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CÓD: SL-129FV-22

7908433218197

NILÓPOLIS
PREFEITURA MUNICIPAL DE NILÓPOLIS
ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RJ

Vigia
C0NCURSO PÚBLICO 01/2022
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura e interpretação de diversos tipos de textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Sinônimos e antônimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. Ortografia: emprego das letras, das palavras e da acentuação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Reconhecimento das classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção . . . 18
5. Concordância verbal e concordância nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
6. Regência verbal e regência nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
7. Emprego do acento indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Conhecimentos Gerais
1. Assuntos de interesse geral veiculados pela imprensa audiovisual e pela imprensa escrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Aspectos históricos, geográficos, econômicos e políticos em nível de mundo, brasil, estado do rio de janeiro e município de
nilópolis/RJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Conhecimentos Específicos
Vigia
1. Noções de limpeza patrimonial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Relações interpessoais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3. Conhecimentos acerca das funções inerentes ao cargo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4. Técnicas e métodos de segurança e vigilância. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5. Prevenção de acidentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
6. Primeiros socorros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
7. Atitudes diante de incêndios. Noções de segurança no trabalho e prevenção de acidentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Leitura e interpretação de diversos tipos de textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Sinônimos e antônimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. Ortografia: emprego das letras, das palavras e da acentuação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Reconhecimento das classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção . . . 18
5. Concordância verbal e concordância nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
6. Regência verbal e regência nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
7. Emprego do acento indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
LÍNGUA PORTUGUESA

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE


TEXTOS

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo
o seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habi-
lidade é essencial e pode ser um diferencial para a realização de
uma boa prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpre-
tação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um
tempo que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito, Além de saber desses conceitos, é importante sabermos
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no tex- identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
to ou que faça com que você realize inferências. damos a este processo é intertextualidade.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas Interpretação de Texto
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
Percebeu a diferença? a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada
ao subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode
Tipos de Linguagem deduzir de um texto.
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
que facilite a interpretação de textos. prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determi-
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. nado texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido es-
Ela pode ser escrita ou oral. tabeleça uma relação com a informação já possuída, o que leva
ao crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja
uma apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteú-
do lido, afetando de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura ana-
lítica e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de no-
tícias (e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações or-
tográficas, gramaticais e interpretativas;
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente ima- - Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais
gens, fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. polêmicos;
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é ten-
tar compreender o sentido global do texto e identificar o seu
objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem principal e das ideias secundárias do texto.
verbal com a não-verbal. – Separe fatos de opiniões.

1
LÍNGUA PORTUGUESA
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objeti- CACHORROS
vo e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa
e mutável). Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
– Retorne ao texto sempre que necessário. espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção aos seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo.
os enunciados das questões. Essa amizade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as
pessoas precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perce-
– Reescreva o conteúdo lido. beram que, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, deles e comer a comida que sobrava. Já os homens descobriram
tópicos ou esquemas. que os cachorros podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e
a tomar conta da casa, além de serem ótimos companheiros. Um
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar colaborava com o outro e a parceria deu certo.
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vo-
cabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o
são uma distração, mas também um aprendizado. possível assunto abordado no texto. Embora você imagine que
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a com- o texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente
preensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula o que ele falaria sobre cães. Repare que temos várias informa-
nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, me- ções ao longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem
lhora nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensan- dos cães, a associação entre eles e os seres humanos, a dissemi-
tes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de nação dos cães pelo mundo, as vantagens da convivência entre
memória. cães e homens.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se- As informações que se relacionam com o tema chamamos
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela de subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se inte-
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclu- gram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer
são do texto. uma unidade de sentido. Portanto, pense: sobre o que exata-
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a mente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certa-
identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as mente você chegou à conclusão de que o texto fala sobre a rela-
ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou ção entre homens e cães. Se foi isso que você pensou, parabéns!
explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresen- Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto!
tadas na prova.
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um sig- Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-i-
nificado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso deias-secundarias/
o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao tex- IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
to, e nunca extrapole a visão dele. TEXTOS VARIADOS

IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia


O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as dife- ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
rentes informações de forma a construir o seu sentido global, ou A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou
seja, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem expressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha
um todo significativo, que é o texto. um novo sentido, gerando um efeito de humor.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler Exemplo:
um texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título.
Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informa-
ções sobre o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura
porque achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se
atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É
muito comum as pessoas se interessarem por temáticas diferen-
tes, dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, pre-
ferências pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro,
sexualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuida-
dos com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são pra-
ticamente infinitas e saber reconhecer o tema de um texto é
condição essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então,
começar nossos estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um tex-
to: reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há
as tirinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito
cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, fre-
quentemente acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos
em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou sa-
tírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!

Ironia de situação
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O
o resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. GÊNERO EM QUE SE INSCREVE
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem pla- Compreender um texto trata da análise e decodificação do
neja uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. que de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes.
No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode che-
Assis, a personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao gar ao conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação
longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o
sem sucesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A texto.
ironia é que planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
famoso após a morte. quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
principal. Compreender relações semânticas é uma competência
Ironia dramática (ou satírica) imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos Quando não se sabe interpretar corretamente um texto po-
textos literários quando o leitor, a audiência, tem mais informa- de-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimen-
ções do que tem um personagem sobre os eventos da narrativa e to profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
sobre intenções de outros personagens. É um recurso usado para
aprofundar os significados ocultos em diálogos e ações e que, Busca de sentidos
quando captado pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
ou mesmo comédia, visto que um personagem é posto em situ- os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
ações que geram conflitos e mal-entendidos porque ele mesmo apreensão do conteúdo exposto.
não tem ciência do todo da narrativa. Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
o que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram expli-
exemplo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da citadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conce-
história irão morrer em decorrência do seu amor. As persona- der espaço para divagações ou hipóteses, supostamente conti-
gens agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus das nas entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não
objetivos, mas a plateia já sabe que eles não serão bem-suce- quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto,
didos. mas é fundamental que não sejam criadas suposições vagas e
inespecíficas.
Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que Importância da interpretação
pareçam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para
humor. se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas compar- a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de
tilham da característica do efeito surpresa. O humor reside em conteúdos específicos, aprimora a escrita.
ocorrer algo fora do esperado numa situação.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assun-
presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se to que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é
faz suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre convencer o leitor a concordar com ele.
releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos
surpreendentes que não foram observados previamente. Para Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de
auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar um entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informa-
dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certa- ções. Tem como principal característica transmitir a opinião de
mente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse.
de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um
bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materia-
porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hie- liza em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite
rárquica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, aju-
ou apresentando novos conceitos. dando os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo
autor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço
para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entre- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como obje-
linhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer tivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma
que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- certa liberdade para quem recebe a informação.
damental que não criemos, à revelia do autor, suposições vagas
e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve ser DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós
leitores proficientes. Fato
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A exis-
Diferença entre compreensão e interpretação tência do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do pode é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de al-
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpre- guma maneira, através de algum documento, números, vídeo ou
tação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. registro.
O leitor tira conclusões subjetivas do texto. Exemplo de fato:
A mãe foi viajar.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- Interpretação
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. causas, previmos suas consequências.
No romance nós temos uma história central e várias histórias Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se
secundárias. apontamos uma causa ou consequência, é necessário que seja
plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmen- ou diferenças sejam detectáveis.
te imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas
personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma Exemplos de interpretação:
única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
ações encaminham-se diretamente para um desfecho. outro país.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferen- são do que com a filha.
ciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e
tem a história principal, mas também tem várias histórias secun- Opinião
dárias. O tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando
local são definidos pelas histórias dos personagens. A história um juízo de valor. É um julgamento que tem como base a inter-
(enredo) tem um ritmo mais acelerado do que a do romance por pretação que fazemos do fato.
ter um texto mais curto. Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coe-
rência que mantêm com a interpretação do fato. É uma inter-
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações pretação do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato.
que nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a iro- Esta opinião pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores
nia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica socioculturais.
o tempo não é relevante e quando é citado, geralmente são pe-
quenos intervalos como horas ou mesmo minutos. Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpreta-
ções anteriores:
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o mo- outro país. Ela tomou uma decisão acertada.
mento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
criação de imagens. são do que com a filha. Ela foi egoísta.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, ad-
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- vérbios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem,
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previ- muitas vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se
sões positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, obscuro, sem coerência.
já estamos expressando nosso julgamento. Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumen-
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, tativos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quan- Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa
do analisamos um texto dissertativo. estrutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensa-
mento mais direto.
Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se impor- NÍVEIS DE LINGUAGEM
tando com o sofrimento da filha.
Definição de linguagem
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, grá-
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento ficos, gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia
do texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar dependendo da idade, cultura, posição social, profissão etc. A
as ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no maneira de articular as palavras, organizá-las na frase, no texto,
texto. Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pen- determina nossa linguagem, nosso estilo (forma de expressão
samento e o do leitor. pessoal).
Parágrafo As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam,
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que com o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que
é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser só as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o
formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. grupo social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam
No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar na língua e caem em desuso.
todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geral- Língua escrita e língua falada
mente apresentada na introdução. A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar gran-
Embora existam diferentes formas de organização de pará- de parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entona-
grafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros ção, e ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua
jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutu- falada é mais descontraída, espontânea e informal, porque se
ra consiste em três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundá- manifesta na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade
rias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafir- de expressão do falante. Nessas situações informais, muitas re-
ma a ideia-básica). Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão. gras determinadas pela língua padrão são quebradas em nome
da naturalidade, da liberdade de expressão e da sensibilidade
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já estilística do falante.
traz uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que
você irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está Linguagem popular e linguagem culta
sendo escrito. Normalmente o tema e o problema são dados Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lin-
pela própria prova. guagem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na
fala, nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos ela esteja presente em poesias (o Movimento Modernista Bra-
e ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É sileiro procurou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas
possível usar argumentos de várias formas, desde dados estatís- e romances em que o diálogo é usado para representar a língua
ticos até citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. falada.

Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abor- Linguagem Popular ou Coloquial
dado e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se qua-
maneiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto se sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de
criando uma pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barba-
suas próprias conclusões a partir das ideias e argumentos do de- rismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; caco-
senvolvimento. fonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela
coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A
Outro aspecto que merece especial atenção são os conec- linguagem popular está presente nas conversas familiares ou en-
tores. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura tre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e
mais fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico en- auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
tre as ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior
do período, e o tópico que o antecede. A Linguagem Culta ou Padrão
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quan- É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em
to ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência tam- que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pes-
bém para a clareza do texto. soas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se
pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada

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LÍNGUA PORTUGUESA
na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. Exemplo:
É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está Era uma casa muito engraçada
presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, Não tinha teto, não tinha nada
comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais Ninguém podia entrar nela, não
etc. Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Gíria Porque na casa não tinha parede
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais Ninguém podia fazer pipi
como arma de defesa contra as classes dominantes. Esses gru- Porque penico não tinha ali
pos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para Mas era feita com muito esmero
que as mensagens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. Na rua dos bobos, número zero
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam (Vinícius de Moraes)
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
os novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vo- instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
cabulário de pequenos grupos ou cair em desuso. tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “gale- e comportamentos, nas leis jurídicas.
ra”, “mina”, “tipo assim”.
Características principais:
Linguagem vulgar • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco verbos de comando, com tom imperativo; há também o uso do
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar futuro do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de
comida”. 2ª pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.

Linguagem regional Exemplo:


Regionalismos são variações geográficas do uso da língua Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Elei-
padrão, quanto às construções gramaticais e empregos de cer- toral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam expri-
tas palavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares mir-se na língua nacional, e os que estejam privados, temporária
amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. ou definitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistá-
Tipos e genêros textuais veis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha,
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas mili-
abrangentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, tares de ensino superior para formação de oficiais.
bem como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descri-
ção e explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da
forma como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco Tipo textual expositivo
tipos clássicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver ra-
expositivo (ou dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. ciocínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de expo-
Vejamos alguns exemplos e as principais características de cada sição, discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A
um deles. dissertação pode ser expositiva ou argumentativa.
A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um
Tipo textual descritivo assunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo maneira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar de-
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma bate.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto,
um movimento etc. Características principais:
Características principais: • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor ad- • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, in-
jetivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua fun- formar.
ção caracterizadora. • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no pre-
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa sente.
enumeração. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
• A noção temporal é normalmente estática. de ponto de vista.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a de- • Apresenta linguagem clara e imparcial.
finição.
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. Exemplo:
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
anúncio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um
determinado tema.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disser- Exemplo:
tação expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opina- Solidão
tiva). João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão
Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as- era o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira,
sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente. só e feliz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão.
Casam-se. Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar
Tipo textual dissertativo-argumentativo certo: ao se unirem, um tirou do outro a essência da felicidade.
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur- Nelson S. Oliveira
sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur-
apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetivida- reais/4835684
de, clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência,
seu intuito é a defesa de um ponto de vista que convença o in- GÊNEROS TEXTUAIS
terlocutor (leitor ou ouvinte). Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferen-
tes de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração
Características principais: de um texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimen- seu produtor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e
to e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (es- exercem funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ade-
tratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, tes- mais, são passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo
temunho de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, que preservando características preponderantes. Vejamos, ago-
exemplo, enumeração...); conclusão (síntese dos pontos princi- ra, uma tabela que apresenta alguns gêneros textuais classifica-
pais com sugestão/solução). dos com os tipos textuais que neles predominam.
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumen-
tações informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (nor- Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
malmente nas argumentações formais) para imprimir uma atem-
poralidade e um caráter de verdade ao que está sendo dito. Descritivo Diário
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas mo- Relatos (viagens, históricos, etc.)
dalizações discursivas (indicando noções de possibilidade, cer- Biografia e autobiografia
teza ou probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos Notícia
exaltados. Currículo
Lista de compras
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com
Cardápio
o desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro-
Anúncios de classificados
deios.
Injuntivo Receita culinária
Exemplo: Bula de remédio
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Manual de instruções
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Regulamento
administração política (tese), porque a força governamental cer- Textos prescritivos
tamente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negli- Expositivo Seminários
gência de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes Palestras
metrópoles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do Conferências
RJ e os traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for Entrevistas
do desejo dos políticos uma mudança radical visando o bem-es- Trabalhos acadêmicos
tar da população, isso é plenamente possível (estratégia argu- Enciclopédia
mentativa: fato-exemplo). É importante salientar, portanto, que Verbetes de dicionários
não devemos ficar de mãos atadas à espera de uma atitude do Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
governo só quando o caos se estabelece; o povo tem e sempre Carta de opinião
terá de colaborar com uma cobrança efetiva (conclusão). Resenha
Artigo
Tipo textual narrativo Ensaio
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Monografia, dissertação de
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo mestrado e tese de doutorado
e lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um
Narrativo Romance
enredo, personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narra- Novela
tivo). Crônica
Contos de Fada
Características principais: Fábula
• O tempo verbal predominante é o passado. Lendas
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da
história – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da
– onisciente). forma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são flui-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em dos, infinitos e mudam de acordo com a demanda social.
prosa, não em verso.

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LÍNGUA PORTUGUESA
INTERTEXTUALIDADE dadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação pertence
A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou ao domínio da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o
seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. uso de recursos de linguagem.
Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de pro- Para compreender claramente o que é um argumento, é
dução de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV
elementos existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis
forma ou de ambos: forma e conteúdo. quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas”.
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma
de forma que essa relação pode ser estabelecida entre as pro- desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argu-
duções textuais que apresentem diversas linguagens (visual, mentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher
auditiva, escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde.
escultura, música, dança, cinema), propagandas publicitárias, Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais
programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros. desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer
recurso que torna uma coisa mais desejável que outra. Isso sig-
Tipos de Intertextualidade nifica que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geral- fazer o interlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais pro-
mente, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do vável que a outra, mais possível que a outra, mais desejável que
grego (parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos a outra, é preferível à outra.
“para” (semelhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poe- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
sia) semelhante a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
programas humorísticos. enunciador está propondo.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumenta-
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utiliza- ção. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pre-
ção de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (para- tende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente
phrasis), significa a “repetição de uma sentença”. das premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não
científicos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
que tenha alguma relação com o que será discutido no texto. apenas do encadeamento de premissas e conclusões.
Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamen-
(posição superior) e “graphé” (escrita). to:
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa pro- A é igual a B.
dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem A é igual a C.
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de Então: C é igual a B.
outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apre-
sentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoria-
Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar. mente, que C é igual a A.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros Outro exemplo:
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por Todo ruminante é um mamífero.
dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). A vaca é um ruminante.
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são Logo, a vaca é um mamífero.
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
também será verdadeira.
ARGUMENTAÇÃO No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor- a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem -se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz -se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o -nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
texto diz e faça o que ele propõe. e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
todo texto contém um componente argumentativo. A argumen- peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um ban-
tação é o conjunto de recursos de natureza linguística destina- co. Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo
dos a persuadir a pessoa a quem a comunicação se destina. Está seja mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
presente em todo tipo de texto e visa a promover adesão às te- Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
ses e aos pontos de vista defendidos. impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar entender bem como eles funcionam.
a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
disse acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o in- acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o au-
terlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como ver- ditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fá-

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LÍNGUA PORTUGUESA
cil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas Argumento de Existência
crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil
um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas aceitar aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que
que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular
que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja enuncia o argumento de existência no provérbio “Mais vale um
vem com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacio- pássaro na mão do que dois voando”.
nal. Nos Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documen-
efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que tais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas
no Brasil. O poder persuasivo de um argumento está vinculado concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica.
ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura. Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que
o exército americano era muito mais poderoso do que o iraquia-
Tipos de Argumento no. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas,
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a poderia ser vista como propagandística. No entanto, quando do-
fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um cumentada pela comparação do número de canhões, de carros
argumento. Exemplo: de combate, de navios, etc., ganhava credibilidade.

Argumento de Autoridade Argumento quase lógico


É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconheci- É aquele que opera com base nas relações lógicas, como
das pelo auditório como autoridades em certo domínio do sa- causa e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses ra-
ber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. ciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos
Esse recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimen- raciocínios lógicos, eles não pretendem estabelecer relações ne-
to do produtor do texto a respeito do assunto de que está tratan- cessárias entre os elementos, mas sim instituir relações prová-
do; dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, veis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual
não fazer do texto um amontoado de citações. A citação precisa a B”, “B é igual a C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma
ser pertinente e verdadeira. Exemplo: relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Ami-
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” go de amigo meu é meu amigo” não se institui uma identidade
lógica, mas uma identidade provável.
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmen-
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há co- te aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico:
nhecimento. Nunca o inverso.
fugir do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões
Alex José Periscinoto.
que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afir-
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
mações gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele ex-
trair generalizações indevidas.
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais im-
portante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
Argumento do Atributo
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mun-
É aquele que considera melhor o que tem propriedades tí-
do. Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas
picas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo,
devem acreditar que é verdade.
o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é
melhor que o que é mais grosseiro, etc.
Argumento de Quantidade Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, cele-
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior bridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza, ali-
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem mentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende
maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fun- a associar o produto anunciado com atributos da celebridade.
damento desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publi- Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
cidade faz largo uso do argumento de quantidade. competência linguística. A utilização da variante culta e formal
da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
Argumento do Consenso socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta- um texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que
-se em afirmações que, numa determinada época, são aceitas o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
como verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a me- Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saú-
nos que o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
da ideia de que o consenso, mesmo que equivocado, correspon- maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente
de ao indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que mais adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta
aquilo que não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de com-
por exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa ser petência do médico:
protegido e de que as condições de vida são piores nos países - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando
subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém, corre-se o em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica
risco de passar dos argumentos válidos para os lugares comuns, houve por bem determinar o internamento do governador pelo
os preconceitos e as frases carentes de qualquer base científica. período de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
hospital por três dias.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen- suadir. Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem rela-
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser ções para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunica- é um processo de convencimento, por meio da argumentação,
ção deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda no qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar
ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa. seu pensamento e seu comportamento.
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falan- A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão vá-
te traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de lida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou
um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicu- proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do ra-
larizá-lo ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. ciocínio empregado na argumentação. A persuasão não válida
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, chan-
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos epi- tagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a in-
sódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e flexão de voz, a mímica e até o choro.
não outras, etc. Veja: Alguns autores classificam a dissertação em duas modalida-
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras des, expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, ra-
trocavam abraços afetuosos.” zões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informa-
tiva, apresenta dados sem a intenção de convencer. Na verdade,
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que no- a escolha dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto
ras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhi- já revelam uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de
do esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o vista na dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de
termo até, que serve para incluir no argumento alguma coisa argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser defi-
inesperada. nida como discussão, debate, questionamento, o que implica a
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando liberdade de pensamento, a possibilidade de discordar ou con-
tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: cordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental,
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão mas não é suficiente para organizar um texto dissertativo. É ne-
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu cessária também a exposição dos fundamentos, os motivos, os
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmen- porquês da defesa de um ponto de vista.
te, pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude ar-
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) gumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se
do meio ambiente, injustiça, corrupção). evidencia.
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posi-
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos ções, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de
são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para vista e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, mui-
destruir o argumento. tas vezes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do sempre, essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando- exercício para aprender a argumentar e contra-argumentar con-
-as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o siste em desenvolver as seguintes habilidades:
caso, por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
não permite que outras crescam”, em que o termo imperialismo ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição to-
é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado talmente contrária;
visando a reduzir outros à sua dependência política e econômi- - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais
ca”. os argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apre-
sentaria contra a argumentação proposta;
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a si- - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
tuação concreta do texto, que leva em conta os componentes oposta.
envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a
comunicação, o assunto, etc). A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclu-
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não cos- sões válidas, como se procede no método dialético. O método
tumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de
fórmulas feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é polêmicas. Trata-se de um método de investigação da realidade
óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de pelo estudo de sua ação recíproca, da contradição inerente ao
prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e fenômeno em questão e da mudança dialética que ocorre na na-
verdade, o enunciador deve construir um texto que revele isso. tureza e na sociedade.
Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifes- Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o
tam-se na ação. método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que par-
A argumentação é a exploração de recursos para fazer pare- te do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
cer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar
pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. a conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa em partes, começando-se pelas proposições mais simples até
um ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que alcançar, por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha
inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de per- de raciocínio cartesiana, é fundamental determinar o problema,

10
LÍNGUA PORTUGUESA
dividi-lo em partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enu- - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
merar todos os seus elementos e determinar o lugar de cada um - Lógico, concordo.
no conjunto da dedução. - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a - Claro que não!
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs qua- - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
tro regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais,
uma série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em Exemplos de sofismas:
busca da verdade:
- evidência; Dedução
- divisão ou análise; Todo professor tem um diploma (geral, universal)
- ordem ou dedução; Fulano tem um diploma (particular)
- enumeração. Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)

A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omis- Indução


são e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (par-
quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o pro- ticular)
cesso dedutivo. Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu-
A forma de argumentação mais empregada na redação aca- lar)
dêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (ge-
a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, ral – conclusão falsa)
que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
alguns não caracteriza a universalidade. pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (si- fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Re-
logística), que parte do geral para o particular, e a indução, que dentor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas
vai do particular para o geral. A expressão formal do método de- ou infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou
dutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subje-
baseia-se em uma conexão descendente (do geral para o parti- tivos, baseados nos sentimentos não ditados pela razão.
cular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não funda-
de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à pre- mentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da
visão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo: existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
Fulano é homem (premissa menor = particular) método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
Logo, Fulano é mortal (conclusão) análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas mé-
todos sistemáticos, porque pela organização e ordenação das
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, ba- ideias visam sistematizar a pesquisa.
seiase em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Análise e síntese são dois processos opostos, mas interliga-
Nesse caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou dos; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes
seja, parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo,
desconhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a uma depende da outra. A análise decompõe o todo em partes,
causa. Exemplo: enquanto a síntese recompõe o todo pela reunião das partes.
O calor dilata o ferro (particular) Sabe-se, porém, que o todo não é uma simples justaposição das
O calor dilata o bronze (particular) partes. Se alguém reunisse todas as peças de um relógio, não
O calor dilata o cobre (particular) significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amon-
O ferro, o bronze, o cobre são metais toado de partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) organizadas, devidamente combinadas, seguida uma ordem de
relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria recons-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido truído.
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fa- por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
tos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando podem ser assim relacionadas:
o sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se cha- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
mar esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra- Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:

11
LÍNGUA PORTUGUESA
A análise tem importância vital no processo de coleta de palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa
ideias a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da ou metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo
criação de abordagens possíveis. A síntese também é importante a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três ele-
na escolha dos elementos que farão parte do texto. mentos:
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou - o termo a ser definido;
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental; - o gênero ou espécie;
é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e ex- - a diferença específica.
perimentais. A análise informal é racional ou total, consiste em
“discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos O que distingue o termo definido de outros elementos da
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto mesma espécie. Exemplo:
ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação es- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
tabelece as necessárias relações de dependência e hierarquia
entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a
ponto de se confundir uma com a outra, contudo são procedi-
mentos diversos: análise é decomposição e classificação é hie-
rarquisação. Elemento especiediferença
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fe- a ser definidoespecífica
nômenos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências
naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um pro- É muito comum formular definições de maneira defeituo-
cesso mais ou menos arbitrário, em que os caracteres comuns e sa, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo
diferenciadores são empregados de modo mais ou menos con- em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto;
vencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes, quando é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espé-
ordens, subordens, gêneros e espécies, é um exemplo de classi- cie, a gente é forma coloquial não adequada à redação acadê-
ficação natural, pelas características comuns e diferenciadoras. mica. Tão importante é saber formular uma definição, que se
A classificação dos variados itens integrantes de uma lista mais recorre a Garcia (1973, p.306), para determinar os “requisitos da
ou menos caótica é artificial. definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresen-
tar os seguintes requisitos:
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami- - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
relógio, sabiá, torradeira. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramen-
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. ta ou instalação”;
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente res-
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. trito para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Os elementos desta lista foram classificados por ordem al- definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
fabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer cri- - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não cons-
térios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de titui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um
importância, é uma habilidade indispensável para elaborar o homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou - deve ser breve (contida num só período). Quando a de-
decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impac- finição, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries
to do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também
classificação. A elaboração do plano compreende a classificação definição expandida;d
das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo)
obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjun-
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na tos (as diferenças).
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para ex-
pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguís-
justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão tica que consiste em estabelecer uma relação de equivalência
e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas entre a palavra e seus significados.
também os pontos de vista sobre ele. A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lin- Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verda-
guagem e consiste na enumeração das qualidades próprias de deira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser de-
uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento monstrada com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica e racional do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado
que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. de uma fundamentação coerente e adequada.
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga-
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às mento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e

12
LÍNGUA PORTUGUESA
pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam
outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se de explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como
modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, válido por consenso, pelo menos em determinado espaço socio-
é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem cultural. Nesse caso, incluem-se
um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, - A declaração que expressa uma verdade universal (o ho-
verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em segui- mem, mortal, aspira à imortalidade);
da, avaliar se o argumento está expresso corretamente; se há - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos pos-
coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contra- tulados e axiomas);
dição. Para isso é que se aprende os processos de raciocínio por - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de na-
dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é relacio- tureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a pró-
nar, conclui-se que o argumento é um tipo específico de relação pria razão desconhece); implica apreciação de ordem estética
entre as premissas e a conclusão. (gosto não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen- (creio, ainda que parece absurdo).
tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afir-
mação: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
meio de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões co- concretos, estatísticos ou documentais.
muns nesse tipo de procedimento: mais importante que, supe- Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
rior a, de maior relevância que. Empregam-se também dados se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
estatísticos, acompanhados de expressões: considerando os da- causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
dos; conforme os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declara-
ainda, pela apresentação de causas e consequências, usando-se ções, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam
comumente as expressões: porque, porquanto, pois que, uma opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade com-
vez que, visto que, por causa de, em virtude de, em vista de, por provada, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou
motivo de. juízo que expresse uma opinião pessoal só terá validade se fun-
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é ex- damentada na evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de
plicar ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se provas, validade dos argumentos, porém, pode ser contestada
alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela por meio da contra-argumentação ou refutação. São vários os
interpretação. Na explicitação por definição, empregamse ex-
processos de contra-argumentação:
pressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade,
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons-
isto é, haja vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as
trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a con-
expressões: conforme, segundo, na opinião de, no parecer de,
traargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
consoante as ideias de, no entender de, no pensamento de. A ex-
cordeiro”;
plicitação se faz também pela interpretação, em que são comuns
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
as seguintes expressões: parece, assim, desse ponto de vista.
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência
verdadeira;
de elementos que comprovam uma opinião, tais como a enu-
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à
meração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo,
em que são frequentes as expressões: primeiro, segundo, por opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a uni-
último, antes, depois, ainda, em seguida, então, presentemente, versalidade da afirmação;
antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con-
sucessivamente, respectivamente. Na enumeração de fatos em siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes expres- autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
sões: cá, lá, acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de, Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes cidades, no sul, desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador ba-
no leste... seou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou in-
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de consequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se,
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar por meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da produz o desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é incon-
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. sequente, pois baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais ser comprovada. Para contraargumentar, propõese uma relação
que, menos que, melhor que, pior que. inversa: “o desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumen- Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis
tar o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: para desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adapta-
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autorida- das ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e,
de reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma em seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser ado-
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a tados para a elaboração de um Plano de Redação.
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações li-
terais no corpo de um texto constituem argumentos de autorida- Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo-
de. Ao fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela lução tecnológica
contidos na linha de raciocínio que ele considera mais adequada - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, res-
para explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de ponder a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê
argumento tem mais caráter confirmatório que comprobatório. da resposta, justificar, criando um argumento básico;

13
LÍNGUA PORTUGUESA
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refuta- um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma manei-
ção que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqua- ra, se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois
lificá-la (rever tipos de argumentação); textos – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de gênero ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou
ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as propósitos diferentes. Assim, como você constatou, uma história
ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa em quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim
e consequência); como um poema pode valer-se de uma letra de música ou um
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com artigo de opinião pode mencionar um provérbio conhecido.
o argumento básico; Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as com outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo
que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transfor- com outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-
mam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a -lo, ao tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-
ideia do argumento básico; -lo, ao ironizá-lo ou ao compará-lo com outros.
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre al-
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo gum grau de intertextualidade, pois quando falamos, escreve-
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais mos, desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que
ou menos a seguinte: nos expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou
Introdução mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos abso-
- função social da ciência e da tecnologia; lutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou
- definições de ciência e tecnologia; implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvi-
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. do ou lido.

Desenvolvimento Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração


- apresentação de aspectos positivos e negativos do desen- de um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as
volvimento tecnológico; ideias são organizadas a fim de que o objetivo final seja alcan-
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou çado: a compreensão textual. Na redação espera-se do autor
as condições de vida no mundo atual; capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologi- de modo coerente, além de expressar-se com clareza, de forma
camente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países correta e adequada.
subdesenvolvidos;
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; Coerência
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
passado; apontar semelhanças e diferenças; Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias.
urbanos; (Na linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para huma- bate com outra”).
nizar mais a sociedade. Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que
se estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a com-
Conclusão preender a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse- cada uma das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em
quências maléficas; conjunto dos elementos formativos de um texto.
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumen- A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respei-
tos apresentados. to aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união
dos elementos textuais.
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de A coerência de um texto é facilmente deduzida por um fa-
redação: é um dos possíveis. lante de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabele- as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competên-
ce entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência cia linguística, tomada em sentido lato, que permite a esse falan-
na criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertex- te reconhecer de imediato a coerência de um discurso.
tualidade como sendo a criação de um texto a partir de outro
texto já existente. Dependendo da situação, a intertextualidade A coerência:
tem funções diferentes que dependem muito dos textos/contex- - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
tos em que ela é inserida. - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão con-
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, ceitual;
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo,
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assu- com o aspecto global do texto;
me a função de não só persuadir o leitor como também de di- - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
fundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte
(pintura, escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação
entre dois textos caracterizada por um citar o outro.

14
LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão Tipos de Intertextualidade
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do tex- A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
to, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer
vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela
gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a inter-
vocabulário, tem-se a coesão lexical. textualidade.
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pa- Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mun-
lavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele- do, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há
mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer
os componentes do texto. afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a le-
xical, que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do
nomes genéricos e formas elididas, e a gramatical, que é conse- texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atuali-
guida a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjeti- zar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É
vo, determinados advérbios e expressões adverbiais, conjunções dizer com outras palavras o que já foi dito.
e numerais. A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros
A coesão: textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes.
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequen- Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto ori-
cial; ginal é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas anterior-
componentes do texto; mente, com esse processo há uma indagação sobre os dogmas
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das fra- estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através
ses. do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso
contínuo dessa arte, frequentemente os discursos de políticos
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabele- são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando
ce entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela
na criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertex- classe dominante.
tualidade como sendo a criação de um texto a partir de outro A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
texto já existente. Dependendo da situação, a intertextualidade científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que
tem funções diferentes que dependem muito dos textos/contex- consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha algu-
tos em que ela é inserida. ma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. e “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo so-
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assu- bre Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384
me a função de não só persuadir o leitor como também de di- a.C.-322 a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”.
fundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte
(pintura, escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa
entre dois textos caracterizada por um citar o outro. produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enuncia-
um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma manei- ção de outro autor. Esse recurso é importante haja vista que
ra, se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois sua apresentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado
textos – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo “plágio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.
gênero ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou
propósitos diferentes. Assim, como você constatou, uma história A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
em quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por
como um poema pode valer-se de uma letra de música ou um dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
artigo de opinião pode mencionar um provérbio conhecido.
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade Pastiche é uma recorrência a um gênero.
com outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo
com outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá- A Tradução está no campo da intertextualidade porque im-
-lo, ao tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá- plica a recriação de um texto.
-lo, ao ironizá-lo ou ao compará-lo com outros.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre al- Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
gum grau de intertextualidade, pois quando falamos, escreve- mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum
mos, desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que ao produtor e ao receptor de textos.
nos expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconheci-
mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos abso- mento de remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou me-
lutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou nos conhecidos, além de exigir do interlocutor a capacidade de
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvi- interpretar a função daquela citação ou alusão em questão.
do ou lido.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fon-
te, ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunica-
A intertextualidade explícita: ção. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem
– é facilmente identificada pelos leitores; cuida dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente,
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; conteúdos que compõem este estudo.
– não exige que haja dedução por parte do leitor;
– apenas apela à compreensão do conteúdos. Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.
A intertextualidade implícita:
– não é facilmente identificada pelos leitores; O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a ou-
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; tras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; significado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por com homem que é antônimo de mulher.
parte dos leitores;
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados
para a compreensão do conteúdo. e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos
é muito importante para produções textuais, porque evita que
PONTO DE VISTA você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferen- os mesmos exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de
tes sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.
de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que
compreende a perspectiva através da qual se conta a história. Hipônimos e Hiperônimos
Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Ape- Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo de-
sar de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma signa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o
narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: hiperônimo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por
O narrador-observador e o narrador-personagem. exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido espe-
cífico. E animais domésticos é uma expressão hiperônima, pois
Primeira pessoa indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não con-
Um personagem narra a história a partir de seu próprio pon- funda hiperônimo com substantivo coletivo. Hiperônimos estão
to de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!
lemos o livro com a sensação de termos a visão do personagem
podendo também saber quais são seus pensamentos, o que cau- Outros conceitos que agem diretamente no sentido das pa-
sa uma leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas lavras são os seguintes:
nossas vidas, existem algumas coisas das quais não temos co-
nhecimento e só descobrimos ao decorrer da história. Conotação e Denotação
Observe as frases:
Segunda pessoa Amo pepino na salada.
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um Tenho um pepino para resolver.
diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se
sinta quase como outro personagem que participa da história. As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas
essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso
Terceira pessoa mesmo, não!
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas ob- Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou
servasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na nar- seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, di-
rativa em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as cionarizado.
frases como alguém que estivesse apenas contando o que cada Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo co-
personagem disse. notativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depen-
de do contexto para ser entendida.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e co-
transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história notativo começa com C de contexto.
é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de
vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem esti- Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em pro-
ver acompanhando a leitura não fique confuso. pagandas:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da
loja, por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma
palavra, frase ou textos inteiros.

ORTOGRAFIA: EMPREGO DAS LETRAS, DAS PALAVRAS E DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA

ORTOGRAFIA OFICIAL
• Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
gui, que, qui.

Regras de acentuação
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
sílaba)

Como era Como fica


alcatéia alcateia
apóia apoia
apóio apoio

Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.

– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.

Como era Como fica


baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva

Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está domi-
Como era Como fica
nando muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?!
abençôo abençoo Por isso vamos passar para mais um ponto importante.
crêem creem
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/ com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/ indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das pala-
pera. vras. Vejamos um por um:

Atenção: Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre


• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. aberto.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. Já cursei a Faculdade de História.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o tim-
plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (man- bre fechado.
ter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos
as palavras forma/fôrma. este caso afundo mais à frente).
Sou leal à mulher da minha vida.
Uso de hífen
Regra básica: As palavras podem ser:
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho- – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-
mem. -cu-já, ra-paz, u-ru-bu...)
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
Outros casos sa-bo-ne-te, ré-gua...)
1. Prefixo terminado em vogal: – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaé- (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
reo.
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: antepro- As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
jeto, semicírculo. • São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirra- íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
cismo, antissocial, ultrassom. • São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L,
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro- N, R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron,
-ondas. éter, fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
2. Prefixo terminado em consoante: E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô,
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, céu, dói, coronéis...)
sub-bibliotecário. • São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vo-
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, gais (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
supersônico.
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressan- Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só
te. treinar e fixar as regras.

Observações:
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de pa-
RECONHECIMENTO DAS CLASSES DE PALAVRAS: SUBS-
lavra iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por
TANTIVO, ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO,
h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subuma-
ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO
nidade.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de
palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-ame- CLASSES DE PALAVRAS
ricano.
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemen- Substantivo
to, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou ima-
cooperar, cooperação, cooptar, coocupante. ginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice- e sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.
-almirante.
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachu-
va, pontapé, paraquedas, paraquedista.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré,
pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar,
aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-
-europeu.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação dos substantivos c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma
tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a
agente, o/a estudante, o/a colega.
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
de 1).
sua estrutura. macaco/João/sabão
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/ – Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
são formados por mais de um porta-voz/
radical em sua estrutura. pé-de-moleque • Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/ diminutivo.
são os que dão origem a mundo/ – Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
outras palavras, ou seja, ela é população – Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
a primeira. /formiga – Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
são formados por outros populacional/formigueiro Adjetivo
radicais da língua. É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substan-
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo tivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expres-
designa determinado ser /Brasil são composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro subs-
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da tantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função
espécie. São sempre iniciados Liberdade que um adjetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da
por letra maiúscula. tarde (jornal vespertino).
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
Flexão do Adjetivos
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
• Gênero:
uma mesma espécie.
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femi-
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente nino: homem feliz, mulher feliz.
nomeiam seres com existência /estrelas/fadas – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
própria. Esses seres podem /lobisomem para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê japonesa, aluno chorão/ aluna chorona.
reais ou imaginários.
SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/ • Número:
nomeiam ações, estados, bondade/ – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão
qualidades e sentimentos que confiança/ de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ na-
não tem existência própria, ou lembrança/ moradores, japonês/ japoneses.
seja, só existem em função de amor/ – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
um ser. alegria branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/ • Grau:


referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/ – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vi-
de seres da mesma espécie, buquê (de flores) torioso (do) que o seu.
mesmo quando empregado – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vi-
no singular e constituem um torioso (do) que o seu.
substantivo comum. – Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS quanto o seu.
QUE NÃO ESTÃO AQUI! – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosís-
simo.
Flexão dos Substantivos – Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: mascu- famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
lino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes
mais famoso de todos.
ou uniformes
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
menos famoso de todos.
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigre-
sa, o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina Artigo
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma É uma palavra variável em gênero e número que antecede o
única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes divi- substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
dem-se em epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. • Classificação e Flexão do Artigos
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invari- – Artigos Definidos: o, a, os, as.
áveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, pal- O menino carregava o brinquedo em suas costas.
meira macho/palmeira fêmea. As meninas brincavam com as bonecas.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo con- – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
texto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o Um menino carregava um brinquedo.
criança), a testemunha (o testemunha), o individuo (a individua). Umas meninas brincavam com umas bonecas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela, Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no
tempo ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os prono-
mes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem
ser variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é
dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre-
sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três:
presente, pretérito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas
infinitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada
pelo sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
passiva analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição
por/pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

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LÍNGUA PORTUGUESA
A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns-
tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez
em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas,
às ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo,
etc.
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pou-
co, de todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que
ligam orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um ele-
mento é determinante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

22
LÍNGUA PORTUGUESA
• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações
das pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e
a função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

CONCORDÂNCIA VERBAL E CONCORDÂNCIA NOMINAL

Concordância Nominal
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos concordam em gênero e número com os substantivos aos quais
se referem.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amistosa.

Casos Especiais de Concordância Nominal


• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam alerta.

• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na formação de palavras compostas:


Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.

• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.

• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis
quando advérbios:
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou meia dúzia de ovos.

• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:


Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.

• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.

Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enormes.

23
LÍNGUA PORTUGUESA
Concordância ideológica ou silepse Lembrar Não usa preposição
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gê-
nero gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido Pagar (pagar a alguém) a
no contexto. Precisar (necessitar) de
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
Proceder (realizar) a
Blumenau estava repleta de turistas.
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o Responder a
número gramatical (singular ou plural) que está subentendido Visar ( ter como objetivo a
no contexto. pretender)
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os
aplausos. NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
QUE NÃO ESTÃO AQUI!
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a
pessoa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos EMPREGO DO ACENTO INDICATIVO DE CRASE
políticos.
A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a
REGÊNCIA VERBAL E REGÊNCIA NOMINAL é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome
demonstrativo.
• Regência Nominal a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)
A regência nominal estuda os casos em que nomes (subs-
tantivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para com- • Devemos usar crase:
pletar-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu – Antes palavras femininas:
complemento é estabelecida por uma preposição. Iremos à festa amanhã
Mediante à situação.
• Regência Verbal O Governo visa à resolução do problema.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
o verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). – Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
Isto pertence a todos. Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado
nas locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
Regência de algumas palavras Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substan-
tivos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a
Esta palavra combina com Esta preposição crase. Mas... há crase, sim!
Acessível a Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.
Apto a, para
Atencioso com, para com – Expressões fixas
Coerente com Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso
de crase:
Conforme a, com à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa,
Dúvida acerca de, de, em, sobre à vontade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às
Empenho de, em, por vezes, às pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à
esquerda, à direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à
Fácil a, de, para, mão, às escondidas, à medida que, à proporção que.
Junto a, de • NUNCA devemos usar crase:
– Antes de substantivos masculinos:
Pendente de
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado
Preferível a a pé.
Próximo a, de
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou
Respeito a, com, de, para com, por plural) usado em sentido generalizador:
Situado a, em, entre Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
Ajudar (a fazer algo) a Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a
homem.
Aludir (referir-se) a
Aspirar (desejar, pretender) a – Antes de artigo indefinido “uma”
Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
Deparar (encontrar) com – Antes de pronomes
Implicar (consequência) Não usa preposição Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.

24
LÍNGUA PORTUGUESA
Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela. 2. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
A quem vocês se reportaram no Plenário? I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico. fato.
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence
– Antes de verbos no infinitivo ao gênero textual editorial.
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar. III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositi-
vas, já que se trata de uma reportagem.
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas,
já se trata de um editorial.
EXERCÍCIOS
Analise as assertivas e responda:
1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualida- (A) Somente a I é correta.
de é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que (B) Somente a II é incorreta.
NÃO se fundamenta em intertextualidade é: (C) Somente a III é correta
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter mor- (D) A III e IV são corretas.
rido há muito tempo.”
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se 3. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que
mete onde não é chamada.” ainda suja o Brasil”:
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem proble-
gente mesmo!” mas no desenvolvimento do assunto.
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta
tudo bem.” problemas no uso de conjunções e preposições.
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das clas-
ses de palavras e da ordem sintática.
Leia o texto abaixo para responder a questão. IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão
A lama que ainda suja o Brasil temática e bom uso dos recursos coesivos.
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
Analise as assertivas e responda:
A maior tragédia ambiental da história do País escancarou (A) Somente a I é correta.
um dos principais gargalos da conjuntura política e econômica (B) Somente a II é incorreta.
brasileira: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos (C) Somente a III é correta.
diante de um desastre de repercussão mundial. Confirmada a (D) Somente a IV é correta.
morte do Rio Doce, o governo federal ainda não apresentou um
plano de recuperação efetivo para a área (apenas uma carta de 4. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de
intenções). Tampouco a mineradora Samarco, controlada pela modo metafórico, considerando as relações existentes em um
brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. A única me- ambiente de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a
dida concreta foi a aplicação da multa de R$ 250 milhões – sendo uma ideia presente no texto:
que não há garantias de que ela será usada no local. “O leito do (A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
rio se perdeu e a calha profunda e larga se transformou num equânime em ambientes coletivos de trabalho;
córrego raso”, diz Malu Ribeiro, coordenadora da rede de águas (B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
da Fundação SOS Mata Atlântica, sobre o desastre em Mariana, equânime em ambientes coletivos de trabalho;
Minas Gerais. “O volume de rejeitos se tornou uma bomba reló- (C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de traba-
gio na região.” lho, cada sujeito possui atribuições próprias.
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem (D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente co-
riscos de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. letivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes
Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo do sujeito.
menos 16 barragens de mineração em todo o País apresentam (E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho,
condições de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.
de aparelhar órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na di-
reção oposta 5. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS –
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, 2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa or-
do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em dem, o seguinte par de palavras:
um tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo (A) estrondo – ruído;
marco regulatório da mineração, por sua vez, também conce- (B) pescador – trabalhador;
de prioridade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento (C) pista – aeroporto;
dos conflitos judiciais, o que não será interessante para o setor (D) piloto – comissário;
empresarial”, diz Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio (E) aeronave – jatinho.
Ambiental (ISA). Com o avanço dessa legislação outros danos ir-
reversíveis podem ocorrer. 6. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA série em que o hífen está corretamente empregado nas cinco
MA+QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL palavras:

25
LÍNGUA PORTUGUESA
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, in- 12. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na ora-
fra-vermelho. ção “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, o ataque, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, ob-
infra-assinado. serva-se a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiê- -alta. Nas locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que
nico. deve ser marcada com o acento, EXCETO em:
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, (A) Todos estavam à espera de uma solução para o proble-
contrarregra. ma.
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- (B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia
-mencionado. do eleitorado pelo resultado final.
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sis-
7. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a al- tema.
ternativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma (D) Os técnicos estavam face à face com um problema inso-
razão. lúvel.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”. (E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”. sistema.
(C) “sérios”, “potência”, “após”.
(D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(E) “solidária”, “área”, “após”. GABARITO
8. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto,
na oração “A abordagem social constitui-se em um processo de 1 E
trabalho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos
sublinhados classificam-se, respectivamente, em 2 C
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. 3 D
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. 4 D
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. 5 E
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. 6 D
7 A
9. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-
des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa 8 B
a nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da 9 A
frase acima, na ordem dada, as expressões: 10 E
(A) a que – de que;
(B) de que – com que; 11 A
(C) a cujas – de cujos; 12 D
(D) à que – em que;
(E) em que – aos quais.

10. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –


2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está
correta.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Pau-
lo.
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
35% deles fosse despejado em aterros.
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
de lixo.

11. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDE-


RAL – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado cor-
retamente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
(B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(C) Pretendo viajar a Paraíba.
(D) Ele gosta de bife à cavalo.

26
CONHECIMENTOS GERAIS
1. Assuntos de interesse geral veiculados pela imprensa audiovisual e pela imprensa escrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Aspectos históricos, geográficos, econômicos e políticos em nível de mundo, brasil, estado do rio de janeiro e município de
nilópolis/RJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
CONHECIMENTOS GERAIS
veitamento. Com o material disponibilizado online, você poderá
ASSUNTOS DE INTERESSE GERAL VEICULADOS PELA conferir e checar os fatos e fontes de imediato através dos veí-
IMPRENSA AUDIOVISUAL E PELA IMPRENSA ESCRITA culos de comunicação virtuais, tornando a ponte entre o estudo
desta disciplina tão fluida e a veracidade das informações um
A importância do estudo de atualidades caminho certeiro.
Acesse: https://www.editorasolucao.com.br/errata-retifi-
Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e es- cacao
tudantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem Bons estudos!
se tornado cada vez mais relevante. Quando pensamos em ma-
temática, língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas,
inevitavelmente as colocamos em um patamar mais elevado ASPECTOS HISTÓRICOS, GEOGRÁFICOS, ECONÔMICOS
que outras que nos parecem menos importantes, pois de algum E POLÍTICOS EM NÍVEL DE MUNDO, BRASIL, ESTADO
modo nos é ensinado a hierarquizar a relevância de certos co- DO RIO DE JANEIRO E MUNICÍPIO DE NILÓPOLIS/RJ
nhecimentos desde os tempos de escola.
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indi- História Geral
víduo no estudo do momento presente, seus acontecimentos, A Pré-História ainda não foi completamente reconstruí-
eventos e transformações. O conhecimento do mundo em que da, pois faltam muitos elementos que possam permitir que ela
se vive de modo algum deve ser visto como irrelevante no es- seja estudada de uma forma mais profunda. Isso ocorre devido
tudo para concursos, pois permite que o indivíduo vá além do à imensa distância que nos separa desse período, até porque
conhecimento técnico e explore novas perspectivas quanto à muitas fontes históricas desapareceram pela ação do tempo e
conhecimento de mundo. outras ainda não foram descobertas pelos estudiosos.
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em con- Nesse trabalho, o historiador precisa da ajuda de outras ci-
cursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, ências de investigação, como a arqueologia, que estuda as an-
mas podem também apresentar conhecimentos específicos do tiguidades, a antropologia, que estuda os homens, e a paleon-
meio político, social ou econômico, sejam eles sobre música, tologia, que estuda os fósseis dos seres humanos. Tais ciências
estudam os restos humanos, sendo que, a cada novo achado,
arte, política, economia, figuras públicas, leis etc. Seja qual for a
podem ocorrer mudanças no que se pensava anteriormente.
área, as questões de atualidades auxiliam as bancas a peneira-
Assim, podemos afirmar que a Pré-História está em constante
rem os candidatos e selecionarem os melhores preparados não
processo de investigação.
apenas de modo técnico.
A Pré-História está dividida em 3 períodos:
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter cons- - Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada) vai da origem do
tantemente informado. Os temas de atualidades em concursos homem até aproximadamente o ano 8.000 a.C, quando os hu-
são sempre relevantes. É certo que nem todas as notícias que manos dominam a agricultura.
você vê na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, - Neolítico (ou Idade da Pedra Polida) vai de 8.000 a.C. até
manter-se informado, porém, sobre as principais notícias de re- 5.000 a.C, quando surgem as primeiras armas e ferramentas de
levância nacional e internacional em pauta é o caminho, pois são metal, especialmente o estanho, o cobre e o bronze.
debates de extrema recorrência na mídia. - Idade dos Metais que vai de 5.000 até aproximadamente
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do 4.000 a.C. quando surgiu a escrita.
trigo. Com o grande fluxo de informações que recebemos dia- - O Neolítico
riamente, é preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está É no Neolítico que o homem domina a agricultura e torna-
consumindo. Por diversas vezes, os meios de comunicação (TV, -se sedentário. Com o domínio da agricultura, o homem buscou
internet, rádio etc.) adaptam o formato jornalístico ou informa- fixar-se próximo às margens dos rios, onde teria acesso à água
cional para transmitirem outros tipos de informação, como fofo- potável e a terras mais férteis. Nesse período, a produção de
cas, vidas de celebridades, futebol, acontecimentos de novelas, alimentos, que antes era destinada ao consumo imediato, tor-
que não devem de modo algum serem inseridos como parte do nou-se muito grande, o que levou os homens a estocarem ali-
estudo de atualidades. Os interesses pessoais em assuntos des- mentos. Consequentemente a população começou a aumentar,
te cunho não são condenáveis de modo algum, mas são triviais pois agora havia alimentos para todos. Começaram a surgir as
quanto ao estudo. primeiras vilas e, depois, as cidades. A vida do homem começava
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados a deixar de ser simples para tornar-se complexa. Sendo necessá-
através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininter- ria a organização da sociedade que surgia.
rupto de informações veiculados impede que saibamos de fato Para contabilizar a produção de alimentos, o homem habilmen-
como estudar. Apostilas e livros de concursos impressos tam- te desenvolveu a escrita. No início a escrita tinha função contábil,
bém se tornam rapidamente desatualizados e obsoletos, pois ou seja, servia para contar e controlar a produção dos alimentos.
atualidades é uma disciplina que se renova a cada instante.
As grandes civilizações
O mundo da informação está cada vez mais virtual e tecno-
As grandes civilizações que surgiram no período conhecido
lógico, as sociedades se informam pela internet e as compar-
como Antiguidade foram as grandes precursoras de culturas e
tilham em velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a editora
patrimônio que hoje conhecemos.
prepara mensalmente o material de atualidades de mais diver-
Estas grandes civilizações surgiram, de um modo geral, por
sos campos do conhecimento (tecnologia, Brasil, política, ética, causa das tribos nômades que se estabeleceram em um determi-
meio ambiente, jurisdição etc.) na “área do cliente”. nado local onde teriam condições de desenvolver a agricultura.
Lá, o concurseiro encontrará um material completo com Assim, surgiram as primeiras aldeias organizadas e as primeiras
ilustrações e imagens, notícias de fontes verificadas e confiá- cidades, dando início às grandes civilizações.
veis, tudo preparado com muito carinho para seu melhor apro-

1
CONHECIMENTOS GERAIS
Estas civilizações surgiram por volta do quarto milênio a.C.
com a característica principal de terem se desenvolvido às mar- Os babilônios
gens de rios importantes, como o rio Tigre, o Eufrates, o Nilo, o Na sociedade suméria havia escravidão, porém o número de
Indo e do Huang He ou rio Amarelo. escravos era pequeno. Grupos de nômades, vindos do deserto
A Mesopotâmia é considerada o berço da civilização. Esta da Síria, conhecidos como Acadianos, dominaram as cidades-es-
região foi habitada por povos como os Acádios, Babilônios, Assí- tados da Suméria por volta de 2300 a.C.
rios e Caldeus. Entre as grandes civilizações da Antiguidade, po- Os povos da Suméria destacaram-se também nos trabalhos
demos citar ainda os fenícios, sumérios, os chineses, os gregos, em metal, na lapidação de pedras preciosas e na escultura. A
os romanos, os egípcios, entre outros. construção característica desse povo é a zigurate, depois copia-
da pelos povos que se sucederam na região. Era uma torre em
Mesopotâmia: o berço da civilização forma de pirâmide, composta de sucessivos terraços e encimada
As grandes civilizações e suas organizações por um pequeno templo.
As primeiras civilizações se formaram a partir de quando o Os Sumérios eram politeístas e faziam do culto aos deuses
homem descobriu a agricultura e passou a ter uma vida mais uma das principais atividades a desempenhar na vida. Quando
sedentária, por volta de 4.000 a.C. Essas primeiras civilizações interrompiam as orações deixavam estatuetas de pedra diante
se formaram em torno ou em função de grandes rios: A Meso- dos altares para rezarem em seu nome.
potâmia estava ligada aos Rios Tigre e Eufrates, o Egito ao Nilo, Dentro dos templos havia oficinas para artesãos, cujos pro-
a Índia ao Indo, a China ao Amarelo. dutos contribuíram para a prosperidade da Suméria.
Foi no Oriente Médio que tiveram início as civilizações. Os sumérios merecem destaque também por terem sido os
Tempos depois foram se desenvolvendo no Oriente outras ci- primeiros a construir veículos com rodas. As cidades sumérias
vilizações que, sem contar com o poder fertilizante dos grandes eram autônomas, ou seja, cada qual possuía um governo inde-
rios, ganharam características diversas. As pastoris, como a dos pendente. Apenas por volta de 2330 a.C., essas cidades foram
hebreus, ou as mercantis, como a dos fenícios. Cada um desses unificadas.
povos teve, além de uma rica história interna, longas e muitas O processo de unificação ocorreu sob comando do rei Sar-
vezes conflituosas relações com os demais. gão I, da cidade de Acad. Surgia assim o primeiro império da
região.
Mesopotâmia O império construído pelos acades não durou muito tempo.
A estreita faixa de terra que localiza-se entre os rios Tigre Pouco mais de cem anos depois, foi destruído por povos inimi-
e Eufrates, no Oriente Médio, onde atualmente é o Iraque, foi gos.
chamada na Antiguidade, de Mesopotâmia, que significa “entre
rios” (do grego, meso = no meio; potamos = rio). Essa região foi Os babilônios (1900 a. C – 1600 a.C.)
ocupada, entre 4.000 a.C. e 539 a.C, por uma série de povos, que Os babilônios estabeleceram-se ao norte da região ocupada
se encontraram e se misturaram, empreenderam guerras e do- pelos sumérios e, aos poucos, foram conquistando diversas cida-
minaram uns aos outros, formando o que denominamos povos des da região mesopotâmica. Nesse processo, destacou-se o rei
mesopotâmicos. Sumérios, babilônios, hititas, assírios e caldeus Hamurabi, que, por volta de 1750 a.C., havia conquistado toda
são alguns desses povos. a Mesopotâmia, formando um império com capital na cidade de
Esta civilização é considerada uma das mais antigas da his- Babilônia.
tória. Hamurabi impôs a todos os povos dominados uma mesma
administração. Ficou famosa a sua legislação, baseada no prin-
Os sumérios (4000 a.C. – 1900 a.C.) cípio de talião (olho por olho, dente por dente, braço por braço,
Foi nos pântanos da antiga Suméria que surgiram as primei- etc.) O Código de Hamurabi, como ficou conhecido, é um dos
ras cidades conhecidas na região da Mesopotâmia, como Ur, mais antigos conjuntos de leis escritas da história. Hamurabi de-
Uruk e Nipur. senvolveu esse conjunto de leis para poder organizar e controlar
Os povos da Suméria enfrentaram muitos obstáculos natu- a sociedade. De acordo com o Código, todo criminoso deveria
rais. Um deles era as violentas e irregulares cheias dos rios Tigre ser punido de uma forma proporcional ao delito cometido.
e Eufrates. Para conter a força das águas e aproveita-las, cons- Os babilônios também desenvolveram um rico e preciso
truíram diques, barragens, reservatórios e também canais de ir- calendário, cujo objetivo principal era conhecer mais sobre as
rigação, que conduziam as águas para as regiões secas. cheias do rio Eufrates e também obter melhores condições para
Atribui-se aos Sumérios o desenvolvimento de um tipo de o desenvolvimento da agricultura. Excelentes observadores dos
escrita, chamada cuneiforme, que inicialmente, foi criada para astros e com grande conhecimento de astronomia, desenvolve-
registrar transações comerciais. ram um preciso relógio de sol.
A escrita cuneiforme – usada também pelos sírios, hebreus Além de Hamurabi, um outro imperador que se tornou co-
e persas – era uma escrita ideográfica, na qual o objeto repre- nhecido por sua administração foi Nabucodonosor, responsável
sentado expressava uma ideia, dificultando a representação de pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia, que fez para
sentimento, ações ou ideias abstratas, com o tempo, os sinais satisfazer sua esposa, e a Torre de Babel. Sob seu comando, os
pictóricos converteram-se em um sistema de sílabas. Os regis- babilônios chegaram a conquistar o povo hebreu e a cidade de
tros eram feitos em uma placa de argila mole. Utilizava-se para Jerusalém.
isso um estilete, que tinha uma das pontas em forma de cunha, Após a morte de Hamurabi, o império Babilônico foi invadi-
daí o nome de escrita cuneiforme. do e ocupado por povos vindos do norte e do leste.
Quem decifrou esta escrita foi Henry C. Rawlinson, através
das inscrições da Rocha de Behistun. Na mesma época, outro
tipo de escrita, a hieroglífica desenvolvia-se no Egito.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Hititas e assírios O estranho paradoxo da cultura assíria foi o crescimento da
Os hititas (1600 a. C – 1200 a.C.) ciência e da matemática. Este fato pode em parte explicado pela
Os Hititas foram um povo indo-europeu, que no 2º milênio obsessão assíria com a guerra e invasões. Entre as grandes in-
a.C. fundaram um poderoso império na Anatólia Central (atual venções matemáticas dos assírios está a divisão do círculo em
Turquia), região próxima da Mesopotâmia. A partir daí, esten- 360 graus, tendo sido eles dentre os primeiros a inventar latitu-
deram seus domínios até a Síria e chegaram a conquistar a Ba- de e longitude para navegação geográfica. Eles também desen-
bilônia. volveram uma sofisticada ciência médica, que muito influenciou
Provavelmente, a localização de sua capital, Hatusa, no cen- outras regiões, tão distantes como a Grécia.
tro da Ásia Menor, contribuiu para o controle das fronteiras do
Império Hitita. Sociedade Mesopotâmica
Essa sociedade legou-nos os mais antigos textos escritos em Os caldeus (612 a. C – 539 a.C.)
língua indo-europeia. Essa língua deu origem à maior parte dos A Caldeia era uma região no sul da Mesopotâmia, principal-
idiomas falados na Europa. Os textos tratavam de história, po- mente na margem oriental do rio Eufrates, mas muitas vezes o
lítica, legislação literatura e religião e foram gravados em sinais termo é usado para se referir a toda a planície mesopotâmica. A
cuneiformes sobre tábuas de argila. região da Caldeia é uma vasta planície formada por depósitos do
Os Hititas utilizavam o ferro e o cavalo, o que era uma no- Eufrates e do Tigre, estendendo-se a cerca de 250 quilômetros
vidade na região. O cavalo deu maior velocidade aos carros de ao longo do curso de ambos os rios, e cerca de 60 quilômetros
guerra, construídos não mais com rodas cheias, como as dos su- em largura.
mérios, mas rodas com raios, mais leves e de fácil manejo. Os Caldeus foram uma tribo (acredita-se que tenham emi-
O exército era comandado por um rei, que também tinha grado da Arábia) que viveu no litoral do Golfo Pérsico e se tor-
as funções de juiz supremo e sacerdote. Na sociedade hitita, as nou parte do Império da Babilônia. Esse império ficou conhecido
rainhas dispunham de relativo poder. como Neobabilônico ou Segundo Império Babilôncio. Seu mais
No aspecto cultural podemos destacar a escrita hitita, ba- importante soberano foi Nabucodonosor.
seada em representações pictográficas (desenhos). Além desta Em 587 a.C., Nabucodonosor conquistou Jerusalém. Além
escrita hieroglífica, os hititas também possuíam um tipo de es- de estender seus domínios, foram feitos muitos escravos en-
crita cuneiforme. tre os habitantes de Jesuralém. Seguiu-se então um período de
Assim como vários povos da antiguidade, os hititas seguiam prosperidade material, quando foram construídos grandes edifí-
o politeísmo (acreditavam em várias divindades). Os deuses hi- cios com tijolos coloridos.
titas estavam relacionados aos diversos aspectos da natureza Em 539 a.C., Ciro, rei dos persas, apoderou-se de Babilônia
(vento, água, chuva, terra, etc). e transformou-a em mais uma província de seu gigantesco im-
Em torno de 1200 a.C., os hititas foram dominados pelos as- pério.
sírios, que, contando com exércitos permanentes, tinham gran-
de poderio militar. A organização social dos mesopotâmios
A queda deste império dá-se por volta do século 12 a.C. Sumérios, babilônios, hititas, assírios, caldeus. Entre os inú-
meros povos que habitaram a Mesopotâmia existiam diferenças
Os assírios (1200 a. C – 612 a.C.) profundas. Os assírios, por exemplo, eram guerreiros. Os sumé-
Os assírios habitavam a região ao norte da babilônia e por rios dedicavam-se mais à agricultura.
volta de 729 a.C. já haviam conquistado toda a Mesopotâmia. Apesar dessas diferenças, é possível estabelecer pontos co-
Sua capital, nos anos mais prósperos, foi Nínive, numa região muns entre eles. No que se refere à organização social, à religião
que hoje pertence ao Iraque. e à economia. Vamos agora conhecê-las:
Este povo destacou-se pela organização e desenvolvimen-
to de uma cultura militar. Encaravam a guerra como uma das A sociedade
principais formas de conquistar poder e desenvolver a socieda- As classes sociais - A sociedade estava dividida em classes:
de. Eram extremamente cruéis com os povos inimigos que con- nobres, sacerdotes versados em ciências e respeitados, comer-
quistavam, impunham aos vencidos, castigos e crueldades como ciantes, pequenos proprietários e escravos.
uma forma de manter respeito e espalhar o medo entre os ou- A organização social variou muito pelos séculos, mas de
tros povos. Com estas atitudes, tiveram que enfrentar uma série modo geral podemos falar:
de revoltas populares nas regiões que conquistavam. Dominantes: governantes, sacerdotes, militares e comer-
Empreenderam a conquista da Babilônia, e a partir daí co- ciantes.
meçaram a alargar as fronteiras do seu Império até atingirem o Dominados: camponeses, pequenos artesãos e escravos
Egito, no norte da África. O Império Assírio conheceu seu perío- (normalmente presos de guerra).
do de maior glória e prosperidade durante o reinado de Assur- Dominantes detinham o poder de quatro formas básicas
banipal. de manifestação desse poder: riqueza, política, militar e saber.
Assurbanipal foi o último grande rei dos assírios. Durante o Posição mais elevada era do rei que detinha poderes políticos,
seu reinado (668 - 627 a.C.), a Assíria se tornou a primeira po- religiosos e militares. Ele não era considerado um deus, mas sim
tência mundial. Seu império incluía a Babilônia, a Pérsia, a Síria representante dos deuses.
e o Egito. Os dominados consumiam diretamente o que produziam e
Ainda no reinado de Assurbanipal, os babilônios se liberta- eram obrigados a entregar excedentes para os dominantes
ram (em 626 a.C.) e capturaram Ninive. Com a morte de Assur-
banipal, a decadência do Império Assírio se acentuou, e o po-
derio da Assíria desmoronou. Uma década mais tarde o império
caía em mãos de babilônios e persas.

3
CONHECIMENTOS GERAIS
A vida cotidiana na mesopotâmia Administradas por uma corporação de sacerdotes, as terras,
Escravos e pessoas de condições mais humildes levavam o que teoricamente eram dos deuses, eram entregues aos campo-
mesmo tipo de vida. A alimentação era muito simples: pão de neses. Cada família recebia um lote de terra e devia entregar ao
cevada, um punhado de tâmaras e um pouco de cerveja leve. templo uma parte da colheita como pagamento pelo uso útil da
Isso era a base do cardápio diário. Às vezes comiam legumes, terra. Já as propriedades particulares eram cultivadas por assa-
lentilha, feijão e pepino ou, ainda, algum peixe pescado nos rios lariados ou arrendatários.
ou canais. A carne era um alimento raro. Entre os sumérios havia a escravidão, porém o número de
Na habitação, a mesma simplicidade. Às vezes a casa era escravos era relativamente pequeno.
um simples cubo de tijolos crus, revestidos de barro. O telhado
era plano e feito com troncos de palmeiras e argila comprimi- A agricultura
da. Esse tipo de telhado tinha a desvantagem de deixar passar a A agricultura era base da economia neste período. A econo-
água nas chuvas mais torrenciais, mas em tempos normais era mia da Baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro milênio a.C.
usado como terraço. baseava-se na agricultura de irrigação. Cultivavam trigo, cevada,
As casas não tinham janelas e à noite eram iluminadas por linho, gergelim (sésamo, de onde extraiam o azeite para alimen-
lampiões de óleo de gergelim. Os insetos eram abundantes nas tação e iluminação), arvores frutíferas, raízes e legumes. Os ins-
moradias. trumentos de trabalho eram rudimentares, em geral de pedra,
Os ricos se alimentavam melhor e moravam em casas mais madeira e barro. O bronze foi introduzido na segunda metade
confortáveis que os pobres. Mesmo assim, quando as epidemias do terceiro milênio a.C., porem, a verdadeira revolução ocorreu
se abatiam sobre as cidades, a mortalidade era a mesma em to- com a sua utilização, isto já no final do segundo milênio antes da
das as camadas sociais. Era Cristã. Usavam o arado semeador, a grade e carros de roda;

A religião A criação de animais


Os povos mesopotâmicos eram politeístas, isto é, adoravam A criação de carneiros, burros, bois, gansos e patos era bas-
diversas divindades, e acreditavam que elas eram capazes de fa- tante desenvolvida.
zer tanto o bem quanto o mal, não acreditavam em recompen-
sas após a morte, acreditavam em crença em gênios, demônios, O comércio
heróis, adivinhações e magia. Seus deuses eram numerosos com Os comerciantes eram funcionários a serviço dos templos
qualidades e defeitos, sentimentos e paixões, imortais, despóti- e do palácio. Apesar disso, podiam fazer negócios por conta
cos e sanguinários. própria. A situação geográfica e a pobreza de matérias primas
Cada divindade era uma força da natureza como o vento, a favoreceram os empreendimentos mercantis. As caravanas de
água, a terra, o sol, etc, e do dono da sua cidade. Marduk, deus mercadores iam vender seus produtos e buscar o marfim da Ín-
de Babilônia, o cabeça de todos, tornou-se deus do Império, du- dia, a madeira do Líbano, o cobre de Chipre e o estanho de Cáu-
rante o reinado de Hamurabi. Foi substituído por Assur, durante caso. Exportavam tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras
o domínio dos assírios. Voltou ao posto com Nabucodonosor. preciosas e perfumes.
Acreditavam também em gênios bons que ajudavam os As transações comerciais eram feitas na base de troca,
deuses a defender-se contra os demônios, contra as divindades criando um padrão de troca inicialmente representado pela ce-
perversas, contra as enfermidades, contra a morte. Os homens vada e depois pelos metais que circulavam sobre as mais diver-
procuravam conhecer a vontade dos deuses manifestada em so- sas formas, sem jamais atingir, no entanto, a forma de moeda.
nhos, eclipses, movimento dos astros. Essas observações feitas A existência de um comércio muito intenso deu origem a uma
pelos sacerdotes deram origem à astrologia. organização economia sólida, que realizava operações como
empréstimos a juros, corretagem e sociedades em negócios.
Política e economia Usavam recibos, escrituras e cartas de crédito.
A organização política da Mesopotâmia tinha um soberano O comércio foi uma figura importante na sociedade meso-
divinizado, assessorado por burocratas- sacerdotes, que admi- potâmica, e o fortalecimento do grupo mercantil provocou mu-
nistravam a distribuição de terras, o sistema de irrigação e as danças significativas, que acabaram por influenciar na desagre-
obras hidráulicas. O sistema financeiro ficava a cargo de um gação da forma de produção templário-palaciana dominante na
templo, que funcionava como um verdadeiro banco, emprestan- Mesopotâmia.
do sementes, distribuído um documento semelhante ao cheque
bancário moderno e cobrando juros sobre as sementes empres- As ciências a astronomia
tadas. Entre os babilônicos, foi a principal ciência. Notáveis eram
Em linhas gerais pode-se dizer que a forma de produção pre- os conhecimentos dos sacerdotes no campo da astronomia,
dominante na Mesopotâmia baseou-se na propriedade coletiva muito ligada e mesmo subordinada a astrologia. As torres dos
das terras administrada pelos templos e palácios. Os indivíduos templos serviam de observatórios astronômicos. Conheciam as
só usufruíam da terra enquanto membros dessas comunidades. diferenças entre os planetas e as estrelas e sabiam prever eclip-
Acredita-se que quase todos os meios de produção estavam ses lunares e solares. Dividiram o ano em meses, os meses em
sobre o controle do déspota, personificações do Estado, e dos semanas, as semanas em sete dias, os dias em doze horas, as
templos. O templo era o centro que recebia toda a produção, horas em sessenta minutos e os minutos em sessenta segundos.
distribuindo-a de acordo com as necessidades, alem de proprie- Os elementos da astronomia elaborada pelos mesopotâmicos
tário de boa parte das terras: é o que se denomina cidade-tem- serviram de base à astronomia dos gregos, dos árabes e deram
plo. origem à astronomia dos europeus.

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CONHECIMENTOS GERAIS
A matemática O Direito
Entre os caldeus, alcançou grande progresso. As necessida- O Código de Hamurabi, até pouco tempo o primeiro código
des do dia a dia levaram a um certo desenvolvimento da mate- de leis que se tinha notícia, não é original. É uma compilação de
mática. leis sumerianas mescladas com tradições semitas. Ele apresenta
Os mesopotâmicos usavam um sistema matemático sexa- uma diversidade de procedimentos jurídicos e determinação de
gesimal (baseado no número 60). Eles conheciam os resultados penas para uma vasta gama de crimes.
das |multiplicações e divisões, raízes quadradas e raiz cúbica e Contém 282 leis, abrangendo praticamente todos os aspec-
equações do segundo grau. Os matemáticos indicavam os pas- tos da vida babilônica, passando pelo comércio, propriedade,
sos a serem seguidos nessas operações, através da multiplica- herança, direitos da mulher, família, adultério, falsas acusações
ção dos exemplos. Jamais divulgaram as formulas dessas opera- e escravidão. Suas principais características são: Pena ou Lei de
ções, o que tornaria as repetições dos exemplos desnecessárias. Talião, isto é, “olho por olho, dente por dente” (o castigo do
Também dividiram o círculo em 360 graus, elaboraram tábuas criminoso deveria ser exatamente proporcional ao crime por ele
correspondentes às tábuas dos logaritmos atuais e inventaram cometido), desigualdade perante a lei (as punições variavam de
medidas de comprimento, superfície e capacidade de peso; acordo com a posição social da vitima e do infrator), divisão da
sociedade em classes (os homens livres, os escravos e um grupo
A medicina intermediário pouco conhecido - os mushkhinum) e igualdade
Os progressos da medicina foram grandes (catalogação das de filiação na distribuição da herança.
plantas medicinais, por exemplo). Assim como o direito e a ma- O Código de Hamurabi reflete a preocupação em disciplinar
temática, a medicina estava ligada a adivinhação. Contudo, a a vida econômica (controle dos preços, organização dos arte-
medicina não era confundida com a simples magia. Os médicos sãos, etc.) e garantir o regime de propriedade privada da terra.
da Mesopotâmia, cuja profissão era bastante considerada, não Os textos jurídicos mesopotâmicos invocavam os deuses da jus-
acreditavam que todos os males tinham origem sobrenatural, já tiça, os mesmos da adivinhação, que decretavam as leis e presi-
que utilizavam medicamentos à base de plantas e faziam trata- diam os julgamentos.
mentos cirúrgicos. Geralmente, o medico trabalhava junto com
um exorcista, para expulsar os demônios, e recorria aos adivi- As artes
nhos, para diagnosticar os males. A mais desenvolvida das artes, porém não era tão notável
quanto a egípcia. Caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo luxo.
As letras Construíram templos e palácios, que eram considerados cópias
A linguagem escrita é resultado da necessidade humana de dos existentes nos céus, de tijolos, por ser escassa a pedra na
garantir a comunicação e o desenvolvimento da técnica. região. O zigurate, torre de vários andares, foi a construção ca-
racterística das cidades-estados sumerianas. Nas construções,
A escrita empregavam argila, ladrilhos e tijolos.
A escrita cuneiforme, grande realização sumeriana, usada
pelos sírios, hebreus e persas, surgiu ligada às necessidades de Escultura e a pintura
contabilização dos templos. Era uma escrita ideográfica, na qual Tanto a escultura quanto a pintura eram fundamentalmente
o objeto representado expressava uma ideia. Os sumérios - e, decorativas. A escultura era pobre, representada pelo baixo re-
mais tarde os babilônicos e os assírios, que falavam acadiano levo. Destacava-se a estatuária assíria, gigantesca e original. Os
- fizeram uso extensivo da escrita cuneiforme. Mais tarde, os sa- relevos do palácio de Assurbanipal são obras de artistas excep-
cerdotes e escribas começaram a utilizar uma escrita convencio- cionais. A pintura mural existia em função da arquitetura.
nal, que não tinha nenhuma relação com o objeto representado.
As convenções eram conhecidas por eles, os encarregados A música e a dança
da linguagem culta, e procuravam representar os sons da fala A música na Mesopotâmia, principalmente entre os babilô-
humana, isto é, cada sinal representava um som. Surgia assim nicos, estava ligada à religião.
a escrita fonética, que pelo menos no segundo milênio a.C., já Quando os fiéis estavam reunidos, cantavam hinos em lou-
era utilizado nos registros de contabilidade, rituais mágicos e vor dos deuses, com acompanhamento de música. Esses hinos
textos religiosos. Quem decifrou a escrita cuneiforme foi Henry começavam muitas vezes, pelas expressões: “ Glória, louvor tal
C. Rawlinson. A chave dessa façanha ele obteve nas inscrições deus; quero cantar os louvores de tal deus”, seguindo a enume-
da Rocha de Behistun, na qual estava gravada uma gigantesca ração de suas qualidades, de socorro que dele pode esperar o
mensagem de 20 metros de comprimento por 7 de Altura. fiel.
A mensagem fora talhada na pedra pelo rei Dario, e Rawlin- Nas cerimônias de penitência, os hinos eram de lamenta-
son identificou três tipos diferentes de escrita (antigo persa, ção: “aí de nós”, exclamavam eles, relembrando os sofrimentos
elamita e acádio - também chamado de assírio ou babilônico). de tal ou qual deus ou apiedando-se das desditas que desabam
O alemão Georg Friederich Grotefend e o francês Jules Oppent sobre a cidade. Instrumentos sem dúvida de sons surdos, acom-
também se destacaram nos estudos da escrita sumeriana. panhavam essa recitação e no corpo desses salmos, vê-se o tex-
to interromper-se e as onomatopeias “ua”, “ui”, “ua”, sucede-
A Literatura era pobre rem-se em toda uma linha. A massa dos fiéis devia interromper
Destacam-se apenas o Mito da Criação e a Epopeia de Guil- a recitação e não retomá-la senão quando todos, em coro tives-
gamesh - aventura de amor e coragem desse herói semi-deus, sem gemido bastante.
cujo objetivo era conhecer o segredo da imortalidade. A procissão, finalmente, muitas vezes acompanhava as ce-
rimônias religiosas e mesmo as cerimônias civis. Sobre um bai-
xo-relevo assírio do British Museum que representa a tomada
da cidade de Madaktu em Elam, a população sai da cidade e se

5
CONHECIMENTOS GERAIS
apresenta diante do vencedor, precedida de música, enquanto A FORMAÇÃO DO EGITO E DA MESOPOTÂMIA
as mulheres do cortejo batem palmas à oriental para compassar No Egito e na Mesopotâmia, surgiram as primeiras grandes
a marcha. civilizações da humanidade. A base econômica destas civiliza-
O canto também tinha ligações com a magia. Há cantos a ções estava na agricultura, ou seja, estava na produção de ali-
favor ou contra um nascimento feliz, cantos de amor, de ódio, mentos.
de guerra, cantos de caça, de evocação dos mortos, cantos para No texto “O Homem na História: A Pré-História” vimos que a
favorecer, entre os viajantes, o estado de transe. partir do momento em que os seres humanos passaram a produ-
A dança, que é o gesto, o ato reforçado, se apoia em ma- zir mais alimentos do que a sua necessidade de consumo, teve
gia sobre leis da semelhança. Ela é mímica, aplica-se a todas as que estocar estes alimentos. Com o tempo, passando a comer-
coisas:- há danças para fazer chover, para guerra, de caça, de cializar estes produtos excedentes com outras regiões. Deste
amor etc. comércio surgiu uma nova classe de trabalhadores, a classe dos
Danças rituais têm sido representadas em monumentos da comerciantes.
Ásia Ocidental, Suméria. Em Thecheme-Ali, perto de Teerã; em Mas o comércio não se organizou da mesma forma nas civi-
Tepe-Sialk, perto de Kashan; em Tepe-Mussian, região de Susa, lizações antigas. Em algumas, como no antigo Egito, o comércio
cacos arcaicos reproduzem filas de mulheres nuas, dando-se as de grandes distâncias por mar era dirigido pelo poder político,
mãos, cabelos ao vento, executando uma dança. Em cilindros- quer dizer, pelo faraó e seus funcionários. Sob sua direção foram
-sinetes vêem-se danças no curso dos festins sagrados (tumbas criadas filiais do comércio egípcio em regiões distantes.
reais de Ur). Em outros lugares, como na Mesopotâmia, durante largos
O legado dos povos mesopotâmicos períodos de sua história, o comércio esteve nas mãos de pes-
Herdamos dos povos mesopotâmicos vários elementos de soas particulares e não dos reis. Isso permitiu a criação de um
nossa cultura. Vejamos alguns: grupo de mercadores muito importantes, que adquiriam muitas
-o ano de 12 meses e a semana de 7 dias; riquezas.
-a divisão do dia em 24 horas; Entre os principais produtos comercializados estavam:
-a crença nos horóscopos e os doze signos do zodíaco; - Mesopotâmia: Trigo, cevada, linho e azeite de sésamo
-a previsão dos eclipses. (gergelim). Metais como ferro, cobre, estanho e bronze (uma
-o hábito de fazer o plantio de acordo com as fases da lua; liga de cobre e estanho). Pedras: lápis lazúli (pedra azula).
-a circunferência de 360 graus; - Egito Antigo: Trigo, centeio, cevada, vinho, linho e papiro
-o processo aritmético das operações matemáticas; mul- (os dois últimos se produziam tecidos, papiros, sandálias, etc.).
tiplicação, divisão, soma e subtração além de raiz quadrada e - Metais: ouro, ferro, cobre e turquesa. Pedras: lápis lazúli.
cúbica.
A MESOPOTÂMIA
Fonte: https://www.sohistoria.com.br/ef2/mesopotamia/ Os primeiros a se estabelecerem na região da Mesopotâmia
p7.php foram os Sumérios (aproximadamente no ano 4000 a.C.). Foram
eles os inventores da escrita. Desenvolveram a escrita cuneifor-
Mapa da Mesopotâmia. me (na forma de cunhas). Além da escrita, acredita-se que foram
Tradicionalmente se associa o início da História com a inven- os inventores da roda. As principais cidades sumérias foram: Ur,
ção da escrita, que ocorreu aproximadamente em 3.500 a.C. na Lagash e Uruk.
região da Mesopotâmia. Os registros escritos mais antigos que Por volta do ano 2.000 a.C., os Acádios conquistaram a Su-
se conhecem foram descobertos na Mesopotâmia. Trata-se de méria. Os Acádios fundaram o primeiro império da região. Seu
tabletes de argila com inscrições cuneiformes, ou seja, inscri- principal imperador foi Sargão I.
ções em forma de cunha. O Império acadiano durou pouco tempo, sendo conquistado
As primeiras cidades surgiram na Mesopotâmia e no Egito, pelos Babilônios. Hamurábi, rei da Babilônia, unificou as cidades
onde o homem passa a organizar-se em sociedades. Nas cidades da região e construiu um grande reino. Foi o autor do Código
surge o comércio, no início o comércio era feito somente com de Hamurábi, o mais antigo código de leis conhecido. Hoje, este
os excedentes da produção, mas com o tempo passou-se a plan- código encontra-se no Museu do Louvre em Paris. Com a morte
tar visando o comércio. Nas cidades os homens passaram a ser do rei Hamurábi, o reino foi dividido por seus sucessores, esta
classificados de acordo com suas funções (sacerdotes, agriculto- divisão enfraqueceu o império que caiu de vez no ano 1.200 a.C.
res, professores, pescadores, comerciantes, guerreiros, etc.). As com a invasão dos Assírios.
diferentes funções criaram diferenças sociais, uns tinham mais Os Assírios, que vinham do norte, possuíam um poderoso e
recursos do que os outros. sanguinário exército que conquistou uma a uma as cidades da
Esta divisão do trabalho ocasionou a necessidade de cria- região. Os Assírios estenderam seu império até a Palestina, do-
rem-se leis. Estas leis serviam para controlar e justificar as di- minando o Reino de Israel.
ferenças sociais que passaram a existir. Para garantir o cumpri- Por volta de 620 a.C., os habitantes da Caldéia, região loca-
mento das leis, os homens organizaram-se em cidades-Estado, a lizada no sul da Mesopotâmia, expulsaram os Assírios de volta
liderança era exercida, em geral, por um ancião ou por um chefe para o norte. Os caldeus fundaram um novo império, o Império
guerreiro. Babilônico. Estabeleceram sua capital na cidade da Babilônia.
Com o tempo, as cidades-Estados iniciaram um processo de Seu maior rei foi Nabucodonosor, conhecido pela História bíbli-
unificação, seja por motivo de guerras ou de alianças políticas. ca de Daniel.
Surgiam assim, os primeiros reis e reinos. Como por exemplo, os Nabucodonosor foi o construtor dos famosos Jardins Sus-
reis na Mesopotâmia e os faraós no Egito. pensos da Babilônia, uma das 7 maravilhas do mundo antigo.
Além desse jardim também construiu palácios, templos, as mu-
ralhas da cidade e o Portal de Ishtar - hoje este portal está num

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CONHECIMENTOS GERAIS
museu alemão. O Império da Babilônia estendeu-se por quase Outra característica importante desta mitologia estava na
todo o Oriente Médio e somente foi destruído por Ciro, o rei dos aparência dos deuses. Eles eram representados de forma an-
persas, no ano 550 a.C. tropozoomórfica, isto é, misturavam a aparência humana com
O domínio Persa colocou fim aos impérios da Mesopotâmia. a de animais. Normalmente tinham corpo humano e cabeça de
A partir deste momento os povos da Mesopotâmia foram sem- animal.
pre dominados por outras nações. A organização social meso- Quanto a hierarquia das divindades, ela mudava de acordo
potâmica com a dinastia no poder. Por esse motivo, encontramos templos
Considerando as diferenças que existiam em cada um dos dedicados a diferentes divindades dependendo da época e de
povos que habitou a Mesopotâmia, podemos dizer que, de um que faraó estava no governo. Por exemplo, na época da unifica-
modo geral, a sociedade mesopotâmica estava dividida em dois ção do Egito, o deus Hórus passou a ter a preferência, já que o
grupos principais, aquelas formadas pelas classes privilegiadas e faraó Menés cultuava este deus. Por outro lado, durante o Impé-
as formadas por classes exploradas. rio Novo, o faraó Akhenaton instituiu a adoração ao deus Áton,
Das classes privilegiadas faziam parte os nobres, os sacerdo- mas após sua morte a adoração a Amon voltou a ser a preferida.
tes (responsáveis pelo culto e pelas festividades) e os militares. Contudo, o mais importante da religião egípcia é que o fa-
Também fazia parte deste grupo os grandes comerciantes que raó também era um deus e, como tal, deveria ser adorado. Esse
desfrutavam de relativo prestígio dentro da sociedade. fator da religião egípcia tornava-a o principal instrumento de
Já as classes exploradas eram formadas por camponeses, manutenção da sociedade tal e qual ela era. Pois, a divinização
artesões e escravos, que eram explorados pelas massas privi- do faraó tornava o seu poder político legítimo e inquestionável.
legiadas. Claro que existiam grandes diferenças entre eles, es- E tornava a classe sacerdotal em importantes intermediários en-
pecialmente entre os livres e os escravos, contudo, legalmente tre a sociedade e o desejo dos deuses.
camponeses e artesões não possuíam direitos, apenas deveres.
Acima de toda esta organização está o rei. Ele ocupava o A HISTÓRIA EGÍPCIA
topo da organização social. O monarca era considerado o repre- Como vimos na introdução, a história egípcia cobre um lon-
sentante dos deuses na Terra. go período de tempo. Por isso, são várias as fontes de informa-
ção sobre a história da região. Pois, cada período histórico egíp-
O EGITO ANTIGO cio nos deixou diferentes fontes arqueológicas sobre ele.
O Egito Antigo é, sem sombra de dúvidas, a civilização da Dos períodos pré-dinástico e dinástico existe uma série
antiguidade que mais desperta o interesse do público em ge- de artefatos como estátuas, vasos e ornamentos como joias e
ral. E os motivos para isso são muitos. Afinal, os artefatos ar- amuletos. As matérias-primas de tais artefatos eram ossos, lá-
queológicos, os templos, as múmias, as pirâmides e as ruínas pis-lazúli, ouro, marfim, terracota, conchas, sílex e cerâmicas.
de construções milenares nos mostram uma cultura incrível e Também existem ruínas de cemitérios na região Delta do Nilo.
única. Nenhuma outra sociedade da antiguidade possui, hoje, Já no Império Antigo encontramos importantes ruínas de
tantas referências como a egípcia. construções preservadas, tais como templos e palácios. Mas,
Sua fascinante história de quase três milênios inicia por vol- sem dúvida o destaque são as três grandes pirâmides de Qué-
ta do ano 3100 a.C., quando o Egito ainda estava dividido em ops, Quéfren e Miquerinos e a Esfinge de Gizé. Também são en-
dois reinos distintos, já o seu término ocorre com a conquista contradas estátuas de faraós, de nobres e de escribas. Em muitos
macedônica em 332 a.C., quando as tropas lideras por Alexandre templos e palácios existem inscrições em hieróglifos narrando a
Magno subjugaram o Egito. vida de faraós e de deuses.
No período denominado de Império Médio existem evidên-
Geografia cias de que a capital egípcia tenha passado para cidade de Itjtawy,
O Egito Antigo surgiu e se desenvolveu ao redor do rio Nilo, na região de Fayum, próximo ao Delta. Nas ruínas da cidade existe
uma região muito fértil, mas rodeada de desertos. Por isso, o um importante sítio arqueológico que, entre outras coisas, revela
grego Heródoto afirmou que “o Egito é uma dádiva do Nilo”. que a cidade dispunha de um ótimo sistema de irrigação. Os amu-
Mas os desertos não eram de todo mal, pois formam uma prote- letos e estátuas demonstram um grande avanço artístico. A lite-
ção natural repelindo possíveis invasões estrangeiras. ratura é outra que se manteve preservada em templos, tumbas e
No norte, próximo ao Mar Mediterrâneo, ficava do Delta do palácios. Também existem ruínas de pirâmides.
Nilo, a mais fértil das regiões egípcias. No Delta havia muitos Entre o Médio e o Novo Império existem evidências de que
animais como hipopótamos, aves e jacarés. A fauna e a flora um povo de origem semita, os hicsos, tenha dominaram a região
local eram as mais ricas do Egito. Já no sul ficava a Núbia, um do Delta do Nilo. Deste período foram encontrados ossos de ca-
reino rival. Ao leste ficava o Mar Vermelho e ao Oeste existiam valos, não existiam em fases anteriores, e instrumentos musicais
somente desertos. diferentes daqueles localizados em outras épocas.
No Império Novo encontramos ferramentas e armas feitas
A RELIGIÃO EGÍPCIA em bronze e ferro, o que mostra que este foi um período de
A religião fazia parte da vida cotidiana de todos no Egito An- transição entre a Idade do Bronze e a do Ferro. É um período
tigo. Da arte à política, todos os aspectos da sociedade egípcia de construções de grande escala com destaque para o Templo
estavam impregnados de elementos religiosos. de Karnak, o Palácio de Malaqata, as colossais estátuas de Ram-
A base religiosa estava no politeísmo, isto é, na crença em sés II e o Templo de Luxor. Também foi construída a cidade de
vários deuses. Os mais populares eram Rá, Osíris, Ísis, Hórus, Akhetaten (atual Amarna). É deste período a incrível tumba do
Seth e Amon. Estes deuses eram apresentados em histórias mi- faraó Tutancâmon, a mais bem preservada tumba encontrada
tológicas cheias de simbolismos e referências a sociedade da até hoje. Cabe destacar que foram preservados importantes do-
região. cumentos como os fragmentos do tratado de paz entre os egíp-
cios e os hititas e um baixo relevo da Batalha de Kadesch.

7
CONHECIMENTOS GERAIS
Por fim, o Baixo Império marca uma série de domínios es- Escravidão no Egito e o Êxodo: período em que os hebreus,
trangeiros sobre o Egito Antigo. Os objetos arqueológicos do liderados pelo profeta Moisés saíram do Egito após dois séculos
período mostram as mudanças e influências que cada povo de escravidão. É nesta época que os hebreus recém as Tábuas da
opressor causou a cultura egípcia. Seja na arte, na escrita ou Lei, mais conhecido como “Dez Mandamentos”.
na construção de templos e palácios os povos que dominaram Era dos Juízes: período marcado pela conquista de Canãa
o Egito Antigo deixaram suas marcas nesta cultura. Existem evi- pelos hebreus. Nesta fase os hebreus estavam organizados em
dências de batalhas entre o Egito e os exércitos de Nabucodono- tribos familiares, cada qual liderada por um patriarca. Acima de
sor, rei da Babilônia, em 586 a.C. Por fim, em 332 a.C., Alexandre todos estava o juiz, os juízes eram os mediadores entre as tribos
Magno invadiu a região dando início ao período Ptolomaico. Este e os responsáveis por liderarem os exércitos. Dentre os juízes
feito coloca fim a autonomia do Egito Antigo enquanto reino. se destacou uma mulher chamada Débora. Outros importantes
juízes foram Josué, Gideão e Sansão.
Característica da sociedade egípcia Reinado: Por volta do ano mil a.C. Saul foi coroado como o
Apesar das diferenças que dependiam da dinastia que ocu- primeiro rei de Israel. Saul foi o responsável por reunir todas as
pava o poder, de um modo geral a sociedade egípcia estava or- tribos debaixo de uma só autoridade política. Mas somente com
ganizada debaixo da autoridade do faraó. Ele era considerado Davi, o segundo rei, é que Israel experimenta um crescimento
como uma divindade. Devia ser obedecido por sua autoridade econômico e territorial. Sob a liderança de Davi, os hebreus
política e adorado por ser um deus. conquistam praticamente toda a região de Canaã. Os exércitos
Logo abaixo do monarca estavam os sacerdotes. Estes eram hebreus vencem Filisteus, Amonitas, Moabitas e Midianitas. O
responsáveis pelas atividades religiosas e pelas festividades. Ti- terceiro rei, Salomão, constrói o Templo de Jerusalém e conhece
nham um grande prestígio dentro da sociedade. um período de grande prosperidade e paz.
Depois vinham os nobres e os líderes militares. Estes des- Cisma: Apesar da prosperidade do reinado de Salomão,
frutavam de muitos privilégios e ocupavam os cargos de chefia. após sua morte o reino é dividido. No Norte foi formado o Reino
Deste grupo também faziam parte os escribas, os responsáveis de Israel, cuja capital ficava na cidade de Samaria. Já o reino do
pela escrita. Os escribas registravam as vidas dos faraós e a his- Sul, foi fundado o Reino de Judá. Apesar do reino do Sul afirmar
tória do Egito. Outra classe que desfrutava de algum prestígio serem os herdeiros do reino unido, a verdade é que os dois rei-
eram os comerciantes e mercadores. Através deles o comércio nos tinham políticas muito parecidas.
interno e externo acontecia. Cativeiro Babilônico: Em 720 a.C. o Reino de Israel é con-
Sem privilégios ou prestígio vinham os soldados, os campo- quistado pela Assíria. A partir deste momento os hebreus nor-
neses e os artesãos. Representavam a grande maioria das pes- tistas praticamente desaparecem da história. Apesar de não se
soas livres, mas não possuíam direitos. Por fim, vinham os escra- curvarem perante os assírios, o Reino de Judá acabou capitulan-
vos. Geralmente formado por cativos capturados nas guerras. do frente ao exército de Nabucodonosor, rei da Babilônia em
595 a.C. Com isso, os judeus (hebreus de Judá) são levados cati-
OS HEBREUS vos para a Babilônia.
De todos os povos da antiguidade os hebreus talvez sejam Reconstrução: Período que inicia quando Ciro, rei da Pér-
os que mais influência cultural e religiosa nós sejamos herdeiros. sia, conquista a Babilônia. O monarca persa concede autorização
Pois as raízes da cultura judaico-cristã, da qual fazemos parte, para que os judeus retornarem à Jerusalém para a reconstrução
estão intimamente ligadas às origens deste povo. da cidade e do reino. Liderados por Esdras e Neemias, os he-
Podemos considerar que a História dos Hebreus inicia com breus retornam para Canaã.
a formação da tribo liderada pelo patriarca Abraão, por volta Domínios Estrangeiros: Período marcado pelo controle es-
do ano 2000 a.C, e o seu encerramento com a Diáspora judaica trangeiro sobre Israel. Primeiro ocorreu o domínio do Império
no ano 70 d.C. Este último ocorreu quando o Império Romano Macedônico, depois foram os Selêucidas (vencidos pelos he-
expulsou os hebreus de Israel. breus, que foram liderados pelos irmãos e por fim o domínio
romano. E foi exatamente no período de domínio romano que
Fontes os hebreus foram expulsos de Canãa no ano 70 d.C., no evento
A principal fonte de informações sobre a História dos He- que ficou conhecido como Diáspora. A partir daí os judeus foram
breus é, sem dúvida, o Antigo Testamento bíblico. Especialmen- espalhados por todas as regiões do Império Romano e o Templo
te as coleções de livros denominados de Pentateuco (também de Jerusalém foi destruído.
conhecidos como Torá) e os denominados livros históricos. Escravidão no Egito e o Êxodo: período em que os hebreus,
O Pentateuco é uma coleção de cinco livros: Gênesis, Êxo- liderados pelo profeta Moisés saíram do Egito após dois séculos
dos, Levítico, Números e Deuteronômio. Livros que segundo a de escravidão. É nesta época que os hebreus recém as Tábuas da
tradição foram escritos pelo profeta Moisés. Lei, mais conhecido como “Dez Mandamentos”.
Já os livros históricos são Josué, Juízes, I e II Samuel, I e II Era dos Juízes: período marcado pela conquista de Canãa
Crônicas, I e II Reis, Esdras e Neemias. Livros que possuem uma pelos hebreus. Nesta fase os hebreus estavam organizados em
variedade de autores, sendo que na maioria a autoria é desco- tribos familiares, cada qual liderada por um patriarca. Acima de
nhecida. todos estava o juiz, os juízes eram os mediadores entre as tribos
e os responsáveis por liderarem os exércitos. Dentre os juízes
História se destacou uma mulher chamada Débora. Outros importantes
Período dos Patriarcas: nesta época os hebreus eram tribos juízes foram Josué, Gideão e Sansão.
nômades lideradas por um patriarca. Neste período os hebreus Reinado: Por volta do ano mil a.C. Saul foi coroado como o
habitavam a região de Canãa conjuntamente com outros povos. primeiro rei de Israel. Saul foi o responsável por reunir todas as
Dentre todos os patriarcas do período destacaram-se Abraão, tribos debaixo de uma só autoridade política. Mas somente com
Isaque, Jacó (também conhecido como Israel) e José. Davi, o segundo rei, é que Israel experimenta um crescimento

8
CONHECIMENTOS GERAIS
econômico e territorial. Sob a liderança de Davi, os hebreus O filme 300 (EUA, 2007), baseado na graphic novel, Os 300
conquistam praticamente toda a região de Canaã. Os exércitos de Esparta (1998) de Frank Miller, retrata a história do combate
hebreus vencem Filisteus, Amonitas, Moabitas e Midianitas. O entre a elite do exército espartano, formada por 300 hoplitas
terceiro rei, Salomão, constrói o Templo de Jerusalém e conhece liderados pelo rei Leônidas, e o poderoso exército da Pérsia. A
um período de grande prosperidade e paz. Batalha das Termópilas (480 a.C.) se tornou o primeiro capítulo
Domínios Estrangeiros: Período marcado pelo controle es- da vitória grega que aconteceria anos mais tarde.
trangeiro sobre Israel. Primeiro ocorreu o domínio do Império Contudo, a vitória sobre os persas não representou a paz da
Macedônico, depois foram os Selêucidas (vencidos pelos he- região, ao contrário, a rivalidade entre atenienses e espartanos
breus, que foram liderados pelos irmãos e por fim o domínio se tornou ainda maior. As disputas entre as duas polis chegou ao
romano. E foi exatamente no período de domínio romano que ápice com a Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.). Nesta guerra,
os hebreus foram expulsos de Canãa no ano 70 d.C., no evento Esparta e Atenas, e suas respectivas ligas, enfrentaram-se em
que ficou conhecido como Diáspora. A partir daí os judeus foram uma batalha terrível. A vitória dos espartanos causou perdas se-
espalhados por todas as regiões do Império Romano e o Templo veras para as duas cidades.
de Jerusalém foi destruído. Atenas, derrotada, nunca mais seria a mesma e Esparta não
teria fôlego suficiente para liderar a Grécia sozinha.
GRÉCIA ANTIGA Aproveitando-se do vácuo no poder grego, os exércitos
Ao estudarmos a história grega, precisamos entender que a macedônicos, do rei Felipe II, invadiram a região. O Reino da
Grécia Antiga não era formada por um Estado único e centraliza- Macedônia, um reino grego localizado no norte da região, tor-
do. Na verdade, a região era habitada por várias tribos indepen- nou-se a nova potência da época. Nos anos que se seguiriam, o
dentes, que muitas vezes rivalizavam entre si. rei Alexandre, filho de Felipe, venceria definitivamente os per-
Destas tribos se destacaram os aqueus (que fundaram o Rei- sas, em 331 a.C., incorporando seus territórios à Grécia. Seria
no de Minos), os eólios (Macedônia), os dórios (Esparta) e os ele, Alexandre o grande, o responsável por fundir a cultura e a
jônios (Atenas). Portanto, os gregos não eram um único povo, civilização grega com a oriental (do Império Persa), desta união
mas a mistura de várias tribos de origem indo-europeia que che- resultaria a Civilização Helênica, da qual a Civilização Ocidental
garam à região em épocas diferentes. atual é herdeira.
Na região onde se instalou, cada uma das tribos fundou uma
importante cidade-Estado, das quais se destacaram Esparta e A MONARQUIA ROMANA
Atenas. Roma nasceu da fusão de um grupo de aldeias Latinas e Sa-
Para melhor entendermos a estrutura política e adminis- binas existentes nas colinas desta região. Os etruscos, povo que
trativa das diferentes cidades-Estados gregas, precisamos com- invadiu a região em 625 a.C., transformaram a federação destas
preender o conceito de polis. Segundo a pesquisadora Marilena aldeias em uma cidade, impondo-lhes um governo monárquico,
Chauí, as polis eram cidades-Estados, entendidas como comu- ou seja, com um rei e uma nobreza.
nidades organizadas, independentes e autossuficientes. Sendo Na base da cidade, as Gentes, grandes famílias, cujos mem-
Esparta e Atenas as principais polis gregas da antiguidade. bros, denominados de patrícios se diziam descendentes de um
As polis gregas eram independentes e tinham, cada uma, antepassado comum. Os patrícios formavam a aristocracia, sen-
um sistema administrativo próprio. Se a democracia nasceu em do os proprietários das terras e os únicos com acesso às honras
Atenas, em Esparta ela nunca teve espaço. Se os atenienses cul- públicas e ao sacerdócio (cargos religiosos). Já a massa popular,
tivavam a filosofia e as artes, os espartanos viviam em uma so- chamada de plebe, não tinha, no princípio, nenhum direito polí-
ciedade militarizada e rigidamente controlada. tico ou judiciário. O rei governava absoluto, sendo assistido pelo
No campo político-econômico, as duas cidades viviam da senado e pelo conselho de anciões, composto pelos chefes das
agricultura, da pecuária e do comércio de longa distância. Para Gentes, todos patrícios.
melhorar suas relações comerciais e militares, Esparta fundou a O povo era dividido em três tribos e dez cúrias e reuniam-se
Liga do Peloponeso (nome da região sul da Grécia, onde ficava a nas assembleias dos comícios curiais. Cada tribo contribuía para
cidade). Longe de ser forjada por acordos pacíficos, a Liga do Pe- a defesa do estado com cem cavaleiros e 10 centúrias (unidade
loponeso recrutava seus membros na base da imposição militar. básica do exército romano).
Para não ficar para trás, Atenas fundou a Liga de Delos (em Alguns historiadores afirmam que o rei Tarquínio, último
476 a.C.). Com isso, os atenienses também lideravam uma con- monarca etrusco, deixou de privilegiar a aristocracia, estes se
federação de cidades-Estados independentes. A liderança na pondo contra a monarquia, já bastante enfraquecida, formaram
Liga de Delos impulsionou a economia ateniense. A prosperi- a República Romana. O poder executivo (poder de executar as
dade da cidade possibilitou a modernização da polis. A riqueza Leis) passou do rei para dois magistrados, os pretores, depois
permitiu o surgimento de uma classe ociosa de intelectuais e, chamados de cônsules.
com isso, as artes e a filosofia ganharam grande impulso. O auge Muitos estudiosos da história romana, entre eles Moses I.
da cidade ocorreu durante o governo democrático de Péricles Finley, discordam desta relação de monarcas por vários motivos.
(461-431 a.C.). Apesar de garantir grande prosperidade à Ate- Dentre os motivos podemos citar o fato de Rômulo, possível fun-
nas, foi também nesta época que a rivalidade com os espartanos dador de Roma e seu primeiro rei, ter sua história baseada em
foi acentuada. uma série de lendas. Outra questão duvidosa está no fato de se
Somente a ameaça do Império Persa uniu as duas polis gre- tratarem de sete reis que governaram dentro de um período de
gas. As Guerras Medicas (contra o império Medo Persa) obriga- aproximadamente 250 anos (os primeiros 7 imperadores gover-
ram as duas cidades-Estados a deixarem suas divergências de naram por um período de 100 anos), sendo que Numa Pompílio,
lado para lutarem unidas contra os exércitos de Dário e Xerxes. o segundo rei, tem sobre si somente uma lenda e nenhum fato
histórico registrado.

9
CONHECIMENTOS GERAIS
A REPÚBLICA NA ROMA ANTIGA Segundo Triunvirato: Marco Antônio (general) representan-
Na Roma Antiga, a República foi formada para acabar com o te do exército. Tinha grande carisma entre o povo; Otávio Au-
domínio dos etruscos, os últimos três reis de Roma foram etrus- gusto (senador) herdeiro político de Júlio César.
cos. Alguns historiadores acreditam que era sobrinho de César.
A República fortaleceu o senado. Pois a política ficou centra- Otávio tinha apoio do senado; Lépido (patrício) representante
lizada nas mãos dos senadores. Faziam parte do senado somen- da elite romana, logo foi afastado.
te os patrícios, os únicos com direitos políticos. Marco Antônio e Otávio passam a disputar pela unificação
Os plebeus, excluídos da vida política, formavam a maior do poder. O novo período de disputas políticas enfraquece o se-
parte dos trabalhadores e do exército romano. Exigiam maior nado e, principalmente, a República Romana.
participação política. Ao vencer Marco Antônio, Otávio Augusto funda o Império
Romano, tornando-se o primeiro imperador de Roma.
Divisão social romana:
Patrícios – formavam a aristocracia, eram os donos das ter- O IMPÉRIO ROMANO
ras e os únicos com direito à cidadania romana. Com o fim do regime de triunviratos, Otávio Augusto e Mar-
Plebeus - camadas populares. Acredita-se que eram os anti- co Antônio passam a lutar pelo poder absoluto da república ro-
gos moradores da região. mana. Otávio vence no ano de 27 a.C., Marco Antônio suicida-se.
Expansão Romana (400 - 270 a.C.) Otávio Augusto muda seu nome para César Augusto, dan-
• Conquista da Península Itálica; do origem a tradição dos imperadores romanos de adotarem o
• Guerras Púnicas, contra o Reino de Cartago nome/título de César. Otávio funda o Império Romano.
• Conquista da Grécia, Egito e Ásia Menor;
A Pax Romana (Paz Romana)
Consequências da Expansão Romana A política adotada por César Augusto foi denominada de
• Enfraquecimento da cidade de Roma; Pax Romana. Esta política tinha algumas características, sendo
• Economia deixa de ser agrária passando a ser baseada no as principais:
comércio; • Investimentos em infra-estrutura, com isso foram constru-
• Empobrecimento dos pequenos agricultores; ídas estradas, pontes, aquedutos (abastecimento de água na ci-
• Aumento do número de escravos; • Conflitos entre ple- dade), templos, palácios, banhos públicos, anfiteatros, estádios,
beus e patrícios; etc.;
• Crise no sistema republicano. • Embelezamento e organização das regiões conquistadas;
Em 133 a.C. os irmãos Tibério e Caio Graco criam uma lei • Ampliação e melhora dos serviços de correio e de limpeza
para a Reforma Agrária, mas são assassinados e a lei anulada. pública;
Em 123 a.C., numa tentativa de amenizar a crise, assumem o • Ampliação ao direito de cidadania. Foi estendido aos po-
poder os generais Mário e Sila, iniciando uma tradição romana, vos conquistados;
sempre que há uma crise os militares assumem o poder. • Fim das Guerras de Conquistas.
Por volta do ano 100 a.C., os senadores, temendo o fim da Contudo, em longo prazo, a Pax Romana causaria uma sé-
República, criam os triunviratos, onde três homens de diferen- rie de problemas de ordem econômica devido aos altos gastos
tes seguimentos sociais governam Roma ao mesmo tempo. desta política, assim como a ausência de trabalhadores devido
Primeiro Triunvirato: Crasso (patrício) representava as elites ao término das conquistas e, com isso, a diminuição do número
ricas de Roma, morreu em seguida, numa batalha no Oriente. de escravos.
Pompeu (general) representava o exército. Júlio César (ge-
neral) representava o povo, tinha um grande carisma entre as Imperadores romanos (27 a.C. – 476 d.C.)
camadas mais humildes de Roma. • Otávio Augusto (27 a.C. - 14 d.C.) - governo marcado pela
César e Pompeu passaram a disputar pela centralização do paz, ordem e prosperidade romana (foram construídas estradas,
poder, iniciando uma sangrenta guerra civil em Roma. Júlio Cé- aquedutos, pontes, templos, palácios, etc.);
sar vence a disputa com Pompeu, assumindo o poder. Derrota- • Tibério (14 - 37) - deu continuidade ao governo de Otávio,
do, Pompeu foge para o Egito, onde é assassinado pelo faraó foi assassinado no ano 37;
Ptolomeu XIV. • Nero (54 - 68) - em 64 incendiou a cidade de Roma, mas
Ptolomeu presenteia Júlio César com a cabeça de Pompeu, culpou os cristãos. Acredita-se que queria reconstruir a cidade
César horrorizado por receber a cabeça do adversário numa de acordo com seus caprichos;
bandeja, destitui Ptolomeu do reinado egípcio. No processo de • Vespasiano (69 - 79) - construtor do Coliseu;
domínio romano sobre o Egito, Cleópatra torna-se a rainha re- • Constantino (312 - 337) - construiu Bizâncio, deu liberdade
gente. de culto aos cristãos. Foi o primeiro imperador cristão.
Ao voltar para Roma, Júlio César inicia um processo de re- Em 385, o Império Romano foi dividido em Império Romano
formas sociais: do Ocidente (capital em Roma) e Império Romano do Oriente
• combate a corrupção; (capital em Bizâncio, depois Constantinopla - posteriormente fi-
• diminuição de impostos; cou conhecido por Império Bizantino).
• distribuição de trigo ao povo.
Em consequência a política de “Pão e Circo”, César passa O Direito Romano
a ter o apoio do povo (plebe), mas acaba sendo traído e assas- O mais significativo legado romano foi seu sistema jurídico:
sinado em pleno senado romano. Os assassinos são senadores Código de Justiniano ou Corpus Juris Civilis (ver ao lado).
patrícios que estavam descontentes com as políticas populares Causas da queda do Império Romano:
de Júlio César.

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CONHECIMENTOS GERAIS
• Invasões Bárbaras: eslavos, tártaros, godos (visigodos e O feudalismo variava de região para região e de época para
ostrogodos), hunos e germânicos (francos, bretões, anglos, sa- época, ao longo da Idade Média.
xões, burgúndios, vândalos); Saiba também sobre as Relações de Suserania e Vassalagem
• Gigantismo: dificuldade em administrar um Império gigan- no Feudalismo.
tesco e com enormes gastos para manter a proteção territorial,
assim como a perda de controle sobre parte das regiões con- A Igreja Medieval
quistadas; A influência da religião em todos os aspectos da vida medie-
• Pax Romana (ou Paz Romana): a construção e os inves- val era imensa, a fé inspirava e determinava os mínimos atos da
timentos em infra-estrutura (pontes, estradas, aquedutos, ba- vida cotidiana.
nhos públicos, estádios, anfiteatros, etc.) levou ao aumento dos O homem medieval foi condicionado a crer que a igreja era
impostos e a uma grave crise financeira; a intermediária entre o indivíduo e Deus, e que a graça divina só
• Falta de escravos: o fim das guerras de conquista levou ao seria alcançada através dos sacramentos.
fim da renovação do número de escravos (a maioria era formada A vida monástica e as ordens religiosas começaram a surgir
pelos cativos de guerra); na Europa a partir de 529, quando São Bento de Múrcia fundou
• Cristianização: expansão do cristianismo no Império, in- o mosteiro no monte Cassino, na Itália e criou a ordem dos be-
clusive tornando-se um entrave ao trabalho escravo e às guer- neditinos.
ras (já que os cristãos não eram simpáticos à escravidão). Outro
problema é que após a oficialização do cristianismo, parte da O Império Bizantino
hierarquia da Igreja passou a ser sustentada pelo Estado. O Império Romano do Oriente, com capital em Constantino-
pla, fundada por Constantino em 330, inicialmente chamada de
Fonte Nova Roma, atingiu o máximo esplendor no governo de Justinia-
FABER, M. E. E. Disponível em: www.historialivre.com no (527-565) e conseguiu atravessar toda a Idade Média, como
um dos estados mais poderosos do Mediterrâneo.
A alta Idade Média No poder, Justiniano procurou organizar as leis do Império.
Lembre-se que a Idade Média esteve dividida em dois pe- Encarregou uma comissão para elaborar o Digestor, uma espécie
ríodos: de manual de Direito destinado aos principiantes.
• Alta idade Média: que se estendeu do século V ao sé- Publicado em 533, esse manual reunia as leis redigidas por
culo IX grandes juristas. Foram publicadas também as Institutas, com os
• Baixa Idade Média: que se estendeu do século X ao sé- princípios fundamentais do Direito Romano, e no ano seguinte,
culo XV foi concluído o código Justiniano.

Características da Alta Idade Média Fim da Alta Idade Média


Por volta do século V, o Império Romano do Ocidente en- O sistema feudal estava completo nos séculos IX e X, com a
frentava grave crise, a economia havia perdido parte do seu di- invasão dos árabes no Sul da Europa, dos vikings (normandos)
namismo e a atividade econômica começou a girar cada vez mais no norte e dos húngaros no leste.
em torno da vida agrária. A partir do século XI, quando se iniciaram diversas mudan-
A crise favoreceu a invasão do império por diversos povos, ças significativas na economia feudal, é que as atividades base-
sobretudo os de origem germânica, chamados de “povos bár- adas no comércio e na vida em cidades, pouco a pouco, ganha-
baros”, pelos romanos, por serem estrangeiros e não falarem vam impulso. Essas mudanças deram início ao período chamado
o latim. de Baixa Idade Média.
Os germanos formaram novos reinos dentro do território
romano. A partir do século IV, se formaram reinos independen- O Império cristão
tes, entre eles: os vândalos (no norte da África), ostrogodos (na O Império Romano passou a tolerar o cristianismo a partir
península Itálica), anglo-saxões (na Britânia – atual Inglaterra), de 313 d.C., com o Édito de Milão, assinado durante o império
visigodos (na península Ibérica) e os francos (na Europa Central de Constantino I (do Ocidente) e Licínio (do Oriente), no mesmo
– atual França). dia em que ocorreu o casamento de Licínio com Constantia, irmã
Os francos constituíram o reino mais poderoso da Europa do imperador da porção oriental do Império. Com este édito, o
Ocidental na Alta Idade Média. Carlos Magno foi o mais impor- Cristianismo deixou de ser proibido e passou a ser uma das religi-
tante rei da dinastia Carolíngia. No século VIII, foi coroado impe- ões oficiais do Império.
rador pelo papa Leão III, em Roma.
O Cristianismo tornou-se a única religião oficial do Império
A Alta Idade Média e o Feudalismo na Europa sob Teodósio I (379-395 d.C.) e todos os outros cultos foram proi-
O feudalismo, estrutura econômica social, política e cultu- bidos. Inicialmente, o imperador detinha o controle da Igreja.
ral, baseada na posse da terra, predominou na Europa Ocidental A decisão não foi aceita uniformemente por todo o Império; o
durante a Idade Média. Foi marcado pelo predomínio da vida paganismo ainda tinha um número muito significativo de adep-
rural e pela ausência ou redução do comércio no continente eu- tos. Uma das medidas de Teodósio I para que sua decisão fosse
ropeu. ratificada foi tratar com rigidez aqueles que se opuseram a ela.
A sociedade feudal baseava-se na existência de dois grupos O massacre de Tessalônica devido a uma rebelião pagã deixa
sociais – senhores e servos. O trabalho na sociedade feudal es- clara esta posição do imperador. Um dos conflitos entre a nova
tava fundado na servidão, onde os trabalhadores viviam presos religião do Império e a tradição pagã consistiu na condenação
à terra e subordinados a uma série de obrigações em impostos da homossexualidade, uma prática comum na Grécia antes e du-
e serviços. rante o domínio romano.

