elites, pacificaram
ca, onde se agrupam na base o motor da economia, e onde estão e garantiram a ordem para que assumissem o comando aqueles
presentes os extratos mais pobres da sociedade, constituída prin- que viriam a se estabelecer, não apenas como elite econômica,
cipalmente por ex-escravizados e seus descendentes. Já nas cama- mas também como lideranças políticas no cenário republicano. Os
das mais altas dessa pirâmide econômica organizam-se oligarquias militares deixam a política ainda com sentimento de guardiões da
locais que assumem o poder da máquina pública gerenciando os República (serão chamados ao ofício da garantia da Ordem diversas
projetos locais e nacionais sempre em prol do extrato social ao qual vezes no decorrer da história republicana brasileira). Mas o sistema
pertencem. Não há uma revolução, ou mesmo grandes mudanças Liberal proposto em teoria pelas elites vitoriosas seguiria, e a partir
com a Proclamação da República, o que há de imediato é a abertu- de 1894 a República deixaria de ser um aparato ideológico para tor-
ra da política aos homens enriquecidos, principalmente pela agri- nar-se instrumento de poder nas mãos das Oligarquias.
cultura. Enquanto o poder da maquina pública no Império estava
concentrado na figura do Imperador, que administrava de maneira Republica Oligarquica
centralizadora as decisões políticas, na República abre-se espaço
de decisão para a classe enriquecida que carecia desse poder de Com a proclamação da República, em 1889, inaugurou-se um
decisão política. novo período na história política do Brasil: o poder político pas-
sou a ser controlado pelas oligarquias rurais, principalmente as
Republica das espadas e republica oligárquica oligarquias cafeeiras. Entretanto, o controle político exercido pe-
las oligarquias não aconteceu logo em seguida à proclamação da
A República brasileira proclamada em novembro de 1889 nas- República – os dois primeiros governos (1889-1894) corresponde-
ce de um golpe militar realizado de maneira pacífica pela não resis- ram à chamada República da Espada, ou seja, o Brasil esteve sob
tência do Imperador D. Pedro II que sai sem grandes problemas e o comando do exército. Marechal Deodoro da Fonseca liderou o
se exila na Europa. país durante o Governo Provisório (1889-1891). Após a saída de
Marechal Deodoro da Fonseca é quem ocupa a presidência da Deodoro, o Marechal Floriano Peixoto esteve à frente do governo
República em um governo provisório. Deodoro era declaradamen- brasileiro até 1894.
te monarquista, amigo de D. Pedro II, mas por acreditar que have- No ano de 1894, os grupos oligárquicos, principalmente a oli-
ria uma retaliação do Império contra a movimentação insurgente garquia cafeeira paulista, estavam articulando para assumir o po-
do exército contra o Gabinete do Visconde de Ouro Preto, resol- der e controlar a República. Os paulistas apoiaram Floriano Peixoto.
ve apoiar a causa. Ao ser chamado frente as tropas insurgentes, Dessa aliança surgiu o candidato eleito nas eleições de março de
Marechal Deodoro não deixa de declarar seu apoio ao Imperador 1894, Prudente de Morais, filiado ao Partido Republicano Paulista
e grita “«Viva Sua Majestade, o Imperador!», esse momento será (PRP). A partir de então, o poder político brasileiro ficou restrito
lembrado posteriormente como o momento da Proclamação da às oligarquias agrárias paulista e mineira, de 1894 a 1930, período
República. O primeiro momento da República brasileira é marcada conhecido como República Oligárquica. Assim, o domínio político
pelo autoritarismo militar, visto que são esses que ficam respon- presidencial durante esse intervalo de tempo prevaleceu entre São
sáveis por manter a ordem e garantir a estabilidade para o novo Paulo e Minas Gerais, efetivando a política do café-com-leite.
sistema que vislumbram para o Brasil. Através do princípio Liberal Durante o governo do presidente Campo Sales (1898-1902), a
havia chances de que a partir desse momento um novo pacto social República Oligárquica efetivou o que marcou fundamentalmente a
se estabelecesse no Brasil, com participação ampla das camadas Primeira República: a chamada política dos governadores, que se
populares, mas isso não ocorre. baseava nos acordos e alianças entre o presidente da República e
O que acontece é a conservação e até o aumento da exclu- os governadores de estado, que foram denominados Presidentes
são social mediante ações influenciadas pelo pensamento positi- de estado. Estes sempre apoiariam os candidatos fiéis ao governo
vista onde militares acreditavam que com autoritarismo poderiam federal; em troca, o governo federal nunca interferiria nas eleições
manter a ordem e levar o Brasil ao progresso, ideais do Positivismo. locais (estaduais).
Três mandatos marcam a República da Espada: o primeiro, Governo Mas, afinal, como era efetivado o apoio aos candidatos à pre-
Provisório de Deodoro da Fonseca que faz a transição e sai garan- sidência da República do governo federal pelos governadores dos
tindo a primeira eleição de forma indireta, apesar do dispositivo da estados? Esse apoio ficou conhecido como coronelismo: o título de
Constituição de 1891 prever eleições diretas. Eleito sem participa- coronel surgiu no período imperial, mas com a proclamação da Re-
ção popular pelo Congresso Nacional Deodoro da Fonseca assume pública os coronéis continuaram com o prestígio social, político e
então com vice Marechal Floriano Peixoto. econômico que exerciam nas vizinhanças das localidades de suas
Deodoro, no entanto, pretende manter o controle da Repú- propriedades rurais. Eles eram os chefes políticos locais e exerciam
blica e fecha o Congresso, a fim de garantir seus poderes frente à o mandonismo sobre a população.
“Lei de Responsabilidade”, anteriormente aprovada pelo congresso Os coronéis sempre exerceram a política de troca de favores,
devido à crise econômica. Dá inicio então a um governo ditatorial mantinham sob sua proteção uma enorme quantidade de afilhados
que é precipitado pela ameaça de bombardeio da Cidade do Rio de políticos, em troca de obediência rígida. Geralmente, sob a tutela
Janeiro feito pelos líderes da Revolta da Armada (conflito fomenta- dos coronéis, os afilhados eram as principais articulações políticas.
do pela Marinha Brasileira). Nas áreas próximas à sua propriedade rural, o coronel controlava
Frente a Revolta da Armada Deodoro renuncia em favor de todos os votos eleitorais a seu favor (esses locais ficaram conheci-
seu, Floriano Peixoto, que mantém um regime linha dura contra dos como “currais eleitorais”).
opositores. Realiza uma verdadeira campanha de combate aos re- Nos momentos de eleições, todos os afilhados (dependentes)
voltosos da Segunda Revolta da Armada, assim como aos revolto- dos coronéis votavam no candidato que o seu padrinho (coronel)
sos Federalistas no Rio Grande do Sul, recebe a alcunha de “Mare- apoiava. Esse controle dos votos políticos ficou conhecido como
chal de Ferro” devido essas ações. voto de cabresto, presente durante toda a Primeira República, e foi
o que manteve as oligarquias rurais no poder.

31
ATUALIDADES
Durante a Primeira República, o mercado tinha o caráter agro- - Em 1562 - Confederação dos Tamoios
exportador e o principal produto da economia brasileira era o café. A primeira rebelião de que se tem notícia foi uma revolta de
No ano de 1929, com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, a uma coligação de tribos indígenas - com o apoio dos franceses que
economia cafeeira brasileira enfrentou uma enorme crise, pois as haviam fundado a França Antártica - contra os portugueses. O mo-
grandes estocagens de café fizeram com que o preço do produto vimento foi pacificado pelos padres jesuítas Manuel da Nóbrega e
sofresse uma redução acentuada, o que ocasionou a maior crise José de Anchieta.
financeira brasileira durante a Primeira República.
Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder após - Em 1645 - Insurreição Pernambucana
um golpe político que liderou juntamente com os militares brasilei- Revolta da população nordestina (a partir de 1645) contra o
ros. Os motivos do golpe foram as eleições manipuladas para pre- domínio holandês. Sob iniciativa dos senhores de engenho, os colo-
sidência da República, as quais o candidato paulista Júlio Prestes nos foram mobilizados para lutarem. As batalhas das Tabocas e de
havia ganhado, de forma obscura, em relação ao outro candidato, Guararapes enfraqueceram o poderio dos invasores europeus. Até
o gaúcho Getúlio Vargas, que, não aceitando a situação posta, efe- que, na batalha de Campina de Taborda, em 1654, os holandeses
tivou o golpe político, acabando de vez com a República Oligárquica foram derrotados e expulsos do País.
e com a supremacia política da oligarquia paulista e mineira. É considerada o marco inicial dos movimentos nativistas. Ini-
ciada logo após a campanha pela expulsão dos invasores holande-
MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL ses, e de sua poderosa Companhia das Índias Ocidentais, é ali que
pela primeira vez que se registrou a divergência entre os interesses
Do período colonial à república, conheça principais revoltas dos colonos e os pretendidos pela Metrópole. Os habitantes de Per-
econômicas e sociais ao longo de cinco séculos de história. nambuco começaram a desenvolver a noção de que a própria colô-
A seguir veremos os movimentos que marcaram nossa história. nia conseguiria administrar seus próprios destinos, até por que eles
Vale, portanto, ressaltar, que dentre esses movimentos é necessá- conseguiram expulsar os invasores praticamente sozinhos, num
rio diferenciar a essência que os causou. esforço que reuniu negros escravos, brancos e indígenas lutando
Os movimentos a seguir ou eram nativistas ou emancipacio- juntos, com um punhado de oficiais lusitanos nos altos postos de
nistas. comando.
Nativistas: representa movimentos de defesa da terra, sem
qualquer caráter separatista. - Em 1682 - Guerra dos Bárbaros
Emancipacionistas: eram mais radicais e pretendiam, de fato, Foram disputas intermitentes entre os índios cariris, que ocu-
separar o Brasil de Portugal, criando um governo próprio e sobera- pavam extensas áreas no Nordeste, contra a dominação dos coloni-
no, sem interferência externa de qualquer natureza. zadores portugueses. Foram cerca de 20 anos de confrontos.

Na historiografia brasileira, dentro dos movimentos que ocor- - Em 1684- Revolta dos Beckman - no Maranhão
reram, temos aqueles que foram chamados de movimentos nativis- Provocada em grande parte pelo descontentamento com a
tas, que representa o conjunto de revoltas populares que tinham Companhia de Comércio do Maranhão, ocorreu entre 1684 e 1685.
como objetivo o protesto em relação a uma ou mais condições ne- Entre as reclamações estava o fornecimento de escravos negros em
gativas da realidade da administração colonial portuguesa no Brasil. quantidade insuficiente. Ao mesmo tempo, os jesuítas eram con-
Em retrospectiva, tais revoltas também foram importantes em um trários a escravização dos indígenas. Com a rebelião, os jesuítas são
âmbito maior. Apesar de constituírem movimentos exclusivamente expulsos. Um novo governador é enviado e os revoltosos conde-
locais, que não visavam em um primeiro momento a separação po- nados.
lítica, o seu protesto contra algum abuso do pacto colonial contri- - Em 1708 – Guerra dos Emboabas
buiu para a construção do sentimento de nacionalidade em meio a A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado de 1707 a
tais comunidades. As principais revoltas ocorrem entre meados do 1709 pelo direito de exploração das recém-descobertas jazidas de
século XVII e começo do século XVIII, quando Portugal perdeu sua ouro na região do atual estado de Minas Gerais, no Brasil. O conflito
influência na Ásia, e passou a cobrir os gastos da Coroa na metró- contrapôs os desbravadores vicentinos e os forasteiros que vieram
pole com a receita obtida do Brasil. A sempre crescente cobrança depois da descoberta das minas.
de impostos, a criação frequente de novos tributos e o abuso dos
comerciantes portugueses na fixação de preços começam a gerar - Em 1710 – Guerra dos Mascates
insatisfação entre a elite agrária da colônia. A “Guerra dos Mascates” foi um confronto armado ocorrido na
Este é o ambiente propício para o nascimento dos chamados Capitania de Pernambuco, entre os anos de 1709 e 1714, envolven-
movimentos nativistas, onde surgem a contestação de aspectos do do os grandes senhores de engenho de Olinda e os comerciantes
colonialismo e primeiros conflitos de interesses entre os senhores portugueses do Recife, pejorativamente denominados como “mas-
do Brasil e os de Portugal. Entre os movimentos de destaque es- cates”, devido sua profissão.
tão a revolta dos Beckman, no Maranhão (1684); a Guerra dos Em- Não obstante, apesar do sentimento autonomista e antilusi-
boabas, em Minas Gerais (1708), a Guerra dos Mascates, em Per- tano dos pernambucanos de Olinda, que chegaram até mesmo a
nambuco (1710) e a Revolta de Felipe dos Santos em Minas Gerais propor que a cidade se tornasse uma República independente, este
(1720). não foi um movimento separatista.
Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se localiza Contudo, não há consenso em afirmar que seja um movimento
o marco inicial destes movimentos. nativista, uma vez que os “mascates” envolvidos na disputa eram
predominantemente comerciantes portugueses.
Vamos ver um pouco mais sobre esses movimentos.
- Em 1720 - Revolta de Filipe dos Santos
Movimento social que ocorreu em 1720, em Vila Rica (atual
Ouro Preto), contra a exploração do ouro e cobrança extorsiva de
impostos da metrópole sobre a colônia. A revolta contou com cerca

32
ATUALIDADES
de dois mil populares, que pegaram em armas e ocuparam pontos - 1824 - Confederação do Equador
da cidade. A coroa portuguesa reagiu e o líder, Filipe dos Santos Foi um movimento político contrário à centralização do poder
Freire, acabou enforcado. imperial, ocorrido no nordeste. Em 2 de julho, Pernambuco declarou
independência. A revolta ampliou-se rapidamente para outras pro-
Movimentos emancipacionistas víncias, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Reprimidos, em
A partir da segunda metade do século XVIII, com os desdobra- setembro, os revolucionários já estavam derrotados e seus líderes
mentos das revoltas na França e Estados Unidos, e os conceitos do foram condenados ao fuzilamento, forca ou prisão perpétua.
Iluminismo penetrando em meio à sociedade brasileira, os descon-
tentamentos vão se avolumando e a metrópole portuguesa parece - 1833 - Cabanagem
insensível a qualquer protesto. Assim, os movimentos nativistas Movimento que eclodiu na província do Grão-Pará (Amazonas
passarão a incorporar em seu ideal a busca pela independência, e Pará atuais), de 1833 a 1839, começou com a resistência ofere-
ainda que somente da região dos revoltosos, pois a noção de um cida pelo presidente do conselho da província, que impediu o de-
país reunindo todas as colônias portuguesas na América era algo sembarque das autoridades nomeadas pela regência. Grande parte
impensado. O mais conhecido em meio a estes movimentos é a In- dos revoltosos era formada por mestiços e índios, chamados de ca-
confidência Mineira de 1789, da qual surgiu o mártir da indepen- banos. Ele chegaram a tomar Belém, mas foram derrotados depois
dência, Tiradentes. de longa resistência.
As revoltas emancipacionistas foram movimentos sociais ocor-
ridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo forte anseio de con- - 1835 - Guerra dos Farrapos
quistar a independência do Brasil com relação a Portugal. Estes Uma das mais extensas rebeliões deflagradas no Brasil (de
movimentos possuíam certa organização política e militar, além de 1835 a 1845) aconteceu no Rio Grande do Sul tinha caráter repu-
contar com forte sentimento contrário à dominação colonial. blicano. O grupo liberal dos chimangos protestava contra a pesada
taxação do charque e do couro e chegou a proclamar independên-
Causas principais cia do RS. Depois de várias batalhas, o governo brasileiro concedeu
- Cobrança elevada de impostos de Portugal sobre o Brasil. a anistia a todos.
- Pacto Colonial - Brasil só podia manter relações comerciais
com Portugal, além de ser impedido de desenvolver indústrias. - 1837 - Sabinada
- Privilégios que os portugueses tinham na colônia em relação A revolta feita por militares e integrantes da classe média e rica
aos brasileiros. da Bahia pretendia implementar uma república. Em 7 de novembro
- Leis injustas, criadas pela coroa portuguesa, que tinham que de 1837, os revoltosos tomaram o poder em Salvador e decretaram
ser seguidas pelos brasileiros. a República Bahiense. Cercados pelo exército governista, o movi-
- Falta de autonomia política e jurídica, pois todas as ordens e mento resistiu até meados de março de 1838. A repressão foi vio-
leis vinham de Portugal. lenta e milhares foram mortos ou feitos prisioneiros.
- Punições violentas contra os colonos brasileiros que não se-
guiam as determinações de Portugal. - 1838 - Balaiada
- Influência dos ideais do Iluminismo e dos movimentos separa- Balaiada é no nome pelo qual ficou conhecida a importante
tistas ocorridos em outros países (Independência dos Estados Uni- revolta que se deu no Maranhão do século XIX. É mais um capítulo
dos em 1776 e Revolução Francesa em 1789). das convulsões sociais e políticas que atingiram o Brasil no turbu-
lento momento que vai da independência do Brasil à proclamação
Principais revoltas emancipacionistas da República.
- 1789 - Inconfidência mineira
Naquele momento, a sociedade maranhense estava dividida,
Inconformados com o peso dos impostos, membros da elite
basicamente, entre uma classe baixa, composta por escravos e
uniram-se para estabelecer uma república independente em Mi-
sertanejos, e uma classe alta, composta por proprietários rurais e
nas. A revolta foi marcada para a data da derrama (cobrança dos
comerciantes.
impostos em atraso), mas os revolucionários foram traídos. Como
Para ampliar sua influência junto à política e à sociedade, os
consequência, os inconfidentes foram condenados à prisão ou exí-
conservadores tentam através de uma medida, ampliar os poderes
lio, com exceção de Tiradentes, que foi enforcado e esquartejado.
dos prefeitos. Essa medida impopular faz com que a insatisfação
- 1798 - Conjuração Baiana (ou Conspiração dos Alfaiates) social cresça consideravelmente, alimentando a revolta conhecida
Foi uma rebelião popular, de caráter separatista, ocorrida na como Balaiada.
Bahia em 1798. Movidos por uma mescla de republicanismo e ódio A Balaiada foi uma reação e uma luta dos maranhenses contra
à desigualdade social, homens humildes, quase todos mulatos, de- injustiças praticadas por elites políticas e as desigualdades sociais
fendiam a liberdade com relação a Portugal, a implantação de um que assolavam o Maranhão do século XIX.
sistema republicano e liberdade comercial. Após vários motins e A origem da revolta remete à confrontação entre duas facções,
saques, a rebelião foi reprimida pelas forças do governo, sendo que os Cabanos (de linha conservadora) e os chamados “bem-te-vis”
vários revoltosos foram presos, julgados e condenados. Um dos (de linha liberal). Eram esses dois partidos que representavam os
principais líderes foi o alfaiate João de Deus do Nascimento. O go- interesses políticos da elite do Maranhão.
verno baiano debelou o movimento. Até 1837, o governo foi chefiado pelos liberais, mantendo seu
domínio social na região. No entanto, diante da ascensão de Araújo
- 1817 - Revolução Pernambucana de Lima ao governo da província e dos conservadores ao governo
Foi um movimento que defendia a independência de Portugal. central, no Rio de Janeiro, os cabanos do Maranhão afastaram os
Os revoltosos (religiosos, comerciantes e militares) prenderam o bem-te-vis e ocuparam o poder.
governador de Pernambuco e constituíram um governo provisório. Essa mudança dá início à revolta em 13 de dezembro de 1838,
O movimento se estendeu à Paraíba e ao Rio Grande do Norte, mas quando um grupo de vaqueiros liderados por Raimundo Gomes in-
a república durou menos de três meses, caindo sob o avanço das vade a cadeia local para libertar amigos presos. O sucesso da inva-
tropas. Participantes foram presos e condenados à morte. são dá a chance de ocupar o vilarejo como um todo.

33
ATUALIDADES
Enquanto a rivalidade transcorria e aumentava, Raimundo República Velha alterou substancialmente a composição da socie-
Gomes e Manoel Francisco do Anjos Ferreira levam a revolta até dade, intensificando a miscigenação, fato que, aos olhos das eli-
o Piauí, no ano de 1839. Este último líder era artesão, e fabricava tes do país, poderia levar a um embranquecimento da população,
cestos de palha, chamados de balaios na região, daí o nome da re- aprofundando o preconceito contra os negros de origem africana.
volta. Essa interferência externa altera o cenário político da revolta Mas a modernização na República Velha apresentou também con-
e muda seu rumo. tradições sociais que resultaram em conflitos de várias ordens.
Devido aos problemas causados aos interesses da elite da re- Vejamos os movimentos dessa época:
gião, bem-te-vis e cabanos se unem contra os balaios.
A agitação social causada pela revolta beneficia os bem-te-vis e - 1893 - Revolta da Armada
coloca o povo em desagrado contra o governo cabano. Em 1839 os Foi um movimento contra o presidente Floriano Peixoto que ir-
balaios tomam a Vila de Caxias, a segunda cidade mais importante rompeu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1893. Praticamente
do Maranhão. Uma das táticas para enfraquecer os revoltosos fo- toda a marinha se tornou antiflorianista. O principal combate ocor-
ram as tentativas de suborno e desmoralização que visavam desar- reu na Ponta da Armação, em Niterói, a 9 de fevereiro de 1894. O
ticular o movimento. governo conseguiu a vitória graças a uma nova esquadra, adquirida
Em 1839 o governo chama Luis Alves de Lima e Silva (depois e aparelhada no exterior, e debelou a rebelião em março.
conhecido como Duque de Caxias) para ser presidente da província
e, ao mesmo tempo, organizar a repressão aos movimentos revol- - 1893 - Revolução Federalista
tosos e pacificar o Maranhão. Esse é tido como o início da brilhante Foi um levante contra o governo de Floriano Peixoto, de 1893 a
carreira do militar. 1895, no Rio Grande do Sul. De um lado estavam os maragatos (an-
O Comandante resolveu os problemas que atravancavam o tiflorianistas), do outro, os pica-paus (governistas). Remanescen-
funcionamento adequado das forças militares. Pagou os atrasados tes da Revolta da Armada, que haviam desembarcado no Uruguai,
dos militares, organizou as tropas, cercou e atacou redutos balaios uniram-se aos maragatos. Ocorreram batalhas em terra e mar. Ao
já enfraquecidos por deserções e pela perda do apoio dos bem-te- final, os maragatos foram derrotados pelo exército governista.
-vis. Organizou toda a estratégia e a execução do plano que visava
acabar de vez por todas com a revolta. - 1896 - Guerra de Canudos
Em 1840 a chance de anistia, dada pelo governo, estimula a Avaliações políticas erradas, pobreza e religiosidade deram
rendição de 2500 balaios, inviabilizando o já combalido exército. Os início à guerra contra os habitantes do arraial de Canudos, no in-
que resistiram, foram derrotados. A Balaiada chega ao fim, entran- terior da Bahia, onde viviam, em 1896, cerca de 20 mil pessoas sob
do pra história do Brasil como mais um momento conflituoso da o comando do beato Antonio Conselheiro. De novembro de 1896
ainda frágil monarquia e da história do Brasil. à derrota em outubro de 1897, o arraial resistiu às investidas das
tropas federais (quatro expedições militares). A guerra deixou 25
Movimentos da República Velha até Era Vargas mil mortos.
O período da História brasileira conhecido como República Ve-
lha, compreendido entre os anos de 1889 e 1930, representou pro- - 1904 - Revolta da Vacina
fundas mudanças na sociedade nacional, principalmente na com- Foi uma revolta popular ocorrida no Rio de Janeiro em novem-
posição da população, no cenário urbano, nos conflitos sociais e na bro de 1904. A principal causa foi a campanha de vacinação obriga-
produção cultural. Cabe aqui fazer uma indagação: com mudanças tória contra a varíola, comandada pelo médico Oswaldo Cruz. Mi-
tão profundas, o que permaneceu delas na vida social atual? lhares de habitantes tomaram as ruas em violentos conflitos com a
Uma mudança da sociedade da República Velha ocorreu na polícia, revoltados por terem de tomar a vacina. Forças governistas
economia. A produção agrícola ainda era o carro-chefe econômico prenderam quase mil pessoas e deportaram para o Acre metade
da República Velha e o café continuava a ser o principal produto delas.
de exportação brasileiro. Mas o desenvolvimento do capitalismo e
a criação de mercadorias que utilizavam em sua fabricação a bor- - 1912 - Guerra do Contestado
racha (como o automóvel) fizeram com que a exploração do látex Foi um conflito que ocorreu entre 1912 e 1916 no Paraná e
na região amazônica se desenvolvesse rapidamente, chegando Santa Catarina. Nessa época, Contestado, assim como Canudos, era
a competir com o café como o principal produto de exportação. um terreno fértil para o messianismo e via crescer a insatisfação
Porém, o período de auge da borracha foi curto, pois os ingleses popular com a miséria e a insensibilidade política. Forças policiais
conseguiram produzir de forma mais eficiente a borracha na Ásia, e do exército alcançaram a vitória, deixando milhares de mortos.
desbancando a produção brasileira.
- 1922 - Movimento Tenentista
Outro aspecto econômico da República Velha foi o início da in- Durante a década de 1920 diversos fatores se conjugaram
dustrialização no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em São para acelerar o declínio da República Velha. Os levantes militares e
Paulo. O capital acumulado com a produção cafeeira possibilitou tenentistas, o fim da política do café-com-leite, o agrupamento das
aos grandes fazendeiros investir na indústria, dando novo dinamis- oligarquias dissidentes na Aliança Liberal e o colapso da economia
mo à sociedade nestes locais. São Paulo e Rio de Janeiro passaram cafeeira foram alguns fatores que criaram as condições para a rev-
por uma profunda urbanização, criando avenidas, iluminação públi- olução de 1930, que assinalou o fim da República Velha e o início
ca, transporte coletivo (bondes), teatros, cinemas e, principalmen- da Era Vargas.
te, afastando as populações pobres dos centros das cidades. Mas
não foi apenas nestas duas cidades que houve mudanças, já que a - A República do Café com Leite: Os principais Estados que
mesma situação se verificou em Manaus, Belém e cidades do inte- dominavam o conjunto da federação eram Minas (maior produtor
rior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas. de leite)e São Paulo(maior produtor de café) . Sabendo fazer as
Esse processo contou também com a vinda ao Brasil de mi- devidas coligações com as oligarquias dos demais estados brasilei-
lhões de imigrantes europeus e asiáticos para trabalharem tanto ros, Minas e São Paulo mantiveram, de modo geral, o controle
nas indústrias quanto nas grandes fazendas. O fluxo migratório na político do País.

34
ATUALIDADES
- A situação econômica do período: Os principais produtos lítica do Café com Leite. Os militares defendiam a dinamização da
agrícolas brasileiros em condições de competir no exterior (açúcar, estrutura do poder no país, almejando que o processo eleitoral se
algodão, borracha, cacau) sofrem a concorrência de outros países tornasse mais democrático e permitisse o acesso de mais grupos
dirigidos pelo mundo capitalista. Assim, o Brasil teve suas expor- ao poder, questionavam o voto de cabresto e eram favoráveis ao
tações cada vez mais concentradas num único produto, o café que direito da mulher ao voto. Descontentes com a realidade política
chegou a representar 72,5% de nossas receitas de exportação. O do Brasil, acreditavam que se fazia necessário uma reforma no en-
café, contudo, padecia de frequentes crises de produção que a sino público, assim como a concessão da liberdade aos meios de
política de valorização do produto ( compra e estocagem pelo Gov- comunicação, a restrição do Poder Executivo e a moralização dos
erno) não conseguiu contornar A burguesia agrária mais progres- ocupantes das cadeiras no Poder Legislativo.
sista desviou capitais para outras atividades econômicas. Durante O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao projeto, mas
Primeira Guerra Mundial (1914-1918), surgiu toda uma conjuntura com o tempo foi ficando claro que a defesa era pela implantação
favorável a um expressivo impulso industrial brasileiro. Pelo me- de um Estado forte e centralizado, através do qual as necessidades
canismo de substituição de importações a indústria nacional foi do país poderiam ficar explícitas e resolvidas.
progressivamente conquistado o mercado interno do país. A evolução do Movimento Tenentista se dá ao longo da década
- A crise da República Velha : No início da década de 1920, de 1920 por via de suas expressões armadas. A primeira ação deste
crescia o descontentamento social contra o tradicional sistema ol- tipo dos Tenentes aconteceu em 1922 no evento conhecido como
igárquico que dominava politicamente o país. As revoltas tenentis- Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1924 veio a Comuna de
tas ( Revolta do Forte de Copacabana, Revolução de 1924, a Coluna Manaus e a Revolução de 1924. Concomitantemente teve início o
Paulista e o desdobramento da Coluna Prestes) são reflexos do cli- evento mais duradouro e que percorreu grande território no Brasil,
ma de elevada tensão político-se oficial do período. A contestação a Coluna Prestes.
contra as velhas estruturas do País manifestaram-se também no A Coluna Prestes foi um movimento em forma de guerrilha
plano cultural, por intermédio do movimento culturista, cujo marco e composto por militares, liderada por Luís Carlos Prestes o mo-
inicial foi a Semana de Arte Moderna de 1922. A crise mundial de vimento saiu da região sul do país e percorreu mais de 3.000 Km
1929, refletida no Brasil pela violenta queda dos preços do café, en- combatendo as tropas do governo. Em todos os confrontos a Colu-
fraqueceu o poder da oligarquia cafeeira e, indiretamente, afetou a na Prestes saiu vencedora e por fim foi se refugiar na Bolívia para
estrutura política da República Velha. arquitetar um golpe de Estado. O Tenentismo não gerou efeitos
- A ruptura das oligarquias e a Revolução de 1930: Por ocasião imediatos no Brasil, mas o somatório dos acontecimentos na dé-
das eleições presidenciais de 1930 ocorreu uma ruptura do tradi- cada de 1920 foi importante para abalar a estrutura política das
cional acordo político entre Minas e São Paulo. Os demais grupos oligarquias e mudar significativamente a ordem política no Brasil
sociais de oposição aproveitaram-se da oportunidade para formar em 1930.
uma frente política ( Aliança Liberal) com os nomes de Getúlio Var- Em 1929 o Tenentismo integra a Aliança Liberal, mas nesse mo-
gas e João Pessoa, respectivamente para Presidente e Vice-Pres- mento Luís Carlos Prestes já havia se tornado comunista e não mais
idente da República. O programa da Aliança Liberal incorporava integrava o movimento. A Aliança Liberal somava a luta Tenentista
as principais metas reformistas do período (voto secreto, leis tra- que envolvia o voto secreto e também feminino com a evolução do
balhistas, industrialização).Realizadas as eleições, a Aliança Liberal direito trabalhista. O Tenentismo foi fundamental para que Getúlio
não conseguiu vencer o candidato do PRP e imputou o resultado Vargas assumisse o poder, tanto que após a Revolução de 1930 o
adverso às costumeiras fraudes de um sistema eleitoral corrompi- presidente nomeou vários tenentes como interventores em quase
do. A revolta contra o Governo Federal teve como estopim o assas- todos os estados.
sinato de João Pessoa. Explodiu a Revolução de 1930 que, em um O Tenentismo se manteve presente na política e passa por uma
mês, atingiu o poder da República. cisão em 1937 quando um grupo decide seguir Luís Carlos Prestes
e outro rompe com o presidente Getúlio Vargas e passa a exercer
Revoltas Tenentistas a oposição. O Movimento Tenentista esteve presente na deposição
de Getúlio Vargas em 1945 e disputou as eleições presidenciais no
Na década de 1920 surgiu no Brasil um movimento conhecido mesmo ano e também em 1955. Quando ocorreu a Revolução de
como Tenentismo, formado em geral por militares de média e baixa 1964 que colocou os militares no poder no Brasil quase todos os co-
patente. Questionavam o sistema vigente no país e, mesmo sem mandantes eram tenentes na ocasião da Revolução de 1930, como
defender uma causa ideológica específica, propunham mudanças é o caso de Ernesto Geisel, Castelo Branco e Médici. Dessa forma o
no sistema eleitoral e na educação pública da República Velha. Tenentismo se manteve vivo até meados da década de 1970 quan-
Foram os militares que governaram o Brasil nos dois primeiros do os membros do movimento nascido na década de 1920 come-
mandatos da República, mas após Floriano Peixoto foram afastados çaram a morrer.
da presidência para darem lugar aos governos civis. Tem início tam-
bém a partir de então o domínio de uma oligarquia que mantinha Ainda em 1922, tivemos um importante movimento social:
o controle do poder no país e que revezava os grupos no poder.
Durante toda a República Velha, Minas Gerais e São Paulo eram os Semana da Arte Moderna
dois principais estados brasileiros no cenário político, o predomínio No aspecto cultural da sociedade, surgiu o choro e o samba,
dos mesmos na ocupação do principal cargo no país envolvendo um gêneros musicais que ainda fazem parte da cultura popular nacio-
esquema de mútua cooperação caracterizou tal período da história nal. Na elite, a influência europeia, principalmente francesa, mu-
brasileira. O Tenentismo surgiu justamente como forma de contes- dou o comportamento das pessoas ricas, em seu jeito de vestir,
tação ao sistema político que dominava o Brasil e não permitia es- falar e se portar em público, o que ficou conhecido como a Belle
paços para grupos que não fizessem parte da oligarquia. Époque (Bela Época) no Brasil. Surgiu também na República Velha
Logo no início da década de 1920 se espalharam pelos quar- a Semana de Arte Moderna de 1922, animada por vários artistas
téis os ideais do Movimento Tenentista. Carregando a bandeira da como Villa-Lobos e Mário de Andrade, e que pretendia fazer uma
democracia, o grupo que era formado basicamente por militares antropofagia cultural, misturando elementos das culturas europeia
de baixa patente colocava em questão as principais marcas da Po- e brasileira na produção artística.

35
ATUALIDADES
A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, diversas tendências diferentes, todas pleiteando a mesma herança,
no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, teve como principal entre elas o Movimento Pau-Brasil, o Movimento Verde-Amarelo e
propósito renovar, transformar o contexto artístico e cultural urba- Grupo da Anta, e o Movimento Antropofágico. Os principais meios
no, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas, na arquitetura de divulgação destes novos ideais eram a Revista Klaxon e a Revista
e na música. Mudar, subverter uma produção artística, criar uma de Antropofagia.
arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas O principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar a
tendências europeias, essa era basicamente a intenção dos moder- arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões europeus,
nistas. e dar início à construção de uma cultura essencialmente nacional.
Durante uma semana a cidade entrou em plena ebulição cul-
tural, sob a inspiração de novas linguagens, de experiências artís- 1930 – Revolução de 30 e o período de Vargas
ticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o consequente A designação movimento político de 1930 é a mais apropria-
rompimento com o passado. Novos conceitos foram difundidos e da para o processo de destituição do presidente Washington Luís
despontaram talentos como os de Mário e Oswald de Andrade na (1926-1930) e a ascensão de Getúlio Vargas ao governo do país.
literatura, Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura. Não obstante, ter havido uma alteração no cenário político nacio-
O movimento modernista eclodiu em um contexto repleto de nal, não ocorreu uma transformação drástica dos quadros políticos
agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este que continuaram a pertencer às oligarquias estaduais. As reformas
redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e lingua- realizadas eram imperiosas para agregar as oligarquias periféricas
gens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda ino- ao governo federal. Desse modo, o emprego do termo “Revolução
vação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica de 1930”, costumeiramente adotado para esse processo político,
não poupou esforços para destruir suas ideias, em plena vigência não é o mais adequado.
da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da políti- Alguns fatores propiciaram a instauração da segunda fase do
ca conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite, período republicano, desencadeada pela emergência do movimen-
habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se to político de 1930. A quebra da bolsa de Nova Iorque, em outu-
violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências bro de 1929, provocou a queda da compra do café brasileiro pelos
artísticas.
países Europeus e Estados Unidos. O café era o principal produto
A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade de
exportado pelo Brasil, e a redução das vendas das safras afetou a
transformar os antigos conceitos do século XIX. Embora o principal
economia. No início do século XX era comum o financiamento fe-
centro de insatisfação estética seja, nesta época, a literatura, par-
deral à produção cafeeira, por meio da aquisição de empréstimos
ticularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o Cubismo
externos. Com a eclosão da crise de 1929 esse subsídio foi inviabi-
e o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros.
lizado, debilitando o principal investimento nacional da época. As
Anita Malfatti trazia da Europa, em sua bagagem, experiências van-
revoltas tenentistas ocorridas durante a década de 1920 e as mani-
guardistas que marcaram intensamente o trabalho desta jovem,
festações e greves operárias também foram importantes aspectos
que em 1917 realizou a que ficou conhecida como a primeira expo-
sição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo de escândalo que geraram instabilidade política no país. A fragilidade da econo-
e de críticas ferozes de Monteiro Lobato, provocando assim o nas- mia nacional e a insatisfação de parcelas da população suscitaram a
cimento da Semana de Arte Moderna. vulnerabilidade do regime oligárquico.
O catálogo da Semana apresenta nomes como os de Anita Durante a Primeira República destacavam-se econômica e po-
Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo liticamente as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, por isso as
Goeldi, entre outros, na Pintura e no Desenho; Victor Brecheret, sucessões presidenciais eram decididas pelos políticos desses Esta-
Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura; Antonio dos. Essa prática ficou conhecida como política do café com leite,
Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escrito- em referência aos principais produtos de São Paulo e Minas Ge-
res encontravam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Pic- rais. Em 1929, esperava-se que a candidatura para a presidência da
chia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música estava República fosse de um político mineiro, já que o então presidente
representada por autores consagrados, como Villa-Lobos, Guiomar consolidara a carreira política no Estado de São Paulo. No entanto,
Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana. Washington Luís apoiou a candidatura do paulista Júlio Prestes para
Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sendo cultiva- a presidência da República e de Vital Soares para a vice-presidência,
das. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente da Alemanha, reali- descontentando a oligarquia mineira.
zara exposições em São Paulo e em Campinas, recepcionadas com Os dissídios entre as oligarquias geraram as articulações para
uma certa indiferença. Segall retornou então à Alemanha e só vol- construir uma oposição à candidatura situacionista. O presidente
tou ao Brasil dez anos depois, em um momento bem mais propício. do Estado de Minas Gerais, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, en-
A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a Semana, apesar da trou em contato com o presidente do Estado do Rio Grande do Sul,
violenta crítica recebida, reunir ao seu redor artistas dispostos a Getúlio Vargas, para formar uma aliança de oposição. O presidente
empreender uma luta pela renovação artística brasileira. A exposi- do Estado da Paraíba, João Pessoa, negou-se a participar da candi-
ção de artes plásticas da Semana de Arte Moderna foi organizada datura de Júlio Prestes e agregou-se aos oposicionistas. Além dos
por Di Cavalcanti e Rubens Borba de Morais e contou também com presidentes desses três Estados, parcelas do movimento tenentista
a colaboração de Ronald de Carvalho, do Rio de Janeiro. Após a re- e as oposições aos demais governos estaduais formaram a Aliança
alização da Semana, alguns dos artistas mais importantes retorna- Liberal, e lançaram a candidatura de Getúlio Vargas à presidência
ram para a Europa, enfraquecendo o movimento, mas produtores e João Pessoa à vice-presidência. Dentre algumas das propostas da
artísticos como Tarsila do Amaral, grande pintora modernista, fa- Aliança Liberal para a reformulação política e econômica no país,
ziam o caminho inverso, enriquecendo as artes plásticas brasileiras. constavam no programa: a representação popular pelo voto se-
A Semana não foi tão importante no seu contexto temporal, creto, anistia aos insurgentes do movimento tenentista na década
mas o tempo a presenteou com um valor histórico e cultural tal- de 1920, reformas trabalhistas, a autonomia do setor Judiciário e
vez inimaginável naquela época. Não havia entre seus participantes a adoção de medidas protecionistas aos produtos nacionais para
uma coletânea de ideias comum a todos, por isso ela se dividiu em além do café.

36
ATUALIDADES
A eleição para a presidência ocorreu em 1° de março de 1930 e res ao Presidente. A nova constituição acabava com o Legislativo
o resultado foi favorável à chapa Júlio Prestes – Vital Soares. Apesar e determinava a sujeição do Judiciário ao Executivo. Objetivando
de a Aliança Liberal acusar o pleito eleitoral de fraudulento, a prin- um domínio maior sobre o aparelho de Estado, Vargas instituiu o
cípio não houve requisição do posto de presidente da República. Os Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e o Depar-
partidários oposicionistas apenas decidiram pegar em armas e alçar tamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que, além de fiscalizar os
Getúlio Vargas à presidência com a morte de João Pessoa, em 26 de meios de comunicação, deveria espalhar uma imagem positiva do
julho de 1930. João Pessoa foi assassinado por conta de um conflito governo e, especialmente, do Presidente.
da política regional da Paraíba, no entanto, o governo federal foi As polícias estaduais tiveram suas mordomias expandidas e,
responsabilizado por esse atentado. para apoderar-se do apoio da classe trabalhadora, Vargas conce-
Membros da Aliança Liberal entraram em contato com os ge- deu-lhes direitos trabalhistas, tais como a regulamentação do tra-
nerais para apoiarem a deposição de Washington Luís e garantirem balho noturno, do emprego de menores de idade e da mulher, fixou
que Getúlio Vargas se tornasse o próximo dirigente do país. a jornada de trabalho em oito horas diárias de serviço e ampliou o
Em 3 de outubro de 1930, a Aliança Liberal iniciou as incursões direito à aposentadoria a todos os trabalhadores urbanos, apesar
armadas. Na região Nordeste, as tropas foram lideradas por Juarez de conservar a atividade sindical nas mãos do governo federal. O
Távora, e tiveram como área de disseminação o Estado da Paraíba. Estado Novo implantou no Brasil a doutrina política de intervenção
E na região Sul, as tropas possuíam maior quantidade de membros estatal sobre a economia e, ao mesmo tempo em que proporcio-
comandados pelo general Góis Monteiro. As tropas dirigiam-se nava estímulo à área rural, apadrinhava o crescimento industrial,
para o Rio de Janeiro, então capital federal, onde Getúlio Vargas ao aplicar fundos destinados à criação de infra-estrutura industrial.
seria elevado à presidência da República. Nesse processo, uma jun- Foram instituídos, nesse espaço de tempo, o Ministério da Aero-
ta provisória militar depôs Washington Luís e assumiu o comando náutica, o Conselho Nacional do Petróleo que, posteriormente, no
do país, em 24 de outubro de 1930. Quando Getúlio Vargas chegou ano de 1953, daria origem à Petrobrás, fundou-se a Companhia
com as tropas ao Rio de Janeiro, em 3 de novembro de 1930, a Siderúrgica Nacional – CSN -, a Companhia Vale do Rio Doce, a
junta provisória lhe transferiu o governo. Assim, iniciou o Governo Companhia Hidrelétrica do São Francisco e a Fábrica Nacional de
Provisório de Getúlio Vargas. Motores – FNM -, dentre outras. Publicou o Código Penal, o Código
de Processo Penal e a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT -,
Era Vargas todos em vigor atualmente. Getúlio Vargas foi responsável também
A Era Vargas, que teve início com a Revolução de 1930 e ex- pelas concepções da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho,
pulsou do poder a oligarquia cafeeira, ramifica-se em três momen- do salário mínimo, da estabilidade no emprego depois de dez anos
tos: o Governo Provisório -1930-1934 -, o Governo Constitucional de serviço - revogada em 1965 -, e pelo descanso semanal remune-
- 1934-1937 - e o Estado Novo - 1937-1945. Durante o Governo rado. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial contra os
Provisório, o presidente Getúlio Vargas deu início ao processo de países do Eixo foi a brecha que surgiu para o crescimento da opo-
centralização do poder, eliminou os órgãos legislativos - federal, es- sição ao governo de Vargas. Assim, a batalha pela democratização
tadual e municipal -, designando representantes do governo para do país ganhou fôlego. O governo foi forçado a indultar os presos
assumir o controle dos estados, e obstruiu o conjunto de leis que políticos e os degredados, além de constituir eleições gerais, que
regiam a nação. foram vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado pelo governo,
Nesse momento temos a Revolução Constitucionalista (1932) o general Eurico Gaspar Dutra. Era o fim da Era Vargas, mas não o
- Dois anos depois da Revolução de 30, a 9 de julho de 1932, o Es- fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retornaria à presidência pelo
tado de São Paulo se rebelou contra a ditadura Vargas. Embora o voto popular.
movimento tenha nascido de reivindicações da elite paulista, teve É comum vermos a expressão Quarta República, que relata fa-
ampla participação popular. Apesar da derrota - São Paulo lutou tos que aconteceram nesse período, então temos aqui uma síntese
isolado contra as demais unidades da federação -, a resistência foi do que a quarta republica representa.
um marco nas lutas em favor da democracia no Brasil. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Vargas estava
A oposição às ambições centralizadoras de Vargas concentrou- enfraquecido. Um golpe comandado pelo general Eurico Gaspar
-se em São Paulo, que de forma violenta começou uma agitação Dutra o retirou do poder. Uma nova Constituição foi adotada em
armada – este evento entrou para a história, exigindo a realização 1946, garantindo a realização de eleições diretas para presidente
de eleições para a elaboração de uma Assembleia Constituinte. da República e para os governos dos estados. O Congresso Nacional
Apesar do desbaratamento do movimento, o presidente convocou voltou a funcionar e houve alternância no poder.
eleições para a Constituinte e, em 1934, apresentou a nova Carta. Entretanto, foi um período de forte instabilidade política. As
A nova Constituição sancionou o voto secreto e o voto femi- mudanças sociais decorrentes da urbanização e da industrialização
nino, além de conferir vários direitos aos trabalhadores, os quais projetavam novas forças políticas que pretendiam aprofundar o
vigoram até hoje. processo de modernização da sociedade e do Estado brasileiro, o
Durante o Governo Constitucional, a altercação política se que desagrava as elites conservadoras. O período foi marcado por
deu em volta de dois ideários primordiais: o fascista – conjunto de várias tentativas de golpe de Estado, levando inclusive ao suicídio
ideias e preceitos político-sociais totalitários introduzidos na Itália de Getúlio Vargas, em 1954.
por Mussolini –, defendido pela Ação Integralista Brasileira, e o O governo de JK conseguiu imprimir um acelerado desenvolvi-
democrático, representado pela Aliança Nacional Libertadora, que mento industrial em algumas áreas, mas não pôde resolver o prob-
contava com indivíduos partidários das reformas profundas da so- lema da exclusão social na cidade e no campo. Essas medidas de
ciedade brasileira. mudança social iriam compor a base das propostas do Governo de
Getúlio Vargas, porém, cultivava uma política de centralização João Goulart. O estado brasileiro estava caminhando para resolver
do poder e, após a experiência frustrada de golpe por parte da es- demandas há muito reprimidas, como a reforma agrária. Frente ao
querda - a histórica Intentona Comunista -, ele suspendeu outra perigo que representava aos seus interesses econômicos e políti-
vez as liberdades constitucionais, fundando um regime ditatorial cos, as classes dominantes mais uma vez orquestraram um golpe
em 1937. Nesse mesmo ano, estabeleceu uma nova Constituição, de Estado, com a deposição pelo exército de João Goulart, em 1964.
influenciada pelo arquétipo fascista, que afiançava vastos pode-

37
ATUALIDADES
Sindicalismo culações e mitos quanto a proposta de implementação da reforma
O sindicalismo surgiu no final do século XIX com a chegada dos agrária. Essa reforma mexeria com a histórica estrutura latifundi-
imigrantes europeus, que traziam consigo a influência do sindical- ária brasileira que, em muitos casos, remontavam aos séculos de
ismo de seu país. Dessa forma, as condições trabalhistas brasileiras colonização.
começaram a ser questionadas. Assim, tem-se um primeiro contato Para os grupos economicamente hegemônicos, tais propostas
com os ideais sindicais no Brasil. eram alarmantes não apenas por serem defendidas pelo Presidente
Em 1930 com a entrada de Getúlio no poder, instaura-se uma da República, mas porque naquele momento a esquerda encontra-
política de industrialização em que é criada a “lei de Sindicalização” va-se unida e organizada, movimentando-se em todo o território
n° l9. 770 (imposto sindical), na qual o controle e repressão impe- nacional e mostrando sua cara e seus objetivos em passeatas, pu-
diam a participação dos estrangeiros nas direções, controlavam-se blicações e através de forte presença no meio político. Longe do
as finanças dos sindicatos, além de proibir suas atividades políticas imaginário do século XIX, a esquerda daquele momento era forma-
e ideológicas. Nessa época, era imposto para a classe trabalhadora da por uma grande diversidade de grupos, tais como comunistas,
filiar-se ao sindicato oficial, desestruturando os sindicatos autôno- católicos, militares de diferentes ordens, estudantes, sindicalistas
mos existentes e também desarticulando a luta de classes, tornan- entre outros. Todos eles voltados para a aprovação das Reformas
do-se um órgão assistencialista. “Mas isso não impediu que as lutas de Base e estendendo suas influências por diversos campos da vida
operárias, sociais e sindicais se desenvolvessem amplamente du- pública.
rante os anos 1930-64.” (ANTUNES, 2007: 290) Diante desse abismo entre os grupos de direita e de esquerda
Em 1964, com o golpe de Estado e entrada da Ditadura Militar, durante o Governo de Jango, o golpe começou a ser elaborado pe-
houve uma repressão ao movimento Sindical. A economia do país los grupos conservadores e pelas Forças Armadas em diálogo com
teve expansão para o exterior, o que emergiu uma problemática os EUA (Estados Unidos da América) através da CIA (Central Intelli-
para a classe trabalhadora: o rebaixamento dos salários, super ex- gence Agency) pensando nas eleições de 1962 para o Congresso
ploração do trabalho, alta jornada de trabalho. “De modo sintético, Nacional e para o governo dos estados da União. A composição que
pode-se dizer que o movimento operário e sindical no pré-64 foi assumiria no ano seguinte seria de vital importância para os avan-
predominantemente reformista sobre a hegemonia forte do PCB, ços das propostas da esquerda e, por isso, interessados na queda
que aceitava a política de aliança policlassista entre o capital e o de Jango financiaram de forma ilegal campanhas de candidatos de
trabalho. Mas foi também um período de grandes lutas sociais e oposição ao governo. Esse financiamento foi realizado pelo empre-
grevistas.” (ANTUNES, 2007: 291) sariado nacional e estrangeiro através do IBAD (Instituto Brasileiro
No período da Ditadura Militar, houve uma privatização de da Ação Democrática). Os EUA também investiram nessa campanha
empresas estatais e uma expansão do capitalismo que ampliou sig- através de fontes governamentais, como provam documentos e áu-
nificativamente a classe trabalhadora. dios da Casa Branca. Nesse contexto o diplomata Lincoln Gordon
Após vários anos de repressão e controle, em 1978, as greves participou ativamente da conspiração, trabalhando juntamente ao
voltaram com intensidade e, em 1980, emerge um novo movimen- IBAD e ao IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais), respon-
to sindical denominado ou chamado “novo sindicalismo”. Esse sáveis por diversas propagandas anticomunistas que contribuíram
movimento sindical tem força junto à classe trabalhadora e atua para a desestabilização de um governo que já enfrentava diversos
fortemente na defesa dos interesses igualitários e na luta de classes desafios.
por seus direitos. Vai também abranger os trabalhadores rurais que Em 1963, a votação favorável ao retorno do presidencialismo
vêm com um forte movimento de luta pela reforma agrária. deu novos ânimos ao governo de Jango que, apesar das ações con-
trárias, ainda se mostrava com grande popularidade. Mesmo assim,
O movimento de 1964 e o ano de 1963 foi marcado por intensa atuação da direita e da es-
O Golpe Militar de 1964 redesenhou o panorama político, so- querda e esse embate começou a ser favorável a direita a partir da
cial, econômico e cultural brasileiros pelas duas décadas seguintes. derrota da emenda constitucional que buscava viabilizar a reforma
Executado no dia 31 de março daquele ano, o golpe levou à depo- agrária. Outro fato que abalou Brasília em 1963 foi a Rebelião dos
sição de João Goulart e fez se instalar no país uma ditadura militar Sargentos na qual sargentos da Aeronáutica e da Marinha invadi-
que durou até o ano de 1985. ram o Supremo Tribunal Federal em protesto contra a declaração
Apesar de ter ocorrido no ano de 1964, o golpe passou a ser de inelegibilidade dos sargentos eleitos em 1962.
desenhado desde as primeiras medidas de João Goulart, conhecido O cenário ficou ainda mais conturbado após a entrevista con-
como Jango. O cenário de sua posse em 07 de setembro de 1961 já cedida por Carlos Lacerda a um jornal norte-americano, no qual de-
era conturbado: desestabilidade política, inflação, esgotamento do clarou que o cenário político brasileiro sob o governo de Jango era
ciclo de investimentos do governo Juscelino Kubitschek, grande de- de incertezas, ato que foi visto com maus olhos pelo presidente e
sigualdade social e intensas movimentações em torno da questão o levou a solicitar ao Congresso a instalação do estado de sítio. Sua
agrária. Diante desse cenário e de acordo com suas tendências po- atitude foi vista de forma negativa pelos governadores dos esta-
líticas, declaradamente de esquerda, Jango apostou nas Reformas dos que lhe recusaram apoio. Uma nova coligação entre PTB, UDN
de Base para enfrentar os desafios lançados a seu governo. e PSD mostrou ter a mesma posição, o estado de sítio não seria
As Reformas de Base propunham diversas reformas: urbana, aprovado pelo Congresso. Desse embate, Jango saiu com seu poder
bancária, eleitoral, universitária e do estatuto do capital estrangei- abalado.
ro. Dentre elas, três incomodavam de forma especial à direita. A re- Com inflação anual na casa de 79,9%, um crescimento econô-
forma eleitoral colocaria novamente no jogo político o Partido Co- mico tímido (1,5%) o Brasil passou a sofrer restrições dos credores
munista e permitiria que analfabetos votassem, o que correspondia internacionais. Nesse contexto, os EUA passaram a financiar o gol-
a 60% da população brasileira. Essas medidas poderiam provocar pe através dos governos dos estados de São Paulo, Guanabara (atu-
grandes mudanças no equilíbrio dos partidos políticos dominantes al Rio de Janeiro) e Minas Gerais. Frente às pressões sofridas nos
naquele contexto. A reforma do estatuto do capital estrangeiro meses que se seguiram, Jango articulou o Comício da Central do
também provocou polêmica ao propor nova regulamentação para Brasil. Ocorrido em uma sexta-feira, 13 de março de 1964, o evento
a remessa de lucros para fora do Brasil e propunha a estatização da esteve cercado de simbologias que o ligavam a figura de Getúlio
indústria estratégica. Mas nenhuma delas foi alvo de tantas espe- Vargas e mobilizou entre 150 e 200 mil pessoas por mais de 4 horas

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ATUALIDADES
de duração. Como havia se comprometido em seu discurso, Jango como a Ordem dos Advogados do Brasil, sempre se opuseram à
encaminhou ao Congresso o pedido de convocação de um plebisci- sua vigência, denunciando-a como um instrumento limitador das
to para a aprovação das reformas sugeridas e a delegação de prer- garantias individuais e do regime democrático.
rogativas do Legislativo para o Executivo, o que foi visto como uma Mas a lei 7170/83 é a versão mais recente de uma legislação
tentativa de centralização do poder nas mãos do presidente. que ganhou forma em 1935, durante o governo do então presiden-
Em reação às ações de Jango, o Congresso passou a suspeitar te Getúlio Vargas, e foi sendo alterada por novas leis ou decretos
de suas intenções e essa posição repercutiu nos meios de comuni- presidenciais ao longo do tempo.
cação em um tom que indicava que o presidente poderia a qual- Durante o período dos governos militares (1964-1985), dife-
quer momento dissolver o Congresso para colocar em prática as rentes versões da Lei de Segurança Nacional foram usadas, princi-
reformas na base da força. A partir desse clima de desconfianças e palmente, contra os que se opunham à ditadura.
alardes, foi organizada a Marcha da Família com Deus pela Liberda- Com o fim do regime militar, a legislação que prevê crimes que
de, preparada pelo IPES sob a figura da União Cívica Feminina com ameacem ou comprometam a soberania nacional, o regime demo-
o apoio de setores de direita. A Marcha reuniu cerca de 500 mil pes- crático e os chefes dos Três Poderes continuou sendo aplicada pela
soas na Praça da República, na capital paulista, em protesto contra Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
o governo de Jango e suas pretensões, classificadas como comu-
nistas. Sendo um movimento prioritariamente de classe média, a DO PERÍODO MILITAR NO BRASIL
Marcha foi menosprezada pela esquerda, mas demonstrou seu po- ATÉ A NOVA REPUBLICA BRASILEIRA
der em converter a opinião pública a respeito de João Goulart em
diversas capitais, alastrando-se pelos estados com a contribuição 1964 - Golpe de 1964
dos meios de comunicação. Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da
Ainda faltava a unificação das forças militares em favor do gol- política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta
pe, o que foi provocado pelas atitudes tomadas por Jango em rela- época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia,
ção aos marinheiros que participaram da Revolta dos Marinheiros, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política
realizada em 25 de março. Ao anistiar os revoltosos e passar por e repressão aos que eram contra o regime militar.
cima das autoridades militares responsáveis, Jango deu o último A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Qua-
elemento necessário à realização do golpe de 1964: o apoio das dros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a
Forças Armadas. Os EUA já estavam a postos para colocar em prá- presidência num clima político adverso. O governo de João Gou-
tica a Operação Brother Sam e, em 31 de março de 1964, o pon- lart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais.
tapé foi dado pelos mineiros, sob a liderança do general Olympio Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam
Mourão Filho, que marchou com suas tropas de Juiz de Fora para espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como,
o Rio de Janeiro e iniciou o processo de deposição do presidente por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares
João Goulart com o apoio dos EUA e das Forças Armadas. O Gol- e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado
pe foi concluído na madrugada de 02 de abril de 1964, quando o socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge
Congresso, em sessão secreta realizada de madrugada, declarou a da Guerra Fria.
Presidência da República vaga. Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo
A Lei de Segurança Nacional é um documento legal que os pa- preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras bra-
íses instituem para regular as regras referentes à segurança nacio- sileiras, temiam um golpe comunista.
nal, a ordem e contra distúrbios sociais em seus territórios. Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional
Lei de Segurança Nacional do Brasil é uma lei que visa garan- (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de es-
tir a segurança nacional do Estado contra a subversão da lei e da tar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela
ordem. No Brasil, a atual Lei de Segurança Nacional (LSN) é a de carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.
número 7.170, de 14 de dezembro de 1983,[8] que define os crimes No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande
contra a segurança nacional, a ordem política e social, além de es- comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende as Re-
tabelecer seu processo e julgamento. formas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na
O Brasil teve diversas leis de segurança nacional, desde 1935: estrutura agrária, econômica e educacional do país.
• Lei 38, de 4 de abril de 1935. Foi posteriormente reforçada Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam
pela Lei nº 136, de 14 de dezembro do mesmo ano, pelo Decreto- uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Mar-
-Lei 431, de 18 de maio de 1938 e pelo Decreto-Lei 4.766, de 1º de cha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de
outubro de 1942, que definia crimes militares e contra a segurança pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.
do Estado. O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a
• Lei 1.802, de 5 de janeiro de 1953. cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e
• Decreto-Lei 314, de 13 de março de 1967. Transformava em São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o
legislação a Doutrina de Segurança Nacional, que se tornara fun- país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9
damento do Estado após a tomada do governo pelos militares em de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este Ato
1964. cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a
• Decreto-Lei 898, de 29 de setembro de 1969. Essa Lei de estabilidade de funcionários públicos.
Segurança Nacional foi a que vigorou por mais tempo no regime
militar. GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
Após a queda da ditadura do Estado Novo em 1945, a Lei de
Segurança Nacional foi mantida nas Constituições brasileiras que Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Na-
se sucederam. No período dos governos militares (1964-1985), o cional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em seu pro-
princípio de segurança nacional iria ganhar importância com a for- nunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar
mulação, pela Escola Superior de Guerra, da doutrina de segurança seu governo, assume uma posição autoritária.
nacional. Setores e entidades democráticas da sociedade brasileira, Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissol-

39
ATUALIDADES
ver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época do Milagre Eco-
tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos nômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano,
políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos internos e
intervenção do governo militar. empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base de
Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estava au- infraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de em-
torizado o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrá- pregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram
tico Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói.
Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a con-
segundo representava os militares. ta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros gera-
O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Cons- ram uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do
tituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de Brasil.
1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de
atuação. GOVERNO GEISEL (1974-1979)

GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969) Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que
começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu
Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e governo coincide com o fim do milagre econômico e com a insa-
Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu tisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão
governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A opo- mundial interferem na economia brasileira, no momento em que
sição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos os créditos e empréstimos internacionais diminuem.
Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A
Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários parali- oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o
sam fábricas em protesto ao regime militar. MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos
A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades.
idealistas de esquerda, assaltam bancos e sequestram embaixado-
Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos
res para obterem fundos para o movimento de oposição armada.
do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Ins-
membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á as-
titucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar,
sassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro
pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias
de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação
do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.
semelhante.
Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e
GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969)
abre caminho para a volta da democracia no Brasil.
Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar for-
mada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).
Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o em- A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o pro-
baixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a liber- cesso de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo de-
tação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. creta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil para
Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por
Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com a repres-
de “guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva”. são clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa
No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de Abril de
pelas forças de repressão em São Paulo. 1981, uma bomba explode durante um show no centro de conven-
ções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por
GOVERNO MÉDICI (1969-1974) militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado.
Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluriparti-
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general darismo no país. Os partidos voltam a funcionar dentro da norma-
Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais duro lidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB
e repressivo do período, conhecido como «anos de chumbo». A passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos
repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro,
filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censu- A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já
radas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores
são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI- Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários
-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a
Operações de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com
repressão do governo militar. o fortalecimento dos sindicatos.
Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol
Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O
forças militares. movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira
que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para
O Milagre Econômico a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos
Deputados.
Na área econômica o país crescia rapidamente. Este período que É denominado «Nova República” na história do Brasil, o perío-

40
ATUALIDADES
do imediatamente posterior ao Regime Militar, época de exceção Real, elaborado e efetivado por nomes como Gustavo Franco e Fer-
das liberdades fundamentais e de perseguição a opositores do po- nando Henrique Cardoso.
der. Esse último, parlamentar e sociólogo por formação, candida-
É exatamente pela repressão do período anterior que afloram, tou-se à presidência, vencendo o pleito e ocupando esse cargo de
de todos os setores da sociedade brasileira o desejo de iniciar uma 1994 a 1998. Depois, foi reeleito e governou até 2002. Nas elei-
nova fase do governo republicano no país, com eleições diretas, ções de 2002, um dos partidos que haviam nascido no período da
além de uma nova constituição que contemplasse as aspirações de abertura democrática, o PT – Partido dos Trabalhadores, conseguiu
todos os cidadãos. Pode-se denominar tal período também como a eleger seu candidato: Luís Inácio Lula da Silva, que, a exemplo de
Sexta República Brasileira. Fernando Henrique, governou o país por oito anos, de 2002 a 2010.
A Nova República inicia-se com o fim do mandato do presi- A sucessora de Lula, a também filiada ao PT, Dilma Rousseff, go-
dente e general João Batista de Oliveira Figueiredo, mas mesmo vernou o país de 2010 até 2016, quando teve aprovado no senado
antes disto, o povo havia dado um notável exemplo de união e de o processo de impeachment, saindo de cena portanto e tendo seu
cidadania, ao sair às ruas de todo país, pressionando o legislativo vice o papel de assumir o governo em meio à maior crise econômica
a aprovar a volta da eleição direta para presidente, a Campanha e politica que o Brasil já viveu dentro da nova republica.
das Diretas-Já, que não obteria sucesso, pois a Emenda Dante de Em relação ao aspecto econômico, a longa e profunda crise
Oliveira, como ficou conhecida a proposta de voto direto, acabou que o Brasil atravessa deixa um rastro de impactos negativos sobre
não sendo aprovada. o sistema de produção, o mercado de trabalho e a qualidade de
No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o vida das famílias brasileiras. Há indicadores objetivos que dão sus-
deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como tentação à percepção de que os dias são difíceis: o achatamento do
novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democráti- valor real dos salários, a redução do poder de compra, os elevados
ca – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal. níveis de desemprego, a epidemia de endividamento, os aumentos
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente nos preços dos combustíveis (apesar do momentâneo controle da
antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José inflação), o crescimento da concentração de renda, certa estagna-
Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A ção da economia (estimativa de baixo crescimento do PIB), a reto-
Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e esta-
mada da política de privatizações e o fenômeno da desindustrializa-
beleceu princípios democráticos no país.
ção que assola o país (apesar da recente baixa de juros), a falência
de empresas e negócios, a continuidade dos gigantescos déficits
Brasil na atualidade
públicos, o aumento da tributação (falta de correção na tabela do
IRPF, por exemplo), a comprovada mobilidade social descendente
Quando falamos de Brasil Atual, geralmente nos referimos a
(com muitos cruzando novamente para baixo da linha da pobreza),
temas que dizem respeito aos últimos trinta anos de nossa história,
o crescimento da fome e da miséria, acentuando, assim, a já enor-
isto é, desde o fim dos Governo Militares até os dias de hoje. Nes-
se sentido, comentaremos temas relativos a esse período, que vai me desigualdade social que caracteriza o Brasil.
desde a abertura democrática, começada com a Lei de Anistia (de Em relação ao cenário político, o novo presidente eleito her-
1979), até as manifestações populares que ocorreram nos anos de dará enormes desafios: crescente e insustentável dívida pública,
2013 e 2015. uma população polarizada e uma oposição ferrenha, uma indústria
Nesse arco temporal, diversos temas interpõem-se. O Movi- em frangalhos, além da “obrigação” de cumprir algumas promessas
mento pelas Diretas Já é um dos primeiros e mais significativos. eleitorais que analistas dizem beirar o infactível.
Com a abertura política articulada entre civis e militares, entre os
anos de 1979 e 1985, a população vislumbrou a possibilidade de Geografia do Brasil
voltar a exercer o direito ao voto direto na eleição de seus repre-
sentantes. Entretanto, o primeiro presidente civil, após o longo A Geografia do Brasil compreende aspectos como área, clima,
período militar, foi eleito indiretamente em 1985. Seu nome era hidrografia, relevo, vegetação, entre outros.
Tancredo Neves, que faleceu antes de tomar posse. José Sarney, Localizado na América do Sul, sua extensão é de mais de 8,5
eleito vice, assumiu o cargo, exercendo-o até 1989. milhões de quilômetros quadrados de extensão (8.515.759,090
O governo Sarney foi um dos mais conturbados da chamada km2) o que faz dele o quinto maior país do mundo.
“Nova República”, sobretudo pelos transtornos econômicos pelos Também é um dos países mais populosos. Apesar de ter
quais o país passou. Todavia, foi durante o governo Sarney que 204.450.649 habitantes é qualificado como pouco povoado pelo
foi reunida a constituinte para a elaboração da nova Constituição fato de que conta com 22,4 hab./km2.
Federal. O processo de elaboração da carta constitucional foi en- O país está dividido em cinco regiões (Nordeste, Norte, Cen-
cabeçado por Ulisses Guimarães, um dos líderes do novo partido tro-Oeste, Sudeste e Sul) e tem 26 estados e um Distrito Federal.
herdeiro do MDB, o PMDB. A versão oficial da Constituição ficou Faz fronteira com Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Fran-
pronta em 1988. Nela havia o restabelecimento da ordem civil de- cesa, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Isso
mocrática e das liberdades individuais, bem como a garantia das quer dizer que faz fronteira com quase todos os países desse sub-
eleições diretas. continente americano, exceto com Chile e Equador.
Em 1989, as primeiras eleições diretas ocorreram e foi eleito O relevo brasileiro é formado principalmente por planaltos e
como presidente Fernando Collor de Melo. Collor também de- depressões. O Brasil é banhado pelo oceano Atlântico e possui as
senvolveu um governo com forte instabilidade econômica, porém maiores bacias hidrográficas do mundo.
permeado também com grandes escândalos políticos, que desen- População Brasileira
cadearam contra ele um processo de impeachment, diante do qual
preferiu renunciar ao cargo de presidente. O vice de Collor, Itamar A expectativa de vida da população brasileira é de 73 anos.
Franco, continuou no poder até o término do mandato, na passa- São Paulo é o estado mais populoso do Brasil com 41,2 milhões
gem de 1993 para 1994. de habitantes. Depois dele, Minas Gerais, com 19,5 milhões de ha-
Nesse período, um importante dispositivo financeiro foi criado bitantes.
para resolver o problema das sucessivas crises econômicas: o Plano Esses dados mostram que a região brasileira com maior con-

41
ATUALIDADES
centração populacional é o Sudeste. Relevo brasileiro
Enquanto isso, o estado brasileiro que tem a população mais
pequena é Roraima, com 451,2 mil habitantes. Estrutura Geológica do Brasil
Relevo Brasileiro
Os planaltos, áreas elevadas e planas, ocupam a maior parte do Três estruturas geológicas distintas compõem o Brasil: escudos
nosso território, cerca de 5.000.00 km2. São divididos em: cristalinos, bacias sedimentares e terrenos vulcânicos.
• Planalto das Guianas
• Planalto Brasileiro
• Planalto Central
• Planalto Meridional
• Planalto Nordestino
• Serras e Planaltos do Leste e do Sudeste,
• Planalto do Maranhão-Piauí
• Planalto Dissecado de Sudeste (Escudo Sul-Riograndense)
Junto com as depressões, áreas mais baixas, os planaltos ocu-
pam cerca de 95% do território nacional. As principais depressões
do nosso país são Depressões Norte e Sul Amazônica.
As principais planícies do Brasil, que se caracterizam pela áreas
planas quase sem variação de altitude são: Planície Amazônica, Pla-
nície do Pantanal e Planície Litorânea.
Área de mineração na Serra dos Carajás, nesse local é extraído
Hidrografia Brasileira minério de ferro formado em escudos cristalinos.

Ao todo, o Brasil tem 12 regiões hidrográficas, dentre as quais A realização de estudos direcionados ao conhecimento ge-
a bacia amazônica, a maior de todas. São elas: ológico é de extrema importância para saber quais são as principais
• Região Hidrográfica Amazônica jazidas minerais e sua quantidade no subsolo. Tal informação pro-
• Região Hidrográfica Tocantins Araguaia porciona o racionamento da extração de determinados minérios,
• Região Hidrográfica do Paraná de maneira que não comprometa sua reserva para o futuro.
• Região Hidrográfica do São Francisco A superfície brasileira é constituída basicamente por três es-
• Região Hidrográfica do Paraguai truturas geológicas: escudos cristalinos, bacias sedimentares e ter-
• Região Hidrográfica do Uruguai renos vulcânicos.
• Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental • Escudos cristalinos: são áreas cuja superfície se constituiu
• Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental no Pré-Cambriano, essa estrutura geológica abrange aproximada-
• Região Hidrográfica do Parnaíba mente 36% do território brasileiro. Nas regiões que se formaram no
• Região Hidrográfica Atlântico Leste éon Arqueano (o qual ocupa cerca de 32% do país) existem diversos
• Região Hidrográfica Atlântico Sudeste tipos de rochas, com destaque para o granito. Em terrenos forma-
• Região Hidrográfica Atlântico Sul dos no éon Proterozoico são encontradas rochas metamórficas,
onde se formam minerais como ferro e manganês.
Clima Brasileiro • Bacias sedimentares: estrutura geológica de formação
mais recente, que abrange pelo menos 58% do país. Em regiões
Na maior parte do país o clima é quente, o que decorre da sua onde o terreno se formou na era Paleozoica existem jazidas car-
localização, entre a Linha do Equador e o Trópico de Capricórnio. boníferas. Em terrenos formados na era Mesozoica existem jazidas
Apesar disso existem 6 principais tipos de climas no Brasil: petrolíferas. Em áreas da era Cenozoica ocorre um intenso proces-
Equatorial, Tropical, Tropical Semiárido, Tropical de Altitude, Tro- so de sedimentação que corresponde às planícies.
pical Litorâneo e Subtropical. • Terrenos vulcânicos: esse tipo de estrutura ocupa somente
8% do território nacional, isso acontece por ser uma formação mais
Vegetação Brasileira rara. Tais terrenos foram submetidos a derrames vulcânicos, as
lavas deram origem a rochas, como o basalto e o diabásio, o primei-
No nosso país localiza-se a maior floresta tropical do Mundo. ro é responsável pela formação dos solos mais férteis do Brasil, a
Parte da Floresta Amazônica, o “Pulmão do Mundo”, também en- “terra roxa”.
contra-se em outros 8 países da América do Sul.

A vegetação brasileira é constituída principalmente por:


• Caatinga
• Cerrado
• Mangue
• Pampa
• Pantanal
• Mata Atlântica
• Mata das Araucárias
• Mata dos Cocais
• Amazônia

42
ATUALIDADES
Tipos de Relevo Existem quatro tipos de montanhas: as vulcânicas, que se for-
mam a partir de vulcões; as de erosão, que surgem a partir da ero-
A superfície terrestre é composta por diferentes tipos de rele- são do relevo ao seu redor, levando milhões de anos para serem
vo: montanhas, planícies, planaltos e depressões. formadas; as falhadas, originadas a partir de falhamentos na crosta,
que geram uma ruptura entre dois blocos terrestres, ficando soer-
guidos um sobre o outro; e as dobradas, que se originam a partir
dos dobramentos terrestres causados pelo tectonismo. De todos
esses tipos, o último é o mais comum.

Planaltos

As diferentes feições da superfície


formam os diferentes tipos de relevo

O relevo corresponde às variações que se apresentam sobre


a camada superficial da Terra. Assim, podemos notar que o relevo
terrestre apresenta diferentes fisionomias, isto é, áreas com dife-
rentes características: algumas mais altas, outras mais baixas, al- Imagem do planalto tibetano
gumas mais acidentadas, outras mais planas, entre outras feições.
Para melhor analisar e compreender a forma com que essas Os planaltos – também chamados de platôs – são definidos
dinâmicas se revelam, foi elaborada uma classificação do relevo como áreas mais ou menos planas que apresentam médias altitu-
terrestre com base em suas características principais, dividindo-o des, delimitações bem nítidas, geralmente compostas por escarpas,
em quatro diferentes formas de relevo: as montanhas, os planaltos, e são cercadas por regiões mais baixas. Neles, predomina o proces-
as planícies e as depressões. so de erosão, que fornece sedimentos para outras áreas.
Existem três principais tipos de planaltos: os cristalinos, for-
Montanhas mados por rochas cristalinas (ígneas intrusivas e metamórficas) e
compostos por restos de montanhas que se erodiram com o tem-
po; os basálticos, formados por rochas ígneas extrusivas (ou vulcâ-
nicas) originadas de antigas e extintas atividades vulcânicas; e os
sedimentares, formados por rochas sedimentares que antes eram
baixas e que sofreram o soerguimento pelos movimentos internos
da crosta terrestre.

Planaltos do Brasil

No território brasileiro há um predomínio de planaltos. Esse


tipo de relevo ocupa cerca de 5.000.00 km2 da área total do país,
do qual as formas mais comuns são os picos, serras, colinas, morros
e chapadas.
De maneira geral, o planalto brasileiro é dividido em planalto
meridional, planalto central e planalto atlântico:

Planalto Central

O planalto central está localizado nos Estados de Minas Gerais,


Os Alpes, na Europa, formam uma cadeia de montanhas Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O local possui grande potencial elétrico com presença de mui-
As montanhas são formas de relevo que se caracterizam pela tos rios, donde se destacam os rios São Francisco, Araguaia e To-
elevada altitude em comparação com as demais altitudes da su- cantins.
perfície terrestre. Quando tidas em conjunto, elas formam cadeias Além disso, há o predomínio de vegetação do cerrado. Seu
chamadas de cordilheiras, a exemplo da Cordilheira dos Andes, na ponto de maior altitude é a Chapada dos Veadeiros, localizada no
América do Sul, e da Cordilheira do Himalaia, na Ásia. estado de Goiás e com altitudes que variam de 600 m a 1650 m.

43
ATUALIDADES
Planalto das Guianas Planícies

Localizado nos estados do Amazonas, Pará, Roraima e Amapá,


o planalto das guianas é uma das formações geológicas mais anti-
gas do planeta.
Ele se estende também pelos países vizinhos: Venezuela, Co-
lômbia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Formado em sua maioria, por vegetação tropical (Floresta
Amazônica) e serras. É aqui que se encontra o ponto mais alto do
relevo brasileiro, ou seja, o Pico da Neblina com cerca de 3.000 me-
tros de altitude, localizado na Serra do Imeri, no Estado do Ama-
zonas.

Planalto Brasileiro

Formado pelo Planalto Central, Planalto Meridional, Planalto


Nordestino, Serras e Planaltos do Leste e Sudeste, Planaltos do Ma-
ranhão-Piauí e Planalto Uruguaio-Rio-Grandense.
O ponto mais alto do planalto brasileiro é o Pico da Bandeira O Rio Amazonas é cercado por uma área de planície
com cerca de 2.900 metros, localizado nos estados do Espírito San-
to e de Minas Gerais, na serra do Caparaó. São áreas planas e com baixas altitudes, normalmente muito
próximas ao nível do mar. Encontram-se, em sua maioria, próximas
Planalto Meridional a planaltos, formando alguns vales fluviais ou constituindo áreas
litorâneas. Caracterizam-se pelo predomínio do processo de acu-
Localizado, em sua grande maioria, no sul do país, o planalto
mulação e sedimentação, uma vez que recebem a maior parte dos
meridional estende-se também pelas regiões do centro-oeste e su-
sedimentos provenientes do desgaste dos demais tipos de relevo.
deste no Brasil.
Seu ponto mais alto é Serra Geral do Paraná presente nos esta-
Planície Amazônica
dos do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
É dividido em: planalto arenito-basáltico, os quais formam as
Localizada no estado de Rondônia, esse tipo de relevo carac-
serras (cuestas) e a depressão periférica, caracterizada por altitu-
teriza a maior área de terras baixas no Brasil. As formas mais re-
des menos elevadas.
correntes são a região de várzeas, terraços fluviais (tesos) e baixo
Planalto Nordestino planalto.

Localizado na região nordeste do país, esse planalto possuem a Planície do Pantanal


presença de chapadas e serras cristalinas, donde destaca-se a Serra
da Borborema. Situada nos estados no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a
Ela está localizada nos Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraí- planície do pantanal é um terreno propenso às inundações. Portan-
ba e Rio Grande do Norte, com altitude máxima de 1260 m. to, ele é marcado por diversas regiões pantanosas.
Os picos mais elevados na Serra ou Planalto da Borborema é o Lembre-se que o Pantanal é a maior planície inundável do
Pico do Papagaio (1260 m) e o Pico do Jabre (1200 m). mundo.
Planície Litorânea
Serras e Planaltos do Leste e do Sudeste
Também chamada de planície costeira, a planície litorânea é
É conhecido pela denominação “mar de morros”. Envolve uma faixa de terra situada na região costeira do litoral brasileiro,
grande parte do planalto atlântico, no litoral do país, as serras e os que possui aproximadamente 600 km.
planaltos do leste e do sudeste.
Abrangem os estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Depressão
Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Destacam-se a Serra da Canastra, Serra do Mar e Serra da Man-
tiqueira.

Planalto do Maranhão-Piauí

Também chamado de planalto meio-norte, esse planalto está


localizado nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará.

Planalto Dissecado de Sudeste (Escudo Sul-rio-grandense)

Localizado no estado do Rio Grande do Sul, o escudo sul-rio-


-grandense apresenta elevações de até 550 metros, o qual caracte-
riza o conjunto de serras do estado.
Um dos pontos mais altos é o Cerro do Sandin, com 510 metros
de altitude. Mar morto, exemplo de depressão absoluta

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ATUALIDADES
São áreas rebaixadas que apresentam as menores altitudes da superfície terrestre. Quando uma localidade é mais baixa que o seu
entorno, falamos em depressão relativa, e quando ela se encontra abaixo do nível do mar, temos a depressão absoluta. O mar morto, no
Oriente Médio, é a maior depressão absoluta do mundo, ou seja, é a área continental que apresenta as menores altitudes, com cerca de
396 metros abaixo do nível do mar.

Urbanização: crescimento urbano, problemas estruturais, contingente populacional brasileiro

Para chegar ao tamanho atual, com um território integrado e sem riscos iminentes de fracionamento, muitos conflitos e processos de
exploração econômica ocorreram ao longo de cinco séculos. Uma série de fatores contribuiu para o alargamento do território, a partir da
chegada dos portugueses em 1500, alguns desses fatores foram:
- a sucessão de grandes produções econômicas para exportação (cana-de-açúcar, tabaco, ouro, borracha, café, etc.), além de culturas
alimentares e pecuária, em diferentes bases geográficas do território;
- as expedições (bandeiras) que partiam de São Paulo – então um colégio e um pequeno povoado fundado por padres jesuítas – e se
dirigiam ao interior, aproveitando a topografia favorável e a navegabilidade de afluentes do rio Paraná, para a captura de indígenas e a
busca de metais preciosos;
- a criação de aldeias de missões jesuíticas, em especial ao sul do território, buscando agrupar e catequizar grupos indígenas;
- o esforço político e administrativo da coroa portuguesa em assegurar a posse do novo território, especialmente após as ameaças da
efetiva ocupação de frações do território – ainda que por curtos períodos – por franceses e holandeses.
É importante destacar que a construção da unidade territorial nacional significou também o sistemático massacre, deslocamento ou
aculturação dos povos indígenas. Além de provocar a redução da diversidade cultural do país, determinou a imposição dos padrões cul-
turais europeus. A geração de riquezas exauriu também ao máximo o trabalho dos negros africanos trazidos a força, tratados como mera
mercadoria e de forma violenta e cruel. Nesse caso, houve imposições de ordem cultural: muitos grupos, ao longo do tempo, perderam
os ritos religiosos e traços culturais que possuíam.

Expansão Territorial do Brasil Colônia

Durante o período do capitalismo comercial (séculos XV a XVIII), as metrópoles europeias acumularam capital com a prática de ativi-
dades de retirada e comercialização de produtos primários (agrícolas e extrativistas), empreendida nos territórios conquistados. O Brasil
na condição de colônia portuguesa, consolidou-se como área exportadora de matérias-primas e importadora de bens manufaturados.
Esse sistema de exploração de matérias-primas permite explicar a formação e a expansão territorial do Brasil, juntamente com os
tratados assinados entre Portugal e Espanha (Tratado de Tordesilhas e Tratado de Madri), que acabaram por definir, com alguns acrésci-
mos posteriores, a área que hoje consideramos território brasileiro.

Tratado de Tordesilhas

Espanha e Portugal foram pioneiros na expansão maritimo-comercial europeia, iniciada no século XV, que ficou conhecida como
Grandes Navegações e que resultou na conquista de novas terras. Essas descobertas geraram diversas tensões e conflitos entre os dois
países que, na tentativa de evitar uma guerra, em 7 de junho de 1494 assinaram o Tratado de Tordesilhas, na pequena cidade de Tordesil-
has, na Espanha. Esse tratado estabeleceu uma linha imaginária que passava a 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde (África),
dividindo o mundo entre Portugal e Espanha: as terras situadas a leste seriam de Portugal enquanto as terras a oeste da Espanha.

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ATUALIDADES
Os limites do território brasileiro, estabelecidos por esse tratado, se estendiam do atual estado do Pará até o atual estado de Santa
Catarina. No entanto, esses limites não foram respeitados, e terras que seriam da Espanha foram ocupadas por portugueses e brasileiros,
contribuindo para que nosso país adquirisse a forma atual.

Tratado de Madri

O Tratado de Madri, assinado em 1750, praticamente garantiu a atual extensão territorial do Brasil. O novo acordo anulou o Tratado
de Tordesilhas e determinou que as terras pertencial a quem de fato as ocupasse, seguindo o princípio de uti possidetis.
Dessa forma, a Espanha reconheceu os direitos dos portugueses sobre as áreas correspondentes aos atuais estados de Mato Grosso
do Sul, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Rondônia, Pará, Amapá, entre outros.

De Arquipélago a Continente

É costume dizer que, ao longo do período de colonização portuguesa, o território brasileiro se assemelhava a um arquipélago – um
arquipélago econômico.
Por que um arquipélago? As regiões do Brasil colônia que foram palco da produção agroexportadora se mantiveram sob o domínio
do poder central da metrópole portuguesa, formando assim um arquipélago geográfico. Já que não existiam ligações entre as regiões. O
mesmo ocorreu no Brasil independente.

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ATUALIDADES

A expansão econômica

A expansão de atividades dos colonizadores avançou gradativamente das faixas litorâneas para o interior. Nos primeiros dois séculos,
formou-se um complexo geoeconômico no Nordeste do país. Para cultivar a cana-de-açúcar, os colonos passaram a importar escravos
africanos. A primeira leva chegou já em 1532, num circuito perverso do comércio humano que durou até 1850. Conforme os geógrafos
Hervé Théry e Neli Mello, a produção de cana gerou atividades complementares, como a plantação do tabaco, na região do Recôncavo
Baiano, a criação de gado nas zonas mais interiores e as culturas alimentares no chamado Agreste (transição da Zona da Mata úmida para
o semiárido).
A pecuária desempenhou importante papel na ocupação do interior, aproveitando-se o rebrotar das folhas na estação das águas nas
caatingas arbustivas mais densas, além dos brejos e dos trechos de matas. Com a exploração das minas de ouro descobertas mais ao sul,
foram necessários também carne, couro e outros derivados, além de animais para o transporte.
Desse modo, a pecuária também se consolidou no alto curso do rio São Francisco, expandiu-se para áreas onde hoje se encontram o
Piauí e o Ceará, e para o Sul, seguindo o curso do “Velho Chico”, até o Sudeste e o Sul do território. Vários povoados foram surgindo ao
longo desses percursos, oferecendo pastos para descanso e engorda e feiras periódicas.
A organização do espaço no Brasil central ganhou contornos mais nítidos com a exploração do ouro, diamantes e diversos minerais
preciosos, especialmente em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, ao longo do século XVIII, o que deu origem à criação de inúmeros núcle-
os urbanos nas rotas das minas.
Nos séculos XVIII e XIX, a constituição do território começou a se consolidar com a ocupação da imensa frente amazônica. Por mo-
tivações mais políticas do que econômicas – a defesa do território contra incursões de corsários estrangeiros -, a região passou a ser
ocupada com a instalação de fortes e missões, acompanhando o curso do rio Amazonas e alguns de seus afluentes. Esse avanço ocorreu
inclusive sobre domínios espanhóis, que estavam mais interessados no ouro e na exploração dos nativos do México e do Peru e em rotas
comerciais do mar do Caribe (América Central) e no rio da Prata, na parte mais meridional da América do Sul.
A dinamização das fronteiras amazônicas ocorreu mais efetivamente com o surto da borracha, no fim do século XIX e início do século
XX. O desenvolvimento da indústria automobilística justificava a demanda por borracha par a fabricação de pneus. Esse período curto,
mas virtuoso, foi responsável pela atração de mais de 1 milhão de nordestinos, que fugiam da terrível seca que se abateu sobre o sertão
nordestino em 1877.
Os períodos econômicos indicados, em seus momentos de apogeu e crise, contribuíram para determinar um processo de regional-
ização do território, marcando a diferenciação de áreas. Ao mesmo tempo, contribuíram para a integração territorial.

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ATUALIDADES

Café, Ferrovias, Fábricas e Cidades

O enredo de formação do território brasileiro culminou, ainda no século XIX, com a economia cafeeira e a constituição de um núcleo
econômico no Sudeste do país. A cultura do café, em sua origem próxima à cidade do Rio de Janeiro, expandiu-se pelo vale do rio Paraíba
do Sul para os estados de São Paulo e de Minas Gerais. Mas foi no planalto ocidental paulista, sobre os solos férteis de terra roxa (do
italiano rossa, que significa vermelha), que o café mais se desenvolveu. Em torno desse circuito econômico, foram construídas as ferrovias
para escoar o produto do interior paulista ao porto de Santos. No caminho, São Paulo, a pequena vila do final do século XIX, foi crescendo
rapidamente, transformando-se em sede de empresas, bancos e serviços diversos e chegando a sediar a nascente industrialização do país.
O Rio de Janeiro, já na época um núcleo urbano considerável, também veio a exercer esse papel.
Ao longo do século XX, intensificou-se a concentração regional das riquezas. O Sudeste, e particularmente o eixo Rio – São Paulo,
passou a ser o meio geográfico mais apto a receber inovações tecnológicas e novas atividades econômicas, aumentando sua posição de
comando do país.

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ATUALIDADES
Fatores da Industrialização no Brasil

Vários fatores contribuíram para o processo de industrialização


no Brasil:
- a exportação de café gerou lucros que permitiram o investi-
mento na indústria;
- os imigrantes estrangeiros traziam consigo as técnicas de fab-
ricação de diversos produtos;
- a formação de uma classe média urbana consumidora, es-
timulou a criação de indústrias;
- a dificuldade de importação de produtos industrializados du-
rante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) estimulou a indústria.
A passagem de uma sociedade operária para uma urbano in-
dustrial, mudou a paisagem de algumas cidades brasileiras, princi-
palmente de São Paulo e Rio de Janeiro.

Observação: Resumo das fases do desenvolvimento industrial brasileiro


Durante o século XVIII e início do XIX, diversos tratados foram Mais de trezentos anos sem indústrias
assinados para o estabelecimento dos limites do território brasilei-
ro. Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a 1822) não
Esses tratados sempre envolveram Portugal e Espanha, com houve desenvolvimento industrial em nosso país. A metrópole proi-
exceção do Tratado de Utrecht (1713), assinado também com a bia o estabelecimento de fábricas em nosso território, para que os
França, para definir um trecho de limite no norte do Brasil (atual brasileiros consumissem os produtos manufaturados portugueses.
Mesmo com a chegada da família real (1808) e a Abertura dos Por-
estado do Amapá), e do Tratado de Petrópolis (1903), pelo qual,
tos às Nações Amigas, o Brasil continuou dependente do exterior,
num acordo com a Bolívia, o Brasil incorporou o trecho que corre-
porém, a partir deste momento, dos produtos ingleses.
sponde atualmente ao estado do Acre. Em 1801, ao ser estabeleci-
do o Tratado de Badajós, entre portugueses e espanhóis, os limites
História do início da industrialização
atuais de nosso país já estavam praticamente definidos.
Pelo Tratado de Santo Ildefonso ou Tratado dos Limites, assi-
Foi somente no final do século XIX que começou o desenvolvi-
nado em 1777 entre Portugal e a Espanha, esta última ficaria com a mento industrial no Brasil. Muitos cafeicultores passaram a investir
Colônia do Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões, mas parte dos lucros, obtidos com a exportação do café, no estabeleci-
devolveria à Coroa Portuguesa as terras que havia ocupado nos at- mento de indústrias, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro.
uais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Resolviam-se Eram fábricas de tecidos, calçados e outros produtos de fabricação
assim as contendas abertas pelo Tratado de Madrid de 1750. mais simples. A mão de obra usada nestas fábricas era, na maioria
das vezes, formada por imigrantes italianos.
Industrialização no Brasil
Era Vargas e desenvolvimento industrial
A industrialização no Brasil foi historicamente tardia ou retar-
datária. Enquanto na Europa se desenvolvia a Primeira Revolução Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945)
Industrial, o Brasil vivia sob o regime de economia colonial. que a indústria brasileira ganhou um grande impulso. Vargas teve
como objetivo principal efetivar a industrialização do país, privile-
giando as indústrias nacionais, para não deixar o Brasil cair na de-
pendência externa. Com leis voltadas para a regulamentação do
mercado de trabalho, medidas protecionistas e investimentos em
infraestrutura, a indústria nacional cresceu significativamente nas
décadas de 1930-40. Porém, este desenvolvimento continuou res-
trito aos grandes centros urbanos da região sudeste, provocando
uma grande disparidade regional.
Durante este período, a indústria também se beneficiou com
o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45), pois, os países euro-
peus, estavam com suas indústrias arrasadas, necessitando impor-
tar produtos industrializados de outros países, entre eles o Brasil.

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ATUALIDADES
Com a criação da Petrobrás (1953), ocorreu um grande desen- muito pequenas e o nível tecnológico é restrito diversas vezes não
volvimento das indústrias ligadas à produção de gêneros derivados alcançam uma boa produtividade e os custos são elevados, dessa
do petróleo (borracha sintética, tintas, plásticos, fertilizantes, etc.). forma, não conseguem competir no mercado, ou seja, não obtêm
lucros. Esse processo favorece o sistema migratório do campo para
Período JK a cidade, chamado de êxodo rural.
A problemática referente à distribuição da terra no Brasil é
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956 -1960) o de- produto histórico, resultado do modo como no passado ocorreu a
senvolvimento industrial brasileiro ganhou novos rumos e feições. posse de terras ou como foram concedidas.
JK abriu a economia para o capital internacional, atraindo indústrias A distribuição teve início ainda no período colonial com a
multinacionais. Foi durante este período que ocorreu a instalação criação das capitanias hereditárias e sesmarias, caracterizada pela
de montadoras de veículos internacionais (Ford, General Motors, entrega da terra pelo dono da capitania a quem fosse de seu inter-
Volkswagen e Willys) em território brasileiro. esse ou vontade, em suma, como no passado a divisão de terras foi
desigual os reflexos são percebidos na atualidade e é uma questão
Últimas décadas do século XX extremamente polêmica e que divide opiniões.

Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Brasil continuou Agricultura no Brasil atual
a crescer, embora, em alguns momentos de crise econômica, ela te-
nha estagnado. Atualmente o Brasil possui uma boa base industrial, Atualmente, a agricultura no Brasil é marcada pelo processo de
produzindo diversos produtos como, por exemplo, automóveis, mecanização e expansão das atividades em direção à região Norte.
máquinas, roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios A atividade do setor agrícola é uma das mais importantes da
industrializados, eletrodomésticos, etc. Apesar disso, a indústria economia brasileira, pois, embora componha pouco mais de 5% do
nacional ainda é dependente, em alguns setores, (informática, por PIB brasileiro na atualidade, é responsável por quase R$100 bilhões
exemplo) de tecnologia externa. em volume de exportações em conjunto com a pecuária, segun-
do dados da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério
Dados atuais da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI/Mapa). A produção
agrícola no Brasil, portanto, é uma das principais responsáveis pe-
- Felizmente, o Brasil está apresentando, embora pequena, re- los valores da balança comercial do país.
cuperação na produção industrial. De acordo com dados do IBGE, Ao longo da história, o setor da agricultura no Brasil passou por
divulgados em 1 de fevereiro de 2019, a indústria brasileira apre- diversos ciclos e transformações, indo desde a economia canaviei-
sentou crescimento de 1,1% em 2018. ra, pautada principalmente na produção de cana-de-açúcar durante
o período colonial, até as recentes transformações e expansão do
Estrutura fundiária do Brasil café e da soja. Atualmente, essas transformações ainda ocorrem,
sobretudo garantindo um ritmo de sequência às transformações
A estrutura fundiária corresponde ao modo como as pro- técnicas ocorridas a partir do século XX, como a mecanização da
priedades rurais estão dispersas pelo território e seus respectivos produção e a modernização das atividades.
tamanhos, que facilita a compreensão das desigualdades que acon- A modernização da agricultura no Brasil atual está diretamente
tecem no campo. associada ao processo de industrialização ocorrido no país durante
A desigualdade estrutural fundiária brasileira configura como o mesmo período citado, fator que foi responsável por uma recon-
um dos principais problemas do meio rural, isso por que interfere figuração no espaço geográfico e na divisão territorial do Brasil.
diretamente na quantidade de postos de trabalho, valor de salários Nesse novo panorama, o avanço das indústrias, o crescimento do
e, automaticamente, nas condições de trabalho e o modo de vida setor terciário e a aceleração do processo de urbanização colocar-
dos trabalhadores rurais. am o campo economicamente subordinado à cidade, tornando-o
No caso específico do Brasil, uma grande parte das terras do dependente das técnicas e produções industriais (máquinas, equi-
país se encontra nas mãos de uma pequena parcela da população, pamentos, defensivos agrícolas etc.).
essas pessoas são conhecidas como latifundiários. Já os mini- Podemos dizer que a principal marca da agricultura no Brasil
fundiários são proprietários de milhares de pequenas propriedades atual – e também, por extensão, a pecuária – é a formação dos
rurais espalhadas pelo país, algumas são tão pequenas que muitas complexos agrícolas, notadamente desenvolvidos nas regiões que
vezes não conseguem produzir renda e a própria subsistência fa- englobam os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
miliar suficiente. Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso e
Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorre uma Mato Grosso do Sul. Nesse contexto, destacam-se a produção de
discrepância em relação à distribuição de terras, uma vez que al- soja, a carne para exportação e também a cana-de-açúcar, em razão
guns detêm uma elevada quantidade de terras e outros possuem do aumento da necessidade nacional e internacional por etanol.
pouca ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a concentração Na região Sul do país, a produção agrícola é caracterizada pela
fundiária brasileira. ocupação histórica de grupos imigrantes europeus, pela expansão
É importante conhecer os números que revelam quantas são as da soja voltada para a exportação nos últimos decênios e pela in-
propriedades rurais e suas extensões: existem pelo menos 50.566 tensiva modernização agrícola. Essa configuração é preponder-
estabelecimentos rurais inferior a 1 hectare, essas juntas ocupam ante no oeste do Paraná e de Santa Catarina, além do norte do Rio
no país uma área de 25.827 hectares, há também propriedades de Grande do sul. Além da soja, cultivam-se também, em larga escala,
tamanho superior a 100 mil hectares que juntas ocupam uma área o milho, a cana-de-açúcar e o algodão. Na pecuária, a maior parte
de 24.047.669 hectares. da produção é a de carne de porco e de aves.
Outra forma de concentração de terras no Brasil é proveniente Na região Sudeste, assim como na região sul, a mecanização
também da expropriação, isso significa a venda de pequenas pro- e produção com base em procedimentos intensivos de alta tecno-
priedades rurais para grandes latifundiários com intuito de pagar logia são predominantes. Embora seja essa a região em que a agri-
dívidas geralmente geradas em empréstimos bancários, como são cultura encontra-se mais completamente subordinada à indústria,

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ATUALIDADES
destacam-se os altos índices de produtividade e uso do solo. Por Piauí e Bahia), por exemplo, é a área onde a pressão pela expansão
outro lado, com a maior presença de maquinários, a geração de das atividades agrárias ocorre mais intensamente, o que torna a
empregos é limitada e, quando muito, gerada nas agroindústrias. região Norte como o futuro centro de crescimento do agronegócio
As principais culturas cultivadas são o café, a cana-de-açúcar e a brasileiro. As atividades mais praticadas nessa região ainda são de
fruticultura, com ênfase para os laranjais. caráter extensivo e de baixa tecnologia, com ênfase na pecuária
primitiva, na soja em expansão e em outros produtos, que passam
a competir com o extrativismo vegetal existente.

Produção cafeeira em Alfenas, Minas Gerais

Na região Nordeste, por sua vez, encontra-se uma relativa plu- Pecuária extensiva na área de expansão agrícola da região Norte
ralidade. Na Zona da Mata, mais úmida, predomina o cultivo das
plantations, presente desde tempos coloniais, com destaque nova- As relações de trabalho no campo
mente para a cana, voltada atualmente para a produção de álcool Diminuição do sistema de parceria:
e também de açúcar. Nas áreas semiáridas, ressalta-se a presença
da agricultura familiar e também de algumas zonas com uma pro- Com a capitalização do campo, as relações de trabalho tradi-
dução mais mecanizada. O principal cultivo é o de frutas, como o cionais vão desaparecendo porque são substituídas pelo trabalho
melão, a uva, a manga e o abacaxi. Além disso, a agricultura de assalariado, ou porque o proprietário prefere deixar a terra ociosa
subsistência também possui um importante papel. á espera de valorização.
Já a região Centro-Oeste é a área em que mais se expande o
cultivo pela produção mecanizada, que se expande em direção à Expansão de um regime associativo:
Amazônia e vem pressionando a expansão da fronteira agrícola
para o norte do país. A Revolução Verde, no século passado, foi Com a capitalização do campo, as relações de trabalho tradicion-
a principal responsável pela ocupação dos solos do Cerrado nessa ais tendiam a desaparecer mais, porque são substituídas pelo trabalho
região, pois permitiu o cultivo de diversas culturas em seus solos de assalariado, no entanto, para diminuir custo e encargos, as grandes
elevada acidez. O principal produto é a soja, também voltada para empresas desenvolveram uma nova forma de trabalhar no campo, in-
o mercado externo. centivando o pequeno e o médio produtor a produzir para eles.

Êxodo rural

O êxodo rural corresponde ao processo de migração em mas-


sa da população do campo para as cidades, fenômeno que costuma
ocorrer em um período de tempo considerado curto, como o prazo
de algumas décadas. Trata-se de um elemento diretamente associa-
do a várias dinâmicas socioespaciais, tais como a urbanização, a in-
dustrialização, a concentração fundiária e a mecanização do campo.
Um dos maiores exemplos de como essa questão costuma ger-
ar efeitos no processo de produção do espaço pode ser visualiza-
do quando analisamos a conjuntura do êxodo rural no Brasil. Sua
ocorrência foi a grande responsável pela aceleração do processo
de urbanização em curso no país, que aconteceu mais por valores
repulsivos do que atrativos, isto é, mais pela saída de pessoas do
campo do que pelo grau de atratividade social e financeira das ci-
dades brasileiras.
O êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais intensa, em ap-
enas duas décadas: entre 1960 e 1980, mantendo patamares relati-
Produção mecanizada de soja no Mato Grosso vamente elevados nas décadas seguintes e perdendo força total na
entrada dos anos 2000. Segundo estudos publicados pela Embrapa
Por fim, a região Norte é caracterizada por receber, atual- (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o êxodo rural, nas
mente, as principais frentes de expansão, vindas do Nordeste e duas primeiras décadas citadas, contribuiu com quase 20% de toda a
do Centro-Oeste. A região do “matopiba” (Maranhão, Tocantins, urbanização do país, passando para 3,5% entre os anos 2000 e 2010.¹

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ATUALIDADES
De acordo com o Censo Demográfico de 2010 divulgado pelo Quando se fala em agronegócio é comum associar somente a
IBGE, o êxodo rural é, realmente, desacelerado nos tempos atuais. produção in natura, como grãos e leite, por exemplo, no entanto
Em comparação com o Censo anterior (2000), quando a taxa de esse segmento produtivo é muito mais abrangente, pois existe um
migração campo-cidade por ano era de 1,31%, a última amostra grande número de participantes nesse processo.
registrou uma queda para 0,65%. Esses números consideraram as O agronegócio deve ser entendido como um processo, na pro-
porcentagens em relação a toda a população brasileira. dução agropecuária intensiva é utilizado uma série de tecnologias
Se considerarmos os valores do êxodo rural a partir do número e biotecnologias para alcançar níveis elevados de produtividade,
de migrantes em relação ao tamanho total da população residente para isso é necessário que alguém ou uma empresa forneça tais
no campo no Brasil, temos que, entre 2000 e 2010, a taxa de êxodo elementos.
rural foi de 17,6%, um número bem menor do que o da década Diante disso, podemos citar vários setores da economia que
anterior: 25,1%. Na década de 1980, essa taxa era de 26,42% e, faz parte do agronegócio, como bancos que fornecem créditos, in-
na década de 1970, era de 30,02%. Portanto, nota-se claramente a dústria de insumos agrícolas (fertilizantes, herbicidas, inseticidas,
tendência de desaceleração, ao passo que as regiões Centro-Oeste sementes selecionadas para plantio entre outros), indústria de tra-
tores e peças, lojas veterinárias e laboratórios que fornecem vaci-
e Norte, até mesmo, apresentam um pequeno crescimento no
nas e rações para a pecuária de corte e leiteira, isso na primeira
número de habitantes do campo.
etapa produtiva.
Os principais fatores responsáveis pela queda do êxodo rural
Posteriormente a esse processo são agregados novos inte-
no Brasil são: a quantidade já escassa de trabalhadores rurais no
grantes do agronegócio que correspondem às agroindústrias re-
país, exceto o Nordeste, que ainda possui uma relativa reserva de sponsáveis pelo processamento da matéria-prima oriunda da agro-
migrantes; e os investimentos, mesmo que tímidos, para os pe- pecuária.
quenos produtores e agricultores familiares. Existem, dessa forma, A agroindústria realiza a transformação dos produtos primári-
vários programas sociais do governo para garantir que as pessoas os da agropecuária em subprodutos que podem inserir na pro-
encontrem melhores condições de vida no campo, embora esses dução de alimentos, como os frigoríficos, indústria de enlatados,
investimentos não sejam considerados tão expressivos. laticínios, indústria de couro, biocombustíveis, produção têxtil en-
Entre os efeitos do êxodo rural no Brasil, podemos destacar: tre muitos outros.
– Aceleração da urbanização, que ocorreu concentrada, so- A produção agropecuária está diretamente ligada aos alimen-
bretudo, nas grandes metrópoles do país, sobretudo as da região tos, processados ou não, que fazem parte do nosso cotidiano,
sudeste ao longo do século XX. Essa concentração ocorreu, princi- porém essa produção é mais complexa, isso por que muitos dos
palmente, porque o êxodo rural foi acompanhado de uma migração itens que compõe nossa vida são oriundos dessa atividade produti-
interna no país, em direção aos polos de maiores atratividades va, madeira dos móveis, as roupas de algodão, essência dos sabo-
econômicas e com mais acentuada industrialização; netes e grande parte dos remédios têm origem nos agronegócios.
– Expansão desmedida das periferias urbanas, com a formação A partir de 1970, o Brasil vivenciou um aumento no setor
de habitações irregulares e o crescimento das favelas em várias agroindustrial, especialmente no processamento de café, soja,
metrópoles do país; laranja e cana-de-açúcar e também criação de animais, principais
– Aumento do desemprego e do emprego informal: o êxodo produtos da época.
rural, acompanhado do crescimento das cidades, propiciou o au- A agroindústria, que corresponde à fusão entre a produção
mento do setor terciário e também do campo de atuação informal, agropecuária e a indústria, possui uma interdependência com
gerando uma maior precarização das condições de vida dos tra- relação a diversos ramos da indústria, pois necessitam de embala-
balhadores. Além disso, com um maior exército de trabalhadores gens, insumos agrícolas, irrigação, máquinas e implementos.
de reserva nas cidades, houve uma maior elevação do desemprego; Esse conjunto de interações dá à atividade alto grau de im-
– Formação de vazios demográficos no campo: em regiões portância econômica para o país, no ano de 1999 somente a agro-
como o Sudeste, o Sul e, principalmente, o Centro-Oeste, formar- pecuária respondeu por 9% do PIB do Brasil, entretanto, se en-
quadrarmos todas as atividades (comercial, financeira e serviços
am-se verdadeiros vazios demográficos no campo, com densidades
envolvidos) ligadas ao setor de agronegócios esse percentual se el-
demográficas praticamente nulas em várias áreas.
eva de forma significativa com a participação da agroindústria para
aproximadamente 40% do PIB total.
Já entre as causas do êxodo rural no Brasil, é possível citar:
Esse processo também ocorre nos países centrais, nos quais
– Concentração da produção do campo, na medida em que a a agropecuária responde, em média, por 3% do Produto Interno
menor disponibilidade de terras proporciona maior mobilidade da Bruto (PIB), mas os agronegócios ou agrobusiness representam um
população rural de média e baixa renda; terço do PIB. Essas características levam os líderes dos Estados Uni-
– Mecanização do campo, com a substituição dos trabalhadores dos e da União Européia a conduzir sua produção agrícola de modo
rurais por maquinários, gerando menos empregos no setor primário subsidiado pelos seus respectivos governos, esses criam medidas
e forçando a saída da população do campo para as cidades; protecionistas (barreiras alfandegárias, impedimento de impor-
– Fatores atrativos oferecidos pelas cidades, como mais em- tação de produtos de bens agrícolas) para preservar as atividades
pregos nos setores secundário e terciário, o que foi possível graças de seus produtores.
ao rápido – porém tardio – processo de industrialização vivido pelo Em suma, o agronegócio ocupa um lugar de destaque na
país na segunda metade do século XX. economia mundial, principalmente nos países subdesenvolvidos ou
em desenvolvimento, pois garante o sustento alimentar das pes-
Agronegócio e a produção agropecuária brasileira soas e sua manutenção, além disso, contribui para o crescimento
da exportação e do país que o executa.
O agronegócio, que atualmente recebe o nome de agrobusi-
ness (agronegócios em inglês), corresponde à junção de diversas
atividades produtivas que estão diretamente ligadas à produção e
subprodução de produtos derivados da agricultura e pecuária.

52
ATUALIDADES
Globalização e economia Tem-se, portanto, o fato de que os termos “globalização” e
“economia global” passaram a fazer parte do vocabulário dos es-
Sobre a globalização em si já falamos acima, vamos aqui abor- pecialistas, agentes econômicos e políticos, que normalmente
dar a globalização no contexto ecnomômico. são utilizados para caracterizar o processo atual de integração
A globalização da economia é o processo através do qual se ex- econômica à escala planetária e a perda de importância das econo-
pande no mercado, trata-se de buscar aumentos cada vez maiores a mias nacionais, afirmações de uma grande economia de mercado
fim de ampliar ao máximo o mercado. Discute-se, portanto a ideia de global. Traduzindo a realidade de um processo em movimento e em
que a globalização econômica poderá desempenhar este processo permanente transformação, não encontraram ainda uma aplicação
num contexto em que as dinâmicas de integração global se destacam uniforme e uma substancia teórica consolidada.
cada vez mais às dinâmicas das economias nacionais ou até mesmo Ainda sobre as questões da inserção internacional de países ou
regionais, também o sistema de relações econômicas e na valor- de espaços econômicos, é absolutamente indispensável o conjunto
ização da inserção coletiva e individual na economia globalizada. de referencias que servirão de suporte a analise que permitem for-
Assim, segundo Gonçalves (2003, p. 21): mular um conjunto de hipóteses que possam inserir positivamente
A globalização econômica pode ser entendida como a ocor- nas dinâmicas de internacionalização econômica e de constituição
rência simultânea de três processos. O primeiro é o aumento ex- de um espaço econômico integrado.
traordinário dos fluxos internacionais de bens, serviços e capitais. O
segundo processo é o acirramento da concorrência internacional. A Held (2001, p. 71) diz ainda:
evidencia empírica é pontual e, portanto, não há indicadores agre- Embora haja um reconhecimento de que a globalização
gados a esse respeito. O terceiro processo é o da crescente interde- econômica tanto gera perdedores quanto ganhadores, os neolib-
pendência entre agentes econômicos nacionais. erais frisam a difusão crescente da riqueza e da prosperidade em
Em uma época de complexidades organizacionais e um am- toda economia mundial – o efeito em cascata. A pobreza global,
biente mercadológico globalizado, compreender e aceitar esses segundo padrões históricos, caiu mais nos últimos cinquenta anos
desafios representa um dos mais importantes compromissos da do que nos quinhentos anteriores, e o bem-estar das populações de
sociedade capitalista na atualidade. A globalização por sua vez quase todas as regiões melhorou significamente nas ultimas déca-
compreende um processo de integração mundial que se baseia na das.
liberalização econômica, os países então se abrem ao fluxo inter- Este processo de globalização trata-se de um desenvolvimen-
nacional de bens, serviços e capitais. to da economia mundial, ou, pelo contrario, trata-se de um re-
sultado intrínseco e necessário do desenvolvimento e expansão
Gonçalves (2003, p. 22) coloca ainda que: das economias modernas baseadas na produção para o mercado.
Este fato é evidente quando levamos em conta que uma das Existe também o processo objetivo de integração econômica, de
características centrais da globalização econômica (a pós-moderni- expansão espacial das economias e de geração e aprofundamento
dade na sua dimensão econômica) é o próprio acirramento da con- de interdependências que tentam transformar as dinâmicas globais
corrência ou a maior contestabilidade do mercado mundial. que gera as dinâmicas locais e particulares que permanecem.
A globalização se apresenta como um ambiente contextual, No entanto considerar um fator importante em que assenta
pois reúne condições de atuar sobre o espaço herdado de tempos todo o processo de globalização, e que é a existência de uma
passados, compreendendo enfoques organizacionais construídos referência monetária. Este processo de globalização começa com
através da evolução, remodelando as novas necessidades do mer- o aparecimento da moeda e expande a utilização desta e se fixam
cado. as formas e as regras pelas quais é reconhecida como referencia
Segundo Ianni (2002, p. 19) convém ressaltar: comum.
A fábrica global instala-se além de toda e qualquer fronteira, Com o aparecimento de formas e funções ao sistema mon-
articulando capital, tecnologia, força de trabalho, divisão do tra- etário internacional atual, longo e complexo foi o processo de
balho social e outras forças produtivas. Acompanhada pela publici- evolução da economia mundial e diversas dinâmicas impulsionar-
dade, a mídia impressa e eletrônica, a indústria cultural, misturadas am a integração das diferentes economias locais. É fundamental
em jornais, revistas, livros, programas de radio, emissões de tele- neste processo e que determinou a passagem a uma nova fase
visão, videoclipes, fax, redes de computadores e outros meios de de evolução da economia mundial em que as dinâmicas de glo-
comunicação, informação e fabulação, dissolve fronteiras, agiliza balização claramente se tornaram dominantes.
os mercados, generaliza o consumismo. Provoca a desterritorial-
ização e reterritorialização das coisas, gentes e ideias. Promove o Mingst (2009, p. 265) diante dessas circunstancias descreve as
redimensionamento de espaços e tempos. seguintes palavras:
Este contexto da globalização da economia demanda uma inte- Nos derradeiros do século XX, crenças sobre a teoria econômica
gração dos agentes econômicos dentro de uma realidade competi- convergiram. Os princípios do liberalismo econômico mostraram-se
tiva de mercado, a velocidade da mudança e os desafios do mundo eficientes para elevar o padrão de vida dos povos no mundo intei-
globalizado demonstram uma necessidade de considerar circun- ro. As alternativas radicais que foram criadas para promover o de-
stancias em todos os campos de atuação, que evidenciam alguma senvolvimento econômico não mostraram ser viáveis, ainda que as
forma de tecnologia para alcançar seus objetivos. alternativas de capitalismo de estado tenham continuado atrativas
para alguns estados.
Quando se trata especificamente da economia, Ianni (1995, p. Contudo, essa divergência não significou a ausência de conflito
17-18): sobre questões da economia política internacional. A globalização
Toda economia nacional, seja qual for, torna-se província da econômica resultante do triunfo do liberalismo econômico tem en-
economia global. O modo capitalista de produção entra em uma frentado vários desafios.
época propriamente global, e não apenas internacional ou multi- A década de 70 do século XIX deve ser entendida como um
nacional. Assim, o mercado, as forças produtivas, a nova divisão período fundamental de evolução da economia mundial que marca
internacional do trabalho, a reprodução ampliada do capital desen- a passagem de uma fase inicial de processo de globalização, isso
volvem-se em escala mundial. poderá designar o inicio de uma globalização primitiva, para uma

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ATUALIDADES
fase de globalização efetiva, onde se estende até a atualidade. É ico, e, o dever de corrigir as distorções que o mercado global tende
importante que não se misture economia global com o conceito a produzir diante da fragilidade crescente por esse retrocesso nas
de economia mundial, a economia global não tende coincidir com questões sociais.
economia mundial, ela deve ser entendida na sua dimensão qualita- A globalização, no entanto, não perdoa as incertezas e as in-
tiva, enquanto espaço econômico e de outras realidades econômi- decisões, é capaz de transnacionalizar mercados, tecnologias, cul-
cas, nestes aspectos a globalização transforma a economia mundial turas, valores, com a queda das fronteiras nacionais, mundializa
numa economia global. O surgimento da economia global não vem também as crises.
marcar o esgotamento do processo de globalização, mas sim a en- Um fenômeno decorrente dos avanços tecnológicos e das
trada de uma nova fase que terá suas fases de desenvolvimento. telecomunicações, um conjunto de ações políticas econômicas e
Assim, diante de suas diferentes fases é possível distinguir a culturais que objetivam a integração do mundo todo permitindo a
sucessão de algumas grandes fases deste processo, a primeira delas transmissão de informações com extrema rapidez de uma parte a
corresponde aos primórdios da globalização, é a fase pré-economia outra do planeta.
que podemos chamar de globalização primitiva.
A segunda vai do inicio da década de 70 ate o inicio da 1ª Guer- Organização e estrutura do MERCOSUL
ra Mundial, é a fase que representa à economia global e coincide
O Mercosul estrutura-se a partir de alguns organismos rep-
com o sistema monetário, é a chamada globalização clássica. A ter-
resentados pelos países-membros efetivos do bloco que visam à
ceira é marcada regressão do funcionamento dos sistemas e das in-
correta estruturação dos acordos realizados. Esse bloco econômico
stituições econômicas internacionais, é a fase que designamos glo-
possui três grupos diferentes de países integrantes:
balização interrompida. A quarta fase apresenta uma dupla lógica
de integração econômica global, com a cisão da economia mundial, Membros permanentes: são aqueles países que fazem parte
com dois sistemas econômicos rivais, o sistema de economia de integralmente do Mercosul, adotam a TEC e compõem todos os
mercado e o de direção central, onde ambos procuram estender a acordos do bloco, além de possuírem poderes de votação em in-
sua área de influencia, a esta fase chamamos de globalização rival. stâncias decisórias. São membros permanentes a Argentina, o Bra-
A quinta fase vai de 1971 a 1989, fundamentalmente o que deter- sil, o Paraguai e o Uruguai. (A Venezuela foi aceita como membro
mina esta fase é a recomposição das relações de força a nível inter- permanente em 2012 e suspensa do bloco em dezembro de 2016 e
nacional, impulsionada por crises econômicas internacionais, fase em 05 de agosto de 2017).
esta que se denomina fase da globalização liberal. E então a sexta Membros associados: são aqueles países que não fazem par-
fase que caracteriza o retorno da economia mundial a uma lógica te totalmente dos acordos do Mercosul, principalmente por não
única de integração global, que se sobrepõe às lógicas nacionais ou adotarem a TEC, mas que integram o bloco no sentido de ampliar
mesmo regionais de equilíbrio interno e externo, chamamos esta suas trocas comerciais com os demais países do bloco. São mem-
de globalização uniforme. bros associados a Bolívia, o Chile, a Colômbia, o Equador, o Peru, o
Contudo, esta evolução do processo de globalização consider- Suriname e a Guiana.
ando evidencias aos seus marcadores genéticos e suas dinâmicas Membros observadores: composto pelo México e pela Nova
de transformação, fatores que darão forma e base para a susten- Zelândia, esse grupo é destinado aos países que desejam acompan-
tação atual. Com essa ideia podemos observar que este processo har o andamento e expansão do bloco sem o compromisso de dele
de globalização constitui uma maior tendência do desenvolvimen- fazer parte, podendo tornar-se um membro efetivo ou associado
to das economias de mercado, podendo então sofrer com crises no futuro. No caso do México, isso será muito difícil, haja vista que
econômicas profundas ou de relações de forças internacionais. esse país já compõe outros dois blocos: o NAFTA e a APEC.
Vale ressaltar a importância de distinguir globalização, enquanto Em termos de organização interna e estruturação, o Mercosul
processo histórico que encontra-se no século XVI, na sequencia da é formado por algumas instituições que detêm funções específicas
integração geográfica mundial, as suas bases de desenvolvimentos e buscam assegurar o bom andamento e o desenvolvimento do blo-
modernos, da economia global, que só tem existência efetiva a par- co, são elas:
tir do século XIX. a) CMC (Conselho do Mercado Comum): É o principal órgão do
Podendo então dar formas as dinâmicas de transformação da
Mercosul, sendo responsável pelas principais tomadas de decisões
economia global resultando de modo como se articulam historica-
no bloco. É composto pelos Ministros das Relações Exteriores e da
mente a sustentação das relações econômicas internacionais.
Economia de todos os membros efetivos e apresenta duas reuniões
Conforme visto, há vários conceitos e abordagens acerca dos
por ano, sendo a presença dos presidentes obrigatória em pelo
processos de globalização das relações sociais, abordagens estas
que diferenciam entre si a definição, escala, cronologia, impacto. menos uma dessas reuniões.
Muitos dos argumentos são generalizados, há uma ênfase em al- b) GMC (Grupo Mercado Comum): É o órgão executivo do Mer-
guns aspectos sejam eles cultural, econômico, histórico, político, cosul, sendo composto por representantes titulares e alternativos
algo de sumo importância principalmente quando se vê questões de cada um dos membros efetivos do bloco. Esse grupo reúne-se
fundamentais que se encontram em jogo neste conceito chamado trimestralmente, mas pode haver encontros extraordinários a pedi-
globalização. do de qualquer um dos seus partícipes.
O maior efeito ocorrido nas ultimas décadas tem sido o cresci- c) CCM (Comissão de Comércio do Mercosul): É o órgão re-
mento do mercado por todo o mundo, como consequências de sponsável pela gestão das decisões sobre o comércio do Mercosul.
transnacionalização dos mercados. As mudanças trazidas pelos Suas funções envolvem a aplicação dos instrumentos políticos e
processos globalizantes dos mercados, com sua força atual dada comerciais dentro do bloco e deste com terceiros, além de criar e
pelo avanço tecnológico. supervisionar órgãos e comitês para funções específicas.
Assim, neste circulo vicioso que os Estados menos desenvolv- d) CPC (Comissão Parlamentar Conjunta): representa os parla-
idos social e economicamente se encontram nesses três primeiros mentos dos países-membros do Mercosul. É o órgão responsável
anos do século XXI divididos entre as necessidades de prestigiar pela operacionalização e máxima eficiência do corpo legislativo do
uma economia globalizada, com o retrocesso do trabalho para bloco.
atração de investimentos a fim de propiciar o crescimento econôm- e) Foro Consultivo Econômico e Social: é o órgão que repre-

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ATUALIDADES
senta os setores da economia e da sociedade de cada um dos membros do Mercosul. Ele possui um caráter apenas consultivo, opera por
meio de recomendações ao GMC e pode incluir em torno de si a participação de empresas privadas.
Além desses organismos, existem outros órgãos e secretarias vinculados às denominações acima apresentadas. Juntos, esses elemen-
tos compõem a estrutura do Mercosul, atuando no sentido de organizá-lo e fundamentando suas ações e estratégias de mercado. O seu
correto funcionamento significa a garantia da coesão e harmonia desse importante bloco econômico.

Protocolos complementares ao tratado fundador


Em razão da dinâmica presente no processo de integração, para adequar a estrutura do bloco às mudanças ocorridas, o Conselho do
Mercado Comum anexou ao Tratado de Assunção diversos protocolos complementares ao longo do tempo. Para ter validade, após rece-
ber a assinatura dos presidentes do bloco, um protocolo geral deve ser aprovado por decreto legislativo em todos os países signatários.
Ao todo, 15 protocolos receberam esta aprovação e estão em vigência:
Protocolo de Las Leñas, 1992; determinou que sentenças provenientes de um país signatário tenham o mesmo entendimento judicial
em outro, sem a necessidade de homologação de sentença, a que estão submetidas todas as demais decisões judiciais tomadas em países
de fora do bloco. No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 55 de 19 de abril de 1995 e promulgado por
meio do decreto 2 067, de 12 de novembro de 1996.
Protocolo de Buenos Aires sobre Jurisdição Internacional em Matéria Contratual, 1994; No Brasil, este protocolo foi aprovado pelo
decreto legislativo número 129, de 5 de outubro de 1995, e promulgado através do decreto número 2 095, de 17 de dezembro de 1996.
Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário, Médio e Técnico, 1994; No
Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 101, de 3 de julho de 1995, e promulgado por meio do decreto
número 2 726, de 10 de agosto de 1998.
Protocolo de Ouro Preto, 1994; estabeleceu estrutura institucional para o Mercosul, ampliando a participação dos parlamentos na-
cionais e da sociedade civil. Este foi o protocolo que deu ao Mercosul personalidade jurídica de direito internacional, tornando possível
sua relação com outros países, organismos internacionais e blocos econômicos. No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto
legislativo número 188, de 16 de dezembro de 1995, e promulgado por meio do decreto número 1 901, de 9 de maio de 1996.
Protocolo de Medidas Cautelares, 1994; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 192, de 15 de
dezembro de 1995 e promulgado por meio do decreto número 2 626, de 15 de junho de 1998.
Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em Assuntos Penais, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legisla-
tivo número 3, de 26 de janeiro de 2000, e promulgado por meio do decreto número 3 468, de 17 de maio de 2000.
Protocolo de São Luís em Matéria de Responsabilidade Civil Emergente de Acidentes de Trânsito entre os Estados Partes do Mercosul,
1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 259, de 15 de dezembro de 2000, e promulgado por
meio do decreto número 3 856, de 3 de julho de 2001.
Protocolo de Integração Educativa para a Formação de Recursos Humanos a Nível de Pós-Graduação entre os Países Membros do
Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado pelo decreto legislativo número 129, de 5 de outubro de 1995, e promulgado
através do decreto número 2 095, de 17 de dezembro de 1996.
Protocolo de Integração Cultural do Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi registrado através do decreto legislativo número 3,
de 14 de janeiro de 1999, e promulgado através do decreto número 3 193, de 5 de outubro de 1999.
Protocolo de Integração Educacional para o Prosseguimento de Estudos de Pós-Graduação nas Universidades dos Países Membros do
Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 2, de 14 de janeiro de 1999, e promulgado
por meio do decreto número 3 194, de 5 de outubro de 1999.
Protocolo de Ushuaia, 1998; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 452, de 14 de novembro de
2001 e promulgado através de decreto número 4 210, de 24 de abril de 2002.
Protocolo de Olivos, 2002; aprimorou o Protocolo de Brasília mediante a criação do Tribunal Arbitral Permanente de Revisão do Mer-
cosul. Esse tribunal passou a revisar laudos expedidos pelos Tribunais Arbitrais, em caso de contestação. Seus árbitros são nomeados por
um período de dois anos, com possibilidade de prorrogação. As decisões deste tribunal têm caráter obrigatório para os Estados envolvidos
nas controvérsias, não estão sujeitas a recursos ou revisões e, em relação aos países envolvidos, exercem força de juízo. No Brasil, este
protocolo foi registrado através do decreto legislativo número 712, de 15 de outubro de 2003, e promulgado por meio do decreto número
4 982, de 9 de fevereiro de 2004.
Protocolo de Assunção sobre o Compromisso com a Promoção e Proteção dos direitos Humanos no Mercosul, 2005; No Brasil, este
protocolo foi registrado através do decreto legislativo número 592, de 27 de agosto de 2009 e promulgado por meio do decreto número
7 225, de 1 de julho de 2010.
Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul, 2005; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legislativo núme-
ro 408, de 12 de setembro de 2006 e promulgado por meio do decreto número 6 105, de 30 de abril de 2007.
Protocolo de Adesão da República Bolivariana de Venezuela ao Mercosul, 2006; Protocolo válido em razão da suspensão da República
do Paraguai. No Brasil, este protocolo foi registrado através do decreto legislativo número 936, de 16 de dezembro de 2009 e promulgado
por meio do decreto número 3 859, de 6 de dezembro de 2012.
Alguns protocolos não receberam esta aprovação e, por este motivo, são chamados de protocolos pendentes. No entanto, outros
protocolos aprovados por decreto legislativo foram aprimorados posteriormente, tendo assim, sua validade revogada:
Protocolo de Brasília, 1991; foi revogado com a assinatura do Protocolo de Olivos em 2002. Modificou o mecanismo de controvérsias
inicialmente previsto no Tratado de Assunção, disponibilizando a utilização de meios jurídicos para a solução de eventuais disputas comer-
ciais. Estipulou a utilização do recurso de arbitragem como forma de assegurar ao comércio regional estabilidade e solidez. Definiu prazos,
condições de requerer o assessoramento de especialistas, nomeação de árbitros, conteúdo dos laudos arbitrais, notificações, custeio das
despesas, entre outras disposições. No Brasil, este protocolo foi registrado através do decreto legislativo número 88, de 01 de dezembro
de 1992, e decreto número 922, de 10 de setembro de 1993.

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ATUALIDADES

Alguns dados demográficos, econômicos


e geográficos do Mercosul
- População: 300 milhões de habitantes (estimativa 2017)
- Comércio entre os países: US$ 37,9 bilhões (em 2016)
- Área total: 14.869.775 km²
- PIB: US$ 4,7 trilhões (estimativa 2017)
- PIB per capita: US$ 15.680 (estimativa 2017)
- IDH: 0.767 (índice de desenvolvimento humano alto) - Pnud 2016
O MERCOSUL oferece ao Brasil a possibilidade de se tornar o líder de uma região com um PIB da ordem de grandeza de US$ 4,7 trilhões; sem
conflitos étnicos, de fronteira, religiosos, históricos ou culturais; com sistemas financeiros relativamente desenvolvidos; uma tradição capitalista
de décadas; um parque industrial de porte razoável; consumo de massa; e uma considerável demanda reprimida, visto se tratar de uma região
com uma renda per capita média, porém com bolsões de pobreza expressivos e portanto com grande potencial de expansão de consumo. O
MERCOSUL é o grande expoente brasileiro no cenário internacional, nas relações econômicas e até mesmo políticas, possibilitando uma maior
estrutura de negociação ao gozar do status de bloco econômico, é visto, por muitos, como uma forma de fugir da gigantesca influência dos Es-
tados Unidos na América Latina que é uma constante preocupação no que diz respeito a manter tradições e costumes culturais singulares dos
latinos.

Integração regional Brasil e América Latina é muito baixa


Países poderiam aproveitar melhor o aumento de barreiras entre EUA e China se houvesse um comércio interregional mais estruturado
Enquanto as incertezas no cenário externo aumentam devido às tensões comerciais entre Estados Unidos e China, apesar da trégua tem-
porária de 90 dias acordada no encontro do G2 (grupo das 19 maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta mais a União Euro-
peia), especialistas alertam para a falta de integração do Brasil com os países vizinhos, que poderia ser uma forma de proteção para a região,
de acordo com levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) e a Comissão Econômica pra a América Latina (Cepal),
ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).
“Temos um quadro de integração regional que não é muito satisfatório. Ele é muito baixo. Aproximadamente, apenas 18% do comércio dos
países latino americanos é intrarregional nos últimos anos. Ainda que ele tenha melhorado um pouco entre 2005 e 2011, que foram os melhores
anos para o comércio na região e o Brasil aumentou sua participação, mas, nos últimos anos, esse comércio intrarregional voltou a diminuir”.
(Pedro Silva Barros - pesquisador do Ipea Pedro Silva Barros).
O pesquisador lembrou que um dos maiores desafios para o aumento dessa integração regional é a infraestrutura precária assim como a
falta de garantias para o comércio intrarregional e a desorganização das cadeias de valor. “A estruturação das cadeias de valor não compreende
nossa região como espaço de articulação. Nesse sentido, o Estado pode atuar para estruturar melhor essas cadeias”, disse ele, lembrando que
boa parte das exportações brasileiras na região é de manufaturas e, no setor de serviços, a participação do Brasil cresce em uma velocidade
muito lenta. O técnico destacou que a Zona Franca de Manaus poderia ser um catalisador do comércio intrarregional, contudo, está longe de
cumprir essa função. “A Suframa é um polo industrial que foi estruturado como agência de desenvolvimento regional, mas não cumpre o seu
papel”, lamentou.
De acordo com o representante da área de Assuntos Econômicos da Cepal em Santiago, José Duran, destacou que o índice de comércio
intrarregional ficou em 17,2% das exportações totais da América Latina, em 2017, dos quais 54% do valores das trocas entre países vizinhos são
de produtos de tecnologia alta, média e baixa. A China é o maior destino desses produtos e importa quase 50% do total embarcado. “A América
Latina poderia se beneficiar das maiores barreiras comerciais entre Estados Unidos e China se houvesse maior integração regional”, disse Duran.
A Cepal projetou um crescimento das trocas interregionais, liderado pelas manufaturas baseadas em recursos minerais, como derivados de
petróleo, cobre papel e papelão, e de manufaturas de tecnologia baixa e média. Todavia, ele acrescentou que há também um potencial de cresci-
mento do comércio eletrônico intrarregional, mas há quatro desafios que precisam ser enfrentados: melhorar o capital humano, aperfeiçoar a
infraestrutura logística, convergência regulatória e adequação dos meios de pagamentos. “O Brasil participa com 42% desse comércio e a região
está aumentando o consumo de produto importado, que vem ocupando o espaço brasileiro”, alertou.
Avaliações demonstram que o modelo de trocas comerciais na região não é sustentável e muito diferente do que ocorre no sudeste asiático.
Os países do sudeste asiático são provedores de insumo da produção chinesa. Logo, quando a China cresce, os demais países crescem junto.
Agora, aqui na região, se o Brasil cresce, não acontece nada.
A condição básica para a sustentabilidade de longo prazo na integração da América do Sul é criar a capacidade de oferta nos países menores
de uma forma que eles possam prover insumos para a produção brasileira pra que quando a economia brasileira crescer, aí o crescimento da
região se sustenta, porém, isso requer uma maior coordenação entre as organizações de fomento da região e de bancos de desenvolvimento.
Essas instituições precisam focar os recursos em projetos para melhorar a infraestrutura regional.
O diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea, reforçou que a capacidade de investimento no país, que é
baixa e depende das multinacionais e da agenda de integração. “O Brasil tem pés de barro para ser um líder regional e uma limitação estrutural,
que é determinante para qualquer integração. A discussão de abertura comercial, cogitada pelo novo governo, precisa ter mecanismos de incen-
tivo ao comércio intrarregional”, afirmou. O diretor destaca ainda a necessidade de ampliação dos acordos comerciais não apenas do Mercosul
como forma de melhorar a integração regional.

Circulação e custos

O sistema de transporte é um elemento fundamental das economias nacionais. Os custos de deslocamento incidem sobre os custos das
matérias-primas e dos produtos finais destinados aos mercados internos ou à exportação. Sistemas de transportes caros e ineficientes reduzem
o potencial de geração de riquezas e a competitividade dos países. No Brasil, o desenho do sistema de transporte reflete as desigualdades re-
gionais.

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ATUALIDADES
Nas paisagens coexistem formas espaciais, objetos produzidos pelo trabalho humano em diferentes momentos históricos. Por mais
velozes que sejam as mudanças na sociedade, esses objetos nunca são destruídos ou substituídos por outros ao mesmo tempo. Ao con-
trário, alguns processos novos se adaptam às formas espaciais preexistentes, e a elas atribuem novos papéis. Isso acontece, por exemplo,
quando uma região fabril é desativada e os velhos galpões são reaproveitados para novos fins, como grandes restaurantes, danceterias ou
áreas de promoção cultural; ou quando uma antiga área portuária se transforma em polo de turismo ou lazer.

Estação das Artes Elizeu Ventania em Mossoró - RN. Antigo prédio do Sistema Ferroviário Federal, foi recuperado pela Petrobras e
hoje abriga a maior parte das festas e eventos sociais da cidade.

O geógrafo Milton Santos chama de «rugosidades» essas formas espaciais produzidas para atender necessidades do passado, mas
que resistiram aos processos de transformação social e econômico e continuam a desempenhar um papel ativo no presente. É o que
ocorre, por exemplo, com as redes nacionais de transporte - espelhos dos diferentes modelos de organização da economia que se suced-
eram ao longo da história de um país.
No Brasil, as rodovias dominam a matriz de transportes. O sistema rodoviário responde por 59% da matriz, em contraste com os 24%
das ferrovias e os 17% das hidrovias e outros meios somados. Para efeitos de comparação com o Brasil, um país também de dimensões
continentais como o Canadá tem 46% de ferrovias, 43% de rodovias e 11% de hidrovias e outros. A opção pelas rodovias, responsáveis
pelos elevados custos de deslocamento que vigoram no país, foi realizada no contexto da acelerada industrialização que teve lugar em
meados do século passado.

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ATUALIDADES

Ferrovia Transiberiana - maior ferrovia do mundo, corta a Rússia de leste a oeste


No final do século XIX e início do século XX, porém, o modelo de transporte adotado no Brasil contemplava, basicamente, as neces-
sidades da economia agroexportadora. Nesse período, o trem era o meio de transporte mais típico. O traçado das redes regionais inter-
ligava as áreas produtoras de mercadorias tropicais aos portos, pelos quais a produção era escoada para o mercado externo. No caso da
malha ferroviária paulista, que estava a serviço do café, havia uma abertura em leque para as terras do interior e um afunilamento na
direção do Porto de Santos.
Essas redes configuravam as estruturas de “bacia de drenagem”, pois se destinavam a escoar produtos minerais e agrícolas para os
portos, de onde eles seguiam rumo aos mercados internacionais. Os planos de desenvolvimento de transportes visavam integrar as ferro-
vias com as hidrovias, uma vez que os rios eram bastante utilizados para a circulação regional. Um plano esboçado pelo engenheiro militar
Eduardo José de Moraes ainda no século XIX tinha como objetivo criar um sistema hidroviário integrado.

Com a emergência da economia urbano-industrial, as ferrovias e hidrovias foram paulatinamente perdendo importância para a rede
rodoviária. Na década de 1930 esboçou-se uma nova diretriz na política nacional de transporte, que passou a privilegiar a construção de
grandes rodovias. Washington Luís, presidente da República entre 1926 e 1930, adotou como lema de seu mandato a frase “governar é
construir estradas”. Nas décadas seguintes, essa política seria fortalecida pela criação da Petrobras e pelo desenvolvimento da indústria
automobilística.
A opção rodoviária, adotada naquela época, é atualmente uma das maiores dificuldades logísticas do país, pois teve como resultado
um sistema de transporte caro e ineficiente, que traz impactos negativos tanto para a economia quanto para o meio ambiente.

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ATUALIDADES

Mapa rodoviário do Brasil

Embora no Brasil existam grandes extensões de rios navegáveis, o país não dispõe de um sistema hidroviário. O sistema ferroviário,
praticamente abandonado nos últimos 80 anos, hoje apresenta enormes trechos desativados ou subaproveitados.
No que diz respeito às rodovias, apesar da presença de estradas modernas e construídas com os mais avançados recursos da engenha-
ria, predominam os trechos esburacados e em péssimas condições. Cerca de 16% delas foram privatizadas e receberam investimentos nas
últimas décadas, ainda que tenham se tornado extremamente caras tanto para os carros de passeio quanto para os caminhões de carga,
em virtude das elevadas tarifas de pedágio.
Entre as rodovias públicas, cerca de 80% da malha foi classificada como deficiente, ruim ou péssima por uma pesquisa da Confeder-
ação Nacional do Transporte (CNT).

59
ATUALIDADES

Trem Turístico puxado por uma “Maria Fumaça” que liga São João
Del Rey a Tiradentes - MG
BR-230 (Transamazônica) - Trecho
entre Altamira e Marabá, no Pará Algumas rodovias brasileiras desempenharam (e ainda desem-
penham) papel estratégico na integração do território nacional.
A situação da maior parte da malha ferroviária brasileira O Nordeste e o Sul do país foram conectados ao Sudeste por
também é bastante precária. Enquanto a maioria dos países desen- meio da BR-116 e, depois, da BR-101. Nas décadas de 1950 e 1960,
volvidos dispõe de um sistema ferroviário moderno, que permite as capitais do Centro-Oeste e Brasília foram ligadas ao Sudeste.
tráfego das locomotivas de até 300 km/h, os trilhos no Brasil têm Em seguida, Brasília e Cuiabá tornaram-se os trampolins para
mais de 100 anos, e por eles passam trens vagarosos. a integração da Amazônia com o restante do território brasileiro.
Além disso, muitos trechos da malha foram cercados por ci- Os eixos principais foram a BR-153 (Belém-Brasília) e a BR-364, que
dades: um levantamento feito pela MRS Logística, que opera a mal- parte de Mato Grosso e abre caminho para Rondônia e o Acre. Um
ha sudeste da antiga Rede Ferroviária Federal, aponta a existência eixo secundário é a BR-163 (Cuiabá-Santarém), cuja pavimentação
de 11.000 cruzamentos com estradas no Brasil. A necessidade de se interrompe antes da divisa setentrional de Mato Grosso e só é
desacelerar nos trechos próximos a cidades e estradas obriga os retomada nas proximidades de Santarém.
trens de carga brasileiros a andarem numa velocidade de 25 km/h,
ao passo que em outros países a velocidade média é de 80 km/h.

Trecho da BR-010 (Belém-Brasília) em Dom Eliseu (PA)

Na década de 1980, a crise financeira do Estado brasileiro teve


Grande parte da rede ferroviária do efeitos devastadores sobre a vasta malha rodoviária. Com a capaci-
Brasil encontra-se sucateada dade de investimentos bastante reduzido, o governo federal sim-
plesmente deixou de realizar a manutenção das estradas, que, sob
Atualmente, onze linhas férreas estão convertidas em atrações o peso dos caminhões de carga e dos efeitos erosivos da chuva e do
turísticas. A maior delas, com 664 km de extensão é a que liga a sol quente, se deterioraram em pouco tempo.
capital do Espírito Santo, Vitória, à capital mineira. A menor, com O péssimo estado de conservação das rodovias brasileiras não
somente 4 km, fica na cidade do Rio de Janeiro: o Trenzinho do prejudica apenas os usuários de transporte de passageiros, mas
Corcovado. também o ramo de transporte de cargas, que tem muito mais gas-
Em muitos casos, a transformação de trechos ferroviários de- tos com a manutenção de caminhões. Além disso, a existência de
sativados em caminhos turísticos foi iniciativa dos apaixonados trechos intransitáveis e a falta de maior integração entre as redes
por trens; gente que gostava de ver as locomotivas correr sobre de transporte, exigem trajetos mais longos e complicados, o que
os trilhos e lembrar com saudade da época áurea do transporte resulta em mais poluição e mais gastos com combustíveis, além de
ferroviário de passageiros no país. Reunidos em associações, esses uma maior exposição a acidentes.
militantes preservam a memória ferroviária brasileira, recuperam
locomotivas e vagões e procuram colocá-los novamente em ativi-
dade.

60
ATUALIDADES

Condições das rodovias federais de acordo com uma pesquisa feita em 2010 pela CNT

Na década de 1990, a administração de inúmeras rodovias federais e estaduais passou ao controle de concessionários privados,
garantindo a modernização e expansão das ligações viárias que servem principalmente aos eixos de circulação do Sudeste. Entre esses
empreendimentos destacam-se as grandes rodovias paulistas, como os sistemas Anhanguera-Bandeirantes (entre São Paulo e Campinas),
Anchieta-Imigrantes (entre São Paulo e a Baixada Santista) e Dutra-Ayrton Senna (entre São Paulo e o Vale do Paraíba).

61
ATUALIDADES

Rodovia dos Bandeirantes - trecho São Paulo-Cordeirópolis

As estradas da globalização
Nos últimos anos, o Brasil tem realizado um enorme esforço para aumentar sua participação no comércio internacional. Entretanto,
o predomínio das rodovias e a precária integração entre os diferentes modos de transportes geram elevados custos de deslocamento,
que dificultam a chegada dos produtos brasileiros aos mercados externos. Por isso mesmo, uma parcela significativa do orçamento e das
obras previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado em 2007, está voltado para o setor. Essas obras destinam-se
a configurar uma nova estrutura em “bacia de drenagem”, por meio de empreendimentos ferroviários e hidroviários. A perspectiva do
Plano Nacional de Logística e Transporte (PNTL), do Ministério dos Transportes, é alcançar em 2015 o equilíbrio entre os três sistemas,
com a seguinte repartição: rodoviário, 33%; hidroviário, 29%.

Obras do PAC na BR-101 no município de Goianinha - RN

Alguns dos principais empreendimentos destinam-se a facilitar o escoamento da agropecuária modernizada do Centro-Oeste, na
Amazônia meridional e no leste do Pará. O centro e o sul do Mato Grosso do Sul já estão conectados aos portos de Santos e Paranaguá por
meio das ferrovias Noroeste do Brasil, Novoeste e Ferropar. Os trilhos da Ferronorte alcançaram a porção setentrional do Mato Grosso do
Sul e, numa segunda etapa, devem atingir Cuiabá e Porto Velho. O ramal ferroviário Cuiabá-Santarém é um projeto de longo prazo, mas
o trecho paraense da rodovia que liga essas duas cidades estão sendo asfaltado.
A conclusão da segunda etapa da Ferronorte representará uma dupla conexão das áreas agrícolas do oeste do Mato Grosso e de Ron-
dônia. Ao sul, a produção será escoada pelos portos de São Paulo e do Paraná, ou através da Hidrovia do Rio Paraná, rumo à Argentina. Ao
norte, seguirá pela Hidrovia do Madeira até chegar ao Rio Amazonas, de onde seguirá para o oceano. A estrada de ferro também servirá
para aliviar o fluxo que passa pela BR-364.

62
ATUALIDADES

Ferrovia Ferronorte

A Ferrovia Norte-Sul destina-se a escoar a produção agropecuária de uma vasta área que se estende pelo oeste baiano, Goiás, To-
cantins e nordeste de Mato Grosso. A estrada de ferro está conectada às rodovias e ferrovias do Sudeste. Do outro lado, tanto a ferrovia
quanto a hidrovia projetada interligam-se à Estrada de Ferro Carajás, que transporta minérios e grãos para o porto de Itaqui, no Maran-
hão. O novo eixo ferroviário em construção tende a reduzir o transporte de cargas pela BR-153.

Ferrovia Norte-Sul
Os investimentos não estão ocorrendo apenas no ramo ferroviário. Desde 2007, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Trans-
portes (DNIT) está preparando uma espécie de “PAC das hidrovias”, que prevê investimentos de até R$ 18 bilhões nos próximos anos.

63
ATUALIDADES
A mais importante entre essas obras é a ampliação da Hidrovia Tietê-Paraná. A intenção do governo é ampliar o trecho navegável,
dos atuais 800 para 2.000 km. A capacidade de transporte de carga aumentaria de 5 milhões para 30 milhões de toneladas por ano. Outra
vantagem é que a hidrovia terminaria a uma distância de apenas 150 km do Porto de Santos (hoje essa distância é de 310 km).

HidroviaTietê-Paraná

A segunda obra em análise é a ampliação da Hidrovia do Tocantins-Araguaia. O primeiro trecho da obra contempla a construção da
eclusa de Tucuruí, que dará ao Rio Tocantins 700 km navegáveis. No futuro, pretende-se fazer mais três eclusas, elevando a distância
navegável para 2.200 km.
O terceiro projeto trata-se do projeto da implantação da Hidrovia Teles Pires-Tapajós, que demandará investimentos de R$ 5 bilhões
para ampliar a navegabilidade do rio de 300 km para 1.500 km.

Hidrovia Tocantins-Araguaia

A integração intermodal
A nova política de transportes não representa uma mera substituição da prioridade rodoviária pela ênfase nas ferrovias e hidrovias. A
configuração de uma estrutura de “bacia de drenagem” capaz de contribuir para a inserção competitiva do país na economia globalizada
depende da integração intermodal - ou seja, entre diferentes modos de transporte.
As cargas devem ser transferidas, com eficiência e baixos custos, entre caminhões, vagões ferroviários e comboios fluviais. Isso exige
a construção de terminais intermodais e terminais especializados junto às ferrovias, hidrovias e portos marítimos. Os trabalhos de ligações
intermodais desenvolvem-se em todas as regiões. Um exemplo é a ligação da Ferrovia Norte-Sul ao Porto de Santos, que deverá facilitar
o escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste.

64
ATUALIDADES

Os portos marítimos e fluviais nos quais atracam embarcações de longo curso representam os elos principais entre o sistema nacional
de transporte e o mercado mundial. Segundo o Ministério dos Transportes, existem no país 40 portos públicos, basicamente operados
pelo setor privado. Do ponto de vista da movimentação de cargas, os maiores portos brasileiros são dois grandes terminais exportadores
de minérios e produtos siderúrgicos: Tubarão, no Espírito Santo, e Itaqui, no Maranhão. Ambos prestam serviços para a Companhia Vale
do Rio Doce (Vale), a maior empresa mineradora do país e uma das maiores do mundo.

65
ATUALIDADES

Os principais portos do Brasil

No litoral Sudeste encontra-se a maior concentração de portos de intenso movimento, com destaque para o Porto de Santos, que mov-
imenta principalmente produtos industrializados. Na Região Sul, destacam-se as exportações agropecuárias de Paranaguá e Rio Grande.
Os custos portuários brasileiros chegaram a figurar entre os mais elevados do mundo, em razão da fraca mecanização das operações
de embarque e desembarque e da intrincada burocracia administrativa. Faltam equipamentos para movimentar a carga, há poucos esta-
cionamentos para os caminhões e os armazéns são insuficientes. Desse modo, congestionamentos e atrasos tornam-se rotina, o que
dificulta a vida de quem exporta. Nesse setor, porém, a maior parte dos investimentos está sendo realizada pelo setor privado, que já
controla cerca de 80% da movimentação portuária nacional.

66
ATUALIDADES
No mundo todo houve expansão da motorização individual,
ao passo que o uso dos transportes públicos experimentou estag-
nação, ou mesmo declínio. Nas metrópoles brasileiras, carentes de
adequados sistemas de transporte público, o automóvel tende a
substituir os deslocamentos a pé ou em bicicletas.
Desde a década de 1960, as estratégias voltadas para reduz-
ir a crise do tráfego urbano concentraram-se na multiplicação das
obras viárias: pistas expressas, vias elevadas, viadutos, túneis, anéis
periféricos. Essas estratégias, extremamente caras, desfiguram
grande parte da paisagem urbana, ampliaram o espaço consumido
pelas infraestruturas de circulação, deterioraram áreas residenci-
ais, parques e praças e fracassaram: o aumento da oferta de vias de
tráfego estimulou o crescimento, num ritmo ainda maior, da quan-
tidade de veículos e das distâncias percorridas.
A falta de investimentos em transporte público, obriga a popu-
Fila de carretas em direção ao Porto de Paranaguá - PR lação a andar em ônibus cada vez mais lotados nas grandes cidades
A experiência do passado recente revelou que novas infraestru-
Os investimentos em infraestrutura de transporte estão ger- turas de circulação geram seus próprios congestionamentos. Assim,
ando novos polos de crescimento econômico e acendem disputas surgiram propostas para enfrentar o desafio do tráfego urbano que
pela atração de investimentos. No Nordeste, dois novos e mod- buscam combinar investimentos nos transportes de massa com re-
ernos portos foram empreendimentos prioritários dos governos strições ativas à circulação de veículos particulares. No Brasil, as
estaduais na década de 1990: Suape, em Pernambuco, e Pecém, experiências de limitação do tráfego de automóveis abrangem prin-
no Ceará. Em torno deles, surgiram, graças a generosos incentivos cipalmente proibições parciais de circulação, por meio de sistemas
fiscais, distritos industriais com vocação exportadora. de rodízios. O automóvel, antigo ícone da liberdade de desloca-
mento, tornou-se símbolo das mazelas da vida urbana.
O transporte intraurbano
Destaque da Região Centro-Sul
As últimas décadas conheceram uma verdadeira explosão nas
taxas de motorização individual. Entre os países desenvolvidos, Com aproximadamente de 2,2 milhões de km2, cerca de 25%
essa taxa varia de cerca de 350 mil automóveis por mil habitantes do território brasileiro, a região centro-sul abrange os estados da
da Dinamarca até 500 ou mais na Alemanha, Itália e nos Estados região Sul, Sudeste (exceto o norte de Minas Gerais) e Centro-Oes-
Unidos. Nos países subdesenvolvidos industrializados, ela é bem te, (Goiás, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Sul do Mato Grosso
menor, em torno de 100 a 200 automóveis por mil habitantes, em- e de Tocantins.
bora esteja crescendo em ritmo acelerado. É o complexo regional mais importante e o centro econômico
Nas cidades brasileiras com mais de 60 mil habitantes, por da nação, com mais de 60% da população brasileira. Aí estão 16
exemplo, a taxa de motorização passou de 171 veículos/mil habit- das 22 áreas metropolitanas do país. É a mais dinâmica das regiões,
antes em 2003 para 206 veículos/mil habitantes em 2007. Por isso, com uma economia muito diversificada.
e apesar dos programas de redução de poluentes de veículos, a Apresenta a maior concentração de indústrias do país, uma
quantidade de poluentes emitidos pelos habitantes dessas cidades rede complexa e interligada de cidades, a agropecuária mais mo-
apresentou aumento de 2,3% no período. derna e a mais densa rede de serviços, comunicações e transpor-
A poluição atmosférica causada pelos veículos acarreta distúr- tes. É onde se produz mais emprego do que todos os complexos
bios de saúde em vastas camadas da população. A poluição sonora regionais e concentra a maior quantidade dos investimentos das
e os acidentes de tráfego também fazem parte da lista dos proble- grandes empresas.
mas gerados pelo crescimento intensivo do transporte individual. O Centro-Sul é o espaço da modernização e do dinamismo, em-
bora apresente ainda estruturas tradicionais e atrasadas, acarretan-
do desequilíbrios socioespaciais no seu espaço regional. Podemos
dizer que o Centro-Sul representa o “Brasil novo”, da indústria, das
grandes metrópoles, da imigração e da modernização da economia.
É a região de economia mais dinâmica do país, produzindo a
maior parte do PIB. Nos setores agrário, industrial e de serviços,
além de concentrar a maior parte da população. Apesar da maior
dinamicidade, o centro-sul possui também as contradições típicas
do desigual desenvolvimento sócieconômico brasileiro.

População Brasileira

O Brasil é considerado um dos países de maior diversidade ét-


nica do mundo, sua população apresenta características dos coloni-
zadores europeus (brancos), dos negros (africanos) e dos indígenas
Ar bastante poluído na cidade de São Paulo - SP (população nativa), além de elementos dos imigrantes asiáticos. A
construção da identidade brasileira levou séculos para se formar,
sendo fruto da miscigenação (interação entre diferentes etnias) en-
tre os povos que aqui vivem.

67
ATUALIDADES
Além de miscigenado, o Brasil é um país populoso. De acordo Metropolização: é a migração em massa de pessoas de pe-
com dados do último Censo Demográfico, realizado em 2010 pelo quenas e médias cidades para grandes metrópoles ou regiões met-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população ropolitanas.
total do país é de 190.755.799 habitantes. Essa quantidade faz do Desmetropolização: é o processo contrário, em que a popu-
Brasil o quinto mais populoso do mundo, atrás da China, Índia, Esta- lação migra em massa para cidades menores, sobretudo as cidades
dos Unidos da América (EUA) e Indonésia, respectivamente. médias.
Apesar de populoso, o Brasil é um país pouco povoado, pois a
densidade demográfica (população relativa) é de apenas 22,4 habi- Mercado de Trabalho
tantes por quilômetro quadrado. Outro fato que merece ser desta-
cado é a distribuição desigual da população no território nacional. Mercado de Trabalho é um conceito utilizado para explicar a
Um exemplo desse processo é a comparação entre o contingente procura e a oferta das atividades remuneradas oferecidas pelas
populacional do estado de São Paulo (41,2 milhões) com o da re- pessoas ao setor público e ao privado.
gião Centro-Oeste (14 milhões). O mercado de trabalho acompanhou a expansão da economia
A demografia – ou Geografia da População – é a área da ciência e as taxas de desemprego chegaram a registrar somente 4% de de-
que se preocupa em estudar as dinâmicas e os processos popula- socupação.
cionais. Para entender, por exemplo, a lógica atual da população Cada vez mais, exige-se o ensino médio para as profissões mais
brasileira é necessário, primeiramente, entender alguns conceitos elementares, conhecimento básico de inglês e informática. Devido
básicos desse ramo do conhecimento. a desigualdade social do país, nem sempre esses requisitos serão
População absoluta: é o índice geral da população de um de- cumpridos durante a vida escolar.
terminado local, seja de um país, estado, cidade ou região. Exem- O melhor é se dedicar aos estudos, fazer um bom currículo,
plo: a população absoluta do Brasil está estimada em 180 milhões acumular experiências de trabalho voluntário e se preparar para
de habitantes. entrevistas.
Densidade demográfica: é a taxa que mede o número de pes- Por isso, é preciso abandonar de vez a ideia de trabalho infantil
soas em determinado espaço, geralmente medida em habitantes e lembrar que uma criança que não estudou durante a infância será
por quilômetro quadrado (hab/km²). Também é chamada de pop- um adulto com menos chances de conseguir um bom emprego.
ulação relativa. Desde 2016, a taxa de desemprego tem crescido e isso só au-
Superpovoamento ou superpopulação: é quando o quantitati- menta a competição para quem deseja se recolocar ou entrar no
vo populacional é maior do que os recursos sociais e econômicos mercado de trabalho.
existentes para a sua manutenção.
Qual a diferença entre um local, populoso, densamente povoa-
do e superpovoado?
Um local densamente povoado é um local com muitos habit-
antes por metro quadrado, enquanto que um local populoso é um
local com uma população muito grande em termos absolutos e
um lugar superpovoado é caracterizado por não ter recursos sufi-
cientes para abastecer toda a sua população.
Exemplo: o Brasil é populoso, porém não é densamente povoa-
do. O Bangladesh não é populoso, porém superpovoado. O Japão
é um país populoso, densamente povoado e não é superpovoado.
Taxa de natalidade: é o número de nascimentos que aconte-
cem em uma determinada área.
Taxa de fecundidade: é o número de nascimentos bem sucedi-
dos menos o número de óbitos em nascimentos.
Taxa de mortalidade: é o número de óbitos ocorridos em um
determinado local.
Crescimento natural ou vegetativo: é o crescimento popula-
cional de uma localidade medido a partir da diminuição da taxa de
natalidade pela taxa de mortalidade.
Crescimento migratório: é a taxa de crescimento de um local
medido a partir da diminuição da taxa de imigração (pessoas que
chegam) pela taxa de emigração (pessoas que se mudam).
Crescimento populacional ou demográfico: é a taxa de cresci-
mento populacional calculada a partir da soma entre o crescimento
natural e o crescimento migratório.
Migração pendular: aquela realizada diariamente no cotidiano
da população. Exemplo: ir ao trabalho e voltar.
Migração sazonal: aquela que ocorre durante um determina-
do período, mas que também é temporária. Exemplo: viagem de
férias.
Migração definitiva: quando se trata de algum tipo de mi- Taxa de desemprego no Brasil em 2017
gração ou mudança de moradia definitiva.
Êxodo rural: migração em massa da população do campo para Muitas pessoas recorrem ao trabalho informal, temporário ou
a cidade durante um determinado período. Lembre-se que uma mi- não, a fim de escapar da situação de desemprego.
gração esporádica de campo para a cidade não é êxodo rural.

