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CÓD: SL-141JL-22

7908433224938

CBM-GO
CORPO DE BOMBEIROS MILITARES DO ESTADO DE GOIÁS

Cadete (Aluno Oficial)


EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO Nº 004/2022
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura: Capacidade de compreensão e interpretação. Pressupostos e Subentendidos. Relações lógicas no texto: a coerên-
cia; Hierarquia das ideias: ideia central e ideias periféricas; O ponto de vista: a argumentação; ; Intertextualidade; Gêneros
textuais (editorial, conto, crônica, carta de leitor, entre outros). Relações formais no texto: a coesão. Relações entre elementos
que constituem a coesão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2. Tipos de discurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3. Vocabulário: sinonímia, antonímia, hiperonímia e hiponímia. Linguagens: denotativa e conotativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
4. Funções e usos da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5. Recursos linguísticos: o parágrafo, a pontuação, as conjunções, os pronomes. Informações implícitas: pressupostos e subenten-
didos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
6. Conhecimentos Linguísticos. Morfossintaxe: relações e funções sintáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
7. Variedade linguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Realidade Étnica, Social, Histórica, Geográfica, Cultural, Política e


Econômica do Estado de Goiás (em cumprimento a Lei n. 14.911, de 11
de agosto de 2004)
1. Formação Econômica de Goiás: a mineração no século XVIII; a agropecuária nos séculos XIX e XX; a estrada de ferro e a moder-
nização da economia goiana; as transformações econômicas com a construção de Goiânia e Brasília; industrialização; infraestrutura e
planejamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2. Modernização da Agricultura e Urbanização do Território Goiano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3. População Goiana: povoamento; movimentos migratórios e densidade demográfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4. Economia Goiana: industrialização e infraestrutura de transportes e comunicação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5. As Regiões Goianas e as Desigualdades Regionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
6. Aspectos Físicos do Território Goiano: vegetação, hidrografia, clima e relevo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
7. Aspectos da História Política de Goiás: a independência em Goiás; o coronelismo na República Velha; as oligarquias; a Revolução de
1930; a administração política de 1930 até os dias atuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
8. Aspectos da História Social de Goiás: o povoamento branco; os grupos indígenas; a escravidão e cultura negra; os movimentos sociais
no campo e a cultura popular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

Noções de Informática
1. Noções de Sistema Operacional (ambientes Linux e Windows). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
2. Edição de Textos, Planilhas e Apresentações (ambientes Microsoft Office 2016 e LibreOffice 5.0). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
3. Rede de Computadores: conceitos básicos; ferramentas; aplicativos; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
4. procedimentos de Internet e Intranet; programas de navegação (Microsoft Edge, Mozilla Firefox e Google Chrome); sítios de busca e
pesquisa na Internet; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5. Programas de correio eletrônico (Outlook Express e Mozilla Thunderbird); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
6. Grupos de discussão; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
7. Redes sociais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
8. Computação na nuvem (cloud computing). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
9. Conceitos de Organização e de Gerenciamento de Informações, Arquivos, Pastas e Programas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
10. Segurança da Informação: procedimentos de segurança; noções de vírus, worms e pragas virtuais; aplicativos para segurança (an-
tivírus, firewall e anti-spyware); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
11. Procedimentos de backup; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
12. Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
13. Periféricos: conceitos e instalação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158

Raciocínio Lógico-quantitativo
1. Noções Básicas de Lógica: conectivos, tautologia e contradições, implicações e equivalências, afirmações e negações, argumento e
silogismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
2. Resolução de Situações-Problema: envolvendo conceitos relacionados aos conjuntos numéricos e às operações básicas. . . . . . 187
3. Resolução de Situações-Problema: envolvendo conceitos relacionados a proporcionalidade e porcentagens. . . . . . . . . . . . . . . . 192
4. Leitura e Análise de Dados Apresentados em Formato Tabular ou Gráfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
ÍNDICE

Noções de Física e Química


1. Física: Eletrodinâmica: Corrente Elétrica, Geradores de Força Eletromotriz, Resistividade e Resistência Elétrica, Lei de Ohm,
Condutores ôhmicos e não ôhmicos, Potência Elétrica, Efeito Joule e Instrumentos de medidas elétricas . . . . . . . . . . . . . . 203
2. Termologia: A temperatura, Equilíbrio Térmico, A medida de temperatura, Escalas termométricas, Energia interna e Calor,
Processos de transmissão de calor, Calorimetria e mudança de estado físico, Influência da pressão na temperatura de mudança
de estado físico, Dilatação térmica dos sólidos e dos líquidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
3. Força: grandeza vetorial, força de atrito, força normal, força peso, módulo, direção, sentido, estática, dinâmica, sistema inter-
nacional de unidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
4. Química: Reações químicas: Tipos de reações, Características e Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
5. Funções inorgânicas: Ácidos, Bases, Sais e Óxidos, Conceito e Características Gerais, Classificação, Nomenclatura e Proprie-
dades químicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236
6. Soluções: Unidades de concentração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236

Noções de Biologia
1. Noções de anatomia e fisiologia humana: alterações anatômicas e sinais vitais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245

Noções de Direito
1. Direito Constitucional – I – Constituição Federal de 1988: Dos Princípios Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279
2. Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Dos direitos e garantias individuais e coletivos; Dos direitos sociais, Da nacionalidade e
dos direitos político . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280
3. Da Organização do Estado: Da Organização Político-Administrativa, União, Estados e Municípios; Da Administração
Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 288
4. Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: Do Estado de Defesa e do Estado de Sítio; Das Forças Armadas; Da Segu-
rança pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 300
5. Do Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303
6. II – Constituição do Estado de Goiás de 1989: Da Administração Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304
7. Da Segurança Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 307
8. Da proteção dos recursos naturais e da preservação do meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 308
9. Direito Administrativo. Direito Administrativo: conceito, fontes, princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 309
10. Administração Pública: natureza, elementos, poderes e organização, fins e princípios; administração direta e indireta; planeja-
mento, coordenação, descentralização, delegação de competência, controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 312
11. Agentes públicos: espécies e classificação; direitos, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos, concurso
público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320
12. Atos administrativos: conceito e requisitos; atributos; invalidação; classificação; espécies. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 331
13. Poderes administrativos: poder vinculado, poder discricionário, poder hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar,
poder de polícia. Do uso e do abuso do poder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335
14. Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo . . . . . . . . . 337
15. responsabilidade civil do Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 340
16. Lei Estadual n. 13.800, de 18 de janeiro de 2001 - Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública do
Estado de Goiás . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 343
17. Lei Federal nº 8.429/1992 – Improbidade Administrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 348
18. Direito Penal Militar: Código Penal Militar – CPM: Da aplicação da lei penal militar; Do crime; Das penas e das
medidas de segurança; Dos Crimes Contra a Autoridade ou Disciplina Militar; Dos Crimes Contra o Serviço Militar e o Dever
Militar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 356
19. Direito Processual Penal Militar: Código de Processo Penal Militar – CPPM: Da lei de processo penal militar e da sua aplicação;
Da Polícia Judiciária Militar, Do Inquérito Policial Militar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361
20. Direito Ambiental:. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro 1998 - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 365
ÍNDICE

Legislação Aplicável ao Corpo de Bombeiros Militar


1. Lei estadual nº 11.416, de 05 de fevereiro de 1991 - Baixa o Estatuto dos Bombeiros Militares do Estado de Goiás . . . . . 381
2. Lei estadual nº 11.383, de 28 de dezembro de 1990 - Dispõe sobre as promoções dos oficiais da ativa do Corpo de Bombeiros
Militar do Estado de Goiás e dá outras providências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 394
3. Lei n. 15.802, de 11 de setembro de 2006 – Institui o Código Estadual de Segurança contra Incêndio e Pânico e dá outras provi-
dencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 397
4. Lei estadual nº 19.969, de 11 de janeiro de 2018 que Institui o Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de
Goiás . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 403

Noções de atividades de Bombeiro Militar


1. Combate a Incêndio: teoria do fogo; métodos de extinção de incêndios; classes de incêndio; agentes extintores (Manual de
Bombeiros – Fundamentos de Combate a Incêndio – CBMGO – 1ª Edição, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 417
2. Socorros de Urgência (Protocolo de Suporte Básico de Vida - CBMGO, 2020). Material Disponível para Baixar no Site do
CBMGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 424
LÍNGUA PORTUGUESA

• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens,


LEITURA: CAPACIDADE DE COMPREENSÃO E INTER- fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.
PRETAÇÃO. PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS. RELA-
ÇÕES LÓGICAS NO TEXTO: A COERÊNCIA; HIERARQUIA
DAS IDEIAS: IDEIA CENTRAL E IDEIAS PERIFÉRICAS; O
PONTO DE VISTA: A ARGUMENTAÇÃO; ; INTERTEXTU-
ALIDADE; GÊNEROS TEXTUAIS (EDITORIAL, CONTO,
CRÔNICA, CARTA DE LEITOR, ENTRE OUTROS). RELA-
ÇÕES FORMAIS NO TEXTO: A COESÃO. RELAÇÕES EN-
TRE ELEMENTOS QUE CONSTITUEM A COESÃO

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto. lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal
Quando Jorge fumava, ele era infeliz. com a não-verbal.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?

Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que
facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela
pode ser escrita ou oral.

Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-


tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
este processo é intertextualidade.

Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a
uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su-
bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um signi-
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti- ficado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o can-
ca e, por fim, uma leitura interpretativa. didato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum
valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca
É muito importante que você: extrapole a visão dele.
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta-
do, país e mundo; IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões); principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto- identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
gráficas, gramaticais e interpretativas; tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja,
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po- você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
lêmicos; significativo, que é o texto.
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
Dicas para interpretar um texto: o assunto que será tratado no texto.
– Leia lentamente o texto todo. Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atra-
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. ído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias. pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa- pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto. Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
– Sublinhe as ideias mais importantes. o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
principal e das ideias secundárias do texto. cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
– Separe fatos de opiniões. Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu- reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
tável).
CACHORROS
– Retorne ao texto sempre que necessário. Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
enunciados das questões. seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
– Reescreva o conteúdo lido. precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
picos ou esquemas. comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa- casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu- outro e a parceria deu certo.
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma
distração, mas também um aprendizado. Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se- mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela As informações que se relacionam com o tema chamamos de
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
do texto. ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a iden- de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
tificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explica- conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
ções, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
prova. capaz de identificar o tema do texto!

Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se-
cundarias/

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LÍNGUA PORTUGUESA
IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM Ironia dramática (ou satírica)
TEXTOS VARIADOS A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre nos
textos literários quando a personagem tem a consciência de que
Ironia suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando por um
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência.
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex- recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
novo sentido, gerando um efeito de humor. irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
Exemplo: longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos:


ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Ironia verbal NERO EM QUE SE INSCREVE
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
intenção são diferentes. pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Ironia de situação Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. principal. Compreender relações semânticas é uma competência
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Busca de sentidos
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
morte. os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
apreensão do conteúdo exposto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
citadas ou apresentando novos conceitos. mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici- é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder como horas ou mesmo minutos.
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
entrelinhas. Deve-seater às ideias do autor, o que não quer dizer Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
imagens.
Importância da interpretação
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
específicos, aprimora a escrita. vencer o leitor a concordar com ele.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre- Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes de destaque sobre algum assunto de interesse.
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apre- za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
ensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira alea- os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
tória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- berdade para quem recebe a informação.
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que Fato
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
Diferença entre compreensão e interpretação Exemplo de fato:
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do A mãe foi viajar.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O Interpretação
leitor tira conclusões subjetivas do texto. É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
Gêneros Discursivos sas, previmos suas consequências.
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No ças sejam detectáveis.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun-
dárias. Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente tro país.
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única do que com a filha.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
encaminham-se diretamente para um desfecho. Opinião
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a que fazemos do fato.
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
curto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto-
anteriores: res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou- fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as
tro país. Ela tomou uma decisão acertada. ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí-
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão odo, e o tópico que o antecede.
do que com a filha. Ela foi egoísta. Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. para a clareza do texto.
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér-
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta- vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro,
mos expressando nosso julgamento. sem coerência.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
analisamos um texto dissertativo.
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
mais direto.
Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando NÍVEIS DE LINGUAGEM
com o sofrimento da filha.
Definição de linguagem
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
e o do leitor. As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
Parágrafo incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- e caem em desuso.
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- Língua escrita e língua falada
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
sentada na introdução. falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa-
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
rágrafos curtos, é raro haver conclusão.
Linguagem popular e linguagem culta
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
prova. valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
o diálogo é usado para representar a língua falada.
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- Linguagem Popular ou Coloquial
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con- está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
expressão dos esta dos emocionais etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A Linguagem Culta ou Padrão Exemplo:
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que Era uma casa muito engraçada
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins- Não tinha teto, não tinha nada
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên- Ninguém podia entrar nela, não
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem Porque na casa não tinha chão
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, Ninguém podia dormir na rede
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, Porque na casa não tinha parede
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi- Ninguém podia fazer pipi
cas, noticiários de TV, programas culturais etc. Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Gíria Na rua dos bobos, número zero
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como (Vinícius de Moraes)
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa- TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os comportamentos, nas leis jurídicas.
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário Características principais:
de pequenos grupos ou cair em desuso. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
“mina”, “tipo assim”. do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
Linguagem vulgar pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar Exemplo:
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
comida”. ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
Linguagem regional nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala- suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, perior para formação de oficiais.
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
Tipo textual expositivo
Tipos e genêros textuais A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e pode ser expositiva ou argumentativa.
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns
exemplos e as principais características de cada um deles. Características principais:
• Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
Tipo textual descritivo • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo mar.
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
um movimento etc. de ponto de vista.
Características principais: • Apresenta linguagem clara e imparcial.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje-
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função Exemplo:
caracterizadora. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
meração. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• A noção temporal é normalmente estática. terminado tema.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
ção. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipo textual dissertativo-argumentativo GÊNEROS TEXTUAIS
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur- Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in- dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas-
(leitor ou ouvinte). síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan-
do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que
Características principais: apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento ais que neles predominam.
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su- Descritivo Diário
gestão/solução). Relatos (viagens, históricos, etc.)
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações Biografia e autobiografia
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente Notícia
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e Currículo
um caráter de verdade ao que está sendo dito. Lista de compras
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Cardápio
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou Anúncios de classificados
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Injuntivo Receita culinária
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Bula de remédio
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Manual de instruções
Regulamento
Exemplo: Textos prescritivos
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Expositivo Seminários
administração política (tese), porque a força governamental certa- Palestras
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Conferências
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Entrevistas
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Trabalhos acadêmicos
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Enciclopédia
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Verbetes de dicionários
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato- Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Carta de opinião
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Resenha
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Artigo
cobrança efetiva (conclusão). Ensaio
Monografia, dissertação de
Tipo textual narrativo mestrado e tese de doutorado
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta
Narrativo Romance
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
Novela
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo,
Crônica
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo).
Contos de Fada
Características principais:
Fábula
• O tempo verbal predominante é o passado.
Lendas
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his-
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
onisciente). Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
prosa, não em verso. nitos e mudam de acordo com a demanda social.

Exemplo: INTERTEXTUALIDADE
Solidão A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. ambos: forma e conteúdo.
Nelson S. Oliveira Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurreais/4835684
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri-

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LÍNGUA PORTUGUESA
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
provérbios, charges, dentre outros. que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
Tipos de Intertextualidade O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen- um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego enunciador está propondo.
(parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se- Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorís- demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
ticos. missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), mento de premissas e conclusões.
significa a “repetição de uma sentença”. Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- A é igual a B.
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha A é igual a C.
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- Então: C é igual a A.
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
e “graphé” (escrita). Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção que C é igual a A.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa Outro exemplo:
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Todo ruminante é um mamífero.
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re- A vaca é um ruminante.
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo Logo, a vaca é um mamífero.
“citação” (citare) significa convocar.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois também será verdadeira.
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são o a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
ARGUMENTAÇÃO confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
propõe. outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo der bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
sos de linguagem. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de zado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- Tipos de Argumento
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- mento. Exemplo:
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna

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LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento de Autoridade Argumento quase lógico
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur- chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí-
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en-
um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver- tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica.
dadeira. Exemplo: Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo”
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
cimento. Nunca o inverso.
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
Alex José Periscinoto.
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
indevidas.
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor-
Argumento do Atributo
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
acreditar que é verdade. que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
Argumento de Quantidade lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento de.
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
largo uso do argumento de quantidade. competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
Argumento do Consenso mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como dizer dá confiabilidade ao que se diz.
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- por bem determinar o internamento do governador pelo período
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
carentes de qualquer base científica. - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
Argumento de Existência tal por três dias.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
do que dois voando”. deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais texto tem sempre uma orientação argumentativa.
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
vios, etc., ganhava credibilidade. outras, etc. Veja:
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
vam abraços afetuosos.”

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LÍNGUA PORTUGUESA
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de-
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun-
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
injustiça, corrupção).
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
ver as seguintes habilidades:
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
o argumento. ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- mente contrária;
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite ria contra a argumentação proposta;
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir ta.
outros à sua dependência política e econômica”.
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
o assunto, etc). Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
dades não se prometem, manifestam-se na ação. meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar-
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che-
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo
da verdade:
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se
- evidência;
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu
- divisão ou análise;
comportamento.
- ordem ou dedução;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
- enumeração.
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro-
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí-
A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
mica e até o choro.
mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa-
clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen-
clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
caracteriza a universalidade.
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta-
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse

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LÍNGUA PORTUGUESA
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
o efeito. Exemplo: que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
pesquisa.
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
Fulano é homem (premissa menor = particular) a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
Logo, Fulano é mortal (conclusão) todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O calor dilata o ferro (particular) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
O calor dilata o bronze (particular) o relógio estaria reconstruído.
O calor dilata o cobre (particular) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
O ferro, o bronze, o cobre são metais meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, relacionadas:
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de lha dos elementos que farão parte do texto.
sofisma no seguinte diálogo: Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Lógico, concordo. racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
- Claro que não! por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Exemplos de sofismas: lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
cular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
– conclusão falsa)
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- sabiá, torradeira.
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
ados nos sentimentos não ditados pela razão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de dida;d
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é diferenças).
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
(Garcia, 1973, p. 302304.) consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- vra e seus significados.
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
de vista sobre ele. mentação coerente e adequada.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
- o termo a ser definido; cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
- o gênero ou espécie; raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
- a diferença específica. cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
ma espécie. Exemplo: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
Elemento especiediferença apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
a ser definidoespecífica causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, virtude de, em vista de, por motivo de.
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta assim, desse ponto de vista.
ou instalação”; Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...

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LÍNGUA PORTUGUESA
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra-
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- que gera o controle demográfico”.
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
que, melhor que, pior que. desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade elaboração de um Plano de Redação.
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no tecnológica
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou ta, justificar, criando um argumento básico;
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
caráter confirmatório que comprobatório. construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por (rever tipos de argumentação);
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
caso, incluem-se que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
mortal, aspira à imortalidade); ência);
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
argumento básico;
dos e axiomas);
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
mento básico;
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
parece absurdo).
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
menos a seguinte:
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
cretos, estatísticos ou documentais.
Introdução
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
- função social da ciência e da tecnologia;
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
- definições de ciência e tecnologia;
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
Desenvolvimento
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex-
vimento tecnológico;
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
condições de vida no mundo atual;
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
gumentação:
desenvolvidos;
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
sado; apontar semelhanças e diferenças;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
banos;
dadeira;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
mais a sociedade.
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
dade da afirmação;
Conclusão
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis-
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto-
ências maléficas;
ridade que contrariam a afirmação apresentada;
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
apresentados.
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
ção: é um dos possíveis.
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-

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LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de
um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são TIPOS DE DISCURSO
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre-
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobili- Discurso direto
zar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, além É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador,
de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada. ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa.
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com-
Coerência pletamente bêbados, não é?
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. Foi aí que um dos bêbados pediu:
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se- — Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na o seu marido que os outros querem ir para casa.
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com (Stanislaw Ponte Preta)
outra”).
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é intro-
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen- duzida por um travessão, que deve estar alinhado dentro do pará-
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma grafo.
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens,
elementos formativos de um texto. conserva características do linguajar de cada uma, como termos de
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou caco-
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos etes pessoais.
elementos textuais. O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante declarativos ou dicendi) que indicam quem está emitindo a mensa-
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo- gem.
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são:
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de acrescentar
imediato a coerência de um discurso. afirmar
concordar
A coerência: consentir
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto; contestar
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei- continuar
tual; declamar
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com determinar
o aspecto global do texto; dizer
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. esclarecer
exclamar
Coesão explicar
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto, gritar
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um víncu- indagar
lo ou conexão sequencial.Se o vínculo coesivo se faz via gramática, insistir
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, interrogar
tem-se a coesão lexical. interromper
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala- intervir
vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos mandar
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo- ordenar, pedir
nentes do texto. perguntar
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical, prosseguir
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge- protestar
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir reclamar
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados repetir
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais. replicar
A coesão: responder
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; retrucar
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial; solicitar
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
componentes do texto; Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona-
gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou-
tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou
advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou
histérica, respondeu irritada, explicou docemente.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa;
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos- respondeu-me que não.
sas vidas. (Machado de Assis)
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) Discurso indireto livre
entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe
seguir: uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso
indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele,
Estilo 1: o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das
João perguntou: personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so-
— Que tal o carro? nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde
ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador.
Estilo 2: As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen-
João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas) dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa-
Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas) gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo-
sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes
Estilo 3: (terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse
Verbos de elocução no meio da fala: discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e
— Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o ritmo que confere ao texto.
carro.
— Você, retrucou Antônio, está completamente enganado. Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in-
decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa
Verbos de elocução no fim da fala: à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era
— Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se.
João. Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na
— Você está completamente enganado — retrucou Antônio. cadeia por que ele não sabe falar direito?
(Graciliano Ramos)
Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com
travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos: Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discur-
so direto, apresentaria a seguinte formulação: Sou bruto, sim; em
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto
filho. (Machado de Assis) livre: Era bruto, sim.
Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo inte-
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse rior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias
ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis) etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamen-
tos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente
— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narra-
e oito. (Machado de Assis) dor.
— Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis)
Transposição de discurso
Verbos de elocução depois de orações interrogativas e excla- Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se
mativas: a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O
— Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar
insistência. (Machado de Assis) corretamente os tipos de discurso na redação.
— Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis) Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros
— Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis) recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não
aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na
Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús- atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insis-
culas depois dos pontos de exclamação e interrogação. tência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem
construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece
Discurso indireto dificuldade.
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala
da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e
passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o
verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen-
ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de-
clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi
afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da
personagem na voz do narrador.

A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava


muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo.
(Ciro dos Anjos)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Discurso Direto VOCABULÁRIO: SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HIPERO-


• Presente NÍMIA E HIPONÍMIA. LINGUAGENS: DENOTATIVA E
A enfermeira afirmou: CONOTATIVA
– É uma menina.
Significação de palavras
• Pretérito perfeito As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação.
– Já esperei demais, retrucou com indignação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os
• Futuro do presente significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos
Pedrinho gritou: que compõem este estudo.
– Não sairei do carro.
Antônimo e Sinônimo
• Imperativo Começaremos por esses dois, que já são famosos.
Olhou-a e disse secamente:
– Deixe-me em paz. O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras.
Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o signi-
Outras alterações ficado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com
• Primeira ou segunda pessoa homem que é antônimo de mulher.
Maria disse:
– Não quero sair com Roberto hoje. Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e
que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é mui-
• Vocativo to importante para produções textuais, porque evita que você fi-
– Você quer café, João?, perguntou a prima. que repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos
exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/conten-
• Objeto indireto na oração principal tamento e homem é sinônimo de macho/varão.
A prima perguntou a João se ele queria café.
Hipônimos e Hiperônimos
• Forma interrogativa ou imperativa Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa: uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperôni-
– E o amarelo? mo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, ca-
chorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais
• Advérbios de lugar e de tempo domésticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido
aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com
• Pronomes demonstrativos e possessivos substantivo coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das
essa(s), esta(s) palavras, beleza?!?!
esse(s), este(s)
isso, isto Outros conceitos que agem diretamente no sentido das pala-
meu, minha vras são os seguintes:
teu, tua
nosso, nossa Conotação e Denotação
Observe as frases:
Discurso Indireto Amo pepino na salada.
• Pretérito imperfeito Tenho um pepino para resolver.
A enfermeira afirmou que era uma menina.
• Futuro do pretérito As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa
Pedrinho gritou que não sairia do carro. palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo,
• Pretérito mais-que-perfeito não!
Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha espera- Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja,
do) demais. a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionari-
• Pretérito imperfeito do subjuntivo zado.
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz. Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo cono-
Outras alterações tativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do
• Terceira pessoa contexto para ser entendida.
Maria disse que não queria sair com Roberto naquele dia. Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e cono-
• Objeto indireto na oração principal tativo começa com C de contexto.
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma declarativa Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propa-
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa gandas:
pelo amarelo.
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia ante-
rior, na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s), aquilo,
seu, sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

FUNÇÕES E USOS DA LINGUAGEM

Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase à mensagem transmitida,
em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre.
São seis as funções da linguagem, que se encontram diretamente relacionadas com os elementos da comunicação.

Funções da Linguagem Elementos da


Comunicação
Função referencial ou denotativa contexto
Função emotiva ou expressiva emissor
Função apelativa ou conativa receptor
Função poética mensagem
Função fática canal
Função metalinguística código

Função Referencial
A função referencial tem como objetivo principal informar, referenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contexto da co-
municação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural, o que enfatiza sua impessoalidade.
Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por meio
de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo, sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.

Exemplo de uma notícia:


O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Global para Atividade Física de Crianças — entidade internacional dedicada
ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jovens — foi decepcionante. Realizado em 49 países de seis continentes com o objetivo
de aferir o quanto crianças e adolescentes estão fazendo exercícios físicos, o estudo mostrou que elas estão muito sedentárias. Em 75% das
nações participantes, o nível de atividade física praticado por essa faixa etária está muito abaixo do recomendado para garantir um cresci-
mento saudável e um envelhecimento de qualidade — com bom condicionamento físico, músculos e esqueletos fortes e funções cognitivas
preservadas. De “A” a “F”, a maioria dos países tirou nota “D”.

Função Emotiva
Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar. É centrada no emissor, ou seja, quem envia a mensagem. A mensagem
não precisa ser clara ou de fácil entendimento.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que Função Metalinguística
empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro in- É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a lingua-
conscientemente. gem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utili- código utilizando o próprio código.
zação da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é, da- Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem des-
quele que fala. taque são as gramáticas e os dicionários.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um do-
Exemplo: Nós te amamos! cumentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema
são alguns exemplos.
Função Conativa Exemplo:
A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma lingua- Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço
gem persuasiva com a finalidade de convencer o leitor. Por isso, o entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz com a amizade do seu
grande foco é no receptor da mensagem. mestre”
Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, pu- 2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camarada.
blicidades e discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por “é uma de suas amizades fiéis”
meio da mensagem transmitida.
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na ter-
ceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso do RECURSOS LINGUÍSTICOS: O PARÁGRAFO, A PONTUA-
vocativo. ÇÃO, AS CONJUNÇÕES, OS PRONOMES. INFORMA-
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com ÇÕES IMPLÍCITAS: PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS
a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de ma-
neira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios CLASSES DE PALAVRAS
publicitários que nos dizem como seremos bem-sucedidos, atraen-
tes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumirmos Substantivo
certos produtos. São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi-
Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen-
que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto esperta- timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 
lhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemoriza-
dos, que se deixam conduzir sem questionar. Classificação dos substantivos
Exemplos: Só amanhã, não perca!
Vote em mim! SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
Função Poética apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
Esta função é característica das obras literárias que possui sua estrutura. macaco/sabão
como marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será SUBSTANTIVOS Macacos-prego/
transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das COMPOSTOS: são formados porta-voz/
figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunica- por mais de um radical em sua pé-de-moleque
tivo é a mensagem. estrutura.
A função poética não pertence somente aos textos literários. SUBSTANTIVOS Casa/
Podemos encontrar a função poética também na publicidade ou PRIMITIVOS: são os que dão mundo/
nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas origem a outras palavras, ou população
(provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas). seja, ela é a primeira. /formiga

Exemplo: SUBSTANTIVOS Caseiro/mundano/


“Basta-me um pequeno gesto, DERIVADOS: são formados populacional/formigueiro
feito de longe e de leve, por outros radicais da língua.
para que venhas comigo SUBSTANTIVOS Rodrigo
e eu para sempre te leve...” PRÓPRIOS: designa /Brasil
(Cecília Meireles) determinado ser entre outros /Belo Horizonte/Estátua
da mesma espécie. São da Liberdade
Função Fática sempre iniciados por letra
A função fática tem como principal objetivo estabelecer um ca- maiúscula.
nal de comunicação entre o emissor e o receptor, quer para iniciar a
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua continuação.
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
A ênfase dada ao canal comunicativo.
uma mesma espécie.
Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por exem-
plo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao tele- SUBSTANTIVOS Leão/corrente
fone, etc. CONCRETOS: nomeiam seres /estrelas/fadas
com existência própria. Esses /lobisomem
Exemplo: seres podem ser animadoso /saci-pererê
-- Calor, não é!? ou inanimados, reais ou
-- Sim! Li na previsão que iria chover. imaginários.
-- Pois é...

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUBSTANTIVOS Mistério/ • Número:


ABSTRATOS: nomeiam bondade/ – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de
ações, estados, qualidades confiança/ número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namorado-
e sentimentos que não tem lembrança/ res, japonês/ japoneses.
existência própria, ou seja, só amor/ – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
existem em função de um ser. alegria branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

SUBSTANTIVOS Elenco (de atores)/ • Grau:


COLETIVOS: referem-se a um acervo (de obras – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vito-
conjunto de seres da mesma artísticas)/buquê (de flores) rioso (do) que o seu.
espécie, mesmo quando – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vito-
empregado no singular e rioso (do) que o seu.
constituem um substantivo – Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
comum. quanto o seu.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssi-
PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI! mo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito fa-
Flexão dos Substantivos moso.
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi- – Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou mais famoso de todos.
uniformes – Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é me-
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta nos famoso de todos.
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o
presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina Artigo
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única É uma palavra variável em gênero e número que antecede o
forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. • Classificação e Flexão do Artigos
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá- – Artigos Definidos: o, a, os, as.
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira O menino carregava o brinquedo em suas costas.
macho/palmeira fêmea. As meninas brincavam com as bonecas.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a Um menino carregava um brinquedo.
testemunha (o testemunha), o individuo (a individua). Umas meninas brincavam com umas bonecas.
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto
para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente, Numeral
o/a estudante, o/a colega. É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou
coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1). • Classificação dos Numerais
– Singular: anzol, tórax, próton, casa. – Cardinais: indicam número ou quantidade:
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas. Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau Quinto ano. Primeiro lugar.
diminutivo. – Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma
– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra. quantidade é multiplicada:
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme. O quíntuplo do preço.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha – Fracionários: indicam a parte de um todo:
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.  Dois terços dos alunos foram embora.

Adjetivo Pronome
É a palavra variável que especifica e caracteriza o substantivo: É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam,
imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão com- indicando a pessoa do discurso.
posta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por
preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo:
golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vesper-
tino).

Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
no: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Empregado nas correspondências e textos
Vossa Senhoria
escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas,
pouco, pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas,
Variáveis
vário, vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer,
qual, quais, um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição.  Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS. MORFOSSINTAXE: RELAÇÕES E FUNÇÕES SINTÁTICAS

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo da
sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar algumas
questões importantes:

• Frase:Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo.


Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio!

• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.

• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.


A tecnologia permitiu o resgate dos operários.

• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.

• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção.
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.

• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.

• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.

• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.

• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.

• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.


A especulação imobiliária me parece um problema.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.

• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.

• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.


Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
final. •
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não • Ao chegar à escola conversamos, estudamos,
passa no vestibular. lanchamos.

Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
quer comer pizza.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.
iremos mais lá.
João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá
Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava inveja.
de mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Substantivas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

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LÍNGUA PORTUGUESA

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de


Explicam um termo dito quinta, terão aula de reforço.
anteriormente. SEMPRE serão
acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas
Restritivas Os alunos que foram mal na prova de
Restringem o sentido de um termo quinta terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de
causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do
Assumem a função de advérbio de dia.
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar
Assumem a função de advérbio de na reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Orações Subordinadas Adverbiais Assumem a função de advérbio de previsto.
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa
Assumem a função de advérbio de mais tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que
Assumem a função de advérbio de todos tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono
Assumem a função de advérbio de tinha.
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos
Assumem a função de advérbio de saem de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

VARIEDADE LINGUÍSTICA

É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas, como na linguagem regional. Elas reúnem as variantes da língua que
foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos históricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros.
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se que,
numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contexto.
As variações que distinguem uma variante de outra se manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, sintático
e lexical.

Variações Morfológicas
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças entre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas não
são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:
– uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o champa-
nha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro indica-
do, as noite fria, os caso mais comum.

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LÍNGUA PORTUGUESA
– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o Variações Léxicas
Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do
eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracteri-
ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu. zam com nitidez uma variante em confronto com outra. São exem-
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o plos possíveis de citar:
superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem – as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às
jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a
uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossan- lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil
te (em vez de possantíssimo). chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Por-
– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regula- tugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno
res: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir) almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de
o recado, quando ele repor (repuser). suéter, malha, camiseta.
– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: – a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
vareia (varia), negoceia (negocia). formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil;
Variações Fônicas Esse amigo é um carinha maior esforçado.
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da pala-
vra. Entre esses casos, podemos citar: Designações das Variantes Lexicais:
– a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró- – Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um
polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usa-
pessoas de baixa condição social. va-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa.
– A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das – Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-cria-
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande das, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. A na
do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, printar.
quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol. – Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de outra
– deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma
estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social. de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da
– a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas
oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô. o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo.
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica,
hoje frequentes na fala caipira. As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibilida-
– a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, ma- de”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações
relo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem básicas).
oral coloquial. – Jargão: vocabulário típico de um campo profissional como
a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. Furo é no-
Variações Sintáticas tícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma
Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe, barriga.
como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma va- – Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja ser
riante e outra. Como exemplo, podemos citar: entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identida-
– a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome de por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero (conversar).
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com – Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito raro:
o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de motorista).
dele (em vez de cuja família eu já conhecia). – Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de
– a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal,
se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com arruinou-se).
você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz
me irrita. Tipos de Variação
– ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che- As variações mais importantes, são as seguintes:
gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela se- – Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com
mana muitos alunos; Comentou-se os episódios. certa facilidade.
– o uso de pronomes do caso reto com outra função que não – Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das
a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão características da pronúncia de uma determinada região dá-se o
sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque
e ele. gaúcho etc.
– o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de – De Situação: são provocadas pelas alterações das circuns-
“o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. tâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de
– a ausência da preposição adequada antes do pronome relati- falar compatível com determinada situação é incompatível com
vo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de: outra
de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) – Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e com
eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio. o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o senti-
do delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
EXERCÍCIOS tudo bem.”
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”
1. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a
série em que o hífen está corretamente empregado nas cinco pa- Leia o texto abaixo para responder a questão.
lavras: A lama que ainda suja o Brasil
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
-vermelho.
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in- A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
fra-assinado. dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con- um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
trarregra. Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
-mencionado. pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
2. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
2003) Indique o item em que todas as palavras estão corretamente que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
empregadas e grafadas. funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po- coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de
se tornou uma bomba relógio na região.”
qualquer excesso e violência.
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata-
de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem
do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo
barragens de mineração em todo o País apresentam condições de
isso, num modo de intervenção específico.
insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o
gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol- senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
ta que ambos possam suscitar. tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar-
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po- co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori-
der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos
corpo dos supliciados. judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con- o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
organização em delinqüência. QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL

3. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚ- 5. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
NIOR – 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à orto- I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
grafia é: fato.
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
extraordinária de imitar vários estilos musicais. gênero textual editorial.
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti- III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
mentos pessoais por meio de sua música. que se trata de uma reportagem.
(C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
composições do músico na cultura ocidental. se trata de um editorial.
(D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo-
sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona- Analise as assertivas e responda:
gens. (A) Somente a I é correta.
(E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se (B) Somente a II é incorreta.
deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração. (C) Somente a III é correta
(D) A III e IV são corretas.
4. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade
é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO 6. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que ain-
se fundamenta em intertextualidade é: da suja o Brasil”:
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas
há muito tempo.” no desenvolvimento do assunto.
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro-
mete onde não é chamada.” blemas no uso de conjunções e preposições.
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes
mesmo!” de palavras e da ordem sintática.

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LÍNGUA PORTUGUESA
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
temática e bom uso dos recursos coesivos. a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
Analise as assertivas e responda: bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
(A) Somente a I é correta. alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
(B) Somente a II é incorreta. perguntou-lhe:
(C) Somente a III é correta. — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
(D) Somente a IV é correta. baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
Leia o texto abaixo para responder as questões. a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Vamos, diga lá.
UM APÓLOGO Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-
Machado de Assis. beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
— Deixe-me, senhora. fico.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
der na cabeça. muita linha ordinária!
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem 7. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona-
outros. gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique
a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os
— Mas você é orgulhosa.
elementos dos textos:
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
daço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o (A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto… rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en- puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando e mando...” (L.14-15)
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
isto uma cor poética. E dizia a agulha: eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? abaixo e acima.” (L.25-26)
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de
e acima… costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela Onde me espetam, fico.” (L.40-41)
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

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8. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade, to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os
pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi- (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de: penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
(A) dimensão e pejoratividade; cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
(B) afetividade e intensidade;
(C) afetividade e dimensão; 13. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
(D) intensidade e dimensão; mente correta a pontuação do seguinte período:
(E) pejoratividade e afetividade. (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
9. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito comum nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente
uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alternativa sem importância, ditam o rumo de toda a história.
cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressivida- (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
de dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado. pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem
ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11) importância, ditam o rumo de toda a história.
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. (C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
Agulha não tem cabeça.” (L.06) pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um providências, que, tomadas por figurantes aparentemente,
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13) sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi- (D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
nária!” (L.43) pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?” providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem
(L.25) importância, ditam o rumo de toda a história.
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis,
10. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque-
metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente,
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre- sem importância, ditam o rumo de toda a história.
sente no texto:
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação 14. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS
equânime em ambientes coletivos de trabalho; – 2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa or-
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação dem, o seguinte par de palavras:
equânime em ambientes coletivos de trabalho; (A) estrondo – ruído;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, (B) pescador – trabalhador;
cada sujeito possui atribuições próprias. (C) pista – aeroporto;
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole- (D) piloto – comissário;
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do (E) aeronave – jatinho.
sujeito.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, 15. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂN-
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais. CIA PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica
uma questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil
11. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode é sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque
ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma tem como antônimo:
padrão na seguinte sentença: (A) fortuna;
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente. (B) opulência;
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho. (C) riqueza;
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe. (D) escassez;
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião. (E) abundância.
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
16. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC)
12. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMA- – 2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo
GEM DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos si- mesmo processo de formação é:
nais de pontuação em: (A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso;
(A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi- (B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer;
dados e retirou-se da sala: era o final da reunião. (C) deslealdade, colunista, incrível;
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra- (D) anoitecer, festeiro, infeliz;
teiramente pela porta? (E) reeducação, dignidade, enriquecer.
(C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.

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17. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL 23. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS
– 2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso – 2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não
cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação dormiu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segun-
utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a da oração.
palavra primitiva foi formada respectivamente é: (A) Oração coordenada assindética aditiva.
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté- (B) Oração coordenada sindética aditiva.
tica (en + trist + ecer); (C) Oração coordenada sindética adversativa.
(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria (D) Oração coordenada sindética explicativa.
(en + triste + cer); (E) Oração coordenada sindética alternativa.
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin-
tética (en + trist + ecer); 24. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi- a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer
xal (des + entristecer); exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti- orações.
ca (des + entristecer). (A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
sativa.
18. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL (B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva.
– 2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra (C) Oração coordenada assindética e oração coordenada adi-
formada por derivação: tiva.
(A) parassintética; (D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu-
(B) prefixal; tiva.
(C) sufixal; (E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
(D) imprópria; bial consecutiva.
(E) regressiva.
25. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999)
19. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título Analise sintaticamente a oração em destaque:
do artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: “Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen-
(A) pronome; sados” (Machado de Assis).
(B) adjetivo; (A) oração subordinada substantiva completiva nominal.
(C) advérbio; (B) oração subordinada adverbial causal.
(D) substantivo; (C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida.
(E) preposição. (D) oração coordenada sindética conclusiva.
(E) oração coordenada sindética explicativa.
20. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação
morfológica do pronome “alguém” (l. 44). 26. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – AD-
(A) Pronome demonstrativo. MINISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de
(B) Pronome relativo. ser um processo de observação cristalina para assumir um discur-
(C) Pronome possessivo. so de políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou
(D) Pronome pessoal. quase nada retratam as necessidades de populações distintas.”.
(E) Pronome indefinido. A oração grifada no trecho acima classifica-se como:
(A) subordinada substantiva predicativa;
21. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na (B) subordinada adjetiva restritiva;
oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba- (C) subordinada substantiva subjetiva;
lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli- (D) subordinada substantiva objetiva direta;
nhados classificam-se, respectivamente, em (E) subordinada adjetiva explicativa.
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. 27. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009)
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome. No trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como:
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. “Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia,
mas nunca à custa de nossos filhos...”
22. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração (A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin-
e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um dética adversativa;
(a): (B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex-
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças plicativa;
americanas, entre na fila.” (C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver-
(A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e bial concessiva;
subordinadas. (D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada
(B) Período, composto por três orações. sindética adversativa;
(C) Oração, pois possui sentido completo. (E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con-
(D) Período, pois é composto por frases e orações. cessiva.

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28. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No pe- ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de
ríodo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência
história.”, a oração sublinhada é classificada como: social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital,
(A) coordenada assindética; responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
(B) subordinada substantiva completiva nominal; (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
(C) subordinada substantiva objetiva indireta; plural em “deflacionados”.
(D) subordinada substantiva apositiva. (B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
em “Elevaram-se”.
29. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liber- (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
dades ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a regras de concordância com “economia”.
nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
acima, na ordem dada, as expressões: singular em “fez aumentar”.
(A) a que – de que; (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
(B) de que – com que; com “relevantes”.
(C) a cujas – de cujos;
(D) à que – em que; 33. (NCE/UFRJ – TRE/RJ – AUXILIAR JUDICIÁRIO – 2001) O
(E) em que – aos quais. item abaixo que apresenta erradamente uma separação de sílabas
é:
30. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – (A) trans-o-ce-â-ni-co;
2008) Assinale o trecho que apresenta erro de regência. (B) cor-rup-te-la;
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de (C) sub-li-nhar;
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe- (D) pneu-má-ti-co;
cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a
maior taxa registrada na última década. 34. (FGV – SPTRANS – ESPECIALISTA EM TRANSPORTES –
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que 2001) Assinale a alternativa em que o x representa fonema igual
serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a ao de
conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). “exame”.
(C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento (A) exceto.
em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em (B) enxame.
que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am- (C) óxido.
pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de (D) exequível.
novas fontes de petróleo.
(D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente, 35. (FUNDEC – TJ/MG – OFICIAL DE JUSTIÇA – 2002) Todas
percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí- as palavras a seguir apresentam o mesmo número de sílabas e são
da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação paroxítonas, EXCETO:
menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina. (A) gratuito;
(E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia, (B) silencio;
com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro (C) insensível;
da América Latina, o organismo internacional está atribuindo (D) melodia.
um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do
que o do Brasil. 36. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDE-
RAL – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado correta-
31. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO mente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
– 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está (A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
correta. (B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo. (C) Pretendo viajar a Paraíba.
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros. (D) Ele gosta de bife à cavalo.
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
35% deles fosse despejado em aterros. 37. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na ora-
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo. ção “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta ataque, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, obser-
de lixo. va-se a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta.
Nas locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser
32. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – marcada com o acento, EXCETO em:
2012) Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as (A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema.
relações de concordância no texto abaixo. (B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou eleitorado pelo resultado final.
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lu- (C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema.
cratividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais fa- (D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolú-
voráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de- vel.
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as (E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sis-
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição tema.
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan-

39
LÍNGUA PORTUGUESA
38. (PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG - AUXILIAR DE CON- 8. A verdade é que o País está “do jeito que o diabo gosta” e
SULTÓRIO DENTÁRIO - FCM - 2019) cabe a nós acabar logo com esse “lero-lero” e “partir pras cabeças”.
Afinal, amigo, nossa situação “está mais feia que bater na mãe”.
O Sol e a Neve IstoÉ, n. 2581, 19 jun. 2019. Adaptado
Era uma floquinha de neve que vivia no alto de uma montanha
gelada. Um dia, se apaixonou pelo sol. E passou a flertar descarada- Avalie as informações sobre aspectos estilísticos e semânticos
mente com ele. “Cuidado!”, alertaram os flocos mais experientes. utilizados pelo autor do texto.
“Você pode se derreter”. Mas a nevinha não queria nem saber e I. No período “Tenho certeza de que o estimado leitor há de
continuava a olhar para o Sol, que com seus raios a queimava de concordar...”, algumas palavras estão empregadas no sentido cono-
paixão. Ela nem percebia o quanto se derretia... e ficou ali um bom tativo.
tempo, só se derretendo, se derretendo. Quando viu, era uma goti- II. Identifica-se a metonímia em um dos sintagmas da estrutura
nha, uma pequena lágrima de amor descendo, com nobreza e deli- frasal “... aos que se enriqueceram por meios ilícitos, um ‘bobeou,
cadeza, a montanha. Lá embaixo, um rio esperava por ela. dançou’ cai feito uma luva”. (§3)
Disponível em: <file:///C:/Users/sosan/Downloads/2014-08a-18s- III. A locução adjetiva “do balacobaco”, presente no título, diz
-ep-05.pdf> Acesso em: 15 ago. 2019. respeito a algo inverossímil, descontextualizado e que caiu em de-
suso.
No sentido figurado, a personificação confere características, IV. Em “Nossa cultura popular é uma enciclopédia aberta, en-
qualidades e sentimentos de seres humanos a seres irracionais ou volvente e rica em termos e frases de profundidade inquestionável”
inanimados. (§1), uma das figuras de linguagem empregada é a personificação.
O trecho em que a personificação NÃO aparece é V. A expressão “enciclopédia aberta” (§1) é uma metáfora, pois
(A) “Lá embaixo, um rio esperava por ela.” nela as palavras foram retiradas do seu contexto convencional e um
(B) “... com seus raios a queimava de paixão.” novo campo de significação se instaurou por meio de uma compa-
(C) “Mas a nevinha (...) continuava a olhar para o sol”. ração implícita.
(D) “‘Cuidado’!, alertaram os flocos mais experientes.”
Está correto apenas o que se afirma em
39. (PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG - ASSISTENTE SOCIAL (A) II e IV.
- FCM - 2019) (B) IV e V.
(C) I, II, III.
Um país do balacobaco (D) I, III e V.
Mentor Neto
1. Nossa cultura popular é uma enciclopédia aberta, envolven- 40. (EMDEC - ADVOGADO JR - IBFC - 2019)
te e rica em termos e frases de profundidade inquestionável. Co-
nhecimento comum, da gente simples, do dia a dia, que resultou A perfeição (adaptado)
em gotículas de sabedoria muitas vezes desprezadas. Ao longo dos O susto de reencontrar alguém que não vemos há anos é o im-
anos venho colecionando inúmeras. Utilizo esta enciclopédia aber- pacto do tempo. O desmanche alheio incomoda? Claro que não,
ta como repositório que, acredito, poderia ser de amplo emprego apenas o nosso refletido na hipótese de estarmos também daquele
por alguns brasileiros. jeito. Há momentos nos quais o salto para o abismo do fim parece
2. É verdade que algumas dessas expressões caíram em desuso, mais dramático: especialmente entre 35 e 55. (...)
mas nem por isso perderam o brilhantismo. Por exemplo, no es- Agatha Christie deu um lindo argumento para todos nós que
cândalo mais recente, o caso Intercept Brasil, o conselho “em boca envelhecemos. Na sua Autobiografia, narra que a solução de um ca-
fechada não entra mosca” teria sido de profunda utilidade. samento feliz está em imitar o segundo casamento da autora: con-
3. Há como descrever melhor o trabalho da Lava Jato do que trair núpcias com um arqueólogo (no caso, Max Mallowan), pois,
com um “cada enxadada uma minhoca”? Aos acusados ou suspei- quanto mais velha ela ficava, mais o marido se apaixonava. Talvez
tos de corrupção, aos que se enriqueceram por meios ilícitos, um o mesmo indicativo para homens e mulheres estivesse na busca de
“bobeou, dançou” cai feito uma luva. geriatras, restauradores, historiadores, egiptólogos ou, no limite,
4. “Entornar o caldo” me parece adequado quando nos refe- tanatologistas.
rimos à cultura de delações premiadas na qual estamos imersos. Envelhecer é complexo, a opção é mais desafiadora. O célebre
Por falar nisso, os delatores encontram um sábio conselho no “ajoe- historiador israelense Yuval Harari prevê que a geração alpha (nas-
lhou, tem que rezar” ou, quem sabe, no consagrado “colocar a boca cidos no século em curso) chegará, no mínimo, a 120 anos se obti-
no trombone”! Já aos que preferem manter o silêncio, “boca de siri” ver cuidados básicos. O Brasil envelhece demograficamente e nós
é o ideal. poderíamos ser chamados de vanguarda do novo processo. Dizem
5. Alguns personagens desse “bafafá” que tomou conta de nos- que Nelson Rodrigues aconselhava aos jovens que envelhecessem,
sa política são protagonistas tão importantes que merecem frases como o melhor indicador do caminho a seguir. Não precisamos do
conhecidas de aplicação exclusiva, já que “entraram numa fria”. Afi- conselho pois o tempo é ceifador inevitável. (...)
nal, como descrever mais precisamente o que ocorreu com aquele Como em toda peça teatral, o descer das cortinas pode ser
que “foi pego com a boca na botija”? a deixa para um aplauso caloroso ou um silêncio constrangedor,
6. Para os destacados empresários do ramo frigorífico, um belo quando não vaia estrondosa. É sabedoria que o tempo ensina, ao
“mamar na vaca você não quer, né?” é incontestável. Tenho certeza retirar nossa certeza com o processo de aprendizado. Hoje começa
de que o estimado leitor há de concordar. mais um dia e mais uma etapa possível. Hoje é um dia diferente de
7. E os deputados e senadores? E os que infringiram acordos? todos. Você, tendo 16 ou 76, será mais velho amanhã e terá um dia
Ou aquilo está “um quiprocó”, “um perereco” do caramba mesmo. a menos de vida. Hoje é o dia. Jovens, velhos e adjacentes: é preciso
Alguns ministros “aparecem mais que umbigo de vedete”, mas a ter esperança.
real é que deveriam “sair de fininho”.

40
LÍNGUA PORTUGUESA
Leia os trechos retirados do texto e assinale a alternativa que 26 A
não possui uma figura de linguagem em sua construção.
(A) “pois o tempo é ceifador inevitável.” 27 D
(B) “deixa para um aplauso caloroso.” 28 B
(C) “É sabedoria que o tempo ensina.”
(D) “Você, tendo 16 ou 76, será mais velho amanhã.” 29 A
30 D
41. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alter-
31 E
nativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”. 32 A
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”. 33 A
(C) “sérios”, “potência”, “após”.
(D) “Goiás”, “já”, “vários”. 34 D
(E) “solidária”, “área”, “após”. 35 A

42. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS- 36 A


TRATIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo 37 D
exclusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com
38 B
esse objetivo é a seguinte:
(A) pôr. 39 B
(B) ilhéu. 40 D
(C) sábio.
(D) também. 41 A
(E) lâmpada. 42 A

GABARITO
ANOTAÇÕES
1 D
______________________________________________________
2 B
______________________________________________________
3 C
4 E ______________________________________________________
5 C ______________________________________________________
6 D
______________________________________________________
7 E
8 D ______________________________________________________
9 D ______________________________________________________
10 D
______________________________________________________
11 B
______________________________________________________
12 E
13 A ______________________________________________________
14 E ______________________________________________________
15 D
______________________________________________________
16 A
17 A ______________________________________________________

18 D ______________________________________________________
19 A
______________________________________________________
20 E
______________________________________________________
21 B
22 B ______________________________________________________
23 C ______________________________________________________
24 C
______________________________________________________
25 E

41
LÍNGUA PORTUGUESA
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42
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA,
CULTURAL, POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE
GOIÁS (EM CUMPRIMENTO A LEI N. 14.911, DE 11 DE
AGOSTO DE 2004)
O segundo elemento catalisador do processo foi a descoberta
FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A MINERAÇÃO de novos achados. Esses direcionavam o fluxo da população, desco-
NO SÉCULO XVIII; A AGROPECUÁRIA NOS SÉCULOS bria-se uma nova mina e, pronto, surgia uma nova vila, geralmente
XIX E XX; A ESTRADA DE FERRO E A MODERNIZAÇÃO às margens de um rio.
DA ECONOMIA GOIANA; AS TRANSFORMAÇÕES “O mineiro extraía o ouro e podia usá-lo como moeda no terri-
ECONÔMICAS COM A CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA E tório das minas, pois, proibida a moeda de ouro, o ouro em pó era a
BRASÍLIA; INDUSTRIALIZAÇÃO; INFRAESTRUTURA E única moeda em circulação. No momento em que decidisse retirar
PLANEJAMENTO o seu ouro para outras capitanias é que lhe urgia a obrigação de
fundi-lo e pagar o quinto”. (PALACÍN, 1994, p. 44).
A Extração Aurífera Nessa economia onde a descoberta e extração de ouro para o
enriquecimento era o sentido dominante na consciência das pes-
O elemento que legitimava as ações de controle político e eco- soas, o comerciante lucrou enormemente porque havia uma infini-
nômico da metrópole sobre a colônia era o Pacto Colonial, este dade de necessidades dos habitantes, que deveriam ser sanadas. A
tornava a segunda uma extensão da primeira e por isso nela vigo- escassez da oferta ocasionava valorização dos produtos de primeira
ravam todos os mandos e desmandos do soberano, inclusive havia necessidade e assim grande parte do ouro que era extraído das la-
grande esforço da metrópole no sentido de reprimir a dedicação vras acabava chegando às mãos do comerciante, que era quem na
a outras atividades que não fossem a extração aurífera, tais como maioria das vezes o direcionava para as casas de fundição. Inicial-
agricultura e pecuária, que inicialmente existiam estritamente para mente, todo ouro para ser quitado deveria ser encaminhado para
a subsistência. A explicação para tal intransigência era simples: au- a capitania de São Paulo, posteriormente de acordo com Palacin
mentar a arrecadação pela elevação da extração. (1975, p. 20) foram criadas “duas Casas de Fundição na Capitania
O ouro era retirado das datas que eram concedidas com pri- de Goiás: uma em Vila Boa, atendendo à produção do sul e outra
vilégios a quem as encontrassem. De acordo com Salles, ao des- em S. Félix para atender o norte.”
cobridor cabia os “melhores cabedais o direito de socavar vários
locais, e escolher com segurança a mina mais lucrativa, assim como A Produção de Ouro Em Goiás
situar outras jazidas sem que outro trabalho lhe fosse reservado,
senão o de reconhecer o achado, legalizá-lo e receber o respectivo A partir do ano de 1725 o território goiano inicia sua produção
tributo, era vantajosa política para a administração portuguesa. Ao aurífera. Os primeiros anos são repletos de achados. Vários arraiais
particular, todas as responsabilidades seduzindo-o com vantagens vão se formando onde ocorrem os novos descobertas, o ouro extra-
indiscriminadas, porém temporárias”. (SALLES, 1992, p.131). ído das datas era fundido na Capitania de São Paulo, para “lá, pois,
À metrópole Portuguesa em contrapartida cabia apenas o deviam ir os mineiros com seu ouro em pó, para fundi -lo, receben-
bônus de receber os tributos respaldados pelo pacto colonial e di- do de volta, depois de descontado o quinto, o ouro em barras de
recionar uma parte para manutenção dos luxos da coroa e do cle- peso e toque contrastados e sigilados com o selo real.” (PALACÍN,
ro e outra, uma boa parte desse numerário, era canalizada para 1994, p. 44).
a Inglaterra com quem a metrópole mantinha alguns tratados co- Os primeiros arraiais vão se formando aos arredores do rio ver-
merciais que serviam apenas para canalizar o ouro para o sistema melho, Anta, Barra, Ferreiro, Ouro Fino e Santa Rita que contribuí-
financeiro inglês. ram para a atração da população. À medida que vão surgindo novos
“Os Quintos Reais, os Tributos de Ofícios e um por cento sobre descobertos os arraiais vão se multiplicando por todo o território.
os contratos pertenciam ao Real Erário e eram remetidos direta- A Serra dos Pirineus em 1731 dará origem à Meia Ponte, importan-
mente a Lisboa, enquanto sob a jurisdição de São Paulo, o exce- te elo de comunicação, devido a sua localização. Na Região Norte,
dente das rendas da Capitania eram enviados à sede do governo foram descobertas outras minas, Maranhão (1730), Água Quente
e muitas vezes redistribuídos para cobrirem as despesas de outras (1732), Natividade (1734), Traíras (1735), São José (1736), São Félix
localidades carentes”. (SALLES, 1992, p.140). (1736), Pontal e Porto Real (1738), Arraias e Cavalcante (1740), Pi-
O um dos fatores que contribuiu para o sucesso da empresa lar (1741), Carmo (1746), Santa Luzia (1746) e Cocal (1749).
mineradora foi sem nenhuma sombra de dúvidas o trabalho com- Toda essa expansão demográfica serviu para disseminar focos
pulsório dos escravos africanos, expostos a condições de degrada- de população em várias partes do território e, dessa forma, estru-
ção, tais como: grande período de exposição ao sol, manutenção turar economicamente e administrativamente várias localidades,
do corpo por longas horas mergulhado parcialmente em água e em mesmo que sobre o domínio da metrópole Portuguesa, onde toda
posições inadequadas. produção que não sofria o descaminho era taxada. “Grande impor-
Além disso, ainda eram submetidos a violências diversas, que tância é conferida ao sistema administrativo e fiscal das Minas; no-
os mutilavam fisicamente e psicologicamente de forma irremedi- ta-se a preocupação de resguardar os descaminhos do ouro, mas
ável. Sob essas condições em média os africanos escravos tinham também a de controlar a distribuição dos gêneros.” (SALLES, 1992,
uma sobrevida de oito anos. Os indígenas também foram submeti- p.133).
dos a tais condições, porém não se adaptaram.

43
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Apesar de todo o empenho que era direcionado para a con- Essa baixa na produtividade era consequência do esgotamento
tenção do contrabando, como a implantação de casas de fundição, do sistema que tinha como base a exploração de veios auríferos
isolamento de minas, proibição de utilização de caminhos não ofi- superficiais, a escassez de qualificação de mão de obra e equipa-
ciais, revistas rigorosas, e aplicação de castigos penosos aos que mentos apropriados, que pudessem proporcionar menor desperdí-
fossem pegos praticando; o contrabando se fazia presente, primei- cio , o não surgimento de novas técnicas capazes de reinventar tal
ro devido à insatisfação do povo em relação a grande parte do seu sistema, além da cobrança descabida de impostos, taxas e contri-
trabalho, que era destinada ao governo, e, em segundo, em razão buições, que desanimavam o mais motivado minerador.
da incapacidade de controle efetivo de uma região enorme. Dessa
forma se todo ouro objeto de contrabando, que seguiu por cami- A Decadência da Mineração
nhos obscuros, florestas e portos, tivesse sido alvo de mensuração
a produção desse metal em Goiás seria bem mais expressiva. A diminuição da produtividade das minas é a característica
Os dados oficiais disponíveis sobre a produção aurífera na épo- marcante do início da decadência do sistema, como citado ante-
ca são inconsistentes por não serem resultado de trabalho estatís- riormente, esse fenômeno passa a ocorrer já nos primeiros anos
tico, o que contribui para uma certa disparidade de dados obtidos após a descoberta, porém não é possível afirmar que nessa época
em obras distintas, mesmo assim retratam uma produção tímida seja consequência do esgotamento do minério, devido a outros fa-
ao ser comparado a Minas Gerais. A produção do ouro em Goiás de
tores econômicos e administrativos, como a escassez de mão-de-o-
1730 a 1734 atingiu 1.000 kg, o pico de produção se dá de 1750 a
bra e a vinculação à capitania de São Paulo
1754, sendo um total de 5.880 kg. Há vários relatos de que o ano de
Para efeito de análise pode-se convencionar o ano de 1753, o
maior produção foi o de 1.753, já de 1785 a 1789, a produção fica
de maior produção, como o divisor de águas que dá início à efetiva
em apenas 1.000 kg, decaindo nos anos seguintes.
A produção do ouro foi “subindo constantemente desde o derrocada da produção que se efetivará no século seguinte
descobrimento até 1753, ano mais elevado com uma produção de O fato é que com a exaustão das minas superficiais e o fim dos
3.060 kg. Depois decaiu lentamente até 1778 (produção: 1.090), novos descobertos, fatores dinâmicos da manutenção do processo
a partir desta data a decadência cada vez é mais acentuada (425 expansionista da mineração aurífera, a economia entra em estag-
kg em 1800) até quase desaparecer” (20 kg. Em 1822). (PALACÍN, nação, o declínio da população ocasionado pelo fim da imigração
1975, p. 21). Foram utilizadas duas formas de recolhimento de tri- reflete claramente a desaceleração de vários setores como o co-
butos sobre a produção: o Quinto e a Capitação. E essas formas mércio responsável pela manutenção da oferta de gêneros oriun-
se alternaram à medida que a efetividade de sua arrecadação foi dos das importações. A agropecuária que, embora sempre orienta-
reduzindo. O fato gerador da cobrança do quinto ocorria no mo- da para a subsistência, fornecia alguns elementos e o próprio setor
mento em que o ouro era entregue na casa de fundição, para ser público sofria com a queda da arrecadação.
fundido, onde era retirada a quinta parte do montante entregue e “A falta de experiência, a ambição do governo, e, em parte,
direcionada ao soberano sem nenhum ônus para o mesmo. A ta- o desconhecimento do País, mal organizado e quase despovoado,
bela 2 mostra os rendimentos do Quinto do ouro. Observa-se que deram lugar a muitas leis inadequadas, que provocavam a ruína rá-
como citado anteriormente o ano de 1753 foi o de maior arrecada- pida desse notável ramo de atividade, importante fonte de renda
ção e pode-se ver também que a produção de Minas Gerais foi bem para o Estado. De nenhuma dessas leis numerosas que tem apareci-
superior a Goiana. do até hoje se pode dizer propriamente que tivesse por finalidade a
A capitação era cobrada percapita de acordo com o quantitati- proteção da indústria do ouro. Ao contrário, todas elas apenas visa-
vo de escravos, nesse caso se estabelecia uma produtividade média vam o aumento a todo custo da produção, com o estabelecimento
por escravo e cobrava-se o tributo. “Para os escravos e trabalhado- de medidas que assegurassem a parte devida à Coroa”. (PALACÍN,
res livres na mineração, fez-se uma tabela baseada na produtivida- 1994, p.120).
de média de uma oitava e meia de ouro por semana, arbitrando-se É certo que a grande ambição do soberano em muito preju-
em 4 oitavas e ¾ o tributo devido anualmente por trabalhador, dicou a empresa mineradora e o contrabando agiu como medida
compreendendo a oitava 3.600 gramas de ouro, no valor de 1$200 mitigadora desse apetite voraz, porém com a decadência nem mes-
ou 1$500 conforme a época”. (SALLES, 1992, p.142) Além do quin- mo aos comerciantes, que foram os grandes beneficiados economi-
to e da capitação havia outros dispêndios como pagamento do im-
camente, restaram recursos para prosseguir. O restabelecimento
posto das entradas, os dízimos sobre os produtos agropecuários,
da atividade extrativa exigia a criação de novas técnicas e novos
passagens nos portos, e subornos de agentes públicos; tudo isso
processos algo que não se desenvolveu nas décadas em que houve
tornava a atividade lícita muito onerosa e o contrabando bastante
prosperidade, não poderia ser desenvolvido de imediato.
atraente, tais cobranças eram realizadas por particulares que obti-
nham mediante pagamento antecipado à coroa Portuguesa o direi- À medida que o ouro de superfície, de fácil extração, vai se
to de receber as rendas, os poderes de aplicar sanções e o risco de escasseando ocorre a necessidade de elevação do quantitativo do
um eventual prejuízo. A redução da produtividade foi um grande elemento motriz minerador, o escravo, desse modo:
problema para a manutenção da estabilidade das receitas prove- “As lavras operavam a custos cada vez mais elevados, ainda
nientes das minas. “A diminuição da produtividade iniciou-se já nos mais pelo fato de parte da escravaria estar voltada também para
primeiros anos, mas começou a tornar-se um problema grave de- atividades complementares. O adiantamento de capital em escra-
pois de 1750; nos dez primeiros anos (1726-1735), um escravo po- vos, a vida curta deles aliada à baixa produtividade nas minas fa-
dia produzir até perto de 400 gramas de ouro por ano; nos 15 anos talmente conduziram empreendimentos à insolvência e falência”.
seguintes (1736-1750) já produzia menos de 300; a partir de 1750 (ESTEVAM, 2004, p. 34).
não chegava a 200, e mais tarde, em plena decadência, a produção Após verificar o inevitável esgotamento do sistema econômico
era semelhante à dos garimpeiros de hoje: pouco mais de 100 gra- baseado na extração do ouro a partir do segundo quartel do século
mas”. (PALACÍN, 1975, p.21). XVIII, o governo Português implanta algumas medidas visando re-
erguer a economia no território, dentre elas o incentivo à agricul-
tura e à manufatura, e a navegação dos rios Araguaia, Tocantins,
e Paranaíba, que se fizeram indiferentes ao desenvolvimento do

44
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
sistema. Ocorre então a falência do sistema e o estabelecimento de não circula moeda... Tão grande era a pobreza das populações que
uma economia de subsistência, com ruralização da população e o se duvidou ter havido um período anterior com outras característi-
consequente empobrecimento cultural. cas”. (PALACÍN, 1975, p.46).
“Mas, tão logo os veios auríferos escassearam, numa técni- Desse modo o Estado de Goiás chegou ao século XX como um
ca rudimentar, dificultando novos descobertos, a pobreza, com a território inexpressivo economicamente e sem representatividade
mesma rapidez, substituiu a riqueza, Goiás, apesar de sua aparente política e cultural. Nesse século iria se concretizar a agropecuária
embora curta prosperidade, nunca passou realmente, de um pouso no Estado, como consequência do processo de expansão da fron-
de aventureiros que abandonavam o lugar, logo que as minas co- teira agrícola para a região central do país. Nas primeiras décadas
meçavam a dar sinais de cansaço”. (PALACÍN, 1975, p.44). do século em questão, o Estado permaneceu com baixíssima den-
sidade demográfica, onde a maioria da população se encontrava
A Decadência econômica de Goiás espalhada por áreas remotas do território, modificando-se apenas
na segunda metade do mesmo século.
Essa conclusão pode ser atribuída ao século XIX devido ao des- O deslocamento da fronteira agrícola para as regiões centrais
mantelamento da economia decorrente do esgotamento do produ- do país foi resultado da própria dinâmica do desenvolvimento de
to chave e o consequente empobrecimento sócio cultural. Os últi- regiões como São Paulo, Minas Gerais e o Sul do País, que ao adap-
mos descobertos de relevância são as minas de Anicuns em 1809, tarem sua economia com os princípios capitalistas realizaram uma
que serviram para animar novamente os ânimos. Inicialmente a inversão de papéis, onde regiões que eram consumidoras de pro-
extração gerou ganhos muito elevados, porém após três anos já dutos de primeira necessidade passaram a produzir tais produtos e
apresentava uma produção bem inferior, além disso, os constantes as regiões centrais, antes produtoras desses produtos passaram a
atritos entre os “cotistas” levaram o empreendimento a falência. produzir os produtos industrializados que antes eram importados.
A característica básica do século em questão foi a transição da “Enquanto o Centro-Sul se efetivava como a periferia do capi-
economia extrativa mineral para a agropecuária, os esforços conti- talismo mundial, outras regiões faziam o papel de periferia do Cen-
nuados do império em estabelecer tal economia acabaram se es- tro-Sul, ou seja, a periferia da periferia, como já vinha acontecendo
barrando, nas restrições legais que foram impostas inicialmente, no Rio Grande do Sul e o Nordeste, por exemplo”. (FAYAD, 1999,
como forma de coibir tais atividades, a exemplo da taxação que p.23)
recaía sobre os agricultores, e também em outros fatores de ordem Fonte:http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2014-01/
econômica, como a inexistência de um sistema de escoamento amineracao-em-goias-e-o-desenvolvimento-do-estado.pdf
adequado, o que inviabilizava as exportações pelo alto custo ge-
rado, e cultural, onde predominava o preconceito contra as ativi- MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E URBANIZAÇÃO
dades agropastoris, já que a profissão de minerador gerava status DO TERRITÓRIO GOIANO
social na época.
Desse modo a agricultura permaneceu orientada basicamente
para a subsistência em conjunto com as trocas intra regionais, já a MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA
pecuária se potencializou devido à capacidade do gado em se mo-
ver até o destino e a existência de grandes pastagens naturais em Foi a partir de 1970 que as inovações tecnológicas da agricul-
certas localidades, favorecendo a pecuária extensiva. Nesse senti- tura avançaram para o Cerrado. A ocupação do Cerrado goiano se
do, os pecuaristas passam a atuar de forma efetiva na exportação deu porque o Estado queria integrar o mesmo à economia nacio-
de gado fornecendo para a Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, e nal e para isso criou programas para que melhorasse assim as infra
Pará. Segundo Bertran: -estruturas, tornando possível a expansão da agricultura. Segundo
“A pecuária de exportação existia em Goiás como uma exten- Matos (2006, p. 67):
são dos currais do Vale do São Francisco, mobilizando as regiões A Modernização da Agricultura, veio do interesse do Estado,
da Serra Geral do Nordeste Goiano, (de Arraias a Flores sobretu- que viu no setor agrícola uma forma de integrar a agricultura e in-
do), com 230 fazendas consagradas à criação. Mais para o interior, dústria e assim gerar divisas, haja visto que o Brasil, desde sua for-
sobre as chapadas do Tocantins, na vasta extensão entre Traíras mação econômica, foi um país agroexportador.
e Natividade contavam outras 250. Em todo o restante de Goiás, E com a implantação da modernização o Estado poderia se be-
não havia senão outras 187 fazendas de criação”. (BERTRAN, 1988, neficiar economicamente com os produtos agrícolas exportados.
p.43). Sendo assim percebe-se que a modernização não foi um processo
A existência de uma pecuária incipiente favoreceu o desenvol- que ocorreu naturalmente, teve a influência direta do Estado.
vimento de vários curtumes nos distritos. Conforme Bertran (1988) “As regiões não se desenvolvem no vazio, senão dentro de um
chegou a existir em Goiás 300 curtumes, no final do século XIX. Por entorno complexo em que são registradas relações tanto de tipo
outro lado, apesar do escasseamento das minas e a ruralização da econômico como do poder. A criação de infraestrutura é condição
população, a mineração exercida de modo precário nunca deixou prévia para qualquer tipo de desenvolvimento (FILHO, 2005, p.
de existir, o que constituiu em mais um obstáculo para a implanta- 2306)”.
ção da agropecuária. Outra dificuldade foi a falta de mão de obra Através do programa crédito rural o governo procurava au-
para a agropecuária, visto que grande parte da população se des- mentar a produtividade, e incentivar a produção agrícola (soja) no
locou para outras localidades do país, onde poderiam ter outras país. Desse modo, também, se fazia necessário para essa produção
oportunidades. Isto tudo não permitiu o avanço da agricultura nem equipamentos modernos, insumos agrícolas, etc. A modernização
uma melhor expansão da pecuária, que poderia ter alcançado ní- no Cerrado teve sua base na soja. O país passou a utilizar insumos
veis mais elevados. modernos, bem como a utilização de equipamentos modernos,
Do ponto de vista cultural ocorre uma “aculturação” da popu- acarretando uma transformação na produção tradicional.
lação remanescente ruralizada. Segundo Palacin: Em 1971, foi criada a Embrapa- Empresa Brasileira de Pesqui-
“Os viajantes europeus do século XIX aludem a uma regressão sas, “atuando sobre a influência dos centros internacionais” (MA-
sócio cultural, onde os brancos assimilaram os costumes dos sel- TOS, 2006, p.68). Um elemento que mostra a subordinação da eco-
vagens, habitam choupanas, não usam o sal, não vestem roupas, nomia brasileira ao mercado internacional.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Foram criados outros programas que também tinham como objetivo a modernização da agricultura como: Embrater (Empresa de As-
sistência Técnica e Extensão Rural) e suas subsidiárias nos Estados; a Emater (Empresa de Assistência e Extensão Rural). Estas instituições
em conjunto, colaboraram para viabilização da agricultura moderna.
Só que esse processo de Modernização da agricultura não ocorreu de forma igual no território goiano, alguns lugares foram mais
privilegiados que outros. É o caso dos municípios goianos: Rio Verde, Jataí, que através de políticas agrícolas foram favorecidos. Um dos
programas é o Polocentro (Programa de Desenvolvimento dos Cerrados), foram através dos recursos desses programas que se desen-
volveram as potencialidades econômicas da região. Existe naquela região indústrias como; Perdigão, Comigo, Complem, Olé, que produz
tanto para o mercado interno como externo. Foi a grande produção de grãos na região que estimulou a instalação dessas agroindústrias
na região sudoeste goiano.
A modernização agrícola no Brasil foi conservadora e excludente, uma vez que privilegiou algumas culturas, regiões e classes sociais.
Esse Processo contribuiu substancialmente para agravar, ainda mais, as desigualdades sociais em nosso país (SILVA, 198 1, apud. MATOS,
2006, p.71). Com a mecanização da agricultura muitas famílias foram obrigadas a deixar o campo (êxodo rural), pois seu trabalho foi subs-
tituído pelas máquinas e esses não possuíam mão -de-obra qualificada, para desenvolver novo trabalho no campo.
Os créditos fornecidos pelo governo privilegiavam os grandes proprietários de terras, uma vez que a esta era garantia do empréstimo,
esse crédito era proporcional ao tamanho da terra. O resultado desses privilégios é a concentração fundiária nas mãos de uma minoria,
que leva a miséria e a violência dos menos favorecidos.
O processo de Modernização da Agricultura tem se mostrado altamente predatório e deixado como marcas os solos esgotados, ma-
nanciais contaminados e reduzidos, espécies vegetais e animais sob extinção e sobretudo, não tem criado um ambiente ecológico melhor
para o trabalhado, ou para a sociedade como um todo (MESQUITA, 1993. p.112 Apud MATOS, 2006, p.73).
O manejo excessivo do solo, trás problemas, os agricultores em sua maioria normalmente não se preocupam com as consequências
causadas por esse manejo, tais como: perda da fertilidade dos solos, erosão, etc. As máquinas agrícolas pesadas, que quando utilizadas
no solo, faz com que ocorra a compactação dos mesmos. As atividades agrícolas e a pecuária, vem acabando com as áreas naturais do
Cerrado. Só se pensa em aumento da produção, sem se preocupar com os danos ambientais causados pela agricultura moderna.
As áreas de Cerrado transformaram-se em curto espaço de tempo, em uma das grandes áreas produtora de grãos de soja, realizada
principalmente por agricultores, oriundos da região Sul do país e empresas atraídas pelo baixo preço das terras e pelos incentivos fiscais
concedidos pelos governos e ao elevado preço da soja no mercado internacional.
Apesar do custo do transporte ser elevado, sob o ponto de vista econômico a expansão da soja, trouxe lucros para o país. Já no que
diz respeito aos impactos ambientais da agricultura moderna, há uma destruição da flora e da fauna do Cerrado, através do plantio e da
intensa utilização de fertilizantes.
Segundo Hespanhol (2000, p. 24): A prática da agricultura moderna nos cerrados do Centro Oeste tem possibilitado a obtenção de
elevados níveis de produtividade das lavouras, notadamente da soja , o que torna a região competitiva na produção da leguminosa, na-
cional e internacional. Por outro lado, a introdução, na faixa tropical, de pacotes tecnológicos importados de países de clima temperado,
tem gerado sérios problemas ambientais
A utilização de máquinas e implementos pesados vem ao longo dos anos acarretando problemas ambientais ao meio ambiente, des-
truindo a flora e a fauna da região, com a devastação de áreas de Cerrado para o plantio da soja.

URBANIZAÇÃO

Em Goiás, apesar da expansão da produção agropecuária, não produziu ampliação da geração de empregos no campo. Ocorreu o
contrário, deixou de gerar empregos diretos no campo. Esta afirmação é verdadeira diante do dado que, em 1970 criava-se um emprego
rural, em Goiás, por aproximadamente cada 14,2 hectares de área aberta para lavoura e pastagens, em 1985, precisavam ser abertos 23
hectares para que um único emprego fosse criado e em 1995 passou a ser necessários 35 hectares, estes dados podem ser melhor obser-
vados na figura 01 (ABREU, 2001, p. 31).

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Os dados globais do total de pessoas ocupadas em estabelecimentos rurais em Goiás também validam a afirmação anterior. Demons-
tram, portanto, reduções no período de 1975 a 1995, foram 216.376 pessoas que deixaram de ocupar-se nas atividades agropecuárias,
apesar de ter ocorrido elevação do ano de 1975 para o de 1980, período importante da expansão da fronteira agrícola em Goiás com
abertura de novas áreas inicialmente com o cultivo de arroz e depois com a inserção da sojicultura. Do censo agropecuário de 1985 para
o de 1995 diminui- se o número de trabalhadores nos estabelecimentos rurais na ordem de aproximadamente 23,47 % (Figura 2).

Houve também mudanças no tipo de mão-de-obra que passou a ser contratada para as atividades agrícolas. Considerável parte dos
empregos diretos e indiretos gerada por esta atividade foi para trabalhadores com qualificações específicas como operadores de máqui-
nas, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, mecânicos, entre outros. Apesar das informações contidas na figura 2 não serem sufi-
cientes para validar esta colocação, ressalta-se que as próprias mudanças ocorridas no processo produtivo são pertinentes para atestá-la.

Ainda buscando reafirmar essa proposição, destaca-se dos dados apresentados na figura

Informações sobre as quantidades de engenheiro agrônomo e médico veterinário existentes em Jataí, em 1980 e em 2003, exempli-
ficam a ocorrência do aumento por mão-de- obra qualificada no processo produtivo que se instalou em diversas partes do campo goiano

Município de Jataí: quantidade de engenheiro agrônomo,


médico veterinário e zootecnista em atuação no ano de 1980
2003
140

120

100

80

60

40

20

0
1980 2003
Eng. Agrônomo Med. Veterinário e Zootecnista

Aponta-se também entre os fatores indicados para a compreensão da dinâmica do emprego no campo o fato de que a pecuária, nos
dados do censo agropecuário de 1995, continuou sendo a atividade de maior importância em relação ao número de pessoas ocupadas nos
estabelecimentos agropecuários segundo os grupos de atividade econômica em toda a região Centro-Oeste, sendo em Goiás na ordem
67,0 % (IBGE, 1995-96; CUNHA, 2002).

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Outro dado que evidencia a baixa absorção de mão-de-obra e a expulsão de trabalhadores do campo nesse contexto, é a estrutura
fundiária. Em Goiás, no período de 1975 a 1995, houve concentração da posse da terra dada pela ampliação da proporção de estabeleci-
mentos com mais de 1000 hectares e do percentual de área ocupado por estes enquanto a área ocupada pelos estabelecimentos menores
de mil hectares se manteve e o percentual de estabelecimentos diminuiu, sobretudo nos estratos menores 100 hectares (Tabela 1)

Tabela 1 - Estado de Goiás: proporção do número de estabelecimentos rurais e área por estratos de área em 1970 e 1995.

Proporção do número de estabelecimentos em Proporção da área dos estabelecimentos


31.12 em 31.12
Grupos de área total em hectares

1970 1995 1970 1995


Menos de 10 13,2 11,2 0,3 0,3
10 a menos de 100 50,0 49,3 9,9 8,9

100 a menos de 1000 32,9 34,6 42,8 43,7

1000 a menos de 10000 3,8 4,8 39,4 41,6

10000 a mais 0,1 0,1 7,6 5,5

Total 100,0 100,0 100,0 100,0

Os dados e informações analisadas, anteriormente, reforçam a compreensão de que a modernização agrícola foi na verdade uma
“modernização conservadora”. Tornam também evidentes que este processo gerou um outro fluxo migratório na fronteira, com sentido
rural- urbano e urbano-urbano, o qual se expressa no processo de urbanização.
A relação campo-cidade nas áreas que se especializaram na produção agrícola passam por modificações que se expressam em conte-
údos e formas específicas. O campo tende a não ser, nesses lugares, por excelência o local da moradia permanente dos produtores, dos
trabalhadores agrícolas e das suas relações de vizinhança. Torna-se prioritariamente espaço da produção agrícola e agroindustrial. Este
fato se manifesta na elevação das taxas dos residentes nas cidades em detrimento do campo.
Na região Centro-Oeste o percentual de residentes urbanos era 25,91 % contra 74,09 % residentes no campo, em 1950, enquanto
registrava-se uma taxa de urbanização de 36,16 % para o país. Verifica-se que a partir desse período histórico houve uma aceleração dessa
taxa na região pois, em 1980 atingiu um percentual de 67,78 %, superior inclusive ao nacional que era de 67,59 % neste mesmo ano (IBGE,
2004).
Esse processo se manifestou igualmente em Goiás que passou de um percentual de residentes urbanos de 21,78 %, em 1950, para
62,20 % em 1980 e atingiu 80,81 % em 1991 quando a fronteira já estava consolidada (IBGE, 2004).
Conforme analisou Ferreira (1987), o caráter urbanizador da fronteira agrícola modernizada não se restringe às mudanças processa-
das nas relações de trabalho.
Deve-se destacar, além desse aspecto, o papel urbanizador da grande lavoura pelas atividades que estimula a nível local, a saber: de
transporte, de armazenamento, de serviços bancários, de comércio de produção agrícola, implementos e máquinas, de serviços de repo-
sição de máquinas e veículos (FERREIRA, 1987, p. 21).

Nesse mesmo sentido, o fato do novo produtor rural ser de uma classe social diferente dos antigos pequenos produtores, leva a que
ele resida na cidade mais equipada, próxima às suas terras. Essa nova classe possivelmente média e média alta é mercado para comércio
mais diversificado e serviços urbanos, além da demanda por moradia que dinamiza a construção civil ou o setor informal, na cidade (FER-
REIRA, 1987, p. 21).

A partir destas considerações de Ferreira (1987), elaboradas com base em estudos sobre Rio Verde (GO) e Ceres (GO), das análises de
Santos (1993) e da pesquisa empírica realizada por Melo (2003) em Jataí (GO), (re)afirma-se que cidades localizadas em áreas especializa-
das na produção agropecuária moderna, mesmo algumas de pequeno porte, são requisitadas para atender as novas demandas que pro-
vém das necessidades de consumo para a realização da produção agrícola (consumo produtivo de mercadorias e serviços especializados)
e do consumo das famílias (saúde, educação, lazer, informação, equipamentos tecnológicos, entre outros).
Sobre este primeiro tipo de consumo – o consumo produtivo rural –, Santos (1993, p. afirmou que este não se adapta às cidades,
mas, ao contrário, as adapta. Estas são chamadas a dar respostas particulares às necessidades das produções particulares, e daí a maior
diferenciação entre as cidades. Estas se diferenciam cada vez mais pelo fato de o nexo do consumo produtivo ser ligado à necessidade de
encontrar, no lugar e na hora, respostas indispensáveis à marcha da produção.
Santos (1993, p. 56) complementou as análises sobre a capacidade da produção agrícola moderna modificar ou fazer surgir novos
elementos nas cidades afirmando que “hoje, nas áreas mais desenvolvidas, todos os dados da regulação agrícola se fazem no urbano,
novidade que em muito muda a significação, neste período, da urbanização brasileira”.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Nesses processos descritos por Ferreira (1987) e Santos (1993) No entanto, é também inegável o papel modificador e até cria-
ocorre o desenvolvimento de novas formas e conteúdos urbanos e dor de estruturas urbanas que o processo de desenvolvimento da
novos atores sociais que se manifestam na paisagem das cidades, produção agrícola moderna desempenha, mesmo em pequenas
nas funções que passam a desempenhar para sua população, para cidades, conforme casos variados e que envolvem fatores locais es-
o entorno rural e até mesmo no contexto regional. Expressam-se pecíficos. Sobre esta afirmação destaca-se o exemplo do ocorrido
também por meio da diversificação cultural e inserção de novas em Mimoso, a 100 km de Barreiras, no estado da Bahia. Conforme
práticas e manifestações culturais4. analisou Lavinas (1987, p. 104), na década de 1980, “a associação
As cidades, sobretudo, as denominadas cidades médias5, pas- de interesses – pequeno capital imobiliário e o capital agro-alimen-
sam a ser palco da difusão dos equipamentos tecnológicos bem tar – consubstancia a essa estratégia de criação de um novo nú-
como das idéias e da informação que o campo necessita para a pro- cleo urbano com vistas à formação de um novo município dentro
dução agrícola. Conforme Santos e Silveira (2001, p. 281), de alguns anos, dispondo então de uma estrutura administrativa,
financeira e política própria, relativamente independente da inter-
As cidades médias têm como papel o suprimento imediato e ferência das elites tradicionais locais que compõem ainda o quadro
próximo da informação requerida pelas atividades agrícolas e desse político-institucional regional”.
modo se constituem em intérpretes da técnica e do mundo. Em Para Corrêa (2004, p.75), as mudanças processadas no campo
muitos casos, a atividade urbana acaba sendo claramente especia- brasileiro, a partir da segunda metade do século XX, com a inserção
lizada, graças às suas relações próximas e necessárias com a produ- da modernização econômica e produtiva, gerou alterações no pa-
ção regional. drão dos pequenos centros urbanos6, “criando pelo menos quatro
Estas se tornam, de acordo com Santos e Silveira (2001, p. caminhos ao longo dos quais evoluíram”, sendo:
281), “pontes entre o global e o local, em vista das crescentes ne- • Prósperos lugares centrais em áreas agrícolas nas quais a
modernização não afetou radicalmente a estrutura fundiária e o
cessidades de intermediação e da demanda também crescente de
quadro demográfico. Esses centros distribuem produtos para as
relações”.
atividades agrícolas e para a população, que tem nível de demanda
Quanto às pequenas cidades, por sua vez, deve-se primeira-
relativamente elevado. A prestação de serviços é também impor-
mente ressaltar que são altamente heterogêneas, mesmo as locali-
tante. Podem, em muitos casos, realizar o beneficiamento da pro-
zadas em uma região específica apresentam diferenças importantes dução agrícola. O oeste catarinense fornece bons exemplos desses
no que diz respeito a sua dinâmica econômica e funções urbanas. lugares centrais.
Na análise de Ferreira (1987, p. 23), as pequenas cidades, em • Pequenos centros especializados. A modernização do campo
áreas de modernização agrícola, pelo fato de que não são atrativas esvaziou a hinterlândia desses centros, mas capitais locais ou de
para os investimentos no setor moderno do comércio, das indús- fora foram investidos em atividades industriais, via de regra uma ou
trias ou dos serviços, submetidos à lógica da economia de escala, duas, que garantem a permanência da pequena cidade que, em al-
da concentração espacial e das externalidades e, por conseguinte, guns casos, pode mesmo crescer econômica e demograficamente.
a uma alta seletividade espacial. Escapam a esses centros urbanos O oeste paulista e o norte paranaense apresentam inúmeras cida-
os capitais gerados na região e a produção de bens e de serviços. des que se enquadram nesse tipo.
Ferreira (1987, p. 23) complementa suas análises afirmando • Pequenos centros transformados em reservatórios de força
que: a expansão do capital no campo se direciona para as vanta- de trabalho ou que assim nasceram. No primeiro subtipo o esvazia-
gens locacionais das atividades agrárias e não para as ligações ne- mento do campo gerou a perda de inúmeras funções centrais, re-
cessárias ao fluxo do capital. Por outro lado, os lucros da produção sultou em centros habitados por assalariados rurais com emprego
agrícola fluem para as grandes cidades: as cidades dos negócios. temporário. O oeste paulista é rico de exemplos desse subtipo. O
Não atraindo capitais de fora e não retendo os gerados na região segundo subtipo, que ocorre, por exemplo, na Amazônia oriental,
não têm essas cidades condições de se dinamizar. resulta de um processo de concentração da força de trabalho, os
Conforme proposições de Ferreira (1987) a expansão do ca- “peões”, que é assim confinada em pequenos e pobres lugares
pital no campo via modernização agrícola não está vinculado às • Pequenos centros em áreas econômica e demograficamen-
potencialidades de fluxo de capital, portanto, das condições das te esvaziadas por um processo migratório que desequilibra ainda
estruturas urbanas de movimentação de capitais, de produção e mais uma estrutura etária, afetando ainda a proporção dos sexos. A
circulação de mercadorias e outros geradores de fluxos financeiros. renda da cidade é em grande parte procedente de emigrantes que
Nesse sentido, a existência de centros urbanos dinâmicos eco- mensalmente enviam escassas sobras de recursos aos familiares
nomicamente e próximos a área da produção agrícola, não é condi- que permanecem, ou procedente de aposentadorias de trabalha-
ção para tal empreendimento, as vantagens observadas são as que dores agrícolas. A pobreza desses centros, freqüentes no Nordeste,
constata com a propreridade dos centros do primeiro tipo (COR-
dizem respeito às atividades agrárias.
RÊA, 2004, p. 75-76).
Na condição identificada por Ferreira (1987) encontraria justi-
ficativas para os casos de pequenas cidades que mesmo tendo um
Além desses quatro tipos, vários outros são esperados em fun-
entorno inserido na produção agrícola moderna, não conseguem
ção das especificidades dos processos espaciais e dada à dimen-
se dinamizar economicamente e demograficamente. Dado que por são e complexidade do território brasileiro e mesmo das áreas de
não conseguirem reter a renda gerada, não têm condições de diver- cerrados. Não se pode desprezar ainda o papel das características
sificar as suas funções urbanas e ao mesmo tempo não conseguem advindas da formação espacial dos lugares, dos agentes locais, das
fazer com que permaneça a população “que nela passa a residir ou suas potencialidades políticas e naturais, bem como dos aspectos
que para aí veio em decorrência de um push rural mais do que de culturais.
um pull urbano” (FERREIRA, 1987, p. 23). Entretanto, nos “caminhos” apontados por Corrêa (1999,
2004) admite-se também a ocorrência de processos de refunciona-
lização em pequenas cidades as quais podem passar a apresentar
especializações para o atendimento das necessidades básicas da
produção local.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Sobre este aspecto, Santos (1993, p. 52) considera que como o
campo se torna extremamente diferenciado pela multiplicidade de POPULAÇÃO GOIANA: POVOAMENTO; MOVIMENTOS
objetos geográficos que o formam, pelo fato de que esses objetos MIGRATÓRIOS E DENSIDADE DEMOGRÁFICA
geográficos têm um conteúdo informacional cada vez mais distinto
(o que se impõe, porque o trabalho no campo é cada vez mais car- POVOAMENTO E MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS
regado de ciência) tudo isso faz com que a cidade local deixe de ser
a cidade no campo e se transforme na cidade do campo. Poucos meses após a volta da Bandeira, organizou-se em São
Paulo uma nova expedição para explorar os veios auríferos. Bar-
Ou seja, as cidades locais – “aquelas aglomerações capazes de tolomeu, agora superintendente das minas, e João Leite da Silva
responder às necessidades vitais mínimas, reais ou criadas, de toda Ortiz, como guarda-mor. A primeira região ocupada foi a do Rio
uma população, função esta que implica uma vida de relações” - Vermelho. Fundou-se lá o arraial de Sant’ana, que depois seria cha-
conforme denominação de Santos (1979, 1993), tendem a se espe- mado de Vila Boa, e mais tarde de Cidade de Goiás. Esta foi duran-
cializar de forma a suprir a demanda básica de seu entorno agrícola, te 200 anos a capital do território. Nas proximidades de Sant’ana,
tornando-se “cidades do campo”, as que suas funções se voltem surgiram numerosos arraiais às margens dos córregos e rios, como
para este fim. centros de garimpo: Barras, Ferreiro, Anta, Ouro Fino, Santa Rita,
Observa-se alguns indícios desse processo (refuncionalização) etc. Ao divulgar-se a riqueza das minas recém - descobertas surgi-
nos espaços das pequenas cidades de Ipameri e Campo Alegres de ram gente de toda parte do país.
Goiás, localizadas no sudeste goiano. Essas cidades dispõem de Os condicionantes recentes do processo migratório no Estado
atividades comercias e de serviços que se voltam ao atendimento de Goiás
das demandas básicas da produção agrícola moderna como loja de A compreensão da dinâmica dos fluxos migratórios atuais do
peças e máquinas agrícolas, escritórios de assistência técnica, ar- Estado de Goiás passa pela compreensão das mudanças que a eco-
mazéns graneleiros, agroindústria, entre outros. nomia goiana apresentou nas últimas décadas, especialmente no
Porém, devido ao alto grau de tecnificação exigido pela produ- que se refere ao desenvolvimento de potencialidades que permiti-
ção agrícola moderna, as pequenas cidades não atendem às neces- ram o Estado ampliar sua capacidade de atração ao longo das dé-
sidades mais especializadas, dispõem somente de serviços básicos, cadas.
o que faz com que seu entorno tenha que recorrer constantemente Este processo ocorre de forma mais intensa a partir de década
aos centros comerciais e industriais de porte médio e grande. de 1960, quando órgãos estatais direcionados ao desenvolvimento
Observamos também na porção sul do estado de Goiás, mu- regional passam a atuar como motores dos investimentos locais.
nicípios que por questões variadas, não se integraram à produção Tal estratégia seria adaptada à região Centro-Oeste, com a criação
agrícola moderna, tendo a pecuária como principal atividade. As da Superintendência do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste
cidades destes municípios não apresentam a mesma vitalidade das (SUDECO), em 1967; com a finalidade de realizar o planejamento
pequenas cidades de áreas agrícolas. do desenvolvimento da região, mais especificamente do Estado de
Como exemplo podemos citar o caso de Cumari (GO), Nova Au- Goiás. Dentro dos novos prognósticos, surgidos em função da pre-
rora (GO), Goiandira (GO), Corumbaíba (GO), Davinópolis (GO), e sença do órgão recém criado, o governo estadual traça inciativas
Anhanguera (GO). próprias, ainda neste período, como forma de promover o cresci-
A agricultura moderna além de gerar demandas de serviços e mento local e promover a expansão das atividades produtivas no
mercadorias para o consumo produtivo, possibilita a transferência Estado.
de renda do campo para a cidade, ampliando “o consumo consun- Segundo Pedroso e Silva (2011), o êxito dessa nova estratégia
tivo”7. Isso ocorre pela renda dos trabalhadores agrícolas e dos pro- só seria possível diante da constante presença do Estado, por meio
dutores que inseridos no modo de vida urbano, consomem serviços da promoção de políticas públicas e provedor dos recursos neces-
de lazer (bares, festas, clubes), bens duráveis e investem imóveis na sários à sua execução. Neste contexto – e período – destacam-se as
cidade. Esse fator expressa na paisagem das pequenas cidades com ações da SUDECO direcionadas a economia goiana, especialmente
a presença de bares (locais dos encontros nos finais de semana), o Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do Centro-Oeste
restaurantes, supermercados e clubes de lazer. Porém, não promo- (PLADESCO), o Programa de Desenvolvimento do Cerrado (POLO-
ve, nos pequenos centros urbanos, movimento econômico intenso CENTRO), o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-O-
capaz de atrair, por exemplo, concessionárias de automóveis, redes este (FCO) e outros programas. Dentro desse cenário surge o Fundo
de revendas de eletrodomésticos, franquias e etc. de Expansão da Indústria e Comércio (FEINCOM), criado em 1973.
Podemos concluir, com base nas afirmações de Ferreira (1987, Baseado na isenção de impostos, foi a primeira estratégia robusta
p. 14), que essas cidades locais evoluíram como pontos de ligação direcionada aos segmentos industriais do Estado.
entre a produção regional e os mercados extra-regionais. Benefi- Em termos de resultados, Paschoal (1998) ressalta que o pro-
ciam-se dessa inserção da região numa divisão espacial do traba- grama aprovou, ainda no primeiro ano de promulgação, cerca de
lho, mas não se tornaram locais de produção e não acumularam ca- 90 projetos, em que 66 destes foram em Anápolis, 12 em Goiânia,
pital. O comércio e os serviços foram sempre as atividades que lhes e outros 12 na região Centro-Sul do Estado. Na sua concepção,
asseguram o dinamismo. Com a concorrência de outros centros Paschoal (1998) avalia que o programa fora limitado na geração de
mais equipados e não sendo atrativas para os novos investimentos, resultados práticos, em virtude da pouca integração entre as indús-
não têm condições para servir a região quando ela se moderniza. trias beneficiadas por este instrumento. O governo estadual sentin-
Tal situação é bastante diferente nas chamadas cidades médias do os entraves apresentados pelo FEINCOM, detecta a necessidade
que receberam investimentos públicos e privados e equipamentos da criação de uma nova iniciativa visando a ampliação quantitativa
diversos, tornando-se centros urbanos de expressão regional, re- das empresas ligadas ao segmento industrial no Estado e, conse-
gulando e dando respostas as demandas mais especializadas da quentemente, do desenvolvimento econômico local.
economia regional.
Fonte: http://w3.ufsm.br/engrup/iiengrup/pdf/t30.pdf

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
A partir desta necessidade, o governo estadual instituiu, em de relações capitalistas), migrações interestaduais (quando ocorre
1984, o Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do a migração rural-rural em regiões de ocupação mais recente), mi-
Estado de Goiás (FOMENTAR). Segundo Pedroso e Silva (2011), o grações intra estaduais (quando ocorrem os fluxos rural-urbano em
FOMENTAR era baseado, novamente, na concessão de benefícios áreas de maior desenvolvimento capitalista) e as migrações intra
fiscais na forma de isenção do ICMS. municipais (quando ocorre o redirecionamento dos migrantes que
Ao avaliar as ações do FOMENTAR, a literatura aponta que os haviam realizado migração com destino rural). Desta forma, tem-se
objetivos ambiciosos de promover a rápida industrialização goia- um fluxo interno de migração rural-urbana dentro do próprio inte-
na, com base numa possível disseminação de empresas no Estado, rior do Estado de Goiás, em resposta à nova dinâmica produtiva.
estruturada nas grandes empresas, não foram prontamente atin- A caracterização dos fluxos migratórios também é realizada
gidos naquele período. Apesar de suas limitações, o mesmo teve por Mueller, Torres e Martine (1992) ao classificarem o Centro-O-
grande papel no processo de expandir as estruturas produtivas do este em quatro zonas segundo seu potencial produtivo. Segundo
Estado. Segundo Costa (2004), essas iniciativas foram importantes eles, haveria uma zona moderna, caracterizada por uma consolida-
e decisivas para consolidar a primeira “onda” do desenvolvimento da agricultura moderna, que abrangeria os municípios de Brasília,
local: ampliar a capacidade de geração de excedentes de produtos Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis, marcados por uma forte
básicos. Para este autor, o passo adiante seria promover a segunda expansão da população urbana. Uma zona caracterizada como sen-
“onda”: promover a industrialização de suas matérias primas. do de expansão, de agricultura recente baseada na soja, que abran-
O resultado destas políticas tem se dado em ganhos de parti- geria as cidades satélites dos entornos de Brasília e Goiânia. Ambas,
cipação na riqueza gerada nos últimos anos, advindas da elevação por apresentarem um maior dinamismo produtivo, tornar-se-iam
substancial do seu Produto Interno Bruto. áreas de atração migratória. As zonas de fronteira seriam aquelas
Estes benefícios são frutos dos resultados obtidos pela indús- relacionadas ao trabalho rural recentemente difundido, como a ci-
tria, que se aprimorou por intermédio da integração entre a agro- dade de Cuiabá. E as zonas residual, caracterizada por expressivas
pecuária moderna e o avanço da agroindústria. Desta forma, as mo- perdas de população ao longo das décadas recentes. Dentro desta
dificações no contexto econômico produtivo da economia goiana diferenciação, as cidades goianas estariam situadas nos contornos
devem ser inseridas como um elemento primordial à compreensão mais dinâmicos da Região Centro-Oeste, tornando-se polos de atra-
da dinâmica migratória do Estado de Goiás. ção migratória. Sobre a dinâmica migratória recente do Estado de
Isto porque as modificações das características da economia Goiás, segundo Cunha (2001), suas principais características são o
local, passando de uma economia de tendência agrícola para um rápido crescimento da população urbana e o direcionamento dos
parque pautado na indústria, refletem-se em poderosos instru- imigrantes para as microrregiões de Goiânia, Meia Ponte e Anápo-
mentos de atração de migrantes dos mais diversos destinos, modi- lis.
ficando inclusive o próprio perfil migratório. Dentro desse contex- Já Amaral, Rodrigues e Figoli (2002) apontam uma dinâmica es-
to, Oliveira (1997) afirma que, ao longo das décadas recentes, os pecífica acerca das origens dos imigrantes que entraram no Estado:
imigrantes que se dirigiam à Brasília e ao entorno de Goiânia já não Em nível interestadual, as migrações com destino às 16 microrre-
mais buscavam adquirir terras para atividades primárias, mas sim giões de Goiás foram principalmente originárias do Mato Grosso
procuravam trabalhos e funções de caráter estritamente urbanos. e Mato Grosso do Sul, e a proximidade territorial talvez seja uma
Por sua vez, Cunha (2001) argumenta que as regiões que abrigaram explicação para a ocorrência dessa migração. O Norte apresentou
as nascentes atividades industriais tornaram-se importantes aglo- probabilidades de emigração total muito reduzidas para Goiás e
merados urbanos, em destaque as microrregiões de Goiás e a ca- Distrito Federal, e os fluxos mais expressivos dirigiram-se à micror-
pital federal, Brasília. Os impactos da industrialização sobre às mi- região de Goiânia e às outras 16 microrregiões de Goiás. O Nordes-
crorregiões do Estado também é abordado por Lemos et al (2000) te, Sudeste e Sul apresentaram níveis de emigração maiores em di-
ao afirmarem que as mesmas acabaram por se constituir em polos reção ao Distrito Federal, mesmo com uma queda muito acentuada
econômicos baseados na produção agroindustrial de expressiva in- das probabilidades em 1986-1990 (AMARAL, RODRIGUES, FIGOLI,
fluência na configuração regional recente do país. Sendo assim, as pag. 132, 2002). Os fluxos migratórios interestaduais com origem e
migrações com destino ao Estado de Goiás assumiriam um perfil destino ao Estado de Goiás.
cada vez mais urbano ao longo das décadas. Esta análise é fundamental para a compreensão do papel que o
Os estímulos à produção industrial trouxeram reflexos sobre a Estado de Goiás exerce sobre a dinâmica migratória nacional, bem
produção rural. Para Mueller, Torres e Martine (1992), a combina- como compreender os vínculos que tal Estado mantém com os de-
ção da expansão das atividades industriais somada à modernização mais entes da federação no que diz respeito aos saldos migratórios.
da agricultura promoveram de forma simultânea a redução da mão Além disto, será possível estabelecer a origem dos imigrantes, bem
de obra ligada às atividades primárias. Sendo assim, os investimen- como o destino dos emigrantes, e seus graus de participação na
tos direcionados ao setor do agronegócio acabam por se reverter composição dos fluxos migratórios do Estado de Goiás.
em aumentos na produção, sem aumento no contingente de em- Conforme os dados expressos na Tabela 1, considerando o pe-
pregos. ríodo 1986/1991, constata-se que os principais fluxos de imigrantes
Partindo desta perspectiva, Salim (1992) argumenta que a eram provenientes da própria região Centro-Oeste, com 32,13%, e
transição da economia goiana de agrícola para industrial trouxe re- da região Nordeste, com 24,32%, e do Sudeste (23,57%). Juntas,
flexos sobre a forma e as condições de produção vigentes. À medi- essas regiões respondiam como cerca de 80% dos imigrantes do
da que se estimulava o segmento industrial, o setor agrícola perdia Estado. Contudo, os valores relativos ao Centro-Oeste evidenciam
importância em relação ao número de empregos gerados, elimi- um forte componente intra regional, haja vista que quase 25% dos
nando postos de trabalho e imputando aos trabalhadores o dire- imigrantes eram oriundos do Distrito Federal, apontando para a im-
cionamento às cidades e aos núcleos urbanos de forma forçada. O portância dos fluxos de curta distância. Fatores associados ao ele-
autor aponta tendências de direcionamento dos fluxos migratórios vado custo de vida em Brasília, qualidade de vida e oportunidade
no âmbito do Estado de Goiás, que assumiriam a forma de migra- de empregos no setor público e privado em Goiás, devem justificar
ções inter-regionais (quando os fluxos populacionais se dirigiram ao tal atratividade. Tocantins (9,71%), Bahia (10,52%) e Minas Gerais
meio rural;), migrações intra regionais (quando os fluxos se dirigiam (13,35%) são outros Estados que enviaram elevados contingentes
ao meio urbano – sendo o mais expressivo em regiões com inserção humanos para Goiás

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Em termos de destino, entre 1986/1991, 23,91% dos emigran- Ao analisar os dados do último período (2005/2010), tem-se
tes que partiram de Goiás se dirigiram para a região Norte, 31,85% que a região Centro Oeste permaneceu como o principal polo de
para o Sudeste, enquanto 33,26% para os Estados da própria região origem dos ingressos no Estado de Goiás, com 29,63%, sendo que
Centro-Oeste. No âmbito destes fluxos intra regionais, novamente 22,69% do total destes eram procedentes do Distrito Federal – que
o fluxo entre o Distrito Federal é expressivo, com aproximadamen- permaneceu como o local que enviou mais imigrantes (Tabela 7).
te 17,14% dos emigrantes se dirigindo para esta área; valor que só Dentre os fluxos oriundos de outras regiões, destacam-se os pro-
fora superado pelos fluxos direcionados ao Estado de Minas Gerais, cedentes da região Nordeste (33,28%), Sudeste (18,36%) e Norte
que responderam por 19,37% do total das emigrações. (15,92%). Em nível estadual, além do Distrito Federal (82.564), os
Com relação ao saldo migratório, chama atenção a forte atra- Estados que se destacaram no envio de imigrantes para Goiás fo-
tividade do Estado de Goiás, ao apresentar trocas positivas com to- ram os seguintes: Maranhão (43.846), Bahia (37.144), Minas Gerais
das as Unidades da Federação da região Nordeste, Sudeste e Sul, (36.017), Tocantins (31.176) e São Paulo (25.035).
com destaque para o Distrito Federal (40.135 pessoas) e a Bahia Com relação ao volume dos emigrantes procedentes do Estado
(24.001migrantes). Os únicos saldos negativos foram com Rondônia de Goiás, constata-se que os maiores fluxos foram destinados à re-
(682), Roraima (233), Amapá (23), Mato Grosso do Sul (22) e Mato gião Centro Oeste, cujo percentual foi de 33,84% das saídas totais.
Grosso (6.093). No tocante ao Índice de Eficácia Migratória (IEM1), Novamente, o Distrito Federal mantém a tendência de principal
esse indicador mostra a grande capacidade de atração populacional destino, tendo sido a escolha realizada por 21,1% dos egressos. No
de Goiás, ao tipificar como área de perda migratória somente com âmbito inter-regional, constatou-se a região Sudeste como o des-
Roraima (-0,24), Amapá (-0,45) e Mato Grosso do Sul (-0,16); área tino escolhido por 25,81% dos emigrantes, enquanto o Nordeste
de retenção com todos os Estados do Nordeste e Sul, além do Acre, foi procurada por 15,42%, e o Norte recebeu 20,68%. Esta nova
Amazonas, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Distrito Federal e, por configuração de valores elevou a participação das regiões Norte e
último, como área de rotatividade migratória com as demais UFs. Nordeste, ao passo que a região Sudeste perde, cada vez mais, par-
Já o Índice de Reposição Populacional (IRP), que mostra a ca- ticipação como destino escolhido. Em nível estadual, em sua maio-
pacidade do Estado de Goiás em repor a sua população em função ria, os emigrantes se dirigiram, além do Distrito Federal, para Minas
do seu total de imigrantes sobre o total de emigrantes (I/E), mostra Gerais, Tocantins, Mato Grosso e São Paulo.
que para cada 10 pessoas que partiram, entraram 17 indivíduos. No tocante aos saldos migratórios, é digno de nota que Goi-
Os Estados que mais contribuíram com essa dinâmica foram: Piauí ás apresentou saldo negativo somente com um Estado: Rondônia
(8,55), Bahia (6,73) e Ceará (6,41). Isso significa, por exemplo, que (-152). Isso mostra a capacidade da atração e retenção populacio-
de cada 10 pessoas que deixaram o Estado de Goiás para o Piauí, nal dessa UF, que a cada quinquênio em estudo, consolida-se como
procederam desta UF 86 pessoas em direção ao Estado Goiás. Ao um dos principais destinos ou o principal polo de atração das migra-
se analisar a década seguinte, expressa pelo período 1995/2000, ções interestaduais do país
constata-se que os fluxos existentes entre o Estado de Goiás e a Em termos de volume, manteve-se a tendência constatada nos
região Centro-Oeste mantiveram-se intensos. intervalos anteriores, com os maiores saldos positivos advindos do
Os imigrantes intra regionais responderam por cerca de Distrito Federal (69.499), Maranhão (25.955), Bahia (24.487) e To-
34,85%, sendo que somente o Distrito Federal contribuiu com
cantins (15.379).
28,11% – novamente o maior polo de origem dos imigrantes para
O Índice de Eficácia Migratória (IEM) e o Índice de Reposição
Goiás. Os demais polos representativos foram a região Nordeste
Populacional (IRP) confirmam o poder de atratividade de Goiás,
(27,11%), Sudeste (18,25%) e Norte (16,86%). Comparado ao pe-
dado que a cada intervalo (1986/1991, 1995/2000 e 2005/2010)
ríodo anterior (Tabela 1), observa-se que a participação da região
o Estado aumenta o IEM (0,26, 0,37 e 0,40, respectivamente) e o
Norte manteve-se estável, ao passo que se registra breve elevação
IRP (1,71, 2,19 e 2,33, respectivamente). Isso mostra que, no últi-
da participação nordestina e declínio do percentual advindo da re-
mo período em questão, Goiás consolida-se como área de retenção
gião Sudeste.
migratória (0,40) e para cada 10 saídas de pessoas entram 23 mi-
A análise dos fluxos de emigrantes permite identificar que no-
vamente os maiores vínculos são realizados na própria região Cen- grantes (2,33).
tro-Oeste, cujos percentuais são de cerca 33,76% das emigrações Fonte: http://www.imb.go.gov.br/pub/conj/conj32/artigo_02.
goianas. Internamente, o maior fluxo intra regional é registrado pdf
com o Distrito Federal, que recebeu 20,75% dos egressos. Em nível
inter-regional, a região Sudeste foi o destino de 31,53% daqueles DEMOGRAFIA
que partiram do Estado de Goiás, a região Nordeste foi a escolha
de 12,18%, enquanto a região Norte foi pretendida por 18,74%. O Estado de Goiás é o mais populoso do Centro-Oeste. Confor-
No comparativo com o período anterior (Tabela 1), registra-se, em me a estimativa populacional de 2014 do Instituto Brasileiro de Ge-
termos relativos, o aumento dos de destinos à região Nordeste, si- ografia e Estatística (IBGE), Goiás tem 6.523 milhões de habitantes
multaneamente à queda dos fluxos direcionados à região Norte – e densidade demográfica de 19 habitantes/km². Entre 2000 e 2014,
enquanto a participação do Sudeste se mantém constante. a taxa média anual de crescimento foi de 1,91%, maior que a nacio-
No que diz respeito aos saldos migratórios, em termos de vo- nal (1,28%) e pouco abaixo da do Centro-Oeste (1,94%).
lume, os maiores ganhos para o Estado de Goiás advém do Distrito Um dos principais fatores que explica o crescimento da popula-
Federal (69.499), Maranhão (25.955), Bahia (24.487) e Tocantins ção é o crescente número de imigrantes que Goiás vem recebendo,
(15.379), revelando, ao mesmo tempo, a importância da migração principalmente nas últimas décadas. O Censo Demográfico de 2010
de curta (intra regional) e de longa distância (inter-regional). Quan- revelou que aproximadamente 28% das pessoas residentes em Goi-
to à capacidade de retenção migratória, a cada quinquênio em tela, ás são oriundas de outros Estados. Em termos relativos, Goiás é o
o Estado de Goiás confirma a sua tendência de despontar como um sétimo no ranking dos Estados brasileiros por residentes não natu-
dos principais polos de destino do Brasil. Entre 1995/2000, essa UF rais do próprio Estado, e o quarto, em números absolutos.
não foi área de perda migratória para nenhum Estado, área de rota- Em termos de gênero, a população feminina é predominante
tividade migratória somente com o Amapá (-0,02) e Santa Catarina em Goiás, são 99 homens para cada 100 mulheres aproximadamen-
(-0,07), e área de retenção migratória com as demais UFs. te.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Em termos de transformação demográfica, a mais expressiva ral, estadual e municipal, objetivando a minimização dos custos de
foi o deslocamento da população da zona rural para os espaços ur- produção e a reprodução do capital. A seguir descreveremos alguns
banos. Goiás conta com mais de 90% de sua população vivendo em programas de fomento responsáveis por estimular a industrializa-
cidades ção de Goiás.
Também, a estrutura demográfica do Estado de Goiás vem O Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Esta-
passando por consideráveis transformações nas últimas décadas. do de Goiás (Fomentar) criado em 1984 tem por objetivo estimu-
Observa-se uma tendência de envelhecimento da população. Isso lar a implantação e a expansão das indústrias para a promoção do
se deve, principalmente, pelo contínuo declínio dos níveis de fecun- desenvolvimento socioeconômico. A criação do fundo teve como
didade, melhora nos indicadores de saúde e das condições de vida, principal resultado o surgimento de um diversificado parque indus-
o que se reflete numa maior expectativa de vida. Segundo IBGE, trial alicerçado num amplo crescimento da agroindústria. O sucesso
cerca de 25% da população de Goiás é composta por imigrantes obtido com o Fomentar possibilitou a criação de um amplo progra-
principalmente vindos dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Ma- ma de atração de investimentos, o Produzir, sendo permitido ao
ranhão, Bahia, Piauí e Distrito Federal. A população goiana atual- beneficiário migrar de um programa para o outro.
mente esta assim: O Programa de Desenvolvimento Industrial de Goiás (Produzir)
• Pardos: 50,9%. tem por objetivo incentivar a implantação, expansão ou revitali-
• Brancos: 43,6%. zação de indústrias, estimulando a realização de investimentos, a
• Negros: 5,3% renovação tecnológica e o aumento da competitividade estadual
•Indígenas: 0,2%. com ênfase na geração de emprego, renda e na redução das desi-
gualdades sociais e regionais.
A população de Goiás atualmente é estimada em 7.113.540 de O Governo do Estado de Goiás, através da Agência de Fomento
habitantes. Goiânia, que é sua cidade mais populosa, encontra-se de Goiás S/A, oferece o financiamento de parcela mensal do ICMS
com 1.536.097 de habitantes. (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) para as em-
presas beneficiárias no intuito de reduzir o custo de produção e
Fonte: http://cidades.ibge.gov.br/ tornar os produtos mais competitivos no mercado. Os benefícios
do programa são concedidos mediante a avaliação de projetos de
expansão apresentados pelas empresas, considerando critérios so-
ECONOMIA GOIANA: INDUSTRIALIZAÇÃO E INFRAES- ciais e econômicos, e podem ter duração de até 15 anos. O Produzir
TRUTURA DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÃO conta ainda com subprogramas destinados a setores específicos da
economia, a exemplo de micro e pequenas empresas, produtos de
INDUSTRIALIZAÇÃO informática, telecomunicações, eletroeletrônicos, comércio exte-
rior, empresas operadoras de logística e distribuição.
A industrialização brasileira, iniciada a partir da conversão do O Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) foi criado a par-
capital agrícola para a atividade industrial como forma de supera- tir da destinação de recursos federais para a aplicação em progra-
ção da crise capitalista na década de 1930, foi caracterizada pela mas de financiamento aos setores produtivos das regiões Norte,
forte ligação entre indústria e agropecuária, considerando que o Nordeste e Centro-Oeste. O Fundo tem por objetivo promover o
investimento industrial fora destinado tanto à produção de bens de desenvolvimento econômico e social destas regiões por meio de
consumo, como também para os de produção e de capital, objeti- investimentos no setor produtivo.
vando a exportação. Nesta perspectiva, tais programas buscam maior eficácia na
Nas décadas de 1930 e 1940, houve um incentivo à industria- aplicação dos recursos, aumentando a produtividade dos empreen-
lização brasileira, a partir da criação de infraestrutura e de indús- dimentos, criando novos postos de trabalho, de maneira a elevar a
trias de base, como a siderúrgica (Cia Vale do Rio Doce e a Cia Side- arrecadação tributária e melhorar a distribuição de renda.
rúrgica Volta Redonda). Isto ocorreu com intensa participação do Os beneficiários do programa são produtores rurais, micro e
Estado, objetivando a política de substituição das importações e o pequena empresas, pessoas jurídicas e associações e cooperativas
fortalecimento do capital nacional, resultando em uma ampliação de produção que desenvolvam suas atividades nos setores agrope-
do parque industrial e da produção (...) cuário, mineral, industrial, agroindustrial, turístico, de infraestru-
Já os anos 1950 e 1960 foram marcados por políticas indus- tura, comercial e de serviços. A concessão de benefícios tem como
triais, agrícolas e de ocupação territorial, subsidiadas com capital critérios a preservação do meio ambiente, o estímulo à criação de
internacional, visando dotar o país de infraestrutura para o cresci- novos centros, atividades e polos de desenvolvimento capazes de
mento econômico rápido (BORGES, 2006, p.1) reduzir as diferenças sociais e econômicas entre as regiões.
O Estado de Goiás industrializou-se tardiamente, intensifican- No caso do Centro-Oeste, os créditos são concedidos através
do seu processo de industrialização na década de 1990, mediado do Banco do Brasil S/A.
pela forte intervenção estatal, através de políticas de incentivo à A criação de distritos industriais e agroindustriais se enquadra
vinda de empresas e empreendimentos industriais para Goiás. Este nesta perspectiva de estímulo à industrialização. Conciliando as po-
processo acarretou significativas mudanças na configuração espa- tencialidades naturais do território goiano, com destaque para os
cial e na dinâmica socioeconômica do Estado, caracterizado até recursos minerais, e a tradicional vocação agrícola, agraciada pe-
então pelo predomínio da atividade agropecuária e pela concentra- las condições geográficas favoráveis a implantação industrial, com
ção da população na zona rural. A política de atração de empresas, vistas à obtenção de matérias-primas e fácil acesso aos mercados
materializada pela implantação de distritos industriais e agroin- consumidores, os distritos impulsionaram a economia goiana e
dustriais em diferentes regiões deu maior atratividade ao Estado, atribuíram novo papel ao Estado no âmbito da produção nacional,
culminando na instalação de diversos segmentos empresariais, em especialmente através da agroindústria. Além disso, o processo de
busca dos inúmeros incentivos governamentais (isenção de impos- industrialização e modernização de Goiás fora acompanhado pelo
tos, doação de terrenos, construção e melhorias na infraestrutura e surgimento e crescimento das cidades, pela conversão da popula-
nos serviços) e financeiros (Produzir, Fomentar, Fundo Constitucio- ção rural em urbana e por inúmeras transformações nas relações
nal do Centro-Oeste) oferecidos pelo poder público, na esfera fede- produtivas (capital e trabalho) e na relação campo-cidade.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Os distritos industriais foram criados em cidades polo com o O Polo Empresarial Goiás foi criado em 1999 em Aparecida de
objetivo de congregar um maior número de empresas, conciliando Goiânia com o intuito de assegurar o processo de industrialização
as vocações de cada localidade com a demanda por produtos indus- do município. O polo ocupa uma área de 330 hectares e possui cer-
trializados. A seguir apresentaremos alguns desses espaços criados ca de 60 empresas instaladas e outras em fase de instalação/ con-
para abrigar diferentes segmentos industriais e as transformações cessão, com destaque para os setores de metalurgia, alimentação,
promovidas na dinâmica sócio espacial local. transporte, prestação de serviços e parque gráfico. Além do Polo
O Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) foi criado em 1976 Empresarial Goiás, o município de Aparecida de Goiânia conta ain-
para abrigar grandes indústrias e atrair novos investimentos ofe- da com outros distritos industriais, como o DAIAG (Distrito Agroin-
recendo a infraestrutura necessária para a produção industrial. O dustrial de Aparecida de Goiânia) e o DIMAG (Distrito Industrial do
distrito abrange uma área de cerca de 1700 hectares e conta com Município de Aparecida de Goiânia), além de abrigar as unidades
100 empresas de médio e grande porte em pleno funcionamen- dos grupos Mabel (alimentícia) e Coral (prestadora de serviços). O
to, com destaque para o setor farmoquímico e automobilístico, município apresenta localização estratégia às margens da BR-153
a exemplo dos laboratórios Teuto e Neoquímica e da montadora e conturbado com a capital Goiânia, grande centro consumidor e
Hyundai. A instalação destas empresas promoveu a vinda de novos distribuidor de produtos para o estados da região Centro-Oeste e
empreendimentos destinados a subsidiar a produção, distribuição da região Norte (Tocantins, Pará e Amapá). Deste modo, a indus-
e comercialização dos produtos, configurando uma economia de trialização do território goiano se insere neste processo de busca
aglomeração. Dentre as vantagens oferecidas aos empresários está por melhores condições de (re)produção e (re) territorialização do
a doação de terrenos e a isenção e/ou redução tributária, além das capital vinculada à produção de espaço.
excelentes condições para o escoamento da produção, através da A indústria, enquanto agente produtor de espaço, não promo-
Estação Aduaneira do Interior (EADI), da ferrovia Norte-Sul e da Pla- ve alterações apenas com sua instalação, mas também através das
taforma Multimodal. As empresas instaladas no DAIA geram cerca relações que estabelece com os sujeitos envolvidos em seu proces-
de oito mil empregos diretos, aquecendo a economia local e con- so produtivo (fornecedores, subsidiários, prestadores de serviços,
tribuindo para o desenvolvimento social e econômico do município transportadores), criando, portanto outras possibilidades de inves-
de Anápolis, respondendo pelo segundo maior PIB (Produto Inter- timentos.
no Bruto) do Estado de Goiás.
O Distrito Mínero Industrial de Catalão (DIMIC) ocupa uma TRANSPORTE
área de 278 hectares e conta com 21 empresas instaladas, com
destaque para o setor automobilístico, de implementos agrícolas e Transportes
de extração mineral destinada, principalmente, para a produção de
fertilizantes. O DIMIC foi criado com o objetivo de oferecer infraes- A infraestrutura de transportes brasileira e, especialmente,
trutura (pavimentação asfáltica, sistema de água e esgoto, rede de a goiana é fundamental para o desenvolvimento econômico de
energia e telecomunicação) capaz de suportar grande empreendi- Goiás, pois o Estado tem localização privilegiada no país. Essa lo-
mentos industriais e aquecer a economia do sudeste goiano. O mu- calização central de Goiás no território brasileiro favorece o uso de
nicípio de Catalão conta com um subsolo rico em recursos minerais, diferentes modais - rodoviário, ferroviário, aeroviário, hidroviário e
especialmente nióbio e fosfato, o que contribui significativamente dutoviário - que interligam as demais regiões do país. Alguns apre-
para o seu desenvolvimento econômico. Estão instalados no muni- sentam vantagens e desvantagens em decorrência de fatores como
cípio grandes grupos do setor mineral, a exemplo do grupo Anglo segurança e eficiência no atendimento às demandas, custo do frete
American, Copebrás e Fosfértil-Ultrafértil, do setor automobilístico, em relação ao valor da mercadoria, tipo e destino da mercadoria
como a MMC (Mitsubishi Motor Company) e do setor de imple- Existe uma preferência, inclusive histórica, pelo transporte ro-
mentos agrícolas, caso da Cameco do Brasil, montadora das colhei- doviário, que deve ser repensada no contexto de um planejamento
tadeiras John Deere. Além disso, a localização privilegiada próximo de longo prazo. O atraso no desenvolvimento de novos modais so-
aos grandes centros (Uberlândia, Brasília, São Paulo, Goiânia e Belo brecarrega as rodovias, encarecendo o custo de transporte, já que
Horizonte) facilita o escoamento da produção e obtenção de maté- para grandes distâncias, esse não é o meio de menor custo opera-
rias-primas. Os dividendos gerados pela arrecadação de impostos cional. Neste sentido, o investimento nesta e em outras alternati-
possibilitaram inúmeros investimentos na melhoria da infraestru- vas é um desafio para o Estado.
tura urbana (creches, escolas, hospitais, pavimentação asfáltica, O Plano de Desenvolvimento do Sistema de Transporte do
saneamento básico) e dos serviços (educação, saúde, transportes), Estado de Goiás (PDTG) foi o primeiro planejamento estratégico
atribuindo maior competitividade ao município em âmbito estadu- intermodal de transportes, realizado em Goiás, e contou na sua
al e nacional. elaboração com a participação das três instâncias governamentais
O Distrito Industrial Municipal de Pequenas Empresas de Rio e da sociedade civil. Teve como meta alinhar políticas e ações públi-
Verde (DIMPE) foi implantado em 2004 para estimular as micro e cas necessárias para adequar o setor de transportes aos fluxos pro-
pequenas empresas, atendendo um segmento não contemplado dutivos relevantes para o Estado e constituir parte do financiamen-
pelos demais distritos existentes. Tem por objetivo beneficiar os to da malha rodoviária estadual. Portanto, para entender o atual
pequenos empresários e aqueles que atuam na informalidade ou contexto dos transportes em Goiás é interessante que se retome o
em condições precárias de trabalho. O distrito conta uma área de PDTG e se entenda a estratégia logística nacional.
aproximadamente 450000m2 e cerca de 280 empresas instaladas,
gerando cerca de 5 mil empregos diretos e 15 mil indiretos.
O empreendimento dispõe de infraestrutura básica (pavimen-
tação asfáltica, rede de água e energia), linhas de crédito (FCO e
Banco do Povo) e serviço de consultoria empresarial oferecido aos
pequenos empresários através do Centro de Empreendimentos de
Rio Verde (CERVE) e do Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Peque-
nas Empresas (SEBRAE).