11
CONHECIMENTOS GERAIS
Islamismo
O Islamismo é uma religião monoteísta, ou seja, acredita na
existência de um único Deus; é fundamentada nos ensinamen-
tos de Mohammed, ou Muhammad, chamado pelos ocidentais
de Maomé. Nascido em Meca, no ano 570, Maomé começou sua
pregação aos 40 anos, na região onde atualmente corresponde
ao território da Arábia Saudita. Conforme a tradição, o arcanjo
Gabriel revelou-lhe a existência de um Deus único.
A palavra islã significa submeter-se e exprime a obediência
à lei e à vontade de Alá (Allah, Deus em árabe). Seus seguidores
são os muçulmanos (Muslim, em árabe), aquele que se subor-
dina a Deus. Atualmente, é a religião que mais se expande no
mundo, está presente em mais de 80 países.

Oração dos mulçumanos

Após a morte de Maomé, a religião islâmica sofreu ramifi-


cações, ocorrendo divisão em diversas vertentes com caracte-
rísticas distintas. As vertentes do Islamismo que possuem maior
quantidade de seguidores são a dos sunitas (maioria) e a dos
xiitas. Xiita significa “partidário de Ali” – Ali Abu Talib, califa (so-
berano muçulmano) que se casou com Fátima, filha de Maomé,
e acabou assassinado. Os sunitas defenderam o califado de Abu
Bakr, um dos primeiros convertidos ao Islã e discípulo de Mao-
mé. As principais características são:
Sunitas – defendem que o chefe do Estado mulçumano (ca-
lifa) deve reunir virtudes como honra, respeito pelas leis e capa-
cidade de trabalho, porém, não acham que ele deve ser infalível
ou impecável em suas ações. Além do Alcorão, os sunitas utili-
zam como fonte de ensinamentos religiosos as Sunas, livro que
reúne o conjunto de tradições recolhidas com os companheiros
Alcorão, livro sagrado do Islamismo de Maomé.
Xiitas – alegam que a chefia do Estado muçulmano só pode
O livro sagrado do Islamismo é o alcorão (do árabe alqur´- ser ocupada por alguém que seja descendente do profeta Ma-
rãn, leitura), consiste na coletânea das revelações divinas rece- omé ou que possua algum vínculo de parentesco com ele. Afir-
bidas por Maomé de 610 a 632. Seus principais ensinamentos mam que o chefe da comunidade islâmica, o imã, é diretamente
são a onipotência de Deus e a necessidade de bondade, genero- inspirado por Alá, sendo, por isso, um ser infalível. Aceitam so-
sidade e justiça nas relações entre os seres humanos. mente o Alcorão como fonte sagrada de ensinamentos religio-
Dentre os vários princípios do Islamismo, cinco são regras sos.
fundamentais para os mulçumanos: Alguns pontos em comum entre Xiitas e Sunitas são: a in-
- Crer em Alá, o único Deus, e em Maomé, seu profeta; dividualidade de Deus, a crença nas revelações de Maomé e a
- Realizar cinco orações diárias comunitárias (sãlat); crença na ressurreição do profeta no Dia do Julgamento.
- Ser generoso para com os pobres e dar esmolas; No Brasil, o Islamismo chegou, primeiramente, através dos
- Obedecer ao jejum religioso durante o ramadã (mês anual escravos africanos trazidos ao país. Posteriormente, ocorreu um
de jejum); grande fluxo migratório de árabes para o território brasileiro,
- Ir em peregrinação à Meca pelo menos uma vez durante a contribuindo para a expansão da religião. A primeira mesquita
vida (hajj). islâmica no Brasil foi fundada em 1929, em São Paulo. Atualmen-
te existem aproximadamente 27,3 mil muçulmanos no Brasil.

Baixa Idade Média


O feudalismo é um modo de produção ou a maneira como
as pessoas produziam os bens necessários para sua sobrevivên-
cia. Durante a Idade Média, este foi um sistema de organização
social que estabelecia como as pessoas se relacionavam entre si
e o lugar que cada uma delas ocupava na sociedade.

Surgimento do Feudalismo
O feudalismo teve suas origens no final do século 3, se con-
solidou no século 8, teve seu principal desenvolvimento no sé-
culo 10 e chegou a sobreviver até o final da Idade Média (século

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CONHECIMENTOS GERAIS
15). Pode-se afirmar que era o sistema típico da era medieval e As origens desse sistema feudal, de “feudo”, palavra ger-
que com ela se iniciou, a partir da queda do Império Romano do mânica que significa o direito que alguém possui sobre um bem
Ocidente (473) e com ela se encerrou, no final da Idade Média, ou sobre uma propriedade. Feudo, portanto, era uma unidade
quando houve a queda do Império Romano do Oriente (1543). de produção onde a maior parte das relações sociais passava a
Entre as principais causas do surgimento deste sistema feu- acontecer, porque os senhores feudais (suseranos) eram pode-
dal está a decadência do Império Romano (falta de escravos rosos e cediam a outros nobres (que se tornavam seus vassalos)
e prestígio, declínio militar) já no século 3 d.C., na grave crise as terras em troca de serviços e obrigações.
econômica no Império Romano. Ocorreram invasões germânicas
(bárbaros) que fizeram os grandes senhores romanos abando- Suserania e Vassalagem
narem as cidades para morar no campo, em suas propriedades Os senhores feudais possuíam terras e exploravam suas ri-
rurais. Esses poderosos senhores romanos criaram ali as vilas ro- quezas cobrando impostos e taxas desses nobres em seus terri-
manas, centros rurais que deram origem aos feudos e ao sistema tórios. Era um tratado de suserania e de vassalagem entre eles.
feudal na Idade Média. Esses vassalos podiam ceder parte das terras recebidas para ou-
Nestas vilas romanas, pessoas menos ricas buscaram traba- tros nobres menos poderosos que eles e passavam a ser os suse-
lho e a proteção dos grandes senhores romanos e fizeram com ranos destes segundos vassalos, enquanto permaneciam como
eles um tratado de colonato, ou seja, os mais pobres poderiam vassalos daquele primeiro suserano. Um vassalo recebia parte
usar as terras, mas seriam obrigados a entregar parte da produ- da terra e tinha que jurar fidelidade ao seu suserano, num ritual
ção destas terras aos senhores proprietários. Isso fez com que o de poder e de honra, quando o vassalo se ajoelhava diante de
antigo sistema escravista de produção fosse substituído por esse seu suserano e prometia fidelidade e lealdade.
novo sistema servil de produção, no qual o trabalhador rural se No sistema feudal quem concedia terras era suserano e
tornava servo do grande proprietário. quem as recebia era vassalo em relações baseadas em obriga-
ções mútuas e juramentos de fidelidade. O rei concedia terras
Funcionamento aos grandes senhores e esses, por sua vez, concediam partes
dessas terras aos senhores menos poderosos - os chamados ca-
valeiros – que passavam a lutar por eles. Um suserano se obri-
gava a dar proteção militar e jurídica aos vassalos. Um vassalo
investido na posse de um feudo, se obrigava a prestar auxílio
militar.

Sociedade feudal
Em uma sociedade feudal havia estamentos ou camadas es-
tanques, não havia mobilidade social e não se podia passar de
uma camada social para outra. Havia a camada daqueles que
lutavam (Nobreza), a camada dos que rezavam (Clero) e a cama-
da dos que trabalhavam (camponeses e servos). Com diferentes
componentes: os servos – que trabalhavam nos feudos, não po-
diam ser vendidos como escravos, nem tinham a liberdade de
deixarem a terra onde nasceram; os vilões – homens livres que
viviam nas vilas e povoados e deviam obrigações aos suseranos,
mas que podiam deixar o feudo quando desejassem; os nobres
e o clero, que participavam da camada dominante dos senhores
feudais, tinham a posse legal da terra, o poder político, militar
e jurídico.
No alto clero estavam o papa, os arcebispos e bispos e na
alta nobreza estavam os duques, marqueses e condes. No baixo
clero estavam os padres e monges e na baixa nobreza os viscon-
Ilustração de um Feudo des, barões e cavaleiros.
A base do sistema feudal era a relação servil de produção. Esses feudos eram isolados uns dos outros e necessitavam
Com base nisto foram organizados os feudos, que respeitavam da proteção de seus senhores. Nasceram sob o medo das in-
duas tradições: o comitatus e o colonatus. O comitatus (que vasões bárbaras sofridas e que ocasionaram o final do próprio
vem da palavra comites, “companheiro”) era de origem roma- Império Romano Ocidental. Os povos que formavam os novos
na e unia senhores de terra pelos laços de vassalagem, quando feudos eram as antigas conquistas dos romanos e passaram a
prometiam fidelidade e honra uns aos outros. No colonatus, ou se organizar em reinos, condados e povoados isolados para se
colonato, o proprietário das terras concedia trabalho e proteção protegerem de invasores estrangeiros. Esse isolamento também
aos seus colonos, em troca de parte de toda a produção desses os obrigava a produzirem o necessário para a sua sobrevivência
colonos. e consumo próprio.
Um senhor feudal dominava uma propriedade de terra (feu- Os senhores mais ricos submetiam os mais pobres aos tra-
do), que compreendia uma ou mais aldeias, as terras que seus balhos no campo e, em troca, lhes davam a proteção contra es-
vassalos (camponeses) cultivavam, a floresta e as pastagens co- ses ataques dos estrangeiros. Tinham as armas e soldados para
muns, a terra que pertencia à Igreja paroquial e a casa senhorial protegerem as populações mais pobres e delas exigiam lealda-
– que ficava na melhor parte cultivável. de. Com esse tratado de suserania e vassalagem foram domi-
nando muitas partes do Império Romano extinto. A dependência

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CONHECIMENTOS GERAIS
fez com que os camponeses passassem a entregar aos seus su- oportunidades de comércio, chegando ao ponto de incitar seus
seranos também os produtos que cultivavam, suas terras e seus mercadores a financiarem a ação militar dos cruzadistas dispo-
serviços, e se tornavam servos destes seus protetores. nibilizando recursos materiais, embarcações e dinheiro para a
A servidão dos vassalos era uma forma de escravidão mais Quarta Cruzada (1202 - 1204).
branda. Os servos não eram vendidos, mas eram obrigados a en- Dessa forma, mesmo não sendo uma solução duradoura
tregarem esses produtos aos senhores durante toda a sua vida. para os problemas europeus, as Cruzadas foram importantes
Não se tornavam proprietários das terras que cultivavam e elas para a criação de um fluxo comercial que permitiu a introdução
eram emprestadas para que nelas trabalhassem. Essa servidão de várias mercadorias orientais no cotidiano da Europa. Além
passava dos pais para os filhos, perpetuando essa relação de de- disso, o contato com os saberes do mundo bizantino e árabe foi
pendência e proteção por gerações. importantíssimo para o progresso intelectual necessário para o
desenvolvimento das posteriores grandes navegações.
Expansão comercial e as Cruzadas
No século XI, a expansão do mundo islâmico estabeleceu o
domínio da região da Palestina. Inicialmente, o controle territo- Formação das monarquias nacionais
rial exercido pelos árabes ainda permitiu que a cidade sagrada No decorrer da Idade Média, a figura política do rei era bem
de Jerusalém fosse visitada por vários cristãos que peregrina- distante daquela que usualmente costumamos imaginar. O po-
vam em direção ao lugar em que Cristo viveu o seu calvário. der local dos senhores feudais não se submetia a um conjunto
Contudo, nos fins desse mesmo século, a dominação realizada de leis impostas pela autoridade real. Quando muito, um rei po-
pelos turcos impediu que a localidade continuasse a ser visitada deria ter influência política sobre os nobres que recebiam parte
pelos cristãos. das terras de suas propriedades. No entanto, o reaquecimento
Nessa mesma época, a ordenação do mundo feudal sofria das atividades comerciais, na Baixa idade Média, transformou a
graves transformações. O fim das invasões bárbaras e a experi- importância política dos reis.
mentação de uma época mais estável permitiram que a produ- A autoridade monárquica se estendeu por todo um territó-
ção agrícola aumentasse e, seguidamente, a população europeia rio definido por limites, traços culturais e linguísticos que perfi-
também sofresse um incremento. Interessados em não dividir lavam a formação de um Estado Nacional. Para tanto, foi preciso
o seu poder, muitos senhores feudais preferiram repassar sua superar os obstáculos impostos pelo particularismo e universa-
herança somente ao filho mais velho, obrigando os outros des- lismo político que marcaram toda a Idade Média. O universalis-
cendentes a viverem de outras formas. mo manifestava-se na ampla autoridade da Igreja, constituin-
Aqueles que não ingressavam na vida religiosa, buscavam do a posse sobre grandes extensões de terra e a imposição de
na prestação de serviço militar ou em um casamento vantajo- leis e tributos próprios. Já o particularismo desenvolveu-se nos
so uma forma de buscar alguma garantia. Contudo, aqueles que costumes políticos locais enraizados nos feudos e nas cidades
não tinham como recorrer a tais alternativas, acabavam viven- comerciais.
do de pequenos crimes, assaltos e cobrança de pedágios sobre Os comerciantes burgueses surgiram enquanto classe social
aqueles que circulavam a Europa Medieval. Além disso, em algu- interessada na formação de um regime político centralizado. As
mas propriedades, muitos camponeses não suportavam as obri- leis de caráter local, instituídas em cada um dos feudos, enca-
gações servis e passavam a viver como mendigos e assaltantes. reciam as atividades comerciais por meio da cobrança de im-
Foi nesse contexto que o papa Urbano II, em reunião do postos e pedágios que inflacionavam os custos de uma viagem
Concílio de Clermont, convocou a cristandade europeia para lu- comercial. Além disso, a falta de uma moeda padrão instituía
tar contra os infiéis que impediam o acesso à Terra Santa. uma enorme dificuldade no cálculo dos lucros e na cotação dos
Todo aquele que participasse da luta contra os muçulmanos preços das mercadorias.
teriam os seus pecados automaticamente perdoados. Dessa for- Além disso, a crise das relações servis causou um outro tipo
ma, dava-se início às Cruzadas ou movimento cruzadista. de situação favorável à formação de um governo centralizado.
Mais do que conceder salvação àqueles que pegassem em Ameaçados por constantes revoltas – principalmente na Baixa
armas, as Cruzadas também representaram uma interessante Idade Média – e a queda da produção agrícola, os senhores feu-
alternativa às tensões sociais que se desenhavam na Europa dais recorriam à autoridade real com o intuito de formar exér-
Medieval. A escassez de terras para a nobreza poderia ser final- citos suficientemente preparados para conter as revoltas cam-
mente resolvida com o domínio dos territórios a leste. De fato, ponesas. Dessa maneira, a partir do século XI, observamos uma
ao conquistarem domínios na Síria, no Império Bizantino e na gradual elevação das atribuições políticas do rei.
Palestina, vários nobres formaram propriedades que deram ori- Para convergir maiores poderes em mãos, o Estado monár-
gem a diversos Estados feudais, conhecidos como reinos francos quico buscou o controle sobre questões de ordem fiscal, jurídi-
ou latinos. ca e militar. Em outros termos, o rei deveria ter autoridade e
A conquista foi logo contra-atacada pelos muçulmanos, que legitimidade suficientes para criar leis, formar exércitos e de-
contaram com a liderança militar do sultão Saladino na Terceira cretar impostos. Com esses três mecanismos de ação, as mo-
Cruzada. Ao fim desse novo embate, as terras conquistadas pe- narquias foram se estabelecendo por meio de ações conjuntas
los cristãos se reduziram a algumas regiões do litoral Palestino que tinham o apoio tanto da burguesia comerciante, quanto da
e da Síria. Dessa forma, não podemos dizer que o movimento nobreza feudal.
cruzadista representou uma solução definitiva à falta de terras Com o apoio dos comerciantes, os reis criaram exércitos
que tomava conta da Europa Cristã. mercenários que tinham caráter essencialmente temporário. Ao
Em contrapartida, o domínio de certas regiões do Oriente longo dos anos, a ajuda financeira dos comerciantes tratou de
Médio acabou permitindo o enriquecimento de algumas cida- formar as milícias urbanas e as primeiras infantarias. Tal medida
des comerciais que sobreviveram ao processo de ruralização da enfraqueceu a atuação dos cavaleiros que limitavam sua ação
era feudal. Locais como Gênova e Veneza aproveitaram as novas militar aos interesses de seu suserano. A formação de exércitos

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CONHECIMENTOS GERAIS
foi um passo importante para que os limites territoriais fossem Esse processo fez com que as obrigações servis fossem cada
fixados e para que fosse possível a imposição de uma autoridade vez mais rígidas, tendo em vista a escassez de trabalhadores. Os
de ordem nacional. grandes proprietários de terra acabaram criando leis que dificul-
A partir de então, o rei acumulava poderes para instituir tavam a saída dos servos de seus domínios ou permitia a captura
tributos que sustentariam o Estado e, ao mesmo tempo, regu- daqueles que fugissem das terras. A opressão dos senhores aca-
lamentaria os impostos a serem cobrados em seu território. bou incitando uma série de revoltas camponesas em diferentes
Concomitantemente, as moedas ganhariam um padrão de valor, pontos da Europa. Essas diversas rebeliões ficaram conhecidas
peso e medida capaz de calcular antecipadamente os ganhos como “jacqueries”.
obtidos com o comércio e a cobrança de impostos. A fixação de No século XV, o declínio populacional foi superado reavivan-
tais mudanças personalizou a supremacia política dos Estados do a produção agrícola e as atividades comerciais. Essa fase de
europeus na figura individual de um rei. recuperação ainda não foi capaz de resolver as transformações
Além de contar com o patrocínio da classe burguesa, a for- ocorridas naquela época. A baixa produtividade dos feudos não
mação das monarquias absolutistas também contou com apoio era capaz de atender a demanda alimentar dos novos centros
de ordem intelectual e filosófica. Os pensadores políticos da re- urbanos em expansão que, ao mesmo tempo, tinham seu merca-
nascença criaram importantes obras que refletiam sobre o papel do consumidor limitado pela grande população rural.
a ser desempenhado pelo rei. No campo religioso, a aprovação Além disso, o comércio sofria grandes dificuldades por con-
das autoridades religiosas se mostrava importante para que os ta dos monopólios que dificultavam e encareciam a circulação
antigos servos agora se transformassem em súditos à autorida- de mercadorias pela Europa. Os árabes e os comerciantes da
de de um rei. Península Itálica eram os principais responsáveis por esse enca-
recimento das especiarias vindas do Oriente. A falta de moedas,
Crise do feudalismo ocorrida por conta da escassez de metais preciosos e o escoa-
A crise do feudalismo é um processo de longa duração que mento das mesmas para os orientais, impedia o desenvolvimen-
conta com uma série de fatores determinantes. Entre outros to das atividades comerciais.
pontos, podemos destacar que a mudança nas relações econô- Tantos empecilhos gerados à economia do século XV só fo-
micas foi de grande importância para que as práticas e regras ram superados com a exploração de novos mercados que pu-
que regulavam o interior dos feudos sofressem significativas dessem oferecer metais, alimentos e produtos. Esses mercados
transformações. Essa nova configuração econômica, pouco a só foram estabelecidos com o processo de expansão marítima,
pouco, influiu na transformação nos laços sociais e nas idéias que deflagrou a colonização de regiões da África e da América.
que sustentavam aquele tipo de ordenação presente em toda Dessa forma, a economia mercantilista dava um passo decisivo
a Europa. para que um grande acúmulo de capitais se estabelecesse no
O caráter auto-sustentável dos feudos perdeu espaço para contexto econômico europeu.
uma economia mais integrada às trocas comerciais. Ao mesmo
tempo, a ampliação do consumo de gêneros manufaturados e A Idade Moderna - A economia mercantilista e a expansão
especiarias, e a crise agrícola dos feudos trouxeram o fim do marítima e comercial.
equilíbrio no acordo estabelecido entre servos e senhores feu- A expansão marítima europeia foi o período compreendido
dais. Essa fase de instabilidade envolvendo as relações servis entre os séculos XV e XVIII quando alguns povos europeus parti-
trouxe à tona um duplo movimento de reorganização dos feu- ram para explorar o oceano que os rodeava.
dos. Estas viagens deram início ao processo da Revolução Comer-
Por um lado, as relações feudais em algumas regiões sofre- cial, ao encontro de culturas diferentes e da exploração do novo
rem um processo de relaxamento que dava fim a toda rigidez mundo, possibilitando a interligação dos continentes.
constituída na organização do trabalho. Os senhores de terra,
cada vez mais interessados em consumir produtos manufatura- Expansão Ultramarina
dos e adquirir especiarias, passavam a estreitar relações com a As primeiras grandes navegações permitiram a superação
dinâmica econômica urbana e comercial. Para tanto, acabavam das barreiras comerciais da Idade Média, o desenvolvimento da
por dar mais espaço para o trabalho assalariado ou o arrenda- economia mercantil e o fortalecimento da burguesia.
mento de terras em troca de dinheiro. A necessidade do europeu lançar-se ao mar resultou de uma
Entretanto, não podemos dizer que a integração e a mone- série de fatores sociais, políticos, econômicos e tecnológicos.
tarização da economia faziam parte de um mesmo fenômeno ab- A Europa saía da crise do século XIV e as monarquias nacio-
soluto. Em algumas regiões, principalmente da Europa Oriental, nais eram levadas a novos desafios que resultariam na expansão
o crescimento demográfico e a perda da força de trabalho para a para outros territórios.
economia comercial incentivaram o endurecimento das relações Veja no mapa abaixo as rotas empreendias em direção ao
servis. Imbuídos de seu poder político, muitos senhores de terra Ocidente pelos navegadores e o ano das viagens:
da Rússia e de partes do Sacro Império Germânico passariam a
exigir mais obrigações e impostos da população campesina.
De forma geral, esse processo marcou um período de ascen-
são da economia européia entre os séculos XII e XIII. No entanto,
o século seguinte seria marcado por uma profunda crise que tra-
ria grande reformulação (ou crise) ao mundo feudal. Entre 1346
e 1353, uma grande epidemia de peste bubônica (peste negra)
liquidou aproximadamente um terço da população européia.
Com isso, a disponibilidade de servos diminuiu e os salários dos
trabalhadores elevaram-se significativamente.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Mais tarde, desenvolveriam e construiriam as caravelas e
naus a fim de poderem ir mais longe com mais segurança.
A precisão náutica foi favorecida pela bússola e o astrolábio,
vindos da China. A bússola já era utilizada pelos muçulmanos
no século XII e tem como finalidade apontar para o norte (ou
para o sul). Por sua vez, o astrolábio é utilizado para calcular as
distâncias tomando como medida a posição dos corpos celestes.
No mapa a seguir é possível ver as rotas empreendidas pelos
portugueses:

Rota das viagens

A Europa atravessava um momento de crise, pois comprava


mais que vendia. No continente europeu, a oferta era de madei-
ra, pedras, cobre, ferro, estanho, chumbo, lã, linho, frutas, trigo,
peixe, carne.
Os países do Oriente, por sua vez, dispunham de açúcar,
ouro, cânfora, sândalo, porcelanas, pedras preciosas, cravo, ca-
nela, pimenta, noz-moscada, gengibre, unguentos, óleos aromá- As navegações portuguesas na África foram denominadas
ticos, drogas medicinais e perfumes. Périplo Africano
Cabia aos árabes o transporte dos produtos até a Europa em
caravanas realizadas por rotas terrestres. O destino eram as ci- Com tecnologia desenvolvida e a necessidade econômica de
dades italianas de Gênova e Veneza que serviam como interme- explorar o Oceano, os portugueses ainda somaram a vontade de
diárias para a venda das mercadorias ao restante do continente. levar a fé católica para outros povos.
Outra rota disponível era pelo Mar Mediterrâneo monopoli- As condições políticas eram bastante favoráveis. Portugal
zada por Veneza. Por isso, era necessário encontrar um caminho foi a primeira nação a criar um Estado-nacional associado aos
alternativo, mais rápido, seguro e, principalmente, econômico. interesses mercantis através da Revolução de Avis.
Paralela à necessidade de uma nova passagem, era preciso Em paz, enquanto outras nações guerreavam, houve uma
solucionar a crise dos metais na Europa, onde as minas já davam coordenação central para as estimular e organizar as incursões
sinais de esgotamento. marítimas. Estas seriam essenciais para suprir a falta de mão de
Uma reorganização social e política também impulsionava à obra, de produtos agrícolas e metais preciosos.
busca de mais rotas. Eram as alianças entre reis e burguesia que O primeiro sucesso português nos mares foi a Conquista de
formaram as monarquias nacionais. Ceuta, em 1415. Sob o pretexto de conquista religiosa contra
os muçulmanos, os portugueses dominaram o porto que era o
O capital burguês financiaria a infraestrutura cara e neces-
destino de várias expedições comerciais árabes.
sária para o feito ao mar. Afinal, era preciso navios, armas, na-
Assim, Portugal estabeleceu-se na África, mas não foi pos-
vegadores e mantimentos.
sível interceptar as caravanas carregadas de escravos, ouro, pi-
Os burgueses pagavam e recebiam em troca a participação
menta, marfim, que paravam em Ceuta. Os árabes procuraram
nos lucros das viagens. Este foi um modo de fortalecer os Esta- outras rotas e os portugueses foram obrigados a procurar novos
dos nacionais e submeter à sociedade a um governo centraliza- caminhos para obter as mercadorias que tanto aspiravam.
do. Na tentativa de chegar à Índia, os navegadores portugueses
No campo da tecnologia foi necessário o aperfeiçoamento foram contornando a África e se estabelecendo na costa deste
da cartografia, da astronomia e da engenharia náutica. continente. Criaram feitorias, fortes, portos e pontos para nego-
Os portugueses tomaram a dianteira deste processo atra- ciação com os nativos.
vés da chamada da Escola de Sagres. Ainda que não fosse uma A essas incursões deu-se o nome de périplo africano e ti-
instituição do modo que conhecemos hoje, serviu para reunir nham o objetivo de obter lucro através do comércio. Não havia
navegadores e estudiosos so patrocínio do Infante Dom Henri- o interesse em colonizar ou organizar a produção de algum pro-
que (1394-1460). duto nos locais explorados.
Em 1431, os navegadores portugueses chegavam às ilhas
Portugal dos Açores, e mais tarde, ocupariam a Madeira e Cabo Verde.
A expansão marítima portuguesa começou através das con- O Cabo do Bojador foi atingido em 1434, numa expedição co-
quistas na costa da África e se expandiram para os arquipéla- mandada por Gil Eanes. O comércio de escravos africanos já era
gos próximos. Experientes pescadores, eles utilizaram pequenos uma realidade em 1460, com retirada de pessoas do Senegal até
barcos, o barinel, para explorar o entorno. Serra Leoa.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Foi em 1488 que os portugueses chegaram ao Cabo da Boa Igualmente, tentaram arrebatar o nordeste do Brasil duran-
Esperança sob o comando de Bartolomeu Dias (1450-1500). Esse te a União Ibérica, mas foram repelidos pelos espanhóis e portu-
feito constitui entre as importantes marcas das conquistas ma- gueses. No Pacífico, ocuparam o arquipélago da Indonésia e ali
rítimas de Portugal, pois desta maneira se encontrou uma rota permaneceriam por três séculos e meio.
para o Oceano Índico em alternativa ao Mar Mediterrâneo.
Entre 1498, o navegador Vasco da Gama (1469-1524) conse- O Renascimento cultural europeu
guiu chegar a Calicute, nas Índias, e aí estabelecer negociações A Europa foi revitalizada, nos últimos séculos da Idade mé-
com os chefes locais. dia, pelo reaquecimento do comércio e pela agitação da vida
Dentro deste contexto, a esquadra de Pedro Álvares Cabral urbana. A transição do feudalismo para o capitalismo foi, aos
(1467-1520), se afasta da costa da África a fim de confirmar se poucos, modificando os valores, as idéias, as necessidades artís-
havia terras por ali. Desta maneira, chega nas terras onde seria ticas e culturais da sociedade européia. Mais confiante em suas
o Brasil, em 1500. próprias forças o homem moderno deixou de olhar tanto para o
alto, em busca de Deus, passando a prestar mais atenção em si
Espanha mesmo. O homem se redescobre como centro de preocupações
A Espanha unificou grande parte do seu território com a intelectuais e sociais, como criatura e criador do mundo em que
queda de Granada, em 1492, com a derrota do último reino vive. Tudo isso refletiu nas artes, na filosofia e nas ciências.
árabe. A primeira incursão espanhola ao mar resultou na des-
coberta da América, pelo navegador italiano Cristóvão Colombo A mentalidade moderna
(1452-1516). A construção de um novo modelo de homem
Apoiado pelos reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela,
Colombo partiu em agosto de 1492 com as caravelas Nina e Pin- Durante boa parte da Idade Média, encontramos na Europa
ta e com a nau Santa Maria rumo a oeste, chegando à América um tipo de sociedade em que as pessoas estavam presas a um
em outubro do mesmo ano. determinado status que integrava a hierarquia social. Servo ou
Dois anos depois, o Papa Alexandre VI aprovou o Tratado senhor, vassalo ou suserano, mestre ou aprendiz, a posição de
de Tordesilhas, que dividia as terras descobertas e por descobrir cada pessoa inseria-se numa estrutura social verticalizada e rigi-
entre espanhóis e portugueses. damente estabelecida.
A fidelidade era a principal virtude dessa sociedade, na me-
França dida em que conformava cada pessoa dentro dessa estrutura
Através de uma crítica ao Tratado de Tordesilhas feita pelo estática.
rei Francisco I, os franceses se lançaram em busca de territó- Com a Idade Moderna, os laços dessa estrutura de depen-
rios ultramarinos. A França saía da Guerra dos Cem Anos (1337- dência social romperam-se, abrindo espaço para que o indivíduo
1453), das lutas do rei Luís XI (1461-1483) contra os senhores pudesse emergir.
feudais.
A partir de 1520, os franceses passaram a fazer expedições,
O espírito burguês de competição
chegando ao Rio de Janeiro e Maranhão, de onde foram expul-
O florescimento do comércio e a crescente participação do
sos. Na América do Norte, chegaram à região hoje ocupada pelo
Estado na economia favoreceram, dentro de cada país e interna-
Canadá e o estado da Louisiana, nos Estados Unidos.
cionalmente, a disputa por mercados, o aumento da concorrên-
No Caribe, se estabeleceram no Haiti e na América do Sul,
cia e a busca do lucro. Assim, uma das principais virtudes dessa
na Guiana.
sociedade efervescente era a capacidade de competição, uma
das características da burguesia.
Inglaterra
Entretanto, essa virtude somente se desenvolvia em pes-
Os ingleses, que também estavam envolvidos na Guerra dos
Cem Anos, Guerra das Duas Rosas (1455-1485) e conflitos com soas ansiosas por crescimento, observadoras do mundo em ex-
senhores feudais, também queriam buscar uma nova rota para pansão, capazes de utilizar a razão a serviço das mudanças e
as Índias passando pela América do Norte. do progresso social. O espírito burguês exigia, portanto, crença
Assim, ocuparam o que hoje seria os Estados Unidos e o Ca- em si mesmo e confiança na possibilidade de vencer sozinho,
nadá. Igualmente, ocuparam ilhas no Caribe como a Jamaica e de dominar as adversidades, de encontrar soluções racionais e
Bahamas. Na América do Sul, se estabeleceram na atual Guiana. eficientes.
Os métodos empregados pelo país eram bastante agressivos Todos esses valores burgueses chocavam-se, de alguma
e incluía o estímulo à pirataria contra a Espanha, com a anuência maneira, com a mentalidade dominante na Idade Média, que
rainha Elizabeth I (1558-1603). concebia um modelo de homem obediente à Igreja, integrado à
Os ingleses dominaram o tráfico de escravos para a América cristandade e acomodado às restrições feudais. Enfim, um ho-
Espanhola e também ocuparam várias ilhas no Pacífico, coloni- mem resignado ante Deus onipotente e submisso à Igreja, seu
zando as atuais Austrália e Nova Zelândia. representante na Terra.
Em contraposição à mentalidade cristã medieval, os tempos
Holanda modernos formularam um modelo de homem, caracterizados
A Holanda se lançou na conquista por novos territórios a fim pela ambição, pelo individualismo e pela rebeldia. Alguém dis-
de melhorar o próspero comércio que dominavam. Conseguiram posto a empregar suas energias na análise e na transformação
ocupar vários territórios na América estabelecendo-se no atual do mundo em que vivia.
Suriname e em ilhas no Caribe, como Curaçao.
Na América do Norte, chegaram a fundar a cidade de Nova Os novos valores culturais
Amsterdã, mas foram expulsos pelos ingleses que a rebatizaram Em substituição aos valores dominantes da Idade Média, a
de Nova Iorque. mentalidade moderna formulou novos princípios.

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CONHECIMENTOS GERAIS
- Humanismo – em vez de um mundo centrado em Deus (te- O termo humanista designava, inicialmente, um grupo de
ocêntrico), era preciso construir um mundo centrado no homem pessoas que, mesmo antes do século XV, dedicava-se à reformu-
(antropocêntrico), desenvolvendo uma cultura humanista. lação dos estudos ministrados nas universidades. O objetivo era
- Racionalismo – em vez de explicar o mundo pela fé, era dar nova orientação ao ensino universitário através dos estudos
preciso explicá-lo pela razão, desenvolvendo o racionalismo, humanísticos, que abrangiam matérias como filosofia, história,
principalmente nas ciências. poesia e eloqüência. Nesses estudos, considerava-se como ele-
- Individualismo – em vez da ênfase no aspecto coletivo e mento indispensável o conhecimento do grego e do latim, uma
fraternal da cristandade, era preciso reconhecer e respeitar as vez que utilizavam, permanentemente, textos da Antiguidade
diferenças individuais dos homens livres, valorizando o indivi- Clássica.
dualismo, diretamente associado ao espírito de competição e à Embora fossem, em sua maioria, cristãos, os humanistas
concorrência comercial. eram grandes admiradores da cultura greco-romana, desenvol-
vida antes do nascimento de Cristo. Estavam dispostos a revitali-
Renascimento zar o cristianismo, tendo como base certas idéias da Antiguidade
A maneira moderna de compreender e representar o mundo que apontavam para a valorização da liberdade individual, bem
De modo geral, o movimento intelectual e cultural que ca- como para a crença no poder da razão.
racterizou a transição da mentalidade medieval para a mentali- Não demorou muito para que o termo humanista adquirisse
dade moderna foi o Renascimento. um sentido amplo, passando a ser aplicado a todas as pessoas
O termo Renascimento tem sua origem na própria vontade (artistas, clérigos e intelectuais) inconformadas coma a cultura
de muitos artistas e intelectuais dos séculos XV e XVI de recu- tradicional da Idade Média. Pessoas que se revelam dispostas a
perar ou retomar a cultura antiga, greco-romana, que o período construir um novo sistema de valores para uma época marcada
medieval passou a ser rotulado como “Idade de Trevas”, época pelo desenvolvimento da competição comercial.
de “barbarismo” cultural. Entretanto, essas rotulações corres- A nova visão de mundo teria como elementos essenciais a
pondem, sem dúvida, a exageros dos renascentistas. exaltação do indivíduo e a confiança em suas potencialidades
racionais. Otimistas quanto ao futuro humano, os humanistas
A inspiração na cultura greco-romana demonstravam acreditar na construção de uma sociedade mais
O Renascimento não pode ser considerado como um retor- feliz, baseada no progresso das ciências e na difusão educacio-
no à cultura greco-romana, por uma simples razão: nenhuma nal dos conhecimentos.
cultura renasce fora de seu tempo.
Assim, devemos interpretar com prudência o ideal de imi- A diversidade do Renascimento
tação (imitatio) dos antigos, proposto como objetivo maior su- Apesar do esforço para apresentar os elementos comuns
blime dos humanistas por Petrarca, um de seus mais notáveis que marcaram o Renascimento, devemos ter em mente que esse
representantes. A imitação não seria a mera repetição, de resto movimento histórico, desenvolvido em diferentes regiões geo-
impossível, do modo de vida e das circunstâncias históricas de gráficas da Europa Ocidental, não foi algo uniforme ou sempre
gregos e romenos, mas a busca de inspiração em seus atos, suas coerente em suas manifestações.
crenças, suas realizações, de forma a sugerir um novo compor- O rótulo Renascimento abrangeu manifestações intelectuais
tamento do homem europeu. Comportamento que estava de e artísticas de grande variedade, que muitas vezes se asseme-
alguma maneira relacionado com os projetos da burguesia em lhavam entre si, mas outras vezes eram diferentes e até contra-
ascensão. ditórias.
Entretanto, o traço comum a todas essas manifestações foi
Um fenômeno cultural urbano a busca de alternativas para a sociedade da época, embora nem
O Renascimento foi um fenômeno tipicamente urbano, que todas as soluções apresentadas apontassem para a mesma di-
atingiu a elite economicamente dominante das cidades próspe- reção.
ras. Caracterizou-se não apenas pela mudança na qualidade da
obra intelectual, mas também pela alteração na quantidade da O que “renasceu” no período do Renascimento, portanto,
produção em sentido crescente. Entre os fatores que influencia- não foi a cultura clássica pagã pura e simplesmente. O que re-
ram esse crescimento quantitativo, destacam-se: nasceu foi a cultura urbana, a cultura ligada às cidades, com
- desenvolvimento da imprensa – por intermédio do ale- amplo comércio, vida intelectual e apreciação artística, como
mão Johann Gutenberg (1398-1468) foi desenvolvido o processo ocorria nas cidades-Estado da Antiguidade Clássica. Contudo, o
de impressão com tipos móveis de metal, dando-se um grande Renascimento não rompeu com o cristianismo; ao contrário, o
passo para a divulgação da literatura em maior escala. Surgiram resgate dos elementos da cultura clássica deu mais vigor à tra-
famosos impressores, que passaram a divulgar os ideais huma- dição cristã.
nistas do Renascimento.
- A ação dos mecenas – homens ricos, conhecidos como me- Artes plásticas
cenas, estimularam o desenvolvimento cultural, patrocinando o A arte da Renascença, tanto na Itália quanto no norte euro-
trabalho de artistas e intelectuais renascentistas. Entre os gran- peu, teve grande parte de seus modelos na Idade Média., em es-
des mecenas, encontram-se banqueiros, monarcas e papas. pecial na pintura produzida por Giotto di Bondone e Fra Angelico
e nos escultores do século XIII. Aquele que é considerado o pre-
A importância do humanismo cursor da pintura com noções claras de profundidade e propor-
O Renascimento não pode ser separado do humanismo, mo- ção geométrica – características centrais da pintura renascentis-
vimento amplo (séculos XV e XVI) pelo qual o homem torna-se o ta – foi Piero della Francesca. No século XVI, os grandes nomes
centro das preocupações intelectuais. das artes plásticas italiana foram Leonardo da Vinci, Michelan-
gelo Buonarroti e Rafael Sanzio. Outros vieram mais tarde, como

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CONHECIMENTOS GERAIS
Caravaggio e Tintoretto (italianos), El Greco (grego radicado na Século das Luzes
Espanha), Velázquez (espanhol) e Rembrandt (holandês) – esses A apogeu deste movimento foi atingido no século XVIII, e,
dois últimos já identificados com a escola do Barroco. este, passou a ser conhecido como o Século das Luzes. O Ilumi-
Os temas abordados por esses artistas variavam entre os nismo foi mais intenso na França, onde influenciou a Revolução
clássicos e os cristãos. A Igreja Católica era um dos grandes fi- Francesa através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraterni-
nanciadores desses artistas, assim como outros mecenas (termo dade. Também teve influência em outros movimentos sociais
que remonta ao patrocinador de artistas da época do imperador como na independência das colônias inglesas na América do
Augusto, Caio Mecenas), como os membros da família Médici – Norte e na Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil.
sendo Cosme de Médici o mais famoso entre eles. Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente
bom, porém, era corrompido pela sociedade com o passar do
Literatura e filosofia tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte de uma
No campo das letras, pensamento político e filosófico, bem sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade comum
como das artes cênicas, o Renascimento é saturado de exem- seria alcançada. Por esta razão, eles eram contra as imposições
plos. Três nomes são importantíssimos para se entender o de- de caráter religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários
senvolvimento da literatura renascentista: Francesco Petrarca, ao absolutismo do rei, além dos privilégios dados a nobreza e
Giovanni Boccaccio e Dante Alighieri. Foram esses três literatos ao clero.
que deram a base para o tipo de literatura escrita em vernáculo Os burgueses foram os principais interessados nesta filo-
(isto é, na língua comum a cada povo que estava se formando sofia, pois, apesar do dinheiro que possuíam, eles não tinham
na Europa daquela época). Francisco Sá de Miranda e Luís de poder em questões políticas devido a sua forma participação
Camões, em Portugal, consolidaram por meio de suas obras a limitada. Naquele período, o Antigo Regime ainda vigorava na
língua portuguesa. Cervantes e Calderón de la Barca, o espanhol. França, e, nesta forma de governo, o rei detinha todos os po-
Shakespeare e Chistopher Marlowe, o inglês, etc. deres. Uma outra forma de impedimento aos burgueses eram
No campo da filosofia houve grandes reflexões sobre políti- as práticas mercantilistas, onde, o governo interferia ainda nas
ca e teologia na obra de autores como Thomas Hobbes e Thomas questões econômicas.
Morus, na Inglaterra; Maquiavel, na Itália; e Jean Bodin, na Fran- No Antigo Regime, a sociedade era dividida da seguinte for-
ça. Esse autores contribuíram para a reflexão sobre o Estado ma: Em primeiro lugar vinha o clero, em segundo a nobreza, em
Moderno. Bodin, por exemplo, é considerado o pai intelectual terceiro a burguesia e os trabalhadores da cidade e do campo.
do Absolutismo Monárquico. Com o fim deste poder, os burgueses tiveram liberdade comer-
Outras reflexões filosóficas tiveram como preocupação cen- cial para ampliar significativamente seus negócios, uma vez que,
tral o Humanismo, isto é, um tipo de reflexão sobre a natureza com o fim do absolutismo, foram tirados não só os privilégios de
humana e seus problemas diante do mundo e de Deus. Erasmo poucos (clero e nobreza), como também, as práticas mercantilis-
de Rotterdan e Michel de Montaigne estão entre os principais tas que impediam a expansão comercial para a classe burguesa.
autores dessa corrente. O Humanismo pode ser constatado nas
obras de literatos e dramaturgos do período também, como os Principais filósofos iluministas
citados acima. Os principais filósofos do Iluminismo foram: John Locke
(1632-1704), ele acreditava que o homem adquiria conheci-
Ciência mento com o passar do tempo através do empirismo; Voltaire
Foi também no período do Renascimento que houve o de- (1694-1778), ele defendia a liberdade de pensamento e não
senvolvimento dos principais traços da ciência moderna, como poupava crítica a intolerância religiosa; Jean-Jacques Rousseau
a prática da anatomia – com o estudo de cadáveres – e a obser- (1712-1778), ele defendia a idéia de um estado democrático que
vação astronômica. A moderna física começou com estudiosos garanta igualdade para todos; Montesquieu (1689-1755), ele de-
que passaram a se valer de instrumentos para ampliar o sentido fendeu a divisão do poder político em Legislativo, Executivo e
da visão. Foi o caso de Johannes Kepler e Tycho Brahe, que exer- Judiciário; Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert
ceram grande influência sobre Galileu Galilei e, depois, Isaac (1717-1783), juntos organizaram uma enciclopédia que reunia
Newton. conhecimentos e pensamentos filosóficos da época.

Iluminismo Despotismo Esclarecido


Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia Frente à propagação e fortalecimento dos ideais iluministas,
o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Eu- muitas monarquias absolutistas passaram por um processo de
ropa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta relativa modernização. Por um lado, buscavam manter a cen-
forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas tralização política em torno dos governantes, mas agora ado-
em que se encontrava a sociedade. tando determinadas medidas iluministas, como o aumento dos
investimentos em ensino público e o incentivo às manufaturas
Os ideais iluministas nacionais.
Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que Marquês de Pombal, representante do rei português D. José
o pensamento racional deveria ser levado adiante substituindo I, pode ser citado como um desses déspotas iluminados. Sua po-
as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloque- lítica para a América Portuguesa, por exemplo, comportou medi-
avam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e das centralizadoras (como a ampliação do aparelho fiscalizador
passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram tributário colonial), mas também ações “esclarecidas”, como a
justificadas somente pela fé. expulsão da ordem jesuítica do Brasil, que representa em certa
medida a laicização da Coroa lusitana.

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CONHECIMENTOS GERAIS
As “luzes” além da Europa dão estrangeiros e, dessa forma, acabou por incentivar a indus-
Embora tenha sido na França que o Iluminismo se compôs trialização dos tecidos de algodão na própria Inglaterra – que,
originalmente, seus valores foram amplamente divulgados por com a medida, ficavam sem concorrentes.
diversos países da Europa, chegando, inclusive, em suas colô- Até meados do século XVIII (1760), a fiação tanto de lã como
nias. Assim, influenciados por tal ideologia os franceses fizeram de algodão era feitas manualmente em equipamentos toscos
sua “Revolução” em 1789 e os colonos americanos iniciaram as chamados rocas, rocadoras, de baixíssimo rendimento. A partir
lutas de independência ainda no desenrolar do século XVIII. de 1764, James Hargreaves inventou e introduziu no mercado a
Talvez resida aí uma das grandes novidades ofertadas pelo sua famosa máquina “Spinning Jenny”, que consistia numa má-
Iluminismo: embora muitas de suas concepções já tivessem sido quina de fiar que multiplicou a produção em 24 vezes em rela-
debatidas anteriormente (como nas argumentações desenvolvi- ção ao rendimento das antigas rocas. Logo em seguida, o mesmo
das por John Locke favoravelmente à limitação do poder real inventor colocava à disposição do mercado tinha uma nova in-
ainda em meados do século XVII), somente com o movimento venção: a lançadeira volante “Fly-Schepel”. A combinação desse
iluminista tais valores se difundiram mais amplamente. Ultra- processo de tecelagem com a fiação das “Spinning Jenny” pro-
passando as fronteiras do Velho Mundo e se fazendo presente duziu uma verdadeira revolução, que seria completada com a in-
nas mais diversas realidades sociais, desencadearam revoluções venção do Bastidor Hidráulico de Richard Arkwright, que tornou
burguesas, insurreições coloniais e tantas outras mobilizações possível a produção intensiva das tramas longitudinais e latitu-
populares. dinais – invento que foi otimizado com a chamada Mula Fiadora
(Spinning Mule) inventada por Samuel Cropton, em 1789, uma
combinação da Spinning Jenny de James Hargreaves com o bas-
Revolução Industrial na Inglaterra – (SÉCULO XVIII) tidor de Richard Arkwright. Com esses novos processos mecâni-
A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra integra o con- cos, a produção aumentou de 200 a 300 vezes em comparação
junto das “Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis com o que era produzido antes, no mesmo tempo. Por outro
pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comer- lado, melhorou substancialmente a qualidade do fio. Ainda no
cial para o industrial. século XVIII, em 1792 um outro invento de Eli Whitney conse-
Os outros dois movimentos que a acompanham são: a inde- guiu separar mecanicamente as sementes da fibra do algodão,
pendência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, que sob de modo a reduzir substancialmente o seu preço. As primeiras
influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da máquinas eram suficientemente baratas para que os fiandeiros
Idade Moderna para Contemporânea. Em seu sentido mais prag- pudessem continuar a trabalhar em suas casas.
mático, a Revolução Industrial significou a substituição da ferra- No entanto, na medida em que aumentavam de tamanho,
menta pela máquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo deixaram de ser instaladas nas habitações para serem instaladas
como modo de produção dominante. Esse momento revolucio- nas oficinas ou fábricas perto dos cursos d´agua que podiam ser
nário, de passagem da energia humana para motriz, é o ponto utilizados como fontes de força motriz. É importante lembrar,
culminante de uma evolução tecnológica, social e econômica, que, até então, toda força motriz utilizada na indústria incipien-
que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média. te era de fonte hidráulica. A transição da indústria doméstica
A grande Revolução Industrial começou a acontecer a par- para o sistema fabril não se fez do dia para a noite, de modo
tir de 1760, na Inglaterra, no setor da indústria têxtil, a princí- que, durante muito tempo, a fiação de algodão continuou sendo
pio, por uma razão relativamente fácil de se entender: o rápido feita em casa, assim como nas primeiras fábricas.
crescimento da população e a constante migração do homem Entretanto, em 1851, já três quartos das pessoas ocupadas
do campo para as grandes cidades acabaram por provocar um na manufatura trabalhavam em fábricas de médio e grande por-
excesso de mão-de-obra nas mesmas. te. Porém, a tecelagem continuou sendo uma indústria domésti-
Isto gerou um excesso de mão-de-obra disponível e bara- ca, até que surgiu a invenção de um tear mecânico, que era ba-
ta - que permitiria a exploração e a expansão dos negócios que rato e prático. Com essas invenções, os tecelões manuais foram
proporcionarão a acumulação de capital pela então burguesia deslocados para as fábricas e, praticamente, com o passar do
emergente. Isto tudo, aliado ao avanço do desenvolvimento tempo, acabaram por desaparecer.
científico - principalmente com a invenção da máquina a vapor As inovações introduzidas na indústria têxtil deram à In-
e de inúmeras outras inovações tecnológicas - proporcionou o glaterra uma extraordinária vantagem no comércio mundial
início do fenômeno da industrialização mundial. dos tecidos de algodão, a partir de 1780. O tecido era barato e
No século XVII, no ano de 1600, a população da Inglaterra podia ser comprado por milhões de pessoas que jamais haviam
passou de 4 milhões de habitantes para cerca de 6 milhões; no desfrutado o conforto de usar roupas leves e de qualidade. Em
século seguinte, no ano de 1700, a população já beirava os 9 1760, a Inglaterra exportava 250 mil libras esterlinas de tecidos
milhões de habitantes! de algodão e, em 1860, já estava exportando mais de 5 milhões.
Na Europa Continental, esse crescimento foi ainda mais rá- Em 1760, a Inglaterra importava 2,5 milhões de libras-peso de
pido: na França, por exemplo, a população passou de 17 milhões, algodão cru, e já em 1787 importava 366 milhões. Ao lado das
em 1700, para 26 milhões em 1800. O crescimento demográfico grandes invenções e inovações no campo da indústria têxtil, sur-
em tal escala proporcionou uma forte expansão dos mercados giu uma outra grande invenção: a máquina a vapor, de James
consumidores para bens manufaturados, especialmente vestuá- Watts, em 1763.
rios. Um outro fator importante no acontecimento revolucioná- Segundo alguns historiadores, foi essa combinação das in-
rio industrial foi que na Inglaterra, o consumo de tecidos de lã venções no campo da indústria têxtil e a máquina a vapor, prin-
era muito maior que os de algodão. cipalmente na indústria de mineração, dos transportes ferroviá-
Os tecidos de algodão eram importados da índia, de modo rios e marítimos, que, num período de 100 anos (1770 a 1870),
que para proteger a indústria local de lã, o Parlamento inglês caracterizaram e promoveram a grande Revolução Industrial. O
criou tarifas pesadas sobre as importações dos tecidos de algo- rápido crescimento da população no continente europeu e nas

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CONHECIMENTOS GERAIS
colônias, principalmente entre 1800 e 1850, fizeram com que, A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima
também, em outros países da Europa, se construísse um clima estimulados por idéias vindas da Revolução Francesa, levou as
favorável à proliferação industrial. classes dominantes a criar a Lei Speenhamland, que garantia
subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar por não
MECANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO ter trabalho. Um imposto pago por toda a comunidade custea-
As invenções não resultam de atos individuais ou do acaso, va tais despesas. Havia mais organização entre os trabalhadores
mas de problemas concretos colocados para homens práticos. O especializados, como os penteadores de lã.
invento atende à necessidade social de um momento; do con- Inicialmente, eles se cotizavam para pagar o enterro de
trário, nasce morto. Da Vinci imaginou a máquina a vapor no associados; a associação passou a ter caráter reivindicatório.
século XVI, mas ela só teve aplicação no século XVIII. Para alguns Assim surgiram as tradeunions, os sindicatos. Gradativamente
historiadores, a Revolução Industrial começa em 1733 com a in- os sindicatos conquistaram a proibição do trabalho infantil, a
venção da lançadeira volante, por John Kay. limitação do trabalho feminino, o direito de greve. A Revolução
O instrumento, adaptado aos teares manuais, aumentou a Industrial vai além da idéia de grande desenvolvimento dos me-
capacidade de tecer; até ali, o tecelão só podia fazer um teci- canismos tecnológica aplicados à produção, na medida em que:
do da largura de seus braços. A invenção provocou desequilí- consolidou o capitalismo; aumentou de forma rapidíssima a pro-
brio, pois começaram a faltar fios, produzidos na roca. Em 1767, dutividade do trabalho; originou novos comportamentos sociais,
James Hargreaves inventou a spinning jenny, que permitia ao novas formas de acumulação de capital, novos modelos políticos
artesão fiar de uma só vez até oitenta fios, mas eram finos e e uma nova visão do mundo; e talvez o mais importante, contri-
quebradiços. buiu de maneira decisiva para dividir a imensa maioria das socie-
A water frame de Richard Arkwright, movida a água, era dades humanas em duas classes sociais opostas e antagônicas: a
econômica, no entanto, produzia fios grossos. Em 1779, Sa- burguesia capitalista e o proletariado.
muel Crompton combinou as duas máquinas numa só, a Mule,
conseguindo fios finos e resistentes. Mas agora sobravam fios, A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que
desequilíbrio corrigido em 1785, quando Edmond Cartwright aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal parti-
inventou o tear mecânico. Cada problema surgido exigia nova cularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesa-
invenção. Para mover o tear mecânico, era necessária uma nal pelo assalariado e com o uso das máquinas.
energia motriz mais constante que a hidráulica, à base de rodas Até o final do século XVIII a maioria da população europeia
d’água. James Watt, aperfeiçoando a máquina a vapor, chegou à vivia no campo e produzia o que consumia. De maneira artesanal
máquina de movimento duplo, com biela e manivela, que trans- o produtor dominava todo o processo produtivo.
formava o movimento linear do pistão em movimento circular, Apesar de a produção ser predominantemente artesanal,
adaptando-se ao tear. Para aumentar a resistência das máqui- países como a França e a Inglaterra, possuíam manufaturas. As
nas, a madeira das peças foi substituída por metal, o que esti- manufaturas eram grandes oficinas onde diversos artesãos rea-
mulou o avanço da siderurgia. Nos Estados Unidos, Eli Whitney lizavam as tarefas manualmente, entretanto subordinados ao
inventou o descaroçador de algodão. proprietário da manufatura.

REVOLUÇÃO SOCIAL
A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fá-
bricas. O aspecto mais importante, que trouxe radical transfor-
mação no caráter do trabalho, foi esta separação: de um lado,
capital e meios de produção de outro, o trabalho. Os operários
passaram a assalariados dos capitalistas. Uma das primeiras ma-
nifestações da Revolução foi o desenvolvimento urbano. Lon-
dres chegou ao milhão de habitantes em 1800.
O progresso deslocou-se para o norte; centros como Man-
chester, abrigavam massas de trabalhadores, em condições mi-
seráveis. Os artesãos, acostumados a controlar o ritmo de seu
trabalho, agora tinham de submeter-se à disciplina da fábrica.
Passaram a sofrer a concorrência de mulheres e crianças. Na in-
dústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de meta-
de da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos
6 anos de idade. Não havia garantia contra acidente nem indeni- A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a
zação ou pagamento de dias parados neste caso. A mecanização diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato
desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário. do país possuir a mais importante zona de livre comércio da Eu-
Havia freqüentes paradas da produção, provocando desem- ropa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o
prego. Nas novas condições, caíam os rendimentos, contribuin- que facilitava a exploração dos mercados ultramarinos.
do para reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoo- Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o
lismo. Outros se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, operário era explorado sendo forçado a trabalhar até 15 horas
destruídas em Lancaster (1769) e em Lancashire (1779). Proprie- por dia em troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e
tários e governo organizaram uma defesa militar para proteger crianças também eram obrigadas a trabalhar para sustentarem
as empresas. suas famílias.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Diante disso, alguns trabalhadores se revoltaram com as Vale lembrar também que no início do século XX havia uma
péssimas condições de trabalho oferecidas, e começaram a sa- forte concorrência comercial entre os países europeus, princi-
botar as máquinas, ficando conhecidos como “os quebradores palmente na disputa pelos mercados consumidores. Esta con-
de máquinas“. Outros movimentos também surgiram nessa corrência gerou vários conflitos de interesses entre as nações.
época com o objetivo de defender o trabalhador. Ao mesmo tempo, os países estavam empenhados numa rápida
O trabalhador em razão deste processo perdeu o conheci- corrida armamentista, já como uma maneira de se protegerem,
mento de todo a técnica de fabricação passando a executar ape- ou atacarem, no futuro próximo. Esta corrida bélica gerava um
nas uma etapa. clima de apreensão e medo entre os países, onde um tentava se
armar mais do que o outro.
A Primeira etapa da Revolução Industrial Existia também, entre duas nações poderosas da época,
Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, uma rivalidade muito grande. A França havia perdido, no final do
primeiramente, à Inglaterra. Houve o aparecimento de indús- século XIX, a região da Alsácia-Lorena para a Alemanha, durante
trias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Nessa a Guerra Franco Prussiana. O revanchismo francês estava no ar,
época o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a e os franceses esperando uma oportunidade para retomar a rica
continuação da Revolução. região perdida.
O pan-germanismo e o pan-eslavismo também influenciou e
A Segunda Etapa da Revolução Industrial aumentou o estado de alerta na Europa. Havia uma forte vonta-
A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, ao de nacionalista dos germânicos em unir, em apenas uma nação,
contrário da primeira fase, países como Alemanha, França, Rús- todos os países de origem germânica. O mesmo acontecia com
sia e Itália também se industrializaram. O emprego do aço, a uti- os países eslavos.
lização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do pe-
tróleo, a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor O início da Grande Guerra
e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais O estopim deste conflito foi o assassinato de Francisco Fer-
inovações desse período. dinando, príncipe do império austro-húngaro, durante sua visita
a Saravejo (Bósnia-Herzegovina). As investigações levaram ao
A Terceira Etapa da Revolução Industrial criminoso, um jovem integrante de um grupo Sérvio chamado
Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnoló- mão-negra, contrário a influência da Áustria-Hungria na região
gicos do século XX e XXI como a terceira etapa da Revolução dos Balcãs. O império austro-húngaro não aceitou as medidas
Industrial. O computador, o fax, a engenharia genética, o celular tomadas pela Sérvia com relação ao crime e, no dia 28 de julho
seriam algumas das inovações dessa época. de 1914, declarou guerra à Servia.

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Política de Alianças


Vários problemas atingiam as principais nações europeias Os países europeus começaram a fazer alianças políticas e
no início do século XX. O século anterior havia deixado feridas militares desde o final do século XIX. Durante o conflito mundial
difíceis de curar. estas alianças permaneceram. De um lado havia a Tríplice Alian-
Alguns países estavam extremamente descontentes com a ça formada em 1882 por Itália, Império Austro-Húngaro e Ale-
partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX. Ale- manha ( a Itália passou para a outra aliança em 1915). Do outro
manha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo lado a Tríplice Entente, formada em 1907, com a participação de
neocolonial. Enquanto isso, França e Inglaterra podiam explorar França, Rússia e Reino Unido.
diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande O Brasil também participou, enviando para os campos de
mercado consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, batalha enfermeiros e medicamentos para ajudar os países da
neste contexto, pode ser considerada uma das causas da Gran- Tríplice Entente.
de Guerra.
Desenvolvimento
As batalhas desenvolveram-se principalmente em trinchei-
ras. Os soldados ficavam, muitas vezes, centenas de dias en-
trincheirados, lutando pela conquista de pequenos pedaços de
território. A fome e as doenças também eram os inimigos destes
guerreiros. Nos combates também houve a utilização de novas
tecnologias bélicas como, por exemplo, tanques de guerra e avi-
ões. Enquanto os homens lutavam nas trincheiras, as mulheres
trabalhavam nas indústrias bélicas como empregadas.

Fim do conflito
Em 1917, ocorreu um fato histórico de extrema importân-
cia: a entrada dos Estados Unidos no conflito. Os EUA entraram
ao lado da Tríplice Entente, pois havia acordos comerciais a de-
fender, principalmente com Inglaterra e França.
Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os países
da Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados tiveram ainda
que assinar oTratado de Versalhes, que impunha a estes países
fortes restrições e punições. A Alemanha teve seu exército re-

22
CONHECIMENTOS GERAIS
duzido, sua indústria bélica controlada, perdeu a região do cor-
redor polonês, teve que devolver à França a região da Alsácia
Lorena, além de ter que pagar os prejuízos da guerra dos países
vencedores. O Tratado de Versalhes teve repercussões na Ale-
manha, influenciando o início da Segunda Guerra Mundial.
A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mortos, o
triplo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu indústrias,
além de gerar grandes prejuízos econômicos.

-
- A concorrência econômica entre os países europeus acir-
rou a disputa por mercados consumidores e matérias-primas.
Muitas vezes, ações economicamente desleais eram tomadas
por determinados países ou empresas (com apoio do governo);
- A questão dos nacionalismos também esteve presente na
Europa pré-guerra. Além das rivalidades (exemplo: Alemanha e
Inglaterra), havia o pan-germanismo e o pan-eslavismo. No pri-
meiro caso era o ideal alemão de formar um grande império,
unindo os países de origem germânica. Já o pan-eslavismo era
um sentimento forte existente na Rússia e que envolvia também
outros países de origem eslava.

Fonte: https://www.sohistoria.com.br/ef2/primeiraguerra/
p1.php

Período entreguerras
De cima para baixo e da esquerda para a direita: Trincheiras Chama-se de Período Entreguerras os anos compreendidos
na Frente Ocidental; o avião bi-planador Albatros D.III; um tan- entre o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, e o início da
que britânico Mark I cruzando uma trincheira; uma metralha- Segunda Grande Guerra, em 1939. Para o historiador Eric Hobs-
dora automática comandada por um soldado com uma máscara bawn, há uma continuidade da Primeira Guerra Mundial no con-
de gás; o afundamento do navio de guerra Real HMS Irresistible flito iniciado em 1939, assim, os 21 anos que separam os dois
após bater em uma mina. acontecimentos seriam uma pausa nas ações bélicas, mas os
eventos do período seriam o elo entre elas.
Principais causas que desencadearam a Primeira Guerra Após o fim da Primeira Guerra, foi assinado entre as potên-
Mundial cias europeias o Tratado de Versalhes, em 1919. Derrotada na
- A partilha das terras da África e Ásia, na segunda metade guerra, o Tratado impôs sanções à Alemanha, dentre as quais
do século XIX, gerou muitos desentendimentos entre as nações a perda dos territórios conquistados, como a Alsácia-Lorena e
europeias. as colônias africanas e asiáticas; a redução das Forças Armadas;
Enquanto Inglaterra e França ficaram com grandes territó- proibição de fabricação de armamentos pesados e o pagamen-
rios com muitos recursos para explorar, Alemanha e Itália tive- to de indenização aos países Aliados, vencedores do conflito. O
ram que se contentar com poucos territórios de baixo valor. Este alto valor da indenização e os custos de 4 anos de guerra deixa-
descontentamento ítalo-germânico permaneceu até o começo ram a Alemanha em uma profunda crise econômica.
do século XX e foi um dos motivos da guerra, pois estas duas Mas não só a Alemanha saiu destruída da Grande Guerra.
nações queriam mais territórios para explorar e aumentar seus Também o restante dos países europeus envolvidos precisou
recursos. encarar a reconstrução, e o dinheiro para isso veio sobretudo
- No final do século XIX e começo do XX, as nações euro- dos Estados Unidos da América, considerado o grande vencedor
peias passaram a investir fortemente na fabricação de arma- da Guerra. A década de 1920 foi de euforia econômica naquele
mentos. O aumento das tensões gerava insegurança, fazendo país, e é desse momento o chamado american way of life (estilo
assim que os investimentos militares aumentassem diante de de vida americano), caracterizado pela alta produção e consumo
uma possibilidade de conflito armado na região; em massa. Produtos como carros e eletrodomésticos tornam-se
acessíveis para parte da população americana, que consumia
também cinema, música (jazz e charleston eram os ritmos mais
populares) e esportes eram populares e muito procurados.
A euforia econômica, no entanto, logo teve fim. A desigual-
dade social era gritante: metade da população estava abaixo da
linha da pobreza. A modernização da agricultura resultou em
produção superior à demanda, diminuindo o preço dos alimen-

23
CONHECIMENTOS GERAIS
tos e aumentando os estoques. Também a produção industrial crise econômica e da perseguição, isolamento e eliminação dos
atingiu níveis maiores do que a população era capaz de consu- mesmos e de outros grupos como ciganos, homossexuais e de-
mir, resultando em demissões e diminuição da produção. ficientes físicos e mentais. Pregava ainda a teoria do espaço vi-
Em 1929, o mercado não aguentou a especulação de ações tal (Lebensraum), a qual defendia a unificação do povo alemão,
na Bolsa de Valores e essas passaram a perder valor, culminando então, disperso pela Europa e seria utilizada como justificativa
no Crash (queda) da Bolsa de Nova York, em 29 de outubro de para o expansionismo nazista.
1929, e no início de uma grave crise econômica que atingiria Também na Itália a crise econômica do Período Entreguer-
todos os países de economia capitalista. A crise começaria a ser ras foi aproveitada por um grupo político antiliberal e anticomu-
resolvida com a adoção, em 1933, do New Deal, conjunto de nista, que via na formação de um Estado forte a solução para os
medidas adotadas pelo presidente Roosevelt. problemas econômicos e sociais. Tal grupo organizou-se como
A Alemanha, que no decorrer dos anos 1920 se recuperava Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, que em 1922 foi
da Grande Guerra, enfrentou recuo econômico com a Crise de nomeado primeiro-ministro pelo rei Vítor Emanuel III. Mussoli-
1929, fortalecendo o Partido Nacional-Socialista dos Trabalha- ni, chamado pelos italianos de duce, combateu rivais políticos e
dores Alemães (Partido Nazista), fundado em 1920. Liderado por defendeu a expansão territorial italiana, culminando na invasão
Adolf Hitler, o Partido Nazista culpabilizava judeus pela situação da Etiópia em 1935 e na criação da chamada África Oriental Ita-
econômica do país e defendia a superioridade alemã. Em 1933, liana, anexada à Itália.
Hitler chegou ao poder, apoiado por grande parte da sociedade Os dois líderes totalitários, Hitler e Mussolini,assinaramem
alemã, que via no seu discurso a saída para a crise econômica e 1936 um tratado de amizade e colaboração entre seus países.
moral em que se encontrava desde a derrota em 1918. Estava formado o Eixo Roma-Berlim, que em 1940 passaria a ser
Também a Itália viveu no período a ascensão de um regime Eixo Roma-Berlim-Tóquio, marcando a aliança do Japão com os
totalitário, o fascista, cujo líder era Benito Mussolini. Como o dois países europeus, formalizada com a assinatura do Pacto
nazismo, era antiliberal e anticomunista, e via na construção de Tripartite, que garantia a proteção dos três países entre si. Es-
um Estado forte e autoritário a chave para o desenvolvimento tava formado o Eixo, que duranteo conflitomundial enfrentaria
italiano. O Partido Fascista chegou ao poder em 1922, quando o os Aliados, aliança formada inicialmente por Inglaterra e França
rei Vítor Emanuel III nomeou Mussolini primeiro-ministro. que mais tarde contou com a entrada de outros países, como os
Itália e Alemanha formaram, em 1936, uma aliança de pro- Estados Unidos, em 1941, após sofrer um ataque japonês na ilha
teção mútua, o Eixo Roma-Berlim, que lutaria junto na Segunda de Pearl Harbor, seu território no Oceano Pacífico; a União So-
Guerra Mundial. Foi também em 1936 que o general espanhol viética, em 1941, quando a Alemanha de Hitler quebrou o Pacto
Francisco Franco se recusou a aceitar a vitória da Frente Popular, Germano-Soviético de não agressão assinado dois anos antes; e
formado por socialistas e republicanos, e deu início ao conflito até mesmo o Brasil, que em 1942 saiu da neutralidade e entrou
conhecido como Guerra Civil Espanhola. Franco, simpatizante do na Guerra, em 1944 enviou combatentes (Força Expedicionária
fascismo, recebeu ajuda de alemães e italianos para derrotar a Brasileira) para combater na Europa.
Frente Popular e instalar um governo forte e autoritário, o qual
durou até 1975, quando morreu o general. Mas o que, afinal, levou à eclosão da guerra?
Os nazistas decidiram levar a teoria do espaço vital adian-
Segunda Guerra Mundial te, promovendo assim o expansionismo alemão, primeiramente
A Segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, é com a anexação da Áustria, em 1938, depois com a tentativa
assim chamada por ter se tratado de um conflito que extrapolou de incorporar a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, pois ali
o espaço da Europa, continente dos principais países envolvidos. viviam cerca de 3 milhões de falantes da língua alemã. França
Além do norte da África e a Ásia, o Havaí, território estaduniden- e Reino Unido acordaram com a Alemanha, na Conferência de
se, com o ataque japonês a Pearl Harbor, foi também palco de Munique, a anexação de apenas 20% do território tcheco, mas
disputas territoriais e ataques inimigos. Hitler não respeitou acordo, ocupando e em 1939 todo o país.
Compreender o que levou à eclosão do conflito implica lem- O próximo passo foi a invasão da Polônia na tentativa de recu-
brar as consequências da Primeira Guerra Mundial, de 1914 a perar Danzig, cidade perdida pelos alemães na Primeira Guerra.
1918, culminando com a derrota alemã e a assinatura, entre as França e Reino Unido exigiram que os alemães voltassem atrás
potências europeias envolvidas, do Tratado de Versalhes, que, e, diante da negativa de Hitler, declararam guerra à Alemanha
culpando a Alemanha pela guerra, declarou a perda de suas co- em 3 de setembro de 1939. Tinha início o conflito mais destru-
lônias e forçou o desarmamento do país. Diante desse quadro, o tivo da história.
país derrotado enfrenta grande crise econômica, agravada pela
chamada Crise de 1929. Iniciada nos Estados Unidos da Améri- A guerra relâmpago
ca, que ao fim da Primeira Guerra tinham se estabelecido como Erich Von Manstein, general alemão, foi o principal responsá-
a grande economia mundial e financiador da reconstrução da vel pelo desenvolvimento da Blitzkrieg, a guerra relâmpago, uma
Europa devastada pela guerra, entraram em colapso econômico, tática militar que tinha como objetivo destruir o inimigo por sua
levando consigo as economias de países dependentes da sua e surpresa, rapidez e brutalidade. Tal técnica foi utilizada nas inva-
agravando as dificuldades econômicas na Europa. sões alemãs da Polônia e da França, que levaram pouco mais de
O agravamento da crise econômica aumentou o sentimento um mês para se consolidar, haja vista a eficiência da na África,
de derrota e fracasso entre alemães e alemãs, que viram nos Egito Marrocos e Argélia eram conquistados pelos forças Aliadas.
ideais do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Ale
mães, o Partido Nazista, a saída para a situação enfrentada pelo Antissemitismo
país. A frente do Partido, fundado em 1920, estava Adolf Hitler, Além do expansionismo e das disputas territoriais, a perse-
que chegou ao poder em 1933, defendendo ideias como a da su- guição a grupos étnicos, sobretudo aos judeus e ciganos, foi uma
perioridade do povo alemão, da culpabilização dos judeus pela realidade na Segunda Guerra Mundial. Para o nazismo, os judeus

24
CONHECIMENTOS GERAIS
eram os grandes culpados pela crise do país passara no Perío- A Geografia Geral abarca os temas relacionados com a in-
do Entreguerras, devendo, portanto, ser combatidos. Antes da teração entre a sociedade e a natureza e a transformação do
eclosão da guerra, políticas segregacionistas já eram colocadas espaço por meio do trabalho humano.
em prática pelos nazistas, como a obrigatoriedade da identifica- São contempladas pela Geografia Geral as temáticas univer-
ção pelo uso de uma Estrela de Davi, símbolo religioso do juda- sais sobre a produção e reprodução do espaço geográfico
ísmo; proibição do casamento entre judeus e alemães; demissão A Geografia enquanto ciência é uma ferramenta para a aná-
de judeus de cargos públicos; criação dos guetos e de campos lise e produção do espaço geográfico. Ser o instrumento de estu-
de concentração; e a mais radical de todas, a chamada solução do da paisagem e de sua dinâmica é a função da ciência geográ-
final, que consistia na eliminação de prisioneiros através do uso fica. Uma definição tão ampla justifica a ramificação de temas
de gás tóxico. relacionados com a Geografia.
Por questões didáticas e de organização e por levar em con-
Fim da guerra ta a amplitude de temáticas que envolvem a Geografia, dividiu-
Os Aliados começaram a derrotar o Eixo em 1942. No Pa- -se o estudo em dois ramos: Geografia do Brasil e Geografia Ge-
cífico, Estados Unidos e Austrália derrotaram os japoneses. Em ral. Essa última contempla os conteúdos e temas mais universais
fevereiro de 1943, os nazistas perderam a batalha de Stalingra- e conceituais da ciência geográfica e da Geografia ensinada nas
do, na União Soviética, e foram expulsos da Bulgária, Hungria, instituições de ensino. Nesse compartimento científico, estão
Polônia, Tchecoslováquia e Iugoslávia. Na África, Egito Marrocos abrigadas, além do próprio conceito de Geografia, as categorias
e Argélia foram conquistados pelos forças Aliadas. Em julho do de análise dessa ciência:
mesmo ano, Vitor Emanuel III, rei da Itália, destituiu Mussolini
do governo e assinou a rendição italiana aos Aliados. No dia 6 de Paisagem
junho de 1944, os Aliados desembarcaram na Normandia, Fran- A paisagem, que é composta por elementos do presente e
ça, na operação que ficou conhecida como “Dia D”. Era o início do passado, é dotada de aspectos naturais e culturais do mundo.
da libertação francesa e, no fim da agosto, Paris estava livre.
Em 2 de maio de 1945, soviéticos e estadunidenses tomaram
Berlim, dois dias depois do suicídio de Hitler e do alto-comando
do Partido Nazista. Iniciou-se o processo de rendição das tropas
nazistas, colocando, assim, fim à guerra na Europa. Só o Japão
resistia, mas, em agosto, diante das bombas atômicas jogadas
pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki, o imperador Hi-
rohito se rendeu aos Aliados. Chegava ao fim a Segunda Guerra
Mundial, deixando cerca de 50 milhões de mortos e 35 milhões
de feridos.
Os países vencedores levaram oficiais nazistas a julgamento
no Tribunal de Nuremberg, criado para esse fim, sob acusação
de crimes contra a humanidade. Outra consequência da guer-
ra foi a criação, em 1945, da Organização das Nações Unidas
(ONU), cujo objetivo é mediar conflitos entre países a fim de A paisagem carrega consigo os elementos perceptíveis do
evitar novas guerras. espaço

Referências: Existem vários elementos conceituais sobre os quais nós po-


HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX demos melhor observar e compreender o espaço geográfico e
(1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras. 2009. RODRI- suas inúmeras formas de análise. Um dos elementos mais impor-
GUES, Joelza Esther. Projeto Athos: História, 9º ano. São Paulo: tantes nesse ínterim é o conceito de paisagem, que representa
FTD, 2014. um dos aspectos mais notórios e necessários para a compreen-
Fonte: https://www.infoescola.com/historia/segunda-guer- são do mundo em que vivemos.
ra-mundial/ A paisagem é, pois, os aspectos perceptíveis do espaço geo-
gráfico, isto é, a forma como compreendemos o mundo a partir
GEOGRAFIA GERAL de nossos sentidos, tais como a visão, o olfato, o paladar, entre
Estudar Geografia é uma forma de compreender o mundo outros. É claro que a visão é, geralmente, o mais preponderan-
em que vivemos. Através desse estudo, podemos entender me- te dos sentidos quando falamos em compreensão da paisagem,
lhor tanto o lugar onde vivemos (cidade, área rural) quanto o porém não é o único, de forma que podemos perceber o espaço
país do qual fazemos parte, bem como os demais países da su- também pelos seus cheiros, sons, sabores e aspectos externos.
perfície terrestre. A análise da paisagem permite-nos verificar as diferentes
O conhecimento da Geografia também pode abranger o es- dinâmicas concernentes ao funcionamento das sociedades, pois
tudo de um povo, de uma civilização sobre um território; em ela revela ou omite informações, de forma a denunciar as ca-
última análise, a relação entre homem e natureza, mediada pelo racterísticas econômicas, políticas e culturais que estruturam o
trabalho, tendo como resultado o espaço geográfico. A Geogra- processo de formação e organização do espaço social. Afinal de
fia é definida como ciência que estuda as relações entre socieda- contas, o espaço geográfico é o resultado de uma complexa in-
de e natureza. Sendo assim, o espaço geográfico é um produto teração entre sociedade e a sua paisagem.
histórico da atividade humana. É interessante observar que as paisagens apresentam as-
pectos e elementos referentes ao presente e ao passado, que
muitas vezes convivem em um mesmo espaço. Se observarmos,

25
CONHECIMENTOS GERAIS
por exemplo, a paisagem de uma cidade histórica, podemos no- e opiniões distintas sobre ela, fazendo com que exista uma re-
tar elementos do passado que foram conservados em conjunto lação de identidade e subjetividade entre a paisagem e o ser
com aspectos do presente ou que surgiram em tempos mais re- humano, o que remete à ideia de cultura, que influencia a forma
centes. Assim, é possível comparar essas paisagens e observar como a sociedade enxerga a sua realidade.
ao menos algumas de suas principais características, como a sua
arquitetura, estilos culturais e outros. Território
Além do mais, a paisagem carrega consigo aspectos naturais O território é uma das categorias conceituais da Geografia.
e também aspectos culturais ou humanizados. Quando uma de- Seu entendimento é necessário para uma melhor compreensão
terminada área é formada apenas pelos elementos da natureza, sobre o espaço.
falamos de uma paisagem natural, mas quando ela apresenta al-
guma intervenção humana, então falamos de paisagem cultural,
também chamada de “paisagem humanizada” ou de “paisagem
geográfica”.
Uma área de floresta com rios, cachoeiras e animais silves-
tres constitui um exemplo de paisagem natural. Já a área de
uma cidade ou um campo de cultivo agrícola são exemplos de
paisagens culturais. Em muitos casos, é possível observar cená-
rios em que os dois tipos se apresentam conjuntamente, o que
representa, ao menos em tese, um equilíbrio entre natureza e
sociedade.

O jogo de Xadrez pode ser visto como uma metáfora da


disputa pelo território

O Território é um dos principais e mais utilizados termos da


Geografia, pois está diretamente relacionado aos processos de
construção e transformação do espaço geográfico. Sua definição
varia conforme a corrente de pensamento ou a abordagem que
se realiza, mas a conceituação mais comumente adotada o rela-
Exemplo de um tipo de paisagem natural sem a intervenção ciona ao espaço apropriado e delimitado a partir de uma relação
direta do ser humano de poder.
Friedrich Ratzel (1844-1904) foi um dos pioneiros na elabo-
ração e sistematização do conceito de território. Em sua análise,
esse está diretamente vinculado ao poder e domínio exercido
pelo Estado nacional, de forma que o território conforma uma
identidade tal que o povo que nele vive não se imagina sem a
sua expressão territorial.
Outro importante autor que discutiu esse conceito foi o
geógrafo suíço Claude Raffestin (1936-1971), que ressaltava o
fato de o espaço ser anterior ao território. Com isso, ele queria
dizer que o território é o espaço apropriado por uma relação de
poder. Essa relação encontra-se, assim, expressa em todos os
níveis das relações sociais.
Atualmente, o território é concebido, nas mais diversas
análises e abordagens, como um espaço delimitado pelo uso de
fronteiras – não necessariamente visíveis – e que se consolida
a partir de uma expressão e imposição de poder. No entanto,
diferentemente das concepções anteriores, o território pode se
manifestar em múltiplas escalas, não possuindo necessariamen-
Exemplo de paisagem cultural, uma cidade construída a te um caráter político.
partir da alteração do meio O geógrafo Marcelo Lopes de Souza, por exemplo, cita que
o processo de formação territorial nem sempre ocorre por meio
O obstante, é preciso considerar que as paisagens também de expressões concretas sobre o espaço. Ele evidencia a existên-
possuem seus aspectos diferenciados não tão somente pelas cia de múltiplas territorialidades, como as das prostitutas, as do
suas características físicas em si, mas também de acordo com o narcotráfico, as do comércio ambulante, entre outras.
olhar de quem observa. É comum que duas pessoas diferentes
observem uma mesma paisagem e possuam visões, impressões

26
CONHECIMENTOS GERAIS
Assim, os territórios podem possuir um caráter cíclico (que Além de receber essas denominações o mundo foi regiona-
varia com o tempo), móvel (que se desloca nos mais diferentes lizado e/ou classificado em países ricos e pobres ou centrais e
espaços) e que se organiza a partir de redes que se interligam periféricos; os ricos (centrais) são países que estão no centro das
pelo fluxo de informações ou contatos. Um exemplo de territó- decisões mundiais, são desenvolvidos, industrializados, avança-
rio em rede seria o dos traficantes, que se organizam em células dos tecnologicamente, com economia estável, os países pobres
que nem sempre se encontram próximas uma das outras, mas (periféricos) são países subdesenvolvidos, pouco industrializa-
que se articulam em redes de transporte de armas, drogas e co- dos, com produção primária, dependente economicamente e de
municação. economia instável com grande incidência de crises.
E por último o mundo pode ser regionalizado ou denomi-
nado de desenvolvidos e subdesenvolvidos. Desenvolvidos são
aqueles países que além de ter um grande crescimento econô-
mico e industrial, oferece para seu cidadão uma boa qualida-
de de vida, como saúde, preocupação com os idosos, acesso ao
conhecimento, a cultura, segurança, boa renda pra maioria da
população etc., em contrapartida, os países subdesenvolvidos
possuem características inversas, como não oferece boa condi-
ção de vida à sua população, economia dependente, grande con-
centração de renda, educação deficiente assim como a saúde.
Em suma, pode-se constatar que não basta mudar as deno-
minações, pois as diferenças são sempre as mesmas, a classifica-
ção não transforma suas características somente pela mudança
de nomes: desenvolvidos, ricos, centrais, subdesenvolvidos, po-
bres e periféricos, pois as suas particularidades permanecem.

Lugar
O conceito de lugar é muito importante para a Geografia,
pois representa a porção do espaço geográfico dotada de signi-
ficados particulares e relações humanas.

As expressões espaciais podem se expressar em redes terri-


toriais

Dessa forma, podemos compreender que o território possui


vários níveis, variando desde o local até o global. Além disso,
ele pode se expressar através de relações naturais ou biológicas,
culturais, políticas, sociais, econômicas, militares, entre outras.

Região
Na ciência geográfica o conceito de região está ligado à ideia
de diferenciação de áreas. As regiões podem ser estabelecidas
de acordo com critérios naturais, abordando as diferenças de
vegetação, clima, relevo, hidrografia, fauna e etc., e sociocultu-
ral que corresponde à avaliação das condições sociais e culturais
que insere neste contexto o índice de desenvolvimento humano Uma rua, por exemplo, pode ser uma expressão do lugar no
para explicitar como vivem as pessoas em determinado lugar. espaço geográfico
Para uma melhor análise dos dados e das diferenças exis-
tentes no mundo, e para não generalizar as informações, faz-se A expressão “lugar” é polissêmica, ou seja, possui uma
necessário a regionalização de áreas de abordagens, oferecendo variedade de significados. Se pesquisarmos no dicionário, por
várias vantagens aos estudos geográficos. exemplo, veremos conceitos relacionados a espaço ocupado,
A partir das considerações, em 1960, o mundo foi regionali- pequenas áreas, localidades, pontos de observação, região de
zado e/ou classificado em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo. referência, entre outros. No entanto, o conceito de lugar para a
A expressão Terceiro Mundo foi utilizada pela primeira vez Geografia é alvo de um debate mais específico, ganhando novos
pelo economista Francê Alfred Sauvy, em 1952, ele construiu contornos.
essa expressão observando as desigualdades econômicas, so- Não há entre os geógrafos um consenso sobre o que seria
ciais e políticas, verificou que os países industrializados eram propriamente o lugar. Tudo depende da abordagem empregada
desenvolvidos, sua população vivia melhor, enquanto os outros na utilização do termo, bem como da corrente de pensamento
países enfrentam muitos problemas de ordem econômica, sua relacionada com a teoria em questão. Por isso, ao longo da his-
população vivia em condição não muito satisfatória. tória do pensamento geográfico, esse conceito foi alvo de vários
debates, ganhando gradativamente novos contornos.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Nos estudos clássicos da Geografia, o estudo tinha uma im- Conforme a Associação Cartográfica Internacional, a car-
portância secundária, tendo sua noção vinculada ao local. Em tografia é definida como o conjunto de estudos e operações
uma escala de análise, referia-se, dessa forma, apenas a uma científicas, artísticas e técnicas baseado nos resultados de ob-
porção mais ou menos definida do espaço. No entanto, essa servações diretas ou de análise de documentação, com vistas à
ideia foi sendo enriquecida ao longo do tempo e do avanço das elaboração e preparação de cartas, planos e outras formas de
discussões. expressão, bem como sua utilização.
Atribui-se a Carl Sauer a primeira grande contribuição para A cartografia é a junção de ciência e arte, com o objetivo de
a valorização do conceito de lugar[1]. Para o autor, a paisagem representar graficamente, em mapas, as especificidades de uma
cultural é quem define o estudo da Geografia e o sentido do determinada área geográfica.
lugar estaria vinculado à ideia de significação dessa paisagem É ciência, pois a confecção de um mapa necessita de conhe-
em si. A partir daí, esse importante termo foi sendo vinculado cimentos específicos para a representação de aspectos naturais
não ao local, mas ao significado específico, ou seja, aos atributos e artificiais, aplicação de operações de campo e laboratório, me-
relativos e únicos de um dado ponto do espaço, transformando todologia de trabalho e conhecimento técnico para a obtenção
suas impressões em sensações únicas. de um trabalho eficaz.
Com essa evolução, sobretudo pelas contribuições de auto- A arte na cartografia está presente em aspectos estéticos,
res como Yi-Fu Tuan e Anne Butiimer, a ideia de lugar passou a pois o mapa é um documento que precisa obedecer a um pa-
associar-se à corrente filosófica da fenomenologia que, basica- drão de organização. Necessita de distribuição organizada de
mente, trata os fatos como únicos, partindo da compreensão do seus elementos, como: traços, símbolos, cores, letreiros, legen-
ser sobre a realidade e não da realidade em si, esta tida como das, título, margens, etc. As cores devem apresentar harmonia e
inatingível. Por isso, o lugar ganhou a ideia de significação e, estar de acordo com sua especificação, exemplo, a cor azul em
mais do que isso, de afeto e percepção. um mapa representa água.
Assim, uma rua onde passei a infância pode ser chamada O mapa é o principal objeto do cartógrafo, ele é uma repre-
de lugar, ou a região onde moro, ou até mesmo a minha casa e sentação convencional da superfície terrestre, e até de outros
a fazenda onde gosto de passar os finais de semana. Tudo isso, astros, como a Lua, Marte, etc. Apresenta simbologia própria e
de acordo com a Geografia, é um lugar e apresenta-se como um deve ser sempre objetivo, além de transmitir o máximo de pre-
fenômeno concernente à dinâmica do espaço geográfico. cisão.
Espaços públicos de convivência e lazer são frequentemente Existem vários modelos de mapas, entre eles podem ser
abordados e estudados pela Geografia a partir da ideia de lugar. citados: Mapa-múndi; mapas topográficos; mapas geográficos
Em alguns casos, estudos geográficos com base nessas premis- que representam grandes regiões, países ou contingentes; ma-
sas foram responsáveis pela mudança na arquitetura de praças pas políticos; mapas urbanos; mapas econômicos; cartas náuti-
e espaços de lazer, sobretudo no sentido de adequar tais locais cas e aéreas; entre outros.
à compreensão e percepção das pessoas e à ideia que essas ti- Mediante a compreensão dos principais conceitos básicos
nham de como deveria ser o seu lugar. da cartografia, podemos ter um entendimento mais facilitado do
processo de leitura e produção de mapas.
CARTOGRAFIA

A cartografia é uma ciência repleta de conceitos técnicos e


noções basilares que permitem o seu entendimento
A cartografia, como sabemos, é a área do conhecimento res-
ponsável pela elaboração e estudo dos mapas e representações
cartográficas em geral, incluindo plantas, croquis e cartas gráfi-
cas. Essa área do conhecimento é de extrema utilidade não só
para os estudos em Geografia, mas também em outros campos,
Antigo mapa da América do Sul como a Historia e a Sociologia, pois, afinal, os mapas são formas
de linguagem para expressar uma dada realidade.
A produção de mapas ocorre desde a pré-história, antes Existem, dessa forma, alguns conceitos básicos de Carto-
mesmo do surgimento da escrita. Sua confecção se dava em pla- grafia que nos permitem entender os elementos dessa área de
cas de argila suméria e papiros egípcios. Ao longo da história estudos com uma maior facilidade. Saber, por exemplo, noções
a cartografia foi evoluindo e desenvolvendo novas técnicas e, como as de escala, legenda e projeções auxilia-nos a identificar
atualmente, é uma ferramenta de fundamental importância nas com mais facilidade as informações de um mapa e as formas
representações de áreas terrestres. utilizadas para elaborá-lo.

28
CONHECIMENTOS GERAIS
Confira, a seguir, um resumo dos principais conceitos da - Coordenadas Geográficas – é a combinação do sistema de
Cartografia: paralelos e meridianos com base nas longitudes e as latitudes
- Mapa – um mapa é uma representação reduzida de uma para endereçar todo e qualquer ponto da superfície terrestre.
dada área do espaço geográfico. Um mapa temático, por sua - Curvas de Nível – é uma linha ou curva imaginária que indi-
vez, é uma representação de um espaço realizada a partir de ca os pontos e áreas localizados sob uma mesma altitude e que
uma determinada perspectiva ou tema, que pode variar entre possui a sua designação altimétrica feita por números represen-
indicadores sociais, naturais e outros. tados em metros.
- Plantas – representação cartográfica realizada a partir de - Aerofotogrametria – é o registro de imagens a partir de
uma escala muito grande, ou seja, com uma área muito pequena fotografias áreas, sendo muito utilizado para a produção de ma-
e um nível de detalhamento maior. É muito utilizada para repre- pas.
sentar casas e moradias em geral, além de bairros, parques e - SIG – sigla para “Sistemas de Informações Geográficas”, é
empreendimentos. o conjunto de métodos e sistemas que permitem a análise, co-
- Croqui – é um esboço cartográfico de uma determinada leta, armazenamento e manipulação de informações sobre uma
área ou, em outras palavras, um mapa produzido sem escala e dada área do espaço geográfico. Utiliza, muitas vezes, técnicas
sem os procedimentos padrões na sua elaboração, servindo ape- e procedimentos tecnológicos, incluindo softwares, imagens de
nas para a obtenção de informações gerais de uma área. satélite e aparelhos eletrônicos em geral.
- Escala – é a proporção entre a área real e a sua representa-
ção em um mapa. Geralmente, aparece designada nos próprios Alguns conceitos a destacar...
mapas na forma numérica e/ou na forma gráfica. Os Mapas são desenhos que representam qualquer região
- Legenda – é a utilização de símbolos em mapas para defi- do planeta, de maneira reduzida, simplificada e em superfície
nir algumas representações e está sempre presente em mapas plana.
temáticos. Alguns símbolos cartográficos e suas legendas são Os mapas são feitos por pessoas especializadas, os Cartó-
padronizados para todos os mapas, como o azul para designar grafos. A Ciência que estuda os mapas e cuida de sua confecção
a água e o verde para indicar uma área de vegetação, entre ou- chama-se Cartografia. Vários mapas podem ser agrupados em
tros. um livro, que recebe o nome de Atlas.
- Orientação – é a determinação de ao menos um dos pon-
tos cardeais, importante para representar a direção da área de Elementos cartográficos
um mapa. Alguns instrumentos utilizados na determinação da Todos os mapas possuem símbolos, que são chamados de
orientação cartográfica são a Rosa dos Ventos, a Bússola e o Convenções Cartográficas. Alguns são usados no mundo todo,
aparelho de GPS. em todos os países: são internacionais. Por isso, não podem ser
- Projeções Cartográficas – são o sistema de representação modificados.
da Terra, que é geoide e quase arredondada, em um plano, de Os símbolos usados são colocados junto ao mapa e consti-
forma que sempre haverá distorções. No sistema de projeções tuem a sua Legenda. Normalmente, a legenda aparece num dos
cartográficas, utiliza-se a melhor estratégia para definir quais cantos inferiores do mapa.
serão as alterações entre o real e a representação cartográfica As Escalas indicam quantas vezes o tamanho real do lugar
com base no tipo de mapa a ser produzido. representado foi reduzido. Essa indicação pode ser feita de duas
- Hipsometria – também chamada de altimetria, é o sistema formas: por meio da escala numérica ou da gráfica. As escalas
de medição e representação das altitudes de um determinado geralmente aparecem num dos cantos inferiores do mapa.
ambiente e suas formas de relevo. Portanto, um mapa hipsomé- Vamos analisar então mais detalhadamente esses elemen-
trico ou altimétrico é um mapa que define por meio de cores e tos.
tons as diferenças de altitude em uma determinada região. Devemos considerar o mapa como um meio de comunica-
- Latitude – é a distância, medida em graus, entre qualquer ção, contendo objetos definidos por pontos, linhas e polígonos,
ponto da superfície terrestre e a Linha do Equador, que é um permeados por uma linguagem composta de sinais, símbolos e
traçado imaginário que se encontra a uma igual distância entre significados. Sendo a sua estrutura formada por uma base carto-
o extremo norte e o extremo sul da Terra. gráfica, relacionada diretamente a objetos e fenômenos obser-
- Longitude – é a distância, medida em graus, entre qual- vados ou percebidos no espaço geográfico.
quer ponto da superfície terrestre e o Meridiano de Greenwich, Essa base cartográfica é composta pelos chamados elemen-
outra linha imaginária que é empregada para definir a separação tos gerais do mapa, que são pelo menos cinco componentes que
dos hemisférios leste e oeste. contribuem para a leitura e interpretação do produto cartográ-
- Paralelos – são as linhas imaginárias traçadas horizontal- fico. São eles: o título, a orientação, a projeção, a escala e a
mente sobre o planeta ou perpendiculares ao eixo de rotação legenda, sendo que a ausência e erros em mapas, na maioria
terrestre. Os principais paralelos são a Linha do Equador, os das vezes, ocorre quando um desses elementos é apresentado
Trópicos de Câncer e Capricórnio e os Círculos Polares Ártico e de forma incompleta ou distorcida, não seguindo as normas da
Antártico. Todo paralelo da Terra possui um valor específico de ciência cartográfica, o que pode contribuir para a apreensão in-
latitude, que pode variar de 0º a 90º para o sul ou para o norte. correta das representações do espaço geográfico pelos leitores.
- Meridianos – são as linhas imaginárias traçadas vertical- Então, vamos aqui procurar entender cada um deles de forma
mente sobre o planeta ou paralelas ao eixo de rotação terrestre. resumida:
O principal meridiano é o de Greenwich, estabelecido a partir
de uma convenção internacional. Todo meridiano da Terra pos- O Título
sui um valor específico de longitude, que pode variar entre 0º e O título no mapa deve ser visto como ocorre em uma apre-
180º para o leste ou para o oeste. sentação de um texto escrito, ou seja, é a primeira apresentação
do conteúdo do que se quer mostrar; é o menor resumo do que

29
CONHECIMENTOS GERAIS
trata um documento, neste caso, a representação cartográfica. Quando se está diante de um “mapa temático”, por exemplo, o títu-
lo deve identificar o fenômeno ou fenômenos representados por ele (Figura 1). Nesse sentido, o título deve conter as informações
mínimas que respondam as seguintes perguntas a respeito da produção: “o quê?”, “onde?” e “quando?”.
Um título deve responder a pergunta “o quê?” E ser fiel ao que se desenvolve no produto cartográfico. Pode ser escrito na parte
superior da carta, do mapa ou de outro produto da cartografia, isto é, deve ter um destaque para que o leitor identifique automa-
ticamente do que se trata esse produto cartográfico.

A Orientação
A orientação é sem dúvida um elemento fundamental, pois sem ela fica muito difícil de responder a pergunta “onde?”, consi-
derando que a carta, o mapa, a “planta” ou outro tipo de representação espacial, sob os preceitos da Cartografia, é uma parcela de
um sistema maior, o planeta Terra (se for esse o planeta trabalhado). E, em sendo assim, é preciso estabelecer alguma referência
para se saber onde se está localizado, na imensidão da superfície deste planeta.
A orientação deve ser utilizada, de preferencia, de forma simultânea à apresentação das às coordenadas geográficas (meridia-
nos e paralelos cruzados na forma de um sistema chamado de rede geográfica), no mapa, as quais também servem para se marcar
a posição de um determinado objeto ou fenômeno na superfície da Terra, de modo que a direção norte aponte sempre para a parte
de cima da representação (seguindo o sentido dos meridianos). E caso a representação não contenha coordenadas geográficas é
importante dotá-la de um norte, ou de uma convenção que dê a direção norte da representação, geralmente na forma de seta ou
da conhecida “rosa dos ventos” (presente na figura 1).

Figura 1. Exemplo de carta contendo os elementos gerais da representação. Fonte: Elaborado pelo autor.

A Projeção
A ideia de projetar algo em outro meio, no caso, a forma da Terra, deu origem a técnica que definiu os tipos de projeções car-
tográficas. Para isto foi preciso conhecer as dimensões do planeta, pois os modelos propostos para representar a Terra precisaram
ajustar as suas próprias dimensões a superfície deste planeta. Inicialmente os gregos, por intuição ou por desejo entenderam que
a Terra era redonda. Embora outras ideias tenham surgido e medidas demonstrem que este planeta não é tão bem acabado, como
consideravam os gregos da antiguidade, a esfera ou globo ainda é o seu modelo mais conhecido.
Entendido como a Terra pode ser vista, é importante lembrar que para representá-la ou para escolher o seu modelo de repre-
sentação é necessário conhecer os atributos de uma projeção, tendo em vista que esses atributos são em função do uso que se
quer do mapa: dimensão, forma e posição geográfica da área ou do objeto a ser mapeado. Principalmente porque as projeções são
a maneira pela qual a superfície da Terra é representada em superfícies bidimensionais, como em uma folha de papel ou na tela de
um monitor de computador.
Como na hora de representar o planeta Terra (como uma esfera, tridimensional – com um volume) se utiliza quase sempre
um meio bidimensional (um plano – com largura e altura), deve-se minimizar as distorções em área, distância e direção dos traços
que irão compor o modelo terrestre ou parte dele (carta, mapa, planta e outras). Ou seja, se faz necessário compreender como a
superfície esférica do planeta Terra – o globo, pode se tornar uma superfície plana – o mapa.

30
CONHECIMENTOS GERAIS
Os modos de conversão do modelo esférico para a forma plana são os mais diversos, cada qual gerando certas distorções e
evitando outras. O que significa que precisamos colocar a esfera terrestre numa folha de papel, portanto, adaptá-la à forma plana,
mas para que isso ocorra é preciso pressionar o globo terrestre para que ele se torne plano, porém, tal pressão faz com que o globo
se “parta” em vários lugares. gerando uma série de deformações que precisaram ser compensadas com cálculos matemáticos que
procuram resolver os “vazios” criados com a abertura do globo (Figura 2).

Figura 2. A Terra é dividida em segmentos ou “gomos” ao longo das linhas de longitude. Fonte: Phillipson (2010, p. 07)
A Cartografia buscou solucionar este problema com base no estudo das projeções cartográficas, e nessa busca concluiu que
nenhum tipo de projeção pode evitar as deformações em parte ou na totalidade da representação, por isso mesmo, um mapa nunca
será perfeito. Assim, a Cartografia se propôs a considerar três tipos de projeção: a azimutal ou plana, a cilíndrica e a cônica (figura
3). E para isto teve que desenvolver processos geométricos ou analíticos para representar a superfície do planeta Terra em um plano
horizontal.

Figura 3. Projeções cartográficas. Fonte: http://migre.me/aij9b

A definição dessas projeções solicitou ajustes quanto ao modelo da projeção a ser adotada: no Modelo Cilíndrico, as projeções
são do tipo: a) normais, b) transversas e c) oblíquas; no Modelo Cônico ou Policônico, as projeções são do tipo: a) normais e b) trans-
versas; e, no Modelo Plano, as projeções são do tipo: a) polares, b) equatoriais e c) oblíquas.
Quanto aos atributos as projeções conservam três propriedades importantes: a equidistância, quando a distância sobre um me-
ridiano (ou paralelo) medido no mapa é igual à distância medida no terreno; a equivalência, quando a área representada no mapa é
igual à área correspondente no terreno; a conformidade, quando a forma de uma representação do mapa é igual à forma existente.
As projeções azimutais permitem a direção azimutal no mapa igual à direção azimutal no terreno.
Essas características das projeções cartográficas garantem a elaboração de mapas para todos os tipos de uso e aplicação, po-
rém, nenhum mapa pode conter todas as propriedades: a equidistância, a equivalência e a conformidade ao mesmo tempo. Caso a
representação cartográfica não estiver submetida a nenhuma dessas propriedades, é chamada de projeção afilática.

31
CONHECIMENTOS GERAIS
A Escala
Na elaboração de um produto cartográfico observamos dois problemas importantes: 1º) a necessidade de reduzir as propor-
ções dos acidentes existentes, a fim de tornar possível a sua representação num espaço limitado - esta ideia é a escala, concebida
a partir da proporção requisitada pela representação dos fenômenos e; 2º) determinados acidentes, dependendo da escala, não
permitem uma redução acentuada, pois se tornariam imperceptíveis, mas como são importantes devem ser representados nos
documentos cartográficos. Por isto, no caso de mudança de escala de trabalho, poderá acontecer uma modificação na forma de
representar o objeto, ou seja, a cada momento em que a escala for aumentando, acontecerá a aproximação do objeto, aumentando
o seu tamanho, acontecendo ao contrário, na diminuição da escala, o distanciamento do objeto, o que, consequentemente, mo-
dificará sua representação (Figura 4).

Figura 4. Relação entre a mudança de escala e representação espacial dos objetos. Fonte: o autor com base em Silva (2001) e
Cruz e Menezes (2009)

A figura 4 (A) mostra a representação de um objeto em uma grande escala – destacando o bairro de Nazaré, em Belém do Pará,
na qual se pode perceber as quadras do bairro (polígonos) e seus confinantes. Numa escala menor vê-se o município (4 B), depois
o estado no território nacional (4 C) e a localização global (4 D), na qual as quadras e os limites políticos administrativos dos muni-
cípios desaparecem, e os estados são imperceptíveis. Nessa redução drástica da escala, as quadras, os municípios brasileiros e até
certos estados são representados por pontos, uma vez que não se pode perceber a área desses objetos.
E para identificar essa relação a escala pode ser definida como escala numérica, na forma de fração, cujo denominador lhe
determina, ou como escala gráfica, definida por um seguimento de reta fracionado e usado de acordo com a unidade de medida
admitida para a representação (metro, quilômetro ou outras).

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CONHECIMENTOS GERAIS

Figura 5. Escala numérica e gráfica. Fonte: http://migre.me/aijJK (adaptado pelo autor)

Com isto se pode entender a escala como uma relação entre grandezas e é neste caso que a relação entre as medidas dos ob-
jetos ou áreas da região representada no espaço cartografado (numa folha de papel ou na tela de um monitor, por exemplo) e suas
medidas reais define a maior ou menor resolução espacial do objeto (visibilidade).

A Legenda e as Convenções
As representações espaciais sempre estiveram presentes, pois antes mesmo da escrita e da fala os símbolos e desenhos repre-
sentavam o meio vivido. Com eles o homem delimitava e ocupava os territórios. Mas foi somente a partir do século passado que
os mapas passaram a ter o padrão normativo atual, estabelecido por leis e convenções transformadas em normas aceitas pelos
estudiosos e por todos os que usam produtos da Cartografia.
Assim, estabeleceu-se uma linguagem artificial, padronizada, associativa e universal com o objetivo de promover uma melhor
compreensão para quem produz e para quem lê os mapas, alcançando leitores com menor e maior nível de conhecimento. Os ma-
pas passaram então a fazer parte do dia-a-dia do homem em sociedade, figurando em livros, revistas, jornais, televisão, internet, e
muitos outros meios de comunicação humana. De modo que, as técnicas cartográficas modernas permitiram que as representações
ganhassem mais e melhor sentido.
Assim, para a melhor simbolização dos objetos e fenômenos que são transportados e contidos em um mapa, e demais repre-
sentações cartográficas, foi necessário se aprimorar as chamadas legendas, ou seja, a parte de uma carta ou mapa que contém o
significado dos fenômenos representados nela, geralmente traduzidos por símbolos, cores e traços desenhados cuidadosamente
para que o leitor de mapas entenda do que trata a representação cartográfica.
A legenda de um mapa está situada, geralmente, dentro da moldura do mesmo, com todos os símbolos, cores e outros artifícios
capazes de explicar de modo resumido a ocorrência de um determinado objeto ou fenômeno, de acordo com sua distribuição no
espaço geográfico.
Faz-se necessário atentar para uma componente muito confundida com legenda, embora faça parte de outra categoria de
informação – as convenções, que não possuem a função de explicar o fenômeno temático, mas a de definir o significado de linhas,
símbolos e outras representações, geralmente, referentes aos componentes gerais do mapa.
Assim podemos ter mapas que mostram fenômenos qualitativos e quantitativos e/ou quantitativos (Figura 8), dispostos sobre
uma base de referência, geralmente extraída dos mapas e cartas topográficas. Desse modo, os mapas e cartas geológicas, geomor-
fológicas, de uso da terra e outras, constituem exemplos de representação temática em que a linguagem cartográfica privilegia a
forma e a cor dos símbolos como expressão qualitativa que surge na forma de legendas
Desse modo, podemos entender que a descrição qualitativa é aquela que mostra os atributos (qualidades), a cada uma das cir-
cunstâncias ou características dos fenômenos (como os aspectos nominais do fenômeno), as quais podem ser classificadas segundo
um determinado padrão.
Os mapas de densidade de população, de precipitação pluviométrica, de produção agrícola, de fluxos de mercadorias, consti-
tuem exemplos de que pontos, dimensões dos símbolos, linhas iguais (isarítmicas), áreas iguais (corópletas), figuras (diagramas) e
outros recursos gráficos podem ser utilizados para representar as formas de expressão qualitativa, assim como a descrição quanti-
tativa (Figura 8), que pode mensurar o fenômeno através de uma unidade de medida ou através de um percentual (aspecto ordinal
do fenômeno) quantitativo.

33
CONHECIMENTOS GERAIS

Figura 8. Mapa contendo temática quantitativa: a concentração do PIB do Brasil. Fonte: Fonte: Brasil (2006)

Assim, para finalizar essa contribuição, devemos reconhecer que os conceitos e categorias da Cartografia não podem ser des-
prezados durante o uso ou a elaboração de um produto cartográfico. O uso das ferramentas mais atuais, pelos profissionais que uti-
lizam a Cartografia, deve se dar sob o entendimento do meio que os circunda e dos elementos que compõem a ciência cartográfica.

A interpretação do espaço geográfico e dos fenômenos e objetos inerentes a ele depende sobretudo dessa linguagem emprega-
da pela Cartografia, básica para a leitura dos seus produtos (mapas, plantas, croquis e outros), tendo em vista que eles são usados
por um número cada vez maior de pessoas de todas as profissões e interesses, principalmente estudantes de todas partes do mundo
e áreas do conhecimento.

Desse modo, um plano de representação do espaço só se consolida se apoiado na linguagem cartográfica. As ações mecânicas
que se estabelecem com o “apertar botão”, seleção de cores e possibilidade de zoom automático, colocam uma cortina sobre os
fatos importantes, e encobrem a capacidade crítica do profissional sobre o objeto de estudo. A discussão não deve ser apenas sobre
o ferramental, mas também sobre conceitos, categorias e elementos da Cartografia para compreender o espaço geográfico.

Tipos de Mapa
Para compreendermos o que se passa na superfície da Terra existem diferentes tipos de mapas:
- Mapas Políticos – mostram os continentes, um país, estados e municípios, limites, capitais e cidades importantes;
- Mapas Físicos – representam um ou alguns elementos naturais. Podem ser de relevo, hidrografia, clima, vegetação, etc;
- Mapas Econômicos – apresentam as riquezas de uma região (agricultura, indústrias, etc);
- Mapas Demográficos – mostra a distribuição de pessoas que vivem em um continente, país, estado, cidade etc.

Hoje em dia, a cartografia é feita por meios modernos, como as fotografias aéreas (realizadas por aviões, drones) e o sensoria-
mento remoto por satélite.
Além disso, com os recursos dos computadores, os geógrafos podem obter maior precisão nos cálculos, criando mapas que che-
gam a ter precisão de até 1 metro. As fotografias aéreas são feitas de maneira que, sobrepondo-se duas imagens do mesmo lugar,
obtém-se a impressão de uma só imagem em relevo. Assim, representam-se os detalhes da superfície do solo.
Depois, o topógrafo completa o trabalho sobre o terreno, revelando os detalhes pouco visíveis nas fotografias.

Coordenadas geográficas
O planeta Terra possui uma superfície de 510 milhões de quilômetros quadrados, devido esse imenso espaço a localização se
torna mais complexa, dessa forma o homem criou linhas imaginarias para facilitar a localização, os principais são os paralelos e
latitudes e meridianos e as longitudes.
É através da interseção de um meridiano com um paralelo que podemos localizar cada ponto da superfície da Terra.

34
CONHECIMENTOS GERAIS
Os paralelos são linhas imaginarias que estão dispostas ao restre. A partir dessas informações a definição de coordenadas
redor do planeta no sentido horizontal, ou seja, de leste a oeste. geográficas são medidas em graus, minutos e segundos de pon-
O paralelo principal é chamado de Linha do Equador que está tos da Terra localizadas pela latitude e longitude.
situado na parte mais larga do planeta, a partir dessa linha tem
origem ao hemisfério sul e o hemisfério norte. Existem outros Os Pontos de Orientação - Os meios que as pessoas utilizam
paralelos secundários mais de grande importância como Trópico para orientar-se no espaço geográfico dependem do ambiente
de Câncer, O Trópico de Capricórnio, o Circulo Polar Ártico e o em que elas vivem.
Circulo Polar Antártico. Para isso, foram definidos os pontos globais de referência,
chamados de pontos cardeais:
- Norte (N)
- Sul (S)
- Leste (L ou E)
- Oeste (O ou W)

Para ficar mais exata a orientação entre os pontos cardeais,


temos os pontos colaterais: noroeste (NO), nordeste (NE), sudo-
este (SO) e sudeste (SE). Além desses, temos os pontos subcola-
terais: norte-noroeste (NNO), norte-nordeste (NNE), sul-sudoes-
te (SSO), sul-sudeste (SSE), leste-nordeste (ENE), leste-sudeste
(ESSE), oeste-noroeste (ONO) e oeste-sudoeste (OSO).
Todos estes pontos formam uma figura chamada de Rosa-
-dos-Ventos ou Rosa-dos - Rumos.

As Zonas Climáticas - Os paralelos especiais exercem papel


muito importante na definição das zonas climáticas, que são de-
marcadas por eles. Tais paralelos são os seguintes:
- Zonas polares ou glaciais norte e sul – são limitadas pelos
As latitudes são medidas em graus entre os paralelos, ou círculos polares, possuem altas altitudes. São zonas muito frias.
qualquer ponto do planeta até a Linha do Equador, as latitudes - Zonas temperadas – com latitude medias, estão compre-
oscilam de 0º Linha do Equador e 90º ao norte e 90º ao sul. endidas a norte entre o circulo polar ártico e o tropico de câncer
Meridianos correspondem a semicircunferências imagina- e a sul entre o circulo polar antártico e o tropico de capricórnio.
rias que parte de um pólo até atingir o outro. O principal meri- Possui temperaturas mais amenas que as zonas polares.
diano é o Greenwich, esse é o único que possui um nome especi- - Zona tropical – compreendida entre os trópicos de câncer
fico, esse é utilizado como referência para estabelecer a divisão e capricórnio, também é chamada de zona intertropical. E a re-
da Terra entre Ocidente (oeste) e Oriente (leste). gião do planeta que recebe mais raios solares, portanto, a mais
quente.

Fuso Horário
Os fusos horários, também denominados zonas horárias, fo-
ram estabelecidos através de uma reunião composta por repre-
sentantes de 25 países em Washington, capital estadunidense,
em 1884. Nessa ocasião foi realizada uma divisão do mundo em
24 fusos horários distintos.
A metodologia utilizada para essa divisão partiu do princípio
de que são gastos, aproximadamente, 24 horas (23 horas, 56
minutos e 4 segundos) para que a Terra realize o movimento de
rotação, ou seja, que gire em torno de seu próprio eixo, realizan-
do um movimento de 360°. Portanto, em uma hora a Terra se
desloca 15°. Esse dado é obtido através da divisão da circunfe-
rência terrestre (360°) pelo tempo gasto para que seja realizado
o movimento de rotação (24 h).
O fuso referencial para a determinação das horas é o Gre-
enwich, cujo centro é 0°. Esse meridiano, também denominado
inicial, atravessa a Grã-Bretanha, além de cortar o extremo oes-
te da Europa e da África. A hora determinada pelo fuso de Gre-
As longitudes representam o intervalo entre os meridianos enwich recebe o nome de GMT. A partir disso, são estabelecidos
ou qualquer ponto do planeta com o meridiano principal. As os outros limites de fusos horários.
longitudes podem oscilar de 0º no meridiano de Greenwich até A Terra realiza seu movimento de rotação girando de oeste
180º a leste e a oeste. para leste em torno do seu próprio eixo, por esse motivo os fu-
Através do conhecimento da latitude e longitude de um lu- sos a leste de Greenwich (marco inicial) têm as horas adiantadas
gar é possível identificar as coordenadas geográficas, que cor- (+); já os fusos situados a oeste do meridiano inicial têm as horas
respondem a sua localização precisa ao longo da superfície ter- atrasadas (-).

35
CONHECIMENTOS GERAIS
Alguns países de grande extensão territorial no sentido Sua extensão territorial é de 42.550.000 km², e a população
leste-oeste apresentam mais de um fuso horário. A Rússia, por é estimada em 1 bilhão de habitantes, distribuídos em 35 países
exemplo, possui 11 fusos horários distintos, consequência de e 16 territórios. Sua posição geográfica isola-o completamente
sua grande área. O Brasil também apresenta mais de um fuso de outro continente: a oeste, pelo Oceano Pacífico; a leste, pelo
horário, pois o país apresenta extensão territorial 4.319,4 quilô- Oceano Atlântico.
metros no sentido leste-oeste, fato que proporciona a existência O PIB total do continente americano é calculado em 20,3
de quatro fusos horários distintos, no entanto, graças ao Decre- trilhões de dólares. Os Estados Unidos, isoladamente, respon-
to n° 11.662, publicado no Diário Oficial de 25 de abril de 2008, dem por 65% desse montante. As demais nações de destaque
o país passou a adotar somente três. econômico no continente são: Brasil, Argentina, Uruguai, Cana-
A compreensão dos fusos horários é de extrema importân- dá e México.
cia, principalmente para as pessoas que realizam viagens e têm No que se refere aos aspectos histórico-culturais do con-
contato com pessoas e relações comerciais com locais de fusos tinente americano, pode-se subdividi-lo em duas porções:
distintos dos seus, proporcionado, portanto, o conhecimento de América Anglo-saxônica e América Latina. A primeira refere-se
horários em diferentes partes do globo. à porção de terras ocupada pelos ingleses e que se constituiu
como colônias de povoamento. A segunda foi colonizada por
Continentes portugueses e espanhóis, em sua maioria, e constituiu-se como
O planeta Terra possui seis grandes continentes: África, colônias de exploração. Considerando que a raiz do idioma dos
Ásia, Europa, Oceania, América e Antártida. colonizadores ibéricos é o latim, esses países ficaram conheci-
Os continentes formaram-se no período Pré-cambriano, há dos como latinos.
cerca de 4,5 bilhões de anos, sobre as placas tectônicas, que Outra divisão pode ser feita a partir dos aspectos físicos e
inicialmente estavam agrupadas em uma imensa massa territo- naturais do continente e, nesse caso, a subdivisão ocorre en-
rial, a Pangeia. O movimento milimétrico desses blocos de terra tre América do Norte, América Central e América do Sul. Essa
originou os atuais continentes. Considera-se que o planeta Terra divisão considera que o continente é formado por duas massas
possui seis continentes: América, África, Ásia, Europa, Oceania de terra (América do Norte e América do Sul) ligadas por uma
e Antártida. estreita faixa (América Central)
A definição do termo continente não é um consenso entre
os geógrafos. Pelo menos três versões podem ser consideradas. Continente europeu
A primeira e mais utilizada considera que no planeta há seis
continentes – extensas massas de terra cercadas por oceanos e
que abrigam diversos países. A segunda considera a existência
de apenas cinco continentes – ora considerando a Antártida um
não continente, ora considerando a Europa e Ásia como um úni-
co continente, a Eurásia, por se situarem em uma mesma placa
tectônica. A terceira amplia para oito o número de continentes,
por considerar as subdivisões do continente americano (Norte,
Central e Sul) como continentes autônomos. Neste texto, utiliza-
remos a definição mais aceita e usual de seis continentes.