68
ATUALIDADES
Atual Os millennials se caracterizam por ter um domínio das tecno-
O mercado de trabalho nunca foi tão competitivo. A economia logias mais recentes, redes sociais e até programação. Possuem
de mercado globalizada fez com que as empresas possam contratar bom nível de inglês e um segundo idioma, fizeram pós-graduação e
pessoas em todos os cantos do planeta. Com o crescimento do tra- quem pode, viajou para o exterior.
balho remoto esta tendência só tende a aumentar. Por outro lado, têm dificuldades em aceitar hierarquias e, por
Igualmente, os postos oferecidos pelo mercado de trabalho conta de sua formação, desejam começar logo em postos de co-
exigem cada vez mais tempo de estudo, autonomia e habilidades mando. São menos propensos a serem fiéis à empresa e preferem
em informática. empreender seu próprio negócio que buscar um emprego tradicio-
Dessa maneira, nem sempre aqueles que são considerados nal.
como população economicamente ativa, tem suficiente formação A realidade dos millennials nos países subdesenvolvidos em
para ingressar no mercado de trabalho. geral e no Brasil em particular esbarra sempre no acesso à educa-
ção formal.
Tendências
As principais tendências para o aperfeiçoamento do trabalha- Profissões mais valorizadas
dor, em 2017, segundo uma consultoria brasileira seriam: Apesar de ser apenas uma estimativa, aqui estão as profissões
• Capacidade de Negociação que estão em alta e devem ser mais demandadas nos próximos
• Execução de planejamento estratégico e projetos anos:
• Assumir equipes de sucesso herdadas - Estatística
• Domínio do idioma inglês - Analista de dados
- Médico
Mulher - Biotecnologia e Nanotecnologia
Embora a mulher ocupe uma fatia expressiva do mercado de - Economia Agroindustrial
trabalho, vários problemas persistem como a remuneração inferior - Administração de Empresas
ao homem e a dupla jornada de trabalho. - Comércio Exterior
Mesmo possuindo a mesma formação de um homem e ocu- - Turismo
pando a mesma posição, a mulher ganhará menos. Além disso, em - Geriatria
casa se ocupará mais tempo das tarefas domésticas do que os ho- - Design com foco em inovação
mens.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Estrutura ocupacional
todo mundo, apenas 46% das mulheres em idade de trabalhar bus-
cam emprego. Na mesma faixa etária, os homens respondem por Nos últimos anos o ritmo de crescimento populacional foi al-
76%. terado pelas modificações das taxas de mortalidade e fecundidade.
Nos países desenvolvidos a mulher ocupa 51,6% dos postos de Nonato et al (2012) analisando a força de trabalho, destacam que
trabalho frente aos 68% dos homens. No Brasil, essa diferença é de a transição demográfica altera a quantidade da força de trabalho,
22 pontos percentuais, aumentando a brecha salarial. pois altera a composição relativa de peso para cada grupos da pop-
Nos gráficos abaixo podemos observar a participação da mu- ulação, principalmente em termos de números de adultos que con-
lher no mercado de trabalho no Brasil: stituem a PIA brasileira, e assim modificando a oferta de mão de
obra do país, como será visto na seção nesta seção.
Para Camarano (2014) o Brasil estaria indo em direção à ter-
ceira fase da transição demográfica na qual a população apresenta
diminuição e envelhecimento. Barbosa (2014) argumenta que a de-
mografia brasileira nas últimas décadas vem expondo um menor
ritmo de crescimento populacional e alteração de sua estrutura
etária, fato que modifica população em idade ativa (PIA), assim
como, modifica o mercado de trabalho.
Nonato et al (2012) observam a força de trabalho brasileira e
sua disposição de quantidade e qualidade. A quantidade da força
de trabalho está condicionada ao tamanho da população, número
de adultos e a disposição de empregabilidade. Enquanto a quali-
dade da força de trabalho está condicionada ao nível educacional
da população. Segundo os autores as características quantitativa e
qualitativa da força de trabalho brasileira modificaram-se nas ul-
timas décadas por três razões centrais. A primeira diz respeito à
transição demográfica e alteração da estrutura etária, que altera a
composição da PIA e consequentemente o número de indivíduos
da força de trabalho. A segunda são alterações da qualificação, es-
pecialização, ou seja, aumentos da escolaridade que são associados
Divisão do mercado de trabalho entre mulheres e homens a maiores níveis de participação nas atividades produtivas. E a ter-
ceira refere-se à população feminina e sua participação no mercado
Jovens de trabalho.
Para os jovens da chamada geração Y ou os millennials – que Barbosa (2014) ressalta que a parcela que representa a PIA
nasceram após 1995 – o mercado de trabalho pode ser um desafio dentro do conjunto populacional de 2012, tinha um peso próximo a
complexo. 69,0% do total da população brasileira. No entanto a PIA tem cres-
cido a taxas relativamente menores que a população com mais de

69
ATUALIDADES
65 anos de idade, apresentando uma tendência de desaceleração Participação das Mulheres Brasileiras na
do grupo entre 15 e 64 anos de idade desde 1999, em função da Atividade Econômica nos Últimos Anos
queda da fecundidade e com projeções para sua intensificação de
queda para as próximas décadas. 27 A presente seção aponta para um cenário aonde a mulher vem
Camarano (2014) explica que o grupo da PIA apresentou uma incrementando sua participação no mercado de trabalho assim
taxa de crescimento de 1,4% ao ano, entre 2010 e 2015, taxa con- como seu nível educacional nos últimos anos. E se comparado o
siderada relativamente alta por Camarano, mas deve apresentar cenário entre homens e mulheres em termos de participação nas
crescimento negativo para os períodos finais da projeção até 2050, atividades econômicas do Brasil e alguns países integrantes da
atingindo seu máximo até 2040 com um número aproximado de OCDE e Estados Unidos, ainda existe espaço para ampliação das
177 milhões. A desaceleração do crescimento para o grupo da PIA taxa de atividades da mulher no mercado de trabalho.
é projetado a partir de 2045, projeta-se também que 60,0% de sua O incremento da participação feminina no mercado de tra-
formação sejam de indivíduos com mais de 45 anos de idade, e de balho é uma opção que pode ser explorada visto que possui espaço
50,0% com mais de 50 anos de idade para crescer. Comparativamente aos países da Organização para a
Camarano (2014) argumenta que as taxas de participação na Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e aos Estados
atividade econômica (PEA) de 2010 ficam constantes até a projeção Unidos, as taxas por faixa etária dos homens brasileiros ficam nem
de 2020, no entanto para a projeção de 2020- 2030 em decorrência níveis similares. No entanto, com relação a faixa etária entre 40 e
da queda da fecundidade devem resultar em um decréscimo aprox- 64 anos do grupo das mulheres brasileiras, as taxas de atividade
imado de 380 mil na demanda por postos de trabalho anuais. Res- ficam abaixo das taxas observadas entre as mulheres da OCDE e
salta que para manter o nível de atividade da economia brasileira Estados Unidos.
de 2010, entre 2030 e 2050, 400 mil novos indivíduos deverão estar Para Souza Júnior e Levy (2014) o nível de atividade das mul-
dispostos a ocuparem uma vaga no mercado de trabalho brasileiro. heres em relação ao nível de atividade do grupo dos homens é
A autora argumenta que esses potenciais demandantes por vagas menor para todas as faixas etárias. Esta diferença se amplia se ob-
no mercado de trabalho poderiam resultar do declínio de mortali- servado o grupo das mulheres com mais de 45 anos de idade. Nona-
dade, aumento da participação feminina ou ainda uma postergação to et al (2012) argumentam que apesar da diferença entre a partic-
da saída do mercado de trabalho. ipação entre homens e mulheres, existe um crescente incremento
Nonato et al (2012) ressalta que os efeitos de curto prazo de das mulheres no mercado de trabalho formal nos últimos anos,
diminuição da população jovem será desdobrado no médio e longo passando de uma taxa de participação de 32,9% para uma taxa de
prazo em uma redução da (PIA) e inversão da pirâmide etária. E a 52,7% entre o período de 1981 a 2009 e, que apesar do aumento
partir de uma perspectiva do mercado de trabalho a consequência nos últimos anos, ainda existe uma diferença considerável, 20 pon-
da transição demográfica resulta diretamente na composição da tos percentuais em comparação a nível de participação masculina.
PIA brasileira e impactando a disponibilidade de mão de obra. Logo Nonato et al (2012) observam um potencial para o au-
mento do grupo das mulheres no mercado de trabalho. Somado a
Além dos fatores que dizem respeito aos indivíduos e suas esse potencial, uma melhora do nível de escolaridade tende a incre-
condições, existem as barreiras sociais. Uma dessas barreiras soci- mentar a participação dos indivíduos nas atividades econômicas as-
ais é como absorver um contingente mais envelhecido (ou manter sim como tendem a incrementar a sua produtividade. Para Barbosa
ele em atividade) como o preconceito em relação ao trabalho das (2014) dentre os fatores que influenciam a entrada das mulheres
pessoas mais envelhecidas, embora tenham um nível maior de ex- no mercado de trabalho sem sombra de dúvidas a educação possui
periência em relação aos jovens, apresentam maior absenteísmo um destaque. Nonato et al (2012) alega que toda a PIA brasileira
por condições físicas e de saúde como também maior tempo de tem apresentado níveis cada vez maiores de escolarização nos últi-
aprendizado de algumas funções assim como dificuldades para li- mos anos e evidencia um maior peso da participação das mulheres
dar com modificações tecnológicas. Logo existe a necessidade para para esse aumento no nível de escolaridade da PIA brasileira.
adequação dos meios de trabalho para esse contingente da popu-
lação mais envelhecido, assim como ampliar o número de oportuni- Determinantes da Participação
dade para esse grupo etário (CAMARANO; KANSO E FERNANDES, Feminina no Mercado de Trabalho
2014).
A proporção de idosos com mais de 65 anos que continuam Nota-se o potencial que ainda pode ser explorado em relação
no mercado de trabalho na maior parte do mundo é baixa, e ape- às mulheres e sua inserção no mercado de trabalho, como já co-
sar desse fato foi observado nos Estados Unidos, um incremento mentado neste trabalho, observa-se a diferença entre a taxa de
dessa parcela da população na atividade econômica, embora com participação nas atividades econômica brasileira feminina e a inter-
um quadro diferenciado, pois possuem uma condição socioec- nacional, como exemplo dos países que compõe Organização para
onômica mais elevada em termos de saúde e escolaridade entre a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Estados
eles. No entanto, esse grupo etário observado também se difer- Unidos, mas principalmente, em relação à diferença nas taxas de
encia dos outros aspectos, além da idade, pois optaram por uma atividade masculina e feminina no Brasil. A seção aborda o conceito
maior flexibilidade em sua permanência nas atividade econômicas, de salário reserva da mulher na tomada de decisão de entrada ou
trabalhando menos horas com uma remuneração menor, o que de não no mercado de trabalho, assim como trata da conciliação entre
fato pode ser uma alternativa muito viável para ser aproveitado no trabalho e maternidade, sendo que a presença de creches aponta
contexto brasileiro, pois se adotadas medidas que favoreça uma para uma maior disposição das mulheres a exercerem atividades
maior participação desse grupo etário na economia, mesmo que econômicas.
não integralmente, pode levar a um prolongamento do tempo nas A tomada de decisão em relação a entrar no mercado de tra-
atividades econômicas (CAMARANO; KANSO E FERNANDES, 2014). balho está ligada a oferta de trabalho e, na teoria neoclássica a de-
cisão de ofertar trabalho ou não ofertar trabalho é uma decisão
em relação à maximização da utilidade individual em relação à
quantidade de bens e lazer. Logo, a determinação quanto à ofer-
ta de trabalho do indivíduo está associada ao chamado salário de

70
ATUALIDADES
reserva, ou seja, quanto o indivíduo receberá de remuneração adi- O cenário de transformação demográfica da população bra-
cional para abrir mão de uma hora de lazer. Logo o indivíduo estará sileira oferece importantes informações a respeito das demandas
disposto a ter menos horas de lazer quando o salário de mercado por vagas na educação infantil de creches e pré-escolas. Como já
exceder seu salário de reserva. Barbosa (2014) nota que enquanto visto, a fecundidade nas ultimas décadas vem decrescendo cada
para os homens a elasticidade das horas trabalhadas em relação ao vez mais no cenário brasileiro, que com o passar dos anos, foi al-
salário é a principal variável dos estudos sobre oferta de trabalho. terando a composição etária da população, modificando princi-
No entanto não é o mesmo para entender os determinantes da palmente os dois grupos extremos, as crianças e os idosos, pois o
oferta do trabalho feminino, justamente pelo contraste da partici- primeiro grupo perde seu peso na composição da população en-
pação de ambos os sexos no mercado de trabalho. quanto o segundo amplia seu contingente. Logo, não é comum para
Barbosa (2014) aponta que o salário de reserva tem um papel os formuladores de políticas atenderem esse aumento de demanda
importante para determinar a inserção ou não da mulher no mer- presente através da expansão dos serviços de educação infantil es-
cado de trabalho, pois o mesmo indica características individuais, perando que esses investimentos não possam ficar ociosos no fu-
familiares ou econômicas que afetam a disposição de seu nível de turo. Assim a demanda por esses serviços são conflitantes, pois o
participação. Como exemplo, as mulheres com filhos pequenos, número de crianças do grupo entre 0 e 3 anos de idade é cada vez
possuem uma tendência a ter um salário de reserva maior do que menor, mas apesar disso, o número de família que buscam por esse
as mulheres que não possuem filhos, assim como outros membros serviço é cada vez maior (BERLINGERI; SANTOS, 2014).
dependentes no domicílio e um número maior de adultos também Como visto neste capítulo, a população que compõe a PIA bra-
tendem a aumentar o salário de reserva das mulheres. A autora sileira vem apresentando menores taxas de crescimento com pro-
ainda observa variáveis como a idade e o estado conjugal com jeções de máximo de sua população em 2040, e taxa de crescimento
grande influencia no salário de reserva e, que podem ter o efeito negativas para depois desse período. Além disso, vem apresentan-
positivo ou negativo quanto a participação da mulher no mercado do maior grau de envelhecimento. Segundo Camarano (2014) para
de trabalho. manter os níveis de atividade de 2010 entre 2030 e 2050 a oferta
Camarano (2004) argumenta que a presença de idosos com de mão obra trabalhadora deve crescer, e indica a possibilidade de
mais de 75 é uma variável dúbia, pois se o idoso pode gerar um incremento da participação das mulheres e aumento da permanên-
efeito negativo se necessitar de cuidados, assim como pode gerar cia dos trabalhadores no mercado de trabalho. Embora não elimine
um efeito positivo se os idosos auxiliarem no cuidado dos filhos e/ a tendência de diminuição da população em idade ativa, essas duas
ou da casa. possibilidades retardam o processo.
Barbosa (2014) aponta que vários estudos indicam de forma Apesar disso, uma maior permanência nas atividades labora-
significativa que creches e pré-escolas aumentam a participação tivas não é uma tarefa simples, pois conforme o trabalhador vai
das mulheres no mercado de trabalho assim como o aumento das ficando mais velho tende a apresentar mais problemas relaciona-
horas trabalhadas. Barros et al (2011) observa que ao incrementar dos à sua condição de saúde. Como visto em média ambos os sexos
a oferta de creches públicas em bairros de baixa renda no Rio de saem do mercado de trabalho antes da idade mínima prevista em
Janeiro, elevou consideravelmente a participação feminina no mer- lei para aposentadoria.
cado de trabalho nestas localidades, entre 36,0% e 46,0%. Logo a tendência de saída do mercado de trabalho pelo tra-
Berlingeri e Santos (2014) argumentam que é previsto em lei balhador brasileiro não está em concordância com as modificações
o atendimento gratuito em creches e pré-escolas e que nos últi- demográficas que o país está passando, ou seja, o incremento em
mos anos está ocorrendo um aumentando na demanda nesses anos de vida que a população brasileira vem ganhando não está sen-
serviços. Entre 1997 e 2009 a demanda por creches municipais teve do repassada em aumentos em anos nas atividades econômicas.
um aumento de quatro vezes. Segundo os autores o aumento na Contudo cabe ressaltar que em conjunto de um tempo maior
demanda tem dois motivos principais. O primeiro é em relação às de trabalho o incremento da participação das mulheres nas ativi-
conquistas da mulher no mercado de trabalho para complemen- dades é outra possibilidade a ser explorada. Pois os níveis de ativ-
tação da renda familiar, sendo que a creche aparece como uma en- idade das mulheres brasileiras são menores comparativamente
tidade que auxilia as mães trabalhadoras na conciliação do trabalho ao nível de atividade dos homens brasileiros, assim como meno-
e maternidade. O segundo motivo é o benefício no ensino infantil, res, quando comparadas aos níveis de atividade das mulheres dos
desenvolvimento cognitivo e socioemocional das crianças, ou seja, países da OCDE e Estados Unidos.
a relevância no processo educacional. Barros et al (2011) observa uma relação positiva entre aumen-
Várias modificações institucionais visando o ensino infantil fo- to de número de creches e aumento da participação feminina nas
ram realizadas pelos órgãos públicos tentando suprir a crescente atividades econômicas. Berlingeri e Santos (2014) argumentam que a
demanda por vagas desse grupo etário como exemplo demanda pelo serviço de creches tem aumentando nos últimos anos,
Por meio da Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e mas observa que um aumento de investimentos na ampliação deste
bases da educação nacional (Brasil, 1996), as creches foram incor- tipo de serviço pode ficar ocioso no futuro, tendo em vista as alter-
poradas ao sistema de educação e, posteriormente, ao Fundo de ações demográficas, como um número cada vez menor de nascimen-
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valor- tos para o grupo de crianças de 0 a 3 anos que utilizam esse serviço.
ização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), recebendo recur- Barbosa (2014) argumenta ser incerto os cenários de aumento
sos diretos do governo. Outras medidas, como a Lei nº 11.114/2005 das mulheres na atividade econômica, e mesmo se houver este in-
(Brasil, 2005) – que altera o Artigo 32 da LDB, determinando que o cremento ainda não será o suficiente para suprir a necessidade fu-
ensino fundamental, gratuito e obrigatório, passa a ter início aos tura de mão de obra no mercado de trabalho brasileiro, argumenta
6 anos de idade e estende sua duração até os 9 anos –, a Emenda a necessidade de melhores níveis educacionais e mais políticas para
Constitucional (EC) nº 59/2009 – que passa a incluir a pré-escola (4 permanência do trabalhador no mercado de trabalho.
a 5 anos) como etapa obrigatória do ensino básico –, e o projeto de Nonato et al (2012) argumenta que para reduzir a diferença
lei (PL) que cria o Plano Nacional de Educação (PNE) para vigorar entre mulheres e homens em termos de níveis de atividade do mer-
de 2011 a 2020, buscando ampliar a oferta de educação infantil cado de trabalho depende de modificações culturais, econômicas e
de forma a atender a 50% da população de até 3 anos, refletem a sociais. Ressalta ainda que a participação feminina deve incremen-
preocupação do governo em universalizar o atendimento escolar tar-se para os próximos anos com mais mulheres ocupando cargos
destinado ao público infantil (BERLINGERI; SANTOS, 2014, p.449) e postos nos quais ainda não estão muito presentes.

71
ATUALIDADES
Indicadores sócioeconômicos
Os indicadores sociais são dados estatísticos sobre os vários aspectos da vida de um povo que, em conjunto, retratam o estado social
da nação e permitem conhecer o seu nível de desenvolvimento social.
Os indicadores sociais compõem um sistema e, para que tenham sentido, é necessário que sejam observados uns em relação aos
outros, como elementos de um mesmo conjunto.
A partir destes indicadores sociais, pode ser avaliada a renda per capita, analfabetismo (grau de instrução), condições alimentares e
condições médicas-sanitárias de uma região ou país.

Ilustração de gráfico para indicadores sociais

Através destes indicadores, pode-se ainda indicar os países como sendo: ricos (desenvolvidos), em desenvolvimento (economia emer-
gente) ou pobres (subdesenvolvidos). Para que isso ocorra, organismos internacionais analisam os países segundo:
• Expectativa de vida (média de anos de vida de uma pessoa em determinado país).
• Taxa de mortalidade (corresponde ao número de pessoas que morreram durante o ano).
• Taxa de mortalidade infantil (corresponde ao número de crianças que morrem antes de completar 1 ano).
• Taxa de analfabetismo (corresponde ao percentual de pessoas que não sabem ler e nem escrever).
• Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, baseada na paridade de poder de compra dos habitantes.
• Saúde (referente à qualidade da saúde da população).
• Alimentação (referente à alimentação mínima que uma pessoa necessita, cerca de 2.500 calorias, e se essa alimentação é equili-
brada).
• Condições médico-sanitárias (acesso a esgoto, água tratada, pavimentação, entre outros).
• Qualidade de vida e acesso ao consumo (correspondem ao número de carros, de computadores, televisores, celulares, acesso à
internet, etc).

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)


O IDH foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) com o objetivo de medir o grau econômico e, principalmente, como as
pessoas estão vivendo nos países de todo o mundo.
O IDH avalia os países em uma escala de 0 a 1. O índice 1 não foi alcançado por nenhum país do mundo, e dificilmente será, pois tal
índice iria significar que determinado país apresenta uma realidade praticamente perfeita, com elevada renda per capita, expectativa de
vida de 90 anos e assim por diante.
Igualmente é importante ressaltar que não existe nenhum país do mundo com índice 0, pois se isso acontecesse seria o mesmo que
apresentar, por exemplo, taxas de analfabetismo de 100% e todos os outros indicadores em níveis catastróficos. Os 10 países que ocupam
o topo no quesito “muito alto desenvolvimento humano” na tabela que apresenta o ranking IDH Global de 2018 são:
Ranking IDH Global País Nota
1 Noruega 0,953
2 Suiça 0,944
3 Austrália 0,939
4 Irlanda 0,938
5 Alemanha 0,936
6 Islândia 0,935
7 Hong Kong 0,933
8 Suécia 0,933
9 Singapura 0,932
10 Holanda 0,931

De acordo com este relatório, o Brasil figura no quesito “alto desenvolvimento humano”, ocupando a posição 79º no ranking IDH
Global, com nota 0,759.

72
ATUALIDADES
Alegre, entre outras.
“O Atlas é um instrumento de democratização da informação
que pode auxiliar na melhoria da qualidade de políticas públicas”,
destaca a coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano
no PNUD, Andréa Bolzon.
Segundo a especialista, com a plataforma “é possível perceber
que a desigualdade em nível ‘intrametropolitano’ ainda persiste
como realidade tanto no Sudeste quanto no Nordeste”.
“Dentro da mesma região metropolitana, por exemplo, a di-
ferença em termos de esperança de vida ao nascer pode chegar a
mais de dez anos entre uma Unidade de Desenvolvimento Humano
(UDHs) e outra, quer estejamos em Campinas ou em Maceió”, ex-
plica Bolzon.
As UDHs — que podem ser analisadas separadamente na pla-
taforma — são áreas menores que bairros nos territórios mais po-
pulosos e heterogêneos, mas iguais a municípios inteiros quando
estes têm população insuficiente para desagregações estatísticas.
Mapa ilustrando a visualização IDH Global Através do link a seguir terá acesso, sequencialmente, à plata-
Que tipo de informação os indicadores podem dar sobre o Brasil? forma online e ao atlas apontado no texto.
A comparação entre as regiões norte, nordeste, sudeste, sul http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscen-
e centro-oeste é muito importante para que tenhamos condições ter/articles/2016/10/18/atlas-do-desenvolvimento-humano-nas-
de conhecer melhor uma região ou o país. Quando comparados os -regi-es-metropolitanas-fornece-indicadores-para-focaliza-o-de-
indicadores sociais do nordeste com os do sudeste (por exemplo, -pol-ticas-p-blicas-/
número de pessoas que têm em casa esgoto ligado à rede geral,
água tratada e coleta de lixo), fica evidente que no nordeste as Consequências do processo de urbanização
famílias vivem em piores condições de vida do que no sudeste. O processo de urbanização, além de ocorrer de forma desigual,
Ao mesmo tempo, estes indicadores possibilitam que tenham- não só no Brasil mas em diversas partes do mundo, dá-se de forma
os condições de avaliar com mais cuidado as ações dos governos desordenada, apontando então a falta de planejamento. Isso acar-
no que se refere à administração da vida das pessoas. Um governo reta diversos problemas urbanos de ordem social e ambiental. São
conseguiu melhorar os índices de educação em várias regiões, out- alguns deles:
ro pode ter incentivado a criação de novas indústrias - os números Favelização: A falta de planejamento e de políticas públicas faz
mostram o que realmente foi realizado. com que muitas pessoas (ao dirigirem-se às cidades e não encon-
trar locais para abrigarem-se) ocupem áreas terrenas, muitas vezes
Plataforma do PNUD apresenta indicadores sociais de 20 regi- em áreas de risco. A favelização é uma consequência do inchaço
ões metropolitanas do Brasil urbano e da ocupação desordenada das cidades.
Atlas do Desenvolvimento Humano das Regiões Metropolita- Excesso de lixo: Visivelmente, onde há maior concentração de
nas Brasileiras disponibiliza informações do IDH municipal e outros pessoas, há também maior produção de lixo. O aumento do núme-
200 indicadores socioeconômicos. Objetivo é melhorar elaboração ro de habitantes nas grandes cidades fez com que houvesse maior
de políticas públicas para as cidades. Iniciativa é tema de apresen- produção de lixo, que, por vezes, é descartado de maneira incor-
tações na Terceira Conferência da ONU sobre Moradia e Desenvol- reta, provocando outros problemas urbanos e também problemas
vimento Urbano Sustentável, a Habitat III. ambientais. Segundo o IBGE, no Brasil, cerca de 50% do lixo gerado
Para disponibilizar dados sobre 20 regiões metropolitanas bra- é depositado em locais incorretos, a céu aberto.
sileiras — de um total de 70 espalhadas pelo país —, o Programa Poluição: A questão da poluição pode ter diversas naturezas. As
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Instituto de grandes cidades concentram, além de um elevado número de hab-
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) criaram uma plataforma onli- itantes, também um grande número de indústrias e automóveis,
ne com informações sobre educação, renda, trabalho, demografia, que, diariamente, emitem diversos gases poluentes à atmosfera,
longevidade, habitação e vulnerabilidade de grupos específicos. O causando poluição do ar. A poluição sonora e visual também é um
objetivo é melhorar as políticas públicas para as cidades. grande problema vivido nos centros urbanos, comprometendo o
A iniciativa é tema de apresentações da Terceira Conferência bem-estar da população.
da ONU sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, a Violência: Processos como a marginalização da população por
Habitat III, que teve início na segunda-feira (17) e termina na pró- meio da favelização ou da ocupação desordenada contribuem para
xima quinta (20). o aumento da violência. O inchaço das cidades associado à inca-
Criado também em parceria com a Fundação João Pinheiro, pacidade de abrigar toda a população, às condições insalubres de
o Atlas do Desenvolvimento Humano das Regiões Metropolitanas moradia e à falta de políticas públicas que atendam essa parcela
Brasileiras utiliza informações do projeto Atlas Brasil, que avaliou da população tem como consequência direta o aumento da crimi-
as condições de vida em 5.565 municípios. nalidade.
Além de apresentar o índice de desenvolvimento humano de Inundações: O processo de urbanização está atrelado a diversas
questões, como o aumento da produção de lixo associado à imper-
cada cidade (IDHM), o portal exibe outros 200 indicadores socieco-
meabilização do solo. O asfaltamento das cidades e o mau planeja-
nômicos e sua evolução de 2000 a 2010 nas 20 regiões analisadas.
mento prejudicam o escoamento das águas, provocando inundações.
Entre as regiões metropolitanas avaliadas, estão São Paulo, Distrito
Federal e Entorno, Rio de Janeiro, Manaus, Maceió, Curitiba, Porta

73
ATUALIDADES
Recursos naturais
A economia dos recursos naturais é o ramo da economia que lida com os aspectos da extração e exploração dos recursos naturais
ao longo do tempo, e a sua optimização em termos económicos e ambientais.[1] Procura compreender o papel dos recursos naturais na
economia, a fim de desenvolver métodos de gestão mais sustentável destes recursos para garantir a sua disponibilidade para as gerações
futuras.
O que se conhece por “economia dos recursos naturais” é um campo da teoria microeconômica que emerge das análises neoclássicas
a respeito da utilização das terras agrícolas, dos recursos minerais, dos peixes, dos recursos florestais madeireiros e não madeireiros, da
água, todos os recursos naturais reprodutíveis e os não reprodutíveis. (Maria Amélia Enriquez)
- Renováveis - São recursos compatíveis com o horizonte de vida do homem.
Ex: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora.
- Não Renováveis - São recursos que necessitam de eras “geológicas” para sua formação.
Ex: Os minérios em geral e os combustíveis fósseis (petróleo e gás natural).
“Um recurso que é extraído mais rápido do que é renovado por Processos naturais é um recurso não renovável. Um recurso que é
Reposto tão rápido quanto é extraído é certamente renovável” (Irene Domenes Zapparoli).
O principal critério para a classificação dos recursos naturais é a capacidade de recomposição de um recurso no horizonte do tempo
humano. Um recurso que é extraído mais veloz do que é renovado por processos naturais é um recurso não-renovável. Um recurso que é
reposto tão rápido quanto é retirado é certamente um recurso renovável.
Em relação a Economia dos Recursos Naturais temos a atual classificação:
- Renováveis: solos, ar, águas, florestas, fauna e flora no geral.
- Não renováveis, ou exauríveis, esgotáveis ou não reprodutíveis: minérios, combustíveis.
O estudo da economia dos recursos naturais tem adquirido importância crescente em várias correntes do pensamento econômico,
mas a abordagem dominante ainda é a da economia neoclássica (também chamada de economia convencional).

Existem basicamente 4 tipos de Recursos Naturais:


- Recursos Minerais: água, solo, ouro, prata, cobre, bronze;
- Recursos Energéticos: sol, vento, petróleo, gás;
- Recursos Renováveis: madeira, peixes, vegetais – podem ser finitos, a depender do seu grau de utilização
- Recursos Não-Renováveis: petróleo, gás, demais minérios – podem ser recuperados, porém em escalas de tempo sobre-humanas.

Como podemos perceber analisando o breve esquema acima a maioria dos recursos naturais, mesmo os renováveis, podem não
ser inesgotáveis, principalmente se forem utilizados de maneira irresponsável e em larga escala. Com isso, talvez o maior desafio, não
somente dos gestores ambientais, mas de toda a espécie humana, seja justamente o de conciliar o desenvolvimento econômico com a
preservação e conservação do meio ambiente.
E uma boa alternativa pode ser, realmente, a utilização de fontes de energia limpas, baratas e economicamente viáveis, para que
sejam atendidas todas as necessidades energéticas da humanidade, porém, sem prejudicar nem esgotar as reservas naturais, preservan-
do-as e conservando-as para as próximas gerações que estão por vir.
Diversas soluções criativas e viáveis vêm surgindo, dia após dia, em todo o mundo. Painéis solares à base de garrafas PET, biodiges-
tores, moinhos e cataventos geradores de energia eólica, geradores de energia a partir das ondas do mar, carregadores de celular à base
de energia solar, carros movidos à energia elétrica ou solar, computadores que funcionam movidos a pedais de bicicleta, enfim, uma ver-
dadeira infinidade de ideias inovadoras que, com investimento e, sobretudo, boa vontade, podem perfeitamente ajudar a solucionar boa
parte dos problemas ambientais, nesse caso, suprir nossas necessidades energéticas de locomoção e bem-estar.

- Fontes de Energia.
Fontes de energia são matérias-primas que direta ou indiretamente produzem energia para movimentar as máquinas, os transportes,
a indústria, o comércio, a agricultura, as casas, etc.
O carvão, o petróleo, as águas dos rios e dos oceanos, o vento e certos alimentos são alguns exemplos de fontes energéticas.
- Energia Renováveis e Não Renováveis
As fontes de energia ou recursos energéticos podem ser classificados em dois grupos: energias renováveis e não renováveis.

Diferentes fontes de energia: hidrelétrica, eólica, térmica, solar, nuclear

74
ATUALIDADES
- Energias Renováveis dação no ambiente em que se instala uma usina hidrelétrica, a sua
Energias renováveis são aquelas que regeneram-se esponta- construção é recomendada em áreas de planalto, onde o terreno
neamente ou através da intervenção humana. São consideradas é mais íngreme e acidentado, pois rios de planície necessitam de
energias limpas, pois os resíduos deixados na natureza são nulos. mais espaço para represamento da água, o que gera mais impactos
Alguns exemplos de energias renováveis são: ambientais.
• Hidrelétrica - oriunda pela força da água dos rios; Por um lado, as hidroelétricas trazem vários prejuízos ambien-
• Solar - obtida pelo calor e luz do sol; tais, não só pela inundação de áreas naturais e desvio de leitos de
• Eólica - derivada da força dos ventos, rios, como também pelo dióxido de carbono emitido pela decom-
• Geotérmica - provém do calor do interior da terra; posição da matéria orgânica que se forma nas áreas alagadas. Por
• Biomassa - procedente de matérias orgânicas; outro lado, essa é considerada uma eficiente forma de geração de
• Mares e Oceanos - natural da força das ondas; eletricidade, além de ser menos poluente, por exemplo, que as ter-
• Hidrogênio - provém da reação entre hidrogênio e oxigênio moelétricas movidas a combustíveis fósseis.
que libera energia.

Energia solar

Consiste no aproveitamento da radiação solar emitida sobre


a Terra. Trata-se, portanto, de uma fonte de energia que, além de
inesgotável, é altamente potente, pois uma grande quantidade de
radiação é emitida sobre o planeta todos os dias. A sua principal
questão, todavia, não é a sua disponibilidade na natureza, e sim as
formas de aproveitá-la para a geração de eletricidade.
Existem duas formas de utilização da energia solar, a foto-
voltaica, em que placas fotovoltaicas convertem a radiação solar
em energia elétrica, e a térmica, que aquece a água e o ambiente,
sendo utilizada em casas ou também em termoelétricas através da Energia da biomassa
conversão da água em vapor, este responsável por movimentar as
turbinas que acionam os geradores. A biomassa corresponde a toda e qualquer matéria orgânica
não fóssil. Assim, pode-se utilizar esse material para a queima e
Energia eólica produção de energia, por isso ela é considerada uma fonte renová-
vel. Sua importância está no aproveitamento de materiais que, em
Utiliza-se da força promovida pelos ventos para a produção de tese, seriam descartáveis, como restos agrícolas (principalmente o
energia. Sua importância vem crescendo na atualidade, pois, assim bagaço da cana-de-açúcar), e também na possibilidade de cultivo.
como a energia solar, ela não emite poluentes na atmosfera. As usi-
nas eólicas utilizam-se de grandes cataventos instalados em áreas
onde a movimentação das massas de ar é intensa e constante na
maior parte do ano. Os ventos giram as hélices, que, por sua vez,
movem as turbinas, acionando os geradores.
Embora essa fonte de energia seja bastante eficiente e elogia-
da, ela apresenta algumas limitações, como o caráter não total-
mente constante dos ventos durante o ano, havendo interrupções,
e a dificuldade de armazenamento da energia produzida.

A biomassa é utilizada como fonte de eletricidade e também


como biocombustível

Existem três tipos de biomassa utilizados como fonte de ener-


gia: os sólidos, os líquidos e os gasosos.
Combustíveis sólidos: podemos citar a madeira, o carvão vege-
tal e os restos orgânicos vegetais e animais.
Combustíveis líquidos: o etanol, o biodiesel e qualquer outro
líquido obtido pela transformação do material orgânico por proces-
sos químicos ou biológicos.
Estação de produção de energia eólica Combustíveis gasosos: aqueles que são obtidos pela transfor-
mação industrial ou até natural de restos orgânicos, como o biogás
Energia hídrica ou hidroelétrica e o gás metano coletado em áreas de aterros sanitários.

Por sua vez, a energia hidroelétrica utiliza-se do movimento Energia geotérmica


das águas dos rios para a produção de eletricidade. Em países como
Brasil, Rússia, China e Estados Unidos, ela é bastante aproveitada A energia geotérmica corresponde ao calor interno da Terra.
pelas usinas que transformam a energia hidráulica e cinética em Em casos em que esse calor se manifesta em áreas próximas à su-
eletricidade. perfície, as elevadas temperaturas do subsolo são utilizadas para a
Como é necessário o estabelecimento de uma área de inun- produção de eletricidade.

75
ATUALIDADES
Basicamente, as usinas geotérmicas injetam água no subsolo energia será explorada.
por meio de dutos especificamente elaborados para esse fim. Essa Os centros de transformação podem ser:
água evapora e é conduzida pelos mesmos tubos até as turbinas, • Usinas Hidrelétricas - a força da queda d’água faz girar as
que se movimentam e acionam o gerador de eletricidade. Para o re- turbinas e assim convertida em eletricidade
aproveitamento da água, o vapor é novamente transportado para • Refinarias de Petróleo - o petróleo é transformado em óleo
áreas em que retorna à sua forma líquida, reiniciando o processo. diesel, gasolina, querosene, etc.
O principal problema da energia geotérmica é o seu impacto • Usinas Termoelétricas - através da queima do carvão mineral
ambiental através de eventuais emissões de poluentes, além da e do petróleo, obtém-se energia.
poluição química dos solos em alguns casos. Somam-se a isso os • Coquerias - o carvão mineral é transformado em coque, que
elevados custos de implantação e manutenção. é um produto empregado para aquecer altos fornos da siderurgia
e indústrias.
Energia das ondas e das marés
A questão ambiental
É possível utilizar a água do mar para a produção de eletricida- O Brasil é famoso por seu território continental e por seus
de tanto pelo aproveitamento das ondas quanto pela utilização da diversos ecossistemas. O país é também conhecido por possuir a
energia das marés. No primeiro caso, utiliza-se a movimentação das maior diversidade biológica do planeta. O gigantesco patrimônio
ondas em ambientes onde elas são mais intensas para a geração ambiental do Brasil inclui cerca de 13% das espécies de plantas e
de energia. Já no segundo caso, o funcionamento lembra o de uma animais existentes no mundo.
hidrelétrica, pois cria-se uma barragem que capta a água das marés
durante as suas cheias, e essa água é liberada quando as marés di-
minuem. Durante essa liberação, a água gira as turbinas que ativam
os geradores.

- Energias Não Renováveis

Energias não renováveis são aquelas que se encontram na na-


tureza em grandes quantidades, mas uma vez esgotadas, não po-
dem mais ser regeneradas.
Têm reservas finitas, pois é necessário muito tempo para sua
formação na natureza. São consideradas energias poluentes, por-
que sua utilização causa danos para o meio-ambiente.
Exemplos de energia não renováveis:
• Combustíveis fósseis: como o petróleo, o carvão mineral, o
Brasil possui também as maiores reservas de água doce da
xisto e o gás natural;
Terra e um terço das florestas tropicais. Quase um terço de todas as
• Energia Nuclear: que necessita urânio e tório para ser pro-
espécies vegetais do mundo se concentram no Brasil. A Amazônia
duzida.
por si só abriga aproximadamente um terço das florestas tropicais
do mundo e um terço da biodiversidade global, além da maior bacia
- Fontes de Energia no Brasil
de água doce da Terra. Cabe ressaltar que 63,7% da região amazô-
nica se encontra em território brasileiro.
A busca por fontes alternativas de energias não poluentes ou
A conservação do meio ambiente brasileiro é um desafio, pois
renováveis tem avançado no mundo. Seja para diminuir a depen-
o crescimento econômico do país aumenta a demanda por recursos
dência do petróleo, seja para descer os níveis de poluição, o fato é
naturais. Utiliza-se mais a terra, extraem-se mais minerais e torna-
que a busca por diferentes fontes de energia já são uma realidade
-se necessário expandir a infraestrutura. Evidentemente, a agricul-
no mundo.
tura, a mineração e a realização de novas obras impactam o meio
No Brasil, o uso do álcool, proveniente da cana-de-açúcar, data
ambiente.
de 1975, com a implantação do Programa Nacional do Álcool (Pro-
Nas conferências internacionais sobre o Meio Ambiente, há um
álcool), em decorrência da crise do petróleo. Hoje o álcool é tam-
embate ideológico entre o mundo desenvolvido e o subdesenvol-
bém usado como aditivo à gasolina.
vido. Se torna inviável preservar a natureza em espaços habitados
Igualmente, o uso e a exploração da energia solar e eólica, vem
por uma população miserável. Alguém que encontra dificuldades
sendo estimulada ainda que de maneira tímida por parte do go-
para se alimentar não vai se preocupar com as consequências das
verno.
queimadas nas lavouras e do desmatamento nas florestas; ações
Percebemos que a fonte energética mais utilizada no Brasil é a
que resultam na emissão de gases estufa.
hidráulica, enquanto a energia solar praticamente não é explorada.
Por outro lado, as mudanças climáticas agravam ainda mais a
Isso pode ser considerado um despropósito, devido ao tamanho do
miséria. Na maioria dos casos, as pessoas que mais sofrem as con-
território e a quantidade de luz solar a que o país está exposto.
sequências dos desastres naturais e dos eventos climáticos extre-
mos – inundações, furacões, deslizamentos, etc. – são os pobres.
- Transformação
Mesmo quando sobrevivem à tragédia, muitas vezes acabam per-
dendo todos seus bens materiais: o pouco que se acumulou após
As fontes de energias são encontradas na natureza em estado
anos de trabalho pode ser perdido algumas horas.
bruto, e para serem aproveitadas economicamente devem passar
As mudanças climáticas dificultam a redução da pobreza no
por um processo de transformação e armazenamento.
mundo e ameaçam a sobrevivência física de milhões de pessoas.
A água, o sol, o vento, o petróleo, o carvão, o urânio são cana-
Em outras palavras, é praticamente impossível dissociar a preser-
lizados pelo ser humano e assim toda sua capacidade de produzir
vação ambiental da péssima qualidade de vida de milhões de seres

76
ATUALIDADES
humanos. Amapá, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso) foi reduzida signi-
A riqueza material também pode causar mudanças climáticas, ficativamente nos últimos anos. A quantidade de árvores desflo-
pois uma pesada pegada ecológica e de carbono exerce pressão so- restadas em 2011 foi a menor desde 1988. Contudo, por mais que
bre o ambiente e o clima. o número tenha diminuído, ainda é elevado: em 2009, 14,6% da
O Brasil vem apresentando melhorarias em alguns indicadores Amazônia Legal já havia sido desflorestada.
ambientais. Apesar de tal progresso, ainda há grandes desafios que As queimadas e o desflorestamento são os principais responsá-
o país precisa superar. veis pelas emissões de gases do efeito estufa no Brasil. Outros países
pressionam o Brasil a tomar medidas eficazes para preservar a Flo-
A Floresta Amazônica e o desflorestamento resta Amazônica, por esta ser considerada “o pulmão do mundo”.

Desmatamento dos outros ecossistemas


Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasilei-
ro que foi mais alterado pela ocupação humana. O Cerrado, que
é o segundo maior bioma brasileiro e que abrange as savanas do
centro do país, teve sua cobertura vegetal reduzida pela metade.
O percentual de área desmatada nesse bioma é maior que o verifi-
cado na Floresta Amazônica.
Um dos impactos ambientais mais graves na região foi causado
por garimpos: os rios foram contaminados com mercúrio e houve o
assoreamento dos cursos de água.
Nos últimos anos, porém, a maior fator de risco para o Cerrado
tem sido a expansão da agricultura, principalmente do cultivo da
soja, e da pecuária. Graças ao desenvolvimento de tecnologia que
permitiu corrigir o problema da baixa fertilidade de seus solos, o
Cerrado se tornou área de expansão da plantação de grãos, como
a soja, para exportação. As atividades agropecuárias, por meio do
Desflorestamento da Floresta Amazônica desmatamento e das queimadas, estão devastando a formação ve-
O desflorestamento e a degradação produzem mais de 10% getal dos cerrados, causando processos erosivos e levando à com-
das emissões mundiais de carbono. pactação do solo.
A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do mundo. A Mata Atlântica continua a ser desflorestada. É um dos bio-
Abrange 6,9 milhões de quilômetros quadrados em nove países mas mais ameaçados do mundo. No presente, há apenas 133.010
sul-americanos (Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Ve- km² de área remanescente – menos de 10% do que havia original-
nezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa). No Brasil, cobre mente.
49% do território nacional e faz parte de nove estados brasileiros: A Mata Atlântica é um conjunto de formações florestais que
Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, possui uma enorme biodiversidade e que se estende por uma faixa
Tocantins e Maranhão. do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, passando por 17 es-
A Floresta Amazônica compreende a maior biodiversidade do tados brasileiros. Originalmente, a Mata Atlântica se estendia por
mundo, que inclui mais de cinco mil espécies de árvores, três mil de toda a costa nordeste, sudeste e sul do Brasil, com faixa de largura
peixes, 300 de mamíferos e 1,300 de pássaros. Além disso, conta variável. Na tentativa de preservar o que restou dessa incalculável
com um quinto da disponibilidade de água potável do mundo - a riqueza, foram criadas Unidades de Conservação. A maior delas é
maior bacia hidrográfica do planeta. No território brasileiro da Flo- o Parque Estadual da Serra do Mar, que contém 315 mil hectares.
resta Amazônica habitam 20 milhões de pessoas, entre elas, 220 Não obstante, a Mata Atlântica continua a ser ameaçada pelo cons-
mil indígenas de inúmeras tribos. tante aumento das cidades e pela poluição que muito dificultam
Na Floresta Amazônica, há muitas espécies em perigo de ex- as tentativas de preservá-la. Na Mata Atlântica, há várias espécies
tinção. A Amazônia sofre um ritmo acelerado de destruição. Na dé- em risco de extinção, como a onça pintada e o mico-leão dourado.
cada de 1970, o governo brasileiro, com o objetivo de desenvolver As frentes humanas contra o desmatamento são chamadas de:
essa região e integrá-la ao restante do país, criou inúmeros incen- empates. A “política dos empates” foi a forma encontrada pelo gru-
tivos para que milhões de brasileiros passassem a habitá-la. Contu- po de Chico Mendes para impedir que madeireiros e fazendeiros do
do, os limites de propriedades não foram claramente delineados e Acre praticassem o desmatamento ilegal. Já que o grupo não possui
o caos fundiário passou a ser uma realidade na região. os recursos para enfrentar seus adversários, adotaram a estratégia
A Floresta Amazônica contém uma das maiores reservas de de formar uma corrente humana, com as mãos de pessoas dadas,
madeira tropical do mundo. A extração dessa madeira e a amplia- para impedir que os tratores passassem.
ção de áreas usadas para o gado e o plantio da soja resultam em
desmatamento. O garimpo e as grandes hidroelétricas também são Vamos aqui falar dos principais problemas ambientais bra-
nocivos para os rios da região. sileiros
O governo brasileiro precisa conter o desmatamento, demar- O Brasil, assim como qualquer país do mundo, enfrenta
car as propriedades privadas e implementar leis que protejam as ameaças ao meio ambiente. De acordo com uma pesquisa realizada
áreas de conservação. pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% dos
É importante não confundir a Amazônia Legal com a Floresta municípios brasileiros apresentam problemas ambientais, e entre
Amazônica. A Amazônia Legal é uma área geoeconômica, delimita- os mais relatados estão as queimadas, desmatamento e assorea-
da em 1966 pelo Governo Federal, por meio da Superintendência mento. A seguir, falaremos um pouco a respeito de cada um deles:
de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Inclui a Floresta Ama- - Queimadas: As queimadas são geralmente utilizadas para
zônica, os cerrados e o Pantanal. A taxa anual de desflorestamen- limpar uma determinada área, renovar as pastagens e facilitar a
to na Amazônia Legal (Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, colheita de produtos como a cana-de-açúcar. Essa prática pode ser

77
ATUALIDADES
prejudicial para o ecossistema, pois aumenta os riscos de erosão,
mata micro-organismos que vivem no solo, retira nutrientes e Queimadas: As queimadas são geralmente utilizadas para lim-
causa poluição atmosférica. par uma determinada área, renovar as pastagens e facilitar a col-
heita de produtos como a cana-de-açúcar. Essa prática pode ser
- Desmatamentos: Os desmatamentos acontecem por vários prejudicial para o ecossistema, pois aumenta os riscos de erosão,
motivos. Entre eles, podemos citar a ampliação da agropecuária, mata micro-organismos que vivem no solo, retira nutrientes e
extração da madeira para uso comercial, criação de hidrelétricas, causa poluição atmosférica.
mineração e expansão das cidades. O desmatamento prejudica o
ecossistema de diferentes maneiras, provocando erosões, agrava- Desmatamentos: Os desmatamentos acontecem por vários
mento dos processos de desertificação, alterações no regime de motivos. Entre eles, podemos citar a ampliação da agropecuária,
chuvas, redução da biodiversidade, assoreamento dos rios, etc. extração da madeira para uso comercial, criação de hidrelétricas,
mineração e expansão das cidades. O desmatamento prejudica o
- Assoreamento: O assoreamento acontece com o acúmulo de ecossistema de diferentes maneiras, provocando erosões, agrava-
sedimentos em ambientes aquáticos. Seus impactos para o meio mento dos processos de desertificação, alterações no regime de
ambiente são grandes, como a obstrução de cursos de água, de- chuvas, redução da biodiversidade, assoreamento dos rios, etc.
struição de habitats aquáticos, prejuízos na água destinada ao con- Assoreamento: O assoreamento acontece com o acúmulo de
sumo e veiculação de poluentes. sedimentos em ambientes aquáticos. Seus impactos para o meio
ambiente são grandes, como a obstrução de cursos de água, de-
Apesar de esses serem os mais relatados, não significa que se- struição de habitats aquáticos, prejuízos na água destinada ao con-
jam os únicos problemas ambientais enfrentados em nosso país. sumo e veiculação de poluentes.
Podemos citar ainda como ameaças ao meio ambiente: a poluição
das águas, que causam doenças e prejuízo no abastecimento, a Apesar de esses serem os mais relatados, não significa que se-
poluição atmosférica, responsável por uma grande incidência de jam os únicos problemas ambientais enfrentados em nosso país.
doenças respiratórias, e a poluição do solo, desencadeada princi- Podemos citar ainda como ameaças ao meio ambiente: a poluição
palmente pelo acúmulo de lixo e pelo uso de agrotóxicos. das águas, que causam doenças e prejuízo no abastecimento, a
Todos essas questões que afetam e ameaçam os ecossiste- poluição atmosférica, responsável por uma grande incidência de
mas e a saúde humana devem ser combatidas. Para isso, necessi- doenças respiratórias, e a poluição do solo, desencadeada princi-
tamos de urgente criação de políticas mais eficientes a fim de evitar palmente pelo acúmulo de lixo e pelo uso de agrotóxicos.
crimes ambientais, assim como precisamos de programas voltados Todos essas questões que afetam e ameaçam os ecossistemas
à conscientização da população acerca de como diminuir os prob- e a saúde humana devem ser combatidas. Para isso, necessitamos
lemas ambientais em nosso país. Se todos fizerem sua parte, po- de urgente criação de políticas mais eficientes a fim de evitar crimes
deremos deixar um Brasil com muito mais qualidade de vida para ambientais, assim como precisamos de programas voltados à con-
nossos descendentes. scientização da população acerca de como diminuir os problemas
Degradação Ambiental ambientais em nosso país. Se todos fizerem sua parte, poderemos
Os problemas ambientais de âmbito nacional (no território deixar um Brasil com muito mais qualidade de vida para nossos de-
brasileiro) ocorrem desde a época da colonização, estendendo-se scendentes.
aos subsequentes ciclos econômicos (cana, ouro, café etc.).
Atualmente, os principais problemas estão relacionados com Biosfera e clima
as práticas agropecuárias predatórias, o extrativismo vegetal (ativi- O clima é uma rede intrincada de elementos e fatores que o
dade madeireira) e a má gestão dos resíduos urbanos. caracterizam. Por isso, o clima muda muito conforme a região.
Os principais agravantes de ordem rural e urbana são: De todos os fatores, o mais importante é a radiação solar. O
- perda da biodiversidade em razão do desmatamento e das Sol é o motor que move o clima. A luz solar por si própria não gera
queimadas; calor, mas é a absorção, dispersão e a reflexão dessa mesma luz
- degradação e esgotamento dos solos por causa das técnicas que irá determinar o grau de calor de cada região.
de produção; O balanço global do sistema Terra-atmosfera é positivo, ou
- escassez da água pelo mau uso e gerenciamento das bacias seja, a relação entre a energia absorvida pela atmosfera e pelos
hidrográficas; oceanos e terras é de 64% (47% pela superfície terrestre e 17% pela
- contaminação dos corpos hídricos por esgoto sanitário; atmosfera e pelas nuvens).
- poluição do ar nos grandes centros urbanos.
Vários são os problemas ambientais existentes no planeta.
Problemas como poluição atmosférica, poluição das águas, quei-
madas e desmatamentos são cada vez mais frequentes e afetam
a qualidade de vida do homem e também de outras espécies. No
Brasil, não é diferente. Enfrentamos todos os dias graves ameaças
aos nossos ecossistemas.

→ Principais problemas ambientais brasileiros

O Brasil, assim como qualquer país do mundo, enfrenta


ameaças ao meio ambiente. De acordo com uma pesquisa realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% dos
municípios brasileiros apresentam problemas ambientais, e entre
os mais relatados estão as queimadas, desmatamento e assorea-
mento. A seguir, falaremos um pouco a respeito de cada um deles:

78
ATUALIDADES

Esquema ilustrativo do funcionamento da radiação solar

Os elementos e os fatores climáticos determinam as condições climáticas de cada região. Ainda que estudados separadamente, esses
elementos e fatores atuam juntos, ao mesmo tempo.

Elementos Fatores modificadores


Temperatura Latitude
Pressão atmosférica Altitude
Ventos Distância do mar
Umidade Massas de ar
Precipitação Correntes marítimas

Tempo e Clima são conceitos distintos: Tempo é o estado da atmosfera de um lugar em um determinado momento. Clima é a suces-
são dos estados de tempo da atmosfera em determinado lugar.
• Choveu hoje. Tempo
• Chove sempre nessa época do ano. Clima

Temperatura
A temperatura é a quantidade de calor em uma região. A temperatura varia não apenas de um lugar para o outro, mas também em
um mesmo lugar no decorrer do tempo.
Entre os fatores responsáveis por sua variação ou distribuição, destacam-se a latitude, a altitude e a distribuição de massas líquidas e
solidas da Terra (maritimidade e continentalidade).
Temperatura e calor são dois conceitos bastante diferentes e que muitas pessoas acreditam se tratar da mesma coisa. No entanto, o
entendimento desses dois conceitos se faz necessário para o estudo da termologia. Também chamada de termofísica, a termologia é um
ramo da física que estuda as relações de troca de calor e manifestações de qualquer tipo de energia que é capaz de produzir aquecimento,
resfriamento ou mudanças de estado físico dos corpos, quando esses ganham ou cedem calor.
Os átomos e moléculas que constituem a matéria nunca estão completamente imóveis. Mesmo que se esteja observando um mate-
rial relativamente estático, parado. Ao contrário, essas partículas estão sempre animadas de um movimento vibratório, cuja amplitude
depende do estado físico da matéria.
Esse movimento vibratório constitui uma forma de energia cinética, denominada energia térmica. Quanto maior é a agitação das
partículas de um corpo, maior é a energia térmica desse corpo.
A manifestação da energia térmica de um corpo pode ser percebida pelos órgãos sensoriais de nossa pele e nos dá a sensação de frio
ou calor. Essa manifestação é popularmente chamada temperatura e, em física, recebe o nome de estado térmico do corpo. Quanto maior
é o grau de agitação das partículas de um corpo, maior é sua temperatura, ou seja, mais elevado é o seu estado térmico.
A energia térmica pode transferir-se de um corpo para outro, mas sempre se transfere do corpo de maior temperatura para o de
menor temperatura. Para que a transferência ocorra, é preciso que exista entre os dois corpos uma diferença de temperatura. A energia
transferida é chamada calor. Assim, a temperatura de um corpo, sua energia térmica e a agitação de suas partículas alteram-se quando
esse corpo recebe ou cede calor. A transferência de calor somente termina quando os dois corpos em contato atingem a mesma tempe-
ratura, um estado denominado equilíbrio térmico.

79
ATUALIDADES
Temos então que, Temperatura é a grandeza física associada centro de São Paulo, centro-sul de Minas Gerais e pelas regiões ser-
ao estado de movimento ou a energia cinética das partículas que ranas do Rio de Janeiro e Espírito Santo. As chuvas se concentram
compõem os corpos. A chama de uma vela pode estar numa tem- no verão, sendo o índice de pluviosidade influenciado pela proximi-
peratura mais alta que a água do lago, mas o lago tem mais energia dade do oceano.
térmica para ceder ao ambiente na forma de calor. No cotidiano é
muito comum as pessoas medirem o grau de agitação dessas partí- MUDANÇAS CLIMÁTICAS
culas através da sensação de quente ou frio que se sente ao tocar
outro corpo. No entanto não podemos confiar na sensação térmica. As mudanças climáticas são alterações do clima em todo o pla-
Para isso existem os termômetros, que são graduados para medir a neta. Em outras épocas o aquecimento tinha causas naturais, mas
temperatura dos corpos. hoje se sabe que é produzido pelas atividades humanas e suas con-
Calor é definido como sendo energia térmica em trânsito e que sequências são irreversíveis.
flui de um corpo para outro em razão da diferença de temperatura O clima corresponde ao conjunto das características da atmos-
existente entre eles, sempre do corpo mais quente para o corpo fera durante um certo período e numa certa região. Compreende
mais frio. No verão, um lago pode armazenar energia térmica du- as temperaturas médias, a quantidade de chuvas, a umidade do ar,
rante o dia e transferi-la ao ambiente à noite na forma de calor. entre outros aspectos.
As mudanças climáticas estão relacionadas às alterações do
Tipos de clima no Brasil clima em nível global, ou seja, em todo o planeta e podem ser cau-
sadas tanto por alterações naturais (glaciações, mudanças na órbita
Clima subtropical terrestre, etc), como pela ação humana.
As regiões que possuem clima subtropical apresentam grande Os combustíveis fósseis largamente usados em diversas ativi-
variação de temperatura entre verão e inverno, não possuem uma dades humanas intensificaram bastante o aquecimento global e
estação seca e as chuvas são bem distribuídas durante o ano. suas consequências são, em grande parte, irreversíveis para a vida
na Terra.
É um clima característico das áreas geográficas a sul do Trópico O investimento nas energias renováveis é desse modo fun-
de Capricórnio e a norte do Trópico de Câncer, com temperaturas damental, uma vez que substitui os combustíveis fósseis e seria a
médias anuais nunca superiores a 20ºC. A temperatura mínima do melhor forma de controlar as emissões dos gases de efeito estufa.
mês mais frio nunca é menor que 0ºC.
Causas das Mudanças Climáticas
Clima semiárido
O clima semiárido, presente nas regiões Nordeste e Sudeste, Desde a Revolução Industrial que houve um aumento signifi-
apresenta longos períodos secos e chuvas ocasionais concentradas cativo na queima dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás
em poucos meses do ano. As temperaturas são altas o ano todo, natural, entre outros). Com isso também se tornou crescente a
ficando em torno de 26 ºC. A vegetação típica desse tipo de clima quantidade de dióxido de carbono lançada na atmosfera.
é a caatinga.
Causas das Mudanças Climáticas
Clima equatorial úmido
Este tipo de clima apresenta temperaturas altas o ano todo. As Efeito estufa
médias pluviométricas são altas, sendo as chuvas bem distribuídas
nos 12 meses, e a estação seca é curta. Aliando esses fatores ao fe- Efeito estufa é um fenômeno atmosférico natural responsável
nômeno da evapotranspiração, garante-se a umidade constante na pela manutenção da vida na Terra. Sem a presença desse fenôme-
região. É o clima predominante no complexo regional Amazônico. no, a temperatura na Terra seria muito baixa, em torno de -18ºC, o
que impossibilitaria o desenvolvimento de seres vivos.
Clima equatorial semiúmido Existem, na atmosfera, diversos gases de efeito estufa capa-
Em uma pequena porção setentrional do país, existe o clima zes de absorver a radiação solar irradiada pela superfície terrestre,
equatorial semiúmido, que também é quente, mas menos chuvoso. impedindo que todo o calor retorne ao espaço. Parte da energia
Isso ocorre devido ao relevo acidentado (o planalto residual norte- emitida pelo Sol à Terra é refletida para o espaço, outra parte é
-amazônico) e às correntes de ar que levam as massas equatoriais absorvida pela superfície terrestre e pelos oceanos. Uma parcela do
para o sul, entre os meses de setembro a novembro. Este tipo de calor irradiado de volta ao espaço é retida pelos gases de efeito es-
clima diferencia-se do equatorial úmido por essa média pluviomé- tufa, presentes na atmosfera. Dessa forma, o equilíbrio energético
trica mais baixa e pela presença de duas estações definidas: a chu- é mantido, fazendo com que não haja grandes amplitudes térmicas
vosa, com maior duração, e a seca. e as temperaturas fiquem estáveis.
Para entender melhor, podemos comparar o efeito estufa ao
Clima tropical que acontece em um carro parado sob a luz solar. Os raios solares
Presente na maior parte do território brasileiro, este tipo de passam pelos vidros e aquecem o interior do veículo. O calor, en-
clima caracteriza-se pelas temperaturas altas. As temperaturas mé- tão, tende a sair pelo vidro, porém encontra dificuldades. Portan-
dias de 18 °C ou superiores são registradas em todos os meses do to, parte do calor fica retido no interior do carro, aquecendo-o. Os
ano. O clima tropical apresenta uma clara distinção entre a tempo- gases de efeito estufa, presentes na atmosfera, funcionam como o
rada seca (inverno) e a chuvosa (verão). O índice pluviométrico é vidro do carro, permitindo a entrada da radiação ultravioleta, mas
mais elevado nas áreas litorâneas. dificultando que toda ela seja irradiada de volta ao espaço.
Contudo, a grande concentração desses gases na atmosfera
Clima tropical de altitude dificulta ainda mais a dispersão do calor para o espaço, aumentan-
Apresenta médias de temperaturas mais baixas que o clima do as temperaturas do planeta. O efeito estufa tem-se agravado
tropical, ficando entre 15º e 22º C. Este clima é predominante nas em virtude da emissão cada vez maior de gases de efeito estufa
partes altas do Planalto Atlântico do Sudeste, estendendo-se pelo à atmosfera. Essa emissão é provocada por atividades antrópicas,

80
ATUALIDADES
como queima de combustíveis fósseis, gases emitidos por escapa- esfriamento extremo do planeta. Contudo, a intensificação de ativi-
mentos de carros, tratamento de dejetos, uso de fertilizantes, ativi- dades industriais e agrícolas, que demandam áreas para produção
dades agropecuárias e diversos outros processos industriais. e, consequentemente, geram desmatamento, e o uso dos transpor-
tes aumentaram a emissão de gases de efeito estufa à atmosfera.
Quais são os gases de efeito estufa? A queima de combustíveis fósseis é uma das atividades que
Existem quatros principais de gases de efeito estufa. mais produzem gases de efeito estufa. A concentração desses gases
1. Dióxido de carbono: é o mais abundante entre os gases de na atmosfera impede que o calor seja irradiado, aquecendo ainda
efeito estufa, visto que pode ser emitido a partir de diversas ativi- mais a superfície terrestre, aumentando, portanto, as temperatu-
dades humanas. O uso de combustíveis fósseis, como carvão mine- ras. Esse aumento das temperaturas decorrente da intensificação
ral e petróleo, é uma das atividades que mais emitem esses gases. do efeito estufa é conhecido como aquecimento global.
Desde a Era Industrial, houve um aumento de 35% da quantidade
de dióxido de carbono na atmosfera.
2. Gás metano: é o segundo maior contribuinte para o aumen-
to das temperaturas da Terra, com poder 21 vezes maior que o di-
óxido de carbono. Provém de atividades humanas ligadas a aterros
sanitários, lixões e pecuária. Além disso, pode ser produzido por
meio da digestão de ruminantes e eliminado por eructação (arroto)
ou por fontes naturais. Cerca de 60% da emissão de metano pro-
vém de ações antrópicas.
3. Óxido nitroso: pode ser emitido por bactérias no solo ou no
oceano. As práticas agrícolas são as principais fontes de óxido nitro-
so advindo da ação humana. Exemplos dessas atividades são cultivo
do solo, uso de fertilizantes nitrogenados e tratamento de dejetos.
O poder do óxido nitroso de aumentar as temperaturas é 298 vezes
maior que o do dióxido de carbono.
4. Gases fluoretados: são produzidos pelo homem a fim de
atender às necessidades industriais. Como exemplos desses gases,
podemos citar os hidrofluorocarbonetos, usados em sistemas de
arrefecimento e refrigeração; hexafluoreto de enxofre, usado na
indústria eletrônica; perfluorocarbono, emitido na produção de
alumínio; e clorofluorcarbono (CFC), responsável pela destruição O efeito estufa é um fenômeno natural que, apesar de ser essen-
da camada de ozônio. cial para a manutenção da vida, tem sido agravado pela emissão
de gases decorrente da ação antrópica.

Aquecimento global e efeito estufa


O efeito estufa é um fenômeno atmosférico de ordem natural
capaz de garantir que a Terra seja habitável. Esse efeito é respon-
sável por manter a temperatura média do planeta, de forma que o
calor não seja totalmente irradiado de volta ao espaço, mantendo,
portanto, a Terra aquecida e evitando que a temperatura não baixe
drasticamente.
A concentração dos gases de efeito estufa, como o dióxido de
carbono e o óxido nitroso, elevou-se significativamente nas últimas
décadas. Segundo diversos estudiosos, essa concentração tem pro-
vocado mudanças na dinâmica climática do planeta, provocando
o aumento das temperaturas da Terra. Segundo o Painel Intergo-
vernamental sobre Mudanças Climáticas, a temperatura do planeta
A emissão de gases de efeito estufa é proveniente, principalmente, aumentou aproximadamente 0,85º C nos continentes e 0,55º C nos
de atividades industriais. oceanos em um período de cem anos. Com esse aumento, foi pos-
sível constatar o derretimento das calotas polares e a elevação do
Além desses gases, há também o vapor d’água, um dos princi- nível do mar.
pais responsáveis pelo efeito estufa. O vapor d’água capta o calor A comunidade científica relaciona, portanto, o aumento dos
irradiado pela Terra, distribuindo-o novamente em diversas dire- gases de efeito estufa ao aumento das temperaturas médias glo-
ções, aquecendo, dessa forma, a superfície terrestre. bais. A concentração desses gases impede cada vez mais que o ca-
lor irradiado pela superfície seja disperso no espaço, aumentando
Causas do efeito estufa a temperatura e reafirmando a questão do aquecimento global.
Nos últimos anos, houve um considerável aumento da concen- Contudo, é válido ressaltar que essa relação entre efeito estufa e
tração de gases de efeito estufa na atmosfera. As atividades huma- aquecimento global, bem como a existência do aquecimento global
nas ligadas à indústria, as atividades agrícolas, o desmatamento e não são unanimidades entre os estudiosos. Muitos pesquisadores
o aumento do uso dos transportes são os principais responsáveis desacreditam que a concentração dos gases tem agravado o au-
pela emissão desses gases. mento das temperaturas do planeta. Para eles, esse aquecimento
É válido ressaltar que o efeito estufa é um fenômeno natural elevado constitui apenas uma fase de variação da dinâmica climá-
essencial para manutenção da vida na Terra, já que mantém as tica da Terra.
temperaturas médias, evitando grandes amplitudes térmicas e o

81
ATUALIDADES

O aquecimento global representa o aumento


das temperaturas médias do planeta.

Consequências do efeito estufa


Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o sistema climático pode ser alterado trazendo danos irreversíveis,
como:
→ Derretimento das calotas polares e aumento do nível do mar.
→ Agravamento da segurança alimentar, prejudicando as colheitas e a pesca.
→ Extinção de espécies e danos a diversos ecossistemas.
→ Perdas de terras em decorrência do aumento do nível do mar, que provocará também ondas migratórias.
→ Escassez de água em algumas regiões.
→ Inundações nas latitudes do norte e no Pacífico Equatorial.
→ Riscos de conflitos em virtude da escassez de recursos naturais.
→ Problemas de saúde provocados pelo aumento do calor.
→ Previsão de aumento da temperatura em até 2º C até 2100 em comparação ao período pré-industrial (1850 a 1900).

O derretimento das calotas polares e o consequente aumento do nível do mar são consequências do efeito estufa.

Como evitar o efeito estufa?


O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas sinaliza que a emissão de gases de efeito estufa deve ser reduzida de 40%
a 70% entre os anos 2010 e 2050. Os países precisam estabelecer metas de redução de emissão desses gases a fim de conter o aumento
das temperaturas.
É preciso investir no uso de fontes de energia renováveis e alternativas, abandonando o uso dos combustíveis fósseis, cuja queima
libera diversos gases de efeito estufa. Outras ações cotidianas também podem ser adotadas, como redução do uso de transportes em tra-
jetos pequenos, optando por ir a pé ou de bicicleta, preferência pelo uso de transporte coletivo e de produtos biodegradáveis e incentivo
à coleta seletiva.

Resumo

Fenômeno atmos-
Efeito Estufa
férico
Fenômeno de ordem natural responsável por manter as temperaturas médias globais, possibilitando
Principais caracte- a existência de vida na Terra. É agravado pela ação humana por meio da emissão de gases de efeito estufa
rísticas à atmosfera, que impedem a dispersão da radiação solar irradiada pela superfície terrestre, aumentando
a temperatura do planeta.

82
ATUALIDADES

Dióxido de carbono
Gases de efeito Gás metano
estufa Óxido nitroso
Gases fluoretados
É um fenômeno natural que tem-se intensificado em decorrência de atividades humanas ligadas à
Causas
indústria, atividades agropecuárias, uso de transportes e desmatamento.
Derretimento das calotas polares.
Aumento do nível do mar.
Agravamento da segurança alimentar.
Consequências
Aumento dos períodos de seca.
Escassez de água.
Aumento das temperaturas.

El Niño e La Niña

O fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) é caracterizado por anomalias, positivas (El Niño) ou negativas (La Niña), de temperatura da
superfície do mar (TSM) no Pacífico equatorial, e sua caracterização é feita através de índices, como o Índice de Oscilação Sul (IOS – calcu-
lado através da diferença de pressão entre duas regiões distintas: Taiti e Darwin) e os índices nomeados Niño [(Niño 1+2, Niño 3, Niño 3.4
e Niño 4), que nada mais são do que as anomalias de TSM médias em diferentes regiões do Pacífico equatorial].
As previsões da anomalia da TSM para Dezembro-Janeiro-Fevereiro de 2019 (DJF-2019) dos modelos numéricos de previsão climática
analisados indicam que as águas sobre o Pacífico Equatorial devem manter-se mais quentes que o normal, indicando a permanência do
fenômeno El Niño. A previsão da ocorrência de ENOS realizada pelo IRI/CPC no início de novembro aponta que a maior probabilidade
(80%) é de que o próximo trimestre (DJF) ainda tenha a influência do fenômeno El Niño, e assim segue até Abril-Maio-Junho de 2019
(AMJ-2019) (49%). Para o último trimestre da previsão (Junho-Julho-Agosto de 2019) a maior probabilidade (51%) é de que retorne a
neutralidade, ou seja, sem a ocorrência do El Niño ou da La Niña.

El NiÑo
El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico
Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva
em regiões tropicais e de latitudes médias.

La NiÑa
La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao EL Niño, e que caracteriza-se por um esfria-
mento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser opostos aos de El Niño,
mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta impactos significativos no tempo e clima devido à La Niña.

Aquecimento Global
O aquecimento global pode ser definido como o processo de elevação média das temperaturas da Terra ao longo do tempo. Segundo
a maioria dos estudos científicos e dos relatórios de painéis climáticos, sua ocorrência estaria sendo acelerada pelas atividades humanas,
provocando problemas atmosféricos e no nível dos oceanos, graças ao derretimento das calotas polares.
O principal órgão responsável pela divulgação de dados e informações sobre o Aquecimento Global é o Painel Internacional sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o IPCC, o século XX foi o mais quente
dos últimos tempos, com um crescimento médio de 0,7ºC das temperaturas de todo o globo terrestre. A estimativa, segundo o mesmo
órgão, é que as temperaturas continuem elevando-se ao longo do século XXI caso ações de contenção do problema não sejam adotadas
em larga escala.
O IPCC trabalha basicamente com dois cenários: um otimista e outro pessimista. No primeiro, considerando que o ser humano con-
siga diminuir a emissão de poluentes na atmosfera e contenha ações de desmatamento, as temperaturas elevar-se-iam em 1ºC até 2100.
No segundo cenário, as temperaturas poderiam elevar-se de 1,8 até 4ºC durante esse mesmo período, o que comprometeria boa parte
das atividades humanas.
Em um relatório de grande repercussão, publicado em março de 2014, o IPCC afirma que o aquecimento global seria muito grave e
irreversível, provocando a elevação dos oceanos, perdas agrícolas, entre outras inúmeras catástrofes geradas pelas alterações no clima e
na disposição dos elementos e recursos naturais.

Causas do Aquecimento Global


A principal entre as causas do aquecimento global, segundo boa parte dos especialistas, seria a intensificação do efeito estufa, um
fenômeno natural responsável pela manutenção do calor na superfície terrestre, mas que estaria sendo intensificado de forma a causar
prejuízos. Com isso, a emissão dos chamados gases-estufa seria o principal problema em questão.
Os gases-estufa mais conhecidos são o dióxido de carbono e o gás metano. Além desses, citam-se o óxido nitroso, o hexafluoreto de
enxofre, o CFC (clorofluorcarboneto) e os PFC (perfluorcarbonetos). Essa listagem foi estabelecida pelo Protocolo de Kyoto, e sua presença
na atmosfera estaria sendo intensificada por práticas humanas, como a emissão de poluentes pelas indústrias, pelos veículos, pela queima
de combustíveis fósseis e até pela pecuária.

83
ATUALIDADES
As posições céticas quanto ao aquecimento global
Há, no meio científico, um grande debate sobre a existência
e as possíveis causas do aquecimento global, de forma que a sua
ocorrência não estaria totalmente provada e nem seria consenso
por parte dos especialistas nas áreas que estudam o comportamen-
to da atmosfera.
Existem grupos que afirmam que o aquecimento global seria
um evento natural, que não seria influenciado pelas ações hu-
manas e que, tampouco, seria gravemente sentido em um período
curto de tempo. Outras posições afirmam até mesmo que o aquec-
imento global não existe, utilizando-se de dados que comprovam
que o ozônio da atmosfera não está diminuindo, que o dióxido de
carbono não seria danoso ao clima e que as geleiras estariam, na
O CO2 (dióxido de carbono) seria o verdade, expandindo-se, e não diminuindo.
grande vilão do aquecimento global

Outra causa para o aquecimento global seria o desmatamen-


to das florestas, que teriam a função de amenizar as temperaturas
através do controle da umidade. Anteriormente, acreditava-se que
elas também teriam a função de absorver o dióxido de carbono e
emitir oxigênio para a atmosfera, no entanto, o oxigênio produzido
é utilizado pela própria vegetação, que também emite dióxido de
carbono na decomposição de suas matérias orgânicas.
As algas e fitoplânctons presentes nos oceanos são quem,
de fato, contribuem para a diminuição de dióxido de carbono e a
emissão de oxigênio na atmosfera. Por esse motivo, a poluição dos
mares e oceanos pode ser, assim, apontada como mais uma causa
do aquecimento global.

Consequências do Aquecimento Global


Entre as consequências do aquecimento global, temos as Para alguns analistas, as calotas polares
transformações estruturais e sociais do planeta provocadas pelo no sul e no norte estariam expandindo-se
aumento das temperaturas, das quais podemos enumerar:
- aumento das temperaturas dos oceanos e derretimento das Essas posições mais céticas consideram que as posições sobre o
calotas polares; Aquecimento Global teriam um caráter mais político do que verda-
- eventuais inundações de áreas costeiras e cidades litorâneas, deiramente científico e acusam o IPCC de distorcer dados ou apre-
em função da elevação do nível dos oceanos; sentar informações equivocadas sobre o funcionamento do meio
- aumento da insolação e radiação solar, em virtude do aumen- ambiente e da atmosfera. Tais cientistas não consideram o painel
to do buraco da Camada de Ozônio; da ONU como uma fonte confiável para estudos sobre o tema.
- intensificação de catástrofes climáticas, tais como furacões e Divergências à parte, é importante considerar que o aqueci-
tornados, secas, chuvas irregulares, entre outros fenômenos mete- mento global não é a única consequência das agressões ao meio
orológicos de difícil controle e previsão; ambiente. Diante disso, mesmo os críticos ao aquecimento global
- extinção de espécies, em razão das condições ambientais ad- admitem a importância de conservar os recursos naturais e, princi-
versas para a maioria delas. palmente, os elementos da biosfera, vitais para a qualidade de vida
das sociedades.
Como combater o aquecimento global?
A primeira grande atitude, segundo apontamentos oficiais e Impactos ambientais
científicos, para combater o aquecimento global seria a escolha de A principal ênfase dos estudos ambientais na Geografia ref-
fontes renováveis e não poluentes de energia, diminuindo ou até ere-se aos temas concernentes à degradação e aos impactos am-
abandonado a utilização de combustíveis fósseis, tais como o gás bientais, além do conjunto de medidas possíveis para conservar
natural, o carvão mineral e, principalmente, o petróleo. Por parte os elementos da natureza, mantendo uma interdisciplinaridade
das indústrias, a diminuição das emissões de poluentes na atmos- com outras áreas do conhecimento, como a Biologia, a Geologia, a
fera também é uma ação necessária. Economia, a História e muitas outras.
Outra forma de combater o aquecimento global seria diminuir Nesse sentido, o principal cerne de estudos é o meio ambiente
a produção de lixo, através da conscientização social e do estímulo e as suas formas de preservação. Entende-se por meio ambiente
de medida de reciclagem, pois a diminuição na produção de lixo o espaço que reúne todas as coisas vivas e não vivas, possuindo
diminuiria também a poluição e a emissão de gás metano, muito relações diretas com os ecossistemas e também com as sociedades.
comum em áreas de aterros sanitários. Com isso, fala-se que existe o ambiente natural, aquele constituído
Soma-se a essas medidas a preservação da vegetação, tan- sem a intervenção humana, e o ambiente antropizado, aquele que
to dos grandes biomas e domínios morfoclimáticos, tais como a é gerido no âmbito das práticas sociais.
Amazônia, como o cultivo de áreas verdes no espaço agrário e ur- De um modo geral, é possível crer que o mundo e os fenômenos
bano. Assim, as consequências do efeito estufa na sociedade seri- que nele se manifestam são resultados do equilíbrio entre os mais
am atenuadas. diversos eventos. Desse modo, alterar o equilíbrio pode trazer con-
sequências severas para o meio ambiente, de forma que se tornam

84
ATUALIDADES
preocupantes determinadas ações humanas, como o desmatamen-
to, a poluição e a alteração da dinâmica dos ecossistemas. O plano a que o texto se refere, defende como objetivo
(A) ampliar a agenda social do Estado de forma a adequá-la aos
propósitos da Constituição de 1988.
EXERCÍCIOS (B) centralizar os gastos públicos no âmbito da federação, de
forma a diminuir a autonomia dos gastos estaduais.
(C) ampliar o número de municípios, garantindo maior distri-
1. (PREFEITURA DE LOUVEIRA - SP - PROFESSOR ENSINO buição e melhor gestão de gastos públicos.
BÁSICO - AVANÇA SP – 2020) No início do mês de janeiro de 2020, (D) diminuir a possibilidade de manobrar recursos por parte
um problema envolvendo substância tóxica na fabricação de cerve- do município.
jas tem causado preocupações nas autoridades do Estado de: (E) ampliar a responsabilidade fiscal, buscando diminuir o in-
(A) Amazonas. chaço dos gastos públicos estatais.
(B) Rio Grande do Sul.
(C) Sergipe. 6. (PREFEITURA DE ARAPONGAS - PR - FISCAL AMBIENTAL
(D) Amapá. - FAFIPA – 2020) Um produção cinematográfica brasileira, dirigida
(E) Minas Gerais. por Petra Costa, foi indicada ao Oscar 2020 na categoria Documen-
tário. Assinale a alternativa que contém o nome dessa obra:
2. (PREFEITURA DE LOUVEIRA - SP - PROFESSOR ENSINO (A) Democracia em Vertigem.
BÁSICO - AVANÇA SP – 2020) No final de dezembro de 2019, um (B) Dois Papas.
incêndio florestal atingiu um país localizado na América do Sul, obri- (C) O Auto da Compadecida.
gando dezenas de moradores a abandonarem suas casas. Assinale (D) Bacurau.
a alternativa que aponta corretamente o nome de referido país: (E) Minha Mãe é uma Peça.
(A) Paraguai.
(B) Argentina. 7. (PREFEITURA DE BARRA BONITA - SC - AUXILIAR ADMI-
(C) Brasil. NISTRATIVO - AMEOSC – 2020) Leia a notícia para responder a
(D) Chile. questão:
(E) Equador. Estudo estima que coronavírus infectou mais de 75 mil pessoas
“Com base em dados de deslocamento, pesquisadores es-
3. (PREFEITURA DE PEDRA LAVRADA - PB - AGENTE ADMI- timam que número de pessoas infectadas seja maior do que o já
NISTRATIVO - CONTEMAX – 2020) Leia atentamente a notícia a reportado.
seguir, publicada no início deste ano, e marque a opção que apresen- O novo coronavírus pode ter contaminado 75.815 pessoas, de
ta o nome que preenche corretamente a lacuna. “Alvo de críticas, o acordo com um estudo que analisou dados coletados do início da
ministro da Educação, ______________, recebeu hoje uma carta de
epidemia até o dia 25 de janeiro deste ano. O número é quase qua-
apoio de um grupo de parlamentares. A carta foi elaborada depois de
tro vezes maior do que o reportado por autoridades de saúde da
ele ter ido ao Senado prestar esclarecimentos sobre erros no Exame
China. Atualmente, segundo dados oficiais, 20 mil pessoas foram
Nacional do Ensino Médio. A falha no processo seletivo foi um dos
contagiadas com o novo vírus.
motivos que levaram um outro grupo de congressistas a protocolar
Segundo os pesquisadores, o motivo da discrepância dos da-
um pedido de impeachment no Supremo Tribunal Federal contra o
dos estaria relacionado com o tempo que o vírus leva para ser de-
economista”. (Congresso em Foco, 18/02/20, com adaptações).
tectado. O tempo entre o contágio e a apresentação de sintomas
(A) Abraham Weintraub
(B) Aloizio Mercadante também está entre as razões apontadas pelos pesquisadores para
(C) Cid Gomes a diferença nos números.”
(D) Fernando Haddad (Fonte adaptada: https://exame.abril.com.br/ciencia/> Acesso
(E) Mendonça Filho em 05 de Fevereiro de 2020).

4. (PREFEITURA DE PEDRA LAVRADA - PB - AGENTE ADMI- Assinale a alternativa que aponta corretamente os sintomas do
NISTRATIVO - CONTEMAX – 2020) Segundo a Constituição brasi- coronavírus:
leira, o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que (A) Os sintomas mais prevalentes são febre, tosse e falta de ar.
se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Marque Alguns pacientes apresentam coriza e diarreia. Casos graves podem
a alternativa que indica o nome do político que ocupa atualmente o evoluir para pneumonia, síndrome respiratória aguda grave e insu-
cargo de Presidente do Senado Federal. ficiência renal.
(A) Davi Alcolumbre. (B) Os sintomas mais prevalentes são febre, desconforto ge-
(B) Eduardo Cunha. ral, dor de cabeça, fadiga severa, dores nas costas, vômitos. Poucos
(C) Rodrigo Maia. dias depois, manchas vermelhas começam a aparecer no rosto, nas
(D) José Sarney. mãos, nos antebraços e, posteriormente, no tronco também.
(C) Os sintomas mais prevalentes são ocorrência de sangue nas
(E) Renan Calheiros.
fezes, perda de peso, olhos amarelados, fadiga, falta de apetite,
tonturas, apatia, vontade de comer substâncias não alimentares
5. (PREFEITURA DE MORRO AGUDO - SP - MÉDICO CAR-
como arroz cru, areia ou gelo, palidez, gengivas esbranquiçadas.
DIOLOGISTA - VUNESP – 2020) O plano, batizado de “Agenda de (D) Os sintomas mais prevalentes são febre até 38ºC, secreção
Transformação de Estado”, prevê a mais profunda reestruturação nasal, tosse e espirros, dor de cabeça, mal estar, gânglios aumen-
da máquina pública brasileira desde a promulgação da Constituição tados, especialmente próximos ao pescoço, conjuntivite, manchas
Federal de 1988. O tamanho da mudança constitucional sugerida vermelhas na pele que causam coceira.
pelo governo pode ser medido pela quantidade de dispositivos que
podem ser alterados. Juntos, os projetos somam 30 páginas. 8. (PREFEITURA DE CUNHA PORÃ - SC - AGENTE ADMINIS-
(https://glo.bo/2Cw3VOJ. Publicado em 08.11.2019) TRATIVO INSTITUTO UNIFIL – 2020) Em setembro de 2019 iniciou-

85
ATUALIDADES
-se um incêndio em um país, que passou a durar até janeiro de 2020, 13. (Cesgranrio) A década de 90 do século XX será lembrada
onde o fogo colocou em risco a vida de 327 espécies de plantas e ani- na história da economia brasileira como o período em que o Bra-
mais, e destruiu grande parte do habitat de muitos animais incluindo sil entrou para a era da globalização, ao mesmo tempo em que se
mamíferos, aves e répteis. A lista inclui 272 espécies de plantas, de- desmontaram as bases do modelo de substituição das importações,
zesseis mamíferos, catorze de sapos, nove de aves, sete de répteis, adotado desde a última década do século XIX.
quatro de insetos, quatro de peixes e uma de aranha. Destas espé- Sobre o processo mencionado, pode-se afirmar que:
cies, 31 foram classificadas como “ameaçadas de extinção”, outras I – a estruturação de um novo modelo desenvolvimentista no
110 como “em perigo” e 186 como “vulneráveis”. De acordo com es- Brasil permitiu o aparecimento de um ritmo de crescimento econô-
sas informações, assinale a alternativa que corresponde a esse país. mico classificado como um dos mais elevados do mundo;
(A) Austrália. II – para atingir as suas metas, o governo brasileiro implemen-
(B) Estados Unidos (EUA). tou a estabilidade econômica, com a redução dos altos juros infla-
(C) Brasil. cionários que prevaleciam antes da adoção do Plano Real;
(D) África do Sul. III – a redução dos gastos públicos e a diminuição do papel do
Estado na economia levaram a cortes nos investimentos em infra-
9. (PREFEITURA DE CUNHA PORÃ - SC - MOTORISTA DE estrutura, piorando a oferta de serviços públicos;
ÔNIBUS - INSTITUTO UNIFIL – 2020) No dia 09 de janeiro de 2020, IV – a paridade cambial que marcou esse período resultou em
foi publicado uma notícia no site do Ministério da Saúde onde diz uma aceleração do consumo e, em consequência, no aumento da
que, o próprio Ministério começou a distribuir nessa mesma data, oferta de emprego e na elevação da qualidade de vida da população.
um total de 1,7 milhão de doses da vacina pentavalente para os
estados. Após recebimento pelo Estado, o produto passa a ser en- Estão corretas as afirmativas:
caminhado aos municípios. Essa vacina garante a proteção contra a) I e II, apenas.
5 doenças. Marque a alternativa que corresponde a essas doenças. b) I e III, apenas.
(A) Rubéola, difteria, dengue, caxumba e a bactéria Staphylo- c) II e III, apenas.
coccus aureus. d) II e IV, apenas.
(B) Botulismo, tétano, coqueluche, hepatite B, e a bactéria Es-
e) III e IV, apenas.
cherichia coli.
(C) Hidrocefalia, coqueluche, hepatite, raiva e a bateria Clostri-
14. (UFT) A inserção da economia brasileira no movimento de
dium botulinum.
globalização teve início na década de 1990. É INCORRETO afirmar
(D) Difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria hae-
que essa inserção foi acompanhada pela
mophilus influenzae tipo b (responsável por infecções no nariz e
a) adoção de processo industrial voltado para a substituição de
garganta).
importações, que reduziu a dependência do mercado interno por
10. (PREFEITURA DE CUNHA PORÃ - SC - AUXILIAR DE SER- produtos manufaturados.
VIÇOS GERAIS (FEMININO) - INSTITUTO UNIFIL – 2020) O Jornal b) consolidação de um modelo econômico estruturado na li-
O Povo, publicou uma notícia no dia 28 de fevereiro de 2020 infor- beralização comercial e na atração de investimentos estrangeiros
mando que, cientistas estão em busca de um tratamento especifico diretos.
para o coronavírus. De acordo com essa informação, marque a al- c) criação de agências de fiscalização das empresas privadas
ternativa que corresponde a esses cientistas. que se tornaram concessionárias de serviços públicos.
A) Italianos d) implantação de um programa de privatização das estruturas
B) Ingleses produtivas estatais – indústrias siderúrgicas e empresas de teleco-
C) Chineses municações, entre outras.
D) Japoneses
15. Assinale a alternativa que melhor caracteriza o atual mo-
11. O processo de Globalização consolidou-se no Brasil a partir mento da atividade industrial no Brasil.
da década de 1990, tendo como principais características as ques- a) investimentos nacionais e predominância de empresas es-
tões a seguir, exceto: tatais.
a) Expansão do sistema econômico neoliberal b) investimentos estrangeiros e desconcentração industrial.
b) Frente de ampla abertura comercial para o mercado externo c) instalação de indústrias em regiões densamente urbanizadas
c) Flexibilização das frentes de trabalho e concentração da mão de obra.
d) Transferência de patrimônio privado para o poder público d) predomínio de fábricas tecnológicas de origem brasileira,
e) Imigração de empresas multinacionais comevasão de capital externo.
12. A economia brasileira, após a maior integração do país no 16. (FUVEST) A desconcentração industrial verificada no Brasil,
processo de Globalização, passou a ter uma relação mais dinâmica na última década, decorre, entre outros fatores, da:
com o comércio internacional. A principal atuação do Brasil em ter- a) ação do Estado, por meio de políticas de desenvolvimento
mos de exportação ocorre por meio de: regional, a exemplo da Zona Franca de Manaus.
a) produtos industrializados, graças às novas descobertas em b) elevação da escolaridade dos trabalhadores, o que torna o
pesquisa e tecnologia de ponta. território nacional atraente para novos investimentos industriais.
b) gêneros agrícolas, com destaque para alimentos de fabrica- c) presença de sindicatos fortes nos estados das regiões Sul e
ção orgânica. Sudeste, o que impede novos investimentos nessas regiões.
c) produtos industrializados, voltados para atender a maior de- d) isenção fiscal oferecida por vários estados, o que impede
manda dos países europeus. novos investimentos nessas regiões.
d) produtos primários, com destaque para as vendas ao mer- e) globalização da economia que, por meio das privatizações,
cado chinês. induz o desenvolvimento da atividade industrial em todo o território.
e) gêneros industriais de base, para abastecer as indústrias tec-
nológicas norte-americanas. 17. (UFRS) Sobre o processo de industrialização brasileiro, são
feitas as seguintes afirmações.

86
ATUALIDADES
I - A partir de 1930, começa um importante projeto de criação 8 A
de infraestrutura para o desenvolvimento do parque industrial.
II - A partir da Segunda Guerra Mundial, acentua-se o processo 9 D
de estatização das indústrias na Região Sudeste. 10 A
III - A partir de 1964, amplia-se o parque industrial para aten-
der à demanda da modernização da agricultura. 11 D
Quais estão corretas? 12 D
a) Apenas I. 13 C
b) Apenas II.
c) Apenas III. 14 A
d) Apenas I e III. 15 B
e) Apenas II e III.
16 B
18. O Brasil é um país de dimensões continentais, o que eleva 17 D
a importância de uma articulada rede de transporte que integre de 18 A
maneira eficaz e pouco onerosa todas as áreas habitadas e de uso
do espaço geográfico no país. Nesse sentido, o sistema de transpor- 19 B
te mais utilizado para deslocamento de cargas e serviços é o: 20 D
a) rodoviário
b) ferroviário
c) hidroviário
d) aeroviário
ANOTAÇÕES
e) marítimo ______________________________________________________

19. As ferrovias no Brasil estão geograficamente concentradas: ______________________________________________________


a) na região Nordeste, como resultado das políticas coloniais
de transportes das commodities aqui cultivadas pela metrópole. ______________________________________________________
b) na região Sudeste, em razão das estruturas instaladas no
auge da economia cafeeira. ______________________________________________________
c) no Centro-Oeste, como uma obra de promoção da política
da Marcha para o Oeste. ______________________________________________________
d) no Sul, para atender os interesses das oligarquias gaúchas. ______________________________________________________
e) em todo o litoral, como herança da concentração populacio-
nal nessa faixa do país. ______________________________________________________
20. (UFMG) Considerando-se as redes que compõem as diferen- ______________________________________________________
tes modalidades de transporte no Brasil, é INCORRETO afirmar que:
a) as ferrovias são, em sua grande extensão, utilizadas sobre- ______________________________________________________
tudo para o escoamento da produção mineral e subutilizadas no
transporte interurbano e inter-regional de passageiros. ______________________________________________________
b) as hidrovias tornariam o preço do produto agrícola brasileiro
mais competitivo no mercado internacional, mas têm sua imple- ______________________________________________________
mentação dificultada pelo custo e pelos impactos ambientais de-
______________________________________________________
correntes de seus projetos.
c) as rodovias, principal modalidade de transporte do país, as- ______________________________________________________
sumem, com alto custo, elevada tonelagem no deslocamento de
mercadorias diversas e maior percentual de tráfego de passageiros. ______________________________________________________
d) o transporte aéreo registra um uso mais intenso nas regiões
do país onde há grandes distâncias entre os principais centros urba- ______________________________________________________
nos e fraca densidade das redes rodoviária e ferroviária.
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 E
______________________________________________________
2 D
3 A ______________________________________________________
4 A ______________________________________________________
5 E
______________________________________________________
6 A
7 A ______________________________________________________

87
ATUALIDADES
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

1. Noções de Administração, fundamentos, funções, conceitos, princípios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01


2. Estoques, gestão de estoques e almoxarifado. Atividades e conceitos correlatos. Inventário e práticas de inventário. Uso e conservação
de equipamentos. Compras, fundamentos da gestão de compras, atividades e conceitos correlatos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Recursos humanos, fundamentos da gestão de pessoas, práticas de recursos humanos. Finanças, noções de finanças e finanças em-
presariais. Juros, capitalização e descontos. Empréstimos e financiamentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4. Noções de contabilidade, princípios e conceitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5. Registros. Escrituração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6. Demonstrativos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7. Orçamento. Orçamento tradicional e orçamento moderno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
8. Demonstrativos contábil-financeiros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
9. Informática básica, conceitos e práticas fundamentais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
10. MS Office 2010. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
11. Correspondência Oficial. Redação Oficial. Redação de leis e decretos, técnica legislativa. Redação de atos normativos. Análise e reda-
ção de documentos. Expedientes, sumários, requerimentos, requisições, formulários, relatórios, cartas comerciais, ofícios, circulares,
pareceres, atas, minutas, portarias, declarações, notificações, certidões, gráficos, mapas, empenhos, liquidações, demonstrativos.
Editais, procurações, protocolos, contratos, correspondência, mensagens eletrônicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
12. Atendimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
13. Arquivos, conceitos, sistemas e práticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
14. Fundamentos da administração pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
15. Contratos. Gestão de contratos. Licitações. Conceitos e práticas. Lei de licitações – Lei 8.666 de 1993. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
16. Comunicação. Comunicação na empresa. Conceitos e práticas. Treinamentos. Reuniões. Assembleias. Estudos. Previsões. Rotina e
trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
17. Noções de Direito Administrativo. Natureza pública, agentes e integrantes da administração pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
18. Direito constitucional, noções e princípios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, FUNDAMENTOS, FUNÇÕES, CONCEITOS, PRINCÍPIOS

ADMINISTRAÇÃO GERAL

Definição e visão geral da Administração

Administração é, segundo o Dicionário Houaiss, “ato, processo ou efeito de administrar”. E este verbo etmologicamente vem do latim
“administrare”, significando “ajudar em alguma coisa, servir alguém, ocupar-se de, dirigir, governar, regrar, executar, administrar”. Na
mesma linha, “a palavra administração deriva da expressão latina “administratio” e significa a ação de governar, de dirigir, de supervisio-
nar, de gerir os negócios próprios ou de terceiros” (CASSIANO, BARRETTI, 1980, p.18).
O Professor Natanael C. Pereira descreve as habilidades do administrador em seu trabalho no Instituto Federal de São Paulo (2014)1:
Segundo Katz, existem três tipos de habilidades que o administrador deve possuir para trabalhar com sucesso: habilidade técnica, ha-
bilidade humana e habilidade conceitual. Habilidade é o processo de visualizar, compreender e estruturar as partes e o todo dos assuntos
administrativos das empresas, consolidando resultados otimizados pela atuação de todos os recursos disponíveis. A seguir é apresentado
a definição das três habilidades e na Fig. 3 é apresentado os níveis organizacionais e a três habilidades do administrador segundo Katz.
- habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para realização de tarefas
específicas por meio da experiência profissional;
- habilidade humana: consiste na capacitação e discernimento para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e
motivações e desenvolver uma liderança eficaz;
- habilidade conceitual: consiste na capacidade para lidar com ideias e conceitos abstratos. Essa habilidade permite que a pessoa faça
abstrações e desenvolva filosofias e princípios gerais de ação.

A adequada combinação dessas habilidades varia à medida que um indivíduo sobe na escala hierárquica, de posições de supervisão a
posição de alta direção.
A TGA (Teoria Geral da Administração) se propõe a desenvolver a habilidade conceitual, ou seja, a desenvolver a capacidade de pensar,
de definir situações organizacionais complexas, de diagnosticar e de propor soluções.
Contudo essas três habilidades – técnicas, humanas e conceituais – requerem certas competências pessoais para serem colocadas
em ação com êxito. As competências – qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou
problemas. O administrador para ser bem sucedido profissionalmente precisa desenvolver três competências duráveis: o conhecimento,
a perspectiva e a atitude.

Figura – Níveis Organizacionais e as três Habilidades


do Administrador segundo Katz.

• Conhecimento significa todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiências, aprendizagens que o administrador possui
a respeito de sua especialidade. Como o conhecimento muda a cada instante em função da mudança e da inovação que ocorrem com
intensidade cada vez maior, o administrador precisa atualizar-se constantemente e renova-lo continuamente. Isso significa aprender a
aprender, a ler, a ter contato com outras pessoas e profissionais e, sobretudo reciclar-se continuamente para não tornar-se obsoleto e
ultrapassado;
• Perspectiva significa a capacidade de colocar o conhecimento em ação. Em saber transformar a teoria em prática. Em aplicar
o conhecimento na análise das situações e na solução dos problemas e na condução do negócio. É a perspectiva que dá autonomia e
independência ao administrador, que não precisa perguntar ao chefe o que deve fazer e como fazer nas suas atividades;
• Atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, de motivar, de comunicar e de levar as
coisas para frente. Envolve o impulso e a determinação de inovar e a convicção de melhorar continuamente, o espírito empreendedor, o
inconformismo com os problemas atuais e, sobretudo, a facilidade de trabalhar com outras pessoas.
1. Introdução à Administração – Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal de São
Paulo – Campus São Carlos. Obtido em http://www.cefetsp.br/edu/natanael/Apostila_ADM_parte1.pdf

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Conforme o Art. 2º da Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, que regulamentou a profissão de administrador, sua atividade profis-
sional será exercida, como profissão liberal ou não, mediante:
a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior;
b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos da
Administração, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, administração
financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que esses se
desdobrem ou aos quais sejam conexos.
Assim, o administrador deve ocupar diversas posições estratégicas nas organizações e desenvolver papéis essenciais à sustentabili-
dade e crescimento dos negócios.

Figura – As competências essenciais do administrador, segundo Chiavenato

De acordo com o Professor Natanael C. Pereira, citando Mintzberg, é possível identificar dez papéis específicos do administrador
divididos em três categorias: interpessoal, informacional e decisorial. “Papel significa um conjunto de expectativas da organização a
respeito do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa atividades que o administrador conduz para cumprir as funções de
planejar, organizar, dirigir e controlar.” (PEREIRA, 2014).

Figura – Papéis do administrador segundo Mintzberg (apud Pereira, 2014)

Entre os fundamentos da administração está o conceito de organização que consiste em uma entidade que possui um cunho ju-
rídico e que é formada por duas ou uma coletividade de pessoas, que se unem de forma estruturada para o alcance de um objetivo ou
objetivos específicos.
Além do conceito de organização, estão também os objetivos dos administradores responsáveis pela organização, objetivos esses
que devem atender três princípios básicos:

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Os fundamentos da administração dependem de uma aborda-


gem cientifica e os princípios são: ESTOQUES, GESTÃO DE ESTOQUES E ALMOXARIFADO.
Princípio do preparo – consiste no fato de que a organização ATIVIDADES E CONCEITOS CORRELATOS. INVENTÁRIO
deve desde a seleção de seus candidatos ter como premissa as ap- E PRÁTICAS DE INVENTÁRIO. USO E CONSERVAÇÃO DE
tidões dos profissionais que serão contratados e, a partir da con- EQUIPAMENTOS. COMPRAS, FUNDAMENTOS DA GES-
tratação, processos de preparação, treinamento e desenvolvimen- TÃO DE COMPRAS, ATIVIDADES E CONCEITOS CORRE-
to devem ser contínuos, objetivando produtividade e qualidade. LATOS
Princípio do controle – consiste no controle exercido em toda
atividade desenvolvida dentro da organização, com a finalidade de ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
verificar se as normas e os planos estão sendo seguidos. Recurso – Conceito = É aquele que gera, potencialmente ou de
Princípio da execução – consiste em colocar profissionais com forma efetiva, riqueza.
habilidades que estejam alinhadas às tarefas, conseguindo com
isso, obter melhores resultados. Administração de Recursos - Conceitos - Atividade que plane-
Outros dois aspectos que estão inseridos nos fundamentos da ja, executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas,
administração é a gestão focada na eficiência, na eficácia e efeti- o fluxo de material, partindo das especificações dos artigos e com-
vidade, onde: prar até a entrega do produto terminado para o cliente.
É um sistema integrado com a finalidade de prover à adminis-
Eficácia está relaciona com o RESULTADO: fazer o que foi pro- tração, de forma contínua, recursos, equipamentos e informações
posto, atingir a meta, direcionar-se para o resultado. essenciais para a execução de todas as atividades da Organização.
Eficiência está relacionada com o- RECURSO: atingir a meta
considerando os recursos, os custos, ou seja, fazer o proposto com Evolução da Administração de Recursos Materiais e Patrimo-
baixo custo. niais
Efetividade está relacionada com o IMPACTO: aquilo que causa A evolução da Administração de Materiais processou-se em
impacto, ou seja, o resultado tem que ser relevante, fazer diferença, várias fases:
positivamente, para quem receber a ação. - A Atividade exercida diretamente pelo proprietário da empre-
Além dos aspectos já vistos que estão inseridos no contexto sa, pois comprar era a essência do negócio;
dos fundamentos da organização, temos ainda o papel do gestor, e - Atividades de compras como apoio às atividades produtivas
das habilidades que esse deve possuir, e é sobre essas habilidades se, portanto, integradas à área de produção;
que vamos falar agora. - Condenação dos serviços envolvendo materiais, começando
Ao gestor é cobrado que ele tenha condições de administrar com o planejamento das matérias-primas e a entrega de produtos
nas três áreas a seguir: acabados, em uma organização independente da área produtiva;
Habilidades Técnicas: envolve conhecimentos que são especí- - Agregação à área logística das atividades de suporte à área
ficos, com métodos e procedimentos e pode ser obtida através de de marketing.
instrução.
Habilidades Humanas: capacidade de trabalhar em equipe de Com a mecanização, racionalização e automação, o excedente
maneira eficaz, o que envolvem também aptidão, pois interage de produção se torna cada vez menos necessário, e nesse caso a
com as pessoas e suas atitudes, exigindo compreensão para lide- Administração de Materiais é uma ferramenta fundamental para
rar, além demanda habilidades de comunicação, interação e reso- manter o equilíbrio dos estoques, para que não falte a matéria-pri-
lução de problemas de forma conjunta. ma, porém não haja excedentes.
Habilidades Conceituais: conceitual se refere à maneira como Essa evolução da Administração de Materiais ao longo dessas
a organização se estrutura de forma cultural e social, então a habi- fases produtivas baseou-se principalmente, pela necessidade de
lidade conceitual exige que o gestor tenha um conhecimento, uma produzir mais, com custos mais baixos. Atualmente a Administração
visão geral da organização, em seu todo. de Materiais tem como função principal o controle de produção e
estoque, como também a distribuição dos mesmos.
Organizações e Administração
Dentre tantas definições já apresentadas sobre o conceito de As Três Fases da Administração de Recursos Materiais e Patri-
administração, podemos destacar que: moniais
“Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utili- 1 – Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência.
zação eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou 2 – Aumentar a qualidade sem preocupação em prejudicar ou-
mais objetivos ou metas organizacionais.” tras áreas da Organização. Busca pela eficácia.
Ou seja, a Administração vai muito além de apenar “cuidar de 3 – Gerar a quantidade certa, no momento certo par atender
uma empresa”, como muitos imaginam, mas compreende a capa- bem o cliente, sem desperdício. Busca pela efetividade.
cidade de conseguir utilizar os recursos existentes (sejam eles: re-
cursos humanos, materiais, financeiros,…) para atingir os objetivos Visão Operacional e Visão Estratégica
da empresa. Na visão operacional busca-se a melhoria relacionada a ativida-
O conceito de administração representa uma governabilidade, des específicas. Melhorar algo que já existe.
gestão de uma empresa ou organização de forma que as ativida- Na visão estratégica busca-se o diferencial. Fazer as coisas de
des sejam administradas com planejamento, organização, direção, um modo novo. Aqui se preocupa em garantir a alta performance
e controle. de maneira sistêmica. Ou seja, envolvendo toda a organização de
maneira interrelacional.

3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Com relação à Fábula de La Fontaine, a preocupação do autor era, conforme sua época, garantir a melhoria quantitativa das ações
dos empregados. Aqueles que mantêm uma padronização de são recompensados pela Organização. Na moderna interpretação da Fábula
a autora passa a idéia de que precisamos além de trabalhar investir no nosso talento de maneira diferencial. Assim, poderemos não só
garantir a sustentabilidade da Organização para os diversos invernos como, também, fazê-los em Paris.
Historicamente, a administração de recursos materiais e patrimoniais tem seu foco na eficiência de processos – visão operacional.
Hoje em dia, a administração de materiais passa a ser chamada de área de logística dentro das Organizações devido à ênfase na melhor
maneira de facilitar o fluxo de produtos entre produtores e consumidores, de forma a obter o melhor nível de rentabilidade para a orga-
nização e maior satisfação dos clientes.
A Administração de Materiais possui hoje uma Visão Estratégica. Ou seja, foco em ser a melhor por meio da INOVAÇÃO e não baseado
na melhor no que já existe. A partir da visão estratégica a Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais passa ser conhecida por
LOGISTICA.

Sendo assim:
VISÃO OPERACIONAL VISÃO ESTRATÉGICA
EFICIENCIA EFETIVIDADE
ESPECIFICA SISTEMICA
QUANTITATIVA QUANTITATIVA E QUALTAITIVA
MELHORAR O QUE JÁ EXISTE INOVAÇÃO
QUANTO QUANDO

Princípios da Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais


- Qualidade do material;
- Quantidade necessária;
- Prazo de entrega
- Preço;
- Condições de pagamento.

Qualidade do Material
O material deverá apresentar qualidade tal que possibilite sua aceitação dentro e fora da empresa (mercado).

Quantidade
Deverá ser estritamente suficiente para suprir as necessidades da produção e estoque, evitando a falta de material para o abasteci-
mento geral da empresa bem como o excesso em estoque.

Prazo de Entrega
Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor atendimento aos consumidores e evitar falta do material.

Menor Preço
O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em posição da concorrência no mercado, proporcionando à empresa um lucro
maior.

Condições de pagamento
Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa tenha maior flexibilidade na transformação ou venda do produto.

Diferença Básica entre Administração de Materiais e Administração Patrimonial


A diferença básica entre Administração de Materiais e Administração Patrimonial é que a primeira se tem por produto final a distribui-
ção ao consumidor externo e a área patrimonial é responsável, apenas, pela parte interna da logística. Seu produto final é a conservação
e manutenção de bens.
A Administração de Materiais é, portanto um conjunto de atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada
ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os materiais necessários ao desempenho normal das respectivas atribuições. Tais
atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento, inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o forneci-
mento dos mesmos aos órgãos requisitantes, até as operações gerais de controle de estoques etc.
A Administração de Materiais destina-se a dotar a administração dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescindíveis ao
funcionamento da organização, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo.
A oportunidade, no momento certo para o suprimento de materiais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do momento
oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providência do supri-
mento após esse momento poderá levar a falta do material necessário ao atendimento de determinada necessidade da administração.
São tarefas da Administração de Materiais:
- Controle da produção;
- Controle de estoque;
- Compras;
- Recepção;
- Inspeção das entradas;
- Armazenamento;

4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Movimentação; Normalização
- Inspeção de saída A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utili-
- Distribuição. zados os materiais em suas diversas finalidades e da padronização
Sem o estoque de certas quantidades de materiais que aten- e identificação do material, de modo que o usuário possa requisitar
dam regularmente às necessidades dos vários setores da organiza- e o estoquista possa atender os itens utilizando a mesma termino-
ção, não se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de logia. A normalização é aplicada também no caso de peso, medida
atendimento desejável. Estes materiais, necessários à manutenção, e formato.
aos serviços administrativos e à produção de bens e serviços, for-
mam grupos ou classes que comumente constituem a classificação Codificação
de materiais. Estes grupos recebem denominação de acordo com o É a apresentação de cada item através de um código, com as
serviço a que se destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à nature- informações necessárias e suficientes, por meio de números e/ou
za dos materiais que neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.), letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais armazena-
ou do tipo de demanda, estocagem, etc. dos no estoque, quando a quantidade de itens é muito grande. Em
função de uma boa classificação do material, poderemos partir para
Classificação de Materiais a codificação do mesmo, ou seja, representar todas as informações
Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma, necessárias, suficientes e desejadas por meios de números e/ou le-
dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar confu- tras. Os sistemas de codificação mais comumente usados são: o al-
são, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo que fabético (procurando aprimorar o sistema de codificação, passou-se
seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A classifica- a adotar de uma ou mais letras o código numérico), alfanumérico e
ção, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de material numérico, também chamado “decimal”. A escolha do sistema utili-
ocupe seu respectivo local. Por exemplo: produtos químicos pode- zado deve estar voltada para obtenção de uma codificação clara e
rão estragar produtos alimentícios se estiverem próximos entre si. precisa, que não gere confusão e evite interpretações duvidosas a
Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo segundo respeito do material. Este processo ficou conhecido como “código
critérios adotados, agrupando-o de acordo com a semelhança, sem, alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codificação está a de
contudo, causar confusão ou dispersão no espaço e alteração na afastar todos os elementos de confusão que porventura se apresen-
qualidade. tarem na pronta identificação de um material.
O objetivo da classificação de materiais é definir uma catalo- O sistema classificatório permite identificar e decidir priorida-
gação, simplificação, especificação, normalização, padronização des referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de
e codificação de todos os materiais componentes do estoque da estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento da
empresa. empresa não faltam, depende de uma boa classificação dos mate-
O sistema de classificação é primordial para qualquer Departa- riais.
mento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle Para Viana um bom método de classificação deve ter algumas
eficiente dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento características: ser abrangente, flexível e prático.
correto do almoxarifado. - Abrangência: deve tratar de um conjunto de características,
em vez de reunir apenas materiais para serem classificados;
O princípio da classificação de materiais está relacionado à: - Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos
de classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerencia-
Catalogação mento do estoque;
A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação de - Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um conjun- Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária
to de dados relativos aos itens identificados, codificados e cadas- uma divisão que norteie os vários tipos de classificação.
trados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da Dentro das empresas existem vários tipos de classificação de
empresa. materiais.
Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diversi-
dade de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso Para o autor Viana os principais tipos de classificação são:
de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a - Por tipo de demanda
simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simplifi- - Materiais críticos
carmos um material, favorecemos sua normalização, reduzimos as - Pericibilidade
despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos com - Quanto à periculosidade
capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para que - Possibilidade de fazer ou comprar
haja a normalização. Ao requisitar uma quantidade desse material, - Tipos de estocagem
o usuário irá fornecer todos os dados (tipo de capa, número de - Dificuldade de aquisição
folhas e formato), o que facilitará sobremaneira não somente sua - Mercado fornecedor.
aquisição, como também o desempenho daqueles que se servem
do material, pois a não simplificação (padronização) pode confundir
o usuário do material, se este um dia apresentar uma forma e outro
dia outra forma de maneira totalmente diferente.

Especificação
Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação do
material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor
entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de
material a ser requisitado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Por tipo de demanda: A classificação por tipo de demanda se - Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de
divide em materiais não de estoque e materiais de estoque. Mate- movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gera-
riais não de estoque: são materiais de demanda imprevisível para rem custo de manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após
os quais não são definidos parâmetros para o ressuprimento. Esses todos os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral, so-
materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a inexistência de mente 5% do valor monetário total representam esta classe, po-
regularidade de consumo faz com que a compra desses materiais rém, mais de 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores são
somente seja feita por solicitação direta do usuário, na ocasião em orientadores e não são regra).
que isso se faça necessário. O usuário é que solicita sua aquisição
quando necessário. Devem ser comprados para uso imediato e se Metodologia de cálculo da curva ABC
forem utilizados posteriormente, devem ficar temporariamente no A Curva ABC é muito usada para a administração de estoques,
estoque. A outra divisão são os Materiais de estoques: são mate- para a definição de políticas de vendas, para estabelecimento de
riais que devem sempre existir nos estoques para uso futuro e para prioridades, para a programação da produção.
que não haja sua falta são criadas regras e critérios de ressuprimen-
to automático. Deve existir no estoque, seu ressuprimento deve ser
automático, com base na demanda prevista e na importância para
a empresa.

Os materiais de estoque se subdividem ainda;

Quanto à aplicação eles podem ser: Materiais produtivos que


compreendem todo material ligado direta ou indiretamente ao
processo produtivo. Matéria prima que são materiais básicos e in-
sumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo
produtivo. Produtos em fabricação que são também conhecidos
como materiais em processamento que estão sendo processados
ao longo do processo produtivo. Não estão mais no estoque por-
que já não são mais matérias-primas, nem no estoque final porque
ainda não são produtos acabados. Produtos acabados: produtos já Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é
prontos. Materiais de manutenção: materiais aplicados em manu- uma tarefa extremamente difícil e, na grande maioria das vezes,
tenção com utilização repetitiva. Materiais improdutivos: materiais desnecessária. É conveniente que os itens mais importantes, segun-
não incorporados ao produto no processo produtivo da empresa. do algum critério, tenham prioridade sobre os menos importantes.
Materiais de consumo geral: materiais de consumo, aplicados em Assim, economiza-se tempo e recursos.
diversos setores da empresa. Para simplificar a construção de uma curva ABC, separamos o
processo em 6 etapas a seguir:
Quanto ao valor de consumo: Para que se alcance a eficácia na 1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques
gestão de estoque é necessário que se separe de forma clara, aquilo pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para cada
que é essencial do que é secundário em termos de valor de consu- um deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do
mo. Para fazer essa separação nós contamos com uma ferramenta estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, o mark-up, etc.
chamada de Curva ABC ou Curva de Pareto, ela determina a im- 2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são:
portância dos materiais em função do valor expresso pelo próprio quantidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com
consumo em determinado período. Curva ABC é um importante esses dados obtemos o custo total de cada item, multiplicando a
instrumento para se examinar estoques, permitindo a identifica- quantidade pelo custo unitário.
ção daqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados 3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é
quanto à sua administração. Ela consiste na verificação, em certo preciso organizá-los em ordem decrescente de valor.
espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do consumo 4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram
em valor monetário, ou quantidade dos itens do estoque, paraque organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se o custo total acumu-
eles possam ser classificados em ordem decrescente de importân- lado e os percentuais do custo total acumulado de cada item em
cia. relação ao total.
Os materiais são classificados em: 5º) Construir a curva ABC
- Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser tra- Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distri-
balhados com uma atenção especial pela administração. Os dados buídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo
aqui classificados correspondem, em média, a 80% do valor mone- total acumulado.
tário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses valores são
orientativos e não são regra).
- Classe B: São os itens intermediários que deverão ser tratados
logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe A; são os se-
gundos em importância. Os dados aqui classificados correspondem
em média, a 15% do valor monetário total do estoque e no máximo
30% dos itens estudados (esses valores são orientadores e não são
regra).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

6º) Análise dos resultados


Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério ABC. Na verdade, esse critério é qualitativo, mas a tabela abaixo mostra
algumas indicações para sua elaboração:

Classe % itens Valor acumulado Importância


A 20 80% Grande
B 30 15% Intermediária
C 50 5% Pequena

Pelo nosso exemplo, chegamos à seguinte distribuição:

N º %
Classe Valor acumulado Itens em estoque
itens itens
A 2 16,7% 80,1% Faca, Jarro
B 3 25,0% 15,6% Apontador, Esquadro, Dado
C 7 58,3% 4,3% Key, Livro, Herói, Caixa, Bola,
Giz, Isqueiro.

A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens A
(apenas 2 itens), representando uma redução de 16% no valor total, enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos itens C
(sete itens), impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma ação mais
rentável para a empresa do nosso exemplo.

Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se obter
o material.
Os materiais são classificados em materiais:
- Materiais X: materiais de aplicação não importante, com similares na empresa;
- Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar;
- Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção.
Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e podem
colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. Os materiais
classificados como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmente substituídos em
curto prazo. Os itens “X” por sua vez são aqueles que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à segurança das pessoas,
ao ambiente ou ao patrimônio da organização e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem encontrados.
Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas: O material é imprescindível à empresa? Pode ser
adquirido com facilidade? Existem similares? O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente?

Ainda em relação aos tipos de materiais temos;

- Materiais Críticos: São materiais de reposição específica, cuja demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base o ris-
co. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, portanto,
sujeitos ao controle de obsolescência.

7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A quantidade de material cadastrado como material crítico Recebimento e Armazenagem


dentro de uma empresa deve ser mínimo. Recebimento é a atividade intermediária entre as tarefas de
Os materiais são classificados como críticos segundo os seguin- compra e pagamento ao fornecedor, sendo de sua responsabilidade
tes critérios: Críticos por problemas de obtenção de material impor- a conferência dos materiais destinados à empresa.
tado, único fornecedor, falta no mercado, estratégico e de difícil ob- As atribuições básicas do Recebimento são:
tenção ou fabricação; Críticos por razões econômicas de materiais - Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devo-
de valor elevado com alto custo de armazenagem ou de transporte; lução de materiais;
Críticos por problemas de armazenagem ou transporte de materiais - Analisar a documentação recebida, verificando se a compra
perecíveis, de alta periculosidade, elevado peso ou grandes dimen- está autorizada;
sões; Críticos por problema de previsão, por ser difícil prever seu - Controlar os volumes declarados na nota fiscal e no manifesto
uso; Críticos por razões de segurança de materiais de alto custo de de transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos;
reposição ou para equipamento vital da produção. - Proceder a conferência visual, verificando as condições de
embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se
- Perecibilidade: Os materiais também podem ser classificados for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos docu-
de acordo com a possibilidade de extinção de suas propriedades mentos;
físico-químicas. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classifica- - Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos mate-
ção; assim, quando a empresa adquire um material para ser usado riais recebidos;
em um período, e nesse período o consumo não ocorre, sua utiliza- - Decidir pela recusa, aceite ou devolução, conforme o caso;
ção poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem - Providenciar a regularização da recusa, devolução ou da libe-
por longos períodos. Ex. alimentos, remédios; ração de pagamento ao fornecedor;
- Liberar o material desembaraçado para estoque no almoxa-
- Quanto à periculosidade: O uso dessa classificação permite rifado;
a identificação de materiais que devido a suas características físico-
-químicas, podem oferecer risco à segurança no manuseio, trans- A análise do Fluxo de Recebimento de Materiais permite dividir
porte, armazenagem. Ex. líquidos inflamáveis. a função em quatro fases:
1a fase - Entrada de Materiais
- Possibilidade de fazer ou comprar: Esta classificação visa de- A recepção dos veículos transportadores efetuada na portaria
terminar quais os materiais que poderão ser recondicionados, fabri- da empresa representa o início do processo de Recebimento e tem
cados internamente ou comprados: os seguintes objetivos:
- Fazer internamente: fabricados na empresa; - A recepção dos veículos transportadores;
- Comprar: adquiridos no mercado; - A triagem da documentação suporte do recebimento;
- Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos; - Constatação se a compra, objeto da nota fiscal em análise,
- Recondicionar: materiais passíveis de recuperação sujeitos a está autorizada pela empresa;
análise de custos. - Constatação se a compra autorizada está no prazo de entrega
contratual;
- Tipos de estocagem: Os materiais podem ser classificados em - Constatação se o número do documento de compra consta
materiais de estocagem permanente e temporária. na nota fiscal;
- Permanente: materiais para os quais foram aprovados níveis - Cadastramento no sistema das informações referentes a com-
de estoque e que necessitam de ressuprimento constantes. pras autorizadas, para as quais se inicia o processo de recebimento;
- Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressupri- - O encaminhamento desses veículos para a descarga;
mento, ou seja, é um material não de estoque.
As compras não autorizadas ou em desacordo com a programa-
- Dificuldade de aquisição: Os materiais podem ser classifica- ção de entrega devem ser recusadas, transcrevendo-se os motivos
dos por suas dificuldades de compra em materiais de difícil aquisi- no verso da Nota Fiscal. Outro documento que serve para as opera-
ção e materiais de fácil aquisição. As dificuldades podem advir de: ções de análise de avarias e conferência de volumes é o “Conheci-
Fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronogra- mento de Transporte Rodoviário de Carga”, que é emitido quando
ma de fabricação longo; Escassez no mercado: há pouca oferta no do recebimento da mercadoria a ser transportada.
mercado e pode colocar em risco o processo produtivo; Sazonalida- As divergências e irregularidades insanáveis constatadas em
de: há alteração da oferta do material em determinados períodos relação às condições de contrato devem motivar a recusa do rece-
do ano; Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um bimento, anotando-se no verso da 1a via da Nota Fiscal as circuns-
único fornecedor; Logística sofisticada: material de transporte es- tâncias que motivaram a recusa, bem como nos documentos do
pecial, ou difícil acesso; Importações: os materiais sofrer entraves transportador. O exame para constatação das avarias é feito através
burocráticos, liberação de verbas ou financiamentos externos. da análise da disposição das cargas, da observação das embalagens,
quanto a evidências de quebras, umidade e amassados.
- Mercado fornecedor: Esta classificação está intimamente li- Os materiais que passaram por essa primeira etapa devem ser
gada à anterior e a complementa. Assim temos: Materiais do mer- encaminhados ao Almoxarifado. Para efeito de descarga do mate-
cado nacional: materiais fabricados no próprio país; Materiais do rial no Almoxarifado, a recepção é voltada para a conferência de vo-
mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país; Materiais lumes, confrontando-se a Nota Fiscal com os respectivos registros
em processo de nacionalização: materiais aos quais estão desenvol- e controles de compra. Para a descarga do veículo transportador
vendo fornecedores nacionais. é necessária a utilização de equipamentos especiais, quais sejam:
paleteiras, talhas, empilhadeiras e pontes rolantes.
O cadastramento dos dados necessários ao registro do rece-
bimento do material compreende a atualização dos seguintes sis-
temas:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Sistema de Administração de Materiais e gestão de esto- - Estocagem: é o conjunto de operações relacionadas à guarda
ques: dados necessários à entrada dos materiais em estoque, vi- do material. A classificação dos estoques constitui-se em: estoque
sando ao seu controle; de produtos em processo, estoque de matéria – prima e materiais
- Sistema de Contas a pagar : dados referentes à liberação de auxiliares ,estoque operacional, estoque de produtos acabados e
pendências com fornecedores, dados necessários à atualização da estoques de materiais administrativos.
posição de fornecedores; - Distribuição: está relacionada à expedição do material, que
- Sistema de Compras : dados necessários à atualização de sal- envolve a acumulação do que foi recebido da parte de estocagem,
dos e baixa dos processos de compras; a embalagem que deve ser adequada e assim a entrega ao seu des-
2a fase - Conferência Quantitativa tino final. Nessa atividade normalmente precisa-se de nota fiscal de
É a atividade que verifica se a quantidade declarada pelo forne- saída para que haja controle do estoque.
cedor na Nota Fiscal corresponde efetivamente à recebida. A confe-
rência por acusação também conhecida como “contagem cega “ é Tipos de armazenagem:
aquela no qual o conferente aponta a quantidade recebida, desco- A armanezagem temporária tem como função conseguir uma
nhecendo a quantidade faturada pelo fornecedor. A confrontação forma de arrumação fácil de material, como por exemplo, a coloca-
do recebido versus faturado é efetuada a posteriori por meio do Re- ção de estrados para uma armazenagem direta entre outros. Já a ar-
gularizador que analisa as distorções e providencia a recontagem. mazenagem permanente tem um local pré-definido para o depósito
Dependendo da natureza dos materiais envolvidos, estes po- de materiais, assim o fluxo do material determina a disposição do
dem ser contados utilizando os seguintes métodos: armazém, onde os acessórios do armazém ficarão, assim, garantin-
- Manual: para o caso de pequenas quantidades; do a organização do mesmo.
- Por meio de cálculos: para o caso que envolve embalagens
padronizadas com grandes quantidades; Vantagens da armazenagem:
- Por meio de balanças contadoras pesadoras: para casos que A armazenagem quando efetuada de maneira correta pode
envolvem grande quantidade de pequenas peças como parafusos, trazer muitos benefícios, nos quais traz diretamente a redução de
porcas, arruelas; custos.
- Pesagem: para materiais de maior peso ou volume, a pesa- - Redução dos custos de movimentação bem como das exis-
gem pode ser feita através de balanças rodoviárias ou ferroviárias; tências;
- Medição: em geral as medições são feitas por meio de trenas; - Facilidade na fiscalização do processo;
- Redução de perdas e inutilidades.
3a fase - Conferência Qualitativa - Aproxima a empresa de seus clientes e fornecedores;
Visa garantir a adequação do material ao fim que se destina. A - Agiliza o processo de entrega;
análise de qualidade efetuada pela inspeção técnica, por meio da - Compensa defasagens de produção
confrontação das condições contratadas na Autorização de Forneci- - Melhor aproveitamento do espaço;
mento com as consignadas na Nota Fiscal pelo Fornecedor, visa ga-
rantir o recebimento adequado do material contratado pelo exame Desvantagens da armazenagem:
dos seguintes itens: Algumas desvantagens segundo:
- Imobilização de capital;
- Características dimensionais; - A armazenagem requer serviços administrativos de controles
- Características específicas; e gerenciamento;
- Restrições de especificação; - A mercadoria tem prazo de validade nos quais devem ser res-
peitados;
A armazenagem nada mais é do que um conjunto de funções - Um armazém de grande porte requer máquinas com tecno-
que tem nele a recepção, descarga, carregamento, arrumação e logia.
conservação de matérias – primas, produtos acabados ou semi –
acabados. Armazenagem em função das prioridades
Este processo envolve mercadorias, e apenas produz resulta- Não existe nenhuma norma que regule o modo como os ma-
dos quando é realizado uma operação com o objetivo de lhe acres- teriais devem estar dispostos no armazém, porém essa decisão de-
centar valor. A armazenagem pode ser definida como o compromis-
pende de vários fatores. Senão veja-se:
so entre os custos e a melhor solução para as empresas. Na prática
isso só é possível se tiver em conta todos os fatores que influenciam
Armazenagem por agrupamento:
os custos de armazenagem, bem como a importância relativa dos
Esta espécie de armazenagem facilita a arrumação e busca de
mesmos.
materiais, podendo prejudicar o aprovisionamento do espaço. É o
A função de armazenamento de material é agir com maior agi-
caso dos moldes, peças, lotes de aprovisionamento aos quais se
lidade entre suprimento e as necessidades de produção.
atribui um número que por sua vez pertence a um grupo, identifi-
O armazenamento incorpora diversos aspectos diferentes das
cando-os com a divisão da estante respectiva .
operações logísticas. Devido à interação, o armazenamento não
se enquadra nitidamente em esquemas de classificação utilizados
quando se fala em gerenciamento de pedidos, inventário ou trans- Armazenagem por tamanho, peso e característica do material.
porte. Neste critério o talão de saída deve conter a informação relati-
va ao setor do armazém onde o material se encontra. Este critério
As atividades que compõem a armazenagem são: permite um melhor aprovisionamento do espaço, mas exige um
- Recebimento: é o conjunto de operações que envolvem a controlo rigoroso de todas as movimentações.
identificação do material recebido, analisar o documento fiscal com
o pedido, a inspeção do material e a sua aceitação formal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Armazenagem por frequência - Armazéns de mercadorias em geral: Produtos diversos. O


O controle através da ficha técnica permite determinar o local principal objetivo é agregar o material em unidades de transporte e
onde o material deverá ser colocado, consoante a frequência com armazenagem tão grandes quanto possíveis, de modo a preencher
que este é movimentado. A ficha técnica também consegue veri- o veiculo por completo.
ficar o tamanho das estantes, de modo a racionalizar o aproveita- - Gases - Os gases obedecem a medidas especiais de precau-
mento do espaço. ção, uma vez que tornam-se perigosos ao estarem sujeitos a altas
pressões e serem inflamáveis. Por sua vez a armazenagem de gar-
Armazenagem com separação entre lote de reserva e lote di- rafas de gás está sujeita a regras específicas e as unidades de trans-
ário porte são por norma de grandes dimensões.
Esta armazenagem é constituída por um segundo armazém de
pequenos lotes o qual se destina a cobrir as necessidades do dia- Critérios de Armazenagem
-a-dia. Este armazém de movimento possui uma variada gama de Dependendo das características do material, a armazenagem
materiais. pode dar-se em função dos seguintes parâmetros:

Armazenagem por setores de montagem - Fragilidade;


Neste tipo de armazenagem as peças de série são englobadas - Combustibilidade;
num só grupo, de forma a constituir uma base de uma produção por - Volatilização;
família de peças. Este critério conduz à organização das peças por - Oxidação;
prioridades dentro de cada grupo. - Explosividade;
- Intoxicação;
A mecanização dos processos de armazenagem fará com que o - Radiação;
critério do percurso mais breve e de menor frequência seja imple- - Corrosão;
mentado na elaboração de novas técnicas de armazenagem - Inflamabilidade;
- Volume;
Tipos de Armazenagem - Peso;
Armazenagem temporária - Forma.
Aqui podem ser criadas armações corridas de modo a conse- Os materiais sujeitos à armazenagem não obedecem regras ta-
xativas que regulem o modo como os materiais devem ser dispostos
guir uma arrumação fácil do material, colocação de estrados para
no Almoxarifado. Por essa razão, deve-se analisar, em conjunto, os
uma armazenagem direta, pranchas entre outros. Aqui a força da
parâmetros citados anteriormente, para depois decidir pelo tipo de
gravidade joga a favor.
arranjo físico mais conveniente, selecionando a alternativa que me-
lhor atenda ao fluxo de materiais:
Armazenagem permanente 1. armazenagem por tamanho: esse critério permite bom
É um processo predefinido num local destinado ao depósito de aproveitamento do espaço;
matérias. 2. armazenamento por frequência: esse critério implica ar-
O fluxo de material determina: mazenar próximo da saída do almoxarifado os materiais que te-
- A disposição do armazém - critério de armazenagem; nham maior frequência de movimento;
- A técnica de armazenagem - espaço físico no armazém; 3. armazenagem especial, onde destacam-se:
- Os acessórios do armazém; a) os ambientes climatizados;
- A organização da armazenagem. b) os produtos inflamáveis, que são armazenados sob rígidas
normas de segurança;
Armazenagem interior/exterior c) os produtos perecíveis (método FIFO)
A armazenagem ao ar livre representa uma clara vantagem a 1. Armazenagem em área externa: devido à sua natureza,
nível econômico, sendo esta muito utilizada para material de ferra- muitos materiais podem ser armazenados em áreas externas, o que
gens e essencialmente material pesado. diminui os custos e amplia o espaço interno para materiais que ne-
cessitam de proteção em área coberta. Podem ser colocados nos
Armazenagem em função dos materiais pátios externos os materiais a granel, tambores e “containers”, pe-
A armazenagem deve ter em conta a natureza dos materiais ças fundidas e chapas metálicas.
de modo a obter-se uma disposição racional do armazém, sendo 2. Coberturas alternativas: não sendo possível a expansão do
importante classificá-los. almoxarifado, a solução é a utilização de galpões plásticos, que dis-
pensam fundações, permitindo a armazenagem a um menor custo.
- Armazém de commodities: Madeira, algodão, tabaco e cere-
ais; Independentemente do critério ou método de armazenamento
- Armazém para granel: A armazenagem deste material deve adotado é oportuno observar as indicações contidas nas embala-
ocorrer nas imediações do local de utilização, pois o transporte des- gens em geral.
te tipo de material é dispendioso. Para grandes quantidades deste
Estudo do layout
material a armazenagem faz-se em silos ou reservatórios de gran-
Alguns cuidados devem ser tomados durante o projeto do
des dimensões. Para quantidades menores utilizam-se bidões, latas
layout de um almoxarifado, de forma que se possa obter as seguin-
e caixas. Armazena-se grãos, produtos líquidos, etc;
tes condições:
- Armazéns frigorificados: Produtos perecíveis, frutas, comida
1. Máxima utilização do espaço;
congelada, etc; 2. Efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão de obra e
- Armazéns para utilidades domésticas e mobiliário: Produtos equipamentos);
domésticos e mobiliário; 3. Pronto acesso a todos os itens;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

4. Máxima proteção aos itens estocados; - Distribuidor: geralmente, esse termo é confundido com o
5. Boa organização; Atacadista. Porém, para bens industriais, o mesmo agrega, além da
6. Satisfação das necessidades dos clientes. venda, armazenagem e assistência técnica dentro de uma área ge-
ográfica delimitada de atuação, ou seja, busca atender demandas
No projeto de um almoxarifado devem ser verificados os se- mais regionalizadas. Ex.: Distribuidor de tratores e implementos
guintes aspectos: agrícolas em uma determinada região.
1. Itens a serem estocados (itens de grande circulação, gran- - Agentes (relações de longo prazo) e Corretores (relações de
de peso e volume); curto prazo): pessoas jurídicas comissionadas que vendem uma li-
2. Corredores (facilidades de acesso); nha de produtos de uma empresa sob relação contratual. Podem
3. Portas de acesso (altura, largura); trabalhar com exclusividade apenas os produtos de uma única em-
4. Prateleiras e estruturas (altura x peso); presa (agentes exclusivos) ou trabalham com produtos similares de
5. Piso (resistência). empresas diferentes (agentes não exclusivos).

Distribuição De Materiais IMPORTÂNCIA DOS INTERMÉDIARIOS


Pode-se identificar diversos aspectos que justificam a impor-
O processo de distribuição: conceitos e estratégias tância dos intermediários no canal de distribuição, dentre esses
Ter um bom produto (bem ou serviço) não basta! Há a necessi- destacam-se:
dade que esse produto chegue até o cliente da melhor forma possí- - Aumento da eficiência do processo de distribuição, pois não
vel, seja esse um produto de consumo ou industrial. Nesse sentido, seria eficiente para um fabricante ou produtor buscar atender clien-
é necessário identificar adequadamente os meios para distribuir o tes individualmente;
produto, para que esse chegue ao cliente certo, na quantidade cer- - Transformação das transações em processos repetitivos e ro-
ta e no momento certo. tineiros, simplificando atividades e os processos de pedido, paga-
Um bom produto pode não ter aceite do mercado, caso esse mento, etc.
não esteja disponível nos lugares certos para o consumo. Portan- - Facilitação do processo de busca de produtos, ampliando o
to, o sucesso ou fracasso de um produto no mercado depende de acesso dos clientes a uma gama maior de produtos.
sua disponibilidade para consumo, no tempo e quantidade certa. O
cliente ao procurar uma determinada marca, não encontrando-a, FUNÇÕES DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
esse tenderá comprar uma outra marca qualquer. Dessa forma, um As funções objetivam tornar o canal de distribuição mais efe-
dos instrumentos da Logística que busca solucionar esse problema tivo (eficiente e eficaz), podendo ser dividida em três categorias:
e o desenvolvimento e utilização de um correto Processo de Distri- Transacionais: compreendem a compra, a venda dos produtos,
buição. bem como assumir os riscos comerciais envolvidos no processo;
Dimensões do processo de distribuição: canal de distribuição e Facilitação: relacionam-se com o financiamento de crédito,
distribuição física o controle de produtos (inspecionar e classificar produtos), bem
- Canal de distribuição está relacionado ao conjunto de orga- como a coleta de informações de marketing, tornando mais fáceis
nizações interdependentes envolvidas na disponibilização de um os processos de compra e venda. Produtores e intermediários po-
produto (bem e/ou serviço) para uso e/ou consumo. Dessa forma, dem trabalhar juntos para criar valor para seus clientes por meio
entende-se canal de distribuição como sendo, o conjunto de or- de previsões de vendas, análises competitivas e relatórios sobre as
ganizações que executam as funções necessárias para deslocar os condições do mercado, focando atingir as reais necessidades dos
produtos da produção até o consumo. Nesse contexto surgem os clientes;
intermediários que são as organizações que constituem o canal de Logísticas: envolvem a movimentação e a combinação de pro-
distribuição, ou seja, são empresas comerciais que operam entre os dutos em quantidades que os tornem fáceis de comprar.
produtores e os clientes finais. DECISÕES DE PROJETO DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO

- Distribuição Física: refere-se à movimentação de produtos Para se projetar um canal de distribuição é necessário avaliar
para o local adequado, nas quantidades e tempos (prazos) corretos, alguns atributos:
de maneira eficiente e eficaz em termos de custo, ou seja, refere-se Avaliar claramente os mercados (reais e potenciais) a serem
ao uso correto das estratégias de logística relacionadas ao processo trabalhados.
de distribuição, tais como, armazenagem/estocagem, embalagem, - Determinar as características dos clientes (segmentação), em
transporte, movimentação interna de materiais, bem como dos sis- termos de números de clientes, dispersão geográfica, frequência de
temas e equipamentos necessários para essas funções. compra, etc.
- Determinar as características dos produtos quanto à perecibi-
INTERMEDIÁRIOS lidade, dimensões, grau de padronização e necessidades dos clien-
Relacionam-se abaixo, alguns exemplos dos principais interme- tes.
diários atuantes em um canal de distribuição: - Determinar as características dos intermediários, quanto ao
- Varejista: tipo de intermediário cujo principal objetivo é re- tipo de transporte, sistema de equipamentos e armazenagem utili-
alizar a venda de bens e/ou serviços diretamente ao cliente final. zado, sistemas de TI, etc.
Ex.: Supermercado, papelaria, farmácia, bazar, loja de calçados, etc. - Diagnosticar as características ambientais quanto às condi-
- Atacadista: intermediário que compra e revende mercadorias ções locais, legislação, etc.
para os varejistas e a outros comerciantes e/ou para estabelecimen- - Avaliar as características das empresas envolvidas quanto so-
tos industriais, institucionais e usuários comerciantes, mas que não lidez financeira, composto de produtos (bens e serviços), nível de
vende em pequenas quantidades para clientes finais. Ex.: Martins, serviço, estratégias de marketing, etc.
Atacadão

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

TIPOLOGIAS DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO GESTÃO DAS RELAÇÕES NO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO


FabricanteCliente Final/Cliente Empresarial (NÍVEL ZERO) - é o Conflitos no Canal
canal de distribuição mais simples e direto do fabricante até o usu- Conflito é um fenômeno que resulta da natureza social dos
ário final, sendo também o mais comum no cenário empresarial. relacionamentos. Especificamente, no caso dos canais de distribui-
Quando essse canal de distribuição é usado em mercados de con- ção, o conflito surge quando um membro do canal crê que outro
sumo, pode assumir duas formas. A primeira é a Venda Direta que membro esteja impedindo a realização de seus objetivos especí-
envolve contatos de vendas pessoais entre o comprador e o ven- ficos. Diversos fatores podem favorecer o surgimento de conflito
dedor, como aqueles que ocorrem com os produtos agrícolas (fei- entre os membros do canal:
ras), processo Avon, Yakult, etc. Já a segunda forma é o Marketing - Incongruência de papéis entre os membros;
Direto, o qual abrange uma comunicação direta entre o comprador - Escassez de recursos e discordância na sua alocação;
e o vendedor, conforme ocorre nas vendas por meio de catálogos - Diferenças de percepção e interpretação dos estímulos am-
ou mala direta. Pode-se considerar que os canais diretos são mais bientais;
importantes no mercado empresarial (B2B), onde a maior parte - Diferenças de expectativas em relação ao comportamento es-
dos equipamentos, peças e matéria-prima são vendidas por meio perado dos outros membros;
de contatos diretos entre vendedores e compradores. Esse canal é - Discordância no domínio da decisão;
requisitado quando o fabricante prefere não utilizar os intermediá- - Incompatibilidade de metas específicas dos membros;
rios disponíveis no mercado, optando pela força de venda própria - Dificuldades de comunicação.
e providenciando a movimentação física dos produtos até o cliente Há três principais tipos de conflitos que podem ocorrer nos ca-
final. O mesmo oferece às empresas a vantagem de maior controle nal de distribuição:
das funções de Marketing a serem desempenhadas, sem a necessi- - O conflito Vertical – tipo de conflito que ocorre entre mem-
dade de motivar intermediários e depender de resultados de tercei- bros de diferentes níveis no canal. Ex.: Fabricantes versus Ataca-
ros. Uma das desvantagens é a exigência de maiores investimentos, distas ou Varejistas. Quando um fabricante vende seus produtos
uma vez que as funções mercadológicas são assumidas. diretamente aos clientes via internet, poderá gerar algum tipo de
conflito vertical entre esse e seus varejistas.
FabricanteVarejistaCliente Final (NÍVEL UM) - é um dos canais - O conflito Horizontal, conflito que envolve divergências entre
mais utilizados pelos fabricantes de produtos de escolha, como membros do mesmo nível no canal, como Atacadistas versus Ata-
alimentação, vestuário, livros, eletrodomésticos. Nesse caso, o fa- cadistas ou franqueados (lojas) pertencentes a uma certa franquia
bricante transfere ao intermediário grande parte das funções mer- competindo em uma mesma região. Esses conflitos podem ocorrer,
cadológicas (venda, transporte, crédito, embalagens). Ex.: Lojas devido as diferenças quanto aos limites de território ou em termos
Bahia, Supermercado Extra, etc. dos preços praticados.
- Conflito Multicanal – é o conflito que surge quando um fabri-
FabricanteAtacadista Varejista Cliente Final (NÍVEL DOIS) - esse cante utiliza dois ou mais canais simultâneos que vendem para o
tipo de canal é utilizado no mercado de bens de consumo, quando
mesmo mercado. Ex. loja virtual versus loja física ou uso de repre-
a distribuição visa atingir um número muito grande e disperso de
sentantes.
clientes (ampliar capilaridade).
Uma empresa que visa cobrir um mercado de forma intensiva
Poder no canal
pode utilizar esse canal que, além das vendas, oferece financiamen-
Poder é a capacidade que um dos membros do canal tem de
to, transportes, promoções, etc. É um dos sistemas mais tradicio-
influenciar as variáveis do mix mercadológico de um outro membro.
nais para alguns tipos de produtos como bebidas, limpeza, etc.
Nesse sentido, o membro que exerce Poder está interferindo ou até
modificando os objetivos mercadológicos do outro membro. De
FabricanteAgente(Atacadista) Varejista Cliente Final (NÍVEL
uma forma mais geral, conceito de Poder está associado à capaci-
TRES): Nesse sistema, o agente (broker) desempenha a função de
reunir o comprador e o vendedor. O agente é na verdade, um inter- dade de um membro particular do canal de controlar ou influenciar
mediário que não compra produtos, apenas representa o fabricante o comportamento de outro(s) membro(s) do canal.
ou o atacadista (aqueles que realmente compram os bens) na busca
de mercados à produção dos fabricantes ou na localização de fontes Fontes de Poder no canal
de suprimento para esses fabricantes. Em geral, existem cinco tipos de fontes de poder que são exer-
cidos no canal:
Prestador de Serviço Usuário Final: A distribuição de serviços - Recompensa: é a capacidade de um agente recompensar um
para usuários finais ou empresariais é mais simples e direta do que outro quando esse último conforma-se à influência do primeiro. A
a distribuição de bens tangíveis, em função das características dos recompensa, normalmente está associada com fontes econômicas.
serviços. O profissional de Marketing de Serviços está menos pre- - Coerção: é o oposto do Poder de recompensa, onde o exer-
ocupado com a armazenagem, transporte e controle do estoque e, cício do Poder está associado à expectativa de um dos agentes em
normalmente usa canais mais curtos. Outra consideração é a contí- relação à capacidade de retaliação do outro, caso esse não se sub-
nua necessidade de manutenção de relacionamentos pessoais en- meta às tentativas de influência do primeiro.
tre produtores e usuários de serviços. - Legítimo: deriva de normas internalizadas em um membro
(contrato) e que estabelecem que outro membro tem o direito de
Prestador de ServiçoAgente Usuário Final: Na prestação de ser- influenciá-lo, existindo a obrigação de aceitar essa influência.
viços também há a possibilidade da utilização de agentes, os quais - Informacional: origina-se pela posse de um membro de infor-
nesse caso são denominados de corretores. Os exemplos mais co- mações valorizadas por outros membros do canal.
muns incluem os corretores de seguro, corretores de fundo de in- - Experiência: deriva do conhecimento (know-how) que um
vestimentos, agentes de viagem, etc. membro detem em relação a outro membro.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Liderança do canal - Assegurar a rápida disponibilidade do produto no mercado


Quando os conflitos se reduzem e há um aumento de coo- identificado como prioritários, ou seja, o produto precisa estar dis-
peração entre os membros do canal, essas características podem ponível para a venda nos estabelecimentos varejistas do tipo cor-
resultar no surgimento de membros que, devido a fatores como, reto;
alto poder de barganha, poder legítimo, poder de informação, tor- - Intensificar ao máximo o potencial de vendas do produto sob
nam-se líderes do canal.Por ouro lado, alguns autores identificaram enfoque, isto é buscar parcerias entre fabricante e varejista que
um padrão consistente de condições que determinam o surgimento possibilitem a exposição mais adequada da mercadoria nas lojas;
de uma liderança no canal: o líder do canal tende emergir quando - Promover cooperação entre os participantes da cadeia de su-
o canal de distribuição enfrenta ambientes ameaçadores, aqueles primentos, principalmente relacionada aos fatores mais significati-
onde a demanda é declinante, a concorrência aumenta e a incer- vos associados à distribuição física, ou seja, buscar lotes mínimos
teza é elevada. dos pedidos, uso ou não de paletização ou de tipos especiais de
acondicionamentos em embalagens, condições de descarga, restri-
Construindo a confiança no canal ções de tempo de espera, etc.
Muitos canais estão rumando para a construção da confiança - Assegurar nível de serviço estabelecido previamente pelos
mútua como base para o sucesso das relações entre os membros parceiros da cadeia de suprimentos;
do canal. Geralmente essa confiança requer que esses membros re- - Garantir rápido e preciso fluxo de informações entre os par-
conheçam sua interdependência e saibam compartilhar processos ceiros; e
e informações. - Procurar redução de custos, de maneira integrada, atuando
em conjunto com os parceiros, analisando a cadeia de suprimentos
ESTRATÉGIAS DE DISTRIBUIÇÃO na sua totalidade.

Em termos gerais, existem três tipos de estratégias de distri- Os canais de distribuição podem desempenhar quatro funções
buição: básicas, segundo as modernas concepções trazidas pelo supply
chain management:
- Distribuição intensiva – essa estratégia torna um certo produ-
to disponível no maior número de estabelecimentos de uma região, - Indução da demanda – as empresas da cadeia de suprimentos
visando obter maior exposição e ampliar a oportunidade de venda. necessitam gerar ou induzir a demanda de seus serviços ou merca-
Produtos com baixo valor unitário e alta frequência de compra são dorias;
vendidos intensivamente, de modo que os clientes considerem con- - Satisfação da demanda – é necessário comercializar os servi-
veniente comprá-los. Assim, por meio da distribuição intensiva, os ços ou mercadorias para satisfazer a demanda;
clientes podem encontrar os produtos no maior número de locais - Serviço de pós-venda – uma vez comercializados os serviços
possíveis.
ou mercadorias, precisa-se oferecer os serviços de pós-venda; e
- Distribuição seletiva – estratégia que consiste no fato do fabri-
- Troca de informações – o canal viabiliza a troca de informa-
cante vender produtos por meio de mais de um dos intermediários
ções ao longo de toda a cadeia de suprimentos, acrescendo-se tam-
disponíveis em uma região, mas não em todos. Sendo assim, os in-
bém os consumidores que disponibilizam um retorno importante
termediários escolhidos são considerados osmelhores para vender
tanto para os fabricantes quanto para os varejistas.
os produtos com base em sua localização, reputação, clientela e
outros pontos fortes. A distribuição seletiva é empregada quando
Entre fatores estratégicos importantes no sistema distributivo
osclientes buscam produtos de compra comparada. Cabe ainda
podem ser levantadas as seguintes questões:
destacar que, nesse caso, havendo menos “parceiros” de canal,
- Se o número, o tamanho e a localização das unidades fabris
torna-se possível desenvolver relacionamentos mais estreitos com
cada um desses, permitindo que o fabricante obtenha boa cobertu- atendem às necessidades de mercado,
ra do mercado com mais controle e menos custos, comparado com - Se a localização geográfica dos mercados e os seus respectivos
a distribuição intensiva. custos de abastecimento são compatíveis,
- Se a frequência de compras dos clientes, o número e o tama-
- Distribuição exclusiva - ocorre quando o fabricante vende seus nho dos pedidos justificam o esforço distributivo,
produtos por meio de um único intermediário em uma determina- - Se o custo do pedido e o custo de distribuição estão em bases
da região, onde esserecebe o direito exclusivo de distribuir tais pro- compatíveis com o mercado,
dutos. Esse tipo de estratégia é utilizada quando um determinado - Se os métodos de armazenagem e os seus custos são justificá-
produto requer um esforço especializado de venda ou investimen- veis com os resultados operacionais gerados,
tos em estoques e instalações específicas. A distribuição exclusiva é - Se os métodos de transporte adotados são adequados,
oposta à distribuição intensiva, sendo mais adequada à medida em Em conformidade com o potencial do mercado, é importante
que se deseja operar apenas com “parceiros” exclusivos de canal analisar a demanda de cada mercado atendido pela empresa e se o
que possam apoiar ou servir o produto de forma adequada, ou seja, tipo de sistema de distribuição adotado é adequado.
enfatizando uma determinada imagem que possa caraterizar luxo
ou exclusividade. DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
A distribuição física de produtos ou distribuição física são os
A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de dis- processos operacionais e decontrole que permitem transferir os
tribuição depende essencialmente de cada organização, da forma produtos desde o ponto de fabricação, até o ponto em que a mer-
com que ela compete no mercado e da estrutura geral da cadeia cadoria é finalmente entregue ao consumidor. (NOVAES, 1994).
de suprimentos. Porém, é possível identificar alguns fatores gerais, Pode-se dizer que seu objetivo geral é levar os produtos certos,
comum na maioria deles: para os lugares certos, no momento certo e com o nível de serviço
desejado, pelo menor custo possível.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A distribuição física tem, como foco principal, todos os produtos que a companhia oferece para vender, ou seja, desde o instante em
que a produção é terminada até o momento em que o cliente recebe a mercadoria (produto).
Toda produção visa a um ponto final, que é chegar às mãos do consumidor.
“Nadar e morrer na praia” não é objetivo de nenhuma instituição que vise ao lucro. Nem entidades sem fins lucrativos desejam que
seus feitos não alcancem os objetivos, mesmo que estes não sejam financeiros.
Uma boa distribuição, associada a um produto de boa qualidade, a uma propaganda eficaz e a um preço justo, faz com que os produ-
tos sejam disponibilizados a seus consumidores, de modo que estes possam fazer a opção pela compra. Estando nas prateleiras, o produto
passa a fazer parte de uma gama de produtos concorrentes que podem ser comprados ou não.
O primeiro passo para ele poder fazer parte dessa opção de compra é estar disponível nas prateleiras.
Outros fatores como propaganda, preço e qualidade do produto, podem variar entre produtos concorrentes, mas a distribuição é uma
condição obrigatória para todas as empresas que querem vender seus produtos.
Se o produto não está disponível na prateleira, independente de todos os outros fatores que influenciam a compra, este não poderá
ser comprado.
Imagine um produto com uma qualidade maravilhosa, com uma estratégia de propaganda primorosa, com um preço imbatível, mas
não disponível no mercado.
A distribuição física acontece em vários níveis dentro de uma instituição. Isso ocorre em razão de que a posição hierárquica interfere
no processo. Uma decisão tomada pela alta administração de uma empresa é chamada de decisão estratégica e deve ser seguida pelos
demais níveis hierárquicos.
A decisão tática é tomada e imposta pela média gerência e a operacional diz respeito à supervisão que se encarregará de fazer com
que os projetos sejam cumpridos e executados.
Para um melhor entendimento, seguem os níveis da administração da distribuição física.
• Estratégico;
• Tático;
• Operacional.

a. Nível Estratégico
Neste nível, a alta administração da empresa decide o modo que deve ter a configuração do sistema de distribuição. Podem ser re-
lacionadas às seguintes preocupações:
• Localização dos armazéns;
• Seleção dos modais de transportes;
• Sistema de processamento de pedidos etc.

b. Nível Tático
É o nível em que a média gerência da empresa estará envolvida em utilizar seus recursos da melhor e maior forma possível. Suas
preocupações são:
• Ociosidade do equipamento de transmissão de pedidos ser a mínima;
• Ocupação otimizada da área de armazéns;
• Otimização dos meios de transportes, sempre em níveis máximos possíveis à carga etc.

c. Nível Operacional
É o nível em que a supervisão garante a execução das tarefas diárias para assegurar que os produtos se movimentem pelo canal de
distribuição até o último cliente. Podem ser citadas:
• Carregar caminhões;
• Embalar produtos;
• Manter registros dos níveis de inventário etc.

MODALIDADES DE TRANSPORTE
O transporte de mercadorias é parte fundamental do comércio. Como o produto é entregue e a qualidade com que chega até o cliente
final é o que define a satisfação do comprador e a possibilidade de um cliente fiel. Sendo assim, deve-se usar o modal – meio de transporte
– que atenda às expectativas do comprador.
Dados mostram que o transporte representa 60% dos custos logísticos, 3,5% do faturamento e tem papel preponderante na qualidade
dos serviços logísticos, impactando diretamente no tempo de entrega, confiabilidade e segurança dos produtos.

Qual o melhor modal?


São basicamente cinco os modais: rodoviário, ferroviário, aquaviário, aéreo e dutoviário.
Para o transporte de mercadorias, cada modal possui suas vantagens e desvantagens. Para cada rota há possibilidade de escolha e esta
deve ser feita mediante análise profunda dos custos e características do serviço.

O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior classifica o Sistema de Transporte, quanto à forma, em:

- Modal: envolve apenas uma modalidade (ex.: Rodoviário);


- Intermodal: envolve mais de uma modalidade (ex.: Rodoviário e Ferroviário);
- Multimodal: envolve mais de uma modalidade, porém, regido por um único contrato;
- Segmentados: envolve diversos contratos para diversos modais;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Sucessivos: quando a mercadoria, para alcançar o destino final, necessita ser transbordada para prosseguimento em veículo da mes-
ma modalidade de transporte (regido por um único contrato).

VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS TIPOS DE TRANSPORTE

Transporte Rodoviário
É aquele que se realiza em estradas, com utilização de caminhões e carretas. Trata-se do transporte mais utilizado no Brasil, apesar do
custo operacional e do alto consumo de óleo diesel.

Vantagens Desvantagens

• Capacidade de tráfego por qualquer rodovia (flexibilidade • Menor capacidade de cargas entre to-
operacional) dos os modais;

• Usado em qualquer tipo de carga. • Alto custo de operação

• Alto risco de roubo/Frota antiga- aci-


• Agilidade no transporte e no acesso às cargas
dentes

• Vias com gargalos gerando gastos ex-


• Não necessita de entrepostos especializados
tras e maior tempo para entrega.

• Amplamente disponível • Alto grau de poluição

• Fácil contratação e gerenciamento. • Alto valor de transporte.

• Adequado para curtas e médias distâncias • Menos competitivo à longa distância;

Quando usar o Transporte Rodoviário - Mercadorias perecíveis, mercadorias de alto valor agregado, pequenas distâncias (até 400 Km),
trajetos exclusivos onde não há vias para outros modais, quando o tempo de trânsito for valor agregado.

Transporte Ferroviário
Transporte ferroviário é aquele realizado sobre linhas férreas, para transportar pessoas e mercadorias. As mercadorias transportadas
neste modal são de baixo valor agregado e em grandes quantidades como: minério, produtos agrícolas, fertilizantes, carvão, derivados de
petróleo, etc.

Vantagens Desvantagens

• Grande capacidade de cargas • Alto custo de implantação

• Baixo custo de transporte (Inexistência de pedá- • Transporte lento devido às suas ope-
gios) rações de carga e descarga

• Adequado para longas distâncias • Pouca flexibilidade de equipamentos.

• Baixíssimo nível de acidentes. • Malha ferroviária insuficiente.

• Alta eficiência energética. • Malha ferroviária sucateada

• Necessita de entrepostos especializa-


• Melhores condições de segurança da carga.
dos.

• Menor flexibilidade no trajeto (nem


• Menor poluição do meio ambiente sempre chega ao destino final, dependendo de
outros modais.)

Quando usar o Transporte Ferroviário - Grandes volumes de cargas / Grandes distâncias a transportar (800 km) / Trajetos exclusivos
(não há vias para outros modais)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Transporte Aquaviário
Realizado por meio de barcos, navios ou balsas. Engloba tanto o transporte marítimo, utilizando como via de comunicação os mares
abertos, como o transporte fluvial, por lagos e rios. É o transporte mais utilizado no comércio internacional.

Vantagens Desvantagens

• Maior capacidade de carga • Necessidade de transbordo nos portos

• Menor custo de transporte (Frete de custo re- • Longas distâncias dos centros de pro-
lativamente baixo) dução

• Apesar de limitado às zonas costeiras, registra • Menor flexibilidade nos serviços aliado
grande competitividade para longas distâncias a frequentes congestionamentos nos portos

• É de gerenciamento complexo,
• Mercadoria de baixo valor agregado.
exigindo muitos documentos.

Quando usar o Transporte Aquaviário- Grandes volumes de carga / Grandes distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não há vias
para outros modais) / Tempo de trânsito não é importante / Encontra-se uma redução de custo de frete.

Tipos de navios:
Navios para cargas gerais ou convencionais:
Navios dotados de porões (holds) e pisos (decks), utilizados para carga seca ou refrigerada, embaladas ou não.

Navios especializados:
Graneleiros (bulk vessels): carga a granél (líquido, gasoso e sólido), sem decks.
Ro-ro (roll-on roll-off): cargas rolantes, veículos entram por rampa, vários decks de diversas alturas.

Navios Multipropósito:
Transportam cargas de navios de cargas gerais e especializados ao mesmo tempo.
Granel sólido + líquido
Minério + óleo
Ro-ro + container

Navios porta-container:
Transportam exclusivamente cargas em container.
Sólido, líquido, gasoso
Desde que seja em container
Tem apenas 01 (um) deck (o principal)

Transporte Aéreo
O transporte aéreo é aquele realizado através de aeronaves e pode ser dividido em Nacional e Internacional.

Vantagens Desvantagens

• Menor capacidade de carga (Limite


• É o transporte mais rápido
de volume e peso|)

• Não necessita embalagem mais reforçada (manu- • Valor do frete mais elevado em rela-
seio mais cuidadoso); ção aos outros modais

• Os aeroportos normalmente estão localizados


• Depende de terminais de acesso
mais próximos aos centros de produção.

• Transporte de grandes distâncias.

• Seguro de transporte é muito baixo.

Quando usar o Transporte Ferroviário - Pequenos volumes de cargas / Mercadorias com curto prazo de validade e/ou frágeis / Grandes
distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não há via para outros modais) / Tempo de trânsito é muito importante.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Tipos de Aeronaves:
Full pax = somente de passageiros.
Full cargo = somente de cargas.
Combi = misto de carga e passageiros

Transporte Dutoviário

Esta modalidade de transporte não apresenta nenhuma flexibilidade, visto que há uma limitação no número de produtos que podem
utilizar este modal. O transporte é feito através de dutos cilíndricos. Pode ser utilizado para transporte de petróleo, produtos derivados do
minério, gases e grãos.

Vantagens Desvantagens

• Muitas dutovias são subterrâneas e/ou


• Pode ocasionar um grande acidente
submarinas, considerado uma vantagem, pois minimizam
ambiental caso suas tubulações se rompam
os riscos causados por outros veículos;

• O dutoviário transporta de forma segura e para • Possui uma capacidade de serviço


longas distancias muito limitada

• Proporciona um menor índice de perdas e rou-


• Custos fixos são mais elevados
bos

• Baixo consumo de energia. • Investimento inicial elevado.

• Alta confiabilidade. • Requer mais licenças ambientais.

• Simplificação de carga e descarga

• Transporte de volumes granéis muito elevados.

Tipos de dutos

- Subterrâneos
- Aparentes
- Submarinos

Oleodutos = gasolina, álcool, nafta, glp, diesel.


Minerodutos = sal-gema, ferro, concentr.fosfático.
Gasodutos = gás natural.

Observa-se que os meios de transportes estão cada vez mais inter-relacionados buscando compartilhar e gerar economia em escala,
capacidade no movimento de cargas e diferencial na oferta de serviços logísticos. Porém, o crescimento dessa integração multimodal mui-
tas vezes é dificultado pela infraestrutura ofertada pelos setores privados e públicos.

Estoques
“Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que descreve
bem o dilema da descrição de estoques. O controle de estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem absorver de 25 a
40% dos custos totais, representando uma porção substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta compreensão do
seu papel na logística e de como devem ser gerenciados”.

Razões para manter estoque


A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso futuro exige investimento por parte da organização. O ideal seria a perfeita sincro-
nização entre a oferta e a demanda, de maneira a tornar a manutenção de estoques desnecessária. Entretanto, como é impossível conhe-
cer exatamente a demanda futura e como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se acumular estoque
para assegurar a disponibilidade de mercadorias e minimizar os custos totais de produção e distribuição.

Na verdade, estoques servem para uma série de finalidades, ou seja:

- Melhoram o nível de serviço.


- Incentivam economias na produção.
- Permitem economias de escala nas compras e no transporte.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Agem como proteção contra aumentos de preços. Técnicas de Administração de estoques


- Protegem a empresa de incertezas na demanda e no tempo
de ressuprimento. CURVA ABC
- Servem como segurança contra contingências. Segrega os estoques em três grupos, demonstrando grafica-
mente com eixos de valores e quantidades, que considera os mate-
Abrangência da Administração de Estoques riais divididos em três grandes grupos, de acordo com seus valores
de preço/custo e quantidades, sendo assim materiais “classe A” re-
A administração de estoques é de importância significativa na presentam a minoria da quantidade total e a maioria do valor total,
maioria das empresas, tanto em função do próprio valor dos itens “classe C” a maioria da quantidade total e a minoria do valor total,
mantidos em estoque, associação direta com o ciclo operacional da “classe B” valores e quantidades intermediárias.
empresa. Da mesma forma como as contas a receber, os níveis de O controle da “classe A” é mais intenso e o controle da “classe
estoques também dependem em grande parte do nível de vendas, B e C” menos sofisticados.
com uma diferença: enquanto os valores a receber surgem após a MODELO DE LOTE ECONÔMICO
realização das vendas, os estoques precisam ser adquiridos antes Permite determinar a quantidade ótima que minimiza os cus-
das realizações das vendas. tos totais de estocagem de pedido para um item do estoque. Con-
siderando os custo de pedir e os custos de manter os materiais.
Essa é uma diferença crítica e a necessidade de prever as ven- Sendo os custos de pedir, os fixos, administrativos ao se efetuar e
das antes de se estabelecer os níveis desejados de estoques, torna receber um pedido e o custo de manter são os variáveis por unida-
sua administração uma tarefa difícil. Deve se observar também que de da manutenção de um item de estoque por umdeterminado pe-
os erros na fixação dos níveis de estoque podem levar à perda das ríodo (custo de armazenagem) segundo, “oportunidade” de outros
vendas (caso tenham sido subdimensionados) ou a custos de es- investimentos.
tocagem excessivos (caso tenham sido superdimensionados), resi-
dindo, portanto, na correta determinação dos níveis de estoques, Custo total = custo de pedir + custo de manter
a importância da sua administração. Seu objetivo é garantir que os
estoques necessários estejam disponíveis quando necessários para PONTO DE PEDIDO
manutenção do ritmo de produção, ao mesmo tempo em que os Determina em que ponto os estoques serão pedidos levando
custos de encomenda e manutenção de estoques sejam minimiza- em consideração o tempo de entrega dos principais itens.
dos.
Ponto de pedido = tempo de reposição em dias x demanda
Os estoques podem ser classificados como: diária
- Matéria-prima
- Produtos em processo SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE ESTOQUES
- Materiais de embalagem
- Produtos acabados Os Sistemas básicos utilizados na administração de estoques
- Suprimentos são:

A razão para manutenção de estoques depende fundamental- 1. FMS (Flexible Manufacturing System)
mente da natureza desses materiais. Nesse sistema, os computadores comandam as operações das
Para manutenção dos estoques de matérias primas, são utiliza- máquinas de produção e, inclusive, comandam a troca de ferramen-
das justificativas como a facilidade para o planejamento do proces- tas das operações de manuseio de materiais, ferramentas, acessó-
so produtivo, a manutenção do melhor preço deste produto, a pre- rios e estoques. Pode-se incluir no software módulos de monitora-
venção quanto à falta de materiais e, eventualmente, a obtenção de ção do controle estatístico da qualidade. Normalmente, é aplicado
descontos por aquisição de grandes quantidades. em fábricas com grande diversidade de peças de produtos finais
Essas razões são contra-argumentadas de várias formas. Atu- montados em lotes. Podemos destacar entre as vantagens do FMS,
almente, as modernas técnicas de administração de estoques, as seguintes:
o conceito do “Supply Chain Management” que ajuda a reduzir
custos, representam alternativas eficientes para evitar-se falta de • Permite maior produtividade das máquinas, que passam a
materiais. Adicionalmente, a realização de contratos futuros pode ter utilização de 80% a 90% do tempo disponível.
representar um instrumento eficiente para proteger a empresa de • Possibilita maior atenção aos consumidores em função da
eventual oscilação de preços de seus insumos básicos. flexibilidade proporcionada.
Para manutenção de estoques de materiais em processos, jus- • Diminui os tempos de fabricação.
tifica-se a maior flexibilidade do processo produtivo, caso ocorra • Em função do aumento da flexibilidade, permite aumen-
interrupção em alguma das linhas de produção da empresa. Obvia- tar a variedade dos produtos ofertados.
mente, essa questão deve ser substituída pela adoção de proces-
sos de produção mais confiáveis, para evitar a ocorrências destas
interrupções.
A manutenção de estoques de produtos acabados é justificada
por duas razões: garantir atendimentos efetuados para as vendas
realizadas e diminuir os custos de mudança na linha de produção.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

2. MRP-Material Requirement Planing 6. Sistema Just in Time


O MRP é um sistema completo para emitir ordens de fabri- É preciso que haja um sistema integrado de planejamento de
cação, de compras, controlar estoques e administrar a carteira de distribuição. É assim que surge o Just in Time, que é derivado do
pedidos dos clientes. Opera em base semanal, impondo com isso sistema Kanban. De acordo com Henrique Corrêa e Irineu Gianesi, a
uma previsão de vendas no mesmo prazo, de modo a permitir a ge- responsável pela implantação do Just in Time foi a Toyota, criando
ração de novas ordens de produção para a fábrica. O sistema pode esse sistema em 1970 e impondo-o para quem quisesse trabalhar
operar com diversas fórmulas para cálculo dos lotes de compras, em parceria. Com isso, diminuiu muito seu estoque, passando a res-
fabricação e montagem, operando ainda com diversos estoques de ponsabilidade e o comprometimento de não parar sua produção
material em processo, como estoque de matérias primas, partes, para seus terceirizados.
submontagens e produtos acabados.A maior vantagem do MRP O Just in Time visa o “estoque zero”. O objetivo principal é
consiste em utilizar programas de computadores complexos, levan- suprir produtos para a linha de produção e clientes da empresa,
do em consideração todos os fatores relevantes para conseguir o somente quando for necessário. Ao longo da cadeia logística, as re-
melhor cumprimento de prazos de entrega, com estoques baixos, lações entre as empresas - inclusive com o emprego de recursos de
mesmo que a fábrica tenha muitos produtos em quantidade, de comunicação e tecnologias de informação, devem ser garantidas de
uma semana para outra. tal forma que os resultados, e, portanto, os serviços prestados pela
Um ponto fundamental para o correto funcionamento do sis- logística obedeçam exatamente às necessidades de serviços ex-
tema é a rigorosa disciplina a ser observada pelos funcionários que pressas pelos clientes. É muito importante, portanto que haja uma
interagem com o sistema MRP, em relação à informação de dados cooperação, um bom relacionamento entre a empresa e seus for-
para computador. Sem essadisciplina, a memória do MRP vai acu- necedores externos e internos. Um ponto muito favorável no Just
mulando erros nos saldos em estoques e nas quantidades neces- in Time é que ele diminui a probabilidade de que ocorram perdas
sárias. de produtos.