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POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Rodoviário médio de viagem, o que representa maior qualidade de vida para
os goianos. Além disso, são exemplos para cidades de menor por-
Um dos estudos mais importantes sobre o transporte rodovi- te, que já começam a sofrer os problemas ligados ao trânsito das
ário é feito periodicamente pela Confederação Nacional do Trans- grandes cidades.
porte (CNT). Para Goiás, o estudo cobriu 5.384 km de rodovias em Nessa linha, de acordo com o estudo Arranjos Populacionais
2014. A frota goiana era de mais de 3,2 milhões de veículos para e Concentrações Urbanas do Brasil do IBGE, Anápolis possui uma
uma extensão de 11.155 km pavimentados, dos quais 3.466 km são intensidade de deslocamento média alta com Goiânia, o que insti-
federais e 7.629 km são estaduais. DO total, 87% são de pistas sim- ga uma maior atenção do poder público a respeito das políticas de
ples de mão dupla e apenas 13% de pista dupla. transporte de passageiros entre as duas cidades.
A condição geral das rodovias localizadas no Estado é de 7%
em ótimo, 30% bom, 44% regular, 13% ruim e 6% péssimo. Sobre Ferroviário
a classificação de alguns aspectos especificamente, a respeito da
superfície do pavimento e pinturas das faixas centrais e laterais, É sabido que um dos transportes terrestres com menor custo
quase metade está em ótimas condições, entretanto, a outra me- para longas distâncias é o ferroviário. Essa seria uma das melhores
tade está desgastada ou em más condições, sendo esta uma das alternativas de escoamento da produção agrícola de grãos do Esta-
fragilidades do principal meio de escoamento da produção goiana. do de Goiás.
81% dos quilômetros de rodovias em Goiás possuem placas de indi- Dentre os benefícios das ferrovias estão os de reduzir os cus-
cação, com 80% destas visíveis e 85% legíveis. tos de comercialização no mercado interno, reduzir a emissão de
Recentemente o Governo de Goiás anunciou pacote de obras poluentes, reduzir o número de acidentes em estradas, melhorar
de conclusão e construção de novas estradas, pontes, aeroportos, o desempenho econômico de toda a malha ferroviária e desafogar
viadutos e duplicações. os outros modais, aumentar a competitividade dos produtos bra-
Este volume de obras significou o maior pacote de investimen- sileiros no exterior e, melhorar a renda e a distribuição da riqueza
tos já feito na infraestrutura rodoviária e aeroportuária em Goiás, nacional.
através do Programa Rodovida. O programa foi dividido em quatro Atualmente, Goiás conta com o recém construído ramal norte
eixos (Reconstrução, Urbano, Manutenção e Construção), sendo da Ferrovia Norte-Sul (FNS). Esta teve sua construção iniciada por
que para o modal rodoviário a prioridade foi atender trechos que trechos, na década de 1980, a partir da ligação com a Estrada de
apresentavam dificuldades nas condições de tráfego e propor o au- Ferro Carajás. O traçado inicial previa a construção de 1.550 km, de
mento da vida útil das rodovias em, no mínimo, 10 anos Açailândia (MA) até Anápolis (GO), entretanto o trecho recém inau-
Nos últimos anos, o governo federal vem duplicando algumas gurado faz parte do Tramo Central (855 km) e vai de Anápolis até
das principais rodovias que cortam o Estado. Assim, grande par- Porto Nacional (TO). Atualmente existem investimentos em execu-
te dos investimentos será realizada por meio de concessões, que ção do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no ramal sul
atingiram o território goiano, na BR-153 GO/TO, trecho Anápolis da FNS. Este trecho vai de Ouro Verde de Goiás (GO) a Estrela d´O-
(Entr. BR-060) – Entr. TO-080 (56 km de Palmas); e, na BR-050 GO/ este (SP), correspondendo a 669km.
MG - Entr. BR-040 (Cristalina) – Div. SP/MG, passando por Catalão. Outra ferrovia importante com presença em Goiás é a Centro-
Ressalta-se que o estudo da CNT mostra que as condições das rodo- -Atlântica (FCA), originária da antiga Rede Ferroviária Federal S/A
vias com gestões concedidas são, em média, melhor que as de ges- (RFFSA) e voltada exclusivamente para a operação ferroviária de
tão pública. Logo, provavelmente, além da duplicação, as referidas cargas com logística focada, principalmente, em granéis. Em Goiás,
rodovias terão uma melhora qualitativa que facilitará o tráfego, e novos investimentos no modal ferroviário fazem parte do Programa
consequentemente, o desenvolvimento econômico do Estado. de Concessões de Rodovias e Ferrovias, no qual a Valec comprará
capacidade de transporte da ferrovia e oferecerá sua capacidade.
Mobilidade Urbana O governo federal dividiu o programa em duas etapas que contem-
plam trecho entre Lucas do Rio Verde (MT) – Uruaçu (GO) da Ferro-
A Constituição Federal rege que o sistema de transporte públi- via da Integração Centro-Oeste e faz parte do primeiro grupo
co urbano é gerido pelo governo municipal, enquanto o transporte A conclusão e operação dessas ferrovias revelam uma série de
metropolitano de passageiros é responsabilidade dos estados em oportunidades, mas, por outro lado, geram alguns desafios para o
conjunto com as cidades da região metropolitana, restringindo-se Estado. Entre eles, e talvez o mais importante, o de interligar as
às linhas de ônibus urbanos e semiurbanos. Logo, a mobilidade ur- rodovias aos terminais de cargas dessas ferrovias. Além disso, o
bana é um tema que diz respeito, especialmente, aos maiores cen- aumento da competitividade dos produtos goianos pode agravar
tros urbanos do Estado, como a Região Metropolitana de Goiânia, ainda mais a questão da demanda por transporte rodoviário, de-
Anápolis e o Entorno do DF, que tem grande ligação com o Distrito mandando do Governo do Estado investimento ainda maior em
Federal. Este possui suas próprias políticas de mobilidade, mais ar- estradas.
ticuladas aos governos municipais daquela região do que à esfera
estadual goiana. Aeroviário
Em Goiânia, chama atenção a construção do Veículo Leve so-
bre Trilhos (VLT), projeto integrado ao sistema de transporte me- De acordo com Anuário de Transporte Aéreo 2012 da Agência
tropolitano. Os recursos, da ordem de bilhões, serão do Programa Nacional de Aviação Civil (ANAC), existem em Goiás quatro aero-
de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo do Estado de Goi- portos utilizados por voos domésticos regulares e não regulares:
ás e da iniciativa privada. Outra obra importante a ser executada é Goiânia, Rio Verde, Caldas Novas e Minaçu. Segundo estudo do
o sistema BRT (Bus Rapid Transit) de Goiânia, chamado de Corredor IMB, existem 31 aeródromos públicos, 107 aeródromos privados e
Goiás Norte/Sul com previsão de início das operações para 2016. 17 helipontos. Está em execução um programa do Governo fede-
A concepção do sistema prevê a implantação de faixas exclusivas ral de expansão dos aeroportos regionais, além de um projeto do
para o transporte coletivo e a substituição da frota atual por veícu- Governo estadual em execução, que contempla um aeroporto de
los de maior capacidade. Esses tipos de iniciativas são importantes cargas (e, possivelmente, passageiros) em Anápolis, que integra a
para dar mais qualidade ao transporte público e reduzir o tempo Plataforma Logística Multimodal de Goiás.

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O Programa de Investimentos em Logística-Aeroportos, da Em- Dutoviário
presa de Planejamento e Logística (EPL) tem o objetivo de fortale-
cer e ampliar a aviação regional, com novos aeroportos, aumento O modal dutoviário em Goiás se refere ao duto que vai de
do número de rotas operadas pelas empresas aéreas, melhoria da Senador Canedo (GO) a Paulínia (SP) e de lá para o porto de São
infraestrutura aeroportuária e ampliação da malha de aeroportos Sebastião, além dos projetos de duto paralelo ao anterior e do ra-
regionais. mal que partirá de Jataí (GO), passando por Itumbiara (GO) com o
Este programa prevê a construção ou expansão de 10 ae- mesmo destino. O projeto é de um grupo de empresas e se estende
roportos em Goiás (Mapa 1), e conta com parceria, por meio de por 1,3 mil km ligando algumas das principais regiões produtoras
convênio, com Estados e municípios, o que garantiria o custeio e do Estado com o principal centro consumidor do país. O alcooldu-
gestão desses aeroportos. Desse modo, a sobrecarga no transporte to prevê uma redução média de 50% dos custos de escoamento
rodoviário reduziria, elevando a eficiência do transporte aéreo no da produção goiana de etanol do sul do Estado, além de reduzir
Estado. Além de tudo, a localização estratégica de Goiás para esse a emissão de poluentes, desafogar as rodovias e ser mais ágil no
tipo de transporte o coloca entre um dos principais Estados para atendimento dos centros consumidores.
receber novas rotas. Neste contexto, o Aeroporto de Goiânia, pres-
tes a ser concluído, vai exigir a atenção do Governo do Estado no Energia
que se refere às obras urbanísticas em torno da área, assim como
um plano de expansão, dada a recente elevação da demanda não Em 2012 a oferta interna de energia em Goiás foi de 12,32 mi-
acompanhada pela oferta de infraestrutura aeroviária. lhões de tep - tonelada equivalente de petróleo - medida interna-
Por fim, ressalta-se a adequação da interligação dos diferen- cional para expressar as diferentes formas de energia em unidade
tes tipos de transportes, que, neste sentido, foi criada a Plataforma padrão. Na matriz energética predominam as fontes não renová-
Logística Multimodal de Goiás, baseada em sua localização estra- veis (52%), com destaque para o óleo diesel, que representa 18,4%
tégica, “Trevo do Brasil”, situada entre Goiânia e Brasília, com fácil da matriz, além do gás natural veicular, com 8,9% de participação
acesso rodoviário ao DAIA (Distrito Agroindustrial de Anápolis) e As fontes renováveis possuem menor participação, com 48%,
Porto Seco (Estação Aduaneira do Interior) pelas BR-153 e BR060, sendo destaque os produtos da cana de açúcar com 38,1%, seguido
além do ramal ferroviário com a Ferrovia Centro-Atlântica - cuja da energia hidráulica/eletricidade com 7,8%. Dessa forma, a pro-
ligação com os trilhos da ferrovia Norte-Sul está na iminência de porção de fontes renováveis na matriz energética goiana é consi-
se efetivar - e do Aeroporto de Cargas de Anápolis. A Plataforma derada alta, superior à média nacional (42,4%) e à média mundial
se oferece para ser o centro de serviços de logística integrado com (13,2%). O setor de Transporte é o maior consumidor na matriz
as principais rotas logísticas do país, com acesso eficiente aos eixos energética de Goiás: 46,6% do total. O setor industrial em seguida
de transporte rodoviário, ferroviário e aeroportuário, promovendo tem participação de 19,9% e o setor energético 19,7%. No entanto,
uma maior sinergia operacional entre as empresas do Estado. o setor comercial foi o que mais cresceu no consumo de energia,
um aumento de 17,7% em relação ao ano de 2011, indicando o
Hidroviário crescimento do setor no Estado.
No geral, a oferta interna de energia e o consumo final de
O território goiano é ocupado pelas maiores bacias hidrográ- energia tiveram acréscimos de 13,6% e de 8,41%, respectivamen-
ficas do Brasil: a do Paraná, Tocantins/Araguaia e São Francisco. te. Como resultado, a autossuficiência de energia saltou de 77,36
Entretanto, apenas nas duas primeiras há navegação com transpor- para 81,59 tep em 2012. Também teve crescimento o consumo de
te de cargas viável economicamente. Em Goiás destacam-se como energia per capita em Goiás, passando de 1,51 tep/hab em 2011
centros polarizadores os municípios de Luís Alves, no rio Araguaia, para 1,6 tep/hab em 2012 (aumento de 5,96%), superior à média
e São Simão, no Paranaíba-Tietê-Paraná. Estes chamam atenção nacional de 1,31 tep/hab.
pela sua potencialidade produtiva e disponibilidade de infraestru- O etanol se tornou destaque na balança comercial energética
tura, que viabilizam o transporte da produção, principalmente agrí- de Goiás, tendo nos últimos cinco anos apresentado crescimento
cola e de minérios, atividades que o Estado tem se sobressaído no de 302,5%, saltando de 1.525 tep em 2007 para 2.267 tep em 2012,
período recente. o que reduziu significativamente a dependência externa. Goiás con-
A pesquisa da CNT da Navegação Interior de 2013 levantou sumiu 954 mil m³ e exportou 2,18 milhões de m³ de etanol.
os principais problemas das hidrovias brasileiras. No caso goiano,
os portos foram identificados com problemas sem gravidade nos Em se tratando de energia elétrica, em 2012, segundo a Secre-
quesitos eficiência, carência de terminais, berços e retroáreas. No taria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades
que se refere aos canais de navegação, as profundidades observa- e Assuntos Metropolitanos em seu Balanço Energético do Estado,
das durante as cheias foram consideradas ideais. Porém, na seca, Goiás é o 4º estado brasileiro em capacidade instalada de energia
as profundidades médias observadas nos terminais de Goiás são elétrica, com 8,6% da capacidade.
inferiores à profundidade informada como necessária para garan- O consumo interno foi de 11,73 mil GWh, que representam
tir a navegação segura, obrigando os armadores a operarem com 28,9% da produção, portanto Goiás exportou para a rede nacional
embarcações carregadas abaixo da capacidade ou até não navega- 21,5 mil GWh, ou seja 67,1% da produção. O parque gerador elé-
rem. Neste sentido, para garantir a profundidade necessária para trico goiano destaca-se pela geração de eletricidade por meio de
comportar, o tráfego das embarcações (no canal de navegação ou energia renovável. São 95 usinas em operação com capacidade ins-
na área dos berços) é fundamental a realização de operações de talada de 10.572 MW de potência. Desse total, 86,3% são gerados
dragagem. Neste quesito, Goiás teve 50% das avaliações negativas, por usinas hidrelétricas, 13,7% por usina térmica. Além das usinas
portanto, necessitando de especial atenção do poder público. Por em operação, há 22 outras em construção ou com outorga de con-
fim, a pesquisa mostra que o tempo de espera para atracação é cessão, cujo potencial soma 598 MW.
razoável

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INFRAESTRUTURA DE COMUNICAÇÃO De acordo com estudos de Marcondes (2005) feitos a partir
de registros de comércio marítimo e na matrícula ou classificação
O Ministério Público de Goiás possui a área de Infraestrutura. dos escravos da década de 1870, demonstram diversidade expres-
Departamento de Infraestrutura Atribuições: Departamento de In- siva do saldo de comércio marítimo per capita das províncias e da
fraestrutura: distribuição dos escravos pelos seus proprietários, nos municípios
I - Gerir a comunicação de dados; em estudo naquele momento. Como a distribuição das atividades
II - Gerir a infraestrutura, o data center e demais equipamentos econômicas e da população cativa são mutuamente condicionadas,
e serviços de TI. pode-se por meio da última, inferir de forma aproximada, a primei-
Chefe do departamento: Sandro Pereira de Moraes (sandro@ ra, uma vez que a população escrava ainda constituía uma impor-
mpgo.mp.br) Divisão de Processamento e Comunicação de Dados: tante parcela de mão de obra brasileira, fortemente relacionada às
I - instalar, administrar e manter os equipamentos e serviços de atividades agrícolas.
comunicação de dados ou soluções de infraestrutura de rede nas Portanto tais informações assentadas em bases econômicas e
localidades do Ministério Público; demográficas já revelaram desigualdades regionais bem definidas.
II - fornecer subsídios para aquisição de equipamentos e siste- As conformações das diversidades divergiram fortemente da visão
mas de TI; clássica.
III - acompanhar a implementação dos projetos de ampliação e As diferenças entre as localidades e/ou províncias demar-
modernização da rede física de comunicação de dados e executar a caram-se em função das condições geográficas, técnicas, tipo de
sua configuração lógica; cultura, intensidade de cultivo, urbanização e proximidade dos
IV - organizar e manter as salas dos racks de comunicação de
mercados. Destarte, não se pode enquadrar a complexidade das
dados nas edificações da Instituição. Chefe de divisão: Eduardo A.
realidades locais e provinciais na interpretação tradicional.
Heine de Melo (eduardo.melo@ mpgo.mp.br)
Prado Júnior (1981) em seu clássico, Formação do Brasil Con-
temporâneo, distinguiu duas principais forças de ocupação do ter-
Seção Laboratório de Informática:
ritório brasileiro no século XVII: a expansão pastoril e a mineração.
I - fornecer subsídios visando à elaboração da política de dis- Portanto o povoamento do planalto brasileiro se deu graças ao el-
tribuição, configuração e alienação dos equipamentos dos usuários dorado do ouro e do diamante. Dessa forma ocorreu a libertação
de informática de acordo com a disponibilidade e necessidade, definitiva da orla atlântica, uma vez que nos dois primeiros sécu-
emitindo, quando for o caso, laudos técnicos; los da colonização, o povoamento e a produção concentraram-se
II - padronizar e manter os equipamentos de uso institucional numa estreita faixa litorânea brasileira, tendo três núcleos princi-
dos usuários de informática; pais: Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.
III - propor procedimentos que visem à segurança física dos Segundo Ferreira, I. M. e Mendes, E. P. P. (2009), acreditase
equipamentos e dados de TI alocados no âmbito do Ministério Pú- que a razão principal da ocupação/colonização de Goiás não te-
blico. ria sido apenas pela exploração de ouro. “Acredita-se, de acordo
Todas as informações á respeito do planejamento e projetos com estudos que os seus exploradores iniciais, por volta de 1726
em andamento na área atualmente ficam á disposição do cidadão a 1770, lançaram mão de várias competências, como as atividades
através do link: http://www.mpgo.mp.br/portal/hp/2 agrícolas, os criatórios e arregimentação e organização de mão de
Fonte: http://www.goias.gov.br/ Fonte: http://www.mpgo. obra indígena em sua região de origem. O processo de interioriza-
mp.br/ ção do povoamento é marcado pelo desinteresse do Governo Im-
perial pelas áreas interioranas, pela dificuldade de realização das
AS REGIÕES GOIANAS E AS DESIGUALDADES demarcações legais das sesmarias, pela dispersão e isolamento da
REGIONAIS população goiana, pela precariedade dos meios de transporte e co-
municação e pela expansão da pecuária extensiva, enquanto princi-
pal atividade econômica”. Todas essas particularidades justificam o
As regiões goianas e as desigualdades regionais; rápido processo de ocupação fundiária de Goiás e, principalmente,
Desigualdades Regionais no Estado de Goiás a grande concentração fundiária e de capitais (recursos) que mar-
caram a sua história.
Observa-se que as crescentes desigualdades socioeconômi- A mudança do eixo principal do Nordeste para o Sudeste co-
cas entre regiões motivaram e ainda vêm motivando a realização
meçou no século XVIII com a exploração aurífera e diamantífera,
dos mais diversos estudos buscando-se compreender suas causas
em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Todavia, já no século XIX,
e consequências. Dentre as hipóteses para se explicar as desigual-
com a decadência da mineração, as condições econômicas da pro-
dades regionais no Brasil algumas são extremamente divergentes
víncia de Goiás não eram tão satisfatórias em decorrência da dis-
principalmente com relação ao momento de sua consolidação.
A interpretação clássica de Celso Furtado revela a importância tância dos mercados e o custo do transporte.
da passagem do século XIX para o século XX como período de apro- “No início do século XIX, as migrações das populações deca-
fundamento das disparidades entre as regiões, outros autores, con- dentes de Minas Gerais e do Nordeste brasileiro incrementaram o
tudo, verificaram diferenças elevadas entre as províncias durante o sistema agrícola e comercial da região”. “A economia agrícola surge
século XIX, oriundas de natureza diversa da visão clássica, ou seja, como um regime de transição entre a economia mineradora e a
as distinções entre o setor exportador e o de subsistência ou em economia de exportação pecuária”. (FERREIRA, I. M. e MENDES, E.
virtude do dinamismo maior ou menor do primeiro P. P. 2009).
A transição da economia mineradora para a agropecuária foi
responsável pela inserção de Goiás ao sistema capitalista em de-
senvolvimento, mudança essa que também teve reflexo na nature-
za do trabalho escravo empregado na mineração.

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Portanto, primeiramente os espaços sub-regionais têm como Além de aumentar os investimentos em infraestrutura, in-
dinâmica econômica a agricultura e posteriormente a pecuária, tegrando o Centro-Oeste aos núcleos dinâmicos e modernos da
sendo que a segunda, considerada o setor produtivo de exportação economia brasileira e abrir rotas de penetração demográfica, o
foi responsável pelas trocas intra regionais. governo militar criou a Superintendência de Desenvolvimento do
Mas a distância do Estado em relação aos principais centros Centro-Oeste (SUDECO) como instância de planejamento e desen-
exportadores onerava sua produção, inviabilizando a comercializa- volvimento da região.
ção dos excedentes agrários, acrescenta-se a isso o fato do elevado Na década de 1970, o Brasil passa a ocupar o segundo lugar
custo do dia de trabalho nas empreitas, que chegava a ser supe- como produtor mundial de soja. O foco da economia goiana, atual-
rior ao preço da terra, dificultando o desenvolvimento do processo mente é a produção de grãos, principalmente, soja e milho, além da
produtivo agrícola. Para Estevam in Ferreira, I. M. e Mendes, E. P. produção de leite e carne. Portanto, no contexto nacional, o Estado
P.(2009), “as relações socioeconômicas em Goiás, durante as pri- de Goiás ocupa lugar de destaque nessas atividades, além disso,
meiras décadas do século XX, permaneceram nos trâmites tradi- vale ressaltar que dos 15 milhões de hectares de Cerrado agricultá-
cionais até a década de 1960”. “A implantação das ferrovias que vel no Brasil, 5 milhões estão em Goiás; isso torna o Estado impor-
davam acesso a São Paulo possibilitou a ampliação da demanda tante no cenário nacional.
agrícola e a valorização das terras goianas”. Dessa forma, o PIB (Produto Interno Bruto) em Goiás tem sido
O crescimento e a especialização da agropecuária em Goiás incrementado graças ao agronegócio, contudo ao longo dos anos
ocorreram a partir das primeiras décadas do século XX graças ao o conceito de agronegócio tem sido agregado á outras atividades
avanço da fronteira agrícola do Sudeste econômicas, como mercado de insumos e fatores de produção. É
Outros fatores que deram sustentação para tal expansão foi necessária uma visão sistêmica do agronegócio de modo a envolver
à implantação de uma infraestrutura de transporte, as mudanças o processamento da matéria-prima, o marketing, a transformação
político institucionais após 1930 e a construção de duas capitais e a distribuição, até o produto chegar ao consumidor final. Trata-se
(Goiânia e Brasília). da qualidade na gestão de negócios.
Embora a economia goiana tivesse uma aparente autonomia, O crescimento industrial goiano deu-se pela integração entre
a especialização da produção agrária deu-se, principalmente em agropecuária moderna e o avanço da agroindústria. Ressalta-se
decorrência da demanda criada pela economia paulista, que era também a emergência de novas atividades industriais atraídas pe-
responsável pelo fornecimento dos produtos primários e represen- las políticas de incentivos fiscais praticadas em Goiás a partir de
tava um mercado para os produtos de uma indústria emergente. meados da década de 1980 (ARRIEL, 2010).
Segundo Ferreira, I. M. e Mendes, E. P. P.(2009), “Goiás passou a Vários planos de desenvolvimento e de incentivos fiscais bus-
substituir as rotas comerciais nordestinas, integrando-se ao merca- caram atrair atividades industriais, principalmente alimentícias,
do brasileiro como produção marginal, em que o fator de produção buscando gerar oportunidades no estado de Goiás, já que a agrope-
mais atrativo era a própria terra. O sistema produtivo era pouco cuária moderna e concentrada na produção de commodities (grãos
diversificado, apoiando-se na produção de arroz e na criação de e pecuária de corte) conta(va) com altos níveis de produtividade.
gado. A construção de Goiânia, na década de 1930, e a divulgação Concomitante aos incentivos fiscais havia também planos de
política agrária de uma ‘Marcha para o Oeste’ aceleraram o pro- desenvolvimento regional implantados em Goiás como: Programa
cesso de reorganização espacial. O projeto de colonização agrícola de Desenvolvimento dos Cerrados – Polocentro (1975); Programa
nacional de Goiás deixou marcas na estrutura local. A integração de Desenvolvimento da Região Geoeconômica de Brasília (1979) e;
de Goiás ao circuito do mercado brasileiro apoiou-se no sistema Programa de Cooperação Nipo-Brasileira de Desenvolvimento dos
exportador ferroviário. Em 1935 chega até Anápolis a Estrada de Cerrados – Prodecer (1985) (PIRES E RAMOS, 2009).
Ferro Goiás, trazendo à região as demandas paulistas por produ- Além destes programas, foi instituído também o Fundo Cons-
tos alimentícios, auxiliada por duas outras ferrovias – a Companhia titucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) em 1989. Esses
Paulista de Estrada de Ferro, que chegava até Barretos (SP), e a programas, em sua maioria, foram resultado de pressão exercida
Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, que ligava Campinas (SP) pelos estados ao governo central com o intuito de elaborar e de-
a Araguari (MG). A rede ferroviária proporcionou estreitamento da senvolver políticas que visassem diminuir as desigualdades regio-
articulação inter-regional com São Paulo, convertendo o Triângulo nais.
Mineiro em entreposto mercantil e, ainda, incrementou a urbaniza- Assim, com a ajuda de alguns programas de desenvolvimento e
ção e fomentou a produção agrícola comercial, embora não tenha outros de incentivos fiscais, ocorreu o crescimento da participação
eliminado as relações tradicionais de trabalho”. da economia goiana no cenário nacional. Atualmente, Goiás mos-
A construção de rodovias contribuiu para a integração regio- tra-se bastante integrado à economia nacional, sobretudo àqueles
nal, e a conversão de economia rural agrária em economia urbana estados da região centro-sul, onde se tem uma relação de fluxo de
de base agrária foi uma consequência do dinamismo do processo comércio ao redor de 40% tanto para compras quanto para vendas.
de ocupação de Goiás. A participação do PIB goiano no Brasil que era de 2,05% em 1995
Foi com a crise internacional de 1929 que se deu a organização passou a 2,64% em 2009. Em termos de taxa de crescimento, Goiás
da produção, tendo como base uma economia primário-exporta- cresceu 71,5% (em termos reais), entre 1995 e 2009, enquanto o
dora. Assim, Goiás passou a atuar como fornecedor de gêneros ali- Brasil cresceu 46,51%.
mentícios e matérias-primas ao mercado brasileiro, sendo gradati- Contudo, do mesmo modo que as regiões brasileiras, as regi-
vamente, incorporado ao processo produtivo nacional. ões do estado de Goiás possuem uma diversidade de atividades
Relevante também destacar nesse período, o papel do Estado que geram emprego e renda para sua população, notadamente o
como absorvedor de excedentes populacionais de outras regiões agronegócio e, mais recentemente e em menor grau a indústria,
do país porém localizadas em poucos municípios do Estado.
A incorporação de Goiás à economia brasileira é reforçada no
final da década de 60 e início de 70, pela estratégia do governo
militar de ocupação da Amazônia e do Planalto Central, visando
ampliar o mercado e consolidar o Estado Nacional.

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Desse modo, nem todas as regiões do Estado têm presenciado No verão, coincidente a alta temporada de férias no Brasil, há
um crescimento e/ou desenvolvimento mais acentuado. De uma a ocorrência de dias mais longos e mudanças rápidas nas condições
maneira geral, a metade Sul do Estado detém os melhores/maiores diárias do tempo, com chuvas de curta duração e forte intensidade,
indicadores (emprego, renda, IDH, indicadores de saúde e educa- acompanhadas de trovoadas e rajadas de vento. Há ainda o registro
ção, por exemplo) sendo a mais dinâmica economicamente e con- de veranicos com períodos de estiagem com duração de 7 a 15 dias.
centrando os principais empreendimentos industriais. Por outro Há registros do índice pluviométrico oscilando entre 1.200 e 2.500
lado, a metade Norte concentra os piores indicadores e a economia mm entre os meses de setembro a abril.
é pouco dinâmica e mais ligada à agropecuária e administração pú- No outono, assim como na primavera, há o registro de transi-
blica. (ESTUDOS DO IMB, 2013) ção entre estações o que representa mudanças rápidas nas condi-
Diante do exposto e considerando as desigualdades regionais ções de tempo com redução do período chuvoso. As temperaturas
existentes no Estado, e ainda para responder com eficácia aos de- tornam-se mais amenas devido à entrada de massas de ar frio, com
safios que se têm pela frente, tendo-se em vista o momento ex- temperaturas mínimas variando entre 12ºC e 18ºC e máximas de
tremamente delicado no aspecto da questão regional, em que a 18ºC e 28ºC. A umidade relativa do ar é alta com valores alcançan-
persistência da desigualdade entre as regiões se impõe na pauta do até 98% Já o inverno traz o clima tipicamente seco do Cerrado,
dos governos; espera-se do poder público, a planificação de Políti- com baixos teores de umidade, chegando a valores extremos e ní-
cas Públicas que levem em conta as características físicas e de in- veis de alerta em algumas partes do Estado. Há o registro da entra-
fraestrutura de cada localidade priorizando os espaços geográficos da de algumas massas de ar frio que, dependendo da sua trajetória
demarcados por fatores ambientais, socioeconômicos, articulando e intensidade, provocam quedas acentuadas de temperatura, espe-
as diversas instâncias para favorecer o desenvolvimento do Brasil. cialmente à noite, apesar dos dias serem quentes, propícios à alta
As evidências têm demonstrado que as regiões menos favo- temporada de férias no Rio Araguaia.
recidas precisam reconhecer que fontes primárias de desenvolvi-
mento local são necessárias, mas insuficientes para o progresso. HIDROGRAFIA
Porém, há que se ter em conta que os “agentes das regiões ricas”
não chegam à plena realização do seu capital e seus objetivos sem Engana-se quem pensa que as características de vegetação de
a interação com os “agentes das regiões pobres”. savana, típicas do Cerrado, são reflexos de escassez de água na re-
As medidas que possam conter o ritmo e crescimento da extre- gião. Pelo contrário, Goiás é rico em recursos hídricos, sendo con-
ma desigualdade regional existente no Brasil exigem políticas públi- siderado um dos mais peculiares e abundantes Estados brasileiros
cas capazes de criar condições de investimento (público e privado) quanto à hidrografia. Graças ao seu histórico geológico constituído
em regiões deprimidas e/ou de menor desenvolvimento, produzin- durante milhões de anos, foram depositadas várias rochas sedi-
do um adicional na taxa de crescimento do PIB (Produto Interno mentares, entre elas o arenito de alta porosidade e alta permea-
Bruto) por habitante. Essas trajetórias de crescimento necessitam bilidade, que permitiram a formação de grandes cursos d’água e o
ser mais bem delineadas através de projetos que visem à ação do depósito de parte de grandes aquíferos, como o Bambuí, o Urucuia
gasto público de forma eficiente. e o Guarani, este último um dos maiores do mundo, com área total
Fonte : http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arqui- de até 1,4 milhão de km².
vos/2015-08/executor---poder-executivo-de-goiAs_-desenvolvi-
mento-regional-princIpios-de-qualidade-e-gestAo-estratEgica.pdf Centro das águas

Nascem, em Goiás, rios formadores das três mais importan-


ASPECTOS FÍSICOS DO TERRITÓRIO GOIANO: VEGETA- tes bacias hidrográficas do país. Todos os cursos d’água no senti-
ÇÃO, HIDROGRAFIA, CLIMA E RELEVO do Sul-Norte, por exemplo, são coletados pela Bacia Amazônica,
dos quais destacam-se os rios Maranhão, Almas e Paraná que dão
origem ao Rio Tocantins, mais importante afluente econômico do
Aspectos físicos do território goiano: vegetação, hidrografia, Rio Amazonas. No mesmo sentido, corre o Rio Araguaia, de impor-
clima e relevo; tância ímpar na vida do goiano e que divide Goiás com os Estados
de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, chegando em Tocantins ao
CLIMA encontro do outro curso que leva o nome daquele Estado, no Bico
do Papagaio.
O clima goiano é predominantemente tropical, com a divisão A Bacia do Rio São Francisco tem entre seus representantes os
marcante de duas estações bem definidas durante o ano: verão rios Entre ribeiro, Paracatu e Preto, os quais nascem próximos ao
úmido, nos meses de dezembro a março, e inverno seco, predo- Distrito Federal e seguem em direção ao Nordeste do país.
minante no período de junho a agosto. De acordo com o Sistema Enquanto que, por outro lado, corre o rio Corumbá, afluente
de Meteorologia e Hidrologia da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Paranaíba, formador da Bacia do Paraná que segue rumo ao Sul,
(Simehgo/Sectec), a temperatura média varia entre 18ºC e 26ºC, pontilhado dentro de Goiás por hidrelétricas, o que denota seu po-
com amplitude térmica significativa, variando segundo o regime tencial energético para o Estado.
dominante no Planalto Central.
Serra da Mesa
Estações
Em Goiás também está localizado o lago artificial da Usina de
No mês de setembro, com o início da primavera, as chuvas pas- Serra da Mesa, no Noroeste do Estado. Considerado o quinto maior
sam a ser mais intensas e frequentes, marcando o período de tran- lago do Brasil (1.784 km² de área inundada), é o primeiro em volu-
sição entre as duas estações protagonistas. As pancadas de chuva, me de água (54,4 bilhões de m³) e, formado pelos rios Tocantins,
no final da tarde ou noite, ocorrem em decorrência do aumento Traíras e Maranhão, atrai importantes atrativos turísticos para a
do calor e da umidade que se intensificam e que podem ocasionar região, com a realização de torneios esportivos e de pesca, além da
raios, ventos fortes e queda de granizo. geração de energia elétrica.

59
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
RELEVO ambientalistas. No entanto, o velho argumento utilizado para sua
derrubada de que os troncos retorcidos e pequenos arbustos são
Goiás está situado sobre o Planalto Central Brasileiro e abriga sinais de pobreza da biodiversidade finalmente caiu por terra.
em suas terras um mosaico de formações rochosas distintas quanto Na totalidade, incluindo as zonas de transição com outros bio-
à idade e à composição. Resultado de um processo de milhões de mas, o Cerrado abrange 2.036.448 km², o equivalente a 23,92% do
anos da evolução de seus substratos, o solo goiano foi favorecido território brasileiro, ou à soma das áreas de Espanha, França, Ale-
com a distribuição de regiões planas, o que favoreceu a ocupação manha, Itália e Reino Unido (Fonte: WWF Brasil). E se considerada
do território, além da acumulação de metais básicos e de ouro, sua diversidade de ecossistemas, é notório o título de formação
bem como gemas (esmeraldas, ametistas e diamantes, entre ou- com savanas mais rica em vida a nível mundial, uma vez que sua
tros) e metais diversos, que contribuíram para a exploração mineral área protege 5% de todas as espécies do planeta e três em cada dez
propulsora da colonização e do desenvolvimento dos núcleos urba- espécies brasileiras, muitas delas só encontradas aqui.
nos na primeira metade do século XVIII.
O processo de formação do relevo e de decomposição de ro- Variedade de paisagens em um só bioma
chas explica, ainda, a formação de solos de fertilidade natural baixa
e média (latossolos) predominantes na maior parte do Estado, e Tipicamente, o Cerrado é conhecido por apresentar árvores de
de solos podzólicos vermelho-amarelo, terra roxa estruturada, bru- pequeno porte – até 20 metros –, esparsas em meio a arbustos e
nizém avermelhado e latossolo roxo, que apresentam alta fertili- distribuídas sobre uma vegetação baixa, constituída em geral por
dade e se concentram nas regiões Sul e Sudoeste do Estado, além gramíneas. No entanto, dependendo da formação geológica e do
do Mato Grosso Goiano. A distribuição de ligeiras ondulações e o solo no qual o Cerrado finca suas raízes profundas, suas caracte-
relevo esculpido entre rochas salientaram ainda a caracterização rísticas podem variar bastante apresentando vasta diversidade de
do curso de rios, formadores de aquíferos importantes das bacias paisagens. São elas:
hidrográficas sul-americanas e que fazem do Estado um dos mais Formação do Terciário ou Cachoeirinha: local onde ocorriam
abundantes em recursos hídricos. Associados a esses processos, a os campos limpos, formados por gramíneas, chamados também de
vegetação rala do Cerrado também contribui para o processo de chapadão. Localizava-se na região de Jataí, Mineiros e Chapadão do
erosão e da formação de grutas, cavernas e cachoeiras, que asso- Céu e sua vegetação original, hoje, encontra-se totalmente substi-
ciadas às chapadas e poucas serras presentes no Estado, configu- tuída por campos de soja;
Grupo Bauru: de solo arenoso de média fertilidade, é onde
ram opções de lazer e turismo da região.
aparece o chapadão. De solo relativamente plano, também foi
transformado em lavoura, em geral de cana ou pastagens, e cor-
Potencial Mineral do Estado de Goiás
responde às áreas que vão de Jataí e do canal de São Simão até o
Aporé;
• Água mineral
Formação Serra Geral: aqui o Cerrado dá lugar à mata ciliar, de
• Água termal
terra fértil, que foi transformada no decorrer do tempo em roças de
• Areia e Cascalho
subsistência. Ocorrem em geral nos valos dos rios e foram substituí-
• Argila Ametista Amianto
das por culturas de banana ou café, além das invernadas destinadas
• Basalto Berilo Calcário à engorda de bois;
• Agrícola Calcário Formação Botucatu: o Cerrado propriamente dito é encon-
• Dolomítico Cobre, trado neste tipo de formação, rico em frutos e animais silvestres.
• Ouro e Prata Apresenta baixa fertilidade e boa parte de sua área foi subjugada
• Diamante industrial por criadores de gado. É encontrada às margens do Rio Verde, en-
• Esmeralda tre Mineiros e Serranópolis, e do Rio Paraíso, em Jataí;
• Filito
• Fosfato Formação de Irati: vegetação de solos acidentados, é em geral
• Gnaisse bem fértil, cedendo lugar a matas de peroba-rosa de onde se retira
• Granito calcário para correção de solos. Pode ser encontrada em Montivi-
• Granodiorito diu, Perolândia e Portelândia;
• Granulito Formação Aquidauana: Cerrado ralo de árvores altas, solos ra-
• Manganês sos e arenosos. Era encontrada na Serra do Caiapó e adjacências
• Mecaxisto antes de ser transformado em pastagens;
• Níquel e Cobalto
• Quartzito Formação Ponta Grossa: de solos inconstantes, apresenta Cer-
• Titânio rado diversificado. É encontrado em Caiapônia, Doverlândia e con-
• Vermiculita fluências;
• Xisto Formação Furnas: Cerrado intercalado com matas de aroeira.
VEGETAÇÃO De solo acidentado, é arenoso e de média fertilidade

É praticamente impossível visitar Goiás e não ouvir falar nele. Berço das águas
Considerado o segundo maior bioma brasileiro, atrás apenas da
Floresta Amazônica, o Cerrado tem grande representatividade no No setor de geração de energia, sete em cada dez litros das
território goiano. Apesar do elevado nível de desmatamento regis- águas que passam pelas turbinas da usina de Tucuruí (PA) vêm do
trado no Estado desde a criação de Brasília e a abertura de estradas, Cerrado, bem como metade da água que alimenta Itaipu (PR). No
na década de 1960, e da expansão da fronteira agrícola, décadas de caso da hidrelétrica de Sobradinho (BA), o montante é de quase
1970 e 1980, Goiás conseguiu manter reservas da mata nativa em 100%. De forma geral, nove em cada dez brasileiros consomem ele-
algumas regiões, até hoje alvo de discussões entre fazendeiros e tricidade produzida com águas do bioma.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Fauna
ASPECTOS DA HISTÓRIA POLÍTICA DE GOIÁS: A INDE-
A mesma forma que a vegetação varia na vastidão das paisa- PENDÊNCIA EM GOIÁS; O CORONELISMO NA REPÚ-
gens do Cerrado, a fauna local também impressiona pela diversi- BLICA VELHA; AS OLIGARQUIAS; A REVOLUÇÃO DE
dade de animais que podem ser encontrados dentro do bioma. Se- 1930; A ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA DE 1930 ATÉ OS
gundo relatório da Conservação Internacional, o Cerrado apresenta DIAS ATUAIS
uma particularidade quanto à sua distribuição espacial que permite
o desenvolvimento e a localização de diferentes espécies. Enquan- A ocupação do território de Goiás teve início há milhares de
to a estratificação vertical da Amazônia ou a Mata Atlântica propor- anos com registros arqueológicos mais antigos datados de 11 mil
ciona oportunidades diversas para o estabelecimento das espécies, anos atrás. A região de Serranópolis, Caiapônia e Bacia do Paranã
em uma mesma árvore, por exemplo, no Cerrado a heterogeneida- reúne a maior parte dos sítios arqueológicos distribuídos no Estado,
de espacial no sentido horizontal seria fator determinante para a abrigados em rochosos de arenito e quatzito e em grutas de maci-
ocorrência de um variado número de exemplares, de acordo com ços calcários. Também há indícios da ocupação pré-histórica nos
a ocorrência de áreas de campo, floresta ou brejo, em um mesmo municípios de Uruaçu, em um abrigo de micaxisto, e Niquelândia,
macro ambiente. cujo grande sítio superficial descoberto por pesquisadores da Uni-
De acordo com o Ibama, no Cerrado brasileiro podem ser en- versidade Federal de Goiás (UFG) guarda abundante material lítico
contradas cerca de 837 espécies de aves, 67 gêneros de mamíferos, do homem Paranaíba
os quais abrangem 161 espécies e dezenove endêmicas; 150 espé- O homem Paranaíba, por sinal, é o primeiro representante
cies de anfíbios (45 só encontrados aqui); e 120 espécies de répteis, humano conhecido na área, cujo grupo caçador-coletor possuía
dos quais 45 também endêmicas. Além disso, o Cerrado abriga 90 presença constante de artefatos plano-convexos, denominados
mil espécies de insetos, sendo 13% das borboletas, 35% das abe- “lesmas”, com poucas quantidades de pontas de projéteis líticas.
lhas e 23% dos cupins dos trópicos. Outro grupo caçador-coletor é o da Fase Serranópolis que influen-
Dentre tantos, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e a ema ciado por mudanças climáticas passou a se alimentar de moluscos
(Rhea americana) aparecem como animais símbolo do bioma. No terrestres e dulcícolas e uma quantidade maior de frutos, além da
entanto, são famosos também o tamanduá-bandeira (Myrmeco- caça e da pesca.
phaga tridactyla), o tatu-canastra (Priodontes giganteusso), a serie-
ma (Cariama cristata), o pica-pau-do-campo (Colaptes campestres), Grupos Ceramistas
o teiu (Tupinambis sp), entre outros.
As populações ceramistas passam a ocupar o território de Goi-
Flora ás a cerca de dois mil anos, quando supostamente o clima e a ve-
getação eram semelhantes aos atuais. São classificados em quatro
A vegetação típica do Cerrado possui troncos retorcidos, de tradições: Una, Aratu, Uru e Tupi-Guarani.
baixo porte, com cascas espessas e folhas grossas. Em geral, as raí-
zes de suas árvores são pivotantes, ligadas ao lençol freático o que Tradição Uma
pode propiciar seu desenvolvimento para até 15 metros de profun-
didade. É a tradição ceramista mais antiga do Estado. Habitavam abri-
É comum, assim, ouvir dizer que o Cerrado é uma floresta in- gos e grutas naturais, cultivavam milho, cabaça, amendoim, abóbo-
vertida. Isso deve a essa característica subterrânea de boa parte do ra e algodão e desenvolveram a tecnologia da produção de vasilha-
corpo das plantas, explicada pela adaptação das espécies às quei- mes cerâmicos.
madas naturais verificadas no inverno seco de Goiás. Além disso,
seus ramos exteriores apresentam um ciclo de dormência, no qual Tradição Aratu
as folhas se desprendem e também resguardam a planta do fogo
para depois renascerem, com chuva ou não. São os primeiros aldeões conhecidos. Habitavam grandes agru-
Em geral a florescência é registrada nos meses de maio a julho, pamentos, em disposição circular ou elíptica ao redor de um espaço
com o aparecimento de frutos ou vagens até agosto vazio, situados em ambientes abertos, geralmente matas, próximos
a águas perenes. Cultivavam milho, feijão, algodão e tubérculos.
Produziam vasilhames cerâmicos de diferentes tamanhos e, a partir
Diversidade da manipulação da argila, confeccionavam rodelas de fusos, utiliza-
dos na fiação do algodão, dentre outros artefatos.
Em todo o Cerrado já foram registradas em torno de 11,6 mil ti-
pos de plantas, com mais de cinco mil espécies endêmicas da área. Tradição Uru
Destacam-se no Estado a presença do pequi (Caryocar brasiliense),
do jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa), do buriti (Mauritia A população da Tradição Uru chegou um pouco mais tarde no
flexuosa), do cajueiro-do-campo (Anacardium humile) e da canela- território goiano. Os sítios arqueológicos datados do século XII es-
-de-ema (Vellozia flavicans). Também aparecem no rol das espécies tão localizados no vale do Rio Araguaia e seus afluentes.
características do bioma a cagaita (Eugenia dysenterica), a manga-
ba (Hancornia speciosa), o ipê-amarelo (Tabebuia ochracea) e do Tradição Tupi-Guarani
baruzeiro (Dipteryx alata), entre várias outras
É a mais recente das populações com aldeias, datada de 600
Fonte: http://www.goias.gov.br/ anos atrás. Habitavam aldeias dispersas na bacia do Alto Araguaia
e na bacia do Tocantins. Conviviam, às vezes, na mesma aldeia com
outros grupos horticultores, de outras tradições.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Colonização As primeiras divisões do Estado

Após o descobrimento do Brasil pelos portugueses, durante os Durante o período colonial e imperial, as divisas entre provín-
séculos XVI e XVII, o território goiano começou a receber diversas cias eram difíceis de serem definidas com exatidão, muitas vezes
expedições exploratórias. Vindas de São Paulo, as Bandeiras tinham sendo definidas de forma a serem coincidentes com os limites das
como objetivo a captura de índios para o uso como mão de obra es- paróquias ou através de deliberações políticas vindas do poder cen-
crava na agricultura e minas. Outras expedições saíam do Pará, nas tral. No entanto, no decorrer do processo de consolidação do Esta-
chamadas Descidas com vistas à catequese e ao aldeamento dos do de Goiás, o território sofreu diversas divisões, com três perdas
índios da região. Ambas passavam pelo território, mas não criavam significativas no período colonial
vilas permanentes, nem mantinham uma população em número
estável na região. Separação da Capitania de São Paulo
A ocupação, propriamente dita, só se tornou mais efetiva com
a descoberta de ouro nessas regiões. Na época, havia sido acha- Durante parte do período colonial o território que hoje é o
do ouro em Minas Gerais, próximo a atual cidade de Ouro Preto Estado de Goiás foi administrado pela Capitania de São Paulo, na
(1698), e em Mato Grosso, próximo a Cuiabá (1718). Como havia época a maior delas, estendendo-se do Uruguai até o atual estado
uma crença, vinda do período renascentista, que o ouro era mais de Rondônia. Seu poder não era tão extenso, ficando distante das
abundante quanto mais próximo ao Equador e no sentido leste-o- populações e, também, dos rendimentos.
este, a busca de ouro no “território dos Goyazes”, passou a ser foco A medida que se achava ouro pelas terras do sertão brasileiro,
de expedições pela região. o governo português buscava aproximar-se da região produtora.
Isso aconteceu em Goiás depois da descoberta de ouro em 1722.
Bandeiras Como uma forma de controlar melhor a produção de ouro, evitan-
do o contrabando, responder mais rapidamente aos ataques de ín-
O território goiano recebeu bandeiras diversas, sendo que a dios da região e controlar revoltas entre os mineradores, foi criado
de Francisco Bueno foi a primeira a achar ouro na região (1682), através de alvará régio a Capitania de Goiás, desmembrada de São
mas em pequena quantidade. Essa expedição explorou até as mar- Paulo em 1744, com a divisão efetivada em 1748, pela chegada do
gens do Rio Araguaia e junto com Francisco Bueno veio seu filho, primeiro governador a Vila Boa de Goyaz, Dom Marcos de Noronha.
Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido por Anhanguera (Diabo ve-
lho). Segundo se registra, Bartolomeu Bueno da Silva teria se inte- Triângulo mineiro
ressado sobre o ouro que adornava algumas índias de uma tribo,
mas não obteve êxito em obter informações sobre a procedência A região que hoje é chamada de “Triângulo Mineiro” perten-
desse ouro. Para conseguir a localização, resolveu então ameaçar ceu à capitania de Goiás desde sua criação em 1744 até 1816. Sua
por fogo nas fontes e rios da região, utilizando aguardente para incorporação à província de Minas Gerais é resultado de pressões
convencer aos índios de que poderia realmente executar o feito – o pessoais de integrantes de grupos dirigentes da região, sendo que
que lhe conferiu o apelido. em 1861 a Assembleia Geral foi palco de discussões acaloradas en-
Seu filho, também chamado de Bartolomeu Bueno da Silva, 40 tre parlamentares de Minas Gerais, que tentavam ampliar ainda
anos depois, também tentou retornar aos locais onde seu pai havia mais a incorporação de territórios até o Rio São Marcos e de Goiás.
passado, indo em busca do mito da “Serra dos Martírios”, um lugar
fantástico onde grandes cristais aflorariam, tendo formas seme- Leste do Mato Grosso
lhantes a coroas, lanças e cravos, referentes à “Paixão de Cristo”.
Chegou, então, as regiões próximas ao rio Vermelho, onde achou Em 1753, começaram as discussões entre a administração da
ouro (1722) em maior quantidade do que noutros achados e aca- Capitania de Mato Grosso e de Goiás para a definição de divisas
bou fixando na região a Vila de Sant’Anna (1727), chamada depois entre as duas. Nesse período, a divisa entre elas ficou definida a
Vila Boa de Goyaz. partir do Rio das Mortes até o Rio Pardo. Em 1838, o Mato Gros-
Após retornar para São Paulo para apresentar os achados, foi so reiniciou as movimentações de contestação de divisa, criando a
nomeado capitão-mor das “minas das terras do povo Goiá”. Entre- vila de Sant’Ana do Paranaíba. Apenas em 1864, a Assembleia Geral
tanto, seu poder foi sendo diminuído à medida que a administração cria legislação para tentar regular o caso.
régia se organizava na região. Em 1733, perdeu direitos obtidos jun- Durante a república, com a criação do município de Araguaia
to ao rei, sob a alegação de sonegação de rendas, vindo a falecer (1913) por parte do Mato Grosso e de Mineiros por parte de Goiás,
em 1740, pobre e praticamente sem poder. o conflito se intensificou. A questão ficou em suspenso até 1975,
Nessa época, as principais regiões ocupadas no período aurí- quando uma nova demarcação foi efetuada. Por fim, em 2001, o
fero foram o Centro-Sul (próximo ao caminho para São Paulo), o STF definitivamente demarcou a nascente A do Rio Araguaia como
Alto Tocantins e Norte da capitania, até próximo a cidade de Porto ponto de partida das linhas demarcatórias entre os estados.
Nacional (hoje Estado do Tocantins). Grandes áreas como o Sul, o
Sudoeste, o Vale do Araguaia e as terras ao Norte de Porto Nacional Império
só foram ocupadas mais intensamente no século XIX e XX, com a
ampliação da pecuária e da agricultura. A partir de 1780, com o esgotamento das jazidas auríferas, a
O ouro goiano era principalmente de aluvião (retirado na su- Capitania de Goiás iniciou um processo de ruralização e regressão
perfície dos rios, pela peneiragem do cascalho), e se tornou escasso a uma economia de subsistência, gerando graves problemas finan-
depois de 1770. Com o enfraquecimento da extração, a região pas- ceiros, pela ausência de um produto básico rentável
sou a viver principalmente da pequena agricultura de subsistência
e de alguma pecuária.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Para tentar reverter esta situação, o governo português pas- Período Republicano
sou a incentivar e promover a agricultura em Goiás, sem grandes
resultados, já que havia temor dos agricultores ao pagamento de A proclamação da República (15/11/1889) não alterou os pro-
dízimos; desprezo dos mineiros pelo trabalho agrícola, pouco ren- blemas socioeconômicos enfrentados pela população goiana, em
tável; a ausência de um mercado consumidor; e dificuldade de ex- especial pelo isolamento proveniente da carência dos meios de co-
portação, pela ausência de um sistema viário. municação, com a ausência de centros urbanos e de um mercado
Com a Independência do Brasil, em 1822, a Capitania de Goiás interno e com uma economia de subsistência. As elites dominantes
foi elevada à categoria de província. Porém, essa mudança não alte- continuaram as mesmas. As mudanças advindas foram apenas ad-
rou a realidade socioeconômica de Goiás, que continuava vivendo ministrativas e políticas
um quadro de pobreza e isolamento. As pequenas mudanças que A primeira fase da República em Goiás, até 1930, foi marcada
ocorreram foram apenas de ordem política e administrativa pela disputa das elites oligárquicas goianas pelo poder político: Os
A expansão da pecuária em Goiás, nas três primeiras décadas Bulhões, os Fleury, e os Jardim Caiado. Até o ano de 1912, prevale-
do século XIX, que alcançou relativo êxito, trouxe como consequ- ceu na política goiana a elite oligárquica dos Bulhões, liderada por
ência o aumento da população. A Província de Goiás recebeu cor- José Leopoldo de Bulhões, e a partir desta data até 1930, a elite
rentes migratórias oriundas, principalmente, dos Estados do Pará, oligárquica dominante passa a ser dos Jardim Caiado, liderada por
Maranhão, Bahia e Minas Gerais. Novas cidades surgiram: no su- Antônio Ramos Caiado.
doeste goiano, Rio Verde, Jataí, Mineiros, Caiapônia (Rio Bonito), A partir de 1891, o Estado começou a vivenciar certo desen-
Quirinópolis (Capelinha), entre outras. No norte (hoje Estado do To- volvimento com a instalação do telégrafo em Goiás para a trans-
cantins), além do surgimento de novas cidades, as que já existiam, missão de notícias. Com a chegada da estrada de ferro em territó-
como Imperatriz, Palma, São José do Duro, São Domingos, Carolina rio goiano, no início do século XX, a urbanização na região sudeste
e Arraias, ganharam novo impulso começou a ser incrementada o que facilitou, também, a produção
Os presidentes de província e outros cargos de importância de arroz para exportação. Contudo, por falta de recursos financei-
política, no entanto, eram de livre escolha do poder central e conti- ros, a estrada de ferro não se prolongou até a capital e o norte
nuavam sendo de nacionalidade portuguesa, o que descontentava goiano, que permanecia praticamente incomunicável. O setor mais
os grupos locais. Com a abdicação de D. Pedro I, ocorreu em Goi- dinâmico da economia era a pecuária e predominava no estado o
ás um movimento nacionalista liderado pelo bispo Dom Fernando latifúndio.
Ferreira, pelo padre Luiz Bartolomeu Marquez e pelo coronel Felipe Com a revolução de 30, que colocou Getúlio Vargas na Presi-
Antônio, que recebeu o apoio das tropas e conseguiu depor todos dência da República do Brasil, foram registradas mudanças no cam-
os portugueses que ocupavam cargos públicos em Goiás, inclusive po político. Destituídos os governantes, Getúlio Vargas colocou em
o presidente da província. cada estado um governo provisório composto por três membros.
Nas últimas décadas do século XIX, os grupos locais insatisfei- Em Goiás, um deles foi o Dr. Pedro Ludovico Teixeira, que, dias de-
tos fundaram partidos políticos: O Liberal, em 1878, e o Conser- pois, foi nomeado interventor
vador, em 1882. Também fundaram jornais para divulgarem suas Com a revolução, o governo adotou como meta trazer o desen-
ideias: Tribuna Livre, Publicador Goiano, Jornal do Comércio e Folha volvimento para o estado, resolver os problemas do transporte, da
de Goyaz. Com isso, representantes próprios foram enviados à Câ- educação, da saúde e da exportação. Além disso, a revolução de 30
mara Alta, fortalecendo grupos políticos locais e lançando as bases em Goiás deu início à construção de Goiânia.
para as futuras oligarquias.
A construção de Goiânia e o governo Mauro Borges
Educação em Goiás no século XIX
A mudança da capital de Goiás já havia sido pensada em gover-
Em 1835, o presidente da província, José Rodrigues Jardim re- nos anteriores, mas foi viabilizada somente a partir da revolução
gulamentou o ensino em Goiás. Em 1846 foi criado na então capi- de 30 e seus ideais de “progresso” e “desenvolvimento”. A região
tal, Cidade de Goiás, o Liceu, que contava com o ensino secundário. de Campinas foi escolhida para ser o local onde se edificaria a nova
Os jovens do interior que tinham um poder aquisitivo maior, ge- capital por apresentar melhores condições hidrográficas, topográfi-
ralmente concluíam seus estudos em Minas Gerais e faziam curso cas, climáticas, e pela proximidade da estrada de ferro.
superior em São Paulo, e os de família menos abastada, encaminha- No dia 24 de outubro de 1933 foi lançada a pedra fundamental.
vam-se para a escola militar ou seminários. A maioria da população, Dois anos depois, em 07 de novembro de 1935 foi iniciada a mu-
no entanto, permanecia analfabeta. A primeira Escola Normal de dança provisória da nova capital. O nome “Goiânia”, sugerido pelo
Goiás foi criada em 1882, e em 1889 foi fundado pelas irmãs domi- professor Alfredo de Castro, foi escolhido em um concurso promo-
nicanas um colégio na Cidade de Goiás, que atendia às moças vido pelo semanário “O Social”
A transferência definitiva da nova capital, da Cidade de Goiás
O Movimento Abolicionista em Goiás para Goiânia, se deu no dia 23 de março de 1937, por meio do de-
creto 1.816. Em 05 de julho de 1942, quando foi realizado o “ba-
O poeta Antônio Félix de Bulhões (1845-1887) foi um dos tismo cultural”, Goiânia já contava com mais de 15 mil habitantes
goianos que mais lutaram pela libertação dos escravos. Fundou o A construção de Goiânia devolveu aos goianos a confiança em
jornal O Libertador (1885), promoveu festas para angariar fundos si mesmos, após um período de decadência da mineração, de isola-
para alforriar escravos e compôs o Hino Abolicionista Goiano. Com mento e esquecimento nacional. Em vez de pensarem na grandeza
a sua morte, em 1887, várias sociedades emancipadoras se uniram do passado, começaram a pensar, a partir de então, na grandeza
e fundaram a Confederação Abolicionista Félix de Bulhões. Quando do futuro.
foi promulgada a Lei Áurea, havia aproximadamente quatro mil es-
cravos em Goiás.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
A partir de 1940, Goiás passa a crescer em ritmo acelerado Nesse período, também, Goiás aumentou seu destaque quan-
também em virtude do desbravamento do Mato Grosso Goiano, to a produção no setor cultural, seja com a eleição da cidade de
da campanha nacional de “Marcha para o Oeste” e da construção Goiás como patrimônio da humanidade ou com seus talentos artís-
de Brasília. A população do Estado se multiplicou, estimulada pela ticos sendo consagrados, como Goiandira de Couto, Siron Franco e
forte imigração, oriunda principalmente dos Estados do Maranhão, Cora Coralina.
Bahia e Minas Gerais. A urbanização foi provocada essencialmen- O Césio-137
te pelo êxodo rural. Contudo, a urbanização neste período não foi
acompanhada de industrialização. A economia continuava predo- Goiás abriga em seu passado um dos episódios mais tristes da
minantemente baseada no setor primário (agricultura e pecuária) e história brasileira. No ano de 1987, alguns moradores da capital
continuava vigente o sistema latifundiário saíram em busca de sucata e encontraram uma cápsula abandona-
Com o impulso, na década de 50 foi criado o Banco do Estado da nas ruínas do Instituto Radiológico de Goiânia. Mal sabiam eles
e a CELG (Centrais Elétricas de Goiás S.A). O governo Mauro Borges que naquele vasilhame havia restos de um pó radioativo mortal,
(1960-1964) propôs como diretriz de ação um “Plano de Desenvol- o Césio-137. Inconsequentemente, a cápsula foi aberta por eles e
vimento Econômico de Goiás” abrangendo as áreas de agricultura manipulada, deixando milhares de vítimas e sequelas do pó azul
e pecuária, transportes e comunicações, energia elétrica, educação brilhante, lacrado hoje, junto aos destroços do maior acidente ra-
e cultura, saúde e assistência social, levantamento de recursos na- diológico do mundo, no depósito da Comissão Nacional de Energia
turais, turismo, etc., e criou as seguintes autarquias e paraestatais: Nuclear (Cnen), em Abadia de Goiás.
CERNE (Consórcio de Empresas de Radiodifusão e Notícias do Es-
tado), OSEGO (Organização de Saúde do Estado de Goiás), EFOR- A criação do DF
MAGO (Escola de Formação de Operadores de Máquinas Agrícolas
e Rodoviárias), CAIXEGO (Caixa Econômica do Estado de Goiás), A construção e a inauguração de Brasília, em 1960, como ca-
IPASGO (Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado pital federal, foi um dos marcos deixados na história do Brasil pelo
de Goiás), SUPLAN, ESEFEGO (Escola Superior de Educação Física governo Juscelino Kubitschek (1956-1960). Essa mudança, visando
de Goiás), CEPAIGO (Centro Penitenciário de Atividades Industriais um projeto especifico, buscava ampliar a integração nacional, mas
de Goiás), IDAGO (Instituto de Desenvolvimento Agrário de Goiás), JK, no entanto, não foi o primeiro a propô-la, assim como Goiás
DERGO (Departamento de Estradas de Rodagem de Goiás), DETEL- nem sempre foi o lugar projetado para essa experiência.
GO, METAGO (Metais de Goiás S/A), CASEGO, IQUEGO (Indústria
Química do Estado de Goiás), entre outras. Desejo de transferência (séc. XVIII e XIX)

As primeiras capitais do Brasil, Salvador e Rio de Janeiro, ti-


Redemocratização veram como característica fundamental o fato de serem cidades
litorâneas, explicado pelo modelo de ocupação e exploração em-
Nos últimos 30 anos, o Estado de Goiás passou por profundas preendido pelos portugueses anteriormente no continente africa-
transformações políticas, econômicas e sociais. O fim da ditadura no e asiático. À medida que a importância econômica da colônia
militar e o retorno da democracia para o cenário político foi repre- aumentava para a manutenção do reino português, as incursões
sentado pela eleição de Iris Rezende para governador, em 1982, para o interior se tornavam mais frequentes.
com mais de um milhão de votos. Nesse campo, por sinal, Goiás A percepção da fragilidade em ter o centro administrativo pró-
sempre ofereceu quadros significativos para sua representação em ximo ao mar, no entanto, fez que muitos intelectuais e políticos
nível federal, como pode ser observado no decorrer da “Nova Re- portugueses discutissem a transferência da capital da colônia – e
pública”, na qual diversos governadores acabaram eleitos senado- até mesmo do império – para regiões mais interiores do território.
res ou nomeados ministros de Estado. Um dos mais importantes apoiadores desse projeto foi Sebastião
No campo econômico, projetos de dinamização econômica ga- José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, em 1751. A trans-
nharam forma, partindo de iniciativas voltadas para o campo, como ferência também era uma das bandeiras de movimentos que ques-
o projeto de irrigação Rio Formoso, iniciado ainda no período mili- tionavam o domínio português, como a Inconfidência Mineira, ou
tar e, hoje, no território do Tocantins, até a construção de grandes de personagens que, após a independência do Brasil, desejavam o
estruturas logísticas, a exemplo do Porto Seco de Anápolis e a im- fortalecimento da unidade do país e o desenvolvimento econômico
plantação da Ferrovia Norte-Sul. É válido, ainda, o registro de estí- das regiões interioranas, como o Triângulo Mineiro ou o Planalto
mulos especiais para produção e a instalação de grandes indústrias Central.
no estado, a exemplo dos polos farmacêutico e automobilístico. Com a primeira constituição republicana (1891), a mudança
As modificações econômicas, no entanto, deixaram os proble- ganhou maior visibilidade e mais apoiadores, tanto que em seu 3º
mas sociais, que existiam no Estado, ainda mais acentuados, com artigo havia determinação de posse pela União de 14.400 quilôme-
o registro de um grande número de pessoas sem moradia digna e tros quadrados na região central do país pra a futura instalação do
sem emprego. Essa situação mobilizou governantes e população a Distrito Federal.
empreender ações concretas de forma a minimizar essas dificulda-
des, como programas de transferência de renda, profissionalização Comissão Cruls e as décadas seguintes
e moradia, além de programas de estímulos para que a população
se mantivesse junto ao campo, evitando assim o êxodo rural Depois da Proclamação da República em 1889, o país se encon-
Com as mudanças políticas e a maior participação popular, trava imerso em um cenário de euforia com a mudança de regime
vinda com o advento da redemocratização da vida política nacio- e da crença no progresso e no futuro. Para definir o lugar onde se
nal, houve também uma maior exigência da sociedade em relação efetivaria a determinação da futura capital, em 1892, o presidente
às práticas administrativas. O governo de Goiás passou por várias Floriano Peixoto criou uma comissão para concretizar esses estu-
“reformas administrativas” e outras iniciativas nesse período, onde dos, chefiada pelo cientista Luis Cruls, de quem a expedição herdou
foram buscadas a racionalização, melhoria e moralização da admi- o nome. A expedição partiu de trem do Rio de Janeiro até Uberaba
nistração pública. (estação final da Estrada de Ferro Mogiana) e dali a pé e em lombo

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
de animais até o Planalto Central. Com pesquisadores de diversas Período do ouro
áreas, foi feito um levantamento amplo (topográfico, climatológi-
co, geográfico, hidrológico, zoológico etc.) da região, mapeando-se Durante o ciclo do ouro, a cobrança de impostos diferenciada
a área compreendida pelos municípios goianos de Formosa, Planal- gerou insatisfação junto a muitos garimpeiros e comerciantes da
tina e Luziânia. O relatório final permitiu que fosse definida a área região norte da província de Goiás. As reivindicações eram contra o
onde futuramente seria implantada a capital. chamado “captação”, imposto criado para tentar a sonegação que
Uma segunda missão de estudos foi empreendida nos locais taxava os proprietários pela quantidade de escravos que possuíam
onde a implantação de uma cidade seria conveniente dentro do e não pela quantidade de ouro extraída, o que onerava demais a
quadrilátero definido anteriormente. A saída de Floriano Peixoto produção do norte. Por não conseguirem pagar as quantias presu-
do governo em 1896 fez com que os trabalhos da Comissão Ex- midas de imposto, esses proprietários sofriam a “derrama” - im-
ploradora do Planalto Central do Brasil fossem interrompidos. No posto cobrado para complementar os débitos que os mineradores
entanto, mesmo não contando com a existência de Goiânia, os ma- acumulavam junto à Coroa Portuguesa.
pas nacionais já traziam o “quadrilátero Cruls” e o “Futuro Distrito Os garimpeiros viam na província do Maranhão uma alternati-
Federal” va para o recolhimento de impostos menores. O governo da provín-
Apesar do enfraquecimento do ímpeto mudancista, eventos cia goiana, com isso, temendo perder os rendimentos oriundos das
isolados deixavam claro o interesse de que essa região recebesse minas do norte, suspende tanto a cobrança do imposto – voltando
a capital da federação. Em 1922, nas comemorações do centenário a cobrar somente o quinto – quanto a execução de dividas (a der-
da Independência nacional, foi lançada a pedra fundamental próxi- rama), o que arrefece a insatisfação das vilas mais distantes de Vila
mo à cidade de Planaltina. Na década de 1940, foram retomados os Boa de Goiás.
estudos na região pelo governo de Dutra (1945-50) e, no segundo
governo de Getúlio Vargas (1950-1954), o processo se mostrou for- A comarca do Norte
talecido com o levantamento de cinco sítios para a escolha do local
da nova capital. Mesmo com a morte de Vargas, o projeto avançou, A ocupação da porção norte da província de Goiás era feita
mas a passos lentos, até a posse de Juscelino Kubitschek a medida em que se descobria ouro. Para estimular o desenvolvi-
mento dessa parte da província e melhorar a ação do governo e da
Governo JK justiça, foi proposta a criação de uma nova comarca, a “Comarca
do Norte” ou “Comarca de São João das Duas Barras”, por Teotônio
Segurado, ouvidor-geral de Goiás, em 1809.
Desde seu governo como prefeito de Belo Horizonte (também
A proposta foi aceita por D. João VI e, em 1915, Teotônio Se-
projetada e implantada em 1897), Juscelino ficou conhecido pela
gurado se tornou ouvidor na Vila da Palma, criada para ser a sede
quantidade e o ímpeto das obras que tocava, sendo chamado à
dessa nova Comarca. Com o retorno da Família Real para Portugal,
época de “prefeito-furacão”. O projeto de Brasília entrou no plano
as movimentações pela independência do Brasil e a Revolução do
de governo do então presidente como uma possibilidade de aten-
Porto (em Portugal), Teotônio Segurado, junto com outras lideran-
der a demanda da época.
ças declaram a separação da Comarca do Norte em relação ao sul
Mesmo não constando no plano original, ao ser questionado
da província, criando-se a “Província do Norte”. Em 1823, é pedido
sobre seu interesse em cumprir a constituição durante um comí-
o reconhecimento da divisão junto à corte no Rio de Janeiro, mas
cio em Jataí-GO, Juscelino sentiu-se impelido a criar uma obra que esse reconhecimento foi negado, e houve a determinação para que
garantisse a obtenção dos objetivos buscados pela sociedade brasi- houvesse a “reunificação” do governo da província.
leira na época: desenvolvimento e modernização do país. Entrando O padre Luiz Gonzaga Camargo Fleury ficou encarregado de
como a meta 31 – posteriormente sendo chamada de “meta sínte- desmobilizar com os grupos autonomistas, que já estavam enfra-
se” - Brasília polarizou opiniões. Em Goiás existia interesse na efe- quecidos por conflitos internos desde o afastamento de Teotônio
tivação da transferência, apesar da oposição existente em alguns Segurado, ainda em 1821, como representante goiano junto as
jornais, assim como no Rio de Janeiro, onde ocorria uma campanha cortes em Portugal. Durante o período imperial, outras propostas
aberta contra os defensores da “NovaCap” (nome da estatal res- de divisão que contemplavam de alguma forma o norte de Goiás
ponsável por coordenar as obras de Brasília e que, por extensão, ainda foram discutidas, como a do Visconde de Rio Branco e Adolfo
virou uma alusão a própria cidade). Com o compromisso assumido Varnhagen.
por JK em Jataí, Brasília passou a materializar-se imediatamente,
mas a cada passo político ou técnico dado, uma onda de acusações O começo do século XX e a Marcha para Oeste
era lançada contra a iniciativa.
Construída em pouco mais de 3 anos (de outubro de 1956 a Com a Proclamação da República, mudam-se os nomes das uni-
abril de 1960), Brasília tornou-se símbolo do espírito da época. Goi- dades federativas de “Província” para “Estado”, mas não houveram
ás, por outro lado, tornou-se a base para a construção, sendo que grandes alterações na delimitação de divisas. As principais altera-
Planaltina, Formosa, Corumbá de Goiás, Pirenópolis e, principal- ções ocorreram no Sul do país (com o conflito do Contestado entre
mente, Anápolis tiveram suas dinâmicas modificadas, econômica e Santa Catarina e Paraná) e no Nordeste. Entretanto, esse cenário
socialmente. ganha nova dinâmica com o começo da II Grande Guerra (1939),
quando surgem pressões para a criação de territórios fronteiriços
A criação do TO (Ponta Porã, Iguaçu, Amapá, Rio Branco, Guaporé e Fernando de
Noronha), para proteção contra possíveis ataques estrangeiros.
Em 1988, foi aprovado pela Assembleia Nacional Constituinte Nesse contexto, também surge um movimento pela ocupação
o projeto de divisão territorial que criou o Estado do Tocantins. A dos vazios internos – a Marcha para Oeste – com a abertura de li-
divisão partia do desmembramento da porção norte do Estado de nhas telegráficas, pistas de pouso e construção de cidades, a exem-
Goiás, desde aproximadamente o paralelo 13°, até a região do Bico plo de Goiânia. Apenas na década de 1950 o movimento divisionis-
do Papagaio, na divisa do Estado com o Pará e o Maranhão. No ta ressurge com maior força, a partir da mobilização personagens
entanto, a divisão vinha sendo buscada desde o período colonial como o Major Lysias Rodrigues e o Juiz de Direito Feliciano Braga.

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POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
É dessa época (1956) a chamada “Carta de Porto Nacional” ou Integrou a Comissão de Juristas do Senado Federal para a ela-
“Proclamação Autonomista de Porto Nacional”, que norteou esse boração do anteprojeto de reformulação do Código Eleitoral Brasi-
esforço. Mas a oposição de lideranças políticas da região e a trans- leiro. Foi membro e tesoureiro do Instituto Goiano de Direito Elei-
ferência do juiz Feliciano Braga para outra comarca, fez com que o toral (IGDEL) e da Comissão de Direito Político e Eleitoral da Ordem
movimento enfraquece-se.. dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB/GO). Autor do livro
Legislação Eleitoral – Eleições 2008, é ainda membro do Diretório
Décadas de 1970 e 1980 Estadual de Goiás dos Democratas (DEM) e presidente estadual do
Democratas Empreendedor.
Durante o período do regime militar, as modificações na orga- Fonte: http://www.goias.gov.br
nização territorial dos estados ficaram a cargo do Governo Central,
e acabaram regidas por orientações políticas. Exemplos fortes disso
foram a fusão do Estado da Guanabara, pelo Rio de Janeiro (1975), ASPECTOS DA HISTÓRIA SOCIAL DE GOIÁS: O POVOA-
e o desmembramento do Sul do Mato Grosso (1977). Nesse contex- MENTO BRANCO; OS GRUPOS INDÍGENAS; A ESCRA-
to, o deputado federal Siqueira Campos iniciou uma campanha na VIDÃO E CULTURA NEGRA; OS MOVIMENTOS SOCIAIS
Câmara onde pedia a redivisão territorial da Amazônia Legal (com NO CAMPO E A CULTURA POPULAR
ênfase no norte goiano), uma vez que mesmo com investimentos
de projetos como o Polocentro e Polamazônia, o norte do estado
ainda tinha fraco desempenho econômico. Índios
A campanha também foi apoiada por intelectuais, por meio do
surgimento da Comissão de Estudos do Norte Goiano (Conorte), em Quando os bandeirantes chegaram a Goiás, este território, que
1981, que promoveu debates públicos sobre o assunto em Goiânia. atualmente forma os Estados de Goiás e Tocantins, já era habita-
A discussão pela divisão foi levada do nível estadual para o nível do por diversos grupos indígenas. Naquela época, ao verem suas
federal, onde a proposta foi rejeitada duas vezes pelo presidente terras invadidas, muitos foram os que entraram em conflito com
José Sarney (1985), sob a alegação do Estado ser inviável econo- os bandeirantes e colonos, em lutas que resultaram no massacre
micamente de milhares de indígenas, aldeamentos oficiais ou migração para
A mobilização popular e política da região norte fizeram com outras regiões
que o governador eleito de Goiás, em 1986, Henrique Santillo, A maioria dos grupos que viviam em Goiás pertencia ao tronco
apoiasse a proposta de divisão, passando a ser grande articulador linguístico Macro-Jê, família Jê (grupos Akuen, Kayapó, Timbira e
da questão. A efetivação dessas articulações deu-se durante a As- Karajá). Outros três grupos pertenciam ao tronco linguístico Tupi,
sembleia Constituinte, que elaborou a nova Constituição Nacional, família Tupi-Guarani (Avá-Canoeiro, Tapirapé e Guajajara). A au-
promulgada em 1988, e que contemplou a criação do Estado do sência de documentação confiável, no entanto, dificulta precisar
Tocantins, efetivamente, a partir do dia 1º de janeiro de 1989. com exatidão a classificação linguística dos povos Goyá, Araé, Crixá
Atualmente e Araxá.
Governador de Goiás
Marconi Ferreira Perillo Júnior Goyá

A governadoria e o senado Segundo a tradição, os Goyá foram os primeiros índios que a


expedição de Bartolomeu Bueno da Silva Filho encontrou ao iniciar
Em 1998, Marconi Perillo deixou a possibilidade de reeleição a exploração aurífera e foram eles, também, que indicaram o lugar
à Câmara dos Deputados para enfrentar o pleito ao Governo de – Arraial do Ferreiro – no qual Bartolomeu Bueno estabeleceu seu
Goiás. Pregando um novo tempo para Goiás, foi eleito com quase primeiro arranchamento. Habitavam a região da Serra Dourada,
um milhão de votos, garantindo a maioria das intenções no primei- próximo a Vila Boa, e quatro décadas após o início do povoamento
ro turno e a vitória em segunda votação, que o colocou no Palácio desapareceram daquela região. Não se sabe ao certo seu destino e
das Esmeraldas, aos 35 anos, o governador mais jovem já eleito no nem há registros sobre seu modo de vida ou sua língua
país. Em 2002, foi reeleito com 51,2% dos votos válidos dando con-
tinuidade ao seu governo voltado para a modernização do Estado Krixá
e amplitude das questões sociais. Deixou o cargo em 2006, quando
foi eleito senador da República pelo PSDB com mais de dois milhões Seus limites iam da região de Crixás até a área do rio Tesouras.
de votos. No Senado, presidiu a Comissão de Serviços de Infraes- Como os Goyá, também desapareceram no início da colonização do
trutura e foi vice-líder do PSDB, atuando em diversas comissões, Estado e não se sabe ao certo seu destino, sua cultura e sua língua.
chegando inclusive à vice-presidência da Casa. Decidiu-se retornar
ao Estado, em 2010, lançando nova candidatura ao Governo do Es- Araé
tado, da qual saiu vencedor. Em 2014 foi reeleito novamente, se
tornando o primeiro a governar Goiás por quatro vezes. Também não há muitos registros a respeito dos Araé. Possivel-
mente teriam habitado a região do rio das Mortes.
Vice Governador
José Eliton de Figuerêdo Júnior Araxá
Convidado para o movimento de sucessão estadual para o plei-
to de 2010, assumiu a vice governadoria do Estado de Goiás junto Habitavam o local onde se fundou a cidade de Araxá, que per-
ao terceiro mandato do governador Marconi Perillo e continua no tencia a Goiás e atualmente faz parte do território de Minas Gerais.
quarto mandato, sendo ainda secretário de estado de Desenvolvi-
mento.

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Kayapó Timbira

Filiados à família linguística Jê, subdividiam-se em Kayapó do Eram bastante numerosos e habitavam uma vasta região entre
Sul, ou Kayapó Meridionais, e Kayapó Setentrionais. Os Kayapó do- a Caatinga do Nordeste e o Cerrado, abrangendo o sul do Mara-
minavam todo o sul da capitania de Goiás. Havia aldeias na região nhão e o norte de Goiás. Ao longo do século XIX, devido à expansão
de rio Claro, na Serra dos Caiapós, em Caiapônia, no alto curso do pecuária, entraram em conflitos com os criadores de gado que in-
rio Araguaia e a sudeste, próximo ao caminho de Goiás a São Paulo. vadiam suas terras. O grupo Timbira é formado pelas etnias Krahô,
Seu território estendia-se além dos limites da capitania de Goiás: Apinajé, Gavião, Canela, Afotogés, Corretis, Otogés, Porecramec-
a oeste, em Camapuã, no Mato Grosso do Sul; a norte, na região rãs, Macamecrãs e Temembus.
entre o Xingu e o Araguaia, em terras do Pará; a leste, na beira do
rio São Francisco, nos distritos de Minas Gerais; e ao sul, entre os Tapirapés
rios Paranaíba e Pardo, em São Paulo. Dedicavam-se à horticultura,
à caça e à pesca, além de serem conhecidos como povo guerreiro. Pertencem ao tronco linguístico Tupi, família Tupi-Guarani.
Fizeram ampla resistência à invasão de suas terras e foram regis- Este grupo inicialmente habitava a oeste do rio Araguaia e eventu-
trados vários conflitos entre eles e os colonos. Vítimas de perse- almente frequentavam a ilha do Bananal. Com o passar do tempo,
guições e massacres, foram também extintos no Estado de Goiás. se estabeleceram ao longo do rio Tapirapés, onde atualmente ain-
da vivem os remanescentes do grupo.
Akwen
Avá-Canoeiro
Os Akwen pertencem à família Jê e subdividem-se em Akroá,
Xacriabá, Xavante e Xerente: Pertencentes ao tronco linguístico Tupi, os Avá-Canoeiro ha-
- Akroá e Xacriabá: habitavam extenso território entre a Serra bitavam as margens e ilhas dos rios Maranhão e Tocantins, desde
Geral e o rio Tocantins, as margens do rio do Sono e terras banhadas Uruaçu até a cidade de Peixe, em Tocantins. Entre meados do sé-
pelo rio Manoel Alves Grande. Estabeleceram-se, também, além da culo XVIII e ao longo do século XIX, entraram em graves conflitos
Serra Geral, em solo baiano e nas ribeiras do rio São Francisco, nos com as frentes agropastoris que invadiam suas terras. Atualmente,
distritos de Minas Gerais. Depois de vários conflitos com os colonos os Avá-Canoeiro do Araguaia vivem na Ilha do Bananal, na aldeia
que se estabeleceram em suas terras, foram levados para o aldea- Canoanã, dos índios Javaés, e os Avá-Canoeiro do Tocantins vivem
mento oficial de São Francisco Xavier do Duro, construído em 1750. na Serra da Mesa, município de Minaçu.
Os Akroá foram dizimados mais tarde e os Xacriabá encontram-se
atualmente em Minas Gerais, sob os cuidados da Funai. Quilombos
- Xavante: Seu território compreendia regiões do alto e médio
rio Tocantins e médio rio Araguaia. Tinham suas aldeias distribuí- Ligados diretamente à história da ocupação do território brasi-
das nas margens do Tocantins, desde Porto Imperial até depois de leiro, os quilombos surgiram a partir do início do ciclo da mineração
Carolina, e a leste, de Porto Imperial até a Serra Geral, limites das no Brasil, quando a mão de obra escrava negra passou a ser utiliza-
províncias de Goiás (antes da divisão) e Maranhão. Havia também da nas minas, especialmente de ouro, espalhadas pelo interior do
aldeias na bacia do rio Araguaia, na região do rio Tesouras, nos dis- Brasil. Em Goiás, esse processo teve início com a chegada de Barto-
tritos de Crixás e Pilar, e na margem direita do rio Araguaia. Na lomeu Bueno da Silva, em 1722, nas minas dos Goyazes. Segundo
primeira metade do século XIX entraram em conflito com as frentes relatos dos antigos quilombolas, o trabalho na mineração era difícil
agropastoris que invadiam seus territórios e, após intensas guerras, e a condição de escravidão na qual viviam tornavam a vida ainda
migraram para o Mato Grosso, na região do rio das Mortes, onde mais dura. As fugas eram constantes e àqueles recapturados res-
vivem atualmente. tavam castigos muito severos, o que impelia-os a procurar refúgios
- Xerente: Este grupo possuía costumes e língua semelhante em lugares cada vez mais isolados, dando origem aos quilombolos.
aos Xavantes e há pesquisadores que acreditam que os Xerentes Os Kalungas são os maiores representantes desses grupos em
são uma subdivisão do grupo Xavante. Os Xerentes habitavam os Goiás. Na língua banto, a palavra kalunga significa lugar sagrado,
territórios da margem direita do rio Tocantins, ao norte, no territó- de proteção, e foi nesse refúgio, localizado no norte da Chapada
rio banhado pelo rio Manoel Alves Grande, e ao sul, nas margens dos Veadeiros, que os descendentes desses escravos se refugiaram
dos rios do Sono e Balsas. Também viviam nas proximidades de La- passando a viver em relativo isolamento. Com identidade e cultura
geado, no rio Tocantins, e no sertão do Duro, nas proximidades dos próprias, os quilombolas construíram sua tradição em uma mistura
distritos de Natividade, Porto Imperial e Serra Geral. Seus domínios de elementos africanos, europeus e forte presença do catolicismo
alcançavam as terras do Maranhão, na região de Carolina até Pas- tradicional do meio rural
tos Bons. Como os Xavante, também entraram em intenso conflito A área ocupada pela comunidade Kalunga foi reconhecida pelo
com as frentes agropastoris do século XIX e, atualmente, os Xeren- Governo do Estado de Goiás, desde 1991, como sítio histórico que
te vivem no Estado de Tocantins. abriga o Patrimônio Cultural Kalunga. Com mais de 230 mil hecta-
res de Cerrado protegido, abriga cerca de quatro mil pessoas em
Karajá um território que estende pelos municípios de Cavalcante, Monte
Alegre e Teresina de Goiás. Seu patrimônio cultural celebra festas
Os grupos indígenas Karajá, Javaé e Xambioá pertencem ao santas repletas de rituais cerimoniosos, como a Festa do Império e
tronco linguístico Macro-Jê, família Karajá, compartilhando a mes- o Levantamento do mastro, que atraem turistas todos os anos para
ma língua e cultura. Viviam nas margens do rio Araguaia, próximo à a região.
Ilha do Bananal. Ao longo do século XIX, entraram em conflito com
as guarnições militares sediadas no presídio de Santa Maria, sendo Quilombolos registrados em Goiás
que os Karajá de Aruanã são a única aldeia do grupo que atualmen-
te vivem no Estado de Goiás. Acaba Vida: na mesma região de Niquelândia, ocupavam terras
férteis e era conhecido localmente, sendo citado em 1879.

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Ambrósio: existiu na região do Triângulo Mineiro, que, até O sertanejo, aí, habitante do vazio e isolado sertão, tinha uma
1816, pertencia a Goiás. Teve mais de mil moradores e foi destruí- vida social singela e pobre de acontecimentos. O calendário litúrgi-
do por massacre. co e a chegada de tropas e boiadas traziam as únicas novidades pe-
Cedro: localizado no atual município de Mineiros, tinha cerca las bocas de cristãos e mascates. Nessa época, a significação da vida
de 250 moradores que praticam a agricultura de subsistência. So- estava diretamente ligada ao campo e dele resultaram, segundo as
breviveu até hoje. atividades registradas nos arraias, o militar, o jagunço, o funcioná-
Forte: localizado no nordeste de Goiás, sobreviveu até hoje, rio público, o comerciante e o garimpeiro.
tornando-se povoado do município de São João d’Aliança. Ao longo do século XX, novas levas migratórias, dessa vez do
Kalunga: localizado no Vão do Paranã, no nordeste de Goiás, sul e de estrangeiros começam a ser registradas no território goia-
existe há 250 anos, tendo sido descoberto pela sociedade nacional no, de modo que no Censo do ano 2000, os cinco milhões de ha-
somente em fins do anos 1960. Tem 5 mil habitantes, distribuídos bitantes se declararam como 50,7% de brancos, 43,4% de pardos,
em vários núcleos na mesma região. 4,5% de negros e 0,24% de outras etnias.
Mesquita: próximo à atual cidade de Luziânia, estendia sua po-
pulação para diversas localidades no seu entorno.
Goianos e muitas goianas
Muquém: próximo à atual cidade de Niquelândia e junto ao
povoado de mesmo nome, foi notório, mas deixou poucas informa-
O último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geogra-
ções a seu respeito.
fia e Estatística (IBGE) de 2010 confirmou uma população residente
Papuã: na mesma região do Muquém, foi descoberto em 1741 em Goiás de 6.003.788 habitantes, com crescimento acima da mé-
e destruído anos depois pelos colonizadores. dia nacional, que foi de 1,17% ao ano
Pilar: próximo à cidade de mesmo nome, foi destruído em lu- Em termos de gênero, a população feminina sai na frente. São
tas. Seus 300 integrantes chegaram a planejar a morte de todos os 3.022.161 mulheres, contra 2.981.627 homens – em uma propor-
brancos do local, mas o plano foi descoberto antes. ção de 98 homens para cada 100 mulheres. Reflexo também sen-
Tesouras: no arraial de mesmo nome, tinha até atividades de tido na capital, Goiânia, com 681.144 mulheres e 620.857 homens
mineração e um córrego inclusive chamado Quilombo. (diferença de 60.287 pessoas).
Três Barras: tinha 60 integrantes, conhecidos pelos insultos e
provocações ao viajantes. Artes
São Gonçalo: próxima à cidade de Goiás, então capital, seus
integrantes atacavam roças e rebanhos das fazendas vizinhas. Goiás é pleno em artes. O Estado conjuga sob sua tutela mani-
festações artísticas variadas, que englobam do traço primitivo até o
Goianos e Goianienses mais moderno desenho. Contemplado com nomes de peso no ce-
nário regional, Goiás é expressivo quanto aos artistas que contaram
A composição inicial da população de Goiás se deu por meio da em prosa e verso as belezas do Cerrado ou o ritmo de um Estado
convivência nem tão pacífica entre os índios que aqui residiam e as em crescimento e mesmo as nuances de ritos cotidianos
levas de paulistas e portugueses que vinham em busca das rique- Na escultura, José Joaquim da Veiga Valle é unanimidade. Na-
zas minerais. Estes por sua vez, trouxeram negros africanos à tira tural de Pirenópolis, esculpia imagens, na maioria em cedro, sendo
colo para o trabalho escravista, moldando a costumeira tríade da considerado um dos grandes “santeiros” do século XIX. Suas ma-
miscigenação brasileira entre índios, negros e brancos, e todas as donas são as mais representativas e na época eram expressadas
suas derivações. Entretanto, a formação do caráter goiano vai além conforme a devoção de cada pessoa que a encomendava. Já a pin-
dessa visão simplista e adquiriu características especiais à medida tura é honrada pelas técnicas e pincéis de Siron Franco e Antônio
que o espaço físico do Estado passou a ser ocupado Poteiro, artistas renomados e reconhecidos mundialmente em pin-
Até o início do século XIX, a maioria da população em Goiás era turas, monumentos e instalações, que vão do primitivismo de Po-
composta por negros. Os índios que habitavam o Estado ou foram
teiro até o temas atuais na mãos de Siron Franco. Isso sem contar a
dizimados pelo ímpeto colonizador ou migraram para aldeamen-
arte inigualável de Goiandira do Couto, expressa por seus quadros
tos oficiais. Segundo o recenseamento de 1804, o primeiro oficial,
pintados não com tinta, mas com areia colorida retirada da Serra
85,9% dos goianos eram “pardos e pretos” e este perfil continuou
Dourada.
constante até a introdução das atividades agropecuárias na agenda
econômica do Estado. A literatura goiana é destaque à parte. Destacam-se os nomes
Havia no imaginário popular da época a ideia de sertão pre- de Hugo de Carvalho Ramos, com Tropas e Boiadas; Basileu Toledo
sente na constituição física do Estado. O termo, no entanto, reme- França e os romances históricos Pioneiros e Jagunços e Capanguei-
teria a duas possibilidades distintas de significação: assim como na ros; Bernardo Élis e as obras Apenas um Violão, O Tronco e Ermos
África, representava o vazio, isolado e atrasado, mas que por outro Gerais; Carmo Bernardes com Jurubatuba e Selva-Bichos e Gente;
lado se apresentava como desafio a ser conquistado pela ocupação Gilberto Mendonça Teles, considerado o escritor goiano mais fa-
territorial. moso na Europa, com A Raiz da Fala e Hora Aberta; Yêda Schmaltz
Essa ocupação viria acompanhada predominantemente pela com Baco e Anas Brasileiras; Pio Vargas e Anatomia do Gesto e Os
domesticação do sertão segundo um modelo de trabalho familiar, Novelos do Acaso; e Leo Lynce, um dos precursores do modernis-
cujo personagem principal, o sertanejo, assumiu para si a respon- mo, com seu livro Ontem.
sabilidade da construção do país, da ocupação das fronteiras e, por
seguinte, da Marcha para o Oeste impulsionadora do desenvolvi-
mento brasileiro. Registros da época dão conta de processos migra-
tórios ao longo do século XIX e metade do século XX, com correntes
migratórias de Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Pará, resultando
em uma ampla mestiçagem na caracterização do personagem ser-
tanejo.

68
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
Cora Coralina Gastronomia

Ana Lins Guimarães Peixoto Bretas tinha quase 76 anos quando Em Goiás, comer é um ato social. A comida carrega traços da
publicou seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias identidade e da memória do povo goiano, tanto que a cozinha típi-
Mais. Conhecida pelo pseudônimo de Cora Coralina foi poetisa e ca goiana é geralmente grande e uma das partes mais importantes
contista, sendo considerada uma das maiores escritoras brasileiras da casa, por agregar ritos e hábitos do ato de fazer a comida. His-
do século XX. Também era conhecida por seus dotes culinários, es- toricamente, a culinária goiana se desenvolveu carregada de influ-
pecialmente na feitura dos típicos doces da cidade de Goiás, onde ências e misturas que, em virtude da colonização e da escassez de
morava – motivo do qual é evidente a presença do cotidiano inte- alimentos vindos de outras capitanias, teve que buscar adaptações
riorano brasileiro, em especial dos becos e ruas de pedras históri- de acordo com a realidade local, em especial a do Cerrado. O fol-
cas, em sua obra. clorista Bariani Ortêncio, em seu livro Cozinha goiana: histórico e
receituário, resumiu essa ideia ao ressaltar essas substituições. Se
Festas e festivais não havia a batatinha inglesa, havia a mandioca e o inhame nati-
vos, a serralha entrava no lugar do almeirão e a taioba substituía
O Estado de Goiás promove, constantemente, manifestações a couve. E assim, foram introduzidos na panela goiana, o pequi, a
artísticas conjuntas de forma a apresentar novos nomes do cená- guariroba, além dos diversos frutos do Cerrado, como o cajá-manga
rio regional. Três festivais têm espaço garantido no calendário de e a mangaba, consumidos também em sucos, compotas, geleias,
eventos estadual, dando repercussão à cultura audiovisual, drama- doces e sorvetes.
turgia e à música. Na cidade de Goiás, é realizado o Festival Interna- Do fogão caipira até as mais modernas cozinhas industriais é
cional de Cinema e Vídeo Ambiental, o Fica; em Porangatu, a Mos- costumeiro se ouvir falar no tradicional arroz com pequi, cujo chei-
tra de Teatro Nacional de Porangatu, o TeNPo; e o Festival Canto da ro característico anuncia de longe o cardápio da próxima refeição.
Primavera, em Pirenópolis. O pequi, aliás, é figura tão certa na tradição goiana, quanto os cui-
dados ministrados àqueles que se aventuram a experimentá-lo
Festas religiosas pela primeira vez. A quem não sabe, não se morde, nem se parte o
pequi. O fruto é roído com os dentes incisivos e qualquer menção
Resultado do processo de formação da chamada gente goiana, no sentido de mordê-lo pode resultar em uma boca recheada de
o legado religioso no Estado de Goiás está intimamente ligado ao dolorosos espinhos
processo de colonização portuguesa registrado por quase toda a Também se inclui no cardápio típico goiano a paçoca de pilão,
extensão do território brasileiro. Reflexo dessa realidade é a forte o peixe assado na telha e a galinhada. A galinhada, por sinal, não
presença de elementos cristãos nas manifestações populares, que
se resume ao frango com arroz. É mais, acompanhada de açafrão,
a exemplo da formação do sertanejo se consolidavam como uma
milho e cheiro verde, rendendo uma mistura que agrada a ambos,
das poucas opções de entretenimento da época. Por todo o Estado,
olfato e paladar. Sem contar a infinidade de doces típicos interiora-
são costumeiras as distribuições das cidades no espaço geográfico
nos, visto na leveza de alfenins, pastelinhos, ambrosias, entre ou-
partindo de uma igreja católica como ponto central do município,
o que lhes atribuía também o direcionamento das festas populares tras guloseimas.

Pirenópolis e cidade de Goiás talvez sejam as maiores expres- A pamonha


sões desse tradicionalismo cristão imbuído em festejos tradicio-
nais. São famosas as Festas do Divino Espírito Santo, Cavalhadas Iguaria feita à base de milho verde, a pamonha está ligada
e comemorações da Semana Santa, como a Procissão do Fogaréu. diretamente à tradição goiana. Encontrada em diversos sabores,
No entanto, de norte a sul, fervilham expressões populares, quer salgados, doces, apimentados e com os mais diferentes recheios,
seja em vilarejos, como a tradicional Romaria de Nossa Senhora do que incluem até jiló e guariroba, a pamonha é quase unanimidade
Muquém, no distrito de Niquelândia, ou próximo a grandes centros no prato do goiano, frita, cozida ou assada, especialmente em dias
urbanos, caso da cidade de Trindade, próximo à Goiânia, e o Santu- chuvosos. Difícil mesmo encontrar algum goiano que não goste de
ário do Divino Pai Eterno. comê-la e, principalmente, de fazê-la. É comum, especialmente no
Mesmo no interior, esses valores persistem e são comuns no interior, reunir familiares e amigos para preparar caldeirões imen-
começo do ano as Folias de Reis que dão o tom de festa e oração sos da pamonhada, como forma de integração social. Homens, mu-
firmes no intuito de retribuir graças recebidas, como uma boa co- lheres, crianças, jovens e adultos – todos participam. E é, em geral,
lheita ou recuperação de enfermidades. Na adoração ao menino coisa de amigos íntimos, ditos “de dentro de casa”.
Jesus, segundo a saga dos três santos reis magos, os festeiros ar-
recadam alimentos, animais e até dinheiro para cobrir as despesas Manifestações populares
da festa popularizando a fé e promovendo a socialização entre co-
munidades. O desenrolar da história de Goiás propiciou o aparecimento
O Divino em Pirenópolis e o Fogaréu da cidade de Goiás É qua- de diversas atividades culturais no Estado, das quais originaram
se um consenso geral a polaridade existente entre as tradições de legítimas manifestações do folclore goiano. Apesar de boa parte
Pirenópolis e da cidade de Goiás. De um lado, Pirenópolis aposta delas estar relacionada ao legado religioso introduzido pelos por-
nas bênçãos do Divino Espírito Santo para consagrar sua festa em tugueses, o movimento cultural que floresceu no Estado agregou
louvor ao Pentecostes. Por outro lado, a cidade de Goiás carrega tradições indígenas, africanas e europeias de maneira a abrigar um
entre o seu legado a tradição medieval do ritual da Procissão do
sincretismo não apenas religioso, mas de tradições, ritmos e mani-
Fogaréu, durante a Semana Santa, no qual mais de três mil pessoas
festações que tornaram a cultura goiana um mix de sensações que
acompanham a caçada feita pelos faricocos, personagens centrais
vão da batida do tambor da Congada e dos mantras entoados nas
do cortejo que representam os soldados romanos, a Jesus Cristo.
orações ao Divino, até a cadência da viola sertaneja ou o samba e o
rock que por aqui também fizeram morada.

69
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
As Cavalhadas talvez sejam uma das manifestações populares
EXERCÍCIOS
mais dinâmicas e expressivas do Estado de Goiás. A encenação épi-
ca da luta entre mouros e cristãos na Península Ibérica é apresenta-
da tradicionalmente por diversas cidades goianas, tendo seu ápice 1. Goiânia foi fundada em 1937 para ser a nova capital de Goi-
no município de Pirenópolis, quinze dias após a realização da Festa ás. Antes dela a capital do estado de Goiás era:
do Divino. Toda a cidade se prepara para a apresentação, traves- (A) A cidade de Goiás, antiga Vila Boa.
tida no esforço popular em carregar o estandarte que representa (B) A cidade de Itumbiara, antiga Vila Real.
sua milícia. O azul cristão trava a batalha contra o rubro mouro, (C) A cidade de Pirinópolis, antiga Vila Nova.
ornados ambos de luxuosos mantos, plumas, pedras incrustadas e (D) A cidade de Caldas Novas, antiga Vila Bela.
elmos metálicos, desenhando, por conseguinte, símbolos da cris-
tandade como o peixe ou a pomba branca – símbolo do Divino – e 2. Foi somente no início do século XX que o Brasil passou a ter a
do lado muçulmano o dragão e a lua crescente. Paralelamente, os configuração atual. Porém, internamente a divisão era diferente. O
mascarados quebram a solenidade junto ao público, introduzindo estado de Tocantins foi criado em 1988 após a divisão do seguinte
o sarcástico e profano, em meio a um dos maiores espetáculos do estado:
Centro-Oeste. (A) Pará.
As Congadas dão outro show à parte. Realizadas tradicional- (B) Goiás.
mente no município de Catalão, reúnem milhares de pessoas no (C) Amazonas.
desenrolar do desfile dos ternos de Congo que homenageiam o es- (D) Mato Grosso.
cravo Chico Rei e sua luta pela libertação de seus companheiros,
com o bônus da devoção à Nossa Senhora do Rosário. Ao toque de 3. Na segunda metade do século XIX, como resultado do ritmo
três apitos, os generais dão início às batidas de percussão dos mais de transformação da estrutura econômica produtiva do Centro-Sul
de 20 ternos que se revezam entre Catupés-Cacunda, Vilão, Mo- do País a partir do alargamento da fronteira agrícola, ocorreu uma
çambiques, Penacho e Congos, cada qual com suas cores em cerca expansão das estradas de ferro, com o prolongamento das ferro-
de dez dias de muita festa. vias paulistas para além dos limites do estado de São Paulo. Os tri-
lhos seguiram em direção a outros estados, como no caso de Goiás,
A raiz e o sertanejo com a construção da Estrada de Ferro Goiás, ligando-se à Estrada
de Ferro Mogiana, localizada em solo mineiro.
Nem só de manifestações religiosas vive a tradicional cultura
goiana. Uma dança bastante antiga e muito representativa do Es- Internet: <www.revistas.ufg.br> (com adaptações).
tado também faz as vezes em apresentar Goiás aos olhos dos visi-
tantes. A Catira que tem seus primeiros registros desde o tempo A justificativa da construção da ferrovia goiana estava ancora-
colonial não tem origem certeira. Há relatos de caráter europeu, da no(na)
africano e até mesmo indígena, com resquícios do processo ca- (A) posição assumida pelo estado de Goiás como região produ-
tequizador como forma de introduzir cantos cristãos na possível tora e fornecedora de produtos agrícolas básicos para os mer-
dança indígena. No entanto, seu modo de reprodução compassado cados da região Sudeste.
entre batidas de mãos e pés, permeados por cantigas de violeiros (B) pensamento, predominante naquele momento, de que a
perfaz a beleza cadenciada pela dança construção da nova capital do estado demandaria ligações fer-
A viola, aliás, está presente em boa parte do cancioneiro po- roviárias com o restante do País.
pular goiano, especialmente nos gêneros caipira e sertanejo, que (C) significativa produção de café no sul goiano, que seria ma-
em conjunto com sanfonas e gaitas têm sido bastante divulgados, joritariamente encaminhada ao porto de Santos, em São Paulo,
geralmente por duplas de cantores. Diferenças, no entanto, podem por via férrea.
ser notadas quanto à temática, uma vez que o sertanejo tem se (D necessidade de escoar a vasta produção de minerais, como
apresentado majoritariamente enquanto produto da indústria cul- níquel e fosfato, produzidos no norte goiano.
tural e a música de raiz ou caipira se inspirado nas belezas do cam- (E) possibilidade de que funcionasse como vetor de transferên-
po e do cotidiano do sertanejo. cia maciça dos imigrantes que chegavam de Minas Gerais.