Continente americano
O continente europeu é composto por 50 países e 8 terri-
tórios. Suas fronteiras foram diversas vezes alteradas, com os
avanços e recuos dos impérios que o conquistaram ao longo dos
séculos. Suas fronteiras são: ao norte, Mar Glacial Ártico; a no-
roeste, mar da Noruega; a leste, o Oceano Atlântico; ao sul, o
Mar Mediterrâneo; a sudoeste, o Mar Negro; e, a noroeste, os
Montes Urais.
A população do continente europeu é estimada em 743,1
milhões de habitantes, distribuídos em 10.180.000 km². Sua lo-
calização geográfica permite que o continente possua distintas
variações climáticas: desde a severidade do clima frio do norte,
próximo ao Círculo Polar Ártico, e zonas mais amenas de clima
temperado ao sul.
O relevo do continente europeu caracteriza-se por eleva-
ções de planaltos ao sul, com os Montes Pirineus e os Alpes; a
noroeste, com os Montes Escandinavos e, a nordeste, os Montes
O continente americano possui a maior extensão latitudinal Urais. O restante do território constitui-se de planícies.
do mundo, ocupando, praticamente, todas as faixas de norte a O continente europeu possui os melhores indicadores socio-
sul. Essa distribuição permite que o continente experimente to- econômicos do planeta. A elevada arrecadação e concentração
das as variações climáticas do planeta, desde as camadas mais de renda faz com que os países da Europa tornem-se objeto de
quentes da região equatorial às zonas temperadas e camadas desejo de milhares de migrantes. Atualmente, o continente tem
polares. Do mesmo modo, observam-se as mais variadas expres- vivenciado a migração de uma enorme população que foge das
sões de vegetação, solo e relevo. situações de risco em países do Oriente Médio e África.

36
CONHECIMENTOS GERAIS
Continente asiático Historicamente, o continente caracterizou-se por um con-
junto de conquistas, imposições culturais, colonizações e explo-
ração. Ao longo dos séculos, vários países, especialmente eu-
ropeus, reivindicaram parte do território africano, assim como
suas riquezas e sua população. Durante séculos, o continente
europeu beneficiou-se dos recursos naturais e humanos oriun-
dos da África.
Apesar de uma imagem cristalizada de um continente po-
bre, a África possui importantes potências econômicas regio-
nais, como Egito, África do Sul e Nigéria. Destacam-se ainda Ar-
gélia, Angola e Líbia como grandes produtores de petróleo. No
vasto território do continente africano, ainda se encontram va-
riadas reservas de recursos minerais, como diamante (Botsuana,
Congo e Angola) e ouro (Gana, África do Sul e Sudão).
O clima quente e a vegetação de savana são característi-
cos do continente africano, que possui ainda extensos desertos,
O continente asiático possui 48 países e seis territórios, como o Saara e o Kalarari. A maior parte do relevo do continen-
distribuídos em uma extensão de 44.580.000 km². A popula- te é formado por planaltos e depressões – estas acompanham
ção do continente é estimada em 4,436 bilhões de habitantes. os grandes cursos d’água do continente: Nilo, Congo, Chade e
Esse é o continente mais populoso do planeta, com destaques Níger.
para a China (1.376.048.943), Índia (1.311.050.527), Paquistão
(188.924.874) e Bangladesh (160.995.642). Oceania
O elevado número de habitantes do continente faz com que
as desigualdades sociais sejam extremas. Enquanto se observam
países altamente desenvolvidos, como a Coreia do Sul e Japão,
outros permanecem nas menores faixas de renda, na linha da
pobreza, como Nepal e Bangladesh. Deve-se recordar que na
Ásia estão alguns dos principais produtores de petróleo do mun-
do, como Irã e Afeganistão. Além disso, há países que possuem
extenso parque industrial, como a China e a Índia.
Entre os aspectos físicos do continente asiático, é possível
apontar: ao sul, encontram-se os planaltos, assim como na por-
ção centro-oeste do continente; ao norte e noroeste, planícies
predominam. A Ásia ainda possui alguns mares internos, como
Mar Cáspio, Mar Aral e Mar Negro. A Oceania é o menor continente do planeta, com 8. 526,000
A parte climática do continente asiático também é bastante km². Sua extensão territorial praticamente se confunde com
diversificada em função da sua extensão longitudinal e latitudi- o território da Austrália, de 7.692.000 km², ou seja, um pouco
nal. Assim se observam nas porções de menores latitudes climas mais de 90% do continente. Assim, alguns autores classificam a
quentes – equatorial, tropical úmido e desértico – e, nas zonas Austrália como um país continental. O território restante é dis-
de maiores latitudes, climas mais frios, como continental e po- tribuído entre 14 micropaíses e 11 territórios.
lar. A população da Oceania é calculada em 21.292.893 habi-
tantes. A Austrália responde por 60% desse quantitativo. Papua-
Continente africano -Nova Guiné (6,7 milhões de habitantes) e Nova Zelândia (4,2
milhões) são as outras nações populosas da Oceania.
Os micropaíses que compõem a Oceania, assim como a Aus-
trália, são ilhas que se espalham pelo Oceano Pacífico. Elas são
classificadas em Melanésia, Micronésia e Polinésia.
Melanésia é um conjunto de ilhas que forma uma área de
aproximadamente 500.000 km² e localiza-se próximo da Austrá-
lia, como Ilhas Fiji, Nova Guiné e Lusíadas. A cor da pele dos ha-
bitantes da região serviu de inspiração para seu nome, Melané-
sia, dado em 1832 pelo francês Jules Dumont d’Urville. Apalavra
vem do grego melos (que significa “negro”) e nesoi (que quer di-
O continente africano possui 54 países e 9 territórios. Sua zer “ilhas”). “Melanésia” significa, portanto, “ilhas negras”. Pela
extensão territorial é de 30.370.000km², e sua população é es- diversidade de povos que ocupam a região, estima-se que sejam
timada em 1.216.000 milhões de habitantes. Com uma extensa falados 250 idiomas diferentes;
distribuição latitudinal, o continente ocupa parte do hemisfério Micronésiaé um pequeno estado independente do Pacífico
norte e parte do hemisfério sul, sendo cortado praticamente ao Sul, localizado a leste das Filipinas e ao norte de Papua-Nova
meio pela linha do Equador. Assim, somente os extremos norte Guiné. Sua área é de 702 km²;
e sul escapam da zona tropical, localizando-se na zona tempe- Polinésia compreende o conjunto de ilhas mais distantes da
rada. Austrália, tendo como principais territórios os quatro estados
independentes: Kiribati, Samoa, Tonga e Tuvalu.

37
CONHECIMENTOS GERAIS
Antártida Serra Nevada, localizada nos EUA, entre a cadeia da Costa e
os planaltos de grandes altitudes. O prolongamento da serra Ne-
vada em direção norte, penetrando no Canadá, recebe o nome
serra das Cascatas.
Montanhas Rochosas, propriamente ditas, cadeia monta-
nhosa que se localiza mais no interior da América do Norte, es-
tendendo-se do Alasca ao México.

Planaltos e Planícies
PLANALTO
Entre as serras Madre Ocidental (próxima ao Atlântico) e
Madre Ocidental (próxima ao Pacífico) estão localizadas os pla-
naltos elevados do México. No norte do país encontra-se o pla-
A Antártida, ou Antártica, é o mais recente a ser explorado nalto Chihuahua e, no sul, o planalto Anuahac, onde foi fundada
e ainda pouco se conhece sobre suas principais características, a cidade do México. Na América Central situam-se planaltos ele-
fauna e flora. Sua dimensão territorial é estimada em 14.000.000 vados, localizados entre as planícies costeiras do Atlântico e as
km². Sua população caracteriza-se basicamente por pesquisado- montanhas do oeste.
res, que se revezam na intenção de desenvolver pesquisas e tra-
balhos científicos sob condições extremas. Cordilheira dos Andes
Atualmente, existem no território antártico 29 bases de pes- A cordilheira dos Andes, que fica da Venezuela até o extre-
quisa de diversos países. A base brasileira na Antártida chama-se mo sul do Chile, possui aproximadamente 7 500 km de extensão
Ferraz de Vasconcelos e foi instalada em 1984. e 300 km de largura.
Por uma convenção internacional, definiu-se que o territó- Em alguns trechos, os Andes são formados por duas ou três
rio antártico não pertence a nenhum país, não podendo ser rei- cadeias paralelas, entre as quais surgem vastos planaltos eleva-
vindicado ou invadido sob nenhum pretexto. Conhecido como dos danominados de altiplanos, como os da Bolívia, Peru e Chile.
Tratado da Antártida, foi assinado em 1 de dezembro de 1959.
A Antártida é o mais frio e seco continente do mundo. Suas Porção Oriental
temperaturas podem alcançar -89ºC, e suas médias de precipi- A parte leste do continente americano é composta por ca-
tação são extremamente baixas, em torno de 30 mm a 70 mm. deias de montanhas e extensos planaltos. A cadeia montanhosa,
Desse modo, pode-se afirmar que o continente é um imenso de- que não ultrapassam de 2000 m de altitude, são os montes Apa-
serto frio. laches, nos EUA.
Entre os planaltos, na América do Norte, destaca-se o Pla-
nalto Canadense, que tem a forma de uma grande ferradura
voltada para a baía de Hudson. Na América do Sul, os mais im-
portantes são os planaltos e serras do Atlântico-Leste-Sudeste.
Nessas formações mais antigas tem muitos recusos mine-
rais, encontra-se ferro e o manganês que são muito explorados
no Canadá, EUA e Brasil.

PLANÍCIE
A porção central da América do Norte e da América do Sul é
formada por extensas planícies, em geral atravessadas por gran-
des rios.
Relevo, Hidrografia, Clima e Vegetação da América Na América do Norte são encontradas:
A América do Norte e a América do sul apresentam seme- Planície do rio São Lorenço, que acompanha o vale desse
lhanças quando a disposição das suas formas de relevo. No sen- rio, corresponde à área mais povoada do Canadá e possui gran-
tido oeste-leste, três grandes unidade de relevo: as grandes ca- de extensão economica.
deias de montanha, as planícies centrais e os planaltos. Pradarias, próximas aos Grandes samente cultivada, onde
As grandes cadeias montanhosas do oeste estendem-se do sobressai a cultura do trigo.
Alasca (América do Norte) ao sul do Chile (América do Sul). Planície Central dos EUA, Atravessada por diversos rios,
Nos EUA e no Canadá, o conjunto de cadeias montanhosas onde também se desenvolve intensa atividade agrícola, desta-
do oeste recebe a denominação geral de montanhas Rochosas; cando-se o trigo, o milho e o algodão. É a região menos povoada.
na América do Sul de cordilheiras dos Andes. América do NorteUma das particularidades da hidrografia
No México o prolongamento das montanhas Rochosas for- do subcontinente da América do Norte é a abundância de lagos
ma a serra Madre Oriental e a serra Madre Ocidental. que se estabelecem na região. Os quais, muitos deles, tem sua
formação a partir do derretimento de geleiras ou origem glacial
Montanhas Rochosas que aconteceu há milhões de anos, como por exemplo, a região
As montanhas rochosas se subdividem em três: dos Grandes Lagos que abriga dentre outros o Superior, Michi-
Cadeia da Costa, que acompanha o litoral do Pacifico, desde gan, Huron, Eriê e Ontário.
o Alasca até o México. É nessa cadeia que se encontra o ponto A região dos Grandes Lagos se estabelece entre os Estados
culminante do relevo da América do Norte, o monte Mackinley Unidos e o Canadá, na fronteira norte-nordeste. No entanto, a
em Alasca, com 6 187 m de altitude. riqueza hidrográfica do subcontinente não se restringe somente

38
CONHECIMENTOS GERAIS
aos lagos, isso porque a América do Norte possui uma generosa O rio Uruguai serve de divisa entre os Estados brasileiros de
quantidade de rios, dos quais se destacam o São Lourenço, Mis- Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Serve, também, de limite
sissipi, Colorado, Colúmbia, Yukon e Mackenzie. entre o Brasil e a Argentina e entre a Argentina e o Uruguai.
Em decorrência da quantidade de rios presentes no terri- O rio Paraná é o principal rio da bacia. Ele tem 4 mil e qui-
tório da América Anglo-Saxônica, muitos deles oferecem con- nhentos quilômetros de extensão, sendo um rio de planalto
dições viáveis para a implantação de hidrovias e também para em seu trecho superior e de planície em seu curso inferior. Seu
a geração de energia elétrica por meio da instalação de usinas enorme potencial hidráulico já é, em parte, aproveitado por
hidrelétricas ao longo de rios. grandes usinas hidrelétricas. Dentre as hidrelétricas do rio Pa-
No transporte hidroviário, os mais usados são os lagos raná,destacam-se as usinas de Jupiá e Ilha Solteira, que formam
(Grandes Lagos) e rios que se encontra em áreas de planícies o Complexo Urubupungá,entre os Estados de São Paulo e Mato
como São Lourenço e o Mississipi. Para geração de energia são Grosso do Sul, e a de Itaipu, entre o Estado do Paraná e o país
explorados os lagos, mais precisamente, as cataratas do Niágara do Paraguai.
que se encontra entre os lagos Eriê e Ontário. Podemos destacar
também os rios que percorrem áreas de planaltos que são pro- Tipos de clima e paisagens vegetais do continente ameri-
pícios para produção de energia, com essa característica temos cano
o Colúmbia e o Colorado, ambos nos Estados Unidos. Na América, os fatores que exercem influencia no clima in-
teragem em diferentes combinações, constituindo diferentes
A Hidrografia no Continente Americano tipos climáticos que se espalham por todo o continente ame-
Um rio com seus afluentes forma uma rede hidrográfica. A ricano.
área drenada por uma rede hidrográfica recebe o nome de bacia
hidrográfica. Clima polar
Um conjunto de bacias hidrográficas, cujos rios correm para No extremo norte da América, onde o clima polar é do-
o mesmo destino, que pode ser um oceano ou um mar, consti- minante, as temperaturas médias anuais são negativas, com a
tuiu ma grande vertente. De modo geral, o continente america- ocorrência de neve praticamente o ano todo. Por essa razão,
no possui uma hidrografia farta, pois suas terras são drenadas o solo está sempre coberto de gelo e neve. Durante os meses
por numerosos rios. do verão polar desenvolve-se a tundra, vegetação formada de
A maior bacia fluvial das Américas é a do Amazonas, que musgos e liquens.
está localizada na América do Sul.
Na América do Norte, a maior e principal bacia fluvial é a do Clima frio
rio Mississipi. Ele nasce no norte dos Estados Unidos, ao oeste Ao norte do continente americano, nas altas latitudes, ao
do Lago Superior, e percorre a Planície central até o delta da sua sul da região de clima polar, no Canadá, prevalece o clima frio.
foz, no Golfo do México. Os principais afluentes do rio Mississipi Nessas áreas os invernos são extensos e as temperaturas estão
são o Missouri e Ohio. Desde a confluência com o Missouri, na sempre abaixo de zero grau. Como consequência, durante a
montante da cidade de Saint Louis, o grande rio passa a ser cha- maior parte do ano, o solo fica coberto por neve. Os verões pro-
mado de Mississipi – Missouri. Os rios São Lourenço e Grande porcionam temperaturas médias próximas dos 10 °C.
destacam-se na formação hidrográfica dos Estados Unidos. O rio Nessas regiões desenvolve-se a taiga, constituída funda-
São Lourenço nasce no Lago Ontário, é o mais navegadodo con- mentalmente por coníferas, muito explorada economicamente.
tinente americano e possui um sistema de eclusa. O rio Grande
(Bravo Del Norte) é a maior parte da fronteira natural entre os Clima frio de montanha
Estados Unidos e o México. Ele deságua no Golfo do México. O clima frio de montanha domina no oeste do continente,
Na América Central, os rios e as bacias fluviais são de peque- onde se localizam as montanhas Rochosas e a cordilheira dos
nas extensões,sem destaques no conjunto dos rios americanos. Andes. Nessas áreas as temperaturas médias anuais variam en-
Na vertente do Atlântico, na América do Sul, as maiores ba- tre 5°C e 15°C.
cias fluviais são a do Amazonas, a Platina, a do Orinoco. A Bacia Em regiões com essas temperaturas prevalece a vegetação
do Amazonas banha as terras do Brasil, da Bolívia, da Colôm- de altitude, que apresenta características variáveis, de acordo
bia,Peru, Equador, Venezuela e Guiana, num total de aproxima- com a altitude do terreno.
damente 6,5 milhões de quilômetros quadrados dos quais quase
4 milhões de quilômetros quadrados encontram-se no território Clima temperado
brasileiro. O rio principal dessa bacia nasce no pico Huagro, nos Areas de clima temperado proporcionam estações do ano
Andes peruanos. Depois de ingressar em terras do Brasil, recebe bem definidas, com verões quentes e invernos muito frios. Este
o nome de Solimões e, após receber as águas do Rio Negro, seu tipo de clima ocorre sobretudo na América do Norte, onde ocu-
principal afluente, passa a se chamar Rio Amazonas. pa ampla área. Na América do Sul manifesta-se apenas em pe-
A Bacia Platina é formada pelos rios Paraná, Paraguai e Uru- quenas áreas ao sul.
guai, cada qual com seus afluentes. O Paraguai é estuário do A vegetação predominante dessas áreas é a floresta tempe-
Paraná. O Uruguai, por sua vez,desemboca junto à foz do rio rada, com árvores de grande porte e folhagens densas que caem
Paraná, no chamado rio do Prata. Por isso, o conjunto hidrográ- no inverno. Essa vegetação foi praticamente destruída e deu lu-
fico recebeu o nome de bacia Platina ou do Prata. O rio Paraguai gar, principalmente, a áreas destinadas à agricultura.
nasce no território brasileiro, serve de fronteira entre Brasil,Bo- Nas regiões de clima temperado também ocorrem as pra-
lívia e o Paraguai, atravessa o território Paraguaio e deságua no darias, constituidas basicamente por gramíneas e alguns arbus-
rio Paraná. É um rio de planície, navegável, de grande importân- tos. No Brasil, as pradarias são chamadas de campos e ocorrem
cia no transporte e comunicação tanto para o Estado do Mato especialmente no Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul e
Grosso do Sul (BR) quanto para o país que atravessa, o Paraguai. na Argentina, os campos também são conhecidos como pampas.

39
CONHECIMENTOS GERAIS
Clima subtropical O continente africano é cercado pelos oceanos Atlântico
O clima subtropical ocorre em áreas de passagem entre as (oeste) e Índico (leste), além dos mares Mediterrâneo (norte)
zonas temperadas e as zonas tropicais. Os invernos são agradá- e Vermelho (nordeste). Seu litoral, com mais de 27 mil km de
veis e os verões são quentes, apresentam temperatura média de extensão, é bastante regular, com poucos recortes e ilhas, sendo
18 °C. As chuvas bem distribuídas durante o ano todo. Ocorre no raras as baías, golfos ou penínsulas, o que torna difícil seu apro-
sul do Brasil e no sudeste dos Estados Unidos. veitamento para instalações portuárias.
As regiões no Brasil onde esse tipo climático ocorre apre- Cortam a África, três dos grandes paralelos terrestres: Equa-
sentam vegetação de matas de araucária ou matas dos pinhais. dor, Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio, além do Meri-
diano de Greenwich. Cerca de 80% de seu território fica na zona
Clima tropical intertropical, sendo que a maior parte de suas terras localiza-se
Nas áreas onde o clima tropical predomina a temperatura no hemisfério oriental (leste) e só uma pequena parte delas no
média anual comumente é superior a 200 °C, com ocorrência, hemisfério ocidental (norte). O continente possui cinco diferen-
normalmente, de chuvas concentradas no verão e invernos se- tes fusos horários.
cos. A África está separada da Europa pelo mar Mediterrâneo e
Esse tipo de climático é influenciado pelas massas de ar liga-se à Ásia na sua extremidade nordeste pelo istmo de Suez.
úmido oriundas do oceano. A umidade permite o aumento das No entanto, a África ocupa uma única placa tectônica, ao contrá-
florestas tropicais, como no Brasil e em áreas da América Cen- rio da Europa que partilha com a Ásia a Placa Euro-asiática. Sua
tral. No interior da América do Sul, onde a umidade é menor base geológica é formada por grandes e antigas placas tectôni-
encontramos as savanas, um tipo de vegetação que vem sendo cas, fraturadas em algumas regiões; apresentando áreas bastan-
destruída e suprimida pela agricultura comercial. te desgastadas pela erosão.
Pontos extremos - do seu ponto mais a norte, Cabo Branco,
Clima equatorial até ao ponto mais a sul, o cabo das Agulhas, na África do Sul, vai
O tipo climático equatorial, típico de áreas próximas à linha uma distância de aproximadamente 8.000 km. Do ponto mais
do Equador, apresenta temperaturas elevadas e altos índices de oeste, o Cabo Verde, até ao ponto mais a leste, vai uma distância
chuvas bem distribuídas o ano todo. de cerca de 7.500 km.
Nessas regiões predomina a floresta equatorial, ou flores- Dentre os acidentes geográficos litorâneos, merecem des-
ta Amazônica, que diferencia-se pela diversidade de animais e taque o Golfo da Guiné, no Atlântico Sul; e o Estreito de Gibral-
vegetais. tar, entre o Oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo, junto da
península Ibérica, na Europa. Há ainda no leste do continente,
Clima semiárido a Península da Somália, chamada também de Chifre da África, o
O tipo climático semiárido apresenta altas temperaturas Golfo de Áden, formado por águas do oceano Índico e limitado
elevadas, normalmente superiores a 25 °C, com chuvas insufi- pela península Arábica, que pertence à Ásia e a Ilha de Madagas-
cientes e mal distribuídas. car que delimita importante via de tráfego marítimo, o canal de
Na região Nordeste do Brasil, o clima semiárido favoreceu o Moçambique.
desenvolvimento da Caatinga, tipo de vegetação de estepe que
apresenta árvores de pequeno porte, com troncos retorcidos e Relevo.
espinhosos, e cactos, que armazenam água no seu caule. O relevo africano se caracteriza pelo predomínio de imen-
Na América do Norte há uma ampla área de clima semiári- sos tabuleiros (planaltos pouco elevados) e considerável altitude
do no centro-oestedos Estados Unidos. Igualmente na porção média - cerca de 750 metros. As regiões central e norte são ocu-
centro-sul da América do Sul, na Argentina, encontramos uma padas, em sua totalidade, por planaltos intensamente erodidos,
grande área desse tipo climático, com regiões recobertas por constituídos de rochas muito antigas e limitados por grandes
estepes. escarpamentos.
Há 200 milhões de anos a África fazia parte, juntamente
Clima árido ou desértico com a América do Sul, do supercontinente de Gondwana. A se-
Esse tipo climático tem como principais características a paração formou o oceano Atlântico e isolou os dois continentes,
escassez de chuvas, as temperaturas elevadas durante o dia e que ainda têm algumas semelhanças de estrutura geológica e
muito baixas à noite. Este clima aparece em áreas dos Estados formas de relevo.
Unidos, México e Chile. Ao norte predomina área planáltica, ampla e desértica - o
A vegetação dessas regiões é insignificante, às vezes cons- Saara - que se estende do oceano Atlântico ao mar Vermelho. A
tituída por plantas espinhosas e de raízes profundas; em outras maior formação rochosa desta área são os montes Tibesti (Cha-
vezes é inexistente. de), onde se localiza o pico culminante da região, o Emi Koussi
- 3.415 metros.
Relevo, Hidrografia, Clima e Vegetação da África Além do deserto encontra-se a Cadeia do Atlas, que ocupa
A África é um grande continente com pouco mais de 30,3 a região norte do Marrocos, da Argélia e da Tunísia. Sua forma-
milhões de quilômetros quadrados; é o terceiro mais extenso ção recente apresenta montanhas cujos picos chegam a atingir
(atrás da Ásia e da América) com 20,3 % da área total da terra 4.000 metros de altura; nesta região, o subsolo apresenta signi-
firme do planeta. É o segundo mais populoso da Terra (atrás da ficativas reservas de petróleo, gás natural, ferro, urânio e fos-
Ásia) com cerca de 900 milhões de pessoas, representando cerca fato, além de representar grande importância para a geografia
de um sétimo da população do mundo, e 54 países independen- local, pois ela barra os ventos úmidos, favorecendo a formação
tes; apesar de existirem colônias pertencentes a outros países de rios temporários.
de fora desse continente, principalmente ilhas, por exemplo, No leste encontra-se uma de suas características físicas mais
Madeira, pertencente a Portugal, Ilha de Ascensão, pertencente marcantes: uma falha geológica estendendo-se de norte a sul, o
ao Reino Unido, entre outras. Grande Vale do Rift, uma fenda tectônica em que se sucedem

40
CONHECIMENTOS GERAIS
montanhas, algumas de origem vulcânica e grandes depressões. Sul (da Namíbia - denominação local do Deserto de Calaari). O
Nessa região se localizam os maiores lagos do continente, cir- deserto do Saara ocupa um terço do território africano. Ali são
cundados por altas montanhas, destacando-se: o Quilimanjaro registradas temperaturas superiores a 40º C.
(5.895 metros), o monte Quênia (5.199 metros) e o Ruwenzori O clima do continente é bastante diversificado, sendo deter-
(5.109 metros). minado principalmente pela conjunção de dois fatores: as baixas
Ao sul, surgem planaltos, onde merecem destaque os mon- altitudes e a predominância de baixas latitudes. Distinguem-se
tes Drakensberg, com poucos picos elevados acima dos três mil na África os climas equatorial, tropical, desértico e mediterrâ-
metros, mas suficientes para barrar os ventos úmidos do oceano neo. As médias térmicas mantêm-se elevadas durante o ano
Índico, formando uma costa de climas mais amenos. Ao longo todo, exceto nos extremos norte e sul e nos picos das monta-
do litoral, situam-se as planícies costeiras, por vezes bastante nhas mais altas.
vastas. As planícies ocupam área menor do que a dos planaltos. O clima equatorial, quente e úmido o ano todo, abrange
Podemos citar as planícies do Níger e do Congo. parte da região Centro-Oeste do continente. Apresenta-se na
A África não possui muitas ilhas ao seu redor. No Atlântico, parte central, com temperaturas que variam entre 25ºC e 30ºC
se localizam algumas, formadas por picos submarinos, como as e índices pluviométricos que atingem até 3.000 mm ao ano. Em
Ilhas Canárias e a Ilha da Madeira, bem como os arquipélagos de razão das altas taxas de umidade relativa do ar e da abundância
São Tomé e Príncipe e de Cabo Verde. No Oceano Índico encon- de chuvas, praticamente não existe estiagem, o que proporciona
tra-se uma grande ilha - a de Madagáscar - e outras de extensão a proliferação de florestas equatoriais.
reduzida, entre as quais Comores, Maurício e Seychelles. O tropical quente com invernos secos domina quase intei-
ramente as terras africanas. As temperaturas médias presentes
Hidrografia oscilam entre 22ºC e 25ºC com índices pluviométricos que atin-
Sendo as regiões norte e sul praticamente tomadas por de- gem até 1.400 mm ao ano. Nas regiões onde esse clima predo-
sertos, a África possui relativamente poucos rios. Alguns deles mina existem duas estações bem definidas, sendo uma seca e
são muito extensos e volumosos, por estarem localizados em uma chuvosa.
regiões tropicais e equatoriais; outros atravessam áreas desérti- Do Centro ao Sul, inclusive a ilha de Madagascar; o clima
cas, tornando a vida possível ao longo de suas margens. Poucos desértico, por sua vez, compreende uma grande extensão da
rios de grande extensão se destacam. África, acompanhando os desertos do Saara e de Calaari.
A maior importância cabe ao rio Nilo, o segundo mais exten- O clima mediterrâneo manifesta-se em pequenos trechos
so do mundo (após o Solimões-Amazonas), cujo comprimento do extremo norte e do extremo sul do continente, apresentan-
é superior a 6.500 km. Nasce nas proximidades do Lago Vitória, do-se quente com invernos úmidos. Apresenta temperaturas
percorre o nordeste africano e deságua no mar Mediterrâneo na mais amenas; nessas áreas as temperaturas variam entre 15ºC
forma de um delta de 20 mil Km2, onde se situa uma das mais e 20ºC.
importantes áreas agrícolas do continente. A pluviosidade na África é bastante desigual, sendo a princi-
Além do Nilo, há outros rios importantes para a África, como pal responsável pelas grandes diferenças entre as paisagens afri-
o Congo, um rio da zona equatorial, com grande volume de água canas. As chuvas ocorrem com abundância na região equatorial,
e elevado potencial hidrelétrico. Após percorrer 4.400 km, de- mas são insignificantes nas proximidades do Trópico de Câncer,
semboca no Atlântico, com a segunda maior vazão do mundo. onde se localiza o deserto do Saara, e do Trópico de Capricórnio,
Há ainda o Níger, que nasce na Guiné, próximo ao oceano Atlân- região pela qual se estende o Calaari.
tico, e corre para o interior, penetrando no deserto do Saara. Na
metade do caminho muda de direção e cai numa longa e estreita Vegetação
planície em direção ao sul, desaguando no golfo da Guiné, após A vegetação africana é um reflexo do clima, uma vez que
percorrer 4.160 km. Menos extensos, mas igualmente relevan- as paisagens se organizam e se distribuem pelo espaço geográ-
tes, são o Zambeze, o Senegal, o Orange, o Limpopo e o Zaire. fico de forma muito parecida com os tipos climáticos. Na por-
Quanto aos lagos, a África possui alguns mais extensos e ção equatorial, onde as chuvas são abundantes o ano inteiro, há
profundos, de origem tectônica e vulcânica; a maioria situada no florestas densas, diversificadas e sempre verdes - a vegetação
leste do continente, como o Vitória, terceiro maior do mundo, dominante é a floresta equatorial. À medida que avançam para
com quase 70 mil m2, o Rodolfo, o Niassa e o Tanganica. Este úl- regiões mais secas, ao norte e ao sul, essas florestas vão perden-
timo, com quase 1.500 metros de profundidade, evidencia com do a densidade e se transformam em savanas - que constituem
mais ênfase a grande falha geológica na qual se alojaram os la- o tipo de vegetação mais abundante no continente.
gos. Milhares de pequenos lagos da região têm água contamina- As estepes aparecem entre as savanas e os desertos e à
da por sais e ácidos provenientes dos vulcões, o que inviabiliza medida que alcançam áreas mais secas, tornam-se progressiva-
seu uso pela população. mente mais ralas, até se transformarem em regiões desérticas.
Nos desertos, pode, eventualmente haver oásis, onde se desen-
Clima volvem tamareiras, arbustos e gramíneas. Finalmente, nos ex-
A linha do Equador divide a África em duas partes distintas: tremos do continente há maquis e garrigues, conhecidos como
o Norte é bastante extenso no sentido leste-oeste; o Sul, mais vegetação mediterrânea.
estreito, afunila-se onde as águas do Índico se encontram com
as do Atlântico. Quase três quartos do continente estão situa- Relevo, Hidrografia, Clima e Vegetação da Ásia
dos na zona intertropical da Terra, apresentando, por isso, altas A Ásia, maior continente do mundo, tem cerca de 44,5 mi-
temperaturas com pequenas variações anuais. lhões de km2. Seus pontos extremos no eixo leste-oeste são, ao
Localizados no interior do território africano, os desertos leste, o estreito de Bering, e ao oeste a cadeia do Cáucaso e os
ocupam grande parte do continente. Situam-se tanto ao Nor- montes Urais que o separam da Europa, além dos mares Cáspio,
te (Dyif, Iguidi, da Líbia - nomes regionais do Saara) quanto ao Egeu, Negro e Mediterrâneo. Ao norte, a Ásia é banhada pelo

41
CONHECIMENTOS GERAIS
oceano Glacial Ártico e ao sul pelos oceanos Índico e Pacífico. As A vida animal do continente asiático é muito rica. Ursos-
terras da Ásia estão compreendidas entre as zonas tropical, sub- -brancos, renas e diversos animais de peles raras como as focas,
tropical, temperada e polar. Por sua imensa extensão no sentido martas, lontras e arminhos deslocam-se para a região no verão,
longitudinal, a Ásia apresenta enormes diferenças de fuso horá- vindos da zona da taiga onde vivem alces, cervos, ursos-pardos,
rio em seu território. Os altos planaltos asiáticos compreendem linces e lebres. Nas estepes e nos desertos habitam antílopes,
as maiores altitudes do mundo: localizados na zona central da gazelas, cabras, ovelhas, camelos, lobos, hienas e vários tipos de
Ásia.os do Tibete, por exemplo, apresentam altitude máxima em répteis. Leopardos e marmotas são encontrados nas terras altas
cerca de 5.000 metros. da Ásia Central, enquanto aves tropicais e diversas espécies de
Esse planalto é cercado de um cinturão de cadeias monta- ursos e de tigres habitam a área de monções. Na Índia, vivem
nhosas como o Himalaia, que contorna o Tibete, apresentando também elefantes, crocodilos e cobras.
altitude máxima de 8.840 metros, no monte Everest. O Himalaia
apresenta cerca de 3.000 quilômetros em sua extensão. Acredi- Relevo, Hidrografia, Clima e Vegetação da OCEANIA
ta-se que o território correspondente à Índia, outrora separado Relevo
do restante da Ásia, aproximou-se da área continental, ocorren- A Oceania compreende a Austrália e os arquipélagos da Me-
do um choque que teria resultado nos dobramentos terciários lanésia, Micronésia e Polinésia. É o menor continente do plane-
de que o Himalaia é formado. ta, com uma área semelhante à do Brasil. Contém mais de 10
A Ásia pode ser dividida em grandes áreas geográfico-cultu- mil ilhas, abrangendo uma superfície de cerca de 8.500.000 km².
rais: Ásia Central, Caúcaso, Extremo Oriente, Indochina, Oriente Aproximadamente 86% desse território é ocupado pela Austrá-
Médio, Sibéria e Subcontinente indiano. lia, única plataforma continental, enquanto o restante é forma-
do pelas inúmeras ilhas de origens diferenciadas, podendo ser:
Relevo ilhas continentais, vulcânicas ou coralíneas (atóis). O relevo do
Dois grandes conjuntos de cordilheiras podem ser desta- continente apresenta características muito diversificadas devido
cados: o primeiro estende-se de Anatólia até o Pamir, compre- ao fato de ser formado por terrenos de idades geológicas muito
endendo as montanhas do Cáucaso, os montes Zagros, o Hindu diferentes.
Kush, o Kolima e o Himalaia. A outra linha de cordilheiras é for- Situada ao centro do continente, a nordeste da Austrália, a
mada pelos montes Urais e pelas montanhas de Nova Zembla. Melanésia é um conjunto de ilhas das quais fazem parte: as Salo-
Ao sul, existem planaltos e planícies importantes, como os pla- mão, o arquipélago de Bismarck, Vanuatu, Fiji, Nova Caledônia,
naltos da Arábia, do Irã e do Deccan; e as planícies da Mesopo- Nauru, Tuvalu e, a maior delas, a da Nova Guiné (Papua-Nova
tâmia e os vales do Indo e do Mekong. Guiné). Algumas delas, as maiores ilhas da Oceania, são consi-
A região central é ocupada pelos planaltos do Tibete e da deradas continentais, por terem a mesma estrutura rochosa dos
Mongólia, as estepes do Casaquistão e do Quirguistão, o deserto continentes. A geologia dessas ilhas é baseada em rochas crista-
de Gobi e as planícies do norte da China. linas muito antigas, assim como a Austrália.
Ao norte, a região é composta pela planície siberiana e pelo A norte e nordeste da Melanésia, localiza-se a Micronésia.
planalto de Kolima. Fazem parte dessa região ilhas que, em geral, se formaram de
corais ou atividades vulcânicas. São elas: as ilhas Marianas, Pa-
Hidrografia lau, ilhas Marshall, Kiribati, entre outras.
O norte do continente é cortado pelos grandes rios siberia- A terceira região é a Polinésia, que representa o conjunto
nos: Ob, Ienissei, Lena e Kolima, que desaguam no oceano Ártico mais afastado da Austrália. Suas diversas ilhas estão distribuídas
e permanecem congelados durante a maior parte do ano. Na na área central do oceano Pacífico, a leste do continente. Pode-
Ásia Central, encontram-se bacias, como a do Tarim no noroeste -se destacar nesse conjunto de ilhas os arquipélagos do Havaí,
da China e os rios Amu Daria e Sir Daria, que desembocam no Bora Bora, Cook, Samoa, Midway, Tonga, Tuamotu e Taiti. Em
mar de Aral. geral, as maiores ilhas são vulcânicas. O relevo dessas ilhas é
Nas regiões meridionais e orientais localizam-se os maiores marcado por dezenas de picos de origem vulcânica com mais de
e mais importantes rios asiáticos: o Amarelo e o Yangzi na China; 2.500m de altitude. Na Ilha do Sul, na Nova Zelândia, se erguem
e o Brahmaputra, o Ganges e o Indo na Índia. No Oriente Médio, os Alpes neozelandeses, cordilheira de origem recente que tem
os rios mais importantes são o Tigre e o Eufrates. o Monte Cook como seu ponto culminante, com 3.764m. As me-
nores ilhas da Polinésia, costumam ser coralíneas, e a maior cor-
Clima rente de atóis do mundo concentra-se na região.
Há quatro tipos de clima: siberiano, mediterrâneo, desértico A Austrália é um enorme maciço antigo e, como se encontra
e monções. O siberiano estende-se por toda a faixa norte e se no centro da placa tectônica Indo-australiana, não possui do-
caracteriza pelos longos invernos. Na região do litoral predomi- bramentos modernos nem vulcões ativos. Sua superfície é com-
na o clima mediterrâneo. Já no interior do continente o clima é posta basicamente de extensos planaltos rochosos, elevações
desértico, muito quente e seco durante o dia e gélido à noite. montanhosas suaves e bacias sedimentares ao longo dos vales
O regime das monções determina as condições climáticas das dos rios.
regiões meridionais e orientais. No relevo da Oceania existem quatro grandes unidades ge-
omorfológicas: o escudo australiano, a geossinclinal da Tasmâ-
Flora e fauna nia, os arcos melano-zelandeses e o próprio Oceano Pacífico. Os
A cobertura vegetal do continental ao norte é constituída territórios mais antigos são do escudo pré-cambriano, no oeste
pela tundra. Ao sul encontra-se a região coberta por bosques de e no centro da Austrália. Os maciços de Hamersley, a noroeste,
coníferas. Estepes e grandes regiões desérticas predominam no e de Kimberley, ao norte, bem como a região central de Alice
sul da Sibéria e na Ásia central. As chuvas periódicas na Índia, Springs, afloramentos desse escudo, que em outras áreas é re-
China, Indochina e Indonésia favorecem o desenvolvimento de coberto por sedimentos de idades diversas, inclusive do período
florestas tropicais e da vegetação de savana. quaternário.

42
CONHECIMENTOS GERAIS
A leste do escudo australiano, está a geossinclinal da Tas- tal. O dossel na floresta tropical é contínuo e dividido em três
mânia, que possui as maiores elevações da Austrália. Seu ponto níveis: superior, entre 50 e 60 metros, médio (o mais denso),
culminante é o monte Kosciuszko, com 2.228m. Montanhas de entre 20 e 40 metros, e o inferior, entre cinco e 15 metros. O
altitude moderada formam o divisor continental denominado norte da Austrália é dominado pela floresta tropical sazonal e
Grande Cadeia Divisória, a cerca de 300km do mar. o complexo arbustivo com árvores de pequeno e médio portes,
Os arcos que se estendem da Nova Guiné à Nova Zelândia com não mais do que 15 metros, possuindo galhos em forma
são a continuação das guirlandas insulares da Ásia oriental e me- de guarda-chuva virado de cabeça para baixo, além de arbustos
ridional, áreas de intenso vulcanismo. De um modo geral, o rele- xerófitos, adaptados ao clima seco. A savana tropical ocupa a
vo se dispõe em alinhamentos paralelos a depressões, emersas parte periférica do deserto australiano, que fica no centro do
na nova Guiné e imersas em outras partes. Nas ilhas Fiji existem país, e faz a transição entre o deserto e climas mais úmidos.
alinhamentos maiores, separados por depressões. Na Melané- Apresenta grandes campos de gramíneas, com árvores esparsas
sia, os relevos emersos do continente são mais elevados, atin- e de copas achatadas. Nas áreas mais secas, as gramíneas cres-
gindo 5.000m no pico Sukarno, na Nova Guiné Ocidental, que cem em moitas, deixando o resto do solo descoberto.
possui ostenta uma geleira em plena linha do Equador. Por ser Os climas mesotérmicos (subtropicais) são encontrados no
um processo recente, a orogênese ainda está ocorrendo em al- litoral sul e oeste da Austrália e na Nova Zelândia, salvo o centro
gumas áreas, como é o caso na Nova Guiné. leste do litoral neozelandês. O litoral sul e grande parte do lito-
ral leste da Austrália são cobertos pela vegetação de complexo
Hidrografia arbustivo mediterrâneo. Arbustos lenhosos adaptados aos ve-
A rede hidrográfica australiana é pouco expressiva e apre- rões secos, folhas e caules “duros”, com entre um e dois metros
senta muitos rios temporários, refletindo a baixa pluviosidade de altura, e ramos retorcidos, dominam essa paisagem em con-
do país. junto com bosques e gramíneas. O leste da Austrália apresenta
-região de grandes planaltos e vastas bacias de fundo plano; pequenos enclaves de floresta temperada, vegetação que do-
cordilheira australiana (litoral E); Planície de Perth (litoral SO); mina quase toda a Nova Zelândia. A floresta temperada apre-
-planalto de Kimberly (litoral NO); escudo australiano (inte- senta poucas espécies vegetais, sendo uma mistura de grandes
rior ocidental) formando 3 desertos (o Grande Deserto de Areia, pinheiros e árvores latifoliadas, com folhas largas. Essas flores-
NO; o Deserto Gibson, O; o Grande Deserto de Vitória, SO); tas, junto com suas correlatas norte americanas, são os lares das
-3 bacias hidrográficas: maiores árvores do mundo.
-Carpentária, NE; Os climas secos (árido e semiárido) são encontrados no
-Artesiana, E; centro da Austrália e no litoral centro leste da Nova Zelândia.
-Murray-Darling, SE (interior oriental). A vegetação desértica varia de quase nenhuma cobertura ve-
-ponto mais elevado: monte Kosciuszko (2.228 m). getal a arbustos xerófitos, adaptados à seca, e plantas de caule
suculento, como os cactos. Entre as adaptações encontramos
Fauna, Vegetação e Clima cascos duros e folhas cobertas por cera ou pelos, para evitar a
A fauna da Oceania possui muitos animais, entretanto, sua transpiração, e raízes profundas e fasciculadas, para aumentar a
posição isolada levou ao surgimento de algumas espécies exóti- absorção de água. O litoral leste da Nova Zelândia é coberto por
cas encontradas somente naquela região. Dessas, se destacam campos de latitudes médias. Grandes campos de gramíneas com
os cangurus. arvores latifoliadas nos cursos de água.
Outros animais típicos da Oceania são: coala, dingo, caca-
tua, diabo da tasmânia, ornitorrinco, quivi, cisne negro, elefante Clima
marinho, kaluta e kowari. O clima leva em consideração dois principais fatores: as
Sua flora é predominantemente composta por florestas tro- temperaturas médias e a quantidade média de precipitação. A
picais, as quais convivem com o clima desértico na parte interior temperatura média faz referencia as médias de cada mês e sua
da Austrália e clima tropical nas ilhas. variação sazonal. O índice pluviométrico mede a quantidade de
precipitação mensal e suas variações sazonais. Os dois fatores
Vegetação são influenciados por diferentes características do local, como
A vegetação tem como principal fator de formação o clima. a insolação e umidade. O nível de insolação, ou nível de ener-
A Oceania possui territórios localizados no hemisfério sul entre gia solar, é dado principalmente pela latitude, controlando em
a linha do Equador e o círculo polar Antártico, além de ter uma grande medida a temperatura do local. A altitude do relevo, a
célula de alta pressão subtropical sobre o território australiano, proximidade ou não de grandes corpos de água (maritimidade/
que forma um deserto no interior desse país. Podemos observar continentalidade), a pressão atmosférica e as correntes maríti-
que a Oceania apresenta diferentes tipos de clima, o que faz mas, também influenciam na umidade que uma região recebe e
com que esse continente apresente variados tipos de formações suas temperaturas.
vegetais. A Oceania pode ser dividida entre duas porções: con- A Oceania pode ser divida em duas partes. A primeira é a
tinental, sendo a Austrália o único país; e insular com algumas continental cujo único país é a Austrália. A segunda é a porção
ilhas grandes, como Papua Nova Guiné e Nova Zelândia, e inú- insular, que compreende países como Papua-Nova Guiné, Nova
meras pequenas ilhas. Zelândia, Timor Leste, além de inúmeros arquipélagos de peque-
As vegetações de climas tropicais dominam as ilhas, salvo a nas ilhas como Fiji, Tonga, Tuvalu, entre outras.
Nova Zelândia, além de grande parte do território australiano. Os climas na região insular, exceto na Nova Zelândia, são
A vegetação de floresta tropical ocupa a porção insular do con- considerados climas quentes e tropicais. O clima que abrange
tinente e uma pequena faixa do litoral nordeste da Austrália. O a maioria das ilhas e uma pequena parte ao norte da Austrália
clima quente e úmido dessas florestas favorece o aparecimento é o de floresta tropical pluvial, com temperaturas altas e pouca
de uma grande biodiversidade, e de uma densa cobertura vege- variação. O clima também apresenta umidade alta, resultante

43
CONHECIMENTOS GERAIS
das altas temperaturas e da proximidade com o oceano, o que Hidrografia
faz com que o índice pluviométrico seja alto durante o ano todo. Devido ao grande recorte do continente, a Europa é banha-
Uma pequena porção sofre a ação do clima tropical de monções, da por diversos mares. No continente também pode ser encon-
com uma estação seca (de um a seis meses) e uma estação úmi- trado diversos rios, como o Danúbio (nasce na Alemanha e de-
da (de seis a 11 meses), com temperaturas altas e com pouca ságua no Mar Negro), o Volga (Rússia) e o Rio Reno (Alemanha,
variação. No centro de Papua-Nova Guiné, encontramos o clima França e deságua na Holanda). O rio Volga é o maior da Europa.
de montanha, menos severo que em regiões subtropicais ou re-
giões com maiores altitudes. Na região, esse clima é seco e com Vegetação
temperaturas mais brandas. Por ser um território bastante heterogêneo, vários tipos de
Outro clima tropical é o de savana, encontrado no norte vegetação podem ser encontrados na Europa, como a Tundra,
da Austrália. Esse clima apresenta duas estações, com verões nas áreas de baixas temperaturas; a Floresta de Coníferas ou
úmidos e invernos secos, e temperaturas quentes com pouca Taiga; a Floresta temperada, que é a vegetação predominante
variação. no continente, entre outros.
Os climas mesotérmicos (subtropicais) são encontrados no
litoral da Austrália, exceto a oeste, e Nova Zelândia. Encontra- A relação entre hidrografia, clima e relevo
mos no nordeste australiano uma pequena porção de terras sob Preservar todos os elementos da natureza é indispensável
influência do clima subtropical úmido de invernos secos, com para a proliferação da vida, além de garantir o funcionamento
quatro estações bem definidas, verão quente com alto índice dos ecossistemas. A biosfera é constituída por elementos como
de precipitação, e inverno brando e seco. Essa variação provém atmosfera, litosfera e hidrosfera, que produzem espaços natu-
do efeito das monções, que cria no inverno uma área de alta rais que propiciam um dinamismo completo. Para um bom de-
pressão, tornando o tempo seco. O litoral centro leste da Aus- senvolvimento natural dos ecossistemas é necessário que haja
trália apresenta precipitações bem distribuídas durante o ano, uma relação entre solo, sol, ar, água, temperatura entre outros.
com quatro estações bem definidas, clima típico subtropical Em um caso mais específico está a interdependência direta
úmido de verões quentes. O clima marítimo da costa oeste é que há entre hidrografia, clima e relevo, pois estabelecem influ-
encontrado no sudeste da Austrália e em toda a Nova Zelândia,
ências determinantes entre eles.
com quatro estações bem definidas, verão e invernos brandos,
Um exemplo claro desse processo está vinculado à hidrogra-
e precipitação bem distribuída durante o ano. O litoral sul da
fia, quando rios e lagos surgem a partir do derretimento de neve
Austrália é dominado pelo clima mediterrâneo de verões secos,
e geleiras, além de sofrer alterações na vazão pela chuva.
onde, ao contrário da média global, a precipitação se concentra
As oscilações ocorridas nos mananciais são provenientes
no inverno. Isso é decorrente da corrente marítima fria do leste
das estações do ano, dessa forma, na medida em que as esta-
australiano e da movimentação das zonas de alta pressão no ve-
ções mudam, rios e lagos são influenciados, derivando os perío-
rão, que impedem que a umidade se acumule no sul australiano.
dos de cheias e vazantes.
Os climas desérticos são encontrados no centro da Austrá-
As cheias correspondem aos períodos do ano nos quais a
lia, onde uma zona de alta pressão subtropical impede que ven-
tos carregados de umidade adentrem o continente. O deserto estação é chuvosa e também há derretimento de gelo e neve,
australiano é um típico deserto subtropical, com precipitação elevando significadamente os níveis das águas. Os períodos de
concentrada no verão, inferior a 350mm por ano, e estações que vazantes acontecem nas estações secas, momento em que há
variam entre um verão muito quente e um inverno brando. uma grande diminuição das águas dos rios.
As características do relevo promovem uma interferência
Relevo, Hidrografia, Clima e Vegetação da EUROPA direta nos cursos fluviais, em superfície repleta de aclives e de-
Relevo clives na qual apresenta planaltos, depressões e áreas monta-
O relevo predominante no continente são as planícies, prin- nhosas. As águas dos rios deslocam de forma mais rápida, pro-
cipalmente no leste e centro do continente. Destacam-se em movendo um grande desgaste do relevo, esse processo forma
meio às planícies algumas cadeias montanhosas, com destaque vales fluviais, além de promover o transporte de sedimentos
para o Planalto Central Russo e o Maciço Central Francês. para as áreas mais baixas do relevo.
Há também montanhas famosas, como a Cadeia do Cáuca- Nos lugares mais aplainados, como as áreas de planícies, os
so, a Cordilheira Penibética, os Montes Escandinavos, os Montes rios geralmente possuem trajetória em curva e a velocidade das
Urais, Pirineus, Cárpatos, Bálcãs e o traço geográfico mais famo- águas é bastante lenta, além de promover a sedimentação nas
so do continente: os Alpes. margens, formando as planícies fluviais.
O relevo interfere em alguns casos no clima de uma região,
Clima quando o relevo impede a passagem de massas de ar que pode-
O clima temperado continental é predominante na maior riam determinar as configurações climáticas de um lugar.
parte do continente. O clima temperado continental, mais úmi-
do, se faz presente no extremo oeste europeu. A temperatura BRASIL
média gira em torno dos 15 graus C. História do Brasil
No sul do continente, o clima predominante é o mediterrâ- Na História do Brasil, estão relacionados todos os assuntos
neo, marcado por um verão quente e seco, enquanto o inverno referentes à história do país. Sendo assim, o estudo e o ensino
tem clima ameno e chuvoso. A temperatura média fica na casa de História do Brasil abordam acontecimentos que se passaram
dos 20 graus C. no espaço geográfico brasileiro ou que interferiram diretamente
O clima frio está presente nas regiões montanhosas e, principal- em nosso país.
mente, no norte do continente. Na região central e no leste europeu Portanto, os povos pré-colombianos que habitavam o terri-
os invernos são bastante rigorosos, mas a temperatura média anual é tório que hoje corresponde ao Brasil antes da chegada dos por-
de 12 graus, enquanto no norte do continente o clima é polar. tugueses fazem parte da história de nosso país. Isso é importan-

44
CONHECIMENTOS GERAIS
te de ser mencionado porque muitas pessoas consideram que O conceito mais sintético que podemos explorar é o que de-
a história brasileira iniciou-se com a chegada dos portugueses, fine como Regime Colonial, uma estrutura econômica mercanti-
em 1500. lista que concentra um conjunto de relações entre metrópoles e
colônias. O fim último deste sistema consistia em proporcionar
Nossa história é marcada pela diversidade em sua forma- às metrópoles um fluxo econômico favorável que adviesse das
ção, decorrente dos muitos povos que aqui chegaram para des- atividades desenvolvidas na colônia.
bravar e conquistar nossas terras. Neste sentido a economia colonial surgia como complemen-
Esse processo de colonização e formação de uma nova so- tar da economia metropolitana europeia, de forma que permi-
ciedade se deu através de muitos movimentos e manifestações, tisse à metrópole enriquecer cada vez mais para fazer frente às
sempre envolvendo interesses e aspectos sociais, políticos e eco- demais nações europeias.
nômicos. De forma simplificada, o Pacto ou Sistema Colonial definia
Movimentos esses que estão entrelaçados entre si, em fun- uma série de considerações que prevaleceriam sobre quaisquer
ção dos fatores que os originavam e dos interesses que por traz outras vigentes. A colônia só podia comercializar com a metró-
deles se apresentavam. pole, fornecer-lhe o que necessitasse e dela comprar os produ-
Diante disso, faremos uma abordagem sobre nossa história, tos manufaturados. Era proibido na colônia o estabelecimento
desde o tempo da colonização portuguesa, até os dias de hoje, de qualquer tipo de manufatura que pudesse vir a concorrer
abordando os movimentos que ao longo do tempo foram tecen- com a produção da metrópole. Qualquer transação comercial
do as condições para que nosso Brasil apresente hoje essas ca- fora dessa norma era considerada contrabando, sendo reprimi-
racterísticas políticas-sócio-economicas. do de acordo com a lei portuguesa.
A economia colonial era organizada com o objetivo de per-
Embora os portugueses tenham chegado ao Brasil em 1500, mitir a acumulação primitiva de capitais na metrópole. O meca-
o processo de colonização do nosso país teve início somente em nismo que tornava isso possível era o exclusivismo nas relações
1530. Nestes trinta primeiros anos, os portugueses enviaram comerciais ou monopólio, gerador de lucros adicionais (sobre-
para as terras brasileiras algumas expedições com objetivos de -lucro).
reconhecimento territorial e construção de feitorais para a ex- As relações comerciais estabelecidas eram: a metrópole
ploração do pau-brasil. Estes primeiros portugueses que vieram venderia seus produtos o mais caro possível para a colônia e
para cá circularam apenas em territórios litorâneos. Ficavam al- deveria comprar pelos mais baixos preços possíveis a produção
guns dias ou meses e logo retornavam para Portugal. Como não colonial, gerando assim o sobre-lucro.
construíram residências, ou seja, não se fixaram no território, Fernando Novais em seu livro Portugal e Brasil na crise do
não houve colonização nesta época. Antigo Sistema Colonial ressalta o papel fundamental do comér-
Neste período também ocorreram os primeiros contatos cio para a existência dos impérios ultramarinos:
com os indígenas que habitavam o território brasileiro. Os por- O comércio foi de fato o nervo da colonização do Antigo Re-
tugueses começaram a usar a mão-de-obra indígena na explora- gime, isto é, para incrementar as atividades mercantis processa-
ção do pau-brasil. Em troca, ofereciam objetos de pequeno valor va-se a ocupação, povoamento e valorização das novas áreas. E
que fascinavam os nativos como, por exemplo, espelhos, apitos, aqui ressalta de novo o sentido que indicamos antes da coloni-
chocalhos, etc. zação da época Moderna; indo em curso na Europa a expansão
da economia de mercado, com a mercantilização crescente dos
O início da colonização vários setores produtivos antes à margem da circulação de mer-
Preocupado com a possibilidade real de invasão do Brasil cadorias – a produção colonial, isto é, a produção de núcleos
por outras nações (holandeses, ingleses e franceses), o rei de criados na periferia de centros dinâmicos europeus para estimu-
Portugal Dom João III, que ficou conhecido como “o Coloniza- lá-los, era uma produção mercantil, ligada às grandes linhas do
dor”, resolveu enviar ao Brasil, em 1530, a primeira expedição tráfico internacional. Só isso já indicaria o sentido da coloniza-
com o objetivo de colonizar o litoral brasileiro. Povoando, pro- ção como peça estimuladora do capitalismo mercantil, mas o
tegendo e desenvolvendo a colônia, seria mais difícil de perdê-la comércio colonial era mais o comércio exclusivo da metrópole,
para outros países. Assim, chegou ao Brasil a expedição chefia- gerador de super-lucros, o que completa aquela caracterização.
da por Martim Afonso de Souza com as funções de estabelecer Para que este sistema pudesse funcionar era necessário que
núcleos de povoamento no litoral, explorar metais preciosos e existissem formas de exploração do trabalho que permitissem a
proteger o território de invasores. Teve início assim a efetiva concentração de renda nas mãos da classe dominante colonial,
colonização do Brasil. a estrutura escravista permitia esta acumulação de renda em
Nomeado capitão-mor pelo rei, cabia também à Martim alto grau: quando a maior parte do excedente seguia ruma à me-
Afonso de Souza nomear funcionários e distribuir sesmarias trópole, uma parte do excedente gerado permanecia na colônia
(lotes de terras) à portugueses que quisessem participar deste permitindo a continuidade do processo.
novo empreendimento português. Importante ressaltar que as colônias encontravam-se in-
A colonização do Brasil teve início em 1530 e passou por teiramente à mercê de impulsos provenientes da metrópole,
fases (ciclos) relacionadas à exploração, produção e comerciali- e não podiam auto estimular-se economicamente. A economia
zação de um determinado produto. agro-exportadora de açúcar brasileira atendeu aos estímulos do
Vale ressaltar que a colonização do Brasil não foi pacífica, centro econômico dominante. Este sistema colonial mercantilis-
pois teve como características principais a exploração territorial, ta ao funcionar plenamente acabou criando as condições de sua
uso de mão-de-obra escrava (indígena e africana), utilização de própria crise e de sua superação.
violência para conter movimentos sociais e apropriação de ter-
ras indígenas. Neste ponto é interessante registrar a opinião de Ciro Fla-
marion Cardoso e Héctor P. Buiquióli:

45
CONHECIMENTOS GERAIS
O processo de acumulação prévia de capitais de fato não do clero e, defendendo o direito natural, tornaria todos os ha-
se limita à exploração colonial em todas as suas formas; seus bitantes do país iguais perante a lei. Em países onde, o desen-
aspectos decisivos de expropriação e proletarização se dão na volvimento econômico capitalista estava atrasado, essa teoria
própria Europa, em um ambiente histórico global ao qual por inspirou o despotismo esclarecido.
certo não é indiferente à presença dos impérios ultramarinos. Os déspotas procuravam adequar seus países aos novos
A superação histórica da fase da acumulação prévia de capitais tempos e às novas odeias que se desenvolviam na Europa. Em-
foi, justamente o surgimento do capitalismo como modo de pro- bora tenham feito uma leitura um pouco diferenciada dos ideais
dução. iluministas, com certeza diminuíram os privilégios considerados
mais odiosos da nobreza e do clero, mas ao invés de um governo
A relação Brasil-África na época do Sistema Colonial Por- apoiado no “povo” vimos um governo apoiado na classe burgue-
tuguês. sa que crescia e se afirmava.
Em Portugal, o jovem rei D. José I “entregou” a árdua tarefa
A princípio parece fácil descrever as relações econômicas de modernizar o país nas mãos de seu principal ministro, o Mar-
entre metrópole e colônia, mas devemos entender que o Sis- quês de Pombal. Sendo um leitor ávido dos filósofos iluministas
tema Colonial se trata de uma teia de relações comerciais bem e dos economistas ingleses, o marquês estabeleceu algumas me-
mais complexa e nem sempre fácil de identificar. tas que ele acreditava serem capazes de levar Portugal a alinhar-
Os portugueses detinham o controle do tráfico de escravos -se com os países modernos e superar sua crise econômica.
entre a África e o Brasil, estabelecia-se uma estrutura de comér- A primeira atitude foi fortalecer o poder do rei, combatendo
cio que foge um pouco ao modelo apresentado anteriormente. os privilégios jurídicos da nobreza e econômicos do clero (prin-
Traficantes portugueses aportavam no Brasil onde adqui- cipalmente da Companhia de Jesus). Na tentativa de modernizar
riam fumo e aguardente (geribita), daí partiam para Angola e o país, o marquês teve de acabar com a intolerância religiosa
Luanda onde negociariam estes produtos em troca de cativos. e o poder da inquisição a fim de desenvolver a educação e o
A cachaça era produzida principalmente em Pernambuco, na pensamento literário e científico. Economicamente houve um
Bahia e no Rio de Janeiro; o fumo era produzido principalmente aumento da exploração colonial visando libertar Portugal da de-
na Bahia. A importância destes produtos se dá em torno do seu pendência econômica inglesa. O Marquês de Pombal aumentou
papel central nas estratégias de negociação para a transação de a vigilância nas colônias e combateu ainda mais o contraban-
escravos nos sertões africanos. do. Houve a instalação de uma maior centralização política na
A geribita tinha diversos atributos que a tornavam imbatível colônia, com a extinção das Capitanias hereditárias que acabou
em relação aos outros produtos trocados por escravos. A cacha- diminuindo a excessiva autonomia local.
ça é considerada um subproduto da produção açucareira e por
isso apresentava uma grande vantagem devido ao baixíssimo Capitanias Hereditárias
custo de produção, lucravam os donos de engenho que produ-
ziam a cachaça e os traficantes portugueses que fariam a troca As Capitanias hereditárias foi um sistema de administração
por cativos na África, além é claro do elevado teor alcoólico da territorial criado pelo rei de Portugal, D. João III, em 1534. Este
bebida (em torno de 60%) que a tornava altamente popular en- sistema consistia em dividir o território brasileiro em grandes
tre seus consumidores. faixas e entregar a administração para particulares (principal-
O interessante de se observar é que do ponto de vista do mente nobres com relações com a Coroa Portuguesa).
controle do tráfico, o efeito mais importante das geribitas foi Este sistema foi criado pelo rei de Portugal com o objetivo
transferi-lo para os comerciantes brasileiros. Os brasileiros de colonizar o Brasil, evitando assim invasões estrangeiras. Ga-
acabaram usando a cachaça para quebrar o monopólio dos co- nharam o nome de Capitanias Hereditárias, pois eram transmiti-
merciantes metropolitanos que em sua maioria preferia comer- das de pai para filho (de forma hereditária).
cializar usando o vinho português como elemento de troca por Estas pessoas que recebiam a concessão de uma capitania
cativos. eram conhecidas como donatários. Tinham como missão coloni-
Pode-se perceber que o Pacto Colonial acabou envolvendo zar, proteger e administrar o território. Por outro lado, tinham
teias de relações bem mais complexas que a dicotomia Metró- o direito de explorar os recursos naturais (madeira, animais, mi-
pole-Colônia, o comércio intercolonial também existiu, talvez de nérios).
forma mais frequente do que se imagina. Na questão das manu- O sistema não funcionou muito bem. Apenas as capitanias
faturas as coisas se complicavam um pouco, mas não podemos de São Vicente e Pernambuco deram certo. Podemos citar como
esquecer do intenso contrabando que ocorria no período. motivos do fracasso: a grande extensão territorial para admi-
nistrar (e suas obrigações), falta de recursos econômicos e os
Despotismo esclarecido em Portugal. constantes ataques indígenas.
O sistema de Capitanias Hereditárias vigorou até o ano de
Na esfera política, a formação do Estado absolutista corres- 1759, quando foi extinto pelo Marquês de Pombal.
pondeu a uma necessidade de centralização do poder nas mãos
dos reis, para controlar a grande massa de camponeses e ade- Capitanias Hereditárias criadas no século XVI:
quar-se ao surgimento da burguesia. Capitania do Maranhão
O despotismo esclarecido foi uma forma de Estado Abso- Capitania do Ceará
lutista que predominou em alguns países europeus no século Capitania do Rio Grande
XVIII. Filósofos iluministas, como Voltaire, defendiam a ideia de Capitania de Itamaracá
um regime monárquico no qual o soberano, esclarecido pelos fi- Capitania de Pernambuco
lósofos, governaria apoiando-se no povo contra os aristocratas. Capitania da Baía de Todos os Santos
Esse monarca acabaria com os privilégios injustos da nobreza e Capitania de Ilhéus

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CONHECIMENTOS GERAIS
Capitania de Porto Seguro a Metrópole controlava a colônia através do pacto colonial, da
Capitania do Espírito Santo lei da complementaridade e da imposição de monopólios sobre
Capitania de São Tomé as riquezas coloniais.
Capitania de São Vicente
Capitania de Santo Amaro - Pau-Brasil
Capitania de Santana O pau-brasil era valioso na Europa, devido à tinta averme-
lhada, que dele se extraía e por isso atraía para cá muitos piratas
Governo Geral contrabandistas (os brasileiros). Foi declarado monopólio da Co-
roa portuguesa, que autorizava sua exploração por particulares
Respondendo ao fracasso do sistema das capitanias heredi- mediante pagamento de impostos. A exploração era muito sim-
tárias, o governo português realizou a centralização da adminis- ples: utilizava-se mão-de-obra indígena para o corte e o trans-
tração colonial com a criação do governo-geral, em 1548. Entre porte, pagando-a com bugigangas, tais como, miçangas, canive-
as justificativas mais comuns para que esse primeiro sistema tes, espelhos, tecidos, etc. (escambo). Essa atividade predatória
viesse a entrar em colapso, podemos destacar o isolamento en- não contribuiu para fixar população na colônia, mas foi decisiva
tre as capitanias, a falta de interesse ou experiência administra- para a destruição da Mata Atlântica.
tiva e a própria resistência contra a ocupação territorial ofere-
cida pelos índios. - Cana-de-Açúcar
Em vias gerais, o governador-geral deveria viabilizar a cria- O açúcar consumido na Europa era fornecido pelas ilhas da
ção de novos engenhos, a integração dos indígenas com os cen- Madeira, Açores e Cabo Verde (colônias portuguesas no Atlânti-
tros de colonização, o combate do comércio ilegal, construir co), Sicília e pelo Oriente, mas a quantidade era muito reduzida
embarcações, defender os colonos e realizar a busca por metais diante da demanda.
preciosos. Mesmo que centralizadora, essa experiência não de- Animada com as perspectivas do mercado e com a adequa-
terminou que o governador cumprisse todas essas tarefas por ção do clima brasileiro (quente e úmido) ao plantio, a Coroa,
si só. De tal modo, o governo-geral trouxe a criação de novos para iniciar a produção açucareira, tratou de levantar capitais
cargos administrativos. em Portugal e, principalmente, junto a banqueiros e comercian-
O ouvidor-mor era o funcionário responsável pela resolução tes holandeses, que, aliás, foram os que mais lucraram com o
de todos os problemas de natureza judiciária e o cumprimento comércio do açúcar.
das leis vigentes. O chamado provedor-mor estabelecia os seus Para que fosse economicamente viável, o plantio de cana
trabalhos na organização dos gastos administrativos e na arreca- deveria ser feito em grandes extensões de terra e com grande
dação dos impostos cobrados. Além destas duas autoridades, o volume de mão-de-obra. Assim, a produção foi organizada em
capitão-mor desenvolvia ações militares de defesa que estavam, sistema de plantation: latifúndios (engenhos), escravidão (ini-
principalmente, ligadas ao combate dos invasores estrangeiros cialmente indígena e posteriormente africana), monocultura
e ao ataque dos nativos. para exportação. Para dar suporte ao empreendimento, desen-
Na maioria dos casos, as ações a serem desenvolvidas pelo volveu-se uma modesta agricultura de subsistência (mandioca,
governo-geral estavam subordinadas a um tipo de documento feijão, algodão, etc).
oficial da Coroa Portuguesa, conhecido como regimento. A me- O cultivo de cana foi iniciado em 1532, na Vila de São Vi-
trópole expedia ordens comprometidas com o aprimoramento cente, por Martim Afonso de Sousa, mas foi na Zona da Mata
das atividades fiscais e o estímulo da economia colonial. Mesmo nordestina que a produção se expandiu. Em 1570, já existiam
com a forte preocupação com o lucro e o desenvolvimento, a no Brasil cerca de 60 engenhos e, em fins do século XVI, esse
Coroa foi alvo de ações ilegais em que funcionários da adminis- número já havia sido duplicado, dos quais 62 estavam localiza-
tração subvertiam as leis em benefício próprio. dos em Pernambuco, 36 na Bahia e os restantes nas demais ca-
Entre os anos de 1572 e 1578, o rei D. Sebastião buscou pitanias. A decadência se iniciou na segunda metade do século
aprimorar o sistema de Governo Geral realizando a divisão do XVII, devido à concorrência do açúcar holandês. É bom destacar
mesmo em duas partes. Um ao norte, com capital na cidade de que nenhuma atividade superou a riqueza de açúcar no Período
Salvador, e outro ao sul, com uma sede no Rio de Janeiro. Nesse Colonial.
tempo, os resultados pouco satisfatórios acabaram promovendo OBS. Apesar dos escravos serem a imensa maioria da mão-
a reunificação administrativa com o retorno da sede a Salvador. -de-obra, existiam trabalhadores brancos remunerados, que
No ano de 1621, um novo tipo de divisão foi organizado com a ocupavam funções de destaque, mas por trabalharem junto aos
criação do Estado do Brasil e do Estado do Maranhão. negros, sofriam preconceito.
Ao contrário do que se possa imaginar, o sistema de capita-
nias hereditárias não foi prontamente descartado com a orga- Sociedade Açucareira
nização do governo-geral. No ano de 1759, a capitania de São A sociedade açucareira nordestina do Período Colonial pos-
Vicente foi a última a ser destituída pela ação oficial do governo suía as seguintes características:
português. Com isso, observamos que essas formas de organi- - Latifundiária.
zação administrativa conviveram durante um bom tempo na co- - Rural.
lônia. - Horizontal.
- Escravista.
Economia e sociedade colonial - Patriarcal
OBS. Os mascates, comerciantes itinerantes, constituíam
A colonização implantada por Portugal estava ligada aos um pequeno grupo social.
interesses do sistema mercantilista, baseado na circulação de
mercadorias. Para obter os maiores benefícios desse comércio,

47
CONHECIMENTOS GERAIS
- Mineração através da “quartiação”. Mais tarde, devido às secas devasta-
A mineração ocorreu, principalmente, nos atuais estados de doras no sertão nordestino, a região Sul passou a ser a grande
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, entre o final do século XVII produtora de carne de charque, utilizando negros escravos.
e a segunda metade do século XVIII.
- Algodão
Ouro A plantação de algodão se desenvolveu no Nordeste, prin-
Havia dois tipos de exploração aurífera: ouro de faiscação cipalmente no Maranhão e tinha uma importância econômica
(realizada nas areias dos rios e riachos, em pequena quantidade, de caráter interno, pois era utilizado para fazer roupas para a
por homens livres ou escravos no dia da folga); e ouro de lavra população mais pobre e para os escravos.
ou de mina (extração em grandes jazidas feita por grande quan-
tidade de escravos). - Tabaco
A Intendência das Minas era o órgão, independente de qual- Desenvolveu-se no Nordeste como uma atividade comer-
quer autoridade colonial, encarregado da exploração das jazi- cial, escravista e exportadora, pois era utilizado, juntamente
das, bem como, do policiamento, da fiscalização e da tributação. com a rapadura e a aguardente, como moeda para adquirir es-
- Tributação: A Coroa exigia 20% dos metais preciosos (o cravos na África.
Quinto) e a Capitação (imposto pago de acordo com o número
de escravos). Mas como era muito fácil contrabandear ouro em - Drogas do sertão
pó ou em pepita, em 1718 foram criadas as Casas de Fundição e Desde o século XVI, as Drogas do Sertão (guaraná, pimen-
todo ouro encontrado deveria ser fundido em barras. tas, ervas, raízes, cascas de árvores, cacau, etc.) eram coletadas
Em 1750, foi criada uma taxa anual de 100 arrobas por ano pelos índios na Amazônia e exportadas para a Europa, tanto por
(1500 quilos). Sempre que a taxa fixada não era alcançada, o go- contrabandistas, quanto por padres jesuítas. Como o acesso à
verno poderia decretar a Derrama (cobrança forçada dos impos- região era muito difícil, a floresta foi preservada.
tos atrasados). A partir de 1762, a taxa jamais foi alcançada e as
“derramas” se sucederam, geralmente usando de violência. Em Povoamento do interior no Período Colonial (Séc. XVII)
1789, a Derrama foi suspensa devido à revolta conhecida como
Até o século XVI, com a extração de pau-brasil e a produção
Inconfidência Mineira.
açucareira, o povoamento do Brasil se limitou a uma estreita
faixa territorial próximo ao litoral, em função da vegetação e
Diamantes
do solo favoráveis a tais práticas respectivamente, porem, como
No início a exploração era livre, desde que se pagasse o
vimos acima, esses não eram os únicos produtos explorados, o
Quinto. A fiscalização ficava por conta do Distrito Diamantino,
sistema econômico exploratório envolvia outras fontes, isso po-
cujo centro era o Arraial do Tijuco. Mas, a partir de 1740, só
tencializou o povoamento do interior.
poderia ser realizada pelo Contratador Real dos Diamantes, des-
tacando-se João Fernandes de Oliveira.
As causas da interiorização do povoamento
Em 1771 foi criada, pelo Marquês de Pombal, a Intendência
Real dos Diamantes, com o objetivo de controlar a atividade. 1) União Ibérica (1580-1640): a união entre Espanha e Por-
tugal por imposição da Coroa Espanhola colocou em desuso o
Sociedade mineradora Tratado de Tordesilhas, permitindo que expedições explorató-
A sociedade mineira ou mineradora possuía as seguintes ca- rias partissem do litoral brasileiro em direção ao que antes era
racterísticas: definido como América Espanhola.
- Urbana. 2) Tratado de Madri (1750): o fim da União Ibérica foi mar-
- Escravista. cado pela incerteza acerca dos limites entre terras portuguesas
- Maior Mobilidade Social e espanholas. Alguns conflitos e acordos sucederam a restaura-
ção portuguesa de 1640, até que os países ibéricos admitissem
OBS. o princípio do “uti possidetis” como critério de divisão territorial
1- Surgem novos grupos sociais, como, tropeiros, garimpei- no Tratado de Madri. O princípio legitima a posse territorial pelo
ros e mascates. seu uso, ou seja, pela sua exploração. Com base nesse princí-
2- Alguns escravos, como Xica da Silva e Chico Rei, torna- pio, Portugal passou a ter salvo-conduto em áreas ocupadas e
ram-se muito ricos e obtiveram ascensão social. exploradas desde a União Ibérica por expedições com origem
3- É um erro achar que a população da região mineradora no Brasil.
era abastada, pois a maioria era muito pobre e apenas um pe- 3) Crise açucareira (séc.XVII): a crise açucareira no Brasil im-
queno grupo era muito rico. Além disso, os preços dos produtos pulsionou a busca por novas riquezas no interior. A procura por
eram mais elevados do que no restante do Brasil. metais preciosos, pelo extrativismo vegetal na Amazônia e por
4- A mineração contribuiu para interiorizar a colonização e mão-de-obra escrava indígena foram alguns dos focos principais
para criar um mercado interno na colônia. das expedições exploratórias intensificadas no século XVII.

- Pecuária As atividades exploratórias do interior


A criação de gado foi introduzida na época de Tomé de Sou-
sa, como uma atividade subsidiária à cana-de-açúcar, mas como 1) Entradas: expedições patrocinadas pela Coroa com intui-
o gado destruía o canavial, sua criação foi sendo empurrada para to de procurar metais, fundar povoados, abrir estradas etc.
o sertão, tornando-se responsável pela interiorização da coloni- 2) Bandeiras: expedições particulares que partiam de São
zação do Nordeste, com grandes fazendas e oficinas de charque, Vicente com o intuito de explorar riquezas no interior. As ban-
utilizando a mão-de-obra local e livre, pois o vaqueiro era pago deiras podem ser classificadas em três tipos:

48
CONHECIMENTOS GERAIS
a) Bandeiras de prospecção: procuravam metais preciosos Invasões estrangeiras
(ouro, diamantes, esmeraldas etc);
b) Bandeiras de apresamento ou preação: capturavam ín- Durante os séculos XVI e XVII, o Brasil sofreu saques, ata-
dios no interior para vendê-los como escravos. Os principais al- ques e ocupações de países europeus. Estes ataques ocorreram
vos do apresamento indígena foram as missões jesuíticas, onde na região litorânea e eram organizados por corsários ou gover-
os índios já se encontravam em acentuado processo de acultura- nantes europeus. Tinham como objetivos o saque de recursos
ção pela imposição de uma cultura europeia caracterizada pelo naturais ou até mesmo o domínio de determinadas regiões.
catolicismo, pelo regime de trabalho intenso e pela língua verná- Ingleses, franceses e holandeses foram os povos que mais par-
cula (português ou espanhol). ticiparam destas invasões nos primeiros séculos da História do
c) Bandeiras de sertanismo de contrato: expedições con- Brasil Colonial.
tratadas por donatários, senhores de engenho ou pela própria - Invasões francesas
Coroa para o combate militar a tribos indígenas rebeldes e qui- Comandados pelo almirante francês Nicolas Villegaignon,
lombos. O exemplo mais importante foi a bandeira de Domin- os franceses fundaram a França Antártica no Rio de Janeiro, em
gos Jorge Velho, responsável pela destruição do Quilombo de 1555. Foram expulsos pelos portugueses, com a ajuda de tribos
Palmares. indígenas do litoral, somente em 1567.
Em 1612, sob o comando do capitão da marinha francesa
3) Monções: expedições comerciais que partiam de São Pau- Daniel de La Touche, os franceses fundaram a cidade de São Luis
lo para abastecer as áreas de mineração do interior. (Maranhão), criando a França Equinocial. Foram expulsos três
anos depois.
4) Missões jesuíticas: arrebanhavam índios de várias tri- Entre os anos de 1710 e 1711, os franceses tentaram nova-
bos, principalmente daquelas já desmanteladas pela ação das mente, mas sem sucesso, invadir e ocupar o Rio de Janeiro.
bandeiras de apresamento. Os índios eram reunidos em aldea-
mentos chefiados pelos padres jesuítas, que impunham a esses - Invasões holandesas
índios uma dura disciplina marcada pelo regime de intenso tra- As cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Santos foram ataca-
balho e educação voltada à catequização indígena. As principais das pelos holandeses no ano de 1599.
missões jesuíticas portuguesas se concentravam na Amazônia e
Em 1603 foi a vez da Bahia ser atacada pelos holandeses.
tinham como base econômica a extração e a comercialização das
Com a ajuda dos espanhóis, os portugueses expulsam os holan-
chamadas “drogas do sertão”, isto é, especiarias da Amazônia
deses da Bahia em 1625.
como o cacau e a baunilha. As principais missões espanholas em
Em 1630 tem início o maior processo de invasão estrangeira
áreas atualmente brasileiras se situavam no sul, com destaque
no Brasil. Os holandeses invadem a região do litoral de Pernam-
para o Rio Grande do Sul, onde hoje figura um importante pa-
buco.
trimônio arquitetônico na região de Sete Povos das Missões. A
Entre 1630 e 1641, os holandeses ocupam áreas no litoral
base econômica dessas missões era a pecuária, favorecida pelas
do Maranhão, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte.
gramíneas dos Pampas.
O Conde holandês Maurício de Nassau chegou em Pernam-
5) Mineração: atividade concentrada no interior, inclusive em buco, em 1637, com o objetivo de organizar e administrar as
áreas situadas além dos antigos limites de Tordesilhas, como as áreas invadidas.
minas de Goiás e Mato Grosso. A mineração nessas áreas, prin- Em 1644 começou uma forte reação para expulsar os holan-
cipalmente em Minas Gerais, provocou nas primeiras décadas do deses do Nordeste. Em 1645 teve início a Insurreição Pernam-
século XVIII um decréscimo populacional em Portugal em função bucana.
do intenso povoamento dessas áreas mineradoras do interior. As tropas holandesas foram vencidas, em 1648, na famosa e
sangrenta Batalha dos Guararapes. Porém, a expulsão definitiva
6) Tropeirismo: era o comércio com vistas ao abastecimen- dos holandeses ocorreu no ano de 1654.
to das cidades mineradoras de Minas Gerais. Os tropeiros con-
duziam verdadeiras tropas de gado do Rio Grande do Sul até a - Invasões inglesas
feira de Sorocaba, em São Paulo. Daí, os tropeiros partiam para Em 1591, sob o comando do corsário inglês Thomas Caven-
os pólos mineradores de Minas Gerais. Além de venderem gado dish, ingleses saquearam, invadiram e ocuparam, por quase três
(vacum e muar principalmente) nessas áreas, os tropeiros tam- meses, as cidades de São Vicente e Santos.
bém transportavam e vendiam mantimentos no lombo do gado.
Ao longo do “Caminho das Tropas” surgiram vários entrepostos A crise do Sistema Colonial.
de comércio e pernoite dos tropeiros, os chamados “pousos de
tropa”, que deram origem a importantes povoados no interior A partir de meados do século XVIII, o sistema colonial come-
de Santa Catarina e Paraná. çou a enfrentar séria crise, decorrente dos efeitos da transfor-
mação econômica desencadeada pela Revolução Industrial nos
7) Pecuária: a exclusividade do litoral para as áreas açuca- países mais desenvolvidos economicamente da Europa. Nestes
reiras, conforme determinava a Coroa no início da colonização, países, o capitalismo deixava o estágio comercial e encaminha-
permitiu o desenvolvimento de fazendas pecuaristas no interior va-se para a etapa industrial.
nordestino, principalmente durante a invasão holandesa, quan- Portugal neste período se encontrava em profunda crise e
do a expansão canavieira eliminou o pasto de muitos engenhos. dependia fortemente da política econômica inglesa. Neste cená-
A expansão da pecuária para o interior de Pernambuco seguiu a rio o capitalismo industrial inglês acabou entrando em choque
rota do Rio São Francisco até alcançar Minas Gerais no início do com o colonialismo mercantilista português.
século XVIII, quando a pecuária passou a abastecer muito mais
as cidades mineradoras do que os engenhos.

49
CONHECIMENTOS GERAIS
O principal ponto deste choque se dava em torno das prin- As principais cidades do Brasil, Rio de Janeiro, Salvador e
cipais características da economia colonial: o monopólio comer- Recife constituíram-se dos principais cenários de reformas urba-
cial e o regime de trabalho escravista. Era necessária a criação nas e da atuação dos poderes públicos com o objetivo viabilizar
de mercados livres para que os donos de indústria pudessem ter o ordenamento do espaço urbano.
um maior número de mercados consumidores. Com relação à Neste período as classes dominantes imperiais buscavam
escravidão, o capitalismo industrial defendia o seu fim e substi- desvincular-se da imagem de atraso colonial, buscava-se a or-
tuição pela mão-de-obra assalariada para que se ampliasse o seu dem na sociedade e nas cidades.
mercado consumidor. A abolição da escravidão no Brasil acabou A vida urbana intensificava-se, a imponência e riqueza se
se dando de forma tardia, mas os ingleses acabaram se adaptan- traduzia na construção dos prédios públicos que refletiam o de-
do à situação. sejo de ordem social. Na cidade de Salvador, os edifícios perten-
centes à administração provincial contrastavam com a arquite-
A chegada da família real portuguesa ao Brasil e o início do tura barroca e colonial dos estabelecimentos religiosos.
Período Imperial Difícil acreditar que todas as pessoas tivessem acesso às
melhores moradias ou desfrutassem dos confrontos proporcio-
Mudanças drásticas em todas as estruturas políticas e eco- nados pela vida na cidade. Pelo contrário, a maioria da popula-
nômicas tiveram seu ápice com a chegada da família rela portu- ção, constituída em sua maioria de negros e mestiços, vivia no
guesa ao Brasil, fugindo da invasão napoleônica na Europa. limiar da pobreza.
Protegidos por uma esquadra naval inglesa, D. João e a corte Políticas de intervenção urbana se intensificaram por volta
portuguesa chegaram à Bahia em 22 de Janeiro de 1808. Um de 1830. Redes de esgoto, iluminação a gás, linhas de bondes,
mês depois, a corte se transferiu para o Rio de Janeiro, onde praças, parques, construção de prédios públicos, instalação de
instalou-se a sede do governo. fábricas e políticas de saneamento e saúde pública passaram a
A Inglaterra acabou pressionando D. João a acabar com o integrar o cotidiano urbano.
monopólio comercial, sendo que em 28 de Janeiro de 1808, D. Na cidade surgem novas possibilidades de trabalho, novos
João decretou a abertura dos portos às nações amigas. Sendo a mecanismos de sobrevivência. A população sai do campo em
Inglaterra a principal beneficiária da abertura dos portos, pois busca de melhores oportunidades e, em sua maioria, acaba ocu-
pagaria menores taxas sobre seus produtos no mercado brasilei- pando uma esfera marginal da vida econômica e social da cida-
ro em relação às outras nações, inclusive Portugal. de.
O governo de D. João foi responsável pela implantação de Com a nova visão sobre o espaço urbano e sobre a socieda-
diversas estruturas culturais, sociais e urbanas inexistentes no de acabam por surgir novos elementos reguladores da conduta
Brasil como: a fundação da Academia Militar e da Marinha; urbana. Neste sentido surgem os asilos para loucos, reformató-
criação do ensino superior com a fundação de duas escolas de rios e abrigos para pessoas da rua. O discurso higienista come-
Medicina; criação do Jardim Botânico; inauguração da Bibliote- ça a ganhar adeptos e a medicalização da sociedade de torna
ca Real; fundação da imprensa Régia; criação da Academia de evidentemente necessária para a elite. Prostitutas, mendigos,
Belas-Artes. loucos e crianças de rua, vão ser constantemente vigiados e re-
Mas a transformação mais forte se deu na forma de se viver primidos nas suas idas e vindas pela cidade.
o espaço urbano, até então, mesmo com o ciclo de mineração, o A mulher acaba sofrendo ainda mais do que os outros “ex-
Brasil nunca deixara efetivamente de ser um país rural. cluídos” da política urbana. As novas praças, ruas e prédios não
são para todos, muitas mulheres precisavam trabalhar nas ruas
Urbanização e pobreza. para ajudar no sustento da família e muitas vezes tinham seus
movimentos pela cidade impedidos pelas normas de conduta
A intensa urbanização nas principais capitais de províncias vigentes. A vigilância sobre o corpo, a sexualidade e sobre a mu-
do Império do Brasil no século XIX, não estava associado ao lher assumem caráter científico e caráter de importância funda-
desenvolvimento de grandes indústrias. As cidades brasileiras mental para o bom funcionamento da sociedade.
que foram antigas sedes da administração colonial portuguesa Sob o discurso da racionalidade científica e dos conceitos
acabaram conservando muitas das suas tradicionais funções de ordem e progresso que se desejavam implantar, os poderes
burocráticas e comerciais. Geralmente explica-se o decréscimo públicos procuravam transformar e modernizar as cidades, além
populacional do Nordeste e o consequente “inchamento” do Su- de atingir também os hábitos e costumes da população moldan-
deste, especialmente o Rio de Janeiro pela decadência da região do-os, sob estruturas repressoras a uma imagem de salubridade
algodoeira e açucareira nordestina, contrapondo-se à expansão e modernidade. A maioria destes discursos continua, talvez com
da agricultura cafeeira e da economia industrial do sul, fatores ainda mais força, durante a primeira República e desta vez, com
estes que explicariam pelo menos em parte a grande onda de a tônica de romper com o “atraso” da Monarquia.
migrações internas do período.
Na cidade do Rio de Janeiro, nos anos iniciais do século XIX, Independência do Brasil
houve um acentuado crescimento demográfico, impulsionado
pela chegada constante de estrangeiros, principalmente portu- A independência do Brasil, enquanto processo histórico,
gueses. desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente Dom Pe-
Outras cidades também sofreram mudanças consideráveis dro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais às margens do
em suas estruturas urbanas, sofreram também um considerável rio Ipiranga. De fato, para entendermos como o Brasil se tornou
crescimento demográfico; respeitando-se, é claro, as especifici- uma nação independente, devemos perceber como as transfor-
dades econômicas locais. mações políticas, econômicas e sociais inauguradas com a che-
gada da família da Corte Lusitana ao país abriram espaço para a
possibilidade da independência.

50
CONHECIMENTOS GERAIS
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio quando, em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I reafirmou sua
de grande importância para que possamos iniciar as justificati- permanência no conhecido Dia do Fico. A partir desse ato pú-
vas da nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom blico, o príncipe regente assinalou qual era seu posicionamento
João VI tratou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra, político.
que se comprometera em defender Portugal das tropas de Na- Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas
poleão e escoltar a Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por pró-independência aos quadros administrativos de seu governo.
isso, mesmo antes de chegar à capital da colônia, o rei português Entre eles estavam José Bonifácio, grande conselheiro políti-
realizou a abertura dos portos brasileiros às demais nações do co de Dom Pedro e defensor de um processo de independên-
mundo. cia conservador guiado pelas mãos de um regime monárquico.
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista Além disso, Dom Pedro I firmou uma resolução onde dizia que
como um primeiro “grito de independência”, onde a colônia bra- nenhuma ordem vinda de Portugal poderia ser adotada sem sua
sileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial impos- autorização prévia.
to pelo antigo pacto colonial. Com tal medida, os grandes produ- Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação polí-
tores agrícolas e comerciantes nacionais puderam avolumar os tica com as Cortes praticamente insustentável. Em setembro de
seus negócios e viver um tempo de prosperidade material nunca 1822, a assembleia lusitana enviou um novo documento para o
antes experimentado em toda história colonial. A liberdade já Brasil exigindo o retorno do príncipe para Portugal sob a amea-
era sentida no bolso de nossas elites. ça de invasão militar, caso a exigência não fosse imediatamente
Para fora do campo da economia, podemos salientar como cumprida. Ao tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I
a reforma urbanística feita por Dom João VI promoveu um em- (que estava em viagem) declarou a independência do país no dia
belezamento do Rio de Janeiro até então nunca antes vivida na 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga.
capital da colônia, que deixou de ser uma simples zona de explo- Primeiro Reinado
ração para ser elevada à categoria de Reino Unido de Portugal
e Algarves. Se a medida prestigiou os novos súditos tupiniquins, O Primeiro Reinado foi a fase inicial do período monárquico
logo despertou a insatisfação dos portugueses que foram dei- do Brasil após a independência. Esse período se inicia com a de-
xados à mercê da administração de Lorde Protetor do exército claração da independência por Dom Pedro I e se finda em 1831,
inglês. com a abdicação do imperador.
Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimentaram um Quando Dom Pedro I declarou a independência do Brasil,
movimento de mudanças por parte das elites lusitanas, que se em 7 de setembro de 1822, movido por intensa pressão das eli-
viam abandonadas por sua antiga autoridade política. Foi nesse tes portuguesas e brasileiras, o exército português, ainda fiel à
contexto que uma revolução constitucionalista tomou conta dos lógica colonial, resistiu o quanto pôde, procurando resguardar
quadros políticos portugueses em agosto de 1820. A Revolução os privilégios dados aos lusitanos em terras brasileiras.
Liberal do Porto tinha como objetivo reestruturar a soberania A vitória das forças leais ao Imperador Pedro I contra essa
política portuguesa por meio de uma reforma liberal que limi- resistência dão ao monarca um aumento considerável de pres-
taria os poderes do rei e reconduziria o Brasil à condição de co- tígio e poder.
lônia. Uma das primeiras iniciativas do imperador brasileiro foi
Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de As- criar e promulgar uma nova Constituição para o país para, ao
sembleia Nacional que ganhou o nome de “Cortes”. Nas Cortes, mesmo tempo, aumentar e consolidar seu poder político e frear
as principais figuras políticas lusitanas exigiam que o rei Dom iniciativas revolucionárias que já estavam acontecendo no Bra-
João VI retornasse à terra natal para que legitimasse as transfor- sil.
mações políticas em andamento. Temendo perder sua autorida- A Assembleia Constituinte formada em 1823 foi a primeira
de real, D. João saiu do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom tentativa, invalidada pela falta de acordo e pela incompatibili-
Pedro I, como príncipe regente do Brasil. dade entre os deputados e a vontade do Imperador. Numa nova
A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos cofres tentativa, a Constituição é promulgada em 1824, a primeira do
brasileiros, o que deixou a nação em péssimas condições finan- Brasil independente.
ceiras. Em meio às conturbações políticas que se viam contrárias Essa Constituição, entre outras medidas, dava ao Imperador
às intenções políticas dos lusitanos, Dom Pedro I tratou de tomar o poder de dissolver a Câmara e os conselhos provinciais, mano-
medidas em favor da população tupiniquim. Entre suas primei- brando, portanto, o legislativo, além de eliminar cargos quando
ras medidas, o príncipe regente baixou os impostos e equiparou necessário, instituir ministros e senadores com poderes vitalí-
as autoridades militares nacionais às lusitanas. Naturalmente, cios e indicar presidentes de comarcas. Essas medidas deixavam
tais ações desagradaram bastante as Cortes de Portugal. a maior parte do poder de decisão nas mãos do imperador e
Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes exi- evidenciavam um caráter despótico e autoritário de um governo
giram que o príncipe retornasse para Portugal e entregasse o que prometeu ser liberal.
Brasil ao controle de uma junta administrativa formada pelas Essa guinada autoritária do governo gerou novas revoltas e
Cortes. A ameaça vinda de Portugal despertou a elite econômica insuflou antigas, dando mais instabilidade ainda ao país recém
brasileira para o risco que as benesses econômicas conquistadas independente. Uma dessas revoltas foi a Confederação do Equa-
ao longo do período joanino corriam. Dessa maneira, grandes dor. Liderados por Frei Caneca, os pernambucanos revoltosos
fazendeiros e comerciantes passaram a defender a ascensão po- contra o governo foram reprimidos pelos militares, não sem an-
lítica de Dom Pedro I à líder da independência brasileira. tes mostrar sua insatisfação com os rumos do país.
No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram Em 1825 o Brasil foi derrotado na guerra da Cisplatina, que
sua força máxima, os defensores da independência organizaram transformou essa antiga parte da colônia no independente Uru-
um grande abaixo-assinado requerendo a permanência e Dom guai em 1828. Essa guerra causa danos ao país, tanto políticos
Pedro no Brasil. A demonstração de apoio dada foi retribuída quanto econômicos. Com problemas com importações, baixa

51
CONHECIMENTOS GERAIS
arrecadação de impostos, dificuldade na cobrança dos mesmos A Regência Trina provisória governa de abril a julho, sen-
por causa da extensão do território e a produção agrícola em do composta pelos senadores José Joaquim Carneiro Campos,
baixa, causada por uma crise internacional, a economia brasilei- representante da ala dos restauradores, Nicolau de Campos
ra tem uma queda acentuada. Vergueiro, representando os liberais moderados e o brigadeiro
Quando, em 1826, Dom João VI morre, surge um grande em- Francisco de Lima e Silva que representava os setores mais con-
bate quanto a sucessão do trono português. Diante de reivindi- servadores dos militares, sobretudo no Exército.
cações de brasileiros e portugueses, Dom Pedro abdica em favor Logo, o jogo político exigiu a formação de uma Regência Tri-
da filha, D. Maria da Glória. No entanto, seu irmão, D. Miguel, dá na Permanente. Esta foi eleita em julho de 1831 pela Assembleia
um golpe de Estado e usurpa o poder da irmã. Geral. Era composta pelo já integrante da Regência Provisória,
O Imperador brasileiro então envia tropas brasileiras para Francisco de Lima e Silva, o deputado moderado José da Costa
solucionar o embate e restituir o poder à filha. Esse fato irrita Carvalho e João Bráulio Muniz. Com isso, finda a provisoriedade
os brasileiros, uma vez que o Imperador está novamente prio- da regência. Nesse governo, como ministro da Justiça é nomea-
rizando os assuntos de Portugal em detrimento do Brasil. Essa do o padre Diogo Antônio Feijó.
“reaproximação’ entre Portugal e Brasil incomoda e gera temor No entanto, mesmo com as mudanças, o país ainda enfrenta
de uma nova época de dependência. Com isso, o Imperador per- sérios problemas de governabilidade. A oposição entre restau-
de popularidade. radores e exaltados de um lado e os regentes do outro torna o
A tudo isso se soma o assassinato de Líbero Badaró, jornalis- cenário político bastante delicado. Por segurança contra os ex-
ta conhecido e desafeto do imperador. Naturalmente, as suspei- cessos, Diogo Feijó cria a Guarda Nacional, em 1831, arregimen-
tas pelo atentado sofrido pelo jornalista recaem no governante tando filhos de aristocratas em sua formação.
luso-brasileiro. Esse episódio faz a aprovação do Imperador cair A partir de 1833, a situação se agrava e conflitos internos,
ainda mais junto da população. Um momento delicado acontece muitos separatistas, eclodem pelo país. A Cabanagem, no Pará
quando o Imperador, em viagem a Minas Gerais, é hostilizado dá início à onda. Seguem-se a Guerra dos Farrapos no Rio Gran-
pelos mineiros por conta desse assassinato. Portugueses no Rio de do Sul, a Sabinada e a Revolta dos Malês, na Bahia, e a Balaia-
de Janeiro imediatamente respondem aos mineiros, se mobili- da no Maranhão.
zando em favor do imperador. As ruas do Rio de Janeiro teste- No ano de 1834, a morte de D. Pedro I altera o cenário polí-
munham momentos e atos de desordem e agitação pública.
tico. A assembleia passa a abrigar a disputa entre progressistas
Nesse momento, duas das mais importantes categorias de
defensores do diálogo com os revoltosos e regressistas, adeptos
sustentação do regime também retiram seu apoio. A Nobreza e
da repressão às mesmas revoltas.
o Exército abandonam o Imperador e tornam a situação política
Um novo documento é assinado em 12 de agosto de 1834.
insustentável.
Por esse documento, denominado “Ato Adicional”, conquista-se
Pressionado e sem apoio político, D. Pedro I abdicou do car-
um “avanço liberal”, substituindo a Regência Trina pela Regên-
go de imperador em abril de 1831, deixando o Brasil sob co-
cia Una.
mando da Regência enquanto seu filho Pedro de Alcântara, de 5
Os candidatos favoritos para essa eleição eram Antônio
anos, atingia a maioridade.
Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti (conservador) e padre
Política externa no Primeiro Reinado – A aceitação da inde- Diogo Antônio Feijó (liberal). Este último venceu a disputa por
pendência do Brasil foi gradual. Vale destacar o caso de Portu- apertada margem de votos. Feijó sobe ao poder em 1835, mas
gal, que só reconheceu a independência brasileira após receber tem governo breve, deixando o poder em 1837, ainda que eleito
a indenização de 2 milhões de libras esterlinas, paga através de para o período de 4 anos, motivado pelos problemas com sepa-
empréstimo concedido ao Brasil, pela Inglaterra. Ou seja, o Bra- ratistas, falta de recursos e isolamento político.
sil pagou pela independência que já havia conquistado, o que A Segunda Regência Una foi conservadora. Chefiada por Pe-
gerou grandes dívidas externas com a Inglaterra. dro de Araújo Lima que aproveita a derrocada dos liberais e se
elege Regente Uno em 19 de setembro de 1837 – fortalecimento
Período Regencial da centralização política. A disputa com os liberais gera, entre
Chamamos de período regencial o período entre a abdica- outras medidas, a Lei Interpretativa do Ato Adicional de 1834,
ção de D. Pedro I e a posse de D. Pedro II no trono do Brasil, que é respondida com o chamado “golpe da maioridade”.
compreendendo os anos de 1831 a 1840. A contenda entre liberais e conservadores traz desconfiança
Com a abdicação de D Pedro I, por lei, quem assumiria o tro- para a elite, que prefere centralizar o poder, apoiando a posse
no seria seu filho D. Pedro II. No entanto, a idade de D. Pedro II, de D. Pedro II. Os Liberais criam o “Clube da Maioridade” e fa-
ainda criança à época não obedecia as determinações de maio- zem propaganda pela maioridade antecipada de D Pedro II.
ridade da Constituição. Nesse sentido, se tornou clara a neces- A opinião pública, influenciada pelos liberais, contraria a
sidade da Regência, um governo de transição que administraria Constituição e aprova a Declaração de Maioridade em 1840,
o país enquanto o imperador ainda não tivesse idade suficiente quando D. Pedro II tem apenas 14 anos de idade.
para governas. A regência seria trina, a princípio, formada por Após a decisão, o jogo político tem como objetivo, para con-
membros da Assembleia Geral (Senado e Câmara dos deputa- servadores e liberais, controlar D. Pedro II em proveito próprio
dos). Nesse sentido e diante da situação do país, a adoção da garantindo assim seus privilégios.
regência provisória era questão de urgência.
O período regencial foi dividido em duas partes: Regência Segundo Reinado
Trina (1831 a 1834) e Regência Una (1834 a 1840). Naquele mo-
mento, a Assembleia possuía três grupos: Moderados (maioria, O período nomeado de Segundo Reinado é segunda fase da
representavam a elite e era defensores da centralização), Res- história do Brasil monárquico, época em que o país esteve sob a
tauradores (defendiam a restauração do Imperador D. Pedro I) e liderança de Dom Pedro II.
Exaltados (defendiam a descentralização do poder).

52
CONHECIMENTOS GERAIS
Em virtude dos sucessivos entraves e dificuldades enfren- - A Igreja Católica: Descontentamento da Igreja Católica
tadas por D. Pedro I para manter-se no trono do Brasil recém frente ao Padroado exercido por D. Pedro II que interferia em
independente e, ao mesmo tempo, garantir sua influência em demasia nas decisões eclesiásticas.
Portugal, a responsabilidade de comandar o Brasil recaiu sobre - O Exército: Descontentamento dos oficiais de baixo esca-
D. Pedro II, que assume o poder com apenas 15 anos de idade. lão do Exército Brasileiro pela determinação de D. Pedro II que
No ano de 1840, com apenas quinze anos de idade, Dom os impedia de manifestar publicamente nos periódicos suas crí-
Pedro II foi lançado à condição de Imperador do Brasil graças ao ticas à monarquia.
expresso apoio dos liberais. Nessa época, a eclosão de revoltas - Os grandes proprietários: Após a Lei Áurea ascende entre
em diferente parte do território brasileiro e a clara instabilidade os grandes fazendeiros um clamor pela República, conhecidos
política possibilitou sua chegada ao poder. Dali em diante, ele como Republicanos de 14 de maio, insatisfeitos pela decisão
passaria a ser a mais importante figura política do país por pra- monárquica do fim da escravidão se voltam contra o regime. Os
ticamente cinco décadas. fazendeiros paulistas que já importavam mão de obra imigran-
Para se manter tanto tempo no trono, o governo de Dom te, também estão contrários à monarquia, pois buscam maior
Pedro II teve habilidade suficiente para negociar com as deman- participação política e poder de decisão nas questões nacionais.
das políticas da época. De fato, tomando a mesma origem dos • A classe média urbana: As classes urbanas em ascensão
partidos da época, percebeu que a divisão de poderes seria um buscam maior participação política e encontram no sistema im-
meio eficiente para que as antigas disputas fossem equilibradas. perial um empecilho para alcançar maior liberdade de econômi-
Não por acaso, uma das mais célebres frases de teor político ca e poder de decisão nas questões políticas.
dessa época concluía que nada poderia ser mais conservador do
que um liberal no poder.
Esse quadro estável também deve ser atribuído à nova si- A escravidão no Brasil
tuação que a economia brasileira experimentou. O aumento do
consumo do café no mercado externo transformou a cafeicultu- As viagens dos europeus à África e Ásia fizeram com que os
ra no sustentáculo fundamental da nossa economia. Mediante o negros participassem do sistema econômico vigente na época,
fortalecimento da economia, observamos que o café teve gran- não de uma maneira igualitária como mercadores, mas como
de importância para o desenvolvimento dos centros urbanos e escravos a serviço dos seus donos. A partir de então, os negros
nos primeiros passos que a economia industrial trilhou em ter- passaram a ser levados para terra que estavam sendo descober-
ras brasileiras. tas, tanto para as colônias europeias como as colônias na Amé-
Vivendo seu auge entre 1850 e 1870, o regime imperial en- rica. E com isto, chegaram os negros no Brasil, para devastar
trou em declínio com o desenrolar de várias transformações. O matas, cuidar da roça, do gado, trabalhar na cana de açúcar e
fim do tráfico negreiro, a introdução da mão de imigrante, as dinamizar a economia da época
contendas com militares e religiosos e a manutenção do escra- Neste sentido, os negros foram fortes colaboradores para a
vismo foram questões fundamentais no abalo da monarquia. economia brasileira, não pelo lado intelectual, mas no impulso
Paulatinamente, membros das elites econômicas e intelectuais direto da dinamização do sistema econômico. No ciclo da mine-
passaram a compreender a república como um passo necessário ração, o trabalho era árduo e impiedoso, na busca de satisfa-
para a modernização das instituições políticas nacionais. zer os desejos ambiciosos dos Reis de Portugal que objetivavam
O primeiro golpe contundente contra D. Pedro II aconteceu única e exclusivamente, extrair os minérios existentes no País.
no ano de 1888, quando a princesa Isabel autorizou a libertação Eram quilômetros e quilômetros de mata a dentro, passando
de todos os escravos. A partir daí, o governo perdeu o favor dos todo tipo de miséria e sofrimento, com o ficto de se conseguir
escravocratas, último pilar que sustentava a existência do poder minerais preciosos. Do mesmo modo, aconteceu na época do
imperial. No ano seguinte, o acirramento nas relações entre o ciclo da cana de açúcar e, em fim, de toda economia, com uma
Exército e o Império foi suficiente para que um quase encoberto escravidão de negros, de participação tão ativa e indesprezível.
golpe militar estabelecesse a proclamação do regime republica- O negro não tinha direito a nada unicamente a ração diária
no no Brasil. e um cantinho simples para dormir. A vida do negro era o tra-
balho, o máximo possível, para retornar de maneira eficaz os
A crise no Império custos imputados na compra de um negro trabalhador.
A relação feitor-negro era o mesmo que máquina e quem a
O ultimo gabinete ministerial do Império, o “Gabinete Ouro comanda, com uma diferença, é que o negro não tinha nenhum
Preto”, sob a chefia do Senador pelo Partido Liberal Visconde privilégio e a máquina tem a seu favor a limpeza de manutenção,
do Ouro Preto, assim que assume em junho de 1889 propõe um entretanto, o negro tinha como recompensa, as chicotadas e o
programa de governo com reformas profundas no centralismo castigo. O tratamento recebido do patrão era de tamanho des-
do governo imperial. Pretendia dar feição mais representativa prezo e distanciamento, porque branco é branco e negro é ne-
aos moldes de uma monarquia constitucional, contemplando gro, e o que resta por último é o trabalho e o conforto, somente
aos republicanos com o fim da vitaliciedade do senado e ado- na hora da dormida, poucas horas.
ção da liberdade de culto. Ouro Preto é acusado pela Câmara de A escravidão de negros não pode sobreviver por muito tem-
estar dando inicio à República e se defende garantindo que seu po, partiu-se para escravizar índios, mas este não aguentou este
programa inutilizaria a proposta da República. Recebe críticas de método de trabalho, tendo em vista o ritmo da atividade e a de-
seus companheiros do Partido Liberal por não discutir o proble- pendência que estava submetido o escravo. Nesta hora o negro
ma do Federalismo. mostrou que só ele serviria para tal atividade, por causa de sua
Os problemas no Império estavam em várias instâncias que robusteza e resistência de sua pele, que aguentava sol causti-
davam base ao trono de Dom Pedro II: cante, com poucos problemas para sua saúde física. O negro na
economia era o trabalho desqualificado. Era o trabalho bruto,

53
CONHECIMENTOS GERAIS
quer dizer, não era um trabalho que usasse a inteligência, pois No Brasil, a abolição foi implantada vagarosamente, mesmo
não era do interesse de seu proprietário, educá-lo para ativida- existindo uma proibição internacional contra o tráfico negreiro,
des de servidão e total subordinação ao seu senhor. como as normas de 19 de fevereiro de 1810, implementada em
Falando-se da importância do negro na economia brasileira, 1815, com mais adições em 1817 e realmente posta em prática
Pandiá CALÓGERAS, em seu livro intitulado “Formação Histórica em 1826, onde foi criada uma Comissão internacional luso-in-
do Brasil” fez uma síntese das causas principais dessa atividade glesa que ficariam, uma na África, outra na Serra Leoa e outra
na economia, quando coloca: o Brasil, não tendo ainda revelado no Brasil, para coibir o tráfico negreiro. Não foi desta vez que foi
haveres minerais, só podia ser colônia agrícola. Os portugueses, extinta a escravidão, mas a luta continuava empunhada pelos
por demais escassos, não possuíam braços bastantes para o cul- abolicionistas que tanto se dedicaram pela causa do negro que
tivo de suas fazendas nem para a extração do pau-brasil. Saída era acima de tudo, sentimental. Entretanto, foi a 13 de maio de
única para tais dificuldades deveria ser arrancar, por quaisquer 1888 que a escravidão foi eliminada para sempre no País.
meios, trabalhadores baratos do viveiro aparentemente inesgo- A abolição dos escravos no Brasil não aconteceu por pura
tável da população regional. Essa foi a origem do negro na eco- bondade da Princesa Isabel, mas das dificuldades que atraves-
nomia do país e que durou muito tempo. sava o país na obtenção do negro e nos custos que eles impu-
O negro na economia brasileira, como em qualquer outra tavam. O momento internacional exigia uma mudança na estru-
economia que usava o negro como mão-de-obra escrava, era tura produtiva predominante no Brasil, devido inovações que
tratado como uma mercadoria que era vendável, como bem re- foram ocorrendo e a necessidade do mercado internacional se
trata este anúncio da época: compram-se escravos de ambos os abrir para a tecnologia. A forma de escravidão já não era lucra-
sexos, com ofício e sem ele, e paga-se bem contanto que sejam tiva e a substituição pelo assalariamento seria mais viável às
boas pessoas, na rua do Príncipe no 66 loja ou então este: quem condições patronais de rentabilidade. Sendo assim, o negro não
tiver para vender um casal de escravos, dirija-se a rua do Prínci- tinha condições de participar do processo produtivo com custos
pe no Armazém de Molhados no 35 que achará com quem tratar. compatíveis com a situação empresarial.
Desta forma, os jornais da época anunciavam constantemente A escravidão foi eliminada somente no aspecto de compra
transações de compra e venda de seres humanos, como se fos- e venda de escravos para o trabalho cotidiano na roça, nas ca-
sem produtos que vendidos, pudessem passar de mão em mão sas particulares, ou em qualquer trabalho que seus donos qui-
sem nenhum poder de reação. sessem. A escravidão foi substituída pelo assalariamento que
Desta forma, pergunta-se normalmente, quais as origens não é muito, só com diferença na forma de dependência, mas
do negro no território Brasileiro? Para esta pergunta, pode-se o processo de servidão é o mesmo, miserável e impiedosa. A
citar um trecho de Walter F. PIAZZA40 (1975) quando escreveu escravidão agora deixou de ser unicamente do negro e passou a
que “Entretanto, conseguimos, em buscas nos arquivos eclesi- ser de negros e brancos, entretanto, o negro traz consigo o pior,
ásticos, anotar as seguintes “nações” de origem dos elementos a discriminação, o estigma. O País precisa de tomar consciência
africanos que povoaram Santa Catarina: “congo”, “moçambi- da situação do negro e introduzi-lo na sociedade de igual com os
que”, “cabinda”, “angola”, “costa da guiné” e rebolla”, ou então brancos, pois são todos seres humanos e mortais.
“mina”, “benguella” e “monjolo””. Esses países de origem foram Finalmente, a abolição aconteceu por conveniência circuns-
encontrados no Arquivo Histórico - Eclesiástico de Florianópolis tancial do momento, não deixando de continuar a escravidão
do ano de 1821-1822, os jornais “O Argos” no 154 de 1857 e no sobre os negros de maneira geral. Os longos anos de subordina-
857 de 1861 e “O Despertador” no 77 de 1863, onde isto pode ção criaram um estigma de negro sobre branco que não é uma
ser extrapolado para o país. simples Lei Imperial que vai torná-los iguais perante a socieda-
A escravidão no Brasil durou muito tempo sem nenhuma de. Criou-se na cultura universal, em especial, nos países pobres
piedade pela classe dominante, porque só queriam extrair ao que negro é negro e branco é branco e não há quem mude este
máximo possível, o retorno sobre seu capital empregado. Mas, estado de coisas. Portanto, deve-se ficar claro que o negro é um
internacionalmente, a utilização e o tráfico de escravos já esta- ser humano cheio de virtudes e defeitos que devem ser aplaudi-
vam sendo combatidos, desde 1462 quando o Papa PIO II publi- dos e reprovados do mesmo modo que os brancos, banindo de
cou a sua Bula de 7 de outubro deste mesmo ano. Toda trajetó- uma vez por todas as diferenciações que existem entre negros e
ria de escravidão do negro já vinha sendo combatida de maneira brancos ou vice-versa.
muito intensa, mas ecoava pouco nos países ou colônias sub-
desenvolvidas. É tanto que Portugal eliminou a escravidão em Revoltas e Quilombos
seu território e continuou praticando seu ato de selvageria em
outros lugares que estravam sob seu domínio e ai está o Brasil. Uma questão que marcou o período colonial, mas também o
Diante de tantos sofrimentos, a Nação brasileira começava a período imperial brasileiro foi a escravidão africana. A luta des-
dar os primeiros passos no sentido de abolir os escravos brasilei- ses povos africanos no Brasil contra o trabalho compulsório foi
ros. Esse trabalho foi lento e acima de tudo, não obedecendo as uma das mais significativas na história do nosso país por mais de
Leis internacionais de abolição da escravatura. Portugal declara trezentos anos.
extinta a escravidão negra nas ilhas de Madeira e dos Açores e, No desenvolvimento do regime escravocrata no Brasil, ob-
pela Lei de 16 de janeiro de 1773, declaravam livres os recém- servamos que os negros trazidos para o espaço colonial sofriam
-nascidos de mulher escrava desta Nação - Lei do Ventre Livre. um grande número de abusos. A dura rotina de trabalho era ge-
No Brasil continua do mesmo jeito. Já na Inglaterra, em 1807 fi- ralmente marcada por longas jornadas e a realização de tarefas
cou proibido o tráfico de escravos com barcos ingleses e entrada que exigiam um grande esforço físico. Dessa forma, principal-
de escravos nas possessões inglesas, mesmo havendo um grupo mente nas grandes propriedades, observava-se que o tempo de
denominado “Abolition Society” fundada em 1787 que não po- vida de um escravo não ultrapassava o prazo de uma década.
dia avançar muito.