3. Sistema Periódico Outros sistemas de estoques


A característica básica deste sistema é a divisão da fábrica em Sistema de Duas Gavetas - Consiste na separação física em
vários setores de processamento sucessivo de vários produtos simi- duas partes. Uma parte será utilizada totalmente até a data da en-
lares. Cada setor recebe um conjunto de ordens de fabricação para comenda de um novo lote e a outra será utilizada entre a data da
serem iniciados e terminados no período. Com isso, no fim de cada encomenda e a data do recebimento do novo lote. A grande van-
período, se todos os setores cumprirem sua carga de trabalho, não tagem deste sistema está na substancial redução do processo bu-
haverá qualquer material em aberto. Isso facilita o controle de cada rocrático de reposição de material (bujão de gás). A denominação
setor da fábrica, atribuindo responsabilidades bem definidas. “DUAS GAVETAS” decorre da ideia de guardar um mesmo lote em
Esse sistema com período fixo é antigo, mas devido às suas ca- duas gavetas distintas.
racterísticas, não se tornou obsoleto face aos sistemas modernos,
nos quais é possível à adoção de períodos curtos, menores que uma Sistema de Estoque Mínimo - É usado principalmente quando
semana. a separação entre as duas partes do estoque não é feita fisicamen-
te, mas apenas registrada na ficha de controle de estoque, com o
4. OPT-Optimezed Production Technology ponto de separação entre as partes. Enquanto o estoque mínimo
O sistema OPT foi desenvolvido com uma abordagem diferen- estiver sendo utilizado, o Departamento de Compras terá prazo su-
te dos sistemas anteriores, enfatizando a racionalidade do fluxo ficiente para adquirir e repor o material no estoque.
de materiais pelos diversos postos de trabalho de uma fábrica. Os
pressupostos básicos do OPT foram originados por formulações ma- Sistema de Renovação Periódica - Consiste em fazer pedidos
temáticas. Nesse sistema, as ordens de fabricação são vistas como para reposição dos estoques em intervalos de tempo pré-estabe-
tendo de passar por filas de espera de atendimento nos diversos lecidos para cada item. Estes intervalos, para minimizar o custo de
postos de trabalho na fábrica. O conjunto de postos de trabalho estoque, devem variar de item para item. A quantidade a ser com-
forma então uma rede de filas de espera. prada em cada encomenda é tal que, somada com a quantidade
O sistema OPT usa um conjunto de coeficientes gerenciais para existente em estoque, seja suficiente para atender a demanda até
ajudar a determinar o Lote ótimo para cada componente ou sub- o recebimento da encomenda seguinte. Logicamente, este siste-
montagem a ser processado em cada posto de trabalho. Muita ên- ma obriga a manutenção de um estoque reserva. Deve-se adotar
fase é dedicada aos pontos de gargalo da produção. períodos iguais para um grande número de itens em estoque pois,
procedendo a compra simultânea de diversos itens, pode-se obter
5. Sistema KANBAN-JIT condições vantajosas na transação (compra e transporte).
O sistema Kanban foi desenvolvido para ser utilizado onde os
empregados possuem motivação e mobilização, com grande liber- Sistema de Estocagem para um Fim Específico - Apresenta duas
dade de ação. Nessas fábricas, na certeza de que os empregados subdivisões:
trabalham com dedicação e responsabilidade, é legítimo um traba-
lhador parar a linha de montagem ou produção porque achou algo a) Estocagem para atender a um programa de produção pré-
errado, os empregados mantém-se ocupados todo o tempo, aju- -determinado:
dando-se mutuamente ou trocando de tarefas conforme as neces- É utilizada nas indústrias de tipo contínuo ou semicontínuo que
sidades. O sistema Kanban-JIT é um sistema que “puxa” a produção estabelece, com antecedência de vários meses, os níveis de produ-
da fábrica, inclusive até o nível de compras, pelas necessidades ge- ção. A programação (para vários períodos, semanas e meses) elabo-
radas na montagem final. As peças ou submontagens são colocadas rada pelo P.C.P. deverá ser coerente para todos os segmentos, des-
em caixa feitas especialmente para cada uma dessas partes, que, ao de o recebimento do material até o embarque do produto acabado.
serem esvaziadas na montagem, são remetidas ao posto de traba-
lho que faz a última operação a essa remessa, que funciona como
uma ordem de produção.

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Vantagens: TOMBAMENTO DE BENS.


O tombamento dos bens públicos inicia-se com recebimento
* Estoques menores, sem riscos de se esgotarem, objetiva- dos bens móveis pelos órgãos, como visto anteriormente, pela con-
mente controlados por se conhecer a demanda futura. ferência física dos bens pelo Almoxarifado. Após registro de entrada
do bem no sistema de gerenciamento de material no estoque, o
* Melhores condições de compra de materiais, pois pode-se responsável por este encaminhará uma comunicação ao Setor de
aceitarcontratos de grandes volumes para entregas parceladas. Aa- Patrimônio (com cópia da nota de empenho, documentos fiscais e
tividade de compra fica reduzida, sem a necessidade de emitirpedi- outros que se fizerem necessários), informando o destino (centros
dos de fornecimento para cada lote de material. de responsabilidades) dos bens. Se eles permanecerem em esto-
que, o Setor de Patrimônio deverá aguardar comunicação de saí-
b) Estocagem para atender especificamente a uma ordem de da deste, através de uma Guia de Baixa de Materiais emitida pelo
produção ou a uma requisição: É o método empregado nas produ- Almoxarifado. Caso o bem seja entregue diretamente ao destino
ções do tipo intermitente, onde a indústria fabrica sob encomenda, final, o Almoxarifado encaminhará a Guia de Saída ao Patrimônio,
sendo justificável no caso de materiais especiais ou necessários es- juntamente com os demais documentos do processo de empenho.
poradicamente. Os pedidos de material neste sistema são baseadas O tombamento consiste na formalização da inclusão física de
principalmente na lista material (“ROW MATERIAL”) e na programa- um bem patrimonial no acervo do órgão, com a atribuição de um
ção geral (AP = “ANNUAL PLANNING”). Existem casos em que o pe- único número por registro patrimonial, ou agrupando-se uma sequ-
dido para compra precisa ser feito mesmo antes do projeto do pro- ência de registros patrimoniais quando for por lote, que é denomi-
duto estar detalhado, ou seja, antes da listagem do material estar nado “número de tombamento”. Pelo tombamento aplica-se uma
pronta, pois os itens necessários podem ter um ciclo de fabricação conta patrimonial do Plano de Contas do órgão a cada material, de
excessivamente longo. Ex.: grandes motores, turbinas e navios. acordo com a finalidade para a qual foi adquirido. O valor do bem
a ser registrado é o valor constante do respectivo documento de
Enfim, o controle de estoques exerce influência muito grande incorporação (valor de aquisição).
na rentabilidade da empresa. Eles absorvem capital que poderia A marcação física caracteriza-se pela aplicação, no bem, de pla-
estar sendo investido de outras maneiras. Portanto, aumentar a ro- queta de identificação, por colagem ou rebitamento, a qual conterá
tatividade do estoque auxilia a liberar ativos e economiza o custo o número de registro patrimonial.
de manutenção e controle que podem absorver de 25 a 40% dos Na colocação da plaqueta deverão ser observados os seguintes
custos totais, conforme mencionado anteriormente. aspectos: local de fácil visualização para efeito de identificação por
meio de leitor óptico, preferencialmente na parte frontal do bem;
Gestão patrimonial evitar áreas que possam curvar ou dobrar a plaqueta ou que pos-
sam acarretar sua deterioração; evitar fixar a plaqueta em partes
O patrimônio é o objeto administrado que serve para propi- que não ofereçam boa aderência, por apenas uma das extremida-
ciar às entidades a obtenção de seus fins. Para que um patrimônio des ou sobre alguma indicação importante do bem.
seja considerado como tal, este deve atender a dois requisitos: o Os bens patrimoniais recebidos sofrerão marcação física antes
elemento ser componente de um conjunto que possua conteúdo de serem distribuídos aos diversos centros de responsabilidade do
econômico avaliável em moeda; e exista interdependência dos ele- órgão. Os bens patrimoniais cujas características físicas ou a sua
mentos componentes do patrimônio e vinculação do conjunto a própria natureza impossibilitem a aplicação de plaqueta também
uma entidade que vise alcançar determinados fins. terão número de tombamento, mas serão marcados e controlados
Do ponto de vista econômico, o patrimônio é considerado uma em separado. Caso o local padrão para a colagem da plaqueta seja
riqueza ou um bem suscetível de cumprir uma necessidade coletiva, de difícil acesso, como, por exemplo, nos arquivos ou estantes en-
sendo este observado sob o aspecto qualitativo, enquanto que sob costadas na parede, que não possam ser movimentados devido ao
o enfoque contábil observa-se o aspecto quantitativo (Ativo =Pas- peso excessivo, a plaqueta deverá ser colada no lugar mais próximo
sivo + Situação Líquida). Exceção a alguns casos, quando se utiliza ao local padrão. Em caso de perda, descolagem ou deterioração da
o termo “substância patrimonial” é que a contabilidade visualiza o plaqueta, o responsável pelo setor onde o bem está localizado de-
patrimônio de forma qualitativa. verá comunicar, impreterivelmente, o fato ao Setor de Patrimônio.
A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – conhecida A seguir, são apresentadas algumas sugestões para fixação
como Lei de Responsabilidade Fiscal – apresentam em seus artigos de plaquetas (ou adesivos): a) estantes, armários, arquivos e bens
44, 45 e 46, medidas destinadas à preservação do patrimônio públi- semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na parte frontal superior
co. Uma delas estabelece que o resultado da venda de bens móveis direita, no caso de arquivos de aço, e na parte lateral superior direi-
e imóveis e de direitos que integram o patrimônio público não po- ta, no caso de armários, estantes e bens semelhantes, sempre com
derá mais ser aplicado em despesas correntes, exceto se a lei auto- relação a quem olha o móvel; b) mesas e bens semelhantes: a pla-
rizativa destiná-la aos financiamentos dos regimes de previdência queta deve ser fixada na parte frontal central, contrária à posição
social, geral e própria dos servidores. de quem usa o bem, com exceção das estações de trabalho e/ou
Dessa forma, os recursos decorrentes da desincorporação de àqueles móveis que foram projetados para ficarem encostados em
ativos por venda, que é receita de capital, deverão ser aplicados em paredes, nos quais as plaquetas serão fixadas em parte de fácil visu-
despesa de capital, provocando a desincorporação de dívidas (pas- alização; c) motores: a plaqueta deve ser fixada na parte fixa inferior
sivo), por meio da despesa de amortização da dívida ou o incremen- do motor; d) máquinas e bens semelhantes: a plaqueta deve ser
to de outro ativo, com a realização de despesas de investimento, de fixada no lado externo direito, em relação a quem opera a máquina;
forma a manter preservado o valor do patrimônio público. e) cadeiras, poltronas e bens semelhantes: neste caso a plaqueta
nunca deve ser colocada em partes revestidas por courvin, couro
ou tecido, pois estes revestimentos não oferecem segurança. A pla-
queta deverá ser fixada na base, nos pés ou na parte mais sólida; f)
aparelhos de ar condicionado e bens semelhantes: em aparelhos de
ar condicionado, o local indicado é sempre na parte mais fixa e per-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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manente do aparelho, nunca no painel removível ou na carcaça; g) CONTROLE DE BENS.


automóveis e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na par- Caracteriza-se como movimentação de bens patrimoniais o
te lateral direita do painel de direção, em relação ao motorista, na conjunto de procedimentos relativos à distribuição, transferência,
parte mais sólida e nãoremovível, nunca em acessórios; h) quadros saída provisória, empréstimo e arrendamento a que estão sujeitos
e obras de arte: a colocação da plaqueta, neste caso, deve ser feita no período decorrido entre sua incorporação e desincorporação.
de tal forma que não lhes tire a estética, nem diminua seu valor Compete ao Setor de Patrimônio a primeira distribuição de
comercial; i) esculturas: nas esculturas a plaqueta deve ser fixada na material permanente recém adquirido, de acordo com a destinação
base. Nos quadros ela deve ser colocada na parte de trás, na lateral dada no processo administrativo de aquisição correspondente.
direita; j) quadros magnéticos: nos quadros magnéticos a plaqueta A movimentação de qualquer bem móvel será feita mediante o
deverá ser colocada na parte frontal inferior direita, caso não seja preenchimento do Termo de Responsabilidade, que deverá conter
possível a colagem neste local, colar nesta mesma posição na parte no mínimo, as seguintes informações: número do Termo de Res-
posterior do quadro; e k) fixação de plaquetas em outros bens: en- ponsabilidade; nome do local de lotação do bem (incluindo tam-
tende-se como outros bens aqueles materiais que não podem ser bém o nome do sublocal de lotação); declaração de responsabilida-
classificados claramente como aparelhos, máquinas, motores, etc. de; número do tombamento; descrição; quantidade; indicação se é
Em tais bens, a plaqueta deve ser fixada na base, na parte onde são plaquetável; valor unitário; valor total; total de bens arrolados no
manuseados. Termo de Responsabilidade; data do Termo; nome e assinatura do
A seguir são elencados, como sugestões, dados necessários
responsável patrimonial; e data de assinatura do Termo.
ao registro dos bens no sistema de patrimônio: número do tomba-
A transferência é a operação de movimentação de bens, com a
mento; data do tombo; descrição padronizada do bem (descrição
consequente alteração da carga patrimonial. A autoridade transfe-
básica pré-definida em um sistema de patrimônio); marca/modelo/
ridora solicita ao setor competente do órgão a oficialização do ato,
série (também pré-definidos em um sistema de patrimônio); carac-
terísticas (descrição detalhada); valor unitário de aquisição (valor por meio das providências preliminares. É importante destacar que
histórico); agregação (acessório ou componente); forma de ingres- a transferência de responsabilidade com movimentação de bens
so (compra, fabricação própria, doação, permuta, cessão, outras); somente será efetivada pelo Setor de Patrimônio mediante solicita-
classificação contábil/patrimonial; número do empenho e data ção do responsável pela carga cedente com anuência do recebedor.
de emissão; fonte de recurso; número do processo de aquisição e A devolução ao Setor de Patrimônio de bens avariados, obsoletos
ano; tipo/número do documento de aquisição (nota fiscal/fatura, ou sem utilização também se caracteriza como transferência. Neste
comercial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de Doação, Ter- caso, a autoridade da unidade onde o bem está localizado devolve-
mo de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros); nome do -o com a observância das normas regulamentares, a fim de que a o
fornecedor (código); garantia (data limite da garantia e empresa de Setor Patrimonial possa manter rigoroso controle sobre a situação
manutenção); localização (identificação do centro de responsabili- do bem. Os bens que foram restituídos ao Setor de Patrimônio do
dade); situação do bem (registrado, alocado, cedido em comodato, órgão também ficam sob a guarda dos servidores deste setor (fiéis
em manutenção, em depósito para manutenção, em depósito para depositários), e serão objetos de análise para a determinação da
triagem, em depósito para redistribuição, em depósito para aliena- baixa ou transferência a outros setores. É importante colocar que
ção, em sindicância, desaparecido, baixado, outros); estado de con- uma cópia do Termo de Responsabilidade de cada setor deverá ser
servação (bom, regular, precário, inservível, recuperável); histórico fixada em local visível a todos, dentro de seu recinto de trabalho,
do bem vinculado a um sistema de manutenção, quando existir. Tal visando facilitar o controle dos bens (sugestão: atrás da porta de
informação permitirá o acompanhamento da manutenção dos bens acesso ao setor). Para que ocorra a transferência de responsabili-
e identificação de todos os problemas ocorridos nestes números dade entre dois setores pertencentes a um mesmo órgão, deverão
do Termo de Responsabilidade; e plaquetável ou não plaquetável. ser observados os seguintes parâmetros:solicitação, por escrito, do
O registro dos bens imóveis no órgão inicia-se com o recebimen- interessado em receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de
to da documentação hábil, pelo Setor de Patrimônio, que procederá acordo” do setor cedente com a autorização de transferência ; soli-
ao tombamento e cadastramento em sistema específico, utilizando citação do agente patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão
diversos dados, tais como: número do registro; tipo de imóvel; de- do Termo de Responsabilidade; após a emissão do Termo de Res-
nominação do imóvel; características (descrição detalhada do bem); ponsabilidade, o Setor de Patrimônio remeterá o mesmo ao agente
valor de aquisição (valor histórico); forma de ingresso (compra, do-
patrimonial, para que este colha assinaturas do cedente e do rece-
ação, permuta, comodato, construção, usucapião, desapropriação,
bedor.
cessão, outras); classificação contábil/patrimonial; número do em-
Para que ocorra a transferência de responsabilidade entre dois
penho e data de emissão; fonte de recurso; número do processo
setores pertencentes órgãos diferentes, deverão ser observados
de aquisição e ano; tipo/número do documento de aquisição (nota
fiscal/fatura, comercial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de os seguintes parâmetros: solicitação, por escrito, do interessado
Doação, Termo de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros); em receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de acordo” do
nome do fornecedor (código); localização (identificação do centro setor cedente com a autorização de transferência e anuência das
de responsabilidade); situação do bem (registrado, alocado, cedido unidades de controle do patrimônio e do titular do órgão; solici-
em comodato, em manutenção, em depósito para manutenção, em tação do agente patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão
depósito para triagem, em depósito para redistribuição, em depó- do Termo de Transferência de Responsabilidade; após a emissão do
sito para alienação, em sindicância, desaparecido, baixado, outros); Termo de Responsabilidade, o Setor de Patrimônio o remeterá ao
estado de conservação (bom, regular, precário, inservível); data da agente patrimonial, para que este colha assinaturas do cedente e
incorporação; unidade da federação; tipo de logradouro; número; do recebedor. Quando a transferência de responsabilidade do bem
complemento;bairro/distrito; município; cartório de registro; ma- ocorrer sem a movimentação deste, isto é, quando ocorrer a mu-
trícula; livro; folhas; data do registro; data da reavaliação; moeda dança da responsabilidade patrimonial de um servidor para outro,
da reavaliação; valor do aluguel; valor do arrendamento; valor de desde que não pressuponha mudança de local do bem, deverão ser
utilização; valor de atualização; moeda de atualização; data da atu- observados os seguintes procedimentos: o Setor de Recursos Hu-
alização; reavaliador; e CPF/CNPJ do reavaliador. manos (ou equivalente) deverá encaminhar ao Setor de Patrimônio

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

cópia da portaria que substitui o servidor responsável; de posse das -se verificar também no inventário as necessidades de manutenção
informações contidas na portaria, o Setor de Patrimônio emite o e reparo e constatação de possíveis ociosidades de bens móveis,
respectivo Termo de Transferência de Responsabilidade; emitido o possibilitando maior racionalização e minimização de custos, bem
Termo, este será encaminhado ao agente patrimonial da unidade, como a correta fixação da plaqueta de identificação. Na Adminis-
que providenciará a conferência dos bens e assinatura do Termo; tração Pública, o inventário é entendido como o arrolamento dos
uma vez assinado o Termo, o agente providenciará para que uma direitos e comprometimentos da Fazenda Pública, feito periodica-
das vias seja arquivada no setor onde os bens se encontram e outra mente, com o objetivo de se conhecer a exatidão dos valores que
encaminhada ao Setor de Patrimônio. são registrados na contabilidade e que formam o Ativo e o Passivo
Saída provisória: A saída provisória caracteriza-se pela movi- ou, ainda, com o objetivo de apurar a responsabilidade dos agen-
mentação de bens patrimoniais para fora da instalação ou depen- tes sob cuja guarda se encontram determinados bens. Os diversos
dência onde estão localizados, em decorrência da necessidade de tipos de inventários são realizados por determinação de autorida-
conserto, manutenção ou da sua utilização temporária por outro de competente, por iniciativa própria do Setor de Patrimônio e das
centro de responsabilidade ou outro órgão, quando devidamente unidades de controle patrimonial ou de qualquer detentor de car-
autorizado. Qualquer que seja o motivo da saída provisória, esta ga dos diversos centros de responsabilidade, periodicamente ou a
deverá ser autorizada pelo dirigente do órgão gestor ou por outro qualquer tempo. Os inventários na Administração Pública devem
servidor que recebeu delegação para autorizar tal ato. Toda a ma- ser levantados não apenas por uma questão de rotina ou de dispo-
nutenção de bem incorporado ao patrimônio de um órgão deverá sição legal, mas também como medida de controle, tendo em vis-
ser solicitada pelos agentes patrimoniais ou responsáveis e resulta- ta que os bens nele arrolados não pertencem a uma pessoa física,
rá na emissão de uma Ordem de Serviço pelo Setor de Manutenção, mas ao Estado, e precisam estar resguardados quanto a quaisquer
que tomará todas as providências para proceder à assistência de danos. Na Administração Pública o inventário é obrigatório, pois a
bem em garantia ou utilizando-se de seus recursos próprios. legislação estabelece que o levantamento geral de bens móveis e
Empréstimo: O empréstimo é a operação de remanejamento imóveis terá por base o inventário analítico de cada unidade gestora
de bens entre órgãos por um período determinado de tempo, sem e os elementos da escrituração sintética da contabilidade (art. 96 da
envolvimento de transação financeira. O empréstimo deve ser evi- Lei Federal n° 4.320, de 17 de março de 1964).
tado. Porém, se não houver alternativa, os órgãos envolvidos devem A fim de manter atualizados os registros dos bens patrimoniais,
manter um rigoroso controle, de modo a assegurar a devolução do bem como a responsabilidade dos setores onde se localizam tais
bem na mesma condição em que estava na ocasião do empréstimo. bens, a Administração Pública deve proceder ao inventário median-
Já o empréstimo a terceiros de bens pertencentes ao poder público te verificações físicas pelo menos uma vez por ano. Para fins de atu-
é vedado, salvo exceções previstas em leis. alização física e monetária e de controle, a época da inventariação
Arrendamento a terceiros: O arrendamento a terceiros tam- será: anual para todos os bens móveis e imóveis sob-responsabi-
bém deve ser evitado, por não encontrar, a princípio, nenhum res- lidade da unidade gestora em 31 de dezembro (confirmação dos
paldo legal. dados apresentados no Balanço Geral); e no início e término da ges-
tão, isto é, na substituição dos respectivos responsáveis, no caso de
INVENTÁRIO. bens móveis.
O Inventário determina a contagem física dos itens de estoque Os bens serão inventariados pelos respectivos valores históri-
e em processos, para comparar a quantidade física com os dados cos ou de aquisição, quando conhecidos, ou pelos valores constan-
contabilizados em seus registros, a fim de eliminar as discrepâncias tes de inventários já existentes, com indicação da data de aquisição.
que possam existir entre os valores contábeis, dos livros, e o que Durante a realização de qualquer tipo de inventário, fica ve-
realmente existe em estoque. dada toda e qualquer movimentação física de bens localizados nos
O inventário pode ser geral ou rotativo: O inventário geral é endereços individuais abrangidos pelos trabalhos, exceto mediante
elaborado no fim de cada exercício fiscal de cada empresa, com a autorização específica das unidades de controle patrimonial, ou do
contagem física de todos os itens de uma só vez. O inventário ro- dirigente do órgão, com subsequente comunicação formal a Comis-
tativo é feito no decorrer do ano fiscal da empresa, sem qualquer são de Inventário de Bens.
tipo de parada no processo operacional, concentrando-se em cada Nas fases do inventário dois pontos devem ser destacados
grupo de itens em determinados períodos. sobre as fases do inventário: o levantamento pode ser físico e/ou
Inventário na administração pública: Inventário são a discrimi- contábil: Levantamento físico, material ou de fato é o levantamento
nação organizada e analítica de todos os bens (permanentes ou de efetuado diretamente pela identificação e contagem ou medida dos
consumo) e valores de um patrimônio, num determinado momen- componentes patrimoniais.
to, visando atender uma finalidade específica. É um instrumento Levantamento contábil é o levantamento pelo apanhado de
de controle para verificação dos saldos de estoques nos almoxari- elementos registrados nos livros e fichas de escrituração. O simples
fados e depósitos, e da existência física dos bens em uso no órgão arrolamento não interessa para a contabilidade se não for comple-
ou entidade, informando seu estado de conservação, e mantendo tado pela avaliação. Sem a expressão econômica, o arrolamento
atualizados e conciliados os registros do sistema de administração serve apenas para controle da existência dos componentes patri-
patrimonial e os contábeis, constantes do sistema financeiro. Além moniais.
disso, o inventário também pode ser utilizado para subsidiar as to- O inventário é dividido em três fases: Levantamento: compre-
madas de contas indicando saldos existentes, detectar irregularida- ende a coleta de dados sobre todos os elementos ativos e passivos
des e providenciar as medidas cabíveis. do patrimônio e é subdividido nas seguintes partes: identificação,
Através do inventário pode-se confirmar a localização e atribui- agrupamento e mensuração. Arrolamento: é o registro das carac-
ção da carga de cada material permanente, permitindo a atualiza- terísticas e quantidades obtidas no levantamento. O arrolamento
ção dos registros dos bens permanentes bem como o levantamento pode apresentar os componentes patrimoniais deforma resumida
da situação dos equipamentos e materiais em uso, apurando a ocor- e recebe a denominação “sintética”. Quando tais componentes são
rência de dano, extravio ou qualquer outra irregularidade. Podem- relacionados individualmente, o arrolamento é analítico; Avaliação:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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é nesta fase que é atribuída uma unidade de valor ao elemento pa- Sendo o bem considerado obsoleto ou não havendo interesse em
trimonial. Os critérios de avaliação dos componentes patrimoniais utilizá-lo no órgão onde se encontra, mas estando em condições
devem ter sempre por base o custo. A atribuição do valor aos com- de uso (em estado regular de conservação), o dirigente do órgão
ponentes patrimoniais obedece a critérios que se ajustam a sua na- deverá, primeiramente, colocá-lo em disponibilidade. Para tanto,
tureza, função na massa patrimonial e a sua finalidade. o detentor da carga deverá preencher formulário próprio criado
pelo órgão normatizador e encaminhar ao órgão competente que
ALIENAÇÃO DE BENS. poderá verificar, antecipadamente, junto às entidades filantrópicas
De acordo com o direito administrativo brasileiro, entende-se reconhecidas como de interesse público, delegacias, escolas ou bi-
como alienação a transferência de propriedade, remunerada ou bliotecas municipais e estaduais, no âmbito de sua jurisdição, se
gratuita, sob a forma de venda, permuta, doação, dação em paga- existe interesse pelos bens.
mento, investidura, legitimação de posse ou concessão de domínio. Se houver interesse, a autoridade competente deverá efetuar
Qualquer dessas formas de alienação pode ser usada pela o Termo de Doação. Enquanto isso, o bem a ser baixado permane-
Administração, desde que satisfaça as exigências administrativas. cerá guardado em local apropriado, sob a responsabilidade de um
Muito embora as Constituições Estaduais possam determinar que servidor público, até a aprovação de baixa, ficando expressamente
a autorização de doação de bens móveis seja submetida à Assem- proibido o uso do bem desde o início da tramitação do processo de
bleia Legislativa, a Lei Federal n° 8.666, de 21 de junho de 1993, que baixa até sua destinação final.
institui normas para licitações e contratos da Administração Pública
37 e dá outras providências, faculta a obrigação de licitação especí- O registro no sistema patrimonial será efetivado com base no
fica para doação de bens para fins sociais e dispõe sobre a alienação Termo de Baixa de Bens, onde deverão constar os seguintes dados:
por leilão. número do tombamento; descrição; quantidade baixada (quando
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subor- se tratar de lote de bens não plaquetados); forma de baixa; motivo
dinada à existência de interesse público devidamente justificado. de baixa; data de baixa; número da Portaria ou Termo de Baixa. Vi-
A alienação de bens está sujeita à existência de interesse públi- sando o correto processo de baixa de bens do sistema patrimonial,
co e à autorização da Assembleia Legislativa (para os casos previs- faz-se necessário a adoção dos procedimentos a seguir: o Setor de
tos em lei), e dependerá de avaliação prévia, que será efetuada por Patrimônio, ao receber o processo que autoriza a baixa, emitirá por
comissão de licitação de leilão ou outra modalidade prevista para a processamento o Termo de Baixa dos Bens; o Setor de Patrimônio
Administração Pública. verificará junto ao Setor Financeiro quanto à existência do compro-
A seguir, são sugeridos alguns procedimentos voltados à alie- vante de pagamento, em caso de licitação e, em seguida, procede-
nação dos bens: o requerimento de baixa deverá ser remetido ao rá à entrega do mesmo mediante recibo próprio; emitido o Termo,
Setor de Patrimônio, o qual instaurará o procedimento respectivo; o Setor de Patrimônio providenciará o documento de quitação de
sempre que possível, os bens serão agrupados em lotes para que responsabilidade patrimonial e entregará uma via a quem detinha a
seja procedida a sua baixa; os bens objeto de baixa serão vistoria- responsabilidade do bem.
dos in loco por uma Comissão Interna de Avaliação de Bens, no pró- Compete às unidades de controle dos bens patrimoniais e ao
prio órgão, os quais, observando o estado de conservação, a vida dirigente do órgão, periodicamente, provocar expedientes para que
útil, o valor de mercado e o valor contábil, formalizando laudo de seja efetuado levantamento de bens suscetíveis de alienação ou
avaliação dos bens, classificando-os em: a) bens móveis permanen- desfazimento.2
tes inservíveis: quando for constatado serem os bens danificados,
obsoletos, fora do padrão ou em desuso devido ao seu estado pre- “Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas
cário de conservação; e b) bens móveis permanentes excedentes nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que
ou ociosos: quando for constatado estarem os bens em perfeitas descreve bem o dilema da descrição de estoques. O controle de
condições de uso e operação, porém sem utilização. estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem ab-
Os bens móveis permanentes considerados excedentes ou sorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção
ociosos serão recolhidos para o Almoxarifado Central, ficando proi- substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta
bida a retirada de peças e dos periféricos a ele relacionados, exceto compreensão do seu papel na logística e de como devem ser ge-
nos casos autorizados pelo chefe da unidade gestora. renciados”.

ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS.


O desfazimento é a operação de baixa de um bem pertencente RECURSOS HUMANOS, FUNDAMENTOS DA GESTÃO
ao acervo patrimonial do órgão e consequente retirada do seu valor DE PESSOAS, PRÁTICAS DE RECURSOS HUMANOS.
do ativo imobilizado. Considera-se baixa patrimonial, a retirada de FINANÇAS, NOÇÕES DE FINANÇAS E FINANÇAS EM-
bem da carga patrimonial do órgão, mediante registro da transfe- PRESARIAIS.JUROS, CAPITALIZAÇÃO E DESCONTOS.
rência deste para o controle de bens baixados, feita exclusivamente EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
pelo Setor de Patrimônio, devidamente autorizado pelo gestor. O
número de patrimônio de um bem baixado não deverá ser utilizado
em outro bem. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
A baixa patrimonial pode ocorrer por quaisquer das formas a Finanças é a aplicação de uma série de princípios econômicos
seguir: alienação; permuta; perda total; extravio; destruição; como- para maximizar a riqueza ou valor total de um negócio. Mais especi-
dato; transferência; sinistro; e exclusão de bens no cadastro. Em ficamente, maximizar a riqueza significa obter o lucro mais elevado
qualquer uma das situações expostas, deve-se proceder à baixa possível ao menor risco (GROPPELLI e NIKBAKT, 2006).
definitiva dos bens considerados inservíveis por obsoletismo, por
2Fonte: BRASIL Revista TECHOJE/Ttransportes, administração
seu estado irrecuperável e inaproveitável em instituições do serviço
de materiais e distribuição física. Trad. Hugo T. Y. Yoshizaki/ FOINA,
público. As orientações administrativas devem ser obedecidas, em
Paulo Rogério. Tecnologia de informação: planejamento e gestão/
cada caso, para não ocorrer prejuízo à harmonia do sistema de ges-
www.administradores.com.br /www.itsmnapratica.com.br/www.
tão patrimonial, que, além da Contabilidade, é parte interessada.
purainfo.com.br – por DiegoDuarte/ por Rogerio Araujo)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Para Gitman finanças são a arte e a ciência para administrar Áreas e funções da administração financeira e orçamentária
fundos.
Se observarmos os dois conceitos, verificamos que dizem a
mesma coisa com palavras diferentes. Groppelli diz ter o maior lu-
cro com o menor risco, enquanto Gitman diz que finanças adminis-
tram fundos.

A administração financeira e orçamentária é uma área que tra-


ta dos assuntos relacionados às operações financeiras das organi-
zações, tais como as operações de fluxo de caixa, transações finan-
ceiras, operações de crédito, pagamentos, etc. A maioria dos casos
de falência das organizações ocorre, principalmente, devido a falta
de informações financeiras precisas sobre o balanço patrimonial da
empresa e problemas decorrentes do setor financeiro.
Muitas vezes as falhas derivam de um controle inadequado,
e acometem em grande parte um gestor de finanças (CFO) pouco
qualificado e despreparado. O setor financeiro é considerado por
muitos o principal combustível de uma empresa, pois se o mesmo
não estiver bem das pernas, com certeza a organização não apre-
sentará um crescimento adequado e autossuficiente. A administra-
ção financeira e orçamentária visa a melhor rentabilidade possível
sobre o investimento efetuado pelos sócios e acionistas, através de
métodos otimizados de utilização de recursos, que por muitas ve-
zes, são escassos. Por isso, todos os aspectos de uma empresa estão A administração financeira e orçamentária está estritamente li-
sob a ótica deste setor. gada à Economia e Contabilidade, podendo ser vista como uma for-
ma de economia aplicada, que se baseia amplamente em conceitos
Objetivos da administração financeira econômicos, como também em dados contábeis para suas análises.
Primeiramente, é necessário dizer que o objetivo primário da As áreas mais importantes da administração financeira podem
administração financeira e orçamentária é a maximização do lucro, ser resumidas ao se analisar as oportunidades profissionais desse
ou seja, o valor de mercado do capital investido. Não importa o tipo setor. Essas oportunidades em geral caem em três categorias inter-
de empresa, pois em qualquer delas, as boas decisões financeiras dependentes:o operacional, os serviços financeiros e a administra-
tendem a aumentar o valor de mercado da organização em si. De- ção financeira.
vido a esse aspecto, a administração financeira deve se dedicar a
avaliar e tomar decisões financeiras que impulsionem a criação de > Operacional: As atividades operacionais de uma organização
valor para a companhia. Pode-se dizer que a administração finan- existem de acordo com os setores da empresa. Ela visa propor-
ceira e orçamentária possui três objetivos distintos, que são: cionar por meio de operações viáveis um retorno ensejado pelos
acionistas. A atividade operacional também também reflete no que
> Criar valor para os acionistas: Como dito acima, o lucro é acontece na demonstração de resultados, uma vez que é parte inte-
uma excelente maneira de medir a eficácia organizacional, ou seja, grante da maioria dos processos empresariais e caso não demons-
seu desempenho. Contudo, esse indicador está sujeito a diversas tra retorno pode sofrer certo enxugamento. Por outro lado, quando
restrições, uma vez que é determinado por princípios contábeis, a operação demonstra um retorno acima do esperado ela tende a
mas que não evidenciam a capacidade real da organização. É im- ser ampliada.
portante salientar também que o lucro contábil não mensura o risco > Serviços Financeiros: Essa é área de finanças voltada à con-
inerente à atividade empresarial, pois suas projeções não levam em cepção e prestação de assessoria, como também, na entrega de
conta as variações no rendimento. produtos financeiros a indivíduos, empresas e governos. Envolve
oportunidades em bancos (instituições financeiras), investimentos,
> Maximizar o valor de mercado: O valor de mercado é consi- bem imóveis e seguros. É importante ressaltar que, é necessário o
derado um dos melhores critérios para a tomada de decisão finan- conhecimento de economia para se entender o ambiente financei-
ceira. A taxa mínima de atratividade deve representar a remunera- ro e assim poder prestar um serviço de qualidade. As teorias (macro
ção mínima aceitável para os acionistas diante do risco assumido. e microeconômicas) constituem a base da administração financeira
Nesse objetivo, duas variáveis são importantes de se levar em con- contemporânea.
sideração: o retorno esperado e a taxa de oportunidade. O impor-
tante é a capacidade da empresa de gerar resultado, promovendo a > Gestão financeira: Trata-se das obrigações do administrador
maximização do valor de mercado de suas ações e a satisfação dos financeiro nas empresas, ou seja, as finanças corporativas. Ques-
stakeholders. tões como, concessão de crédito, avaliações de investimentos,
obtenção de recursos e operações financeiras, fazem parte dessas
> Maximizar a riqueza: Como último objetivo nós temos a ma- obrigações. Reflete principalmente as decisões tomadas diante das
ximização da riqueza, ou seja, a elevação da receita obtida pelos atividades operacionais e de investimentos. Alguns consideram a
acionistas. Esse objetivo é alcançado mediante o incremento do va- função financeira (corporativa) e a contábil como sendo virtualmen-
lor de mercado (sucede os objetivos anteriores). O alcance desse te a mesma. Embora existe uma certa relação entre as duas, uma é
objetivo fica por conta dos investimentos em gestão, tecnologia e vista como um insumo necessário à outra.
inovação, assim como no descobrimento de oportunidades futuras.
A geração de riqueza não deve ser vista de forma isolada, mas como
uma consequência determinada pelos objetivos secundários.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, portanto, devem ser conduzidas para obtenção de lucro (criação de valor é o
objetivo máximo da administração financeira e orçamentária). As atividades financeiras de uma empresa possuem como base as informa-
ções retiradas de seu balanço patrimonial e do fluxo de caixa (onde se percebe o disponível circulante para investimentos e financiamen-
tos). As funções típicas da administração financeira são: planejamento financeiro (seleção de ativos rentáveis), controladoria (avaliação
do desempenho financeiro), administração de Ativos (gestão do capital de giro), administração de Passivos (gestão da estrutura do capital
- financiamentos).

Administração de caixa (Gestão Financeira)


A Administração do caixa, ou gestão financeira compreende uma atividade muito importante para a organização. O principal fator de
fracassos nas organizações vem sendo apontado como a inabilidade financeira gerencial de seus administradores. É fundamental que o
administrador tenha conhecimento acerca dos procedimentos financeiros e contábeis disponíveis, bem como realize o acompanhamento,
o controle, reajuste e projeção dos resultados da companhia. O fluxo de caixa é o instrumento que evidencia o equilíbrio entre a entrada
e saída de recursos.
É o fluxo de caixa que permite a antecipação de medidas que permitam assegurar a disponibilidade dos recursos financeiros organiza-
cionais. Elaborado em períodos o fluxo de caixa compreende um resumo das despesas, investimentos, receitas, pagamentos, etc. Uma boa
administração financeira do caixa, constitui pedra fundamental para a saúde da companhia. Nós podemos dividir a correta administração
de caixa em três etapas, que são: o controle sobre as movimentações financeiras (recursos materiais e humanos), a montagem do fluxo
de caixa e o custo de capital (que nós falaremos um pouco a seguir).
O Custo de capital pode ser definido como os custos por recursos próprios ou de terceiros usados pela organização. Por isso, a boa
administração financeira e orçamentária propõe que para todo investimento deve preceder uma análise de viabilidade econômica-fi-
nanceira, com o intuito de avaliar as possíveis alternativas ao custo capital. É extremamente importante que o administrador financeiro
procure estudar os custos do ciclo operacional e do capital de giro, uma vez que suas alternativas são inúmeras. Vale salientar também que,
a utilização de capital de terceiros é vantajosa apenas no momento em que esta apresentar um custo inferior a taxa de retorno prevista.

O Profissional da administração financeira e orçamentária

O principal papel do administrador financeiro é o relativo à tesouraria (setor de finanças), no qual ele é o responsável pela preser-
vação do dinheiro, entrada e saída do mesmo, e logicamente, do retorno exigido pelos acionistas. A função da administração financeira
geralmente é associada à um alto executivo denominado diretor financeiro, ou vice presidente de finanças. Comumente a controladoria
ocupa-se com o controle dos custos e a contabilidade financeira com o pagamento de impostos e sistemas de informação gerencial. Por
fim, o setor de tesouraria é o responsável pela gestão do caixa da empresa.
A administração financeira e orçamentária é vista como uma das áreas mais promissoras em termos de oportunidades no mercado de
trabalho. A gestão financeira de uma empresa pode ser realizada por pessoas ou grupos de pessoas, tais como: vice presidente de finanças
(CFO), controller, analista financeiro, gerente financeiro e fiscal de finanças. O maior desafio do administrador financeiro é conciliar o equi-
líbrio entre liquidez e rentabilidade. O primeiro é fundamental para a oxigenação das finanças da empresa, através da utilização do fluxo
de caixa que permite a projeção das entradas e saídas dos recursos. Já o segundo, é a capacidade do administrador de investir recursos e
conseguir retornar com os lucros desejados.
Todos os administradores de uma empresa, sem levar em consideração as descrições de seu trabalho, atuam com o pessoal de finan-
ças para justificar necessidades de sua área, negociar orçamentos, etc. Aqueles administradores que entendem o processo de tomada de
decisões financeiras, estarão mais capacitados a lidar com tais questões e consequentemente captar mais recursos para a execução de
seus projetos e metas. Portanto, é evidente a necessidade do conhecimento financeiro para todo administrador que trabalhe de forma
direta ou indireta com a administração financeira, uma vez que sabemos, que se trata de uma área vital para o funcionamento de toda e
qualquer organização.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Resumindo, a administração financeira e orçamentária é uma ciência objetivada a determinar o processo empresarial mais eficiente
de captação e alocação de recursos e capital. Como dito ao longo do texto, a geração de valor é o objetivo máximo da administração fi-
nanceira, já que fazer com que os ganhos do investimento sejam superior aos custos de seu financiamento é essencial à todo acionista, ou
proprietário. Criar valor é uma das responsabilidades do administrador financeiro que vem sendo cada vez mais exigido diante do mercado
e da concorrência acirrada.
Em geral, a administração financeira e orçamentária é uma ferramenta utilizada para controlar de forma mais eficaz a concessão de
créditos, o planejamento e a análise de investimentos, as viabilidades financeiras e econômicas das operações e o equilíbrio do fluxo de
caixa da companhia, visando sempre o desenvolvimento por meio dos melhores caminhos para a boa condução financeira da empresa,
além de evitar os gastos desnecessários e o desperdício de recursos (financeiros e materiais). Sua finalidade principal é o alcance do lucro
empresarial, através de um controle eficaz da entrada e saída de recursos financeiros.
É importante ressaltar que, diante da crescente complexidade do mercado empresarial (principalmente no que tange o lado financeiro
do negócio), o administrador financeiro não deve ficar restrito apenas aos aspectos econômicos. As decisões financeiras precisam levar
em consideração a empresa como um todo, uma vez que todas as atividades empresariais possuem participação direta ou indireta nas
questões financeiras da organização. Acima de tudo, os resultados financeiros de uma empresa são reflexos das decisões e ações empre-
sariais que são tomadas, independentemente do setor responsável pela ação. Portanto a administração financeira e orçamentária deve
apresentar uma postura questionadora, ampliando sua esfera de atuação e importância dentro do negócio.3

Relação entre a demonstração de resultado e as atividades empresariais


Como podemos constatar as atividades empresariais que não sejam de investimentos e ou de financiamentos, são chamadas de ati-
vidades operacionais. As atividades operacionais são executadas dependendo do ramo de atividade da entidade e geram receitas, custos
e despesas.
Mas no âmbito gerencial, algumas atividades operacionais, são reclassificadas como não operacionais, tais como: as receitas e despe-
sas financeiras, pois, as mesmas originam-se de atividades de investimentos temporários e financiamentos.

Administração Financeira e Áreas Afins


A Administração Financeira está estritamente ligada à Economia e à Contabilidade, pode ser vista como uma forma de Economia
aplicada, que se baseia amplamente em conceitos econômicos e em dados contábeis para suas análises. No ambiente macro a
Administração Financeira enfoca o estudo das instituições financeiras e dos mercados financeiros e ainda, de como eles operam den-
tro do sistema financeiro nacional e global. A nível micro aborda o estudo de planejamento financeiro, administração de recursos, e capital
de empresas e instituições financeiras.
É necessário conhecimento de Economia para se entender o ambiente financeiro e as teorias de decisão que constituem a base
da Administração Financeira contemporânea. A Macroeconomia fornece ao Administrador Financeiro uma visão clara das políticas do
Governo e instituições privadas, através da quais a atividade econômica é controlada. Operando no “campo econômico” criado por tais
instituições, o Administrador Financeiro vale-se das teorias Microeconômicas de operação da firma e maximização do lucro para desenvol-
ver um plano que seja bem-sucedido. Precisa enfrentar não só outros concorrentes em seu setor, mas também as condições econômicas
vigentes.

3Fonte: www.portal-administracao.com

26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

As teorias microeconômicas fornecem a base para a operação eficiente da empresa. São extraídos daí os conceitos envolvidos nas
relações de oferta e demanda e as estratégias de maximização do lucro. A composição de fatores produtivos, níveis ótimos de vendas e
estratégias e determinação de preço do produto são todas afetadas por teorias do nível Microeconômico.
A mensuração de preferências através do conceito de utilidade, risco e determinação de valor está fundamentada na teoria Microe-
conômica. As razões para depreciar ativos derivam dessa área da Economia. A análise marginal é o princípio básico que se aplica em Ad-
ministração Financeira; a predominância desse princípio sugere que apenas se deve tomar decisões e adotar medidas quando as receitas
marginais excederem os custos marginais. Quando se verificar essa condição, é de se esperar que uma dada decisão ou ação resulte num
aumento nos lucros da empresa.
Alguns consideram a função financeira e a contábil dentro de uma empresa como sendo virtualmente a mesma. Embora haja uma re-
lação íntima entre essas funções, exatamente como há um vínculo estreito entre a Administração Financeira e Economia, a função contábil
é visualizada como um insumo necessário à função financeira – isto é, como uma subfunção da Administração Financeira.
O Administrador financeiro está mais preocupado em manter a solvência da empresa, proporcionando os fluxos de caixa necessários
para honrar as suas obrigações e adquirir e financiar os ativos circulantes e fixos, necessários para atingir as metas da empresa.
Ao invés de reconhecer receitas na hora da venda e despesas quando incorridas, reconhece receitas e despesas somente comrespeito
às entradas e saídas de caixa. É justamente essa a diferença principal entre as duas, O Contador usando certos princípios padronizados e
geralmente aceitos, prepara as demonstrações financeiras com base na premissa de que as receitas devem ser reconhecidas por ocasião
das vendas e as despesas quando incorridas.
Esse método contábil é geralmente chamado de Regime de Competência dos exercícios contábeis, enquanto em finanças, o enfoque
está em fluxos monetários, equivalente ao regime de caixa.

Finanças e contabilidade também diferem com respeito à tomada de decisão, enquanto a contabilidade está preocupada principal-
mente com a apresentação correta dos dados financeiros, o administrador financeiro enfoca a analise e a interpretação dessas informa-
ções, ou seja, um se refere ao tratamento de fundos e o outro à tomada de decisão. Os dados são utilizados como uma ferramenta essen-
cial para tomar decisões sobre os aspectos financeiros da organização
Além dessas áreas, a administração financeira tem ainda estreito relacionamento com o Direito, analisa o reflexo das legislações tri-
butária, societária, trabalhista. Interessa-se pelas naturezas jurídicas básicas, práticas de comércio, formas de constituição societárias mais
adequadas aos interesses da organização e os caminhos para uma adequada administração tributária.

Finanças Empresariais e o Administrador Financeiro


A administração financeira cuida da viabilidade financeira da empresa, portanto da sua existência. A maioria das decisões tomadas
dentro da empresa é medida em termos financeiros, desta forma o administrador financeiro desempenha um papel-chave na operação
da empresa. É esse profissional quem administra os negócios financeiros de qualquer tipo de empreendimento, seja privado ou público,
grande ou pequeno, com ou sem fins lucrativos. A compreensão básica da função financeira é necessária aos executivos responsáveis por
decisões em todas as áreas, como administração, contabilidade, pesquisa, marketing, produção, pessoal, etc.
Nas micro e pequenas empresas a função de finanças pode ser executada pelo proprietário, por um dos sócios ou pelo departamento
de contabilidade. Quando o negócio se expande, normalmente a função ocupa um departamento separado ligado diretamente ao presi-
dente, já que as freqüentes mudanças econômicas e nas leis interferem diretamente nas decisões da administração financeira com vistas
a preservar o desempenho da organização. Ao Diretor Financeiro normalmente cabe a coordenação das atividades de tesouraria e con-
troladoria. A controladoria lida com contabilidade de custos e financeira, pagamento de impostos e sistemas de informações gerenciais. A
tesouraria é responsável pela administração do caixa e dos créditos da empresa, pelo planejamento financeiropelas despesas de capital.

Funções do Administrador Financeiro


As funções do Administrador Financeiro dentro da empresa podem ser avaliadas em relação às demonstrações financeiras básicas da
empresa. Três são primordiais;
_ Análise e Planejamento Financeiro = Esta função envolve a transformação dos dados financeiros em uma forma que possa ser usa-
da para orientar a posição financeira da empresa, avaliar a necessidade de aumento da capacidade produtiva e determinar que tipo de
financiamento adicional deve ser feito.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

_ Administração da Estrutura de Ativo da Empresa = O Administrador Financeiro determina a composição e os tipos de ativos encon-
trados no balanço da empresa. A composição refere-se ao valor dos ativos circulantes e fixos. Depois que a composição estiver fixada,
o Administrador Financeiro precisa determinar certos níveis “ótimos” de cada tipo de ativo circulante e tentar mantê-los. Deve também
detectar quais são os melhores ativos fixos a serem adquiridos e saber quando os ativos fixos existentes se tornarão obsoletos e precisa-
rão ser modificados ou substituídos. A determinação da melhor estrutura de ativo para a empresa não é um processo simples; requer o
conhecimento das operações passadas e futura da empresa, e a compreensão dos objetivos que deverão ser alcançados a longo prazo.
_ Administração da Estrutura Financeira da Empresa = Esta função é relacionada com o lado direito do balanço da empresa. Em pri-
meiro lugar, a composição mais adequada de financiamento a curto e longo prazo precisa ser determinada. Esta é uma decisão importan-
te, pois afeta tanto a lucratividade da empresa como sua liquidez global. Um segundo problema igualmente importante é saber quais as
melhores fontes de financiamento a curto ou longo prazo para a empresa, num dado momento. Muitas destas decisões são impostas por
necessidade, mas algumas exigem uma análise profunda das alternativas disponíveis, de seus custos e de suas implicações a longo prazo.
As três funções do Administrador Financeiro descritas acima são claramente refletidas no balanço, que mostra a posição financeira
da empresa num dado instante. A avaliação dos dados do balanço pelo Administrador Financeiro reflete a posição financeira global da
empresa. Ao fazer tal avaliação, ele precisa inspecionar as operações da empresa, procurando áreas que mostrem problemas e áreas que
podem ser melhoradas.
Ao administrar a estrutura de ativo da empresa, na realidade ele está determinando a formação do lado esquerdo de seu Balanço. Ao
administrar sua estrutura financeira, está elaborando o lado direito do Balanço da empresa.
A figura a seguir, demonstra a relação das funções financeiras com as informações contábeis de um balanço estruturado.

Principais áreas de decisão financeira na empresa:


_ Investimentos;
_ Financiamento de Clientes;
_ Utilização de Lucro Líquido;
_ Obtenção de Recursos Financeiros;
_ Análise de Utilização e Capitação de Recursos Externos e Próprios.

Estrutura Organizacional Típica da Função Financeira:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Meta do Administrador Financeiro A Ocorrência dos Retornos


O Administrador Financeiro deve visar atingir os objetivos dos A abordagem de maximização do lucro não consegue refletir
proprietários da empresa. No caso de sociedades anônimas, os pro- diferenças na época de ocorrência de retornos, ao passo que a ma-
prietários da empresa normalmente não são os administradores. ximização da riqueza tende a considerar tais diferenças. O objetivo
A função destes não é realizar seus próprios objetivos (que podem de maximização do lucro dá maior importância a um investimento
incluir o aumento de seus ordenados, a obtenção de prestígio ou a que ofereça os maiores retornos totais, enquanto que a abordagem
manutenção de sua posição). Antes, é maximizar a satisfação dos da maximização da riqueza considera explicitamente a época de
proprietários (acionistas). Presumivelmente, se forem bem-sucedi- ocorrência dos retornos e seu impacto no preço da ação.
dos nesta tarefa, também atingirão seus objetivos pessoais. Alguns
acreditam que o objetivo dos proprietários é sempre a maximização Risco
do lucro; outros crêem que é a maximização da riqueza. A maximi- A maximização do lucro não considera o risco, porém, a maximi-
zação da riqueza é a abordagem preferida por cinco razões básicas: zação da riqueza considera explicitamente no risco. Uma premissa
considera básica na Administração Financeira é que existe uma relação entre
(1) o retorno realizável do proprietário, risco e retorno: os acionistas esperam perceber maiores retornos
(2) uma perspectiva a longo prazo, de investimento de maior risco e vice-versa. Os Administradores Fi-
(3) a época de ocorrência dos retornos, nanceiros precisam, portanto, levar em conta o risco ao avaliarem
(4) risco e investimentos potenciais.
(5) a distribuição dos retornos. Considerando que os acionistas exigem maiores retornos para
maiores riscos, é importante que o Administrador Financeiro consi-
O Retorno Realizável do Proprietário dere adequadamente o impacto do risco sobre os retornos deles. A
O Proprietário de uma ação possivelmente espera receber seu abordagem da maximização da riqueza considera o risco, enquanto
retorno sob a forma de pagamentos periódicos de dividendos, ou que a maximização do lucro o ignora. A maximização da riqueza é,
através de valorizações no preço da ação, ou ambos. O preço de portanto, a abordagem preferida.
mercado de uma ação reflete um valor de dividendos futuros es-
perados bem como de dividendos correntes; a riqueza do acionis-
Distribuição de Retornos
ta (proprietário) na empresa em qualquer instante é medida pelo
O uso do objetivo da maximização do lucro não permite con-
preço demercado de suas ações. Se um acionista numa empresa
siderar que os acionistas possam desejar receber uma parte dos
desejar liquidar sua participação, irá vender a ação ao preço vigente
no mercado ou bem próximo a este. Uma vez que o preço de mer- retornos da empresa sob a forma de dividendos periódicos. Na au-
cado da ação, e não os lucros, é que reflete a riqueza do proprietá- sência de qualquer preferência por dividendos, a empresa poderia
rio numa empresa, num dado momento, a meta do Administrador maximizar lucros de um período a outro, reinvestindo todos os lu-
Financeiro deve ser maximizar essa riqueza. cros, usando-os para adquirir novos ativos que elevarão os lucros
futuros.
Perspectiva de Longo Prazo A estratégia da maximização da riqueza leva em conta o fato
A maximização do lucro é uma abordagem de curto prazo; a de que muitos proprietários apreciam receber o dividendo regular,
maximização da riqueza considera o longo prazo. Existem vários independente do seu montante. Os Administradores financeiros
exemplos que mostram uma valorização no preço da ação de Com- devem reconhecer que a política de dividendos da empresa afeta
panhias resultante do fato de que as decisões de curto prazo re- a atratividade de sua ação para tipos particulares de investidores.
lacionadas com o desenvolvimento de novo produto, embora bai- Este efeito clientela é usado para explicar o efeito de uma política
xando os lucros a curto prazo, tenham produzido maiores retornos de dividendos sobre o valor de mercado de ação. Acredita-se que o
futuros. Uma empresa que deseja maximizar lucros poderia com- retorno que os acionistas esperam receber for assegurado, isto terá
prar maquinaria de baixa qualidade e usar materiais de baixa qua- um efeito positivo sobre o preço das ações.
lidade, ao mesmo tempo que faria um tremendo esforço de venda
para vender seus produtos por um preço que rendesse um elevado Já que a riqueza de cada acionista, em qualquer instante, é
lucro por unidade. Essa é uma estratégia de curto prazo que poderia igual ao valor de mercado de todos os seus ativos, menos o valor
resultar em lucros elevados para o primeiro ano, porém, em anos de suas dívidas, um aumento no preço de mercado da ação da em-
subsequentes os lucros declinariam significativamente pois os com- presa deve aumentar a sua riqueza. Uma empresa interessada em
pradores constatariam a baixa qualidade do produto e o alto custo maximizar a riqueza da acionista poderá pagar-lhe dividendos numa
de manutenção associado à maquinaria de baixa qualidade. base regular. Uma empresa que deseja maximizar lucros pode pre-
O impacto de vendas decrescentes e custos crescentes tende- ferir não pagar dividendos. Porém, os acionistas certamente prefe-
ria a reduzir os lucros a longo prazo e, se não houvesse cuidado, ririam um aumento na sua riqueza, a longo prazo, do que a geração
poderia resultar na eventual falência da empresa. As consequências de um fluxo crescente de lucros, sem se preocupar com o valor de
potenciais de maximização do lucro a curto prazo provavelmente
mercado de suas ações.
estejam refletidas no preço corrente da ação, que talvez seja menor
Uma vez que o preço da ação reflete explicitamente o retorno
do que se a empresa tivesse perseguindo uma estratégia de prazo
realizável dos proprietários, considera as perspectivas a longo prazo
mais longo.
da empresa, reflete diferenças na época de ocorrência dos retor-
nos, considera o risco e reconhece à importância da distribuição
de retornos, a maximização da riqueza refletida no preço da ação é
considerada a meta da Administração Financeira.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A maximização do lucro pode ser parte de uma estratégia de e) Baixa velocidade na rotação dos estoques e nos processos
maximização da riqueza. Muitas vezes, os dois objetivos podem ser de produção;
perseguidos simultaneamente. Porém, não se deve nunca permitir f) Necessidade de compras de vultos de caráter cíclico ou para
que a maximização dos lucros obscureça o objetivo mais amplo da reserva, exigindo maiores disponibilidades;
maximização da riqueza. g) Distribuição de lucros, além das possibilidades de caixa;
h) Imobilização excessiva, diminuindo o capital circulante ou
Definições e Problemas de Administração Financeira utilizando capital de terceiros.
A Função Financeira compreende os esforços dispensados, ob-
jetivando a formulação de um esquema que seja adequado àmaxi- As empresas financeiramente equilibradas apresentam as se-
mização dos retornos (lucro) aos proprietários das ações ou cotas guintes características:
da empresa, proporcionando a liquidez da mesma perante seus cre- a) Há permanente equilíbrio entre os recursos e os encargos
dores. A premissa está assentada no equilíbrio entre Rentabilidade financeiros;
(lucro) e Liquidez. b) O capital próprio tende a aumentar em relação ao capital
alheio;
Problemas de Administração Financeira c) A rentabilidade do capital é satisfatória, não a prejudicando
a) Mercado as vendas forçadas para a obtenção de numerário, nem pesadas
_ Mercado Comprador; parcelas de juros;
_ Preço, prazo, e outras condições de venda; d) Há tendência para aumentar a rotatividade dos estoques,
_ Manutenção e ampliação da quota da empresa no mercado; cujo valor não se eleva na mesma proporção em que cresce o valor
_ Efeitos da concorrência; das vendas, e maior freqüência de vendas para um número cada
_ Vendas cíclicas ou de época. vez maior de produtos.
_ Mercado Fornecedor; e) Há tendência para estabilizar-se o prazo médio de recebi-
_ Preços, prazos e outras condições de compra; mento das vendas;
_ Compras cíclicas ou de época; f) Não há imobilização excessiva de capital, nem ela é insufi-
_ Necessidade de importação. ciente para o volume necessário de produção.
b) Aplicação do Capital g) Não há falta de mercadoria para atendimento das vendas.
_ Renovação e ampliação de máquinas, equipamentos e insta-
lações; ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
_ Manutenção de estoques e produção em andamento; Podemos definir Administração de Recursos Humanos o ramo
_ Concessão de crédito a clientes; vendas a prazo; especializado da ciência da administração que envolve todas as
_ Adiantamento a fornecedores. ações que tem como objetivo a integração do trabalhador no con-
c) Capital Alheio texto da organização e o aumento de sua produtividade. Área que
_ Limites para compra a prazo; trata de recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento,
_ Limites para operações bancárias; manutenção, controle e avaliação de pessoas.
_ Custo do capital alheio;
Mas para entender melhor a aplicação desse conceito na atu-
_ Financiamentos especiais.
alidade, precisamos entender que durante a maior parte de nossas
d) Capital Próprio
vidas, fazemos parte de algum tipo de organização, tais como: uma
_ Capitalização de lucros;
escola, um time relacionado a esporte, um grupo artístico, uma
_ Distribuição de lucros;
_ Destinação das reservas e provisões; instituição religiosa, uma organização militar, ou mesmo uma em-
_ Entrada de capital novo. presa. Algumas organizações como um time de futebol, são estru-
e) Expansão turadas de modo informal, enquanto que as grandes corporações
_ Expansão em pequena escala; militares, possuem estruturas bastante formalizadas. Porém todas
_ Expansão em grande escala. as estruturas organizadas, sejam elas formais ou informais, pos-
suem elementos comuns.
A percepção desses e de outros problemas só será possível Utilizando uma visão mais simplista possível, podemos ver uma
às empresas que mantém adequado sistema de processamento e organização, como sendo, duas ou mais pessoas trabalhando jun-
análise de dados, determinando as diversas situações de solvência, tas, de modo estruturado, visando alcançar um objetivo específico,
liquidez e rentabilidade. ou um conjunto de objetivos, de modo que haja entre elas a comu-
A maioria das empresas concentra suas atenções apenas no nicação, a cooperação, e a sintonia dos objetivos.
propósito de obter recursos, para cobrir a falta de numerário, não As organizações são importantes porque também podem ser
se preocupando com os meios que ocasionaram esta deficiência. vistas como instituições sociais que refletem alguns valores e ne-
cessidades culturalmente aceitos. Elas permitem que vivamos jun-
Causam mais comuns da falta de numerário tos e de modo relativamente civilizado e que realizemos objetivos
a) Expansão descontrolada das vendas, implicando em maior enquanto sociedade. Das delegacias de polícia dos bairros onde
volume de compras e de gastos; moramos, às grandes corporações multinacionais, as organizações
b) Ampliação dos prazos de vendas, para a conquista de mer- servem à sociedade, transformando o mundo num lugar melhor,
cados; mais seguro e mais agradável de viver.
c) Diferenças acentuadas na velocidade dos ciclos de pagamen- Para que as organizações sobrevivam, são necessários alguns
tos e de recebimentos, em função dos prazos de compra e de ven- elementos básicos: os objetivos, os planos ou métodos para a con-
das; secução desses objetivos, os recursos necessários para serem utili-
d) Insuficiência do capital próprio e utilização do capital alheio zados e o processo que possibilita a interação dos elementos, pro-
em proporções excessivas; piciando a obtenção dos resultados desejados.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Este processo de planejar, organizar, liderar e controlar o traba- Desenvolvimento da administração de recursos humanos
lho dos membros da organização e de usar os recursos disponíveis Não podemos deixar de reconhecer que a atividade de recur-
da organização para alcançar objetivos pré-estabelecidos, denomi- sos humanos, tem contribuído de forma crescente para a humani-
na-se administração. zação das relações de trabalho. O humanismo é parte integrante
nas atividades e evolução da área de Recursos Humanos. Os prin-
Histórico de administração de recursos humanos cipais autores clássicos da atualidade, com estudos de destaque,
O movimento da Administração Cientifica difundiu-se ampla- na área da Psicologia Organizacional, tais como McGrecor, Maslow,
mente e tornou-se um dos princípios bases da organização indus- Bennis, Bekhart e outros, apesar de terem abordagens diferentes,
trial nas primeiras décadasdo século. todos apontam para a necessidade de se criar clima de trabalho
O movimento de valorização dasrelações humanas no trabalho que permita a realização cada vez mais plena, do ser humano, como
surgiu a partir da constatação da necessidade de considerar a rele- pessoa, ou seja da auto-realização pessoal. Essa tendência hu-
vânciados fatores psicológicos e sociais na produtividade. manística está bem clara no atual movimento organizacional, que
A descoberta da relevância do fator humano na empresa veio não se restringe a agir dentro do ambiente organizacional clássico,
proporcionar o refinamento da ideologia da harmonização entre o porém se propõe a reformular os critérios tradicionais de divisão do
capital e o trabalho, definida pelos teóricos da Administração Cien- trabalho, de modelos organizacionais, de sistemas tradicionais de
tifica. Com efeito, pode-se dizer que as Relações Humanas consti- planejamento e controle, do estilo predominante e autoritário de
tuem um processo de integração de indivíduos numa situação de liderança, a fim de que no grupo exista clima sadio que proporcione
trabalho, de modo a fazer com que os trabalhadores colaborem o desenvolvimento e motivação das pessoas, proporcionando dire-
com a empresa e até encontrem satisfação de suas necessidades tamente resultados benéficos para a organização.
sociais e psicológicas.
Os primeiros órgãos de Recursos Humanos como setor definido Sistema de administração de recursos humanos:
da administração das organizações, tiveram seu aparecimento no A mudança deve ser a única constante na força de trabalho
início deste século, tendo tido sua evolução acelerada, na década de qualquer organização. As pessoas eficazes são promovidas ou
de vinte. Com o advento da primeira guerra mundial, estabeleceu- saem para ocupar outros cargos melhores em outra organização.
-se uma carência efetiva de mão-de-obra nas empresas, obrigando As pessoas ineficazes são rebaixadas, remanejadas, ou até mesmo
despedidas. Além disso, a organização poderá a qualquer tempo
estas, a estabelecerem padrões de racionalização e otimização da
precisar de mais pessoas ou até mesmo reduzir seus quadros de
mão-de-obra existente e desenvolverem processos de formação de
pessoal e sempre precisará aperfeiçoar as capacidades das pesso-
mão-de-obra nova, através dos primeiros métodos organizados de
as que trabalham cotidianamente. Desta forma é que podemos ver
recrutamento e seleção. O fator humano já tinha que ser tratado
que o Sistema de Administração de Recursos Humanos, possui um
com atenção específica. A revolução industrial que ocorria na épo- dinamismo contínuo, como um organismo vivo, tentando manter
ca, também foi fator determinante para a formação e desenvolvi- a organização suprida das pessoas certas, nas posições certas, na
mento do período inicial da administração de recursos humanos. hora certa.
Os movimentos filosóficos dos anos trinta, de maneira especial, o A Administração de Recursos Humanos consiste em planejar,
pensamento existencial, aliados aos primeiros trabalhos de Socio- organizar, desenvolver, coordenar e controlar os métodos capazes
logia do Trabalho, forneceram direcionamentos e subsídios éticos e de promover o desempenho eficiente do pessoal, ao mesmo tem-
científicos para a evolução da administração de recursos humanos. po em que a organização representa o meio que permita às pes-
O marco mais significativo dessa evolução, foram os experimentos soas que com ela colaborem para alcançar os objetivos individuais
de Hawtorne, na Western Electric, em Chicago, nos Estados Uni- relacionados direta ou indiretamente com o trabalho, ao mesmo
dos da América. As pesquisas de Hawtorne, vieram surpreender os tempo em que também significa conquistar e manter as pessoas
Tayloristas que tentavam, sair da sua órbita inicial, combinar dentro na organização, trabalhando sempre com eficiência para produzir
das mesmas constantes, matéria-prima, máquinas e pessoas. Nas resultados eficazes.
pesquisas de Hawtorne ficaram evidenciadas que as relações hu-
manas, tanto entre si como com os elementos ambientais, tinham
significativa influência na produtividade. Mais que qualquer outro
NOÇÕES DE CONTABILIDADE, PRINCÍPIOS
órgão da administração das organizações, o de Recursos Humanos,
E CONCEITOS
contribuiu para verdadeiras revoluções da atividade gerencial. Des-
de 1930, as ciências comportamentais fornecem em rítmo crescen-
te, subsídios para o desenvolvimento da Administração de Recursos CONCEITO
Humanos, e esta por sua vez vem contribuindo para verdadeiras Contabilidade é a ciência social que estuda, interpreta e regis-
revoluções da atividade gerencial. tra os fenômenos que afetam o patrimônio de uma entidade, ob-
servando seus aspectos quantitativos e por meio de técnicas, suas
variações no decorrer do tempo.
Todas essas informações são úteis para a tomada de decisões,
dentro e fora do ambiente da empresa, analisando, registrando e
controlando o patrimônio. Através de relatórios gerados pela Con-
tabilidade, esses dados são entregues ao seu público de interesse.
Como ciência social, a Contabilidade pode ter seus métodos
aplicados nas pessoas físicas ou jurídicas, possuidoras ou não de
finalidades lucrativas.

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A Contabilidade pode ser dividida em algumas áreas: • Clientes e fornecedores: Interesse para saber se a empre-
• Auditoria: Conjunto de métodos e técnicas encarregados de sa é financeiramente sólida, pois assim há garantias de continuida-
analisar e avaliar atividades, no sentido de apurar a transparência de no fornecimento de bens e serviços; capacidade de pagamento
dos registros contábeis e a exatidão da prática das operações para por mercadorias.
que seja emitida opinião formal sobre os as mesmas.
• Perícia: Pela definição da Norma Brasileira de Contabilidade,
a perícia contábil é “o conjunto de procedimentos técnicos, que
tem por objetivo a emissão de laudo ou parecer sobre questões REGISTROS.ESCRITURAÇÃO
contábeis, mediante exame, vistoria, indagação, investigação, arbi-
tramento, avaliação ou certificado”. CONCEITOS
• Contabilidade do terceiro setor: Possibilita demonstrar clare- Escrituração é a técnica contábil que tem por objetivo o regis-
za para a sociedade no trabalho desenvolvido por entidades deste tro em livros específicos de todos os fatos que alteram o patrimô-
setor, gerando confiabilidade na captação de novos recursos. nio. É a partir da escrituração que se desenvolvem as técnicas de
• Contabilidade Fiscal: Atua através de conhecimentos espe- demonstração, análises, auditoria, etc., e também a gestão do Pa-
cíficos, registrando e escriturando todos os fatos que incidem nas trimônio das empresas.
obrigações tributárias.Muitas vezes, os serviços fiscais são terceiri- LANÇAMENTOS CONTÀBEIS
zados através de escritórios contábeis que ficam responsáveis tam- Lançamento é o meio pelo qual se processa a escrituração.
bém pela apuração e contabilização das rotinas de departamento Os fatos administrativos são registrados através do lançamen-
pessoal. to, primeiramente no livro Diário, mediante documentos que com-
• Contabilidade de seguros: Através de sistema de controle e provem a operação (Notas fiscais, recibos, contratos, etc.).
análise financeiros, contabiliza as atividades de uma seguradora ne-
cessárias à tomada de decisão. ELEMENTOS ESSENCIAIS
• Contabilidade bancária: Responsável pela contabilização das O lançamento no livro Diário é realizado em ordem cronológi-
instituições de crédito e finanças.• Contabilidade Pública: Conjunto ca e os elementos que o compõem obedecem a uma determinada
de normas e princípios , aplicados para o controle do patrimônio disposição:
das entidades do setor público. a) Local e data da ocorrência do fato.
• Contabilidade imobiliária: Área da Contabilidade que analisa b) Veracidade do documento que foi emitido na operação.
e controla o patrimônio das empresas com atividades no mercado c) Identificação de elementos envolvidos na operação.
imobiliário. d) Conta(s) de débito.
• Contabilidade digital: Concentração de órgãos do governo Fe- e) Conta(s) de crédito.
deral na formalização dos registros de escrituração contábil eletrô- f) Histórico.
nica com o objetivo de combater a sonegação fiscal. g) Valor.
• Contabilidade de Custos: Voltada para a análise dos custos
que a empresa possui na produção de seus bens ou na prestação FÓRMULAS DE LANÇAMENTO
de seus serviços. Para a realização dos lançamentos existem quatro fórmulas:
• Consolidação de balanços: Técnica contábil utilizada para 1ª Fórmula: para um lançamento com uma conta debitada e
concentrar o patrimônio e os resultados de um grupo de empresas outra creditada.
que tem o mesmo controle societário. Fato: recebimento de uma duplicata nº 1210, no valor de R$
700,00.
OBJETIVO
O Objetivo da Contabilidade é registrar, organizar e formalizar
São Paulo, 30 de junho de XX
atos e fatos que afetam a entidade. Além de apresentar de maneira
estruturada, seus bens, direitos, obrigações e resultados. As princi- Caixa (Débito)
pais técnicas utilizadas para o alcance de seus objetivos são: escritu- a Duplicatas a receber (Crédito)
ração, demonstrações contábeis e análise de balanços.
Recebimento de duplicata nº 1210 de Alpha e CIA. R$
FINALIDADE 700,00
A Finalidade da Contabilidade é fornecer a seus usuários o má-
ximo possível de informações atualizadas sobre o patrimônio da 2ª Fórmula: para um lançamento com uma conta debitada e
empresa e suas alterações, permitindo a transparência em seu con- diversas creditadas.
trole e tomada de decisões. Fato: recebimento de uma duplicata nº 1210, no valor de R$
A Contabilidade tem um público com interesse principalmen- 700,00. Venda de mercadorias à vista, nº 8200, no valor de R$
te em seu desempenho financeiro e suas questões relacionadas ao 400,00.
fisco. Entre eles:
• Concorrentes: Interesse na estrutura empresarial das em- São Paulo, 30 de agosto de XX
presas rivais.
Caixa(Débito)
• Órgãos do governo: Examinam os relatórios financeiros
e fazem a conciliação dos impostos devidos e pagos e de futuras a Diversos (Crédito)
obrigações. a Duplicatas a receber
• Bancos, Capitalistas: Precisam saber se a empresa será
capaz de pagar os juros das dívidas e saldar débitos. Recebimento de duplicata nº 1210 de Alpha e CIA. R$ 700,00
• Diretoria, administração e funcionários em geral: Análise a Vendas
freqüente e profunda para tomadas de decisões, garantindo a ope-
ração da empresa e sua competitividade.

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Vendas de mercadorias à vista conf. NF. 8200R$ 400,00 R$ Livro Diário: tem a função de registrar diariamente todos os
1.100,00 fatos contábeis que afetam o Patrimônio da empresa. Os registros
devem ser efetuados de maneira individualizada, em ordem crono-
lógica de dia, mês e ano, todas as movimentações que provocam al-
3ª Fórmula: para um lançamento com diversas contas debita-
terações no Patrimônio. É obrigatório, devendo obedecer algumas
das e uma conta creditada.
formalidades:
Fato: pagamento da duplicata nº 1330, no valor de R$ 300,00.
a) Formalidades intrínsecas (internas): ser escriturado em
Pagamento do imposto predial, guia nº 223, no valor de R$ 200,00.
idioma e moeda corrente nacionais; com linguagem contábil, de
forma individualizada e transparente; fundamentado em documen-
São Paulo, 30 de Julho de XX tos verídicos que comprovem as operações registradas; sem conter
Diversos (Débito) rasuras, emendas, intervalos, borrões; por ordem cronológica (dia,
mês e ano).
a Caixa(Crédito) b) Formalidades extrínsecas (externas): deve ser encadernado
Duplicatas a pagar e conter numeração em todas as folhas de forma seqüencial; conter
Termo de Abertura na primeira folha, Termo de Encerramento la-
Pagamento de duplicata nº 1330 R$ 300,00 vrado na última página do livro, e assinado por profissional habilita-
Impostos e Taxas Diversas do e por um dirigente da empresa e, ser registrado na Junta Comer-
Pagamento de imposto predial Guia nº 223 R$ 200,00R$ cial ou no Cartório em que foram arquivados os atos constitutivos.
500,00 Livro Razão: tem a função de registrar a movimentação indi-
vidual das contas contábeis. É obrigatório e deve ser escriturado
4ª Fórmula: para um lançamento com diversas contas debita- sem rasuras, entrelinhas, borrões, rasuras ou qualquer indício que
das e diversas contas creditadas. impeça a clareza dos registros.
Fato: pagamento de duplicata nº 3332, no valor de R$ 450,00. Livro Caixa: a finalidade do Livro Caixa é registrar a movimenta-
Recebimento de duplicata nº 55, no valor de R$ 520,00. Vendas de ção de entrada e saída de dinheiro da empresa.
mercadorias a vista nº 3321 à 3328, no valor de R$ 420,00. Paga- Livro Contas – Correntes: é o auxiliar o Razão, serve para con-
mento de imposto predial guia nº 4567, no valor de R$ 310,00. trolar as contas que representam Direitos e Obrigações para a em-
presa.

São Paulo, 30 de setembro de XX MÉTODOS E PROCESSOS


Diversos(Débito) São as formas em que ocorrem as escriturações de fatos e atos
administrativos.
a Diversos (Crédito) Métodos das partidas dobradas: Método de aceitação univer-
Duplicatas a pagar sal, que consiste em que o registro de qualquer operação implica
que, um débito em uma ou mais contas, deverá corresponder a um
Duplicatas a pagar
crédito de valor igual em uma ou mais contas. Dessa maneira, a
a Caixa soma dos valores debitados sempre será a mesma dos valores cre-
Pagamento de duplicata nº 3332 BetysR$ 450,00 ditados.
Método das partidas simples: Método que envolve os elemen-
Caixa tos de maneira individual (conta a conta), sem relacioná-las entre si;
a Duplicatas a receber registrando as operações através do controle de um só elemento.
Recebimento da duplicata nº 55 Xfactor R$ 520,00 REGIME DE COMPETENCIA E REGIME DE CAIXA
Caixa Regime de Competência: O procedimento do registro de lança-
a Mercadorias mentos contábeis é efetuado no período de competência da receita
ou despesa, ou seja, quando estas forem de fato realizadas.
Vendas a vista Conf. Nf. 3321 à 3328 R$ 420,00 Regime de Caixa: É considerado o registro dos documentos
Impostos e taxas diversas apenas na data em que foram pagos ou recebidos.
a Caixa
Pagamento de imposto predial guia 4567 R$ 310,00R$
1.700,00 DEMONSTRATIVOS

LIVROS DE ESCRITURAÇÃO CONCEITO


Os livros de escrituração contábeis obrigatórios são o livro Diá- A Demonstração de Resultado de Exercício (DRE) é um docu-
rio e o livro Razão. Cada um tem sua formalidade no que consiste a mento legal que apresenta todas as receitas e despesas da empre-
estruturas e obrigatoriedades de conteúdos. sa. Através dessas informações é possível chegar ao resultado líqui-
Existem ainda, alguns livros que são utilizados como apoio aos do da empresa, dentro de um determinado período.
lançamentos, que são os Livros Auxiliares do Diário e do Razão,
como o Caixa, o Contas-Correntes, Registro de Duplicatas, Contas OBJETIVO
a Pagar, etc. O objetivo da DRE é detalhar a formação do resultado líquido
de um exercício pela confrontação das receitas, custos e despesas
de uma empresa, apuradas segundo o princípio contábil do regime
de competência (receitas e despesas devem ser incluídas na opera-
ção do resultado do período em que ocorrem).

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

COMPOSIÇÃO DA DRE
A DRE deverá discriminar: ORÇAMENTO. ORÇAMENTO TRADICIONAL E ORÇA-
• A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das MENTO MODERNO
vendas, os abatimentos e os impostos;
• A receita líquida das vendas e serviços, o custo das merca- Orçamento público é o instrumento utilizado pelo Governo
dorias e serviços vendidos e o lucro bruto; Federal para planejar a utilização do dinheiro arrecadado com os
• As despesas com as vendas, as despesas financeiras, de- tributos (impostos, taxas, contribuições de melhoria, entre outros).
duzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras Esse planejamento é essencial para oferecer serviços públicos ade-
despesas operacionais; quados, além de especificar gastos e investimentos que foram prio-
• O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as ou- rizados pelos poderes.
tras despesas; Essa ferramenta estima tanto as receitas que o Governo espera
• O resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda arrecadar quanto fixa as despesas a serem efetuadas com o dinhei-
e a provisão para o imposto; ro. Assim, as receitas são estimadas porque os tributos arrecadados
• As participações de debêntures, empregados, administra- (e outras fontes) podem sofrer variações ano a ano, enquanto as
dores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos fi- despesas são fixadas para garantir que o governo não gaste mais
nanceiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência do que arrecada.
de empregados, que não se caracterizem como despesa; Uma vez que o orçamento detalha as despesas, pode-se acom-
• O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante panhar as prioridades do governo para cada ano, como, por exem-
por ação do capital social. plo: o investimento na construção de escolas, a verba para trans-
porte e o gasto com a saúde. Esse acompanhamento contribui para
Modelo fictício de DRE fiscalizar o uso do dinheiro público e a melhoria da gestão pública
CIA XYZ e está disponível aqui, no Portal da Transparência do Governo Fe-
Demonstração do Resultado do Exercício deral.
31.12
Elaboração do Orçamento
X2 X1 O processo de elaboração do orçamento é complexo, pois en-
RECEITA BRUTA DE VENDAS volve as prioridades do Brasil, um país com mais de 200 milhões de
habitantes. Se já é difícil planejar e controlar os gastos em nossa
Mercadorias R$ 19.050 R$ 18.601
casa, imagine a complexidade de planejar as prioridades de um país
Serviços R$ 2.155 R$ 1.210 do tamanho do Brasil. No entanto, o planejamento é essencial para
R$ 21.205 R$ 19.811 a melhor aplicação dos recursos públicos.
O processo de planejamento envolve várias etapas, porém três
Impostos sobre Vendas (R$ 3.130) (R$ 2.901) delas se destacam: a aprovação da Lei do Plano Plurianual (PPA), da
Receita Líquida de Vendas R$ 18.075 R$ 16.910 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual
Custo Mercadorias e Serviços (R$ 14.087) (R$ 13.105) (LOA).
Vendidos Cada uma dessas leis é proposta pelo Poder Executivo, a par-
tir de objetivos específicos, e depende da aprovação do Congresso
Lucro Bruto R$ 3.988 R$ 3.805 Nacional. Isso permite que os deputados e senadores eleitos como
Despesas com Vendas (R$ 606) (R$ 619) nossos representantes influenciem o orçamento, adequando as leis
às necessidades mais críticas da população que representam.
Despesas Administrativas (R$ 993) (R$ 969)
Para organizar e viabilizar a ação pública, o PPA declara as po-
Lucro Operacional Antes das R$ 2.389 R$ 2.217 líticas e metas previstas para um período de 4 anos, assim como os
Despesas e Receitas Financeiras caminhos para alcançá-las. A LDO e a LOA devem estar alinhadas às
Despesas Financeiras Líquidas (R$ 525) (R$ 347) políticas e metas presentes no PPA, e, por sua vez, são elaboradas
anualmente.
Outras Receitas e Despesas A LDO determina quais metas e prioridades do PPA serão trata-
Operacionais das no ano seguinte - além de trazer algumas obrigações de trans-
Resultado de Participações So- (R$ 125) R$ 5 parência. A partir daí, a LOA é elaborada, detalhando todos os gas-
cietárias tos que serão realizados pelo governo: quanto será gasto, em que
Outras R$ 38 (R$ 75) área de governo (saúde, educação, segurança pública) e para que.
A ideia é terminar cada ano com a LOA aprovada para o ano
Resultado Antes do Imposto R$ 1.777 R$ 1.800 seguinte, ou seja, com todo o detalhamento dos gastos e receitas.
de Renda A LOA é o que chamamos, de fato, de orçamento anual. A lei por
Imposto de Renda e Contribui- (R$ 586) (R$ 594) si só também é grande e complexa, por isso é estruturada em três
ção Social documentos: orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e
orçamento de investimento das estatais.
Participações no Resultado
Dos empregados (R$ 119) (R$ 121) Créditos adicionais
Dos Administradores (R$ 59) (R$ 108) Créditos Adicionais são as autorizações para despesas não
computadas ou insuficientemente dotadas na Lei Orçamentária
Lucro Líquido R$ 1.013 R$ 977 Anual, visando atender:
• Insuficiência de dotações ou recursos alocados nos orçamen-
tos;

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

• Necessidade de atender a situações que não foram previstas, - Neste tipo, inclui-se a anulação da reserva de contingência,
inclusive por serem imprevisíveis, nos orçamentos. conceituada como a dotação global não destinada especificamente
Os créditos adicionais, portanto, constituem-se em procedi- a órgão, unidade orçamentária ou categoria econômica e natureza
mentos previstos na Constituição e na Lei 4.320/64 para corrigir ou da despesa;
amenizar situações que surgem, durante a execução orçamentária, - O produto das operações de crédito, desde que haja condi-
por razões de fatos de ordem econômica ou imprevisíveis. Os crédi- ções jurídicas para sua realização pelo Poder Executivo.
tos adicionais são incorporados aos orçamentos em execução. - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição
do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas cor-
Modalidades de créditos respondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante
Adicionais créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica auto-
a) Créditos Suplementares: são destinados ao reforço de do- rização legislativa. (CF, art. 166, §8°).
tações orçamentárias existentes, dessa forma, eles aumentam as
despesas fixadas no orçamento. Quanto à forma processual, eles O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a sua
são autorizados previamente por lei, podendo essa autorização le- espécie e a classificação da despesa.
gislativa constar da própria lei orçamentária, e aberta por decreto Esses créditos tem sua vigência, ou seja, no caso dos créditos
do Poder Executivo. suplementares, como são destinados a cobrir uma insuficiência do
A vigência do crédito suplementar é restrita ao exercício finan- orçamento anual, eles serão extintos no final do exercício financei-
ceiro referente ao orçamento em execução. ro. Já os Especiais ou Extraordinários, poderão ter vigência até o
final do exercício subsequente.
b) Créditos Especiais: São destinados a autorização de despesas
não previstas ou fixadas nos orçamentos aprovados. Sendo assim, o
Execução Orçamentária
crédito especial cria um novo projeto ou atividade, o uma categoria
Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de execução
econômica ou grupo de despesa inexistente em projeto ou ativida-
orçamentária e de programação financeira da União estabelecidas
de integrante do orçamento vigente.
para o exercício e lançadas as informações orçamentárias, forneci-
Os créditos especiais são sempre autorizados por lei específica
e abertos por decreto do Executivo. das pela Secretaria de Orçamento Federal, no SIAFI , por intermédio
A sua vigência é no exercício em que forem autorizados, salvo da geração automática do documento Nota de Dotação – ND, cria-
se o ato autorizativo for promulgado nos últimos quatro meses (se- -se o crédito orçamentário e, a partir daí, tem-se o início da execu-
tembro a dezembro) do referido exercício, caso em que, é facultada ção orçamentária propriamente dita.
sua reabertura no exercício subsequente, nos limites dos respecti- Executar o Orçamento é, portanto, realizar as despesas públi-
vos saldos, sendo incorporados ao orçamento do exercício financei- cas nele previstas, seguindo à risca os três estágios da execução das
ro subsequente (CF, art. 167, § 2°). despesas previstos na Lei nº 4320/64 : empenho, liquidação e pa-
gamento.
c) Créditos Extraordinários: São destinados para atender a des-
pesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, co- Primeiro Estágio: Empenho
moção interna ou calamidade pública (CF. art. 167, § 3). Pois bem, o empenho é o primeiro estágio da despesa e pode
Os créditos extraordinários, quanto à forma procedimental, ser conceituado como sendo o ato emanado de autoridade compe-
são abertos por Decreto do Poder Executivo, que encaminha para tente que cria para o Estado a obrigação de pagamento, pendente
conhecimento do Poder Legislativo, devendo ser convertido em lei ou não, de implemento de condição.
no prazo de trinta dias. Todavia, estando a despesa legalmente empenhada, nem as-
Com relação à vigência, os créditos extraordinários vigoram sim o Estado se vê obrigado a efetuar o pagamento, uma vez que o
dentro do exercício financeiro em que foram abertos, salvo se o ato implemento de condição poderá estar concluído ou não. Seria um
da autorização ocorrer nos meses (setembro a dezembro) daquele absurdo se assim não fosse, pois a Lei 4320/64 determina que o
exercício, hipótese pela qual poderão ser reabertos, nos limites dos pagamento de qualquer despesa pública, seja ela de que importân-
seus saldos, incorporando-se ao orçamento do exercício seguinte. cia for, passe pelo crivo da liquidação. É nesse segundo estágio da
execução da despesa que será cobrada a prestação dos serviços ou
Recursos para financiamento dos Créditos Adicionais a entrega dos bens, ou ainda, a realização da obra, evitando, dessa
Os recursos financeiros disponíveis para abertura de crédi- forma, o pagamento sem o implemento de condição.
tos suplementares e especiais estão listados no art. 43 da Lei n°
4.320/64, no art. 91 do Decreto-Lei n°200/67 e no § 8° do art. 166
Segundo Estágio: Liquidação
da Constituição Federal:
O segundo estágio da despesa pública é a liquidação, que con-
- O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do
siste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base
exercício anterior, sendo a diferença positiva entre o ativo financei-
os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.
ro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos crédi-
tos adicionais reaberto sou transferidos, no exercício da apuração, Ou seja, é a comprovação de que o credor cumpriu todas as
e as operações de créditos a eles vinculadas. obrigações constantes do empenho. A finalidade é reconhecer ou
- O excesso de arrecadação, constituído pelo saldo positivo das apurar a origem e o objeto do que se deve pagar, a importância
diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e exata a pagar e a quem se deve pagar para extinguir a obrigação e é
a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. Do efetuado no SIAFI pelo documento Nota de Lançamento – NL.
referido saldo será deduzida a importância dos créditos extraordi-
nários abertos no exercício.
- A anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de
créditos adicionais autorizados em lei, adicionando àquelas consi-
deradas insuficientes.

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Ele envolve, portanto, todos os atos de verificação e conferên- Em sua expressão final, o orçamento é um extenso conjunto
cia, desde a entrega do material ou a prestação do serviço até o de valores agrupados por unidades orçamentárias, funções, pro-
reconhecimento da despesa. Ao fazer a entrega do material ou a gramas, atividades e projetos. Com a inflação, os valores não são
prestação do serviço, o credor deverá apresentar a nota fiscal, fatu- imediatamente compreensíveis, requerendo vários cálculos e o
ra ou conta correspondente, acompanhada da primeira via da nota conhecimento de conceitos de matemática financeira para seu en-
de empenho, devendo o funcionário competente atestar o recebi- tendimento. Isso tudo dificulta a compreensão do orçamento e a
mento do material ou a prestação do serviço correspondente, no sociedade vê debilitada sua possibilidade de participar da elabora-
verso da nota fiscal, fatura ou conta. ção, da aprovação, e, posteriormente, acompanhar a sua execução.
Pode-se melhorar a informação oferecida aos cidadãos sem di-
Terceiro Estágio: Pagamento ficultar o entendimento, através da técnica chamada análise verti-
O último estágio da despesa é o pagamento e consiste na en- cal, agrupando as receitas e despesas em conjuntos (atividade, gru-
trega de numerário ao credor do Estado, extinguindo dessa forma o po, função), destacando-se individualmente aqueles que tenham
débito ou obrigação. Esse procedimento normalmente é efetuado participação significativa. É apresentada a participação percentual
por tesouraria, mediante registro no SIAFI do documento Ordem dos valores destinados a cada item no total das despesas ou recei-
Bancária – OB, que deve ter como favorecido o credor do empenho. tas. Em vez de comunicar um conjunto de números de difícil enten-
Este pagamento normalmente é efetuado por meio de crédito dimento ou valores sem base de comparação, é possível divulgar
em conta bancária do favorecido uma vez que a OB especifica o informações do tipo “a prefeitura vai gastar 15% dos seus recursos
domicílio bancário do credor a ser creditado pelo agente financei- com pavimentação”, por exemplo.
ro do Tesouro Nacional, ou seja, o Banco do Brasil S/ª. Se houver Uma outra análise que pode ser realizada é a análise horizontal
importância paga a maior ou indevidamente, sua reposição aos ór- do orçamento. Esta técnica compara os valores do orçamento com
gãos públicos deverá ocorrer dentro do próprio exercício, mediante os valores correspondentes nos orçamentos anteriores (expressos
crédito à conta bancária da UG que efetuou o pagamento. Quando em valores reais, atualizados monetariamente, ou em moeda forte).
a reposição se efetuar em outro exercício, o seu valor deverá ser Essas técnicas e princípios de simplificação devem ser aplica-
restituído por DARF ao Tesouro Nacional.4
dos na apresentação dos resultados da execução orçamentária (ou
seja, do cumprimento do orçamento), confrontando o previsto com
Orçamento
o realizado em cada período e para cada rubrica. Deve-se apresen-
Tradicionalmente o orçamento é compreendido como uma
tar, também, qual a porcentagem já recebida das receitas e a por-
peça que contém apenas a previsão das receitas e a fixação das
despesas para determinado período, sem preocupação com planos centagem já realizada das despesas.
governamentais de desenvolvimento, tratando-se assim de mera É fundamental que a peça orçamentária seja convertida em
peça contábil - financeira. Tal conceito não pode mais ser admitido, valores constantes, permitindo avaliar o montante real de recursos
pois, conforme vimos no módulo anterior, a intervenção estatal na envolvidos.
vida da sociedade aumentou de forma acentuada e com isso o pla- Uma outra forma de alteração do valor real é através das mar-
nejamento das ações do Estado é imprescindível. gens de suplementação. Para garantir flexibilidade na execução
Hoje, o orçamento é utilizado como instrumento de planeja- do orçamento, normalmente são previstas elevadas margens de
mento da ação governamental, possuindo um aspecto dinâmico, ao suplementação, o que permite um uso dos recursos que modifica
contrário do orçamento tradicional já superado, que possuía cará- profundamente as prioridades estabelecidas. Com a indexação or-
ter eminentemente estático. çamentária mensal à inflação real, consegue-se o grau necessário
Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato pelo qual de flexibilidade na execução orçamentária, sem permitir burlar o
o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo orçamento através de elevadas margens de suplementação. Pode-
período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcio- -se restringir a margem a um máximo de 3%.
namento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É preciso apre-
econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas sentar as condições que permitiram os níveis previstos de entrada
já criadas em lei”. e dispêndio de recursos.
No caso da receita, é importante destacar o nível de evolução
A função do Orçamento é permitir que a sociedade acompa- econômica, as melhorias realizadas no sistema arrecadador, o nível
nhe o fluxo de recursos do Estado (receitas e despesas). Para isto, o de inadimplência, as alterações realizadas na legislação, os meca-
governo traduz o seu plano de ação em forma de lei. Esta lei passa nismos de cobrança adotados.
a representar seu compromisso executivo com a sociedade que lhe No caso da despesa, é importante destacar os principais custos
delegou poder. unitários de serviços e obras, as taxas de juros e demais encargos
O projeto de lei orçamentária é elaborado pelo Executivo, e financeiros, a evolução do quadro de pessoal, a política salarial e a
submetido à apreciação do Legislativo, que pode realizar alterações política de pagamento de empréstimos e de atrasados.
no texto final. A partir daí, o Executivo deve promover sua imple-
Os resultados que a simplificação do orçamento geram são,
mentação de forma eficiente e econômica, dando transparência pú-
fundamentalmente, de natureza política. Ela permite transformar
blica a esta implementação. Por isso o orçamento é um problema
um processo nebuloso e de difícil compreensão em um conjunto de
quando uma administração tem dificuldades para conviver com a
atividades caracterizadas pela transparência.
vontade do Legislativo e da sociedade: devido à sua força de lei, o
orçamento é um limite à sua ação. Como o orçamento passa a ser apresentado de forma mais sim-
ples e acessível, mais gente pode entender seu significado. A socie-
dade passa a ter mais condições de fiscalizar a execução orçamen-
tária e, por extensão, as próprias ações do governo municipal. Se,
juntamente com esta simplificação, forem adotados instrumentos
efetivos de intervenção da população na sua elaboração e controle,
4 Fonte: www.danielgiotti.com.br/www.tesouro.fazenda.gov.
a participação popular terá maior eficácia.
br/ www.portaltransparencia.gov.br

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Os orçamentos sintéticos, ao apresentar o orçamento (ou par- Evolução histórica dos princípios orçamentários constitucio-
tes dele, como o plano de obras e os orçamentos setoriais) de forma nais
resumida, fornecem uma informação rápida e acessível. Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú-
A análise vertical permite compreender o que de fato influen- blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela
cia a receita e para onde se destinam os recursos, sem a “poluição doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá-
numérica” de dezenas de rubricas de baixo valor. Funciona como rias adquirirem crescente eficácia.
um demonstrativo de origens e aplicações dos recursos da prefei- Assim, os princípios, sendo enunciados em sua totalidade de
tura, permitindo identificar com clareza o grau de dependência do maneira genérica que quase sempre se expressam em linguagem
governo de recursos próprios e de terceiros, a importância relativa constitucional ou legal, estão entre os valores e as normas na escala
das principais despesas, através do esclarecimento da proporção da concretização do direito e com eles não se confundem.
dos recursos destinada ao pagamento do serviço de terceiros, dos Os princípios representam o primeiro estágio de concretização
materiais de consumo, encargos financeiros, obras, etc. dos valores jurídicos a que se vinculam. A justiça e a segurança jurí-
A análise horizontal facilita as comparações com governos e dica começam a adquirir concretitude normativa e ganham expres-
anos anteriores. são escrita.
A evidenciação das premissas desnuda o orçamento ao públi- Mas os princípios ainda comportam grau elevado de abstração
co, trazendo possibilidades de comparação. Permite perguntas do e indeterminação.
tipo: “por que a prefeitura vai pagar x por este serviço, se o seu Os princípios financeiros são dotados de eficácia, isto é, produ-
preço de mercado é metade de x ?”. Contribui para esclarecer os zem efeitos e vinculam a eficácia principiológica, conducente à nor-
motivos de ineficiência da prefeitura nas suas atividades-meio e na mativa plena, e não a eficácia própria da regra concreta, atributiva
execução das políticas públicas. de direitos e obrigações.
Apesar dos muitos avanços alcançados na gestão das contas Assim, os princípios não se colocam, pois, além ou acima do
públicas no Brasil, a sociedade ainda não se desfez da sensação de Direito (ou do próprio Direito positivo); também eles - numa visão
caixa preta quando se trata de acompanhar as contas públicas. ampla, superadora de concepções positivistas, literalista e absoluti-
A gestão das contas públicas brasileiras passou por melhorias
zantes das fontes legais - fazem parte do complexo ordenamental.
institucionais tão expressivas que é possível falar-se de uma verda-
Não se contrapõem às normas, contrapõem-se tão-somente
deira revolução. Mudanças relevantes abrangeram os processos e
aos preceitos; as normas jurídicas é que se dividem em normas-
ferramentas de trabalho, a organização institucional, a constituição
-princípios e normas-disposições.
e capacitação de quadros de servidores, a reformulação do arca-
bouço legal e normativo e a melhoria do relacionamento com a so- Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú-
ciedade, em âmbito federal, estadual e municipal. blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela
Os diferentes atores que participam da gestão das finanças pú- doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá-
blicas tiveram suas funções redefinidas, ampliando-se as prerroga- rias adquirirem crescente eficácia, ou seja, que produzissem o efei-
tivas do Poder Legislativo na condução do processo decisório perti- to desejado, tivessem efetividade social, e fossem realmente ob-
nente à priorização do gasto e à alocação da despesa. Esse processo servadas pelos receptores da norma, em especial o agente público.
se efetivou fundamentalmente pela unificação dos orçamentos do Como princípios informadores do direito - e são na verdade as
Governo Federal, antes constituído pelo orçamento da União, pelo idéias centrais do sistema dando-lhe sentido lógico - foram sendo,
orçamento monetário e pelo orçamento da previdência social. gradativa e cumulativamente, incorporados ao sistema normativo.
Criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional, em processo em que Os princípios orçamentários, portanto, projetam efeitos sobre
foram redefinidas as funções do Banco do Brasil, do Banco Central a criação - subsidiando o processo legislativo -, a integração - possi-
e do Tesouro Nacional. bilitando a colmatagem das lacunas existentes no ordenamento - e
Consolidou-se a visão de que o horizonte do planejamento a interpretação do direito orçamentário, auxiliando no exercício da
deve compreender a elaboração de um Plano Plurianual (PPA) e, a função jurisdicional ao permitir a aplicação da norma a situação não
cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que por sua regulada especificamente.
vez deve preceder a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). Alguns desses princípios foram adotados em certo momento
Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal, reconhe- por condizerem com as necessidades da época e posteriormente
cendo-se que os resultados fiscais e, por consequência, os níveis de abandonados, ou pelo menos transformados, relativizados, ou mes-
endividamento do Estado, não podem ficar ao sabor do acaso, mas mo mitigados, e o que ocorreu com o princípio do equilíbrio orça-
devem decorrer de atividade planejada, consubstanciada na fixação mentário, tão precioso ao estado liberal do século XIX, e que foi em
de metas fiscais. Os processos orçamentário e de planejamento, se- parte relativizado com o advento do estado do bem estar social no
guindo a tendência mundial, evoluíram das bases do orçamento- período pós guerra.
-programa para a incorporação do conceito de resultados finalísti- Nos anos oitenta e noventa, em movimento pendular, o prin-
cos, em que os recursos arrecadados devem retornar à sociedade cípio do equilíbrio orçamentário foi revigorado e dada nova roupa-
na forma de bens e serviços que transformem positivamente sua
gem em face dos crescentes déficits estruturais advindos da dificul-
realidade.
dade do Estado em financiar os extensos programas de segurança
A transparência dos gastos públicos tornou-se possível graças
social e de alavancagem do desenvolvimento econômico.
à introdução de modernos recursos tecnológicos, propiciando re-
Nossas Constituições, desde a Imperial até a atual, sempre de-
gistros contábeis mais ágeis e plenamente confiáveis. A execução
orçamentária e financeira passou a contar com facilidades opera- ram tratamento privilegiado à matéria orçamentária.
cionais e melhores mecanismos de controle. Por consequência, a De maneira crescente, foram sendo incorporados novos princí-
atuação dos órgãos de controle tornou-se mais eficaz, com a ado- pios orçamentários às várias cartas constitucionais reguladoras do
ção de novo instrumental de trabalho, como a introdução do SIAFI Estado brasileiro.
e da conta única do Tesouro Nacional, acompanhados de diversos Instaura-se a ordem constitucional soberana em nosso Impé-
outros aperfeiçoamentos de ferramentas de gestão. rio, e a Carta de 1824, em seus arts.171 e 172, institui as primeiras
normas sobre o orçamento público no Brasil .

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Estatui-se a reserva de lei - a aprovação da peça orçamentária essa denominada por Epitácio Pessoa em 1922 de “verdadeira ca-
deve observar regular processo legislativo - e a reserva de parla- lamidade nacional”. No dizer de Ruy Barbosa, eram os “orçamentos
mento - a competência para a aprovação é privativa do Poder Le- rabilongos”, que introduziram o registro de hipotecas no Brasil e até
gislativo, sujeita à sanção do Poder Executivo - para a aprovação do a alteração no processo de desquite propiciaram. Essa foi a primei-
orçamento. ra inserção deste princípio em textos constitucionais brasileiros, já
Insere-se O PRINCÍPIO DA ANUALIDADE, ou temporalidade- na sua formulação clássica, segundo a qual a lei orçamentária não
significa que a autorização legislativa do gasto deve ser renovada a deveria conter matéria estranha à previsão da receita e à fixação
cada exercício financeiro - o orçamento era para viger por um ano da despesa, ressalvadas: a autorização para abertura de créditos
e sua elaboração competência do Ministro da Fazenda, cabendo à suplementares e para operações de crédito como antecipação de
Assembléia-Geral - Câmara dos Deputados e Senado - sua discussão receita; e a determinação do destino a dar ao saldo do exercício ou
e aprovação. do modo de cobrir o déficit.
Pari passu com a inserção da anualidade, fixa-se o PRINCÍPIO O princípio da exclusividade sofreu duas modificações na Cons-
DA LEGALIDADE DA DESPESA - advindo do princípio geral da sub- tituição de 1988. Na primeira, não mais se autoriza a inclusão na lei
missão da Administração à lei, a despesa pública deve ter prévia orçamentária de normas sobre o destino a dar ao saldo do exercício
autorização legal. Entretanto, no período de 1822 a 1829, o Brasil como o fazia a Constituição de 1967.
somente teve orçamentos para a Corte e a Província do Rio de Ja- Na segunda, podem ser autorizadas quaisquer operações de
neiro, não sendo observado o PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE - o crédito, por antecipação de receita ou não.
orçamento deve conter todas as receitas e despesas da entidade, A mudança refletiu um aprimoramento da técnica orçamen-
de qualquer natureza, procedência ou destino, inclusive a dos fun- tária, com o advento principalmente da Lei 4.320, de 1964, que
dos, dos empréstimos e dos subsídios. regulou a utilização dos saldos financeiros apurados no exercício
O primeiro orçamento geral do Império somente seria apro- anterior pelo Tesouro ou entidades autárquicas e classificou como
vado oito anos após a Independência, pelo Decreto Legislativo de receita do orçamento o produto das operações de crédito.
15.12.1830, referente ao exercício 1831-32. A Constituição de 1934 restaurou, no plano constitucional, a
Este orçamento continha normas relativas à elaboração dos competência do Poder Executivo para elaboração da proposta, que
orçamentos futuros, aos balanços, à instituição de comissões parla- passou à responsabilidade direta do Presidente da República. Cabia
mentares para o exame de qualquer repartição pública e à obrigato- ao Legislativo a análise e votação do orçamento, que podia, inclusi-
riedade de os ministros de Estado apresentarem relatórios impres- ve, ser emendado.
sos sobre o estado dos negócios a cargo das respectivas pastas e a Além disso, a Constituição de 1934, como já mencionado an-
utilização das verbas sob sua responsabilidade. teriormente, estabelecia que a despesa deveria ser discriminada,
obedecendo, pelo menos a parte variável, a rigorosa especialização.
A reforma na Constituição imperial de 1824, emendada pela Lei
Trata-se do PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, ou especialidade,
de 12.08.1834, regulou o funcionamento das assembléias legislati-
ou ainda, da discriminação da despesa, que se confunde com a pró-
vas provinciais definindo-lhes a competência na fixação das receitas
pria questão da legalidade da despesa pública e é a razão de ser
e despesas municipais e provinciais, bem como regrando a reparti-
da lei orçamentária, prescrevendo que a autorização legislativa se
ção entre os municípios e a sua fiscalização.
refira a despesas específicas e não a dotações globais.
A Constituição republicana de 1891 introduziu profundas alte-
O princípio da especialidade abrange tanto o aspecto qualita-
rações no processo orçamentário. A elaboração do orçamento pas-
tivo dos créditos orçamentários quanto o quantitativo, vedando a
sou à competência privativa do Congresso Nacional.
concessão de créditos ilimitados.
Embora a Câmara dos Deputados tenha assumido a responsa- Tal princípio só veio a ser expresso na Constituição de 1934,
bilidade pela elaboração do orçamento, a iniciativa sempre partiu encerrando a explicitação da finalidade e da natureza da despesa
do gabinete do ministro da Fazenda que, mediante entendimentos e dando efetividade à indicação do limite preciso do gasto, ou seja,
reservados e extra-oficiais, orientava a comissão parlamentar de fi- a dotação.
nanças na confecção da lei orçamentária. Norma no sentido da limitação dos créditos orçamentários
A experiência orçamentária da República Velha revelou-se ina- permaneceu em todas as constituições subseqüentes à reforma de
dequada. Os parlamentos, em toda parte, são mais sensíveis à cria- 1926, com a exceção da Super lei de 1937.
ção de despesas do que ao controle do déficit. O princípio da especificação tem profunda significância para a
A reforma Constitucional de 1926 tratou de eliminar as distor- eficácia da lei orçamentária, determinando a fixação do montan-
ções observadas no orçamento da República. Buscou-se, para tanto, te dos gastos, proibindo a concessão de créditos ilimitados, que na
promover duas alterações significativas: a proibição da concessão Constituição de 1988, como nas demais anteriores, encontra-se ex-
de créditos ilimitados e a introdução do princípio constitucional da presso no texto constitucional, art. 167, VII (art. 62, § 1º, “b”, na de
exclusividade, ao inserir-se preceito prevendo: “Art. 34. § 1º As leis 1969 e art. 75 na de 1946).
de orçamento não podem conter disposições estranhas à previ- Pode ser também de caráter qualitativo, vedando a transposi-
são da receita e à despesa fixada para os serviços anteriormente ção, remanejamento ou a transferência de recursos de uma cate-
criados. Não se incluem nessa proibição: a) a autorização para goria de programação para outra ou de um órgão para outro, como
abertura de créditos suplementares e para operações de crédito hoje dispõe o art. 167, VI (art. 62, §1º, “a”, na de 1969 e art. 75 na
como antecipação da receita; b) a determinação do destino a dar de 1946).
ao saldo do exercício ou do modo de cobrir o deficit.” Ou, finalmente pode o princípio referir-se ao aspecto tempo-
O PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE, ou da pureza orçamentá- ral, limitando a vigência dos créditos especiais e extraordinários
ria, limita o conteúdo da lei orçamentária, impedindo que nela se ao exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato
pretendam incluir normas pertencentes a outros campos jurídicos, de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
como forma de se tirar proveito de um processo legislativo mais exercício, caso em que reabertos nos limites dos seus saldos, serão
rápido, as denominadas “caudas orçamentárias”, tackings dos in- incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente, ex
gleses, os riders dos norte-americanos, ou os Bepackungen dos vi do atual art. 167, § 2º (art. 62, § 4º, na de 1969 e sem previsão
alemães, ou ainda os cavaliers budgetaires dos franceses. Prática na de 1946).

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Exceção a este princípio basilar foi a Constituição de 1937, que A partir de 1967, a Constituição deixou de consignar expres-
previa a aprovação pelo Legislativo de verbas globais por órgãos e samente o mandamento de que o orçamento seria uno, inserto
entidades. A elaboração do orçamento continuava sendo de res- no texto constitucional desde 1934. Coincidentemente, foi nessa
ponsabilidade do Poder Executivo - agora a cargo de um departa- Constituição que, ao lado do orçamento anual, se introduziu o or-
mento administrativo a ser criado junto à Presidência da República çamento plurianual de investimentos. Desta maneira, introduziu-se
- e seu exame e aprovação seria da competência da Câmara dos um novo PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL-ORÇAMENTÁRIO, O DA
Deputados e do Conselho Fiscal. Durante o Estado Novo, entretan- PROGRAMAÇÃO - a programação constante da lei orçamentária
to, nem mesmo essa prerrogativa chegou a ser exercida, uma vez relativa aos projetos com duração superior ao exercício financeiro
que as casas legislativas não foram instaladas e os orçamentos do devem observar o planejamento de médio e longo prazo constante
período 1938-45 terminaram sendo elaborados e aprovados pelo de outras normas preordenadoras. Sem ferir o princípio da unida-
Presidente da República, com o assessoramento do recém criado de, por se tratar de instrumento de planejamento, complementar
Departamento Administrativo do Serviço Público-DASP. à autorização para a despesa contida na lei orçamentária anual, ou
O período do Estado Novo marca de forma indelével a ausência o princípio da universalidade, que diz respeito unicamente ao or-
do estado de direito, demonstrando cabalmente a importância da çamento anual, veio propiciar uma ligação entre o planejamento
existência de uma lei orçamentária, soberanamente aprovada pelo de médio e longo prazo com a orçamentação anual. O Orçamen-
Parlamento, para a manutenção da equipotência dos poderes cons- to Plurianual de Investimentos - OPI não chegou a ter eficácia, não
tituídos, esteio da democracia. encontrando abrigo na Constituição de 1988, que estabeleceu, ao
A Constituição de 1946 reafirmaria a competência do Poder invés, um plano plurianual (PPA).
Executivo quanto à elaboração da proposta orçamentária, mas de- Não obstante o fato das Constituições e normas a ela inferiores
volveria ao Poder Legislativo suas prerrogativas quanto à análise e alardearem os princípios da universalidade e unidade orçamentá-
aprovação do orçamento, inclusive emendas à proposta do gover- ria, na prática, até meados dos anos oitenta, parcela considerável
no. dos dispêndios da União não passavam pelo Orçamento Geral da
Manteria, também, intactos os princípios orçamentários até União - OGU. O orçamento discutido e aprovado pelo Congresso
então consagrados. Sob a égide da Constituição de 1946 foi apro- Nacional não incluía os encargos da dívida mobiliária federal, os
vada e sancionada a Lei nº 4.320, de 17.03.64, estatuindo “Normas gastos com subsídios e praticamente a totalidade das operações de
Gerais de Direito Financeiro para a elaboração e controle dos or- crédito de responsabilidade do Tesouro, como fundos e programas.
çamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Tais despesas eram realizadas autonomamente pelo Banco Central
Distrito Federal”. e Banco do Brasil por intermédio do denominado “Orçamento Mo-
Verdadeiro estatuto das finanças públicas, levando mais de dez netário-OM” E “Conta-movimento”, respectivamente. Ainda tinha-
anos sua tramitação legislativa, tal lei incorporou importantes avan- -se o Orçamento-SEST, que consistia no orçamento de investimento
ços em termos de técnica orçamentária, inclusive com a introdução das empresas públicas, de economia mista, suas subsidiárias e con-
da técnica do orçamento-programa a nível federal. A Lei 4.320/64, troladas direta ou indiretamente pela União.
art. 15, estabeleceu que a despesa fosse discriminada no mínimo Todos estes documentos eram aprovados exclusivamente pelo
por elementos. Presidente da República. Somente a partir de 1984, com a gradativa
A Constituição de 1967 registrou pela primeira vez em um tex- inclusão no OGU do OM, extinção da “conta-movimento” no Banco
to constitucional o PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO. do Brasil e de outras medidas administrativas, coroadas pela pro-
O axioma clássico de boa administração para as finanças públicas mulgação da carta constitucional de 1988, passou-se a dar efetivi-
perdeu seu caráter absoluto, tendo sido abandonado pela doutrina dade ao princípio da unidade e universalidade orçamentária.
o equilíbrio geral e formal, embora não se deixe de postular a busca A aplicação do PRINCÍPIO DA UNIDADE foi elastecido na Cons-
de um equilíbrio dinâmico. Inserem-se neste contexto as normas tituição de 1988, embora o art. 165 § 5º diga “A lei orçamentária
que limitam os gastos com pessoal, acolhidas nas Constituições de anual compreenderá”, porquanto deixou de fora do orçamento fis-
67 e de 88 (CF art. 169) e a vedação à realização de operações de cal as ações de saúde e assistência social, tipicamente financiadas
créditos que excedam o montante das despesas de capital (CF art. com os recursos ordinários do Tesouro, para compor com elas um
167, III). orçamento distinto, em relação promíscua com as prestações da
Hoje não mais se busca o equilíbrio orçamentário formal, mas Previdência Social.
sim o equilíbrio amplo das finanças públicas. Esta última sim, e somente esta, merecedora de tratamento
O grande princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal é o princí- em documento separado, observadas em seu âmbito a unidade e
pio do equilíbrio fiscal. Esse princípio é mais amplo e transcende o a universalidade, já que se trata de um sistema distinto de presta-
mero equilíbrio orçamentário. Equilíbrio fiscal significa que o Estado ções e contraprestações de caráter continuado, que deve manter
deverá pautar sua gestão pelo equilíbrio entre receitas e despesa. um equilíbrio econômico- financeiro auto-sustentado.
Dessa forma, toda vez que ações ou fatos venham a desviar a gestão Outra inovação da Constituição de 1988 foi o orçamento de
da equalização, medidas devem ser tomadas para que a trajetória investimentos das empresas estatais. Não há aqui, entretanto, que-
de equilíbrio seja retomada. bra da unidade orçamentária, uma vez que se trata, obviamente, de
Os PRINCÍPIOS DA UNIDADE E DA UNIVERSALIDADE tam- um segmento nitidamente distinto do orçamento fiscal, a não ser
bém sofreriam alterações na Constituição de 1967. Esses princípios no que se refere àquelas unidades empresariais dependentes de
são complementares: todas as receitas e todas as despesas de to- recursos do Tesouro para sua manutenção, caso em que devem ser
dos os Poderes, órgãos e entidades devem estar consignadas num incluídas integralmente no orçamento fiscal, como vem ocorrendo
único documento, numa única conta, de modo a evidenciar a com- por força de disposições contidas na últimas LDOs.
pleta situação fiscal para o período. A adoção do Orçamento de Investimento nas empresas nas
quais a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capi-
tal com direito a voto, nos termos do art. 165, § 5º, correspondeu a
um avanço na aplicação do princípio da universalidade dos gastos,
ainda que excluídos os dispêndios relativos à manutenção destas
entidades.

39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

O PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO DE RECEITAS determina O modelo orçamentário adotado a partir da Constituição Fe-
que essas não sejam previamente vinculadas a determinadas des- deral de 1988, com base no § 5º do artigo165 da CF 88 consiste em
pesas, a fim de que estejam livres para sua alocação racional, no elaborar orçamento único, desmembrado em: Orçamento Fiscal, da
momento oportuno, conforme as prioridades públicas. Seguridade Social e de Investimento da Empresas Estatais, para me-
A Constituição de 1967 o adotou, relativamente aos tributos, lhor visibilidade dos programas do governo em cada área. O artigo
ressalvados os impostos únicos e o disposto na própria Constituição 165 da Constituição Federal define em seu parágrafo 5º o que deve-
e em leis complementares. rá constar em cada desdobramento do orçamento:
A Carta de 1988, por sua vez, restringe a aplicação do princípio “§ 5º –A lei orçamentária anual compreenderá:
aos impostos, observadas as exceções indicadas na Constituição e I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fun-
somente nesta, não permitindo sua ampliação mediante lei com- dos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
plementar. fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
A emenda constitucional revisional nº 1, de 1994, ao criar o II – o orçamento de investimento das empresas em que a União,
Fundo Social de Emergência-FSE e desvincular, ainda que somente direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com
para os exercícios financeiros de 1994 e 1995, 20% dos impostos e direito a voto;
contribuições da União, demonstrou a necessidade de se permitir III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as
a flexibilidade na alocação dos recursos na elaboração e execução entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou in-
orçamentária. direta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
A Constituição de 1988 inovou em termos de constitucionali- Poder Público.”
zação de princípios regentes dos atos administrativos em geral e
aplicando-os à matéria orçamentária, elevando a nível constitucio- Princípio Orçamentário da Universalidade
nal os PRINCÍPIOS DA CLAREZA E DA PUBLICIDADE, a exemplo
do previsto no art. 165, § 6º - que determina que o projeto da lei Segundo os artigos 3º e 4º da Lei nº 4.320/1964, a Lei Orça-
orçamentária venha acompanhado de demonstrativo regionalizado mentária deverá conter todas as receitas e despesas. Isso possibilita
do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções, controle parlamentar sobre todos os ingressos e dispêndios admi-
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, nistrados pelo ente público.
tributária e creditícia - e no art. 165, §3º - que estipula a publicação “Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas,
bimestralmente de relatório resumido da execução orçamentária. inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo
Princípios Orçamentários as operações de crédito por antecipação da receita, as emissões de
Os princípios orçamentários básicos para a elaboração, execu- papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo
ção e controle do orçamento público, válidos para todos os pode- financeiros.
res e nos três níveis de governo, estão definidos na Constituição Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas
Federal de 1988 e na Lei nº 4.320/1964, que estatui normas gerais próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada,
de direito financeiro, aplicadas à elaboração e ao controle dos or- ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o dispos-
çamentos. to no artigo 2°.”
Tal princípio complementa-se pela “regra do orçamento bru-
Princípio Orçamentário da Unidade to”, definida no artigo 6º da Lei nº4.320/1964:
“Art. 6º.Todas as receitas e despesas constarão da lei de orça-
De acordo com este princípio previsto no artigo 2º da Lei nº mento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.”
4.320/1964, cada ente da federação (União, Estado ou Município)
deve possuir apenas um orçamento, estruturado de maneira uni- Princípio Orçamentário da Anualidade ou Periodicidade
forme. O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um deter-
Tal princípio é reforçado pelo princípio da “unidade de caixa”, minado período de tempo, geralmente um ano. No Brasil, o exercí-
previsto no artigo 56 da referida Lei, segundo o qual todas as recei- cio financeiro coincide com o ano civil, conforme dispõe o artigo 34
tas e despesas convergem para um fundo geral (conta única), a fim da Lei nº 4320/1964:
de se evitar as vinculações de certos fundos a fins específicos. “Art. 34.O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.”
O objetivo é apresentar todas as receitas e despesas numa só Observa-se, entretanto, que os créditos especiais e extraordi-
conta, a fim de confrontar os totais e apurar o resultado: equilíbrio, nários autorizados nos últimos quatro meses do exercício podem
déficit ou superávit. Atualmente, o processo de integração planeja- ser reabertos, se necessário, e, neste caso, serão incorporados ao
mento-orçamento tornou o orçamento necessariamente multi-do- orçamento do exercício subseqüente, conforme estabelecido no §
cumental, em virtude da aprovação, por leis diferentes, de vários 3º do artigo 167 da Carta Magna.
documentos (Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentá-
rias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA), uns de planejamento Princípio Orçamentário da Exclusividade
e outros de orçamento e programas. Em que pese tais documentos
serem distintos, inclusive com datas de encaminhamento diferen- Tal princípio tem por objetivo impedir a prática, muito comum
tes para aprovação pelo Poder Legislativo, devem, obrigatoriamen- no passado, da inclusão de dispositivos de natureza diversa de ma-
te ser compatibilizados entre si, conforme definido na própria Cons- téria orçamentária, ou seja, previsão da receita e fixação da despe-
tituição Federal. sa. Previsto no artigo 165, § 8º da Constituição Federal, estabelece
que a Lei Orçamentária Anual não conterá dispositivo estranho à
previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proi-
bição a autorização para abertura de créditos suplementares e a
contratação de operações de crédito, inclusive por antecipação de
receita orçamentária (ARO), nos termos da lei. As leis de créditos
adicionais também devem observar esse princípio.

40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Princípio Orçamentário do Equilíbrio Princípio Orçamentário da Legalidade

Esse princípio estabelece que o montante da despesa autori- Tem o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplica-
zada em cada exercício financeiro não poderá ser superior ao total do à administração pública, segundo o qual cabe ao Poder Público
de receitas estimadas para o mesmo período. Havendo reestimativa fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressamente
de receitas com base no excesso de arrecadação e na observação autorizar, ou seja, se subordina aos ditames da lei.
da tendência do exercício, pode ocorrer solicitação de crédito adi- A Constituição Federal de 1988, no artigo 37 estabelece os
cional. Nesse caso, para fins de atualização da previsão, devem ser princípios da administração pública, dentre os quais o da legalidade
considerados apenas os valores utilizados para a abertura de crédi- e, no seu art. 165 estabelece a necessidade de formalização legal
to adicional. das leis orçamentárias:
Conforme o caput do artigo 3º da Lei nº 4.320/1964, a Lei de “ Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de opera- I – o plano plurianual;
ções de crédito autorizadas em lei. II – as diretrizes orçamentárias;
Assim, o equilíbrio orçamentário pode ser obtido por meio de III – os orçamentos anuais.”
operações de crédito. Entretanto, conforme estabelece o artigo
167, III, da Constituição Federal é vedada a realização de operações Princípio Orçamentário da Publicidade
de crédito que excedam o montante das despesas de capital, dispo- O princípio da publicidade está previsto no artigo 37 da Consti-
sitivo conhecido como “regra de ouro”. De acordo com esta regra, tuição Federal e também se aplica às peças orçamentárias. Justifica-
cada unidade governamental deve manter o seu endividamento -se especialmente no fato de o orçamento ser fixado em lei, e esta,
vinculado à realização de investimentos e não à manutenção da para criar, modificar, extinguir ou condicionar direitos e deveres,
máquina administrativa e demais serviços. obrigando a todos, há que ser publicada.Portanto, o conteúdo or-
A Lei de Responsabilidade Fiscal também estabelece regras li- çamentário deve ser divulgado nos veículos oficiais para que tenha
mitando o endividamento dos entes federados, nos artigos 34 a 37: validade.
“ Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da
dívida pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Princípio Orçamentário da Especificação ou Especialização
Complementar.
Segundo este princípio, as receitas e despesas orçamentárias
Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre
devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em parcelas discrimi-
um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo,
nadas e não pelo seu valor global, facilitando o acompanhamento
autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, in-
e o controle do gasto público. Esse princípio está previsto no artigo
clusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob
a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida 5º da Lei nº 4.320/1964:
contraída anteriormente.
§ 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as opera- “Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais
ções entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, ma-
inclusive suas entidades da administração indireta, que não se des- terial, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras [...]”
tinem a: O princípio da especificação confere maior transparência ao
I – financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; processo orçamentário, possibilitando a fiscalização parlamentar,
II – refinanciar dívidas não contraídas junto à própria institui- dos órgãos de controle e da sociedade, inibindo o excesso de flexi-
ção concedente. bilidade na alocação dos recursos pelo poder executivo. Além disso,
§ 2º O disposto no caput não impede Estados e Municípios de facilita o processo de padronização e elaboração dos orçamentos,
comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo- bem como o processo de consolidação de contas.
nibilidades.
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição Princípio Orçamentário da Não-Afetação da Receita
financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na quali- Tal princípio encontra-se consagrado, como regra geral, no in-
dade de beneficiário do empréstimo. ciso IV, do artigo 167, da Constituição Federal de 1988, quando veda
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa:
financeira controlada de adquirir, no mercado,títulos da dívida “Art. 167. São vedados: [...]
pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios. despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos
Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados: impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recur-
I – captação de recursos a título de antecipação de receita de sos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorri- desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da ad-
do, sem prejuízo do disposto no § 7 o do art. 150 da Constituição; ministração tributária, como determinado, respectivamente, pelos
II – recebimento antecipado de valores de empresa em que o arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às opera-
Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do ca-
ções de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §
pital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma
8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela
da legislação;
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); [...]
III – assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou
§ 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pe-
operação assemelhada, com fornecedor de bens,mercadorias ou
serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, los impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de
não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes; que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação
IV – assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, de garantia ou contra garantia à União e para pagamento de dé-
com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e servi- bitos para com esta. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de
ços.” 1993).”

41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

As ressalvas são estabelecidas pela própria Constituição e es- ● Constituição Federal da República, de 1988, nos seus artigos
tão relacionadas à repartição do produto da arrecadação dos im- 163 a 169 (Capítulo II – Das Finanças Públicas);
postos (Fundos de Participação dos Estados – FPE e dos Municípios ● Lei Federal nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito
– FPM e Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços
e Centro-Oeste), à destinação de recursos para as áreas de saúde e da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal;
educação, além do oferecimento de garantias às operações de cré- ● Lei Complementar nº 101/2000– Lei de Responsabilidade Fis-
dito por antecipação de receitas. cal – LRF–Estabelece Normas de Finanças Públicas voltadas para a
Trata-se de medida de bom-senso, uma vez que possibilita ao responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências;
administrador público dispor dos recursos de forma mais flexível ●Portaria nº 42/99 do Ministério do Planejamento, Orçamento
para o atendimento de despesas em programas prioritários. e Gestão –Atualiza a discriminação da despesa por funções de que
No âmbito federal, a Constituição reforça a não-vinculação das trata a Lei 4.320/64,estabelece os conceitos de função, subfunção,
receitas por meio do artigo 76 do Ato das Disposições Constitucio- programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras pro-
nais Transitórias – ADCT, ao criar a “Desvinculação das Receitas da vidências;
União – DRU”, abaixo transcrito: ● Portaria Interministerial nº163/2001 da Secretaria do Tesou-
“Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31 ro Nacional– STN e Secretaria de Orçamento Federal – SOF, consoli-
de dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da arrecadação da dada com as Portarias 212/2001, 325/2001 e 519/2001.
União de impostos, contribuições sociais e de intervenção no do-
mínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais. O Estado Nacional, por meio de seus órgãos administrativos, é
§ 1º O disposto no caput deste artigo não reduzirá a base de o ente responsável pela gestão da máquina pública, e, mais recen-
cálculo das transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios temente, pela consecução do bem-estar social da população, sobre-
na forma dos arts. 153, § 5º; 157, I; 158, I e II; e 159, I, a e b; e II, da tudo no que diz respeito à execução da política de atendimento de
Constituição, bem como a base de cálculo das destinações a que se suas necessidades básicas.
refere o art. 159, I, c, da Constituição. Nesse sentido, o legislador constitucional originário houve por
§ 2º Excetua-se da desvinculação de que trata o caput deste bem traçar objetivos a serem alcançados pelo Estado brasileiro, es-
artigo a arrecadação da contribuição social do salário-educação a tabelecendo-os no art. 3º da Carta Magna, a saber:
que se refere o art. 212, § 5 o, da Constituição.”
«Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Fe-
Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), derativa do Brasil:
Lei Orçamentária Anual (LOA), outros planos e programas. I - construir uma sociedade livra, justa e solidária;
O Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento legal II - garantir o desenvolvimento nacional;
(aprovado por lei) contendo a previsão de receitas e a estimativa de III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
despesas a serem realizadas por um Governo em um determinado gualdades sociais e regionais;
exercício, geralmente compreendido por um ano. No entanto, para IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
que o orçamento seja elaborado corretamente, ele precisa se ba- raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
sear em estudos e documentos cuidadosamente tratados que irão
Muito mais do que um rol casuístico, o citado dispositivo legal
compor todo o processo de elaboração orçamentária do governo.
é, na verdade, uma norma constitucional dirigente, pois presta-se
No Brasil (Orçamento Geral da União) inicia-se com um texto
a estabelecer um plano para a evolução política do Estado, ocupan-
elaborado pelo Poder Executivo e entregue ao Poder Legislativo
do-se, assim, não com uma situação presente, mas com um ideal
para discussão, aprovação e conversão em lei. O documento con-
futuro, visto que condiciona a atividade estatal à sua concreta re-
tém a estimativa de arrecadação das receitas federais para o ano
alização.
seguinte e a autorização para a realização de despesas do Governo.
Tais objetivos constituem, por assim dizer, as razões fundamen-
Porém, está atrelado a um forte sistema de planejamento público
tais para a existência do planejamento e do orçamento no âmbito
das ações a realizar no exercício. do setor público, pois estes mecanismos são as principais ferramen-
O Orçamento Geral da União é constituído de três peças em tas para a consecução de políticas condizentes com as exigências de
sua composição: o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade uma sociedade democrática e participativa, cujos membros devem
Social e o Orçamento de Investimento das Empresas Estatais Fede- ser partes integrantes do processo de gestão dos recursos públicos.
rais. A origem da palavra orçamento é de origem italiana: “orzare”,
Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elabo- que significa “fazer cálculos”.
ração e controle dos Orçamentos Públicos, que estão definidos no Lembra o professor CELSO RIBEIRO BASTOS que a finalidade
caso brasileiro na Constituição, na Lei 4.320/64, no Plano Plurianu- última do orçamento “é de se tornar um instrumento de exercício
al, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na recente Lei de Respon- da democracia pelo qual os particulares exercem o direito, por in-
sabilidade Fiscal. termédio de seus mandatários, de só verem efetivadas as despesas
É no Orçamento que o cidadão identifica a destinação dos re- e permitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas
cursos que o governo recolhe sob a forma de impostos. Nenhuma na lei orçamentária”
despesa pública pode ser realizada sem estar fixada no Orçamento. O citado jurista conclui afirmando que “o orçamento é, por-
O Orçamento Geral da União (OGU) é o coração da administração tanto, uma peça jurídica, visto que aprovado pelo legislativo para
pública federal. vigorar como lei cujo objeto disponha sobre a atividade financeira
do Estado, quer do ponto de vista das receitas, quer das despesas. O
DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS seu objeto, portanto, é financeiro”
Definindo como jurídica a natureza do orçamento, tem-se que
No Brasil, as principais normas jurídicas relativas ao Orçamento o mesmo encontra fundamento constitucional nos arts. 165 a 169.
Público encontram-se contidas nos seguintes dispositivos legais: Vamos conferir:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

PLANEJAMENTO PÚBLICO ORÇAMENTO ANUAL:


O plano plurianual (PPA) estabelece os projetos e os programas
de longa duração do governo, definindo objetivos e metas da ação Na lei orçamentária anual (LOA) estão estimadas as receitas
pública para um período de quatro anos. que serão arrecadadas durante o ano e definidas as despesas que
A LDO tem a finalidade precípua de orientar a elaboração dos o governo espera realizar com esses recursos, conforme aprovado
orçamentos fiscal e da seguridade social e de investimento das em- pelo Legislativo. A LOA contém três orçamentos, previstos na Cons-
presas estatais. Busca sintonizar a Lei Orçamentária Anual - LOA tituição Federal: o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade
com as diretrizes, objetivos e metas da administração pública, es- social (previdência, assistência e saúde) e o orçamento de investi-
tabelecidas no PPA. De acordo com o parágrafo 2º do art. 165 da mentos das empresas estatais.
CF, a LDO: 01) PROJETO DE LEI: O projeto de lei orçamentária é elaborado
- compreenderá as metas e prioridades da administração pú- pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF) e encaminhado ao Con-
blica, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro gresso Nacional pelo Presidente da República. O Executivo possui
subsequente; exclusividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo
- orientará a elaboração da LOA; texto da lei, quadros orçamentários consolidados e anexos dos Or-
- disporá sobre as alterações na legislação tributária; e çamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento das Empre-
- estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras sas Estatais, o projeto de lei deve ser encaminhado para apreciação
oficiais de fomento. do Congresso Nacional até 31 de agosto de cada ano.
O orçamento anual visa concretizar os objetivos e metas pro- Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto é publicado e
postas no PPA, segundo as diretrizes estabelecidas pela LDO. encaminhado à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização – CMO. A Resolução nº. 01, de 2006 – CN regula a tra-
A proposta da LOA compreende os três tipos distintos de orça- mitação legislativa do orçamento.
mentos da União, a saber:
Para conhecer o conteúdo do projeto e promover o debate ini-
cial sobre a matéria, a CMO realiza audiências públicas com Minis-
a) Orçamento Fiscal: compreende os poderes da União, os Fun-
tros ou representantes dos órgãos de Planejamento, Orçamento e
dos, Órgãos, Autarquias, inclusive as especiais e Fundações instituí-
Fazenda do Executivo e com representantes das diversas áreas que
das e mantidas pela União; abrange, também, as empresas públicas
e sociedades de economia mista em que a União, direta ou indireta- compõem o orçamento. Nessa oportunidade os parlamentares co-
mente, detenha a maioria do capital social com direito a voto e que meçam a avaliar a proposta apresentada e têm a possibilidade de
recebam desta quaisquer recursos que não sejam provenientes de ouvir tanto as autoridades governamentais como a sociedade.
participação acionária, pagamentos de serviços prestados, transfe-
rências para aplicação em programas de financiamento atendendo 02) RELATÓRIO DA RECEITA: Cabe ao relator da receita, com o
ao disposto na alínea “c” do inciso I do art. 159 da CF e refinancia- auxílio do Comitê de Avaliação da Receita, avaliar, inicialmente, a
mento da dívida externa; receita prevista pelo Executivo no projeto de lei orçamentária. O
objetivo é verificar se o montante estimado da receita está de acor-
b) Orçamento de Seguridade Social: compreende todos os do com os parâmetros econômicos previstos para o ano seguinte.
órgãos e entidades a quem compete executar ações nas áreas de Caso encontre algum erro ou omissão, é facultado ao Legislativo
saúde, previdência e assistência social, quer sejam da Administra- reavaliar a receita e propor nova estimativa.
ção Direta ou Indireta, bem como os fundos e fundações instituí- O relator da receita apresenta suas conclusões no Relatório da
das e mantidas pelo Poder Público; compreende, ainda, os demais Receita. Esse documento deve conter, entre outros assuntos, o exa-
subprojetos ou subatividades, não integrantes do Programa de Tra- me da conjuntura macroeconômica e do impacto do endividamen-
balho dos Órgãos e Entidades mencionados, mas que se relacionem to sobre as finanças públicas, a análise da evolução da arrecadação
com as referidas ações, tendo em vista o disposto no art. 194 da das receitas nos últimos exercícios e da sua estimativa no projeto, o
CF; e demonstrativo das receitas reestimadas e os pareceres às emendas
apresentadas.
c) Orçamento de Investimento das Empresas Estatais: previsto O Relatório da Receita deve ser aprovado pela CMO. O relator
no inciso II, parágrafo 5º do art. 165 da CF, abrange as empresas pú- da receita pode propor atualização do Relatório da Receita aprova-
blicas e sociedades de economia mista em que a União, direta ou in- do pela CMO, no caso de alterações nos parâmetros utilizados para
diretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. a projeção ou na legislação tributária ocorridas durante a tramita-
ção do projeto no Congresso. O prazo máximo para propor altera-
O processo orçamentário compreende as fases de elaboração e ções é de até dez dias após a votação do último relatório setorial.
execução das leis orçamentárias – PPA, LDO e LOA. Cada uma des-
sas leis tem ritos próprios de elaboração, aprovação e implementa-
03) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser
ção pelos Poderes Legislativo e Executivo.
o relator-geral do projeto de lei orçamentária deve elaborar Relató-
Vamos verificar como ocorre o processo orçamentário em cada
rio Preliminar sobre a matéria, o qual, aprovado pela CMO, passa a
uma de suas fases.
denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer estabelece os parâ-
metros e critérios a serem obedecidos na apresentação de emen-
das e na elaboração do relatório pelo relator-geral e pelos relatores
setoriais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

O Relatório Preliminar é composto de duas partes. A primeira Os critérios utilizados para a distribuição dos recursos e as medidas
parte – geral – apresenta análise das metas fiscais, exame da com- adotadas quanto às obras e serviços com indícios de irregularidades
patibilidade com o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentá- graves apontadas pelo TCU também devem constar do relatório. Os
rias e a lei de responsabilidade fiscal, avaliação das despesas por relatórios setoriais são discutidos e votados individualmente na
área temática, incluindo a execução recente, entre outros temas. CMO.
A segunda parte – especial – contém as regras para a atuação dos
relatores setoriais e geral e as orientações específicas referentes à 06) CICLO GERAL: Após a aprovação dos relatórios setoriais, é
apresentação e apreciação de emendas, inclusive as de relator. De- tarefa do Relator Geral compilar as decisões setoriais em um único
fine, também, a composição da Reserva de Recursos a ser utilizada documento, chamado Relatório Geral, que será submetido à CMO.
para o atendimento das emendas apresentadas. O papel do relator geral é verificar a constitucionalidade e legali-
Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por dade das alocações de recursos e zelar pelo equilíbrio regional da
parlamentares e pelas Comissões Permanentes das duas Casas do distribuição realizada.
Congresso Nacional. No relatório geral, assim como nos setoriais, são analisados a
04) EMENDAS: As emendas à despesa são classificadas como compatibilidade do projeto com o PPA, a LDO e a Lei de Responsa-
de remanejamento, de apropriação ou de cancelamento. bilidade Fiscal, a execução orçamentária recente e os efeitos dos
Emenda de remanejamento é a que propõe acréscimo ou in- créditos adicionais dos últimos quatro meses. Os critérios utiliza-
dos pelo relator na distribuição dos recursos e as medidas adotadas
clusão de dotações e, simultaneamente, como fonte exclusiva de
quanto às obras e serviços com indícios de irregularidades graves
recursos, a anulação equivalente de dotações constantes do proje-
apontadas pelo TCU também devem constar do relatório.
to, exceto as da Reserva de Contingência. Com isso, somente pode-
Integram, ainda, o Relatório Geral os relatórios dos Comitês
rá ser aprovada com a anulação das dotações indicadas na própria
Permanentes e daqueles constituídos para assessorar o relator
emenda, observada a compatibilidade das fontes de recursos.
geral. As emendas ao texto e as de cancelamento são analisadas
Emenda de apropriação é a que propõe acréscimo ou inclusão
exclusivamente pelo relator geral, que sobre elas emite parecer. A
de dotações e, simultaneamente, como fonte de recursos, a anula-
apreciação do Relatório Geral, na CMO, somente terá início após a
ção equivalente de valores da Reserva de Recursos ou outras dota-
aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto de plano plurianual
ções definidas no Parecer Preliminar. ou de projeto de lei que o revise.
Emenda de Cancelamento é a que propõe, exclusivamente, a O Relatório Geral é lido, discutido e votado no plenário da
redução de dotações constantes do projeto. CMO. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em
A emenda ao projeto que propõe acréscimo ou inclusão de do- separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres
tações somente será aprovada se: propostos pelo Relator. O relatório aprovado em definitivo pela Co-
I) estiver compatível com o plano plurianual e com a lei de di- missão constitui o parecer da CMO, o qual será encaminhado à Se-
retrizes orçamentárias; cretaria-Geral da Mesa do Congresso Nacional, para ser submetido
II) indicar os recursos necessários; à deliberação das duas Casas, em sessão conjunta.
III) não for constituída de várias ações que devam ser objeto de 07) AUTÓGRAFOS E LEIS: O parecer da CMO é submetido à
emendas distintas; e discussão e votação no Plenário do Congresso Nacional. Os Con-
IV) não contrariar as normas regimentais sobre a matéria. Não gressistas podem solicitar destaque para a votação em separado
serão aprovadas emendas em valor superior ao solicitado, ressalva- de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres aprovados
dos os casos de remanejamento entre emendas individuais, respei- na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um décimo dos
tado o limite global. congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Nacional até o
As bancadas estaduais no Congresso Nacional e as comissões dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria no Plenário
permanentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados po- do Congresso Nacional.
dem apresentar emendas ao projeto nas matérias diretamente liga- Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re-
das às suas áreas de atuação. dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do
Cada parlamentar pode apresentar até 25 emendas individu- substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina-
ais, no valor total definido pelo Parecer Preliminar. Os relatores so- do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da
mente podem apresentar emendas para corrigir erros e omissões Presidência da República para sanção.
de ordem técnica e legal, recompor, total ou parcialmente, dota- O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou
ções canceladas e atender às especificações do Parecer Preliminar. parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do
recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os
05) CICLO SETORIAL: O projeto de lei orçamentária anual é di- motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial da
vido em 10 áreas temáticas, com o objetivo de dar atenção às par- União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Nacional.
ticularidades dos diversos temas que permeiam a proposta, como
educação, saúde, transporte, agricultura, entre outros. Para cada DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
área temática é designado um relator setorial, que deve avaliar o A lei de diretrizes orçamentárias - LDO define as metas e prio-
projeto encaminhado, analisar as emendas apresentadas e elaborar ridades do governo para o ano seguinte, orienta a elaboração da lei
relatório setorial com as suas conclusões e pareceres. orçamentária anual, dispõe sobre alterações na legislação tributária
Os Relatores Setoriais devem debater o projeto nas Comissões e estabelece a política das agências de desenvolvimento (Banco do
Permanentes, antes de apresentar o relatório, podendo ser convi- Nordeste, Banco do Brasil, BNDES, Banco da Amazônia, etc.).
dados, na oportunidade, representantes da sociedade civil. Também fixa limites para os orçamentos dos Poderes Legislati-
Na elaboração dos relatórios setoriais, serão observados, es- vo e Judiciário e do Ministério Público e dispõe sobre os gastos com
tritamente, os limites e critérios fixados no Parecer Preliminar. O pessoal. A Lei de Responsabilidade Fiscal remeteu à LDO diversos
Relator deve verificar a compatibilidade do projeto com o PPA, a outros temas, como política fiscal, contingenciamento dos gastos,
LDO e a Lei de Responsabilidade Fiscal, a execução orçamentária re- transferências de recursos para entidades públicas e privadas e po-
cente e os efeitos dos créditos adicionais dos últimos quatro meses. lítica monetária

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

01) PROJETO DE LEI: O projeto de LDO (PLDO) é elaborado pela A Constituição Federal não estabelece prazo final para a apro-
Secretaria de Orçamento Federal e encaminhado ao Congresso Na- vação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. No entanto,
cional pelo Presidente da República, que possui exclusividade na determina que o Congresso Nacional não tenha direito a recesso a
iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo texto da lei e di- partir de 17 de julho enquanto o PLDO não for aprovado. O relatório
versos anexos, o projeto de lei deve ser encaminhado ao Congresso aprovado em definitivo pela Comissão constitui o parecer da CMO,
Nacional até 15 de abril de cada ano. o qual será encaminhado à Secretaria-Geral da Mesa do Congresso
Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a tramita- Nacional, para ser submetido à deliberação das duas Casas, em ses-
ção legislativa, observadas as normas constantes da Resolução nº. são conjunta.
01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publicado e encaminhado à Co-
missão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO. 05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer da CMO é
submetido à discussão e votação no Plenário do Congresso Nacio-
02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser nal. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em
o relator do projeto de diretrizes orçamentárias (PLDO) deve, pri- separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres
meiramente, elaborar Relatório Preliminar sobre o projeto, o qual, aprovados na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um
aprovado pela CMO, passa a denominar-se Parecer Preliminar. Esse décimo dos congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Na-
parecer estabelece regras e parâmetros a serem observados quan- cional até o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria
do da análise e apreciação do projeto, tais como: no Plenário do Congresso Nacional.
I) condições para o cancelamento de metas constantes do pro- Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re-
jeto; dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do
II) critérios para o acolhimento de emendas; e substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina-
III) disposições sobre apresentação e apreciação de emendas do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da
individuais e coletivas. Presidência da República para sanção.
Além disso, o parecer preliminar avalia os cenários econômico- O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou
-fiscal e social, bem como os parâmetros macroeconômicos utiliza- parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do
dos na elaboração do projeto e as informações constantes de seus recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os
anexos, com o objetivo de promover análises prévias ao conteúdo motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial da
apresentado. Como complemento à análise inicial, a CMO realiza União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Nacional.
audiência pública com o Ministro do Planejamento, Orçamento e
Gestão, antes da apresentação do Relatório Preliminar. PLANO PLURIANUAL
Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por O plano plurianual – PPA é instrumento de planejamento de
parlamentares e pelas Comissões Permanentes da Câmara e do Se- médio prazo, que estabelece as diretrizes, objetivos e metas do
nado. governo para os projetos e programas de longa duração, para um
03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, abre-se período de quatro anos. Nenhuma obra de grande vulto ou cuja
prazo para a apresentação de emendas ao projeto de lei de diretri- execução ultrapasse um exercício financeiro pode ser iniciada sem
zes orçamentárias, com vistas a inserir, suprimir, substituir ou modi- prévia inclusão no plano plurianual.
ficar dispositivos constantes do projeto.
Cada parlamentar, Comissão Permanente do Senado Federal e 01) PROJETO DE LEI: O projeto de PPA (PPPA) é elaborado pela
da Câmara dos Deputados e Bancada Estadual do Congresso Nacio- Secretaria de Investimentos e Planejamento Estratégico (SPI) do Mi-
nal pode apresentar até cinco emendas ao anexo de metas e priori- nistério do Planejamento, Orçamento e Gestão e encaminhado ao
dades. Não se incluem nesse limite as emendas ao texto do projeto Congresso Nacional pelo Presidente da República, que possui exclu-
de lei. Para essa finalidade, as emendas são ilimitadas. sividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo texto
As emendas são apresentadas perante a CMO, que sobre elas da lei e diversos anexos, o projeto de lei deve ser encaminhado ao
emite parecer conclusivo e final, que somente poderá ser modifi- Congresso Nacional até 31 de agosto do primeiro ano de mandato
cado mediante a aprovação de destaque no Plenário do Congresso presidencial, devendo vigorar por quatro anos.
Nacional. Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a tramita-
04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de diretrizes ção legislativa, observadas as normas constantes da Resolução nº.
orçamentárias e as emendas apresentadas, tendo como orientação 01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publicado e encaminhado à Co-
as regras estabelecidas no Parecer Preliminar, e formalizar, em re- missão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO.
latório, as razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas. Deve
também justificar quaisquer outras alterações que tenham sido 02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser o
introduzidas no texto do projeto de lei. O produto final desse tra- relator do projeto de plano plurianual (PPPA) deve, primeiramente,
balho, contendo as alterações propostas ao texto do PLDO, decor- elaborar Relatório Preliminar sobre o projeto, o qual, aprovado pela
rentes das emendas acolhidas pelo relator e das por ele apresenta- CMO, passa a denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer esta-
das, constitui a proposta de substitutivo. O relatório e a proposta belece regras e parâmetros a serem observados quando da análise
de substitutivo são discutidos e votados no Plenário da CMO, sendo e apreciação do projeto, tais como:
necessário para aprová-los a manifestação favorável da maioria dos I) condições para o remanejamento e cancelamento de valores
membros de cada uma das Casas, que integram a CMO. financeiros constantes do projeto;
II) critérios para alocação de eventuais recursos adicionais de-
correntes da reestimativa das receitas; e
III) orientações sobre apresentação e apreciação de emendas.
Em complemento à análise inicial, a CMO pode realizar audiên-
cias públicas regionais para debater o projeto.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por O controle da execução orçamentária compreenderá:
parlamentares, Comissões Permanentes da Câmara e do Senado e I - a legalidade dos atos que resultem a arrecadação da receita
Bancadas Estaduais. ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos
e obrigações;
03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, abre-se II- a fidelidade funcional dos agentes da administração respon-
prazo para a apresentação de emendas ao projeto de plano pluria- sáveis por bens e valores públicos;
nual, com vistas a inserir, suprimir, substituir ou modificar dispositi- III- o cumprimento do programa de trabalho, expresso em ter-
vos constantes do projeto. mos monetários e em termos de realização de obras e prestação
Ao projeto podem ser apresentadas até dez emendas por par- de serviços.
lamentar, até cinco emendas por Comissão Permanente da Câmara
e do Senado e até cinco emendas por Bancada Estadual. AVALIAÇÃO ORÇAMENTÁRIA
As emendas são apresentadas perante a CMO, que sobre elas A avaliação orçamentária é a parte do controle orçamentário
emite parecer conclusivo e final, o qual somente poderá ser modifi- que analisa a eficácia e eficiência dos cursos de ação cumpridos e
cado mediante a aprovação de destaque no Plenário do Congresso proporciona elementos de juízo aos responsáveis da gestão admi-
Nacional. nistrativa para adotar as medidas tendentes à consecução de seus
objetivos e à otimização do uso dos recursos colocados à sua dispo-
04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de plano plu- sição, o que contribui para realimentar o processo de administração
rianual e as emendas apresentadas, tendo como orientação as re- orçamentária. Esta definição traz dois critérios de análise eficiência
gras estabelecidas no Parecer Preliminar, e formalizar, em relatório, e eficácia que são conceituados a seguir:
as razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas. Deve também O teste da eficiência na avaliação das ações governamentais
justificar quaisquer outras alterações que tenham sido introduzidas busca considerar os resultados em face dos recursos disponíveis.
no texto do projeto de lei. O produto final desse trabalho, contendo Busca-se representar as realizações em índices e indicadores, para
as alterações propostas ao texto do PPPA, decorrentes das emendas possibilitar comparação com parâmetros técnicos de desempenho
acolhidas pelo relator e das por ele apresentadas, constitui a pro- e com padrões já alcançados anteriormente.
posta de substitutivo. Tais medidas demonstram a maior ou menor capacidade de
O relatório e a proposta de substitutivo são discutidos e vota- consumir recursos escassos, disponíveis para a realização de uma
dos no Plenário da CMO, sendo necessário para aprová-los a mani- tarefa determinada. Ou, em outras palavras, indicam a justeza e
festação favorável da maioria dos membros de cada uma das Casas, propriedade com que a forma de elaboração de determinado pro-
que integram a CMO. duto final foi selecionada, de modo a que se minimize o seu custo
O relatório aprovado em definitivo pela Comissão constitui o respectivo.
parecer da CMO, o qual será encaminhado à Secretaria-Geral da A avaliação da eficácia procura considerar o grau em que os
Mesa do Congresso Nacional, para ser submetido à deliberação das objetivos e as finalidades do progresso alcançado dentro da progra-
duas Casas, em sessão conjunta. mação de realizações governamentais. Tanto a análise da eficácia
como da eficiência são possibilidades pelas formas modernas de
05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer da CMO é estruturação dos orçamentos. A classificação por programas, pro-
submetido à discussão e votação no Plenário do Congresso Nacio- jetos e atividades e a explicitação das metas físicas orçamentárias
nal. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em viabilizam os testes de eficácia, enquanto a incorporação de custos,
separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres estimativos (no orçamento) e efetivos ( na execução), auxilia as ava-
aprovados na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um liações da eficiência.
décimo dos congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Na-
cional até o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO
no Plenário do Congresso Nacional.
Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re- A LDO, devidamente compatibilizada com o PPA, deverá con-
dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do ter:
substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina-
do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da ● As metas e prioridades da Administração Pública, incluindo
Presidência da República para sanção. as despesas de capital, para o exercício seguinte;
● Orientações para a elaboração da Lei Orçamentária Anual;
O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou ● Disposições sobre alterações na Legislação Tributária;
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do ● A política de aplicação das agências financeiras oficiais de
recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os fomento;
motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial da ● Autorização específica para a concessão de qualquer vanta-
União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Nacional. gem ou aumento de remuneração, criação de cargos ou alteração de
A Lei 4320/64 estabelece dois sistemas de controle da execu- estrutura de carreiras,bem como admissão de pessoal, a qualquer
ção orçamentária: interno e externo. A Constituição Federal de 1988 título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta,
manteve essa concepção e deu-lhe um sentido ainda mais amplo. inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, res-
Enquanto a Constituição anterior enfatizava a fiscalização fi- salvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista;
nanceira e orçamentária, a atual ampliou o conceito, passando a
abranger, também, as áreas operacional e patrimonial, além de co- Os limites para elaboração da proposta orçamentária dos po-
brir de forma explicita, o controle da aplicação de subvenções e a deres judiciário e legislativo
própria política de isenções, estímulos e incentivos fiscais. Ficou de-
monstrado, igualmente de forma clara, a abrangência do controle Na União, o prazo para envio do projeto de Lei da LDO pelo
constitucional sobre as entidades de administração indireta, ques- Executivo ao Legislativo é até o dia 15 de abril do exercício anterior
tão controversa na sistemática anterior. ao da Lei Orçamentária Anual.

46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A sessão legislativa ordinária não será interrompida até que o 2. Discussão e Aprovação da Lei Orçamentária
projeto de Lei da LDO seja aprovado. Ao chegar no Poder Legislativo, o projeto da LOA será aprecia-
Vale lembrar que, conforme a Emenda Constitucional nº 50, do pelos congressistas, que poderão propor emendas ao texto ini-
de14/02/2006, a sessão legislativa vai do período de 02 de fevereiro cial, dando origem a um texto substitutivo.
a 17 de julho, e de 1º. de agosto a 22 de dezembro. O projeto da LOA cumprirá um rito semelhante ao das demais
leis que tramitam pelo Congresso Nacional, sendo exigido apenas
A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL – LOA maioria simples para sua aprovação.
Após a devida aprovação da LOA, com ou sem emendas, o Po-
A composição da Lei Orçamentária Anual está prevista na der Legislativo devolve para o Poder Executivo, para sanção ou veto.
CF/88, art. 165, § 5°: Sendo sancionada pelo Presidente da República, a LOA agora
●Orçamento fiscal, incluindo todas as receitas e despesas, re- será promulgada, e com sua publicação no Diário Oficial da União,
ferentes aos Poderes do Estado, seus fundos, órgãos da administra- estará produzindo os seus devidos efeitos legais.
ção direta, autarquias, fundações instituídas e mantidas pelo Poder 3. Execução Orçamentária
Público; Esta fase transcorre durante todo o exercício financeiro, pois
●Orçamento de investimento das empresas em que o Estado, consiste na efetiva arrecadação, por parte do Governo, das diversas
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital com direito receitas previstas, bem como a realização das despesas programa-
a voto; das para o período.
●Orçamento da seguridade social, abrangendo todos os órgãos
e entidades da administração direta ou autárquica, bem como os 4. Controle e Avaliação
fundos e fundações instituídas pelo Poder Público, vinculados à O controle se inicia junto com a execução do orçamento, uma
saúde, previdência e assistência social. vez que o próprio Governo, através dos seus órgãos de controle in-
terno ou de controle externo, iniciam a fiscalização sobre os gesto-
Constitui matéria exclusiva da lei orçamentária a previsão da res públicos, com relação à legalidade dos procedimentos executa-
receita e a fixação da despesa, podendo conter, ainda segundo a dos.
norma constitucional: No tocante à avaliação, trata-se de preocupação específica com
●Autorização para abertura de créditos suplementares; os resultados efetivos dos programas realizados durante o ano, em
● Autorização para contratação de operações de crédito, inclu- termos de benefícios gerados para a população.
sive por antecipação de receita orçamentária (ARO) na forma da lei.
Outros planos e programas
Os orçamentos fiscais e de investimentos serão compatibiliza- O programa é o instrumento de organização da atuação gover-
dos com o PPA; terão a função de reduzir as desigualdades inter-re- namental. Articula um conjunto de ações que concorrem para um
gionais, segundo critérios de população e renda per capita. objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores esta-
As emendas ao projeto de LOA ou aos projetos que o modi- belecidos no plano plurianual, visando à solução de um problema
fiquem terão que ser compatíveis com o PPA e com a LDO, para ou o atendimento de uma necessidade ou demanda da sociedade.
serem aprovadas. Toda a ação finalística do Governo Federal deverá ser estru-
O prazo para envio do projeto da LOA ao Poder Legislativo é até turada em programas, orientados para consecução dos objetivos
31 de agosto. estratégicos definidos, para o período, no PPA. A ação finalística é
No prazo de trinta dias após o encerramento de cada bimestre, a que proporciona bem ou serviço para atendimento direto às de-
o Poder Executivo publicará relatório resumido da execução orça- mandas da sociedade.
mentária. Os programas de ações não finalísticas são programas consti-
Ciclo do Orçamento Anual tuídos predominantemente de ações continuadas, devendo conter
Uma vez que a cada exercício será preciso uma nova Lei Orça- metas de qualidade e produtividade a serem atingidas em prazo
mentária Anual, verifica-se que o processo orçamentário se dá na definido.
forma de um verdadeiro ciclo, com quatro fases bem distintas: São quatro os tipos de programas previstos:
- Programas finalísticos;
1. Elaboração da Proposta Orçamentária - Programas de gestão das políticas públicas;
Trata-se do momento em que cada um dos diversos órgãos e - Programas de serviços ao Estado;
entidades que compõem a Administração Pública faz o levantamen- - Programa de apoio administrativo.
to das suas necessidades de e cursos para o exercício seguinte, le-
vando em consideração os programas do Governo e os objetivos de Programas Finalísticos
desenvolvimento econômico e social do país. São programas que resultam em bens e serviços ofertados di-
O órgão central de planejamento recebe todas estas demandas retamente à sociedade. Seus atributos básicos são: denominação,
e as consolida num único documento, compatibilizando-o com a es- objetivo, público-alvo, indicador(es), fórmulas de cálculo do índice,
timativa das receitas esperadas para o próximo ano. órgão(s), unidades orçamentárias e unidade responsável pelo pro-
Em seguida, redistribui a previsão de gastos de acordo com os grama O indicador quantifica a situação que o programa tenha por
parâmetros macroeconômicos, estabelecendo as quotas finais de fim modificar, de modo a explicitar o impacto das ações sobre o
recursos para cada órgão. público alvo.
Finalmente, é produzido o texto do projeto da Lei Orçamen-
tária Anual, juntamente com os diversos anexos que irão detalhar Programas de Gestão de Políticas Públicas - volta
todas as receitas e despesas, de acordo com classificação orçamen- Os programas de gestão de políticas públicas assumirão deno-
tária própria. minação específica de acordo com a missão institucional de cada
O projeto da LOA é então remetido ao Poder Legislativo, junto órgão. Portanto, haverá apenas um programa dessa natureza por
com mensagem do chefe do Poder Executivo, para aprovação. órgão. Exemplo: “Gestão da Política de Saúde”.