Pluralidade de ritmos 4. O Rio Paranaíba é um dos rios mais importantes do estado


de Goiás porque é utilizado para
Nem só de sertanejo vive o Estado de Goiás. Na verdade, rit- (A) a geração de energia elétrica, abrigando grandes barragens.
mos antes considerados característicos de eixos do Sudeste do país (B) o abastecimento de mais de trinta cidades, incluindo a ca-
têm demarcado cada vez mais seu espaço dentro do território goia- pital.
no. Bons exemplos são a cena alternativa e do rock, divulgados em (C) as atividades de turismo, formando praias no período de
peso por festivais de renome como o Bananada e o Vaca Amarela, estiagem.
enquanto que, por outro lado, rodas de samba e apresentações (D) o desenvolvimento da aquicultura, diversificando a econo-
de chorinho também têm angariado novos adeptos, dentre outros mia regional.
tantos ritmos encontrados na cultura goiana.
Fonte: http://www.goias.gov.br/

70
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
5. Analisando os aspectos físicos do território goiano, notada- 9. (Quadrix - 2019 - Prefeitura de Cristalina - GO - Assistente
mente quanto ao relevo e à hidrografia, é correto afirmar que Social) A porção do Sudeste Goiano denominada “região da Estrada
(A) predominam, em Goiás, rios meândricos e intermitentes, de Ferro”, após ter passado por um período de crescimento eco-
com pequena influência do clima em suas vazões. nômico no início do século XX, a partir de 1930, enfrentou a estag-
(B) as maiores declividades do relevo de Goiás ocorrem no su- nação, vindo a recuperar sua primazia apenas a partir dos anos de
doeste do estado, o que dificulta as práticas agrícolas mecani- 1970.
zadas.
(C) a região em que se inserem o estado de Goiás e o Distrito Patrícia Francisca de Matos. Estrada de Ferro: o anúncio das
Federal é divisora de águas de três grandes bacias hidrográficas metamorfoses de modernização do território no Sudeste Goiano.
brasileiras. In: Revista eletrônica Ateliê Geográfico, UFG‐IESA, p. 14.
(D) poucos pontos do território goiano ultrapassam os dois mil
metros de altitude em relação ao nível do mar, resultado da Com relação à formação econômica de Goiás e às suas trans-
antiguidade de sua formação e da ação de agentes erosivos ex- formações ao longo do século XX, assinale a alternativa correta.
ternos. (A) A estagnação ocorrida a partir de 1930 tem, entre seus mo-
(E) diversos corpos hídricos goianos cumprem importante pa- tivos, a expansão da ferrovia até Anápolis, o que viria a consoli-
pel na geração de energia elétrica, a exemplo do rio das Almas dar o domínio comercial por outras regiões do estado.
e do rio Maranhão, que abastecem, respectivamente, as usinas (B) A construção de Goiânia não impactou na decadência da
de Serra da Mesa e de Corumbá. região da Estrada de Ferro, visto que sua influência econômica
se deu apenas no campo político.
6. A Cidade de Goiás, declarada patrimônio histórico, surgiu às (C) Liderados por Mauro Borges, grupos que se opunham aos
margens do Rio Vermelho, fruto da coronéis da região da Estrada de Ferro investiram na moder-
(A) fixação dos entrepostos comerciais criados pelos tropeiros. nização de outras áreas e contribuíram, nos anos 1930, para a
(B) expansão das lavouras cafeeiras realizada pelos fazendeiros. decadência dessa região.
(C) atividade de exploração mineradora iniciada pelos bandei- (D) Apesar da estagnação econômica referida, o Sudeste Goia-
rantes. no viveu, entre 1930 e 1970, um forte incremento na dinâmica
(D) implementação da pecuária extensiva promovida pelos co- populacional, tornando‐se a região mais populosa do estado.
lonizadores. (E) Mesmo com menor fluxo de capitais em relação às décadas
anteriores a 1930, a região da Estrada de Ferro continuou sen-
7. Sobre aspectos físicos do território goiano: vegetação, hidro- do, até 1970, grande exportadora de produtos da agropecuária.
grafia, clima e relevo. É incorreto afirmar que
(A) O Cerrado é considerado o segundo maior bioma brasileiro, 10. (IADES - 2019 - AL-GO - Técnico em Enfermagem do Tra-
atrás apenas da Floresta Amazônica, possui representatividade balho) A consolidação do espaço geográfico da capitania de Goiás,
no território goiano. Mesmo com elevado nível de desmata- localizada na região central do Brasil, foi marcada pela política cen-
mento registrado desde a década de 1960, Goiás conseguiu tralizadora de ocupação colonial portuguesa do século 18.
manter reservas da mata nativa em algumas regiões, o que Em relação ao exposto, assinale a alternativa que indica o pro-
gera discussões entre fazendeiros e ambientalistas. cesso histórico na formação e desenvolvimento econômico da ca-
(B) O Estado de Goiás tem apenas duas estações sazonais que pitania de Goiás.
são a seca e a chuvosa. A “estação seca” tem seu início no mês (A) A limitação da ocupação portuguesa a Oeste do meridiano
de abril e estende-se até a primeira quinzena de outubro. Já de Tordesilhas, conforme acordo entre os governos de Espanha
a “estação chuvosa” tem seu início na segunda quinzena de e Portugal no ano de 1494.
outubro e se estende até março do ano seguinte. (Simehgo/ (B) A adoção do sistema de sesmaria e o incentivo às atividades
Sectec). mineradoras e agropastoris.
(C) O Estado de Goiás possui vegetação de savana, típica do (C) A proibição, por Portugal, da criação de prelazia na capita-
cerrado, reflexo da escassez de água na região. Goiás é precário nia de Goiás.
em recursos hídricos. (D) A restrição, pela Coroa portuguesa, da construção de aldea-
(D) Além da presença marcante dos planaltos, dentro dos limi- mentos e limitação da entrada de imigrantes na região.
tes do Estado de Goiás, encontramos também áreas de planí- (E) A legitimação e ocupação do território de Goiás com o Tra-
cies e depressões. tado de Tordesilhas, firmado entre as coroas portuguesa e es-
(E) O Estado de Goiás está localizado no Planalto Central Brasi- panhola, em 1750.
leiro, o que justifica a predominância de planaltos em seu re-
levo.

8. Das mesorregiões do Estado de Goiás, a que possui o maior


quantitativo populacional e abriga a capital do Estado é a do
(A) Sul Goiano.
(B) Centro Goiano.
(C) Norte Goiano.
(D) Leste Goiano.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL,
POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
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GABARITO
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1 A
2 B ______________________________________________________
3 A ______________________________________________________
4 A
______________________________________________________
5 C
6 C ______________________________________________________

7 C ______________________________________________________
8 B
______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 B
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ANOTAÇÕES
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTES LINUX E WINDOWS)

O Linux é um sistema operacional livre baseado no antigo UNIX, desenvolvido nos anos 60.
Ele é uma cópia do Unix feito por Linus Torvalds, junto com um grupo de hackers pela Internet. Seguiu o padrão POSIX (família de
normas definidas para a manutenção de compatibilidade entre sistemas operacionais), padrão usado pelas estações UNIX e desenvolvido
na linguagem de programação, C1.
Linus Torvalds, em 1991, criou um clone do sistema Minix (sistema operacional desenvolvido por Andrew Tannenbaun que era seme-
lhante ao UNIX) e o chamou de Linux2.
LINUS + UNIX = LINUX.

Composição do Linux
Por ser um Sistema Operacional, o Linux tem a função de gerenciar todo o funcionamento de um computador, tanto a parte de har-
dware (parte física) como a parte de software (parte Lógica).
O Sistema Operacional Linux é composto pelos seguintes componentes.
• Kernel (núcleo): é um software responsável por controlar as interações entre o hardware e outros programas da máquina. O kernel
traduz as informações que recebe ao processador e aos demais elementos eletrônicos do computador. É, portanto, uma série de arquivos
escritos em linguagem C e Assembly, que formam o núcleo responsável por todas as atividades executadas pelo sistema operacional. No
caso do Linux, o código-fonte (receita do programa) é aberto, disponível para qualquer pessoa ter acesso, assim podendo modificá-lo.
• Shell (concha): o intérprete de comandos é a interface entre o usuário e o sistema operacional. A interface Shell funciona como o
intermediário entre o sistema operacional e o usuário graças às linhas de comando escritas por ele. A sua função é ler a linha de comando,
interpretar seu significado, executar o comando e devolver o resultado pelas saídas.
• Prompt de comando: é a forma mais arcaica de o usuário interagir com o Kernel por meio do Shell.

Prompt de comando.3

1 MELO, F. M. Sistema Operacional Linux. Livro Eletrônico.


2 https://bit.ly/32DRvTm
3 https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2016/09/como-executar-dois-ou-mais-comandos-do-linux-ao-mesmo-tempo.html

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Interface gráfica (GUI): conhecida também como gerenciador de desktop/área de trabalho, é a forma mais recente de o usuário
interagir com o sistema operacional. A interação é feita por meio de janelas, ícones, botões, menus e utilizando o famoso mouse. O Linux
possui inúmeras interfaces gráficas, sendo as mais usadas: Unity, Gnome, KDE, XFCE, LXDE, Cinnamon, Mate etc.

Ubuntu com a interface Unity.4

Principais Características do Linux


• Software livre: é considerado livre qualquer programa que pode ser copiado, usado, modificado e redistribuído de acordo com as
necessidades de cada usuário. Em outras palavras, o software é considerado livre quando atende a esses quatro tipos de liberdades defi-
nidas pela fundação.
• Multiusuário: permite que vários usuários acessem o sistema ao mesmo tempo. Geralmente o conceito se aplica a uma rede, na
qual podemos ter um servidor e várias pessoas acessando simultaneamente.
• Código aberto (Open Source): qualquer pessoa pode ter acesso ao código-fonte (receita) do programa.
• Multitarefa: permite que diversos programas rodem ao mesmo tempo, ou seja, você pode estar digitando um texto no Libre Office
Writer e ao mesmo tempo trabalhar na planilha de vendas do Calc, por exemplo. Sem contar os inúmeros serviços disponibilizados pelo
Sistema que estão rodando em background (segundo plano) e você nem percebe.
• Multiplataforma: o Linux roda em diversos tipos de plataformas de computadores, sejam eles x86 (32bits) ou x64 (64bits). As distri-
buições mais recentes do Ubuntu estão abolindo as arquiteturas de 32 bits.
• Multiprocessador: permite o uso de mais de um processador no mesmo computador.
• Protocolos: pode trabalhar com diversos protocolos de rede (TCP/IP).
• Case Sensitive: diferenciar letras maiúsculas (caixa alta) de letras minúsculas (caixa baixa). Exemplo: ARQUIVO1ºdt é diferente de
arquivo1ºdt.
O caractere ponto “.”, antes de um nome, renomeia o arquivo para arquivo oculto.
O caractere não aceito em nomes de arquivos e diretórios no Linux é a barra normal “/”.
• Preemptivo: é a capacidade de tirar de execução um processo em detrimento de outro. O Linux interrompe um processo que está
executando para dar prioridade a outro.
• Licença de uso (GPL): GPL (licença pública geral) permite que os programas sejam distribuídos e reaproveitados, mantendo, porém,
os direitos do autor por forma a não permitir que essa informação seja usada de uma maneira que limite as liberdades originais. A licença
não permite, por exemplo, que o código seja apoderado por outra pessoa, ou que sejam impostas sobre ele restrições que impeçam que
seja distribuído da mesma maneira que foi adquirido.
• Memória Virtual (paginada/paginação): a memória virtual é uma área criada pelo Linux no disco rígido (HD) do computador de
troca de dados que serve como uma extensão da memória principal (RAM).
• Bibliotecas compartilhadas: são arquivos que possuem módulos que podem ser reutilizáveis por outras aplicações. Em vez de o
software necessitar de ter um módulo próprio, poderá recorrer a um já desenvolvido e mantido pelo sistema (arquivo.so).
• Administrador (Super usuário/Root): é o usuário que tem todos os privilégios do sistema. Esse usuário pode alterar tudo que há no
sistema, excluir e criar partições na raiz (/) manipular arquivos e configurações especiais do sistema, coisa que o usuário comum não pode
fazer. Representado pelo símbolo: #.
• Usuário comum (padrão): é o usuário que possui restrições a qualquer alteração no sistema. Esse usuário não consegue causar
danos ao sistema devido a todas essas restrições. Representado pelo símbolo: $.
4 Fonte: http://ninjadolinux.com.br/interfaces-graficas.

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Distribuições do Linux date: mostra a data e a hora atual.
As mais famosas distribuições do Linux são: Red Hat, Ubuntu, df: mostra as partições usadas, espaço livre em disco.
Conectiva, Mandriva, Debian, Slackware, Fedora, Open Suse, Apa- diff arquivo1 arquivo2: indica as diferenças entre dois arqui-
che (WebServer), Fenix, Kurumim, Kali, Kalango, Turbo Linux, Chro- vos, por exemplo: diff calc.c calc2.c.
me – OS, BackTrack, Arch Linux e o Android (Linux usados em dispo- dir: lista os arquivos e diretórios da pasta atual; comando “ls”
sitivos móveis; Smartphone, Tablets, Relógios, etc.). é o mais usado e conhecido para Linux. dir é comando típico do
Windows.
Os Comandos Básicos do Linux du diretório: mostra o tamanho de um diretório.
O Linux entra direto no modo gráfico ao ser inicializado, mas emacs: abre o editor de textos emacs.
também, é possível inserir comandos no sistema por meio de uma fg: colocar a tarefa em foreground (primeiro plano).
aplicação de terminal. Esse recurso é localizável em qualquer dis- file arquivo: mostra informações de um arquivo.
tribuição. Se o computador não estiver com o modo gráfico ativa- find diretório parâmetro termo: o comando find serve para lo-
do, será possível digitar comandos diretamente, bastando se logar. calizar informações. Para isso, deve-se digitar o comando seguido
Quando o comando é inserido, cabe ao interpretador de comandos do diretório da pesquisa mais um parâmetro (ver lista abaixo) e o
executá-lo. O Linux conta com mais de um, sendo os mais conheci- termo da busca. Parâmetros:
dos o bash e o sh. name – busca por nome
Para utilizá-los, basta digitá-los e pressionar a tecla Enter do type – busca por tipo
teclado. É importante frisar que, dependendo de sua distribuição size – busca pelo tamanho do arquivo
Linux, um ou outro comando pode estar indisponível. Além disso, mtime – busca por data de modificação
alguns comandos só podem ser executados por usuários com privi- Exemplo: find /home name tristania
légios de administrador. finger usuário: exibe informações sobre o usuário indicado.
O Linux é case sensitive, ou seja, seus comandos têm que ser free: mostra a quantidade de memória RAM disponível.
digitados em letras minúsculas, salvo algumas letras de comandos grep: procura por um texto dentro de um arquivo.
opcionais, que podem ter tanto em maiúscula como em minúscula, gzip: compactar um arquivo.
mas terá diferença de resposta de uma para a outra. Entre os parâmetros disponíveis, tem-se:
A relação a seguir mostra os comandos seguidos de uma des- -c – extrai um arquivo para a saída padrão;
crição. -d – descompacta um arquivo comprimido;
bg: colocar a tarefa em background (segundo plano). -l – lista o conteúdo de um arquivo compactado;
cal: exibe um calendário. -v – exibe detalhes sobre o procedimento;
cat arquivo: mostra o conteúdo de um arquivo. Por exemplo, -r – compacta pastas;
para ver o arquivo concurso. txt, basta digitar cat concurso.txt. É -t – testa a integridade de um arquivo compactado.
utilizado também para concatenar arquivos exibindo o resultado na halt: desliga o computador.
tela. Basta digitar: $ cat arquivo1 > arquivo2. help: ajuda.
cd diretório: abre um diretório. Por exemplo, para abrir a pasta history: mostra os últimos comandos inseridos.
/mnt, basta digitar cd /mnt. Para ir ao diretório raiz a partir de qual- id usuário: mostra qual o número de identificação do usuário
quer outro, digite apenas cd. especificado no sistema.
Cd–: volta para o último diretório acessado (funciona como a ifconfig: é utilizado para atribuir um endereço a uma interface
função “desfazer”). de rede ou configurar parâmetros de interface de rede.
Cd~: funciona como o “home”, ou seja, vai para o diretório do -a – aplicado aos comandos para todas as interfaces do sistema.
usuário. -ad – aplicado aos comandos para todos “down” as interfaces
Cd..: “volta uma pasta”. do sistema.
chattr: modifica atributos de arquivos e diretórios. -au – aplicado aos comandos para todos “up” as interfaces do
chmod: comando para alterar as permissões de arquivos e di- sistema.
retórios.
chown: executado pelo root permite alterar o proprietário ou Permissões no Linux
grupo do arquivo ou diretório, alterando o dono do arquivo ou gru- As permissões são usadas para vários fins, mas servem princi-
po. palmente para proteger o sistema e os arquivos dos usuários.
# chown usuário arquivo Somente o superusuário (root) tem ações irrestritas no siste-
# chown usuário diretório ma, justamente por ser o usuário responsável pela configuração,
Para saber quem é o dono e qual o grupo que é o proprietário administração e manutenção do Linux. Cabe a ele, por exemplo,
da pasta, basta dar o comando: determinar o que cada usuário pode executar, criar, modificar etc.
# ls -l / A forma usada para determinar o que o usuário pode fazer é a de-
Dessa forma, pode-se ver os proprietários das pastas e dos ar- terminação de permissões.
quivos.
clear: elimina todo o conteúdo visível, deixando a linha de co-
mando no topo, como se o sistema acabasse de ter sido acessado.
cp origem destino: copia um arquivo ou diretório para outro
local. Por exemplo, para copiar o arquivo concurso.txt com o nome
concurso2.txt para /home, basta digitar cp concurso. txt /home/
concurso 2.txt.
cut: o comando cut é um delimitador de arquivos, o qual pode
ser utilizado para delimitar um arquivo em colunas, número de ca-
racteres ou por posição de campo.
Sintaxe: # cut <opções> <arquivo>

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Observe:

Observe que a figura acima exibe uma listagem dos arquivos presentes no Linux. No lado esquerdo, são exibidas as permissões dos
arquivos.

• Detalhando as Permissões

Tipos de arquivos (observe a primeira letra à esquerda):


“d” Arquivo do tipo diretório (pasta)
“-” Arquivo comum (arquivo de texto, planilha, imagens…)
“l” Link (atalho)

Tipos de permissões (o que os usuários poderão fazer com os arquivos):


r: read (ler)
w: writer (gravar)
x: execute (executar)
“-”: não permitido

Tipos de usuários (serão três categorias de usuários):


Proprietário (u)
Grupos de usuários (g)
Usuário comum (o)

Tabela de permissões (a tabela é composta de oito combinações):


0: sem permissão
1: executar
2: gravar
3: gravar/executar
4: ler
5: ler/executar
6: ler/gravar
7: ler/gravar/executar

Comando para alterar uma permissão:


chmod

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Estrutura de Diretórios e Arquivos
O Linux, assim como o Windows, possui seu sistema de gerenciamento de arquivos, que pode variar de acordo com a distribuição. Os
mais conhecidos são: Konqueror, Gnome, Dolphin, Krusader, Pcman, XFE.

Gerenciador de arquivos Dolphin.5

Enquanto no Windows a partição raiz geralmente é “C:\”, os programas são instalados em “C:\Arquivos de Programas” e os arquivos
do sistema em C:\WINDOWS, no GNU/Linux, é basicamente o contrário: o diretório raiz é representado pela barra “/”, que pode ficar ar-
mazenado no disco físico ou em uma unidade de rede, e todos os arquivos e pastas do sistema ficam dentro dele. Vejamos:
/ – diretório raiz, armazena todos os outros.
/bin – armazena os executáveis dos comandos básicos do sistema.
/boot – é onde ficam o kernel e os arquivos de boot (inicialização) do sistema.
/cdrom – o diretório /cdrom não faz parte do padrão FHS, mas você pode encontrá-lo no Ubuntu e em outras versões do sistema
operacional. É um local temporário para CD-ROMs inseridos no sistema. No entanto, o local padrão para a mídia temporária está dentro
do diretório /media.
/dev – dispositivos de entrada/saída (disquete, disco rígido, paca de som etc.). Todos os arquivos contidos nesse diretório (/dev/hda,
/dev/dsp, /dev/fd0 etc) são ponteiros para dispositivos de hardware.
/etc – armazena os arquivos de configuração do sistema, como se fossem o arquivo de registro do Windows.
/home – aqui ficam as pastas e os arquivos dos usuários. O root tem acesso a todas elas, mas cada usuário só tem acesso às suas
próprias pastas.
/lib – bibliotecas do sistema, como se fosse o diretório System32 do Windows.
/lib64 – bibliotecas do sistema, arquitetura 64 bits.
/media – o diretório /media contém subdiretórios em que os dispositivos de mídia removível inseridos no computador são montados.
Por exemplo, quando você insere um CD, DVD, pen drive em seu sistema Linux, um diretório será criado automaticamente dentro do dire-
tório /media. Você pode acessar o conteúdo do CD dentro desse diretório.
/mnt – ponto de montagem para dispositivos de hardware que estão em /dev. O leitor de CD encontrado em /dev/fd0, por exemplo,
será montado em /mnt/cdrom. Ao contrário do Windows, no qual os discos e partições aparecem como C:, D:, E:, no GNU/Linux, eles
aparecem como hda1, hda2, hdb, sdb, CD-ROM etc.
/opt – possui os softwares que não fazem parte da instalação padrão do GNU/Linux.
/proc – é criado na memória (portanto, não ocupa espaço em disco) pelo kernel e fornece informações sobre ele e os processos ativos.
/root – diretório local do superusuário (root).
/run – o diretório /run é relativamente novo e oferece aos aplicativos um local padrão para armazenar arquivos temporários, como
soquetes e identificações de processos. Esses arquivos não podem ser armazenados em /tmp, pois os arquivos localizados em /tmp podem
ser apagados.
/sbin – contém arquivos referentes à administração e manutenção de hardware e software.
/snap – arquivos de implantação e um sistema de gerenciamento de pacotes que foi projetado e construído pela Canonical para o
sistema operacional Ubuntu phone. Com o suporte a Snap instalado em sua distribuição, já é possível instalar aplicativos diversos para o
Linux.
/srv – o diretório /srv contém “dados para serviços prestados pelo sistema”. Se você usa o servidor Apache em um site, provavelmente
armazena os arquivos do seu site em um diretório dentro do /srv.
/sys – a pasta sys tem basicamente a mesma finalidade atribuída ao diretório proc.
/tmp – arquivos temporários.
/usr – é o diretório com o maior número de arquivos, incluindo bibliotecas (/usr/lib) e executáveis (/usr/bin) dos principais programas.
/usr/X11 – arquivos do sistema do gerenciador de janelas.
5 https://linuxdicasesuporte.blogspot.com/2018/02/gerenciador-de-arquivos-dolphin-para.html

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
/usr/man – manuais on-line.
/var – arquivos variáveis, que mudam com frequência.

Teclas de Atalhos
Ctrl + Q: fechar o aplicativo ativo.
Ctrl + A: selecionar tudo.
Ctrl + S: salvar o documento ou alterações feitas.
Ctrl + P: imprimir o documento.
Ctrl + C: copiar o conteúdo selecionado.
Ctrl + V: colar o conteúdo da área de transferência.
Ctrl + X: cortar o conteúdo selecionado.

Atalhos de Teclado com o Gnome


Ctrl + Alt + Barra de espaço: reiniciar o Gnome.
Alt + F2: abrir a caixa “Executar comando”.
Alt + F4: fechar a janela atual.
Alt + Tab: alternar entre janelas.
Ctrl + Alt + F1: mudar para o primeiro terminal ou tty1 (sem modo gráfico).
Alt + Print: tirar uma captura de tela da tela ativa.

Atalhos de Terminal
Seta para cima ou para baixo: pesquisar entre o histórico de comandos usados.
Ctrl + C: matar o processo atual ou em execução.
Ctrl + U: excluir a linha atual.

WINDOWS 7
O Windows 7 é um dos sistemas operacionais mais populares desenvolvido pela Microsoft6.
Visualmente o Windows 7 é semelhante ao seu antecessor, o Windows Vista, porém a interface é muito mais rica e intuitiva.
É Sistema Operacional multitarefa e para múltiplos usuários. O novo sistema operacional da Microsoft trouxe, além dos recursos do
Windows 7, muitos recursos que tornam a utilização do computador mais amigável.
Algumas características não mudam, inclusive porque os elementos que constroem a interface são os mesmos.

Edições do Windows 7
– Windows 7 Starter;
– Windows 7 Home Premium;
– Windows 7 Professional;
– Windows 7 Ultimate.

Área de Trabalho

Área de Trabalho do Windows 7.7


6 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/AulaDemo-4147.pdf
7 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2012/05/como-ocultar-lixeira-da-area-de-trabalho-do-windows.html

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A Área de trabalho é composta pela maior parte de sua tela, em que ficam dispostos alguns ícones. Uma das novidades do Windows
7 é a interface mais limpa, com menos ícones e maior ênfase às imagens do plano de fundo da tela. Com isso você desfruta uma área de
trabalho suave. A barra de tarefas que fica na parte inferior também sofreu mudanças significativas.

Barra de tarefas
– Avisar quais são os aplicativos em uso, pois é mostrado um retângulo pequeno com a descrição do(s) aplicativo(s) que está(ão) ati-
vo(s) no momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas sob outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas
ou entre programas.

Alternar entre janelas.8

– A barra de tarefas também possui o menu Iniciar, barra de inicialização rápida e a área de notificação, onde você verá o relógio.
– É organizada, consolidando os botões quando há muitos acumulados, ou seja, são agrupados automaticamente em um único botão.
– Outra característica muito interessante é a pré-visualização das janelas ao passar a seta do mouse sobre os botões na barra de ta-
refas.

Pré-visualização de janela.9

8 Fonte: https://pplware.sapo.pt/tutoriais/windows-7-flip-3d
9 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2010/12/como-aumentar-o-tamanho-das-miniaturas-da-taskbar-do-windows-7.
html

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Botão Iniciar

Botão Iniciar10

O botão Iniciar é o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se podem acessar outros menus que,
por sua vez, acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

Menu Iniciar.11

Desligando o computador
O novo conjunto de comandos permite Desligar o computador, Bloquear o computador, Fazer Logoff, Trocar Usuário, Reiniciar, Sus-
pender ou Hibernar.

Ícones
Representação gráfica de um arquivo, pasta ou programa. Você pode adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir.
Alguns ícones são padrões do Windows: Computador, Painel de Controle, Rede, Lixeira e a Pasta do usuário.

Windows Explorer
No computador, para que tudo fique organizado, existe o Windows Explorer. Ele é um programa que já vem instalado com o Windows
e pode ser aberto através do Botão Iniciar ou do seu ícone na barra de tarefas.
Este é um dos principais utilitários encontrados no Windows 7. Permite ao usuário enxergar de forma interessante a divisão organiza-
da do disco (em pastas e arquivos), criar outras pastas, movê-las, copiá-las e até mesmo apagá-las.
Com relação aos arquivos, permite protegê-los, copiá-los e movê-los entre pastas e/ou unidades de disco, inclusive apagá-los e tam-
bém renomeá-los. Em suma, é este o programa que disponibiliza ao usuário a possibilidade de gerenciar todos os seus dados gravados.
10 Fonte: https://br.ign.com/tech/47262/news/suporte-oficial-ao-windows-vista-acaba-em-11-de-abril
11 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2019/04/como-deixar-a-interface-do-windows-10-parecida-com-o-windows-7.ghtml

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

12

Uma das novidades do Windows 7 são as Bibliotecas. Por padrão já consta uma na qual você pode armazenar todos os seus arquivos
e documentos pessoais/trabalho, bem como arquivos de músicas, imagens e vídeos. Também é possível criar outra biblioteca para que
você organize da forma como desejar.

Bibliotecas no Windows 7.13

Aplicativos de Windows 7
O Windows 7 inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, ferramen-
tas para melhorar o desempenho do computador, calculadora e etc.
A pasta Acessórios é acessível dando-se um clique no botão Iniciar na Barra de tarefas, escolhendo a opção Todos os Programas e no
submenu, que aparece, escolha Acessórios.

12 Fonte: https://www.softdownload.com.br/adicione-guias-windows-explorer-clover-2.html
13 Fonte: https://www.tecmundo.com.br/musica/3612-dicas-do-windows-7-aprenda-a-usar-o-recurso-bibliotecas.htm

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Bloco de Notas
Aplicativo de edição de textos (não oferece nenhum recurso de formatação) usado para criar ou modificar arquivos de texto. Utilizado
normalmente para editar arquivos que podem ser usados pelo sistema da sua máquina.
O Bloco de Notas serve para criar ou editar arquivos de texto que não exijam formatação e não ultrapassem 64KB. Ele cria arquivos
com extensões .INI, .SYS e .BAT, pois abre e salva texto somente no formato ASCII (somente texto).

Bloco de Notas.

WordPad
Editor de texto com formatação do Windows. Pode conter imagens, tabelas e outros objetos. A formatação é limitada se comparado
com o Word. A extensão padrão gerada pelo WordPad é a RTF. Por meio do programa WordPad podemos salvar um arquivo com a exten-
são DOC entre outras.

WordPad.14

14 Fonte: https://www.nextofwindows.com/windows-7-gives-wordpad-a-new-life

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Paint
Editor simples de imagens do Windows. A extensão padrão é a BMP. Permite manipular arquivos de imagens com as extensões: JPG
ou JPEG, GIF, TIFF, PNG, ICO entre outras.

Paint.15

• Calculadora
Pode ser exibida de quatro maneiras: padrão, científica, programador e estatística.

15 Fonte: https://www.techtudo.com.br/listas/noticia/2017/03/microsoft-paint-todas-versoes-do-famoso-editor-de-fotos-do-windows.html

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Painel de Controle
O Painel de controle fornece um conjunto de ferramentas administrativas com finalidades especiais que podem ser usadas para confi-
gurar o Windows, aplicativos e ambiente de serviços. O Painel de Controle inclui itens padrão que podem ser usados para tarefas comuns
(por exemplo, Vídeo, Sistemas, Teclado, Mouse e Adicionar hardware). Os aplicativos e os serviços instalados pelo usuário também podem
inserir ícones no Painel de controle.

Painel de Controle.16

Novidades do Windows 7

Ajustar: o recurso Ajustar permite o redimensionamento rápido e simétrico das janelas abertas, basta arrastar a janela para as bordas
pré-definidas e o sistema a ajustará às grades.
Aero Peek: exclusivo das versões Home Premium, Professional e Ultimate, o Aero Peek permite que o usuário visualize as janelas que
ficam ocultadas pela janela principal.
Nova Barra de Tarefas: o usuário pode ter uma prévia do que está sendo rodado, apenas passando o mouse sobre o item minimizado.
Alternância de Tarefas: a barra de alternância de tarefas do Windows 7 foi reformulada e agora é interativa. Permite a fixação de
ícones em determinado local, a reorganização de ícones para facilitar o acesso e também a visualização de miniaturas na própria barra.
Gadgets: diferentemente do Windows Vista, que prendia as gadgets na barra lateral do sistema. O Windows 7 permite que o usuário
redimensione, arraste e deixe as gadgets onde quiser, não dependendo de grades determinadas.
Windows Media Center: o novo Windows Media Center tem compatibilidade com mais formatos de áudio e vídeo, além do suporte a
TVs on-line de várias qualidades, incluindo HD. Também conta com um serviço de busca mais dinâmico nas bibliotecas locais, o TurboScroll.
Windows Backup: além do já conhecido Ponto de Restauração, o Windows 7 vem também com o Windows Backup, que permite a
restauração de documentos e arquivos pessoais, não somente os programas e configurações.
Windows Touch: uma das inovações mais esperadas do novo OS da Microsoft, a compatibilidade total com a tecnologia do toque na
tela, o que inclui o acesso a pastas, redimensionamento de janelas e a interação com aplicativos.
Windows Defender: livre-se de spywares e outras pragas virtuais com o Windows Defender do Windows 7, agora mais limpo e mais
simples de ser configurado e usado.
Windows Firewall: para proteção contra crackers e programas mal-intencionados, o Firewall do Windows. Agora com configuração de
perfis alternáveis, muito útil para uso da rede em ambientes variados, como shoppings com Wi-Fi pública ou conexões residências.
Flip 3D: Flip 3D é um feature padrão do Windows Vista que ficou muito funcional também no Windows 7. No Windows 7 ele ficou com
realismo para cada janela e melhorou no reconhecimento de screens atualizadas.

16 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2016/06/como-mudar-o-idioma-do-windows-7.html

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Novidades no Windows 8
Lançado em 2012, o Windows 8 passou por sua transformação mais radical. Ele trouxe uma interface totalmente nova, projetada
principalmente para uso em telas sensíveis ao toque.

• Tela Inicial
A tela de início é uma das características mais marcantes do Windows 817. Trata-se de um espaço que reúne em um único lugar blocos
retangulares ou quadrados que dão acesso a aplicativos, à lista de contatos, a informações sobre o clima, aos próximos compromissos da
agenda, entre outros. Na prática, este é o recurso que substitui o tradicional menu Iniciar do Windows, que por padrão não está disponível
na versão 8. É por este motivo que é possível alternar entre a tela inicial e a área de trabalho (bastante semelhante ao desktop do Windows
7, por sinal) utilizando os botões Windows do teclado.
Obs.: gerou uma certa insatisfação por parte dos usuários que sentiram falta do botão Iniciar, na versão. No Windows 8.1 e Windows
10, o botão Iniciar volta.
Se o espaço na tela não for suficiente para exibir todos eles, ela pode ser rolada horizontalmente. A nova interface era inicialmente
chamada de Metro, mas a Microsoft abandonou esse nome e, agora, se refere a ela como Modern (moderna).

Interface Metro do Windows 8.18

• Tempo de Inicialização
Uma das vantagens que mais marcou o Windows 8 foi o tempo de inicialização de apenas 18 segundos, mostrando uma boa diferença
se comparado com o Windows 7, que leva 10 segundos a mais para iniciar19.
O encerramento também ficou mais rápido, tudo isso por conta da otimização de recursos do sistema operacional e também do baixo
consumo que o Windows 8 utiliza do processador.

• Os botões de acesso da lateral direita (Charms Bar)


Outra característica marcante do Windows 8 é a barra com botões de acesso rápido que a Microsoft chamada de Charms Bar. Eles
ficam ocultos, na verdade, mas é possível visualizá-los facilmente. Se estiver usando um mouse, basta mover o cursor até o canto direito
superior ou inferior. Em um tablet ou outro dispositivo com tela sensível ao toque, basta mover o dedo à mesma região. Com o teclado,
pressione Windows + C simultaneamente.
Em todas as formas, você verá uma barra surgir à direita com cinco botões:
– Busca: nesta opção, você pode localizar facilmente aplicativos ou arquivos presentes em seu computador, assim como conteúdo
armazenado nas nuvens, como fotos, notícias, etc. Para isso, basta escolher uma das opções mostradas abaixo do campo de busca para
filtrar a sua pesquisa;
– Compartilhar: neste botão, é possível compartilhar informações em redes sociais, transferir arquivos para outros computadores,
entre outros;
– Iniciar: outra forma de acessar a tela inicial. Pode parecer irrelevante se você estiver usando um teclado que tenha botões Windows,
mas em tablets é uma importante forma de acesso;
– Dispositivos: com este botão, você pode configurar ou ter acesso rápido aos dispositivos conectados, como HDs externos, impres-
soras e outros;
– Configuração: é por aqui que você pode personalizar o sistema, gerenciar usuários, mudar a sua senha, verificar atualizações, ajustar
conexões Wi-Fi, entrar no Painel de Controle e até mesmo acessar opções de configuração de outros programas.

17 https://www.infowester.com/
18 https://www.tecwhite.net/2015/01/tutorial-visualizador-de-fotos-do.html
19 https://www.professordeodatoneto.com.br/

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Login com Microsoft Account


O Windows 8 é a versão da família Windows que mais se integra às nuvens, razão pela qual agora o usuário precisa informar sua
Microsoft Account (ou Windows Live ID) para se logar no sistema. Com isso, a pessoa conseguirá acessar facilmente seus arquivos no
SkyDrive e compartilhar dados com seus contatos, por exemplo. É claro que esta característica não é uma exigência: o usuário que preferir
poderá utilizar o esquema tradicional de login, onde seu nome e senha existem só no computador, não havendo integração com as nuvens.
Também é importante frisar que, quem preferir o login com Microsoft Account, poderá acessar o computador mesmo quando não houver
acesso à internet.

• Senha com imagem


Outra novidade do Windows 8 em relação à autenticação de usuários é a funcionalidade de senha com imagem. A ideia é simples: em
vez de digitar uma combinação de caracteres, o usuário deve escolher uma imagem – uma foto, por exemplo – e fazer um desenho com
três gestos em uma parte dela. A partir daí, toda vez que for necessário realizar login, a imagem em questão será exibida e o usuário terá
que repetir o movimento que criou.
É possível utilizar esta opção com mouse, mas ela é particularmente interessante para login rápido em tablets, por causa da ausência
de teclado para digitação de senha.

• Windows Store (Loja)


Seguindo o exemplo de plataformas como Android e iOS, o Windows 8 passou a contar com uma loja oficial de aplicativos. A maioria
dos programas existentes ali são gratuitos, mas o usuário também poderá adquirir softwares pagos também.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
É válido destacar que o Windows 8 é compatível com programas feitos para os Windows XP, Vista e 7 – pelo menos a maioria deles.
Além disso, o usuário não é obrigado a utilizar a loja para obter softwares, já que o velho esquema de instalar programas distribuídos dire-
tamente pelo desenvolvedor ou por sites de download, por exemplo, continua valendo.

• Notificações
A Microsoft também deu especial atenção às notificações no Windows 8. E não só notificações do sistema, que avisam, por exemplo,
quando há atualizações disponíveis: também há notificações de aplicativos, de forma que você possa saber da chegada de e-mails ou de
um compromisso em sua agenda por meio de uma pequena nota que aparece mesmo quando outro programa estiver ocupando toda a
tela.

• Gestos e atalhos
Apesar de diferente, o Windows 8 não é um sistema operacional de difícil utilização. Você pode levar algum tempo para se acostumar
a ele, mas muito provavelmente chegará lá. Um jeito de acelerar este processo e ao mesmo tempo aproveitar melhor o sistema é apren-
dendo a utilizar gestos (para telas sensíveis ao toque), movimentos para o mouse ou mesmo atalhos para teclado. Eis alguns:
– Para voltar à janela anterior: leve o cursor do mouse até o canto superior esquerdo (bem no canto mesmo). Uma miniatura da janela
será exibida. Clique nela. No caso de toques, arraste o seu dedo do canto esquerdo superior até o centro da janela;
– Para fechar um aplicativo sem o botão de encerramento: com mouse ou com toque, clique na barra superior do programa e a
arraste até a parte inferior da tela;
– Para desinstalar um aplicativo: na tela inicial, clique com o botão direito do mouse no bloco de um aplicativo. Aparecerão ali várias
opções, sendo uma delas a que permite desinstalar o software. No caso de telas sensíveis ao toque, posicione o dedo bloco e o mova para
cima;
– Para alternar entre as janelas abertas usando teclado: a velha e boa combinação – pressione as teclas Alt e Tab ao mesmo tempo;

– Para ativar a pesquisa automaticamente na tela inicial: se você estiver na tela inicial e quiser iniciar um aplicativo ou abrir um ar-
quivo, por exemplo, basta simplesmente começar a digitar o seu nome. Ao fazer isso, o sistema operacional automaticamente iniciará a
busca para localizá-lo.

Versões do Windows 8
– Windows RT: versão para dispositivos baseados na arquitetura ARM. Pode ocorrer incompatibilidade com determinados aplicativos
criados para a plataforma x86. Somente será possível encontrar esta versão de maneira pré-instalada em tablets e afins;
– Windows 8: trata-se da versão mais comum, direcionada aos usuários domésticos, a ambientes de escritório e assim por diante.
Pode ser encontrada tanto em 32-bit quanto em 64-bit;
– Windows 8 Pro: é a versão mais completa, consistindo, essencialmente, no Windows 8 acrescido de determinados recursos, es-
pecialmente para o segmento corporativo, como virtualização e gerenciamento de domínios. Também permite a instalação gratuita do
Windows Media Center.

Área de Trabalho
A Microsoft optou por deixar a famosa área de trabalho no novo Windows, possuindo as mesmas funções das versões anteriores, mas
com uma pequena diferença, o botão iniciar não existe mais, pois, como dito anteriormente, foi substituído pela nova interface Metro.

Área de trabalho do Windows 8.20


20 https://www.crn.com.au/news/windows-8-show-us-your-real-face-289865

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para acessar a área de trabalho no Windows 8, basta entrar na tela inicial e procurar pelo ícone correspondente.

Extrair arquivos mais rápidos


O Windows 8 possui uma vantagem significativa na compactação e extração de arquivos, assim como também na transferência de
dados e no tempo para abrir algum software.

Windows Store
Outra novidade do Windows 8, é a nova ferramenta de compras de aplicativos, chamada de Windows Store.
Podemos dizer de que se trata de uma loja virtual criada pela Microsoft em busca de aproximar o usuário de novas descobertas de
aplicativos criados exclusivamente para o sistema operacional.
A ferramenta pode ser acessada da mesma maneira que as outras. Ela é encontrada na tela inicial (Interface Metro) e basta dar apenas
um clique para abrir a página com os aplicativos em destaques.

Nuvem e vínculo fácil com as redes sociais


Mais uma novidade, entre diversas outras do novo sistema operacional da Microsoft, é o armazenamento na nuvem, ou seja, o Win-
dows 8 também utiliza computação em nuvem para guardar seus dados, podendo o usuário acessá-los em outros computadores.
As integrações sociais também foi outro diferencial. Todas as redes favoritas podem ser usadas, como Twitter, Facebook, Google Plus,
entre outras, sem precisar acessá-las, tudo é mostrado na tela inicial, na forma de notificações.

Tela Sensível – Touch


Por últimos, mas não menos importante, é a tecnologia touch que o Windows 8 suporta. Essa tecnologia faz com que o usuário possa
usar as ferramentas do sistema operacional apenas com as mãos, sem o uso de mouse.

Acessórios do Windows
O Windows traz consigo alguns acessórios (pequenos programas) muito úteis para executar algumas tarefas básicas do dia-a-dia,
vejamos alguns desses acessórios:

Calculadora
A calculadora do Windows vem em dois formatos distintos (a Padrão e a Científica). Ela permite colar seus resultados em outros pro-
gramas ou copiar no seu visor (display) um número copiado de outro aplicativo.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Bloco de Notas
É um pequeno editor de textos que acompanha o Windows porque permite uma forma bem simples de edição. Os tipos de formata-
ção existentes no bloco de notas são: fontes, estilo e tamanho. É muito utilizado por programadores para criar programas de computador.

WordPad
É como se fosse um Word reduzido. Pode ser classificado como um editor de textos, porque possui recursos de formatação.

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Paint
Programa muito utilizado por iniciantes em informática. O Paint é um pequeno programa criado para desenhar e cria arquivos no
formato bitmap que são imagens formadas para pequenos pontos. Ele não trabalha com imagens vetoriais (desenhos feitos através de
cálculos matemáticos), ele apenas permite a pintura de pequenos pontos para formar a imagem que se quer. Seus arquivos normalmente
são salvos no formato BMP, mas o programa também permite salvar os desenhos com os formatos JPG e GIF.

Lixeira
Lixeira na área de trabalho é um local de armazenamento temporário para arquivos excluídos. Quando você exclui um arquivo ou pasta
em seu computador (HD ou SSD), ele não é excluído imediatamente, mas vai para a Lixeira.

Cotas do Usuário
Recurso que foi herdado do Windows Vista é o gerenciamento de cotas de espaço em disco para usuários, algo muito interessante em
um PC usado por várias pessoas. Assim é possível delimitar quanto do disco rígido pode ser utilizado no máximo por cada um que utiliza
o computador.
Se você possui status de administrador do Windows pode realizar essa ação de modo rápido e simples seguindo as instruções.

Restauração do Sistema
É um recurso do Windows em que o computador literalmente volta para um estado (hora e data) no passado. É útil quando programas
que o usuário instalou comprometem o funcionamento do sistema e o usuário deseja que o computador volte para um estado anterior à
instalação do programa.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows Explorer
É o programa que acompanha o Windows e tem por função gerenciar os objetos gravados nas unidades de disco, ou seja, todo e qual-
quer arquivo que esteja gravado em seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.,

Painel de Controle

É o programa que acompanha o Windows e permite ajustar todas as configurações do sistema operacional, desde ajustar a hora do
computador, até coisas mais técnicas como ajustar o endereço virtual das interrupções utilizadas pela porta do mouse.
O painel de controle é, na verdade, uma janela que possui vários ícones, e cada um desses ícones é responsável por um ajuste dife-
rente no Windows.

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Bitlocker
É um dos recursos Windows, aprimorado nas versões Ultimate e Enterprise do Windows 7, 8 e 10.
Este recurso tem como vocação a proteção de seus dados. Qualquer arquivo é protegido, salvo em uma unidade criptografada pelo
recurso. A operação se desenvolve automaticamente após a ativação.

WINDOWS 10
Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma única
plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console Xbox One e
produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de realidade aumentada HoloLens21.

Versões do Windows 10

– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e note-
book), tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home, os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em pequenas
empresas, apresentando recursos para segurança digital, suporte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.
– Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os
alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente em tecnologias
desenvolvidas no campo da segurança digital e produtividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows 10 Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as necessidades
do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para smartphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise tem como
objetivo entregar a melhor experiência para os consumidores que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento para
o varejo e robôs industriais – todas baseadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise.
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft.
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Windows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para uso pro-
fissional mais avançado em máquinas poderosas com vários processadores e grande quantidade de RAM.

Área de Trabalho (pacote aero)


Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no Windows a partir da versão 7.

Área de Trabalho do Windows 10.22

21 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/SlideDemo-4147.pdf
22 https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aero Glass (Efeito Vidro)
Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes, parecendo um vidro.

Efeito Aero Glass.23

Aero Flip (Alt+Tab)


Permite a alternância das janelas na área de trabalho, organizando-as de acordo com a preferência de uso.

Efeito Aero Flip.

23 https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-glass-lancado-mod-windows-10.htm

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aero Shake (Win+Home)
Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas. Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta sacudir
novamente e todas as janelas serão restauradas.

Efeito Aero Shake (Win+Home)

Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado)


Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida de
modo a ocupar metade do monitor.

Efeito Aero Snap.

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar Tudo)
O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil quando
você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue ver o que
precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área de trabalho (parte
inferior direita do Desktop). Ao posicionar o mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto transparente. Ao clicar sobre
ele, as janelas serão minimizadas.

Efeito Aero Peek.

Menu Iniciar
Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na direita,
temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP, Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita temos uma
versão compacta da Modern UI, lembrando muito os azulejos do Windows Phone 8.

Menu Iniciar no Windows 10.24


24 https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-dicas-usar-melhor-menu-iniciar

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Nova Central de Ações
A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões an-
teriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.

Central de ações do Windows 10.25

Paint 3D
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados, especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas antigas
de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar o programa
mais versátil.
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.

Paint 3D.

25 Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/windows-how-to-open-action-center

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o caso
do Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades nativas. O
assistente pessoal inteligente que entende quem você é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar quando for solicita-
do, por meio de informações-chave, sugestões e até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.
Para abrir a Cortana selecionando a opção na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar o
tema que deseja.

Cortana no Windows 10.26

Microsot Edge
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional da Mi-
crosoft. O programa tem como características a leveza, a rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção de suporte a
tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o serviço de armaze-
namento na nuvem OneDrive, além do suporte a ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da Web.
Use a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos para mais tarde e lê-los no modo de leitura . Focalize guias abertas para visu-
alizá-las e leve seus favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em outro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows 10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.
Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge ou clique no ícone na barra de tarefas.

Microsoft Edge no Windows 10.

26 https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-novo-visual-windows-10-rumor.htm

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais segura do
que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN, bluetooth do
celular e senha com imagem.
Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure por Hello
ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.

Windows Hello.

Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você pode
pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas, unidades
ou em sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente com Arquivos
Offline).

Tela Bibliotecas no Windows 10.27


27 https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
One Drive
O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilhamento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você pode
acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que está dis-
ponível para todos os dispositivos que você usar.

OneDivre.28

Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo está
disponível para um ou mais programas de computador, sendo essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela extensão
recebida no ato de sua criação ou alteração.
Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro letras
(DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais comuns são
arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx), de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas (tabela.xlsx) e
apresentações (monografia.pptx).

Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organizar
tudo o que está dentro das unidades.
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos de ar-
quivos existentes.
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arquivos.

Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Colar)


Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados na imagem acima – Explorador de arquivos).
2. Botão direito do mouse.
3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção com a letra da unidade e origem e destino).

28 Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta-do-onedrive-no-windows-10

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Central de Segurança do Windows Defender


A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área de proteção contra vírus e ameaças.
Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, clique no botão , selecione Configurações > Atualização e seguran-
ça > Windows Defender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

Windows Defender.29

Lixeira
A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas excluídos das unidades internas do computador (c:\).
Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL.
- Arrasta-lo para a lixeira.
- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir.
- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D.

Arquivos apagados permanentemente:


- Arquivos de unidades de rede.
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...).
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é mostrado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o tamanho do
HD (disco rígido) do computador).
29 Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de-
7c-4ee7-b90f-4bf76ad529b1

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
- Deletar pressionando a tecla SHIFT. O Word 2016 está com um visual moderno, mas ao mesmo
- Desabilitar a lixeira (Propriedades). tempo simples e prático, possui muitas melhorias, modelos de do-
cumentos e estilos de formatações predefinidos para agilizar e dar
Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente na um toque de requinte aos trabalhos desenvolvidos. Trouxe pou-
área de trabalho do Windows 10. quíssimas novidades, seguiu as tendências atuais da computação,
permitindo o compartilhamento de documentos e possuindo inte-
Outros Acessórios do Windows 10 gração direta com vários outros serviços da web, como Facebook,
Flickr, Youtube, Onedrive, Twitter, entre outros.
Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados,
mas os relacionados a seguir são os mais populares: Novidades no Word 2016
– Alarmes e relógio. – Diga-me o que você deseja fazer: facilita a localização e a
– Assistência Rápida. realização das tarefas de forma intuitiva, essa nova versão possui
– Bloco de Notas. a caixa Diga-me o que deseja fazer, onde é possível digitar um ter-
– Calculadora. mo ou palavra correspondente a ferramenta ou configurações que
– Calendário. procurar.
– Clima.
– E-mail.
– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes fí-
sicos).
– Ferramenta de Captura.
– Gravador de passos.
– Internet Explorer.
– Mapas.
– Mapa de Caracteres.
– Paint.
– Windows Explorer.
– WordPad.
– Xbox.

Principais teclas de atalho


CTRL + F4: fechar o documento ativo.
CTRL + R ou F5: atualizar a janela.
CTRL + Y: refazer.
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar.
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas. – Trabalhando em grupo, em tempo real: permite que vários
WIN + A: central de ações. usuários trabalhem no mesmo documento de forma simultânea.
WIN + C: cortana.
WIN + E: explorador de arquivos.
WIN + H: compartilhar.
WIN + I: configurações.
WIN + L: bloquear/trocar conta.
WIN + M: minimizar as janelas.
WIN + R: executar.
WIN + S: pesquisar.
WIN + “,”: aero peek.
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas.
WIN + TAB: task view (visão de tarefas).
WIN + HOME: aero shake.
ALT + TAB: alternar entre janelas.
WIN + X: menu de acesso rápido.
F1: ajuda.

Ao armazenar um documento on-line no OneDrive ou no Sha-


EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES rePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word 2016 ou
(AMBIENTES MICROSOFT OFFICE 2016 E LIBREOFFICE Word On-line, vocês podem ver as alterações uns dos outros no
5.0) documento durante a edição. Após salvar o documento on-line, cli-
que em Compartilhar para gerar um link ou enviar um convite por
Word 2016 e-mail. Quando seus colegas abrem o documento e concordam em
Essa versão de edição de textos vem com novas ferramentas e compartilhar automaticamente as alterações, você vê o trabalho
novos recursos para que o usuário crie, edite e compartilhe docu- em tempo real.
mentos de maneira fácil e prática30.

30 http://www.popescolas.com.br/eb/info/word.pdf

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Pesquisa inteligente: integra o Bing, serviço de buscas da Microsoft, ao Word 2016. Ao clicar com o botão do mouse sobre qualquer
palavra do texto e no menu exibido, clique sobre a função Pesquisa Inteligente, um painel é exibido ao lado esquerdo da tela do programa
e lista todas as entradas na internet relacionadas com a palavra digitada.
– Equações à tinta: se utilizar um dispositivo com tela sensível ao toque é possível desenhar equações matemáticas, utilizando o dedo
ou uma caneta de toque, e o programa será capaz de reconhecer e incluir a fórmula ou equação ao documento.

– Histórico de versões melhorado: vá até Arquivo > Histórico para conferir uma lista completa de alterações feitas a um documento
e para acessar versões anteriores.
– Compartilhamento mais simples: clique em Compartilhar para compartilhar seu documento com outras pessoas no SharePoint, no
OneDrive ou no OneDrive for Business ou para enviar um PDF ou uma cópia como um anexo de e-mail diretamente do Word.

– Formatação de formas mais rápida: quando você insere formas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de
preenchimentos predefinidos e cores de tema para aplicar rapidamente o visual desejado.

– Guia Layout: o nome da Guia Layout da Página na versão 2010/2013 do Microsoft Word mudou para apenas Layout31.

31 CARVALHO, D. e COSTA, Renato. Livro Eletrônico.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Interface Gráfica

Guia de Início Rápido.32

Ao clicar em Documento em branco surgirá a tela principal do Word 201633.

Área de trabalho do Word 2016.

32 https://www.udesc.br/arquivos/udesc/id_cpmenu/5297/Guia_de_Inicio_Rapido___Word_2016_14952206861576.pdf
33 Melo, F. INFORMÁTICA. MS-Word 2016.

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Barra de Ferramentas de Acesso Rápido
Permite adicionar atalhos, de funções comumente utilizadas no trabalho com documentos que podem ser personalizados de acordo
com a necessidade do usuário.

Faixa de Opções
Faixa de Opções é o local onde estão os principais comandos do Word, todas organizadas em grupos e distribuídas por meio de guias,
que permitem fácil localização e acesso. As faixas de Opções são separadas por nove guias: Arquivos; Página Inicial, Inserir, Design, Layout,
Referências, Correspondências, Revisão e Exibir.

– Arquivos: possui diversas funcionalidades, dentre algumas:


– Novo: abrir um Novo documento ou um modelo (.dotx) pré-formatado.
– Abrir: opções para abrir documentos já salvos tanto no computador como no sistema de armazenamento em nuvem da Microsoft,
One Drive. Além de exibir um histórico dos últimos arquivos abertos.
– Salvar/Salvar como: a primeira vez que irá salvar o documento as duas opções levam ao mesmo lugar. Apenas a partir da segunda
vez em diante que o Salvar apenas atualiza o documento e o Salvar como exibe a janela abaixo. Contém os locais onde serão armazenados
os arquivos. Opções locais como na nuvem (OneDrive).
– Imprimir: opções de impressão do documento em edição. Desde a opção da impressora até as páginas desejadas. O usuário tanto
pode imprimir páginas sequenciais como páginas alternadas.

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Página Inicial: possui ferramentas básicas para formatação de texto, como tamanho e cor da fonte, estilos de marcador, alinhamento
de texto, entre outras.

Grupo Área de Transferência


Para acessá-la basta clicar no pequeno ícone de uma setinha para baixo no canto inferior direito, logo à frente de Área de Transferên-
cia.
Colar (CTRL + V): cola um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) copiado ou recortado.
Recortar (CTRL + X): recorta um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) armazenando-o temporariamente na Área de Transferên-
cia para em seguida ser colado no local desejado.
Copiar (CTRL+C): copia o item selecionado (cria uma cópia na Área de Transferência).
Pincel de Formatação (CTRL+SHIFT+C / CTRL+SHIFT+V): esse recurso (principalmente o ícone) cai em vários concursos. Ele permite
copiar a formatação de um item e aplicar em outro.

Grupo Fonte

Fonte: permite que selecionar uma fonte, ou seja, um tipo de letra a ser exibido em seu texto. Em cada texto
pode haver mais de um tipo de fontes diferentes.

Tamanho da fonte: é o tamanho da letra do texto. Permite escolher entre diferentes tamanhos de fonte na lista
ou que digite um tamanho manualmente.

Negrito: aplica o formato negrito (escuro) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em negrito. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a formatação será removida.

Itálico: aplica o formato itálico (deitado) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em itálico. Se a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será removida.

Sublinhado: sublinha, ou seja, insere ou remove uma linha embaixo do texto selecionado. Se o cursor não está
em uma palavra, o novo texto inserido será sublinhado.

Tachado: risca uma linha, uma palavra ou apenas uma letra no texto selecionado ou, se o cursor somente estiver
sobre uma palavra, esta palavra ficará riscada.

Subscrito: coloca a palavra abaixo das demais.

Sobrescrito: coloca a palavra acima das demais.

Cor do realce do texto: aplica um destaque colorido sobre a palavra, assim como uma caneta marca texto.

Cor da fonte: permite alterar a cor da fonte (letra).

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Grupo Parágrafo

Marcadores: permite criar uma lista com diferentes marcadores.

Numeração: permite criar uma lista numerada.

Lista de vários itens: permite criar uma lista numerada em níveis.

Diminuir Recuo: diminui o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Aumentar Recuo: aumenta o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Classificar: organiza a seleção atual em ordem alfabética ou numérica.

Mostrar tudo: mostra marcas de parágrafos e outros símbolos de formatação ocultos.

Alinhar a esquerda: alinha o conteúdo com a margem esquerda.

Centralizar: centraliza seu conteúdo na página.

Alinhar à direita: alinha o conteúdo à margem direita.

Justificar: distribui o texto uniformemente entre as margens esquerda e direita.

Espaçamento de linha e parágrafo: escolhe o espaçamento entre as linhas do texto ou entre parágrafos.

Sombreamento: aplica uma cor de fundo no parágrafo onde o cursor está posicionado.

Bordas: permite aplicar ou retirar bordas no trecho selecionado.

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Grupo Estilo
Possui vários estilos pré-definidos que permite salvar configurações relativas ao tamanho e cor da fonte, espaçamento entre linhas
do parágrafo.

Grupo Edição

CTRL+L: ao clicar nesse ícone é aberta a janela lateral, denominada navegação, onde é possível localizar
um uma palavra ou trecho dentro do texto.

CTRL+U: pesquisa no documento a palavra ou parte do texto que você quer mudar e o substitui por
outro de seu desejo.

Seleciona o texto ou objetos no documento.

Inserir: a guia inserir permite a inclusão de elementos ao texto, como: imagens, gráficos, formas, configurações de quebra de página,
equações, entre outras.

Adiciona uma folha inicial em seu documento, parecido como uma capa.

Adiciona uma página em branco em qualquer lugar de seu documento.

Uma seção divide um documento em partes determinadas pelo usuário para que sejam aplicados dife-
rentes estilos de formatação na mesma ou facilitar a numeração das páginas dentro dela.

Permite inserir uma tabela, uma planilha do Excel, desenhar uma tabela, tabelas rápidas ou converter o texto em tabela
e vice-versa.

Design: esta guia agrupa todos os estilos e formatações disponíveis para aplicar ao layout do documento.

Layout: a guia layout define configurações características ao formato da página, como tamanho, orientação, recuo, entre outras.

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Referências: é utilizada para configurações de itens como sumário, notas de rodapé, legendas entre outros itens relacionados a iden-
tificação de conteúdo.

Correspondências: possui configuração para edição de cartas, mala direta, envelopes e etiquetas.

Revisão: agrupa ferramentas úteis para realização de revisão de conteúdo do texto, como ortografia e gramática, dicionário de sinô-
nimos, entre outras.

Exibir: altera as configurações de exibição do documento.

Formatos de arquivos
Veja abaixo alguns formatos de arquivos suportados pelo Word 2016:
.docx: formato xml.
.doc: formato da versão 2003 e anteriores.
.docm: formato que contém macro (vba).
.dot: formato de modelo (carta, currículo...) de documento da versão 2003 e anteriores.
.dotx: formato de modelo (carta, currículo...) com o padrão xml.
.odt: formato de arquivo do Libre Office Writer.
.rtf: formato de arquivos do WordPad.
.xml: formato de arquivos para Web.
.html: formato de arquivos para Web.
.pdf: arquivos portáteis.

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
EXCEL 2016
O Microsoft Excel 2016 é um software para criação e manutenção de Planilhas Eletrônicas.
A grande mudança de interface do aplicativo ocorreu a partir do Excel 2007 (e de todos os aplicativos do Office 2007 em relação as
versões anteriores). A interface do Excel, a partir da versão 2007, é muito diferente em relação as versões anteriores (até o Excel 2003). O
Excel 2016 introduziu novas mudanças, para corrigir problemas e inconsistências relatadas pelos usuários do Excel 2010 e 2013.
Na versão 2016, temos uma maior quantidade de linhas e colunas, sendo um total de 1.048.576 linhas por 16.384 colunas.
O Excel 2016 manteve as funcionalidades e recursos que já estamos acostumados, além de implementar alguns novos, como34:
- 6 tipos novos de gráficos: Cascata, Gráfico Estatístico, Histograma, Pareto e Caixa e Caixa Estreita.
- Pesquise, encontra e reúna os dados necessários em um único local utilizando “Obter e Transformar Dados” (nas versões anteriores
era Power Query disponível como suplemento.
- Utilize Mapas 3D (em versões anteriores com Power Map disponível como suplemento) para mostrar histórias junto com seus dados.

Especificamente sobre o Excel 2016, seu diferencial é a criação e edição de planilhas a partir de dispositivos móveis de forma mais fácil
e intuitivo, vendo que atualmente, os usuários ainda não utilizam de forma intensa o Excel em dispositivos móveis.

Tela Inicial do Excel 2016.

Ao abrir uma planilha em branco ou uma planilha, é exibida a área de trabalho do Excel 2016 com todas as ferramentas necessárias
para criar e editar planilhas35.

34 https://ninjadoexcel.com.br/microsoft-excel-2016/
35 https://juliobattisti.com.br/downloads/livros/excel_2016_basint_degusta.pdf

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As cinco principais funções do Excel são36:


– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar grá-
fico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos
pré-definidos em tabelas.
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando ope-
rações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você pode
personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar apre-
sentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros.

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, impri-
mir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

36 http://www.prolinfo.com.br

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.

Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos, tabe-
las dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.

Guia de Planilhas.

– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As colunas do Excel são representadas em letras de acordo com a ordem
alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até “XFD”, e tem no total de 16.384 colunas em cada planilha.
– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As linhas de uma planilha são representadas em números, formam um total
de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical esquerda da planilha.

Linhas e colunas.

Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna B, então a célula será chamada B4, como mostra na caixa de nome logo acima da
planilha.

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anteriores ao
MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como menu.
Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma representa tarefas principais executadas no Excel.
Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Criando uma fórmula
Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter texto
neste intervalo.

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado e o
critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
POWER POINT 2016
O aplicativo Power Point 2016 é um programa para apresentações eletrônicas de slides. Nele encontramos os mais diversos tipos de
formatações e configurações que podemos aplicar aos slides ou apresentação de vários deles. Através desse aplicativo, podemos ainda,
desenvolver slides para serem exibidos na web, imprimir em transparência para projeção e melhor: desenvolver apresentações para pa-
lestras, cursos, apresentações de projetos e produtos, utilizando recursos de áudio e vídeo.
O MS PowerPoint é um aplicativo de apresentação de slides, porém ele não apenas isso, mas também realiza as seguintes tarefas37:
– Edita imagens de forma bem simples;
– Insere e edita áudios mp3, mp4, midi, wav e wma no próprio slide;
– Insere vídeos on-line ou do próprio computador;
– Trabalha com gráficos do MS Excel;
– Grava Macros.

Tela inicial do PowerPoint 2016.

– Ideal para apresentar uma ideia, proposta, empresa, produto ou processo, com design profissional e slides de grande impacto;
– Os seus temas personalizados, estilos e opções de formatação dão ao utilizador uma grande variedade de combinações de cor, tipos
de letra e feitos;
– Permite enfatizar as marcas (bullet points), com imagens, formas e textos com estilos especiais;
– Inclui gráficos e tabelas com estilos semelhantes ao dos restantes programas do Microsoft Office (Word e Excel), tornando a apre-
sentação de informação numérica apelativa para o público.
– Com a funcionalidade SmartArt é possível criar diagramas sofisticados, ideais para representar projetos, hierarquias e esquemas
personalizados.
– Permite a criação de temas personalizados, ideal para utilizadores ou empresas que pretendam ter o seu próprio layout.
– Pode ser utilizado como ferramenta colaborativa, onde os vários intervenientes (editores da apresentação) podem trocar informa-
ções entre si através do documento, através de comentários.

Novos Recursos do MS PowerPoint


Na nova versão do PowerPoint, alguns recursos foram adicionados. Vejamos quais são eles.
• Diga-me: serve para encontrar instantaneamente os recursos do aplicativo.
• Gravação de Tela: novo recurso do MS PowerPoint, encontrado na guia Inserir. A Gravação de Tela grava um vídeo com áudio das
ações do usuário no computador, podendo acessar todas as janelas do micro e registrando os movimentos do mouse.

37 FRANCESCHINI, M. Ms PowerPoint 2016 – Apresentação de Slides.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Compartilhar: permite compartilhar as apresentações com outros usuários on-line para edição simultânea por meio do OneDrive.
• Anotações à Tinta: o usuário pode fazer traços de caneta à mão livre e marca-texto no documento. Esse recurso é acessado por
meio da guia Revisão.

• Ideias de Design: essa nova funcionalidade da guia Design abre um painel lateral que oferece sugestões de remodelagem do slide
atual instantaneamente.

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Guia Arquivo
Ao clicar na guia Arquivo, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Preparar, Enviar, Publicar e
Fechar38.

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido39


Localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do Botão do Microsoft Office (local padrão), é personalizável e contém um conjunto de
comandos independentes da guia exibida no momento. É possível adicionar botões que representam comandos à barra e mover a barra
de um dos dois locais possíveis.

Barra de Título
Exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também exibe o nome do documento ativo.

Botões de Comando da Janela

38 popescolas.com.br/eb/info/power_point.pdf
39 http://www.professorcarlosmuniz.com.br

118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e restaurar a janela do programa PowerPoint.

Faixa de Opções
A Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os comandos necessários para executar uma tarefa. Os comandos são organiza-
dos em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade como gravação ou disposição de uma página.
Para diminuir a desorganização, algumas guias são exibidas somente quando necessário. Por exemplo, a guia Ferramentas de Imagem
somente é exibida quando uma imagem for selecionada.
Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimina grande parte da navegação por menus e busca aumentar a produti-
vidade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa localizada abaixo da barra de títulos40.

Painel de Anotações
Nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em um slide.

Barra de Status
Exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre elas: o número de slides; tema e idioma.

Nível de Zoom
Clicar para ajustar o nível de zoom.

Modos de Exibição do PowerPoint


O menu das versões anteriores, conhecido como menu Exibir, agora é a guia Exibição no Microsoft PowerPoint 2010. O PowerPoint
2010 disponibiliza aos usuários os seguintes modos de exibição:
– Normal,
– Classificação de Slides,
– Anotações,
– Modo de exibição de leitura,
– Slide Mestre,
– Folheto Mestre,
– Anotações Mestras.

40 LÊNIN, A; JUNIOR, M. Microsoft Office 2010. Livro Eletrônico.

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde


você escreve e projeta a sua apresentação.

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2013 englo- Então basta começar a digitar.
ba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conteúdo;
escolher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando Formatar texto
o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de estrutura Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para
e criar efeitos, como transições de slides animados. selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquerdo
Ao iniciarmos o aplicativo Power Point 2016, automaticamente sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão
é exibida uma apresentação em branco, na qual você pode começar pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o bo-
a montar a apresentação. Repare que essa apresentação é montada tão esquerdo.
sem slides adicionais ou formatações, contendo apenas uma caixa Para formatar nossa caixa de texto temos os grupos da guia
de texto com título e subtítulo, sem plano de fundo ou efeito de Página Inicial. O primeiro grupo é a Fonte, podemos através deste
preenchimento. Para dar continuidade ao seu trabalho e criar uma grupo aplicar um tipo de letra, um tamanho, efeitos, cor, etc.
outra apresentação em outro slide, basta clicar em Página Inicial e Fonte: altera o tipo de fonte.
em seguida Novo Slide. Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+N.
Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+I.
Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+S.
Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecio-
nado para destacá-lo no slide.
Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre
caracteres.
Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para
MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/
minúsculas.
Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também
pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+E.
Layout Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode
O layout é o formato que o slide terá na apresentação como ser acionado através do comando Ctrl+G.
títulos, imagens, tabelas, entre outros. Nesse caso, você pode esco- Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicio-
lher entre os vários tipos de layout. nando espaço extra entre as palavras conforme o necessário, pro-
Para escolher qual layout você prefere, faça o seguinte proce- movendo uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita
dimento: da página.
1. Clique em Página Inicial; Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.
2. Após clique em Layout;
3. Em seguida, escolha a opção.

120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Excluir slide
Selecione o slide com um clique e tecle Delete no teclado.

Salvar Arquivo
Para salvar o arquivo, acionar a guia Arquivo e sem sequência, salvar como ou pela tecla de atalho Ctrl + B.

Inserir Figuras
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em um desses botões:
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo.
– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompanham o Microsoft Office.
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comunicar informações visualmente. Esses elementos gráficos variam desde
listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais complexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

Transição de Slides
A Microsoft Office PowerPoint 2016 inclui vários tipos diferentes de transições de slides. Basta clicar no guia transição e escolher a
transição de slide desejada.

Exibir apresentação
Para exibir uma apresentação de slides no Power Point.
1. Clique na guia Apresentação de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides.
2. Clique na opção Do começo ou pressione a tecla F5, para iniciar a apresentação a partir do primeiro slide.
3. Clique na opção Do Slide Atual, ou pressione simultaneamente as teclas SHIFT e F5, para iniciar a apresentação a partir do slide
atual.

Slide mestre
O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas características para toda a apresentação. Ele armazena informações como
plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de transição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por exemplo, na
imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power View, temos apenas um item padronizado em todos os slides que é a numeração
da página no topo direito superior.
Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mestre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada layout
de slide seja configurado de maneira diferente, todos os layouts que estão associados a um determinado slide mestre contêm o mesmo
tema (esquema de cor, fontes e efeitos).
Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida em Slide Mestre.

121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

LibreOffice

O LibreOffice é uma suíte de escritório livre compatível com os principais pacotes de escritório do mercado. O pacote oferece todas as
funções esperadas de uma suíte profissional: editor de textos, planilha, apresentação, editor de desenhos e banco de dados41. Ele é uma
das mais populares suítes de escritório multiplataforma e de código aberto.

O LibreOffice é um pacote de escritório assim como o MS Office42. Embora seja um software livre, pode ser instalado em vários sis-
temas operacionais, como o MS Windows, Mac OS X, Linux e Unix. Ao longo dos anos, passou por várias modificações em seu projeto,
mudando até mesmo de nome, mas mantendo os mesmos aplicativos.

Aplicativos do LibreOffice
Writer: editor de textos.
Exatensão: .odt
Calc: planilhas eletrônicas.
Extensão: .ods
Impress: apresentação de slides.
Extensão: .odp
Draw: edição gráfica de imagens e figuras.
Extensão: .odg
Base: Banco de dados.
Extensão: .odb
Math: fórmulas matemáticas.
Extensão: .odf

ODF (Open Document Format)


Os arquivos do LibreOffice são arquivos de formato aberto e, por isso, pertencem à família de documentos abertos ODF, ou seja, ODF
não é uma extensão, mas sim, uma família de documentos estruturada internamente pela linguagem XML.

LibreOffice Writer
Writer é o editor de textos do LibreOffice. Além dos recursos usuais de um processador de textos (verificação ortográfica, dicionário
de sinônimos, hifenização, autocorreção, localizar e substituir, geração automática de sumários e índices, mala direta e outros), o Writer
fornece importantes características:
- Modelos e estilos;
41 https://www.edivaldobrito.com.br/libreoffice-6-0/
42 FRANCESCHINI, M. LibreOffice – Parte I.

122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
- Métodos de layout de página, incluindo quadros, colunas e tabelas;
- Incorporação ou vinculação de gráficos, planilhas e outros objetos;
- Ferramentas de desenho incluídas;
- Documentos mestre para agrupar uma coleção de documentos em um único documento;
- Controle de alterações durante as revisões;
- Integração de banco de dados, incluindo bancos de dados bibliográficos;
- Exportação para PDF, incluindo marcadores.

Principais Barras de Ferramentas

43

– Barra de Títulos: exibe o nome do documento. Se o usuário não fornecer nome algum, o Writer sugere o nome Sem título 1.
– Barra de Menu: dá acesso a todas as funcionalidades do Writer, categorizando por temas de funcionalidades.
– Barra de ferramentas padrão: está presente em todos os aplicativos do LibreOffice e é igual para todos eles, por isso tem esse nome
“padrão”.
– Barra de ferramentas de formatação: essa barra apresenta as principais funcionalidades de formatação de fonte e parágrafo.
– Barra de Status: oferece informações sobre o documento e atalhos convenientes para rapidamente alterar alguns recursos.

Principais Menus
Os menus organizam o acesso às funcionalidades do aplicativo. Eles são praticamente os mesmos em todos os aplicativos, mas suas
funcionalidades variam de um para outro.

Arquivo
Esse menu trabalha com as funcionalidades de arquivo, tais como:
– Novo: essa funcionalidade cria um novo arquivo do Writer ou de qualquer outro dos aplicativos do LibreOffice;
– Abrir: abre um arquivo do disco local ou removível ou da rede local existente do Writer;
– Abrir Arquivo Remoto: abre um arquivo existente da nuvem, sincronizando todas as alterações remotamente;
– Salvar: salva as alterações do arquivo local desde o último salvamento;
– Salvar Arquivo Remoto: sincroniza as últimas alterações não salvas no arquivo lá na nuvem;
– Salvar como: cria uma cópia do arquivo atual com as alterações realizadas desde o último salvamento;

Para salvar um documento como um arquivo Microsoft Word44:


1. Primeiro salve o documento no formato de arquivo usado pelo LibreOffice (.odt).
Sem isso, qualquer mudança que se tenha feito desde a última vez em que se salvou o documento, somente aparecerá na versão
Microsoft Word do documento.
2. Então escolha Arquivo → Salvar como. No menu Salvar como.
3. No menu da lista suspensa Tipo de arquivo (ou Salvar como tipo), selecione o tipo de formato Word que se precisa. Clique em Salvar.
A partir deste ponto, todas as alterações realizadas se aplicarão somente ao documento
Microsoft Word. Desde feito, a alterado o nome do documento. Se desejar voltar a trabalhar com a versão LibreOffice do documento,
deverá voltar a abri-lo.

43 https://bit.ly/3jRIUme
44 http://coral.ufsm.br/unitilince/images/Tutoriais/manual_libreoffice.pdf

123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Navegador: permite navegar nos vários objetos existentes no
documento, como tabelas, links, notas de rodapé, imagens etc.

(F5);

– Galeria: exibe imagens e figuras que podem ser inseridas no


documento;
– Tela Inteira: suprime as barras de ferramenta e menus (CTR-
L+SHIFT+J).

Inserir
Nesse menu, é possível inserir inúmeros objetos ao texto, tais
como:
– Quebra de página: insere uma quebra de página e o cursor é
posicionado no início da próxima página a partir daquele ponto em
que a quebra foi inserida;
– Quebra manual: permite inserir uma quebra de linha, de co-
luna e de página;
Salvando um arquivo no formato Microsoft Word. – Figura: insere uma imagem de um arquivo;
– Multimídia: insere uma imagem da galeria LibreOffice, uma
– Exportar como PDF: exporta o arquivo atual no formato PDF. imagem digitalizada de um scanner ou vídeo;
Permite definir restrições de edição, inclusive com senha; – Gráfico: cria um gráfico do Calc, com planilha de dados em-
– Enviar: permite enviar o arquivo atual por e-mail no formato. butida no Writer;
odt,.docx,.pdf. Também permite compartilhar o arquivo por blue- – Objeto: insere vários tipos de arquivos, como do Impress e do
tooth; Calc dentre outros;
– Imprimir: permite imprimir o documento em uma impresso- – Forma: cria uma forma geométrica, tipo círculo, retângulo,
ra local ou da rede; losango etc.;
– Assinaturas digitais: assina digitalmente o documento, ga- – Caixa de Texto: insere uma caixa de texto ao documento;
rantindo sua integridade e autenticidade. Qualquer alteração no – Anotação: insere comentários em balões laterais;
documento assinado viola a assinatura, sendo necessário assinar – Hiperlink: insere hiperlink ou link para um endereço da in-
novamente. ternet ou um servidor FTP, para um endereço de e-mail, para um
documento existente ou para um novo documento (CTRL+K);
Editar – Indicador: insere um marcador ao documento para rápida
Esse menu possui funcionalidades de edição de conteúdo, tais localização posteriormente;
como: – Seção: insere uma quebra de seção, dividindo o documento
– Desfazer: desfaz a(s) última(s) ação(ões); em partes separadas com formatações independentes;
– Refazer: refaz a última ação desfeita; – Referências: insere referência a indicadores, capítulos, títu-
– Repetir: repete a última ação; los, parágrafos numerados do documento atual;
– Copiar: copia o item selecionado para a área de transferência; – Caractere Especial: insere aqueles caracteres que você não
– Recortar: recorta ou move o item selecionado para a área de encontra no teclado do computador, tais como ©, ≥, ∞;
transferência; – Número de Página: insere numeração nas páginas na posição
– Colar: cola o item da área de transferência; atual do cursor;
– Colar Especial: cola o item da área de transferência permitin- – Campo: insere campos de numeração de página, data, hora,
do escolher o formado de destino do conteúdo colado; título, autor, assunto;
– Selecionar Tudo: seleciona todo o documento; – Cabeçalho e Rodapé: insere cabeçalho e rodapé ao docu-
– Localizar: localiza um termo no documento; mento;
– Localizar e Substituir: localiza e substitui um termo do docu-
mento por outro fornecido; Formatar
– Ir para a página: permite navegar para uma página do docu- Esse menu trabalha com a formatação de fonte, parágrafo, pá-
mento. gina, formas e figuras;
– Texto: formata a fonte do texto;
Exibir Pode-se aplicar vários formatos de caracteres usando os botões
Esse outro menu define as várias formas que o documento é da barra de ferramentas Formatação.
exibido na tela do computador. Principais funcionalidades:
– Normal: modo de exibição padrão como o documento será
exibido em uma página;
– Web: exibe o documento como se fosse uma página web
num navegador;
– Marcas de Formatação: exibe os caracteres não imprimíveis,
como os de quebra de linha, de parágrafo, de seção, tabulação e es-
paço. Tais caracteres são exibidos apenas na tela, não são impressas
no papel (CTRL+F10);

124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de Formatação, mostrando ícones para formatação de caracteres.

– Espaçamento: formata o espaçamento entre as linhas, entre os parágrafos e também o recuo do parágrafo. A
– Alinhar: alinha o parágrafo uniformemente em relação às margens.
Pode-se aplicar vários formatos para parágrafos usando os botões na barra de ferramentas Formatação.

Ícones para formatação de parágrafos.

– Listas: transforma os parágrafos em estrutura de tópicos com marcadores ou numeração.


– Clonar Formatação: essa ferramenta é chamada de “pincel de formatação” no MS Word e faz a mesma função, ou seja, clona a
formatação de um item selecionado e a aplica a outro ;

– Limpar Formatação Direta: limpa a formatação do texto selecionado, deixando a formatação original do modelo do documento;
Nessa janela, é possível formatar o tipo de fonte, o estilo de formatação (negrito, itálico, regular), o efeito de formatação (tachado, su-
blinhado, sombra etc.), a posição do texto (sobrescrito, subscrito, rotação, espaçamento entre as letras do texto), inserir hiperlink, aplicar
realce (cor de fundo do texto) e bordas;
– Caractere...: diferentemente do MS Word, o Write chama a fonte de caractere.
Nessa janela, é possível formatar o tipo de fonte, o estilo de formatação (negrito, itálico, regular), o efeito de formatação (tachado, su-
blinhado, sombra etc.), a posição do texto (sobrescrito, subscrito, rotação, espaçamento entre as letras do texto), inserir hiperlink, aplicar
realce (cor de fundo do texto) e bordas;
– Parágrafo...: abre a caixa de diálogo de formatação de parágrafo.
– Marcadores e Numeração: abre a caixa de diálogo de formatação de marcadores e de numeração numa mesma janela. Perceba
que a mesma função de formatação já foi vista por meio dos botões de formatação. Essa mesma formatação é encontrada aqui na caixa
de diálogo de marcadores e numeração;
– Página...: abre a caixa de diálogo de formatação de páginas. Aqui, encontramos a orientação do papel, que é se o papel é horizontal
(paisagem) ou vertical (retrato);
– Figura: formata figuras inseridas ao texto;
– Caixa de Texto e Forma: formata caixas de texto e formas inseridas no documento;
– Disposição do Texto: define a disposição que os objetos como imagens, formas e figuras ficarão em relação ao texto.
– Estilos: esse menu trabalha com estilos do texto. Estilos são o conjunto de formatação de fonte, parágrafo, bordas, alinhamento,
numeração e marcadores aplicados em conjunto. Existem estilos predefinidos, mas é possível também criar estilos e nomeá-los. Também
é possível editar os estilos existentes. Os estilos são usados na criação dos sumários automáticos.

Tabelas
Esse menu trabalha com tabelas. As tabelas são inseridas por aqui, no menu Tabelas. As seguintes funcionalidades são encontradas
nesse menu:
– Inserir Tabela: insere uma tabela ao texto;
– Inserir: insere linha, coluna e célula à tabela existente;
– Excluir: exclui linha, coluna e tabela;
– Selecionar: seleciona célula, linha, coluna e tabela;

125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Mesclar: mescla as células adjacentes de uma tabela, transformando-as em uma única tabela. Atenção! O conteúdo de todas as
células é preservado;
– Converter: converte texto em tabela ou tabela em texto;
– Fórmulas: insere fórmulas matemáticas na célula da tabela, tais como soma, multiplicação, média, contagem etc.

Ferramentas
Esse menu trabalha com diversas ferramentas, tais como:
– Ortografia e Gramática: essa ferramenta aciona o corretor ortográfico para fazer a verificação de ocorrências de erros em todo o
documento. Ela corrige por alguma sugestão do dicionário, permite inserir novos termos ao dicionário ou apenas ignora as ocorrências
daquele erro (F7);

– Verificação Ortográfica Automática: marca automaticamente com um sublinhado ondulado vermelho as palavras que possuem
erros ortográficos ou que não pertencem ao dicionário (SHIFT+F7);

– Dicionário de Sinônimos: apresenta sinônimos e antônimos da palavra selecionada;


– Idioma: define o idioma do corretor ortográfico;
– Contagem de palavras: faz uma estatística do documento, contando a quantidade de caracteres, palavras, linhas, parágrafos e pá-
ginas;
– Autocorreção: substitui automaticamente uma palavra ou termo do texto por outra. O usuário define quais termos serão substitu-
ídos;
– Autotexto: insere automaticamente um texto por meio de atalhos, por exemplo, um tipo de saudação ou finalização do documento;

– Mala Direta: cria uma mala direta, que é uma correspondência endereçada a vários destinatários. É formada por uma correspon-
dência (carta, mensagem de e-mail, envelope ou etiqueta) e por uma lista de destinatários (tabela, planilha, banco de dados ou catálogo
de endereços contendo os dados dos destinatários).

Principais teclas de atalho


CTRL+A: selecionar todo o documento (all).
CTR+B: negritar (bold).
CTRL+C: copiar.
CTRL+D: sublinhar.
CTRL+E: centralizar alinhamento.
CTRL+F: localizar texto (find).
CTRL+G: sem ação.
CTRL+H: localizar e substituir.
CTRL+I: itálico.
CTRL+J: justificar.
CTRL+K: adicionar hiperlink.
CTRL+L: alinhar à esquerda (left).
CTRL+M: limpar formatação.
CTRL+N: novo documento (new).
CTRL+ O: abrir documento existente (open).
CTRL+P: imprimir (print).
CTRL+Q: fechar o aplicativo Writer.
CTRL+R: alinhar à direita (right).
CTRL+S: salvar o documento (save).
CTRL+T: sem ação.
CTRL+U: sublinhar.
CTRL+V: colar.
CTRL+X: recortar.
CTRL+W: fechar o arquivo.
CTRL+Y: refazer última ação.
CTRL+Z: desfazer última ação.

LibreOffice Calc
O Calc é o aplicativo de planilhas eletrônicas do LibreOffice. Assim como o MS Excel, ele trabalha com células e fórmulas.
Outras funcionalidades oferecidas pelo Calc incluem45:
– Funções, que podem ser utilizadas para criar fórmulas para executar cálculos complexos;
– Funções de banco de dados, para organizar, armazenas e filtrar dados;
– Gráficos dinâmicos; um grande número de opções de gráficos em 2D e 3D;
– Macros, para a gravação e execução de tarefas repetitivas; as linguagens de script suportadas incluem LibreOffice Basic, Python,
BeanShell, e JavaScript;
45 WEBER, J. H., SCHOFIELD, P., MICHEL, D., RUSSMAN, H., JR, R. F., SAFFRON, M., SMITH, J. A. Introdução ao Calc. Planilhas de Cálculo no LibreO-
ffice

126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Capacidade de abrir, editar e salvar planilhas no formato Microsoft Excel;
– Importação e exportação de planilhas em vários formatos, incluindo HTML, CSV, PDF e PostScript.

Planilhas e células
O Calc trabalha como elementos chamados de planilhas. Um arquivo de planilha consiste em várias planilhas individuais, cada uma
delas contendo células em linhas e colunas. Uma célula particular é identificada pela letra da sua coluna e pelo número da sua linha.
As células guardam elementos individuais – texto, números, fórmulas, e assim por diante – que mascaram os dados que exibem e
manipulam.
Cada arquivo de planilha pode ter muitas planilhas, e cada uma delas pode conter muitas células individuais. No Calc, cada planilha
pode conter um máximo de 1.048.576 linhas e 1024 colunas.

Janela principal
Quando o Calc é aberto, a janela principal abre. As partes dessa janela estão descritas a seguir.

Janela principal do Calc e suas partes, sem a Barra lateral.

Principais Botões de Comandos

Assistente de Função: auxilia o usuário na criação de uma função. Organiza as funções por categoria.

Autossoma: insere a função soma automaticamente na célula.

Formatação de porcentagem: multiplica o número por 100 e coloca o sinal de porcentagem ao final dele.

Formatação de número: separa os milhares e acrescenta casas decimais (CTRL+SHIFT+1).

Formatação de data: formata a célula em formato de data (CTRL+SHIFT+3).

Adiciona casas decimais.

Diminui casas decimais.

Filtro: exibe apenas as linhas que satisfazem o critério do filtro da coluna.

Insere gráfico para ilustrar o comportamento dos dados tabulados.

127
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ordena as linhas em ordem crescente ou decrescente. Pode ser aplicada em várias colunas.

Mesclar e centralizar células: transforma duas ou mais células adjacentes em uma única célula.

Alinhar em cima: alinha o conteúdo da célula na parte superior dela.

Centralizar verticalmente: alinha o conteúdo da célula ao centro verticalmente.

Alinhar embaixo: alinha o conteúdo da célula na parte inferior dela.

Congelar linhas e colunas: fixa a exibição da primeira linha ou da primeira coluna ou ainda permite congelar as linhas
acima e as colunas à esquerda da célula selecionada. Não é proteção de células, pois o conteúdo das mesmas ainda pode ser
alterado.

Insere linha acima da linha atual.

Insere linha abaixo da linha atual.

Exclui linhas selecionadas.

Insere coluna à esquerda.

Insere coluna à direita.

Exclui colunas selecionadas.

Barra de título
A barra de título, localizada no alto da tela, mostra o nome da planilha atual. Quando a planilha for recém-criada, seu nome é Sem
título X, onde X é um número. Quando a planilha é salva pela primeira vez, você é solicitado a dar um nome de sua escolha.

Barra de Menu
A Barra de menu é onde você seleciona um dos menus e aparecem vários submenus com mais opções.
– Arquivo: contém os comandos que se aplicam a todo o documento, como Abrir, Salvar, Assistentes, Exportar como PDF, Imprimir,
Assinaturas Digitais e assim por diante.
– Editar: contém os comandos para a edição do documento, tais como Desfazer, Copiar, Registrar alterações, Preencher, Plug-in e
assim por diante.
– Exibir: contém comandos para modificar a aparência da interface do usuário no Calc, por exemplo Barra de ferramentas, Cabeçalhos
de linhas e colunas, Tela Inteira, Zoom e assim por diante.
– Inserir: contém comandos para inserção de elementos em uma planilha; por exemplo, Células, Linhas, Colunas, Planilha, Figuras e
assim por diante.

Inserir novas planilhas


Clique no ícone Adicionar planilha para inserir uma nova planilha após a última sem abrir a caixa de diálogo Inserir planilha. Os se-
guintes métodos abrem a caixa de diálogo Inserir planilha onde é possível posicionar a nova planilha, criar mais que uma planilha, definir
o nome da nova planilha, ou selecionar a planilha de um arquivo.
– Selecione a planilha onde deseja inserir uma nova e vá no menu Inserir > Planilha; ou
– Clique com o botão direito do mouse na aba da planilha onde você deseja inserir uma nova e selecione Inserir planilha no menu de
contexto; ou
– Clique no espaço vazio no final das abas das planilhas; ou
– Clique com o botão direito do mouse no espaço vazio no final das abas das planilhas e selecione Inserir planilha no menu de con-
texto.

128
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Caixa de diálogo Inserir planilha.

– Formatar: contém comandos para modificar o leiaute de uma planilha; por exemplo,
Células, Página, Estilos e formatação, Alinhamento e assim por diante.
– Ferramentas: contém várias funções que auxiliam a verificar e personalizar a planilha, por exemplo, Ortografia, Compartilhar docu-
mento, Macros e assim por diante.
– Dados: contém comandos para manipulação de dados em sua planilha; por exemplo, Definir intervalo, Selecionar intervalo, Classi-
ficar, Consolidar e assim por diante.
– Janela: contém comandos para exibição da janela; por exemplo, Nova janela, Dividir e assim por diante.
– Ajuda: contém links para o sistema de ajuda incluído com o software e outras funções; por exemplo, Ajuda do LibreOffice, Informa-
ções da licença, Verificar por atualizações e assim por diante.

Barra de ferramentas
A configuração padrão, ao abrir o Calc, exibe as barras de ferramentas Padrão e Formatação encaixadas no topo do espaço de trabalho.
Barras de ferramentas do Calc também podem ser encaixadas e fixadas no lugar, ou flutuante, permitindo que você mova para a po-
sição mais conveniente em seu espaço de trabalho.

Barra de fórmulas
A Barra de fórmulas está localizada no topo da planilha no Calc. A Barra de fórmulas está encaixada permanentemente nesta posição
e não pode ser usada como uma barra flutuante. Se a Barra de fórmulas não estiver visível, vá para Exibir no Menu e selecione Barra de
fórmulas.

Barra de fórmulas.

Indo da esquerda para a direita, a Barra de Fórmulas consiste do seguinte:


– Caixa de Nome: mostra a célula ativa através de uma referência formada pela combinação de letras e números, por exemplo, A1. A
letra indica a coluna e o número indica a linha da célula selecionada.

– Assistente de funções : abre uma caixa de diálogo, na qual você pode realizar uma busca através da lista de funções disponí-
veis. Isto pode ser muito útil porque também mostra como as funções são formadas.

– Soma : clicando no ícone Soma, totaliza os números nas células acima da célula e então coloca o total na célula selecionada. Se
não houver números acima da célula selecionada, a soma será feita pelos valores das células à esquerda.

– Função : clicar no ícone Função insere um sinal de (=) na célula selecionada, de maneira que seja inserida uma fórmula na Linha
de entrada.

– Linha de entrada: exibe o conteúdo da célula selecionada (dados, fórmula, ou função) e permite que você edite o conteúdo da célu-
la. Você pode editar o conteúdo da célula diretamente, clicando duas vezes nela. Quando você digita novos dados numa célula, os ícones
de Soma e de Função mudam para os botões Cancelar e Aceitar .

129
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Operadores aritméticos

Operadores aritméticos.

Operadores aritméticos.

Operadores comparativos

Operadores comparativos.

• Principais fórmulas
=HOJE(): insere a data atual do sistema operacional na célula. Essa data sempre será atualizada toda vez que o arquivo for aberto.
Existe uma tecla de atalho que também insere a data atual do sistema, mas não como função, apenas a data como se fosse digitada pelo
usuário. Essa tecla de atalho é CTRL+;.
=AGORA(): insere a data e a hora atuais do sistema operacional. Veja como é seu resultado após digitada na célula.

=SOMA(): apenas soma os argumentos que estão dentro dos parênteses.


=POTÊNCIA(): essa função é uma potência, que eleva o primeiro argumento, que é a base, ao segundo argumento, que é o expoente.
=MÁXIMO(): essa função escolhe o maior valor do argumento.
=MÍNIMO(): essa função faz exatamente o contrário da anterior, ou seja, escolhe o menor valor do argumento.
=MÉDIA(): essa função calcula a média aritmética ou média simples do argumento, que é a soma dos valores dividida pela sua quan-
tidade.
Atenção! Essa função será sempre a média aritmética. Essa função considera apenas valores numéricos e não vazios.
=CONT.SE(): essa função é formada por dois argumentos: o primeiro é o intervalo de células que serão consideradas na operação; o
segundo é o critério.
=SE(): essa função testa valores, permitindo escolher um dentre dois valores possíveis. A sua estrutura é a seguinte:

A condição é uma expressão lógica e dá como resultado VERDADEIRO ou FALSO. O resultado1 é escolhido se a condição for verdadeira;
o resultado2 é escolhido se a condição for falsa. Os resultados podem ser: “texto” (entre aspas sempre), número, célula (não pode inter-
valo, apenas uma única célula), fórmula.
A melhor forma de ler essa função é a seguinte: substitua o primeiro “;” por “Então” e o segundo “;” por “Senão”. Fica assim: se a
condição for VERDADEIRA, ENTÃO escolha resultado1; SENÃO escolha resultado2.

130
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
=PROCV(): a função PROCV serve para procurar valores em um intervalo vertical de uma matriz e devolve para o usuário um valor de
outra coluna dessa mesma matriz, mas da mesma linha do valor encontrado.

Essa é a estrutura do PROCV, na qual “valor” é o valor usado na pesquisa; “matriz” é todo o conjunto de células envolvidas; “coluna_re-
sultado” é o número da coluna dessa matriz onde o resultado se encontra; “valor_aproximado” diz se a comparação do valor da pesquisa
será apenas aproximada ou terá que ser exatamente igual ao procurado. O valor usado na pesquisa tem que estar na primeira coluna da
matriz, sempre! Ou seja, ela procurará o valor pesquisado na primeira coluna da matriz.

Entendendo funções
Calc inclui mais de 350 funções para analisar e referenciar dados46. Muitas destas funções são para usar com números, mas muitos
outros são usados com datas e hora, ou até mesmo texto.
Uma função pode ser tão simples quanto adicionar dois números, ou encontrar a média de uma lista de números. Alternativamente,
pode ser tão complexo como o cálculo do desvio-padrão de uma amostra, ou a tangente hiperbólica de um número.
Algumas funções básicas são semelhantes aos operadores. Exemplos:
+ Este operador adiciona dois números juntos para um resultado. SOMA(), por outro lado adiciona grupos de intervalos contíguos de
números juntos.
* Este operador multiplica dois números juntos para um resultado. MULT() faz o mesmo para multiplicar que SOMA() faz para adicionar

Estrutura de funções
Todas as funções têm uma estrutura similar.
A estrutura de uma função para encontrar células que correspondam a entrada de critérios é:
=BDCONTAR(Base_de_dados;Campo_de_Base_de_dados;CritériosdeProcura)
Uma vez que uma função não pode existir por conta própria, deve sempre fazer parte de uma fórmula. Consequentemente, mesmo
que a função represente a fórmula inteira, deve haver um sinal = no começo da fórmula. Independentemente de onde na fórmula está a
função, a função começará com seu nome, como BDCONTAR no exemplo acima. Após o nome da função vem os seus argumentos. Todos
os argumentos são necessários, a menos que especificados como opcional. Argumentos são adicionados dentro de parênteses e são sepa-
rados por ponto e vírgula, sem espaço entre os argumentos e o ponto e vírgula.

LibreOffice Impress
O Impress é o aplicativo de apresentação de slides do LibreOffice. Com ele é possível criar slides que contenham vários elementos
diferentes, incluindo texto, listas com marcadores e numeração, tabelas, gráficos e uma vasta gama de objetos gráficos tais como clipart,
desenhos e fotografias47.
O Impress também é compatível com o MS PowerPoint, permitindo criar, abrir, editar e salvar arquivos no formato.PPTX.

Janela principal do Impress


A janela principal do Impress tem três partes: o Painel de slides, Área de trabalho, e Painel lateral. Além disso, várias barras de ferra-
mentas podem ser exibidas ou ocultas durante a criação de uma apresentação.

Área de trabalho
A Área de trabalho (normalmente no centro da janela principal) tem cinco abas: Normal, Estrutura de tópicos, Notas, Folheto e Clas-
sificador de slides. Estas cinco abas são chamadas de botões de visualização A área de trabalho abaixo da visualização de botões muda
dependendo da visualização escolhida. Os pontos de vista de espaço de trabalho são descritos em “Visualização da Área de trabalho”’.

46 Duprey, B.; Silva, R. P.; Parker, H.; Vigliazzi, D. Douglas. Guia do Calc, Capítulo 7. Usando Formulas e Funções.
47 SCHOFIELD, P.; WEBER, J. H.; RUSSMAN, H.; O’BRIEN, K.; JR, R. F. Introdução ao Impress. Apresentação no LibreOffice

131
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Janela principal do Impress; ovais indicam os marcadores Ocultar/Exibir.

Painel de slides
O Painel de slides contém imagens em miniaturas dos slides em sua apresentação, na ordem em que serão mostradas, a menos que
você altere a ordem de apresentação de slides. Clicando em um slide neste painel, este é selecionado e colocado na Área e trabalho. Quan-
do um slide está na Área de trabalho, você pode fazer alterações nele.
Várias operações adicionais podem ser realizadas em um ou mais slides simultaneamente no Painel de slides:
– Adicionar novos slides para a apresentação.
– Marcar um slide como oculto para que ele não seja exibido como parte da apresentação.
– Excluir um slide da apresentação se ele não for mais necessário.
– Renomear um slide.
– Duplicar um slide (copiar e colar)

Também é possível realizar as seguintes operações, embora existam métodos mais eficientes do que usar o Painel de slides:
– Alterar a transição de slides seguindo o slide selecionado ou após cada slide em um grupo de slides.
– Alterar o design de slide.

Barra lateral
O Barra lateral tem cinco seções. Para expandir uma seção que você deseja usar, clique no ícone ou clique no pequeno triângulo na
parte superior dos ícones e selecione uma seção da lista suspensa. Somente uma seção de cada vez pode ser aberta.

PROPRIEDADES

Mostra os layouts incluídos no Impress. Você pode escolher o que você quer e usá-lo como ele é, ou modificá-lo para atender às
suas necessidades. No entanto, não é possível salvar layouts personalizados.

PÁGINAS MESTRE

Aqui você define o estilo de página (slide) para sua apresentação. O Impress inclui vários modelos de páginas mestras (slide mestre).
Um deles – Padrão – é branco, e o restante tem um plano de fundo e estilo de texto.

ANIMAÇÃO PERSONALIZADA

Uma variedade de animações podem ser usadas para realçar ou melhorar diferentes elementos de cada slide. A seção Animação
personalizada fornece uma maneira fácil para adicionar, alterar, ou remover animações.

TRANSIÇÃO DE SLIDES

132
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fornece acesso a um número de opções de transição de slides. O padrão é definido como Sem transição, em que o slide seguinte
substitui o existente. No entanto, muitas transições adicionais estão disponíveis. Você também pode especificar a velocidade de tran-
sição (Lenta, Média, Rápida), escolher entre uma transição automática ou manual, e escolher quanto tempo o slide selecionado será
mostrado (somente transição automática).

ESTILOS E FORMATAÇÃO

Aqui você pode editar e aplicar estilos gráficos e criar estilos novos, mas você só pode editar os estilos de apresentação existentes.
Quando você edita um estilo, as alterações são aplicadas automaticamente a todos os elementos formatados com este estilo em sua
apresentação. Se você quiser garantir que os estilos em um slide específico não sejam atualizados, crie uma nova página mestra para o
slide.

GALERIA

Abre a galeria Impress, onde você pode inserir um objeto em sua apresentação, quer seja como uma cópia ou como um link. Uma
cópia de um objeto é independente do objeto original. Alterações para o objeto original não têm efeito sobre a cópia. Uma ligação per-
manece dependente do objeto original. Alterações no objeto original também são refletidas no link.

NAVEGADOR

Abre o navegador Impress, no qual você pode mover rapidamente para outro slide ou selecionar um objeto em um slide. Recomen-
da-se dar nomes significativos aos slides e objetos em sua apresentação para que você possa identificá-los facilmente quando utilizar a
navegação.

• Principais Funcionalidades e Comandos

Inicia a apresentação do primeiro slide (F5).

Inicia a apresentação do slide atual (SHIFT+F5).

Insere áudio e vídeo ao slide.

Insere caixa de texto ao slide.

Insere novo slide, permitindo escolher o leiaute do slide que será inserido.

Exclui o slide selecionado.

Altera o leiaute do slide atual.

Cria um slide mestre.

Oculta o slide no modo de apresentação.

Cronometra o tempo das animações e transições dos slides no modo de apresentação para posterior exibição automática usando
o tempo cronometrado.

Configura as transições dos slides, ou seja, o efeito de passagem de um para o outro.

Configura a animação dos conteúdos dos slides, colocando efeitos de entrada, ênfase, saída e trajetória.

133
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No modelo cliente-servidor, um processo cliente em uma má-
REDE DE COMPUTADORES: CONCEITOS BÁSICOS; quina se comunica com um processo servidor na outra máquina.
FERRAMENTAS; APLICATIVOS O termo processo se refere a um programa em execução.
Uma máquina pode rodar vários processos clientes e servido-
Uma rede de computadores é formada por um conjunto de res simultaneamente.
módulos processadores capazes de trocar informações e comparti-
lhar recursos, interligados por um sistema de comunicação (meios Equipamentos de redes
de transmissão e protocolos)48. Existem diversos equipamentos que podem ser utilizados nas
redes de computadores49. Alguns são:
– Modem (Modulador/Demodulador): é um dispositivo de
hardware físico que funciona para receber dados de um provedor
de serviços de internet através de um meio de conexão como cabos,
fios ou fibra óptica. .Cconverte/modula o sinal digital em sinal ana-
lógico e transmite por fios, do outro lado, deve ter outro modem
para receber o sinal analógico e demodular, ou seja, converter em
sinal digital, para que o computador possa trabalhar com os dados.
Em alguns tipos, a transmissão já é feita enviando os próprios si-
nais digitais, não precisando usar os modens, porém, quando se
transmite sinais através da linha telefônica é necessário o uso dos
modems.
– Placa de rede: possui a mesma tarefa dos modens, porém,
somente com sinais digitais, ou seja, é o hardware que permite os
As redes de computadores possuem diversas aplicações co- computadores se comunicarem através da rede. A função da placa
merciais e domésticas. é controlar todo o recebimento e envio dos dados através da rede.
– Hub: atuam como concentradores de sinais, retransmitindo
As aplicações comerciais proporcionam: os dados enviados às máquinas ligadas a ele, ou seja, o hub tem a
– Compartilhamento de recursos: impressoras, licenças de sof- função de interligar os computadores de uma rede local, recebendo
tware, etc. dados de um computador e transmitindo à todos os computadores
– Maior confiabilidade por meio de replicação de fontes de da- da rede local.
dos – Switch: semelhante ao hub – também chamado de hub in-
– Economia de dinheiro: telefonia IP (VoIP), vídeo conferência, teligente - verifica os cabeçalhos das mensagens e a retransmite
etc. somente para a máquina correspondente, criando um canal de co-
– Meio de comunicação eficiente entre os empregados da em- municação exclusiva entre origem e destino.
presa: e-mail, redes sociais, etc. – Roteador: ao invés de ser conectado às máquinas, está co-
– Comércio eletrônico. nectado às redes. Além de possuir as mesmas funções do switch,
possui a capacidade de escolher a melhor rota que um determinado
As aplicações domésticas proporcionam: pacote de dados deve seguir para chegar a seu destino. Podemos
– Acesso a informações remotas: jornais, bibliotecas digitais, citar como exemplo uma cidade grande e o roteador escolhe o ca-
etc. minho mais curto e menos congestionado.
– Comunicação entre as pessoas: Twitter, Facebook, Instagram, – Access Point (Ponto de acesso – AP): similar ao hub, oferece
etc. sinais de rede em formas de rádio, ou seja, o AP é conectado a uma
– Entretenimento interativo: distribuição de músicas, filmes, rede cabeada e serve de ponto de acesso a rede sem fio.
etc.
– Comércio eletrônico. Meios de transmissão
– Jogos. Existem várias formas de transmitir bits de uma máquina para
outra através de meios de transmissão, com diferenças em termos
Modelo Cliente-Servidor de largura de banda, atraso, custo e facilidade de instalação e ma-
Uma configuração muito comum em redes de computadores nutenção. Existem dois tipos de meios de transmissão: guiados e
emprega o modelo cliente-servidor O cliente solicita o recurso ao não guiados:
servidor: – Meios de transmissão guiados: os cabos de par trançado,
cabo coaxial e fibra ótica;
– Meios de transmissão não guiados: as redes terrestres sem
fios, satélites e raios laser transmitidos pelo ar.

48 NASCIMENTO, E. J. Rede de Computadores. Universidade Federal do


Vale do São Francisco. 49 http://www.inf.ufpr.br/albini/apostila/Apostila_Redes1_Beta.pdf

134
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Fibras óticas
A fibra ótica é formada pelo núcleo, vestimenta e jaqueta, o
centro é chamado de núcleo e a próxima camada é a vestimenta,
tanto o núcleo quanto a vestimenta consistem em fibras de vidro
com diferentes índices de refração cobertas por uma jaqueta pro-
tetora que absorve a luz. A fibra de vidro possui forma cilíndrica,
flexível e capaz de conduzir um raio ótico. Estas fibras óticas são
agrupadas em um cabo ótico, e podem ser colocadas várias fibras
no mesmo cabo.
Nas fibras óticas, um pulso de luz indica um bit e a ausência de
luz indica zero bit. Para conseguir transmitir informações através da
fibra ótica, é necessário conectar uma fonte de luz em uma ponta
da fibra ótica e um detector na outra ponta, assim, a ponta que vai
transmitir converte o sinal elétrico e o transmite por pulsos de luz, a
ponta que vai receber deve converter a saída para um sinal elétrico.
50
As fibras óticas possuem quatro características que a diferem
dos cabos de par traçado e coaxial, que são:
Cabos de pares trançado – Maior capacidade: possui largura de banda imensa com ve-
Os pares trançados são o meio de transmissão mais antigo locidade de dados de centenas de Gbps por distâncias de dezenas
e ainda mais comum em virtude do custo e desempenho obtido. de quilômetros;
Consiste em dois fios de cobre encapados e entrelaçados. Este en- – Menor tamanho e menor peso: são muito finas e por isso,
trelaçado cancela as ondas de diferentes partes dos fios diminuin- pesam pouco, desta forma, reduz os requisitos de suporte estru-
do a interferência. Os pares trançados são comuns em sistemas tural;
telefônicos, que é usado tanto para chamadas telefônicas quanto – Menor atenuação: possui menor atenuação comparando
para o acesso à internet por ADSL, estes pares podem se estender com os cabos de par trançado e coaxial, por isso, é constante em
por diversos quilômetros, porém, quando a distância for muito lon- um intervalo de frequência maior;
ga, existe a necessidade de repetidores. E quando há muitos pa- – Isolamento eletromagnético: as fibras óticas não sofrem in-
res trançados em paralelo percorrendo uma distância grande, são terferências externas, à ruído de impulso ou à linha cruzada, e estas
envoltos por uma capa protetora. Existem dois tipos básico deste fibras também não irradiam energia.
cabo, que são: Esse sistema das fibras óticas funciona somente por um princí-
– UTP (Unshielded Twisted Pair – Par trançado sem blinda- pio da física: quando um raio de luz passa de um meio para outro, o
gem): utilizado em redes de baixo custo, possui fácil manuseio e raio é refratado no limite sílica/ar. A quantidade de refração depen-
instalação e podem atingir até 100 Mbps na taxa de transmissão de das propriedades das duas mídias (índices de refração). Para ân-
(utilizando as especificações 5 e 5e). gulos de incidência acima de um certo valor crítico ou acima é inter-
– STP (Shielded Twisted Pair – Par trançado com blindagem): ceptado dentro da fibra e pode se propagar por muitos quilômetros
possui uma utilização restrita devido ao seu custo alto, por isso, é praticamente sem perdas. Podemos classificar as fibras óticas em:
utilizado somente em ambientes com alto nível de interferência ele- – Monomodo: se o diâmetro da fibra for reduzido a alguns
tromagnética. Existem dois tipos de STP: comprimentos de onda, a luz só poderá se propagar em linha reta,
1- Blindagem simples: todos os pares são protegidos por uma sem ricochetear, produzindo assim, uma fibra de modo único (fibra
camada de blindagem. monomodo). Estas fibras são mais caras, porém amplamente utili-
2- Blindagem par a par: cada par de fios é protegido por uma zadas em distâncias mais longas podendo transmitir dados a 100
camada de blindagem. Gbps por 100 quilômetros sem amplificação.
– Multimodo: se o raio de luz incidente na fronteira acima do
Cabo coaxial ângulo critico for refletido internamente, muitos raios distintos es-
O cabo coaxial consiste em um fio condutor interno envolto por tarão ricocheteando em diferentes ângulos. Dizemos que cada raio
anéis isolantes regularmente espaçados e cercado por um condutor tem um modo específico, desta forma, na fibra multimodo, os raios
cilíndrico coberto por uma malha. O cabo coaxial é mais resistente à são ricocheteados em diferentes ângulos
interferência e linha cruzada do que os cabos de par trançado, além
de poder ser usado em distâncias maiores e com mais estações. Tipos de Redes
Assim, o cabo coaxial oferece mais capacidade, porém, é mais caro
do que o cabo de par trançado blindado. Redes Locais
Os cabos coaxiais eram usados no sistema telefônico para lon- As redes locais (LAN - Local Area Networks) são normalmen-
gas distância, porém, foram substituídos por fibras óticas. Estes ca- te redes privativas que permitem a interconexão de equipamentos
bos estão sendo usados pelas redes de televisão a cabo e em redes presentes em uma pequena região (um prédio ou uma universidade
metropolitanas. ou que tenha poucos quilômetros de extensão).
As LANs podem ser cabeadas, sem fio ou mistas.
Atualmente as LANs cabeadas mais usadas usam o padrão IEEE
802.3
Para melhorar a eficiência, cada computador é ligado por um
cabo a uma porta de um comutador (switch).

50 Fonte: http://eletronicaapolo.com.br/novidades/o-que-e-o-ca-
bo-de-rede-par-trancado

135
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo de rede WAN.53


Exemplo de rede LAN.51
Nos enlaces de longa distância em redes WAN são usadas tec-
nologias que permitem o tráfego de grandes volumes de dados:
Dependendo do cabeamento e tecnologia usados, essas redes
SONET, SDH, etc.
atingem velocidades de 100Mbps, 1Gbps ou até 10Gbps.
Quando não há cabos, satélites podem ser utilizados em parte
Com a preferência do consumidor por notebooks, as LANs sem
dos enlaces.
fio ficaram bastante populares. O padrão mais utilizado é o IEEE
A sub-rede é em geral operada por uma grande empresa de
802.11 conhecido como Wi-Fi. A versão mais recente, o 802.11n,
telecomunicações conhecida como provedor de serviço de Internet
permite alcançar velocidades da ordem de 300Mbps.
(ISP - Internet Service Provider).
LANs sem fio são geralmente interligadas à rede cabeada atra-
vés de um ponto de acesso.
Topologia de redes
A topologia de rede é o padrão no qual o meio de rede está
• Redes Metropolitanas
conectado aos computadores e outros componentes de rede54. Es-
Uma rede metropolitana (MAN - Metropolitan Area Network)
sencialmente, é a estrutura topológica da rede, e pode ser descrito
é basicamente uma grande versão de uma LAN onde a distância
fisicamente ou logicamente.
entre os equipamentos ligados à rede começa a atingir distâncias
Há várias formas nas quais se pode organizar a interligação en-
metropolitanas (uma cidade).
tre cada um dos nós (computadores) da rede. A topologia física é
Exemplos de MANs são as redes de TV a cabo e as redes IEEE
a verdadeira aparência ou layout da rede, enquanto que a lógica
802.16 (WiMAX).
descreve o fluxo dos dados através da rede.
Existem duas categorias básicas de topologias de rede:
– Topologia física: representa como as redes estão conectadas
(layout físico) e o meio de conexão dos dispositivos de redes (nós
ou nodos). A forma com que os cabos são conectados, e que gene-
ricamente chamamos de topologia da rede (física), influencia em
diversos pontos considerados críticos, como a flexibilidade, veloci-
dade e segurança.
– Topologia lógica: refere-se à maneira como os sinais agem so-
bre os meios de rede, ou a maneira como os dados são transmitidos
através da rede a partir de um dispositivo para o outro sem ter em
conta a interligação física dos dispositivos. Topologias lógicas são
capazes de serem reconfiguradas dinamicamente por tipos espe-
ciais de equipamentos como roteadores e switches.