54
CONHECIMENTOS GERAIS
Quando não se submetiam às tarefas impostas, os escravos A República Federativa Brasileira nasce pelas mãos dos
eram severamente punidos pelos feitores, que organizavam o militares que se veriam a partir de então como os defensores
trabalho e evitavam a realização de fugas. Quando pegos infrin- da Pátria brasileira. A República foi proclamada por um monar-
gindo alguma norma, os escravos eram amarrados no tronco e quista. Deodoro da Fonseca assim como parte dos militares que
açoitados com um chicote que abria feridas na pele. Em casos participaram da movimentação pelas ruas do Rio de Janeiro no
mais severos, as punições poderiam incluir a mutilação, a castra- dia 15 de Novembro pretendiam derrubar apenas o gabinete do
ção ou a amputação de alguma parte do corpo. De fato, a vida Visconde de Ouro Preto. No entanto, levado ao ato da procla-
dos escravos negros no espaço colonial era cercada pelo signo mação, mesmo doente, Deodoro age por acreditar que haveria
do abuso e do sofrimento. represália do governo monárquico com sua prisão e de Benjamin
Entretanto, não podemos deixar de salientar que a popula- Constant, devido à insurgência dos militares.
ção negra também gerava formas de resistência que iam contra A população das camadas sociais mais humildes observam
o sistema escravista. Não raro, alguns escravos organizavam epi- atônitos os dias posteriores ao golpe republicano. A República
sódios de sabotagem que prejudicavam a produção de alguma não favorecia em nada aos mais pobres e também não contou
fazenda. Em outros casos, tomados pelo chamado “banzo”, os com a participação desses na ação efetiva. O Império, principal-
escravos adentravam um profundo estado de inapetência que mente após a abolição da escravidão tem entre essas camadas
poderia levá-los à morte. uma simpatia e mesmo uma gratidão pela libertação. Há então
Não suportando a dureza do trabalho ou a perda dos laços um empenho das classes ativamente participativas da República
afetivos e culturais de sua terra natal, muitos negros preferiam recém-fundada para apagar os vestígios da monarquia no Brasil,
atentar contra a própria vida. Nesse mesmo tipo de ação de re- construir heróis republicanos e símbolos que garantissem que a
sistência, algumas escravas grávidas buscavam o preparo de er- sociedade brasileira se identificasse com o novo modelo Repu-
vas com propriedades abortivas. Além disso, podemos salientar blicano Federalista.
que o planejamento de emboscadas para assassinar os feitores e
senhores de engenho também integrava esse corolário de ações A Maçonaria e o Positivismo
contra a escravidão.
Segundo a perspectiva de alguns estudiosos, as manifesta- O Governo Republicano Provisório foi ocupado por Marechal
ções culturais dos negros também indicavam outra prática de Deodoro da Fonseca como Presidente, Marechal Floriano Peixoto
resistência. A associação dos orixás com santos católicos, a co- como vice-presidente e como ministros: Benjamin Constant, Quin-
mida, as lutas (principalmente a capoeira) e as atividades mu- tino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio
sicais eram outras formas de se preservar alguns dos vínculos Ribeiro e o Almirante Eduardo Wandenkolk, todos os presentes na
e costumes de origem africana. Com o passar do tempo, vários nata gestora da República eram membros regulares da Maçonaria
itens da cultura negra se consolidaram na formação cultural do Brasileira. A Maçonaria e os maçons permanecem presentes entre
povo brasileiro. as lideranças brasileiras desde a Independência, aliados aos ideais
da filosofia Positivista, unem-se na formação do Estado Republica-
Do ponto de vista histórico, os quilombos foram a estratégia no, principalmente no que tange o Direito.
A filosofia Positivista de Auguste Comte esteve presente
de resistência que melhor representou a luta contra a ordem es-
principalmente na construção dos símbolos da República. Desde
cravocrata. Ao organizarem suas fugas, os negros formaram co-
a produção da Bandeira Republicana com sua frase que trans-
munidades no interior das matas conhecidas como quilombos.
borda a essência da filosofia Comteana “Ordem e Progresso”,
Nesses espaços, organizavam uma produção agrícola autônoma
ou no uso dos símbolos como um aparato religioso à religião re-
e formas de organização sociopolítica peculiares. Ao longo de
publicana. Positivistas Ortodoxos como Miguel Lemos e Teixeira
quatro séculos, os quilombos representaram um significativo
Mendes foram os principais ativistas, usando das alegorias femi-
foco de luta contra a lógica escravocrata. O quilombo mais fa-
ninas e o mito do herói para fortalecer entre toda a população
moso foi o de Palmares, localizado na Serra da Barriga, no atual
a crença e o amor pela República. Esses Positivistas Ortodoxos
estado de Alagoas, tendo como grande líder Zumbi.
acreditavam tão plenamente em sua missão política de forta-
BRASIL REPÚBLICA lecimento da República que apesar de ridicularizados por seus
opositores não esmorecem e seguem fortalecendo o imaginário
A Proclamação da República Brasileira aconteceu no dia 15 republicano com seus símbolos, mitos e alegorias.
de novembro de 1889. Resultado de um evante político-militar A nova organização brasileira pouco ou nada muda nas for-
que deu inicio à República Federativa Presidencialista. Fica mar- mas de controle social, nem mesmo há mudanças na pirâmide
cada a figura de Marechal Deodoro da Fonseca como respon- econômica, onde se agrupam na base o motor da economia,
sável pela efetiva proclamação e como primeiro Presidente da e onde estão presentes os extratos mais pobres da sociedade,
República brasileira em um governo provisório (1889-1891). constituída principalmente por ex-escravizados e seus descen-
Marechal Deodoro da Fonseca foi herói na guerra do Pa- dentes. Já nas camadas mais altas dessa pirâmide econômica or-
raguai (1864-1870), comandando um dos Batalhões de Brigada ganizam-se oligarquias locais que assumem o poder da máquina
Expedicionária. Sempre contrário ao movimento republicano e pública gerenciando os projetos locais e nacionais sempre em
defensor da Monarquia como deixa claro em cartas trocadas prol do extrato social ao qual pertencem. Não há uma revolução,
com seu sobrinho Clodoaldo da Fonseca em 1888 afirmando que ou mesmo grandes mudanças com a Proclamação da República,
apesar de todos os seus problemas a Monarquia continuava sen- o que há de imediato é a abertura da política aos homens en-
do o “único sustentáculo” do país, e a república sendo proclama- riquecidos, principalmente pela agricultura. Enquanto o poder
da constituiria uma “verdadeira desgraça” por não estarem, os da maquina pública no Império estava concentrado na figura do
brasileiros, preparados para ela. Imperador, que administrava de maneira centralizadora as de-
cisões políticas, na República abre-se espaço de decisão para a
classe enriquecida que carecia desse poder de decisão política.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Republica das espadas e republica oligárquica Republica Oligarquica

A República brasileira proclamada em novembro de 1889 Com a proclamação da República, em 1889, inaugurou-se
nasce de um golpe militar realizado de maneira pacífica pela não um novo período na história política do Brasil: o poder político
resistência do Imperador D. Pedro II que sai sem grandes proble- passou a ser controlado pelas oligarquias rurais, principalmente
mas e se exila na Europa. as oligarquias cafeeiras. Entretanto, o controle político exercido
Marechal Deodoro da Fonseca é quem ocupa a presidência pelas oligarquias não aconteceu logo em seguida à proclamação
da República em um governo provisório. Deodoro era declara- da República – os dois primeiros governos (1889-1894) corres-
damente monarquista, amigo de D. Pedro II, mas por acreditar ponderam à chamada República da Espada, ou seja, o Brasil es-
que haveria uma retaliação do Império contra a movimentação teve sob o comando do exército. Marechal Deodoro da Fonseca
insurgente do exército contra o Gabinete do Visconde de Ouro liderou o país durante o Governo Provisório (1889-1891). Após
Preto, resolve apoiar a causa. Ao ser chamado frente as tropas a saída de Deodoro, o Marechal Floriano Peixoto esteve à frente
insurgentes, Marechal Deodoro não deixa de declarar seu apoio do governo brasileiro até 1894.
ao Imperador e grita “«Viva Sua Majestade, o Imperador!», esse No ano de 1894, os grupos oligárquicos, principalmente a
momento será lembrado posteriormente como o momento da oligarquia cafeeira paulista, estavam articulando para assumir
Proclamação da República. O primeiro momento da República o poder e controlar a República. Os paulistas apoiaram Floriano
brasileira é marcada pelo autoritarismo militar, visto que são Peixoto. Dessa aliança surgiu o candidato eleito nas eleições de
esses que ficam responsáveis por manter a ordem e garantir a março de 1894, Prudente de Morais, filiado ao Partido Republi-
estabilidade para o novo sistema que vislumbram para o Brasil. cano Paulista (PRP). A partir de então, o poder político brasileiro
Através do princípio Liberal havia chances de que a partir desse ficou restrito às oligarquias agrárias paulista e mineira, de 1894
momento um novo pacto social se estabelecesse no Brasil, com a 1930, período conhecido como República Oligárquica. Assim,
participação ampla das camadas populares, mas isso não ocorre. o domínio político presidencial durante esse intervalo de tempo
prevaleceu entre São Paulo e Minas Gerais, efetivando a política
O que acontece é a conservação e até o aumento da ex- do café-com-leite.
clusão social mediante ações influenciadas pelo pensamento Durante o governo do presidente Campo Sales (1898-1902),
positivista onde militares acreditavam que com autoritarismo a República Oligárquica efetivou o que marcou fundamental-
poderiam manter a ordem e levar o Brasil ao progresso, ideais mente a Primeira República: a chamada política dos governado-
do Positivismo. Três mandatos marcam a República da Espada: o res, que se baseava nos acordos e alianças entre o presidente da
primeiro, Governo Provisório de Deodoro da Fonseca que faz a República e os governadores de estado, que foram denomina-
transição e sai garantindo a primeira eleição de forma indireta, dos Presidentes de estado. Estes sempre apoiariam os candida-
apesar do dispositivo da Constituição de 1891 prever eleições di- tos fiéis ao governo federal; em troca, o governo federal nunca
retas. Eleito sem participação popular pelo Congresso Nacional interferiria nas eleições locais (estaduais).
Deodoro da Fonseca assume então com vice Marechal Floriano Mas, afinal, como era efetivado o apoio aos candidatos à
Peixoto. presidência da República do governo federal pelos governado-
Deodoro, no entanto, pretende manter o controle da Repú- res dos estados? Esse apoio ficou conhecido como coronelismo:
blica e fecha o Congresso, a fim de garantir seus poderes frente o título de coronel surgiu no período imperial, mas com a pro-
à “Lei de Responsabilidade”, anteriormente aprovada pelo con- clamação da República os coronéis continuaram com o prestígio
gresso devido à crise econômica. Dá inicio então a um governo social, político e econômico que exerciam nas vizinhanças das
ditatorial que é precipitado pela ameaça de bombardeio da Ci- localidades de suas propriedades rurais. Eles eram os chefes po-
dade do Rio de Janeiro feito pelos líderes da Revolta da Armada líticos locais e exerciam o mandonismo sobre a população.
(conflito fomentado pela Marinha Brasileira). Os coronéis sempre exerceram a política de troca de favo-
Frente a Revolta da Armada Deodoro renuncia em favor de res, mantinham sob sua proteção uma enorme quantidade de
seu, Floriano Peixoto, que mantém um regime linha dura contra afilhados políticos, em troca de obediência rígida. Geralmente,
opositores. Realiza uma verdadeira campanha de combate aos sob a tutela dos coronéis, os afilhados eram as principais articu-
revoltosos da Segunda Revolta da Armada, assim como aos re- lações políticas. Nas áreas próximas à sua propriedade rural, o
voltosos Federalistas no Rio Grande do Sul, recebe a alcunha de coronel controlava todos os votos eleitorais a seu favor (esses
“Marechal de Ferro” devido essas ações. locais ficaram conhecidos como “currais eleitorais”).
Nos momentos de eleições, todos os afilhados (dependen-
No entanto, a República da Espada chegava ao fim após re- tes) dos coronéis votavam no candidato que o seu padrinho (co-
alizar uma transição necessária aos interesses das elites, pacifi- ronel) apoiava. Esse controle dos votos políticos ficou conhecido
caram e garantiram a ordem para que assumissem o comando como voto de cabresto, presente durante toda a Primeira Repú-
aqueles que viriam a se estabelecer, não apenas como elite eco- blica, e foi o que manteve as oligarquias rurais no poder.
nômica, mas também como lideranças políticas no cenário repu- Durante a Primeira República, o mercado tinha o caráter
blicano. Os militares deixam a política ainda com sentimento de agroexportador e o principal produto da economia brasileira
guardiões da República (serão chamados ao ofício da garantia da era o café. No ano de 1929, com a queda da Bolsa de Valores
Ordem diversas vezes no decorrer da história republicana bra- de Nova York, a economia cafeeira brasileira enfrentou uma
sileira). Mas o sistema Liberal proposto em teoria pelas elites enorme crise, pois as grandes estocagens de café fizeram com
vitoriosas seguiria, e a partir de 1894 a República deixaria de ser que o preço do produto sofresse uma redução acentuada, o que
um aparato ideológico para tornar-se instrumento de poder nas ocasionou a maior crise financeira brasileira durante a Primeira
mãos das Oligarquias. República.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder após - Em 1645 - Insurreição Pernambucana
um golpe político que liderou juntamente com os militares brasi- Revolta da população nordestina (a partir de 1645) contra
leiros. Os motivos do golpe foram as eleições manipuladas para o domínio holandês. Sob iniciativa dos senhores de engenho, os
presidência da República, as quais o candidato paulista Júlio colonos foram mobilizados para lutarem. As batalhas das Tabo-
Prestes havia ganhado, de forma obscura, em relação ao outro cas e de Guararapes enfraqueceram o poderio dos invasores eu-
candidato, o gaúcho Getúlio Vargas, que, não aceitando a situ- ropeus. Até que, na batalha de Campina de Taborda, em 1654,
ação posta, efetivou o golpe político, acabando de vez com a os holandeses foram derrotados e expulsos do País.
República Oligárquica e com a supremacia política da oligarquia É considerada o marco inicial dos movimentos nativistas.
paulista e mineira. Iniciada logo após a campanha pela expulsão dos invasores ho-
landeses, e de sua poderosa Companhia das Índias Ocidentais,
MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL é ali que pela primeira vez que se registrou a divergência entre
os interesses dos colonos e os pretendidos pela Metrópole. Os
Do período colonial à república, conheça principais revoltas habitantes de Pernambuco começaram a desenvolver a noção
econômicas e sociais ao longo de cinco séculos de história. de que a própria colônia conseguiria administrar seus próprios
A seguir veremos os movimentos que marcaram nossa his- destinos, até por que eles conseguiram expulsar os invasores
tória. Vale, portanto, ressaltar, que dentre esses movimentos é praticamente sozinhos, num esforço que reuniu negros escra-
necessário diferenciar a essência que os causou. vos, brancos e indígenas lutando juntos, com um punhado de
Os movimentos a seguir ou eram nativistas ou emancipa- oficiais lusitanos nos altos postos de comando.
cionistas. - Em 1682 - Guerra dos Bárbaros
Nativistas: representa movimentos de defesa da terra, sem Foram disputas intermitentes entre os índios cariris, que
qualquer caráter separatista. ocupavam extensas áreas no Nordeste, contra a dominação dos
Emancipacionistas: eram mais radicais e pretendiam, de colonizadores portugueses. Foram cerca de 20 anos de confron-
fato, separar o Brasil de Portugal, criando um governo próprio e tos.
soberano, sem interferência externa de qualquer natureza.
- Em 1684- Revolta dos Beckman - no Maranhão
Na historiografia brasileira, dentro dos movimentos que Provocada em grande parte pelo descontentamento com
ocorreram, temos aqueles que foram chamados de movimen- a Companhia de Comércio do Maranhão, ocorreu entre 1684 e
tos nativistas, que representa o conjunto de revoltas populares 1685. Entre as reclamações estava o fornecimento de escravos
que tinham como objetivo o protesto em relação a uma ou mais negros em quantidade insuficiente. Ao mesmo tempo, os jesu-
condições negativas da realidade da administração colonial por- ítas eram contrários a escravização dos indígenas. Com a rebe-
tuguesa no Brasil. Em retrospectiva, tais revoltas também foram lião, os jesuítas são expulsos. Um novo governador é enviado e
importantes em um âmbito maior. Apesar de constituírem movi- os revoltosos condenados.
mentos exclusivamente locais, que não visavam em um primeiro
momento a separação política, o seu protesto contra algum abu- - Em 1708 – Guerra dos Emboabas
so do pacto colonial contribuiu para a construção do sentimento A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado de 1707 a
de nacionalidade em meio a tais comunidades. As principais re- 1709 pelo direito de exploração das recém-descobertas jazidas
voltas ocorrem entre meados do século XVII e começo do século de ouro na região do atual estado de Minas Gerais, no Brasil. O
XVIII, quando Portugal perdeu sua influência na Ásia, e passou conflito contrapôs os desbravadores vicentinos e os forasteiros
a cobrir os gastos da Coroa na metrópole com a receita obtida que vieram depois da descoberta das minas.
do Brasil. A sempre crescente cobrança de impostos, a criação
frequente de novos tributos e o abuso dos comerciantes portu- - Em 1710 – Guerra dos Mascates
gueses na fixação de preços começam a gerar insatisfação entre A “Guerra dos Mascates” foi um confronto armado ocorri-
a elite agrária da colônia. do na Capitania de Pernambuco, entre os anos de 1709 e 1714,
Este é o ambiente propício para o nascimento dos chama- envolvendo os grandes senhores de engenho de Olinda e os co-
dos movimentos nativistas, onde surgem a contestação de as- merciantes portugueses do Recife, pejorativamente denomina-
pectos do colonialismo e primeiros conflitos de interesses entre dos como “mascates”, devido sua profissão.
os senhores do Brasil e os de Portugal. Entre os movimentos de Não obstante, apesar do sentimento autonomista e antilu-
destaque estão a revolta dos Beckman, no Maranhão (1684); a sitano dos pernambucanos de Olinda, que chegaram até mesmo
Guerra dos Emboabas, em Minas Gerais (1708), a Guerra dos a propor que a cidade se tornasse uma República independente,
Mascates, em Pernambuco (1710) e a Revolta de Felipe dos San- este não foi um movimento separatista.
tos em Minas Gerais (1720). Contudo, não há consenso em afirmar que seja um movi-
Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se loca- mento nativista, uma vez que os “mascates” envolvidos na dis-
liza o marco inicial destes movimentos. puta eram predominantemente comerciantes portugueses.
Vamos ver um pouco mais sobre esses movimentos.
- Em 1720 - Revolta de Filipe dos Santos
- Em 1562 - Confederação dos Tamoios Movimento social que ocorreu em 1720, em Vila Rica (atual
A primeira rebelião de que se tem notícia foi uma revolta de Ouro Preto), contra a exploração do ouro e cobrança extorsiva
uma coligação de tribos indígenas - com o apoio dos franceses de impostos da metrópole sobre a colônia. A revolta contou com
que haviam fundado a França Antártica - contra os portugueses. cerca de dois mil populares, que pegaram em armas e ocuparam
O movimento foi pacificado pelos padres jesuítas Manuel da Nó- pontos da cidade. A coroa portuguesa reagiu e o líder, Filipe dos
brega e José de Anchieta. Santos Freire, acabou enforcado.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Movimentos emancipacionistas do Norte, mas a república durou menos de três meses, caindo
A partir da segunda metade do século XVIII, com os desdo- sob o avanço das tropas. Participantes foram presos e condena-
bramentos das revoltas na França e Estados Unidos, e os concei- dos à morte.
tos do Iluminismo penetrando em meio à sociedade brasileira,
os descontentamentos vão se avolumando e a metrópole por- - 1824 - Confederação do Equador
tuguesa parece insensível a qualquer protesto. Assim, os mo- Foi um movimento político contrário à centralização do po-
vimentos nativistas passarão a incorporar em seu ideal a busca der imperial, ocorrido no nordeste. Em 2 de julho, Pernambuco
pela independência, ainda que somente da região dos revolto- declarou independência. A revolta ampliou-se rapidamente para
sos, pois a noção de um país reunindo todas as colônias portu- outras províncias, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
guesas na América era algo impensado. O mais conhecido em Reprimidos, em setembro, os revolucionários já estavam derro-
meio a estes movimentos é a Inconfidência Mineira de 1789, da tados e seus líderes foram condenados ao fuzilamento, forca ou
qual surgiu o mártir da independência, Tiradentes. prisão perpétua.
As revoltas emancipacionistas foram movimentos sociais
ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo forte anseio de - 1833 - Cabanagem
conquistar a independência do Brasil com relação a Portugal. Es- Movimento que eclodiu na província do Grão-Pará (Amazo-
tes movimentos possuíam certa organização política e militar, nas e Pará atuais), de 1833 a 1839, começou com a resistência
além de contar com forte sentimento contrário à dominação oferecida pelo presidente do conselho da província, que impe-
colonial. diu o desembarque das autoridades nomeadas pela regência.
Grande parte dos revoltosos era formada por mestiços e índios,
Causas principais chamados de cabanos. Ele chegaram a tomar Belém, mas foram
- Cobrança elevada de impostos de Portugal sobre o Brasil. derrotados depois de longa resistência.
- Pacto Colonial - Brasil só podia manter relações comerciais
com Portugal, além de ser impedido de desenvolver indústrias. - 1835 - Guerra dos Farrapos
- Privilégios que os portugueses tinham na colônia em rela- Uma das mais extensas rebeliões deflagradas no Brasil (de
ção aos brasileiros. 1835 a 1845) aconteceu no Rio Grande do Sul tinha caráter re-
- Leis injustas, criadas pela coroa portuguesa, que tinham publicano. O grupo liberal dos chimangos protestava contra a
que ser seguidas pelos brasileiros. pesada taxação do charque e do couro e chegou a proclamar
- Falta de autonomia política e jurídica, pois todas as ordens independência do RS. Depois de várias batalhas, o governo bra-
e leis vinham de Portugal. sileiro concedeu a anistia a todos.
- Punições violentas contra os colonos brasileiros que não - 1837 - Sabinada
seguiam as determinações de Portugal. A revolta feita por militares e integrantes da classe média
- Influência dos ideais do Iluminismo e dos movimentos se- e rica da Bahia pretendia implementar uma república. Em 7 de
paratistas ocorridos em outros países (Independência dos Esta- novembro de 1837, os revoltosos tomaram o poder em Salvador
dos Unidos em 1776 e Revolução Francesa em 1789). e decretaram a República Bahiense. Cercados pelo exército go-
vernista, o movimento resistiu até meados de março de 1838. A
Principais revoltas emancipacionistas repressão foi violenta e milhares foram mortos ou feitos prisio-
neiros.
- 1789 - Inconfidência mineira
Inconformados com o peso dos impostos, membros da eli- - 1838 - Balaiada
te uniram-se para estabelecer uma república independente em Balaiada é no nome pelo qual ficou conhecida a importante
Minas. A revolta foi marcada para a data da derrama (cobrança revolta que se deu no Maranhão do século XIX. É mais um ca-
dos impostos em atraso), mas os revolucionários foram traídos. pítulo das convulsões sociais e políticas que atingiram o Brasil
Como consequência, os inconfidentes foram condenados à pri- no turbulento momento que vai da independência do Brasil à
são ou exílio, com exceção de Tiradentes, que foi enforcado e proclamação da República.
esquartejado. Naquele momento, a sociedade maranhense estava dividi-
da, basicamente, entre uma classe baixa, composta por escravos
- 1798 - Conjuração Baiana (ou Conspiração dos Alfaiates) e sertanejos, e uma classe alta, composta por proprietários ru-
Foi uma rebelião popular, de caráter separatista, ocorrida rais e comerciantes.
na Bahia em 1798. Movidos por uma mescla de republicanismo Para ampliar sua influência junto à política e à sociedade, os
e ódio à desigualdade social, homens humildes, quase todos mu- conservadores tentam através de uma medida, ampliar os po-
latos, defendiam a liberdade com relação a Portugal, a implan- deres dos prefeitos. Essa medida impopular faz com que a insa-
tação de um sistema republicano e liberdade comercial. Após tisfação social cresça consideravelmente, alimentando a revolta
vários motins e saques, a rebelião foi reprimida pelas forças do conhecida como Balaiada.
governo, sendo que vários revoltosos foram presos, julgados A Balaiada foi uma reação e uma luta dos maranhenses con-
e condenados. Um dos principais líderes foi o alfaiate João de tra injustiças praticadas por elites políticas e as desigualdades
Deus do Nascimento. O governo baiano debelou o movimento. sociais que assolavam o Maranhão do século XIX.
A origem da revolta remete à confrontação entre duas fac-
- 1817 - Revolução Pernambucana ções, os Cabanos (de linha conservadora) e os chamados “bem-
Foi um movimento que defendia a independência de Portu- -te-vis” (de linha liberal). Eram esses dois partidos que represen-
gal. Os revoltosos (religiosos, comerciantes e militares) prende- tavam os interesses políticos da elite do Maranhão.
ram o governador de Pernambuco e constituíram um governo
provisório. O movimento se estendeu à Paraíba e ao Rio Grande

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CONHECIMENTOS GERAIS
Até 1837, o governo foi chefiado pelos liberais, mantendo Outro aspecto econômico da República Velha foi o início
seu domínio social na região. No entanto, diante da ascensão da industrialização no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro
de Araújo de Lima ao governo da província e dos conservadores e em São Paulo. O capital acumulado com a produção cafeeira
ao governo central, no Rio de Janeiro, os cabanos do Maranhão possibilitou aos grandes fazendeiros investir na indústria, dando
afastaram os bem-te-vis e ocuparam o poder. novo dinamismo à sociedade nestes locais. São Paulo e Rio de
Essa mudança dá início à revolta em 13 de dezembro de Janeiro passaram por uma profunda urbanização, criando ave-
1838, quando um grupo de vaqueiros liderados por Raimundo nidas, iluminação pública, transporte coletivo (bondes), teatros,
Gomes invade a cadeia local para libertar amigos presos. O su- cinemas e, principalmente, afastando as populações pobres dos
cesso da invasão dá a chance de ocupar o vilarejo como um todo. centros das cidades. Mas não foi apenas nestas duas cidades que
Enquanto a rivalidade transcorria e aumentava, Raimundo houve mudanças, já que a mesma situação se verificou em Ma-
Gomes e Manoel Francisco do Anjos Ferreira levam a revolta até naus, Belém e cidades do interior paulista, como Ribeirão Preto
o Piauí, no ano de 1839. Este último líder era artesão, e fabricava e Campinas.
cestos de palha, chamados de balaios na região, daí o nome da Esse processo contou também com a vinda ao Brasil de mi-
revolta. Essa interferência externa altera o cenário político da lhões de imigrantes europeus e asiáticos para trabalharem tanto
revolta e muda seu rumo. nas indústrias quanto nas grandes fazendas. O fluxo migratório
Devido aos problemas causados aos interesses da elite da na República Velha alterou substancialmente a composição da
região, bem-te-vis e cabanos se unem contra os balaios. sociedade, intensificando a miscigenação, fato que, aos olhos
A agitação social causada pela revolta beneficia os bem-te- das elites do país, poderia levar a um embranquecimento da po-
-vis e coloca o povo em desagrado contra o governo cabano. Em pulação, aprofundando o preconceito contra os negros de ori-
1839 os balaios tomam a Vila de Caxias, a segunda cidade mais gem africana. Mas a modernização na República Velha apresen-
importante do Maranhão. Uma das táticas para enfraquecer os tou também contradições sociais que resultaram em conflitos
revoltosos foram as tentativas de suborno e desmoralização que de várias ordens.
visavam desarticular o movimento. Vejamos os movimentos dessa época:
Em 1839 o governo chama Luis Alves de Lima e Silva (depois
conhecido como Duque de Caxias) para ser presidente da pro- - 1893 - Revolta da Armada
víncia e, ao mesmo tempo, organizar a repressão aos movimen- Foi um movimento contra o presidente Floriano Peixoto que
tos revoltosos e pacificar o Maranhão. Esse é tido como o início irrompeu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1893. Prati-
da brilhante carreira do militar. camente toda a marinha se tornou antiflorianista. O principal
O Comandante resolveu os problemas que atravancavam o combate ocorreu na Ponta da Armação, em Niterói, a 9 de fe-
funcionamento adequado das forças militares. Pagou os atrasa- vereiro de 1894. O governo conseguiu a vitória graças a uma
dos dos militares, organizou as tropas, cercou e atacou redutos nova esquadra, adquirida e aparelhada no exterior, e debelou a
balaios já enfraquecidos por deserções e pela perda do apoio rebelião em março.
dos bem-te-vis. Organizou toda a estratégia e a execução do pla-
no que visava acabar de vez por todas com a revolta. - 1893 - Revolução Federalista
Em 1840 a chance de anistia, dada pelo governo, estimula a Foi um levante contra o governo de Floriano Peixoto, de
rendição de 2500 balaios, inviabilizando o já combalido exército. 1893 a 1895, no Rio Grande do Sul. De um lado estavam os ma-
Os que resistiram, foram derrotados. A Balaiada chega ao fim, ragatos (antiflorianistas), do outro, os pica-paus (governistas).
entrando pra história do Brasil como mais um momento confli- Remanescentes da Revolta da Armada, que haviam desembar-
tuoso da ainda frágil monarquia e da história do Brasil. cado no Uruguai, uniram-se aos maragatos. Ocorreram batalhas
em terra e mar. Ao final, os maragatos foram derrotados pelo
Movimentos da República Velha até Era Vargas exército governista.
O período da História brasileira conhecido como República
Velha, compreendido entre os anos de 1889 e 1930, represen- - 1896 - Guerra de Canudos
tou profundas mudanças na sociedade nacional, principalmente Avaliações políticas erradas, pobreza e religiosidade deram
na composição da população, no cenário urbano, nos conflitos início à guerra contra os habitantes do arraial de Canudos, no
sociais e na produção cultural. Cabe aqui fazer uma indagação: interior da Bahia, onde viviam, em 1896, cerca de 20 mil pessoas
com mudanças tão profundas, o que permaneceu delas na vida sob o comando do beato Antonio Conselheiro. De novembro de
social atual? 1896 à derrota em outubro de 1897, o arraial resistiu às investi-
Uma mudança da sociedade da República Velha ocorreu na das das tropas federais (quatro expedições militares). A guerra
economia. A produção agrícola ainda era o carro-chefe econô- deixou 25 mil mortos.
mico da República Velha e o café continuava a ser o principal
produto de exportação brasileiro. Mas o desenvolvimento do - 1904 - Revolta da Vacina
capitalismo e a criação de mercadorias que utilizavam em sua Foi uma revolta popular ocorrida no Rio de Janeiro em no-
fabricação a borracha (como o automóvel) fizeram com que a vembro de 1904. A principal causa foi a campanha de vacinação
exploração do látex na região amazônica se desenvolvesse ra- obrigatória contra a varíola, comandada pelo médico Oswaldo
pidamente, chegando a competir com o café como o principal Cruz. Milhares de habitantes tomaram as ruas em violentos
produto de exportação. Porém, o período de auge da borracha conflitos com a polícia, revoltados por terem de tomar a vacina.
foi curto, pois os ingleses conseguiram produzir de forma mais Forças governistas prenderam quase mil pessoas e deportaram
eficiente a borracha na Ásia, desbancando a produção brasileira. para o Acre metade delas.

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CONHECIMENTOS GERAIS
- 1912 - Guerra do Contestado Federal teve como estopim o assassinato de João Pessoa. Ex-
Foi um conflito que ocorreu entre 1912 e 1916 no Paraná e plodiu a Revolução de 1930 que, em um mês, atingiu o poder
Santa Catarina. Nessa época, Contestado, assim como Canudos, da República.
era um terreno fértil para o messianismo e via crescer a insatis-
fação popular com a miséria e a insensibilidade política. Forças Revoltas Tenentistas
policiais e do exército alcançaram a vitória, deixando milhares
de mortos. Na década de 1920 surgiu no Brasil um movimento conheci-
- 1922 - Movimento Tenentista do como Tenentismo, formado em geral por militares de média
Durante a década de 1920 diversos fatores se conjugaram e baixa patente. Questionavam o sistema vigente no país e, mes-
para acelerar o declínio da República Velha. Os levantes milita- mo sem defender uma causa ideológica específica, propunham
res e tenentistas, o fim da política do café-com-leite, o agrupa- mudanças no sistema eleitoral e na educação pública da Repú-
mento das oligarquias dissidentes na Aliança Liberal e o colapso blica Velha.
da economia cafeeira foram alguns fatores que criaram as condi- Foram os militares que governaram o Brasil nos dois primei-
ções para a revolução de 1930, que assinalou o fim da República ros mandatos da República, mas após Floriano Peixoto foram
Velha e o início da Era Vargas. afastados da presidência para darem lugar aos governos civis.
Tem início também a partir de então o domínio de uma oligar-
- A República do Café com Leite: Os principais Estados que quia que mantinha o controle do poder no país e que revezava os
dominavam o conjunto da federação eram Minas (maior pro- grupos no poder. Durante toda a República Velha, Minas Gerais
dutor de leite)e São Paulo(maior produtor de café) . Sabendo e São Paulo eram os dois principais estados brasileiros no cená-
fazer as devidas coligações com as oligarquias dos demais esta- rio político, o predomínio dos mesmos na ocupação do principal
dos brasileiros, Minas e São Paulo mantiveram, de modo geral, cargo no país envolvendo um esquema de mútua cooperação ca-
o controle político do País. racterizou tal período da história brasileira. O Tenentismo surgiu
- A situação econômica do período: Os principais produtos justamente como forma de contestação ao sistema político que
agrícolas brasileiros em condições de competir no exterior (açú- dominava o Brasil e não permitia espaços para grupos que não
car, algodão, borracha, cacau) sofrem a concorrência de outros fizessem parte da oligarquia.
países dirigidos pelo mundo capitalista. Assim, o Brasil teve suas Logo no início da década de 1920 se espalharam pelos quar-
exportações cada vez mais concentradas num único produto, téis os ideais do Movimento Tenentista. Carregando a bandeira
o café que chegou a representar 72,5% de nossas receitas de da democracia, o grupo que era formado basicamente por mili-
exportação. O café, contudo, padecia de frequentes crises de tares de baixa patente colocava em questão as principais marcas
produção que a política de valorização do produto ( compra e da Política do Café com Leite. Os militares defendiam a dinami-
estocagem pelo Governo) não conseguiu contornar A burguesia zação da estrutura do poder no país, almejando que o processo
agrária mais progressista desviou capitais para outras ativida- eleitoral se tornasse mais democrático e permitisse o acesso de
des econômicas. Durante Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mais grupos ao poder, questionavam o voto de cabresto e eram
surgiu toda uma conjuntura favorável a um expressivo impulso favoráveis ao direito da mulher ao voto. Descontentes com a
industrial brasileiro. Pelo mecanismo de substituição de impor- realidade política do Brasil, acreditavam que se fazia necessá-
tações a indústria nacional foi progressivamente conquistado o rio uma reforma no ensino público, assim como a concessão
mercado interno do país. da liberdade aos meios de comunicação, a restrição do Poder
- A crise da República Velha : No início da década de 1920, Executivo e a moralização dos ocupantes das cadeiras no Poder
crescia o descontentamento social contra o tradicional sistema Legislativo.
oligárquico que dominava politicamente o país. As revoltas te- O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao projeto,
nentistas ( Revolta do Forte de Copacabana, Revolução de 1924, mas com o tempo foi ficando claro que a defesa era pela im-
a Coluna Paulista e o desdobramento da Coluna Prestes) são re- plantação de um Estado forte e centralizado, através do qual as
flexos do clima de elevada tensão político-se oficial do período. necessidades do país poderiam ficar explícitas e resolvidas.
A contestação contra as velhas estruturas do País manifestaram- A evolução do Movimento Tenentista se dá ao longo da dé-
-se também no plano cultural, por intermédio do movimento cada de 1920 por via de suas expressões armadas. A primeira
culturista, cujo marco inicial foi a Semana de Arte Moderna de ação deste tipo dos Tenentes aconteceu em 1922 no evento co-
1922. A crise mundial de 1929, refletida no Brasil pela violenta nhecido como Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1924
queda dos preços do café, enfraqueceu o poder da oligarquia veio a Comuna de Manaus e a Revolução de 1924. Concomitan-
cafeeira e, indiretamente, afetou a estrutura política da Repú- temente teve início o evento mais duradouro e que percorreu
blica Velha. grande território no Brasil, a Coluna Prestes.
- A ruptura das oligarquias e a Revolução de 1930: Por oca- A Coluna Prestes foi um movimento em forma de guerrilha
sião das eleições presidenciais de 1930 ocorreu uma ruptura do e composto por militares, liderada por Luís Carlos Prestes o mo-
tradicional acordo político entre Minas e São Paulo. Os demais vimento saiu da região sul do país e percorreu mais de 3.000 Km
grupos sociais de oposição aproveitaram-se da oportunidade combatendo as tropas do governo. Em todos os confrontos a
para formar uma frente política ( Aliança Liberal) com os nomes Coluna Prestes saiu vencedora e por fim foi se refugiar na Bolívia
de Getúlio Vargas e João Pessoa, respectivamente para Presi- para arquitetar um golpe de Estado. O Tenentismo não gerou
dente e Vice-Presidente da República. O programa da Aliança efeitos imediatos no Brasil, mas o somatório dos acontecimen-
Liberal incorporava as principais metas reformistas do período tos na década de 1920 foi importante para abalar a estrutura
(voto secreto, leis trabalhistas, industrialização).Realizadas as política das oligarquias e mudar significativamente a ordem po-
eleições, a Aliança Liberal não conseguiu vencer o candidato do lítica no Brasil em 1930.
PRP e imputou o resultado adverso às costumeiras fraudes de
um sistema eleitoral corrompido. A revolta contra o Governo

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CONHECIMENTOS GERAIS
Em 1929 o Tenentismo integra a Aliança Liberal, mas nes- literatura, particularmente a poesia, movimentos como o Futu-
se momento Luís Carlos Prestes já havia se tornado comunista rismo, o Cubismo e o Expressionismo começavam a influenciar
e não mais integrava o movimento. A Aliança Liberal somava a os artistas brasileiros. Anita Malfatti trazia da Europa, em sua
luta Tenentista que envolvia o voto secreto e também feminino bagagem, experiências vanguardistas que marcaram intensa-
com a evolução do direito trabalhista. O Tenentismo foi funda- mente o trabalho desta jovem, que em 1917 realizou a que ficou
mental para que Getúlio Vargas assumisse o poder, tanto que conhecida como a primeira exposição do Modernismo brasilei-
após a Revolução de 1930 o presidente nomeou vários tenentes ro. Este evento foi alvo de escândalo e de críticas ferozes de
como interventores em quase todos os estados. O Tenentismo Monteiro Lobato, provocando assim o nascimento da Semana
se manteve presente na política e passa por uma cisão em 1937 de Arte Moderna.
quando um grupo decide seguir Luís Carlos Prestes e outro rom- O catálogo da Semana apresenta nomes como os de Anita
pe com o presidente Getúlio Vargas e passa a exercer a oposi- Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswal-
ção. O Movimento Tenentista esteve presente na deposição de do Goeldi, entre outros, na Pintura e no Desenho; Victor Breche-
Getúlio Vargas em 1945 e disputou as eleições presidenciais no ret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura;
mesmo ano e também em 1955. Quando ocorreu a Revolução de Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura. Entre
1964 que colocou os militares no poder no Brasil quase todos os os escritores encontravam-se Mário e Oswald de Andrade, Me-
comandantes eram tenentes na ocasião da Revolução de 1930, notti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais.
como é o caso de Ernesto Geisel, Castelo Branco e Médici. Dessa A música estava representada por autores consagrados, como
forma o Tenentismo se manteve vivo até meados da década de Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.
1970 quando os membros do movimento nascido na década de Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sendo culti-
1920 começaram a morrer. vadas. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente da Alemanha,
Ainda em 1922, tivemos um importante movimento social: realizara exposições em São Paulo e em Campinas, recepciona-
das com uma certa indiferença. Segall retornou então à Alema-
Semana da Arte Moderna nha e só voltou ao Brasil dez anos depois, em um momento bem
No aspecto cultural da sociedade, surgiu o choro e o sam- mais propício. A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a
ba, gêneros musicais que ainda fazem parte da cultura popular Semana, apesar da violenta crítica recebida, reunir ao seu re-
nacional. Na elite, a influência europeia, principalmente france- dor artistas dispostos a empreender uma luta pela renovação
sa, mudou o comportamento das pessoas ricas, em seu jeito de artística brasileira. A exposição de artes plásticas da Semana de
vestir, falar e se portar em público, o que ficou conhecido como Arte Moderna foi organizada por Di Cavalcanti e Rubens Borba
a Belle Époque (Bela Época) no Brasil. Surgiu também na Repú- de Morais e contou também com a colaboração de Ronald de
blica Velha a Semana de Arte Moderna de 1922, animada por Carvalho, do Rio de Janeiro. Após a realização da Semana, al-
vários artistas como Villa-Lobos e Mário de Andrade, e que pre- guns dos artistas mais importantes retornaram para a Europa,
tendia fazer uma antropofagia cultural, misturando elementos enfraquecendo o movimento, mas produtores artísticos como
das culturas europeia e brasileira na produção artística. Tarsila do Amaral, grande pintora modernista, faziam o caminho
A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Pau- inverso, enriquecendo as artes plásticas brasileiras.
lo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, teve como A Semana não foi tão importante no seu contexto tempo-
principal propósito renovar, transformar o contexto artístico e ral, mas o tempo a presenteou com um valor histórico e cultural
cultural urbano, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas, talvez inimaginável naquela época. Não havia entre seus parti-
na arquitetura e na música. Mudar, subverter uma produção ar- cipantes uma coletânea de ideias comum a todos, por isso ela
tística, criar uma arte essencialmente brasileira, embora em sin- se dividiu em diversas tendências diferentes, todas pleiteando
tonia com as novas tendências europeias, essa era basicamente a mesma herança, entre elas o Movimento Pau-Brasil, o Movi-
a intenção dos modernistas. mento Verde-Amarelo e Grupo da Anta, e o Movimento Antro-
Durante uma semana a cidade entrou em plena ebulição pofágico. Os principais meios de divulgação destes novos ideais
cultural, sob a inspiração de novas linguagens, de experiências eram a Revista Klaxon e a Revista de Antropofagia.
artísticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o conse- O principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar
quente rompimento com o passado. Novos conceitos foram di- a arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões euro-
fundidos e despontaram talentos como os de Mário e Oswald peus, e dar início à construção de uma cultura essencialmente
de Andrade na literatura, Víctor Brecheret na escultura e Anita nacional.
Malfatti na pintura.
O movimento modernista eclodiu em um contexto repleto 1930 – Revolução de 30 e o período de Vargas
de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio A designação movimento político de 1930 é a mais apro-
a este redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e priada para o processo de destituição do presidente Washington
linguagens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como Luís (1926-1930) e a ascensão de Getúlio Vargas ao governo do
toda inovação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, país. Não obstante, ter havido uma alteração no cenário político
e a crítica não poupou esforços para destruir suas ideias, em nacional, não ocorreu uma transformação drástica dos quadros
plena vigência da República Velha, encabeçada por oligarcas do políticos que continuaram a pertencer às oligarquias estaduais.
café e da política conservadora que então dominava o cenário As reformas realizadas eram imperiosas para agregar as oligar-
brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéticos europeus quias periféricas ao governo federal. Desse modo, o emprego
mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sensibilidade e afron- do termo “Revolução de 1930”, costumeiramente adotado para
tada em suas preferências artísticas. esse processo político, não é o mais adequado.
A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessida- Alguns fatores propiciaram a instauração da segunda fase
de de transformar os antigos conceitos do século XIX. Embora do período republicano, desencadeada pela emergência do mo-
o principal centro de insatisfação estética seja, nesta época, a vimento político de 1930. A quebra da bolsa de Nova Iorque, em

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CONHECIMENTOS GERAIS
outubro de 1929, provocou a queda da compra do café brasilei- dirigiam-se para o Rio de Janeiro, então capital federal, onde
ro pelos países Europeus e Estados Unidos. O café era o principal Getúlio Vargas seria elevado à presidência da República. Nesse
produto exportado pelo Brasil, e a redução das vendas das safras processo, uma junta provisória militar depôs Washington Luís e
afetou a economia. No início do século XX era comum o finan- assumiu o comando do país, em 24 de outubro de 1930. Quando
ciamento federal à produção cafeeira, por meio da aquisição Getúlio Vargas chegou com as tropas ao Rio de Janeiro, em 3 de
de empréstimos externos. Com a eclosão da crise de 1929 esse novembro de 1930, a junta provisória lhe transferiu o governo.
subsídio foi inviabilizado, debilitando o principal investimento Assim, iniciou o Governo Provisório de Getúlio Vargas.
nacional da época. As revoltas tenentistas ocorridas durante a
década de 1920 e as manifestações e greves operárias também Era Vargas
foram importantes aspectos que geraram instabilidade política A Era Vargas, que teve início com a Revolução de 1930 e
no país. A fragilidade da economia nacional e a insatisfação de expulsou do poder a oligarquia cafeeira, ramifica-se em três mo-
parcelas da população suscitaram a vulnerabilidade do regime mentos: o Governo Provisório -1930-1934 -, o Governo Consti-
oligárquico. tucional - 1934-1937 - e o Estado Novo - 1937-1945. Durante o
Durante a Primeira República destacavam-se econômica e Governo Provisório, o presidente Getúlio Vargas deu início ao
politicamente as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, por processo de centralização do poder, eliminou os órgãos legislati-
isso as sucessões presidenciais eram decididas pelos políticos vos - federal, estadual e municipal -, designando representantes
desses Estados. Essa prática ficou conhecida como política do do governo para assumir o controle dos estados, e obstruiu o
café com leite, em referência aos principais produtos de São conjunto de leis que regiam a nação.
Paulo e Minas Gerais. Em 1929, esperava-se que a candidatura Nesse momento temos a Revolução Constitucionalista
para a presidência da República fosse de um político mineiro, já (1932) - Dois anos depois da Revolução de 30, a 9 de julho de
que o então presidente consolidara a carreira política no Estado 1932, o Estado de São Paulo se rebelou contra a ditadura Vargas.
de São Paulo. No entanto, Washington Luís apoiou a candidatura Embora o movimento tenha nascido de reivindicações da elite
do paulista Júlio Prestes para a presidência da República e de Vi- paulista, teve ampla participação popular. Apesar da derrota -
tal Soares para a vice-presidência, descontentando a oligarquia São Paulo lutou isolado contra as demais unidades da federação
mineira. -, a resistência foi um marco nas lutas em favor da democracia
Os dissídios entre as oligarquias geraram as articulações no Brasil.
para construir uma oposição à candidatura situacionista. O pre- A oposição às ambições centralizadoras de Vargas concen-
sidente do Estado de Minas Gerais, Antonio Carlos Ribeiro de trou-se em São Paulo, que de forma violenta começou uma agi-
Andrada, entrou em contato com o presidente do Estado do tação armada – este evento entrou para a história, exigindo a
Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas, para formar uma aliança de realização de eleições para a elaboração de uma Assembleia
oposição. O presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa, ne- Constituinte. Apesar do desbaratamento do movimento, o pre-
gou-se a participar da candidatura de Júlio Prestes e agregou-se sidente convocou eleições para a Constituinte e, em 1934, apre-
aos oposicionistas. Além dos presidentes desses três Estados, sentou a nova Carta.
parcelas do movimento tenentista e as oposições aos demais A nova Constituição sancionou o voto secreto e o voto femi-
governos estaduais formaram a Aliança Liberal, e lançaram a nino, além de conferir vários direitos aos trabalhadores, os quais
candidatura de Getúlio Vargas à presidência e João Pessoa à vi- vigoram até hoje.
ce-presidência. Dentre algumas das propostas da Aliança Liberal Durante o Governo Constitucional, a altercação política se
para a reformulação política e econômica no país, constavam deu em volta de dois ideários primordiais: o fascista – conjunto
no programa: a representação popular pelo voto secreto, anistia de ideias e preceitos político-sociais totalitários introduzidos na
aos insurgentes do movimento tenentista na década de 1920, Itália por Mussolini –, defendido pela Ação Integralista Brasilei-
reformas trabalhistas, a autonomia do setor Judiciário e a ado- ra, e o democrático, representado pela Aliança Nacional Liber-
ção de medidas protecionistas aos produtos nacionais para além tadora, que contava com indivíduos partidários das reformas
do café. profundas da sociedade brasileira.
A eleição para a presidência ocorreu em 1° de março de Getúlio Vargas, porém, cultivava uma política de centraliza-
1930 e o resultado foi favorável à chapa Júlio Prestes – Vital ção do poder e, após a experiência frustrada de golpe por parte
Soares. Apesar de a Aliança Liberal acusar o pleito eleitoral de da esquerda - a histórica Intentona Comunista -, ele suspendeu
fraudulento, a princípio não houve requisição do posto de pre- outra vez as liberdades constitucionais, fundando um regime
sidente da República. ditatorial em 1937. Nesse mesmo ano, estabeleceu uma nova
Os partidários oposicionistas apenas decidiram pegar em Constituição, influenciada pelo arquétipo fascista, que afiançava
armas e alçar Getúlio Vargas à presidência com a morte de João vastos poderes ao Presidente.
Pessoa, em 26 de julho de 1930. João Pessoa foi assassinado por A nova constituição acabava com o Legislativo e determi-
conta de um conflito da política regional da Paraíba, no entanto, nava a sujeição do Judiciário ao Executivo. Objetivando um
o governo federal foi responsabilizado por esse atentado. domínio maior sobre o aparelho de Estado, Vargas instituiu o
Membros da Aliança Liberal entraram em contato com os Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e o De-
generais para apoiarem a deposição de Washington Luís e ga- partamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que, além de fis-
rantirem que Getúlio Vargas se tornasse o próximo dirigente do calizar os meios de comunicação, deveria espalhar uma imagem
país. positiva do governo e, especialmente, do Presidente.
Em 3 de outubro de 1930, a Aliança Liberal iniciou as incur- As polícias estaduais tiveram suas mordomias expandidas e,
sões armadas. Na região Nordeste, as tropas foram lideradas por para apoderar-se do apoio da classe trabalhadora, Vargas con-
Juarez Távora, e tiveram como área de disseminação o Estado da cedeu-lhes direitos trabalhistas, tais como a regulamentação do
Paraíba. E na região Sul, as tropas possuíam maior quantidade trabalho noturno, do emprego de menores de idade e da mu-
de membros comandados pelo general Góis Monteiro. As tropas lher, fixou a jornada de trabalho em oito horas diárias de serviço

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CONHECIMENTOS GERAIS
e ampliou o direito à aposentadoria a todos os trabalhadores Em 1930 com a entrada de Getúlio no poder, instaura-se
urbanos, apesar de conservar a atividade sindical nas mãos do uma política de industrialização em que é criada a “lei de Sin-
governo federal. O Estado Novo implantou no Brasil a doutrina dicalização” n° l9. 770 (imposto sindical), na qual o controle e
política de intervenção estatal sobre a economia e, ao mesmo repressão impediam a participação dos estrangeiros nas dire-
tempo em que proporcionava estímulo à área rural, apadrinhava ções, controlavam-se as finanças dos sindicatos, além de proibir
o crescimento industrial, ao aplicar fundos destinados à criação suas atividades políticas e ideológicas. Nessa época, era imposto
de infra-estrutura industrial. Foram instituídos, nesse espaço para a classe trabalhadora filiar-se ao sindicato oficial, desestru-
de tempo, o Ministério da Aeronáutica, o Conselho Nacional do turando os sindicatos autônomos existentes e também desarti-
Petróleo que, posteriormente, no ano de 1953, daria origem à culando a luta de classes, tornando-se um órgão assistencialista.
Petrobrás, fundou-se a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN “Mas isso não impediu que as lutas operárias, sociais e sindicais
-, a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Hidrelétrica do se desenvolvessem amplamente durante os anos 1930-64.” (AN-
São Francisco e a Fábrica Nacional de Motores – FNM -, dentre TUNES, 2007: 290)
outras. Publicou o Código Penal, o Código de Processo Penal e a Em 1964, com o golpe de Estado e entrada da Ditadura Mi-
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT -, todos em vigor atu- litar, houve uma repressão ao movimento Sindical. A economia
almente. Getúlio Vargas foi responsável também pelas concep- do país teve expansão para o exterior, o que emergiu uma pro-
ções da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário blemática para a classe trabalhadora: o rebaixamento dos sa-
mínimo, da estabilidade no emprego depois de dez anos de ser- lários, super exploração do trabalho, alta jornada de trabalho.
viço - revogada em 1965 -, e pelo descanso semanal remunera- “De modo sintético, pode-se dizer que o movimento operário
do. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial contra e sindical no pré-64 foi predominantemente reformista sobre a
os países do Eixo foi a brecha que surgiu para o crescimento da hegemonia forte do PCB, que aceitava a política de aliança poli-
oposição ao governo de Vargas. Assim, a batalha pela democra- classista entre o capital e o trabalho. Mas foi também um perí-
tização do país ganhou fôlego. O governo foi forçado a indultar odo de grandes lutas sociais e grevistas.” (ANTUNES, 2007: 291)
os presos políticos e os degredados, além de constituir eleições No período da Ditadura Militar, houve uma privatização de
gerais, que foram vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado empresas estatais e uma expansão do capitalismo que ampliou
pelo governo, o general Eurico Gaspar Dutra. Era o fim da Era significativamente a classe trabalhadora.
Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retorna- Após vários anos de repressão e controle, em 1978, as gre-
ria à presidência pelo voto popular. ves voltaram com intensidade e, em 1980, emerge um novo mo-
É comum vermos a expressão Quarta República, que relata vimento sindical denominado ou chamado “novo sindicalismo”.
fatos que aconteceram nesse período, então temos aqui uma Esse movimento sindical tem força junto à classe trabalhadora e
síntese do que a quarta republica representa. atua fortemente na defesa dos interesses igualitários e na luta
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Vargas estava de classes por seus direitos. Vai também abranger os trabalha-
enfraquecido. Um golpe comandado pelo general Eurico Gaspar dores rurais que vêm com um forte movimento de luta pela re-
Dutra o retirou do poder. Uma nova Constituição foi adotada em forma agrária.
1946, garantindo a realização de eleições diretas para presiden-
te da República e para os governos dos estados. O Congresso O movimento de 1964 e
Nacional voltou a funcionar e houve alternância no poder. O Golpe Militar de 1964 redesenhou o panorama político,
Entretanto, foi um período de forte instabilidade política. social, econômico e cultural brasileiros pelas duas décadas se-
As mudanças sociais decorrentes da urbanização e da industria- guintes. Executado no dia 31 de março daquele ano, o golpe le-
lização projetavam novas forças políticas que pretendiam apro- vou à deposição de João Goulart e fez se instalar no país uma
fundar o processo de modernização da sociedade e do Estado ditadura militar que durou até o ano de 1985.
brasileiro, o que desagrava as elites conservadoras. O período Apesar de ter ocorrido no ano de 1964, o golpe passou a ser
foi marcado por várias tentativas de golpe de Estado, levando desenhado desde as primeiras medidas de João Goulart, conhe-
inclusive ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954. cido como Jango. O cenário de sua posse em 07 de setembro de
O governo de JK conseguiu imprimir um acelerado desen- 1961 já era conturbado: desestabilidade política, inflação, esgo-
volvimento industrial em algumas áreas, mas não pôde resol- tamento do ciclo de investimentos do governo Juscelino Kubits-
ver o problema da exclusão social na cidade e no campo. Essas chek, grande desigualdade social e intensas movimentações em
medidas de mudança social iriam compor a base das propostas torno da questão agrária. Diante desse cenário e de acordo com
do Governo de João Goulart. O estado brasileiro estava cami- suas tendências políticas, declaradamente de esquerda, Jango
nhando para resolver demandas há muito reprimidas, como a apostou nas Reformas de Base para enfrentar os desafios lança-
reforma agrária. Frente ao perigo que representava aos seus dos a seu governo.
interesses econômicos e políticos, as classes dominantes mais As Reformas de Base propunham diversas reformas: urba-
uma vez orquestraram um golpe de Estado, com a deposição na, bancária, eleitoral, universitária e do estatuto do capital es-
pelo exército de João Goulart, em 1964. trangeiro. Dentre elas, três incomodavam de forma especial à
direita. A reforma eleitoral colocaria novamente no jogo políti-
Sindicalismo co o Partido Comunista e permitiria que analfabetos votassem,
O sindicalismo surgiu no final do século XIX com a chegada o que correspondia a 60% da população brasileira. Essas me-
dos imigrantes europeus, que traziam consigo a influência do didas poderiam provocar grandes mudanças no equilíbrio dos
sindicalismo de seu país. Dessa forma, as condições trabalhis- partidos políticos dominantes naquele contexto. A reforma do
tas brasileiras começaram a ser questionadas. Assim, tem-se um estatuto do capital estrangeiro também provocou polêmica ao
primeiro contato com os ideais sindicais no Brasil. propor nova regulamentação para a remessa de lucros para fora
do Brasil e propunha a estatização da indústria estratégica. Mas
nenhuma delas foi alvo de tantas especulações e mitos quanto

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CONHECIMENTOS GERAIS
a proposta de implementação da reforma agrária. Essa reforma o Comício da Central do Brasil. Ocorrido em uma sexta-feira, 13
mexeria com a histórica estrutura latifundiária brasileira que, de março de 1964, o evento esteve cercado de simbologias que
em muitos casos, remontavam aos séculos de colonização. o ligavam a figura de Getúlio Vargas e mobilizou entre 150 e 200
Para os grupos economicamente hegemônicos, tais propos- mil pessoas por mais de 4 horas de duração. Como havia se com-
tas eram alarmantes não apenas por serem defendidas pelo Pre- prometido em seu discurso, Jango encaminhou ao Congresso o
sidente da República, mas porque naquele momento a esquerda pedido de convocação de um plebiscito para a aprovação das
encontrava-se unida e organizada, movimentando-se em todo reformas sugeridas e a delegação de prerrogativas do Legislativo
o território nacional e mostrando sua cara e seus objetivos em para o Executivo, o que foi visto como uma tentativa de centra-
passeatas, publicações e através de forte presença no meio po- lização do poder nas mãos do presidente.
lítico. Longe do imaginário do século XIX, a esquerda daquele Em reação às ações de Jango, o Congresso passou a sus-
momento era formada por uma grande diversidade de grupos, peitar de suas intenções e essa posição repercutiu nos meios
tais como comunistas, católicos, militares de diferentes ordens, de comunicação em um tom que indicava que o presidente po-
estudantes, sindicalistas entre outros. Todos eles voltados para deria a qualquer momento dissolver o Congresso para colocar
a aprovação das Reformas de Base e estendendo suas influên- em prática as reformas na base da força. A partir desse clima
cias por diversos campos da vida pública. de desconfianças e alardes, foi organizada a Marcha da Família
Diante desse abismo entre os grupos de direita e de es- com Deus pela Liberdade, preparada pelo IPES sob a figura da
querda durante o Governo de Jango, o golpe começou a ser União Cívica Feminina com o apoio de setores de direita. A Mar-
elaborado pelos grupos conservadores e pelas Forças Armadas cha reuniu cerca de 500 mil pessoas na Praça da República, na
em diálogo com os EUA (Estados Unidos da América) através capital paulista, em protesto contra o governo de Jango e suas
da CIA (Central Intelligence Agency) pensando nas eleições de pretensões, classificadas como comunistas. Sendo um movimen-
1962 para o Congresso Nacional e para o governo dos estados to prioritariamente de classe média, a Marcha foi menospreza-
da União. A composição que assumiria no ano seguinte seria de da pela esquerda, mas demonstrou seu poder em converter a
vital importância para os avanços das propostas da esquerda e, opinião pública a respeito de João Goulart em diversas capitais,
por isso, interessados na queda de Jango financiaram de forma alastrando-se pelos estados com a contribuição dos meios de
ilegal campanhas de candidatos de oposição ao governo. Esse fi- comunicação.
nanciamento foi realizado pelo empresariado nacional e estran- Ainda faltava a unificação das forças militares em favor do
geiro através do IBAD (Instituto Brasileiro da Ação Democrática). golpe, o que foi provocado pelas atitudes tomadas por Jango em
Os EUA também investiram nessa campanha através de fontes relação aos marinheiros que participaram da Revolta dos Mari-
governamentais, como provam documentos e áudios da Casa nheiros, realizada em 25 de março. Ao anistiar os revoltosos e
Branca. Nesse contexto o diplomata Lincoln Gordon participou passar por cima das autoridades militares responsáveis, Jango
ativamente da conspiração, trabalhando juntamente ao IBAD e deu o último elemento necessário à realização do golpe de 1964:
ao IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais), responsáveis o apoio das Forças Armadas. Os EUA já estavam a postos para
por diversas propagandas anticomunistas que contribuíram para colocar em prática a Operação Brother Sam e, em 31 de março
a desestabilização de um governo que já enfrentava diversos de- de 1964, o pontapé foi dado pelos mineiros, sob a liderança do
safios. general Olympio Mourão Filho, que marchou com suas tropas
Em 1963, a votação favorável ao retorno do presidencia- de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro e iniciou o processo de de-
lismo deu novos ânimos ao governo de Jango que, apesar das posição do presidente João Goulart com o apoio dos EUA e das
ações contrárias, ainda se mostrava com grande popularidade. Forças Armadas. O Golpe foi concluído na madrugada de 02 de
Mesmo assim, o ano de 1963 foi marcado por intensa atuação abril de 1964, quando o Congresso, em sessão secreta realizada
da direita e da esquerda e esse embate começou a ser favorável de madrugada, declarou a Presidência da República vaga.
a direita a partir da derrota da emenda constitucional que bus- A Lei de Segurança Nacional é um documento legal que os
cava viabilizar a reforma agrária. Outro fato que abalou Brasília países instituem para regular as regras referentes à segurança
em 1963 foi a Rebelião dos Sargentos na qual sargentos da Aero- nacional, a ordem e contra distúrbios sociais em seus territórios.
náutica e da Marinha invadiram o Supremo Tribunal Federal em Lei de Segurança Nacional do Brasil é uma lei que visa ga-
protesto contra a declaração de inelegibilidade dos sargentos rantir a segurança nacional do Estado contra a subversão da lei
eleitos em 1962. e da ordem. No Brasil, a atual Lei de Segurança Nacional (LSN)
O cenário ficou ainda mais conturbado após a entrevista é a de número 7.170, de 14 de dezembro de 1983,[8] que define
concedida por Carlos Lacerda a um jornal norte-americano, no os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social,
qual declarou que o cenário político brasileiro sob o governo além de estabelecer seu processo e julgamento.
de Jango era de incertezas, ato que foi visto com maus olhos O Brasil teve diversas leis de segurança nacional, desde
pelo presidente e o levou a solicitar ao Congresso a instalação 1935:
do estado de sítio. Sua atitude foi vista de forma negativa pelos • Lei 38, de 4 de abril de 1935. Foi posteriormente reforçada
governadores dos estados que lhe recusaram apoio. Uma nova pela Lei nº 136, de 14 de dezembro do mesmo ano, pelo Decre-
coligação entre PTB, UDN e PSD mostrou ter a mesma posição, o to-Lei 431, de 18 de maio de 1938 e pelo Decreto-Lei 4.766, de
estado de sítio não seria aprovado pelo Congresso. Desse emba- 1º de outubro de 1942, que definia crimes militares e contra a
te, Jango saiu com seu poder abalado. segurança do Estado.
Com inflação anual na casa de 79,9%, um crescimento eco- • Lei 1.802, de 5 de janeiro de 1953.
nômico tímido (1,5%) o Brasil passou a sofrer restrições dos • Decreto-Lei 314, de 13 de março de 1967. Transformava
credores internacionais. Nesse contexto, os EUA passaram a fi- em legislação a Doutrina de Segurança Nacional, que se tornara
nanciar o golpe através dos governos dos estados de São Pau- fundamento do Estado após a tomada do governo pelos milita-
lo, Guanabara (atual Rio de Janeiro) e Minas Gerais. Frente às res em 1964.
pressões sofridas nos meses que se seguiram, Jango articulou

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CONHECIMENTOS GERAIS
• Decreto-Lei 898, de 29 de setembro de 1969. Essa Lei de O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a
Segurança Nacional foi a que vigorou por mais tempo no regime cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e
militar. São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa
Após a queda da ditadura do Estado Novo em 1945, a Lei o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder.
de Segurança Nacional foi mantida nas Constituições brasileiras Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1).
que se sucederam. No período dos governos militares (1964- Este Ato cassa mandatos políticos de opositores ao regime mili-
1985), o princípio de segurança nacional iria ganhar importância tar e tira a estabilidade de funcionários públicos.
com a formulação, pela Escola Superior de Guerra, da doutri-
na de segurança nacional. Setores e entidades democráticas da GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
sociedade brasileira, como a Ordem dos Advogados do Brasil,
sempre se opuseram à sua vigência, denunciando-a como um Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso
instrumento limitador das garantias individuais e do regime de- Nacional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em
mocrático. seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém
Mas a lei 7170/83 é a versão mais recente de uma legislação ao começar seu governo, assume uma posição autoritária.
que ganhou forma em 1935, durante o governo do então pre- Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dis-
sidente Getúlio Vargas, e foi sendo alterada por novas leis ou solver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e es-
decretos presidenciais ao longo do tempo. taduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus
Durante o período dos governos militares (1964-1985), dife- direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos
rentes versões da Lei de Segurança Nacional foram usadas, prin- receberam intervenção do governo militar.
cipalmente, contra os que se opunham à ditadura. Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estava
Com o fim do regime militar, a legislação que prevê crimes autorizado o funcionamento de dois partidos: Movimento De-
que ameacem ou comprometam a soberania nacional, o regime mocrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional
democrático e os chefes dos Três Poderes continuou sendo apli- (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma
cada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. controlada, o segundo representava os militares.
O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova
DO PERÍODO MILITAR NO BRASIL ATÉ A NOVA REPUBLICA Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Cons-
BRASILEIRA tituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e
suas formas de atuação.
1964 - Golpe de 1964
Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)
política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta
época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de demo- Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa
cracia, supressão de direitos constitucionais, censura, persegui- e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional.
ção política e repressão aos que eram contra o regime militar. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A
A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Qua- oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacio-
dros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu nal dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos
a presidência num clima político adverso. O governo de João Cem Mil.
Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários para-
sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores lisam fábricas em protesto ao regime militar.
ganharam espaço, causando a preocupação das classes conser- A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jo-
vadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja vens idealistas de esquerda, assaltam bancos e sequestram em-
Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada baixadores para obterem fundos para o movimento de oposição
do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, armada.
o mundo vivia o auge da Guerra Fria. No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato
Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mes- Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo
mo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservado- militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as
ras brasileiras, temiam um golpe comunista. garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e
Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacio- policial.
nal (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969)
de estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsá-
vel pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfren- Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar
tava. formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Au-
No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um gran- gusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aero-
de comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende náutica).
as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o
radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país. embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a
Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organi- libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com su-
zam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi cesso. Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de
a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu mi- Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte
lhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo. em casos de “guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou
subversiva”.

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CONHECIMENTOS GERAIS
No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi mor- GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
to pelas forças de repressão em São Paulo.
A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o
GOVERNO MÉDICI (1969-1974) processo de redemocratização. O general João Baptista Figueire-
do decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o gene- Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e
ral Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura con-
duro e repressivo do período, conhecido como «anos de chum- tinuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são coloca-
bo». A repressão à luta armada cresce e uma severa política de das em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do
censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças Brasil). No dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode durante
de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística um show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado
são censuradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas fora provavelmente promovido por militares de linha dura, em-
e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do bora até hoje nada tenha sido provado.
país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluriparti-
ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro darismo no país. Os partidos voltam a funcionar dentro da nor-
de investigação e repressão do governo militar. malidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto
Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como:
Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Traba-
forças militares. lhista (PDT).

O Milagre Econômico A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já

Na área econômica o país crescia rapidamente. Este período Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vá-
que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época do Milagre rios problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto
Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% isso a oposição ganha terreno com o surgimento de novos parti-
ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos dos e com o fortalecimento dos sindicatos.
internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de fu-
uma base de infraestrutura. Todos estes investimentos geraram tebol e milhões de brasileiros participam do movimento das
milhões de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas fa- Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda
raônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente
a Ponte Rio-Niterói. naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi apro-
Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a vada pela Câmara dos Deputados.
conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros É denominado «Nova República” na história do Brasil, o
geraram uma dívida externa elevada para os padrões econômi- período imediatamente posterior ao Regime Militar, época de
cos do Brasil. exceção das liberdades fundamentais e de perseguição a oposi-
tores do poder.
GOVERNO GEISEL (1974-1979) É exatamente pela repressão do período anterior que aflo-
ram, de todos os setores da sociedade brasileira o desejo de
Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que iniciar uma nova fase do governo republicano no país, com elei-
começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu ções diretas, além de uma nova constituição que contemplasse
governo coincide com o fim do milagre econômico e com a in- as aspirações de todos os cidadãos. Pode-se denominar tal perí-
satisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a reces- odo também como a Sexta República Brasileira.
são mundial interferem na economia brasileira, no momento em A Nova República inicia-se com o fim do mandato do presi-
que os créditos e empréstimos internacionais diminuem. dente e general João Batista de Oliveira Figueiredo, mas mesmo
Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A antes disto, o povo havia dado um notável exemplo de união e
oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, de cidadania, ao sair às ruas de todo país, pressionando o le-
o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câma- gislativo a aprovar a volta da eleição direta para presidente, a
ra dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes Campanha das Diretas-Já, que não obteria sucesso, pois a Emen-
cidades. da Dante de Oliveira, como ficou conhecida a proposta de voto
Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos direto, acabou não sendo aprovada.
do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria
aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Her- o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf,
zog á assassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança
Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela
em situação semelhante. Frente Liberal.
Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-cor- Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica do-
pus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil. ente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presi-
dente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição
para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da dita-
dura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.

66
CONHECIMENTOS GERAIS
Brasil na atualidade centração de renda, certa estagnação da economia (estimativa
de baixo crescimento do PIB), a retomada da política de priva-
Quando falamos de Brasil Atual, geralmente nos referimos tizações e o fenômeno da desindustrialização que assola o país
a temas que dizem respeito aos últimos trinta anos de nossa (apesar da recente baixa de juros), a falência de empresas e ne-
história, isto é, desde o fim dos Governo Militares até os dias gócios, a continuidade dos gigantescos déficits públicos, o au-
de hoje. Nesse sentido, comentaremos temas relativos a esse mento da tributação (falta de correção na tabela do IRPF, por
período, que vai desde a abertura democrática, começada com exemplo), a comprovada mobilidade social descendente (com
a Lei de Anistia (de 1979), até as manifestações populares que muitos cruzando novamente para baixo da linha da pobreza), o
ocorreram nos anos de 2013 e 2015. crescimento da fome e da miséria, acentuando, assim, a já enor-
Nesse arco temporal, diversos temas interpõem-se. O Movi- me desigualdade social que caracteriza o Brasil.
mento pelas Diretas Já é um dos primeiros e mais significativos. Em relação ao cenário político, o novo presidente eleito
Com a abertura política articulada entre civis e militares, entre herdará enormes desafios: crescente e insustentável dívida pú-
os anos de 1979 e 1985, a população vislumbrou a possibilidade blica, uma população polarizada e uma oposição ferrenha, uma
de voltar a exercer o direito ao voto direto na eleição de seus indústria em frangalhos, além da “obrigação” de cumprir algu-
representantes. Entretanto, o primeiro presidente civil, após mas promessas eleitorais que analistas dizem beirar o infactível.
o longo período militar, foi eleito indiretamente em 1985. Seu Geografia do Brasil
nome era Tancredo Neves, que faleceu antes de tomar posse.
José Sarney, eleito vice, assumiu o cargo, exercendo-o até 1989. A Geografia do Brasil compreende aspectos como área, cli-
O governo Sarney foi um dos mais conturbados da chamada ma, hidrografia, relevo, vegetação, entre outros.
“Nova República”, sobretudo pelos transtornos econômicos pe- Localizado na América do Sul, sua extensão é de mais de 8,5
los quais o país passou. Todavia, foi durante o governo Sarney milhões de quilômetros quadrados de extensão (8.515.759,090
que foi reunida a constituinte para a elaboração da nova Consti- km2) o que faz dele o quinto maior país do mundo.
tuição Federal. O processo de elaboração da carta constitucional Também é um dos países mais populosos. Apesar de ter
foi encabeçado por Ulisses Guimarães, um dos líderes do novo 204.450.649 habitantes é qualificado como pouco povoado pelo
partido herdeiro do MDB, o PMDB. A versão oficial da Consti- fato de que conta com 22,4 hab./km2.
tuição ficou pronta em 1988. Nela havia o restabelecimento da O país está dividido em cinco regiões (Nordeste, Norte, Cen-
ordem civil democrática e das liberdades individuais, bem como tro-Oeste, Sudeste e Sul) e tem 26 estados e um Distrito Federal.
a garantia das eleições diretas. Faz fronteira com Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana
Em 1989, as primeiras eleições diretas ocorreram e foi elei- Francesa, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uru-
to como presidente Fernando Collor de Melo. Collor também guai. Isso quer dizer que faz fronteira com quase todos os países
desenvolveu um governo com forte instabilidade econômica, desse subcontinente americano, exceto com Chile e Equador.
porém permeado também com grandes escândalos políticos, O relevo brasileiro é formado principalmente por planaltos
que desencadearam contra ele um processo de impeachment, e depressões. O Brasil é banhado pelo oceano Atlântico e possui
diante do qual preferiu renunciar ao cargo de presidente. O vice as maiores bacias hidrográficas do mundo.
de Collor, Itamar Franco, continuou no poder até o término do
mandato, na passagem de 1993 para 1994. População Brasileira
Nesse período, um importante dispositivo financeiro foi
criado para resolver o problema das sucessivas crises econômi- A expectativa de vida da população brasileira é de 73 anos.
cas: o Plano Real, elaborado e efetivado por nomes como Gusta- São Paulo é o estado mais populoso do Brasil com 41,2 mi-
vo Franco e Fernando Henrique Cardoso. lhões de habitantes. Depois dele, Minas Gerais, com 19,5 mi-
Esse último, parlamentar e sociólogo por formação, candi- lhões de habitantes.
datou-se à presidência, vencendo o pleito e ocupando esse car- Esses dados mostram que a região brasileira com maior con-
go de 1994 a 1998. Depois, foi reeleito e governou até 2002. centração populacional é o Sudeste.
Nas eleições de 2002, um dos partidos que haviam nascido no Enquanto isso, o estado brasileiro que tem a população mais
período da abertura democrática, o PT – Partido dos Trabalha- pequena é Roraima, com 451,2 mil habitantes.
dores, conseguiu eleger seu candidato: Luís Inácio Lula da Silva,
que, a exemplo de Fernando Henrique, governou o país por oito Relevo Brasileiro
anos, de 2002 a 2010. A sucessora de Lula, a também filiada ao Os planaltos, áreas elevadas e planas, ocupam a maior parte
PT, Dilma Rousseff, governou o país de 2010 até 2016, quando do nosso território, cerca de 5.000.00 km2. São divididos em:
teve aprovado no senado o processo de impeachment, saindo • Planalto das Guianas
de cena portanto e tendo seu vice o papel de assumir o governo • Planalto Brasileiro
em meio à maior crise econômica e politica que o Brasil já viveu • Planalto Central
dentro da nova republica. • Planalto Meridional
Em relação ao aspecto econômico, a longa e profunda crise • Planalto Nordestino
que o Brasil atravessa deixa um rastro de impactos negativos • Serras e Planaltos do Leste e do Sudeste,
sobre o sistema de produção, o mercado de trabalho e a qua- • Planalto do Maranhão-Piauí
lidade de vida das famílias brasileiras. Há indicadores objetivos • Planalto Dissecado de Sudeste (Escudo Sul-Riograndense)
que dão sustentação à percepção de que os dias são difíceis: o Junto com as depressões, áreas mais baixas, os planaltos
achatamento do valor real dos salários, a redução do poder de ocupam cerca de 95% do território nacional. As principais de-
compra, os elevados níveis de desemprego, a epidemia de endi- pressões do nosso país são Depressões Norte e Sul Amazônica.
vidamento, os aumentos nos preços dos combustíveis (apesar
do momentâneo controle da inflação), o crescimento da con-

67
CONHECIMENTOS GERAIS
As principais planícies do Brasil, que se caracterizam pela Relevo brasileiro
áreas planas quase sem variação de altitude são: Planície Ama-
zônica, Planície do Pantanal e Planície Litorânea. Estrutura Geológica do Brasil

Hidrografia Brasileira Três estruturas geológicas distintas compõem o Brasil: escu-


dos cristalinos, bacias sedimentares e terrenos vulcânicos.
Ao todo, o Brasil tem 12 regiões hidrográficas, dentre as
quais a bacia amazônica, a maior de todas. São elas:
• Região Hidrográfica Amazônica
• Região Hidrográfica Tocantins Araguaia
• Região Hidrográfica do Paraná
• Região Hidrográfica do São Francisco
• Região Hidrográfica do Paraguai
• Região Hidrográfica do Uruguai
• Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental
• Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental
• Região Hidrográfica do Parnaíba
• Região Hidrográfica Atlântico Leste
• Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
• Região Hidrográfica Atlântico Sul

Clima Brasileiro Área de mineração na Serra dos Carajás, nesse local é extra-
ído minério de ferro formado em escudos cristalinos.
Na maior parte do país o clima é quente, o que decorre da
sua localização, entre a Linha do Equador e o Trópico de Capri- A realização de estudos direcionados ao conhecimento geo-
córnio. lógico é de extrema importância para saber quais são as princi-
Apesar disso existem 6 principais tipos de climas no Brasil: pais jazidas minerais e sua quantidade no subsolo. Tal informa-
Equatorial, Tropical, Tropical Semiárido, Tropical de Altitude, ção proporciona o racionamento da extração de determinados
Tropical Litorâneo e Subtropical. minérios, de maneira que não comprometa sua reserva para o
futuro.
Vegetação Brasileira A superfície brasileira é constituída basicamente por três
estruturas geológicas: escudos cristalinos, bacias sedimentares
No nosso país localiza-se a maior floresta tropical do Mun- e terrenos vulcânicos.
do. Parte da Floresta Amazônica, o “Pulmão do Mundo”, tam- • Escudos cristalinos: são áreas cuja superfície se constituiu
bém encontra-se em outros 8 países da América do Sul. no Pré-Cambriano, essa estrutura geológica abrange aproxima-
damente 36% do território brasileiro. Nas regiões que se for-
A vegetação brasileira é constituída principalmente por: maram no éon Arqueano (o qual ocupa cerca de 32% do país)
• Caatinga existem diversos tipos de rochas, com destaque para o grani-
• Cerrado to. Em terrenos formados no éon Proterozoico são encontradas
• Mangue rochas metamórficas, onde se formam minerais como ferro e
• Pampa manganês.
• Pantanal • Bacias sedimentares: estrutura geológica de formação
• Mata Atlântica mais recente, que abrange pelo menos 58% do país. Em regiões
• Mata das Araucárias onde o terreno se formou na era Paleozoica existem jazidas car-
• Mata dos Cocais boníferas. Em terrenos formados na era Mesozoica existem ja-
• Amazônia zidas petrolíferas. Em áreas da era Cenozoica ocorre um intenso
processo de sedimentação que corresponde às planícies.
• Terrenos vulcânicos: esse tipo de estrutura ocupa somen-
te 8% do território nacional, isso acontece por ser uma formação
mais rara. Tais terrenos foram submetidos a derrames vulcâni-
cos, as lavas deram origem a rochas, como o basalto e o dia-
básio, o primeiro é responsável pela formação dos solos mais
férteis do Brasil, a “terra roxa”.

68
CONHECIMENTOS GERAIS
Tipos de Relevo Existem quatro tipos de montanhas: as vulcânicas, que se
formam a partir de vulcões; as de erosão, que surgem a partir
A superfície terrestre é composta por diferentes tipos de re- da erosão do relevo ao seu redor, levando milhões de anos para
levo: montanhas, planícies, planaltos e depressões. serem formadas; as falhadas, originadas a partir de falhamentos
na crosta, que geram uma ruptura entre dois blocos terrestres,
ficando soerguidos um sobre o outro; e as dobradas, que se ori-
ginam a partir dos dobramentos terrestres causados pelo tecto-
nismo. De todos esses tipos, o último é o mais comum.

Planaltos

As diferentes feições da superfície formam os diferentes ti-


pos de relevo

O relevo corresponde às variações que se apresentam so-


bre a camada superficial da Terra. Assim, podemos notar que o
relevo terrestre apresenta diferentes fisionomias, isto é, áreas
com diferentes características: algumas mais altas, outras mais
baixas, algumas mais acidentadas, outras mais planas, entre ou- Imagem do planalto tibetano
tras feições.
Para melhor analisar e compreender a forma com que essas Os planaltos – também chamados de platôs – são definidos
dinâmicas se revelam, foi elaborada uma classificação do relevo como áreas mais ou menos planas que apresentam médias al-
terrestre com base em suas características principais, dividin- titudes, delimitações bem nítidas, geralmente compostas por
do-o em quatro diferentes formas de relevo: as montanhas, os escarpas, e são cercadas por regiões mais baixas. Neles, predo-
planaltos, as planícies e as depressões. mina o processo de erosão, que fornece sedimentos para outras
áreas.
Montanhas Existem três principais tipos de planaltos: os cristalinos, for-
mados por rochas cristalinas (ígneas intrusivas e metamórficas)
e compostos por restos de montanhas que se erodiram com o
tempo; os basálticos, formados por rochas ígneas extrusivas (ou
vulcânicas) originadas de antigas e extintas atividades vulcâni-
cas; e os sedimentares, formados por rochas sedimentares que
antes eram baixas e que sofreram o soerguimento pelos movi-
mentos internos da crosta terrestre.

Planaltos do Brasil

No território brasileiro há um predomínio de planaltos. Esse


tipo de relevo ocupa cerca de 5.000.00 km2 da área total do
país, do qual as formas mais comuns são os picos, serras, coli-
nas, morros e chapadas.
De maneira geral, o planalto brasileiro é dividido em planal-
to meridional, planalto central e planalto atlântico:

Planalto Central

Os Alpes, na Europa, formam uma cadeia de montanhas O planalto central está localizado nos Estados de Minas Ge-
rais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
As montanhas são formas de relevo que se caracterizam O local possui grande potencial elétrico com presença de
pela elevada altitude em comparação com as demais altitudes muitos rios, donde se destacam os rios São Francisco, Araguaia
da superfície terrestre. Quando tidas em conjunto, elas formam e Tocantins.
cadeias chamadas de cordilheiras, a exemplo da Cordilheira dos
Andes, na América do Sul, e da Cordilheira do Himalaia, na Ásia.

69
CONHECIMENTOS GERAIS
Além disso, há o predomínio de vegetação do cerrado. Seu Planalto Dissecado de Sudeste (Escudo Sul-rio-grandense)
ponto de maior altitude é a Chapada dos Veadeiros, localizada no
estado de Goiás e com altitudes que variam de 600 m a 1650 m. Localizado no estado do Rio Grande do Sul, o escudo sul-
-rio-grandense apresenta elevações de até 550 metros, o qual
Planalto das Guianas caracteriza o conjunto de serras do estado.
Um dos pontos mais altos é o Cerro do Sandin, com 510 me-
Localizado nos estados do Amazonas, Pará, Roraima e Ama- tros de altitude.
pá, o planalto das guianas é uma das formações geológicas mais
antigas do planeta. Planícies
Ele se estende também pelos países vizinhos: Venezuela,
Colômbia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Formado em sua maioria, por vegetação tropical (Floresta
Amazônica) e serras. É aqui que se encontra o ponto mais alto
do relevo brasileiro, ou seja, o Pico da Neblina com cerca de
3.000 metros de altitude, localizado na Serra do Imeri, no Estado
do Amazonas.

Planalto Brasileiro

Formado pelo Planalto Central, Planalto Meridional, Planal-


to Nordestino, Serras e Planaltos do Leste e Sudeste, Planaltos
do Maranhão-Piauí e Planalto Uruguaio-Rio-Grandense.
O ponto mais alto do planalto brasileiro é o Pico da Bandeira
com cerca de 2.900 metros, localizado nos estados do Espírito
Santo e de Minas Gerais, na serra do Caparaó.

Planalto Meridional O Rio Amazonas é cercado por uma área de planície

Localizado, em sua grande maioria, no sul do país, o planalto São áreas planas e com baixas altitudes, normalmente muito
meridional estende-se também pelas regiões do centro-oeste e próximas ao nível do mar. Encontram-se, em sua maioria, próxi-
sudeste no Brasil. mas a planaltos, formando alguns vales fluviais ou constituindo
Seu ponto mais alto é Serra Geral do Paraná presente nos áreas litorâneas. Caracterizam-se pelo predomínio do processo
estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. de acumulação e sedimentação, uma vez que recebem a maior
É dividido em: planalto arenito-basáltico, os quais formam parte dos sedimentos provenientes do desgaste dos demais ti-
as serras (cuestas) e a depressão periférica, caracterizada por pos de relevo.
altitudes menos elevadas.
Planície Amazônica
Planalto Nordestino
Localizada no estado de Rondônia, esse tipo de relevo ca-
Localizado na região nordeste do país, esse planalto pos- racteriza a maior área de terras baixas no Brasil. As formas mais
suem a presença de chapadas e serras cristalinas, donde desta- recorrentes são a região de várzeas, terraços fluviais (tesos) e
ca-se a Serra da Borborema. baixo planalto.
Ela está localizada nos Estados de Alagoas, Pernambuco, Pa-
raíba e Rio Grande do Norte, com altitude máxima de 1260 m. Planície do Pantanal
Os picos mais elevados na Serra ou Planalto da Borborema é
o Pico do Papagaio (1260 m) e o Pico do Jabre (1200 m). Situada nos estados no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
a planície do pantanal é um terreno propenso às inundações.
Serras e Planaltos do Leste e do Sudeste Portanto, ele é marcado por diversas regiões pantanosas.
Lembre-se que o Pantanal é a maior planície inundável do
É conhecido pela denominação “mar de morros”. Envolve mundo.
grande parte do planalto atlântico, no litoral do país, as serras e
os planaltos do leste e do sudeste. Planície Litorânea
Abrangem os estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo,
Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Também chamada de planície costeira, a planície litorânea é
Destacam-se a Serra da Canastra, Serra do Mar e Serra da uma faixa de terra situada na região costeira do litoral brasileiro,
Mantiqueira. que possui aproximadamente 600 km.

Planalto do Maranhão-Piauí

Também chamado de planalto meio-norte, esse planalto


está localizado nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará.

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CONHECIMENTOS GERAIS
Depressão

Mar morto, exemplo de depressão absoluta

São áreas rebaixadas que apresentam as menores altitudes da superfície terrestre. Quando uma localidade é mais baixa que o
seu entorno, falamos em depressão relativa, e quando ela se encontra abaixo do nível do mar, temos a depressão absoluta. O mar
morto, no Oriente Médio, é a maior depressão absoluta do mundo, ou seja, é a área continental que apresenta as menores altitu-
des, com cerca de 396 metros abaixo do nível do mar.

Urbanização: crescimento urbano, problemas estruturais, contingente populacional brasileiro

Para chegar ao tamanho atual, com um território integrado e sem riscos iminentes de fracionamento, muitos conflitos e pro-
cessos de exploração econômica ocorreram ao longo de cinco séculos. Uma série de fatores contribuiu para o alargamento do
território, a partir da chegada dos portugueses em 1500, alguns desses fatores foram:
- a sucessão de grandes produções econômicas para exportação (cana-de-açúcar, tabaco, ouro, borracha, café, etc.), além de
culturas alimentares e pecuária, em diferentes bases geográficas do território;
- as expedições (bandeiras) que partiam de São Paulo – então um colégio e um pequeno povoado fundado por padres jesuítas
– e se dirigiam ao interior, aproveitando a topografia favorável e a navegabilidade de afluentes do rio Paraná, para a captura de
indígenas e a busca de metais preciosos;
- a criação de aldeias de missões jesuíticas, em especial ao sul do território, buscando agrupar e catequizar grupos indígenas;
- o esforço político e administrativo da coroa portuguesa em assegurar a posse do novo território, especialmente após as ame-
aças da efetiva ocupação de frações do território – ainda que por curtos períodos – por franceses e holandeses.
É importante destacar que a construção da unidade territorial nacional significou também o sistemático massacre, desloca-
mento ou aculturação dos povos indígenas. Além de provocar a redução da diversidade cultural do país, determinou a imposição
dos padrões culturais europeus. A geração de riquezas exauriu também ao máximo o trabalho dos negros africanos trazidos a força,
tratados como mera mercadoria e de forma violenta e cruel. Nesse caso, houve imposições de ordem cultural: muitos grupos, ao
longo do tempo, perderam os ritos religiosos e traços culturais que possuíam.

Expansão Territorial do Brasil Colônia

Durante o período do capitalismo comercial (séculos XV a XVIII), as metrópoles europeias acumularam capital com a prática
de atividades de retirada e comercialização de produtos primários (agrícolas e extrativistas), empreendida nos territórios conquis-
tados. O Brasil na condição de colônia portuguesa, consolidou-se como área exportadora de matérias-primas e importadora de
bens manufaturados.
Esse sistema de exploração de matérias-primas permite explicar a formação e a expansão territorial do Brasil, juntamente com
os tratados assinados entre Portugal e Espanha (Tratado de Tordesilhas e Tratado de Madri), que acabaram por definir, com alguns
acréscimos posteriores, a área que hoje consideramos território brasileiro.

71
CONHECIMENTOS GERAIS
Tratado de Tordesilhas

Espanha e Portugal foram pioneiros na expansão maritimo-comercial europeia, iniciada no século XV, que ficou conhecida
como Grandes Navegações e que resultou na conquista de novas terras. Essas descobertas geraram diversas tensões e conflitos
entre os dois países que, na tentativa de evitar uma guerra, em 7 de junho de 1494 assinaram o Tratado de Tordesilhas, na pequena
cidade de Tordesilhas, na Espanha. Esse tratado estabeleceu uma linha imaginária que passava a 370 léguas a oeste do arquipéla-
go de Cabo Verde (África), dividindo o mundo entre Portugal e Espanha: as terras situadas a leste seriam de Portugal enquanto as
terras a oeste da Espanha.
Os limites do território brasileiro, estabelecidos por esse tratado, se estendiam do atual estado do Pará até o atual estado de
Santa Catarina. No entanto, esses limites não foram respeitados, e terras que seriam da Espanha foram ocupadas por portugueses
e brasileiros, contribuindo para que nosso país adquirisse a forma atual.

72
CONHECIMENTOS GERAIS
Tratado de Madri

O Tratado de Madri, assinado em 1750, praticamente garantiu a atual extensão territorial do Brasil. O novo acordo anulou o
Tratado de Tordesilhas e determinou que as terras pertencial a quem de fato as ocupasse, seguindo o princípio de uti possidetis.
Dessa forma, a Espanha reconheceu os direitos dos portugueses sobre as áreas correspondentes aos atuais estados de Mato
Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Rondônia, Pará, Amapá, entre outros.

De Arquipélago a Continente

É costume dizer que, ao longo do período de colonização portuguesa, o território brasileiro se assemelhava a um arquipélago
– um arquipélago econômico.
Por que um arquipélago? As regiões do Brasil colônia que foram palco da produção agroexportadora se mantiveram sob o do-
mínio do poder central da metrópole portuguesa, formando assim um arquipélago geográfico. Já que não existiam ligações entre
as regiões. O mesmo ocorreu no Brasil independente.

73
CONHECIMENTOS GERAIS

A expansão econômica

A expansão de atividades dos colonizadores avançou gradativamente das faixas litorâneas para o interior. Nos primeiros dois
séculos, formou-se um complexo geoeconômico no Nordeste do país. Para cultivar a cana-de-açúcar, os colonos passaram a impor-
tar escravos africanos. A primeira leva chegou já em 1532, num circuito perverso do comércio humano que durou até 1850. Confor-
me os geógrafos Hervé Théry e Neli Mello, a produção de cana gerou atividades complementares, como a plantação do tabaco, na
região do Recôncavo Baiano, a criação de gado nas zonas mais interiores e as culturas alimentares no chamado Agreste (transição
da Zona da Mata úmida para o semiárido).
A pecuária desempenhou importante papel na ocupação do interior, aproveitando-se o rebrotar das folhas na estação das
águas nas caatingas arbustivas mais densas, além dos brejos e dos trechos de matas. Com a exploração das minas de ouro desco-
bertas mais ao sul, foram necessários também carne, couro e outros derivados, além de animais para o transporte.
Desse modo, a pecuária também se consolidou no alto curso do rio São Francisco, expandiu-se para áreas onde hoje se encon-
tram o Piauí e o Ceará, e para o Sul, seguindo o curso do “Velho Chico”, até o Sudeste e o Sul do território. Vários povoados foram
surgindo ao longo desses percursos, oferecendo pastos para descanso e engorda e feiras periódicas.
A organização do espaço no Brasil central ganhou contornos mais nítidos com a exploração do ouro, diamantes e diversos
minerais preciosos, especialmente em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, ao longo do século XVIII, o que deu origem à criação de
inúmeros núcleos urbanos nas rotas das minas.
Nos séculos XVIII e XIX, a constituição do território começou a se consolidar com a ocupação da imensa frente amazônica. Por
motivações mais políticas do que econômicas – a defesa do território contra incursões de corsários estrangeiros -, a região passou a
ser ocupada com a instalação de fortes e missões, acompanhando o curso do rio Amazonas e alguns de seus afluentes. Esse avanço
ocorreu inclusive sobre domínios espanhóis, que estavam mais interessados no ouro e na exploração dos nativos do México e do
Peru e em rotas comerciais do mar do Caribe (América Central) e no rio da Prata, na parte mais meridional da América do Sul.
A dinamização das fronteiras amazônicas ocorreu mais efetivamente com o surto da borracha, no fim do século XIX e início
do século XX. O desenvolvimento da indústria automobilística justificava a demanda por borracha par a fabricação de pneus. Esse
período curto, mas virtuoso, foi responsável pela atração de mais de 1 milhão de nordestinos, que fugiam da terrível seca que se
abateu sobre o sertão nordestino em 1877.
Os períodos econômicos indicados, em seus momentos de apogeu e crise, contribuíram para determinar um processo de regio-
nalização do território, marcando a diferenciação de áreas. Ao mesmo tempo, contribuíram para a integração territorial.

74
CONHECIMENTOS GERAIS

Café, Ferrovias, Fábricas e Cidades

O enredo de formação do território brasileiro culminou, ainda no século XIX, com a economia cafeeira e a constituição de um
núcleo econômico no Sudeste do país. A cultura do café, em sua origem próxima à cidade do Rio de Janeiro, expandiu-se pelo vale
do rio Paraíba do Sul para os estados de São Paulo e de Minas Gerais. Mas foi no planalto ocidental paulista, sobre os solos férteis
de terra roxa (do italiano rossa, que significa vermelha), que o café mais se desenvolveu. Em torno desse circuito econômico, foram
construídas as ferrovias para escoar o produto do interior paulista ao porto de Santos. No caminho, São Paulo, a pequena vila do
final do século XIX, foi crescendo rapidamente, transformando-se em sede de empresas, bancos e serviços diversos e chegando a
sediar a nascente industrialização do país. O Rio de Janeiro, já na época um núcleo urbano considerável, também veio a exercer
esse papel.
Ao longo do século XX, intensificou-se a concentração regional das riquezas. O Sudeste, e particularmente o eixo Rio – São
Paulo, passou a ser o meio geográfico mais apto a receber inovações tecnológicas e novas atividades econômicas, aumentando sua
posição de comando do país.

75
CONHECIMENTOS GERAIS
Fatores da Industrialização no Brasil

Vários fatores contribuíram para o processo de industriali-


zação no Brasil:
- a exportação de café gerou lucros que permitiram o inves-
timento na indústria;
- os imigrantes estrangeiros traziam consigo as técnicas de
fabricação de diversos produtos;
- a formação de uma classe média urbana consumidora, es-
timulou a criação de indústrias;
- a dificuldade de importação de produtos industrializados
durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) estimulou a in-
dústria.
A passagem de uma sociedade operária para uma urbano
Observação: industrial, mudou a paisagem de algumas cidades brasileiras,
Durante o século XVIII e início do XIX, diversos tratados fo- principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro.
ram assinados para o estabelecimento dos limites do território
brasileiro. Resumo das fases do desenvolvimento industrial brasileiro
Esses tratados sempre envolveram Portugal e Espanha, com Mais de trezentos anos sem indústrias
exceção do Tratado de Utrecht (1713), assinado também com a
França, para definir um trecho de limite no norte do Brasil (atu- Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a 1822) não
al estado do Amapá), e do Tratado de Petrópolis (1903), pelo houve desenvolvimento industrial em nosso país. A metrópole
qual, num acordo com a Bolívia, o Brasil incorporou o trecho proibia o estabelecimento de fábricas em nosso território, para
que corresponde atualmente ao estado do Acre. Em 1801, ao que os brasileiros consumissem os produtos manufaturados
ser estabelecido o Tratado de Badajós, entre portugueses e es- portugueses. Mesmo com a chegada da família real (1808) e a
panhóis, os limites atuais de nosso país já estavam praticamente Abertura dos Portos às Nações Amigas, o Brasil continuou de-
definidos. pendente do exterior, porém, a partir deste momento, dos pro-
Pelo Tratado de Santo Ildefonso ou Tratado dos Limites, as- dutos ingleses.
sinado em 1777 entre Portugal e a Espanha, esta última fica-
ria com a Colônia do Sacramento e a região dos Sete Povos das História do início da industrialização
Missões, mas devolveria à Coroa Portuguesa as terras que havia
ocupado nos atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Foi somente no final do século XIX que começou o desenvol-
Sul. Resolviam-se assim as contendas abertas pelo Tratado de vimento industrial no Brasil. Muitos cafeicultores passaram a in-
Madrid de 1750. vestir parte dos lucros, obtidos com a exportação do café, no es-
tabelecimento de indústrias, principalmente em São Paulo e Rio
Industrialização no Brasil de Janeiro. Eram fábricas de tecidos, calçados e outros produtos
de fabricação mais simples. A mão de obra usada nestas fábricas
A industrialização no Brasil foi historicamente tardia ou re- era, na maioria das vezes, formada por imigrantes italianos.
tardatária. Enquanto na Europa se desenvolvia a Primeira Revo-
lução Industrial, o Brasil vivia sob o regime de economia colonial.
Era Vargas e desenvolvimento industrial

Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-


1945) que a indústria brasileira ganhou um grande impulso.
Vargas teve como objetivo principal efetivar a industrialização
do país, privilegiando as indústrias nacionais, para não deixar o
Brasil cair na dependência externa. Com leis voltadas para a re-
gulamentação do mercado de trabalho, medidas protecionistas
e investimentos em infraestrutura, a indústria nacional cresceu

76
CONHECIMENTOS GERAIS
significativamente nas décadas de 1930-40. Porém, este desen- É importante conhecer os números que revelam quantas
volvimento continuou restrito aos grandes centros urbanos da são as propriedades rurais e suas extensões: existem pelo me-
região sudeste, provocando uma grande disparidade regional. nos 50.566 estabelecimentos rurais inferior a 1 hectare, essas
Durante este período, a indústria também se beneficiou juntas ocupam no país uma área de 25.827 hectares, há também
com o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45), pois, os pa- propriedades de tamanho superior a 100 mil hectares que juntas
íses europeus, estavam com suas indústrias arrasadas, necessi- ocupam uma área de 24.047.669 hectares.
tando importar produtos industrializados de outros países, en- Outra forma de concentração de terras no Brasil é prove-
tre eles o Brasil. niente também da expropriação, isso significa a venda de pe-
Com a criação da Petrobrás (1953), ocorreu um grande de- quenas propriedades rurais para grandes latifundiários com
senvolvimento das indústrias ligadas à produção de gêneros de- intuito de pagar dívidas geralmente geradas em empréstimos
rivados do petróleo (borracha sintética, tintas, plásticos, fertili- bancários, como são muito pequenas e o nível tecnológico é res-
zantes, etc.). trito diversas vezes não alcançam uma boa produtividade e os
custos são elevados, dessa forma, não conseguem competir no
Período JK mercado, ou seja, não obtêm lucros. Esse processo favorece o
sistema migratório do campo para a cidade, chamado de êxodo
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956 -1960) o rural.
desenvolvimento industrial brasileiro ganhou novos rumos e fei- A problemática referente à distribuição da terra no Brasil é
ções. JK abriu a economia para o capital internacional, atraindo produto histórico, resultado do modo como no passado ocorreu
indústrias multinacionais. Foi durante este período que ocorreu a posse de terras ou como foram concedidas.
a instalação de montadoras de veículos internacionais (Ford, Ge- A distribuição teve início ainda no período colonial com a
neral Motors, Volkswagen e Willys) em território brasileiro. criação das capitanias hereditárias e sesmarias, caracterizada
pela entrega da terra pelo dono da capitania a quem fosse de
Últimas décadas do século XX seu interesse ou vontade, em suma, como no passado a divisão
de terras foi desigual os reflexos são percebidos na atualidade e
Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Brasil con- é uma questão extremamente polêmica e que divide opiniões.
tinuou a crescer, embora, em alguns momentos de crise eco-
nômica, ela tenha estagnado. Atualmente o Brasil possui uma Agricultura no Brasil atual
boa base industrial, produzindo diversos produtos como, por
exemplo, automóveis, máquinas, roupas, aviões, equipamentos, Atualmente, a agricultura no Brasil é marcada pelo processo
produtos alimentícios industrializados, eletrodomésticos, etc. de mecanização e expansão das atividades em direção à região
Apesar disso, a indústria nacional ainda é dependente, em al-
Norte.
guns setores, (informática, por exemplo) de tecnologia externa.
A atividade do setor agrícola é uma das mais importantes da
economia brasileira, pois, embora componha pouco mais de 5%
Dados atuais
do PIB brasileiro na atualidade, é responsável por quase R$100
bilhões em volume de exportações em conjunto com a pecuária,
- Felizmente, o Brasil está apresentando, embora pequena,
segundo dados da Secretaria de Relações Internacionais do Mi-
recuperação na produção industrial. De acordo com dados do
nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI/Mapa).
IBGE, divulgados em 1 de fevereiro de 2019, a indústria brasilei-
A produção agrícola no Brasil, portanto, é uma das principais
ra apresentou crescimento de 1,1% em 2018.
responsáveis pelos valores da balança comercial do país.
Estrutura fundiária do Brasil Ao longo da história, o setor da agricultura no Brasil passou
por diversos ciclos e transformações, indo desde a economia ca-
A estrutura fundiária corresponde ao modo como as pro- navieira, pautada principalmente na produção de cana-de-açú-
priedades rurais estão dispersas pelo território e seus respec- car durante o período colonial, até as recentes transformações
tivos tamanhos, que facilita a compreensão das desigualdades e expansão do café e da soja. Atualmente, essas transformações
que acontecem no campo. ainda ocorrem, sobretudo garantindo um ritmo de sequência às
A desigualdade estrutural fundiária brasileira configura transformações técnicas ocorridas a partir do século XX, como
como um dos principais problemas do meio rural, isso por que a mecanização da produção e a modernização das atividades.
interfere diretamente na quantidade de postos de trabalho, va- A modernização da agricultura no Brasil atual está direta-
lor de salários e, automaticamente, nas condições de trabalho e mente associada ao processo de industrialização ocorrido no
o modo de vida dos trabalhadores rurais. país durante o mesmo período citado, fator que foi responsável
No caso específico do Brasil, uma grande parte das terras por uma reconfiguração no espaço geográfico e na divisão terri-
do país se encontra nas mãos de uma pequena parcela da popu- torial do Brasil. Nesse novo panorama, o avanço das indústrias,
lação, essas pessoas são conhecidas como latifundiários. Já os o crescimento do setor terciário e a aceleração do processo de
minifundiários são proprietários de milhares de pequenas pro- urbanização colocaram o campo economicamente subordinado
priedades rurais espalhadas pelo país, algumas são tão peque- à cidade, tornando-o dependente das técnicas e produções in-
nas que muitas vezes não conseguem produzir renda e a própria dustriais (máquinas, equipamentos, defensivos agrícolas etc.).
subsistência familiar suficiente. Podemos dizer que a principal marca da agricultura no Brasil
Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorre atual – e também, por extensão, a pecuária – é a formação dos
uma discrepância em relação à distribuição de terras, uma vez complexos agrícolas, notadamente desenvolvidos nas regiões
que alguns detêm uma elevada quantidade de terras e outros que englobam os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de
possuem pouca ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a con- Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato
centração fundiária brasileira. Grosso e Mato Grosso do Sul. Nesse contexto, destacam-se a

77
CONHECIMENTOS GERAIS
produção de soja, a carne para exportação e também a cana-de-
-açúcar, em razão do aumento da necessidade nacional e inter-
nacional por etanol.
Na região Sul do país, a produção agrícola é caracterizada
pela ocupação histórica de grupos imigrantes europeus, pela
expansão da soja voltada para a exportação nos últimos decê-
nios e pela intensiva modernização agrícola. Essa configuração é
preponderante no oeste do Paraná e de Santa Catarina, além do
norte do Rio Grande do sul. Além da soja, cultivam-se também,
em larga escala, o milho, a cana-de-açúcar e o algodão. Na pecu-
ária, a maior parte da produção é a de carne de porco e de aves.
Na região Sudeste, assim como na região sul, a mecanização
e produção com base em procedimentos intensivos de alta tec-
nologia são predominantes. Embora seja essa a região em que
a agricultura encontra-se mais completamente subordinada à
indústria, destacam-se os altos índices de produtividade e uso
do solo. Por outro lado, com a maior presença de maquinários,
a geração de empregos é limitada e, quando muito, gerada nas
agroindústrias. As principais culturas cultivadas são o café, a ca- Produção mecanizada de soja no Mato Grosso
na-de-açúcar e a fruticultura, com ênfase para os laranjais.
Por fim, a região Norte é caracterizada por receber, atual-
mente, as principais frentes de expansão, vindas do Nordeste
e do Centro-Oeste. A região do “matopiba” (Maranhão, Tocan-
tins, Piauí e Bahia), por exemplo, é a área onde a pressão pela
expansão das atividades agrárias ocorre mais intensamente, o
que torna a região Norte como o futuro centro de crescimento
do agronegócio brasileiro. As atividades mais praticadas nessa
região ainda são de caráter extensivo e de baixa tecnologia, com
ênfase na pecuária primitiva, na soja em expansão e em outros
produtos, que passam a competir com o extrativismo vegetal
existente.

Produção cafeeira em Alfenas, Minas Gerais

Na região Nordeste, por sua vez, encontra-se uma relativa


pluralidade. Na Zona da Mata, mais úmida, predomina o cultivo
das plantations, presente desde tempos coloniais, com desta-
que novamente para a cana, voltada atualmente para a produ-
ção de álcool e também de açúcar. Nas áreas semiáridas, ressal-
ta-se a presença da agricultura familiar e também de algumas
zonas com uma produção mais mecanizada. O principal cultivo
é o de frutas, como o melão, a uva, a manga e o abacaxi. Além
disso, a agricultura de subsistência também possui um impor-
tante papel. Pecuária extensiva na área de expansão agrícola da região
Norte
Já a região Centro-Oeste é a área em que mais se expande o
cultivo pela produção mecanizada, que se expande em direção à
Amazônia e vem pressionando a expansão da fronteira agrícola As relações de trabalho no campo
para o norte do país. A Revolução Verde, no século passado, foi a Diminuição do sistema de parceria:
principal responsável pela ocupação dos solos do Cerrado nessa
região, pois permitiu o cultivo de diversas culturas em seus solos Com a capitalização do campo, as relações de trabalho tradi-
de elevada acidez. O principal produto é a soja, também voltada cionais vão desaparecendo porque são substituídas pelo traba-
para o mercado externo. lho assalariado, ou porque o proprietário prefere deixar a terra
ociosa á espera de valorização.

78
CONHECIMENTOS GERAIS
Expansão de um regime associativo: – Aceleração da urbanização, que ocorreu concentrada, so-
bretudo, nas grandes metrópoles do país, sobretudo as da re-
Com a capitalização do campo, as relações de trabalho tra- gião sudeste ao longo do século XX. Essa concentração ocorreu,
dicionais tendiam a desaparecer mais, porque são substituídas principalmente, porque o êxodo rural foi acompanhado de uma
pelo trabalho assalariado, no entanto, para diminuir custo e en- migração interna no país, em direção aos polos de maiores atra-
cargos, as grandes empresas desenvolveram uma nova forma de tividades econômicas e com mais acentuada industrialização;
trabalhar no campo, incentivando o pequeno e o médio produ- – Expansão desmedida das periferias urbanas, com a forma-
tor a produzir para eles. ção de habitações irregulares e o crescimento das favelas em
várias metrópoles do país;
Êxodo rural – Aumento do desemprego e do emprego informal: o êxo-
do rural, acompanhado do crescimento das cidades, propiciou o
O êxodo rural corresponde ao processo de migração em aumento do setor terciário e também do campo de atuação in-
massa da população do campo para as cidades, fenômeno que formal, gerando uma maior precarização das condições de vida
costuma ocorrer em um período de tempo considerado curto, dos trabalhadores. Além disso, com um maior exército de traba-
como o prazo de algumas décadas. Trata-se de um elemento lhadores de reserva nas cidades, houve uma maior elevação do
diretamente associado a várias dinâmicas socioespaciais, tais desemprego;
como a urbanização, a industrialização, a concentração fundiá- – Formação de vazios demográficos no campo: em regiões
ria e a mecanização do campo. como o Sudeste, o Sul e, principalmente, o Centro-Oeste, forma-
Um dos maiores exemplos de como essa questão costuma ram-se verdadeiros vazios demográficos no campo, com densi-
gerar efeitos no processo de produção do espaço pode ser visu- dades demográficas praticamente nulas em várias áreas.
alizado quando analisamos a conjuntura do êxodo rural no Bra-
sil. Sua ocorrência foi a grande responsável pela aceleração do Já entre as causas do êxodo rural no Brasil, é possível citar:
processo de urbanização em curso no país, que aconteceu mais – Concentração da produção do campo, na medida em que a
por valores repulsivos do que atrativos, isto é, mais pela saída menor disponibilidade de terras proporciona maior mobilidade
de pessoas do campo do que pelo grau de atratividade social e da população rural de média e baixa renda;
financeira das cidades brasileiras. – Mecanização do campo, com a substituição dos trabalha-
O êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais intensa, em dores rurais por maquinários, gerando menos empregos no se-
apenas duas décadas: entre 1960 e 1980, mantendo patamares tor primário e forçando a saída da população do campo para as
relativamente elevados nas décadas seguintes e perdendo for- cidades;
ça total na entrada dos anos 2000. Segundo estudos publicados – Fatores atrativos oferecidos pelas cidades, como mais
pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o empregos nos setores secundário e terciário, o que foi possível
êxodo rural, nas duas primeiras décadas citadas, contribuiu com graças ao rápido – porém tardio – processo de industrialização
quase 20% de toda a urbanização do país, passando para 3,5% vivido pelo país na segunda metade do século XX.
entre os anos 2000 e 2010.¹
De acordo com o Censo Demográfico de 2010 divulgado Agronegócio e a produção agropecuária brasileira
pelo IBGE, o êxodo rural é, realmente, desacelerado nos tempos
atuais. Em comparação com o Censo anterior (2000), quando a O agronegócio, que atualmente recebe o nome de agrobusi-
taxa de migração campo-cidade por ano era de 1,31%, a últi- ness (agronegócios em inglês), corresponde à junção de diversas
ma amostra registrou uma queda para 0,65%. Esses números atividades produtivas que estão diretamente ligadas à produção
consideraram as porcentagens em relação a toda a população e subprodução de produtos derivados da agricultura e pecuária.
brasileira. Quando se fala em agronegócio é comum associar somente
Se considerarmos os valores do êxodo rural a partir do nú- a produção in natura, como grãos e leite, por exemplo, no en-
mero de migrantes em relação ao tamanho total da população tanto esse segmento produtivo é muito mais abrangente, pois
residente no campo no Brasil, temos que, entre 2000 e 2010, existe um grande número de participantes nesse processo.
a taxa de êxodo rural foi de 17,6%, um número bem menor do O agronegócio deve ser entendido como um processo, na
que o da década anterior: 25,1%. Na década de 1980, essa taxa produção agropecuária intensiva é utilizado uma série de tec-
era de 26,42% e, na década de 1970, era de 30,02%. Portanto, nologias e biotecnologias para alcançar níveis elevados de pro-
nota-se claramente a tendência de desaceleração, ao passo que dutividade, para isso é necessário que alguém ou uma empresa
as regiões Centro-Oeste e Norte, até mesmo, apresentam um forneça tais elementos.
pequeno crescimento no número de habitantes do campo. Diante disso, podemos citar vários setores da economia que
Os principais fatores responsáveis pela queda do êxodo ru- faz parte do agronegócio, como bancos que fornecem créditos,
ral no Brasil são: a quantidade já escassa de trabalhadores ru- indústria de insumos agrícolas (fertilizantes, herbicidas, insetici-
rais no país, exceto o Nordeste, que ainda possui uma relativa das, sementes selecionadas para plantio entre outros), indústria
reserva de migrantes; e os investimentos, mesmo que tímidos, de tratores e peças, lojas veterinárias e laboratórios que forne-
para os pequenos produtores e agricultores familiares. Existem, cem vacinas e rações para a pecuária de corte e leiteira, isso na
dessa forma, vários programas sociais do governo para garantir primeira etapa produtiva.
que as pessoas encontrem melhores condições de vida no cam- Posteriormente a esse processo são agregados novos in-
po, embora esses investimentos não sejam considerados tão ex- tegrantes do agronegócio que correspondem às agroindústrias
pressivos. responsáveis pelo processamento da matéria-prima oriunda da
agropecuária.
Entre os efeitos do êxodo rural no Brasil, podemos desta-
car:

79
CONHECIMENTOS GERAIS
A agroindústria realiza a transformação dos produtos pri- Em uma época de complexidades organizacionais e um am-
mários da agropecuária em subprodutos que podem inserir na biente mercadológico globalizado, compreender e aceitar esses
produção de alimentos, como os frigoríficos, indústria de enla- desafios representa um dos mais importantes compromissos da
tados, laticínios, indústria de couro, biocombustíveis, produção sociedade capitalista na atualidade. A globalização por sua vez
têxtil entre muitos outros. compreende um processo de integração mundial que se baseia
A produção agropecuária está diretamente ligada aos alimen- na liberalização econômica, os países então se abrem ao fluxo
tos, processados ou não, que fazem parte do nosso cotidiano, po- internacional de bens, serviços e capitais.
rém essa produção é mais complexa, isso por que muitos dos itens Gonçalves (2003, p. 22) coloca ainda que:
que compõe nossa vida são oriundos dessa atividade produtiva, Este fato é evidente quando levamos em conta que uma das
madeira dos móveis, as roupas de algodão, essência dos sabonetes características centrais da globalização econômica (a pós-mo-
e grande parte dos remédios têm origem nos agronegócios. dernidade na sua dimensão econômica) é o próprio acirramento
A partir de 1970, o Brasil vivenciou um aumento no setor da concorrência ou a maior contestabilidade do mercado mun-
agroindustrial, especialmente no processamento de café, soja, dial.
laranja e cana-de-açúcar e também criação de animais, princi- A globalização se apresenta como um ambiente contextu-
pais produtos da época. al, pois reúne condições de atuar sobre o espaço herdado de
A agroindústria, que corresponde à fusão entre a produção tempos passados, compreendendo enfoques organizacionais
agropecuária e a indústria, possui uma interdependência com construídos através da evolução, remodelando as novas neces-
relação a diversos ramos da indústria, pois necessitam de emba- sidades do mercado.
lagens, insumos agrícolas, irrigação, máquinas e implementos. Segundo Ianni (2002, p. 19) convém ressaltar:
Esse conjunto de interações dá à atividade alto grau de im- A fábrica global instala-se além de toda e qualquer frontei-
portância econômica para o país, no ano de 1999 somente a ra, articulando capital, tecnologia, força de trabalho, divisão do
agropecuária respondeu por 9% do PIB do Brasil, entretanto, se trabalho social e outras forças produtivas. Acompanhada pela
enquadrarmos todas as atividades (comercial, financeira e servi- publicidade, a mídia impressa e eletrônica, a indústria cultu-
ços envolvidos) ligadas ao setor de agronegócios esse percentu- ral, misturadas em jornais, revistas, livros, programas de radio,
al se eleva de forma significativa com a participação da agroin- emissões de televisão, videoclipes, fax, redes de computadores e
dústria para aproximadamente 40% do PIB total. outros meios de comunicação, informação e fabulação, dissolve
Esse processo também ocorre nos países centrais, nos quais fronteiras, agiliza os mercados, generaliza o consumismo. Provo-
a agropecuária responde, em média, por 3% do Produto Inter- ca a desterritorialização e reterritorialização das coisas, gentes
no Bruto (PIB), mas os agronegócios ou agrobusiness represen-
e ideias. Promove o redimensionamento de espaços e tempos.
tam um terço do PIB. Essas características levam os líderes dos
Este contexto da globalização da economia demanda uma
Estados Unidos e da União Européia a conduzir sua produção
integração dos agentes econômicos dentro de uma realidade
agrícola de modo subsidiado pelos seus respectivos governos,
competitiva de mercado, a velocidade da mudança e os desa-
esses criam medidas protecionistas (barreiras alfandegárias, im-
fios do mundo globalizado demonstram uma necessidade de
pedimento de importação de produtos de bens agrícolas) para
considerar circunstancias em todos os campos de atuação, que
preservar as atividades de seus produtores.
evidenciam alguma forma de tecnologia para alcançar seus ob-
Em suma, o agronegócio ocupa um lugar de destaque na
jetivos.
economia mundial, principalmente nos países subdesenvolvidos
ou em desenvolvimento, pois garante o sustento alimentar das
pessoas e sua manutenção, além disso, contribui para o cresci- Quando se trata especificamente da economia, Ianni (1995,
mento da exportação e do país que o executa. p. 17-18):
Toda economia nacional, seja qual for, torna-se província da
Globalização e economia economia global. O modo capitalista de produção entra em uma
época propriamente global, e não apenas internacional ou multi-
Sobre a globalização em si já falamos acima, vamos aqui nacional. Assim, o mercado, as forças produtivas, a nova divisão
abordar a globalização no contexto ecnomômico. internacional do trabalho, a reprodução ampliada do capital de-
A globalização da economia é o processo através do qual senvolvem-se em escala mundial.
se expande no mercado, trata-se de buscar aumentos cada vez Tem-se, portanto, o fato de que os termos “globalização”
maiores a fim de ampliar ao máximo o mercado. Discute-se, e “economia global” passaram a fazer parte do vocabulário dos
portanto a ideia de que a globalização econômica poderá de- especialistas, agentes econômicos e políticos, que normalmen-
sempenhar este processo num contexto em que as dinâmicas de te são utilizados para caracterizar o processo atual de integra-
integração global se destacam cada vez mais às dinâmicas das ção econômica à escala planetária e a perda de importância das
economias nacionais ou até mesmo regionais, também o siste- economias nacionais, afirmações de uma grande economia de
ma de relações econômicas e na valorização da inserção coletiva mercado global. Traduzindo a realidade de um processo em
e individual na economia globalizada. movimento e em permanente transformação, não encontraram
ainda uma aplicação uniforme e uma substancia teórica conso-
Assim, segundo Gonçalves (2003, p. 21): lidada.
A globalização econômica pode ser entendida como a ocor- Ainda sobre as questões da inserção internacional de paí-
rência simultânea de três processos. O primeiro é o aumento ex- ses ou de espaços econômicos, é absolutamente indispensável
traordinário dos fluxos internacionais de bens, serviços e capitais. o conjunto de referencias que servirão de suporte a analise que
O segundo processo é o acirramento da concorrência internacio- permitem formular um conjunto de hipóteses que possam inse-
nal. A evidencia empírica é pontual e, portanto, não há indicado- rir positivamente nas dinâmicas de internacionalização econô-
res agregados a esse respeito. O terceiro processo é o da crescente mica e de constituição de um espaço econômico integrado.
interdependência entre agentes econômicos nacionais.