47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, órgão(s), Dessa forma, o SIOP é o sistema informatizado (artefato) que
unidades orçamentárias e unidade responsável pelo programa Na dá suporte às rotinas orçamentárias do Governo Federal em tempo
Presidência da República e nos Ministérios que constituam órgãos real. Por meio do acesso à internet, os usuários dos órgãos setoriais
centrais de sistemas (Orçamento e Gestão, Fazenda), poderá haver e unidades orçamentárias integrantes do Sistema de Planejamento
mais de um programa desse tipo. e de Orçamento Federal, bem como de outros sistemas automati-
Os Programas de Gestão de Políticas Públicas abrangem as zados, registram suas operações e efetuam suas consultas on-line
ações de gestão de Governo e serão compostos de atividades de (BRASIL, 2013).
planejamento, orçamento, controle interno, sistemas de informa- Assim, a implantação e, principalmente, o uso do SIOP têm re-
ção e diagnóstico de suporte à formulação, coordenação, supervi- flexos nas diversas rotinas orçamentárias desenvolvidas no âmbito
são, avaliação e divulgação de políticas públicas. As atividades deve- do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, uma vez que
rão assumir as peculiaridades de cada órgão gestor setorial. a sua interação com estas rotinas pode influenciar tanto a flexibili-
zação quanto a estabilidade das mesmas.
Programas de Serviços ao Estado De acordo com D’Adderio (2011), concentrar-se na relação en-
Programas de Serviços ao Estado são os que resultam em bens tre artefatos e aspecto ostensivo possibilita captar a dinâmica pela
e serviços ofertados diretamente ao Estado, por instituições criadas qual as visões ostensivas específicas são selecionadas e incorpora-
para esse fim específico. Seus atributos básicos são: denominação, das em artefatos de rotinas, ou seja, regras e procedimentos, e, por
objetivo, indicador(es), órgão(s), unidades orçamentárias e unidade outro lado, concentrar-se sobre as relações entre artefatos e per-
responsável pelo programa. formances possibilita captar a micro dinâmica pela qual artefatos
influenciam e são influenciados por performances. Dessa forma, o
Programas de Apoio Administrativo SIOP, como artefato criado com base nos aspectos ostensivos das
Os programas de Apoio Administrativo correspondem ao con- rotinas orçamentárias da União e que, por meio do seu uso, man-
junto de despesas de natureza tipicamente administrativa e outras tém interação com tais rotinas.
que, embora colaborem para a consecução dos objetivos dos pro- A tecnologia da informação é indispensável para que as orga-
gramas finalísticos e de gestão de políticas públicas, não são passí- nizações aprimorem sua agilidade, efetividade e inteligência (RE-
veis de apropriação a esses programas. Seus objetivos são, portan- ZENDE, 2008). No que tange ao Sistema de Planejamento e de Or-
to, os de prover os órgãos da União dos meios administrativos para çamento Federal, a implantação do SIOP deve corresponder a tal
a implementação e gestão de seus programas finalísticos. expectativa, uma vez que mudanças nas rotinas orçamentárias são
necessárias para dinamizar um sistema caracterizado por arranjos
O Sistema de Orçamento compreende as atividades de acom- institucionais mais estáveis, como, por exemplo, a Lei no 4.320, de
panhamento e avaliação de planos, programas e orçamentos no 1964, que completou cinquenta anos de vigência em 2014.
âmbito de cada esfera de Poder. Tendo em vista que o SIOP envolve uma série de custos ope-
Ao Órgão Central de Orçamento cabe a responsabilidade de racionais, é importante verificar as mudanças geradas com a sua
coordenar o processo de preparação, elaboração e avaliação do Or- implantação, principalmente as que se referem ao aperfeiçoamento
çamento Anual, normatizando e supervisionando a ação dos outros da gestão das rotinas orçamentárias no âmbito da União, as quais
órgãos que compõem o sistema de orçamento. viabilizam a implementação das políticas públicas desenvolvidas no
O Órgão Setorial do Orçamento é o articulador entre o órgão âmbito do Governo Federal, com impactos em outras esferas de go-
central e os órgãos executores, dentro de um sistema, sendo res- verno, na economia e, sobretudo, na sociedade.
ponsável pela coordenação das ações na sua esfera de atuação. Dentre as rotinas orçamentárias desenvolvidas no âmbito do
Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal (SPOF), cabe des-
SIAFI e SIOF tacar a rotina de elaboração das alterações orçamentárias, a qual
SIOP tem significativa importância no contexto orçamentário federal,
Com a finalidade de dar suporte às rotinas desenvolvidas no uma vez que envolve todos os órgãos dos três Poderes e uma consi-
Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, foram implan- derável quantidade de profissionais, que atuam de forma contínua
tados o Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR) e o Sis- e integrada nesta rotina ao longo de todo o exercício financeiro.5
tema de Informações Gerenciais e de Planejamento (SIGPLAN), nos
anos de 1987 e 2000, respectivamente. SIAF
Estes dois sistemas informatizados foram substituídos a partir
de 2009, de forma gradativa, pelo Sistema Integrado de Planeja- SIAFI - É o Sistema Integrado de Administração Financeira do
mento e Orçamento (SIOP), com os seguintes objetivos: Governo Federal;
I. prover mecanismos adequados ao registro e controle dos Órgão Gestor: Secretaria do Tesouro Nacional - STN / Ministério
processos de planejamento e orçamento; da Fazenda - MF;
II. fornecer meios para agilizar os processos de elaboração do Função: registro, acompanhamento e controle da execução or-
PPA, LDO, LOA e tramitação de pedidos de alterações orçamentá- çamentária, financeira e patrimonial do Governo Federal.
rias;
III. fornecer fonte segura e tempestiva de informações orça- A história do SIAFI
mentárias; Até o exercício de 1986, o Governo Federal convivia com uma
IV. integrar e compatibilizar as informações disponíveis nos di- série de problemas de natureza administrativa que dificultavam a
versos órgãos e entidades participantes; adequada gestão dos recursos públicos e a preparação do orçamen-
V. permitir aos segmentos da sociedade obter a necessária to unificado, que passaria a vigorar em 1987:
transparência das informações orçamentárias (BRASIL, 2013). - Emprego de métodos rudimentares e inadequados de traba-
lho, onde, na maioria dos casos, os controles de disponibilidades or-
çamentárias e financeiras eram exercidos sobre registros manuais;

5 Fonte: www.repositorio.unb.br

48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Falta de informações gerenciais em todos os níveis da Admi- c) permitir que a contabilidade pública seja fonte segura e tem-
nistração Pública e utilização da Contabilidade como mero instru- pestiva de informações gerenciais destinadas a todos os níveis da
mento de registros formais; Administração Pública Federal;
- Defasagem na escrituração contábil de pelo menos, 45 dias d) padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à gestão
entre o encerramento do mês e o levantamento das demonstrações dos recursos públicos, sem implicar rigidez ou restrição a essa ativi-
Orçamentárias, Financeiras e Patrimoniais, inviabilizando o uso das dade, uma vez que ele permanece sob total controle do ordenador
informações para fins gerenciais; de despesa de cada unidade gestora;
- Inconsistência dos dados utilizados em razão da diversidade e) permitir o registro contábil dos balancetes dos estados e mu-
de fontes de informações e das várias interpretações sobre cada nicípios e de suas supervisionadas;
conceito, comprometendo o processo de tomada de decisões; f) permitir o controle da dívida interna e externa, bem como o
- Despreparo técnico de parte do funcionalismo público, que das transferências negociadas;
desconhecia técnicas mais modernas de administração financeira e g) integrar e compatibilizar as informações no âmbito do Go-
ainda concebia a contabilidade como mera ferramenta para o aten- verno Federal;
dimento de aspectos formais da gestão dos recursos públicos; h) permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos recur-
- Inexistência de mecanismos eficientes que pudessem evitar o sos públicos; e
desvio de recursos públicos e permitissem a atribuição de respon- i) proporcionar a transparência dos gastos do Governo Federal.
sabilidades aos maus gestores;
- Estoque ocioso de moeda dificultando a administração de Vantagens do siafi
caixa, decorrente da existência de inúmeras contas bancárias, no O SIAFI representou tão grande avanço para a contabilidade
âmbito do Governo Federal. Em cada Unidade havia uma conta pública da União que ele é hoje reconhecido no mundo inteiro e
bancária para cada despesa. Exemplo: Conta Bancária para Material recomendado inclusive pelo Fundo Monetário Internacional. Sua
Permanente, Conta bancária para Pessoal, conta bancária para Ma- performance transcendeu de tal forma as fronteiras brasileiras e
terial de Consumo, etc. despertou a atenção no cenário nacional e internacional, que vá-
A solução desses problemas representava um verdadeiro de- rios países, além de alguns organismos internacionais, têm enviado
safio à época para o Governo Federal. O primeiro passo para isso delegações à Secretaria do Tesouro Nacional, com o propósito de
foi dado com a criação da Secretaria do Tesouro Nacional - STN, absorver tecnologia para a implantação de sistemas similares.
em 10 de março de 1986., para auxiliar o Ministério da Fazenda na Veja os ganhos que a implantação do SIAFI trouxe para a Admi-
execução de um orçamento unificado a partir do exercício seguinte. nistração Pública Federal :
A STN, por sua vez, identificou a necessidade de informações - Contabilidade: o gestor ganha tempestividade na informação,
que permitissem aos gestores agilizar o processo decisório, tendo qualidade e precisão em seu trabalho;
sido essas informações qualificadas, à época, de gerenciais. Dessa - Finanças: agilização da programação financeira, otimizando a
utilização dos recursos do Tesouro Nacional, por meio da unificação
forma, optou-se pelo desenvolvimento e implantação de um siste-
dos recursos de caixa do Governo Federal na Conta Única no Banco
ma informatizado, que integrasse os sistemas de programação fi-
Central;
nanceira, de execução orçamentária e de controle interno do Poder
- Orçamento: a execução orçamentária passou a ser realizada
Executivo e que pudesse fornecer informações gerenciais, confiá-
tempestivamente e com transparência, completamente integrada a
veis e precisas para todos os níveis da Administração.
execução patrimonial e financeira;
Desse modo, a STN definiu e desenvolveu, em conjunto com
- Visão clara de quantos e quais são os gestores que executam
o SERPRO, o Sistema Integrado de Administração Financeira do
o orçamento : os números da época da implantação do SIAFI indica-
Governo Federal – SIAFI em menos de um ano, implantando-o em
vam a existência de aproximadamente 1.800 gestores. Na verdade,
janeiro de 1987, para suprir o Governo Federal de um instrumento
eram mais de 4.000 que hoje estão cadastrados e executam seus
moderno e eficaz no controle e acompanhamento dos gastos pú- gastos através do sistema de forma “on-line”;
blicos. - Desconto na fonte de impostos: hoje, no momento do paga-
Com o SIAFI, os problemas de administração dos recursos pú- mento, já é recolhido o imposto devido;
blicos que apontamos acima ficaram solucionados. Hoje o Governo - Auditoria: facilidade na apuração de irregularidades com o
Federal tem uma Conta Única para gerir, de onde todas as saídas dinheiro público;
de dinheiro ocorrem com o registro de sua aplicação e do servidor - Transparência: poucas pessoas tinham acesso às informações
público que a efetuou. Trata-se de uma ferramenta poderosa para sobre as despesas do Governo Federal antes do advento do SIAFI. A
executar, acompanhar e controlar com eficiência e eficácia a correta prática da época era tratar essas despesas como “assunto sigiloso”.
utilização dos recursos da União. Hoje a história é outra, pois na democracia o cidadão é o grande
acionista do estado; e
Objetivos do siafi - Fim da multiplicidade de contas bancárias: os números da
O SIAFI é o principal instrumento utilizado para registro, acom- época indicavam 3.700 contas bancárias e o registro de aproxima-
panhamento e controle da execução orçamentária, financeira e pa- damente 9.000 documentos por dia. Com a implantação do SIAFI,
trimonial do Governo Federal. Desde sua criação, o SIAFI tem alcan- constatou-se que existiam em torno de 12.000 contas bancárias e se
çado satisfatoriamente seus principais objetivos: registravam em média 33.000 documentos diariamente. Hoje, 98%
dos pagamentos são identificados de modo instantâneo na Conta
a) prover mecanismos adequados ao controle diário da execu- Única e 2% deles com uma defasagem de, no máximo, cinco dias.
ção orçamentária, financeira e patrimonial aos órgãos da Adminis-
tração Pública; Além de tudo isso, o SIAFI apresenta inúmeras vantagens que
b) fornecer meios para agilizar a programação financeira, oti- o distinguem de outros sistemas em uso no âmbito do Governo Fe-
mizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, através da deral:
unificação dos recursos de caixa do Governo Federal;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Sistema disponível 100% do tempo e on-line;


- Sistema centralizado, o que permite a padronização de métodos e rotinas de trabalho;
- Interligação em todo o território nacional;
- Utilização por todos os órgãos da Administração Direta (poderes Executivo, Legislativo e Judiciário);
- Utilização por grande parte da Administração Indireta; e
- Integração periódica dos saldos contábeis das entidades que ainda não utilizam o SIAFI, para efeito de consolidação das informações
econômico-financeiras do Governo Federal - à exceção das Sociedades de Economia Mista, que têm registrada apenas a participação acio-
nária do Governo - e para proporcionar transparência sobre o total dos recursos movimentados.

Principais atribuições do siafi


O SIAFI é um sistema informatizado que processa e controla, por meio de terminais instalados em todo o território nacional, a exe-
cução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil dos órgãos da Administração Pública Direta federal, das autarquias, fundações e
empresas públicas federais e das sociedades de economia mista que estiverem contempladas no Orçamento Fiscal e/ou no Orçamento da
Seguridade Social da União.
O sistema pode ser utilizado pelas Entidades Públicas Federais, Estaduais e Municipais apenas para receberem, pela Conta Única do
Governo Federal, suas receitas (taxas de água, energia elétrica, telefone, etc) dos Órgãos que utilizam o sistema. Entidades de caráter pri-
vado também podem utilizar o SIAFI, desde que autorizadas pela STN. No entanto, essa utilização depende da celebração de convênio ou
assinatura de termo de cooperação técnica entre os interessados e a STN, que é o órgão gestor do SIAFI.
Muitos são as facilidades que o SIAFI oferece a toda Administração Pública que dele faz uso, mas podemos dizer, a título de simplifica-
ção, que essas facilidades foram desenvolvidas para registrar as informações pertinentes às três tarefas básicas da gestão pública federal
dos recursos arrecadados legalmente da sociedade:
- Execução Orçamentária;
- Execução Financeira; e
- Elaboração das Demonstrações Contábeis, consolidadas no Balanço Geral da União.6

Ciclo e Processo Orçamentário

A CF 88 determina a elaboração do contrato orçamentário com base em três leis ordinárias:


• Plano Plurianual (PPA), a cada 4 anos;
• Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), anualmente;
• Lei Orçamentária Anual (LOA).

Visando fortalecer a interligação dos processos de planejamento e orçamento (alocação de recursos), a CF 88 exigiu que o PPA, a LDO
e a LOA fossem articulados, interdependentes e compatíveis.
A LDO recebeu a função unir o PPA e a LOA. Por isso, a LDO pode ser considerada um “esqueleto” da lei orçamentária anual: estabe-
lece, anualmente, a estrutura para a elaboração do orçamento. Por sua vez, a própria elaboração da LDO deve obedecer aos princípios do
PPA.
Essa sobreposição entre as três leis está disposto prioritariamente nos artigos 165, 166 e 167 da CF.
O artigo 165 da Constituição determina que os orçamentos anuais, neste caso tanto a LOA como a LDO, precisam ser compatíveis com
o PPA.
6 Fonte: www.ceap.br – Por Glaucio Bezerra

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Art. 165. (...) Naturalmente, os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério


§ 7° Os orçamentos previstos no § 5°, I e II, deste artigo, com- Público têm autonomia para a elaboração de suas propostas, den-
patibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a tro das condições e limites já estabelecidos nos planos e diretrizes.
de reduzir desigualdades inter regionais, segundo critério popula- O órgão central do Sistema de Orçamento (o Ministério do Pla-
cional (CF, art. 165, § 7°). Compreendendo o ciclo orçamentário nejamento, Orçamento e Gestão) fixa os parâmetros a serem adota-
O artigo 167 da CF exige que emendas que modifiquem a LOA, dos no âmbito de cada órgão/unidade orçamentária.
ou projetos no mesmo sentido, precisam ser compatíveis tanto em Há dois níveis de compatibilização e consolidação: o primeiro
relação ao PPA como naquilo que determina a LDO: decorre das discussões entre as unidades de cada órgão; o segun-
Art. 166. (...) do, no âmbito do órgão central do Sistema de Orçamento, entre os
§ 3° As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos vários órgãos da Administração Pública.
projetos que o modifiquem somente podem ser aprovados caso: Dentre os parâmetros que se deve utilizar nessa fase, também
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de di- conhecida como pré-proposta, destacamos:
retrizes orçamentárias. Compreendendo o ciclo orçamentário.O su-
per-ordenamento do PPA sobre à LOA está claro no art. 167, da CF: - análise histórica da execução do orçamento (saber o que,
Art. 167. (...) como e quanto se gastou);
§1° Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exer- - quantificação dos gastos, recursos e estabelecimento de limi-
cício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano tes (verificar a LRF);
plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob crime de res- - compatibilização dos programas e ajustes dos gastos (adequa-
ponsabilidade (CF, art. 167,§ 1°).Esse super-ordenamento também ção do planejamento aos gastos).
aparece em outros trechos da Constituição, como a necessidade de
que a LOA observe a LDO: Disso resulta a proposta consolidada que o Presidente da Re-
§ 5° Durante a execução orçamentária do exercício, não pode- pública encaminha, anualmente, ao Congresso Nacional, por meio
rá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que de mensagem ao Congresso Nacional, com a função de esclarecer
extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen-
e apresentar os principais pontos e questões relativos à situação
tárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de
financeira do Estado.
créditos suplementares ou especiais (CF, art 99, § 5°; CF, art. 127,
Vale notar que, antes da etapa de elaboração da proposta or-
§ 6°).
çamentária, o órgão central de orçamento indica o volume de dis-
Enfim, a Constituição determina que a elaboração da LDO ocor-
pêndios coerente com a meta de resultado primário e parâmetros
ra à luz das diretrizes fixadas no PPA (CF, art. 166, § 4°). Esta mesma
estabelecidos na LDO, e em conformidade com as orientações es-
orientação vale para a elaboração da LOA (CF, art. 165, § 7°; CF, art.
tratégicas estabelecidas no Plano Plurianual.
166, § 3°, inciso I).
O volume assim estabelecido determinará a quantificação da
O ciclo orçamentário tem início com a elaboração da propos-
demanda financeira e servirá para formular o limite da expansão ou
ta do Plano Plurianual (PPA) pelo poder Executivo. Isso ocorre no
primeiro ano de governo do presidente, governador ou prefeito re- retração do dispêndio.
cém-empossado ou reeleito. Os recursos financeiros serão determinados em função das re-
O exercício financeiro, no Brasil, é um período de doze me- comendações da LDO sobre:
ses (um ano). O exercício financeiro coincidirá com o ano civil (Lei
4.320/64, Art. 34). O exercício financeiro define o período para fins • comportamento da arrecadação tributária;
de organização dos registros relativos à arrecadação de receitas, a • política de endividamento;
execução de despesas. • participação das fontes internas e externas no financiamento
das despesas;
Entende-se por ciclo orçamentário uma séria de rotinas, contí- • crescimento econômico; e
nuas, dinâmicas e flexíveis, visando à elaboração, aprovação, exe- • alteração na legislação tributária.
cução, controle e avaliação do orçamento, em um determinado No processo de programação, busca-se uma igualdade entre
período tempo que não se deve confundir ao exercício financeiro. a demanda e a oferta financeira quando da consolidação das pro-
Para a realização desse processo devem ser cumpridas as se- postas setoriais (princípio do equilíbrio entre receitas e despesas
guintes etapas: públicas).
Na consolidação das propostas, nos níveis setoriais ou central,
a) Elaboração pode-se conduzir a alterações nos dispêndios ou nas disponibilida-
b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação des financeiras.
c) Execução Sendo a peça orçamentária o documento que cristaliza todo o
d) Controle e processo de gestão dos recursos públicos, devem ser contempla-
e) Avaliação dos, na fase de elaboração orçamentária, todos os elementos que
facilitem a análise sob os aspectos da eficiência e da eficácia dos
a) Elaboração projetos.
Essa fase é de responsabilidade essencialmente do Poder Exe- Cabe destacar, ainda, que o Poder Executivo, para fins de ela-
cutivo, que realiza estudos para preparação dos projetos das leis boração da Proposta Orçamentária, vale-se, anualmente, das ins-
orçamentárias que são: PPA, LDO e LOA. truções contidas no Manual Técnico de Orçamento, MTO-02, cujo
Na etapa de elaboração da PLOA são estabelecidas as metas objetivo é orientar os participantes do processo.
e prioridades, compatíveis com a LDO, define programas, obras e
estimativa das receitas, bem como consolida as propostas parciais
elaboradas pelo Judiciário, Legislativo e Ministério Público, visando
o envio ao Congresso Nacional para apreciação e votação.

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação 8. Congresso Nacional


Seguindo o curso do processo legislativo, caberá ao Poder Le- Discute e vota o relatório final da Comissão Mista de Orçamen-
gislativo, por meio da Comissão Mista Permanente de Orçamento to, bem como as emendas pendentes de decisão. Aprova a Lei Orça-
e Finanças, apreciar os termos da proposta enviada pelo Chefe do mentária. Devolve-a ao Presidente da República para sanção.
Poder Executivo, podendo, segundo certos critérios, emendá-la e,
em situações extremas, rejeitá-la. 9. Presidente da República
Observa-se que o Presidente da República poderá propor alte- Sanciona ou promulga a Lei Orçamentária. Determina a sua pu-
rações aos projetos, desde que não tenha sido iniciada a votação blicação no Diário Oficial da União.
pela comissão mista, da parte proposta.
Importante observar que as seguintes despesas não podem so- 10. Secretaria de Orçamento Federal
frer anulação: Providência a disponibilização da fita do orçamento para pro-
cessamento no Sistema Integrado de Administração Financeira do
a) pagamento de pessoal e seus encargos; Governo Federal (SIAFI).
b) serviço da dívida pública;
c) transferências tributárias constitucionais ao FPE e FPM. c) Execução
Os projetos de lei do PPA, LDO e LOA serão votadas pelas duas Essa fase inicia-se logo após a publicação da lei orçamentária,
Casas do Congresso Nacional, que após será enviado ao Presidente e caracterizada pela efetivação na arrecadação das receitas e o pro-
da República para promulgação e sanção no prazo de 15 dias úteis, cessamento da despesa.
devendo publicá-las a seguir. Ademais, nos termos da LRF, art. 8º, o Poder Executivo deverá
Por fim, ressalta-se que mesmo depois de votado o orçamento no prazo de 30 dias, publicar o decreto de programação financeira
e já se tendo iniciada a sua execução, o processo legislativo poderá e o cronograma de execução mensal de desembolso, que tem por
novamente ser desencadeado em virtude projeto de lei destinado a objetivos:
solicitar autorizações para a abertura de créditos adicionais. I – assegurar as unidades orçamentárias, em tempo hábil, a
soma de recursos necessários para a melhor execução do programa
Fluxo do Processo de Elaboração e Aprovação da LOA de trabalho;
II – manter durante o exercício financeiro o equilíbrio entre
1. Secretaria de Orçamento Federal receita arrecadada e despesa realizada, visando reduzir eventuais
Aprova instruções para a elaboração das propostas do Orça- insuficiências de recursos.
mento Anual, divulga parâmetros, limites e prazos para a elabora-
ção das propostas orçamentárias setoriais. d) Controle
Uma vez realizada a execução orçamentária, os órgãos dos sis-
temas de controle interno e externo iniciam o processo de aprecia-
2 Secretaria Executiva/Subsecretaria de Planejamento, Orça-
ção e julgamento da aplicação dos recursos públicos nos termos das
mento e Administração
leis orçamentárias e com base em regulamentos específicos.
Orienta e coordena a elaboração das propostas das unidades
Durante essa fase, devem ser observados os seguintes princí-
orçamentárias.
pios:
Fixa prazo para a entrega das propostas no âmbito de cada Mi-
● a legalidade;
nistério.
● a economicidade;
● a correta aplicação das receitas e,
3. Unidades Gestoras
● suas renúncias.
Elabora a proposta orçamentária e encaminha-a a SPOA do ór-
gão. O controle aqui estudado pode ser realizado nos seguintes mo-
mentos:
4. Secretaria Executiva/Subsecretaria de Planejamento, Orça-
mento e Administração I – a priori ou prévio: antes da execução do orçamento.
Analisa preliminarmente, faz correções, revisa e consolida as II – concomitante: durante a execução do orçamento.
propostas parciais das unidades. III – a posteriori ou subsequente: após o encerramento do exer-
Encaminha-as à Secretaria de Orçamento Federal – SOF/MP. cício financeiro.
5. Secretaria de Orçamento Federal- SOF/MP Ademais, cabe ao gestor público a apresentação da prestação
Faz análises, cortes, correções, bem como, revisa e consolida as de contas, que tem como finalidade apresentar os fatos ocorridos
propostas parciais recebidas dos órgãos. na sua gestão.
A SOF/MP junta as propostas parciais às estimativas do orça-
mento de Receita e forma a proposta orçamentária geral, a qual é e) Avaliação
encaminhada ao Presidente da República. Essa é a última fase, às vezes não consideradas por alguns dou-
trinadores, permite a revisão e a melhora do planejamento orça-
6. Presidência da República mentário pelo Governo, onde são observadas as metas atingidas
Encaminha a proposta orçamentária ao Congresso Nacional até comparadas aos recursos utilizados.
o dia 31 de agosto do ano vigente. Esse papel atualmente é exercido pela SPI/MP.

7. Comissão Mista de Orçamento Processo Orçamentário


Recebe o projeto de lei e as emendas dos congressistas. Ana- O processo orçamentário compreende:
lisa, emite parecer, discute e vota o mesmo. Elabora redação final - conjunto de regras e procedimentos dirigidas aos agentes pú-
do projeto de lei. blicos;
- solução de conflitos de interesse nos diversos planos;

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- interesse políticos relacionados ao processo decisório; Denotamos os quatro pontos acima como Pontos Cardiais do
- nível de endividamento x investimentos e crescimento; Processo Orçamentário porque eles estabelecem um conjunto mí-
- eficiência na alocação orçamentária; nimo de condições ao bom funcionamento da prática orçamentária
Onde há um orçamento público, há sempre um processo orça- pública. Tais condições, porém, são necessárias, mas não suficien-
mentário, seja numa ditadura ou numa democracia desenvolvida. tes. Países com boa estrutura de processo orçamentário podem ou
Porém, eles se revestem de características completamente diferen- não gerar um bom orçamento público. Todavia, países onde o pro-
tes. No Brasil, durante o regime militar, por exemplo, o Executivo cesso orçamentário não possui uma ou algumas das propriedades
enviava um orçamento para o Legislativo, que deveria aprová-lo acima têm demonstrado, em maior ou menor grau, menor resiliên-
sem possibilidade de emendas ou maior discussão. Já numa demo- cia na manutenção do desenvolvimento.
cracia, espera-se que a aprovação do orçamento público gere um
jogo de negociação dentro do Legislativo e entre este e o Executivo. O processo orçamentário é composto das seguintes etapas:
O desenho do processo orçamentário visa justamente a aper-
feiçoar esse jogo, procurando o máximo possível criar condições 1) fixação das metas de resultado fiscal (constante do anexo de
para que os seus resultados sejam gerados em um ambiente com metas fiscais da LDO e tem por finalidade garantir a redução gradual
algumas importantes propriedades. Tais propriedades, que visua-
da relação dívida pública ⁄ PIB. O limite do endividamento corres-
lizamos aqui como Pontos Cardiaisdo Processo Orçamentário, são
ponderá a um percentual da RECEITA CORRENTE LÍQUIDA). Depois
listadas abaixo sem ordem de precedência:
de estabelecida a meta fiscal, inicia-se a elaboração do orçamento
1) Legitimidade
com a estimativa da receita, possibilitando, a seguir, fixar o valor da
2) Simplicidade
3) Efetividade despesa.
4) Temporalidade
2) previsão ou estimativa da receita (observarão normas téc-
A caracterização pragmática e detalhada de cada um destes nicas e legais, considerando os efeitos das alterações na legislação,
termos variará de sociedade para sociedade. Seu significado con- da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
ceitual subjacente, entretanto, ponto mais importante, é facilmente qualquer outro fatos relevante e serão acompanhadas de demons-
inteligível: trativos de sua evolução e da metodologia de cálculo e premissas
1) Legitimidade: Baseia-se nas noções de transparência, equi- utilizadas).
dade, universalidade e obediência à norma legal, a população acre- LEGISLAÇÃO, PREÇO e RENDA, configuram-se como parâme-
ditando na justeza da forma e do volume de acordo com os quais tros fundamentais para estimativas das receitas.
são obtidos e alocados os recursos públicos.
2) Simplicidade: Objetiva o desenvolvimento da percepção e do 3) cálculo da necessidade de financiamento (as necessidades
pleno entendimento, pela população em geral, dos mecanismos e são apuradas nas três esferas de governo: federal, estadual e mu-
da importância do processo orçamentário como um todo. nicipal. Cada ente da Federação deverá indicar os resultados fiscais
Regras claras e simples são mais compreensíveis. Isto ajuda a pretendidos para o exercício financeiro a que a LDO se referir e os
criar uma cultura de escolhas objetivas, onde cada indivíduo se tor- dois seguintes).
na realmente interessado no acompanhamento do uso dos recur- As necessidades de financiamento do setor público são apura-
sos públicos, passando a vigiar e ponderar sobre as ações do Exe- das separadamente pelos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social
cutivo e do Legislativo de uma forma mais exigente. Espera-se um e pelo Orçamento de Investimento das Estatais.
aumento da consciência sobre as vantagens e custos das opções de As necessidades de financiamento do Governo Central corres-
política traduzidas em verbas pelo orçamento público. ponde ao resultado dos orçamentos fiscais e da seguridade social, e
3) Efetividade: Tal propriedade visa a assegurar que o processo se expressam por meio do resultado primário e resultado nominal.
orçamentário ajude o bom funcionamento do Estado, servindo de A soma das necessidades de financiamento do governo central
instrumento, e não empecilho, à implementação das políticas públi- com as das empresas estatais, correspondem as necessidades de
cas legitimamente aprovadas.
financiamento da União.
4) Temporalidade: Traduz-se aqui por temporalidade a utiliza-
O resultado primário de determinado ente representa a dife-
ção do processo orçamentário como um dos instrumentos princi-
rença entre
pais de permeabilização e sujeição dos gastos públicos às preferên-
A) RECEITAS PRIMÁRIAS (impostos, taxas, contribuições e de-
cias intertemporais da sociedade.
O processo orçamentário deve ser capaz de gerar, ano a ano, mais receitas, EXCLUINDO-SE: operações de crédito, receitas de
uma sucessão de orçamentos, nos quais a realização de investi- rendimentos de aplicações financeiras, empréstimos concedidos,
mentos possa manter, se a determinação política assim dispuser, os privatizações, superávit financeiro)
focos de longo prazo previamente determinados. No Brasil, a Cons- B) DESPESAS PRIMÁRIAS (despesas orçamentárias, EXCLUIN-
tituição de 1988 tentou fazer isto, alocando um certo percentual DO-SE: amortizações, juros e encargos da dívida, aquisição de títu-
das despesas para fins específicos. Para a educação, por exemplo, los de capital integralizado, concessão de empréstimos)
houve alocação de 18% dos recursos tributários. Os resultados des- Superávit primário = receitas primárias > despesas primárias
sa experiência, entretanto, são polêmicos. 4) fixação dos valores para despesas obrigatórias (são despe-
sas obrigatórias: as transferência constitucionais – fundo de partici-
pação dos estados e dos municípios, programas de financiamento
do setor produtivo das regiões norte, nordeste e centro-oeste – as
despesas de pessoal e encargos sociais, benefícios previdenciários,
as decorrentes de dívidas públicas, contratuais e mobiliárias, e as
relacionadas com sentenças judiciais transitadas em julgado (pre-
catórios).

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

5) determinação dos limites para despesas discricionárias Subfunção


Após estimadas todas as receitas, considerando-se a meta de A subfunção representa uma partição da função, visando
resultado primário prevista na LDO, e determinadas as despesas agregar determinado subconjunto de despesas do setor público.
obrigatórias (que têm seu montante determinado por disposições Na nova classificação a subfunção identifica a natureza básica das
legais e constitucionais), o restante destina-se às despesas discricio- ações que se aglutinam em torno das funções.
nárias (fixadas em conformidade com disponibilidade de recursos As subfunções poderão ser combinadas com funções diferen-
financeiros). tes daquelas a que estão relacionadas, segundo a Portaria n.º 42.
Classificam-se como despesas discricionárias as despesas pri- Assim a classificação funcional será efetuada por intermédio da
márias de execução não obrigatória no âmbito dos três Poderes e relação da ação (projeto, atividade ou operação especial) com a
do Ministério Público. Por meio dessas despesas, o Governo mate- subfunção e a função. A partir da ação, classifica-se a despesa de
rializa as políticas setoriais, viabilizando sua plataforma de “campa- acordo com a especificidade de seu conteúdo e produto, em uma
nha”, pois possui a discricionariedade de alocação e execução das subfunção, independente de sua relação institucional. Em seguida
dotações orçamentárias de acordo com suas metas e prioridades. será feita a associação com a função, associação esta voltada à área
de atuação característica do órgão/ unidade em que as despesas
6) elaboração das propostas setoriais estão sendo efetuadas.
As diversas unidades elaboram simultaneamente as propostas Exemplo 1: uma atividade de pesquisa na FIOCRUZ do Ministé-
e definem sua programação orçamentária, resultando numa es- rio da Saúde deve ser classificada – de acordo com sua característi-
trutura programática formada pelos programas e suas respectivas ca – na subfunção n.° 571 “Desenvolvimento Científico” e na função
ações (projetos, atividades e operações especiais). n.° 10 “Saúde”.
Após a definição da estrutura programática, é feito o detalha- Exemplo 2: um projeto de treinamento de servidores no Minis-
mento da proposta setorial, onde será enviado ao Órgão Central tério dos Transportes será classificado na subfunção n.° 128 “For-
do Sistema Orçamentário para realizar os ajustes, que serão nego- mação de Recursos Humanos” e na função n.° 26 “Transportes”.
ciados com os órgãos setoriais do Poder Executivo, decorrentes de Exemplo 3: uma operação especial de financiamento da produ-
revisão das estimativas de receitas e fixação de despesas. ção que contribui para um determinado programa proposto para
o Ministério da Agricultura será classificada na subfunção n.° 846
7) processo legislativo “Outros Encargos Especiais” e na função n.° 20 “Agricultura”.
8) sanção da lei
9) execução orçamentária Estrutura Programática
10) alterações orçamentárias7 Como já assinalado anteriormente, os programas deixam de
ter o caráter de classificador e cada nível de governo passará a ter
ESTRUTURA PROGRAMÁTICA a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus problemas,
A Classificação Funcional Programática representou um grande e originária do processo de planejamento desenvolvido durante a
avanço na técnica de apresentação orçamentária. formulação do Plano Plurianual – PPA, ora em fase de elaboração.
Ela permite a vinculação das dotações orçamentárias a objeti- Haverá convergência entre as estruturas do plano plurianual e
do orçamento anual a partir do programa, “módulo” comum inte-
vos de governo. Os objetivos são viabilizados pelos Programas de
grador do PPA com o Orçamento. Em termos de estruturação, o pla-
Governo. Esse enfoque permite uma visão de “o que o governo faz”,
no termina no programa e o orçamento começa no programa, o que
o que tem um significado bastante diferenciado do enfoque tradi-
confere a esses documentos uma integração desde a origem, sem
cional, que visualiza “o que o governo compra”.
a necessidade, portanto, de buscar-se uma compatibilização entre
Os programas, na classificação funcional-programática, são
módulos diversificados. O programa, como único módulo integra-
desdobramentos das funções básicas de governo. Fazem a ligação
dor, e os projetos e as atividades, como instrumento de realização
entre os planos de longo e médio prazos e representam os meios
dos programas.
e instrumentos de ação, organicamente articulados para o cum-
Cada programa deverá conter, no mínimo, objetivo, indicador
primento das funções. Os programas geralmente representam os
que quantifique a situação que o programa tenha por fim modificar
produtos finais da ação governamental. Esse tipo de orçamento é e os produtos (bens e serviços) necessários para atingir o objetivo.
normalmente denominado Orçamento-Programa. Os produtos dos programas darão origem aos projetos e atividades.
No Brasil, o Orçamento-Programa está estruturado em diversas A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto,
categorias programáticas, ou níveis de programação, que represen- que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta.
tam objetivos da ação governamental em diversos níveis decisórios. Os programas serão compostos por atividades, projetos e uma
Assim, a classificação funcional programática apresenta: nova categoria de programação denominada operações especiais.
Função Essas últimas poderão fazer parte dos programas quando entendido
A função representa o maior nível de agregação das diversas que efetivamente contribuem para a consecução de seus objetivos.
áreas de despesa que competem ao setor público. Quando não, as operações especiais não se vincularão a programas.
A função “Encargos Especiais” engloba as despesas em relação A estruturação de programas e respectivos produtos, consubs-
às quais não se possa associar um bem ou serviço a ser gerado no tanciados em projetos e em atividades, está sendo definida no atual
processo produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, in- momento, na etapa de validação SOF/SPI e Setoriais, e seu resulta-
denizações e outras afins, representando, portanto, uma agregação do será disponibilizado para que os órgãos setoriais e as unidades
neutra. No caso da função “Encargos Especiais” os programas cor- orçamentárias apresentem as suas propostas orçamentárias.
responderão a um código vazio, do tipo “0000”.
CRÉDITOS ORDINÁRIOS E ADICIONAIS
Crédito orçamentário inicial ou ordinário é aquele aprovado
7Texto adaptado de Carlos Ivan Simonsen Leal (http://inter-
pela lei orçamentária anual e que consta dos orçamentos fiscal, da
essenacional.uol.com.br)/Alessandro Lopez (http://alessandrol-
seguridade social e do investimento das empresas estatais.
opez.blogspot.com.br

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

O crédito orçamentário é portador de uma dotação, e essa re- A sua vigência é no exercício em que forem autorizados, salvo
presenta a quantia monetária que limita o recurso financeiro au- se o ato autorizativo for promulgado nos últimos quatro meses (se-
torizado. Desse modo, em virtude do princípio da eficiência, que tembro a dezembro) do referido exercício, caso em que, é facultada
orienta toda a atividade estatal, inclusive a financeira, pode haver sua reabertura no exercício subsequente, nos limites dos respecti-
gastos menores, assim como, dentro da discricionariedade e nor- vos saldos, sendo incorporados ao orçamento do exercício financei-
matividade mínima do orçamento, fatores devidamente motivados ro subsequente (CF, art. 167, § 2°).
podem levar a gastos menores, isso porque, o gestor público preci-
sa de alguma flexibilidade, já que medeia prazo entre a elaboração c) Créditos Extraordinários: São destinados para atender a des-
e a execução do orçamento. Pode-se constatar que despesas não pesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, co-
são mais necessárias e mesmo o surgimento de situações impre- moção interna ou calamidade pública (CF. art. 167, § 3).
visíveis e urgentes, de modo que os créditos orçamentários iniciais Os créditos extraordinários, quanto à forma procedimental,
podem sofrer alterações qualitativa e quantitativa por meio de cré- são abertos por Decreto do Poder Executivo, que encaminha para
ditos adicionais. conhecimento do Poder Legislativo, devendo ser convertido em lei
O orçamento anual é resultado de um processo de planeja- no prazo de trinta dias.
mento, sendo que, durante a execução da LOA é possível que haja Com relação à vigência, os créditos extraordinários vigoram
situações que não foram apontadas na fase de elaboração, o que dentro do exercício financeiro em que foram abertos, salvo se o ato
leva a se criar mecanismos que retifiquem o orçamento, os chama- da autorização ocorrer nos meses (setembro a dezembro) daquele
dos “Mecanismos Retificadores do Orçamento”, que também são exercício, hipótese pela qual poderão ser reabertos, nos limites dos
conhecidos como Créditos Adicionais e que estão previstos na Lei seus saldos, incorporando-se ao orçamento do exercício seguinte.
º 4320/64.
Recursos para financiamento dos Créditos Adicionais
Os recursos financeiros disponíveis para abertura de crédi-
CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS
tos suplementares e especiais estão listados no art. 43 da Lei n°
Expressão utilizada para designar o montante de recursos dis-
4.320/64, no art. 91 do Decreto-Lei n°200/67 e no § 8° do art. 166
poníveis numa dotação orçamentária seja ela consignada na Lei Or-
da Constituição Federal:
çamentária ou num crédito adicional, para aplicação por uma uni- • O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do
dade orçamentária na finalidade e natureza das despesas indicadas exercício anterior, sendo a diferença positiva entre o ativo financei-
através das respectivas classificações. ro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos crédi-
tos adicionais reaberto sou transferidos, no exercício da apuração,
CRÉDITOS ADICIONAIS: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E VIGÊN- e as operações de créditos a eles vinculadas.
CIA. • O excesso de arrecadação, constituído pelo saldo positivo das
Créditos Adicionais são as autorizações para despesas não diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e
computadas ou insuficientemente dotadas na Lei Orçamentária a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. Do
Anual, visando atender: referido saldo será deduzida a importância dos créditos extraordi-
• Insuficiência de dotações ou recursos alocados nos orçamen- nários abertos no exercício.
tos; • A anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de
• Necessidade de atender a situações que não foram previstas, créditos adicionais autorizados em lei, adicionando àquelas consi-
inclusive por serem imprevisíveis, nos orçamentos. deradas insuficientes.
• Neste tipo, inclui-se a anulação da reserva de contingência,
Os créditos adicionais, portanto, constituem-se em procedi- conceituada como a dotação global não destinada especificamente
mentos previstos na Constituição e na Lei 4.320/64 para corrigir ou a órgão, unidade orçamentária ou categoria econômica e natureza
amenizar situações que surgem, durante a execução orçamentária, da despesa;
por razões de fatos de ordem econômica ou imprevisíveis. Os crédi- • O produto das operações de crédito, desde que haja condi-
tos adicionais são incorporados aos orçamentos em execução. ções jurídicas para sua realização pelo Poder Executivo.
• Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição
Modalidades de créditos do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas cor-
Adicionais respondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante
a) Créditos Suplementares: são destinados ao reforço de do- créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica auto-
tações orçamentárias existentes, dessa forma, eles aumentam as rização legislativa. (CF, art. 166, §8°).
despesas fixadas no orçamento. Quanto à forma processual, eles
O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a sua
são autorizados previamente por lei, podendo essa autorização le-
espécie e a classificação da despesa.
gislativa constar da própria lei orçamentária, e aberta por decreto
Esses créditos tem sua vigência, ou seja, no caso dos créditos
do Poder Executivo.
suplementares, como são destinados a cobrir uma insuficiência do
A vigência do crédito suplementar é restrita ao exercício finan- orçamento anual, eles serão extintos no final do exercício financei-
ceiro referente ao orçamento em execução. ro. Já os Especiais ou Extraordinários, poderão ter vigência até o
b) Créditos Especiais: São destinados a autorização de des- final do exercício subsequente.8
pesas não previstas ou fixadas nos orçamentos aprovados. Sendo
assim, o crédito especial cria um novo projeto ou atividade, o uma
categoria econômica ou grupo de despesa inexistente em projeto
ou atividade integrante do orçamento vigente.
Os créditos especiais são sempre autorizados por lei específica
e abertos por decreto do Executivo.
8Texto adaptado deProfessor Daniel Giotti (www.danielgiotti.
com.br)

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

– Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados


DEMONSTRATIVOS CONTÁBIL-FINANCEIROS para uso no computador;
– O mouse também é um dispositivo importante, pois com ele
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso do com-
tópicos anteriores. putador.

• Periféricos de saída populares mais comuns


INFORMÁTICA BÁSICA, CONCEITOS E PRÁTICAS FUN- – Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
DAMENTAIS – Impressoras, que permite a impressão de dados para mate-
rial físico;
Hardware – Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do computador;
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são os – Fones de ouvido.
dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o compu-
tador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, disco rígi- Sistema Operacional
do, monitor, scanner, etc. O software de sistema operacional é o responsável pelo funcio-
namento do computador. É a plataforma de execução do usuário.
Software Exemplos de software do sistema incluem sistemas operacionais
Software, na verdade, são os programas usados para fazer ta- como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.
refas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de software
são programadas em uma linguagem de computador, traduzidas • Aplicativos e Ferramentas
em linguagem de máquina e executadas por computador. São softwares utilizados pelos usuários para execução de tare-
O software pode ser categorizado em dois tipos: fas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Ac-
– Software de sistema operacional cess, além de ferramentas construídas para fins específicos.
– Software de aplicativos em geral

• Software de sistema operacional


O software de sistema é o responsável pelo funcionamento MS OFFICE 2010
do computador, é a plataforma de execução do usuário. Exemplos
de software do sistema incluem sistemas operacionais como Win- WINDOWS 10
dows, Linux, Unix , Solaris etc.
Conceito de pastas e diretórios
• Software de aplicação
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários para Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
execução de tarefas específicas. Exemplos de software de aplicati- ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
vos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, etc. nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Para não esquecer: Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
HARDWARE É a parte física do computador Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

São os programas no computador


SOFTWARE
(de funcionamento e tarefas)

Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utilizados
no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas funcionali-
dades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o teclado, ou
aqueles que podem melhorar a experiencia do usuário e até mesmo
melhorar o desempenho do computador, tais como design, qualida-
de de som, alto falantes, etc.

Tipos:

Utilizados para a entrada No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.
PERIFÉRICOS DE ENTRADA
de dados;
Arquivos e atalhos
Utilizados para saída/vi- Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
PERIFÉRICOS DE SAÍDA
sualização de dados vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
• Periféricos de entrada mais comuns. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
– O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um item vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergonômicos • Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde muscular; da pasta ou arquivo propriamente dito.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Área de trabalho

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos execu-
tar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Uso dos menus

Programas e aplicativos e interação com o usuário


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para entendermos melhor as funções categorizadas.

– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente confir-
mar sua exclusão.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito importante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos ficam
internamente desorganizados, isto faz que o computador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza internamen-
te tornando o computador mais rápido e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mesmo
escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma cópia de segurança.

Inicialização e finalização

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Windows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Microsoft Office

O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas em
geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – Power-
Point. A seguir verificamos sua utilização mais comum:

Word
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
então apresentar suas principais funcionalidades.

• Área de trabalho do Word


Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo com a necessidade.

• Iniciando um novo documento

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações de-
sejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinhamen-
tos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA INICIAL ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO

Justificar (arruma a direito e a esquerda de acordo com a margem Ctrl + J

Alinhamento à direita Ctrl + G

Centralizar o texto Ctrl + E

Alinhamento à esquerda Ctrl + Q

• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)


Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos de
nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação), se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos automáticos.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho

Aumenta / diminui tamanho

Recursos automáticos de caixa-altas e baixas

Limpa a formatação

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da seguinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar diferentes tipos de marcadores automáticos:

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar Forma
Página inicial - Mudar cor de Fundo
- Mudar cor do texto

- Inserir Tabelas
Inserir
- Inserir Imagens

Verificação e correção orto-


Revisão
gráfica

Arquivo Salvar

Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cálculos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos, dentre
outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados automaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas espe-
cíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

– Podemos também ter o intervalo A1..B3

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na célula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de uma
planilha.

• Formatação células

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de células) =MEDIA(célula X:célulaY)


MÁXIMA (em um intervalo de células) =MAX(célula X:célulaY)
MÍNIMA (em um intervalo de células) =MIN(célula X:célulaY)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresentações personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série de
recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escrever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até mesmo
excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior, também
alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referen-
te ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam a
aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no trabalho com o programa.

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pelas
quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho. A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já apresen-
tado anteriormente.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se fize-
rem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de uma posição para outra utilizando o mouse.
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas para
passagem entre elementos das apresentações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apresentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando clicar
no ícone correspondente no canto inferior direito.

Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, levando
a experiência dos usuários a outro nível.

Office 2013
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível nas
versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque (TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamentos com
telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos podem
ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smartfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Office2013 tem um grande número de templates para uso de criação de
apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar juntamente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que permite
que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras ferramentas, tais
como Skype. O pacote Office 2016 também roda em smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos, mas
no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pesquisa
inteligente;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

– É possível escrever equações como o mouse, caneta de toque, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim a
digitação de equações.

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos anteriores, mas agora com uma maior integração com dispositivos móveis,
além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a questão do compartilhamento dos arquivos.

• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos anteriores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis, além de
ter aumentado o número de templates melhorado a questão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos 3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não houve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em 3D,
todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensíveis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor desenvolvimento de documentos;

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”. Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de algum
mapa que deseja construir.

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário sua
instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o Word, Excel e PowerPoint.
Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as melhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre atualizados.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Outlook

O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
Barra superior do painel da mensa-
8 Responder Ctrl+R
gem
Barra superior do painel da mensa-
9 Encaminhar Ctrl+F
gem
Barra superior do painel da mensa-
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R
gem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
Mostrar campo cco (cópia
17 ALT +S + B Menu opções CCO
oculta)

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
va@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;


• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las conforme
a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail, referida no item “Endereços de e-mail”.

Criar nova mensagem de e-mail

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digitação do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também os
campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evidência para o envio de e-mails.

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões indi-
cados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto, para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de resposta
ou encaminhamento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão correspondente,
segundo a figura abaixo:

Adicionar assinatura de e-mail à mensagem


Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a nossa
marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada mensagem.

Imprimir uma mensagem de e-mail


Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos possibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao com-
putador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo pacote Office e seus aplicativos.

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o servi-


CORRESPONDÊNCIA OFICIAL. REDAÇÃO OFICIAL. RE- ço público (este/esta ou aquele/aquela Ministério, Secretaria, De-
DAÇÃO DE LEIS E DECRETOS, TÉCNICA LEGISLATIVA. partamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre
REDAÇÃO DE ATOS NORMATIVOS. ANÁLISE E REDA- algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; e o
ÇÃO DE DOCUMENTOS. EXPEDIENTES, SUMÁRIOS, RE- destinatário dessa comunicação é o público, uma instituição priva-
QUERIMENTOS, REQUISIÇÕES, FORMULÁRIOS, RELA- da ou outro órgão ou entidade pública, do Poder Executivo ou dos
TÓRIOS, CARTAS COMERCIAIS, OFÍCIOS, CIRCULARES, outros Poderes. Além disso, deve-se considerar a intenção do emis-
PARECERES, ATAS, MINUTAS, PORTARIAS, DECLARA- sor e a finalidade do documento, para que o texto esteja adequado
ÇÕES, NOTIFICAÇÕES, CERTIDÕES, GRÁFICOS, MA- à situação comunicativa.
PAS, EMPENHOS, LIQUIDAÇÕES, DEMONSTRATIVOS. A necessidade de empregar determinado nível de linguagem
EDITAIS, PROCURAÇÕES, PROTOCOLOS, CONTRATOS, nos atos e nos expedientes oficiais decorre, de um lado, do pró-
CORRESPONDÊNCIA, MENSAGENS ELETRÔNICAS prio caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua
finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter
MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou
Sinais e abreviaturas empregados regulam o funcionamento dos órgãos e entidades públicos, o que
só é alcançado se, em sua elaboração, for empregada a linguagem
adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finali-
dade precípua é a de informar com clareza e objetividade.

2 O que é redação oficial

Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira


pela qual o Poder Público redige comunicações oficiais e atos nor-
mativos. Neste Manual, interessa-nos tratá-la do ponto de vista da
administração pública federal.
A redação oficial não é necessariamente árida e contrária à
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com
objetividade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso
que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do
texto jornalístico, da correspondência particular etc.
Apresentadas essas características fundamentais da redação
oficial, passemos à análise pormenorizada de cada um de seus atri-
butos.

3 Atributos da redação oficial

A redação oficial deve caracterizar-se por:


• clareza e precisão;
• objetividade;
• concisão;
• coesão e coerência;
• impessoalidade;
• formalidade e padronização; e
• uso da norma padrão da língua portuguesa.
Fundamentalmente, esses atributos decorrem da Constituição,
que dispõe, no art. 37: “A administração pública direta, indireta, de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali-
dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicida-
de, a impessoalidade e a eficiência princípios fundamentais de toda
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS a administração pública, devem igualmente nortear a elaboração
ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL dos atos e das comunicações oficiais.
1 Panorama da comunicação oficial

A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela


escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
a) alguém que comunique;
b) algo a ser comunicado;
c) alguém que receba essa comunicação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

3.1 Clareza e precisão 3.2 Objetividade

CLAREZA Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja abordar,


sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir isso, é fundamental
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial. Po- que o redator saiba de antemão qual é a ideia principal e quais são
de-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata com- as secundárias.
preensão pelo leitor. Não se concebe que um documento oficial Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo
ou um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma texto de alguma complexidade: as fundamentais e as secundárias.
obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A trans- Essas últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las,
parência é requisito do próprio Estado de Direito: é inaceitável que exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias que não
um texto oficial ou um ato normativo não seja entendido pelos ci- acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior relação
dadãos. O princípio constitucional da publicidade não se esgota na com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o que
mera publicação do texto, estendendo-se, ainda, à necessidade de também proporcionará mais objetividade ao texto.
que o texto seja claro. A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto com o
Para a obtenção de clareza, sugere-se: assunto e com as informações, sem subterfúgios, sem excessos de
a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sentido co- palavras e de ideias. É errado supor que a objetividade suprime a
mum, salvo quando o texto versar sobre assunto técnico, hipótese delicadeza de expressão ou torna o texto rude e grosseiro.
em que se utilizará nomenclatura própria da área;
b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar as orações 3.3 Concisão
na ordem direta e evitar intercalações excessivas. Em certas ocasi-
ões, para evitar ambiguidade, sugere-se a adoção da ordem inversa A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do
da oração; texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo
c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto; de informações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma
d) não utilizar regionalismos e neologismos; alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se
e) pontuar adequadamente o texto; deve eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo
f) explicitar o significado da sigla na primeira referência a ela; e de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir pa-
g) utilizar palavras e expressões em outro idioma apenas quan- lavras inúteis, redundâncias e passagens que nada acrescentem ao
do indispensáveis, em razão de serem designações ou expressões que já foi dito.
de uso já consagrado ou de não terem exata tradução. Nesse caso, Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve evitar ca-
grafe-as em itálico, conforme orientações do subitem 10.2 deste racterizações e comentários supérfluos, adjetivos e advérbios inú-
Manual. teis, subordinação excessiva. A seguir, um exemplo1 de período mal
construído, prolixo:
PRECISÃO
Exemplo:
O atributo da precisão complementa a clareza e caracteriza-se Apurado, com impressionante agilidade e precisão, naquela
por: tarde de 2009, o resultado da consulta à população acriana, veri-
a) articulação da linguagem comum ou técnica para a perfeita ficou-se que a esmagadora e ampla maioria da população daquele
compreensão da ideia veiculada no texto; distante estado manifestou-se pela efusiva e indubitável rejeição da
b) manifestação do pensamento ou da ideia com as mesmas alteração realizada pela Lei no 11.662/2008. Não satisfeita, incon-
palavras, evitando o emprego de sinonímia com propósito mera- formada e indignada, com a nova hora legal vinculada ao terceiro
mente estilístico; e fuso, a maioria da população do Acre demonstrou que a ela seria
c) escolha de expressão ou palavra que não confira duplo sen- melhor regressar ao quarto fuso, estando cinco horas a menos que
tido ao texto. em Greenwich.
É indispensável, também, a releitura de todo o texto redigido. Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessários, abusou-
A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros provém princi- -se no emprego de adjetivos (impressionante, esmagadora, ampla,
palmente da falta da releitura, o que tornaria possível sua correção. inconformada, indignada), o que lhe confere carga afetiva injustifi-
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil cável, sobretudo em texto oficial, que deve primar pela impessoali-
compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode dade. Eliminados os excessos, o período ganha concisão, harmonia
ser desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre e unidade:
certos assuntos, em decorrência de nossa experiência profissional,
muitas vezes, faz com que os tomemos como de conhecimento ge- Exemplo:
ral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, Apurado o resultado da consulta à população acreana, verifi-
precise os termos técnicos, o significado das siglas e das abrevia- cou-se que a maioria da população manifestou-se pela rejeição da
ções e os conceitos específicos que não possam ser dispensados. alteração realizada pela Lei no 11.662/2008. Não satisfeita com a
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que são elabora- nova hora legal vinculada ao terceiro fuso, a maioria da população
das certas comunicações quase sempre compromete sua clareza. do Acre demonstrou que a ela seria melhor regressar ao quarto
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. fuso, estando cinco horas menos que em Greenwich.
Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no texto
redigido.
A clareza e a precisão não são atributos que se atinjam por si
sós: elas dependem estritamente das demais características da re-
dação oficial, apresentadas a seguir.

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

3.4 Coesão e coerência a) da ausência de impressões individuais de quem comunica:


embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Che-
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atri- fe de determinada Seção, a comunicação é sempre feita em nome
butos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia entre os elemen- do serviço público. Obtém-se, assim, uma desejável padronização,
tos de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência que permite que as comunicações elaboradas em diferentes seto-
quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os res da administração pública guardem entre si certa uniformidade;
parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros. b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação: ela pode
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a coerência de ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, ou a
um texto são: referência, substituição, elipse e uso de conjunção. uma instituição privada, a outro órgão ou a outra entidade pública.
A referência diz respeito aos termos que se relacionam a outros Em todos os casos, temos um destinatário concebido de forma ho-
necessários à sua interpretação. Esse mecanismo pode dar-se por mogênea e impessoal; e
retomada de um termo, relação com o que é precedente no texto, c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o univer-
ou por antecipação de um termo cuja interpretação dependa do so temático das comunicações oficiais se restringe a questões que
que se segue. dizem respeito ao interesse público, é natural não caber qualquer
tom particular ou pessoal.
Exemplos: Não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, como
O Deputado evitou a instalação da CPI da corrupção. Ele aguar- as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um
dou a decisão do Plenário. artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A re-
O TCU apontou estas irregularidades: falta de assinatura e de dação oficial deve ser isenta da interferência da individualidade de
identificação no documento. quem a elabora. A concisão, a clareza, a objetividade e a formalida-
A substituição é a colocação de um item lexical no lugar de ou- de de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais contri-
tro(s) ou no lugar de uma oração. buem, ainda, para que seja alcançada a necessária impessoalidade.

Exemplos: 3.6 Formalidade e padronização


O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder Executivo fe-
deral propôs reduzir as alíquotas. As comunicações administrativas devem ser sempre formais,
O ofício está pronto. O documento trata da exoneração do ser- isto é, obedecer a certas regras de forma (BRASIL, 2015a). Isso é
vidor. válido tanto para as comunicações feitas em meio eletrônico (por
Os governadores decidiram acatar a decisão. Em seguida, os exemplo, o e-mail , o documento gerado no SEI!, o documento em
prefeitos fizeram o mesmo. html etc.), quanto para os eventuais documentos impressos.
É imperativa, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se
A elipse consiste na omissão de um termo recuperável pelo trata somente do correto emprego deste ou daquele pronome de
contexto. tratamento para uma autoridade de certo nível, mais do que isso:
a formalidade diz respeito à civilidade no próprio enfoque dado ao
Exemplo: assunto do qual cuida a comunicação.
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária
res. (Na segunda oração, houve a omissão do verbo “regulamenta”). uniformidade das comunicações. Ora, se a administração pública
Outra estratégia para proporcionar coesão e coerência ao texto federal é una, é natural que as comunicações que expeça sigam o
é utilizar conjunção para estabelecer ligação entre orações, perío- mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas
dos ou parágrafos. deste Manual, exige que se atente para todas as características da
redação oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos.
Exemplo: A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes para o texto
O Embaixador compareceu à reunião, pois identificou o inte- definitivo, nas exceções em que se fizer necessária a impressão, e a
resse de seu Governo pelo assunto. correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza-
ção. Consulte o Capítulo II, “As comunicações oficiais”, a respeito de
3.5 Impessoalidade normas específicas para cada tipo de expediente.
Em razão de seu caráter público e de sua finalidade, os atos
A impessoalidade decorre de princípio constitucional (Consti- normativos e os expedientes oficiais requerem o uso do padrão cul-
tuição, art. 37), e seu significado remete a dois aspectos: o primei- to do idioma, que acata os preceitos da gramática formal e emprega
ro é a obrigatoriedade de que a administração pública proceda de um léxico compartilhado pelo conjunto dos usuários da língua. O
modo a não privilegiar ou prejudicar ninguém, de que o seu norte uso do padrão culto é, portanto, imprescindível na redação oficial
seja, sempre, o interesse público; o segundo, a abstração da pesso- por estar acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas,
alidade dos atos administrativos, pois, apesar de a ação adminis- regionais; dos modismos vocabulares e das particularidades linguís-
trativa ser exercida por intermédio de seus servidores, é resultado ticas.
tão-somente da vontade estatal.
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço pú- Recomendações:
blico e sempre em atendimento ao interesse geral dos cidadãos. • a língua culta é contra a pobreza de expressão e não contra a
Sendo assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais não de- sua simplicidade;
vem ser tratados de outra forma que não a estritamente impessoal. • o uso do padrão culto não significa empregar a língua de
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do estilo
dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: literário;
• a consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na reda-
ção de um bom texto.

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Pode-se concluir que não existe propriamente um padrão ofi-


cial de linguagem, o que há é o uso da norma padrão nos atos e nas
comunicações oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de
determinadas expressões, ou será obedecida certa tradição no em-
prego das formas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente,
que se consagre a utilização de uma forma de linguagem burocrá-
tica. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois
terá sempre sua compreensão limitada.

AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS

4 Introdução
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, se-
guir os preceitos explicitados no Capítulo I, “Aspectos gerais da
redação oficial”. Além disso, há características específicas de cada
tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo.
Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns
a quase todas as modalidades de comunicação oficial.

4.1 Pronomes de tratamento


Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de tratamento Os exemplos acima são meramente exemplificativos. A profu-
adota a segunda pessoa do plural, de maneira indireta, para refe- são de normas estabelecendo hipóteses de tratamento por meio
renciar atributos da pessoa à qual se dirige. Na redação oficial, é do pronome “Vossa Excelência” para categorias especifícas tornou
necessário atenção para o uso dos pronomes de tratamento em inviável arrolar todas as hipóteses.
três momentos distintos: no endereçamento, no vocativo e no cor-
po do texto. No vocativo, o autor dirige-se ao destinatário no início 4.1.1 Concordância com os pronomes de tratamento
do documento. No corpo do texto, pode-se empregar os pronomes
de tratamento em sua forma abreviada ou por extenso. O endere- Os pronomes de tratamento apresentam certas peculiaridades
çamento é o texto utilizado no envelope que contém a correspon- quanto às concordâncias verbal, nominal e pronominal. Embora se
dência oficial. refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala),
A seguir, alguns exemplos de utilização de pronomes de trata- levam a concordância para a terceira pessoa. Os pronomes Vossa
mento no texto oficial Excelência ou Vossa Senhoria são utilizados para se comunicar dire-
tamente com o receptor.

Exemplo:
Vossa Senhoria designará o assessor.

Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a prono-


mes de tratamento são sempre os da terceira pessoa.

Exemplo:
Vossa Senhoria designará seu substituto. (E não “Vossa Senho-
ria designará vosso substituto”)

Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero


gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e
não com o substantivo que compõe a locução.

Exemplos:
Se o interlocutor for homem, o correto é: Vossa Excelência está
atarefado.
Se o interlocutor for mulher: Vossa Excelência está atarefada.
O pronome Sua Excelência é utilizado para se fazer referência a
alguma autoridade (indiretamente).

Exemplo:
A Sua Excelência o Ministro de Estado Chefe da Casa Civil (por
exemplo, no endereçamento do expediente)

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

4.2 Signatário Exemplos:


4.2.1 Cargos interino e substituto Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Na identificação do signatário, depois do nome do cargo, é pos- Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fede-
sível utilizar os termos interino e substituto, conforme situações a ral,
seguir: interino é aquele nomeado para ocupar transitoriamente As demais autoridades, mesmo aquelas tratadas por Vossa Ex-
cargo público durante a vacância; substituto é aquele designado celência, receberão o vocativo Senhor ou Senhora seguido do cargo
para exercer as atribuições de cargo público vago ou no caso de respectivo.
afastamento e impedimentos legais ou regulamentares do titular.
Esses termos devem ser utilizados depois do nome do cargo, sem Exemplos:
hífen, sem vírgula e em minúsculo. Senhora Senadora,
Senhor Juiz,
Exemplos: Senhora Ministra,
Diretor-Geral interino
Secretário-Executivo substituto Na hipótese de comunicação com particular, pode-se utilizar
o vocativo Senhor ou Senhora e a forma utilizada pela instituição
4.2.2 Signatárias do sexo feminino para referir-se ao interlocutor: beneficiário, usuário, contribuinte,
eleitor etc.
Na identificação do signatário, o cargo ocupado por pessoa do Exemplos:
sexo feminino deve ser flexionado no gênero feminino. Senhora Beneficiária,
Senhor Contribuinte,
Exemplos:
Ministra de Estado
Ainda, quando o destinatário for um particular, no vocativo, po-
Secretária-Executiva interina
de-se utilizar Senhor ou Senhora seguido do nome do particular ou
Técnica Administrativa
Coordenadora Administrativa pode-se utilizar o vocativo “Prezado Senhor” ou “Prezada Senhora”.

4.3 Grafia de cargos compostos Exemplos:


Senhora [Nome],
Escrevem-se com hífen: Prezado Senhor,
a) cargos formados pelo adjetivo “geral”: diretor-geral, relator-
-geral, ouvidor-geral; Em comunicações oficiais, está abolido o uso de Digníssimo
b) postos e gradações da diplomacia: primeiro-secretário, se- (DD) e de Ilustríssimo (Ilmo.).
gundo-secretário; Evite-se o uso de “doutor” indiscriminadamente. O tratamento
c) postos da hierarquia militar: tenente-coronel, capitão-tenen- por meio de Senhor confere a formalidade desejada.
te;
5 O padrão ofício
Atenção: nomes compostos com elemento de ligação preposi-
cionado ficam sem hífen: general de exército, general de brigada, Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos de expe-
tenente-brigadeiro do ar, capitão de mar e guerra; dientes que se diferenciavam antes pela finalidade do que pela for-
ma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o objetivo de uniformizá-
d) cargos que denotam hierarquia dentro de uma empresa: -los, deve-se adotar nomenclatura e diagramação únicas, que sigam
diretor-presidente, diretor-adjunto, editor-chefe, editor-assistente, o que chamamos de padrão ofício.
sócio-gerente, diretor-executivo; A distinção básica anterior entre os três era:
e) cargos formados por numerais: primeiro-ministro, primeira- a) aviso: era expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
-dama; para autoridades de mesma hierarquia;
f) cargos formados com os prefixos “ex” ou “vice”: ex-diretor, b) ofício: era expedido para e pelas demais autoridades; e
vice-coordenador. c) memorando: era expedido entre unidades administrativas
O novo Acordo Ortográfico tornou opcional o uso de iniciais de um mesmo órgão.
maiúsculas em palavras usadas reverencialmente, por exemplo
para cargos e títulos (exemplo: o Presidente francês ou o presidente
Atenção:Nesta nova edição ficou abolida aquela distinção e
francês). Porém, em palavras com hífen, após se optar pelo uso da
passou-se a utilizar o termo ofício nas três hipóteses.
maiúscula ou da minúscula, deve-se manter a escolha para a grafia
de todos os elementos hifenizados: pode-se escrever “Vice-Presi-
dente” ou “vice-presidente”, mas não “Vice-presidente”. A seguir, será apresentada a estrutura do padrão ofício, de
acordo com a ordem com que cada elemento aparece no documen-
4.4 Vocativo to oficial.

O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas comunicações 5.1 Partes do documento no padrão ofício
oficiais, o vocativo será sempre seguido de vírgula. 5.1.1 Cabeçalho
Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, utiliza-se a ex-
pressão Excelentíssimo Senhor ou Excelentíssima Senhora e o cargo O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página do docu-
respectivo, seguidos de vírgula. mento, centralizado na área determinada pela formatação (ver su-
bitem “5.2 Formatação e apresentação”).

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

No cabeçalho deverão constar os seguintes elementos: 5.1.4 Endereçamento


a) brasão de Armas da República: no topo da página. Não há
necessidade de ser aplicado em cores. O uso de marca da institui- O endereçamento é a parte do documento que informa quem
ção deve ser evitado na correspondência oficial para não se sobre- receberá o expediente.
por ao Brasão de Armas da República. Nele deverão constar os seguintes elementos:
2 O desenho oficial atualizado do Brasão de Armas da Repúbli- a) vocativo: na forma de tratamento adequada para quem re-
ca pode ser localizado no sítio eletrônico da Presidência da Repúbli- ceberá o expediente (ver subitem “4.1 Pronomes de tratamento”);
ca, na seção Símbolos Nacionais. b) nome: nome do destinatário do expediente;
No caso de documento a ser impresso, exclusivamente quando c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
o signatário for o Presidente da República, Ministro de Estado ou a d) endereço: endereço postal de quem receberá o expediente,
autoridade máxima de autarquia, será utilizado timbre em relevo dividido em duas linhas: primeira linha: informação de localidade/
branco, nos termos do disposto no Decreto no 80.739, de 14 de logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão,
novembro de 1977. informação do setor; segunda linha: CEP e cidade/unidade da fede-
b) nome do órgão principal; ração, separados por espaço simples. Na separação entre cidade e
c) nomes dos órgãos secundários, quando necessários, da unidade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou
maior para a menor hierarquia; e pelo travessão. No caso de ofício ao mesmo órgão, não é obriga-
d) espaçamento: entrelinhas simples (1,0). tória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação da
cidade/unidade da federação; e
e) alinhamento: à margem esquerda da página.
O pronome de tratamento no endereçamento das comunica-
ções dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência terá a
seguinte forma: “A Sua Excelência o Senhor” ou “A Sua Excelência
a Senhora”.
Quando o tratamento destinado ao receptor for Vossa Senho-
ria, o endereçamento a ser empregado é “Ao Senhor” ou “À Senho-
ra”. Ressalte-se que não se utiliza a expressão “A Sua Senhoria o
Os dados do órgão, tais como endereço, telefone, endereço de Senhor” ou “A Sua Senhoria a Senhora”.
correspondência eletrônica, sítio eletrônico oficial da instituição,
podem ser informados no rodapé do documento, centralizados. Exemplos:
A Sua Excelência o Senhor À Senhora Ao Senhor
5.1.2 Identificação do expediente [Nome] [Nome] [Nome]
Ministro de Estado da Justiça Diretora de Gestão de Pessoas
Os documentos oficiais devem ser identificados da segui te ma- Chefe da Seção de Compras Esplanada dos Ministérios Bloco T SAUS
neira: Q. 3 Lote 5/6 Ed Sede I Diretoria de Material, Seção 70064-900 Bra-
a) nome do documento: tipo de expediente por extenso, com sília/DF 70070-030 Brasília. DF Brasília — DF
todas as letras maiúsculas;
b) indicação de numeração: abreviatura da palavra “número”, 5.1.5 Assunto
padronizada como N°;
c) informações do documento: número, ano (com quatro dí-
O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o documento,
gitos) e siglas usuais do setor que expede o documento, da menor
de forma sucinta.
para a maior hierarquia, separados por barra (/); e
Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
d) alinhamento: à margem esquerda da página.
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o
conteúdo do documento, seguida de dois-pontos;
Exemplo:
b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do
OFÍCIO N° 652/2018/SAA/SE/MT
documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não se deve utili-
zar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
5.1.3 Local e data do documento
c) destaque:todo o texto referente ao assunto, inclusive o títu-
Na grafia de datas em um documento, o conteúdo deve constar lo, deve ser destacado em negrito;
da seguinte forma: d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto; e
a) composição: local e data do documento; e) alinhamento: à margem esquerda da página.
b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido o
documento, seguido de vírgula. Exemplos:
Não se deve utilizar a sigla da unidade da federação depois do Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão julho/2018.
nome da cidade; Assunto: Aquisição de computadores.
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do
mês e em numeração cardinal para os demais dias do mês. Não se 5.1.6 Texto do documento
deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês;
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula; O texto do documento oficial deve seguir a seguinte padroni-
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; e zação de estrutura:
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem I – nos casos em que não seja usado para encaminhamento de
direita da página. documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
Exemplo: Brasília, 2 de fevereiro de 2018. a) introdução: em que é apresentado o objetivo da comunica-
ção. Evite o uso das formas:

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Tenho a honra de, Tenho o prazer de, Cumpre-me informar a) alinhamento: alinhado à margem esquerda da página;
que. Prefira empregar a forma direta: Informo, Solicito, Comunico; b) recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquer-
b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; se o texto da;
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas c) espaçamento entre linhas: simples;
em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; e d) espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada pa-
c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o assunto. rágrafo; e
II – quando forem usados para encaminhamento de documen- e) não deve ser numerado.
tos, a estrutura é modificada:
a) introdução: deve iniciar com referência ao expediente que 5.1.8 Identificação do signatário
solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comuni- Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Re-
cação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos do pública, todas as demais comunicações oficiais devem informar o
documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário e assun- signatário segundo o padrão:
to de que se trata) e a razão pela qual está sendo encaminhado; e a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em letras
maiúsculas, sem negrito.
Exemplos: Não se usa linha acima do nome do signatário;
Em resposta ao Ofício n° 12, de 1o de fevereiro de 2018, enca- b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigi-
minho cópia do Ofício n°34, de 3 de abril de 2018, da Coordenação- do apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições que liguem as
-Geral de Gestão de Pessoas, que trata da requisição do servidor palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
Fulano de Tal. c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centrali-
Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia do Ofício no zada na página.
12, de 1o de fevereiro de 2018, do Presidente da Confederação Na- Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura
cional da Indústria, a respeito de projeto de modernização de técni-
em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao me-
cas agrícolas na região Nordeste.
nos a última frase anterior ao fecho.
b) desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode-
Exemplo:
rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento.
Caso contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em ex- (espaço para assinatura)
pediente usado para encaminhamento de documentos. NOME
III – tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o texto do docu- Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da Re-
mento deve ser formatado da seguinte maneira: pública
a) alinhamento: justificado; (espaço para assinatura)
b) espaçamento entre linhas: simples; NOME
c) parágrafos: Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas
i espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada pará-
grafo; 5.1.9 Numeração das páginas
ii recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
iii numeração dos parágrafos: apenas quando o documento ti- A numeração das páginas é obrigatória apenas a partir da se-
ver três ou mais gunda página da comunicação.
parágrafos, desde o primeiro parágrafo. Não se numeram o vo- Ela deve ser centralizada na página e obedecer à seguinte for-
cativo e o fecho; matação:
d) fonte: Calibri ou Carlito; a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm
i corpo do texto: tamanho 12 pontos; da margem inferior; e
ii citações recuadas: tamanho 11 pontos; e b) fonte: Calibri ou Carlito.
iii notas de Rodapé: tamanho 10 pontos;
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas, 5.2 Formatação e apresentação
pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
5.1.7 Fechos para comunicações Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte
formatação:
O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da finalidade a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
óbvia de arrematar o texto, saudar o destinatário. Os modelos para b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
fecho anteriormente utilizados foram regulados pela Portaria n° 1,
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
de 1937, do Ministério da Justiça, que estabelecia quinze padrões.
d) margens superior e inferior: 2 cm;
Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da mar-
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para to-
gem superior do papel;
das as modalidades de comunicação oficial:
a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, in- f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
clusive o Presidente da República: Respeitosamente, g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia infe- ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as margens es-
rior ou demais casos: Atenciosamente, querda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a au- (margem espelho);
toridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios. h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em pa-
O fecho da comunicação deve ser formatado da seguinte ma- pel branco, reservando-se, se necessário, a impressão colorida para
neira: gráficos e ilustrações;

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico, sublinhado, letras
maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a sobriedade e a padronização do do-
cumento;
j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafadas em itálico;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta pos-
terior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, preferencialmente, formato de arquivo que possa ser lido e
editado pela maioria dos editores de texto utilizados no serviço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento
+ número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do conteúdo

Exemplo:
Ofício 123_2018_relatório produtividade anual

Seguem exemplos de Ofício:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

6 Tipos de documentos
6.1 Variações dos documentos oficiais

Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com algumas possíveis variações:
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um órgão receptor. A sigla na
epígrafe será apenas do órgão remetente.

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para um único órgão
receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para mais
de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

Exemplos:
OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC
OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas ou nomes dos órgãos
que receberão o expediente.

6.2 Exposição de Motivos


6.2.1 Definição e finalidade

Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao VicePresidente para:


a) propor alguma medida;
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
c) informá-lo de determinado assunto.
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto tratado envolva
mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de inter-
ministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica das exposições de mo-
tivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil.

6.2.2 Forma e estrutura

As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:


a) apontar, na introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou informar ao Presidente
da República algum assunto;
b) indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se solucionar o problema e
as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes sobre o assunto informado, quando for esse o caso; e
c) na conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar o problema; ou apresen-
tar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.
As Exposições de Motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no Decreto nº 9.191, de 1º de novembro
de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de mérito que permitam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que proponham a edição de ato normativo,
tem como propósito:
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;
b) ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a edição do ato, em conso-
nância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Executivo;
c) conferir transparência aos atos propostos;
d) resumir os principais aspectos da proposta; e
e) evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.
A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos ministros. Além disso,
pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

6.2.3 Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof)

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elaboração, a redação, a
alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos com as propostas de atos a serem encaminha-
das pelos Ministérios à Presidência da República.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, apresentados no exemplo do item 6.2.2, são substituídos pela
assinatura eletrônica que informa o nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer
jurídico da Pasta.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

6.3 Mensagem e) Encaminhamento de atos de concessão e de renovação de


6.3.1 Definição e finalidade concessão de emissoras de rádio e TV:
A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Congresso
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os Nacional consta no inciso XII do caput do art. 49 da Constituição.
Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas Somente produzirão efeitos legais a outorga ou a renovação da con-
pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar cessão após deliberação do Congresso Nacional (Constituição, art.
sobre fato da administração pública; para expor o plano de gover- 223, § 3°). Descabe pedir na mensagem a urgência prevista na Cons-
no por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter tituição, art. 64, uma vez que o § 1o do art. 223 já define o prazo
ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de da tramitação. Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a
suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer comunicações do que mensagem o correspondente processo administrativo.
seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação. f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior:
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios O Presidente da República tem o prazo de 60 dias após a aber-
à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação fi- tura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as
nal. contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, caput,
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso inciso XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista permanente
Nacional têm as seguintes finalidades: (Constituição, art. 166,§ 1°), sob pena de a Câmara dos Deputados
a) Encaminhamento de proposta de emenda constitucional, realizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, caput, inciso II)
de projeto de lei ordinária, de projeto de lei complementar e os em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Inter-
que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, or- no.
çamentos anuais e créditos adicionais: g) Mensagem de abertura da sessão legislativa:
Os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em Deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação do
regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Constituição, País e a solicitação de providências que julgar necessárias (Cons-
art. 64, §§ 1° a 4°). O projeto pode ser encaminhado sob o regime tituição, art. 84, inciso XI). O portador da mensagem é o Chefe da
normal e, mais tarde, ser objeto de nova mensagem, com solicita- Casa Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das
ção de urgência. demais, porque vai encadernada e é distribuída a todos os congres-
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos membros do sistas em forma de livro.
Congresso Nacional, mas é encaminhada com ofício do Ministro de h) Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos):
Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Primei- Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio-
ro-Secretário da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua nal, encaminhada por ofício ao Primeiro-Secretário da Casa onde
tramitação (Constituição, art. 64, caput). se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou
Quanto aos projetos de lei que compreendem plano plurianual, a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos,
diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais, nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de san-
as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos membros do ção.
Congresso Nacional, e os respectivos ofícios são endereçados ao i) Comunicação de veto:
Primeiro-Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66,
Constituição impõe a deliberação congressual em sessão conjunta, § 1º), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é
mais precisamente, “na forma do regimento comum”. E, à frente da parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto
Mesa do Congresso Nacional, está o Presidente do Senado Federal é publicado na íntegra no Diário Oficial da União, ao contrário das
(Constituição, art. 57, § 5°), que comanda as sessões conjuntas. demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu
b) Encaminhamento de medida provisória: envio ao Poder Legislativo.
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo:
o Presidente da República encaminha Mensagem ao Congresso, • Apreciação de intervenção federal (Constituição, art. 36, §
dirigida a seus Membros, com ofício para o PrimeiroSecretário do 2º).
Senado Federal, juntando cópia da medida provisória. • Encaminhamento de atos internacionais que acarretam en-
c) Indicação de autoridades: cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, caput, in-
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação ciso I);
de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos • Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera-
tribunais superiores, ministros do Tribunal de Contas da União, pre- ções e prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art.
sidentes e diretores do Banco Central, Procurador-Geral da Repúbli- 155, § 2°, inciso IV);
ca, chefes de missão diplomática, diretores e conselheiros de agên- • Proposta de fixação de limites globais para o montante da
cias etc.) têm em vista que a Constituição, incisos III e IV do caput dívida consolidada (Constituição, art. 52, caput, inciso VI);
do art. 52, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência • Pedido de autorização para operações financeiras externas
privativa para aprovar a indicação. (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
O curriculum vitae do indicado, assinado, com a informação do • Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constitui-
número de Cadastro de Pessoa Física, acompanha a mensagem. ção, art. 57, § 6°);
d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden- • Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da
te da República se ausentarem do país por mais de 15 dias: República (Constituição, art.52, inciso XI, e art. 128, § 2°);
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, • Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi-
caput, inciso III e art. 83), e a autorização é da competência privati- lização nacional (Constituição, art. 84, inciso XIX);
va do Congresso Nacional. O Presidente da República, tradicional- • Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz
mente, por cortesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 (Constituição, art. 84, inciso XX);
dias, faz uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando- • Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
-lhes mensagens idênticas. prorrogação (Constituição, art. 136, § 4°);

85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

• Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);


• Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
• Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e
créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5°);
• Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou rejei-
ção do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8°);
• Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1°).

6.3.2 Forma e estrutura

As mensagens contêm:
a) brasão: timbre em relevo branco
b) identificação do expediente: MENSAGEM N°, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com o recuo de pará-
grafo dado ao texto;
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signatário.

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

6.4 Correio eletrônico (e-mail) 6.4.3.3 Saudação inicial/vocativo


6.4.1 Definição e finalidade
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma sau-
A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática dação. Quando endereçado para outras instituições, para recepto-
comum, não só em âmbito privado, mas também na administra- res desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo
ção pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. conforme os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Se-
Dependendo do contexto, pode significar gênero textual, endereço nhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Prezada
eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica. Senhora”.
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um docu-
mento oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se evitar o uso de Exemplos:
linguagem incompatível com uma comunicação oficial. Senhor Coordenador,
Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores públicos, Prezada Senhora,
o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a extensão “.gov.br”, por
exemplo. 6.4.3.4 Fecho
Como sistema de transmissão de mensagens eletrônicas, por
seu baixo custo e celeridade, transformou-se na principal forma de Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais.
envio e recebimento de documentos na administração pública. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de abreviações como
“Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, ape-
6.4.2 Valor documental sar de amplamente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não
devem ser utilizados em e-mails profissionais.
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto O correio eletrônico, em algumas situações, aceita uma sauda-
de 2001, para que o e-mail tenha valor documental, isto é, para ção inicial e um fecho menos formais. No entanto, a linguagem do
que possa ser aceito como documento original, é necessário existir texto dos correios eletrônicos deve ser formal, como a que se usaria
certificação digital que ateste a identidade do remetente, segundo em qualquer outro documento oficial.
os parâmetros de integridade, autenticidade e validade jurídica da
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICPBrasil. 6.4.3.5 Bloco de texto da assinatura
O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem
certificação digital ou com certificação digital fora ICP-Brasil; contu- Sugere-se que todas as instituições da administração pública
do, caso haja questionamento, será obrigatório a repetição do ato adotem um padrão de texto de assinatura. A assinatura do e-mail
por meio documento físico assinado ou por meio eletrônico reco- deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o tele-
nhecido pela ICP-Brasil. fone do remetente.
Salvo lei específica, não é dado ao ente público impor a acei-
tação de documento eletrônico que não atenda os parâmetros da Exemplo:
ICP-Brasil. Maria da Silva
Assessora
6.4.3 Forma e estrutura Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
(61)XXXX-XXXX
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
flexibilidade. Assim, não interessa definir padronização da mensa- 6.4.4 Anexos
gem comunicada. No entanto, devem-se observar algumas orienta-
ções quanto à sua estrutura. A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de
diversos formatos é uma das vantagens do e-mail. A mensagem que
6.4.3.1 Campo “Assunto” encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o
conteúdo do anexo.
O assunto deve ser o mais claro e específico possível, relacio- Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele é realmente
nado ao conteúdo global da mensagem. Assim, quem irá receber a indispensável e se seria possível colocá-lo no corpo do correio ele-
mensagem identificará rapidamente do que se trata; quem a envia trônico.
poderá, posteriormente, localizar a mensagem na caixa do correio Deve-se evitar o tamanho excessivo e o reencaminhamento de
eletrônico. anexos nas mensagens de resposta.
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramente o conteúdo Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que
completo da mensagem para que não pareça, ao receptor, que se apresentem poucos riscos de segurança. Quando se tratar de docu-
trata de mensagem não solicitada/lixo eletrônico. Em vez de “Reu- mento ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente,
nião”, um assunto mais preciso seria “Agendamento de reunião so- ser enviados, em formato que possa ser editado.
bre a Reforma da Previdência”.
6.4.5 Recomendações
6.4.3.2 Local e data
• Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso de confirma-
São desnecessários no corpo da mensagem, uma vez que o ção de leitura. Caso não esteja disponível, deve constar da mensa-
próprio sistema apresenta essa informação. gem pedido de confirmação de recebimento;

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

• Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos computado- Assim, toda revisão que se faça em determinado documento
res, mantêm-se a recomendação de tipo de fonte, tamanho e cor ou expediente deve sempre levar em conta também a correção or-
dos documentos oficiais: Calibri ou Carlito, tamanho 12, cor preta; tográfica.
• Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem ser utiliza- Sugere-se consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
dos, pois não são apropriados para mensagens profissionais, além tuguesa (Volp)3 ou outro dicionário para verificar a ortografia das
de sobrecarregar o tamanho da mensagem eletrônica; palavras.
• A mensagem do correio eletrônico deve ser revisada com o
mesmo cuidado com que se revisam outros documentos oficiais; 9 Uso de sinais
• O texto profissional dispensa manifestações emocionais. Por 9.1 Hífen
isso, ícones e emoticons não devem ser utilizados;
• Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigi- O hífen é um sinal usado para:
dos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das conversas na inter- a) ligar os elementos de palavras compostas: vice-ministro;
net, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”; b) para unir pronomes átonos a verbos: agradeceu-lhe; e
• Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de pa- c) para, no final de uma linha, indicar a separação das sílabas
lavras ou trechos da mensagem pois denota agressividade de parte de uma palavra em duas partes (a chamada translineação): com-/
do emissor da comunicação. parar, gover-/no.
• Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das O hífen de composição vocabular ou de ênclise e mesóclise é
Armas da República Federativa do Brasil e de logotipos do ente pú- repetido quando coincide com translineação:
blico junto ao texto da assinatura.
• Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que Exemplo:
possa exceder a capacidade do servidor do destinatário. decreto-/-lei, exigem-/-lhe, far-/-se-á.
Analisamos, a seguir, o uso do hífen em alguns casos frequen-
ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E GRAMÁTICA tes na redação oficial, conforme as regras do Acordo Ortográfico
que entrou em vigor em 2009.
7 Breve esclarecimento
9.1.1 Hífen em compostos, locuções e encadeamentos voca-
Nesta seção, aplicam-se os princípios da ortografia e de cer- bulares
tos capítulos da gramática à redação oficial. Em sua elaboração,
levou-se em consideração amplo levantamento feito das dúvidas Usa-se hífen em compostos, locuções e encadeamentos voca-
mais frequentes com relação à ortografia, à sintaxe e à semânti- bulares, como:
ca. Buscou-se, assim, dotar o manual de uma parte prática, à qual a) na composição de palavras em que os elementos constitu-
se possa recorrer sempre que houver incerteza quanto à grafia de tivos mantêm sua acentuação própria, compondo, porém, novo
determinada palavra, à melhor forma de estruturar uma frase, ou à sentido:
adequada expressão a ser utilizada.
As noções gramaticais apresentadas neste capítulo referem-se Exemplos:
à gramática padrão, entendida como o conjunto de regras fixado a abaixo-assinado
partir das gramáticas normativas da Língua Portuguesa. Optouse, (abaixo assinado, sem hífen, tem o sentido de aquele que assi-
assim, pelo emprego de certos conceitos da gramática dita tradicio- na o documento em seu final: João Alves, abaixo assinado, requer...)
nal (ou normativa). decreto-lei
Sublinhemos, no entanto, que a gramática tradicional, ou mes- matéria-prima
mo toda teoria gramatical, são sempre secundárias em relação à papel-moeda
gramática natural, ao saber intuitivo que confere competência lin- salário-família
guística a todo falante nativo. Não há gramática que esgote o reper-
tório de possibilidades de uma língua, e raras são as que contem- Observação: Certos compostos, em relação aos quais se per-
plam as regularidades do idioma. deu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se agluti-
Saliente-se, por fim, que o mero conhecimento das regras gra- nadamente:
maticais não é suficiente para que se escreva bem. No entanto, o
domínio da ortografia, do vocabulário e da maneira de estruturar as Exemplos:
frases certamente contribui para uma melhor redação. Tenha sem- girassol
pre presente que só se aprende ou se melhora a escrita escrevendo. madressilva
Cada uma das três seções seguintes apresenta uma breve ex- mandachuva
posição do assunto tratado, acompanhada dos exemplos corres- pontapé
pondentes. Consulte-as sempre que tiver alguma dúvida. Se não for paraquedas
possível resolver sua dificuldade, recorra ao dicionário ou à obra paraquedista
específica.
8 Ortografia b) nos adjetivos gentílicos (que indicam nacionalidade, pátria,
país, lugar ou região de procedência) quando derivados de nomes
A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer texto, de lugar (topônimos) compostos:
e ainda mais importante quando se trata de textos oficiais. Muitas
vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido Exemplos:
da palavra, mas de toda uma frase. O que na correspondência par- belo-horizontino
ticular seria apenas um lapso na digitação pode ter repercussões norte-americano
indesejáveis quando ocorre no texto de uma comunicação oficial porto-riquenho
ou de um ato normativo. rio-grandense-do-norte

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

c) nas palavras compostas em que os adjetivos “geral” e “exe- 9.1.2 Hífen nas formações por prefixação, recomposição e
cutivo” são acoplados a substantivo que indica função, lugar de tra- sufixação
balho ou órgão:
Os prefixos utilizados na Língua Portuguesa provieram do la-
Exemplos: tim e do grego, línguas em que funcionavam como preposições ou
Advocacia-Geral da União advérbios, isto é, como vocábulos autônomos. Por essa razão, os
Diretor-Geral prefixos têm significação precisa e exprimem, em regra, circunstân-
Secretaria-Geral cias de lugar, modo, tempo etc. Grande parte das palavras de nossa
Procurador-Geral língua é formada a partir da utilização de um prefixo associado a
Secretaria-Executiva outra palavra. Em muitos desses casos, é de rigor o emprego do
hífen, seja para preservar a acentuação própria (tônica) do prefixo
d) nos compostos com os advérbios “bem” e “mal”, quando es- ou sua evidência semântica, seja para evitar pronúncia incorreta do
tes formam com a palavra seguinte uma unidade semântica e tal vocábulo derivado. É comum o uso do hífen em:
elemento começa por vogal ou “h”: • Formações com prefixos, como, por exemplo: ante-, anti-,
circum-, co-, contra-, entre-, extra, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-,
Exemplos: pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra- etc.
bem-estar • Formações por recomposição, isto é, com elementos não
bem-alinhado autônomos ou falsos prefixos, de origem grega e latina, tais como:
mal-estar aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, inter, macro-,
mal-alinhado maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pseudo-, re-
tro-, semi-, tele- etc.
No entanto, o advérbio “bem”, ao contrário de “mal”, pode não A junção dos termos se dá com o uso do hífen apenas nos se-
se aglutinar com palavras iniciadas por consoantes: guintes casos:
a) nas formações em que o segundo elemento começa por “h”:
Exemplos:
bem-criado Exemplos:
bem-visto anti-higiênico extra-humano super-homem
malcriado
malvisto Atenção: Não se usa o hífen em formações que contêm os pre-
fixos “des-” e “in-” nas quais o segundo elemento perdeu o “h” ini-
e) nos compostos com os elementos “além”, “aquém”, “recém” cial:
e “sem”:
Exemplos: Exemplos:
além-Atlântico desumano
além-mar desumidificar
além-fronteiras inábil
aquém-mar inumano
aquém-Pireneus
aquém-fronteiras b) nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina
recém-casado na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento:
recém-nascido Exemplos:
recém-operado anti-ibérico contra-almirante auto-observação
sem-cerimónia
sem-número Atenção: Nas formações com o prefixo “co-”, este aglutina-se
sem-vergonha em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por “o”:
Não se usa hífen nas demais locuções de qualquer tipo: Exemplos:
Exemplos: coobrigação
fim de semana coocupante
capitão de mar e guerra coordenar
cor de café com leite cooperar, cooperação
cor de vinho
sala de jantar c) nas formações com os prefixos “circum-” e “pan-”, quando o
segundo elemento começa por vogal, “m” ou “n” (além de “h”, caso
já considerado):

Exemplos:
circum-escolar
circum-murado
circum-navegação
pan-africano
pan-mágico
pan-negritude

89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

d) nas formações com os prefixos “ex-” e “vice-”: Para efeitos deste estudo, entenda-se por “pessoa com altas
Exemplos: habilidades” aquela que...
ex-almirante Nem sempre se pode aplicar uma “normal ideal” no lugar de
ex-diretor uma “norma real”.
ex-hospedeira
ex-presidente 10.1.1 Posição das aspas em frase contendo citação
ex-primeiro-ministro
vice-diretora Quanto à correta posição das aspas em frase contendo citação,
vice-presidente valem as seguintes regras:
vice-reitor a) quando o fim da citação, assinalado por ponto-final, ponto-
-de-interrogação ou ponto-deexclamação, coincidir com o término
e) nas formações com os prefixos tônicos acentuados grafica- da frase, as aspas se colocam após esses pontos e não se usa mais
mente “pós-”, “pré-” e “pró-”, quando o segundo elemento tem nenhum sinal de pontuação:
vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes
formas átonas que se aglutinam com o elemento seguinte): Exemplos:
O Presidente anunciou: “Está encerrada a sessão.”
Exemplos: O Deputado perguntou: “Haverá sessão extraordinária ama-
pós-graduação nhã?”
pós-tónico O Ministro declarou, indignado: “Isto não pode acontecer!”
pós-operatório b) quando não fizerem parte da citação, o ponto-de-interroga-
pré-escolar ção e o ponto-de-exclamação deverão vir depois das aspas:
pré-natal
pré-vestibular Exemplos:
pró-africano De quem é a famosa frase “Conhece-te a ti mesmo”?
pró-ativo É dos dominicanos ou dos beneditinos o lema “Ora et labora”?
pró-europeu c) quando a frase continuar após a citação, deve-se utilizar o
ponto-de-interrogação ou deexclamação desta, mas não o ponto-
10 Formatação -final:
10.1 Aspas
Exemplos:
As aspas têm os seguintes empregos: A máxima “Todo poder emana do povo” nunca deve ser esque-
a) antes e depois de uma citação textual direta, quando esta cida pelos governantes.
tem até três linhas, sem utilizar itálico: A indagação histórica “Até tu?” ainda hoje é usada para indicar
Exemplo: grande surpresa e indignação com alguém.
A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, no
parágrafo único de seu art. 1° afirma: “Todo o poder emana do 10.2 Itálico
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
mente”. Emprega-se itálico em:
Se o texto original já contiver aspas, estas serão substituídas a) títulos de publicações (livros, revistas, jornais, periódicos
por aspas simples: etc.) ou títulos de congressos, conferências,slogans, lemas sem o
Exemplo: uso de aspas (com inicial maiúscula em todas as palavras, exceto
“As citações são os elementos retirados dos documentos pes- nas de ligação):
quisados durante a leitura da documentação e que se revelaram ‘ú- Exemplos:
teis’ para corroborar as ideias desenvolvidas pelo autor no decorrer Foi publicada a nova edição da Moderna Gramática Portugue-
do seu raciocínio” (SEVERINO, 2000, p. 110). sa, de Evanildo Bechara.
O servidor informou: “O cidadão deverá assinalar ‘concordo’ O documento foi aprovado na II Conferência Mundial para Pes-
ou ‘discordo’”. soas com Deficiência.
Atenção: Quando a citação ocupar quatro ou mais linhas, deve- b) palavras e as expressões em latim ou em outras línguas es-
-se optar pelo parágrafo recuado, sem aspas e sem itálico: trangeiras não incorporadas
Exemplo: ao uso comum na língua portuguesa ou não aportuguesadas.
Já é tempo de zelarmos com mais assiduidade não só pelo po- Exemplos:
limento da frase, mas também, e principalmente, pela sua carga Détente, Mutatis mutandis,.e-mail, show, check-in, caput, ré-
semântica, procurando dar aos jovens uma orientação capaz de le- veillon, site,
vá-los a pensar com clareza e objetividade para terem o que dizer e status, juridificação, print.
poderem expressar-se com eficácia. (GARCIA, 1995). Em palavras estrangeiras ou de formação híbrida de uso co-
b) quando necessário, para diferenciar títulos, termos técnicos, mum ou aportuguesadas, não há
expressões fixas, definições, exemplificações e assemelhados: necessidade de destaque, como, por exemplo: internet, mou-
se, déficit.
Exemplo:
O maior inteiro que divide simultaneamente cada membro de 10.3 Negrito e sublinhado
um conjunto é o “máximo divisor comum”.
Não confundir o prefixo “ante”, que significa “anterior”, com Usa-se o negrito para realce de palavras e trechos.
“anti”, “contra”. Deve-se evitar o uso de sublinhado para realçar palavras e tre-
chos em comunicações oficiais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Atenção: Os recursos para destaque devem ser empregados Exemplo:


com critério, pois o uso abusivo, além de poluir a página visualmen- Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU
te, pode retirar o efeito de destaque. A grafia das siglas deverá obedecer às seguintes regras:
a) siglas compostas por até três letras devem ser escritas em
10.4 Parênteses letras maiúsculas;

São empregados para intercalar, em um texto, explicações, Exemplos:


indicações, comentários, observações, como por exemplo, indicar Organização das Nações Unidas – ONU
uma data, uma referência bibliográfica, uma sigla. Ordem dos Advogados do Brasil – OAB

Exemplos: b) siglas compostas por mais de três letras pronunciadas sepa-


Na última reunião (10 de novembro de 2018), tomou-se a de- radamente devem ser escritas em letras maiúsculas;
cisão.
O Estado de Direito (Constituição, art. 1º) define-se pela sub- Exemplos:
missão de todas as relações ao Direito. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
A Presidência da República assinou o Acordo. Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS

10.5 Travessão c) siglas compostas por mais de três letras pronunciadas for-
mando uma palavra devem ser escritas apenas com a inicial mai-
O travessão, que é representado graficamente por um hífen úscula;
prolongado (–), substitui parênteses, vírgulas, dois-pontos: Exemplo:
Exemplos: Agência Nacional de Aviação Civil – Anac
O controle inflacionário – meta prioritária do Governo – será
ainda mais rigoroso. d) siglas em que haja leitura mista (parte é pronunciada pela
As restrições ao livre mercado – especialmente o de produtos letra e parte como palavra) podem ser grafadas com todas as letras
tecnologicamente avançados – podem ser muito prejudiciais para maiúsculas;
a sociedade.
Não se usa hífen (-) no lugar de travessão (–). Exemplos:
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes –
10.6 Uso de siglas e acrônimos DNIT Hospital Regional da Asa Norte – HRAN

Para padronizar o uso de siglas e acrônimos nos atos norma- Atenção: Excepcionalmente, pode haver a concorrência de le-
tivos, serão adotados os conceitos sugeridos pelo Manual de Ela- tras maiúsculas e minúsculas na estrutura de sigla e acrônimo, a fim
boração de Textos da Consultoria Legislativa do Senado Federal de evitar confusão com outros termos assemelhados.
(1999), em que:
a) sigla: constitui-se do resultado das somas das iniciais de um Exemplo:
título; e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológi-
co – CNPq
Exemplo: e) uso de siglas e acrônimos de órgãos estrangeiros
Caixa Econômica Federal – CEF Devem-se empregar as siglas e os acrônimos dos órgãos estran-
b) acrônimo: constitui-se do resultado da soma de algumas sí- geiros na sua versão em português, que corresponde à expressão
labas ou partes dos vocábulos de um título. original traduzida. Entretanto, adota-se a forma abreviada original
quando o seu uso for disseminado internacionalmente.
Exemplo: Exemplo:
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa Organização dos Países Exportadores de Petróleo – Opep
Observa-se que: f) plural de siglas
• Não se deve fazer uso indiscriminado de siglas e acrônimos. Com sigla empregada no plural, admite-se o uso de s (minúscu-
Seu uso deverá restringir-se às formas já existentes e consagradas. lo) de plural, sem apóstrofo:
No caso de atos normativos, recomenda-se desprezar as formas po-
pularizadas que não estejam previstas em algum dispositivo legal. Exemplo:
• As siglas e os acrônimos devem ser escritos no mesmo corpo TREs (Tribunais Regionais Eleitorais), e não TRE’s.
do texto, sem o uso de pontos intermediários ou finais. Esta regra não se aplica a siglas terminada com a letra s, caso
• Dispensa-se o uso da expressão designada por extenso uni- em que o plural é definido pelo artigo.
camente para representar nome de partidos políticos e de empre-
sas comerciais quando a forma abreviada já se tornou sinônimo do Exemplo:
próprio nome. Exceto quando tratar-se de empresas públicas ou DVS (Destaques para Votação em Separado).
estatais.
• Na primeira citação, a expressão designada deve vir escrita 10.6.1 Siglas e acrônimos em atos normativos
por extenso, de forma completa e correta, sempre antes de sua si-
gla ou acrônimo respectivo, separados por travessão. Nos textos de atos normativos, o uso de siglas e acrônimos
deve respeitar o disposto na alínea “e” do inciso II, do art. 14 do
Decreto nº 9.191, de 2017:
1 não utilizar para designar órgãos da administração pública
direta;

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

2 para entidades da administração pública indireta, utilizar ape- Podem ser identificados seis padrões 4 básicos para as orações
nas se previsto em lei; pessoais, isto é, com sujeito, na Língua Portuguesa (a função que
3 não utilizar para designar ato normativo; vem entre parênteses é facultativa e pode ocorrer em ordem di-
4 usar apenas se consagrado pelo uso geral e não apenas no versa):
âmbito de setor da administração pública ou de grupo social espe- a) sujeito – verbo intransitivo – (adjunto adverbial);
cífico; e
5 na primeira menção, utilizar acompanhado da explicitação de Exemplo:
seu significado. O Presidente – regressou – (ontem).
Observe-se que as siglas e acrônimos utilizados para designar 4 A respeito de padrões oracionais, cf. LUFT, 2010, p. 7 ss.
entidades da administração pública indireta devem ser postas se-
gundo o previsto na lei de criação do ente. b) sujeito – verbo transitivo direto – objeto direto – (adjunto
adverbial);
11 Sintaxe
Exemplo:
É a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas O Chefe da Divisão – assinou – o termo de posse – (na manhã
em relação às outras, que, com ela, se unem para exprimir o pensa- de terça-feira).
mento. É o capítulo mais importante da Gramática, porque, ao dis- c) sujeito – verbo transitivo indireto – objeto indireto – (adjun-
ciplinar as relações entre as palavras, contribui de modo fundamen- to adverbial);
tal para a clareza da exposição e para a ordenação do pensamento.
É importante destacar que o conhecimento das regras grama- Exemplo:
ticais, sobretudo neste capítulo da sintaxe, é condição necessária O Brasil – precisa – de gente honesta – (em todos os setores).
para a boa redação, mas não constitui condição suficiente. A conci- d) sujeito – verbo transitivo direto e indireto – obj. direto – obj.
são, a clareza, a formalidade e a precisão, propriedades da redação indireto – (adjunto adverbial);
oficial, somente serão alcançadas mediante a prática da escrita e a
leitura de textos escritos em bom português. Exemplo:
Dominar bem o idioma, seja na forma falada, seja na forma Os desempregados – entregaram – suas reivindicações – ao De-
escrita, não significa apenas conhecer exceções gramaticais: é im- putado – (no Congresso).
prescindível, isso sim, conhecer em profundidade as regularidades
da língua. No entanto, como interessa aqui aplicar princípios gra- e) sujeito – verbo transitivo indireto – complemento adverbial
maticais à redação oficial, trataremos, forçosamente, das referidas – (adjunto adverbial); e
exceções e dos problemas sintáticos que com mais frequência são
encontrados nos textos oficiais. Exemplo:
Veremos, a seguir, alguns pontos importantes da sintaxe, relati- O Presidente – voltou – da Europa – (na sexta-feira).
vos à construção de frases, concordância, regência, pontuação e ao
uso de pronomes demonstrativos. f) sujeito – verbo de ligação – predicativo – (adjunto adverbial).

11.1 Problemas de construção de frases Exemplo:


O problema – será – resolvido – (prontamente).
A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas prin-
cipalmente pela construção adequada da frase, “a menor unida- Esses seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, as
de autônoma da comunicação”, na definição de Celso Pedro Luft frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na construção
(1989, p. 11). de períodos, as várias funções podem ocorrer em ordem inversa às
A função essencial da frase é desempenhada pelo predicado, mencionadas, misturando-se e confundindo-se. Não interessa aqui
que, para Adriano da Gama Kury (1959, p. 153), pode ser entendi- a análise exaustiva de todos os padrões existentes na Língua Portu-
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre que a guesa. O que importa é fixar a ordem direta normal dos elementos
frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome de período, que nesses seis padrões básicos. Acrescente-se que períodos mais com-
terá tantas orações quantos forem os verbos não auxiliares que o plexos, compostos por duas ou mais orações, em geral, podem ser
constituem. reduzidos aos padrões básicos (de que derivam).
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indispensá- Os problemas mais frequentemente encontrados na constru-
vel, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –, de quem se diz ção de frases dizem respeito à má pontuação, à ambiguidade da
algo, cujo núcleo é sempre um substantivo. Sempre que o verbo ideia expressa, à elaboração de falsos paralelismos, erros de com-
o exigir, teremos nas orações substantivos (nomes ou pronomes) paração etc. Decorrem, em geral, do desconhecimento da ordem
que desempenham a função de complementos (objetos direto e das palavras na frase.
indireto, predicativo e complemento adverbial). Função acessória Indicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais comuns e
desempenham os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final recorrentes na construção de frases, registrados em documentos
da oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos que oficiais.
desempenham as outras funções, ou deslocados para o início da 11.2 Sujeito preposicionado
oração.
Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a
que compõem uma oração (os parênteses indicam os elementos ação enunciada na oração.
que podem não ocorrer): (sujeito) – verbo – (complementos) – (ad- De acordo com a gramática normativa, o sujeito da oração não
junto adverbial) pode ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser
complemento. Devem ser evitadas, portanto, construções com su-
jeito preposicionado, como:

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. O problema aqui decorre de coordenar palavras (substantivos)
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda. com orações (reduzidas de infinitivo). Para tornar a frase clara e cor-
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cortadas, reta, pode-se optar ou por transformá-la em frase simples, substi-
(...). tuindo as orações reduzidas por substantivos:
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cortadas, Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, seguran-
(...). ça, inteligência e ambição.
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. Ou pode-se optar por empregar a forma oracional reduzida
Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim. uniformemente:
Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...). Certo: No discurso de posse, mostrou ser determinado e segu-
Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...). ro, ter inteligência e ambição.
Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...). Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso paralelis-
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...). mo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) a ideias de
hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, de forma paralela,
11.3 Frases fragmentadas estruturas sintáticas distintas:
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa.
A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma oração Nessa frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Paris,
subordinada ou uma simples locução como se fosse uma frase Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade de corre-
completa” (MORENO; GUEDES, 1988, p. 68). Decorre da pontuação ção é transformá-la em duas frases simples, com o cuidado de não
errada de uma frase simples. Embora seja usada como recurso esti- repetir o verbo da primeira (visitar):
lístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta última
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão. capital, encontrou-se com o Papa.
Errado: O Programa recebeu a aprovação do Congresso Nacio- Errado: O projeto tem mais de cem páginas e muita complexi-
nal. Depois de ser longamente debatido. dade.
Certo: O Programa recebeu a aprovação do Congresso Nacio- Aqui repete-se a equivalência gramatical indevida: estão em
nal, depois de ser longamente debatido. coordenação, no mesmo nível sintático, o número de páginas do
Certo: Depois de ser longamente debatido, o Programa rece- projeto (um dado objetivo, quantificável) e uma avaliação sobre ele
beu a aprovação do Congresso Nacional. (subjetiva). Pode-se reescrever a frase de duas formas: ou faz-se
Errado: O Projeto de Convenção foi oportunamente submetido nova oração com o acréscimo do verbo ser, rompendo, assim, o de-
ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas as áreas sajeitado paralelo:
envolvidas na elaboração do texto legal. Certo: O projeto tem mais de cem páginas e é muito complexo.
Certo: O Projeto de Convenção foi oportunamente submetido Ou se dá forma paralela harmoniosa transformando-se a pri-
ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as áreas meira oração também em uma avaliação subjetiva:
envolvidas na elaboração do texto legal. Certo: O projeto é muito extenso e complexo.
O emprego de expressões correlativas como não só ...mas
11.4 Erros de paralelismo (como) também, tanto ... quanto (ou como), nem ... nem, ou ... ou
etc. costuma apresentar problemas quando não se mantém o obri-
Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita “con- gatório paralelismo entre as estruturas apresentadas.
siste em apresentar ideias similares numa forma gramatical idên- Nos dois exemplos abaixo, rompe-se o paralelismo pela coloca-
tica”(MORENO; GUEDES, 1988, p. 74), o que se chama de parale- ção do primeiro termo da correlação fora de posição.
lismo. Assim, incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a Errado: Ou Vossa Senhoria apresenta o projeto, ou uma alter-
elementos paralelos. nativa.
Errado: Pelo ofício circular, recomendou-se aos Ministérios eco- Certo: Vossa Senhoria ou apresenta o projeto, ou propõe uma
nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas. alternativa.
Nessa frase, temos, nas duas orações subordinadas que com- Errado: O interventor não só tem obrigação de apurar a fraude
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para ideias como também a de punir os culpados.
equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é reduzida de Certo: O interventor tem obrigação não só de apurar a fraude,
infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem planos de redução como também de punir os culpados.
de despesas) é uma oração desenvolvida introduzida pela conjun- Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado pelo uso
ção integrante “que”. inadequado da expressão e que num período que não contém ne-
Há mais de uma possibilidade de escrevê-la com clareza e cor- nhum que anterior.
reção; uma seria a de apresentar as duas orações subordinadas Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem sóli-
como desenvolvidas, introduzidas pela conjunção integrante “que”: da formação acadêmica.
Certo: Pelo ofício circular, recomendou-se aos Ministérios que Para corrigir a frase, ou suprimimos o pronome relativo:
economizassem energia e (que) elaborassem planos para redução Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida for-
de despesas. mação acadêmica.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas como Ou suprimimos a conjunção, que está a coordenar elementos
reduzidas de infinitivo: díspares:
Certo: Pelo ofício circular, recomendou-se aos Ministérios eco- Certo: O novo procurador é jurista renomado, que tem sólida
nomizar energia e elaborar planos para redução de despesas. formação acadêmica.
Nas duas correções, respeita-se a estrutura paralela na coorde- Outro exemplo de falso paralelismo com e que:
nação de orações subordinadas. Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas preci-
Mais um exemplo de frase inaceitável na norma padrão: pitadas, e que comprometam o andamento de todo o programa.
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não ser Da mesma forma como corrigimos o exemplo anterior, aqui po-
inseguro, inteligência e ter ambição. demos ou suprimir a conjunção:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas precipi- Claro: Em seu discurso, o Deputado saudou o Presidente da
tadas, que comprometam o andamento de todo o programa. República. No pronunciamento, solicitou a intervenção federal no
Ou podemos estabelecer forma paralela coordenando orações Estado de Minas Gerais, o que não surpreendeu o Chefe do Poder
adjetivas, recorrendo ao pronome relativo que e ao verbo ser: Executivo.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas que c) Pronome relativo:
sejam precipitadas e que comprometam o andamento de todo o Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu costumava
programa. trabalhar.
Não fica claro se o pronome relativo da segunda oração se refe-
11.5 Erros de comparação re à mesa ou ao gabinete.
Essa ambiguidade se deve ao pronome relativo “que”, sem a
A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação, marca de gênero. A solução é recorrer às formas “o qual”, “a qual”,
omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua escrita, “os quais”, “as quais”, que marcam gênero e número.
pois compromete a clareza do texto: nem sempre é possível iden- Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costumava tra-
tificar, pelo contexto, o termo omitido. A ausência indevida de um balhar.
termo pode impossibilitar o entendimento do sentido que se quer Se o entendimento é outro, então:
dar a uma frase: Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costumava tra-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um mé- balhar.
dico. Há, ainda, a ambiguidade decorrente da dúvida sobre a que se
A omissão de termos provocou uma comparação indevida: o refere a oração reduzida:
salário de um professor com um médico. Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe advertiu o funcionário.
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o salário Para evitar a ambiguidade do exemplo acima, deve-se deixar
de um médico. claro qual o sujeito da oração reduzida.
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de um Claro: O Chefe advertiu o funcionário por ser este indisciplina-
médico. do.
Novamente, a não repetição dos termos comparados confun- Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora cha-
de. mou o médico.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria. Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi chamado
Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Portaria. por uma senhora.
Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
A seguir, a omissão da palavra outros (ou demais) acarretou 11.7 Concordância
imprecisão:
Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do que A concordância é o processo sintático segundo o qual certas
os Ministérios do Governo. palavras se acomodam, na sua forma, às palavras de que depen-
Certo:O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do que dem. Essa acomodação formal se chama flexão e se dá quanto a
os outros Ministérios do Governo. gênero e número (nos adjetivos – nomes ou pronomes), números
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do que e pessoa (nos verbos). Daí, a divisão: concordância nominal e con-
os demais Ministérios do Governo. cordância verbal.

11.6 Ambiguidade 11.7.1 Concordância verbal

Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de Regra geral: o verbo concorda com seu sujeito em pessoa e nú-
um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial, mero.
deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos
de compreensão. Exemplo:
A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de identifi- Os novos recrutas mostraram muita disposição.
car-se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um (Concordância com a pessoa: eu mostrei, você (ou ele) mos-
antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer com: trou, nós (eu e...) mostramos...)
a) Pronomes pessoais: Se o sujeito for simples, isto é, se tiver apenas um núcleo, com
Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que ele se- ele concorda o verbo em pessoa e número:
ria exonerado.
Claro: O Ministro comunicou a própria exoneração a seu secre- Exemplos:
tariado. O Chefe da Seção pediu maior assiduidade.
Ou então, caso o entendimento seja outro: A inflação deve ser combatida por todos.
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exoneração Os servidores do Ministério concordaram com a proposta.
deste (o pronome deste retoma o último elemento citado, no caso, Quando o sujeito for composto, ou seja, possuir mais de um
o secretariado). núcleo, o verbo vai para o plural e para a pessoa que tiver primazia,
b) Pronomes possessivos e pronomes oblíquos: na seguinte ordem: a 1ª pessoa tem prioridade sobre a 2ª e a 3ª;
Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da República, em a 2ª sobre a 3ª; na ausência de uma e outra, o verbo vai para a 3a
seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Estado, mas isso pessoa.
não o surpreendeu.
Observe-se que o excesso de ambiguidade no exemplo acima
dificulta a compreensão da frase.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Exemplos: Exemplos:
Eu e Maria queremos viajar em maio. A sociedade, o povo une-se para construir um país mais justo.
Eu, tu e João somos amigos. A sociedade, o povo unem-se para construir um país mais justo.
O Presidente e os Ministros chegaram logo. d) expressão “um e outro”: O substantivo que se segue à ex-
Observação: Por desuso do pronome “vós” e respectivas for- pressão “um e outro” fica no singular, mas o verbo pode empregar-
mas verbais no Brasil, “tu e ...” leva o verbo para a 3a pessoa do -se no singular ou no plural:
plural: Exemplos:
Tu e o teu colega devem (e não deveis) ter mais calma. Um e outro decreto trata da mesma questão jurídica. ou: Um e
A seguir, são analisadas algumas questões que costumam sus- outro decreto tratam da mesma questão jurídica.
citar dúvidas quanto à correta concordância verbal. e) locuções “um ou outro” ou “nem um, nem outro”, seguidas
a) oração sem sujeito: ou não de substantivo, exigem o verbo no singular:
I Verbos de fenômenos meteorológicos: Exemplos:
Uma ou outra opção acabará por prevalecer.
Exemplo: Nem uma, nem outra medida resolverá o problema.
Choveu (geou, ventou...) ontem. f) locução “um dos que”: admite-se dupla sintaxe, verbo no sin-
II Verbo haver é empregado no sentido de existir ou de tempo gular ou verbo no plural (prevalece este no uso atual):
transcorrido:
Exemplos:
Exemplos: Um dos fatores que influenciaram (ou influenciou) a decisão foi
Haverá descontentes no governo e na oposição. a urgência de obter resultados concretos.
Havia cinco anos, não ia a Brasília. A adoção da trégua de preços foi uma das medidas que gera-
Errado: Se houverem dúvidas, favor perguntar. ram (ou gerou) mais impacto na opinião pública.
Certo: Se houver dúvidas, favor perguntar. g) pronome relativo “quem” como sujeito: O verbo que tiver
Para certificar-se de que esse haver é impessoal, basta recorrer como sujeito o pronome relativo quem tanto pode ficar na terceira
ao singular do indicativo: pessoa do singular, como pode concordar com a pessoa gramatical
Se há (e nunca: *hão) dúvidas... Há (e jamais: *Hão) descon- do antecedente a que se refere o pronome:
tentes...
III Verbo fazer é empregado no sentido de tempo transcorrido: Exemplos:
Exemplos: Fui eu quem resolveu a questão.
Faz dez dias que não durmo. ou: Fui eu quem resolvi a questão.
Semana passada fez dois meses que iniciou a apuração das ir-
regularidades. h) verbo apassivado pelo pronome “se” deve concordar com o
Errado: Fazem cinco anos que não vou a Brasília. sujeito que, no caso, está sempre expresso e vem a ser o paciente
Certo: Faz cinco anos que não vou a Brasília. da ação ou o objeto direto na forma ativa correspondente:
São muito frequentes os erros de pessoalização dos verbos ha- Exemplos:
ver e fazer em locuções verbais (ou seja, quando acompanhados de Vendem-se apartamentos funcionais e residências oficiais.
verbo auxiliar). Nesses casos, os verbos haver e fazer transmitem
sua impessoalidade ao verbo auxiliar: Para obterem-se resultados, são necessários sacrifícios.
Errado: Vão fazer cinco anos que ingressei no serviço público. Compare: “apartamentos são vendidos” e “resultados são obti-
Certo: Vai fazer cinco anos que ingressei no serviço público. dos”; “vendem apartamentos” e “obtiveram resultados”.
Errado: Depois das últimas chuvas, podem haver centenas de i) verbo transitivo indireto (isto é, que rege preposição) fica na
desabrigados. terceira pessoa do singular; o “se”, neste caso, não é apassivador,
Certo: Depois das últimas chuvas, pode haver centenas de de- pois verbo transitivo indireto não é apassivável:
sabrigados.
Errado: Devem haver soluções urgentes para estes problemas. Exemplos:
*O prédio é carecido de reformas.
Certo: Deve haver soluções urgentes para estes problemas. *É tratado de questões preliminares.
b) concordância facultativa com sujeito mais próximo: quando Assim, o correto é:
o sujeito composto figurar
após o verbo, pode este flexionar-se no plural ou concordar Exemplos:
com o elemento mais próximo. Assiste-se a mudanças radicais no País. (E não *Assistem-se a...)
Exemplos: Precisa-se de homens corajosos para mudar o País. (E não *Pre-
Venceremos eu e você. cisam-se de...)
ou: Vencerei eu e você. Trata-se de questões preliminares ao debate. (E não *Tratam-
ou, ainda: Vencerá você e eu. -se de...)
c) sujeito composto por palavras sinônimas ou similares: quan-
do o sujeito composto for constituído de palavras sinônimas (ou j) expressões de sentido quantitativo (grande número de, gran-
quase), formando um todo indiviso, ou de elementos que simples- de quantidade de, parte de, grande parte de, a maioria de, a maior
mente se reforçam, a concordância é facultativa, ou com o elemen- parte de, etc.) acompanhadas de complemento no plural admitem
to mais próximo ou com a ideia plural contida nos dois ou mais ele- concordância verbal no singular ou no plural. Nesta última hipóte-
mentos: se, temos concordância ideológica, por oposição à concordância
lógica, que se faz com o núcleo sintático do sintagma (ou locução)
nominal (a maioria + de...):

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Exemplos: Exemplos:
A maioria dos condenados acabou (ou acabaram) por confessar Chegou ao conhecimento desta Repartição estarem a salvo
sua culpa. todos os atingidos pelas enchentes. (sujeito do infinitivo: todos os
Um grande número de Estados aprovaram (ou aprovou) a Re- atingidos pelas enchentes)
solução da ONU. A imprensa estrangeira noticia sermos nós os responsáveis pela
Metade dos Deputados repudiou (ou repudiaram) as medidas. preservação da Amazônia. (sujeito do infinitivo: nós)
k) verbo “ser”: a concordância segue a regra geral (concordân- Não admitimos sermos nós... Não admitem serem eles...
cia com o sujeito em pessoa e número), mas, nos seguintes casos, é O Governo afirma não existirem tais doenças no País. (sujeito
feita com o predicativo: da oração principal: o governo; sujeito do infinitivo: tais doenças)
I Quando inexiste sujeito : Ouvimos baterem à porta. (sujeito do infinitivo) indefinido plu-
Exemplos: ral, como em Batem (ou Bateram) à porta.
Hoje são dez de julho. O infinitivo é não flexionável nas combinações com outro verbo
Agora são seis horas. de um só e mesmo sujeito – a esse outro verbo é que cabe a con-
Do Planalto ao Congresso são duzentos metros. cordância:
Hoje é dia quinze. Exemplos:
II Quando o sujeito refere-se a coisa e está no singular e o pre- As assessoras podem (ou devem) ter dúvidas quanto à medida.
dicativo é substantivo no plural: Os sorteados não conseguem conter sua alegria.
Queremos (ou precisamos) destacar alguns pormenores.
Exemplos: Nas combinações com verbos factitivos (fazer, deixar, man-
Minha preocupação são os despossuídos. dar...) e sensitivos (sentir, ouvir, ver...) o infinitivo pode concordar
com seu sujeito próprio, ou deixar de fazê-lo pelo fato de esse sujei-
O principal erro foram as manifestações extemporâneas. to (lógico) passar a objeto direto (sintático) de um daqueles verbos:
III Quando os pronomes demonstrativos “tudo”, “isto”, “isso”,
“aquilo” ocupam a função de sujeito: Exemplos:
O Presidente fez (ou deixou, mandou) os assessores entrarem
Exemplos: (ou entrar).
Tudo são comemorações no aniversário do município. Sentimos (ou vimos, ouvimos) os colegas vacilarem (ou vacilar)
Isto são as possibilidades concretas de solucionar o problema. nos debates.
Aquilo foram gastos inúteis. Naturalmente, o sujeito semântico ou lógico do infinitivo que
aparece na forma pronominal acusativa (o,-lo, -no e flexões) só
IV Quando a função de sujeito é exercida por palavra ou locu- pode ser objeto do outro verbo:
ção de sentido coletivo: a maioria, grande número, a maior parte,
etc. Exemplos:
Exemplos: O Presidente fê-los entrar (e não *entrarem)
A maioria eram servidores de repartições extintas. Sentimo-los (ou Sentiram-nos, Sentiu-os, Viu-as) vacilar (e não
Grande número (de candidatos) foram reprovados no exame *vacilarem).
de redação.
A maior parte são pequenos investidores. 11.7.2 Concordância nominal

V Quando um pronome pessoal desempenhar a função de pre- Regra geral: adjetivos (nomes ou pronomes), artigos e nume-
dicativo: rais concordam em gênero e número com os substantivos de que
Exemplos: dependem.
Naquele ano, o assessor especial fui eu.
O encarregado da supervisão és tu. Exemplos:
O autor do projeto somos nós. Todos os outros duzentos processos examinados...
Todas as outras duzentas causas examinadas...
VI Nos casos de frases em que são empregadas as expressões
“é muito”, “é pouco”, “é mais de”, “é menos de” o verbo ser fica no Alguns casos que suscitam dúvida:
singular: a) anexo, incluso, leso: como adjetivos, concordam com o subs-
Exemplos: tantivo em gênero e número:
Três semanas é muito.
Duas horas é pouco. Exemplos:
Trezentos mil é mais do que eu preciso. Anexa à presente Exposição de Motivos, segue minuta de De-
creto.
l) a concordância com expressões de tratamento. Esse tema é Vão anexos os pareceres da Consultoria Jurídica.
tratado em detalhe no subitem “4.1.1. Concordância com os prono- Remeto incluso fotocópia do Decreto.
mes de tratamento”. Silenciar nesta circunstância seria crime de lesa-pátria (ou de
m) concordância do infinitivo. Uma das peculiaridades da Lín- leso-patriotismo).
gua Portuguesa é o infinitivo flexionável: esta forma verbal, apesar
de nominalizada, pode flexionar-se concordando com o seu sujeito. b) possível: em expressões superlativas, este adjetivo ora apa-
Simplificando o assunto, controverso para os gramáticos, valeria rece invariável, ora flexionado (embora no português moderno se
dizer que a flexão do infinitivo só cabe quando ele tem sujeito pró- prefira empregá-lo no plural):
prio, em geral distinto do sujeito da oração principal:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Exemplos: Aspirar: no sentido de respirar, é verbo transitivo direto:


As características do solo são as mais variadas possíveis. Exemplo:
As características do solo são as mais variadas possível. Aspiramos o ar puro da montanha. Aspirá-lo.

11.8 Regência No sentido de desejar ardentemente, de pretender, é transitivo


indireto, regendo a preposição “a”:
Regência é, em gramática, sinônimo de dependência, subordi- Exemplos:
nação. Assim, a sintaxe de regência trata das relações de depen- O projeto aspira à estabilidade econômica da sociedade. Aspira
dência que as palavras mantêm na frase. Dizemos que um termo a ela.
rege o outro que o complementa. Numa frase, os termos regentes Aspirar a um cargo. Aspirar a ele.
ou subordinantes (substantivos, adjetivos, verbos) regem os termos
regidos ou subordinados (substantivos, adjetivos, preposições) que Assistir: no sentido de auxiliar, ajudar, socorrer, pode ser tran-
lhes completam o sentido. sitivo direto ou indireto:
Exemplo:
Termos Regentes Procuraremos assistir os/aos atingidos pela seca (assisti-los/
amar, amor assistir-lhes).
insistiu, insistência
persuadiu No sentido de estar presente, comparecer, ver é transitivo indi-
obediente, reto, regendo a preposição “a”:
obediência Exemplos:
cuidado, Não assisti à reunião ontem. Não assisti a ela.
cuidadoso Assisti a um documentário muito interessante. Assisti a ele.
ouvir Nesta acepção, o verbo não pode ser apassivado; assim, na
norma padrão, é incorreta a frase:
Termos Regidos A reunião foi assistida por dez pessoas.
a Deus
em falar Atender:
o Senador a que Exemplos:
votasse O Prefeito atendeu ao pedido (atendeu a algo) do vereador. ou:
à lei O Prefeito atendeu o telefone (atendeu algo).
com a revisão do O Presidente atendeu o Ministro (atendeu-o) em sua reivindi-
texto cação. ou: O Presidente atendeu ao Ministro (atendeu a alguém)
música em sua reivindicação.

Como se vê pelos exemplos acima, os termos regentes podem Avisar: avisar alguém (avisá-lo) de alguma coisa:
ser substantivos e adjetivos (regência nominal) ou verbos (regência Exemplo:
verbal), e podem reger outros substantivos e adjetivos ou preposi- O Tribunal Eleitoral avisou os eleitores da necessidade do reca-
ções. As dúvidas mais frequentes quanto à regência dizem respei- dastramento.
to à necessidade de determinada palavra reger preposição, e qual
deve ser essa preposição. Comparecer: comparecer a (ou em) algum lugar ou evento:
Considerando que, em regra, a regência dos nomes segue a Exemplos:
dos verbos que lhes correspondem (viajar de trem: viagem de trem; Compareci ao (ou no) local indicado nas instruções.
anotar no caderno: anotação no caderno...), analisaremos, a seguir, A maioria dos delegados compareceu à (ou na) reunião
alguns casos de regência verbal que costumam criar dificuldades na
língua escrita. Compartilhar: compartilhar alguma (ou de alguma) coisa:
Exemplo:
11.8.1 Regência de alguns verbos de uso frequente O povo brasileiro compartilha os (ou dos) ideais de preservação
ambiental do Governo.
Anuir: concordar, condescender; verbo transitivo indireto com
a preposição “a”: Consistir: consistir em alguma coisa (consistir de é anglicismo):
Exemplos: Exemplo:
Todos anuíram àquela proposta. O Plano consiste em promover uma trégua de preços por tem-
O Governo anuiu de boa vontade ao pedido do sindicato. po indeterminado.

Aproveitar: aproveitar alguma coisa ou aproveitar-se de algu- Constar: no sentido de ser composto, constituído, rege a pre-
ma coisa. posição “de”:
Exemplos: Exemplo:
Aproveito a oportunidade para manifestar repúdio ao trata- O Relatório consta de dez itens.
mento dado a esta matéria.
O relator aproveitou-se da oportunidade para emitir sua opi- No sentido de estar escrito, registrado, mencionado, rege a
nião sobre o assunto. preposição “de” ou “em”:
Exemplo:
O referido Projeto consta da/na Ordem do Dia.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Custar: no sentido usual de ter valor, valer: Exemplo:


Exemplo: Participamos a decisão a quem pudesse interessar.
A casa custou um milhão de cruzeiros.
No sentido de compartilhar, rege a preposição “de”:
No sentido de ser difícil, este verbo se usa na 3a pessoa do Exemplo:
sing., na norma padrão: Participamos das suas decisões.
Exemplos:
Custa-me entender esse problema. (Eu) custo a entender esse Pedir: pedir a alguém (pedir-lhe) alguma coisa:
problema – é linguagem oral, escrita informal etc. Exemplos:
Custou-lhe aceitar a argumentação da oposição. (Como sinôni- Pediu ao assessor o relatório da reunião.
mo de demorar, tardar – Ou pedir a alguém (pedir-lhe) que faça alguma coisa:
Ele custou a aceitar a argumentação da oposição – também é Pediu aos interessados (pediu-lhes) que (e não *para que) pro-
linguagem oral, informal.) curassem a repartição do
Ministério da Saúde.
Declinar: declinar de alguma coisa (no sentido de rejeitar): (Pedir a alguém para fazer alguma coisa é linguagem oral, in-
Exemplo: formal.)
Declinou das homenagens que lhe eram devidas.
Preferir: preferir uma coisa (preferi-la) a outra (evite: preferir
Implicar: no sentido de acarretar, produzir como consequência, uma coisa do que outra):
é transitivo direto – implicá-lo: Exemplos:
Exemplos: Prefiro a democracia ao totalitarismo.
O Convênio implica a aceitação dos novos preços para a mer- Vale para a forma nominal preferível: Isto é preferível àquilo (e
cadoria. não preferível do que...).
O Convênio implica na aceitação... – é inovação sintática bas-
tante frequente no Brasil. Propor-se: propor-se (fazer) alguma coisa ou a (fazer) alguma
Mesmo assim, aconselha-se manter a sintaxe originária: impli- coisa:
ca isso, implica-o. Exemplo:
O decreto propõe-se disciplinar (ou a disciplinar) o regime jurí-
Incumbir: incumbir alguém (incumbi-lo) de alguma coisa: dico das importações.
Exemplo:
Incumbi o Secretário de providenciar a reserva das dependên- Referir: no sentido de relatar, é transitivo direto:
cias. Exemplo:
Referiu as informações (referiu-as) ao encarregado.
Ou incumbir a alguém (incumbir-lhe) alguma coisa:
Exemplo: Visar: com o sentido de ter por finalidade, a regência originária
O Presidente incumbiu ao Chefe do Cerimonial preparar a visita é transitiva indireta, com a preposição a. Tem-se admitido, contudo,
do dignitário estrangeiro. seu emprego com o transitivo direto com essa mesma acepção:
Exemplos:
Informar: informar alguém (informá-lo) de alguma coisa: O projeto visa ao estabelecimento de uma nova ética social
Exemplos: (visa a ele).
Informo Vossa Senhoria de que as providências solicitadas já ou: visa o estabelecimento (visa-o).
foram adotadas. As providências visavam ao interesse (ou o interesse) das clas-
ses desfavorecidas.
Ou informar a alguém (informar-lhe) alguma coisa: Observação: Na norma padrão, os verbos que regem determi-
Exemplo: nada preposição, ao serem empregados em orações introduzidas
Muito agradeceria informar à autoridade interessada o teor da por pronome relativo, mantêm essa regência, embora a tendência
nova proposta. da língua falada seja aboli-la.

Obedecer: obedecer a alguém ou a alguma coisa (obedecer- Exemplos:


-lhe): Esses são os recursos de que o Estado dispõe (e não recursos
Exemplos: que dispõe, próprio da linguagem oral ou escrita informal).
As reformas obedeceram à lógica do programa de governo. Apresentou os pontos em que o Governo tem insistido (e não
É necessário que as autoridades constituídas obedeçam aos pontos que o Governo...).
preceitos da Constituição.
Todos lhe obedecem. 11.9 Pontuação

Participar: no sentido de tomar parte, rege as preposições “de” Os sinais de pontuação, ligados à estrutura sintática, têm as se-
ou “em”: guintes finalidades:
Exemplos: a) assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na lei-
Os servidores participaram da reunião. tura;
Alguns participaram na conspiração contra a empresa. b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o au-
tor, devem merecer destaque; e
No sentido de comunicar, é transitivo direto e indireto: c) esclarecer o sentido da frase, eliminando ambiguidades.

98
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

11.9.1 Vírgula 11.9.2 Ponto e vírgula

A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido O ponto e vírgula, em princípio, separa estruturas coordenadas
entre termos vizinhos, as inversões e as intercalações, quer na ora- já portadoras de vírgulas internas. É também usado em lugar da
ção, quer no período. A seguir, indicam-se alguns casos principais vírgula para dar ênfase ao que se quer dizer.
de emprego da vírgula:
a) Para separar palavras ou orações paralelas justapostas, isto Exemplos:
é, não ligadas por conjunção: Sem virtude, perece a democracia; o que mantém o governo
Exemplos: despótico é o medo.
Chegou a Brasília, visitou o Ministério das Relações Exteriores, As leis, em qualquer caso, não podem ser infringidas; mesmo
levou seus documentos ao Palácio do Buriti, voltou ao Ministério e em caso de dúvida, portanto, elas devem ser respeitadas.
marcou a entrevista. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a suspensão só se dará nos casos de:
serem observadas na redação oficial. I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em
b) As intercalações, por cortarem o que está sintaticamente li- julgado;
gado, devem ser colocadas entre vírgulas: II – incapacidade civil absoluta;
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
Exemplos: rarem seus efeitos;
O processo, creio eu, deverá ir logo a julgamento. IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
A democracia, embora (ou mesmo) imperfeita, ainda é o me- alternativa, nos termos do art. 5°, VIII;
lhor sistema de governo. V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4°
c) Expressões corretivas, explicativas, escusativas, tais como
“isto é”, “ou melhor”, “quer dizer”, data venia, “ou seja”, “por exem- 11.9.3 Dois-pontos
plo” etc., devem ser colocadas entre vírgulas:
Emprega-se este sinal de pontuação para introduzir citações,
Exemplos: marcar enunciados de diálogo e indicar um esclarecimento, um re-
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, sumo ou uma consequência do que se afirmou.
ou seja, de fácil compreensão.
As Nações Unidas decidiram intervir no conflito, ou por outra, Exemplos:
iniciaram as tratativas de paz. Como afirmou o Marquês de Maricá em suas Máximas: “Todos
d) Conjunções coordenativas intercaladas ou pospostas devem reclamam reformas, mas ninguém se quer reformar.”
ser colocadas entre vírgulas: Encerrado o discurso, o Ministro perguntou:
– Foi bom o pronunciamento?
Exemplos: – Sem dúvida: todos parecem ter gostado.
Dedicava-se ao trabalho com afinco; não obtinha, contudo, re- Mais que mudanças econômicas, a busca da modernidade im-
sultados.O ano foi difícil; não me queixo, porém. põe sobretudo profundas alterações dos costumes e das tradições
Era mister, pois, levar o projeto às últimas consequências. da sociedade; em suma: uma transformação cultural.
e) Vocativos, apostos, orações adjetivas não-restritivas (expli-
cativas) devem ser separados por vírgula: 11.9.4 Ponto de interrogação
Exemplos:
Brasileiros, é chegada a hora de buscar o entendimento. O ponto de interrogação, como se depreende de seu nome, é
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica. utilizado para marcar o final de uma frase interrogativa direta:
O homem, que é um ser mortal, deve sempre pensar no ama- Exemplos:
nhã. Até quando aguardaremos uma solução para o caso?
f) A vírgula também é empregada para indicar a elipse (oculta- Qual será o sucessor do Secretário?
ção) de verbo ou outro termo anterior: Não cabe ponto de interrogação em estruturas interrogativas
Exemplos: indiretas (em geral em títulos): O que é linguagem oficial – Por que
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- a inflação não baixa – Como vencer a crise.
res. (A vírgula indica a elipse do verbo regulamenta.)
Às vezes, procura assistência; outras, toma a iniciativa. (A vírgu- 11.9.5 Ponto de exclamação
la indica a elipse da palavra vezes.)
g) Nas datas, separam-se os topônimos: O ponto de exclamação é utilizado para indicar surpresa, es-
panto, admiração, súplica etc.
Exemplos: Seu uso na redação oficial fica geralmente restrito aos discur-
São Paulo, 22 de março de 2018. sos e às peças de retórica:
Brasília, 15 de agosto de 2018. Exemplos:
É importante registrar que constitui erro usar a vírgula entre Povo deste grande País!
termos que mantêm entre si estreita ligação sintática – por exem- Com nosso trabalho chegaremos lá!
plo, entre sujeito e verbo, entre verbos ou nomes e seus comple-
mentos. 11.10 Pronomes demonstrativos
Errado: O Presidente da República, indicou, sua posição no as-
sunto. O uso do pronome demonstrativo obedece às seguintes cir-
Certo: O Presidente da República indicou sua posição no as- cunstâncias:
sunto.

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

11.10.1 Situação no espaço Exemplos:


As regras apresentadas neste manual podem ser usadas para
a) Emprega-se este(a)/isto quando o termo referente estiver outros documentos.
próximo ao emissor, ou seja, de quem fala ou redige. Esta ata estará disponível em nosso sítio eletrônico.

Exemplos: c) Emprega-se esse(a)/isso quando a informação já foi mencio-


Este Departamento solicita dispensa de licitação. nada no texto.
Este Relatório trata da sindicância realizada em julho.
Exemplos:
b) Emprega-se esse(a)/isso quando o termo referente estiver Nós já discutimos sobre as falhas na execução do Projeto. Esses
próximo ao receptor, ou seja, a quem se fala ou para quem se re- fatos(as falhas no Projeto) causaram grandes prejuízos.
dige. O ofício já está pronto. Esse documento trata da nomeação dos
novos servidores.
Exemplos:
Solicito esclarecimentos a esse Ministério sobre irregularida- 12 Semântica
des no Contrato.
Encaminhamos os documentos a essa Coordenação para que A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, frases
sejam tomadas as providências necessárias. e unidades maiores da comunicação verbal, os significados que lhe
são atribuídos. Ao considerarmos o significado de determinada pa-
c) Emprega-se aquele(a)/aquilo quando o termo referente es- lavra, levamos em conta sua história, sua estrutura (radical, prefi-
tiver distante tanto do emissor quanto do receptor da mensagem. xos, sufixos que participam da sua forma) e, por fim, o contexto em
que se apresenta.
Exemplos: Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo texto
O Ministério Público já apurou irregularidades ocorridas na- oficial, deve-se atentar para a tradição no emprego de determina-
quela Fundação. Informamos que a documentação foi encaminha- da expressão com determinado sentido. O emprego de expressões
da àquele Departamento. ditas de uso consagrado confere uniformidade e transparência ao
sentido do texto. Mas isso não quer dizer que os textos oficiais de-
11.10.2 Situação no tempo vam limitar-se à repetição de chavões e de clichês.
Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo
a) emprega-se este(a) para referir-se ao tempo presente; utilizadas. Certifique-se de que não há repetições desnecessárias
ou redundâncias. Procure sinônimos ou termos mais precisos para
Exemplos: as palavras repetidas; mas se sua substituição for comprometer o
O acordo foi assinado nesta semana (na semana presente). sentido do texto, tornando-o ambíguo ou menos claro, não hesite
Os deputados serão eleitos neste ano (no ano presente). em deixar o texto como está.
É importante lembrar que o idioma está em constante muta-
b) emprega-se esse(a) para se referir ao tempo passado; e ção. A própria evolução dos costumes, das ideias, das ciências, da
política, enfim da vida social em geral, impõe a criação de novas
Exemplos: palavras e de formas de dizer. Na definição de Serafim da Silva Neto,
As provas foram aplicadas nesse fim de semana. a língua:
Estive no Senado na semana e verifiquei nessa ocasião que pro- [...] é um produto social, é uma atividade do espírito humano.
gramas tinham sido debatidos. Não é, assim, independente da vontade do homem, porque o ho-
mem não é uma folha seca ao sabor dos ventos veementes de uma
c) emprega-se aquele(a)/aquilo em relação a um tempo passa- fatalidade desconhecida e cega. Não está obrigada a prosseguir na
do mais longínquo, ou histórico. sua trajetória, de acordo com leis determinadas, porque as línguas
seguem o destino dos que as falam, são o que delas fazem as socie-
Exemplos: dades que as empregam. (SILVA NETO, 1986, p. 18).
Naquela época, a inflação do País era maior. A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações,
Brasília foi construída há mais de cinquenta anos. Naquela oca- nem incorporá-las acriticamente. Quanto às novidades vocabula-
sião, não havia tanto trânsito. res, por um lado, elas devem sempre ser usadas com critério, evi-
11.10.3 Situação no texto tando-se aquelas que podem ser substituídas por vocábulos já de
uso consolidado sem prejuízo do sentido que se lhes quer dar.
a) Usa-se este(a)/isto para introduzir referência que, no texto, De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto puris-
ainda será mencionado. mo, a linguagem das comunicações oficiais fique imune às criações
vocabulares ou a empréstimos de outras línguas.
Exemplos: A rapidez do desenvolvimento tecnológico, por exemplo, im-
O Diretor iniciou o discurso com esta informação: a partir de põe a criação de inúmeros novos conceitos e termos, ditando de
amanhã, o uso do crachá será obrigatório. certa forma a velocidade com que a língua deve incorporá-los.
Para se cadastrar no Programa do Governo, os interessados de- O importante é usar o estrangeirismo de forma consciente,
verão apresentar estes documentos: Identidade e comprovante de buscar o equivalente português quando houver ou conformar a pa-
renda. lavra estrangeira ao espírito da Língua Portuguesa.
b) Usa-se este(a)para se referir ao próprio texto. O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou emprega-
dos em contextos em que não cabem, é em geral causado ou pelo
desconhecimento da riqueza vocabular de nossa língua, ou pela in-
corporação acrítica do estrangeirismo.

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

12.1 Homônimos e parônimos Ascender: subir, elevar-se.

Muitas vezes, temos dúvidas no uso de vocábulos distintos pro- Acento: sinal gráfico; inflexão vocal.
vocadas pela semelhança ou mesmo pela igualdade de pronúncia Assento: banco, cadeira.
ou de grafia entre eles. É o caso dos fenômenos designados como Exemplos:
homonímia e paronímia. Vocábulo sem acento.
A homonímia é a designação geral para os casos em que pa- Esse assento está vago.
lavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homônimos Acerca de: sobre, a respeito de.
homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos). A cerca de: a uma distância aproximada de ou a um tempo
Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como aproximado de.
nos exemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta) Há cerca de: faz aproximadamente (tanto tempo), existe apro-
e manga (de camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo ximadamente.
(pedido) e apelo (com e aberto, 1a pess. do sing. do pres. do ind. do Cerca de: deve ser usada para indicar números aproximados,
verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com o aberto, 1a pess. do arredondamento de valores. Não deve aparecer em números que
sing. do pres. do ind. do verbo consolar), com pronúncia diferente. não sejam redondos.
Os homógrafos de idêntica pronúncia diferenciam-se pelo con- Exemplos:
texto em que são empregados. No discurso, o Presidente falou acerca de seus planos.
Não há dúvida, por exemplo, quanto ao emprego da palavra O anexo fica a cerca de trinta metros do prédio principal.
“são” nos três sentidos: Estamos a cerca de um mês das eleições.
a) verbo ser, 3a pess. do pl. do pres.; Estamos a cerca de 30 minutos do local do evento.
b) saudável; e Há cerca de um ano, tratamos de caso idêntico.
c) santo. Há cerca de mil títulos no catálogo.
Palavras de grafia diferente e de pronúncia igual (homófonos) A lista possui cerca de trezentos convidados. (e não “cerca de
geram dúvidas ortográficas. 297 convidados”)
Caso, por exemplo, de acento/assento, coser/cozer, dos prefi- Acidente: acontecimento casual; desastre.
xos ante-/anti- etc. Aqui o contexto não é suficiente para resolver o Incidente: episódio; que incide, que ocorre.
problema, pois sabemos o sentido, a dúvida é quanto à(s) letra(s). Exemplos:
Sempre que houver incerteza, não hesite em consultar a lista adian- A derrota foi um acidente na sua vida profissional.
te, o Vocabulário O súbito temporal provocou terrível acidente no parque.
Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp)6, algum dicionário ou
O incidente da demissão já foi superado.
manual de ortografia.
Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com pa-
Adotar: escolher, preferir; assumir; pôr em prática.
lavras semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à pro-
Dotar: dar em doação, beneficiar.
núncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descrição (ato de
Afim: que apresenta afinidade, semelhança, relação (de paren-
descrever) e discrição (qualidade do que é discreto), retificar (corri-
tesco).
gir) e ratificar (confirmar).
A fim de: para, com a finalidade de, com o fito de.
Como não interessa aqui aprofundar a discussão teórica da
Exemplos:
matéria, restringimo-nos a uma lista de palavras que costumam
suscitar dúvidas de grafia ou sentido. Procuramos incluir palavras e Se o assunto era afim, por que não foi tratado no mesmo pa-
expressões que, com mais frequência, provocam dúvidas na elabo- rágrafo?
ração de textos oficiais, com o cuidado de agregá-las em pares ou O projeto foi encaminhado com quinze dias de antecedência a
em pequenos grupos formais. fim de permitir a necessária reflexão sobre sua pertinência.

A: A preposição é utilizada em expressões que indicam futuro Alto: de grande extensão vertical; elevado, grande.
ou distâncias relativas. Auto: ato público, registro escrito de um ato, peça processual.
Há: O verbo haver é usado em expressões que indicam tempo Aleatório: casual, fortuito, acidental.
transcorrido. Alheatório: que alheia, alienante, que desvia ou perturba.
Exemplos:
Terminaremos daqui a duas horas. Amoral: desprovido de moral, sem senso de moral.
O lançamento do satélite ocorrerá daqui a duas semanas. Imoral: contrário à moral, aos bons costumes, devasso, inde-
O estacionamento fica a um quilômetro daqui. cente.
Tais fatos aconteceram há dez anos.
Terminamos há duas horas. Ante (preposição): diante de, perante.
Quando empregado para designar tempo passado, o verbo ha- Ante- (prefixo): expressa anterioridade.
ver dispensa o uso da palavra atrás: *Há dois anos atrás estive em Anti- (prefixo): expressa contrariedade; contra.
Brasília. (forma pleonástica) Exemplos:
Ante tal situação, não teve alternativa.
Absolver: inocentar, relevar da culpa imputada. Antepor, antever, anteprojeto, antediluviano.
Absorver: embeber em si, esgotar. Anti-inflacionário, antibiótico, anti-higiênico, antissocial.
Exemplos:
O júri absolveu o réu. Ao encontro de: para junto de; favorável a.
O solo absorveu lentamente a água da chuva. De encontro a: contra; em prejuízo de.
Exemplos:
Acender: atear (fogo), inflamar. Foi ao encontro dos colegas.

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

O projeto salarial veio ao encontro dos anseios dos trabalha- Civil: relativo ao cidadão; cortês, polido (daí civilidade); não mi-
dores. litar nem, eclesiástico.
O carro foi de encontro a um muro. Colidir: trombar, chocar; contrariar.
O governo não apoiou a medida, pois vinha de encontro aos Coligir: colecionar, reunir, juntar.
interesses dos menores. Exemplos:
A nova proposta colide frontalmente com o entendimento ha-
Ao invés de: ao contrário de. vido.
Em vez de: em lugar de. As leis foram coligidas pelo Ministério da Justiça.
Exemplos: Comprimento: medida, tamanho, extensão, altura.
Ao invés de demitir dez funcionários, a empresa contratou mais Cumprimento: ato de cumprir, execução completa; saudação.
vinte. Concelho: circunscrição administrativa ou município (em Por-
(Inaceitável o cruzamento “ao em vez de”.) tugal).
Em vez de demitir dez funcionários, a empresa demitiu vinte. Conselho: aviso, parecer, órgão colegiado.
Concerto: acerto, combinação, composição, harmonização (cp.
A par: informado, ao corrente, ciente. concertar).
Ao par: de acordo com a convenção legal. Conserto: reparo, remendo, restauração (cp. consertar).
Exemplos: Exemplos:
O Ministro está a par do assunto. (var.: ao par) ao lado, junto; O concerto das nações. O concerto de Guarnieri.
além de. Certos problemas crônicos aparentemente não têm conserto.
Fez a troca de mil dólares ao par. Conje(c)tura: suspeita, hipótese, opinião.
Aparte: interrupção, comentário à margem. Conjuntura: acontecimento, situação, ocasião, circunstância.
À parte: em separado, isoladamente, de lado. Contravenção: transgressão ou infração a normas estabeleci-
Exemplos: das.
O deputado concedeu ao colega um aparte em seu pronuncia- Contraversão: versão contrária, inversão.
mento. Costear: navegar junto à costa, contornar.
O anexo ao projeto foi encaminhado por expediente à parte. Custear: pagar o custo de, prover, subsidiar.
Custar: valer, necessitar, ser penoso.
Aresto: acórdão, caso jurídico julgado. Exemplos:
Arresto: apreensão judicial, embargo. A fragata costeou inúmeras praias do litoral baiano antes de
Exemplos: partir para alto-mar.
Neste caso, o aresto é irrecorrível. Qual a empresa disposta a custear tal projeto?
Os bens do traficante preso foram todos arrestados. Quanto custa o projeto? Custa-me crer que funcionará.
Deferir: consentir, atender, despachar favoravelmente, conce-
Atuar: agir, pôr em ação; pressionar. der.
Autuar: lavrar um auto; processar. Diferir: ser diferente, discordar; adiar, retardar, dilatar.
Degradar: deteriorar, desgastar, diminuir, rebaixar.
Auferir: obter, receber. Degredar: impor pena de degredo, desterrar, banir.
Aferir: avaliar, cotejar, medir, conferir. Delatar (delação): denunciar, revelar crime ou delito, acusar.
Exemplos: Dilatar (dilação): alargar, estender; adiar, diferir.
Auferir lucros, vantagens. Exemplos:
Aferir valores, resultados. Os traficantes foram delatados por membro de quadrilha rival.
A dilação do prazo de entrega das declarações depende de de-
Avocar: atribuir-se, chamar. cisão do Diretor da Receita Federal.
Evocar: lembrar, invocar. Derrogar: revogar parcialmente (uma lei), anular.
Invocar: pedir (a ajuda de); chamar; proferir. Derrocar: destruir, arrasar, desmoronar.
Exemplos: Descrição: ato de descrever, representação, definição.
Avocou a si competências de outrem. Discrição: discernimento, reserva, prudência, recato.
Evocou no discurso o começo de sua carreira. Descriminar: absolver de crime, tirar a culpa de.
Ao final do discurso, invocou a ajuda de Deus. Discriminar: diferençar, separar, discernir.
Despensa: local em que se guardam mantimentos, depósito de
Caçar: perseguir, procurar, apanhar (geralmente animais). provisões.
Cassar: tornar nulo ou sem efeito, suspender, invalidar. Dispensa: licença ou permissão para deixar de fazer algo a que
Censo: alistamento, recenseamento, contagem. se estava obrigado; demissão.
Senso: entendimento, juízo, tino. Despercebido: que não se notou, para o que não se atentou.
Cessão: ato de ceder. Desapercebido: desprevenido, desacautelado.
Seção: setor, subdivisão de um todo, repartição, divisão.
Sessão: espaço de tempo que dura uma reunião, um congres- Exemplos:
so; reunião; espaço de tempo durante o qual se realiza uma tarefa. Apesar de sua importância, o projeto passou despercebido.
Exemplos: Embarcou para a missão na Amazônia totalmente desapercebi-
A cessão do local pelo município tornou possível a realização do dos desafios que lhe aguardavam.
da obra.
Em qual seção do ministério ele trabalha? Dessecar: secar bem, enxugar, tornar seco.
A próxima sessão legislativa será iniciada em 1o de agosto. Dissecar: analisar minuciosamente, dividir anatomicamente.
Cível: relativo à jurisdição dos tribunais civis. Destratar: insultar, maltratar com palavras.

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Distratar: desfazer um trato, anular. Exemplos:


Distensão: ato ou efeito de distender, torção dos ligamentos de O réu declarou que havia sido induzido a cometer o delito.
uma articulação. A defesa, então, aduziu novas provas.
Distinção: elegância, nobreza, boa educação. Inflação: ato ou efeito de inflar; emissão exagerada de moeda,
Dissensão: desavença, diferença de opiniões ou interesses. aumento persistente de preços.
Exemplos: Infração: ato ou efeito de infringir ou violar uma norma.
Todos devem portar-se com distinção. Infligir: cominar, aplicar (pena, castigo, repreensão, derrota).
A dissensão sobre a matéria impossibilitou o acordo. Infringir: transgredir, violar, desrespeitar (lei, regulamento,
Elidir: suprimir, eliminar. etc.) (cp. infração).
Ilidir: contestar, refutar, desmentir. Exemplos:
Emenda: correção de falta ou defeito, regeneração, remendo. O juiz infligiu pesada pena ao réu.
Ementa: apontamento, súmula de decisão judicial ou do objeto A condenação decorreu de ter ele infringido um sem número
de uma lei. de artigos do Código Penal.
Exemplos: Inquerir: apertar (a carga de animais), encilhar.
Ao torná-lo mais claro e objetivo, a emenda melhorou o pro- Inquirir: procurar informações sobre, indagar, investigar, inter-
jeto. rogar.
Procuro uma lei cuja ementa dispõe sobre a propriedade in- Intercessão: ato de interceder.
dustrial. Interse(c)ção: ação de se(c)cionar, cortar; ponto em que se en-
Emergir: vir à tona, manifestar-se. contram duas linhas ou superfícies.
Imergir: mergulhar, afundar (submergir), entrar. Inter- (prefixo): entre; preposição latina usada em locuções.
Emigrar: deixar o país para residir em outro. Intra- (prefixo): interior, dentro de.
Imigrar: entrar em país estrangeiro para nele viver. Exemplos:
Eminente (eminência): alto, elevado, sublime. Inter alia (entre outros), inter pares (entre iguais).
Iminente (iminência): que está prestes a acontecer, pendente, Intragrupo, intra-histórico
próximo. Judicial: que tem origem no Poder Judiciário ou que perante
Emitir (emissão): produzir, expedir, publicar. ele se realiza.
Imitir (imissão): fazer entrar, introduzir, investir. Judiciário: relativo ao direito processual ou à organização da
Empoçar: reter em poço ou poça, formar poça. Justiça.
Empossar: dar posse a, tomar posse, apoderar-se. Liberação: ato de liberar, quitação de dívida ou obrigação.
Espectador: aquele que assiste a qualquer ato ou espetáculo, Libertação: ato de libertar ou libertar-se.
testemunha. Lista: relação, catálogo; var. pop. de listra.
Expectador: que tem expectativa, que espera. Listra: risca de cor diferente num tecido (var. pop. de lista).
Esperto: inteligente, vivo, ativo. Locador: que dá de aluguel, senhorio, arrendador.
Experto: perito, especialista. Locatário: alugador, inquilino.
Espiar: espreitar, observar secretamente, olhar. Exemplo:
Expiar: cumprir pena, pagar, purgar. O locador reajustou o aluguel sem a concordância do locatário.
Estada: ato de estar, permanência. Magistrado: juiz, desembargador, ministro.
Estadia: prazo para carga e descarga de navio ancorado em por- Magistral: relativo a mestre (latim: magister); perfeito, comple-
to. to; exemplar.
Exemplos: Mandado: garantia constitucional para proteger direito indivi-
Nossa estada em São Paulo foi muito agradável. dual líquido e certo;
O Rio de Janeiro foi autorizado a uma estadia de três dias. ato de mandar; ordem escrita expedida por autoridade judicial
Estância: lugar onde se está, morada, recinto. ou administrativa: um mandado
Instância: solicitação, pedido, rogo; foro, jurisdição, juízo. de segurança, mandado de prisão.
Estrato: cada camada das rochas estratificadas. Mandato: autorização que alguém confere a outrem para pra-
Extrato: coisa que se extraiu de outra; pagamento, resumo, có- ticar atos em seu nome; procuração; delegação: o mandato de um
pia; perfume. deputado, senador, do Presidente.
Flagrante: ardente, acalorado; diz-se do ato que a pessoa é sur- Mandante: que manda; aquele que outorga um mandato.
preendida a praticar (flagrante delito). Mandatário: aquele que recebe um mandato, executor de
Fragrante: que tem fragrância ou perfume; cheiroso. mandato, representante, procurador.
Folhar: produzir folhas, ornar com folhagem, revestir lâminas. Mandatório: obrigatório.
Folhear: percorrer as folhas de um livro, compulsar, consultar. Ordinal: numeral que indica ordem ou série (primeiro, segun-
Incerto: não certo, indeterminado, duvidoso, variável. do, milésimo, etc.).
Inserto: introduzido, incluído, inserido. Ordinário: comum, frequente, trivial, vulgar.
Incipiente: iniciante, principiante. Original: com caráter próprio; inicial, primordial.
Insipiente: ignorante, insensato. Originário: que provém de, oriundo; inicial, primitivo.
Induzir: causar, sugerir, aconselhar, levar a.
Aduzir: expor, apresentar. Preceder: ir ou estar adiante de, anteceder, adiantar-se.
Proceder: originar-se, derivar, provir; levar a efeito, executar.
Pós- (prefixo): posterior a, que sucede, atrás de, após.
Pré- (prefixo): anterior a, que precede, à frente de, antes de.
Pró (advérbio): em favor de, em defesa de.
Exemplos:
Pós-moderno, pós-operatório.

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Pré-modernista, pré-primário. Taxar mercadorias.


A maioria manifestou-se contra, mas dei meu parecer pró. Tráfego: trânsito de veículos, percurso, transporte.
Preeminente: que ocupa lugar elevado, nobre, distinto. Tráfico: negócio ilícito, comércio, negociação.
Proeminente: alto, saliente, que se alteia acima do que o cir- Trás: atrás, detrás, em seguida, após (cf. em locuções: de trás,
cunda. por trás).
Preposição: ato de prepor, preferência; palavra invariável que Traz: 3 a pessoa do singular do presente do indicativo do verbo
liga constituintes da frase. trazer.
Proposição: ato de propor, proposta; máxima, sentença; afir- Vultoso: de grande vulto, volumoso.
mativa, asserção. Vultuoso (p. us.): atacado de vultuosidade (congestão da face).
Prescrever: fixar limites, ordenar de modo explícito, determi- 12.2 Expressões a evitar e expressões de uso recomendável
nar; ficar sem efeito, anular-se. Como mencionado na introdução deste capítulo, o sentido das
Proscrever: abolir, extinguir, proibir, terminar; desterrar. palavras liga-se intimamente à tradição e ao contexto de seu uso.
Exemplos: Assim, temos vocábulos e expressões (locuções) que, por seu con-
O prazo para entrada do processo prescreveu há dois meses. tinuado emprego com determinado sentido, passam a ser usados
O uso de várias substâncias psicotrópicas foi proscrito por re- sempre em tal contexto e de tal forma, tornando-se expressões
cente portaria do Ministro.
de uso consagrado. Mais do que do sentido das palavras, trata-se,
Prever: ver antecipadamente, profetizar; calcular.
aqui, também da regência de determinados verbos e nomes.
Prover: providenciar, dotar, abastecer, nomear para cargo.
O esforço de classificar expressões como de uso a ser evitado
Provir: originar-se, proceder; resultar.
ou como de uso recomendável atende, primordialmente, aos prin-
Exemplos:
A assessoria previu acertadamente o desfecho do caso. cípios da clareza e da transparência que deve nortear a elaboração
O chefe do departamento de pessoal proveu os cargos vacan- de todo texto oficial. Não se trata, pois, de mera preferência ou de
tes. gosto por determinada forma.
A dúvida provém (Os erros provêm) da falta de leitura. A linguagem dos textos oficiais deve sempre pautar-se pela
Prolatar: proferir sentença, promulgar. norma padrão. Não é aceitável, portanto, que, nesses textos, cons-
Protelar: adiar, prorrogar. tem coloquialismos ou expressões de uso restrito a determinados
Ratificar: validar, confirmar, comprovar. grupos, que comprometeriam sua própria compreensão pelo pú-
Retificar: corrigir, emendar, alterar: blico.
Exemplos: Acrescente-se que é também indesejável a repetição excessiva
A diretoria ratificou a decisão após o texto ter sido retificado de uma mesma palavra quando há outra que pode substituí-la sem
em suas passagens ambíguas. prejuízo ou alteração de sentido.
Reincidir: tornar a incidir, recair, repetir. Quanto a determinadas expressões que devem ser evitadas,
Rescindir: dissolver, invalidar, romper, desfazer. mencionem-se aquelas que formam cacófatos, ou seja, “o encontro
de sílabas em que a malícia descobre um novo termo com senti-
Exemplos: do torpe ou ridículo” (SAID ALI, 1964, p. 224). Não há necessidade,
Como ele reincidiu no erro, o contrato de trabalho foi rescin- no entanto, de estender a preocupação de evitar a ocorrência de
dido. cacófatos a um sem-número de locuções que produzem terceiro
Remição: ato de remir, resgate, quitação. sentido, como “por cada”, “vez passada” etc. Trata-se, sobretudo,
Remissão: ato de remitir, intermissão, intervalo; perdão, expia- de uma questão de estilo e da própria sensibilidade do autor do
ção. texto. Não faz sentido eliminar da língua inúmeras locuções que só
Repressão: ato de reprimir, contenção, impedimento, proibi- causam espanto ao leitor que está à procura do duplo sentido.
ção. À medida que: (locução proporcional) – à proporção que, ao
Repreensão: ato de repreender, enérgica admoestação, censu- passo que, conforme.
ra, advertência. Na medida em que: (locução causal) – pelo fato de que, uma
Sanção: confirmação, aprovação; pena imposta pela lei ou por
vez que.
contrato para punir sua infração.
Evite os cruzamentos “à medida em que”, “na medida que”.
Sansão: nome de personagem bíblico; certo tipo de guindaste.
Sedento: que tem sede; sequioso (var. p. us.: sedente).
Exemplos:
Cedente: que cede, que dá.
Sobrescritar: endereçar, destinar, dirigir. Os preços deveriam diminuir à medida que diminui a procura.
Subscritar: assinar, subscrever. Na medida em que se esgotaram as possibilidades de negocia-
Subentender: perceber o que não estava claramente exposto; ção, o projeto foi integralmente vetado.
supor. A partir de: deve ser empregado preferencialmente no sentido
Subintender: exercer função de subintendente, dirigir. temporal.
Subtender: estender por baixo. Evite repeti-la com o sentido de com base em, preferindo consi-
Sustar: interromper, suspender; parar, interromper-se (sustar- derando, tomando-se por base, fundando-se em, baseando-se em.
-se).
Suster: sustentar, manter; fazer parar, deter. Exemplo:
Tacha: pequeno prego; mancha, defeito, pecha. A cobrança do imposto entra em vigor a partir do início do pró-
Taxa: espécie de tributo, tarifa. ximo ano.
Tachar: censurar, qualificar, acoimar. A princípio: no começo, inicialmente.
Taxar: fixar a taxa de; regular, regrar. Em princípio: antes de qualquer consideração; de maneira ge-
Exemplos: ral; em tese.
Tachar alguém (tachá-lo) de subversivo.