Topologia Barramento
Todos os computadores são ligados em um mesmo barramento
Exemplo de rede WAN. 52
físico de dados. Apesar de os dados não passarem por dentro de
cada um dos nós, apenas uma máquina pode “escrever” no barra-
• Redes a Longas Distâncias
mento num dado momento. Todas as outras “escutam” e recolhem
Uma rede a longas distâncias (WAN - Wide Area Network) é
para si os dados destinados a elas. Quando um computador estiver
uma rede que cobre uma área geográfica grande, usualmente um
a transmitir um sinal, toda a rede fica ocupada e se outro computa-
país ou continente. Os hospedeiros da rede são conectados por uma
dor tentar enviar outro sinal ao mesmo tempo, ocorre uma colisão
sub-rede de comunicação. A sub-rede é composta de dois elemen-
e é preciso reiniciar a transmissão.
tos: linhas de transmissão e elementos de comutação (roteadores).

51 Fonte: http://www.bosontreinamentos.com.br/redes-computado-
res/qual-a-diferenca-entre-lan-man-e-wan-em-redes-de-dados 53 Fonte: https://10infrcpaulo.wordpress.com/2012/12/11/wan
52 Fonte: https://informaticaeadministracao.wordpress. 54 https://www.oficinadanet.com.br/artigo/2254/topologia_de_re-
com/2014/04/22/lan-man-e-wan des_vantagens_e_desvantagens

136
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vantagens:
– Uso de cabo é econômico;
– Mídia é barata, fácil de trabalhar e instalar; Vantagens:
– Simples e relativamente confiável; – Todos os computadores acessam a rede igualmente;
– Fácil expansão. – Performance não é impactada com o aumento de usuários.
Desvantagens: Desvantagens:
– Rede pode ficar extremamente lenta em situações de tráfego – Falha de um computador pode afetar o restante da rede;
pesado; – Problemas são difíceis de isolar.
– Problemas são difíceis de isolar;
– Falha no cabo paralisa a rede inteira. Topologia Malha
Esta topologia é muito utilizada em várias configurações, pois
Topologia Estrela facilita a instalação e configuração de dispositivos em redes mais
A mais comum atualmente, a topologia em estrela utiliza cabos simples. Todos os nós estão atados a todos os outros nós, como se
de par trançado e um concentrador como ponto central da rede. estivessem entrelaçados. Já que são vários os caminhos possíveis
O concentrador se encarrega de retransmitir todos os dados para por onde a informação pode fluir da origem até o destino.
todas as estações, mas com a vantagem de tornar mais fácil a loca-
lização dos problemas, já que se um dos cabos, uma das portas do
concentrador ou uma das placas de rede estiver com problemas,
apenas o nó ligado ao componente defeituoso ficará fora da rede.

Vantagens:
– Maior redundância e confiabilidade;
– Facilidade de diagnóstico.
Vantagens: Desvantagem:
– A codificação e adição de novos computadores é simples; – Instalação dispendiosa.
– Gerenciamento centralizado;
– Falha de um computador não afeta o restante da rede. Modelos de Referência
Dois modelos de referência para arquiteturas de redes mere-
Desvantagem: cem destaque: OSI e TCP/IP.
– Uma falha no dispositivo central paralisa a rede inteira.
Modelo de referência ISO OSI (Open Systems Interconnection)
Topologia Anel Modelo destinado à interconexão de sistemas abertos. Possui
Na topologia em anel os dispositivos são conectados em sé- 7 camadas: física, enlace de dados, rede, transporte, sessão, apre-
rie, formando um circuito fechado (anel). Os dados são transmiti- sentação e aplicação.
dos unidirecionalmente de nó em nó até atingir o seu destino. Uma
mensagem enviada por uma estação passa por outras estações,
através das retransmissões, até ser retirada pela estação destino ou
pela estação fonte.

137
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
7. Camada de aplicação
Contém uma série de protocolos necessários para os usuários.
É nessa camada que o usuário interage.

Modelo TCP/IP
Arquitetura voltada para a interconexão de redes heterogêneas
(ARPANET)
Posteriormente, essa arquitetura ficou conhecida como mode-
lo TCP/IP graças aos seus principais protocolos.
O modelo TCP/IP é composto por quatro camadas: enlace, in-
ternet, transporte e aplicação.

Modelo OSI.

O modelo OSI não é uma arquitetura de rede, pois não especifi-


ca os serviços e protocolos que devem ser usados em cada camada.
O modelo OSI informa apenas o que cada camada deve fazer:

1. Camada física
A sua função é assegurar o transporte de bits através de um
meio de transmissão. Dessa forma, as questões de projeto dessa
camada estão ligadas a níveis de tensão, tempo de bit, interfaces Modelo TCP/IP.
elétricas e mecânicas, quantidade de pinos, sentidos da comunica-
ção, etc. 1. Camada de enlace
Não é uma camada propriamente dita, mas uma interface en-
2. Camada de enlace de dados tre os hospedeiros e os enlaces de transmissão
A sua principal função é transmitir quadros entre duas máqui-
nas ligadas diretamente, transformando o canal em um enlace de 2. Camada internet (camada de rede)
dados confiável. Integra toda a arquitetura, mantendo-a unida. Faz a interliga-
- Divide os dados em quadros e os envia sequencialmente. ção de redes não orientadas a conexão.
- Regula o tráfego Tem o objetivo de rotear as mensagens entre hospedeiros,
- Detecta a ocorrência de erros ocorridos na camada física ocultando os problemas inerentes aos protocolos utilizados e aos
- Em redes de difusão, uma subcamada de controle de acesso tamanhos dos pacotes. Tem a mesma função da camada de rede
ao meio é inserida para controlar o acesso ao canal compartilhado do modelo OSI.
O protocolo principal dessa camada é o IP.
3. Camada de rede
A sua função é encaminhar pacotes entre a máquina de origem 3. Camada de transporte
e a máquina de destino. Permite que entidades pares (processos) mantenham uma co-
- O roteamento pode ser estático ou dinâmico. municação.
- Realiza o controle de congestionamento. Foram definidos dois protocolos para essa camada: TCP (Trans-
- Responsável pela qualidade de serviço. mission Control Protocol) e UDP (User Datagram Protocol).
- Tem que permitir que redes heterogêneas se comuniquem, O TCP é um protocolo orientado a conexões confiável que per-
sendo assim, deve lidar com questões como endereçamento, tama- mite a entrega sem erros de um fluxo de bytes.
nho dos pacotes e protocolos heterogêneos. O UDP é um protocolo não orientado a conexões, não confiável
e bem mais simples que o TCP.
4. Camada de transporte
A sua função básica é efetuar a comunicação fim-a-fim entre
processos, normalmente adicionando novas funcionalidades ao
serviço já oferecido pela camada de rede. Pode oferecer um canal
ponto a ponto livre de erros com entrega de mensagens na ordem
correta.

5. Camada de sessão
A sua função é controlar quem fala e quando, entre a origem
e o destino (analogia com operações críticas em bancos de dados).

6. Camada de apresentação
A sua função básica é transformar a sintaxe dos dados (forma
de representação) sem afetar a semântica. Gerencia estruturas de
dados abstratas.

138
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4. Camada de aplicação
Contém todos os protocolos de nível mais alto.

Modelo TCP/IP e seus protocolos.

Modelo OSI versus TCP/IP.

PROCEDIMENTOS DE INTERNET E INTRANET; PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT EDGE, MOZILLA FIREFOX E


GOOGLE CHROME). SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA INTERNET

Internet
A Internet é uma rede mundial de computadores interligados através de linhas de telefone, linhas de comunicação privadas, cabos
submarinos, canais de satélite, etc55. Ela nasceu em 1969, nos Estados Unidos. Interligava originalmente laboratórios de pesquisa e se cha-
mava ARPAnet (ARPA: Advanced Research Projects Agency). Com o passar do tempo, e com o sucesso que a rede foi tendo, o número de
adesões foi crescendo continuamente. Como nesta época, o computador era extremamente difícil de lidar, somente algumas instituições
possuíam internet.
No entanto, com a elaboração de softwares e interfaces cada vez mais fáceis de manipular, as pessoas foram se encorajando a partici-
par da rede. O grande atrativo da internet era a possibilidade de se trocar e compartilhar ideias, estudos e informações com outras pessoas
que, muitas vezes nem se conhecia pessoalmente.

Conectando-se à Internet
Para se conectar à Internet, é necessário que se ligue a uma rede que está conectada à Internet. Essa rede é de um provedor de acesso
à internet. Assim, para se conectar você liga o seu computador à rede do provedor de acesso à Internet; isto é feito por meio de um con-
junto como modem, roteadores e redes de acesso (linha telefônica, cabo, fibra-ótica, wireless, etc.).

World Wide Web


A web nasceu em 1991, no laboratório CERN, na Suíça. Seu criador, Tim Berners-Lee, concebeu-a unicamente como uma linguagem
que serviria para interligar computadores do laboratório e outras instituições de pesquisa, e exibir documentos científicos de forma sim-
ples e fácil de acessar.
55 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E7ado.pdf

139
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Hoje é o segmento que mais cresce. A chave do sucesso da HTTP
World Wide Web é o hipertexto. Os textos e imagens são interli- É o protocolo responsável pelo tratamento de pedidos e res-
gados por meio de palavras-chave, tornando a navegação simples postas entre clientes e servidor na World Wide Web. Os endereços
e agradável. web sempre iniciam com http:// (http significa Hypertext Transfer
Protocol, Protocolo de transferência hipertexto).
Protocolo de comunicação
Transmissão e fundamentalmente por um conjunto de proto- Hipertexto
colos encabeçados pelo TCP/IP. Para que os computadores de uma São textos ou figuras que possuem endereços vinculados a
rede possam trocar informações entre si é necessário que todos os eles. Essa é a maneira mais comum de navegar pela web.
computadores adotem as mesmas regras para o envio e o recebi-
mento de informações. Este conjunto de regras é conhecido como Navegadores
Protocolo de Comunicação. No protocolo de comunicação estão de- Um navegador de internet é um programa que mostra informa-
finidas todas as regras necessárias para que o computador de desti- ções da internet na tela do computador do usuário.
no, “entenda” as informações no formato que foram enviadas pelo Além de também serem conhecidos como browser ou web
computador de origem. browser, eles funcionam em computadores, notebooks, dispositi-
Existem diversos protocolos, atualmente a grande maioria das vos móveis, aparelhos portáteis, videogames e televisores conec-
redes utiliza o protocolo TCP/IP já que este é utilizado também na tados à internet.
Internet. Um navegador de internet condiciona a estrutura de um site
O protocolo TCP/IP acabou se tornando um padrão, inclusive e exibe qualquer tipo de conteúdo na tela da máquina usada pelo
para redes locais, como a maioria das redes corporativas hoje tem internauta.
acesso Internet, usar TCP/IP resolve a rede local e também o acesso Esse conteúdo pode ser um texto, uma imagem, um vídeo, um
externo. jogo eletrônico, uma animação, um aplicativo ou mesmo servidor.
Ou seja, o navegador é o meio que permite o acesso a qualquer
TCP / IP página ou site na rede.
Sigla de Transmission Control Protocol/Internet Protocol (Pro- Para funcionar, um navegador de internet se comunica com
tocolo de Controle de Transmissão/Protocolo Internet). servidores hospedados na internet usando diversos tipos de pro-
Embora sejam dois protocolos, o TCP e o IP, o TCP/IP aparece tocolos de rede. Um dos mais conhecidos é o protocolo HTTP, que
nas literaturas como sendo: transfere dados binários na comunicação entre a máquina, o nave-
- O protocolo principal da Internet; gador e os servidores.
- O protocolo padrão da Internet;
- O protocolo principal da família de protocolos que dá suporte Funcionalidades de um Navegador de Internet
ao funcionamento da Internet e seus serviços. A principal funcionalidade dos navegadores é mostrar para o
usuário uma tela de exibição através de uma janela do navegador.
Considerando ainda o protocolo TCP/IP, pode-se dizer que: Ele decodifica informações solicitadas pelo usuário, através de
A parte TCP é responsável pelos serviços e a parte IP é respon- códigos-fonte, e as carrega no navegador usado pelo internauta.
sável pelo roteamento (estabelece a rota ou caminho para o trans- Ou seja, entender a mensagem enviada pelo usuário, solicitada
porte dos pacotes). através do endereço eletrônico, e traduzir essa informação na tela
do computador. É assim que o usuário consegue acessar qualquer
Domínio site na internet.
Se não fosse o conceito de domínio quando fossemos acessar O recurso mais comum que o navegador traduz é o HTML, uma
um determinado endereço na web teríamos que digitar o seu en- linguagem de marcação para criar páginas na web e para ser inter-
dereço IP. Por exemplo: para acessar o site do Google ao invés de pretado pelos navegadores.
você digitar www.google.com você teria que digitar um número IP Eles também podem reconhecer arquivos em formato PDF,
– 74.125.234.180. imagens e outros tipos de dados.
É através do protocolo DNS (Domain Name System), que é pos- Essas ferramentas traduzem esses tipos de solicitações por
sível associar um endereço de um site a um número IP na rede. meio das URLs, ou seja, os endereços eletrônicos que digitamos na
O formato mais comum de um endereço na Internet é algo como parte superior dos navegadores para entrarmos numa determinada
http://www.empresa.com.br, em que: página.
www: (World Wide Web): convenção que indica que o ende- Abaixo estão outros recursos de um navegador de internet:
reço pertence à web. – Barra de Endereço: é o espaço em branco que fica localiza-
empresa: nome da empresa ou instituição que mantém o ser- do no topo de qualquer navegador. É ali que o usuário deve digitar
viço. a URL (ou domínio ou endereço eletrônico) para acessar qualquer
com: indica que é comercial. página na web.
br: indica que o endereço é no Brasil. – Botões de Início, Voltar e Avançar: botões clicáveis básicos
que levam o usuário, respectivamente, ao começo de abertura do
URL navegador, à página visitada antes ou à página visitada seguinte.
Um URL (de Uniform Resource Locator), em português, Locali- – Favoritos: é a aba que armazena as URLs de preferência do
zador-Padrão de Recursos, é o endereço de um recurso (um arqui- usuário. Com um único simples, o usuário pode guardar esses en-
vo, uma impressora etc.), disponível em uma rede; seja a Internet, dereços nesse espaço, sendo que não existe uma quantidade limite
ou uma rede corporativa, uma intranet. de links. É muito útil para quando você quer acessar as páginas mais
Uma URL tem a seguinte estrutura: protocolo://máquina/ca- recorrentes da sua rotina diária de tarefas.
minho/recurso.

140
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Atualizar: botão básico que recarrega a página aberta naque- – One Box: recurso já conhecido entre os usuários do Google
le momento, atualizando o conteúdo nela mostrado. Serve para Chrome, agora está na versão mais recente do Internet Explorer.
mostrar possíveis edições, correções e até melhorias de estrutura Através dele, é possível realizar buscas apenas informando a pala-
no visual de um site. Em alguns casos, é necessário limpar o cache vra-chave digitando-a na barra de endereços.
para mostrar as atualizações.
– Histórico: opção que mostra o histórico de navegação do Microsoft Edge
usuário usando determinado navegador. É muito útil para recupe- Da Microsoft, o Edge é a evolução natural do antigo Explorer56.
rar links, páginas perdidas ou revisitar domínios antigos. Pode ser O navegador vem integrado com o Windows 10. Ele pode receber
apagado, caso o usuário queira. aprimoramentos com novos recursos na própria loja do aplicativo.
– Gerenciador de Downloads: permite administrar os downlo- Além disso, a ferramenta otimiza a experiência do usuário con-
ads em determinado momento. É possível ativar, cancelar e pausar vertendo sites complexos em páginas mais amigáveis para leitura.
por tempo indeterminado. É um maior controle na usabilidade do
navegador de internet.
– Extensões: já é padrão dos navegadores de internet terem
um mecanismo próprio de extensões com mais funcionalidades.
Com alguns cliques, é possível instalar temas visuais, plug-ins com
novos recursos (relógio, notícias, galeria de imagens, ícones, entre
outros.
– Central de Ajuda: espaço para verificar a versão instalada do
navegador e artigos (geralmente em inglês, embora também exis-
tam em português) de como realizar tarefas ou ações específicas Outras características do Edge são:
no navegador. – Experiência de navegação com alto desempenho.
– Função HUB permite organizar e gerenciar projetos de qual-
Firefox, Internet Explorer, Google Chrome, Safari e Opera são quer lugar conectado à internet.
alguns dos navegadores mais utilizados atualmente. Também co- – Funciona com a assistente de navegação Cortana.
nhecidos como web browsers ou, simplesmente, browsers, os na- – Disponível em desktops e mobile com Windows 10.
vegadores são uma espécie de ponte entre o usuário e o conteúdo – Não é compatível com sistemas operacionais mais antigos.
virtual da Internet.
Firefox
Internet Explorer Um dos navegadores de internet mais populares, o Firefox é
Lançado em 1995, vem junto com o Windows, está sendo conhecido por ser flexível e ter um desempenho acima da média.
substituído pelo Microsoft Edge, mas ainda está disponível como Desenvolvido pela Fundação Mozilla, é distribuído gratuita-
segundo navegador, pois ainda existem usuários que necessitam de mente para usuários dos principais sistemas operacionais. Ou seja,
algumas tecnologias que estão no Internet Explorer e não foram mesmo que o usuário possua uma versão defasada do sistema ins-
atualizadas no Edge. talado no PC, ele poderá ser instalado.
Já foi o mais navegador mais utilizado do mundo, mas hoje per-
deu a posição para o Google Chrome e o Mozilla Firefox.

Algumas características de destaque do Firefox são:


Principais recursos do Internet Explorer: – Velocidade e desempenho para uma navegação eficiente.
– Transformar a página num aplicativo na área de trabalho, – Não exige um hardware poderoso para rodar.
permitindo que o usuário defina sites como se fossem aplicativos – Grande quantidade de extensões para adicionar novos recur-
instalados no PC. Através dessa configuração, ao invés de apenas sos.
manter os sites nos favoritos, eles ficarão acessíveis mais facilmente – Interface simplificada facilita o entendimento do usuário.
através de ícones. – Atualizações frequentes para melhorias de segurança e pri-
– Gerenciador de downloads integrado. vacidade.
– Mais estabilidade e segurança. – Disponível em desktop e mobile.
– Suporte aprimorado para HTML5 e CSS3, o que permite uma
navegação plena para que o internauta possa usufruir dos recursos Google Chorme
implementados nos sites mais modernos. É possível instalar o Google Chrome nas principais versões do
– Com a possibilidade de adicionar complementos, o navega- sistema operacional Windows e também no Linux e Mac.
dor já não é apenas um programa para acessar sites. Dessa forma, é O Chrome é o navegador de internet mais usado no mundo.
possível instalar pequenos aplicativos que melhoram a navegação e É, também, um dos que têm melhor suporte a extensões, maior
oferecem funcionalidades adicionais. compatibilidade com uma diversidade de dispositivos e é bastante
convidativo à navegação simplificada.

56 https://bit.ly/2WITu4N

141
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Safari também se destaca em:
– Sincronização de dados e informações em qualquer disposi-
tivo Apple (iOS).
– Tem uma tecnologia anti-rastreio capaz de impedir o direcio-
namento de anúncios com base no comportamento do usuário.
– Modo de navegação privada não guarda os dados das páginas
visitadas, inclusive histórico e preenchimento automático de cam-
pos de informação.
Principais recursos do Google Chrome: – Compatível também com sistemas operacionais que não seja
– Desempenho ultra veloz, desde que a máquina tenha recur- da Apple (Windows e Linux).
sos RAM suficientes. – Disponível em desktops e mobile.
– Gigantesca quantidade de extensões para adicionar novas
funcionalidades. Intranet
– Estável e ocupa o mínimo espaço da tela para mostrar conte- A intranet é uma rede de computadores privada que assenta
údos otimizados. sobre a suíte de protocolos da Internet, porém, de uso exclusivo de
– Segurança avançada com encriptação por Certificado SSL (HT- um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma empresa,
TPS). que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou colaboradores
– Disponível em desktop e mobile. internos57.
Pelo fato, a sua aplicação a todos os conceitos emprega-se à
Opera intranet, como, por exemplo, o paradigma de cliente-servidor. Para
Um dos primeiros navegadores existentes, o Opera segue evo- tal, a gama de endereços IP reservada para esse tipo de aplicação
luindo como um dos melhores navegadores de internet. situa-se entre 192.168.0.0 até 192.168.255.255.
Ele entrega uma interface limpa, intuitiva e agradável de usar.
Além disso, a ferramenta também é leve e não prejudica a qualida- Dentro de uma empresa, todos os departamentos possuem
de da experiência do usuário. alguma informação que pode ser trocada com os demais setores,
podendo cada sessão ter uma forma direta de se comunicar com as
demais, o que se assemelha muito com a conexão LAN (Local Area
Network), que, porém, não emprega restrições de acesso.
A intranet é um dos principais veículos de comunicação em cor-
porações. Por ela, o fluxo de dados (centralização de documentos,
formulários, notícias da empresa, etc.) é constante, pretendendo
reduzir os custos e ganhar velocidade na divulgação e distribuição
de informações.
Apesar do seu uso interno, acessando aos dados corporativos,
a intranet permite que computadores localizados numa filial, se co-
Outros pontos de destaques do Opera são: nectados à internet com uma senha, acessem conteúdos que este-
– Alto desempenho com baixo consumo de recursos e de ener- jam na sua matriz. Ela cria um canal de comunicação direto entre
gia. a empresa e os seus funcionários/colaboradores, tendo um ganho
– Recurso Turbo Opera filtra o tráfego recebido, aumentando a significativo em termos de segurança.
velocidade de conexões de baixo desempenho.
– Poupa a quantidade de dados usados em conexões móveis
(3G ou 4G). PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO (OUTLOOK
– Impede armazenamento de dados sigilosos, sobretudo em EXPRESS E MOZILLA THUNDERBIRD)
páginas bancárias e de vendas on-line.
– Quantidade moderada de plug-ins para implementar novas E-mail
funções, além de um bloqueador de publicidade integrado. O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men-
– Disponível em desktop e mobile. sagem atualmente58. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha
Safari e-mail, não importando a distância ou a localização.
O Safari é o navegador oficial dos dispositivos da Apple. Pela Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru-
sua otimização focada nos aparelhos da gigante de tecnologia, ele tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido
é um dos navegadores de internet mais leves, rápidos, seguros e do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso.
confiáveis para usar. O resultado é algo como:

maria@apostilassolucao.com.br

57 https://centraldefavoritos.com.br/2018/01/11/conceitos-basicos-
-ferramentas-aplicativos-e-procedimentos-de-internet-e-intranet-par-
te-2/
58 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20
Avan%E7ado.pdf

142
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook.
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjunto de
regras para o uso desses serviços.

Correio Eletrônico
Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de correio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um
protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio e recebimento de mensagens59. Estas mensagens são armazenadas no
que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos e
extração de cópias das mensagens.

Funcionamento básico de correio eletrônico


Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois programas funcionando em uma máquina servidora:
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de transferência de correio simples, responsável pelo envio de mensa-
gens.
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office) ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de cor-
reio internet), ambos protocolos para recebimento de mensagens.

Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber e-mails
conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicialmente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever sua mensagem
de forma textual no editor oferecido pelo cliente de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui o formato “nome@
dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar, nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comunicando-se com o pro-
grama SMTP, entregando a mensagem a ser enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do destinatário (nome antes do @)
e o domínio, i.e., a máquina servidora de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio, o servidor SMTP resolve o DNS,
obtendo o endereço IP do servidor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa SMTP deste servidor, perguntando se o
nome do destinatário existe naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena
a mensagem na caixa de e-mail do destinatário.

Ações no correio eletrônico


Independente da tecnologia e recursos empregados no correio eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
– Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descartados pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de Lixeira.
Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as mensagens de-
finitivamente (este é um processo de segurança para garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por engano). Para apagar
definitivamente um e-mail é necessário entrar, de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails existentes.
– Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensagem para envio. Os campos geralmente utilizados são:

– Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails de
destino separados por ponto-e-vírgula.
– CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repassamos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais da
mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
– CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repassamos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destinatários
principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
– Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio ao
usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente ele
será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso, recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiáveis e, em
geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus e pragas. Al-
guns antivírus permitem analisar anexos de e-mails antes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por exemplo, o Gmail,
permitem analisar preliminarmente se um anexo contém arquivos com malware.
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem
que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e
padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

59 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-webmail-e-mozilla-thunderbird/

143
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

60

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um
servidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

60 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b

144
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

61

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

GRUPOS DE DISCUSSÃO

Grupos de discussão
Grupos de discussão são ferramentas gerenciáveis pela Internet que permitem que um grupo de pessoas troque mensagens via e-mail
entre todos os membros do grupo. Essas mensagens, geralmente, são de um tema de interesse em comum, onde as pessoas expõem suas
opiniões, sugestões, críticas e tiram dúvidas. Como é um grupo onde várias pessoas podem participar sem, geralmente, ter um pré- requi-
sito, as informações nem sempre são confiáveis.
Existem sites gratuitos, como o Google Groups, o Grupos.com.br, que auxiliam na criação e uso de grupos de discussão, mas um grupo
pode ser montado independentemente, onde pessoas façam uma lista de e – mails e troquem informações.

Para conhecer um pouco mais sobre este assunto, vamos criar um grupo de discussão no Google Groups. Para isso, alguns passos
serão necessários:
1º) Temos que ter um cadastro no Google, como fizemos quando estudamos os sites de busca.
2º) Acessar o site do Google (www.google.com.br) e clicar no menu “Mais” e no item “Ainda mais”.
3º) Entre os diversos produtos que serão expostos, clicar em “Grupos”.

!
Grupos

Na próxima tela, teremos os passos necessários para criar um grupo, onde clicaremos no botão “Criar um grupo...”

61 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email

145
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Após este passo, teremos que adicionar os membros do grupo
e faremos isto através de um convite que será enviado aos e – mails
que digitaremos em um campo especial para esta finalidade. Cada
destinatário dos endereços cadastrados por nós receberá um convi-
te e deverá aceitá-lo para poder receber as mensagens e participar
do nosso grupo.

A mensagem do convite também será digitada por nós, mas o


nome, o endereço e a descrição do grupo, serão adicionados auto-
maticamente. Nesta página teremos o botão “Convidar”. Quando
clicarmos nele, receberemos a seguinte mensagem:

Passo 2 – Criando um grupo

Seguiremos alguns passos propostos pelo website.

Daremos um nome ao nosso grupo. Neste caso o nome é Pro-


fale. Conforme digitamos o nome do grupo, o campo endereço de
e – mail do grupo e endereço do grupo na web vão sendo auto-
maticamente preenchidos. Podemos inserir uma descrição grupo, !
que servirá para ajudar as pessoas a saberem do que se trata esse
grupo, ou seja, qual sua finalidade e tipo de assunto abortado. Finalização do processo de criação do grupo
Após a inserção do comentário sobre as intenções do grupo,
podemos selecionar se este grupo pode ter conteúdo adulto, nudez Os convidados a participarem do grupo receberão o convite em
ou material sexualmente explícito. Antes de entrar nesse grupo é seus endereços eletrônicos. A etapa do convite pode ser realizada
necessário confirmar que você é maior de 18 anos. depois da criação do grupo. Vale lembrar, que em muitos casos, as
mensagens de convite são identificadas pelos servidores de mensa-
Escolheremos também, o nível de acesso entre: gens como Spams e por esse motivo são automaticamente enviadas
para a pasta Spam dos destinatários.
“Público – Qualquer pessoa pode ler os arquivos. Qualquer O proprietário do grupo terá acesso a uma tela onde poderá:
pessoa pode participar, mas somente os membros podem postar visualizar os membros do grupo, iniciar um novo tópico de discus-
mensagens.” “Somente para anúncios – Qualquer pessoa pode ler são, convidar ou adicionar membros, e ajustar as configurações do
os arquivos. Qualquer pessoa pode participar, mas somente os ad- seu grupo.
ministradores podem postar mensagens.” Quando o proprietário optar por iniciar um novo tópico de dis-
cussão, será aberta uma página semelhante a de criação de um e
“Restrito – Para participar, ler e postar mensagens é preciso – mail. A linha “De”, virá automaticamente preenchida com o nome
ser convidado. O seu grupo e os respectivos arquivos não aparecem do proprietário e o endereço do grupo. A linha “Para”, também será
nos resultados de pesquisa públicos do Google nem no diretório.” preenchida automaticamente com o nome do grupo. Teremos que
digitar o assunto e a mensagem e clicar no botão “Postar mensa-
gem”.
A mensagem postada pode ser vista no site do grupo, onde as
pessoas podem debater sobre ela (igualando-se assim a um fórum)
ou encaminha via e-mail para outras pessoas.
O site grupos.com.br funciona de forma semelhante. O pro-
prietário também tem que se cadastrar e inserir informações como
nome do grupo, convidados, descrição e outras, mas ambas as fer-
ramentas acabam tornado o grupo de discussão muito semelhante
ao fórum. Para criar um grupo de discussão da maneira padrão, sem
utilizar ferramentas de gerenciamento, as pessoas podem criar um
e – mail para o grupo e a partir dele criar uma lista de endereços
dos convidados, possibilitando a troca de informações via e – mail.

REDES SOCIAIS

Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da inter-


net, por pessoas e organizações que se conectam a partir de inte-
! resses ou valores comuns62. Muitos confundem com mídias sociais,
Configurar grupo porém as mídias são apenas mais uma forma de criar redes sociais,
inclusive na internet.
62 https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-so-
ciais/

146
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O propósito principal das redes sociais é o de conectar pessoas. O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da atuali-
Você preenche seu perfil em canais de mídias sociais e interage com dade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais de 1 bilhão de
as pessoas com base nos detalhes que elas leem sobre você. Po- horas de vídeos visualizados diariamente.
de-se dizer que redes sociais são uma categoria das mídias sociais.
Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange Instagram
diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas redes Rede para compartilhamento de fotos e vídeos.
sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o que com-
preendíamos como mídia antes da existência da internet: rádio, TV,
jornais, revistas. Quando a mídia se tornou disponível na internet,
ela deixou de ser estática, passando a oferecer a possibilidade de
interagir com outras pessoas.
No coração das mídias sociais estão os relacionamentos, que
são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão. Mídias
sociais são lugares em que se pode transmitir informações para ou-
tras pessoas. O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas para
Estas redes podem ser de relacionamento, como o Facebook, acesso por meio do celular. E, embora hoje seja possível visualizar
profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos específicos publicações no desktop, seu formato continua sendo voltado para
como o Youtube que compartilha vídeos. dispositivos móveis.
As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube, Instagram, É possível postar fotos com proporções diferentes, além de ou-
Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e agora mais recente- tros formatos, como vídeos, stories e mais.
mente, o Tik Tok. Os stories são os principais pontos de inovação do aplicativo.
Já são diversos formatos de post por ali, como perguntas, enquetes,
Facebook vídeos em sequência e o uso de GIFs.
Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos pessoais Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram Cenas,
de seus membros. uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode produzir vídeos
de 15 segundos, adicionando música ou áudios retirados de outro
clipezinho. Há ainda efeitos de corte, legendas e sobreposição para
transições mais limpas – lembrando que esta é mais uma das fun-
cionalidades que atuam dentro dos stories.

Twitter
Rede social que funciona como um microblog onde você pode
O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que reúne seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo real as atu-
muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto para gerar ne- alizações que seus contatos fazem e eles as suas.
gócios quanto para conhecer pessoas, relacionar-se com amigos e
família, informar-se, dentre outros63.

WhatsApp
É uma rede para mensagens instantânea. Faz também ligações
telefônicas através da internet gratuitamente.

O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para cá


está em declínio, mas isso não quer dizer todos os públicos pararam
de usar a rede social.
A rede social é usada principalmente como segunda tela em
A maioria das pessoas que têm um smartphone também o têm que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo na
instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o apelido de “zap TV, postando comentários sobre noticiários, reality shows, jogos de
zap”. futebol e outros programas.
Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas Nos últimos anos, a rede social acabou voltando a ser mais uti-
operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem debitar do lizada por causa de seu uso por políticos, que divulgam informações
consumo do pacote de dados. Por isso, muita gente se informa atra- em primeira mão por ali.
vés dele.
YouTube
Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos.

63 https://bit.ly/32MhiJ0

147
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
LinkedIn A rede lançou o conceito de “stories”, despertando o interesse
Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede quer de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que diversas vezes tentou
manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, como um adquirir a empresa, mas não obteve sucesso. Assim, o CEO lançou
emprego por exemplo. a funcionalidade nas redes que já haviam sido absorvidas, criando
os concorrentes WhatsApp Status, Facebook Stories e Instagram
Stories.
Apesar de não ser uma rede social de nicho, tem um público
bem específico, formado por jovens hiperconectados.

Skype
O Skype é um software da Microsoft com funções de videocon-
A maior rede social voltada para profissionais tem se tornado ferência, chat, transferência de arquivos e ligações de voz. O serviço
cada vez mais parecida com outros sites do mesmo tipo, como o também opera na modalidade de VoIP, em que é possível efetuar
Facebook. uma chamada para um telefone comum, fixo ou celular, por um
A diferença é que o foco são contatos profissionais, ou seja: no aparelho conectado à internet
lugar de amigos, temos conexões, e em vez de páginas, temos com-
panhias. Outro grande diferencial são as comunidades, que reúnem
interessados em algum tema, profissão ou mercado específicos.
É usado por muitas empresas para recrutamento de profissio-
nais, para troca de experiências profissionais em comunidades e
outras atividades relacionadas ao mundo corporativo

Pinterest O Skype é uma versão renovada e mais tecnológica do extinto


Rede social focada em compartilhamento de fotos, mas tam- MSN Messenger.
bém compartilha vídeos. Contudo, o usuário também pode contratar mais opções de
uso – de forma pré-paga ou por meio de uma assinatura – para
realizar chamadas para telefones fixos e chamadas com vídeo em
grupo ou até mesmo enviar SMS.
É possível, no caso, obter um número de telefone por meio pró-
prio do Skype, seja ele local ou de outra região/país, e fazer ligações
a taxas reduzidas.
Tudo isso torna o Skype uma ferramenta válida para o mundo
corporativo, sendo muito utilizado por empresas de diversos nichos
O Pinterest é uma rede social de fotos que traz o conceito de e tamanhos.
“mural de referências”. Lá você cria pastas para guardar suas inspi-
rações e também pode fazer upload de imagens assim como colocar Tik Tok
links para URLs externas. O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens disponível para iOS
Os temas mais populares são: e Android, possui recursos que podem tornar criações de seus usu-
– Moda; ários mais divertidas e, além disso, aumentar seu número de segui-
– Maquiagem; dores64.
– Casamento;
– Gastronomia;
– Arquitetura;
– Faça você mesmo;
– Gadgets;
– Viagem e design.

Seu público é majoritariamente feminino em todo o mundo.


Além de vídeos simples, é possível usar o TikTok para postar
Snapchat duetos com cantores famosos, criar GIFs, slideshow animado e sin-
Rede para mensagens baseado em imagens. cronizar o áudio de suas dublagens preferidas para que pareça que
é você mesmo falando.
O TikTok cresceu graças ao seu apelo para a viralização. Os usu-
ários fazem desafios, reproduzem coreografias, imitam pessoas fa-
mosas, fazem sátiras que instigam o usuário a querer participar da
brincadeira — o que atrai muito o público jovem.

O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de fotos, ví-


deos e texto para mobile. Foi considerado o símbolo da pós-moder-
nidade pela sua proposta de conteúdos efêmeros conhecidos como
snaps, que desaparecem algumas horas após a publicação.
64 https://canaltech.com.br/redes-sociais/tiktok-dicas-e-truques/

148
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox tam-
COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD COMPUTING) bém é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes sempre
acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mídias e do-
Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na possibi- cumentos onde quer que esteja, desde que tenha acesso à Internet.
lidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela inter-
net65. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu computador OneDrive
para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line para fazer o O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de ar-
que precisa, já que os dados não se encontram em um computador mazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente 15 GB
específico, mas sim em uma rede. de espaço para os usuários66. Mas é possível conseguir ainda mais
Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é possível espaço gratuitamente indicando amigos e aproveitando diversas
desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito promoções que a empresa lança regularmente.
para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente por isso Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece planos
que o seu computador estará nas nuvens, pois você poderá acessar pagos com capacidades variadas também.
os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à
internet.
Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você
pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo desejado,
que pode ser desde um processador de textos até mesmo um jogo
ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada informação, o seu
computador precisa apenas do monitor e dos periféricos para que
você interaja.

Vantagens: Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e


– Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez que PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço,
tudo é executado em servidores remotos. o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja dis-
– Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a partir pensada a necessidade de realizar o download para só então poder
de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet para tal modificar o conteúdo do arquivo.
— ou seja, não é necessário manter conteúdos importantes em um
único computador. iCloud
O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em um
Desvantagens: passado recente a ideia principal de sincronizar contatos, e-mails,
– Gera desconfiança, principalmente no que se refere à segu- dados e informações de dispositivos iOS. No entanto, recentemente
rança. Afinal, a proposta é manter informações importantes em um a empresa também adotou para o iCloud a estratégia de utilizá-lo
ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sentem à von- como um serviço de armazenamento na nuvem para usuários iOS.
tade com isso. De início, o usuário recebe 5 GB de espaço de maneira gratuita.
– Como há a necessidade de acessar servidores remotos, é pri- Existem planos pagos para maior capacidade de armazena-
mordial que a conexão com a internet seja estável e rápida, princi- mento também.
palmente quando se trata de streaming e jogos.

Exemplos de computação em nuvem


Dropbox
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em nu-
vem que pode ser usado de forma gratuita, desde que respeitado o
limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá guardar com
segurança suas fotos, documentos, vídeos, e outros formatos, libe-
rando espaço no PC ou smartphone.

No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui um


sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o iPhone.
A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possibilita que
o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamente, além de
poder contar com os contatos e outras informações do dispositivo
caso você o tenha perdido.

Google Drive
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da ca-
pacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os usuá-
rios mais espaço do que os concorrentes ao lado do OneDrive. São
15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, documentos, ima-
gens, etc.

65 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que- 66 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/comparativo-os-
-e-computacao-em-nuvens-.htm -principais-servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/

149
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
IaaS (infraestrutura como serviço)
A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem.
Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de servi-
ços cloud, pagando somente pelo seu uso.
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS
(infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores e
máquinas virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas opera-
cionais.

Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu ser- PaaS (plataforma como serviço)
viço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mesmo re- PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que for-
conhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. Mesmo necem um ambiente sob demanda para desenvolvimento, teste,
que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você queira fornecimento e gerenciamento de aplicativos de software.
encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar a busca A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos desen-
para procurar palavras e expressões. volvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornando-a mui-
Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam feitas to mais rápida.
edições de documentos diretamente do browser, sem precisar fazer Além de acabar com a preocupação quanto à configuração ou
o download do documento e abri-lo em outro aplicativo. ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servidores, ar-
mazenamento, rede e bancos de dados necessários para desenvol-
Tipos de implantação de nuvem vimento.
Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser- Computação sem servidor
viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra-se
TI67. na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerenciamento
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem: contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários para isso.
– Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, planeja-
terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur- mento de capacidade e gerenciamento de servidores para você e
sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento sua equipe.
via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su- As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis e
porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando ocorre
de nuvem contratado pela organização. uma função ou um evento que desencadeia tal necessidade.
– Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em
nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo SaaS (software como serviço)
estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de sof-
seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infra- tware pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado em as-
estrutura de computação em nuvem utilizados pela empresa são sinaturas.
mantidos em uma rede privada. Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hospe-
– Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi- dam e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura subja-
ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o cente.
compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu- Além de realizarem manutenções, como atualizações de sof-
vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar tware e aplicação de patch de segurança.
a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da Com o software como serviço, os usuários da sua equipe po-
empresa. dem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um na-
vegador da web em seu telefone, tablet ou PC.
Tipos de serviços de nuvem
A maioria dos serviços de computação em nuvem se enquadra
em quatro categorias amplas:
– IaaS (infraestrutura como serviço);
– PaaS (plataforma como serviço);
– Sem servidor;
– SaaS (software como serviço).

Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha


da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre
o outro.

67 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/

150
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS

Pasta
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tamanhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras pastas
(subpastas)68.

Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos

EXTENSÃO TIPO
.jpg, .jpeg, .png, .bpm, .gif, ... Imagem
.xls, .xlsx, .xlsm, ... Planilha
.doc, .docx, .docm, ... Texto formatado
.txt Texto sem formatação
.mp3, .wma, .aac, .wav, ... Áudio
.mp4, .avi, rmvb, .mov, ... Vídeo
.zip, .rar, .7z, ... Compactadores
.ppt, .pptx, .pptm, ... Apresentação
.exe Executável
.msl, ... Instalador

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
68 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas

151
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Vídeos.

Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft69.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

69 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/

152
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Operações básicas com arquivos do Windows Explorer
• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

Localizando Arquivos e Pastas


No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO: PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA; NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS VIRTUAIS;


APLICATIVOS PARA SEGURANÇA (ANTIVÍRUS, FIREWALL E ANTI-SPYWARE)

Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organização70.
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma corporação, sendo também fundamentais para as atividades do negócio.
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ataques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, qualquer
tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para problemas.
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares71:
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponível somente a pessoas autorizadas.
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja, de
modo permanente a elas.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja, sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e nem
em qual etapa, se no processamento ou no envio.
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e autoria do conteúdo seja mesmo a anunciada.

70 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/
71 https://bit.ly/2E5beRr

153
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Existem outros termos importantes com os quais um profissio- Ele pode ser aplicado de duas formas:
nal da área trabalha no dia a dia. – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à infor-
conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se re- mação ou infraestrutura que dá suporte a ela
fere ao controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras
que permite examinar o histórico de um evento de segurança da eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um anti-
informação, rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada vírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar
uma delas. infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos
de encriptação, que transformam as informações em códigos que
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo pro- certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente
tegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.
da informação, ainda que sem intenção
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulne- Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por
rabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio. profissional habilitado conforme o plano de segurança da informa-
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser ção da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.
explorada por uma ameaça.
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o con- Criptografia
teúdo protegido seja exposto de forma não autorizada. É uma maneira de codificar uma informação para que somen-
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, te o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de
ajudando a determinar onde concentrar investimentos em seguran- uma chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a
ça da informação. informação73.
Tem duas maneiras de criptografar informações:
Tipos de ataques • Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles72: secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar sequência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensa-
de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque gem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto
passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a ses- o emissor quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a
são pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adultera- chave secreta para poder ler a mensagem.
ção, fraude, reprodução, bloqueio). • Criptografia assimétrica (chave pública): tem duas chaves
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados cole- relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer
tados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema, pessoa que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave pri-
infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da vada é mantida em segredo, para que somente você saiba.
máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: intercep- Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá
tação, monitoramento, análise de pacotes). ser descriptografada pela chave privada.
Política de Segurança da Informação Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só
Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
da organização através de regras de alto nível que representam os A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para
princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível táti- Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
co) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter • Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e per-
a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão mitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da
para informar sobre o que pode e o que é proibido, incluindo: informação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permi-
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos te o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a
recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra ação. A chave é integrada ao documento, com isso se houver algu-
de formação e periodicidade de troca. ma alteração de informação invalida o documento.
• Política de backup: define as regras sobre a realização de có- • Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pes-
pias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de reten- soa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.
ção e frequência de execução.
• Política de privacidade: define como são tratadas as infor- Firewall
mações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários. Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança ba-
• Política de confidencialidade: define como são tratadas as seada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um
informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para
a terceiros. determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados
podem ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de
Mecanismos de segurança barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basica-
Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técni- mente em bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos
ca, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar bem-vindos.
o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.

72 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de- 73 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-
-seguranca-da-informacao/ -protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/

154
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Representação de um firewall.74

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser75.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

Códigos maliciosos (Malware)


Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas em
um computador76. Algumas das diversas formas como os códigos maliciosos podem infectar ou comprometer um computador são:
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos programas instalados;
– Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como pen-drives;
– Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegadores vulneráveis;
– Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o computador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos;
– Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em páginas
Web ou diretamente de outros computadores (através do compartilhamento de recursos).

Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso aos dados armazenados no computador e podem executar ações em
nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada usuário.
Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens financeiras,
a coleta de informações confidenciais, o desejo de autopromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos são muitas vezes usa-
dos como intermediários e possibilitam a prática de golpes, a realização de ataques e a disseminação de spam (mais detalhes nos Capítulos
Golpes na Internet, Ataques na Internet e Spam, respectivamente).
A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos maliciosos existentes.

Vírus
Vírus é um programa ou parte de um programa de computador, normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si mesmo
e se tornando parte de outros programas e arquivos.
Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo
hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é preciso que um programa já infectado seja executado.
74 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%-
C3%A7%C3%A3o%20de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
75 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/
76 https://cartilha.cert.br/malware/

155
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O principal meio de propagação de vírus costumava ser os Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente ela
disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso e será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus próprios
começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. Atu- ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou grupos que
almente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o principal desejem que uma ação maliciosa específica seja executada.
meio de propagação, não mais por disquetes, mas, principalmente, Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas
pelo uso de pen-drives. por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço,
Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer ocul- propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), coleta
tos, infectando arquivos do disco e executando uma série de ativi- de informações de um grande número de computadores, envio de
dades sem o conhecimento do usuário. Há outros que permanecem spam e camuflagem da identidade do atacante (com o uso de pro-
inativos durante certos períodos, entrando em atividade apenas em xies instalados nos zumbis).
datas específicas. Alguns dos tipos de vírus mais comuns são:
– Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo ane- Spyware
xo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre Spyware é um programa projetado para monitorar as ativida-
este arquivo, fazendo com que seja executado. des de um sistema e enviar as informações coletadas para terceiros.
– Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBS- Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa, de-
cript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por pendendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo de
e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe as
escrito em formato HTML. informações coletadas. Pode ser considerado de uso:
– Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em – Legítimo: quando instalado em um computador pessoal, pelo
linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo de veri-
aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que ficar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusivo ou não
compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre ou- autorizado.
tros). – Malicioso: quando executa ações que podem comprometer
– Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular para a privacidade do usuário e a segurança do computador, como mo-
celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens MMS nitorar e capturar informações referentes à navegação do usuário
(Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando um usu- ou inseridas em outros programas (por exemplo, conta de usuário
ário permite o recebimento de um arquivo infectado e o executa. e senha).
Alguns tipos específicos de programas spyware são:
Worm – Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digitadas
Worm é um programa capaz de se propagar automaticamen- pelo usuário no teclado do computador.
te pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador para – Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a po-
computador. sição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momentos em
Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da inclu- que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição onde o
são de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos, mas mouse é clicado.
sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração auto- – Adware: projetado especificamente para apresentar propa-
mática de vulnerabilidades existentes em programas instalados em gandas.
computadores.
Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos Backdoor
recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo que Backdoor é um programa que permite o retorno de um invasor
costumam propagar e, como consequência, podem afetar o desem- a um computador comprometido, por meio da inclusão de serviços
penho de redes e a utilização de computadores. criados ou modificados para este fim.
Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, que
Bot e botnet tenham previamente infectado o computador, ou por atacantes,
Bot é um programa que dispõe de mecanismos de comunicação que exploram vulnerabilidades existentes nos programas instalados
com o invasor que permitem que ele seja controlado remotamente. no computador para invadi-lo.
Possui processo de infecção e propagação similar ao do worm, ou Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso fu-
seja, é capaz de se propagar automaticamente, explorando vulne- turo ao computador comprometido, permitindo que ele seja aces-
rabilidades existentes em programas instalados em computadores. sado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer nova-
A comunicação entre o invasor e o computador infectado pelo mente aos métodos utilizados na realização da invasão ou infecção
bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes do tipo e, na maioria dos casos, sem que seja notado.
P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode enviar
instruções para que ações maliciosas sejam executadas, como des- Cavalo de troia (Trojan)
ferir ataques, furtar dados do computador infectado e enviar spam. Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que,
Um computador infectado por um bot costuma ser chamado de além de executar as funções para as quais foi aparentemente proje-
zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remotamente, tado, também executa outras funções, normalmente maliciosas, e
sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser chamado de sem o conhecimento do usuário.
spam zombie quando o bot instalado o transforma em um servidor Exemplos de trojans são programas que você recebe ou obtém
de e-mails e o utiliza para o envio de spam. de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões virtuais ani-
Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de com- mados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, entre outros.
putadores zumbis e que permite potencializar as ações danosas Estes programas, geralmente, consistem de um único arquivo e ne-
executadas pelos bots. cessitam ser explicitamente executados para que sejam instalados
no computador.

156
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Trojans também podem ser instalados por atacantes que, após Filtro anti-spam
invadirem um computador, alteram programas já existentes para Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não solici-
que, além de continuarem a desempenhar as funções originais, tados, que geralmente são enviados para um grande número de
também executem ações maliciosas. pessoas.
Spam zombies são computadores de usuários finais que foram
Rootkit comprometidos por códigos maliciosos em geral, como worms,
Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite bots, vírus e cavalos de tróia. Estes códigos maliciosos, uma vez ins-
esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro código talados, permitem que spammers utilizem a máquina para o envio
malicioso em um computador comprometido. de spam, sem o conhecimento do usuário. Enquanto utilizam má-
Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após in- quinas comprometidas para executar suas atividades, dificultam a
vadirem um computador, os instalavam para manter o acesso pri- identificação da origem do spam e dos autores também. Os spam
vilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos utilizados zombies são muito explorados pelos spammers, por proporcionar o
na invasão, e para esconder suas atividades do responsável e/ou anonimato que tanto os protege.
dos usuários do computador. Apesar de ainda serem bastante usa- Estes filtros são responsáveis por evitar que mensagens indese-
dos por atacantes, os rootkits atualmente têm sido também utili- jadas cheguem até a sua caixa de entrada no e-mail.
zados e incorporados por outros códigos maliciosos para ficarem
ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por mecanis- Anti-malwares
mos de proteção. Ferramentas anti-malware são aquelas que procuram detectar
e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um computa-
Ransomware dor. Antivírus, anti-spyware, anti-rootkit e anti-trojan são exemplos
Ransomware é um tipo de código malicioso que torna inacessí- de ferramentas deste tipo.
veis os dados armazenados em um equipamento, geralmente usan-
do criptografia, e que exige pagamento de resgate (ransom) para
restabelecer o acesso ao usuário77. PROCEDIMENTOS DE BACKUP

O pagamento do resgate geralmente é feito via bitcoins. Backup é uma cópia de segurança que você faz em outro dis-
Pode se propagar de diversas formas, embora as mais comuns positivo de armazenamento como HD externo, armazenamento na
sejam através de e-mails com o código malicioso em anexo ou que nuvem ou pen drive por exemplo, para caso você perca os dados
induzam o usuário a seguir um link e explorando vulnerabilidades originais de sua máquina devido a vírus, dados corrompidos ou ou-
em sistemas que não tenham recebido as devidas atualizações de tros motivos e assim possa restaurá-los (recuperá-los)78.
segurança. Backups são extremamente importantes, pois permitem79:
• Proteção de dados: você pode preservar seus dados para que
Antivírus sejam recuperados em situações como falha de disco rígido, atua-
O antivírus é um software de proteção do computador que eli- lização malsucedida do sistema operacional, exclusão ou substitui-
mina programas maliciosos que foram desenvolvidos para prejudi- ção acidental de arquivos, ação de códigos maliciosos/atacantes e
car o computador. furto/perda de dispositivos.
O vírus infecta o computador através da multiplicação dele (có- • Recuperação de versões: você pode recuperar uma versão
pias) com intenção de causar danos na máquina ou roubar dados. antiga de um arquivo alterado, como uma parte excluída de um tex-
O antivírus analisa os arquivos do computador buscando pa- to editado ou a imagem original de uma foto manipulada.
drões de comportamento e códigos que não seriam comuns em
algum tipo de arquivo e compara com seu banco de dados. Com Muitos sistemas operacionais já possuem ferramentas de ba-
isto ele avisa o usuário que tem algo suspeito para ele tomar pro- ckup e recuperação integradas e também há a opção de instalar
vidência. programas externos. Na maioria dos casos, ao usar estas ferramen-
O banco de dados do antivírus é muito importante neste pro- tas, basta que você tome algumas decisões, como:
cesso, por isso, ele deve ser constantemente atualizado, pois todos • Onde gravar os backups: podem ser usadas mídias (como CD,
os dias são criados vírus novos. DVD, pen-drive, disco de Blu-ray e disco rígido interno ou externo)
Uma grande parte das infecções de vírus tem participação do ou armazená-los remotamente (on-line ou off-site). A escolha de-
usuário. Os mais comuns são através de links recebidos por e-mail pende do programa de backup que está sendo usado e de ques-
ou download de arquivos na internet de sites desconhecidos ou tões como capacidade de armazenamento, custo e confiabilidade.
mesmo só de acessar alguns sites duvidosos pode acontecer uma Um CD, DVD ou Blu-ray pode bastar para pequenas quantidades de
contaminação. dados, um pen-drive pode ser indicado para dados constantemen-
Outro jeito de contaminar é através de dispositivos de armaze- te modificados, ao passo que um disco rígido pode ser usado para
namentos móveis como HD externo e pen drive. Nestes casos de- grandes volumes que devam perdurar.
vem acionar o antivírus para fazer uma verificação antes. • Quais arquivos copiar: apenas arquivos confiáveis e que
Existem diversas opções confiáveis, tanto gratuitas quanto pa- tenham importância para você devem ser copiados. Arquivos de
gas. Entre as principais estão: programas que podem ser reinstalados, geralmente, não precisam
– Avast; ser copiados. Fazer cópia de arquivos desnecessários pode ocupar
– AVG; espaço inutilmente e dificultar a localização dos demais dados. Mui-
– Norton; tos programas de backup já possuem listas de arquivos e diretórios
– Avira; recomendados, podendo optar por aceitá-las ou criar suas próprias
– Kaspersky; listas.
– McAffe.
78 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/02/procedimentos-de-
-backup/
77 https://cartilha.cert.br/ransomware/ 79 https://cartilha.cert.br/mecanismos/

157
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Com que periodicidade realizar: depende da frequência com - A empresa contratada cuida da manutenção do sistema, ba-
que os arquivos são criados ou modificados. Arquivos frequente- ckup e replicação dos dados, aquisição de dispositivos para arma-
mente modificados podem ser copiados diariamente ao passo que zenamentos extras;
aqueles pouco alterados podem ser copiados semanalmente ou - É uma ferramenta de gestão de dados, pois, estes são arma-
mensalmente. zenados de forma organizada. Com uma conexão estável, o acesso
e compartilhamento é fácil e rápido.
Tipos de backup
• Backups completos (normal): cópias de todos os arquivos, Desvantagens
independente de backups anteriores. Conforma a quantidade de - O acesso depende exclusivamente da internet, portanto, a co-
dados ele pode ser é um backup demorado. Ele marca os arquivos nexão deve ser de qualidade;
copiados. - Companhias de grande porte precisam ter políticas de segu-
• Backups incrementais: é uma cópia dos dados criados e al- rança para preservar a integridade dos arquivos;
terados desde o último backup completo (normal) ou incremental, - Geralmente, os servidores estão no exterior, o que sujeita
ou seja, cópia dos novos arquivos criados. Por ser mais rápidos e seus dados à legislação local.
ocupar menos espaço no disco ele tem maior frequência de backup.
Ele marca os arquivos copiados. Tipos de armazenamento em nuvem
• Backups diferenciais: da mesma forma que o backup incre- Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de
mental, o backup diferencial só copia arquivos criados ou alterados nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser-
desde o último backup completo (normal), mas isso pode variar em viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de
diferentes programas de backup. Juntos, um backup completo e TI82.
um backup diferencial incluem todos os arquivos no computador, Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem:
alterados e inalterados. No entanto, a diferença deste para o incre- • Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud
mental é que cada backup diferencial mapeia as modificações em terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur-
relação ao último backup completo. Ele é mais seguro na manipula- sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento
ção de dados. Ele não marca os arquivos copiados. via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su-
porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor
• Arquivamento: você pode copiar ou mover dados que deseja de nuvem contratado pela organização.
ou que precisa guardar, mas que não são necessários no seu dia a • Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em
dia e que raramente são alterados. nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo
estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou
seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infra-
ARMAZENAMENTO DE DADOS NA NUVEM estrutura de computação em nuvem utilizados pela empresa são
(CLOUD STORAGE) mantidos em uma rede privada.
• Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi-
O armazenamento de dados na nuvem é quando guardamos ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o
informações na internet através de um provedor de serviços na nu- compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu-
vem que gerencia o armazenamento dos dados80. vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar
Com este serviço, são eliminados custos com infraestrutura de a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da
armazenamento físico de dados. Além disso, pode-se acessar do- empresa.
cumentos em qualquer lugar ou dispositivo (todos sincronizados).
Estes provedores de armazenamento cobram um valor propor- Software para armazenamento em nuvem
cional ao tamanho da necessidade, mantendo os dados seguros. Software de armazenamento cloud são sites, alguns deles vin-
Você pode acessar seus dados na nuvem através de protoco- culados a provedores de e-mail e aplicações de escritório, como
los como o SOAP (Simple Object Access Protocol), protocolo desti- o Google Drive (Google), o One Drive (Microsoft) e o Dropbox. A
nado à circulação de informações estruturadas entre plataformas maioria dos sites disponibiliza o serviço gratuitamente e o usuário
distribuídas e descentralizadas ou usando uma API (Application paga apenas se contratar planos para expandir a capacidade.
Programming Interface, traduzindo, Interface de Programação de
Aplicações) que integra os sistemas que tem linguagens diferentes
de maneira rápida e segura. PERIFÉRICOS: CONCEITOS E INSTALAÇÃO

Benefícios do armazenamento na nuvem Hardware


- Diminuição do custo de hardware para armazenamento, só é O hardware são as partes físicas de um computador. Isso inclui
pago o que realmente necessita e ainda é fácil e rápido aumentar o a Unidade Central de Processamento (CPU), unidades de armazena-
espaço caso necessite; mento, placas mãe, placas de vídeo, memória, etc.83. Outras partes
- As empresas pagam pela capacidade de armazenamento que extras chamados componentes ou dispositivos periféricos incluem
realmente precisam81; o mouse, impressoras, modems, scanners, câmeras, etc.
- Implantação rápida e fácil;
- Possibilidade de expandir ou diminuir o espaço por sazonali-
dade;
- Quem contrata gerencia a nuvem diretamente;
82 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/
83 https://www.palpitedigital.com/principais-componentes-inter-
80 https://centraldefavoritos.com.br/2018/12/31/armazenamento-de- nos-pc-perifericos-hardware-software/#:~:text=O%20hardware%20
-dados-na-nuvem-cloud-storage/ s%C3%A3o%20as%20partes,%2C%20scanners%2C%20c%C3%A2me-
81 http://www.infortrendbrasil.com.br/cloud-storage/ ras%2C%20etc.

158
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para que todos esses componentes sejam usados apropriada- Coolers
mente dentro de um computador, é necessário que a funcionalida- Quando cada parte de um computador realiza uma tarefa, elas
de de cada um dos componentes seja traduzida para algo prático. usam eletricidade. Essa eletricidade usada tem como uma consequ-
Surge então a função do sistema operacional, que faz o intermédio ência a geração de calor, que deve ser dissipado para que o compu-
desses componentes até sua função final, como, por exemplo, pro- tador continue funcionando sem problemas e sem engasgos no de-
cessar os cálculos na CPU que resultam em uma imagem no moni- sempenho. Os coolers e ventoinhas são responsáveis por promover
tor, processar os sons de um arquivo MP3 e mandar para a placa de uma circulação de ar dentro da case do CPU. Essa circulação de ar
som do seu computador, etc. Dentro do sistema operacional você provoca uma troca de temperatura entre o processador e o ar que
ainda terá os programas, que dão funcionalidades diferentes ao ali está passando. Essa troca de temperatura provoca o resfriamen-
computador. to dos componentes do computador, mantendo seu funcionamento
intacto e prolongando a vida útil das peças.
Gabinete
O gabinete abriga os componentes internos de um computa-
dor, incluindo a placa mãe, processador, fonte, discos de armaze-
namento, leitores de discos, etc. Um gabinete pode ter diversos
tamanhos e designs.

Cooler.86

Placa-mãe
Se o CPU é o cérebro de um computador, a placa-mãe é o es-
Gabinete.84 queleto. A placa mãe é responsável por organizar a distribuição dos
cálculos para o CPU, conectando todos os outros componentes ex-
Processador ou CPU (Unidade de Processamento Central) ternos e internos ao processador. Ela também é responsável por
É o cérebro de um computador. É a base sobre a qual é cons- enviar os resultados dos cálculos para seus devidos destinos. Uma
truída a estrutura de um computador. Uma CPU funciona, basica- placa mãe pode ser on-board, ou seja, com componentes como pla-
mente, como uma calculadora. Os programas enviam cálculos para cas de som e placas de vídeo fazendo parte da própria placa mãe,
o CPU, que tem um sistema próprio de “fila” para fazer os cálculos ou off-board, com todos os componentes sendo conectados a ela.
mais importantes primeiro, e separar também os cálculos entre os
núcleos de um computador. O resultado desses cálculos é traduzido
em uma ação concreta, como por exemplo, aplicar uma edição em
uma imagem, escrever um texto e as letras aparecerem no monitor
do PC, etc. A velocidade de um processador está relacionada à velo-
cidade com que a CPU é capaz de fazer os cálculos.

CPU.85
Placa-mãe.87
84 https://www.chipart.com.br/gabinete/gabinete-gamer-gamemax-
-shine-g517-mid-tower-com-1-fan-vidro-temperado-preto/2546 86 https://www.terabyteshop.com.br/produto/10546/cooler-deep-
85 https://www.showmetech.com.br/porque-o-processador-e-uma-pe- cool-gammaxx-c40-dp-mch4-gmx-c40p-intelam4-ryzen
ca-importante 87 https://www.terabyteshop.com.br/produto/9640/placa-mae-bios-

159
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Fonte Periféricos de entrada, saída e armazenamento
É responsável por fornecer energia às partes que compõe um São placas ou aparelhos que recebem ou enviam informações
computador, de forma eficiente e protegendo as peças de surtos para o computador. São classificados em:
de energia. – Periféricos de entrada: são aqueles que enviam informações
para o computador. Ex.: teclado, mouse, scanner, microfone, etc.

Fonte 88

Placas de vídeo
Permitem que os resultados numéricos dos cálculos de um pro-
cessador sejam traduzidos em imagens e gráficos para aparecer em
um monitor. Periféricos de entrada.90

– Periféricos de saída: São aqueles que recebem informações


do computador. Ex.: monitor, impressora, caixas de som.

Placa de vídeo 89

Periféricos de saída.91

tar-b360mhd-pro-ddr4-lga-1151
88 https://www.magazineluiza.com.br/fonte-atx-alimentacao-pc- 90https://mind42.com/public/970058ba-a8f4-451b-b121-3ba-
-230w-01001-xway/p/dh97g572hc/in/ftpc 35c51e1e7
89https://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2012/12/conheca- 91 https://aprendafazer.net/o-que-sao-os-perifericos-de-saida-para-
-melhores-placas-de-video-lancadas-em-2012.html -que-servem-e-que-tipos-existem

160
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Periféricos de entrada e saída: são aqueles que enviam e re- – Software Aplicativo: este tipo de software é, basicamente,
cebem informações para/do computador. Ex.: monitor touchscre- os programas utilizados para aplicações dentro do S.O., que não es-
en, drive de CD – DVD, HD externo, pen drive, impressora multifun- tejam ligados com o funcionamento do mesmo. Exemplos: Word,
cional, etc. Excel, Paint, Bloco de notas, Calculadora.
– Software de Programação: são softwares usados para criar
outros programas, a parir de uma linguagem de programação,
como Java, PHP, Pascal, C+, C++, entre outras.
– Software de Tutorial: são programas que auxiliam o usuário
de outro programa, ou ensine a fazer algo sobre determinado as-
sunto.
– Software de Jogos: são softwares usados para o lazer, com
vários tipos de recursos.
– Software Aberto: é qualquer dos softwares acima, que tenha
o código fonte disponível para qualquer pessoa.

Todos estes tipos de software evoluem muito todos os dias.


Sempre estão sendo lançados novos sistemas operacionais, novos
Periféricos de entrada e saída.92 games, e novos aplicativos para facilitar ou entreter a vida das pes-
soas que utilizam o computador.
– Periféricos de armazenamento: são aqueles que armazenam
informações. Ex.: pen drive, cartão de memória, HD externo, etc.
EXERCÍCIOS

1. (PREFEITURA DE CANANÉIA/SP - ORIENTADOR SOCIAL - VU-


NESP/2020) Em um computador com Microsoft Windows 7 insta-
lado, em sua configuração original, um usuário clicou com o botão
invertido do mouse sobre um ponto vazio da Área de Trabalho e
obteve o seguinte menu de contexto, exibido parcialmente na ima-
gem a seguir.

Periféricos de armazenamento.93

Software
Software é um agrupamento de comandos escritos em uma lin-
guagem de programação94. Estes comandos, ou instruções, criam as A opção Novo permite que se crie um(a) novo(a)
ações dentro do programa, e permitem seu funcionamento. (A) Usuário
Um software, ou programa, consiste em informações que po- (B) Atalho
dem ser lidas pelo computador, assim como seu conteúdo audiovi- (C) Papel de parede
sual, dados e componentes em geral. Para proteger os direitos do (D) Barra de ferramentas
criador do programa, foi criada a licença de uso. Todos estes com- (E) Pesquisa por arquivos
ponentes do programa fazem parte da licença.
A licença é o que garante o direito autoral do criador ou dis- 2. (IDAF/AC - ENGENHEIRO AGRÔNOMO - IBADE/2020) No
tribuidor do programa. A licença é um grupo de regras estipuladas Windows 8, além das diversas funções e recursos existentes para
pelo criador/distribuidor do programa, definindo tudo que é ou não facilitar o seu dia a dia, é possível utilizar teclas de atalhos no tecla-
é permitido no uso do software em questão. do para ajudar você a fazer o que quiser mais rápido. Qual a combi-
Os softwares podem ser classificados em: nação de teclas de atalho para minimizar todas as janelas abertas e
– Software de Sistema: o software de sistema é constituído pe- ir direto para sua área de trabalho?
los sistemas operacionais (S.O). Estes S.O que auxiliam o usuário, (A) Tecla do logotipo do Windows + L
para passar os comandos para o computador. Ele interpreta nossas (B) Tecla do logotipo do Windows + F
ações e transforma os dados em códigos binários, que podem ser (C) Tecla do logotipo do Windows + M
processados (D) Tecla do logotipo do Windows + E
(E) Tecla do logotipo do Windows + F1

92 https://almeida3.webnode.pt/trabalhos-de-tic/dispositivos-de-en-
trada-e-saida
93 https://www.slideshare.net/contatoharpa/perifricos-4041411
94 http://www.itvale.com.br

161
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
3. (PREFEITURA DE PORTO XAVIER/RS - TÉCNICO EM ENFER- 8. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE SOCIAL
MAGEM - FUNDATEC/2018) A tecla de atalho Ctrl+A, no sistema - COTEC/2020) No processador de texto Microsoft Word, perten-
operacional Microsoft Windows 10, possui a função de: cente à suíte de Escritório Microsoft Office 2016, um rodapé per-
(A) Selecionar tudo. mite a inclusão de informações na parte inferior da página. Por pa-
(B) Imprimir. drão, rodapés são incluídos:
(C) Renomear uma pasta. (A) Na primeira página.
(D) Finalizar o programa. (B) Na última página.
(E) Colocar em negrito. (C) Em todas as páginas.
(D) Em páginas ímpares.
4. (PREFEITURA DE ARACATI/CE - TÉCNICO EM ARQUIVO - (E) Em páginas pares.
ACEP/2019) Os sistemas operacionais Linux® e Windows® têm,
entre si, inúmeras diferenças. No entanto, é possível encontrar 9. (PREFEITURA DE VINHEDO/SP - GUARDA MUNICIPAL -
também algumas semelhanças. Considerando versões recentes dos IBFC/2020) Leia atentamente a frase abaixo referente às Redes de
dois sistemas operacionais (considerando o Ubuntu como referên- Computadores:
cia de Linux), em configuração padrão, pode-se citar como uma se- “_____ significa _____ e é um conjunto de _____ que pertence
melhança: a uma mesma organização, conectados entre eles por uma rede,
(A) ambos dispõem de código fonte aberto. numa _____ área geográfica”.
(B) ambos executam em um só nível de execução. Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente
(C) ambos compartilham o mesmo sistema de arquivos padrão as lacunas.
(NTFS). (A) LAN / Local Area Network / computadores / pequena
(D) ambos disponibilizam ferramenta de linha de comando. (B) MAN / Much Area Network / computadores / grande
(C) MAN / Much Area Network / roteadores / pequena
5. (CÂMARA MUNICIPAL DE ELDORADO DO SUL/RS - ANALIS- (D) LAN / Local Area Network / roteadores / grande
TA LEGISLATIVO - FUNDATEC/2018) Os operadores matemáticos do
software Calc do pacote LibreOffice 5, responsáveis por executar a 10. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE AD-
potência e divisão, são, respectivamente: MINISTRATIVO - COTEC/2020) Os termos internet e World Wide
(A) ^ / Web (WWW) são frequentemente usados como sinônimos na lin-
(B) * ^ guagem corrente, e não são porque
(C) * : (A) a internet é uma coleção de documentos interligados (pági-
(D) ^ : nas web) e outros recursos, enquanto a WWW é um serviço de
(E) * / acesso a um computador.
(B) a internet é um conjunto de serviços que permitem a co-
6. (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP - MÉDICO - INSTITUTO EX- nexão de vários computadores, enquanto WWW é um serviço
CELÊNCIA/2018) Tendo por base o programa Microsoft Excel na sua especial de acesso ao Google.
configuração padrão e versão mais recente, responda: Qual opera- (C) a internet é uma rede mundial de computadores especial,
dor aritmético é utilizado quando for preciso inserir uma potencia- enquanto a WWW é apenas um dos muitos serviços que fun-
ção? cionam dentro da internet.
(A) ! (D) a internet possibilita uma comunicação entre vários compu-
(B) $ tadores, enquanto a WWW, o acesso a um endereço eletrônico.
(C) * (E) a internet é uma coleção de endereços eletrônicos, enquan-
(D) @ to a WWW é uma rede mundial de computadores com acesso
(E) ^ especial ao Google.

7. (UFPB - ADMINISTRADOR DE EDIFÍCIOS - INSTITUTO 11. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE AD-
AOCP/2019) No Ambiente Operacional Windows e Microsoft Office, MINISTRATIVO - COTEC/2020) Em observação aos conceitos e com-
todo tipo de arquivo tem sua extensão, o que possibilita a diferen- ponentes de e-mail, faça a relação da denominação de item, pre-
ciação entre os milhões de arquivos existentes em cada máquina. sente na 1.ª coluna, com a sua definição, na 2.ª coluna.
Relacione as colunas associando cada extensão ao seu respectivo Item
aplicativo do Microsoft Office e assinale a alternativa com a sequ- 1- Spam
ência correta. 2- IMAP
1. .xlsx 3- Cabeçalho
2. .docx 4- Gmail
3. .pptx Definição
( ) Word. ( ) Protocolo de gerenciamento de correio eletrônico.
( ) Excel. ( ) Um serviço gratuito de webmail.
( ) Power Point ( ) Mensagens de e-mail não desejadas e enviadas em massa
(A) 1 – 2 – 3. para múltiplas pessoas.
(B) 3 – 2 – 1. ( ) Uma das duas seções principais das mensagens de e-mail.
(C) 2 – 1 – 3.
(D) 3 – 1 – 2.
(E) 1 – 3 – 2.

162
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A alternativa CORRETA para a correspondência entre colunas é: 15. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - MÉDICO - OBJETIVA/2019)
(A) 1, 2, 3, 4. Para que a segurança da informação seja efetiva, é necessário que
(B) 3, 1, 2, 4. os serviços disponibilizados e as comunicações realizadas garantam
(C) 2, 1, 4, 3. alguns requisitos básicos de segurança. Sobre esses requisitos, assi-
(D) 2, 4, 1, 3. nalar a alternativa CORRETA:
(E) 1, 3, 4, 2. (A) Repúdio de ações realizadas, integridade, monitoramento
e irretratabilidade.
12. (PREFEITURA DE LINHARES/ES - AGENTE ADMINISTRATI- (B) Protocolos abertos, publicidade de informação, incidentes
VO - IBADE/2020) Facebook, Instagram e Twiter são softwares co- e segurança física.
nhecidos como: (C) Confidencialidade, integridade, disponibilidade e autentica-
(A) Redes Sociais. ção.
(B) WebMail. (D) Indisponibilidade, acessibilidade, repúdio de ações realiza-
(C) Correio Eletrônico. das e planejamento.
(D) Sistema operacional.
(E) Comércio Eletrônico. 16. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - TÉCNICO EM IN-
FORMÁTICA - COTEC/2020) Os softwares antivírus são comumente
13. (CÂMARA DE CABIXI/RO - CONTADOR - MS CONCUR- utilizados para proteger os sistemas de ameaças e potenciais sof-
SOS/2018) São considerados modelos de implantação de compu- twares malintencionados (conhecidos por malwares). Alguns usu-
tação em nuvem: ários de computadores chegam a instalar mais de um antivírus na
I- Nuvem privada (private clouds): compreende uma infraes- mesma máquina para sua proteção. Verifique o que pode ocorrer
trutura de nuvem operada publicamente por uma organização. Os no caso da instalação de mais de um antivírus:
serviços são oferecidos para serem utilizados internamente pela I - Um antivírus pode identificar o outro antivírus como sendo
própria organização, não estando disponíveis publicamente para uma possível ameaça.
uso geral. II - Vai ocasionar um uso excessivo de processamento na CPU
II- Nuvem comunidade (community cloud): fornece uma in- do computador.
fraestrutura compartilhada por uma comunidade de organizações III - Apesar de alguns inconvenientes, há um acréscimo do nível
com interesses em comum. de segurança.
III- Nuvem pública (public cloud): a nuvem é disponibilizada IV - Instabilidades e incompatibilidades podem fazer com que
publicamente através do modelo pay-per-use. Tipicamente, são vulnerabilidades se apresentem.
oferecidas por companhias que possuem grandes capacidades de Estão CORRETAS as afirmativas:
armazenamento e processamento. (A) I, II e IV, apenas.
IV- Nuvem híbrida (hybrid cloud): a infraestrutura é uma com- (B) I, III e IV, apenas.
posição de duas ou mais nuvens (privada, comunidade ou pública) (C) II e III, apenas.
que continuam a ser entidades públicas, porém, conectadas através (D) II e IV, apenas.
de tecnologia proprietária ou padronizada. (E) II, III e IV, apenas.
Está correto o contido:
(A) Apenas na opção I. 17. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ/SC - MÉDICO VETERINÁRIO -
(B) Apenas na opção II. ESES/2019) As cópias de segurança (backup) são imprescindíveis
(C)Apenas nas opções II e III. nas organizações. Elas podem ser armazenadas de diversas formas.
(D) Nas opções I, II e III. O tipo de backup onde cópias são feitas apenas dos arquivos que
foram modificados desde a última interação é denominado:
14. (PREFEITURA DE SANTA LUZIA/MG - ARQUIVISTA - (A) Backup diferencial.
IBGP/2018) Sobre as operações de manipulação de pastas e arqui- (B) Backup cumulativo.
vos no Windows 7, assinale V para afirmativas verdadeiras e F para (C) Backup completo.
as falsas. (D) Backup incremental.
( ) A operação “mover pasta para” equivale à sequência de ope-
rações “copiar” e “colar”. 18. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ/SC - MÉDICO VETERINÁRIO -
( ) A sequência de operações “recortar” e “colar” transfere um IESES/2019) Dentre as utilidades dos serviços de cloud storage (ar-
arquivo de pasta. mazenagem na nuvem), assinale a alternativa INCORRETA:
( ) A sequência de operações “copiar” e “colar” duplica um ar- (A) Acessar arquivos quando estiver sem acesso à internet.
quivo em outra pasta. (B) Compartilhar arquivos com os pares.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: (C) Acessar arquivos quando não se está no local do seu com-
(A) F F F. putador, como por exemplo fora do escritório ou em viagens.
(B) F V V. (D) Fazer backup de dados.
(C) V F V.
(D) V V F. 19. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - MÉDICO - OBJETIVA/2019)
São exemplos de dois softwares e um hardware, respectivamente:
(A) Placa de vídeo, teclado e mouse.
(B) Microsoft Excel, Mozilla Firefox e CPU.
(C) Internet Explorer, placa-mãe e gravador de DVD.
(D) Webcam, editor de imagem e disco rígido.

163
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
20. (GHC-RS - CONTADOR - MS CONCURSOS/2018) Nas alter-
nativas, encontram-se alguns conceitos básicos de informática, ex-
ANOTAÇÕES
ceto:
(A) Hardware são os componentes físicos do computador, ou ______________________________________________________
seja, a máquina propriamente dita.
(B) Software é o conjunto de programas que permite o funcio- ______________________________________________________
namento e utilização da máquina.
(C) Entre os principais sistemas operacionais, pode-se destacar ______________________________________________________
o Windows, Linux e o BrOffice.
(D) O primeiro software necessário para o funcionamento de ______________________________________________________
um computador é o Sistema Operacional.
______________________________________________________
(E) No software livre, existe a liberdade de estudar o funciona-
mento do programa e de adaptá-lo as suas necessidades. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 B
2 C ______________________________________________________
3 A ______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 A
6 E ______________________________________________________
7 C ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 A
10 C ______________________________________________________
11 D ______________________________________________________
12 A
______________________________________________________
13 C
14 B ______________________________________________________

15 C ______________________________________________________
16 A
______________________________________________________
17 D
18 A ______________________________________________________

19 B ______________________________________________________
20 C
_____________________________________________________

_____________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

164
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO

ESTRUTURAS LÓGICAS
NOÇÕES BÁSICAS DE LÓGICA: CONECTIVOS, TAUTOLO- Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
GIA E CONTRADIÇÕES, IMPLICAÇÕES E EQUIVALÊNCIAS, Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
AFIRMAÇÕES E NEGAÇÕES, ARGUMENTO E SILOGISMO atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO Elas podem ser:


Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble- • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife- co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
consiste nos seguintes conteúdos: – Fez Sol ontem?
- Operação com conjuntos. - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Cálculos com porcentagens. - Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé- televisão.
tricos e matriciais. - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
- Geometria básica. bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
- Álgebra básica e sistemas lineares. do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
- Calendários.
- Numeração. • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
- Razões Especiais. valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
- Análise Combinatória e Probabilidade. rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
- Progressões Aritmética e Geométrica.
Proposições simples e compostas
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO • Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
Argumentação. proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL
O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo. simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
O mais importante é praticar o máximo de questões que envol- nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
vam os conteúdos:
- Lógica sequencial ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas
- Calendários por duas proposições simples.

RACIOCÍNIO VERBAL
Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar
conclusões lógicas.
Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha-
bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma
vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli-
gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do
conhecimento por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um
trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
ções, selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das in-
formações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as in-
formações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
verdadeira ou falsa sem mais informações)

165
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Proposições Compostas – Conectivos
As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

166
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

167
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

168
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

169
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

170
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo por
“e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

171
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

172
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Conectivo “ou” (v)
Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

• Mais sobre o Conectivo “ou”


– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)
Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

173
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

Ordem de precedência dos conectivos:


O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente do
valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

174
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Resolução: • Transitiva:
Montando a tabela teremos que: – Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
P ~p ~p ^p P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R
V F F
V F F Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
F V F
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
F V F tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
sições verdadeiras já existentes.
Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante
de uma CONTRADIÇÃO. Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
Resposta: C

A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,-


q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).
ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin- • Silogismo Disjuntivo
tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conec-
tivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica
que pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:

• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

• Modus Tollens

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
• Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.

175
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Tautologias e Implicação Lógica – Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
• Teorema uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...) ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


Observe que: Teremos duas possibilidades.
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P →
Q é tautológica.

Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético

Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no


conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
“Todo B é A”.
Princípio da inconsistência
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica • Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”
p ^ ~p ⇒ q Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo- entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
sição q. mo que dizer “nenhum B é A”.
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a grama (A ∩ B = ø):
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.
• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”
Vejamos algumas formas: Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
- Todo A é B. posição:
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.

Onde temos que A e B são os termos ou características dessas


proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.
– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
categórica em afirmativa ou negativa.

176
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A” Exemplos:
tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- (DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
mação anterior é:
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” (A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três dos.
representações possíveis: (B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o mos a alternativa B.
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
que Algum B não é A. A é não B.
• Negação das Proposições Categóricas Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as são pardos NÃO miam alto.
seguintes convenções de equivalência: Resposta: C
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos
uma proposição categórica particular. (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, (A) Todos os não psicólogos são professores.
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, (B) Nenhum professor é psicólogo.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, (C) Nenhum psicólogo é professor.
uma proposição de natureza afirmativa. (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
(E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
Em síntese: Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E

• Equivalência entre as proposições


Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões.

177
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco. NENHUM
E
(C) Todo número natural é diferente de cinco. AéB
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco. Existe pelo menos um elemento que
pertence a A, então não pertence a B, e
Resolução: vice-versa.
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To-
dos e Nenhum, que também são universais.

Existe pelo menos um elemento co-


mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
tes formas:
ALGUM
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para


conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas: ALGUM


O
A NÃO é B
TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
TODO não são B (enquanto que, no “Algum A é
A B”, a atenção estava sobre os que eram B,
AéB
ou seja, na intercessão).
Se um elemento pertence ao conjunto A, Temos também no segundo caso, a dife-
então pertence também a B. rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

178
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Exemplo: Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO Segundo as afirmativas temos:
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que pelo menos um dos cinemas é considerado teatro.
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura
(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
mo princípio acima.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama
nos afirma isso

- Existem teatros que não são cinemas

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-


cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que
todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura
também não é cinema.

- Algum teatro é casa de cultura

Resposta: E

179
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.

Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-


mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Exemplo: Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
P1: Todos os cientistas são loucos. lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
P2: Martiniano é louco. de uma total dissociação entre os dois conjuntos.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

Argumentos Válidos
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
ria do seu conjunto de premissas.
Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
Exemplo: “Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
O silogismo... comum.
P1: Todos os homens são pássaros. Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
P2: Nenhum pássaro é animal. vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CONTE-


ÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!

• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli-


do?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
essa frase da seguinte maneira: conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!

180
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Argumentos Inválidos Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não
Dizemos que um argumento é inválido – também denominado gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este ar-
ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade gumento é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu- (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
são. - É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de cho-
Exemplo: colate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não!
P1: Todas as crianças gostam de chocolate. Pode ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círcu-
P2: Patrícia não é criança. lo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)!
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. Enfim, o argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a
veracidade da conclusão!
Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois
as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão. Métodos para validação de um argumento
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
de chocolate. 1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO,
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo arti- ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
fício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela pri- 2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada
meira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”. quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocor-
re quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e
nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se
na construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para
cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a des-
vantagem de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve
várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e consi-
derando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a vali-
dade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibi-
lidade do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades.
Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobri-
remos o valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em
Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é verdade, para que o argumento seja considerado válido.
criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da 4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, conside-
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Pa- rando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
trícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da
crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto, conclusão de maneira direta, mas somente por meio de análises
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do mais complicadas.
diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

181
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Em síntese: Resolução pelo 3º Método
Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão
verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa,
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma
conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou am-
bas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores
lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar
adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o
argumento é ou NÃO VÁLIDO.

Resolução pelo 4º Método


Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere-
mos:
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda-
deiro!
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas
verdadeiras! Teremos:
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são ver-
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo:
r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi!
Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido: Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si-
(p ∧ q) → r multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que
_____~r_______ o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido!
~p ∨ ~q
Exemplos:
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as
Resolução: seguintes proposições sejam verdadeiras.
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
ou nenhum? • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
à pergunta seguinte. • Quando Fernando está estudando, não chove.
- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposi- • Durante a noite, faz frio.
ções simples?
A resposta também é não! Portanto, descartamos também o Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o
2º método. item subsecutivo.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposi-
ção simples ou uma conjunção? Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando.
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar ( ) Certo
então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos ( ) Errado
seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição Resolução:
simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre-
também é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método! A = Chove
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo B = Maria vai ao cinema
3º e pelo 4º métodos. C = Cláudio fica em casa
D = Faz frio
E = Fernando está estudando
F = É noite
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional:

182
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO

A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa, utilizando isso temos:


O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. // B → ~E
Iniciando temos:
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove tem
que ser F.
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V). // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria vai
ao cinema tem que ser V.
2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio sai
de casa tem que ser F.
5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V). // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode ser
V ou F.
1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Resposta: Errado

(PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada, então
Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma bruxa.
Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
(A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
(B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
(C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
(E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.

Resolução:
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão o
valor lógico (V), então:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F) → V
(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro (F) → V
(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F) → V
(1) Tristeza não é uma bruxa (V)

Logo:
Temos que:
Esmeralda não é fada(V)
Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verdadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única que
contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

183
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA
Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

184
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).

185
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está − Luiz não viajou para Fortaleza.
resolvido:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS Luiz N N N
Carlos Engenheiro Patrícia Arnaldo N N
Luís Médico Maria Mariana N N S N
Paulo Advogado Lúcia Paulo N N
Exemplo: Agora, completando o restante:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curi-
tiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram,
sabe-se que: Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; Luiz N S N N
− Mariana viajou para Curitiba;
Arnaldo S N N N
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza. Mariana N N S N
Paulo N N N S
É correto concluir que, em janeiro,
(A) Paulo viajou para Fortaleza. Resposta: B
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. Quantificador
(D) Mariana viajou para Salvador. É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
(E) Luiz viajou para Curitiba. tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
proposição aberta em uma proposição lógica.
Resolução:
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA

Tipos de quantificadores
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N • Quantificador universal (∀)
Arnaldo N O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:

Mariana
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;

Exemplo:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador Todo homem é mortal.
Luiz N N A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
Arnaldo N N mortal.
Na representação do diagrama lógico, seria:
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Mariana N N S N mem.
Paulo N N A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
2ª) Se José é homem, então José é mortal.

A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.


A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
(x) (A (x) → B).

186
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão Resolução:
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional. A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
sões:
Aplicando temos: – Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for- – Se é cavalo, então é um animal.
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira? de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador, de conclusão).
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul- Resposta: B
gar, logo, é uma proposição lógica.
(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
• Quantificador existencial (∃) ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores.
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
os valores de x devem satisfazer a propriedade.
Exemplo: Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
é: – 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0.
X + 0 = X.
Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- reto.
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ Resposta: CERTO
(x)) (A (x) ∧ B).

Aplicando temos: RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA: ENVOLVEN-


x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈ DO CONCEITOS RELACIONADOS AOS CONJUNTOS NU-
N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x MÉRICOS E ÀS OPERAÇÕES BÁSICAS
+ 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença
será verdadeira?
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador, Números Naturais
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos Os números naturais são o modelo matemático necessário
julgar, logo, é uma proposição lógica. para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade,
ATENÇÃO: obtemos o conjunto infinito dos números naturais
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B”
é diferente de “Todo B é A”.
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.
- Todo número natural dado tem um sucessor
Forma simbólica dos quantificadores a) O sucessor de 0 é 1.
Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B). b) O sucessor de 1000 é 1001.
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B). c) O sucessor de 19 é 20.
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B). Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero.

Exemplos:
Todo cavalo é um animal. Logo, {1,2,3,4,5,6... . }
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo.

187
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces- Números Racionais
sor (número que vem antes do número dado). Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero. presso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
a) O antecessor do número m é m-1. São exemplos de números racionais:
b) O antecessor de 2 é 1.
c) O antecessor de 56 é 55. -12/51
d) O antecessor de 10 é 9. -3

Expressões Numéricas -(-3)


Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, mul- -2,333...
tiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer em
uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas utili- As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,
zamos alguns procedimentos: portanto são consideradas números racionais.
Como representar esses números?
Se em uma expressão numérica aparecer as quatro operações,
devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeiramente, na Representação Decimal das Frações
ordem em que elas aparecerem e somente depois a adição e a sub- Temos 2 possíveis casos para transformar frações em decimais
tração, também na ordem em que aparecerem e os parênteses são
resolvidos primeiro. 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número de-
cimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
Exemplo 1
10 + 12 – 6 + 7
22 – 6 + 7
16 + 7
23

Exemplo 2
40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 + 23
27 2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, mas
lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número racio-
Exemplo 3 nal
25-(50-30)+4x5 OBS: período da dízima são os números que se repetem, se
25-20+20=25 não repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, que
trataremos mais a frente.
Números Inteiros
Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero.
Este conjunto pode ser representado por:

Subconjuntos do conjunto :
1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero

{...-2, -1, 1, 2, ...} Representação Fracionária dos Números Decimais


1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o
2) Conjuntos dos números inteiros não negativos denominador seguido de zeros.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
{0, 1, 2, ...} um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.

3) Conjunto dos números inteiros não positivos

{...-3, -2, -1}

188
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como Números Reais
podemos transformar em fração?

Exemplo 1
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada
de x, ou seja
X=0,333...

Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por


10.
10x=3,333...

E então subtraímos:
10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
X=3/9 Fonte: www.estudokids.com.br
X=1/3
Representação na reta
Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .

Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212... Intervalos limitados
99x=111 Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou iguais a
X=111/99 e menores do que b ou iguais a b.

Números Irracionais

Identificação de números irracionais


– Todas as dízimas periódicas são números racionais. Intervalo:[a,b]
– Todos os números inteiros são racionais. Conjunto: {x ϵ R|a≤x≤b}
– Todas as frações ordinárias são números racionais.
– Todas as dízimas não periódicas são números irracionais. Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores que
– Todas as raízes inexatas são números irracionais. b.
– A soma de um número racional com um número irracional é
sempre um número irracional.
– A diferença de dois números irracionais, pode ser um número
racional.
– Os números irracionais não podem ser expressos na forma , Intervalo:]a,b[
com a e b inteiros e b≠0. Conjunto:{xϵR|a<x<b}

Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional. Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a ou
iguais a A e menores do que B.
– O quociente de dois números irracionais, pode ser um núme-
ro racional.

Exemplo: : = = 2 e 2 é um número racional.

– O produto de dois números irracionais, pode ser um número Intervalo:{a,b[


racional. Conjunto {x ϵ R|a≤x<b}

Exemplo: . = = 7 é um número racional. Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e
menores ou iguais a b.
Exemplo: radicais( a raiz quadrada de um número na-
tural, se não inteira, é irracional.

189
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Intervalo:]a,b] 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resulta
Conjunto:{x ϵ R|a<x≤b} em um número negativo.
Intervalos Ilimitados
Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais me-
nores ou iguais a b.

5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o sinal


para positivo e inverter o número que está na base.
Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x ϵ R|x≤b}

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais me-


nores que b.

6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor do
expoente, o resultado será igual a zero.
Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x ϵ R|x<b}

Semirreta direita, fechada de origem a – números reais maiores


ou iguais a A.
Propriedades
1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma
base, repete-se a base e soma os expoentes.

Intervalo:[a,+ ∞[ Exemplos:
Conjunto:{x ϵ R|x≥a} 24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27
Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maiores
que a.

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.


Conserva-se a base e subtraem os expoentes.
Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x ϵ R|x>a} Exemplos:
96 : 92 = 96-2 = 94
Potenciação
Multiplicação de fatores iguais

2³=2.2.2=8
3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se
Casos os expoentes.
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
Exemplos:
(52)3 = 52.3 = 56

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um


expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente.
(4.3)²=4².3²

3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta em 5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, podemos
um número positivo. elevar separados.

190
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Radiciação O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado
Radiciação é a operação inversa a potenciação é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
radicando.

Raiz quadrada números decimais

Técnica de Cálculo
A determinação da raiz quadrada de um número torna-se Operações
mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números
primos. Veja:

64 2
32 2
16 2 Operações
8 2
4 2 Multiplicação
2 2
Exemplo
1

64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um Divisão


e multiplica.

Exemplo

Observe:
1 1
1 Adição e subtração
3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
2 2 2

Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.


De modo geral, se
8 2 20 2
*
a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N , 4 2 10 2
2 2 5 5
Então:
1 1

n
a.b = n a .n b

O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado é


Caso tenha:
igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do radi-
cando.
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
Raiz quadrada de frações ordinárias

1 1
2  2 2 22 2
Observe: =  = 1 =
3 3 3
32
a na
* *
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R , n ∈ N , então: n =
+
b nb

191
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Racionalização de Denominadores Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:
Normalmente não se apresentam números irracionais com
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos
radicais do denominador chama-se racionalização do denominador.
1º Caso: Denominador composto por uma só parcela
Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 esteja
em proporção com 4/6.

Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:

2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.

Segunda propriedade das proporções


Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos dois
primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo termo,
assim como a soma ou a diferença dos dois últimos termos está
Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos:
quadrados no denominador:

Ou

RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA: ENVOLVEN-


DO CONCEITOS RELACIONADOS A PROPORCIONALI-
DADE E PORCENTAGENS
Ou
Razão
Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com b
0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por a/bou
a : b.

Exemplo: Ou
Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças.
Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de moças.
(lembrando que razão é divisão)

Terceira propriedade das proporções


Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos an-
tecedentes está para a soma ou a diferença dos consequentes, as-
Proporção sim como cada antecedente está para o seu respectivo consequen-
Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção entre te. Temos então:
A/B e C/D é a igualdade:

Propriedade fundamental das proporções Ou


Numa proporção:

Os números A e D são denominados extremos enquanto os nú- Ou


meros B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos meios
é igual ao produto dos extremos, isto é:

AxD=BxC

192
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Ou A solução segue das propriedades das proporções:

Grandezas Diretamente Proporcionais Exemplo


Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente pro- Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Carlos
porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual a entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o prêmio
razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma maneira de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o combinado
mais informal, se eu pergunto: entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma diretamente pro-
Quanto mais.....mais.... porcional?

Exemplo
Distância percorrida e combustível gasto

DISTÂNCIA (KM) COMBUSTÍVEL (LITROS)


13 1
26 2
39 3
52 4
Carlos ganhará R$210000,00 e Carlos R$315000,00.
Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível?
Diretamente proporcionais Inversamente Proporcionais
Se eu dobro a distância, dobra o combustível Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inver-
samente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este número
Grandezas Inversamente Proporcionais M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a 1/p1, 1/p2,
Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro- ..., 1/pn. A montagem do sistema com n equações e n incógnitas,
porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso
ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.
Quanto mais....menos...

Exemplo
Velocidade x Tempo a tabela abaixo: cuja solução segue das propriedades das proporções:

VELOCIDADE (M/S) TEMPO (S)


5 200
8 125
Porcentagem
10 100 Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, seu sím-
16 62,5 bolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que a encontramos
nos meios de comunicação, nas estatísticas, em máquinas de cal-
20 50 cular, etc.
Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo?? Os acréscimos e os descontos é importante saber porque ajuda
Inversamente proporcional muito na resolução do exercício.
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade.

Diretamente Proporcionais
Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn direta-
mente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema
com n equações e n incógnitas, sendo as somas X1+X2+...+Xn=M e
p1+p2+...+pn=P.

193
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Acréscimo Resolução
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um determina- 45------100%
do valor, podemos calcular o novo valor apenas multiplicando esse X-------60%
valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. Se o acréscimo for X=27
de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim por diante. Veja a tabela
abaixo: O menor número de meninas possíveis para ter gripe é se to-
dos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 meninas estão.
ACRÉSCIMO OU LUCRO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO
10% 1,10
15% 1,15
Resposta: C.
20% 1,20
47% 1,47 LEITURA E ANÁLISE DE DADOS APRESENTADOS EM
67% 1,67 FORMATO TABULAR OU GRÁFICO

Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos: Os gráficos e tabelas apresentam o cruzamento entre dois da-
dos relacionados entre si.
10 x 1,10 = R$ 11,00 A escolha do tipo e a forma de apresentação sempre vão de-
pender do contexto, mas de uma maneira geral um bom gráfico
Desconto deve:
No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação será: -Mostrar a informação de modo tão acurado quanto possível.
Fator de Multiplicação =1 - taxa de desconto (na forma decimal) -Utilizar títulos, rótulos, legendas, etc. para tornar claro o con-
Veja a tabela abaixo: texto, o conteúdo e a mensagem.
-Complementar ou melhorar a visualização sobre aspectos des-
DESCONTO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO critos ou mostrados numericamente através de tabelas.
10% 0,90 -Utilizar escalas adequadas.
-Mostrar claramente as tendências existentes nos dados.
25% 0,75
34% 0,66 Tipos de gráficos
Barras- utilizam retângulos para mostrar a quantidade.
60% 0,40
90% 0,10 Barra vertical

Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:

10 X 0,90 = R$ 9,00

Chamamos de lucro em uma transação comercial de compra e


venda a diferença entre o preço de venda e o preço de custo.
Lucro=preço de venda -preço de custo

Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de duas


formas:

Barra horizontal

Exemplo
(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala de aula
com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está com gripe. Se x%
das meninas dessa sala estão com gripe, o menor valor possível
para x é igual a
(A) 8.
(B) 15.
(C) 10.
(D) 6.
(E) 12.

194
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
Histogramas
São gráfico de barra que mostram a frequência de uma variável
específica e um detalhe importante que são faixas de valores em x.

Da mesma forma, as tabelas ajudam na melhor visualização de


dados e muitas vezes é através dela que vamos fazer os tipos de
gráficos vistos anteriormente.
Podem ser tabelas simples:
Quantos aparelhos tecnológicos você tem na sua casa?

APARELHO QUANTIDADE
Televisão 3
Celular 4
Geladeira 1

Setor ou pizza- Muito útil quando temos um total e queremos


demonstrar cada parte, separando cada pedaço como numa pizza. EXERCÍCIOS

1. (PREFEITURA DE SALVADOR /BA - TÉCNICO DE NÍVEL SU-


PERIOR II - DIREITO – FGV/2017) Em um concurso, há 150 candida-
tos em apenas duas categorias: nível superior e nível médio.
Sabe-se que:
• dentre os candidatos, 82 são homens;
• o número de candidatos homens de nível superior é igual ao
de mulheres de nível médio;
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mulheres.

O número de candidatos homens de nível médio é


(A) 42.
(B) 45.
(C) 48.
Linhas- É um gráfico de grande utilidade e muito comum na (D) 50.
representação de tendências e relacionamentos de variáveis (E) 52.

2. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA - MS-


CONCURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, Isabella e José
foram a uma prova de hipismo, na qual ganharia o competidor que
obtivesse o menor tempo final. A cada 1 falta seriam incrementados
6 segundos em seu tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria
Eduarda fez 1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni
fez 1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a colo-
cação, é correto afirmar que o vencedor foi:
(A) José
(B) Isabella
(C) Maria Eduarda
(D) Raoni

3. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA - MS-


CONCURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
Pictogramas – são imagens ilustrativas para tornar mais fácil a (A) 0,2222...
compreensão de todos sobre um tema. (B) 0,6666...
(C) 0,1616...
(D) 0,8888...

195
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
4. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2017) (A) 1.
Se, numa divisão, o divisor e o quociente são iguais, e o resto é 10, (B) 2.
sendo esse resto o maior possível, então o dividendo é (C) 4.
(A) 131. (D) 8.
(B) 121. (E) 16.
(C) 120.
(D) 110. 8. (UNIRV/GO – AUXILIAR DE LABORATÓRIO – UNIRV-
(E) 101. GO/2017)

5. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2017) As expressões Qual o resultado de ?


numéricas abaixo apresentam resultados que seguem um padrão
específico: (A) 3
(B) 3/2
1ª expressão: 1 x 9 + 2 (C) 5
2ª expressão: 12 x 9 + 3 (D) 5/2
3ª expressão: 123 x 9 + 4
... 9. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL E SUPERVISOR
7ª expressão: █ x 9 + ▲ – FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .

Seguindo esse padrão e colocando os números adequados no Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:


lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª expressão será (A) 1;
(B) 2;
(A) 1 111 111. (C) 3;
(B) 11 111. (D) 4;
(C) 1 111. (E) 6.
(D) 111 111. 10. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL E SUPERVISOR
(E) 11 111 111. – FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de determinada empre-
sa tem o mesmo número de mulheres e de homens. Certa manhã,
6. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2017) Durante um trei- 3/4 das mulheres e 2/3 dos homens dessa equipe saíram para um
namento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio comercial atendimento externo.
informou que, nos cinquenta anos de existência do prédio, nunca Desses que foram para o atendimento externo, a fração de mu-
houve um incêndio, mas existiram muitas situações de risco, feliz- lheres é:
mente controladas a tempo. Segundo ele, 1/13 dessas situações (A) 3/4;
deveu-se a ações criminosas, enquanto as demais situações haviam (B) 8/9;
sido geradas por diferentes tipos de displicência. Dentre as situa- (C) 5/7;
ções de risco geradas por displicência, (D) 8/13;
(E) 9/17.
− 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inadequada-
mente;
− 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas; 11. (IPRESB/SP - ANALISTA DE PROCESSOS PREVIDENCIÁ-
− 1/3 deveu-se a vazamentos de gás e; RIOS- VUNESP/2017) Um terreno retangular ABCD, com 40 m de
− As demais foram geradas por descuidos ao cozinhar. largura por 60 m de comprimento, foi dividido em três lotes, con-
forme mostra a figura.
De acordo com esses dados, ao longo da existência desse pré-
dio comercial, a fração do total de situações de risco de incêndio
geradas por descuidos ao cozinhar corresponde à
(A) 3/20.
(B) 1/4.
(C) 13/60.
(D) 1/5.
(E) 1/60.

7. (ITAIPU BINACIONAL - PROFISSIONAL NÍVEL TÉCNICO I -


TÉCNICO EM ELETRÔNICA – NCUFPR/2017) Assinale a alternativa
que apresenta o valor da expressão

Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é 864 m², o


perímetro do lote 2 é
(A) 100 m.
(B) 108 m.
(C) 112 m.
(D) 116 m.
(E) 120 m.

196
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
12. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Considere 15. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) No cubo
um triângulo retângulo de catetos medindo 3m e 5m. Um segundo de aresta 10, da figura abaixo, encontra-se representado um plano
triângulo retângulo, semelhante ao primeiro, cuja área é o dobro da passando pelos vértices B e C e pelos pontos P e Q, pontos médios,
área do primeiro, terá como medidas dos catetos, em metros: respectivamente, das arestas EF e HG, gerando o quadrilátero BCQP.
(A) 3 e 10.
(B) 3√2 e 5√2 .
(C) 3√2 e 10√2 .
(D)5 e 6.
(E) 6 e 10.

13. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Na figura


abaixo, encontra-se representada uma cinta esticada passando em
torno de três discos de mesmo diâmetro e tangentes entre si.

A área do quadrilátero BCQP, da figura acima, é


(A) 25√5.
(B) 50√2.
(C) 50√5.
(D)100√2 .
(E) 100√5.

16. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA - MS-


CONCURSOS/2017) O triângulo retângulo em B, a seguir, de vérti-
Considerando que o diâmetro de cada disco é 8, o comprimen- ces A, B e C, representa uma praça de uma cidade. Qual é a área
to da cinta acima representada é dessa praça?
(A) 8/3 π + 8 .
(B) 8/3 π + 24.
(C) 8π + 8 .
(D) 8π + 24.
(E) 16π + 24.

14. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Na figura


abaixo, ABCD é um quadrado de lado 10; E, F, G e H são pontos
médios dos lados do quadrado ABCD e são os centros de quatro
círculos tangentes entre si. (A) 120 m²
(B)90 m²
(C) 60 m²
(D) 30 m²

17. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VUNESP/2017)


A figura, com dimensões indicadas em centímetros, mostra um pai-
nel informativo ABCD, de formato retangular, no qual se destaca a
região retangular R, onde x > y.

A área da região sombreada, da figura acima apresentada, é


(A)100 - 5π .
(B) 100 - 10π .
(C) 100 - 15π .
(D)100 - 20π .
(E)100 - 25π .

Sabendo-se que a razão entre as medidas dos lados correspon-


dentes do retângulo ABCD e da região R é igual a 5/2 , é correto
afirmar que as medidas, em centímetros, dos lados da região R, in-
dicadas por x e y na figura, são, respectivamente,

197
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
(A) 80 e 64. 21. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA –
(B) 80 e 62. MSCONCURSOS/2017)
(C) 62 e 80.
(D) 60 e 80.
(E) 60 e 78. Seja a expressão definida em 0< x < π/2 .
Ao simplificá-la, obteremos:
18. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VUNESP/2017) (A) 1
O piso de um salão retangular, de 6 m de comprimento, foi total- (B) sen²x
mente coberto por 108 placas quadradas de porcelanato, todas (C)cos²x
inteiras. Sabe-se que quatro placas desse porcelanato cobrem exa- (D)0
tamente 1 m2 de piso. Nessas condições, é correto afirmar que o
perímetro desse piso é, em metros, igual a 22. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA –
(A) 20. MSCONCURSOS/2017) Fábio precisa comprar arame para cercar
(B) 21. um terreno no formato a seguir, retângulo em B e C. Consideran-
(C) 24. do que ele dará duas voltas com o arame no terreno e que não
(D) 27. terá perdas, quantos metros ele irá gastar? (considere √3 =1,7;
(E) 30. sen30º=0,5; cos30º=0,85; tg30º=0,57).

19. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL E SUPERVISOR


– FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular resolveu cer-
cá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de madeira. Colocou uma
estaca em cada um dos quatro cantos do terreno e as demais igual-
mente espaçadas, de 3 em 3 metros, ao longo dos quatro lados do
terreno.
O número de estacas em cada um dos lados maiores do terre-
no, incluindo os dois dos cantos, é o dobro do número de estacas (A) 64,2 m
em cada um dos lados menores, também incluindo os dois dos can- (B) 46,2 m
tos. (C)92,4 m
(D) 128,4 m
A área do terreno em metros quadrados é:
(A) 240; 23. (IPRESB/SP - ANALISTA DE PROCESSOS PREVIDENCI-
(B) 256; ÁRIOS- VUNESP/2017) Uma gráfica precisa imprimir um lote de
(C) 324; 100000 folhetos e, para isso, utiliza a máquina A, que imprime 5000
(D) 330; folhetos em 40 minutos. Após 3 horas e 20 minutos de funciona-
(E) 372. mento, a máquina A quebra e o serviço restante passa a ser fei-
to pela máquina B, que imprime 4500 folhetos em 48 minutos. O
20. (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO- VU- tempo que a máquina B levará para imprimir o restante do lote de
NESP/2017) A figura seguinte, cujas dimensões estão indicadas em folhetos é
metros, mostra as regiões R1 e R2 , ambas com formato de triângu- (A) 14 horas e 10 minutos.
los retângulos, situadas em uma praça e destinadas a atividades de (B) 14 horas e 05 minutos.
recreação infantil para faixas etárias distintas. (C) 13 horas e 45 minutos.
(D) 13 horas e 30 minutos.
(E) 13 horas e 20 minutos.

24. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VUNESP/2017)


Renata foi realizar exames médicos em uma clínica. Ela saiu de sua
casa às 14h 45 min e voltou às 17h 15 min. Se ela ficou durante uma
hora e meia na clínica, então o tempo gasto no trânsito, no trajeto
de ida e volta, foi igual a
(A) 1/2h.
(B) 3/4h.
Se a área de R1 é 54 m², então o perímetro de R2 é, em metros, (C) 1h.
igual a (D) 1h 15min.
(A) 54. (E) 1 1/2h.
(B) 48.
(C) 36.
(D) 40.
(E) 42.

198
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
25. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VUNESP/2017) 30. (EMDEC - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JR – IBFC/2016)
Uma indústria produz regularmente 4500 litros de suco por dia. Sa- Carlos almoçou em certo dia no horário das 12:45 às 13:12. O total
be-se que a terça parte da produção diária é distribuída em caixi- de segundos que representa o tempo que Carlos almoçou nesse dia
nhas P, que recebem 300 mililitros de suco cada uma. Nessas condi- é:
ções, é correto afirmar que a cada cinco dias a indústria utiliza uma (A) 1840
quantidade de caixinhas P igual a (B) 1620
(A) 25000. (C) 1780
(B) 24500. (D) 2120
(C) 23000.
(D) 22000. 31. (ANP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESGRANRIO/2016)
(E) 20500. Um caminhão-tanque chega a um posto de abastecimento com
36.000 litros de gasolina em seu reservatório. Parte dessa gasolina
26. (UNIRV/GO – AUXILIAR DE LABORATÓRIO – UNIRV- é transferida para dois tanques de armazenamento, enchendo-os
GO/2017) Uma empresa farmacêutica distribuiu 14400 litros de completamente. Um desses tanques tem 12,5 m3, e o outro, 15,3
uma substância líquida em recipientes de 72 cm3 cada um. Sabe-se m3, e estavam, inicialmente, vazios.
que cada recipiente, depois de cheio, tem 80 gramas. A quantidade Após a transferência, quantos litros de gasolina restaram no
de toneladas que representa todos os recipientes cheios com essa caminhão-tanque?
substância é de (A) 35.722,00
(A) 16 (B) 8.200,00
(B) 160 (C) 3.577,20
(C) 1600 (D) 357,72
(D) 16000 (E) 332,20

27. (MPE/GO – OFICIAL DE PROMOTORIA – MPEGO/2017) 32. (DPE/RR – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FCC/2015) Rai-
João estuda à noite e sua aula começa às 18h40min. Cada aula tem mundo tinha duas cordas, uma de 1,7 m e outra de 1,45 m. Ele
duração de 45 minutos, e o intervalo dura 15 minutos. Sabendo-se precisava de pedaços, dessas cordas, que medissem 40 cm de com-
que nessa escola há 5 aulas e 1 intervalo diariamente, pode-se afir- primento cada um. Ele cortou as duas cordas em pedaços de 40 cm
mar que o término das aulas de João se dá às: de comprimento e assim conseguiu obter
(A) 22h30min (A) 6 pedaços.
(B) 22h40min (B) 8 pedaços.
(C) 22h50min (C) 9 pedaços.
(D) 23h (D) 5 pedaços.
(E) Nenhuma das anteriores (E) 7 pedaços.

28. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO ADMINISTRATIVO-


FGV/2017) Quando era jovem, Arquimedes corria 15km em GABARITO
1h45min. Agora que é idoso, ele caminha 8km em 1h20min.
Para percorrer 1km agora que é idoso, comparado com a época
em que era jovem, Arquimedes precisa de mais: 1. Resposta: B.
(A) 10 minutos; 150-82=68 mulheres
(B) 7 minutos; Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 são de
(C) 5 minutos; nível médio.
(D) 3 minutos; Portanto, há 37 homens de nível superior.
(E) 2 minutos. 82-37=45 homens de nível médio.

29. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO ADMINISTRATIVO- 2. Resposta: D.


FGV/2017) Lucas foi de carro para o trabalho em um horário de Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o vencedor.
trânsito intenso e gastou 1h20min. Em um dia sem trânsito intenso,
Lucas foi de carro para o trabalho a uma velocidade média 20km/h 3. Resposta: B.
maior do que no dia de trânsito intenso e gastou 48min. Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
A distância, em km, da casa de Lucas até o trabalho é: X=0,4444....
(A) 36; 10x=4,444...
(B) 40; 9x=4
(C) 48;
(D) 50;
(E) 60.

4. Resposta: A.
Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número 11 que
é igua o quociente.

199
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
11x11=121+10=131

5. Resposta: E.
A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111

6. Resposta: D.

Gerado por descuidos ao cozinhar:

Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1-1/13)

7. Resposta: C.

96h=1728
H=18

Como I é um triângulo:
60-36=24
X²=24²+18²
8. Resposta: D. X²=576+324
X²=900
X=30
Como h=18 e AD é 40, EG=22

Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116

9. Resposta: C. 12. Resposta: B


2-2(1-2N)=12
2-2+4N=12
4N=12
N=3

10. Resposta: E.
Como tem o mesmo número de homens e mulheres:

Dos homens que saíram:

Lado=3√2
Saíram no total Outro lado =5√2

13. Resposta: D
Observe o triângulo do meio, cada lado é exatamente a mesma
medida da parte reta da cinta.

Que é igual a 2 raios, ou um diâmetro, portanto o lado esticado


tem 8x3=24 m
A parte do círculo é igual a 120°, pois é 1/3 do círculo, como são
11. Resposta: D três partes, é a mesma medida de um círculo.