80
CONHECIMENTOS GERAIS
Held (2001, p. 71) diz ainda: A segunda vai do inicio da década de 70 ate o inicio da 1ª
Embora haja um reconhecimento de que a globalização eco- Guerra Mundial, é a fase que representa à economia global e
nômica tanto gera perdedores quanto ganhadores, os neolibe- coincide com o sistema monetário, é a chamada globalização
rais frisam a difusão crescente da riqueza e da prosperidade em clássica. A terceira é marcada regressão do funcionamento dos
toda economia mundial – o efeito em cascata. A pobreza global, sistemas e das instituições econômicas internacionais, é a fase
segundo padrões históricos, caiu mais nos últimos cinquenta que designamos globalização interrompida. A quarta fase apre-
anos do que nos quinhentos anteriores, e o bem-estar das po- senta uma dupla lógica de integração econômica global, com a
pulações de quase todas as regiões melhorou significamente nas cisão da economia mundial, com dois sistemas econômicos ri-
ultimas décadas. vais, o sistema de economia de mercado e o de direção central,
Este processo de globalização trata-se de um desenvol- onde ambos procuram estender a sua área de influencia, a esta
vimento da economia mundial, ou, pelo contrario, trata-se de fase chamamos de globalização rival. A quinta fase vai de 1971 a
um resultado intrínseco e necessário do desenvolvimento e ex- 1989, fundamentalmente o que determina esta fase é a recom-
pansão das economias modernas baseadas na produção para posição das relações de força a nível internacional, impulsionada
o mercado. Existe também o processo objetivo de integração por crises econômicas internacionais, fase esta que se denomina
econômica, de expansão espacial das economias e de geração e fase da globalização liberal. E então a sexta fase que caracteriza
aprofundamento de interdependências que tentam transformar o retorno da economia mundial a uma lógica única de integração
as dinâmicas globais que gera as dinâmicas locais e particulares global, que se sobrepõe às lógicas nacionais ou mesmo regionais
que permanecem. de equilíbrio interno e externo, chamamos esta de globalização
No entanto considerar um fator importante em que assenta uniforme.
todo o processo de globalização, e que é a existência de uma Contudo, esta evolução do processo de globalização consi-
referência monetária. Este processo de globalização começa derando evidencias aos seus marcadores genéticos e suas dinâ-
com o aparecimento da moeda e expande a utilização desta e micas de transformação, fatores que darão forma e base para a
se fixam as formas e as regras pelas quais é reconhecida como sustentação atual. Com essa ideia podemos observar que este
referencia comum. processo de globalização constitui uma maior tendência do de-
Com o aparecimento de formas e funções ao sistema mo-
senvolvimento das economias de mercado, podendo então so-
netário internacional atual, longo e complexo foi o processo de
frer com crises econômicas profundas ou de relações de forças
evolução da economia mundial e diversas dinâmicas impulsiona-
internacionais. Vale ressaltar a importância de distinguir globa-
ram a integração das diferentes economias locais. É fundamen-
lização, enquanto processo histórico que encontra-se no século
tal neste processo e que determinou a passagem a uma nova
XVI, na sequencia da integração geográfica mundial, as suas ba-
fase de evolução da economia mundial em que as dinâmicas de
ses de desenvolvimentos modernos, da economia global, que só
globalização claramente se tornaram dominantes.
tem existência efetiva a partir do século XIX.
Podendo então dar formas as dinâmicas de transformação
Mingst (2009, p. 265) diante dessas circunstancias descreve
da economia global resultando de modo como se articulam his-
as seguintes palavras:
Nos derradeiros do século XX, crenças sobre a teoria econô- toricamente a sustentação das relações econômicas internacio-
mica convergiram. Os princípios do liberalismo econômico mos- nais.
traram-se eficientes para elevar o padrão de vida dos povos no Conforme visto, há vários conceitos e abordagens acerca
mundo inteiro. As alternativas radicais que foram criadas para dos processos de globalização das relações sociais, abordagens
promover o desenvolvimento econômico não mostraram ser viá- estas que diferenciam entre si a definição, escala, cronologia,
veis, ainda que as alternativas de capitalismo de estado tenham impacto. Muitos dos argumentos são generalizados, há uma ên-
continuado atrativas para alguns estados. fase em alguns aspectos sejam eles cultural, econômico, histó-
Contudo, essa divergência não significou a ausência de con- rico, político, algo de sumo importância principalmente quando
flito sobre questões da economia política internacional. A globa- se vê questões fundamentais que se encontram em jogo neste
lização econômica resultante do triunfo do liberalismo econômi- conceito chamado globalização.
co tem enfrentado vários desafios. O maior efeito ocorrido nas ultimas décadas tem sido o cres-
A década de 70 do século XIX deve ser entendida como um cimento do mercado por todo o mundo, como consequências de
período fundamental de evolução da economia mundial que transnacionalização dos mercados. As mudanças trazidas pelos
marca a passagem de uma fase inicial de processo de globaliza- processos globalizantes dos mercados, com sua força atual dada
ção, isso poderá designar o inicio de uma globalização primitiva, pelo avanço tecnológico.
para uma fase de globalização efetiva, onde se estende até a Assim, neste circulo vicioso que os Estados menos desen-
atualidade. É importante que não se misture economia global volvidos social e economicamente se encontram nesses três
com o conceito de economia mundial, a economia global não primeiros anos do século XXI divididos entre as necessidades
tende coincidir com economia mundial, ela deve ser entendida de prestigiar uma economia globalizada, com o retrocesso do
na sua dimensão qualitativa, enquanto espaço econômico e de trabalho para atração de investimentos a fim de propiciar o cres-
outras realidades econômicas, nestes aspectos a globalização cimento econômico, e, o dever de corrigir as distorções que o
transforma a economia mundial numa economia global. O sur- mercado global tende a produzir diante da fragilidade crescente
gimento da economia global não vem marcar o esgotamento do por esse retrocesso nas questões sociais.
processo de globalização, mas sim a entrada de uma nova fase A globalização, no entanto, não perdoa as incertezas e as
que terá suas fases de desenvolvimento. indecisões, é capaz de transnacionalizar mercados, tecnologias,
Assim, diante de suas diferentes fases é possível distinguir culturas, valores, com a queda das fronteiras nacionais, mundia-
a sucessão de algumas grandes fases deste processo, a primeira liza também as crises.
delas corresponde aos primórdios da globalização, é a fase pré-
-economia que podemos chamar de globalização primitiva.

81
CONHECIMENTOS GERAIS
Um fenômeno decorrente dos avanços tecnológicos e das Além desses organismos, existem outros órgãos e secreta-
telecomunicações, um conjunto de ações políticas econômicas e rias vinculados às denominações acima apresentadas. Juntos,
culturais que objetivam a integração do mundo todo permitindo esses elementos compõem a estrutura do Mercosul, atuando no
a transmissão de informações com extrema rapidez de uma par- sentido de organizá-lo e fundamentando suas ações e estraté-
te a outra do planeta. gias de mercado. O seu correto funcionamento significa a garan-
tia da coesão e harmonia desse importante bloco econômico.
Organização e estrutura do MERCOSUL

O Mercosul estrutura-se a partir de alguns organismos re- Protocolos complementares ao tratado fundador
presentados pelos países-membros efetivos do bloco que visam
à correta estruturação dos acordos realizados. Esse bloco eco- Em razão da dinâmica presente no processo de integração,
nômico possui três grupos diferentes de países integrantes: para adequar a estrutura do bloco às mudanças ocorridas, o
Membros permanentes: são aqueles países que fazem parte Conselho do Mercado Comum anexou ao Tratado de Assunção
integralmente do Mercosul, adotam a TEC e compõem todos os diversos protocolos complementares ao longo do tempo. Para
acordos do bloco, além de possuírem poderes de votação em ter validade, após receber a assinatura dos presidentes do blo-
instâncias decisórias. São membros permanentes a Argentina, co, um protocolo geral deve ser aprovado por decreto legislativo
o Brasil, o Paraguai e o Uruguai. (A Venezuela foi aceita como em todos os países signatários. Ao todo, 15 protocolos recebe-
membro permanente em 2012 e suspensa do bloco em dezem- ram esta aprovação e estão em vigência:
bro de 2016 e em 05 de agosto de 2017). Protocolo de Las Leñas, 1992; determinou que sentenças
Membros associados: são aqueles países que não fazem provenientes de um país signatário tenham o mesmo entendi-
parte totalmente dos acordos do Mercosul, principalmente por mento judicial em outro, sem a necessidade de homologação de
não adotarem a TEC, mas que integram o bloco no sentido de sentença, a que estão submetidas todas as demais decisões ju-
ampliar suas trocas comerciais com os demais países do bloco. diciais tomadas em países de fora do bloco. No Brasil, este pro-
São membros associados a Bolívia, o Chile, a Colômbia, o Equa- tocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 55 de
dor, o Peru, o Suriname e a Guiana. 19 de abril de 1995 e promulgado por meio do decreto 2 067, de
Membros observadores: composto pelo México e pela Nova 12 de novembro de 1996.
Zelândia, esse grupo é destinado aos países que desejam acom- Protocolo de Buenos Aires sobre Jurisdição Internacional
panhar o andamento e expansão do bloco sem o compromisso em Matéria Contratual, 1994; No Brasil, este protocolo foi apro-
de dele fazer parte, podendo tornar-se um membro efetivo ou vado pelo decreto legislativo número 129, de 5 de outubro de
associado no futuro. No caso do México, isso será muito difícil, 1995, e promulgado através do decreto número 2 095, de 17 de
haja vista que esse país já compõe outros dois blocos: o NAFTA dezembro de 1996.
e a APEC. Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de
Em termos de organização interna e estruturação, o Mer- Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário, Médio e Técni-
cosul é formado por algumas instituições que detêm funções co, 1994; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do de-
específicas e buscam assegurar o bom andamento e o desenvol- creto legislativo número 101, de 3 de julho de 1995, e promulga-
vimento do bloco, são elas: do por meio do decreto número 2 726, de 10 de agosto de 1998.
a) CMC (Conselho do Mercado Comum): É o principal ór- Protocolo de Ouro Preto, 1994; estabeleceu estrutura ins-
gão do Mercosul, sendo responsável pelas principais tomadas titucional para o Mercosul, ampliando a participação dos parla-
de decisões no bloco. É composto pelos Ministros das Relações mentos nacionais e da sociedade civil. Este foi o protocolo que
Exteriores e da Economia de todos os membros efetivos e apre- deu ao Mercosul personalidade jurídica de direito internacional,
senta duas reuniões por ano, sendo a presença dos presidentes tornando possível sua relação com outros países, organismos in-
obrigatória em pelo menos uma dessas reuniões. ternacionais e blocos econômicos. No Brasil, este protocolo foi
b) GMC (Grupo Mercado Comum): É o órgão executivo do aprovado através do decreto legislativo número 188, de 16 de
Mercosul, sendo composto por representantes titulares e alter- dezembro de 1995, e promulgado por meio do decreto número
nativos de cada um dos membros efetivos do bloco. Esse grupo 1 901, de 9 de maio de 1996.
reúne-se trimestralmente, mas pode haver encontros extraordi- Protocolo de Medidas Cautelares, 1994; No Brasil, este pro-
nários a pedido de qualquer um dos seus partícipes. tocolo foi aprovado através do decreto legislativo número 192,
c) CCM (Comissão de Comércio do Mercosul): É o órgão res- de 15 de dezembro de 1995 e promulgado por meio do decreto
ponsável pela gestão das decisões sobre o comércio do Merco- número 2 626, de 15 de junho de 1998.
sul. Suas funções envolvem a aplicação dos instrumentos políti- Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em Assuntos Pe-
cos e comerciais dentro do bloco e deste com terceiros, além de nais, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado através do de-
criar e supervisionar órgãos e comitês para funções específicas. creto legislativo número 3, de 26 de janeiro de 2000, e promul-
d) CPC (Comissão Parlamentar Conjunta): representa os gado por meio do decreto número 3 468, de 17 de maio de 2000.
parlamentos dos países-membros do Mercosul. É o órgão res- Protocolo de São Luís em Matéria de Responsabilidade Civil
ponsável pela operacionalização e máxima eficiência do corpo Emergente de Acidentes de Trânsito entre os Estados Partes do
legislativo do bloco. Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado através
e) Foro Consultivo Econômico e Social: é o órgão que repre- do decreto legislativo número 259, de 15 de dezembro de 2000,
senta os setores da economia e da sociedade de cada um dos e promulgado por meio do decreto número 3 856, de 3 de julho
membros do Mercosul. Ele possui um caráter apenas consultivo, de 2001.
opera por meio de recomendações ao GMC e pode incluir em Protocolo de Integração Educativa para a Formação de Re-
torno de si a participação de empresas privadas. cursos Humanos a Nível de Pós-Graduação entre os Países Mem-
bros do Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi aprovado

82
CONHECIMENTOS GERAIS
pelo decreto legislativo número 129, de 5 de outubro de 1995, e Alguns dados demográficos, econômicos e geográficos do
promulgado através do decreto número 2 095, de 17 de dezem- Mercosul
bro de 1996.
Protocolo de Integração Cultural do Mercosul, 1996; No Bra- - População: 300 milhões de habitantes (estimativa 2017)
sil, este protocolo foi registrado através do decreto legislativo - Comércio entre os países: US$ 37,9 bilhões (em 2016)
número 3, de 14 de janeiro de 1999, e promulgado através do - Área total: 14.869.775 km²
decreto número 3 193, de 5 de outubro de 1999. - PIB: US$ 4,7 trilhões (estimativa 2017)
Protocolo de Integração Educacional para o Prosseguimen- - PIB per capita: US$ 15.680 (estimativa 2017)
to de Estudos de Pós-Graduação nas Universidades dos Países - IDH: 0.767 (índice de desenvolvimento humano alto) -
Membros do Mercosul, 1996; No Brasil, este protocolo foi apro- Pnud 2016
vado através do decreto legislativo número 2, de 14 de janeiro
de 1999, e promulgado por meio do decreto número 3 194, de 5 O MERCOSUL oferece ao Brasil a possibilidade de se tornar
de outubro de 1999. o líder de uma região com um PIB da ordem de grandeza de
Protocolo de Ushuaia, 1998; No Brasil, este protocolo foi US$ 4,7 trilhões; sem conflitos étnicos, de fronteira, religiosos,
aprovado através do decreto legislativo número 452, de 14 de históricos ou culturais; com sistemas financeiros relativamente
novembro de 2001 e promulgado através de decreto número 4 desenvolvidos; uma tradição capitalista de décadas; um parque
210, de 24 de abril de 2002. industrial de porte razoável; consumo de massa; e uma consi-
Protocolo de Olivos, 2002; aprimorou o Protocolo de Brasília derável demanda reprimida, visto se tratar de uma região com
mediante a criação do Tribunal Arbitral Permanente de Revisão uma renda per capita média, porém com bolsões de pobreza ex-
do Mercosul. Esse tribunal passou a revisar laudos expedidos pressivos e portanto com grande potencial de expansão de con-
pelos Tribunais Arbitrais, em caso de contestação. Seus árbitros sumo. O MERCOSUL é o grande expoente brasileiro no cenário
são nomeados por um período de dois anos, com possibilidade internacional, nas relações econômicas e até mesmo políticas,
de prorrogação. As decisões deste tribunal têm caráter obrigató- possibilitando uma maior estrutura de negociação ao gozar do
rio para os Estados envolvidos nas controvérsias, não estão su- status de bloco econômico, é visto, por muitos, como uma forma
jeitas a recursos ou revisões e, em relação aos países envolvidos, de fugir da gigantesca influência dos Estados Unidos na América
exercem força de juízo. No Brasil, este protocolo foi registrado Latina que é uma constante preocupação no que diz respeito
através do decreto legislativo número 712, de 15 de outubro de a manter tradições e costumes culturais singulares dos latinos.
2003, e promulgado por meio do decreto número 4 982, de 9 de
fevereiro de 2004. Integração regional Brasil e América Latina é muito baixa
Protocolo de Assunção sobre o Compromisso com a Pro-
moção e Proteção dos direitos Humanos no Mercosul, 2005; No Países poderiam aproveitar melhor o aumento de barreiras
Brasil, este protocolo foi registrado através do decreto legislati- entre EUA e China se houvesse um comércio interregional mais
vo número 592, de 27 de agosto de 2009 e promulgado por meio estruturado
do decreto número 7 225, de 1 de julho de 2010. Enquanto as incertezas no cenário externo aumentam devi-
Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul, 2005; do às tensões comerciais entre Estados Unidos e China, apesar
No Brasil, este protocolo foi aprovado através do decreto legis- da trégua temporária de 90 dias acordada no encontro do G2
lativo número 408, de 12 de setembro de 2006 e promulgado (grupo das 19 maiores economias desenvolvidas e emergentes
por meio do decreto número 6 105, de 30 de abril de 2007. do planeta mais a União Europeia), especialistas alertam para a
Protocolo de Adesão da República Bolivariana de Venezuela falta de integração do Brasil com os países vizinhos, que poderia
ao Mercosul, 2006; Protocolo válido em razão da suspensão da ser uma forma de proteção para a região, de acordo com levan-
República do Paraguai. No Brasil, este protocolo foi registrado tamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Avançada
através do decreto legislativo número 936, de 16 de dezembro (Ipea) e a Comissão Econômica pra a América Latina (Cepal), li-
de 2009 e promulgado por meio do decreto número 3 859, de 6 gada à Organização das Nações Unidas (ONU).
de dezembro de 2012. “Temos um quadro de integração regional que não é muito
Alguns protocolos não receberam esta aprovação e, por este satisfatório. Ele é muito baixo. Aproximadamente, apenas 18%
motivo, são chamados de protocolos pendentes. No entanto, do comércio dos países latino americanos é intrarregional nos
outros protocolos aprovados por decreto legislativo foram apri- últimos anos. Ainda que ele tenha melhorado um pouco entre
morados posteriormente, tendo assim, sua validade revogada: 2005 e 2011, que foram os melhores anos para o comércio na
Protocolo de Brasília, 1991; foi revogado com a assinatura região e o Brasil aumentou sua participação, mas, nos últimos
do Protocolo de Olivos em 2002. Modificou o mecanismo de anos, esse comércio intrarregional voltou a diminuir”. (Pedro Sil-
controvérsias inicialmente previsto no Tratado de Assunção, dis- va Barros - pesquisador do Ipea Pedro Silva Barros).
ponibilizando a utilização de meios jurídicos para a solução de O pesquisador lembrou que um dos maiores desafios para
eventuais disputas comerciais. Estipulou a utilização do recurso o aumento dessa integração regional é a infraestrutura precária
de arbitragem como forma de assegurar ao comércio regional assim como a falta de garantias para o comércio intrarregional
estabilidade e solidez. Definiu prazos, condições de requerer o e a desorganização das cadeias de valor. “A estruturação das
assessoramento de especialistas, nomeação de árbitros, con- cadeias de valor não compreende nossa região como espaço de
teúdo dos laudos arbitrais, notificações, custeio das despesas, articulação. Nesse sentido, o Estado pode atuar para estruturar
entre outras disposições. No Brasil, este protocolo foi registrado melhor essas cadeias”, disse ele, lembrando que boa parte das
através do decreto legislativo número 88, de 01 de dezembro de exportações brasileiras na região é de manufaturas e, no setor
1992, e decreto número 922, de 10 de setembro de 1993. de serviços, a participação do Brasil cresce em uma velocidade
muito lenta. O técnico destacou que a Zona Franca de Manaus
poderia ser um catalisador do comércio intrarregional, contudo,

83
CONHECIMENTOS GERAIS
está longe de cumprir essa função. “A Suframa é um polo in- mo tempo. Ao contrário, alguns processos novos se adaptam às
dustrial que foi estruturado como agência de desenvolvimento formas espaciais preexistentes, e a elas atribuem novos papéis.
regional, mas não cumpre o seu papel”, lamentou. Isso acontece, por exemplo, quando uma região fabril é desa-
De acordo com o representante da área de Assuntos Econô- tivada e os velhos galpões são reaproveitados para novos fins,
micos da Cepal em Santiago, José Duran, destacou que o índice como grandes restaurantes, danceterias ou áreas de promoção
de comércio intrarregional ficou em 17,2% das exportações to- cultural; ou quando uma antiga área portuária se transforma em
tais da América Latina, em 2017, dos quais 54% do valores das polo de turismo ou lazer.
trocas entre países vizinhos são de produtos de tecnologia alta,
média e baixa. A China é o maior destino desses produtos e im-
porta quase 50% do total embarcado. “A América Latina pode-
ria se beneficiar das maiores barreiras comerciais entre Estados
Unidos e China se houvesse maior integração regional”, disse
Duran. A Cepal projetou um crescimento das trocas interregio-
nais, liderado pelas manufaturas baseadas em recursos mine-
rais, como derivados de petróleo, cobre papel e papelão, e de
manufaturas de tecnologia baixa e média. Todavia, ele acrescen-
tou que há também um potencial de crescimento do comércio
eletrônico intrarregional, mas há quatro desafios que precisam
ser enfrentados: melhorar o capital humano, aperfeiçoar a in-
fraestrutura logística, convergência regulatória e adequação dos
meios de pagamentos. “O Brasil participa com 42% desse comér-
cio e a região está aumentando o consumo de produto importa-
do, que vem ocupando o espaço brasileiro”, alertou.
Avaliações demonstram que o modelo de trocas comerciais
na região não é sustentável e muito diferente do que ocorre no
sudeste asiático. Os países do sudeste asiático são provedores
de insumo da produção chinesa. Logo, quando a China cresce, os Estação das Artes Elizeu Ventania em Mossoró - RN. Antigo
demais países crescem junto. Agora, aqui na região, se o Brasil prédio do Sistema Ferroviário Federal, foi recuperado pela Pe-
cresce, não acontece nada. trobras e hoje abriga a maior parte das festas e eventos sociais
A condição básica para a sustentabilidade de longo prazo na da cidade.
integração da América do Sul é criar a capacidade de oferta nos
países menores de uma forma que eles possam prover insumos O geógrafo Milton Santos chama de «rugosidades» essas
para a produção brasileira pra que quando a economia brasileira formas espaciais produzidas para atender necessidades do pas-
crescer, aí o crescimento da região se sustenta, porém, isso re- sado, mas que resistiram aos processos de transformação social
quer uma maior coordenação entre as organizações de fomento e econômico e continuam a desempenhar um papel ativo no
da região e de bancos de desenvolvimento. Essas instituições presente. É o que ocorre, por exemplo, com as redes nacionais
precisam focar os recursos em projetos para melhorar a infraes- de transporte - espelhos dos diferentes modelos de organização
trutura regional. da economia que se sucederam ao longo da história de um país.
O diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas In- No Brasil, as rodovias dominam a matriz de transportes.
ternacionais do Ipea, reforçou que a capacidade de investimen- O sistema rodoviário responde por 59% da matriz, em contras-
to no país, que é baixa e depende das multinacionais e da agen- te com os 24% das ferrovias e os 17% das hidrovias e outros
da de integração. “O Brasil tem pés de barro para ser um líder meios somados. Para efeitos de comparação com o Brasil, um
regional e uma limitação estrutural, que é determinante para país também de dimensões continentais como o Canadá tem
qualquer integração. A discussão de abertura comercial, cogi- 46% de ferrovias, 43% de rodovias e 11% de hidrovias e outros.
tada pelo novo governo, precisa ter mecanismos de incentivo A opção pelas rodovias, responsáveis pelos elevados custos de
ao comércio intrarregional”, afirmou. O diretor destaca ainda a deslocamento que vigoram no país, foi realizada no contexto da
necessidade de ampliação dos acordos comerciais não apenas acelerada industrialização que teve lugar em meados do século
do Mercosul como forma de melhorar a integração regional. passado.

Circulação e custos

O sistema de transporte é um elemento fundamental das


economias nacionais. Os custos de deslocamento incidem sobre
os custos das matérias-primas e dos produtos finais destinados
aos mercados internos ou à exportação. Sistemas de transportes
caros e ineficientes reduzem o potencial de geração de riquezas
e a competitividade dos países. No Brasil, o desenho do sistema
de transporte reflete as desigualdades regionais.
Nas paisagens coexistem formas espaciais, objetos produzi-
dos pelo trabalho humano em diferentes momentos históricos.
Por mais velozes que sejam as mudanças na sociedade, esses
objetos nunca são destruídos ou substituídos por outros ao mes-

84
CONHECIMENTOS GERAIS

Ferrovia Transiberiana - maior ferrovia do mundo, corta a Rússia de leste a oeste

No final do século XIX e início do século XX, porém, o modelo de transporte adotado no Brasil contemplava, basicamente, as
necessidades da economia agroexportadora. Nesse período, o trem era o meio de transporte mais típico. O traçado das redes re-
gionais interligava as áreas produtoras de mercadorias tropicais aos portos, pelos quais a produção era escoada para o mercado
externo. No caso da malha ferroviária paulista, que estava a serviço do café, havia uma abertura em leque para as terras do interior
e um afunilamento na direção do Porto de Santos.
Essas redes configuravam as estruturas de “bacia de drenagem”, pois se destinavam a escoar produtos minerais e agrícolas
para os portos, de onde eles seguiam rumo aos mercados internacionais. Os planos de desenvolvimento de transportes visavam
integrar as ferrovias com as hidrovias, uma vez que os rios eram bastante utilizados para a circulação regional. Um plano esboçado
pelo engenheiro militar Eduardo José de Moraes ainda no século XIX tinha como objetivo criar um sistema hidroviário integrado.

85
CONHECIMENTOS GERAIS

Com a emergência da economia urbano-industrial, as ferrovias e hidrovias foram paulatinamente perdendo importância para
a rede rodoviária. Na década de 1930 esboçou-se uma nova diretriz na política nacional de transporte, que passou a privilegiar a
construção de grandes rodovias. Washington Luís, presidente da República entre 1926 e 1930, adotou como lema de seu mandato
a frase “governar é construir estradas”. Nas décadas seguintes, essa política seria fortalecida pela criação da Petrobras e pelo de-
senvolvimento da indústria automobilística.
A opção rodoviária, adotada naquela época, é atualmente uma das maiores dificuldades logísticas do país, pois teve como resul-
tado um sistema de transporte caro e ineficiente, que traz impactos negativos tanto para a economia quanto para o meio ambiente.

86
CONHECIMENTOS GERAIS

Mapa rodoviário do Brasil

Embora no Brasil existam grandes extensões de rios navegáveis, o país não dispõe de um sistema hidroviário. O sistema ferro-
viário, praticamente abandonado nos últimos 80 anos, hoje apresenta enormes trechos desativados ou subaproveitados.
No que diz respeito às rodovias, apesar da presença de estradas modernas e construídas com os mais avançados recursos da
engenharia, predominam os trechos esburacados e em péssimas condições. Cerca de 16% delas foram privatizadas e receberam
investimentos nas últimas décadas, ainda que tenham se tornado extremamente caras tanto para os carros de passeio quanto para
os caminhões de carga, em virtude das elevadas tarifas de pedágio.
Entre as rodovias públicas, cerca de 80% da malha foi classificada como deficiente, ruim ou péssima por uma pesquisa da Con-
federação Nacional do Transporte (CNT).

87
CONHECIMENTOS GERAIS

Trem Turístico puxado por uma “Maria Fumaça” que liga


São João Del Rey a Tiradentes - MG
BR-230 (Transamazônica) - Trecho entre Altamira e Mara-
bá, no Pará Algumas rodovias brasileiras desempenharam (e ainda de-
sempenham) papel estratégico na integração do território na-
A situação da maior parte da malha ferroviária brasileira cional.
também é bastante precária. Enquanto a maioria dos países O Nordeste e o Sul do país foram conectados ao Sudeste
desenvolvidos dispõe de um sistema ferroviário moderno, que por meio da BR-116 e, depois, da BR-101. Nas décadas de 1950
permite tráfego das locomotivas de até 300 km/h, os trilhos no e 1960, as capitais do Centro-Oeste e Brasília foram ligadas ao
Brasil têm mais de 100 anos, e por eles passam trens vagarosos. Sudeste.
Além disso, muitos trechos da malha foram cercados por ci- Em seguida, Brasília e Cuiabá tornaram-se os trampolins
dades: um levantamento feito pela MRS Logística, que opera a para a integração da Amazônia com o restante do território bra-
malha sudeste da antiga Rede Ferroviária Federal, aponta a exis- sileiro. Os eixos principais foram a BR-153 (Belém-Brasília) e a
tência de 11.000 cruzamentos com estradas no Brasil. A necessi- BR-364, que parte de Mato Grosso e abre caminho para Rondô-
dade de desacelerar nos trechos próximos a cidades e estradas nia e o Acre. Um eixo secundário é a BR-163 (Cuiabá-Santarém),
obriga os trens de carga brasileiros a andarem numa velocidade cuja pavimentação se interrompe antes da divisa setentrional de
de 25 km/h, ao passo que em outros países a velocidade média Mato Grosso e só é retomada nas proximidades de Santarém.
é de 80 km/h.

Trecho da BR-010 (Belém-Brasília) em Dom Eliseu (PA)


Grande parte da rede ferroviária do Brasil encontra-se
sucateada Na década de 1980, a crise financeira do Estado brasileiro
teve efeitos devastadores sobre a vasta malha rodoviária. Com
Atualmente, onze linhas férreas estão convertidas em atra- a capacidade de investimentos bastante reduzido, o governo fe-
ções turísticas. A maior delas, com 664 km de extensão é a que deral simplesmente deixou de realizar a manutenção das estra-
liga a capital do Espírito Santo, Vitória, à capital mineira. A me- das, que, sob o peso dos caminhões de carga e dos efeitos erosi-
nor, com somente 4 km, fica na cidade do Rio de Janeiro: o Tren- vos da chuva e do sol quente, se deterioraram em pouco tempo.
zinho do Corcovado. O péssimo estado de conservação das rodovias brasileiras
Em muitos casos, a transformação de trechos ferroviários não prejudica apenas os usuários de transporte de passageiros,
desativados em caminhos turísticos foi iniciativa dos apaixo- mas também o ramo de transporte de cargas, que tem muito
nados por trens; gente que gostava de ver as locomotivas cor- mais gastos com a manutenção de caminhões. Além disso, a
rer sobre os trilhos e lembrar com saudade da época áurea do existência de trechos intransitáveis e a falta de maior integra-
transporte ferroviário de passageiros no país. Reunidos em asso- ção entre as redes de transporte, exigem trajetos mais longos e
ciações, esses militantes preservam a memória ferroviária bra- complicados, o que resulta em mais poluição e mais gastos com
sileira, recuperam locomotivas e vagões e procuram colocá-los combustíveis, além de uma maior exposição a acidentes.
novamente em atividade.

88
CONHECIMENTOS GERAIS

Condições das rodovias federais de acordo com uma pesquisa feita em 2010 pela CNT

Na década de 1990, a administração de inúmeras rodovias federais e estaduais passou ao controle de concessionários privados,
garantindo a modernização e expansão das ligações viárias que servem principalmente aos eixos de circulação do Sudeste. Entre
esses empreendimentos destacam-se as grandes rodovias paulistas, como os sistemas Anhanguera-Bandeirantes (entre São Paulo e
Campinas), Anchieta-Imigrantes (entre São Paulo e a Baixada Santista) e Dutra-Ayrton Senna (entre São Paulo e o Vale do Paraíba).

89
CONHECIMENTOS GERAIS

Rodovia dos Bandeirantes - trecho São Paulo-Cordeirópolis

As estradas da globalização
Nos últimos anos, o Brasil tem realizado um enorme esforço para aumentar sua participação no comércio internacional. En-
tretanto, o predomínio das rodovias e a precária integração entre os diferentes modos de transportes geram elevados custos de
deslocamento, que dificultam a chegada dos produtos brasileiros aos mercados externos. Por isso mesmo, uma parcela significativa
do orçamento e das obras previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado em 2007, está voltado para o setor.
Essas obras destinam-se a configurar uma nova estrutura em “bacia de drenagem”, por meio de empreendimentos ferroviários e
hidroviários. A perspectiva do Plano Nacional de Logística e Transporte (PNTL), do Ministério dos Transportes, é alcançar em 2015
o equilíbrio entre os três sistemas, com a seguinte repartição: rodoviário, 33%; hidroviário, 29%.

Obras do PAC na BR-101 no município de Goianinha - RN

Alguns dos principais empreendimentos destinam-se a facilitar o escoamento da agropecuária modernizada do Centro-Oeste,
na Amazônia meridional e no leste do Pará. O centro e o sul do Mato Grosso do Sul já estão conectados aos portos de Santos e Para-
naguá por meio das ferrovias Noroeste do Brasil, Novoeste e Ferropar. Os trilhos da Ferronorte alcançaram a porção setentrional do
Mato Grosso do Sul e, numa segunda etapa, devem atingir Cuiabá e Porto Velho. O ramal ferroviário Cuiabá-Santarém é um projeto
de longo prazo, mas o trecho paraense da rodovia que liga essas duas cidades estão sendo asfaltado.
A conclusão da segunda etapa da Ferronorte representará uma dupla conexão das áreas agrícolas do oeste do Mato Grosso e
de Rondônia. Ao sul, a produção será escoada pelos portos de São Paulo e do Paraná, ou através da Hidrovia do Rio Paraná, rumo
à Argentina. Ao norte, seguirá pela Hidrovia do Madeira até chegar ao Rio Amazonas, de onde seguirá para o oceano. A estrada de
ferro também servirá para aliviar o fluxo que passa pela BR-364.

90
CONHECIMENTOS GERAIS

Ferrovia Ferronorte

A Ferrovia Norte-Sul destina-se a escoar a produção agropecuária de uma vasta área que se estende pelo oeste baiano, Goiás,
Tocantins e nordeste de Mato Grosso. A estrada de ferro está conectada às rodovias e ferrovias do Sudeste. Do outro lado, tanto
a ferrovia quanto a hidrovia projetada interligam-se à Estrada de Ferro Carajás, que transporta minérios e grãos para o porto de
Itaqui, no Maranhão. O novo eixo ferroviário em construção tende a reduzir o transporte de cargas pela BR-153.

Ferrovia Norte-Sul

91
CONHECIMENTOS GERAIS
Os investimentos não estão ocorrendo apenas no ramo ferroviário. Desde 2007, o Departamento Nacional de Infraestrutura e
Transportes (DNIT) está preparando uma espécie de “PAC das hidrovias”, que prevê investimentos de até R$ 18 bilhões nos próxi-
mos anos.
A mais importante entre essas obras é a ampliação da Hidrovia Tietê-Paraná. A intenção do governo é ampliar o trecho nave-
gável, dos atuais 800 para 2.000 km. A capacidade de transporte de carga aumentaria de 5 milhões para 30 milhões de toneladas
por ano. Outra vantagem é que a hidrovia terminaria a uma distância de apenas 150 km do Porto de Santos (hoje essa distância é
de 310 km).

HidroviaTietê-Paraná

A segunda obra em análise é a ampliação da Hidrovia do Tocantins-Araguaia. O primeiro trecho da obra contempla a constru-
ção da eclusa de Tucuruí, que dará ao Rio Tocantins 700 km navegáveis. No futuro, pretende-se fazer mais três eclusas, elevando
a distância navegável para 2.200 km.
O terceiro projeto trata-se do projeto da implantação da Hidrovia Teles Pires-Tapajós, que demandará investimentos de R$ 5
bilhões para ampliar a navegabilidade do rio de 300 km para 1.500 km.

Hidrovia Tocantins-Araguaia

92
CONHECIMENTOS GERAIS
A integração intermodal
A nova política de transportes não representa uma mera substituição da prioridade rodoviária pela ênfase nas ferrovias e hidro-
vias. A configuração de uma estrutura de “bacia de drenagem” capaz de contribuir para a inserção competitiva do país na economia
globalizada depende da integração intermodal - ou seja, entre diferentes modos de transporte.
As cargas devem ser transferidas, com eficiência e baixos custos, entre caminhões, vagões ferroviários e comboios fluviais. Isso
exige a construção de terminais intermodais e terminais especializados junto às ferrovias, hidrovias e portos marítimos. Os traba-
lhos de ligações intermodais desenvolvem-se em todas as regiões. Um exemplo é a ligação da Ferrovia Norte-Sul ao Porto de Santos,
que deverá facilitar o escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste.

Os portos marítimos e fluviais nos quais atracam embarcações de longo curso representam os elos principais entre o sistema
nacional de transporte e o mercado mundial. Segundo o Ministério dos Transportes, existem no país 40 portos públicos, basica-
mente operados pelo setor privado. Do ponto de vista da movimentação de cargas, os maiores portos brasileiros são dois grandes
terminais exportadores de minérios e produtos siderúrgicos: Tubarão, no Espírito Santo, e Itaqui, no Maranhão. Ambos prestam
serviços para a Companhia Vale do Rio Doce (Vale), a maior empresa mineradora do país e uma das maiores do mundo.

93
CONHECIMENTOS GERAIS

Os principais portos do Brasil

No litoral Sudeste encontra-se a maior concentração de portos de intenso movimento, com destaque para o Porto de Santos,
que movimenta principalmente produtos industrializados. Na Região Sul, destacam-se as exportações agropecuárias de Paranaguá
e Rio Grande.
Os custos portuários brasileiros chegaram a figurar entre os mais elevados do mundo, em razão da fraca mecanização das ope-
rações de embarque e desembarque e da intrincada burocracia administrativa. Faltam equipamentos para movimentar a carga, há
poucos estacionamentos para os caminhões e os armazéns são insuficientes. Desse modo, congestionamentos e atrasos tornam-se
rotina, o que dificulta a vida de quem exporta. Nesse setor, porém, a maior parte dos investimentos está sendo realizada pelo setor
privado, que já controla cerca de 80% da movimentação portuária nacional.

94
CONHECIMENTOS GERAIS
No mundo todo houve expansão da motorização individual,
ao passo que o uso dos transportes públicos experimentou es-
tagnação, ou mesmo declínio. Nas metrópoles brasileiras, caren-
tes de adequados sistemas de transporte público, o automóvel
tende a substituir os deslocamentos a pé ou em bicicletas.
Desde a década de 1960, as estratégias voltadas para re-
duzir a crise do tráfego urbano concentraram-se na multiplica-
ção das obras viárias: pistas expressas, vias elevadas, viadutos,
túneis, anéis periféricos. Essas estratégias, extremamente ca-
ras, desfiguram grande parte da paisagem urbana, ampliaram
o espaço consumido pelas infraestruturas de circulação, dete-
rioraram áreas residenciais, parques e praças e fracassaram: o
aumento da oferta de vias de tráfego estimulou o crescimento,
num ritmo ainda maior, da quantidade de veículos e das distân-
cias percorridas.
Fila de carretas em direção ao Porto de Paranaguá - PR
A falta de investimentos em transporte público, obriga a po-
pulação a andar em ônibus cada vez mais lotados nas grandes
Os investimentos em infraestrutura de transporte estão ge-
cidades
rando novos polos de crescimento econômico e acendem dis-
A experiência do passado recente revelou que novas in-
putas pela atração de investimentos. No Nordeste, dois novos e
fraestruturas de circulação geram seus próprios congestiona-
modernos portos foram empreendimentos prioritários dos go-
mentos. Assim, surgiram propostas para enfrentar o desafio do
vernos estaduais na década de 1990: Suape, em Pernambuco, e
tráfego urbano que buscam combinar investimentos nos trans-
Pecém, no Ceará. Em torno deles, surgiram, graças a generosos
portes de massa com restrições ativas à circulação de veículos
incentivos fiscais, distritos industriais com vocação exportadora.
particulares. No Brasil, as experiências de limitação do tráfego
de automóveis abrangem principalmente proibições parciais de
O transporte intraurbano
circulação, por meio de sistemas de rodízios. O automóvel, anti-
go ícone da liberdade de deslocamento, tornou-se símbolo das
As últimas décadas conheceram uma verdadeira explosão
mazelas da vida urbana.
nas taxas de motorização individual. Entre os países desenvol-
vidos, essa taxa varia de cerca de 350 mil automóveis por mil
Destaque da Região Centro-Sul
habitantes da Dinamarca até 500 ou mais na Alemanha, Itália e
nos Estados Unidos. Nos países subdesenvolvidos industrializa-
Com aproximadamente de 2,2 milhões de km2, cerca de 25%
dos, ela é bem menor, em torno de 100 a 200 automóveis por
do território brasileiro, a região centro-sul abrange os estados
mil habitantes, embora esteja crescendo em ritmo acelerado.
da região Sul, Sudeste (exceto o norte de Minas Gerais) e Cen-
Nas cidades brasileiras com mais de 60 mil habitantes, por
tro-Oeste, (Goiás, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Sul do
exemplo, a taxa de motorização passou de 171 veículos/mil ha-
Mato Grosso e de Tocantins.
bitantes em 2003 para 206 veículos/mil habitantes em 2007. Por
É o complexo regional mais importante e o centro econômi-
isso, e apesar dos programas de redução de poluentes de veícu-
co da nação, com mais de 60% da população brasileira. Aí estão
los, a quantidade de poluentes emitidos pelos habitantes dessas
16 das 22 áreas metropolitanas do país. É a mais dinâmica das
cidades apresentou aumento de 2,3% no período.
regiões, com uma economia muito diversificada.
A poluição atmosférica causada pelos veículos acarreta dis-
Apresenta a maior concentração de indústrias do país, uma
túrbios de saúde em vastas camadas da população. A poluição
rede complexa e interligada de cidades, a agropecuária mais mo-
sonora e os acidentes de tráfego também fazem parte da lista
derna e a mais densa rede de serviços, comunicações e transpor-
dos problemas gerados pelo crescimento intensivo do transpor-
tes. É onde se produz mais emprego do que todos os complexos
te individual.
regionais e concentra a maior quantidade dos investimentos das
grandes empresas.
O Centro-Sul é o espaço da modernização e do dinamismo,
embora apresente ainda estruturas tradicionais e atrasadas,
acarretando desequilíbrios socioespaciais no seu espaço regio-
nal. Podemos dizer que o Centro-Sul representa o “Brasil novo”,
da indústria, das grandes metrópoles, da imigração e da moder-
nização da economia.
É a região de economia mais dinâmica do país, produzindo a
maior parte do PIB. Nos setores agrário, industrial e de serviços,
além de concentrar a maior parte da população. Apesar da maior
dinamicidade, o centro-sul possui também as contradições típi-
cas do desigual desenvolvimento sócieconômico brasileiro.

Ar bastante poluído na cidade de São Paulo - SP

95
CONHECIMENTOS GERAIS
População Brasileira Crescimento populacional ou demográfico: é a taxa de cres-
cimento populacional calculada a partir da soma entre o cresci-
O Brasil é considerado um dos países de maior diversidade mento natural e o crescimento migratório.
étnica do mundo, sua população apresenta características dos Migração pendular: aquela realizada diariamente no coti-
colonizadores europeus (brancos), dos negros (africanos) e dos diano da população. Exemplo: ir ao trabalho e voltar.
indígenas (população nativa), além de elementos dos imigrantes Migração sazonal: aquela que ocorre durante um determi-
asiáticos. A construção da identidade brasileira levou séculos nado período, mas que também é temporária. Exemplo: viagem
para se formar, sendo fruto da miscigenação (interação entre de férias.
diferentes etnias) entre os povos que aqui vivem. Migração definitiva: quando se trata de algum tipo de mi-
Além de miscigenado, o Brasil é um país populoso. De acor- gração ou mudança de moradia definitiva.
do com dados do último Censo Demográfico, realizado em 2010 Êxodo rural: migração em massa da população do campo
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a po- para a cidade durante um determinado período. Lembre-se que
pulação total do país é de 190.755.799 habitantes. Essa quanti- uma migração esporádica de campo para a cidade não é êxodo
dade faz do Brasil o quinto mais populoso do mundo, atrás da rural.
China, Índia, Estados Unidos da América (EUA) e Indonésia, res- Metropolização: é a migração em massa de pessoas de pe-
pectivamente. quenas e médias cidades para grandes metrópoles ou regiões
Apesar de populoso, o Brasil é um país pouco povoado, pois metropolitanas.
a densidade demográfica (população relativa) é de apenas 22,4 Desmetropolização: é o processo contrário, em que a po-
habitantes por quilômetro quadrado. Outro fato que merece ser pulação migra em massa para cidades menores, sobretudo as
destacado é a distribuição desigual da população no território cidades médias.
nacional. Um exemplo desse processo é a comparação entre o
contingente populacional do estado de São Paulo (41,2 milhões) Mercado de Trabalho
com o da região Centro-Oeste (14 milhões).
A demografia – ou Geografia da População – é a área da Mercado de Trabalho é um conceito utilizado para explicar a
ciência que se preocupa em estudar as dinâmicas e os processos procura e a oferta das atividades remuneradas oferecidas pelas
populacionais. Para entender, por exemplo, a lógica atual da po- pessoas ao setor público e ao privado.
pulação brasileira é necessário, primeiramente, entender alguns O mercado de trabalho acompanhou a expansão da econo-
conceitos básicos desse ramo do conhecimento. mia e as taxas de desemprego chegaram a registrar somente 4%
População absoluta: é o índice geral da população de um de desocupação.
determinado local, seja de um país, estado, cidade ou região. Cada vez mais, exige-se o ensino médio para as profissões
Exemplo: a população absoluta do Brasil está estimada em 180 mais elementares, conhecimento básico de inglês e informática.
milhões de habitantes. Devido a desigualdade social do país, nem sempre esses requisi-
Densidade demográfica: é a taxa que mede o número de tos serão cumpridos durante a vida escolar.
pessoas em determinado espaço, geralmente medida em habi- O melhor é se dedicar aos estudos, fazer um bom currículo,
tantes por quilômetro quadrado (hab/km²). Também é chamada acumular experiências de trabalho voluntário e se preparar para
de população relativa. entrevistas.
Superpovoamento ou superpopulação: é quando o quantita- Por isso, é preciso abandonar de vez a ideia de trabalho in-
tivo populacional é maior do que os recursos sociais e econômi- fantil e lembrar que uma criança que não estudou durante a in-
cos existentes para a sua manutenção. fância será um adulto com menos chances de conseguir um bom
Qual a diferença entre um local, populoso, densamente po- emprego.
voado e superpovoado? Desde 2016, a taxa de desemprego tem crescido e isso só
Um local densamente povoado é um local com muitos habi- aumenta a competição para quem deseja se recolocar ou entrar
tantes por metro quadrado, enquanto que um local populoso é no mercado de trabalho.
um local com uma população muito grande em termos absolutos
e um lugar superpovoado é caracterizado por não ter recursos
suficientes para abastecer toda a sua população.
Exemplo: o Brasil é populoso, porém não é densamente po-
voado. O Bangladesh não é populoso, porém superpovoado. O
Japão é um país populoso, densamente povoado e não é super-
povoado.
Taxa de natalidade: é o número de nascimentos que aconte-
cem em uma determinada área.
Taxa de fecundidade: é o número de nascimentos bem suce-
didos menos o número de óbitos em nascimentos.
Taxa de mortalidade: é o número de óbitos ocorridos em um
determinado local.
Crescimento natural ou vegetativo: é o crescimento popula-
cional de uma localidade medido a partir da diminuição da taxa
de natalidade pela taxa de mortalidade.
Crescimento migratório: é a taxa de crescimento de um local
medido a partir da diminuição da taxa de imigração (pessoas que
chegam) pela taxa de emigração (pessoas que se mudam).

96
CONHECIMENTOS GERAIS

Taxa de desemprego no Brasil em 2017

Muitas pessoas recorrem ao trabalho informal, temporário ou não, a fim de escapar da situação de desemprego.

Atual
O mercado de trabalho nunca foi tão competitivo. A economia de mercado globalizada fez com que as empresas possam con-
tratar pessoas em todos os cantos do planeta. Com o crescimento do trabalho remoto esta tendência só tende a aumentar.
Igualmente, os postos oferecidos pelo mercado de trabalho exigem cada vez mais tempo de estudo, autonomia e habilidades
em informática.
Dessa maneira, nem sempre aqueles que são considerados como população economicamente ativa, tem suficiente formação
para ingressar no mercado de trabalho.

Tendências
As principais tendências para o aperfeiçoamento do trabalhador, em 2017, segundo uma consultoria brasileira seriam:
• Capacidade de Negociação
• Execução de planejamento estratégico e projetos
• Assumir equipes de sucesso herdadas
• Domínio do idioma inglês

Mulher
Embora a mulher ocupe uma fatia expressiva do mercado de trabalho, vários problemas persistem como a remuneração inferior
ao homem e a dupla jornada de trabalho.
Mesmo possuindo a mesma formação de um homem e ocupando a mesma posição, a mulher ganhará menos. Além disso, em
casa se ocupará mais tempo das tarefas domésticas do que os homens.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em todo mundo, apenas 46% das mulheres em idade de trabalhar bus-
cam emprego. Na mesma faixa etária, os homens respondem por 76%.
Nos países desenvolvidos a mulher ocupa 51,6% dos postos de trabalho frente aos 68% dos homens. No Brasil, essa diferença
é de 22 pontos percentuais, aumentando a brecha salarial.
Nos gráficos abaixo podemos observar a participação da mulher no mercado de trabalho no Brasil:

97
CONHECIMENTOS GERAIS

Divisão do mercado de trabalho entre mulheres e homens

Jovens
Para os jovens da chamada geração Y ou os millennials – que nasceram após 1995 – o mercado de trabalho pode ser um desafio
complexo.
Os millennials se caracterizam por ter um domínio das tecnologias mais recentes, redes sociais e até programação. Possuem
bom nível de inglês e um segundo idioma, fizeram pós-graduação e quem pode, viajou para o exterior.
Por outro lado, têm dificuldades em aceitar hierarquias e, por conta de sua formação, desejam começar logo em postos de
comando. São menos propensos a serem fiéis à empresa e preferem empreender seu próprio negócio que buscar um emprego
tradicional.
A realidade dos millennials nos países subdesenvolvidos em geral e no Brasil em particular esbarra sempre no acesso à educa-
ção formal.

Profissões mais valorizadas


Apesar de ser apenas uma estimativa, aqui estão as profissões que estão em alta e devem ser mais demandadas nos próximos
anos:
- Estatística
- Analista de dados
- Médico
- Biotecnologia e Nanotecnologia
- Economia Agroindustrial
- Administração de Empresas
- Comércio Exterior
- Turismo
- Geriatria
- Design com foco em inovação

Estrutura ocupacional

Nos últimos anos o ritmo de crescimento populacional foi alterado pelas modificações das taxas de mortalidade e fecundidade.
Nonato et al (2012) analisando a força de trabalho, destacam que a transição demográfica altera a quantidade da força de trabalho,
pois altera a composição relativa de peso para cada grupos da população, principalmente em termos de números de adultos que
constituem a PIA brasileira, e assim modificando a oferta de mão de obra do país, como será visto na seção nesta seção.
Para Camarano (2014) o Brasil estaria indo em direção à terceira fase da transição demográfica na qual a população apresenta
diminuição e envelhecimento. Barbosa (2014) argumenta que a demografia brasileira nas últimas décadas vem expondo um menor
ritmo de crescimento populacional e alteração de sua estrutura etária, fato que modifica população em idade ativa (PIA), assim
como, modifica o mercado de trabalho.

98
CONHECIMENTOS GERAIS
Nonato et al (2012) observam a força de trabalho brasileira existe a necessidade para adequação dos meios de trabalho para
e sua disposição de quantidade e qualidade. A quantidade da esse contingente da população mais envelhecido, assim como
força de trabalho está condicionada ao tamanho da população, ampliar o número de oportunidade para esse grupo etário (CA-
número de adultos e a disposição de empregabilidade. Enquan- MARANO; KANSO E FERNANDES, 2014).
to a qualidade da força de trabalho está condicionada ao nível A proporção de idosos com mais de 65 anos que continuam
educacional da população. Segundo os autores as características no mercado de trabalho na maior parte do mundo é baixa, e
quantitativa e qualitativa da força de trabalho brasileira modifi- apesar desse fato foi observado nos Estados Unidos, um incre-
caram-se nas ultimas décadas por três razões centrais. A primei- mento dessa parcela da população na atividade econômica, em-
ra diz respeito à transição demográfica e alteração da estrutura bora com um quadro diferenciado, pois possuem uma condição
etária, que altera a composição da PIA e consequentemente o socioeconômica mais elevada em termos de saúde e escolarida-
número de indivíduos da força de trabalho. A segunda são al- de entre eles. No entanto, esse grupo etário observado também
terações da qualificação, especialização, ou seja, aumentos da se diferencia dos outros aspectos, além da idade, pois optaram
escolaridade que são associados a maiores níveis de participa- por uma maior flexibilidade em sua permanência nas atividade
ção nas atividades produtivas. E a terceira refere-se à população econômicas, trabalhando menos horas com uma remuneração
feminina e sua participação no mercado de trabalho. menor, o que de fato pode ser uma alternativa muito viável para
Barbosa (2014) ressalta que a parcela que representa a PIA ser aproveitado no contexto brasileiro, pois se adotadas medi-
dentro do conjunto populacional de 2012, tinha um peso próxi- das que favoreça uma maior participação desse grupo etário na
mo a 69,0% do total da população brasileira. No entanto a PIA economia, mesmo que não integralmente, pode levar a um pro-
tem crescido a taxas relativamente menores que a população longamento do tempo nas atividades econômicas (CAMARANO;
com mais de 65 anos de idade, apresentando uma tendência de KANSO E FERNANDES, 2014).
desaceleração do grupo entre 15 e 64 anos de idade desde 1999,
em função da queda da fecundidade e com projeções para sua
intensificação de queda para as próximas décadas. 27 Participação das Mulheres Brasileiras na Atividade Econô-
Camarano (2014) explica que o grupo da PIA apresentou mica nos Últimos Anos
uma taxa de crescimento de 1,4% ao ano, entre 2010 e 2015,
taxa considerada relativamente alta por Camarano, mas deve A presente seção aponta para um cenário aonde a mulher
apresentar crescimento negativo para os períodos finais da pro- vem incrementando sua participação no mercado de trabalho
jeção até 2050, atingindo seu máximo até 2040 com um número assim como seu nível educacional nos últimos anos. E se com-
aproximado de 177 milhões. A desaceleração do crescimento parado o cenário entre homens e mulheres em termos de par-
para o grupo da PIA é projetado a partir de 2045, projeta-se tam- ticipação nas atividades econômicas do Brasil e alguns países
bém que 60,0% de sua formação sejam de indivíduos com mais integrantes da OCDE e Estados Unidos, ainda existe espaço para
de 45 anos de idade, e de 50,0% com mais de 50 anos de idade ampliação das taxa de atividades da mulher no mercado de tra-
Camarano (2014) argumenta que as taxas de participação balho.
na atividade econômica (PEA) de 2010 ficam constantes até a O incremento da participação feminina no mercado de tra-
projeção de 2020, no entanto para a projeção de 2020- 2030 balho é uma opção que pode ser explorada visto que possui es-
em decorrência da queda da fecundidade devem resultar em um paço para crescer. Comparativamente aos países da Organização
decréscimo aproximado de 380 mil na demanda por postos de para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e aos
trabalho anuais. Ressalta que para manter o nível de atividade Estados Unidos, as taxas por faixa etária dos homens brasileiros
da economia brasileira de 2010, entre 2030 e 2050, 400 mil no- ficam nem níveis similares. No entanto, com relação a faixa etá-
vos indivíduos deverão estar dispostos a ocuparem uma vaga no ria entre 40 e 64 anos do grupo das mulheres brasileiras, as taxas
mercado de trabalho brasileiro. A autora argumenta que esses de atividade ficam abaixo das taxas observadas entre as mulhe-
potenciais demandantes por vagas no mercado de trabalho po- res da OCDE e Estados Unidos.Para Souza Júnior e Levy (2014) o
deriam resultar do declínio de mortalidade, aumento da partici- nível de atividade das mulheres em relação ao nível de atividade
pação feminina ou ainda uma postergação da saída do mercado do grupo dos homens é menor para todas as faixas etárias. Esta
de trabalho. diferença se amplia se observado o grupo das mulheres com
Nonato et al (2012) ressalta que os efeitos de curto prazo mais de 45 anos de idade. Nonato et al (2012) argumentam que
de diminuição da população jovem será desdobrado no médio apesar da diferença entre a participação entre homens e mulhe-
e longo prazo em uma redução da (PIA) e inversão da pirâmide res, existe um crescente incremento das mulheres no mercado
etária. E a partir de uma perspectiva do mercado de trabalho a de trabalho formal nos últimos anos, passando de uma taxa de
consequência da transição demográfica resulta diretamente na participação de 32,9% para uma taxa de 52,7% entre o período
composição da PIA brasileira e impactando a disponibilidade de de 1981 a 2009 e, que apesar do aumento nos últimos anos, ain-
mão de obra. da existe uma diferença considerável, 20 pontos percentuais em
comparação a nível de participação masculina.
Além dos fatores que dizem respeito aos indivíduos e suas Logo Nonato et al (2012) observam um potencial para o au-
condições, existem as barreiras sociais. Uma dessas barreiras mento do grupo das mulheres no mercado de trabalho. Somado
sociais é como absorver um contingente mais envelhecido (ou a esse potencial, uma melhora do nível de escolaridade tende a
manter ele em atividade) como o preconceito em relação ao tra- incrementar a participação dos indivíduos nas atividades econô-
balho das pessoas mais envelhecidas, embora tenham um nível micas assim como tendem a incrementar a sua produtividade.
maior de experiência em relação aos jovens, apresentam maior Para Barbosa (2014) dentre os fatores que influenciam a entrada
absenteísmo por condições físicas e de saúde como também das mulheres no mercado de trabalho sem sombra de dúvidas
maior tempo de aprendizado de algumas funções assim como a educação possui um destaque. Nonato et al (2012) alega que
dificuldades para lidar com modificações tecnológicas. Logo toda a PIA brasileira tem apresentado níveis cada vez maiores

99
CONHECIMENTOS GERAIS
de escolarização nos últimos anos e evidencia um maior peso da Berlingeri e Santos (2014) argumentam que é previsto em
participação das mulheres para esse aumento no nível de esco- lei o atendimento gratuito em creches e pré-escolas e que nos
laridade da PIA brasileira. últimos anos está ocorrendo um aumentando na demanda nes-
ses serviços. Entre 1997 e 2009 a demanda por creches munici-
Determinantes da Participação Feminina no Mercado de pais teve um aumento de quatro vezes. Segundo os autores o
Trabalho aumento na demanda tem dois motivos principais. O primeiro
é em relação às conquistas da mulher no mercado de trabalho
Nota-se o potencial que ainda pode ser explorado em rela- para complementação da renda familiar, sendo que a creche
ção às mulheres e sua inserção no mercado de trabalho, como já aparece como uma entidade que auxilia as mães trabalhadoras
comentado neste trabalho, observa-se a diferença entre a taxa na conciliação do trabalho e maternidade. O segundo motivo
de participação nas atividades econômica brasileira feminina e a é o benefício no ensino infantil, desenvolvimento cognitivo e
internacional, como exemplo dos países que compõe Organiza- socioemocional das crianças, ou seja, a relevância no processo
ção para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e educacional.
Estados Unidos, mas principalmente, em relação à diferença nas Várias modificações institucionais visando o ensino infantil
taxas de atividade masculina e feminina no Brasil. A seção abor- foram realizadas pelos órgãos públicos tentando suprir a cres-
da o conceito de salário reserva da mulher na tomada de decisão cente demanda por vagas desse grupo etário como exemplo
de entrada ou não no mercado de trabalho, assim como trata da Por meio da Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes
conciliação entre trabalho e maternidade, sendo que a presença e bases da educação nacional (Brasil, 1996), as creches foram
de creches aponta para uma maior disposição das mulheres a incorporadas ao sistema de educação e, posteriormente, ao
exercerem atividades econômicas. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
A tomada de decisão em relação a entrar no mercado de e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), rece-
trabalho está ligada a oferta de trabalho e, na teoria neoclássica bendo recursos diretos do governo. Outras medidas, como a Lei
a decisão de ofertar trabalho ou não ofertar trabalho é uma de- nº 11.114/2005 (Brasil, 2005) – que altera o Artigo 32 da LDB,
cisão em relação à maximização da utilidade individual em rela- determinando que o ensino fundamental, gratuito e obrigatório,
ção à quantidade de bens e lazer. Logo, a determinação quanto passa a ter início aos 6 anos de idade e estende sua duração
à oferta de trabalho do indivíduo está associada ao chamado até os 9 anos –, a Emenda Constitucional (EC) nº 59/2009 – que
salário de reserva, ou seja, quanto o indivíduo receberá de re- passa a incluir a pré-escola (4 a 5 anos) como etapa obrigatória
muneração adicional para abrir mão de uma hora de lazer. Logo do ensino básico –, e o projeto de lei (PL) que cria o Plano Na-
o indivíduo estará disposto a ter menos horas de lazer quando cional de Educação (PNE) para vigorar de 2011 a 2020, buscando
o salário de mercado exceder seu salário de reserva. Barbosa ampliar a oferta de educação infantil de forma a atender a 50%
(2014) nota que enquanto para os homens a elasticidade das ho- da população de até 3 anos, refletem a preocupação do governo
ras trabalhadas em relação ao salário é a principal variável dos em universalizar o atendimento escolar destinado ao público in-
estudos sobre oferta de trabalho. No entanto não é o mesmo fantil (BERLINGERI; SANTOS, 2014, p.449)
para entender os determinantes da oferta do trabalho feminino, O cenário de transformação demográfica da população
justamente pelo contraste da participação de ambos os sexos no brasileira oferece importantes informações a respeito das de-
mercado de trabalho. mandas por vagas na educação infantil de creches e pré-escolas.
Barbosa (2014) aponta que o salário de reserva tem um pa- Como já visto, a fecundidade nas ultimas décadas vem decres-
pel importante para determinar a inserção ou não da mulher no cendo cada vez mais no cenário brasileiro, que com o passar dos
mercado de trabalho, pois o mesmo indica características indivi- anos, foi alterando a composição etária da população, modifi-
duais, familiares ou econômicas que afetam a disposição de seu cando principalmente os dois grupos extremos, as crianças e os
nível de participação. Como exemplo, as mulheres com filhos idosos, pois o primeiro grupo perde seu peso na composição da
pequenos, possuem uma tendência a ter um salário de reserva população enquanto o segundo amplia seu contingente. Logo,
maior do que as mulheres que não possuem filhos, assim como não é comum para os formuladores de políticas atenderem esse
outros membros dependentes no domicílio e um número maior aumento de demanda presente através da expansão dos ser-
de adultos também tendem a aumentar o salário de reserva das viços de educação infantil esperando que esses investimentos
mulheres. A autora ainda observa variáveis como a idade e o es- não possam ficar ociosos no futuro. Assim a demanda por esses
tado conjugal com grande influencia no salário de reserva e, que serviços são conflitantes, pois o número de crianças do grupo
podem ter o efeito positivo ou negativo quanto a participação entre 0 e 3 anos de idade é cada vez menor, mas apesar disso, o
da mulher no mercado de trabalho. número de família que buscam por esse serviço é cada vez maior
Camarano (2004) argumenta que a presença de idosos com (BERLINGERI; SANTOS, 2014).
mais de 75 é uma variável dúbia, pois se o idoso pode gerar um Como visto neste capítulo, a população que compõe a PIA
efeito negativo se necessitar de cuidados, assim como pode ge- brasileira vem apresentando menores taxas de crescimento com
rar um efeito positivo se os idosos auxiliarem no cuidado dos projeções de máximo de sua população em 2040, e taxa de cres-
filhos e/ou da casa. cimento negativas para depois desse período. Além disso, vem
Barbosa (2014) aponta que vários estudos indicam de forma apresentando maior grau de envelhecimento. Segundo Cama-
significativa que creches e pré-escolas aumentam a participação rano (2014) para manter os níveis de atividade de 2010 entre
das mulheres no mercado de trabalho assim como o aumento 2030 e 2050 a oferta de mão obra trabalhadora deve crescer, e
das horas trabalhadas. Barros et al (2011) observa que ao incre- indica a possibilidade de incremento da participação das mulhe-
mentar a oferta de creches públicas em bairros de baixa renda res e aumento da permanência dos trabalhadores no mercado
no Rio de Janeiro, elevou consideravelmente a participação fe- de trabalho. Embora não elimine a tendência de diminuição da
minina no mercado de trabalho nestas localidades, entre 36,0% população em idade ativa, essas duas possibilidades retardam o
e 46,0%. processo.

100
CONHECIMENTOS GERAIS
Apesar disso, uma maior permanência nas atividades labo-
rativas não é uma tarefa simples, pois conforme o trabalhador
vai ficando mais velho tende a apresentar mais problemas rela-
cionados à sua condição de saúde. Como visto em média ambos
os sexos saem do mercado de trabalho antes da idade mínima
prevista em lei para aposentadoria.
Logo a tendência de saída do mercado de trabalho pelo
trabalhador brasileiro não está em concordância com as modi-
ficações demográficas que o país está passando, ou seja, o in-
cremento em anos de vida que a população brasileira vem ga-
nhando não está sendo repassada em aumentos em anos nas
atividades econômicas.
Contudo cabe ressaltar que em conjunto de um tempo
maior de trabalho o incremento da participação das mulheres
nas atividades é outra possibilidade a ser explorada. Pois os ní- Ilustração de gráfico para indicadores sociais
veis de atividade das mulheres brasileiras são menores compa-
rativamente ao nível de atividade dos homens brasileiros, assim Através destes indicadores, pode-se ainda indicar os países
como menores, quando comparadas aos níveis de atividade das como sendo: ricos (desenvolvidos), em desenvolvimento (eco-
mulheres dos países da OCDE e Estados Unidos. nomia emergente) ou pobres (subdesenvolvidos). Para que isso
Barros et al (2011) observa uma relação positiva entre au- ocorra, organismos internacionais analisam os países segundo:
mento de número de creches e aumento da participação fe- • Expectativa de vida (média de anos de vida de uma pessoa
minina nas atividades econômicas. Berlingeri e Santos (2014) em determinado país).
argumentam que a demanda pelo serviço de creches tem au- • Taxa de mortalidade (corresponde ao número de pessoas
mentando nos últimos anos, mas observa que um aumento de que morreram durante o ano).
investimentos na ampliação deste tipo de serviço pode ficar • Taxa de mortalidade infantil (corresponde ao número de
ocioso no futuro, tendo em vista as alterações demográficas, crianças que morrem antes de completar 1 ano).
como um número cada vez menor de nascimentos para o grupo • Taxa de analfabetismo (corresponde ao percentual de pes-
de crianças de 0 a 3 anos que utilizam esse serviço. soas que não sabem ler e nem escrever).
Barbosa (2014) argumenta ser incerto os cenários de au- • Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, baseada na parida-
mento das mulheres na atividade econômica, e mesmo se hou- de de poder de compra dos habitantes.
ver este incremento ainda não será o suficiente para suprir a • Saúde (referente à qualidade da saúde da população).
necessidade futura de mão de obra no mercado de trabalho • Alimentação (referente à alimentação mínima que uma
brasileiro, argumenta a necessidade de melhores níveis edu- pessoa necessita, cerca de 2.500 calorias, e se essa alimentação
cacionais e mais políticas para permanência do trabalhador no é equilibrada).
mercado de trabalho. • Condições médico-sanitárias (acesso a esgoto, água trata-
Nonato et al (2012) argumenta que para reduzir a diferença da, pavimentação, entre outros).
entre mulheres e homens em termos de níveis de atividade do • Qualidade de vida e acesso ao consumo (correspondem
mercado de trabalho depende de modificações culturais, eco- ao número de carros, de computadores, televisores, celulares,
nômicas e sociais. Ressalta ainda que a participação feminina acesso à internet, etc).
deve incrementar-se para os próximos anos com mais mulheres
ocupando cargos e postos nos quais ainda não estão muito pre- IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
sentes.
O IDH foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas)
Indicadores sócioeconômicos com o objetivo de medir o grau econômico e, principalmente,
como as pessoas estão vivendo nos países de todo o mundo.
Os indicadores sociais são dados estatísticos sobre os vá- O IDH avalia os países em uma escala de 0 a 1. O índice 1
rios aspectos da vida de um povo que, em conjunto, retratam não foi alcançado por nenhum país do mundo, e dificilmente
o estado social da nação e permitem conhecer o seu nível de será, pois tal índice iria significar que determinado país apresen-
desenvolvimento social. ta uma realidade praticamente perfeita, com elevada renda per
Os indicadores sociais compõem um sistema e, para que te- capita, expectativa de vida de 90 anos e assim por diante.
nham sentido, é necessário que sejam observados uns em rela- Igualmente é importante ressaltar que não existe nenhum
ção aos outros, como elementos de um mesmo conjunto. país do mundo com índice 0, pois se isso acontecesse seria o
A partir destes indicadores sociais, pode ser avaliada a ren- mesmo que apresentar, por exemplo, taxas de analfabetismo de
da per capita, analfabetismo (grau de instrução), condições ali- 100% e todos os outros indicadores em níveis catastróficos. Os
mentares e condições médicas-sanitárias de uma região ou país. 10 países que ocupam o topo no quesito “muito alto desenvol-
vimento humano” na tabela que apresenta o ranking IDH Global
de 2018 são:

101
CONHECIMENTOS GERAIS

Ranking IDH Global País Nota


1 Noruega 0,953
2 Suiça 0,944
3 Austrália 0,939
4 Irlanda 0,938
5 Alemanha 0,936
6 Islândia 0,935
7 Hong Kong 0,933
8 Suécia 0,933
9 Singapura 0,932
10 Holanda 0,931

De acordo com este relatório, o Brasil figura no quesito “alto desenvolvimento humano”, ocupando a posição 79º no ranking
IDH Global, com nota 0,759.

Mapa ilustrando a visualização IDH Global

Que tipo de informação os indicadores podem dar sobre o Brasil?


A comparação entre as regiões norte, nordeste, sudeste, sul e centro-oeste é muito importante para que tenhamos condições
de conhecer melhor uma região ou o país. Quando comparados os indicadores sociais do nordeste com os do sudeste (por exemplo,
número de pessoas que têm em casa esgoto ligado à rede geral, água tratada e coleta de lixo), fica evidente que no nordeste as
famílias vivem em piores condições de vida do que no sudeste.
Ao mesmo tempo, estes indicadores possibilitam que tenhamos condições de avaliar com mais cuidado as ações dos governos
no que se refere à administração da vida das pessoas. Um governo conseguiu melhorar os índices de educação em várias regiões,
outro pode ter incentivado a criação de novas indústrias - os números mostram o que realmente foi realizado.

Plataforma do PNUD apresenta indicadores sociais de 20 regiões metropolitanas do Brasil


Atlas do Desenvolvimento Humano das Regiões Metropolitanas Brasileiras disponibiliza informações do IDH municipal e outros
200 indicadores socioeconômicos. Objetivo é melhorar elaboração de políticas públicas para as cidades. Iniciativa é tema de apre-
sentações na Terceira Conferência da ONU sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, a Habitat III.
Para disponibilizar dados sobre 20 regiões metropolitanas brasileiras — de um total de 70 espalhadas pelo país —, o Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) criaram uma plataforma
online com informações sobre educação, renda, trabalho, demografia, longevidade, habitação e vulnerabilidade de grupos especí-
ficos. O objetivo é melhorar as políticas públicas para as cidades.
A iniciativa é tema de apresentações da Terceira Conferência da ONU sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, a
Habitat III, que teve início na segunda-feira (17) e termina na próxima quinta (20).
Criado também em parceria com a Fundação João Pinheiro, o Atlas do Desenvolvimento Humano das Regiões Metropolitanas
Brasileiras utiliza informações do projeto Atlas Brasil, que avaliou as condições de vida em 5.565 municípios.

102
CONHECIMENTOS GERAIS
Além de apresentar o índice de desenvolvimento humano insalubres de moradia e à falta de políticas públicas que aten-
de cada cidade (IDHM), o portal exibe outros 200 indicadores dam essa parcela da população tem como consequência direta o
socieconômicos e sua evolução de 2000 a 2010 nas 20 regiões aumento da criminalidade.
analisadas. Entre as regiões metropolitanas avaliadas, estão São Inundações: O processo de urbanização está atrelado a di-
Paulo, Distrito Federal e Entorno, Rio de Janeiro, Manaus, Ma- versas questões, como o aumento da produção de lixo associado
ceió, Curitiba, Porta Alegre, entre outras. à impermeabilização do solo. O asfaltamento das cidades e o
“O Atlas é um instrumento de democratização da informa- mau planejamento prejudicam o escoamento das águas, provo-
ção que pode auxiliar na melhoria da qualidade de políticas pú- cando inundações.
blicas”, destaca a coordenadora do Relatório de Desenvolvimen-
to Humano no PNUD, Andréa Bolzon. Historia do Estado do Rio de Janeiro
Segundo a especialista, com a plataforma “é possível per- O Rio de Janeiro (RJ) é um estado brasileiro localizado na
ceber que a desigualdade em nível ‘intrametropolitano’ ainda região Sudeste do país, fazendo divisas com os estados do Es-
persiste como realidade tanto no Sudeste quanto no Nordeste”. pírito Santo, a norte; Minas Gerais, a noroeste; e São Paulo, a
“Dentro da mesma região metropolitana, por exemplo, a sudoeste. Toda a sua costa leste é banhada pelo Oceano Atlân-
diferença em termos de esperança de vida ao nascer pode che- tico, o que contribui para o grande número de praias e pontos
gar a mais de dez anos entre uma Unidade de Desenvolvimento turísticos. A sua capital é a cidade do Rio de Janeiro, conhecida
Humano (UDHs) e outra, quer estejamos em Campinas ou em turisticamente como a “Cidade Maravilhosa” e que já foi a capi-
Maceió”, explica Bolzon. tal do Brasil entre os anos de 1763 e 1960.
As UDHs — que podem ser analisadas separadamente na
plataforma — são áreas menores que bairros nos territórios Em razão de a capital e o estado possuírem o mesmo nome,
mais populosos e heterogêneos, mas iguais a municípios inteiros há uma distinção com relação à naturalidade. Quando se faz re-
quando estes têm população insuficiente para desagregações ferência a alguém do estado do Rio de Janeiro, utiliza-se o adje-
estatísticas. tivo pátrio fluminense, mas quando a designação é em relação à
Através do link a seguir terá acesso, sequencialmente, à pla- cidade do Rio de Janeiro, o termo correto é carioca.
taforma online e ao atlas apontado no texto.
http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscen- O estado possui uma população de aproximadamente
ter/articles/2016/10/18/atlas-do-desenvolvimento-humano- 16.370.000 pessoas, a terceira maior do país, habitando em uma
-nas-regi-es-metropolitanas-fornece-indicadores-para-focaliza- área de 43.780 km², uma das menores do Brasil. Isso significa
dizer que o Rio possui elevadas densidades demográficas, cerca
-o-de-pol-ticas-p-blicas-/
de 366 habitantes por quilômetro quadrado. Há um total de 92
municípios, dos quais podemos destacar as cidades de Niterói,
São Gonçalo, Duque de Caxias, Volta Redonda e Nova Iguaçu.
Consequências do processo de urbanização
95% da população fluminense habita o meio urbano.
O processo de urbanização, além de ocorrer de forma desi-
Geomorfologicamente, o Rio de Janeiro encontra-se na re-
gual, não só no Brasil mas em diversas partes do mundo, dá-se
gião dos Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, segundo
de forma desordenada, apontando então a falta de planejamen-
a classificação do relevo brasileiro elaborada por Jurandyr Ross.
to. Isso acarreta diversos problemas urbanos de ordem social e
Localmente, há três subdivisões: a região das Terras Altas, com
ambiental. São alguns deles: mais de 200 m de altitude; as Terras Baixas, mais conhecidas
Favelização: A falta de planejamento e de políticas públi- como Baixada Fluminense, com menos de 200 m de altitude; e
cas faz com que muitas pessoas (ao dirigirem-se às cidades e os maciços litorâneos, que envolvem toda a fisionomia superfi-
não encontrar locais para abrigarem-se) ocupem áreas terrenas, cial da costa marítima. O ponto mais alto do estado é o Pico das
muitas vezes em áreas de risco. A favelização é uma consequên- Agulhas Negras, com 2.791 metros acima do nível do mar.
cia do inchaço urbano e da ocupação desordenada das cidades. O Rio de Janeiro representa a segunda maior economia do
Excesso de lixo: Visivelmente, onde há maior concentra- Brasil, com um dos espaços mais industrializados do país. A capi-
ção de pessoas, há também maior produção de lixo. O aumen- tal é, inclusive, uma das duas cidades globais brasileiras, fazendo
to do número de habitantes nas grandes cidades fez com que parte da região que constitui a única megalópole da América do
houvesse maior produção de lixo, que, por vezes, é descartado Sul, abarcando uma área que se estende até São Paulo e a Bai-
de maneira incorreta, provocando outros problemas urbanos e xada Santista.
também problemas ambientais. Segundo o IBGE, no Brasil, cerca
de 50% do lixo gerado é depositado em locais incorretos, a céu O parque industrial é diversificado, com empresas no ramo
aberto. da metalurgia, siderurgia, produção de alimentos e, principal-
Poluição: A questão da poluição pode ter diversas nature- mente, extração e refino do petróleo. Outra significativa fonte
zas. As grandes cidades concentram, além de um elevado nú- de produção de riquezas é a atividade turística, sendo a cidade
mero de habitantes, também um grande número de indústrias e carioca um dos principais vetores do turismo no Brasil.
automóveis, que, diariamente, emitem diversos gases poluentes
à atmosfera, causando poluição do ar. A poluição sonora e visu- Geografia do Rio de Janeiro
al também é um grande problema vivido nos centros urbanos,
comprometendo o bem-estar da população. O quadro físico do Rio, que será abordado a seguir, consti-
Violência: Processos como a marginalização da população tui-se em suporte para sua organização econômica e social, es-
por meio da favelização ou da ocupação desordenada contri- tando diretamente associado ao desenvolvimento da atividade
buem para o aumento da violência. O inchaço das cidades asso- turística, exercendo influência na produção de lugares para o
ciado à incapacidade de abrigar toda a população, às condições consumo.

103
CONHECIMENTOS GERAIS
O trecho litorâneo abrange a linha costeira e a região das Com a descoberta das reservas auríferas da Minas Gerais,
baixadas, em direção à parte setentrional (norte) do estado, a organização do povoamento fluminense foi profundamente
constituído por lagoas e cordões litorâneos, com vegetação e alterada. Exploração de ouro influencia indiretamente na ocu-
restinga. Parte desta área integra a região turística denomina- pação do território. Concomitante à exploração do aurífera nas
da Costa do Sol, que começa nos limites da Área Metropolitana Minas Gerais, nos primeiros séculos, a cana-de-açúcar atinge
(município de Maricá) e vai até o município de Rio das Ostras definitivamente a baixada campista, na porção norte do Estado.
(baixada litorânea); e parte meridional (sul), de constituição ro-
chosa e muito recortada em baías e enseadas, prolongando-se Quanto à atividade aurífera mineira, as cargas do referido
até o município de Paraty. metal desciam do planalto das Minas Gerais em lombos de bur-
Este litoral apresenta-se afogado, estreito e alto, constituin- ros, na direção de Paraty (caminho velho) e eram conduzidas por
do-se na chamada Costa Verde, a partir do município de Manga- mar até do Rio de Janeiro.
ratiba até o município de Parati. Nesta unidade física, a modali- O Rio de Janeiro se torna rapidamente o principal porto e a
dade de turismo mais desenvolvida é a do aproveitamento das mais ativa cidade do país, ao mesmo tempo, a atividade aurífera
praias e das práticas náuticas. contribui para o aparecimento de vilas – embriões para futuras
cidades – que serviam de passagem para o interior, como Vas-
O conjunto montanhoso da Serra do Mar, representando souras, Paraíba do Sul e Paty do Alferes, entre outras.
pela frente escarpada e seu reverso, atravessando quase todo
o estado, com altitudes até 2000 metros (Serra dos Órgãos), em Do ponto de vista histórico e político, merece destaque para
alguns pontos, é caracterizado por temperaturas mais amenas, a antiga Providência do Rio de Janeiro, a transferência da sede
quando comparado com as unidades físicas, imprimindo carac- do governo colonial de Salvador para o Rio de Janeiro (1763),
terísticas peculiares às diferentes modalidades turísticas. Esta em decorrência do comercio do ouro das Minas Gerais, além das
porção é conhecida como Região Serrana. condições geográficas.
Por fim, distingue-se o planalto ondulado, que perde altitu-
de até Vale do Paraíba do Sul, sendo que o rio de mesmo nome Cumpre lembrar que no período compreendido entre o sé-
representado o traço marcante nessa paisagem, cortando o ter- culos XVII e XVIII, os portos tiveram importância fundamental na
ritório fluminense de sul para norte, formando uma depressão história econômica fluminense, primeiramente com o transpor-
encaixada entre as escarpas das serras do Mar e Mantiqueira, te de cana-de-açúcar, e logo em seguida com o ouro.
esta exibindo o paredão do Pico das Agulhas Negras, como apro-
ximadamente 2800m de altitude, muito aproveitado para dife- O início do século XIX vai ser marcado, primeiramente, pela
rentes modalidades de turismo. extinção do ouro em Minas Gerais (decadência da mineração),
enquanto a cana-de-açúcar volta a concentrar, mas por pouco
Voltando um pouco na história do Rio de Janeiro, vemos que tempo, todas atenções.
o elemento histórico e as atividades econômicas são importan-
tes condicionantes para o desenvolvimento da atividade turísti- Outro fato histórico e político importante para o atual Esta-
ca. Neste sentido, de modo geral, podemos analisar a ocupação do do Rio de Janeiro (e mais diretamente para a cidade do Rio de
do atual Estado do Rio de Janeiro pelos portugueses a partir do Janeiro) foi a chegada da Corte Portuguesa, em 1808, que afetou
século XVI. a estrutura organizacional da urbe carioca. Em 1834, a cidade do
Rio de Janeiro separou-se de sua província e a capital imperial
Este século marca a descoberta da faixa litorânea do Estado, foi elevada à condição de Município Neutro, enquanto a cidade
pela expedição em que tornou para Américo Vespúcio (1501- de Niterói tornou-se capital da Província, em 1835.
1502), sendo que em 1503 é instalada uma feitoria na futura
cidade de Cabo Frio, enquanto em 1565 é fundada a cidade do À medida que o Império se consolidava, surgia um novo pro-
Rio de Janeiro. Sendo assim, formas pretéritas criadas no século duto-rei na economia fluminense: o café. Esta nova cultura de
XVI ainda persistem neste espaço e são testemunhos importan- base exportadora começou o seu trajeto na cidade do Rio de
tes para a preservação da memória e da cultura. Janeiro, mais precisamente no Maciço Carioca, nas encostas de
Jacarepaguá, além dos Maciços da Pedra Branca e Mendanha.
Neste período, também houve a ocupação do litoral pela co- Foi o planalto em várias áreas do território fluminense, embo-
roa portuguesa, destacando-se a importância do sítio, ou seja, o ra não tenha obtido o resultado esperado, em decorrência da
local no qual estabeleceram-se as futuras cidades, geralmente declividade do terreno e das condições climáticas. Mas a maior
ocupando a entrada de baías, rios, etc, com a presença de inú- expressão cafeeira da antiga província ocorreu quando, a partir
meras fortificações, como as encontradas na Baía de Guanabara. do Mendanha, a rubiácea atingiu São João Marcos (parte do atu-
al município do Rio Claro), Piraí e Resende, chegando, portanto,
As experiências agrícolas vinculadas à produção de cana- ao Vale do Paraíba, em seu trecho médio.
-de-açúcar e seus engenhos no norte fluminense ou mesmo nos O Café, no Médio Paraíba Fluminense, teve seu plantio ex-
arredores da capital também marcaram o século XVII. Esta ati- pandido para várias direções, sendo cultivado ao norte em Entre
vidade marca a paisagem dessa região até os dias atuais, en- Rios (atual município de Três Rios), seguindo para Nova Friburgo
contrando-se fazendas dos antigos barões do açúcar e usina; e Cantagalo, na Região Serrana, terminando sua expansão em
enquanto na área metropolitana, pelas grandes transformações Itaocara e São Fidélis, seguindo a direção da Zona da Mata Mi-
ocorridas, poucos vestígios foram deixados na paisagem. neira e do Espírito Santo.

104
CONHECIMENTOS GERAIS
As encostas foram ocupada com o cafezais e o fundo dos vales com as sedes das fazendas e instalações de beneficiamento do
produto. Atualmente, muitas destas fazendas, principalmente aquelas localizadas no Médio Paraíba, nos municípios de Vassouras,
Valença e Paraíba do Sul estão sendo resgatadas para a atividades turísticas.

Os elementos históricos na paisagem, muito deles, fruto das atividades econômicas desenvolvidas em território fluminense,
representam importantes marcos no processo de ocupação, e que hoje podem ser resgatados como elementos culturais e memória
de um povo, constituindo-se em vetores das diferentes modalidades de turismo.

Dados do IBGE
História
O Rio de Janeiro é primeiramente mencionado na expedição portuguesa comandada por Gaspar Lemos que no estado chegou
em 1502. Ao chegar na baía do Rio de Janeiro (atual Baía da Guanabara), ele achou que se tratava da foz de um rio, por isso deno-
minou a região de Rio de Janeiro.
Vinte e oito anos depois, em 1530, a corte portuguesa se interessou em mandar uma expedição para o Rio de Janeiro e lá co-
lonizar. Se depararam com os franceses, sob o comando do cavaleiro Nicolas Durand de Villegagnon, que lá estavam desde o início
do século. Queriam a todo custo dominar a região. Eles só seriam expulsos pelos portugueses em 1560.
Resultado da fusão do estado da Guanabara com o Rio de Janeiro em 1975, o estado do Rio de Janeiro teve como capital a ci-
dade de mesmo nome, no lugar de Niterói, antiga capital. Antes de 1975, era o Distrito Federal – ou capital do Brasil. Torna-se mais
um estado da Federação em 1960, com a mudança da capital para Brasília, sendo nomeado como Estado da Guanabara.
Rio de Janeiro é um dos estados da região Sudeste. Possui 92 municípios e faz limite com Minas Gerais, Espírito Santo, São
Paulo, além do Oceano Atlântico. Sua área é de 43.781,588 km².
Fonte
RIO DE JANEIRO. Instituto Estadual Do Patrimônio Cultural. Disponível em: <http://www.inepac.rj.gov.br/application/assets/
img/site/Historico_Estado.pdf>. Acesso em: ago. 2017. RIO DE JANEIRO. Fundação CEPERJ. Disponível em: <http://www.ceperj.
rj.gov.br/ceep/info_territorios/divis_politico_administrativo.html>. Acesso em: ago. 2017.

POPULAÇÃO

População estimada [2019] 17.264.943 pessoas


População no último censo [2010] 15.989.929 pessoas
Densidade demográfica [2010] 365,23 hab/km²
Total de veículos [2018] 6.725.822 veículos

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CONHECIMENTOS GERAIS

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CONHECIMENTOS GERAIS

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CONHECIMENTOS GERAIS

EDUCAÇÃO

IDEB – Anos iniciais do ensino fundamental (Rede pública) [2017] 5,3


IDEB – Anos finais do ensino fundamental (Rede pública) [2017] 4,2
Matrículas no ensino fundamental [2018] 2.003.315 matrículas
Matrículas no ensino médio [2018] 572.899 matrículas
Docentes no ensino fundamental [2018] 102.737 docentes
Docentes no ensino médio [2018] 45.388 docentes
Número de estabelecimentos de ensino fundamental [2018] 7.677 escolas
Número de estabelecimentos de ensino médio [2018] 2.286 escolas

108
CONHECIMENTOS GERAIS

TRABALHO E RENDIMENTO

Rendimento nominal mensal domiciliar per capita [2018] 1.689,00 R$


Pessoas de 16 anos ou mais ocupadas na semana de referência [2016] 7.398 pessoas (×1000)
Proporção de pessoas de 16 anos ou mais em trabalho formal, considerando apenas as ocupadas na sema- 67,1 %
na de referência [2016]
Proporção de pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência em trabalhos for- 65,1 %
mais [2019]
Rendimento médio real habitual do trabalho principal das pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas 3.029 R$
na semana de referência em trabalhos formais [2019]
Pessoal ocupado na Administração pública, defesa e seguridade social [2017] 622.613 pessoas

109
CONHECIMENTOS GERAIS

ECONOMIA

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) [2010] 0,761


Receitas orçamentárias realizadas [2017] 78.488.140,79 R$ (×1000)
Despesas orçamentárias empenhadas [2017] 67.965.548,70 R$ (×1000)
Número de agências [2018] 1.936 agências
Depósitos a prazo [2018] 118.592.194.374,00 R$
Depósitos à vista [2018] 18.388.845.060,00 R$

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CONHECIMENTOS GERAIS
TERRITÓRIO E AMBIENTE

Área da unidade territorial [2018] 43.750,423 km²

NILÓPOLIS
História
Nilópolis foi parte integrante da capitania hereditaria de São Vicente, que pertenceu a Martin Afonso de Souza, em 1531. Divi-
diu-se em sesmarias, doando grande parte a Braz Cubas, fundador de Santos, em São Paulo, constando 3.000 braças por costa do
lombo do Salgado e 9.000 braças para dentro no Rio Meriti, correndo pela piaçaba de Jacutinga, habitada pelos índios jacutingas,
em 1568. Nesta sesmaria incluía-se Nilópolis, São João de Meriti, Nova Iguaçu e Caxias, até as fraldas do Gericinó que depois foram
se transformando em novas sesmarias e grandes fazendas.
Em 1621 está área denominada Fazenda de São Mateus, veio a pertencer a João Álvares Pereira, com os limites até a cachoeira
dos engenhos de Francisco Dutra e André São Mateus, entre a cachoeira (Rio Pioim) até a parte da Serra de Maxambomba (atual
Nova Iguaçu).
Em 1637 João Álvares Pereira manda construir a Capela de São Matheus, no alto da colina de Nilópolis, de barro batido (adobo)
pelos índios e escravos alí existentes. Sucedeu a João Álvares Pereira, Diogo Pereira, certamente seu parente, até o ano de 1700,
quando as terras passaram a pertencer a Domingos Machado Homem, cujo filho, o Padre Matheus Machado Homem, fica sendo
o Pároco da Capela de São Matheus. Em 1747, a capela de São Matheus é elevada a matriz de São João de Meriti, dando origem a
cidade, e recebe a visita do Monsenhor Pizarro em 1788, atestando o uso como curada, portanto, pronta para os atos da fé cristã.
Falecendo Domingos Machado Homem, sucede-lhe o padre Matheus Machado Homem, que continuou a administrá-la com enge-
nho e grande produção de açucar e aguardente, que escoava pelo porto da Pavuna. Quando do falecimento do padre Matheus, do
seu testamento constou que a fazenda tinha 1.280 braças de terra, que fazem testada no rio Pavuna, que as dividia das terras de
Oliveira Braga (Engenho de Nazareth), correndo aos fundos com o rio chamado Cachoeira Pequena (Maxambomba) que divide as
terras do capitão Manuel Correa Vasques; de uma banda partem as terras com o engenho da Pavuna, do capitão Ignácio Rodrigues
da Silva e da outra com as terras do Capitão Manuel Cabral de Mello e do ajudante Ignácio Barcelos Machado.

111
CONHECIMENTOS GERAIS
E no ano de 1779 seu proprietário é o alferes Ambrósio de Formação Administrativa
Souza Coutinho, e a fazenda atinge seu esplendor com a produ- Distrito criado com a denominação de São Mateus, pela
ção de 30 caixas de açucar e 14 pipas de aguardente, tendo uma Lei Estadual n.º 1.332, de 09-11-1916, confirmada pela Lei n.º
população de 50 escravos, sendo a mais importante da região. 1.634, de 18-11-1919, subordinado ao município de Iguaçu.
O engenho situava-se na atual Rua Antônio José Bittencourt Pela Lei Estadual n.º 1.705, de 06-10-1921, o distrito de São
(anteriormente Rua Coronel Julio de Abreu) esquina da Rua Lú- Mateus passou a denominar-se Nilópolis.
cio Tavares, e que através de um caminho, dava acesso a capela Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o distri-
São Matheus, onde residiam os sucessivos proprietários da en- to de Nilópolis figura no município de Iguaçu.
tão Fazenda São Matheus. Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-
Com a inauguração a 29 de março de 1858 da linha de trem XII-1936 e 31-XII-1937.
da E.F.D. Pedro II, cortando a fazenda com destino a Queimados, Pelo Decreto-lei Estadual n.º 392-A, de 31-03-1938, o muni-
a população nativa foi abandonando as terras, não só devido cípio de Iguaçu passou a denominar-se Nova Iguaçu.
ao movimento abolicionista como também por novas opções de No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o
mão de obra devido ao progresso e outras novas atividades. E distrito de Nilópolis figura no município de Nova Iguaçu.
as terras da Fazenda São Matheus, a partir de 1866 tinha como Elevado à categoria de município com a denominação de Ni-
proprietários os capitalistas do Rio de Janeiro, o conde e o Barão lópolis, por Ato das Disposições Constitucionais Transitórias des-
de Bonfim, e por fim, Jerônimo José de Mesquita, que negociou te Estado, promulgado em 20-06-1947, desmembrado de Nova
com o criador de cavalos e mulas João Alves Mirandela. Este ti- Iguaçu. Constituído de 2 distritos: Nilópolis e Olinda. Instalado
nha como sócio Lázaro de Almeida, conforme escritura lavrada em 21-08-1947.
no dia 22 de setembro de 1900 no valor de 25 contos de réis. Elevado à categoria de cidade com a denominação de Niló-
Da escrita consta que além das terras negociadas haviam polis, pela Lei Estadual n.º 6, de 11-08-1947.
dois imóveis, a Capela e a sede da fazenda. João Alves Miran- Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é
dela e seu irmão Manuel Alves Mirandela, grandes criadores de constituído de 2 distritos: Nilópolis e Olinda.
animais para o Exército, cercaram uma área, junto a cerca da Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
fazenda do Gericinó, até que seu enteado Vitor Ribeiro de Faria
GEOGRAFIA NILÓPOLIS
Braga, convenceu-os a desmatar a fazenda para um possível lo-
Coordenadas geográficas Nilópolis
teamento.
Latitude: -22.8085, Longitude: -43.4145
Poucos anos após a compra, a fazenda foi dividida, e no ano
22° 48′ 31″ Sul, 43° 24′ 52″ Oeste
de 1914, teve início a venda dos lotes. Para isso João Alves Mi-
randela, chamou o então engenheiro da Central do Brasil, Theo-
Superfície Nilópolis
domiro Gonçalves Ferreira, para executar a planta da futura ci-
1.939 hectares
dade que iria surgir das matas da fazenda.
19,39 km²
Nessa época a I Guerra Mundial chegava ao fim, e deixava
como saldo inúmeras dificuldades, inclusive financeiras. Com a Altitude Nilópolis
facilidade da venda dos lotes, importantes homens de negócios 33 m
não pensaram duas vezes em adquiri-los, e aqui foram cons-
truindo e se fixando. E, já no final de 1913 os jornais anunciavam Clima Nilópolis
lotes medindo 12,50m. por 50,00m., em suaves prestações. Um Clima tropical com estação seca
destes anúncios chamou a atenção do Coronel Júlio de Abreu
que veio pessoalmente conhecer a cidade que estava surgindo, DADOS IBGE
e logo enamorou-se, comprando vários lotes e trazendo após, POPULAÇÃO
vários importantes amigos, objetivando erguer uma cidade pro-
missora, ele mesmo construiu a primeira casa de pedra e cal,
dando o nome de Vila Ema, em homenagem à sua esposa,inau- População estimada 162.893 pessoas
gurando-a festivamente, com as presenças de comerciantes, [2021]
banqueiros, políticos, homens públicos, ligados ao Rio de Janei- População no último cen- 157.425 pessoas
ro, no dia 06 de setembro de 1914, marco de fundação da cidade
so [2010]
de Nilópolis.
A classe menos favorecida também teve a sorte de adquirir Densidade demográfica 8.117,62 hab/km²
os lotes menores e, portanto, mais baratos. Não demorou muito [2010]
para que a fazenda se transformasse num povoado ainda deno-
minado de São Matheus e integrado a São João de Meriti, que TRABALHO E RENDIMENTO
era na época o 4º distrito de Nova Iguaçu. Construções foram Em 2019, o salário médio mensal era de 1.7 salários míni-
se erguendo rapidamente, e logo, dos sítios, pomares e quintais mos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população
das casas podiam se avistar as extensas plantações de laranjas, total era de 12.6%. Na comparação com os outros municípios do
cuja venda foi uma das primeiras fontes de renda dos morado- estado, ocupava as posições 84 de 92 e 78 de 92, respectivamen-
res do local. Há quem diga que as classes menos privilegiadas te. Já na comparação com cidades do país todo, ficava na posi-
quitaram as prestações de seus terrenos com o lucro do produto ção 3754 de 5570 e 2795 de 5570, respectivamente. Conside-
vendido. rando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário
O topônimo é uma homenagem ao presidente do Brasil, Nilo mínimo por pessoa, tinha 33.8% da população nessas condições,
Peçanha. o que o colocava na posição 58 de 92 dentre as cidades do esta-
do e na posição 3821 de 5570 dentre as cidades do Brasil.

112
CONHECIMENTOS GERAIS
SAÚDE
Salário médio mensal dos 1,7 salários mínimos
A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 11.01
trabalhadores formais para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são
[2019] de 0.1 para cada 1.000 habitantes. Comparado com todos os
Pessoal ocupado [2019] 20.395 pessoas municípios do estado, fica nas posições 67 de 92 e 63 de 92,
respectivamente. Quando comparado a cidades do Brasil todo,
População ocupada [2019] 12,6 % essas posições são de 2843 de 5570 e 4734 de 5570, respecti-
Percentual da população 33,8 % vamente.
com rendimento nominal
mensal per capita de até Mortalidade Infantil 11,01 óbitos por mil nasci-
1/2 salário mínimo [2010] [2019] dos vivos
EDUCAÇÃO
Internações por diarreia 0,1 internações por mil ha-
[2016] bitantes
Taxa de escolarização de 6 96,7 % Estabelecimentos de Saú- 21 estabelecimentos
a 14 anos de idade [2010] de SUS [2009]
IDEB – Anos iniciais do en- 5,0 TERRITÓRIO E AMBIENTE
sino fundamental (Rede
pública) [2019] Área da unidade territorial 19,393 km²
IDEB – Anos finais do en- 4,3 [2020]
sino fundamental (Rede Esgotamento sanitário 98,7 %
pública) [2019] adequado [2010]
Matrículas no ensino fun- 18.223 matrículas Arborização de vias públi- 70,4 %
damental [2020] cas [2010]
Matrículas no ensino mé- 9.274 matrículas Urbanização de vias públi- 91,3 %
dio [2020] cas [2010]
Docentes no ensino fun- 1.149 docentes Bioma [2019] Mata Atlântica
damental [2020]
Sistema Costeiro-Marinho Não pertence
Docentes no ensino médio 809 docentes [2019]
[2020]
Hierarquia urbana [2018] Metrópole Nacional (1B)
Número de estabeleci- 79 escolas - Município integrante do
mentos de ensino funda- Arranjo Populacional do
mental [2020] Rio de Janeiro/RJ
Número de estabeleci- 28 escolas Região de Influência Arranjo Populacional do
mentos de ensino médio [2018] Rio de Janeiro/RJ - Metró-
[2020] pole Nacional (1B)
ECONOMIA Região intermediária Rio de Janeiro
[2020]
PIB per capita [2019] 17.875,04 R$ Região imediata [2020] Rio de Janeiro
Percentual das receitas 73,8 % Mesorregião [2020] Metropolitana do Rio de
oriundas de fontes exter- Janeiro
nas [2015] Microrregião [2020] Rio de Janeiro
Índice de Desenvolvimen- 0,753
to Humano Municipal
(IDHM) [2010]
Total de receitas realizadas 301.803,89 R$ (×1000)
[2017]
Total de despesas empe- 293.685,33 R$ (×1000)
nhadas [2017]

113
CONHECIMENTOS GERAIS
(B) drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e
EXERCÍCIOS predomínio de foz do tipo estuário.
(C) predomínio de rios temporários, drenagem endorréica e
1. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCOR- grande potencial hidráulico.
RETA: (D) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hidráuli-
Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCOR- co e predomínio de rios de planície.
RETA: (E) drenagem endorreica, predomínio de rios perenes e re-
(A) o Brasil é um país com dimensões continentais. gime de alimentação pluvial.
(B) a extensão do território brasileiro denuncia a grande dis-
tância de seus pontos extremos. 6. (IFCE – com adaptações) Sobre as características da hidro-
(C) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, grafia brasileira, são feitas as seguintes afirmações:
no hemisfério ocidental. I. Considerando-se os rios de maior porte, só é encontrado
(D) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade regime temporário no sertão nordestino, onde o clima é semiá-
climática do país. rido, no restante do país, os grandes rios são perenes.
II. Predominam os rios de planalto em áreas de elevado índice
2. “Moro num país tropical, abençoado por Deus pluviométrico. A existência de muitos desníveis no relevo e o gran-
E bonito por natureza, mas que beleza de volume de água possibilitam a produção de hidroeletricidade.
Em fevereiro (em fevereiro) III. Na região Amazônica, os rios são muito utilizados como
Tem carnaval (tem carnaval)”. vias de transporte, e o potencial hidrelétrico é amplamente
(JOR, J. B. ; SIMONAL, W. País Tropical. Intérprete: Jorge Ben aproveitado.
Jor).
Ao dizer que o Brasil é um “país tropical”, o trecho acima Está correto o que se afirma em:
está, em uma perspectiva geográfica, (A) I apenas.
(A) correto, pois o território brasileiro é cortado por ambos (B) I e II apenas.
os trópicos da Terra. (C) I e III apenas.
(B) incorreto, pois nenhum trópico, de fato, corta a área do país. (D) II e III apenas.
(C) correto, pois a maior parte do país encontra-se em uma (E) I, II e III.
zona intertropical.
(D) incorreto, pois não existe o “clima tropical” na classifica- 7. (FAC. AGRONOMIA E ZOOTECNIA de Uberaba) Leia as afir-
ção climática do Brasil. mativas abaixo sobre a hidrografia brasileira:
I. É a maior das três bacias que formam a Bacia Platina, pois
3. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na Amé- possui 891.309 km2, o que corresponde a 10,4% da área do ter-
rica do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse to- ritório brasileiro.
tal, mais de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, II. Possui a maior potência instalada de energia elétrica, des-
fazendo fronteira com todos os países sul-americanos, exceto: tacando-se algumas grandes usinas.
(A) Venezuela e Colômbia III. Em virtude de suas quedas d’água, a navegação é difícil.
(B) Chile e Equador Entretanto, com a instalação de usinas hidrelétricas, muitas de-
(C) Uruguai e Guiana Francesa las já possuem eclusas para permitir a navegação.
(D) Panamá e Peru
Estas características referem-se à bacia do:
4. (Faculdade Trevisan) Em síntese, o Brasil é um país intei- (A) Uruguai
ramente ocidental, predominantemente do Hemisfério Sul e da (B) São Francisco
Zona Intertropical. (C) Paraná
Considere as afirmações: (D) Paraguai
I) O Brasil situa-se a oeste do Meridiano de Greenwich. (E) Amazonas
II) O Brasil é cortado ao norte pela Linha do Equador.
III) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Câncer. 8. Sobre os mangues, assinale a alternativa INCORRETA:
IV) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Capricórnio, apresen- (A) São encontrados em ambientes alagados;
tando 92% do seu território na Zona Intertropical, entre os Tró- (B) São adaptados a cursos d’água com alta concentração de
picos de Câncer e de Capricórnio. sal, em razão da proximidade com o mar;
V) Os 8% restantes estão na Zona Temperada do Sul. (C) No Brasil, são encontrados em regiões litorâneas;
(D) A extração de caranguejo é a principal atividade econô-
(A) Apenas I, II e IV são verdadeiras. mica nesse ambiente;
(B) Apenas I e II são verdadeiras. (E) É uma vegetação do tipo homogênea.
(C) Apenas IV e V são verdadeiras.
(D) Apenas I, II, IV e V são verdadeiras. 9. A Amazônia é uma área em evidência, seja pela questão
(E) Apenas I, II, III e V são verdadeiras. ecológica ou pela riqueza de seus recursos minerais. A expansão
e a crescente valorização dessa área provocam uma infinidade
5. (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ) A rede hidrográfica brasi- de suposições a respeito do seu quadro natural. Sobre a Amazô-
leira apresenta, dentre outras, as seguintes características: nia são feitas as afirmações a seguir:
(A) grande potencial hidráulico, predomínio de rios perenes I - As queimadas podem alterar o clima do planeta e a des-
e predomínio de foz do tipo delta. truição da floresta pode influenciar o aumento da temperatura;

114
CONHECIMENTOS GERAIS
II - A floresta Amazônica funciona como “pulmão do mundo”, (A) Apenas I
sendo a principal fonte produtora de oxigênio; (B) Apenas V
III - A bacia hidrográfica do Amazonas é a maior do mundo, (C) Apenas III, IV e V
drenando em torno de 20% da água doce dos rios para os oceanos; (D) Apenas I, II, III e V
IV - Os solos amazônicos são de alta fertilidade, a qual é (E) I, II, III, IV e V
facilmente explicada pela concentração de matéria orgânica e
pelo tempo de formação. 14. As queimadas são um problema ambiental grave enfren-
tado em nosso país. Analise as alternativas e marque aquela que
As afirmações corretas são: não indica uma consequência das queimadas:
(A) somente I e III. (A) Morte dos micro-organismos que vivem no solo.
(B) somente II e III. (B) Aumento da poluição atmosférica.
(C) somente I, II e III. (C) Diminuição dos nutrientes do solo.
(D) somente II, III e IV. (D) Aumento dos riscos de erosão.
(E) somente I, II e IV (E) Redução do aquecimento global.

10. Muitas espécies de plantas lenhosas são encontradas 15. (UNESP) Os animais da Amazônia estão sofrendo com o
no cerrado brasileiro. Para a sobrevivência nas condições de desmatamento e com as queimadas, provocados pela ação hu-
longos períodos de seca e queimadas periódicas, próprias des- mana. A derrubada das árvores pode fazer com que a fina cama-
se ecossistema, essas plantas desenvolveram estruturas muito da de matéria orgânica em decomposição (húmus) seja lavada
peculiares. As estruturas adaptativas mais apropriadas para a pelas águas das constantes chuvas que caem na região.
sobrevivência desse grupo de plantas nas condições ambientais (J. Laurence, Biologia.)
do referido ecossistema são: O contido no texto justifica-se, uma vez que:
(A) Cascas finas e sem sulco ou fendas. (A) a reciclagem da matéria orgânica no solo amazônico é
(B) Caules estreitos e retilíneos. muito lenta e necessita do sombreamento da floresta para
(C) Folhas estreitas e membranosas. ocorrer.
(D) Gemas apicais com densa pilosidade. (B) o solo da Amazônia é pobre, sendo que a maior parte
(E) Raízes superficiais, em geral, aéreas. dos nutrientes que sustenta a floresta é trazida pela água
da chuva.
11. O Brasil enfrenta diversos problemas ambientais que (C) as queimadas, além de destruírem os animais e as plan-
prejudicam as diferentes espécies que aqui vivem. De acordo tas, destroem, também, a fertilidade do solo amazônico, ori-
com o IBGE, três problemas ambientais são os mais relatados no ginalmente rico em nutrientes e minerais.
Brasil. Marque a alternativa que indica esses problemas: (D) mesmo com a elevada fertilidade do solo amazônico,
(A) Poluição do solo, poluição atmosférica e contaminação próprio para a prática agrícola, as queimadas destroem a
por metais pesados. maior riqueza da Amazônia, sua biodiversidade.
(B) Contaminação por metais pesados, desmatamento e (E) o que torna o solo da Amazônia fértil é a decomposição
caça. da matéria orgânica proveniente da própria floresta, feita
(C) Poluição atmosférica, queimadas e caça. por muitos decompositores existentes no solo.
(D) Assoreamento, desmatamento e queimadas.
(E) Queimadas, poluição do solo e contaminação por metais 16. “O conceito de transição demográfica foi introduzido por
pesados. Frank Notestein, em 1929, e é a contestação factual da lógica
malthusiana. Foi elaborada a partir da interpretação das trans-
12. Um dos principais problemas ambientais que acontecem formações demográficas sofridas pelos países que participaram
no Brasil são decorrentes do acúmulo de sedimentos nos am- da Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, até os dias atuais. A
bientes aquáticos, desencadeando obstrução dos fluxos de água partir da análise destas mudanças demográficas foi estabelecido
e destruição desses habitats. Esse problema é conhecido como: um padrão que, segundo alguns demógrafos, pode ser aplicado
(A) Desertificação aos demais países do mundo, embora em momentos históricos
(B) Poluição marinha e contextos econômicos diferentes.”
(C) Assoreamento (Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e cres-
(D) Desmatamento cimento populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em:
(E) Degradação do solo http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia‐
transicao‐demografica‐e‐crescimento‐populacional.htm. Acesso
13. (UNINOEST) Entre os impactos ambientais causados nos em: março de 2014.)
ecossistemas pelo homem, podemos citar:
I. Destruição da biodiversidade. Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população
II. Erosão e empobrecimento dos solos. brasileira com base no conceito de transição demográfica, deve‐
III. Enchentes e assoreamento dos rios. se considerar os seguintes conceitos, EXCETO:
IV. Desertificação. (A) Crescimento vegetativo: crescimento populacional me-
V. Proliferação de pragas e doenças. nos o número de óbitos.
(B) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o nú-
Assinale a alternativa que melhor representa os impactos mero de óbitos e a população absoluta de um lugar, em um
consequentes do desmatamento: determinado intervalo de tempo.

115
CONHECIMENTOS GERAIS
(C) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: ( ) As ideias associadas ao modelo de desenvolvimento eco-
o saldo entre o número de imigrantes e o número de emi- nômico hegemônico são a da modernização e progresso, que
grantes; e, o saldo entre o número de nascimentos e o nú- creem e professam um caminho evolutivo a seguir, tendo como
mero de mortos. referencial de sociedade “desenvolvida” aquela que está no cen-
(D) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mu- tro do sistema capitalista.
lher em uma determinada população. Para obter essa taxa, ( ) Os diferentes espaços urbano e rural direcionam-se para
divide‐se o total dos nascimentos pelo número de mulheres a formação das sociedades modernas, mercadologizadas tanto
em idade reprodutiva da população considerada. em escala regional, quanto em escalas nacional e global, impul-
sionados por um modelo desenvolvimentista, com característi-
17. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa IN- cas inerentes de preservação ambiental.
CORRETA: ( ) O modelo de desenvolvimento econômico hegemônico
(A) o Brasil é um país com dimensões continentais. prima pelos interesses privados (econômicos) frente aos bens
(B) a extensão do território brasileiro denuncia a grande dis- coletivos (meio ambiente).
tância de seus pontos extremos. ( ) A ideia de desenvolvimento econômico hegemônico con-
(C) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, substancia-se em uma visão antropocêntrica de mundo, gerador
no hemisfério ocidental. de fortes impactos socioambientais.
(D) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade ( ) A crítica mais comum à sociedade de consumo, repre-
climática do país. sentante e representada pelo modelo de desenvolvimento he-
gemônico, é que essa sociedade está imersa em um processo de
18. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na Améri- massificação cultural.
ca do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total,
mais de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fa- A sequência dos questionamentos é:
zendo fronteira com todos os países sul-americanos, exceto: (A) F, F, V, V, F
(A) Venezuela e Colômbia (B) V, F, F, V, F
(B) Chile e Equador
(C) V, V, F, F, V
(C) Uruguai e Guiana Francesa
(D) V, F, V, V, V
(D) Panamá e Peru
(E) F, V, F, V, V
19. No Brasil, a agropecuária é um dos principais setores da
22. (CESPE/2015 – MPOG) A respeito de tempo e clima, jul-
economia, sendo uma das mais importantes atividades a impul-
gue os itens a seguir.
sionar o crescimento do PIB nacional. Nesse contexto, o tipo de
A afirmação “o aquecimento global deverá elevar a tempe-
prática predominante é:
ratura média da superfície da Terra em até cinco graus Celsius
(A) a agricultura familiar, com elevado emprego de tecno-
nos próximos anos” está relacionada ao conceito de clima.
logias.
(B) o agronegócio, com predomínio de latifúndios. ( ) CERTO
(C) a agricultura sustentável, com práticas extrativistas. ( ) ERRADO
(D) a agricultura itinerante, com técnicas avançadas de cul-
tivo. 23. (FUNDEP/2014 – IS/SP) Considerando-se os estudos po-
pulacionais, demográficos e econômicos elaborados sob enfo-
20. O processo de concentração fundiária caminha junto à que do planejamento, é INCORRETO afirmar que
industrialização da agropecuária com predomínio de capitais. (A) a geografia da população é tão importante quanto é o
Sobre esse tema, assinale o que for incorreto: estudo da demografia naqueles trabalhos voltados para o
(A) O discurso de modernidade das elites tem contribuído planejamento estratégico, uma vez que a primeira investiga
para que a terra esteja concentrada nas mãos da grande e explica as leis de crescimento e mudança na estrutura da
maioria dos agricultores brasileiros. população; ao passo que a segunda investiga e explica os
(B) Os pequenos agricultores não conseguem competir e são fatores das suas diferentes formas de distribuição espacial.
forçados a abandonar suas lavouras de subsistência e ven- (B) as diferentes sociedades contemporâneas passaram a se
der suas terras. preocupar com o conhecimento sistemático do seu efetivo
(C) A intensa mecanização leva à redução do trabalho hu- populacional (estoque populacional disponível), tanto em
mano e à mudança nas relações de trabalho, com a espe- nível quantitativo como qualitativo, notadamente entre os
cialização de funções e o aumento do trabalho assalariado países desenvolvidos, em razão da prática do planejamento
e de diaristas. como instrumento para o desenvolvimento.
(D) As modificações na estrutura fundiária provocam de- (C) o conhecimento da taxa de crescimento demográfico e
semprego no campo, intenso êxodo rural, além de aumen- da distribuição da população em suas diferentes faixas de
tar o contingente de trabalhadores sem direito à terra e sua idade é condição necessária para qualquer política de em-
exclusão social. pregos e de educação, assim como para os programas habi-
tacionais e de saneamentos básicos.
21. (IFB/2017 – IFB) Nas últimas décadas, as questões am- (D) os estudos econômicos que se seguiram a Malthus in-
bientais vêm ganhando peso nas preocupações mundiais. As re- corporaram as pesquisas demográficas como segmento
lações entre o modelo de desenvolvimento econômico e o meio importante de seu campo científico, apesar da teoria dos
ambiente vêm sendo profundamente questionadas. Julgue abai- rendimentos decrescentes por ele proposta não ter previsto
xo os questionamentos a este respeito, assinalando (V) para os o desenvolvimento das técnicas de produção que surgiram a
VERDADEIROS e (F) para os FALSOS. partir do século seguinte à publicação de sua obra.