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Exemplo: Dirigir: quando empregado com o sentido de encaminhar, alter-


A princípio, todos esperavam que a lei seria votada pelo Con- ne com transmitir, mandar, encaminhar, remeter, enviar, endereçar.
gresso Nacional. Enquanto: conjunção proporcional equivalente a “ao passo
Em princípio, a democracia visa ao bem comum. que”, “à medida que”.
Ambos/Todos os dois: “ambos” significa os dois ou um e outro. Evitar a construção coloquial “enquanto que”.
Evite expressões pleonásticas como “ambos dois”, “ambos os Especialmente: use também: principalmente, notadamente,
dois”, “ambos de dois”, “ambos a dois”. Quando for o caso de enfa- sobretudo, nomeadamente, em especial, em particular.
tizar a dualidade, empregue “todos os dois”. Face a / em face de: a expressão “em face de” é empregada
Exemplo: para significar “diante de”:
Todos os dois Ministros assinaram a Portaria. Exemplo:
Anexo: o adjetivo “anexo” concorda em gênero e em número Em face da ameaça, retirou-se. (não: “Face à ameaça, retirou-
com o substantivo ao qual se refere. Use também os termos junto, -se”)
apenso. Inclusive: advérbio que indica inclusão; opõe-se a exclusive.
Em anexo: a locução adverbial “em anexo”, como é próprio aos Evite-se o seu abuso com o sentido de “até”; nesse caso utilize
advérbios, é invariável. o próprio “até” ou: ainda, igualmente, mesmo, também, ademais.
Empregue também os termos conjuntamente, juntamente Informar: alterne com: comunicar, avisar, noticiar, participar,
inteirar, cientificar, instruir, confirmar, levar ao conhecimento, dar
com.
conhecimento; ou perguntar, interrogar, inquirir, indagar. junto a:
Exemplos:
significa proximidade física.
Encaminho as minutas anexas.
Embora usual nos meios forenses, é impróprio o uso das ex-
Dirigimos os anexos projetos à Chefia.
pressões “junto a” e “junto o”, em frases como: Declaramos junto
Ao nível de: a locução tem o sentido de à mesma altura de. à Receita Federal do Brasil. Use Declaramos à Receita Federal do
Evite seu uso com o sentido de em nível, com relação a, no que se Brasil.
refere a. Exemplo:
Em nível (de): significa nessa instância. “A nível (de)” constitui Ele está sentado junto à porta. (próximo à porta)
modismo que é melhor evitar.
Exemplos: Mesmo: quando equivale a “próprio”, “idêntico” ou “igual” é
Fortaleza localiza-se ao nível do mar. variável.
A decisão foi tomada em nível Ministerial.
Em nível político, será difícil chegar-se ao consenso. Exemplos:
Assim: Use após a apresentação de alguma situação ou propos- Ela mesma (própria) entregou o documento.
ta para ligá-la à ideia seguinte. O mesmo fato (fato idêntico) ocorreu comigo.
Alterne com: dessa forma, desse modo, diante do exposto, Eles debateram os mesmos problemas. (problemas iguais,
diante disso, consequentemente, portanto, por conseguinte, assim idênticos) Como advérbio, equivalente a de fato, realmente.
sendo, em consequência, em vista disso, em face disso. Exemplos:
Bem como: evite o uso, polêmico para certos autores, da lo- Eles não virão mesmo (realmente) à reunião.
cução “bem assim” como equivalente. Alterne com: e, como (tam- Ele apresentou mesmo (de fato) o relatório.
bém), igualmente, da mesma forma. Substantivado no singular, precedido do artigo definido, equi-
Cada: este pronome indefinido deve ser usado em função ad- valente a mesma coisa.
jetiva. Exemplo:
Evite a construção coloquial “foi distribuída uma cesta básica Aceitar não é o mesmo que permitir.
a cada”. A expressão “o(a) mesmo(a)” , “os(as) mesmos(as)” pode gerar
Exemplo: ambiguidade na frase.
Quanto às famílias presentes, foi distribuída uma cesta básica Exemplo:
a cada uma. Doou em vida seu coração. Espero que o mesmo possa salvar
uma pessoa. Doou em vida seu coração. Espero que o órgão/o ges-
to/o doador possa salvar uma pessoa.
Causar: evite repetir. Use também: originar, motivar, provocar,
Para evitar esse uso, prefira:
produzir, gerar, levar a, criar.
a) eliminá-lo:
Constatar: evite repetir. Alterne com: atestar, apurar, averiguar,
Exemplo:
certificar-se, comprovar, evidenciar, observar, notar, perceber, regis- Os diretores se reuniram e (os mesmos) decidiram aceitar a
trar, verificar. proposta.
De forma que, de modo que/de forma a, de modo a: “De for- b) substituí-lo por uma palavra ou expressão equivalente:
ma (ou maneira, modo) que” nas orações desenvolvidas. “De forma Exemplo:
(maneira ou modo) a” nas orações reduzidas de infinitivo. Eram duas metralhadoras. As (mesmas) armas foram deixadas
São descabidas na língua escrita as pluralizações “de formas no porta-malas.
(maneiras ou modos) que...” c) substituí-lo por pronome.
Exemplos:
Exemplos: O réu foi até a vítima e falou (com a mesma) com ela.
Deu amplas explicações, de forma que tudo ficou claro. Leu o relatório e tirou (do mesmo) dele várias conclusões.
Deu amplas explicações, de forma (maneira ou modo) a deixar O advogado ofereceu ajuda ao réu, mas (o mesmo) este não
tudo claro aceitou.
Devido a: evite repetir. Utilize igualmente: em virtude de, por Não se deve empregar a expressão “o(a) mesmo(a)”, “os(as)
causa de, em razão de, graças a, provocado por. mesmos(as)” no lugar de pronome pessoal.

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Exemplo: O uso da locução “posto que” como causal não é registrado


Chamei a secretária e a mesma não atendeu. em Aurélio, e Houaiss registra como regionalismo brasileiro de uso
Prefira: Chamei a secretária e ela não atendeu. informal, observando que é rejeitado pelos gramáticos, o que desa-
Nem: conjunção aditiva que significa “e não”, “e tampouco”, conselha o seu uso nesta acepção na linguagem formal.
dispensando, portanto, a conjunção “e”. Evite a dupla negação “não Exemplo:
nem”, “nem tampouco”, etc. Vivia modestamente, posto que (embora) tivesse muito dinhei-
Exemplo: ro .
Não foram feitos reparos à proposta inicial, nem à nova versão Relativo a: empregue também: referente a, concernente a, to-
do projeto. cante a, atinente a, pertencente a, que diz respeito a, que trata de,
Uso equivocado: Não pode encaminhar o trabalho no prazo, que respeita.
nem não teve tempo para revisá-lo. Ressaltar: varie com: destacar, sublinhar, salientar, relevar, dis-
O correto é: Não pode encaminhar o trabalho no prazo, nem tinguir, sobressair.
teve tempo para revisálo. Pronome “se”: evite abusar de seu emprego como indetermi-
No sentido de: empregue também: com vistas a, a fim de, com nador do sujeito. O simples emprego da forma infinitiva já confere
o fito (objetivo, intuito, fim) de, com a finalidade de, tendo em vista a almejada impessoalidade.
ou mira, tendo por fim. Exemplo:
Objetivar/ter por objetivo: ter por objetivo pode ser alternado
Para atingir esse objetivo há que evitar o uso de coloquialismo.
com pretender, ter por fim, ter em mira, ter como propósito, no
(e não: Para (se) atingir-se ... Há que se evitar...).
intuito de, com o fito de. Objetivar significa antes materializar, tor-
Tratar (de): empregue também: contemplar, discutir, debater,
nar objetivo (objetivar ideias, planos, o abstrato), embora possa ser
discorrer, cuidar, versar, referir-se, ocupar-se de.
empregado também com o sentido de ter por objetivo. Evite-se o
emprego abusivo alternando-o com sinônimos como os referidos. Viger: significa “vigorar”, “ter vigor”, “funcionar”. Verbo defec-
Onde: como pronome relativo significa “em que (lugar)”. tivo, sem forma para a primeira pessoa do singular do presente do
Evite construções como: “a lei onde é fixada a pena” ou “o en- indicativo, nem para qualquer pessoa do presente do subjuntivo,
contro onde o assunto foi tratado”. portanto.
Nesses casos, substitua “onde” por em que, na qual, no qual, Exemplos:
nas quais, nos quais. O Decreto prossegue vigendo.
O correto é, portanto: “a lei na qual é fixada a pena”, “o encon- A portaria vige.
tro no qual (em que) o assunto foi tratado”. A lei tributária vigente naquele ano.
Exemplo:
A cidade onde nasceu. OS ATOS NORMATIVOS
O país onde viveu.
Operacionalizar: neologismo verbal de que se tem abusado. É FUNDAMENTOS DA ELABORAÇÃO NORMATIVA
da mesma família de agilizar, objetivar e outros cujo problema está 13 Questões fundamentais da elaboração normativa
antes no uso excessivo do que na forma, pois o acréscimo dos sufi- 13.1 Considerações preliminares
xos “-izar” e “-ar” é uma das possibilidades normais de criar novos O Estado de Direito submete todas as relações ao regime da
verbos a partir de adjetivos (ágil + izar = agilizar; objetivo + ar = lei. Para tanto, as decisões fundamentais para a vida da sociedade
objetivar). devem ser tomadas pelo Poder Legislativo, instituição fundamental
Evite, pois, a repetição, que pode sugerir indigência vocabular do regime democrático representativo. O legislador se vê confron-
ou ignorância dos recursos do idioma. tado constantemente com demanda por novas normas. A compe-
Prefira: realizar, fazer, executar, levar a cabo ou a efeito, pôr em tência legislativa demanda responsabilidade e impõe ao legislador
obra, praticar, cumprir, desempenhar, produzir, efetuar, construir, a obrigação de tomar providências. O legislador deve não apenas
compor, estabelecer. concretizar a vontade constitucional, mas também preencher as la-
Opinião/“opinamento”: como sinônimo de parecer, prefira opi- cunas ou corrigir os defeitos na legislação. Então, o poder de legislar
nião a opinamento. Alterne com: parecer, juízo, julgamento, voto, converte-se em dever de legislar.
entendimento, percepção.
De um lado, a instituição de mecanismos especiais destinados
Opor veto (e não apor): Vetar é opor veto. Apor é acrescentar
ao controle judicial da omissão legislativa – como o mandado de
(daí aposto, que significa (o) que vem junto). O veto, a contrarieda-
injunção (Constituição, art. 5, caput, inciso LXXI) e a ação direta de
de são opostos, nunca apostos.
controle da omissão (Constituição, art. 103, § 2) – revela que o pró-
Pertinente: (derivado do verbo latino pertinere) significa per- prio sistema constitucional reconhece a existência de pretensão de
tencente ou oportuno. edição de um ato normativo
Pertencer: se originou do latim pertinescere, derivado sufixal .
de pertinere. Esta forma não sobreviveu em português; não empre- Por outro lado, as exigências da vida moderna não só impõem
gue, pois, formas inexistentes como “no que pertine ao projeto”; ao legislador o dever de agir, mas também lhe cobram resposta rá-
nesse contexto use no que diz respeito, no que respeita, no tocante, pida e eficaz aos problemas (dever de agir com a possível presteza
com relação. e eficácia). É exatamente a formulação apressada (e, não raras ve-
Posição: pode ser alternado com: postura, ponto de vista, ati- zes, irrefletida) de atos normativos que acaba ocasionando as suas
tude, maneira, modo. maiores deficiências: a incompletude, a incompatibilidade com a
Posicionamento: significa “disposição”, “arranjo”, e não deve sistemática vigente, a incongruência, a inconstitucionalidade, etc.
ser confundido com posição. A tarefa do legislador é delicada. A generalidade, a abstração e
Posto que: é conjunção concessiva (sinônimo de embora, ape- o efeito vinculante que caracterizam a lei revelam não só a grande-
sar de que, ainda que, se bem que). za, mas também a problemática que marcam a atividade legislativa.
A despeito dos cuidados tomados na feitura da lei (os estudos mi-

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

nudentes, os prognósticos realizados com base em levantamentos um regime legal mínimo, que não reduza ou restrinja, imotivada
cuidadosos, etc.), não há como deixar de caracterizar o seu afazer ou desnecessariamente, a liberdade de ação no âmbito social. As
como uma experiência. Trata-se, porém, da mais difícil das experi- leis hão de ter, pois, um fundamento objetivo, devendo mesmo ser
ências, a “experiência com o destino humano” (JAHRREIS, 1953, p. reconhecida a inconstitucionalidade das normas que estabelecem
5). restrições dispensáveis.8
Essas peculiaridades do processo de elaboração normativa fo-
ram percebidas por Victor Nunes Leal: 13.4 Vinculação normativa do legislador e controle de consti-
Tal é o poder da lei que a sua elaboração reclama precauções tucionalidade
severíssimas. Quem faz a lei é como se estivesse acondicionando A atividade legislativa deve ser exercida conforme as normas
materiais explosivos. As consequências da imprevisão e da imperí- constitucionais (Constituição, art. 1, parágrafo único, e art. 5). Da
cia não serão tão espetaculares, e quase sempre só de modo indire- mesma forma, o poder regulamentar (Cosntituição, art. 84, caput,
to atingirão o manipulador, mas podem causar danos irreparáveis. inciso IV) deve ser exercido dentro dos limites estabelecidos pela
(LEAL, 1960, p. 7-8) lei. Isso significa que a ordem jurídica não tolera contradições entre
Os riscos envolvidos na elaboração normativa exigem cautela normas jurídicas, ainda que situadas em planos diversos.
daqueles que se ocupam desse processo. Eles estão obrigados a co- Apesar disso, os limites normativos não são sempre observa-
lher informações variadas sobre a matéria que deve ser regulada dos. Fatores políticos, razões econômico-financeiras ou questões
e a realizar uma pesquisa que não pode ficar limitada a aspectos de outra índole, às vezes, podem prevalecer no processo legislativo
estritamente jurídicos. É necessário realizar minuciosa investigação com a aprovação de leis inconstitucionais ou de regulamentos ile-
nos âmbitos legislativo, doutrinário e jurisprudencial. A análise da gais. No entanto, a aprovação da lei não garante sequer a sua apli-
repercussão econômica, social e política do ato legislativo é igual- cação, pois é muito provável que as questões controvertidas sejam
mente imprescindível. Somente a realização dessa pesquisa, que submetidas ao Poder Judiciário.
demanda a utilização de conhecimentos interdisciplinares, poderá A Constituição de 1988 ampliou as possibilidades de questio-
fornecer elementos seguros para a escolha dos meios adequados nar a constitucionalidade das leis e dos atos normativos do Poder
para atingir os fins almejados. Púbico. O constituinte preservou o sistema de controle incidental
A utilização de fórmulas obscuras ou criptográficas, motivadas de normas para permitir que qualquer juiz ou tribunal afastasse a
por razões políticas ou de outra ordem, contraria princípios básicos aplicação da lei inconstitucional no caso concreto.
do próprio Estado de Direito, como os da segurança jurídica e os Além de manter o controle de constitucionalidade difuso, o
postulados de clareza e de precisão da norma jurídica (DEGENHART, constituinte ampliou, de forma significativa, o chamado controle
1987, p. 102). abstrato de normas. Em primeiro lugar, criou a ação declaratória
de constitucionalidade – ADC (Emenda Constitucional no 3, de 17
13.2 Funções das normas jurídicas de março de 1993). Em segundo lugar, ampliou o rol de legitimados
No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa a propositura de ações no controle concentrado de constitucionali-
de concretizar a Constituição. Elas devem criar os fundamentos de dade (Emenda Constitucional no 45, de 30 de dezembro de 2004).
justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento social Antes, o controle abstrato de normas só poderia ser iniciado
harmônico em um contexto de paz e de liberdade. pelo Procurador-Geral da República. Com a nova redação constitu-
Esses complexos objetivos da norma jurídica são expressos nas cional, podem propor a Ação Direta de Inconstitucionalidade e a
funções: Ação Direta de Constitucionalidade os seguintes órgãos ou autori-
a) de integração: a lei cumpre função de integração ao com- dades:
pensar as diferenças jurídico-políticas no quadro de formação da a) Presidente da República;
vontade do Estado (desigualdades sociais, regionais, etc.); b) Mesa do Senado Federal;
b) de planificação: a lei é o instrumento básico de organização, c) Mesa da Câmara dos Deputados;
de definição e de distribuição de competências; d) Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do
c) de proteção: a lei cumpre função de proteção contra o arbí- Distrito Federal;
trio ao vincular os próprios órgãos do Estado; e) Governador de Estado ou do Distrito Federal;
d) de regulação: a lei cumpre função reguladora ao direcionar f) Procurador-Geral da República;
condutas por meio de modelos;e g) Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
e) de inovação: a lei cumpre função de inovação na ordem jurí- h) partido político com representação no Congresso Nacional; e
dica e no plano social (HILL, 1982, p. 22). i) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito na-
cional.
13.3 O Caráter subsidiário da atividade legislativa Tal como a Constituição de 1967/1969 (art. 119, caput, inciso
É certo que a lei exerce um papel deveras relevante na ordem I, alínea “p”), a Constituição de 1988 (art. 102, caput, inciso I, alí-
jurídica do Estado de Direito. Assinale-se, porém, que os espaços nea “p”) outorgou ao Supremo Tribunal Federal a competência para
não ocupados pelo legislador não são dominados pelo caos ou pelo conceder medida cautelar nas ações diretas de inconstitucionalida-
arbítrio. de.
Embora a competência para editar normas, no tocante à maté- Assim, o Supremo Tribunal Federal poderá suspender, liminar-
ria, quase não conheça limites (universalidade da atividade legislati- mente, a execução de ato normativo, caso considere presentes os
va), a atividade legislativa é, e deve continuar sendo, uma atividade pressupostos relativos à plausibilidade jurídica da arguição (fumaça
subsidiária. Significa dizer que o exercício da atividade legislativa do bom direito) e à possibilidade de que a aplicação da lei venha
está submetido ao princípio da necessidade, isto é, que a promul- acarretar danos irreparáveis ou de difícil reparação (perigo da de-
gação de leis supérfluas ou iterativas configura abuso do poder de mora). Outrossim, o STF entendeu possível a concessão de liminar
legislar (PESTALOZZA, 1981, p. 2082-2083). É que a presunção de nas ações declaratórias de, apesar de não estar expresso na Consti-
liberdade, que lastreia o Estado de Direito democrático, pressupõe tuição (BRASIL, 1998b).

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Posteriormente, a Lei no 9.882, de 3 de dezembro de 1999, que 14.2.1 Reserva legal qualificada
regulamentou o art. 102, § 1, da Constituição, instituiu a arguição Além do princípio da legalidade, consagrado no art. 5, caput,
de descumprimento de preceito fundamental, cabível quando hou- inciso II, da Constituição, o texto constitucional exige, de forma ex-
ver relevante fundamento em controvérsia constitucional, sobre lei pressa, que algumas providências sejam precedidas de específica
ou ato normativo federal, estadual, distrital ou municipal, incluídos autorização legislativa, vinculada à determinada situação ou desti-
os anteriores à Constituição, e não houver qualquer outro meio efi- nada a atingir determinado objetivo (reserva legal qualificada).
caz para sanar a lesividade. Diz-se, por isso, tratar-se de uma ação Assim, a Constituição estabelece, em seu art. 5, XIII, ser “livre
subsidiária. o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
Com o advento da Emenda Constitucional no 45, de 2004, foi qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
criada a súmula vinculante (Constituição, art. 103-A). Após reitera- Pode, no entanto, o legislador infraconstitucional impor restri-
das decisões sobre a matéria constitucional, por voto de dois ter- ções ao exercício de determinadas profissões se não “atendidas as
ços dos membros do Supremo Tribunal Fedeal, poderá ser editada qualificações profissionais que a lei estabelecer”, mas sempre com
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá objetivo de evitar algum dano social decorrente do exercício da pro-
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário fissão por pessoa sem qualificação. Já decidiu o Supremo Tribunal
e às administrações públicas direta e indireta, nas esferas federal, Federal que “Essa limitação há que ser posta, entretanto sempre,
estadual e municipal. A delimitação e as formas de sua revisão ou com vistas ao interesse público. Nunca aos interesses de grupos
cancelamento foram dadas pela Lei no 11.417, de 19 de dezembro profissionais”(BRASIL, 2011b).
de 2006. Da mesma, forma, consagra-se no art. 5, XXIII, que “a proprie-
dade atenderá a sua função social”. Eventuais restrições à liberdade
O controle de constitucionalidade recomenda a todos os partí- de exercício profissional somente podem ser levadas a efeito no to-
cipes do processo de elaboração de leis cautela no exame da cons- cante às qualificações profissionais. Assim, as restrições ao direito
titucionalidade das proposições normativas. Mesmo aqueles que de propriedade somente se legitimam, igualmente, se tiverem por
se orientam por parâmetros de índole marcadamente pragmática escopo assegurar a sua função social.
devem estar advertidos de que, já do prisma estritamente prático,
eventual ofensa à Constituição não deverá trazer qualquer utilida- 14.2.2 Princípio da legalidade nos âmbitos penal, tributário e
de, pois é possível que se suspenda a eficácia do dispositivo ques- administrativo
tionado antes mesmo de sua aplicação. A Constituição consagra, no art. 5, caput, inciso XXXIX, exigên-
cia expressa de previsão legal para a definição de crime e a comi-
14 Requisitos da elaboração normativa nação de pena, e proíbe a retroatividade da lei penal (Constituição,
Alguns princípios constitucionais balizam a formulação das art. 5, caput, inciso XL). Exige que o crime seja previsto em lei escri-
disposições normativas. Algumas orientações para a elaboração ta e veda a utilização de analogia em relação às normas incrimina-
normativa podem ser inferidas a partir do princípio do Estado de doras, e o emprego de fórmulas vagas ou indeterminadas.
Direito. Nesse sentido, as normas jurídicas devem ser dotadas de Da mesma forma, segundo a Constituição, art.150, a instituição
alguns atributos, como precisão ou determinabilidade, clareza e ou a elevação de tributos somente pode ocorrer por lei formal –
densidade suficiente (CANOTILHO, 2003) para permitir a definição princípio da legalidade (COELHO, 2006, p.280- 281).
do objeto da proteção jurídica e o controle de legalidade da ação Tem-se, ainda, outras hipóteses de reserva legal qualificada,
administrativa. entre as quais cabe destacar a reserva legal em matéria de Direito
Administrativo (art. 37, caput), como suas derivações tais quais a re-
14.1 Clareza e determinação das normas serva legal em fixação de remuneração (art. 37, inciso X), criação de
O princípio da segurança jurídica, elemento fundamental do entidades (art. 37, inciso XIX), criação de cargos (art. 61, § 1º, inciso
Estado de Direito, exige que as normas sejam precisas e claras para II, alínea “a”) ou criação de órgãos (art. 61, § 1º, inciso II, alínea “e”).
que o destinatário das disposições possa identificar a nova situação 14.2.3 Reserva legal e princípio da proporcionalidade
jurídica e as consequências que dela decorrem. A simples existência de lei não é suficiente para legitimar a
As formulações obscuras, imprecisas, confusas ou contraditó- intervenção no âmbito dos direitos e das liberdades individuais. É
rias devem ser evitadas. preciso também que as restrições sejam proporcionais, isto é, que
sejam adequadas e justificadas pelo interesse público e atendam ao
14.2 Princípio da reserva legal critério de razoabilidade (BRASIL, 1976). Em outros termos, tendo
A Constituição consagra, em seu art. 37, a ideia de que a admi- em vista a observância ao princípio da proporcionalidade, cabe ana-
nistração pública está submetida, dentre outros princípios, ao da lisar não só a legitimidade dos objetivos do legislador, mas também
legalidade, que abrange postulados de supremacia da lei e o princí- a adequação dos meios empregados, a necessidade de sua utiliza-
pio da reserva legal. ção, e a razoabilidade, isto é, a ponderação entre a restrição a ser
A supremacia da lei expressa a vinculação da administração pú- imposta aos cidadãos e os objetivos pretendidos (MENDES, 1990, p.
blica ao Direito, o postulado de que o ato administrativo que contra- 48; CASTRO, 1989. p. 153).
ria norma legal é inválido. Esse princípio está sintetizado na Consti-
tuição (art. 5, caput, inciso II) pela fórmula: “Ninguém será obrigado 14.2.4 Densidade da norma
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.” O princípio da reserva legal exige não só expressa autorização
Os postulados do Estado de Direito (art. 1) e o princípio da re- legislativa para intervenção no âmbito dos direitos individuais, mas
serva legal (art. 5, caput, inciso II) impõem que as decisões normati- pressupõe também que a previsão legal contenha uma disciplina
vas fundamentais sejam tomadas diretamente pelo legislador. suficientemente concreta (densa, determinada) (CANOTILHO, 2003,
p. 258). É essa densidade suficiente que, de um lado, há de definir
as posições juridicamente protegidas e, de outro, pautar a ação do
Estado.

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A exigência relativa à adequada densidade da norma tem espe- Não obstante, nem tudo pode ser planejado. Muitas iniciati-
cial importância no âmbito do Direito Penal, pois eventual incrimi- vas, no plano legislativo, são determinadas por circunstâncias ou
nação vaga ou imprecisa de certos fatos poderia reduzir a seguran- eventos imprevistos ou imprevisíveis, que exigem uma pronta ação
ça jurídica, nulificando a garantia que se pretende alcançar com o do legislador. Assim, apesar de toda a boa vontade e a organização,
princípio da reserva legal. não é possível planejar, de forma absolutamente satisfatória, a ação
legislativa. Conclui-se que a impossibilidade de um planejamento
14.2.5 A lei e o respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico rigoroso da atividade legislativa acaba por fazer com que o desen-
perfeito e à coisa julgada volvimento da lei dependa, não raras vezes, de impulsos isolados.
A Constituição diz, no art. 5, caput, inciso XXXVI, que “a lei não Os impulsos de índole jurídica devem ser diferenciados daque-
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa jul- les de caráter marcadamente político. Os primeiros decorrem, nor-
gada”. Trata-se de postulado fundamental de segurança jurídica, malmente, de uma exigência expressamente estabelecida na Cons-
pedra angular do Estado de Direito. Com a consagração dessa fór- tituição, isto é, de um dever constitucional de legislar.
mula, o constituinte impõe que o legislador não só respeite as situ- Alguns exemplos de deveres impostos ao legislador podem ser
ações jurídicas individuais consolidadas, mas que também preser- mencionados:
ve os efeitos que se prolonguem. Da mesma forma, exige que a lei a) Constituição, art. 5, caput, inciso XXIX:
respeite a coisa julgada, abrangida tanto a coisa julgada formal, que [...] a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilé-
impede a discussão da questão decidida no mesmo processo, quan- gio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações
to à coisa julgada material, que obsta à discussão da questão deci- industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a
dida em outro processo (MIRANDA, 1987; BASTOS, 1990, p. 199). outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o de-
senvolvimento tecnológico e econômico do País.
14.2.6 As remissões legislativas b) Constituição, art. 5, caput, inciso XXXII:
A remissão constitui técnica legislativa conhecida. Enquanto [...] o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consu-
a remissão à norma de um mesmo texto legislativo não se afigura midor.
problemática (remissão interna), as remissões a outros textos legis- c) Constituição, art. 7:
lativos (remissão externa) são passíveis de sofrer objeções de índo- São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
le constitucional, pois podem afetar a clareza e precisão da norma que visem à melhoria de sua condição social:
jurídica (HILL, 1982. p. 115. BIELSA, 1987. p. 223). Particularmente I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
problemáticas afiguram-se as remissões encadeadas, isto é, a re-
indenização compensatória, dentre outros direitos; [...]
missão a dispositivos que, por sua vez, remetem a outras proposi-
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
ções. A remissão pura e simples a disposições constantes de outra
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
lei pode preparar dificuldades adicionais, uma vez que, em caso de
mília, com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
revogação ou alteração do texto a que se fezreferência, subsistirá, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
quase inevitavelmente, a dúvida sobre o efetivo conteúdo da nor- que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
ma (HILL, 1982. p. 115. BIELSA, 1987. p. 223). para qualquer fim; [...]
Recomenda-se, por isso, que, se as remissões forem inevitá- XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
veis, sejam elas formuladas de tal modo que permitam ao intérpre- muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
te apreender o seu sentido sem ter de compulsar o texto referido. sa, conforme definido em lei.
Acentue-se, ademais, que a remissão a atos secundários, como Às vezes, um dever constitucional de legislar pode se derivar de
regulamentos ou portarias, pode configurar afronta aos princípios princípios gerais consagrados na Constituição, como os postulados
da reserva legal e da independência entre os poderes. da democracia, do Estado de Direito e Social e da Dignidade da Pes-
Por fim, deve-se indicar expressamente o dispositivo objeto de soa Humana. Outras vezes, esse dever torna-se manifesto em de-
remissão interna, em vez de usar as expressões “anterior”, “seguin- corrência de uma decisão judicial do Supremo Tribunal Federal nos
te” ou equivalentes. processos de mandado de injunção ou de ação direta de controle
da omissão (Constituição, art. 5, caput, inciso LXXI, e art. 103, § 2 ).
15 Desenvolvimento de uma lei A decisão política de deflagrar o processo legislativo decorre,
15.1 Considerações preliminares muitas vezes, de iniciativas de órgãos da sociedade civil, tais como:
A atividade legislativa não constitui um sistema linear e uni- a) as resoluções aprovadas nas convenções partidárias;
dimensional em queos atores procedem de forma previsível ou b) as propostas formuladas por associações, órgãos de classe,
planejada. Ao contrário, a atividade legislativa é formada por um sindicatos, igrejas etc.; e
conjunto deinteresses diferenciados e de relações de força no com- c) a discussão nos órgãos de opinião pública.
plexo campo político (HILL, 1982, p. 53). Embora os procedimentos
relacionados com aformação da lei estejam previstos de modo mais 15.2 O processo legislativo interno
ou menos detalhado na Constituição, a metodologia empregada na Além do processo legislativo disciplinado na Constituição (pro-
elaboração das leis não observa, necessariamente, um programa cesso legislativo externo), a doutrina identifica o chamado processo
previamente definido. É possível, todavia, fixar planos para a elabo- legislativo interno, que se refere à forma de fazer adotada para a
tomada da decisão legislativa.
ração legislativa, como ocorre, normalmente, nos Planos de Gover-
Apesar de sua relativa informalidade, o processo legislativo in-
no, nos quais se estabelecem as diretrizes para a legislatura futura.
terno traduz um esforço de racionalização dos procedimentos de
decisão, uma exigência do próprio Estado de Direito. A doutrina es-
força-se por identificar o roteiro básico observado na definição de
uma decisão legislativa.

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

15.2.1 Identificação e definição do problema A crítica das proposições formuladas deve questionar se as me-
Antes de decidir sobre as providências a serem tomadas, é es- didas a implementar são compatíveis com o princípio da proporcio-
sencial identificar o problema a ser enfrentado. Realizada a iden- nalidade, o qual exige que a intervenção no âmbito dodireito indi-
tificação do problema em decorrência de impulsos externos (ma- vidual seja não só indispensável, mas também adequada e razoável
nifestações de órgãos de opinião pública, críticas de segmentos . É exatamente a observância do princípio da proporcionalida-
especializados) ou graças à atuação dos mecanismos próprios de de que recomenda que, no conjunto de alternativas existentes, seja
controle, o problema deve ser delimitado de forma precisa. A reu- eleita aquela que, embora tenha a mesma efetividade, afete de for-
nião de informações exatas sobre uma situação considerada inacei- ma menos intensa a situação individual.
tável ou problemática é imprescindível para evitar a construção de Na avaliação das alternativas, não se devem perder de vista as-
falsos problemas (HILL, 1982, p. 62) e para afastar o perigo de uma pectos relevantes da aplicação e da execução da lei (análises das
avaliação errônea (superestimação ou subestimação). repercussões econômico-financeiras, exame da relação custo-bene-
fício, testes e experimentos relacionados com as possíveis consequ-
15.2.2 Análise da situação questionada e de suas causas ências da aplicação do novo modelo legal, etc.).
A complexidade do processo de elaboração de lei e as consequ- Na comparação das alternativas, deve-se dar preferência àque-
ências que podem advir do ato legislativo exigem que a instauração las que se mostrem compatíveis com todo o sistema jurídico (har-
do processo de elaboração normativa seja precedida de rigorosa monia com o sistema jurídico).
análise dos fatos relevantes (apontamento das distorções existentes Finalmente, compete avaliar o grau de aceitabilidade pelos
e as suas eventuais causas); do exame de todo o complexo normati- cidadãos das medidas propostas e de sua factibilidade ou exequi-
vo em questão (análise de julgados, pareceres, críticas doutrinárias, bilidade. A possibilidade de resistência séria contra a aplicação de
etc.); e de levantamento de dados sobre a questão (audiência de
determinada norma por parte dos eventuais atingidos e a probabi-
entidades representativas e dos atingidos ou afetados pelo proble-
lidade de que ela venha a ser objeto de impugnações judiciais fun-
ma etc.) (NOLL, 1971).
dadas devem ser levadas em conta na formulação das proposições
A análise da situação questionada deve contemplar as causas
normativas.
ou o complexo de causas que eventualmente determinaram ou
contribuíram para o seu desenvolvimento. Essas causas podem ter
influências diversas, tais como condutas humanas, desenvolvimen- 15.2.5 Controle de resultados
tos sociais ou econômicos, influências da política nacional ou inter- O processo de decisão normativa estará incompleto caso se en-
nacional, consequências de novos problemas técnicos, efeitos de tenda que a tarefa do legislador se encerre com a edição do ato nor-
leis antigas, mudanças de concepção etc. (HILL, 1982). mativo. Uma planificação mais rigorosa do processo de elaboração
normativa exige um cuidadoso controle das diversas consequências
15.2.3 Definição dos objetivo pretendidos produzidas pelo novo ato normativo.
Para verificar a adequação dos meios a serem utilizados, deve- Mencionem-se algumas formas de controle posterior dos re-
-se realizar uma análise dos objetivos que se esperam com a apro- sultados da lei:
vação da proposta. A ação do legislador, nesse âmbito, não difere, a) afirma-se, ordinariamente, que o legislador está submetido
fundamentalmente, da atuação do homem comum, que se caracte- não só ao dever de legislar, mas também a um dever geral de aferi-
riza mais por saber exatamente o que não quer, sem precisar o que ção e de adequação dos atos legislativos já em vigor. Esse dever de
efetivamente pretende. adequação manifesta-se, especialmente, naquelas decisões legisla-
A avaliação emocional dos problemas, a crítica generalizada tivas tomadas com base em prognósticos ou em juízos de probabili-
e, às vezes, irrefletida sobre o estado de coisas dominante acabam dade, tal como ocorre com os planos econômicos e com as leis que
por permitir que predominem as soluções negativistas, que têm por disciplinam realidades técnico-científicas;
escopo, fundamentalmente, suprimir a situação questionada sem b) outra forma convencional de controle são os chamados re-
contemplar, de forma detida e racional, as alternativas possíveis ou latórios de experiências, elaborados para avaliar e sistematizar os
as causas determinantes desse estado de coisas negativo. Outras resultados e as experiências colhidos com a aplicação da lei. No to-
vezes, deixa-se orientar por sentimento inverso, buscando, pura e cante à execução orçamentária, o próprio constituinte estabeleceu
simplesmente, a preservação do status quo. exigência de elaboração e de publicação de relatório circunstancia-
Essas duas posições podem levar, nos seus extremos, a uma do (Constituição, art. 165, § 3). A elaboração desses relatórios pode
imprecisa definição dos objetivos. A definição da decisão legislati- ser prevista, igualmente, em lei ou ser requerida por iniciativa par-
va deve ser precedida de uma rigorosa avaliação das alternativas lamentar (Constituição, art. 58, §2, inciso III);
existentes, seus prós e contras. A existência de diversas alternativas
c) a análise das decisões judiciais, proferidas no âmbito do con-
para a solução do problema não só amplia a liberdade do legislador,
trole judicial da constitucionalidade das leis e da legitimidade dos
como também permite a melhoria da qualidade da decisão legis-
atos administrativos, permite, igualmente, aferir os resultados obti-
lativa.
dos na aplicação e na execução da lei;
15.2.4 Crítica das propostas d) outras modalidades de controle devem ser contempladas,
Antes de decidir sobre a alternativa a ser positivada, devem- tais como as críticas científicas, as manifestações dos cidadãos, por
-se avaliar e contrapor as alternativas existentes sob dois pontos meio de órgãos de representação ou isoladamente, críticas de ór-
de vista: gãos de imprensa etc.;
a) De uma perspectiva puramente objetiva: verificar se a aná- Sobre o assunto ver subitítulo “14.2.3 Reserva legal e princípio
lise sobre os dados fáticos e prognósticos se mostra consistente; da proporcionalidade”.
b) De uma perspectiva axiológica: aferir, com a utilização de A falta de um efetivo controle de resultados pode ensejar a
critérios de probabilidade (prognósticos), se os meios a serem em- configuração de inconstitucionalidade por omissão, uma vez que o
pregados mostram-se adequados a produzir as consequências de- legislador está obrigado a realizar a atualização e a adequação per-
sejadas. Devem-se contemplar, igualmente, as suas deficiências e manentes das normas.
os eventuais efeitos colaterais negativos (NOLL, 1971; HILL, 1982).

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

15.3 Elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Exe- 3.5 A matéria é de fato de iniciativa do Poder Executivo federal?
cutivo federal Ou estaria ela afeta à iniciativa exclusiva do Supremo Tribunal Fede-
Devem ser examinadas, sobretudo, as questões apresentadas ral, dos Tribunais Superiores, do Procurador-Geral da República ou
no Anexo ao Decreto nº 9.191, de 2017: do Defensor-Geral da União?
QUESTÕES A SEREM ANALISADAS QUANDO DA ELABORAÇÃO
DE ATOS NORMATIVOS NO ÂMBITO DO PODER EXECUTIVO FEDE- Necessidade de lei
RAL 4 Deve ser proposta edição de lei?
4.1 A matéria a ser regulada está submetida ao princípio da
Diagnóstico reserva legal?
1 Alguma providência deve ser tomada? 4.2 Por que a matéria deve ser submetida ao Congresso Na-
1.1 Qual é o objetivo pretendido? cional?
1.2 Quais foram as razões que determinaram a iniciativa? 4.3 Se não for o caso de se propor edição de lei, a matéria deve
1.3 Neste momento, como se apresenta a situação no plano ser disciplinada por decreto? Por que não seria suficiente portaria?
fático e no plano jurídico? 4.4 Existe fundamento legal suficiente para a edição de ato nor-
1.4 Que falhas ou distorções foram identificadas? mativo secundário? Qual?
1.5 Que repercussões tem o problema que se apresenta no âm- Reserva legal
bito da economia, da ciência, da técnica e da jurisprudência? 5 Estão sendo utilizadas fórmulas legais excessivamente gené-
1.6 Qual é o conjunto de destinatários alcançados pelo proble- ricas?
ma e qual é o número de casos a resolver? 5.1 Configura-se violação ao princípio da legalidade?
1.7 O que poderá acontecer se nada for feito? (Exemplo: o pro- 5.2 Há conteúdo abdicatório ou demissionário na norma pro-
blema se agravará? posta?
Permanecerá estável? Poderá ser superado pela própria dinâ- 5.3 Configura-se violação ao princípio da legalidade?
mica social, sem a intervenção do Estado? Com que consequên- 5.4 Está havendo indevida delegação legislativa?
cias?) Norma temporária
6 A norma deve ter prazo de vigência limitado?
Alternativas 6.1 Seria o caso de editar norma temporária?
2 Quais são as alternativas disponíveis?
2.1 Qual foi o resultado da análise do problema? Onde se situ- Medida provisória:
am as causas do problema? Sobre quais causas pode incidir a ação 7 Deve ser proposta a edição de medida provisória?
que se pretende executar? 7.1 O que acontecerá se nada for feito de imediato?
2.2 Quais são os instrumentos da ação que parecem adequa- 7.2 A proposta pode ser submetida ao Congresso Nacional sob
dos para alcançar os objetivos pretendidos, no todo ou em parte? a forma de projeto de lei em regime de urgência (art. 64, § 1, da
(Exemplo: medidas destinadas à aplicação e à execução de disposi- Constituição)?
tivos já existentes; trabalhos junto à opinião pública; amplo enten- 7.3 Trata-se de matéria que pode ser objeto de medida provi-
dimento; acordos; investimentos; programas de incentivo; auxílio sória, tendo em vista as vedações estabelecidas no § 1o do art. 62 e
para que os próprios destinatários alcançados pelo problema envi- no art. 246 da Constituição?
dem esforços que contribuam para sua resolução; instauração de 7.4 Estão caracterizadas a relevância e a urgência necessárias?
processo judicial com vistas à resolução do problema.) 7.5 Em se tratando da abertura de crédito extraordinário, está
2.3 Quais instrumentos de ação parecem adequados, conside- atendido o requisito da imprevisibilidade?
rando-se os seguintes aspectos:
2.3.1 desgastes e encargos para os cidadãos e a economia; Oportunidade do ato normativo
2.3.2 eficácia (precisão, grau de probabilidade de consecução 8 O momento é oportuno?
do objetivo pretendido); 8.1 Quais são as situações-problema e os outros contextos cor-
2.3.3 custos e despesas para o orçamento público; relatos que devem ainda ser considerados e pesquisados? Por que,
2.3.4 efeitos sobre o ordenamento jurídico e sobre as metas já então, deve ser tomada alguma providência neste momento?
8.2 Por que não podem ser aguardadas outras alterações ne-
estabelecidas;
cessárias, que se possam prever, para que sejam contempladas em
2.3.5 efeitos colaterais e outras consequências;
um mesmo ato normativo?
2.3.6 entendimento e aceitação por parte dos interessados e
dos responsáveis pela execução; e
Densidade do ato normativo
2.3.7 possibilidade de impugnação no Poder Judiciário.
9 A densidade que se pretende conferir ao ato normativo é a
apropriada?
Competência legislativa
9.1 A proposta de ato normativo está isenta de disposições pro-
3 A União deve tomar alguma providência? A União dispõe de
gramáticas, simbólicas, discursivas ou expletivas?
competência constitucional ou legal para fazê-lo?
9.2 É possível e conveniente que a densidade da norma (dife-
3.1 Trata-se de competência privativa? renciação e detalhamento) seja flexibilizada por fórmulas genéricas
3.2 Trata-se de caso de competência concorrente? (tipificação e utilização de conceitos jurídicos indeterminados ou
3.3 Na hipótese de competência concorrente, a proposta está atribuição de competência discricionária)?
formulada de modo que assegure a competência substancial do Es- 9.3 Os detalhes ou eventuais alterações podem ser confiados
tado-membro? ao poder regulamentar da União ou de outros entes federativos?
3.4 A proposta não apresenta formulação extremamente deta- 9.4 A matéria já não teria sido regulada em outras disposições
lhada que acaba por exaurir a competência estadual? de hierarquia superior (regras redundantes que poderiam ser evita-
das)? Por exemplo, em:

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

9.4.1 tratado aprovado pelo Congresso Nacional; 11.1.4 A pena proposta é compatível com outras figuras penais
9.4.2 lei federal, em relação a regulamento; ou existentes no ordenamento jurídico?
9.4.3 regulamento, em relação a portaria. 11.1.5 Tem-se agravamento ou melhoria da situação do desti-
9.5 Quais são as regras já existentes que serão afetadas pela natário da norma?
disposição pretendida? São regras dispensáveis? 11.1.6 Trata-se de pena mais grave?
11.1.7 Trata-se de norma que gera a despenalização da con-
Direitos fundamentais duta?
10 As regras propostas afetam direitos fundamentais? As re- 11.1.8 Eleva-se ou reduz-se o prazo de prescrição do crime?
gras propostas afetam garantias constitucionais?
10.1 Os direitos de liberdade podem ser afetados? Norma tributária
10.1.1 Direitos fundamentais especiais podem ser afetados? 12 Pretende-se instituir ou aumentar tributo? Qual é o funda-
10.1.2 Qual é o âmbito de proteção do direito fundamental afe- mento constitucional?
tado? 12.1 Está sendo respeitado a estrita legalidade tributária de
10.1.3 O âmbito de proteção sofre restrição? que trata o art. 150, caput, inciso I, da Constituição?
10.1.4 A proposta preserva o núcleo essencial dos direitos fun- 12.2 Há definição clara de todos os elementos da obrigação tri-
damentais afetados? butária? Qual a hipótese de incidência, a base de cálculo, o sujeito
10.1.5 Cuida-se de direito individual submetido a simples re- passivo e as consequências no caso de não pagamento ou de paga-
serva legal? mento em atraso?
10.1.6 Cuida-se de direito individual submetido a reserva legal 12.3 A lei afeta fatos geradores ocorridos antes de sua vigência
qualificada? (lei retroativa)?
10.1.7 Qual seria o outro fundamento constitucional para a 12.4 A cobrança de tributos será realizada no mesmo exercício
aprovação da lei? (Exemplo: regulação de colisão de direitos.) financeiro da publicação da lei?
10.1.8 A proposta não abusa de formulações genéricas? (Exem- 12.5 O princípio da imunidade recíproca está sendo observa-
plo: conceitos jurídicos indeterminados.) do?
10.1.9 A fórmula proposta não se afigura extremamente casu- 12.6 As demais imunidades tributárias foram observadas?
ística? 12.7 Há disposição que assegure o princípio da anterioridade
10.1.10 Observou-se o princípio da proporcionalidade ou do (cobrança somente a partir do exercício financeiro seguinte ao da
devido processo legal substantivo? publicação) e o princípio da anterioridade especial (cobrança ape-
10.1.11 Pode o cidadão prever e aferir as limitações ou os en- nas após noventa dias, contados da data da publicação)?
cargos que lhe poderão advir? 12.8 No caso de imposto instituído ou majorado por medida
10.1.12 As normas previstas preservam o direito aos princípios provisória:, foi observado que o ato só produzirá efeitos no exercí-
do contraditório e da ampla defesa no processo judicial e adminis- cio financeiro seguinte se aprovada a medida provisória até o últi-
trativo? mo dia daquele exercício em que foi editada?
10.2 Os direitos de igualdade foram afetados? 12.9 O tributo que se pretende instituir tem caráter confisca-
10.2.1 Observaram-se os direitos de igualdade especiais? tório?
(Exemplo: proibição absoluta de diferenciação) 12.10 No caso de taxa, cuida-se de exação a ser cobrada em
razão do exercício de poder de polícia ou da prestação de serviço
10.2.2 O princípio geral de igualdade foi observado?
público específico e divisível prestados ou postos à disposição do
10.2.3 Quais são os pares de comparação?
contribuinte? Há equivalência razoável entre o custo da atividade
10.2.4 Os iguais foram tratados de forma igual e os desiguais
estatal e a prestação cobrada?
de forma desigual?
10.2.5 Existem razões que justifiquem as diferenças decorren-
Norma de regulação profissional
tes ou da natureza das coisas ou de outros fundamentos de índole
13 Existe necessidade social da regulação profissional?
objetiva?
13.1 Quais danos concretos para a vida, a saúde ou a ordem
10.2.6 As diferenças existentes justificam o tratamento diferen-
social podem advir da ausência de regulação profissional?
ciado? Os pontos em comum legitimam o tratamento igualitário? 13.2 A limitação para o “livre exercício de qualquer trabalho,
10.3 A proposta pode afetar situações consolidadas? Há amea- ofício ou profissão” (art. 5 inciso XIII, da Constituição), é realmente
ça de ruptura ao princípio de segurança jurídica? necessária?
10.3.1 Observou-se o princípio que determina a preservação 13.3 As exigências de qualificação profissional ou de registro
de direito adquirido? em conselho profissional decorrem de necessidade da sociedade
10.3.2 A proposta pode afetar ato jurídico perfeito? ou são tentativa de fechar o mercado?
10.3.3 A proposta contém possível afronta à coisa julgada? ” 13.4 É necessária a inscrição em conselho profissional?
10.3.4 Trata-se de situação jurídica suscetível de mudança? 13.4.1 Precisa-se criar novo conselho profissional? Não basta-
(Exemplos: institutos jurídicos, situações estatutárias, garantias ins- ria aproveitar a estrutura de conselho profissional já existente?
titucionais.) 13.4.2 O conselho profissional exercerá efetiva fiscalização do
10.3.5 Seria recomendável a adoção de cláusula de transição trabalho prestado pelos inscritos ou se limitará ao controle formal
entre o regime vigente e o regime proposto? do registro?
13.5 Há clareza na delimitação da área de atuação privativa da
Norma penal profissão regulamentada?
11.1 Trata-se de norma de caráter penal? Não se está incluindo atividades que podem ser exercidas por
11.1.1 O tipo penal está definido de forma clara e objetiva? outras profissões regulamentadas ou por qualquer pessoa?
11.1.2 A norma penal é necessária? Não seria mais adequado 13.6 Com quais outras profissões, regulamentadas ou não, há
e eficaz a previsão da conduta apenas como ilícito administrativo? possibilidade de conflito de área de atuação? Esse conflito poderá
11.1.3 A proposta respeita a irretroatividade? causar dano ao restante da sociedade?

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Compreensão do ato normativo 16.5 Os gastos previstos podem ser aumentados por força de
14 O ato normativo corresponde às expectativas dos cidadãos controvérsias judiciais ou administrativas? Qual é o custo potencial
e é inteligível para todos? com condenações judiciais e com a estrutura administrativa neces-
14.1 O ato normativo proposto será entendido e aceito pelos sária para fazer face ao contencioso judicial e ao contencioso admi-
cidadãos? nistrativo?
14.2 Os destinatários da norma podem entender o vocabulário 16.6 Há previsão orçamentária suficiente e específica para a
utilizado, a organização e a extensão das frases e das disposições, a despesa? É necessária a alteração prévia da legislação orçamentá-
sistemática, a lógica e a abstração? ria?
16.7 Há compatibilidade entre a proposta e os limites individu-
Exequibilidade alizados para as despesas primárias de que trata o art. 107 do Ato
15 O ato normativo é exequível? das Disposições Constitucionais Transitórias?
15.1 Por que não se renuncia a novo sistema de controle por Simplificação administrativa
parte da administração pública federal? 17 O ato normativo implicará redução ou ampliação das exi-
15.2 As disposições podem ser aplicadas diretamente? gências procedimentais?
15.3 As disposições administrativas que estabelecem normas 17.1 Em que medida os requisitos necessários à formulação de
de conduta ou proíbem determinadas práticas podem ser aplicadas pedidos perante autoridades podem ser simplificados?
com os meios existentes? 17.2 Qual a necessidade das exigências formuladas? Qual o
15.4 É necessário incluir disposições sobre proteção jurídica? dano concreto no caso da dispensa?
Por que as disposições gerais não são suficientes? 17.3 Quais os custos que os atingidos pelo ato normativo terão
15.5 Por que não podem ser dispensadas: com as exigências formuladas?
15.5.1 as regras sobre competência e organização; 17.4 Qual será o tempo despendido pelos particulares com as
15.5.2 a criação de novos órgãos e comissões consultivas; exigências formuladas? O que pode ser feito para reduzir o tempo
15.5.3 a intervenção da autoridade; despendido?
15.5.4 as exigências relativas à elaboração de relatórios; ou 17.5 As exigências formuladas são facilmente compreensíveis
15.5.5 outras exigências burocráticas? pelos atingidos?
15.6 Quais órgãos ou instituições devem assumir a responsabi- 17.6 Foram observadas as garantias legais de:
lidade pela execução das medidas? 17.6.1 não reconhecer firma e não autenticar documentos em
15.7 Quais conflitos de interesse o executor da medida terá de cartório (art. 22 da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999)?
administrar? 17.6.2 não apresentar prova de vida, residência, pobreza, de-
15.8 O executor das medidas dispõe da necessária discriciona- pendência econômica, homonímia ou bons antecedentes (Lei no
riedade? 7.115, de 29 de agosto de 1983)?
15.9 Qual é a opinião das autoridades incumbidas de executar 17.6.3 não apresentar documentos já existentes no âmbito da
as medidas quanto à clareza dos objetivos pretendidos e à possibi- administração pública federal ou apresentar nova prova sobre fato
lidade de sua execução? já comprovado perante o ente público (art. 37 da Lei no 9.784, de
15.10 A regra pretendida foi submetida a testes sobre a possi- 1999, e inciso XV do caput do art. 5 da Lei no 13.460, de 26 de junho
bilidade de sua execução com a participação das autoridades en- de 2017)?
carregadas de aplicá-la? Por que não? A que conclusão se chegou? 17.7 obter decisão final a respeito do requerimento no prazo
de trinta dias (art. 49 da Lei9.784, de 1999)?
Análise de custos envolvidos 17.8 O interessado poderá cumprir as exigências por meio ele-
16 Existe relação equilibrada entre custos e benefícios? Proce- trônico?
deu-se a análise? 17.8.1 Os sistemas eletrônicos utilizados atendem os requisitos
16.1 Qual o ônus a ser imposto aos destinatários da norma? de autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilida-
16.1.1 Que gastos diretos terão os destinatários? de da ICP-Brasil?
17.8.2.Na hipótese de dificuldade no uso ou de os meios ele-
16.1.2 Que gastos com procedimentos burocráticos serão trônicos não atenderem os requisitos da ICP-Brasil, está garantida a
acrescidos? (Exemplo: calcular, ou, ao menos, avaliar os gastos dire- possibilidade de realização das formalidades por meio físico?
tos e os gastos com procedimentos burocráticos, incluindo verifica-
ção do tempo despendido pelo destinatário com atendimento das Prazo de vigência e de adaptação
exigências formais) 18 Há necessidade de vacatio legis ou de prazo para adaptação
16.2 Os destinatários da norma, em particular as pessoas na- da administração e dos particulares?
turais, as microempresas e as empresas de pequeno porte, podem 18.1 Qual o prazo necessário para:
suportar esses custos adicionais? 18.1.1 os destinatários tomarem conhecimento da norma e
16.3 As medidas pretendidas impõem despesas adicionais ao analisarem os seus efeitos?
orçamento da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- 18.1.2 a edição dos atos normativos complementares essen-
pios? Quais são as possibilidades existentes para enfrentarem esses ciais para a aplicação da norma?
custos adicionais? 18.1.3 a administração pública adaptar-se às medidas?
16.4 Quais são as despesas indiretas dos entes públicos com 18.1.4 a adequação das estruturas econômicas de produção ou
a medida? Quantos servidores públicos terão de ser alocados para de fornecimento dos produtos ou serviços que serão atingidos?
atender as novas exigências e qual é o custo estimado com eles? 18.1.5 a adaptação dos sistemas de informática utilizados pela
Qual o acréscimo previsto para a despesa de custeio? administração pública ou por particulares?
18.2 Qual a redução de custos possível para a administração
pública e para os particulares se os prazos de adaptação forem am-
pliados?

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

18.3 Qual é o período do mês, do ano ou da semana mais ade- CAPÍTULO IV


quado para o início da aplicação das novas regras? DOS DIREITOS POLÍTICOS
18.4 Para o cumprimento da nova obrigação, foi especificado
tratamento diferenciado, simplificado e favorecido ou prazo espe- CAPÍTULO V
cial para as microempresas e empresas de pequeno porte, obser- DOS PARTIDOS POLÍTICOS
vado o disposto nos § 3o ao § 6o do art. 1 da Lei Complementar no
123, de 14 de dezembro de 2006? TÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Avaliação de resultados
19 Como serão avaliados os efeitos do ato normativo? CAPÍTULO I
19.1 Qual a periodicidade da avaliação de resultados do ato DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
normativo?
19.2 Como ocorrerá a reversão das medidas em caso de resul- CAPÍTULO II
tados negativos ou insuficientes? DA UNIÃO

TÉCNICA LEGISLATIVA E ATOS NORMATIVOS CAPÍTULO III


DOS ESTADOS FEDERADOS
16 Técnica legislativa
É recomendável que o legislador redija as leis dentro de um CAPÍTULO IV
espírito de sistema, tendo em vista não só a coerência e a harmonia DOS MUNICÍPIOS
interna de suas disposições, mas também a sua adequadam inser-
ção no sistema jurídico como um todo (LEAL, 1960, p. 7). Essa siste- CAPÍTULO V
matização expressa uma característica da cientificidade do Direito e DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
corresponde às exigências mínimas de segurança jurídica, à medida
que impedem uma ruptura arbitrária com a sistemática adotada na Seção I
aplicação do Direito. Do Distrito Federal
Costuma-se distinguir a sistemática da lei em sistemática inter-
na (compatibilidade teleológica e ausência de contradição lógica) e Seção II
sistemática externa (estrutura da lei). Dos Territórios

16.1 Sistemática interna da lei CAPÍTULO VI


A existência de um sistema interno deve, sempre que possí- DA INTERVENÇÃO
vel, evitar contradições lógicas, teleológicas, ou valorativas. Tem-se
uma contradição lógica se, por exemplo, a conduta autorizada pela CAPÍTULO VII
norma A é proibida pela norma B. Verifica-se uma contradição valo- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
rativa se identificam-se incongruências de conteúdo axiológico den-
tro do sistema. É o que resulta, por exemplo, da edição de normas Seção I
discriminatórias dentro de um sistema que estabelece a igualdade Disposições Gerais
como princípio basilar. Constata-se uma contradição teleológica se
há uma contradição entre os objetivos de disposições diversas, de Seção II
modo que a observância a umpreceito importa a nulificação dos Dos Servidores Públicos
objetivos visados pela outra. Seção III
Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó-
16.2 Sistemática externa da lei rios
O exame da estrutura básica de uma lei talvez constitua a for-
ma mais adequada de apreender aspectos relevantes de sua siste- Seção IV
mática externa. Das Regiões
Exemplo da estrutura:
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (...)
PREÂMBULO A sistematização das leis mais complexas observa o seguinte
esquema básico: livros, títulos, capítulos, seções, subseções e ar-
TÍTULO I tigos.
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS O exemplo acima, cumpre ressaltar, não é aplicável à maioria
dos atos normativos. A regra geral é a organização dos atos norma-
TÍTULO II tivos em torno de meros artigos. Portanto, é equivocada a tendên-
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS cia de se pretender realizar divisão de atos normativos diminutos
e de baixa complexidade em capítulos e seções, de modo a gerar
CAPÍTULO I anomalias como vários capítulos compostos de apenas um artigo.
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS

CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

16.2.1 Artigo Também em relação ao parágrafo, existe a prática da numera-


Artigo é a unidade básica para apresentação, divisão ou agru- ção ordinal até o nono (§ 9) e cardinal a partir do parágrafo dez (§
pamento de assuntos em um texto normativo. A Lei Complemen- 10.). Na hipótese de haver apenas um parágrafo, adotase a grafia
tar no 95, de 26 de fevereiro de 1998, apresenta as regras para a “Parágrafo único.” (e não “§ único”), com a primeira letra em maiús-
numeração dos artigos, de maneira que, até o artigo nono (art. 9), culo quando inicia o texto e minúscula quando citada ao longo do
deve-se adotar a numeração ordinal. A partir do artigo dez, empre- texto. Os textos dos parágrafos serão iniciados com letra maiúscula
ga-se a numeração cardinal correspondente, seguida de pontofinal e encerrados com ponto-final.
(art. 10.). Os artigos serão designados pela abreviatura “Art.”, com Neste ponto, se precisa alertar para equívoco, largamente dis-
inicial maiúscula, sem traço seminado, de se organizar o ato normativo com número reduzido
antes do início do texto e, ao longo do texto, designados pela de artigos e elevado de parágrafos sem que se identifique a relação
abreviatura – art. –, com inicialminúscula. Os textos dos artigos se- direta entre a matéria dos capita e a matéria tratada nos inúme-
rão iniciados com letra maiúscula e encerrados com ponto-final, ros parágrafos. São casos em que o parágrafo não está explicando,
exceto quando tiverem incisos, hipótese em que serão encerrados excepcionando ou detalhando o caput, mas dispondo sobre regra
por dois-pontos. meramente subsequente. O equívoco parece decorrer da errada
Na elaboração dos artigos, devem ser observadas algumas tendência de se considerar má técnica legislativa o número exces-
regras básicas, como recomendado por Hesio Fernandes Pinheiro sivo de artigos e, paradoxalmente, exemplo de esmero na elabora-
(1962, p. 84): ção normativa artigos estruturados de modo complexo, com vários
• Cada artigo deve tratar de um único assunto; parágrafos além de parágrafos divididos em incisos, alíneas, itens e,
• O artigo conterá, exclusivamente, a norma geral, o princípio. até mesmo, subitens.
As medidas complementares e as exceções deverão ser expressas Assim, cumpre ressaltar que a regra geral é o artigo limitar-se
por meio de parágrafos; a frase curta compondo o caput e as ideias subsequentes serem
• Quando o assunto requerer discriminações, o enunciado expressas em outros artigos. A subdivisão dos artigos na forma
comporá o caput do artigo, e os elementos de discriminação serão aqui expressa pode ser conveniente e, dependendo da natureza da
apresentados sob a forma de incisos; norma, exigência de boa técnica legislativa, mas não deve ser vista
• As expressões devem ser usadas em seu sentido corrente, como regra geral ou como exigência aplicável, de modo invariável,
exceto quando se tratar de assunto técnico, hipótese na qual será a todos os casos.
preferida a nomenclatura técnica, peculiar ao setor de atividades Exemplo de parágrafo:
sobre o qual se pretende legislar; Art. 14 (...)
• As frases devem ser concisas; § 1ºNão serão objeto de consolidação as medidas provisórias
• Nos atos extensos, os primeiros artigos devem ser reservados ainda não convertidas em lei.
à definição dos objetivos perseguidos pelo legislador, à limitação de (Lei complementar n° 95, de 26 de fevereiro de 1998)
seu campo de aplicação e à definição de conceitos fundamentais Exemplo de parágrafo único:
que auxiliem a compreensão do ato normativo. Art. 8º Na hipótese de dissolução da sociedade conjugal por
Exemplo de artigo: morte de um dos cônjuges, serão tributadas, em nome do sobrevi-
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela esta- vente, as importâncias que este perceber de seu trabalho próprio,
belece a sua residência com ânimo definitivo. (BRASIL, 2002c) das pensões de que tiver gozo privativo, de quaisquer bens que não
Os artigos podem desdobrar-se, por sua vez, em parágrafos se incluam no monte a partilhar e cinquenta por cento dos rendi-
e incisos; os parágrafos em incisos; estes, em alíneas; e estas, em mentos produzidos pelos bens comuns enquanto não ultimada a
itens. partilha.
Parágrafo único. Na hipótese de separação judicial, divórcio
ou anulação de casamento, cada um dos contribuintes terá o trata-
mento tributário previsto no art. 2º. (Constituição de 1988)

16.2.3 Incisos, alíneas e itens


Os incisos são utilizados como elementos discriminativos de
artigo ou parágrafo se o assunto nele tratado não puder ser con-
densado no próprio artigo ou não se mostrar adequado a constituir
parágrafo. Os incisos são indicados por algarismos romanos segui-
dos de travessãoou meia-risca, que é separado do algarismo e do
texto por um espaço em branco: I – ; II – ; III – etc.
Exemplo de incisos:
Art. 26. A margem de dumping será apurada com base na com-
16.2.2 Parágrafo (§) paração entre:
O parágrafos constitui, na técnica legislativa, a imediata divisão I - o valor normal médio ponderado e a média ponderada dos
de um artigo, ou, como anotado por Arthur Marinho, “(...) parágra- preços de todas as transações comparáveis de exportação; ou
fo sempre foi, numa lei, disposição secundária de um artigo em que II - os valores normais e os preços de exportação, comparados
se explica ou modifica a disposição principal” (MARINHO, 1944, p. transação a transação. (BRASIL, 2013d)
227-229; PINHEIRO, 1962, p. 100). As alíneas são representadas por letras e constituem desdobra-
O parágrafo é representado pelo sinal gráfico § (signum sectio- mentos dos incisos e dos parágrafos. A alínea ou a letra será grafada
nis, em português, sinal de seção ou sinal de corte). em minúsculo, seguida de parêntese e separada do texto por um
espaço em branco: a) ; b) ; c) etc. Quando iniciar o texto e, quando
citada ao longo do texto, será grafada em minúsculo, entre aspas e
sem o parêntese.

115
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Exemplo de alíneas: Exemplo de título:


Art. 15 (...) TÍTULO V
XII ─ o texto da alínea inicia-se com letra minúscula, salvo quan- DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
do se tratar de nome próprio, e termina com: (Constituição de 1988)
a) ponto e vírgula; d) livro:
b) dois-pontos, quando se desdobrar em itens; ou Nas leis mais extensas, como os códigos, os conjuntos de títulos
c) ponto-final, caso seja a última e anteceda artigo ou parágra- são reunidos em livros, podendo estes ser agrupados em parte, que
fo. (BRASIL, 2017a) pode ser classificada em parte geral e parte especial.
Os itens são desdobramentos de alíneas e são representados Exemplo de livro:
por números cardinais, seguidos de ponto-final e separados do tex- PARTE GERAL
to por um espaço em branco: 1. ; 2. ; 3 etc. LIVRO I
Exemplo de itens: 129
Art. 14. As disposições normativas serão redigidas com clareza, DAS PESSOAS
precisão e ordem lógica, e observarão o seguinte: (Lei no 10.406, de 2002 – Código Civil)
(...)
II - para a obtenção da precisão: e) especificação temática simplificada:
(...) Pode ser adotada a especificação temática do conteúdo de gru-
j) empregar nas datas as seguintes formas: po de artigos ou de um artigo mediante denominação que preceda
1. “4 de março de 1998”; o dispositivo, grafada em letras minúsculas em negrito, alinhada à
2. “1 o de maio de 1998”; esquerda, sem numeração.
(...) A especificação temática simplificada, ao contrário do Livro,
(BRASIL, 2002b) não comporta a regra de utilização da preposição “de”.
Exemplo de especificação temática simplificada:
16.2.4 Agrupamento de dispositivos Competência para propor
Para a organização e a sistematização externa do texto do ato Art. 22. Incumbe aos Ministros de Estado a proposição de atos
normativo, pode ser adotado o agrupamento de dispositivos. normativos, conforme as áreas de competências dos órgãos.
A praxe da técnica legislativa no âmbito federal indica que a
denominação do assunto tratada em cada unidade de agrupamento (Decreto no 9.191, de 2017)
será iniciada pela preposição “De”, combinada com o artigo defini- 16.2.5 Critérios de sistematização
do apropriado. Essa praxe deriva do raciocínio de que cada agrupa- Embora o legislador disponha de margem relativamente ampla
mento trata de determinado tema. Assim, no Título II da Constitui- de discricionariedade para eleger os critérios de sistematização da
ção, por exemplo, trata-se “Dos direitos e garantias fundamentais”. lei, esses critérios devem guardar adequação com a matéria regula-
Os dispositivos podem ser agrupados das seguintes formas: da (NOLL, 1973, p. 223). A seguir, estão previstas as regras básicas a
a) seções: serem observadas para a sistematização do texto do ato normativo,
A seção é o conjunto de artigos que versam sobre o mesmo com o objetivo de facilitar sua estruturação:
tema. As seções são indicadas por algarismos romanos e grafadas a) matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tratadas
em letras iniciais maiúsculas e as demais minúsculas em negrito. em um mesmo contexto ou agrupamento;
Eventualmente, as seções subdividem-se em subseções que serão b) os procedimentos devem ser disciplinados segundo a ordem
indicadas da mesma forma. cronológica, se possível;
Exemplo de seção: c) a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permitir
que ela forneça resposta à questão jurídica a ser disciplinada; e
Seção II d) institutos diversos devem ser tratados separadamente.
Da sociedade conjugal e das pensões A natureza e as peculiaridades de cada disciplina jurídica têm
(Decreto no 9.580, de 2018) influência decisiva sobre o modelo de sistematização a ser adotado,
como se pode depreender de alguns exemplos:
b) capítulos: I. Classificação segundo os bens tutelados:
O capítulo é formado por um agrupamento de seções ou de ar- Exemplo:
tigos. Sua designação e seu nome são grafados em letras maiúscu-
las, sem o uso de negrito, e identificados por algarismos romanos. PARTE ESPECIAL
Exemplo de capítulo:
TÍTULO I
CAPÍTULO II DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
DOS DIREITOS SOCIAIS
(Constituição de 1988) TÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
TÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATE-
c) título: RIAL

O título engloba um conjunto de capítulos. A sua designação TÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO
deve ser grafada em letras maiúsculas e algarismos romanos. TRABALHO

TÍTULO V – DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO


E CONTRA O RESPEITO AOS
MORTOS

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

TÍTULO VI – DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL CAPÍTULO V


TÍTULO VII – DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO
TÍTULO VIII – DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE
PÚBLICA CAPÍTULO VI
TÍTULO IX – DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA DA CONTESTAÇÃO
TÍTULO X – DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA (BRASIL, 2015b)
TÍTULO XI – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLI-
CA 17 Tópicos de técnica legislativa
A atividade de elaboração normativa faz uso de alguns instru-
(Parte Especial do Decreto-Lei no 2.848, de 1940 – Código mentos essenciais para a construção de textos normativos marca-
Penal) dos pela precisão, pela densidade e pela clareza.
A norma jurídica, em sua acepção abstrata, se, por um lado,
II. Classificação segundo os institutos jurídicos e as relações compreende a previsão genérica de atos e fatos da vida social, por
jurídicas: outro, tem por missão informar ao cidadão sobre direitos e deveres
por ela criados ou disciplinados, de forma clara e objetiva.
Exemplo: Dessa forma, são recomendados, a seguir, alguns recursos re-
dacionais para a elaboração dos textos normativos.
PARTE ESPECIAL 17.1 Alteração normativa
17.1.1 Artigo de alteração da norma
LIVRO I O artigo de alteração da norma deve fazer menção expressa
DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES ao ato normativo que está sendo alterado, conforme a formulação
apresentada nos exemplos a seguir:
TÍTULO I Exemplo:
Das Modalidades das Obrigações
Art. 1º A Lei nº 11.350, de 5 de outubro de 2006, passa a vigo-
rar com as seguintes alterações: (Lei nº 13.708, de 14 de agosto de
TÍTULO II
2018)
Da Transmissão das Obrigações
Art. 1º O Decreto nº 3.520, de 21 de junho de 2000, passa a
TÍTULO III vigorar com as seguintes alterações: (...)
Do Adimplemento e Extinção das Obrigações (Decreto nº 9.061, de 5 de dezembro de 2018)
TÍTULO IV É vedado dispor sobre alterações de mais de uma norma no
Do Inadimplemento das Obrigações mesmo artigo ou dividir alterações do mesmo ato normativo em
diversos artigos da norma alteradora. Também não deve ser feita
TÍTULO V distinção na norma alteradora entre dispositivos alterados e dispo-
Dos Contratos em Geral sitivos acrescidos.
O texto de cada artigo acrescido ou alterado será transcrito
TÍTULO VI entre aspas, com a indicação de nova redação, representada pela
Das Várias Espécies de Contrato expressão “(NR)”.

TÍTULO VII 17.1.2 Alteração parcial de artigo


Dos Atos Unilaterais Na hipótese de alteração parcial de artigo, os dispositivos que
não terão o seu texto alterado serão substituídos por linha pontilha-
(...) (BRASIL, 2002c) da, cujo uso é obrigatório para indicar amanutenção e a não altera-
III. Classificação segundo a ordem cronológica dos procedimen- ção do trecho do artigo.
tos: O Decreto nº 9.191, de 2017, estabelece as seguintes regras
Exemplo: para o uso de linha pontilhada:
1. no caso de manutenção do texto do caput, a linha pontilhada
PARTE ESPECIAL empregada será precedida da indicação do artigo a que se refere;
LIVRO I 2. no caso de manutenção do texto do caput e do dispositivo
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE subsequente, duas linhas pontilhadas serão empregadas e a primei-
SENTENÇA ra linha será precedida da indicação do artigo a que se refere;
3. no caso de alteração do texto de unidade inferior dentro de
TÍTULO I
unidade superior do artigo, a linha pontilhada empregada será pre-
DO PROCEDIMENTO COMUM
cedida da indicação do dispositivo a que se refere; e
4. a inexistência de linha pontilhada não dispensará a revoga-
CAPÍTULO I
ção expressa de parágrafo.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Observe-se que inexistência de linha pontilhada pode ser inter-
CAPÍTULO II pretada como revogação do dispositivo ou como manutenção; por-
DA PETIÇÃO INICIAL tanto, para evitar grave insegurança jurídica é essencial, em especial
no caso de parágrafos, ter o cuidado de colocar a linha pontilhada
CAPÍTULO III deixando explícita a manutenção do dispositivo ou, se a intenção
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO for a revogação, não colocar linha pontilhada e, simultaneamente,
incluir o dispositivo na cláusula de revogação.

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Exemplo de alteração de dispositivo: c) local e data: por extenso e alinhado à esquerda; e


Art. 2º O Decreto nº 3.035, de 27 de abril de 1999, passa a Exemplo: Brasília, 12 de agosto de 2018.
vigorar com as seguintes alterações: d) identificação do signatário: abaixo da assinatura e com ali-
“Art. 1º ............................................................................... nhamento à esquerda.
............................................................................................. Exemplo:
§ 1º O Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência NOME (em maiúsculas)
da República exercerá a delegação de competência prevista neste Cargo (somente as iniciais em maiúsculas)
artigo quanto aos órgãos diretamente subordinados ao Presidente No original do ato normativo, próximo à apostila, deverá ser
da República cujos titulares não sejam mencionada a data de publicação da apostila no boletim de serviço
Ministros de Estado. ou no boletim interno.
................................................................................” (NR)
(Decreto nº 9.533, de 2018) Exemplo de apostila:
17.2 Retificação e republicação APOSTILA
Os termos “retificação” e “republicação” foram utilizados sem No Decreto de nomeação de FULANO DE TAL, de 29 de julho de
uniformidade até a definição adotada pelo Decreto nº 9.191, de 2018, para o cargo de Secretário-Executivo do Ministério da Educa-
2017 (art. 55 e art. 56). ção, onde se lê: “M”, leia-se: “N”.
O termo “republicação” agora é utilizado para designar apenas Brasília, 30 de julho de 2018.
a hipótese de o texto publicado não corresponder ao original assi- NOME
nado pela autoridade. Não se pode cogitar essa hipótese por moti- Ministro de Estado da Educação
vo de erro já constante do documento subscrito pela autoridade ou,
muito menos, por motivo de alteração na opinião da autoridade. 19 Atos normativos
Considerando que os atos normativos somente produzem efei- 19.1 Forma e estrutura
tos após a publicação no Diário Oficial da União, mesmo no caso de A estrutura dos atos normativos é composta por dois elemen-
republicação, não se poderá cogitar a existência de efeitos retroati- tos básicos: a ordem legislativa e a matéria legislada. A ordem legis-
vos com a publicação do texto corrigido. Contudo, o texto publicado lativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei ou do decreto;
sem correspondência com aquele subscrito pela autoridade poderá a matéria legislada diz respeito ao texto ou ao corpo do ato.
ser considerado inválido com efeitos retroativos.
Já a retificação se refere aos casos em que texto publicado 19.1.1 Ordem legislativa
corresponde ao texto subscrito pela autoridade, mas que continha 19.1.1.1 Das partes do ato normativo
lapso manifesto. O projeto de ato normativo é estruturado em três partes bá-
A retificação requer nova assinatura pelas autoridades envolvi- sicas:
das e, em muitos casos, é menos conveniente do que a mera alte- a) parte preliminar, com:
ração da norma segundo o procedimento previsto no subitem 17.1. 1. a epígrafe
2. a ementa; e
18 Apostila 3. o preâmbulo, com:
18.1 Definição e finalidade 3.1. a autoria;
A correção de erro material que não afete a substância do ato 3.2. o fundamento de validade; e
singular de caráter pessoal e as retificações ou alterações da de- 3.3. quando couber, a ordem de execução, o enunciado do ob-
nominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido a deno- jeto e a indicação do âmbito de aplicação da norma;
minação modificada em decorrência de lei ou de decreto superve- b) parte normativa, com as normas que regulam o objeto; e
niente à expedição do ato pessoal a ser apostilado são realizadas c) parte final, com:
por meio de apostila. 1. disposições sobre medidas necessárias à implementação das
O apostilamento é de competência do setor de recurso huma- normas constantes da parte normativa;
nos do órgão, autarquia ou fundação, e dispensa nova assinatura da 2. as disposições transitórias;
autoridade que subscreveu o ato originário. 3. a cláusula de revogação, quando couber; e
Deve-se ter especial atenção quando do uso do apostilamento 4. a cláusula de vigência. A ementa, a autoria, a parte normati-
para os atos relativos à vacância ou ao provimento decorrentes de va e a cláusula de vigência são elementos essenciais para a adequa-
alteração de estrutura de órgão, autarquia ou fundação pública. O da redação de todo o ato normativo. Os demais elementos podem
apostilamento não se aplica aos casos nos quais a essência do cargo ou não constar no ato, conforme a natureza e o objeto do ato nor-
em comissão ou da função de confiança tenham sido alterados, tais mativo.
como nos casos de alteração do nível hierárquico, transformação de
atribuição de assessoramento em atribuição de chefia (ou vice-ver- 19.1.1.2 Epígrafe
sa) ou transferência de cargo para unidade com outras competên- A epígrafe é a parte do ato que o qualifica na ordem jurídica e
cias. Também deve-se alertar para o fato que a praxe atual tem sido o situa no tempo, por meio da denominação, da numeração e da
exigir que o apostilamento decorrente de alteração em estrutura data, devendo ser grafadas em maiúsculas e sem ponto final.
regimental seja realizadas na mesma data da entrada em vigor de Exemplos de epígrafe:
seu decreto. LEI COMPLEMENTAR Nº 95, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1998
DECRETO Nº 9.191, DE 1º DE NOVEMBRO DE 2017
18.2 Forma e estrutura
A apostila tem a seguinte estrutura:
a) título: o termo “APOSTILA” escrito em letra maiúscula, com
alinhamento centralizado ;
b) texto: o conteúdo do texto deve apresentar a correção do
erro material constante do ato original;

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

19.1.1.3 Ementa 19.1.1.5 Objeto e âmbito de aplicação


A ementa é a parte do ato que resume o conteúdo do ato nor- O primeiro artigo do ato normativo indicará o seu objeto e o
mativo para permitir, de modo objetivo e claro, o conhecimento da seu âmbito de aplicação, de forma específica, em conformidade
matéria legislada. com o conhecimento técnico ou científico da área. Os primeiros
Exemplo de ementa: artigos devem indicar, quando necessário, o objeto e o âmbito de
Estabelece as normas e as diretrizes para aplicação do ato normativo.
elaboração, redação, alteração, consolidação e Cumpre não confundir a indicação do âmbito de aplicação do
encaminhamento de propostas de atos ato normativo com a mera especificação do tema central da lei, já
normativos ao Presidente da República pelos constante da ementa. Especificar o âmbito de aplicação significa in-
Ministros de Estado. dicar relações jurídicas para as quais a norma se destina. Toda a nor-
(Decreto nº 9.191, de 2017) ma de maior complexidade necessita de especificação sobre se sua
A síntese contida na ementa deve resumir o tema central ou a aplicação está voltada a relações de Direito público ou de Direito
finalidade principal da lei. privado, à esfera federal ou a todos os entes da Federação, apenas
Deve-se evitar, portanto, mencionar apenas um tópico gené- ao Poder Executivo ou também aos outros Poderes, a servidores
rico da lei acompanhado da expressão “e dá outras providências”, regidos pelo Regime Jurídico ou a servidores regidos pela Consoli-
que somente em atos normativos de excepcional extensão, com dação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de
multiplicidade de temas e, paralelamente, se a questão não expres- 1º de maio de 1943, a relações contratuais em geral ou apenas a
sa for pouco relevante e estiver relacionada com os demais temas relações de consumo, à administração direta ou à administração in-
explícitos na ementa. direta, entre outras situações que necessitam ser esclarecidas, sob
pena de controvérsias em sua aplicação.
19.1.1.4 Preâmbulo Exemplo de especificação de objeto e âmbito de aplicação:
O preâmbulo contém a declaração do nome da autoridade, do Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação
cargo em que se encontra investida e da atribuição constitucional extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária,
em que se funda, quando for o caso, para promulgar o ato norma- doravante referidos simplesmente como devedor.
tivo e a ordem de execução ou mandado de cumprimento, a qual Art. 2º Esta Lei não se aplica a:
prescreve a força coativa do ato normativo. I – empresa pública e sociedade de economia mista;
Exemplo de preâmbulo de medida provisória: II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, socie-
confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte medida provisó- dade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade segu-
ria, com força de lei: radora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente
Exemplo de preâmbulo de lei: equiparadas às anteriores. (Lei nº 11.101, de 2005)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 19.1.1.6 Fecho de lei ou de decreto
Observe-se que o modelo mencionado aplica-se apenas para Existe a tradição de colocar, no fecho de leis e de decretos, re-
leis sendo remetidas à publicação. Quando a lei ainda está na fase ferência à contagem dos anos em relação a dois acontecimentos
de tramitação legislativa, a formulação do preâmbulo é a seguinte: marcantes de nossa história: a Declaração da Independência e a
Exemplo de preâmbulo de decreto: Proclamação da República.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe Exemplo:
confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, Brasília, 1º de dezembro de 2018; 197 o da Independência e
e tendo em vista o disposto na Lei Complementar nº 95, de 26 de 130o da República.
fevereiro de 1998,
DECRETA: 19.1.2 Matéria legislada: texto ou corpo da lei
É necessário ter cuidado na redação do fundamento de valida- O texto ou corpo do ato normativo contém a matéria legislada,
de quando da elaboração de decretos. isto é, as disposições que alteram a ordem jurídica. É composto por
Nos casos mais comuns, os decretos precisam ser classificados artigos, que, em ordem numérica crescente, enunciam as regras so-
como regulamentares ou como organizacionais (autônomos). bre a matéria legislada.
O decreto organizacional deve estar fundamentado no art. 84, Na tradição legislativa brasileira, o artigo constitui a unidade
inciso VI, alínea “a”. O fundamento de validade é a própria norma básica para a apresentação, a divisão ou o agrupamento de assun-
constitucional e não cabe mencionar ato normativo infraconstitu- tos de um texto normativo. Os artigos podem desdobrar-se, por sua
cional como fundamento de validade. vez, em parágrafos e incisos; os parágrafos em incisos; estes, em
Já o decreto regulamentar extrai seu fundamento de validade alíneas; e estas, em itens.
da Constituição, art. 84, inciso IV,combinado com (e tendo em vista) Exemplo:
lei, em sentido estrito. Constitui-se em equívoco grave pretender Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
que determinado decreto tenha como fundamento de validade o I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na recon-
art. 84, inciso IV, da Constituição de modo isolado. venção;
Convém salientar que, no preâmbulo dos decretos regulamen- II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de
tares devem ser citadas apenas as normas que dão fundamento de decadência ou prescrição;
validade para o ato, não cabendo mencionar atos normativos mera- III - homologar:
mente relacionados com o conteúdo do ato. a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na
Por fim, registre-se que, exceto na hipótese de atos internacio- ação ou na reconvenção;
nais, não é mais admitida a colocação de considerandos em atos b) a transação; e
normativos. Os esclarecimentos sobre o pretendido com o ato nor- c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconven-
mativo deve constar da Exposição de Motivos e dos pareceres téc- ção.
nicos e jurídicos.

119
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a Art. 2 Fica revogado o inciso VIII caput do art. 7º do Anexo I do
prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes Decreto no 9.260, de 2017.
seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. (Decreto no 7.664, de 2012)
(BRASIL, 2015b) Art. 3Ficam revogados os seguintes dispositivos do Regulamen-
to do Serviço de Retransmissão de Televisão e do Serviço de Repe-
19.1.2.1 Agrupamento de dispositivos tição de Televisão, ancilares ao Serviço de Radiodifusão de Sons e
Como assinalado no subitem “16.2 Sistemática externa da lei”, Imagens, aprovado pelo Decreto nº 5.371, de 2005:
a dimensão de determinados textos legais exige uma sistematiza- I – o parágrafo único do art. 13;
ção adequada. No direito brasileiro, consagrase a seguinte prática II – o § 3º do art. 14;
para a divisão das leis mais extensas: III – o inciso II do caput do art. 41; e
a) um conjunto de artigos compõe uma seção ou subseção; IV – o art. 46.
b) uma seção é composta por várias subseções; (Decreto no 9.479, de 2018)
c) um conjunto de seções constitui um capítulo; Art. 10. Ficam revogados os seguintes dispositivos do Anexo I
d) um conjunto de capítulos constitui um título; e ao Decreto nº 9.003, de 13 de março de 2017:
e) um conjunto de títulos constitui um livro. I – em relação ao art. 2º:
Se a estrutura do texto requerer agrupamento, adotam-se as a) a alínea “b” do inciso I do caput;
partes, que se denominam parte geral e parte especial (PINHEIRO, b) os itens 1 e 2 da alínea “e” do inciso II do caput;
1962, p. 110). c) o item 3 da alínea “f” do inciso II do caput; e
d) o item 4 da alínea “g” do inciso II do caput;
Exemplo: II – o art. 4º;
III – os incisos II e III do caput e o parágrafo único do art. 28;
PARTE GERAL IV – os incisos VIII, XI e XII do caput do art. 35;
LIVRO I V – os incisos VII, X e XI do caput do art. 36;
DAS PESSOAS VI – o art. 41; e
VII – o art. 42.
TÍTULO I (Decreto no 9.266, de 2018)
DAS PESSOAS NATURAIS
19.1.2.3 Cláusula de vigência
CAPÍTULO I Caso a lei não defina data ou prazo para entrada em vigor, apli-
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE ca-se o preceito do art. 1o do Decreto-Lei no 4.657, de 4 de setem-
bro de 1942 – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
CAPÍTULO II segundo o qual, exceto se houver disposição em contrário, a lei co-
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE meça a vigorar em todo o país 45 dias após a data de sua publica-
ção. Contudo, não é de boa técnica legislativa deixar de prever, de
CAPÍTULO III modo expresso, a data de entrada em vigor do ato normativo.
DA AUSÊNCIA No âmbito do Poder Executivo federal, a tendência atual é re-
duzir as hipóteses de entrada em vigor imediata de atos normati-
Seção I vos; portanto, a cláusula padrão “Esta Lei entra em vigor na data de
Da Curadoria dos Bens do Ausente sua publicação” não deve ser posta, de modo acrítico e automático,
ao final de todas as normas.
Seção II É natural que os interessados na matéria queiram a rápida
Da Sucessão Provisória produção de efeitos, mas sempre convém analisar se a aplicação
Seção III imediata e incondicionada de ato normativo recém-publicado não
Da Sucessão Definitiva causará danos para a organização da administração pública e para
(BRASIL, 2002c) as atividades dos particulares maiores do que as pretensas vanta-
gens dos efeitos imediatos.
19.1.2.2 Cláusula de revogação O art. 23 do Decreto nº 9.191, de 2017, estabelece a adoção de
Até a edição da Lei Complementar no 95, de 1998, a cláusula vacatio legis para os atos normativos:
de revogação podia ser específica ou geral. Desde então, admite-se I – de maior repercussão;
somente a cláusula de revogação específica. Dessa maneira, atual- II – que demandem tempo para esclarecimentos ou exijam me-
mente é vedado o uso de cláusula revogatória assim expressa: “Re- didas de adaptação pela população;
vogam-se as disposições em contrário.” III – que exijam medidas administrativas prévias para a aplica-
A revogação é específica quando precisa o ato normativo ou os ção de modo ordenado; ou
dispositivos deleque ficam revogados. IV – em que não convenha a produção de efeitos antes da edi-
O padrão atual determina que cláusula de revogação seja sub- ção de ato normativo inferior ainda não publicado.
dividida em incisos e, eventualmente, em alíneas, quando se tratar Além de se estudar o prazo necessário para a vacatio legis con-
de revogação de mais de um ato normativo ou, até mesmo, quando vém atentar para o período do ano, do mês ou da semana no qual
se tratar de dispositivos não sucessivos de um mesmo ato norma- norma entrará em vigor. Por exemplo, caso a norma afete questões
tivo. A providência é relevante para facilitar a rápida e precisa dos de cálculo de pagamentos deve-se evitar a entrada em vigor no
dispositivos revogados. meio do mês. Já caso a norma exija medidas a serem tomadas no
Exemplos de cláusulas de revogação específicas: dia da entrada em vigor convém evitar a vigência fora de dia útil.
Art. 4Fica revogado o Decreto no 7.965, de 21 de março de
2013.
(Decreto no 8.208, de 2014)

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Outa recomendação relevante é evitar utilizar a data de 1º de No caso dos atos de nomeação de Ministro de Estado, a refe-
janeiro para início da vigência ou da produção de efeitos sem aná- renda será do Ministro de Estado da Justiça, ao qual também com-
lise da conveniência de os particulares e a administração terem de pete referendar de atos cuja matéria não seja afeta a nenhum outro
tomar providência em dia que é feriado e, muitas vezes, coincide Ministério.
com troca de governo. A referenda de atos propostos por autoridades subordinadas
Estes são alguns exemplos de formulações que, segundo os no- diretamente ao Presidente da República, mas que não sejam Minis-
vos padrões, podem ser adotadas na cláusula de vigência: tros de Estado, é da competência do Ministro de Estado Chefe da
a) Formulação padrão para medidas provisórias, nas quais, Casa Civil da Presidência da República.
considerando a urgência e relevância inerentes ao ato, a vacatio le- Cumpre observar que a referenda é competência privativa de
gis ou a postergação de efeitos somente podem ser admitidas em Ministros de Estado, não podendo ser exercida por outras autorida-
situações excepcionais. des (dirigentes de entidades da administração indireta, secretários
Exemplo: especiais, secretários-executivos etc. que não estejam no exercício
Art. 7º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua da interinidade como Ministros de Estado) ou delegada. Conside-
publicação. (Medida Provisória nº 858, de 23 de novembro de 2018) rando que a competência é, constitucionalmente, de Ministros de
b) Formulação própria para decretos, nos quais se tem adminis- Estado, nem mesmo autoridades equiparadas a Ministros de Esta-
tração da data exata de publicação; portanto, pode-se definir o dia do, mas que, em sentido estrito, não sejam Ministros de Estado,
exato de entrada em vigor. podem exercer a competência.
Exemplo:
Art. 60. Este Decreto entra em vigor em 1º de fevereiro de 20 Lei ordinária
2018. (Decreto nº 9.191, de 2017) 20.1 Definição
No caso de decretos, a praxe atual consiste em órgão propo- A lei ordinária é ato normativo primário e contém, em regra,
nente encaminhar proposta à Presidência da República contendo o normas gerais e abstratas.
tempo necessário de vacatio legis, e a indicação do momento mais Embora as leis sejam definidas, normalmente, pela generali-
oportuno de entrada em vigor. Com base nessas informações, a dade e pela abstração (lei material), estas contêm, não raramente,
Casa Civil da Presidência da República arbitra data de entrada em normas singulares (lei formal ou ato normativo de efeitos concre-
vigor imediatamente antes de submeter o ato ao Presidente da Re- tos).
pública. São exemplos de lei formal:
c) Exemplo de formulação para leis nas quais não se é possível a) Lei Orçamentária Anual (Constituição, art. 165, § 5);
antever a data de publicação. b) leis que autorizam a criação de empresas públicas, socieda-
Observe-se que, como consta do exemplo, a vigência não pre- des de economia mista, autarquias e fundações (Constituição, art.
cisa ser a mesma para todos os dispositivos. 37, caput, inciso XIX).
Exemplo: Trata sobre assuntos diversos da área penal, civil, tributária, ad-
Art. 80. Esta Lei entra em vigor: ministrativa e da maior parte das normas jurídicas do país, regulan-
I – no 1º dia do sexto mês após a data de sua publicação, quan- do quase todas as matérias de competência da União, com sanção
to aos arts. 41 a. 79; e do Presidente da República. O projeto de lei ordinária é aprovado
II – no 1º dia do mês subsequente à data de sua publicação, por maioria simples. Pode ser proposto pelo Presidente da Repúbli-
quanto aos demais dispositivos. ca, por deputados, senadores, Supremo Tribunal Federal , tribunais
(exemplo fictício) superiores e Procurador-Geral da República. Os cidadãos também
A fixação de vacatio legis utilizando a fórmula “Esta Lei [Este podem propor tal projeto, desde que seja subscrito por, no mínimo,
Decreto] entra em vigor X dias [semanas/meses/anos] após a data um por cento do eleitorado do País, distribuído pelo menos por cin-
de sua publicação”, como se observa dos exemplo anteriores, não é co estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.
mais a fórmula preferencial. Acentue-se, por outro lado, que existem matérias que somente
Na contagem do prazo para entrada em vigor dos atos norma- podem ser disciplinadas por lei ordinária10, sendo, aliás, vedada a
tivos que estabeleçam período de vacância considera-se o dia da delegação (Constituição, art. 68, § 1o , incisos I, II e III).
publicação como dia zero e a data de entrada em vigor como o dia
da consumação integral do prazo. A contagem não é interrompida 20.2 Objeto
ou suspensa em fins de semana ou feriados. Pode ocorrer, inclusive, O Estado de Direito (Constituição, art. 1) define-se pela sub-
se a entrada em vigor do ato normativo ocorrer em dia não útil. missão de diversas relações da vida ao Direito. Assim, não deveria
Caso a vacatio legis seja estabelecida em semanas, meses ou haver, em princípio, domínios vedados à lei. Essa afirmativa é, toda-
anos considera-se que a entrada em vigor ocorrerá no dia de igual via, apenas parcialmente correta. Existem matérias que, por força
número do de início, ou no imediatamente posterior, se faltar exata constitucional, não serão objeto de lei ordinária. Nesse sentido, a
correspondência. Constituição define matérias de competência exclusiva do Congres-
so Nacional (art. 49), a serem disciplinadas mediante decreto legis-
19.1.3 Assinatura e referenda lativo. Há, ainda, por exemplo, competências privativas do Senado
Os atos normativos devem ser assinados pela autoridade com- Federal e da Câmara dos Deputados (Constituição, arts. 51 e 52).
petente. Por fim, a Emenda Constitucional no 32, de de 2001, permitiu a dis-
Todos os atos submetidos ao Presidente da República devem ciplina de matérias por decreto do Presidente da República (art. 84,
ser referendadas pelos Ministros de Estado que respondam pela caput, inciso VI, alíneas “a” e “b”).
matéria (Constituição, art. 87, parágrafo único, inciso I), que assu- Por outro lado, existem matérias que somente podem ser disci-
mem, assim, a corresponsabilidade por sua execução e observância plinadas por lei ordinária, sendo, aliás, vedada a delegação (Consti-
(PINHEIRO, 1962, p. 189-190). tuição, art. 68, § 1, incisos I, II, III).

121
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

21 Lei complementar 22 Lei delegada


22.1 Definição
10 Na edição anterior do Manual de Redação da Presidência, Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Pre-
havia referência ao entendimento do Supremo Tribunal Federal sidente da República em decorrência de autorização do Poder Le-
quanto a não sujeição dos atos normativos de efeito concreto ao gislativo, expedida por meio de resolução do Congresso Nacional e
controle abstrato de constitucionalidade. Ocorre que, com o julga- dentro dos limites nela traçados (Constituição, art. 68).
mento damedida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade Trata-se de espécie normativa em desuso no âmbito federal.
no 4.048/DF, a Corte mudou seu posicionamento, passando a acei- Apenas duas leis delegadas foram promulgadas após a Constituição
tar a submissão de normas orçamentárias ao controle abstrato de de 1988, a Lei Delegada n12, de 7 de agosto de 1992, e a Lei n 13,
constitucionalidade. (BRASIL, 2008) de 27 de agosto de 1992.
21.1 Definição
As leis complementares são um tipo de lei que não têm a rigi- 22.2 Objeto
dez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a revo- A Constituição (art. 68, § 1) estabelece que não podem ser ob-
gação por força de qualquer lei ordinária superveniente jeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso
. Com a instituição de lei complementar, o constituinte buscou Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou
resguardar determinadas matérias contra mudanças céleres ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a
apressadas, sem deixá-las exageradamente rígidas, o que dificulta- legislação sobre:
ria sua modificação. “I – organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta carreira e a garantia de seus membros;
de cada uma das Casas do Congresso Nacional (Constituição, art. II – nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
69). eleitorais; e
21.2 Objeto III – planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.”
Caberia indagar se a lei complementar tem matéria própria.
Pode-se afirmar que, sendo toda e qualquer lei uma complemen- 23 Medida provisória
tação da Constituição, a sua qualidade de lei complementar seria 23.1 Definição
atribuída por um elemento de índole formal, que é a sua aprova- Medida provisória é ato normativo com força de lei que pode
ção pela maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso. A ser editado pelo Presidente da República em caso de relevância e
qualificação de uma lei como complementar dependeria, assim, de urgência. Na hipótese de medida provisória destinada à abertura de
um elemento aleatório. Essa não é a melhor interpretação. Ao esta- crédito extraordinário (Constituição, art. 167, § 3º), também exis-
belecer um terceiro tipo, o constituinte pretendeu assegurar certa te o requisito da imprevisibilidade da situação que motivou a sua
estabilidade e um mínimo de rigidez às normas que regulam certas edição.
matérias. Dessa forma, elimina-se eventual discricionariedade do “1. A norma revogada – embora inserida formalmente em lei
legislador, e se entende que leis complementares propriamente di- complementar – concedia isenção de tributo federal e, portanto,
tas são aquelas exigidas expressamente pelo texto constitucional submetia-se à disposição de lei federal ordinária, que outra lei or-
(ATALIBA, 1971, p. 28; FERREIRA FILHO, 2012, p. 240- 241). dinária da União, validamente, poderia revogar, como efetivamente
Disso decorre que: revogou. 2. Não há violação do princípio da hierarquia das leis –
a) Pode-se identificar as matérias reservadas à lei complemen- rectius, da reserva constitucional de lei complementar – cujo res-
tar pela expressa menção no texto constitucional. Não se pode pre- peito exige seja observado o âmbito material reservado pela Cons-
tender estender as matérias reservadas à lei complementar com tituição às leis complementares. 3. Nesse sentido, a jurisprudência
base em argumentos de maior importância da matéria ou de con- sedimentada do Tribunal, na trilha da decisão da ADC 1, 1 .12.93,
veniência política; Moreira Alves, RTJ 156/721, e também pacificada na doutrina”.
b) A utilização de lei complementar nas hipóteses constitucio- (BRASIL, 2006b)
nalmente prescritas é obrigação e não faculdade. Não existe a pos-
sibilidade de se dispor por meio de lei ordinária sobre a matéria A medida provisória deve ser submetida de imediato à delibe-
enquanto não editada a lei complementar. ração do Congresso Nacional.
c) Não existe entre lei complementar e lei ordinária (ou medida As medidas provisórias perdem a eficácia desde a edição se
provisória:) uma relação de hierarquia, pois seus campos de abran- não forem convertidas em lei no prazo de 60 dias, prorrogável por
gência são diversos. Assim, a lei ordinária que invadir matéria de lei mais 60 dias. Nesse caso, o Congresso Nacional deverá disciplinar,
complementar é inconstitucional, e não ilegal12; por decreto legislativo, as relações jurídicas decorrentes da medida
d) Norma pré-constitucional de qualquer espécie que verse provisória. Se tal disciplina não for feita no prazo de 60 dias após a
sobre matéria que a Constituição de 1988 reservou à lei comple- rejeição ou a perda de eficácia de medida provisória, as relações
mentar foi recepcionada pela nova ordem constitucional como lei jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a
complementar vigência da medida provisória permanecem regidas por ela.
e) Lei votada com o procedimento de lei complementar e deno-
minada como tal, ainda assim, terá efeitos jurídicos de lei ordinária, 23.2 Objeto
podendo ser revogada por lei ordinária posterior, se versar sobre As medidas provisórias têm por objeto, basicamente, a mesma
matéria não reservada constitucionalmente à lei complementar; e matéria das leis ordinárias; contudo, não podem ser objeto de me-
f) Dispositivos de uma lei complementar que não tratarem de dida provisória as seguintes matérias:
matéria constitucionalmente reservada à lei complementar pos- a) Nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políti-
suem efeitos jurídicos de lei ordinária. Contudo, apesar de constitu- cos e direito eleitoral;
cionalmente legítimo, não é tecnicamente recomendável misturar b) Direitos Penal, Processual Penal e Processual Civil;
no corpo de lei complementar matéria de lei ordinária. c) Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
carreira e a garantia de seus membros;

122
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

d) Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e Tal espécie normativa, contudo, limita-se às hipóteses de orga-
créditos adicionais e suplementares, ressalvada a abertura de cré- nização e funcionamento da administração pública federal, quando
dito extraordinário, a qual é expressamente reservada à medida não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de ór-
provisória (Constituição, art. 167, § 3); gãos públicos, e de extinção de funções ou cargos públicos, quando
e) Aquelas que visem à detenção ou ao sequestro de bens, de vagos(Constituição, art. 84, caput, inciso VI).
poupança popular ou de qualquer outro ativo financeiro;
f) Aquelas reservadas à lei complementar; 25 Portaria
g) Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso 25.1 Definição e objeto
Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República; É o instrumento pelo qual Ministros ou outras autoridades ex-
h) Aprovação de Código; e pedem instruções sobre a organização e o funcionamento de ser-
i) Regulamentação de artigo da Constituição, cuja redação te- viço, sobre questões de pessoal e outros atos de sua competência.
nha sido alterada por meio de emenda constitucional promulgada Tal como os atos legislativos, a portaria contém parte prelimi-
no período compreendido entre 1o de janeiro de 1995 até a pro- nar, parte normativa e parte final, dessa forma, as considerações
mulgação da Emenda Constitucional no 32, de 11 de setembro de do subitem “19.1 Forma e estrutura” são válidas. Porém a portaria
2001. não possui fecho e, além disso, as portarias relativas às questões de
Além disso, o Decreto nº 9.191, de 2017, recomenda que não pessoal não contêm ementa.
seja objeto de medida provisória a matéria “que possa ser aprovada Exemplo de portaria:
sem dano para o interesse público nos prazos estabelecidos pelo PORTARIA Nº 936, DE 8 DE AGOSTO DE 2018
procedimento legislativo de urgência previsto na Constituição” (art. Delega competência para autorização de
35, caput, inciso V). concessão de diárias e passagens no âmbito da Casa Civil da
Presidência da República.
24 Decreto O MINISTRO DE ESTADO CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA
24.1 Definição DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 87, pa-
Decretos são atos administrativos de competência exclusiva do rágrafo único, incisos I e II, da Constituição, e tendo em vista o dis-
Chefe do Executivo, destinados a prover as situações gerais ou in- posto no art. 12 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e no art.
dividuais, abstratamente previstas, de modo expresso ou implícito, 6º e art. 7º do Decreto nº 7.689, de 2 de março de 2012, resolve:
na lei (MEIRELLES, 2013, p. 189-190). Essa é a definição clássica, que Art. 1º A competência para autorizar a concessão de diárias e
não se aplica aos decretos autônomos, tratados adiante. passagens aos servidores fica delegada aos dirigentes máximos das
seguintes unidades:
24.2 Decretos singulares ou de efeitos concretos I – Assessoria Especial;
Os decretos podem conter regras singulares ou concretas (por II – Secretaria-Executiva;
exemplo, decretos referentes à questão de pessoal, de abertura de III – Subchefia de Análise e Acompanhamento de Políticas Go-
crédito, de desapropriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto, vernamentais;
de perda de nacionalidade, etc.). IV – Subchefia de Articulação e Monitoramento;
Os decreto singulares costumavam não ser numerados, numa V – Subchefia para Assuntos Jurídicos;
prática que foi abolida com o Decreto nº 9.191, de 2017. Atualmen- VI – Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
te, apenas os decreto relativas às questões de pessoal não são nu- Social;
merados e também não possuem ementa. VII – Secretaria-Executiva da Comissão de Ética Pública;
VIII – Imprensa Nacional;
24.3 Decretos regulamentares IX – Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvol-
Os decretos regulamentares são atos normativos subordinados vimento Agrário;
ou secundários. A diferença entre a lei e o regulamento, no Direito X – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ─ IN-
brasileiro, não se limita à origem ou à supremacia daquela sobre CRA;
este. A distinção substancial é de que a lei inova originariamente o XI – Instituto Nacional de Tecnologia da Informação ─ ITI; e
ordenamento jurídico, enquanto o regulamento não o altera, mas XII – Gabinete de Intervenção Federal no Estado do Rio de Ja-
fixa, tão-somente, as: [...] regras orgânicas e processuais destinadas neiro.
a pôr em execução os princípios institucionais estabelecidos por lei, § 1º A concessão de diárias e passagens dos servidores lotados
ou para desenvolver os preceitos constantes da lei, expressos ou no Gabinete do Ministro será autorizada pelo Secretário-Executivo
implícitos, dentro da órbita por ela circunscrita, isto é, as diretrizes, da Casa Civil.
em pormenor, por ela determinadas. (MELLO, 1969, p. 314-316). § 2º Os dirigentes mencionados no caput designarão, aos ges-
Como observa Celso Antônio Bandeira de Mello, a generalida- tores setoriais do Sistema de Concessão de Diárias e Passagens
de e o caráter abstrato da lei permitem particularizações gradativas (SCDP), os servidores que realizarão os procedimentos de conces-
quando não têm como fim a especificidade de situações insuscetí- são e de autorização de diárias e passagens.
veis de redução a um padrão qualquer (MELLO, 1981, p. 83). Disso Art. 2º Fica delegada ao Secretário-Executivo da Casa Civil, ve-
resulta, não raras vezes, margem de discrição administrativa a ser dada a subdelegação, salvo nas hipóteses em que o deslocamento
exercida na aplicação da lei. exigir manutenção do sigilo, observado o § 8º do art. 7º do Decreto
nº 7.689, de 2012, a competência para autorizar a concessão de
24.4 Decretos autônomos diárias e passagens referentes à:
Com a edição da Emenda Constitucional no 32, de 2001, intro- I – deslocamentos de servidores ou militares por prazo superior
duziu-se no ordenamento pátrio ato normativo conhecido doutri- a dez dias contínuos;
nariamente como decreto autônomo, decreto que decorre direta- II – mais de quarenta diárias intercaladas por servidor no ano;
mente da Constituição, possuindo efeitos análogos ao de uma lei III – deslocamentos de mais de dez pessoas para o mesmo
ordinária. evento; e
IV – deslocamentos para o exterior, com ônus.

123
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Parágrafo único. A competência para autorizar a concessão das e) promulgação; e


diárias e passagens de que tratam os incisos I a III do caput fica de- f) publicação.
legada, nos respectivos órgãos e entidades:
I – ao Secretário Especial de Agricultura Familiar e do Desenvol- 27 Iniciativa
vimento Agrário; A iniciativa é a proposta de edição de direito novo. A discus-
II – aos presidentes do INCRA e do ITI; e são e a votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da
III – ao Interventor Federal. República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores
Art. 3º A concessão de diárias e passagens do Secretário-Exe- terão início na Câmara dos Deputados (BRASIL, 1988, art. 64). Da
cutivo da Casa Civil será autorizada pelo Ministro de Estado Chefe mesma forma, a iniciativa popular será exercida pela apresentação
da Casa Civil. à Câmara dos Deputados do projeto de lei (BRASIL, art. 61). A Cons-
Art. 4º A autoridade responsável pela autorização da conces- tituição não tratou expressamente a respeito, mas, por força regi-
são das diárias e passagens ficará responsável pela aprovação da mental (RICD, art. 109, § 1, inciso VII), os projetos de lei de iniciativa
respectiva prestação de contas. do Ministério Público também começam a tramitar na Câmara dos
Art. 5º Os limites de gastos com diárias e passagens de que Deputados.
trata o § 3º do art. 6º do Decreto nº 7.689, de 2012, deverão ser A iniciativa põe em marcha o processo legislativo e determina a
distribuídos entre as unidades elencadas no art. 1º. possibilidade de a Casa Legislativa destinatária de submeter o pro-
Parágrafo único. O Secretário-Executivo da Casa Civil deverá, jeto de lei a uma deliberação definitiva16
em ato próprio a ser publicado no Boletim Interno, definir os limites .
de gastos com diárias e passagens anualmente. 27.1 Iniciativa comum ou concorrente
Art. 6º Ficam convalidados os atos de autorização de concessão A iniciativa comum ou concorrente compete ao Presidente da
de diárias e passagens relativos ao Gabinete de Intervenção Federal República, a qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão
no Estado do Rio de Janeiro até a data de entrada em vigor desta de qualquer das Casas do Congresso, e aos cidadãos
Portaria. – iniciativa popular (BRASIL, 1988, art. 61).
Art. 7º Ficam revogadas: A iniciativa popular em matéria de lei federal está condicionada
I – a Portaria nº 964, de 5 de outubro de 2017; e à manifestação de pelo menos “um por cento do eleitorado nacio-
II – a Portaria nº 1.031, de 13 de novembro de 2017. nal, que deverá estar distribuído em, no mínimo, cinco Estados, exi-
Art. 8º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. gida em cada um deles a manifestação mínima de três décimos por
cento de seus eleitores” (BRASIL, 1988, art. 61).
O PROCESSO LEGISLATIVO Sob a classificação de iniciativa concorrente, tem-se também a
relativa à proposta de emenda à Constituição. O processo de emen-
26 Introdução da à Constituição pode ser deflagrado (i) por um terço, no mínimo,
O processo legislativo abrange não só a elaboração das leis dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, (ii)
propriamente ditas (leis ordinárias, leis complementares, leis de- pelo Presidente da República, e (iii) por mais da metade das Assem-
legadas), mas também a elaboração das emendas constitucionais, bleias Legislativas dos Estados-Membros, manifestando-se, cada
das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das resoluções uma delas, pela maioria relativa de seus membros (BRASIL, 1988,
(BRASIL, 1988, art. 59). art. 60).
O decreto legislativo e a resolução são utilizados pelo Congres- 27.2 Iniciativa reservada
so Nacional ou por uma de suas Casas para tratar de matéria de sua A Constituição confere a iniciativa da legislação sobre certas
competência exclusiva. Não estão sujeitos à sanção pelo Presidente matérias, privativamente, a determinados órgãos.
da República. Em geral, aplicam-se as regras de elaboração da lei
ordinária, mas o detalhamento do procedimento compete aos re- 27.2.1 Iniciativa reservada do Presidente da República
gimentos internos. Por decreto legislativo, o Congresso Nacional: Está reservada ao Presidente da República a iniciativa das leis
a) resolve sobre tratados internacionais (BRASIL, 1988, art. 49); ordinárias ou complementares que (BRASIL, 1988, art. 61):
b) disciplina relações ocorridas na vigência de medida provisó- a) fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
ria não convertida em lei (BRASIL, 1988, art. 62); e b) criem cargos, funções ou empregos públicos, ou aumentem
c) susta atos do Poder Executivo que exorbitem do poder regu- sua remuneração;
lamentar (BRASIL, 1988, art. 49). c) com relação aos Territórios, disponham sobre organização
A resolução, a seu turno, é utilizada principalmente pelo Sena- administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, servi-
do Federal para se desincumbir de suas competências relacionadas ços públicos e servidores
ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias d) disponham sobre servidores da União e Territórios: provi-
– ICMS (BRASIL, 1988, art. 155), para dispor sobre limites de endi- mento de cargos, regime jurídico (estabilidade e aposentadoria);
vidamento dos entes e suspender a execução de lei declarada in- e) disponham sobre a organização do Ministério Público e da
constitucional pelo Supremo Tribunal Federal no controle difuso de Defensoria Pública da União;
constitucionalidade (BRASIL, 1988, art. 52). f) disponham sobre normas gerais para a organização do Minis-
O processo de elaboração das leis ordinárias e complementa- tério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Fede-
res segue o mesmo itinerário (FERREIRA FILHO, 2012, p. 217, 241), ral e dos Territórios;
ressalvada a exigência de aprovação por maioria absoluta em cada g) criem e extingam órgãos da administração pública;
uma das Casas do Congresso Nacional, aplicável às leis complemen- h) disponham sobre militares das Forças Armadas, provimento
tares (BRASIL, 1988, art. 69). O processo pode ser desdobrado nas de cargos, regime jurídico (promoção, estabilidade, remuneração,
seguintes etapas: reforma e transferência para a reserva.
a) iniciativa;
b) discussão;
c) deliberação ou votação;
d) sanção ou veto;

124
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

27.2.2 Iniciativa reservada da Câmara dos Deputados e do Se- 29.1 Titularidade do direito de emenda
nado Federal Nem todo titular de iniciativa tem poder de emenda. Essa
A remuneração dos servidores da Câmara dos Deputados e do faculdade é reservada aos parlamentares. Se, entretanto, for de
Senado Federal – segundo a Constituição, em seus art. 51 e art.52 iniciativa do Poder Executivo ou do Poder Judiciário, o seu titular
– é estabelecida em lei cuja iniciativa é reservada à respectiva Casa. também pode apresentar modificações, acréscimos, o que fará por
A organização dos serviços administrativos é feita, em regra, por meio de mensagem aditiva, dirigida ao Presidente da Câmara dos
resolução da respectiva Casa, sem que, como na lei que fixa a remu- Deputados, que justifique a necessidade do acréscimo.
neração, tenha de ir à sanção do Presidente da República. Ao contrário do Texto Constitucional de 1967/69, a Constitui-
ção de 1988 veda somente a apresentação de emendas que au-
27.2.3 Iniciativa reservada dos tribunais mentem a despesa prevista nos projetos de iniciativa reservada
Compete privativamente ao Supremo Tribunal Federal e aos (Constituição, art. 63, incisos I e II). A apresentação de emendas a
Tribunais Superiores (BRASIL, 1988, art. 96) propor a criação ou a qualquer projeto de lei oriundo de iniciativa reservada ficou auto-
extinção dos tribunais inferiores, a alteração do número de mem- rizada, desde que não implique aumento de despesa e que tenha
bros destes, a criação e a extinção de cargos e a fixação de venci- estrita pertinência temática.
mentos de seus membros, dos juízes, inclusive dos tribunais inferio-
res, dos serviços auxiliares dos juízos que lhes forem vinculados, e a 29.1.1 Emendas ao projeto de lei de orçamento anual e ao de
alteração da organização e da divisão judiciária. lei de diretrizes orçamentárias
Os tribunais, em geral, detêm competência privativa para pro- A Constituição não impede a apresentação de emendas ao pro-
por a criação de novas varas judiciárias. Podem propor tanto a cria- jeto de lei orçamentária.
ção e a extinção de cargos e a remuneração dos serviços auxiliares Elas devem ser, todavia, compatíveis com o plano plurianual e
e dos juízos que lhe forem vinculados, bem como a fixação do sub- com a lei de diretrizes orçamentárias e devem indicar os recursos
sídio de seus membros e dos juízes. Podem, também, propor altera- necessários, sendo admitidos apenas aqueles provenientes de anu-
ção da organização administrativa e da divisão judiciárias. lação de despesa (Constituição, art. 166, § 3).
A iniciativa da lei complementar sobre o Estatuto da Magistra- A Constituição veda a propositura de emendas ao projeto de lei
tura (BRASIL, 1988, art. 93) também compete privativamente ao de diretrizes orçamentárias que não guardem compatibilidade com
Supremo Tribunal Federal. o plano plurianual (Constituição, art. 166, § 4).

27.2.4 Iniciativa reservada do Ministério Público 29.1.2 Emendas aos projetos de lei de conversão de medidas
A iniciativa privativa para apresentar projetos de lei sobre a provisórias
criação ou a extinção de seus cargos ou de seus serviços auxiliares é Na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.127/DF, julgada
assegurada ao Ministério Público (BRASIL, 1988, art. 127)1 pelo Plenário Supremo Tribunal Federal em 15 de outubro de 2018,
. foi firmado o entendimento de que não poderia serincluído em
27.2.5 Iniciativa vinculada projeto de lei de conversão de medida provisória matéria estranha
A Constituição prevê, ainda, sistema de iniciativa vinculada, na o objeto original porque isso implicaria uso indevido de processo
qual a apresentação do projeto é obrigatória. Nesse caso, o Chefe legislativo especial
do Executivo Federal deve encaminhar ao Congresso Nacional os Diante do novo entendimento, a inclusão de emendas sem
projetos referentes às leis orçamentárias (plano plurianual, lei de pertinência temática com o texto original da medida provisória no
diretrizes orçamentárias e o orçamento anual). projeto de lei de conversão deixou de ser mera questão de técnica
legislativa e tornou-se problema de inconstitucionalidade.
28 Discussão
A disciplina sobre a discussão e a instrução do projeto de lei é 29.2 Espécies de emendas
confiada, fundamentalmente, aos Regimentos das Casas Legislati- As propostas de modificação de um projeto em tramitação no
vas. Congresso Nacional podem ter escopos diversos. Elas podem bus-
O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra car a modificação, a supressão, a substituição, o acréscimo ou a re-
em um só turno de discussão e votação. Não há tempo prefixado distribuição de disposições do projeto. Nos termos do Regimento
para deliberação, salvo quando o projeto for de iniciativa do Pre- Interno da Câmara dos Deputados, “as emendas são supressivas,
sidente da República e este formular pedido de apreciação sob re- aglutinativas, substitutivas, modificativas, ou aditivas”. Pode-se,
gime de urgência (Constituição, art. 64, § 1). Nesse caso, se ambas ainda, adotar a seguinte classificação das emendas (RICD, art. 118):
as Casas não se manifestarem cada qual, sucessivamente, em até a) emenda supressiva: manda erradicar qualquer parte de ou-
45 dias, o projeto deve ser incluído na Ordem do Dia, e ficam sus- tra proposição;
pensas as deliberações sobre outra matéria até que seja votada a b) emenda aglutinativa: resulta da fusão de outras emendas,
proposição do Presidente (Constituição, art. 64, §§ 1o e 2o ). ou destas com o texto, por transação tendente à aproximação dos
respectivos objetos;
29 Emenda c) emenda substitutiva: apresentada como sucedânea a parte
Segundo o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, de outra proposição;
emenda é a proposição apresentada como acessória de outra pro- d) emenda modificativa: altera a proposição sem a modificar
posição (proposta de emenda à Constituição, projetos de lei ordi- substancialmente;
nária e complementar, projetos de decreto legislativo e projetos de e) emenda aditiva: acrescenta-se a outra proposição;
resolução ─ RICD, art. 118). f) subemenda: emenda apresentada em Comissão a outra
emenda, e pode ser supressiva, substitutiva, ou aditiva; e
g) emenda de redação: emenda modificativa que visa a sanar
vício de linguagem, incorreção de técnica legislativa ou lapso ma-
nifesto.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

30 Votação Ainda que haja Súmula do STF nº 5, de 13 de dezembro de


A votação da matéria legislativa constitui ato coletivo das Casas 1953, a afirmar que “a falta de iniciativa do Poder Executivo fica
do Congresso. Realiza-se, normalmente, após a instrução do proje- sanada com a sanção do projeto de lei” (BRASIL, 1953), o Tribunal
to nas comissões e dos debates no plenário. afastouse, ainda na década de 1970, dessa orientação (BRASIL,
Essa decisão é tomada por: 1974), assentando que a sanção não supre vício de iniciativa, posi-
a) Maioria simples (maioria dos membros presentes) para apro- cionamento que se mantém consolidado
vação dos projetos de lei ordinária – desde que presente a maioria
absoluta de seus membros: 257 Deputados na Câmara dos Deputa- 32 Veto
dos e 41 Senadores no Senado Federal (Constituição, art. 47); O veto é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo nega san-
b) Maioria absoluta dos membros para aprovação dos projetos ção ao projeto – ou a parte dele –, obstando à sua conversão em lei
de lei complementar – 257 Deputados e 41 Senadores – (Consti- (Constituição, art. 66, § 1). Trata-se de ato de natureza legislativa,
tuição, art. 69) e maioria de três quintos dos membros das Casas, que integra o processo de elaboração das leis no Direito brasileiro
para aprovação de emendas constitucionais – 308 Deputados e 49 (SILVA, 2007, p. 215).
Senadores – (Constituição, art. 60, § 2). Dois são os fundamentos para a recusa de sanção (Constitui-
ção, art. 66, § 1):
31 Sanção a) inconstitucionalidade; ou
A sanção é o ato pelo qual o Chefe do Executivo manifesta a b) contrariedade ao interesse público.
sua anuência ao projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Ve-
Exemplo de veto por inconstitucionalidade:
rifica-se aqui a fusão da vontade do Congresso Nacional com a do
Senhor Presidente do Senado Federal, Comunico a Vossa Exce-
Presidente, da qual resulta a formação da lei. A sanção pode ser
lência que, nos termos do § 1o do art. 66 da Constituição, decidi ve-
expressa ou tácita.
tar parcialmente, por contrariedade ao interesse público e incons-
31.1 Sanção expressa titucionalidade, o Projeto de Lei de Conversão no 18, de 2018(MP
A sanção será expressa quando o Presidente da República ma- no 827/2018), que “Altera a Lei nº 11.350, de 5 de outubro de 2006,
nifestar a sua concordância com o projeto de lei aprovado pelo Con- para modificar normas que regulam o exercício profissional dos
gresso Nacional, no prazo de 15 dias úteis. Agentes Comunitários de Saúde e dos Agentes de Combate às En-
Na contagem do prazo de 15 dias úteis, devem ser desconsi- demias”.
derados apenas os fins de semana e os feriados previstos em lei Ouvidos, os Ministérios do Planejamento, Desenvolvimento e
federal. Dias de ponto facultativo devem ser contados como dia útil, Gestão, da Justiça, da Fazenda e da Saúde manifestaram-se pelo
inclusive o Carnaval, pois, apesar de ser tradição não trabalhar no veto aos seguintes dispositivos: §§ 1º, 5º e 6º do art. 9º-A da Lei nº
período, não existe lei federal estabelecendo ser feriado a segunda 11.350, de 5 de outubro de 2006, alterados pelo art. 1º do projeto
ou a terça-feira de Carnaval. de lei de conversão
Existe tradição no sentido de contar o período não segundo os “§ 1º O piso salarial profissional nacional dos Agentes Comu-
critérios tradicionais, segundo os quais “computam-se os prazos, nitários de Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias é fixado
excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento” 20 , mas no valor de R$ 1.550,00 (mil quinhentos e cinquenta reais) mensais,
incluindo no cômputo tanto o dia do recebimento na Presidência obedecido o seguinte escalonamento:
da República quanto o último dia do prazo e considerando este úl- I - R$ 1.250,00 (mil duzentos e cinquenta reais) em 1º de janei-
timo como o prazo limite para ser despachado pelo Presidente da ro de 2019;
República. Já a publicação da decisão presidencial, i. e. a sanção, o II - R$ 1.400,00 (mil e quatrocentos reais) em 1º de janeiro de
veto integral ou o veto parcial, tem como prazo limite a data em que 2020;
circular a próxima edição regular do Diário Oficial da União. III - R$ 1.550,00 (mil quinhentos e cinquenta reais) em 1º de
Exemplo de fórmula utilizada no caso de sanção expressa: janeiro de 2021.”
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- “§ 5º O piso salarial de que trata o § 1º deste artigo será reajus-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: (...) tado, anualmente, em 1º de janeiro, a partir do ano de 2022.
§ 6º A lei de diretrizes orçamentárias fixará o valor reajustado
20 Conforme Lei nº 10.406, de 2002 ─ Código Civil, em seu art. do piso salarial profissional nacional dos Agentes Comunitários de
131, caput, essa orientação de prazo pode ser dita de modo inver-
Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias.”
tido, como no art. 8º, § 1º, da Lei Complementar nº 95, de 2002,
ou seja, “com a inclusão da data da publicação e do último dia do
Razões dos vetos
prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação
“Os dispositivos violam a iniciativa reservada do Presidente da
integral”. (BRASIL, 2002c, art.131)
República em matéria sobre ‘criação de cargos, funções ou empre-
31.2 Sanção tácita gos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de
A Constituição confere ao silêncio do Presidente da República o sua remuneração’, a teor do art. 61, § 1º, inciso II, ‘a’, da Constitui-
significado de uma declaração de vontade de índole positiva. Assim, ção, na medida em que representaria aumento remuneratório para
decorrido o prazo de 15 dias úteis sem manifestação expressa do servidores, e tendo em vista que este dispositivo constitucional al-
Chefe do Poder Executivo, considera-se sancionada tacitamente a cança qualquer espécie de servidor público, não somente os fede-
lei (Constituição, art. 66, § 3). rais. Além disso, há violação de matéria reservada à Lei de Diretrizes
Orçamentárias (Constituição, art. 165, § 2º) pelo §6º do projeto sob
31.3 Sanção e vício de iniciativa sanção, pois se determina inserir na LDO matéria estranha ao obje-
A questão sobre o eventual caráter convalidatório da sanção de to que lhe foi constitucionalmente atribuído. Ademais, há também
projeto resultante de usurpação de iniciativa reservada ao Chefe do violação do art. 113 do Ato das Disposições Constitucionais Tran-
Poder Executivo já ocupou tribunais e doutrinadores. sitórias, por se criar despesa obrigatória sem nenhuma estimativa
de impacto, incorrendo-se, pelo mesmo fundamento, em violação

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

dos artigos 15, 16 e 17 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Por fim, 32.3 Efeitos do veto
observa-se descumprimento do artigo 21, parágrafo único, da LRF, A principal consequência jurídica do exercício do poder de veto
pois haveria ‘ato de que resulte aumento de despesa com pessoal’ é a de suspender a transformação do projeto – ou de parte dele –
dentro dos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do em lei. Na hipótese de veto parcial, a parte do projeto que logrou
titular do Poder Executivo, o que poderia, inclusive, enquadrar-se obter a sanção presidencial converte-se em lei e passa a obrigar
como conduta tipificada no artigo 359-G do Código Penal.” desde a sua entrada em vigor. A parte vetada depende, porém, da
Essas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar os manifestação do Poder Legislativo. Se o veto for mantido pelo Con-
dispositivos acima mencionados do projeto em causa, as quais ora gresso Nacional, o projeto, ou parte dele, há de ser considerado
submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congres- rejeitado, podendo a sua matéria ser objeto de nova proposição, na
so Nacional. mesma sessão legislativa,somente se for apresentada pela maioria
(Mensagem nº 228, de 5 de junho de 2013) absoluta dos membros de quaisquer das Casas do Congresso Nacio-
nal (Constituição, art. 67).
Exemplo de veto por contrariedade ao interesse público:
32.4 Irretratabilidade do veto
Uma das mais relevantes características do veto é a sua irretra-
Senhor Presidente do Senado Federal, Comunico a Vossa Ex-
tabilidade. Tal como já acentuado pelo Supremo Tribunal Federal,
celência que, nos termos do § 1º do art. 66 da Constituição, decidi
manifestado o veto, o Presidente da República não pode retirá-lo ou
vetar integralmente, por contrariedade ao interesse público, o Pro- retratar-se para sancionar o projeto vetado (BRASIL, 1960).
jeto de Lei nº 59, de 2016 (nº 7.691/14 na Câmara dos Deputados),
que “Acrescenta parágrafo ao art. 1º da Lei nº 11.668, de 2 de maio 32.5 Rejeição do veto
de 2008”. O veto não impede a conversão do projeto em lei, podendo ser
Ouvidos, os Ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Co- superado por deliberação do Congresso Nacional. Daí afirma-se, ge-
municações, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, da Fa- nericamente, ter sido adotado, no Direito Constitucional brasileiro,
zenda e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto ao o sistema de veto relativo.
projeto pelas seguintes razões: Feita a comunicação do motivo do veto, dentro do prazo de 48
“O projeto contempla alteração normativa que poderia resul- horas, o Congresso Nacional poderá rejeitá-lo, em sessão conjunta,
tar em substancial redução de receita da empresa que exerce, em no prazo de 30 dias a contar do recebimento, em escrutínio secreto,
nome da União, o monopólio postal estatal, face à ampliação do es- pela manifestação da maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
copo dos contratos de franquia postal. Ademais, sob o prisma tribu- Comunicado o veto ao Presidente do Senado Federal, este de-
tário, não alcançaria o fim projetado, podendo, ao contrário, gerar signará Comissão Mista que deverá relatá-lo e estabelecerá o calen-
novas controvérsias, judicialização do tema e insegurança jurídica. dário de sua tramitação no prazo de 72 horas. O prazo de que trata
Por fim, poderia representar redução da base de cálculo de tributos o artigo deverá ser contado da protocolização do veto na Presidên-
municipais e federais ora arrecadados, sem estimar o montante de cia do Senado Federal
tal redução potencial de receita tributária.” Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no art. 66, § 4,
Essas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar o o veto será colocado na Ordem do Dia da sessão imediata, sobres-
projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação dos tadas as demais proposições, até sua votação final (Constituição,
Senhores Membros do Congresso Nacional. art. 66, § 6).
(MENSAGEM Nº 179, de 2017) Se o veto não for mantido, o projeto será enviado, para pro-
mulgação, ao Presidente da República (Constituição, art. 66, § 5). Se
32.1 Motivação e prazo do veto a lei não for promulgada no prazo de 48 horas pelo Presidente da
O veto deve ser expresso e motivado, e oposto no prazo de 15 República, o Presidente do Senado Federal a promulgará, e, se este
não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado
dias úteis, contado da data do recebimento do projeto, e comunica-
fazê-lo (Constituição, art. 66, § 7 ).
do ao Congresso Nacional nas 48 horas subsequentes à sua oposi-
ção (Constituição, art. 66, § 1).
32.6 Ratificação parcial do projeto vetado
Em se tratando de vetos parciais, o Congresso Nacional poderá
32.2 Extensão do veto acolher certas objeções contra partes do projeto e rejeitar outras.
Nos termos do disposto na Constituição, o veto pode ser total No caso de rejeição parcial dos vetos, verificado nos termos do dis-
ou parcial (Constituição, art. 66, § 1). O veto total incide sobre o posto no art. 66, § 4 , da Constituição, compete ao Presidente da
projeto de lei na sua integralidade. O veto parcial somente pode República a promulgação da lei (Constituição, art. 66, § 5) e, se este
abranger texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alí- não a fizer, caberá ao Presidente ou ao Vice-Presidente do Senado
nea (Constituição, art. 66, § 2). Não é possível, portanto, o veto de Federal fazê-lo (Constituição, art. 66, § 7.
trecho do caput, de inciso, de parágrafo ou de alínea, mesmo que
dentro do dispositivo, de modo atécnico, tenham sido postas várias 32.7 Ratificação parcial de veto total
disposições autônomas. A possibilidade de rejeição parcial de veto total é uma questão
Não está expresso em nenhuma norma e não existe preceden- menos pacificada.
te jurisprudencial a respeito; contudo, já está consolidada a tradi- Themistocles Brandão Cavalcanti, por exemplo, considera
ção no sentido da possibilidade de o veto abranger item, subitem, que “o veto total se possa apresentar como um conjunto de ve-
linha de tabela no anexo, coluna de tabela no anexo ou o caput do tos parciais, tal a disparidade e a diversidade das disposições que
artigo sem extensão aos parágrafos. constituem o projeto”. Também o Supremo Tribunal Federal já re-
Quanto aos artigos que efetuam alterações em outras leis, já conheceu admissibilidade de rejeição parcial de veto total23. Essa
existe tradição quanto à possibilidade de veto abranger apenas dis- parece ser a posição mais adequada. A possibilidade de veto parcial
positivo específico entre os vários cuja alteração esteja sendo pro- legitima a concepção de que o veto total corresponde a uma recusa
posta. singular de cada disposição do projeto.

127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

32.8 Tipologia do veto Exemplo:


Pode-se afirmar, em síntese, que, no Direito brasileiro, o veto O Presidente do SENADO FEDERAL promulga, nos termos do
observa a seguinte tipologia: art. 66, § 7, da Constituição, a seguinte Lei, resultante de Projeto
a) quanto à extensão, o veto pode ser total ou parcial; vetado pelo Presidente da República e mantido pelo Congresso Na-
b) quanto à forma, o veto deverá ser expresso; cional: (...)
c) quanto aos fundamentos, o veto pode ser jurídico (por in- d) parte vetada pelo Presidente da República e mantida pelo
constitucionalidade) ou político (por contrariedade ao interesse Congresso Nacional:
público); Exemplo:
d) quanto ao efeito, o veto é relativo, pois apenas suspende, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Na-
até à deliberação definitiva do Congresso Nacional, a conversão do cional manteve e eu promulgo, nos termos do art. 66, § 5o , da
projeto em lei; e Constituição, o seguinte [ou seguintes dispositivos] da Lei no
e) quanto à devolução, a atribuição para apreciar o veto é con- ..., de..., de ..., de 1991: (...)
fiada, exclusivamente, ao Poder Legislativo (veto legislativo) (SILVA, e) promulgação pelo Presidente do Senado Federal de parte
2007; MELO FILHO, 1986, p. 226). vetada pelo Presidente da República e mantida pelo Congresso Na-
cional:
33 Promulgação Exemplo:
A promulgação e a publicação constituem fases essenciais da O Presidente do Senado Federal: Faço saber que o CONGRESSO
eficácia da lei. A promulgação atesta a existência da lei, produzindo NACIONAL manteve, e eu,
dois efeitos básicos: ___________, Presidente do Senado Federal, nos termos do §
a) reconhece os fatos e atos geradores da lei; e 7, do art. 66, da Constituição, promulgo asseguintes partes da Lei
b) indica que a lei é válida. no ____, de ____ de ____ de ___: (...)
f) promulgação pelo Presidente do Senado Federal de lei san-
33.1 Obrigação de promulgar cionada tacitamente pelo Presidente da República:
A promulgação das leis compete ao Presidente da República Exemplo:
(Constituição, art. 66, § 7). Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL aprovou, o Presi-
Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 horas, decorrido da dente da República, nos termos do § 3 do art. 66 da Constituição,
sanção ou da superação do veto. sancionou, e eu, ____________, Presidente do Senado Federal, nos
Nesse último caso, se o Presidente não promulgar a lei, compe- termos do § 7o do mesmo artigo promulgo a seguinte Lei: (...)
tirá a promulgação ao Presidente do Senado Federal, que disporá, g) Promulgação pelo Presidente do Senado Federal de lei resul-
igualmente, de 48 horas para fazê-lo; se este não o fizer, deverá tante de medida provisória integralmente aprovada pelo Congresso
fazê-lo o Vice-Presidente do Senado Federal, em prazo idêntico. Nacional:
Exemplo:
33.2 Casos e formas de promulgação Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida
A complexidade do processo legislativo, também na sua fase Provisória no 293, de 1991, que o Congresso Nacional aprovou e
conclusiva – sanção, veto, promulgação , faz que haja a necessidade eu, ___________, Presidente do Senado Federal, para os efeitos do
de desenvolverem-se formas diversas de promulgação da lei. disposto no parágrafo único do art. 62 da Constituição, promulgo a
Podem ocorrer as seguintes situações: seguinte Lei: (...)
a) o projeto é expressamente sancionado pelo Presidente da 34 Publicação
República, verificando-se a sua conversão em lei. Nesse caso, a pro- A publicação constitui a forma pela qual se dá ciência da pro-
mulgação ocorre concomitantemente à sanção; mulgação da lei aos seus destinatários. É condição de vigência e
b) o projeto é vetado, mas o veto é rejeitado pelo Congresso eficácia da lei.
Nacional, que converte o projeto em lei. Não há sanção, nesse caso,
e a lei deve ser promulgada mediante ato solene (Constituição, art. 34.1 Modalidade de publicação
66, § 5); e No plano federal, as leis e os demais atos normativossão publi-
c) o projeto é convertido em lei mediante sanção tácita. Nessa cados no Diário Oficial da União.
hipótese, compete ao Presidente da República – ou, no caso de sua
omissão, ao Presidente ou ao VicePresidente do Senado Federal – 34.2 Obrigação de publicar e prazo de publicação
proceder à promulgação solene da lei. A autoridade competente para promulgar o ato tem o dever
A seguir, alguns exemplos de atos promulgatórios de Lei. de publicá-lo. Isso não significa, porém, que o prazo de publicação
a) sanção expressa e solene: esteja compreendido no de promulgação, porque, do contrário, ha-
Exemplo: veria a redução do prazo assegurado para a promulgação.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Na- Tradicionalmente, é que a publicação deve ser feita na edição
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: (...) regular do Diário Oficial da União do primeiro dia útil subsequente.
b) promulgação pelo Presidente da República de lei resultante
de veto total rejeitado pelo Congresso Nacional: 34.3 Publicação e entrada em vigor da lei
Exemplo: A entrada em vigor da lei subordina-se aos seguintes critérios:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Na- a) o da data de sua publicação;
cional manteve e eu promulgo, nos termos do art. 66, § 5, da Cons- b) o do dia prefixado ou do prazo determinado, depois de sua
tituição, a seguinte Lei: (...) publicação;
c) promulgação pelo Presidente do Congresso Nacional de lei c) o do momento em que ocorrer certo acontecimento ou se
resultante de veto total rejeitado: efetivar dada formalidade nela previstos, após sua publicação; e
d) o da data que decorre de seu caráter.

128
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

34.4 Vacatio legis 35 Procedimento legislativo


O período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor é O processo legislativo compreende a elaboração dos seguintes
chamado de período de vacância ou vacatio legis. Na falta de dis- atos normativos: emendas à Constituição, leis complementares, leis
posição especial, vigora o princípio que reconhece o decurso de ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislati-
um lapso de tempo entre a data da publicação e o termo inicial da vos e resoluções.
obrigatoriedade (45 dias). Portanto, enquanto não vencer o prazo A matéria-prima sobre a qual trabalha o Congresso Nacional
da vacatio legis, considera-se em vigor a lei antiga sobre a mesma assume a forma de proposição, estágio embrionário da norma legal.
matéria. Segundo o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, proposi-
ção é toda matéria sujeita à sua deliberação (RICD, art. 100). Para o
34.4.1 Vacatio legis e normas complementares, suplementa- Senado Federal, as proposições compreendem também os requeri-
res e regulamentares mentos, as indicações, os pareceres e as emendas (RISF, art. 211).
A vacatio legis não ocorre apenas durante o prazo que a própria Podem-se distinguir seis tipos de procedimento legislativo:
lei estabelece para sua entrada em vigor. Ocorre também quando, a) procedimento legislativo normal;
para ser executada, a lei demanda ou exige a edição de normas b) procedimento legislativo abreviado;
complementares, suplementares ou regulamentares (RÁO, 2003, c) procedimento legislativo sumário;
p. 334-335). Nesse caso, há um intervalo de tempo entre a publi- d) procedimento legislativo sumaríssimo;
cação da lei e o início de sua obrigatoriedade, que se encerra, em e) procedimento legislativo concentrado; e
princípio, com a entrada em vigor dessas normas derivadas ou se- f) procedimento legislativo especial.
cundárias.
35.1 Procedimento legislativo normal
34.4.2 Vacatio legis e republicação do texto Trata da elaboração das leis ordinárias (excluídas as leis finan-
Se tiver de ser republicada a lei antes de entrar em vigor, a par- ceiras e os códigos) e complementares. Tem lugar nas Comissões
te republicada terá prazo de vigência contado a partir da data da Permanentes e no Plenário de cada uma das Casas Legislativas. Ini-
nova publicação (BRASIL, 1942, art. 1). cia-se com a apresentação e a leitura do projeto, realizadas em Ple-
As emendas ou as correções à lei que já tenham entrado em vi- nário; prossegue nas Comissões Permanentes, que, após estudos
gor são consideradas lei nova (BRASIL, 1942, art. 1). Sendo lei nova, e amplo debate, e também possíveis alterações, emitem parecer;
deve obedecer aos requisitos essenciais e indispensáveis a sua exis- volta a transcorrer no plenário, depois do pronunciamento de todas
tência e realidade (BRASIL, 1951). as Comissões a que tenha sido distribuído o projeto, com as fases
de discussão e de votação.
34.5 Não edição do ato regulamentar reclamado e a vigência Excetuadas as proposições oferecidas por senador ou Comis-
da lei são do Senado Federal (além das medidas provisórias e projetos de
A tese dominante no Direito brasileiro era a de que lei, ou parte leis financeiras, como se verá adiante), todos os demais projetos de
dela, cuja execução dependesse de regulamento, deveria aguardar lei têm seu procedimento legislativo iniciado na Câmara dos Depu-
a edição do regulamento para obrigar (BRASIL, 1890, art.4º; BEVI- tados (Constituição, art. 61, § 2, e art. 64).
LACQUA, 1944, p. 24). Essa concepção, que poderia parecer inques- O procedimento legislativo pode findar antecipadamente se
tionável em um regime que admite a delegação de poderes, reve- ocorrer alguma das diversas hipóteses que ensejam declaração de
la-se problemática no atual ordenamento constitucional brasileiro, prejudicialidade ou de arquivamento. Considera-se prejudicada a
que consagra a separação dos Poderes como um dos seus princípios proposição idêntica a outra aprovada ou rejeitada na mesma sessão
basilares (SILVA, 1953, p. 408; MIRANDA, 1987, p. 318). legislativa; aquela que tiver substitutivo aprovado ou for semelhan-
Como proceder, então, se o titular do poder regulamentar não te a outra considerada inconstitucional;aquela cujo objeto perdeu a
edita os atos secundários imprescindíveis à execução da lei no pra- oportunidade, dentre outras hipóteses (RICD, arts. 163 e 164). O ar-
zo estabelecido? Além de eventual responsabilidade civil da pessoa quivamento ocorre por sugestão da Comissão (RICD, art. 57, caput,
jurídica de Direito público cujo agente político ocasionou a “omis- inciso IV); quando todas as comissões de mérito dão parecer con-
são regulamentar” (CAHALI, 2012, p. 538), significativa corrente trário (RICD, art. 133); ao fim da legislatura (RICD, art. 105, caput),
doutrinária considera que, quando a lei fixa prazo para sua regu- dentre outras situações.
lamentação, se não houver a publicação do decreto regulamentar, Os projetos de lei ordinária sujeitam-se, em regra, a turno úni-
os destinatários da norma legislativa podem invocar utilmente os co de discussão e votação; os de lei complementar, a dois turnos,
seus preceitos e auferir asvantagens dela decorrentes, desde que se exceto quando houverem passados à Casa revisora.
possa prescindir do regulamento (MELLO, 2010, p. 378; MEIRELLES, Quando a discussão é encerrada e todos os prazos e interstícios
2013, p. 138; SILVA, 1953, p. 409; MENDES, 1989, p. 125). cabíveis são cumpridos, o projeto será votado. Na hipótese de ser
A não publicação em tempo razoável de regulamento exigido projeto de lei ordinária, as deliberações serão tomadas por maio-
pela lei é situação problemática que deve ser evitada. De modo a ria simples de votos, presente a maioria absoluta dos membros da
evitar essa situação, ao redigir proposta de lei ou de medida pro- Casa onde esteja tramitando a proposição. O quorum exigido para
visória já se devem ter presentes os parâmetros gerais do futuro aprovação do projeto de lei complementar é o da maioria absoluta
decreto regulamentar. dos votos dos membros da Casa onde esteja no momento da vota-
Não é aceitável que posteriormente se analise os termos da ção, ou seja, o número inteiro imediatamente superior à metade.
proposta de decreto regulamentar para, só então, constatar que Aprovada a redação final, o projeto, em forma de autógrafo,
não há o mínimo de acordo político quanto à regulamentação da lei segue para a Casa revisora. Lá se repete todo o procedimento e, se
ou, como já observado em alguns casos, que a aplicação prática da receber novas emendas, a proposição retornará à Casa de origem,
lei revela-se inviável. que, então, se restringirá a aprovar ou a rejeitar as emendas, sem
possibilidade de subemendar.
Quando as emendas são rejeitadas ou aprovadas, a instância
de origem envia o projeto à sanção. Se a Casa revisora não emendar
a proposição, a ela caberá remeter o projeto à sanção.

129
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

35.2 Procedimento legislativo abreviado Com exceção das exigências estabelecidas para quorum, pa-
Este procedimento dispensa a competência do Plenário, ocor- receres e publicações, todas as demais formalidades regimentais,
rendo, por isso, a deliberação terminativa sobre o projeto de lei nas dentre elas os prazos, são dispensadas com a adoção do regime de
próprias Comissões Permanentes (Constituição, art. 58, § 2, inciso urgência urgentíssima.
I). Se a matéria for considerada de relevante e de inadiável inte-
Do Regimento Interno da Câmara dos Deputados (art. 24, resse nacional, basta, na Câmara dos Deputados, que líderes com
caput, II) e do Regimento Interno do Senado Federal (art. 91), se representação de metade mais um dos deputados, ou a maioria ab-
extrai a informação de que esse rito não se aplica a: soluta destes, requeiram a urgência urgentíssima para a proposição
a) projetos de lei complementar; entrar automaticamente na Ordem do Dia, em discussão e votação
b) projetos de códigos; imediatas – ainda que já iniciada a sessão em que for apresentada
c) projetos de lei de iniciativa popular; (RICD, art. 155).
d) matéria não delegável, elencada no § 1o do art. 68 da Cons- Igualmente, no Senado Federal, quando se cuide de matéria
tituição; que envolva perigo para a segurança nacional ou calamidade públi-
e) projetos de lei de Comissões; ca, ou ainda simplesmente quando se pretenda incluir a matéria na
f) projetos de lei oriundos da outra Casa do Congresso Nacio- mesma sessão, tudo pode ser resolvido no mesmo dia, praticamen-
nal, onde tenha ido a Plenário; te, sob o regime sumaríssimo.
g) projeto de lei com pareceres divergentes; e
h) projetos de lei em regime de urgência. 35.5 Procedimento legislativo concentrado
Além desses, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados O procedimento legislativo concentrado tipifica-se, basicamen-
(art. 213, § 6) obriga a submissão ao Plenário dos projetos de lei de te, pela apresentação das matérias em reuniões conjuntas de depu-
consolidação. tados e senadores.
A própria Constituição diminui as oportunidades de se concluir As leis financeiras e as leis delegadas seguem esse procedi-
nas Comissões o procedimento, quando, em seu art. 58, § 2, inciso mento. Com mais precisão, pode-se dizer que há um procedimento
I, faculta a um décimo dos membros da Casa concentrado para as leis financeiras e outro ainda para as leis de-
Legislativa recorrer da decisão das Comissões, levando o assun- legadas.
to para o Plenário. 35.5.1 Leis financeiras
O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias, os orçamentos
35.3 Procedimento legislativo sumário anuais e os projetos de abertura de crédito adicional subordinam-
Entre as prerrogativas regimentais das Casas do Congresso Na- -se a trâmite próprio, disciplinado no art. 166 da Constituição.
cional, existe a de conferir urgência a certas proposições. Existe um Nota-se certa provisoriedade quanto a prazos de apresentação
regime de urgência estabelecido pela própria Constituição, o que se e de elaboração das principais leis financeiras. Isso porque a Cons-
aplica aos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, tituição – em seu art. 165 § 9o e no art. 166, § 7 – estipula que a
excluídos os códigos (Constituição, art. 64, § 1). A solicitação de ur- organização, a elaboração, o encaminhamento, os prazos e a vigên-
gência por parte do Presidente da República pode vir consignada na cia dessas leis, serão disciplinados em lei complementar. Como essa
própria mensagem de encaminhamento do projeto de lei ou, tam- lei complementar ainda não se materializou, prevalecem os prazos
bém por mensagem, depois de sua remessa (RICD, art. 204, § 1). assinalados no § 2o do art. 35, do Ato das Disposições Constitucio-
Solicitada a urgência pelo Presidente da República, a Consti- nais Transitórias, quanto à época de envio das leis financeiras ao
tuição estipula o prazo de 45 dias de tramitação em cada Casa e Congresso Nacional e do prazo do processo legislativo.
determina que, decorrido esse prazo, a proposição seja incluída na A deliberação sobre os projetos de leis financeiras ocorrerá em
Ordem do Dia, sobrestando a deliberação sobre outros assuntos até sessão conjunta do Congresso Nacional, após a emissão de parecer
que se ultime a votação (Constituição, art. 64, § 2). por uma Comissão Mista. Os §§ 3o e 4o do art. 166, da Constitui-
Uma vez concluída a votação do projeto de lei com urgência ção, disciplinam a possibilidade de emendar esses projetos nessa
constitucional na Câmara dos Deputados, ele é remetido ao Sena- Comissão.
do Federal. Este, por sua vez, também tem 45 dias para apreciar o Se o Presidente da República, após enviar as proposições ao
projeto sem que haja sobrestamento das demais matérias de sua Congresso Nacional, desejar modificá-las, poderá dirigir-lhe men-
pauta. Havendo alteração do texto no Senado Federal (Casa reviso- sagem nesse sentido no caso de Comissão Mista não houver ainda
ra), a Câmara dos Deputados passa a ter mais 10 dias para votação, votado a parte a ser alterada (Constituição, art. 166, § 5).
sob pena de sobrestamento de sua pauta.
Para não prejudicar a celeridade, o Senado Federal fixou a 35.5.2 Leis delegadas
apreciação simultânea do projeto pelas Comissões, reservando-lhes A Constituição atual manteve as leis delegadas (art. 68) que
apenas 25 dos 45 dias para apresentarem parecer (RISF, art. 375, in- constavam da anterior, embora não tenha reiterado a competência
cisos II e III).O procedimento sumário serve também para o exame, concorrente das comissões do Poder Legislativo para elaborá-las,
pelo Congresso Nacional, dos atos de outorga ou de renovação das assegurada na Carta substituída. Afora isso, pouco mudou quanto
concessões de emissoras de rádio e TV (Constituição, art. 223, § 1 ). a essas leis.
A proposta de delegação será encaminhada ao Presidente do
35.4 Procedimento legislativo sumaríssimo Senado Federal, que convocará sessão conjunta para, no prazo de
Além do regime de urgência, que pode ser atribuído às propo- 72 horas, o Congresso Nacional tomar conhecimento (Regimento
sições para seu andamento ganhar rapidez, existe nas duas Casas Comum, art. 119). Na sessão conjunta, distribuída a matéria em
do Congresso Nacional mecanismo que assegura deliberação ins- avulsos, Comissão Mista será constituída para emitir parecer sobre
tantânea sobre matérias submetidas à sua apreciação. Trata-se do a proposta.
regime informalmente denominado de “urgência urgentíssima”. No
Regimento Interno da Câmara dos Deputados, está previsto no art.
155; no Regimento Interno do Senado Federal, no art. 353, caput,
inciso I24

130
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

O parecer concluirá pela apresentação de projeto de resolução, 35.6.2 Códigos


no qual se especificarão o conteúdo da delegação, os termos para O procedimento de elaboração de códigos, dada a complexida-
o seu exercício e a fixação de prazo, não superior a 45 dias, para de e a extensão da matéria de que geralmente se ocupam, segue
remessa do projeto de lei delegada à apreciação do Congresso Na- rito bastante lento, que possibilita amplo e profundo debate. Basta
cional (Regimento Comum, art. 119, § 2; e Constituição, art. 68). dizer que os prazos na sua tramitação podem ser quadruplicados e
A discussão do parecer ocorrerá em sessão que deve ser reali- mesmo suspensos por até 120 sessões, desde que a necessidade de
zada 5 dias após a distribuição dos avulsos com o seu texto. Quando aprofundamento das análises a serem efetuadas recomende.
a discussão se encerrar, se houver emendas, a matéria retorna à Co- O Regimento Interno do Senado Federal considera que esse
missão Mista. Caso contrário, vai a votação. Proferido parecer sobre trâmite se aplica exclusivamente “aos projetos de códigos elabo-
as emendas, convoca-se a sessão de votação. rados por juristas, comissão de juristas, comissão ou subcomissão
Depois que o projeto de resolução for aprovado, a resolução especialmente criada com esta finalidade e que tenham sido antes
deve ser promulgada no prazo de 24 horas, comunicando-se o fato amplamente divulgados” (RISF, art. 374, parágrafo único).
ao Presidente da República (Regimento Comum, art. 122). Já o Regimento Interno da Câmara dos Deputados é taxativo: só
Se a resolução do Congresso Nacional houver determinado a receberá projetos de lei com o procedimento aqui tratado quando
votação do projeto pelo Plenário, este, ao recebê-lo, examinará sua a matéria, por sua complexidade e abrangência, deva ser apreciada
conformidade com o conteúdo da delegação. O Plenário votará o como código (RICD, art. 205, § 8).
projeto em globo, admitido o destaque de partes que, segundo a O procedimento especial de elaboração de códigos se inicia
Comissão, tenham extrapolado o ato delegatório, não podendo, no com a instalação de órgão específico para cuidar do assunto. Na
entanto, emendá-lo (Constituição, art. 68, § 3). Câmara dos Deputados, chama-se Comissão Especial; no Senado
Não realizada a remessa do projeto pelo Presidente da Rpúbli- Federal, Comissão Temporária. Depois, há eleição do seu presiden-
ca ao Congresso Nacional no prazo assinalado pelo § 2o do art. 119, te e de três vicepresidentes (apenas um vice-presidente no Senado
do Regimento Comum, a delegação será considerada insubsistente Federal). O presidente, por sua vez, designará um relator-geral e
(Regimento Comum, art. 127). tantos relatores parciais quantos sejam necessários para as diversas
partes do código.
35.6 Procedimento legislativo especial Durante os trabalhos da Comissão, seus integrantes disporão
Nesse procedimento, englobam-se dois ritos distintos com de prazos bem flexíveis para debater a matéria, apresentar emen-
características próprias: um destinado à elaboração de emendas à das, dar pareceres, sempre intercalados por regulares intervalos
Constituição; outro, à de códigos. Em ambos os casos, a aprecia- para publicação em avulsos. Na fase de Plenário, a tônica é a mes-
ção cabe a uma Comissão especial, que, na Câmara dos Deputados, ma. Geralmente, novas emendas são apresentadas, com conse-
também é designada para dar parecer sobre projetos suscetíveis de quente retorno do projeto à Comissão. Todo esse ritual repete-se
serem examinados no mérito por mais de três comissões perma- na Casa revisora.
nentes (RICD, art. 34, caput, II). Em razão dessa lentidão indispensável ao tratamento de ma-
téria relevante, mas não urgente, o Senado Federal não permite a
35.6.1 Emendas à Constituição tramitação simultânea de projetos de códigos (RISF, art. 374, caput,
A Constituição pode ser modificada a qualquer tempo, pelo inciso XV), em contrapartida a Câmara dos Deputados admite, no
voto de três quintos dos congressistas, desde que não esteja em máximo, dois projetos nessa situação (Constituição art. 205, § 7).
vigor intervenção federal, estado de defesa ou de sítio, nem se pre-
tenda abolir a federação, o voto direto, secreto, universal e periódi- 35.7 Medidas provisórias
co, a separação dos Poderes e os direitos e as garantias individuais. Inspirado no art. 77 da Constituição italiana de 1947, o Consti-
Além disso, é preciso que o objeto da emenda não constitua maté- tuinte brasileiro incorporou à Constituição de 1988 a medida pro-
ria rejeitada ou prejudicada na mesma sessão legislativa (Constitui- visória (Constituição, art. 62), ato legislativo primário – isto é, fun-
ção, art. 60, § 1o a §5). dado diretamente na Constituição – emanado pelo Presidente da
A iniciativa, no caso, é concorrente, e compete aos membros da República, com força de lei (ordinária), condicionada à sobrevida
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (um terço dos mem- da disciplina normativa nela contida à conversão da medida em lei
bros), ao Presidente da República e às Assembleias formal.
Legislativas – mais da metade delas, com o voto da maioria re- Com o advento da Emenda Constitucional no 32, de 2001, o
lativa de seus membros(Constituição, art. 60, caput, incisos I a III). procedimento legislativo concentrado da medida provisória (vale
A emenda constitucional tramitará em dois turnos em cada dizer, deliberação e votação em reunião conjunta das duas Casas do
uma das Casas do Congresso. Se aprovada, ao contrário do projeto Congresso Nacional) foi abandonado. O § 9o do art. 62, acrescen-
de lei, não irá à sanção, e será promulgada pelas Mesas da Câmara tado pela Emenda Constitucional no 32, de 2001, deixa a alteração
dos Deputados e Senado Federal. bastante evidente: “(...) apreciadas, em sessão separada, pelo ple-
No Regimento Interno da Câmara dos Deputados, o rito a ser nário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.”
imprimido ao procedimento de Emenda Constitucional vem descri- O Congresso Nacional inicia a tramitação ao ter notícia, pelo
to em seu art. 202, aplicável também quando a Emenda tenha sido Diário Oficial da União e mensagem presidencial concomitante, da
originada no Senado Federal ou quando este tenha subemendado publicação da medida provisória. Nas 48 horas seguintes à publica-
aquela iniciada na Câmara dos Deputados (RICD, art. 203). ção, o Presidente do Congresso Nacional faz distribuir avulsos com
À luz do art. 212 do Regimento Interno do Senado Federal, a o texto da medida provisória e designa comissão mista para estudá-
tramitação de emenda constitucional só não se iniciará na Câmara -la e dar parecer (Resolução no 1, de 2002, do Congresso Nacional,
dos Deputados, e, sim, no Senado Federal, quando proposta por, art. 2 ).
no mínimo, um terço dos seus membros ou se proposta por mais
da metade das Assembleias Legislativas das unidades federativas.

131
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de 35.8 Consolidações da Legislação


Inconstitucinalidade nº 4029 (BRASIL, 2012), considerou inconstitu- A Lei Complementar no 95, de 1998, em seu Capítulo III, de-
cionais o art. 5, caput e o art. 6 , caput e §§ 1o e 2o da Resolução terminou a elaboração da Consolidação da Legislação Federal, que
no 1, de 2002, do Congresso Nacional. Tais dispositivos permitiam consiste “na integração de todas as leis pertinentes a determinada
que a tramitação de uma medida provisória avançasse à Câmara matéria num único diploma legal, revogando-se formalmente as leis
dos Deputados ainda que não se tivesse constituído comissão mista incorporadas à consolidação, sem modificação do alcance nem in-
ou que esta terminasse seus trabalhos. A partir de então, a obriga- terrupção da força normativa dos dispositivos consolidados” (BRA-
toriedade de manifestação das comissões mistas tem alterado o rit- SIL, 1998, art.13) ou “declaração de revogação de leis e dispositivos
mo de tramitação das medidas provisórias no Congresso Nacional. implicitamente revogados ou cuja eficácia ou validade encontre-se
Na fase preliminar, os pressupostos de constitucionalidade, completamente prejudicada” (BRASIL, 1998, art. 14).
urgência, relevância e adequação financeira e orçamentária são
examinados. Ou seja, a admissibilidade da medida provisória é ana- O projeto de lei de consolidação terá, assim, de manter o conte-
lisada (Constituição, art. 62, § 5, combinado com Resolução no 1, de údo normativo original dos dispositivos consolidados, e não é meio
2002, do Congresso Nacional, art. 5). hábil para alterar opções políticas anteriormente tomadas. Isso, no
Qualquer alteração no texto da medida provisória :implicará entanto, não significa vedação de alteração no texto das normas.
apresentação de projeto de lei de conversão (Resolução no1 de Pelo contrário, a consolidação deverá efetuar a divisão do texto le-
2002, do Congresso Nacional, art. 5, § 4). gal segundo os critérios atualmente adotados, atualizar termos e
Superada a fase preliminar em comissão, a votação da medida denominações, retificar e homogeneizar o vernáculo, eliminar am-
provisória inicia-se pela Câmara dos Deputados (Constituição, art. biguidades decorrentes do mau uso da linguagem, fundir disposi-
62, § 8), e segue , se aprovada, ao Senado Federal. tivos análogos, atualizar valores monetários, suprimir dispositivos
Caso aprovado o texto como editado pelo Presidente da Repú- implicitamente revogados ou cuja eficácia ou validade encontre-se
blica, o Presidente do Congresso Nacional o promulgará, e enviará completamente prejudicada e suprimir dispositivos declarados in-
autógrafo para publicação na Imprensa Oficial (Resolução no1, de constitucionais pelo Plenário d
2002, do Congresso Nacional, art. 12). o Supremo Tribunal Federal (BRASIL, 1998, art. 13 e art.14 ).
Por outro lado, se a medida provisória originar projeto de lei de Denomina-se matriz de consolidação a lei geral básica, à qual
conversão – que somente surge se acaso sugerida modificação – e se integrarão os demais atos normativos de caráter extravagante
se aprovado, vai à sanção presidencial (Constituição, art. 62, § 12, que disponham sobre matérias conexas ou afins àquela disciplinada
combinado com Resolução no1, de 2002, do Congresso Nacional, na matriz (BRASIL, 2017a, art. 48).
art. 13). No período de sanção ou veto (isto é, 15 úteis, conforme
disposto na Constituição, art. 66, § 1 ), permanece em vigor o texto A Consolidação não pode abranger medidas provisórias não
original da medida provisória (Constituição, art. 62, § 12). convertidas em lei, e nem podem ser combinadas na mesma matriz
Sobre o sobrestamento da pauta das Casas do Congresso Na- de consolidação leis ordinárias e leis complementares.
cional pelas medidas provisórias, destaca-se o precedente do Man- A iniciativa do projeto de consolidação pode ser tanto do Po-
dado de Segurança 27.931-MC (BRASIL, 2009d), que referendou der Executivo federal quanto do Poder Legislativo. O procedimento
entendimento do então Presidente da Câmara dos Deputados. legislativo adotado, segundo a Lei Complementar no 95, de 1998,
Segundo ele, apenas os projetos de lei ordinária que tenham por será simplificado, na forma do Regimento Interno de cada uma das
objeto matéria passível de edição de medida provisória estariam Casas. O Regimento Interno da Câmara dos Deputados disciplinou a
por ela sobrestados. Com isso, as medidas provisórias continuam a matéria em seus arts. 212 e 213.
sobrestar as sessões deliberativas da Câmara dos Deputados, mas
não a pauta das sessões extraordinárias.
Com a perda da eficácia da medida provisória, quer pela rejei- ATENDIMENTO
ção, quer pela não apreciação, a comissão mista elaborará projeto
de decreto legislativo que discipline as relações Quando se fala em comunicação interna organizacional, auto-
jurídicas decorrentes da vigência da medida provisória (Cons- maticamente relaciona ao profissional de Relações Públicas, pois
tituição, art. 62, § 3, combinado com Resolução no 1, de 2002, do ele é o responsável pelo relacionamento da empresa com os seus
Congresso Nacional, art. 11). Se o decreto legislativo não for edi- diversos públicos (internos, externos e misto).
tado até 60 dias após a rejeição ou perda de eficácia da medida As organizações têm passado por diversas mudanças buscan-
provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos do a modernização e a sobrevivência no mundo dos negócios. Os
praticados durante sua vigência permanecem regidas pela medida maiores objetivos dessas transformações são: tornar a empresa
(Constituição, art. 62, § 11, combinado com Resolução no 1 de 2002 competitiva, flexível, capaz de responder as exigências do mercado,
do Congresso Nacional, art.11 § 2). A esse respeito, cumpre ressal- reduzindo custos operacionais e apresentando produtos competiti-
tar que são raros os casos práticos de edição do decreto legislativo vos e de qualidade.
previsto no art. 62, § 1º, da Constituição. A reestruturação das organizações gerou um público interno
de novo perfil. Hoje, os empregados são muito mais conscientes,
Por último, assinale-se que o procedimento aqui abordado vale responsáveis, inseridos e atentos às cobranças das empresas em to-
para a abertura de crédito extraordinário (Constituição, art. 62, § 1, dos os setores. Diante desse novo modelo organizacional, é que se
inciso I, alínea “d”, combinado com o art. 167, § 3). propõe como atribuição do profissional de Relações Públicas ser o
intermediador, o administrador dos relacionamentos institucionais
e de negócios da empresa com os seus públicos. Sendo assim, fica
claro que esse profissional tem seu campo de ação na política de
relacionamento da organização.