200
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
O comprimento do círculo é dado por: 2πr=8π
Portanto, a cinta tem 8π+24

14. Resposta: E
Como o quadrado tem lado 10,a área é 100. 5x=400
X=80

18. Resposta: B.
108/4=27m²
6x=27
X=27/6

O perímetro seria

19. Resposta: C
O lado AF e AE medem 5, cada um, pois F e E é o ponto Médio Número de estacas: x
X²=5²+5² X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contando duas ve-
X²=25+25 zes o canto
X²=50 6x=30
X=5√2 X=5
X é o diâmetro do círculo, como temos 4 semi círculos, temos
2 círculos inteiros. Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas a cada 3m
4 espaços de 3m=12m
A área de um círculo é Lado maior 10 estacas
9 espaços de 3 metros=27m
A=12⋅27=324 m²

20. Resposta: B

A sombreada=100-25π

15. Resposta: C
CQ é hipotenusa do triângulo GQC.
01. CQ²=10²+5² 9x=108
CQ²=100+25 X=12
CQ²=125 Para encontrar o perímetro do triângulo R2:
CQ=5√5
A área do quadrilátero seria CQ⋅BC
A=5√5⋅10=50√5

16. Resposta: C
Para saber a área, primeiro precisamos descobrir o x.

17²=x²+8²
289=x²+64
X²=225 Y²=16²+12²
X=15 Y²=256+144=400
Y=20
17. Resposta: A
Perímetro: 16+12+20=48

21. Resposta: C

5y=320
Y=64

201
RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO
1-cos²x=sen²x 200000⋅80=16000000 gramas=16 toneladas

27. Resposta: B.
5⋅45=225 minutos de aula
225/60=3 horas 45 minutos nas aulas mais 15 minutos de in-
22. Resposta: D tervalo=4horas
18:40+4h=22h:40

28. Resposta: D.
1h45min=60+45=105 minutos
15km-------105
1--------------x
X=7 minutos
1h20min=60+20=80min
8km----80
1-------x
X=10minutos
X=6 A diferença é de 3 minutos

29. Resposta: B.
V------80min
V+20----48
Quanto maior a velocidade, menor o tempo(inversamente)

Y=10,2
2 voltas=2(12+18+10,2+6+18)=128,4m
80v=48V+960
23. Resposta: E. 32V=960
3h 20 minutos-200 minutos V=30km/h
5000-----40 30km----60 min
x----------200 x-----------80
x=1000000/40=25000

Já foram impressos 25000, portanto faltam ainda 75000


4500-------48
75000------x 60x=2400
X=3600000/4500=800 minutos X=40km
800/60=13,33h
13 horas e 1/3 hora 30 Resposta: B.
13h e 20 minutos 12:45 até 13:12 são 27 minutos
27x60=1620 segundos

31. Resposta: B.
1m³=1000litros
36000/1000=36 m³
36-12,5-15,3=8,2 m³x1000=8200 litros

24. Resposta: C. 32.Resposta: E.


Como ela ficou 1hora e meia na clínica o trajeto de ida e volta 1,7m=170cm
demorou 1 hora. 1,45m=145 cm
170/40=4 resta 10
25. Resposta: A. 145/40=3 resta 25
4500/3=1500 litros para as caixinhas 4+3=7
1500litros=1500000ml
1500000/300=5000 caixinhas por dia
5000.5=25000 caixinhas em 5 dias

26. Resposta: A.
14400litros=14400000 ml

202
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA

O estudioso Ampère, que se dedicava àquela altura a corren-


FÍSICA: ELETRODINÂMICA: CORRENTE ELÉTRICA, tes elétricas, expos uma teoria bastante interessante: existência de
GERADORES DE FORÇA ELETROMOTRIZ, determinadas partículas de eletricidade, que fossem elementares
RESISTIVIDADE E RESISTÊNCIA ELÉTRICA, LEI DE OHM, e, ao se movimentar enquanto estivessem nas substâncias, auxi-
CONDUTORES ÔHMICOS E NÃO ÔHMICOS, POTÊNCIA liariam a provocar relação magnética. Contudo, mesmo que fosse
ELÉTRICA, EFEITO JOULE E INSTRUMENTOS DE uma teoria interessante, Ampère jamais conseguiu comprovar a
MEDIDAS ELÉTRICAS existência das partículas.
Faraday, a seguir, acabou trazendo uma outra noção, que aju-
O eletromagnetismo é a área da Física responsável por analisar dou a avançar com os estudos sobre o tema. Trata-se da noção de
e estudar as propriedades magnéticas e elétricas da matéria. Sobre- campo.
tudo, em particular, as relações entre tais propriedades. Segundo esse conceito, qualquer espaço detém uma série de
Segundo uma lenda da Grécia, um pastor, de nome Magnes, linhas de força, isto é, correntes que não podem ser vistas a olho nu.
ficou muito surpreso ao perceber como a bola de ferro que estava Mesmo assim, essas forças seriam as administradoras do movimen-
em seu cajado ficava atraída por uma pedra específica e bem mis- to de todo objeto, sendo criadas, também, pela presença de cada
teriosa: o âmbar – ou “elektron” do grego. Essa pequena história, um dos corpos em um mesmo momento.
independente de ser fato ou ficção, expõe claramente o interesse Desse modo, uma carga de eletricidade, móvel, faz com que se-
que o homem tem, desde sempre, pelos fenômenos relativos à área jam produzidas perturbações eletromagnéticas no espaço ao redor.
da eletromagnética. Assim, qualquer carga mais próxima é capaz de identificar a presen-
A seguir explicaremos um pouco mais sobre os fenômenos que ça justamente pelas linhas de força do campo. Matematicamente,
envolvem esse tópico científico, bem como sua importância para a essa ideia foi desenvolvida pelo inglês James Clerk Maxwell, o que
nossa vida, nos dias de hoje. ajudou a por abaixo a ideia, muito forte naquele tempo, de que
Desde o tempo em que as primeiras descobertas inovadoras forças agiam sob uma espécie de “controle remoto”.
do grande cientista Isaac Newton começaram a ser divulgadas, che- Em 1897, o eletromagnetismo foi finalmente comprovado, no
gou-se a uma interpretação, amplamente aceita naquele momento, momento em que a descoberta do elétron foi feita por Sir Joseph
de causalidade do universo. Segundo essa visão, todo efeito que John Thomson. Assim, pode-se verificar a força magnética no mo-
pudesse ser observado, deveria obedecer a forças que estivessem vimento orbital comum a elétrons, que ficavam ao redor de núcleo
sendo exercidas por objetos a uma distância relativa. de átomos.
Nessa época, portanto, ganha luz a teoria eletromagnética, que O eletromagnetismo é utilizado, hoje em dia, em múltiplas fi-
afirmava justamente que quaisquer repulsões de cunho magnético nalidades, tais como:
e/ou elétrico são resultado de ação de corpos a alguma distância. • Construção de geradores de energia elétrica;
Era imprescindível, portanto, que fosse encontrada a causa • Radiografias,
de tais forças, com base na teoria da massa gravitacional, de Isaac • Fornos de microondas, entre muitos outros.
Newton, ao mesmo tempo em que se poderia explicar, com rigor,
exatamente tais mecanismos de relação eletromagnética entre cor- Você faz bastante uso da eletricidade em seu dia-a-dia, não é
pos e objetos. mesmo? Mas já parou para pensar na falta que ela faria na sua vida,
se não existisse?
Se faltar energia elétrica à noite, ficamos sem luz elétrica e tudo
pára: a televisão, o chuveiro elétrico, o ventilador, alguns aparelhos
de telefone, o aparelho de som, o computador, o microondas, os
elevadores etc.

203
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Alguns aparelhos funcionam com a energia recebida das estações distribuidoras de energia elétrica; basta ligá-los na tomada. Mas há
muitos outros aparelhos que funcionam utilizando energia elétrica sem termos de ligá-los diretamente na tomada, como o celular, o rádio,
os walkmans ou iPODs e as calculadoras; eles recebem energia de pilhas e baterias.
Outro tipo de energia muito usada em nosso cotidiano é a energia magnética. Graças ao magnetismo, podemos ter registros armaze-
nados em fitas cassetes e fitas de vídeo, podemos usar as bússolas para nos localizarmos etc.
A revolução que a humanidade experimentou advinda das aplicações da eletricidade e do magnetismo se intensificou quando os
cientistas perceberam a relação entre ambos.

Cargas elétricas
Cargas elétricas são de dois tipos: positivas e negativas
Uma matéria é constituída de átomos. Os átomos, por sua vez, são constituídos de partículas ainda menores: prótons, nêutrons e
elétrons.
Os prótons e os nêutrons situam-se no núcleo do átomo. Os elétrons giram e torno do núcleo, numa região chamada eletrosfera. Os
prótons e os elétrons possuem uma propriedade denominada carga elétrica, que aparece na natureza em dois tipos. Por isso a do próton
foi convencionada como positiva e a do elétron como negativa.

Corpos carregados
Quando um corpo perde elétrons dizemos que ele está positivamente carregado.
Quando ganha elétrons dizemos que ele está negativamente carregado. Quando o número de elétrons em um corpo é igual ao núme-
ro de prótons, dizemos que o corpo está neutro.
Um experimento relacionado aos primórdios do estudo da eletricidade pode ser realizado com um bastão de vidro pendurado por um
barbante. Se atritarmos esse bastão em um pedaço de lã, notaremos que ambos se atrairão mutuamente.
Agora se atritarmos o bastão de vidro no tecido de lã e o deixarmos pendurado, aproximando dele outro bastão de vidro que tenha
sido friccionado em outro pedaço de lã, notaremos que os bastões se repelem.

Essas observações demonstraram a ocorrência de fenômenos elétricos. Os cientistas consideram que, ao atritarmos os materiais vidro
e lã, o bastão de vidro passa a ser portador de carga elétrica positiva e o pedaço de lã passa a ser portador de carga elétrica negativa. Os
sinais de positivo e negativo atribuídos a essas cargas são uma convenção científica.

Cargas elétricas interagem


Muito materiais adquirem carga elétrica quando atritados em outros. Nesse processo um dos materiais adquire carga elétrica positiva,
e o outro, carga elétrica negativa.
Por meio de experimentos semelhantes aos descritos anteriormente com o vidro e a lã, os cientistas concluíram que cargas elétricas
de sinais diferentes se atraem e que cargas elétricas de sinais iguais se repelem. Quando vidro e lã são friccionados, passam a ter cargas
elétricas de sinais diferentes e, portanto, passam a se atrair. Já os dois bastões de vidro, quando adquirem cargas elétricas de mesmo sinal,
passam a se repelir.

204
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
A interação elétrica obedece o princípio da ação e reação
A interação entre dois corpos portadores de cargas elétricas obedece à Terceira Lei de Newton (Princípio da ação e reação). Sobre cada
um dos dois corpos atua uma força que se deve a presença do outro. As duas forças tem a mesma intensidade (mesmo módulo) e a mesma
direção (mesma linha de atuação), mas diferentes sentidos.

Se os dois corpos apresentam cargas de sinais opostos, as forças tendem a fazê-los de aproximar. Por outro lado, se os dois corpos
possuem carga de mesmo sinal, as forças tendem a fazê-los se afastar.

Eletrização por atrito


Diferentes materiais têm diferentes tendências à eletrização. Quando vidro de lã são atritados, dizemos que ambos materiais adqui-
rem carga elétrica pelo processo de eletrização por atrito.
Com base em muitos experimentos similares, foi possível aos cientistas determinarem a tendência dos materiais a adquirir carga elé-
trica positiva ou negativa, quando atritados uns com os outros.
Essa tendência pode ser expressa por meio de uma sequência como a mostrada abaixo.

Condutores elétricos
Imagine duas esferas de metal, um pouco afastadas entre si, uma delas eletrizada com carga positiva e a outra não-eletrizada. Se um
bastão de metal tocar as duas esferas simultaneamente, verifica-se que parte da carga elétrica é transferida para a outra esfera. Porém, se
utilizarmos um bastão de madeira, a carga permaneceria na esfera eletrizada, e a outra não receberia nem um pouco dessa carga.

205
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Entendendo a corrente elétrica
Antes de definirmos corrente elétrica, vamos imaginar a se-
guinte situação: você está em uma estação de trem urbano ou de
metrô, no qual o passageiro passa por roletas para ter acesso aos
trens. Sua finalidade ali é avaliar a quantidade de pessoas que pas-
sam por minuto.
Obter essa informação é simples: basta contar quantas pessoas
passam em um minuto. Por exemplo, se contou 100 pessoas, você
responderá que passam 100 pessoas por minuto. Para atingir uma
média melhor, você pode contar por mais tempo. Digamos que te-
nha contado 900 pessoas em 10 minutos.
Esse experimento evidencia que o metal é o material condu- Portanto, sua média agora será 900/10 = 90 pessoas por mi-
tor elétrico e a madeira é um material isolante elétrico. nuto.
De fato, os condutores elétricos mais conhecidos são os me- Então alguém lhe pede que avalie a massa média das pessoas
tais como o cobre, o ferro o alumínio, o ouro e a prata. Entre eles, que passam por minuto pelas roletas. Você aceita o desafio.
o cobre, metal de aspecto marrom-avermelhado, é usado na fiação Se a massa médias das pessoas no Brasil é 70 Kg (podemos ver
elétrica das casas. Entre os isolantes elétricos podemos citar, além isso ao ler placas de elevadores de prédios, que sempre consideram
da madeira, os plásticos em geral, o ar (a temperatura e pressão a massa de uma pessoa igual a 70 kg. Essas placas de advertência
ambientes), as borrachas e o isopor (que na verdade, é um tipo de fixadas nas cabines afirmam: “Capacidade máxima: 10 pessoas ou
plástico). 700 kg”).
A grande maioria dos metais conhecidos se encaixa em um des-
ses dois grupos: condutor elétrico e isolantes elétrico. Há, contudo, Massa média
certos materiais que não se enquadram bem em nenhuma dessas
duas categorias, mas sim em um grupo intermediário, conhecidos
como semi-condutores. Dois exemplos são o silício e o germânio,
empregados na indústria para elaborar alguns componentes usados
em aparelhos eletrônicos. Essa ideia é similar à usada para definir a intensidade de
corrente elétrica (i). Sabe-se que a carga de um elétron é igual a
Eletrização por contato 1,6.10- 19 C .
Quando um corpo eletrizado toca um corpo eletricamente neu-
tro (isto é, sem carga elétrica), parte de sua carga é transferida para Se você conseguisse contar a quantidade de elétrons (n) que
ele, que também passa a ficar eletrizado. Esse processo é a eletri- atravessa uma região plana de um fio em 1 segundo poderia afirmar
zação por contato. que a intensidade da corrente elétrica é:

Corrente elétrica
Vimos que os elétrons se deslocam com facilidade em corpos
condutores. O deslocamento dessas cargas elétricas é chamado de
corrente elétrica. Se contasse por um período qualquer, e representando a
A corrente elétrica é responsável pelo funcionamento dos apa- carga do elétron (1,6.10- 19 C) pela letra e, poderia afirmar:
relhos elétricos; estes somente funcionam quando a corrente passa
por eles.

Somente é possível a passagem de corrente por um aparelho


se este pertencer a um circuito fechado. Esta é a expressão matemática associada à intensidade da cor-
rente elétrica.
A unidade de intensidade de corrente elétrica é o Coulomb
por segundo, denominada ampère (A). A corrente elétrica pode ser
contínua ou alterada.
Na corrente contínua, observada nas pilhas e baterias, o fluxo
dos elétrons ocorre sempre em um único sentido.
Na corrente alternada, os elétrons alternam o sentido do seu
movimento, oscilando para um lado e para o outro. É esse tipo de
corrente que se estabelece ao ligarmos os aparelhos na nossa rede
doméstica. A razão de a corrente ser alternada está relacionada a
forma como a energia elétrica é produzida e distribuída para nossas
Um circuito constituído de lâmpada, pilha e fios, quando liga- casas.
dos corretamente, formam um circuito fechado. Quando ligamos
os aparelhos elétricos em nossa casa e eles funcionam, podemos Leis de Kirchhoff
garantir que fazem parte de um circuito fechado quando passa cor- As Leis de Kirchhoff são utilizadas para encontrar as intensida-
rente elétrica através de seus fios. des das correntes em circuitos elétricos que não podem ser reduzi-
dos a circuitos simples.
Constituídas por um conjunto de regras, elas foram concebidas
em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887),
quando ele era estudante na Universidade de Königsberg.

206
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada de Lei dos Nós, que se aplica A tensão poderá ser positiva ou negativa, de acordo com o sen-
aos pontos do circuito onde a corrente elétrica se divide. Ou seja, tido que arbitramos para a corrente e para percorrer o circuito.
nos pontos de conexão entre três ou mais condutores (nós). Para isso, vamos considerar que o valor da ddp em um resistor
Já a 2ª Lei é chamada de Lei das Malhas, sendo aplicada aos ca- é dado por R . i, sendo positivo se o sentido da corrente for o mes-
minhos fechados de um circuito, os quais são chamados de malhas mo do sentido do percurso, e negativo se for no sentido contrário.

Para o gerador (fem) e receptor (fcem) utiliza-se o sinal de en-


trada no sentido que adotamos para a malha.
Como exemplo, considere a malha indicada na figura abaixo:

Lei dos Nós


A Lei dos Nós, também chamada de primeira lei de Kirchhoff,
indica que a soma das correntes que chegam em um nó é igual a
soma das correntes que saem.
Esta lei é consequência da conservação da carga elétrica, cuja
soma algébrica das cargas existentes em um sistema fechado per-
manece constante.
Aplicando a lei das malhas para esse trecho do circuito, tere-
Exemplo mos:
Na figura abaixo, representamos um trecho de um circuito per- UAB + UBE + UEF + UFA = 0
corrido pelas correntes i1, i2, i3 e i4.
Indicamos ainda o ponto onde os condutores se encontram Para substituir os valores de cada trecho, devemos analisar os
(nó): sinais das tensões:
• ε1: positivo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário
(sentido que escolhemos) chegamos pelo polo positivo;
• R1.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R2.i2: negativo, pois estamos percorrendo o circuito no
sentido contrário que definimos para o sentido de i2;
• ε2: negativo, pois ao percorrer o circuito no sentido horá-
rio (sentido que escolhemos), chegamos pelo polo negativo;
• R3.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R4.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;

Considerando o sinal da tensão em cada componente, pode-


Neste exemplo, considerando que as correntes i1 e i2 estão che- mos escrever a equação desta malha como:
gando ao nó, e as correntes i3 e i4 estão saindo, temos: ε1 + R1.i1 - R2.i2 - ε2 + R3.i1 + R4.i1 = 0
i1 + i 2 = i 3 + i 4
Passo a Passo
Em um circuito, o número de vezes que devemos aplicar a Lei Para aplicar as Leis de Kirchhoff devemos seguir os seguintes
dos Nós é igual ao número de nós do circuito menos 1. Por exemplo, passos:
se no circuito existir 4 nós, vamos usar a lei 3 vezes (4 - 1). 1º Passo: Definir o sentido da corrente em cada ramo e esco-
lher o sentido em que iremos percorrer as malhas do circuito. Es-
Lei das Malhas sas definições são arbitrárias, contudo, devemos analisar o circuito
A Lei das Malhas é uma consequência da conservação da ener- para escolher de forma coerente esses sentidos.
gia. Ela indica que quando percorremos uma malha em um dado • 2º Passo: Escrever as equações relativas a Lei dos Nós e
sentido, a soma algébrica das diferenças de potencial (ddp ou ten- Lei das Malhas.
são) é igual a zero. • 3º Passo: Juntar as equações obtidas pela Lei dos Nós e
Para aplicar a Lei das Malhas, devemos convencionar o sentido das Malhas em um sistema de equações e calcular os valores des-
que iremos percorrer o circuito. conhecidos. O número de equações do sistema deve ser igual ao
número de incógnitas.

207
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Ao resolver o sistema, encontraremos todas as correntes que
percorrem os diferentes ramos do circuito.
Se algum dos valores encontrados for negativo, significa que a
sentido da corrente escolhido para o ramo tem, na verdade, sentido
contrário.
Exemplo
No circuito abaixo, determine as intensidades das correntes em
todos os ramos.

Por isso, nessa situação há energia potencial armazenada na


pilha, de modo muito parecido com o que possui um objeto situado
a uma altura h do chão: é só soltá-lo, que ele entra em movimento.
Da mesma forma, ao ligar um fio à pilha, uma corrente surge no fio.
A unidade de tensão no Sistema Internacional é indicada pelo
volt (V).
A pilha mais usada é a de 1,5 V. Uma bateria de carro fornece
Solução 12 V.
Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário para as correntes O computador trabalha com uma fonte de 5 V. As tomadas de
e também o sentido que iremos seguir na malha. nossa casa fornecem tensão de 110V ou 220 V, dependendo da re-
Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme esquema abai- gião do País. É muito prudente observar a tensão local antes de ligar
xo: os aparelhos às tomadas. Se ligarmos aparelhos programados para
funcionar a 110 V em uma tomada de 220V, eles podem queimar e
até provocar acidentes graves.
Em geral, basta ajustar nos aparelhos uma chave para que
essa situação se resolva; mas nem sempre essa chave existe, por
isso tome cuidado!

O próximo passo é escrever um sistema com as equações esta-


belecidas usando a Lei dos Nós e das Malhas. Sendo assim, temos:
Por fim, vamos resolver o sistema. Começando substituindo i3
por i1 - i2 nas demais equações:
Resolvendo o sistema por soma, temos:
Agora vamos encontrar o valor de i1, substituindo na segunda
equação o valor encontrado para i2:
Finalmente, vamos substituir esses valores encontrados na pri-
meira equação, para encontrar o valor de i3: Devido a diferença de potencial, podemos levar choques.
Como o nosso corpo é bom condutor de eletricidade, se tocarmos
Assim, os valores das correntes que percorrem o circuito são: em dois pontos que existe diferença de potencial, uma corrente
3A, 8A e 5A. atravessará o nosso corpo. Dependendo da intensidade dessa cor-
rente e do caminho que ela percorrer no corpo um choque pode até
Diferença de potencial mesmo levar à morte.
Ao abandonarmos um corpo a certa altura, ele sempre cai. Isso
ocorre porque existe uma diferença de energia potencial entre o
local em que o corpo estava e o solo.
Em uma pilha comum ocorre algo semelhante. A pilha assim
como a tomada de nossa casa, a bateria do carro ou do celular, en-
fim, qualquer gerador de energia elétrica, é um dispositivo no qual
se conseguiu estabelecer dois de seus pontos: um que precisa de
elétrons e o outro que os tem sobrando.
Em uma pilha, no ponto denominado pólo negativo há elé-
trons sobrando, e no pólo positivo há falta de elétrons. Se ligásse-
mos esses pontos por meio de um fio condutor, os elétrons entra- Devemos tomar muito cuidado com fios de alta tensão. A ten-
riam em movimento e uma corrente surgiria no fio. são nesses cabos chega a milhares de volts! Por isso, não brinque
próximo a postes de energia elétrica.

208
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
E por que, você deve se perguntar, os pássaros que pousam Primeira lei de Ohm
nesses cabos não são eletrocutados? Observou-se experimentalmente em alguns resistores, que a
corrente estabelecida em um circuito é diretamente proporcional
à tensão aplicada e inversamente proporcional à resistência dos
dispositivos do circuito e dos fios que os conectavam. Ou seja:
quanto maior a tensão do gerador, maior a corrente e quanto maior
a resistência, menor a corrente. Essa relação é expressa matemati-
camente por:

em que: U é a tensão
R é a resistência
Isso não ocorre porque suas patinhas são muito próximas uma i é a corrente
das outras, sendo muito pequena a diferença de potencial entre
elas. Vejamos um exemplo:
Com as pessoas, a situação é diferente. Nunca toque em fios Uma pequena lâmpada está submetida a uma tensão de 12 V.
de alta tensão, pois se tocar em um cabo e, ao mesmo tempo, tocar Sabendo que a sua resistência, é de determine a corrente que
em outro ponto do cabo ou em outro objeto, você poderá levar um percorre a lâmpada.
choque elétrico intenso, possivelmente fatal, se houver diferença
de potencial significativa entre os pontos tocados. Sabemos que .

Resistência elétrica Como ,


Sabemos que os materiais apresentam graus de dificuldade
para a passagem da corrente elétrica. Esse grau de dificuldade é de- Temos que:
nominado resistência elétrica. Mesmo os metais, que em geral são
bons condutores, apresentam resistência. A unidade de medida da Potência elétrica
resistência é o ohm ( ). Talvez você tenha reparado, nas etiquetas dos aparelhos ou dis-
Os dispositivos que são usados em um circuito elétrico são positivos elétricos que compramos que existe uma etiqueta especi-
denominados resistores. Os resistores são usados em um circuito ficando: 100 (Watt), 500 W, 1000 W etc. Mas, afinal, o que significa
para aumentar ou diminuir a intensidade da corrente elétrica que essa informação?
o percorre. Vimos em mecânica o conceito de potência: energia/tempo. A
energia elétrica que é convertida nesses aparelhos para várias fina-
Podemos comparara a resistência elétrica àquelas barreiras lidades e usos distintos, como gerar movimento (motores), gerar
que encontramos nas pistas de atletismo para a corrida com obs- calor (resistores), gerar energia luminosa (lâmpadas), dividida pelo
táculos. Quanto mais obstáculos mais lenta é a velocidade média tempo que está em uso, é a potência elétrica, que, assim como na
dos corredores. Em um circuito acontece da mesma forma: quanto mecânica, medimos em Watts (joules/segundo
mais resistência elétrica, menor é a corrente que atravessa o fio
condutor.
A aplicação mais comum dos resistores é converter energia elé-
trica em energia térmica. Isso ocorre porque os elétrons que se mo-
vem no resistor colidem com a rede cristalina que o forma, gerando
calor. Esse fenômeno é denominado efeito joule em nosso dia-a-
-dia: em chuveiros elétricos, ferros de passar roupa, em fogões elé-
tricos, etc. Observem que todos esses aparelhos “fornecem calor”.

A própria lâmpada incandescente converte mais energia elé-


trica em energia térmica do que em energia luminosa, sendo essa
última a sua grande finalidade: 85 % da energia que consome é
transformada em calor. Ao contrário, as lâmpadas fluorescentes,
consideradas “lâmpadas frias”, têm uma parte bem menor da ener-
gia elétrica convertida em calor e por isso são econômicas.

209
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
A potência é diretamente proporcional à tensão e à corrente. As extremidades do imã – regiões onde as forças magnéticas
Matematicamente, temos: agem mais intensamente – são denominadas polos. A existência
desses polos é uma das importantes características dos imãs.
O imã apresenta sempre dois polos.
Se o quebrarmos em duas partes, cada uma delas apresentará
Por exemplo, num chuveiro elétrico de 2200 W, ligado à rede novamente dois polos. Portanto, não conseguiremos nunca isolar
de 110V, podemos calcular a corrente que o percorre: um dos polos do imã.

Os ímãs
O magnetismo é conhecido há cerca de 2500 anos. Em uma
região chamada Magnésia, na antiga Grécia (esta região hoje faz
parte da Turquia), foi encontrada uma rocha com o poder de atrair
pedaços de ferro.
Os antigos gregos lhe deram o nome de magnetita (um tipo de
minério de ferro).

Podendo se movimentar livremente, um imã se alinha com a


direção geográfica Norte-Sul.
Convencionou-se que a parte do imã que aponta para o Norte
geográfico da Terra seria denominada polo Norte do ímã. Normal-
mente, essa parte é pintada de vermelho. A outra parte é o polo
Sul do imã.

A magnetita atualmente é mais conhecida como pedra-ímã ou


simplesmente ímã.

Forças magnéticas
Por meio dos experimentos, constatou-se que o imã tem a pro-
priedade de atrair certos materiais. Essa propriedade é denomina-
da de magnetismo.
A força magnética do imã atua sobre certos metais como o
ferro, o níquel e o cobalto, isto é, sobre os materiais denominados
ferromagnéticos. Nem todos os metais são ferromagnéticos. Os
metais das medalhas olímpicas, por exemplo, o ouro, a prata e o
cobre não são atraídos pelos imãs.
Ao colocar a folha de papel com limalha de ferro sobre o imã,
nela fica representada a área de influência desse imã.

Com esse conhecimento básico, os chineses criaram a bússola,


que, desde o século XI, tem sido usada para orientar navegadores
e pilotos.
Nos séculos XV e XVI, época das grandes navegações, a bússo-
la, desempenhou papel fundamental na orientação pelos mares até
então desconhecidos.

Eletroímãs
Há um tipo muito interessante de imã chamado eletroímã. É
um dispositivo no qual a eletricidade percorre um fio enrolado em
um pedaço de ferro e que se comporta como um imã.

210
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Você pode construir um eletroímã em casa: Um eletroímã co- As linhas de indução existem também no interior do ímã, por-
meça com uma pilha ou bateria (ou alguma outra fonte de energia) tanto são linhas fechadas e sua orientação interna é do polo sul ao
e um fio. O que a pilha produz são os elétrons. polo norte. Assim como as linhas de força, as linhas de indução não
podem se cruzar e são mais densas onde o campo é mais intenso.

Campo Magnético Uniforme


De maneira análoga ao campo elétrico uniforme, é definido
como o campo ou parte dele onde o vetor indução magnética
é igual em todos os pontos, ou seja, tem mesmo módulo, direção
e sentido. Assim sua representação por meio de linha de indução é
feita por linhas paralelas e igualmente espaçadas.

Se você olhar qualquer pilha D (uma pilha de lanterna, por


exemplo), dá para ver que há duas extremidades, uma marcada
com um sinal de mais (+) e outra marcada com o sinal de menos
(-). Os elétrons estão agrupados na extremidade negativa da pilha
e, podem fluir para a extremidade positiva, com o auxílio de um fio.
Se você conectar um fio diretamente entre os terminais positi-
vo e negativo de uma pilha, três coisas irão acontecer:
1. os elétrons irão fluir do lado negativo da pilha até o lado
positivo o mais rápido que puderem;
2. a pilha irá descarregar bem rápido (em questão de minutos).
Por esse motivo, não costuma ser uma boa ideia conectar os 2 ter-
minais de uma pilha diretamente um ao outro, normalmente, você
conecta algum tipo de carga no meio do fio. Essa carga pode ser um A parte interna dos imãs em forma de U aproxima um campo
motor, uma lâmpada, um rádio; magnético uniforme.
3. um pequeno campo magnético é gerado no fio. É esse pe-
queno campo magnético que é a base de um eletroímã. Efeitos de um campo magnético sobre cargas
Como os elétrons e prótons possuem características magnéti-
Campo Magnético cas, ao serem expostos à campos magnéticos, interagem com este,
É a região próxima a um ímã que influencia outros ímãs ou ma- sendo submetidos a uma força magnética .
teriais ferromagnéticos e paramagnéticos, como cobalto e ferro.
Compare campo magnético com campo gravitacional ou campo Supondo:
elétrico e verá que todos estes têm as características equivalentes. • campos magnéticos estacionários, ou seja, que o vetor
Também é possível definir um vetor que descreva este campo, campo magnético em cada ponto não varia com o tempo;
chamado vetor indução magnética e simbolizado por . Se pu- • partículas com uma velocidade inicial no momento da
dermos colocar uma pequena bússola em um ponto sob ação do interação;
campo o vetor terá direção da reta em que a agulha se alinha e • e que o vetor campo magnético no referencial adotado é
sentido para onde aponta o polo norte magnético da agulha. ;
Se pudermos traçar todos os pontos onde há um vetor indução Podemos estabelecer pelo menos três resultados:
magnética associado veremos linhas que são chamadas linhas de
indução do campo magnético. estas são orientados do polo norte Carga elétrica em repouso
em direção ao sul, e em cada ponto o vetor tangencia estas li- “Um campo magnético estacionário não interage com cargas
nhas. em repouso.”
Tendo um Ímã posto sobre um referencial arbitrário R, se uma
partícula com carga q for abandonada em sua vizinhança com ve-
locidade nula não será observado o surgimento de força magnética
sobre esta partícula, sendo ela positiva, negativa ou neutra.

Carga elétrica com velocidade na mesma direção do campo


“Um campo magnético estacionário não interage com cargas
que tem velocidade não nula na mesma direção do campo magné-
tico.”

211
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Sempre que uma carga se movimenta na mesma direção do campo magnético, sendo no seu sentido ou contrário, não há aparecimen-
to de força eletromagnética que atue sobre ela. Um exemplo deste movimento é uma carga que se movimenta entre os polos de um Ímã.
A validade desta afirmação é assegurada independentemente do sinal da carga estudada.

Carga elétrica com velocidade em direção diferente do campo elétrico


Quando uma carga é abandonada nas proximidades de um campo magnético estacionário com velocidade em direção diferente do
campo, este interage com ela. Então esta força será dada pelo produto entre os dois vetores, e e resultará em um terceiro vetor
perpendicular a ambos, este é chamado um produto vetorial e é uma operação vetorial que não é vista no ensino médio.
Mas podemos dividir este estudo para um caso peculiar onde a carga se move em direção perpendicular ao campo, e outro onde a
direção do movimento é qualquer, exceto igual a do campo.

• Carga com movimento perpendicular ao campo


Experimentalmente pode-se observar que se aproximarmos um ímã de cargas elétricas com movimento perpendicular ao campo
magnético, este movimento será desviado de forma perpendicular ao campo e à velocidade, ou seja, para cima ou para baixo. Este será o
sentido do vetor força magnética.
Para cargas positivas este desvio acontece para cima:

E para cargas negativas para baixo.

A intensidade de será dada pelo produto vetorial , que para o caso particular onde e são perpendiculares é calculado
por:

212
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
A unidade adotada para a intensidade do Campo magnético é
Para cargas positivas, vetor terá a direção de uma linha
o tesla (T), que denomina , em homenagem ao físico iu- que atravessa a mão, e seu sentido será o de um vetor que sai da
goslavo Nikola Tesla. palma da mão.

Consequentemente a força será calculada por: Para cargas negativas, vetor terá a direção de uma linha
que atravessa a mão, e seu sentido será o de um vetor que sai do
dorso da mão, isto é, o vetor que entra na palma da mão.

Medida em newtons (N) Indução Eletromagnética


• Carga movimentando-se com direção arbitrária em rela- Quando uma área delimitada por um condutor sofre variação
ção ao campo de fluxo de indução magnética é criado entre seus terminais uma
Como citado anteriormente, o caso onde a carga tem movi- força eletromotriz (fem) ou tensão. Se os terminais estiverem liga-
mento perpendicular ao campo é apenas uma peculiaridade de dos a um aparelho elétrico ou a um medidor de corrente esta força
interação entre carga e campo magnético. Para os demais casos a eletromotriz ira gerar uma corrente, chamada corrente induzida.
direção do vetor será perpendicular ao vetor campo magnético Este fenômeno é chamado de indução eletromagnética, pois é
e ao vetor velocidade . causado por um campo magnético e gera correntes elétricas.
A corrente induzida só existe enquanto há variação do fluxo,
chamado fluxo indutor

Lei de Lenz
Segundo a lei proposta pelo físico russo Heinrich Lenz, a partir
de resultados experimentais, a corrente induzida tem sentido opos-
to ao sentido da variação do campo magnético que a gera.
• Se houver diminuição do fluxo magnético, a corrente indu-
zida irá criar um campo magnético com o mesmo sentido do fluxo;
• Se houver aumento do fluxo magnético, a corrente indu-
zida irá criar um campo magnético com sentido oposto ao sentido
do fluxo.

Se usarmos como exemplo, uma espira posta no plano de uma


página e a submetermos a um fluxo magnético que tem direção
perpendicular à página e com sentido de entrada na folha.
• Se for positivo, ou seja, se a fluxo magnético aumen-
tar, a corrente induzida terá sentido anti-horário;
• Se for negativo, ou seja, se a fluxo magnético dimi-
nuir, a corrente induzida terá sentido horário.

Lei de Faraday-Neumann
Também chamada de lei da indução magnética, esta lei, ela-
borada a partir de contribuições de Michael Faraday, Franz Ernst
Para o cálculo da intensidade do campo magnético se conside- Neumann e Heinrich Lenz entre 1831 e 1845, quantifica a indução
ra apenas o componente da velocidade perpendicular ao campo, eletromagnética.
A lei de Faraday-Neumann relaciona a força eletromotriz ge-
ou seja, , sendo o ângulo formado entre e então rada entre os terminais de um condutor sujeito à variação de fluxo
substituindo v por sua componente perpendicular teremos: magnético com o módulo da variação do fluxo em função de um
intervalo de tempo em que esta variação acontece, sendo expressa
matematicamente por:

Aplicando esta lei para os demais casos que vimos anterior-


mente, veremos que:
• se v = 0, então F = 0 O sinal negativo da expressão é uma consequência da Lei de
• se = 0° ou 180°, então sen = 0, portanto F = 0 Lenz, que diz que a corrente induzida tem um sentido que gera um
• se = 90°, então sen = 1, portanto . fluxo induzido oposto ao fluxo indutor.

Transformadores
Regra da mão direita Os transformadores de tensão, chamados normalmente de
Um método usado para se determinar o sentido do vetor transformadores, são dispositivos capazes de aumentar ou reduzir
é a chamada regra da mão direita espalmada. Com a mão aberta, valores de tensão.
se aponta o polegar no sentido do vetor velocidade e os demais
dedos na direção do vetor campo magnético.

213
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Um transformador é constituído por um núcleo, feito de um Mas o sentido convencional adotado no meio científico é o sen-
material altamente imantável, e duas bobinas com número dife- tido do movimento das cargas positivas:
rente de espiras isoladas entre si, chamadas primário (bobina que
recebe a tensão da rede) e secundário (bobina em que sai a tensão
transformada).
O seu funcionamento é baseado na criação de uma corrente
induzida no secundário, a partir da variação de fluxo gerada pelo
primário.

A tensão de entrada e de saída são proporcionais ao número de


espiras em cada bobina. Sendo:
Porém, se a diferença de potencial variar com o tempo, o fluxo
de cargas elétricas vai mudar, de acordo com a variação na tensão.
Quando esta variação da tensão oscila entre valores positivos e ne-
gativos, ou seja, a polaridade alterna-se entre positiva e negativa,
pode-se dizer que a corrente elétrica gerada é uma corrente alter-
Onde: nada.

• é a tensão no primário; As correntes elétricas alternadas em geral obtidas variam de


• forma senoidal com o tempo. Ou seja, oscila senoidalmente entre
• é a tensão no secundário; valores máximos e mínimos. A expressão para a força eletromotriz
• tem a forma:
• é o número de espiras do primário; ε = εm . senω . t

• é o número de espiras do secundário. εm é a amplitude máxima da força eletromotriz e ω é a frequ-
ência angular em rad/s. Conforme mudam os valores do tempo, a
Por esta proporcionalidade concluímos que um transformador amplitude da força eletromotriz também muda. Para os diferentes
reduz a tensão se o número de espiras do secundário for menor que n inteiros a partir de 0, a força eletromotriz é nula. Os valores mí-
o número de espiras do primário e vice-verso. nimos ocorrem para os n.π, com n variando de 0 a ∞. Os valores
Se considerarmos que toda a energia é conservada, a potência máximos da força eletromotriz ocorrem para os (n + ½).π, com n
no primário deverá ser exatamente igual à potência no secundário, inteiros variando de 0 a ∞.
assim: Imediatamente após aplicada a tensão, a corrente elétrica varia
de maneira irregular com o tempo. Este é o chamado efeito tran-
siente. Após cessar o transiente, a corrente elétrica oscila de ma-
neira senoidal da mesma forma que a tensão aplicada.
A expressão para a intensidade da corrente elétrica tem a mes-
ma forma da equação para a tensão, embora agora seja necessário
introduzir a constante de fase Φ, entre a força eletromotriz e a cor-
rente. Deste modo, podemos escrever:
Corrente Alternada i = im. sen(ωt – Φ)
Chama-se corrente elétrica o movimento ordenado das cargas
elétricas em um condutor. Estas cargas são aceleradas pela diferen- Para a análise das correntes alternadas, usa-se um circuito RLC
ça de potencial a que estão submetidas. Se a diferença de potencial com ambos os componentes, resistor, indutor e capacitor em série,
for constante, o movimento das cargas elétricas terá um único sen- conectados a uma fonte de força eletromotriz alternada. O símbolo
tido e velocidade constante, em circuitos comuns com certa resis- utilizado para corrente alternada, assim como para força eletromo-
tência. Ou seja, neste caso o fluxo de cargas elétricas em uma área triz alternada ε, é representado pelo símbolo ~:
de seção transversal é constante ao longo do tempo. O sentido real
da corrente elétrica é o sentido do movimento dos elétrons, confor-
me mostra a figura abaixo:

214
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
O termômetro mais comum é o de mercúrio, que consiste em
TERMOLOGIA: A TEMPERATURA, EQUILÍBRIO um vidro graduado com um bulbo de paredes finas que é ligado a
TÉRMICO, A MEDIDA DE TEMPERATURA, ESCALAS um tubo muito fino, chamado tubo capilar.
TERMOMÉTRICAS, ENERGIA INTERNA E CALOR, Quando a temperatura do termômetro aumenta, as molécu-
PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR, las de mercúrio aumentam sua agitação fazendo com que este se
CALORIMETRIA E MUDANÇA DE ESTADO FÍSICO, dilate, preenchendo o tubo capilar. Para cada altura atingida pelo
INFLUÊNCIA DA PRESSÃO NA TEMPERATURA DE mercúrio está associada uma temperatura.
MUDANÇA DE ESTADO FÍSICO, DILATAÇÃO TÉRMICA A escala de cada termômetro corresponde a este valor de al-
DOS SÓLIDOS E DOS LÍQUIDOS tura atingida.

Termologia (termo = calor, logia = estudo) é a parte da Física Escala Celsius


encarregada de estudar o calor e seus efeitos sobre a matéria. A É a escala usada no Brasil e na maior parte dos países, oficiali-
termologia está intimamente ligada à energia térmica, estudando a zada em 1742 pelo astrônomo e físico sueco Anders Celsius (1701-
transmissão dessa energia e os efeitos produzidos por ela quando é 1744). Esta escala tem como pontos de referência a temperatura de
fornecida ou retirada de um corpo. congelamento da água sob pressão normal (0 °C) e a temperatura
de ebulição da água sob pressão normal (100 °C).
Temperatura é a grandeza que mede o estado de agitação das
moléculas. Quanto mais quente estiver uma matéria, mais agitadas Escala Fahrenheit
estarão suas moléculas. Assim, a temperatura é o fator que mede Outra escala bastante utilizada, principalmente nos países de
a agitação dessas moléculas, determinando se uma matéria está língua inglesa, criada em 1708 pelo físico alemão Daniel Gabriel
quente, fria, etc. Fahrenheit (1686-1736), tendo como referência a temperatura de
uma mistura de gelo e cloreto de amônia (0 °F) e a temperatura do
Calor é a energia que flui de um corpo com maior temperatura corpo humano (100 °F).
para outro de menor temperatura. Como sabemos, a unidade de Em comparação com a escala Celsius:
representação de qualquer forma de energia é o joule (J), porém, 0 °C = 32 °F
para designar o calor, é adotada uma unidade prática denominada 100 °C = 212 °F
caloria, em que 1 cal = 4,186 J.
Escala Kelvin
Equilíbrio térmico é o estado em que a temperatura de dois ou Também conhecida como escala absoluta, foi verificada pelo
mais corpos são iguais. Assim, quando um corpo está em equilíbrio físico inglês William Thompson (1824-1907), também conhecido
térmico em relação a outro, cessam os fluxos de troca de calor en- como Lorde Kelvin. Esta escala tem como referência a temperatura
tre eles. Ex.: Quando uma xícara de café é deixada por certo tempo do menor estado de agitação de qualquer molécula (0 K) e é calcu-
sobre uma mesa, ela esfriará até entrar em equilíbrio térmico com lada a partir da escala Celsius.
o ambiente em que está. Por convenção, não se usa “grau” para esta escala, ou seja 0
K, lê-se zero kelvin e não zero grau kelvin. Em comparação com a
TERMOMETRIA escala Celsius:
Chamamos de Termologia a parte da física que estuda os fenô- -273 °C = 0 K
menos relativos ao calor, aquecimento, resfriamento, mudanças de 0 °C = 273 K
estado físico, mudanças de temperatura, etc. 100 °C = 373 K

Termometria é a parte da termologia voltada para o estudo da Conversões entre escalas


temperatura, dos termômetros e das escalas termométricas. Para que seja possível expressar temperaturas dadas em uma
certa escala para outra qualquer deve-se estabelecer uma conven-
Temperatura ção geométrica de semelhança.
Temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de Por exemplo, convertendo uma temperatura qualquer dada em
um corpo ou sistema. escala Fahrenheit para escala Celsius:
Fisicamente o conceito dado a quente e frio é um pouco dife-
rente do que costumamos usar no nosso cotidiano. Podemos de-
finir como quente um corpo que tem suas moléculas agitando-se
muito, ou seja, com alta energia cinética. Analogamente, um corpo
frio, é aquele que tem baixa agitação das suas moléculas.
Ao aumentar a temperatura de um corpo ou sistema pode-se
dizer que está se aumentando o estado de agitação de suas molé-
culas.
Ao tirarmos uma garrafa de água mineral da geladeira ou ao
retirar um bolo de um forno, percebemos que após algum tempo,
ambas tendem a chegar à temperatura do ambiente. Ou seja, a
água “esquenta” e o bolo “esfria”. Quando dois corpos ou sistemas
atingem o mesma temperatura, dizemos que estes corpos ou siste-
mas estão em equilíbrio térmico.

Escalas Termométricas
Para que seja possível medir a temperatura de um corpo, foi
desenvolvido um aparelho chamado termômetro.

215
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Pelo princípio de semelhança geométrica:

Exemplo:
Qual a temperatura correspondente em escala Celsius para a temperatura 100 °F?

Da mesma forma, pode-se estabelecer uma conversão Celsius-Fahrenheit:

E para escala Kelvin:

216
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Algumas temperaturas:

CALORIMETRIA

Calor
Quando colocamos dois corpos com temperaturas diferentes em contato, podemos observar que a temperatura do corpo “mais
quente” diminui, e a do corpo “mais frio” aumenta, até o momento em que ambos os corpos apresentem temperatura igual. Esta reação é
causada pela passagem de energia térmica do corpo “mais quente” para o corpo “mais frio”, a transferência de energia é o que chamamos
calor.
Calor é a transferência de energia térmica entre corpos com temperaturas diferentes.
A unidade mais utilizada para o calor é caloria (cal), embora sua unidade no SI seja o joule (J). Uma caloria equivale a quantidade de
calor necessária para aumentar a temperatura de um grama de água pura, sob pressão normal, de 14,5 °C para 15,5 °C.

A relação entre a caloria e o joule é dada por:


1 cal = 4,186J

Partindo daí, podem-se fazer conversões entre as unidades usando regra de três simples.
Como 1 caloria é uma unidade pequena, utilizamos muito o seu múltiplo, a quilocaloria.
1 kcal = 10³cal

Calor sensível
É denominado calor sensível, a quantidade de calor que tem como efeito apenas a alteração da temperatura de um corpo.
Este fenômeno é regido pela lei física conhecida como Equação Fundamental da Calorimetria, que diz que a quantidade de calor sen-
sível (Q) é igual ao produto de sua massa, da variação da temperatura e de uma constante de proporcionalidade dependente da natureza
de cada corpo denominada calor específico.
Assim:

Onde:
Q = quantidade de calor sensível (cal ou J).
c = calor específico da substância que constitui o corpo (cal/g°C ou J/kg°C).
m = massa do corpo (g ou kg).
Δθ = variação de temperatura (°C).

217
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
É interessante conhecer alguns valores de calores específicos: Quando:
Q>0: o corpo funde ou vaporiza.
Q<0: o corpo solidifica ou condensa.
Substância c (cal/g°C)
Alumínio 0,219 Exemplo:
Água 1,000 Qual a quantidade de calor necessária para que um litro de
água vaporize? Dado: densidade da água=1g/cm³ e calor latente de
Álcool 0,590 vaporização da água = 540 cal/g.
Cobre 0,093
Chumbo 0,031
Estanho 0,055
Ferro 0,119
Gelo 0,550
Mercúrio 0,033
Ouro 0,031
Prata 0,056 Assim:
Vapor d’água 0,480
Zinco 0,093

Quando:
Q>0: o corpo ganha calor. Curva de aquecimento
Q<0: o corpo perde calor. Ao estudarmos os valores de calor latente, observamos que
estes não dependem da variação de temperatura. Assim podemos
Exemplo: elaborar um gráfico de temperatura em função da quantidade de
Qual a quantidade de calor sensível necessária para aquecer calor absorvida. Chamamos este gráfico de Curva de Aquecimento:
uma barra de ferro de 2kg de 20°C para 200 °C? Dado: calor especí-
fico do ferro = 0,119cal/g°C.
2 kg = 2000 g

Calor latente
Nem toda a troca de calor existente na natureza se detém a
modificar a temperatura dos corpos. Em alguns casos há mudança
de estado físico destes corpos. Neste caso, chamamos a quantidade
de calor calculada de calor latente. Trocas de Calor
A quantidade de calor latente (Q) é igual ao produto da massa Para que o estudo de trocas de calor seja realizado com maior
do corpo (m) e de uma constante de proporcionalidade (L). precisão, este é realizado dentro de um aparelho chamado calorí-
Assim: metro, que consiste em um recipiente fechado incapaz de trocar
calor com o ambiente e com seu interior.
Dentro de um calorímetro, os corpos colocados trocam calor
A constante de proporcionalidade é chamada calor latente de até atingir o equilíbrio térmico. Como os corpos não trocam calor
mudança de fase e se refere a quantidade de calor que 1 g da subs- com o calorímetro e nem com o meio em que se encontram, toda a
tância calculada necessita para mudar de uma fase para outra. energia térmica passa de um corpo ao outro.
Além de depender da natureza da substância, este valor numé- Como, ao absorver calor Q>0 e ao transmitir calor Q<0, a soma
rico depende de cada mudança de estado físico. de todas as energias térmicas é nula, ou seja:
Por exemplo, para a água: ΣQ=0

(lê-se que somatório de todas as quantidades de calor é igual


Calor latente de fusão 80cal/g a zero)
Calor latente de vaporização 540cal/g

Calor latente de solidificação -80cal/g

Calor latente de condensação -540cal/g Sendo que as quantidades de calor podem ser tanto sensível
como latente.

218
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Exemplo: Sendo a unidade adotada para fluxo de calor, no sistema inter-
Qual a temperatura de equilíbrio entre uma bloco de alumínio nacional, o Watt (W), que corresponde a Joule por segundo, embo-
de 200g à 20°C mergulhado em um litro de água à 80°C? Dados ca- ra também sejam muito usada a unidade caloria/segundo (cal/s)
lor específico: água=1cal/g°C e alumínio = 0,219cal/g°C. e seus múltiplos: caloria/minuto (cal/min) e quilocaloria/segundo
(kcal/s).

Exemplo:
Uma fonte de potência constante igual a 100W é utilizada para
aumentar a temperatura 100g de mercúrio 30°C. Sendo o calor es-
pecífico do mercúrio 0,033cal/g.°C e 1cal=4,186J, quanto tempo a
fonte demora para realizar este aquecimento?

Repare que, neste exemplo, consideramos a massa da água


como 1000g, pois temos 1 litro de água.

Capacidade térmica Aplicando a equação do fluxo de calor:


É a quantidade de calor que um corpo necessita receber ou
ceder para que sua temperatura varie uma unidade.
Então, pode-se expressar esta relação por:

Sua unidade usual é cal/°C.


A capacidade térmica de 1g de água é de 1cal/°C já que seu
calor específico é 1cal/g.°C.
Condução Térmica
Transmissão de Calor É a situação em que o calor se propaga através de um «condu-
Em certas situações, mesmo não havendo o contato físico en- tor». Ou seja, apesar de não estar em contato direto com a fonte de
tre os corpos, é possível sentir que algo está mais quente. Como calor um corpo pode ser modificar sua energia térmica se houver
quando chega-se perto do fogo de uma lareira. Assim, concluímos condução de calor por outro corpo, ou por outra parte do mesmo
que de alguma forma o calor emana desses corpos “mais quentes” corpo.
podendo se propagar de diversas maneiras. Por exemplo, enquanto cozinha-se algo, se deixarmos uma co-
Como já vimos anteriormente, o fluxo de calor acontece no lher encostada na panela, que está sobre o fogo, depois de um tem-
sentido da maior para a menor temperatura. po ela esquentará também.
Este trânsito de energia térmica pode acontecer pelas seguin- Este fenômeno acontece, pois, ao aquecermos a panela, suas
tes maneiras: moléculas começam a agitar-se mais, como a panela está em con-
• condução; tato com a colher, as moléculas em agitação maior provocam uma
• convecção; agitação nas moléculas da colher, causando aumento de sua ener-
• irradiação. gia térmica, logo, o aquecimento dela.
Também é por este motivo que, apesar de apenas a parte infe-
Fluxo de Calor rior da panela estar diretamente em contato com o fogo, sua parte
Para que um corpo seja aquecido, normalmente, usa-se uma superior também esquenta.
fonte térmica de potência constante, ou seja, uma fonte capaz de
fornecer uma quantidade de calor por unidade de tempo. Convecção Térmica
Definimos fluxo de calor (Φ) que a fonte fornece de maneira A convecção consiste no movimento dos fluidos, e é o princípio
constante como o quociente entre a quantidade de calor (Q) e o fundamental da compreensão do vento, por exemplo.
intervalo de tempo de exposição (Δt): O ar que está nas planícies é aquecido pelo sol e pelo solo, as-
sim ficando mais leve e subindo. Então as massas de ar que estão
nas montanhas, e que está mais frio que o das planícies, toma o
lugar vago pelo ar aquecido, e a massa aquecida se desloca até os
lugares mais altos, onde resfriam. Estes movimentos causam, entre
outros fenômenos naturais, o vento.

219
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Formalmente, convecção é o fenômeno no qual o calor se pro- • o volume de cada molécula é desprezível quando compa-
paga por meio do movimento de massas fluidas de densidades di- rado com o volume total do gás.
ferentes.
Energia cinética de um gás
Irradiação Térmica Devido às colisões entre si e com as paredes do recipiente, as
É a propagação de energia térmica que não necessita de um moléculas mudam a sua velocidade e direção, ocasionando uma va-
meio material para acontecer, pois o calor se propaga através de riação de energia cinética de cada uma delas. No entanto, a energia
ondas eletromagnéticas. cinética média do gás permanece a mesma.
Imagine um forno microondas. Este aparelho aquece os ali-
mentos sem haver contato com eles, e ao contrário do forno à gás, Novamente utilizando-se conceitos da mecânica Newtoniana
não é necessário que ele aqueça o ar. Enquanto o alimento é aque- estabelece-se:
cido há uma emissão de microondas que fazem sua energia térmica
aumentar, aumentando a temperatura.
O corpo que emite a energia radiante é chamado emissor ou
radiador e o corpo que recebe, o receptor.

Estudo dos gases Onde:


Com exceção dos gases nobres, que são formados por áto- n=número molar do gás (nº de mols)
mos isolados a maioria dos gases são compostos moleculares. Fi- R=constante universal dos gases perfeitos (R=8,31J/mol.K)
sicamente, os gases possuem grande capacidade de compressão e T=temperatura absoluta (em Kelvin)
expansão, não possuindo nem forma nem volume definidos, pois
ocupam o volume a forma do recipiente que os contém. O número de mols do gás é calculado utilizando-se sua massa
Há uma diferença entre gás e vapor: o vapor é capaz de exis- molar, encontrado em tabelas periódicas e através da constante de
tir em equilíbrio com a substância em estado líquido e até mesmo Avogadro.
sólido; o gás, por sua vez, é um estado fluido impossível de se li-
quefazer. 
 
Gases Utilizando-se da relação que em 1mol de moléculas de uma
Gases são fluidos no estado gasoso. A característica que os dife- substância há moléculas desta substância.
re dos fluidos líquidos é que, quando colocados em um recipiente,
estes têm a capacidade de ocupá-lo totalmente. A maior parte dos Transformação Isotérmica
elementos químicos não-metálicos conhecidos são encontrados no A palavra isotérmica se refere à mesma temperatura. Logo,
seu estado gasoso, em temperatura ambiente. uma transformação isotérmica de um gás ocorre quando a tempe-
As moléculas do gás, ao se movimentarem, colidem com as ou- ratura inicial é conservada.
tras moléculas e com as paredes do recipiente onde se encontram, A lei física que expressa essa relação é conhecida com Lei de
exercendo uma pressão, chamada de pressão do gás. Boyle e é matematicamente expressa por:

Esta pressão tem relação com o volume do gás e à temperatura


absoluta.
Ao ter a temperatura aumentada, as moléculas do gás aumen- Onde:
tam sua agitação, provocando mais colisões. p=pressão
Ao aumentar o volume do recipiente, as moléculas tem mais V=volume
espaço para se deslocar, logo, as colisões diminuem, diminuindo a
pressão. =constante que depende da massa, temperatura e nature-
Utilizando os princípios da mecânica Newtoniana é possível es- za do gás.
tabelecer a seguinte relação:
Como esta constante é a mesma para um mesmo gás, ao ser
transformado, é válida a relação:

Onde:
p=pressão Exemplo:
m=massa do gás Certo gás contido em um recipiente de 1m³ com êmbolo exerce
v=velocidade média das moléculas uma pressão de 250Pa. Ao ser comprimido isotermicamente a um
V=volume do gás. volume de 0,6m³ qual será a pressão exercida pelo gás?

Gás perfeito ou ideal


É considerado um gás perfeito quando são presentes as seguin-
tes características:
• o movimento das moléculas é regido pelos princípios da
mecânica Newtoniana;
• os choques entre as moléculas são perfeitamente elásti-
cos, ou seja, a quantidade de movimento é conservada;
• não há atração e nem repulsão entre as moléculas;

220
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Transformação Isobárica Como para um mesmo gás, a constante é sempre a mesma,
Analogamente à transformação isotérmica, quando há uma garantindo a validade da relação:
transformação isobárica, a pressão é conservada.
Regida pela Lei de Charles e Gay-Lussac, esta transformação
pode ser expressa por:

Exemplo:
Onde: Um gás que se encontra à temperatura de 200K é aquecido até
V=volume; 300K, sem mudar de volume. Se a pressão exercida no final do pro-
T=temperatura absoluta; cesso de aquecimento é 1000Pa, qual era a pressão inicial?
=constante que depende da pressão, massa e natureza do
gás.
Assim, quando um mesmo gás muda de temperatura ou volu-
me, é válida a relação:

Equação de Clapeyron
Exemplo: Relacionando as Leis de Boyle, Charles Gay-Lussac e de Charles
Um gás de volume 0,5m³ à temperatura de 20ºC é aquecido até é possível estabelecer uma equação que relacione as variáveis de
a temperatura de 70ºC. Qual será o volume ocupado por ele, se esta estado: pressão (p), volume (V) e temperatura absoluta (T) de um
transformação acontecer sob pressão constante? gás.
É importante lembrarmos que a temperatura considerada deve
ser a temperatura absoluta do gás (escala Kelvin) assim, o primeiro Esta equação é chamada Equação de Clapeyron, em homena-
passo para a resolução do exercício é a conversão de escalas ter- gem ao físico francês Paul Emile Clapeyron que foi quem a estabe-
mométricas: leceu.
Lembrando que:

Onde:
p=pressão;
V=volume;
n=nº de mols do gás;
Então: R=constante universal dos gases perfeitos;
T=temperatura absoluta.

Exemplo:
(1) Qual é o volume ocupado por um mol de gás perfeito sub-
metido à pressão de 5000N/m², a uma temperatura igual a 50°C?

Dado: 1atm=100000N/m² e

Transformação Isométrica
A transformação isométrica também pode ser chamada isocó-
rica e assim como nas outras transformações vistas, a isométrica se
baseia em uma relação em que, para este caso, o volume se man-
tém.
Regida pela Lei de Charles, a transformação isométrica é mate-
maticamente expressa por:
Substituindo os valores na equação de Clapeyron:

Onde:
p=pressão;
T=temperatura absoluta do gás;
=constante que depende do volume, massa e da natureza
do gás.;

221
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Lei geral dos gases perfeitos Como, para determinada massa de gás, n e R são constantes, a
Através da equação de Clapeyron é possível obter uma lei que variação da energia interna dependerá da variação da temperatura
relaciona dois estados diferentes de uma transformação gasosa, absoluta do gás, ou seja,
desde que não haja variação na massa do gás. • Quando houver aumento da temperatura absoluta ocor-
Considerando um estado (1) e (2) onde: rerá uma variação positiva da energia interna .
• Quando houver diminuição da temperatura absoluta, há
uma variação negativa de energia interna .
• E quando não houver variação na temperatura do gás, a
variação da energia interna será igual a zero .

Através da lei de Clapeyron: Conhecendo a equação de Clepeyron, é possível compará-la a


equação descrita na Lei de Joule, e assim obteremos:

esta equação é chamada Lei geral dos gases perfeitos. Trabalho

Termodinâmica Trabalho de um gás


A Termodinâmica é a parte da Física que estuda principalmente Considere um gás de massa m contido em um cilindro com área
a transformação de energia térmica em trabalho. de base A, provido de um êmbolo.
Ao ser fornecida uma quantidade de calor Q ao sistema, este
A utilização direta desses princípios em motores de combustão sofrerá uma expansão, sob pressão constante, como é garantido
interna ou externa, faz dela uma importante teoria para os moto- pela Lei de Gay-Lussac, e o êmbolo será deslocado.
res de carros, caminhões e tratores, nas turbinas com aplicação em
aviões, etc.

Energia Interna
As partículas de um sistema têm vários tipos de energia, e a
soma de todas elas é o que chamamos Energia interna de um sis-
tema.
Para que este somatório seja calculado, são consideradas as
energias cinéticas de agitação , potencial de agregação, de ligação e
nuclear entre as partículas.
Nem todas estas energias consideradas são térmicas. Ao ser
fornecida a um corpo energia térmica, provoca-se uma variação na
energia interna deste corpo. Esta variação é no que se baseiam os
princípios da termodinâmica.
Se o sistema em que a energia interna está sofrendo variação
for um gás perfeito, a energia interna será resumida na energia de
translação de suas partículas, sendo calculada através da Lei de Jou-
le:

Onde:
U: energia interna do gás;
n: número de mol do gás;
R: constante universal dos gases perfeitos;
T: temperatura absoluta (kelvin).

222
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Assim como para os sistemas mecânicos, o trabalho do sistema Diagrama p x V
será dado pelo produto da força aplicada no êmbolo com o desloca- É possível representar a transformação isobárica de um gás
mento do êmbolo no cilindro: através de um diagrama pressão por volume:

Comparando o diagrama à expressão do cálculo do trabalho


realizado por um gás , é possível verificar que o traba-
lho realizado é numericamente igual à área sob a curva do gráfico
(em azul na figura).
Com esta verificação é possível encontrar o trabalho realizado
por um gás com pressão variável durante sua tranformação, que é
calculado usando esta conclusão, através de um método de nível
acadêmico de cálculo integral, que consiste em uma aproximação
dividindo toda a área sob o gráfico em pequenos retângulos e tra-
Assim, o trabalho realizado por um sistema, em uma transfor- pézios.
mação com pressão constante, é dado pelo produto entre a pressão
e a variação do volume do gás.

Quando:
• o volume aumenta no sistema, o trabalho é positivo, ou
seja, é realizado sobre o meio em que se encontra (como por exem-
plo empurrando o êmbolo contra seu próprio peso);
• o volume diminui no sistema, o trabalho é negativo, ou
seja, é necessário que o sistema receba um trabalho do meio ex-
terno;
• o volume não é alterado, não há realização de trabalho
pelo sistema.

Exemplo:
(1) Um gás ideal de volume 12m³ sofre uma transformação,
permenecendo sob pressão constante igual a 250Pa. Qual é o volu-
me do gás quando o trabalho realizado por ele for 2kJ? 1ª Lei da Termodinâmica
Chamamos de 1ª Lei da Termodinâmica o princípio da conser-
vação de energia aplicada à termodinâmica, o que torna possível
prever o comportamento de um sistema gasoso ao sofrer uma
transformação termodinâmica.
Analisando o princípio da conservação de energia ao contexto
da termodinâmica:
Um sistema não pode criar ou consumir energia, mas apenas
armazená-la ou transferi-la ao meio onde se encontra, como tra-
balho, ou ambas as situações simultaneamente, então, ao receber
uma quantidade Q de calor, esta poderá realizar um trabalho e
aumentar a energia interna do sistema ΔU, ou seja, expressando
matematicamente:

Sendo todas as unidades medidas em Joule (J).

223
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Conhecendo esta lei, podemos observar seu comportamento para cada uma das grandezas apresentadas:

Exemplo:
(1) Ao receber uma quantidade de calor Q=50J, um gás realiza um trabalho igual a 12J, sabendo que a Energia interna do sistema antes
de receber calor era U=100J, qual será esta energia após o recebimento?

2ª Lei da Termodinâmica
Dentre as duas leis da termodinâmica, a segunda é a que tem maior aplicação na construção de máquinas e utilização na indústria,
pois trata diretamente do rendimento das máquinas térmicas.
Dois enunciados, aparentemente diferentes ilustram a 2ª Lei da Termodinâmica, os enunciados de Clausius e Kelvin-Planck:

Enunciado de Clausius:
O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor, para um outro corpo de temperatura mais alta.
Tendo como consequência que o sentido natural do fluxo de calor é da temperatura mais alta para a mais baixa, e que para que o fluxo
seja inverso é necessário que um agente externo realize um trabalho sobre este sistema.

Enunciado de Kelvin-Planck:
É impossível a construção de uma máquina que, operando em um ciclo termodinâmico, converta toda a quantidade de calor recebido
em trabalho.
Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo térmico tenha um rendimento de 100%, ou seja, por menor que seja,
sempre há uma quantidade de calor que não se transforma em trabalho efetivo.

Maquinas térmicas
As máquinas térmicas foram os primeiros dispositivos mecânicos a serem utilizados em larga escala na indústria, por volta do século
XVIII. Na forma mais primitiva, era usado o aquecimento para transformar água em vapor, capaz de movimentar um pistão, que por sua
vez, movimentava um eixo que tornava a energia mecânica utilizável para as indústrias da época.
Chamamos máquina térmica o dispositivo que, utilizando duas fontes térmicas, faz com que a energia térmica se converta em energia
mecânica (trabalho).

A fonte térmica fornece uma quantidade de calor que no dispositivo transforma-se em trabalho mais uma quantidade de
calor que não é capaz de ser utilizado como trabalho .

224
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Assim é válido que: Exemplo:
Um motor à vapor realiza um trabalho de 12kJ quando lhe é
fornecido uma quantidade de calor igual a 23kJ. Qual a capacida-
de percentual que o motor tem de transformar energia térmica em
Utiliza-se o valor absolutos das quantidade de calor pois, em trabalho?
uma máquina que tem como objetivo o resfriamento, por exemplo,
estes valores serão negativos.
Neste caso, o fluxo de calor acontece da temperatura menor
para o a maior. Mas conforme a 2ª Lei da Termodinâmica, este flu-
xo não acontece espontaneamente, logo é necessário que haja um
trabalho externo, assim:

Ciclo de Carnot
Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível a constru-
ção de uma máquina térmica ideal, que seria capaz de transformar
toda a energia fornecida em trabalho, obtendo um rendimento to-
tal (100%).
Para demonstrar que não seria possível, o engenheiro francês
Nicolas Carnot (1796-1832) propôs uma máquina térmica teórica
que se comportava como uma máquina de rendimento total, esta-
belecendo um ciclo de rendimento máximo, que mais tarde passou
a ser chamado Ciclo de Carnot.
Rendimento das máquinas térmicas Este ciclo seria composto de quatro processos, independente
Podemos chamar de rendimento de uma máquina a relação da substância:
entre a energia utilizada como forma de trabalho e a energia for-
necida:
Considerando:

=rendimento;

= trabalho convertido através da energia térmica fornecida;

=quantidade de calor fornecida pela fonte de aquecimento;

=quantidade de calor não transformada em trabalho.

Mas como constatado:

logo, podemos expressar o rendimento como: • Uma expansão isotérmica reversível. O sistema recebe
uma quantidade de calor da fonte de aquecimento (L-M)
• Uma expansão adiabática reversível. O sistema não troca
calor com as fontes térmicas (M-N)
• Uma compressão isotérmica reversível. O sistema cede
calor para a fonte de resfriamento (N-O)
O valor mínimo para o rendimento é 0 se a máquina não rea- • Uma compressão adiabática reversível. O sistema não tro-
lizar nenhum trabalho, e o máximo 1, se fosse possível que a má- ca calor com as fontes térmicas (O-L)
quina transformasse todo o calor recebido em trabalho, mas como
visto, isto não é possível. Para sabermos este rendimento em per- Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que é forneci-
centual, multiplica-se o resultado obtido por 100%. da pela fonte de aquecimento e a quantidade cedida à fonte de res-
friamento são proporcionais às suas temperaturas absolutas, assim:

225
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Assim, o rendimento de uma máquina de Carnot é: De maneira indireta:
— Quando medimos, através de cálculos e instrumentos espe-
ciais, a distância da Terra ao Sol;
— Quando medimos, através de cálculos e instrumentos espe-
e ciais, a temperatura de uma estrela;
Logo: — Quando medimos, através de cálculos, o tempo necessário
para que a luz emitida pelo Sol chegue à Terra.

Grandeza física
É um conceito primitivo relacionado à possibilidade de medi-
Sendo: da, como comprimento, tempo, massa, velocidade e temperatura,
entre outras unidades. As leis da Física exprimem relações entre
= temperatura absoluta da fonte de resfriamento grandezas. Medir uma grandeza envolve compará-la com algum va-
lor unitário padrão.
= temperatura absoluta da fonte de aquecimento Desde 1960 foi adotado o Sistema Internacional de unidades
(SI), que estabeleceu unidades padrão para todas as grandezas im-
Com isto se conclui que para que haja 100% de rendimento, portantes, uniformizando seu emprego em nível internacional. As
todo o calor vindo da fonte de aquecimento deverá ser transforma- unidades fundamentais do SI estão relacionadas na tabela a seguir:
do em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte de resfria-
mento deverá ser 0K. Grandeza física Unidade de medida
Partindo daí conclui-se que o zero absoluto não é possível para
um sistema físico. Comprimento metro (m)
Massa quilograma (kg)
Exemplo:
Qual o rendimento máximo teórico de uma máquina à vapor, Tempo segundo (s)
cujo fluido entra a 560ºC e abandona o ciclo a 200ºC? Corrente Elétrica ampère (A)
Temperatura termodinâmica Kelvin (K)
Quantidade de matéria mol (mol)
Intensidade luminosa candela (cd)

Medida2 é um processo de comparação de grandezas de mes-


ma espécie, ou seja, que possuem um padrão único e comum entre
elas. Duas grandezas de mesma espécie possuem a mesma dimen-
são.
No processo de medida, a grandeza que serve de comparação é
denominada de grandeza unitária ou padrão unitário.
As grandezas físicas são englobadas em duas categorias:
FORÇA: GRANDEZA VETORIAL, FORÇA DE ATRITO, a) Grandezas fundamentais (comprimento, tempo).
FORÇA NORMAL, FORÇA PESO, MÓDULO, DIREÇÃO, b) Grandezas derivadas (velocidade, aceleração).
SENTIDO, ESTÁTICA, DINÂMICA, SISTEMA
INTERNACIONAL DE UNIDADES Também temos o conceito de Grandeza mensurável que é
aquela que pode ser medida. São mensuráveis as grandezas adicio-
náveis ou sejam as extensivas. Exemplo: a área
Conceito de grandeza1
Não conseguimos definir grandeza, nem espécie de grandeza, Já a Grandeza incomensurável ou não mensurável é aquela
porque são conceitos primitivos, quer dizer, termos não definidos, que não pode ser medida. São incomensuráveis as grandezas não
assim como são ponto, reta e plano na Geometria Elementar. É sufi- adicionáveis ou sejam as intensivas. Exemplo: a temperatura.
ciente que tenhamos a ideia do que seja o comprimento, o tempo,
o ponto, a reta, pois já os compreendemos sem a necessidade de Sistema de unidades
uma formulação linguística. É um conjunto de definições que reúne de forma completa,
É através das grandezas físicas que nós medimos ou quantifica- coerente e concisa todas as grandezas físicas fundamentais e deri-
mos as propriedades da matéria e da energia. Estas medidas podem vadas. Ao longo dos anos, os cientistas tentaram estabelecer siste-
ser feitas de duas maneiras distintas: mas de unidades universais como por exemplo o CGS, MKS, SI.
De maneira direta: Sistema Internacional (SI)
— Quando medimos com uma régua o comprimento de algum É derivado do MKS e foi adotado internacionalmente a partir
objeto; dos anos 60. É o padrão mais utilizado no mundo, mesmo que al-
— Quando medimos com um termômetro a temperatura do guns países ainda adotem algumas unidades dos sistemas prece-
corpo humano; dentes.
— Quando medimos com um cronômetro o tempo de queda
de uma pedra.

1 https://www.coladaweb.com/fisica/fisica-geral/grandezas-fisicas 2 UFPR – DELT – Medidas Elétricas – Prof. Marlio Bonfim

226
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Sistema métrico decimal
O sistema métrico decimal é parte integrante do Sistema de Medidas. É adotado no Brasil tendo como unidade fundamental de me-
dida o metro.
O Sistema de Medidas é um conjunto de medidas usado em quase todo o mundo, visando padronizar as formas de medição.

• Medidas de comprimento
Os múltiplos do metro são usados para realizar medição em grandes distâncias, enquanto os submúltiplos para realizar medição em
pequenas distâncias.

Para transformar basta seguir a tabela seguinte (esta transformação vale para todas as medidas):

• Medidas de superfície e área


As unidades de área do sistema métrico correspondem às unidades de comprimento da tabela anterior.
São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o quilômetro quadrado, o me-
tro quadrado e o hectômetro quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o nome de hectare (ha): 1 hm2 = 1 ha.
No caso das unidades de área, o padrão muda: uma unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como nos comprimentos.
Entretanto, consideramos que o sistema continua decimal, porque 100 = 102. A nomenclatura é a mesma das unidades de comprimento
acrescidas de quadrado.

Vejamos as relações entre algumas essas unidades que não fazem parte do sistema métrico e as do sistema métrico decimal (valores
aproximados):
1 polegada = 25 milímetros
1 milha      = 1 609 metros
1 légua      = 5 555 metros
1 pé          = 30 centímetros

• Medidas de Volume e Capacidade


Na prática, são muitos usados o metro cúbico(m3) e o centímetro cúbico(cm3).
Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 = 103, o sistema
continua sendo decimal. Acrescentamos a nomenclatura cúbico.
A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. A unidade fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a 1 dm3.

• Medidas de Massa
O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de medidas de massa. A unidade fundamental é o grama(g). Assim as denominamos:
Kg – Quilograma; hg – hectograma; dag – decagrama; g – grama; dg – decigrama; cg – centigrama; mg – miligrama
Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t). Medidas Especiais:
1 Tonelada(t) = 1000 Kg
1 Arroba = 15 Kg
1 Quilate = 0,2 g

227
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Em resumo temos:

• Relações importantes

1 kg = 1l = 1 dm3
1 hm2 = 1 ha = 10.000m2
1 m3 = 1000 l

Exemplo:
(CLIN/RJ - GARI E OPERADOR DE ROÇADEIRA - COSEAC) Uma peça de um determinado tecido tem 30 metros, e para se confeccionar
uma camisa desse tecido são necessários 15 decímetros. Com duas peças desse tecido é possível serem confeccionadas:
(A) 10 camisas
(B) 20 camisas
(C) 40 camisas
(D) 80 camisas

Resolução:
Resposta: C.
Como eu quero 2 peças desse tecido e 1 peça possui 30 metros logo:
30 . 2 = 60 m. Temos que trabalhar com todas na mesma unidade: 1 m é 10dm assim temos 60m . 10 = 600 dm, como cada camisa
gasta um total de 15 dm, temos então:
600/15 = 40 camisas.

Vetores3
A ideia matemática de vetor encaixou-se perfeitamente na Física para descrever as grandezas que necessitavam de uma orientação.
Vetores não são entes palpáveis, como um objeto que se compra no mercado, eles são representações. Vejamos um exemplo:

Vetores tem a mesmo sentido se tiverem as flechas apontando para um mesmo lugar.

3 https://blogdoenem.com.br/fisica-enem-vetor-soma-vetorial/. Acesso em 25.03.2020

228
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
A, B e C estão na mesma direção. Vetoriais: são aquelas em que só o número e a unidade de me-
A e B estão no mesmo sentido. dida não são suficientes, é necessário saber também a direção (ho-
A e B tem sentido oposto ao vetor C. rizontal, vertical, diagonal, etc.) e o sentido (direita, esquerda, para
D e E estão na mesma direção. cima, para baixo, a noroeste, horário, anti-horário, etc.). Nas gran-
D e E tem sentidos opostos. dezas físicas vetoriais a direção e o sentido fazem toda a diferença,
e, por isso, sempre haverá uma pergunta para fazer além da medida
VETORES são usados para: a ser feita, por exemplo: Junior caminhou 6 m, mas para onde? Será
Indicar a posição de um objeto – O carro está no km 50, na necessário responder à pergunta. No caso, suponha-se que Junior
direção e sentido Leste. Sua posição é representada pelo vetor A: caminhou 6m da porta da casa até a beira do mar. Contudo se é dito
que João tem 60 kg, já está claro, não há perguntas a se fazer, por
isso que massa é uma grandeza escalar e não vetorial.

Adição vetorial gráfica


Com este método a soma de vetores é realizada desenhando os
vetores, do qual se quer saber a soma, em uma sequência.
Exemplo: Queremos saber a soma dos vetores S = G + F, onde S
é o vetor resultante dessa soma.

Indicar uma força: O bloco é empurrado com uma força F de


modula 5 Newton e na direção e sentido positivo do eixo X.

Desenhamos o vetor G, depois desenhamos o vetor F na ex-


tremidade (ponta) do vetor G. O vetor resultante é um vetor que
começa no início do vetor G e termina na ponta do vetor F.
O mesmo pode ser feito para encontrar o vetor resultante S da
soma do vetor S = H + G.
Se a extremidade do último vetor da soma, coincidir com a ori-
gem do primeiro vetor, isso significa que o vetor resultante é nulo.

Para simplificar as operações envolvendo grandezas vetoriais,


utiliza-se a entidade geométrica denominado vetor. O vetor se ca-
racteriza por possuir módulo, direção e sentido, e é representado
geometricamente por um segmento de reta orientado. Representa-
mos graficamente um vetor por uma letra, sobre a qual colocamos
uma seta: (lê-se vetor A.)

I) Comutativa: Para todos os vetores u e v de R2:


v+w=w+v

II) Associativa: Para todos os vetores u, v e w de R2:


u + (v + w) = (u + v) + w
O módulo do vetor representa seu valor numérico e é indicado
utilizando-se barras verticais: III) Elemento neutro: Existe um vetor O=(0,0) em R2 tal que
para todos vetor u de R2, se tem:
O+u=u

IV) Elemento oposto: Para cada vetor v de R2, existe um vetor


-v em R2 tal que:
Grandezas escalares e vetoriais v + (-v) = O
Por definição temos que as grandezas escalares e vetoriais po-
dem ser definidas por:
Escalares: são aquelas em que basta o número e a unidade de
medida para defini-la. Exemplos podem ser a medida de uma febre
de 40ºC, o tempo de caminhada de 30 minutos, 3 litros de água, 5
kg de arroz, entre outros.

229
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
• Soma de vetores na mesma direção Módulo de um vetor
Inicialmente estabelecemos um sentido positivo, sendo o sen- A norma ou módulo do vetor v = (a,b) é denotada por |v| e
tido oposto negativo. Normalmente, considera-se positivo o vetor pode ser calculada por meio da distância entre o ponto (a,b) e o
orientado para a direita. Observe como é calculado o vetor resul- ponto (0,0), já que esses são o ponto final e o inicial do vetor v, res-
tante: pectivamente. Dessa forma, escrevemos:

Os vetores a, b e c têm a mesma direção. O sentido horizontal


para a direita é o positivo, e o para a esquerda, negativo. Logo, o
módulo do vetor resultante pode ser dado por: Produto interno
Sejam os vetores u = (a,b) e v = (c,d), o produto interno entre
R=a+b–c eles, denotado por , é definido pela seguinte expressão:

• Soma de vetores em direções quaisquer


No caso de dois vetores d1 e d2 que possuem um ângulo α entre
si, a situação é bem parecida com a situação anterior. Não conse-
guimos utilizar o teorema de Pitágoras, pois o ângulo entre os dois δ é o ângulo entre os vetores u e v. Outra maneira de calcular
vetores não é 90º. (Usamos o teorema de Pitágoras somente quan- o produto interno entre dois vetores é a seguinte:
do os ângulos forem de 90º)
Observe na figura abaixo que o deslocamento resultante de d1
e d2 é uma reta que vai do ponto A até o ponto D:

O módulo do vetor resultante, nesse caso, é dado pela regra do


paralelogramo:
d2 = d12 + d22 + 2 d1 d2 cosα

Diferença de vetores
Se v = (a,b) e w = (c,d), definimos a diferença entre v e w, por: Adição vetorial por decomposição: Sabendo que o vetor A tem
módulo iguala 4 cm, e o vetor B tem módulo igual a 5 cm, vamos
v - w = (a - c , b - d) calcular a soma desses vetores S = A + B.

Multiplicação de vetor por um número real


Seja u = (a,b) um vetor e k um número real, a multiplicação do
vetor u pelo número real k é dada por:

k·u = k·(a,b) = (k·a,k·b)

Considerando que k, i, a e b são números reais, para vetores


multiplicados por um número real, valem as seguintes proprieda-
des:
i) Comutativa: k·u = u·k
ii) Associativa: k·(i·v) = k·i·(v)
iii) Distributiva: k·(u + v) = k·u + k·v
iv) Elemento neutro: 1·v = v·1 = v

230
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Primeiro devemos decompor os vetores, vamos começar com
o vetor A, em suas componentes x e y (ver figura). Onde |A| repre-
senta o módulo.
Ax= |A|cos 45° = (4).cos 45° = (4).0,70 = 2,82
Ay= |A|sen 45° = (4).sen 45° = (4).0,70 = 2,82

Fazendo o mesmo com o vetor B:


Bx= |B|cos 60° = (5).cos 60° = (5).0,50 = 2,50
By= |B|sen 60° = (5).sen 60° = (5).0,86 = 4,33

S= A – B virar uma soma S = A+ (-B) usando o vetor B no sentido


oposto.

Assim o vetor resultante S terá componentes iguais: Exemplo: Numa cidade do interior de São Paulo, um novo bair-
Sx= Ax+Bx = 2,82 + 2,50 = 5,32 ro foi planejado para que todos os quarteirões sejam quadrados e
Sy= Ay+By = 2,82 + 4,33 = 7,15 suas ruas paralelas. A distância entre um par de ruas será de 100 m.
Imagine um pedestre que realiza o percurso mostrado na figura, co-
Para encontrar o módulo do vetor resultante basta realizar o meçando no ponto A e terminando sua trajetória no ponto B. Qual
seguinte cálculo: o módulo do vetor que representa a deslocamento (deslocamento
|S| = √Sx2+ Sy2= (√5,32)2+ 7,15² = 8,91 cm vetorial) do pedestre?

E o ângulo que o vetor resultante forma com o eixo X é dado


por:
Tan (ângulo) = Sy/Sx = 7,15/5,32, realizando o cálculo teremos
ângulo =53,39°
Agora podemos desenhar o vetor resultante no gráfico, assim
observar sua posição no gráfico

Para resolver esse problema, devemos lembrar a sobre trajetó-


ria e deslocamento. A trajetória é o que está traçado na figura, já o
deslocamento é uma linha reta entre o ponto inicial e o ponto final.
Esse então pode ser desenhado como um vetor: o vetor desloca-
mento representado

Além de serem somados dois vetores, também podemos sub-


traí-los, para tal basta inverter o sentido (trocar a ponta) de um
dos vetores, e então prosseguir como se estivesse resolvendo uma
soma. Como mostra a sequência de figuras:

231
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Para calcular o módulo precisamos ter os valores do comprimento dos componentes do vetor, neste caso chamado de Dx e Dy. Pelo
gráfico podemos ver que Dx= 200 metros e Dy= 200 metros.
Assim módulo do vetor deslocamento é:

Observe que pela figura inicial, também podemos dizer qual foi a distância percorrida (trajetória) pelo pedestre, foi de 400 metros.

Decomposição de vetores em Vetores Unitários


Para fazer cálculos de vetores em apenas um dos planos em que ele se apresenta, pode-se decompor este vetor em vetores unitários
em cada um dos planos apresentados.
Sendo simbolizados, por convenção, î como vetor unitário do plano x e  como vetor unitário do plano y. Caso o problema a ser re-
solvido seja dado em três dimensões, o vetor utilizado para o plano z é o vetor unitário  .

Então, a projeção do vetor  no eixo x do plano cartesiano será dado por  , e sua projeção no eixo y do plano será:  . Este
vetor pode ser escrito como:

=( , ),

Respeitando que sempre o primeiro componente entre parênteses é a projeção em x e o segundo é a projeção no eixo y. Caso apareça
um terceiro componente, será o componente do eixo z.
No caso onde o vetor não se encontra na origem, é possível redesenhá-lo, para que esteja na origem, ou então descontar a parte do
plano onde o vetor não é projetado.

QUÍMICA: REAÇÕES QUÍMICAS: TIPOS DE REAÇÕES, CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES

Reações Químicas
As transformações ou reações químicas ocorrem quando há a formação de uma nova substância, ou seja, quando as propriedades
de um elemento original são alteradas. Algumas evidências mostram a ocorrência de uma transformação química: oxidação, combus-
tão, mudança de cor, liberação de um gás, cheiros, formação de um sólido, etc. Dentro de um assunto tão abrangente, o professor Dino

232
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
destaca as questões sobre mineração. “Como o Brasil é um grande exportador de minérios, são comuns perguntas sobre obtenção de
ferro, reciclagem do alumínio e retirada de bauxita da natureza. Além disso, conteúdos como concentração e separação de misturas são
cobradas a partir da transformação do petróleo e obtenção do etanol.”
Constantemente a matéria que nos cerca sofre transformações. Em algumas transformações somente o estado ou a agregação do
material são alterados, caracterizando uma transformação física da matéria. Em outros casos essas transformações resultam na produção
de um novo material, com características diferentes do inicial.
As transformações químicas ocorrem quando há alteração na constituição do material, formando assim novas substâncias.
Ao aproximarmos um fósforo aceso de um recipiente com álcool, este começa a queimar. Essa queima é uma transformação química,
pois há alteração na constituição do álcool, que ao entrar em contato com o ar oxigênio, se converte em gás carbônico e água, liberando
energia.
Chamamos de sistema o conjunto de materiais isolados para estudo. Uma maneira de comprovar a existência de uma transformação
química é através da comparação do estado inicial e final do sistema. Algumas evidências podem ser observadas, permitindo verificar a
ocorrência dessas transformações, como modificação na cor, cheiro, estado físico e temperatura.
Confira a tabela com adescrição do sistema antes e depois da transformação:

Em alguns casos, somente pela observação visual, não é possível identificar se houve uma transformação. Por exemplo, quando
misturamos soluções de ácido clorídrico e hidróxido de sódio, ambas incolores. Após a mistura, o líquido resultante ainda é incolor, sem
aparentar a formação de um novo material. No entanto uma reação química acontece quando essas substâncias são misturadas. Portanto
é importante identificar e reconhecer os diferentes materiais que participam de uma transformação.
Toda transformação química constitui uma reação química. As substâncias presentes no início da reação recebe o nome de reagentes,
e as que se formam recebem o nome de produto.
Exemplo:HCl+NaOH→NaCl+H2O
HCl, o ácido clorídrico, e NaOH,o hidróxido de sódio, são as substâncias que reagem, ou seja os reagentes. NaCl, o cloreto de sódio, e
H2O, a água, são as substâncias que se formam, ou seja, os produtos.

Transformações
As transformações podem ocorrer das seguintes maneiras:

-Por ação do calor


Muitas substâncias são transformadas quando submetidas a uma fonte de calor. O cozimento de alimentos é um exemplo.
Quando há decomposição de um material devido ao calor, chamamos o processo de termólise.
Ex: Termólise do magnésio
Magnésio + oxigênio → óxido de magnésio

-Por ação de uma corrente elétrica


Algumas substâncias necessitam de energia elétrica para que possam se transformar. A esse processo damos o nome de eletrólise.
Para a decomposição da água, em hidrogênio e oxigênio, por exemplo, utilizamos uma corrente elétrica para esta transformação.

-Por ação da luz


A fotossíntese é um exemplo de reação química que ocorre na presença da luz, onde a água e o dióxido de carbono do ar são trans-
formados em oxigênio e glicose.
dióxido de carbono + água → oxigênio + matéria orgânica
A transformação do oxigênio em ozônio acontece através da luz ultravioleta. Essa reação por ação da luz também é de extrema im-
portância, pois assim é formada a camada de ozônio que protege a Terra dos raios ultravioletas.

-Por ação mecânica


Uma ação mecânica (atrito ou choque) é capaz de desencadear transformações em certas substâncias.
Um exemplo é o palito de fósforo, que quando entra em atrito com a caixinha que o contém, produz uma faísca, que faz as substân-
cias inflamáveis do palito entrarem em combustão.
A explosão da dinamite e o acender de um isqueiro também são exemplos de transformações por ação mecânica.

233
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
-Pela junção de substâncias
Através da junção de duas substâncias podem ocorrer reações 3º passo: Inversão dos valores de ∆:
químicas. Isso frequentemente ocorre em laboratórios de química. Nesse passo, os valores de ∆ são trocados entre as espécies
A adição do sódio metálico em água é um exemplo: citadas, tornando-se os coeficientes delas:
sódio + água → hidróxido de sódio + hidrogênio MnCl2 = ∆Nox = 5 → 5 será o coeficiente de Cl2
Cl2 = ∆Nox = 2→ 2 será o coeficiente de MnCl2
O balanceamento de uma equação de oxirredução se baseia KMnO4 + HCl → KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + H2O
na igualdade do número de elétrons cedidos com o número de elé-
trons recebidos. Um método simples de se realizar esse balancea- Nesse momento já é possível conhecer dois coeficientes da
mento é dado pelos passos a seguir: equação.
Observação: normalmente, na maioria das reações, essa inver-
são de valores é efetuada no 1º membro. Mas, como regra geral,
isso deve ser feito no membro que tiver maior número de átomos
que sofrem oxirredução. Se esse critério não puder ser observado,
invertemos os valores no membro que tiver maior número de es-
pécies químicas. Foi isso o que foi realizado aqui, pois o 2º membro
possui mais substâncias.
4º passo: Balanceamento por tentativa:
KMnO4 + HCl → KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + H2O
• Visto que no segundo membro há dois átomos de man-
ganês, conforme mostrado pelo coeficiente, no primeiro também
deverá haver. Portanto, temos:
2 KMnO4 + HCl → KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + H2O
• Com isso, a quantidade de potássio (K) no 1º membro fi-
cou de 2, que será o mesmo coeficiente para esse átomo no segun-
do membro:
2 KMnO4 + HCl → 2 KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + H2O
Vejamos na prática como aplicar esses passos, por meio do se- • A quantidade de cloros (Cl) no 2º membro é de 16 no to-
guinte exemplo: tal, por isso o coeficiente do HCl do 1º membro será:
Reação entre uma solução aquosa de permanganato de potás- 2 KMnO4 + 16 HCl → 2 KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + H2O
sio e ácido clorídrico: • O número de hidrogênios do 1º membro é 16, por isso o
KMnO4 + HCl → KCl + MnCl2 + Cl2 + H2O coeficiente da água (H2O) do 2º membro será igual a 8, pois a multi-
plicação do índice do hidrogênio (2) por 8 é igual a 16:
*1º passo: Determinar os números de oxidação: 2 KMnO4 + 16 HCl → 2 KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + 8 H2O
Esse passo é importante porque normalmente não consegui- • Para conferir se a equação está corretamente balanceada
mos visualizar rapidamente quais são as espécies que sofrem oxi- podemos ver dois critérios:
dação e redução.
+1 +7 -2+1 -1 +1 -1 +2 -1 0 +1 -2
1º) Verificar se a quantidade de cada átomo nos dois membros
KMnO4 + HCl → KCl + MnCl2 + Cl2 + H2O está igual:
2 KMnO4 + 16 HCl → 2 KCl + 2 MnCl2 + 5 Cl2 + 8 H2O
*2º passo: Determinação da variação da oxidação e da redu- K =2 K =2
ção: Mn = 2 Mn = 2
Cl = 16 Cl = 16
H = 16 H = 16
O=8O=8

2º) Ver se o número total de elétrons perdidos é igual ao nú-


mero total de elétrons recebidos:

Observe que o manganês (Mn) sofre redução e o cloro (Cl) so-


fre oxidação.
MnCl2 = ∆Nox = 5
Cl2 = ∆Nox = 2
No caso do cloro, podemos notar que o HCl originou 3 compos-
tos (KCl, MnCl2, e Cl2), mas o que nos interessa é o Cl2, pois é o seu Previsão de reações químicas
Nox que sofreu variação. Cada cloro que forma Cl2 perde 1 elétron; Para que uma reação química ocorra é necessário satisfazer
como são necessários 2 cloros para formar cada Cl2, são perdidos quatro condições básicas, que são:
então dois elétrons. 1. Os reagentes devem entrar em contato;
2. Deve haver afinidade química entre os reagentes;
3. As colisões entre as partículas dos reagentes devem ser efi-
cazes;
4. Deve-se atingir a energia de ativação.
Veja resumidamente cada caso:

234
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
1.Contato entre os reagentes: Abaixo, é mostrado o caso de duas colisões não eficazes e uma
Essa condição é óbvia, pois mesmo que os reagentes tenham eficaz que resulta na ocorrência da reação.
bastante afinidade um com o outro, como acontece no caso dos
ácidos e das bases, se eles estiverem separados, a reação não ocor-
rerá. Eles precisam entrar em contato para que suas partículas
possam colidir, rompendo as ligações dos reagentes e formando as
ligações dos produtos.

2.Afinidade química: 4.Energia de ativação e complexo ativado:


Como vimos, colocar os reagentes em contato é necessário, Conforme dito no item anterior, a colisão eficaz, além da orien-
mas não é o suficiente. Por exemplo, se colocarmos o sódio em con- tação favorável, precisa também de energia suficiente. A quanti-
tato com a água, ocorrerá uma reação extremamente violenta, já dade mínima de energia necessária para que cada reação ocorra é
se colocarmos o ouro, não veremos diferença nenhuma. Isso acon- chamada de energia de ativação.
tece porque substâncias diferentes possuem diferentes afinidades Se os reagentes tiverem uma energia igual ou superior à ener-
químicas entre si, ou então, podem também não possuir afinidade gia de ativação, durante o choque bem orientado, se formará um
nenhuma. Quanto maior for a afinidade química, mais rápida será complexo ativado inicialmente, que é uma estrutura intermediária
a reação. entre os reagentes e os produtos. No complexo ativado, existem as
Nos exemplos citados, o sódio possui grande afinidade com a ligações dos reagentes enfraquecidas e as novas ligações de produ-
água, tanto que para não entrar em contato com a umidade do ar, to se formando.
o sódio metálico é guardado em querosene. Já o ouro é inerte, por
isso que monumentos de ouro duram tanto tempo, como os sarcó- Assim, a energia de ativação funciona como uma espécie de
fagos do Egito. barreira para que a reação ocorra, pois quanto maior ela for, mais
difícil será para a reação ocorrer. Em alguns casos, é preciso for-
necer energia para os reagentes. Por exemplo, o gás de cozinha
tem afinidade para interagir com o oxigênio do ar, mas precisamos
fornecer energia quando aproximamos o palito de fósforo, senão
a reação não ocorre. Mas, depois de uma vez iniciada, a própria
reação libera energia suficiente para ativar as outras moléculas e
manter a reação ocorrendo.

3.Teoria das colisões:


Mesmo em compostos que possuem afinidade química, para
que a reação se processe é necessário que suas partículas, átomos
ou moléculas, colidam de forma eficaz. Nem todas as partículas que
se chocam fazem isso de forma eficaz, mas os choques que resul-
tam em quebra das ligações dos reagentes e formação de novas
ligações são aqueles que ocorrem na orientação correta e com a
energia suficiente.

235
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
b) Exemplos de sais
FUNÇÕES INORGÂNICAS: ÁCIDOS, BASES, SAIS E Alguns exemplos de sais importantes para o ser humano de
ÓXIDOS, CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS, forma direta ou indireta:
CLASSIFICAÇÃO, NOMENCLATURA E PROPRIEDADES • Cloreto de Sódio (NaCl)
QUÍMICAS • Fluoreto de sódio (NaF)
• Nitrito de sódio (NaNO3)
Com o passar do tempo e com a descoberta de milhares de • Nitrato de amônio (NH4NO3)
substâncias inorgânicas, os cientistas começaram a observar que • Carbonato de sódio (Na2CO3)
alguns desses compostos poderiam ser agrupados em famílias com • Bicarbonato de sódio (NaHCO3)
propriedades semelhantes: as funções inorgânicas. • Carbonato de cálcio (CaCO3)
Na Química Inorgânica, as quatro funções principais são: • Sulfato de cálcio (CaSO4)
ácidos, bases, sais e óxidos. As primeiras três funções são definidas • Sulfato de magnésio (MgSO4)
segundo o conceito de Arrhenius. Vejamos quais são os compostos • Fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2]
que constituem cada grupo: • Hipoclorito de sódio (NaClO)

→ Ácidos: → Óxidos
São compostos covalentes que reagem com água (sofrem io- São compostos binários (formados por apenas dois elementos
nização) e formam soluções que apresentam como único cátion o químicos), e o oxigênio é o elemento mais eletronegativo.
hidrônio (H3O1+) ou, conforme o conceito original e que permanece
até hoje para fins didáticos, o cátion H1+. a) Fórmulas de óxidos
a) Equações de ionização de ácidos Exemplos: CO2, SO2, SO3, P2O5, Cl2O6, NO2, N2O4, Na2O etc.
H2SO4 → H3O1+ + HSO41- ou H2SO4 → H1+ + HSO4-
HCl → H3O1+ + Cl1- ou HCl → H1+ + Cl1- b) Principais óxidos:
• Óxidos básicos: apresentam caráter básico (Óxido de cál-
b) Ácidos principais: cio – CaO);
• Ácido Sulfúrico (H2SO4) • Óxidos ácidos: apresentam caráter ácido (Dióxido de car-
• Ácido Fluorídrico (HF) bono - CO2);
• Ácido Clorídrico (HCl) • Óxidos anfóteros: apresentam caráter ácido e básico (Óxi-
• Ácido Cianídrico (HCN) do de alumínio - Al2O3).
• Ácido Carbônico (H2CO3)
• Ácido fosfórico (H3PO4)
• Ácido Acético (H3CCOOH) SOLUÇÕES: UNIDADES DE CONCENTRAÇÃO
• Ácido Nítrico (HNO3)
Solução é uma mistura homogênea constituída por duas ou
→ Bases mais substâncias numa só fase. As soluções são formadas por um
São compostos capazes de dissociar-se na água, liberando íons, solvente (geralmente o componente em maior quantidade) e um
mesmo em pequena porcentagem, e o único ânion liberado é o hi- ou mais solutos (geralmente componente em menor quantidade).
dróxido (OH1-). Suas propriedades físicas e químicas podem não estar relacionadas
com aquelas das substâncias originais, diferentemente das proprie-
a) Equações de dissociação de bases dades de misturas heterogêneas que são combinações das proprie-
NaOH(s) → Na1+ + OH1- dades das substâncias individuais. As soluções incluem diversas
Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH1- combinações em que um sólido, um líquido ou um gás atua como
dissolvente (solvente) ou soluto.
b) Exemplos de bases
• Hidróxido de sódio (NaOH) Componentes de uma solução
• Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2)
• Hidróxido de magnésio(Mg(OH)2) Exemplos:
• Hidróxido de amônio (NH4OH) -Ao misturarmos 1g de cloreto de sódio (NaCl) em 1 litro de
H2O, teremos uma solução, na qual o NaCl é o soluto e a água é o
→ Sais solvente
São compostos capazes de se dissociar na água, liberando íons, -O álcool comercial comprado em supermercados trata-se de
mesmo em pequena porcentagem, dos quais pelo menos um cátion uma mistura homogênea entre álcool e água, geralmente constituí-
é diferente de H3O1+ e pelo menos um ânion é diferente de OH1-. da de 92% de álcool e 8% de água. Nesse caso, o álcool é o solvente
e a água é o soluto.
a) Equações de dissociação de sais
Veja alguns exemplos de equações de dissociação de sais após Solução é sempre formada pelo soluto e pelo solvente.
serem adicionados à água.
NaCl → Na1+ + Cl1-
Ca(NO3)2 → Ca2+ + 2 NO31-
(NH4)3PO4 → 3 NH4+1 + PO43-

236
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Concentração das soluções
A concentração de uma solução é a relação entre a quantidade de soluto e a quantidade de solução (solvente).

Concentração comum (C)


A concentração comum de um solução é a relação entre a massa de um soluto (m1) e o volume (V) da solução

Onde,
-m1= massa do soluto em gramas
-V= volume da solução em litros

Exemplo: Em uma solução verdadeira de NaOH de concentração 80g/L, devemos entender que em cada litro de solução conterá 80g
de NaOH.
Importante: A relação massa/litro poderá ser expressa em: Kg/L; g/ml; g/cm³ e et.

Densidade (d):
A densidade de uma solução representa a relação entre a massa da solução e o volume da solução.

Onde,
- msolução = msoluto + msolvente

-V = volume da solução
Exemplo: Se uma solução apresenta d= 1,2g/ml, isso significa que em casa mililitro da solução existe uma massa total de 1,2 g.
Importante: A relação massa da solução/volume da solução poderá ser expressa em: g/L; g/ml; g/cm³ e et.

Concentração molar (mol/L) ou Molaridade (ɱ):


Quantidade, em mols, do soluto existente em 1 litro de solução (soluto + solvente). Esta cai bastante nas provas!!!
ou
Onde,
-M1= massa molar do soluto
-m1= massa do soluto
-n1 = número de mols do soluto (mol) -lembrando que o índice 1 indica grandezas relacionadas ao soluto
-V = volume da solução (L)
Unidades: mol/L ou M

Título em massa
O título representa a relação da massa do soluto pela massa da solução. Pode ser multiplicado por 100 e, assim, corresponder ao que
é considerado a porcentagem em massa do soluto na massa da solução.
Exemplo: Considerando 20g de H2SO4 dissolvidos em 80g de água, o título da solução será:

Porcentagem em massa (ppm)


Para indicar concentrações extremamente pequenas, principalmente de poluentes do ar, da terra e da água, usamos a unidade partes
por milhão, representada por ppm. Esse termo é frequentemente utilizado para soluções muito diluídas e indica quantas partes do soluto
existem em um milhão de partes da solução.
Assim Uma solução 20 ppm contém 20 gramas do soluto em 1 milhão de gramas da solução. Como a solução é muito diluída, a massa
de solvente é praticamente igual à massa da solução. Então, quando trabalhamos com ppm, consideramos que a massa do solvente cor-
responde à massa da solução.

237
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
A relação matemática para a determinação do ppm pode ser dada por:

PROPRIEDADES COLIGATIVAS
Propriedades coligativas das soluções são propriedades que dependem apenas do número de partículas dispersas na solução, inde-
pendentemente da natureza dessas partículas, podendo ser moléculas ou íons. As propriedades coligativas incluem pressão máxima de
vapor, ebulição, ponto de fusão e pressão osmótica.

Efeitos coligativos
A água em seu estado puro à pressão de 1 atm possui ponto de fusão de 0oC e ponto de ebulição de 100oC. Porém, quando adiciona-
mos um soluto à água, o soluto modifica as propriedades físicas da água. Agora a água congela abaixo de 0oC e ferve acima de 100oC. Estas
alterações das propriedades físicas da água devido à adição do soluto são denominadas de efeitos coligativos. Para cada propriedade física
que modifica temos uma propriedade coligativa que estuda este efeito:

-Pressão Máxima de Vapor (PMV)


A pressão máxima de vapor é pressão exercida pelo vapor quando está em equilíbrio dinâmico com o liquido correspondente.
A PMV depende da temperatura e da natureza do líquido. Observa-se experimentalmente que, numa mesma temperatura, cada líqui-
do apresenta sua pressão de vapor, pois esta está relacionada com a volatilidade do líquido.

Fatores que Influenciam


A pressão máxima de vapor depende de alguns fatores:
- Natureza do Líquido - Líquidos mais voláteis como éter, acetona etc. evaporam-se mais intensamente, o que acarreta uma pressão
de vapor maior. Quanto maior a pressão de vapor de um líquido, ou melhor, quanto mais volátil ele for, mais rapidamente entrará em
ebulição.
- Temperatura - Aumentando a temperatura, qualquer líquido irá evaporar mais intensamente, acarretando maior pressão de vapor.

Tonoscopia (ou Tonometria)


A tonoscopia estuda os efeitos do abaixamento da pressão de vapor máxima de certo líquido, cujo responsável é uma solução não-
-volátil adicionada à solução.
Em uma solução, quanto maior for o número de mols do soluto, menor será a pressão máxima de vapor dessa solução.

Ebulioscopia
A ebulioscopia é uma propriedade coligativa que ocasiona a elevação da temperatura de um líquido quando a ele se adiciona um
soluto não-volátil e não-iônico.
A temperatura em que se inicia a ebulição do solvente em uma solução de soluto não-volátil é sempre maior que o ponto de ebulição
do solvente puro (sob mesma pressão).
Isso acontece porque a água, por exemplo, só entrará em ebulição novamente se receber energia suficiente para que sua pressão de
vapor volte a se igualar à pressão externa (atmosférica), o que irá acontecer numa temperatura superior a 100°C.

Exemplo:
Água pura: P.E. = 100°C
Água com açúcar: P.E. maior que 100°C

Quanto maior a quantidade de partículas em uma solução, maior será o seu P.E.

Diagrama de Fases e o Ponto Triplo


A transformação de cada estado físico possui um nome. Observe:

238
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Existe um gráfico que representa as curvas de variação da temperatura de ebulição e da variação da temperatura de solidificação de
uma substância qualquer em função da pressão de vapor. Essas curvas coincidem num ponto específico de cada substância.

Fonte: http://estadofisico.blogspot.com/2007/08/as-substncias-podem-mudar-de-estado.html

As curvas de variação das temperaturas de ebulição e de solidificação da água em função da pressão de vapor coincidem no ponto
em que a pressão é igual a 4,579mmHg e a tempertura é 0,0098°C.Esta coordenada representa o Ponto Triplo da água e o equilíbrio das
fases. Isto quer dizer que a substância pode ser encontrada, neste ponto exato da curva,nos três estados físicos ao mesmo tempo: sólido,
líquido e gasoso.

Equilíbrio das fases:

Crioscopia
É uma propriedade coligativa que ocasiona a diminuição na temperatura de congelamento do solvente. É provocado pela adição de
um soluto não-volátil em um solvente. Esta relacionado com o ponto de solidificação (PS) das substâncias.
Esta propriedade pode ser chamada também de criometria. Quando se compara um solvente puro e uma solução de soluto não-vo-
látil, é possível afirmar que o ponto de congelamento da solução sempre será menor que o ponto de congelamento do solvente puro.

Osmometria
A osmose está relacionada à passagem espontânea de um solvente por uma membrana semipermeável, por causa da diferença de
concentração entre dois meios.

Um exemplo comum é evidenciado ao se temperar verduras com sal de cozinha. Nota-se que as verduras murcham após certo tempo
de exposição ao tempero. Isso ocorre em função da saída do líquido (solvente) do ve­getal, que é um meio menos concentrado em relação
ao sal.

239
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
A osmometria mede a pressão máxima de vapor: o líquido com
maior pressão máxima de vapor tende a atra­vessar uma membrana EXERCÍCIOS
semipermeável com maior facili­dade e intensidade que aquele que
possui baixa pressão máxima de vapor. 1. (PREFEITURA DE ERMO - SC - PROFESSOR DE FÍSICA - PS CON-
A pressão osmótica equivale à pressão que deve ser aplicada CURSOS – 2021) Ao trabalhamos com grandezas físicas, podemos
sobre a solução mais concentrada do sistema para bloquear a en- afirmar que muitas vezes não precisamos nos preocupar com valo-
trada de água nela (osmose), por meio de uma membrana semi- res exatos. Podemos apenas:
permeável. O sistema a seguir mostra a pressão aplicada n sobre a (A) Avaliar, com aproximação, um resultado ou uma medida.
solução, para bloquear o fluxo osmótico. (B) Comparar o valor de x com o valor amostra.
(C) Calcular aproximadamente o ponto médio do intervalo.
Para o cálculo da pressão osmótica, usa-se a seguinte expressão: (D) Escrevê-lo em notação científica.
E) Nenhuma das alternativas.

2. (UFMS – TÉCNICO DE LABORATÓRIO, BIOLOGIA, FÍSICA E


QUÍMICA – FAPEC – 2020) Para expressar as grandezas muito gran-
Para as soluções iônicas: des ou muito pequenas frequentemente encontrada na Física, usa-
-se a notação científica, que emprega potência de 10. Sendo assim,
essa notação 9.560.000.000 m é representada por:
(A) 9,56 x 10-9 m.
(B) 9 x 109 m.
Onde: (C) 9,56 x 109 m.
π= pressão osmótica (atm) (D) 9 x 10-9 m.
V= volume (L) (E) 9,56 x 10-6 .
n= número de mol (n)
T= temperatura (K) 3. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP - PROFESSOR
M= molaridade (mol/L) II – CIÊNCIAS - VUNESP – 2019) Observe o experimento a seguir.
R= Constante de Clapeyron=0,082 atm.L/mol.K
I= fator de correção Van´t Hoff

As soluções podem ser classificadas quanto às suas pressões


osmóticas.
Sendo duas soluções A e B com mesma temperatura:

Considere que a massa do carrinho é maior do que a massa da


prancha de isopor. Ao colocar o carrinho com as rodas friccionadas em
cima da prancha, o vetor resultante do movimento da prancha será
(A) Nulo

(B)

Hipertônica, isotônica e hipotônica refere-se à solução A em (C)


relação à solução B.

Verifique a Figura abaixo: (D)

(E)

4. (PREFEITURA DE LARANJAL PAULISTA - SP - PROFESSOR DE


EDUCAÇÃO BÁSICA – CIÊNCIAS - METROCAPITAL SOLUÇÕES – 2019)
Das propriedades da matéria citadas abaixo, assinale aquela(s) que
corresponde(m) à extensão de espaço e à quantidade de matéria
que existe em um corpo:
I – Massa.
II – Volume.
III – Densidade.
IV – Temperatura de ebulição.

240
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
(A) Apenas os itens I e III são verdadeiros. Se Fx vale 400 N, e Fy vale 300 N, o valor da força resultante
(B) Apenas os itens I e II são verdadeiros. aplicada, em N, é
(C) Apenas os itens II e IV são verdadeiros. (A) 100
(D) Apenas os itens III e IV são verdadeiros. (B) 450
(E) Todos os itens são verdadeiros. (C) 500
(D) 700
5. (SEE -PB – PROFESSOR – FÍSICA – INSTITUTO AOCP – 2019) As (E) 2.500
grandezas físicas se dividem em dois grandes grupos: as escalares e
as vetoriais. As grandezas escalares são aquelas que ficam definidas 9. (PREFEITURA DE RIO DE JANEIRO - RJ - PROFESSOR – CIÊN-
por número e sua respectiva unidade de medida. As grandezas ve- CIAS - PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO - RJ – 2019) A aluna Bár-
toriais podem ser representadas por um vetor e, portanto, possuem bara levou para uma aula de Ciências a uma foto do painel de um
módulo, direção e sentido. Assinale a alternativa que apresenta instrumento de medida que ganhou ou apresentou seu pai, que é
apenas grandezas vetoriais. eletricista. Veja a seguir uma imagem levada por Bárbara:
(A) Velocidade, aceleração, torque e massa. De acordo com a unidade de medida mostrada na foto, o pro-
(B) Potência, intensidade de corrente, massa e tempo. fessor constata que o instrumento que Bárbara ganhou é responsá-
(C) Deslocamento, força, momento linear e impulso. vel por medir a:
(D) Energia, trabalho, resistência elétrica e campo elétrico. (A) voltagem ou tensão elétrica
(B) intensidade da corrente elétrica
6. (UNIFESSPA – ENGENHEIRO – ENGENHARIA MECÂNICA – (C) potência dos aparelhos elétricos
CEPS-UFPA – 2018) Uma viatura policial P encontra-se a 800 m a (D) resistência elétrica dos resistores
leste da origem de um eixo cartesiano e se move em direção à ori-
gem (de leste para oeste), com 80 km/h. Neste mesmo instante, um 10. (PREFEITURA DE CAMPINAS - SP – FARMACÊUTICO - VU-
motorista M encontra-se a 600 m a norte da origem e se move em NESP – 2019) Assinale a alternativa que completa, correta e respec-
direção a esta (de norte para sul), com 60 km/h. Para este instante, tivamente, o texto a seguir.
a velocidade do motorista M, tal como vista pela viatura policial P, é A grandeza derivada das grandezas do Sistema Internacional
(A) 95 km/h na direção sul. (SI) de volume é o _____. Uma das unidades de volume fora do SI,
(B) 95 km/h na direção norte. muito usada, é o ____ , que corresponde a ______ .
(C) 100 km/h na direção sudeste. (A) dm3 … mL … 1 L.
(D) 100 km/h na direção noroeste. (B) cm3 … L … 100 mL.
(E) 105 km/h na direção nordeste. (C) m3 … L … 1 dm3 .
(D) cm3 … gal … 100 L.
7. (LIQUIGÁS - PROFISSIONAL DE VENDAS – JÚNIOR - CESGRAN- (E) m3 … mL … 1 dm3 .
RIO – 2018) Um navio carregado de gás liquefeito de petróleo é ob-
servado a 60 km ao sul (ponto A) do porto de destino (ponto D). 11. Um aparelho de ar condicionado apresenta uma potência
Para chegar a esse porto, o navio precisa circunavegar uma grande de 0,8 kW. Durante o mês de janeiro este eletrodoméstico ficava
ilha que está situada entre o navio e o porto. Para passar por essa ligado durante 6 horas todos os dias. Sabendo que 1 kWh custa R$
ilha, o navio navega, então, 30 km para o leste até o ponto B e 20 0,50. O custo gerado por este aparelho no mês de janeiro foi:
km para o norte até o ponto C, de onde pode traçar uma rota direta (A) R$ 74,40.
para o porto. (B) R$ 70,20.
Qual é o módulo do vetor deslocamento, em km, que o navio (C) R$ 63,00.
deve percorrer nesse trecho final, do ponto C até o ponto D? (D) R$ 55,80.
(A) 90 (E) R$ 49,30.
(B) 85
(C) 67 12. Condutores esféricos de raios diferentes são carregados de
(D) 61 forma que a densidade superficial de carga de cada condutor é in-
(E) 50 versamente proporcional ao raio. Os condutores terão
(A) o mesmo potencial.
8. (PETROBRAS - TÉCNICO DE INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS E (B) a mesma energia potencial.
INSTALAÇÕES JÚNIOR - CESGRANRIO – 2017) Durante o posiciona- (C) a mesma carga.
mento de um contêiner, este é solicitado por duas forças, Fx e Fy, (D) potenciais inversamente proporcionais a seus raios.
aplicadas nas direções dos eixos x e y, respectivamente, conforme
mostrado na Figura abaixo. 13. Um professor de física propõe aos alunos uma atividade na
qual um ímã aproxima-se de uma espira retangular, como indicado
na figura a seguir

241
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
Alguns alunos fazem algumas observações sobre o experimen- 16. A matéria pode sofrer transformações químicas (1) ou físi-
to: cas (2). Assinale a alternativa em que a associação entre o tipo de
Ana: A espira está repelindo o ímã e nela é gerada uma corren- transformação e o exemplo está correta.
te elétrica induzida no sentido DCBA. (A) 1 – Queima de combustíveis fósseis.
Danilo: A corrente induzida na espira ocorre no sentido ABCD e 2 – Digestão enzimática de um carboidrato.
não há variação do fluxo magnético dentro da espira. (B) 1 – Transpiração vegetal.
Mateus: Após o ímã passar em linha reta pela espira, a corrente 2 – Fissão nuclear.
induzida ocorrerá no sentido ABCD. (C) 1 – Decomposição da matéria orgânica.
2 – Oxidação de uma pilha.
Sobre as observações feitas (D) 1 – Sublimação da naftalina.
(A) somente Ana está correta. 2 – Síntese de ATP.
(B) somente Danilo está correto. (E) 1 – Fixação biológica do nitrogênio.
(C) somente Mateus está correto. 2 – Derretimento das calotas polares.
(D) nenhum aluno está correto.
17. “As reações de fusão, produtoras de __________ e de ou-
14. Um chuveiro é aquecido de 20 °C para 60 °C. A variação de tros elementos mais pesados, mantêm as estrelas acesas a tempe-
temperatura sofrida pelo chuveiro, nas escalas Kelvin e Fahrenheit, raturas muito elevadas e permitem que elas emitam luz e, portanto,
foi de: sejam vistas a olho nu ou com telescópios.” Assinale a alternativa
(A) 3 K e 73ºF que preenche, corretamente, a lacuna do texto:
(B) 50 K e 74ºF (A) Hélio
(C) 40 K e 72ºF (B) Nitrogênio
(D) 60 K e 75ºF (C) Hidrogênio
(E) 20 K e 71ºF (D) Carbono

15. Considere um cilindro no qual está contido um gás. O cilin- 18. A respeito da definição de ácidos e bases, é correto afirmar
dro tem um êmbolo móvel, e a sua extremidade inferior está tam- que
pada. Este cilindro é mergulhado em água, que é aquecida por meio (A) segundo a Teoria de Brönsted-Lowry, ácidos são substâncias
de um bico de Bunsen, conforme ilustrado na figura abaixo. doadoras de prótons, e bases são receptoras de prótons.
(B) ácidos e bases são substâncias cujos potenciais hidrogeniô-
nicos estão contidos em uma faixa que varia de 0 a 14.
(C) a Teoria de Lewis define ácidos como substâncias capazes
de doar pares de elétrons, e bases como compostos receptores
de pares de elétrons.
(D) Lux-Flood definiram ácidos como óxidos capazes de ceder
oxigênios, e bases como óxidos capazes de receber oxigênio.
(E) bases de Arrhenius são substâncias que se dissociam em
água e geram íons H+, e ácidos de Arrhenius dissociam e libe-
ram íons OH-.