116
CONHECIMENTOS GERAIS
24. (CESPE/2013 – MPU) Desde o período colonial, o espaço (A) Rio de Janeiro (França Antártica) e Pernambuco (França
geográfico brasileiro foi transformado e produzido prioritaria- Equinocial);
mente segundo as necessidades do mercado externo em de- (B) Pernambuco (França Antártica) e Santa Catarina (França
trimento da formação econômica interna. Foi por meio dessa Equinocial);
perspectiva colonizadora que, a partir de 1530, as propriedades (C) Bahia (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França An-
rurais se organizaram no Brasil. tártica);
Com relação às questões agrária e agrícola no Brasil, julgue (D) Maranhão (França Equinocial) e Rio de Janeiro (França
o item. Antártica);
A partir dos anos 50 do século passado, os países capitalis- (E) Espírito Santo (França Equinocial) e Rio de Janeiro (Fran-
tas desenvolvidos intensificaram o processo de industrialização ça Antártica).
da agricultura no mundo subdesenvolvido como parte da estra-
tégia de revigoramento do capitalismo em âmbito mundial. Esse 28. As invasões holandesas no Brasil, no século XVII, esta-
fato ficou conhecido como Revolução Verde. vam relacionadas à necessidade de os Países Baixos manterem
( ) CERTO e ampliarem sua hegemonia no comércio do açúcar na Europa,
( ) ERRADO que havia sido interrompido
(A) pela política de monopólio comercial da Coroa Portugue-
25. (CESPE/2013 – SEE/AL) No que se refere à globalização, sa, reafirmada em represália à mobilização anticolonial dos
julgue o item subsecutivo. grandes proprietários de terra.
O mundo globalizado definiu uma nova ordem mundial, mas (B) pelos interesses ingleses que dominavam o comércio en-
não uma nova geografia do comércio internacional. tre o Brasil e Portugal.
( ) CERTO (C) pela política pombalina, que objetivava desenvolver o
( ) ERRADO beneficiamento do açúcar na própria colônia, com apoio dos
ingleses.
26. (CONSULPLAN/2014 – MAPA) “O conceito de transição (D) pelos interesses comerciais dos franceses, que estavam
demográfica foi introduzido por Frank Notestein, em 1929, e é a presentes no Maranhão, em relação ao açúcar.
contestação factual da lógica malthusiana. Foi elaborada a partir (E) pela Guerra de Independência dos Países Baixos contra a
da interpretação das transformações demográficas sofridas pe- Espanha, e seus conseqüentes reflexos na colônia portugue-
los países que participaram da Revolução Industrial nos séculos sa, devido à União Ibérica.
18 e 19, até os dias atuais. A partir da análise destas mudanças
demográficas foi estabelecido um padrão que, segundo alguns 29. Durante o século XVII, grupos puritanos ingleses per-
demógrafos, pode ser aplicado aos demais países do mundo, seguidos por suas ideias políticas (antiabsolutistas) e por suas
embora em momentos históricos e contextos econômicos dife- crenças religiosas (protestantes calvinistas) abandonaram a In-
rentes.” glaterra, fixando-se na costa leste da América do Norte, onde
(Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e cres- fundaram as primeiras colônias. A colonização inglesa nessa re-
cimento populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em: gião foi facilitada:
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia‐ (A) pela propagação das ideias iluministas, que preconiza-
transicao‐demografica‐e‐crescimento‐populacional.htm. Acesso vam a proteção e o respeito aos direitos naturais dos go-
em: março de 2014.) vernados.
(B) pelo desejo de liberdade dos puritanos em relação à
Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população opressão metropolitana.
brasileira com base no conceito de transição demográfica, deve‐ (C) pelo abandono dessa região por parte da Espanha, que
se considerar os seguintes conceitos, EXCETO: então atuava no eixo México-Peru
(A) Crescimento vegetativo: crescimento populacional me- (D) pela possibilidade de explorar grandes propriedades
nos o número de óbitos. agrárias com produção destinada ao mercado europeu.
(B) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o nú- (E) pelas consciências políticas dos colonos americanos, des-
mero de óbitos e a população absoluta de um lugar, em um de logo treinados nas lutas coloniais
determinado intervalo de tempo.
(C) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: 30- Leia o texto abaixo:
o saldo entre o número de imigrantes e o número de emi- “Aqueles que foram de Espanha para esses países (e se têm
grantes; e, o saldo entre o número de nascimentos e o nú- na conta de cristãos) usaram de duas maneiras gerais e princi-
mero de mortos. pais para extirpar da face da terra aquelas míseras nações. Uma
(D) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mu- foi a guerra injusta, cruel, tirânica e sangrenta. Outra foi matar
lher em uma determinada população. Para obter essa taxa, todos aqueles que podiam ainda respirar ou suspirar e pensar
divide‐se o total dos nascimentos pelo número de mulheres em recobrar a liberdade ou subtrair-se aos tormentos que su-
em idade reprodutiva da população considerada. portam, como fazem todos os senhores naturais e os homens
valorosos e fortes; pois comumente na guerra não deixam viver
27. As tentativas francesas de estabelecimento definitivo senão mulheres e crianças: e depois oprimem-nos com a mais
no Brasil ocorreram entre a segunda metade do século XVI e a horrível e áspera servidão a que jamais tenham submetido ho-
primeira metade do século XVII. As regiões que estiveram sob mens ou animais.”
ocupação francesa foram: LAS CASAS, Frei Bartolomeu de. O paraíso destruído. Brevíssima
relação da destruição das Índias [1552]. Porto Alegra: L&PM,
2001.

117
CONHECIMENTOS GERAIS
O trecho do texto de Las Casas aponta o processo de dizima- (A) o crescente nacionalismo e o aumento da disputa por
ção das populações indígenas americanas por parte dos espa- mercados consumidores e por áreas de investimentos;
nhóis. Além da guerra, os processos de trabalho e o controle dis- (B) o desenvolvimento do imperialismo chinês da Ásia, com
ciplinar imposto resultaram na morte de milhões de habitantes abertura para o Ocidente;
nativos da América. Dentre os processos de trabalho impostos (C) os antagonismos austro-ingleses em torno da questão da
aos indígenas e que resultaram em sua mortandade, destaca-se: Alsácia-Lorena;
(A) a escravidão imposta a eles, semelhante a dos africanos (D) a oposição ideológica que fragilizou os vínculos entre os
levados à América para trabalhar na extração de metais. países, enfraquecendo todo tipo de nacionalismo;
(B) a encomienda, um processo de trabalho compulsório im- (E) a divisão da Alemanha, que a levou a uma política agres-
posto a toda uma tribo para executar serviços agrícolas e siva de expansão marítima.
extrativistas.
(C) o assalariamento, pago em valores muito baixos e geral- 34. (CEPERJ/2013 - SEDUC-RJ) O Absolutismo tem origens
mente em espécie. remotas que remontam, pelo menos, à Idade Média. Mas, nos
(D) a parceria, onde os indígenas eram obrigados a trabalhar séculos XVI e XVII, multiplicaram-se os principais autores de
na agricultura e nas minas, destinando dois terços da produ- doutrinas justificando o poder absoluto dos monarcas. Entre
ção aos espanhóis. as justificativas filosóficas do Absolutismo, podemos destacar
aquelas ligadas à obra conhecida como O Príncipe, de Maquia-
31. (Acafe-2015) O início da Primeira Guerra (1914/1918) vel. A alternativa que expressa possíveis justificativas do poder
completou seu centenário em 2014. Conflito de grandes propor- absoluto dos reis presentes em O Príncipe é:
ções, ela foi o resultado de disputas econômicas, imperialistas e (A) No texto de O Príncipe, Maquiavel expõe a doutrina da
nacionalistas numa Europa industrializada. origem divina da autoridade do Rei, afirmando que o mo-
Sobre a Primeira Guerra e seu contexto, todas as alternati- narca tem o poder supremo sobre cidadãos e súditos, sem
vas estão corretas, exceto a: restrições determinadas pela lei
(A) A questão balcânica evidencia as disputas entre Alema- (B) Em O Príncipe, Maquiaveldemonstra que não há poder
nha e Hungria pelo controle do mar Adriático e coloca em público sem a vontade de Deus; todo governo, seja qual for
choque os movimentos nacionalistas: pan-eslavismo, lidera- sua origem, justo ou injusto, pacífico ou violento, é legítimo;
do pela Sérvia e o pan-germanismo, liderado pelos alemães. todo depositário da autoridade, é sagrado; revoltar-se con-
(B) Apesar de ter começado a guerra como aliada da Tríplice tra o governo, é sacrilégio.
Aliança, a Itália passou para o lado da Tríplice Entente por (C) Maquiavel afirma, em O Príncipe, que os homens viviam
ter recebido uma proposta de compensações territoriais. inicialmente em estado natural, obedecendo apenas a inte-
(C) A Rússia não permaneceu na guerra até o seu término. resses individuais, sendo vítimas de danos e invasões de uns
Por conta da Revolução socialista foi assinado um tratado contra os outros. Assim, mediante a adoção de um contrato
com os alemães e os russos se retiraram da guerra. social, abriram mão de todos os direitos em favor da autori-
(D) Quando a guerra iniciou, multidões saíram às ruas nos dade ilimitada de um soberano
países envolvidos para comemorar o conflito: a lealdade e o (D) Em O Príncipe, Maquiavel expressava seu desprezo pelo
patriotismo eram palavras de ordem. conceito medieval de uma lei moral limitando a autoridade
do governante e argumentava que a suprema obrigação do
32. (FGV-RJ 2015) Sobre a participação brasileira na Primei- governante é manter o poder e a segurança do país que go-
ra Guerra Mundial, é correto afirmar: verna, adotando todos os meios que o capacitem a realizar
(A) O governo brasileiro declarou guerra à Alemanha, em essa obrigação
1914, após o torpedeamento de um navio, carregado de (E) O Príncipe é a obra na qual Maquiavel expressa o dever
café, que acabara de deixar o porto de Santos. de todo soberano de combater o obscurantismo medieval
(B) O governo brasileiro manteve-se neutro ao longo de representado pela Igreja; o rei absoluto deve enfrentar, com
todo o conflito devido aos interesses do ministro das rela- mão de ferro, o poder temporal do clero católico, assumin-
ções exteriores Lauro Muller, de origem alemã. do o seu lugar no comando dos corpos e das almas dos ho-
(C) A partir de 1916, o Exército brasileiro participou de bata- mens .
lhas na Bélgica e no norte da França com milhares de solda-
dos desembarcados na região. 35. (IBMECSP 2009) A Companhia de Jesus foi criada na
(D) O Brasil enviou uma missão médica, um pequeno contin- Espanha em 1534 no contexto da Contrarreforma, tendo uma
gente de oficiais do Exército e uma esquadra naval, que se atuação importante no processo colonizador da América Portu-
envolveu em alguns confrontos com submarinos alemães. guesa. Sobre a atuação da Companhia de Jesus na colonização
(E) Juntamente com a Argentina, o governo brasileiro orga- do Brasil podemos afirmar que:
nizou uma esquadra naval internacional incumbida de pa- (A) Os jesuítas foram responsáveis pela fundação das pri-
trulhar o Atlântico Sul contra as ofensivas alemãs. meiras cidades brasileiras como São Paulo, São Vicente e
Salvador. A catequização dos indígenas era feita em redu-
33. (FUVEST) “Esta guerra, de fato, é uma continuação da ções onde eles permaneciam em regime de escravidão.
anterior.” (Winston Churchill, em discurso feito no Parlamento (B) Os jesuítas se destacaram na ação educativa e catequi-
em 21 de agosto de 1941). A afirmativa acima confirma a con- zadora dos grupos indígenas brasileiros. Vários missionários
tinuidade latente de problemas não solucionados na Primeira jesuítas moravam nas aldeias procurando conhecer os hábi-
Guerra Mundial, que contribuíram para alimentar antagonismos tos, a cultura e respeitando a religiosidade indígena.
e levaram à eclosão da Segunda Guerra Mundial. Entre esses
problemas, identificamos:

118
CONHECIMENTOS GERAIS
(C) A educação foi um dos principais instrumentos de evan- (A) I, V
gelização dos jesuítas, que fundaram colégios no Brasil e (B) II, IV
organizaram aldeamentos conhecidos como Missões para (C) II, V
catequizar os indígenas e convertê-los para o catolicismo. (D) I, IV
(D) Os jesuítas chegaram ao Brasil como o braço religioso (E) III, IV
da coroa portuguesa. Tinham como missão catequizar os in-
dígenas e apoiar os bandeirantes na captura dos índios que 38. (CESPE - Instituto Rio Branco) Durante o Primeiro Rei-
passavam a morar nas vilas e missões. nado consolidou-se a independência nacional, construiu-se o
(E) A ação militar foi a forma pela qual os jesuítas partici- arcabouço institucional do Império do Brasil e estabeleceram-se
param da colonização portuguesa no Brasil. Apoiados pelo relações diplomáticas com diversos países. Acerca desse perío-
Marquês de Pombal estabeleceram Missões na região de do da história do Brasil, julgue (C ou E) o item subsequente.
São Paulo e no sul do país para manter os índios reunidos. Originalmente uma questão concernente apenas ao eixo
das relações simétricas entre os Estados envolvidos, a Guerra
36. (UFMT- IF/MT) Durante o período imperial brasileiro, o da Cisplatina encerrou-se com a interferência de uma potência
liberalismo foi uma das correntes políticas influentes na compo- externa ao conflito.
sição do nascente Estado independente, tendo, em diferentes ( ) CERTO
momentos, pautado seus rumos. Há que se observar, no entan- ( ) ERRADO
to, que, diferentemente do modelo europeu, o liberalismo en-
contrado no Brasil tinha suas idiossincrasias. A partir do expos- 39. (MPE/GO– MPE/GO) Acerca da história do Brasil, é in-
to, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. correto afirmar:
( ) Os limites do liberalismo brasileiro estiveram marcados (A) Em 15 de novembro de 1889, ocorreu a Proclamação da
pela manutenção da escravidão e da estrutura arcaica de pro- República pelo Marechal Deodoro da Fonseca e teve início a
dução. República Velha, que só veio terminar em 1930 com a che-
( ) Os adeptos do liberalismo pertenciam às classes médias gada de Getúlio Vargas ao poder. A partir daí, têm destaque
urbanas, agentes públicos e manumitidos ou libertos. na história brasileira a industrialização do país; sua partici-
( ) O liberalismo brasileiro mostrou seus limites durante a pação na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Estados Uni-
elaboração da Constituição de 1824. dos; e o Golpe Militar de 1964, quando o general Castelo
( ) A aproximação de D. Pedro I com os portugueses no Brasil Branco assumiu a Presidência.
ajudou a estruturar o pensamento liberal no primeiro reinado. (B) A ditadura militar, a pretexto de combater a subversão
Assinale a sequência correta. e a corrupção, suprimiu direitos constitucionais, perseguiu
(A) F, V, F, V e censurou os meios de comunicação, extinguiu os partidos
(B) V, V, F, F políticos e criou o bipartidarismo. Após o fim do regime mi-
(C) V, F, V, F litar, os deputados federais e senadores se reuniram no ano
(D) F, F, V, V de 1988 em Assembléia Nacional Constituinte e promulga-
ram a nova Constituição, que amplia os direitos individuais.
37. (IFB/2017 – IFB) “A principal característica política da O país se redemocratiza, avança economicamente e cada
independência brasileira foi a negociação entre a elite nacional, vez mais se insere no cenário internacional.
a coroa portuguesa e a Inglaterra, tendo como figura mediadora (C) O período que vai de 1930 a 1945, a partir da derrubada
o príncipe D. Pedro” do presidente Washington Luís em 1930, até a volta do país
(CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo cami- à democracia em 1945, é chamado de Era Vargas, em razão
nho. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 26). do forte controle na pessoa do caudilho Getúlio Domeles
Vargas, que assumiu o controle do país, no período. Neste
Leia as afirmativas com relação ao processo de emancipação período está compreendido o chamado Estado Novo (1937-
política do Brasil. 1945).
I) As tentativas das Cortes lusitanas em recolonizar o Brasil (D) Em 1967, o nome do país foi alterado para República
uniram os luso-americanos em torno da ideia de perpetuar os la- Federativa do Brasil.
ços políticos que uniam, entre si, os lados europeu e americano (E) Fernando Collor foi eleito em 1989, na primeira eleição
do Império Português. direta para Presidente da República desde 1964. Seu go-
II) A escolha da monarquia em vez da república, como alter- verno perdurou até 1992, quando foi afastado pelo Senado
nativa política para o Brasil independente, derivou da convicção Federal devido a processo de “impugnação” movido contra
da elite brasileira de que só um monarca poderia manter a or- ele.
dem social e a união territorial.
III) Desde o retorno do Rei D. João VI para Portugal, em 40. (MPE/GO– MPE/GO) A volta democrática de Getúlio Var-
1821, a elite brasileira percebeu a necessidade de uma solução gas ao poder, após ser eleito no ano de 1950, ficou caracterizada
política que implicasse a separação entre Brasil e Portugal. pelo presidente:
IV) O papel dos escravos e livres pobres foi decisivo para a (A) ter se aproximado dos antigos líderes militares do Esta-
transição do Brasil de colônia para emancipado politicamente. do Novo e ter dado um golpe de Estado em 1952.
V) A independência do Brasil trouxe grandes limitações dos (B) ter exercido um governo de tendência populista e ter se
direitos civis, uma vez que manteve a escravidão. suicidado em 1954.
(C) ter exercido um governo de tendência autoritária, com o
Assinale a alternativa que apresenta somente as afirmativas apoio de Carlos Lacerda.
CORRETAS.

119
CONHECIMENTOS GERAIS
(D) ter exercido um governo de tendência populista que foi
a base para sua reeleição em 1955. GABARITO
(E) não ter levado o governo adiante por motivos de saúde,
sendo substituído por seu vice, Café Filho, em 1951.
1 D
41. (NC-UFPR – UFPR) Sobre a redemocratização no Brasil
pós - ditadura, assinale a alternativa correta. 2 C
(A) Uma das ações que marcou o processo de redemocra- 3 B
tização foi a campanha pelas eleições diretas para a presi- 4 D
dência da República, que ficou conhecida como “Diretas já”.
(B) O bipartidarismo foi uma das marcas do período pós-di- 5 B
tadura, motivo pelo qual a ARENA e o MDB foram os únicos 6 B
partidos políticos autorizados a funcionar no período 7 C
(C) O presidente Tancredo Neves foi o primeiro presidente
eleito pelo voto popular após a ditadura militar. 8 E
(D) Devido às graves denúncias que ocorreram, o presidente 9 A
José Sarney foi afastado da presidência da República. Esse 10 D
processo ficou conhecido como impeachment
(E) Fernando Collor de Mello foi um dos presidentes eleitos 11 D
após a ditadura militar e ficou famoso pela criação do Pro- 12 C
grama Bolsa-Família. 13 E

42. (Prefeitura de Betim/MG - Prefeitura de Betim/MG) É 14 E


alternativa verdadeira, correspondente às principais caracterís- 15 E
ticas do Feudalismo. 16 A
(A) Economia e sociedade agrárias e cultura predominante-
mente laica. 17 D
(B) Trabalho assalariado, cultura teocêntrica e poder políti- 18 B
co centralizado nas mãos do rei.
19 B
(C) As relações entre a nobreza feudal baseavam-se nos la-
ços de suserania e vassalagem: tornava-se suserano o nobre 20 A
que doava um feudo a outro; e vassalo, o nobre que recebia 21 D
o feudo.
22 CERTO
(D) Trabalho regulado pelas obrigações servis e sociedade
com grande mobilidade. 23 A
24 ERRADO
43. (CESPE/ – DEPEN) Na década de 90 do século passado,
25 ERRADO
pela primeira vez em dois séculos, faltava inteiramente ao mun-
do, qualquer sistema ou estrutura internacional. O único Esta- 26 A
do restante que teria sido reconhecido como grande potência, 27 D
eram os Estados Unidos da América. O que isso significava na
28 E
prática era bastante obscuro. A Rússia fora reduzida ao tama-
nho que tinha no século XII. A Grã-Bretanha e a França gozavam 29 A
apenas de um status puramente regional. A Alemanha e o Japão 30 B
eram sem dúvida “grandes potências” econômicas, mas nenhum
31 A
dos dois sentira a necessidade de apoiar seus enormes recursos
econômicos com força militar. 32 D
33 A
Eric Hobsbawm. Era dos extremos. O breve século XX, 1914-
34 D
1991. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 538 (com adap-
tações). 35 C
36 C
A partir das ideias apresentadas no texto, julgue o próximo
37 C
item, referentes à política internacional no século XX e à ordem
mundial instaurada após o fim da Guerra Fria. 38 CERTO
A despeito da derrocada da antiga União Soviética em 1991, 39 E
o contexto imediatamente posterior à Guerra Fria não foi marca-
40 B
do pelo estabelecimento de um sistema internacional organiza-
do para reduzir conflitos e garantir o equilíbrio entre os estados. 41 A
( ) CERTO 42 C
( ) ERRADO
43 CERTO

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

1. Noções de limpeza patrimonial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01


2. Relações interpessoais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3. Conhecimentos acerca das funções inerentes ao cargo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4. Técnicas e métodos de segurança e vigilância. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5. Prevenção de acidentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
6. Primeiros socorros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
7. Atitudes diante de incêndios. Noções de segurança no trabalho e prevenção de acidentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

A manutenção corretiva pode ser planejada e não planejada.


NOÇÕES DE LIMPEZA PATRIMONIAL No primeiro caso, percebe-se que o desempenho em determinado
equipamento caiu e dá tempo de programar-se, corrigindo o pro-
A manutenção predial pode se tornar uma grande responsa- blema antes que ele pare de funcionar. No segundo caso, a falha já
bilidade para quem estiver à frente da administração do local ou aconteceu.
da gestão de recursos humanos de uma empresa. A NBR 5674da
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) define manuten- Os serviços de manutenção preditiva
ção como sendo “o conjunto de atividades a serem realizadas para A manutenção predial preditiva envolve uma técnica que con-
conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de siste em avaliar as atuais condições dos equipamentos e das insta-
suas partes constituintes de atender as necessidades e segurança lações. Com o apoio de um acompanhamento planejado, inclusive
dos seus usuários”. com inspeções in loco (trabalho de campo), os técnicos recolhem
Durante a entrega de uma nova edificação, a construtora deve dados para fazer uma análise do que está efetivamente ocorrendo.
fornecer ao proprietário o manual de operação, de uso e manuten- Baseando-se em como os equipamentos se encontram de ver-
ção (NBR 14037 da ABNT). Veja os principais serviços de manuten- dade, essa estratégia define qual será a periodicidade da manuten-
ção predial e melhore seu controle e suas estratégias de rotina! ção de um determinado equipamento ou instalação, o que ajuda a
reduzir as paradas prolongadas da manutenção corretiva, que sem-
Os tipos de manutenção predial pre resultam em custos mais altos.
Existem três tipos de manutenção realizada em prédios: Para efetivar essa análise proativa, os técnicos utilizam câmeras
1. manutenção preventiva; termográficas, técnicas de ultrassom, testes que avaliam as vibra-
2. manutenção corretiva; ções e outros dispositivos. Porém, esses aparelhos também podem
3. manutenção preditiva. ser usados na manutenção corretiva e na manutenção preventiva.
Entre as vantagens que esse tipo de manutenção oferece, po-
A manutenção preventiva é realizada antes da necessidade de demos destacar:
reparos. Ela está relacionada à elaboração de atividades que aju- • a diminuição das intervenções de correção;
dem a conservar a funcionalidade do edifício. • o período estimado das avaliações nos equipamentos/ins-
A manutenção corretiva está relacionada à correção de erros e talações;
desgastes nas máquinas, nas instalações e nos equipamentos. Tra- • a eliminação das inspeções físicas e a desmontagem das
ta-se de uma manutenção que reage a uma situação problemática máquinas;
e, por esse motivo, tem um custo mais alto. • a garantia de maior confiança em cada equipamento;
• o aumento na vida útil dos equipamentos/instalações;
Já a manutenção preditiva apresenta características dos dois • a definição das causas que originaram os problemas;
tipos anteriores. Ela começa em uma situação de correção e passa • os custos mais baixos.
a avaliar regularmente os equipamentos e as instalações a fim de
garantir sua funcionalidade. Trata-se de um tipo de manutenção Com a correta noção sobre os serviços de manutenção dentro
predial de custo baixo e traz menos trabalho que a corretiva. do prédio, você terá muito mais controle de suas ações de gestão,
tornando-a altamente estratégica e aperfeiçoada.
Os serviços de manutenção preventiva
Os principais serviços que estão registrados no planejamento Fonte: http://blog.seguridade.com.br/conheca-os-principais-servi-
preventivo incluem: cos-de-manutencao-predial/
• a inspeção de instalações elétricas e hidráulicas;
• a inspeção de áreas comuns, de sistemas de segurança, de Limpeza
equipamentos e assim por diante; No contexto de limpeza empresarial, manter o ambiente higie-
• a verificação de elevadores, instalações de gás e integrida- nizado e com um aroma agradável não deve ser encarado como um
de da cobertura. simples capricho, mas como um padrão de qualidade. Nesse senti-
do, sua gestão também deve tomar alguns cuidados com produtos
Entre as vantagens desse tipo de manutenção, além dos custos químicos de limpeza, afinal, há uma série de riscos envolvidos no
menores, podemos destacar: o aumento da vida útil dos equipa- manuseio, armazenamento, mistura de agentes, entre outros.
mentos e instalações; a redução nas paradas e atividades correti- Esse tipo de produto é facilmente encontrado em estabeleci-
vas; a diminuição de riscos e acidentes. mentos comerciais como mercados, shoppings e lojas de artigos
para casa, podendo ser adquiridos por qualquer pessoa e, na maio-
Os serviços de manutenção corretiva ria das vezes, sem nenhuma restrição ou fiscalização especial, pois
Alguns serviços que estão inclusos no planejamento corretivo são utensílios indispensáveis para manter nossas casas limpas e hi-
incluem: gienizadas.
• consertos em vazamentos nas instalações de água; Neste post, vamos mostrar 6 cuidados que você e sua equipe
• impermeabilização do piso depois que se detecta uma in- devem ter ao lidar e manusear produtos químicos de limpeza. Boa
filtração; leitura!
• reparos em rachaduras e fissuras na estrutura predial;
• troca de peças do elevador que, de repente, deixou de Por que a escolha dos produtos químicos é tão importante?
funcionar. Produtos de limpeza são compostos por agentes químicos e
Durante a manutenção corretiva, a máquina fica parada um substâncias extremamente nocivas, principalmente quando manu-
tempo maior e é necessário, algumas vezes, comprar urgentemente seados por pessoas inexperientes. Isso significa que o responsável
materiais, o que nem sempre favorece a procura pelo melhor preço. por sua aquisição deve ter treinamento a respeito do assunto.
Também se faz necessária a mão de obra, que pode sair cara.

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

O que queremos dizer é que a escolha dos produtos não deve ser baseada pelas cores das embalagens ou simplesmente pela marca
do fabricante. É imprescindível que eles tenham instruções precisas e claras sobre seu uso, composição química, indicações e contraindi-
cações.
Além disso, é necessário que os produtos sejam armazenados de forma segura e responsável, já que:
• existem pessoas que sofrem reações alérgicas com determinados componentes químicos da fórmula;
• o contato com o calor, por exemplo, pode causar incêndios e explosões;
• a exposição à composição química pode prejudicar o meio ambiente.

Principais cuidados com produtos químicos de limpeza

1. Escolha os produtos mais adequados à sua necessidade


Como já alertamos, é preciso ter cuidado na hora de escolher os produtos químicos. Dê preferência aos que tenham selos de qualida-
de e credibilidade no mercado, já que são rigorosamente testados em laboratórios que garantem sua eficiência e segurança.
Além disso, evite a desproporcionalidade, ou seja, não escolha um produto apenas por sua capacidade de remover sujeiras. Lembre-se
de que agentes químicos muito fortes podem corroer e danificar superfícies frágeis, comprometendo sua integridade e, consequentemen-
te, seu tempo de duração.

2. Não misture produtos químicos sem conhecer os efeitos


Quando misturados indevidamente, alguns produtos de limpeza podem causar efeitos nocivos. Por exemplo, a junção de água sanitá-
ria, amoníaco e sabão em pó causa uma reação química tão agressiva que, em ambientes fechados, provoca vapores tóxicos que podem
levar um indivíduo à morte.
Muitos acidentes causados em residências e empresas são fruto de uma manipulação imprudente por usuários leigos. Portanto, evite
a mistura de agentes sem antes conhecer seus efeitos e riscos.
Também é importante alertar que, por mais que conste na embalagem que os produtos contêm a mesma composição e finalidade, é
possível que haja algumas diferenças de um fabricante para outro.
Abaixo, confira alguns exemplos de substâncias químicas que não devem ser misturadas em hipótese alguma:

Substância Incompatibilidade Reação

Bases fortes Neutralização exotérmica


Ácidos minerais fortes Cianetos Liberação de gás cianídrico
Hipoclorito de sódio Liberação de cloro

Ácido nítrico Matéria orgânica Oxidação violenta

Matéria orgânica Oxidação


Oxidação violenta
Metais Decomposição

3. Armazene os produtos com segurança e responsabilidade


Os problemas decorrentes de armazenamento inadequado de produtos químicos costumam ocorrer com maior frequência em re-
sidências, pois o acesso por crianças e animais é mais fácil. Por outro lado, é comum que nas empresas exista um local específico para
guardar os produtos e que só pode ser acessado por pessoas autorizadas.

Caso você ainda não tenha um sistema de organização e armazenamento de agentes e produtos químicos de limpeza, considere os
seguintes passos:
• ao adquirir um produto, preocupe-se com o local em que ele será armazenado;
• mantenha-o em ambientes secos, arejados e não muito quentes;
• armazene-o longe de remédios e alimentos;
• restrinja o acesso ao produto.

4. Aprenda a utilizar os produtos de forma segura


Como já alertamos, evite a mistura de produtos — ainda que sejam destinados ao mesmo uso — caso você não esteja completamente
ciente sobre seus efeitos. Na melhor das hipóteses, isso pode danificar objetos ou superfícies. Na pior, pode causar graves acidentes e
fatalidades.
Além disso, você deve considerar algumas práticas na hora de manipular produtos químicos de limpeza. Confira:
• leia sempre as instruções do fabricante;
• certifique-se de que os colaboradores responsáveis pelo manuseio dos produtos estejam devidamente equipados com os itens de
segurança individual — luvas, óculos, máscaras e protetores faciais, além de sapatos fechados e impermeáveis;
• evite dosar o produto com objetos como tampas, colheres, copos, potes e qualquer outro recipiente que não tenha sido desenvol-
vido para essa finalidade;
• não reutilize embalagens vazias para armazenar qualquer outro tipo de material;

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

• verifique se o produto é adequado para uso no seu equipa- Cuidados na hora da utilização:
mento ou processo de limpeza — existem detergentes espumantes – Sempre se lembre de ler as recomendações do fabricante e
que não devem ser usados em lavadoras de piso e extratores, pois seguir as instruções de acordo com cada produto. É importante res-
podem entrar no motor e danificá-lo. Além disso, é preciso tomar saltar que nem sempre as instruções e eficácia valerão para todas as
cuidado com o pH, que em alguns produtos químicos é alto o su- marcas (mesmo sendo o mesmo produto), além dos componentes
ficiente para corroer componentes dos equipamentos como man- químicos também mudarem dependendo da marca. Sempre procu-
gueiras e borrachas de vedação; re saber qual deles corresponde melhor suas necessidades.
• após o uso, observe se as embalagens estão bem fechadas – Alguns produtos poderão vir com grande concentração de
para evitar acidentes; componentes químicos, então por questão de precaução utilize lu-
• descarte os recipientes de forma prudente e ecologicamente vas e sapatos fechados e impermeáveis; em caso de dúvida consul-
responsável. te a Internet ou a própria embalagem do produto.

5. Enxague as superfícies – Evite a utilização de recipientes para preparar alimentos


Equipamentos e superfícies devem ser enxaguados após a uti- como medidor do produto. É muito comum encontrar donas de
lização, pois os produtos químicos continuam agindo (caso sejam casa utilizando colheres, copos e potes para dosar a quantidade do
simplesmente deixados sobre o ambiente) e isso pode gerar desgas- produto, mas isso não é recomendado por poder impregnar seus
te, corrosão e danificar a área. componentes químicos nesses recipientes, comprometendo sua
Em pisos e tecidos, por exemplo, pode gerar manchas, já que o saúde. É interessante providenciar um medidor exclusivo para seus
produto tende a continuar reagindo à sujeira. Em equipamentos, os produtos de limpeza.
resíduos químicos podem acelerar o deterioramento das manguei- – Sempre mantenha a embalagem fechada após o uso do pro-
ras, borrachas de vedação e até mesmo os tanques das máquinas, duto e para quem tem filhos pequenos em casa, é recomendado
além de poder proliferar bactérias e desenvolver mau cheiro. guardar seus produtos de limpeza em lugar alto ou de difícil acesso.
– Não reutilize as embalagens vazias para armazenar outro tipo
6. Tenha um plano de medidas preventivas de material e em hipótese alguma dê o frasco vazio para uma crian-
É muito importante que você invista em um plano de medidas ça como forma de brinquedo. O mais recomendado é descartar o
preventivas e disponibilize-o para toda a equipe de limpeza da com- frasco imediatamente após seu término em lixo reciclável ou em
panhia. Nele, devem constar informações a respeito dos perigos do alguns casos levar o recipiente na própria loja de limpeza, caso haja
contato direto entre agentes químicos e as mais diversas partes do pontos de troca.
corpo. Cada produto exige sua maneira correta de aplicação. Separa-
mos alguns dos produtos mais comuns no dia-a-dia da limpeza com
A seguir, veja quais são as principais vias de penetração: suas formas corretas de utilização:
• vias respiratórias: boca, laringe, nariz, bronquíolos, brônquios
e alvéolos pulmonares; Desinfetante:
• via dérmica: pela pele, causando reação alérgica imediata, O desinfetante pode ser usado para eliminar bactérias de qual-
irritação, queimaduras ou lesões graves; quer área e ambiente de sua casa. No rótulo deste produto, os fabri-
• via parenteral: causa lesão; cantes recomendam o tempo certo de espera para que o produto
• via digestiva: comum em acidentes domésticos em que ocor- possa agir corretamente, então fique de olho nessa informação.
re a ingestão do produto químico. Para evitar qualquer tipo de alergia, o desinfetante não deve entrar
em contato direto com a pele, caso tenha algum problema procure
Além disso, nesse manual precisa constar o que deve ser feito um médico.
de acordo com a exposição, suas reações conforme o tempo em que
ela ocorreu, a natureza do incidente e a concentração do agente. Sabão em pó e amaciante:
Para seguir as NRs de segurança e saúde do trabalho, é preciso Não aplique diretamente na roupa para evitar manchas, existe
acompanhar a Ficha de Informação e Segurança de Produto Quími- um reservatório próprio na maquina para a adição desses produtos.
co (FISPQ). Nela, devem constar todas as informações sobre os pro- Enxague muito bem as roupas após o uso; resíduos do produto po-
dutos, suas reações químicas, procedência, instruções de manuseio dem causar irritações e alergia na pele.
e telefones úteis no caso de acidentes.
Água sanitária:
Fonte: https://ipcbrasil.com.br/6-cuidados-necessarios-com-produ- Para agir como desinfetante aplique o produto puro e deixe
tos-quimicos-de-limpeza/ agir por uns 10 minutos antes de enxaguar (leia o rótulo para con-
firmar o tempo adequado). Para limpar, dilua 1 copo de de 20ml
Cuidados na hora da compra: para cada 1 litro de água.
Já de início, no momento da compra, devemos ficar atentos na Para lavar roupas, dilua 1 copo de 10ml de água em 1 litro de
embalagem do produto. Verificar se o recipiente está bem fechado água e agite. Coloque as roupas de molho por 30 minutos e siga
e em perfeito estado, isso irá garantir que você não manche suas com a lavagem normalmente. Não seque as roupas ao sol. Não use
roupas ou seu carro. Lembre-se também de que na hora de em- em roupas coloridas, de lã, linho, seda ou lycra. Não misture com
balar, os produtos de limpeza devem estar separados da sacola de produtos à base de amônia. Por lei, o produto não deve possuir
alimentos. perfume, corante, detergente ou outro componente.

Desentupidores e Desengraxantes
Os desentupidores e desengraxantes são utilizados em caixas
de gordura, ralos e vasos sanitários e “desmancham bolos” de ma-
téria orgânica acumulada, neste locais.

3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Os desentupidores/desengraxantes são produtos compostos A escolha do local


por substâncias cujo principio ativo mais usado é o hidróxido de Dê preferência para armários ou prateleiras em lugares mais
sódio (soda caústica). altos, especialmente se houver crianças em casa. Caso a única op-
No uso indevido por contato ou ingestão o paciente deve ser ção seja um armário baixo, certifique-se de trancá-los para evitar
tratado com maior rapidez possível, pois estes produtos podem acidentes.
causar lesões bastante profundas nos locais de contato.
Atenção: Acidentes com esses produtos são considerados sem- Organizando o estoque
pre graves. Para facilitar a procura de um determinado produto, uma dica
eficiente é usar cestas ou baldes com uma etiqueta, informando a
Dedorizantes, Anti-traça e Antimofo categoria de cada grupo de produtos como, por exemplo: “produtos
Os desodorizantes são utilizados para controlar odores desa- para limpeza da casa”, “limpeza da cozinha”, “lavagem de roupas”,
gradáveis em vasos sanitários, ralos, pias, ambientes fechados e até assim será mais fácil para achá-los quando for usar.
mesmo controlar traças.
As substâncias presentes nos desodorizantes são o paradiclo- A temperatura do local
robenzeno, nas pedras que são utilizadas nos vasos sanitários e ar- A grande maioria dos produtos devem ser armazenados em
mários, a naftalina ou naftaleno, que também são substâncias repe- temperatura ambiente, mas o ideal é sempre estar atento às ins-
lentes de traças e os surfactantes catiônicos (detergentes potentes). truções presentes no rótulo. Para se ter noção, alguns produtos
No uso indevido: contato ou ingestão pode ocorrer irritação de químicos podem causar explosões ou até mesmo gerar gases tóxi-
pele e mucosas. Alguns deles como a naftalina podem causar alte- cos se forem armazenados incorretamente. Produtos como álcool e
rações orgânicas significativas. querosene são altamente inflamáveis, sendo assim não podem ser
colocados em superfícies aquecidas ou ambientes muito quentes.
Ceras e Polidores Procure locais bem ventilados e iluminados, mas certifique-se que a
São utilizados para obtenção de polimento e lustro de objetos, luz solar não incida diretamente sobre eles.
superfícies de madeira, pedras e metal.
As ceras e polidores são constituídos por, ceras naturais ou sin- Atenção ao rótulo
tética, silicone, solventes derivados do petróleo e acido oxálico. Além de informar a temperatura, o rótulo é importante para
No uso indevido, por contato ou ingestão causam irritação de várias outras causas. Caso ocorra um acidente, lá informará quais
pele e mucosas. Os solventes podem ser aspirados (falsa via) e cau- serão os procedimentos a serem tomados e os telefones de emer-
sam pneumonite química (semelhante a uma pneumonia, causada gência. Deve-se evitar também, fazer diluições sem antes consultar
por produto químico). a embalagem do produto ou reutilizar a embalagem para outros
fins.
Detergentes, Amaciantes, Sabões e Saponáceos
Detergente líquido, sabão em barra e saponáceo servem para Atenção ao prazo de validade
desengordurar e limpar louças, talheres e outros utensílios de co- Deixe visível os produtos que tenham o prazo de validade mais
zinha. curto ou que estejam mais próximos da sua data de vencimento.
O sabão em barra ou pó serve para lavar roupas. Estes devem ser prioridade, então organize-os na frente do armá-
Amaciantes servem para amaciar as fibras das roupas após a rio/prateleira.
limpeza com sabão.
São compostos por substâncias capazes de produzir espuma Fonte: https://limpaforte.com.br/2018/06/01/como-armazenar-
quando misturados a água e agitados. -produtos-de-limpeza-corretamente/
Entre seus efeitos: podem reduzir ou eliminar a gordura que
protege a nossa pele, possibilitando reações alérgicas, ressecamen- Limpeza e desinfecção de superfícies
to, que provocam coceira, além de outros problemas de saúde se A limpeza e desinfecção de superfícies em serviços de saúde
ingeridos. são elementos primários e eficazes nas medidas de controle para
romper a cadeia epidemiológica das infecções.
Cuidados com a saúde: Os princípios básicos para a limpeza e desinfecção de superfí-
Caso o produto entre em contato com os olhos ou case algum cies em serviços de saúde são os seguintes:
tipo de irritação na pele, lave imediatamente o local com água - Proceder à frequente higienização das mãos;
abundante. Se ingerido ou inalado, não tome leite e não provoque - Não utilizar adornos (anéis, pulseiras, relógios, colares, pier-
vômito; procure imediatamente um atendimento médico levando a cing, brincos) durante o período de trabalho;
embalagem ou rótulo do produto. - Manter os cabelos presos e arrumados e unhas limpas, apa-
radas e sem esmalte.
Como armazenar produtos de limpeza corretamente - Os profissionais do sexo masculino devem manter os cabelos
Para armazenar corretamente seus materiais e produtos de curtos e barba feita;
limpeza, é importante primeiramente escolher um local seguro, - O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) deve ser
longe do alcance de crianças e de animais de estimação. Mas além apropriado para a atividade a ser exercida;
disso, a organização também é um fator importantíssimo para uma - Nunca varrer superfícies a seco, pois esse ato favorece a dis-
armazenação eficiente. Confira o passo a passo para armazenar persão de microrganismos que são veiculados pelas partículas de
seus produtos da forma certa aqui com a Limpa Forte: pó. Utilizar a varredura úmida, que pode ser realizada com mops ou
rodo e panos de limpeza de pisos;
- Para a limpeza de pisos, devem ser seguidas as técnicas de
varredura úmida, ensaboar, enxaguar e secar;

4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

- O uso de desinfetantes ficam reservados apenas para as superfícies que contenham matéria orgânica ou indicação do Serviço de
Controle de Infecção Hospitalar (SCIH).
- Todos os produtos saneantes utilizados devem estar devidamente registrados ou notificados na Agência Nacional de Vigilância Sa-
nitária (Anvisa);
- A responsabilidade do Serviço de Limpeza e Desinfecção de Superfícies em Serviços de Saúde na escolha e aquisições dos produtos
saneantes deve ser realizada conjuntamente pelo Setor de Compras e Hotelaria Hospitalar (SCIH);
- É importante avaliar o produto fornecido aos profissionais. São exemplos: testes microbiológicos do papel toalha e sabonete líquido,
principalmente quando se tratar de fornecedor desconhecido;
- Deve-se utilizar um sistema compatível entre equipamento e produto de limpeza e desinfecção de superfícies (apresentação do
produto, diluição e aplicação).
- O profissional de limpeza sempre deverá certificar se os produtos de higiene, como sabonete e papel toalha e outros são suficientes
para atender às necessidades do setor.
- Cada setor deverá ter a quantidade necessária de equipamentos e materiais para limpeza e desinfecção de superfícies.
- Para pacientes em isolamento de contato, recomenda-se exclusividade no kit de limpeza e desinfecção de superfícies.
- Utilizar, preferencialmente, pano de limpeza descartável.
- O sucesso das atividades de limpeza e desinfecção de superfícies depende da garantia e disponibilização de panos ou cabeleiras
alvejados e limpeza das soluções dos baldes, bem como de todos equipamentos de trabalho.
- Os panos de limpeza de piso e panos de mobília devem ser preferencialmente encaminhados à lavanderia para processamento ou
lavados manualmente no expurgo.
- Os discos das enceradeiras devem ser lavados e deixados em suporte para facilitar a secagem e evitar mau cheiro proporcionado
pela umidade.
- Todos os equipamentos deverão ser limpos a cada término da jornada de trabalho.
- Sempre sinalizar os corredores, deixando um lado livre para o trânsito de pessoal, enquanto se procede à limpeza do outro lado.
- Utilizar placas sinalizadoras e manter os materiais organizados, a fim de evitar acidentes e poluição visual.
- A frequência de limpeza das superfícies pode ser estabelecida para cada serviço, de acordo com o protocolo da instituição.
- A desinsetização periódica deve ser realizada de acordo com a necessidade de cada instituição.
- O cronograma semestral para a desinsetização deve estar disponível para consulta, assim como a relação dos produtos utilizados no
decorrer do semestre.

Produtos utilizados na limpeza de superfícies: Sabões e detergentes.


Principais produtos utilizados na desinfecção de superfícies:
a- Álcool. Os alcoóis etílico e o isopropílico são os principais desinfetantes utilizados em serviços de saúde, podendo ser aplicado em
superfícies ou artigos por meio de fricção.
Características: bactericida, virucida, fungicida e tuberculocida. Não é esporicida. Fácil aplicação e ação imediata.
Indicação: mobiliário em geral.

b- Compostos fenólicos: compreendem o hidroxidifenileter, triclorodifenileter, cresóis, fenilfenol e outros. Estão em desuso, devido à
toxicidade.
Características: bactericida, virucida, micobactericida e fungicida. Não é esporicida. Apresenta ação residual. Pode ser associado a
detergentes.
Indicação: superfícies fixas e mobiliários em geral.

Compostos liberadores de cloro ativo:


a- Inorgânicos: os mais utilizados são hipocloritos de sódio, cálcio e de lítio.
Características: bactericida, virucida, fungicida, tuberculicida e esporicida, dependendo da concentração de uso. Apresentação líquida
ou pó; amplo espectro; ação rápida e baixo custo.
Indicação: desinfecção de superfícies fixas.

b- Orgânicos: os ácidos dicloroisocianúrico (DCCA) e tricloroisocianúrico (TCCA) são exemplos de compostos desse grupo.
Características: bactericida, virucida, fungicida, tuberculicida e esporicida, dependendo da concentração de uso. Apresentação em
pó. Mais estável que o cloro inorgânico.
Indicação: descontaminação de superfícies.

Compostos quaternários de amônio:


Alguns dos compostos mais utilizados são os cloretos de alquildimetilbenzilamônio e cloretos de dialquildimetiamônio.
Características: bactericida, virucida (somente contra vírus lipofílicos ou envelopados) e fungicida. Não apresenta ação tuberculicida
e virucida. É pouco corrosivo e tem baixa toxicidade.

Indicação: superfícies fixas, incluindo ambiente de nutrição e neonatologia (sem a presença dos neonatos).

Monopersulfato de potássio
Características: amplo espectro. É ativo na presença de matéria orgânica; não corrosivo para metais.
Indicação: desinfetante de superfícies.

5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Oxidantes

Ácido peracético
Características: é um desinfetante para superfícies fixas e age por desnaturação das proteínas, alterando a permeabilidade da parede
celular, oxidando as ligações sulfidril e sulfúricas em proteínas e enzimas. Tem uma ação bastante rápida sobre os microrganismos, inclu-
sive sobre os esporos bacterianos em baixas concentrações de 0,001 a 0,2%. É efetivo em presença de matéria orgânica. Apresenta baixa
toxicidade.

Indicação: desinfetante para superfícies.

Produtos de Limpeza/Desinfecção Indicação de uso Modo de usar


Técnica de varredura úmida ou retirada
Água
de pó
Friccionar o sabão ou detergente sobre a
Água e são ou detergente Limpeza para remoção de sujidade
superfície
Água Enxaguar e secar
Desinfecção de equipamentos e Fricções sobre a superfície a ser desin-
Álcool a 70%
superfícies fetada
Desinfecção de equipamentos e Após a limpeza, imersão ou fricção.
Compostos fenólicos
superfície Enxaguar e secar
Desinfecção de equipamentos e Após a limpeza, imersão ou fricção.
Quaternário de amônia
superfície Enxaguar e secar
Desinfecção de superfícies não-metáli- Após a limpeza, imersão ou fricção.
Compostos liberadores de cloro ativo
cas e superfícies com matéria orgânica Enxaguar e secar
Oxidantes
Após a limpeza, imersão ou fricção.
Ácido peracético (associado ou não a Desinfecção de superfícies
Enxaguar e secar
peróxido de hidrogênio)

Equipamentos utilizados na limpeza e desinfecção de superfícies

Equipamentos:
a- Máquinas lavadoras e extratoras;
b- Máquinas lavadoras com injeção automática de solução
c- Aspiradores de pó e líquidos
c.1- Enceradeiras de baixa rotação
c.2- Enceradeiras de alta rotação

Materiais:
a- Conjunto mop: é formado por cabo, armação ou haste ou suporte e luva ou refil.
b- Cabo;
c- Luva do tipo cabeleira;
d- Luva do tipo cabeleira plana – Função úmida;
e- Rodos;
f- Panos para limpeza de mobília e pisos;
g- baldes;
h- Kits para limpeza de vidros e tetos;
i- Escadas;
j- Discos abrasivos para enceradeira;
k- Escova de cerdas duras com cabo longo;
l- Carro funcional;
m- Carros para transporte de resíduos;
n- Placa de sinalização

Higienização das Mãos


a- com Água e Sabonete Líquido
- quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue ou outros fluidos corporais.
- ao iniciar o turno de trabalho.
- antes e após remoção de luvas.
- antes e após uso do banheiro.
- antes e depois das refeições.

6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

- após término do turno de trabalho. Como limpar piso de pedra


- após várias aplicações consecutivas de produto alcoólico para O piso de pedra ou de ardósia é menos poroso que o de már-
as mãos. more, mas também não suporta produtos muito concentrados. A
limpeza com água e um bom detergente neutro é suficiente. Se qui-
b- com preparação alcoólica para as mãos ser dar um brilho extra no chão, acrescente três colheres de vinagre
- ao iniciar o turno de trabalho. branco à mistura.
- antes e após remoção de luvas.
- antes e após uso do banheiro. Como limpar piso de cerâmica ou porcelanato
- antes e depois das refeições. Para tirar manchas do piso de cerâmica ou porcelanato, passe
- após término do turno de trabalho. um pano molhado em uma mistura de uma colher de Cif Cremoso
para 5 litros de água. Esfregue o pano no piso, enxágue com um
Outros aspectos da higienização das mãos: pano limpo úmido e depois seque. Para o piso do banheiro, você
- mantenha as unhas naturais, limpas e curtas. também pode usar Vim ou Cif Banheiro para desinfetar e limpar.
- não use unhas postiças. Apenas certifique-se de não misturar os dois produtos.
- evite o uso de esmaltes nas unhas. Enxágue bem e seque em seguida.O piso da cozinha pode ser
- não usar anéis, pulseiras e outros adornos. limpo regularmente com Cif Desengordurante, pois seu uso contí-
- aplique creme hidratante nas mãos (uso individual), diaria- nuo previne o aparecimento de manchas e o acúmulo de gordura.
mente, para evitar ressecamento na pele.
- a preparação alcoólica para as mãos não deve ser utilizada Como limpar piso: manutenção
como complemento para a higienização das mãos. É uma boa ideia evitar produtos à base de silicone ou nem cera,
pois eles criam uma camada sobre o chão que é difícil de remover.
LIMPEZA DE PISOS, ASSOALHOS, PAREDES, TETOS, MADEI- Também não use produtos abrasivos para retirar sujeiras, pois eles
RAS, VIDRAÇAS, MOBILIÁRIO, EM GERAL; podem riscar seu piso.
Com o passar do tempo, os pisos de pedra, porcelanato, már- Procure varrer e limpar o chão pelo menos uma vez por sema-
more e cerâmica podem ficar sujos e encardidos. Se você perceber na para tirar a poeira e renovar o brilho.
que o chão da sua casa não tem o mesmo brilho de antes e que al-
gumas manchas estão começando a aparecer, está na hora de fazer Fonte: https://www.cleanipedia.com/br/limpeza-de-pisos-e-super-
uma limpeza de piso. ficies/como-limpar-piso.html
Confira os produtos e métodos mais apropriados para trata-
mento de pisos, que vão ajudar a manter sua casa limpa e higieniza- HABILIDADES MANUAIS NO DESEMPENHO DAS TAREFAS
da. Antes de começar a limpeza, lembre-se de seguir as instruções Sequência correta das operações; uso correto de ferramenta;
de cada produto e de usá-los em uma área bem ventilada. A maioria utensílios e ferramentas; manutenção e conservação de ferramen-
dos produtos de limpeza de chão são muito fortes, portanto não tas; dosagem dos produtos de limpeza
esqueça de usar luvas para proteger suas mãos.
PISOS
Antes de começar o tratamento de piso
Os métodos de limpeza de piso são diferentes dependendo do Super Mop
material que ele é feito. Mas em todos os casos a limpeza começa Utilizado para limpeza rápida, pois seu manuseio é fácil, não
da mesma maneira: passe uma vassoura cerdas macias e recolha necessitando de baldes especiais E de fácil torção, não requer força
toda a poeira e a sujeira acumuladas no chão. Só depois disso é e acompanha suporte para fixação de parede. Possui reposição de
que seu piso poderá receber um tratamento para tirar manchas e cabeleira.
recuperar o brilho.
Balde e espremedor
Como limpar piso encardido? No mercado, há uma grande va- Balde e espremedor em plástico de alta resistência, utilizar na
riedade de produtos limpa piso que são excelentes e vão ajudar a manutenção de áreas médias e grandes em conjunto com o Água
tirar o encardido do chão. e na implantação de ceras com o Aplicador. Evita que o operador
Leia a embalagem para descobrir qual o produto mais ade- coloque as mãos diretamente no produto.
quado e siga as instruções de uso. Para evitar manchas difíceis de
remover, verifique se o produto não é muito concentrado e evite Mop água/ aplicador
usar produtos à base de álcool dependendo do piso. Desinfetantes O mop água é utilizado na limpeza de pisos e sanitários evitan-
muito fortes podem abrir “poros” no piso e facilitar a entrada de do o contato direto do operador com o produto. Já o aplicador de
sujeira, complicando uma próxima faxina. E não se esqueça de usar cera proporciona um malha’ resultado na implantação e manuten-
luvas para proteger suas mãos! ção de ceras em pisos, pois deixa uma camada uniforme, evitando
assim acúmulos e desperdícios.
Como limpar piso de mármore
Os pisos de mármore são bonitos e elegantes, mas demandam Mop pó
atenção redobrada. Esse material é muito poroso e tem alta capaci- Ideal na remoção de pó, evita que as partículas de pó sejam
dade de absorção. Portanto, não use produtos muito concentrados, suspensas e depositem em outros lugares.
corrosivos ou gordurosos. Limpa tudo
Para a limpeza do piso de mármore, dissolva uma pequena E indicado para limpeza de cantos, escadas e lugares de difícil
quantidade de detergente de coco em um recipiente com 5 litros acesso de equipamentos maiores, como enceradeiras e lavadoras
de água. Mergulhe um pano limpo de algodão nessa solução e es- automáticas.
fregue o chão. Depois, enxágue com um pano limpo umedecido em
água e seque bem.

7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Sinalizador de piso LIMPEZA DAS CORTINAS


A melhor forma de sinalização de áreas onde estão sendo fei- Uma opção prática e eficiente para a limpeza das cortinas é o
tos trabalhos de limpeza, ou onde possa ter havido algum tipo de uso do aspirador de pó. Com os cuidados adequados, é possível
derramamento. utilizar o aparelho sem danificar o tecido. Basta usar o aspirador a
cada 15 dias, colocando o bocal escova para não danificar o tecido
PAREDES, PORTAS com a sucção.
Utilize pano branco, limpo e umedecido para limpeza de pe-
quenas manchas nas paredes, e esfregue o mínimo possível, dei- Já a lavagem do forro deve ser feita a cada seis meses. Pelo me-
xando secar com a evaporação. nos uma vez por ano a cortina deve ser lavada. Se o tecido suportar,
Nunca use álcool sobre tinta plástica (látex PVA). você poderá lavá-lo em casa mesmo, com sabão neutro. Coloque de
As portas pintadas poderão ser limpas com pano ume­decido e molho de um dia para o outro, trocando a água três vezes, a primei-
sabão neutro e nunca com produtos ácidos ou à base de amoníaco. ra, após 20 minutos de molho, para que o pó não tinja o tecido. No
Com o tempo a pintura fica “queimada”, isto é, escurece um dia seguinte, lave o tecido na máquina, acionando o programa para
pouco. Pinte toda a parede ou o cômodo por inteiro para que não peças delicadas e depois deixe secar ao ar livre.
se percebam as diferenças de tonalidade. LIMPEZA DE VIDROS E ESPELHOS
Para evitar o aparecimento de bolor nos tetos de banheiros e Para a limpeza e o polimento de vidros e espelhos, você tam-
WC, geralmente causado pela umidade do banho, mantenha sem- bém pode usar a solução de uma nova fervura de folhas de chá já
pre as janelas abertas mesmo durante o banho. Essa atitude favo- utilizadas.
rece a retirada do vapor provocado pela água quente. Para remover
tais manchas utilize água sanitária. TETOS
O mofo é um vegetal microscópio que se encontra no ar e prolí- - Saca Soquetes
fera quando verificados três fatores: umidade, sombra e calor. Man- - Saca Refletores
tenha sempre seu apartamento ventilado e combata o mofo logo - Saca Lâmpadas
que ele se manifestar.
Recomenda-se uma pintura geral periódica para que seu imó- Permitem efetuar a troca em luminárias sem o uso de escadas.
vel tenha uma aparência sempre nova.
UTILITÁRIOS
LIMPAR MÓVEIS BRANCOS
Uma boa maneira de limpar móveis pintados de branco é usan-
Mão Mecânica
do uma solução baseada em leite. Faça a mistura do leite com a
Ideal para manuseio de objetos potencialmente nocivos ou
água ou coloque o próprio leite puro e use-a para esfregar o móvel
cortantes. A mão mecânica com cabo de 90cm permite pegar ob-
com um pano limpo
jetos do chão ou prateleiras, e a de 45cm é adequada para uso em
LIMPAR MÓVEIS DE FÓRMICA banheiros públicos.
A fórmica permite uma limpeza rápida e eficaz. Basta esfregar o
móvel com um pano embebido em álcool e em seguida dar o brilho Lafts
com final com uma flanela limpa e seca. Rodo gigante, com 90 ou 130cm, remove grandes quantidades
de líquido em curto espaço de tempo. Têm lâmina de borracha subs-
LIMPAR MÓVEIS ENVERNIZADOS tituível. E ideal para quadras de tênis, bordas de piscinas e áreas
A limpeza de móveis envernizados é batata. Primeiro remova sujeitas a alagamento. Trabalha em pisos frios, mesmo irregulares.
a camada mais grossa de poeira com espanador para não arranhar.
Em seguida, passe um pano limpo. Para dar um brilho especial, pas- Comb (lavador e limpador)
se um pano umedecido com lustra móveis e lustre com flanela. É ideal para lavagem de pára-brisas em postos de gasolina ou
outras pequenas áreas envidraçadas. Com 25cm de largura, é com-
LIMPAR MÓVEIS LAQUEADOS posto de lavador e limpador montados num mesmo cabo, e pode
Para limpar móveis laqueados, use uma esponja molhada em também ser fornecido com prolongador de 50cm.
água misturada com um pouco de amoníaco. Para finalizar a opera-
ção dando brilho, use uma flanela limpa e seca. Minilock
Utilizado para fixar fibras e panos de limpeza. Tem movimen-
LIMPEZA DE MÓVEIS DE VIME to giratório para facilitar o uso em locais de difícil acesso, inclusive
Os móveis de vime também são chamados de cana-da-índia e tetos e cantos. Fornecido com ou sem mola trava. Com mola trava
têm uma aparência semelhante ao bambu. Para limpá-los, passe pode ser usado no cabo prolongador e em extensões telescópicas.
água quente misturada com bicarbonato de sódio. Deixe secar sob Disponível com cabo de 1,25 ou 1,50m.
o sol.
LIMPEZA DE TAPETES, PISOS, ESCADAS E PASSADEIRAS
LIMPEZA DE JANELAS E ESQUADRIAS TAPETES
Para manter as janelas e esquadrias de alumínio sempre lim-
Conservação de Tapetes
pas, deve-se limpá-las unia vez por mês com uma mistura de óleo
Os tapetes devem receber cuidados especiais para garantir a
de cozinha e álcool, em partes iguais. De­pois, é só passar uma pano
conservação:
macio ou flanela.
- Nunca lavar em máquinas de lavar
VIDROS DAS JANELAS
Para proteger os vidros das janelas dos respingos de pintura, - Lavar com produtos apropriados para limpeza e lavagem de
antes de pintar os batentes, esfregue uma cebola cortada. O suco tapetes e carpetes. Na ausência destes produtos, o melhor a ser
não permitirá que os respingos fiquem incrustados. utilizado é sabão neutro

8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

- Caso haja sujeira de óleo ou graxa sob a superfície do tapete, 3. Aconselha-se o uso de cortinas ou similares no ambiente
o melhor método é utilizar água morna (cerca de 700), deixando a onde o piso está para filtrar o excesso de luminosidade;
concentração de sabão neutro no local. Espere agir por alguns mi- 4. Cobrir os pés dos móveis com algum produto que impeça
nutos e depois esfregue levemente riscos no piso, como feltro, por exemplo;
- Ao lavar o tapete, utilize sempre escovas com cerdas macias 5. Evitar o uso de sapatos de salto alto (tipo agulha), pois estes
- Procure escovar o tapete sempre para o mesmo sentido. possuem metal ou pregos que danificam a madeira;
6. Usar capacho nas entradas para limpeza dos calçados, evi-
O tapete é uma peça de decoração indispensável ao ambiente, tando areia e outros fragmentos que possam riscar a superfície do
pois oferece harmonia e conforto. Entretanto, com o passar do tem- piso.
po é comum ele adquirir uma aparência de velho e mal cuidado.
Algumas dicas podem ser utilizadas para prolongar a vida útil dos Pisos de sinteko ou verniz necessitam uma conservação ade-
tapetes: quada:
- A higienização dos tapetes varia de acordo com as condições 1 - Na hora de fazer a limpeza, o melhor método é adicionar
do ambiente, mas, em geral, a periodicidade de limpeza é de 5 a 10 álcool à água. Dissolva 100 ml de álcool em cinco litros de água e
dias. O recomendável é a utilização de a vaporizadores de ar quen- limpe o piso com uma flanela umedecida na mistura
te, podendo utilizar água ou pro­dutos que dêem odor agradável. 2 - Nas áreas do piso onde a luminosidade não incide, como
- Se for utilizar vaporizadores, não incida o calor diretamente aquelas que ficam sob os tapetes, a madeira pode apresentar uma
sobre o local. Procure afastar no mínimo 5 centímetros da super- coloração mais clara que o resto. Para re­solver esse problema, deixe
fície. que a área fique exposta à luminosidade durante algumas semanas.
- Colocar a peça para secar à luz do sol ajuda na eliminação de Isso vai fazer com que o piso volte a sua tonalidade original.
odores desagradáveis. O contato com os raios solares contribui para 3 - Não permita exposição à umidade excessiva, pois isso pode-
o extermínio de germes e bactérias. -É vedada a utilização de pro- rá danificar o acabamento.
dutos alvejantes à base hipoclorito de sódio, como cândida e cloro.
- Caso a sujeira esteja impregnada, a recomendação é que o ESCADAS
tapete seja levado a uma loja especializada em lavagem a seco, com A limpeza de escadas deve ser feita com produtos adequados
produtos de baixa concentração. ao piso da mesma, levando em conta que se forem, por exemplo:

LIMPEZA DE TAPETES Mármore Branco:


Manter vivas as cores de tapetes e carpetes é um desafio para - água fria ou morna;
a beleza da sala. Você pode espovoneiar as peças com sal grosso e - sapólio de grãos finos;
depois escovar com suavidade, empregando uma escova de pelo - alvejante (cloro, ou similar);
flexível para que os grãos pene­trem bem. Por fim, aguarde 20 mi- - escovadeira (para esfregar e secar);
nutos e passe o aspirador para tirar o excesso. - enceradeira para dar lustro.

Escadas de cerâmicas ou similares:


LIMPEZA DE TAPETES DE SISAL
- água fria ou morna;
Os tapetes feitos em sisal apresentam uma lista de benefícios.
- sabão em pó ou detergente liquido;
Segundo os fabricantes, eles são naturais, antialérgicos e possuem
- escovadeira (para esfregar e secar);
preços acessíveis. Entretanto, os líquidos podem estragar o produ-
- depois de seco o próprio piso terá brilho;
to e a fibra pode manchar. Para evitar problemas, alguns cuidados
- não se recomenda o uso de cera.
devem ser toma­dos:
Líquidos derramados devem ser removidos imediatamente
PASSADEIRAS
com papel toalha ou pano seco.
Caso as mesmas sejam de tapete e somente limpeza:
- deve-se usar vassoura ou uma varredeira automática com
Para limpar vinho, refrigerante e outras bebidas, use produtos água morna e um aromatizante.
à base de água.
Manchas de café e chocolate desaparecem com esponja macia Caso as mesmas devam ser lavadas:
e água morna. Para que a peça não seja danificada, é preciso que - as mesmas deverão ser varridas e esfregadas por uma escova-
não seja esfregada com força. deira (para lavar, esfregar e secar);
- depois as mesmas deverão esperar alguns momentos para
Por fim, a prevenção deve ser contínua para quem possui ta- serem guardadas.
pete ou carpete de sisal. Não deixe acumular poeira ou resíduos e
passe aspirador de pó semanalmente Caso as mesmas sejam de algum material sintético:
- deverão ser varridas e passadas algum tipo de pano ou uma
PISOS escovadeira com algum aromatizante.
- Caso a mesma seja lavada, deverão ser varridas e esfregadas
Cuidados com pisos Sinteko com alguma esfregadeira ou manualmente e se­cas totalmente com
Os pisos de madeira que recebem acabamento em verniz ou pano de algodão ou similar e passar algum tipo de material sintético
sinteko devem ter cuidados especiais: como silicone para dar brilho e proteger o mesmo.
1. Não utilizar produtos químicos de à base mineral (derivados
de petróleo na limpeza);
2. Evitar exposição direta aos raios solares, pois isso geralmen-
te causa deformidades físicas na madeira e alterações na coloração
e uniformidade;

9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

USO DE ENCERADEIRA ASPIRADORES E RETIRADA DE DETRI- Basco


TOS Limpador geral pinho, indicado para limpeza de todas super-
fícies laváveis tais como pisos, paredes, portas, vidros, aparelhos
Enceradeira sanitários, etc
Utilizadas para lavar e polir pisos. Disponível nos tamanhos de
27, 30. 35. 40 e 50 centímetros. Blanco
Desinfetante Eucalipto com ato poder germicida, indicado para
Lavadora Automática o tratamento de quaisquer superfícies laváveis.
Semi - Tracionária, Super Compacta, fácil de manobrar, com
ajuste de altura para o operador.Produtividade de até 1700 m2 por Shock
hora, com tanques sobrepostos, de solução limpa (38 metros) e de Limpador ácido para pisos frios, formulado a partir de tenso-a-
solução recolhida ( 45 litros), para não alterar o centro de gravidade tivos não iônicos associado a ácidos minerais, recomendado para a
da máquina. limpeza e remoção de sujeiras inorgânicas, tais como cimento, arga-
massa, terra, gesso. etc.
Aspirador de Água e Pó
Capacidade de recolhimento de 57 litros.Todo rotomoldado em Fácil 21
Polietileno de engenharia. com utilização de acessórios de mão e Limpador neutro para pisos frios. E econômico pois reduz os
ou rodo de 69 cm direto sobre o piso e que aspira para frente e custos de transporte e armazenagem de água. E racional porque
para trás.Sistema rápido de esgotamento por mangueira, evitando você produz somente a quantidade necessária. E portátil Prático e
o erguimento de peso pelo operador e suprimindo os vazamentos Rápido por ser totalmente automático e acaba de vez coma a preo-
comuns aos sistemas de válvulas de esgotamento. cupação em treinamento de funcionários na diluição —pois possui
um diluidor automático
Polidora Automática
1600 rpm, extremamente silenciosa, motor de 1,5 HP Projeta- Fácil 22
da para oferecer o melhor resultado de alto brilho com inigualável Limpador neutro para pisos frios. E econômico pois reduz os
produtividade em ambientes menos obstruídos. custos de transporte e armazenagem de água. E racional porque
você produz somente a quantidade necessária. E portátil Prático e
Lavadora Extratora Rápido por ser totalmente automático e acaba de vez coma e pre-
Possui acessórios para lavar estofados de tecido, escadas, can- ocupação em treinamento de funcionários na diluição pois possui
tos e paredes acarpetadas Único Sistema Restaurativo que lava a um diluidor automático.
Base Primária do Carpete e não somente os tufos, removendo por
esta ação os detritos que alimentam os micro­organismos dificultan- Fácil 31
do a proliferação Limpeza geral de superfícies.E econômico pois reduz os custos
de transporte e armazenagem de água. E racional porque você pro-
Soprador duz somente a quantidade necessária. E portátil Prático e Rápido
Reduz em 50% o tempo de secagem de Carpetes ou nas aplica- por ser totalmente automático e acaba de vez coma a preocupação
ções de Coras, Seladores e Vernizes. Ajustes para operações rente em treinamento de funcionários na diluição pois possui um diluidor
ao chão ou para superfícies altas.Operação silenciosa, com fluxo de
automático.
43 m’ de ar por minuto, sem causar turbulência no ambiente, já que
possui sistema que direciona a faca de ar
Gênius Restaurador de Brilho
Concentra em um único produto, as funções de limpador, spray
LIMPEZA DE BANHEIROS E TOALETES -USO DE MATERIAL
buff e restaurador de brilho. Basta variar a diluição e a forma de
APROPRIADO
utilização, adequando-o ás necessidades.
Os cromados dos metais sanitários devem ser limpos com água
LIMPADORES
e sabão neutro e, eventualmente, com produto específico para dar
Klim Floral e KIim Citrus brilho e lustro. Nunca utilize nenhum tipo de esponja de aço ou
Limpa com eficiência qualquer tipo de superfície lavável com ferramenta para a limpeza.
a vantagem de deixar no ambiente um agradável aroma de limpe-
za, pois seu perfume exclusivo libera-se lentamente, eliminando os Os acabamentos dos registros podem ser trocados pelo mesmo
maus odores á neutro e não agrida a natureza pois possui tensoati- ou por outro modelo, desde que seja do mesmo fabricante sem que
vos biodegradáveis. haja necessidade de troca da base.

Polish Keep Coat Com o desgaste natural proveniente de manuseio, o courinho


Detergente neutro do tipo Risse Free (sem enxágue), especial- das torneiras e registros deve ser trocados periodicamente para
mente desenvolvido para limpeza de pisos tratados com ceras e im- proporcionar sempre uma boa vedação e evitar vazamentos. Os
permeabilizantes poliméricos. produtos para a utilização da limpeza dos mesmos deverão ser pra-
ticamente os mesmos em diversos estabelecimentos, mudando um
Garra Pinho pouco em hospitais e clínicas me­dicas.
Limpador geral pinho com poder germicida, que remove todo
são de sujeira posada tal como gorduras, óleo, graxa, película de Deve-se usar produtos químicos como:
cera, etc - alvejantes;
- desinfetantes;
- detergentes líquidos ou em pó;

10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

- vassouras ou esfregadeiras; A administração tem por finalidade assegurar o contínuo abas-


- rodos; tecimento de artigos próprios, necessários e capazes de atender
- panos para secarem; aos serviços executados por uma empresa. O abastecimento de
- esponja de aço; materiais, porém, deverá processar-se com três requisitos básicos:
- sapólio; a) qualidade produtiva;
- aromatizantes; b) data de entrega;
- toalhas de pano ou papel ou secador de ar quente; c) menor custo de aquisição
- caso seja em restaurantes ou hotéis, se é permitido o uso de
adornos nos mesmos, como quadros, vasos de plantas ou similares. Tais requisitos objetivam diminuir os custos operacionais da
empresa para que ela e seus produtos possam ser competitivos no
Em hospitais deve-se utilizar todos esses materiais e mais: mercado. Para sermos mais específicos: os materiais precisam de
- um produto químico um pouco mais forte para a limpeza, qualidade produtiva para assegurar a aceitação do produto final.
além dos detergentes usados normalmente; Precisam estar na empresa na data desejada para o seu pronto con-
- nunca toalhas de pano; sumo e o preço de aquisição deles deve ser o menor, para que o
- nunca deverá ter adornos nos mesmos como vasos de plan- bem acabado possa situar-se em boas condições de concorrência
tas, quadros ou qualquer outro tipo de objeto, que poderá ser foco nas áreas consumidoras e dar à empresa margem satisfatória de
de acumulo de germes ou bactérias. rentabilidade do capital investido em sua compra.
A administração tem plena razão de ser quando determina-
LIMPEZA DE OBJETOS DE ADORNO do material, ou mesmo serviço, deve ser adquirido ou contratado
Antigamente os objetos de adorno eram um pouco diferentes fora da empresa. Vemos aí o começo do seu campo de atuação.
dos de hoje em dia. Como grande estatuas e suntuosos quadros, A partir deste momento constatamos a essencialidade do serviço
vasos e etc. da administração de materiais, que se aplica a todas as empresas
Hoje em dia não mudou muitas coisas, logicamente a mudança sejam pequenas, médias ou grandes, uma vez que nenhuma delas
foi em sua devida proporção e estilos de grandes estátuas, temos - sobretudo as gigantescas e modernas organizações empresariais -
hoje em dia pequenas estatuetas, de grandiosos quadros, para qua- é auto­suficiente; necessitam de materiais que elas não produzem,
dros de menor proporção. em razão da diversificação do sistema de produção. Surge este
Antigamente tínhamos o espanador de plumas e pa­nos de pó, serviço em toda sua expressão e razão de ser quando é formu­lado
e os produtos de limpeza se limitavam a água sabão. um pedido de qualquer material por quaisquer departamentos, di-
Mas hoje em dia temos produtos apropriados para a limpeza visões ou seções da empre­sa, visto que o princípio da administra-
de estátuas de pedras ou qualquer outro tipo de material, produ- ção de materiais é centralizar as aquisições, com o fim precípuo de
to para limpar quadros que não danifiquem a sua pintura e assim conseguir melhor preço e melhor qualidade dos materiais a serem
por diante, vasos antigos pintados à mão ou com tintas especiais comprados.
O serviço de administração de materiais continua ainda em seu
de época.
campo próprio de atuação quando entrega o material pedido ou
Mas utilizasse o básico para a limpeza o antigo e tradicional es-
requisitado ao órgão consumidor dentro da empre­sa. Tem sob sua
panador de plumas e o pano de pó de tecido de algodão ou similar.
direta responsabilidade as tarefas administrativas de compra, trans-
Por exemplo, em um quadro não se deve passar o pano, mas
porte, armazenagem, conservação, manipulação e controle de es-
sim o espanador, para que não se esfregue a tela. E nunca usar al-
toques. Gerindo as tarefas administra­tivas de compra, de transpor-
gum tipo de produto como alvejante ou álcool.
te do material do fornecedor até o depósito ou armazém, de guarda
No caso do vaso não se deve passar o espanador, pois o mes-
e conservação, bem como de manipulação e de controle, o serviço
mo poderá derrubá-lo, aí sim se utiliza o pano de pó, sem produtos
de administração de materiais cuida desde a compra até a entrega
químicos.
ao utilizador dos materiais pedidos ou requisitados, obedecendo às
especificação técnicas exigidas para cada material em particular.
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL Após o fornecedor ter recebido o pagamento, segundo as con-
A Administração de Materiais é, sem dúvida, um ramo da Ci- dições previamente contratadas, o serviço de administração de ma-
ência da Administração - cujos princípios não podem escapar ao teriais complementa e completa a sua função, cessando aí toda a
conhecimento de toda Secretaria - mesmo porque trata das normas sua responsabilidade pelo material entregue ao utilizador ou con-
que regem a administração de recursos essenciais à produção de sumidor dentro da empresa.
bens e serviços.
Em estudando o assunto, SÉRGIO BOLSONARO MESSIAS tece as Assim, o serviço de administração de materiais é o único setor
seguintes considerações: dentro da empresa informado e autorizado para entrar em conta-
“Sob a designação genérica de materiais entende-se, portan- to com os fornecedores e realizar compromissos entre aqueles e a
to, todas as coisas contabili­záveis que entram, na qualidade de empresa.
elementos constitutivos e constituintes, na linha de produção de O serviço de administração de materiais, por ser um dos seto-
uma empresa. Além disso, abarca também designação outros itens res vitais da empresa, merece lugar de destaque em sua organiza-
contabilizáveis que, embora não contribuindo diretamente para a ção. Hodiernamente, vimos assistindo à sua crescente valorização e
fabricação ou manufatura de produtos específicos, fazem parte da reconhecimento como setor principal - em nível de administração
rotina diária da empresa. É o caso, por exemplo, de materiais de es- - ao lado de setores outros, cuja importância já era assinalada. É
critório para os serviços burocráticos, de materiais de limpeza para plenamente justificável, portanto, que ele seja situado, no organo-
os serviços de conservação, de materiais de reposição para os servi- grama da empresa, nos escalões superiores da administração” (in
ços de manutenção, de materiais de segurança para os serviços de “ Manual de Administração de Materiais”, Atlas, 8ª edição, pgs. 14
prevenção contra acidentes de trabalho, e assim por diante. e segs.).

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Funções e Objetivos Neste último caso, temos um exemplo de aluguel de serviços


“Na moderna estrutura empresarial, as funções precípuas do necessários à empresa, ligado à administração de materiais por in-
serviço de administração de materiais, como já assinalamos, são as termédio da seção de compras, como já vimos.
de compra, transporte, armazenagem, conservação, manipulação e O setor de controle divide-se em dois tipos bem característicos:
controle de estoques, o controle físico dos materi­ais adquiridos e o controle financeiro
dos mesmos. Este setor também está estritamente relacio­nado com
Deve ter um setor de compras, um de controle e outro de ar- a contabilidade geral, porquanto deverá estar ciente das normas
mazém. legais de escrituração para poder processar adequadamente suas
Incumbe ao setor de compras: atribuições específicas, mormente nas áreas de controle financei-
1°) comprar ou alugar materiais ou serviços que a empresa ne- ro, O controle físico de materiais variará de acordo com o tamanho
cessita; das empre­sas, uma vez que suas funções particulares abrangem a
2°) manter contato - quando necessário - com os serviços admi- verificação e fiscalização do volume, da qualidade e da rotação dos
nistrativos, em particular, ou em geral, da empresai e, estoques,
3°) controlar o transporte dos materiais adquiridos.
Este setor de armazém ou depósito tem a competência da
As compras de materiais ou aluguéis de serviços necessários guarda, conservação e manipula­ção dos materiais, em obediência a
à empresa deverão ser feitos sempre junto aos fornecedores que
um critério determinado, que mais adiante discutiremos, Esse setor
apresentem boa qualidade e preço bom em suas mercadorias ou
divide-se em diversos subalmoxarifados, conforme a natureza dos
serviços, com relação aos seus demais concorrentes em determina-
materiais neles estoca­dos. Ademais, mantém contato e relações
da aquisição de materiais ou em certa contratação de serviços a ser
funcionais com a inspeção técnica, órgão subordinado à adminis-
efetuada. E também possam entregá-los ou prestá-los dentro dos
tração da produção.
limites de tempo estatuídos pelo comprador,
Apesar de as empresas possuírem um cadastro de fornecedo-
O funcionamento harmônico e integrado destes três tipos
res, precisarão ficar alertas, a fim de poder detectar o aparecimen-
setores do serviço de administra­ção de materiais garante o pleno
to de novos fornecedores e de novas organizações prestado­ras de
serviços, Ocorre, à vezes, que um novo fornecedor pode, por entrar exercício de suas funções e propicia a essa administração a coesão
recentemente no mercado, fabricar bens com novos métodos de operacional indispensável que a situa como unidade em mútua ar-
produção mais eficientes, A consequência disto é óbvia: melhor ticulação e dependência com as demais em nível hierárquico, em
qualidade produtiva e melhores preços ou seus corolários ante os nível de planejamento e também em nível de decisão.” (Sérgio Bol-
concorrentes - custo menor de produção e, portanto, pronta colo- sonaro Messias, “Manual de Administração de Materiais”, Atlas, 8ª,
cação nos mercados consumidores. pgs, 18 a 20)

Quanto à compras propriamente ditas, elas podem ser de dois Classificação dos Materiais
tipos; as efetuadas no merca­do local, ou compras locais, e as rea- Sobre Classificação de Materiais, Bolsonaro (Manual de Admi-
lizadas no mercado estrangeiro, mediante importação, ou compras nistração de Materiais, Atlas, 8ª, pgs. 27 e 28) assim escreve:
importadas. Por outro lado, o aluguel de serviços poderá ser feito “Classificar materiais significa ordená-los segundo critérios
por meio de contrato por um período “x” com a organização pres- preestabelecidos, agrupando-os conforme as características seme-
tadora de serviços, ou pela admissão de pessoal especializado na lhantes ou não, sem, contudo, ocasionar confusão ou dispersão no
empresa, com tempo predeterminado ou estabelecido para a exe- espaço e alteração na qualidade, em virtude de contatos com ou-
cução dos serviços pretendidos. tros materiais de fácil decom­posição, combustão, deterioração, etc.
O contrato que o setor de compras mantém com os serviços Essa classificação deve seguir o esquema decimal de Melville
administrativos da empresa evidencia-se na estreita e intensa rela- Dewey, que proporciona inúmeras variações de agrupamentos, per-
ção “poderíamos até designá-la por contínua - com a contabilidade mitindo a rápida identificação e localização dos materiais.
geral, subordinada à administração financeira e orçamentária,
O controle do transporte dos materiais adquiridos pela seção Especificação dos Materiais
de compras visa acompanhar, mediante as notas de conhecimento, “Os departamentos de compras ou suprimentos, por seus auxi-
o percurso dos bens, desde a saída dos fornecedores até a recepção liares especializados, que são os agentes compradores, têm a felici-
na empresa, levando em consideração as condições de segurança e, dade de contarem, hoje em dia, com um grande auxiliar, que são as
principalmente, o rigoroso cumprimento das datas de entrega. Por normas técnicas, as referências técnicas e as especificações; estas,
outro lado, a empresa deverá ter uma frota de veículos “ cuja quan- sem dúvida, são de um auxílio e ajuda incomensuráveis.
tidade dependerá, como é natural, do tamanho dela - para trans- É evidente que através de uma descrição exata daquilo que
portar alguns bens provenientes de fornecedores que não dispõem se deseja, cria-se um clima de compreensão entre quem compra e
de meios de transporte próprios e, sobretudo, os importados, que, quem vende alguma coisa.
na maioria dos casos, chegam por via marítima. Para ilustrar esse Em linhas gerais, a especificação nada mais é do que o com-
aspecto, tomemos o exemplo do Estado de São Paulo, que possui prador dar todos os detalhes, do que deseja adquirir, ao vendedor.
em seu território apenas o porto de Santos para carga e descarga Atualmente, aqueles que adquirem contam com os inestimá-
de materiais em larga escala. Estes, uma vez liberados pela alfân- veis auxiliares, que são os institutos especializados e mundialmente
dega - e quando aí são inspecionados os aspectos legais, securitá- conhecidos como A.S.T.M., A.S.A. e C.F.E.,, existindo ainda um sem
rios etc. nota-se sempre a presença de um elemento ou mais do número de especificações e normas técnicas, como por exemplo: As
setor de compras ou de armazém da empresa - tem de chegar até Alemãs, lnglesas, Francesas, ltalianas, etc.
as organizações consumidoras por transporte rodoviário, próprio Aqui no Brasil, contamos com a A,B,N, T, - Associação Brasileira
ou alugado. de Normas Técnicas -, instituição genuinamente nacional, que não
fica nada a dever às congêneres.

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Os serviços prestados pela A.B.N.T. ao País, com a colaboração Estocagem de Materiais


das “Normas Brasileiras, adotadas oficialmente em todo o Brasil, O Estoque é o conjunto de bens guardados para utilização na
são de um valor inestimável. ocasião que a necessidade determinar.
Os compradores modernos, utilizando e fornecendo aos ven- JORGE SEQUEIRA DE ARAÚJO repassa os seguintes ensinamen-
dedores especificações corretas e sucintas daquilo que desejam tos sobre a estocagem de materiais:
adquirir, estão automaticamente indicando, de maneira racional, “Genericamente, a palavra estoques de origem inglesa - STOKS
aquilo que desejam comprar. E podemos concluir, que quanto - significa aquilo que é reservado para ser utilizado em tempo opor-
mais precisas, minuciosas e com todos os detalhes descritos, ter- tuno; poderá, outrossim, significar poupança ou previsão.
-se-á certeza de que as cotações que irão receber estarão funda­ Laconicamente os nossos dicionários, em sua maioria, escla-
mentadas corretamente. recem - mutatís mutandis - que são mercadorias geralmente des-
Outro fato que revela o grande valor das especificações é o fato tinadas a venda ou a exportação nas suas quantidades disponíveis.
de a sua função dar, a todas as pessoas com quem desejamos tran- A concepção do verdadeiro significado ficará condicionada ao
sacionar, a indicação exata dos requisitos específi­cos e das nossas uso ou utilidade que venham a ter para cada um; cada industrial,
exigências. cada comerciante tem uma concepção própria sobre as vantagens e
Com o uso das especificações, evitaremos uma série de mal
desvantagens da manutenção de seus estoques, uma cousa porém
entendido, que são muito comuns quando não se esclarece exata-
é comum: os estoques custaram dinheiro, valem dinheiro e terão
mente o que se deseja comprar ou adquirir.
que ser zelados como se dinheiro fosse.
É, ainda, considerada como uma linguagem internacional, atra-
Este termo - zelado - poderá possuir diversos significados,
vés da qual, independentemente da procedência ou nacionalidade,
falar-se-á o mesmo idioma. como por exemplo: Os limites em que tais estoques deverão ser
Deve-se considerar, também, que uma especificação correta e mantidos, pois tais limites implicam na soma de capita­is a serem
precisa nos mínimos detalhes supera, na maioria das vezes, a uma investidos, a fim de que os estoques não sejam sacrificados em seus
amostra concreta, não oferecendo margens para dúvidas ou possi- “máximos e mínimos “; o que poderia redundar em prejuízo, pois
bilidades de oferecimentos similares, “ (Sequeira de Araújo, “ Admi- se eles forem mal calculados, haverá possibi­lidades dos mesmos se-
nistração de Materia­is”, Atlas, 5ª, pgs. 70 e 71). rem sobrepujados pela maior procura ou utilização, ou então pela
Recebimento dos Materiais menor procura ou aplicação.
“O Setor de Recebimento de Materiais desempenha as funções Estes cálculos de “máximos e mínimos “ em estoque são natu-
de desembalagem dos bens recebidos e verificação das quantida- ralmente muito complexos; os mestres internacionais e os nossos
des e condições. Aqui surge a questão se se deve ou não suplemen- mestres nacionais já gastaram muita tinta e fosfato; para explicar
tar o Setor de Recebimento com uma via do pedido de compra. como efetuar tais previsões bastará dar uma vista de olhos na vasta
Aqueles que se opõem a esse fornecimento argumentam que literatura existente sobre a matéria, inclusive naquelas conhecidas
os verificadores tendem a tomar mais cuidado nas conferências por traduções para verificarmos como é complexa esta matéria.
quando eles não possuem meios de confrontação. Todavia, a emis- Geralmente, quando nos referimos a estoques, procuramos
são do relatório de recebimento às cegas, exige que os conferentes abordar as quantidades existentes, e raramente, muito raramente,
possuam certos conhecimentos adicionais aos normalmente neces- a conservação destas quantidades; este é um ponto que merece
sários. Para solucionar essa dificuldade, surgiu um meio termo para ser trazido a debates, e sempre procuramos abordar nestes cursos
o qual a cópia do pedido de compra enviada ao setor de recebimen- rápidos e intensi­vos.
to não contém as quantidades solicitadas. É normal que cada empresa, de acordo com suas especializa-
ções, utilize processos próprios para a fixação de seus estoques e
O relatório de recebimento é, pois, uma descrição dos mate- conservação de suas matérias-primas, máquinas, acessórios, mate-
riais recebidos: suas quantidades fornecedor, o número do pedido riais destinados a produção, a manutenção, a reposição, etc.; es-
de compra, grau e condições dos materiais e outras informações tes sistemas, métodos, processos são sempre peculiares ao ramo a
julgadas oportunas. O relatório de inspeção e teste de materiais que se dedicam; os profissionais almoxari­fes, pela prática constante
pode, em alguns casos, ser feito no mesmo impresso do relatório
com tais materiais, que lhes permite utilizar meios próprios, conse­
de recebimento.
guem prolongar a vida útil dos materiais sob sua custódia; estes
Inspeção de recebimento. Em algumas empresas industriais há
processos ou sistemas preconi­zados pela “prática” muitas vezes se
necessidade de verificação completa e precisa dos materiais usa-
transformam em verdadeiros “segredos de ofício “ que eles não
dos no processo produtivo, organizando-se, para tanto, os serviços
de inspeção de Recebimento (subordinado ao setor de Controle de gostam de transmitir a quem quer que seja.
Qualidade) cuja principal atribuição é verificar se os bens recebidos
estão de acordo com as especificações, desenhos e outras informa- A custódia ou estocagem de materiais, matérias-primas, gêne-
ções dadas ao fornecedor. Muitas vezes, essa conferência exige tes- ros alimentícios em geral exigem conhecimentos especializados dos
tes de laboratório feitos em amostras do material recebido. responsáveis, fato este que valoriza o trabalho deste profissional no
Como dito anteriormente, o resultado da inspeção e teste será mercado de trabalho.
indicado no relatório de inspeção e teste de materiais que pode Não somente o ângulo biológico deverá ser estudado, mas
estar incluído no próprio relatório de recebimento. também os danos físicos que poderão inutilizar partidas conside-
ráveis, como a “ferrugem” e outros eventos, insetos, roedores, etc.
Quando a encomenda for, em todo ou em parte, rejeitada, uma Normalmente os produtos químicos vêm acompanhados de
comunicação imediata é feita ao setor de Compras; poderá ser rea- instruções dos fabricantes, para sua melhor conservação em esto-
lizada pelo relatório de recebimento e inspeção de materiais, quan- cagem, não obstante existam milhares de itens, que geralmente são
do for usado um único relatório para essas funções. Em seguida, mantidos em custódia nos almoxarifados, por tempo muitas vezes
o setor de Compras informará o fornecedor do ocorrido e provi- prolongado, os quais não possuem nenhuma indicação; para estes,
denciará a devolução dos bens rejeitados. “ (Marco Aurélio P. Dias, os almoxarifes terão de encontrar melhor solução. .
“Gerência de Materiais”, Atlas, 1988, p. 33 e 34)

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Os mais adiantados pensadores do vasto mundo dos negócios Seu consumo não tem proporcionalidade com o volume da
estão de acordo que no momento atual estamos sentindo todo o produção.
peso de uma inflação mundial, difícil de controlar; as mercadorias,
os materiais, as matérias-primas, os equipamentos, os acessórios Expedição: Distribuição de Materiais
etc. em estoque numa organização, quer seja industrial, comercial Em “Administração de Materiais - Uma abordagem Logística”,
ou em outro ramo qualquer da atividade humana, vale tanto ou MARCO AURÉLIO P. DIAS (Atlas, 2ª, p. 34g e 35) escreve sobre o
mais do que o dinheiro depositado em estabelecimento de crédito, sistema de distribuição:
considerando que no regime inflacionário que atravessamos, a mo- “O sistema de distribuição de produtos de uma empresa sem-
eda tende sempre a desvalorizar-se, enquanto os estoques, inversa- pre foi importante e complexo, pois o transporte é um considerável
mente, valorizar-se-ão constantemente. elemento de custo em toda a atividade industrial e comercial. Des-
Sem desejar particularizar a importância dos estoques para de a crise do petróleo, num país onde quase 80% das mercadorias
cada uma das atividades humanas, é necessário que se ressalte a são transpor­tadas via rodoviária, a racionalização desta operação
importância da palavra que, também, poderá significar - previsão passou a ser vital à estrutura econômico-­financeira das empresas.
e provisão. A decisão entre a frota própria, leasing ou transporte de terceiros é
Para melhor avaliarmos a importância dos estoques nas em- bem mais complexa do que parece.
presas, seja de que tipo for, podemos compará-los ao trabalho do
coração, de cujo perfeito funcionamento dependem a boa saúde e Cada situação tem características específicas e não existem re-
a própria vida de um ser. Da mesma forma a saúde e a vida de uma gras gerais que garantam o acerto da escolha. O que para determi-
empresa, ou seja, a sua estabilidade financeira e os lucros neces- nada empresa é altamente rentável pode ser um fator de aumento
sários ao seu desenvolvimento estão intimamente relacionados e de custos para outra. Em função disto, o responsável pela distribui-
dependentes de um bom trabalho do controle dos seus estoques. ção de produtos precisa ser um especialista, muito bem entrosado
O estoque de uma empresa, configuradamente, é a válvula re- e conhecedor das demais áreas da empresa.
guladora entre os abaste­cedores e os departamentos, seções, seto-
res, etc., que consomem, utilizam, e transformam tudo aquilo que é Quando se toma conhecimento de que uma empresa, para
mandar 20 t de carga num veículo cuja capacidade é de 25 t, está
adquirido sendo uma das principais funções dos estoques controlar,
aumentando em 25% seu custo de frete, este custo adicional nem
mantendo o necessário equilíbrio entre as aquisições e as necessi-
sempre é notado à primeira vista, mas ao final será a carga que pa-
dades certas do consumo.
gará o frete falso ou a capacidade ociosa.
Não se deverá esquecer que a finalidade primordial dos esto-
O sistema rodoviário responde hoje pelo transporte de 70% a
ques é a de alimentar os setores consumidores, em quantidades
80% das cargas movi­mentadas no Brasil, e, sem entrar no mérito de
estritamente necessárias, em se tratando de produção industrial,
erros e acertos da política brasileira de transpor­tes, essa realidade
e que, comercialmente falando, os estoques, também, deverão
não se modificará sensivelmente em termos globais nas próximas
ser calculados com a maior aproximação possível sobre a base de
décadas, por maiores que sejam os esforços do governo na moder-
consumo ou de procura normais tendo em vista o fato de fazer-se nização dos transportes marítimos e ferroviários.
grandes pedidos que venham a exceder o consumo médio, corren-
do o risco de imobilizar capitais consideráveis; ao contrário, se os O sistema rodoviário opera em linha gerais, apoiado na infra-
pedidos forem muito restringidos, poderão ser sobrepujados pela -estrutura das 6.OOO empresas existentes em todo Brasil, com seus
procura, e neste caso, por não ter o que fornecer, o prejuízo será terminais de carga, frotas de apoio, equipamentos para carga e des-
evidente, comercialmente falando. carga e estrutura de comunicação e administrativa. O transporte,
Com referência aos estoques industriais, devemos considerar propriamente dito, ou seja, o deslocamento da carga é feito pela
que os estoques, em sua grande maioria, destinam-se à produção, utilização de duas grandes frotas: os 57.OOO veículos carreteiros,
cumprindo estudar os diversos tipos de estoques...” (“Administra- ou seja, veículos com motoristas autônomos, proprietários de seus
ção de Materiais”, Atlas, 5a Edição, pgs. 106 e segs.). cami­nhões. Executando condições especiais, os carreteiros traba-
lham como subcontratados das empresas.
Tipos de Estoques
Há cinco tipos de estoques a serem considerados: Ao utilizar o sistema de transporte rodoviário, é necessário exa-
- estoque de Matérias-primas minar algumas particulari­dades do material a ser transportado e,
- estoque de Produtos em fabricação sempre que possível, adequá-lo com os equipamentos normalmen-
- estoque de Produtos acabados te usados pelas empresas que operam o sistema. Tal precaução é
- estoque de Produtos semi-acabados indispensável para atingir-se o aproveitamento ótimo dos veículos
- estoque Materiais indiretos. em sua capacidade (peso ou metro cúbico) e, consequentemente,
reduzir o custo operacional e o custo do frete. Sempre que um lote
Matérias-primas: São os materiais básicos componentes dos de carga permita o aproveitamento racional dos veículos, os trans-
bens produzidos. Sua utilização é diretamente proporcional à quan- portadores têm a possibilidade de evitar a aplicação do sobrepreço
tidade de bens fabricados. ao frete final. Isso significa que, se o material oferecer condições
Produtos em fabricação: São bens ainda não acabados, faltan- para aproveitamento ótimo, o custo fica menor no cômputo final.
do, ainda, algumas fases para serem completados. São também De maneira geral, as empresas transportadoras remuneram
chamados semi-usinados. seus serviços mediante cobrança do frete e seus adicionais. Cada
Produtos acabados: Estes já estão prontos para serem utiliza- uma dentro de seu critério necessita obter remunera­ção compatí-
dos. Ficam estocados até sua entrega a quem vai utilizá-los. vel com seus custos operacionais, que não são diferentes das outras
Produtos semi-acabados: São bens que ainda dependem de atividades econômicas. Assim, ao estipular o frete por tonelada ou
pequenos acertos, regulagens, pintura, lustramento, etc. por metro cúbico ou por viagem, a empresa tem de considerar to-
Materiais indiretos: São materiais que não entram diretamente dos os seus custos diretos e indiretos.
na produção de bens.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Outro fator importante, para a análise de transportes, são as Tanto em ambiente hospitalar como qualquer outro, os produ-
compras realizadas pela empresa. Vários fatores influem na decisão tos e os materiais de limpeza como panos, rodos, vassouras e etc.,
de operar as compras pelo sistema CIF ou FOB, e a tendência nor- devem ser transportados em carrinhos apropriados para isso, para
mal dos setores de compra é optar pelo primeiro, isto é, receber a que, por exemplo, o balde não fique no chão quando transportado
carga em seus depósitos, deixando aos fornecedores a incumbência de um ambiente para outro, evitando assim que alguém pise nele
de escolher os meios de transporte para o cumprimento dos prazos e cai, ou que a vassoura ou similar fique na frente de alguém e tro-
de entrega. Mas a elevação dos custos de transporte nos últimos pece.
tempos vem pressionando a política de vendas com o objetivo de Nesse carrinho todo o material deverá ser transporta­do, desde
transferir esses custos ao comprador, ou seja, os fornecedores pro- vassouras e similares até o espanador, produtos químicos e as luvas.
curam negociar FOB, retirando esta parcela de custo do produto a
ser vendido. Limpeza e desinfecção de ambientes
A higienização das mãos dos profissionais de saúde e a limpeza
Embora as duas condições de custo continuem a ser praticadas, e a desinfecção de superfícies são fundamentais para a prevenção e
todos os negócios FOB trarão novo encargo para os responsáveis redução das infecções relacionadas à assistência à saúde.
pela administração de materiais: a escolha do transportador. Nas São os fatores que favorecem a contaminação do ambiente dos
compras FOB, caberá ao comprador estabelecer uma política de serviços de saúde:
transporte que lhe permita manter custos adequados, ao mesmo - Mãos dos profissionais de saúde em contato com as superfí-
tempo que terá de responder pela eficiên­cia da operação para que cies.
seus insumos cheguem ao almoxarifado nos prazos necessários à - Ausência da utilização de técnicas básicas pelos profissionais
manutenção dos estoques. de saúde;
Com isso torna-se indispensável estabelecer critérios básicos - Manutenção de superfícies úmidas ou molhadas;
de transporte que lhe permitam a escolha das opções mais condi- - Manutenção de superfícies empoeiradas;
zentes com suas necessidades. - Condições precárias de revestimentos;
É fácil constatarmos então a importância de um Departamento - Manutenção de matéria orgânica.
centralizador de serviços de transportes utilizados pela empresa.
Basta verificarmos que, quanto mais bem estruturados estivermos, As medidas utilizadas para diminuir a interferência do ambien-
maiores serão as possibilidades de colocação de produtos em dife- te nas infecções relacionadas à assistência à saúde envolvem:
rentes mercados. Entretanto, a utilização de sistemas de distribui- - evitar atividades que favoreçam o levantamento das partícu-
ção não representa somente um custo adicional para a empresa, las em suspensão, como o uso de aspiradores de pó (permitidos
mas também fator relevante na formação do preço final do produto. somente em áreas administrativas);
- não realizar a varredura seca nas áreas internas dos serviços
No Brasil tal participação chega a níveis de 5% a 7%, dependen- de saúde;
do, é claro, da mercadoria a ser distribuída. Estes índices, no entan- - as superfícies (mobiliários em geral, pisos, paredes e equipa-
to, são bem maiores para os países que possuem infra-estrutura de mentos, dentre outras) devem estar sempre limpas e secas;
maior sofisticação para tais serviços; por exemplo, nos EUA, o nível - remover rapidamente matéria orgânica das superfícies;
de participação poderá estar - isolar áreas em reformas ou em construção, utilizando tapu-
mes e plástico.
GUARDA E ARMAZENAGEM DE MATERIAIS E UTENSÍLIOS
Todo tipo de material de limpeza e seus utensílios de­vem ser Esses procedimentos visam evitar a formação ou piora de pro-
guardados em lugares fechados, longe do alcance de crianças, ani- cessos alérgicos, surtos de aspergiloses e a disseminação de deter-
mais domésticos ou exposto ao risco de curiosos. Pois os mesmos minadas doenças (tuberculose e outras).
são produtos químicos que podem causar danos a saúde, quando No sentido de evitar fontes de fungos é importante retirar va-
mal utilizados. sos com flores e plantas dos quartos ou áreas assistenciais dos ser-
viços de saúde.
Tanto em ambiente hospitalar como qualquer outro, os produ-
tos e os materiais de limpeza como panos, rodos, vassouras e etc.,
devem ser transportados em carrinhos apropriados para isso, para RELAÇÕES INTERPESSOAIS
que, por exemplo, o balde não fique no chão quando transportado
de um ambiente para outro, evitando assim que alguém pise nele O Relacionamento interpessoal é um conceito da área da so-
e cai, ou que a vassoura ou similar fique na frente de alguém e tro- ciologia e psicologia que significa uma relação entre duas ou mais
pece. pessoas. Este tipo de relacionamento é marcado pelo contexto
Nesse carrinho todo o material deverá ser transporta­do, desde onde ele está inserido, podendo ser um contexto familiar, escolar,
vassouras e similares até o espanador, produtos químicos e as luvas. de trabalho ou de comunidade.
O relacionamento interpessoal é fundamental em qualquer or-
Todo tipo de material de limpeza e seus utensílios de­vem ser ganização, pois são as pessoas que movem os negócios, estão por
guardados em lugares fechados, longe do alcance de crianças, ani- trás dos números, lucros e todo bom resultado, daí a importância
mais domésticos ou exposto ao risco de curiosos. Pois os mesmos de se investir nas relações humanas. No contexto das organizações,
são produtos químicos que podem causar danos a saúde, quando o relacionamento interpessoal é de extrema importância. Um rela-
mal utilizados. cionamento interpessoal positivo contribui para um bom ambiente
dentro da empresa, o que pode resultar em um aumento da pro-
dutividade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Em uma empresa é muito importante desenvolver cursos e Hoje, em vez de dividir, separar e isolar tornou-se importan-
atividades que estimulem as relações interpessoais a fim de melho- te juntar e integrar para obter efeito de melhor e maior resultado
rar a produtividade através da eficácia. Pessoas focadas produzem e multiplicador. As pessoas trabalham melhor e mais satisfeitas
mais, se cansam menos e causam menos acidentes. Por isso, o con- quando o fazem juntas. Equipes, trabalho em conjunto, compar-
ceito de relacionamento interpessoal vem sendo aplicado em di- tilhamento, participação, solidariedade, consenso, decisão em
nâmicas de grupo para auxiliar a integração entre os participantes, equipes:essas estão sendo as palavras de ordem nas organizações (
para resolver conflitos e proporcionar o autoconhecimento. CHIAVENATO, 2002, p.71-72 ).
Estimulando as Relações Interpessoais todos saem ganhando, Como se viu até então, as pessoas são produtos do meio em
a empresa em forma de produtividade e os colaboradores em for- que vivem, têm emoções, sentimentos e agem de acordo com o
ma de autoconhecimento, o que agrega valores em sua carreira e conjunto que as cercam seja no espaço físico ou social.
em sua relação com a família e a sociedade.
Trabalhar as relações interpessoais dentro das empresas é tão As Relações Humanas nas Organizações
importante quanto à qualificação e capacitação individual, pois Os indivíduos dentro da organização participam de grupos so-
quanto melhores forem as relações, maiores serão a colaboração, a ciais e mantêm-se em uma constante interação social. Para explicar
produtividade e a qualidade. o comportamento humano nas organizações, a Teoria das Relações
Humanas passou a estudar essa interação social. As relações huma-
Entre os relacionamentos que temos na vida, os de trabalho nas são as ações e atitudes desenvolvidas e através dos contatos
são diferenciados por dois motivos: um é que não escolhemos no- entre pessoas e grupos.
vos colegas, chefes, clientes ou parceiros; o outro é que, indepen- Cada pessoa possui uma personalidade própria e diferenciada
dentemente do grau de afinidade que temos com as pessoas no que influi no comportamento e atitudes das outras com quem man-
ambiente corporativo, precisamos relacionar bem com elas para tém contatos e é, por outro lado, igualmente influenciada pelas ou-
realizar algo junto. A cordialidade desinteressada que oferecemos tras. Cada pessoa procura ajustar-se às demais pessoas e grupos,
por iniciativa própria, sem esperar nada em troca, é um facilitador pretendendo ser compreendida, aceita e participa, com o objetivo
do bom relacionamento no ambiente de trabalho. Afinal, os rela- de entender os seus interesses e aspirações.
cionamentos são a melhor escola para o nosso desenvolvimento A compreensão da natureza dessas relações humanas permite
pessoal. melhores resultados dos subordinados e uma atmosfera onde cada
Chiavenato (2002), nos leva a compreender que a qualidade pessoa é encorajada a expressar-se livre e de maneira sadia.
de vida das pessoas pode aumentar através de sua constante ca- Com o avanço da tecnologia, o trabalho também passa a ser
pacitação e de seu crescente desenvolvimento profissional, pois mais individual, cada funcionário em seu setor, isso faz com que
pessoas treinadas e habilitadas trabalham com mais facilidade e as pessoas fiquem distantes uma das outras, aumentando o nível
confiabilidade, prazer e felicidade, além de melhorar na qualidade de stress, pois não conseguem mais se relacionarem, não há mais
e produtividade dentro das organizações também deve haver re- tempo para o diálogo.
lacionamentos interpessoais, pois o homem é um ser de relações, A comunicação hoje é tudo, saber se comunicar é fundamental
ninguém consegue ser autossuficiente e saber se relacionar tam- e para o sucesso de uma organização isso é essencial. Chiavenato
bém é um aprendizado. (2010, p.47) diz: “A informação não é tocada, palpável nem medi-
As convivências ajudam na reflexão e interiorização das pes- da, mas é um produto valioso no mundo atual porque proporciona
soas, e também apresentam uma rejeição à sociedade egoísta em poder”.
que vivemos. Diante do exposto vê-se que o mundo gira em torno da comu-
De qualquer forma, não podemos deixar de entender que uma nicação e da informação e para que uma organização tenha sucesso
organização sem pessoas não teria sentido. Uma fábrica sem pes- é necessário que a comunicação seja clara, direta e transparente
soas pára; um computador sem uma pessoa é inútil. “Em sua es- assim como as relações interpessoais.
sência, as organizações têm sua origem nas pessoas, o trabalho é
processado por pessoas e o produto de seu trabalho destina-se às Conforme diz Chiavenato (1989, p.3):
pessoas (LUCENA, 1990, p.52)”. As organizações são unidades sociais (e, portanto, constituídas
Nesse sentido, Chiavenato (1989) fala que a integração entre de pessoas que trabalham juntas) que existem para alcançar deter-
indivíduos na organização é importante porque se torna viável um minados objetivos. Os objetivos podem ser o lucro, as transações
clima de cooperação, fazendo com que atinjam determinados ob- comerciais, o ensino, a prestação de serviços públicos, a caridade, o
jetivos juntos. lazer, etc. Nossas vidas estão intimamente ligadas às organizações,
Para Chiavenato (2000, p.47), antigamente, a área de recursos porque tudo o que fazemos é feito dentro das organizações.
humanos se caracterizava por definir políticas para tratar as pes- Os ambientes de trabalho são, pois, organizações, e nelas so-
soas de maneira comum e padronizada. Os processos de Recursos bressai a interação entre as pessoas, para a promoção da formação
Humanos tratavam as pessoas como se todas elas fossem iguais e humana.
idênticas. Romão (2002) registra:
Hoje, há diferenças individuais e também, há diversidade nas Hoje temos que nos preparar para viver a era emocional, onde
organizações. A razão é simples: quanto maior a diferença das pes- a empresa tem de mostrar ao colaborador que ele é necessário
soas, tanto maior seu potencial de criatividade e inovação. como funcionário profissional, e antes de qualquer coisa que é um
A diversidade está em alta. As pessoas estão deixando de se- ser humano com capacidades que reunem à produção da empresa,
rem meros recursos produtivos para ser o capital humano da orga- formarão uma equipe e harmoniosa em que o maior beneficiado
nização. O trabalho está deixando de ser individualizado, solitário será ele mesmo com melhoria em sua qualidade de vida, relacio-
e isolado para se transformar em uma atividade grupal, solidária e namentos com os outros e, principalmente, o cliente que sentirá
conjunta. isso quando adquirir o produto ou serviço da empresa gerando a
fidelização que tanto se busca.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

O melhor negócio de uma organização ainda se chama gente, Diante disso, com o aumento da necessidade das empresas de
e ver gente integrada na organização como matéria-prima principal gerarem resultados positivos, tem se enfatizado a importância das
também é lucro, além de ser um fator primordial na geração de relações interpessoais com vistas a melhorar o desempenho funcio-
resultados. nal e consequentemente contribuir para a realização dos objetivos
Percebe-se que a parte humana da empresa precisa estar sem- organizacionais.
pre em processo de educação, não a educação escolar, mas uma O relacionamento interpessoal saudável, por exemplo, às ve-
educação que tenha como objetivo melhorias no comportamento zes não encontra proteção no ambiente organizacional, gerando os
das pessoas, nas relações do dia a dia, pois somos seres de ralações, mais diversos conflitos e, portanto, “desumanizando” as organiza-
não nos bastamos, precisamos sempre um do outro. Precisamos ções.
nos relacionar e se comunicar, somos seres inacabados em proces-
so de educação constante, estamos em busca contínua de mudar Entendendo o Relacionamento Interpessoal: Relações Huma-
nossa realidade. nas
Algumas dicas que podem ajudar a manter boas relações inter- Relacionamento interpessoal é atualmente o grande diferen-
pessoais no ambiente organizacional: cial competitivo das mais variadas organizações, ele por sua vez,
Procure investir em sua equipe e na manutenção de relaciona- está intimamente ligado à necessidade de se ter recursos huma-
mentos saudáveis. nos, mais importantes inclusive que os financeiros e tecnológicos,
Evite gerar competição uns com os outros e estimule a colabo- ou seja, tem a ver com trabalho em equipe, confiança, amizade,
ração entre colegas e equipes. cooperação, capacidade de julgamento e sabedoria das pessoas.
Investir no desenvolvimento de habilidades e aprimoramento Chiavenato nos diz que antigamente, a área de recursos hu-
de competências da equipe. manos se caracterizava por definir políticas para tratar as pesso-
Quando surgirem os conflitos e as diferenças, aja com cautela as de maneira comum e padronizada. Os processos de Recursos
e não tome partido de ninguém. Humanos tratavam as pessoas como se todas elas fossem iguais e
Promova a conversa e evite brigas e discussões. idênticas. Hoje, as diferenças individuais estão em alta: A área de
Algumas Normas de Convivência: Recursos Humanos está enfatizando as diferenças individuais e a
Fale com as pessoas, seja comunicativo, não há nada melhor diversidade nas organizações. A razão é simples: quanto maior a
que chegar para uma pessoa e conversar alegremente, discutir diferença das pessoas, tanto maior seu potencial de criatividade e
ideias e falar sobre várias coisas. inovação.
Sorria para as pessoas, é sempre bom encontrar uma pessoa As mais recentes abordagens administrativas enfatizam que
alegre, sorridente, ela te deixa mais à vontade. são as pessoas que fazem a diferença nas organizações. Em outras
Chame as pessoas pelo nome, nunca coloque apelido de mau palavras, em um mundo onde a informação é rapidamente dispo-
gosto nas pessoas, afinal você não gostaria que fizessem o mesmo nibilizada e compartilhada pelas organizações, sobressaem aquelas
com você. que são capazes de transformá-la rapidamente em oportunidades,
Seja amigo e prestativo, pois ninguém quer um amigo impres- em termos de novos produtos e serviços, antes que outras o façam.
tável perto de si, e para que você tenha amigos e pessoas prestati- E isto pode ser conseguido não com a tecnologia simplesmente,
vas, cultive isso também, seja amigo e prestativo. mas com as pessoas que sabem utilizá-la adequadamente. São as
Seja cordial, faça as coisas com boa vontade, ninguém gosta de pessoas (e não apenas a tecnologia) que fazem a diferença. A tec-
pessoas que tudo que faz, é com raiva. nologia pode ser adquirida por qualquer organização com facilida-
Tenha mais interesse com o que as pessoas falam com você, de, nas repartições, setores e estabelecimentos. Bons funcionários
seja sincero e franco, mas é claro, com toda educação sem deixar as exige um investimento muito mais longo em termos de capacitação
outras pessoas desajeitadas e desconfortáveis ao seu lado. quanto a habilidades e conhecimentos e, sobretudo, em termos de
A dificuldade de relacionamento entre as pessoas é um dos confiança e comprometimento pessoal.
principais problemas vivenciados no mundo moderno, quer seja Os sujeitos e os diferentes cenários são universos vivos ou sis-
entre amigos, entre pessoas da família ou entre colegas de tra- temas inacabados em permanente interação e transformação e
balho. De modo geral essas desavenças surgem na interação diá- que, para compreendê-la, não se pode desprezar essa complexi-
ria entre duas ou mais pessoas, ocasionadas por divergências de dade.
ideias, por diferenças de personalidade, objetivos ou metas ou por Entende-se que, no âmbito dos conhecimentos que envolvem
variedade de percepções e modos de analisar uma mesma infor- os seres humanos e suas relações com os outros e com o mundo
mação ou fato. (âmbito das Ciências Humanas e Sociais), torna-se necessário con-
Atualmente, muito tem se falado da importância das relações siderar motivações, desejos, crenças, ideias, ideologias, intenções.
interpessoais dentro das organizações, de se humanizar o ambiente Em razão disso, compreende-se que a realidade é uma construção
de trabalho, mas afinal o que é essa tal humanização? social e que os sujeitos também não estão prontos e acabados, mas
Humanizar significa respeitar o trabalhador enquanto pessoa, se transformam. Também se compreende a realidade como sendo
enquanto ser humano. Significa valorizá-lo em razão da dignidade dinâmica e em constante transformação. Nesse processo de trans-
que lhe é interna. A prática da humanização deve ser observada formação da realidade, observam-se posições opostas, interesses
continuamente. contrários e a instalação de soluções provisórias, porém marcadas
O comportamento ético deve ser o princípio da vida da orga- por contradições que, sendo evidenciadas, produzem a necessida-
nização, uma vez que se é ético é preocupar-se com a felicidade de de novas transformações.
pessoal e coletiva. É preciso haver abertura para o conhecimento, pensar o novo,
reconstruir o velho, reinventar o pensar. A educação abrange mais
Numa sociedade em que os valores morais estão deixando de do que o saber fazer, é preciso aprender a viver com os outros,
existir por ações que destroem a ética e a moralidade, existe uma desenvolver a percepção de depender reciprocamente, administrar
necessidade oculta de se buscar humanizar as pessoas e conse- conflitos, a participação de projetos comuns, a ter prazer no espaço
quentemente as organizações. comum (CESAR; BIACHINI; PIASSA, 2008).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Trabalhar as relações humanas em grupo envolve as diferen- Portanto, precisamos entender que relacionamento interpes-
ças, opiniões, conceitos, atitudes, crenças, valores, preconceitos, soal é um dos quesitos de êxito e sucesso em nossas vidas. E que
diante de sua profissão, enfocando aspectos de Motivação, Autoes- este relacionamento deve ser o melhor possível.
tima, Percepção, Comunicação, Colaboração, Feedback, Liderança Outro aspecto importante para um bom relacionamento inter-
e Grupos, para um melhor conhecimento de si próprio e melhorar pessoal depende de uma boa comunicação entre emissores e re-
relações com o outro. ceptores. Qualquer informação que se pretenda transmitir de uma
Muitas pessoas já perderam a noção do que é um convívio sau- pessoa para outra, de uma pessoa para um grupo, de um professor
dável e simplesmente se concentram em chegar à frente a qualquer para alunos, de um palestrante para ouvintes deve ser bem comu-
custo. Como consequências naturais surgem diversos conflitos que nicada e bem compreendida. Quem dá informação é o principal
podem comprometer o bom relacionamento dentro das institui- responsável por uma boa comunicação.
ções. Saber entender e conduzir de forma amigável nossas diferen-
Quando realmente queremos, as coisas acontecem. O primei- ças é uma habilidade essencial na forma de nos comunicar. Isto é
ro passo para a mudança é a aceitação das nossas deficiências, da o que as pessoas fazem naturalmente quando compartilham uma
aceitação de nós mesmos. Para isso, temos que mudar nossa atitu- visão comum, desejam aprofundar suas amizades ou estabelecer
de! Pergunte-se: Eu preciso mudar essa relação? Eu quero mudar um bom relacionamento.
essa relação? Eu posso fazer algo para transformar essa situação? Provavelmente ficaríamos positivamente surpresos se efetiva-
Eu vou fazer isso? Se a resposta for positiva para as quatro pergun- mente soubéssemos conviver com as diferenças e como é possível
tas, estamos preparados para mudar e reverter o quadro. Sem a conseguir resultados gratificantes procurando entender melhor a
nossa mudança de atitude, não há mudança nos relacionamentos. nós mesmos e os outros.
É muito fácil querermos mudar o outro, quando na verdade, temos Enfim, podemos buscar similaridades e minimizar nossas dife-
que começar por nós mesmos. renças como seres humanos de várias maneiras. É natural que pro-
Enfim, a forma como lidamos com o conflito é o que faz toda a curemos amenizar nossas diferenças com as pessoas de que gos-
diferença. Todo conflito apresenta uma oportunidade de enxergar- tamos com aquelas que simpatizamos à primeira vista, ou mesmo
mos o ponto de vista do outro e percebermos se faríamos o mes- compartilhamos nossos objetivos de vida.
mo, caso estivéssemos no lugar dele. Se agirmos assim, os conflitos Da mesma forma, também é natural que criemos barreiras
começam a ter um lado extremamente positivo, pois podem ser com pessoas que consideramos difíceis ou até mesmo, de forma
ótimas oportunidades para mudança de percepção, inovação na inexplicável, não simpatizemos. No entanto, quando não consegui-
empresa, cooperação entre as pessoas e, principalmente, estímulo mos minimizar nossas diferenças com essas pessoas, está formada
para que aconteça maior sinceridade nas relações interpessoais. a base para o conflito.
Cada pessoa tem uma história de vida, uma maneira de pensar
a vida e assim também o trabalho é visto de sua forma especial. Há Relações Humanas da Teoria à Prática
pessoas mais dispostas a ouvir, outras nem tanto, há pessoas que Não é possível generalizar pessoas. Somos todos diferentes em
se interessam em aprender constantemente, outras não, enfim as cada uma de nossas relações. Porém, o mais importante é aceitar-
pessoas têm objetivos diferenciados e nesta situação muitas vezes mo-nos do jeito que somos tratando de destacar as qualidades que
priorizam o que melhor lhes convém e às vezes em conflito com a temos e modificar o que deve ser mudado. E isso se refere tanto ao
própria empresa. Portanto: aspecto físico quanto ao aspecto psicológico. Não se pode nunca
O autoconhecimento e o conhecimento do outro são compo- esquecer, que o ser humano é que faz as coisas acontecerem. Por
nentes essenciais na compreensão de como a pessoa atua no traba- que não tentar conhecê-lo melhor a cada dia?
lho, dificultando ou facilitando as relações. Dentre as dificuldades Para evoluirmos, é importante entender definitivamente a
mais observadas, destacam-se: falta de objetivos pessoais, difi- importância de estabelecer um bom relacionamento interpesso-
culdade em priorizar, dificuldade em ouvir (BOM SUCESSO, 1997, al. De que forma? Em primeiro lugar, “respeito ao ser humano é
p.38). fundamental”. Além disso, dedicarmos um bom tempo à leitura,
Sem respeito pelo nosso semelhante, um bom relacionamento aos estudos sobre o ser humano e a conhecer pessoas. Estas ações
interpessoal não será possível. Por sermos seres humanos diferen- irão nos ajudar a desenvolver a cada dia a habilidade de saber se
tes uns dos outros, costumamos ver as pessoas e as situações que relacionar bem. É fato que, sabendo viver, comunicando-se e rela-
vivemos de forma como fazem sentido para nós, de acordo com cionando-se bem, será possível conseguir obter resultados com e
nossos vícios e o hábito que temos de ver as pessoas e o mundo, através de pessoas. Atitude positiva e maturidade caminham sem-
e não somente e necessariamente da forma como a realidade se pre juntas.
apresenta. É importante lembrar que: os profissionais desvalorizados ten-
Alguém poderá explicar seu próprio comportamento ou de dem a perder o foco, se desmotivam facilmente, diminui sua produ-
outra pessoa sem os conceitos de amor e de ódio? Geralmente de- tividade, o que acaba prejudicando e muito o bom andamento da
senvolvemos nossa própria série de conceitos para interpretar o empresa. Cada pessoa é única, com suas características e persona-
comportamento dos outros. Precisamos saber que uma pessoa só lidades próprias. Por isso, devemos conhecer nossos funcionários e
muda quando ela mesma consegue perceber ou for convencida de saber qual é o perfil comportamental de cada um, assim será mais
que a forma como faz ou atua, de fato, não é a mais adequada. Ou fácil identificar a melhor maneira de lidar individualmente ou em
seja, a própria pessoa precisa reconhecer a necessidade de mudar. grupo com cada um.
Em primeiro lugar, além do respeito, é necessário ter no míni- Outra dica importante para manter relacionamentos inter-
mo um conhecimento razoável sobre pessoas, e conseguir adquirir pessoais de forma positiva para organização é investir no desen-
experiências que nos façam entender que as relações interpesso- volvimento de habilidades e aprimoramento de competências da
ais devem ser boas pelo menos para que possamos nos comunicar equipe.
bem e fazer as coisas acontecer. Os conflitos podem acontecer em qualquer circunstância, prin-
A chave estrutural para que isso ocorra é oferecer o respeito cipalmente no ambiente profissional, por isso, é importante que
que todo o ser humano merece reunir uma boa dose de paciência e chefes e gestores fiquem sempre atentos aos comportamentos do
principalmente gostar de pessoas e de gente. time.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Quando surgirem conflitos e as diferenças, devemos agir com O problema se instala quando essas situações não são resolvi-
cautela e não tomar partido de ninguém. E devemos lembrar que das ou não são percebidas pelos envolvidos, ficando “mascarados”,
todos são peças chave no sucesso do negócio. Sendo assim, promo- invisíveis e internalizados nos colaboradores que acabam demons-
veremos a conversa e evitamos brigas e discussões. Enfim, pode- trando suas emoções somente quando se sentem ameaçados, in-
mos perceber, por meio desses argumentos, que o relacionamento justiçados ou até mesmo temerosos de perder posições ou funções
interpessoal é de fundamental importância e ainda contribui signi- que ocupam.
ficativamente para o sucesso de qualquer empresa. Tanto as pessoas quanto as empresas sofrem as consequências
das relações interpessoais negativas que geram desmotivação da
A Importância na Qualidade do Ambiente de Trabalho equipe, queda do rendimento e da produtividade.
Passamos mais tempo em nosso ambiente de trabalho do que As trocas constantes de informações e o diálogo são essenciais
em nosso lar, e ainda assim não nos damos conta de como é impor- quando se busca a preservação dos relacionamentos e o trabalho
tante estar em um ambiente saudável, e o quanto isto depende de em equipe, o que acaba sendo essencial e indispensável para o bom
cada um. Devemos refletir sobre qual o nosso papel e a importância andamento das atividades organizacionais. Nesse sentido, o rela-
na qualidade do ambiente em que trabalhamos. cionar-se é dar e receber ao mesmo tempo, abrir-se para o novo,
Além de constituir responsabilidade da empresa, qualidade de buscar ser aceito e ser entendido e entender o outro.
vida é uma conquista pessoal. O autoconhecimento e a descober- No ambiente de trabalho, onde passamos cerca de um terço
ta do papel de cada um nas organizações, da postura facilitadora, de nossa vida é fundamental que saibamos viver e conviver com
empreendedora, passiva ou ativa, transformadora ou conformista as pessoas e respeitá-las em suas individualidades, caso contrário,
é responsabilidade de todos (BOM SUCESSO, 1997, p.47). somente o fato de pensar em ir para o trabalho passa a ser insupor-
É importante que a comunicação seja clara, e é necessário que tável esta ideia.
se tenham boas relações. É fundamental ter um bom relaciona- Para que o clima organizacional seja harmonioso e as pesso-
mento entre as pessoas, pois isso contribui não somente para uma as tenham um bom relacionamento interpessoal, é necessário que
boa convivência no dia a dia, mas também para um bom clima, e cada um deixe de agir de forma individualizada e egoísta, promo-
influencia diretamente de forma positiva no resultado da organi- vendo relações amigáveis, construtivas e duradouras. (https://psi-
zação. cologado.com.br/atuacao/psicologia-organizacional/a-importan-
As organizações são compostas por pessoas, devemos conside- cia-da-relacao-interpessoal-no-ambiente-de-trabalho)
rar que, para um bom andamento do trabalho e uma boa produção,
é necessário que as pessoas estejam bem colocadas na organiza-
ção, com oportunidades de crescimento e, principalmente, com CONHECIMENTOS ACERCA DAS FUNÇÕES
felicidade. INERENTES AO CARGO
Fatores ambientais colaboram para a qualidade de trabalho,
pois quanto maior for à preocupação com o fator humano nas or- Vigias são profissionais da área de Segurança privada, encar-
ganizações, mais elevado será o resultado. Enfim, se houver investi- regados de fiscalizar a guarda do patrimônio inspecionando e ob-
mento no desenvolvimento humano de todas as pessoas da empre- servando sistematicamente residências, edifícios públicos e priva-
sa, as relações interpessoais saudáveis resultarão em um ambiente dos, estacionamentos, fábricas e entre outros. Fazem controle de
favorável onde todos possam deixar fluir suas potencialidades. Os fluxo de pessoas, fiscalizando situações de risco e acidentes, sendo
valores, aos poucos, mudam, e o empregado está sentindo o gosto responsáveis também pela manutenção simples em seus locais de
de participar, de arriscar, de ganhar mais e de sobreviver a tantas trabalho.
mudanças. Eliminando causas de potenciais situações não desejáveis ou
De acordo com Bom Sucesso (1997), “No cenário idealizado de não conformidades, Ação preventiva tem como fundamento a iden-
pleno emprego, mesmo de ótimas condições financeiras, conforto tificação que um procedimento apresenta riscos reais, com possibi-
e segurança, alguns trabalhadores ainda estarão dominados pelo lidade de se tornar uma não conformidade potencial. Dessa forma,
sofrimento emocional. Outros necessitados, conseguindo o alimen- zelar pela diligência é um princípio indispensável quando se trata
to diário com esforço excessivo, ainda assim se declaram felizes, de Ação preventiva. As medidas tomadas na aplicação desse tra-
esperançosos.” balho implicam numa lista de atribuições saúdaveis e acertivas no
No mercado de trabalho hoje em dia, se não tivermos um bom serviço prestado, tais como identificação de pessoas, examinação
relacionamento com as pessoas, acabamos ficando sem emprego, do estado de equipamentos, inspeção de mídias em circuito fecha-
pois hoje em dia, precisamos nos comunicar, ter contato com as do, observar movimentação e comportamento de indivíduos, estar
pessoas. Mas muitos seres humanos são prejudicados por si mes- apto a acionar outros veículos de segurança pública e privada, de-
mo, por falta de compreensão ao outro, falta de paciência, e o prin- monstração de fluência verbal, trabalho em equipe e resolução de
cipal, que é não saber lidar com as diferenças. confilitos, e muitas outras atividades com um grau altíssimo de re-
No nosso dia a dia, convivemos e falamos com várias pessoas levância dentro dessas medidas.
de todo lugar, outra classe social ou raça diferente da nossa, enfim, Sendo assim, exercer competências pessoais e atributos comu-
vemos e convivemos com pessoas de todos os tipos, mas não é só nicativos, certamente demonstram o desenvolvimento da Ação pre-
porque ela é diferente, que não podemos ter um bom relaciona- ventiva na prática. A manutenção simples e recebimento de mate-
mento, ainda mais, se esta pessoa está todos os dias do nosso lado riais e equipamentos, zelo pela guarda do patrimônio e toda forma
no trabalho. de hospitalidade e controle interpessoal são medidas e princípios
Quando estamos reunidos em um ambiente onde há pessoas preventivos imprescindíveis para os vigias.
diferentes é normal que encontremos hábitos diferentes do nosso,
sendo assim, temos que aprender a lidar e ceder aos hábitos dos
outros e demonstrar o nosso também.