132
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A comunicação interna, portanto, deve ser entendida como Na questão da pronúncia, é preciso evitar algumas armadilhas.
um feixe de propostas bem encadeadas, abrangentes, coisa signi- A precisão exagerada pode dar a impressão de afetação e até de
ficativamente maior que um simples programa de comunicação esnobismo. O mesmo acontece com as pronúncias em desuso. Tais
impressa. Para que se desenvolva em toda sua plenitude, as empre- coisas apenas chamam atenção para o orador. Por outro lado, é
sas estão a exigir profissionais de comunicação sistêmicos, abertos, bom evitar o outro extremo e relaxar tanto no uso da linguagem
treinados, com visões integradas e em permanente estado de alerta quanto na pronúncia das palavras. Algumas dessas questões já fo-
para as ameaças e oportunidades ditadas pelo meio ambiente. ram discutidas no estudo “Articulação clara”.
Percebe-se com isso, a multivariedade das funções dos Rela- Em alguns idiomas, a pronúncia aceitável pode diferir de um
ções Públicas: estratégica, política, institucional, mercadológica, país para outro — até mesmo de uma região para outra no mesmo
social, comunitária, cultural, etc.; atuando sempre para cumprir os país. Um estrangeiro talvez fale o idioma local com sotaque. Os di-
objetivos da organização e definir suas políticas gerais de relacio- cionários às vezes admitem mais de uma pronúncia para determi-
namento. nada palavra. Especialmente se a pessoa não teve muito acesso à
Em vista do que foi dito sobre o profissional de Relações Públi- instrução escolar ou se a sua língua materna for outra, ela se bene-
cas, destaca-se como principal objetivo liderar o processo de comu- ficiará muito por ouvir com atenção os que falam bem o idioma lo-
nicação total da empresa, tanto no nível do entendimento, como no cal e imitar sua pronúncia. Como Testemunhas de Jeová queremos
nível de persuasão nos negócios. falar de uma maneira que dignifique a mensagem que pregamos e
que seja prontamente entendida pelas pessoas da localidade.
Pronúncia correta das palavras No dia-a-dia, é melhor usar palavras com as quais se está bem
Proferir as palavras corretamente. Isso envolve: familiarizado. Normalmente, a pronúncia não constitui problema
 Usar os sons corretos para vocalizar as palavras; numa conversa, mas ao ler em voz alta você poderá se deparar com
 Enfatizar a sílaba certa; palavras que não usa no cotidiano.
 Dar a devida atenção aos sinais diacríticos
Maneiras de aprimorar. Muitas pessoas que têm problemas de
pronúncia não se dão conta disso.
Por que é importante?
Em primeiro lugar, quando for designado a ler em público, con-
A pronúncia correta confere dignidade à mensagem que prega-
sulte num dicionário as palavras que não conhece. Se não tiver prá-
mos. Permite que os ouvintes se concentrem no teor da mensagem tica em usar o dicionário, procure em suas páginas iniciais, ou finais,
sem ser distraídos por erros de pronúncia. a explicação sobre as abreviaturas, as siglas e os símbolos fonéticos
Fatores a considerar. Não há um conjunto de regras de pronún- usados ou, se necessário, peça que alguém o ajude a entendê-los.
cia que se aplique a todos os idiomas. Muitos idiomas utilizam um Em alguns casos, uma palavra pode ter pronúncias diferentes, de-
alfabeto. Além do alfabeto latino, há também os alfabetos árabe, pendendo do contexto. Alguns dicionários indicam a pronúncia de
cirílico, grego e hebraico. No idioma chinês, a escrita não é feita por letras que têm sons variáveis bem como a sílaba tônica. Antes de
meio de um alfabeto, mas por meio de caracteres que podem ser fechar o dicionário, repita a palavra várias vezes em voz alta.
compostos de vários elementos. Esses caracteres geralmente repre- Uma segunda maneira de melhorar a pronúncia é ler para al-
sentam uma palavra ou parte de uma palavra. Embora os idiomas guém que pronuncia bem as palavras e pedir-lhe que corrija seus
japonês e coreano usem caracteres chineses, estes podem ser pro- erros.
nunciados de maneiras bem diferentes e nem sempre ter o mesmo Um terceiro modo de aprimorar a pronúncia é prestar atenção
significado. aos bons oradores.
Nos idiomas alfabéticos, a pronúncia adequada exige que se
use o som correto para cada letra ou combinação de letras. Quando Pronúncia de números telefonicos
o idioma segue regras coerentes, como é o caso do espanhol, do O número de telefone deve ser pronunciado algarismo por al-
grego e do zulu, a tarefa não é tão difícil. Contudo, as palavras es- garismo.
trangeiras incorporadas ao idioma às vezes mantêm uma pronúncia Deve-se dar uma pausa maior após o prefixo.
parecida à original. Assim, determinadas letras, ou combinações de Lê-se em caso de uma sequencia de números de tres em tres
letras, podem ser pronunciadas de diversas maneiras ou, às vezes, algarismos, com exceção de uma sequencia de quatro numeros jun-
simplesmente não ser pronunciadas. Você talvez precise memorizar tos, onde damos uma pausa a cada dois algarismos.
as exceções e então usá-las regularmente ao conversar. Em chinês, O número “6” deve ser pronunciado como “meia” e o número
a pronúncia correta exige a memorização de milhares de caracteres. “11”, que é outra exceção, deve ser pronunciado como “onze”.
Em alguns idiomas, o significado de uma palavra muda de acordo Veja abaixo os exemplos
com a entonação. Se a pessoa não der a devida atenção a esse as- 011.264.1003 – zero, onze – dois, meia, quatro – um, zero –
zero, tres
pecto do idioma, poderá transmitir ideias erradas.
021.271.3343 – zero, dois, um – dois, sete, um – tres, tres –
Se as palavras de um idioma forem compostas de sílabas, é im-
quatro, tres
portante enfatizar a sílaba correta. Muitos idiomas que usam esse
031.386.1198 – zero, tres, um – tres, oito, meia – onze – nove,
tipo de estrutura têm regras bem definidas sobre a posição da sí-
oito
laba tônica (aquela que soa mais forte). As palavras que fogem a
essas regras geralmente recebem um acento gráfico, o que torna Exceções
relativamente fácil pronunciá-las de maneira correta. Contudo, se 110 -cento e dez
houver muitas exceções às regras, o problema fica mais complica- 111 – cento e onze
do. Nesse caso, exige bastante memorização para se pronunciar 211 – duzentos e onze
corretamente as palavras. 118 – cento e dezoito
Em alguns idiomas, é fundamental prestar bastante atenção 511 – quinhentos e onze
aos sinais diacríticos que aparecem acima e abaixo de determina- 0001 – mil ao contrario
das letras, como: è, é, ô, ñ, ō, ŭ, ü, č, ç.

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Atendimento telefonico • Ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catas-
Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocutor trófica: as más palavras difundem-se mais rapidamente do que as
se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da utili- boas;
zação de um canal de comunicação a distância. É preciso, portanto, • Manter o cliente informado: como, nessa forma de comu-
que o processo de comunicação ocorra da melhor maneira possível nicação, não se estabele o contato visual, é necessário que o aten-
para ambas as partes (emissor e receptor) e que as mensagens se- dente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefone durante
jam sempre acolhidas e contextualizadas, de modo que todos pos- alguns segundos, peça licença para interromper o diálogo e, depois,
sam receber bom atendimento ao telefone. peça desculpa pela demora. Essa atitude é importante porque pou-
Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações para cos segundos podem parecer uma eternidade para quem está do
o atendimento telefônico: outro lado da linha;
• não deixar o cliente esperando por um tempo muito longo. • Ter as informações à mão: um atendente deve conservar
É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retornar a a informação importante perto de si e ter sempre à mão as infor-
ligação em seguida; mações mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar a
• o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem de rapidez de resposta e demonstra o profissionalismo do atendente;
se empenhar em explicar corretamente produtos e serviços; • Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga:
• atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo que o quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa deve
atendente não possa fornecer, é importante oferecer alternativas; voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição
• agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia” ou “bo- vai retornar a chamada.
a-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição são ati- Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitudes no
tudes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o nome do atendimento telefônico:
cliente e tratá-lo pelo nome transmitem a ideia de que ele é im- • Receptividade - demonstrar paciência e disposição para
portante para a empresa ou instituição. O atendente deve também servir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns dos
esperar que o seu interlocutor desligue o telefone. Isso garante que usuários como se as estivesse respondendo pela primeira vez. Da
ele não interrompa o usuário ou o cliente. Se ele quiser comple- mesma forma é necessário evitar que interlocutor espere por res-
mentar alguma questão, terá tempo de retomar a conversa. postas;
• Atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, di-
No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal zer palavras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário, ano-
para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso que tar a mensagem do interlocutor);
o atendente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas demandas • Empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pro-
de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso correto da língua nunciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expressões
portuguesa e a qualidade da dicção também são fatores importan- como “meu bem”, “meu querido, entre outras);
tes para assegurar uma boa comunicação telefônica. É fundamental • Concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evi-
que o atendente transmita a seu interlocutor segurança, compro- tar distrair-se com outras pessoas, colegas ou situações, desvian-
misso e credibilidade. do-se do tema da conversa, bem como evitar comer ou beber en-
Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir, pro- quanto se fala);
cedimentos para a excelência no atendimento telefônico: • Comportamento ético na conversação – o que envolve
• Identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém gos- também evitar promessas que não poderão ser cumpridas.
ta de falar com um interlocutor desconhecido, por isso, o atendente •
da chamada deve identificar-se assim que atender ao telefone. Por Atendimento e tratamento
outro lado, deve perguntar com quem está falando e passar a tratar O atendimento está diretamente relacionado aos negócios de
o interlocutor pelo nome. Esse toque pessoal faz com que o interlo- uma organização, suas finalidades, produtos e serviços, de acordo
cutor se sinta importante; com suas normas e regras. O atendimento estabelece, dessa forma,
• assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que uma relação entre o atendente, a organização e o cliente.
atende ao telefone deve considerar o assunto como seu, ou seja,
comprometer-se e, assim, garantir ao interlocutor uma resposta A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada
rápida. Por exemplo: não deve dizer “não sei”, mas “vou imediata- por indicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente a:
mente saber” ou “daremos uma resposta logo que seja possível”.Se • competência – recursos humanos capacitados e recursos tec-
não for mesmo possível dar uma resposta ao assunto, o atendente nológicos adequados;
deverá apresentar formas alternativas para o fazer, como: fornecer • confiabilidade – cumprimento de prazos e horários estabele-
o número do telefone direto de alguém capaz de resolver o proble- cidos previamente;
ma rapidamente, indicar o e-mail ou numero da pessoa responsável • credibilidade – honestidade no serviço proposto;
procurado. A pessoa que ligou deve ter a garantia de que alguém • segurança – sigilo das informações pessoais;
confirmará a recepção do pedido ou chamada; • facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal de
• Não negar informações: nenhuma informação deve ser contato;
negada, mas há que se identificar o interlocutor antes de a fornecer, • comunicação – clareza nas instruções de utilização dos ser-
para confirmar a seriedade da chamada. Nessa situação, é adequa- viços.
da a seguinte frase: vamos anotar esses dados e depois entraremos
em contato com o senhor Fatores críticos de sucesso ao telefone:
• Não apressar a chamada: é importante dar tempo ao tem-  A voz / respiração / ritmo do discurso
po, ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e mostrar  A escolha das palavras
que o diálogo está sendo acompanhado com atenção, dando fee-  A educação
dback, mas não interrompendo o raciocínio do interlocutor;
• Sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demonstra
que o atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada;

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Ao telefone, a sua voz é você. A pessoa que está do outro lado 5 - Tenha boa dicção: use as palavras com coerência e coesão
da linha não pode ver as suas expressões faciais e gestos, mas você para que a mensagem tenha organização, evitando possíveis erros
transmite através da voz o sentimento que está alimentando ao de interpretação por parte do cliente.
conversar com ela. As emoções positivas ou negativas, podem ser 6 - Tenha equilíbrio: se você estiver atendendo um cliente sem
reveladas, tais como: educação, use a inteligência, ou seja, seja paciente, ouça-o aten-
• Interesse ou desinteresse, tamente, jamais seja hostil com o mesmo e tente acalmá-lo, pois
• Confiança ou desconfiança, assim, você estará mantendo sua imagem intacta, haja vista, que
• Alerta ou cansaço, esses “dinossauros” não precisam ser atacados, pois, eles se matam
• Calma ou agressividade, sozinhos.
• Alegria ou tristeza, 7 - Tenha carisma: seja uma pessoa empática e sorridente para
• Descontração ou embaraço, que o cliente se sinta valorizado pela empresa, gerando um clima
• Entusiasmo ou desânimo. confortável e harmônico. Para isso, use suas entonações com criati-
vidade, de modo a transmitir emoções inteligentes e contagiantes.
O ritmo habitual da comunicação oral é de 180 palavras por 8 - Controle o tempo: se precisar de um tempo, peça o cliente
minuto; ao telefone deve-se reduzir para 120 palavras por minuto para aguardar na linha, mas não demore uma eternidade, pois, o
aproximadamente, tornando o discurso mais claro. cliente pode se sentir desprestigiado e desligar o telefone.
A fala muito rápida dificulta a compreensão da mensagem e 9 - Atenda o telefone o mais rápido possível: o ideal é atender
pode não ser perceptível; a fala muito lenta pode o outro a julgar o telefone no máximo até o terceiro toque, pois, é um ato que de-
que não existe entusiasmo da sua parte. monstra afabilidade e empenho em tentar entregar para o cliente
a máxima eficiência.
O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao 10 - Nunca cometa o erro de dizer “alô”: o ideal é dizer o nome
cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando sua simpa- da organização, o nome da própria pessoa seguido ainda, das tra-
tia. Está relacionada a: dicionais saudações (bom dia, boa tarde, etc.). Além disso, quando
• Presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando for encerrar a conversa lembre-se de ser amistoso, agradecendo e
prontamente a solicitação do usuário; reafirmando o que foi acordado.
• Cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cor- 11 - Seja pró ativo: se um cliente procurar por alguém que não
dialidade; está presente na sua empresa no momento da ligação, jamais peça
• Flexibilidade – capacidade de lidar com situações não-pre- a ele para ligar mais tarde, pois, essa é uma função do atendente,
vistas. ou seja, a de retornar a ligação quando essa pessoa estiver de volta
A comunicação entre as pessoas é algo multíplice, haja vista, à organização.
que transmitir uma mensagem para outra pessoa e fazê-la com- 12 - Tenha sempre papel e caneta em mãos: a organização é um
preender a essência da mesma é uma tarefa que envolve inúmeras dos princípios para um bom atendimento telefônico, haja vista, que
variáveis que transformam a comunicação humana em um desafio é necessário anotar o nome da pessoa e os pontos principais que
constante para todos nós. foram abordados.
E essa complexidade aumenta quando não há uma comunica- 13 – Cumpra seus compromissos: um atendente que não tem
ção visual, como na comunicação por telefone, onde a voz é o único responsabilidade de cumprir aquilo que foi acordado demonstra
instrumento capaz de transmitir a mensagem de um emissor para desleixo e incompetência, comprometendo assim, a imagem da
um receptor. Sendo assim, inúmeras empresas cometem erros pri- empresa. Sendo assim, se tiver que dar um recado, ou, retornar
mários no atendimento telefônico, por se tratar de algo de difícil uma ligação lembre-se de sua responsabilidade, evitando esqueci-
consecução. mentos.
Abaixo 16 dicas para aprimorar o atendimento telefônico, de 14 – Tenha uma postura afetuosa e prestativa: ao atender o te-
modo a atingirmos a excelência, confira: lefone, você deve demonstrar para o cliente uma postura de quem
realmente busca ajudá-lo, ou seja, que se importa com os proble-
1 - Profissionalismo: utilize-se sempre de uma linguagem for- mas do mesmo. Atitudes negativas como um tom de voz desinteres-
mal, privilegiando uma comunicação que transmita respeito e se- sado, melancólico e enfadado contribuem para a desmotivação do
riedade. Evite brincadeiras, gírias, intimidades, etc, pois assim fa- cliente, sendo assim, é necessário demonstrar interesse e iniciativa
zendo, você estará gerando uma imagem positiva de si mesmo por para que a outra parte se sinta acolhida.
conta do profissionalismo demonstrado. 15 – Não seja impaciente: busque ouvir o cliente atentamente,
2 - Tenha cuidado com os ruídos: algo que é extremamente sem interrompê-lo, pois, essa atitude contribui positivamente para
prejudicial ao cliente são as interferências, ou seja, tudo aquilo que a identificação dos problemas existentes e consequentemente para
atrapalha a comunicação entre as partes (chieira, sons de aparelhos as possíveis soluções que os mesmos exigem.
eletrônicos ligados, etc.). Sendo assim, é necessário manter a linha 16 – Mantenha sua linha desocupada: você já tentou ligar para
“limpa” para que a comunicação seja eficiente, evitando desvios. alguma empresa e teve que esperar um longo período de tempo
3 - Fale no tom certo: deve-se usar um tom de voz que seja para que a linha fosse desocupada? Pois é, é algo extremamente
minimamente compreensível, evitando desconforto para o cliente inconveniente e constrangedor. Por esse motivo, busque não delon-
que por várias vezes é obrigado a “implorar” para que o atendente gar as conversas e evite conversas pessoais, objetivando manter, na
fale mais alto. medida do possível, sua linha sempre disponível para que o cliente
4 - Fale no ritmo certo: não seja ansioso para que você não co- não tenha que esperar muito tempo para ser atendido.
meta o erro de falar muito rapidamente, ou seja, procure encontrar
o meio termo (nem lento e nem rápido), de forma que o cliente
entenda perfeitamente a mensagem, que deve ser transmitida com
clareza e objetividade.

135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Buscar a excelência constantemente na comunicação huma- liberação de um ramal. Isso pode congestionar as linhas do equipa-
na é um ato fundamental para todos nós, haja vista, que estamos mento, gerando perda de ligações. Mas caso essa pessoa insista em
nos comunicando o tempo todo com outras pessoas. Infelizmente falar com o ramal ocupado, você deve interromper a outra ligaçãoe
algumas pessoas não levam esse importante ato a sério, compro- dizer: “Desculpe-me interrompersua ligação, mas há uma chamada
metendo assim, a capacidade humana de transmitir uma simples urgente do (a) Sr.(a) Fulano(a) para este ramal. O (a) senhor (a) pode
mensagem para outra pessoa. Sendo assim, devemos ficar atentos atender?” Se a pessoa puder atender , complete a ligação, se não,
para não repetirmos esses erros e consequentemente aumentar- diga que a outra ligação ainda está em andamento e reafirme sua
mos nossa capacidade de comunicação com nosso semelhante. possibilidade em auxiliar.
Lembre-se:
Resoluções de situações conflitantes ou problemas quanto ao Você deve ser natural, mas não deve esquecer de certas for-
atendimento de ligações ou transferências malidades como, por exemplo, dizer sempre “por favor” , “Queira
O agente de comunicação é o cartão de visita da empresa.. Por desculpar”, “Senhor”, “Senhora”. Isso facilita a comunicação e induz
isso é muito importante prestar atenção a todos os detalhes do seu a outra pessoa a ter com você o mesmo tipo de tratamento.
trabalho. Geralmente você é a primeira pessoa a manter contato A conversa: existemexpressões que nunca devem ser usadas,
com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir muito para tais como girias, meias palavras, e palavras com conotação de inti-
a imagem que irão formar sobre sua empresa. Não esqueça: a pri- midade. A conversa deve ser sempre mantida em nível profissional.
meira impressão é a que fica.
Alguns detalhes que podem passar despercebidos na rotina do Equipamento básico
seu trabalho: Além da sala, existem outras coisas necessárias para assegurar
- Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural possí- o bom andamento do seu trabalho:
- Listas telefônicas atualizadas.
vel. Assim você fala só uma vez e evita perda de tempo.
- Relação dos ramais por nomes de funcionários (em ordem al-
- Calma:Ás vezes pode não ser fácil mas é muito importante que
fabética).
você mantenha a calma e a paciência . A pessoa que esta chamando
- Relação dos númerosde telefones mais chamados.
merece ser atendida com toda a delicadeza. Não deveser apressada
- Tabela de tarifas telefônicas.
ou interrompida. Mesmo que ela seja um pouco grosseira, você não - Lápis e caneta
deve responder no mesmo tom. Pelo contrário, procure acalmá-la. - Bloco para anotações
- Interesse e iniciativa: Cada pessoa que chama merece atenção - Livro de registro de defeitos.
especial. E você, como toda boa telefonista, deve ser sempre simpá-
tica e demonstrar interesse em ajudar. O que você precisa saber:
- Sigilo: Na sua profissão, às vezes é preciso saber de detalhe- O seu equipamento telefônico não é apenas parte do seu mate-
simportantes sobre o assunto que será tratado. Esses detalhes são rial de trabalho. É o que há de mais importante. Por isso você deve
confidenciais e pertencem somente às pessoas envolvidas. Você saber como ele funciona. Tecnicamente, o equipamento que você
deve ser discreta e manter tudo em segredo. A quebra de sigilo nas usa é chamado de CPCT - Central Privada de Comunicação Telefôni-
ligações telefônicas é consideradauma falta grave, sujeita às pena- ca, que permite você fazer ligações internas (de ramal para ramal) e
lidades legais. externas. Atualmente existem dois tipos: PABX e KS.
O que dizer e como dizer - PABX (Private Automatic Branch Exchange): neste sistema,
Aqui seguem algumas sugestões de como atender as chama- todas as ligaçõesinternas e a maioria das ligações para fora da em-
das externas: presa são feitas pelos usuários de ramais. Todas as ligações que en-
- Ao atender uma chamada externa, você deve dizer o nome da tram, passam pela telefonista.
sua empresa seguido de bom dia, boa tarde ou boa noite. - KS (Key System): todas as ligações, sejam elas de entrada, de
- Essa chamada externa vai solicitar um ramalou pessoa. Você saída ou internas, são feitas sem passar pela telefonista
deve repetir esse número ou nome, para ter certeza de que enten- Informações básicas adicionais
deucorretamente. Em seguida diga: “ Um momento, por favor,” e - Ramal: são os terminais de onde saem e entram as ligações
transfira a ligação. telefônicas. Eles se dividem em:
Ao transferir as ligações, forneça as informações que já possui; * Ramais privilegiados: são os ramais de onde se podem fazer
faça uso do seu vocabulário profissional; fale somente o necessário ligações para fora sem passar pela telefonista
e evite assuntos pessoais. * Ramais semi-privilegiados: nestes ramais é necessário o auxi-
Nunca faça a transferência ligeiramente, sem informar ao seu lio da telefonista para ligar para fora.
* Ramais restritos: só fazem ligações internas.
interlocutor o que vai fazer, para quem vai transferir a ligação, man-
-Linha - Tronco: linha telefônica que ligaa CPCT à central Tele-
tenha-o ciente dos passos desse atendimento.
fônica Pública.
Não se deve transferir uma ligação apenas para se livrar dela.
- Número-Chave ou Piloto: Número que acessa automatica-
Deve oferecer-se para auxiliar o interlocutor, colocar-se à disposi-
mente as linhas que estãoem busca automática, devendo ser o úni-
ção dele, e se acontecer de não ser possível, transfira-o para quem co número divulgado ao público.
realmente possa atendê-lo e resolver sua solicitação. Transferir o - Enlace: Meio pelo qual se efetuam as ligaçõesentre ramais e
cliente de um setor para outro, quando essa ligação já tiver sido linhas-tronco.
transferida várias vezes não favorece a imagem da empresa. Nesse - Bloqueador de Interurbanos: Aparelho que impede a realiza-
caso, anote a situação e diga que irá retornar com as informações ção de ligações interurbanas.
solicitadas. - DDG: (Discagem Direta Gratuita), serviço interurbano fran-
- Se o ramal estiver ocupado quando você fizer a transferência, queado, cuja cobrança das ligaçõesé feita no telefone chamado.
diga à pessoaque chamou: “O ramal está ocupado. Posso anotar - DDR : (Discagem direta a Ramal) , as chamadas externas vão
o recado e retornar a ligação.” É importante que você não deixe diretopara o ramal desejado, sem passar pela telefonista . Isto só é
uma linha ocupadacom uma pessoa que estáapenas esperando a possível em algumas CPCTs do tipo PABX.

136
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Pulso : Critério de medição de uma chamada por tempo, dis-


tância e horário.
- Consultores: empregados da Telems que dãoorientaçãoàs O Cliente está... Reaja de forma oposta
empresas quanto ao melhor funcionamento dos sistemas de tele-
comunicações. Fale baixo, pausadamen-
- Mantenedora: empresa habilitada para prestar serviço e dar Falando alto, gritando.
te.
assistência às CPCTs.
- Serviço Noturno: direciona as chamadas recebidas nos horá- Irritado Mantenha a calma.
rios fora do expediente para determinados ramais. Só é possível em Não aceite. Ignore o de-
CPCTs do tipo PBX e PABX. Desafiando
safio.
Diga-lhe que é possível
Em casos onde você se depara com uma situação que repre- resolver o problema sem a
sente conflito ou problema, é necessário adequar a sua reação à Ameaçando
necessidade de uma ação
cada circunstância. Abaixo alguns exemplos. extrema.
1ª - Um cliente chega nervoso – o que fazer? Diga-lhe que o compreen-
 Não interrompa a fala do Cliente. Deixe-o liberar a raiva. de, que gostaria que ele lhe
Ofendendo
 Acima de tudo, mantenha-se calmo. desse uma oportunidade para
 Por nenhuma hipótese, sintonize com o Cliente, em um ajudá-lo.
estado de nervosismo.
 Jamais diga ao Cliente: “Calma, o (a) senhor (a) está muito 6ª – Equilíbrio Emocional
nervoso (a), tente acalmar-se”. Em uma época em que manter um excelente relacionamento
 Use frases adequadas ao momento. Frases que ajudam com o Cliente é um pré-requisito de sucesso, ter um alto coeficien-
acalmar o Cliente, deixando claro que você está ali para ajudá-lo te de IE (Inteligência Emocional) é muito importante para todos os
profissionais, particularmente os que trabalham diretamente no
2ª – Diante de um Cliente mal-educado – o que fazer? atendimento a Clientes.
 O tratamento deverá ser sempre positivo, independente-
mente das circunstâncias. Você exercerá melhor sua Inteligência Emocional à medida que:
 Não fique envolvido emocionalmente. Aprenda a enten-  For paciente e compreensivo com o Cliente.
der que você não é o alvo.  Tiver uma crescente capacidade de separar as questões
 Reaja com mais cortesia, com suavidade, cuidando para pessoais dos problemas da empresa.
não parecer ironia. Quando você toma a iniciativa e age positiva-  Entender que o foco de “fúria” do Cliente não é você, mas,
mente, coloca uma pressão psicológica no Cliente, para que ele re- sim, a empresa. Que você só está ali como uma espécie de “para-
aja de modo positivo. -raios”.
 Não fizer pré julgamentos dos clientes.
3ª – Diante de erros ou problemas causados pela empresa  Entender que cada cliente é diferente do outro.
 ADMITA o erro, sem evasivas, o mais rápido possível.  Entender que para você o problema apresentado pelo
 Diga que LAMENTA muito e que fará tudo que estiver ao cliente é um entre dezenas de outros; para o cliente não, o proble-
seu alcance para que o problema seja resolvido. ma é único, é o problema dele.
 CORRIJA o erro imediatamente, ou diga quando vai cor-  Entender que seu trabalho é este: atender o melhor pos-
rigir. sível.
 Diga QUEM e COMO vai corrigir o problema.  Entender que você e a empresa dependem do cliente, não
 EXPLIQUE o que ocorreu, evitando justificar. ele de vocês.
 Entretanto, se tiver uma boa justificativa, JUSTIFIQUE, mas  Entender que da qualidade de sua REAÇÃO vai depender o
com muita prudência. O Cliente não se interessa por “justificativas”. futuro da relação do cliente com a empresa.
Este é um problema da empresa.
4ª – O Cliente não está entendendo – o que fazer? POSTURA DE ATENDIMENTO - (Conduta/Bom senso/Cordiali-
 Concentre-se para entender o que realmente o Cliente dade)
quer ou, exatamente, o que ele não está entendendo e o porquê. A FUGA DOS CLIENTES
 Caso necessário, explique novamente, de outro jeito, até As pesquisas revelam que 68% dos clientes das empresas fo-
que o Cliente entenda. gem delas por problemas relacionados à postura de atendimento.
 Alguma dificuldade maior? Peça Ajuda! Chame o gerente, Numa escala decrescente de importância, podemos observar
o chefe, o encarregado, mas evite, na medida do possível, que o os seguintes percentuais:
Cliente saia sem entender ou concordar com a resolução.  68% dos clientes fogem das empresas por problemas de
5ª – Discussão com o Cliente postura no atendimento;
Em uma discussão com o Cliente, com ou sem razão, você sem-  14% fogem por não terem suas reclamações atendidas;
pre perde!  9% fogem pelo preço;
Uma maneira eficaz de não cair na tentação de “brigar” ou “dis-  9% fogem por competição, mudança de endereço, morte.
cutir” com um cliente é estar consciente – sempre alerta -, de forma
que se evite SINTONIZAR na mesma frequência emocional do Clien- A origem dos problemas está nos sistemas implantados nas
te, quando esta for negativa. Exemplos: organizações, muitas vezes obsoletos. Estes sistemas não definem
uma política clara de serviços, não definem o que é o próprio ser-
viço e qual é o seu produto. Sem isso, existe muita dificuldade em
satisfazer plenamente o cliente.

137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Estas empresas que perdem 68% dos seus clientes, não contra- 02. Entender o lado HUMANO, conhecendo as necessidades
tam profissionais com características básicas para atender o públi- dos clientes, aguçando a capacidade de perceber o cliente. Para
co, não treinam estes profissionais na postura adequada, não criam entender o lado humano, é necessário que este profissional tenha
um padrão de atendimento e este passa a ser realizado de acordo uma formação voltada para as pessoas e goste de lidar com gente.
com as características individuais e o bom senso de cada um. Se espera que ele fique feliz em fazer o outro feliz, pois para este
A falta de noção clara da causa primária da perda de clientes profissional, a felicidade de uma pessoa começa no mesmo instante
faz com que as empresas demitam os funcionários “porque eles não em que ela cessa a busca de sua própria felicidade para buscar a
sabem nem atender o cliente”. Parece até que o atendimento é a felicidade do outro.
tarefa mais simples da empresa e que menos merece preocupação. 03. Entender a necessidade de manter um ESTADO DE ESPÍRITO
Ao contrário, é a mais complexa e recheada de nuances que perpas- POSITIVO, cultivando pensamentos e sentimentos positivos, para
sam pela condição individual e por condições sistêmicas. ter atitudes adequadas no momento do atendimento. Ele sabe que
Estas condições sistêmicas estão relacionadas a: é fundamental separar os problemas particulares do dia a dia do
1. Falta de uma política clara de serviços; trabalho e, para isso, cultiva o estado de espírito antes da chegada
2. Indefinição do conceito de serviços; do cliente. O primeiro passo de cada dia, é iniciar o trabalho com a
3. Falta de um perfil adequado para o profissional de atendi- consciência de que o seu principal papel é o de ajudar os clientes
mento; a solucionarem suas necessidades. A postura é de realizar serviços
4. Falta de um padrão de atendimento; para o cliente.
5. Inexistência do follow up; Os requisitos para contratação deste profissional
6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal. Para trabalhar com atendimento ao público, alguns requisitos
Nas condições individuais, podemos encontrar a contratação são essenciais ao atendente. São eles:
de pessoas com características opostas ao necessário para atender
ao público, como: timidez, avareza, rebeldia...  Gostar de SERVIR, de fazer o outro feliz.
 Gostar de lidar com gente.
SERVIÇO E POSTURA DE ATENDIMENTO  Ser extrovertido.
Observando estas duas condições principais que causam a vin-  Ter humildade.
culação ou o afastamento do cliente da empresa, podemos separar  Cultivar um estado de espírito positivo.
a estrutura de uma empresa de serviços em dois itens:  Satisfazer as necessidades do cliente.
os serviços e a postura de atendimento.  Cuidar da aparência.
O SERVIÇO assume uma dimensão macro nas organizações e,
como tal, está diretamente relacionado ao próprio negócio. Com estes requisitos, o sinal fica verde para o atendimento.
Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas de servi-
ços, a sua própria definição e filosofia. Aqui, também são tratados A POSTURA pode ser entendida como a junção de todos os as-
os aspectos gerais da organização que dão peso ao negócio, como: pectos relacionados com a nossa expressão corporal na sua totali-
o ambiente físico, as cores (pintura), os jardins. Este item, portan- dade e nossa condição emocional.
to, depende mais diretamente da empresa e está mais relacionado
com as condições sistêmicas. Podemos destacar 03 pontos necessários para falarmos de
POSTURA. São eles:
Já a POSTURA DE ATENDIMENTO, que é o tratamento dispensa- 01. Ter uma POSTURA DE ABERTURA: que se caracteriza por um
do às pessoas, está mais relacionado com o funcionário em si, com posicionamento de humildade, mostrando-se sempre disponível
as suas atitudes e o seu modo de agir com os clientes. Portanto, está para atender e interagir prontamente com o cliente. Esta POSTURA
ligado às condições individuais. DE ABERTURA do atendente suscita alguns sentimentos positivos
É necessário unir estes dois pontos e estabelecer nas políticas nos clientes, como por exemplo:
das empresas, o treinamento, a definição de um padrão de aten- a) postura do atendente de manter os ombros abertos e o peito
dimento e de um perfil básico para o profissional de atendimento, aberto, passa ao cliente um sentimento de receptividade e acolhi-
como forma de avançar no próprio negócio. Dessa maneira, estes mento;
dois itens se tornam complementares e inter-relacionados, com de- b) deixar a cabeça meio curva e o corpo ligeiramente inclinado
pendência recíproca para terem peso. transmite ao cliente a humildade do atendente;
Para conhecermos melhor a postura de atendimento, faz-se c) o olhar nos olhos e o aperto de mão firme traduzem respeito
necessário falar do Verdadeiro profissional do atendimento. e segurança;
d) a fisionomia amistosa, alenta um sentimento de afetividade
Os três passos do verdadeiro profissional de atendimento: e calorosidade.
01. Entender o seu VERDADEIRO PAPEL, que é o de compre-
ender e atender as necessidades dos clientes, fazer com que ele 02. Ter SINTONIA ENTRE FALA E EXPRESSÃO CORPORAL: que se
seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir importante e proporcioná-lo caracteriza pela existência de uma unidade entre o que dizemos e o
um ambiente agradável. Este profissional é voltado completamente que expressamos no nosso corpo.
para a interação com o cliente, estando sempre com as suas ante- Quando fazemos isso, nos sentimos mais harmônicos e confor-
nas ligadas neste, para perceber constantemente as suas necessida- táveis. Não precisamos fingir, mentir ou encobrir os nossos senti-
des. Para este profissional, não basta apenas conhecer o produto ou mentos e eles fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos mais
serviço, mas o mais importante é demonstrar interesse em relação livres do stress, das doenças, dos medos.
às necessidades dos clientes e atendê-las. 03. As EXPRESSÕES FACIAIS: das quais podemos extrair dois as-
pectos: o expressivo, ligado aos estados emocionais que elas tradu-
zem e a identificação destes estados pelas pessoas; e a sua função
social que diz em que condições ocorreu a expressão, seus efeitos
sobre o observador e quem a expressa.

138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Podemos concluir, entendendo que, qualquer comportamento A INVASÃO


inclui posturas e é sempre fruto da interação complexa entre o or- Mas, interagir no RAIO DE AÇÃO não tem nada a ver com INVA-
ganismo e o seu meio ambiente. SÃO DE TERRITÓRIO.
O olhar Vamos entender melhor isso.
Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através do Todo ser humano sente necessidade de definir um TERRITÓ-
olhar, podemos passar para as pessoas os nossos sentimentos mais RIO, que é um certo espaço entre si e os estranhos. Este território
profundos, pois ele reflete o nosso estado de espírito. não se configura apenas em um espaço físico demarcado, mas prin-
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos prender so- cipalmente num espaço pessoal e social, o que podemos traduzir
mente a ele, mas a fisionomia como um todo para entendermos o como a necessidade de privacidade, de respeito, de manter uma
real sentido dos olhos. distância ideal entre si e os outros de acordo com cada situação.
Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de acolhi- Quando estes territórios são invadidos, ocorrem cortes na
mento, de interesse no atendimento das suas necessidades, de von- privacidade, o que normalmente traz consequências negativas.
tade de ajudar. Ao contrário, um olhar apático, traduz fraqueza e Podemos exemplificar estas invasões com algumas situações corri-
desinteresse, dando ao cliente, a impressão de desgosto e dissabor queiras: uma piada muito picante contada na presença de pessoas
pelo atendimento. estranhas a um grupo social; ficar muito próximo do outro, quase se
encostando nele; dar um tapinha nas costas...
Mas, você deve estar se perguntando: O que causa este brilho Nas situações de atendimento, são bastante comuns as inva-
nos nossos olhos ? A resposta é simples: sões de território pelos atendentes. Estas, na sua maioria, causam
Gostar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gostar mal-estar aos clientes, pois são traduzidas por eles como atitudes
de ajudar o próximo. grosseiras e poucos sensíveis. Alguns são os exemplos destas atitu-
Para atender ao público, é preciso que haja interesse e gosto, des e situações mais comuns:
pois só assim conseguimos repassar uma sensação agradável para
o cliente. Gostar de atender o público significa gostar de atender  Insistência para o cliente levar um item ou adquirir um
as necessidades dos clientes, querer ver o cliente feliz e satisfeito. bem;
 Seguir o cliente por toda a loja;
Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode transmitir:  O motorista de taxi que não pára de falar com o cliente
01. Interesse quando: passageiro;
 Brilha;  O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerindo pratos
 Tem atenção; sem ser solicitado;
 Vem acompanhado de aceno de cabeça.  O funcionário que cumprimenta o cliente com dois beiji-
nhos e tapinhas nas costas;
02. Desinteresse quando:  O funcionário que transfere a ligação ou desliga o telefone
 É apático; sem avisar.
 É imóvel, rígido;
 Não tem expressão.
Estas situações não cabem na postura do verdadeiro profissio-
nal do atendimento.
O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o gelo. O olhar
nos olhos dá credibilidade e não há como dissimular com o olhar.
O sorriso
O SORRISO abre portas e é considerado uma linguagem uni-
A aproximação - raio de ação.
versal.
A APROXIMAÇÃO do cliente está relacionada ao conceito de
Imagine que você tem um exame de saúde muito importante
RAIO DE AÇÃO, que significa interagir com o público, independente
para receber e está apreensivo com o resultado. Você chega à clí-
deste ser cliente ou não.
Esta interação ocorre dentro de um espaço físico de 3 metros nica e é recebido por uma recepcionista que apresenta um sorriso
de distância do público e de um tempo imediato, ou seja, pronta- caloroso. Com certeza você se sentirá mais seguro e mais confiante,
mente. diminuindo um pouco a tensão inicial. Neste caso, o sorriso foi in-
Além do mais, deve ocorrer independentemente do funcioná- terpretado como um ato de apaziguamento.
rio estar ou não na sua área de trabalho. Estes requisitos para a O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de espírito das
interação, a tornam mais eficaz. pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas sorridentes são ava-
Esta interação pode se caracterizar por um cumprimento ver- liadas mais favoravelmente do que as não sorridentes.
bal, uma saudação, um aceno de cabeça ou apenas por um aceno O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de comu-
de mão. O objetivo com isso, é fazer o cliente sentir-se acolhido e nicação não-verbal . Como tal, expressa as emoções e geralmente
certo de estar recebendo toda a atenção necessária para satisfazer informa mais do que a linguagem falada e a escrita. Dessa forma,
os seus anseios. podemos passar vários tipos de sentimentos e acarretar as mais di-
versas emoções no outro.
Alguns exemplos são:
1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o carrinho de Ir ao encontro do cliente
limpeza e o hóspede sai do seu apartamento. Ela prontamente olha Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de compromisso no
para ele e diz com um sorriso: “bom dia!”. atendimento, por parte do atendente. Este item traduz a importân-
2. O caixa de uma loja que cumprimenta o cliente no momento cia dada ao cliente no momento de atendimento, na qual o aten-
do pagamento; dente faz tudo o que é possível para atender as suas necessidades,
03. O frentista do posto de gasolina que se aproxima ao ver o pois ele compreende que satisfazê-las é fundamental. Indo ao en-
carro entrando no posto e faz uma sudação... contro do cliente, o atendente demonstra o seu interesse para com
ele.

139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A primeira impressão O aperto de mão “ frouxo “ transmite apatia, passividade, baixa


Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase: A PRIMEI- energia, desinteresse, pouca interação, falta de compromisso com
RA IMPRESSÃO É A QUE FICA. o contato.
Você concorda com ela? Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo que machuca
No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil a empre- a mão, ao invés de trazer uma mensagem positiva, causa um mal
sa ter uma segunda chance para tentar mudar a impressão inicial, estar, traduzindo hiperatividade, agressividade, invasão e desres-
se esta foi negativa, pois dificilmente o cliente irá voltar. peito. O ideal é ter um cumprimento firme, que prenda toda a mão,
É muito mais difícil e também mais caro, trazer de volta o clien- mas que a deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto de mão demons-
te perdido, aquele que foi mal atendido ou que não teve os seus tra interesse pelo outro, firmeza, bom nível de energia, atividade e
desejos satisfeitos. compromisso com o contato.
Estes clientes perdem a confiança na empresa e normalmen- É importante lembrar que o cumprimento deve estar associado
te os custos para resgatá-la, são altos. Alguns mecanismos que as ao olhar nos olhos, a cabeça erguida, os ombros e o peito abertos,
empresas adotam são os contatos via telemarketing, mala-direta, totalizando uma sintonia entre fala e expressão corporal.
visitas, mas nem sempre são eficazes. Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequada de cum-
A maioria das empresas não têm noção da quantidade de clien- primentar, esta jamais deverá ser mecânica e automática.
tes perdidos durante a sua existência, pois elas não adotam meca-
nismos de identificação de reclamações e/ou insatisfações destes Tom de voz
clientes. Assim, elas deixam escapar as armas que teriam para re- A voz é carregada de magnetismo e como tal, traz uma onda de
forçar os seus processos internos e o seu sistema de trabalho. intensa vibração. O tom de voz e a maneira como dizemos as pala-
Quando as organizações atentam para essa importância, elas vras, são mais importantes do que as próprias palavras.
passam a aplicar instrumentos de medição. Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair hoje do
Mas, estes coletores de dados nem sempre traduzem a realida- conserto, mas por falta de uma peça, ela só estará pronta na próxi-
de, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, subjetivas ou pedem ma semana “. De acordo com a maneira que dizemos e de acordo
a opinião aberta sobre o assunto. com o tom de voz que usamos, vamos perceber reações diferentes
Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não colher as do cliente.
informações reais. Se dizemos isso com simpatia, naturalmente nos desculpando
A saída seria criar medidores que traduzissem com fatos e da- pela falha e assumindo uma postura de humildade, falando com
dos, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o serviço e o produto calma e num tom amistoso e agradável, percebemos que a reação
adquiridos da empresa. do cliente será de compreensão.
Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma mecânica,
Apresentação pessoal
estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância, poderemos ter
Que imagem você acha que transmitimos ao cliente quando o
um cliente reagindo com raiva, procurando o gerente, gritando...
atendemos com as unhas sujas, os cabelos despenteados, as roupas
As palavras são símbolos com significados próprios. A forma
mal cuidadas... ?
como elas são utilizadas também traz o seu significado e com isso,
O atendente está na linha de frente e é responsável pelo conta-
cada palavra tem a sua vibração especial.
to, além de representar a empresa neste momento. Para transmitir
Saber escutar
confiabilidade, segurança, bons serviços e cuidado, se faz necessá-
Você acha que existe diferença entre OUVIR e ESCUTAR? Se
rio, também, ter uma boa apresentação pessoal.
você respondeu que não, você errou.
Alguns cuidados são essenciais para tornar este item mais com- Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o verdadeiro
pleto. São eles: sentido, compreendendo e interpretando a essência, o conteúdo da
01. Tomar um BANHO antes do trabalho diário: além da função comunicação.
higiênica, também é revigorante e espanta a preguiça; O ato de ESCUTAR está diretamente relacionado com a nossa
02. Cuidar sempre da HIGIENE PESSOAL: unhas limpas, cabelos capacidade de perceber o outro. E, para percebermos o outro, o
cortados e penteados, dentes cuidados, hálito agradável, axilas cliente que está diante de nós, precisamos nos despojar das bar-
Asseadas, barba feita; reiras que atrapalham e empobrecem o processo de comunicação.
03. Roupas limpas e conservadas; São elas:
04. Sapatos limpos; * os nossos PRECONCEITOS;
05. Usar o CRACHÁ DE IDENTIFICAÇÃO, em local visível pelo * as DISTRAÇÕES;
cliente. * os JULGAMENTOS PRÉVIOS;
* as ANTIPATIAS.
Quando estes cuidados básicos não são tomados, o cliente se
questiona : “ puxa, se ele não cuida nem dele, da sua aparência Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, precisamos
pessoal, como é que vai cuidar de me prestar um bom serviço ? “ compreender o TODO, captando os estímulos que vêm do outro,
A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto importante fazendo uma leitura completa da situação.
para criar uma relação de proximidade e confiança entre o cliente Precisamos querer escutar, assumindo uma postura de recepti-
e o atendente. vidade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvidos e uma boca, o que
Cumprimento caloroso nos sugere que é preciso escutar mais do que falar.
O que você sente quando alguém aperta a sua mão sem fir- Quando não sabemos escutar o cliente - interrompendo-o, fa-
meza ? lando mais que ele, dividindo a atenção com outras situações - tira-
Às vezes ouvimos as pessoas comentando que se conhece al- mos dele, a oportunidade de expressar os seus verdadeiros anseios
guém, a sua integridade moral, pela qualidade do seu aperto de e necessidades e corremos o risco de aborrecê-lo, pois não iremos
mão. conseguir atende-las.

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A mais poderosa forma de escutar é a empatia ( que vamos * mascar chicletes ou fumar no momento do atendimento;
conhecer mais na frente ). Ela nos permite escutar de fato, os sen- * cuspir ou tirar meleca na frente do cliente (estas coisas só
timentos por trás do que está sendo dito, mas, para isso, é preciso devem ser feitas no banheiro);
que o atendente esteja sintonizado emocionalmente com o cliente. * comer na frente do cliente (comum nas empresas que ofere-
Esta sintonia se dá através do despojamento das barreiras que já cem lanches ou têm cantina);
falamos antes. * gritar para pedir alguma coisa;
* se coçar na frente do cliente;
Agilidade * bocejar (revela falta de interesse no atendimento).
Atender com agilidade significa ter rapidez sem perder a quali- Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:
dade do serviço prestado. * se achar íntimo do cliente a ponto de lhe pedir carona, por
A agilidade no atendimento transmite ao cliente a idéia de res- exemplo;
peito. Sendo ágil, o atendente reconhece a necessidade do cliente * receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
em relação à utilização adequada do seu tempo. * fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos ou serviços
Quando há agilidade, podemos destacar: na frente do cliente;
 o atendimento personalizado; * desmerecer ou criticar o fabricante do produto que vende, o
 a atenção ao assunto; parceiro da empresa, denegrindo a sua imagem para o cliente;
 o saber escutar o cliente; * falar mau das pessoas na sua ausência e na presença do clien-
 cuidar das solicitações e acompanhar o cliente durante te;
todo o seu percurso na empresa. * usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
* reclamar na frente do cliente;
O calor no atendimento * lamentar;
O atendimento caloroso evita dissabores e situações constran- * colocar problemas salariais;
gedoras, além de ser a comunhão de todos os pontos estudados * “ lavar a roupa suja “ na frente do cliente.
sobre postura.
O atendente escolhe a condição de atender o cliente e para LEMBRE-SE: A ÉTICA DO TRABALHO É SERVIR AOS OUTROS E
isto, é preciso sempre lembrar que o cliente deseja se sentir impor- NÃO SE SERVIR DOS OUTROS.
tante e respeitado. Na situação de atendimento, o cliente busca ser
reconhecido e, transmitindo calorosidade nas atitudes, o atendente Usar chavões
satisfaz as necessidades do cliente de estima e consideração. O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como forma de
Ao contrário, o atendimento áspero, transmite ao cliente a fugir à sua responsabilidade no atendimento ao cliente. Citamos
sensação de desagrado, descaso e desrespeito, além de retornar ao aqui, os mais comuns:
atendente como um bumerangue. O EFEITO BUMERANGUE é bas-
tante comum em situações de atendimento, pois ele reflete o nível PARE E REFLITA: VOCÊ GOSTARIA DE SER COMPARADO A ESTE
de satisfação, ou não, do cliente em relação ao atendente. Com este ATENDENTE?
efeito, as atitudes batem e voltam, ou seja, se você atende bem, * o senhor como cliente TEM QUE ENTENDER...
o cliente se sente bem e trata o atendente com respeito. Se este * o senhor DEVERIA AGRADECER O QUE A EMPRESA FAZ PELO
atende mal, o cliente reage de forma negativa e hostil. O cliente não SENHOR...
está na esteira da linha de produção, merecendo ser tratado com * o CLIENTE É UM CHATO QUE SEMPRE QUER MAIS...
diferenciação e apreço. * AÍ VEM ELE DE NOVO...
Precisamos ter em atendimento, pessoas descontraídas, que Estas frases geram um bloqueio mental, dificultando a libera-
façam do ato de atender o seu verdadeiro sentido de vida, que é ção do lado bom da pessoa que atende o cliente.
SERVIR AO PRÓXIMO. Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um círculo
Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostilidade, re- vicioso na postura inadequada, pois, o atendente usa os chavões
tratam bem a falta de calor do atendente. Com estas atitudes, o (pensa dessa forma em relação ao cliente e a situação de atendi-
atendente parece estar pedindo ao cliente que este se afaste, vá mento ), o cliente se aborrece e descarrega no atendente, ou sim-
embora, desapareça da sua frente, pois ele não é bem vindo. Assim, plesmente não volta mais.
o atendente esquece que a sua MISSÃO é SERVIR e fazer o cliente Para quebrar este ciclo, é preciso haver uma mudança radical
FELIZ. no pensamento e postura do atendente.
As gafes no atendimento
Depois de conhecermos a postura correta de atendimento, Impressões finais do cliente
também é importante sabermos quais são as formas erradas, para Toda a postura e comportamento do atendente vai levar o
jamais praticá-las. Quem as pratica, com certeza não é um verdadei- cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e, consequente-
ro profissional de atendimento. Podemos dividi-las em duas partes, mente, sobre a empresa.
que são: Duas são as formas de impressões finais mais comuns do clien-
te:
Postura inadequada 1) MOMENTO DA VERDADE: através do contato direto (pesso-
A postura inadequada é abrangente, indo desde a postura física al) e/ou telefônico com o atendente;
ao mais sutil comentário negativo sobre a empresa na presença do 2) TELEIMAGEM: através do contato telefônico. Vamos conhe-
cliente. cê-las com mais detalhes.
Em relação à postura física, podemos destacar como inadequa-
do, o atendente:
* se escorar nas paredes da loja ou debruçar a cabeça no seu
birô por não estar com o cliente (esta atitude impede que ele inte-
raja no raio de ação);

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Momentos da verdade Ao contrário, se falamos com entusiasmo, de forma decidida e


Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer epi- atenciosamente, satisfazemos as necessidades do cliente de sentir-
sódio no qual o cliente entra em contato com qualquer aspecto da -se assistido, valorizado, respeitado, importante.
organização e obtem uma impressão da qualidade do seu serviço.
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do 02. O uso de PALAVRAS ADEQUADAS: pois com elas o atenden-
cliente a imagem da empresa e do próprio serviço prestado. Este é te passa a ideia de respeito pelo cliente. Aqui fica expressamente
o momento que separa o grande profissional dos demais. PROIBIDO o uso de termos como: amor, bem, benzinho, chuchu,
Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da mulherzinha, queridinha, colega...
verdade, considerando-o único e fundamental para definir a satis-
fação do cliente. Ele se fundamenta na chamada TRÍADE DO ATEN- 03. As ATITUDES CORRETAS: dando ao cliente, a impressão de
DIMENTO OU TRIÂNGULO DO ATENDIMENTO, que é composto de educação e respeito. São INCORRETAS as atitudes de transferir a li-
elementos básicos do processo de interação, que são: gação antes do cliente concluir o que iniciou a falar; passar a ligação
para a pessoa ou ramal errado ( mostrando com isso que não ouviu
A ) a pessoa o que ele disse ); desligar sem cumprimento ou saudação; dividir a
A pessoa mais importante é aquela que está na sua frente. En- atenção com outras conversas; deixar o telefone tocar muitas vezes
tão, podemos entender que a pessoa mais importante é o cliente sem atender; dar risadas no telefone.
que está na frente e precisa de atenção. Aspectos psicológicos do atendente
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona diretamen- Nós falamos sobre a importância da postura de atendimento.
te com o cliente, tentando atender a todas as suas necessidades. Porém, a base dela está nos aspectos psicológicos do atendimento.
Não existe outra forma de atender, a não ser pelo contato direto e, Vamos a eles.
portanto, a pessoa fundamental neste momento é o cliente.
B ) a hora Empatia
A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o presente, O termo empatia deriva da palavra grega EMPATHÉIA, que sig-
pois somente nele podemos atuar. nifica entrar no sentimento. Portanto, EMPATIA é a capacidade de
O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o fu- nos colocarmos no lugar do outro, procurando sempre entender
turo não nos cabe conhecer. Então, só nos resta o presente como as suas necessidades, os seus anseios, os seus sentimentos. Dessa
fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O aqui e agora forma, é uma aptidão pessoal fundamental na relação atendente -
são os únicos momentos nos quais podemos interagir e precisamos cliente. Para conseguirmos ser empáticos, precisamos nos despojar
fazer isto da melhor forma. dos nossos preconceitos e preferências, evitando julgar o outro a
partir de nossas referências e valores.
C ) a tarefa A empatia alimenta-se da autoconsciência, que significa estar-
Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais importante mos abertos para conhecermos as nossas emoções. Quanto mais
diante desta pessoa mais importante para nós, na hora mais impor- isto acontece, mais hábeis seremos na leitura dos sentimentos dos
tante que é o aqui e o agora, é FAZER O CLIENTE FELIZ, atendendo outros. Quando não temos certeza dos nossos próprios sentimen-
as suas necessidades. tos, dificilmente conseguimos ver os dos outros.
Esta tríade se configura no fundamento dos Momentos da Ver- E, a chave para perceber os sentimentos dos outros, está na
dade e, para que estes sejam plenos, é necessário que os funcioná- capacidade de interpretar os canais não verbais de comunicação
rios de linha de frente, ou seja, que atendem os clientes, tenham do outro, que são: os gestos, o tom de voz, as expressões faciais...
poder de decisão. É necessário que os chefes concedam autonomia Esta capacidade de empatizar-se com o outro, está ligada ao
aos seus subordinados para atuarem com precisão nos Momentos envolvimento: sentir com o outro é envolver-se. Isto requer uma
da Verdade. atitude muito sublime que se chama HUMILDADE. Sem ela é impos-
sível ser empático.
Teleimagem Quando não somos humildes, vemos as pessoas de maneira
Através do telefone, o atendente transmite a TELEIMAGEM da deturpada, pois olhamos através dos óculos do orgulho e do egoís-
empresa e dele mesmo. mo, com os quais enxergamos apenas o nosso pequenino mundo.
TELEIMAGEM, então, é a imagem que o cliente forma na sua O orgulho e o egoísmo são dois males que atacam a humanida-
mente ( imagem mental ) sobre quem o está atendendo e , con- de, impedindo-a de ser feliz.
sequentemente, sobre a empresa ( que é representada por este Com eles, não conseguimos sair do nosso mundinho , crian-
atendente). do uma couraça ao nosso redor para nos proteger. Com eles, nós
achamos que somos tudo o que importa e esquecemos de olhar
Quando a TELEIMAGEM é positiva, a facilidade do cliente enca- para o outro e perguntar como ele está, do que ele precisa, em que
minhar os seus negócios é maior, pois ele supõe que a empresa é podemos ajudar.
comprometida com o cliente. No entanto, se a imagem é negativa, Esquecemos de perceber principalmente os seus sentimentos
vemos normalmente o cliente fugindo da empresa. Como no aten- e necessidades. Com o orgulho e o egoísmo, nos tornamos vaidosos
dimento telefônico, o único meio de interação com o cliente, é atra- e passamos a ver os outros de acordo com o que estes óculos regis-
vés da palavra e sendo a palavra o instrumento, faz-se necessário tram: os nossos preconceitos, nossos valores, nossos sentimentos...
usá-la de forma adequada para satisfazer as exigências do cliente. Sendo orgulhosos e egoístas não sabemos AMAR, não sabemos
Dessa forma, classificamos 03 itens básicos ligados a palavra e as repartir, não sabemos doar.
atitudes, como fundamentais na formação da TELEIMAGEM. Só queremos tudo para nós, só “amamos” a nós mesmos, só
lembramos de nós. É aqui que a empatia se deteriora, quando os
São eles: nossos próprios sentimentos são tão fortes que não permitem har-
01. O tom de voz: é através dele que transmitimos interesse e monização com o outro e passam por cima de tudo.
atenção ao cliente. Ao usarmos um tom frio e distante, passamos
ao cliente, a ideia de desatenção e desinteresse.

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

OS EGOÍSTAS E ORGULHOSOS NÃO PODEM TRABALHAR COM * Atitudes de rejeição.


O PÚBLICO, POIS ELES NÃO TÊM CAPACIDADE DE SE COLOCAR NO É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabilidade,
LUGAR DO OUTRO E ENTENDER OS SEUS SENTIMENTOS E NECES- para que o atendente consiga manter uma atitude positiva com os
SIDADES. clientes e as situações.

Ao contrário dos egoístas, os empáticos são altruístas, pois O ENVOLVIMENTO


as raízes da moralidade estão na empatia. Para concluir, podemos A demonstração de interesse, prestando atenção ao cliente e
lembrar a frase de Saint-Exupéry no livro O Pequeno Príncipe: “Só voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é o caminho para o
se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos“. Isto é verdadeiro sentido de atender.
empatia. Na área de serviços, o produto é o próprio serviço prestado,
PERCEPÇÃO que se traduz na INTERAÇÃO do funcionário com o cliente. Um ser-
PERCEPÇÃO é a capacidade que temos de compreender e cap- viço é, então, um resultado psicológico e pessoal que depende de
tar as situações, o que exige sintonia e é fundamental no processo fatores relacionados com a interação com o outro. Quando o aten-
de atendimento ao público. Para percebermos melhor, precisamos dente tem um envolvimento baixo com o cliente, este percebe com
passar pelo “esvaziamento” de nós mesmos, ficando assim, mais clareza a sua falta de compromisso. As preocupações excessivas, o
próximos do outro. Mas, como é isso? Vamos ficar vazios? É isso trabalho estafante, as pressões exacerbadas, a falta deliderança, o
mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos preconceitos, das nossas an- nível de burocracia, são fatores que contribuem para uma intera-
tipatias, dos nossos medos, dos nossos bloqueios, vamos observar ção fraca com o cliente. Esta fraqueza de envolvimento não permite
as situações na sua totalidade, para entendermos melhor o que o captar a essência dos desejos do cliente, o que se traduz em insatis-
cliente deseja. Vamos ilustrar com um exemplo real: certa vez, em fação. Um exemplo simples disso é a divisão de atenção por parte
uma loja de carros, entra um senhor de aproximadamente 65 anos, do atendente. Quando este divide a atenção no atendimento entre
usando um chapéu de palha, camiseta rasgada e calça amarrada na o cliente e os colegas ou outras situações, o cliente sente-se desres-
cintura por um barbante. Ele entrou na sala do gerente, que imedia- peitado, diminuído e ressentido. A sua impressão sobre a empresa
tamente se levantou pedindo para ele se retirar, pois não era permi- é de fraqueza e o Momento da Verdade é pobre.
tido “pedir esmolas ali “. O senhor com muita paciência, retirou de Esta ação traz consequências negativas como: impossibilidade
um saco plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse: “eu de escutar o cliente, falta de empatia, desrespeito com o seu tem-
quero comprar aquele carro ali”. po, pouca agilidade, baixo compromisso com o atendimento.
Este exemplo, apesar de extremo, é real e retrata claramente o Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutura ade-
que podemos fazer com o outro quando pré-julgamos as situações. quada para o atendimento ao público, obrigando o atendente a di-
Precisamos ver o TODO e não só as partes, pois o todo é muito vidir o seu trabalho entre atendimento pessoal e telefônico, quando
mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que é e não é harmôni- normalmente há um fluxo grande de ambos no setor. Neste caso, o
co e com ele percebemos a essência dos fatos e situações. ideal seria separar os dois tipos de atendimento, evitando proble-
Ainda falando em PERCEPÇÃO, devemos ter cuidado com a mas desta espécie.
PERCEPÇÃO SELETIVA, que é uma distorção de percepção, na qual Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são:
vemos, escutamos e sentimos apenas aquilo que nos interessa. Esta * atender pessoalmente e interromper com o telefone
seleção age como um filtro, que deixa passar apenas o que convém. * atender o telefone e interromper com o contato direto
Esta filtragem está diretamente relacionada com a nossa condição * sair para tomar café ou lanchar
física-psíquica emocional. Como é isso? Vamos entender: * conversar com o colega do lado sobre o final de semana, fé-
a)Se estou com medo de passar em rua deserta e escura, a rias, namorado, tudo isso no momento de atendimento ao cliente.
sombra do galho de uma árvore pode me assustar, pois eu posso Estes exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como um exibi-
percebê-lo como um braço com uma faca para me apunhalar; cionismo funcional, o que não agrega valor ao trabalho. O cliente
b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de um cheiro deve ser poupado dele.
agradável de comida;
c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a parte mais Os desafios do profissional de atendimento
amena da repreensão e reprimir a mais severa. Mas, nem tudo é tão fácil no trabalho de atender. Algumas si-
Em alguns casos, a percepção seletiva age como mecanismo tuações exigem um alto grau de maturidade do atendente e é nes-
de defesa. tes momentos que este profissional tem a grande oportunidade de
mostrar o seu real valor. Aqui estão duas destas situações.
O ESTADO INTERIOR
O ESTADO INTERIOR, como o próprio nome sugere, é a condi- Encantando o cliente
ção interna, o estado de espírito diante das situações. Fazer apenas o que está definido pela empresa como sendo o
A atitude de quem atende o público está diretamente relacio- seu padrão de atendimento, pode até satisfazer as necessidades do
nada ao seu estado interior. Ou seja, se o atendente mantém um cliente, mas talvez não ultrapasse o normal.
equilíbrio interno, sem tensões ou preocupações excessivas, as suas Encantar o cliente é exatamente aquele algo mais que faz a
atitudes serão mais positivas frente ao cliente. grande diferença no atendimento.
Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensamentos e
sentimentos cultivados pelo atendente. E estes, dão suporte as ati- Atuação extra
tudes frente ao cliente. A ATUAÇÃO EXTRA é uma forma de encantar o cliente que se
Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensamentos ne- caracteriza por atitudes ou ações do atendente, não estabelecidas
gativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e vaidade, as atitudes nos procedimentos de trabalho. É produzir um serviço acima da ex-
advindas deste estado, sofrerão as suas influências e serão: pectativa do cliente.
* Atitudes preconceituosas;
* Atitudes de exclusão e repulsa;
* Atitudes de fechamento;

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Autonomia
Na verdade, a autonomia não deveria estar no encantamento do cliente; ela deveria fazer parte da estrutura da empresa. Mas, nem
sempre a realidade é esta. Colocamos aqui porque o consumidor brasileiro ainda se encanta ao encontrar numa loja, um balconista que
pode resolver as suas queixas sem se dirigir ao gerente.
A AUTONOMIA está diretamente relacionada ao processo de tomada de decisão. Onde existir uma situação na qual o funcionário
precise decidir, deve haver autonomia.
No atendimento ao público, é fundamental haver autonomia do pessoal de linha de frente e é uma das condições básicas para o su-
cesso deste tipo de trabalho.
Mas, para ter autonomia se faz necessário um mínimo de poder para atuar de acordo com a situação e esse poder deve ser conquis-
tado. O poder aos funcionários serve para agilizar o negócio. Às vezes, a falta de autonomia se relaciona com fraca liderança do chefe.
Para o cliente, a autonomia traduz a ideia de agilidade, desburocratização, respeito, compromisso, organização.
Com ela, o cliente não é jogado de um lado para o outro , não precisa passear pela empresa, ouvindo dos atendentes: “Esse assunto
eu não resolvo; é só com o fulano; procure outro setor...”
A autonomia na ponta, na linha de frente, demonstra que a empresa está totalmente voltada para o cliente, pois todo o sistema fun-
ciona para atendê-lo integralmente, e essa postura é vital, visto que a imagem transmitida pelo atendente é a imagem que será gerada no
cliente em relação à organização, dessa forma, ao atender, o atendente precisa se lembrar que naquele cargo, ele representa uma marca,
uma instituição, um nome, e que todas as suas atitudes devem estar em conformidade com a proposta de visão que essa organização
possui, focando sempre em um atendimento efetivamente eficaz e de qualidade.

ARQUIVOS, CONCEITOS, SISTEMAS E PRÁTICAS

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados durante a atu-
ação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam ser registradas em documentos
de arquivos.

A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências) nos dá sobre
arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições
de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que
seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.


“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus sucessores, para fins de prova ou
informação”, CONARQ.

“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas ativi-
dades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950) (citado por PAES, Marilena Leite,
1986).

“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua ativida-
de, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.” (PAES, Marilena Leite, 1986).

De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para conservar o acer-
vo.

A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes.

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Vejamos:

O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo, que se caracteriza como
um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade, suporte, modo de produção, utilização e
conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por um processo natural que decorre da própria atividade da ins-
tituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma pessoa física, jurídica ou poruma família no exercício das suas atividades ou das
suas funções.

Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.


Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios e por outros,
como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada, são relevantes no estudo da
arquivologia. São eles:

- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influenciou sua produção.

- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua imparcialidade explica-se
pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos aos quais os documentos se referem não funcio-
narão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam com fidelidade os fatos e atos que atestam.

- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresenta o
mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada, guardada e
preservada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.

Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação, que são a Bi-
blioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados, porém, frisa-se que trata-se de
conceitos distintos.
O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:

145
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Arquivos Públicos
Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:
“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos
de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades
privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à institui-
ção arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.»
Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter público – mediante
delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera de governo.

Arquivos Privados
De acordo com a mesma Lei citada acima:
“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decor-
rência de suas atividades.”
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz respeito à pessoa
jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pessoa jurídica de direito público, pois os órgãos que compõe a adminis-
tração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, são também pessoas jurídicas, destituídas de poder político e dotadas de
personalidade jurídica própria, porém, de direito público.
Exemplos:
• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc.
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc.
• Comercial: companhias, empresas, etc.

A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional com formação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Estado. Ele
pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros de documentação, arquivos privados ou públicos, instituições culturais etc.
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da gestão documental, conservação, preservação e disseminação da informa-
ção contida nos documentos, assim como pela preservação do patrimônio documental de um pessoa (física ou jurídica), institução e, em
última instância, da sociedade como um todo.
Também é função do arquivista recuperar informações ou elaborar instrumentos de pesquisas arquivisticas.9

GESTÃO DE DOCUMENTOS.

Um documento (do latim documentum, derivado de docere “ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que compro-
ve a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma afirmação etc. No meio jurídico, documentos são frequentemente sinônimos
de atos, cartas ou escritos que carregam um valor probatório.
Documento arquivístico: Informação registrada, independente da forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer da ativida-
de de uma instituição ou pessoa e que possui conteúdo, contexto e estrutura suficientes para servir de prova dessa atividade.
Administrar, organizar e gerenciar a informação é uma tarefa de considerável importância para as organizações atuais, sejam essas
privadas ou públicas, tarefa essa que encontra suporte na Tecnologia da Gestão de Documentos, importante ferramenta que auxilia na
gestão e no processo decisório.

A gestão de documentos representa um


conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase cor-
rente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para a guarda permanente.
9Adaptado de George Melo Rodrigues

146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Através da Gestão Documental é possível definir qual a politica arquivistica adotada, através da qual, se constitui o patrimônio arqui-
vistico. Outro aspecto importante da gestão documental é definir os responsáveis pelo processo arquivistico.
A Gestão de Documentos é ainda responsável pela implantação do programa de gestão, que envolve ações como as de acesso, preser-
vação, conservação de arquivo, entre outras atividades.
Por assegurar que a informação produzida terá gestão adequada, sua confidencialidade garantida e com possibilidade de ser rastrea-
da, a Gestão de Documentos favorece o processo de Acreditação e Certificação ISO, processos esses que para determinadas organizações
são de extrema importância ser adquirido.
Outras vantagens de se adotar a gestão de documentos é a racionalização de espaço para guarda de documentos e o controle deste a
produção até arquivamento final dessas informações.
A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso adequado da microfilmagem e das tecnologias do Gerenciamento Ele-
trônico de Documentos deve ser efetiva visando à garantia no processo de atualização da documentação, interrupção no processo de
deterioração dos documentos e na eliminação do risco de perda do acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas que permitam
acesso à informação pela internet e intranet.
A Gestão de Documentos no âmbito da administração pública atua na elaboração dos planos de classificação dos documentos, TTD
(Tabela Temporalidade Documental) e comissão permanente de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso rápido à informação e pre-
servação dos documentos.

Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição de documentos.


Esse processo acima descrito de gestão de informação e documentos segue um tramite para que possa ser aplicado de forma eficaz,
é o que chamamos de protocolo.
O protocolo é desenvolvido pelos encarregados das funções pertinentes aos documentos, como, recebimento, registro, distribuição e
movimentação dos documentos em curso.
A finalidade principal do protocolo é permitir que as informações e documentos sejam administradas e coordenadas de forma conci-
sa, otimizada, evitando acúmulo de dados desnecessários, de forma que mesmo havendo um aumento de produção de documentos sua
gestão seja feita com agilidade, rapidez e organização.
Para atender essa finalidade, as organizações adotam um sistema de base de dados, onde os documentos são registrados assim que
chegam à organização.
A partir do momento que a informação ou documento chega é adotado uma rotina lógica, evitando o descontrole ou problemas de-
correntes por falta de zelo com esses, como podemos perceber:

Recebimento:
Como o próprio nome diz, é onde se recebe os documentos e onde se separa o que é oficial e o que é pessoal.
Os pessoais são encaminhados aos seus destinatários.
Já os oficiais podem sem ostensivos e sigilosos. Os ostensivos são abertos e analisados, anexando mais informações e assim encami-
nhados aos seus destinos e os sigilosos são enviados diretos para seus destinatários.

Registro:
Todos os documentos recebidos devem ser registrados eletronicamentecom seu número, nome do remetente, data, assunto dentre
outras informações.
Depois do registro o documento é numerado (autuado) em ordem de chegada.
Depois de analisado o documento ele é classificado em uma categoria de assuntopara que possam ser achados. Neste momento
pode-se ate dar um código a ele.

Distribuição:
Também conhecido como movimentação, é a entrega para seus destinatários internos da empresa. Caso fosse para fora da empresa
seria feita pela expedição.

Tramitação:
A tramitação são procedimentos formais definidas pela empresa.É o caminho que o documento percorre desde sua entrada na empre-
sa até chegar ao seu destinatário (cumprir sua função).Todas as etapas devem ser seguidas sem erro para que o protocolo consiga localizar
o documento. Quando os dados são colocados corretamente, como datas e setores em que o documento caminhou por exemplo, ajudará
aagilizar a sua localização.

Expedição de documentos:
A expedição é por onde sai o documento. Deve-se verificar se faltam folhas ou anexos. Também deve numerar e datar a correspon-
dência no original e nas cópias, pois as cópias são o acompanhamento da tramitação do documento na empresa e serão encaminhadas ao
arquivo. As originais são expedidas para seus destinatários.

Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Sistemas de classificação
O conceito de classificação e o respectivo sistema classificativo a ser adotado, são de uma importância decisiva na elaboração de um
plano de classificação que permita um bom funcionamento do arquivo.
Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes características:
- Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando critérios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto mais simples
forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação da documentação;
- A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do organismo (divisão de competências) ou em última análise, focando a
estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
- Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
- Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classificações mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que se enten-
der conveniente.

A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como forma de agilizar sua
recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso a
esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, o qual reflete a atividade que
o gerou e determina o uso da informação nele contida. A classificação define, portanto, a organização física dos documentos arquivados,
constituindo-se em referencial básico para sua recuperação.
Na classificação, as funções, atividades, espécies e tipos documentais distribuídos de acordo com as funções e atividades desempe-
nhadas pelo órgão.
A classificação deve ser realizada de acordo com as seguintes características:

De acordo com a entidade criadora


- PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de âmbito federal ou estadual ou municipal.
- INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes ou relacionados à instituições educacionais, igrejas, corporações não-lucrativas, sociedades
e associações.
- COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações e companhias.
- FAMILIAR ou PESSOAL - arquivo organizado por grupos familiares ou pessoas individualmente.
.
De acordo com o estágio de evolução (considera-se o tempo de vida de um arquivo)
- ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE - guarda a documentação mais atual e frequentemente consultada. Pode ser mantido
em local de fácil acesso para facilitar a consulta.
- ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO - inclui documentos que vieram do arquivo corrente, porque deixaram de ser
usados com frequência. Mas eles ainda podem ser consultados pelos órgãos que os produziram e os receberam, se surgir uma situação
idêntica àquela que os gerou.
- ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE - nele se encontram os documentos que perderam o valor administrativo e cujo uso
deixou de ser frequente, é esporádico. Eles são conservados somente por causa de seu valor histórico, informativo para comprovar algo
para fins de pesquisa em geral, permitindo que se conheça como os fatos evoluíram.

De acordo com a extensão da atenção


Os arquivos se dividem em:
- ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos operacionais, cumprindo as funções de um arquivo corrente.
- ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os documentos correntes provenientes dos diversos órgãos que integram a
estrutura de uma instituição.

De acordo com a natureza de seus documentos


- ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas formas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias, microformas (fichas
microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles merecem tratamento adequado não apenas quanto ao armazenamento das peças, mas
também quanto ao registro, acondicionamento, controle e conservação.
- ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido como arquivo técnico, é responsável pela guarda os documentos de um determinado
assunto ou setor/departamento específico.

De acordo com a natureza do assunto


- OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não prejudicam a administração;
- SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é limitado, com divulgação restrita.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

De acordo com a espécie - Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos uns


- ADMINISTRATIVO: Referente às atividades puramente admi- sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário. É indicado para
nistrativas; arquivos permanentes e para documentos de grandes dimensões,
- JUDICIAL: Referente às ações judiciais e extrajudiciais; pois evitam marcas e dobras nos mesmos.
- CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orientação jurí- - Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns
dica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres, busca alternativas para atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para arquivos
evitar a esfera judicial. correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição dos
documentos.
De acordo com o grau de sigilo Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arquivo,
- RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação não-au- devemos considerar tantos os métodos quanto os sistemas.
torizada possa comprometer planos, operações ou objetivos neles Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a possibi-
previstos; lidade ou não de recuperação da informação sem o uso de instru-
- SECRETO: Dados ou informações referentes a sistemas, ins- mentos.
talações, projetos, planos ou operações de interesse nacional, a Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de uma
assuntos diplomáticos e de inteligência e a planos ou detalhes, pro- ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro semelhante) para lo-
gramas ou instalações estratégicos, cujo conhecimento não auto- calizar um documento em um arquivo.
rizado possa acarretar dano grave à segurança da sociedade e do Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema
Estado; direto de busca e/ou recuperação, como por exemplo, os métodos
- ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à sobera- alfabético e geográfico.
nia e à integridade territorial nacional, a plano ou operações mi- Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema indi-
litares, às relações internacionais do País, a projetos de pesquisa reto de busca e/ou recuperação, como são os métodos numéricos.
e desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da defesa
nacional e a programas econômicos, cujo conhecimento não autori- A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram classifi-
zado possa acarretar dano excepcionalmente grave à segurança da cados dentre de um mesmo assunto.
sociedade e do Estado. Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organizada e
categorizada previamente para posterior arquivamento.
Arquivamento e ordenação de documentos Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza dos
documentos, podendo ser:10
O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos que
visa ao acondicionamento e armazenamento dos documentos no 1. Arquivamento por assunto
arquivo. Uma das técnicas mais utilizadas para a gestão de documentos
Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades com- é o arquivamento por assunto. Como o próprio nome já adianta,
petentes, o documento deverá ser encaminhado ao seu destino essa técnica consiste em realizar o arquivamento dos documentos
para arquivamento, após receber despacho final. de acordo com o assunto tratado neles.
O arquivamento é a guarda dos documentos no local esta- Isso permite agrupar documentos que tratem de assuntos cor-
belecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa toda a relatos e permite encontrar informações completas sobre deter-
atenção é necessária, pois um documento arquivado erroneamente minada matéria de forma simples e direta, sendo especialmente
poderá ficar perdido quando solicitado posteriormente. interessante para empresas que lidam com um grande volume de
O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o documentos de um mesmo tema.
prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua eliminação.
2. Método alfabético
As operações para arquivamento são: Uma das mais conhecidas técnicas de arquivamento de docu-
1. Verificar se o documento destina-se ao arquivamento; mentos é o método alfabético, que consiste em organizar os docu-
2. Checar a classificação do documento, caso não haja, atribuir mentos arquivados de acordo com a ordem alfabética desses, per-
um código conforme o assunto; mitindo uma consulta mais intuitiva e eficiente.
3. Ordenar os documentos na ordem sequencial; Como a própria denominação já indica, nesse esquema o ele-
4. Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência de mento principal considerado é o nome. Estamos falando sobre um
antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que tratam do método muito usado nas empresas por apresentar a vantagem de
mesmo assunto, por consequência, o mesmo código; ser rápido e simples.
5. Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos – usar No entanto, quando se armazena um número muito grande de
uma pasta para cada código, evitando a classificação “diversos”; informações, é comum que existam alguns erros. Isso acontece de-
6. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes de vido à grande variedade de grafia dos nomes e também ao cansaço
acordo com a ordem estabelecida – cronológica, alfabética, geográ- visual do funcionário.
fica, verificando a existência de cópias e eliminando-as. Caso não Para que a localização e o armazenamento dos documentos
exista o original manter uma única cópia; se tornem mais rápidos, é possível combinar esse método com a
7. Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em cai- escolha de cores. Dessa forma, fica mais simples encontrar a letra
xa ou pasta apropriada, identificando externamente o seu conteúdo procurada.
e registrando a sua localização no documento que o encaminhou. Esse método é conhecido como Variadex e utiliza as cores
8. Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os como elementos auxiliares, com o objetivo de facilitar a localização
documentos/processos estão armazenados. e a recuperação dos documentos. Vale lembrar que essa é somen-
Devemos considerar duas formas de arquivamento: A horizon- te uma variação do método alfabético. É possível, ainda, combinar
tal e a vertical. esse método ao de arquivamento por assunto, usando a ordem al-
fabética para subdividir a organização.
10Adaptado de www.agu.gov.br

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

3. Método numérico 6. Método temático


O método numérico é outra opção de arquivamento e uma óti- Esse é um método que propõe a organização dos documentos
ma escolha para empresas que lidam com um grande volume de por assunto. Assim, a classificação é elaborada pelos assuntos e te-
documentos. Ele consiste em determinar um número sequencial mas básicos, que podem admitir diversas composições.
para cada documento, permitindo sua consulta de acordo com um
índice numérico previamente determinado. 7. Índice onomástico (opcional)
Como o próprio nome indica, esse método é aquele usado Índice de nomes próprios que aparecem no texto. Deve ser uti-
quando os documentos são ordenados por números. É possível es- lizado quando o Coordenador da coleção assim o decidir. Deve ser
colher três formas distintas de utilizá-lo: numérico simples, crono- organizado da mesma maneira que o índice remissivo.
lógico ou dígito-terminal.
Tabela de temporalidade
- Método numérico simples Instrumento de destinação, que determina prazos e condições
Esse método é usado quando o modo de organizar é feito pelo de guarda tendo em vista a transferência, recolhimento, descarte
número da pasta ou do documento em que ele foi arquivado. É mui- de documentos, com a finalidade de garantir o acesso à informação
to utilizado na organização de prontuários médicos, filmes, proces- a quantos dela necessitem.
sos e pastas de funcionários. É um instrumento resultante da atividade de avaliação de do-
cumentos, que consiste em identificar seus valores (primário/ad-
- Método numérico cronológico ministrativo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda,
Um método usado para fazer a organização dos documentos registrando dessa forma, o registra o ciclo de vida dos documen-
por data. É extremamente utilizado para organizar documentos fi- tos.
nanceiros, fotos e outros arquivos em que a data é o elemento es- Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por
sencial para buscar a informação. autoridade competente e divulgada entre os funcionários na ins-
tituição.
- Método numérico dígito-terminal Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os con-
A partir do momento em que se faz uso de números maiores, juntos documentais produzidos e recebidos por uma instituição no
com diversos dígitos, o método simples não é eficiente. Isso ocorre exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente
porque ele acaba se tornando trabalhoso e lento. Por isso, nesse e intermediária, a destinação final – eliminação ou guarda perma-
caso, o mais indicado é utilizar o método dígito-terminal. nente, além de um campo para observações necessárias à sua com-
Nesse método, a ordenação é realizada com base nos dois últi- preensão e aplicação.
mos dígitos. Quando esses são idênticos, a ordenação é dada a par-
tir dos dois dígitos anteriores. Isso acaba tornando o arquivamento Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do
mais ágil e eficiente. instrumento:

4. Método eletrônico 1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais pro-


O método eletrônico consiste em arquivar os documentos de duzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de acordo com
forma eletrônica, realizando sua digitalização — o que permite não as funções e atividades desempenhadas pela instituição.
só organizá-los de diversas formas distintas e de acordo com o mé- Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que
todo que mais se encaixa na organização e nas necessidades da em- contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para
presa, mas fazer sua gestão online e até mesmo remota. agilizar a sua localização na tabela.

5. Método geográfico 2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arqui-


Esse método é aquele usado quando os documentos apresen- vamento dos documentos nas fases corrente e intermediária, visan-
tam a sua organização por meio do local, isto é, quando a empresa do atender exclusivamente às necessidades da administração que
escolhe classificar os documentos a partir de seu local de origem. os gerou.
No entanto, de acordo com a literatura arquivística, duas normas Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos:
precisam ser empregadas para que o método geográfico seja utili- até aprovação das contas; até homologação daaposentadoria; e até
zado de forma adequada. Confira! quitação da dívida.
- Norma do método geográfico 1 - Os prazos são preferencialmente em ANOS
Quando os documentos são organizados por país ou por es- - Os prazos são determinados pelas: - Normas
tado, eles precisam ser ordenados alfabeticamente. Dessa forma, - Precaução
fica mais fácil localizá-los depois. Isso vale também para as cidades - Informações recaptulativas
de um mesmo país ou estado: sempre postas em ordem alfabética. - Frequência de uso
Nesse caso, as capitais precisam aparecer no início da lista, uma vez
que elas são, normalmente, as mais procuradas, tendo uma quanti-
dade maior de documentos.
- Norma do método geográfico 2
Ao realizar um arquivamento por cidades, quando não existe
separação por estado, não há a exigência de que as capitais fiquem
no início. A ordem vai ser simplesmente alfabética. Entretanto, ao
final de cada cidade, o estado a que ela corresponde precisa apare-
cer na identificação.

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da tabela.
Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação dos documentos,
segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.

A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO.

Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados procedimentos específicos,
de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação durante o prazo de guarda estabelecido na
tabela de temporalidade e destinação.

Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que hoje em dia está cada vez mais presente. As alternativas são diversas,
como dispositivos externos de gravação,porém, o mais indicado hoje, é armazenar os dados em nuvem, que oferece além da segurança,
a facilidade de acesso.

Armazenamento
Áreas de armazenamento

Áreas Externas
A localização de um depósito de arquivo deve prever facilidades de acesso e de segurança contra perigos iminentes, evitando-se, por
exemplo:
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de inundações, como margens de rios e subsolos;
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e construções irregulares;
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices de poluição atmosférica, como refinarias de petróleo;
- áreas próximas a instalações estratégicas, como indústrias e depósitos de munições, de material bélico e aeroportos.

Áreas Internas
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão atender às necessidades de funcionalidade e conforto, enquanto as de arma-
zenamento de documentos devem ser totalmente independentes das demais.

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Condições Ambientais Acondicionamento


Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa e de tra- Os documentos devem ser acondicionados em mobiliário e in-
balho devem receber tratamento diferenciado das áreas dos depó- vólucros apropriados, que assegurem sua preservação.
sitos, as quais, por sua vez, também devem se diferenciar entre si, A escolha deverá ser feita observando-se as características fí-
considerando-se as necessidades específicas de preservação para sicas e a natureza de cada suporte. A confecção e a disposição do
cada tipo de suporte. mobiliário deverão acatar as normas existentes sobre qualidade e
resistência e sobre segurança no trabalho.
A deterioração natural dos suportes dos documentos, ao longo O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos, promove
do tempo, ocorre por reações químicas, que são aceleradas por flu- a proteção contra danos físicos, químicos e mecânicos. Os docu-
tuações e extremos de temperatura e umidade relativa do ar e pela mentos devem ser guardados em arquivos, estantes, armários ou
exposição aos poluentes atmosféricos e às radiações luminosas, es- prateleiras, apropriados a cada suporte e formato.
pecialmente dos raios ultravioleta. Os documentos de valor permanente que apresentam grandes
A adoção dos parâmetros recomendados por diferentes auto- formatos, como mapas, plantas e cartazes, devem ser armazenados
res (de temperatura entre 15° e 22° C e de umidade relativa en- horizontalmente, em mapotecas adequadas às suas medidas, ou
tre 45% e 60%) exige, nos climas quentes e úmidos, o emprego de enrolados sobre tubos confeccionados em cartão alcalino e acon-
meios mecânicos sofisticados, resultando em altos custos de inves- dicionados em armários ou gavetas. Nenhum documento deve ser
timento em equipamentos, manutenção e energia. armazenado diretamente sobre o chão.
Os índices muito elevados de temperatura e umidade relativa As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de compu-
do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação promovem a ocor- tador, devem ser armazenadas longe de campos magnéticos que
rência de infestações de insetos e o desenvolvimento de microorga- possam causar a distorção ou a perda de dados. O armazenamento
nismos, que aumentam as proporções dos danos. será preferencialmente em mobiliário de aço tratado com pintura
Com base nessas constatações, recomenda-se: sintética, de efeito antiestático.
- armazenar todos os documentos em condições ambientais As embalagens protegem os documentos contra a poeira e da-
que assegurem sua preservação, pelo prazo de guarda estabeleci- nos acidentais, minimizam as variações externas de temperatura e
do, isto é, em temperatura e umidade relativa do ar adequadas a umidade relativa e reduzem os riscos de danos por água e fogo em
cada suporte documental; casos de desastre.
- monitorar as condições de temperatura e umidade relativa do As caixas de arquivo devem ser resistentes ao manuseio, ao
ar, utilizando pessoal treinado, a partir de metodologia previamen- peso dos documentos e à pressão, caso tenham de ser empilhadas.
te definida; Precisam ser mantidas em boas condições de conservação e limpe-
- utilizar preferencialmente soluções de baixo custo direciona- za, de forma a proteger os documentos.
das à obtenção de níveis de temperatura e umidade relativa estabi- As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem respeitar for-
lizados na média, evitando variações súbitas; matos padronizados, e devem ser sempre iguais às dos documentos
- reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos quando que irão abrigar, ou, caso haja espaço, esses devem ser preenchidos
os equipamentos de climatização não puderem ser mantidos em para proteger o documento.
funcionamento sem interrupção; Todos os materiais usados para o armazenamento de docu-
- proteger os documentos e suas embalagens da incidência di- mentos permanentes devem manter-se quimicamente estáveis ao
reta de luz solar, por meio de filtros, persianas ou cortinas; longo do tempo, não podendo provocar quaisquer reações que afe-
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial das radia- tem a preservação dos documentos.
ções ultravioleta; Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e invó-
- reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâmpadas fluo- lucros devem ser alcalinos e corresponder às expectativas de pre-
rescentes, aplicando filtros bloqueadores aos tubos ou às luminá- servação dos documentos.
rias; No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino, reco-
- promover regularmente a limpeza e o controle de insetos ras- menda-se o uso de invólucros internos de papel alcalino, para evitar
teiros nas áreas de armazenamento; o contato direto de documentos com materiais instáveis.11
- manter um programa integrado de higienização do acervo e
de prevenção de insetos;
- monitorar as condições do ar quanto à presença de poeira e PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DE ARQUI-
poluentes, procurando reduzir ao máximo os contaminantes, uti- VO.
lizando cortinas, filtros, bem como realizando o fechamento e a A manutenção dos documentos pelo prazo determinado na ta-
abertura controlada de janelas; bela de temporalidade dependem de três aspectos:
- armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios magnéticos
e ópticos em condições climáticas especiais, de baixa temperatura Fatores de deterioração em acervos de arquivos
e umidade relativa, obtidas por meio de equipamentos mecânicos Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes dos
bem dimensionados, sobretudo para a manutenção da estabilidade acervos e seu comportamento diante dos fatores aos quais estão
dessas condições, a saber: fotografias em preto e branco T 12ºC ± expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos nocivos e tra-
1ºC e UR 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± 1ºC e UR 35% ± 5% çar políticas de conservação para minimizá-los.
filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e UR 40% ± 5%. A grande maioria dos arquivos é constituída de documentos
impressos, e o papel é basicamente composto por fibras de celulo-
se, portanto, identificar os principais agentes nocivos da celulose e
descobrir soluções para evita-los é um grande passo na preservação
e na conservação documental.

11Adaptado de CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/


www.eboxdigital.com.br

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Essa degradação à qual os acervos estão sujeitos não se limita - Roedores


a um único fator, pelo contrário, são várias as formas dessa degra- A presença de roedores em recintos de bibliotecas e arquivos
dação ocorrer, como veremos a seguir: ocorre pelos mesmos motivos citados acima. Tentar obstruir as pos-
síveis entradas para os ambientes dos acervos é um começo. As is-
1. Fatores ambientais cas são válidas, mas para que surtam efeito devem ser definidas por
São os agentes encontrados no ambiente físico do acervo, especialistas em zoonose. O produto deve ser eficiente, desde que
como por exemplo, Temperatura, Umidade Relativa do Ar, Radiação não provoque a morte dos roedores no recinto. A profilaxia se faz
da Luz, Qualidade do Ar. nos mesmos moldes citados acima: temperatura e umidade relativa
- Temperatura e umidade relativa controladas, além de higiene periódica.
O calor e a umidade contribuem significativamente para a des-
truição dos documentos, principalmente quando em suporte-pa- - Ataques de insetos
pel. O desequilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. O calor Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto revestimen-
acelera a deterioração. A velocidade de muitas reações químicas, é tos, provocam perdas de superfície e manchas de excrementos. As
dobrada a cada aumento de 10°C. A alteração da umidade relativa baratas se reproduzem no próprio local e se tornam infestação mui-
proporciona as condições necessárias para desencadear intensas to rapidamente, caso não sejam combatidas.
reações químicas nos materiais. Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos imensos
A circulação do ar ambiente representa um fator bastante im- em acervos, principalmente em livros. A fase de ataque ao acervo
portante para amenizar os efeitos da temperatura e umidade rela- é a de larva. Esse inseto se reproduz por acasalamento, que ocorre
tiva elevada. no próprio acervo. Uma vez instalado, ataca não só o papel e seus
derivados, como também a madeira do mobiliário, portas, pisos e
- Radiação da luz todos os materiais à base de celulose.
Toda fonte de luz, emite radiação nociva aos materiais de acer- O ataque causa perda de suporte. A larva digere os materiais
vos, provocando consideráveis danos através da oxidação. para chegar à fase adulta. Na fase adulta, acasala e põe ovos. Os
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção dos acer- ovos eclodem e o ciclo se repete.
vos: Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não só para
- As janelas devem ser protegidas por cortinas ou persianas que as coleções como para o prédio em si. Os cupins percorrem áreas
bloqueiem totalmente o sol; internas de alvenaria, tubulações, conduítes de instalações elétri-
- Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no controle cas, rodapés, batentes de portas e janelas etc., muitas vezes fora do
da radiação UV, tanto nos vidros de janelas quanto em lâmpadas alcance dos nossos olhos.
fluorescentes. Chegam aos acervos em ataques massivos, através de estantes
coladas às paredes, caixas de interruptores de luz, assoalhos etc.
- Qualidades do ar
O controle da qualidade é muito importante porque os gases e 3. Intervenções inadequadas nos acervos
as partículas sólidas contribuem muito para a deterioração de ma- Trata-se de procedimentos de conservação que realizamos em
teriais de bibliotecas e arquivos, destacando que esses poluentes um conjunto de documentos com o objetivo de interromper ou me-
podem tanto vir do ambiente externo como podem ser gerando no lhorar seu estado de degradação e que as vezes, resultam em danos
próprio ambiente. ainda maiores.
Por isso, qualquer tratamento que se queira aplicar exige um
2. Agentes biológicos conhecimento das características individuais dos documentos e dos
Os agentes biológicos de deterioração de acervos são, entre materiais a serem empregados no processo de conservação.
outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os roedores e os fun-
gos, cuja presença depende quase que exclusivamente das condi- 4. Problemas no manuseio de livros e documentos
ções ambientais reinantes nas dependências onde se encontram os O manuseio inadequado dos documentos é um fator de degra-
documentos. dação muito frequente em qualquer tipo de acervo.
O manuseio abrange todas as ações de tocar no documento,
- Fungos sejam elas durante a higienização pelos funcionários da instituição,
Como qualquer outro ser vivo, necessitam de alimento e umi- na remoção das estantes ou arquivos para uso do pesquisador, nas
dade para sobreviver e proliferar. O alimento provém dos papéis, foto-reproduções, na pesquisa pelo usuário etc.
amidos (colas), couros, pigmentos, tecidos etc. A umidade é fator
indispensável para o metabolismo dos nutrientes e para sua pro- 5. Fatores de deterioração
liferação. Essa umidade é encontrada na atmosfera local, nos ma- Como podemos ver, os danos são intensos e muitos são irrever-
teriais atacados e na própria colônia de fungos. Além da umidade síveis. Apesar de toda a problemática dos custos de uma política de
e nutrientes, outras condições contribuem para o crescimento das conservação, existem medidas que podemos tomar sem despender
colônias: temperatura elevada, falta de circulação de ar e falta de grandes somas de dinheiro, minimizando drasticamente os efeitos
higiene. desses agentes. Alguns investimentos de baixo custo devem ser fei-
As medidas para proteger o acervo de infestação de fungos são: tos, a começar por:
- estabelecer política de controle ambiental, principalmente - treinamento dos profissionais na área da conservação e pre-
temperatura, umidade relativa e ar circulante servação;
- praticar a higienização tanto do local quanto dos documentos, - atualização desses profissionais (a conservação é uma ciência
com metodologia e técnicas adequadas; em desenvolvimento constante e a cada dia novas técnicas, mate-
- instruir o usuário e os funcionários com relação ao manuseio riais e equipamentos surgem para facilitar e melhorar a conserva-
dos documentos e regras de higiene do local; ção dos documentos);
- manter vigilância constante dos documentos contra acidentes - monitoração do ambiente – temperatura e umidade relativa
com água, secando-os imediatamente caso ocorram. em níveis aceitáveis;

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- uso de filtros e protetores contra a luz direta nos documentos; - Oxigenar as folhas várias vezes.
- adoção de política de higienização do ambiente e dos acervos;
- contato com profissionais experientes que possam assessorar - Higienização de documentos de arquivo - materiais arquivís-
em caso de necessidade. ticos têm os seus suportes geralmente quebradiços, frágeis, distor-
cidos ou fragmentados. Isso se deve principalmente ao alto índice
6. Características gerais dos materiais empregados em con- de acidez resultante do uso de papéis de baixa qualidade. As más
servação condições de armazenamento e o excesso de manuseio também
Nos projetos de conservação/preservação de acervos de biblio- contribuem para a degradação dos materiais. Tais documentos têm
tecas, arquivos e museus, é recomendado apenas o uso de mate- que ser higienizados com muito critério e cuidado.
riais de qualidade arquivística, isto é, daqueles materiais livres de
quaisquer impurezas, quimicamente estáveis, resistentes, duráveis. - Documentos manuscritos - os mesmos cuidados para com os
Suas características, em relação aos documentos onde são aplica- livros devem ser tomados em relação aos manuscritos. O exame
dos, distinguem-se pela estabilidade, neutralidade, reversibilidade dos documentos, testes de estabilidade de seus componentes para
e inércia.Dentro das especificações positivas, encontramos vários o uso dos materiais de limpeza mecânica e critérios de intervenção
materiais: os papéis e cartões alcalinos, os poliésteres inertes, os devem ser cuidadosamente realizados.
adesivos alcalinos e reversíveis, os papéis orientais, borrachas plás-
ticas etc., usados tanto para pequenas intervenções sobre os docu- - Documentos em grande formato
mentos como para acondicionamento. - Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura (no ge-
ral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de borracha, após
7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais para a testes. Pode-se também usar um cotonete - bem enxuto e embebi-
conservação de acervos do em álcool. Muito sensíveis à água, esses papéis podem ter dis-
Como já enfatizamos anteriormente, é muito importante ter torções causadas pela umidade que são irreversíveis ou de difícil
conhecimentos básicos sobre os materiais que integram nossos remoção.
acervos para que não corramos o risco de lhes causar mais danos. - Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters são muito
Vários são os procedimentos que, apesar de simples, são de frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica. Todo cuidado é
grande importância para a estabilização dos documentos. pouco, até mesmo na escolha de seu acondicionamento.
- Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma atenção es-
8. Higienização pecial na limpeza. Em mapas impressos, desde que em boas condi-
A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta os docu- ções, o pó de borracha pode ser aplicado para tratar grandes áreas.
mentos. A sujidade não é inócua e, quando conjugada a condições
ambientais inadequadas, provoca reações de destruição de todos 9. Pequenos reparos
os suportes num acervo. Portanto, a higienização das coleções deve Os pequenos reparos são diminutas intervenções que pode-
ser um hábito de rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos, mos executar visando interromper um processo de deterioração
razão por que é considerada a conservação preventiva por excelên- em andamento. Essas pequenas intervenções devem obedecer a
cia. critérios rigorosos de ética e técnica e têm a função de melhorar o
- Processos de higienização estado de conservação dos documentos. Caso esses critérios não
- Limpeza de superfície - o processo de limpeza de acervos de sejam obedecidos, o risco de aumentar os danos é muito grande e
bibliotecas e arquivos se restringe à limpeza de superfície e, por- muitas vezes de caráter irreversível.
tanto, é mecânica, feita a seco, com o objetivo de reduzir poeira, Os livros raros e os documentos de arquivo mais antigos de-
partículas sólidas, incrustações, resíduos de excrementos de insetos vem ser tratados por especialistas da área. Os demais documentos
ou outros depósitos de superfície. permitem algumas intervenções, de simples a moderadas. Os ma-
- Avaliação do objeto a ser limpo - cada objeto deve ser avalia- teriais utilizados para esse fim devem ser de qualidade arquivística
do individualmente para determinar se a higienização é necessária e de caráter reversível. Da mesma forma, toda a intervenção deve
e se pode ser realizada com segurança. No caso de termos as condi- obedecer a técnicas e procedimentos reversíveis. Isso significa que,
ções abaixo, provavelmente o tratamento não será possível: caso seja necessário reverter o processo, não pode existir nenhum
• Fragilidade física do suporte obstáculo na técnica e nos materiais utilizados.
• Papéis de textura muito porosa
- Materiais usados para limpeza de superfície - a remoção da Toda e qualquer procedimento acima citada obrigatoriamente
sujidade superficial (que está solta sobre o documento) é feita deve ser feito com o uso dos EPIs – Equipamentos de Proteção Indi-
através de pincéis, flanela macia, aspirador e inúmeras outras fer- vidual – tais como avental, luva, máscara, toucas, óculos de prote-
ramentas que se adaptam à técnica, como bisturi, pinça, espátula, ção e pró-pé/bota, a fim de evitar diversas manifestações alérgicas,
agulha, cotonete; como rinite, irritação ocular, problemas respiratórios, protegendo
assim a saúde do profissional.12
- Limpeza de livros
- Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, pincel ma- PROTOCOLO:
cio, aspirador, flanela macia, conforme o estado da encadernação; Protocolo é o setor responsável pelo recebimento, registro,
- Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela lombada, distribuição, controle da tramitação e expedição de documentos,
apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel, limpar os cortes, com vistas ao favorecimento de informações aos usuários internos
começando pela cabeça do livro, que é a área que está mais exposta e externos.
à sujidade. Quando a sujeira está muito incrustada e intensa, utili- O protocolo compreende um conjunto de operações que pos-
zar, primeiramente, aspirador de pó de baixa potência ou ainda um sibilita o controle do fluxo documental (local por onde passa os do-
pedaço de carpete sem uso; cumentos no órgão/instituição) viabilizado a sua recuperação e o
- O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha, numa primei- acesso a informação.
ra higienização;
12Adaptado de Norma Cianflone Cassares

154
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Centralização Autuação:

Por sistema centralizado entende-se não apenas a reunião de Após o registro, os documentos são numerados (autuados)
documentação em um único local, como também todas as ativida- conforme sua ordem de chegada ao arquivo. A palavra autuação
des de controle – recebimento, registro, distribuição, movimenta- também significa a criação de processo.
ção e expedição – de documentos de uso corrente em um único Fonte: https://resumosparaconcursos.com.br/2018/02/26/
órgão de estrutura organizacional. protocolo-recebimento-registro-distribuicao-tramitacao-e-expedi-
Dentre as várias vantagens que um sistema centralizado ofere- cao-de-documentos-resumo/
ce, citam-se:
Expedição de documentos:
-treinamento mais eficiente de pessoal de arquivo;
-maiores possibilidades de padronização de normas e proce- Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos de-
dimentos; vem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou reco-
-nítida delimitação de responsabilidades; lhimento. É nesta etapa que a expedição de documentos torna-se
-constituição de conjuntos arquivísticos mais completos; importante, pois por meio dela, fica mais fácil fazer uma avaliação
-redução dos custos operacionais; do documento, podendo-se assim decidir de uma forma mais con-
fiável, o destino do documento. Dentre as recomendações com re-
Descentralização lação a expedição de documentos, destacam-se:
• Receber a correspondência, verificando a falta de anexos
A Descentralização funciona sob a ideia de que cada departa- e completando dados;
mento tenha seus arquivos e possa tomar suas decisões mais rapi- • Separar as cópias, expedindo o original;
damente sem precisar requisitar determinados documentos em um • Encaminhar as cópias ao Arquivo.
setor especializado. É válido ressaltar que as rotinas acima descritas não valem
Uma vez constatada a necessidade de descentralização para como regras, visto que cada instituição possui suas tipologias do-
facilitar o fluxo de informações, esta deverá ser aplicada em nível cumentais, seus métodos de classificação, enfim, surgem situações
de departamento, isto é, deverá ser mantido um arquivo junto a diversas. Servem apenas como exemplos para a elaboração de roti-
cada departamento, onde estarão reunidos todos os documentos nas em cada instituição.
de sua área de atuação, incluindo os produzidos e recebidos pelas Fonte: http://resumosparaconcursos.com.br/2018/02/26/pro-
divisões e seções que o compõem. Para completar o sistema, de- tocolo-recebimento-registro-distribuicao-tramitacao-e-expedicao-
verá ser mantido também um arquivo para a documentação dos -de-documentos-resumo/
órgãos administrativos.
LEI N° 8.159, DE 8 DE JANEIRO DE 1991.
Vantagens:
Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados
agilizar o controle e dá outras providências.
agilizar acesso a documentos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
otimizar as tomadas de decisões cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Recebimento:
Inclui a atividade de receber os documentos e efetuar a sepa- CAPÍTULO I
ração em duas categorias: DISPOSIÇÕES GERAIS
-oficial, que trata de matéria de interesse institucional.
-particular, que trata de conteúdo de interesse pessoal. Art. 1º - É dever do Poder Público a gestão documental e a pro-
teção especial a documentos de arquivos, como instrumento de
Os documentos oficiais são divididos em ostensivos e sigilosos. apoio à administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e
Aqueles de natureza ostensiva deverão ser abertos e analisados. como elementos de prova e informação.
No momento da análise, deverá ser verificada a existência de ou- Art. 2º - Consideram-se arquivos, para os fins desta Lei, os con-
tros registros relacionados ao documento recebido, para se fazer juntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos,
a devida referência. Os documentos de natureza sigilosa e aqueles instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrên-
de natureza particular deverão ser encaminhados diretamente aos cia do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa fí-
respectivos destinatários. sica, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos
documentos.
Registro : Art. 3º - Considera-se gestão de documentos o conjunto de
procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção,
Os documentos recebidos pelo protocolo são registrados em tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e in-
formulários ou em sistemas eletrônicos, nos quais serão descritos termediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda
os dados referentes ao seu número, nomedo remetente, data e permanente.
assunto, espécie, entre outros elementos. Os elementos utilizados Art. 4º - Todos têm direito a receber dos órgãos públicos in-
para o registro de documentos nos serviços de protocolo são meta- formações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou
dados desses documentos. geral, contidas em documentos de arquivos, que serão prestadas
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
cujos sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Esta-
do, bem como à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da
honra e da imagem das pessoas.

155
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Art. 5º - A Administração Pública franqueará a consulta aos do- Art. 16 - Os registros civis de arquivos de entidades religiosas
cumentos públicos na forma desta Lei. produzidos anteriormente à vigência do Código Civil ficam identifi-
Art. 6º - Fica resguardado o direito de indenização pelo dano cados como de interesse público e social. Regulamento
material ou moral decorrente da violação do sigilo, sem prejuízo das
ações penal, civil e administrativa. CAPÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE INSTITUIÇÕES
CAPÍTULO II ARQUIVÍSTICAS PÚBLICAS
DOS ARQUIVOS PÚBLICOS
Art. 17 - A administração da documentação pública ou de cará-
Art. 7º - Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos ter público compete às instituições arquivísticas federais, estaduais,
produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos do Distrito Federal e municipais.
públicos de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e munici- § 1º - São Arquivos Federais o Arquivo Nacional os do Poder
pal em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e Executivo, e os arquivos do Poder Legislativo e do Poder Judiciá-
judiciárias. Regulamento rio. São considerados, também, do Poder Executivo os arquivos do
§ 1º - São também públicos os conjuntos de documentos pro- Ministério da Marinha, do Ministério das Relações Exteriores, do
duzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entida- Ministério do Exército e do Ministério da Aeronáutica.
des privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercí- § 2º - São Arquivos Estaduais os arquivos do Poder Executivo, o
cio de suas atividades. arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do Poder Judiciário.
§ 2º - A cessação de atividades de instituições públicas e de § 3º - São Arquivos do Distrito Federal o arquivo do Poder Exe-
caráter público implica o recolhimento de sua documentação à cutivo, o Arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do Poder Judici-
instituição arquivística pública ou a sua transferência à instituição ário.
sucessora. § 4º - São Arquivos Municipais o arquivo do Poder Executivo e
Art. 8º - Os documentos públicos são identificados como cor- o arquivo do Poder Legislativo.
rentes, intermediários e permanentes. § 5º - Os arquivos públicos dos Territórios são organizados de
§ 1º - Consideram-se documentos correntes aqueles em curso acordo com sua estrutura político-jurídica.
ou que, mesmo sem movimentação, constituam objeto de consul- Art. 18 - Compete ao Arquivo Nacional a gestão e o recolhimen-
tas frequentes. to dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo
§ 2º - Consideram-se documentos intermediários aqueles que, Federal, bem como preservar e facultar o acesso aos documentos
não sendo de uso corrente nos órgãos produtores, por razões de in- sob sua guarda, e acompanhar e implementar a política nacional
teresse administrativo, aguardam a sua eliminação ou recolhimento de arquivos.
para guarda permanente. Parágrafo único - Para o pleno exercício de suas funções, o Ar-
§ 3º - Consideram-se permanentes os conjuntos de documen- quivo Nacional poderá criar unidades regionais.
tos de valor histórico, probatório e informativo que devem ser defi- Art. 19 - Competem aos arquivos do Poder Legislativo Federal
nitivamente preservados. a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos
Art. 9º - A eliminação de documentos produzidos por institui- pelo Poder Legislativo Federal no exercício das suas funções, bem
ções públicas e de caráter público será realizada mediante autori- como preservar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda.
zação da instituição arquivística pública, na sua específica esfera de Art. 20 - Competem aos arquivos do Poder Judiciário Federal a
competência. gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos
Art. 10º - Os documentos de valor permanente são inalienáveis pelo Poder Judiciário Federal no exercício de suas funções, tramita-
e imprescritíveis.
dos em juízo e oriundos de cartórios e secretarias, bem como pre-
servar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda.
CAPÍTULO III
Art. 21 - Legislação estadual, do Distrito Federal e municipal
DOS ARQUIVOS PRIVADOS
definirá os critérios de organização e vinculação dos arquivos esta-
duais e municipais, bem como a gestão e o acesso aos documentos,
Art. 11 - Consideram-se arquivos privados os conjuntos de do-
observado o disposto na Constituição Federal e nesta Lei.
cumentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas,
em decorrência de suas atividades. Regulamento
CAPÍTULO V
Art. 12 - Os arquivos privados podem ser identificados pelo Po-
der Público como de interesse público e social, desde que sejam DO ACESSO E DO SIGILO DOS DOCUMENTOS PÚBLICOS
considerados como conjuntos de fontes relevantes para a história e
desenvolvimento científico nacional. Regulamento Art. 22 - (Revogado pela Lei nº 12.527, de 2011)
Art. 13 - Os arquivos privados identificados como de interesse Art. 23 - (Revogado pela Lei nº 12.527, de 2011)
público e social não poderão ser alienados com dispersão ou perda Art. 24 - (Revogado pela Lei nº 12.527, de 2011)
da unidade documental, nem transferidos para o exterior. Regula-
mento DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo único - Na alienação desses arquivos o Poder Público
exercerá preferência na aquisição. Art. 25 - Ficará sujeito à responsabilidade penal, civil e adminis-
Art. 14 - O acesso aos documentos de arquivos privados iden- trativa, na forma da legislação em vigor, aquele que desfigurar ou
tificados como de interesse público e social poderá ser franqueado destruir documentos de valor permanente ou considerado como de
mediante autorização de seu proprietário ou possuidor. Regula- interesse público e social.
mento Art. 26 - Fica criado o Conselho Nacional de Arquivos (CO-
Art. 15 - Os arquivos privados identificados como de interesse NARQ), órgão vinculado ao Arquivo Nacional, que definirá a política
público e social poderão ser depositados a título revogável, ou doa- nacional de arquivos, como órgão central de um Sistema Nacional
dos a instituições arquivísticas públicas. Regulamento de Arquivos (SINAR).

156
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 1º - O Conselho Nacional de Arquivos será presidido pelo Di- Sistema GED


retor-Geral do Arquivo Nacional e integrado por representantes de O Gerenciamento Eletrônico de Documentos é uma maneira
instituições arquivísticas e acadêmicas, públicas e privadas. eficiente de organizar e armazenar os microfilmes.
§ 2º - A estrutura e funcionamento do conselho criado neste Conheça o Keeva, é um GED moderno, com tecnologia de bus-
artigo serão estabelecidos em regulamento. ca apurada, não ocupa espaço no seu computador pessoal ou ser-
Art. 27 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. vidor corporativo. Ainda possui um workflow onde o administrador
Art. 28 -Revogam-se as disposições em contrário. define hierarquia e o que cada funcionário tem acesso.
Mais uma vantagem do Keeva é o compartilhamento desses
MICROFILMAGEM documentos com qualquer outra plataforma e ferramentas de ges-
tão documental.
A microfilmagem é uma metodologia utilizada para a preser- O GED também é uma ótima opção pela segurança que propor-
vação de informações e dos arquivos. Consiste na captação da ima- ciona aos usuários e empresas e o Keeva tem um diferencial impor-
gem através de processo fotográfico. tante para os outros softwares: seu armazenamento é em nuvem,
Os arquivos são consideravelmente reduzidos através da mi- podendo ser acessado de qualquer lugar.
crofilmagem, tornando-se um método de armazenamento prático
e eficiente. PARA QUEM É INDICADO?
Esse sistema ainda permite a conversão do microfilme em ima- É indicada para organizações que buscam preservar documen-
gem digital, possibilitando rapidez no acesso e busca a partir do ge- tos originais por muito tempo e desejam reduzir o espaço físico
renciamento eletrônico de documentos – GED. ocupado por eles.
Com a microfilmagem, é possível atingir os mais elevados níveis
de qualidade e produtividade, e executar várias funções simultane- VANTAGENS E BENEFÍCIOS:
amente, tais como a captura da imagem do documento e a sua in-
-Evita a deterioração dos documentos e elimina o risco de per-
dexação automática online através da leitura de códigos de barras.
da do acervo;
-Dificulta a ação de falsificadores;
O que é microfilme
-Durabilidade garantida pelas normas ISO e ANSI de aproxima-
Microfilme é uma mídia analógica que utiliza o meio fotográ-
fico como forma de armazenamento de informações. A sua forma damente 500 anos.
mais padronizada é um rolo de filme fotográfico de 16mm de largu- -O microfilme não é afetado pela obsolescência dos sistemas
ra em preto e branco. digitais, pois sua imagem é analógica;
-As imagens são digitalizadas e disponibilizadas em mídia com
Lei 5.433/68 – Lei da microfilmagem alto padrão de qualidade.
A Lei 5.433 foi aprovada em 1968, e é essencial para o exercício -A legislação em vigor confere autenticidade, integridade e le-
da microfilmagem no Brasil. Ela permite a atividade e garante a au- galidade às imagens dos documentos microfilmados, permitindo a
tenticidade do microfilme dando às imagens o mesmo valor jurídico substituição do suporte em papel. Desse modo um documento em
que o documento original. microfilme possui amparo legal, tornando-o assim autêntico e fiel
Essa é uma das vantagens que outras formas de compactação ao documento original em papel.
não trazem. A legislação exige que os microfilmes e os originais dos
documentos microfilmados sejam preservados em locais distintos ETAPAS DA MICROFILMAGEM:
para efeitos de segurança. Os documentos são digitalizados e indexados de forma que fa-
Esta parte da legislação traz uma segurança a mais, pois evita cilite o controle e localização;
perdas definitivas na hipótese de os microfilmes serem danificados. Após a captura e organização as informações são armazenadas
Ainda há diversas outras disposições legais, porém elas agem con- em microfilme;
juntamente com o decreto regulamentador. Os documentos são armazenados de maneira permanente e
ficam protegidos e preservados contra alterações e mudanças tec-
Organização documental nológicas.
A microfilmagem por si só é parte da organização documental, Fonte: https://netscandigital.com/blog/microfilmagem-docu-
uma vez que o processo faz a condensação dos documentos e os mentos-funciona/
ordena devidamente.
Os microfilmes podem ser transformados em arquivos digitais Gestão Eletrônica de Documentos (GED)
para proporcionar mais facilidade na circulação das informações.
A principal vantagem do microfilme para a gestão documen-
Com o avanço das tecnologias, o meio de produção e registro
tal é que a Lei da Microfilmagem 5.433/68 confere autenticidade,
das funções e atividades das instituições e governos passaram a ser
integridade e legalidade (leia as leis) às imagens dos documentos
em meio eletrônico e principalmente em formato digital. Com isso,
microfilmados, permitindo a substituição do suporte em papel.
o gerenciamento dos documentos convencionais e digitais começa
Desse modo um documento em microfilme possui amparo le-
gal, tornando-o assim autêntico e fiel ao documento original em a ser feito por meio de um sistema informatizado conhecido como
papel. gerenciamento eletrônico de documentos (GED).
“Gerenciamento eletrônico de documentos ou Gestão eletrô-
nica de documentos (GED) é uma tecnologia que provê um meio
de facilmente gerar, controlar, armazenar, compartilhar e recuperar
informações existentes em documentos”.

157
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Os sistemas GED permitem aos usuários acessar os documen- Um SIGAD tem que ser capaz de manter a relação orgânica en-
tos de forma ágil e segura, normalmente via navegador Web por tre os documentos e de garantir a confiabilidade, a autenticidade e
meio de uma intranet corporativa acessada interna ou externamen- o acesso, ao longo do tempo, aos documentos arquivísticos, ou seja,
te, sendo esta última forma mais presente nos dias de hoje. A capa- seu valor como fonte de prova das atividades do órgão produtor.
cidade de gerenciar documentos é uma ferramenta indispensável No caso dos documentos digitais, um SIGAD deve abranger to-
para a Gestão do Conhecimento. dos os tipos de documentos arquivísticos digitais do órgão ou en-
A GED (Gestão Eletrônica de Documentos) é uma área do co- tidade, ou seja, textos, imagens fixas e em movimento, gravações
nhecimento que está inserida no grande campo da Ciência da Infor- sonoras, mensagens de correio eletrônico, páginas web, bases de
mação e também da TI, sendo resultado dessa interdisciplinaridade. dados.
Enquanto a Ciência da informação “considera a informação, O Glossário da CTDE define sistema de informação como “Con-
lato sensu, como seu objeto” e a Arquivologia tende a considerar junto organizado de políticas, procedimentos, pessoas, equipamen-
“os arquivos” como seu único objeto (JARDIM, 1995 p. 48), perce- tos e programas computacionais que produzem, processam, arma-
bemos um forte vínculo entre essas áreas, já que a informação não zenam e provém acesso à informação”.
existe sem um suporte, e visto que o suporte mais a informação Já o e-ARQ Brasil define sistema de informação como Conjunto
caracteriza um documento. organizado de políticas, procedimentos, pessoas, equipamentos e
Deste modo, sendo a Arquivologia uma ciência pertencente ao programas computacionais que produzem, processam, armazenam
campo da Ciência da Informação, o gerenciamento eletrônico de e proveem acesso à informação proveniente de fontes internas e
documentos tornou-se uma área de estudos tanto para os arquivis- externas para apoiar o desempenho das atividades de um órgão ou
tas quanto para os analistas de sistemas que o programam. entidade.
A criação, controle (classificação, avaliação), manipulação, ar- No e-ARQ Brasil, o sistema de gestão arquivística de documen-
mazenamento (conservação), acesso, difusão e recuperação da in-
tos é definido como Conjunto de procedimentos e operações técni-
formação cabe ao arquivista procurar o melhor modo de realizar
cas referentes à produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamen-
dentro deste sistema eletrônico, evidenciando a importância do
to dos documentos em fase corrente e intermediária, visando sua
trabalho em conjunto destes profissionais no momento da implan-
eliminação ou recolhimento para guarda permanente.
tação de um sistema GED.
Documentos formam a grande massa de conhecimentos de O conceito de GED foi definido pelo e-ARQ Brasil como Con-
uma organização. O GED permite preservar esse patrimônio e orga- junto de tecnologias utilizadas para organização da informação não
nizar eletronicamente a documentação, para assegurar a informa- estruturada de um órgão ou entidade, que pode ser dividido nas
ção necessária, na hora exata, para a pessoa certa. O GED lida com seguintes funcionalidades: captura, gerenciamento, armazenamen-
qualquer tipo de documentação. to e distribuição.
A ciência arquivística permite a interdisciplinaridade com ou- Entende-se por informação não estruturada aquela que não
tras várias áreas do conhecimento. Uma delas é a TI (Tecnologia da está armazenada em banco de dados, como mensagem de correio
Informação) que frequentemente vem sendo introduzida no pro- eletrônico, arquivo de texto, imagem ou som, planilha etc.
cesso arquivístico devido ao constante avanço tecnológico que vem O e-ARQ Brasil explica que o GED e o SIGAD possuem objetivos
ocorrendo na sociedade e, portanto dentro de cada organização diferentes. O GED é uma ferramenta que visa controlar e facilitar
que produza documentos. o fluxo das atividades da instituição, tratando os documentos de
A agilidade e aumento do índice de recuperação das informa- compartimentada. Já o SIGAD foca no controle completo do ciclo de
ções e a redução da massa documental são alguns benefícios resul- vida do documento, tem que ser capaz de manter relação orgânica
tantes dessa união. entre os documentos e de garantir a confiabilidade, a autenticidade
Em decorrência da demanda dos arquivistas e outros profissio- e o acesso.
nais, foi elaborado pelo CTDE (Câmara Técnica de Documentos Ele- É importante ressaltar que o conceito de gestão de documen-
trônicos) o e-ARQ Brasil. O e-ARQ Brasil foi denominado da seguinte tos digitais é derivado do conceito de gestão de documentos con-
forma É uma especificação de requisitos a serem cumpridos pela or- vencionais, e não uma gestão de documentos diferente.
ganização produtora/recebedora de documentos, pelo sistema de Vale lembrar também que, da mesma forma que a gestão de
gestão arquivística e pelos próprios documentos, a fim de garantir documentos convencionais, a gestão de documentos digitais de-
sua confiabilidade e autenticidade, assim como sua acessibilidade. pende do plano de classificação e da tabela de temporalidade.
Além disso, o e-ARQ Brasil pode ser usado para orientar a identifi- Podemos perceber que o GED é bem planejado e estruturado
cação de documentos arquivísticos digitais. com base na gestão de documentos, permitindo uma rápida locali-
Sistemas informatizados de gestão arquivística de documentos zação do documento e manuseio facilitado, reduzindo o tempo de
(SIGAD)
procura por uma determinada informação.
O SIGAD (Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Do-
Podemos assim dizer que o GED é um mercado em amplo de-
cumentos) é um conjunto de procedimentos e operações técnicas,
senvolvimento, onde existe a estruturação das informações, corres-
característico do sistema de gestão arquivística de documentos,
pondendo a ferramentas e metodologias, principalmente tecnológi-
processado por computador. Pode compreender um software parti-
cular, um determinado número de softwares integrados, adquiridos cas, para gerenciamento dos documentos dentro das organizações.
ou desenvolvidos por encomenda, ou uma combinação destes. Segundo Koch (1997, p. 23), “O GED visa a gerenciar o ciclo de
O SIGAD é aplicável em sistemas híbridos, isto é, que utilizam vida das informações desde sua criação até o seu arquivamento.
documentos digitais e documentos convencionais, incluindo ope- As informações podem originalmente estar armazenadas em mí-
rações como: captura de documentos, aplicação do plano de clas- dias analógicas ou digitais em todas as fases de sua vida”. Desta
sificação, controle de versões, controle sobre os prazos de guarda e forma nenhum documento de uma organização deve ficar fora do
destinação, armazenamento seguro e procedimentos que garantam processo do GED, desde os documentos tradicionais em papel até
o acesso e a preservação a médio e longo prazo de documentos os digitais, englobando todo o ciclo de vida.
arquivísticos digitais e não digitais confiáveis e autênticos. Afirma ainda que “GED é a somatória de todas as tecnologias
e produtos que visam a gerenciar informação de forma eletrônica”.

158
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

O Portal GED.NET (2014), descreve o GED como sendo um con- Art 3º O Poder Executivo regulamentará, no prazo de 90 (no-
junto de tecnologias que permite o gerenciamento dos documentos venta) dias, a presente Lei, indicando as autoridades competentes,
de uma organização em forma digital, sendo esses documentos das nas esferas federais, estaduais e municipais para a autenticação de
mais diversas origens, como papel, microfilme, imagem, som, plani- traslados e certidões originárias de microfilmagem de documentos
lhas eletrônicas, arquivos de texto etc. oficiais.
§ 1º O decreto de regulamentação determinará, igualmente,
Segundo Baldan (2002, p 32), as características do GED são: quais os cartórios e órgãos públicos capacitados para efetuarem a
• Possui modo de gerenciamento e visualização de documento microfilmagem de documentos particulares, bem como os requisi-
em formato digital, seja digitalizado (escanerizado), em processa- tos que a microfilmagem realizada por aquêles cartórios e órgãos
dor de texto, planilha, CAD, etc. Um banco de dados que só gerencia públicos devem preencher para serem autenticados, a fim de pro-
as informações contidas em documentos em papel não pode ser duzirem efeitos jurídicos, em juízo ou fora dêle, quer os microfil-
considerado um GED; mes, quer os seus traslados e certidões originárias.
• Utiliza necessariamente computadores; § 2º Prescreverá também o decreto as condições que os car-
• Não são sistemas restritos somente a documentos acabados tórios competentes terão de cumprir para a autenticação de mi-
no estágio final de aprovação ou com destino ao arquivo. São sis- crofilmes realizados por particulares, para produzir efeitos jurídicos
temas que, dependendo de sua necessidade, podem controlar o contra terceiros.
documento desde a sua criação. Art 4º É dispensável o reconhecimento da firma da autoridade
O sistema de Gerenciamento Eletrônico de Documento conser- que autenticar os documentos oficiais arquivados, para efeito de
va características visuais e espaciais, e a aparência do documento microfilmagem e os traslados e certidões originais de microfilmes.
original em papel. Gerencia o ciclo de vida das informações des- Art 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
de sua criação até o arquivamento, e podem estar registradas em Art 6º Revogam-se as disposições em contrário.
mídias analógicas ou digitais em todas as fases de sua vida. O do-
cumento pode ser exibido ou impresso em papel onde e quando DECRETO No 1.799, DE 30 DE JANEIRO DE 1996.
necessário em apenas alguns segundos.
Regulamenta a Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968, que regula
LEI Nº 5.433, DE 8 DE MAIO DE 1968. a microfilmagem de documentos oficiais, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe
Regula a microfilmagem de documentos oficiais e dá outras confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis-
providências. posto na art. 3° da Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o CONGRESSO
NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: DECRETA:
Art 1º É autorizada, em todo o território nacional, a microfil-
magem de documentos particulares e oficiais arquivados, êstes de Art. 1° A microfilmagem, em todo território nacional, autoriza-
órgãos federais, estaduais e municipais. da pela Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968, abrange os documentos
§ 1º Os microfilmes de que trata esta Lei, assim como as certi- oficiais ou públicos, de qualquer espécie e em qualquer suporte,
dões, os traslados e as cópias fotográficas obtidas diretamente dos produzidos e recebidos pelos órgãos dos Poderes Executivo, Judi-
filmes produzirão os mesmos efeitos legais dos documentos origi- ciário e Legislativo, inclusive da Administração indireta da União,
nais em juízo ou fora dele. dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e os documentos
§ 2º Os documentos microfilmados poderão, a critério da au- particulares ou privados, de pessoas físicas ou jurídicas.
toridade competente, ser eliminados por incineração, destruição Art. 2° A emissão de cópias, traslados e certidões extraídas de
mecânica ou por outro processo adequado que assegure a sua de- microfilmes, bem assim a autenticação desses documentos, para
sintegração. que possam produzir efeitos legais, em juízo ou fora dele, é regula-
§ 3º A incineração dos documentos microfilmados ou sua da por este Decreto.
transferência para outro local far-se-á mediante lavratura de têrmo, Art. 3° Entende-se por microfilme, para fins deste Decreto, o
por autoridade competente, em livro próprio. resultado do processo de reprodução em filme, de documentos, da-
§ 4º Os filmes negativos resultantes de microfilmagem ficarão dos e imagens, por meios fotográficos ou eletrônicos, em diferentes
arquivados na repartição detentora do arquivo, vedada sua saída graus de redução.
sob qualquer pretexto. Art. 4° A microfilmagem será feita em equipamentos que ga-
§ 5º A eliminação ou transferência para outro local dos docu- rantam a fiel reprodução das informações, sendo permitida a utili-
mentos microfilmados far-se-á mediante lavratura de têrmo em li- zação de qualquer microforma.
vro próprio pela autoridade competente. Parágrafo único. Em se tratando da utilização de microfichas,
§ 6º Os originais dos documentos ainda em trânsito, microfil- além dos procedimentos previstos neste Decreto, tanto a original
mados não poderão ser eliminados antes de seu arquivamento. como a cópia terão, na sua parte superior, área reservada à titula-
§ 7º Quando houver conveniência, ou por medida de segu- ção, à identificação e à numeração seqüencial, legíveis com a vista
rança, poderão excepcionalmente ser microfilmados documentos desarmada, e fotogramas destinados à indexação.
ainda não arquivados, desde que autorizados por autoridade com- Art. 5° A microfilmagem, de qualquer espécie, será feita sem-
petente. pre em filme original, com o mínimo de 180 linhas por milímetro
Art 2º Os documentos de valor histórico não deverão ser eli- de definição, garantida a segurança e a qualidade de imagem e de
minados, podendo ser arquivados em local diverso da repartição reprodução.
detentora dos mesmos. § 1° Será obrigatória, para efeito de segurança, a extração de
filme cópia do filme original.
§ 2° Fica vedada a utilização de filmes atualizáveis, de qualquer
tipo, tanto para a confecção do original, como para a extração de
cópias.

159
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 3° O armazenamento do filme original deverá ser feito em Art. 11. Os documentos, em tramitação ou em estudo, pode-
local diferente do seu filme cópia. rão, a critério da autoridade competente, ser microfilmados, não
Art. 6° Na microfilmagem poderá ser utilizado qualquer grau sendo permitida a sua eliminação até a definição de sua destinação
de redução, garantida a legibilidade e a qualidade de reprodução. final.
Parágrafo único. Quando se tratar de original cujo tamanho ul- Art. 12. A eliminação de documentos, após a microfilmagem,
trapasse a dimensão máxima do campo fotográfico do equipamen- dar-se-á por meios que garantam sua inutilização, sendo a mesma
to em uso, a microfilmagem poderá ser feita por etapas, sendo obri- precedida de lavratura de termo próprio e após a revisão e a extra-
gatória a repetição de uma parte da imagem anterior na imagem ção de filme cópia.
subseqüente, de modo que se possa identificar, por superposição, a Parágrafo único. A eliminação de documentos oficiais ou pú-
continuidade entre as seções adjacentes microfilmadas. blicos só deverá ocorrer se prevista na tabela de temporalidade
Art. 7° Na microfilmagem de documentos, cada série será pre- do órgão, aprovada pela autoridade competente na esfera de sua
cedida de imagem de abertura, com os seguintes elementos: atuação e respeitado o disposto no art. 9° da Lei n° 8.159, de 8 de
I - identificação do detentor dos documentos, a serem micro- janeiro de 1991.
filmados; Art. 13. Os documentos oficiais ou públicos, com valor de guar-
II - número do microfilme, se for o caso; da permanente, não poderão ser eliminados após a microfilmagem,
III - local e data da microfilmagem; devendo ser recolhidos ao arquivo público de sua esfera de atuação
IV - registro no Ministério da Justiça; ou preservados pelo próprio órgão detentor.
V - ordenação, identificação e resumo da série de documentos Art. 14. Os traslados, as certidões e as cópias em papel ou em
a serem microfilmados; filme de documentos microfilmados, para produzirem efeitos legais
VI - menção, quando for o caso, de que a série de documentos em juízo ou fora dele, deverão estar autenticados pela autoridade
a serem microfilmados é continuação da série contida em microfil- competente detentora do filme original.
me anterior; § 1° Em se tratando de cópia em filme, extraída de microfilmes
VII - identificação do equipamento utilizado, da unidade filma- de documentos privados, deverá ser emitido termo próprio, no qual
dora e do grau de redução; constará que o filme que o acompanha é cópia fiel do filme original,
VIII - nome por extenso, qualificação funcional, se for o caso, cuja autenticação far-se-á nos cartórios que satisfizerem os requisi-
e assinatura do detentor dos documentos a serem microfilmados; tos especificados no artigo seguinte.
IX - nome por extenso, qualificação funcional e assinatura do § 2° Em se tratando de cópia em papel, extraída de microfil-
responsável pela unidade, cartório ou empresa executora da micro- mes de documentos privados, a autenticação far-se-á por meio de
filmagem. carimbo, aposto em cada folha, nos cartórios que satisfizerem os
Art. 8º No final da microfilmagem de cada série, será repro- requisitos especificados no artigo seguinte.
duzida a imagem de encerramento, imediatamente após o último § 3° A cópia em papel, de que trata o parágrafo anterior, poderá
documento, com os seguintes elementos: ser extraída utilizando-se qualquer meio de reprodução, desde que
I - identificação do detentor dos documentos microfilmados; seja assegurada a sua fidelidade e a sua qualidade de leitura.
II - informações complementares relativas ao inciso V do artigo Art. 15. A microfilmagem de documentos poderá ser feita por
anterior; empresas e cartórios habilitados nos termos deste Decreto.
III - termo de encerramento atestando a fiel observância às dis- Parágrafo único. Para exercer a atividade de microfilmagem de
posições deste Decreto; documentos, as empresas e cartórios a que se refere este artigo,
IV - menção, quando for o caso, de que a série de documentos além da legislação a que estão sujeitos, deverão requerer registro
microfilmados continua em microfilme posterior; no Ministério da Justiça e sujeitar-se à fiscalização que por este será
V - nome por extenso, qualificação funcional e assinatura do exercida quanto ao cumprimento do disposto no presente Decreto.
responsável pela unidade, cartório ou empresa executora da micro- Art. 16. As empresas e os cartórios que se dedicarem a microfil-
filmagem. magem de documentos de terceiros, fornecerão, obrigatoriamente,
Art. 9° Os documentos da mesma série ou seqüência, eventu- um documento de garantia, declarando:
almente omitidos quando da microfilmagem, ou aqueles cujas ima- I - que a microfilmagem foi executada de acordo com o dispos-
gens não apresentarem legibilidade, por falha de operação ou por to neste Decreto;
problema técnico, serão reproduzidos posteriormente, não sendo II - que se responsabilizam pelo padrão de qualidade do serviço
permitido corte ou inserção no filme original. executado;
§ 1° A microfilmagem destes documentos será precedida de III - que o usuário passa a ser responsável pelo manuseio e con-
uma imagem de observação, com os seguintes elementos: servação das microformas.
a) identificação do microfilme, local e data; Art. 17. Os microfilmes e filmes cópias, produzidos no exterior,
b) descrição das irregularidades constatadas; somente terão valor legal, em juízo ou fora dele, quando:
c) nome por extenso, qualificação funcional e assinatura do I - autenticados por autoridade estrangeira competente;
responsável pela unidade, cartório ou empresa executora da micro- II - tiverem reconhecida, pela autoridade consular brasileira, a
filmagem. firma da autoridade estrangeira que os houver autenticado;
§ 2° É obrigatório fazer indexação remissiva para recuperar as III - forem acompanhados de tradução oficial.
informações e assegurar a localização dos documentos. Art. 18. Os microfilmes originais e os filmes cópias resultantes
§ 3° Caso a complementação não satisfaça os padrões de quali- de microfilmagem de documentos sujeitos à fiscalização, ou neces-
dade. exigidos, a microfilmagem dessa série de documentos deverá sários à prestação de contas, deverão ser mantidos pelos prazos de
ser repetida integralmente. prescrição a que estariam sujeitos os seus respectivos originais.
Art. 10. Para o processamento dos filmes, serão utilizados equi- Art. 19. As infrações às normas deste Decreto, por parte dos
pamentos e técnicas que assegurem ao filme alto poder de defini- cartórios e empresas registrados no Ministério da Justiça sujeitarão
ção, densidade uniforme e durabilidade. o infrator, observada a gravidade do fato, às penalidades de adver-
tência ou suspensão do registro, sem prejuízo das sanções penais e
civis cabíveis.

160
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Parágrafo único. No caso de reincidência por falta grave, o re- a) Poder Executivo: No exercício de suas funções típicas, pratica
gistro para microfilmar será cassado definitivamente. atos de chefia do Estado, de Governo e atos de administração, ou
Art. 20. O Ministério da Justiça expedirá as instruções que se seja, administra e executa o ordenamento jurídico vigente. É uma
fizerem necessárias ao cumprimento deste Decreto. administração direita, pois não precisa ser provocada. Excepcional-
Art. 21. Revoga-se o Decreto n° 64.398, de 24 de abril de 1969. mente, no exercício de função atípica, tem o poder de legislar, por
Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. exemplo, via medida provisória.
b) Poder legislativo: No exercício de suas funções típicas, é de
sua competência legislar de forma geral e abstrata, ou seja, legislar
para todos. Tem o poder de inovar o ordenamento jurídico. Em fun-
FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ção atípica, pode administrar internamente seus problemas.
c) Poder judiciário: No exercício de suas funções típicas, tem o
Administração pública poder jurisdicional, ou seja, poder de julgar as lides, no caso concre-
to. Sua atuação depende de provocação, pois é inerte.
É a forma como o Estado governa, ou seja, como executa as Como vimos, o governo é o órgão responsável por conduzir os
suas atividades voltadas para o atendimento para o bem estar de interesses de uma sociedade. Em outras palavras, é o poder diretivo
seu povo. do Estado.
Pode ser conceituado em dois sentidos:
a) sentido formal, orgânico ou subjetivo: o conjunto de ór- FONTES
gãos/entidades administrativas e agentes estatais, que estejam no
exercício da função administrativa, independentemente do poder a A Administração Pública adota substancialmente as mesmas
que pertençam, tais como Poder Executivo, Judiciário ou Legislativo fontes adotadas no ramo jurídico do Direito Administrativo: Lei,
ou a qualquer outro organismo estatal. Doutrina, Jurisprudência e Costumes.
Em outras palavras, a expressão Administração Pública confun- Além das fontes mencionadas, adotadas em comum com o
de-se com os sujeitos que integram a estrutura administrativa do Direito Administrativo, a Administração Pública ainda utiliza-se das
Estado, ou seja, com quem desempenha a função administrativa. seguintes fontes para o exercício das atividades administrativas:
Assim, num sentido subjetivo, Administração Pública representa o
conjunto de órgãos, agentes e entidades que desempenham a fun- - Regulamentos São atos normativos posteriores aos decretos,
ção administrativa. que visam especificar as disposições de lei, assim como seus man-
damentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
b) sentido material ou objetivo: conjunto das atividades ad- regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-
ministrativas realizadas pelo Estado, que vai em direção à defesa -executáveis independem de regulamentos para produzir efeitos.
concreta do interesse público. - Instruções normativas Possuem previsão expressa na Consti-
Em outras palavras, a Administração Pública confunde-se com tuição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos administrativos
a própria função (atividade) administrativa desempenhada pelo Es- privativos dos Ministros de Estado. É a forma em que os superiores
tado. O conceito de Administração Pública está relacionado com o expedem normas de caráter geral, interno, prescrevendo o meio de
objeto da Administração. Não se preocupa aqui com quem exerce atuação de seus subordinados com relação a determinado serviço,
a Administração, mas sim com o que faz a Administração Pública. assemelhando-se às circulares e às ordens de serviço.
- RegimentosSão atos administrativos internos que emanam do
A doutrina moderna considera quatro tarefas precípuas da Ad- poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de auto-organi-
ministração Pública, que são: zação interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta ma-
1 - a prestação de serviços públicos, neira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu.
2 - o exercício do poder de polícia, - Estatutos É o conjunto de normas jurídicas, através de acordo
3 - a regulação das atividades de interesse público e entre os sócios e os fundadores, regulamentando o funcionamento
4 - o controle da atuação do Estado. de uma pessoa jurídica. Inclui os órgãos de classe, em especial os
colegiados.
Em linhas gerais, podemos entender a atividade administrativa
como sendo aquela voltada para o bem toda a coletividade, desen- PRINCÍPIOS
volvida pelo Estado com a finalidade de privilegiar e administrar a
coisa pública e as necessidades da coletividade. Os princípios jurídicos orientam a interpretação e a aplicação
Por sua vez, a função administrativa é considerada um múnus de outras normas. São as diretrizes do ordenamento jurídico, guias
público, que configura uma obrigação ou dever para o administra- de interpretação, às quais a administração pública fica subordinada.
dor público que não será livre para atuar, já que deve obediência ao Possuem um alto grau de generalidade e abstração, bem como um
direito posto, para buscar o interesse coletivo. profundo conteúdo axiológico e valorativo.
Os princípios da Administração Pública são regras que surgem
Separação dos Poderes como parâmetros e diretrizes norteadoras para a interpretação das
demais normas jurídicas.
O Estado brasileiro adotou a tripartição de poderes, assim são Com função principal de garantir oferecer coerência e harmo-
seus poderes o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, conforme se nia para o ordenamento jurídico e determinam a conduta dos agen-
infere da leitura do art. 2º da Constituição Federal: “São Poderes da tes públicos no exercício de suas atribuições.
União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Execu- Encontram-se de maneira explícita/expressas no texto consti-
tivo e o Judiciário.”. tucional ou implícitas na ordem jurídica. Os primeiros são, por una-
nimidade, os chamados princípios expressos (ou explícitos), estão
previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal.

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Princípios Expressos - Segurança Jurídica: O ordenamento jurídico vigente garante


que a Administração deve interpretar a norma administrativa da
São os princípios expressos da Administração Pública os que forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se
estão inseridos no artigo 37 “caput” da Constituição Federal: legali- dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. - Razoabilidade e da Proporcionalidade: São tidos como prin-
- Legalidade: O princípio da legalidade representa uma garantia cípios gerais de Direito, aplicáveis a praticamente todos os ramos
para os administrados, pois qualquer ato da Administração Pública da ciência jurídica. No âmbito do Direito Administrativo encontram
somente terá validade se respaldado em lei. Representa um limite aplicação especialmente no que concerne à prática de atos adminis-
para a atuação do Estado, visando à proteção do administrado em trativos que impliquem restrição ou condicionamento a direitos dos
relação ao abuso de poder. administrados ou imposição de sanções administrativas.
O princípio apresenta um perfil diverso no campo do Direito - Probidade Administrativa: A conduta do administrador públi-
Público e no campo do Direito Privado. No Direito Privado, tendo co deve ser honesta, pautada na boa conduta e na boa-fé.
em vista o interesse privado, as partes poderão fazer tudo o que a - Continuidade do Serviço Público: Via de regra os serviços pú-
lei não proíbe; no Direito Público, diferentemente, existe uma rela- blicos por serem prestados no interesse da coletividade devem ser
ção de subordinação perante a lei, ou seja, só se pode fazer o que a adequados e seu funcionamento não deve sofrer interrupções.
lei expressamente autorizar.
Ressaltamos que não há hierarquia entre os princípios (expres-
- Impessoalidade: a Administração Pública não poderá atuar sos ou não), visto que tais diretrizes devem ser aplicadas de forma
discriminando pessoas de forma gratuita, a Administração Pública harmoniosa. Assim, a aplicação de um princípio não exclui a aplica-
deve permanecer numa posição de neutralidade em relação às pes- ção de outro e nem um princípio se sobrepõe ao outros.
soas privadas. A atividade administrativa deve ser destinada a todos Nos termos do que estabelece o artigo 37 da Constituição Fe-
os administrados, sem discriminação nem favoritismo, constituindo deral, os princípios da Administração abrangem a Administração
assim um desdobramento do princípio geral da igualdade, art. 5.º, Pública direta e indireta de quaisquer dos Poderes da União, dos
caput, CF. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, vinculando todos os
- Moralidade: A atividade da Administração Pública deve obe- órgãos, entidades e agentes públicos de todas as esferas estatais ao
decer não só à lei, mas também à moral. Como a moral reside no cumprimento das premissas principiológicas.
campo do subjetivismo, a Administração Pública possui mecanis-
mos que determinam a moral administrativa, ou seja, prescreve
condutas que são moralmente aceitas na esfera do Poder Público. CONTRATOS. GESTÃO DE CONTRATOS. LICITAÇÕES.
- Publicidade: É o dever atribuído à Administração, de dar total CONCEITOS E PRÁTICAS.LEI DE LICITAÇÕES – LEI 8.666
transparência a todos os atos que praticar, ou seja, como regra ge- DE 1993
ral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso.
A regra do princípio que veda o sigilo comporta algumas ex- NOÇÕES GERAIS
ceções, como quando os atos e atividades estiverem relacionados Os contratos administrativos são os instrumentos jurídicos ce-
com a segurança nacional ou quando o conteúdo da informação for lebrado pela Administração Pública, com base em normas de direito
resguardado por sigilo (art. 37, § 3.º, II, da CF/88). público, com o propósito de satisfazer as necessidades de interesse
- Eficiência: A Emenda Constitucional nº 19 trouxe para o tex- público, previsto na Lei 8.666/93 (Licitações e Contratos).
to constitucional o princípio da eficiência, que obrigou a Adminis- Os contratos administrativos serão formais, consensuais, co-
tração Pública a aperfeiçoar os serviços e as atividades que presta, mutativos e, em regra, intuitu personae (em razão da pessoa). As
buscando otimização de resultados e visando atender o interesse normas gerais sobre contrato de trabalho são de competência da
público com maior eficiência. União, podendo os Estados, Distrito Federal e Municípios legislarem
supletivamente.
Princípios Implícitos Para Celso Antônio Bandeira de Mello, mesmo reconhecendo
que a doutrina majoritária aceita a designação “contrato adminis-
Os demais são os denominados princípios reconhecidos (ou trativo”, assim o define “são relações convencionais que por força
implícitos), estes variam de acordo com cada jurista/doutrinador. de lei, de cláusulas contratuais ou do objeto da relação jurídica si-
Destaca-se os seguintes princípios elaborados pela doutrina tuem a Administração em posição peculiar em prol da satisfação do
administrativa, dentre outros: bem comum”.
- Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Parti-
cular: Sempre que houver necessidade de satisfazer um interesse Princípios, elementos, características, formalização, prazo
público, em detrimento de um interesse particular, prevalece o Princípio da autonomia da vontade: é a liberdade de contra-
interesse público. São as prerrogativas conferidas à Administração tação. A liberdade contratual confere às partes a criação de um
Pública, porque esta atua por conta dos interesses públicos. contrato de acordo com as suas necessidades, como acontece nos
No entanto, sempre que esses direitos forem utilizados para contratos atípicos ou nos típicos, que consiste em usar modelos
finalidade diversa do interesse público, o administrador será res- previstos em lei
ponsabilizado e surgirá o abuso de poder. Princípio da supremacia da ordem pública: primeiramente de-
- Indisponibilidade do Interesse Público: Os bens e interesses vemos saber o que significa interesse público.
públicos são indisponíveis, ou seja, não pertencem à Administra- Por interesse entende-se que corresponde a uma porção de
ção ou a seus agentes, cabendo aos mesmos somente sua gestão coletividade, que destina-se ao interesse de um grupo social como
em prol da coletividade. Veda ao administrador quaisquer atos que um todo. É esse interesse que leva ao princípio do interesse público.
impliquem renúncia de direitos da Administração ou que, injustifi- Podemos utilizar este princípio tanto no momento da elabora-
cadamente, onerem a sociedade. ção da lei quanto à sua execução em concreto pela administração
- Autotutela: é o princípio que autoriza que a Administração pública. Desta forma, permite-se que exista o bem estar social para
Pública revise os seus atos e conserte os seus erros. atender o interesse da coletividade.

162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Princípio da força obrigatória: entende-se que o contrato é lei g) bilateral: trata-se de acordo de vontades que prevê obriga-
entre as partes, fazendo com que seja válido e eficaz para ser cum- ções e direitos de ambas as partes.
prido por ambas as partes, que é o caso do pacta sunt servant.
É a base do direito contratual, devendo o ordenamento con- Formalização
ferir à parte instrumentos judiciários que obrigue o contratante a Para que um contrato seja válido e eficaz ele não pode ser feito
cumprir o contrato ou a indenizar as partes. de qualquer maneira, deverá respeitar algumas peculiaridades que,
Pela intangibilidade do contrato, ninguém pode alterar unila- formalmente, devem seguir em seu corpo de texto. Seguem abaixo
teralmente o contrato, nem sequer o juiz. Isso ocorre em virtude as formalidades para que seja firmado um contrato:
de terem as partes contratadas de livre e espontânea vontade e, a) Procedimento Administrativo Próprio: é o procedimento de
submetido a sua vontade à restrição do cumprimento contratual, licitação, que pode ser substituído pelo procedimento de justifica-
no entanto, em se tratando de contratos administrativos regidos ção (artigo 26 da Lei 8666).
pelas ordens de direito público, há exceções legais que garantem a b) Forma Escrita: o contrato administrativo deve ser formali-
alteração unilateral do contrato. zado por escrito (regra). O artigo 60, parágrafo único da Lei 8666
estabelece que é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal, salvo o
Princípio da boa-fé contratual: para se chegar a perfeição do de pronta entrega, pronto pagamento ou até R$4.000,00 (exceção).
contrato, é preciso que exista boa- fé das partes contratantes, an- c) Publicação: o contrato administrativo deve ser publicado
tes, depois e durante o contrato, verificando se essa boa fé está (artigo 61, parágrafo único, 8666). Não se publica a íntegra do con-
sendo descumprida. trato, mas apenas um resumo do mesmo (extrato do contrato), do-
Para tanto, deve-se observar as circunstâncias que foi celebra- cumento este que contém as principais informações do contrato.
do o contrato, como o nível de escolaridade entre os contratantes,
o momento histórico e econômico. Por previsão expressa da lei, a publicação é condição de eficá-
Este princípio não está expresso na Constituição, por isso, com- cia do contrato. O contrato não publicado é válido, mas não tem
pete ao juiz analisar o comportamento dos contratantes. eficácia.
A publicação é um dever da Administração. É esta quem deve
Características providenciar a publicação do contrato administrativo.
a) Presença do Poder Público: o Poder Público tem que estar
presente no contrato. d) Instrumento de Contrato: instrumento de contrato é o docu-
b) formal: tem várias formalidades previstas pela lei; mento que define os parâmetros da relação.
c) consensual: é aquele que se aperfeiçoa na manifestação de Será obrigatório quando o valor do contrato for corresponden-
vontade. O que vem depois é a execução do contrato (exemplo: te à concorrência ou à tomada de preços. Se a hipótese for de dis-
contrato de compra e venda). O contrato consensual já existe desde pensa ou inexigibilidade de licitação (contratação direta) e o valor
o momento da manifestação de vontade. O contrato administrativo do contrato for da concorrência ou da tomada, será obrigatório o
se aperfeiçoa no momento da manifestação de vontade. Isso é di- instrumento de contrato. O critério único, portanto, é o valor do
ferente do contrato real, que só se aperfeiçoa a partir do momento contrato. Será facultativo quando o valor do contrato for correspon-
em que há a entrega do bem (exemplo: contrato de empréstimo). dente ao convite, desde que possa se fazer de outra forma. O cri-
d) Comutativo: é aquele que tem prestação e contraprestação tério, portanto, é o valor do convite e a possibilidade de se praticar
equivalentes e preestabelecidas. O contrato comutativo é diferente de outra forma.
do contrato aleatório. O contrato administrativo deve ser comuta-
tivo: prestação e contraprestação equivalentes e preestabelecidas. Prazo
e) Personalíssimo: leva em consideração as qualidades pessoais Todo contrato administrativo deve ter um prazo determinado
do contrato. A subcontratação não autorizada pela Administração e extingue-se normalmente ao final desse prazo. A regra é que os
dá causa à rescisão contratual (artigo 78 da Lei 8666). Assim, pela contratos têm sua duração limitada em 12 meses, ou seja, um exer-
letra da lei, em regra não é possível subcontratação, salvo se houver cício financeiro. Porém, a lei prevê as seguintes exceções, em que é
autorização expressa da Administração a esse respeito. possível a adoção de prazo mais dilatados:
a) contratos relativos a projetos incluídos no plano plurianual –
Para que a administração autorize, a doutrina majoritária elen- o prazo será aquele previsto na lei que aprovou o plano, atendendo
ca mais 2 (dois) requisitos, a saber: ao limite de quatro anos;
1) a subcontratada deve preencher os mesmos requisitos, as b) serviços de execução contínua – limite de 60 meses, poden-
mesmas condições exigidas na licitação; do ser estendido por mais 12 meses;
2) a subcontratação deve ser parcial – não é admitida a sub- c) aluguel e utilização de materiais de informática – limite de
contratação total do contrato, pois se for possível a subcontrata- 48 meses.
ção total estar-se-ia desestimulando as empresas a participarem da
concorrência, podendo optar por aguardar o vencedor e assumir o As concessões de serviços públicos não estão vinculadas aos
contrato como subcontratada. créditos orçamentários anuais, pois exigem prazos mais dilatados
para que o contratado recupere seu investimento. Requer-se ape-
f) Adesão: uma das partes tem o monopólio da situação, ou nas que o contrato seja firmado por tempo determinado.
seja, define as regras. À outra parte só resta a opção de aderir ou Os prazos contratuais podem ser prorrogados nas seguintes si-
não. tuações:
O licitante, quando vem para a licitação, já sabe que o contrato a) alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
é anexo do edital. Ele não poderá discutir as cláusulas contratuais. b) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra-
Deverá aceitá-las na forma em que foram elaboradas. O monopó- nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi-
lio da situação está nas mãos da Administração. Não há debate de ções de execução do contrato;
cláusula contratual. c) interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo
de trabalho por ordem e no interesse da Administração;

163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

d) aumento das quantidades inicialmente previstas no contra- Hipóteses de alteração unilateral pela Administração (rol taxa-
to, nos limites permitidos na Lei; tivo):
e) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de - Quando houver modificações do projeto ou das especifica-
terceiro reconhecido pela Administração em documento contem- ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos (art. 65,
porâneo à sua ocorrência; I, “a” da Lei 8666/93): Esta hipótese não pode ser confundida com
f) omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, alteração do objeto, pois seria uma fraude à licitação.
inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, direta- - Quando necessária a modificação do valor contratual em de-
mente, impedimento ou retardamento na execução do contrato, corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa do objeto, nos
sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis. limites permitidos pela lei (art. 65, I, “b” da Lei 8666/93).

Alteração, revisão, prorrogação, renovação, reajuste contra- O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições
tual, execução e inexecução, cláusulas exorbitantes, anulação, re- contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras,
vogação, extinção e consequências. serviços ou compras, até 25% do valor inicial atualizado do contrato
e, no caso particular de reforma de prédios ou de equipamentos,
Alteração até o limite de 50% para os seus acréscimos (art. 65, § 1.º da Lei
A Administração Pública tem o dever de zelar pela eficiência 8666/93).
dos serviços públicos e, muitas vezes, celebrado um contrato de A elevação das quantidades além desses limites representa
acordo com determinados padrões, posteriormente se observa que fraude à licitação, não sendo admitida nem mesmo com a con-
estes não mais servem ao interesse público, quer no plano dos pró- cordância do contratado. Entretanto, as supressões resultantes
prios interesses, quer no plano das técnicas empregadas. de acordo celebrado podem ser estabelecidas (art. 65, § 2.º da Lei
Essa alteração não pode sofrer resistência do particular contra-
8666/93).
tado, desde que o Poder Público observe uma cláusula correlata,
qual seja, o Equilíbrio Econômico-financeiro do contrato.
Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente os
Assim, a Administração Pública deve, em defesa do interesse
encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, por
público e desde que assegurada a ampla defesa, no processo admi-
nistrativo, promover a alteração do contrato, ainda que discordante aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial (art. 65, § 6.º
o contratado. da Lei 8666/93). Teoria da Imprevisão também está presente nas
Por óbvio, a possibilidade de alteração do que fora pactuado alterações unilaterais.
sempre se sujeita à existência de justa causa, presente na modifi-
cação da necessidade coletiva, ou do interesse público. Ao parti- Hipóteses de alteração por acordo das partes (rol taxativo):
cular restará, se caso, eventual indenização pelos danos que vier a - Quando conveniente a substituição da garantia da execução
suportar. (art. 65, II, “a” da Lei 8.666/93).
A lei autoriza que a Administração realize modificação unila- - Quando necessária a modificação do regime de execução da
teral no objeto do contrato para melhor adequação às finalidades obra ou serviço bem como do modo de fornecimento, em face de
de interesse público. A alteração pode consistir na modificação do verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais origi-
projeto ou em acréscimo e diminuição na quantidade do objeto. nários (art. 65, II, “b” da Lei 8.666/93).
Desse modo, as alterações unilaterais podem ser modificações qua- - Quando necessária modificação da forma de pagamento, por
litativas ou quantitativas. imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial
- Qualitativas: Alterações qualitativas são autorizadas quan- atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao
do houver modificação do projeto ou das especificações para me- cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contrapresta-
lhor adequação técnica aos seus objetivos (art. 65, I, a, da Lei n. ção de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço (art.
8.666/93), desde que não haja descaracterização do objeto descrito 65, II, “c” da Lei 8.666/93). Exemplo: Resolvem mudar a data de
no edital licitatório. Ou seja, quando ocorrer modificação do proje- pagamento, pois “cai” no feriado.
to ou das especificações para melhor adequação técnica; A Teoria da Imprevisão autoriza a modificação ou revisão das
- Quantitativas: Já as alterações quantitativas são possíveis cláusulas inicialmente pactuadas em vista de fatos supervenientes
quando necessária a modificação do valor contratual em decorrên- e imprevisíveis capazes de impedir ou dificultar o cumprimento do
cia de acréscimo ou diminuição na quantidade do seu objeto, nos ajuste nos termos inicialmente fixados. Tem por objetivo a manu-
limites permitidos em lei (art. 65, I, b, da Lei n. 8.666/93). tenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato. –
A alteração unilateral do contrato exige mudança na remune- Esta teoria só se aplica diante da álea extraordinária (riscos, prejuí-
ração do contratado, ensejando direito ao reequilíbrio econômico-
zos anormais ocorridos na execução do contrato).
-financeiro.
Constituem cláusulas exorbitantes porque podem ser impostas
Prorrogação e renovação
à revelia da concordância do contratado.
Prorrogação do Contrato é o fato que permite a continuidade
Revisão do contrato do que foi pactuado além do prazo estabelecido, e por esse motivo
Os contratos administrativos podem ser alterados por decisão pressupõe a permanência do mesmo objeto contratado inicialmen-
unilateral da Administração ou por acordo entre as partes. te. Observe-se, todavia, que apenas nas hipóteses legais poderá o
Tendo em vista que as hipóteses de alteração são taxativas, contrato ser prorrogado, porque a prorrogação não pode ser a re-
qualquer alteração fora dessas hipóteses será nula. Estas alterações gra, mas sim a exceção.
devem vir acompanhadas das razões e fundamentos que lhe deram “Se fosse livre a prorrogabilidade dos contratos, os princípios
origem (art. 65 da Lei 8666/93). da igualdade e da moralidade estariam irremediavelmente atingi-
dos” (CARVALHO FILHO)
A possibilidade de prorrogação do contrato e do prazo para a
execução está prevista no art. 57 da Lei nº. 8.666/93.