19. Compostos inorgânicos são usados com sucesso no tra-


tamento ou diagnóstico de diversas doenças. Íons metálicos, que
normalmente não são utilizados pelos sistemas vivos no seu meta-
bolismo, apresentam um papel crucial no tratamento de doenças. A
coluna da esquerda apresenta tipos de compostos de coordenação
que possuem propriedades medicinais e a da direita, as doenças
Os dados coletados durante um experimento estão expressos que podem ser tratadas com esses medicamentos. Numere a colu-
na tabela abaixo: na da direita de acordo com a da esquerda.
1- Compostos de Pt(II) e Pt(IV) ( ) Úlceras Gástricas
2- Compostos de Au(I) ( ) Malária
3- Salicilatos de Bismuto(III) ( ) Tumores diversos
4- Compostos de Li(I) 5- Ferroquina ( ) Transtorno de humor

Segundo a lei de Charles, a relação entre o volume e a tempera- Marque a sequência correta.
tura, à pressão constante, é linear: V = kT. De acordo com os dados (A) 5, 1, 3, 4, 2
da tabela, o valor dessa constante k, em ml/K, é aproximadamente: (B) 1, 3, 4, 2, 5
(A) 8,17 (C) 3, 4, 1, 5, 2
(B) 0,18 (D) 3, 5, 2, 1, 4
(C) 5,69
(D) 1,33
(E) 0,12

242
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
20. O trabalho de perícia demanda o preparo e o domínio de ______________________________________________________
soluções. Conhecendo as forças iônicas dos íons (ɣHNO2=1,00,
ɣH3O+=0,86 e ɣNO2-=0,80) e usando as atividades, pode-se cal- ______________________________________________________
cular a concentração de íons hidrônio em uma solução 0,120M de
HNO2 que também seja 0,050M de NaCl. ______________________________________________________
Sabendo-se que a constante de dissociação é 5,1 x 10-4, a con-
______________________________________________________
centração de hidrônio é de:
(A) 5,1 x 10-4; ______________________________________________________
(B) 7,3 x 10-4;
(C) 8,2 x 10-3; ______________________________________________________
(D) 9,4 x 10-3;
(E) 10,8 x 10-4. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 A ______________________________________________________
2 C ______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 B
5 C ______________________________________________________
6 C ______________________________________________________
7 E
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8 C
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9 B
10 C ______________________________________________________
11 A ______________________________________________________
12 A
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13 D
14 C ______________________________________________________

15 B ______________________________________________________
16 E
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17 A
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18 A
19 D ______________________________________________________
20 D ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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243
NOÇÕES DE FÍSICA E QUÍMICA
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244
NOÇÕES DE BIOLOGIA

Veja um pouco mais sobre eles a seguir.


NOÇÕES DE ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA:
ALTERAÇÕES ANATÔMICAS E SINAIS VITAIS Corpo Humano e seus sistemas
O corpo humano é composto por vários sistemas que coope-
CORPO HUMANO - ÓRGÃOS E SISTEMAS. ram entre si, a fim de manter a saúde, proteger contra doenças e
permitir a reprodução da espécie.
A - PARTE GERAL Para termos uma ideia, vamos considerar como dois sistemas
A anatomia humana é o campo da Biologia responsável por es- do corpo cooperam entre si: o sistema tegumentar e esquelético.
tudar a forma e a estrutura do organismo humano, bem como as O sistema tegumentar é formado pela pele, pelos e unhas, sendo o
suas partes. O nome anatomia origina-se do grego ana, que signifi- responsável pela proteção de todos os sistemas do corpo, incluindo
ca parte, e tomnei, que significa cortar, ou seja, é a parte da Biolo- o sistema ósseo, por meio da barreira entre o ambiente externo e
gia que se preocupa com o isolamento de estruturas e seu estudo. os tecidos e os órgãos internos. Por sua vez, o sistema esquelético
A anatomia utiliza principalmente a técnica conhecida como fornece sustentação para o sistema tegumentar.
dissecação, que se baseia na realização de cortes que permitem
uma melhor visualização das estruturas do organismo. Essa práti- A CÉLULA - CÉLULA PROCARIOTA E CÉLULA EUCARIOTA.
ca é muito realizada atualmente nos cursos da área da saúde, tais REPRODUÇÃO CELULAR, MITOSE E MEIOSE
como medicina, odontologia e fisioterapia. Em 1663, Robert Hooke colocou fragmentos de cortiça sob a
lente de um microscópio e, a partir de suas observações, nascia a
A história da Anatomia Humana biologia celular. Esse ramo da ciência, também conhecido como ci-
Acredita-se que as primeiras dissecações em seres humanos tologia, tem como objeto de estudo as células, abrangendo a sua
tenham acontecido no século II a.C. por intermédio de Herófilo e estrutura (morfologia ou anatomia) e seu funcionamento (meca-
Erasístrato em Alexandria. Posteriormente, a área ficou pratica- nismos internos da célula). A citologia se torna importante por,
mente estagnada, principalmente em decorrência da pressão da em conjunto com outras ferramentas ou não, buscar entender o
Igreja, que não aceitava esse tipo de pesquisa. mecanismo de diversas doenças, auxiliar na classificação dos seres
Os estudos na área retornaram com maior força durante o e, também, por ser precursora ou conhecimento necessário de di-
período do Renascimento, destacando-se as obras de Leonardo da versas áreas da atualidade, como a biotecnologia. Por essa razão,
Vinci e Andreas Vesalius. diversos conteúdos da biologia celular estão intimamente relacio-
Leonardo da Vinci destacou-se na anatomia por seus espetacu- nados com os da biologia molecular, histologia, entre outras.
lares desenhos a respeito do corpo humano, os quais preparou por
cerca de 15 anos. Para a realização de desenhos, esse importante
artista fez vários estudos, participando, inclusive, de dissecações.
O primeiro livro de atlas de anatomia, o “De Humani Corporis
Fabrica”, foi produzido em 1543 por Vesalius, atualmente conside-
rado o pai da anatomia moderna. Seu livro quebrou falsos concei-
tos e contribuiu para um aprofundamento maior na área, marcan-
do, assim, a fase de estudos modernos sobre a anatomia.

Divisões da Anatomia
Essa área foi e é, sem dúvidas, extremamente importante para
a compreensão do funcionamento do corpo humano. Atualmente,
podemos dividi-la em várias partes, mas duas merecem destaque:
Anatomia Sistêmica: Essa parte da anatomia estuda os siste-
mas do corpo humano, tais como o sistema digestório e o circulató- Esquema de uma célula animal e suas organelas.
rio. Ela não se preocupa com o todo, realizando uma descrição mais Ilustração: master24 / Shutterstock.com [adaptado]
aprofundada das partes que compõem um sistema.
Anatomia Regional ou Topográfica: Essa parte da anatomia es- As células são a unidade fundamental da vida. Isso quer dizer
tuda o corpo humano por regiões, e não por sistemas. Esse estudo que, com a exceção dos vírus, todos os organismos vivos são com-
facilita a orientação correta ao analisar um corpo. postos por elas. Nesse sentido, podemos classificar os seres vivos
pela sua constituição celular ou complexidade estrutural, existindo
Principais sistemas estudados em Anatomia Humana os unicelulares e os pluricelulares. Os organismos unicelulares são
Normalmente, ao estudar anatomia humana no Ensino Fundamen- todos aqueles que são compostos por uma única célula, enquanto
tal e Médio, o foco maior é dado à anatomia sistêmica. Os sistemas estu- os pluricelulares, aqueles formados por mais de uma. Com relação
dados normalmente são o tegumentar, esquelético, muscular, nervoso,
cardiovascular, respiratório, digestório, urinário, endócrino e reprodutor.

245
NOÇÕES DE BIOLOGIA
a seu tamanho, existem células bem pequenas que são visíveis ape- O citosol é composto de água, íons, proteínas e diversas outras
nas ao microscópio, como bactérias e protozoários, e células gigan- moléculas importantes para a célula. Por ser aquoso, ele é respon-
tes visíveis a olho nu, como fibras musculares e algumas algas. sável por ser o meio em que ocorrem algumas reações e a locomo-
Assim como acontece com o tamanho, as células se apresen- ção dentro da célula. Quanto aos depósitos, esses são as concentra-
tam em diversas formas: retangulares, esféricas, estreladas, entre ções de diversas substâncias soltas no citosol. A importância dessas
outras. Isso ocorre porque a forma é um reflexo da função celular exer- estruturas tem relação com a reserva de nutrientes ou pigmentos.
cida, por exemplo, as fibras musculares são afiladas e longas, o que é Por fim, as organelas não possuem conceituação bem definida,
adequado ao caráter contrátil das mesmas. Entre os diversos tama- mas, grosso modo, são todas as estruturas internas com funções
nhos e formas celulares, basicamente, existem apenas duas classes de definidas, como ribossomos, mitocôndrias, complexo de Golgi, retí-
células: as procariontes, nas quais o material genético não é separado culos endoplasmáticos, entre outros. Suas funções variam desde a
do citoplasma, e as eucariontes, cujo núcleo é bem delimitado por um síntese protéica até a respiração celular.
envoltório nuclear denominado carioteca. Em resumo, pode-se dizer Enfim, a citologia é uma extensa área da biologia que se co-
que a diferença entre as classes reside na complexidade das células. munica com outras disciplinas para concatenar os conhecimentos
As células procariontes têm poucas membranas, em geral, ape- a fim de utilizá-los nas ciências aplicadas, como ocorre na terapia
nas a que delimita o organismo, denominada de membrana plas- gênica ou engenharia genética, por exemplo.
mática. Os seres vivos que possuem esse tipo de célula são chama-
dos de procariotas e o grupo representativo dessa classe é o das Organização Celular
bactérias. Já as células eucariontes são mais complexas e ricas em
membranas, existindo duas regiões bem individualizadas, o núcleo Organização celular dos seres vivos
e o citoplasma. Assim, os portadores dessa classe de células são As células são as unidades básicas da vida; pequenas máquinas
denominados eucariotas, existindo diversos representantes desse que facilitam e sustentam cada processo dentro de um organismo
grupo, como animais e plantas, por exemplo. vivo. As células musculares se contraem para manter um batimen-
A constituição de cada célula varia bastante de acordo com qual to cardíaco e nos permitem mover-se, os neurônios formam redes
sua classe, tipo e função. Isso ficará mais claro a seguir. Para fins que dão origem a memórias e permitem processos de pensamento.
didáticos, separemos a célula em três partes: membrana plasmática, As células epiteliais providenciam para formar barreiras superficiais
estruturas externas à membrana e estruturas internas à membrana. entre os tecidos e as muitas cavidades em todo o corpo.
A membrana plasmática ou celular é o envoltório que separa o meio Não só os diferentes tipos de células facilitam funções únicas,
interno e o meio externo das células. Ela está presente em todos os ti- mas suas composições moleculares, genéticas e estruturais tam-
pos celulares e é formada por fosfolipídios e proteínas. Essa membrana bém podem diferir. Por esse motivo, diferentes tipos de células
possui uma característica de extrema importância para a manutenção geralmente possuem variações no fenótipo, como o tamanho e a
da vida, a permeabilidade seletiva. Isso quer dizer que tudo o que en- forma das células. Na imagem abaixo você pode ver diferentes ti-
tra ou sai das células depende diretamente da membrana celular. pos celulares dos seres humanos.
A estrutura supracitada se trata de algo bastante delicado, por
essa razão surgiram estruturas que conferem maior resistência às
células: a parede celular, cápsula e o glicocálix. A parede celular é
uma camada permeável e semi-rígida, o que confere maior esta-
bilidade quanto a forma da célula. Sua composição é variada de
acordo com o tipo da célula e sua função é relacionada à proteção
mecânica. Nesse sentido, as paredes celulares estão presentes em
diversos organismos, como bactérias, plantas, fungos e protozoá-
rios.
A cápsula, por sua vez, é um envoltório que ocorre em algumas
bactérias, em geral patogênicas, externamente à parede celular.
Sua função também é a defesa, mas, diferentemente da parede ce-
lular, essa confere proteção contra a desidratação e, também, se
trata de uma estrutura análoga a um sistema imune. Sob o aspecto
morfológico, sua espessura e composição química são variáveis de A função de uma célula é alcançada através do ponto culmi-
acordo com a espécie, se tratando de um polímero orgânico. Já o nante de centenas de processos menores, muitos dos quais são
glicocálix se trata de uma camada formada por glicídios associados, dependentes uns dos outros e compartilham proteínas ou compo-
externamente, à membrana plasmática. Embora não confira rigi- nentes moleculares. Apesar das variações fenotípicas e funcionais
dez à célula, o glicocálix também tem uma função de resistência. que existem entre os tipos de células, é verdade que existe um
Fora isso, ele confere capacidade de reconhecimento celular, bar- alto nível de similaridade ao explorar os processos subcelulares, os
rar agentes do meio externo e reter moléculas de importância para componentes envolvidos e, principalmente, a organização desses
célula, como nutrientes. componentes.
Com relação à parte interna da membrana celular, existe uma Com a maioria dos processos subcelulares sob controle regula-
enorme diversidade de estruturas com as mais diferentes funções. tório preciso de outros processos subcelulares, e com componentes
Para facilitar a compreensão, pode-se dividir em citoplasma e ma- geralmente compartilhados entre diferentes caminhos moleculares
terial genético, esse que, nos procariotas, está solto no citoplasma. e cascatas protéicas, a organização celular é de grande importância.
O material genético é composto de ácidos nucléicos (DNA e RNA) e Isso é verdade para cada tipo de célula, com compartimentação de
sua função é comandar a atividade celular. Por ele ser transmitido processos subcelulares, e localização de proteínas, recrutamento e
de célula progenitora para a progênie, é a estrutura responsável entrega, garantindo que sejam constantemente repetidos de forma
pela transmissão das informações hereditárias. Já o citoplasma cor- eficiente e com resultados precisos.
responde a todo o restante, composto pela matriz citoplasmática
ou citosol, depósitos citoplasmáticos e organelas.

246
NOÇÕES DE BIOLOGIA
A nível básico, as células eucarióticas podem ser descritas como contendo três regiões sub-celulares distintas; nomeadamente a
membrana , o citosol e o núcleo . Contudo, a compartimentação celular é ainda mais complicada pela abundância de organelas específicas.
Apesar de ter apenas vários nanômetros de largura, as membranas celulares são altamente enriquecidas em receptores de sinali-
zação, proteínas transmembranares, bombas e canais e, dependendo da maquiagem, podem recrutar e reter um conjunto de proteínas
importantes no campo da mecanobiologia. Em muitos casos, esses proteínas interagem com o citoesqueleto , que reside na proximidade
da membrana. O citosol, por outro lado, abriga organelas celulares, incluindo o complexo golgiense, o retículo endoplasmático (RE), ribos-
somos e numerosas vesículas e vacúolos. Podem existir proteínas solúveis nesta região. Enquanto isso, o núcleo abriga o material genético
e todos os componentes relacionados à sua expressão e regulação. Embora os processos do núcleo não estejam tão bem estabelecidos
em termos de seu papel na mecanobiologia , os achados recentes indicam várias conexões importantes, muitas vezes com as vias de sina-
lização de mecanotransdução que culminam em alterações na expressão gênica.
Cada uma dessas regiões sub-celulares deve funcionar de forma coerente para a sobrevivência e o funcionamento eficiente da célula.
A organização adequada de organelas, proteínas e outras moléculas em cada região permite que os componentes de proteínas individuais
funcionem de forma concertada, gerando efetivamente processos subcelulares individuais que culminam em uma função celular global.

Compartimentalização em células
As células não são uma mistura amorfa de proteínas, lipídios e outras moléculas. Em vez disso, todas as células são constituídas por
compartimentos bem definidos, cada um especializado em uma função particular. Em muitos casos, os processos subcelulares podem
ser descritos com base na ocorrência na membrana plasmática , no citosol ou dentro de organelas ligadas à membrana, como o núcleo, o
aparelho de Golgiense ou mesmo os componentes vesiculares do sistema de tráfico de membrana , como os lisossomos e os endossomas.

A compartimentação aumenta a eficiência de muitos processos subcelulares concentrando os componentes necessários em um es-
paço confinado dentro da célula. Quando uma condição específica é necessária para facilitar um determinado processo subcelular, isso
pode ser localmente contido de modo a não interromper a função de outros compartimentos subcelulares. Por exemplo, os lisossomos
requerem um pH mais baixo para facilitar a degradação do material internalizado. As bombas de protões ligadas à membrana presentes
no lipossoma mantém esta condição. Da mesma forma, uma grande área de superfície da membrana é requerida pelas mitocôndrias para
gerar eficientemente ATP a partir de gradientes de elétrons em sua bicamada lipídica. Isto é conseguido através da composição estrutural
deste organelo particular.
Importante, organelas individuais podem ser transportadas por toda a célula e isso localiza essencialmente todo o processo subcelular
para regiões onde são necessárias. Isso foi observado em neurônios, que possuem processos axonais extremamente longos e requerem
mitocôndrias para gerar ATP em vários locais ao longo do axônio. Seria ineficiente confiar na difusão passiva do ATP ao longo do axônio.
A compartimentação também pode ter importantes implicações fisiológicas. Por exemplo, as células epiteliais polarizadas , que pos-
suem membranas apicais e basolaterais distintas, podem, por exemplo, produzir uma superfície secretora para várias glândulas. Da mes-
ma forma, as células neuronais desenvolvem redes efetivas devido à produção de dendritos e processos axonais a partir de extremidades
opostas do corpo celular. Além disso, no caso de células estaminais embrionárias, a polarização celular pode resultar em destinos distintos
das células filhas.
Com cada organela facilitando sua própria função, eles podem ser considerados compartimentos subcelulares por direito próprio. No
entanto, sem um fornecimento regular de componentes para o compartimento, os processos e mecanismos que produzem sua função
geral serão impedidos.
Com muitas proteínas e componentes moleculares que participam em múltiplos processos subcelulares e, portanto, exigidos em
vários compartimentos subcelulares, o transporte efetivo da proteína e dos componentes moleculares, seja por difusão passiva ou recru-
tamento direcionado, é essencial para a função geral da célula.

247
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Em seres eucariontes, a síntese de DNA, RNA, proteínas e lipí- teliais, que são polarizadas, a composição proteica na membrana
dios é realizada de forma espaciotemporal. Cada molécula é produ- apical é muito diferente daquela na membrana basolateral. Isto
zida dentro de organelas ou compartimentos especializados com é conseguido através do reconhecimento de sequências de sinais
mecanismos regulatórios rígidos existentes para controlar o tempo distintas que visam proteínas para cada uma dessas regiões. Por
ea taxa de síntese. Esses mecanismos regulatórios são complicados exemplo, as proteínas da membrana apical são muitas vezes anco-
e podem envolver loops de feedback, estímulos externos e uma radas ao GPI , enquanto que as proteínas basolaterais possuem se-
multiplicidade de caminhos de sinalização. quências de assinaturas baseadas em aminoácidos diLeu (N, N-Di-
DNA e RNA são ambos produzidos dentro do núcleo. O DNA é metil Leucina) ou tirosina com base em aminoácidos.
inteiramente replicado durante a fase s do ciclo celular. Uma cópia
é então passada para cada uma das células filhas. Durante outras Entrega Direta de Componentes
fases do ciclo celular, uma quantidade mínima de DNA é sintetiza- A localização das proteínas pode resultar do reconhecimento
da, principalmente para o reparo do material genético. de proteínas ou complexos solúveis de difusão passiva; No entanto,
Embora uma taxa basal de síntese de RNA mantenha a síntese isso pode não garantir uma concentração suficiente de componen-
de mRNA ao longo da vida da célula, o mRNA para genes específicos tes para manter um determinado processo. Isso pode impedir a sua
só pode ser expresso ou pode ser regulado ou regulado por baixo, conclusão, particularmente quando realizada em regiões com um
após a detecção de certos sinais mecânicos ou químicos. Como re- volume citoplasmático limitado, como a ponta de um filopodia , ou
sultado, diferentes células têm diferentes perfis de mRNA, e isso quando os componentes são rapidamente transferidos.
geralmente é observado através do uso de tecnologias que exibem Uma maneira mais eficiente de manter a concentração de
os perfis genéticos das células. componentes protéicos é por meio de sua entrega dirigida através
Depois de ser processado e modificado no núcleo, o mRNA da rede do citoesqueleto.
transcrito é entregue ao citosol para tradução ou síntese proteica. O citoesqueleto, composto por filamentos de actina e microtú-
Semelhante à síntese de RNA, um nível básico de síntese de pro- bulos , abrange toda a célula e conecta a membrana plasmática ao nú-
teína é mantido durante toda a vida da célula, porém isso também cleo e outras organelas. Esses filamentos realizam muitos propósitos,
pode ser alterado quando determinados estímulos induzem a pro- desde o suporte estrutural até a célula, para gerar as forças necessárias
dução de proteínas específicas, ou quando mecanismos regulató- para a translocação celular. Eles também podem servir como “trilhas”
rios reduzem a produção de outros. nas quais as proteínas motoras podem transladar enquanto transpor-
Por exemplo, a síntese de proteínas é regulada para cima du- tam carga de um local para outro; análogo a um trem de carga que
rante a fase G1 do ciclo celular, imediatamente antes da fase S. Isto transporta carga ao longo de uma rede de trilhos ferroviários.
é para garantir que a célula tenha uma concentração suficiente da A entrega de componentes é principalmente facilitada por mo-
maquinaria protéica necessária para realizar a replicação do DNA e tores moleculares com ATP / GTP, como miosina V ou miosina X ,
a divisão celular. Cinesina ou Dineína . Essas proteínas ou homólogos deles foram
observados em uma grande quantidade de tipos celulares, incluin-
Nos procariontes, onde não há compartimentos separados, do leveduras, célula vegetal e célula animal. Os motores molecula-
tanto a transcrição quanto a tradução ocorrem simultaneamente.
res dineína e cinesina caminham sobre os microtúbulos enquanto a
Os lipídios, que são sintetizados no retículo endoplasmático (RE) ou
miosina caminha nos filamentos de actina. Imperativamente, esses
no complexo golgiensei, são transportados para outras organelas
motores caminham de maneira unidirecional, embora não necessa-
sob a forma de vesículas que se fundem com a organela aceitado-
riamente na mesma direção uns dos outros.
ra. Algumas células também podem usar proteínas transportadoras
O transporte baseado em microtúbulos foi estudado principal-
para transportar lipídios de um local para outro. A síntese lipídica
mente em células neuronais. Os exons podem ter vários mícrons
também é dinâmica, e pode ser regulada até a proliferação celular
de comprimento (às vezes até mesmo medidores de comprimen-
ou durante processos que envolvem a extensão da membrana plas-
mática , quando novas membranas são necessárias. to), por isso é necessário transportar proteínas, lipídios, vesículas
sinápticas, mitocôndrias e outros componentes ao longo do axônio.
Localização de Proteínas Todos os microtúbulos nos axônios são unidirecionais, com extre-
Para que os processos celulares sejam realizados dentro de midades “menos” que apontam para o corpo da célula e ‘mais’ que
compartimentos definidos ou regiões celulares, devem existir me- apontam para a sinapse. Os motores Kinesin se movem ao longo
canismos para garantir que os componentes proteicos necessários dessas trilhas para transportar a carga do corpo da célula para o
estejam presentes nos locais e a uma concentração adequada. A axônio. A interrupção do transporte de carga mediada por cinesina
acumulação de uma proteína em um determinado local é conheci- está correlacionada com várias doenças neuro-musculares, como
da como localização de proteínas. a atrofia muscular espinhal e a atrofia muscular espinhal e bulbar .
O recrutamento de proteínas é essencialmente uma forma de Dynein , por outro lado, desempenha um papel importante no trá-
reconhecimento de proteínas, possibilitado pela presença de se- fico de carga em dendritos.
quências específicas de aminoácidos dentro da estrutura protéica.
Por exemplo, muitas proteínas ligadas à membrana possuem pép- Caminhos de comunicação
tidos de sinal que são reconhecidos pelos receptores de sinal que Com diferentes processos sendo realizados em compartimen-
os orientam para o site alvo. O sinal de localização nuclear é um tos subcelulares separados, organizados em diferentes regiões da
desses exemplos. As proteínas que são destinadas ao retículo en- célula, a comunicação intracelular é primordial. Essa comunicação,
doplasmático também possuem um péptido sinal. que é descrita em maior detalhe sob ” sinalização celular “, permite
Em outros casos, as proteínas podem transportar um remendo às células manter a concentração de proteínas específicas e dentro
de sinal. Isso geralmente consiste em cerca de 30 aminoácidos que das regiões corretas, dependendo dos requisitos de um determina-
não estão presentes em uma sequência linear, mas estão em proxi- do processo ou estado celular. Isso, em última instância, garante
midade espacial próxima no espaço tridimensional. que os compartimentos individuais funcionem de forma eficiente e
Curiosamente, a organização de uma célula e suas várias re- permite que um processo subcelular conduza outro. Isso, em última
giões desempenham um papel na direção do recrutamento de instância, permite que uma célula facilite suas funções primárias de
proteínas para um determinado site. Por exemplo, nas células epi- forma eficiente e coerente.

248
NOÇÕES DE BIOLOGIA
As vias de sinalização podem conter um sinal que se origina Tabela comparativa entre mitose e meiose
de fora de uma célula ou de vários compartimentos e geralmente Veja a seguir um quadro comparativo com as principais dife-
envolve a translocação de íons, solutos, proteínas e mensageiros renças entre a meiose e mitose:
secundários.
Todas as células possuem receptores de superfície e outras
proteínas para facilitar a detecção de sinais do ambiente extrace-
lular.
Esses sinais podem ser na forma de íons, moléculas pequenas,
péptidos, tensão de cisalhamento, forças mecânicas, calor, etc.
Uma vez que o sinal é detectado pelo receptor de superfície, ele é
transmitido ao citoplasma geralmente por meio de mudança con-
formacional no receptor ou mudança no seu estado de fosforilação
no lado citosólico. Isso, por sua vez, desencadeia uma cascata de
sinalização a jusante, que muitas vezes culmina no núcleo. O sinal
geralmente resulta em mudança no perfil de expressão gênica das
células, auxiliando-as a responder ao estímulo.

Reprodução Celular
A maioria das células humanas são frequentemente reproduzi-
do e substituídos durante a vida de um indivíduo. Mitose
No entanto, o processo varia com o tipo de célula Somática ou A mitose é um processo de divisão celular que forma duas cé-
células do corpo, tais como aqueles que constituem a pele, cabelo, lulas-filhas, cada uma com o mesmo número de cromossomos que
e músculo, são duplicados por mitose. a célula-mãe. Esse processo está relacionado, em plantas e animais,
O células sexuais, os espermatozóides e óvulos, são produzi- com o desenvolvimento dos organismos, cicatrização e crescimento.
dos por meiose em tecidos especiais dos testículos e ovários das As etapas da mitose são prófase, prometáfase, metáfase, anáfase
fêmeas Uma vez que a grande maioria das nossas células são somá- e telófase. Ao fim da telófase, observa-se a ocorrência da citocinese,
tica, a mitose é a forma mais comum de replicação celular. ou seja, a divisão do citoplasma da célula, gerando duas células-filhas.
Vale destacar que essas etapas variam de um autor para outro. A pro-
Mitose e meiose metáfase, por exemplo, não é descrita por todos os autores.
As principais diferenças entre a mitose e a meiose estão no
número de células-filhas formadas e no número de cromossomos
que elas apresentam.

A mitose e a meiose são processos de divisão celular.

A diferença entre mitose e meiose está no fato de que, apesar


de serem processos de divisão celular, elas geram um número dife-
rente de células-filhas, as quais também possuem uma quantidade
distinta de cromossomos. Observe atentamente as etapas da mitose.
Na mitose, as células-filhas apresentam a mesma quantidade
de material genético que a célula-mãe, diferentemente da meiose. → Fases da mitose
Na mitose, vemos ainda a formação de duas células-filhas; já na • Prófase: inicia-se logo após a interfase, uma longa etapa na
meiose, quatro. Além de todas essas diferenças, a mitose e a meio- qual ocorrem aumento da célula, produção de organelas e a dupli-
se diferenciam-se também no que diz respeito às etapas do pro- cação dos cromossomos.
cesso de divisão e à função que elas desempenham no organismo. • Na prófase, os cromossomos aumentam sua condensação,
e o nucléolo, local onde os ribossomos são formados, desaparece.
Inicia-se ainda a formação do fuso mitótico (estrutura constituída
por microtúbulos), e os centrossomos (região onde são organizados
os microtúbulos) afastam-se.

249
NOÇÕES DE BIOLOGIA
• Prometáfase: ocorre a desintegração do envoltório nuclear, - Zigoteno: ocorre a sinapse (aproximação dos cromossomos
também chamado de carioteca. Os microtúbulos que partem do homólogos).
centrossomo ligam-se ao cinetócoro (estrutura proteica localizada - Paquiteno: formação da tétrade ou bivalente. O termo tétra-
no centrômero) dos cromossomos. Os cromossomos continuam de indica que os dois cromossomos homólogos emparelhados pos-
sua condensação. suem quatro cromátides. Já o termo bivalente é usado em referên-
• Metáfase: os cromossomos atingem seu maior grau de con- cia a dois cromossomos homólogos ou emparelhados. Nessa fase,
densação. Os centrossomos estão em lados opostos da célula, e os verificam-se quebras nas cromátides seguidas por soldaduras, que
cromossomos estão organizados na região mediana da célula (placa muitas vezes ocorrem em posições diferentes das originais. Esse
metafásica). fenômeno é chamado de crossing-over.
• Anáfase: na fase mais curta do processo de mitose, ocorrem - Diploteno: inicia-se a separação dos homólogos e é possível
a separação das cromátides irmãs e a migração em direção aos po- perceber que suas cromátides cruzam-se em alguns pontos (quias-
los das células. A célula alonga-se e, no final dessa etapa, temos mas).
dois polos com a quantidade completa de cromossomos. - Diacinese: os homólogos separam-se, e a prófase I é finaliza-
• Telófase: formam-se novos núcleos e os envelopes nucleares. da.
O nucléolo reaparece, e os cromossomos ficam menos condensa- • Metáfase I: os pares de cromossomos homólogos estão dis-
dos. Normalmente, no final dessa etapa, ocorre a citocinese, que postos na placa metafásica. Nessa etapa, as duas cromátides de um
nada mais é do que a divisão da célula em duas. homólogo estão ligadas aos microtúbulos de um polo, e as cromá-
tides do outro homólogo estão presas aos microtúbulos do outro
Meiose polo.
A meiose é um processo de divisão celular que gera quatro cé- • Anáfase I: cromossomos homólogos separam-se e movem-se
lulas-filhas, cada uma com metade do número de cromossomos da em direção aos polos opostos.
célula-mãe. Esse processo de divisão é responsável pela formação • Telófase I: os cromossomos estão separados em dois grupos
de gametas. É fundamental que os gametas possuam metade do em cada polo. Ao final dessa fase, a citocinese ocorre, e o citoplas-
número de cromossomos da espécie, pois, dessa forma, no mo- ma da célula é dividido, formando duas células-filhas.
mento da fecundação, haverá o restabelecimento do número de
cromossomos da espécie. MEIOSE II
A meiose caracteriza-se por dois processos de divisão celular:
a meiose I e meiose II. Na meiose I, temos a prófase I, metáfase I,
anáfase I, telófase I. Já na meiose II, temos a prófase II, metáfase II,
anáfase II e telófase II.

→ Fases da meiose

Observe atentamente as etapas da meiose II.

• Prófase II: é a primeira etapa da segunda divisão da meiose e


inicia-se nas duas células-filhas formadas na meiose I. Nessa etapa,
Observe atentamente as etapas da meiose I. as fibras do fuso são formadas e inicia-se a movimentação dos cro-
mossomos para a placa metafásica.
• Prófase I: assim como a prófase da mitose, inicia-se após a • Metáfase II: os cromossomos estão posicionados na placa
fase de interfase, na qual ocorrem o aumento da célula e a duplica- metafásica.
ção dos cromossomos. Na prófase I, iniciam-se a condensação dos • Anáfase II: as cromátides irmãs separam-se e movem-se em
cromossomos, a destruição do envelope nuclear, a formação do direção aos polos.
fuso e a movimentação do centrossomo. Podemos dividir a prófase • Telófase II: o núcleo forma-se novamente com a reorganiza-
I em cinco subetapas, as quais são meramente didáticas, ou seja, ção do envoltório nuclear. Os cromossomos começam a se descon-
servem para auxiliar o entendimento do processo. São elas: densar. A citocinese ocorre, e a célula divide-se em duas. Como as
- Leptóteno: inicia-se uma maior compactação dos cromosso- duas células-filhas formadas na meiose I entram em meiose II, no
mos. final do processo, temos quatro células-filhas.

250
NOÇÕES DE BIOLOGIA
TECIDOS E PELE - CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS. PELE E Anatomia da Pele
ANEXOS
Epiderme
Sistema Tegumentar
- Formado pela pele humana (epiderme, derme e hipoderme).
- Principais funções: proteção do corpo, trocas entre o meio
externo e interno do organismo e manutenção da temperatura do
corpo.

O sistema tegumentar é composto pela pele e anexos (glân-


dulas, unhas, cabelos, pelos e receptores sensoriais) e tem impor-
tantes funções, sendo a principal agir como barreira, protegendo o
corpo da invasão de microrganismos e evitando o ressecamento e
perda de água para o meio externo.
Entre os vertebrados, o tegumento é composto por camadas: a
mais externa, a epiderme é formada por tecido epitelial, a camada
subjacente de tecido conjuntivo é a derme, seguida por um teci-
do subcutâneo, também conhecida como hipoderme. Há também
uma cobertura impermeável, a cutícula. Há uma variedade de ane-
xos, tais como pelos, escamas, chifres, garras e penas.

A epiderme é constituída de tecido epitelial, cujas células apresen-


tam diferentes formatos e funções. Elas são originadas na camada ba-
sal, e se movem para cima, tornando-se mais achatadas à medida que
sobem. Quando chegam na camada mais superficial (camada córnea)
as células estão mortas (e sem núcleo) e são compostas em grande
parte por queratina. Entre a camada basal (mais interna) e a córnea
(mais externa), há a camada granulosa, onde as células estão repletas
de grânulos de queratina e a espinhosa, na qual as células possuem
prolongamentos que as mantêm juntas, dando-lhe esse aspecto.
Nos vertebrados terrestres, as células da camada córnea são
eliminadas periodicamente, tal como em répteis que trocam a pele,
ou continuamente em placas ou escamas, como acontece nos ma-
míferos assim como nos humanos.

Derme
Observe na figura a seguir um corte transversal da pele visto ao
Funções do Tegumento microscópio. A parte superior (mais escura) é a epiderme e a parte
• Envolve e protege os tecidos e órgãos do corpo; mais clara representa a derme, com as papilas dérmicas em contato
• Protege contra a entrada de agentes infecciosos; com as reentrâncias epidérmicas.
• Evita que o organismo desidrate;
• Controla a temperatura corporal, protegendo contra mu-
danças bruscas de temperatura;
• Participa da eliminação de resíduos, agindo como sistema
excretor também;
• Atua na relação do corpo com o meio externo através dos
sentidos, trabalhando em conjunto com o sistema nervoso;
• Armazena água e gordura nas suas células.

A derme é constituída de tecido conjuntivo fibroso, vasos san-


guíneos e linfáticos, terminações nervosas e fibras musculares li-
sas. É uma camada de espessura variável que une a epiderme ao
tecido subcutâneo, ou hipoderme. Sua superfície é irregular com
saliências, as papilas dérmicas, que acompanham as reentrâncias
da epiderme.

251
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Apêndices da Pele A ciência que estuda os ossos é a osteologia. O crânio e a co-
luna vertebral são estruturas ósseas complexas e extremamente
Unhas, Cabelos e Pelos importantes, que ajudam e evoluem ao ponto em que o homem se
As unhas são placas de queratina localizadas nas pontas dos desenvolve. A coluna vertebral tem como objetivo dar maior flexi-
dedos que ajudam a agarrar os objetos.​Os pelos estão espalhados bilidade ao corpo humano.
pelo corpo todo, com exceção das palmas das mãos, das solas dos pés Os ossos do corpo humano são ligados através das articula-
e de certas áreas da região genital. Eles são formados de queratina e ções. E eles são os responsáveis por darem um apoio para o siste-
restos de células epidérmicas mortas compactadas e se formam dentro ma muscular, fazendo com que o homem possa executar diversos
do folículo piloso. Os cabelos, espalhados pela cabeça crescem graças movimentos.
às células mortas queratinizadas produzidas no fundo do folículo; elas
produzem queratina, morrem e são achatadas formando o cabelo. A cor
dos pelos e cabelos é determinada pela quantidade de melanina produ-
zida, quanto mais pigmento houver mais escuro será o cabelo.

Receptores Sensoriais
São ramificações de fibras nervosas, algumas se encontram
encapsuladas formando corpúsculos, outras estão soltas como as
que se enrolam em torno do folículo piloso. Possuem função senso-
rial, sendo capazes de receber estímulos mecânicos, de pressão, de
temperatura ou de dor. São eles: Corpúsculos de Ruffini, Corpúscu-
los de Paccini, Bulbos de Krause, Corpúsculos de Meissner, Discos As principais funções do sistema esquelético são:
de Merkel, Terminais do Folículo Piloso e Terminações Nervosas • Sustentar o organismo;
Livres. Veja a figura a seguir: • Proteger os órgãos vitais;
• Armazenar os sais, principalmente o cálcio e o fósforo, que
são fundamentais para o funcionamento das células e devem es-
tar presentes no sangue. Uma vez que o nível de cálcio diminui no
sangue, os sais de cálcio são levados para os ossos para suprir a sua
ausência;
• Ajudar no movimento do corpo;
• Hematopoiética;
• Alguns ossos possuem medula amarela, mais conhecida
como tutano. Essa medula é constituída, em sua maioria, por cé-
lulas adiposas, que acumulam gorduras como material de reserva;
• No interior de alguns ossos, como o crânio, a coluna, a bacia,
o esterno, as costelas e as cabeças dos ossos do braço e da coxa,
existem cavidades que são preenchidas por um tecido macio, cha-
mado de medula óssea vermelha, onde são produzidas as células
do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas.

Glândulas
São exócrinas já que liberam suas secreções para fora do corpo.
As glândulas sebáceas são bolsas que secretam o sebo (substância
oleosa) junto aos folículos pilosos para lubrifica-los. Já as glândulas
sudoríparas têm forma tubular enovelada e secretam o suor (fluido
corporal constituído de água e íons de sódio, potássio e cloreto,
entre outros elementos) através de poros na superfície da pele.
O suor ajuda a controlar a temperatura corporal.

SISTEMA ESQUELÉTICO - Esqueleto Axial. ESQUELETO APEN-


DICULAR. ARTICULAÇÕES
- Formado pelos ossos do corpo.
- Principais funções: sustentação, proteção e movimentação
do corpo humano.

O sistema esquelético tem como função proteger, produzir


células sanguíneas, armazenar os minerais, sustentar e locomover.
Ele também é conhecido pelo nome de sistema ósseo e é formado
por duzentos e seis ossos e estão assim divididos: ossos da cabe-
ça, ossos do pescoço, ossos do ouvido, ossos do tórax, ossos do
abdômen, ossos dos membros inferiores e ossos dos membros su-
periores.

252
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Quais são as principais partes do esqueleto? Os músculos não estriados apresentam contração lenta e in-
O sistema esquelético possui duas partes que podem ser con- voluntária, ou seja, são responsáveis por aqueles movimentos que
sideradas principais: o esqueleto apendicular e o esqueleto axial. ocorrem independentemente da nossa vontade, como os movi-
O esqueleto apendicular é formado: mentos peristálticos.
Cintura torácica ou escapular, que é uma estrutura também Os músculos estriados esqueléticos são aqueles que se fixam
conhecida como cintura superior. É formada pelas escápulas e cla- nos ossos através dos tendões (cordões fibrosos), caracterizam-se
vículas; por contrações fortes e voluntárias. Isso quer dizer que são respon-
• Cintura pélvica ou inferior, também chamada de bacia, tem sáveis pelas ações conscientes do nosso corpo, como andar e fazer
na sua constituição o sacro, um par de ossos ilíacos e pelo cóccix. exercícios.
O músculo estriado cardíaco, como o próprio nome diz, é o
O esqueleto dos membros também é composto pelas juntas, músculo do coração. É ele o responsável pelos batimentos cardía-
ou seja, uma ligação existente entre dois ou mais ossos. Outras es- cos, suas contrações são fortes e involuntárias.
truturas que fazem parte do esqueleto são as articulações. E essas, A principal característica do sistema muscular é a capacidade
possuem os ligamentos, que são os responsáveis por tornar os os- de se contrair e relaxar. Aliás, é o equilíbrio entre esses dois estados
sos conectados a uma articulação. o responsável pelo movimento do corpo como um todo. Durante
Os ossos começam a se formar desde o segundo mês de vida a respiração, por exemplo, o diafragma precisa contrair e relaxar
intrauterina. Quando nasce, a criança já apresenta um esqueleto para receber o oxigênio nos pulmões e expelir em seguida o gás
bastante ossificado, mas as extremidades de diversos ossos ainda carbônico.
possuem regiões cartilaginosas que permitem o crescimento.
Entre os 18 e 20 anos, essas regiões cartilaginosas se ossificam SISTEMA NERVOSO - ENCÉFALO E NERVOS CRANIANOS.
e deixam de crescer. MEDULA ESPINHAL E NERVOS ESPINHAIS
- Composto pelo cérebro, medula espinal e diversos nervos.
Já o esqueleto axial é formado pela: - Principais funções: processamento de informações do am-
• Pela caixa craniana, que possui diversos ossos importantes biente (cérebro) e transmissão de impulsos nervosos pelo corpo.
do crânio; O cérebro, principal órgão do sistema nervoso, também possui a
• Pela coluna vertebral, que são pequenos ossos sobrepostos capacidade de armazenar informações, elaborar pensamentos e
que dão sustentação ao corpo, e onde existe um canal que se co- produzir conhecimentos a partir das informações obtidas. O cére-
necta à medula nervosa ou espinhal. A sua principal função é a mo- bro também é muito importante no controle de diversas funções
vimentação; vitais do corpo e no processo da fala.
• Pela caixa torácica, que é formada pelo osso esterno e as cos- O sistema nervoso é um dos mais importantes do corpo hu-
telas. É ela a responsável por proteger os pulmões e o coração. mano. Ele é o responsável por controlar diversos processos vitais,
como as atividades dos músculos, o movimento dos órgãos, os estí-
SISTEMA MUSCULAR - Estrutura dos Músculos Esqueléticos mulos e os sentidos humanos.
- Formado pelos músculos do corpo humano. Este sistema é formado por estruturas essenciais, como os
- Principais funções: atua na sustentação do corpo, movimen- neurônios e os nervos, dois elementos responsáveis pela coordena-
tação e equilíbrio da temperatura corporal. ção motora dos seres humanos. Graças ao sistema nervoso, somos
capazes de perceber estímulos externos.
O conjunto de músculos do nosso corpo forma o sistema mus-
cular. O corpo humano tem aproximadamente 600 músculos dife- Características do sistema nervoso
rentes, isso significa que os músculos somam cerca de 50% do peso O principal órgão do sistema nervoso é o cérebro, responsável
total de uma pessoa. por controlar todas as funções, atividades, movimentos, memórias
Os músculos, aliados aos ossos e articulações, são as estrutu- e pensamentos dos seres humanos. O cérebro é a chave do sistema
ras responsáveis por todos os movimentos corporais. Andar, correr, nervoso e atua para controlar a maioria das funções do organismo.
pular, comer, piscar e até mesmo respirar seriam atividades impos- Já o neurônio é considerado a unidade funcional do sistema
síveis sem a ação do sistema muscular. nervoso. Os neurônios se comunicam por meio de sinapses e pro-
Os músculos são classificados em 3 categorias: pagam impulsos nervosos.
• Músculo não estriado (músculo liso) Como é possível perceber, o sistema nervoso é uma grande
• Músculo estriado esquelético rede de comunicações, movimentos e sensações. Este sistema está
• Músculo estriado cardíaco dividido em duas partes: o sistema nervoso central e o sistema ner-
voso periférico.
Sistema Nervoso Central – Formado por encéfalo e medula
espinhal.
Sistema Nervoso Periférico – Formado por nervos e gânglios
nervosos.

Conheça melhor os órgãos e estruturas do sistema nervoso:


Cérebro – Órgão volumoso, dividido em duas partes simétricas,
chamadas de hemisfério direito e hemisfério esquerdo. É o órgão
de maior importância no corpo humano.
Cerebelo – Responsável por coordenar os movimentos do cor-
po e o equilíbrio.
Tronco Encefálico – Conduz impulsos nervosos entre o cérebro
e a medula espinhal.

253
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Medula Espinhal – Cordão de tecido nervoso que fica localiza- A importância dos pulmões
do na coluna vertebral. É responsável por conduzir impulsos nervo- Os pulmões são órgãos com perfil esponjoso. Eles são reves-
sos do corpo para o cérebro. tidos por uma membrana dupla, que recebe o nome de pleura. Os
As estruturas do sistema nervoso são essenciais para uma vida seres humanos possuem dois pulmões, separados pelo mediastino,
saudável. Por isso, é recomendável manter uma rotina equilibrada região onde está o coração e outros órgãos e estruturas do orga-
e passar por consultas regulares com especialistas. nismo.
Os pulmões contribuem de forma significativa para a troca de
SISTEMA CIRCULATÓRIO - Sangue. Anatomia do Coração e gases do organismo com o meio externo por meio da respiração.
dos Vasos Sangüíneos Eles também ajudam a controlar o nível de oxigênio no sangue.
- Formado por coração, veias e artérias. Estes órgãos medem cerca de 25 cm e têm um peso aproxima-
- Principais funções: circulação do sangue pelo corpo humano. do de 700 gramas. O ar que passa pelos pulmões é renovado a todo
Neste processo, os nutrientes e o oxigênio são transportados para momento, em um processo denominado ventilação pulmonar.
as células. É fundamental que as pessoas cuidem da saúde dos pulmões
para que possam ter uma respiração adequada e para prevenir
O sistema circulatório humano é formado pelo coração, pelo doenças como o câncer de pulmão. Para cuidar bem desses órgãos,
sangue e os vasos sanguíneos. Também conhecido como sistema os médicos recomendam que os pacientes evitem ou deixem o vício
cardiovascular, essa rede de circulação do corpo é extremamente do cigarro e de outras drogas, como maconha e charutos; e evitem
importante para o funcionamento dos órgãos e para a distribuição se expor à poluição externa intensa e à condição de fumante pas-
de nutrientes, hormônios e oxigênio pelo organismo. sivo. Além disso, é recomendado respirar profundamente, praticar
O principal órgão do sistema circulatório é o coração, respon- exercícios aeróbicos, ter uma dieta saudável, beber bastante água e
sável por bombear o sangue para o corpo. O coração está localizado fazer a limpeza regular do nariz para prevenir alergias.
na cavidade torácica e pesa cerca de 300 gramas. O órgão é forma- Sobre o mediastino veremos mais detalhadamente mais adian-
do por átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo direito e ventrículo te.
esquerdo; e apresenta três camadas fundamentais: o pericárdio, o
endocárdio e o miocárdio. OUTROS SISTEMAS - ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTIVO.
Em relação aos vasos, o sistema circulatório tem basicamente ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO. ANATOMIA DO SISTEMA
três tipos: as artérias, as veias e os capilares. As artérias são consi- REPRODUTOR.
deradas vasos de paredes que ajudam a transportar o sangue do
coração para os tecidos do corpo. Sistema Digestivo
As veias são vasos de paredes que transportam sangue dos te- - Composto por boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos
cidos para o coração. Já os capilares arteriais e capilares venosos (grosso e delgado). Há também outros órgãos que atuam de forma
são ramificações que colaboram com o transporte do sangue pelo auxiliar no processo de digestão dos alimentos: glândulas salivares,
organismo. dentes, fígado e pâncreas.
- Principal função: processo de digestão dos alimentos.
SISTEMA RESPIRATÓRIO - Parede Torácica e Pulmões. Me-
diastino Nós, seres humanos, nos alimentamos diariamente para ob-
- Composto por dois pulmões, duas cavidades nasais, faringe, termos energia para realizarmos nossas funções vitais e atividades
laringe, traqueia e brônquios pulmonares. cotidianas. Nesse processo de captação de energia e nutrientes um
- Principais funções: processo de respiração (obtenção de oxi- sistema faz toda a diferença: estamos falando do sistema digestivo,
gênio e retirada de gás carbônico). ou sistema digestório, como é chamado atualmente.
O sistema digestivo é responsável por conduzir processos quí-
O sistema respiratório dos seres humanos é responsável por micos e mecânicos que retiram os nutrientes dos alimentos para
fornecer oxigênio ao nosso corpo. Ele também atua para retirar o serem usados em nosso corpo. A estrutura do sistema digestório é
gás carbônico do organismo. bastante complexa, formada por diversos órgãos importantes para
Os principais órgãos do sistema respiratório são os pulmões, a nutrição do nosso organismo. Estes órgãos transformam os ali-
que desempenham papel estratégico no processo de respiração. mentos que ingerimos.
Este sistema também é composto por cavidades nasais, boca,
faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos. Características do sistema digestivo
O sistema digestório é formado pelo tubo digestório e por seus
Características do sistema respiratório órgãos anexos.
O processo de respiração controlado pelo sistema respiratório As principais estruturas presentes neste sistema são: boca, fa-
começa pelas narinas. As cavidades nasais recebem o ar e filtram as ringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, glân-
partículas sólidas e as bactérias. Essas mesmas cavidades também dulas salivares, dentes, língua, pâncreas, fígado e vesícula biliar.
são as responsáveis pela percepção dos odores. Todo processo de digestão começa pela boca, que recebe os
Depois de passar pelas cavidades nasais, o ar segue para a alimentos no tubo digestivo. Nossa mastigação é um processo de
faringe. Em seguida, vai para a laringe, traqueia, brônquios, bron- digestão mecânica. Em seguida, o alimento já mastigado segue pela
quíolos e pulmões. faringe até chegar ao esôfago.
Outro elemento fundamental no processo de respiração é o O próximo destino do alimento é o estômago, órgão responsá-
diafragma, um músculo que fica localizado logo abaixo do pulmão vel pela digestão das proteínas. Depois de processado, o alimento
e que desempenha papel relevante nos movimentos da respiração. se transforma em quimo e vai para o intestino delgado.
O caminho final das sobras de alimentos sem valor nutricional
passa pelo intestino grosso e segue até a eliminação dos resíduos
digestivos por meio do bolo fecal.

254
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Outras estruturas importantes são as glândulas supra renais,
que ficam localizadas entre os rins e o diafragma. Cada glândula é
envolvida por fibras e gordura, são elas as responsáveis pela produ-
ção dos hormônios essenciais ao organismo.

Excreção da Urina

Enzimas Digestivas
O processo de digestão é facilitado pelas enzimas digestivas,
Os rins funcionam como um filtro que retém as impurezas do
como as amilases, que agem sobre o amido; as proteases, que
sangue e o deixa em condições de circular pelo organismo.
atuam sobre as proteínas; e as lípases, que trabalham nos lipídios.
Eles participam do controle das concentrações plásmicas de
íons, como sódio, potássio, bicarbonato, cálcio e cloretos.
Digestão Saudável
De acordo com as concentrações no sangue, esses íons podem
Para o funcionamento correto do sistema digestivo é preciso
ser eliminados em maior ou menor quantidade na urina, através do
que as pessoas mantenham uma alimentação saudável, rica prin-
cipalmente em fibras e água. Isso ajuda a evitar problemas como o sistema urinário. As principais substâncias que formam a urina são
velho conhecido intestino preso, por exemplo. uréia, ácido úrico e amônia.

Sistema Urinário Sistema Reprodutor


- Formado por dois rins e vias urinárias (bexiga urinária, uretra - Formado por:
e dois ureteres). - Sistema reprodutor masculino: dois testículos, epidídimos,
- Principais funções: filtração das impurezas. Para tanto, ocorre canais deferentes, vesículas seminais, próstata, uretra e pênis.
a produção da urina, armazenamento e sua eliminação, pelo apa- - Sistema reprodutor feminino: trompas de Falópio, dois ová-
relho urinário. Junto com a urina, são eliminadas as impurezas, que rios, útero, cérvice (colo do útero) e vagina.
foram filtradas (retiradas do sangue) pelos rins. - Principais funções: responsável pelo processo reprodutivo
dos seres humanos.
O sistema urinário é responsável por manter nosso organismo
livre de toxinas. Isso é possível porque é composto por um conjunto Também chamado de sistema genital, o sistema reprodutor hu-
de órgãos responsáveis por filtrar, armazenar e eliminar as substân- mano é constituído por um conjunto de órgãos que formam tanto
cias nocivas ou desnecessárias ao nosso corpo. o aparelho genital masculino, quanto o aparelho genital feminino.
Os órgãos constitutivos do sistema urinário são divididos em
dois grupos, os secretores (responsáveis por produzir a urina) e os O sistema reprodutor masculino é formado por 6 órgãos:
excretores (responsáveis por eliminar a urina). Esses órgãos são os Pênis - funciona como órgão reprodutor e excretor. A uretra
rins, que produzem a urina, os ureteres, que transportam a urina é o canal responsável por eliminar a urina e também transportar
dos rins à bexiga, e a uretra, por onde é excretada a urina. o sêmen. Por ser extremamente vascularizado, esse órgão tende à
As substancias mais comumente encontradas na urina são: áci- ereção quando estimulado.
do úrico, ureia, sódio, potássio e bicarbonato. Quando o corpo so- Testículos - são as glândulas que produzem os gametas mas-
fre alguma disfunção, a urina pode revelar a raiz do problema, por culinos (espermatozoides) e sintetizam a testosterona (hormônio
isso é tão comum que médicos peçam um exame de urina antes de sexual).
Bolsa escrotal - é responsável por manter a temperatura e pro-
diagnosticar o paciente.
teger os testículos de agentes externos.
Os rins são órgãos principais do sistema urinário, além de pro-
Epidídimo - é um ducto formado por um canal, ele recebe os
duzir a urina eles são responsáveis pela regulação da composição
espermatozoides e os reserva até a maturidade.
iônica do sangue, pela manutenção da osmolaridade, o equilíbrio
Canal deferente - responsável por transportar os espermato-
da pressão arterial, o ph sanguíneo e a liberação de hormônios.
zoides do epidídimo até o complexo de glândulas anexas.

255
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Glândulas anexas - próstata, vesículas seminais e glândulas
bulbo uretrais. São responsáveis pela produção da secreção que
forma o sêmen, trata-se de um fluido que nutri e permite um meio
de sobrevivência aos espermatozoides, por exemplo, neutralizando
o pH levemente ácido da uretra.
O sistema reprodutor feminino também é formado por 6 ór-
gãos:
Lábios vaginais - dobras de tecido adiposo, responsável por
proteger o interior da vagina.
Clitóris - órgão relacionado ao prazer sexual.
Vagina - também funciona como órgão reprodutor e excretor.
A cavidade vaginal recebe o pênis durante o ato sexual e a uretra
elimina a urina.
Útero - é o órgão receptor do óvulo, onde o embrião irá se
desenvolver durante os 9 meses de gestação.
Trompas de falópio - são os órgãos responsáveis pelo transpor-
te dos óvulos do ovário até o útero.
Ovários - glândulas que formam os óvulos de acordo com o
ciclo menstrual, também produz os hormônios sexuais: estrógeno
e progesterona.

B - PARTE ESPECIAL
Crânio – vista anterior
CABEÇA E PESCOÇO - CAVIDADE CRANIANA. FACE E COU-
RO CABELUDO. ÓRBITA E OLHOS. ESTRUTURA DO PESCOÇO.
CAVIDADE NASAL. CAVIDADE ORAL. LARINGE E FARINGE.

Cavidade Craniana

O Crânio
Dividi-se, para estudo, em ossos da face e ossos do crânio pro-
priamente dito. Ele pode ser dividido em calota craniana ou calvária
e base do crânio. A calvária é a parte superior do crânio e é formada
pelos ossos: Frontal, Occipital, e Parietais. A base do crânio forma
o assoalho da cavidade craniana e pode ser dividida em três fossas
ou andares:
Os ossos que o compõe são: Frontal, Occipital, Esfenóide, Et-
móide (ímpares)*, Parietal e Temporal (pares)*.
A fossa anterior, também chamada de andar superior da base
do crânio, é formada pelas lâminas orbitais do frontal, pela lâmina
crivosa do etmóide e pelas asas menores e parte anterior do esfe-
nóide.
A fossa média, também chamada de andar médio da base do
crânio, é formada anteriormente pelas asas menores do esfenói-
de, posteriormente pela porção petrosa do osso temporal e late-
ralmente pelas escamas do temporal, osso parietal e asa maior do
esfenóide.
A fossa posterior, também chamada de andar inferior, é consti-
tuída pelo dorso da sela e clivo do esfenóide, pelo occipital e parte
petrosa e mastóidea do temporal. Essa é a maior fossa do crânio e
também abriga o maior forame do crânio, o forame magno.
Os ossos que compõe a face são: Mandíbula, Vômer, Hióde
(ímpares), Maxilar, Palatino, Zigomática, Concha nasal inferior, La- Crânio – vista anterior
crimal e Nasal (pares).

*Ossos ímpares são ossos situados na linha média e que não


possuem outro semelhante no corpo. Ossos pares são ossos situa-
dos lateralmente e que possuem outro semelhante do lado oposto.

256
NOÇÕES DE BIOLOGIA

Crânio–vista lateral esquerda

* Em antropologia são empregados como pontos de mensu-


ração.
Calvária – vista superior

* Em antropologia são empregados como pontos de mensu-


ração.

Crânio – vista posterior

* Em antropologia são empregados como pontos de mensura-


ção. Obs: nem todos os indivíduos possuem os ossos suturais.

Calvária – vista inferior ou interna.

257
NOÇÕES DE BIOLOGIA

Crânio – corte sagital


* Em antropologia são empregados como pontos de mensuração

Base do crânio, face interna – vista superior

Calvária de recém-nascido – vista superior.

OSSOS DO CRÂNIO

- Frontal
É um osso pneumático, ímpar, que constitui o limite anterior da
calota craniana e o assoalho do andar superior da base do crânio.

Base do crânio, sem a mandíbula – vista inferior.

Posição anatômica:
Anteriormente: borda supra-orbitária
Inferiormente: espinha nasal

Frontal – vista anterior.

258
NOÇÕES DE BIOLOGIA
- Occipital
É um osso ímpar que constitui o limite posterior e dorsocaudal
do crânio. Tem uma forma trapezóide e conformação de uma taça.
Possui uma grande abertura, o forame magno, que se continua com
o canal vertebral.
Posição anatômica:
Dorsalmente: protuberância occipital externa
Inferiormente: forame magno

Frontal – vista inferior

* Fossa da glândula lacrimal, onde está situada a glândula lacri-


mal.

- Parietal
É um osso par. Os dois ossos parietais formam os lados e teto
da calota craniana. É aplanado, quadrangular e apresenta uma su-
perfície externa convexa e uma interna côncava.

Posição anatômica:
Anteriormente: borda frontal
Inferiormente e lateralmente: borda escamosa


Occipital – vista inferior Occipital – vista
superior

Parietal direito – vista lateral

Parietal direito, face interna – vista medial

259
NOÇÕES DE BIOLOGIA
- Esfenóide
É um osso ímpar que se encontra no andar médio da base do crânio. Assemelha-se a um morcego de asas abertas.
Posição anatômica:
Anteriormente: face orbitária
Lateralmente: asa maior

Esfenóide – vista anterior

Esfenóide – vista posterior

260
NOÇÕES DE BIOLOGIA
- Temporal
É um osso par situado entre o occipital e o esfenóide, formando a base do crânio e sua parede lateral.
Posição anatômica:
Lateralmente, dorsalmente e inferiormente: processo mastóide
Superiormente: porção escamosa

Temporal direito – vista lateral

Temporal direito, face interna – vista medial

261
NOÇÕES DE BIOLOGIA

Temporal direito – vista inferior

- Etmóide
É um osso ímpar, pneumático, excessivamente leve e esponjoso que forma parte do assoalho do andar superior da base do crânio.
Situa-se entre as duas órbitas, forma a maior parte da parede superior da cavidade nasal e constitui parte do septo nasal.

Posição anatômica:
Anteriormente: processos alares
Superiormente: crista gali

Etmóide – vista postero-superior (esquerda) e vista lateral (direita)

Músculos da cabeça - da face ou da mímica facial


Os músculos da face (músculos da expressão facial) estão na tela subcutânea da parte anterior e posterior do couro cabeludo, face
e pescoço.
Eles movimentam a pele e modificam as expressões faciais para exprimir humor.
A maioria dos músculos se fixam ao osso ou fáscia e atuam mediante tração da pele.

262
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Importante lembrar que todos os músculos faciais são inervados pelo VII par craniano, o nervo facial, via ramos:
- Auricular posterior;
- Ramos temporais;
- Zigomático;
- Bucal;
- Marginal da mandíbula;

- E cervical do plexo parotídeo.

MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

COURO CABELUDO

Galea aponeurótica
A galea aponeurótica (aponeurose epicraniana) cobre a parte superior do crânio.
Em sua região posterior junta-se entre o intervalo de sua união com os músculos occipitais, especificamente na protuberância occipi-
tal externa e nas linhas mais altas do osso occipital do pescoço.
Na fronte, ele forma uma extensão curta e pequena entre a união com o músculo frontal.

Imagem: Niel Asher Healthcare

Órbita e olhos
A cavidade orbitária é a cavidade esquelética que é constituída por várias estruturas cranianas e cerca o tecido mole que compõe o
olho. Sua função é fornecer um ambiente estável e protegido para o globo ocular e suas estruturas adjacentes, bem como proteger uma
grande parte do olho que não é utilizada diretamente na visão.

263
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Primeiro, iremos discutir os ossos individuais que formam a Marcos anatômicos e fissuras
órbita, bem como as articulações entre eles. Em segundo lugar, Os marcos anatômicos da órbita consistem de três aberturas
iremos descrever em detalhe os marcos anatómicos e fissuras dos externas e seis internas, com a abertura do olho não sendo incluída
ossos, incluindo os que se devem às suas articulações, dando espe- devido ao seu tamanho.
cial atenção àquelas em que passam estruturas. Por último, iremos
mencionar a patologia mais importante relacionada com este tema. Aberturas externas
Apesar de parecer uma cavidade esférica, a cavidade orbitá- Os três marcos externos são forames (buracos):
ria na verdade é mais como um canal piramidal, com uma grande • o forame (buraco) supraorbital, na margem superior do anel
abertura anteriormente, na parte superior da face, de onde uma orbitário no osso frontal;
parte do olho que é diretamente utilizada na visão emerge, e mais • o forame (buraco) infraorbital, na margem inferior do anel
duas fissuras e um canal menores posteriormente, que conectam a orbitário na maxila;
parte interna do crânio à sua parte externa, e permitem que várias • e o forame (buraco) zigomaticofacial, levemente lateral ao
estruturas anatômicas passem de dentro para fora. forame infraorbital, na porção facial do osso zigomático.

Ossos e articulações Esses forames (buracos) contêm os nervos orbitais superior e


inferior e vasos, e o nervo zigomaticofacial e vasos, respectivamen-
Parede anterior te.
No sentido horário (utilizando a órbita direita, que está à es-
querda do leitor), os ossos que contribuem para a margem ante- Aberturas internas
rior e as paredes anteriores da cavidade orbitária incluem o osso As seis aberturas internas estão situadas nas paredes poste-
frontal, que fornece a borda anterior e superior da órbita e a maior rior e medial da órbita. As aberturas posteriores são limitadas pelas
parte do teto da cavidade orbitária. asas maior e menor do osso esfenóide e pelo osso etmoide. A fis-
Em seguida é a maxila, que contribui com as suas porções fron- sura orbital inferior é uma exceção, e possui somente a asa maior
tal e nasal para a margem ântero-medial e a margem ântero-infe- do osso esfenóide e a maxila definindo suas margens, e não o osso
rior medial da borda orbitária, bem como para a maioria do assoa- etmoide. As fissuras orbitais superior e inferior e o canal óptico são
lho da cavidade orbitária. marcos que atualmente estão sendo revisados.
O canal óptico é muito menor que os outros dois marcos, e é
O último osso que contribui para as paredes ântero-lateral in- considerado o mais superior dos três. Ele contém:
terna e externa da cavidade orbitária é o zigoma, ou a porção facial • o nervo óptico;
do osso zigomático. • e a artéria oftálmica.

Parede medial O próximo abaixo é a fissura orbital superior, que é a segunda


A parede medial interna continua posteriormente e superior- maior das fissuras, entretanto a que possui mais conteúdo, incluin-
mente da maxila, subindo até o osso frontal, e consiste primeira- do:
mente do osso lacrimal e logo atrás dele, da placa vertical do osso • os ramos oftálmicos do nervo trigêmeo (nasociliar, frontal e
etmoide. lacrimal),
A margem posterior da placa do etmoide se articula com as • o nervo oculomotor,
asas maior e menor do osso esfenóide, como também faz a maxila • o nervo troclear,
inferiormente (mas somente com a asa maior). • o nervo abducente,
• e as veias oftálmicas superior e inferior.
Parede posterior
O osso esfenóide forma a totalidade da parede posterior da Finalmente, a fissura orbital inferior, que é a maior e mais in-
cavidade orbitária. Uma pequena projeção da placa vertical do osso ferior estrutura na parede posterior da cavidade orbitária, contém:
palatino, conhecida como processo orbital, pode ser vista entre a • o ramo maxilar do nervo trigêmeo,
maxila, o osso etmoide e o osso esfenoide. • o nervo zigomático,
• e os vasos infraorbitais.
Articulações da órbita
Dentro da órbita as articulações não são nomeadas, e não se Os marcos da parede medial incluem o canal e a fossa naso-
espera isso como conhecimento comum de estudantes de medi- lacrimais, que podem ser vistos no aspecto mais anterior do osso
cina em um teste. Por agora, apenas as principais suturas que são lacrimal, em sua fronteira com a maxila. Ele contém o saco lacrimal,
mencionadas nos livros de anatomia serão listadas aqui. Como que se continua com o canal nasolacrimal.
mencionado anteriormente, a ordem será o sentido horário utili- As estruturas finais são os forames (buracos) etmoidais ante-
zando a órbita direita como referência. rior e posterior, que se encontram na sutura entre o osso etmoide
• A sutura frontomaxilar articula o osso frontal e a maxila na e o osso frontal, e contém os nervos etmoidais anterior e posterior
margem superior e anterior da borda da órbita. e os respectivos vasos.
• A sutura zigomaticomaxilar pode ser vista logo lateralmente
ao forame infraorbital, e possui uma orientação diagonal. Ela liga a Estrutura do pescoço
maxila à porção facial do osso zigomático.
• Finalmente, a sutura frontozigomática une o aspecto mais Anatomia do pescoço
superior do zigoma ao osso frontal na margem superior lateral da
Se você pensa que as estruturas anteriores eram complexas,
abertura orbitária anterior.
aguarde até você ver o pescoço. Esta estrutura é suficientemen-
te forte para suportar a cabeça, mas também móvel o suficiente
para girar em várias direções. Por fora, o pescoço é dividido em
triângulos, cada um contendo músculos específicos, vasos e nervos.

264
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Por outro lado, o pescoço também possui uma divisão interna na A faringe é uma passagem muscular para alimentos e ar, co-
forma de compartimentos, que são delimitados por várias camadas nectando as cavidades nasais e oral com o esôfago e a laringe. A
da fáscia cervical. última é mais comumente conhecida como caixa vocal, e consiste
O ponto de ancoragem do pescoço é o osso hioide, que situa-se em várias cartilagens, membranas, ligamentos e músculos. Ela é
no nível do ‘pomo de Adão’ (maçã da Adão ou proeminência larín- responsável pela fala.
gea), nos homens. A maioria dos músculos do pescoço se insere no
hioide, separando-os em dois grupos: os músculos supra-hióideos As quatro principais artérias que cursam através do pescoço
e os músculos infra-hióideos. Entretanto, outros músculos também e/ou o suprem são as artérias carótida comum, carótida externa,
fazem parte do pescoço. carótida interna e facial, juntamente com o tronco tireocervical.
O plexo cervical é a principal estrutura nervosa que cursa e inerva o
pescoço.Por fim, responda ao teste global em baixo, criado para tes-
tar os seus conhecimentos sobre a anatomia da cabeça e do pescoço.
Este teste centra-se especificamente nos ossos, músculos (incluindo as
suas origens, inserções, inervação e função), artérias, veias e nervos da
mão, de forma a consolidar os temas abordados anteriormente nesta
página sobre a anatomia da cabeça e do pescoço.

Cavidade nasal e cavidade oral

Músculos da parte anterior do pescoço Porção lateral externa do nariz e terço


anterior da cavidade nasal: linfonodos
submaxilares
Cavidade nasal Dois terços posteriores da cavidade nasal e
seios etmoidais: linfonodos retrofaríngeos
e parcialmente para os linfonodos cervicais
profundos superiores
Linfonodos regionais: parotídeos, bucais,
submandibulares, submentonianos, cervicais
Cavidade oral superficiais
Músculos infra-hióideos Linfonodos cervicais profundos:
jugulodigástrico, júgulo-omo-hióideo

A cavidade nasal na realidade são duas cavidades paralelas que


se estendem das narinas até à faringe e estão separadas uma da
outra por uma parede cartilaginosa. Em seu interior existem dobras
chamadas conchas nasais, que têm a função de fazer o ar rotacio-
nar. No teto das fossas nasais existem células sensoriais, responsá-
veis pelo sentido do olfato.

Músculos supra-hióideos

Osso hioide

O pescoço abriga ainda quatro grandes estruturas profundas;


dois órgãos e dois tubos ou passagens. Eles são nomeados assim:
• Glândula tireoide
• Glândulas parótidas
• Faringe
• Laringe

As duas glândulas são responsáveis pela homeostase endócri-


na normal do corpo.

265
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Os seios paranasais são cavidades ou túneis pequenos. Eles são A cavidade nasal e os seios paranasais são revestidos por uma
denominados paranasais, porque estão localizados em torno ou camada de muco denominada mucosa. A mucosa tem vários tipos
próximos do nariz. A cavidade nasal se abre para uma rede de seios: de células:
- Seios maxilares que estão na área de face, abaixo dos olhos e - Células epiteliais escamosas, células achatadas que revestem
de cada lado do nariz. os seios e formam a maior parte da mucosa.
- Seios frontais localizados acima da parte interna da cavidade - Células glandulares, similares às células das glândulas saliva-
ocular e a área das sobrancelhas. res, que produzem muco e outras secreções.
- Seios esfenoidais situados atrás do nariz e entre os olhos. - Células nervosas, que são responsáveis pelo olfato.
- Seios etmoidais compostos por muitos seios similares a uma - Células que combatem as infecções, que são parte do sistema
peneira formados de ossos finos e mucosa imunológico.
- Estão localizados acima do nariz, entre os olhos. - Células do sistema vascular.
- Células de suporte.
- Células da cavidade nasal e seios paranasais, incluindo osso
e células cartilaginosas, que também podem se tornar cancerosas.

A cavidade oral se estende, superiormente, dos lábios à junção


do palato duro e mole e, inferiormente, dos lábios à linha das pa-
pilas circunvaladas. É revestida por mucosa malpighiana, havendo
pequenas variações histológicas de acordo com a topografia. A mu-
cosa oral apresenta cinco tipos histológicos diferentes:
- Semimucosa (zona de Klein - vermelhão dos lábios): o epitélio
é delgado com uma camada bem fina queratinizada, o córion bem
vascularizado, desprovido de anexos dérmicos, que pode ter pou-
cas glândulas sebáceas.
- Mucosa livre (zona interna inferior dos lábios, região vestibu-
lar, véu, pilares, assoalho, região ventral da língua e mucosa jugal).
- Mucosa aderente ou mastigatória (gengiva e palato duro):
epitélio pouco queratinizado com um córion provido de glândulas sali-
vares acessórias, fixado pelo periósteo ao plano ósseo subjacente.
- Gengiva marginal ou borda livre gengival (parte da gengiva
que suporta os dentes e papilas interdentárias), epitélio não que-
ratinizado com fibras colágenas em continuidade com o ligamento
alveolar dentário, que une o cimento que recobre a raiz dentária ao
osso alveolar.
- Mucosa lingual (face dorsal, lateral e grande parte da face
inferior da língua); mucosa do dorso lingual contém as papilas gus-
tatórias, o córion é fibroso, inserindo-se diretamente sobre o plano
muscular.

Jugal: compartimento parotídeo e jugular superior.


Palato: linfonodos jugulares profundos, faríngeos laterais, sub-
mandibulares, região de fusão dos processos palatinos da maxila.
Língua: linfonodos jugulodigástricos superiores e retrofarín-
geos laterais, Trígono retromolar: jugulodigástricos.
Lábios: pré-auriculares, infraparotídeos, submandibulares e
submentoneanos.
Orofaringe: base de língua, palato mole, área tonsilar (fossa
amigdaliana, pilares anterior e posterior e amígdala) e parede fa-
ríngea posterior.
Limita-se, superiormente pelo palato duro, inferiormente pelo
osso hioide, anteriormente pelo “v” lingual, posteriormente pela
parede faríngea posterior e lateralmente pelas amígdalas palatinas
Normalmente, estas cavidades são preenchidas de ar. Quando você e pilares amigdalianos posteriores. A parede posterior é composta
tem um resfriado ou sinusite a cavidade óssea pode ser preenchida de por mucosa, submucosa, fáscia faringobasilar, músculo constritor
muco e pus, muitas vezes ficando obstruídas e causando sintomas. superior, fibras superiores do músculo constritor médio da faringe
e fáscia bucofaríngea.
A cavidade nasal e os seios paranasais têm várias funções:
- Ajudar a filtrar o ar que respiramos Laringe e Faringe
- Aquecer e umidificar o ar que chegará aos pulmões. A faringe é um órgão que faz parte tanto do sistema respira-
- Dar ressonância à voz. tório quanto do sistema digestório. É um canal muscular membra-
- Aliviar o peso do crânio. noso, que se comunica com o nariz e a boca, ligando-os à laringe e
- Fornecer a estrutura óssea para o rosto e os olhos. ao esôfago.

266
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Anatomia da Faringe

Representação das regiões nasofaríngea, orofaríngea e laringofaríngea e outras estruturas

A faringe é um tubo, cujas paredes são musculosas e revestidas de mucosa. Ela está localizada na altura da garganta, à frente de vér-
tebras cervicais, fixada na base do crânio. Pode ser dividida em três regiões: orofaringe, nasofaringe e laringofaringe.

Nasofaringe
A parte superior da faringe se comunica com as cavidades do nariz, através das coanas, e com as orelhas médias, pela tuba auditiva
de cada lado.

Orofaringe
A região orofaríngea é intermediária entre as outras regiões. Comunica-se com a abertura da boca através de uma região denominada
istmo das fauces.

Laringofaringe
Mais inferior é a região laringofaríngea, que se comunica com a entrada da laringe (no sistema respiratório) e mais abaixo com a
abertura do esôfago (no sistema digestório).

Função
A faringe tem a função de fazer a passagem do ar inalado e dos alimentos ingeridos até os outros órgãos dos sistemas respiratório e
digestório, respectivamente. Durante o percurso, o ar e o alimento nunca se encontram, devido a mecanismos que bloqueiam a entrada
de cada um nas vias erradas.

Esquema mostra como ocorre a deglutição sem mistura de ar e alimento

267
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Para impedir que o alimento vá para as vias respiratórias, du- As cartilagens que constituem a laringe são:
rante a deglutição, a epiglote fecha o orifício de comunicação com • Cartilagem Tireóidea: é a maior das cartilagens que constitui
a laringe. Juntamente com isso, o palato mole bloqueia a parte su- a laringe. Nela há uma proeminência popularmente chamada de
perior da faringe evitando também a entrada do alimento. pomo-de-adão. Protege as cordas vocais.
Durante o processo de digestão o alimento segue para a farin- • Cartilagem Cricoidea: é um anel formado de cartilagem hiali-
ge depois de ser mastigado e engolido. O bolo alimentar formado na que fica na parte inferior da laringe, ligando-a à traqueia.
percorre toda a faringe através de contrações voluntárias e é leva- • Cartilagens Aritenoideas: são pequenas cartilagens onde se
do em seguida para o esôfago. fixam as cordas vocais.
A faringe recebe o ar vindo das cavidades nasais por meio das • Epiglote: é uma fina estrutura cartilaginosa, que fecha a co-
cóanas e passa pela laringe, até atingir a traqueia. municação da laringe com a traqueia durante a deglutição, impe-
dindo que o alimento entre nas vias aéreas.
Laringe
A laringe é um órgão do sistema respiratório, também respon- As cartilagens estão ligadas por tecido conjuntivo fibroso entre
sável pela fala (fonação). Permite a passagem do ar entre a faringe si por ligamentos e articulações, desse modo as cartilagens podem
e a traqueia, mas impede que alimentos entrem nas vias aéreas. deslizar, uma sobre a outra, realizando movimentos comandados
pelos músculos da laringe.
Os músculos do laringe são de três tipos:
• Adutores - são os crico-aritenoideos e aritenoideo transverso e
oblíquo, eles aproximam as cordas vocais, ou seja, fazem com que ela
feche. São também chamados de constritores da glote (esse é o nome
da abertura entre as pregas) e atuam principalmente na fonação.
• Abdutores - são os crico-aritenoideos posteriores, que afas-
tam as cordas vocais, abrindo-a. Também são conhecidos como di-
latadores da glote e participam da respiração.
• Tensores - são os tireo-aritenoideos e os crico-tireóideos, que
fazem a distensão das cordas vocais, sendo atuantes na fonação.

Funções da Laringe
A laringe participa do sistema respiratório e além disso é o princi-
pal órgão responsável pela fonação. Na respiração, a laringe recebe o
Diferença entre a laringe saudável e inflamada ar vindo da faringe (também participa do sistema digestório, portanto
transporta ar e alimentos) e evita que alimentos passem para a tra-
É composta por cartilagens, membranas, músculos e ligamen- queia, por meio da epiglote, que se fecha durante a deglutição.
tos que atuam em conjunto na fonação. O consumo excessivo de
substâncias irritantes (fumo e álcool) e o uso inadequado da voz
pode levar à inflamação da laringe, cujo principal sintoma é a rou-
quidão.

Anatomia da Laringe
A laringe é um tubo cartilaginoso irregular que une a faringe à
traqueia. Sua estrutura permite o fluxo constante de ar, que está
relacionado com suas funções de respiração e fonação.
Possui diversos músculos que juntamente com as cartilagens
são capazes de produzir diferentes sons. A forma da laringe muda Fonação
nos homens e nas mulheres e por isso possuem diferentes tons de
voz.
As pregas vocais abrem e fecham para a respiração e fonação,
respectivamente

A emissão de sons é uma característica de diversos animais que


possuem respiração pulmonar. No ser humano, a fala é produzida atra-
vés da modulação do fluxo de ar vindo dos pulmões. Esse ar encontra
as pregas vocais, fazendo-as vibrar e assim produzindo pulsos sonoros.
O som é amplificado pelos espaços que existem na faringe e
nas cavidades nasal e oral, pois sem isso, esse som não seria perce-
bido. Além disso, os diferentes movimentos realizados pelos mús-
culos permitem que diferentes sons sejam produzidos.

Laringite
A laringite é uma inflamação da laringe, que pode ser causada
por vírus, bactérias, fungos ou por agentes químicos e físicos. Pode
se apresentar na forma aguda, de curta duração, ou crônica, ge-
ralmente caracterizada por um período mais longo de rouquidão,
Anatomia da laringe e cordas vocais além dos outros sintomas.

268
NOÇÕES DE BIOLOGIA
A laringite aguda pode ser provocada por vírus, bactérias ou Desta maneira são formados dois sacos membranáceos cha-
fungos. A causa mais comum da laringite crônica é o consumo ex- mados cavidades pleurais; uma de cada lado do tórax, entre os pul-
cessivo de cigarro e bebidas alcoólicas ou exposição a substâncias mões e as paredes torácicas.
irritantes (poluição, substâncias alergênicas). O pulmão direito, localizado no hemitórax direito, possui três lobos
Os sintomas são: rouquidão, dificuldade para engolir ou respi- (o lobo superior direito, o lobo médio direito e o lobo inferior direito).
rar, tosse seca, falta de ar, dor e/ou coceira na garganta e febre. O O pulmão esquerdo divide-se em lobo superior, que inclui a língula, o
tratamento inclui repouso, hidratação e ingestão de medicamentos lobo homólogo do lobo médio direito, e o lobo inferior esquerdo.
para controlar os sintomas. Os pulmões direito e esquerdo são recobertos pela pleura vis-
ceral, enquanto a pleura parietal recobre a parede de cada hemitó-
TÓRAX - CAVIDADES PLEURAIS. PULMÕES. TRAQUÉIA. rax, o diafragma e o mediastino.
BRÔNQUIOS. CORAÇÃO. VASOS SANGÜÍNEOS. A interface destas duas pleuras permite o deslizamento suave
do pulmão à medida que se expande dentro do tórax, produzindo
MEDIASTINO ANTERIOR, MÉDIO E POSTERIOR₢ um espaço em potencial.
O tórax é um conjunto de músculos, órgãos, articulações, ossos O ar pode penetrar entre as pleuras, visceral e parietal, seja
e diversas outras estruturas, localizadas entre o pescoço e o dia- por trauma, cirurgia, ou ruptura de um grupo de alvéolos criando
fragma. Trata-se de uma região de grande importância, pois abriga um pneumotórax.
órgãos vitais. Como os pulmões direito e esquerdos e suas pleuras são separados,
um pneumotórax envolverá apenas o hemitórax direito ou esquerdo.
Limites anatômicos
Detalhadamente, consideram-se como limites anatômicos do Traqueias
tórax as seguintes estruturas: É composta de músculo liso com anéis cartilaginosos em forma
- Superiormente: primeira costela e osso esterno. de C a intervalos regulares. Os anéis cartilaginosos são incompletos
- Inferiormente: músculo diafragma. na superfície posterior e proporcionam firmeza para a parede da
traqueia, impedindo que ela se colabe. A traqueia serve como pas-
O que compõe: sagem entre a laringe e os brônquios.
É essencial conhecer detalhadamente os principais componen- A traqueia bifurca-se em dois brônquios principais, que entram
tes do tórax, para então, reconhecer sua importância e as doenças nos pulmões, e são subdivididos em fissuras, formando divisões in-
associadas. completas.

1. Estruturas ósseas Epitélio da traqueia e brônquios


Têm como função a formação da “caixa torácica”, para garantir
proteção aos órgãos internos. Árvore Brônquica
- Costelas: são 12 pares, que podem ser divididas em típicas/ O sistema traqueobronquial (também denominado de árvore tra-
verdadeiras (se articulam com o esterno) e atípicas/falsas (não se queobronquial) consiste de todas as vias aéreas a partir da traqueia.
articulam com o esterno). Pode-se dizer que estas estruturas “con- O ar flui para os pulmões por meio das traqueias e vias aéreas.
tornam” o tórax. À medida que as vias aéreas se dividem e penetram mais profunda-
- Vértebras: em número de 12 também, elas fixam através da mente nos pulmões, tornam-se mais estreitas, curtas e numerosas.
fóvea as costelas. A traqueia divide-se na Carina (assim denominada devido ao
- Esterno: já descrito anteriormente, trata-se de um osso divi- seu aspecto parecido com uma quilha de barco) em brônquios prin-
dido em 3 porções (manúbrio, corpo e apêndice xifoide), localizado cipais direito e esquerdo, e estes se dividem em brônquios lobares,
anteriormente. que formam os brônquios segmentares.
As vias aéreas continuam a se dividir segundo um padrão de divisão
2. Músculos assimétrico ou dicotômico, até formarem os bronquíolos terminais, que
O tecido muscular envolve o tórax, e, seus principais represen- se caracterizam por serem as menores vias aéreas sem alvéolos.
tantes são: O segmento broncopulmonar, a região do pulmão suprida por um
- Peitorais maior e menor. brônquio segmentar, constitui a unidade anatomofuncional do pulmão.
- Intercostal: resulta da junção de 3 outros músculos (intercos- Os brônquios são os condutores de ar entre o meio externo e
tal interno, externo e íntimo). os sítios mais distais, onde se processa a troca de gases. A quan-
- Subcostais. tidade de cartilagem diminui na medida em que as vias aéreas se
- Levantadores das costelas. tornam cada vez menores, e desaparecem por completo nas vias
- Serrátil anterior. aéreas com diâmetro aproximado de um mm.
- Transverso do tórax. As vias aéreas da traqueia até os bronquíolos terminais não
- Diafragma. contêm alvéolos, e desta forma, não participa na troca de gases. Es-
tas vias aéreas formam o espaço morto anatômico, que nos adultos
3. Órgãos têm o volume de 150 ml.
- Timo: trata-se de um aglomerado de tecido linfoide, que ten- Os bronquíolos têm menos de 1 mm de diâmetro, não pos-
de a regredir na adolescência. suem cartilagem, e apresentam um epitélio cuboidal simples. Os
- Pulmões: estruturas responsáveis pelas trocas gasosas. Loca- bronquíolos estão embebidos em uma rede de tecido conjuntivo
lizados nas cavidades pleurais. pulmonar e desta forma o seu diâmetro aumenta e diminui confor-
me o volume pulmonar.
Os pulmões são revestidos por uma fina membrana chamada Os bronquíolos se dividem ainda, dependendo de sua função.
pleura visceral, que passa de cada pulmão na sua raiz (i.e. onde pe- Os bronquíolos não respiratórios compreendem os bronquíolos
netram as principais passagens aéreas e vasos sanguíneos) para as terminais, que servem como condutores das correntes de gás, en-
faces mais internas da parede torácica, onde ela é chamada pleura quanto os bronquíolos respiratórios contêm alvéolos que funcio-
parietal. nam como locais de troca de gases.

269
NOÇÕES DE BIOLOGIA
A aérea entre o bronquíolo terminal e os alvéolos é ocasionalmente denominada de lóbulos ou ácino secundário. A característica anatômica
mais impressionante é a questão da região anatômica que tem apenas 5 mm de comprimento, porém o volume total dos ácinos compreende o
maior volume pulmonar isolado, cerca de 2500ml.
- Coração: localiza-se no mediastino, e está ligeiramente localizado após a linha média, com predomínio no lado esquerdo.
- Esôfago: estrutura integrante do sistema digestório.

4. Pleuras
São duas membranas extremamente finas que revestem os pulmões:
- Pleura visceral: está em íntimo contato com os pulmões.
- Pleura parietal: mais externa.

Entre elas, há líquido pleural, com a função de lubrificar e permitir o deslizamento de uma sobre a outra, durante a expansão e retra-
ção pulmonar.
Cavidade pleural é uma cavidade virtual existente entre as pleuras visceral e parietal, que contém apenas uma pequena quantidade
de líquido lubrificante. A pressão negativa existente na cavidade pleural é um fator importante na mecânica respiratória.

5. Mediastino
É uma das três cavidades do tórax (além das duas cavidades pleurais), e abriga diversas estruturas, sendo a mais importante, o coração.
O mediastino está situado entre a pleura pulmonar esquerda e direita, na linha média do plano sagital no tórax. Estende-se anterior-
mente do esterno à coluna vertebral, posteriormente. Contém todas as estruturas do tórax, exceto os pulmões e também é conhecido
com espaço interpleural Pode ser dividido para fins descritivos em duas partes: uma porção superior, acima do limite superior do peri-
cárdio, chamada de mediastino superior; e a porção inferior, abaixo do limite superior do pericárdio. Esta porção inferior subdivide-se
em outras três partes, uma parte anterior ao pericárdio, o mediastino anterior; a porção que contém o pericárdio e suas as estruturas, o
mediastino médio; e a porção posterior ao pericárdio, o mediastino posterior.

Mediastino – Vista Lateral Esquerda

O Mediastino Superior é o espaço interpleural que localiza-se entre o manúbrio do esterno e as vértebras torácicas superiores. É
limitado inferiormente por um plano oblíquo que passa da junção munibrio-esternal até a borda inferior do corpo da 4º vértebra torácica,
e lateralmente pelas pleuras. Contém a crossa da aorta, tronco braquiocefálico, a porção torácica da artéria carótida comum esquerda
e artéria subclávia esquerda, a veia braquiocefálica e a metade superior da veia cava superior, o nervo vago, nervo frênico e os nervos
laríngeos recorrentes, a traquéia, esôfago, ducto torácico, o remanescente do Timo e alguns linfonodos.

O Mediastino Anterior existe apenas do lado esquerdo, onde a pleura esquerda diverge da Lina média. É limitado anteriormente pelo
esterno, lateralmente pela pleura e posteriormente pelo pericárdio. É estreito na sua parte superior mas expande-se um pouco inferior-
mente. Sua parede anterior é formada pela 5º, 6º e 7º cartilagens costais. Contém uma pequena quantidade de tecido areolar frouxo,
alguns linfáticos que ascendem da superfície convexa dão fígado, 2 ou 3 linfonodos mediastinais e pequenos ramos mediastinais da artéria
mamária interna.

270
NOÇÕES DE BIOLOGIA
O Mediastino Médio é a maior porção do espaço interpleural. Contém o coração envolvido por sua serosa, a aorta ascendente, a
metade inferior da veia cava superior com a veia ázigos se unindo à ela, a bifurcação da traquéia e os dois brônquios, a artéria pulmonar
e os seus dois ramos, as veias pulmonares direita e esquerda, os nervos frênicos e alguns linfonodos brônquicos.

271
NOÇÕES DE BIOLOGIA
O Mediastino Posterior é um espaço triangular irregular que corre paralelo a coluna vertebral. Está limitado anteriormente pelo pe-
ricárdio, pelo diafragma inferiormente, posteriormente pela coluna vertebral desde a 4º à 12º vértebra torácica de cada lado pela pleura
pulmonar. Contém a porção torácica da aorta descendente, a veias ázigos e as duas hemiazigos, os nervos vagos e esplâncnicos, o esôfago,
ducto torácico e alguns linfonodos.

Mediastino

Mediastino – Vista lateral esquerda.

272
NOÇÕES DE BIOLOGIA

Mediastino – Vista anterior após remoção do coração

6. Vasos sanguíneos
Esta região abriga importantes estruturas vasculares, como:
- Veias braquiocefálicas
- Veia cava superior
- Arco da aorta
- Tronco braquicefáclico.

7. Nervos e vasos linfáticos


Também participam da composição do tórax e possuem estrita relação com as funções.

Funções principais
Como se trata de uma série de estruturas, resumem-se as funções em:
- Caixa torácica possui a finalidade de proteger e sustentar todos os componentes internos.
- Coração possui a função de distribuir o sangue por todo o organismo.
- Pulmões permitem a troca gasosa.
- Diafragma realiza a passagem de estruturas para o abdome, através do hiato esofágico.
- Esôfago transporta o alimento até o estômago.

273
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Curiosidade:
As pneumonias podem complicar para o derrame pleural, que seria o acúmulo de material infeccioso (principalmente líquido) entre
as pleuras.
O paciente sentirá dores e falta de ar, e precisará drenar o líquido tanto para fins diagnósticos, como também para o alívio dos sin-
tomas.

ABDOME - CAVIDADE ABDOMINAL. ESTÔMAGO E INTESTINOS. FÍGADO. PÂNCREAS. BAÇO. RINS. ADRENAL E RETROPERI-
TÔNIO. VÍSCERAS PÉLVICAS. PERÍNE
A cavidade abdominal é uma grande cavidade encontrada no torso de mamíferos entre a cavidade torácica, da qual é separada pelo
diafragma torácico, e a cavidade pélvica. Uma camada protetora que é chamada de peritônio, que desempenha um papel na imunidade,
órgãos de suporte e armazenamento de gordura e reveste a cavidade abdominal. Como mostrado no diagrama abaixo à esquerda, a ca-
vidade abdominal foi dividida em nove áreas diferentes, onde cada órgão não necessariamente ocupa apenas um dos quadrantes. Esta
divisão ajuda no diagnóstico de doenças com base no local onde a pessoa está sentindo dor abdominal.

Regiões do Quadrante Abdominal

Órgãos da cavidade abdominal


Nosso abdômen contém órgãos digestivos, reprodutivos e excreção. Você pode encontrar alguns deles no diagrama a seguir. Tenha
em mente que o reto é considerado parte da cavidade pélvica.

274
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Estômago São envolvidas por uma cápsula fibrosa e têm cerca de 5 cm.
Órgão digestivo de paredes espessas encontrado no lado es- Fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em duas partes:
querdo do abdome que é dividido em quatro regiões: cárdia, fundo, córtex (camada externa, de cor amarelada devido à presença de
corpo e piloro. É contínuo com o esôfago acima dele, que transpor- colesterol) e medula (parte central).
ta comida da boca e passa através do diafragma e no estômago,
e é seguido pela primeira porção do intestino delgado, chamada Função
duodeno. O estômago é o segundo local de digestão em seres hu- As glândulas adrenais secretam hormônios extremamente im-
manos após a boca, e serve para movimentar a comida dentro de portantes para o bom funcionamento do organismo, a saber:
si, misturá-lo com sucos gástricos e iniciar a digestão de proteínas.
1. Córtex
Fígado O córtex é dividido em três zonas funcionais que produzem
Este é o maior órgão do abdômen. Encontra-se no lado supe- hormônios diferentes:
rior direito, logo abaixo do diafragma. Tem dois lóbulos separados • Zona glomerulosa: libera aldosterona, que regula o o balanço
por um ligamento. O fígado desempenha um papel crucial em nos- entre o sódio e o potássio;
sos corpos, pois mantém níveis normais de glicose no sangue, pro- • Zona fasciculada: sintetiza o cortisol, hormônio corticosteroi-
duz bile e desintoxica o sangue. de envolvido na resposta ao estresse e que regula o metabolismo
da glicose e da gordura, entre outras funções;
Vesícula biliar • Zona reticulada: excreta hormônios sexuais, em especial a
A vesícula biliar encontra-se abaixo do fígado e está conectada testosterona.
a ela. Ele armazena e concentra a bile que é enviada para o duode-
no quando necessário para digestão e absorção de gordura. 2. Medula
Sintetiza e secreta catecolaminas, especialmente a adrenalina
Baço e a noradrenalina. Esses hormônios regulam o sistema nervoso au-
O baço faz parte do sistema imunológico. Suas funções incluem tônomo, que controla importantes funções do corpo humano como
a participação na produção de glóbulos brancos, o armazenamento frequência cardíaca, respiração, digestão, entre outras.
de plaquetas e a destruição de glóbulos vermelhos mortos e subs-
tâncias nocivas. Peritônio e Retroperitônio
O peritônio é uma extensa membrana serosa, formada essen-
Pâncreas cialmente por tecido conjuntivo, que reveste o interior das pare-
Parte do sistema digestório, o pâncreas produz importantes des da cavidade abdominal e expande-se para cobrir a maior parte
enzimas digestivas, assim como insulina e glucagon, que são cru- dos órgãos que contém. Deste modo, considera-se que, embora a
ciais para o metabolismo dos carboidratos em nossos corpos. membrana seja ininterrupta, é composta por duas camadas ou fo-
lhas - o peritônio parietal e o peritônio visceral. O peritônio parietal
Intestino delgado é a folha que cobre totalmente por dentro as paredes anteriores e
O intestino delgado é encontrado entre o estômago e o intesti- laterais do abdómen, enquanto que na parte posterior é formado
no grosso e é composto de três partes: o duodeno, o jejuno e o íleo. um limite por trás do denominado espaço retroperitoneal, onde fi-
É um longo órgão digestivo em forma de tubo onde ocorre a cam situados parte do pâncreas e do duodeno, os rins e grandes va-
digestão e a maior absorção de nutrientes sos como a artéria aorta e a veia cava inferior. O peritônio visceral
é a folha que cobre completamente a superfície externa da maior
Intestino grosso parte das vísceras contidas no abdómen, exceto as que estão situa-
O intestino grosso é o órgão para o qual o material não digeri- das no já referido espaço retroperitoneal. Entre as duas camadas
do é enviado. É em forma de U e é composto de ceco, cólon, reto, do peritônio fica acomodado um espaço denominado espaço ou
canal anal e apêndice. Absorção de água e eletrólitos e a formação cavidade peritoneal. Na realidade, trata-se de um espaço virtual,
de fezes, todos ocorrem aqui. uma vez que apenas contém uma fina película de um líquido lubri-
ficante composto por água, algumas células e substâncias minerais,
Rins cuja função primordial é permitir a deslocação das folhas sem que
Os dois rins são encontrados em ambos os lados do abdômen. se produzam fricções entre ambas e, indiretamente, entre os ór-
Eles desempenham papéis essenciais no corpo, como a desintoxi- gãos abdominais e a parede abdominal. Este líquido peritoneal é
cação do sangue, a criação de urina e a manutenção do equilíbrio constantemente segregado para o interior do espaço peritoneal e
da água e do ácido no corpo. Anexados a cada rim estão os tubos, paralelamente reabsorvido na mesma proporção, de tal modo que,
chamados de ureteres, que os conectam à bexiga urinária. Além em condições normais, não tem mais do que 200 ml dentro do es-
das funções dos rins, as glândulas supra renais encontradas nos rins paço peritoneal.
produzem hormônios importantes, como a noradrenalina e o ADH.
Vísceras pélvicas e períneo
Adrenal Na anatomia humana, o períneo é a região do corpo humano
As adrenais fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em que começa, para as mulheres na parte de baixo da vulva e esten-
duas partes: córtex (camada externa, de cor amarelada devido à de-se até o ânus. No homem, localiza-se entre o saco escrotal e o
presença de colesterol) e medula (parte central). ânus.
As adrenais, também conhecidas como suprarrenais, são duas O períneo compreende um conjunto de músculos e aponeu-
glândulas endócrinas situadas na cavidade abdominal, acima de roses que encerram o estreito inferior da escavação pélvica, sendo
ambos os rins. A adrenal direita tem formato triangular, enquanto atravessada pelo reto, atrás, e pela uretra e órgãos genitais adiante.
a esquerda assemelha-se a uma meia-lua (na foto, as partes em
amarelo).

275
NOÇÕES DE BIOLOGIA
Vísceras pélvicas apresenta uma mucosa lisa diferente de todo o resto rugoso da be-
Incluem parte do sistema gastrointestinal, do sistema urinário xiga. As superfícies ínfero-laterais ficam entre o s músculos levan-
e do sistema reprodutor. tadores do anus e o s músculos obturadores internos adjacentes,
a superfície superior apresenta uma cúpula quando a bexiga está
- Sistema Gastrointestinal vazia e um abaulamento quando a mesma está cheia.
Consistem principalmente no reto e no canal anal, porém a
parte final do colo sigmoide também s e encontra na pelve. Colo Vesical
O colo vesical, ou da bexiga, cerca a origem da uretra. É a parte
Reto mais inferior da bexiga e também a mais fixa. Está ancorado por
O reto é continuo acima com o colo sigmoide, ao nível da vér- duas faixas de ligamentos rígidos que conectam o colo e a parte
tebra S3, e abaixo com o canal anal. Se localiza imediatamente an- pélvica da uretra a cada osso púbico:
terior ao sacro e segue a sua curvatura, sendo o elemento m ais - Nas mulheres chamam-se ligamentos pubovesicais, que, jun-
posterior da cavidade. tamente com a membrana perineal profunda, os músculos levan-
A junção anorretal é puxada para frente pelo músculo pubor- tadores do anus e os ossos púbicos , ajudam a sustentar a bexiga.
retal (componente do levantador do anus) formando a flexura pe- - Nos homens chamam-se ligamentos puboprostáticos, porque
rineal, de m odo que o canal anal se dirige na direção posterior se misturam com a cápsula fibrosa da próstata, ou seja, cercam a
conforme entra no assoalho pélvico. próstata junto à uretra.
Além de apresentar a curvatura que segue o sacro, o reto apre-
senta três curvaturas laterais: as curvaturas superior e inferior di- No nascimento a bexiga se encontra na região abdominal e
rigidas para a direita e a curvatura média dirigida para a esquerda. a uretra se localiza na margem superior da sínfise púbica. Com a
A parte final do reto expande-se e forma a ampola retal. O reto idade a bexiga desce e na puberdade já se encontra na cavidade
não apresenta tênias, apêndices omentais e saculações (haustra- pélvica.
ções).
Uretra
Canal Anal
Começa no colo vesical e termina na abertura externa no perí-
Começa na extremidade inferior da ampola reta l no assoalho
neo, difere entra mulheres e homens.
pélvico e termina com o anus depois de atravessar o períneo. De-
MULHERES – é curta e apresenta um trajeto mais curvo ao
pois de atravessar o assoalho pélvico, é cercado pelos esfíncteres
passar por baixo do assoalho pélvico e penetrar no períneo, onde
interno (intrínseco – músculo liso) e externo do anus ( extrínseco
atravessa a membrana perineal e a região perineal profunda antes
– M . íleococcígeo e M. puborretal) , que mantém fechado o canal.
de se abrir no vestíbulo localizado entre os pequenos lábios da ge-
Apresenta características que indicam a posição da membrana
nitália externa. A parte inferior da uretra está ligada a superfície
anococcígea no feto (fecha o canal anal para não haver defecação).
anterior da vagina. Apresenta duas glândulas mucosas parauretrais
- A parte superior do canal anal é revestida por uma mucosa
que apresenta algum as pregas, chamadas colunas anais, que se (paralelas a ela), as glândulas de Skene, que associam-se na porção
unem inferiormente formando as válvulas anais. inferior da uretra.
HOMENS - é longa e faz duas curvas em seu trajeto. Inicia no
Superiormente a cada válvula est á um a depressão, chamada colo vesical e passa pela próstata, atravessa a região perineal pro-
seio anal. As válvulas anais formam a linha pectínea que é a locali- funda e a membrana perineal e entra na extremidade proximal do
zação da antiga membrana anococcígea. pênis. Faz a primeira curva para frente ao sair da membrana peri-
- A p arte inferior a linha pectínea é chamada de pécten anal neal e adentrar ao pênis e então faz a segunda curva para baixo
que termina na linha anocutanea ou linha branca onde o revesti- quando o pênis está flácido (quando há ereção a segunda curva de-
mento mucoso se torna pele verdadeira com pelos. saparece). Nos homens a uretra divide-se em:
Pré-prostática – tem cerca de 1 cm e estende-se do colo vesical
- Sistema Urinário até a próstata, onde apresenta o esfíncter interno da uretra, que
Formado pelas partes terminais dos ureteres, pela bexiga e composto por músculo liso impede a ida de sêmen para a bexiga
parte proximal da uretra. durante a ejaculação.
Prostática - é a parte cercada pela próstata, apresenta de 3 - 4
Ureteres cm de comprimento. A luz da uretra é marcada por uma prega na
Penetram na cavidade pélvica anteriormente a bifurcação da linha média, chamada crista uretral. A depressão a cada lado da
artéria ilíaca comum e então continuam ao longo da parede e do crista é o seio uretral, onde os ductos prostáticos desembocam. Na
assoalho pélvico até unirem -se a base da bexiga. parte medial da crista uretral forma-se uma elevação, o colículo se-
minal, que apresenta uma pequena bolsa de fundo cego chamado
Bexiga utrículo prostático (acredita-se ser análogo ao útero feminino). A
É a víscera mais anterior da parede pélvica. Quando vazia lo- cada lado do utrículo prostático, mais inferiormente, localizam-se
caliza-se inteiramente na cavidade pélvica, porém quando tugida os ductos ejaculatórios do sistema reprodutor masculino. Os tratos
expande-se para o abdome. A bexiga vazia tem forma de um te- urinario e reprodutor masculino encontram-se na parte prostática
traedro ou de uma pirâmide tombada. Possui um ápice dirigido da uretra.
anteriormente, uma base posteriormente e duas superfícies ínfero Membranácea – é estreita e localiza-se posterior a próstata,
-laterais. O ápice se dirige para o topo da sínfise púbica, então o atravessa a membrana perineal profunda.
ligamento umbilical mediano (resquício fetal) continua a partir daí, Durante este trajeto, tanto em homens quanto em mulheres, é
ascendendo até o abdome até a cicatriz umbilical. A base recepcio- envolvida pelo esfíncter externo da uretra.
na os dois ureteres em seus dois lados superiores e possui a uretra Uretra esponjosa – é cercada por um tecido erétil (corpo es-
inferiormente que drena a urina, apresenta ainda o chamado trí- ponjoso) do pênis. Aumenta de volume na base do pênis e forma
gono, formado pela entrada dos dois ureteres e pela uretra, onde um bulbo, o mesmo acontece na extremidade (cabeça) do pênis

276
NOÇÕES DE BIOLOGIA
onde forma a fossa navicular. As duas glândulas bulbouretrais loca- mecanismos de coagulação, causando obstrução vascular, a chama-
lizam-se na região perineal profunda e abrem-se no bulbo da uretra da trombose. Esta, por sua vez, pode levar ao comprometimento
esponjosa na base do pênis. renal, impedindo a filtração necessária à homeostase.

Fonte: Internet: <www.technologyreview.com>;


www.todabiologia.com/www.portaleducacao.com.br/www.anato- <www.nationalgeographic.com>; e <www.hms.harvard.edu> (com
miaonline.com/www.oncoguia.org.br/www.portaleducacao.com.br/ adaptações).
www.todamateria.com.br/www.kenhub.com//www.anatomiaonline.
com/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.pt.wikipedia.org/ Tendo o texto anterior como referência inicial, julgue o seguin-
www.passeidireto.com/www.anatomia-papel-e-caneta.com/www. te item.
planetabiologia.com/ www.drauziovarella.uol.com.br O tecido muscular encontrado nas artérias a que se refere o
texto é do tipo liso.
( ) CERTO
EXERCÍCIOS ( ) ERRADO

1.(FGV - AUXILIAR POLICIAL DE NECROPSIA (PC RJ)/2022) 4.(FGV - PERITO CRIMINAL (PC AM)/4ª CLASSE/BIOLO-
“Na necropsia, é possível obter um diagnóstico de infarto se for GIA/2022)
possível observar trombos nas artérias coronárias. Isso, no entan- Em 1628, William Harvey descreveu corretamente que o san-
to, acontece em pessoas mais velhas. Pacientes jovens dificilmente gue circula em nosso corpo e que o coração é o órgão responsável
têm artérias obstruídas.” por bombeá-lo. Graças aos estudos de Harvey, sabemos que, duran-
(Adaptado de http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noti- te a passagem do sangue pelo coração,
cia/2014/02/necropsia-de-suposto-ladrao-infartado-aponta-morte-in- (A) o átrio direito recebe sangue rico em oxigênio proveniente
determinada-diz-iml.html) dos pulmões.
As artérias coronárias são aquelas que: (B) o ventrículo esquerdo recebe o sangue pobre em oxigênio
(A) chegam à aorta e levam sangue com gás carbônico vindo proveniente da circulação sistêmica.
do miocárdio; (C) o sangue pobre em oxigênio sai do ventrículo direito através
(B) saem das artérias pulmonares e levam sangue com oxigênio da artéria pulmonar.
para o músculo cardíaco; (D) o sangue pobre em oxigênio chega ao átrio esquerdo atra-
(C) saem da aorta e levam sangue com oxigênio para o mio- vés da veia pulmonar.
cárdio; (E) as artérias pulmonares transportam sangue rico em oxigê-
(D) chegam às artérias pulmonares e levam sangue com oxigê- nio para os pulmões.
nio para o músculo cardíaco;
(E) chegam às veias pulmonares e levam sangue com nutrien- 5.(FEPESE - AUXILIAR (PCIEN SC)/MÉDICO-LEGAL/2022)
tes para o músculo cardíaco. Assinale a alternativa correta sobre a função da válvula tricús-
pide localizada no coração.
2.(UFMT - PERITO OFICIAL (POLITEC MT)/CRIMINAL/BIOLO- (A) Impede o refluxo do sangue do ventrículo esquerdo para o
GIA/2022 (E MAIS 9 CONCURSOS) átrio esquerdo.
A contração do músculo cardíaco é involuntária, e as células (B) Impede o refluxo do sangue da aorta para o ventrículo es-
possuem um ritmo essencial e sincronizado. Quais são as células querdo.
musculares cardíacas modificadas que coordenam essa contração? (C) Impede o refluxo do sangue da artéria pulmonar para o ven-
(A) Fibras de Purkinje trículo esquerdo.
(B) Discos intercalares (D) Impede o refluxo do sangue do ventrículo direito para o
(C) Sarcoplasmas átrio direito.
(D) Sarcossomos (E) Impede o refluxo do sangue do átrio direito para veia cava.
(E) Perimísios
6.(IBFC - TÉCNICO (EBSERH HU-UNIFAP)/NECRÓPSIA/2022)
3.(CEBRASPE (CESPE) - VESTIBULAR (UNB)/REGULAR/2022) O coração apresenta quatro câmaras que são dois átrios e dois
Texto ventrículos. Essas cavidades se encontram divididas por paredes
musculares, denominadas de . Assinale a alternativa que preencha
Texto associado corretamente lacuna.
(A) forames
A covid-19 é uma doença que afeta diversos sistemas do or- (B) seios
ganismo humano. Seu início ocorre pela interação de proteínas do (C) valvas
vírus SARS-CoV-2 com uma proteína chamada de receptor de ECA2, (D) septos
que, estando presente em diversas células, participa de vários pro- (E) feixes
cessos orgânicos, como, por exemplo, o do controle da pressão arte-
rial, interferindo indiretamente na dilatação de artérias. O receptor
de ECA2 também é abundante nos pulmões e interfere na resposta
inflamatória, fatores que, estando associados à redução de trocas
gasosas durante a doença, causam a baixa saturação de oxigênio. As
alterações na resposta inflamatória também podem desencadear

277
NOÇÕES DE BIOLOGIA
7.(FUNDATEC - PROFESSOR (PREF TRAMANDAÍ)/CIÊN- Assinale a opção correta.
CIAS/2021) (A) Apenas o item I está certo.
A imagem abaixo é uma representação da anatomia do coração (B) Apenas o item II está certo.
humano. (C) Apenas os itens I e II estão certos.
(D) Apenas os itens I e III estão certos.
(E) Apenas os itens II e III estão certos.

10.(FUNDEP - OFICIAL BOMBEIRO MILITAR (CBM MG)/2021/


CFO BM 2021)
Durante um acidente, uma pessoa foi ferida por um objeto per-
furocortante que atingiu o peitoral, alcançando uma das artérias
do coração.
O acidente foi considerado
(A) grave, pois as artérias que saem do coração transportam
sangue venoso.
(B) leve, pois pode ter atingido a artéria que transporta sangue
para o pulmão, não diminuindo o fluxo sanguíneo para o corpo.
(C) grave, pois pode ter atingido a artéria aorta, levando à dimi-
nuição de fluxo de sangue arterial para o corpo.
(D) leve, pois as artérias que chegam ao coração transportam
sangue arterial.

A trajetória percorrida pelo sangue venoso até a sua saída do


coração é:
(A) Ventrículo direito – átrio direito – veias cava superior e in- GABARITO
ferior.
(B) Ventrículo esquerdo – átrio esquerdo – veias pulmonares.
1 C
(C) Átrio esquerdo – ventrículo esquerdo – artéria pulmonar.
(D) Átrio direito – ventrículo direito – artéria pulmonar. 2 A
3 CERTO
8.(CEV URCA - PROFESSOR (PREF CRATO)/CIÊNCIAS/2021)
O Óxido Nítrico (NO) consiste em uma molécula com amplo po- 4 C
tencial biológico e desempenha importantes funções na fisiologia 5 D
de forma geral. Dentre as alternativas abaixo, marque aquela que
melhor descreve os eventos envolvidos na ação fisiológica do óxido 6 D
nítrico: 7 D
(A) O NO desempenha um importante papel no controle do flu-
xo sanguíneo, entretanto, as células vasculares não utilizam a 8 E
enzima NO Sintase (NOS) para a produção intracelular de NO. 9 C
(B) A ativação da produção de NO ocorre de forma indepen-
10 C
dente ao estímulo de cofatores como tetraidrobiopterina e
NADPH.
(C) Sinalizadores da fisiologia celular como ACh, bradicinina,
substância P, trombina, nucleotídeos de adenina e Ca2+ são
considerados inibidores da atividade enzimática da NOS.
(D) O NO recém-sintetizado apresenta pouco potencial de difu-
são pela membrana de células endoteliais e musculatura lisa.
(E) O potencial biológico do NO sobre o controle do fluxo san-
guíneo tem sido aplicado no tratamento de angina pectoris,
uma vez que a nitroglicerina alivia a dor ao se decompor es-
pontaneamente e liberar NO, que promove relaxamento da
musculatura lisa de arteríolas periféricas e reduz o trabalho do
coração.