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Situação de emergência Principais casos de emergência


No dia a dia de um Vigia, certamente mesmo dentro de sua ro- No dia a dia de um Vigia durante seu expediente de serviço,
tina ordinária ocorrerão situações de emergência, onde será neces- situações de risco podem ocorrer mais de uma vez, precedendo e
sário colocar em prática seus deveres e ações para resoluções efica- necessitando medidas e decisões incisivas para solucionar esses ca-
zes em situação como tal. É indispensável que cada vigia da equipe sos de emergência.
esteja sempre precavido para entrar em cena em prol da proteção Situações de incêndio podem ocorrer, por conta da combus-
de pessoas e do patrimônio e da prevenção de ocorrências. tão de produtos químicos, contratempos com a rede elétrica do lo-
Para colaboradores que zelam atenciosamente por edifícios cal ou situações adversas também. O vigia tem como dever, saber
públicos, privados, condomínios e residências é de suma importân- identificar o alarme de incêndio e responder a ele de forma devida.
cia centralizar a prevenção e combate a possíveis incêndios. E no Deve cumprir a responsabilidade de acionar o corpo de bombeiros
caso de ocorrer incêndios, é dever do vigia desobstruir o acesso e a brigada de incêndio do local; deve cumprir o procedimento de
a escadas e principalmente a saídas de emergência e aos extinto- evacuação do prédio, orientando e proporcionando a segurança do
res; como também, é um dever manter em dia a manutenção da grupo de pessoas presentes na situação, sempre com base no zelo
rede elétrica, tomando cuidado para não sobre carregar tomadas; com o patrimônio e com as pessoas.
Sempre respeitar a sinalização indicativa de incêndios, observando Em ambientes com grande fluxo de pessoas podem ocorrer
periodicamente a validade dos extintores e mantendo materiais in- situações de emergência relacionados à saúde. O vigia identifican-
flamáveis em locais seguros. do casos como mal súbito, desmaios e outros, analisa a gravidade
Já em situações que seja necessária evacuação de pessoas de das situações agindo com o socorro necessário. Ele deve prestar o
determinado ambiente, tais como vazamentos de gás, tumultos ou socorro inicial enquanto aguarda o serviço especializado de aten-
temores; conhecendo todas as rotas de fuga disponíveis, o papel
dimento que será acionado; como o vigia não possui treinamento
do encarregado é orientar a saída de pessoas cumprindo os pro-
adequado para prestar socorro sozinho a alguém, seu dever é reagir
cedimentos de segurança, acalmando e tranquilizando os demais
rapidamente enquanto encaminha para as equipes responsáveis.
presentes.
Devido a estrutura de prédios, empresas, residências e locais
Em caso de atendimento exclusivo que necessite o domínio dos
primeiros socorros, o vigia deve prestar um auxílio imediato e pro- fechados, é necessário que o profissional encarregado saiba agir em
visório até que o indivíduo receba os cuidados médicos. O profissio- casos em que haja a necessidade de evacuação total do ambiente,
nal tem como obrigação tomar o controle da situação, examinar o que podem acontecer por alguns fatores. Ele deve guiar as pessoas
estado do acidentado e buscar socorro; deve cumprir os princípios para saída apropriada do local e orientá-los de forma tranquilizante
básicos para salvar vidas, prevenir o estado de choque, analisar e consciente para não gerar mais tumultos.
queimaduras e fraturas e fazer o uso dos telefones de emergência
de acordo com a necessidade da ocasião. Principais planos de emergência
Os planos de emergências são formulados pelo responsável
Medidas de emergência pela segurança, com a participação da equipe, a fim de que se ga-
Cabe ao vigilante diante das principais situações de emergên- ranta o sucesso da atuação. A filosofia de um plano emergencial é
cia: atribuir a cada integrante da equipe de segurança uma missão es-
a) roubo pecífica, caso ocorra uma situação emergencial previsível (invasão,
- Manter a calma, evitar o pânico e fazer a comunicação a incêndio, ameaça de bomba, greve de funcionários etc.).
- Polícia na primeira oportunidade; Os dois principais pilares da segurança são: prevenção e rea-
- Contato com o Plantão da Empresa de Segurança; ção, sendo esta última um conjunto de ações tomadas para conter
- Reação somente se houver oportunidade total de sucesso, aquilo que se tentava evitar (prevenir). Dessa forma, a reação deve
lembrando-se que a atuação do vigilante é preventiva, de modo a ser bem estudada e descrita em forma de um procedimento, que
evitar o fator surpresa; costuma receber o nome de “planejamento”.
- Observação atenta de tudo que se passa: O quê? Quando? • A reação deve ser bem estudada e descrita em forma de pro-
Onde? Como? Quem? Quais foram as rotas de fuga? cedimento, que costuma receber o nome de planejamento.
- Preservação do local para permitir à Polícia Científica a análise • A maioria das empresas elabora um manual de procedimen-
e levantamentos devidos. to, que contêm várias situações/problemas, mostrando como lidar
com cada um.
b) tumulto e pânico • Os profissionais da segurança devem saber e estudar esses
- Manter a calma e controlar o público;
manuais, para poderem agir de acordo com suas orientações.
- Evacuar o local de forma rápida e discreta;
• Como “plano de segurança” é um termo abrangente, utili-
- Não sendo possível manter a ordem interna pelos recursos
za-se conceitos mais específicos, como: planejamento estratégico,
próprios, acionar a polícia;
tático, técnico, operacional, de gerenciamento de crises, etc.
- Agir de maneira imparcial, conscientizando-se que em ocor-
rência em que há pessoas com os ânimos exaltados, a imparciali- • Em cada um deles há vários níveis de planejamento.
dade, o equilíbrio emocional e o diálogo são os melhores recursos. • É fundamental saber o que proteger e a que preço, e qual o
tipo de segurança que se deseja.
Evacuação do Local: A principal medida a ser adotada em situ- • Em relação às pessoas, o que importa é proteger a vida, e
ação de emergência é a evacuação do local, com a adoção de um em relação às empresas, proteger o que elas consideram “fatores
plano de abandono, de forma rápida e discreta, sem causar pânico. críticos de sucesso”.
Para tanto, é necessário que o profissional de segurança controle • O desenvolvimento de um plano de contingências deve res-
suas emoções, atue com calma, coerência e tenha bom poder de ponder a algumas regras: o que ou quem proteger, quem deve fazê-
persuasão e convencimento, transmitindo sensação de segurança a -lo, como, quando, onde e porquê.
todos que ali se encontram. • O plano de contingências deve atender a essas situações o
mais rápido possível.

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

• Para fazer o plano de contingências é preciso fazer uma aná-


lise de risco, onde são classificados os riscos e a possibilidade de
concretização desses riscos.
• Através dessa análise pode ser feito um investimento em se-
gurança, tanto fatores humanos quanto tecnológicos, otimizando
recursos e reduzindo despesas.
• Por exemplo: implementando portaria digital, botão de pâ-
nico, monitoramento e gravação local ou remota de imagens, etc.
• Os profissionais de segurança podem contribuir com esse
plano de contingência, elaborando no dia a dia um relatório que
indique pontos de melhoria.
• Deve-se entregar esse relatório para seu superior direto. Motivação: refere-se a vontade da pessoa em cometer o crime,
• Outro fator importante é o treinamento dos planos de con- ela deve ter motivo para a ação. Esta motivação é de fórum pessoal,
tingências, que podem ser desde incêndio de grandes proporções, intimo, o qual não podemos mudar. Alguma coisa motiva esta pes-
ameaça de bomba, até greve e plano de abordagem de indivíduo soa a cometer um crime e esses fatores motivacionais o vigilante
não identificado em atitude suspeita. não poderá alterá-los, pois a decisão de fazê-lo ou não só depende
da própria pessoa.
Técnicas operacionais Conhecimento ou a técnica: para se cometer algum tipo de cri-
O vigilante poderá comunicar uma atitude suspeita apenas me refere-se ao modo de como fazê-lo. Imagine uma pessoa que
tirando a cobertura ou se posicionando num determinado local, queira roubar um carro. Ela deve ter um conhecimento mínimo de
desde que isso tenha sido combinado antes com a equipe de se- como desligar o alarme, de como abrir a porta do carro, como fa-
gurança. zer uma ligação direta e até de como dirigi-lo. Esta ação também
Este posicionamento ou ação simples, indicará uma situação dependerá exclusivamente do ladrão, não restando nenhuma ação
suspeita, deixando os demais em alerta. Algumas regras de ouro ao vigilante que possa impedir a aquisição destes conhecimentos e
- Posicionamento de segurança, dentro dos padrões citados; outros, de acordo com o local “visitado” pelo assaltante.
- Proteja (sempre) a sua arma; Oportunidade: refere-se às condições ideais para o cometi-
- Tratar as pessoas com educação não quer dizer abandonar a mento do crime. A pessoa que cometerá o crime já decidiu pela
sua própria segurança; ação (já está motivado). Ela também já sabe o que fazer (já possui a
- Mantenha distância segura; técnica ou o conhecimento). Falta-lhe apenas a oportunidade. É aí
- Saiba agir em situações de emergência; que entra a ação da equipe de segurança. É onde o posicionamento,
- Planeje antes de executar– o evento deve ocorrer primeiro na a postura, a atenção e atitude do vigilante fazem a diferença.
sua mente;
- Seja discreto; A ação da segurança deve basear-se em não dar a oportunida-
- Mantenha sigilo sobre assuntos profissionais; de que o criminoso precisa, veremos alguns exemplos de como a
- Seja educado – sempre; equipe de segurança poderá posicionar-se taticamente para criar
- Haja sempre com profissionalismo: Assiduidade; Pontualida- esta dificuldade, e com isso, mitigar as chances de o marginal co-
de e Asseio; meter o crime.
- A chave do sucesso é o treinamento. Posicionamento: refere-se à localização do segurança no posto
de trabalho e serve para qualquer posto, inclusive postos móveis,
Erros comuns como por exemplo, a escolta armada, segurança pessoal ou trans-
-Atender sentado; porte de valores, por ocasião do embarque ou desembarque.
- Encostar na parede ou coisa parecida; Mantenha sempre as costas protegidas: o vigilante não deve
- Ficar com as mãos no bolso ao atender alguém; ficar de costas para janelas, portas ou corredores. Suas costas de-
- Ficar de braços cruzados ao atender alguém; vem estar protegidas, a fim de evitar ser surpreendido e rendido.
- Atender tomando café ou comendo; Observe as vias de acesso: deve-se observar todas as entradas
- Não olhar nos olhos da pessoa enquanto está atendendo; e saídas que estejam em seu ângulo de visão. Procure sempre os
- Não ficar usando o celular durante a jornada de trabalho. pontos críticos do estabelecimento que são onde os marginais te-
riam interesse em chegar.
O supervisor operacional deve fazer a análise do local e de suas Mantenha contato visual com seu colega: manter-se isolado é
modificações físicas, de acordo com a localização do posto de servi- ser alvo fácil, principalmente em local onde o público tem acesso. O
ço, deve instruir e explicar ao vigilante qual o melhor posicionamen- vigilante não precisa ser visto por todos os outros vigilantes nem ver
to e quais são suas atribuições naquele posto. Deve ainda, explicar todos também, basta que um esteja vendo-o e que ele esteja vendo
os procedimentos de emergência, acionamento de alarmes, etc. o outro. Dessa forma, qualquer ação contra qualquer vigilante será
O famoso triângulo do crime, cujo nome original é teoria de observada por pelo menos um colega. Esta pequena diferença no
análise de problema que, na verdade, é uma adaptação de uma te- posicionamento dificultará a ação criminosa, pois eles saberão que,
oria da criminologia do ambiente – a Teoria da Atividade Rotineira. num posto com três vigilantes, por exemplo, eles terão que render
Esta teoria afirma que um crime ocorre quando um provável crimi- os três ao mesmo tempo, fato que dificulta muito a ação criminosa.
noso e uma vítima em potencial se convergem no mesmo tempo
e lugar, sem a presença de um guardião capacitado. Ela ficou mais
conhecida como triângulo do crime e demonstra como os vértices
deste triângulo se encaixam para que o crime ocorra. Lembremos
que o triângulo tem três vértices, as quais são conhecidas como:

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Ponto estratégico: aqui estamos nos referindo a localização do O serviço de vigilância tem como função inibir ou impedir uma
posto, principalmente quando se trata de um posto de serviço que ação criminosa, atuando na prevenção contra qualquer incidente
só trabalhe um vigilante. Este posto deve dar condições do vigilan- que possa violar o local protegido, com a integridade das pessoas e
te observar os pontos críticos do local, que são os locais cobiçados do patrimonio.
pelos criminosos, deve dar visão aos locais de acesso, onde facilite
a observação do vigilante, deve dar condições para ele se proteger SERVIÇO DE VIGILÂNCIA DESARMADA
e deve ter acesso a um sistema de comunicação, mesmo que seja Além dos procedimento de capacitação acima, os vigilantes são
apenas um botão de pânico. disciplinados para uma vigilância menos intolerante, mas não me-
Ação e reação do vigilante: sabemos que hoje em dia não é nos preventiva. O qual também contará com algum equipamento
uma ação fácil de ser tomada, mas qualquer pessoa que trabalhe de apoio, tais como;
armada deve, além de conhecer tecnicamente o emprego de sua -Controle de vigia eletrônico
arma de fogo, deve conhecer a legislação para o emprego da arma, -Colete
deve ainda, saber a hora e o local adequado para usá-la. A melhor -Cassetete
hora para uma reação, quando isso é possível, é durante a fuga dos -Rádio comunicador.
criminosos, quando eles desviam sua atenção e só pensam em fugir,
porém nunca deve posicionar-se na rota de fuga dos criminosos, SERVIÇO DE VIGILÂNCIA ARMADA
pois será atacado. Lembre-se: se você precisou sacar a arma é por- Fornecimento de mão de obra devidamente capacitada e habi-
que tudo o que foi planejado deu errado. A arma é o último recurso litada para exercer a função, com curso especializado de vigilante,
do homem de segurança. tudo dentro da legislação vigente de acordo com a Lei 7.102/83,
Atitude: refere-se ao comportamento do vigilante. Muitas ve- decretos, portaria e despachos.
zes a pessoa sabe o que fazer, porém não o faz, não toma atitude. -Controle de vigia eletrônico
A falta de atitude pode facilitar a ação criminosa, pois quem sabia o -Colete
que deveria fazer não o fez, deixando que o criminoso encontrasse -Cassetete
a oportunidade que procurava. -Revólver 32 e 38
-Rádio comunicador
Pontos estratégicos
São os locais onde o segurança tem melhores condições de vi- CONHEÇA AS ATRIBUIÇÕES DA VIGILÂNCIA ARMADA
gilância, que podemos representar do seguinte modo: O principal objetivo dos serviços de vigilância armada é garan-
- Facilite a observação; tir a segurança física das pessoas e a proteção dos bens materiais,
- Dê ao vigilante melhores condições de proteção e abrigo; sempre atuando de forma preventiva.
- Dê ao vigilante melhores condições de reação;
Para isso, e a partir de estudos de risco, vigilantes são posicio-
- Facilidade para o acionamento de alarmes;
nados em pontos estratégicos dos estabelecimentos.
- Etc.
Nestes locais esses agentes devem ter um amplo ângulo de vi-
É o local que facilite a vigilância e condições de reação do vi-
são, para eliminar o fator surpresa e garantir que a segurança do
gilante.
local seja efetiva.
Com essa finalidade, fazem parte das atribuições dos vigilantes:
Quando não reagir:
-Controlar o fluxo de pessoas e outras anormalidades
- Quando a vida de outra pessoa estiver em risco;
-Inspecionar volumes e cargas
- Quando houver ordem expressa por pessoa autorizada.
- Como sabemos, em muitos locais existe a ordem expressa de -Fazer rondas nas instalações
não reação pelos vigilantes; -Verificar o estado de equipamentos e, se portas e janelas es-
- Quando você não tem convicção do tiro. Devemos lembrar tão devidamente trancadas
que o treinamento de tiro do vigilante ainda não é o adequado para -Cuidar da segurança de funcionários e visitantes
dar confiança no disparo numa reação real, principalmente, se pen- -Acompanhar imagens de monitor na guarita
sarmos que há uma reciclagem a cada dois anos, então a convicção -Atuação em caráter preventivo, inibindo e impedindo ações
do tiro, entendo que só cabe quando a sua vida ou de outra pessoa delituosas.
dependa disso. É importante destacar que, independente das funções que o
vigilante exercer, ele só poderá trabalhar armado dentro do referido
Referências Bibliográficas: estabelecimento.
MORETTI, Cláudio dos Santos - Técnicas Operacionais para
Equipes de Segurança Privada. - USA. Monee, Illinois. Editora: Inde- Vigilância armada ou desarmada?
pendently published. 2020 A vigilância pode contar com profissionais armados ou desar-
MANUAL DO VIGILANTE – CURSO DE FORMAÇÃO - 2ª Edição – mados, dependendo de cada situação. E como saber qual das op-
Atualizada pela Portaria nº 3.233/12 ções é a mais indicada? Nesse caso, somente uma empresa espe-
cializada em segurança pode realizar um diagnóstico e detectar as
reais necessidades de cada cliente.
Entre as variáveis avaliadas por essas empresas estão a loca-
TÉCNICAS E MÉTODOS DE SEGURANÇA E VIGILÂNCIA lização em que se encontra o cliente, o valor do patrimônio, valor
agregado em produtos, fluxo de pessoas e finalidade dos locais.
Serviço de Vigilância Armada e Desarmada, conta com profis- Especialmente no caso dos vigilantes armados, é essencial que
sionais de formação específica que garante sua segurança com rigo- esses estejam prontos para agir sem colocar em risco sua própria
rosos critério de prevenção e proteção, afim de zelar pelas pessoas, vida e de outras pessoas, sejam altamente capacitados e as armas
bens móveis e imóveis do cliente, de acordo com suas necessidade utilizadas sejam registradas e estejam com a manutenção em dia.
e conformidade com a legislação vigente.

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Proteção ao Patrimônio Público O patrimônio público é formado por bens de toda natureza e
Tem como foco a proteção dos bens públicos, sendo realizada espécie que tenham interesse para a Administração e para a comu-
em todo o município através do sistema de rondas periódicas. Na- nidade administrada. Esses bens recebem conceituação, classifica-
queles considerados vulneráveis ou prioritários há o policiamento ção e destinação legal para sua correta administração, utilização e
com efetivo fixo. alienação, como veremos no decorrer deste item, em que, a final,
O Objetivo do programa é erradicar as ocorrências de danos e trataremos da aquisição de bens que passarão a integrar o patrimô-
violências no patrimônio público. nio público.

Do domínio público Segurança patrimonial


É noção mais abrangente que propriedade, pois aí se incluem A segurança patrimonial é o conjunto de medidas de preven-
os bens que não são do Poder Público. ção para evitar ou reduzir perdas patrimoniais de uma determinada
É o poder de dominação ou de regulamentação que o Estado organização. Consideramos como organizações as empresas e insti-
exerce sobre os bens do seu patrimônio (bens públicos), ou sobre tuições, assim como os condomínios e as residências.
os bens do patrimônio privado – bens particulares de interesse pú- Cabe ressaltar que essas medidas devem ser pensadas de ma-
blico – ou sobre as coisas inapropriáveis individualmente, mas de neira integrada, para assegurar que uma influencie a outra positi-
fruição geral da coletividade – res nullius. Neste sentido amplo e vamente. É preciso garantir, por exemplo, que se tenha um sistema
genérico o domínio público abrange não só os bens das pessoas antifurtos integrado a um bom controle de portaria, de forma a
jurídicas de Direito Público interno como as demais coisas que, por abranger toda a estrutura a ser protegida.
sua utilidade coletiva, merecem a proteção do Poder Público, tais A segurança patrimonial protege, então, todos os interesses da
como as águas, as jazidas, as florestas, a fauna, o espaço aéreo e as organização no que se refere aos recursos financeiros existentes,
que interessam ao patrimônio histórico e artístico nacional. a seu patrimônio físico (representado por instalações, estoques,
De um lado, um poder político, superior a tudo, chamado do- equipamentos, veículos e assim por diante) e também a seus re-
mínio eminente, que autoriza as limitações impostas pelo Estado ao cursos humanos.
exercício de direitos em todo território nacional, e, de outro lado, Com isso em mente, é possível identificar facilmente o grau de
um poder sobre os bens de que é proprietário ou simples admi- importância que ela assume em qualquer circunstância, não con-
nistrador, conhecido como domínio patrimonial, exercido sobre os corda? Em algumas situações, essa importância pode até represen-
bens públicos. tar a garantia de que a organização cumprirá as funções para as
São poderes de soberania e em direitos de propriedade. Aque- quais foi instituída. Acompanhe o próximo tópico para saber mais!
les se exercem sobre todas as coisas de interesse público, sob a for-
ma de domínio eminente; estes só incidem sobre os bens perten- Qual a importância da segurança patrimonial?
centes às entidades públicas, sob a forma de domínio patrimonial. Além de preservar os valores mais evidentes de qualquer orga-
O domínio eminente não constitui um direito de propriedade; é nização, representados tanto pelas pessoas quanto pelos bens ma-
o poder que o Estado exerce potencialmente sobre as pessoas e os teriais, a segurança patrimonial pode até garantir a continuidade
bens que se encontram no seu território.
dos processos em alguns segmentos empresariais. E esse fator a
Esse poder não admite restrições; contudo, o absoluto dessa
torna essencial, inclusive do ponto de vista da estratégia produtiva.
potestas está condicionado à ordem jurídico-constitucional e aos
Já pensou, por exemplo, se ocorre um incêndio de grandes pro-
princípios, direitos e garantias da Lei Fundamental.
porções ou se diversos veículos são furtados em uma transporta-
O domínio eminente é um poder sujeito ao direito; não é um
dora? Essas fatalidades podem não só prejudicar como até mesmo
poder arbitrário.
paralisar as atividades do negócio, além de afetar a credibilidade da
Em nome do domínio eminente é que são estabelecidas as limi-
organização! E tudo isso pode ser evitado com a implementação de
tações ao uso da propriedade privada, as servidões administrativas,
um sistema de segurança bem dimensionado.
a desapropriação, as medidas de policia e o regime jurídico especial
de certos bens particulares de interesse público. Em tantos outros casos, a segurança patrimonial pode ser es-
Esse poder superior (eminente) que o Estado mantém sobre sencial para viabilizar a própria existência do negócio. Casas de câm-
todas as coisas existentes em seu território não se confunde com o bio, que lidam com dinheiro vivo a todo momento, fábricas de joias,
direito de propriedade que o mesmo Estado exerce sobre as coisas joalheria e empresas de equipamentos de tecnologia são alguns
que lhe pertencem, por aquisição civil ou administrativa. Aquele é desses tipos de empresas que não podem prescindir da adoção de
um domínio geral e potencial sobre bens alheios; este é um domí- medidas de segurança patrimonial. Surge, então, a necessidade de
nio específico e efetivo sobre bens próprios do Estado, o que o ca- se pensar nesses quesitos desde o início do projeto de implantação
racteriza como um domínio patrimonial, no sentido de incidir sobre do ponto comercial.
os bens que lhe pertencem. Todo bom sistema de segurança patrimonial deverá cumprir
O domínio patrimonial do Estado sobre seus bens é direito de funções gerais de prevenção para que possa ser aplicado a qualquer
propriedade, mas direito de propriedade pública, sujeito a um regi- organização. Contudo, algumas funções podem ser mais relevantes
me administrativo especial. para um ou outro caso, avaliação que deve ser feita antes da im-
A esse regime subordinam-se todos os bens das pessoas admi- plantação.
nistrativas, assim considerados bens públicos e, como tais, regidos É preciso observar as particularidades de cada situação, anali-
pelo Direito Público, embora supletivamente se lhes apliquem algu- sando os riscos e a necessidade de prevenção contra as seguintes
mas regras da propriedade privada. Mas advirta-se que as normas possibilidades:
civis não regem o domínio público; suprem, apenas, as omissões - Incêndios;
das leis administrativas. - Furtos internos e externos;
- Assaltos;
- Atos de espionagem e concorrência desleal;
- Violação de sistemas informatizados;
- Atos de terrorismo;

23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

- Sabotagens e paralisações intencionais de processos; Interfone


- Chantagens; O interfone é o elo imediato de comunicação entre o porteiro
- Greves violentas; e os condôminos e vice-versa. Através dele o porteiro comunica a
- Uso de álcool e drogas no ambiente de trabalho; chegada de visitantes ou entregadores de encomendas.
- Epidemias e contaminações coletivas; No caso de reparadores de aparelhos ou de outros serviços
- Acidentes, explosões e desabamentos; chamados pelo morador é preciso fazer a identificação e chamar o
- Sequestros de dirigentes (ou de seus familiares). mesmo para certificar-se dessa solicitação, descendo somente até a
portaria para não se expor sem necessidade a uma possível cilada.
Segurança Patrimonial O interfone é um aparelho de segurança e somente deve ser
O bem patrimonial, onde se mora, deve ser conservado e aberto o portão de entrada do prédio, quando se tiver a certeza da
protegido. Todos devem proteger o seu patrimônio, muitas vezes identificação do visitante.
conseguido com dificuldade. Para isso devem seguir as medidas de O interfone, um aparelho aparentemente simples, requer cui-
segurança de sua proteção. dados especiais. Sua instalação deve ser feita por técnicos especiali-
A construção de prédio, feita por engenheiro e mã0-de-obra zados. Instalado, o porteiro deve estar treinado para manusear cor-
especializada, depois de vistoria pelo Prefeitura teve o “habite-se” retamente as chaves ou teclas da mesa operadora. O uso incorreto
e recebe os condôminos. A estes cabe zelar pela sua manutenção. pede danificá-lo.
A Convenção do Condomínio deve Ter normas sobre obras nos A limpeza também deve ser adequada, evitando-se infiltração
apartamentos, como proibição de alteração da fachada, ampliações de água ou de produtos químicos de limpeza, que fatalmente irão
e outras. As reformar e alterações nas unidades são permitidas des- prejudicá-lo.
de que estejam estabelecidas na Convenção e não prejudiquem a No caso de interrupção de energia elétrica, o interfone deve ser
estrutura do prédio e outros moradores, principalmente os vizinhos desligado e se deve deixar passar algum tempo para religá-lo depois
da unidade. da volta de energia, que geralmente vem com maior força e pode
Num prédio em que não haja piscina ou playground e se quei- queimar os componentes do circuito.
ra construir, por deliberação da Assembléia, é preciso verificar sua
possibilidade quanto ao local, por exemplo, no espaço superior da Os Cuidados do Porteiro
garagem se há estrutura para isso, evitando-se desabamento. A se- O porteiro deve permanecer sempre na portaria.
gurança sempre está em primeiro lugar. Deve manter na portaria um livro de anotações de entrada e
Ainda no que se refere à construção em se, no aspecto de se- saída de prestadores de serviços eventuais, como mecânicos, pinto-
gurança, entram as reformas necessárias e comprovadas, como ra- res, técnicos em conservação de telefone, luz, equipamentos, gás,
chaduras perigosas, necessidade de troca de encanamento velho, etc.
entupido ou que estão causando vazamento. Nunca permitir a entrada de estranhos, sem prévia consulta ao
morador indicado pelo visitante. Após ser permitido o acesso, veri-
Pára-Raios ficar se a pessoa se dirigiu ao local qual disse que iria.
O raio, fenômeno elétrico da natureza, produz uma descarga de Suspeitar de pessoas carregando pacotes e parecendo estar à
potência muito elevada, que caindo numa área provoca enormes procura de alguém no prédio, sem saber com segurança o nome do
danos e até mesmo incêndio. destinatário.
Na proteção contra raios há o pára-raios. Ele tem dupla função, Estabelecer uma palavra-chave (senha), periodicamente subs-
a de atrair a descarga que na área e escoá-la até o solo e a de im- tituída, a ser usada no interfone para avisar que pode ocorrer ou
pedir a formação do raio pela emissão de cargas, que neutralizam a está ocorrendo um assalto.
nuvem, afastando a concentração da descarga elétrica. Estabelecer um gesto a ser usado no “olho mágico” para avisar
Pára-raios deve seguir rigorosamente as normas de sua instala- o morador que se encontra naquele momento, sob a ameaça de as-
ção e tem que ser periodicamente vistoriado, verificando-se o esta- salto. Todos os moradores devem conhecer o gesto, evitando abrir
do dos cabos e isoladores. A parte superior da haste está sujeita a a porta e avisando a polícia o mais rápido possível.
inclinações por ação dos ventos. À noite, manter a portaria às escuras e a parte externa do pré-
O cuidado com o pára-raios deve ser constante, pois não adian- dio, bem como o acesso ao condomínio, racionalmente iluminada.
ta tê-lo sem cumprir sua importante finalidade de segurança se mal Não permitir a saída de pessoa não-moradora que esteja car-
instalado e sem manutenção. regando um objeto ou pacote, sem autorização do morador ao vi-
sitante.
Garagem Chamar a polícia se observar veículo com um ou mais ocupan-
No que se refere à segurança da garagem, um procedimento tes, estacionado na proximidade do prédio por longo tempo.
inicial é quanto a entrada de veículos. O porteiro deve fazer a iden- Chamar a polícia se um veículo com o(s) mesmo(s) ocupante(s)
tificação do veículo pela chapa e o próprio tipo do carro, além do passar varias vezes, lentamente, diante do prédio, parecendo estar
seu motorista, que no dia-a-dia torna-se conhecido como morador observando a rotina da portaria e do acesso à garagem.
do condomínio. Chamar também a polícia no caso de ver uma pessoa ou mais
A garagem é um caminho fácil para assaltantes. O porteiro deve por muito tempo nas proximidades observando o prédio.
Ter a máxima atenção na entrada de carros. O portão geralmente é
aberto por controle eletrônico, fazendo com que permaneça aberto Elevadores - Saiba como utilizar esse maio de transporte
tempo suficiente para a entrada e saída do veículo. O motorista ao O elevador é uma máquina de tranporte extremamente útil,
entrar ou sair deve observar se nada de estranho há nos arredores e mas seu uso requer cuidados para evitar acidentes, que muitas ve-
ao entrar aguardar próximo do portão o seu fechamento completo. zes são fatais.
Na garagem, a manobra e a circulação do veículo, se mal feitas, - Puxar a porta do pavimento sem a presença da cabine no an-
podem gerar batidas e riscos na lataria, ocasionando atritos entre dar;
os condôminos. - Apressar o fechamento das portas;
- Fumar dentro do elevador;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

- Fazer movimentos bruscos dentro do elevador; Transparência


- Lotar o elevador com peso acima do permitido; Todo e qualquer procedimento deve ser compreendido, admi-
- Bloquear o fechamento das portas com objetos. tido e aprovado por todos os envolvidos internamente no processo.

As crianças devem usar o elevador com segurança. O elevador Sigilo


não é lugar de brincadeiras, portanto oriente as crianças para: As informações contidas no Plano de Segurança devem ser res-
- não acionar os botões desnecessariamente; tringidas exclusivamente as pessoas envolvidas no processo, limi-
- não dar pulos ou fazer movimentos bruscos dentro da cabine; tando-se ao máximo o acesso do mesmo a outras pessoas.
- nunca colocar as mãos na porta; Segurança perimetral
- não entrar primeiro no elevador, assim que a porta se abre. Um ponto essencial da segurança patrimonial consiste em ga-
rantir a capacidade de proteção contra violações e acessos não au-
Exija do responsável pelo prédio que o acesso à porta do ele- torizados. Na maior parte das vezes, os invasores têm como objeti-
vador seja bloqueada quando este estiver em reparos ou revisão. vo praticar furtos, assaltos, sequestros, sabotagens ou outras ações
criminosas.
Como garantir a segurança patrimonial? É essencial detectar a presença de indivíduos suspeitos nas
O dimensionamento correto de um sistema de segurança patri- proximidades da organização ou em locais onde eles não deveriam
monial (aquele que será capaz de prevenir riscos e evitar ocorrên- estar.
cias) parte de uma análise preliminar que considera todos os fatores A verdade é que se deve acrescentar o máximo de dificuldade
expostos e os pontos mais vulneráveis nas rotinas da organização. possível entre a área externa e a área interna a ser protegida. Isso
Só com essa avaliação será possível identificar quais medidas deve ser feito projetando sistemas físicos e eletrônicos de barreira
precisam ser adotadas, sempre levando em conta as normas esta- perimetral, como:
belecidas, os equipamentos que devem ser instalados e a formação
da equipe encarregada da segurança. Nesse sentido, é preciso con- Muros altos
siderar basicamente os seguintes princípios:
Cercas elétricas
Prevenção
Os expedientes de segurança devem ser capazes de prevenir Sensores perimetrais e concertinas
contra tudo o que pode afetar negativamente os processos da or- Os dispositivos devem ser adotados analisando-se a particulari-
ganização. dade de cada local. Uma boa segurança perimetral deve basicamen-
te considerar dois aspectos:
Inibição Dificultar ao máximo a transposição das barreiras físicas, o que
O sistema de segurança deve possuir caráter ostensivo de for- pode ser feito elevando a altura da barreira ou criando dificuldades
ma a inibir os criminosos de atuarem no local. Analisando externa- de acesso com dispositivos cortantes (concertinas, espetos e cacos
mente o local o sistema de segurança deve demonstrar que quais- de vidros) ou cerca elétrica.
quer práticas criminosas no local serão extremamente arriscadas. No caso da violação da barreira, o sistema projetado deverá
permitir a pronta identificação. No caso da cerca elétrica, o rompi-
Capacidade de reação mento do fio aciona esse alarme ou também através de sensores
Caso a prevenção e a inibição não sejam suficientes para impe- perimetrais que permitem fazer essa identificação. Câmeras inteli-
dir uma ação criminosa, o sistema deve prever a reação para deter gentes com Video Analytics poderiam auxiliar nesse processo.
os criminosos. Seja reagindo diretamente contra eles, seja alertan- As fechaduras dos portões externos também merecem aten-
do os órgãos públicos de segurança. ção. De que adianta ter muros altos e cerca elétricas se a fechadura
do portão da frente é facilmente arrombada.
Treinamento
Os procedimentos de rotina e aqueles que precisam ser ado- A utilização de cães de segurança também é interessante para
tados em casos de ocorrências devem ser realizados de maneira auxiliar na segurança perimetral. Cães bem treinados, além de se-
consciente, ágil e precisa, o que só pode ser conquistado a partir do rem um fator importante de inibição para invasores, identificam
treinamento adequado. através de latidos qualquer estranho que esteja rondando no local
para, eventualmente, praticar atos delituosos.
Investimento
Deve ser proporcional aos riscos corridos. CFTV
O sistema de câmeras (CFTV) é um dispositivo fundamental
Medidas dentro de um sistema de segurança eletrônica. Ele possui basica-
Não devem atrapalhar os processos da organização. mente três funções:

Eficiência 1- Inibição
Todos os envolvidos da equipe devem estar plenamente habili- O fato das pessoas saberem que estão sendo filmadas e even-
tados para cumprir as funções delegadas; tualmente gravadas diminui a propensão de praticarem atos deli-
tuosos. Estudos demonstram que áreas monitoradas por câmeras
Integração possuem incidência criminais menores, mantendo outras variáveis
O departamento encarregado pela segurança deve estar com- semelhantes.
pletamente integrado aos demais da organização.

25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

2- Detecção Em qualquer situação, mesmo os riscos menos prováveis tam-


O sistema de CFTV permite detectar ações criminosas. Isso bém devem ser considerados, a fim de direcionar as respectivas
pode ser feito através da Central de Monitoramento ou através de reações. Devem existir procedimentos formalizados e amplamente
sistemas modernos, com função de Video Analytics. Nesse último divulgados de forma que todos saibam o que fazer em cada situa-
caso, sem a necessidade de um operador, o equipamento detecta ção de crise.
situações de risco.
E onde entra o treinamento da equipe?
3- Identificação Uma questão importante a ser considerada na implantação de
Mesmo que a detecção no momento do crime não aconteça, um sistema é a competência da equipe para utitilizar o equipamen-
seja por questões tecnológicas ou de orçamento, se o sistema pos- to. Afinal de contas, de nada vale elaborar um projeto perfeitamen-
suir gravação, é possível identificar os criminosos. Além disso, po- te alinhado aos riscos existentes e instalar os equipamentos mais
demos aprender o modus operandis da ação e corrigir eventuais sofisticados disponíveis no mercado se o pessoal responsável pela
falhas no sistema de segurança. operação do sistema não estiver devidamente treinado para atuar.
Nos últimos anos, as câmeras de vigilância têm passado por
inovações tecnológicas importantes. A câmera IP, por exemplo, é Processo de seleção
uma câmera de vídeo que pode ser acessada e controlada via qual- E as providências para que a qualidade do time seja compatível
quer rede IP, como a LAN, Internet ou Intranet, e que tem sido cada com as atividades exercidas começam logo com a seleção do pes-
vez mais utilizada em projetos de segurança. Elas não necessitam soal a ser treinado.
de softwares, tornando fácil a instalação e manuseio dentro da Nessa fase, as capacidades físicas, legais e psicológicas neces-
rede, pois possui seu próprio endereço IP. sárias para o exercício das funções de monitoramento e vigilância
devem ser avaliadas, dando atenção especial aos candidatos que
Controle de entrada e saída tiverem capacitação anterior na área. Essa bagagem pode ser repre-
Tanto a entrada quanto a saída de pessoas e veículos deve ser sentada por experiência policial ou militar ou frequência a cursos de
rigorosamente controlada. Em relação aos veículos, o monitora- vigilantes credenciados pelo Policia Federal. Aliás, esse credencia-
mento pode se dar por meio de câmeras que permitam a identifica- mento é fundamental para que o treinamento seja regularizado, o
ção de placas, enquanto o fluxo de pessoas pode ser controlado por que interfere na qualidade da equipe já que as táticas de segurança
sistemas capazes de fazer reconhecimento facial. devem estar de acordo com rigorosos padrões.
O controle biométrico por digital, associado a catracas, tam-
bém é bastante útil para agilizar os acessos ao mesmo tempo que Colaboradores da portaria
garante a devida identificação das pessoas. Porteiros físicos, inter- Assim, as funções de portaria não devem ser exercidas por pes-
fones e portarias virtuais também são especialmente eficazes na soas inexperientes, que não tenham conhecimento específico sobre
realização desse tipo de controle. o controle de entrada e saída de pessoas, recebimento de corres-
Na prática, estacionamentos devem ser continuamente moni- pondência e de mercadorias, monitoramento de área de estaciona-
torados e, no caso da entrada e da saída de pessoas, deve-se fazer mento, entre outras tarefas inerentes à função.
uma distinção cuidadosa entre o próprio pessoal da organização, Também é fundamental que esses funcionários sejam instru-
visitantes e fornecedores, com a adoção de procedimentos especí- ídos a respeito de como se comportar cordialmente no trato com
ficos para cada caso. o público, sem perder a firmeza necessária para cumprir com as
normas estabelecidas.
Prevenção contra incêndios
Os riscos contra o patrimônio e contra as pessoas que um in- Responsáveis pela vigilância
cêndio pode oferecer são bastante evidentes, tanto que devem ser Da mesma forma, vigilantes devem compreender todos os
analisados de acordo com cada organização, a fim de subsidiar a passos a serem seguidos no monitoramento das áreas definidas e
elaboração de um projeto de prevenção específico. Deve-se con- as responsabilidades que essa tarefa envolve. Se uma vigilância ar-
siderar as rotinas e as classes de incêndio existentes, que podem mada se faz necessária, é indispensável que, além de rigoroso trei-
ser sólidos, inflamáveis, eletroeletrônicos e metais. A partir dessa namento, os vigilantes sejam especificamente credenciados para a
constatação, é possível definir os dispositivos de alarmes e agentes função, inclusive levando em conta a Instrução Normativa 78, de
extintores que deverão ser instalados, assim como providenciar o 2014, que estabelece os procedimentos para os exames psicológi-
devido treinamento para a brigada de incêndio. cos aplicados à categoria (conforme o previsto no Estatuto do De-
sarmamento, Lei número 10.826, de 2003).
Acidentes e crises emergenciais
O grau de risco de acidentes em uma organização está relacio- Instruções para todos
nado à finalidade para a qual ela foi constituída. Assim, os riscos É essencial, ainda, que os demais funcionários envolvidos com
de acidentes na construção civil são maiores do que no comércio, as medidas de segurança conheçam suas funções e tenham apti-
por exemplo. Por isso as possibilidades de ocorrências devem ser dão para operar equipamentos e adotar procedimentos. Isso sem
analisadas caso a caso e as medidas preventivas corretamente di- contar que, além da capacitação individual dos funcionários e da
mensionadas. instrução coletiva da equipe de segurança, também é necessário
Já as crises emergenciais podem ser desencadeadas por fatores que todo o quadro da organização conheça as normas, assim como
diversos, sejam eles naturais ou não. É o caso de alagamentos, de- as maneiras de proceder nos casos de ocorrência.
sabamentos, explosões, raios, entre outros, que podem ser fortui- Assim, seja em empresas, instituições e condomínios comer-
tos ou associados à estrutura ou à finalidade da organização. ciais, é vital que todos os departamentos e funcionários sejam trei-
nados para cumprir o que for estabelecido e para saber como agir
caso haja necessidade. E quando se trata de unidades residenciais
e condomínios, além dos funcionários, deve-se incluir também os
próprios moradores no treinamento.

26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Cabe aqui frisar que a eficiência de um sistema de segurança SOCIEDADE CIVIL TAMBÉM DEVE PARTICIPAR
patrimonial está diretamente vinculada a fatores relacionados à Outra forma de o município melhorar a segurança é envolven-
identificação dos riscos, à elaboração de um projeto consistente, à do a sociedade civil na discussão dos problemas. Afinal, quem me-
instalação de equipamentos compatíveis com as necessidades e ao lhor para discutir a segurança pública do que quem é mais influen-
treinamento adequado, não só da equipe de segurança, como dos ciado por ela? Para isso, o município pode seguir dois caminhos:
demais atores presentes na organização. Todavia, é essencial que
todos esses componentes estejam em sintonia, a fim de viabilizar a 1) Os Conselhos Comunitários de Segurança Pública (Con-
eficácia dos procedimentos preventivos e os bons resultados caso sep’s)
surja a necessidade de reagir a alguma ocorrência. Estes conselhos são canais de comunicação entre a população
e as agências responsáveis pela segurança pública no âmbito local.
Governos Municipais É através deles que a população pode discutir com as autoridades
Por sua vez, o governo municipal pode desenvolver ações de os problemas que mais causam insegurança no seu bairro ou cida-
prevenção à violência, por meio da instalação dos equipamentos de.
públicos, como iluminação e câmeras. Além disso, também pode No Consep, os gestores das organizações policiais devem ou-
criar guardas municipais para a proteção de bens, serviços e insta- vir as questões apresentadas, adotar as providências necessárias
lações. Uma boa manutenção da cidade contribui para a inibição da para a solução dentro da sua esfera de competência ou encami-
criminalidade. Quando a administração municipal investe em ilumi- nhar a quem possa resolvê-las, além de apresentar os resultados
nação e em uma boa pavimentação das ruas, por exemplo, tem-se das ações.
uma diminuição na ocorrência de assaltos. A principal vantagem dos conselhos é conhecer os problemas
É preciso lembrar que a segurança pública faz parte da orga- de cada localidade pela ótica dos moradores. O diagnóstico dos pro-
nização administrativa. Por isso, a gestão em cada esfera política é blemas, com mais precisão e construído por moradores e gestores,
responsabilidade dos chefes do executivo, ou seja, do Presidente, permite um melhor desenvolvimento de ações voltadas para o con-
dos governadores e dos prefeitos. trole da violência e da criminalidade.

MAS COMO O MUNICÍPIO PODE INVESTIR EM SEGURANÇA? 2) Fóruns Municipais de Segurança Pública
Como explica Ludmila Ribeiro, antes de implementar ações Os Fóruns Municipais também atuam como um canal de comu-
para melhorar a segurança da cidade, o governo municipal deve nicação entre a população e agências responsáveis pela segurança.
compreender como funciona a dinâmica da criminalidade em seu Nele, são analisadas e discutidas estratégias de atuação em deter-
município. Assim, cada município deve realizar um diagnóstico da minada região. O principal objetivo do fórum é a construção de uma
situação em que se encontra a segurança pública. Afinal, para resol- política municipal preventiva na segurança pública.
ver um problema é preciso primeiro conhecê-lo. Nas discussões, são identificadas as demandas da população,
Logo que o diagnóstico for realizado e a gestão municipal tiver métodos de ações preventivas e resultados pretendidos. Essa ação
um bom conhecimento dos problemas de segurança da cidade, cabe participativa legitima a tomada de decisão e orienta a adoção de
a estes gestores a elaboração de um Plano Municipal de Seguran- medidas que realmente atendam ao interesse público.
ça Pública, cujas ações podem ser executadas por uma Secretaria
Municipal de Segurança Pública. Com a criação dessas instâncias, o 3) Os Gabinetes de Gestão Integrada (GGIM)
município pode planejar, implementar, monitorar e avaliar projetos São instâncias que viabilizam o desenvolvimento de ações de
que tenham o objetivo de prevenir o crime e reduzir o sentimento prevenção e repressão ao crime de forma integrada entre as polí-
de insegurança dos seus cidadãos. cias, o Judiciário, o Ministério Público, o sistema de cumprimento
Além disso, o município pode criar uma Guarda Municipal, que de penas privativas de liberdade e medidas sócio-educativas.
tem como principal função proteger o patrimônio público da cida- Juntos, estes órgãos discutem a dinâmica da criminalidade, ela-
de. Mas desde a aprovação da lei nº 13.022/2014 às atribuições da boram um plano de ação integrado, reformulam novas estratégias,
Guarda Municipal passaram a ir muito além do que simplesmente entre outros. Previstos pela lei 11.707 de 2008, estes gabinetes são
proteger o patrimônio público. um instrumento para apoiar municípios na gestão do Programa Na-
Em algumas cidades, a guarda municipal orienta o trânsito, faz cional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).
patrulhamento em áreas comerciais e rondas nas escolas, além de Em sua estrutura, os GGIMs contam com um Observatório de
reforçar o trabalho da polícia. A presença da Guarda Municipal ten- Segurança Pública que, em parceria com centros de ensino, elabora
de a evitar a ocorrência de crimes, contribuindo para que os mora- os melhores mecanismos para enfrentar os problemas de seguran-
dores se sintam mais seguros. ça pública da cidade; a central de videomonitoramento, que moni-
tora os principais pontos da cidade e mapeia as zonas de violência;
MUNICÍPIO DEVE ATUAR NA PREVENÇÃO a central de teleatendimento, por onde a comunidade pode realizar
Para combater a criminalidade, os governos podem fazer mais denúncias anônimas através do disque-denúncia; e por último, um
do que simplesmente investir em ações repressivas. Hoje, ela tam- espaço multidisciplinar de prevenção, responsável pela criação de
bém pode ser contida através da prevenção e da cidadania. Para programas de prevenção e combate ao crime.
isso, a prefeitura pode desenvolver políticas de prevenção ao crime Todas estas iniciativas podem ser criadas pelo seu município
que tenham como público alvo, principalmente, as crianças e os para melhorar a segurança da sua cidade. Descubra se a sua cidade
adolescentes. Algumas destas ações podem ser: já possui estas instâncias e lembre-se, você pode participar dire-
• programas de educação nas escolas, que trabalhem na elabo- tamente de algumas delas. Se a sua cidade ainda não criou estas
ração de medidas que visem a redução das ações violentas; iniciativas, cobre dos candidatos nesta eleição. Um bom prefeito se
• a criação de programas de profissionalização e lazer, com o preocupa com a redução do crime, o aumento da sensação de se-
objetivo de ocupar os jovens no período extraclasse evitando, dessa gurança e, por consequência, a melhoria da qualidade de vida na
forma, o seu envolvimento com atividades ilícitas; localidade.
• programas direcionados aos menores infratores para dimi-
nuir a chance de eles cometerem um novo crime.

27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Fonte: https://www.politize.com.br/seguranca-publica-no-munici- - Caso o estabelecimento não disponha de clausura e, em se


pio/ tratando de veículo com compartimento fechado (baú), é viável que
se determine seu ingresso de ré, de modo que seja aberto o baú,
Controle do acesso de pessoas antes da abertura do portão, a fim de que o vigilante não se expo-
O vigilante deve seguir determinados procedimentos que ga- nha ao vistoriar o veículo e, nem ocorra invasão;
rantam a segurança das instalações e de todos que estejam envol- - Fazer o devido registro dos dados de acordo com normas es-
vidos no sistema (colaboradores, visitantes, clientes, fornecedores tabelecidas;
etc.). Para tanto seguem alguns mandamentos indispensáveis: - Cumprir rigorosamente as normas internas.
- Fazer a inspeção visual, procurando analisar e memorizar as Obs.: O registro dos dados é a única forma de controle e a me-
características das pessoas, mostrando-se atento, pois tal compor- lhor forma de produção de provas para diversas finalidades. Por-
tamento garante a prevenção, uma vez que qualquer pessoa mal tanto, o vigilante deve fazê-lo com corretamente e sem qualquer
intencionada perde o interesse de agir quando percebe que foi ob- exceção.
servada antes de se aproximar;
- Fazer a abordagem, preferencialmente à distância, procuran- EMERGÊNCIA E EVENTO CRÍTICO
do obter e confirmar todos os dados necessários ao efetivo controle Atuação do vigilante diante das principais situações de emer-
do acesso; gência:
- Nunca julgar as pessoas pela aparência, pois as quadrilhas de a) roubo:
criminosos procuram induzir o vigilante a erro. Levar sempre em - Manter a calma, evitar o pânico e fazer a comunicação a
consideração se é pessoa desconhecida, e mesmo sendo conheci- - Polícia na primeira oportunidade;
da, caso esteja acompanhada de desconhecido, deve-se agir com - Contato com o Plantão da Empresa de Segurança;
maior critério; - Reação somente se houver oportunidade total de sucesso,
- Fazer a identificação pessoal, exigindo a apresentação de do- lembrando-se que a atuação do vigilante é preventiva, de modo a
cumento emitido por órgão oficial e que possua fotografia. Ex: RG, evitar o fator surpresa;
CNH, reservista, passaporte, identidades funcionais, etc. - Observação atenta de tudo que se passa: O quê? Quando?
Obs.: A Lei Federal 5.553/68, alterada pela Lei Federal 9.453/97, Onde? Como?
estabelece que nos locais onde for indispensável a apresentação de
documento para o acesso será feito o registro dos dados e o docu- Quem? Quais foram as rotas de fuga?
mento imediatamente devolvido ao interessado. - Preservação do local para permitir à Polícia Científica a análise
- Anunciar o visitante ao visitado e, sendo autorizado seu aces- e levantamentos devidos.
so certificar-se de quem partiu a autorização;
- Fazer o devido registro dos dados; b) tumulto e pânico:
- Cumprir às normas estabelecidas internamente. - Manter a calma e controlar o público;
- Evacuar o local de forma rápida e discreta;
Obs.: Para a efetiva segurança no controle de acesso é indis- - Não sendo possível manter a ordem interna pelos recursos
pensável a instalação de medidas estáticas (Circuito Fechado de próprios, acionar a polícia;
TV, Botão de Pânico, aparelhos de controle com base na biometria, - Agir de maneira imparcial, conscientizando-se que em ocor-
etc.) e treinamento constante dos profissionais de segurança rência em que há pessoas com os ânimos exaltados, a imparciali-
dade, o equilíbrio emocional e o diálogo são os melhores recursos.
Controle de acesso de Veículos Evacuação do Local:
Outro ponto crítico em um estabelecimento é o acesso de ve- A principal medida a ser adotada em situação de emergência é
ículos. Por ausência de medidas de segurança e de profissionais a evacuação do local, com a adoção de um plano de abandono, de
treinados, muitos desses locais são alvo de invasões. Criminosos forma rápida e discreta, sem causar pânico. Para tanto, é necessário
constatam as falhas do sistema de segurança e encontram extrema que o profissional de segurança controle suas emoções, atue com
facilidade para agir. Por isso, trata-se de ponto que exige investi- calma, coerência e tenha bom poder de persuasão e convencimen-
mento da empresa tanto no que tange às medidas estáticas (CFTV, to, transmitindo sensação de segurança a todos que ali se encon-
clausuras, etc.) como também em treinamento de pessoal. tram.
O treinamento integrado entre profissionais de segurança e
Procedimentos: funcionários de outros setores de uma empresa é de fundamen-
- Fazer inspeção visual com atenção voltada às características tal importância para o sucesso da evacuação do local em situações
do veículo e ocupantes, bem como o comportamento e atitude dos emergenciais. As simulações realizadas nos dias de normalidade
últimos; garantirão o sucesso da desocupação da área em ocasiões de anor-
- Fazer a abordagem, à distância, procurando obter e confir- malidade, sem que haja pânico, pois dessa forma o emocional dos
mar todos os dados e, se for necessário, ligar para a empresa dos ocupantes daquela área já foi previamente preparado em caso de
ocupantes do auto para fazer a confirmação, antes do ingresso no ocorrência de um evento crítico.
estabelecimento;
- É conveniente que, caso seja autorizado o acesso, o veículo Planos Emergenciais:
adentre apenas com o condutor, de modo que os demais ocupantes Os planos de emergências são formulados pelo responsável
desembarquem e acessem pela entrada de pedestres; pela segurança, com a participação da equipe, a fim de que se ga-
- Sendo adotado o procedimento acima, identificar o condutor, ranta o sucesso da atuação.
conforme estudado no controle do acesso de pessoas, caso contrá- A filosofia de um plano emergencial é atribuir a cada integrante
rio todos devem ser identificados; da equipe de segurança uma missão específica, caso ocorra uma
- A instalação de clausuras tem sido uma das principais formas situação emergencial previsível (invasão, incêndio, ameaça de bom-
de proteger o vigilante e evitar invasões, principalmente com uso ba, greve de funcionários etc.).
de veículos clonados;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Explosivos: Relatório de Ocorrência:


Explosivo é todo composto sólido, líquido ou gasoso, que so- Ocorrência e o acontecimento de um fato que foge da rotina
frendo uma reação química violenta, transforma-se instantanea- normal do trabalho, exigindo a adoção de providências por parte
mente em gás, com produção de alta pressão e elevada tempera- do profissional de segurança e o correspondente registro do fato.
tura. A elaboração de um relatório de ocorrência compreende o ca-
Ocorrências com explosivos são consideradas de grande vulto beçalho e o histórico, que é a narração dos fatos de maneira clara
e de alto isco, portanto requer a atuação de profissionais capacita- e objetiva, de modo que o destinatário tenha plenas condições de
dos, com emprego de equipamentos e táticas adequadas. Trata-se entender o que realmente ocorreu e quais providências foram ado-
de uma ocorrência onde um erro na atuação poderá ser fatal, com tadas quando da ocorrência.
consequências danosas a quem se encontre pelas imediações. O histórico de um relatório de ocorrência deve seguir um rotei-
Naturalmente o bem maior que cuidamos não é o patrimônio ro de elaboração, de forma que o leitor encontre resposta para as
e sim a vida e a integridade física; logo, nossa maior preocupação seguintes perguntas:
deve centrar-se na evacuação do local e interdição da área de forma - Quando? (dia, mês, ano e hora em que o fato ocorreu).
rápida e discreta, sem causar pânico. Indubitavelmente o vigilante - Onde? (em que lugar aconteceu o fato)
patrimonial não é o profissional capacitado para atuar efetivamente - O que? (especificar o fato ocorrido; com quem aconteceu;
em ocorrências envolvendo explosivos ou com ameaças de bomba, constar a identificação e a descrição dos envolvidos).
devendo tomar apenas as primeiras medidas e acionar a polícia a - Como ocorreu? (de que maneira o fato aconteceu).
fim de que a central de operações envie para o local uma equipe es- - Porque aconteceu? (explicar os fatos que antecederam, sem
pecializada no assunto. Por se tratar de ações típicas de terrorismo, suposições).
seus principais agentes são integrantes de facções criminosas que - Quais providências foram tomadas?
visam, sobretudo, abalar a estrutura do poder público constituído,
de modo que os maiores alvos de ataque são os edifícios da admi- Além da elaboração do relatório de ocorrência, cabe ao vigi-
nistração pública, principalmente aqueles ligados à Polícia, Justiça, lante o registro da situação do posto de serviço em todos os turnos
Ministério Público, Embaixadas e Instituições Financeiras. Ou- de trabalho.
tros pontos visados são os de grandes aglomerações de pessoas
como Estações de Metrô e Trem, Aeroportos e Shoppings. Como o controle de acesso pode impedir ocorrências indese-
jadas?
Procedimentos do Vigilante em Casos de Ameaça de Bomba:
- Acreditar que a ameaça é verdadeira; Padronização do acesso
- Comunicar o fato ao superior imediato ou ao responsável lo- Primeiramente, o controle de acesso ajuda a padronizar as for-
cal (Supervisor, Gerente, Diretor); mas de acesso de funcionários, clientes e visitantes de sua organi-
- Não tocar qualquer objeto, seja estranho ou comum ao local, zação, tornando o processo mais simples, eficiente e diminuindo o
pois em se tratando de ameaça, todo objeto passa a ser suspeito; número de falhas, já que existe um modelo a ser seguido.
- Acionar as autoridades competentes (G.A.T.E , Grupo de Ações
Táticas Especiais – Via 190); Monitoramento do espaço
- Procurar evacuar o local de forma rápida e discreta, evitando Por meio desta prática, é possível saber exatamente quem são
causar pânico; as pessoas que circulam no ambiente e, se necessário, tomar as me-
- Isolar a área, afastando grupos de curiosos; didas para bloquear o acesso a lugares nos quais não há autorização
Detecção de Artefatos e Objetos Suspeitos: para circular.
Há casos em que não se recebe a ameaça, mas encontram-se Você pode ter um vigilante que controla a entrada e saída de
artefatos ou objetos suspeitos. Nesta situação, o vigilante deve pessoas de forma manual ou usando um computador. Sendo assim,
sempre acreditar na pior hipótese, ou seja, considerar que se trata o profissional vai verificar as credenciais de todos que adentrem o
de um explosivo e tomar todas as precauções necessárias para a ambiente protegido e liberar ou não o acesso ao local.
preservação das vidas e da integridade física de todos os que ali se Outra alternativa, é automatizar o processo por meio da utili-
encontram. zação de softwares e equipamentos de segurança que realizem a
O fato de ser um artefato de pequena dimensão não significa checagem com senhas ou biometria. Isso torna o controle sob as
que não pode causar dano irreparável à integridade física e a saúde dependências ainda mais eficiente, relatórios são criados automa-
da pessoa; logo, o isolamento da área e o isolamento do local de- ticamente e não é necessária a presença de um funcionário exclusi-
vem ser as primeiras medidas. Por se tratar de ocorrência que exige vamente para examinar as credenciais das pessoas.
conhecimento específico, o vigilante não deve arriscar sua vida. O
melhor a fazer é isolar a área, evacuar o local e acionar a polícia. Monitoramento de veículos
Acionamento da Polícia Especializada em cada caso de even- Mais um ponto crucial em que o controle de acesso deve ser
to crítico: As Polícias, como Órgão de Segurança Pública, dispõem utilizado, é no estacionamento pois, é uma possível porta de entra-
de grupos especializados para atuar nas mais diversas ocorrências. da para pessoas má intencionadas, já que sem um controle rígido,
O acionamento do órgão policial para cada caso de evento crítico se torna uma área difícil de monitorar mesmo com a ajuda de câ-
sempre será através da Central de Operações. No caso da Polícia meras.
Militar (190) e da Polícia Civil (197).
Ao acionar 190 e 197, cada central de operações saberá, de Fonte: http://www.globalsegmg.com.br/controle-de-acesso/
acordo com a natureza da ocorrência, qual o grupo policial que me-
lhor se adequará para a solução do evento critico.

29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

SEGURANÇA PATRIMONIAL Os pontos de entrada e saída de condomínios corporativos, re-


O Livro de Ocorrência da Segurança Patrimonial é uma transcri- sidenciais e indústrias são importantes de se analisar em uma estra-
ção oficial das ocorrências e rotinas de um turno de trabalho na se- tégia de segurança bem-sucedida.
gurança patrimonial. Funciona como um resumo fiel e objetivo das Não importa quantas câmeras, sensores de movimento e vigi-
ocorrências, atos relevantes, rotina e ordens passadas que aconte- lantes você possa ter. Ou seja, se não puder monitorar e controlar
ceram ou que influenciarão as atividades dos turnos de trabalho. É quem sai e quem entra no ambiente, este local não está realmente
normalmente lavrado pelo líder da equipe de serviço ou pelo pró- seguro.
prio vigilante caso trabalhe só. No entanto, com um plano inteligente, uma equipe bem treina-
É um documento de valor jurídico, por essa razão, deve ser es- da e alguns dispositivos tecnológicos, é possível tornar seu sistema
crito de tal maneira que não possam ser introduzidas modificações de controle de acesso menos vulnerável e mais confiável.
posteriores e com atenção especial ao texto, caligráfica e escrita
correta. Uso de tecnologias para gestão de acesso
O segmento de segurança conta com diversos tipos de dispo-
IMPORTÂNCIA DO LIVRO sitivos tecnológicos para auxiliar no monitoramento. Sendo assim,
-É um registro histórico que fornece informações sobre o posto tais equipamentos promovem uma gestão mais segura de pessoas
de serviço; e ambientes.
-Auxilia o vigilante na comunicação e registro de fatos relevan- Confira a seguir algumas das tecnologias mais modernas e re-
tes sobre o serviço sem prejuízo ou distorção de conteúdo; centes usadas no trabalho de controle de fluxo de pessoas.
-Permite que o vigilante oficialize algum fato ou comunicado,
evitando acusações futuras de omissão; Portões e cercas elétricas
-Permite o registro da distribuição do efetivo da segurança pa- A infraestrutura básica de segurança pode fortalecer e com-
trimonial nos postos de serviço de acordo com os respectivos horá- plementar os protocolos de entrada e saída de empreendimentos
rios de trabalho; Embora possam parecer dispositivos simples, portões e cercas elé-
-Serve como meio de consulta para tirar dúvidas sobre orien- tricas ajudam a impedir o acesso indesejado a ambientes de acesso
tações passadas; restrito.
-Preserva o registro e a ordem dos acontecimentos;
-Facilita o controle e administração de material carga (material Identificação por senha
e equipamentos sob responsabilidade dos vigilantes); O uso de senhas foi pioneiro entre os novos recursos de con-
-Auxilia e oficializa a passagem de serviço entre os turnos de trole de acesso, modernizando a velha operação em que somente
trabalho; um porteiro e algumas câmeras de segurança eram empregadas na
-Serve como meio de pesquisa e prova nos processos de inves- vigilância das organizações.
tigação interna; O aparelho de reconhecimento pode ser, ainda, instalado em
-Pode ser utilizado como meio auxiliar de prova em processos diferentes locais da empresa, cada um com seu nível diferenciado
de acesso. Com a adoção das senhas, cada usuário passou a possuir
judiciais;
o seu próprio meio de conexão ao sistema, dispensando o uso de
chaves — facilmente extraviáveis.
REGRAS GERAIS
O nível de segurança proporcionado por essa opção é alto, já
-O livro de ocorrência deve ser considerado um documento si-
que, para se cadastrar, o usuário emite dados pessoais, fornecendo
giloso e de acesso restrito as partes interessadas e autorizadas;
a localização exata quando a senha é utilizada fora da empresa. Há,
-O livro de ocorrência deve ser considerado um documento
também, o sistema operado por meio de IDs de acesso para acessar
oficial de valor jurídico, que requer cuidados no seu uso e guarda;
ambientes físicos e até online, um método mais moderno que utili-
-O livro de ocorrência deve ser escrito com caneta esferográfica
za os recursos da computação em nuvem (cloud computing).
azul ou preta; Certamente, essa é uma das tecnologias mais modernas e usa-
-Não deve haver rasuras, folhas rasgadas, folhas arrancadas, das na atualidade no monitoramento de entrada e saída de pesso-
uso de canetas marca texto, manchas ou emendas; as. De fácil operação, o sistema de identificação por senha autoriza,
-Não deve ser utilizado nenhum tipo de corretivo; por meio da digitação de senha de acesso, a entrada de pessoas no
-Não deve ser pulado linhas ou folhas; ambiente.
-Não devem ser anotados recados ou fatos particulares dos co-
laboradores que trabalham no local. Cartão de proximidade
É um dispositivo magnético que armazena informações a res-
Fonte: https://gestaodesegurancaprivada.com.br/livro-de-ocorren- peito do usuário e possibilita a entrada do usuário com a aproxima-
cia-da-seguranca-patrimonial/ ção de um cartão em um leitor. Entre os dados armazenados, estão:
Nos condomínios residenciais, corporativos e nas indústrias, o – nome;
fluxo de pessoas é bastante intenso diariamente. Logo, o movimen- – número do documento de identificação;
to de entrada e saída de pessoas e veículos expõe ainda mais mo- – nível de acesso.
radores e funcionários, mostrando a necessidade de se contar com
um sistema de controle de acesso. O cartão de proximidade oferece vantagens importantes para o
Contudo, para ser realmente eficaz, o monitoramento de en- contratante, como a possibilidade de revogar os privilégios de aces-
trada e saída de pessoas deve ser feito por um controlador de aces- so de um determinado cliente e até o armazenamento de registros
so treinado. Assim sendo, vale investir na contratação de empresas de entrada e saída de cada um dos visitantes e colaboradores.
de terceirização de serviços, que treinam e capacitam suas equipes Funciona, ainda, como um controle de acesso às áreas restritas
de controladores e porteiros. da empresa e pode ser programado de acordo com o nível propício
Controle de acesso: por que é importante monitorar o fluxo de das funções dos colaboradores e prestadores de serviços.
pessoas em condomínios e empresas?

30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Biometria 3D O profissional em atendimento de emergência é denominado


Em ambientes com níveis de segurança médio a alto, a biome- de Socorrista, este possue formação e equipamentos especiais, as-
tria 3D é muito eficiente, pois apresenta baixas taxas de falha na sim como os Paramédicos, e uma pessoa que realiza um curso bási-
identificação de usuários. Ou seja, essa tecnologia é pouco susce- co de Primeiros Socorros é chamado de Atendente de emergência.
tível a fraudes. Tipos de acidentes Para cada caso existe uma atitude, e um so-
corro diferente, veja à seguir alguns exemplos que exigem primeiros
Portaria remota socorros:
Essa modalidade proporciona benefícios valiosos ao contra- - Choque elétrico
tante, já que pode ser totalmente operada à distância. O monito- - Infarto e parada cardiorrespiratória
ramento é realizado por diversas câmeras, alocadas para enviar as - Envenenamento
imagens capturadas para um sistema central. Além disso, essa es- - Picada de cobra
trutura conta com um responsável para liberar o devido acesso aos - Corpos estranhos e asfixia
diversos tipos de dispositivo. - Queimaduras
Os equipamentos utilizados, conectados à internet, são oti- - Sangramentos
mizados para que o acesso remoto não seja comprometido pela - Transporte de vítimas
distância. Existem sistemas que usam softwares inteligentes, espe- - Fraturas, luxações, contusões e entorces
cialmente desenvolvidos a fim de direcionar o monitoramento para - Acidentes de trânsito
locais mais estratégicos e atender às necessidades específicas do
usuário.
É importante aplicar primeiros socorros?
A portaria remota é uma das opções mais modernas quando
É de vital importância a prestação de atendimentos emergen-
falamos sobre controle de acesso, já que se trata de um sistema
ciais. Conhecimentos simples muitas vezes diminuem o sofrimento,
destinado a elevar o nível de segurança e ainda reduzir custos com
evitam complicações futuras e podem inclusive em muitos casos
pessoal no longo prazo.
O funcionamento é simples: o usuário se torna portador de salvar vidas. Porém deve-se saber que nessas situações em primeiro
uma tag, que libera a entrada e saída das pessoas. Já os clientes lugar deve-se procurar manter a calma, verificar se a prestação do
e visitantes que comparecem a sua empresa acionam um interfo- socorro não trará riscos para o socorrente, saber prestar o socorro
ne para falar com um atendente, que consegue visualizar tudo por sem agravar ainda mais a saúde da(s) vítima(s), e nunca esquecer-se
meio de câmeras e contatar o morador — que decide, enfim, se que a prestação dos primeiros socorros não exclui a importância de
libera ou não o acesso à pessoa. um médico.

Reconhecimento facial ou mapeamento de face 3D O que se deve fazer?


O reconhecimento de face 3D tornou-se disponível no final de A grande maioria dos acidentes poderia ser evitada, porém
2017. Neste tipo de tecnologia, o mapeamento facial 3D contém quando acontecem , geralmente eles vem acompanhados de inú-
100 vezes mais pontos de dados do que o reconhecimento 2D. meros outros fatores, como por exemplo: nervosismo, cenas de so-
Por isso, o mapeamento 3D reconhece com maior precisão a frimento, pânico, pessoas inconscientes, etc.. Este é o quadro em
face do usuário antes de liberar seu acesso a determinado ambien- maior ou menor extensão que depara-se quem chega primeiro ao
te. local, e dependendo da situação exigem-se providências imediatas.
Além desses dispositivos, o serviço de controle de acesso ain- Sempre que possível devemos pedir e aceitar a colaboração de
da conta com equipamentos tradicionais, como catracas, cancelas, outras pessoas, sempre deixando que o indivíduo com maior co-
porta-giratórias e, claro, os próprios controladores de acesso, trei- nhecimento e experiência possa liderar, dando espaço para que o
nados por empresas especializadas. mesmo demonstre à cada uma, com calma e firmeza o que deve ser
Vale destacar que o ideal é combinar os equipamentos moder- feito, de forma rápida, correta e precisa.
nos com profissionais capacitados e preparados para prevenir riscos
e lidar com situações adversas. Atitudes corretas
1) A calma, o bom-senso e o discernimento são elementos pri-
PREVENÇÃO DE ACIDENTES mordiais neste tipo de atendimento.
2) Agir rapidamente, porém respeitando os seus limites e o dos
outros.
Prevenção de acidentes e primeiros socorros
3) Transmitir á(s) vítima(s), tranqüilidade, alívio, confiança e se-
Tratam-se de procedimentos de emergência, os quais devem
gurança, e quando estiverem conscientes informar-lhes que o aten-
ser aplicados a vítimas de acidentes, mal súbito ou em perigo de
dimento especializado está a caminho.
vida, com o intuito de manter sinais vitais, procurando evitar o
agravamento do quadro no qual a pessoa se encontra. É uma ação 4) Utilize-se de conhecimentos básicos de primeiros socorros,
individual ou coletiva, dentro de suas devidas limitações em auxílio improvisando se necessário.
ao próximo, até que o socorro avançado esteja no local para prestar 5)Nunca tome atitudes das quais não tem conhecimento, no
uma assistência mais minuciosa e definitiva. intuito de ajudar, apenas auxilie dentro de sua capacidade.
O socorro deverá ser prestado sempre que a vítima não tiver
condições de cuidar de si própria, recebendo um primeiro atendi- Omissão de Socorro
mento e logo acionando-se o atendimento especializado, o qual en- É importante saber que a falta de atendimento de primeiros
contra-se presente na maioria das cidades e rodovias principais, e socorros e a omissão de socorro eficientes são os primeiros motivos
chega ao local do fato em poucos de mortes e danos irreversíveis às vítimas de acidentes de trânsito.
Os momentos subsequentes a um acidente, principalmente as duas
primeiras horas são os mais críticos e importantes para garantir a
recuperação ou sobrevivência das pessoas envolvidas.

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Segundo o Art. 135 do Código Penal Brasileiro, deixar de pres- Qualidade de Vida: Ações desenvolvidas para reduzir as seque-
tar socorro à vítima de acidentes ou pessoas em perigo eminente, las que possam surgir durante e após o atendimento.
podendo fazê-lo, é crime, mesmo que a pessoa não seja a causado- Urgência: Estado que necessita de encaminhamento rápido ao
ra do evento. Ainda de acordo com a atual Lei de Trânsito, todos os hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é en-
motoristas deverão ter conhecimentos de primeiros socorros. Abai- contrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível.
xo podemos verificar o artigo na íntegra: Exemplos: hemorragias de classe II, III e IV, etc.
Código Penal - OMISSÃO DE SOCORRO Emergência: Estado grave, que necessita atendimento médico,
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo embora não seja necessariamente urgente. Exemplos: contusões
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa leves, entorses, hemorragia classe I, etc.
inválida ou ferida, ao desamparado ou em grave e iminente perigo ; Acidente: Fato do qual resultam pessoas feridas e/ou mortas
ou não pedir , nesses casos, o socorro da autoridade pública. que necessitam de atendimento.
Pena: Detenção de 01 ( um ) a 6 ( seis ) meses ou multa. Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resultam pes-
Parágrafo único: A pena é aumentada de metade, se a omissão soas mortas ou feridas, mas que pode oferecer risco futuro.
resulta lesão corporal de natureza grave, e triplica , se resulta em Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima.
morte. Sintoma: É informação a partir de uma relato da vítima.
No entanto, deixar de prestar socorro significa não prestar “ne- Aspectos legais do socorro
nhuma assistência à vitima”. Uma pessoa que solicita os serviços - Artigo 5º e 196 Constituição;
especializados, já esta fazendo o seu papel de cidadão, providen- - Artigo 135 do Código Penal Brasileiro;
ciando socorro. - Resolução nº 218/97 do Conselho Nacional de Saúde;
Nunca é demais que procuremos ter conhecimento de técni-
cas de primeiros socorros, pois nunca se sabe quando poderemos Constituição:
precisar. Mesmo achando que não teremos coragem ou habilidade
para aplicá-las não devemos deixar de aprender. Pois muitas ve- Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
zes espírito de solidariedade apenas, não basta, é preciso que nos
utilizemos de técnicas que nos possibilitem à prestar um socorro Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
rápido, preciso e eficiente, auxiliando pessoas que encontram-se, quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
naquele momento totalmente dependentes do auxílio de terceiros. sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Da Saúde
PRIMEIROS SOCORROS
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti-
Toda pessoa que for realizar o atendimento pré hospitalar do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
(APH), mais conhecido como primeiros socorros, deve antes de risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá-
tudo, atentar para a sua própria segurança. O impulso de ajudar a rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
outras pessoas, não justifica a tomada de atitudes inconsequentes,
que acabem transformando-o em mais uma vítima. Código Penal:
A seriedade e o respeito são premissas básicas para um bom
atendimento de APH (primeiros socorros). Para tanto, evite que a Omissão de Socorros
vítima seja exposta desnecessariamente e mantenha o devido sigilo
sobre as informações pessoais que ela lhe revele durante o atendi- Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo
mento. sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa
Quando se está lidando com vidas, o tempo é um fator que não inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
deve ser desprezado em hipótese alguma. A demora na prestação não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
do atendimento pode definir a vida ou a morte da vítima, assim Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
como procedimentos inadequados. Importante lembrar que um ser Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis-
humano pode passar até três semanas sem comida, uma semana são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
sem água, porém, pouco provável, que sobreviva mais que cinco a morte.
minutos sem oxigênio.
Direitos da pessoa que estiver sendo atendida
Alguns conceitos aplicados aos primeiros socorros
Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a O prestador de socorro deve ter em mente que a vítima possui
uma pessoa, fora do ambiente hospitalar, cujo estado físico, psíqui- o direito de recusar o atendimento. No caso de adultos, esse direito
co e ou emocional coloquem em perigo sua vida ou sua saúde, com existe quando eles estiverem conscientes e com clareza de pensa-
o objetivo de manter suas funções vitais e evitar o agravamento de mento. Isto pode ocorrer por diversos motivos, tais como: crenças
suas condições (estabilização), até que receba assistência médica religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro que for re-
especializada. alizar o atendimento. Nestes casos, a vítima não pode ser forçada a
Prestador de socorro: Pessoa leiga, mas com o mínimo de co- receber os primeiros socorros, devendo assim certificar-se de que
nhecimento capaz de prestar atendimento à uma vítima até a che- o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a ví-
gada do socorro especializado. tima, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo.
Socorrista: Titulação utilizada dentro de algumas instituições, Caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do aci-
sendo de caráter funcional ou operacional, tais como: Corpo de dente, como um trauma na boca por exemplo, mas demonstre atra-
Bombeiros, Cruz Vermelha Brasileira, Brigadas de Incêndio, etc. vés de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma negativa
Manutenção da Vida: Ações desenvolvidas com o objetivo de com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro, deve-
garantir a vida da vítima, sobrepondo à “qualidade de vida”. -se proceder da seguinte maneira:

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

- Não discuta com a vítima; - Vias aéreas - Estão desobstruídas? Existe lesão da cervical?
- Não questione suas razões, principalmente se elas forem ba- - Respiração - Está adequada?
seadas em crenças religiosas; - Circulação - Existe pulso palpável? Há hemorragias graves?
- Não toque na vítima, isso poderá ser considerado como viola- - Nível de Consciência - AVDI.
ção dos seus direitos;
- Converse com a vítima. Informe a ela que você possui treina- Pelo histórico do acidente deve-se observar indícios que pos-
mento em primeiros socorros, que irá respeitar o direito dela de sam ajudar ao prestador de socorro classificar a vítima como clínica
recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que ou traumática.
for necessário; Vítima Clínica: apresenta sinais e sintomas de disfunções com
- Arrole testemunhas de que o atendimento foi recusado por natureza fisiológica, como doenças, etc.
parte da vítima. Vítima de Trauma: apresenta sinais e sintomas de natureza
traumática, como possíveis fraturas. Devemos nesses casos atentar
No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita para a imobilização e estabilização da região suspeita de lesão.
pelo pai, pela mãe ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada
do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o 3º Avaliação Dirigida: Esta fase visa obter os componentes ne-
prestador de socorro deverá, se possível, arrolar testemunhas que cessários para que se possa tomar a decisão correta sobre os cuida-
comprovem o fato. dos que devem ser aplicados na vítima.
O consentimento para o atendimento de primeiros socorros - Entrevista rápida - SAMPLE;
pode ser: - Exame rápido;
- formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda - Aferição dos Sinais vitais - TPRPA.
com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado
como tal e ter informado à vítima que possui treinamento em pri- SAMPLE:
meiros socorros; S - sinais e sintomas;
- implícito, quando a vítima está inconsciente, confusa ou gra- A - alergias;
vemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consen- M - medicações;
tindo com o atendimento. Nesse caso, a legislação cita que a vítima P - passado médico;
daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu L - líquidos e alimentos;
desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. E - eventos relacionados com o trauma ou doença.
O consentimento implícito pode ser adotado também no caso
de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou O que o prestador de socorro deve observar ao avaliar o pulso
responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação cita que o con- e a respiração.
sentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem
presentes no local. Pulso:
Frequência: É aferida em batimentos por minuto, podendo ser
As fases do socorro: normal, lenta ou rápida.
Ritmo: É verificado através do intervalo entre um batimento e
1º Avaliação da cena: a primeira atitude a ser tomada no lo- outro. Pode ser regular ou irregular.
cal do acidente é avaliar os riscos que possam colocar em perigo a Intensidade: É avaliada através da força da pulsação. Pode ser
pessoa prestadora dos primeiros socorros. Se houver algum perigo cheio (quando o pulso é forte) ou fino (quando o pulso é fraco).
em potencial, deve-se aguardar a chegada do socorro especializa-
Respiração:
do. Nesta fase, verifica-se também a provável causa do acidente, o
Frequência: É aferida em respirações por minuto, podendo ser:
número de vítimas e a provável gravidade delas e todas as outras
normal, lenta ou rápida.
informações que possam ser úteis para a notificação do acidente,
Ritmo: É verificado através do intervalo entre uma respiração e
bem como a utilização dos equipamentos de proteção individual
outra, podendo ser regular ou irregular.
(EPI - luvas, mascaras, óculos, capote, etc) e solicitação de auxílio
Profundidade: Deve-se verificar se a respiração é profunda ou
a serviços especializados como: Corpo de Bombeiros (193), SAMU
superficial.
(192), Polícia Militar (190), polícia Civil (147), Defesa Civil (363
1350), CEB (0800610196), Cruz Vermelha, etc.
Nesta fase o prestador de socorro deve atentar-se para: Sinais Vitais
(TPRPA) Tempe- Pulso Respiração
Avaliar a situação: ratura
- Inteirar-se do ocorrido com tranquilidade e rapidez; Adulto 60 a 100 bpm
- Verificar os riscos para si próprio, para a vítima e terceiros; Fria Adulto 12 a 20 ipm
Criança 80 a
- Criar um rápido plano de ação para administrar os recursos Normal Criança 20 a 30 ipm
120 bpm
materiais e humanos visando garantir a eficiência do atendimento. Quente Bebê 30 a 60 ipm
Bebê 100 a 160 bpm
Manter a segurança da área:
- Proteger a vítima do perigo mantendo a segurança da cena; Pressão Arterial
- Não tentar fazer sozinho mais do que o possível.
VN <130mmHg sistólica e <80mmHg diastólica
Chamar por socorro especializado:Assegurar-se que a ajuda es- - estenda o braço da vítima com a mão em supinação;
pecializada foi providenciada e está a caminho. - enrole o manguito vazio no ponto médio do braço;
2º Avaliação Inicial: fase de identificação e correção imediata - feche a válvula perto da pêra;
dos problemas que ameaçam a vida a curto prazo, sendo eles: - apalpe a artéria braquial;

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

- bombeie o manguito até cessar o pulso; 16 - Inspecionar e apalpar a face (olhos e mandíbula);
- coloque o estetoscópio encima do local do pulso braquial;
- libere o ar vagarosamente até ouvir o 1º som de “korotkoff”; 17 - Inspecionar e apalpar os ombros, clavícula e tórax;
- observe no mostrador os mmHg no momento do 1º som (sís- 18 - Inspecionar e apalpar os quatro quadrantes abdominais;
tole);
19 - Inspecionar e apalpar a região pélvica e genitália;
- continue esvaziando até para o som de “korotkoff”;
- observe no mostrador os mmHg no último som (diástole); 20 - Inspecionar e apalpar os membros inferiores (PPSM)
- continue esvaziando totalmente o manguito; 21 - Inspecionar e apalpar os membros superiores (PPSM)
- anote os valores da PA e a hora, ex: 130x80 mmHg 10:55 h.
ESTABILIZAÇÃO E TRANSPORTE
4º Avaliação Física Detalhada: nesta fase examina-se da cabeça 22 - Realizar o rolamento avaliando a região dorsal;
aos pés da vítima, procurando identificar lesões. 23 - Identificar e prevenir o estado de choque;
Durante a inspeção dos membros inferiores e superiores deve-
-se avaliar o Pulso, Perfusão, Sensibilidade e a Motricidade (PPSM) 24 - Transporte (preferencialmente pelo serviço especializado)
5º Estabilização e Transporte: nesta fase finaliza-se o exame da AVALIAÇÃO CONTINUADA
vítima, avalia-se a região dorsal, previne-se o estado de choque e
25 - Reavaliar vítimas - Críticas e instáveis a cada 3 minutos;
prepara-se para o transporte.
26 - Reavaliar vítimas - Potencialmente instáveis e estáveis a
6º Avaliação Continuada: nesta fase, verificam-se periodica- cada 10 minutos
mente os sinais vitais e mantém-se uma constante observação do
aspecto geral da vítima. Remoção do acidentado: A remoção da vítima, do local do aci-
Reavaliar vítimas - Críticas e Instáveis a cada 3 minutos; dente para o hospital, é tarefa que requer da pessoa prestadora de
primeiros socorros o máximo de cuidado e correto desempenho.
Reavaliar vítimas - Potencialmente Instáveis e Estáveis a cada Antes da remoção:
10 minutos. - Tente controlar a hemorragia;
Críticas: PCR e parada respiratória. - Inicie a respiração de socorro;
Instáveis: hemorragias III e IV, estado de choque, queimaduras, - Execute a massagem cardíaca externa;
etc. - Imobilize as fraturas;
Potencialmente Instáveis: hemorragias II, fraturas, luxações, - Evite o estado de choque, se necessário.
queimaduras, etc.
Estáveis: hemorragias I, entorses, contusões, cãibras, disten- Para o transporte da vítima, podemos utilizar: maca ou padiola,
sões, etc. ambulância, helicóptero ou recursos improvisados (Meios de For-
tuna):
- Ajuda de pessoas;
SEQUÊNCIA DAS FASES DO SOCORRO AVALIAÇÃO DA CENA
- Maca;
01 - Segurança da cena; - Cadeira;
02 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI) - Tábua;
- Cobertor;
03 - Solicitação de Recursos Adicionais (CBM, CVB, PM, PC, CEB, - Porta ou outro material disponível.
etc.)
AVALIAÇÃO INICIAL Como proceder
04 - Impressão geral da vítima (clínica ou trauma);
Vítima consciente e podendo andar: Remova a vítima apoian-
05 - Nível de consciência: Alerta, Verbaliza, Doloroso ou Incons- do-a em seus ombros.
ciente - AVDI;
06 - Abrir vias aéreas sem comprometer a coluna cervical; Vítima consciente não podendo andar:
- Transporte a vítima utilizando dos recursos aqui demonstra-
07 - Avaliar a respiração: Ver, Ouvir e Sentir - VOS;
dos, em casos de:
08 - Avaliar circulação: presença de pulso carotídeo; - Fratura, luxações e entorses de pé;
09 - Pesquisar e controlar hemorragias; - Contusão, distensão muscular e ferimentos dos membros in-
feriores;
10 - Classificar o CIPE - Crítico, Instável, Potencialmente Instável - Picada de animais peçonhentos: cobra, escorpião e outros.
ou Estável;
11 - Inspecionar, mensurar e colocar o colar cervical.
AVALIAÇÃO DIRIGIDA
12 - Entrevista rápida - SAMPLE;
13 - Exame rápido - limitado a uma lesão grave aparente;
14 - Sinais vitais: Temperatura, Pulso, Respiração e Pressão Ar-
terial - TPRPA
AVALIAÇÃO FÍSICA DETALHADA
15 - Inspecionar e apalpar a cabeça (fronte, crânio e orelhas);

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Vítima consciente ou inconsciente: Como remover a vítima, uti-


lizando-se de cobertor ou material semelhante:

Como remover vítima de acidentados suspeitos de fraturas de


coluna e pelve:
- Utilize uma superfície dura - porta ou tábua (maca improvi-
sada);
Vítima inconsciente: - Solicite ajuda de pelo menos cinco pessoas para transferir o
- Como levantar a vítima do chão sem auxílio de outra pessoa: acidentado do local encontrado até a maca;
- Movimente o acidentado como um bloco, isto é, deslocando
todo o corpo ao mesmo tempo, evitando mexer separadamente a
cabeça, o pescoço, o tronco, os braços e as pernas.
Pegada de rede:

- Como levantar a vítima do chão com a ajuda de uma ou mais


pessoas.
Pegada Cavaleiro:

Como remover acidentado grave não suspeito de fratura de co-


luna vertebral ou pelve, em decúbito dorsal: Utilize macas improvi-
sadas como: portas, cobertores, cordas, roupas, etc.;

Importante:
- Evite paradas e freadas bruscas do veículo, durante o trans-
porte;
- Previna-se contra o aparecimento de danos irreparáveis ao
acidentado, movendo-o o menos possível
- Solicite, sempre que possível, a assistência de um médico na
remoção de acidentado grave;
- Não interrompa, em hipótese alguma, a respiração de socorro
e a compressão cardíaca externa ao transportar o acidentado.

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Hemorragias: Sistema respiratório: dificuldade de respirar e edema da árvore


respiratória;
É a perda de sangue provocada pelo rompimento de um vaso Sistema circulatório: dilatação dos vasos sanguíneos, queda da
sanguíneo, podendo ser arterial, venosa ou capilar. PA, pulso fino e fraco, palidez.
Toda hemorragia deve ser controlada imediatamente. A he- Como se manifesta
morragia abundante e não controlada pode causar a morte de 3 a - Pele fria e úmida;
5 minutos. - Sudorese (transpiração abundante) na testa e nas palmas das
Classificação quanto ao volume de sangue perdido: mãos;
Classe I perda de até 15% do volume sanguíneo (adulto de 70 - Palidez;
kg = até 750 ml de sangue), apresenta discreta taquicardia; - Sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores;
Classe II perda de 15 a 30% do volume sanguíneo (adulto de 70 - Náusea e vômitos;
kg = até 750 a 1.500 ml de sangue), apresenta taquicardia, taquip- - Respiração curta, rápida e irregular;
neia, queda da PA e ansiedade; - Perturbação visual com dilatação da pupila, perda do brilho
Classe III perda de 30 a 40% do volume sanguíneo (adulto de 70 dos olhos;
kg = 2 litros, de sangue), apresenta taquicardia, taquipneia, queda - Queda gradual da PA;
da PA e ansiedade, insuficiente perfusão; - Pulso fraco e rápido;
Classe IV perda de mais de 40% do volume sanguíneo (adulto - Enchimento capilar lento;
de 70 kg = acima de 2 litros, de sangue), apresenta acentuado au- - Inconsciência total ou parcial.
mento da FC e respiratória, queda intensa da PA.
Como proceder
Como proceder (técnicas de hemostasia): - Realize uma rápida inspeção na vítima;
- Mantenha a região que sangra em posição mais elevada que
- Combata, evite ou contorne a causa do estado de choque, se
o resto do corpo;
possível;
- Use uma compressa ou um pano limpo sobre o ferimento,
- Mantenha a vítima deitada e em repouso;
pressionando-o com firmeza, a fim de estancar o sangramento;
- Controle toda e qualquer hemorragia externa;
- Comprima com os dedos ou com a mão os pontos de pressão,
onde os vasos são mais superficiais, caso continue o sangramento; - Verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da boca,
- Dobre o joelho - se o ferimento for na perna; o cotovelo - se se necessário, secreção, dentadura ou qualquer outro objeto;
no antebraço, tendo o cuidado de colocar por dentro da parte do- - Inicie a respiração de socorro boca a boca, em caso de parada
brada, bem junto da articulação, um chumaço de pano, algodão ou respiratória;
papel; - Execute a compressão cardíaca externa associada à respiração
- Evite o estado de choque; de socorro boca a boca, se a vítima apresentar ausência de pulso e
- Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi- dilatação das pupilas (midríase);
mo. - Afrouxe a vestimenta da vítima;
- Vire a cabeça da vítima para o lado, caso ocorra vômito;
Desmaio e estado de choque: É o conjunto de manifestações - Eleve os membros inferiores cerca de 30 cm, exceto nos casos
que resultam de um desequilíbrio entre o volume de sangue circu- de choque cardiogênicos (infarto agudo do miocárdio, arritmias e
lante e a capacidade do sistema vascular, causados geralmente por: cardiopatias) pela dificuldade de trabalho do coração;
choque elétrico, hemorragia aguda, queimadura extensa, ferimento - Procure aquecer a vítima;
grave, envenenamento, exposição a extremos de calor e frio, fratu- - Avalie o status neurológico (ECG);
ra, emoção violenta, distúrbios circulatórios, dor aguda e infecção - Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi-
grave. mo.

Tipos de estado de choque: Queimaduras, Insolação e Intermação

Choque Cardiogênico: Incapacidade do coração de bombear Queimaduras: São lesões dos tecidos produzidas por substân-
sangue para o resto do corpo. Possui as seguintes causas: infarto cia corrosiva ou irritante, pela ação do calor ou frio e de emanação
agudo do miocárdio, arritmias, cardiopatias. radioativa. A gravidade de uma queimadura não se mede somente
Choque Neurogênico: Dilatação dos vasos sanguíneos em fun- pelo grau da lesão (superficial ou profunda), mas também pela ex-
ção de uma lesão medular. Geralmente é provocado por traumatis- tensão ou localização da área atingida.
mos que afetam a coluna cervical (TRM e/ou TCE).
Choque Séptico: Ocorre devido a incapacidade do organismo
Classificação das Queimaduras
em reagir a uma infecção provocada por bactérias ou vírus que
penetram na corrente sanguínea liberando grande quantidade de
1º Grau: lesão das camadas superficiais da pele com:
toxinas.
Choque Hipovolêmico: Diminuição do volume sanguíneo. Pos- - Eritema (vermelhidão);
sui as seguintes causas: - Dor local suportável;
Perdas sanguíneas - hemorragias internas e externas; - Inchaço.
Perdas de plasma - queimaduras e peritonites; 2º Grau: Lesão das camadas mais profundas da pele com:
Perdas de fluídos e eletrólitos - vômitos e diarreias. - Eritema (vermelhidão);
Choque Anafilático: Decorrente de severa reação alérgica. - Formação de Flictenas (bolhas);
Ocorrem as seguintes reações: - Inchaço;
Pele: urticária, edema e cianose dos lábios; - Dor e ardência locais, de intensidades variadas.

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

3º Grau: Lesão de todas as camadas da pele, comprometendo - Dificuldade respiratória;


os tecidos mais profundos, podendo ainda alcançar músculos e os- - Inconsciência.
sos. Estas queimaduras se apresentam:
- Secas, esbranquiçadas ou de aspecto carbonizadas, Como proceder
- Pouca ou nenhuma dor local; - Remova a vítima para um lugar fresco e arejado;
- Pele branca escura ou carbonizada; - Afrouxe as vestes da vítima;
- Não ocorrem bolhas. - Mantenha o acidentado em repouso e recostado;
Queimaduras de 1º, 2º e 3º grau podem apresentar-se no mes- - Aplique compressas geladas ou banho frio, se possível;
mo acidentado. O risco de morte (gravidade do caso) não está no - Procure o hospital mais próximo.
grau da queimadura, e sim na extensão da superfície atingida e ou
da localidade da lesão. Quanto maior a área queimada, maior a gra- Intermação: Perturbação do organismo causada por excessivo
vidade do caso. calor em locais úmidos e não arejados, dificultando a regulação tér-
mica do organismo.
Avaliação da Área Queimada
Como se manifesta
Use a “regra dos nove” correspondente a superfície corporal: - Dor de cabeça e náuseas;
Genitália 1% - Palidez acentuada;
Cabeça 9% - Sudorese (transpiração excessiva);
Membros superiores 18% - Pulso rápido e fraco;
Membros inferiores 36% - Temperatura corporal ligeiramente febril;
Tórax e abdômen (anterior) 18% - Inconsciência.
Tórax e região lombar (posterior) 18%
Considere: Como proceder
Pequeno queimado - menos de 10% da área corpórea; - Remova a vítima para um lugar fresco e arejado;
Grande queimado - Mais de 10% da área corpórea; - Afrouxe as vestes da vítima;
- Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que
Importante: Área corpórea para crianças: o resto do corpo.

Cabeça 18% Asfixia e Afogamento


Membros superiores 18%
Membros inferiores 28% Asfixia: Dificuldade ou parada respiratória, podendo ser pro-
Tórax e abdômen (anterior) 18% vocada por: choque elétrico, afogamento, deficiência de oxigênio
Tórax e região lombar (posterior) 13% atmosférico, Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVA-
Nádegas 5% CE), etc. A falta de oxigênio pode provocar sequelas dentro de 3 a 5
minutos, caso não haja atendimento conveniente.
Como proceder
- Afastar a vítima da origem da queimadura; Como se manifesta
- Retire as vestes, se a peça for de fácil remoção. Caso contrário, - Atitudes que caracterizem dificuldade na respiração;
abafe o fogo envolvendo-a em cobertor, colcha ou casaco; - Ausência de movimentos respiratórios;
- Lave a região afetada com água fria e abundante (1ºgrau); - Inconsciência;
- Não esfregue a região atingida, evitando o rompimento das - Cianose (lábios, língua e unhas arroxeadas);
bolhas; - Midríase (pupilas dilatadas);
- Aplique compressas úmidas e frias utilizando panos limpos; - Respiração ruidosa;
- Faça um curativo protetor com bandagens úmidas; - Fluxo aéreo diminuído ou ausente.
- Mantenha o curativo e as compressas úmidas com soro fisio-
lógico; Como proceder
- Não aplique unguentos, graxas, óleos, pasta de dente, marga- - Encoraje ou estimule a vítima a tossir;
rina, etc. sobre a área queimada; - Caso a vítima esteja consciente, aplique 5 manobras de Hei-
- Mantenha a vítima em repouso e evite o estado de choque; mlich.
- Procure um médico. - Caso esteja inconsciente, aplique duas insulflações e observe
Importante: Nas queimaduras por soda cáustica, devemos lim- sinais da passagem do ar (expansão de tórax); caso não haja, in-
par as áreas atingidas com uma toalha ou pano antes da lavagem, tercale 5 Heimlich com a inspeção das vias aéreas para observar a
pois o contato destas substâncias com a água cria uma reação quí- expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, percebendo a parada
mica que produz enorme quantidade de calor. respiratória e notando sinais da passagem do ar, mantenha 1 insu-
flação a cada 5 segundos (12 ipm) até a retomada da respiração ou
Insolação: É uma perturbação decorrente da exposição direta e chegada do socorro especializado.
prolongada do organismo aos raios solares. - Para lactentes conscientes, aplique 5 compressões do tórax
intercalado de 5 tapotagens (como no desenho) e inspeção das vias
Como se manifesta aéreas;
- Pele seca, quente e avermelhada;
- Pulso rápido e forte;
- Dor de cabeça acentuada;
- Sede intensa;
- Temperatura do corpo elevada;

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

- Para lactentes inconsciente, aplique duas insulflações (so- Ressuscitação Cárdio Pulmonar (Rcp):
mente o ar que se encontra nas bochechas) e observe sinais da Conjunto de medidas emergenciais que permitem salvar uma
passagem do ar (expansão de tórax). Caso não haja, intercale 5 vida pela falência ou insuficiência do sistema respiratório ou car-
Heimlich (como no desenho) com a inspeção das vias aéreas para diovascular. Sem oxigênio as células do cérebro morrem em 10
observar a expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, se perceber minutos. As lesões começam após 04 minutos a partir da parada
a parada respiratória e notar sinais da passagem do ar, mantenha 1 respiratória.
insuflação a cada 3 segundos (20 ipm) até a retomada da respiração
ou chegada do socorro especializado. Causas da parada cardiorrespiratória (pcr):
- Asfixia;
- Intoxicações;
- Traumatismos;
- Afogamento;
- Eletrocussão (choque elétrico);
- Estado de choque;
- Doenças.

Como Se Manifesta
- Perda de consciência;
- Ausência de movimentos respiratórios;
- Ausência de pulso;
- Cianose (pele, língua, lóbulo da orelha e bases da unhas ar-
roxeadas);
- Midríase (pupilas dilatadas e sem foto reatividade).

Como proceder

Nova Regra de Ressuscitação (18/10/2010)


De acordo com as novas diretrizes de ressuscitação cardiopul-
monar, divulgadas, a massagem cardíaca sem a respiração boca
- Em caso de parada cardiorrespiratória (ausência de pulso), a boca é tão eficaz quanto os dois procedimentos em sequência,
executar a reanimação cárdio pulmonar (RCP); quando realizada por leigos. Segundo a AHA (American Heart As-
- Procure o hospital mais próximo. sociation), órgão americano que divulgou as novas normas, as
chances de sucesso de uma pessoa que faz a massagem cardíaca
Afogamento: Asfixia provocada pela imersão em meio líquido. corretamente são praticamente as mesmas de quem opta pela do-
Geralmente ocorre por câimbra, mau jeito, onda mais forte, inun- bradinha, além de contar com a vantagem de se ganhar tempo –
dação ou enchente e por quem se lança na água sem saber nadar. essencial no processo.
Como se manifesta Pela nova norma, a respiração deve ainda ser padrão para os
- Agitação; profissionais de saúde, que sabem fazê-la com a qualidade e agilida-
- Dificuldade respiratória; de adequada. Se a vítima da parada cardíaca não receber nenhuma
- Inconsciência; ajuda em até oito minutos, a chance de ela sobreviver não passa de
- Parada respiratória; 15%. Já ao receber a massagem, a chance aumenta para quase 50%
- Parada cardíaca. até a chegada da equipe de socorro, que assumirá o trabalho
Como proceder - 1º. Antes de ajudar o desacordado, tenha certeza de que o
- Tente retirar a vítima da água utilizando material disponível lugar é seguro para você e para fazer o atendimento. Caso contrário,
(corda, boia, remo, etc.) serão duas vítimas.
- Em último caso e se souber nadar muito bem, aproxime-se - 2º. Avalie o nível de consciência da vítima, vendo se está acor-
da vítima pelas costas, segure-a e mantenha-a com a cabeça fora dada e perguntando se está bem.
d’água (cuidado com o afogamento duplo); - 3º. Ver se a pessoa tem algum sinal de vida, se está respiran-
- Coloque a vítima deitada em decúbito dorsal, quando fora do. Para isso, recline a cabeça dela, levantando levemente o queixo
d’água; para cima. Chegue próximo ao rosto e sinta se há respiração, mes-
- Insista na respiração de socorro se necessário, o mais rápido mo que espaçada. Se não houver, comece a massagem cardíaca.
possível; - 4º. Conhecida no termo médico como compressão torácica, a
- Execute a compressão cardíaca externa se a vítima apresentar massagem cardíaca deve ser realizada no meio do peito (entre os
ausência de pulso e midríase (pupilas dilatadas); dois mamilos), com o movimento das mãos entrelaçadas (uma em
- Friccione vigorosamente os braços e as pernas da vítima, esti- cima da outra) sob braços retos, que devem fazer ao menos cem
mulando a circulação; movimentos de compressão por minuto, de forma rápida e forte.
- Aqueça a vítima; Os movimentos servem para retomar a circulação do sangue e,
- Remova a vítima para o hospital mais próximo. consequentemente de oxigênio, para o coração e o cérebro, inter-
rompida quando o coração para. Não espere mais de dez segundos
para começar a compressão e a faça até o resgate chegar, sem qual-
quer interrupção. Como demanda esforço físico, tente revezar com
outra pessoa, de forma coordenada, se puder.

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

O cardiologista explica que a mudança se deu com o intuito de Fraturas: O primeiro socorro consiste apenas em impedir o des-
facilitar o processo e impedir que pessoas desistam de fazê-lo pelo locamento das partes fraturadas, evitando maiores danos.
receio de encostar sua boca na boca de desconhecidos. Algumas - Fechadas
pesquisas nos Estados Unidos mostraram que o número de ressus- - Expostas
citações havia diminuído muito em cidades onde o número era alto,
por causa do medo de contrair doenças pela boca. Não faça: não desloque ou arraste a vítima até que a região sus-
peita de fratura tenha sido imobilizada, a menos que haja eminente
Respiração de Socorro Método de Silvester (Modificado) perigo (explosões ou trânsito).