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Os contratos de prestação de serviço de forma contínua podem Art. 65 – [...]


ter sua duração prorrogada por sucessivos períodos iguais, com o § 1° - O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condi-
mesmo contratado e o mesmo objeto, se houver cláusula prevendo ções contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas
essa possibilidade, com o objetivo de obter preços e condições mais obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do
vantajosas para a Administração, no limite máximo de sessenta me- valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma
ses, admitindo-se a prorrogação por mais doze meses, em caráter de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por
excepcional. Somente se permite a prorrogação pelo mesmo prazo cento) para os seus acréscimos.
inicial do contrato original.
Não é exigida licitação para a prorrogação do contrato. Nos de- Empreitada por preço unitário: é aquela em que se contrata
mais casos, o prazo da execução do contrato pode ser prorrogado a execução por preço certo de unidades determinadas. Ou seja, o
de acordo com a previsão da lei, ou seja, desde que ocorram os preço global é utilizado somente para avaliar o valor total da obra,
motivos que ela elenca: para quantidades pré-determinadas pelo Edital para cada serviço,
- alteração do projeto e suas especificações pela Administra- que não poderão ser alteradas para essa avaliação, servindo para
ção; determinar o vencedor do certame com o menor preço. As quan-
- superveniência de fato excepcional ou imprevisível que altere tidades medidas serão as efetivamente executadas e o valor total
as condições de execução; da obra não é certo. Nesta modalidade o preço é ajustado por uni-
- interrupção da execução ou diminuição do ritmo de trabalho dades, que tanto podem ser metros quadrados de muro levantado,
por ordem e interesse da Administração; como metros cúbicos de concreto fundido. O pagamento é devido
- aumento de quantidades; após cada medição. A empreitada por preço unitário é muito utiliza-
- impedimento da execução por fato ou ato de terceiro reco- da em reformas, quando não se pode prever as quantidades certas
nhecido pela Administração; e exatas que serão objeto do contrato.
- omissão ou atraso de providências pela Administração. Tarefa: é o regime de execução próprio para pequenas obras
ou para partes de uma obra maior. Refere-se, predominantemente,
A renovação em todo ou em parte do contrato é vedada e ne- à mão de obra. A tarefa pode ser ajustada por preço certo, global
cessita de licitação, dando oportunidade à concorrência. ou unitário, com pagamento efetuado periodicamente, após a ve-
A recontratação somente é permitida nas hipóteses de dispen- rificação ou a medição pelo fiscal do órgão contratante. Em geral, o
sa ou inexigibilidade de licitação. tarefeiro só concorre com a mão de obra e os instrumentos de tra-
balho, mas nada impede que forneça também pequenos materiais.
Execução do contrato administrativo
A Administração deve designar servidor para acompanhar e fis- Empreitada integral: é a contratação da integralidade de um
calizar o contrato, em data anterior ao início de sua vigência. Pode, empreendimento, compreendendo todas as etapas das obras, ser-
ainda, contratar terceiros para assessorá-lo nos casos em que, tec- viços e instalações necessárias, inclusive projeto executivo, sob in-
nicamente, isso se fizer necessário. teira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contra-
O fiscal do contrato deve registrar todas as ocorrências verifi- tante em condições de ocupação.
cadas, inclusive o que for determinado para a correção das falhas
observadas. Se as medidas extrapolarem suas competências devem Inexecução do contrato
ser comunicadas aos seus superiores em tempo hábil para a adoção É o descumprimento de suas cláusulas, total ou parcial. Cul-
dos procedimentos adequados. posa ou não. Pode ocorrer por ação ou omissão, culposa ou sem
culpa, de qualquer das partes, caracterizando o retardamento ou o
Regime de execução O regime de execução disciplina a forma descumprimento integral do ajustado. Quaisquer dessas situações
de apuração do valor a ser pago à empresa contratada pela presta- podem ensejar responsabilidades para o inadimplente e até mesmo
ção do serviço, gerando modalidades de empreitada, diretamente propiciar a rescisão do contrato.
influenciadas pelo critério para apuração do valor da remuneração Ocorre também a inexecução quando o contratado descumpre
devida da contratante à contratada. Quando na modalidade de obrigações contratuais ou realiza ato que, de acordo com regimes
empreitada por preço global, o contrato definirá o valor devido ao jurídicos, não poderia fazê-lo; quando não há mais interesse público
particular tendo em vista a prestação de todo o serviço; quando na ou conveniência a mantença do contrato.
modalidade de empreitada por preço unitário o valor será fixado A inexecução ou inadimplência culposa é a que resulta de ação
pelas unidades executadas. ou omissão da parte, decorrente de negligência, imprudência ou
Na categoria de contrato de obras e serviços, a Lei de Licitações imperícia no atendimento às cláusulas contratuais. Tanto pode se
admite a empreitada por preço global, a empreitada por preço uni- referir aos prazos contratuais (mora), como ao modo de realização
tário, a tarefa e a empreitada integral. do objeto de ajuste, como a sua própria consecução. É previsto para
Empreitada por preço global: é aquela em que se ajusta a exe- esse caso multas e até a rescisão do contrato, com a cobrança de
cução da obra ou serviço por preço certo e total. Ou seja, a empresa perdas e danos, a suspensão provisória e a declaração de idoneida-
contratada receberá o valor certo e total para execução de toda a de para contratar com a administração.
obra. Será responsável pelos quantitativos e o valor total só será Quando a rescisão se dá por culpa do contratado, a Administra-
alterado se houver modificações de projetos ou das condições pré- ção Pública terá direito:
-estabelecidas para execução da obra, sendo as medições feitas por - Assunção imediata do objeto do contrato; tratando-se de ser-
etapas dos serviços concluídos. O pagamento, no entanto, poderá viço essencial;
ser efetuado parceladamente, nas datas prefixadas, na conclusão - Ocupação das instalações, material, equipamentos e, inclu-
da obra ou de cada etapa, conforme ajustado entre as partes. É co- sive, funcionários, para dar continuidade ao contrato em razão do
mum nos contratos de empreitada por preço global a exigência da princípio da continuidade do serviço público essencial;
especificação de preços unitários, tendo em vista a obrigação da - A administração poderá executar a garantia prestada;
empresa contratada de aceitar acréscimos ou supressões nos quan- - Retenção dos créditos decorrentes do contrato até os limites
titativos dentro dos limites legais (Art. 65, § 1.º). dos danos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Sendo assim, o descumprimento do pactuado pelo contratado As cláusulas exorbitantes - também conhecidas como cláusulas
leva à imposição de sanções, penalidades e à apuração da respon- privilégios - fazem parte dos requisitos essenciais para qualificação
sabilidade civil. Vale dizer, o descumprimento total ou parcial pode do contrato administrativo; buscam garantir a regular satisfação do
ensejar a apuração de responsabilidade civil, criminal e administra- interesse público presente no contrato administrativo. São cláusu-
tiva do contratado, propiciando, ainda, a rescisão do contrato. Já a las que asseguram certas desigualdades entre as partes.
inexecução sem culpa é a que decorre de atos ou fatos estranhos
à conduta da parte, retardando ou impedindo totalmente a execu- Anulação, Revogação, Extinção
ção do contrato. Nesses casos, seria provinda de força maior, caso Anulação: Nos termos do que estabelece o artigo 59 da Lei nº
fortuito, etc. 8.666/93, o contrato administrativo revestido de ilegalidades deve-
Força maior e caso fortuito são eventos que, por sua imprevi- rá ser anulado pela Administração, operando retroativamente seus
sibilidade e inevitabilidade, criam para o contrato impossibilidade efeitos jurídicos, isto é, tornar-se-ão nulos todos os atos praticados.
intransponível de normal execução do contrato. No caso de força Assim a invalidação de um contrato administrativo determina a
maior, temos uma greve que paralise os transportes ou a fabricação supressão de tudo que dele resultou (efeito ex tunc, ou seja, supres-
de um produto de que dependa a execução do contrato. No caso são de seus efeitos desde o início)
fortuito, é o evento da natureza - como, por exemplo, um tufão, Da mesma forma, é nulo o contrato administrativo decorrente
inundação. de licitação porventura anulada por ilegalidade.
- Teoria do Fato do Príncipe: Trata-se de todo acontecimento Muito embora seja prerrogativa da Administração Pública, em
externo ao controle de natureza geral, que abrange a coletividade. homenagem ao Princípio da Autotutela, a nulidade contratual não
No caso de alteração unilateral das cláusulas expressas em um con- afasta a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que
trato, a responsabilidade deriva do próprio contrato. já tenha executado, até a data de declaração, a não ser que o pró-
Portanto, na hipótese de inexecução pelo fato do príncipe há prio contratado tenha dado causa à anulação.
uma determinação estatal, geral, imprevista e imprevisível que one- Revogação do ato administrativo: Os atos administrativos po-
ra substancialmente a execução do contrato administrativo, obri- derão ser revogados por questões de conveniência e oportunidade,
gando o poder público contratante a compensar integralmente os a partir do momento em que estes se tornarem inconvenientes e
prejuízos suportados pela outra parte, a fim de possibilitar o pros- inoportunos para a Administração.
seguimento da execução do ajuste. Extinção é o fim do vínculo obrigacional entre contratante e
A característica marcante do fato do príncipe é a generalidade contratado. Pode ser decorrente de:
e a coercitividade da medida prejudicial ao contrato, além da sua a) conclusão do objeto: nesse caso, o ato administrativo que
surpresa e imprevisibilidade, com agravo efetivo para o contratado. extingue o contrato é, como visto, o recebimento definitivo;
Na teoria do fato do príncipe a administração não pode causar b) término do prazo: é a regra nos contratos por tempo deter-
dano ou prejuízo aos administradores, e muito menos aos seus con- minado. É possível a prorrogação antes do fim do prazo previsto no
tratados. A medida não objetiva fazer cessar a execução do contrato contrato;
e só incide indiretamente sobre o ajustado pelas partes. c) anulação;
d) rescisão: forma excepcional de extinção do contrato, pois
implica cessação antecipada do vínculo. Pode ser unilateral, bilate-
- Teoria da imprevisão: por ela as partes possuem autorização,
ral (amigável ou consensual) e judicial. A rescisão amigável, que não
possibilidade para a revisão do contrato através do reconhecimento
precisa ser homologada pelo juiz, é possível nos seguintes casos,
de eventos novos imprevistos no contrato e que sejam imprevisí-
previstos no art. 78:
veis.
Com este entendimento aplicamos a cláusula “rebus sic standi-
XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, servi-
bus”, mas só é possível a utilização desta quando sobrevierem fatos
ços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do contra-
imprevistos e imprevisíveis - ou se previsíveis incalculáveis nas suas
to além do limite permitido no § 1.º do art. 65 desta Lei;
consequências desequilibrando assim o contrato celebrado, poden-
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Ad-
do haver o reajuste contratual de preço - desde que isto seja men- ministração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em
cionado no contrato inicial. caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna
A presente teoria somente interessa aos contratos de execução ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mes-
continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de médio ou longo prazo, mo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de inde-
uma vez que se mostraria inútil nos de consumação instantânea. nizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobili-
zações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado,
Cláusulas Exorbitantes nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das
Os contratos administrativos têm como sua maior particula- obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
ridade a busca constante pelo interesse público e a consequente XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos de-
sujeição aos princípios basilares do Direito Público, quais sejam, vidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou forne-
o da supremacia do interesse público sobre o particular e a indis- cimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em
ponibilidade do interesse público. Isto acaba por fazer com que as caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna
partes do contrato administrativo não sejam colocadas em situação ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela sus-
de igualdade, uma vez que, conforme amplamente sabido, são con- pensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normali-
feridas à Administração Pública prerrogativas que lhe colocam em zada a situação;
patamar diferenciado, de superioridade em face do particular que XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, lo-
com ela contrata. São as chamadas “cláusulas exorbitantes”, que cal ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, nos
constituem poderes conferidos pela lei à Administração no manejo prazos contratuais, bem como das fontes de materiais naturais es-
contratual que extrapolam os limites comumente utilizados no Di- pecificadas no projeto.
reito Privado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Equilíbrio econômico-financeiro competência concorrente de todos ou de dois dos entes públicos,


O art. 37, XXI, da Constituição Federal, ao disciplinar a obrigato- quanto naquelas em que, embora a norma de competência indi-
riedade do procedimento licitatório, prescreve que que um ente como responsável, a realização material da finalidade
“Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, pública diz interesse geral e, portanto, também cabe aos demais
serviços, compras e alienações serão contratados mediante proces- cooperarem no que for possível.
so de licitação pública, com cláusulas que estabeleçam obrigações
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta”. No âmbito da cooperação interna da Administração, propug-
na-se o desenvolvimento da autonomia gerencial, inclusive de ges-
Essa alusão a “mantidas as condições efetivas da proposta” tor- tão financeira e orçamentária, a partir da celebração de contratos
nou obrigatória a criação de um sistema legal de preservação da de gestão, estabelecendo deveres e responsabilidades do órgão
margem de lucro do contratado, denominado equilíbrio econômico autônomo. Em relação à gestão associada entre vários órgãos ou
-financeiro. entidades da Administração, sua operação se observa através de
A disciplina legislativa do tema consta da Lei n. 8.666/93 (arts. consórcios públicos e convênios de cooperação.
57, § 1º, e 65, II, d), da Lei n. 8.987/95 (art. 9º, § 2º) e da Lei n. Assim, nota-se a atualidade dos convênios administrativos e
9.074/95 (art. 35). consórcios públicos no âmbito da atuação administrativa como ins-
A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro por uma re- trumentos de cooperação entre os diversos órgãos da Administra-
lação de igualdade a ser perseguida com base na equação formada ção e destes com os particulares, com vista à realização do interesse
pelas obrigações assumidas pelo contratante no momento do ajus- público.
te e a compensação econômica para realizar essas obrigações. Visa
assegurar uma remuneração justa ao contratante. LICITAÇÕES
Para Alexandre Mazza “A manutenção desse equilíbrio é um di- Licitação é um procedimento administrativo, de ocorrência
reito constitucionalmente tutelado do contratado e decorre do prin- obrigatória pelas entidades do governo para celebração de contrato
cípio da boa-fé e também da busca pelo interesse público primário, administrativo, em que, atendida a igualdade entre os participan-
tendo como fundamentos a regra do rebus sic stantibus e a teoria tes, deve ser escolhida a melhor proposta dentre as apresentadas
da imprevisão.” pelos interessados, e com elas travar determinadas relações de
conteúdo patrimonial, verificado o preenchimento dos requisitos
Em termos práticos, a garantia do equilíbrio econômico-finan- mínimos e necessários ao bom cumprimento das obrigações que
ceiro obriga o contratante a alterar a remuneração do contratado forem assumidas perante a Administração Pública.
sempre que sobrevier circunstância excepcional capaz de tornar
mais onerosa a execução. Assim, procura-se recompor a margem de Dessa maneira, a Licitação traz em seu bojo a ideia de disputa
lucro inicialmente projetada no momento da celebração contratual. igualitária entre os concorrentes, com a finalidade de selecionar a
Essa alteração remuneratória pode se dar mediante reajuste proposta mais vantajosa aos interesses da Administração, visando
ou revisão. à celebração de um contrato administrativo, entre ela e o particular
vencedor da concorrência, para a realização de obras, serviços, con-
Reajuste é o nome dado para a atualizar o valor remuneratório cessões, permissões, alienações, compras ou locações.
ante as perdas inflacionárias ou majoração nos insumos. Normal- Dai surge então à necessidade de regulamentar a prática licita-
mente, as regras de reajuste têm previsão contratual e são formali- tória, atendendo disposição da Constituição Federal, mais precisa-
zadas por meio de instituto denominado apostila. mente no artigo 37, inciso XXI, que assim dispõe:
O reajuste pode ocorrer nos seguintes casos:
a) reajustamento contratual de preços; “Art. 37: XXI - ressalvados os casos especificados na legisla-
b) cláusulas rebus sic stantibus e pacta sunt servanda; ção, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados
c) fato do príncipe e fato da administração; mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de
d) caso fortuito e força maior. condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da pro-
Revisão ou recomposição são alterações no valor efetivo da ta- posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
rifa, por muitas vezes não possuem uma previsão contratual, diante de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
de circunstâncias insuscetíveis de recomposição por reajuste. cumprimento das obrigações”.
Portanto, no reajuste é promovida uma simples atualização
monetária da remuneração, ao passo que na revisão ocorre um au- Assim, visando à regulamentação do processo de escolha da
mento real no valor pago ao contratado melhor proposta (licitação) foi editada Lei 8.666/93, que traz a nor-
matização da atividade.
Convênios e Terceirização
Convênios e consórcios administrativos surgem no direito ad- Princípios
ministrativo, fundamentalmente, como instrumentos jurídicos que O artigo 3º da Lei 8.666/1993 enumera expressamente princí-
permitem a cooperação de diferentes pessoas de direito público, ou pios que devem ser observados pela administração pública na re-
entre estas e particulares. Estes instrumentos de cooperação pos- alização de licitações. Alguns dos princípios expressos no referido
sibilitam a conjugação de esforços de diversos entes naquilo que, artigo tratam-se de princípios gerais, quais são: Legalidade, Impes-
isoladamente, não são capazes de realizar. soalidade, Moralidade, que norteiam toda a atuação administrati-
Os convênios em primeiro plano - e os consórcios em menor va, sem particularidades no tocante a licitações públicas.
grau - são os instrumentos jurídicos que permitem que União, Es- Assim, visando conhecer na integra os princípios que regem as
tados e Municípios realizem esforços conjuntos na realização do Licitações Públicas temos o artigo 3º da Lei 8.666/93, que assim
interesse público. Tanto nas áreas em que a Constituição indicou a dispõe:

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

“Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princí- - Principio da Probidade Administrativa: Por tal principio temos
pio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajo- que o agente público no exercício regular de suas funções não pode
sa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional violar, ao realizar procedimento licitatório, os princípios gerais e
sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade constitucionais da administração pública, que são: legalidade, da
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da impessoalidade, da moralidade, da eficiência, da publicidade, além
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade adminis- de exigir do agente público atuação leal e de boa-fé nos procedi-
trativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento mentos licitatórios em que atuar.
objetivo e dos que lhes são correlatos.” Grifo nosso. - Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: Tal
principio veda a Administração Pública o descumprimento das nor-
Assim temos: mas e condições previamente estipuladas no edital, ao qual deve
- Princípio da Legalidade: Para que a administração possa atuar, estar estritamente vinculado. O edital é a lei interna da licitação,
não basta à inexistência de proibição legal, é necessária para tanto vinculando os seus termos tanto aos licitantes como a administra-
a existência de determinação ou autorização de atuação adminis- ção que o emitiu.
trativa na lei. - Princípio do Julgamento Objetivo: É o que se baseia no critério
Assim, a Licitação Pública possui seu embasamento na Consti- indicado no edital e nos termos específicos das propostas para o
tuição Federal e na Lei (Lei 8.666/93), devendo todos os seus proce- seu julgamento. Em linhas gerais, não pode haver qualquer discri-
dimentos obedecer o que dispõe a norma legal. cionariedade na apreciação das propostas pela administração, jul-
gando vencedora a que melhor atende aos enunciados do edital, de
Importante ainda esclarecer que a administração pública está maneira objetiva.
obrigada, no exercício de suas atribuições, à observância não ape-
nas dos dispositivos legais, mas também em respeito aos princípios
Competência legislativa
jurídicos como um todo, inclusive aos atos e normas editadas pela
A competência para legislar sobre matéria que trate especifi-
própria administração pública.
camente de licitações, e consequentemente contratos administra-
- Princípio da Impessoalidade: Por tal princípio temos que a Ad- tivos, é atribuída os entes da federação: União, Estados, Municípios
ministração Pública tem que manter uma posição de neutralidade e Distrito Federal.
em relação aos seus administrados, não podendo prejudicar nem No entanto, muito embora se verifique a competencia dos en-
mesmo privilegiar quem quer que seja. tes mencionados em legislar sobre licitação, é de competência ex-
Pelo princípio da impessoalidade, quando aplicável as Licita- clusiva da União editar normas gerais sobre a matéria.
ções, a impessoalidade em relação aos licitantes (particulares in-
teressados em participar das licitações), não devendo os atos lici- Constituição Federal
tatórios serem emanados com o objetivo de atender a interesses Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
pessoais do agente público ou de terceiros, devendo ter a finalidade [...]
exclusivamente ao que dispõe a lei, de maneira eficiente e impes- XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as
soal. modalidades, para a administração pública, direta e indireta, inclu-
Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade possui es- ídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, nas di-
treita relação com o também principio constitucional da isonomia, versas esferas de governo, e empresas sob seu controle;
ou igualdade, sendo dessa forma vedadas perseguições ou benes- Na esfera federal, a matéria relativa as normas gerais sobre lici-
ses pessoais. tações e contratos administrativos é disciplinada pela Lei Federal nº
8.666/93, de obrigatoriedade em todo o território nacional.
- Princípio da Moralidade: A falta da moral comum impõe, nos
atos administrativos e licitatórios a presença coercitiva e obrigatória Dispensa e Inexigibilidade
da moral administrativa, que se constitui de um conjunto de regras Dispensa: a dispensa de licitação engloba hipóteses que, muito
e normas de conduta impostas ao administrador da coisa pública. embora exista possibilidade jurídica de competição, a lei autoriza a
Assim o legislador utilizando-se dos conceitos da Moral e dos celebração direta do contrato ou mesmo determina a não realiza-
Costumes (fonte subsidiária do Direito Positivo), como forma de ção do procedimento licitatório.
impor à Administração Pública, por meio de juízo de valor, um com- Nos casos em que a lei autoriza a contratação sem a realização
portamento obrigatoriamente ético e moral no exercício de suas de licitação, diz que ela é dispensável. Esclarece que nessas hipó-
atribuições administrativas, através do pressuposto da moralidade.
teses, a competição é viável e possível, entretanto a lei autoriza a
administração pública decidir sobre a sua ocorrência ou não, de
- Princípio da Publicidade: Por este principio, temos que a ad-
acordo com critérios de oportunidade e conveniência, dispensar a
ministração tem o dever de oferecer transparência de todos os atos
sua realização.
que praticar, e de todas as informações que estejam armazenadas
em seus bancos de dados referentes aos administrados. Entretanto, em outras situações, ha própria lei, diretamente
Portanto, se a Administração Pública tem atuação na defesa e dispensa compulsoriamente a realização da licitação. Nessas hipó-
busca aos interesses coletivos, todas as informações e atos pratica- teses temos que a lei denominou licitação dispensada. Neste caso
dos devem ser acessíveis aos cidadãos. não cabe a Administração Pública decidir sobre a realização ou não
Por tal razão, os atos licitatórios devem ter divulgação oficial da licitação. Não ocorrerá a licitação porque a própria lei garantiu
como requisito de sua eficácia, salvo as exceções previstas em lei, que, mesmo sendo juridicamente possível a realização da licitação,
onde o sigilo deve ser mantido e preservado. fica dispensada.
A Lei 8.666/93 traz o rol taxativo das situações em que a licita-
ção é dispensável, mais precisamente nos termos do artigo 24 da
referida lei.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Art. 24. É dispensável a licitação: XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quan-
por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo an- do as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para
terior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra o Poder Público;
ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante- históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou
mente; inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários pa-
cento) do limite previsto na alínea «a», do inciso II do artigo ante- dronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais,
rior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não bem como para prestação de serviços de informática a pessoa ju-
se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de rídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que in-
maior vulto que possa ser realizada de uma só vez; tegrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem na-
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan- cional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos
do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for in-
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, dispensável para a vigência da garantia;
e somente para os bens necessários ao atendimento da situação XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abas-
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços tecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e
que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oi- seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta
tenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas se-
emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos des, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento,
contratos;
quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a nor-
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e
malidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não
esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a
exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta
Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preesta-
Lei:
belecidas;
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas,
para regular preços ou normalizar o abastecimento; com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quan-
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços do houver necessidade de manter a padronização requerida pela
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres,
forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competen- mediante parecer de comissão instituída por decreto;
tes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta XX - na contratação de associação de portadores de deficiência
Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos
bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de ou entidades da Admininistração Pública, para a prestação de servi-
preços, ou dos serviços; ços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público seja compatível com o praticado no mercado.
interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou en- XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa
tidade que integre a Administração Pública e que tenha sido cria- e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços de enge-
do para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, nharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a alínea “b” do
desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no inciso I do caput do art. 23;
mercado; XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de ener-
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da se- gia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou au-
gurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presiden- torizado, segundo as normas da legislação específica;
te da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou socie-
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi- dade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para
mento das finalidades precípuas da administração, cujas necessi- a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de servi-
dades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde ços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado
que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo ava- no mercado.
liação prévia; XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou forne- com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas
cimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que aten-
esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de
dida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mes-
gestão.
mas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tec-
ao preço, devidamente corrigido;
nológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros
perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explora-
licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no ção de criação protegida.
preço do dia; XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regi- Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a
mental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desen- prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do
volvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de co-
social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável re- operação.
putação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercia- § 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput,
lização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá procedi-
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa- mentos especiais instituídos em regulamentação específica.
ções ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas § 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do art.
de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de 9 à hipótese prevista no inciso XXI do caput.
o

materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com


as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. Da inexigibilidade de Licitação: Há inexigibilidade quando a lici-
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou tação é juridicamente impossível. A impossibilidade jurídica de re-
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexi- alização de licitação decorre da inviabilização de competição, pelo
dade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão motivo de não existir a pluralidade de potenciais proponentes, e
especialmente designada pela autoridade máxima do órgão. assim inviáveis a disputa entre licitantes.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para A lei 8.666/93 dispõe sobre o rol taxativo das situações em que
atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras é juridicamente impossível a realização da licitação, constituindo
empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente jus- então a inexigibilidade da licitação, devidamente elencado no arti-
tificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e go 25 da referida lei.
ratificadas pelo Comandante da Força. “Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou competição, em especial:
privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que
só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representan-
assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacio-
te comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a
nal de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar
comprovação de exclusividade ser feita através de atestado forneci-
e na Reforma Agrária, instituído por lei federal.
do pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto
a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Con-
nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, federação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
observados os princípios gerais de contratação dela constantes. II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art.
XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnolo- 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas
gia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de
no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme publicidade e divulgação;
elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico,
da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecno- diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consa-
lógica. grado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucra- § 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou
tivos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
sociais de acesso à água para consumo humano e produção de ali- de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, orga-
mentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas nização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos re-
pela seca ou falta regular de água. lacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação
interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou distri- do objeto do contrato.
buídos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de
por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, sua dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solida-
autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, riamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo
inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária de outras sanções legais cabíveis.
à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transfe-
rência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único Tipos de Licitação: menor preço, melhor técnica e técnica e
de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha preço
sido criada para esse fim específico em data anterior à vigência des- Os tipos de licitação, são em verdade os distintos critérios ob-
jetivos utilizados para o julgamento das propostas apresentadas
ta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o pratica-
pelos licitantes.
do no mercado.
São os tipos de licitação previstos na Lei 8.666/93:
XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimora-
a) Menor preço;
mento de estabelecimentos penais, desde que configurada situação
b) Melhor técnica;
de grave e iminente risco à segurança pública. c) Tecnica e preço e
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste d) Maior lance ou oferta.
artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços
contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, O artigo 45 da Lei Geral de Licitações assim estabelece quanto
empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na for- aos tipos de licitação:
ma da lei, como Agências Executivas. Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade que Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em
integre a administração pública estabelecido no inciso VIII do caput conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente es-
deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que produzem tabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusi-
produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de vamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos
19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção licitantes e pelos órgãos de controle.
nacional do SUS.

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, Na modalidade de tomada de preços, a fase da habilitação
exceto na modalidade concurso: corresponde ao próprio cadastramento exigido em lei, é prévia a
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta abertura do procedimento licitatório, e assim, objetivando dar cum-
mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor primento ao princípio da competitividade entre os licitantes, os in-
o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especifica- teressados em participar do certame não cadastrados previamente
ções do edital ou convite e ofertar o menor preço; têm a possibilidade de se inscreverem até o terceiro dia anterior à
II - a de melhor técnica; data do recebimento das propostas, desde que satisfaçam as condi-
III - a de técnica e preço. ções de qualificações exigidas.
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens Ressalta-se que a modalidade de tomada de preços será ado-
ou concessão de direito real de uso. tada para a celebração de contratos relativos às obras, serviços e
§ 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após compras de produtos de menor vulto do que é exigido para partici-
obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a classificação par da modalidade de concorrência.
se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o qual O decreto nº 9.412/18 atualiza os valores da modalidade de
todos os licitantes serão convocados, vedado qualquer outro pro-
licitação para a Tomada de Preço:
cesso.
a) para obras e serviços de engenharia: até R$ 3.300.000,00
§ 3o No caso da licitação do tipo «menor preço», entre os lici-
(três milhões e trezentos mil reais)
tantes considerados qualificados a classificação se dará pela ordem
b) para compras e serviços: até R$ 1.430.000,00 (um milhão,
crescente dos preços propostos, prevalecendo, no caso de empate,
exclusivamente o critério previsto no parágrafo anterior. quatrocentos e trinta mil reais)
§ 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a ad- Convite: Modalidade realizada entre interessados do ramo de
ministração observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 que trata o objeto da licitação, escolhidos e convidados em número
de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados em mínimo de três pela Administração.
seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamente o tipo de licitação O convite é a modalidade de licitação mais simples, sendo que
«técnica e preço», permitido o emprego de outro tipo de licitação a Administração escolhe quem quer convidar, entre os possíveis
nos casos indicados em decreto do Poder Executivo. interessados, cadastrados ou não. A divulgação deve ser feita me-
§ 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação não pre- diante afixação de cópia do convite em quadro de avisos do órgão
vistos neste artigo. ou entidade, localizado em lugar de ampla divulgação.
§ 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecionadas Na modalidade de convite, com vistas ao princípio da competi-
tantas propostas quantas necessárias até que se atinja a quantidade tividade, é possível a participação de interessados que não tenham
demandada na licitação. sido formalmente convidados, mas que sejam do ramo do objeto
licitado, desde que cadastrados no órgão ou entidade licitadora. Es-
Modalidades: concorrência, tomada de preços, convite, con- ses interessados devem solicitar o convite com antecedência de até
curso, leilão, pregão presencial e eletrônico 24 horas da apresentação das propostas.
Modalidade de Licitação é forma específica de conduzir o pro- Na modalidade de Convite, para que a contratação seja possí-
cedimento licitatório, a partir de critérios pré definidos em lei. O vel, são necessárias pelo menos três propostas válidas, isto é, que
valor estimado para a contratação é o principal fator de escolha da atendam a todas as exigências do ato convocatório. Não é suficiente
modalidade a ser adotada pelo administrador público, exceto quan- a obtenção de três propostas, é preciso para tanto que as três sejam
do se tratar de pregão, que não está limitado a valores. válidas. Caso isso não ocorra, a Administração deve repetir o convi-
São modalidades de licitação: te e convidar mais um interessado, no mínimo, enquanto existirem
Concorrência: De todas as modalidades de licitação existentes cadastrados não convidados nas últimas licitações, ressalvadas as
no ordenamento jurídico brasileiro, esta se revela a mais complexa, hipóteses de limitação de mercado ou manifesto desinteresse dos
e uma das diferenças entre as demais modalidades é possuir a fase convidados, circunstâncias estas que devem ser justifica das no pro-
da habilitação preliminar, logo após a abertura do procedimento.
cesso de licitação.
Modalidade da qual podem participar quaisquer interessados
O decreto nº 9.412/18 atualiza os valores da modalidade de
que na fase de habilitação preliminar comprovem possuir os requi-
licitação para o Convite:
sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução do
a) para obras e serviços de engenharia: até R$ 330.000,00 (tre-
objeto da licitação.
É a modalidade exigida por lei, com regra, para a compra de zentos e trinta mil reais)
imóveis e para a alienação de imóveis públicos, para a concessão de b) para compras e serviços: até R$ 176.000,00 (cento e setenta
direito real de uso, para licitações internacionais, para a celebração e seis mil reais)
de contrato administrativo de concessão de serviços públicos e para
a contratação de parcerias públicos-privadas. Concurso: É a modalidade de licitação entre quaisquer inte-
O decreto nº 9.412/18 atualiza os valores da modalidade de ressados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
licitação para a concorrência: mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedo-
a) para obras e serviços de engenharia: acima de R$ res, conforme critérios constantes do edital publicado na imprensa
3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais) oficial com antecedência mínima de 45 dias.
b) para compras e serviços: acima de R$ 1.430.000,00 (um mi- Dessa forma, o que determina a necessidade de escolha da mo-
lhão, quatrocentos e trinta mil reais) dalidade de licitação de Concurso, é a natureza do seu objeto, e não
o seu valor contratado.
Tomada de Preço: Modalidade realizada entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições Leilão: É a modalidade de licitação, entre quaisquer interessa-
exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do dos, para a venda, a quem oferecer o maio lance, igual ou superior
recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. ao valor da avaliação de bens móveis e imóveis.

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Pregão: Muito embora não esteja presente no rol da Lei Trata-se do julgamento das propostas apresentadas pelos li-
8.666/93, o pregão é considerada uma das modalidades de licitação citantes, que deverá sempre obediência aos critérios objetivos de
prevista na Lei Federal 10.520/2002. julgamento constante no edital, sendo que a responsabilidade de
É a modalidade adequada para aquisição de bens e serviços efetuar o julgamento, via de regra, fica a cargo da comissão de li-
comuns, assim considerados aqueles cujos padrões de desempe- citação.
nho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, A etapa do julgamento, ou classificação, pode ser subdividida
por meio de especificações usuais no mercado. em duas fases:
Seu processamento quanto às fases e lances poderá ocorrer na - Desclassificação: A desclassificação ocorre assim que a admi-
modalidade presencial ou então por meio da utilização de recursos nistração verifica a conformidade de cada proposta com os requi-
de tecnologia da informação, chamado de pregão eletrônico. Nesta sitos do edital, especificações técnicas e compatibilidade com os
hipótese a licitação é procedida a distância em sessão pública, por preços aplicáveis no mercado. Assim, as propostas que estiverem
meio de sistema que promova a comunicação pela internet. em desconformidade serão eliminadas, ou então, desclassificadas.
- Ordem de Classificação: as propostas já classificadas, ou seja,
Habilitação, julgamento, recursos que estão de acordo com os critérios estabelecidos no edital, será
estabelecida a ordem de classificação das propostas, de acordo com
Adjudicação e homologação o julgamento objetivo previsto em edital e da proposta que melhor
São fases da licitação o edital, a habilitação, a classificação, a atenda aos interesses da coletividade.
homologação e a adjudicação.
Edital: O edital é o instrumento por meio do qual a administra- Cumpre ao final esclarecer que, no caso de todos os licitantes
forem inabilitados ou então todas as propostas desclassificadas, a
ção torna pública a realização de licitação, sendo o meio utilizado
administração pública poderá fixar prazo de 08 (oito) dias aos li-
por todas as modalidades de licitação, exceto na modalidade con-
citantes para a apresentação de nova documentação, ou então a
vite.
correção das propostas desclassificadas, objetivando sanar as irre-
Além de ser o instrumento de divulgação do edital, é ainda a lei
gularidades. No caso da modalidade de convite, o prazo reduz para
interna da licitação, pois nele devem estar previstas todas as regras 03 (três) dias úteis.
que regerão o procedimento licitatório, e uma vez publicadas de-
vem ser seguidas, tanto pela administração quanto pelos licitantes. Homologação: A homologação é a fase da licitação na qual to-
Assim, o edital deve descrever com detalhes o objeto a ser lici- dos os seus atos e procedimentos são levados ao conhecimento e
tado, os documentos a serem trazidos no momento da habilitação, avaliação da autoridade que conduziu a licitação, para a confirma-
o critério objetivo de julgamento das propostas, entre outras nor- ção ou não de todas as decisões tomadas. É a confirmação ou não
mas que forem pertinentes. de todos os atos praticados no procedimento licitatório, conferindo
A publicação do edital deve observar um prazo mínimo de an- a validade do certame licitatório.
tecedência para o recebimento das propostas ou então da realiza- Nesta etapa é feito o controle de legalidade do procedimento
ção da licitação, sendo que qualquer modificação que se faça neces- licitatório, sendo que verificado irregularidades nas fases da licita-
sário no edital exige a divulgação pela mesma forma que se deu seu ção, a autoridade competente não homologará o procedimento,
texto inicial e original, tornando a abrir o prazo antes estabelecido remetendo o processo à comissão de licitação, para a correção das
para a apresentação das propostas, exceto quando a alteração não etapas com falhas, e a repetição dos atos com vícios.
afetar a formulação das propostas.
Adjudicação: É a ultima fase que temos no procedimento da
Habilitação: É a fase em que a Administração Pública procura licitação, que nada mais é do que a entrega do objeto da licitação
averiguar as condições pessoais de cada licitante, efetuando análise ao vencedor.
com o objetivo de averiguar a documentação e requisitos pessoais A adjudicação é o ato pelo qual a administração pública atri-
dos licitantes, tendo em vista futura contratação, e verificando ain- bui ao vencedor da melhor proposta o objeto ora licitado, sendo
da as condições que o licitante tem de cumprir o objeto da futura que esta etapa tem a finalidade única de garantir ao vencedor que,
contratação. quando a administração for celebrar o contrato referente ao objeto
A habilitação tem a finalidade de garantir que o licitante, fu- licitado, assim o fará com o vencedor.
turo vencedor do certame, tenha condições técnicas, financeiras e Com a adjudicação há a efetiva liberação dos demais licitantes
de idoneidade para cumprirem o objeto contratado por meio de perdedores de cumprimento de suas propostas, e ao contrário, vin-
cula o vencedor a obrigatoriedade de manter os termos propostos.
licitação.
É possível a dispensa da fase de habilitação, em seu todo ou em
parte, nos casos da modalidade de convite, concurso, fornecimento
Registro de Preços
de bens para pronta entrega e ainda leilão.
O Sistema de Registro de Preços não se confunde com uma das
Cumpre ressaltar que, encerrada a fase de habilitação, o lici- modalidades de licitação, pois se trata de um procedimento licitató-
tante aprovado para participar do certame não poderá mais desistir rio, que se efetiva por meio das modalidades de pregão ou concor-
da proposta já apresentada, exceto quando houver motivo justo rência, para fins de registro formal de preços relativos a serviços ou
decorrente de fato superveniente, desde que aceito pela comissão bens, concedendo à Administração Pública, no momento em que
da licitação. entender oportuno, a possibilidade de futura contratação nos mol-
des do melhor preço registrado.
Classificação: É a fase em que o Poder Público analisa as pro- Segundo os ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro1, ¨o
postas comerciais dos licitantes que já foram habilitados, e poste- registro de preços foi previsto no art. 15, II, da Lei 8.666/93, como
riormente escolhe a melhor proposta que atendem aos interesses procedimento a ser utilizado preferencialmente para as compras
da administração. efetuadas pela Administração Pública¨.

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

O Decreto nº 7.892/2013, em seu artigo 2º, I define o Sistema c) quando for conveniente a aquisição de bens ou a contrata-
de Registro de Preços como o conjunto de procedimentos para re- ção de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade,
gistro formal de preços relativos à prestação de serviços e aquisição ou a programas de governo; ou
de bens, para contratações futuras. d) quando, pela natureza do objeto, não for possível definir
O principal objetivo desse procedimento de registrar os preços previamente o quantitativo a ser demandado pela Administração.
é facilitar e agilizar as contratações futuras, sem que seja necessário
a realização de novo procedimento licitatório. Revogação e anulação da licitação
Caso ocorra motivo superveniente suficientes e motivado pela
Vejamos o que determina o artigo 15 da Lei 8.666/93: Administração Pública com justificatívas de interesse público rele-
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: vante para que não se proceda a contratação, poderá, mediante ato
I - atender ao princípio da padronização, que imponha compa- fundamentado revogar a licitação, por meio de procedimento que
tibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observadas, possibilite ao contratado vendedor do certame licitatório a ampla
quando for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica defesa e o contraditório.
e garantia oferecidas; No entanto, a autoridade competente deverá anular a licitaçã
II - ser processadas através de sistema de registro de preços; de oficio ou por provocação de terceiros quando identificada ilega-
III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento seme- lidade dos atos licitatórios.
lhantes às do setor privado; Esta decisão de anulação deve, obrigatoriamente ser precedida
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias de parecer escrito e fundamentado, assegurando aos interessados
para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economici- na manutenção da licitação o contraditório e a ampla defesa.
dade; A possibilidade jurídica da Administração Pública revogar e
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e anular o procedimento licitatório está previsto no artigo 49 da Lei
entidades da Administração Pública. 8.666/93:
§ 1º O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do proce-
mercado. dimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse
§ 2º Os preços registrados serão publicados trimestralmente público decorrente de fato superveniente devidamente compro-
para orientação da Administração, na imprensa oficial. vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo
anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
§ 3º O sistema de registro de preços será regulamentado por
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as se-
§ 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo de ile-
guintes condições:
galidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no
I - seleção feita mediante concorrência;
parágrafo único do art. 59 desta Lei.
II - estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato,
preços registrados;
ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
III - validade do registro não superior a um ano.
§ 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica asse-
§ 4º A existência de preços registrados não obriga a Adminis-
gurado o contraditório e a ampla defesa.
tração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando- § 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos
-lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação.
relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro
preferência em igualdade de condições.
§ 5º O sistema de controle originado no quadro geral de preços, COMUNICAÇÃO. COMUNICAÇÃO NA EMPRESA. CON-
quando possível, deverá ser informatizado. CEITOS E PRÁTICAS. TREINAMENTOS. REUNIÕES.
§ 6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço ASSEMBLEIAS. ESTUDOS. PREVISÕES. ROTINA E TRA-
constante do quadro geral em razão de incompatibilidade desse BALHO
com o preço vigente no mercado.
§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda: COMUNICAÇÃO
I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indi- Conduzir eficientemente processos de comunicação interpes-
cação de marca; soal e trocar feedback de forma motivadora têm sido um grande
II - a definição das unidades e das quantidades a serem adqui- desafio na liderança de equipes e grupos de trabalho em geral.
ridas em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimati- Sendo assim, o profissional precisa aprender a administrar:
va será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas
quantitativas de estimação; - A correta utilização da comunicação verbal e não verbal
III - as condições de guarda e armazenamento que não permi- - A comunicação como elemento de integração e motivação na
tam a deterioração do material. empresa
§ 8º O recebimento de material de valor superior ao limite esta- - Competências técnicas e humanas
belecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de convite, deverá - Como o ouvinte percebe a sua comunicação
ser confiado a uma comissão de, no mínimo, 3 (três) membros. - Gerenciamento de relações
- Resolução de conflitos
O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado pela Admi- - Como ouvir melhor: a arte de esclarecer e confirmar
nistração Pública nas seguintes hipóteses: - Como especificar méritos e sugerir mudanças
a) quando, pelas características do bem ou serviço, houver ne- - A importância de argumentar para os valores do outro
cessidade de contratações frequentes;
b) quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de
entregas parceladas ou contratação de serviços remunerados por
unidade de medida ou em regime de tarefa;

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Processo comunicacional: Emissor:


É o agente do processo de Comunicação, ou seja, é a pessoa
O processo comunicacional tem como maior objetivo a intera- que tem uma mensagem para comunicar. Ele é a fonte ou a ori-
ção humana, buscando o estabelecimento das relações e o entendi- gem do processo de Comunicação. Além disso, é quem vai tomar
mento entre os indivíduos. a iniciativa de se comunicar e buscar a interação com as outras
Desde os tempos antigos, Aristóteles já dizia que: pessoas, a fim de alcançar o seu objetivo.
Para alcançar a eficácia da Comunicação o emissor tem que ter
(...) devemos olhar para três ingredientes na comunicação: como requisitos fundamentais:
quem fala, o discurso e a audiência. Ele quis dizer que cada um • Habilidades: para que possa falar, ler, ouvir e raciocinar;
destes elementos é necessário à Comunicação e que podemos or- • Atitudes: por influenciar o comportamento e por estarem
ganizar nosso estudo do processo sob estes três títulos: 1) a pessoa relacionadas a ideias pré-concebidas, quanto a vários assuntos, as
que fala; 2) o discurso que faz; 3) a pessoa que ouve. comunicações são influenciadas por determinados tipos de atitu-
des que as pessoas tomam;
É interessante notar que praticamente todos os modelos atu- • Conhecimento: a extensão e profundidade do conheci-
ais de processos comunicacionais são parecidos com o de Aristó- mento das pessoas sobre
teles, sendo que o que mudou foi a complexidade com que eles • Um assunto pode restringir (se o assunto não é de conhe-
estão sendo abordados. cimento do emissor) ou ampliar (quando o receptor não compre-
As primeiras abordagens da Comunicação defendiam um pro- ende a mensagem que está sendo transmitida) o campo comuni-
cesso comunicacional constituído por apenas quatro elementos cacional;
fundamentais: emissor, receptor, mensagem e meio. Já as abor- • Sistema sociocultural: a situação cultural em que o emis-
dagens mais recentes da Comunicação, defendem que o processo sor se situa, com suas
é desencadeado por oito elementos, são eles: objetivos, emissor, • Crenças, valores e atitudes influencia o tempo todo a sua
mensagem, meio, receptor, significado, resposta e situação. função de comunicador.
Todos os elementos do processo são interdependentes e de- Um requisito significativo no contexto organizacional é a repre-
vem seguir uma ordem, para que haja uma integração lógica entre sentatividade do emissor, ou seja, a posição hierárquica exercida
esses elementos e o próprio processo comunicacional. pelo emissor, que é de fundamental importância para a credibilida-
de da mensagem a ser comunicada.
A seguir, os componentes do processo serão especificados um
a um: Mensagem:
É o que vai ser comunicado pelo emissor. Deve estar adequa-
Situação: da ao nível cultural, técnico e hierárquico do receptor. É composta
A situação pode ser considerada a circunstância na qual as por conteúdo e forma.
mensagens são passadas do emissor ao receptor. “Todos os pro- O conteúdo representa o que será transmitido e depende dos
cessos de Comunicação acontecem em determinada situação, seja objetivos do processo comunicacional. Não deve ser insuficiente ou
ela favorável ou desfavorável. A situação real que deve ser conside- excessivo, deve comunicar o essencial, frente aos objetivos a se-
rada, no processo de Comunicação, é aquela percebida e sentida rem alcançados pelo emissor. O conteúdo também “deve ter uma
pelo receptor e não aquela vivida ou sentida pelo emissor”. Para sequencia lógica, ou seja, um início (objetivos), um meio e um
que a transmissão da mensagem seja considerada eficaz, deve-se fim (conclusões).” A forma é a maneira pela qual a mensagem é
procurar a situação mais favorável, pois se o emissor procurar co- transmitida. As formas básicas são as verbais e as não verbais. As
municar-se em uma situação desfavorável poderá acontecer que o verbais podem ser orais e escritas (palavras, letras, símbolos). Já
receptor não lhe dará a atenção devida e, consequentemente, não as não verbais, podem ser gestuais (mímicas, movimentos corpo-
entenderá a mensagem que lhe foi transmitida. rais), vocais (timbre de voz e entonação) e espaciais (local físico e
layout).
Objetivos:
Podem ser caracterizados como os estímulos que levam o emis- (...) não há uma forma melhor do que a outra. A escolha da
sor a transmitir a mensagem. Como a Comunicação é um processo forma depende de
de interação, na qual as pessoas integram-se umas com as outras, um conjunto de fatores, dentre os quais os mais relevantes
os objetivos podem ser considerados como “os interesses” que le- são: rapidez
varam o emissor a interagir com o receptor. Alguns exemplos de requerida (na transmissão da mensagem, na obtenção das
objetivos: ouvir opiniões a respeito de algo ou dar um aviso sobre o respostas);
churrasco de fim do final de semana. quantidade de receptores; localização geográfica dos recepto-
Além dos objetivos serem um interesse que o emissor tem em res; necessidade
relação ao receptor, alguns autores lançam uma reflexão intrínseca de formalizar a mensagem; necessidade de consultas posterio-
de que os objetivos também devem chamar a atenção de quem re- res sobre a
cebe a mensagem, porque senão o receptor não se sentirá atraído mensagem; complexidade do assunto tratado; facilidade de
e também não verá utilidade alguma na mensagem. Desta forma, retenção da
para que o receptor perceba a utilidade da mensagem, o emissor mensagem (lembrança)
deve conhecer as necessidades, os gostos, ações, pensamentos,
crenças e valores de quem vai receber a mensagem, pois só assim Além disso, também se destaca que um único processo pode
a Comunicação valerá a pena. É imprescindível a clareza dos objeti- utilizar mais de uma forma de Comunicação. Um exemplo de con-
vos, pois sem isso, o processo não ocorre eficazmente. teúdo e formas diferentes de se transmitir a mensagem pode ser:
demissão de um colaborador da Organização (conteúdo) – comuni-
cada por e-mail a todos os outros colaboradores (forma não verbal)
ou na reunião pelo gerente (forma verbal).

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Meio: Os signos devem expressar a mesma coisa para o emissor e


Pode ser chamado, também, de canal ou veículo de transmis- para o receptor,ou seja, o significado que o objeto porta para o
são. Como a própria denominação já diz, o meio é o recurso utiliza- emissor deve ser o mesmo que o doreceptor. Caso isso não ocorra,
do pelo emissor para transmitir a mensagem. O meio “é determina- a mensagem não será transmitida eficazmente, já que a interpreta-
do pelos requisitos de forma da mensagem a ser transmitida e da ção do receptor não é a correta ou a esperada pelo emissor.
resposta a ser obtida.” Ou seja, o meio de Comunicação está asso- Mas, mesmo que o significado seja o mesmo, para o emissor
ciado à forma verbal ou não verbal de transmissão da mensagem, e para o receptor,não se pode dizer que as questões referentes ao
isso quer dizer que, dependendo das situações específicas de cada processo de Comunicação foram resolvidas, pois, “a compreensão,
mensagem, o meio pode ser caracterizado de várias formas, desde através da comunhão do significado, não quer dizer, necessariamen-
a voz humana à televisão e até pelo fax ou pelo e-mail. te, acordo. Posso compreender uma ideia, sem concordar com ela.”
Vale ressaltar que não existe um meio ou uma forma melhor Portanto, não é apenas o entendimento do significado, por ambas
que o outro, existe, sim, um mais adequado, de acordo com as as partes, que assegura a eficácia da Comunicação. Em relação a
características da mensagem a ser transmitida. “O requisito fun- isso, podemos dizer ainda que, “ainda que o significado comum não
damental na escolha do meio é que ele não provoque ruído” nas assegure sozinho, a eficácia do processo de Comunicação como um
mensagens, pois o ruído é uma interferência que prejudica a trans- todo, é um requisito fundamental para promover o entendimento.”
missão da mensagem, comprometendo a recepção da mesma, ou
seja, a decodificação da mensagem pelo receptor. Para que haja um Resposta:
melhor entendimento do significado de ruído, vale a pena exem- Pode ser chamada, também, de feedback ou comportamento
plificar: uma linha cruzada do telefone, um documento sujo ou esperado, pois é
borrado, alguém que fale muito baixo, um ambiente de trabalho a reação do receptor à mensagem recebida. É o último objetivo
desconfortável, etc. do processo, pois é o desejado pelo emissor, ao emitir uma men-
sagem.
Receptor: A resposta pode ser considerada como a efetivação do recebi-
É quem recebe a Comunicação, ou seja, é o foco da comuni- mento da mensagem, determinando, ou não, o sucesso da mesma.
cação. É ele quem vai reagir ao estímulo promovido pelo emissor.
Sem o receptor, não há Comunicação, pois se o receptor não É por meio da comunicação oral que as pessoas personificam
faz parte do processo, o emissor não tem para quem comunicar a seu ser
sua mensagem e, consequentemente, não terá uma resposta.
Sendo assim, pode-se dizer que todo o processo de Comunica- Comunicação é tornar algo comum, compartilhar, dividir, tro-
ção deve ser direcionado de acordo com as características do recep- car...
tor. A seguir algumas características que, assim como o emissor, o Enfim, é o processo de transmitir uma informação a outra pes-
receptor necessita ter, para que a Comunicação seja eficaz: soa, no entanto, o que caracteriza a comunicação é a compreensão
e não o simplesmente informar.
(...)assim como o emissor foi limitado por suas habilidades, Daí a diferença de comunicação (que é a informação sendo
atitudes, transmitida) e comunicabilidade (que é o ato comunicativo otimi-
conhecimento e sistema sociocultural, o receptor é restringido zado)
da mesma
maneira. Assim como o emissor deve ter habilidades de escre- Barreiras à comunicação eficaz – alguns elementos prejudicam
ver ou falar, o a transmissão e a compreensão da comunicação, entre eles pode-
receptor deve ser hábil em ler ou ouvir, e ambos devem ser mos citar:
capazes de
raciocinar. O conhecimento, atitudes e formação cultural de • Ruídos
alguém influenciam • Sobrecarga de informações
a sua capacidade de receber, assim como o fazem com a capa- • Tipos de informações
cidade de enviar • Fonte de informações
mensagens. • Localização Física
• Defensidade
Significado:
É a compreensão da mensagem, no seu sentido correto. É o Além desses, as barreiras são um conjunto de fatores que im-
‘entendimento comum’ da mensagem entre o emissor e o recep- pedem ou dificultam a recepção da mensagem, no processo comu-
tor. Isto ocorre quando o emissor e o receptor entendem da mes- nicacional.
ma forma a mensagem. A seguir, serão abordadas as teorias da Sociologia e da Adminis-
tração, em relação às barreiras, especificando-as:
Portanto, quando o receptor interpreta a mensagem da mesma
forma que o emissor quis transmiti-la, pode-se dizer que o receptor Abordagem sociológica
captou o significado da mensagem. As barreiras podem ser divididas em seis grupos:

Quando a mensagem é transmitida pelo emissor, ela é codifica- • Barreiras pessoais;


da e quando é recebida pelo receptor, ela é decodificada. As codifi- • Barreiras sociais;
cações e decodificações são compostas por um conjunto de signos, • Barreiras fisiológicas;
utilizados pelas pessoas para representar seus pensamentos, a rea- • Barreiras da personalidade;
lidade em que vivem etc. • Barreiras da linguagem;
• Barreiras psicológicas.

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Barreiras pessoais: Barreiras da personalidade:


1. Nível de conhecimento: está ligada à profundidade de co- 1. Autossuficiência: ocorre quando a pessoa acha que sabe
nhecimento que as pessoas têm e revelam, no decorrer do proces- tudo, ou seja, a pessoa acha que o que ela sabe e conhece é o sufi-
so comunicacional. Pode também ser atribuído pelas outras pesso- ciente. Esta barreira ocorre de duas maneiras: ‘julgamento do todo
as que fazem parte do processo, por perceberem o conhecimento pela parte’ – acontece quando a pessoa julga outras pessoas e/ou
e o reconhecerem. “Este aspecto pode conduzir à maior ou menor coisas pelo que ela conhece; intolerância, acontece quando a pes-
credibilidade ao emissor e trazer-lhe um estatuto que pode marcar soa não aceita o ponto de vista das outras pessoas, pois ele julga
o desempenho do seu papel enquanto comunicador.” Algumas pes- que o único ponto de vista correto é o seu próprio.
soas, por conhecerem profundamente um assunto, não gostam ou 2. Congelamento das avaliações: acontece quando a pessoa
se incomodam em conversar com alguém que não tem o mesmo acredita que as pessoas e as coisas não mudam, ou seja, quando a
domínio do assunto e vice-versa. pessoa supõe que as circunstâncias sempre serão as mesmas, inde-
2. Aparência: a forma de se vestir e se cuidar pode determinar pendente das mudanças que surgirem com as pessoas e coisas. Fa-
o jeito com que as pessoas se comunicarão umas com as outras. zem parte dessas avaliações os preconceitos e a insegurança que as
Dias (2001) coloca que tanto as expectativas provocadas, como as pessoas têm frente a algumas situações e frente às outras pessoas
primeiras impressões, são determinantes para um processo comu- 3. Comportamento Humano – aspectos objetivos e subjetivos:
nicacional eficaz. Por exemplo, um homem de terno e gravata tem está no conflito personalidade subjetiva (interior de cada pessoa
muito mais facilidade de receber atenção do que um homem de ou as opiniões próprias) X personalidade objetiva (o que é exterio-
bermuda e tênis. rizado para as outras pessoas ou a realidade concreta). Quando se
3. Postura corporal: deve ser estabelecida de acordo com o que diz personalidade, toma-se como princípio a caracterização da per-
se quer comunicar. Alguns teóricos da Sociologia dizem que a postu- sonalidade por processos comportamentais, que são estabelecidos
ra também deve ser adequada, de acordo com o grupo com o qual pela interação das reações individuais com o meio social. “A Comu-
se está comunicando. nicação Humana baseia-se na concepção da personalidade proje-
4. Movimento corporal: certos movimentos podem ser favorá- tiva, na evidência de que na sociedade humana, o homem precisa
veis ou não para um processo eficaz. Podemos citar o livro “O corpo ‘vender’ a sua personalidade.” Para tanto, ele precisa torná-la so-
fala”, que aborda a questão de que o corpo também se comunica, cialmente aceitável, e aí está o conflito, pois a pessoa tem que estar
as expressões corporais manifestam a ansiedade, a atração, o ner- o tempo todo tornando a sua personalidade vendível, para que o
vosismo, a tristeza, etc. outro possa aceitar se comunicar com ela. Exemplificando, ocorre
5. Contato visual: a forma como as pessoas se olham demons- quando alguém tem uma determinada opinião negativa sobre o
tra como uma está se sentindo em relação à outra, além de infor- aborto, mas ao conversar com alguém que acabou de conhecer e
mar o grau de atenção que está sendo dirigida à pessoa que está que é a favor do aborto, deixa de expressar a sua opinião e conversa
falando. O direcionamento, o tempo, o contexto, a oportunidade, a com a outra pessoa como se não tivesse uma opinião bem formada
intensidade, o status de quem olha ou de quem é olhado, impõem a respeito do assunto.
um quadro interpretativo que cada cultura se encarrega de transmi- 4. Geografite: está relacionada com as atitudes das pessoas
tir aos seus membros pelo processo de socialização.” que se comovem mais com os “mapas” do que com os “territó-
6. Expressão facial: é determinante, pois é uma forma de de- rios”. Mapas são os sentimentos, imaginações, palpites, hipóteses,
monstrar o interesse das pessoas pela mensagem que está sendo pressentimentos, preconceitos, inferências, etc. Já os territórios
transmitida. são os objetos, as pessoas, as coisas, os acontecimentos, etc. Isso
7. Fluência: a articulação das palavras, a modulação (intensida- é relevado, devido ao fato de que, atualmente, as pessoas têm se
de dos sons), o ritmo e o timbre da voz fazem diferença, em termos envolvido, constantemente, com quaisquer tipos de sugestionabili-
da maneira como são utilizados para a eficácia da transmissão da dades, tornando-se exageradamente crédulas ou pela forma como
mensagem. as pessoas vêm distorcendo a realidade, como por exemplo, através
dos horóscopos, das coisas sobrenaturais, das profecias, etc. Essas
Barreiras sociais: questões, ocasionam uma certa falta de civilização, ou seja, falta
1. Educação: os princípios e valores adquiridos pelos indivídu- de equilíbrio racional para lidar com os acontecimentos e com as
os também fazem coisas e pessoas.
parte do processo comunicacional. 5. Tendência à complicação: essa é uma das barreiras mais co-
2. Cultura: a Comunicação, como já foi visto, muda de cultura muns, pois está concebida no fato de que as pessoas têm o hábito
para cultura. Por conseguinte, se as pessoas têm culturas muito dis- de restringir e complicar coisas e acontecimentos simples, o tempo
tintas, a Comunicação ficará prejudicada. todo, até mesmo quando se trata de sistematização e pensamento
3. Crenças, normas sociais e dogmas religiosos: assim como em lógico.
relação à cultura, se as pessoas que estão se comunicando diver-
gem com muita intensidade nessas questões, os processos comuni- Abordagem da Administração
cacionais serão prejudicados ou a mensagem não será transmitida As barreiras mais destacadas neste campo de estudos são:
adequadamente. 1. Falta de comunicação: “é um dos problemas mais frequen-
tes nas empresas e que gera as consequências mais graves.” Pode
Barreiras fisiológicas: ser causada por: interpretações distorcidas dos fatos; falta de ade-
As deficiências do aparelho fonoaudiológico e do aparelho vi- são a uma decisão e às mudanças; desmotivação das pessoas pela
sual criam dificuldades na Comunicação. não participação e pelo desconhecimento do que se passa na Orga-
nização; conflitos entre pessoas e departamentos, etc.
2. Falta de clareza de objetivos: ocorre quando a mensagem
não tem conteúdo e forma bem definidos. Exemplo: uma reunião
em que ninguém consegue entender o porquê de estar acontecen-
do.

176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

3. Texto fora do contexto: quando a comunicação é feita, ape- causando distorções na realidade. Exemplificando: o gerente de de-
nas, sobre um determinado acontecimento, sem dizer o contexto partamento chegou duas horas atrasado no trabalho (fato). Patrícia
no qual ele está inserido. Acontece quando uma decisão é simples- diz que foi porque ele acordou atrasado; já Fabíola diz que foi por
mente comunicada, sem que se expliquem os porquês e motivos razão de algum problema pessoal (opiniões).
em questão. b. Inferências X Observações: trata-se de considerar as infe-
4. Filtragem: ocorre quando o emissor manipula a mensagem, rências como observações e vice-versa. Inferir é deduzir e observar
de acordo com os seus objetivos e interesses, de forma que a men- é prestar atenção, olhar algo que está acontecendo. “As inferências
sagem favoreça o seu ponto de vista ou o que ele deseja que o re- são menos prováveis do que as observações; (...) as inferências nos
ceptor decodifique. oferecem certezas relativas; as observações nos oferecem certezas
5. Percepção seletiva: o emissor vê e ouve, apenas, ou mais absolutas.” O tempo todo as pessoas fazem inferências. Quando
acuradamente aquilo que lhe interessa, ou seja, faz uma seleção leem um jornal, por exemplo, inferem o que realmente ocorreu. O
das mensagens relacionadas com suas necessidades, motivações, problema desta barreira está no fato das pessoas tomarem sempre
referências, etc. As pessoas “não veem a realidade; em vez disso, como lei as inferências e não se utilizarem mais de observações.
interpretam o que veem e chamam de realidade.” Pode ser prejudi-
cial, à medida que a pessoa tende a perceber só aquilo que lhe con- 2. Descuidos nas palavras abstratas:
vém e isso não permite uma percepção neutra dos acontecimentos, “Atrás de uma palavra nem sempre está uma coisa. Palavras
coisas e pessoas. não são coisas; são representações de coisas, quase sempre especí-
6. Defensiva: “Quando as pessoas se sentem ameaçadas, ge- ficas, e por isso, difíceis de serem transmitidas, com fidelidade, de
ralmente respondem de forma que atrapalha a Comunicação.” A uma cabeça para outra.” E como as palavras abstratas fazem parte
partir do momento em que a pessoa se sente ameaçada, ela não do repertório específico de cada um, fica difícil um processo comu-
consegue decodificar e nem transmitir as mensagens com eficácia. nicativo eficaz, sem uma pré-definição dessas palavras, já que elas
7. Uso inadequado dos meios: como já foi falado anteriormente, possibilitam muitos equívocos.
não existe um meio mais adequado para ser utilizado na transmis-
são de diferentes tipos de mensagem, sendo que o que vai determi- 3. Desencontros:
nar se o meio é o mais adequado, ou não, é a situação específica de Esta barreira pode ser caracterizada como a diferença de per-
cada mensagem. A Comunicação Oral tem a tendência de aumentar cepção de cada indivíduo, ou seja, a subjetividade de cada um. Uma
a eficácia da Comunicação, quando bem utilizada, pois proporciona determinada palavra, para um indivíduo, tem um significado A; já
uma resposta imediata, além de estimular o pensamento do recep- para outro indivíduo, a mesma palavra tem um significado B, e isso
tor, no momento em que a mensagem está sendo transmitida e por ocorrerá com todos os indivíduos, pois ninguém percebe as coisas
dar um toque mais pessoal à mensagem e ao processo como um da mesma forma, cada um tem a sua forma de perceber e significar
todo. Deve ser mais usada, quando se quer comunicar mensagens as coisas, palavras, etc. Caso não aconteça um consenso e/ou es-
mais complexas e difíceis de serem transmitidas. Já a comunicação clarecimento das questões a serem comunicadas, o processo ficará
escrita, tem a tendência de ser mal entendida, porque quem escre- comprometido e cheio de equívocos de compreensão.
veu pode não ter sido suficientemente claro ou não ter expressado 4. Indiscriminação:
o que queria corretamente. Ocorre quando há uma rotulação das coisas, pessoas e acon-
8. Linguagem: pode ser considerada uma das barreiras mais tecimentos, onde a percepção está focada, apenas, nas semelhan-
comuns, pois ocorre o tempo todo, no dia-a-dia das pessoas, em ças ou em alguns padrões (ou clichês) criados por cada indivíduo,
uma Organização. Como as pessoastendem a achar que os significa- não havendo um discernimento entre as diferenças. Em relação à
indiscriminação, a Comunicação Humana é prejudicada por alguns
dos que as palavras têm para elas são os mesmos significados que
fatores, são eles: abuso dos ditados populares e a crença de que “a
outras pessoas atribuem, uma barreira acaba surgindo no processo.
voz do povo é a voz de Deus.”
9. Efeito status: A hierarquia dentro das organizações pode
criar barreiras nas comunicações. Esta barreira está ligada a outra
5. Polarização:
barreira, a filtragem, que já foi citada anteriormente. Quando os
“Há polarização quando tratamos os contrários como se fos-
colaboradores têm que comunicar algo aos gerentes das Organiza-
sem contraditórios. Polarização é a tendência a reconhecer apenas
ções, eles tendem a filtrar a mensagem, de forma que ela seja trans-
os extremos, negligenciando as posições intermediárias.” O proces-
mitida e decodificada, no intuito de agradar os gerentes.
so comunicacional fica bastante prejudicado, quando os pontos de
10. Impertinência da mensagem: quando as mensagens são
vistas são extremistas, pois dificilmente encontra-se um meio ter-
transmitidas em momentos inoportunos e desagradáveis, o proces- mo, sem causar grandes discussões ou fugir aos objetivos do pro-
so se prejudica pela inadequação da situação escolhida. cesso.
Barreiras da linguagem: 6. Falsa identidade baseada em palavras:
Acontece quando uma pessoa percebe coisas em comum entre
1. Confusões entre: duas ou mais coisas e conclui que essas coisas são idênticas. Um
a. Fatos X Opiniões: As pessoas estão o tempo todo se refe- exemplo claro disso é: os cariocas são flamenguistas. Camila é fla-
rindo a fatos, como se estivessem emitindo opiniões e vice-versa. menguista. Por conseguinte, Camila é carioca. A palavra tem uma
“Fato é acontecimento; é coisa ou ação feita. Opinião é modo de ver, força fora do comum, podendo beneficiar ou prejudicar alguém por
é conjectura”. Pode-se dizer que uma das coisas mais ameaçado- meio dessas conclusões das semelhanças entre as coisas.
ras do processo comunicacional é a transformação de uma opinião
em fato, pois, a partir do momento em que a pessoa se convence 7. Polissemia:
de que sua suposição realmente aconteceu, ela perde a noção dos É a reunião de vários sentidos em apenas uma palavra. Cada
verdadeiros acontecimentos e divulga para outras pessoas as suas um tem um repertório de palavras e significados e uma mesma
opiniões sobre os fatos, como sendo os próprios acontecimentos, palavra pode ter vários significados para um mesmo indivíduo. En-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

tão, já que o processo comunicacional precisa de no mínimo duas - insatisfação de uma forma geral.
pessoas para acontecer, pode-se imaginar o quão complexo é a Um princípio fundamental para a boa comunicação é a disposi-
Comunicação entre diversas pessoas. ção e a sabedoria em ouvir.
“A palavra é a maneira de traduzir ideias ou pensamentos.” Por- Toda a eficácia do processo depende, essencialmente, de saber
tanto, cada indivíduo tende a transmitir as mensagens “carregadas” ouvir e entender a mensagem que foi transmitida inicialmente, para
de palavras com suas percepções das coisas. Essa barreira está lado então começar um processo de comunicação.
a lado com a barreira de desencontros, pois as duas abordam as
diferenças de percepções de cada indivíduo. Formas de comunicação:
Tem uma palavra que serve de exemplo desta barreira, qual A comunicação vem sofrendo evoluções ao longo do tempo,
seja: abacaxi pode ser uma fruta ou um problema, que para ser re- assim como todo o processo que sofra influência do mundo globali-
solvido, dá muito trabalho. zado. As formas mais tradicionais de comunicação englobam:
- manual;
8. Barreiras verbais: - revista;
São aquelas provocadas por palavras e expressões causadoras - jornal;
de antagonismos, ou seja, são as causadoras de oposições de ideias. - boletim;
- quadro de aviso.
Barreiras psicológicas:
Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, figuram
novos métodos efetivos para desenvolvê-la, tais como:
1. Efeito de Halo: de acordo com Schermerhorn (1999, p. 260),
- intranet;
ocorre “quando um atributo é usado para desenvolver uma impres-
são geral de uma pessoa ou situação”. - correio eletrônico;
Exemplificando, ao conhecer uma pessoa nova e ela se mostrar - comunicação face a face;
bastante ranzinza, pode-se ter a percepção negativa dessa pessoa, - telão.
pois as pessoas podem generalizar essa característica que ela apre-
sentou determinado dia. Pode-se generalizar desde expressões fa- Em linhas gerais, torna-se necessário que o profissional exer-
ciais, passando pelo modo ou estilo de se vestir, até a maneira de cite tanto a linguagem verbal como a linguagem não verbal, que
falar. forçam o tempo todo as habilidades de comunicação.
2. Tipos pré-determinados: é o agrupamento das pessoas em Alguns itens são vitais na linguagem não verbal e devem ser
grupos sociais e/ou profissionais. compreendidos para a sua melhor utilização:
- gestos;
Aqui entram também os preconceitos (homofobia, racismo, - postura;
machismo, entre outros) e também os estereótipos que prejudicam - movimentos do corpo;
a interação entre as pessoas, pelo constrangimento que estes po- - tom da voz e velocidade da fala;
dem promover. - movimentação entre receptor /emissor.
Tais questões criam barreiras na comunicação pois causam do-
res e situações desconfortáveis, sobretudo para os interlocutores, A linguagem não verbal é considerada vital para o processo de
ou seja, para aqueles que recebem a mensagem que está sendo comunicação, tendo em vista que esta não ocorre apenas por meio
transmitida. de palavras, sendo um processo muito mais complexo do que se
imagina.
Como melhorar a comunicação interpessoal No momento da comunicação é necessário decodificar as men-
• Habilidades de transmissão sagens não verbais, pois quando isso não ocorre estima-se que há
• Linguagem apropriada uma perda de 65% do que é comunicado.
• Informações claras No momento em que o profissional domina as mensagens não
• Canais múltiplos verbais, ele passa a conduzir o processo de comunicação de forma
• Comunicação face a face sempre que possível
eficaz e consegue atingir os objetivos propostos.
Em suma, é necessário para o profissional aprenda a utilizar
É notório que problemas de comunicação são de difícil inter-
sinais não verbais no processo de comunicação, bem como domi-
venção e por isso demandam do emissor um enorme cuidado ao
nar a linguagem verbal. Na ausência destas habilidades, existirá um
transmitir a mensagem necessária de forma clara e objetiva.
Existem três fontes de sinais de comunicação e cada uma re- desnível significativo no processo de comunicação entre emissor /
presenta um percentual deste processo: receptor.

- comunicação verbal: palavras expressas 7% Eficácia na Comunicação:


- comunicação vocal: entonação, o tom e timbre de voz 38% Comunicar-se eficazmente é proporcionartransformação e mu-
- expressão facial e corporal 55% dança na atitude das pessoas. Se a comunicação apenas muda as
A falta de comunicação adequada pode gerar problemas de di- ideias das pessoas, mas não muda suas atitudes, então a comunica-
versos tipos e com consequências variadas, entre as quais podemos ção não atingiu seu resultado. Ela não foi eficaz.
citar: A clareza e a certeza de que se foi entendido, representam um
- confusão entre os envolvidos; dos pilares de um projeto bem sucedido e essa sempre foi uma das
- perda na prestação do serviço ou na confecção do produto; principais preocupações de todas as empresas. Varias são as vezes
- comprometer a imagem da empresa; que apenas informamos e não formamos a ideia do que queremos
- desmotivação; que a outra parte faça.
- retrabalho; Existem algumas ferramentas e regras que ajudam na conscien-
- falta de procedimentos e ordens claras; tização sobre o próprio nível de comunicação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Abaixo, o “Modelo de Quatro Elementos”, comprovado e apli- A autoimagem de uma pessoa afeta sua maneira de se comu-
cado por Philip Walser, como uma das ferramentas das quais pode- nicar com os outros. Um autoconceito forte, positivo, é necessário
mos dispor. para haver interações hígidas e satisfatórias. Por outro lado, uma
Os quatro elementos são: “Framing” – “Advocating” – “Inqui- autoimagem fraca, inferior, frequentemente distorce a percepção
ring” –“Illustrating”: do indivíduo relativamente a como os outros o veem, o que gera
- Framing: é definir o tema a ser abordado durante uma con- sentimentos de insegurança no seu relacionamento interpessoal.
versa logo no começo. Pode ser necessário redefinir o tema durante Alguém que tenha a seu próprio respeito uma impressão negativa
o andamento (“Re-framing”), mas deve-se evitar que a conversa vá poderá encontrar dificuldades em conversar com outros, em admi-
para lugares distantes que não têm nada a ver com o assunto. tir que esteja errado, em expressar seus sentimentos, em aceitar
- Advocating: é explicar o seu próprio ponto de vista de forma críticas construtivas que lhe forem feitas ou em apresentar ideias
clara e objetiva, não deixando de lado os porquês deste ponto de diferentes das dos outros. Sua insegurança o leva a temer que os
vista, ou seja, não engolir sapos, mas mencionar os valores que são outros deixem de apreciá-lo se discordar deles.
à base deste seu ponto de vista. Pelo fato de sentir-se desvalorizado, inadequado e inferior ele
- Inquiring: até mais importante do que esclarecer o seu, é im- não tem confiança e pensa que suas ideias não interessam aos ou-
portante entender o ponto de vista do outro. Isto se faz através de tros e que não vale a pena comunica-las. Ele pode tornar-se arredio
perguntas benevolentes que não tem o objetivo de interrogar. e defensivo em sua comunicação, renegando suas próprias ideias.
- Illustrating: é resumir os diversos pontos de vista, procurar
pontos em comum, colocar assuntos polêmicos na mesa, visando Formação da Autoimagem.
uma solução sendo flexível e contando com a flexibilidade do outro, Da mesma forma que o autoconceito de alguém afeta sua ca-
diminuir complexidade para focar o que realmente está no centro pacidade de se comunicar, a comunicação que trava com outros
da conversa. modela também sua autoimagem. Uma vez que o homem é, antes
de tudo, um animal social, ele forma os mais relevantes conceitos
Observar, ouvir e dar importância para o outro é determinan- acerca do seu próprio eu a partir de suas experiências com outros
te para a eficácia da comunicação. seres humanos.
De qualquer forma, a comunicação começa pelos sentidos Os indivíduos aprendem a se reconhecer pela maneira como
(visão, audição, tato, olfação e gustação). Uma maneira prática de são tratados pelas pessoas importantes de sua vida – pessoas estas
identificar a forma como uma pessoa está pensando é prestar aten- às vezes denominadas “os outros significativos”. Mediante a comu-
ção às palavras que ela utiliza, pois nossa linguagem está repleta de nicação verbal e não verbal com esses outros significativos, cada um
sinais, gestos, posturas e palavras baseados nos sentidos. Observar, passa a reconhecer se é apreciado ou não, se é aceito ou rejeitado,
ouvir e dar importância para o outro é determinante para a eficácia se é merecedor de respeito ou desdém, se é um sucesso ou um
da comunicação. fracasso.
É preciso abandonar a ilusão de que há solução fácil ou impro- Para que um indivíduo venha a ter uma sólida autoimagem ele
visada na construção de métricas que avaliem nosso trabalho. Não precisa de amor, respeito e aceitação dos outros significativos de
se deve supor que a outra parte entendeu, ou julgar que já deveria sua vida.
entender a mensagem. O que deve ser feito para que a comunica- O autoconceito, portanto, constitui um fator crítico para que
ção seja adequada, é investigar se a outra parte compreendeu a alguém seja um comunicador eficaz. Em essência, a autoimagem
mensagem. de um indivíduo é delineada por aqueles que o tiverem amado ou
pelos que não o tiverem amado.
Comunicação Interpessoal Eficaz: Cinco Elementos Críticos
SABER OUVIR
Há cinco componentes que distinguem claramente os bons dos Toda a aprendizagem relativa à comunicação tem focalizado
maus comunicadores. Tais componentes são Autoimagem, Saber as habilidades de expressão oral e de persuasão; até a bem pouco
Ouvir, Clareza de Expressão, Capacidade para lidar com sentimen- tempo dava-se pouca atenção à capacidade de ouvir. Esta ênfase
tos de contrariedade (irritação) e autoabertura. exagerada dirigida para a habilidade de expressão levou a maioria
das pessoas a subestimarem a importância da capacidade de ouvir
AUTOIMAGEM (ou autoconceito) em suas atividades diárias de comunicação.
O fator isolado mais importante que afeta a comunicação entre O ouvir, naturalmente, é algo muito mais intrincado e compli-
pessoas é a sua autoimagem: a imagem que têm de si mesmas e cado do que o processo físico da audição, ou de escutar. A audição
das situações que vivenciam. Enquanto as situações podem variar se dá através do ouvido, enquanto que o ouvir implica num proces-
em função do momento ou do lugar, as crenças que as pessoas pos- so intelectual e emocional que integra dados (inputs) físicos, emo-
suem acerca de si próprias estão sempre determinando seus com- cionais e intelectuais na busca de significados e de compreensão. O
portamentos na comunicação. O “eu” é a estrela em todo ato de ouvir eficaz ocorre quando o “destinatário” é capaz de discernir e
comunicação. compreender o significado da mensagem do remetente. O objetivo
Cada um tem, literalmente, milhares de conceitos a respeito de da comunicação só assim é atingido.
si mesmo: quem é, o que significa, onde existe, o que faz e não faz, O “Terceiro Ouvido”: Reik refere-se ao processo de ouvir efi-
o que valoriza, no que acredita. Estas autopercepções variam em cazmente como sendo “ouvir com o terceiro ouvido”. O ouvinte efi-
clareza, precisão e importância de pessoa para pessoa. caz escuta não só as palavras em si como também seus significados
subjacentes. Seu terceiro ouvido, diz Reik, ouve aquilo que é dito
A importância da Autoimagem. entre as sentenças e sem palavras, aquilo que se expressa silencio-
A autoimagem de alguém é quem ele é. É o centro do seu uni- samente, o que o emissor fala e pensa.
verso, seu quadro referencial, sua realidade pessoal, o seu ponto de Logicamente, o ouvir com eficácia não é um processo passivo.
vista particular. É um visor através do qual ele percebe, ouve, avalie Ele desempenha um papel ativo na comunicação. O ouvinte eficaz
a compreende todas as coisas. É o seu filtro individual do mundo interage com o interlocutor no sentido de desenvolver os significa-
que o cerca. dos e chegar à compreensão.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Diversos princípios podem servir de auxílio para o aprimora- 6. Integre suas emoções, o seu intelecto e a sua vontade. Dê
mento das habilidades essenciais para saber ouvir: uma oportunidade a você mesmo de aprender e crescer como pes-
1. O ouvinte deve ter uma razão ou propósito de ouvir; soa. As emoções não podem ser reprimidas. Elas devem ser iden-
2. É importante que, inicialmente, o ouvinte suspenda julga- tificadas, observadas, relatadas e integradas. Aí então as pessoas
mentos; podem fazer instintivamente os ajustamentos necessários, à luz de
3. O ouvinte deve resistir a distrações – barulhos, pessoas, seus próprios conceitos de crescimento. Eles podem acompanhar a
olhares – e focalizar o interlocutor; vida e mudar com ela.
4. O ouvinte deve esperar antes de responder ao seu interlocu-
tor. As respostas imediatas reduzem a eficácia do ouvir; AUTOABERTURA
5. O ouvinte deve repetir palavra por palavra aquilo que o in- A capacidade de falar total e francamente a respeito de si mes-
terlocutor está dizendo; mo – é necessária à comunicação eficaz. O indivíduo não pode se
6. O ouvinte deve recolocar em suas próprias palavras o conte- comunicar com outro ou chegar a conhecê-lo a menos que se esfor-
údo e o sentimento daquilo que o outro está dizendo, para que o ce pela autoabertura.
interlocutor confirme se a mensagem que transmitiu foi realmente
recebida; A capacidade de alguém para se autorrevelar é um sintoma de
7. O ouvinte deve buscar os temas, os pontos centrais daqui- personalidade sadia.
lo que o interlocutor está dizendo, ouvindo “através” das palavras
para atingir sua real significação; Pode-se dizer que um indivíduo compreenderá tanto a respeito
8. O ouvinte deve utilizar o tempo diferencial entre a velocida- de si próprio quanto ele estiver disposto a comunicar a outra pes-
de do pensamento (400 a 500 palavras por minuto) para “refletir” soa.
sobre o conteúdo e “buscar” o seu significado;
9. O ouvinte deve estar pronto para reagir aos comentários do Obstáculos à autorrevelação. Para que se conheçam a si pró-
interlocutor. prias e para que consigam relações interpessoais satisfatórias, as
pessoas precisam revelar-se aos outros. Ainda assim, a autorrevela-
CLAREZA DE EXPRESSÃO ção é obstruída por muitos.
Ouvir eficazmente é uma habilidade necessária e negligenciada
na comunicação, porém muitas pessoas consideram igualmente di- A comunicação eficaz, então, tem por base estes cinco compo-
fícil dizer aquilo que querem dizer ou expressar aquilo que sentem. nentes: uma autoimagem adequada; capacidade de ser bom ouvin-
É que com frequência elas presumem simplesmente que o outro te; habilidade de expressar claramente os próprios pensamentos e
compreende a sua mensagem, mesmo que sejam descuidadas ou
ideias; capacidade de lidar com emoções, tais como a ira, de manei-
confusas em sua fala. Parecem achar que as pessoas deveriam ser
ra funcional e a disposição para se expor, para se revelar aos outros.
capazes de ler as mentes uns dos outros: “Se está claro para mim,
deve estar claro para você também”. Esta suposição é uma das
DESCENTRALIZAÇÃO E DELEGAÇÃO
maiores barreiras ao êxito da comunicação humana. O comunica-
Segundo Oliveira (2010, p. 197) “Descentralização é a menor
dor deficiente deixa que o ouvinte adivinhe o que ele quer dizer,
concentração de poder decisório na alta administração da empresa,
partindo da premissa de que está, de fato, comunicando. Por sua
sendo, portanto, mais distribuído por seus diversos níveis hierár-
vez, o ouvinte age de acordo com suas adivinhações. O resultado
quicos.”
óbvio disto é um mal entendido recíproco.
Para se chegar a resultados objetivos planejados – desde a exe- A descentralização administrativa existe quando a maioria das
cução da rotina diária de trabalho, até a comunhão mais profunda decisões processa-se nos níveis hierárquicos inferiores, ou seja, a
com alguém – as pessoas precisam ter um meio de se comunicarem descentralização coloca os centros decisórios o mais próximo possí-
satisfatoriamente. vel dos órgãos de execução.
Segundo D’Estaing a descentralização é um estado de espírito,
CAPACIDADE PARA LIDAR COM SENTIMENTOS DE CONTRA- criado pela administração estratégica que formula os limites den-
RIEDADE (irritação) tro dos quais se desenvolve e que assegura as comunicações ne-
A incapacidade de alguém para lidar com manifestações de ir- cessárias e a formação dos homens que o praticam. A política de
ritação e contrariedade resulta, com frequência em curtos-circuitos descentralização e frequentemente revista, devendo ser dinâmica,
na comunicação. não podendo ser reduzida a formulários e/ou instruções imutáveis.
Expressão. A exteriorização das emoções é importante para A descentralização normalmente ocorre nas seguintes situa-
construir bons relacionamentos com os outros. As pessoas preci- ções:
sam expressar seus sentimentos de tal modo que elas influenciem, - A carga de trabalho de alta administração esta volumosa
remodelem e modifiquem a si próprias e aos outros. Elas precisam e/ou demasiadamente complexa.
aprender a expressar sentimentos de ira de forma construtiva e não - Pela maior ênfase que a empresa quer dar à relação pro-
destrutivamente. As seguintes orientações podem ser úteis: duto -mercado.
- Para encorajar o desenvolvimento gerencial de seus exe-
1. Esteja alerta para suas emoções; cutivos lotados na média e baixa administração.
2. Admita suas emoções. Não as ignore ou renegue; - Para proporcionar maior participação e motivação
3. Seja dono de suas emoções. Assuma responsabilidade por - O grande volume de trabalho de alta administração provo-
aquilo que fizer; ca morosidade no processo decisório.
4. Investigue suas emoções. Não procure “vencer” uma discus-
são na base do revide, ou de “dar o troco”; Para que o processo de descentralização seja efetivado algu-
5. Relate suas emoções. A comunicação congruente significa mas questões devem ser observadas, tais como:
uma combinação satisfatória entre o que você está dizendo e aquilo - Nível de treinamento e preparo da chefia;
que está vivenciando; - Grau de confiança dos chefes sobre os subordinados;

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Capacidade do subordinado de lidar com as suas respon- O processo de delegação compõe-se de três fases.
sabilidades; 1- Distribuição de tarefas pelo dirigente aos seus subordina-
- A forma de atuação das unidades organizacionais de as- dos.
sessoria. 2- Permissão para praticar os atos necessários ao desempe-
nho das tarefas (Autoridade)
Algumas vantagens da descentralização: 3- Criação da obrigação dos subordinados perante o dirigen-
- Rapidez nas decisões pela proximidade do lugar onde sur- te de executarem satisfatoriamente as tarefas (Responsabilidade)
gem os problemas. A delegação é feita através de um documento formal apropria-
- Aumento do moral e da experiência dos jovens executivos. do (portaria, aviso, determinação etc.) que deverá indicar com pre-
- Diminuição da esfera de controle do principal executivo. cisão a autoridade delegante, a autoridade delegada, as atribuições
- Tendência a maior número de idéias inovadoras. objeto da delegação e, se for o caso, a sua vigência.
- Possibilidade de maior participação e motivação. Na delegação a autoridade continua responsável pela tarefa co-
- Maior tempo à alta administração para outras atividades. metida ao seu subordinado. A delegação tem caráter transitório e é
- Maior desenvolvimento da capacitação gerencial e profis- quase sempre pessoal nominal.
sional.
A falta de delegação acarreta algumas situações:
Algumas desvantagens da descentralização: 1- Para a empresa: o ritmo dos negócios é aquele imposto
- Inadequada utilização dos especialistas centrais. por seu proprietário. A administração torna-se morosa e dependen-
- Maior necessidade de controle e de coordenação. te. A participação dos funcionários é baixa.
- Maior dificuldade de normatização e de padronização. 2- Para o empresário: existe sobrecarga de trabalho que exi-
- Pouca flexibilidade da organização frente a situações ex- ge dele atuação nas mais diferentes áreas. Comumente sente-se só.
cepcionais. Trabalhando tenso, estará predisposto ao stress e as suas consequ-
- Necessidade de contar com dirigentes treinados para a ências negativas.
descentralização. 3- Para o funcionário: baixo desenvolvimento profissional e
- O custo das comunicações tende a aumentar. envolvimento com coisas da empresa. Não existindo motivação e
- Maior dificuldade de coordenação de atividades que en- ocorrendo desejo de participação não correspondido, os melhores
volvem alto nível de interdependência. elementos não permanecem.
Deve ser lembrado, que vários livros sobre a matéria não faz
Pode-se dizer que a descentralização deve ser considerada distinção entre descentralização e delegação, acrescentando alguns
como os demais problemas organizacionais, em termos de conveni- que a delegação é o instrumento da descentralização.
ência administrativa.
Sempre que uma decisão puder ser mais bem tomada ao nível CONTROLE
operativo, com maior rapidez e favorecendo o completo exame dos Esta função se aplica tanto a coisas quanto a pessoas.
vários fatores em causa, pode-se proceder logo a uma descentrali- Para que a função de controle possa efetivamente se processar
zação da função respectiva. e aumentar a eficiência do trabalho, é fundamental que o estabele-
A descentralização esta intimamente associada à ideia de se cido ou determinado esteja perfeito, claramente explicado.
alterar o regimento interno da organização e os documentos decor- “O que perturba o bom entendimento não são regras do jogo
rentes, para que a decisão relativa aos assuntos descentralizados muito exigentes, mas sim regras esclarecidas após o jogo iniciado.”
passe a ser competência dos níveis inferiores. É a função administrativa através da qual se verifica se o que foi
A descentralização tem caráter permanente e é impessoal, estabelecido ou determinado foi cumprido (sem entrar especifica-
onde a autoridade passa para o nível subordinado as atribuições e mente nos méritos e se deu ou não bons resultados).
responsabilidades.
Um sistema de controle deve ter:
Delegação •um objetivo, um padrão, uma linha de atuação, uma norma,
Segundo Oliveira (2010, p. 189) Delegação é o processo de uma regra “decisorial”, um critério, uma unidade de medida;
transferência de determinado nível de autoridade de um chefe para •um meio de medir a atividade desenvolvida;
seu subordinado, criando o correspondente compromisso pela exe- •um procedimento para comparar tal atividade com o critério
cução da tarefa delegada. fixado;
Em outras palavras delegação é o processo de transmitir certas •algum mecanismo que corrija a atividade como critério fixa-
tarefas e obrigações de uma pessoa para outra, em geral, de um do. O processo de controle é realizado em quatro fases a saber:
superior para um colaborador. Aquele que recebe o poder delegado - Estabelecimento de padrões ou critérios;
tem autoridade suficiente para concluir o trabalho, mas aquele que - Observação do desempenho;
delega fica com a total responsabilidade pelo seu êxito ou fracasso. - Comparação do desempenho com o padrão estabelecido;
Quando se fala de delegação, vale lembrar um princípio im- - Ação para corrigir o desvio entre o desempenho atual e o de-
portante de uma organização, assim como da administração, é que sempenho esperado.
a autoridade deve ser igual à responsabilidade. Esse princípio, co-
nhecido como a equivalência da autoridade e da responsabilidade, CONTROLE “é o processo administrativo que consiste em veri-
garante que o serviço será feito com uma quantidade mínima de ficar se tudo está sendo feito de acordo com o que foi planejado e
frustração por parte do pessoal. Se o gerente não delegar autori- as ordens dadas, bem como assinalar as faltas e os erros, a fim de
dade que se iguale à responsabilidade, criará uma insatisfação no repará-los e evitar sua repetição.”
funcionário e em geral gastará energia e recursos.
As características do controle administrativo são:
- Maleabilidade: possibilitar a introdução de mudanças decor-
rentes de alterações nos planos e nas ordens;

181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Instantaneidade: acusar o mais depressa possível as faltas e Conforme, Harold Koontz e Cyril O´Donnell, são cinco os tipos
os erros verificados; de padrão frequentemente usados na prática:
- Correção: permitir a reparação das faltas e dos erros, evitan- 1. Padrões Físicos - não são expressos em termos monetários
do-se a sua repetição. (ou dinheiro). Eles estão ligados à produção das empresas e podem
ser quantitativos (homens-hora por unidade de produção, unidades
Além dessas características de um controle eficiente, não po- de produção por máquinas-hora, etc.) ou qualitativos (firmeza de
demos ignorar algumas classificações do controle, principalmente cor em tecidos, sabor em certos produtos ou mercadorias, durabili-
as mais importantes. dade de determinados artigos de consumo, etc.).
a) Primeira fase do controle de um serviço administrativo: 2. Padrões de Custo- são expressos em termos monetários (ou
- Quando do planejamento; dinheiro) e estão diretamente ligados à produção. Trata-se, em últi-
- Quando da execução; ma análise, do custo da produção, principalmente da matéria-prima
- Quando da apuração dos resultados. e da mão de obra empregadas no processo de produção. Os pa-
drões de custo podem ser estabelecidos antecipadamente (calcu-
b) Classificação do controle quanto ao tempo: lando-se quanto vai custar o consumo de matéria-prima e de mão
- Controle antecedente (antes do serviço); de obra) para se alcançar determinada produção de mercadorias (o
- Controle concomitante (durante o serviço); total produzido).
- Controle subsequente (depois do serviço). 3. Padrões de Capital- como a própria denominação esclarece,
referem-se ao capital social da empresa, ou mais precisamente ao
c) Classificação do controle quanto à duração do controle: lucro líquido (ou os resultados globais do exercício - um ano) que
- Controle permanente (execução constante); proporciona o capital investido numa empresa.
- Controle temporário (execução variável). 4. Padrões de Receita- são os que resultam da atribuição de va-
lores monetários às vendas realizadas por uma empresa. Por exem-
d) Classificação do controle quanto ao processo: plo, uma empresa pode estabelecer um padrão de suas vendas para
- Estabelecimento de padrões (critérios ou normas de serviços); determinado ano. Posteriormente, avalia o desempenho do Depar-
- Avaliação de desempenho (comparar, medir ou verificar os tamento de Vendas em relação às estimativas feitas.
resultados com o padrão); 5. Padrões imponderáveis - também chamados de não ava-
- Correção dos desvios (corrigir os planos, modificar objetivos liáveis ou intangíveis, são os mais difíceis de estabelecer. De fato,
e mudar o pessoal). como eles não são expressos em termos monetários (ou em dinhei-
ro), tampouco físicos, tornando-se praticamente impossíveis de se-
No primeiro processo de controle é o estabelecimento de rem elaborados e, por isso, a avaliação de desempenho também é
padrões (entendemos por padrões os critérios ou normas estabe- tarefa complexa.
lecidos, mediante os quais os resultantes podem ser medidos ou
avaliados). Existem outros meios pelos quais a administração de uma
Os padrões podem ser: empresa procura controlar seu desenvolvimento operacional, tais
- Físicos - exemplos: quantidade de produtos ou mercadorias a como:
produzir, unidades de serviços a executar, homens-hora de traba- O orçamento: formulação de planos ou programas, em termos
lho, quantidade de vendas, etc.; numéricos, para um exercício futuro;
- Expressos em dinheiro: exemplos: totais dos custos de produ- Demonstrações e tabelas estatísticas: movimento de vendas,
ção, valor dos investimentos, custo de um serviço, valor das recei- demonstrações de recebimentos e pagamentos, movimento ban-
tas, etc.; cário, etc.);
- De ordem pessoal: exemplos: atuação dos empregados, rea- Relatórios: exposição escrita sobre diversos aspectos das ope-
ção dos clientes, opinião do público, etc. rações da empresa, acompanhada às vezes de anexos ilustrativos;
Auditoria interna: executada por contadores designados para
No segundo processo do controle, a avaliação do desempenho, tal fim e empregados da empresa;
significa comparar, medir ou verificar os resultados obtidos em rela- Auditoria externa: executada por contadores de fora da em-
ção ao padrão estabelecido. Contudo, nem sempre podemos esta- presa e contratados pela administração;
belecer padrões e também temos dificuldades em avaliar o desem- Observação pessoal: presença do administrador, visando
penho dos executantes. Todavia, sempre que possível, devemos acompanhar o trabalho de seus subordinados.
fazer tentativas de um controle eficiente (ou razoável) para garantia
de uma boa administração. Desvantagens
Administrar sem controles é abdicação de responsabilidade.
No terceiro processo do controle, a correção dos desvios, tem Mas os controles podem produzir comportamentos improdutivos.
por fim modificar os planos (ou padrões) ou serviços, alterar os ob- Quando os controles são inflexíveis ou irracionais, os trabalhadores
jetivos, ou então, se for o caso, designar novos empregados para perdem de vista as metas organizacionais. Podem surgir problemas
a execução, selecionar ou treinar outros trabalhadores, ou, ainda, quando os trabalhadores tentarem parecer bons exclusivamente
em última instância, contratar novos empregados em substituição em termos dos dispositivos de controle. Se um sistema de controle
aos antigos, que se revelaram incapazes de satisfazer os padrões de avaliar apenas a quantidade de produção, os trabalhadores tende-
trabalho que foram estabelecidos. rão a ignorar a qualidade. Para evitar serem repreendidos, em lugar
de desempenharem bem de fato, alguns funcionários podem ma-
nipular dados para dar a aparência de que estão fazendo um bom
trabalho. Portanto, o fracasso em projetar controles flexíveis pode
gerar problemas mais graves do que aqueles que os controles pre-
tendiam evitar.

182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

SISTEMAS DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO A gestão de pessoas é uma das áreas que mais tem sofrido mu-
A medição e avaliação do desempenho são muito importantes danças e transformações nos últimos anos. Não apenas nos seus
para diagnosticar e também compreender as causas de problemas aspectos tangíveis e concretos como principalmente nos aspectos
relacionados ao desempenho tanto de processos (de fabricação, de conceituais e intangíveis. A visão que se tem hoje da área é total-
negócios, de criação e de decisão, por exemplo) mais simples como mente diferente de sua tradicional configuração, quando recebia o
de sistemas, mais complexos, como as organizações. nome Administração de Recursos Humanos (ARH). Muita coisa mu-
dou. A Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência
É a denominação que se dá à atividade sistemática e contínua das organizações bem sucedidas e pelo aporte de capital intelectual
de medir e avaliar a eficiência, a eficácia, a economicidade e a efe- que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano
tividade dos processos, por meio da aplicação de indicadores pre- em plena Era da Informação.
viamente formulados. A Gestão de Pessoas é uma área muito sensível à mentalidade
Indicadores são definidos e escritos com o uso da linguagem que predomina nas organizações. Ela é contingencial e situacional,
matemática e servem de parâmetros de referência para medir a pois depende de vários aspectos, como a cultura que existe em
eficiência, a eficácia, a economicidade e a efetividade dos subpro- cada organização, da estrutura organizacional adotada, das carac-
cessos. terísticas do contexto ambiental, do negócio da organização, da
Para a formulação dos indicadores, deverão ser considerados
tecnologia utilizada, dos processos internos e de uma infinidade de
os pontos de controle delineados, conforme a análise do ciclo PDCA
outras variáveis importantes.
na Modelagem do Processo, que estejam relacionados com a efici-
O papel da Administração para a Gestão de Pessoas tem como
ência ,a eficácia , a economicidade e a efetividade do subprocesso.
definição, o ato de trabalhar com e através de pessoas para realizar
Eficiência se define como a capacidade de empregar da me-
lhor maneira a relação entre os meios disponíveis para obtenção do os objetivos tanto da organização quanto de seus membros.
efeito que se deseja. Está relacionada com os recursos utilizados no A maneira pela qual as pessoas se comportam, decidem, age,
subprocesso. trabalham, executam, melhoram suas atividades, cuidam dos clien-
Eficácia se define como a capacidade de obter o efeito que se tes e tocam os negócios das empresas varia em enormes dimen-
deseja (os meios não são considerados). Está relacionada com ao sões. E essa variação depende, em grande parte, das políticas e di-
resultado gerado pelo subprocesso. retrizes das organizações a respeito de como lidar com as pessoas
Economicidade se define como a minimização dos custos de em suas atividades. Em muitas organizações, falava-se até pouco
uma atividade, sem o comprometimento dos padrões de qualidade. tempo em relações industriais, em outras organizações, fala-se em
Efetividade se define como a capacidade que uma ação tem administração de recursos humanos, fala-se agora em administra-
de ser continuada de forma a manter ou melhorar seus resultados. ção de pessoas, com uma abordagem que tende a personalizar e a
visualizar as pessoas como seres humanos, dotados de habilidades
Exemplos de indicadores: e capacidades intelectuais. No entanto, a tendência que hoje se ve-
1 - Indicador de eficácia do subprocesso “Requisição” = quan- rifica está voltada para mais além: fala-se agora em administração
tidade de solicitações atendidas no prazo em relação ao total de com as pessoas.
solicitações pedidas. Administrar com as pessoas significa tocar a organização jun-
2 - Indicador de eficiência do subprocesso “Requisição” = total tamente com os colaboradores e parceiros internos que mais en-
de recursos empregados por seção. tendem dela, dos seus negócios e do seu futuro. Uma nova visão
3 - Indicador de economicidade do subprocesso “Requisição” das pessoas não mais como um recurso organizacional, um objeto
= quantidade de recursos executados em relação aos recursos pla- servil ou mero sujeito passivo do processo, mas fundamentalmente
nejados. como um sujeito ativo e provocador das decisões, empreendedor
4 - Indicador de efetividade do subprocesso “Requisição’’ = das ações e criador da inovação dentro das organizações. Mais do
quantidade de solicitações atendidas no prazo em relação ao total que isso, um agente proativo dotado de visão própria e, sobre tudo,
de solicitações efetuadas em três anos. de inteligência, a maior e a mais avançada e sofisticada habilidade
humana.
É necessário associar o indicador a uma faixa de aceitação. A
Em um paradigma mais antigo, o da Administração de Recursos
faixa de aceitação baliza a aceitação dos resultados obtidos com a
Humanos (ARH), as pessoas eram vistas como mais um recurso. Na
aplicação do indicador. Valores obtidos que estão dentro da faixa
Gestão de Pessoas, elas são vistas como parceiras, colaboradoras
são aceitáveis, enquanto valores fora da faixa indicam que é neces-
ativas.
sário investigar as condições que redundaram no resultado.
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na
A Gestão de Pessoas é fundamental para o sucesso de uma organização também o subsistema técnico. A interação da gestão de
empresa no mundo empresarial cada fez mais globalizado e com- pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve
petitivo. alinhar objetivos organizacionais e individuais. As pessoas precisam
Gestão de pessoas “é o conjunto de decisões integradas sobre ter competência para realizar as atividades e entregas que possam
as relações de emprego que influenciam a eficácia dos funcionários contribuir com a organização, do contrário poderia haver inúmeras
e das organizações. Assim, todos os gerentes são, em certo senti- consequências negativas nas mais diferentes áreas (financeira, por
do, gerentes de pessoas, porque todos eles estão envolvidos em exemplo). É também por isso que a área de gestão de pessoas sem-
atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento” pre atua em parceria com outras áreas.
(CHIAVENATO, 2005, p 9).

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A Gestão de Pessoas se baseia em três aspectos fundamen- Desafios


tais: Retenção de talentos - Para manter e reter um talento, a em-
1. As pessoas como seres humanos: dotados de personalidade presa deve se valer de instrumentos de identificação de potenciais.
própria e profundamente diferentes entre si, com uma história par- Esse é o primeiro passo para investir no desenvolvimento ou apri-
ticular e diferenciada, possuidores de conhecimentos, habilidades, moramento de pessoas. As empresas mais desejadas pelos profis-
destrezas e capacidades indispensáveis à adequada gestão dos re- sionais são as que fazem um processo de gestão de pessoas pla-
cursos organizacionais. Pessoas como pessoas e não como meros nejado. A montagem de um banco de talentos, no qual estas são
recursos da organização. preparadas para assumir posições-chave é um caminho.
Essa alternativa pode ser combinada com um planejamento
2. As pessoas como ativadores inteligentes de recursos orga- estratégico que indicará que tipo de pessoas serão necessárias a
nizacionais: como elementos impulsionadores da organização e médio e a longo prazo. O uso dessas táticas diferenciadas distingue
capazes de dotá-la de inteligência, talento e aprendizados indispen- claramente as empresas que estão sempre na vanguarda, onde o
sáveis à sua constante renovação e competitividade em um mundo talento da casa consolida e abre novos mercados com inovações,
de mudanças e desafios. As pessoas como fonte de impulso próprio enquanto outras correm atrás na tentativa de recuperar o profissio-
que dinamiza a organização e não como agentes passivos, inertes nal e o espaço perdido.
e estáticos. É preciso dar contrapartidas para reter os colaboradores, o que
se faz buscando alternativas para oferecer o que os jovens estão
3. As pessoas como parceiras da organização: capazes de buscando. As redes sociais ampliaram muito as informações, levan-
conduzi-la á excelência e ao sucesso. Como parceiros, as pessoas do-os a identificar mais oportunidades no mercado de trabalho.
fazem investimentos na organização — como esforço, dedicação, Choque de gerações - As gerações se diferenciam em caracte-
responsabilidade, comprometimento, riscos etc. — na expectativa rísticas, porém as competências podem e devem ser trabalhadas.
de colher retornos desses investimentos — como salários, incen- Elas se ajustam ao que ocorre no meio ambiente. Os baby boomers,
tivos financeiros, crescimento profissional, carreira etc. Qualquer por exemplo, estão acostumados a hierarquias mais verticalizadas.
investimento somente se justifica quando traz um retorno razoá- A Geração Y não tende a fidelização. Para conter sua impulsividade
vel. Na medida em que o retorno é bom e sustentado, a tendência é preciso identificar o que querem os jovens e ofertar algo adequa-
certamente será a manutenção ou aumento do investimento. Daí do.
o caráter de reciprocidade na interação entre pessoas e organiza- Nesse caso, nem sempre a remuneração tem maior peso, mas
ções. E também o caráter de atividade e autonomia e não mais de sim, a liberdade, a autonomia, a criação, o respeito e o reconheci-
mento. O conflito de gerações reflete-se nos resultados das orga-
passividade e inércia das pessoas. Pessoas como parceiros ativos da
nizações. O embate ocorre quando não há qualquer planejamento
organização e não como meros sujeitos passivos.
por parte destas. Cada geração futura virá com características pró-
prias diferenciadas e um jeito distinto de olhar o mundo.
Equilíbrio Organizacional
Ambiente - Hoje, com a presença maciça dos jovens no mer-
Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre motivação, cado de trabalho, ambientes e benefícios diferenciados têm sido
mais especialmente sobre as analises de comportamento que pro- uma expectativa e uma exigência da nova geração. Não são todas as
duzem a cooperação por parte dos indivíduos. Ela resume essa re- empresas que podem oferecer todos os benefícios pleiteados. Em
lação entre pessoas e organização como sendo um sistema onde um processo industrial, a maturação leva um pouco mais de tempo.
a organização recebe cooperação dos colaboradores sob a forma O setor de prestação de serviços e das empresas de tecnologia da
de dedicação ou de trabalho e em troca oferece vantagens e in- informação e da comunicação tem mais facilidade em criar ambien-
centivos, dentre os quais podemos citar os salários, prêmios de tes propícios à liberdade e à criatividade.
produção, gratificações, elogios, oportunidades, etc. Isso facilita a Papel dos Recursos Humanos - A área de Recursos Humanos
existência de um processo harmonioso, alcançando-se assim o que precisa sair do operacional para assumir uma cadeira nas decisões
chamamos de equilíbrio organizacional. estratégicas. Deve participar opinando e mostrando alternativas de
preparação dos profissionais. Antes disso, é preciso estar mais pró-
Objetivos, Desafios e Características da Gestão de Pessoas ximo dos clientes internos para acompanhar mudanças, expectati-
vas e identificar quem pode fazer parte de um plano de carreira e
Objetivos: de desenvolvimento.
- Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua O profissional de RH precisa ser muito antenado, versátil e
missão. flexível para atender às necessidades internas e as de mercado. O
- Proporcionar competitividade à organização. desafio das empresas é a estruturação de um processo de carreira,
- Proporcionar à organização talentos bem treinados e moti- tanto horizontal quanto vertical. As pessoas devem começar a ser
vados. valorizadas pelas entregas, inovações e projetos que fazem e não
- Aumentar a autoatualização e a satisfação das pessoas no tra- mais só pela posição que ocupam.
balho. Trabalho além fronteiras - há muitas empresas brasileiras em
- Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho. processo de internacionalização, expandindo operações para o
- Administrar a mudança. Mercosul, Ásia, Europa e Estados Unidos. Esse processo requer pro-
- Manter política ética e comportamento socialmente respon- fissionais especialmente treinados e preparados que ocupem estes
cargos-chave para gerir os negócios em outros países.
sável
O movimento mostra que as empresas brasileiras estão no ca-
minho certo e são competitivas. Para os profissionais, o avanço ao
mercado global é uma oportunidade de fazer uma carreira interna-
cional e desenvolver competências; para as empresas, uma forma
de atingir vantagem competitiva.

184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Características Desenho de Cargos


A Gestão de Pessoas é caracterizada pela: Envolve-se a especificação do conteúdo de cada cargo, dos mé-
participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento todos de trabalho e das relações com os demais cargos. O desenho
do bem mais precioso de uma organização que é o capital humano de cargos constitui na maneira como cada cargo é estruturado e
que nada mais são que as pessoas que a compõem. dimensionado, dentre disso precisa-se definir quatro condições bá-
Cabe a área de gestão de pessoas a função de humanizar as sicas:
empresas. A gestão de pessoas é um assunto tão atual na área de - Qual é o conteúdo do cargo, ou seja, o conjunto de tarefas ou
administração, mas que ainda é um discurso para muitas organiza- atribuições que o ocupante desempenhará;
ções, ou seja, em muitas delas ainda não se tornou uma ação pra- - Quais são os métodos e processos de trabalho, ou seja, como
tica. as tarefas deverão ser desempenhadas;
Atualmente nas relações de trabalho vem ocorrendo mudanças - A quem o ocupante do cargo deve prestar responsabilidade,
conforme as exigências que o mercado impõe ou na forma de gerir isto é, quem é o seu superior imediato;
pessoas. Devido a isto, pode-se observar uma importante mudança - Quem o ocupante do cargo deverá supervisionar ou dirigir au-
nos modelos de gestão, e neste processo o de “gestão de pessoas” toridade, ou seja, quem serão os seus subordinados.
para que possam alcançar o nível de competência desejado.
Modelos de desenhos de cargos
Participação: Os modelos de desenhos de cargos existem três tipos: o Clás-
As pessoas são capazes de conduzir a organização ao sucesso. sico, o Humanístico e o Contingencial; sendo que o Clássico foram
Com a participação as pessoas fazem investimentos como esforço, criados pelos engenheiros da Administração Científica com certos
dedicação e responsabilidade, na esperança de retorno por meio de princípios de racionalização do trabalho para projetar cargos, de-
incentivos financeiros, carreira, etc.
finir métodos padronizados, treinar as pessoas para obter máxima
Capacitação:
eficiência e usavam incentivos salariais para assegurar a adesão aos
Pessoas com competências essenciais ao sucesso organizacio-
métodos de trabalho.
nal. A construção de uma competência é extremamente difícil, leva
No modelo humanístico é denominado pelas relações huma-
tempo para o aprendizado e maturação.
Envolvimento: nas através da experiência de Hawthorne, tendo o objetivo de subs-
A pessoa que agrega inteligência ao negócio da organização a tituir a engenharia industrial pelas ciências sociais, a organização
torna competitiva, isto significa, saber criar, desenvolver e aplicar as formal pela informal, a chefia pela liderança, etc.
habilidades e competências na força de trabalho. No modelo contingencial representa a abordagem mais ampla
Desenvolvimento: e complexa pelo fato de considerar três variáveis simultaneamente:
Construir e proteger o mais valioso patrimônio da organização as pessoas, a tarefa e a estrutura organizacional. O desenho do car-
é preparar e capacitar de forma contínua as pessoas. O trabalho go é dinâmico e se baseia na contínua mudança e revisão do cargo
deve estar adequado às suas competências de forma balanceada. como uma responsabilidade básica colocada nas mãos do gerente
ou de sua equipe de trabalho. Isso faz do modelo contingencial mu-
Analise e Descrição de Cargos tável em decorrência do desenvolvimento pessoal do ocupante e
Quando se trata de estar apto para definir desenho, análise, do desenvolvimento tecnológico da tarefa.
descrição e especificação de cargos é para entender como o de-
senho de cargo afeta as práticas de RH e depois descrever os mé- Enriquecimento de cargos
todos obtidos na informação e os ajustando com o objetivo de ter O desenho contingencial de cargos é dinâmico e privilegia a
as especificações precisas do cargo e os critérios a exigir do futuro mudança em função do desenvolvimento pessoal do ocupante, ou
ocupante. seja, permite a adaptação do cargo ao potencial de desenvolvimen-
Em um âmbito sobre as especificações, análise e descrição de to pessoal do ocupante. Essa adaptação contínua é feita pelo en-
cargos é importante salientar a conceituação para interpretar de riquecimento de cargos que significa a reorganização e ampliação
uma maneira coesa na tomada de decisão, tendo como exemplo do cargo para proporcionar adequação ao ocupante no sentido de
um modelo de entrevista e um questionário onde será feita a co- aumentar a satisfação intrínseca, através do acréscimo de varieda-
lheita de informações sobre os cargos para montar uma descrição de, autonomia, significado das tarefas, identidade com as tarefas e
de cargo detalhada com as relações, responsabilidades e experiên- retroação. Tem como objetivo de aumentar as responsabilidades e
cias exigidas com o propósito de fazer um mapeamento das especi- desafios das tarefas do cargo para ajustá-los às características pro-
ficidades do cargo para estar redesenhando a estrutura e coligindo gressivas do ocupante.
conforme o desempenho de cada um, tornando-o mais flexível e
A adequação do cargo ao ocupante melhora o relacionamento
mutável.
interpessoal dentro do trabalho e visam novas oportunidades de
mudanças para uma melhor qualidade de vida no trabalho. O que
CONCEITO DE CARGO
se espera é um aumento de produtividade e redução das taxas de
Hoje, os cargos requerem maior flexibilidade e participação
contínua das pessoas transformando-as em equipes multidiscipli- rotatividade e de absenteísmo do pessoal, para isso precisará in-
nares mutáveis com o ambiente. O cargo pode-se analisar numa troduzir uma nova estratégia que faça uma reeducação dos cargos
maneira global onde todas as atividades são executadas por um de gerente e chefia, descentralização das pessoas dando empower-
ocupante e que se situa em uma posição no organograma organi- ment e maiores oportunidades de participação.
zacional.
A posição do cargo no organograma define o nível de hierar-
quia do ocupante como a quem reportará e sobre quem exercerá
autoridade que pode ser localizado num departamento ou divisão.

185
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Conceito de descrição de cargos Os objetivos são de subsídios ao recrutamento (definir o mer-


Descrever um cargo significa relacionar desde o que o ocupan- cado RH para onde deverá recrutar dados para a elaboração de
te faz até o motivo porque faz, a descrição de cargo é um retrato anúncios de recrutamento); subsídios à seleção de pessoas (carac-
simplificado do conteúdo e das principais responsabilidades do car- terísticas do ocupante do cargo, ou seja, requisitos exigidos); ma-
go. O formato de uma descrição de cargo inclui o título do cargo, o terial para o treinamento (conteúdo dos programas de treinamen-
sumário das atividades a serem desempenhadas e as principais res- to, conhecimentos e habilidades exigidas ao ocupante e atitudes
ponsabilidades do cargo. A descrição do cargo relaciona de maneira perante o cliente); base para a avaliação e classificação de cargos
breve as tarefas, deveres e as responsabilidades do cargo. (fatores de especificações para serem utilizados como fatores de
avaliação de cargos, definição de faixas salariais, etc.); avaliação do
Conceito de Análise de cargos desempenho (definição de critérios e padrões de desempenho para
Analisar um cargo significa detalhar o que o cargo exige do seu avaliar os ocupantes, metas e resultados a ser atingindo); base para
ocupante em termos de conhecimentos, habilidades e capacidades programas de higiene e segurança (informações sobre condições de
para que possa desempenhá-lo adequadamente. A análise de car- insalubridade e periculosidade comuns a determinados cargos) e
gos procura determinar quais os requisitos físicos e mentais que o guia para o gerente (informações sobre o conteúdo dos cargos e
ocupante deve possuir, as responsabilidades que o cargo lhe impõe desempenho dos ocupantes).
e as condições em que o trabalho deve ser feito. E também se se
preocupa com as especificações do cargo em relação ao ocupante RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS
que deverá preenchê-lo. O fator humano dentro das organizações é, ainda hoje, um
tema frequentemente estudado por pesquisadores das áreas de
Métodos de colheita de dados sobre cargos psicologia e sociologia, os quais analisam o comportamento e as
Existem três métodos para obtenção de dados a respeito dos relações no ambiente corporativo. Contribuindo para o bom funcio-
namento das empresas, as políticas de RH são regras estabelecidas
cargos: entrevista, questionário e observação. Na entrevista exis-
para administrar funções e fazer os colaboradores de uma organiza-
tem três tipos para tal finalidade como a entrevista individual, a
ção desempenharem seu papel de forma eficiente, de acordo com
entrevista em grupo e a entrevista com o supervisor tendo como
os objetivos estipulados pela empresa.
objetivo buscar dados a respeito dos cargos e determinar seus de-
As políticas de Recursos Humanos são guias para ação. Servem
veres e responsabilidades.
para promover a resolução dos problemas que acabam ocorrendo
No método do questionário a colheita de dados a respeito de
com frequência no mundo organizacional. Para evitar conflitos den-
um cargo é feita através de questionários que são distribuídos aos
tro deste ambiente, é preciso estabelecer práticas com objetivo de
seus ocupantes ou ao seu supervisor. Na prática segue o mesmo
administrar os comportamentos internos e potencializar o capital
roteiro da entrevista, com a diferença de que é preenchido pelo humano, tendo como finalidade selecionar, gerir e nortear os cola-
ocupante do cargo, ou pelo supervisor ou também em ambos. Tem boradores na direção das metas da organização.
como vantagem proporcionar um meio eficiente e rápido de cole- No entanto, as polícias de Recursos Humanos de uma empresa
tar informação de um grande número de funcionários, tendo como podem variar de acordo com a sua cultura organizacional. Para que
custo operacional menor do que a entrevista. o objetivo da empresa tenha possibilidade de ser atingido de forma
No método da observação é direta daquilo que o ocupante do eficiente, é preciso estabelecer uma competente e eficaz política de
cargo está fazendo constitui um outro método de colher informa- RH. Isso requer investimentos e recomposição integral de conheci-
ção sobre o cargo é aplicável em cargos simples, rotineiros e repe- mento organizacional tanto operacional quanto gerencial.
titivos. É comum o método da observação utilizar um questionário Veja algumas políticas de RH que as empresas adotam:
para ser preenchido pelo observador para assegurar a cobertura de - Valorização do potencial humano para gerar ambiência or-
todas as informações necessárias. ganizacional favorável à motivação das pessoas, levando-as a con-
tribuir e se comprometer com a excelência do desempenho e dos
Etapas do Processo de Análise de cargos resultados organizacionais.
O processo de analisar cargos envolve seis etapas que consi- - Salário condizente com o que o mercado oferece.
dera a organização em constante e dinâmica mudança. Os cargos - Bonificação por performance.
devem ser constantemente descritos, analisados e redefinidos para - Progressão na carreira.
acompanhar as mudanças na organização e no seu conteúdo. - Remuneração nos padrões do mercado.
Os primeiros passos são examinar a estrutura da organização - Benefícios educacionais.
total e de cada cargo para definir quais as informações requeridas - Assistência médica.
pela análise de cargos, depois selecionar os cargos a serem analisa- - Treinamentos de capacitação.
dos e ajustar os dados necessários para análise, e por último prepa- - Promoção de cargos.
rar as descrições e especificações de cargos. Isso tem como função - Dar feedbacks com frequência.
de fazer um planejamento de RH, desenhos de cargos, recrutamen- - Promoção de desafios.13
to e seleção, treinamento, avaliação de desempenho, remuneração O recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos
e benefícios e a avaliação dos resultados. que visam atrair candidatos potencialmente qualificados, capazes
de assumirem cargos dentro da organização. É como um sistema
Os usos da Descrição e Análise de Cargos de informação, através do qual a organização divulga e oferece ao
A descrição e análise de cargos funcionam como mapeamen- mercado de recursos humanos as oportunidades de emprego que
to do trabalho realizado dentro da organização. Um programa de pretende preencher. O recrutamento é uma atividade que tem por
descrição e análise de cargos produz subsídios para o recrutamen- objetivo imediato atrair candidatos que, na fase de seleção serão
to e seleção das pessoas, para identificação das necessidades de apontados como adequados ou não para a vaga disponível, o que
treinamento, elaboração de programas de treinamento, para pla- leva a afirmação de que o recrutamento é uma atividade de comu-
nejamento da força de trabalho, avaliação de cargos e critérios de nicação com o ambiente externo.
salários, etc. 13Fonte: www.sbcoaching.com.br

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Fontes de recrutamento 2. Análise e descrição do cargo atual do candidato interno e


As fontes de recrutamento representam os alvos específicos comparação com a análise e descrição do cargo que se está a pen-
sobre os quais irão incidir as técnicas de recrutamento. Para melhor sar ocupar;
identificar as fontes de recrutamento (dentro dos requisitos que a 3. Planos de carreira de pessoal para se verificar qual a trajetó-
organização irá exigir aos candidatos), são possíveis dois tipos de ria mais adequada para o ocupante do cargo em questão;
pesquisa: a pesquisa externa e a pesquisa interna. 4. Condições de promoção do candidato interno, para saber se
Pesquisa externa - verificar o que o mercado tem a oferecer, este tem um substituto preparado para o seu lugar;
onde está o candidato ideal para suprir essa deficiência na organi- 5. Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de se-
zação. Relaciona-se com a elaboração de uma pesquisa do mercado leção no momento da sua entrada na organização;
de recursos humanos, de modo a poder segmentá-lo, para facilitar 6. Resultados dos programas de formação, caso tenha feito, do
a sua análise. candidato interno.
Pesquisa interna – Aqui faz-se o desenho do cargo, ou seja:
- Descrição – o que o funcionário vai fazer Vantagens do recrutamento interno
- Análise – o que ele tem que ter O recrutamento interno constitui uma transferência de recur-
Corresponde a uma pesquisa sobre as necessidades da organi- sos humanos dentro da própria organização. As principais vanta-
gens deste tipo de recrutamento são:
zação em relação aos recursos humanos e quais as políticas que a
1. Maior rapidez: evita as demoras frequentes no recrutamento
organização pretende adaptar em relação ao seu pessoal. Esta pes-
externo, como por exemplo, a colocação de anúncios, a espera de
quisa, geralmente, envolve a:
respostas e ainda a demora natural do próprio processo de admis-
1. Elaboração das políticas de recrutamento;
são;
2. Organização do recrutamento, delegação de autoridade e 2. Mais econômico para a empresa: evita os custos inerentes
responsabilidade apropriadas a essa função; ao processo do recrutamento externo, custos de admissão do novo
3. Listagem dos requisitos necessários à força de trabalho; candidato e os custos relacionados com a integração do novo cola-
4. Utilização de meios e técnicas para atrair; borador;
5. Avaliação do programa de recrutamento, em função dos ob- 3. Aproveita os investimentos da empresa em formação do
jetivos e dos resultados alcançados. pessoal: o que, por vezes, só tem retorno quando o colaborador
passa a ocupar cargos mais complexos;
Processo de recrutamento 4. Apresenta maior índice de segurança: o candidato é conhe-
O recrutamento envolve um processo que varia conforme a cido, a empresa tem a sua avaliação de desempenho, dispensa-se
organização. O órgão de recrutamento não tem autoridade para a integração na organização e, por vezes, não necessita de período
efetuar qualquer atividade de recrutamento sem a devida tomada experimental;
de decisão por parte do órgão que possui a vaga a ser preenchida. 5. É uma fonte de motivação para os colaboradores: porque
O recrutamento de pessoal é oficializado através de uma ordem de possibilita o crescimento dentro da organização. Quando uma em-
serviço denominada como requisição de pessoal. Quando o órgão presa desenvolve uma política consistente de recrutamento interno
de recrutamento a recebe, verifica se existe algum candidato ade- estimula os seus colaboradores a um constante autoaperfeiçoa-
quado disponível nos seus arquivos; caso contrário, deve recrutá-lo mento, no sentido de estes depois estarem aptos a ocupar cargos
através das técnicas de recrutamento. mais elevados e complexos;
6. Cria uma competição salutar entre o pessoal: uma vez que
Meios de recrutamento as oportunidades serão oferecidas aqueles que realmente as me-
Verificou-se que as fontes de recrutamento são áreas do mer- recerem.
cado de recursos humanos exploradas pelos mecanismos de recru-
tamento. O mercado de recursos humanos apresenta fontes diver- Desvantagens do recrutamento interno
sificadas que devem ser diagnosticadas e localizadas pela empresa. 1. A organização pode estagnar, perdendo criatividade e ino-
Deste modo, ela passa a influencia-las através de uma multiplici- vação;
2. Se a organização não oferecer as oportunidades de cresci-
dade de técnicas de recrutamento, visando atrair candidatos para
mento no momento certo, corre-se o risco de defraudar as expec-
atender às suas necessidades. Verificamos também que o mercado
tativas dos colaboradores e, consequentemente, podem-se criar
de recursos humanos é constituído por um conjunto de candidatos
estados de desinteresse, apatia e até levar à demissão;
que podem ser empregados (a exercer atividades noutra empresa)
3. Pode gerar conflitos de interesses entre pessoas que estão
ou disponíveis (desempregados). Os candidatos empregados ou dis- em pé de igualdade para ocupar o mesmo cargo;
poníveis podem ser reais (que estão à procura ou querem mudar de 4. Pode provocar nos colaboradores menos capazes, normal-
emprego) ou potenciais (que não estão interessados em procurar mente em cargos de chefia, um sentimento de insegurança que po-
emprego). Daí existirem dois meios de recrutamento: o interno e derá fazer com que estes sufoquem o desempenho e aspirações dos
o externo. subordinados, a fim de evitarem futura concorrência;
5. Quando administrado incorretamente, pode levar à situação
Recrutamento interno denominada de Principio de Peter, segundo o qual as empresas, ao
Diz-se que o recrutamento é interno quando uma determinada promoverem incessantemente os seus colaboradores, elevam-nos
empresa, para preencher uma vaga, aproveita o potencial huma- sempre à posição onde demonstram o máximo da sua incompetên-
no existente na própria organização. A razão deste aproveitamento cia; ou seja, à medida que um colaborador demonstra competên-
prende-se, muitas vezes, com promoções, programas de desenvol- cia num determinado cargo, a organização, a fim de premiar o seu
vimento pessoal, planos de carreira e transferências. Para isso, algu- desempenho, promove-o sucessivamente até ao cargo em que o
mas questões devem ser levadas em consideração: colaborador por se mostrar incompetente, estagnará, uma vez que
1. Resultados das avaliações de desempenho do candidato in- o sistema jurídico-laboral não permite que o colaborador retome à
terno; sua posição anterior;

187
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

6. Não pode ser feito em termos globais dentro da organiza- 11. Agências de recrutamento: estas agências estão a proliferar,
ção: uma vez que o recrutamento interno só pode ser efetuado à no sentido de prestar serviços de recrutamento e seleção a peque-
medida que o candidato interno tenha, a curto prazo, condições de nas, médias e grandes empresas. Estão aptas a recrutar e selecionar
igualar a performance do antigo ocupante. candidatos independentemente das suas qualificações. Ou seja, ao
contrário de outras técnicas, esta permite recrutar candidatos não
Recrutamento externo só de baixo nível, mas também altamente qualificados. Torna-se,
O recrutamento é externo quando, havendo uma determinada então uma das técnicas mais caras, embora seja compensada pelos
vaga, a organização tenta atrair os talentos disponíveis no mercado fatores tempo e rendimento. Na maior parte das vezes, as técnicas
através de técnicas de recrutamento. As técnicas de recrutamento de recrutamento são utilizadas conjuntamente, pois o processo de
são os métodos através dos quais a organização divulga a existência recrutamento tem que ter em conta a relação custo/rapidez. Assim,
de uma oportunidade de trabalho junto às fontes de recursos hu- o custo de recrutamento aumenta à medida que se exige maior ra-
manos mais adequadas. O que vai definir as técnicas são as fontes pidez no recrutamento e seleção dos candidatos.
de recrutamento e as qualificações. O recrutamento externo incide
sobre candidatos reais ou potenciais, disponíveis ou em situação de Vantagens do recrutamento externo
emprego e pode envolver uma ou mais técnicas de recrutamento. 1. Traz sangue novo e experiências novas à organização: a en-
As principais técnicas de recrutamento externo são: trada de recursos novos na organização impulsiona novas ideias,
1. Consulta de bases de dados: os candidatos que tenham novas estratégias, diferentes abordagens dos problemas internos
enviado o seu currículo para uma organização e não tenham sido da organização;
considerados em recrutamentos anteriores, têm a sua candidatu- 2. Permite munir a empresa com quadros técnicos com forma-
ra devidamente arquivada no órgão de recrutamento e podem ser ção no exterior: isto não significa que, a partir da admissão, não
chamados a qualquer momento para um processo de seleção. A tenha que investir em formação com esse candidato, mas o que é
organização deve estimular a vinda de candidaturas espontâneas, certo é que vai usufruir de imediato do retorno dos investimentos
para garantir um stock de candidatos para qualquer eventualidade. efetuados pelos outros;
Considera-se esta técnica a que acarreta menores custos para a or- 3. Renova e enriquece os recursos humanos da organização;
ganização, uma vez que elimina a necessidade de colocar anúncios, 4. Evita conflitos entre pessoas que fazem parte da mesma or-
tornando-a, por isso mesmo, numa das mais rápidas; ganização: no caso de, por exemplo, duas pessoas estarem aptas a
2. Boca a boca: apresentação do candidato a partir de um cola- ocupar o mesmo cargo e a organização escolher uma delas, pode
borador. Desta forma, a organização faz com que o colaborador se desencadear na rejeitada um sentimento de injustiça e provocar
um conflito grave.
sinta prestigiado pelo fato da organização considerar as suas reco-
mendações, ao apresentar um amigo ou conhecido e, dependen-
Desvantagens do recrutamento externo
do da forma como o processo é conduzido, o colaborador torna-se
1. É um processo mais demorado do que o recrutamento inter-
co-responsável junto à empresa pela sua admissão. É também uma
no: porque temos de considerar o tempo despendido com a escolha
técnica de baixo custo, alto rendimento e baixa morosidade; das técnicas mais adequadas, com as fontes de recrutamento, com
3. Cartazes ou anúncios na portaria da empresa: é uma técnica a atração dos candidatos, com a seleção, os exames médicos, com
de baixo custo, mas cuja eficácia nos resultados depende de uma possíveis compromissos do candidato a outra organização e com o
série de fatores, como a localização da empresa, a proximidade das processo de admissão.
fontes de recrutamento, a proximidade de movimento de pessoas, 2. Desmotiva as pessoas que trabalham na organização: os fun-
facilidade de acesso. É uma técnica que espera que o candidato vá cionários podem, em determinados casos, ver o recrutamento ex-
até ela. Normalmente, é utilizada para funções de baixo nível; terno como uma política de deslealdade para com eles;
4. Anúncios em jornais e revistas: é considerada uma das téc- 3. Cria distorções ao nível salarial: porque quem vem de novo,
nicas de recrutamento que atrai mais candidatos à organização. Po- normalmente vem ganhar mais do que aquele que já está há mais
rém, é mais quantitativa, uma vez que se dirige ao público em geral tempo na organização e a desempenhar a mesma função, o que
e a sua discriminação depende da objetividade do anúncio; pode levar ao aumento dos salários em geral, para evitar grandes
5. Contatos com sindicatos e associações de classe: tem a van- disparidades;
tagem de envolver outras organizações no processo de recrutamen- 4. É mais caro: exige despesas imediatas com anúncios, jornais,
to sem que isso traga à organização qualquer tipo de encargos; agências de recrutamento;
6. Contatos com centros de emprego; 5. É menos seguro do que o recrutamento interno: dado que
7. Contatos com universidades, associações de estudantes, es- os candidatos são desconhecidos: apesar das técnicas de seleção,
colas e centros de formação profissional, no sentido de divulgar as muitas vezes a empresa não tem condições de confirmar as qualifi-
oportunidades oferecidas pela empresa; cações do candidato; daí submeter o candidato a um período expe-
8. Conferências em universidades e escolas: no sentido de pro- rimental, precisamente pela insegurança da empresa relativamente
mover a empresa: para tal, há uma apresentação da organização, ao processo de recrutamento e seleção.
em que esta fala dos seus objetivos, da sua estrutura e das políticas
de emprego; Independente da estratégia ou tipo de recrutamento e seleção
9. Viagens de recrutamento a outras localidades: quando o utilizados é necessário estar atento aos erros de avaliação que fre-
mercado de recursos humanos local está bastante explorado, a em- quentemente são observados, tais como:
- Efeito Halo - Ato de beneficiar o candidato (gostou do candi-
presa pode recorrer ao recrutamento em outras cidades ou outras
dato)
localidades. Neste caso o técnico de recrutamento dirige-se ao local
- Efeito Horn - Ato de prejudicar o candidato (não gostou dele)
em questão e anuncia através da rádio e imprensa local;
- Recenticidade - O que importa são os últimos fatos
10. Contatos com outras empresas que atuam no mesmo mer-
- Avaliação Congelada - A primeira impressão é a que fica
cado, em termos de cooperação mútua: estes contatos interempre- - Tendencia Central - Intermediário, todos são bons.
sas chegam a formar cooperativas de recrutamento; - Identificação - Espelho, o candidato é parecido comigo.

188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Recrutar é atrair pessoas. É uma forma preliminar, inicial, de - Avaliação de aprendizagem: verifica a diferença nos repertó-
agregar pessoas à organização. É uma comunicação, emitida pela rios, conhecimentos e capacidades dos participantes antes e depois
organização, para as pessoas, a respeito das vagas em aberto na dos treinamentos;
organização. Seleção, por sua vez, é uma etapa posterior. A seleção - Avaliação de transferência ou impacto: realizada alguns me-
é uma espécie de filtro: é a etapa em que a organização utiliza ins- ses após o final do treinamento, verifica se houve mudança de com-
trumentos concretos para avaliar e classificar os candidatos. portamento dos indivíduos após o treinamento.
Os processos de recrutamento e seleção podem ser internos, - Mudança organizacional: verifica se houve alterações em pro-
quando são voltados para as pessoas que já trabalham para a or- cessos de trabalho, indicadores duros, estrutura organizacional ou
ganização; ou externos, quando buscam atrair para a organização outras mudanças na organização, decorrentes do treinamento.
pessoas que ainda não são colaboradoras dela. - Valor final: Último nível da avaliação e verifica a contribuição
O processo decisório, na contratação de pessoas, não é feito do treinamento para os objetivos mais importantes da organização
apenas pela área de gestão de pessoas. O processo é conduzido em
parceria, tanto pela área que quer preencher a vaga quanto pela Este ciclo é preconizado, por exemplo, pela norma ISO 10.015.
unidade de gestão de pessoas. A decisão final a respeito da contra- A figura abaixo ilustra estas etapas.
tação cabe à área que quer preencher a vaga.
Existem diversas técnicas de seleção, tais como entrevistas,
provas de conhecimento, testes psicológicos, técnicas vivenciais e
análise de currículo. No caso de concursos públicos, a divulgação do
edital corresponde ao recrutamento, enquanto as provas de conhe-
cimento e de títulos correspondem à seleção.

Capacitação de Pessoas
Treinamento é voltado para as competências relacionadas a ta-
refas e atividades do trabalho atual. São ações bastante específicas,
voltadas para o curto ou médio prazo. Programas de treinamento
são desenhados em função das necessidades atuais da organização.
Desenvolvimento é um conceito mais geral. Ele refere-se a
competências mais gerais, não necessariamente relacionadas ao
trabalho atual. Tem forte vínculo com a carreira do indivíduo, com
o crescimento do indivíduo, ou seja, ele pode desenvolver compe-
tências que hoje ainda não utiliza. São ações educacionais voltadas Muitas empresas tem investido cada vez mais em programas
de treinamentos e desenvolvimento de funcionários, a ideia é apri-
para o futuro do indivíduo.
morar o potencial e a capacidade dos funcionários, e abrir novas
Educação tem um horizonte temporal maior, de médio e lon-
oportunidades dentro da empresa. As organizações contemporâne-
go prazo. É um conceito abrangente, que, na nossa vida, pode se
as têm sido levadas à modernização e/ou adequação ao novo con-
referir a qualquer processo de aprendizado, mas que, no contexto
texto produtivo por diferentes caminhos, seja pela via tecnológica,
profissional, refere-se a competências futuras. Educação tem a ver
seja pela via gerencial diferentes mecanismos e/ou ferramentas são
com a necessidade de aprendizado contínuo.
utilizados, em um esforço voltado à eficácia na utilização dos recur-
sos produtivos visando, em última instância a melhor adequação
Levantamento de necessidades, programação, execução e
das pessoas ao local de trabalho.
avaliação. A capacitação dos funcionários é inegavelmente a responsável
As organizações organizam as ações de Treinamento, Desen- hoje, pelo sucesso organizacional. Assim, as organizações têm que
volvimento e Educação (TD&E) em um ciclo composto de quatro estar “preocupadas” com o treinamento e desenvolvimento das
etapas. pessoas envolvidas em sua empresa para que tenham sempre um
A primeira etapa é o levantamento de necessidades de treina- segmento adequado.
mento. Consiste em avaliar as lacunas (diferenças) entre as com- Com base no contexto atual das empresas e nos desafios que
petências atualmente existentes e as competências necessárias, as pessoas enfrentam no desempenho de suas funções, decidiu-se
obtíveis por treinamento. O gap ou diferença seriam justamente as pesquisar as competências requeridas aos funcionários para atua-
necessidades. rem nos setores da organização, para a partir daí propor treinamen-
A segunda etapa, denominada programação, consiste na ela- tos nas áreas adequadas.
boração do planejamento instrucional. O planejamento instrucional Nos últimos anos as organizações, cada vez mais conscientes
é a etapa na qual as ações educacionais são formatadas. Inclui a de que seu sucesso será determinado pela qualificação de seus em-
definição dos objetivos instrucionais, estratégias de ensino, estraté- pregados passaram a atribuir maior relevância à gestão estratégica
gias de avaliação, planejamento e produção de materiais didáticos de pessoas principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento
etc. de competências humanas ou profissionais.
Finalmente, temos a terceira etapa, a execução. É quando a Assim, o treinamento do funcionário passou a ser assunto de
ação de TD&E efetivamente ocorre. Para que a aprendizagem ocor- interesse das organizações.
ra, a execução requer uma série de atividades pedagógicas e logís- A conceituação de treinamento apresenta significados diferen-
ticas. tes e assim, diversos autores têm apresentado definições com re-
Finalmente, temos a avaliação, que é o fechamento do ciclo. lação ao treinamento. De acordo com Chiavenato quase sempre o
Nesta etapa, são avaliados os resultados obtidos pela ação educa- treinamento tem sido entendido como o processo pelo qual a pes-
cional. A avaliação se dá em diversos níveis: soa é preparada para desempenhar de maneira excelente as tarefas
- Avaliação de reação: nível mais imediato que busca avaliar específicas do cargo que deve ocupar.
as opiniões e satisfações dos participantes acerca do treinamento;

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Modernamente, o treinamento é considerado um meio de de- - Nortear e mensurar o processo de treinamento e desenvolvi-
senvolver competências nas pessoas para que elas se tornem mais mento (T&D): ponderação do nível de CHA (conhecimentos, habili-
produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para dades e atitudes), determinando a direção que o processo de T&D
os objetivos organizacionais. deve tomar e a sua medida em cada caso;
Ainda segundo Chiavenato “treinamento é o processo educa- - Facilitar o feedback das pessoas: na medida em que mensura
cional de curto prazo aplicado de maneira sistemática e organizada, os desempenhos das pessoas em avaliação e informa de modo a
através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e sugerir mudanças, quando necessário; e
habilidades em função de objetivos definidos”. - Facilitar o progresso das organizações: feedback organizacio-
Há uma diferença entre treinamento e desenvolvimento de nal, acompanhamento do desempenho identificando pontos críti-
pessoas. Embora os seus métodos sejam similares para afetar a cos, negativos e positivos dando caráter facilitador à elaboração de
aprendizagem, a sua perspectiva de tempo é diferente. estratégias para manutenção e crescimento.
Ambos, treinamento e desenvolvimento (T&D), constituem
processos de aprendizagem por isso que Chiavenato afirma que se- Finalidades:
gundo a base primordial para o atingimento dos objetivos de uma
instituição, começa pelo treinamento e desenvolvimento das pes- - Identificar o valor das pessoas para a organização: mensurar
soas. Tende-se a investir pesadamente em treinamentos para obter qualitativamente o impacto de cada pessoa nos resultados organi-
um retomo garantido. Treinamento não é uma simples despesa, zacionais;
mas um precioso investimento seja na organização ou nas pessoas. - Desenvolver talentos: detectados os pontos fortes e fracos
Isto é, traz benefícios diretos. Antigamente, alguns especialistas em das pessoas, via avaliação de desempenho, as necessidades de de-
RH consideravam o treinamento um meio para adequar cada pes- senvolvimento tornam-se transparentes;
soa ao seu cargo, recentemente mudou este conceito, consideran- - Fornecer informações essenciais: que auxiliem o desenvolvi-
do um meio para alcançar o desempenho no cargo. Quase sempre mento das demais atividades referentes à gestão de pessoas;
treinamento é compreendido como o processo pelo qual as pesso- - Tornar transparente a relação entre avaliadores e avaliados:
as vão desenvolver de maneira excelente as tarefas específicas dos ao se recolher informações essenciais sobre o quadro funcional,
cargos. identificar talentos potenciais e o que as pessoas agregam para a
Assim, acredita-se que através de um treinamento visando o organização; e
desenvolvimento das pessoas nas organizações os resultados serão - Abastecer a organização com avaliações periódicas: as orga-
satisfatórios tanto para os indivíduos como para as organizações. nizações necessitam estar permanentemente empenhadas na atu-
alização da AD.
Avaliação Convencional e Diferenciada de Desempenho
As organizações necessitam de sistemáticas de avaliação capa- Vantagens da utilização
zes de acompanhar o crescimento das pessoas que nela exercem - Possibilita a descoberta de talentos: por meio da identificação
suas atribuições; dos atributos de cada pessoa;
A questão é de que formaque é possível obter um acompanha- - Facilita o feedback às pessoas da organização: desfrutar do
mento eficiente ao mesmo tempo integrado com os propósitos da que foi coletado, analisado e concluído pelos avaliadores, podendo
organização como um todo. a partir daí encontrar caminhos para auto-desenvolvimento;
O essencial é a maneira com que as pessoas dão andamento - Auxilia o direcionamento dos esforços da organização: o fato
as suas atribuiçõese o desempenho será mensurado a partir dessas de se ter informações proporciona a organização a possibilidade de
“identificar aquelas pessoas que necessitam de aperfeiçoamento”
exigências.
(MARRAS, 2000);
- Auxilia o aprimoramento da qualidade de vida: “constitui um
Definições e conceitos
poderoso meio de resolver problemas de desempenho e melhorar
Desempenho: “conjunto de entregas e resultados de determi-
a qualidade do trabalho e a qualidade de vida dentro das organiza-
nada pessoa para a empresa ou negócio” (DUTRA, 2002);
ções” (CHIAVENATO, 1999);
Avaliação de desempenho: implica na “identificação, mensu-
- Situa as pessoas na estrutura organizacional:a AD subsidia as
ração e administração do desempenho humano nas organizações”
demais atividades desencadeando ações que culminem com altera-
(GÓMEZ-MEJÍA, BALKIN e CARDY, 1995).
ções significativas na estrutura da organização; e
- Identificação: ao notar as conseqüências das atividades, a em- - Incentiva a utilização do coaching: a AD “ajuda ou estimula
presa estará apta a remanejar pessoas de acordo com a definição os supervisores a observarem seus subordinados mais de perto e
de desempenho exigida para satisfazer as suas necessidades; a desempenhar melhor a função de treinadores” (OBERG, 1997).
- Mensuração: elemento central, tem por objetivo principal a
busca pela determinação de como o desempenho pode ser relacio- Limitações da utilização
nado a certas formas de medições. - Serve de justificativa para discussões salariais: ao situar as
- Administração: dirigida para o futuro. Busca o desenvolvimen- pessoas na estrutura organizacional, pode gerar argumentações di-
to e fornece subsídios que geram a possibilidade de alcance de todo recionadas a salários e vantagens face à uma possível nova posição
o potencial das pessoas, gerando resultados positivos. funcional numa outra unidade;
A AD engloba todo o processo desde a identificação do desem- - Trata-se de um processo vulnerável: “as avaliações fornecem
penho, passando pela mensuração, ou seja, medindo tal desem- informações inadequadas sob as sutilezas do desempenho, os ge-
penho, até alcançar projeções para o médio e curto prazo, onde o rentes frequentemente fazem julgamentos arbitrários” (LEVINSON,
potencial de cada estará a serviço da organização”. 1997);
Alguns dos motivos queque leva à utilização da AD: - Há uma tendência à exclusão dos não envolvidos diretamen-
- Alicerçar a ação do gestor: a empresa se torna mais transpa- te: com o processo. A não influência direta nos resultados da orga-
rente, pois as ações de seus gestores estão alicerçadas em elemen- nização, dificulta o questionamento à avaliação feita desmotiva-
tos palpáveis (avaliação realizada com rigor técnico). ção e desinteresse;

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Dificuldade de manter as avaliações periódicas: a elaboração - Escolha e distribuição forçada: consiste na avaliação dos in-
e aplicação do processo de AD depende do feedback oferecido às divíduos através de frases descritivas de determinado tipo de de-
pessoas pelos avaliadores; sempenho em relação às tarefas que lhe foram atribuídas, entre as
- Inibe o desenvolvimento criativo do potencial humano: man- quais o avaliador é forçado a escolher a mais adequada para descre-
ter avaliações constantes, dependendo da maneira como é realiza- ver os comportamentos do avaliado. Este método busca minimizar
da, pode representar um controle na visão das pessoas em proces- a subjetividade do processo de avaliação de desempenho.
so de avaliação; e
- Dificulta a avaliação do grupo: este tipo de procedimento - Pesquisa de campo: baseado na realização de reuniões entre
sempre tende a recair numa avaliação individualizada.14 um especialista em avaliação de desempenho da área de Recursos
Humanos com cada líder, para avaliação do desempenho de cada
Gestão de Desempenho um dos subordinados, levantando-se os motivos de tal desempe-
A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está a par dos nho por meio de análise de fatos e situações. Este método permite
resultados apresentados por seus colaboradores é acompanhando um diagnóstico padronizado do desempenho, minimizando a sub-
de perto as atividades que esses realizam. E o método mais eficaz jetividade da avaliação. Ainda possibilita o planejamento, conjun-
de demonstrar este acompanhamento é através da Avaliação de tamente com o líder, do desenvolvimento profissional de cada um.
Desempenho do colaborador. A avaliação de desempenho é uma
ferramenta da gestão de pessoas que visa analisar o desempenho - Incidentes críticos: enfoca as atitudes que representam de-
individual ou de um grupo de funcionários em uma determinada sempenhos altamente positivos (sucesso), que devem ser realçados
empresa. É um processo de identificação, diagnóstico e análise do e estimulados, ou altamente negativos (fracassos), que devem ser
comportamento de um colaborador durante um intervalo de tem- corrigidos através de orientação constante. O método não se pre-
po, analisando sua postura profissional, seu conhecimento técnico, ocupa em avaliar as situações normais. No entanto, para haver su-
sua relação com os parceiros de trabalho etc. cesso na utilização desse método, é necessário o registro constante
Este método tem por objetivo analisar as melhores práticas dos dos fatos para que estes não passem despercebidos.
funcionários, proporcionando um crescimento profissional e pesso-
al, visando um melhor desempenho de suas funções no ambiente - Comparação de pares: também conhecida como comparação
de trabalho. Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio binária, faz uma comparação entre o desempenho de dois colabo-
à administração de recursos humanos da empresa, alimentando-a radores ou entre o desempenho de um colaborador e sua equipe,
com informações que auxiliam a tomada de decisão sobre práticas podendo fazer o uso de fatores para isso. É um processo muito sim-
de bonificação, aumento de salários, demissões, necessidades de ples e pouco eficiente, mas que se torna muito difícil de ser realiza-
treinamento etc.
do quanto maior for o número de pessoas avaliadas.
Segundo Wagner Siqueira, o processo de avaliação de desem-
penho de um colaborador inclui, dentre outras, as expectativas de-
- Auto-avaliação: é a avaliação feita pelo próprio avaliado com
sejadas e os resultados reais. Sendo divida em algumas etapas:
relação a sua performance. O ideal é que esse sistema seja utilizado
- Apreciação diária do comportamento do colaborador, seus
conjuntamente a outros sistemas para minimizar o forte viés e falta
progressos e limitações, êxitos e insucessos, com oferecimento per-
de sinceridade que podem ocorrer.
manente de feedback instantâneo;
- Identificação e equacionamento imediato dos problemas
- Relatório de performance: também chamada de avaliação por
emergentes, procurando manter continuamente um alto padrão de
motivação e de obtenção de resultados; escrito ou avaliação da experiência, trata-se de uma descrição mais
- Entrevistas formais periódicas de avaliação de desempenho, livre acerca das características do avaliado, seus pontos fortes, fra-
em que avaliador e avaliado analisam os resultados obtidos no pe- cos, potencialidades e dimensões de comportamento, entre outros
ríodo considerado e redefinem novas orientações, compromissos aspectos. Sua desvantagem está na dificuldade de se combinar ou
recíprocos e ações corretivas, se for o caso. comparar as classificações atribuídas e por isso exige a suplementa-
ção de um outro método, mais formal.
Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e limita-
ções dos funcionários, buscando identificar pontos de melhoria, - Avaliação por resultados: é um método de avaliação basea-
necessidade de treinamento ou até mesmo remanejamento do in- do na comparação entre os resultados previstos e realizados. É um
divíduo para outras funções em que poderia render melhor. método prático, mas que depende somente do ponto de vista do
Assim, o papel principal da avaliação de desempenho é identi- supervisor a respeito do desempenho avaliado.
ficar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças de desempenho
entre os muitos funcionários da organização. Tendo sempre como - Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação do alcance
base a interação constante entre avaliador e avaliado. de objetivos específicos, mensuráveis, alinhados aos objetivos orga-
Formas de avaliação de desempenho – Listamos abaixo os mé- nizacionais e negociados previamente entre cada colaborador e seu
todos mais tradicionais de avaliação: superior. É importante ressaltar que durante a avaliação não devem
ser levados em consideração aspectos que não estavam previstos
- Escalas gráficas de classificação: é o método mais utilizado nos objetivos, ou não tivessem sido comunicados ao colaborador. E
nas empresas. Avalia o desempenho por meio de indicadores defi- ainda, deve-se permitir ao colaborador sua autoavaliação para dis-
nidos, graduados através da descrição de desempenho numa varia- cussão com seu gestor.
ção de ruim a excepcional. Para cada graduação pode haver exem-
plos de comportamentos esperados para facilitar a observação da - Padrões de desempenho: também chamada de padrões de
existência ou não do indicador. Permite a elaboração de gráficos trabalho é quando há estabelecimento de metas somente por parte
que facilitarão a avaliação e acompanhamento do desempenho his- da organização, mas que devem ser comunicadas às pessoas que
tórico do avaliado. serão avaliadas.
14Fonte: gestaopublica.org

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- Frases descritivas: trata-se de uma avaliação através de com- Aplicações


portamentos descritos como ideais ou negativos. Assim, assinala- A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de diferen-
-se “sim” quando o comportamento do colaborador corresponde tes funções administrativas, motivacionais e de comunicação, como
ao comportamento descrito, e “não” quando não corresponde. É citados a seguir:
diferente do método da Escolha e distribuição forçada no sentido - Identificação de pontos fortes e fracos dos colaboradores e,
da não obrigatoriedade na escolha das frases. consequentemente, da organização;
- Identificação de diferenças individuais;
- Avaliação 360 graus: neste método o avaliado recebe feedba- - Estímulo à comunicação interpessoal;
cks (retornos) de todas as pessoas com quem ele tem relação, tam- - Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”, formada por
bém chamados de stakeholders, como pares, superior imediato, chefe e subordinado;
subordinados, clientes, entre outros. - Informação ao colaborador de como o seu desempenho é
percebido;
-Avaliação de competências: trata-se da identificação de com- - Estímulo ao desenvolvimento individual do avaliador e do
petências conceituais (conhecimento teórico), técnicas (habilida- avaliado;
des) e interpessoais (atitudes) necessárias para que determinado - Indicações de promoções e de aumentos salariais por mérito;
desempenho seja obtido. - Indicações de necessidade de treinamento;
- Gestão de crises nas equipes e nos processos operacionais
- Avaliação de competências e resultados: é a conjugação das (sistemas técnicos e sociais);
avaliações de competências e resultados, ou seja, é a verificação da - Auxílio na verificação de aprendizagens;
existência ou não das competências necessárias de acordo com o - Identificação de problemas de trabalho em geral, no relacio-
desempenho apresentado. namento individual, intraequipe ou interequipes;
- Registro histórico suplementar para ações administrativas de
- Avaliação de potencial: com ênfase no desempenho futuro, gestão;
identifica as potencialidades do avaliado que facilitarão o desenvol- - Apoio às pesquisas de clima organizacional.15
vimento de tarefas e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita
a identificação de talentos que estejam trabalhando aquém de suas
capacidades, fornecendo base para a recolocação dessas pessoas. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO. NATUREZA
PÚBLICA, AGENTES E INTEGRANTES DA ADMINISTRA-
- Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Robert S. ÇÃO PÚBLICA
Kaplan e David P. Norton na década de 90, avalia o desempenho sob
quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e CONCEITO
do aprendizado e crescimento. São definidos objetivos estratégicos
para cada uma das perspectivas e tarefas para o atendimento da O Direito Administrativo é um dos ramos do Direito Público, já
meta em cada objetivo estratégico. que rege a organização e o exercício de atividades do Estado, visan-
do os interesses da coletividade.
Vantagens da Avaliação de desempenho Hely Lopes Meirelles, por sua vez, destaca o elemento finalís-
Por meio da avaliação de desempenho é possível identificar tico na conceituação: os órgãos, agentes e atividades administra-
novos talentos dentro da própria organização, por meio da análise tivas como instrumentos para realização dos fins desejados pelo
do comportamento e das qualidades de cada indivíduo. Gerando, Estado. Vejamos: “o conceito de Direito Administrativo Brasileiro,
assim, novas possibilidades para remanejamento interno de cola- para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos
boradores. Além de poder oferecer bonificações e premiações aos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes
funcionários que mais se destacarem na avaliação. a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo
Outra vantagem é a possibilidade de gerar um feedback mais Estado”.
fácil aos funcionários analisados e gestores, uma vez que tem como O jurista Celso Antônio Bandeira de Mello enfatiza a ideia de
resultado informações relevantes, sólidas e tangíveis para um re- função administrativa: “o direito administrativo é o ramo do direito
sultado eficiente. Este feedback faz com que os avaliados queiram público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e
investir ainda mais em seu desenvolvimento, melhorando seu de- órgãos que a exercem”
sempenho e trazendo vantagens para a empresa. Portanto, direito administrativo é o conjunto dos princípios
Este método é importante, também, para eliminar “achismos” jurídicos que tratam da Administração Pública, suas entidades, ór-
e palpites quando da avaliação de um funcionário. É um meio de gãos, agentes públicos, enfim, tudo o que diz respeito à maneira
obter informações reais e avaliar de perto as implicações de uma de se atingir as finalidades do Estado. Assim, tudo que se refere à
possível mudança na gestão de recursos humanos da empresa. Administração Pública e a relação entre ela e os administrados e
Por isso, manter este tipo de avaliação pode trazer muitos be- seus servidores, é regrado e estudado pelo Direito Administrativo.
nefícios e mudanças positivas na gestão de pessoas de uma organi-
zação, seja qual for o seu tamanho. Com ela o gestor pode avaliar
melhor seus subordinados, melhorar o clima de trabalho, investir
no treinamento de seus pares, melhorar a produtividade, desenvol-
ver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar de forma mais
eficiente etc. Todos ganham quando uma equipe é avaliada de for- 15Fonte: www.educor.desenvolvimento.gov.br/www.rhportal.
ma satisfatória pelos gerentes. com.br/www.unifia.edu.br/www.gestaopublica.org/www.sbco-
aching.com.br/www.administradores.com.br/www.abed.org.br/
Marisa Eboli/João Carlos Lopes/Julio Cesar S. Santos/Sergio Alfredo
Macore/Antonio Carlos Ribeiro da Silva/ Jéssica Faria de Carvalho/
Érica Preto Tamaio Martins/ Laureny Lúcio/ Pedro José Papandréa

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

OBJETO Mazza (2017) atribui dupla funcionalidade aos princípios, quais


sejam, a função hermenêutica e a função integrativa. No que toca
O Direito Administrativo é um ramo que estuda as normas que a função hermenêutica, os princípios são responsáveis por esclare-
disciplinam o exercício da função administrativa, que regulam a atu- cer o conteúdo dos demais dispositivos legais, quando os mesmos
ação estatal diante da administração da “coisa pública”. se mostrarem obscuros no ato de tutela dos casos concretos. Por
O objeto imediato do Direito Administrativo são os princípios e meio da função integrativa, por sua vez, os princípios cumprem a
normas que regulam a função administrativa. tarefa de suprir eventuais lacunas legais observadas em matérias
Por sua vez, as normas e os princípios administrativos têm por específicas e/ou diante das particularidades que permeiam a apli-
objeto a disciplina das atividades, agentes, pessoas e órgãos da Ad- cação das normas aos casos concretos.
ministração Pública, constituindo o objeto mediato do Direito Ad-
ministrativo. Os princípios possuem papel importantíssimo para o Direito
Administrativo. Uma vez que trata-se de ramo jurídico não codifica-
FONTES do, os princípios, além de exercerem função hermenêutica e inte-
grativa, cumprem o papel de alinhavar os dispositivos legais espar-
Pode-se entender fonte como a origem de algo, nesse caso a sos que compõe a seara do Direito Administrativo, conferindo-lhe
origem das normas de Direito Administrativo. coerência e unicidade.
Os princípios do Direito Administrativo podem ser expressos,
a) Lei - De acordo com o princípio da legalidade, previsto no ou seja, positivados, escritos na lei, ou implícitos, não positivados,
texto constitucional do Artigo 37 caput, somente a lei pode impor não expressamente escritos na lei. Importa esclarecer que não
obrigações, ou seja, somente a lei pode obrigar o sujeito a fazer ou existe hierarquia (grau de importância ou superioridade) entre os
deixar de fazer algo. princípios expressos e implícitos, de forma que os últimos não são
Conforme o entendimento da Prof.ª Maria Helena Diniz, em inferiores aos primeiros. Prova de tal afirmação, é o fato de que os
sentido jurídico, a Lei é um texto oficial que engloba um conjunto dois princípios (ou supraprincípios) que dão forma o Regime Jurídi-
de normas, ditadas pelo Poder Legislativo e que integra a organiza- co Administrativo, são implícitos.
ção do Estado.
Pode-se afirmar que a lei, em sentido jurídico ou formal, é um • Regime Jurídico Administrativo: O Regime Jurídico Admi-
ato primário, pois encontra seu fundamento na Constituição Fede- nistrativo é formado por todos os princípios e demais dispositivos
ral, bem como possui por características a generalidade (a lei é vá- legais que compõe o Direito Administrativo. Entretanto, é correta
lida para todos) e a abstração (a lei não regula situação concreta). a afirmação de que as bases desse regime são lançadas por dois
Existem diversas espécies normativas: lei ordinária, lei comple- princípios centrais, ou supraprincípios, são eles: Supremacia do In-
mentar, lei delegada, medida provisória, decretos legislativos, re- teresse Público e Indisponibilidade do Interesse Público.
soluções, etc. Por serem leis constituem fonte primária do Direito
Administrativo. → Supremacia do Interesse Público: Também denominado
NOTA: Não se deve esquecer das normas constitucionais que supremacia do interesse público sobre o privado, o supraprincípio
estão no ápice do ordenamento jurídico brasileiro. invoca a necessidade da sobreposição dos interesses da coletivida-
de sobre os individuais. A defesa do interesse público confere ao
b) Doutrina é o resultado do trabalho dos estudiosos e pesqui- Estado uma série de prerrogativas (‘‘vantagens’’ atribuídas pelo
sadores do Direito, ou seja, é a interpretação que os doutrinadores Direito Público) que permite uma atuação desigual em relação ao
dão à lei. Vê-se que a doutrina não cria normas, mas tão somente particular.
interpreta-as de forma que determinam o sentido e alcance dessa e São exemplos de prerrogativas da Administração Pública: A
norteiam o caminho do seu aplicador. imprescritibilidade dos bens públicos, ou seja, a impossibilidade
c) Jurisprudência é o resultado do trabalho dos aplicadores da de aquisição de bens da Administração Pública mediante ação de
lei ao caso concreto, especificamente, são decisões reiteradas dos usucapião; a possibilidade que a Administração Pública possui de
Tribunais. Também não cria normas, ao contrário, assemelhar-se à rescindir os contratos administrativos de forma unilateral, ou seja,
doutrina porque se trata de uma interpretação da legislação. independente da expressão de vontade do particular contratado; a
d) Costumes, de modo geral, são conceituados como os com- possibilidade de requisitar os bens dos particulares mediante situa-
portamentos reiterados que tem aceitação social. Ex: fila. Não há ção de iminente perigo para população, entre outros.
nenhuma regra jurídica que obrigue alguém a respeitar a fila, po-
rém as pessoas respeitam porque esse é um costume, ou seja, um → Indisponibilidade do Interesse Público: O supraprincípio da
comportamento que está intrínseco no seio social. indisponibilidade do interesse público tem como principal função
orientar a atuação dos agentes públicos, que, no exercício da fun-
Princípios ção administrativa, devem atuar em nome e em prol dos interesses
da Administração Pública. Indisponibilidade significa que os agentes
Alexandre Mazza (2017) define princípios como sendo regras públicos não poderão renunciar poderes (que são também deveres)
condensadoras dos valores fundamentais de um sistema, cuja fun- e competências a eles atribuídos em prol da consecução do interes-
ção é informar e enformar o ordenamento jurídico e o modo de se público.
atuação dos aplicadores e intérpretes do direito. De acordo com o Ademais, uma vez que o agente público goza das prerrogativas
administrativista, a função de informar deve-se ao fato de que os de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a indis-
princípios possuem um núcleo valorativo essencial da ordem jurídi- ponibilidade do interesse público, a fim de impedir que tais prerro-
ca, ao passo que a função de enformar é caracterizada pelos contor- gativas sejam desvirtuadas e utilizadas para a consecução de inte-
nos que conferem a determinada seara jurídica. resses privados, impõe limitações à atuação dos agentes públicos.

193
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

São exemplos de limitações impostas aos agentes públicos: A Moralidade: Bom trato com a máquina pública. Atuação admi-
necessidade de aprovação em concurso público para o provimen- nistrativa pautada nos princípios da ética, honestidade, probidade
to dos cargos públicos e a necessidade do procedimento licitatório e boa fé. A moralidade na Administração Pública está intimamente
para contratação de serviços e aquisição de bens para Administra- ligada a não corrupção, não se confundindo com o conceito de mo-
ção Pública. ralidade na vida privada.