9.(CEBRASPE (CESPE) - PROFESSOR (SEED PR)/LINGUAGENS


E SUAS TECNOLOGIAS/CIÊNCIAS/2021)
A respeito do coração humano, julgue os itens a seguir.
I. O movimento de contração dos átrios é denominado sístole
atrial.
II. A diástole é a fase em que o coração está relaxado.
III. Na diástole, o átrio esquerdo é preenchido com sangue rico
em gás carbônico, enquanto o átrio direito é preenchido com san-
gue oxigenado.

278
NOÇÕES DE DIREITO

III - a dignidade da pessoa humana;


DIREITO CONSTITUCIONAL – I – CONSTITUIÇÃO IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
FEDERAL DE 1988: DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
Forma, Sistema e Fundamentos da República meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
• Papel dos Princípios e o Neoconstitucionalismo Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
Os princípios abandonam sua função meramente subsidiária tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
na aplicação do Direito, quando serviam tão somente de meio de
integração da ordem jurídica (na hipótese de eventual lacuna) e ve- Objetivos Fundamentais da República
tor interpretativo, e passam a ser dotados de elevada e reconhecida Os Objetivos Fundamentais da República estão elencados no
normatividade. Artigo 3º da CF/88. Vejamos:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
• Princípio Federativo rativa do Brasil:
Significa que a União, os Estados-membros, o Distrito Federal I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
e os Municípios possuem autonomia, caracteriza por um determi- II - garantir o desenvolvimento nacional;
nado grau de liberdade referente à sua organização, à sua adminis- III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
tração, à sua normatização e ao seu Governo, porém limitada por gualdades sociais e regionais;
certos princípios consagrados pela Constituição Federal. IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
• Princípio Republicano
É uma forma de Governo fundada na igualdade formal entre Princípios de Direito Constitucional Internacional
as pessoas, em que os detentores do poder político exercem o Os Princípios de Direito Constitucional Internacional estão
comando do Estado em caráter eletivo, representativo, temporário elencados no Artigo 4º da CF/88. Vejamos:
e com responsabilidade. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
ções internacionais pelos seguintes princípios:
• Princípio do Estado Democrático de Direito I - independência nacional;
O Estado de Direito é aquele que se submete ao império da lei. II - prevalência dos direitos humanos;
Por sua vez, o Estado democrático caracteriza-se pelo respeito ao III - autodeterminação dos povos;
princípio fundamental da soberania popular, vale dizer, funda-se na IV - não-intervenção;
noção de Governo do povo, pelo povo e para o povo. V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
• Princípio da Soberania Popular VII - solução pacífica dos conflitos;
O parágrafo único do Artigo 1º da Constituição Federal reve- VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
la a adoção da soberania popular como princípio fundamental ao IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani-
prever que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio dade;
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons- X - concessão de asilo político.
tituição”. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in-
tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América
• Princípio da Separação dos Poderes Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
A visão moderna da separação dos Poderes não impede que de nações.
cada um deles exerça atipicamente (de forma secundária), além de
sua função típica (preponderante), funções atribuídas a outro Po- Referências Bibliográficas:
der. DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
Vejamos abaixo, os dispositivos constitucionais corresponden- cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
tes ao tema supracitado:

TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti-
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania

279
NOÇÕES DE DIREITO
c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DOS povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS; interesse coletivo;
DOS DIREITOS SOCIAIS, DA NACIONALIDADE E DOS d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente,
DIREITOS POLÍTICO de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.
Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi- • Direitos Fundamentais de Quarta Geração
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu- Também são transindividuais.
ratório.
Direitos Fundamentais de Quinta Geração
Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
taria o direito fundamental de quinta geração.
• Direitos Fundamentais de Primeira Geração
Possuem as seguintes características: Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina- a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
ram todo o século XIX; índole evolutiva;
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
ao Estado Absoluto; dentemente de características pessoais;
c) estão ligados ao ideal de liberdade; c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
em favor das liberdades públicas; e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro- possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
teção em face da ação opressora do Estado; f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
f) são os direitos civis e políticos. do pelo decurso do tempo.

• Direitos Fundamentais de Segunda Geração Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais


Possuem as seguintes características: Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são
a) surgiram no início do século XX; destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que
b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao compatíveis com a sua natureza.
Estado Liberal;
c) estão ligados ao ideal de igualdade; Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais
d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação Muito embora criados para regular as relações verticais, de su-
positiva do Estado; bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega-
e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos. dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven-
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado.
• Direitos Fundamentais de Terceira Geração
Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu- Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais
pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente
interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê- consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa
neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração. ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons-
tituição (princípio da reserva legal).
Direitos Metaindividuais
Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais
Natureza Destinatários O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade-
Difusos Indivisível Indeterminados quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos
Determináveis na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con-
Coletivos Indivisível ligados por uma creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais
relação jurídica constitucionalmente consagrados.
Determinados
Individuais
Divisível ligados por uma Os quatro status de Jellinek
Homogêneos
situação fática a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo se encon-
tra em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan-
Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se- do-se como detentor de deveres para com o Estado;
guintes características: b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade
a) surgiram no século XX; de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos;
b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade), c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi-
que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em
bens da coletividade; seu favor;

280
NOÇÕES DE DIREITO
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for- Direito de Propriedade
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- É assegurado o direito de propriedade, contudo, com
tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto. restrições, como por exemplo, de que se atenda à função social da
propriedade. Também se enquadram como espécies de restrição do
Referências Bibliográficas: direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- e o usucapião.
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu-
ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade
Os direitos individuais estão elencados no caput do Artigo 5º intelectual) e os direitos reativos à herança.
da CF. São eles: Destes direitos, emanam todos os incisos do Art. 5º, da CF/88,
conforme veremos abaixo:
Direito à Vida
O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito TÍTULO II
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem-
plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla- CAPÍTULO I
rada). DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura, Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc. qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
Direito à Liberdade igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir- termos desta Constituição;
tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
privada. coisa senão em virtude de lei;
Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende, III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desu-
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco- mano ou degradante;
moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
expressão. nimato;
V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
Direito à Igualdade além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui- VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for-
ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
formal. VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce- religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
didos aos membros da coletividade por meio da norma. VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença reli-
Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca giosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o prestação alternativa, fixada em lei;
princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística, cientí-
desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam. fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima-
a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis gem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano ma-
que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com- terial ou moral decorrente de sua violação;
pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
formação social. penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran-
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
Direito à Privacidade determinação judicial;
Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero, XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima- telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl-
gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura- timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
-se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces-
de sua violação. sual penal;
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
Direito à Honra atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti- XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado
nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
tal motivo, são previstos no Código Penal. XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane-
cer ou dele sair com seus bens;

281
NOÇÕES DE DIREITO
XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde ou ameaça a direito;
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- perfeito e a coisa julgada;
petente; XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a organização
a de caráter paramilitar; que lhe der a lei, assegurados:
XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- a) a plenitude da defesa;
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência b) o sigilo das votações;
estatal em seu funcionamento; c) a soberania dos veredictos;
XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- a vida;
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- sem prévia cominação legal;
necer associado; XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XXI- as entidades associativas, quando expressamente autori- XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos
zadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou e liberdades fundamentais;
extrajudicialmente; XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
XXII- é garantido o direito de propriedade; critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XXIII- a propriedade atenderá a sua função social; XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
previstos nesta Constituição; podendo evitá-los, se omitirem;
XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade compe- XLIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de gru-
tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
prietário indenização ulterior, se houver dano; Estado Democrático;
XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei- outras, as seguintes:
ros pelo tempo que a lei fixar; a) privação ou restrição de liberdade;
XXVIII- são assegurados, nos termos da lei: b) perda de bens;
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e c) multa;
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades d) prestação social alternativa;
desportivas; e) suspensão ou interdição de direitos;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das XLVII- não haverá penas:
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; artigo 84, XIX;
XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privi- b) de caráter perpétuo;
légio temporário para sua utilização, bem como às criações indus- c) de trabalhos forçados;
triais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros d) de banimento;
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi- e) cruéis;
mento tecnológico e econômico do País; XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de
XXX- é garantido o direito de herança; acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos moral;
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal L- às presidiárias serão asseguradas condições para que pos-
do de cujus; sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta-
XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con- ção;
sumidor; LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa- em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, gas afins, na forma da lei;
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime po-
sociedade e do Estado; lítico ou de opinião;
XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do paga- LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por au-
mento de taxas: toridade competente;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; devido processo legal;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

282
NOÇÕES DE DIREITO
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
com os meios e recursos a ela inerentes; LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for-
LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ma da lei:
ilícitos; a) o registro civil de nascimento;
LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julga- b) a certidão de óbito.
do da sentença penal condenatória; LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data
LVIII- o civilmente identificado não será submetido à identifica- e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da cidadania;
ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
esta não for intentada no prazo legal; celeridade de sua tramitação.
LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda
LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- Constitucional nº 115, de 2022)
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, §1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- têm aplicação imediata.
litar, definidos em lei; §2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
ou à pessoa por ele indicada; Federativa do Brasil seja parte.
LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o §3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí- humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
lia e de advogado; Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis por §4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
sua prisão ou por seu interrogatório policial; Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
dade judiciária; O tratado foi equiparado no ordenamento jurídico brasileiro às
LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este caráter, o men-
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; cionado tratado diz respeito a direitos humanos, porém não possui
LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável característica de emenda constitucional, pois entrou em vigor em
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen- nosso ordenamento jurídico antes da edição da Emenda Constitu-
tícia e a do depositário infiel; cional nº 45/04. Para que tal tratado seja equiparado às emendas
LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer constitucionais deverá passar pelo mesmo rito de aprovação destas.
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; Referências Bibliográficas:
LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger di- DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri- Os direitos sociais são prestações positivas proporcionadas
buições de Poder Público; pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas cons-
LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: titucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais
a) partido político com representação no Congresso Nacional; fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações so-
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal- ciais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de
mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em igualdade. Estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Vejamos:
defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta CAPÍTULO II
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e DOS DIREITOS SOCIAIS
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
lidade, à soberania e à cidadania; Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
LXXII- conceder-se-á habeas data: o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada
de entidades governamentais ou de caráter público; pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilida-
por processo sigiloso, judicial ou administrativo; de social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo
LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação poder público em programa permanente de transferência de renda,
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, ob-
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, servada a legislação fiscal e orçamentária. (Incluído pela Emenda
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o Constitucional nº 114, de 2021)
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
da sucumbência; outros que visem à melhoria de sua condição social:
LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
aos que comprovarem insuficiência de recursos; ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
indenização compensatória, dentre outros direitos;

283
NOÇÕES DE DIREITO
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
III - fundo de garantia do tempo de serviço; e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- intelectual ou entre os profissionais respectivos;
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
para qualquer fim; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do empregatício permanente e o trabalhador avulso.
trabalho; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII,
ou acordo coletivo; XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi-
percebem remuneração variável; cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces-
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
ou no valor da aposentadoria; previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; integração à previdência social.
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
retenção dolosa; o seguinte:
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda-
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- ção de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, veda-
sa, conforme definido em lei; das ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha- sindical;
dor de baixa renda nos termos da lei; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco-
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba-
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
área de um Município;
coletiva de trabalho;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti-
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
administrativas;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan-
mingos;
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
mo, em cinquenta por cento à do normal;
dependentemente da contribuição prevista em lei;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
terço a mais do que o salário normal;
sindicato;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
com a duração de cento e vinte dias;
coletivas de trabalho;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
organizações sindicais;
centivos específicos, nos termos da lei;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
mas de saúde, higiene e segurança;
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas
insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria; as condições que a lei estabelecer.
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas- Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba-
cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte-
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de resses que devam por meio dele defender.
trabalho; § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre- § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando da lei.
incorrer em dolo ou culpa; Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em-
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte-
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha- resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do deliberação.
contrato de trabalho; Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as-
a) (Revogada). segurada a eleição de um representante destes com a finalidade
b) (Revogada). exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e gadores.
de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

284
NOÇÕES DE DIREITO
Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo: § 1º Aos portugueses com residência permanente no País,
• Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela impos- se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos
sibilidade de redução do grau de concretização dos direitos sociais os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado deter- Constituição.
minado grau de concretização de um direito social, fica o legislador § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que haja natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
a criação de mecanismos equivalentes chamados de medias com- § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
pensatórias. I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
• Princípio da reserva do possível: a implementação dos di- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no III - de Presidente do Senado Federal;
óbice do financeiramente possível. IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
• Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e V - da carreira diplomática;
direitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna, VI - de oficial das Forças Armadas.
intrinsecamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa VII - de Ministro de Estado da Defesa.
humana previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
existencial não se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se que:
encontram na estrutura dos serviços púbicos essenciais. I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
Os direitos sociais são divididos em: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
Direitos relativos aos trabalhadores trangeira;
Direitos relativos ao salário, às condições de trabalho, à liber- b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
dade de instituição sindical, o direito de greve, entre outros (CF, ar- brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
tigos 7º a 11). permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe-
Direitos relativos ao homem consumidor derativa do Brasil.
Direito à saúde, à educação, à segurança social, ao desenvolvi- § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira,
mento intelectual, o igual acesso das crianças e adultos à instrução, o hino, as armas e o selo nacionais.
à cultura e garantia ao desenvolvimento da família, que estariam no § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter
título da ordem social. símbolos próprios.

Referências Bibliográficas: A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público


DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. mensão pessoal do Estado (o seu povo).

Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti- Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei-
gos 12 a 13 da CF. Vejamos: ros natos e naturalizados.

CAPÍTULO III Espécies de Nacionalidade


DA NACIONALIDADE São duas as espécies de nacionalidade:
a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá-
Art. 12. São brasileiros: ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento.
I - natos: Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; na sua Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88.
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei- b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa- grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti-
tiva do Brasil; vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra- constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88.
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela as duas:
nacionalidade brasileira;
II - naturalizados:
Nacionalidade
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi- Primária Secundária
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; Nascimento + Requisitos Ato de vontade + Requisitos
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na constitucionais constitucionais
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado
brasileira.

285
NOÇÕES DE DIREITO
• Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em seus Arti-
O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio- gos 14 a 16. Seguem abaixo:
nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de
origem territorial (ius solis). CAPÍTULO IV
O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie- DOS DIREITOS POLÍTICOS
dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes.
O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas- Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer-
cidos no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
nacionalidade dos genitores. termos da lei, mediante:
A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili- I - plebiscito;
tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau- II - referendo;
tada no ius sanguinis. III - iniciativa popular.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
Portugueses Residentes no Brasil I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos II - facultativos para:
portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu- a) os analfabetos;
ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos. b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Portugueses Equiparados § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
Igual os Direitos Se houver 1) Residência § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
dos Brasileiros permanente no I - a nacionalidade brasileira;
Naturalizados Brasil; II - o pleno exercício dos direitos políticos;
2) Reciprocidade III - o alistamento eleitoral;
aos brasileiros em IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
Portugal.
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re-
A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa-
pública e Senador;
zer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e
seguintes hipóteses:
do Distrito Federal;
Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual
Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF;
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
d) dezoito anos para Vereador.
Direito de propriedade → Artigo 222, CF.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
Perda da Nacionalidade § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado
O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da nacionalidade, que e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
apenas poderá ocorrer nas duas hipóteses taxativamente elencadas substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
na CF, sob pena de manifesta inconstitucionalidade. único período subsequente.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
Dupla Nacionalidade República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em que a opção Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses
por outra nacionalidade não ocasiona a perda da brasileira, passan- antes do pleito.
do o nacional a possuir dupla nacionalidade (polipátrida). § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau
Polipátrida → aquele que possui mais de uma nacionalidade. ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
Heimatlos ou Apátrida → aquele que não possui nenhuma na- haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se
cionalidade. já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
Idioma Oficial e Símbolos Nacionais condições:
Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e os Símbolos I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
Nacionais do Brasil. da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
Referências Bibliográficas: autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- da diplomação, para a inatividade.
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a
probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na adminis-
tração direta ou indireta.

286
NOÇÕES DE DIREITO
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Capacidade Eleitoral Passiva
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída Também chamada de Elegibilidade, a capacidade eleitoral pas-
a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou siva diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para
fraude. cargos políticos. Tem previsão legal no Artigo 14, §3º da CF.
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo O quadro abaixo facilita a memorização da diferença entre as
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de duas espécies de capacidade eleitoral. Vejamos:
manifesta má-fé.
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições Capacidade Eleitoral Ativa Capacidade Eleitoral Passiva
municipais as consultas populares sobre questões locais aprovadas
pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até Alistabilidade Elegibilidade
90 (noventa) dias antes da data das eleições, observados os limites Direito de votar Direito de ser votado
operacionais relativos ao número de quesitos. (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 111, de 2021) Inelegibilidades
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões A inelegibilidade afasta a capacidade eleitoral passiva (direito
submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão de ser votado), constituindo-se impedimento à candidatura a man-
durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda datos eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo.
gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 111, de 2021) • Inelegibilidade Absoluta
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou Com previsão legal no Artigo 14, §4º da CF, a inelegibilidade ab-
suspensão só se dará nos casos de: soluta impede que o cidadão concorra a qualquer mandato eletivo
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em e, em virtude de natureza excepcional, somente pode ser estabele-
julgado; cida na Constituição Federal.
II - incapacidade civil absoluta; Refere-se aos Inalistáveis e aos Analfabetos.
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
rarem seus efeitos; • Inelegibilidade Relativa
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação Consiste em restrições que recaem à candidatura a determi-
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; nados cargos eletivos, em virtude de situações próprias em que se
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. encontra o cidadão no momento do pleito eleitoral. São elas:
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor → Vedação ao terceiro mandato sucessivo para os Chefes do
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra Poder Executivo (Artigo 14, §5º, CF);
até um ano da data de sua vigência. → Desincompatibilização para concorrer a outros cargos, apli-
cada apenas aos Chefes do Poder Executivo (Artigo 14, §6º, CF);
De acordo com José Afonso da Silva, os direitos políticos, rela- → Inelegibilidade reflexa, ou seja, inelegibilidade relativa por mo-
cionados à primeira geração dos direitos e garantias fundamentais, tivos de casamento, parentesco ou afinidade, uma vez que não incide
consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo sobre o mandatário, mas sim perante terceiros (Artigo 14, §7º, CF).
de participação no processo político e nos órgãos governamentais.
São instrumentos previstos na Constituição e em normas infra- Condição de Militar
constitucionais que permitem o exercício concreto da participação O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências
do povo nos negócios políticos do Estado. previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber:
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
Capacidade Eleitoral Ativa da atividade;
Segundo o Artigo 14, §1º da CF, a capacidade eleitoral ativa é o II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos, cuja autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
aquisição se dá com o alistamento eleitoral, que atribui ao nacional da diplomação, para a inatividade.
a condição de cidadão (aptidão para o exercício de direitos políticos).
Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares
Alistamento Eleitoral e Voto alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, são inelegíveis. O
quadro abaixo serve como exemplo:
Obrigatório Facultativo Inalistável – Artigo 14, §2º
Maiores de 18 e Maiores de 16 Estrangeiros (com Militares – Exceto os Conscritos
menores de 70 e menores de exceção aos portugueses
anos 18 anos equiparados, constantes no Menos de 10 anos Registro da candidatura →
Maiores de 70 Artigo 12, §1º da CF) Inatividade
anos Conscritos (aqueles Mais de 10 anos Registro da candidatura →
Analfabetos convocados para o serviço Agregado
militar obrigatório) Na diplomação → Inatividade

• Características do Voto Privação dos Direitos Políticos


O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado
valor igual para todos, periódico, personalíssimo, obrigatório e livre. dos seus direitos políticos por prazo indeterminado (perda), sendo
que, neste caso, o restabelecimento dos direitos políticos depende-
rá do exercício de ato de vontade do indivíduo, de um novo alista-
mento eleitoral.

287
NOÇÕES DE DIREITO
Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar O quadro abaixo facilita este entendimento. Vejamos:
por prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se
dará automaticamente, ou seja, independentemente de manifesta- Formas de Estado
ção do suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão.
Vejamos: Unitário
Único centro de onde emana o poder estatal
Privação dos Direitos Políticos Puro Descentralizado
Perda Suspensão Não há delegação de Há delegação de competências
Privação por prazo Privação por prazo competências
indeterminado determinado Federado
Restabelecimento dos direitos Restabelecimento dos O exercício do poder estatal é atribuído constitucionalmente a
políticos depende de um novo direitos políticos se dá entes regionais autônomos
alistamento eleitoral automaticamente
• Confederação
Referências Bibliográficas: Se caracteriza por uma reunião dissolúvel de Estados sobera-
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- nos, que se unem por meio de um tratado internacional. Aqui, per-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. cebe-se o traço marcante da Confederação, ou seja, a dissolubilida-
de do pacto internacional pelos Estados soberanos que o integram,
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: DA ORGANIZAÇÃO a partir de um juízo interno de conveniência.
POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, UNIÃO, ESTADOS E Observe a ilustração das diferenças entre uma Federação e
MUNICÍPIOS; DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA uma Confederação:

Formas de Estado - Estado Unitário, Confederação e Federa- Federação Confederação


ção Formada por uma Constituição Formada por um trato
A forma de Estado relaciona-se com o modo de exercício do po- internacional
der político em função do território do Estado. Verifica-se no caso
concreto se há, ou não, repartição regional do exercício de poderes Os entes regionais gozam de Os Estados que o integram
autônomos, podendo ser criados, a partir dessa lógica, um modelo autonomia mantêm sua soberania
de Estado unitário ou um Estado Federado. Indissolubilidade do pacto Dissolubilidade do pacto
federativo internacional
• Estado Unitário
Também chamado de Estado Simples, é aquele dotado de um O Federalismo Brasileiro
único centro com capacidade legislativa, administrativa e judiciá- Observe a disposição legal do Artigo 18 da CF:
ria, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se
concentram todas as competências constitucionais (exemplos: Uru- TÍTULO III
guai, e Brasil Colônia, com a Constituição de 1824, até a Proclama- DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
ção da República, com a Constituição de 1891).
O Estado Unitário pode ser classificado em: CAPÍTULO I
a) Estado unitário puro ou centralizado: casos em que haverá DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Ju-
diciário, exercido de forma central; Art. 18. A organização político-administrativa da República Fe-
b) Estado unitário descentralizado: casos em que haverá a for- derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Fede-
mação de entes regionais com autonomia para exercer questões ral e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constitui-
administrativas ou judiciárias fruto de delegação, mas não se con- ção.
cede a autonomia legislativa que continua pertencendo exclusiva- § 1º Brasília é a Capital Federal.
mente ao poder central. § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem
• Estado Federativo – Federação serão reguladas em lei complementar.
Também chamados de federados, complexos ou compostos, § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
são aqueles em que as capacidades judiciária, legislativa e admi- desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos
nistrativa são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
passam a gozar de autonomias próprias (e não soberanias). diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nesse caso, as autonomias regionais não são fruto de delega- Nacional, por lei complementar.
ção voluntária, como ocorre nos Estados unitários descentralizados, § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período
de competências por ato voluntário do poder central. determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei.

288
NOÇÕES DE DIREITO
Nos termos do supracitado Artigo 18, a organização político- Acresça-se que, para o Distrito Federal, a Constituição atribuiu
-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a as competências previstas para os estados e os municípios, denomi-
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô- nada de competência cumulativa (Artigo 32, § 1º da CF).
nomos (não soberanos). Trata-se de norma que reflete a forma fe-
derativa de Estado. Organização do Estado – União
A União é a pessoa jurídica de Direito Público interno, parte
Ser ente autônomo dentro de um federalismo significa a pos- integrante da Federação brasileira dotada de autonomia. Possui ca-
sibilidade de implementar uma gestão particularizada, mas sempre pacidade de auto-organização (Constituição Federal), autogoverno,
respeitando os limites impostos pelos princípios e regras do Estado auto legislação (Artigo 22 da CF) e autoadministração (Artigo 20 da
federal. Daí, têm-se os seguintes elementos: CF).
→ Auto-organização: permite aos Estados-membros criarem A União tem previsão legal na CF, dos Artigos 20 a 24. Vejamos:
as Constituições Estaduais (Artigo 25 da CF) e aos Municípios firma-
rem suas Leis Orgânicas (Artigo 29 da CF); CAPÍTULO II
→ Auto legislação: os entes da federação podem estabelecer DA UNIÃO
normas gerais e abstratas próprias, a exemplos das leis estaduais e
municipais (Artigos 22 e 24 da CF); Art. 20. São bens da União:
→ Auto governo: os Estados membros terão seus Governado- I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
res e Deputados estaduais, enquanto os Municípios possuirão Pre- atribuídos;
feitos e Vereadores, nos termos dos Artigos 27 a 29 da CF; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
→ Auto administração: os membros da federação podem pres- das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
tar e manter serviços próprios, atendendo às competências admi- nicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
nistrativas da CF, notadamente de seu Artigo 23. III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
• Vedação aos Entes Federados com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
Consoante ao Artigo 19 da CF, destaca-se que a autonomia dos provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
entes da federação não é limitada, e sofre as seguintes vedações: IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí-
aos Municípios: das, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, em- áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e
baraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre- as referidas no art. 26, II;
sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
da lei, a colaboração de interesse público; econômica exclusiva;
II - recusar fé aos documentos públicos; VI - o mar territorial;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
Repartição de Competências Constitucionais IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
A Repartição de competências é a técnica de distribuição de X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
competências administrativas, legislativas e tributárias aos entes e pré-históricos;
federativos para que não haja conflitos de atribuições dentro do XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
território nacional. § 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao
Competência é a capacidade para emitir decisões dentro de um Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da
campo específico. exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para
A Constituição trabalha com três naturezas de competência, a fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais
administrativa, legislativa e a tributária. no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou
→ Competência administrativa ou material: refere-se à execu- zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa
ção de alguma atividade estatal, ou seja, é a capacidade para atuar exploração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de
concretamente sobre a matéria; 2019)
→ Competência legislativa: atribui iniciativa para legislar sobre § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao
determinada matéria, ou seja, é a capacidade para estabelecer nor- longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira,
mas gerais e abstratas sobre determinado campo; é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua
→ Competência tributária: refere-se ao poder de instituir tri- ocupação e utilização serão reguladas em lei.
butos. Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
• Técnica da Repartição de Competência organizações internacionais;
Trata-se da predominância do interesse, segundo a qual, à II - declarar a guerra e celebrar a paz;
União caberão as matérias de interesse nacional (Artigos 21 e 22 da III - assegurar a defesa nacional;
CF), aos Estados-membros, o interesse regional, e aos municípios,
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-
as questões de predominante interesse local (Artigo 30 da CF).
ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
Para tanto, a Constituição enumerou expressamente as com-
neçam temporariamente;
petências da União e dos municípios, resguardando aos Estados-
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven-
-membros a chamada competência residual, remanescente, não
ção federal;
enumerada ou não expressa (Artigo 25, §1º da CF).
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
bélico;

289
NOÇÕES DE DIREITO
VII - emitir moeda; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co-
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência 2022)
privada; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- existência de culpa;
ção do território e de desenvolvimento econômico e social; XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão atividade de garimpagem, em forma associativa.
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór- pessoais, nos termos da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
gão regulador e outros aspectos institucionais; nº 115, de 2022)
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
ou permissão: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- II - desapropriação;
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
dos onde se situam os potenciais hidro energéticos; em tempo de guerra;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor- IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
tuária; radiodifusão;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- V - serviço postal;
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
de Estado ou Território; metais;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va-
lores;
cional de passageiros;
VIII - comércio exterior e interestadual;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi-
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
co do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos
aérea e aeroespacial;
Territórios;
XI - trânsito e transporte;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de
XIV - populações indígenas;
serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de
Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
estrangeiros;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo-
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
para o exercício de profissões;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito
públicas e de programas de rádio e televisão;
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios,
XVII - conceder anistia;
bem como organização administrativa destes;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala-
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia
midades públicas, especialmente as secas e as inundações;
nacionais;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
popular;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi-
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po-
de viação;
lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de fronteiras;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
ferroviária federais;
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
XXIII - seguridade social;
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes prin-
XXV - registros públicos;
cípios e condições:
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas
Nacional;
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas
ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti-
2022)
ma, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.

290
NOÇÕES DE DIREITO
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias ci-
Emenda Constitucional nº 115, de 2022) vis.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta- § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874,
neste artigo. de 2019)
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri- § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais
to Federal e dos Municípios: não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições 13.874, de 2019)
democráticas e conservar o patrimônio público; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan- exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
tia das pessoas portadoras de deficiência; peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide
notáveis e os sítios arqueológicos; Lei nº 13.874, de 2019)
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; Organização do Estado – Estados
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à Os Estados-membros são pessoas jurídicas de Direito Público
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela interno, dotados de autonomia, em razão da capacidade de auto-
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) -organização (Artigo 25 da CF), autoadministração (Artigo 26 da CF),
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual- autogoverno (Artigos 27 e 28 da CF) e auto legislação (Artigo 25 e
quer de suas formas; parágrafos da CF).
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Os dispositivos constitucionais referentes ao tema vão dos Ar-
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste- tigos 25 a 28:
cimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melho- CAPÍTULO III
ria das condições habitacionais e de saneamento básico; DOS ESTADOS FEDERADOS
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali-
zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui-
de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus ção.
territórios; § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu- sejam vedadas por esta Constituição.
rança do trânsito. § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Muni- vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
cípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-es- § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
tar em âmbito nacional. regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le- constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
gislar concorrentemente sobre: integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur- públicas de interesse comum.
banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019) Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
II - orçamento; I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes
III - juntas comerciais; e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren-
IV - custas dos serviços forenses; tes de obras da União;
V - produção e consumo; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de- seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e ou terceiros;
controle da poluição; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís- IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
tico e paisagístico; Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa cor-
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu- responderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos
midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de
e paisagístico; tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema
Constitucional nº 85, de 2015) eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
causas; § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei
XI - procedimentos em matéria processual; de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo,
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57,
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;

291
NOÇÕES DE DIREITO
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000
regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento sessenta mil)
secretaria, e prover os respectivos cargos. habitantes;
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
legislativo estadual. 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen-
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Es- tos mil) habitantes;
tado, para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se-á no primeiro h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e
outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do tér- cinquenta mil) habitantes;
mino do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000
no art. 77 desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Consti- (seiscentos mil) habitantes;
tucional nº 111, de 2021) j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos
ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada cinquenta mil) habitantes;
a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de
art. 38, I, IV e V. 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e (novecentos mil) habitantes;
dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. e cinquenta mil) habitantes;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
Organização do Estado – Municípios 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000
Sobre os Municípios, prevalece o entendimento de que são en- (um milhão e duzentos mil) habitantes;
tes federativos, uma vez que os artigos 1º e 18 da CF, são expressos
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
ao elencar a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000
como integrantes da Federação brasileira.
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
Como pessoa política também dotada de autonomia, possuem
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000
auto-organização (Artigo 29 da CF), auto legislação (Artigo 30 da
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até
CF), autogoverno (Incisos do Artigo 29 da CF) e autoadministração
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
(Artigo 30 da CF).
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
A previsão legal sobre os Municípios está prevista na CF, dos
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até
Artigos 29 a 31. Vejamos:
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
CAPÍTULO IV q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
DOS MUNICÍPIOS de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até
terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, aten- 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
didos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
do respectivo Estado e os seguintes preceitos: 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para milhões) de habitantes;
mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo reali- t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
zado em todo o País; 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro milhões) de habitantes;
domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu- de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis
nicípios com mais de duzentos mil eleitores; milhões) de habitantes;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
ano subsequente ao da eleição; 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete mi-
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observa- lhões) de habitantes;
do o limite máximo de: w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito
mil) habitantes; milhões) de habitantes; e
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
(quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes; 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Mu-
(trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes; nicipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
(cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes; VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câ-
maras Municipais em cada legislatura para a subsequente, obser-
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000
vado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabe-
(oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) habi-
lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
tantes;

292
NOÇÕES DE DIREITO
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Or-
dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos De- çamentária.
putados Estaduais; § 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento Art. 30. Compete aos Municípios:
do subsídio dos Deputados Estaduais; I - legislar sobre assuntos de interesse local;
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; estadual;
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi- V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub- VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; tal;
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
do Município; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo-
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município; da ocupação do solo urbano;
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
Estado para os membros da Assembleia Legislativa;
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câ-
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com
mara Municipal;
o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou
XII - cooperação das associações representativas no planeja-
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
mento municipal;
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico
as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de
do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de,
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
Municipal.
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, pa-
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
rágrafo único.
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal,
e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com ina-
termos da lei.
tivos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de
somatório da receita tributária e das transferências previstas no §
Contas Municipais.
5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exer-
cício anterior:
Organização do Estado - Distrito Federal e Territórios
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até
100.000 (cem mil) habitantes;
• Distrito Federal
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre
O Distrito Federal é o ente federativo com competências par-
100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
cialmente tuteladas pela União, conforme se extrai dos Artigos 21,
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre
XIII e XIV, e 22, VII da CF.
300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habitantes;
Por ser considerado um ente político dotado de autonomia,
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para
possui capacidade de auto-organização (Artigo 32 da CF), autogo-
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e
verno (Artigo 32, §§ 2º e 3º da CF), autoadministração (Artigo 32, §§
3.000.000 (três milhões) de habitantes;
1º e 4º da CF) e auto legislação (Artigo 32, § 1º da CF).
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre
3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habi-
CAPÍTULO V
tantes;
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Muni-
cípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) ha-
SEÇÃO I
bitantes.
DO DISTRITO FEDERAL
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
o subsídio de seus Vereadores.
reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
§ 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
Constituição.

293
NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências d) prestação de contas da administração pública, direta e in-
legislativas reservadas aos Estados e Municípios. direta.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impos-
as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a tos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
duração. públicos de saúde.
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União
o disposto no art. 27. nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar consecutivos, a dívida fundada;
e do corpo de bombeiros militar. (Redação dada pela Emenda II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
Constitucional nº 104, de 2019) III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita muni-
cipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
• Territórios serviços públicos de saúde;
Os Territórios possuem natureza jurídica de autarquias territo- IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
riais integrantes da Administração indireta da União. Por isso, não assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Es-
são dotados de autonomia política. tadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.
SEÇÃO II Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
DOS TERRITÓRIOS I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou
do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supre-
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judi- mo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judi-
ciária dos Territórios. ciário;
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de
quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
Título. Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de represen-
Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da tação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII,
União. e no caso de recusa à execução de lei federal.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, IV - (Revogado).
além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá § 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude,
órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o
Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional
sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro
deliberativa. horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a
Intervenção Federal e Estadual Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no
É uma excepcional possibilidade de supressão temporária da mesmo prazo de vinte e quatro horas.
autonomia política de um ente federativo. Suas hipóteses integram § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a
um rol taxativo previsto na Constituição Federal. apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa,
o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se
CAPÍTULO VI essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
DA INTERVENÇÃO § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades
afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Fe-
deral, exceto para: Referências Bibliográficas:
I - manter a integridade nacional; BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
em outra; Editora JusPODIVM.
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas uni- cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
dades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: Disposições gerais e servidores públicos
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz
anos consecutivos, salvo motivo de força maior; a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte-
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos
nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; e pessoas que desempenham função pública.
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra-
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitu- ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de-
cionais: sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou
a) forma republicana, sistema representativo e regime demo- seja, que estão a serviço da coletividade.
crático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;

294
NOÇÕES DE DIREITO
Princípios da Administração Pública • Princípio da Publicidade
Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi- O princípio da publicidade determina que a Administração Pú-
ca direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de salvo a hipótese de sigilo necessário.
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e
As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos-
memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori- sibilitar o controle por todos os interessados.
zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM-
PE”. Observe o quadro abaixo: • Princípio da Eficiência
Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa
Princípios da Administração Pública deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,
evitando atuações amadorísticas.
L Legalidade Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir
I Impessoalidade com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a
medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça
M Moralidade o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de
P Publicidade boa administração).
Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a
E Eficiência
desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul-
LIMPE tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração
Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado
Passemos ao conceito de cada um deles: for atingido.

• Princípio da Legalidade Disposições Gerais na Administração Pública


De acordo com este princípio, o administrador não pode agir O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pú-
ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada. blica:
O quadro abaixo demonstra suas divisões.
Administração Pública
Princípio da Legalidade Direta Indireta
A Administração Pública Autarquias (podem ser
Em relação à Administração somente pode fazer o que a qualificadas como agências
Pública lei permite → Princípio da reguladoras)
Estrita Legalidade Federal
Fundações (autarquias
Estadual
O Particular pode fazer tudo e fundações podem ser
Em relação ao Particular Distrital
que a lei não proíbe qualificadas como agências
Municipal
executivas)
• Princípio da Impessoalidade Sociedades de economia mista
Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve Empresas públicas
servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá- Entes Cooperados
rias, não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de-
terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de Não integram a Administração Pública, mas prestam serviços de
sua função é sempre o interesse público. interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI, ONG’s

• Princípio da Moralidade As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen-


Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público cadas nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos:
um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de
probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé. CAPÍTULO VII
A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador
(moral comum) e sim com a profissional (ética profissional). SEÇÃO I
O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi- DISPOSIÇÕES GERAIS
do a atos de improbidade administrativa:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
Sanções ao cometimento de atos de improbidade pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
administrativa lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política) I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
Perda da função pública (responsabilidade disciplinar) brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
como aos estrangeiros, na forma da lei;
Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial)
Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial)

295
NOÇÕES DE DIREITO
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro- b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, saúde, com profissões regulamentadas;
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
anos, prorrogável uma vez, por igual período; ou indiretamente, pelo poder público;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-
dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per- caso, definir as áreas de sua atuação;
centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui- XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-
ções de direção, chefia e assessoramento; ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
ciação sindical; XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
definidos em lei específica; cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
sua admissão; mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional obrigações.
interesse público; XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona-
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas,
lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse- terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
de índices; cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen- de autoridades ou servidores públicos.
sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na- nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos
tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Mi- da lei.
nistros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le- em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
gislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li- ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do sub- dos serviços;
sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; e XXXIII;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
tivo; § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
serviço público; gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
não serão computados nem acumulados para fins de concessão de ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
acréscimos ulteriores; causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em- ressarcimento.
pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;

296
NOÇÕES DE DIREITO
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
possibilite o acesso a informações privilegiadas. ção;
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
dispor sobre: de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
I - o prazo de duração do contrato; os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ-
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo
III - a remuneração do pessoal.” de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às 2019)
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios Servidores Públicos
para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi-
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá-
remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eleti- Distrito Federal ou aos Municípios.
vos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas
e exoneração. dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as
SEÇÃO II
parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
planos de carreira para os servidores da administração pública dire-
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
ta, das autarquias e das fundações públicas.
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. instituirão conselho de política de administração e remuneração de
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po-
ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e deres.
responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto componentes do sistema remuneratório observará:
permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida cargos componentes de cada carreira;
a remuneração do cargo de origem. (Incluído pela Emenda II - os requisitos para a investidura;
Constitucional nº 103, de 2019) III - as peculiaridades dos cargos.
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos
rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) convênios ou contratos entre os entes federados.
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
servidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de
não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência admissão quando a natureza do cargo o exigir.
social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
§ 16. Os órgãos e entidades da administração pública, individual Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas públicas, remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
nº 109, de 2021) obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se- Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor
guintes disposições: remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, caso, o disposto no art. 37, XI.
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
empregos públicos.

297
NOÇÕES DE DIREITO
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
provenientes da economia com despesas correntes em cada diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades
órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos
de programas de qualidade e produtividade, treinamento e e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.
do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
produtividade. § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência Constitucional nº 103, de 2019)
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se
nº 103, de 2019) tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo; dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta critérios estabelecidos em lei.
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; § 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, municipal será contado para fins de aposentadoria, observado
se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo de tempo de contribuição fictício.
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
de 2019) dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de
ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de
ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos
Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação § 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social.
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente,
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo,
do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social.
diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime
Constitucional nº 103, de 2019) de previdência complementar para servidores públicos ocupantes
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do
do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição Regime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias
diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado
penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do
103, de 2019)
art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

298
NOÇÕES DE DIREITO
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen-
definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou nº 103, de 2019)
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
correspondente regime de previdência complementar. Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, concurso público.
na forma da lei. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime rada ampla defesa;
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
que tenha completado as exigências para a aposentadoria estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao remuneração proporcional ao tempo de serviço.
valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela Emenda servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
Constitucional nº 103, de 2019) proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de em outro cargo.
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora desse § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, ór- obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
gãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá- instituída para essa finalidade.
veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros
e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o • Estabilidade
§ 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de
§ 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro-
nº 103, de 2019) vado em estágio probatório.
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade
previdência social, lei complementar federal estabelecerá, para os poder ser definida como a garantia constitucional de permanência
que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de
e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após
aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de o transcurso de estágio probatório.
2019) A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe-
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o tivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse
Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti- é o estágio probatório citado pela lei.
tucional nº 103, de 2019) Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado,
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re- ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41,
cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 1º da CF.
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) dos concursos públicos, segue a tabela explicativa:
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Estabilidade do Servidor
V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur- Requisitos para aquisição de Cargo de provimento efetivo/
sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de Estabilidade ocupado em razão de concurso
qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de público
2019) 3 anos de efetivo exercício
VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Incluí- Avaliação de desempenho por
do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) comissão instituída para esta
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob- finalidade
servados os princípios relacionados com governança, controle inter-
no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019)

299
NOÇÕES DE DIREITO
SEÇÃO IV
Hipóteses em que o servidor Em virtude de sentença judicial
DAS REGIÕES
estável pode perder o cargo transitada em julgado
Mediante processo
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular
administrativo em que lhe seja
sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a
assegurada ampla defesa
seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
Mediante procedimento
§ 1º - Lei complementar disporá sobre:
de avaliação periódica de
I - as condições para integração de regiões em desenvolvimen-
desempenho, na forma de lei
to;
complementar, assegurada
II - a composição dos organismos regionais que executarão, na
ampla defesa
forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais
Em razão de excesso de
de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com
despesa
estes.
§ 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros,
Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
na forma da lei:
A CF/88 impôs aos Militares, regime especial e diferenciado do
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos
servidor civil. Os direitos e deveres dos militares e dos civis não se
e preços de responsabilidade do Poder Público;
misturam a não ser por expressa determinação constitucional.
II - juros favorecidos para financiamento de atividades priori-
Não pode o legislador infraconstitucional cercear direitos ou
tárias;
impor deveres que a Constituição Federal não trouxe de forma taxa-
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos
tiva, tampouco não se pode inserir deveres dos servidores civis aos
federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
militares de forma reflexa.
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos
A Emenda Constitucional nº 101/19, promulgada pelo Congres-
rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de
so Nacional, permite acúmulo de cargos públicos nas áreas de saú-
baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
de e educação por militares. Através da referida Emenda, os Milita-
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará
res poderão exercer funções de professor ou profissional da saúde
a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos
desde que haja compatibilidade de horário. Ou seja, aplicou-se a
e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas
tais profissionais o disposto no art. 37, inciso XVI, da CF/88.
glebas, de fontes de água e de pequena irrigação.
Desde a promulgação da CF/88, o exercício simultâneo de
cargos era permitido apenas para servidores públicos civis e para
Referências Bibliográficas:
militares das Forças Armadas que atuam na área de saúde. A acu-
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
mulação passou a ser possível, desde que haja compatibilidade de
cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
horários.
Editora JusPODIVM.
Vejamos as disposições do Art. 42 da CF/88:
NADAL, Fábio; e SANTOS, Vauledir Ribeiro. Administrativo – Série Resu-
mo. 3ª edição. São Paulo: Editora Método.
SEÇÃO III
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
DEMOCRÁTICAS: DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom- DE SÍTIO; DAS FORÇAS ARMADAS; DA SEGURANÇA
beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e PÚBLICA
disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter-
ritórios. O Título V da Carta Constitucional consagra as normas per-
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e tinentes à defesa do Estado e das instituições democráticas, pre-
dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições vendo medidas excepcionais para manter ou restabelecer a ordem
do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo constitucional em momentos de anormalidade da vida política do
a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, Estado, é o chamado sistema constitucional das crises, composto
inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos pelo estado de defesa (Artigo 136, da CF) e pelo estado de sítio (Ar-
governadores. tigos 137 a 139, da CF).
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Ademais, prevê o Texto Maior o perfil constitucional das insti-
Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica tuições responsáveis pela defesa do Estado, quais sejam, as Forças
do respectivo ente estatal. Armadas (Artigos 142 e 143, da CF) e os órgãos de segurança públi-
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e ca (Artigo 144, da CF).
dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência Com efeito, os estados de defesa e de sítio são momentos de
da atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101, crise constitucional de legalidade extraordinária, em que são per-
de 2019) mitidas a suspensão ou a diminuição do alcance de certos direitos
fundamentais, mitigando a proteção dos cidadãos em face da ação
Das Regiões opressora do Estado.
De acordo com a CF/88 as políticas da União podem se dar de
forma regionalizada e a disposição legal do Art. 43 visa reduzir as
desigualdades regionais. Este tema será regulado por Lei Comple- Sistema Constitucional das Crises
mentar. Estado de Defesa Estado de Sítio
Diz o Art. 43 da CF/88:

300
NOÇÕES DE DIREITO
Estado de Defesa Estado de Sítio
Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por
tempo certo, em locais restritos e determinados, mediante decreto tempo determinado (que poderá ser no território nacional inteiro),
do Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional,
Conselho de Defesa Nacional, para preservar a ordem pública ou perturbada por motivo de comoção grave de repercussão nacional
a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institu- ou por situação de beligerância com Estado estrangeiro (Artigo 49,
cional ou atingidas por calamidades de grandes proporções da na- II c/c Artigo 84, XIX, da CF).
tureza. É mais grave que o estado de defesa, no sentido em que
Vejamos o dispositivo constitucional que o representa: as medidas tomadas contra os direitos individuais serão mais
restritivas, conforme faz ver o Artigo 139, da CF.
TÍTULO V Vejamos os dispositivos constitucionais correspondentes:
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
SEÇÃO II
CAPÍTULO I DO ESTADO DE SÍTIO
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho
SEÇÃO I da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congres-
DO ESTADO DE DEFESA so Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos
de:
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de
da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o es-
defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais res- tado de defesa;
tritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão ar-
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por ca- mada estrangeira.
lamidades de grandes proporções na natureza. Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autori-
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o zação para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará
tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacio-
e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a nal decidir por maioria absoluta
vigorarem, dentre as seguintes: Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração,
I - restrições aos direitos de: as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucio-
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; nais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da
b) sigilo de correspondência; República designará o executor das medidas específicas e as áreas
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; abrangidas.
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na § 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez,
e custos decorrentes. por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se § 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio
persistirem as razões que justificaram a sua decretação. durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal,
§ 3º Na vigência do estado de defesa: de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe- para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
cutor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz § 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso re- até o término das medidas coercitivas.
querer exame de corpo de delito à autoridade policial; Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com funda-
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela au- mento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as
toridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua seguintes medidas:
autuação; I - obrigação de permanência em localidade determinada;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condena-
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; dos por crimes comuns;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade
Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que IV - suspensão da liberdade de reunião;
decidirá por maioria absoluta. V - busca e apreensão em domicílio;
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias. VII - requisição de bens.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difu-
dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando são de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Ca-
enquanto vigorar o estado de defesa. sas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de
defesa.

301
NOÇÕES DE DIREITO
SEÇÃO III III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em
DISPOSIÇÕES GERAIS cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ain-
da que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes par- art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro
tidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser pro-
para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao movido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço ape-
estado de defesa e ao estado de sítio. nas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, ces- depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido
sarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos para a reserva, nos termos da lei;
ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado
de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo a partidos políticos;
Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado in-
com especificação e justificação das providências adotadas, com digno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal
relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal es-
pecial, em tempo de guerra;
Forças Armadas e Segurança Pública VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena pri-
vativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em
• Forças Armadas julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;
Constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII,
são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem
com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art.
do Presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à ga- 37, inciso XVI, alínea “c”;
rantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer des- IX - (Revogado)
tes, da lei e da ordem.
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites
de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do mi-
• Segurança Pública
litar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
Dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exer-
prerrogativas e outras situações especiais dos militares, considera-
cida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
das as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpri-
pessoas e do patrimônio.
das por força de compromissos internacionais e de guerra.
Os órgãos de segurança pública são: polícia federal, polícia ro-
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
doviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias
militares e corpos de bombeiros militares e polícias penais federal, § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir
estaduais e distrital. serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados,
Segue abaixo os Artigos da CF, correspondentes aos referidos alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o
temas: decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política,
para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.
CAPÍTULO II § 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço
DAS FORÇAS ARMADAS militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros
encargos que a lei lhes atribuir.
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes CAPÍTULO III
e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob DA SEGURANÇA PÚBLICA
a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se
à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças seguintes órgãos:
Armadas. I - polícia federal;
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições II - polícia rodoviária federal;
disciplinares militares. III - polícia ferroviária federal;
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados IV - polícias civis;
militares, aplicando-se lhes, além das que vierem a ser fixadas em V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
lei, as seguintes disposições: VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas ine- pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
rentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sen- organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
do-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os destina-se a:
demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou em- em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
prego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in-
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, nos frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
termos da lei; nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

302
NOÇÕES DE DIREITO
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas Segundo a norma constitucional, todos têm direito ao meio
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazen- ambiente ecologicamente equilibrado, bem como de uso comum
dária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de compe- do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder
tência; público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de presentes e futuras gerações.
fronteiras; Há dois princípios muito aplicados no direito ambiental: o da
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária prevenção e o da precaução. O objetivo de ambos é o mesmo, ou
da União. seja, impedir danos ao meio ambiente, por meio de cautelas dire-
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado cionadas a atividades potencialmente poluidoras ou que utilizem
e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na recursos naturais.
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado • Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica
e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambien-
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. te sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções pe-
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de nais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções os danos causados.
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as As pessoas físicas e jurídicas estão sujeitas à responsabilização
militares. penal, civil e administrativa quando praticarem atos lesivos ao meio
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a ambiente.
preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares,
além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de CAPÍTULO VI
atividades de defesa civil. DO MEIO AMBIENTE
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador
do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
a segurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia quali-
Emenda Constitucional nº 104, de 2019) dade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações.
forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao
com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Poder Público:
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio gené-
órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir tico do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipu-
a eficiência de suas atividades. lação de material genético;
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territo-
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme riais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo
dispuser a lei. a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, veda-
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos da qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do que justifiquem sua proteção;
art. 39. IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ativida-
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem de potencialmente causadora de significativa degradação do meio
pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará pu-
públicas: blicidade;
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân- V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de
sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e qualidade de vida e o meio ambiente;
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de en-
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus sino e a conscientização pública para a preservação do meio am-
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. biente;
Referências Bibliográficas: VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
DO MEIO AMBIENTE técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
Meio Ambiente ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
O direito ao meio ambiente equilibrado está entre os chama- sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação
dos direitos de terceira geração/dimensão, ou seja, aqueles conhe- de reparar os danos causados.
cidos como direitos de fraternidade/solidariedade. Eles abrangem § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a
os direitos difusos, coletivos, meta ou transindividuais, como é o Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira
caso do meio ambiente, da proteção aos consumidores, a aposen- são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da
tadoria etc. lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

303
NOÇÕES DE DIREITO
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos § 5º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
ecossistemas naturais. empregos públicos.  (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 46,
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010)
sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser § 6º Lei do Estado e dos Municípios disciplinará a aplicação de
instaladas. recursos orçamentários provenientes da economia com despesas
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no
deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, trei-
que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, namento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e
conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de adicional
como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio ou prêmio de produtividade.  (Acrescido pela Emenda Constitucio-
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica nal nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010)
que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela § 7º A remuneração dos servidores públicos organizados em
Emenda Constitucional nº 96, de 2017) carreira poderá ser fixada nos termos do § 3º.   (Acrescido pela
Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010)
Art. 95. São direitos dos servidores públicos do Estado, além
II – CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS DE 1989: DA
de outros que visem à melhoria de sua condição social:  (Acrescido
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-
2010)
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS I - percepção de vencimento básico nunca inferior ao salário
mínimo fixado em lei, nos termos do art. 7º da Constituição da Re-
TÍTULO III pública, mesmo para os que percebem remuneração variável;
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA II - irredutibilidade dos vencimentos, proventos ou subsídios,
CAPÍTULO II observado o inc. XVII, do art. 92;  (Acrescido pela Emenda Constitu-
DOS SERVIDORES PÚBLICOS cional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010)
III - décimo terceiro salário com base na remuneração integral
- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09- ou no valor da aposentadoria;
2010, D.A. de 09-09-2010, art. 2º, III. IV - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
- Vide Lei nº 20.756, de 28-01-2020,  (Regime Jurídico dos Ser- V - salário-família, nos termos da Constituição da República;
vidores Públicos Civis do Estado de Goiás e de suas Autarquias). - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-
Art. 94 - O Estado e os Municípios instituirão, no âmbito de sua 2010, D.A. de 09-09-2010.
competência, conselho de política de administração e remuneração VI - duração do trabalho normal não superior a oito horas diá-
de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos rias e a quarenta e quatro semanais;
Poderes.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 25, de 27- VII - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
12-1999, D.A. de 27-12-1999) mingos;
§ 1º - A fixação dos padrões de vencimentos e dos demais com- VIII - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
ponentes do sistema remuneratório observará: (Redação dada pela mo, em cinquenta por cento à do normal;
Emenda Constitucional nº 25, de 27-12-1999, D.A. de 27-12-1999) IX - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade terço a mais do que a remuneração normal do mês;
dos cargos componentes de cada carreira; (Acrescido pela Emenda X - licença à gestante, sem prejuízo do cargo ou do emprego e
Constitucional nº 25, de 27-12-1999, D.A. de 27-12-1999) da remuneração ou subsídio, com a duração de 120 (cento e vinte)
II   os requisitos para a investidura;  (Acrescido pela Emenda dias;  (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-2010,
Constitucional nº 25, de 27-12-1999, D.A. de 27-12-1999) D.A. de 09-09-2010)
III   as peculiaridades dos cargos. (Acrescido pela Emenda Cons- XI - licença-paternidade, sem prejuízo do cargo e da remunera-
titucional nº 25, de 27-12-1999, D.A. de 27-12-1999) ção ou subsídio, com a duração de 20 (vinte) dias; (Redação dada
§ 2º - O Estado manterá escolas de governo para a formação e pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-
o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a parti- 2019)
cipação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, XII - intervalo diário de uma hora para amamentação do filho
podendo, para tanto, firmar convênios ou contratos com a União, o de até 12 (doze) meses de idade, que poderá ser fracionado em
Distrito Federal, outros Estados e com Municípios. (Redação dada 2 (dois) períodos de 30 (trinta) minutos cada; (Redação dada pela
pela Emenda Constitucional nº 25, de 27-12-1999, D.A. de 27-12- Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
1999) XIII - licença maternidade e paternidade no caso de adoção de
§ 3º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, e criança, na forma da lei;
os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusi- XIV - proteção do mercado de trabalho para a mulher, median-
vamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo te a oferta de creches e incentivos específicos, nos termos da lei;
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de repre- XV - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
sentação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer mas de saúde, higiene e segurança;
caso, o disposto no art. 92, XI e XII.  (Acrescido pela Emenda Consti- XVI - aposentadoria;
tucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010) XVII - adicional de remuneração para as atividades penosas, in-
§ 4º A remuneração dos Procuradores do Estado e dos Delega- salubres ou perigosas, na forma da lei;
dos da Polícia Civil será por subsídio, conforme o § 3º.  (Acrescido - Vide Lei nº 19.573, de 29-12-2016.
pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09- XVIII - proibição de diferença de remuneração, de exercício de
2010) funções e de critério de admissão por motivos de sexo, idade, cor
ou estado civil;

304
NOÇÕES DE DIREITO
XIX (Revogado pela Emenda Constitucional nº 65, Art. 6º, I, de a) (Revogada pela Emenda Constitucional nº 65, art. 6º, II de
21-12-2019, D.O. de 30-12-2019) 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
XX - eleito vereador, não poderá ser transferido do Município b) (Revogada pela Emenda Constitucional nº 65, art. 6º, II de
onde exerce suas funções, a partir da diplomação; 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
XXI - reciclagem com cursos de formação e profissionalização § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
sem discriminação de sexo em qualquer área ou setor. ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 da Constituição
§ 1º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 65, Art. 6º, I, de Federal ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime
21-12-2019, D.O. de 30-12-2019) Geral de Previdência Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16
§ 2º  (Revogado pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09- deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de
2010, D.A. de 09-09-2010, art. 5º, XVI) 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
§ 3º  (Revogado pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09- § 3º No âmbito do Estado, as regras de cálculo e reajustamen-
2010, D.A. de 09-09-2010, art. 5º, XVI) to dos benefícios de aposentadoria e pensão por morte serão as
Art. 96. É obrigatória a quitação da folha de pagamento do pes- mesmas aplicáveis aos servidores da União e seus respectivos de-
soal ativo e inativo da administração direta, autárquica e fundacio- pendentes.  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de
nal do Estado até o dia 10 do mês posterior ao vencido, sob pena de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
se proceder à atualização monetária da mesma. (Redação dada pela § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferencia-
Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010) dos para concessão de benefícios em regime próprio de previdên-
- Vide Lei nº 11.128, de 02-03-1990 - Regulamento cia social, ressalvado o disposto nos §§ 4°-A, 4°-B, 4°-C, 4º-D, 4º-E
§ 1º - Para a atualização da remuneração em atraso, usar-se-ão e 5°. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-
os índices oficiais de correção da moeda. 2019, D.O. de 30-12-2019)
§ 2º - A importância apurada, na forma deste artigo, será paga I (Revogado pela Emenda Constitucional nº 65, Art. 6º, III, de
juntamente com a remuneração do mês subsequente. 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
Art. 97. O regime próprio de previdência social dos servidores II (Revogado pela Emenda Constitucional nº 65, Art. 6º, III, de
titulares de cargos efetivos do Estado e dos Municípios terá caráter 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente III (Revogado pela Emenda Constitucional nº 65, Art. 6º, III, de
federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atu- § 4º-A No âmbito do Estado, a aposentadoria de servidores
arial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12- com deficiência, previamente submetidos à avaliação biopsicosso-
2019, D.O. de 30-12-2019) cial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar, obser-
I  (Suprimido pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09- vará os requisitos e critérios estabelecidos por lei complementar
2010, D.A. de 09-09-2010) federal, que estabelecerá idade e tempo de contribuição diferencia-
II  (Suprimido pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09- dos. (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019,
2010, D.A. de 09-09-2010) D.O. de 30-12-2019)
III  (Suprimido pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09- § 4º-B A lei complementar federal estabelecerá idade e tem-
2010, D.A. de 09-09-2010) po de contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes
a)  (Suprimido pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09- dos cargos estaduais de agente penitenciário, de agente socioedu-
2010, D.A. de 09-09-2010) cativo ou de policial civil do Órgão de que trata o inciso I do art.
b)  (Suprimido pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09- 121. (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019,
2010, D.A. de 09-09-2010) D.O. de 30-12-2019)
c)  (Suprimido pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09- § 4º-C Os ocupantes dos cargos estaduais de agente peniten-
2010, D.A. de 09-09-2010) ciário, de agente socioeducativo e de policial civil do Órgão de que
d)  (Suprimido pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09- trata o inciso I do art. 121 desta Constituição, que tenham ingressa-
2010, D.A. de 09-09-2010) do na respectiva carreira até a data da publicação da Emenda Cons-
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência titucional Federal nº 103, de 12 de novembro de 2019, poderão se
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional aposentar na forma do art. 5º da referida emenda. (Acrescido pela
nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019) Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em § 4º-D Os ocupantes dos cargos estaduais de agente peniten-
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese ciário, de agente socioeducativo e de policial civil do Órgão de que
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para trata o inciso I do art. 121 desta Constituição, que tenham ingres-
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- sado na respectiva carreira após a data da publicação da Emenda
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federa- Constitucional Federal nº 103, de 12 de novembro de 2019, pode-
tivo;  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12- rão se aposentar na forma do art. 10, § 2º, inciso I e § 4º da referida
2019, D.O. de 30-12-2019) emenda, até que entre em vigor Lei federal. (Acrescido pela Emen-
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo da Constitucional nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta § 4º-E Os requisitos e critérios para aposentadoria de servidores
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;  (Redação estaduais cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a
dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30- agentes nocivos químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde,
12-2019) ou associação destes agentes, vedados a caracterização por catego-
III - voluntariamente, aos sessenta e dois anos de idade, se mu- ria profissional ou ocupação e o enquadramento por periculosida-
lher, e aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, observados o de, serão estabelecidos em lei complementar federal, contemplan-
tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei do idade e tempo de contribuição diferenciados.  (Acrescido pela
complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)

305
NOÇÕES DE DIREITO
§ 5º De acordo com o disposto em lei complementar federal, Social para o valor das aposentadorias e das pensões em regime
os ocupantes do cargo estadual de professor terão idade mínima próprio de previdência social, ressalvado o disposto no § 16. (Re-
reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da dação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019, D.O.
aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem de 30-12-2019)
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educa- § 15. O regime de previdência complementar de que trata o §
ção infantil e no ensino fundamental e médio. (Redação dada pela 14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contri-
Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019) buição definida, observará o disposto no art. 202 da Constituição
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos Federal e será efetivado por intermédio de entidade fechada de
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência
mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên- complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65,
cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu- posto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver
cional nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019) ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201 da Constituição instituição do correspondente regime de previdência complemen-
Federal quando se tratar da única fonte de renda formal auferida tar, sendo-lhe garantido o direito ao Benefício Especial, nos termos
pelo dependente, o benefício de pensão por morte será concedi- da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-
do nos termos de lei do Estado e dos Municípios, a qual tratará de 2019, D.O. de 30-12-2019)
forma diferenciada a hipótese de morte dos servidores referidos no § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál-
§ 4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou em razão da culo do benefício previsto no § 3º serão devidamente atualizados,
função. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12- na forma da lei. (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 46, de
2019, D.O. de 30-12-2019) 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010)
I  (Revogado pela Emenda Constitucional nº 65, Art. 6º, IV, de § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposenta-
21-12-2019, D.O. de 30-12-2019) doria e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo
II (Revogado pela Emenda Constitucional nº 65, Art. 6º, IV, de que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do
21-12-2019, D.O. de 30-12-2019) regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da Cons-
§ 8° É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- tituição da República, com percentual igual ao estabelecido para
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios os servidores titulares de cargos efetivos. (Acrescido pela Emenda
estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº Constitucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010)
46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010) § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do Es-
- Vide Lei nº 12.872, de 16-05-1996, D.O. de 17-05-1996. tado e dos Municípios, o servidor titular de cargo efetivo que tenha
§ 9º O tempo de contribuição federal, distrital, estadual ou completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de
disposto nos §§ 9º e § 9º-A do art. 201 da Constituição Federal, e permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição
o tempo de serviço correspondente será contado para fins de dis- previdenciária ordinária, até completar a idade para aposentadoria
ponibilidade.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de
21-12-2019, D.O. de 30-12-2019) 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio
de tempo de contribuição fictício. (Acrescido pela Emenda Constitu- de previdência social e de mais de um órgão ou entidade gesto-
cional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010) ra deste regime no Estado e nos Municípios, abrangidos todos os
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 92, XII, à soma total dos poderes, os órgãos e as entidades autárquicas e fundacionais, que
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu- serão responsáveis pelo seu financiamento, observados os critérios,
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi- os parâmetros e a natureza jurídica definidos em lei complementar
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi- 12-2019, D.O. de 30-12-2019)
dade com remuneração ou subsídio de cargo acumulável na forma § 21. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 65, art. 5º, V,
desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre no- de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)
meação e exoneração, e de cargo eletivo. (Acrescido pela Emenda § 22. A entidade de previdência complementar referida no §
Constitucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010) 15 deste artigo, cuja escolha será precedida de processo seletivo,
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, no regi- deve atender, no mínimo, às seguintes condições: (Acrescido pela
me próprio de previdência social dos Estados e dos Municípios, no Emenda Constitucional nº 72, de 08-06-2022)
que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de I – contemplação de qualificação técnica e economicidade
Previdência Social.  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº indispensáveis à garantia da boa gestão dos planos de benefícios;
65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019) (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 72, de 08-06-2022)
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de II – comprovação de viabilidade financeira e econômica dos
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- planos de benefícios; (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 72,
ção, de outro cargo temporário, inclusive aos detentores de manda- de 08-06-2022)
to eletivo, ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência III – demonstração de atendimento aos princípios administra-
Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12- tivos, especialmente aos da impessoalidade, publicidade e transpa-
2019, D.O. de 30-12-2019) rência; e  (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 72, de 08-06-
§ 14. O Estado e os Municípios instituirão, por lei de iniciativa 2022)
do respectivo Poder Executivo, regime de previdência complemen- IV – cumprimento dos requisitos normativos no órgão de fis-
tar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, observa- calização das entidades de previdência complementar. (Acrescido
do o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência pela Emenda Constitucional nº 72, de 08-06-2022)

306
NOÇÕES DE DIREITO
§ 23. Os municípios goianos ficam autorizados a firmar convê- § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
nio de adesão com a entidade de previdência complementar es- vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
colhida pelo Estado de Goiás, em processo seletivo, e a ofertar o cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
mesmo plano de benefícios escolhido por esse ente, hipótese em outro cargo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de
que estarão dispensados do processo seletivo de que trata o § 22 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010)
deste artigo. (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 72, de 08- § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
06-2022) tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
§ 24. A extinção, por qualquer motivo, do convênio de adesão para essa finalidade. (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 46,
a que se refere o § 23 deverá ser precedida do processo seletivo de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010)
de que trata o § 22, ambos deste artigo. (Acrescido pela Emenda
Constitucional nº 72, de 08-06-2022)
Art. 97-A. O tempo de contribuição e os demais requisitos para DA SEGURANÇA PÚBLICA
a concessão de aposentadoria por incapacidade permanente para
o trabalho, aposentadoria compulsória, aposentadoria voluntária, CAPÍTULO IV
pensão por morte e as regras de transição dos servidores públi- DA SEGURANÇA PÚBLICA
cos estaduais e seus beneficiários serão os mesmos aplicados pela SEÇÃO I
União para seus servidores e respectivos dependentes. (Acrescido  DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-
2019) Art. 121 - A Segurança Pública, dever do Estado, direito e res-
§ 1º O disposto no caput inclui regras e demais requisitos para ponsabilidade de todos, é exercida para assegurar a preservação
os servidores com direito a tratamento diferenciado previstos no da ordem pública, a incolumidade das pessoas, do patrimônio e do
art. 97, §§ 4°-A, 4°-B, 4°-C, 4º-D, 4º-E e 5° desta Constituição Estadu- meio ambiente e o pleno e livre exercício dos direitos e garantias
al. (Acrescido  pela Emenda Constitucional nº 65, de 21-12-2019, fundamentais, individuais, coletivos, sociais e políticos, estabeleci-
D.O. de 30-12-2019)   dos nesta e na Constituição da República, por meio dos seguintes
§ 2º O disposto no caput aplica-se para as regras e demais re- órgãos:
quisitos de acumulação de benefícios.  (Acrescido  pela Emenda I - Polícia Civil;
Constitucional nº 65, de 21-12-2019, D.O. de 30-12-2019)  II - Polícia Militar;
Art. 98. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 10, de 04- III - Corpo de Bombeiros Militar.
04-1995, D.A. de 05-04-1995, art. 1º) IV – Policia Penal.(Acrescido pela Emenda Constitucional nº 68,
§ 1º  (Revogado pela Emenda Constitucional nº 10, de 04-04- de 28-12-2020)
1995, D.A. de 05-04-1995, art. 1º) Art. 122. As Polícias Civil, Militar, Penal e o Corpo de Bombei-
§ 2º  (Revogado pela Emenda Constitucional nº 10, de 04-04- ros Militar subordinam-se ao Governador do Estado, e os direitos,
1995, D.A. de 05-04-1995, art. 1º) as garantias, os deveres e as prerrogativas de seus integrantes
§ 3º  (Revogado pela Emenda Constitucional nº 10, de 04-04- são definidos em leis específicas, observados os seguintes princí-
1995, D.A. de 05-04-1995, art. 1º) pios: (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 68, de 28-12-2020)
§ 4º  (Revogado pela Emenda Constitucional nº 10, de 04-04- Art. 122   As Polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros
1995, D.A. de 05-04-1995, art. 1º) Militar subordinam-se ao Governador do Estado, sendo os direitos
Art. 99. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- garantias, deveres e prerrogativas de seus integrantes definidos em
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de leis específicas, observados os seguintes princípios: (Redação dada
concurso público.  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº pela Emenda Constitucional nº 24, de 01-12-1999, D.O. de 20-12-
46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010) 1999)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:  (Redação I - o exercício da função policial é privativo de membro da res-
dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09- pectiva carreira, recrutado por concurso público de provas, ou de
09-2010) provas e títulos, e submetido a curso de formação policial ou de
I   em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Acres- bombeiro. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-
cido pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09- 09-2010, D.A. de 09-09-2010)
09-2010) II - a função policial é considerada perigosa e a de bombeiro
II   mediante processo administrativo em que lhe seja assegura- militar, perigosa e insalubre;
da ampla defesa; (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 46, de III - será adotada política de especialização de policiais e bom-
09-09-2010, D.A. de 09-09-2010) beiros que se destacarem em suas atribuições, com a colaboração
III   mediante procedimento de avaliação periódica de desem- das universidades e cursos especializados;
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defe- IV -(Suprimido pela Emenda Constitucional nº 24, de 01-12-
sa.  (Acrescido pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-2010, 1999, D.O de 20-12-1999)
D.A. de 09-09-2010) V  (Suprimido pela Emenda Constitucional nº 24, de 01-12-
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor 1999, D.O de 20-12-1999)
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es- IV - na divulgação, pelos órgãos de segurança pública, aos ve-
tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, ículos de comunicação social, de fatos referentes à apuração de
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re- infrações penais, será assegurada a preservação da intimidade, da
muneração proporcional ao tempo de serviço.  (Redação dada pela honra e da imagem das pessoas envolvidas, inclusive das testemu-
Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010) nhas.(Inciso VI renumerado para IV pela Emenda Constitucional nº
24, de 01-12-1999, D.O de 20-12-1999)
V   a criação de delegacia da polícia civil far-se-á por lei espe-
cífica.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 09-09-
2010, D.A. de 09-09-2010)

307
NOÇÕES DE DIREITO
SEÇÃO II SEÇÃO V
DA POLÍCIA CIVIL DA POLÍTICA PENITENCIÁRIA
-  VIDE LEI ORDINÁRIA Nº 16.901, DE 26-01-2010.
Art. 126 - A Política Penitenciária tem como objetivo a humani-
Art. 123. À Polícia Civil, dirigida por Delegados de Polícia, cuja zação do sentenciado, fundada no trabalho manual, técnico, cien-
carreira integra, para todos os fins, as carreiras jurídicas do Estado, tífico, cultural e artístico e se subordina aos seguintes princípios:
incumbem as funções de polícia judiciária e a apuração das infra- I - respeito à dignidade e à integridade física e moral dos pre-
ções penais, exceto as militares e as de competência da União. (Re- sos, assegurando-lhes o pleno exercício dos direitos não atingidos
dação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 05-07-2011, D.O pela condenação;
de 13-07-2011) II - garantia da prestação de assistência médico-odontológica,
§ 1º O cargo de Delegado de Polícia é privativo de bacharel em psicológica e jurídica aos condenados;
Direito, com carreira estruturada em quadro próprio, dependendo III - garantia aos sentenciados, como etapa conclusiva do pro-
o respectivo ingresso, de provimento condicionado à habilitação cesso de reintegração social, de oportunidades de trabalho produti-
por concurso público de provas e títulos, realizados pela Academia vo condignamente remunerado, que possa gerar bens de significati-
de Polícia Civil do Estado, com participação da Ordem dos Advoga- vo valor social para as comunidades de onde provenham.
dos do Brasil, Seção de Goiás. (Redação dada pela Emenda Consti- Parágrafo único - Os presídios femininos deverão ser equipados
tucional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010) com lactários, berçários e creches.
§ 2º - Os órgãos de atividades técnico-científicas da polícia civil
serão dirigidos por profissionais da área. SEÇAO VI
§ 3º A receita decorrente de serviços prestados à comunidade DA POLÍCIA PENAL
pelos órgãos técnico-científicos da polícia será aplicada em pesqui-
sas criminalísticas, médico-legais, de identificação civil e criminal, Art. 126-A. À Polícia Penal incumbe a segurança dos estabeleci-
aparelhamento e manutenção dos referidos órgãos, sendo pelo me- mentos penais, as medidas de segurança da efetiva execução penal
nos cinco por cento do montante destinado a cursos de reciclagem e a política penitenciária, e será dirigida exclusivamente por policial
e especialização do pessoal. (Redação dada pela Emenda Constitu- penal da ativa do Estado de Goiás, com reputação ilibada e notória
cional nº 46, de 09-09-2010, D.A. de 09-09-2010) experiência no âmbito da execução penal e, a exclusividade deverá
  ser adotada até 12 (doze) meses da publicação desta Lei.( Acresci-
SEÇÃO III do pela Emenda Constitucional nº 68, de 28-12-2020).
DA POLÍCIA MILITAR Parágrafo único. O conceito de segurança dos estabelecimen-
- VIDE LEI Nº 8.125, DE 18-06-1976, D.O. DE 01-07-1976. tos penais será definido em lei.(Acrescido pela Emenda Constitucio-
nal nº 68, de 28-12-2020).
Art. 124 - A Polícia Militar é instituição permanente, organizada
com base na disciplina e na hierarquia, competindo-lhe, entre ou-
tras, as seguintes atividades: DA PROTEÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS E DA
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
I - o policiamento ostensivo de segurança;
II - a preservação da ordem pública;
III - a polícia judiciária militar, nos termos da lei federal; CAPÍTULO V
IV - a orientação e instrução da Guarda Municipal, quando soli- DA PROTEÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS E DA PRESER-
citadas pelo Poder Executivo municipal; VAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
V - a garantia do exercício do poder de polícia, dos poderes e - Vide Lei nº 20.694, de 26-12-2019,
órgãos públicos estaduais, especialmente os das áreas fazendária, .
sanitária, de uso e ocupação do solo e do patrimônio cultural. Art. 127 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
Parágrafo único - A estrutura da Polícia Militar conterá obriga- equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia quali-
toriamente uma unidade de polícia florestal, incumbida de proteger dade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
as nascentes dos mananciais e os parques ecológicos, uma unidade de defendê-lo, recuperá-lo e preservá-lo.
de polícia rodoviária e uma de trânsito. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, cabe ao Poder
Público:
SEÇÃO IV I - preservar a diversidade biológica de espécies e ecossistemas
DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR existentes no território goiano;
- VIDE LEI Nº 16.899, DE 26-01-2010. II - conservar e recuperar o patrimônio geológico, paleontológi-
co, cultural, arqueológico, paisagístico e espeleológico;
Art. 125 - O Corpo de Bombeiros Militar é instituição perma- III - inserir a educação ambiental em todos os níveis de ensi-
nente, organizada com base na hierarquia e na disciplina, cabendo- no, promover a conscientização pública para a preservação do meio
-lhe, entre outras, as seguintes atribuições: ambiente e estimular práticas conservacionistas;
I - a execução de atividades de defesa civil; IV - assegurar o direito à informação veraz e atualizada em tudo
II - a prevenção e o combate a incêndios e a situações de pâ- o que disser respeito à qualidade do meio ambiente;
nico, assim como ações de busca e salvamento de pessoas e bens; V - controlar e fiscalizar a extração, captura, produção, trans-
III - o desenvolvimento de atividades educativas relacionadas porte, comercialização e consumo de animais, vegetais e minerais,
com a defesa civil e a prevenção de incêndio e pânico; bem como a atividade de pessoas e empresas dedicadas à pesquisa
IV - a análise de projetos e inspeção de instalações preventivas e à manipulação de material genético;
de proteção contra incêndio e pânico nas edificações, para fins de VI - controlar e fiscalizar a produção, comercialização, transpor-
funcionamento, observadas as normas técnicas pertinentes e res- te, estocagem e uso de técnicas, métodos e substâncias que com-
salvada a competência municipal definida no Art. 64, incisos V e VI, portem risco para a vida e o meio ambiente;
e no art. 69, inciso VIII, desta Constituição.

308
NOÇÕES DE DIREITO
VII - promover e estimular a pesquisa e a utilização de alterna- § 2º - Fica proibida a instalação de usinas nucleares, bem como
tivas tecnológicas adequadas à solução dos problemas de produção a produção, armazenamento e transporte de armas nucleares de
de energia, controle de pragas e utilização dos recursos naturais. qualquer tipo no território goiano.
§ 2º - O Estado destinará, no orçamento anual, recursos para § 3º - Ficam proibidas a produção, transporte, comercialização,
manutenção dos parques estaduais, estações ecológicas e áreas de estocagem e a introdução no meio ambiente de substâncias carci-
preservação permanente do meio ambiente e dos ecossistemas. nogênicas, mutagênicas e teratogênicas, devendo o Poder Executi-
Art. 128 - Para promover, de forma eficaz, a preservação da di- vo divulgar periodicamente a relação dessas substâncias proibidas.
versidade biológica, cumpre ao Estado: § 4º - O Estado criará mecanismos para o controle das ativi-
I - criar unidades de preservação, assegurando a integridade de dades que utilizem produtos florestais e de fomento ao refloresta-
no mínimo vinte por cento do seu território e a representatividade mento, para minimizar o impacto da exploração dos adensamentos
de todos os tipos de ecossistemas nele existentes; vegetais nativos.
II - promover a regeneração de áreas degradadas de interesse Art. 132 - O Estado criará organismo, com nível de Secretaria de
ecológico, objetivando especialmente a proteção de terrenos ero- Estado, para formulação, avaliação periódica e execução da política
sivos e de recursos hídricos, bem como a conservação de índices ambiental, cabendo-lhe apreciar:
mínimos de cobertura vegetal; I - o zoneamento agro-econômico-ecológico do Estado;
III - proteger as espécies ameaçadas de extinção, assim caracte- II - os planos estaduais de saneamento básico, de gerenciamen-
rizadas pelos meios científicos; to de recursos hídricos e minerais, de conservação e recuperação
IV - estimular, mediante incentivos creditícios e fiscais, a cria- do solo, de áreas de conservação obrigatória;
ção e a manutenção de unidades privadas de preservação; III - o Sistema de Prevenção e Controle de Poluição Ambiental.
V - estabelecer, sempre que necessário, áreas sujeitas a restri- § 1º - Constituirão recursos para formação do Fundo Estadual
ções de uso; do Meio Ambiente os previstos no orçamento estadual e a totali-
VI - exigir a utilização de práticas conservacionistas que asse- dade dos oriundos das licenças, taxas, tarifas e multas impostas no
gurem a potencialidade produtiva do solo e coibir o uso das quei- controle ambiental, excetuados os devidos a Municípios.
madas como técnica de manejo agrícola ou com outras finalidades § 2º - Lei complementar estabelecerá os casos de consulta obri-
ecologicamente inadequadas. gatória ao organismo previsto neste artigo, quando da elaboração
Parágrafo único - Ficam vedadas, na forma da lei, a pesca e a de políticas estaduais que o afetem e as diretrizes para o controle,
caça predatória e nos períodos de reprodução, bem como a apre- gestão e fiscalização do Fundo Estadual do Meio Ambiente e para
ensão e comercialização de animais silvestres, no território goiano, programas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico orientados
que não provenham de criatórios autorizados. para a solução de problemas ambientais.
Art. 129 - Os imóveis rurais manterão pelo menos vinte por § 3º - Todo projeto, programa ou obra, público ou privado, bem
cento de sua área total com cobertura vegetal nativa, para preser- como a urbanização de qualquer área, de cuja implantação decor-
vação da fauna e flora autóctones, obedecido o seguinte: rer significativa alteração do ambiente, está sujeito à aprovação
I - as reservas legais deverão ser delimitadas e registradas no prévia do Relatório de Impacto Ambiental, pelo órgão competente,
órgão competente do Poder Executivo, podendo ser remanejadas, que lhe dará publicidade e o submeterá à audiência pública, nos
na forma da lei, vedada sua redução em qualquer caso. (Redação termos definidos em lei.
dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 11-12-2012) § 4º - É vedada a concessão de incentivos ou isenções tribu-
II - o Poder Público realizará inventários e mapeamentos neces- tárias a atividades agropecuárias, industriais ou outras, efetiva ou
sários para atender às medidas preconizadas neste artigo. potencialmente poluidoras, quando não exercidas de acordo com
Art. 130 - O Estado e os Municípios criarão unidades de conser- as normas de proteção ambiental.
vação destinadas a proteger as nascentes e cursos de mananciais
que:
I - sirvam ao abastecimento público; DIREITO ADMINISTRATIVO. DIREITO
II - tenham parte do seu leito em áreas legalmente protegidas ADMINISTRATIVO: CONCEITO, FONTES, PRINCÍPIOS
por unidade de conservação federal, estadual ou municipal;
III - constituam, no todo ou em parte, ecossistemas sensíveis, a CONCEITO
critério do órgão estadual competente. O Direito Administrativo é um dos ramos do Direito Público, já
§ 1º - A lei estabelecerá as condições de uso e ocupação, ou que rege a organização e o exercício de atividades do Estado, visan-
sua proibição, quando isso implicar impacto ambiental negativo, do os interesses da coletividade.
das planícies de inundação ou fundos de vales, incluindo as respec- Hely Lopes Meirelles, por sua vez, destaca o elemento finalís-
tivas nascentes e as vertentes com declives superiores a quarenta tico na conceituação: os órgãos, agentes e atividades administra-
e cinco por cento. tivas como instrumentos para realização dos fins desejados pelo
§ 2º - A vegetação das áreas marginais dos cursos d água, nas- Estado. Vejamos: “o conceito de Direito Administrativo Brasileiro,
centes e margens de lago e topos de morro, numa extensão que para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos
será definida em lei, é considerada de preservação permanente, que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes
sendo obrigatória sua recomposição onde for necessário. a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo
§ 3º - É vedado o desmatamento até a distância de vinte metros Estado”.
das margens dos rios, córregos e cursos d água. O jurista Celso Antônio Bandeira de Mello enfatiza a ideia de
Art. 131 - O Estado manterá Sistema de Prevenção e Controle função administrativa: “o direito administrativo é o ramo do direito
da Poluição Ambiental, objetivando atingir padrões de qualidade público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e
admitidos pela Organização Mundial de Saúde. órgãos que a exercem”
§ 1º - Os resíduos radioativos, as embalagens de produtos tó- Portanto, direito administrativo é o conjunto dos princípios
xicos, o lixo hospitalar e os demais rejeitos perigosos deverão ter jurídicos que tratam da Administração Pública, suas entidades, ór-
destino definido em lei, respeitados os critérios científicos. gãos, agentes públicos, enfim, tudo o que diz respeito à maneira

309
NOÇÕES DE DIREITO
de se atingir as finalidades do Estado. Assim, tudo que se refere à se mostrarem obscuros no ato de tutela dos casos concretos. Por
Administração Pública e a relação entre ela e os administrados e meio da função integrativa, por sua vez, os princípios cumprem a
seus servidores, é regrado e estudado pelo Direito Administrativo.  tarefa de suprir eventuais lacunas legais observadas em matérias
específicas e/ou diante das particularidades que permeiam a apli-
OBJETO cação das normas aos casos concretos.
O Direito Administrativo é um ramo que estuda as normas que Os princípios possuem papel importantíssimo para o Direito
disciplinam o exercício da função administrativa, que regulam a Administrativo. Uma vez que trata-se de ramo jurídico não codifica-
atuação estatal diante da administração da “coisa pública”. do, os princípios, além de exercerem função hermenêutica e inte-
O objeto imediato do Direito Administrativo são os princípios e grativa, cumprem o papel de alinhavar os dispositivos legais espar-
normas que regulam a função administrativa. sos que compõe a seara do Direito Administrativo, conferindo-lhe
Por sua vez, as normas e os princípios administrativos têm por coerência e unicidade.
objeto a disciplina das atividades, agentes, pessoas e órgãos da Ad- Os princípios do Direito Administrativo podem ser expressos,
ministração Pública, constituindo o objeto mediato do Direito Ad- ou seja, positivados, escritos na lei, ou implícitos, não positivados,
ministrativo. não expressamente escritos na lei. Importa esclarecer que não
existe hierarquia (grau de importância ou superioridade) entre os
FONTES princípios expressos e implícitos, de forma que os últimos não são
Pode-se entender fonte como a origem de algo, nesse caso a inferiores aos primeiros. Prova de tal afirmação, é o fato de que os
origem das normas de Direito Administrativo. dois princípios (ou supraprincípios) que dão forma o Regime Jurídi-
a) Lei - De acordo com o princípio da legalidade, previsto no co Administrativo, são implícitos.
texto constitucional do Artigo 37 caput, somente a lei pode impor
obrigações, ou seja, somente a lei pode obrigar o sujeito a fazer ou • Regime Jurídico Administrativo: O Regime Jurídico Admi-
deixar de fazer algo. nistrativo é formado por todos os princípios e demais dispositivos
Conforme o entendimento da Prof.ª Maria Helena Diniz, em legais que compõe o Direito Administrativo. Entretanto, é correta
sentido jurídico, a Lei é um texto oficial que engloba um conjunto a afirmação de que as bases desse regime são lançadas por dois
de normas, ditadas pelo Poder Legislativo e que integra a organiza- princípios centrais, ou supraprincípios, são eles: Supremacia do In-
ção do Estado. teresse Público e Indisponibilidade do Interesse Público.
Pode-se afirmar que a lei, em sentido jurídico ou formal, é um
ato primário, pois encontra seu fundamento na Constituição Fede- → Supremacia do Interesse Público: Também denominado
ral, bem como possui por características a generalidade (a lei é vá- supremacia do interesse público sobre o privado, o supraprincípio
lida para todos) e a abstração (a lei não regula situação concreta). invoca a necessidade da sobreposição dos interesses da coletivida-
Existem diversas espécies normativas: lei ordinária, lei comple- de sobre os individuais. A defesa do interesse público confere ao
mentar, lei delegada, medida provisória, decretos legislativos, re- Estado uma série de prerrogativas (‘‘vantagens’’ atribuídas pelo
soluções, etc. Por serem leis constituem fonte primária do Direito Direito Público) que permite uma atuação desigual em relação ao
Administrativo. particular.
NOTA: Não se deve esquecer das normas constitucionais que São exemplos de prerrogativas da Administração Pública: A
estão no ápice do ordenamento jurídico brasileiro. imprescritibilidade dos bens públicos, ou seja, a impossibilidade
de aquisição de bens da Administração Pública mediante ação de
b) Doutrina é o resultado do trabalho dos estudiosos e pesqui- usucapião; a possibilidade que a Administração Pública possui de
sadores do Direito, ou seja, é a interpretação que os doutrinadores rescindir os contratos administrativos de forma unilateral, ou seja,
dão à lei. Vê-se que a doutrina não cria normas, mas tão somente
independente da expressão de vontade do particular contratado; a
interpreta-as de forma que determinam o sentido e alcance dessa e
possibilidade de requisitar os bens dos particulares mediante situa-
norteiam o caminho do seu aplicador.
ção de iminente perigo para população, entre outros.
c) Jurisprudência é o resultado do trabalho dos aplicadores da
lei ao caso concreto, especificamente, são decisões reiteradas dos
→ Indisponibilidade do Interesse Público: O supraprincípio da
Tribunais. Também não cria normas, ao contrário, assemelhar-se à
indisponibilidade do interesse público tem como principal função
doutrina porque se trata de uma interpretação da legislação.
orientar a atuação dos agentes públicos, que, no exercício da fun-
d) Costumes, de modo geral, são conceituados como os com-
portamentos reiterados que tem aceitação social. Ex: fila. Não há ção administrativa, devem atuar em nome e em prol dos interesses
nenhuma regra jurídica que obrigue alguém a respeitar a fila, po- da Administração Pública. Indisponibilidade significa que os agentes
rém as pessoas respeitam porque esse é um costume, ou seja, um públicos não poderão renunciar poderes (que são também deveres)
comportamento que está intrínseco no seio social. e competências a eles atribuídos em prol da consecução do interes-
se público.
Princípios Ademais, uma vez que o agente público goza das prerrogativas
Alexandre Mazza (2017) define princípios como sendo regras de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a indis-
condensadoras dos valores fundamentais de um sistema, cuja fun- ponibilidade do interesse público, a fim de impedir que tais prerro-
ção é informar e enformar o ordenamento jurídico e o modo de gativas sejam desvirtuadas e utilizadas para a consecução de inte-
atuação dos aplicadores e intérpretes do direito. De acordo com o resses privados, impõe limitações à atuação dos agentes públicos.
administrativista, a função de informar deve-se ao fato de que os São exemplos de limitações impostas aos agentes públicos: A
princípios possuem um núcleo valorativo essencial da ordem jurídi- necessidade de aprovação em concurso público para o provimen-
ca, ao passo que a função de enformar é caracterizada pelos contor- to dos cargos públicos e a necessidade do procedimento licitatório
nos que conferem a determinada seara jurídica. para contratação de serviços e aquisição de bens para Administra-
Mazza (2017) atribui dupla funcionalidade aos princípios, quais ção Pública.
sejam, a função hermenêutica e a função integrativa. No que toca
a função hermenêutica, os princípios são responsáveis por esclare-
cer o conteúdo dos demais dispositivos legais, quando os mesmos

310
NOÇÕES DE DIREITO
• Princípios Administrativos Clássicos: é que a atuação administrativa seja pública, viabilizando, assim, o
O art. 37, caput da Constituição Federal disciplina que a Ad- controle da sociedade. Entretanto, o princípio em questão não é
ministração Pública direta e indireta, tanto no que diz respeito ao absoluto, admitindo exceções previstas em lei. Dessa forma, em
desempenho do serviço público, quanto no que concerne ao exer- situações em que devam ser preservadas a segurança nacional,
cício da função econômica, deverá obedecer aos princípios da Le- relevante interesse coletivo e intimidade, honra e vida privada, o
galidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, os princípio da publicidade será afastado.
famigerados princípios do LIMPE. Ademais, cumpre advertir que a publicidade é requisito de efi-
Legalidade: O princípio da legalidade, no Direito Administrati- cácia dos atos administrativos que se voltam para a sociedade, de
vo, ramo do Direito Público, possui um significado diferente do que forma que os mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não
apresenta no Direito Privado. Para o Direito Privado, considera-se publicados. Ex: Proibição de levar animais e andar de bicicleta em
legal toda e qualquer conduta do indivíduo que não esteja defesa praça (bem público) recentemente inaugurada só será eficaz me-
em lei, que não contrarie a lei. Para o Direito Administrativo, legali- diante placa com o aviso.
dade significa subordinação à lei, assim, o administrador só poderá
atuar no momento e da maneira que a lei permite. Nesse sentido, Eficiência (Inserido pela Emenda Constitucional 19/98): De
havendo omissão legislativa (lacuna legal, ausência de previsão le- acordo com esse princípio, a Administração Pública deve atingir
gal) em determinada matéria, o administrador não poderá atuar, os melhores resultados possíveis com o mínimo de gastos, ou seja,
estará diante de uma vedação. produzir mais utilizando menos. Com a eficiência, deseja-se rapi-
dez, qualidade, presteza e menos desperdício de recursos possível.
Importante! O princípio da legalidade considera a lei em senti- O princípio da eficiência inspirou, por exemplo, a avaliação pe-
do amplo, assim, compreende-se como lei qualquer espécie norma- riódica de desempenho do servidor público.
tiva prevista pelo art. 59 da Constituição Federal.
• Demais princípios que desempenham papel fundamental
Impessoalidade: O princípio da impessoalidade deve ser anali- no Direito Administrativo ( CARVALHO, 2017)
sado sob duas óticas, são elas: Ampla Defesa e Contraditório (art. 5, LV da CF/88): São os
princípios responsáveis por enunciar o direito do particular adquirir
a) Impessoalidade sob a ótica da atuação da Administração
conhecimento sobre o que se passa em processos nos quais com-
Pública em relação aos administrados: O administrado deve pautar
ponha um dos polos (autor ou réu), bem como, de se manifestar
sua atuação na não discriminação e na não concessão de privilé-
acerca dos fatos que lhe são imputados. Contraditório e Ampla
gios aos indivíduos que o ato atingirá, o que significa que sua atua-
Defesa, portanto, são princípios que se complementam, devendo
ção deverá estar calcada na neutralidade e na objetividade, não na
ser observados tanto em processos judiciais, quanto em processos
subjetividade.
administrativos.
Sobre o assunto, Matheus Carvalho (2017) cita o exemplo do
Em âmbito administrativo, a ampla defesa, conforme assevera
concurso público para provimento de cargos públicos. Ao nomear Matheus Carvalho (2017), compreende tanto o direito à defesa pré-
indivíduos para ocupação dos cargos em questão, o administrador via, direito de o particular se manifestar antes da decisão adminis-
estará vinculado a lista de aprovados no certame, não podendo se- trativa, a fim de formar o convencimento do administrador, quanto
lecionar qualquer outro sujeito. à defesa técnica, faculdade (possibilidade) que o particular possui
de constituir procurador (advogado).
b) Impessoalidade do administrador em relação a sua própria Importante! O processo administrativo admite o duplo grau
atuação: A compreensãodesse tópico exige a leitura do parágrafo de jurisdição, ou seja, a possibilidade de interpor recursos em face
primeiro do art. 37 da CF/88. Vejamos: ‘‘A publicidade dos atos, pro- sentença desfavorável.
gramas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não Inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5, inciso XXXV da
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem CF/88): Insatisfeito com decisão proferida em âmbito administrati-
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’ vo, o particular poderá recorrer ao judiciário. Diz-se que a decisão
Do dispositivo legal supratranscrito é possível inferir que o uso administrativa não forma Coisa Julgada Material, ou seja, não afasta
da máquina pública para fins de promoção pessoal de autoridades a apreciação da matéria pelo judiciário, pois, caso o fizesse, consisti-
e agentes públicos constitui violação ao princípio da impessoalida- ria em violação ao princípio da Inafastabilidade do Poder Judiciário.
de. Quando o agente público atua, no exercício da função adminis- Ocorre que, de acordo com o princípio ora em análise, qual-
trativa, o faz em nome da Administração Pública, e não em nome quer indivíduo que sofra lesão ou ameaça a direito, poderá, sem
próprio. ressalva, recorrer ao Poder Judiciário.
Assim, se o Prefeito João do município J, durante a inauguração
de uma praça com espaço recreativo voltado para crianças, contrata Autotutela: De acordo com a súmula 473 do STF, por meio da
um carro de som para transmitir a mensagem: ‘‘ A nova praça é um autotutela, a Administração Pública pode rever os atos que pratica.
presente do Prefeito João para a criançada do município J’’, estará A autotutela pode ser provocada pelo particular interessado, por
violando o princípio da impessoalidade. meio do direito de petição, mas também pode ser exercida de ofí-
cio, ou seja, é possível que a Administração Pública reveja os atos
Moralidade: Bom trato com a máquina pública. Atuação admi- que pratica sem que seja necessária qualquer provocação.
nistrativa pautada nos princípios da ética, honestidade, probidade
e boa fé. A moralidade na Administração Pública está intimamente Motivação: É dever da Administração Pública justificar, motivar
ligada a não corrupção, não se confundindo com o conceito de mo- os atos que pratica. Isso ocorre devido ao fato de que a sociedade
ralidade na vida privada. é a real titular do interesse público e, nessa qualidade, tem o direi-
to de conhecer as questões que levaram a Administração Pública a
Publicidade: A publicidade é um mecanismo de controle dos praticar determinado ato em determinado momento. Existem ex-
atos administrativos por parte da sociedade, está associada à pres-
tação de informação da atuação pública aos administrados. A regra

311
NOÇÕES DE DIREITO
ceções ao dever de motivar, exemplo, a nomeação e exoneração de conferido às microempresas e empresas de pequeno porte no pro-
servidores que ocupam cargos em comissão, conforme disciplina o cedimento de licitação, a fim de que possam competir de forma
art. 40,§13 da CF/88. mais justa junto às empresas detentoras de maior poder econômi-
O princípio da motivação é tratado pelos seguintes dispositivos co.
legais:
Art. 50 da lei 9.784/99 ‘‘ Os atos administrativos deverão ser Segurança Jurídica: Disciplinado pelo art. 2º, parágrafo único,
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos.’’ XIII da Lei 9784/99 ‘‘ Nos processos administrativos será observada
50, §1° da lei 9.784/99‘‘A motivação deve ser explícita, clara e a interpretação da norma administrativa da forma que melhor ga-
congruente, podendo consistir em declaração de concordância com ranta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplica-
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou ção retroativa de nova interpretação.’’. Do dispositivo legal é possí-
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.’’ vel extrair o fato de que não é possível aplicação retroativa de nova
O parágrafo primeiro do artigo cinquenta, de acordo com Ma- interpretação da norma em âmbito administrativo, visto que tal me-
theus Carvalho (2017) diz respeito à motivação aliunde, que como dida, ao ferir legítimas expectativas de direito dos administrados,
o próprio dispositivo legal denuncia, ocorre quando o administra- constituiria lesão ao princípio da Segurança Jurídica.
dor recorre a motivação de atos anteriormente praticados para jus-
tificar o ato que expedirá.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: NATUREZA,
Continuidade (Lei 8987/95): De acordo com o princípio da con- ELEMENTOS, PODERES E ORGANIZAÇÃO, FINS
tinuidade, a atividade administrativa deve ser contínua e não pode E PRINCÍPIOS; ADMINISTRAÇÃO DIRETA E
sofrer interrupções. A respeito deste princípio, Matheus Carvalho INDIRETA; PLANEJAMENTO, COORDENAÇÃO,
(2017) traz alguns questionamentos, vejamos: DESCENTRALIZAÇÃO, DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA,
CONTROLE
→ Se a atividade administrativa deve ser contínua e ininterrup-
ta, o servidor público não possui direito de greve? NOÇÕES GERAIS
Depende. Servidores militares não possuem direito de greve, Para que a Administração Pública possa executar suas ativida-
tampouco de sindicalização. Em se tratando dos servidores civis, o des administrativas de forma eficiente com o objetivo de atender
direito de greve existe e deve ser exercido nos termos e condições os interesses coletivos é necessária a implementação de tecnicas
da lei específica cabível. Tal lei específica, entretanto, nunca foi edi- organizacionais que permitam aos administradores públicos decidi-
tada, de forma que STF decidiu que, diante da omissão, os servidores rem, respeitados os meios legias, a forma adequada de repartição
públicos civis poderão fazer greve nos moldes da Lei Geral de Greve. de competencias internas e escalonamento de pessoas para melhor
atender os assuntos relativos ao interesse público.
→ É possível que o particular contratado pela Administração Celso Antonio Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Direito
Pública se valha da exceção de contrato não cumprido? Administrativo assim afirma: “...o Estado como outras pessoas de
Primeiramente, se faz necessário esclarecer que exceção de Direito Público que crie, pelos múltiplos cometimentos que lhe as-
contrato não cumprido é o direito que a parte possui de não cum- sistem, têm de repartir, no interior deles mesmos, os encargos de
prir com suas obrigações contratuais caso a outra parte também
sua alçada entre diferentes unidades, representativas, cada qual,
não tenha cumprido com as dela.
de uma parcela de atribuições para decidir os assuntos que lhe são
Dessa forma, suponhamos que a Administração Pública deixa
afetos...”
de fazer os pagamentos ao particular contratado, este poderá dei-
xar de prestar o serviço pactuado?
A Organização Administrativa é a parte do Direito Administra-
Sim, entretanto só poderá fazê-lo após 90 dias de inadimplên-
tivo que normatiza os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem,
cia, trata-se de garantia conferida pelo princípio da continuidade
além da estrutura interna da Administração Pública.
disciplinada pelo art. 78, XV da Lei 8.666/93.
Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n.
→A interrupção de um serviço público em razão do inadimple- 200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração Pública
mento do usuário fere o princípio da continuidade? Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”.
De acordo com o art. 6, § 3º da Lei 8987/95, a interrupção de O certo é que, durante o exercício de suas atribuições, o Esta-
serviço público em virtude do inadimplemento do usuário não fere do pode desenvolver as atividades administrativas que lhe compete
o princípio da continuidade desde que haja prévio aviso ou seja por sua própria estrutura ou então prestá-la por meio de outros
configurada situação de emergência, contanto, ainda, que seja pre- sujeitos.
servado o interesse coletivo. A Organização Administrativa estabelece as normas justamen-
te para regular a prestação dos encargos administrativos do Estado
Razoabilidade e Proporcionalidade: A atividade da Administra- bem como a forma de execução dessas atividades, utilizando-se de
ção Pública deve obedecer a padrões plausíveis, aceitáveis para a técnicas administrativas previstas em lei.
sociedade. Diz-se então, que a atuação administrativa deve ser ra-
zoável. No que diz respeito à proporcionalidade, deve-se pensar em ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
adequação entre a finalidade pretendida e os meios utilizados para Em âmbito federal o Decreto-Lei 200/67 regula a estrutura ad-
o alcance dessa finalidade, por exemplo, não é razoável e propor- ministrativa dividindo, para tanto, em Administração Direta e Admi-
cional que um servidor público que se ausenta de suas atividades nistração Indireta.
por apenas um dia seja punido com a sanção de exoneração.
Administração Direta
Isonomia: O princípio da isonomia consiste no tratamento A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públi-
igual aos indivíduos que se encontram na mesma situação e no tra- cos vinculados diretamente ao chefe da esfera governamental que
tamento diferenciado aos indivíduos que se encontram em situação a integram.
de desigualdade. Exemplo: Tratamento diferenciado (‘‘vantagens’’)

312
NOÇÕES DE DIREITO
DECRETO-LEI 200/67 DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
Art. 4° A Administração Federal compreende: No decorrer das atividades estatais, a Administração Pública
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integra- pode executar suas ações por meios próprios, utilizando-se da es-
dos na estrutura administrativa da Presidência da República e dos trutura administrativa do Estado de forma centralizada, ou então
Ministérios. transferir o exercício de certos encargos a outras pessoas, como en-
tidades concebidas para este fim de maneira descentralizada.
Por característica não possuem personalidade jurídica própria, Assim, como técnica administrativa de organização da execu-
patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas são reali- ção das atividades administrativas, o exercício do serviço público
zadas diretamente por meio do orçamento da referida esfera. poderá ser por:
Assim, é responsável pela gestão dos serviços públicos executa-
dos pelas pessoas políticas por meio de um conjunto de órgãos que Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo
estão integrados na sua estrutura. feita pela Administração direta do Estado, ou seja, utilizando-se do
Outra característica marcante da Administração Direta é que conjunto orgânico estatal para atingir as demandas da sociedade.
não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direi- (ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.).
tos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como o pres-
política (União, Estado, Distrito Federal e Municípios). tador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza a exe-
A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou cução da atividade.
seja, não pode ingressar como autor ou réu em relação processual.
Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que
que pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de al- não se confundem com a Administração direta do Estado. Esses ter-
guma vantagem pecuniária. Ele não irá propor a demanda em face ceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública (são
da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa polí- sujeitos de direito distinto e autônomo).
tica dotada de personalidade jurídica com capacidade postulatória Se os sujeitos que executarão a atividade estatal estiverem vin-
para compor a demanda judicial. culadas a estrutura centra da Administração Pública, poderão ser
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de econo-
Administração Indireta mia mista (Administração indireta do Estado). Se estiverem fora da
São integrantes da Administração indireta as fundações, as au- Administração, serão particulares e poderão ser concessionários,
tarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. permissionários ou autorizados.
Assim, descentralizar é repassar a execução de das atividades
DECRETO-LEI 200/67 administrativas de uma pessoa para outra, não havendo hierarquia.
Art. 4° A Administração Federal compreende: Pode-se concluir que é a forma de atuação indireta do Estado por
meio de sujeitos distintos da figura estatal
[...]
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes ca-
Desconcentração: Mera técnica administrativa que o Estado
tegorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
utiliza para a distribuição interna de competências ou encargos de
a) Autarquias;
sua alçada, para decidir de forma desconcentrada os assuntos que
b) Empresas Públicas;
lhe são competentes, dada a multiplicidade de demandas e interes-
c) Sociedades de Economia Mista.
ses coletivos.
d) fundações públicas.
Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administra- política ou uma entidade da administração indireta distribui com-
ção Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência petências no âmbito de sua própria estrutura a fim de tornar mais
estiver enquadrada sua principal atividade. ágil e eficiente a prestação dos serviços.
Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa
Essas quatro pessoas ou entidades administrativas são criadas jurídica, pois ocorre no âmbito da mesma entidade administrativa.
para a execução de atividades de forma descentralizada, seja para Surge relação de hierarquia de subordinação entre os órgãos
a prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentradas temos
econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade controle hierárquico, o qual compreende os poderes de comando,
e eficiência da prestação do serviço público. Têm característica de fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos de competência,
autonomia na parte administrativa e financeira delegação e avocação.

O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a títu- Diferença entre Descentralização e Desconcentração
lo de exceção em duas situações previstas na CF/88, no seu art. 173: As duas figuras técnicas de organização administrativa do Esta-
- Para fazer frente à uma situação de relevante interesse cole- do não podem ser confundidas tendo em vista que possuem con-
tivo; ceitos completamente distintos.
- Para fazer frente à uma situação de segurança nacional. A Descentralização pressupõe, por sua natureza, a existência
de pessoas jurídicas diversas sendo:
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando a) o ente público que originariamente tem a titularidade sobre
explora atividade econômica. Quando estiver atuando na atividade a execução de certa atividade, e;
econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade b) pessoas/entidades administrativas ou particulares as quais
com os particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88, foi atribuído o desempenho da atividade em questão.
inclusive quanto à livre concorrência. Importante ressaltar que dessa relação de descentralização não
há que se falar em vínculo hierárquico entre a Administração Cen-
tral e a pessoa descentralizada, mantendo, no entanto, o controle
sobre a execução das atividades que estão sendo desempenhadas.

313
NOÇÕES DE DIREITO
Por sua vez, a desconcentração está sempre referida a uma úni- ca. Esse é o conceito administrativo de órgão. É sempre um centro
ca pessoa, pois a distribuição de competência se dará internamen- de competência, que decorre de um processo de desconcentração
te, mantendo a particularidade da hierarquia. dentro da Administração Pública.

CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E CAPACIDADE PROCESSUAL DOS ÓR- Capacidade Processual dos Órgãos Públicos
GÃOS PÚBLICOS Como visto, órgão público pode ser definido como uma unida-
de que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o
Conceito: integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado.
Órgãos Públicos, de acordo com a definição do jurista adminis- Na realidade, o órgão não se confunde com a pessoa jurídica,
trativo Celso Antônio Bandeira de Mello “são unidade abstratas que embora seja uma de suas partes integrantes; a pessoa jurídica é o
sintetizam os vários círculos de atribuição do Estado.” todo, enquanto os órgãos são parcelas integrantes do todo.
Por serem caracterizados pela abstração, não tem nem vonta- O órgão também não se confunde com a pessoa física, o agente
de e nem ação próprias, sendo os órgão públicos não passando de público, porque congrega funções que este vai exercer. Conforme
mera repartição de atribuições, assim entendidos como uma uni- estabelece o artigo 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.784/99, que disci-
dade que congrega atribuições exercidas por seres que o integram plina o processo administrativo no âmbito da Administração Públi-
com o objetivo de expressar a vontade do Estado. ca Federal, órgão é “a unidade de atuação integrante da estrutura
Desta forma, para que sejam empoderados de dinamismo e da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”.
ação os órgãos públicos necessitam da atuação de seres físicos, su- Isto equivale a dizer que o órgão não tem personalidade jurídica
jeitos que ocupam espaço de competência no interior dos órgãos própria, já que integra a estrutura da Administração Direta, ao con-
para declararem a vontade estatal, denominados agentes públicos. trário da entidade, que constitui “unidade de atuação dotada de
personalidade jurídica” (inciso II do mesmo dispositivo); é o caso
Criação e extinção das entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações,
A criação e a extinção dos órgãos públicos ocorre por meio de empresas públicas e sociedades de economia mista).
lei, conforme se extrai da leitura conjugada dos arts. 48, XI, e 84, Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, os órgãos:
VI, a, da Constituição Federal, com alteração pela EC n.º 32/2001.6 “nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes indivi-
Em regra, a iniciativa para o projeto de lei de criação dos órgãos duais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade
públicos é do Chefe do Executivo, na forma do art. 61, § 1.º, II da estatal e expressados através dos agentes neles providos”.
Constituição Federal. Embora os órgãos não tenham personalidade jurídica, eles
“Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe podem ser dotados de capacidade processual. A doutrina e a ju-
a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do risprudência têm reconhecido essa capacidade a determinados ór-
Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re- gãos públicos, para defesa de suas prerrogativas.
pública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “embora despersonaliza-
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos dos, os órgãos mantêm relações funcionais entre si e com terceiros,
previstos nesta Constituição. das quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na forma
legal ou regulamentar. E, a despeito de não terem personalidade
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais próprias que,
leis que: quando infringidas por outro órgão, admitem defesa até mesmo
[...] por mandado de segurança”.
Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho, depois de lem-
II - disponham sobre: brar que a regra geral é a de que o órgão não pode ter capacida-
[...] de processual, acrescenta que “de algum tempo para cá, todavia,
tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração certos tipos de litígio. Um desses casos é o da impetração de man-
pública, observado o disposto no art. 84, VI; dado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional,
quando se trata da defesa de sua competência, violada por ato de
Entretanto, em alguns casos, a iniciativa legislativa é atribuída, outro órgão”. Admitindo a possibilidade do órgão figurar como par-
pelo texto constitucional, a outros agentes públicos, como ocorre, te processual.
por exemplo, em relação aos órgãos do Poder Judiciário (art. 96, II, Desta feita é inafastável a conclusão de que órgãos públicos
c e d, da Constituição Federal) e do Ministério Público (127, § 2.º), possuem personalidade judiciária. Mais do que isso, é lícito dizer
cuja iniciativa pertence aos representantes daquelas instituições. que os órgãos possuem capacidade processual (isto é, legitimidade
Trata-se do princípio da reserva legal aplicável às técnicas de para estar em juízo), inclusive mediante procuradoria própria,
organização administrativa (desconcentração para órgãos públicos Ainda por meio de construção jurisprudencial, acompanhando
e descentralização para pessoas físicas ou jurídicas). a evolução jurídica neste aspecto tem reconhecido capacidade pro-
cessual a órgãos públicos, como Câmaras Municipais, Assembleias
Atualmente, no entanto, não é exigida lei para tratar da orga- Legislativas, Tribunal de Contas. Mas a competência é reconhecida
nização e do funcionamento dos órgãos públicos, já que tal matéria apenas para defesa das prerrogativas do órgão e não para atuação
pode ser estabelecida por meio de decreto do Chefe do Executivo. em nome da pessoa jurídica em que se integram.
De forma excepcional, a criação de órgãos públicos poderá ser
instrumentalizada por ato administrativo, tal como ocorre na insti-
tuição de órgãos no Poder Legislativo, na forma dos arts. 51, IV, e
52, XIII, da Constituição Federal.
Neste contexto, vemos que os órgãos são centros de compe-
tência instituídos para praticar atos e implementar políticas por in-
termédio de seus agentes, cuja conduta é imputada à pessoa jurídi-

314
NOÇÕES DE DIREITO
PESSOAS ADMINISTRATIVAS Pessoal: em conformidade com o que estabelece o artigo 39
da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas
Pessoas Políticas (União, Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de insti-
tuir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único para todos
Autarquias os servidores da administração direta, das autarquias e das funda-
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas ções públicas.
por lei para a prestação de serviços públicos e executar as ativida-
des típicas da Administração Pública, contando com capital exclusi- Controle Judicial: as autarquias, por serem dotadas de persona-
vamente público. lidade jurídica de direito público, podem praticar atos administrati-
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as autarquias: vos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último,
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: controlados pelo judiciário, por vias comuns adotadas na legislação
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com perso- processual, tal como ocorre com os atos jurídicos normais pratica-
nalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ati- dos por particulares.
vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descen- Foro dos litígios judiciais: a fixação da competência varia de
tralizada. acordo com o nível federativo da autarquia, por exemplo, os litígios
comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras, rés, as-
As autarquias são regidas integralmente por regras de direito sistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na
público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços e Justiça Federal, o mesmo foro apropriado para processar e julgar
contando com capital oriundo da Administração Direta (ex.: IN- mandados de segurança contra agentes autárquicos.
CRA, INSS, DNER, Banco Central etc.). Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em
que encontramos como partes ou intervenientes terão seu curso na
Características: Temos como principais características das au- Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições
tarquias: da lei estadual de divisão e organização judiciárias.
- Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6 Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime po-
016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº 200/67 e no artigo 37, XIX, derá ser estatutário ou trabalhista. Sendo estatutário, o litígio será
da Constituição; de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processa-
- Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obri- das e julgadas nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer
gações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que a ins- de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o servidor, a
tituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito públi- natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser re-
co, quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios, solvido na Justiça do Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou
sujeições; municipal.
- Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o
próprio direito, mas apenas a capacidade de se auto administrar a Responsabilidade civil: prevê a Constituição Federal que as pes-
respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela soas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus
pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
próprio é necessária, sem a qual a capacidade de autoadministra- A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da
ção não existiria. responsabilidade objetiva do Estado, aquela que independe da in-
Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio vestigação sobre a culpa na conduta do agente.
próprios.
- Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre Prerrogativas autárquicas: as autarquias possuem algumas
as formas de descentralização administrativa por serviços ou fun- prerrogativas de direito público, sendo elas:
cional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da - Imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda
especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços
as quais foram instituídas; e das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais
- Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a au- ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade
tarquia não se desvie de seus fins institucionais. para as autarquias tem natureza condicionada.
- Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas próprias - Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode
(surgem como resultado dos serviços que presta) e verbas orça- ser usado o instrumento coercitivo da penhora como garantia do
mentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade credor.
para manejar as verbas que recebem como acharem conveniente, - Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como
dentro dos limites da lei que as criou. bens públicos, não podem ser eles adquiridos por terceiros através
- Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade para de usucapião.
desenvolver os seus serviços como acharem mais conveniente - Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros
(comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei contra autarquias prescrevem em 5 anos.
que as criou. - Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são
inscritos como dívida ativa e podem ser cobrados pelo processo es-
Patrimônio: as autarquias são constituídas por bens públicos, pecial das execuções fiscais.
conforme dispõe o artigo 98, Código Civil e têm as seguintes carac-
terísticas: Contratos: os contratos celebrados pelas autarquias são de
a) São alienáveis caráter administrativo e possuem as cláusulas exorbitantes, que
b) impenhoráveis; garantem à administração prerrogativas que o contratado comum
c) imprescritíveis não tem, assim, dependem de prévia licitação, exceto nos casos de
d) não oneráveis.