Este método é aplicado nos casos em que não se pode em- Luxações ou deslocamentos das juntas (braço, ombro)
pregar o método boca a boca (traumatismos graves de face, enve- - Tipoia
nenamento por cianureto, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, soda Entorses e distensões
cáustica, fenol e outras substâncias cáusticas). O método silvestre - Trate como se fosse fraturas.
permite não só o restabelecimento dos movimentos respiratórios - Aplique gelo e compressas frias no local.
como os do coração.
Contusões
Como proceder - Providencias: repouso do local (imobilização), compressas
- Desobstrua a boca e a garganta da vítima, fazendo tração da frias.
língua e retirando corpos estranhos e secreção; Qualquer vitima que estiver inconsciente pode ter sofrido pan-
- Coloque a vítima em decúbito dorsal; cada na cabeça (concussão cerebral).
- Eleve o tórax da vítima com auxílio de um travesseiro, cober-
tor dobrado, casaco ou pilha de jornal, inclinando sua cabeça para Ferimentos
trás, provocando a hiperextensão do pescoço;
- Ajoelhe-se, coloque a cabeça da vítima entre suas pernas e A - leves ou superficiais
com os braços paralelos ao corpo; Procedimentos: Faca limpeza do local com soro fisiológico ou
- Segure os punhos da vítima, trazendo seus braços para trás e água corrente, curativo com mercúrio cromo ou iodo e cubra o feri-
para junto de suas pernas (rente ao solo); mento com gaze ou pano limpo, encaminhando a vitima ao pronto
- Volte com os braços da vítima para frente (rente ao solo), cru- Socorro ou UBS. Não tente retirar farpas, vidros ou partículas de
zando-os sobre o peito (parte inferior do externo 2 cm do processo metal do ferimento.
xifóide);
- Pressione o tórax da vítima 05 vezes seguidas; B - ferimentos extensos ou profundos
- Volte os braços da vítima para a posição inicial e reinicie o
método. 1 - ferimentos abdominais abertos
Procedimentos: evite mexer em vísceras expostas, cubra com
Equipamentos para socorros de urgência (sugestão): compressa úmida e fixe-a com faixa, removendo a vitima com cui-
Prepare sua caixa de primeiros socorros antes de precisar dela. dado a um pronto-socorro mais próximo.
Amanhã, uma vida poderá depender de você.
2 - ferimentos profundos no tórax
- Algodão - Esparadrapo - Papel e caneta Procedimentos - cubra o ferimento com gaze ou pano limpo,
evitando entrada de ar para o interior do tórax, durante a inspira-
- Ataduras - Estetoscópio - Pinças hemostáticas ção.
- Atadura elástica - Gaze esterilizada - Respirador “Ambu” Aperte moderadamente um cinto ou faixa em torno do tórax
para não prejudicar a respiração da vitima.
- Cobertor térmico - Lenço Triangular - Sabão
3 - ferimentos na cabeça
- Luva de procedi- Procedimentos: afrouxe suas roupas, mantenha a vitima dei-
- Colar cervical - Soro fisiológico
mentos tada em decúbito dorsal, agasalhada, faca compressas para conter
- Compressas lim- hemorragias, removendo-a ao PS mais próximo.
- Máscaras - Talas variadas
pas
C - Ferimentos Perfurantes: São lesões causadas por acidente
- Curativos prote- com vidros metais, etc.
- Micropole - Telefones úteis
tores
- Cânulas de Gue- - Maca rígida ou 1 - farpas - Prenda-as com uma atadura sobre uma gaze.
- Tesoura
del KED 2 - atadura - Nos dedos, mãos, antebraço ou perna, cotovelo ou
- Esfignomanôme- - Óculos de prote- joelho - Como fazer.
- Válvula para RCP 3 - bandagem - Serve para manter um curativo, uma imobili-
tro ção
zação de fratura ou conter provisoriamente uma parte do corpo
lesada.
Lesões nos ossos e articulações
Lesões na espinha (coluna)
Cuidados:
Providências: Cuidado no atendimento e no transporte (imobi-
- a região deve estar limpa;
lização correta)
- os músculos relaxados;
- começar das extremidades dos membros lesados para o cen-
tro;

39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Importante: qualquer enfaixamento ou bandagem que provo- Esmagamento: É uma lesão grave, que afeta os membros.
que dor ou arroxeamento na região deve ser afrouxado imediata- Ocorre nos desastres de trem, atropelamentos por veículos pesa-
mente. dos, desmoronamentos etc. O membro atingido sofre verdadeiro
trituramento, com fratura exposta, hemorragia e estado de choque
Torniquetes: São utilizados somente para controlar hemorra- da vítima, que necessitará de socorro imediato para não sucumbir
gias nos casos em que a vítima teve o braço ou a perna amputada por anemia aguda ou choque. Quando o movimento tem de ser
ou esmagadas. destacado do corpo, a operação recebe o nome de amputação trau-
mática. Há também os pequenos esmagamentos, afetando dedos,
Procura-se diminuir os ferimentos do ferido e, sobretudo, im- mão, e cuja repercussão sobre o estado geral é bem menor. Resis-
pedir a sua morte imediata. Evidentemente, o primeiro socorro, tindo a vítima à anemia aguda e ao choque, poderá estar ainda su-
que pode ser feito mesmo por uma pessoa leiga, servirá para que jeita à infecção, especialmente gangrenosa e tetânica.
o acidentado aguarde a chegada do médico, ou seja, transportado Choque: É um estado depressivo decorrente de um traumatis-
para o hospital mais próximo. Para que alguém se torne útil num mo violento, hemorragia acentuada ou queimadura generalizada.
socorro urgente, deve ter algumas noções sobre a natureza da lesão Pode também ocorrer em pequenos ferimentos, como os que pe-
e como proceder no caso. netram o tórax. Caracteriza-se pelos seguintes sintomas: palidez da
Natureza da Lesão: Inicialmente, cumpre saber que se dá o face, com lábios arroxeados ou descorados, se há hemorragia; pele
nome de traumatismo a toda lesão produzida no indivíduo por um fria, principalmente nas mãos e nos pés; suores frios e viscosos na
agente mecânico (martelo, faca, projétil), físico (eletricidade, calor, face e no tronco; prostração acentuada e voz fraca; falta de ar, res-
irradiação atômica), químico (ácido fênico, potassa cáustica) ou, piração rápida e ansiedade; pulso fraco e rápido; sede, sobretudo
ainda, biológico (picada de animal venenoso). De acordo com essa se há hemorragia; consciência presente, embora diminuída. Como
classificação, devem-se considerar alguns tipos de lesões (e suas primeiro socorro, precisa-se deitar o paciente em posição horizon-
consequências imediatas) a requerer socorro urgente. tal e, havendo hemorragia, elevar os membros e estancar o sangue,
aquecendo-se o corpo moderadamente, por meio de cobertores.
Contusão: É o traumatismo produzido por uma lesão, que tanto Hemorragia: É a perda sanguínea através de um ferimento ou
poderá traduzir-se por uma mancha escura (equimose) como por pelos orifícios naturais, como as narinas. Quando a hemorragia ul-
um tumor de sangue (hematoma); este, quando se localiza na cabe- trapassa 500g no adulto, ocorre a anemia aguda, cujos sintomas se
ça, é denominado, vulgarmente, ‘galo’. As contusões são dolorosas assemelham aos do choque (palidez, sede, escurecimento da vis-
e não se acompanham de solução de continuidade da pele. A parte ta, pulso fraco, descoramento dos lábios, falta de ar e desmaios).
contundida deve ficar em repouso sob a ação da bolsa de gelo nas A hemorragia venosa caracteriza-se por sangue escuro, jato lento
primeiras horas e do banho de luz nos dias subsequentes. e contínuo (combate-se pela compressão local e não pelo garrote).
A hemorragia arterial se distingue pelo sangue vermelho rutilante
Ferida: É o traumatismo produzido por um corte sobre a super- em jato forte e intermitente (combate-se pela compressão local,
fície do corpo. Corte ou ferida pode ser superficial, afetando apenas quando pequena, e pelo garrote, quando grande). O paciente, em
a epiderme (escoriação ou arranhadura), ou profundo, provocando caso de anemia aguda, deve ser tratado como no caso do choca-
hemorragia às vezes mortal. Sendo o ferimento produzido por um do, requerendo ainda transfusões de sangue, quando sob cuidados
punhal, canivete ou projétil, os órgãos profundos, como o coração, médicos.
podem ser atingidos, causando a morte. As feridas podem ser ainda Queimadura: É toda lesão produzida pelo calor sobre a super-
punctiformes (espetadela de prego), lineares (navalha), irregulares fície do corpo, em graus maiores ou menores de extensão (quei-
(ferida do couro cabeludo, por queda). Não se deve esquecer que madura localizada ou generalizada) ou de profundidade (1º, 2º, e
um pequeno ferimento produzido nos dedos ou na mão pode acar- 3º graus). Consideram-se ainda queimaduras as lesões produzidas
retar paralisias definitivas em virtude de serem aí muitos superfi- por substância cáustica (ácido fênico), pela eletricidade (queimadu-
ciais os tendões e os nervos. Além disso, as feridas podem contami- ra elétrica), pela explosão atômica e pelo frio. As diversas formas
nar-se facilmente, dando lugar a uma infecção purulenta, com febre de calor (chama, explosão, vapor das caldeiras, líquidos ferventes)
e formação de íngua. As feridas poluídas de terra, fragmentos de são, na verdade, as causas principais das queimaduras. São parti-
roupa etc., estão sujeitas a infecção, inclusive tetânica. Numa emer- cularmente graves nas crianças e na forma generalizada. Assim, a
gência, deve-se proteger uma ferida com um curativo qualquer e mortalidade é de 9% nas queimaduras da cabeça e membros su-
procurar sustar a hemorragia. periores; 18% na face posterior ou anterior do tronco, e 18% nos
membros inferiores. Como foi dito, classificam-se as queimaduras
Ferida Venenosa: É aquela produzida por um agente vulnerante em três graus: 1º grau, ou eritema, em que a pele fica vermelha e
envenenado (mordedura de cobras, picada de escorpião, flechas), com ardor (queimadura pelo sol); 2º grau ou flictema, com forma-
que inocula veneno ou peçonha nos tecidos, acarretando reação ção de bolhas, contendo um líquido gelatinoso e amarelado. Cos-
inflamatória local ou envenenamento frequentemente mortal do tuma também ser dolorosa, podendo infectar-se quando se rompe
indivíduo. O tratamento resume-se em colocar um garrote acima a bolha; e do 3º grau, ou escara, em que se verifica a mortificação
da lesão, extrair o veneno por sucção, retirar o ferrão no caso de da pele e tecidos subjacentes, transformando-se, mais tarde, numa
inseto, aplicar soro antivenenoso quando indicado, soltar o garrote ulceração sangrante, que se transforma em grande cicatriz.
aos poucos e fazer um curativo local com antisséptico e gaze este- Quando às queimaduras pequenas, basta untá-las com vaselina
rilizada. ou pomadas antissépticas, mas, quando ocorrem as queimaduras
extensas, o primeiro socorro deve dirigir-se para o estado geral con-
tra o choque, em geral iminente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Distorção: Decorre de um movimento violento e exagerado de Retirada do Local: O paciente pode ficar preso às ferragens de
uma articulação, como o tornozelo. Não deve ser confundida com um veículo, escombros de um desabamento ou desacordado pela
a luxação, em que a extremidade do osso se afasta de seu lugar. É fumaça de um incêndio. Sua remoção imediata é, então, necessária.
uma lesão benigna, embora muito dolorosa, acompanhando-se de Assim procedendo, evita-se a sua morte, o que justifica processo de
inchação da junta e impossibilidade de movimento. A imobilização remoção até certo ponto perigoso mas indispensável. O socorrista
deve ser primeiro socorro, podendo empregar-se também bolsa de deve conduzir-se com prudência e serenidade, embora, em certas
gelo, nas primeiras horas. ocasiões, a retirada do paciente deve ser a mais rápida possível. Em
Luxação: Caracteriza-se pela saída da extremidade óssea, que certas circunstâncias, será necessário recorrer ao Corpo de Bombei-
forma uma articulação, mantendo-se fora do lugar em caráter per- ros e a operários especializados, a fim de libertar a vítima. Enquanto
manente. Em certos casos a luxação se repete a um simples movi- se espeta esse socorro, deve-se tranquilizar a vítima, procurando
mento (luxação reincidente). As luxações mais comuns são as da estancar a hemorragia, se a houver, e recorrer a medidas que facili-
mandíbula e do ombro. O primeiro socorro consiste no repouso e tem a respiração, já que em certas circunstâncias pode ser precário
imobilização da parte afetada. o teor de oxigênio da atmosfera local. Isso é muito importante para
a sobrevivência do paciente.
Fratura: É toda solução de continuidade súbita e violenta de um
osso. A fratura pode ser fechada quando não houver rompimento Posição do Acidentado: O decúbito dorsal, com o corpo esten-
da pele, ou aberta (fratura exposta) quando a pele sofre solução de dido horizontalmente, é a posição mais aconselhável. A posição
continuidade no local da lesão óssea. As fraturas são mais comuns sentada favorece o desmaio e o choque, fato nem sempre do co-
ao nível dos membros, podendo ser únicas ou múltiplas. Na pri- nhecimento do leigo. Quando a vítima está inconsciente, é preciso
meira infância, é frequente a fratura da clavícula. Como causas de colocá-la de lado, ou apenas com a cabaça lateralizada, para que
fraturas citam-se, principalmente, as quedas e os atropelamentos. possa respirar melhor e não sofra asfixia no decurso do vômito. Ha-
Localizações principais: vendo fratura da mandíbula e lesões da boca, é preferível colocar
- fratura dos membros, as mais comuns, tornando-se mais gra- o paciente em decúbito ventral. Somente os portadores de lesões
ves e de delicado tratamento quanto mais próximas do tronco; do tórax, dos membros superiores e da face, desde que não sofram
- fratura da bacia, em geral grave, acompanhando-se de cho- desmaios.
que e podendo acarretar lesões da bexiga e do reto, com hemor- Identificação das Lesões: Estando o paciente em local adequa-
ragia interna; do, deve-se, imediatamente, identificar certas lesões mais sérias,
- fratura do crânio, das mais graves, por afetar o encéfalo, pro- como ferimentos que sangram, fratura do crânio, choque, anemia
tegido por aquele; as lesões cerebrais seriam responsáveis pelo aguda ou asfixia, capazes de vitimar o paciente, se algo de imediato
choque, paralisia dos membros, coma e morte do paciente. A fra- não for feito. Eis a orientação que se deve dar ao diagnóstico dessas
tura do crânio é uma ocorrência mais comum nas grandes cidades, lesões:
devido aos acidentes automobilísticos, e apresenta maior índice de - hemorragia, que se denuncia nas próprias vestes pelas man-
mortalidade em relação às demais. O primeiro socorro precisa vir chas de sangue; basta, então, rasgar a fazenda no local suspeito,
através de aparelho respiratório, pois os pacientes podem sucum- para que se localize o ferimento;
bir por asfixia. Deve-se lateralizar a cabeça, limpar-lhe a boca com - fratura do crânio, cujo diagnóstico deverá ser levantado quan-
o dedo protegido por um lenço e vigiar a respiração. Não se deve do o indivíduo, vítima de um acidente, permanece desacordado e,
esquecer que o choque pode também ocorrer, merecendo os devi- sobre tudo, se ele sangra pelo ouvido ou pelo nariz;
dos cuidados; - fratura de membros, posta em evidência pela deformação
- fratura da coluna: ocorre, em geral, nas quedas, atropela- local, dificuldade de movimentos e dor ao menor toque da lesão;
mentos e nos mergulhos em local raso, sendo tanto mais grave o - fratura da coluna vertebral, quando o paciente apresenta pa-
prognóstico quanto mais alta a fratura; suspeita-se desta fratura, ralisia de ambos os membros inferiores que permanecem dormen-
quando o paciente, depois de acidentado, apresenta-se com os tes, indolores mas sem movimentos;
membros inferiores paralisados e dormentes; as fraturas do pesco- - choque e anemia aguda, com o paciente pálido, pulso fraco,
ço são quase sempre fatais. Faz-se necessário um cuidado especial sede intensa, vista escura, suores frios e ansiedade com falta de ar;
no sentido de não praticar manobras que possam agravar a lesão - luxação, tornando-se o membro incapaz de movimentos, do-
da medula; coloca-se o paciente estendido no solo em posição ho- loroso e deformado ao nível da junta;
rizontal, com o ventre para cima; o choque também pode ocorrer - distorção, com dificuldade de movimento na articulação afe-
numa fratura dessas. tada, apresentando-se este bastante dolorosa e inchada;
- queimadura, fácil de diagnóstico pela maneira que se pro-
Irradiação Atômica: As explosões atômicas determinam dois duziu; resta verificar a sua extensão e gravidade, o que pode ser
tipos de lesões. A primeira, imediata, provocada pela ação calórica orientado pela queimadura das peças do vestuário que ficam carbo-
desenvolvida, e a segunda, de ação progressiva, determinada pela nizadas em contato com o tegumento; no caso de queimadura ge-
radioatividade. Nos pacientes atingidos, o primeiro socorro deve neralizada, suspeitar, logo, de um estado de choque e não esquecer
ser o da sua remoção do local, combate ao choque e tratamento da alta gravidade nas crianças;
das queimaduras quase sempre generalizadas. Não se pode ignorar - asfixia, que pode ocorrer nos traumatismos do tórax, de crâ-
o perigo que existe em lidar com tais enfermos, no que se refere à nio, queimaduras generalizadas e traumatismo da face. Identifica-
radioatividade. -se esta condição pela coloração arroxeada da face (cianose), a difi-
culdade de respirar e de consciência que logo se instala.

Medidas de Emergência

Após a identificação de uma das lesões já focalizadas, pode-se


seguir a seguinte orientação:

41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Estancar a hemorragia (Hemostásia): Quando a hemorragia é Remoção de corpos estranhos: Os ferimentos que se apresen-
pequena ou venenosa, é preferível fazer uma compressão sobre o tam inoculados de fragmentos de roupa, pedaços de madeira etc.,
ferimento, utilizando-se um pedaço de gaze, um lenço bem limpo podem ser lavados com água fervida se o socorro médico vai tardar;
ou pedaço de algodão; sobre este curativo passa-se uma gaze ou no caso, porém, de o corpo estranho estar representado por uma
uma tira de pano. Quando, todavia, a hemorragia é abundante ou faca ou haste metálica, que se encontra encravada profundamente,
arterial, começa por improvisar um garrote (tubo de borracha, gra- é preferível não retirá-lo, pois poderá ocorrer hemorragia mortal.
vata ou cinto) que será colocado uns quatro dedos transversos aci- No caso de empalação, deve-se serrar a haste pela sua base e trans-
ma do ferimento, apertando-se até que a hemorragia cesse. Caso o portar o paciente para o hospital, a fim de que lá seja removido o
socorro médico demore, cada meia hora afrouxa-se o garrote por corpo estranho. Quando o corpo estranho estiver prejudicando a
alguns segundos, apertando-o novamente; na hemorragia pelas respiração, como no caso dos traumatismos da boca e nariz, cum-
narinas basta comprimir com o dedo, externamente, a asa do na- pre fazer tudo para removê-lo de modo a favorecer a respiração.
riz; finalmente, em caso de hemorragia pós-parto ou pós-aborto, Não se deve esquecer que os pequenos corpos estranhos (espinhos
deve-se colocar a paciente numa posição de declive, mantendo-se de roseira, farpas de madeira, espinhos de ouriço-do-mar) podem
o quadril e os membros inferiores em nível mais elevado. Em casos servir de veículo para o bacilo de tétano, o que poderá ser fatal.
excepcionais, o ferimento pode estar localizado numa região difícil Socorro ao queimado: Faz-se necessário considerar as quei-
de se colocar um garrote; procede-se, então, pelo método da com- maduras limitadas e as generalizadas. No primeiro caso, o socorro
pressão ao nível da ferida; pode-se, inclusive, utilizar o dedo ou a urgente consistirá em proteger a superfície queimada com gaze ou
mão, num caso de extrema hemorragia. um pano limpo; no segundo caso, o choque deve ser a primeira
preocupação. Deve-se pensar nele mesmo antes que se instale, cui-
Combater o choque e a anemia aguda: Começa-se por colo- dando logo de colocar o paciente em repouso absoluto, protegê-lo
car o paciente, sem travesseiros ou qualquer suporte sob a cabeça, contra o resfriamento, fazê-lo ingerir bebidas quentes e tranquilizá-
mantendo ou membros inferiores em nível mais elevado; remo- -lo. Nesse último caso, o tratamento local ocupa um segundo plano.
vem-se todas as peças do vestuário que se encontram molhadas, Eis um resumo do tratamento local das queimaduras:
para que não se agrave o resfriamento do enfermo; cobre-se, em - queimadura do 1º grau: protege-se a superfície queimada
seguida, o seu corpo com cobertores ou roupas de que se dispõe com vaselina esterilizada ou pomada analgésica;
no momento, a fim de aquecê-lo. A vítima pode ingerir chá ou café - queimadura do 2º grau: evitar a ruptura das bolhas, fazendo
quente se estiver consciente e sem vômitos; ao mesmo tempo, de- um curativo com gaze esterilizada em que se pode estender uma
ve-se tranquilizá-la, prometendo-lhe um socorro médico imediato e leve camada de pomada antisséptica ou com antibiótico; a seguir, o
dizendo-lhe da vantagem de ficar imóvel. mesmo no caso dos quei- curativo precisa ser resguardado com algodão; quando a superfície
mados, observa-se um resfriamento das extremidades do paciente, queimada se acha suja com fragmentos queimados etc., torna-se
havendo necessidade de usar cobertores sobre o mesmo. Não con- necessária uma limpeza com sabão líquido ou água morna fervi-
vém esquecer-se, também, a sobreposição de cobertores do leito; da, utilizando-se, para isto, uma compressa de gaze; enxuga-se em
embora o aquecimento do enfermo possa tornar-se perigoso, se seguida a superfície queimada, fazendo-se um curativo com poma-
provocar sudorese. da acima referida; no caso de queimaduras poluídas com resíduos
queimados, haverá necessidade de um antibiótico e de soro anti-
tetânico.
Imobilizar as fraturas: O primeiro socorro essencial de um fra-
A renovação do curativo só deve ser feita cinco a sete dias de-
turado é a sua imobilização por qualquer meio; podem-se improvi-
pois, a não ser que haja inflamação, febre e dor; para retirá-lo basta
sar talas com ripas de madeira, pedaço de papelão, ou, no caso de
umedecer com soro fisiológico morno ou água morna fervida;
membro inferior, calha de zinco; nas fraturas de membros superior,
- queimadura do 3º grau: o tratamento é igual a queimadura do
as tipoias são mais aconselháveis. Quando o paciente é fraturado
2º grau; o problema principal é a limpeza da superfície queimada,
de coluna, a imobilização deve cingir-se ao repouso completo numa
quando esta se encontra poluída por resíduos carbonizados; nes-
posição adequada, de preferência o decúbito dorsal com extensão
te caso, pode-se empregar sabão líquido e água ou soro fisiológico
do corpo. mornos;
Vigiar a respiração: É muito importante nos traumatizados - recomendações especiais: as queimaduras do rosto e partes
observar a respiração, principalmente quando eles se encontram genitais devem receber curativos de vaselina esterilizada; as quei-
inconscientes. A respiração barulhenta, entrecortada ou impercep- maduras de 30% do corpo, sobretudo do tronco, e, principalmente,
tível deve despertar no observador a suspeita de dificuldade respi- na criança, estão sujeitas ao choque e mesmo à morte do paciente;
ratória, com a possibilidade de asfixia. Começa-se por limpar a boca exigem, portanto, um tratamento no hospital, de preferência em
do paciente de qualquer secreção, sangue ou matéria vomitada, o serviços especializados. As complicações mais terríveis das queima-
que se pode fazer entreabrindo a boca da vítima e colocando uma duras são: inicialmente, o choque; posteriormente, as infecções,
rolha entre a arcada dentária a fim de, com o dedo envolvido em inclusive tetânica, a toxemia com graves distúrbios gerais, e, final-
um lenço, proceder a limpeza. Em complemento, ao terminar a lim- mente, as cicatrizes viciosas que deformam o corpo do paciente e
peza, lateriza-se a cabeça, fecha-se a boca do paciente segurando- provocam aderências.
-lhe a cabeça um pouco para trás. Isso permitirá que a respiração
se faça melhor. Havendo parada respiratória, é preciso iniciar, ime- Socorro aos contaminados por raiva: Os indivíduos com feri-
diatamente, a respiração artificial boca a boca ou por compressão mentos produzidos por animais com hidrofobia (cão, gato, morcego
ritmada da base do tórax (16 vezes por minuto). Não se deve esque- etc.) devem Ter seus ferimentos tratados de maneiro já referida no
cer que a ventilação do local com ar puro se torna muito importante item de feridas; há, todavia, um cuidado especial na maneira de
para qualquer paciente chocado, anemiado ou asfíxico. Os fratu- identificar a raiva no animal agressor, como também de orientar i
rados da mandíbula, com lesões da língua e da boca, deverão ser paciente, sem perda de tempo, para que faça o tratamento antirrá-
colocados em decúbito ventral com a cabeça leterizada, para que a bico imediato; a rapidez do mesmo será tanto mais imperiosa quan-
respiração se torne possível. to maior o número de lesões produzidas e quanto mais próximos da
cabeça tais ferimentos.

42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Socorro ao asfixiado: Em certos tipos de traumatismo como Os produtos de um fogo são os seguintes:
aqueles que atingem a cabeça, a boca, o pescoço, o tórax; os que - O calor dissipado para o ambiente (poder calorífico), variando
são produzidos por queimaduras no decurso de um incêndio; os o risco de incêndio de acordo com a densidade da carga de incên-
que ocorrem no mar, nos soterramentos etc. poderá haver dificul- dio;
dade respiratória e o paciente corre mais risco de morrer pela asfi- - Os gases da combustão, alguns invisíveis, como por exemplo
xia do que pelas lesões traumáticas. Nesse caso, a identificação da vapor de água, dióxido e monóxido de carbono;
dificuldade respiratória pela respiração barulhenta nos indivíduos - O fumo e os aerossóis que são produtos voláteis não gasosos;
inconscientes, pela falta de ar de que se queixam os conscientes, ou - A radiação luminosa relacionada com a temperatura e com
ainda, pela cianose acentuada do rosto e dos lábios, servirá de guia as brasas;
para o socorro à vítima. A norma principal é favorecer a passagem - Produtos não voláteis;
do ar através da boca e das narinas; colocar, inicialmente, o pacien-
te em decúbito ventral, com cabeça baixa, desobstruir a boca e as A que velocidade se pode propagar a combustão?
narinas, manter o seu pescoço em linha reta, mediante a projeção - Lenta: quando ocorre a uma temperatura baixa (inferior a
do queixo para trás, o que se poderá fazer tracionando a mandíbula 500ºC) e não existe emissão de luz.
com os dedos, como se fora para manter fechada a boca do socor- - Viva: quando é produzida luz, chama ou incandescência.
rido; se houver vômitos, vira-se a cabeça da vítima para o lado até - Deflagração: é uma combustão mais rápida cuja propagação
que cessem, limpando-lhe a boca em seguida. Não se deve esque- tem uma velocidade inferior à do som no ar (340m/s).
cer de colocar o paciente em ambiente de ventilação adequada e - Explosão: combustão resultante de uma mistura explosiva
ar puro. A parada respiratória requer imediata respiração artificial, que se propaga a mais do que 340m/s.
contínua e incessante, num ritmo de 16 vezes por minuto, até que
chegue o socorro médico, não importando que atinja uma hora ou Como se propaga um incêndio?
mais. A propagação de incêndios pode ocorrer de quatro maneiras,
Transporte do paciente: Algumas vezes é indispensável trans- de acordo com o tipo de transporte da energia:
portar a vítima utilizando meios improvisados, a fim de que se - Radiação: ocorre de forma omnidirecional através do ar, su-
beneficie de um socorro médico adequado; em princípio, o leigo portada por infravermelhos e ondas eletromagnéticas;
não deverá fazer o transporte de qualquer paciente em estado apa- - Convecção: movimentação do ar aquecido pela combustão;
rentemente grave, enquanto estiver perdendo sangue, enquanto - Condução: através de um corpo;
respirando mal, enfim, enquanto duas condições não pareçam sa- - por Projeção: de partículas inflamadas, que pode ocorrer na
tisfatórias. presença de explosões e fagulhas transportadas pelo vento.
O transporte pode por si só causar a morte de um paciente
traumatizado. Tomando em consideração essas observações, de- Quais os métodos de extinção de um incêndio?
vem-se verificar as condições gerais do enfermo, o veículo a ser - Carência ou remoção do combustível: ou seja, a diminuição da
utilizado, o tempo necessário ao transporte. Havendo meios de quantidade de material passível de incendiar-se.
comunicação, será útil pedir instruções ao hospital mais próximo. - Limitação do comburente (oxigénio é o principal): impedi-
Estabelecida a necessidade do transporte, torna-se necessário ob- mento do acesso do comburente à superfície do combustível por
servar os seguintes detalhes: asfixia ou abafamento.
- remoção do paciente para o veículo, o que deverá ser fei- - Arrefecimento: redução da temperatura dos elementos com-
to evitando aumentar as lesões existentes, sobretudo no caso de bustíveis, com água por exemplo.
fratura de coluna e de membros; em casos especiais, o transporte - Inibição: impedimento da transmissão de calor entre partícu-
pode ser feito por meio de veículos a motor, padiolas e, mais excep- las do combustível, por exemplo através de pó químico.
cionalmente por avião;
- veículo utilizado: deve atender, em primeiro lugar, ao conforto PONTOS NOTÁVEIS DA COMBUSTÃO
do paciente; os caminhões ou caminhonetes prestam-se melhor a Durante uma combustão completa nos podemos observar al-
esse mister; guns pontos que irão auxiliar na estimativa de velocidade da propa-
- caminho a percorrer: é desnecessário encarecer a importân- gação do incêndio, níveis de temperatura e riscos. Os pontos notá-
cia do repouso dos traumatizados, evitando abalos durante o trans- veis da combustão são:
porte; pode ser necessário sustá-lo, caso as condições do enfermo
se agravem; Ponto de fulgor
- acompanhante: a vítima deve ser acompanhada por pessoa É a menor temperatura na qual um combustível liberta vapor
esclarecida que lhe possa ser útil durante a viagem; em quantidade suficiente para formar uma mistura inflamável por
- observação: o transporte em avião constitui um dos melho- uma fonte externa de calor. O ponto de fulgor não é suficiente para
res pela ausência de trepidação e maior rapidez; todavia, a altitude que a combustão seja mantida.
pode ser nociva para pacientes gravemente traumatizados de tórax,
sobretudo se estiverem escarrando sangue ou com falta de ar.

ATITUDES DIANTE DE INCÊNDIOS

PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS
Um Incêndio é quando existe um fogo não controlado, o que
poderá ser bastante perigoso para pessoas, animais e bens. Mortes
podem ocorrer pela exposição a um incêndio, quer por inalação de
gases, ou pelo desmaio causado por eles ou, numa fase posterior,
pelas queimaduras graves.

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Ponto de combustão
É a temperatura mínima necessária para que um combustível Prevenir incêndios
desprenda vapores ou gases combustíveis que, combinados com É tão importante quanto saber apagá-los ou mesmo saber
oxigênio do ar e em contato com uma chama ou centelha (agente como agir corretamente no momento em que eles ocorrem.
ígneo) externa, se inflamam; e mantém-se queimando, mesmo com Início de incêndio e outros sinistros de menor vulto podem dei-
a retirada do agente ígneo, face a quantidade de vapores liberados xar de transformar-se em tragédia, se forem evitados e controlados
àquela temperatura, bem como o aumento da temperatura provo- com segurança e tranqüilidade por pessoas devidamente treinadas.
cada pela queima. Na maioria das vezes, o pânico dos que tentam se salvar faz mais
vítimas que o próprio acidente.
Uma das principais providências que a Comissão Interna de
Biossegurança pode tomar, para que qualquer acidente seja con-
trolado, é alertar todos os trabalhadores sobre as devidas precau-
ções quando ocorrer algum distúrbio ou tumulto, causados por
incidentes, como por exemplo vazamentos de gás, fumaça, fogo e
vazamento de água. O primeiro passo é detalhar em procedimen-
tos operacionais padrões que deverão ser distribuídos para todos
os trabalhadores, contendo informações sobre todas as precauções
necessárias, como: os cuidados preventivos; a conscientização so-
bre o planejamento de como atuar na hora do abandono do local
de trabalho; a indicação de medidas práticas sobre o combate e a
retirada.
Ponto de ignição ou autoignição Segundo o Corpo de Bombeiros, o mais correto inclusive é
É a temperatura mínima em que ocorre uma combustão, in- que todos os trabalhadores ou usuários da edifícação coloquem
dependente de uma fonte de ignição, como uma chama ou faísca, em prática as normas estabelecidas sobre os cuidados preventivos
quando o simples contato do combustível (em vapor, por exemplo), e o comportamento diante do incidente, promovendo exercícios,
em contato com o comburente já é o suficiente para estabelecer a através da simulação de incêndios. Esse tipo de prática contribui
reação. suficientemente para a prevenção e a segurança de todos. Mas para
É variável de extrema importância nos combustíveis usados efetuar essa operação é necessário um fator indispensável, a exis-
em motores diesel, em que a explosão se dá apenas pela pressão tência - em perfeito estado de uso e conservação - de equipamen-
e temperatura, sem a ação de uma fonte de faísca, mecanismo de tos destinados a combater incêndios.
desencadear a combustão que é relacionado com o ponto de fulgor. A prudência também é outro fator primordial no combate aos
Percebe-se o que seja o ponto de ignição, mesmo em combus- incêndios.
tíveis sólidos, facilmente, ao colocar folhas de papel sobre brasas Todos sabem que qualquer instalação predial deve funcionar
sem chamas, ou ao contato com metal ao rubro, quando o papel en- conforme as condições de segurança estabelecidas por lei, que vão
tra em combustão imediatamente, sem contato algum com chama. desde a obrigatoriedade de extintores de incêndios, hidrantes, man-
É de importância nas fenomenologias dos incêndios e seu com- gueiras, registros, chuveiros automáticos (sprinklers) e escadas com
bate, pois aos cômodos de prédios atingirem o ponto de ignição, corrimão. Entre esses equipamentos, o mais utilizado no combate a
móveis e outros materiais combustíveis entram em combustão incêndios é o extintor, que deve ser submetido a manutenção pelo
mesmo sem o contato com as chamas que iniciaram o incêndio. O menos uma vez por ano, por pessoas credenciadas e especializadas
mesmo se dá com fumaças provenientes da decomposição de plás- no assunto. É importante também, além de adquirir e conservar os
ticos e polímeros de todos os tipos, que inicialmente são produzi- equipamentos de segurança, saber manuseá-los e ensinar a todos
das apenas pela temperatura de decomposição destes terem sido os trabalhadores como acionar o alarme, funcionar o extintor ou
alcançada e posteriormente, atingindo o ponto de ignição, entram abandonar o recinto, quando necessário, sem provocar tumultos.
em combustão.
É muitas vezes confundido com o termo em inglês flash point, Regras Básicas
que significa na verdade o mesmo que Ponto de fulgor. *Mantenha sempre à vista o telefone de emergência do Corpo
de Bombeiros - 193
*Conserve sempre as caixas de incêndios em perfeita condi-
ções de uso e somente as utilize em caso de incêndio.
*Os extintores devem estar fixados sempre em locais de fácil
acesso, devidamente carregados e revisados (periodicamente).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

*Revisar periodicamente toda a instalação elétrica do prédio, Não utilize o elevador como meio de escape.
procurando inclusive constatar também a existência de possíveis Não sendo possível abandonar o edifício pelas escadas, perma-
vazamentos de gases. neça no pavimento em que se encontra, aguardando a chegada do
*Evitar o vazamento de líquidos inflamáveis. Corpo de Bombeiros.
*Evitar a falta de ventilação. Somente suba ao terraço se o edifício oferecer condições de
*Não colocar trancas nas portas de halls, elevadores, porta evacuação pelo alto, ou se a situação o exigir.
corta-fogo ou outras saídas para áreas livres. Nem obstruí-las com
materiais ou equipamentos. Instruções complementares
*Tomar cuidado com cera, utilizada nos piso,s quando dissolvi- -Desligue imediatamente o equipamento que estiver manuse-
da. Não deixar estopas ou flanelas embebidas em óleos ou graxas ando e feche as saídas de gás.
em locais inadequados. -Procure sempre manter a calma e não fume. Não tire as rou-
*Alertar sobre o ato de fumar em locais proibidos (como ele- pas. Dê o alarme.
vadores) e sobre o cuidado de atirar fósforos e pontas de cigarros -Mantenha, se possível, as roupas molhadas.
acessos em qualquer lugar. -Jogue fora todo e qualquer material inflamável que carregue
*Aconselhar os trabalhadores para que verifiquem antes de consigo.
sair de seus locais de trabalho, ao término da lornada de trabalho, -Em situações críticas feche-se no banheiro, mantendo a porta
se desligaram todos os aparelhos elétricos, como estufas, ar condi- umedecida pelo lado interno e vedada com toalha ou papel mo-
cionado, exaustores, dentre outros. lhados.
*Em caso de incêndio, informar o Corpo de Bombeiros o mais -Em condições de fumaça intensa cubra o rosto com um lenço
rápido possível: a ocorrência, o acesso mais fácil para a chegada ao molhado.
local e o número de pessoas acidentadas, inclusive nas proximida- -Não fique no peitoril antes de haver condições de salvamento,
des. proporcionadas pelo Corpo de Bombeiros. Indique sua posição no
*Nunca utilizar os elevadores no momento do incêndio. edifício acenando para o Corpo de Bombeiros com um lenço.
*Evitar aglomerações para não dificultar a ação do socorro e -Aguarde outras instruções do Corpo de Bombeiros.
manter a área junto aos hidrantes livre para manobras e estaciona- -Em caso de incêndio, se você se encontra em lugar cheio de
mento de viaturas. fumaça procure sair, andando o mais rente possível do piso, para
evitar ficar asfixiado.
NORMAS DE SEGURANÇA -Em regra geral, uma pessoa cuja roupa pegou fogo procura
Entre as normas de segurança estabelecidas por lei para as ins- correr. Não o faça: a vítima deve procurar não respirar o calor das
talações prediais, estão a conservação e a manutenção das insta- chamas. Para o evitar, dobre os braços sobre o rosto, apertando-os:
lações elétricas. Existem vários tipos de sistemas de proteção das jogue-se ao chão e role, ou envolva-se numa coberta ou num tecido
instalações elétricas, como fusível tipo rolha, disjuntor, entre ou- qualquer.
tros. Todos devem estar funcionando perfeitamente, pois qualquer -Vendo correr uma pessoa com as roupas em chamas, não a
princípio de incêndio pode ser ocasionado por descargas de curto- deixe faze-lo. Obrigue-a a jogar-se ao chão e rolar lentamente.
-circuíto. -Use de força, se necessário, para isso.
Qualquer edificação possui um projeto de circuito elétrico, que -Se for possível, use extintor ou mangueira sobre o acidentado.
dimensiona tipos e números de pontos de corrente (tomadas) ou -No caso de não haver nada por perto, jogue areia ou terra na
luz, conforme suas características de consumo. Quando na presen- vítima, enquanto ela está rolando. Se puder, envolva o acidentado
ça de uma sobrecarga este circuito não dimensionado para uma com um cobertor, lona ou com panos grossos.
corrente de curto-circuito eleva-se em muito a temperatura, ini- -Envolva primeiro o peito, para proteger o rosto e a cabeça.
ciando o processo de fusão do fio, ou pior, o início de um incêndio. Nunca envolva a cabeça da vítima, pois assim você a obriga a res-
Por este motivo cuidado com a utilização de benjamins. pirar gases.
Todos os trabalhadores devem estar sempre atentos às normas -Ao perceber um incêndio não se altere; estando num local
básicas de segurança contra incêndio para evitar acidentes. Preve- com muitas pessoas ao redor, não grite nem corra. Acate as normas
nir é a palavra de ordem e todos devem colaborar, pois é mais im- de prevenção e evite acidentes.
portante evitar incêndios do que apagá-los. -Trate de sair pelas portas principais ou de emergência, de
maneira rápida, sem gritos, em ordem, sem correrias. Nunca feche
Alarme Geral com chaves as portas principais e as de emergência.
Ao primeiro indício de incêndio, transmita o alarme geral e cha- -Não guarde panos impregnados de gasolina, óleos, cera ou
me imediatamente o Corpo de Bombeiros. outros inflamáveis.
-Após o uso do extintor, notificar o serviço de segurança para
Combate ao Fogo recarregamento.
Desligue a chave elétrica geral, em caso de curto-circuito. Pro-
cure impedir a propagação do fogo combatendo as chamas no es- Quando usar um extintor e quando deixar o local
tágio inicial. Se estiver num local em que surge um princípio de incêndio,
Utilize o equipamento de combate ao fogo disponível nas áreas você pode combatê-lo antes que ele tome proporções incontrolá-
comuns da edificação. veis. Para isso, siga as instruções abaixo:
1.Tente identificar primeiro a origem do fogo para escolher o
Evacuação da Edificação extintor mais indicado. Não se deve usar um extintor com carga de
Não sendo possível eliminar o fogo, abandone o edifício rapi- água para apagar um incêndio Classe B, porque ele pode propagar
damente, pelas escadas. Ao sair, feche todas as portas atrás de si, mais o fogo, nem de Classe C, devido aos riscos de curtos circuitos
sem trancá-las.. e choques elétricos.

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Além disso, se utilizar o PQS em equipamentos elétricos, o Os extintores de incêndio são constituídos por um cilindro de
produto que serviria para apagar o fogo“gruda” nos componentes, metal que contém um agente extintor (água, espuma, pó químico
arruinando seus circuitos elétricos (como placas-mãe de computa- ou dióxido de carbono - CO2). Quando você pressiona a alavanca
dores). Na dúvida, utilize o extintor de PQS, cujos riscos ao usuário da parte superior do cilindro, o agente confinado em seu interior é
são menores; expelido com grande pressão, parecida com a pressão utilizada em
2. Corte o lacre de plástico, torcendo-o; uma lata de aerossol (spray).
3. Retire o pino de segurança; É de extrema importância conhecer e identificar bem o incên-
4. Faça um teste rápido, pressionando o gatilho ou abrindo a dio que se vai combater, antes de escolher o extintor, um erro na
válvula; escolha pode tornar inútil o esforço de combater um incêndio, po-
5. Posicione-se a uma distância segura do foco. Se estiver ven- dendo até piorar a situação: aumentar ou espalhar ainda mais as
tando, coloque-se de uma forma que o fogo não venha na sua di- chamas, ou criar novas causas de fogo (curtos-circuitos).
reção; Os principais tipos de extintores são os seguintes:
6. Dirija o jato para a base das chamas e faça movimentos de 1. Extintor H2O: água na forma líquida (jato ou neblina);
um lado para o outro, como se você estivesse “varrendo” o fogo; 2. Extintor à base de Espuma: espuma mecânica;
7. Se o fogo estiver se propagando verticalmente, mire na base 3. Extintor de Dióxido de carbono (CO2);
das chamas e faça um movimento ascendente e lento (de baixo 4. Extintor Pó químico: bicarbonato de sódio.
para cima).
Classes de incêndio:
Outros pontos importantes: A - Materiais como madeira, papel, tecido, que se caracterizam
Se houver vários extintores, utilize-os de forma conjunta para por deixar, após a queima, resíduos como carvão e cinza. Essa clas-
obter um resultado mais rápido. se de incêndios deve ser combatida com extintores de H2O ou de
Não tente combater um incêndio que está se expandindo mui- Espuma;
to além do seu ponto de origem. B - Líquidos e gases inflamáveis, ou em sólidos que se liquefa-
Chame sempre os bombeiros – basta discar UM (1), NOVE (9), zem para entrar em combustão: gasolina, GLP (gás de cozinha), pa-
rafina, etc. Os extintores à base de água não são permitidos nesse
TRÊS (3). Mantenha os números de emergência perto dos telefones
caso;
fixos e na memória dos celulares.
C - Equipamentos elétricos energizados: motores, geradores,
Caso não lembre como usar, siga as instruções que estão no
cabos, etc. Extintores de pó químico e Dióxido de carbono são os
verso do extintor.
indicados para esse tipo de incêndio.
A questão principal aqui é que os extintores, por exemplo, ser-
Dicas de uso: Retire o pino de segurança do extintor e pressio-
vem para combater apenas o princípio do incêndio, quando ainda
ne a alavanca de operação. O jeito adequado de se usar um extintor
há pouco fogo.
de incêndio é mirá-lo diretamente no combustível, em vez de mirar
Após certo momento, não é possível controlar o fogo apenas
nas chamas.
com o uso de extintores, e deve-se utilizar os hidrantes, ligados a
uma mangueira, alimentados pela água da rede pública (o uso de O Que É Brigada De Incêndio?
hidrantes deve ser feito apenas por pessoas minimamente treina- Podemos definir a Brigada de Incêndio como um grupo de pes-
das, como brigadistas; se você não foi treinado, saia do local ime- soas – voluntárias ou não – que atuam de no(a)s:
diatamente). • Prevenção e combate a incêndios;
Quando o incêndio toma proporções ainda maiores, é absolu- • Evacuação de ambientes em risco;
tamente necessário ligar para o Corpo de Bombeiros, solicitando • Atendimento de emergências;
ajuda. • Primeiros socorros;
Por isso a importância de haver uma brigada de incêndio de • Checagem de extintores e saídas de emergência;
prontidão em locais de grande acúmulo de pessoas. Quanto mais • Etc.
pessoas, maior o número de brigadistas treinados necessários, po-
dendo-se inclusive ser necessária a contratação de profissionais Justamente por isso, eles devem ser treinados, de forma que
(bombeiros) para permanecer em prontidão. essa qualificação os mantenha organizados e preparados para a
A ação imediata e precisa enquanto incêndio está no seu início atividade. Uma vez que, elas não são necessariamente previsíveis.
é fundamental para diminuir as perdas e danos. Ou seja, sua presença em shoppings, hospitais, empresas e di-
versos outros ambientes, é uma medida de garantia aos possíveis
Qual Tipo De Extintor Eu Devo Usar? riscos ali encontrados.
A presença de fogo em local não desejado é conhecida como É muito comum ver essa equipe em locais nos quais a gran-
incêndios que são capazes de provocar, além de prejuízos materiais, de passagem de pessoas. Ou até mesmo, naqueles que utilizam ou
quedas, queimaduras e intoxicações por fumaça. guardam produtos inflamáveis (químicos).
Sabemos que existem três elementos essenciais envolvidos no Desse modo, para poder atuar dentro de um determinado am-
processo de produção do fogo: calor, oxigênio e combustível (tri- biente, é preciso realizar o credenciamento neste.
ângulo do fogo). Para acabar com um incêndio, é preciso retirar Além disso, a Brigada de Incêndio também tem como função
completamente um desses três elementos. Abafar o fogo com um treinar terceiros. Ou seja, para ensinar aos funcionários do ambien-
cobertor ou jogar água é a primeira atitude de quem está desespe- te como proceder em casos de evacuação.
rado em extinguir as chamas, mas nenhuma dessas alternativas é
tão eficiente como o extintor de incêndio. Esse objeto é essencial Como Funciona A Brigada De Incêndios?
em qualquer casa ou escritório. Embora exista uma grande possibi- A legislação para essa atividade não é igual, pois, cada esta-
lidade dele ficar na parede durante anos acumulando poeira, tam- do possui suas próprias especificações – apenas a regulamentação
bém pode acabar salvando a vida de alguém. possui nível nacional.

46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Caso os brigadistas sejam voluntariados, em geral, eles devem Sendo ainda, fundamental que este seja cadastrado no Minis-
ser funcionários do local. De modo a garantir que ele esteja ali pre- tério do Trabalho certificando sua atividade.
sente a maior parte do tempo.
Ou seja, ele exerce sua rotina comum de trabalho e em caso Já para os casos de equipes especializadas em locais com alto
ocorra algum acidente, este passa a atuar como um brigadista. risco de incêndio, esse profissional precisa ser formado em:
Mas, existem ainda empresas que contratam esse serviço para • Engenharia de Segurança do Trabalho;
garantir um atendimento pronto a qualquer segundo. O que se • Curso superior ou Graduação com curso de prevenção e com-
mostra mais vantajoso e seguro! bate a incêndios (400h) + treinamento em primeiros socorros (100
Para formar uma equipe, no entanto, existem alguns padrões horas).
de segurança a serem seguidos e um deles diz respeito aos 4 tipos
de funções: 2. O Que O Brigadista Precisa Ter?
• Coordenador geral: é o profissional com autoridade máxima Além de trabalhar e conhecer bem o local de atuação, o briga-
que coordena a equipe como um todo, independentemente se o dista precisa ter condições físicas adequadas e:
local possui uma ou mais edificações. • 18 anos ou mais;
• Chefe: esse profissional é o segundo na escala hierárquica e • Alfabetização;
sua presença se dá apenas quando existem duas ou mais edifica- • Condições físicas adequadas;
ções em uma planta. • Boa saúde;
• Líder do setor: é responsável por coordenar a equipe dentro • Ter conhecimento sobre as instalações.
de um setor específico (pavimento).
• Brigadistas: por fim, temos os profissionais capacitados que 3. Quais São Os Procedimentos Da Brigada de Incêndio?
atuam como já mencionado antes, sob comando hierárquico. Para Portanto, a Brigada atua na realização de procedimentos bási-
se tornar um, é preciso de um treinamento de pelo menos 12 horas, cos em casos de emergência, acidentes e/ou incêndios realizando:
como 4h destinadas as atividades práticas. • Análise e alerta da situação em andamento;
• Isolamento da área;
Logo, podemos perceber que existe uma hierarquia de coman- • Confinamento, extinção e relatório do sinistro;
do de modo a facilitar a coordenação de equipes. Principalmente, • Atendimentos de urgência
em ambientes muito grandes.
É possível ver que o treinamento é bastante importante, pois, Ou seja, eles atuam de forma a controlar e remediar situações
além de capacitar, ele ainda auxilia na prevenção aos riscos. até as equipes médicas e o corpo de bombeiros chegarem ao local.
Uma vez que, medidas são tomadas de antemão na checagem Por isso, eles devem atuar com base na NR-23 que diz respeito
de ambientes. Como também, no treinamento de funcionários da a proteção em casos de incêndio e tudo que envolva seu sistema de
localidade. alarme e saídas de emergência.
Com isso, a Garcia’s Engenharia desenvolveu um treinamento fonte: https://www.garciasengenharia.com.br/2019/06/28/
especializado que possui Atestado de Brigada – NR 23, para elevar a brigada-de-incendio-descubra-o-que-e-e-qual-a-sua-importancia/
segurança de pessoas e localidades.
Plano de Abandono
Para Que Serve A Brigada De Incêndio? O Plano de Abandono de Área aplica-se às edificações e áre-
Além de suas atividades já mencionadas aqui, a Brigada de In- as de risco onde se exige o plano de abandono de área, sendo um
cêndio ainda possui outras funções. plano que complementa o Plano de Prevenção e Combate a Incên-
Desse modo, juntamente com a CIPA ou Comissão Interna de dio (PPCI) e cada empresa deverá montar o seu, de acordo com o
Prevenção de Acidentes, ela atua na fiscalização de: Decreto Estadual nº 56.879/11 – Regulamento de segurança contra
• Instalações; incêndio das edificações e áreas de risco do Estado de São Paulo.
• Equipamentos de segurança; Foi criado para auxiliar na evacuação de pessoas em caso de
• Situações de riscos, de incêndios e/ou acidentes; incêndios. O procedimento é baseado nos estudos da estrutura
• Instalações elétricas. predial, seguindo rigorosamente o padrão mais seguro para deso-
cupação do local.
Quanto aos treinamentos oferecidos para equipe de um local, A Brigada de Incêndio já existente é treinada nas condições do
esse deve ser feito de forma periódica que varia de estado para es- ambiente onde o Plano de Abandono foi elaborado, proporcionan-
tado. do experiência e um vasto conhecimento nos procedimentos esta-
Apesar de a Brigada se voltar principalmente aos incêndios. Sua belecidos na Instrução técnica.
equipe possui preparo suficiente para atendimentos emergenciais.
De modo que, a pessoa receba os primeiros socorros antes de QUEM PRECISA REALIZAR PLANO DE ABANDONO?
uma equipe especializada (médicos) possam chegar ao local. • Todas as edificações que de acordo com o Decreto Estadual
Muitas vezes, esse simples “pré-atendimento” pode ser a dife- do Copo de Bombeiros:
rença entre a vida e a morte. O que faz muito importante a capaci- • Serviços de hospedagem com altura igual ou superior a 23
tação desse profissional – ou voluntariado. metros;
• Shopping centers;
1. Quem Treina Esses Profissionais? • Edificações comerciais com altura igual ou superior a 23 me-
Existe ainda um profissional especializado que é o responsável tros;
por forma equipes de brigadistas, para isso ele precisa ter formação • Serviços profissionais com altura acima de 30 metros;
em: • Edificações classificadas como educacional e cultural com al-
• Segurança; tura igual ou superior a 23 metros;
• Higiene; • Locais de reunião de público com lotação acima de 1.000 pes-
• Medicina; soas e grupo F-3;

47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

• Hangares com área superior a 5.0000 m²; 4 – Grupo de Apoio


• Grupo H-2, H-3, H-5 - com qualquer altura; A composição é efetuada pelos integrantes da CIPA (Comissão
• Grupo I-2 com altura igual ou superior a 23 metros; Interna de Prevenção de Acidentes), Segurança Patrimonial, planto-
• Grupo I-3 qualquer altura; nista, Manutenção e Elétrica.
• Grupo J-3 e J-4 qualquer altura; É necessário que tenha um treinamento intensificado no Plano
• Locais com armazenamento de líquidos inflamáveis acima de de Abandono de Área e conhecimento dos procedimentos a serem
20 m³ ou gases acima de 10m³. tomados em emergências.
CIPA – Isolamento do local do sinistro conforme a orientação
QUAIS PROFISSIONAIS PODEM ELABORAR O PLANO DE do grupo de emergência, fornecer os equipamentos necessários
ABANDONO? para proteção das pessoas envolvidas no combate do sinistro e
O Plano de Abandono deve ser elaborado por profissional ca- acompanhar o trabalho de salvamento das vítimas do local, verifi-
pacitado e habilitado para prevenção de combate a incêndios. cando toda situação de risco.
SEGURANÇA PATRIMONIAL – Interdição dos veículos na em-
COMPONENTES DO PLANO DE ABANDONO? presa, mantendo as vias de acessos livres para viaturas externas,
Para um plano de abandono de área efetivo é necessário que sempre informando sobre a exata localidade do sinistro, priorizan-
seja realizado um planejamento contendo, coordenação, líderes de do sempre as ligações telefônicas de relevância no momento, ini-
abandono, brigada de incêndio, grupo de apoio, equipe de primei- ciando o Plano de Chamada Externo.
ros socorros. PLANTONISTA – Priorização das ligações com inicialização ao
Plano de Chamado Interno, informando o tipo de sinistro ocorrido
1 – Coordenação para a coordenação do grupo de emergência. É de suma importân-
São pessoas que possuem grande responsabilidade dentro da cia que mantenha contato com hospitais nas proximidades para um
empresa, como diretor, gerentes, técnico de segurança do trabalho. encaminhamento rápido dos colaboradores feridos.
Obtém o poder de decisão em caso de emergência, informações MANUTENÇÃO E ELÉTRICA – Intervir quando for solicitado, na
precisas nos riscos de toda área e equipamentos de combate a in- desativação de maquinários e equipamentos.
cêndio.
Suas responsabilidades são de grande escala, pois difunde a Objetivos importantes no Plano de Abandono de Área A orien-
importância do Grupo de Emergência, identificação das condições tação quanto o abandono da área com sinistro, de maneira rápida e
de riscos existentes no local, uma estruturação do grupo conforme segura em situações de emergência.
a necessidade do caso, realização de treinamentos com a finalidade Podemos classificar como situação de emergência, toda e
de manter um padrão de qualidade entre os membros. Outros fato- qualquer ocorrência que cause risco a integridade física dos fun-
res de extrema importância da coordenação é a comunicação com o cionários, instalações e o próprio patrimônio. Quebra de vidros,
Corpo de Bombeiros e Policia Militar, além de manter contato com desligamento de máquinas e equipamentos, seguir as orientações
entidades externas para auxiliar em caso de sinistro. do técnico de segurança do trabalho, são uma das providencias a
serem tomadas no Abandono de Área.
2- Líderes De Abandono
Dentro desse subgrupo estão os gerentes, supervisores e en- QUESITOS PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE ABANDONO
carregados. Os mesmos devem ter conhecimento total do local de O plano de abandono de área é um plano que complementa o
trabalho, reconhecer todos os funcionários do setor, com a carac- Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI) e cada empresa
terística de ser dinâmica e influente para os outros colaboradores deverá montar o seu. Não existe uma fórmula pronta para elabo-
da empresa. ração de um plano de emergência, pois cada empresa tem as suas
Dentro das suas responsabilidades estão a coordenação do particularidades, as quais deverão ser consideradas no momento
abandono da área no setor onde atua, sempre indicando aos de- da elaboração deste. O plano de abandono de emergência contra
mais profissionais as rotas de fuga e os pontos de encontro. É de incêndio é normatizado pela NBR 15219:2005, da ABNT, a qual
suma importância que tenha uma pessoa treinada que possa subs- determina requisitos mínimos necessários para a elaboração, a
tituí-la em sua ausência. implantação, a manutenção e a revisão dos planos de emergência
Vale ressaltar que é a última pessoa a sair do local, logo após contra incêndio das empresas.
verificar se todos já o abandonaram, informar o número de vítimas Para elaborar um plano de emergência, alguns fatores devem
no setor e orientar os colaboradores para retorno ao trabalho, após ser levantados e analisados. De posse desses conhecimentos se terá
liberação do local. subsídios para a elaboração de um plano de emergência detalhado
que possa atender às necessidades da empresa e do entorno dela.
3- Brigada de Incêndio As informações iniciais a serem levantadas e analisadas são:
Grupo formado pelos colaboradores da empresa, que rece- • Localização;
beram treinamentos em Prevenção e Combate de Incêndio, Salva- • Tipo de construção;
mentos e Primeiro Socorros. As pessoas responsáveis são: técnico • Classe de ocupação;
de segurança do trabalho da empresa, treinados para orientar o uso • Tipo de população;
de equipamentos de combate de incêndio e conhecimentos básicos • Horário e turnos de trabalho;
em primeiros socorros. • Descrição dos riscos;
A brigada de incêndio responde pelo combate de incêndio an- • Recursos disponíveis para realização do plano;
tes da chegada do Corpo de Bombeiro e após sua chegada cabe • Rotas de fuga;
a brigada coordenar a operação. Salvar eventuais feridos durante • Confecção de ata da atividade realizada na edificação;
o reconhecimento dos feridos também faz parte desse subgrupo,
reportar toda e qualquer ação diferenciada no andamento de tra- fonte: https://www.lumeconsultoria.com/pagina/4/corpo-de-
balho a coordenação e grupo de emergência.

48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

O mesmo ocorre com a umidade. Já o ruído provoca perca da


NOÇÕES DE SEGURANÇA NO TRABALHO E audição e quanto maior o tempo de exposição a ele maior o grau da
PREVENÇÃO DE ACIDENTES perda da capacidade auditiva.
A segurança do trabalho implica no uso de equipamentos ade-
quados para evitar lesões ou possíveis perdas.
De modo genérico, Higiene e Segurança do Trabalho com- É preciso, conscientizar os funcionários da importância do uso
põem duas atividades intimamente relacionadas, no sentido de ga- dos EPIs, luvas, máscaras e roupas adequadas para o ambiente em
rantir condições pessoais e materiais de trabalho capazes de man- que eles atuam.
ter certo nível de saúde dos empregados. Fazendo essa ação específica, a organização está mostrando re-
Do ponto de vista da Administração de Recursos Humanos, a conhecimento ao trabalho do funcionário e contribuindo para sua
saúde e a segurança dos empregados constituem uma das princi- melhoria da qualidade de vida.
pais bases para a preservação da força de trabalho adequada atra- Ao invés de obrigar os funcionários a usarem, é melhor realizar
vés da Higiene e Segurança do trabalho. esse tipo de trabalho de conscientização, pois o retorno será bem
Segundo o conceito emitido pela Organização Mundial de Saú- mais positivo.
de, a saúde é um estado completo de bem-estar físico, mental e Já ouvi muitos colaboradores falarem, por exemplo, que os EPIs
social e que não consiste somente na ausência de doença ou de e as máscaras incomodam e, algumas vezes, chagaram a pedir aos
enfermidade. gestores que usassem os equipamentos para ver se era bom.
A higiene do trabalho refere-se ao conjunto de normas e pro- Ora, na verdade os equipamentos incomodam, mas o traba-
cedimentos que visa à proteção da integridade física e mental do lhador deve pensar o uso desses que é algo válido, pois o ajuda a
trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes às tarefas prevenir problemas futuros.
do cargo e ao ambiente físico onde são executadas. Na segurança do trabalho também é importante que a empre-
Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, edu- sa forneça máquinas adequadas, em perfeito estado de uso e de
cacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir aci- preferência com um sistema de travas de segurança.
dentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer É fundamental que as empresas treinem os funcionários e os
instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de práticas alertem em relação aos riscos que máquinas podem significar no
preventivas. dia-a-dia.
A atividade de Higiene do Trabalho no contexto da gestão de Caso algum funcionário apresente algum problema de saúde
RH inclui uma série de normas e procedimentos, visando essencial- mais tarde ou sofra algum acidente, a responsabilidade será toda
mente, à proteção da saúde física e mental do empregado. da empresa por não ter obrigado o funcionário a seguir os procedi-
Procurando também resguardá-lo dos riscos de saúde rela- mentos adequados de segurança.
cionados com o exercício de suas funções e com o ambiente físico Caso o funcionário se recuse a usar os equipamentos que o
onde o trabalho é executado. protegerão de possíveis acidentes, a organização poderá demiti-lo
Hoje a Higiene do Trabalho é vista como uma ciência do reco- por justa causa.
nhecimento, avaliação e controle dos riscos à saúde, na empresa, As prevenções dessas lesões/acidentes podem ser feitas atra-
vés de:
visando à prevenção de doenças ocupacionais.
- Estudos e modificações ergonômicas dos postos de trabalho.
- Uso de ferramentas e equipamentos ergonomicamente adap-
O que é higiene e segurança do trabalho?
tados ao trabalhador.
A higiene do trabalho compreende normas e procedimentos
- Diminuição do ritmo do trabalho.
adequados para proteger a integridade física e mental do trabalha-
- Estabelecimento de pausas para descanso.
dor, preservando-o dos riscos de saúde inerente às tarefas do cargo
- Redução da jornada de trabalho.
e ao ambiente físico onde são executadas.
- Diversificação de tarefas.
A higiene do trabalho está ligada ao diagnóstico e à prevenção
- Eliminação do clima autoritário no ambiente de trabalho.
das doenças ocupacionais, a partir do estudo e do controle do ho-
- Maior participação e autonomia dos trabalhadores nas deci-
mem e seu ambiente de trabalho. sões do seu trabalho.
Ela tem caráter preventivo por promover a saúde e o conforto - Reconhecimento e valorização do trabalho.
do funcionário, evitando que ele adoeça e se ausente do trabalho. - Valorização das queixas dos trabalhadores.
Envolve, também, estudo e controle das condições de trabalho.
A iluminação, a temperatura e o ruído fazem parte das condi- É preciso mudar os hábitos e as condições de trabalho para que
ções ambientais de trabalho. a higiene e a segurança no ambiente de trabalho se tornem satisfa-
Uma má iluminação, por exemplo, causa fadiga à visão, afeta o tórios. Nessas mudanças se faz necessário resgatar o valor humano.
sistema nervoso, contribui para a má qualidade do trabalho poden- Nesse contexto, a necessidade de reconhecimento pode ser
do, inclusive, prejudicar o desempenho dos funcionários. frustrada pela organização quando ela não valoriza o desempenho.
A falta de uma boa iluminação também pode ser considerada Por exemplo, quando a política de promoção é baseada nos
responsável por uma razoável parcela dos acidentes que ocorrem anos de serviço e não no mérito ou, então, quando a estrutura sa-
nas organizações. larial não oferece qualquer possibilidade de recompensa financeira
Envolvem riscos os trabalhos noturnos ou turnos, temperatu- por realização como os aumentos por mérito.
ras extremas – que geram desde fadiga crônica até incapacidade Se o ambiente enfatizar as relações distantes e impessoais en-
laboral. tre os funcionários e se o contato social entre os mesmos for deses-
Um ambiente de trabalho com temperatura e umidade inade- timulado, existirão menos chances de reconhecimento.
quadas é considerado doentio. Conforme Arroba e James (1988) uma maneira de reconhecer
Por isso, o funcionário deve usar roupas adequadas para se os funcionários é admitir que eles têm outras preocupações além
proteger do que “enfrenta” no dia-a-dia corporativo. do desempenho imediato de seu serviço.

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Uma outra causa da falta de reconhecimento dos funcionários Informar os trabalhadores dos riscos existentes e inerentes ao
na organização são os estereótipos, pois seus julgamentos não são seu local de trabalho, das medidas de prevenção e proteção e res-
baseados em evidências ou informações sobre a pessoa. pectiva aplicação;
Tanto em termos de postos de trabalho, como em termos ge-
A partir do momento que as pessoas fazem parte de uma orga- rais da empresa;
nização podem obter reconhecimento positivo ou negativo. Dotar o trabalhador das competências necessárias para atuar
Os grupos de trabalho, por exemplo, podem satisfazer ou frus- em caso de perigo grave e iminente;
trar as necessidades de reconhecimento. Evitar os custos associados aos acidentes e problemas de saúde
ocupacional;
Quem a higiene e segurança do trabalho beneficia? Em especial, os associados às perdas materiais, paragens e
A Segurança e Higiene do Trabalho beneficia qualquer tipo ne- consequente perda de produção, absentismo e a desmotivação dos
gócio, além de ser uma obrigação legal e social. trabalhadores;
Todas as organizações deverão entender que este ramo serve Cumprir a legislação legal e obrigatória em matéria de Segu-
para prevenir acidentes e doenças laborais, mas que também é uma rança e Saúde.
parte essencial para o sucesso do seu negócio.
Todas as empresas podem gozar de benefícios significativos ao A importância da higiene e segurança do trabalho
investirem em medidas de Segurança e Higiene do Trabalho. Qualquer empresa de hoje em dia conhece bem as implicações
Pequenos melhoramentos podem levar ao aumento da compe- e requisitos legais quando se fala em HSST- Higiene, Segurança e
titividade e da motivação dos trabalhadores. Saúde no trabalho, tendo consciência de que uma falha neste âmbi-
A qualidade das condições de trabalho é um dos fatores funda- to dentro da empresa, pode gerar automaticamente o pagamento
mentais para o sucesso do sistema produtivo de qualquer Empresa. de uma multa por incumprimento legal.
Nesse âmbito, a melhoria da produtividade e da competitivida- A Higiene, Segurança e Saúde no trabalho é um conjunto de
de das Empresas passa, necessariamente, por uma intervenção no ações que nasceu das preocupações dos trabalhadores da indústria
sentido da melhoria das condições de trabalho. em meados do século 20, pois as condições de trabalho nunca eram
Os benefícios da manutenção de um ambiente de trabalho se- levadas em conta, mesmo que tal implicasse riscos de doença ou
guro são muitos, mas em primeiro lugar, a segurança é saber o que mesmo de morte dos trabalhadores.
é que pode fazer para proteger os seus trabalhadores. Numa época em que a indústria era a principal atividade eco-
Na realidade, a prática da segurança nos locais de trabalho traz nômica em Portugal, os trabalhadores morriam ou tinham aciden-
também inúmeros benefícios financeiros para a Empresaatravés da tes onde ficavam impossibilitados para toda a vida por não terem os
Higiene e Segurança do trabalho. devidos processos deHigiene e Segurança do trabalho.
O impacto de um ambiente de trabalho seguro é desde logo Simplesmente porque a mentalidade corrente era a de que o
benéfico tanto direta como indiretamente. valor da vida humana era para apenas útil para trabalhar e porque
não existia qualquer legislação que protegesse o trabalhador.
Senão vejamos, diretamente, falamos na prevenção de custos
O cenário demorou tempo a mudar e apenas a partir da década
associados aos incidentes e acidentes, incluindo os custos com as
de 50/60, surgiram as primeiras tentativas sérias de integrar os tra-
indemnização e salários aos trabalhadores, os custos com a assis-
balhadores em atividades devidamente adequadas às suas capaci-
tência médica, os custos com seguros e as contra ordenações apli-
dades, e dar-lhes conhecimento dos riscos a que estariam expostos
cáveis.
aquando do seu desempenhar de funções.
Estes só serão minimizados quando existe um Sistema de Ges-
Atualmente a dimensão que encontramos neste âmbito é mui-
tão da Segurança e Saúde implementado, que vise e contemple to-
to diferente, sobretudo porque a Lei-Quadro de Segurança, Higiene
das as áreas da Segurança.
e Saúde no Trabalho faz impender sobre as entidades empregado-
Indiretamente, a inexistência deste sistema pode levar a perdas ras a obrigatoriedade de organizarem os serviços de Segurança e
acentuadas de produtividade, custos com a reparação de produtos Saúde no Trabalho.
e equipamentos danificados, custos associados à substituição de Desta forma, para além de análises minuciosas aos postos de
trabalhadores, custos administrativos, perdas de competitividade, trabalho a empresa tem que garantir também as condições de saú-
perdas associadas à imagem e custos sociais diversos. de dos trabalhadores (como a existência de um posto médico den-
É sabido que, um ambiente de trabalho seguro aumenta a mo- tro de cada empresa).
ral do trabalhador, o que, por sua vez, aumenta a produtividade a E ainda garantir que são objeto de estudo as investigações de
eficiência e, consequentemente, as margens de lucro. quaisquer tipo de incidentes ocorridos, sendo sempre analisada a
Quando os trabalhadores têm um ambiente de trabalho segu- utilização ou não de equipamentos de proteção individual (vulgo
ro, sentem que podem fazer a diferença, verificam-se maiores índi- EPI).
ces de assiduidade, menos rotatividade de pessoal e uma melhor Em resumo, todas as atividades de HSST se constituem como
qualidade de trabalho. as atividades cujo objetivo é o de garantir condições de trabalho em
Outra área não menos importante, e que deve ser parte inte- qualquer empresa “num estado de bem-estar físico, mental e social
grante da Empresa, é a formação dos trabalhadores em matéria de e não somente a ausência de doença e enfermidade” (de acordo
segurança e saúde. com a Organização Mundial de Saúde.)
A formação contínua nesta matéria assume um papel funda- Analisando parcelarmente este tipo de atividades temos que:
mental na melhoria do nível de vida dos trabalhadores. A higiene e saúde no trabalho procura combater de um pon-
Uma formação eficaz permite: to de vista não médico, as doenças profissionais, identificando os
Contribuir para que os trabalhadores se tornem competentes fatores que podem afetar o ambiente do trabalho e o trabalhador,
em matéria de saúde e segurança; procurando eliminar ou reduzir os riscos profissionais.
Desenvolver uma cultura de segurança e saúde positiva, onde
o trabalho e o ambiente seguro sejam parte integrante e natural do
dia-a-dia dos trabalhadores;

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

A segurança do trabalho por outro lado, propõe-se combater, Art. 163 – Será obrigatória a constituição de Comissão Interna
também dum ponto de vista não médico, os acidentes de trabalho, de Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções
eliminando para isso não só as condições inseguras do ambiente, expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou lo-
como sensibilizando também os trabalhadores a utilizarem medi- cais de obra nelas especificadas.
das preventivas. As instruções do Ministério do Trabalho e Emprego correspon-
Dadas as características específicas de algumas atividades pro- dem à NR5, que trata especificamente das Comissões Internas de
fissionais, nomeadamente as que acarretam algum índice de pe- Prevenção de Acidentes – CIPA.
rigosidade, é necessário estabelecer procedimentos de segurança, O item 5.1, da NR 5, estabelece que o objetivo da CIPA é a pre-
para que estas sejam desempenhadas dentro de parâmetros de se- venção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a
gurança para o trabalhador. tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação
Nesse sentido, é necessário fazer desde logo um levantamento da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
dos fatores que podem contribuir para ocorrências de acidentes,
como sejam: O emprego da palavra “permanentemente”, traz a ideia de
- Acidentes devido a ações perigosas; “sem interrupção”.
- Falta decumprimento de ordens (não usar E.P.I.) O item 5.2, da NR 5, dispõe que devem constituir CIPA, por es-
- Ligado à natureza do trabalho (erros na armazenagem) tabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as empresas
- Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, mano- privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da admi-
brar empilhadores inadequadamente, distrações). nistração direta e indireta, instituições beneficentes, associações
- Acidentes devido a Condições perigosas: recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admi-
- Máquinas e ferramentas; tam trabalhadores como empregados.
- Condições de ambiente físico, (iluminação, calor, frio, poeiras, Como já vimos, a noção correta, para os obrigados a obedecer
ruído). toda e qualquer disposição de Norma Regulamentadora, não só re-
lativa à CIPA, é de empregador.
Condições de organização (Layout mal feito, armazenamento Na aula 4 conceituamos, de acordo com a CLT, e através de
perigoso, falta de Equipamento de Proteção Individual – E.P.I.) exemplos, o que se entende, juridicamente, por empregador.
Após o processo de identificação deste tipo de condições é im- Numa palavra: empregador é aquele que contrata força de tra-
portante desenvolver uma análise de riscos, sendo para isso neces- balho através do regime celetista.
sária à sua identificação e mapeamento. O item 5.3 dispõe que as normas da NR5 aplicam-se, no que
A fim de que posteriormente se possa estudar a possibilidade couber, aos trabalhadores avulsos e às entidades que lhes tomem
de aplicação de medidas que visam incrementar um maior nível de serviços, observadas as disposições estabelecidas em Normas Re-
segurança no local de trabalho, e que concretizam na eliminação do gulamentadoras de setores econômicos específicos.
risco de acidente, tornando-o inexistente ou neutralizando-o. Sabemos que não existe vínculo empregatício, celetista, na re-
Por fim, importa ter ainda em conta que para além da matriz lação de trabalho avulso. Sabemos, também, que as normas de SST,
de identificação de riscos no trabalho é imprescindível considerar em regra, só se aplicam aos trabalhadores regidos pela Consolida-
o risco ergonômico que surge da não adaptação dos postos de tra- ção das Leis do Trabalho.
balho às características do operadoratravés da Higiene e Segurança Entretanto, no caso específico da NR5, suas disposições, quan-
do trabalho. do não forem incompatíveis com as características do trabalho avul-
Quer quanto à posição da máquina com que trabalha, quer no so, são plenamente aplicáveis a esta relação de trabalho.
espaço disponível ou na posição das ferramentas e materiais que Parágrafo único – O Ministério do Trabalho regulamentará as
utiliza nas suas funções. atribuições, a composição e o funcionamento das CIPA (s).
Desta feita torna-se mais do que evidente de que o sucesso Art. 164 – Cada CIPA será composta de representantes da em-
de um sistema produtivo passa inevitavelmente pela qualidade das presa e dos empregados, de acordo com os critérios que vierem a
condições de trabalho que este proporciona aos seus colaborado- ser adotados na regulamentação de que trata o parágrafo único do
res. artigo anterior.
Nesta perspectiva, a melhoria da produtividade e da compe- 1º – Os representantes dos empregadores, titulares e suplen-
titividade das empresas portuguesas passa, necessariamente, por tes, serão por eles designados.
uma intervenção no sentido da melhoria das condições de trabalho. 2º – Os representantes dos empregados, titulares e suplentes,
Ainda que este conjunto de atividades seja visto atualmente, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, indepen-
pela gestão das empresas, mais como um gasto, do que propria- dentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados
mente um incentivo à produtividade. interessados.
Ao tornar evidentes junto dos colaboradores os riscos a que
estão expostos durante o seu período de trabalho, a Higiene, Se- Escrutínio secreto significa votação secreta, sigilosa.
gurança e Saúde no Trabalho permite relembrar todos os colabora- Vejamos quais são as disposições específicas da NR5, acerca
dores de que para um trabalho feito em condições é preciso que as das atribuições e composição dos processos de higiene e seguran-
condições permitam que o trabalho se faça. ça do trabalho. Não abordaremos o funcionamento da CIPA, pois a
matéria foge do nosso estudo.
LEGISLAÇÃO APLICADA A HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABA- A CIPA será composta de representantes do empregador e dos
LHO empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Qua-
A legislação da higiene e segurança do trabalho é bem específi- dro I desta NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos nor-
ca e grande, sabendo disso iremos mostrar abaixo apenas os artigos mativos para setores econômicos específicos.
e incisos principais. Semelhante ao que ocorre para o dimensionamento do SESMT,
a NR5 estabelece grupos de atividades, e os relaciona ao número de
empregados do estabelecimento, para fixar o número de membros
da CIPA.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, se- - Máquinas e ferramentas;


rão por eles designados. - Condições de organização;
Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, se- - Condições de ambiente físico, (iluminação, calor, frio, poeiras,
rão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independen- ruído).
temente de filiação sindical, exclusivamente os empregados inte- -Acidentes devido a ações perigosas:
ressados. - Falta de comprimento de ordens (não usar E.P.I);
A CIPA é um “fórum”, um local de discussão e debate, que se - Ligado à natureza do trabalho (Erros na armazenagem);
beneficia das opiniões do empregador e dos empregados. Por isso a - Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, mano-
necessidade de cada uma dessas categorias indicar seus membros, brar empilhadores inadequadamente, distrações, brincadeiras).
para que todos sejam representados nas decisões.
A CIPA terá por atribuição: Fundamentos de higiene e segurança do trabalho
- Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o É preciso mudar os hábitos e as condições de trabalho para que
mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalha- a higiene e a segurança no ambiente de trabalho se tornem satis-
dores, com assessoria do SESMT, onde houver; fatórios.
- Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva
na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; Nessas mudanças se faz necessário resgatar o valor humano
- Participar da implementação e do controle da qualidade das através dos processos de higiene e segurança do trabalho.
medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das Nesse contexto, a necessidade de reconhecimento pode ser
prioridades de ação nos locais de trabalho; frustrada pela organização quando ela não valoriza o desempenho.
- Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condi- Por exemplo, quando a política de promoção é baseada nos
ções de trabalho visando a identificação de situações que venham a anos de serviço e não no mérito ou, então, quando a estrutura sa-
trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; larial não oferece qualquer possibilidade de recompensa financeira
- Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas por realização como os aumentos por mérito.
fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que Se o ambiente enfatizar as relações distantes e impessoais en-
foram identificadas;divulgar aos trabalhadores informações relati- tre os funcionários e se o contato social entre os mesmos for deses-
vas à segurança e saúde no trabalho; timulado, existirão menos chances de reconhecimento.
- Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promo- Conforme Arroba e James (1988) uma maneira de reconhecer
vidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no os funcionários é admitir que eles têm outras preocupações além
ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde do desempenho imediato de seu serviço.
dos trabalhadores; Uma outra causa da falta de reconhecimento dos funcionários
- Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a pa- na organização são os estereótipos, pois seus julgamentos não são
ralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e baseados em evidências ou informações sobre a pessoa.
iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; A partir do momento que as pessoas fazem parte de uma orga-
- O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 nização podem obter reconhecimento positivo ou negativo.
(um) ano, permitida uma reeleição. Os grupos de trabalho, por exemplo, podem satisfazer ou frus-
- O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao membro trar as necessidades de reconhecimento.
suplente que, durante o seu mandato, tenha participado de menos Pois, a importância do reconhecimento pela higiene e seguran-
da metade do número de reuniões da CIPA. ça do trabalho é que a partir do momento que a organização está
preocupada com a higiene e a segurança do trabalho, ele está sen-
Como as atividades da CIPA são permanentes, os seus mem- do valorizado.
bros devem participar assiduamente, das reuniões. E quando os colaboradores percebem o fato de serem valori-
O empregador designará, anualmente, dentre os seus repre- zados, reconhecidos isso os torna mais motivados para o trabalho.
sentantes, o Presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre Sendo assim?
eles, o Vice–Presidente. A Segurança do Trabalho corresponde ao conjunto de ciências
e tecnologias que tem por objetivo proteger o trabalhador em seu
Art. 165 – Os titulares da representação dos empregados nas
ambiente de trabalho, buscando minimizar e/ou evitar acidentes de
CIPA (s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo–se
trabalho e doenças ocupacionais. Assim, dentre as principais ativi-
como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econô-
dades da segurança do trabalho, podemos citar: prevenção de aci-
mico ou financeiro.
dentes, promoção da saúde e prevenção de incêndios.
Parágrafo único – Ocorrendo a despedida, caberá ao empre-
No Brasil, a segurança e saúde ocupacionais estão regulamen-
gador, em caso de reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a
tadas e descritas como Serviço Especializado em Engenharia de Se-
existência de qualquer dos motivos mencionados neste artigo, sob
gurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), que está regulamen-
pena de ser condenado a reintegrar o empregado.
tado em uma portaria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
Norma Regulamentadora nº 4 (NR-4) e, portanto, na legislação tra-
Fatores que afetam a higiene e segurança do trabalho balhista brasileira.
Dadas as especificidades de algumas atividades profissionais Na NR-4, está descrito como devem ser organizados os Servi-
através da Higiene e Segurança do trabalho., as quais acarretam ços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
algum índice de perigosidade, é necessário que sobre as mesmas Trabalho, buscando diminuir os acidentes de trabalho e as doenças
incidam procedimentos de segurança para que as mesmas sejam ocupacionais. Para alcançar esses objetivos e cumprir com suas fun-
desempenhadas dentro de parâmetros de segurança para o traba- ções, o SESMT deve ser constituído por: médico do trabalho, enge-
lhador. nheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico
Nesse sentido, é necessário fazer desde logo um levantamento de segurança do trabalho, auxiliar de enfermagem, sendo o número
dos fatores que podem contribuir para ocorrências de acidentes, de profissionais necessários determinado pelo número de trabalha-
como sejam: dores e grau de risco.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

O SESMT tem como finalidade a prevenção, e é desempenhado Prevenção: a melhor ferramenta da segurança do trabalho
pelos profissionais que o compõe, abrangendo conhecimentos de Algumas atitudes são muito importantes para se preservar a
engenharia de segurança e de medicina ocupacional no ambiente saúde e a segurança no ambiente de trabalho.
de trabalho, de forma a reduzir ou eliminar os riscos à saúde dos A ideia de que a simples utilização dos Equipamentos de Prote-
trabalhadores. Dentre as atribuições dos SESMTs, podemos citar a ção Individual (EPI) é suficiente e determinante para evitar aciden-
análise de riscos, a orientação dos trabalhadores quanto ao uso dos tes deve ser desconstruída, uma vez que é apenas um dos fatores
equipamentos de proteção individual e o registro dos acidentes de que auxiliam na proteção do indivíduo.
trabalho (CLT – Artigo 162, inciso 4.1|4.2|4.8.9|4.10). Todos os anos, milhões de trabalhadores vêm ao óbito ou fi-
cam seriamente feridos e com sequelas em virtude de acidentes ou
CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO lesões ocasionadas durante suas atividades profissionais. Propor-
Anualmente, aproximadamente 330 milhões de trabalhadores cionalmente, as empresas são penalizadas com perda/afastamento
são vítimas de acidentes de trabalho em todo o mundo e 160 mi- de funcionários e demandas em juízo com imensuráveis taxas de
lhões de novos casos de doenças ocupacionais surgem, segundo da- indenização e tratamentos médicos de alta complexidade.
dos da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ainda segundo É certo que a melhor maneira de evitar episódios de aciden-
a OIT, há o registro de mais de 2 milhões de mortes relacionadas tes laborais é investindo em segurança do trabalho. A prevenção é,
aos acidentes de trabalho, das quais 1,574 milhão ocorreram por sobretudo, uma ferramenta que atua a fim de evitar problemas fu-
doenças ocupacionais, 355 mil por acidentes e 158 mil por aciden- turos. Seja engenheiro ou técnico de segurança do trabalho, todos
tes de trajeto. devem ter como meta a melhoria nas estatísticas de não acidentes.
Segundo dados estatísticos da Previdência Social, em 2001, no Algumas dicas para a prevenção no horário do trabalho:
Brasil, ocorreram cerca de 340 mil acidentes de trabalho, colocan- 1. Manter-se atento, todo e qualquer trabalho deve ser feito
do-nos entre os países com maior número de acidentes de trabalho. com plena consciência;
De acordo com o artigo 19 da Lei n.º 8.213, de 1991, aciden- 2. Não se expor à riscos, acidentes acontecem muitas vezes por
te de trabalho “é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a imprudência;
serviço da empresa, provocando lesão corporal, ou perturbação 3. Manter o local de trabalho limpo e organizado pode evitar
funcional, que cause perda ou redução da capacidade de trabalho, escorregões e quedas por exemplo;
temporária ou permanente, ou ainda a morte”. 4. Usar corretamente os equipamentos de proteção (que de-
Acidente pode ser descrito como toda ocorrência não deseja- vem ser, obrigatoriamente, fornecidos pela empresa);
da que possa modificar ou pôr fim ao andamento normal de uma 5. Sempre comunicar incidentes para que a solução não demo-
atividade. Em um sentido mais genérico, o conceito de acidente re a aparecer.
pode ser aplicado a acontecimentos que provocam perdas mate-
riais, quando alguém sofre algum tipo de lesão, ou qualquer outro Como se faz notar, uma simples caixa deixada no meio do ca-
acontecimento que venha a provocar danos ao indivíduo que foi minho, uma ferramenta largada ou um rastro de produto no chão
vitimado. podem ser mais perigosos do que parecem. Assim como ocorre no
A ocorrência de um acidente de trabalho pode ocasionar le- ambiente residencial, as situações mais simples e improváveis po-
sões, danos e perdas, principalmente ao trabalhador, levando à sua dem gerar acidentes. Por isso, prevê-las e evita-las faz toda a dife-
incapacidade parcial ou permanente. As empresas também podem rença.
ser prejudicadas e sofrer prejuízos significativos, deixando-as mui-
tas vezes em sérias dificuldades. Além disto, a ocorrência de aciden-
Importante destacar que a utilização de um EPI não garante
tes implica a responsabilização por conta fato ocorrido, que pode
a proteção do trabalhador. Acidentes ocorrem, corriqueiramente,
ser responsabilidade civil, criminal ou administrativa. Para essa fi-
devido à falta de atenção ou uso incorreto desses equipamentos.
nalidade, é necessário considerar-se os conceitos de dolo e de cul-
Portanto, não basta entregar nas mãos do funcionário seu equipa-
pa. O dolo é quando existe a intenção de produzir o resultado. E a
mento laboral, é preciso ensiná-lo a usar, fiscalizar o seu uso e exigir
culpa, ao contrário, ocorre quando não há a intenção de que aquele
a correta utilização, sob pena de advertência.
resultado seja produzido.
Atitudes como as listadas a seguir podem, se devidamente apli-
Segundo a legislação brasileira do Ministério do Trabalho e Em-
prego, Lei nº. 6.367, de 19 de outubro de 1976, artigo 2º, aciden- cadas, atuar de forma significativa na segurança laboral:
te do trabalho é definido da seguinte forma: “é aquele que ocorre – Evitar realizar atividade a qual não foi devidamente treinado
pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão para fazer (departamentos diferentes).
corporal ou perturbação funcional que causa a morte ou perda, ou – Analisar sempre os riscos e questionar-se: estou preparado
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o traba- para realizar essa tarefa?
lho”. Ainda, segundo a NR-3, de Segurança e Medicina do Trabalho: – Sendo necessário realizar a tarefa, verificar o que pode fazer
“considera-se grave e iminente risco toda condição de trabalho que além da utilização do EPI para reduzir os riscos.
possa causar acidentes do trabalho ou doença profissional com le- – Verificar as condições do ambiente: onde será realizada a ta-
são grave à integridade física do trabalhador”. refa? Quais as condições do local (É muito úmido? É muito seco?
Existe ruído?)?
Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/me- – Confirmar se os riscos mais prováveis foram neutralizados,
dicina/conceito-e-objetivo-da-seguranca-do-trabalho/52231 caso não esteja tudo neutralizado, ou caso não se sinta seguro a
realizar a tarefa, simplesmente não a faça. Comunicar essa situação
é primordial.
– Evitar ao máximo as distrações no ambiente de trabalho,
como aparelhos eletrônicos, fones de ouvido e conversas paralelas,
toda elas, evidentemente, tiram a atenção.
– Pedir, sempre que houver dúvidas, instruções ou o auxílio
direto a alguém que tenha mais conhecimento do procedimento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

– A pressa é de fato comprovado, inimiga da perfeição, então, NORMA REGULAMENTADORA 6 - NR 6


jamais pensar que fazer algo com pressa será a melhor opção. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
– A tarefa a ser executada coloca em risco outras pessoas ao
seu redor? Muito cuidado! Sinalizar o local, colocar avisos, cones 6.1Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora -
ou demarcações no chão são ótimas sugestões para flagrar os de- NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo
savisados. dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
– As ferramentas corretas para realizar essa tarefa estão sendo destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança
utilizadas? O uso errado da ferramenta e o uso da ferramenta erra- e a saúde no trabalho.
da são grandes causadores de acidentes. 6.1.1Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção
– Caso a tarefa realizada seja em maquinas, quadros elétricos Individual, todo aquele composto por vários dispositivos, que o
ou hidráulicos, certificar-se de que não existe a possibilidade de um fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam
terceiro ligar/desligar, mexer, mover, abrir ou acionar o equipamen- ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a se-
to. Sinalize sua atividade! gurança e a saúde no trabalho.
6.2O equipamento de proteção individual, de fabricação nacio-
Cumpre, por fim, frisar que o acidente só acontece onde a nal ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a
prevenção falhou. Novamente, apenas o uso do EPI não protege indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão
totalmente o trabalhador. É necessária uma gestão em grupo, parti- nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho
cipação e discussão das medidas de segurança com a CIPA, SESMT, do Ministério do Trabalho e Emprego. (206.001-9 /I3)
empregados, líderes e empregadores. 6.3A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuita-
mente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e
Fonte: https://www.ambientec.com/prevencao-melhor-ferramen- funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
ta-da-seguranca-do-trabalho/ a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam com-
pleta proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de do-
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Uniforme
enças profissionais e do trabalho; (206.002-7/I4)
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo
EPI é todo dispositivo de uso individual utilizado pelo trabalha-
implantadas; e, (206.003-5 /I4)
dor, destinado a prevenir riscos que podem ameaçar a segurança e
c) para atender a situações de emergência. (206.004-3 /I4)
a saúde do trabalhador. Para ser comercializado, todo EPI deve ter
CA emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), conforme 6.4Atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional,
estabelecido na NR n° 6 do TEM (BRASIL, 2008). e observado o disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer
aos trabalhadores os EPI adequados, de acordo com o disposto no
ANEXO I desta NR.
6.4.1As solicitações para que os produtos que não estejam re-
lacionados no ANEXO I, desta NR, sejam considerados como EPI,
bem como as propostas para reexame daqueles ora elencados, de-
verão ser avaliadas por comissão tripartite a ser constituída pelo
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho, após ouvida a CTPP, sendo as conclusões submetidas
àquele órgão do Ministério do Trabalho e Emprego para aprovação.
6.5Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segu-
rança e em Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes - CIPA, nas empresas desobrigadas de
manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao
Entre os Equipamentos de Proteção risco existente em determinada atividade.
Individual os mais comuns são: 6.5.1Nas empresas desobrigadas de constituir CIPA, cabe ao
designado, mediante orientação de profissional tecnicamente habi-
-Proteção da cabeça: capacete de segurança, capuz, balaclava, litado, recomendar o EPI adequado à proteção do trabalhador.
etc; 6.6Cabe ao empregador
-Proteção dos olhos e face: óculos de proteção, máscaras; 6.6.1Cabe ao empregador quanto ao EPI :
-Proteção auditiva: protetor auricular, abafadores de ruídos; a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; (206.005-1
-Proteção respiratória: respirador; /I3)
-Proteção do tronco: coletes; b) exigir seu uso; (206.006-0 /I3)
-Proteção dos membros superiores: luvas de segurança, bra-
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão na-
çadeiras;
cional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
-Proteção dos membros inferiores: calçados de segurança, cal-
(206.007-8/I3)
ças.
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guar-
da e conservação; (206.008-6 /I3)
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
(206.009-4 /I3)
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
e, (206.010-8 /I1)
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
(206.011-6 /I1)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser 6.9.2O órgão nacional competente em matéria de segurança
adotados livros, fichas ou sistema eletrônico.(Inserida pela Portaria e saúde no trabalho, quando necessário e mediante justificativa,
SIT n.º 107, de 25 de agosto de 2009) poderá estabelecer prazos diversos daqueles dispostos no subitem
6.7Cabe ao empregado 6.9.1.
6.7.1Cabe ao empregado quanto ao EPI: 6.9.3Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e
a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; bem visíveis, o nome comercial da empresa fabricante, o lote de
b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; fabricação e o número do CA, ou, no caso de EPI importado, o nome
c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne do importador, o lote de fabricação e o número do CA. (206.022-1/
impróprio para uso; e, I1)
d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso ade- 6.9.3.1Na impossibilidade de cumprir o determinado no item
quado. 6.9.3, o órgão nacional competente em matéria de segurança e saú-
6.8Cabe ao fabricante e ao importador de no trabalho poderá autorizar forma alternativa de gravação, a
6.8.1O fabricante nacional ou o importador deverá: ser proposta pelo fabricante ou importador, devendo esta constar
a) cadastrar-se, segundo o ANEXO II, junto ao órgão nacio- do CA.
nal competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; 6.10Restauração, lavagem e higienização de EPI
(206.012-4 /I1) 6.10.1Os EPI passíveis de restauração, lavagem e higienização,
b) solicitar a emissão do CA, conforme o ANEXO II; (206.013-2 serão definidos pela comissão tripartite constituída, na forma do
/I1) disposto no item6.4.1, desta NR, devendo manter as características
c) solicitar a renovação do CA, conforme o ANEXO II, quando de proteção original.
vencido o prazo de validade estipulado pelo órgão nacional compe- 6.11Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego /
tente em matéria de segurança e saúde do trabalho; (206.014-0 /I1) TEM
d) requerer novo CA, de acordo com o ANEXO II, quando houver 6.11.1Cabe ao órgão nacional competente em matéria de se-
alteração das especificações do equipamento aprovado; (206.015-9 gurança e saúde no trabalho:
/I1) a) cadastrar o fabricante ou importador de EPI;
e) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que b) receber e examinar a documentação para emitir ou renovar
o CA de EPI;
deu origem ao Certificado de Aprovação - CA; (206.016-7 /I2)
c) estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos
f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de
para ensaios de EPI;
CA; (206.017-5 /I3)
d) emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou impor-
g) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de se-
tador;
gurança e saúde no trabalho quaisquer alterações dos dados cadas-
e) fiscalizar a qualidade do EPI;
trais fornecidos; (206.0118-3 /I1)
f) suspender o cadastramento da empresa fabricante ou im-
h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma na-
portadora; e,
cional, orientando sua utilização, manutenção, restrição e demais
g) cancelar o CA.
referências ao seu uso; (206.019-1 /I1) 6.11.1.1Sempre que julgar necessário o órgão nacional compe-
i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação; e, tente em matéria de segurança e saúde no trabalho, poderá requi-
(206.020-5 /I1) sitar amostras de EPI, identificadas com o nome do fabricante e o
j) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito número de referência, além de outros requisitos.
do SINMETRO, quando for o caso. (206.021-3 /I1) 6.11.2Cabe ao órgão regional do MTE:
6.9Certificado de Aprovação - CA a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade
6.9.1Para fins de comercialização o CA concedido aos EPI terá do EPI;
validade: b) recolher amostras de EPI; e,
a) de 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos c) aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabí-
de ensaio que não tenham sua conformidade avaliada no âmbito veis pelo descumprimento desta NR.
do SINMETRO; 6.12e Subitens (Revogados pela Portaria SIT n.º 125, de 12 de
b) do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbito novembro de 2009)
do SINMETRO, quando for o caso;
c) de 2 (dois) anos, quando não existirem normas técnicas ANEXO I
nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou labo- LISTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
ratório capacitado para realização dos ensaios, sendo que nesses
casos os EPI terão sua aprovação pelo órgão nacional competente (Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de 2001)
em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresen-
tação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da especi- A - EPI PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA
ficação técnica de fabricação, podendo ser renovado até dezembro A.1- Capacete
de 2007, quando se expirarão os prazos concedidos(Nova redação a) capacete de segurança para proteção contra impactos de ob-
dada pela Portaria nº 194, de 22/12/2006 - DOU DE 28/12/2006) jetos sobre o crânio;
d) de 2 (dois) anos, renováveis por igual período, para os EPI b) capacete de segurança para proteção contra choques elé-
desenvolvidos após a data da publicação desta NR, quando não tricos;
existirem normas técnicas nacionais ou internacionais, oficialmen- c) capacete de segurança para proteção do crânio e face contra
te reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização dos en- riscos provenientes de fontes geradoras de calor nos trabalhos de
saios, caso em que os EPI serão aprovados pelo órgão nacional com- combate a incêndio.
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante A.2- Capuz
apresentação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da a) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço con-
especificação técnica de fabricação. tra riscos de origem térmica;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

b) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço con- g) respirador purificador de ar motorizado para proteção das
tra respingos de produtos químicos; vias respiratórias contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos.
c) capuz de segurança para proteção do crânio em trabalhos D.2- Respirador de adução de ar
onde haja risco de contato com partes giratórias ou móveis de má- a) respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido para
quinas. proteção das vias respiratórias em atmosferas com concentração
Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde e em ambientes confi-
B - EPI PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E FACE nados;
B.1- Óculos b) máscara autônoma de circuito aberto ou fechado para pro-
a) óculos de segurança para proteção dos olhos contra impac- teção das vias respiratórias em atmosferas com concentração Ime-
tos de partículas volantes; diatamente Perigosa à Vida e à Saúde e em ambientes confinados;
b) óculos de segurança para proteção dos olhos contra lumino- D.3- Respirador de fuga
sidade intensa; a) respirador de fuga para proteção das vias respiratórias con-
c) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação tra agentes químicos em condições de escape de atmosferas Ime-
ultravioleta; diatamente Perigosa à Vida e à Saúde ou com concentração de oxi-
d) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação gênio menor que 18 % em volume.
infravermelha;
e) óculos de segurança para proteção dos olhos contra respin- E - EPI PARA PROTEÇÃO DO TRONCO
gos de produtos químicos. E.1- Vestimentas de segurança que ofereçam proteção ao tron-
B.2- Protetor facial co contra riscos de origem térmica, mecânica, química, radioativa
a) protetor facial de segurança para proteção da face contra e meteorológica e umidade proveniente de operações com uso de
impactos de partículas volantes; água.
b) protetor facial de segurança para proteção da face contra e) vestimenta para proteção do tronco contra umidade prove-
respingos de produtos químicos; niente de precipitação pluviométrica.(Incluído pelaPortaria MTE nº
c) protetor facial de segurança para proteção da face contra 870/2017)
radiação infravermelha; E.2Colete à prova de balas de uso permitido para vigilantes que
d) protetor facial de segurança para proteção dos olhos contra trabalhem portando arma de fogo, para proteção do tronco contra
luminosidade intensa. riscos de origem mecânica.(Incluído pelaPortaria MTE nº 191/2006)
B.3- Máscara de Solda
a) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e F - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES
face contra impactos de partículas volantes; F.1- Luva
b) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e a) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
face contra radiação ultravioleta; abrasivos e escoriantes;
c) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e b) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
face contra radiação infravermelha; cortantes e perfurantes;
d) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e c) luva de segurança para proteção das mãos contra choques
face contra luminosidade intensa. elétricos;
d) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
C - EPI PARA PROTEÇÃO AUDITIVA térmicos;
C.1- Protetor auditivo e) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
a) protetor auditivo circum-auricular para proteção do sistema biológicos;
auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido f) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
na NR - 15, Anexos I e II; químicos;
b) protetor auditivo de inserção para proteção do sistema audi- g) luva de segurança para proteção das mãos contra vibrações;
tivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido na h) luva de segurança para proteção das mãos contra radiações
NR - 15, Anexos I e II; ionizantes.
c) protetor auditivo semi -auricular para proteção do sistema F.2- Creme protetor
auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido a) creme protetor de segurança para proteção dos membros
na NR - 15, Anexos I e II. superiores contra agentes químicos, de acordo com a Portaria SSST
nº 26, de 29/12/1994.
D - EPI PARA PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA F.3- Manga
D.1- Respirador purificador de ar a) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
a) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- contra choques elétricos;
rias contra poeiras e névoas; b) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
b) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- contra agentes abrasivos e escoriantes;
rias contra poeiras, névoas e fumos; c) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
c) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- contra agentes cortantes e perfurantes;
rias contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos; d) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
d) respirador purificador de ar para proteção das vias respira- contra umidade proveniente de operações com uso de água;
tórias contra vapores orgânicos ou gases ácidos em ambientes com e) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
concentração inferior a 50 ppm (parte por milhão); contra agentes térmicos.
e) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- F.4- Braçadeira
rias contra gases emanados de produtos químicos; a) braçadeira de segurança para proteção do antebraço contra
f) respirador purificador de ar para proteção das vias respira- agentes cortantes.
tórias contra partículas e gases emanados de produtos químicos; F.5- Dedeira

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

a) dedeira de segurança para proteção dos dedos contra agen- c) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaque-
tes abrasivos e escoriantes. ta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e infe-
riores contra umidade proveniente de operações com uso de água;
G - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES d) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja-
G.1- Calçado queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e
a) calçado de segurança para proteção contra impactos de que- inferiores contra chamas.
das de objetos sobre os artelhos; H.3- Vestimenta de corpo inteiro
b) calçado de segurança para proteção dos pés contra choques a) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo con-
elétricos; tra respingos de produtos químicos;
c) calçado de segurança para proteção dos pés contra agentes b) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo con-
térmicos; tra umidade proveniente de operações com água.
d) calçado de segurança para proteção dos pés contra agentes c)vestimenta condutiva de segurança para proteção de todo o
cortantes e escoriantes; corpo contra choques elétricos.(Incluída pela Portaria SIT n.º 108,
e) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra de 30 de dezembro de 2004)
umidade proveniente de operações com uso de água; d) vestimenta para proteção de todo o corpo contra umidade
f) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra proveniente de precipitação pluviométrica.(Incluída pela Portaria
respingos de produtos químicos. MTE nº 870/2017)
G.2- Meia
a) meia de segurança para proteção dos pés contra baixas tem- I - EPI PARA PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS COM DIFERENÇA DE
peraturas. NÍVEL
G.3- Perneira I.1- Dispositivo trava-queda
a) perneira de segurança para proteção da perna contra agen- a) dispositivo trava-queda de segurança para proteção do usu-
tes abrasivos e escoriantes; ário contra quedas em operações com movimentação vertical ou
b) perneira de segurança para proteção da perna contra agen- horizontal, quando utilizado com cinturão de segurança para pro-
tes térmicos; teção contra quedas.
c) perneira de segurança para proteção da perna contra respin- I.2- Cinturão
gos de produtos químicos; a) cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos
d) perneira de segurança para proteção da perna contra agen- de queda em trabalhos em altura;
tes cortantes e perfurantes; b) cinturão de segurança para proteção do usuário contra ris-
e) perneira de segurança para proteção da perna contra umida- cos de queda no posicionamento em trabalhos em altura.
de proveniente de operações com uso de água. Nota: O presente Anexo poderá ser alterado por portaria espe-
G.4- Calça cífica a ser expedida pelo órgão nacional competente em matéria
a) calça de segurança para proteção das pernas contra agentes de segurança e saúde no trabalho, após observado o disposto no
abrasivos e escoriantes; subitem6.4.1.
b) calça de segurança para proteção das pernas contra respin- ANEXO II
gos de produtos químicos; (Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de 2001)
c) calça de segurança para proteção das pernas contra agentes 1.1 - O cadastramento das empresas fabricantes ou impor-
térmicos; tadoras, será feito mediante a apresentação de formulário único,
d) calça de segurança para proteção das pernas contra umida- conforme o modelo disposto no ANEXO III, desta NR, devidamente
de proveniente de operações com uso de água. preenchido e acompanhado de requerimento dirigido ao órgão na-
e) calça para proteção das pernas contra umidade provenien- cional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho.
te de precipitação pluviométrica.(Incluída pelaPortaria MTE nº 1.2 - Para obter o CA, o fabricante nacional ou o importador,
870/2017) deverá requerer junto ao órgão nacional competente em matéria
de segurança e saúde no trabalho a aprovação do EPI.
H - EPI PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO 1.3 - O requerimento para aprovação do EPI de fabricação na-
H.1- Macacão cional ou importado deverá ser formulado, solicitando a emissão ou
a) macacão de segurança para proteção do tronco e membros renovação do CA e instruído com os seguintes documentos:
superiores e inferiores contra chamas; a) memorial descritivo do EPI, incluindo o correspondente en-
b) macacão de segurança para proteção do tronco e membros quadramento no ANEXO I desta NR, suas características técnicas,
superiores e inferiores contra agentes térmicos; materiais empregados na sua fabricação, uso a que se destina e
c) macacão de segurança para proteção do tronco e membros suas restrições;
superiores e inferiores contra respingos de produtos químicos; b) cópia autenticada do relatório de ensaio, emitido por labora-
d) macacão para proteção do tronco e membros superiores e tório credenciado pelo órgão competente em matéria de segurança
inferiores contra umidade proveniente de precipitação pluviométri- e saúde no trabalho ou do documento que comprove que o produto
ca.(Incluído pela Portaria MTE nº 870/2017) teve sua conformidade avaliada no âmbito do SINMETRO, ou, ain-
H.2- Conjunto da, no caso de não haver laboratório credenciado capaz de elaborar
a) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja- o relatório de ensaio, do Termo de Responsabilidade Técnica, assi-
queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e nado pelo fabricante ou importador, e por um técnico registrado
inferiores contra agentes térmicos; em Conselho Regional da Categoria;
b) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja- c) cópia autenticada e atualizada do comprovante de localiza-
queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e ção do estabelecimento, e,
inferiores contra respingos de produtos químicos;

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

d) cópia autenticada do certificado de origem e declaração do Os Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC são dispositivos
fabricante estrangeiro autorizando o importador ou o fabricante e sistemas que auxiliam na segurança do trabalhador dentro do lo-
nacional a comercializar o produto no Brasil, quando se tratar de cal da empresa. Eles protegem de forma geral, atingindo todos os
EPI importado. funcionários.
O EPC ajuda a manter todos os profissionais saudáveis e orien-
ANEXO III tados sobre as medidas de segurança.
(Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de 2001)
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO
SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO
DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
FORMULÁRIO ÚNICO PARA CADASTRAMENTO DE EMPRESA
FABRICANTE OU IMPORTADORA DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL
- Identificação do fabricante ou importador de EPI:
Fabricante:Importador:Fabricante e Importador:
Razão Social:
Nome Fantasia:CNPJ/MF: Quais são os EPC’s?
Inscrição Estadual - IE:Inscri ção Municipal - IM:
Endereço:Bairro:CEP: Existem diversos tipos de EPC e eles variam de acordo com o
Cidade:Estado: tipo de trabalho que é exercido. Mas, podemos citar alguns exem-
Telefone: Fax: plos para facilitar seu entendimento, como sinalização em máqui-
nas, sinalização nos corredores de risco, proteção de partes das
E-Mail:Ramo de Atividade:
máquinas que podem se mover, escadas com corrimão e capelas
CNAE (Fabricante):CCI da SRF/MF (Importador):
químicas são alguns deles.
Dentre os Equipamentos de Proteção Coletiva mais comuns
2 - Responsável perante o DSST / SIT:
estão:
-Placas de Sinalização;
a) Diretores: -Sensores de presença;
-Cavaletes;
Nome N.º da Identidade Cargo na Empresa -Fita de Sinalização;
1 -Chuveiro Lava-Olhos;
2 -Sistema de Ventilação e Exaustão;
3 -Proteção contra ruídos e vibrações;
-Sistema de Iluminação de Emergência.
b) Departamento Técnico:
Vantagens dos EPC’s
Nome Nº do Registro Prof.Conselho Prof./Estado
1 Os Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC auxiliam na dimi-
2 nuição de acidentes, já que mantém os colaboradores protegidos
quanto aos mesmos. Eles ajudam a melhorar as condições de tra-
3 - Lista de EPI fabricados: balho, possuem um custo menor do que os protetores individuais e
ainda ajudam a aumentar a produtividade da empresa. Isso porque
4 - Observações: um funcionário saudável, seguro e satisfeito só rende mais.
a) Este formulário único deverá ser preenchido e atualizado, Outra vantagem desse tipo de equipamento é que ele ajuda a
sempre que houver alteração, acompanhado de requerimento ao proteger não só os colaboradores, mas também toda pessoa que
DSST / SIT / MTE; visita a fábrica da empresa e não precisa ser trocado com tanta fre-
b) Cópia autenticada do Contrato Social onde conste dentre os quência já que sua durabilidade é maior.
objetivos sociais da empresa, a fabricação e/ou importação de EPI.
Nota: As declarações anteriormente prestadas são de inteira Qual a importância do EPC?
responsabilidade do fabricante ou importador, passíveis de verifica-
O Brasil se encontrou em um dos primeiros lugares entre os
ção e eventuais penalidades, facultadas em Lei.
países com maior número de acidentes de trabalho. Depois da di-
_________________,_____ de ____________ de ______
vulgação desse dado, as coisas começaram a mudar, mesmo que
_______________________________________________
ligeiramente, e os Equipamentos de Proteção Coletiva estão aí para
Diretor ou Representante Legal
ajudar a mudar isso.
O seu uso ajuda a diminuir expressivamente o número de aci-
EPC é a sigla para Equipamento de Proteção Coletiva e serve dentes, isso porque eles orientam e proteger o trabalhador durante
para garantir a saúde dos trabalhadores nas empresas. todo o expediente.
Por mais diferente que pareça, o uso dos equipamentos de
O trabalhador merece toda a proteção obrigatória para poder proteção ajudam a manter o colaborador motivado, porque ele se
fazer suas atividades com tranquilidade e produzir com eficácia. Os sente seguro para trabalhar e sabe que a empresa se importa com
Equipamentos de Proteção Coletiva são uma ferramenta muito im- sua saúde.
portante para evitar acidentes de trabalho e garantir a saúde de
todos os funcionários.

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

E as empresas que não usam EPC? Marque a alternativa CORRETA:


(A) As duas afirmativas são verdadeiras.
O descumprimento da norma que regulamenta a segurança do (B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
trabalhador gera multas para o empregador. Essas multas vão ser (C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
de pelo menos, o descumprimento da regra obrigatória. Além dis- (D) As duas afirmativas são falsas.
so, se ocorrer algum acidente, a empresa pode ser responsabilizada
pelo ocorrido. 4. (Prefeitura de Ministro Andreazza - RO – Vigia - IBADE – 2020)
Se você trabalha em uma empresa que não oferece os equi- Na Prefeitura de Ministro Andreazza, o Vigia é o responsável pela
pamentos de segurança obrigatórios, é possível fazer denúncias ao guarda e vigilância dos prédios próprios municipais e suas imedia-
Ministério do Trabalho ou ao sindicado da sua categoria para resol- ções, além de outros equipamentos municipais; exerce a vigilância
ver. Dentro da própria empresa é possível também conversar com a de edifícios públicos municipais, adotando providências tendentes
CIPA ou o SESMT para regulamentação. a evitar roubos, furtos, incêndios e outras danificações na área de
sua guarda; orienta o público, fornecendo informações sobre loca-
Qual a diferença entre EPC e EPI? lização de dependências ou atribuições de pessoas, quando neces-
sário; sem falar nas atividades de conservação predial. O Vigia é,
O significado de EPI é Equipamento de Proteção Individual, realmente, um profissional que merece destaque na administração
portanto, a diferença entre EPI e EPC é que o EPI são dispositivos pública.
que protegem cada colaborador separadamente, diferente do que Observe a imagem de um treinamento profissional.
protege coletivamente. Ainda, os equipamentos coletivos podem
ser também sistemas e formas de proteger os colaboradores em
geral.

EXERCÍCIOS

1. A limpeza consiste na remoção das sujidades depositadas


nas superfícies inanimadas, utilizando-se meios mecânicos (fric-
ção), físicos (temperatura) ou químicos (saneantes) em um deter-
minado período de tempo. No que se refere à higiene e à limpeza
de ambientes, julgue os itens a seguir. É importante a passagem de
panos úmidos para espalhar a sujidade, o que facilitará a limpeza
da superfície.
( ) CERTO
( ) ERRADO Na imagem pode-se ver que se trata de uma aula de Defesa
Pessoal. Neste caso, a técnica apresentada é a/o:
2. A respeito dos Equipamentos de Proteção Individual previs- (A) defesa contra chutes.
tos na Norma Regulamentadora 6NR 6, assinale V para a afirmativa (B) defesa contra arma branca.
verdadeira e F para as falsa. (C) imobilização.
( ) As luvas e os cremes protetores são equipamentos de prote- (D) rolamento.
ção dos membros superiores. (E) entorse.
( ) O respirador de adução de ar tipo máscara autônoma é
equipamento de proteção respiratória utilizado em atmosferas com 5. (Prefeitura de Ministro Andreazza - RO – Vigia - IBADE – 2020)
concentração de oxigênio maior ou igual que 12,5%. Na Prefeitura de Ministro Andreazza, o Vigia é o responsável pela
( ) O cinturão de segurança com dispositivo trava-queda é o guarda e vigilância dos prédios próprios municipais e suas imedia-
equipamento de proteção do usuário contra quedas em operações ções, além de outros equipamentos municipais; exerce a vigilância
com movimentação vertical ou horizontal. de edifícios públicos municipais, adotando providências tendentes
As afirmativas são, respectivamente, a evitar roubos, furtos, incêndios e outras danificações na área de
(A) F, V e V. sua guarda; orienta o público, fornecendo informações sobre loca-
(B) V, V e F. lização de dependências ou atribuições de pessoas, quando neces-
(C) F, F e V. sário; sem falar nas atividades de conservação predial. O Vigia é,
(D) V, F e F. realmente, um profissional que merece destaque na administração
(E) V, F e V. pública.
O profissional vigia deve manter sempre uma excelente postu-
3. (Prefeitura de Água Branca - AL - Vigilante Escolar - ADM&- ra no trabalho, tais como as descritas abaixo, EXCETO:
TEC – 2020) Leia as afirmativas a seguir: (A) manter o corpo reto, ombros e braços para trás e cabeça
I. Em uma situação de perigo ou violência, o indivíduo que pos- erguida.
sui treinamento em técnicas de defesa pessoal deve tentar fazer do (B) não usar palavrões na sua comunicação.
medo um aliado. (C) usar gírias para se aproximar do público.
II. Os direitos humanos não são direitos inerentes a todos os (D) evitar a cara fechada.
seres humanos, podendo a sua aplicação está condicionada a certos (E) não cuspir, não fumar em público e não mastigar nada.
critérios de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma e religião.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIGIA

6. (Prefeitura de Ministro Andreazza - RO – Vigia - IBADE – 2020)


Na Prefeitura de Ministro Andreazza, o Vigia é o responsável pela GABARITO
guarda e vigilância dos prédios próprios municipais e suas imedia-
ções, além de outros equipamentos municipais; exerce a vigilância
de edifícios públicos municipais, adotando providências tendentes 1 ERRADO
a evitar roubos, furtos, incêndios e outras danificações na área de
sua guarda; orienta o público, fornecendo informações sobre loca- 2 C
lização de dependências ou atribuições de pessoas, quando neces- 3 B
sário; sem falar nas atividades de conservação predial. O Vigia é,
4 C
realmente, um profissional que merece destaque na administração
pública. 5 A
As entradas não permitidas nos prédios públicos são, normal- 6 B
mente, alvos mais visados por invasores. O vigia deve manter-se
sempre alerta em qualquer circunstância, pois, nesta situação, o 7 B
maior erro deste profissional é: 8 A
(A) não se atentar para a audácia desses invasores.
(B) manter a postura de atenção sempre.
(C) tratar com educação os visitantes que procuram informa- ANOTAÇÕES
ções sobre o funcionamento do prédio.
(D) verificar sempre as condições de segurança nas entradas
em que não é permitido o acesso do público em geral. ______________________________________________________
(E) ter raciocínio rápido e boa capacidade de comunicação.
______________________________________________________
7. (Câmara de Itauçu - GO - Guarda Civil Municipal - Itame –
______________________________________________________
2020) A equipe da Central de atendimento passou a seguinte infor-
mação: QTH: Rua Bravo Echo, esquina com Av. tango sexto terceiro. ______________________________________________________
O que quer dizer essa mensagem?
(A) QTH refere-se a natureza da ocorrência, que se localiza na ______________________________________________________
Rua BC esquina com Av T-63.
(B) QTH refere-se ao local da ocorrência, sendo na Rua BC es- ______________________________________________________
quina com Av T-63.
(C) QTH refere-se ao rumo verdadeiro, que neste caso é na Rua ______________________________________________________
BC, esquina com Av T- 63.
(D) QTH refere-se a cancelar a ocorrência que seria na Rua BC ______________________________________________________
esquina com Av T-63.
______________________________________________________
8. Acerca das relações humanas, assinale a opção incorreta. ______________________________________________________
(A) As relações humanas são acontecimentos que ocorrem na
família, na escola e nas organizações. Elas são caracterizadas ______________________________________________________
pela ausência de conflitos entre as pessoas.
(B) Para lidar bem com os colegas de trabalho, uma das con- ______________________________________________________
dições é aceitar as opiniões alheias, embora as pessoas sejam
diferentes nas suas idéias e sentimentos. ______________________________________________________
(C) Interromper a fala dos outros com freqüência é um tipo de
______________________________________________________
comportamento que dificulta o funcionamento de um grupo
de trabalho e pode prejudicar o desempenho da tarefa. ______________________________________________________
(D) Os grupos de trabalho estabelecem maneiras de se fazer as
coisas e as relações interpessoais. Assim, quando há mudanças ______________________________________________________
no ritmo de trabalho da organização, há alterações nas rela-
ções humanas. ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

60

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