• Princípios Administrativos Clássicos: Publicidade: A publicidade é um mecanismo de controle dos


O art. 37, caput da Constituição Federal disciplina que a Ad- atos administrativos por parte da sociedade, está associada à pres-
ministração Pública direta e indireta, tanto no que diz respeito ao tação de informação da atuação pública aos administrados. A regra
desempenho do serviço público, quanto no que concerne ao exer- é que a atuação administrativa seja pública, viabilizando, assim, o
cício da função econômica, deverá obedecer aos princípios da Le- controle da sociedade. Entretanto, o princípio em questão não é
galidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, os absoluto, admitindo exceções previstas em lei. Dessa forma, em
famigerados princípios do LIMPE. situações em que devam ser preservadas a segurança nacional,
Legalidade: O princípio da legalidade, no Direito Administrati- relevante interesse coletivo e intimidade, honra e vida privada, o
vo, ramo do Direito Público, possui um significado diferente do que princípio da publicidade será afastado.
apresenta no Direito Privado. Para o Direito Privado, considera-se Ademais, cumpre advertir que a publicidade é requisito de efi-
legal toda e qualquer conduta do indivíduo que não esteja defesa cácia dos atos administrativos que se voltam para a sociedade, de
em lei, que não contrarie a lei. Para o Direito Administrativo, legali-
forma que os mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não
dade significa subordinação à lei, assim, o administrador só poderá
publicados. Ex: Proibição de levar animais e andar de bicicleta em
atuar no momento e da maneira que a lei permite. Nesse sentido,
praça (bem público) recentemente inaugurada só será eficaz me-
havendo omissão legislativa (lacuna legal, ausência de previsão le-
diante placa com o aviso.
gal) em determinada matéria, o administrador não poderá atuar,
estará diante de uma vedação.
Eficiência (Inserido pela Emenda Constitucional 19/98): De
Importante! O princípio da legalidade considera a lei em senti- acordo com esse princípio, a Administração Pública deve atingir
do amplo, assim, compreende-se como lei qualquer espécie norma- os melhores resultados possíveis com o mínimo de gastos, ou seja,
tiva prevista pelo art. 59 da Constituição Federal. produzir mais utilizando menos. Com a eficiência, deseja-se rapi-
dez, qualidade, presteza e menos desperdício de recursos possível.
Impessoalidade: O princípio da impessoalidade deve ser anali- O princípio da eficiência inspirou, por exemplo, a avaliação pe-
sado sob duas óticas, são elas: riódica de desempenho do servidor público.

a) Impessoalidade sob a ótica da atuação da Administração • Demais princípios que desempenham papel fundamental
Pública em relação aos administrados: O administrado deve pautar no Direito Administrativo ( CARVALHO, 2017)
sua atuação na não discriminação e na não concessão de privilé- Ampla Defesa e Contraditório (art. 5, LV da CF/88): São os
gios aos indivíduos que o ato atingirá, o que significa que sua atua- princípios responsáveis por enunciar o direito do particular adquirir
ção deverá estar calcada na neutralidade e na objetividade, não na conhecimento sobre o que se passa em processos nos quais com-
subjetividade. ponha um dos polos (autor ou réu), bem como, de se manifestar
Sobre o assunto, Matheus Carvalho (2017) cita o exemplo do acerca dos fatos que lhe são imputados. Contraditório e Ampla
concurso público para provimento de cargos públicos. Ao nomear Defesa, portanto, são princípios que se complementam, devendo
indivíduos para ocupação dos cargos em questão, o administrador ser observados tanto em processos judiciais, quanto em processos
estará vinculado a lista de aprovados no certame, não podendo se- administrativos.
lecionar qualquer outro sujeito. Em âmbito administrativo, a ampla defesa, conforme assevera
Matheus Carvalho (2017), compreende tanto o direito à defesa pré-
b) Impessoalidade do administrador em relação a sua própria via, direito de o particular se manifestar antes da decisão adminis-
atuação: A compreensão desse tópico exige a leitura do parágrafo trativa, a fim de formar o convencimento do administrador, quanto
primeiro do art. 37 da CF/88. Vejamos: ‘‘A publicidade dos atos, pro- à defesa técnica, faculdade (possibilidade) que o particular possui
gramas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
de constituir procurador (advogado).
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
Importante! O processo administrativo admite o duplo grau
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’
de jurisdição, ou seja, a possibilidade de interpor recursos em face
Do dispositivo legal supratranscrito é possível inferir que o uso
da máquina pública para fins de promoção pessoal de autoridades sentença desfavorável.
e agentes públicos constitui violação ao princípio da impessoalida-
de. Quando o agente público atua, no exercício da função adminis- Inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5, inciso XXXV da
trativa, o faz em nome da Administração Pública, e não em nome CF/88): Insatisfeito com decisão proferida em âmbito administrati-
próprio. vo, o particular poderá recorrer ao judiciário. Diz-se que a decisão
Assim, se o Prefeito João do município J, durante a inauguração administrativa não forma Coisa Julgada Material, ou seja, não afasta
de uma praça com espaço recreativo voltado para crianças, contrata a apreciação da matéria pelo judiciário, pois, caso o fizesse, consisti-
um carro de som para transmitir a mensagem: ‘‘ A nova praça é um ria em violação ao princípio da Inafastabilidade do Poder Judiciário.
presente do Prefeito João para a criançada do município J’’, estará Ocorre que, de acordo com o princípio ora em análise, qual-
violando o princípio da impessoalidade. quer indivíduo que sofra lesão ou ameaça a direito, poderá, sem
ressalva, recorrer ao Poder Judiciário.

194
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Autotutela: De acordo com a súmula 473 do STF, por meio da Razoabilidade e Proporcionalidade: A atividade da Administra-
autotutela, a Administração Pública pode rever os atos que pratica. ção Pública deve obedecer a padrões plausíveis, aceitáveis para a
A autotutela pode ser provocada pelo particular interessado, por sociedade. Diz-se então, que a atuação administrativa deve ser ra-
meio do direito de petição, mas também pode ser exercida de ofí- zoável. No que diz respeito à proporcionalidade, deve-se pensar em
cio, ou seja, é possível que a Administração Pública reveja os atos adequação entre a finalidade pretendida e os meios utilizados para
que pratica sem que seja necessária qualquer provocação. o alcance dessa finalidade, por exemplo, não é razoável e propor-
cional que um servidor público que se ausenta de suas atividades
Motivação: É dever da Administração Pública justificar, motivar por apenas um dia seja punido com a sanção de exoneração.
os atos que pratica. Isso ocorre devido ao fato de que a sociedade
é a real titular do interesse público e, nessa qualidade, tem o direi- Isonomia: O princípio da isonomia consiste no tratamento
to de conhecer as questões que levaram a Administração Pública a igual aos indivíduos que se encontram na mesma situação e no tra-
praticar determinado ato em determinado momento. Existem ex- tamento diferenciado aos indivíduos que se encontram em situação
ceções ao dever de motivar, exemplo, a nomeação e exoneração de de desigualdade. Exemplo: Tratamento diferenciado (‘‘vantagens’’)
servidores que ocupam cargos em comissão, conforme disciplina o conferido às microempresas e empresas de pequeno porte no pro-
art. 40,§13 da CF/88. cedimento de licitação, a fim de que possam competir de forma
O princípio da motivação é tratado pelos seguintes dispositivos mais justa junto às empresas detentoras de maior poder econômi-
legais: co.
Art. 50 da lei 9.784/99 ‘‘ Os atos administrativos deverão ser
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos.’’
50, §1° da lei 9.784/99‘‘A motivação deve ser explícita, clara e Segurança Jurídica: Disciplinado pelo art. 2º, parágrafo único,
congruente, podendo consistir em declaração de concordância com XIII da Lei 9784/99 ‘‘ Nos processos administrativos será observada
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou a interpretação da norma administrativa da forma que melhor ga-
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.’’ ranta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplica-
O parágrafo primeiro do artigo cinquenta, de acordo com Ma- ção retroativa de nova interpretação.’’. Do dispositivo legal é possí-
theus Carvalho (2017) diz respeito à motivação aliunde, que como vel extrair o fato de que não é possível aplicação retroativa de nova
o próprio dispositivo legal denuncia, ocorre quando o administra- interpretação da norma em âmbito administrativo, visto que tal me-
dor recorre a motivação de atos anteriormente praticados para jus- dida, ao ferir legítimas expectativas de direito dos administrados,
tificar o ato que expedirá. constituiria lesão ao princípio da Segurança Jurídica.

Continuidade (Lei 8987/95): De acordo com o princípio da con- CONCEITO


tinuidade, a atividade administrativa deve ser contínua e não pode
sofrer interrupções. A respeito deste princípio, Matheus Carvalho Em seu conceito mais amplo Agente Público é a pessoa física
(2017) traz alguns questionamentos, vejamos: que presta serviços às Pessoas Jurídicas da Administração Pública
Direta ou Indireta, também são aqueles que exercem função públi-
→ Se a atividade administrativa deve ser contínua e ininterrup- ca, seja qual for a modalidade (mesário, jurado, servidor público,
ta, o servidor público não possui direito de greve? etc.).
Depende. Servidores militares não possuem direito de greve, A Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) conceitua
tampouco de sindicalização. Em se tratando dos servidores civis, o Agente Público:
direito de greve existe e deve ser exercido nos termos e condições
da lei específica cabível. Tal lei específica, entretanto, nunca foi edi- “Artigo 2° - Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
tada, de forma que STF decidiu que, diante da omissão, os servido- todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remu-
res públicos civis poderão fazer greve nos moldes da Lei Geral de neração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qual-
Greve. quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre-
go ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”.
→ É possível que o particular contratado pela Administração
Pública se valha da exceção de contrato não cumprido? Para o jurista administrativo Celso Antonio Bandeira de Mello
Primeiramente, se faz necessário esclarecer que exceção de “...esta expressão – agentes públicos – é a mais ampla que se pode
contrato não cumprido é o direito que a parte possui de não cum- conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos que
prir com suas obrigações contratuais caso a outra parte também servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua von-
não tenha cumprido com as dela. tade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou episodica-
Dessa forma, suponhamos que a Administração Pública deixa mente. Quem quer que desempenhe funções estatais, enquanto as
de fazer os pagamentos ao particular contratado, este poderá dei- exercita, é um agente público.”
xar de prestar o serviço pactuado?
Sim, entretanto só poderá fazê-lo após 90 dias de inadimplên- A denominação “agente público” é tratada como gênero das
cia, trata-se de garantia conferida pelo princípio da continuidade diversas espécies que vinculam o indivíduo ao estado a partir da
disciplinada pelo art. 78, XV da Lei 8.666/93. sua natureza jurídica. As espécies do agente público podem ser di-
vididas como do qual são espécies os agentes políticos, servidores
→A interrupção de um serviço público em razão do inadimple- públicos (servidores estatais, empregado público, temporários e co-
mento do usuário fere o princípio da continuidade? missionados), particulares em colaboração, agentes militares e os
De acordo com o art. 6, § 3º da Lei 8987/95, a interrupção de agentes de fato.
serviço público em virtude do inadimplemento do usuário não fere
o princípio da continuidade desde que haja prévio aviso ou seja
configurada situação de emergência, contanto, ainda, que seja pre-
servado o interesse coletivo.

195
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

ESPÉCIES (CLASSIFICAÇÃO) c) Agentes militares: são as pessoas físicas que prestam ser-
viços à Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica, Exército - art. 142,
Agentes públicos abrangem todas as demais categorias, sendo caput, e § 3º, CF, Polícias Militares, Corpo de Bombeiros - art. 42,
que alguns deles fazem parte da estrutura administrativa do Estado, CF).
seja em sua estrutura direta ou então na organização indireta. Aqueles que compõem os quadros permanentes das forças
Outros, no entanto, não compõe os quadros internos da admi- militares possuem vinculação estatutária, e não contratual, mas o
nistração Pública, isto é, são alheios ao aparelho estatal, permane- regime jurídico é disciplinado por legislação específica diversa da
cendo externamente. aplicável aos servidores civis.
Possui vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, me-
Vamos analisar cada uma dessas categorias: diante remuneração paga pelos cofres públicos.
a) Agentes políticos: agentes políticos exercem uma função
pública de alta direção do Estado. São os que ocupam lugar de co- d) Particulares em colaboração / honoríficos: são prestadores
mando e chefia de cada um dos Poderes (Executivo, Legislativo e de serviços ao Estado sem vinculação permanente de emprego e
Judiciário). São titulares dos cargos estruturais à organização polí- sem remuneração. Essa categoria de agentes públicos pode ser
tica do País. prestada de diversas formas, segundo entendimento de Celso An-
Ingressam em regra, por meio de eleições, desempenhando tônio Bandeira de Mello, se dá por:
mandatos fixos e quando termina o mandato a relação com o Esta-
- requisitados de serviço: como mesários e convocados para o
do também termina automaticamente.
serviço militar (conscritos);
A vinculação dos agentes políticos com o aparelho governa-
- gestores de negócios públicos: são particulares que assumem
mental não é profissional, mas institucional e estatutária.
espontaneamente uma tarefa pública, em situações emergenciais,
Os agentes políticos serão remunerados exclusivamente por
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer quando o Estado não está presente para proteger o interesse pú-
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou blico.
outra espécie remuneratória. - contratados por locação civil de serviços: é o caso, por exem-
b) Servidores Públicos: são as pessoas que executam serviços plo, de jurista famoso contratado para emitir um parecer;
ao Estado e também às entidades da Administração Pública direta e
indireta (sentido amplo). Os servidores têm vínculo empregatício e - concessionários e permissionários: exercem função pública
sua remuneração é paga pelos cofres públicos. por delegação estatal;
Também chamados de servidores estatais engloba todos aque- - delegados de função ou ofício público: é o caso dos titulares
les que mantêm com o Estado relação de trabalho de natureza pro- de cartórios.
fissional, de caráter não eventual e sob o vínculo de dependência.
Servidores públicos podem ser: e) Agentes de fato: é o particular que sem vínculo formal e le-
- estatutários: são os ocupantes de CARGOS PÚBLICOS e estão gítimo com o Estado exerce função pública, acreditando estar de
sob o regime estatutário. Quando nomeados, ingressam numa situ- boa-fé e com o objetivo de atender o interesse público. Neste caso,
ação jurídica previamente definida, à qual se submetem com o ato não há investidura prévia nos cargos, empregos e funções públicas.
da posse. Assim, não tem como modificar as normas vigentes por Agente de fato putativo: é aquele que desempenha atividade
meio de contrato entre o servidor e a Administração, mesmo que pública com a presunção de que tem legitimidade, mas há alguma
com a concordância de ambos, por se tratar de normas de ordem ILEGALIDADE em sua INVESTIDURA. É aquele servidor que toma
pública. Não há contrato de trabalho entre os estatutários e a Ad- posse sem cumprir algum requisito do cargo.
ministração, tendo em vista sua natureza não contratual mas sim Agentes de fato necessário: são os que atuam em situações de
regida por um estatuto jurídico condicionada ao termo de posse. calamidade pública ou emergência.
- empregados públicos: são ocupantes de empregos públicos
contratados sob o regime da CLT, com vínculo contratual, precisam CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA
de aprovação em concurso público ou processo seletivo e sua de-
missão precisa ser motivada; Cargo, emprego e função pública são tipos de vínculos de tra-
- temporários ou em regime especial: são os contratados por
balho na Administração Pública ocupadas por servidores públicos.
tempo determinado, com base no artigo 37, IX, CF. Não ocupam
A Constituição Federal, em vários dispositivos, emprega os vocábu-
cargos ou empregos públicos e não exige aprovação em concurso
los cargo, emprego e função para designar realidades diversas, po-
público, mas a Administração Pública deve respeitar os princípios
rém que existem paralelamente na Administração.
constitucionais da impessoalidade e da moralidade, realizando um
processo seletivo simplificado.
Cargo público: unidade de atribuições e competências funcio-
Para que tenha a contratação de temporários, se faz necessária nais. É o lugar dentro da organização funcional da Administração
a existência de lei regulamentadora, com a previsão dos casos de Direta de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por
contratação, o prazo da contratação, a necessidade temporária e a servidor público, submetidos ao regime estatuário.
motivação do interesse público. Possui funções específicas e remuneração fixada em lei ou di-
- cargos comissionados: são os de livre nomeação e exonera- ploma a ela equivalente. Todo cargo tem uma função, porém, nem
ção, tem caráter provisório e se destina às atribuições de direção, toda função pressupõe a existência de um cargo.
chefia e assessoramento. Os efetivos também podem ser comissio- Para Celso Antônio Bandeira de Mello são as mais simples e
nados. Ao servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas por um
aplica-se o regime geral de previdência social previsto na Constitui- agente. São criados por lei, previstos em número certo e com de-
ção Federal, artigo 40, § 13. nominação própria.

196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Com efeito, as várias competências previstas na Constituição a) Nomeação: é o único caso de provimento originário, já que o
para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res- servidor dependerá da aprovação prévia em concurso público e não
pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de possuirá relação anterior com o Estado;
cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi- b) Promoção: é forma de provimento derivado (neste caso o
ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração. agente público já se encontra ocupando o cargo) onde o servidor
passará a exercer um cargo mais elevado dentro da carreira exer-
Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho per- cida.
manentes a serem preenchidos por pessoas contratadas para de- c) Readaptação: espécie de transferência efetuada com a finali-
sempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista (CLT) de natureza dade de prover o servidor em outro cargo compatível com eventual
contratual e somente podem ser criados por lei. limitação de capacidade física ou mental, condicionada a inspeção
médica.
Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição, as d) Reversão: trata-se do reingresso de servidor aposentado de
tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies: seu ofício por não subsistirem mais as razões que lhe determinarão
a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- a aposentadoria por invalidez.
dores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas ás atribuições de e) Aproveitamento: relaciona-se com a retomada do servidor
chefia, direção e assessoramento; posto em disponibilidade (ato pelo qual se transfere o servidor à
b) Funções exercidas por contratados por tempo determinado inatividade remunerada de servidor estável em razão de extinção
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse do cargo ocupado ou destinado a reintegração de servidor), seja
público, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada no mesmo cargo anteriormente ocupado ou em cargo equivalente
ente federado. quanto as atribuições e vencimentos.
f) Reintegração: retorno de servidor ilegalmente desligado de
REGIME JURÍDICO seu cargo. O reconhecimento do direito a reintegração pode decor-
rer de decisão proferida na esfera administrativa ou judicial.
Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de nor- g) Recondução: retorno de servidor estável ao cargo que an-
mas e princípios referentes a direitos, deveres e demais regras ju- teriormente ocupava, seja por não ter sido habilitado no estágio
rídicas normas que regem a vida funcional do servidor. A lei que probatório relativo a outro cardo para o qual tenha sido nomeado
reúne estas regras é denominada de Estatuto e o regime jurídico ou por ter sido desalojado do cargo em razão de reintegração do
passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário. servidor que ocupava o cargo anteriormente.

No âmbito de cada pessoa política - União, Estados, Distrito Fe- Vacância


deral e Municípios - há um Estatuto. A Lei nº 8.112 de 11/12/1990
(por exemplo) estabeleceu que o regime jurídico Estatutário é o A vacância é a situação jurídica atribuída a um cargo que está
aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e sem ocupante. Vários fatos levam à vacância, entre os quais:
fundações públicas federais, ocupantes de cargos públicos. - o servidor pediu o desligamento (exoneração a pedido);
- o servidor foi desligado do cargo em comissão ou não iniciou
Provimento exercício (exoneração ex officio);
- o servidor foi punido com a perda do cargo (demissão);
Segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato pelo qual se efetua o - o servidor passou a exercer outro cargo ante limitações em
preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular. sua capacidade física ou mental (readaptação);
Configura-se no ato de designação de um sujeito para titularizar - aposentadoria ou falecimento do servidor;
cargo público Podendo ser: - acesso ou promoção.
a) originário ou inicial: quando o agente não possui vinculação
anterior com a Administração Pública; Para Di Pietro16, vacância é o ato administrativo pelo qual o ser-
b) derivado: pressupõe a existência de um vínculo com a Ad- vidor é destituído do cargo, emprego ou função.
ministração. Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e
falecimento. O artigo 33 da Lei 8.112/90 prevê ainda a readaptação
Posse: é o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira efe- e a posse em outro cargo inacumulável. Mas a ascensão e a trans-
tiva, o exercício das funções para que foi nomeada, designada ou formação deixaram de existir por força da Lei 9.527/97.
eleita, ou seja, é sua investidura no cargo público. O ato da posse A exoneração não é penalidade; ela se dá a pedido ou ex offi-
determina a concordância e a vontade do sujeito em entrar no exer- cio, neste caso quando se tratar de cargo em comissão ou função
cício, além de cumprir a exigência regulamentar. de confiança; no caso de cargo efetivo, quando não satisfeitas as
exigências do estágio probatório ou quando, tendo tomado posse,
Exercício: é o momento em que o servidor dá início ao desem- o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido.
penho de suas atribuições de trabalho. A data do efetivo exercício Já a demissão constitui penalidade decorrente da prática de ilí-
é considerada como o marco inicial para a produção de todos os cito administrativo; tem por efeito desligar o servidor dos quadros
efeitos jurídicos da vida funcional do servidor público e ainda para do funcionalismo.
o início do período do estágio probatório, da contagem do tempo A promoção é, ao mesmo tempo, ato de provimento no cargo
de contribuição para aposentadoria, período aquisitivo para a per- superior e vacância no cargo inferior.
cepção de férias e outras vantagens remuneratórias. A readaptação, segundo artigo 24 da 8.112/90, “é a investidura
São formas de provimento: nomeação, promoção, readapta- do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatí-
ção, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução. veis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
mental verificada em inspeção médica”.
16DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª
edição, 2018

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Efetividade, estabilidade e vitaliciedade c) aprovação em avaliação especial de desempenho.

Efetividade: cargos efetivos são aqueles que se revestem de ca- Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem a
ráter de permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente através
integrantes dos diversos quadros funcionais. de processo judicial, como regra, podem os titulares perder seus
Com efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do
ser necessariamente efetivo. Embora em menor escala que nos vínculo por exclusivo processo administrativo (salvo no período ini-
cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segu- cial de dois anos até a aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade
rança a seus titulares; a perda do cargo, segundo art. 41, §1º da configura-se como verdadeira prerrogativa para os titulares dos
Constituição Federal, só poderá ocorrer, quando estáveis, se houver cargos dessa natureza e se justifica pela circunstância de que é ne-
sentença judicial ou processo administrativo em que se lhes faculte cessária para tornar independente a atuação desses agentes, sem
ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação negativa de que sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por determina-
desempenho durante o período de estágio probatório. dos grupos de pessoas.
Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil:
Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva permanên- - Magistrados (Art. 95, I, CF);
cia no serviço após três anos de estágio probatório, após os quais - Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF);
só perderá o cargo se caracterizada uma das hipóteses previstas no - Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º).
artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da CF.
Hipóteses: Por se tratar de prerrogativa constitucional, em função da qual
a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado (art. cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo e da função para
41, §1º, I, da CF); atribuí-la, não podem Constituições Estaduais e Leis Orgânicas mu-
b) por meio de processo administrativo em que lhe seja assegu- nicipais, nem mesmo lei de qualquer esfera, criar outros cargos com
rada a ampla defesa (art. 41, § 1º, II, da CF); a garantia da vitaliciedade. Consequentemente, apenas Emenda à
c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempe- Constituição Federal poderá fazê-lo.
nho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa (art.
41, § 1º, III, da CF); Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo e funções públicas
inativo, desde que as medidas previstas no art. 169, § 3º, da CF, não
surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4º, da CF). Com efeito, as várias competências previstas na Constituição
A estabilidade é a prerrogativa atribuída ao servidor que pre- para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res-
encher os requisitos estabelecidos na Constituição Federal que lhe pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de
garante a permanência no serviço. cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi-
O servidor estável, que tiver seu cargo extinto, não estará fora ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração.
da Administração Pública, porque a norma constitucional lhe garan- Criar um cargo é oficializá-lo, atribuindo a ele denominação
te estabilidade no serviço e não no cargo. Nesta hipótese o servidor própria, número certo, funções determinadas, etc. Somente se cria
é colocado em disponibilidade remunerada, seguindo o disposto no um cargo por meio de lei, logo cada Poder, no âmbito de suas com-
art. 41, § 3.º, da Constituição sendo sua remuneração calculada de petências podem criar um cargo por meio da lei. No caso dos cargos
forma proporcional ao tempo de serviço. públicos da União, o vencimento é pago pelos cofres públicos, para
O servidor aprovado em concurso público de cargo regido pela provimento em caráter efetivo ou em comissão.
lei 8112/90 e consequentemente nomeado passará por um período A transformação ocorre quando há modificação ou alteração
de avaliação, terá o novo servidor que comprovar no estágio proba- na natureza do cargo de forma que, ao mesmo tempo em que o
tório que tem aptidão para exercer as atividades daquele cargo para cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio de lei e há
o qual foi nomeado em tais fatores: o aproveitamento de todos os servidores quando o novo cargo tiver
a) Assiduidade; o mesmo nível e atribuições compatíveis com o anterior.
b) Disciplina; A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve ser
c) Capacidade de iniciativa; efetuada por meio de lei.
d) Produtividade; No entanto, o art. 84, VI, “b” da Constituição Federal revela
e) Responsabilidade. exceção a norma geral ao atribuir competência para o Presidente
da República para dispor, mediante decreto, sobre a extinção de
Atualmente o prazo mencionado de 3 anos de efetivo exercício funções ou cargos públicos quando vagos.
para o servidor público (de forma geral), adquirir estabilidade é o
que está previsto na Constituição, que foi alterado após a Emenda Desvio de função
nº 19/98.
Muito embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 2 O servidor público deve exercer suas atividades funcionais res-
anos, para que o servidor adquira estabilidade devemos considerar peitando as competências e atribuições previstas para o cargo que
que o correto é o texto inserido na Constituição Federal, repita-se 3 ocupa. Cumpre ressaltar que a lei que cria o cargo estabelece quais
anos de efetivo exercício. são os limites das atribuições e competências do cargo.
Como não houve uma revogação expressa de tais normas elas No entanto, não raro identificar o servidor exercendo atribui-
permanecem nos textos legais, mesmo que na prática não são apli- çoes diversas daquelas previstas em lei para o cargo atualmente
cadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas normas). ocupado.
Por definição, o desvio de função do servidor público ocorre
- Requisitos para adquirir estabilidade: quando este desempenha função diversa daquela correspondente
a) estágio probatório de três anos; ao cargo por ele legalmente investido mediante aprovação em con-
b) nomeação em caráter efetivo; curso público.

198
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Quando constatada a ocorrência de desvio de função, o servi- - gratificação por encargo de curso ou concurso.
dor que teve suas atribuições desviadas faz jus a indenização relati-
vas as diferenças salarias decorrentes do desvio. Férias: é um direito que o servidor alcança após cumprir o pe-
Este é o entendimento já consolidado pelo Superior Tribunal de ríodo aquisitivo (12 meses). Consiste em um período de 30 dias de
Justiça que editou Sumula a respeito. descanso que podem ser cumuladas até o máximo de dois perío-
Súmula nº 378 STJ dos, bem como podem ser parceladas em até três etapas.
“Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferen- Licenças: de acordo com o art. 81 da referida lei a licença é con-
ças salariais decorrentes”. cedida por motivo de doença em pessoa da família, de afastamento
do cônjuge ou companheiro, para o serviço militar, para a atividade
Importante esclarecer que em caso de desvio de função, o ser- política, para capacitação, para tratar de interesses particulares e
vidor público que teve as atribuições do cargo para o qual foi inves- para desempenho de mandato classista.
tido desviadas não tem direito ao reenquadramento funcional. Isso Concessões: existem quando é permitido ao servidor se ausen-
porque inafastável o princípio da imprescindibilidade de concurso tar sem ter que arcar com quaisquer prejuízos.
público para o preenchimento de cargos pela administração públi- O art. 97 da Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de concessão,
ca, No entanto, tem direito a receber os vencimentos correspon- vejamos:
dentes à função desempenhada. - por um dia para doação de sangue,
- pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
REMUNERAÇÃO to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso a dois
dias,
Vencimento: é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo - por oito dias consecutivos em razão de casamento, falecimen-
público, com valor fixado em lei. to de cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, en-
teados, menor sob guarda ou tutela ou irmãos.
Remuneração: é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. O acrés- Direito de Petição: o direito de petição existe para a defesa do
cimo de vantagens permanentes ao vencimento do cargo efetivo é direito ou interesse legítimo. É instrumento utilizado pelo servidor
irredutível. e dirigido à autoridade competente que deve decidir.
Constitui vedação legal o pagamento de remuneração inferior RESPONSABILIDADE
ao salário mínimo
IMPORTANTE: tanto o vencimento com a remuneração e o pro- Ao exercer funções públicas, os servidores públicos não estão
vento não serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto desobrigados de se responsabilizar por seus atos, tanto atos públi-
nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. cos quanto atos administrativos, além dos atos políticos, dependen-
do de sua função, cargo ou emprego.
DIREITOS E DEVERES Esta responsabilidade é algo indispensável na atividade admi-
nistrativa, ou seja, enquanto houver exercício irregular de direito ou
Os direitos e vantagens dos servidores públicos, quais sejam: de poder a responsabilidade deve estar presente.
vencimento, indenizações, gratificações, diárias, adicionais, férias, Quanto o Estado repara o dano, em homenagem à responsa-
licenças, concessões e direito de petição. bilidade objetiva do Estado, fica com direito de regresso contra o
Indenizações: de acordo com o art. 51 da Lei nº 8.112/90 as in- responsável que efetivamente causou o dano, isto é, com o direito
denizações são constituídas pela ajuda de custo, diárias, transporte de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causador
e auxílio moradia. do dano.
Ajuda de custo: A ajuda de custo destina-se a compensar as Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabilida-
despesas de instalação do servidor que, no atendimento do inte- de estatal, configura-se na pretensão do Estado em buscar do seu
resse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, desde que agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez
acarrete mudança de domicílio em caráter permanente. desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização
Constitui vedação legal o duplo pagamento de indenização, a à vítima.
qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete- Nesse aspecto, o direito de regresso é o direito assegurado ao
nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o
sede. agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa
Diárias: essa prerrogativa está regulamentada no art. 58 da Lei ou dolo.
nº 8.112/90. É devida ao servidor que se afastar da sede em caráter Neste contexto, o agente público poderá ser responsabilizado
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou nos âmbitos civil, penal e administrativo.
para o exterior. São destinadas a indenizar as parcelas de despesas
extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana. a) Responsabilidade Civil: A responsabilidade civil decorre de
Gratificações e Adicionais: são tratados no art. 61 da Lei nº ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em pre-
8.112/90 que as discrimina, a saber: juízo ao erário ou a terceiros.
- retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as- Neste caso, responsabilidade civil se refere à responsabilidade
sessoramento, patrimonial, que faz referência aos Atos Ilícitos e que traz consigo a
- gratificação natalina, regra geral da responsabilidade civil, que é de reparar o dano cau-
- adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou sado a outrem.
penosas,
- adicional pela prestação de serviço extraordinário,
- adicional noturno,
- adicional de férias,
- outros (relativos ao local ou à natureza do trabalho),

199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A Administração Pública, confirmada a responsabilidade de mentem ações que contrariam seus deveres e proibições relacio-
seus agentes, como preceitua a no art.37, §6, parte final do Texto nados às atribuições do cargo, função ou emprego de que estão
Maior, é “assegurado o direito de regresso contra o responsável nos investidos. Por consequência dos descumprimentos legais, há a
casos de dolo ou culpa”, descontará nos vencimentos do servidor aplicação de sanções disciplinares, conforme dispõe a legislação.
público, respeitando os limites mensais, a quantia exata para o res-
sarcimento do dano. Dos Deveres

b) Responsabilidade Administrativa: A responsabilidade admi- Via de regra, os estatutos listam condutas e proibições a serem
nistrativa é apurada em processo administrativo, assegurando-se observadas pelos servidores, configurando, umas e outras, os seus
ao servidor o contraditório e a ampla defesa. deveres como dois lados da mesma moeda. Por exemplo: a proibi-
Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo, ficará ção de proceder de forma desidiosa equivale ao dever de exercer
o servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que com zelo as atribuições do cargo. Por isso, podem ser englobados
poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de aposen- sob a rubrica “deveres” os que os estatutos assim intitulam e os que
tadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou os estatutos arrolam como proibições.
destituição de função comissionada. - Dever de Agir: Devem os administradores agirem em benefí-
A penalidade deve sempre ser motivada pela autoridade com- cio da coletividade.
petente para sua aplicação, sob pena de nulidade. - Dever de Probidade: O agente público deve agir de forma
Se durante a apuração da responsabilidade administrativa a honesta e em conformidade com os princípios da legalidade e da
autoridade competente verificar que o ilícito administrativo tam- moralidade.
bém está capitulado como ilícito penal, deve encaminhar cópia do - Dever de Prestar Contas: Todo administrador deve prestar
processo administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação contas do dinheiro público.
penal contra o servidor - Dever de Eficiência: Deve elaborar suas funções perfeição e
rendimento funcional.
c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do servi- - Dever de Urbanidade: Deve o servidor ser cordial com os de-
dor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como infração mais colegas de trabalho e com o público em geral.
penal. A responsabilidade penal abrange crimes e contravenções - Dever de Assiduidade: O servidor deve comparecer em seu
imputadas ao servidor, nessa qualidade. serviço, a fim de cumprir seu horário conforme determinado.
Os crimes funcionais estão definidos no Código Penal, artigos
312 a 326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva, a Das Proibições
prevaricação etc. Outros estão previstos em leis especiais federais.
De acordo com o estatuto federal, aplicável aos Servidores Pú-
blicos Civis da União, das autarquias e fundações públicas federais,
A responsabilidade penal do servidor é apurada em Juízo Cri-
ocupantes de cargos público, seu artigo 117 traz um rol de proibi-
minal. Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá uma
ções sendo elas:
sanção penal, que pode ser privativa de liberdade (reclusão ou de-
- ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
tenção), restritiva de direitos (prestação pecuniária, perda de bens
torização do chefe imediato;
e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi-
- retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qual-
cas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana)
quer documento ou objeto da repartição;
ou multa (Código Penal, art. 32).
- recusar fé a documentos públicos;
Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por causa - opor resistência injustificada ao andamento de documento e
da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na responsa- processo ou execução de serviço;
bilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
patrimonial (ilícito civil). da repartição;
- cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previs-
Nos termos do que estabelece o artigo 125 da Lei 8.112/90, as tos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabi-
sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo lidade ou de seu subordinado;
independentes entre si. - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a as-
A responsabilidade administrativa do servidor será afastada sociação profissional ou sindical, ou a partido político;
se, no processo criminal, o servidor for absolvido por ter sido de- - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de con-
clarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente existiu, fiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
não tenha sido imputada sua autoria ao servidor. Notem que, se o - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem,
servidor for absolvido por falta ou insuficiência de provas, a respon- em detrimento da dignidade da função pública;
sabilidade administrativa não será afastada. - participar de gerência ou administração de sociedade privada,
personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
A essa vedação existe duas exceções, já que o servidor poderá:
O Regime Disciplinar é o conjunto de deveres, proibições, que I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em-
geram responsabilidades aos agentes públicos. Descumprido este presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
rol, se apura os ilícitos administrativos, onde gera as sanções dis- mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
ciplinares. constituída para prestar serviços a seus membros;
Com o intuito de responsabilizar quem comete faltas adminis- II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
trativas, atribui-se à Administração o Poder Disciplinar do Estado, forma do art. 91 (8.112), observada a legislação sobre conflito de
que assegura a responsabilização dos agentes públicos quando co- interesses.

200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

- atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou com- comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
panheiro; III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
- receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual- anos, prorrogável uma vez, por igual período;
quer espécie, em razão de suas atribuições; IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo-
- aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro-
- praticar usura sob qualquer de suas formas; vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa-
- proceder de forma desidiosa; dos para assumir cargo ou emprego, na carreira;
- utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em servi- V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi-
ços ou atividades particulares; dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
- cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per-
ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui-
- exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o ções de direção, chefia e assessoramento;
exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso-
- recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicita- ciação sindical;
do. VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
definidos em lei específica;
Infrações e Sanções Administrativas/Penalidades VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
Os servidores públicos de cada âmbito - União, Estados, Distrito sua admissão;
Federal e Municípios - têm um Estatuto próprio. Quanto aos agen- IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
tes públicos Federais rege a Lei nº 8.112/1990, já o regimento dos terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
demais depende de cada Estado/Município. interesse público;
Devido ao princípio da Legalidade, todos os agentes devem fa- X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
zer aquilo que está restrito em lei, e caso algum deles descumpram trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-
a legislação, ocorre uma infração administrativa, pelo poder discipli-
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
nar, os agentes infratores estão sujeitos a penalidades, que podem
de índices;
ser: advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão e destituição
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
de função comissionada.
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Para uma aplicação de penalidade justa deve ser considerada
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
atenuantes e os antecedentes funcionais.
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
É necessário que cada penalidade imposta mencione o funda- tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
mento legal e a causa da sanção disciplinar. Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
A Constituição Federal, em capítulo específico determina as Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
diretrizes a serem adotadas pela Administração Pública no trata- Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
mento de normas específicas aos ocupantes de cargos e empregos cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
públicos da Administração Direta ou Indireta. Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
Vejamos os dispositivos constitucionais relativos ao tema. aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen-
sores Públicos;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
CAPÍTULO VII Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA tivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
SEÇÃO I pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
DISPOSIÇÕES GERAIS serviço público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- acréscimos ulteriores;
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
como aos estrangeiros, na forma da lei; exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro- qualquer caso o disposto no inciso XI:
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, a) a de dois cargos de professor;

201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
saúde, com profissões regulamentadas; ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta I - o prazo de duração do contrato;
ou indiretamente, pelo poder público; II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te- tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência III - a remuneração do pessoal.
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei; § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni-
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
caso, definir as áreas de sua atuação; geral.
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a exoneração.
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação caráter indenizatório previstas em lei.
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
obrigações. fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen-
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e tésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea-
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informa- daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida-
tivo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
ridades ou servidores públicos. desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos gem.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
da lei. § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom-
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser-
dos serviços; vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
e XXXIII; social.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus- e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo- guintes disposições:
nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada- I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra- II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. ção;
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva- III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
do prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu- IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
pante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
possibilite o acesso a informações privilegiadas. os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;

202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ- § 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência
dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional
de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de nº 103, de 2019)
2019) I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese
SEÇÃO II em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
DOS SERVIDORES PÚBLICOS verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces-
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
planos de carreira para os servidores da administração pública dire- de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
ta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4) e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
instituirão conselho de política de administração e remuneração de se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po- e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
deres. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
(Vide ADIN nº 2.135-4)
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo-
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
nentes do sistema remuneratório observará:
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
cargos componentes de cada carreira; de 2019)
II - os requisitos para a investidura; § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
III - as peculiaridades dos cargos. ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores Social, obser vado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria se-
de convênios ou contratos entre os entes federados. rão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis- dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so-
admissão quando a natureza do cargo o exigir. cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni- pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- nº 103, de 2019)
cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu- § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
disposto no art. 37, XI. dos para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente peniten-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão ciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art.
empregos públicos.
52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
Constitucional nº 103, de 2019)
cípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien-
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do
tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia
respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferen-
e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de
qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo- ciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam
dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio-
inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo- § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen- aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem
da Constitucional nº 103, de 2019) tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei comple-
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mentar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores Constitucional nº 103, de 2019)
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado-
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que
mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên- superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu- § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do
cional nº 103, de 2019) respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e
da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be- que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abo-
nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do no de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua con-
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a tribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria
hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação 2019)
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des-
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes,
estabelecidos em lei. órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá-
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres- § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os bene-
gem de tempo de contribuição fictício. fícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for por-
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu- tador de doença incapacitante (Incluído pela Emenda Constitucio-
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi- nal nº 47, de 2005) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103,
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência de 2019) (Vigência) (Vide Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi- § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ-
dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons- dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que
tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de
exoneração, e de cargo eletivo. responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em re-
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
gime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e
Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Reda-
tucional nº 103, de 2019)
ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de
cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins- V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re- qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e 2019)
das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; (Inclu-
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº ído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
103, de 2019) VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § servados os princípios relacionados com governança, controle inter-
14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui- no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por de 2019)
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis- nº 103, de 2019)
posto nos § § 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in- IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tituição do correspondente regime de previdência complementar. X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál- de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
na forma da lei.

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- adoção da regra que é revelada pelo regime de cargo público, tal
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de como ocorre em relação a outras atividades fiscalizadoras — fiscais
concurso público. do trabalho, de renda, servidores do Banco Central, dos Tribunais
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: de Contas etc.”
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu- Portanto, muito embora não tenha previsão legal, o entendi-
rada ampla defesa; mento construído pela doutrina e jurisprudência entende que o
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem- emprego público, de natureza contratual (CLT) é incompatível com
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. a atividade a ser desenvolvida quando se exige a incidência de ato
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor com poder de polícia. O cargo público, sim, é cercado de garantias
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es- institucionais, destinadas a dar proteção e independência ao servi-
tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, dor para prestar a manifestação do Estado quando no exercício do
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re- Poder de Polícia.
muneração proporcional ao tempo de serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES – Lei nº 8.112, de 11 de
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor- dezembro de 1990
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
outro cargo. LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 199017
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da
para essa finalidade. União, das autarquias e das fundações públicas federais.

EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA POR SERVIDORES CELETISTA TÍTULO I


CAPÍTULO ÚNICO
A Polícia Administrativa é manifestada por meio de atos norma- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
tivos e de alcance geral, bem como de atos concretos e específicos.
Além disso, outra característica marcante dos atos expedidos Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públi-
por força da Polícia Administrativa são os atos revestidos de contro- cos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial,
le e fiscalização. e das fundações públicas federais.
A atividade administrativa que envolve atos fiscalizadores e de
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente
controle , os quais a Administração Pública pretende a prevenção
investida em cargo público.
de atos lesivos ao bem estar social ou saúde pública não podem ser
proferidos por servidores com regime contratual – CLT.
Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabi-
Esta é a grande polêmica envolvendo a prática de atos admi-
lidades previstas na estrutura organizacional que devem ser come-
nistrativos revestidos de Poder de Polícia quando praticados por
tidas a um servidor.
servidores celetistas.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasi-
Conforme ressaltado pela melhor doutrina, Celso António Ban-
leiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento
deira de Mello afirma que “o regime normal dos servidores públicos pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou
teria mesmo de ser o estatutário, pois este (ao contrário do regime em comissão.
trabalhista) é o concebido para atender a peculiaridades de um vín-
culo no qual não estão em causa tão-só interesses empregatícios, Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
mas onde avultam interesses públicos são os próprios instrumentos casos previstos em lei.
de atuacão do Estado”.
A jurisprudência já se manifestou neste sentido no julgamento TÍTULO II
da cautelar da ADin no 2.310, o Supremo examinou a lei que trata DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUI-
dos agentes públicos de agências reguladoras (Lei no 9.985/2000), ÇÃO E SUBSTITUIÇÃO
e ali se posicionou contrário à contratação de servidores em regime CAPÍTULO I
celetista para a execução de atos revestidos com o Poder de Polícia DO PROVIMENTO
no ato de fiscalização. De acordo com o ministro Marco Aurélio, re- Seção I
lator: Disposições Gerais
“...prescindir, no caso, da ocupação de cargos públicos, com os
direitos e garantias a eles inerentes, é adotar flexibilidade incompa- Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo públi-
tível com a natureza dos serviços a serem prestados, igualizando os co:
servidores das agências a prestadores de serviços subalternos, dos I - a nacionalidade brasileira;
quais não se exige, até mesmo, escolaridade maior, como são ser- II - o gozo dos direitos políticos;
ventes, artífices, mecanógrafos, entre outros. Atente-se para as es- III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
pécies. Está-se diante de atividade na qual o poder de fiscalização, IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
o poder de polícia fazem- se com envergadura ímpar, exigindo, por V - a idade mínima de dezoito anos;
isso mesmo, que aquele que a desempenhe sinta-se seguro, atue VI - aptidão física e mental.
sem receios outros, e isso pressupõe a ocupação de cargo público § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
(…). Em suma, não se coaduna com os objetivos precípuos das agên- outros requisitos estabelecidos em lei.
cias reguladoras, verdadeiras autarquias, embora de caráter espe-
17 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8112cons.htm.
cial, a flexibilidade inerente aos empregos públicos, impondo-se a
Acesso em 20.01.2020

205
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direi- § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
to de se inscrever em concurso público para provimento de cargo aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expira-
cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são do.
portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por
cento) das vagas oferecidas no concurso. Seção IV
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e Da Posse e do Exercício
tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo,
procedimentos desta Lei. no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi-
Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão
da autoridade competente de cada Poder. ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados
os atos de ofício previstos em lei.
Art.7º A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. § 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publi-
cação do ato de provimento.
Art.8º São formas de provimento de cargo público: § 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de publica-
I - nomeação; ção do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e V
II - promoção; do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas
III - (Revogado); «a», «b», «d», «e» e «f», IX e X do art. 102, o prazo será contado do
IV - (Revogado); término do impedimento.
V - readaptação; § 3º A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
VI - reversão; § 4º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por
VII - aproveitamento; nomeação.
VIII - reintegração; § 5º No ato da posse, o servidor apresentará declaração de
IX - recondução. bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto
ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
Seção II § 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse
Da Nomeação não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste artigo.

Art.9º A nomeação far-se-á: Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspe-
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de pro- ção médica oficial.
vimento efetivo ou de carreira; Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for jul-
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos gado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.
de confiança vagos.
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, inte- cargo público ou da função de confiança.
rinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribui- § 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em
ções do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela cargo público entrar em exercício, contados da data da posse.
remuneração de um deles durante o período da interinidade. § 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem
efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o
de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso disposto no art. 18.
público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de § 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para onde
classificação e o prazo de sua validade. for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de- § 4º O início do exercício de função de confiança coincidirá com
senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão a data de publicação do ato de designação, salvo quando o servidor
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hi-
na Administração Pública Federal e seus regulamentos. pótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do impe-
dimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação.
Seção III Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exer-
Do Concurso Público cício serão registrados no assentamento individual do servidor.
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresenta-
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, po- rá ao órgão competente os elementos necessários ao seu assenta-
dendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o mento individual.
regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscri- Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que
ção do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de
indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção publicação do ato que promover o servidor.
nele expressamente previstas. Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo,
§ 1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua rea- trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retoma-
lização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial da do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse
da União e em jornal diário de grande circulação. prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.

206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afas- Seção VI


tado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a Da Transferência
partir do término do impedimento.
§ 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos Art. 23. (Revogado).
no caput.
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em Seção VII
razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respei- Da Readaptação
tada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e
observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de
diárias, respectivamente. atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
§ 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em ins-
submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado o peção médica.
disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver § 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
interesse da Administração. será aposentado.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica a duração de trabalho § 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribuições
estabelecida em leis especiais. afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equi-
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo valência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo
de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por perí- vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
odo de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e ocorrência de vaga.
capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
observados os seguinte fatores: (Vide EMC nº 19). Seção VIII
I - assiduidade; Da Reversão
II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa; Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposen-
IV - produtividade; tado:
V- responsabilidade. I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsis-
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro- tentes os motivos da aposentadoria; ou
batório, será submetida à homologação da autoridade competen- II - no interesse da administração, desde que:
te a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão a) tenha solicitado a reversão;
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da c) estável quando na atividade;
continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à
do caput deste artigo. solicitação;
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exone- e) haja cargo vago.
rado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, § 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante
observado o disposto no parágrafo único do art. 29. de sua transformação.
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer quais- § 2º O tempo em que o servidor estiver em exercício será con-
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, siderado para concessão da aposentadoria.
chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so- § 3º No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o ser-
mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar vidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do de vaga.
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e § 4º O servidor que retornar à atividade por interesse da admi-
4, ou equivalentes. nistração perceberá, em substituição aos proventos da aposenta-
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser doria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar aposentadoria.
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para § 5º O servidor de que trata o inciso II somente terá os pro-
outro cargo na Administração Pública Federal. ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e menos cinco anos no cargo.
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1º, 86 e 96, bem assim § 6º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.
na hipótese de participação em curso de formação, e será retoma- Art. 26. (Revogado).
do a partir do término do impedimento.
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver comple-
Seção V tado 70 (setenta) anos de idade.
Da Estabilidade
Seção IX
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossa- Da Reintegração
do em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no servi-
ço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (prazo 3 Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no
anos - vide EMC nº 19). cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua trans-
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de formação, quando invalidada a sua demissão por decisão adminis-
sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra- trativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. § 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará
em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante CAPÍTULO III


será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. Seção I
Da Remoção
Seção X
Da Recondução Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de
ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se
anteriormente ocupado e decorrerá de: por modalidades de remoção:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; I - de ofício, no interesse da Administração;
II - reintegração do anterior ocupante. II - a pedido, a critério da Administração;
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o III - a pedido, para outra localidade, independentemente do in-
servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. teresse da Administração:
30. a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi-
dor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos
Seção XI Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no
Da Disponibilidade e do Aproveitamento interesse da Administração;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamen-
far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui- to funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial;
ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em
que o número de interessados for superior ao número de vagas, de
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determina- acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em
rá o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em que aqueles estejam lotados.
vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração
Pública Federal. Seção II
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3º do art. 37, o ser- Da Redistribuição
vidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob responsa-
bilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administra- Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimen-
ção Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro to efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal,
órgão ou entidade. para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia aprecia-
ção do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a I - interesse da administração;
disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, II - equivalência de vencimentos;
salvo doença comprovada por junta médica oficial. III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexi-
CAPÍTULO II dade das atividades;
DA VACÂNCIA V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação
profissional;
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalida-
I - exoneração; des institucionais do órgão ou entidade.
II - demissão; § 1º A redistribuição ocorrerá exofficio para ajustamento de
III - promoção; lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu-
IV - (Revogado); sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou
V - (Revogado); entidade.
VI - readaptação; § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante
VII - aposentadoria; ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades
VIII - posse em outro cargo inacumulável; da Administração Pública Federal envolvidos.
IX - falecimento. § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou enti-
dade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou
Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do ser- entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado
vidor, ou de ofício. em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: e 31.
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; § 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado em dis-
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em ponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão
exercício no prazo estabelecido. central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou enti-
dade, até seu adequado aproveitamento.
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de
função de confiança dar-se-á:
I - a juízo da autoridade competente;
II - a pedido do próprio servidor.
Parágrafo único. (Revogado).

208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

CAPÍTULO IV Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso for-


DA SUBSTITUIÇÃO tuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da che-
fia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção
ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão subs- Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne-
titutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, pre- nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
viamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. §1 ºMediante autorização do servidor, poderá haver consig-
§ 1º O substituto assumirá automática e cumulativamente, nação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função administração e com reposição de custos, na forma definida em re-
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, gulamento.
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do § 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1o
cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um de- não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração men-
les durante o respectivo período. sal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente para:
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de
ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial, crédito; ou
nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, su- II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão
periores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de de crédito.
efetiva substituição, que excederem o referido período.
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor
unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo
máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do inte-
TÍTULO III ressado.
DOS DIREITOS E VANTAGENS § 1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao corres-
CAPÍTULO I pondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão.
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO § 2º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês
anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita ime-
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de diatamente, em uma única parcela.
cargo público, com valor fixado em lei. § 3º Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cum-
primento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres- venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. data da reposição.
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou cargo
em comissão será paga na forma prevista no art. 62. Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido,
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassa-
entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de da, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito.
acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93. Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de implicará sua inscrição em dívida ativa.
caráter permanente, é irredutível.
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser- objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de pres-
vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indi- tação de alimentos resultante de decisão judicial.
vidual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salá- CAPÍTULO II
rio mínimo. DAS VANTAGENS

Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as
título de remuneração, importância superior à soma dos valores seguintes vantagens:
percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no I - indenizações;
âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por II - gratificações;
membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal III - adicionais.
Federal. §1º As indenizações não se incorporam ao vencimento ou pro-
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as vanta- vento para qualquer efeito.
gens previstas nos incisos II a VII do art. 61. §2º As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci-
Art. 43 (Revogado). mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem
Art. 44. O servidor perderá: acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acrés-
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo cimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fun-
justificado; damento.
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos, Seção I
ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o art. Das Indenizações
97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de ho-
rário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
pela chefia imediata. I - ajuda de custo;

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

II - diárias; Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em


III - transporte. prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as
IV - auxílio-moradia. diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.

Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I Subseção III
a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão Da Indenização de Transporte
estabelecidos em regulamento.
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor
Subseção I que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo-
Da Ajuda de Custo ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições
próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas
de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter Subseção IV
exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter per- Do Auxílio-Moradia
manente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer
tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também Art. 60-A.O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das des-
a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. pesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de
§ 1º Correm por conta da administração as despesas de trans- moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa
porte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, ba- hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo
gagem e bens pessoais. servidor.
§ 2º À família do servidor que falecer na nova sede são asse- Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendi-
gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, dos os seguintes requisitos:
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servi-
§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de remo- dor;
ção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36. II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
Art. 54 A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do funcional;
servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo ex- III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te-
ceder a importância correspondente a 3 (três) meses. nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi-
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo,
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção,
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo nos doze meses que antecederem a sua nomeação;
servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mu- IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
dança de domicílio. auxílio-moradia;
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93, V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu-
a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível. par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza
quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no pra- Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes;
zo de 30 (trinta) dias. VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou fun-
ção de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3º, em
Subseção II relação ao local de residência ou domicílio do servidor;
Das Diárias VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no
Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo infe-
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou rior a sessenta dias dentro desse período; e
para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de
as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e lotação ou nomeação para cargo efetivo.
locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento. IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
§ 1º A diária será concedida por dia de afastamento, sendo de- Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o
vida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão
da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas relacionado no inciso V.
extraordinárias cobertas por diárias. Art. 60-C. (Revogado)
§ 2º Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exi- Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25%
gência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias. (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função
§ 3º Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado.
dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou § 1º O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte
microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado.
instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países § 2º Independentemente do valor do cargo em comissão ou
limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem
servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver per- os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oi-
noite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre tocentos reais).
as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional. Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o
por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.
prazo de 5 (cinco) dias.

210
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Seção II Subseção IV
Das Gratificações e Adicionais Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Ativida-
des Penosas
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta
Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, grati- Art. 68 Os servidores que trabalhem com habitualidade em lo-
ficações e adicionais: cais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas,
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as- radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o
sessoramento; vencimento do cargo efetivo.
II - gratificação natalina; § 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e
III - (Revogado) de periculosidade deverá optar por um deles.
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas § 2º O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
ou penosas; cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram cau-
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; sa a sua concessão.
VI - adicional noturno; Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servido-
VII - adicional de férias; res em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. perigosos.
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada,
enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais pre-
Subseção I vistos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefia e serviço não penoso e não perigoso.
Assessoramento Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de
insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situações
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em estabelecidas em legislação específica.
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servi-
em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu dores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas
exercício. condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração dos fixados em regulamento.
cargos em comissão de que trata o inciso II do art.9º. Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nominal- Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle per-
mente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo exer- manente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultra-
cício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de pro- passem o nível máximo previsto na legislação própria.
vimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem os Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão
arts.3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art.3º da Lei submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
no 9.624, de 2 de abril de 1998.
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo so- Subseção V
mente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos servi- Do Adicional por Serviço Extraordinário
dores públicos federais.
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acrés-
Subseção II cimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de
Da Gratificação Natalina trabalho.

Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezem- atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite
bro, por mês de exercício no respectivo ano. máximo de 2 (duas) horas por jornada.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
será considerada como mês integral. Subseção VI
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de Do Adicional Noturno
dezembro de cada ano.
Parágrafo único. (VETADO). Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação nata- entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia se-
lina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a guinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
remuneração do mês da exoneração. computando-se cada hora como cinquenta e dois minutos e trinta
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cálcu- segundos.
lo de qualquer vantagem pecuniária. Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o
acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração
Subseção III prevista no art. 73.
Do Adicional por Tempo de Serviço
Subseção VII
Art. 67. (Revogado) Do Adicional de Férias

Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servi-


dor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um
terço) da remuneração do período das férias.

211
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de di- §2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
reção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a §3º As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde
respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração
que trata este artigo. pública.
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado
Subseção VIII até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observando-
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso -se o disposto no §1º deste artigo.
§ 1°(Revogado);
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é §2º (Revogado);
devida ao servidor que, em caráter eventual: § 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,
I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvol- perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver di-
vimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da reito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de
administração pública federal; efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias.
II - participar de banca examinadora ou de comissão para exa- § 4º A indenização será calculada com base na remuneração do
mes orais, para análise curricular, para correção de provas discursi- mês em que for publicado o ato exoneratório.
vas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento de § 5º Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
recursos intentados por candidatos; adicional previsto no inciso XVII do art.7º da Constituição Federal
III - participar da logística de preparação e de realização de quando da utilização do primeiro período.
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde- Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com
nação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecuti-
atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições perma- vos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em
nentes; qualquer hipótese a acumulação.
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exa- Parágrafo único. (Revogado).
me vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas ativi- Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por mo-
dades. tivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri,
§ 1º Os critérios de concessão e os limites da gratificação de serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada
que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os pela autoridade máxima do órgão ou entidade.
seguintes parâmetros: Parágrafo único. O restante do período interrompido será goza-
I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas a do de uma só vez, observado o disposto no art. 77.
natureza e a complexidade da atividade exercida;
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 CAPÍTULO IV
(cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de ex- DAS LICENÇAS
cepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada Seção I
pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autori- Disposições Gerais
zar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais;
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos se- Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
guintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da I - por motivo de doença em pessoa da família;
administração pública federal: II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando III - para o serviço militar;
de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo; IV - para atividade política;
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando V - para capacitação;
de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo. VI - para tratar de interesses particulares;
§ 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente VII - para desempenho de mandato classista.
será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste ar- § 1º A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem
tigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame
o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta
horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na Lei.
forma do § 4º do art. 98 desta Lei. § 2º (Revogado)
§ 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se § 3º É vedado o exercício de atividade remunerada durante o
incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efei- período da licença prevista no inciso I deste artigo.
to e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do
outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da término de outra da mesma espécie será considerada como pror-
aposentadoria e das pensões. rogação.

CAPÍTULO III Seção II


DAS FÉRIAS Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família

Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de
ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de neces- doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras-
sidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas
específica. (Férias de Ministro - Vide) e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação
§1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos por perícia médica oficial.
12 (doze) meses de exercício.

212
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do Seção VI


servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea- Da Licença para Capacitação
mente com o exercício do cargo ou mediante compensação de ho-
rário, na forma do disposto no inciso II do art. 44. Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses,
condições: para participar de curso de capacitação profissional.
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput
remuneração do servidor; e não são acumuláveis.
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu- Art. 88. e 89 - (Revogado)
neração. Art. 90. (VETADO).
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
partir da data do deferimento da primeira licença concedida. Seção VII
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re- Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no Art. 91.A critério da Administração, poderão ser concedidas ao
§ 3º, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está-
e II do § 2º. gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo
prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.
Seção III Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.

Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompa- Seção VIII
nhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista
do território nacional, para o exterior ou para o exercício de manda-
to eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
§ 1º A licença será por prazo indeterminado e sem remunera- muneração para o desempenho de mandato em confederação,
ção. federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato re-
§ 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companhei- presentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
ro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi-
pios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII
Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e obser-
para o exercício de atividade compatível com o seu cargo. vados os seguintes limites:
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois)
Seção IV servidores;
Da Licença para o Serviço Militar II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta
mil) associados, 4 (quatro) servidores;
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con- III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados,
cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe- 8 (oito) servidores.
cífica. § 1º Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até para cargos de direção ou de representação nas referidas entida-
30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car- des, desde que cadastradas no órgão competente.
go. § 2º A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
Seção V renovada, no caso de reeleição.
Da Licença para Atividade Política
CAPÍTULO V
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, DOS AFASTAMENTOS
durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção Seção I
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
§ 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em ou-
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, tro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança
Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. II - em casos previstos em leis específicas.
§ 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia se- § 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou en-
guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os tidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus
vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses. da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o
ônus para o cedente nos demais casos.

213
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou § 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não
sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas, será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse par-
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do ticular antes de decorrido período igual ao do afastamento, res-
cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em salvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu
comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das despe- afastamento.
sas realizadas pelo órgão ou entidade de origem § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da
§ 3º A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário carreira diplomática.
Oficial da União. § 4º As hipóteses, condições e formas para a autorização de
§ 4º Mediante autorização expressa do Presidente da Repúbli- que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do
ca, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro ór- servidor, serão disciplinadas em regulamento.
gão da Administração Federal direta que não tenha quadro próprio Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo
de pessoal, para fim determinado e a prazo certo. internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou servi- -se-á com perda total da remuneração.
dor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de so- Seção IV
ciedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Na- Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-Gra-
cional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de duação Stricto Sensu no País
pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I e II e §§
1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado cedido con- Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração, e
dicionado a autorização específica do Ministério do Planejamento, desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com
Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar-
comissão ou função gratificada. -se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em
a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos instituição de ensino superior no País.
órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá deter- § 1º Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá,
minar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, indepen- em conformidade com a legislação vigente, os programas de capa-
dentemente da observância do constante no inciso I e nos §§ 1º e citação e os critérios para participação em programas de pós-gra-
2º deste artigo. duação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão
avaliados por um comitê constituído para este fim.
Seção II § 2º Os afastamentos para realização de programas de mestra-
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo do e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares
de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, in-
as seguintes disposições: cluído o período de estágio probatório, que não tenham se afastado
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licença
afastado do cargo; capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos an-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, teriores à data da solicitação de afastamento.
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; § 3º Os afastamentos para realização de programas de pós-
III - investido no mandato de vereador: -doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta- cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos qua-
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; tro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não te-
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do nham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá da solicitação de afastamento.
para a seguridade social como se em exercício estivesse. § 4º Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos
§ 2º O servidor investido em mandato eletivo ou classista não nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo terão que permanecer no exercício
poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade di- de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do
versa daquela onde exerce o mandato. afastamento concedido.
§ 5º Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou
aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência pre-
Seção III visto no § 4º deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade, na
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior forma do art. 47 da Lei no8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos
gastos com seu aperfeiçoamento.
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo § 6º Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou
ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Pre- seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § 5º
sidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de
Tribunal Federal. caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
§ 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a mis- § 7º Aplica-se à participação em programa de pós-graduação
são ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto
nova ausência. nos §§ 1º a 6º deste artigo.

214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

CAPÍTULO VI VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afasta-


DAS CONCESSÕES mento, conforme dispuser o regulamento;
VIII - licença:
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se a) à gestante, à adotante e à paternidade;
do serviço: b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público
II- pelo período comprovadamente necessário para alistamen- prestado à União, em cargo de provimento efetivo;
to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2 c) para o desempenho de mandato classista ou participação de
(dois) dias; gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de: por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para
a) casamento; efeito de promoção por merecimento;
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou pa- d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;
drasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos. e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante, f) por convocação para o serviço militar;
quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. X - participação em competição desportiva nacional ou convo-
§ 1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a com- cação para integrar representação desportiva nacional, no País ou
pensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, res- no exterior, conforme disposto em lei específica;
peitada a duração semanal do trabalho. XI - afastamento para servir em organismo internacional de que
§ 2º Também será concedido horário especial ao servidor por- o Brasil participe ou com o qual coopere.
tador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta
médica oficial, independentemente de compensação de horário. Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e
§ 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas ao servi- disponibilidade:
dor que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência. (Reda- I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios
ção dada pela Lei nº 13.370, de 2016). e Distrito Federal;
§ 4º Será igualmente concedido horário especial, vinculado à II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família
compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) ano, do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em
ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do período de 12 (doze) meses.
caput do art. 76-A desta Lei. III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2º;
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato ele-
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse tivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no
da administração é assegurada, na localidade da nova residência ou serviço público federal;
na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Pre-
qualquer época, independentemente de vaga. vidência Social;
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que
sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com au- exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art.
torização judicial. 102.
CAPÍTULO VII § 1º O tempo em que o servidor esteve aposentado será conta-
DO TEMPO DE SERVIÇO do apenas para nova aposentadoria.
§ 2º Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço Forças Armadas em operações de guerra.
público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. § 3º É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de
que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen- órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal
tos e sessenta e cinco dias. e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia
Parágrafo único. (Revogado). mista e empresa pública.
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são
considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude CAPÍTULO VIII
de: DO DIREITO DE PETIÇÃO
I - férias;
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos
ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Dis- Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
trito Federal; Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade compe-
III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que
em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presi- estiver imediatamente subordinado o requerente.
dente da República; Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou-
IV - participação em programa de treinamento regularmente ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo
instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País, ser renovado.
conforme dispuser o regulamento; Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, munici- de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no
pal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento; prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; Art. 107. Caberá recurso:
I - do indeferimento do pedido de reconsideração;

215
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe- Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será
rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessiva- encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su-
mente, em escala ascendente, às demais autoridades. perior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre-
§ 2º O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade sentando ampla defesa.
a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconsidera- CAPÍTULO II
ção ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da DAS PROIBIÇÕES
ciência, pelo interessado, da decisão recorrida.
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, Art. 117. Ao servidor é proibido:
a juízo da autoridade competente. I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsi- torização do chefe imediato;
deração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
ato impugnado. qualquer documento ou objeto da repartição;
Art. 110. O direito de requerer prescreve: III - recusar fé a documentos públicos;
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa- IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento
ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse e processo ou execução de serviço;
patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho; V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando da repartição;
outro prazo for fixado em lei. VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data da vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon-
publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessa- sabilidade ou de seu subordinado;
do, quando o ato não for publicado. VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí- associação profissional ou sindical, ou a partido político;
veis, interrompem a prescrição. VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau
relevada pela administração. civil;
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-
vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a trem, em detrimento da dignidade da função pública;
procurador por ele constituído. X - participar de gerência ou administração de sociedade priva-
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto
tempo, quando eivados de ilegalidade. na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
neste Capítulo, salvo motivo de força maior. ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
TÍTULO IV companheiro;
DO REGIME DISCIPLINAR XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual-
CAPÍTULO I quer espécie, em razão de suas atribuições;
DOS DEVERES XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
geiro;
Art. 116. São deveres do servidor: XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; XV - proceder de forma desidiosa;
II - ser leal às instituições a que servir; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
III - observar as normas legais e regulamentares; serviços ou atividades particulares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
mente ilegais; que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
V - atender com presteza: XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
ressalvadas as protegidas por sigilo; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando soli-
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito citado.
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. deste artigo não se aplica nos seguintes casos:
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em-
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori- mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
dade competente para apuração; constituída para prestar serviços a seus membros;
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patri- II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
mônio público; forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; interesses.
IX - manter conduta compatível com a moralidade administra- CAPÍTULO III
tiva; DA ACUMULAÇÃO
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas; Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é ve-
dada a acumulação remunerada de cargos públicos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos CAPÍTULO V


e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, DAS PENALIDADES
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Territórios e dos Municípios. Art. 127. São penalidades disciplinares:
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada I - advertência;
à comprovação da compatibilidade de horários. II - suspensão;
§ 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de venci- III - demissão;
mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da ina- IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
tividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunera- V - destituição de cargo em comissão;
ções forem acumuláveis na atividade. VI - destituição de função comissionada.
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a
comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art.9º, natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
coletiva. atenuantes e os antecedentes funcionais.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remu- Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará
neração devida pela participação em conselhos de administração sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de
suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e
entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha par- de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamenta-
ticipação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser ção ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade
legislação específica. mais grave.
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumu- Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência
lar licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibi-
provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efe- ções que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão,
tivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades § 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o ser-
máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. vidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspe-
ção médica determinada pela autoridade competente, cessando os
CAPÍTULO IV efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
DAS RESPONSABILIDADES § 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cin-
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamen- quenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando
te pelo exercício irregular de suas atribuições. o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco)
a terceiros. anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não hou-
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário ver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. efeitos retroativos.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. I - crime contra a administração pública;
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores II - abandono de cargo;
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança rece- III - inassiduidade habitual;
bida. IV - improbidade administrativa;
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contra- V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
venções imputadas ao servidor, nessa qualidade. VI - insubordinação grave em serviço;
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou fun- em legítima defesa própria ou de outrem;
ção. VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
cumular-se, sendo independentes entre si. cargo;
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na-
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do cional;
fato ou sua autoria. XI - corrupção;
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi-
penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade supe- cas;
rior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
autoridade competente para apuração de informação concernente
à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun-
ção pública.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-ser-
o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua chefia ime- vidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de
diata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias, 5 (cinco) anos.
contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará pro- Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público fede-
cedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, ral o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão
cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguin- por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
tes fases: Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co- do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
missão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultane- Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
amente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
da apuração; durante o período de doze meses.
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e re- Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
latório; habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
III - julgamento. refere o art. 133, observando-se especialmente que:
§ 1º A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo I - a indicação da materialidade dar-se-á:
nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa
cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação do período de ausência intencional do servidor ao serviço superior
ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, a trinta dias;
do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico. b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias
§ 2º A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou supe-
que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as rior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze
informações de que trata o parágrafo anterior, bem como promo- meses;
verá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará rela-
sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar defesa tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do ser-
escrita, assegurando-se lhe vista do processo na repartição, obser- vidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o
vado o disposto nos arts. 163 e 164. respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de
§ 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório con- cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a
clusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude julgamento.
da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamento. I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do
§ 4º No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro- Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral
cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposen-
quando for o caso, o disposto no § 3º do art. 167. tadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Po-
§ 5º A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa der, órgão, ou entidade;
configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automatica- II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
mente em pedido de exoneração do outro cargo. mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se
§ 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, apli- tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
car-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de aposenta- III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
doria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou fun- respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
ções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
§ 7º O prazo para a conclusão do processo administrativo disci- tratar de destituição de cargo em comissão.
plinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circunstâncias o são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
exigirem. cargo em comissão;
§ 8º O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. § 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do fato se tornou conhecido.
inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a de- § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
missão. às infrações disciplinares capituladas também como crime.
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo
ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujei- disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por
ta às penalidades de suspensão e de demissão. autoridade competente.
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
destituição de cargo em comissão.
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponi-
bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
penal cabível.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

TÍTULO V Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão


DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
CAPÍTULO I competente, observado o disposto no § 3º do art. 143, que indicará,
DISPOSIÇÕES GERAIS dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no igual ou superior ao do indiciado.
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, § 1º A Comissão terá como secretário servidor designado pelo
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse- seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus mem-
gurada ao acusado ampla defesa. bros.
§ 1º (Revogado); § 2º Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
§ 2º (Revogado); inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consan-
§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da auto- guíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
ridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com indepen-
órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irre- dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida-
gularidade, mediante competência específica para tal finalidade, ção do fato ou exigido pelo interesse da administração.
delegada em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões te-
República, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos rão caráter reservado.
Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competên- fases:
cias para o julgamento que se seguir à apuração. I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de missão;
apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten- e relatório;
ticidade. III - julgamento.
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar eviden- Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
te infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato
por falta de objeto. que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual pra-
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: zo, quando as circunstâncias o exigirem.
I - arquivamento do processo; § 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte-
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até gral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do pon-
30 (trinta) dias; to, até a entrega do relatório final.
III - instauração de processo disciplinar. § 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas que
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não ex- deverão detalhar as deliberações adotadas.
cederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a
critério da autoridade superior. Seção I
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar Do Inquérito
a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta)
dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do
ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza-
de processo disciplinar. ção dos meios e recursos admitidos em direito.
CAPÍTULO II Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo discipli-
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO nar, como peça informativa da instrução.
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância con-
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade
venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau- competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in-
radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen- dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar.
to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada
prejuízo da remuneração. de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis,
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a
igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos
concluído o processo. fatos.
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
CAPÍTULO III processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e
DO PROCESSO DISCIPLINAR reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular
quesitos, quando se tratar de prova pericial.
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos con-
apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exer- siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum
cício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições interesse para o esclarecimento dos fatos.
do cargo em que se encontre investido. § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
provação do fato independer de conhecimento especial de perito.
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante
mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun-
da via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expe- § 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão
dição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da re- indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
partição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
inquirição. Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. julgamento.
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se in- Seção II
firmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. Do Julgamento
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi- Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento
mentos previstos nos arts. 157 e 158. do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvi- § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori-
do separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações dade instauradora do processo, este será encaminhado à autorida-
sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre de competente, que decidirá em igual prazo.
eles. § 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções,
§ 2º O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da
bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado inter- pena mais grave.
ferir nas perguntas e respostas, facultando-se lhe, porém, reinquiri- § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de
-las, por intermédio do presidente da comissão. aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autorida-
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do des de que trata o inciso I do art. 141.
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a au-
submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo toridade instauradora do processo determinará o seu arquivamen-
menos um médico psiquiatra. to, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processa- Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
do em auto apartado e apenso ao processo principal, após a expe- quando contrário às provas dos autos.
dição do laudo pericial. Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indi- provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente,
ciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
das respectivas provas. responsabilidade.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo presi- Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autorida-
dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 de que determinou a instauração do processo ou outra de hierar-
(dez) dias, assegurando-se lhe vista do processo na repartição. quia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará,
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração
de 20 (vinte) dias. de novo processo.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do
diligências reputadas indispensáveis. processo.
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia § 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em trata o art. 142, § 2º, será responsabilizada na forma do Capítulo IV
termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a do Título IV.
assinatura de (2) duas testemunhas. Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi-
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado. duais do servidor.
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o
será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e em processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins-
jornal de grande circulação na localidade do último domicílio co- tauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
nhecido, para apresentar defesa. Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente,
será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital. após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente so aplicada.
citado, não apresentar defesa no prazo legal. Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o parágra-
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo fo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão, se
e devolverá o prazo para a defesa. for o caso.
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
do processo designará um servidor como defensor dativo, que de- I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede
verá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou in-
ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. diciado;
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório mi- II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obriga-
nucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará dos a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de mis-
as provas em que se baseou para formar a sua convicção. são essencial ao esclarecimento dos fatos.
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou
à responsabilidade do servidor.

220
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Seção III § 3º Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem


Da Revisão do Processo remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, computan-
inadequação da penalidade aplicada. do-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais.
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do § 4º O recolhimento de que trata o § 3º deve ser efetuado até o
servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos
processo. servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de
requerida pelo respectivo curador. vencimento.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re- Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos
querente. riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes fina-
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos, lidades:
ainda não apreciados no processo originário. I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, inva-
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido lidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e re-
ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar clusão;
a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
onde se originou o processo disciplinar. III - assistência à saúde.
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos
providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149. e condições definidos em regulamento, observadas as disposições
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário. desta Lei.
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servi-
hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que dor compreendem:
arrolar. I - quanto ao servidor:
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a con- a) aposentadoria;
clusão dos trabalhos. b) auxílio-natalidade;
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no c) salário-família;
que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do d) licença para tratamento de saúde;
processo disciplinar. e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pena- f) licença por acidente em serviço;
lidade, nos termos do art. 141. g) assistência à saúde;
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a au- satisfatórias;
toridade julgadora poderá determinar diligências. II - quanto ao dependente:
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem a) pensão vitalícia e temporária;
efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos b) auxílio-funeral;
do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, c) auxílio-reclusão;
que será convertida em exoneração. d) assistência à saúde.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar § 1º As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas
agravamento de penalidade. pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os
servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
TÍTULO VI § 2º O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude,
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem
CAPÍTULO I prejuízo da ação penal cabível.
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO II
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o DOS BENEFÍCIOS
servidor e sua família. Seção I
§ 1º O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, Da Aposentadoria
simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na admi-
nistração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da Consti-
aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção da as- tuição)
sistência à saúde. I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais
§ 2º O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
direito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e
internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual proporcionais nos demais casos;
coopere, ainda que contribua para regime de previdência social no II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-
exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Se- tos proporcionais ao tempo de serviço;
guridade Social do Servidor Público enquanto durar o afastamento II - voluntariamente:
ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
mencionado regime de previdência. (trinta) se mulher, com proventos integrais;

221
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de ma- Art. 192. (Revogado).
gistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com proven- Art. 193. (Revogado).
tos integrais; Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação nata-
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e lina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao
cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo; respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido.
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participa-
60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de do de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos
serviço. termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida
§1º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de
a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação serviço efetivo.
mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior
ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, do- Seção II
ença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondi- Do Auxílio-Natalidade
loartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do
mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo
Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci-
especializada. mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto.
§2º Nos casos de exercício de atividades consideradas insalu- § 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de
bres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71, 50% (cinquenta por cento), por nascituro.
a aposentadoria de que trata o inciso III, «a» e «c», observará o § 2º O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor
disposto em lei específica. público, quando a parturiente não for servidora.
§3º Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta
médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a inca- Seção III
pacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a impos- Do Salário-Família
sibilidade de se aplicar o disposto no art. 24.
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e de- Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao ina-
clarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em tivo, por dependente econômico.
que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço ati- Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos para
vo. efeito de percepção do salário-família:
Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados
partir da data da publicação do respectivo ato. até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e
§ 1º A aposentadoria por invalidez será precedida de licença quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autoriza-
e quatro) meses. ção judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do
§ 2º Expirado o período de licença e não estando em condi- inativo;
ções de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será III - a mãe e o pai sem economia própria.
aposentado. Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando o
§ 3º O lapso de tempo compreendido entre o término da licen- beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho ou
ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado como de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da aposen-
de prorrogação da licença. tadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
§ 4º Para os fins do disposto no §1º deste artigo, serão consi- Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e vi-
deradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade ensejadora verem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando
da invalidez ou doenças correlacionadas. separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição
§ 5º A critério da Administração, o servidor em licença para dos dependentes.
tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser con- Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a
vocado a qualquer momento, para avaliação das condições que en- madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
sejaram o afastamento ou a aposentadoria. Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com ob- nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a
servância do disposto no § 3º do art. 41, e revisto na mesma data e Previdência Social.
proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
em atividade. não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer bene-
fícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores em Seção IV
atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou re- Da Licença para Tratamento de Saúde
classificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional ao Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento
tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias especifi- de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
cadas no § 1º do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for conside- prejuízo da remuneração a que fizer jus.
rado inválido por junta médica oficial passará a perceber provento Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será conce-
integral, calculado com base no fundamento legal de concessão da dida com base em perícia oficial.
aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) § 1º Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada
Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o proven- na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se
to não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade. encontrar internado.

222
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 2º Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de crian-
encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, e ça com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo
não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. será de 30 (trinta) dias.
230, será aceito atestado passado por médico particular.
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o atestado somente produzi- Seção VI
rá efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos huma- Da Licença por Acidente em Serviço
nos do órgão ou entidade.
§ 4º A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor
no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afasta- acidentado em serviço.
mento será concedida mediante avaliação por junta médica oficial. Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental
§ 5º A perícia oficial para concessão da licença de que trata o sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente,
caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial com as atribuições do cargo exercido.
previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hipó- Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
teses em que abranger o campo de atuação da odontologia. I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi-
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 dor no exercício do cargo;
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perí- II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
cia oficial, na forma definida em regulamento. -versa.
Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de
ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões tratamento especializado poderá ser tratado em instituição priva-
produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qual- da, à conta de recursos públicos.
quer das doenças especificadas no art. 186, § 1º. Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas oficial constitui medida de exceção e somente será admissível quan-
ou funcionais será submetido à inspeção médica. do inexistirem meios e recursos adequados em instituição pública.
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos perió- Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez)
dicos, nos termos e condições definidos em regulamento. dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a União e
suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: Seção VII
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo ór- Da Pensão
gão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor;
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parce- Art. 215.Por morte do servidor, os seus dependentes, nas hipó-
ria com os órgãos e entidades da administração direta, suas autar- teses legais, fazem jus à pensão por morte, observados os limites
quias e fundações; estabelecidos no inciso XI do caput do art. 37 da Constituição Fede-
III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistência ral e no art. 2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. (Redação
à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que possuam dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
autorização de funcionamento do órgão regulador, na forma do art. Art. 216. (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)
230; ou Art. 217. São beneficiários das pensões:
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato I - o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
administrativo, observado o disposto na Lei nº 8.666, de 21 de ju- II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato,
nho de 1993, e demais normas pertinentes. com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicialmente;
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Seção V III - o companheiro ou companheira que comprove união está-
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença Paternidade vel como entidade familiar; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguin-
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 tes requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº
§ 1º A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de 13.135, de 2015)
gestação, salvo antecipação por prescrição médica. b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência)
partir do parto. d) tenha deficiência intelectual ou mental; (Redação dada pela
§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even- Lei nº 13.846, de 2019)
to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do
reassumirá o exercício. servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá inciso IV. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
direito à licença paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos. § 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos incisos V
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra- e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois § 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que trata o in-
períodos de meia hora. ciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI. (Redação
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias
de licença remunerada.

223
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho me- Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte presumi-
diante declaração do servidor e desde que comprovada dependên- da do servidor, nos seguintes casos:
cia econômica, na forma estabelecida em regulamento. (Incluído I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária compe-
pela Lei nº 13.135, de 2015) tente;
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou
Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão, acidente não caracterizado como em serviço;
o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo
habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) ou em missão de segurança.
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em vi-
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) talícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos
§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor,
Art. 219. A pensão por morte será devida ao conjunto dos de- hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado.
pendentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
data: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) I - o seu falecimento;
I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta dias) II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis) anos, ou em concessão da pensão ao cônjuge;
até 90 (noventa) dias após o óbito, para os demais dependentes; III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário in-
(Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) válido, ou o afastamento da deficiência, em se tratando de benefici-
II - do requerimento, quando requerida após o prazo previs- ário com deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes
to no inciso I do caput deste artigo; ou (Redação dada pela Lei nº da aplicação das alíneas a e b do inciso VII do caput deste artigo;
13.846, de 2019) (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019).
III - da decisão judicial, na hipótese de morte presumida. (Reda- IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho
ção dada pela Lei nº 13.846, de 2019) ou irmão;
§ 1º A concessão da pensão por morte não será protelada pela V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
falta de habilitação de outro possível dependente e a habilitação VI - a renúncia expressa; e
posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I a III
produzirá efeito a partir da data da publicação da portaria de con- do caput do art. 217:
cessão da pensão ao dependente habilitado. (Redação dada pela a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que
Lei nº 13.846, de 2019)
o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o
§ 2º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição
casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2
de dependente, este poderá requerer a sua habilitação provisória
(dois) anos antes do óbito do servidor;
ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de ra-
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo
teio dos valores com outros dependentes, vedado o pagamento da
com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de
respectiva cota até o trânsito em julgado da respectiva ação, ressal-
vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois)
vada a existência de decisão judicial em contrário. (Redação dada
anos após o início do casamento ou da união estável:
pela Lei nº 13.846, de 2019)
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;
§ 3º Nas ações em que for parte o ente público responsável pela
concessão da pensão por morte, este poderá proceder de ofício à 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos
habilitação excepcional da referida pensão, apenas para efeitos de de idade;
rateio, descontando-se os valores referentes a esta habilitação das 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos
demais cotas, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito de idade;
em julgado da respectiva ação, ressalvada a existência de decisão 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de
judicial em contrário. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) idade;
§ 4º Julgada improcedente a ação prevista no § 2º ou § 3º deste 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e
artigo, o valor retido será corrigido pelos índices legais de reajusta- três) anos de idade;
mento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.
de acordo com as suas cotas e o tempo de duração de seus benefí- § 1o A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja
cios. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou por
§ 5º Em qualquer hipótese, fica assegurada ao órgão conces- deficiência poderá ser convocado a qualquer momento para avalia-
sor da pensão por morte a cobrança dos valores indevidamente ção das referidas condições.
pagos em função de nova habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.846, § 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no inciso
de 2019) III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, ambos do caput,
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (Redação dada se o óbito do servidor decorrer de acidente de qualquer natureza
pela Lei nº 13.135, de 2015) ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da compro-
prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do vação de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável.
servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) § 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se compro- nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano inteiro
vada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à
na união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, pode-
constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial rão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins pre-
no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. vistos na alínea “b” do inciso VII do caput, em ato do Ministro de Es-
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) tado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado o acréscimo
na comparação com as idades anteriores ao referido incremento.

224
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

§ 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtu-
Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) será de de condenação, por sentença definitiva, a pena que não deter-
considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais mine a perda de cargo.
referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput. § 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá
§ 5º Na hipótese de o servidor falecido estar, na data de seu direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
falecimento, obrigado por determinação judicial a pagar alimentos § 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira, a imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
pensão por morte será devida pelo prazo remanescente na data do que condicional.
óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do § 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será
benefício. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos depen-
§ 6º O beneficiário que não atender à convocação de que trata dentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei nº 13.135,
o § 1º deste artigo terá o benefício suspenso, observado o disposto de 2015)
nos incisos I e II do caput do art. 95 da Lei nº 13.146, de 6 de julho
de 2015. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) CAPÍTULO III
§ 7º O exercício de atividade remunerada, inclusive na condi- DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
ção de microempreendedor individual, não impede a concessão ou
manutenção da cota da pensão de dependente com deficiência in- Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e
telectual ou mental ou com deficiência grave. (Incluído pela Lei nº de sua família compreende assistência médica, hospitalar, odonto-
13.846, de 2019) lógica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica o imple-
§ 8º No ato de requerimento de benefícios previdenciários, mento de ações preventivas voltadas para a promoção da saúde e
não será exigida apresentação de termo de curatela de titular ou será prestada pelo Sistema Único de Saúde - SUS, diretamente pelo
de beneficiário com deficiência, observados os procedimentos a se- órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou median-
rem estabelecidos em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, te convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante
de 2019) ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a inativo, e seus dependentes ou pensionistas com planos ou seguros
respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. privados de assistência à saúde, na forma estabelecida em regula-
I - (Revogado); mento.
II - (Revogado). § 1º Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida perí-
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas na cia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou junta
mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade celebra-
dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. rá, preferencialmente, convênio com unidades de atendimento do
189. sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Social
cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou compa- - INSS.
nheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões. § 2º Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação
do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promoverá a
Seção VIII contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica, que cons-
Do Auxílio-Funeral tituirá junta médica especificamente para esses fins, indicando os
nomes e especialidades dos seus integrantes, com a comprovação
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor faleci- de suas habilitações e de que não estejam respondendo a processo
do na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profissão.
remuneração ou provento. § 3º Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a
§ 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a:
somente em razão do cargo de maior remuneração. I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de ser-
§ 2º (VETADO). viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados
§ 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos
por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que grupos familiares definidos, com entidades de autogestão por elas
houver custeado o funeral. patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente cele-
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será inde- brados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam au-
nizado, observado o disposto no artigo anterior. torização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo que os
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo na
do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transpor- forma da regulamentação específica sobre patrocínio de autoges-
te do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou tões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo de 180
fundação pública. (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas também
aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de 2006;
Seção IX II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de
Do Auxílio-Reclusão 21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de
assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, órgão regulador;
nos seguintes valores: III - (VETADO)
I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de § 4º (VETADO)
prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade § 5º O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido
competente, enquanto perdurar a prisão; pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de
assistência à saúde.

225
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

CAPÍTULO IV TÍTULO IX
DO CUSTEIO CAPÍTULO ÚNICO
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
Art. 231. (Revogado)
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por
TÍTULO VII esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos Po-
CAPÍTULO ÚNICO deres da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as em
regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711,
Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Público de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
da União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo
Art. 232. (Revogado). Decreto-Lei nº 5.452, de1º de maio de 1943, exceto os contratados
Art. 233. (Revogado). por prazo determinado, cujos contratos não poderão ser prorroga-
Art. 234. (Revogado). dos após o vencimento do prazo de prorrogação.
Art. 235. (Revogado). § 1º Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no regi-
TÍTULO VIII me instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na data
CAPÍTULO ÚNICO de sua publicação.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS § 2º As funções de confiança exercidas por pessoas não in-
tegrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte e exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas
oito de outubro. enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou enti-
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe- dades na forma da lei.
cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcionais, § 3º As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas
além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira: por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam ex-
I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou trabalhos tintas na data da vigência desta Lei.
que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos § 4º (VETADO).
operacionais; § 5º O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, con- da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber.
decoração e elogio. § 6º Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade bra-
corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do venci- sileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo órgão
mento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o pra- ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de car-
zo vencido em dia em que não haja expediente. reira aos quais se encontrem vinculados os empregos.
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filo- § 7º Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo,
sófica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais
dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem Transitórias, poderão, no interesse da Administração e conforme
eximir-se do cumprimento de seus deveres. critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados mediante
Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo exercí-
Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os se- cio no serviço público federal.
guintes direitos, entre outros, dela decorrentes: § 8º Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substitu- declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações
to processual; isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o no parágrafo anterior.
final do mandato, exceto se a pedido; § 9º Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a no § 7º poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando conside-
que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas rados desnecessários.
em assembleia geral da categoria. Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos
d) (Revogado); servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em anuê-
e) (Revogado). nio.
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do cônju- Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei nº
ge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e cons- 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada em
tem do seu assentamento individual. licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 a 90.
Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou Art. 246. (VETADO).
companheiro, que comprove união estável como entidade familiar. Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, haverá
Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o município ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente ao perí-
onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício, odo de contribuição por parte dos servidores celetistas abrangidos
em caráter permanente. pelo art. 243.
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência
desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem
do servidor.
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1º do art. 231, os
servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos per-
centuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da União
conforme regulamento próprio.

226
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, Artigo 12.
dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposentado- [...]
ria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Fun- § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
cionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dispositivo. II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) III - de Presidente do Senado Federal;
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subsequente. V - da carreira diplomática;
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de VI - de oficial das Forças Armadas.
1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais VII - de Ministro de Estado da Defesa.
disposições em contrário.
Ademais, em decorrência do mandamento constitucional do
Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independência e artigo 7º, XXX, em princípio não seria admissível restrições de con-
102o da República. crrencia em concurso público por motivos de idade ou sexo para
FERNANDO COLLOR a regular admissão em cargos e empregos públicos, no entanto, o
mencionado artigo constitucional prevê a possibilidade de se insti-
REGIME CONSTITUCIONAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS tuírem requisitos específicos e diferenciados de admissão quando
a natureza do cargo assim exigir. Exemplo: Teste de Aptidão Física
Concurso público – TAF - permite exigência sequência de exercícios fisicos diferencia-
dos entre homens e mulheres.
Via de regra, para que ocorra a legal investidura em cargou ou Quanto aos requisitos específicos para investidura em cargos
emprego público é necessária prévia aprovação em concurso de públicos, a Lei 8.112/90, em seu artigo 5º assim determina:
prova ou de provas e títulos, levando em consideração a natureza e
a complexidade do cargo ou emprego.Quanto as normas constitu- Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:
cionais acerca da obrigatoriedade de concurso para o preenchimen- I - a nacionalidade brasileira;
to de cargos públicos II - o gozo dos direitos políticos;
A jurisprudência é pacífica quanto a necessidade de aprovação III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
previa em concurso público para ocupar cargo na estrutura admi- IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
nistrativa. V - a idade mínima de dezoito anos;
Súmula Vinculante 43 É inconstitucional toda modalidade de VI - aptidão física e mental.
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia apro-
vação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo Ainda em homenagem ao Princípio da Acessibilidade aos car-
que não integra a carreira na qual anteriormente investido. gos e empregos públicos, o texto constitucional determina que a lei
deverá reservar percentual do total das vagas a serem preenchidas
Exceção: As nomeação efetuadas pela Administração Pública por concurso público de cargos e empregos públicos para as pesso-
para preenchimento de cargo em comissão declarado em lei de li- as portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão.
vre nomeação e exoneração dispensa a realização e aprovação em
concurso público. Invalidação do concurso
O concurso público terá prazo de validade de até dois anos,
podendo ser prorrogável uma única vez por igual período. Em ho- Conforme mencionado, os concursos públicos devem ser rea-
menagem ao princípio constitucional da impessoalidade, durante o lizados previamente para o preenchimento de cargos e empregos
prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele que públicos, devendo para tanto dispensar tratamento impessoal e
for aprovado será convocado com prioridade sobre novos concursa- igualitário entre os interessados, sendo certo que a ausência desse
dos para assumir cargo ou emprego. tratamento causaria fraude a ordem constitucional de realização de
concurso público.
Direito de acesso aos cargos, empregos e funções públicas Neste contexto, são inválidas as disposições constantes em edi-
tais ou normas de admissão em cargos e empregos públicos que
A Constituição Federal estabelece o Princípio da Ampla Aces- desvirtuam as finalidades da realização do concurso público.
sibilidade aos cargos, funções e empregos públicos aos brasileiros Caso se identifique qualquer norma ou cláusula constante em
que preencham os requisitos estabelecidos em lei específica, bem edital que inviabilize ou dificulte a ampla participação daqueles que
como aos estrangeiros, na forma da lei. preencham os requisitos mínimos ou então que direcione, de qual-
Tal princípio que garante a ampla acessibilidade tem por objeti- quer forma, com o objetivo de beneficiar ou prejudicar alguém em
vo proporcionar iguais oportunidades de disputar, por meio de con- concurso público poderá acarretar na invalidação de todo o certa-
curso público, o preenchimento em cargos ou empregos públicos me.
na Administração Direta ou Indireta. O direito à revisão judicial de provas e exames seletivos à luz
dos tribunais pátrios
Requisito de inscrição e requisitos de cargos
O controle judicial dos atos administrativos é preceito básico
Nas regras gerais constantes nos editais de concursos públicos do Estado de Direito com status de garantia constitucional, nos ter-
é vedada a inclusão de cláusulas discriminatórias entre brasileiros mos do que estabelece o artigo 5º, XXXV da Constituição Federal
natos e naturalizados, salvo para preenchimento de cargos específi- de 1988.
cos mencionados no artigo 12, § 3º da Constituição Federal.

227
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Art. 5º
[...] DIREITO CONSTITUCIONAL, NOÇÕES E PRINCÍPIOS
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito; O Direito Constitucional é ramo complexo e essencial ao jurista
no exercício de suas funções, afinal, a partir dele que se delineia
Esta, inclusive, se configura em função típica do Poder Judici- toda a estrutura do ordenamento jurídico nacional.
ário, exercer o controle legal dos atos editados pela ente estatal, Embora, para o operador do Direito brasileiro, a Constituição
como forma de controle externo da Administração Pública. Federal de 1988 seja o aspecto fundamental do estudo do Direito
Neste contexto, ainda é complexa a discussão sobre a legiti- Constitucional, impossível compreendê-la sem antes situar a referi-
midade do Poder Judiciário exercer revisão judicial de questões e da Carta Magna na teoria do constitucionalismo.
resultados em provas de concurso público. A origem do direito constitucional está num movimento deno-
É crescente a demanda de candidatos que buscam na tutela do minado constitucionalismo.
Poder Judiciário a revisão de resultados de concursos públicos, atri- Constitucionalismo é o movimento político-social pelo qual se
buindo as bancas organizadoras, entre outros argumentos, a carên- delineia a noção de que o Poder Estatal deve ser limitado, que evo-
cia de razoabilidade, proporcionalidade, isonomia e transparência luiu para um movimento jurídico defensor da imposição de normas
durante a realização do certame. escritas de caráter hierárquico superior que deveriam regular esta
A jurisprudência dos nossos Tribunais tem-se orientado no sen- limitação de poder.
tido de que só são passíveis de reexame judicial as questões cuja A ideologia de que o Poder Estatal não pode ser arbitrário fun-
impugnação se funda na ilegalidade da avaliação ou dos graus con- damenta a noção de norma no ápice do ordenamento jurídico, re-
feridos pelos examinadores ou ainda a ausência de impessoalidade gulamentando a atuação do Estado em todas suas esferas. Sendo
dedicada nas provas com privilégios exorbitantes a determinados assim, inaceitável a ideia de que um homem, o governante, pode
candidatos, com a exclusão arbitrária de outros. ser maior que o Estado.
Nos Estados de Direito, em que vige o princípio da legalidade, O objeto do direito constitucional é a Constituição, notadamen-
não há espaço para arbitrariedades estatais, ao impor a Ordem Jurí- te, a estruturação do Estado, o estabelecimento dos limites de sua
dica, não ficando de toda sorte excluída da apreciação judicial toda atuação, como os direitos fundamentais, e a previsão de normas
lesão ou ameaça a direito, inclusive quanto ao possível reexame relacionadas à ideologia da ordem econômica e social. Este objeto
judicial de atos praticados durante os concursos públicos ou pro- se relaciona ao conceito material de Constituição. No entanto, há
cessos de seleção. uma tendência pela ampliação do objeto de estudo do Direito Cons-
titucional, notadamente em países que adotam uma Constituição
Da investidura do servidor público analítica como o Brasil.

A investidura em cargo público, mesmo nos casos em que o Conceito de Constituição


cargo não é vitalício ou em comissão, terá que ser necessariamente É delicado definir o que é uma Constituição, pois de forma pa-
efetivo. cífica a doutrina compreende que este conceito pode ser visto sob
Embora em menor escala que nos cargos vitalícios, os cargos diversas perspectivas. Sendo assim, Constituição é muito mais do
efetivos também proporcionam segurança a seus titulares; a perda que um documento escrito que fica no ápice do ordenamento ju-
do cargo, segundo art. 41, §1º da Constituição Federal, só poderá rídico nacional estabelecendo normas de limitação e organização
ocorrer, quando estáveis, se houver sentença judicial ou processo do Estado, mas tem um significado intrínseco sociológico, político,
administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, e agora tam- cultural e econômico.
bém em virtude de avaliação negativa de desempenho durante o
período de estágio probatório. Constituição no sentido sociológico
Isso lhe garante que, uma vez legalmente investido em cargo O sentido sociológico de Constituição foi definido por Ferdi-
público passa a ser representante do Estado nas manifestações nand Lassale, segundo o qual toda Constituição que é elaborada
proferidas durante o exercício do cargo, e assim, passa a gozar de tem como perspectiva os fatores reais de poder na sociedade. Neste
prerrogativas especiais (típicas de direito público) com o objetivo de sentido, aponta Lassale18: “Colhem-se estes fatores reais de poder,
satisfazer as demandas coletivas. registram-se em uma folha de papel, [...] e, a partir desse momento,
incorporados a um papel, já não são simples fatores reais do poder,
Estágio experimental, estágio probatório e Estabilidade mas que se erigiram em direito, em instituições jurídicas, e quem
atentar contra eles atentará contra a lei e será castigado”. Logo, a
O instituto da Estabilidade corresponde à proteção ao ocupan- Constituição, antes de ser norma positivada, tem seu conteúdo de-
te do cargo, garantindo, não de forma absoluta, a permanência no limitado por aqueles que possuem uma parcela real de poder na
Serviço Público, o que permite a execução regular de suas ativida- sociedade. Claro que o texto constitucional não explicitamente tra-
des, visando exclusivamente o alcance do interesse coletivo. rá estes fatores reais de poder, mas eles podem ser depreendidos
ao se observar favorecimentos implícitos no texto constitucional.
No entanto, para se conquistar a estabilidade prevista constitu-
cionalmente é necessário superar a etapa de estágio experimental
ou também chamada de estágio probatório, que pressupõe a reali-
zação de avaliação de desempenho e transpor o período de 3 (três)
anos de efetivo desempenho da função.
A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta de
Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise sistemática do
desempenho do profissional em função das atividades que realiza,
das metas estabelecidas, dos resultados alcançados e do seu poten-
18 LASSALLE, Ferdinand. A Essência da Constituição. 6. ed. Rio
cial de desenvolvimento.
de Janeiro: Lumen Juris, 2001.

228
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Constituição no sentido político Considerados os exemplos da Lei da Ficha Limpa e do Colégio


Carl Schmitt19 propõe que o conceito de Constituição não está Pedro II, pode-se afirmar que na Constituição Federal de 1988 e no
na Constituição em si, mas nas decisões políticas tomadas antes de sistema jurídico brasileiro como um todo não há perfeita correspon-
sua elaboração. Sendo assim, o conceito de Constituição será estru- dência entre regras materialmente constitucionais e formalmente
turado por fatores como o regime de governo e a forma de Estado constitucionais.
vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Constituição
é o produto de uma decisão política e variará conforme o modelo Constituição no sentido jurídico
político à época de sua elaboração. Hans Kelsen representa o sentido conceitual jurídico de Consti-
tuição alocando-a no mundo do dever ser.
Constituição no sentido material Ao tratar do dever ser, Kelsen20 argumentou que somente exis-
Pelo conceito material de Constituição, o que define se uma te quando uma conduta é considerada objetivamente obrigatória
norma será ou não constitucional é o seu conteúdo e não a sua e, caso este agir do dever ser se torne subjetivamente obrigatório,
mera presença no texto da Carta Magna. Em outras palavras, de- surge o costume, que pode gerar a produção de normas morais ou
terminadas normas, por sua natureza, possuem caráter constitucio- jurídicas; contudo, somente é possível impor objetivamente uma
nal. Afinal, classicamente a Constituição serve para limitar e definir conduta por meio do Direito, isto é, a lei que estabelece o dever ser.
questões estruturais relativas ao Estado e aos seus governantes. Sobre a validade objetiva desta norma de dever ser, Kelsen21
Pelo conceito material de Constituição, não importa a maneira entendeu que é preciso uma correspondência mínima entre a con-
como a norma foi inserida no ordenamento jurídico, mas sim o seu duta humana e a norma jurídica imposta, logo, para ser vigente é
conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha limpa – Lei Complementar preciso ser eficaz numa certa medida, considerando eficaz a norma
nº 135/2010 – foi inserida no ordenamento na forma de lei com- que é aceita pelos indivíduos de tal forma que seja pouco violada.
plementar, não de emenda constitucional, mas tem por finalidade Trata-se de noção relacionada à de norma fundamental hipotética,
regular questões de inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo 14 presente no plano lógico-jurídico, fundamento lógico-transcenden-
da Constituição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa influen- tal da validade da Constituição jurídico-positiva.
cia no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo, um No entanto, o que realmente confere validade é o posiciona-
direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora prevista como mento desta norma de dever ser na ordem jurídica e a qualidade
lei complementar, na verdade regula o que na Constituição seria desta de, por sua posição hierarquicamente superior, estruturar
chamado de elemento limitativo. Para o conceito material de Cons- todo o sistema jurídico, no qual não se aceitam lacunas.
tituição, trata-se de norma constitucional. Kelsen22 definiu o Direito como ordem, ou seja, como um siste-
Pelo conceito material de Constituição, não importa a maneira ma de normas com o mesmo fundamento de validade – a existência
como a norma foi inserida no ordenamento jurídico, mas sim o seu de uma norma fundamental. Não importa qual seja o conteúdo des-
conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha limpa – Lei Complementar ta norma fundamental, ainda assim ela conferirá validade à norma
nº 135/2010 – foi inserida no ordenamento na forma de lei com- inferior com ela compatível.Esta norma fundamental que confere
plementar, não de emenda constitucional, mas tem por finalidade fundamento de validade a uma ordem jurídica é a Constituição.
regular questões de inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo 14 Pelo conceito jurídico de Constituição, denota-se a presença de
da Constituição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa influen- um escalonamento de normas no ordenamento jurídico, sendo que
cia no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo, um a Constituição fica no ápice desta pirâmide.
direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora prevista como
lei complementar, na verdade regula o que na Constituição seria Elementos da Constituição
chamado de elemento limitativo. Para o conceito material de Cons-
Outra noção relevante é a dos elementos da Constituição. Ba-
tituição, trata-se de norma constitucional.
sicamente, qualquer norma que se enquadre em um dos seguintes
elementos é constitucional:
Constituição no sentido formal
Como visto, o conceito de Constituição material pode abran-
Elementos Orgânicos
ger normas que estejam fora do texto constitucional devido ao
Referem-se ao cerne organizacional do Estado, notadamente
conteúdo delas. Por outro lado, Constituição no sentido formal é
no que tange a:
definida exclusivamente pelo modo como a norma é inserida no
a) Forma de governo – Como se dá a relação de poder entre
ordenamento jurídico, isto é, tudo o que constar na Constituição
Federal em sua redação originária ou for inserido posteriormente governantes e governados. Se há eletividade e temporariedade de
por emenda constitucional é norma constitucional, independente- mandato, tem-se a forma da República, se há vitaliciedade e here-
mente do conteúdo. ditariedade, tem-se Monarquia.
Neste sentido, é possível que uma norma sem caráter mate- b) Forma de Estado – delimita se o poder será exercido de for-
rialmente constitucional, seja formalmente constitucional, apenas ma centralizada numa unidade (União), o chamado Estado Unitário,
por estar inserida no texto da Constituição Federal. Por exemplo, ou descentralizada entre demais entes federativos (União e Esta-
o artigo 242, §2º da CF prevê que “o Colégio Pedro II, localizado na dos, classicamente), no denominado Estado Federal. O Brasil adota
cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal”. Ora, evi- a forma Federal de Estado.
dente que uma norma que trata de um colégio não se insere nem c) Sistema de governo – delimita como se dá a relação entre Po-
em elementos organizacionais, nem limitativos e nem socioideoló- der Executivo e Poder Legislativo no exercício das funções do Esta-
gicos. Trata-se de norma constitucional no sentido formal, mas não do, como maior ou menor independência e colaboração entre eles.
no sentido material. Pode ser Parlamentarismo ou Presidencialismo, sendo que o Brasil
adota o Presidencialismo.
20 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João
Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 08-10.
19 SCHMITT, Carl. Teoría de La Constitución. Presentación de 21 Ibid., p. 12.
Francisco Ayala. 1. ed. Madrid: Alianza Universidad Textos, 2003. 22 Ibid., p. 33.

229
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

d) Regime político – delimita como se dá a aquisição de poder, “A estes princípios, que são dados e não postos por convenção,
como o governante se ascende ao Poder. Se houver legitimação po- os homens têm acesso através da razão comum a todos, e são es-
pular, há Democracia, se houver imposição em detrimento do povo, tes princípios que permitem qualificar as condutas humanas como
há Autocracia. boas ou más – uma qualificação que promove uma contínua vin-
culação entre norma e valor e, portanto, entre Direito e Moral”24.
Elementos Limitativos Sendo assim, pela concepção de Direito Natural se funda o primeiro
A função primordial da Constituição não é apenas definir e es- elemento axiológico do constitucionalismo, que é a limitação do ar-
truturar o Estado e o governo, mas também estabelecer limites à bítrio estatal.
atuação do Estado. Neste sentido, não poderá fazer tudo o que bem
entender, se sujeitando a determinados limites. Ascensão do absolutismo
As normas de direitos fundamentais – categoria que abran- As origens históricas do constitucionalismo remetem-se à ne-
ge direitos individuais, direitos políticos, direitos sociais e direitos gação do absolutismo, ao enfrentamento da ideia de que o rei, so-
coletivos – formam o principal fator limitador do Poder do Estado, berano, tudo poderia fazer quanto aos seus súditos.
afinal, estabelecem até onde e em que medida o Estado poderá in- No processo de ascensão do absolutismo europeu, a monar-
terferir na vida do indivíduo. quia da Inglaterra encontrou obstáculos para se estabelecer no iní-
cio do século XIII, sofrendo um revés. Ao se tratar da formação da
Elementos Socioideológicos monarquia inglesa, em 1215 os barões feudais ingleses, em uma
Os elementos socioideológicos de uma Constituição são aque- reação às pesadas taxas impostas pelo Rei João Sem-Terra, impu-
les que trazem a principiologia da ordem econômica e social. seram-lhe a Magna Carta. Referido documento, em sua abertura,
expõe a noção de concessão do rei aos súditos, estabelece a exis-
Ciclos constitucionais: o movimento do constitucionalismo tência de uma hierarquia social sem conceder poder absoluto ao
soberano, prevê limites à imposição de tributos e ao confisco, cons-
Constitucionalismo é o movimento político-social pelo qual se titui privilégios à burguesia e traz procedimentos de julgamento ao
delineia a noção de que o Poder Estatal deve ser limitado, que evo- prever conceitos como o de devido processo legal, habeas corpus
luiu para um movimento jurídico defensor da imposição de normas e júri. A Magna Carta de 1215 instituiu ainda um Grande Conselho
escritas de caráter hierárquico superior que deveriam regular esta que foi o embrião para o Parlamento inglês, embora isto não signifi-
limitação de poder. que que o poder do rei não tenha sido absoluto em certos momen-
A ideologia de que o Poder Estatal não pode ser arbitrário fun- tos, como na dinastia Tudor. Havia um absolutismo de fato, mas não
damenta a noção de norma no ápice do ordenamento jurídico, re-
de Direito. Com efeito, em termos documentais, a Magna Carta de
gulamentando a atuação do Estado em todas suas esferas. Sendo
1215 já indicava uma ideia contemporânea de constitucionalismo
assim, inaceitável a ideia de que um homem, o governante, pode
que viria a surgir – a de norma escrita com fulcro de limitadora do
ser maior que o Estado.
Poder Estatal.
Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profundamente
Lei natural como primeiro limitador do arbítrio estatal
pelo antropocentrismo, colocando o homem no centro do univer-
A ideia de limitação do arbítrio estatal, em termos teóricos,
so, ocupando o espaço de Deus. Naturalmente, as premissas da lei
começa a ser delineada muito antes do combate ao absolutismo
natural passaram a ser questionadas, já que geralmente se associa-
renascentista em si. Neste sentido, remonta-se à literatura grega.
Na obra do filósofo Sófocles23 intitulada Antígona, a personagem vam à dimensão do divino. A negação plena da existência de direi-
se vê em conflito entre seguir o que é justo pela lei dos homens tos inatos ao homem implicava em conferir um poder irrestrito ao
em detrimento do que é justo por natureza quando o rei Creonte soberano, o que gerou consequências que desagradavam a burgue-
impõe que o corpo de seu irmão não seja enterrado porque havia sia. Não obstante, falava-se em Direito Natural do soberano de fazer
lutado contra o país. Neste sentido, a personagem Antígona defen- o que bem entendesse, por sua herança divina do poder.
de, ao ser questionada sobre o descumprimento da ordem do rei: O príncipe, obra de Maquiavel (1469 D.C. - 1527 D.C.) conside-
“sim, pois não foi decisão de Zeus; e a Justiça, a deusa que habita rada um marco para o pensamento absolutista, relata com precisão
com as divindades subterrâneas, jamais estabeleceu tal decreto este contexto no qual o poder do soberano poderia se sobrepor
entre os humanos; tampouco acredito que tua proclamação tenha a qualquer direito alegadamente inato ao ser humano desde que
legitimidade para conferir a um mortal o poder de infringir as leis sua atitude garantisse a manutenção do poder. Maquiavel25 consi-
divinas, nunca escritas, porém irrevogáveis; não existem a partir de dera “na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra
ontem, ou de hoje; são eternas, sim! E ninguém pode dizer desde a qual não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um
quando vigoram! Decretos como o que proclamaste, eu, que não príncipe pretende conquistar e manter o poder, os meios que em-
temo o poder de homem algum, posso violar sem merecer a pu- pregue serão sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos,
nição dos deuses! [...]”. Em termos de discussão filosófica, muito pois o vulgo atenta sempre para as aparências e os resultados”.
se falou a respeito do Direito Natural, limitador do arbítrio estatal, Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de forma au-
antes da ascensão do absolutismo. Desde a filosofia grega clássica, tocrática, baseados na teoria política desenvolvida até então que
passando pela construção da civilização romana com o pensamento negava a exigência do respeito ao Direito Natural no espaço públi-
de Cícero, culminando no pensamento da Idade Média fundado no co. Somente num momento histórico posterior se permitiu algum
cristianismo, notadamente pelo pensamento de Santo Agostinho e resgate da aproximação entre a Moral e o Direito, qual seja o da
Santo Tomás de Aquino. No geral, compreende-se a existência de Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, com o movimento
normas transcendentais que não precisam ser escritas para que de- do Iluminismo, que conferiu alicerce para as Revoluções Francesa e
vam ser consideradas existentes e, mais do que isso, consolida-se a
24 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um di-
premissa de que norma escrita contrária à lei natural não poderia
álogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das
ser norma válida.
Letras, 2009, p. 16.
23 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. São 25 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti.
Paulo: Martin Claret, 2003, p. 96. São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 111.

230
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Industrial – ainda assim a visão antropocentrista permaneceu, mas Uma de suas principais características é a criação de um Poder
começou a se consolidar a ideia de que não era possível que o sobe- Moderador, exercido pelo imperador, que controlava os demais po-
rano impusesse tudo incondicionalmente aos seus súditos. deres, conforme o artigo 98 da referida Carta: “O Poder Moderador
é a chave de toda a organização Política, e é delegado privativamen-
Iluminismo e o pensamento contratualista te ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Re-
O Iluminismo lançou base para os principais eventos que ocor- presentante, para que incessantemente vele sobre a manutenção
reram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as Revolu- da Independência, equilíbrio, e harmonia dos mais Poderes Políti-
ções Francesa, Americana e Industrial. Tiveram origem nestes movi- cos”. Sendo assim, criava um Estado imperial, unitário (centralizado
mentos todos os principais fatos do século XIX e do início do século no imperador).
XX, por exemplo, a disseminação do liberalismo burguês, o declínio Foi a que por mais tempo vigorou no Brasil – 65 anos. Era se-
das aristocracias fundiárias e o desenvolvimento da consciência de mirrígida, criando procedimentos diversos de alteração das normas
classe entre os trabalhadores26. constitucionais (única brasileira que teve esta característica). Esta-
Jonh Locke (1632 D.C. - 1704 D.C.) foi um dos pensadores da belecia o catolicismo como religião oficial (Estado confessional).
época, transportando o racionalismo para a política, refutando o Não permitia que todos votassem, mas apenas os que demonstras-
Estado Absolutista, idealizando o direito de rebelião da sociedade sem certa renda (sufrágio censitário).
civil e afirmando que o contrato entre os homens não retiraria o seu
estado de liberdade. Ao lado dele, pode ser colocado Montesquieu Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 24
(1689 D.C. - 1755 D.C.), que avançou nos estudos de Locke e na obra de fevereiro de 1891
O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de Foi promulgada por representantes reunidos em Congresso
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim, merece men- Constituinte, presididos pelo primeiro presidente civil do Brasil (Es-
ção o pensador Rousseau (1712 D.C. - 1778 D.C.), defendendo que o tado presidencialista), Prudente de Moraes, após a queda do Im-
homem é naturalmente bom e formulando na obra O Contrato So- pério, diante da proclamação da República em 15 de novembro de
cial a teoria da vontade geral, aceita pela pequena burguesia e pelas 1889.
camadas populares face ao seu caráter democrático. Enfim, estes Em termos de modelo político, se inspirou no norte-americano,
três contratualistas trouxeram em suas obras as ideias centrais das recentemente adotado após a independência das 13 colônias, de-
Revoluções Francesa e Americana. Em comum, defendiam que o nominado Estado federalista. Quanto ao modelo filosófico, seguiu
Estado era um mal necessário, mas que o soberano não possuía
o positivismo de Augusto Comte (do qual se extraiu o lema “Ordem
poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas pelos direitos
e Progresso”.
dos cidadãos submetidos ao regime estatal. No entanto, Rousseau
O Estado deixa de ser confessional, não mais tendo a religião
era o pensador que mais se diferenciava dos dois anteriores, que
católica como oficial, se tornando um Estado laico.
eram mais individualistas e trouxeram os principais fundamentos
do Estado Liberal, porque defendia a entrega do poder a quem re-
almente estivesse legitimado para exercê-lo, pensamento que mais Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 16
se aproxima da atual concepção de democracia. de julho de 1934
Com efeito, o texto constitucional tem a aptidão de exteriori- Promulgada por uma Assembleia Nacional Constituinte reuni-
zar, dogmatizar, este contrato social celebrado entre a sociedade da no Rio de Janeiro, a qual elegeu indiretamente Getúlio Vargas
e o Estado. Neste sentido, a Declaração Francesa dos Direitos do como Presidente da República. Decorreu de um delicado contexto
Homem e do Cidadão de 1789 foi o primeiro passo escrito para o histórico, após a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, entran-
estabelecimento de uma Constituição Escrita na França, datada de do em crise a política do café com leite segundo a qual a indicação
1791; ao passo que a Constituição dos Estados Unidos da Améri- do Presidente deveria se revezar entre mineiros e paulistas. O pau-
ca foi estabelecida em 1787, estando até hoje vigente com poucas lista Washington Luís, em vez de respeitar a ordem, indicou outro
emendas, notadamente por se tratar de texto sintético com apenas paulista, Júlio Prestes, levando os mineiros a lançarem candidato de
7 artigos. oposição, Getúlio Vargas. Com a Revolução de 1930, Washington
Luís foi deposto e, após a derrota de São Paulo na Revolução Cons-
Rumos do constitucionalismo titucionalista de 1932, entendeu-se que seria necessário elaborar
A partir dos mencionados eventos históricos, o constituciona- uma nova Constituição.
lismo alçou novos rumos. Hoje, é visto não apenas como fator de Mantém o Estado presidencialista, republicano, federal e laico.
limitação do Poder Estatal, mas como verdadeiro vetor social que A alteração mais sensível quanto à Constituição anterior consistiu
guia à efetivação de direitos e garantias fundamentais e que busca na instauração do constitucionalismo social, garantindo expressa-
a construção de uma sociedade mais justa e fraterna. mente os direitos fundamentais de segunda dimensão ao criar a
Justiça do Trabalho, colacionar os direitos sociais e assegurar a edu-
Histórico das Constituições Brasileiras cação fundamental gratuita, bem como estabelecendo o direito de
voto da mulher.
Constituição Política do Império do Brasil de 25 de março de
1824 Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 10 de novembro
Trata-se do texto constitucional outorgado pelo imperador
de 1937
Dom Pedro I após a independência brasileira em 07 de setembro de
Sob o argumento de que um golpe comunista estaria se infil-
1822. Inicialmente, o imperador havia chamado os representantes
trando no país (plano Cohen), Getúlio Vargas ab-rogou a Constitui-
da província para discutirem o seu texto, mas dissolveu a Assem-
ção de 1934 e outorgou a Carta de 1937. Sendo assim, trata-se de
bleia e nomeou pessoas que elaboraram a Carta que posteriormen-
te ele outorgou. Constituição outorgada, fruto da concepção ideológica totalitária
do integralismo. Esta Constituição foi apelidada de polaca, por ser
26 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do influenciada pela Constituição totalitária da Polônia e por sua ori-
homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert gem espúria, não genuína.
E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.

231
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

O federalismo foi mantido na teoria, mas na prática o que se Em termos meramente teóricos, a Constituição de 1967 man-
percebia era a intervenção crescente da União nos Estados-mem- tinha o Estado presidencialista, republicano, federal e laico. Contu-
bros pela nomeação dos interventores federais. Também a sepa- do, de forma inegável concentrava os poderes na União e no Poder
ração dos poderes se torna uma falácia, mediante a transferência Executivo. Em verdade, a Constituição permitia esta concentração
de ampla competência legislativa ao Presidente e a conferência de e intervenção, mas ela era regulamentada por meio dos atos insti-
poder a este para dissolver a Câmara dos Deputados e colocar em tucionais, que reformavam a Constituição e derrogavam seus dis-
recesso o Conselho Federal. Neste sentido, na vigência desta Carta positivos.
a atividade legislativa passou a se dar predominantemente pelos Entre os atos institucionais, destaca-se o denominado ato insti-
decretos-leis (ato legislativo do Presidente com força de lei federal), tucional nº 5, pelo qual continuaria em vigor a Constituição no que
restando em recesso o Congresso Nacional. não contrariasse este ato, sendo que ele estabelecia uma restrição
sem precedentes dos direitos individuais e políticos. O AI nº 5 foi
Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 18 de setembro uma resposta ao movimento de contestação ao sistema político que
de 1946 se fortalecia.
Em 29 de outubro de 1945 um golpe militar derrubou a ditadu- Em 17 de outubro de 1969 sobrevém a Emenda Constitucional
ra de Vargas, depondo o então Presidente, que havia iniciado ten- nº 1/69, que altera a Constituição de 1967 de forma substancial,
tativas de restabelecer a alternância de poder, como a autorização a ponto de ser considerada por parte da doutrina e pelo próprio
de funcionamento dos partidos políticos, mas que após uma onda Supremo Tribunal Federal como Constituição autônoma. Entre ou-
de manifestações para sua permanência parecia relutante (que- tras disposições, legalizava a pena de morte, a pena de banimento e
remismo). Ao final de 1945 foram realizadas eleições diretas, que
validava os atos institucionais. Sendo assim, distanciava ainda mais
levaram ao poder o General Eurico Gaspar Dutra, candidato do Par-
o país do modelo democrático.
tido Social Democrático contra o candidato da União Democrática
Nacional, Brigadeiro Eduardo Gomes.
Histórico e Estrutura da Constituição Federal de 1988
Foi convocada Assembleia Nacional Constituinte que promul-
gou a Constituição de 1946 e restabeleceu o Estado Democrático de
Direito, devolvendo autonomia aos Estados-membros. O início da redemocratização do Brasil se deu no governo Gei-
Mantém o Estado presidencialista, republicano, federal e laico. sel, que assumiu a presidência em março de 1974 prometendo dar
Logo, o federalismo e a separação dos poderes deixam de ser mera início a um processo de redemocratização gradual e seguro, deno-
fachada. minado distensão. A verdade é que a força militar estava desgas-
Nos anos 50, realizam-se eleições livres e diretas que recon- tada e nem ao menos era mais viável manter o rigoroso controle
duzem Getúlio ao poder, mas agora ele assume num contexto não exercido na ditadura. A era do chamado “milagre econômico” che-
ditatorial, com Poder Legislativo funcionando e Estados-membros gava ao fim, desencadeando-se movimentos de greve em todo país.
independentes. Na tentativa de eliminar esta oposição, Getúlio or- Logo, não se tratou de ato nobre ou de boa vontade de Geisel ou
ganiza atentado contra seu líder, Carlos Lacerda, que é frustrado. dos militares.
Após, em 1955, Getúlio se suicida no palácio do catete. No governo Geisel, é promulgada a Emenda Constitucional nº
Então, é eleito Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que cumpre 11 à Constituição de 1967, revogando os atos institucionais. No iní-
com o propósito de transferir a capital do país ao planalto central cio do governo seguinte, de Figueiredo, é promulgada a Lei da Anis-
(Brasília). Após seu mandato, é eleito Jânio da Silva Quadros, que tia, retornando os banidos ao Brasil.
renuncia numa tentativa de obter mais poderes porque imaginava A primeira eleição neste contexto de redemocratização foi in-
que o Congresso se oporia à sua renúncia para evitar que João Gou- direta, vencida por Tancredo Neves, que adoeceu antes de assumir,
lart, seu vice, assumisse. Contudo, a renúncia foi aceita, emendan- passando a posição a José Sarney. No governo Sarney foi convocada
do-se a Constituição para colocar João Goulart na posição de chefe a Assembleia Constituinte, que elaborou a Constituição Federal de
de Estado e Tancredo Neves na de chefe de governo, mudança que 1988.
foi rejeitada em plebiscito posterior, passando João Goulart a con- Com efeito, após um longo período de 21 anos, o regime militar
centrar as duas funções no cargo de Presidente da República. ditatorial no Brasil caiu, deflagrando-se num processo democrático.
As forças de oposição foram beneficiadas neste processo de abertu-
Constituição da República Federativa do Brasil de 24 de janei- ra, conseguindo relevantes conquistas sociais e políticas, processo
ro de 1967 que culminou na Constituição de 198827.
Diante de iniciativas de João Goulart contra os interesses mili-
“A luta pela normalização democrática e pela conquista do Es-
tares, é dado golpe em 31 de março de 1964, a princípio apoiado
tado de Direito Democrático começará assim que instalou o golpe
pela população. Então, os militares outorgam ato institucional pelo
de 1964 e especialmente após o AI5, que foi o instrumento mais au-
qual se revestem de poder normativo, passam a poder caçar parla-
toritário da história política do Brasil. Tomará, porém, as ruas, a par-
mentares, suspender direitos políticos, restringir direitos e garan-
tias e requerer nomeação de Presidente da República ao Congresso tir da eleição de Governadores em 1982. Intensificar-se-á, quando,
Nacional, findando as eleições diretas e livres. O segundo ato insti- no início de 1984, as multidões acorreram entusiásticas e ordeiras
tucional põe o Congresso em recesso e extingue partidos políticos. aos comícios em prol da eleição direta do Presidente da República,
Este Congresso somente é ressuscitado para votar a Constitui- interpretando o sentimento da Nação, em busca do reequilíbrio da
ção enviada pelo Presidente, homologando-a sem qualquer auto- vida nacional, que só poderia consubstanciar-se numa nova ordem
nomia. A Constituição é, assim, promulgada, mas não de forma de- constitucional que refizesse o pacto político-social”28.
mocrática. Logo, pode ser considerada imposta, outorgada.

27 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucio-


nal Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 21-37.
28 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi-
vo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

232
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

A atual Constituição institucionaliza a instauração de um regi- Quanto à forma


me político democrático no Brasil, além de introduzir indiscutível a) Escrita – É a Constituição estabelecida em um único texto
avanço na consolidação legislativa dos direitos e garantias funda- escrito, formalmente aprovado pelo Legislativo com esta qualidade.
mentais e na proteção dos grupos vulneráveis brasileiros. Assim, a Se o texto for resumido e apenas contiver normas básicas, a Cons-
partir da Constituição de 1988 os direitos humanos ganharam rele- tituição escrita é sintética; se o texto for extenso, delimitando em
vo extraordinário, sendo este documento o mais abrangente e por- detalhes questões que muitas vezes excedem mesmo o conceito
menorizado de direitos fundamentais já adotado no Brasil29. material de Constituição, a Constituição escrita é analítica. Firma-se
Piovesan30 lembra que o texto de 1988 inova ao disciplinar pri- a adoção de um sistema conhecido como Civil Law. O Brasil adota
meiro os direitos e depois questões relativas ao Estado, diferente uma Constituição escrita analítica.
das demais, o que demonstra a prioridade conferida a estes direi- b) Não escrita – Não significa que não existam normas escritas
tos. Logo, na Constituição de 1988, o Estado não existe para o go- que regulem questões constitucionais, mas que estas normas não
verno, mas sim para o povo. estão concentradas num único texto e que nem ao menos depen-
Sendo assim, a Constituição Federal de 1988 foi promulgada, dem desta previsão expressa devido à possível origem em outros
adotando um Estado presidencialista, republicano, federal e laico. fatores sociais, como costumes. Por isso, a Constituição não escrita
Destaca-se que a escolha pela forma e pelo sistema de governo foi é conhecida como costumeira. É adotada por países como Reino
feita pela participação direta do povo mediante plebiscito realizado Unido, Israel e Nova Zelândia. Adotada esta Constituição, o sistema
em 21 de abril de 1963, concernente à aprovação ou rejeição de jurídico se estruturará no chamado Common Law (Direito costumei-
Emenda Constitucional que adaptaria a Constituição ao novo mo- ro), exteriorizado no Case Law (sistema de precedentes).
delo. A maioria votou pelo sistema republicano e pelo regime presi-
dencialista, mantendo a estrutura da Constituição de 1988. Quanto ao modo de elaboração
a) Dogmática –sempre escritas, estas Constituições são elabo-
A Constituição Federal de 1988 adota a seguinte estrutura: radas num só ato a partir de concepções pré-estabelecidas e ideo-
logias já declaradas. A Constituição brasileira de 1988 é dogmática.
- PREÂMBULO, que tem a função introdutória ao texto cons- b) Histórica – aproxima-se da Constituição dogmática, eis que
titucional, exteriorizando a ideologia majoritária da constituinte e o seu processo de formação é lento e contínuo com o passar dos
que, sem dúvidas, tem importância por ser um elemento de inter- tempos.
pretação. Há posição que afirme que o preâmbulo tem força nor-
mativa, da mesma forma que existe posição em sentido contrário. Quanto à estabilidade
- DISPOSIÇÕES PERMANENTES, divididas em títulos: a) Rígida – exige, para sua alteração, um processo legislativo
Título I – Dos princípios fundamentais; mais árduo.
Título II – Dos direitos e garantias fundamentais; Obs.: A Constituição super-rígida, classificação defendida por
Título III – Da organização do Estado; parte da doutrina, além de ter um processo legislativo diferenciado
Título IV – Da organização dos Poderes; para emendas constitucionais, tem certas normas que não podem
Título V – Da defesa do Estado e das instituições democráticas; nem ao menos ser alteradas – denominadas cláusula pétreas.
Título VI – Da tributação e do orçamento; A Constituição brasileira de 1988 pode ser considerada rígida.
Título VII – Da ordem econômica e financeira; Pode ser também vista como super-rígida aos que defendem esta
Título VIII – Da ordem social; subclassificação.
Título IX –Das disposições constitucionais gerais. b) Flexível – Não é necessário um processo legislativo mais ár-
- DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS, que traz disposições de direito duo para a alteração das normas constitucionais, utilizando-se o
intertemporal que têm por finalidade básica regulamentar a transi- mesmo processo das normas infraconstitucionais.
ção de um sistema constitucional para outro. c) Semiflexível ou semirrígida – Ela é tanto rígida quanto fle-
xível, pois parte de suas normas precisam de processo legislativo
Além disso, também compõem o bloco de constitucionalidade especial para serem alteradas e outra parte segue o processo legis-
em sentido estrito, isto é, são consideradas normas constitucionais: lativo comum.

- EMENDAS CONSTITUCIONAIS, que decorrem do Poder Consti- Quanto à função


tuinte derivado, reformando o texto constitucional. a) Garantia – busca garantir a liberdade e serve notadamente
- TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS APROVADOS NOS para limitar o poder do Estado.
MOLDES DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004 (art. 5º, §2º, b) Dirigente – vai além da garantia da liberdade e da limitação
CF), isto é, como se emenda constitucional fosse, em 2 turnos no do poder do Estado, definindo um projeto de Estado a ser alcança-
Congresso Nacional por 3/5 do total dos membros de cada Casa. do. A Constituição brasileira de 1988 é dirigente.

Classificação das Constituições Quanto à origem


Por fim, ressaltam-se as denominadas classificações das Cons- a) Outorgada – é aquela imposta unilateralmente pelo agente
tituições: revolucionário. A Constituição outorgada é denominada como Car-
ta.
b) Promulgada – é aquela que é votada, sendo também conhe-
cida como democrática ou popular. Decorre do trabalho de uma
Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo para em nome
29 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucio- dele atuar (legitimação popular). A Constituição promulgada é de-
nal Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 21-37. nominada Constituição, enquadrando-se nesta categoria a Consti-
30 Ibid., p. 21-37. tuição brasileira de 1988.

233
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Obs.: Constituição cesarista é aquela que não é outorgada, mas Quanto à origem
também não é promulgada. Se dá quando um projeto do agente re- a) Outorgada – é aquela imposta unilateralmente pelo agente
volucionário é posto para votação do povo, que meramente ratifica revolucionário. A Constituição outorgada é denominada como Car-
a vontade do detentor do poder. ta.
b) Promulgada – é aquela que é votada, sendo também conhe-
Quanto à dogmática cida como democrática ou popular. Decorre do trabalho de uma
a) Ortodoxa – formada por uma só ideologia. Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo para em nome
b) Eclética – atenta a fatores multiculturais, trazendo ideologias dele atuar (legitimação popular). A Constituição promulgada é de-
conciliatórias. A Constituição de 1988 é eclética. nominada Constituição, enquadrando-se nesta categoria a Consti-
tuição brasileira de 1988.
Classificação das Constituições Obs.: Constituição cesarista é aquela que não é outorgada, mas
Por fim, ressaltam-se as denominadas classificações das Cons- também não é promulgada. Se dá quando um projeto do agente re-
tituições: volucionário é posto para votação do povo, que meramente ratifica
a vontade do detentor do poder.
Quanto à forma
a) Escrita – É a Constituição estabelecida em um único texto Quanto à dogmática
escrito, formalmente aprovado pelo Legislativo com esta qualidade. a) Ortodoxa – formada por uma só ideologia.
Se o texto for resumido e apenas contiver normas básicas, a Cons- b) Eclética – atenta a fatores multiculturais, trazendo ideologias
tituição escrita é sintética; se o texto for extenso, delimitando em conciliatórias. A Constituição de 1988 é eclética.
detalhes questões que muitas vezes excedem mesmo o conceito
material de Constituição, a Constituição escrita é analítica. Firma-se Elementos da Constituição
a adoção de um sistema conhecido como Civil Law. O Brasil adota Basicamente, qualquer norma que se enquadre em um dos se-
uma Constituição escrita analítica. guintes elementos é constitucional:
b) Não escrita – Não significa que não existam normas escritas
que regulem questões constitucionais, mas que estas normas não Elementos Orgânicos
estão concentradas num único texto e que nem ao menos depen- Referem-se ao cerne organizacional do Estado, notadamente
dem desta previsão expressa devido à possível origem em outros no que tange a:
fatores sociais, como costumes. Por isso, a Constituição não escrita a) Forma de governo – Como se dá a relação de poder entre
é conhecida como costumeira. É adotada por países como Reino governantes e governados. Se há eletividade e temporariedade de
Unido, Israel e Nova Zelândia. Adotada esta Constituição, o sistema mandato, tem-se a forma da República, se há vitaliciedade e here-
jurídico se estruturará no chamado Common Law (Direito costumei- ditariedade, tem-se Monarquia.
ro), exteriorizado no Case Law (sistema de precedentes). b) Forma de Estado – delimita se o poder será exercido de for-
ma centralizada numa unidade (União), o chamado Estado Unitário,
Quanto ao modo de elaboração ou descentralizada entre demais entes federativos (União e Esta-
a) Dogmática –sempre escritas, estas Constituições são elabo- dos, classicamente), no denominado Estado Federal. O Brasil adota
radas num só ato a partir de concepções pré-estabelecidas e ideo- a forma Federal de Estado.
logias já declaradas. A Constituição brasileira de 1988 é dogmática. c) Sistema de governo – delimita como se dá a relação entre Po-
b) Histórica – aproxima-se da Constituição dogmática, eis que der Executivo e Poder Legislativo no exercício das funções do Esta-
o seu processo de formação é lento e contínuo com o passar dos do, como maior ou menor independência e colaboração entre eles.
tempos. Pode ser Parlamentarismo ou Presidencialismo, sendo que o Brasil
adota o Presidencialismo.
Quanto à estabilidade d) Regime político – delimita como se dá a aquisição de poder,
a) Rígida – exige, para sua alteração, um processo legislativo como o governante se ascende ao Poder. Se houver legitimação po-
mais árduo. pular, há Democracia, se houver imposição em detrimento do povo,
Obs.: A Constituição super-rígida, classificação defendida por há Autocracia.
parte da doutrina, além de ter um processo legislativo diferenciado
para emendas constitucionais, tem certas normas que não podem Elementos Limitativos
nem ao menos ser alteradas – denominadas cláusula pétreas. A função primordial da Constituição não é apenas definir e es-
A Constituição brasileira de 1988 pode ser considerada rígida. truturar o Estado e o governo, mas também estabelecer limites à
Pode ser também vista como super-rígida aos que defendem esta atuação do Estado. Neste sentido, não poderá fazer tudo o que bem
subclassificação. entender, se sujeitando a determinados limites.
b) Flexível – Não é necessário um processo legislativo mais ár-
duo para a alteração das normas constitucionais, utilizando-se o As normas de direitos fundamentais – categoria que abran-
mesmo processo das normas infraconstitucionais. ge direitos individuais, direitos políticos, direitos sociais e direitos
c) Semiflexível ou semirrígida – Ela é tanto rígida quanto fle- coletivos – formam o principal fator limitador do Poder do Estado,
xível, pois parte de suas normas precisam de processo legislativo afinal, estabelecem até onde e em que medida o Estado poderá in-
especial para serem alteradas e outra parte segue o processo legis- terferir na vida do indivíduo.
lativo comum.
Quanto à função Elementos Socioideológicos
a) Garantia – busca garantir a liberdade e serve notadamente Os elementos socioideológicos de uma Constituição são aque-
para limitar o poder do Estado. les que trazem a principiologia da ordem econômica e social.
b) Dirigente – vai além da garantia da liberdade e da limitação
do poder do Estado, definindo um projeto de Estado a ser alcança-
do. A Constituição brasileira de 1988 é dirigente.

234
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recur-
1988 so, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe pretende
conquistar e manter o poder, os meios que empregue serão sempre
PREÂMBULO tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta
sempre para as aparências e os resultados”.
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem- A concepção de soberania inerente ao monarca se quebrou
bléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, numa fase posterior, notadamente com a ascensão do ideário ilumi-
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, nista. Com efeito, passou-se a enxergar a soberania como um poder
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual- que repousa no povo. Logo, a autoridade absoluta da qual emana
dade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater- o poder é o povo e a legitimidade do exercício do poder no Estado
na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e emana deste povo.
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução Com efeito, no Estado Democrático se garante a soberania
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, popular, que pode ser conceituada como “a qualidade máxima do
poder extraída da soma dos atributos de cada membro da socie-
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
dade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no
governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto e
TÍTULO I
igualitário” .
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo único do ar-
tigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana do povo, que o
1) Fundamentos da República exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos ter-
mos desta Constituição”. O povo é soberano em suas decisões e as
O título I da Constituição Federal trata dos princípios funda- autoridades eleitas que decidem em nome dele, representando-o,
mentais do Estado brasileiro e começa, em seu artigo 1º, trabalhan- devem estar devidamente legitimadas para tanto, o que acontece
do com os fundamentos da República Federativa brasileira, ou seja, pelo exercício do sufrágio universal.
com as bases estruturantes do Estado nacional. Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da ativi-
Neste sentido, disciplina: dade econômica (artigo 170, I, CF), restando demonstrado que não
somente é guia da atuação política do Estado, mas também de sua
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união atuação econômica. Neste sentido, deve-se preservar e incentivar a
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- indústria e a economia nacionais.
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania; 1.2) Cidadania
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana; Quando se afirma no caput do artigo 1º que a República Fe-
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; derativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito, remete-se
V - o pluralismo político. à ideia de que o Brasil adota a democracia como regime político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as comuni-
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos dades de aldeias começaram a ceder lugar para unidades políticas
desta Constituição. maiores, surgindo as chamadas cidades-estado ou polis, como Te-
bas, Esparta e Atenas. Inicialmente eram monarquias, transforma-
Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual destes ram-se em oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-
fundamentos. -se democracias. Com efeito, as origens da chamada democracia se
encontram na Grécia antiga, sendo permitida a participação direta
daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por meio da dis-
1.1) Soberania
cussão na polis.
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime político em
Soberania significa o poder supremo que cada nação possui de
que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos, de
se autogovernar e se autodeterminar. Este conceito surgiu no Es-
forma direta (quando um cidadão se reúne com os demais e, juntos,
tado Moderno, com a ascensão do absolutismo, colocando o reina eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é
posição de soberano. Sendo assim, poderia governar como bem en- dado o poder de eleger um representante).
tendesse, pois seu poder era exclusivo, inabalável, ilimitado, atem- Portanto, o conceito de democracia está diretamente ligado ao
poral e divino, ou seja, absoluto. de cidadania, notadamente porque apenas quem possui cidadania
Neste sentido, Thomas Hobbes , na obra Leviatã, defende que está apto a participar das decisões políticas a serem tomadas pelo
quando os homens abrem mão do estado natural, deixa de predo- Estado.
minar a lei do mais forte, mas para a consolidação deste tipo de Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vínculo polí-
sociedade é necessária a presença de uma autoridade à qual todos tico-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza de direitos
os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, políticos, ou seja, que pode votar e ser votado (sufrágio universal).
permitindo que esta autoridade possa assegurar a paz interna e a Destacam-se os seguintes conceitos correlatos:
defesa comum. Este soberano, que à época da escrita da obra de a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um indi-
Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Leviatã, uma au- víduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar
toridade inquestionável. o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações.
No mesmo direcionamento se encontra a obra de Maquiavel b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas
, que rejeitou a concepção de um soberano que deveria ser justo pelo vínculo da nacionalidade.
e ético para com o seu povo, desde que sempre tivesse em vista a c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado, nacio-
finalidade primordial de manter o Estado íntegro: “na conduta dos nais ou não.

235
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido aos na- 1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
cionais titulares de direitos políticos, permitindo a consolidação do
sistema democrático. Quando o constituinte coloca os valores sociais do trabalho em
paridade com a livre iniciativa fica clara a percepção de necessário
1.3) Dignidade da pessoa humana equilíbrio entre estas duas concepções. De um lado, é necessário
garantir direitos aos trabalhadores, notadamente consolidados nos
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação direitos sociais enumerados no artigo 7º da Constituição; por outro
de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa lado, estes direitos não devem ser óbice ao exercício da livre ini-
se considerar compatível com os valores éticos, notadamente da ciativa, mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade
moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio do mais
humana significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como forte sobre o mais fraco.
centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídico, Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar a explora-
seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação. ção de atividades econômicas no território brasileiro, coibindo-se
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou plena, é práticas de truste (ex.: monopólio). O constituinte não tem a inten-
possível conceituar dignidade da pessoa humana como o principal ção de impedir a livre iniciativa, até mesmo porque o Estado na-
valor do ordenamento ético e, por consequência, jurídico que pre- cional necessita dela para crescer economicamente e adequar sua
tende colocar a pessoa humana como um sujeito pleno de direitos estrutura ao atendimento crescente das necessidades de todos os
e obrigações na ordem internacional e nacional, cujo desrespeito que nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é pos-
acarreta a própria exclusão de sua personalidade. sível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais afirmados
Aponta Barroso : “o princípio da dignidade da pessoa humana na Constituição Federal como direitos fundamentais.
identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar de ma-
as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito à criação, neira racional, tendo em vista os direitos inerentes aos trabalhado-
independente da crença que se professe quanto à sua origem. A res, no que se consolida a expressão “valores sociais do trabalho”. A
dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito
pessoa que trabalha para aquele que explora a livre iniciativa deve
como com as condições materiais de subsistência”.
ter a sua dignidade respeitada em todas as suas dimensões, não
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do Tribu-
somente no que tange aos direitos sociais, mas em relação a todos
nal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito numa das
os direitos fundamentais afirmados pelo constituinte.
decisões que relatou: “a dignidade consiste na percepção intrín-
A questão resta melhor delimitada no título VI do texto cons-
seca de cada ser humano a respeito dos direitos e obrigações, de
titucional, que aborda a ordem econômica e financeira: “Art. 170.
modo a assegurar, sob o foco de condições existenciais mínimas,
A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano
a participação saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem que
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência dig-
isso importe destilação dos valores soberanos da democracia e
na, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
das liberdades individuais. O processo de valorização do indivíduo
articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem olvidar princípios [...]”. Nota-se no caput a repetição do fundamento repu-
que o espectro de abrangência das liberdades individuais encon- blicano dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
tra limitação em outros direitos fundamentais, tais como a honra, a Por sua vez, são princípios instrumentais para a efetivação des-
vida privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva registrar que essas te fundamento, conforme previsão do artigo 1º e do artigo 170, am-
garantias, associadas ao princípio da dignidade da pessoa humana, bos da Constituição, o princípio da livre concorrência (artigo 170, IV,
subsistem como conquista da humanidade, razão pela qual auferi- CF), o princípio da busca do pleno emprego (artigo 170, VIII, CF) e
ram proteção especial consistente em indenização por dano moral o princípio do tratamento favorecido para as empresas de peque-
decorrente de sua violação” . no porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede
Para Reale , a evolução histórica demonstra o domínio de um e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, assegurando a
valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem gradativa livre iniciativa no exercício de atividades econômicas, o parágrafo
entre os valores; mas existem os valores fundamentais e os secun- único do artigo 170 prevê: “é assegurado a todos o livre exercício de
dários, sendo que o valor fonte é o da pessoa humana. Nesse sen- qualquer atividade econômica, independentemente de autorização
tido, são os dizeres de Reale : “partimos dessa ideia, a nosso ver de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.
básica, de que a pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores.
O homem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo 1.5) Pluralismo político
entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais da mes-
ma espécie. O homem, considerado na sua objetividade espiritual, A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da multi-
enquanto ser que só realiza no sentido de seu dever ser, é o que plicidade de ideologias culturais, religiosas, econômicas e sociais
chamamos de pessoa. Só o homem possui a dignidade originária de no âmbito de uma nação. Quando se fala em pluralismo político,
ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente como razão deter- afirma-se que mais do que incorporar esta multiplicidade de ideo-
minante do processo histórico”. logias cabe ao Estado nacional fornecer espaço para a manifestação
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade da pes- política delas.
soa humana como um dos fundamentos da República, faz emergir Sendo assim, pluralismo político significa não só respeitar a
uma nova concepção de proteção de cada membro do seu povo. multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de tudo garantir a
Tal ideologia de forte fulcro humanista guia a afirmação de todos os existência dela, permitindo que os vários grupos que compõem os
direitos fundamentais e confere a eles posição hierárquica superior mais diversos setores sociais possam se fazer ouvir mediante a li-
às normas organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que berdade de expressão, manifestação e opinião, bem como possam
está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus membros, exigir do Estado substrato para se fazerem subsistir na sociedade.
e não o inverso.

236
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou multipar- Ao modelo de repartição do exercício de poder por intermédio
tidarismo, que é apenas uma de suas consequências e garante que de órgãos ou funções distintas e independentes de forma que um
mesmo os partidos menores e com poucos representantes sejam desses não possa agir sozinho sem ser limitado pelos outros confe-
ouvidos na tomada de decisões políticas, porque abrange uma ver- re-se o nome de sistema de freios e contrapesos (no inglês, checks
dadeira concepção de multiculturalidade no âmbito interno. and balances).

2) Separação dos Poderes 3) Objetivos fundamentais

A separação de Poderes é inerente ao modelo do Estado De- O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição Federal
mocrático de Direito, impedindo a monopolização do poder e, por com os objetivos da República Federativa do Brasil, nos seguintes
conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida no artigo 2º da termos:
Constituição Federal com o seguinte teor:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en- rativa do Brasil:
tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
A separação de Poderes é inerente ao modelo do Estado De- III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual-
mocrático de Direito, impedindo a monopolização do poder e, por dades sociais e regionais;
conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida no artigo 2º da IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
Constituição Federal com o seguinte teor: “Art. 2º São Poderes da raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Exe-
cutivo e o Judiciário”. Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo 1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária
por se legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessária
a divisão de funções das atividades estatais de maneira equilibrada, O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a expres-
o que se faz pela divisão de Poderes. são “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade liberdade,
O constituinte afirma que estes poderes são independentes e igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida as três dimensões
harmônicos entre si. Independência significa que cada qual possui de direitos humanos: a primeira dimensão, voltada à pessoa como
indivíduo, refere-se aos direitos civis e políticos; a segunda dimen-
poder para se autogerir, notadamente pela capacidade de organi-
são, focada na promoção da igualdade material, remete aos direitos
zação estrutural (criação de cargos e subdivisões) e orçamentária
econômicos, sociais e culturais; e a terceira dimensão se concentra
(divisão de seus recursos conforme legislação por eles mesmos ela-
numa perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais.
borada). Harmonia significa que cada Poder deve respeitar os limi-
Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a preser-
tes de competência do outro e não se imiscuir indevidamente em
vação de direitos fundamentais inatos à pessoa humana em todas
suas atividades típicas.
as suas dimensões, indissociáveis e interconectadas. Daí o texto
A noção de separação de Poderes começou a tomar forma com
constitucional guardar espaço de destaque para cada uma destas
o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo lançou base para os
perspectivas.
dois principais eventos que ocorreram no início da Idade Contem-
porânea, quais sejam as Revoluções Francesa e Industrial. Entre os 3.2) Garantir o desenvolvimento nacional
pensadores que lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no
ideário das Revoluções Francesa e Americana se destacam Locke, Para que o governo possa prover todas as condições necessá-
Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi o que mais rias à implementação de todos os direitos fundamentais da pessoa
trabalhou com a concepção de separação dos Poderes. humana mostra-se essencial que o país se desenvolva, cresça eco-
Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Locke, que nomicamente, de modo que cada indivíduo passe a ter condições
também entendia necessária a separação dos Poderes, e na obra O de perseguir suas metas.
Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de po-
deres: Executivo, Legislativo e Judiciário. O pensador viveu na Fran- 3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
ça, numa época em que o absolutismo estava cada vez mais forte. gualdades sociais e regionais
O objeto central da principal obra de Montesquieu não é a lei
regida nas relações entre os homens, mas as leis e instituições cria- Garantir o desenvolvimento econômico não basta para a cons-
das pelos homens para reger as relações entre os homens. Segundo trução de uma sociedade justa e solidária. É necessário ir além e
Montesquieu , as leis criam costumes que regem o comportamento nunca perder de vista a perspectiva da igualdade material. Logo, a
humano, sendo influenciadas por diversos fatores, não apenas pela injeção econômica deve permitir o investimento nos setores menos
razão. favorecidos, diminuindo as desigualdades sociais e regionais e pau-
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Montesquieu , latinamente erradicando a pobreza.
do modo como se dará o seu exercício, uma vez que o poder emana O impacto econômico deste objetivo fundamental é tão rele-
do povo, apto a escolher mas inapto a governar, sendo necessário vante que o artigo 170 da Constituição prevê em seu inciso VII a
que seu interesse seja representado conforme sua vontade. “redução das desigualdades regionais e sociais” como um princípio
Montesquieu estabeleceu como condição do Estado de Direito que deve reger a atividade econômica. A menção deste princípio
a separação dos Poderes em Legislativo, Judiciário e Executivo – que implica em afirmar que as políticas públicas econômico-financeiras
devem se equilibrar –, servindo o primeiro para a elaboração, a cor- deverão se guiar pela busca da redução das desigualdades, forne-
reção e a ab-rogação de leis, o segundo para a promoção da paz e cendo incentivos específicos para a exploração da atividade econô-
da guerra e a garantia de segurança, e o terceiro para julgar (mesmo mica em zonas economicamente marginalizadas.
os próprios Poderes).

237
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, 4.2) Prevalência dos direitos humanos
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação
O Estado existe para o homem e não o inverso. Portanto, toda
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio da normativa existe para a sua proteção como pessoa humana e o Es-
igualdade como objetivo a ser alcançado pela República brasileira. tado tem o dever de servir a este fim de preservação. A única for-
Sendo assim, a república deve promover o princípio da igualdade e ma de fazer isso é adotando a pessoa humana como valor-fonte de
consolidar o bem comum. Em verdade, a promoção do bem comum todo o ordenamento, o que somente é possível com a compreensão
pressupõe a prevalência do princípio da igualdade. de que os direitos humanos possuem uma posição prioritária no
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo Jacques ordenamento jurídico-constitucional.
Maritain ressaltou que o fim da sociedade é o seu bem comum, mas Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada, mas,
esse bem comum é o das pessoas humanas, que compõem a socie- em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são aqueles ine-
dade. Com base neste ideário, apontou as características essenciais rentes ao homem enquanto condição para sua dignidade que usual-
do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum deve ser mente são descritos em documentos internacionais para que sejam
redistribuído às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas; mais seguramente garantidos. A conquista de direitos da pessoa
respeito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é necessária humana é, na verdade, uma busca da dignidade da pessoa humana.
para conduzir a comunidade de pessoas humanas para o bem co-
mum; moralidade, que constitui a retidão de vida, sendo a justiça e 4.3) Autodeterminação dos povos
a retidão moral elementos essenciais do bem comum.
A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação dos po-
4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º) vos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obrigações de direi-
to internacional que deve respeitar para a adequada consecução
O último artigo do título I trabalha com os princípios que regem dos fins da comunidade internacional, também tem o direito de se
as relações internacionais da República brasileira: autodeterminar, sendo que tal autodeterminação é feita pelo seu
povo.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela- Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo na
ções internacionais pelos seguintes princípios: tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeterminação
I - independência nacional; pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita a ideia de que
II - prevalência dos direitos humanos; um Estado domine o outro, tirando a sua autodeterminação.
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção; 4.4) Não-intervenção
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz; Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro irá
VII - solução pacífica dos conflitos; respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sendo assim,
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; adotará práticas diplomáticas e respeitará as decisões políticas to-
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani- madas no âmbito de cada Estado, eis que são paritários na ordem
dade; internacional.
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in- 4.5) Igualdade entre os Estados
tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana Por este princípio se reconhece uma posição de paridade, ou
de nações. seja, de igualdade hierárquica, na ordem internacional entre todos
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a com- os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá direito de voz e
preensão de que a soberania do Estado nacional brasileiro não per- voto na tomada de decisões políticas na ordem internacional em
mite a sobreposição em relação à soberania dos demais Estados, cada organização da qual faça parte e deverá ter sua opinião res-
bem como de que é necessário respeitar determinadas práticas ine- peitada.
rentes ao direito internacional dos direitos humanos.
4.1) Independência nacional 4.6) Defesa da paz

A formação de uma comunidade internacional não significa a O direito à paz vai muito além do direito de viver num mundo
eliminação da soberania dos países, mas apenas uma relativização, sem guerras, atingindo o direito de ter paz social, de ver seus direi-
limitando as atitudes por ele tomadas em prol da preservação do tos respeitados em sociedade. Os direitos e liberdades garantidos
bem comum e da paz mundial. Na verdade, o próprio compromisso internacionalmente não podem ser destruídos com fundamento
de respeito aos direitos humanos traduz a limitação das ações esta- nas normas que surgiram para protegê-los, o que seria controverso.
tais, que sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um país Em termos de relações internacionais, depreende-se que deve ser
independente, que não responde a nenhum outro, mas que como sempre priorizada a solução amistosa de conflitos.
qualquer outro possui um dever para com a humanidade e os direi-
tos inatos a cada um de seus membros. 4.7) Solução pacífica dos conflitos

Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à necessi-


dade de diplomacia nas relações internacionais. Caso surjam confli-
tos entre Estados nacionais, estes deverão ser dirimidos de forma
amistosa.

238
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofícios, me- 4.10) Concessão de asilo político
diação, sistema de consultas, conciliação e inquérito são os meios
diplomáticos de solução de controvérsias internacionais, não ha- Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro país quan-
vendo hierarquia entre eles. Somente o inquérito é um procedi- do naquele do qual for nacional estiver sofrendo alguma persegui-
mento preliminar e facultativo à apuração da materialidade dos ção. Tal perseguição não pode ter motivos legítimos, como a prática
fatos, podendo servir de base para qualquer meio de solução de de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios das Nações
conflito . Conceitua Neves : Unidas, o que subverteria a própria finalidade desta proteção. Em
- “Negociação diplomática é a forma de autocomposição em suma, o que se pretende com o direito de asilo é evitar a consoli-
que os Estados oponentes buscam resolver suas divergências de dação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa por parte da-
forma direta, por via diplomática”; queles que deveriam protegê-los – isto é, os governantes e os entes
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de conflito, sociais como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
sem aspecto oficial, em que o governo designa um diplomada para cometeram tais violações.
sua conclusão”; “Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obrigação do
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de solução pací- Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, prevalece o entendi-
fica de controvérsia internacional, em que um Estado, uma organi- mento que o Estado não tem esta obrigação, nem de fundamentar
zação internacional ou até mesmo um chefe de Estado apresenta-se a recusa. A segunda parte deste artigo permite a interpretação no
como moderador entre os litigantes”; sentido de que é o Estado asilante que subjetivamente enquadra o
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual uma refugiado como asilado político ou criminoso comum”.
terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos litigantes, de
forma voluntária ou em razão de estipulação anterior, toma conhe-
cimento da divergência e dos argumentos sustentados pelas partes,
e propõe uma solução pacífica sujeita à aceitação destas”; EXERCÍCIOS
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomático de
solução de litígios em que os Estados ou organizações internacio-
nais sujeitam-se, sem qualquer interferência pessoal externa, a en- 1) De acordo com a Lei Geral de Licitações, assinale, dentre as
contros periódicos com o objetivo de compor suas divergências”. alternativas, aquela que não representa um caso de dispensa de
licitação:
4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo a) contratação de uma obra no valor de R$ 12.500,00
b) contratações em caso de guerra ou grave perturbação da
Terrorismo é o uso de violência através de ataques localizados ordem
a elementos ou instalações de um governo ou da população civil, c) contratação de artista consagrado pela opinião pública
de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos d) aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo inter-
que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes, nacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as
o resto da população do território. condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Po-
Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados em di- der Público.
ferenças étnico-raciais, que podem consistirem violência física ou
psicológica direcionada a uma pessoa ou a um grupo de pessoas 2) O processo através do qual a Administração Pública transfere
pela simples questão biológica herdada por sua raça ou etnia. a titularidade e a execução de determinados serviços através de lei
Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é assumida- é denominado:
mente pluralista, ambas práticas são consideradas vis e devem ser a) desconcentração administrativa
repudiadas pelo Estado nacional. b) descentralização por serviço
c) descentralização política
4.9) Cooperação entre os povos para o progresso da huma- d) descentralização por colaboração
nidade
3) Constitui uma exceção constitucional ao princípio da organi-
A cooperação internacional deve ser especialmente econômica zação legal do serviço público:
e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade a) extinção de cargo público vago
dos direitos humanos fundamentais internacionalmente reconhe- b) criação de órgãos públicos
cidos. c) extinção de órgãos públicos vagos
Os países devem colaborar uns com os outros, o que é possível d) criação de cargo público
mediante a integração no âmbito de organizações internacionais
específicas, regionais ou globais. 4) Segundo jurisprudência do STJ, das etapas que constituem
Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda em seu o ciclo de polícia, poderão ser delegadas a pessoas jurídicas de di-
parágrafo único, destacando a importância da cooperação brasileira reito privado, integrantes da estrutura da Administração Pública, as
no âmbito regional: “A República Federativa do Brasil buscará a in- seguintes etapas:
tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América a) ordem e consentimento
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana b) consentimento e fiscalização
de nações”. Neste sentido, o papel desempenhado no MERCOSUL. c) fiscalização e sanção
d) ordem e sanção

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

5) Ao atender o público, deve-se ter boa vontade, profissiona- 10) Nos termos da Constituição Federal, constitui acumulação
lismo e, acima de tudo, respeito, tendo como foco ouvir o que as ilícita a percepção de proventos da aposentadoria de médico em
pessoas têm a dizer. Um atendimento eficiente acontece quando: hospital público municipal com a remuneração de:
A. não anotamos todos os recados e deixamos de encaminhar a) Deputado Federal
à pessoa que precisa recebê-los. b) Médico em hospital público estadual
B. não temos paciência ao ouvir a pessoa, e a interrompemos c) Secretário Municipal de Saúde
bruscamente. d) Assistente administrativo de hospital federal
C. tratamos a todos com desigualdade e impaciência.
D. falamos alto ou gritando e não transmitimos às informações 11) Sobre o tema qualidade em atendimento, assinale a alter-
de maneira rápida e correta. nativa INCORRETA:
E. se não tiver resposta para a questão, procura a solução e A. O atendimento ao cidadão não deverá ser pautado pelos
dá um retorno à pessoa atendida. Nunca deixe o atendimento sem princípios constitucionais da administração pública.
reposta. B. O cidadão pode utilizar as ouvidorias dos órgãos públicos
para realizar reclamações sobre os serviços prestados.
6) O atendimento ao público pode ser feito de forma presen- C. No atendimento ao público, ser tolerante é imprescindível.
cial ou por meio de telefone e requer conhecimentos, atitudes e D. As reclamações sobre os atendimentos oferecidos pelos ór-
comportamentos adequados. Em relação às atitudes e comporta- gãos públicos devem servir de subsídio para a melhoria do serviço
mentos, assinale a alternativa que apresenta alguns dos aspectos prestado.
implícitos no atendimento ao público.
A. Palavras, diferenciação e apoio pessoal. 12) (Ano: 2019 Banca: CPCON Órgão: Câmara de Pau dos Fer-
B. Aparência, expressão corporal e voz. ros – RN) Leia as proposições sobre Redação Oficial e marque V
C. Roteiro padrão, idoneidade e sigilo. para as Verdadeiras e F para as Falsas.
D. Honestidade, praticidade e visão. () A redação oficial deve ser redigida segundo fundamentos de
E. Confrontação, impessoalidade e zelo. ordem ética, legal, linguística e estética.
() Na elaboração e emissão de documentos oficiais ao lado da
7) Segundo a jurisprudência do STF, o dispositivo constitucional boa-vontade, a honestidade deve pautar a conduta funcional, e os
previsto no art. 37, VII, sobre o direito de greve dos servidores pú- documentos elaborados devem representar obrigatoriamente a
blicos, constitui uma norma de: verdade, sem nada acrescentar ou subtrair.
a) eficácia plena () Ao escrever textos oficiais, a linguagem deve ser adaptada a
b) eficácia limitada, dependente de lei ordinária cada região para assim, haver melhor entendimento.
c) eficácia limitada, dependente de lei complementar ( ) A finalidade básica da redação oficial é possibilitar a elabo-
d) eficácia contida ração de comunicações e normativos oficiais claros e impessoais,
pois o objetivo é transmitir a mensagem com eficácia, permitindo
8) Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) para o que se afirma entendimento imediato.
sobre atendimento telefônico e assinale a alternativa que apresenta ( ) As comunicações oficiais não são necessariamente unifor-
a sequência correta. mes, pois há sempre vários receptores.
( ) Atente-se para o tom de voz, pois sussurrar atrapalha o en- Está CORRETA a alternativa:
tendimento, enquanto falar muito alto incomoda quem está do ou- a) F, F, F, V e V
tro lado da linha. b) V, F, F, V e V.
( ) Demonstre que tem plena satisfação em atender, que está c) F, F, V, V e F.
disposto a resolver o problema ou esclarecer as dúvidas, sejam elas d) V, V, F, V e F.
quais forem. e) V, F, V, F e V.
( ) Não é necessário tratar com educação uma pessoa rude ou
nervosa. Ela deve ser educada para poder exigir o mesmo. 13) Sobre os poderes administrativos, julgue os itens abaixo:
( ) Deixe a pessoa aguardando na linha o tempo necessário até I – O poder disciplinar sempre representa uma consequência
conseguir resolver seu problema, pois o importante é que ele seja do poder hierárquico.
resolvido. II – O poder regulamentar permite que o chefe do Poder Execu-
( ) É fundamental tomar cuidado com a pronúncia correta das tivo inove o ordenamento jurídico vigente.
palavras. III – As manifestações decorrentes do exercício do poder de po-
A. V - V - F - F - V. lícia são sempre dotadas de auto executoriedade.
B. V - F - F - V - V. a) somente I é correto
C. V - V - V - F - V. b) somente II é correto
D. F - V - F - V - V. c) somente III é correto
d) todos estão incorretos
9) Dentre as modalidades de licitação previstas na Lei
8.666/93,aquela que se destaca por exigir habilitação preliminar
dos concorrentes é:
a) convite
b) pregão
c) concorrência
d) tomada de preço

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

14) (Ano: 2019 Banca: FEPESE Órgão: Prefeitura de Bombi-


nhas – SC) Analise as afirmativas abaixo que tratam da elaboração GABARITO
de documentos oficiais:
1. Ofícios devem conter cabeçalho, identificação do expedien-
te, local e data e endereçamento. 1 C
2. Ofícios devem conter cabeçalho, data e local, endereçamen-
to e código de orçamentário de despesa. 2 B
3. A identificação do expediente não é necessária em ofícios. 3 A
4. A identificação do signatário é essencial em um ofício.
4 B
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) É correta apenas a afirmativa 1. 5 E
b) É correta apenas a afirmativa 2. 6 B
c) É correta apenas a afirmativa 4.
d) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4. 7 B
e) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3. 8 A
9 C
15) Entre as abordagens comumente apontadas pela literatura
para a gestão de conflitos no ambiente organizacional, aquela de- 10 D
nominada “estrutural” 11 A
A. considera que o conflito é inerente à organização e não deve
12 D
ser evitado, mas, ao contrário, fomentado de forma controlada.
B. atua diretamente no episódio do conflito, buscando sua de- 13 B
sativação ou redução de sua intensidade. 14 D
C. busca a causa remota do conflito instalado, efetuando a sua
desescalonização para o correspondente enfrentamento. 15 D
D. atua sobre condições que predispõem ao conflito, o qual ain- 16 E
da não está instalado, minimizando as diferenças.
E. atua apenas sobre as consequências negativas do conflito,
preservando os efeitos positivos que sempre são gerados. ANOTAÇÕES
16) Sobre a ética no serviço público, analise as afirmativas abai-
xo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). ______________________________________________________
( ) Jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es-
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu ______________________________________________________
cargo é dever fundamental do servidor público.
______________________________________________________
( ) Desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou
emprego público de que seja titular é um direito do servidor públi- ______________________________________________________
co.
( ) É vedado ao servidor público exercer atividade profissional ______________________________________________________
aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
( ) A função pública deve ser tida como exercício profissional ______________________________________________________
e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de ______________________________________________________
cima para baixo.
A. F, V, V, F ______________________________________________________
B. V, V, F, F
______________________________________________________
C. F, F, V, V
D. V, F, V, F ______________________________________________________
E. V, F, V, V
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OFICIAL LEGISLATIVO

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