315
NOÇÕES DE DIREITO
dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os trâmites da lei Como já estudado, a empresa pública será prestadora de ser-
8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade lici- viços públicos ou exploradora de atividade econômica. A CF/88
tatória do pregão para os entes públicos. somente admite a empresa pública para exploração de atividade
Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas econômica em duas situações (art. 173 da CF/88):
jurídicas de direito público, as entidades autárquicas relacionam-se - Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as - Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo:
prerrogativas estatais.
A empresa pública deve obedecer aos princípios da ordem
Empresas Públicas econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, e Estado explora, portanto, atividade econômica por intermédio de
tem sua criação por meio de autorização legal, isso significa dizer uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela vantagens
que não são criadas por lei, mas dependem de autorização legis- e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre
lativa. concorrência).
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas: Cabe ressaltar que as Empresas Públicas são fiscalizadas pelo
Ministério Público, a fim de saber se está sendo cumprido o acor-
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: dado.
[...]
Sociedades de Economia Mista
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurí- As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de
dica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo Direito Privado, integrante da Administração Pública Indireta, sua
da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica criação autorizada por lei, criadas para a prestação de serviços pú-
que o Governo seja levado a exercer por fôrça de contingência ou blicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com
de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das capital misto e constituídas somente sob a forma empresarial de
formas admitidas em direito. S/A (Sociedade Anônima).
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas:
As empresas públicas têm seu próprio patrimônio e seu capital
é integralmente detido pela União, Estados, Municípios ou pelo Dis-
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
trito Federal, podendo contar com a participação de outras pessoas
[...]
jurídicas de direito público, ou também pelas entidades da admi-
nistração indireta de qualquer das três esferas de governo, porém,
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de perso-
a maioria do capital deve ser de propriedade da União, Estados,
nalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração
Municípios ou do Distrito Federal.
de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
Foro Competente ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a
A Justiça Federal julga as empresas públicas federais, enquanto entidade da Administração Indireta.
a Justiça Estadual julga as empresas públicas estaduais, distritais e
municipais. As sociedades de economia mista são:
- Pessoas jurídicas de Direito Privado.
Objetivo - Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de ser-
É a exploração de atividade econômica de produção ou comer- viços públicos.
cialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a ativida- - Empresas de capital misto.
de econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou - Constituídas sob forma empresarial de S/A.
preste serviço público.
Veja alguns exemplos de sociedade mista:
Regime Jurídico a). Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil.
Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por b) Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô,
consequência está submetida a regime jurídico público. Se a empre- entre outras
sa pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida
a regime jurídico privado igual ao da iniciativa privada. Características
As empresas públicas, independentemente da personalidade As sociedades de economia mista têm as seguintes caracterís-
jurídica, têm as seguintes características: ticas:
- Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são - Liberdade financeira;
contempladas com verbas orçamentárias; - Liberdade administrativa;
- Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e de- - Dirigentes próprios;
mitir pessoas, devendo seguir as regras da CF/88. Para contratar, - Patrimônio próprio.
deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver moti-
vação. Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de
economia mista e a Administração Direta, independentemente da
Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas pú- função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de le-
blicas e a Administração Direta, independentemente de sua fun- galidade. Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades
ção. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade e não estão subordinadas à Administração Direta, mas sim à lei que
finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão as autorizou.
vinculadas àquela. Só é possível, portanto, controle de legalidade
finalístico.

316
NOÇÕES DE DIREITO
As sociedades de economia mista integram a Administração As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a
Indireta e todas as pessoas que a integram precisam de lei para au- terceiros. A responsabilidade da Administração é de caráter subsi-
torizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do diário, independente de sua personalidade.
registro de seus estatutos. As fundações governamentais têm patrimônio público. Se ex-
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das so- tinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, submetendo-
ciedades de economia mista, ou seja, independentemente das ati- -se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As par-
vidades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das ticulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem
sociedades de economia mista. à ação popular e mandado de segurança, sendo estas fundações
A Sociedade de economia mista, quando explora atividade eco- fiscalizadas pelo Ministério Público.
nômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das empresas pri-
vadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que explora DELEGAÇÃO SOCIAL
atividade econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade
de economia mista prestadora de serviço público não se submete Organizações sociais
ao regime falimentar, visto que não está sob regime de livre con- Criada pela Lei n. 9.637/98, organização social é uma qualifica-
corrência. ção especial outorgada pelo governo federal a entidades da inicia-
tiva privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de
Fundações e Outras Entidades Privadas Delegatárias. vantagens peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos
Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio orçamentários, repasse de bens públicos, bem como empréstimo
personalizado, destacado pelo seu instituidor para atingir uma fina- temporário de servidores governamentais.
lidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público As áreas de atuação das organizações sociais são ensino, pes-
quanto de direito privado. São criadas por meio de por lei específica quisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preserva-
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de ção do meio ambiente, cultura e saúde. Desempenham, portanto,
sua atuação. atividades de interesse público, mas que não se caracterizam como
Decreto-lei 200/67 assim definiu as Fundações Públicas. serviços públicos stricto sensu, razão pela qual é incorreto afirmar
que as organizações sociais são concessionárias ou permissionárias.
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: Nos termos do art. 2º da Lei n. 9.637/98, a outorga da qualifica-
[... ção constitui decisão discricionária, pois, além da entidade preen-
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade ju- cher os requisitos exigidos na lei, o inciso II do referido dispositi-
rídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de vo condiciona a atribuição do título a “haver aprovação, quanto à
autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da
com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recur- de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado”. Assim,
sos da União e de outras fontes. as entidades que preencherem os requisitos legais possuem sim-
ples expectativa de direito à obtenção da qualificação, nunca direito
Apesar da legislação estabelecer que as fundações públicas são adquirido.
dotadas de personalidade jurídica de direito privado, a doutrina ad- Evidentemente, o caráter discricionário dessa decisão, permi-
ministrativa admite a adoção de regime jurídico de direito público tindo outorgar a qualificação a uma entidade e negar a outro que
a algumas fundações. igualmente atendeu aos requisitos legais, viola o princípio da iso-
As fundações que integram a Administração indireta, quando nomia, devendo-se considerar inconstitucional o art. 2º, II, da Lei
forem dotadas de personalidade de direito público, serão regidas n. 9.637/98.
integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas Na verdade, as organizações sociais representam uma espécie
de personalidade de direito privado, serão regidas por regras de di- de parceria entre a Administração e a iniciativa privada, exercen-
reito público e direito privado, dada sua relevância para o interesse do atividades que, antes da Emenda 19/98, eram desempenhadas
coletivo. por entidades públicas. Por isso, seu surgimento no Direito Brasi-
O patrimônio da fundação pública é destacado pela Adminis- leiro está relacionado com um processo de privatização lato sensu
tração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública. realizado por meio da abertura de atividades públicas à iniciativa
Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Geo- privada.
gráfico Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FU- O instrumento de formalização da parceria entre a Administra-
NAI; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), entre outras. ção e a organização social é o contrato de gestão, cuja aprovação
deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade su-
Características: pervisora da área de atuação da entidade.
- Liberdade financeira; O contrato de gestão discriminará as atribuições, responsabi-
- Liberdade administrativa; lidades e obrigações do Poder Público e da organização social, de-
- Dirigentes próprios; vendo obrigatoriamente observar os seguintes preceitos:
- Patrimônio próprio: I - especificação do programa de trabalho proposto pela organi-
zação social, a estipulação das metas a serem atingidas e os respec-
As fundações governamentais, sejam de personalidade de di- tivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos critérios
reito público, sejam de direito privado, integram a Administração objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, median-
Pública. Importante esclarecer que não existe hierarquia ou subor- te indicadores de qualidade e produtividade;
dinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é
II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com re-
um controle de legalidade, um controle finalístico.
muneração e vantagens de qualquer natureza a serem percebidas
As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Admi-
pelos dirigentes e empregados das organizações sociais, no exercí-
nistração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade prevista no
cio de suas funções;
art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro).

317
NOÇÕES DE DIREITO
III - os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área § 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vincu-
de atuação da entidade devem definir as demais cláusulas dos con- lado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.
tratos de gestão de que sejam signatários. Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações
A fiscalização do contrato de gestão será exercida pelo órgão ou da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
entidade supervisora da área de atuação correspondente à ativida- qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:
de fomentada, devendo a organização social apresentar, ao término I - as sociedades comerciais;
de cada exercício, relatório de cumprimento das metas fixadas no II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação
contrato de gestão. de categoria profissional;
Se descumpridas as metas previstas no contrato de gestão, o III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
como organização social, desde que precedida de processo admi- IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
nistrativo com garantia de contraditório e ampla defesa. fundações;
Por fim, convém relembrar que o art. 24, XXIV, da Lei n. V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
8.666/93 prevê hipótese de dispensa de licitação para a celebração bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
de contratos de prestação de serviços com a s organizações sociais, VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saú-
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para de e assemelhados;
atividades contempladas no contrato de gestão. Excessivamente VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
abrangente, o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93, tem a sua consti- mantenedoras;
tucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal na VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra-
ADIn 1.923/98. Recentemente, foi indeferida a medida cautelar que tuito e suas mantenedoras;
suspendia a eficácia da norma, de modo que o dispositivo voltou a IX - as organizações sociais;
ser aplicável. X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito
As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, popu- privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;
larmente denominadas OSCIP é um título fornecido pelo Ministério XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de
da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar a viabilidade de parce- vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art.
rias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos 192 da Constituição Federal.
(federal, estadual e municipal). Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em
OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res-
certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cum- pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi-
primento de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, que I - promoção da assistência social;
são uma alternativa interessante aos convênios para ter maior agili- II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
dade e razoabilidade em prestar contas. histórico e artístico;
Uma ONG (Organização Não-Governamental), essencialmente III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma
é uma OSCIP, no sentido representativo da sociedade, OSCIP é uma complementar de participação das organizações de que trata esta
qualificação dada pelo Ministério da Justiça no Brasil. Lei;
A lei que regula as OSCIPs é a nº 9.790/1999. Esta lei traz a IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com-
possibilidade das pessoas jurídicas (grupos de pessoas ou profissio- plementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
nais) de direito privado sem fins lucrativos serem qualificadas, pelo V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e pro-
Público - OSCIPs e poderem com ele relacionar-se por meio de par- moção do desenvolvimento sustentável;
ceria, desde que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias VII - promoção do voluntariado;
atendam os requisitos da lei. VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e com-
Um grupo privado recebe a qualificação de OSCIP depois que o bate à pobreza;
estatuto da instituição, que se pretende formar, tenha sido analisa- IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-
do e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto, é necessário -produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, em-
que o estatuto atenda a certos pré-requisitos que estão descritos prego e crédito;
nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.790/1999. Vejamos: X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos di-
Art. 1º Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade reitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em manos, da democracia e de outros valores universais;
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos re- ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
quisitos instituídos por esta Lei. técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos neste artigo.
a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibi-
sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doa- lização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de
dores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, divi- pessoas, por qualquer meio de transporte.
dendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às ati-
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica vidades nele previstas configura-se mediante a execução direta de
integralmente na consecução do respectivo objeto social. projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doa-

318
NOÇÕES DE DIREITO
ção de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela presta- Entidades de utilidade pública
ção de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem Figuram ainda como entidades privadas de utilidade pública:
fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.
Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para Serviços sociais autônomos
qualificarem-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse São pessoas jurídicas de direito privado, criados por intermé-
Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por es- dio de autorização legislativa. Tratam-se de entes paraestatais de
tatutos cujas normas expressamente disponham sobre: cooperação com o Poder Público, possuindo administração e patri-
I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, mônio próprios.
moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência; Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no sistema
II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias “S”, cujo o qual resulta do fato destas entidades ligarem-se à es-
e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de trutura sindical e terem sua denominação iniciada com a letra “S”
benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação – SERVIÇO.
no respectivo processo decisório; Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, SENAR
III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dota- e SEBRAE.
do de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a algu-
financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, mas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos.
emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade; São mantidas por dotações orçamentárias e até mesmo por contri-
IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o buições parafiscais.
respectivo patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídi- Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes inte-
ca qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o grantes da Administração direta ou indireta, porém trabalham ao
mesmo objeto social da extinta; lado do Estado, seja cooperando com os diversos setores as ativida-
V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a des e serviços que lhes são repassados.
qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial
disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em Entidades de Apoio
que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa As entidades de apoio fazem parte do Terceiro Setor e são pes-
jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que te- soas jurídicas de direito privado, criados por servidores públicos
nha o mesmo objeto social; para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, pos-
VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os diri- suindo vínculo jurídico com a Administração direta e indireta.
gentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de lim-
e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados,
peza, conservação, concursos vestibulares, assistência técnica de
em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região
equipamentos, administração em restaurantes e hospitais univer-
correspondente a sua área de atuação;
sitários.
VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela
O bom motivo da criação das entidades de apoio é a eficiência
entidade, que determinarão, no mínimo:
na utilização desses entes. Através delas, convênios são firmados
a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade
com a Administração Pública, de modo muito semelhante com a
e das Normas Brasileiras de Contabilidade;
celebração de um contrato
b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerra-
mento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demons-
trações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas Associações Públicas
de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público, criadas por
exame de qualquer cidadão; meio da celebração de um consórcio público com entidades fede-
c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos rativas.
independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos Quando as entidades federativas fazem um consórcio público,
objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento; elas terão a faculdade de decidir se essa nova pessoa criada será de
d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem direito privado ou de direito público. Caso se trate de direito públi-
pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interes- co, caracterizar-se-á como Associação Pública. No caso de direito
se Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. privado, não se tem um nome específico.
70 da Constituição Federal. A finalidade da associação pública é estabelecer finalidades
Parágrafo único. É permitida a participação de servidores pú- de interesse comum entre as entidades federativas, estabelecendo
blicos na composição de conselho ou diretoria de Organização da uma meta a ser atingida.
Sociedade Civil de Interesse Público. Faz parte da administração indireta de todas as entidades fede-
rativas consorciadas.
Pode-se dizer que as OSCIPs são o reconhecimento oficial e le-
gal mais próximo do que modernamente se entende por ONG, es- Conselhos Profissionais
pecialmente porque são marcadas por uma extrema transparência Trata-se de entidades que são destinadas ao controle e fiscali-
administrativa. Contudo ser uma OSCIP é uma opção institucional, zação de algumas profissões regulamentadas. Eis que tem-se uma
não uma obrigação. grande controvérsia, quanto à sua natureza jurídica.
Em geral, o poder público sente-se muito à vontade para se O STF considera que como se trata de função típica do Estado,
relacionar com esse tipo de instituição, porque divide com a socie- o controle e fiscalização do exercício de atividades profissionais não
dade civil o encargo de fiscalizar o fluxo de recursos públicos em poderia ser delegado a entidades privadas, em decorrência disso,
parcerias. chegou-se ao entendimento que os conselhos profissionais pos-
A OSCIP, portanto, é uma organização da sociedade civil que, suem natureza autárquica.
em parceria com o poder público, utilizará também recursos públi- Assim, não estamos diante de entes de colaboraçao, mas sim
cos para suas finalidades, dividindo dessa forma o encargo adminis- de pessoas jurídicas de direito público.
trativo e de prestação de contas.

319
NOÇÕES DE DIREITO
Fazendo-se um comparativo, a Constituição Federal não admite b) Servidores Públicos: são as pessoas que executam serviços
que esses conselhos tenham personalidade jurídica de direito pri- ao Estado e também às entidades da Administração Pública direta e
vado, gozando de prerrogativas que são conferidas ao Estado. Os indireta (sentido amplo). Os servidores têm vínculo empregatício e
conselhos profissionais com natureza autárquica é uma forma de sua remuneração é paga pelos cofres públicos.
descentralizar a atividade administrativa que não pode mais ser de- Também chamados de servidores estatais engloba todos aque-
legada a associações profissionais de caráter privado. les que mantêm com o Estado relação de trabalho de natureza pro-
fissional, de caráter não eventual e sob o vínculo de dependência.
Servidores públicos podem ser:
AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES E CLASSIFICAÇÃO; - estatutários: são os ocupantes de CARGOS PÚBLICOS e estão
DIREITOS, DEVERES E PRERROGATIVAS; CARGO,
sob o regime estatutário. Quando nomeados, ingressam numa si-
EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICOS, CONCURSO PÚBLICO
tuação jurídica previamente definida, à qual se submetem com o
ato da posse. Assim, não tem como modificar as normas vigentes
CONCEITO por meio de contrato entre o servidor e a Administração, mesmo
Em seu conceito mais amplo Agente Público é a pessoa física que com a concordância de ambos, por se tratar de normas de or-
que presta serviços às Pessoas Jurídicas da Administração Pública dem pública. Não há contrato de trabalho entre os estatutários e a
Direta ou Indireta, também são aqueles que exercem função públi- Administração, tendo em vista sua natureza não contratual mas sim
ca, seja qual for a modalidade (mesário, jurado, servidor público, regida por um estatuto jurídico condicionada ao termo de posse. 
etc.).  - empregados públicos: são ocupantes de empregos públicos
A Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) conceitua contratados sob o regime da CLT, com vínculo contratual, precisam
Agente Público: de aprovação em concurso público ou processo seletivo e sua de-
“Artigo 2° - Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, missão precisa ser motivada;
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remu- - temporários ou em regime especial: são os contratados por
neração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qual- tempo determinado, com base no artigo 37, IX, CF. Não ocupam
quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre- cargos ou empregos públicos e não exige aprovação em concurso
go ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”. público, mas a Administração Pública deve respeitar os princípios
constitucionais da impessoalidade e da moralidade, realizando um
Para o jurista administrativo Celso Antonio Bandeira de Mello processo seletivo simplificado.
“...esta expressão – agentes públicos – é a mais ampla que se pode
conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos que Para que tenha a contratação de temporários, se faz necessária
servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua von- a existência de lei regulamentadora, com a previsão dos casos de
tade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou episodica- contratação, o prazo da contratação, a necessidade temporária e a
mente. Quem quer que desempenhe funções estatais, enquanto as motivação do interesse público.
exercita, é um agente público.” - cargos comissionados: são os de livre nomeação e exonera-
A denominação “agente público” é tratada como gênero das ção, tem caráter provisório e se destina às atribuições de direção,
diversas espécies que vinculam o indivíduo ao estado a partir da chefia e assessoramento. Os efetivos também podem ser comissio-
sua natureza jurídica. As espécies do agente público podem ser di- nados. Ao servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão
vididas como do qual são espécies os agentes políticos, servidores aplica-se o regime geral de previdência social previsto na Constitui-
públicos (servidores estatais, empregado público, temporários e co- ção Federal, artigo 40, § 13.
missionados), particulares em colaboração, agentes militares e os
agentes de fato. c) Agentes militares: são as pessoas físicas que prestam ser-
viços à Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica, Exército - art. 142,
ESPÉCIES (CLASSIFICAÇÃO) caput, e § 3º, CF, Polícias Militares, Corpo de Bombeiros - art. 42,
Agentes públicos abrangem todas as demais categorias, sendo CF).
que alguns deles fazem parte da estrutura administrativa do Estado, Aqueles que compõem os quadros permanentes das forças
seja em sua estrutura direta ou então na organização indireta. militares possuem vinculação estatutária, e não contratual, mas o
Outros, no entanto, não compõe os quadros internos da admi- regime jurídico é disciplinado por legislação específica diversa da
nistração Pública, isto é, são alheios ao aparelho estatal, permane- aplicável aos servidores civis.
cendo externamente. Possui vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, me-
diante remuneração paga pelos cofres públicos.
Vamos analisar cada uma dessas categorias:
a) Agentes políticos: agentes políticos exercem uma função d) Particulares em colaboração / honoríficos: são prestadores
pública de alta direção do Estado. São os que ocupam lugar de co- de serviços ao Estado sem vinculação permanente de emprego e
mando e chefia de cada um dos Poderes (Executivo, Legislativo e sem remuneração. Essa categoria de agentes públicos pode ser
Judiciário). São titulares dos cargos estruturais à organização polí- prestada de diversas formas, segundo entendimento de Celso An-
tica do País. tônio Bandeira de Mello, se dá por:
Ingressam em regra, por meio de eleições, desempenhando - requisitados de serviço: como mesários e convocados para o
mandatos fixos e quando termina o mandato a relação com o Esta- serviço militar (conscritos);
do também termina automaticamente. - gestores de negócios públicos: são particulares que assumem
A vinculação dos agentes políticos com o aparelho governa- espontaneamente uma tarefa pública, em situações emergenciais,
mental não é profissional, mas institucional e estatutária. quando o Estado não está presente para proteger o interesse pú-
Os agentes políticos serão remunerados exclusivamente por blico.
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer - contratados por locação civil de serviços: é o caso, por exem-
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou plo, de jurista famoso contratado para emitir um parecer;
outra espécie remuneratória.

320
NOÇÕES DE DIREITO
- concessionários e permissionários: exercem função pública No âmbito de cada pessoa política - União, Estados, Distrito Fe-
por delegação estatal; deral e Municípios - há um Estatuto. A Lei nº 8.112 de 11/12/1990
- delegados de função ou ofício público: é o caso dos titulares (por exemplo) estabeleceu que o regime jurídico Estatutário é o
de cartórios. aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
fundações públicas federais, ocupantes de cargos públicos.
e) Agentes de fato: é o particular que sem vínculo formal e le-
gítimo com o Estado exerce função pública, acreditando estar de Provimento
boa-fé e com o objetivo de atender o interesse público. Neste caso, Segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato pelo qual se efetua o
não há investidura prévia nos cargos, empregos e funções públicas.  preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular.
Agente de fato putativo: é aquele que desempenha atividade Configura-se no ato de designação de um sujeito para titularizar
pública com a presunção de que tem legitimidade, mas há alguma cargo público Podendo ser:
ILEGALIDADE em sua INVESTIDURA. É aquele servidor que toma a) originário ou inicial: quando o agente não possui vinculação
posse sem cumprir algum requisito do cargo. anterior com a Administração Pública;
Agentes de fato necessário: são os que atuam em situações de b) derivado: pressupõe a existência de um vínculo com a Ad-
calamidade pública ou emergência.  ministração. 

CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA Posse: é o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira efe-
Cargo, emprego e função pública são tipos de vínculos de tra- tiva, o exercício das funções para que foi nomeada, designada ou
balho na Administração Pública ocupadas por servidores públicos. eleita, ou seja, é sua investidura no cargo público. O ato da posse
A Constituição Federal, em vários dispositivos, emprega os vocábu- determina a concordância e a vontade do sujeito em entrar no exer-
los cargo, emprego e função para designar realidades diversas, po- cício, além de cumprir a exigência regulamentar. 
rém que existem paralelamente na Administração. 
Exercício: é o momento em que o servidor dá início ao desem-
Cargo público: unidade de atribuições e competências funcio- penho de suas atribuições de trabalho. A data do efetivo exercício
nais. É o lugar dentro da organização funcional da Administração é considerada como o marco inicial para a produção de todos os
Direta de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por efeitos jurídicos da vida funcional do servidor público e ainda para
servidor público, submetidos ao regime estatuário. o início do período do estágio probatório, da contagem do tempo
Possui funções específicas e remuneração fixada em lei ou di- de contribuição para aposentadoria, período aquisitivo para a per-
ploma a ela equivalente. Todo cargo tem uma função, porém, nem cepção de férias e outras vantagens remuneratórias.
toda função pressupõe a existência de um cargo. São formas de provimento: nomeação, promoção, readapta-
Para Celso Antônio Bandeira de Mello são as mais simples e ção, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução.
indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas por um a) Nomeação: é o único caso de provimento originário, já que o
agente. São criados por lei, previstos em número certo e com de- servidor dependerá da aprovação prévia em concurso público e não
nominação própria. possuirá relação anterior com o Estado;
Com efeito, as várias competências previstas na Constituição b) Promoção: é forma de provimento derivado (neste caso o
para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res- agente público já se encontra ocupando o cargo) onde o servidor
pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de passará a exercer um cargo mais elevado dentro da carreira exer-
cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi- cida.
ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração. c) Readaptação: espécie de transferência efetuada com a finali-
dade de prover o servidor em outro cargo compatível com eventual
Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho per- limitação de capacidade física ou mental, condicionada a inspeção
manentes a serem preenchidos por pessoas contratadas para de- médica.
sempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista (CLT) de natureza d) Reversão: trata-se do reingresso de servidor aposentado de
contratual e somente podem ser criados por lei.  seu ofício por não subsistirem mais as razões que lhe determinarão
a aposentadoria por invalidez.
Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição, as e) Aproveitamento: relaciona-se com a retomada do servidor
tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies: posto em disponibilidade (ato pelo qual se transfere o servidor à
a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- inatividade remunerada de servidor estável em razão de extinção
dores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas ás atribuições de do cargo ocupado ou destinado a reintegração de servidor), seja
chefia, direção e assessoramento; no mesmo cargo anteriormente ocupado ou em cargo equivalente
b) Funções exercidas por contratados por tempo determinado quanto as atribuições e vencimentos.
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse f) Reintegração: retorno de servidor ilegalmente desligado de
público, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada seu cargo. O reconhecimento do direito a reintegração pode decor-
ente federado. rer de decisão proferida na esfera administrativa ou judicial.
g) Recondução: retorno de servidor estável ao cargo que an-
REGIME JURÍDICO teriormente ocupava, seja por não ter sido habilitado no estágio
Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de nor- probatório relativo a outro cardo para o qual tenha sido nomeado
mas e princípios referentes a direitos, deveres e demais regras ju- ou por ter sido desalojado do cargo em razão de reintegração do
rídicas normas que regem a vida funcional do servidor. A lei que servidor que ocupava o cargo anteriormente.
reúne estas regras é denominada de Estatuto e o regime jurídico
passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário. Vacância
A vacância é a situação jurídica atribuída a um cargo que está
sem ocupante. Vários fatos levam à vacância, entre os quais:
- o servidor pediu o desligamento (exoneração a pedido);

321
NOÇÕES DE DIREITO
- o servidor foi desligado do cargo em comissão ou não iniciou O servidor estável, que tiver seu cargo extinto, não estará fora
exercício (exoneração ex officio); da Administração Pública, porque a norma constitucional lhe garan-
- o servidor foi punido com a perda do cargo (demissão); te estabilidade no serviço e não no cargo. Nesta hipótese o servidor
- o servidor passou a exercer outro cargo ante limitações em é colocado em disponibilidade remunerada, seguindo o disposto no
sua capacidade física ou mental (readaptação); art. 41, § 3.º, da Constituição sendo sua remuneração calculada de
- aposentadoria ou falecimento do servidor; forma proporcional ao tempo de serviço.
- acesso ou promoção. O servidor aprovado em concurso público de cargo regido pela
lei 8112/90 e consequentemente nomeado passará por um período
Para Di Pietro1, vacância é o ato administrativo pelo qual o ser- de avaliação, terá o novo servidor que comprovar no estágio proba-
vidor é destituído do cargo, emprego ou função. tório que tem aptidão para exercer as atividades daquele cargo para
Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e o qual foi nomeado em tais fatores:
falecimento. O artigo 33 da Lei 8.112/90 prevê ainda a readaptação a) Assiduidade; 
e a posse em outro cargo inacumulável. Mas a ascensão e a trans- b) Disciplina;
formação deixaram de existir por força da Lei 9.527/97. c) Capacidade de iniciativa;
A exoneração não é penalidade; ela se dá a pedido ou ex offi- d) Produtividade;
cio, neste caso quando se tratar de cargo em comissão ou função e) Responsabilidade.
de confiança; no caso de cargo efetivo, quando não satisfeitas as
exigências do estágio probatório ou quando, tendo tomado posse, Atualmente o prazo mencionado de 3 anos de efetivo exercício
o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. para o servidor público (de forma geral), adquirir estabilidade é o
Já a demissão constitui penalidade decorrente da prática de ilí- que está previsto na Constituição, que foi alterado após a Emenda
cito administrativo; tem por efeito desligar o servidor dos quadros nº 19/98.
do funcionalismo. Muito embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 2
A promoção é, ao mesmo tempo, ato de provimento no cargo anos, para que o servidor adquira estabilidade devemos considerar
superior e vacância no cargo inferior. que o correto é o texto inserido na Constituição Federal, repita-se 3
A readaptação, segundo artigo 24 da 8.112/90, “é a investidura anos de efetivo exercício.
do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatí- Como não houve uma revogação expressa de tais normas elas
veis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou permanecem nos textos legais, mesmo que na prática não são apli-
mental verificada em inspeção médica”. cadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas normas). 

Efetividade, estabilidade e vitaliciedade - Requisitos para adquirir estabilidade:


Efetividade: cargos efetivos são aqueles que se revestem de ca- a) estágio probatório de três anos;
ráter de permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos b) nomeação em caráter efetivo;
integrantes dos diversos quadros funcionais. c) aprovação em avaliação especial de desempenho.
Com efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que
ser necessariamente efetivo. Embora em menor escala que nos Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem a
cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segu- maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente através
rança a seus titulares; a perda do cargo, segundo art. 41, §1º da de processo judicial, como regra, podem os titulares perder seus
Constituição Federal, só poderá ocorrer, quando estáveis, se houver cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do
sentença judicial ou processo administrativo em que se lhes faculte vínculo por exclusivo processo administrativo (salvo no período ini-
ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação negativa de cial de dois anos até a aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade
desempenho durante o período de estágio probatório. configura-se como verdadeira prerrogativa para os titulares dos
cargos dessa natureza e se justifica pela circunstância de que é ne-
Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva permanên- cessária para tornar independente a atuação desses agentes, sem
cia no serviço após três anos de estágio probatório, após os quais que sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por determina-
só perderá o cargo se caracterizada uma das hipóteses previstas no dos grupos de pessoas.
artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da CF. Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil:
- Magistrados (Art. 95, I, CF);
Hipóteses:  - Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF);
a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado (art. - Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º).
41, §1º, I, da CF);
b) por meio de processo administrativo em que lhe seja assegu- Por se tratar de prerrogativa constitucional, em função da qual
rada a ampla defesa (art. 41, § 1º, II, da CF); cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo e da função para
c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempe- atribuí-la, não podem Constituições Estaduais e Leis Orgânicas mu-
nho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa (art. nicipais, nem mesmo lei de qualquer esfera, criar outros cargos com
41, § 1º, III, da CF); a garantia da vitaliciedade. Consequentemente, apenas Emenda à
d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo e Constituição Federal poderá fazê-lo.
inativo, desde que as medidas previstas no art. 169, § 3º, da CF, não
surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4º, da CF). Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun-
ções públicas
A estabilidade é a prerrogativa atribuída ao servidor que preen- Com efeito, as várias competências previstas na Constituição
cher os requisitos estabelecidos na Constituição Federal que lhe ga- para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res-
rante a permanência no serviço.  pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de
cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi-
ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração.
1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª edição, 2018

322
NOÇÕES DE DIREITO
Criar um cargo é oficializá-lo, atribuindo a ele denominação DIREITOS E DEVERES
própria, número certo, funções determinadas, etc. Somente se cria Os direitos e vantagens dos servidores públicos, quais sejam:
um cargo por meio de lei, logo cada Poder, no âmbito de suas com- vencimento, indenizações, gratificações, diárias, adicionais, férias,
petências podem criar um cargo por meio da lei. No caso dos cargos licenças, concessões e direito de petição. 
públicos da União, o vencimento é pago pelos cofres públicos, para
provimento em caráter efetivo ou em comissão. Indenizações: de acordo com o art. 51 da Lei nº 8.112/90 as in-
A transformação ocorre quando há modificação ou alteração denizações são constituídas pela ajuda de custo, diárias, transporte
na natureza do cargo de forma que, ao mesmo tempo em que o e auxílio moradia.
cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio de lei e há
o aproveitamento de todos os servidores quando o novo cargo tiver Ajuda de custo: A ajuda de custo destina-se a compensar as
o mesmo nível e atribuições compatíveis com o anterior. despesas de instalação do servidor que, no atendimento do inte-
A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve ser resse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, desde que
efetuada por meio de lei. acarrete mudança de domicílio em caráter permanente.
No entanto, o art. 84, VI, “b” da Constituição Federal revela Constitui vedação legal o duplo pagamento de indenização, a
exceção a norma geral ao atribuir competência para o Presidente qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete-
da República para dispor, mediante decreto, sobre a extinção de nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma
funções ou cargos públicos quando vagos. sede.

Desvio de função Diárias: essa prerrogativa está regulamentada no art. 58 da Lei


O servidor público deve exercer suas atividades funcionais res- nº 8.112/90. É devida ao servidor que se afastar da sede em caráter
peitando as competências e atribuições previstas para o cargo que eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou
ocupa. Cumpre ressaltar que a lei que cria o cargo estabelece quais para o exterior. São destinadas a indenizar as parcelas de despesas
são os limites das atribuições e competências do cargo. extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana.
No entanto, não raro identificar o servidor exercendo atribui-
çoes diversas daquelas previstas em lei para o cargo atualmente Gratificações e Adicionais: são tratados no art. 61 da Lei nº
ocupado. 8.112/90 que as discrimina, a saber:
Por definição, o desvio de função do servidor público ocorre - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
quando este desempenha função diversa daquela correspondente sessoramento,
ao cargo por ele legalmente investido mediante aprovação em con- - gratificação natalina,
curso público. - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou
Quando constatada a ocorrência de desvio de função, o servi- penosas,
dor que teve suas atribuições desviadas faz jus a indenização relati- - adicional pela prestação de serviço extraordinário,
vas as diferenças salarias decorrentes do desvio. - adicional noturno,
Este é o entendimento já consolidado pelo Superior Tribunal de - adicional de férias,
Justiça que editou Sumula a respeito. - outros (relativos ao local ou à natureza do trabalho),
Súmula nº 378 STJ - gratificação por encargo de curso ou concurso.
“Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferen-
ças salariais decorrentes”. Férias: é um direito que o servidor alcança após cumprir o pe-
ríodo aquisitivo (12 meses). Consiste em um período de 30 dias de
Importante esclarecer que em caso de desvio de função, o ser- descanso que podem ser cumuladas até o máximo de dois perío-
vidor público que teve as atribuições do cargo para o qual foi inves- dos, bem como podem ser parceladas em até três etapas.
tido desviadas não tem direito ao reenquadramento funcional. Isso
porque inafastável o princípio da imprescindibilidade de concurso Licenças: de acordo com o art. 81 da referida lei a licença é con-
público para o preenchimento de cargos pela administração públi- cedida por motivo de doença em pessoa da família, de afastamento
ca, No entanto, tem direito a receber os vencimentos correspon- do cônjuge ou companheiro, para o serviço militar, para a atividade
dentes à função desempenhada. política, para capacitação, para tratar de interesses particulares e
para desempenho de mandato classista.
REMUNERAÇÃO
Vencimento: é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo Concessões: existem quando é permitido ao servidor se ausen-
público, com valor fixado em lei. tar sem ter que arcar com quaisquer prejuízos.
O art. 97 da Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de concessão,
Remuneração: é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vejamos:
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. O acrés- - por um dia para doação de sangue,
cimo de vantagens permanentes ao vencimento do cargo efetivo é - pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
irredutível. to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso a dois
Constitui vedação legal o pagamento de remuneração inferior dias,
ao salário mínimo - por oito dias consecutivos em razão de casamento, falecimen-
to de cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, en-
IMPORTANTE: tanto o vencimento com a remuneração e o pro- teados, menor sob guarda ou tutela ou irmãos.
vento não serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto
nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. Direito de Petição: o direito de petição existe para a defesa do
direito ou interesse legítimo. É instrumento utilizado pelo servidor
e dirigido à autoridade competente que deve decidir.

323
NOÇÕES DE DIREITO
RESPONSABILIDADE A responsabilidade penal do servidor é apurada em Juízo Cri-
Ao exercer funções públicas, os servidores públicos não estão minal. Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá uma
desobrigados de se responsabilizar por seus atos, tanto atos públi- sanção penal, que pode ser privativa de liberdade (reclusão ou de-
cos quanto atos administrativos, além dos atos políticos, dependen- tenção), restritiva de direitos (prestação pecuniária, perda de bens
do de sua função, cargo ou emprego. e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi-
Esta responsabilidade é algo indispensável na atividade admi- cas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana)
nistrativa, ou seja, enquanto houver exercício irregular de direito ou ou multa (Código Penal, art. 32).
de poder a responsabilidade deve estar presente. Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por causa
Quanto o Estado repara o dano, em homenagem à responsa- da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na responsa-
bilidade objetiva do Estado, fica com direito de regresso contra o bilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo
responsável que efetivamente causou o dano, isto é, com o direito patrimonial (ilícito civil). 
de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causador
do dano.  Nos termos do que estabelece o artigo 125 da Lei 8.112/90, as
Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabilida- sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo
de estatal, configura-se na pretensão do Estado em buscar do seu independentes entre si.
agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez A responsabilidade administrativa do servidor será afastada
desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização se, no processo criminal, o servidor for absolvido por ter sido de-
à vítima. clarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente existiu,
Nesse aspecto, o direito de regresso é o direito assegurado ao não tenha sido imputada sua autoria ao servidor. Notem que, se o
Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o servidor for absolvido por falta ou insuficiência de provas, a respon-
agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa sabilidade administrativa não será afastada.
ou dolo.
Neste contexto, o agente público poderá ser responsabilizado PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
nos âmbitos civil, penal e administrativo. O Regime Disciplinar é o conjunto de deveres, proibições, que
geram responsabilidades aos agentes públicos. Descumprido este
rol, se apura os ilícitos administrativos, onde gera as sanções dis-
a) Responsabilidade Civil: A responsabilidade civil decorre de
ciplinares.
ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em pre-
Com o intuito de responsabilizar quem comete faltas adminis-
juízo ao erário ou a terceiros.
trativas, atribui-se à Administração o Poder Disciplinar do Estado,
Neste caso, responsabilidade civil se refere à responsabilidade
que assegura a responsabilização dos agentes públicos quando co-
patrimonial, que faz referência aos Atos Ilícitos e que traz consigo a
mentem ações que contrariam seus deveres e proibições relacio-
regra geral da responsabilidade civil, que é de reparar o dano cau-
nados às atribuições do cargo, função ou emprego de que estão
sado a outrem. investidos. Por consequência dos descumprimentos legais, há a
A Administração Pública, confirmada a responsabilidade de aplicação de sanções disciplinares, conforme dispõe a legislação.
seus agentes, como preceitua a no art.37, §6, parte final do Texto
Maior, é “assegurado o direito de regresso contra o responsável nos Dos Deveres
casos de dolo ou culpa”, descontará nos vencimentos do servidor Via de regra, os estatutos listam condutas e proibições a serem
público, respeitando os limites mensais, a quantia exata para o res- observadas pelos servidores, configurando, umas e outras, os seus
sarcimento do dano. deveres como dois lados da mesma moeda. Por exemplo: a proibi-
ção de proceder de forma desidiosa equivale ao dever de exercer
b) Responsabilidade Administrativa: A responsabilidade admi- com zelo as atribuições do cargo. Por isso, podem ser englobados
nistrativa é apurada em processo administrativo, assegurando-se sob a rubrica “deveres” os que os estatutos assim intitulam e os que
ao servidor o contraditório e a ampla defesa. os estatutos arrolam como proibições.
Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo, ficará - Dever de Agir: Devem os administradores agirem em benefí-
o servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que cio da coletividade.
poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de aposen- - Dever de Probidade: O agente público deve agir de forma
tadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou honesta e em conformidade com os princípios da legalidade e da
destituição de função comissionada. moralidade.
- Dever de Prestar Contas: Todo administrador deve prestar
A penalidade deve sempre ser motivada pela autoridade com- contas do dinheiro público.
petente para sua aplicação, sob pena de nulidade. - Dever de Eficiência: Deve elaborar suas funções perfeição e
Se durante a apuração da responsabilidade administrativa a rendimento funcional. 
autoridade competente verificar que o ilícito administrativo tam- - Dever de Urbanidade: Deve o servidor ser cordial com os de-
bém está capitulado como ilícito penal, deve encaminhar cópia do mais colegas de trabalho e com o público em geral.
processo administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação - Dever de Assiduidade: O servidor deve comparecer em seu
penal contra o servidor  serviço, a fim de cumprir seu horário conforme determinado.
 
c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do servi- Das Proibições
dor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como infração De acordo com o estatuto federal, aplicável aos Servidores Pú-
penal. A responsabilidade penal abrange crimes e contravenções blicos Civis da União, das autarquias e fundações públicas federais,
imputadas ao servidor, nessa qualidade. ocupantes de cargos público, seu artigo 117 traz um rol de proibi-
Os crimes funcionais estão definidos no Código Penal, artigos ções sendo elas:
312 a 326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva, a - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
prevaricação etc. Outros estão previstos em leis especiais federais. torização do chefe imediato;

324
NOÇÕES DE DIREITO
- retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qual- DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS
quer documento ou objeto da repartição;
- recusar fé a documentos públicos; A Constituição Federal, em capítulo específico determina as
- opor resistência injustificada ao andamento de documento e diretrizes a serem adotadas pela Administração Pública no trata-
processo ou execução de serviço; mento de normas específicas aos ocupantes de cargos e empregos
- promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto públicos da Administração Direta ou Indireta.
da repartição; Vejamos os dispositivos constitucionais relativos ao tema.
- cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previs-
tos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabi- CAPÍTULO VII
lidade ou de seu subordinado; DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a as-
sociação profissional ou sindical, ou a partido político; SEÇÃO I
- manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de con- DISPOSIÇÕES GERAIS
fiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
- valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
em detrimento da dignidade da função pública; dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
- participar de gerência ou administração de sociedade privada, pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
qualidade de acionista, cotista ou comanditário; I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
A essa vedação existe duas exceções, já que o servidor poderá: como aos estrangeiros, na forma da lei; 
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em- II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro-
presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta- vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
constituída para prestar serviços a seus membros;  na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; 
forma do art. 91 (8.112), observada a legislação sobre conflito de III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
interesses. anos, prorrogável uma vez, por igual período;
- atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo-
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro-
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou com- vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa-
panheiro; dos para assumir cargo ou emprego, na carreira;
- receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual- V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi-
quer espécie, em razão de suas atribuições; dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
- aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per-
- praticar usura sob qualquer de suas formas; centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui-
- proceder de forma desidiosa; ções de direção, chefia e assessoramento;  
- utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em servi- VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso-
ços ou atividades particulares; ciação sindical;
- cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; definidos em lei específica;
- exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
- recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicita- sua admissão;
do.  IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
Infrações e Sanções Administrativas/Penalidades interesse público;
Os servidores públicos de cada âmbito - União, Estados, Distrito X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
Federal e Municípios - têm um Estatuto próprio. Quanto aos agen- trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
tes públicos Federais rege a Lei nº 8.112/1990, já o regimento dos lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-
demais depende de cada Estado/Município. gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
Devido ao princípio da Legalidade, todos os agentes devem fazer de índices; 
aquilo que está restrito em lei, e caso algum deles descumpram a legisla- XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
ção, ocorre uma infração administrativa, pelo poder disciplinar, os agen- ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
tes infratores estão sujeitos a penalidades, que podem ser: advertência, fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
destituição de cargo em comissão e destituição de função comissionada. mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
Para uma aplicação de penalidade justa deve ser considerada sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
atenuantes e os antecedentes funcionais. Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
É necessário que cada penalidade imposta mencione o funda- nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
mento legal e a causa da sanção disciplinar. Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de

325
NOÇÕES DE DIREITO
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen- dos serviços; 
sores Públicos;  II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- e XXXIII;   
tivo; III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. 
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
serviço público; pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo-
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada-
não serão computados nem acumulados para fins de concessão de ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
acréscimos ulteriores; § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em- ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, do prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
qualquer caso o disposto no inciso XI:  direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
a) a de dois cargos de professor;  § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu-
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; pante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de possibilite o acesso a informações privilegiadas. 
saúde, com profissões regulamentadas; § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
ou indiretamente, pelo poder público; desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te- I - o prazo de duração do contrato; 
rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei; tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; 
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e III - a remuneração do pessoal. 
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
caso, definir as áreas de sua atuação; recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni-
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, geral. 
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- exoneração. 
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de
obrigações. caráter indenizatório previstas em lei. 
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen-
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.  tésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informa- subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
tivo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea-
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida-
ridades ou servidores públicos. des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
da lei. para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na gem.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: 

326
NOÇÕES DE DIREITO
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu-
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom- neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. disposto no art. 37, XI.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser- anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que empregos públicos.
não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência cípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien-
social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de
e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se- qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-
guintes disposições: dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público,
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera- § 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo-
ção; rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen-
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego da Constitucional nº 103, de 2019)
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário,
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo § 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência
de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional
2019) nº 103, de 2019)
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em
SEÇÃO II que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese
DOS SERVIDORES PÚBLICOS em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces-
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
planos de carreira para os servidores da administração pública di- II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
reta, das autarquias e das fundações públicas.         (Vide ADIN nº de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
2.135-4) e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
 Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
instituirão conselho de política de administração e remuneração de se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po- e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
deres.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
1998) (Vide ADIN nº 2.135-4) tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo- demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
nentes do sistema remuneratório observará:  ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos de 2019)
cargos componentes de cada carreira;   § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
II - os requisitos para a investidura;   ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
III - as peculiaridades dos cargos.  ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas Social, obser vado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi- § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria se-
tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração rão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
de convênios ou contratos entre os entes federados.   dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis- § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so-
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação
admissão quando a natureza do cargo o exigir.   dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni-
dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
nº 103, de 2019)

327
NOÇÕES DE DIREITO
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res- § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins-
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia- tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime
dos para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente peniten- de previdência complementar para servidores públicos ocupantes
ciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re-
tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e
52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado
Constitucional nº 103, de 2019) o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do 103, de 2019)
respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferen- § 15. O regime de previdência complementar de que trata o §
ciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam 14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui-
exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio- ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por
lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou
a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da posto nos § § 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in-
aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins-
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação tituição do correspondente regime de previdência complementar.
infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei comple- § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál-
mentar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados,
Constitucional nº 103, de 2019) na forma da lei.
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado-
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que
mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên- superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu- § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do
cional nº 103, de 2019) respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e
da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be- que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abo-
nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do no de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua con-
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a tribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria
hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação 2019)
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des-
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes,
estabelecidos em lei. órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá-
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres- § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os bene-
gem de tempo de contribuição fictício. fícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for por-
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu- tador de doença incapacitante (Incluído pela Emenda Constitucio-
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi- nal nº 47, de 2005) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103,
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência de 2019) (Vigência) (Vide Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi- § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ-
dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons- dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que
tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de
exoneração, e de cargo eletivo. responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em re- sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
gime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Reda- Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tucional nº 103, de 2019)
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

328
NOÇÕES DE DIREITO
V - condições para instituição do fundo com finalidade previ- celetista para a execução de atos revestidos com o Poder de Polícia
denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recursos no ato de fiscalização. De acordo com o ministro Marco Aurélio, re-
provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer lator:
natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) “...prescindir, no caso, da ocupação de cargos públicos, com os
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; (Incluí- direitos e garantias a eles inerentes, é adotar flexibilidade incompa-
do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tível com a natureza dos serviços a serem prestados, igualizando os
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob- servidores das agências a prestadores de serviços subalternos, dos
servados os princípios relacionados com governança, controle inter- quais não se exige, até mesmo, escolaridade maior, como são ser-
no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, ventes, artífices, mecanógrafos, entre outros. Atente-se para as es-
de 2019) pécies. Está-se diante de atividade na qual o poder de fiscalização,
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles o poder de polícia fazem- se com envergadura ímpar, exigindo, por
que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen- isso mesmo, que aquele que a desempenhe sinta-se seguro, atue
te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional sem receios outros, e isso pressupõe a ocupação de cargo público
nº 103, de 2019) (…). Em suma, não se coaduna com os objetivos precípuos das agên-
IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela cias reguladoras, verdadeiras autarquias, embora de caráter espe-
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) cial, a flexibilidade inerente aos empregos públicos, impondo-se a
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição adoção da regra que é revelada pelo regime de cargo público, tal
de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído como ocorre em relação a outras atividades fiscalizadoras — fiscais
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) do trabalho, de renda, servidores do Banco Central, dos Tribunais
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- de Contas etc.”
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público. Portanto, muito embora não tenha previsão legal, o entendi-
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: mento construído pela doutrina e jurisprudência entende que o
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado emprego público, de natureza contratual (CLT) é incompatível com
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu- a atividade a ser desenvolvida quando se exige a incidência de ato
rada ampla defesa; com poder de polícia. O cargo público, sim, é cercado de garantias
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem- institucionais, destinadas a dar proteção e independência ao servi-
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. dor para prestar a manifestação do Estado quando no exercício do
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor Poder de Polícia.
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, REGIME CONSTITUCIONAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re-
muneração proporcional ao tempo de serviço. Concurso público
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- Via de regra, para que ocorra a legal investidura em cargou ou
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor- emprego público é necessária prévia aprovação em concurso de
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em prova ou de provas e títulos, levando em consideração a natureza e
outro cargo. a complexidade do cargo ou emprego.Quanto as normas constitu-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga- cionais acerca da obrigatoriedade de concurso para o preenchimen-
tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída to de cargos públicos
para essa finalidade. A jurisprudência é pacífica quanto a necessidade de aprovação
previa em concurso público para ocupar cargo na estrutura admi-
EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA POR SERVIDORES CELETISTA nistrativa.
A Polícia Administrativa é manifestada por meio de atos norma-
tivos e de alcance geral, bem como de atos concretos e específicos. Súmula Vinculante 43 É inconstitucional toda modalidade de
Além disso, outra característica marcante dos atos expedidos provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia apro-
por força da Polícia Administrativa são os atos revestidos de contro- vação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo
le e fiscalização. que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
A atividade administrativa que envolve atos fiscalizadores e de
controle , os quais a Administração Pública pretende a prevenção Exceção: As nomeação efetuadas pela Administração Pública
de atos lesivos ao bem estar social ou saúde pública não podem ser para preenchimento de cargo em comissão declarado em lei de li-
proferidos por servidores com regime contratual – CLT.
vre nomeação e exoneração dispensa a realização e aprovação em
Esta é a grande polêmica envolvendo a prática de atos admi-
concurso público.
nistrativos revestidos de Poder de Polícia quando praticados por
O concurso público terá prazo de validade de até dois anos,
servidores celetistas.
podendo ser prorrogável uma única vez por igual período. Em ho-
Conforme ressaltado pela melhor doutrina, Celso António Ban-
menagem ao princípio constitucional da impessoalidade, durante o
deira de Mello afirma que “o regime normal dos servidores públicos
prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele que
teria mesmo de ser o estatutário, pois este (ao contrário do regime
for aprovado será convocado com prioridade sobre novos concursa-
trabalhista) é o concebido para atender a peculiaridades de um vín-
culo no qual não estão em causa tão-só interesses empregatícios, dos para assumir cargo ou emprego.
mas onde avultam interesses públicos são os próprios instrumentos
de atuacão do Estado”. Direito de acesso aos cargos, empregos e funções públicas.
A jurisprudência já se manifestou neste sentido no julgamento A Constituição Federal estabelece o Princípio da Ampla Aces-
da cautelar da ADin no 2.310, o Supremo examinou a lei que trata sibilidade aos cargos, funções e empregos públicos aos brasileiros
dos agentes públicos de agências reguladoras (Lei no 9.985/2000), que preencham os requisitos estabelecidos em lei específica, bem
e ali se posicionou contrário à contratação de servidores em regime como aos estrangeiros, na forma da lei.

329
NOÇÕES DE DIREITO
Tal princípio que garante a ampla acessibilidade tem por objeti- O direito à revisão judicial de provas e exames seletivos à luz
vo proporcionar iguais oportunidades de disputar, por meio de con- dos tribunais pátrios
curso público, o preenchimento em cargos ou empregos públicos
na Administração Direta ou Indireta. O controle judicial dos atos administrativos é preceito básico do
Estado de Direito com status de garantia constitucional, nos termos
Requisito de inscrição e requisitos de cargos do que estabelece o artigo 5º, XXXV da Constituição Federal de 1988.
Nas regras gerais constantes nos editais de concursos públicos
é vedada a inclusão de cláusulas discriminatórias entre brasileiros Art. 5º
natos e naturalizados, salvo para preenchimento de cargos específi- [...]
cos mencionados no artigo 12, § 3º da Constituição Federal. XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
Artigo 12. ou ameaça a direito;
[...]
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: Esta, inclusive, se configura em função típica do Poder Judi-
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; ciário, exercer o controle legal dos atos editados pela ente estatal,
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; como forma de controle externo da Administração Pública.
III - de Presidente do Senado Federal; Neste contexto, ainda é complexa a discussão sobre a legiti-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; midade do Poder Judiciário exercer revisão judicial de questões e
V - da carreira diplomática; resultados em provas de concurso público.
VI - de oficial das Forças Armadas. É crescente a demanda de candidatos que buscam na tutela do
VII - de Ministro de Estado da Defesa. Poder Judiciário a revisão de resultados de concursos públicos, atri-
buindo as bancas organizadoras, entre outros argumentos, a carên-
Ademais, em decorrência do mandamento constitucional do cia de razoabilidade, proporcionalidade, isonomia e transparência
artigo 7º, XXX, em princípio não seria admissível restrições de con- durante a realização do certame.
crrencia em concurso público por motivos de idade ou sexo para A jurisprudência dos nossos Tribunais tem-se orientado no sen-
a regular admissão em cargos e empregos públicos, no entanto, o tido de que só são passíveis de reexame judicial as questões cuja
mencionado artigo constitucional prevê a possibilidade de se insti- impugnação se funda na ilegalidade da avaliação ou dos graus con-
tuírem requisitos específicos e diferenciados de admissão quando feridos pelos examinadores ou ainda a ausência de impessoalidade
a natureza do cargo assim exigir. Exemplo: Teste de Aptidão Física dedicada nas provas com privilégios exorbitantes a determinados
– TAF - permite exigência sequência de exercícios fisicos diferencia- candidatos, com a exclusão arbitrária de outros.
dos entre homens e mulheres. Nos Estados de Direito, em que vige o princípio da legalidade,
Quanto aos requisitos específicos para investidura em cargos não há espaço para arbitrariedades estatais, ao impor a Ordem Jurí-
públicos, a Lei 8.112/90, em seu artigo 5º assim determina: dica, não ficando de toda sorte excluída da apreciação judicial toda
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público: lesão ou ameaça a direito, inclusive quanto ao possível reexame
I - a nacionalidade brasileira; judicial de atos praticados durante os concursos públicos ou pro-
II - o gozo dos direitos políticos; cessos de seleção.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; Da investidura do servidor público
V - a idade mínima de dezoito anos; A investidura em cargo público, mesmo nos casos em que o
VI - aptidão física e mental. cargo não é vitalício ou em comissão, terá que ser necessariamente
efetivo.
Ainda em homenagem ao Princípio da Acessibilidade aos car- Embora em menor escala que nos cargos vitalícios, os cargos
gos e empregos públicos, o texto constitucional determina que a efetivos também proporcionam segurança a seus titulares; a perda
lei deverá reservar percentual do total das vagas a serem preen- do cargo, segundo art. 41, §1º da Constituição Federal, só poderá
chidas por concurso público de cargos e empregos públicos para ocorrer, quando estáveis, se houver sentença judicial ou processo
as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, e agora tam-
admissão. bém em virtude de avaliação negativa de desempenho durante o
período de estágio probatório.
Invalidação do concurso. Isso lhe garante que, uma vez legalmente investido em cargo
Conforme mencionado, os concursos públicos devem ser rea- público passa a ser representante do Estado nas manifestações
lizados previamente para o preenchimento de cargos e empregos proferidas durante o exercício do cargo, e assim, passa a gozar de
públicos, devendo para tanto dispensar tratamento impessoal e prerrogativas especiais (típicas de direito público) com o objetivo de
igualitário entre os interessados, sendo certo que a ausência desse satisfazer as demandas coletivas.
tratamento causaria fraude a ordem constitucional de realização de
concurso público. Estágio experimental, estágio probatório e Estabilidade
Neste contexto, são inválidas as disposições constantes em edi- O instituto da Estabilidade corresponde à proteção ao ocupan-
tais ou normas de admissão em cargos e empregos públicos que te do cargo, garantindo, não de forma absoluta, a permanência no
desvirtuam as finalidades da realização do concurso público. Serviço Público, o que permite a execução regular de suas ativida-
des, visando exclusivamente o alcance do interesse coletivo.
Caso se identifique qualquer norma ou cláusula constante em No entanto, para se conquistar a estabilidade prevista constitu-
edital que inviabilize ou dificulte a ampla participação daqueles que cionalmente é necessário superar a etapa de estágio experimental
preencham os requisitos mínimos ou então que direcione, de qual- ou também chamada de estágio probatório, que pressupõe a reali-
quer forma, com o objetivo de beneficiar ou prejudicar alguem em zação de avaliação de desempenho e transpor o período de 3 (três)
concurso público poderá acarretar na invalidação de todo o certame. anos de efetivo desempenho da função.

330
NOÇÕES DE DIREITO
A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta de - Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de exte-
Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise sistemática do riorização e demais procedimentos prévios que forem exigidos com
desempenho do profissional em função das atividades que realiza, a expedição do ato administrativo.
das metas estabelecidas, dos resultados alcançados e do seu poten- Via de regra, os atos devem ser escritos, permitindo de ma-
cial de desenvolvimento. neira excepcional atos gestuais, verbais ou provindos de forças que
não sejam produzidas pelo homem, mas sim por máquinas, que são
os casos dos semáforos, por exemplo.
ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITO E REQUISITOS; A forma não configura a essência do ato, mas apenas o ins-
ATRIBUTOS; INVALIDAÇÃO; CLASSIFICAÇÃO; ESPÉCIES.
trumento necessário para que a conduta administrativa atinja seus
objetivos. O ato deve atender forma específica, justamente porque
CONCEITO se dá pelo fato de que os atos administrativos decorrem de um pro-
Ato Administrativo, em linhas gerais, é toda manifestação lícita cesso administrativo prévio, que se caracterize por uma série de
e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe faça às atos concatenados, com um propósito certo.
vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir,
transferir, modificar ou extinguir direitos e obrigações. - Motivo: O motivo será válido, sem irregularidades na prática
Para Hely Lopes Meirelles: “toda manifestação unilateral de do ato administrativo, exigindo-se que o fato narrado no ato prati-
vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, te- cado seja real e tenha acontecido da forma como estava descrito na
nha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, ex- conduta estatal.
tinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito das
ou a si própria”. razões que levaram à prática do ato.
Para Maria Sylvia Zanella di Pietro ato administrativo é a “de-
claração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos - Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa rece-
jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de ber com sua expedição. Todo e qualquer ato administrativo tem por
direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”. objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídi-
Conforme se verifica dos conceitos elaborados por juristas cas referentes a pessoas, coisas ou atividades voltadas à ação da
administrativos, esse ato deve alcançar a finalidade pública, onde Administração Pública.
serão definidas prerrogativas, que digam respeito à supremacia do Entende-se por objeto, aquilo que o ato dispõe, o efeito causa-
interesse público sobre o particular, em virtude da indisponibilidade do pelo ato administrativo, em decorrência de sua prática. Trata-se
do interesse público. do objeto como a disposição da conduta estatal, aquilo que fica de-
Os atos administrativos podem ser delegados, assim os parti- cidido pela prática do ato.
culares recebem a delegação pelo Poder Público para prática dos
referidos atos. ATRIBUTOS
Dessa forma, os atos administrativos podem ser praticados pelo Atributos são qualidades, prerrogativas ou poderes especiais
Estado ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se con- que revestem os atos administrativos para que eles alcancem os
cluir que os atos administrativos não são definidos pela condição fins almejados pelo Estado.
da pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público. Existem por conta dos interesses que a Administração repre-
senta, são as qualidades que permitem diferenciar os atos adminis-
REQUISITOS trativos dos outros atos jurídicos. Decorrem do princípio da supre-
São as condições necessárias para a existência válida do ato. macia do interesse público sobre o privado.
Os requisitos dos atos administrativos são cinco:
- Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz. Tra- São atributos dos atos administrativos:
ta-se de requisito vinculado, ou seja, para que um ato seja válido a) Presunção de Legitimidade/Legitimidade: É a presunção
deve-se verificar se foi praticado por agente competente. de que os atos administrativos devem ser considerados válidos, até
O ato deve ser praticado por agente público, assim considerado que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação
todo aquele que atue em nome do Estado, podendo ser de qual- dos serviços públicos.
quer título, mesmo que não ganhe remuneração, por prazo deter- A presunção de legitimidade não pressupõe no entanto que Ios
minado ou vínculo de natureza permanente. atos administrativos não possam ser combatidos ou questionados,
Além da competência para a prática do ato, se faz necessário no entanto, o ônus da prova é de quem alega.
que não exista impedimento e suspeição para o exercício da ativi- O atributo de presunção de legitimidade confere maior cele-
dade.  ridade à atuação administrativa, já que depois da prática do ato,
Deve-se ter em mente que toda a competência é limitada, não estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se fosse vá-
sendo possível um agente que contenha competência ilimitada, lido, até que se declare sua ilegalidade por decisão administrativa
tendo em vista o dever de observância da lei para definir os critérios ou judicial.
de legitimação para a prática de atos.
b) Imperatividade: É a prerrogativa que os atos administrativos
- Finalidade: O ato administrativo deve ser editado pela Admi- possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados,
nistração Pública em atendimento a uma finalidade maior, que é a independente da concordância destes. É o atributo que a Adminis-
pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso tração possui para impor determinado comportamento a terceiros.
de poder.
Em outras palavras, o ato administrativo deve ter como fina- c) Exigibilidade ou Coercibilidade: É a prerrogativa que pos-
lidade o atendimento do interesse coletivo e do atendimento das suem os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu cum-
demandas da sociedade. primento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigibilidade,
em regra, nascem no mesmo momento. 

331
NOÇÕES DE DIREITO
Caso não seja cumprida a obrigação imposta pelo administrati- o particular. Nesses casos, a atividade será regulada pelo direito pri-
vo, o poder público, se valerá dos meios indiretos de coação, reali- vado, de modo que o Estado não irá se valer das prerrogativas que
zando, de modo indireto o ato desrespeitado. tenham relação com a supremacia do interesse público.
Exemplo:  a alienação de um imóvel público inservível ou alu-
d) Autoexecutoriedade: É o poder de serem executados mate- guel de imóvel para instalar uma Secretaria Municipal.
rialmente pela própria administração, independentemente de re-
curso ao Poder Judiciário. Quanto à natureza das situações jurídicas que o ato cria: 
A autoexecutoriedade é atributo de alguns atos administrati- Atos-regra: Criam situações gerais, abstratas e impessoais.Tra-
vos, ou seja, não existe em todos os atos. Poderá ocorrer quando çam regras gerais (regulamentos).
a lei expressamente prever ou quando estiver tacitamente prevista Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujeito
em lei sendo exigido para tanto situação de urgência; e inexistência determinado. Criam situações particulares e geram efeitos indivi-
de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão. duais.
Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada condi-
CLASSIFICAÇÃO ção se cumpra.
Os atos administrativos podem ser objeto de várias classifica-
ções, conforme o critério em função do qual seja agrupados. Men- Quanto ao grau de liberdade da Administração para a prática
cionaremos os agrupamentos de classificação mais comuns entre do ato:
os doutrinadores administrativos. Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados
em lei, não existindo possibilidade de apreciação por parte do ad-
Quanto à composição da vontade produtora do ato: ministrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao ad-
Simples: depende da manifestação jurídica de um único órgão, ministrador apenas a verificação da existência de todos os elemen-
mesmo que seja de órgão colegiado, torna o ato perfeito, portan- tos expressos em lei para a prática do ato.
to, a vontade para manifestação do ato deve ser unitária, obtida Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o mo-
através de votação em órgão colegiado ou por manifestação de um tivo e sobre o objeto do ato, devendo pautar suas escolhas de acor-
agente em órgãos singulares. do com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionarie-
Complexo: resulta da manifestação conjugada de vontades de dade é sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo
órgãos diferentes. É necessária a manifestação de vontade de dois com o princípio da finalidade pública. O poder judiciário não pode
ou mais órgãos para formar um único ato. avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a
Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que um legalidade, os motivos e o conteúdo ou objeto do ato.
edita o ato principal e o outro será acessório. Como se nota, é com-
posto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo órgão pú- Quanto aos efeitos: 
blico, em patamar de desigualdade, de modo que o segundo ato Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destinatários.
deve contar com o que ocorrer com o primeiro. Pode ser outorgado um novo direito, como permissão de uso de
bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um perío-
Quanto a formação do ato: do de suspensão.
Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma das
partes. Exemplo: licença Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação já
Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as partes. existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue
Exemplo: contrato administrativo; a situação existente, apenas a reconhece.
Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias partes. Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja extin-
Exemplo: convênios. ta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de
atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato.
Quanto aos destinatários do ato: Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o ato
Individuais: são aqueles destinados a um destinatário certo e que põe termo a um direito ou dever existente. Cite-se a demissão
determinado, impondo a norma abstrata ao caso concreto. Nesse do servidor público.
momento, seus destinatários são individualizados, pois a norma é
geral restringindo seu âmbito de atuação.  Quanto à situação de terceiros: 
Gerais: são os atos que têm por destinatário final uma catego- Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno
ria de sujeitos não especificados. Os atos gerais tem a finalidade da Administração Pública, não atingindo terceiros, como as circula-
de normatizar suas relações e regulam uma situação jurídica que res e pareceres.
abrange um número indeterminado de pessoas, portanto abrange Externos: Destinados a produzir efeitos sobre terceiros, e, por-
todas as pessoas que se encontram na mesma situação, por tratar- tanto, necessitam de publicidade para que produzam adequada-
-se de imposição geral e abstrata para determinada relação. mente seus efeitos. 

Quanto à posição jurídica da Administração:  Quanto à validade do ato:


Atos de império: Atos onde o poder público age de forma impe- Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: competên-
rativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações. São atos cia, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto
praticados sob as prerrogativas de autoridade estatal. Ex. Interdição para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro.
de estabelecimento comercial. Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito
Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder público, sem que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as
as prerrogativas do Estado (ausente o poder de comando estatal), partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos,
sendo que a Administração irá atuar em situação de igualdade com ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa,
seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo, ex

332
NOÇÕES DE DIREITO
tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os - Regimentos – São atos administrativos internos que emanam
direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de auto-orga-
nulo.  nização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta ma-
Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem ser neira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu.
sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o - Resoluções – São atos administrativos inferiores aos regimen-
ato será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a ser válido. tos e regulamentos, expedidos pelas autoridades do executivo.
Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles - Deliberações – São atos normativos ou decisórios que ema-
expressamente previstos em lei. nam de órgãos colegiados provenientes de acordo com os regula-
Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato admi- mentos e regimentos das organizações coletivas. Geram direitos
nistrativo, mas falta a manifestação de vontade da Administração para seus beneficiários, sendo via de regra, vinculadas para a Ad-
Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente ministração.
público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impos-
sível.  b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcio-
namento da Administração e a conduta funcional de seus agentes.
Quanto à exequibilidade:  Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por
Perfeito: É aquele que completou seu processo de formação, chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos
estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se confunde particulares.
com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se São eles:
às etapas de sua formação. - Instruções – orientação do subalterno pelo superior hierár-
Imperfeito: Não completou seu processo de formação, portan- quico em desempenhar determinada função;
to, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a - Circulares – ordem uniforme e escrita expedida para determi-
homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei. nados funcionários ou agentes;
Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou - Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao Mi-
termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas nistério;
aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confun-
- Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos públicos
de com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o
aos seus subalternos que determinam a realização de atos especiais
casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data espe-
ou gerais;
cífica.
- Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas aos res-
Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada
ponsáveis por obras ou serviços públicos;
mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a
- Provimentos – atos administrativos intermos, com determina-
concessão de licença para doar sangue.
ções e instruções em que a Corregedoria ou os Tribunais expedem
para regularização ou uniformização dos serviços;
ESPÉCIES
- Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela Adminis-
a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando ge-
tração a terceiros;
ral do Executivo visando o cumprimento de uma lei. Podem apre-
- Despachos administrativos – são decisões tomadas pela auto-
sentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto
ridade executiva (ou legislativa e judiciária, quando no exercício da
geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção
função administrativa) em requerimentos e processos administrati-
(decreto de nomeação de um servidor).
vos sujeitos à sua administração.
Os atos normativos se subdividem em:
- Regulamentos: São atos normativos posteriores aos decretos,
c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declara-
que visam especificar as disposições de lei, assim como seus man-
ção de vontade da Administração apta a concretizar determinado
damentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas con-
regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-
dições impostas ou consentidas pelo Poder Público.
-executáveis independem de regulamentos para produzir efeitos.
- Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que a
1. Regulamentos executivos: são os editados para a fiel execu-
Administração concede ao Administrado a faculdade de realizar de-
ção da lei, é um ato administrativo que não tem o foto de inovar o
terminada atividade. 
ordenamento jurídico, sendo praticado para complementar o texto
- Autorização – ato discricionário e precário em que a Adminis-
legal. Os regulamentos executivos são atos normativos que comple-
tração confere ao administrado a faculdade de exercer determinada
mentam os dispositivos legais, sem que ivovem a ordem jurídica,
atividade. 
com a criação de direitos e obrigações. 
- Permissão - ato discricionário e precário em que a Administra-
2. Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e vi-
ção confere ao administrado a faculdade de promover certa ativida-
sam inovar o ordenamento jurídico, determinando normas sobre
de nas situações determinadas por ela;
matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Assim, podem
- Aprovação - análise pela própria administração de atividades
ser considerados atos expedidos como substitutos da lei e não fa-
prestadas por seus órgãos;
cilitadores de sua aplicação, já que são editados sem contemplar
- Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato pra-
qualquer previsão anterior. ticado pela própria Administração como maneira de exequibilidade;
- Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato
Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou não praticado pelos seus órgãos como meio de lhe dar eficácia;
de serem expedidos regulamentos autônomos, em decorrência do - Dispensa - ato administrativo que exime o particular do cum-
princípio da legalidade. primento de certa obrigação até então conferida por lei.
- Instruções normativas – Possuem previsão expressa na Cons- - Renúncia - ato administrativo em que o poder Público extin-
tituição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos administrativos gue de forma unilateral um direito próprio, liberando definitiva-
privativos dos Ministros de Estado. mente a pessoa obrigada perante a Administração Pública.

333
NOÇÕES DE DIREITO
d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administra- Revogação: É a retirada do ato administrativo em decorrência
ção se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses
sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo
arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao com a lei. A revogação somente poderá ser feita por via adminis-
motivo e ao conteúdo. trativa.
- Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública com- Quando se revoga um ato, diz-se que a Administração perdeu
prova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por o interesse na manutenção deste, ainda que não exista vício que o
meio dos órgãos competentes; tome. Trata-se de ato discricionário, referente ao mérito adminis-
- Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e autentica- trativo, por set um ato legal, todos os atos já foram produzidos de
das de atos ou fatos existentes em processos, livros ou documentos forma lícita, de modo que a revogação não irá retroagir, contudo
que estejam na repartição pública; mantem-se os efeitos já produzidos (ex nunc).
- Pareceres - são manifestações de órgãos técnicos referentes a Não há limite temporal para a revogação de atos administrati-
assuntos submetidos à sua consideração. vos, não se configurando a decadência, no prazo quinquenal, tendo
em vista o entendimento que o interesse público pode ser alterado
e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção impos- a qualquer tempo.
ta pela lei e aplicada pela Administração, visando punir as infrações Não existe efeito repristinatório, ou seja, a retirada do ato, por
administrativas ou condutas irregulares de servidores ou de parti- razões de conveniência e oportunidade. 
culares perante a Administração.
Esses atos são aplicados para aqueles que desrespeitam as dispo- Convalidação ou Sanatória: É o ato administrativo que, com
sições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou serviços. efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná-
Quanto à sua atuação os atos punitivos podem ser de atuação -lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que
externa e interna. Quando for interna, compete à Administração sana um vício de um ato anterior, transformando-o em válido desde
punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os serviços que o momento em que foi praticado. Alguns autores, ao se referir à
contenham defeitos, por meio de sanções previstas nos estatutos, convalidação, utilizam a expressão sanatória. 
fazendo com que se respeite as normas administrativas. 
O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente majori-
tária), constitutiva, secundária, e eficácia ex tunc.
EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO.
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos,
Os atos administrativos são produzidos e editados com a fina-
sustentando que os atos administrativos somente podem ser nu-
lidade de produzir efeitos jurídicos. Cumprida a finalidade a qual
los. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos
fundamenta a edição do ato o mesmo deve ser extinto.
anuláveis.
Outras vezes, fatos ou atos posteriores interferem diretamente
Existem três formas de convalidação:
no ato e geram sua suspensão ou elimina definitivamente seus efei-
tos, causando sua extinção. a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autoridade
Ademais, diversas são as causas que determinam a extinção que praticou o ato;
dos atos adminsitrativos ou de seus efeitos, vejamos: b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade superior
àquela que praticou o ato;
Cassação: Ocorre a extinção do ato administrativo quando o c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro, ou
administrado deixa de preencher condição necessária para perma- seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por autoridade
nência da vantagem, ou seja, o beneficiário descumpre condição superior.
indispensável para manutenção do ato administrativo. 
Verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação
Anulação ou invalidação (desfazimento): É a retirada, o desfa- será discricionária, ou seja, a Administração convalidará ou não o
zimento do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, ou ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo por base
seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada pela Administração o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a
ou pelo judiciário, com eficácia retroativa – ex tunc.  convalidação deverá ser obrigatória, visto que, se houver como sa-
A anulação pode acontecer por via judicial ou por via admi- nar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto,
nistrativa. Ocorrerá por via judicial quando alguém solicita ao Ju- que existam obstáculos ao dever de convalidar, não havendo outra
diciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa quando alternativa senão anular o ato.
a própria Administração expede um ato anulando o antecedente,
utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja, a Administração DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA
tem o poder de rever seus atos sempre que eles forem ilegais ou A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre direitos
inconvenientes. Quando a anulação é feita por via administrativa, potestativos, que “são poderes que a lei confere a determinadas
pode ser realizada de ofício ou por provocação de terceiros. pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre situa-
De acordo com entendimento consolidado pelo Supremo Tri- ções jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas”, ou seja,
bunal Federal, a anulação de um ato não pode prejudicar terceiro quando a lei ou a vontade fixam determinado prazo para serem
de boa-fé. exercidos e se não o forem, extingue-se o próprio direito material.
Vejamos o que consta nas Súmulas 346 e 473 do STF: O instituto da decadência tem a finalidade de garantir a segu-
- SÚMULA 346: A administração pública pode declarar a nulida- rança jurídica. A decadência que decorre de prazo legal é de ordem
de dos seus próprios atos. pública, não podendo ser renunciada. Entretanto, se o prazo deca-
- SÚMULA 473: A administração pode anular seus próprios dencial for ajustado, por declaração unilateral de vontade ou por
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles convenção entre as partes, pode ser renunciado, que correspon-
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência derá a uma revogação da condição para o exercício de um direito
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, dentro de determinado tempo.
em todos os casos, a apreciação judicial.

334
NOÇÕES DE DIREITO
Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria considerar-se A relação hierárquica é acessória da organização administrati-
como de decadência administrativa os prazos estabelecidos por va, permitindo a distribuição de competências dentro da organiza-
diversas leis, para delimitar no tempo as atividades da Adminis- ção administrativa para melhor funcionamento das atividades exe-
tração. E isso porque a prescrição, como instituto jurídico, pressu- cutadas pela Administração Pública.
põe a existência de uma ação judicial apta à defesa de um direito.
Contudo, a legislação, ao estabelecer os prazos dentro dos quais o PODER DISCIPLINAR
administrado pode interpor recursos administrativos ou pode a Ad- O Poder Disciplinar decorre do poder punitivo do Estado de-
ministração manifestar-se, seja pela prática de atos sobre a conduta corrente de infração administrativa cometida por seus agentes ou
de seus servidores, sobre obrigações fiscais dos contribuintes, ou por terceiros que mantenham vínculo com a Administração Pública.
outras obrigações com os administrados, refere-se a esses prazos Não se pode confundir o Poder Disciplinar com o Poder Hierár-
denominando-os de prescricionais.  quico, sendo que um decorre do outro. Para que a Administração
Em suma, decadência administrativa ocorre com o transcurso do possa se organizar e manter relação de hierarquia e subordinação é
prazo, impedindo a prática de um ato pela própria Administração.  necessário que haja a possibilidade de aplicar sanções aos agentes
que agem de forma ilegal.
A aplicação de sanções para o agente que infringiu norma de
PODERES ADMINISTRATIVOS: PODER VINCULADO, caráter funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui
PODER DISCRICIONÁRIO, PODER HIERÁRQUICO, de sanções penais e sim de penalidades administrativas como ad-
PODER DISCIPLINAR, PODER REGULAMENTAR, PODER vertência, suspensão, demissão, entre outras.
DE POLÍCIA. DO USO E DO ABUSO DO PODER Estão sujeitos às penalidades os agentes públicos quando pra-
ticarem infração funcional, que é aquela que se relaciona com a
O poder administrativo representa uma prerrogativa especial atividade desenvolvida pelo agente.
de direito público (conjunto de normas que disciplina a atividade É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja
estatal) outorgada aos agentes do Estado, no qual o administrador motivada e precedida de processo administrativo competente que
público para exercer suas funções necessita ser dotado de alguns garanta a ampla defesa e o contraditório ao acusado, evitando me-
poderes. didas arbitrárias e sumárias da Administração Pública na aplicação
Esses poderes podem ser definidos como instrumentos que da pena.
possibilitam à Administração cumprir com sua finalidade, contudo,
devem ser utilizados dentro das normas e princípios legais que o PODER REGULAMENTAR
regem. É o poder que tem os chefes do Poder Executivo de criar e edi-
Vale ressaltar que o administrador tem obrigação de zelar pelo tar regulamentos, de dar ordens e de editar decretos, com a finali-
dever de agir, de probidade, de prestar contas e o dever de pautar dade de garantir a fiel execução à lei, sendo, portanto, privativa dos
seus serviços com eficiência. Chefes do Executivo e, em princípio, indelegável.
Podemos dizer então que esse poder resulta em normas inter-
PODER HIERÁRQUICO nas da Administração. Como exemplo temos a seguinte disposição
A Administração Pública é dotada de prerrogativa especial de constitucional (art. 84, IV, CF/88):
organizar e escalonar seus órgãos e agentes de forma hierarquiza- Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
da, ou seja, existe um escalonamento de poderes entre as pessoas [...]
e órgãos internamente na estrutura estatal IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
É pelo poder hierárquico que, por exemplo, um servidor está expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução.
obrigado a cumprir ordem emanada de seu superior desde que não
sejam manifestamente ilegais. É também esse poder que autoriza a A função do poder regulamentar é estabelecer detalhes e os
delegação, a avocação, etc. procedimentos a serem adotados quanto ao modo de aplicação de
A lei é quem define as atribuições dos órgãos administrativos, dispositivos legais expedidos pelo Poder Legislativo, dando maior
bem como cargos e funções, de forma que haja harmonia e unidade clareza aos comandos gerais de caráter abstratos presentes na lei.
de direção. Percebam que o poder hierárquico vincula o superior e - Os atos gerais são os atos como o próprio nome diz, geram
o subordinado dentro do quadro da Administração Pública. efeitos para todos (erga omnes); e
Compete ainda a Administração Pública: - O caráter abstrato é aquele onde há uma relação entre a cir-
a) editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), cunstância ou atividade que poderá ocorrer e a norma regulamen-
que tenham como objetivo ordenar a atuação dos órgãos subordi- tadora que disciplina eventual atividade.
nados, pois refere-se a atos normativos que geram efeitos internos
e não devem ser confundidas com os regulamentos, por serem de- Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente
correntes de relação hierarquizada, não se estendendo a pessoas dotadas de competência para estabelecer regras disciplinando os
estranhas; respectivos setores de atuação. É o denominado poder normativo
b) dar ordens aos subordinados, com o dever de obediência, das agências.
salvo para os manifestamente ilegais; Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao
c) controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o objetivo de cumprimento do princípio da legalidade na medida em que os atos
verificar a legalidade de seus atos e o cumprimento de suas obriga- normativos expedidos pelas agências ocupam posição de inferiori-
ções, permitindo anular os atos ilegais ou revogar os inconvenien- dade em relação à lei dentro da estrutura do ordenamento jurídico.
tes, seja ex. officio (realiza algo em razão do cargo sem nenhuma
provocação) ou por provocação dos interessados, através dos re- PODER DE POLÍCIA
cursos hierárquicos; É certo que o cidadão possui garantias e liberdades individuais
d) avocar atribuições, caso não sejam de competência exclusiva e coletivas com previsão constitucional, no entanto, sua utilização
do órgão subordinado; deve respeitar a ordem coletiva e o bem estar social.
e) delegação de atribuições que não lhe sejam privativas.

335
NOÇÕES DE DIREITO
Neste contexto, o poder de polícia é uma prerrogativa confe- Vale lembrar que a administração pública pode executar, por
rida à Administração Pública para condicionar, restringir e limitar seus próprios meios, suas decisões, não precisando de autorização
o exercício de direitos e atividades dos particulares em nome dos judicial.
interesses da coletividade.
Possui base legal prevista no Código Tributário Nacional, o qual - Coercibilidade: Limita-se ao princípio da proporcionalidade,
conceitua o Poder de Polícia: na medida que for necessária será permitido o uso da força par
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administra- cumprimento dos atos. A coercibilidade é um atributo que torna
ção pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li- obrigatório o ato praticado no exercício do poder de polícia, inde-
berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de pendentemente da vontade do administrado.
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de Uso e Abuso De Poder
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização Sempre que a Administração extrapolar os limites dos pode-
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie- res aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A ilegalidade
dade e aos direitos individuais ou coletivos. traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido judicial-
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de mente.
polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em que
da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes Públicos
de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou des- estão obrigados a respeitar os princípios e as normas constitucio-
vio de poder. nais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado a possibilidade
do ingresso ao Poder Judiciário.
Os meios de atuação da Administração no exercício do poder A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atri-
de polícia compreendem os atos normativos que estabelecem limi- buída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais causados
tações ao exercício de direitos e atividades individuais e os atos ad- a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercício das suas
ministrativos consubstanciados em medidas preventivas e repressi- atribuições quanto agindo nessa qualidade.
vas, dotados de coercibilidade.
A competência surge como limite para o exercício do poder de Desvio de Poder
polícia. Quando o órgão não for competente, o ato não será consi- O desvio significa o afastamento, a mudança de direção da que
derado válido. fora anteriormente determinada. Este tipo de ato é praticado por
O limite do poder de atuação do poder de polícia não poderá autoridade competente, que no momento em que pratica tal ato,
divorciar-se das leis e fins em que são previstos, ou seja, deve-se distinto do que é visado pela norma legal de agir, acaba insurgindo
condicionar o exercício de direitos individuais em nome da coleti- no desvio de poder.
vidade.
Segundo Cretella Júnior:
Limites “o fim de todo ato administrativo, discricionário ou não, é o
Mesmo que o ato de polícia seja discricionário, a lei impõe al- interesse público. O fim do ato administrativo é assegurar a ordem
guns limites quanto à competência, à forma, aos fins ou ao objeto. da Administração, que restaria anarquizada e comprometida se o
Em relação aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido fim fosse privado ou particular”.
para atender ao interesse público. A autoridade que fugir a esta re-
gra incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato com Não ser refere as situações que estejam eivadas de má-fé, mas
todas as consequências nas esferas civil, penal e administrativa. sim quando a intenção do agente encontra-se viciada, podendo
Dessa forma, o fundamento do poder de polícia é a predomi- existir desvio de poder, sem que exista má-fé. É a junção da vontade
nância do interesse público sobre o particular, logo, torna-se escuso de satisfação pessoal com inadequada finalidade do ato que pode-
qualquer benefício em detrimento do interesse público. ria ser praticado.

Atributos do poder de polícia Essa mudança de finalidade, de acordo com a doutrina, pode
Os atributos do poder de polícia, busca-se garantir a sua execu- ocorrer nas seguintes modalidades:
ção e a prioridade do interesse público. São eles: discricionarieda- a. quando o agente busca uma finalidade alheia ao interesse
de, autoexecutoriedade e coercibilidade. público;
- Discricionariedade: a Administração Pública goza de liberdade b. quando o agente público visa uma finalidade que, no entan-
para estabelecer, de acordo com sua conveniência e oportunidade, to, não é o fim pré-determinado pela lei que enseja validade ao
quais serão os limites impostos ao exercício dos direitos individuais ato administrativo e, por conseguinte, quando o agente busca uma
e as sanções aplicáveis nesses casos. Também confere a liberdade finalidade, seja alheia ao interesse público ou à categoria deste que
de fixar as condições para o exercício de determinado direito. o ato se revestiu, por meio de omissão.
No entanto, a partir do momento em que são fixados esses li-
mites, com suas posteriores sanções, a Administração será obrigada
a cumpri-las, ficando dessa maneira obrigada a praticar seus atos
vinculados.
- Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder Judiciário
intervenha na atuação da Administração Pública. No entanto, essa
liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder Judiciário o con-
trole desse ato.
Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta for
prevista em lei, além de seu uso para situações emergenciais, em
que será necessária a atuação da Administração Pública.

336
NOÇÕES DE DIREITO
exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem
CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA como dos direitos e haveres da União; apoiar o controle externo no
ADMINISTRAÇÃO: CONTROLE ADMINISTRATIVO; exercício de sua missão institucional”.
CONTROLE JUDICIAL; CONTROLE LEGISLATIVO d) pareceres vinculantes: Trata-se de controle preventivo sobre
determinados atos e contratos administrativos realizado por órgão
INTRODUÇÃO técnico integrante da Administração ou por órgão do Poder Execu-
A Administração Pública se sujeita a controle por parte dos Po- tivo.
deres Legislativo e Judiciário, além de exercer, ela mesma, o contro- e) ouvidoria: limita-se a receber e proceder ao encaminhamen-
le sobre os próprios atos. to das reclamações que recebe. Ouvidoria, assim entendido como
Com base nesses elementos, Maria Sylvia Zanella di Pietro con- um canal de comunicação, tem-se dedicado a receber reclamações
ceitua “o controle da Administração Pública como o poder de fis- de populares e usuários dos serviços públicos.
calização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes f) recursos administrativos hierárquicos ou de ofício: por ve-
Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a con- zes a lei condiciona a decisão ao reexame superior, carecendo ser
formidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos conhecida e eventualmente revista por agente hierarquicamente
pelo ordenamento jurídico”. superior àquele que decidiu.
Embora o controle seja atribuição estatal, há possibilidade cons-
titucional do administrado participar dele à medida que pode e deve Controle Administrativo Exercitado Por Provocação: Nesta
provocar o procedimento de controle, não apenas na defesa de seus hipótese de controle interno, ou administrativo (por provocação),
interesses individuais, mas também na proteção do interesse coletivo. pode decorrer das seguintes formas:
O controle abrange a fiscalização e a correção dos atos ilegais e, a) direito de petição: A Constituição Federal assegura a todos,
em certa medida, dos inconvenientes ou inoportunos. independentemente do pagamento de taxas, “o direito de petição
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (CON- abuso de poder” (art. 5º, XXXIV, a).
TROLE INTERNO) O direito individual consagrado no inciso XXXIV é amplo, e seu
O controle administrativo é o que decorre da aplicação do prin- exercício não exige legitimidade ou interesse comprovado. Pode,
cípio do autocontrole, ou autotutela, do qual emerge o poder com assim, ser a petição individual ou coletiva subscrita por brasileiro ou
idêntica designação (poder de autotutela). estrangeiro, pessoa física ou jurídica, e ser endereçada a qualquer
A Administração tem o dever de anular seus próprios atos, dos Poderes do Estado.
quando eivados de nulidade, podendo revogá-los ou alterá-los, por Enquanto o direito de petição é utilizado para possibilitar o
conveniência e oportunidade, respeitados, nessa hipótese, os direi- acesso a informações de interesse coletivo, o direito de certidão
tos adquiridos. é utilizado para a obtenção de informações que dizem respeito ao
É o poder de fiscalização e correção que a Administração Pública próprio requerente.
(em sentido amplo) exerce sobre sua própria atuação, sob os aspectos b) pedido de reconsideração: O pedido de reconsideração abri-
de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante provocação. ga requerimento que objetiva a revisão de determinada decisão
O controle sobre os órgãos da Administração Direta é um con- administrativa.
trole interno e decorre do poder de autotutela que permite à Admi- Exige a demonstração de interesse daquele que o subscreve,
nistração Pública rever os próprios atos quando ilegais, inoportunos podendo ser exercido por pessoa física ou jurídica, brasileira ou
ou inconvenientes, sendo amplamente reconhecido pelo Poder Ju- estrangeira, desde que detentora de interesse. O prazo para sua
diciário (Súmulas 346 e 473 do STF). interposição deve estar previsto na lei que autoriza o ato; no seu
silêncio, a prescrição opera-se em um ano, contado da data do ato
Controle Administrativo Exercitado de Ofício: ou decisão.
O controle é exercitado de ofício, pela própria Administração, c) reclamação administrativa: Esta modalidade de recurso ad-
ou por provocação. Na primeira hipótese, pode decorrer de: fiscali- ministrativo tem a finalidade de conferir à oportunidade do cidadão
zação hierárquica; supervisão superior; controle financeiro; parece- questionar a realização de algum ato administrativo.
res vinculantes; ouvidoria; e recursos administrativos hierárquicos Trata-se de pedido de revisão que impugna ato ou atividade
administrativa. É a oposição solene, escrita e assinada, a ato ou
ou de ofício.
atividade pública que afete direitos ou interesses legítimos do re-
a) fiscalização hierárquica: Procede do poder hierárquico, que
clamante. Dessas reclamações são exemplos a que impugna lança-
faculta à Administração a possibilidade de escalonar sua estrutura,
mentos tributários e a que se opõe a determinada medida punitiva.
vinculando uns a outros e permitindo a ordenação, coordenação,
d) recurso administrativo: Recurso é instrumento de defesa,
orientação de suas atividades.
meio hábil de impugnação ou ferramenta jurídica que possibilita o
b) supervisão superior: Difere da fiscalização hierárquica por-
reexame de decisão da Administração. Os recursos administrativos
que não pressupõe o vínculo de subordinação, ficando limitada a podem ser:
hipóteses em que a lei expressamente admite a sua realização. No 1. provocados ou voluntários: é o interposto pelo interessado,
âmbito da Administração Pública Federal é nominada de “supervi- pelo particular, devendo ser dirigido à autoridade competente para
são ministerial” e aplicável às entidades vinculadas aos ministérios rever a decisão, contendo a exposição dos fatos e fundamentos ju-
c) controle financeiro: O art. 74 da Constituição Federal deter- rídicos da irresignação.
mina que os Poderes mantenham sistema de controle interno com a Nada impede, ainda, que, presente o recurso, julgue o admi-
finalidade de “avaliar o cumprimento das metas previstas no plano nistrador conveniente a revogação da decisão, ou a sua anulação,
plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos ainda que o recurso não objetive tal providência. Os recursos sem-
da União; comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à pre produzem efeitos devolutivos, permitindo o reexame da maté-
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimo- ria decidida (devolve à Administração a possibilidade de decidir), e
nial nos órgãos e entidades da Administração Federal, bem como excepcionalmente produzirão efeitos suspensivos, obstando a exe-
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; cução da decisão impugnada.

337
NOÇÕES DE DIREITO
2. hierárquicos ou Administrativo: é o pedido de reexame do Quanto aos atos discricionários, sujeitam-se à apreciação judi-
ato dirigido à autoridade superior à que o proferiu. Só podem recor- cial, desde que não invadam os aspectos reservados à apreciação
rer os legitimados, que, segundo o artigo 58 da Lei federal 9784/99, subjetiva da Administração, conhecidos sob a denominação de mé-
são: rito (oportunidade e conveniência).
-. Os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro- No entanto, não há invasão do mérito quando o Judiciário
cesso; aprecia os motivos, ou seja, os fatos que precedem a elaboração
-. Aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afe- do ato; a ausência ou falsidade do motivo caracteriza ilegalidade,
tados pela decisão recorrida; suscetível de invalidação pelo Poder Judiciário.
-. Organizações e associações representativas, no tocante a di- Nos casos concretos, poderá o Poder Judiciário apreciar a le-
reitos e interesses coletivos; galidade ou constitucionalidade dos atos normativos do Poder
-. Os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses Executivo, mas a decisão produzirá efeitos apenas entre as partes,
difusos. devendo ser observada a norma do art. 97 da Constituição Federal,
que exige maioria absoluta dos membros dos Tribunais para a de-
Pode-se, em tese, recorrer de qualquer ato ou decisão, salvo os claração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
atos de mero expediente ou preparatórios de decisões. Público.
O recurso hierárquico tem sempre efeito devolutivo e pode ter Com relação aos atos políticos, é possível também a sua apre-
efeito suspensivo, se previsto em lei. ciação pelo Poder Judiciário, desde que causem lesão a direitos in-
Na decisão do recurso, o órgão ou autoridade competente tem dividuais ou coletivos.
amplo poder de revisão, podendo confirmar, desfazer ou modificar Quanto aos atos interna corporis (atos administrativos que pro-
o ato impugnado. Entretanto, a reforma não pode impor ao recor- duzem efeitos internos), em regra, não são apreciados pelo Poder
rente um maior gravame (reformatio in pejus). Judiciário, porque se limitam a estabelecer normas sobre o funcio-
namento interno dos órgãos; no entanto, se exorbitarem em seu
e) Pedido de revisão é o recurso utilizado pelo servidor público conteúdo, ferindo direitos individuais e coletivos, poderão também
punido pela Administração, visando ao reexame da decisão, no caso ser apreciados pelo Poder Judiciário.
de surgirem fatos novos suscetíveis de demonstrar a sua inocência.
Pode ser interposto pelo próprio interessado, por seu procurador
CONTROLE LEGISLATIVO
ou por terceiros, conforme dispuser a lei estatutária. É admissível
O controle legislativo, ou parlamentar, é exercido pelo Poder
até mesmo após o falecimento do interessado.
Legislativo em todas as suas esferas de atuação como:
a) Federal: Congresso Nacional composto pelo Senado Federal,
Coisa julgada administrativa:
Câmara dos Deputados,
Quando inexiste, no âmbito administrativo, possibilidade de
b) Estadual: Assembleias Legislativas,
reforma da decisão oferecida pela Administração Pública, está-se
c) Municipal: Câmara de Vereadores
diante da coisa julgada administrativa. Esta não tem o alcance da
d) Distrital: Câmara Distrital
coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administração
Pública é tão-só um ato administrativo decisório, destituído do po-
O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a Administra-
der de dizer do direito em caráter definitivo. Tal prerrogativa, no
ção Pública limita-se às hipóteses previstas na Constituição Federal.
Brasil, é só do Judiciário.
Alcança os órgãos do Poder Executivo, as entidades da Administra-
A imodificabilidade da decisão da Administração Pública só en-
ção Indireta e o próprio Poder Judiciário, quando executa função
contra consistência na esfera administrativa. Perante o Judiciário,
administrativa.
qualquer decisão administrativa pode ser modificada, salvo se tam-
O exercício do controle constitui uma das funções típicas do
bém essa via estiver prescrita.
Poder Legislativo, ao lado da função de legislar.
Portanto, a expressão “coisa julgada”, no Direito Administrati-
vo, não tem o mesmo sentido que no Direito Judiciário. Ela significa
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI): As Comissões
apenas que a decisão se tornou irretratável pela própria Adminis-
Parlamentares de Inquérito são constituídas pelo Senado ou pela
tração.
Câmara, em conjunto ou separadamente, para investigar fato deter-
minado e por prazo certo. Exige-se que o requerimento para a insta-
CONTROLE JUDICIAL
lação contenha um terço de adesão dos membros que compõem as
O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema de juris-
Casas Legislativas, sendo suas conclusões encaminhadas, quando
dição una processar e julgar suas lides, pelo qual o Poder Judiciá-
for o caso, ao Ministério Público.
rio tem o monopólio da função jurisdicional, ou seja, do poder de
As Comissões detêm poderes de investigação, mas não com-
apreciar, com força de coisa julgada, a lesão ou ameaça de lesão a
petência para atos judiciais. Assim, investigam com amplitude, mas
direitos individuais e coletivos (art. 5º, XXXV CF/88).
não julgam e submetem suas conclusões ao Ministério Público.
Neste aspecto afastou o sistema da dualidade de jurisdição,
em que, paralelamente ao Poder Judiciário, existem os órgãos de
Pedido de Informações: O controle exercido por “pedido de in-
Contencioso Administrativo, que exercem, como aquele, função
formações” está previsto no art. 50, § 2º, da Constituição Federal,
jurisdicional sobre lides de que a Administração Pública seja parte
podendo ser dirigido a ministro de Estado ou a qualquer agente
interessada.
público subordinado à Presidência da República, a fim de aclarar
O Poder Judiciário possui como prerrogativa inerente a função
matéria que lhe seja afeta.
típica que exerce examinar os atos da Administração Pública, de
qualquer natureza, sejam gerais ou individuais, unilaterais ou bila-
Tal pedido somente pode ser formulado pelas Mesas da Câ-
terais, vinculados ou discricionários, mas sempre sob o aspecto da
mara e do Senado, devendo ser atendido no prazo de trinta dias,
legalidade e da moralidade (art. 5º, LXXIII, e art. 37).
sujeitando o agente, no caso de descumprimento, a crime de res-
ponsabilidade. A norma é aplicável, por simetria, aos Estados e Mu-
nicípios.

338
NOÇÕES DE DIREITO
Convocação de Autoridades: A Constituição Federal permite às Quanto à criação de Tribunais, Conselhos e órgãos de contas
Casas Legislativas e às suas Comissões a convocação de ministros de municipais, a Constituição Federal veda a sua criação, no entanto,
Estado para prestarem esclarecimentos sobre matéria previamente os municípios que possuíam estas instituições antes da Constituição
definida. Tais esclarecimentos, ou informações, deverão ser pres- de 1988 poderão mantê-las. Já para os municípios posteriores a ela
tados pessoalmente e o descumprimento, repetimos, pode corres- terão o controle externo da Câmara Municipal realizado com o auxí-
ponder à prática de crime de responsabilidade. lio dos Tribunais de Contas dos Estados e Ministério Público. Veja-se
o dispositivo constitucional:
Constituição Federal:
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qual- Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
quer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidên- de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
cia da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com
assunto previamente determinado, importando crime de responsa- o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou
bilidade a ausência sem justificação adequada. dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
Nos Estados e Municípios, a Constituição Estadual e as Leis Competências: Os Tribunais de contas têm competência fisca-
Orgânicas também disciplinam, invariavelmente, a convocação de lizadora e a exercem por meio da realização de auditorias e inspe-
secretários municipais e dos dirigentes de autarquias, fundações, ções em entidades e órgãos da Administração Pública.
sociedades de economia mista, empresas públicas ou outras enti- A competência de controle exercido pelos Tribunais de conta
dades. Não há previsão constitucional para a convocação do chefe atinge a: legalidade, legitimidade, economicidade e aplicação de
do Executivo. subvenções e renúncia de receitas A Constituição Federal ampliou
significativamente as atribuições das Cortes de Contas, dentre as
Fiscalização pelo Tribunal de Contas: A função desempenhada quais se destacam:
pelo Tribunal de Contas é técnica, administrativa, e não jurisdicio- a) oferecer parecer prévio sobre contas prestadas anualmente
nal. Apesar de auxiliar o Legislativo, detém autonomia e não integra pelo chefe do Poder Executivo;
a estrutura organizacional daquele Poder. b) examinar, julgando, as contas dos agentes públicos e admi-
A fiscalização não se restringe ao “controle financeiro”, mas in- nistradores de dinheiros, bens e valores públicos;
clui a fiscalização contábil, orçamentária, operacional e patrimonial c) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa
da Administração Pública direta e indireta, bem como de qualquer ou irregularidade de contas, sanções previstas em lei;
pessoa física ou jurídica que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou d) fiscalizar repasses de recursos efetuados pela União a Esta-
administre dinheiros, bens e valores públicos (CF, art. 70, parágrafo dos, Distrito Federal ou a Municípios, mediante convênio, acordo,
único). ajuste ou outros instrumentos congêneres;
e) conceder prazo para a correção de irregularidade ou ilega-
CONTROLE PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS lidade;
O Tribunal de Contas é competente para realizar a fiscalização f) realizar auditorias e inspeções de natureza contábil, financei-
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos ra, orçamentária, operacional e patrimonial em qualquer unidade
entes federativos, da Administração Pública direta e indireta, além administrativa dos três Poderes, seja da Administração direta, seja
das empresas públicas e sociedades de economia mista que tam- da indireta.
bém estão sujeitas à fiscalização dos Tribunais de Contas.
O Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo mas não o inte- O Supremo Tribunal Federal reconheceu a competência do Tri-
gra de forma direta. Embora o nome sugira que faça parte do Poder bunal de Contas para apreciar a inconstitucionalidade de leis e atos
Judiciário, o Tribunal de Contas está administrativamente enqua- do poder público, dessa forma suas atribuições não dizem respeito
drado no Poder Legislativo. Essa é a posição adotada no Brasil, pois somente à apreciação da legalidade, mas também da legitimidade
em outros países essa corte pode integrar qualquer dos outros dois do órgão e do princípio da economicidade. Segue a súmula:
poderes. Sua situação é de órgão auxiliar do Congresso Nacional, e
como tal exerce competências de assessoria do Parlamento, bem Súmula 347, STF. O Tribunal de Contas, no exercício de suas atri-
como outras privativas. buições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do
Os Tribunais de Contas têm natureza jurídica de órgãos públi- poder público.
cos primários despersonalizados. São chamados de órgãos “pri-
mários” ou “independentes” porque seu fundamento e estrutura É ainda competente para fiscalizar os procedimentos de licita-
encontram-se na própria Constituição Federal, não se sujeitando ções e, nesse caso, possui prerrogativa para adotar medidas caute-
a qualquer tipo de subordinação hierárquica ou funcional a outras lares com a finalidade de evitar futura lesão ao erário, bem como
autoridades estatais para garantir o cumprimento de suas decisões.
Cabe destacar que é da alçada do Tribunal de Contas julgar as
Composição dos Tribunais de Contas: O Tribunal de Contas da contas anuais dos administradores e outros responsáveis pelo erá-
União é composto por nove ministros que possuem as mesmas ga- rio público.
rantias, prerrogativas, vencimentos e impedimentos dos ministros Tem ainda o Tribunal a chamada competência sancionatória,
do STJ. ou seja, o poder de aplicar sanções em caso de ilegalidades nas des-
Os Tribunais de Contas dos Estados são formados conforme pesas e nas contas. Suas decisões tem natureza de título executivo.
previsto nas Constituições Estaduais, respeitando sempre a Cons-
tituição Federal. É integrado por sete conselheiros, sendo quatro
escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Governador do
Estado (súmula 653 do STF).

339
NOÇÕES DE DIREITO
Note-se que, a partir da Constituição de 1967 houve um alarga-
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO mento na responsabilização das pessoas jurídicas de direito público
por atos de seus servidores. Saiu a palavra interno, passando a al-
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO cançar tanto as entidades políticas nacionais, como as estrangeiras.
Esse alargamento ampliou-se ainda mais com a Constituição de
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 1988, que estendeu a aplicabilidade da responsabilidade civil obje-
Durante muito tempo o Estado não era civilmente responsável tiva às pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços
por seus atos, vigorava à época a era do Absolutismo em que o Rei públicos, os não essenciais, por concessão, permissão ou autoriza-
era a figura suprema e, justamente por isso, concentrava todo o ção.
poder em suas mãos.
A figura do rei era indissociável da figura do Estado e, em vá- Modalidades de responsabilidade civil
rias civilizações seu poder supremo era fundamentado na vontade A responsabilidade civil pode demonstrar-se de diversas mo-
de Deus. Surge então a expressão “the king can do no wrong”, ou dalidades:
seja, “o rei nunca erra, e por tal razão não se cogitava em respon-
sabilizá-lo e os danos eventualmente causados decorrente de seus - Subjetiva:
atos ficavam sem reparação. Essa é a teoria da irresponsabilidade A responsabilidade subjetiva difere-se da responsabilidade ob-
do Estado. jetiva com relação à forma, em ambas é exigido a reparação e inde-
Contudo, o funcionário do rei poderia ser responsabilizado nização do dano causado, diferenciando-se com relação à existên-
quando o ato lesivo tivesse relação direta com seu comportamento. cia ou não de culpa por parte do agente que tenha causado dano
à vítima.
Somente no século XIX passou a se admitir a responsabilidade Na responsabilidade subjetiva, o fundamento é a demonstra-
subjetiva do Estado. Esse tipo de responsabilidade demanda uma ção de que o dano contra a vítima foi causado por culpa do agente.
análise sobre a intenção do agente pois, sem essa não se fala em
responsabilidade. Assim, por essa teoria, somente se responsabiliza Para que o agente repare o dano causado é necessário a plena
o sujeito que age com dolo ou culpa. consciência do erro causado, caracterizando, desta forma o dolo ou
Dado à ineficiência desse tipo de responsabilização, mostran- até mesmo a culpa por negligência, imprudência e imperícia. Con-
do-se insuficiente para as demandas sociais, surgiu a teoria da res- tudo, se o dano não tiver sido causado por dolo ou culpa do agente,
ponsabilidade objetiva que ignora a demonstração inicial de culpa, compete à vítima suportar os prejuízos, como se tivessem sido cau-
logo, haverá responsabilidade quando houver dano, ilícito e nexo sados em virtude de caso fortuito ou força maior.
causal.
- Contratual e Extracontratual:
ATENÇÃO: Nexo causal é o liame subjetivo que une o dano ao A responsabilidade contratual decorre da inexecução de um
ilícito, ou seja, à conduta. contrato, unilateral ou bilateral, ou seja, foi quebrado o acordo de
vontade entre as partes, o que acabou causando um ilícito contra-
Desde os tempos do Império que a Legislação Brasileira prevê a tual. Esse pacto de vontades pode se dar de maneira tácita ou ex-
reparação dos danos causados a terceiros pelo Estado, por ação ou pressa, uma das partes pretende ver sua solicitação atendida e a
omissão dos seus agentes. outra, da mesma forma, assume a obrigação de cumpri-la, mesmo
No Brasil, surgiu a criação do Tribunal de Conflitos, em 1.873, que seja de forma verbal.
passando a evoluir à Responsabilidade Subjetiva. A responsabilidade extracontratual relaciona-se com a prática
Quando falamos em responsabilidade extracontratual, deve- de um ato ilícito que origine dano a outrem, sem gerar vínculo con-
mos pensar que será excluída a responsabilidade contratual, pois tratual entre as partes, devendo a parte lesada comprovar além do
será regida por princípios próprios dano a culpa e o nexo de causalidade entre ambos, o que é difícil
As Constituições de 1824 e de 1891 já previam a responsabili- de se comprovar. Irá se preocupar com a reparação dos danos pa-
zação dos funcionários públicos por abusos e omissões no exercício trimoniais.
de seus cargos. Mas a responsabilidade era do funcionário, vingan- Este tipo de responsabilidade caracteriza o estado democrático
do até aí, a teoria da irresponsabilidade do Estado. de direito, conferindo liberdade individual em face da coletividade,
Durante a vigência das Constituições de 1934 e 1937 passou a através de leis.
vigorar o princípio da responsabilidade solidária, por ele o lesado O que ambas tem em comum é que existe a obrigação de re-
podia mover ação contra o Estado ou contra o servidor, ou contra parar o prejuízo, ou por violação a um dever legal, ou por violação
ambos, inclusive a execução. a um dever contratual.
O Código Civil de 1916, em seu art. 15, já tratava do assun-
to, a saber: “As pessoas jurídicas de direito público são civilmente - Objetiva:
responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade O Brasil adota a Responsabilidade Objetiva do Estado. Na res-
causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ponsabilidade objetiva, o dano decorre de uma atividade lícita, que
ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo con- apesar deste caráter gera um perigo a outrem, ocasionando o dever
tra os causadores do dano”. de ressarcimento, pelo simples fato do implemento do nexo cau-
Entretanto, a figura da responsabilidade direta ou solidária do sal. Para tanto, surgiu a teoria do risco para preencher as lacunas
funcionário desapareceu com o advento da Carta de 1946, que ado- deixadas pela culpabilidade, permitindo que o dano fosse reparado
tou o princípio da responsabilidade objetiva do Estado, evolução independente de culpa.
jurídica que garante a possibilidade de ação regressiva contra o ser- Para Rui Stoco2: “a doutrina da responsabilidade civil objetiva,
vidor no caso de culpa. em contrapartida aos elementos tradicionais (culpa, dano, vínculo
de causalidade) determina que a responsabilidade civil assenta-se
2 STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisdicional. 4. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

340
NOÇÕES DE DIREITO
na equação binária, cujos polos são o dano e a autoria do evento O Estado responde pelos danos causados com base no concei-
danoso. Sem considerar a imputabilidade ou investigar a antijuri- to de nexo de causalidade, ou seja, na relação de causa e efeito
cidade do evento danoso, o que importa, para garantir o ressar- existente entre o fato ocorrido e as consequências dele resultantes.
cimento, é a averiguação de que se sucedeu o episódio e se dele Não se cogita a necessidade daquele que sofreu o prejuízo,
proveio algum prejuízo, confirmando o autor do fato causador do comprovar a culpa ou o dolo, bastando apenas a demonstração do
dano como o responsável.” nexo de causalidade, como se observou na leitura do art. 37, § 6º
da Constituição Federal.
Teorias da responsabilidade objetiva do Estado:
De acordo com o jurista Hely Lopes Meirelles, são teorias da RESPONSABILIDADE POR AÇÃO OU OMISSÃO DO ESTADO
responsabilidade objetiva do Estado. Nos termos constitucionais. o dano indenizável pode ser mate-
a) teoria da culpa administrativa: a obrigação do Estado inde- rial e/ou moral e ambos podem ser requeridos na mesma ação, se
nizar decorre da ausência objetiva do serviço público em si. Não se preencherem os requisitos expostos.
trata de culpa do agente público, mas de culpa especial do Poder Aquele que é investido de competências estatais tem o dever
Público, caracterizada pela falta de serviço público. objetivo de adotar as providências necessárias e adequadas a evitar
b) teoria do risco administrativo: a responsabilidade civil do danos às pessoas e ao patrimônio.
Estado por atos comissivos ou omissivos de seus agentes é de natu- Quando o Estado infringir esse dever objetivo e, exercitando
reza objetiva, ou seja, dispensa a comprovação de culpa, bastando suas competências, der oportunidades a ocorrências do dano, esta-
assim a conduta, o fato danoso e o dano, seja ele material ou moral. rão presentes os elementos necessários à formulação de um juízo
Não se indaga da culpa do Poder Público mesmo porque ela é infe- de reprovabilidade quanto a sua conduta.
rida do ato lesivo da Administração. No entanto, não é necessário apurar a existência de uma von-
tade psíquica no sentido da ação ou omissão causadoras do dano.
Entretanto, é fundamental, que haja o nexo causal.
Deve-se atentar para o fato de que a dispensa de comprova- Danos por Ação do Estado
ção de culpa da Administração pelo administrado não quer dizer O exercício da atuação administrativa esta sujeita a causar le-
que aquela esteja proibida de comprovar a culpa total ou parcial da são a terceiros, ou seja, a ação estatal é apta a gerar danos e capaz
vítima, para excluir ou atenuar a indenização. Verificado o dolo ou de produzir o evento lesivo. Indenizável.
a culpa do agente, cabe à fazenda pública acionar regressivamente Se houve conduta estatal lesiva a bem jurídico tutelado, cau-
para recuperar deste, tudo aquilo que despendeu com a indeniza- sando prejuízos de ordem material ou moral ao cidadão, é suficien-
ção da vítima. te para postular a reclamação e consequentemente a reparação do
Como se sabe, o Estado é realmente um sujeito político, jurídi- dano experimentado.
co e economicamente mais poderoso que o administrado, gozando Por obvio, eventualmente o Estado pode vir a lesar direitos ou
de determinadas prerrogativas que não se estendem aos demais interesses de terceiros com o intuito de satisfazer um determinado
sujeitos de direito. interesse público, mediante ação legítima do Estado, sob o funda-
Em razão desse poder, o Estado teria que arcar com um risco mento da Supremacia dos Interesses Coletivos. No entanto, apesar
maior, decorrente de suas inúmeras atividades e, ter que responder de legitima a ação estatal, no caso de produção de evento lesivo a
por ele, trazendo, assim a teoria do Risco Administrativo. outrem, coexiste o dever de indenizar os danos.
Para excluir-se a responsabilidade objetiva, deverá estar ausen-
te ao menos um dos seus elementos, quais sejam conduta, dano Danos por Omissão do Estado
e nexo de causalidade. A culpa exclusiva da vítima, caso fortuito A omissão da conduta necessária e adequada consiste apta a
e força maior são excludentes de responsabilidade e se tratam de caracterizar responsabilidade do Estado consiste na materialização
hipóteses de interrupção do nexo de causalidade. de vontade, defeituosamente desenvolvida do ente estatal.
Logo, a responsabilidade continua a envolver um elemento
c) Teoria do risco integral: a Administração responde invariavel- subjetivo, consiste na formulação defeituosa da vontade de agir ou
mente pelo dano suportado por terceiro, ainda que decorrente de deixar de agir.
culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. É a exacerbação da Não há responsabilidade civil objetiva do Estado, mas há pre-
teoria do risco administrativo que conduz ao abuso e à iniquidade sunção de culpabilidade derivada da existência de um dever de di-
social, com bem lembrado por Meirelles. ligência especial. Tanto é assim que, se a vítima tiver concorrido
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, § 6º, diz: “As para o evento danoso, o valor de uma eventual condenação será
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestado- minimizado.
ras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, Essa distinção não é meramente acadêmica, especialmente
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- porque a avaliação do elemento subjetivo é indispensável, em cer-
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. tas circunstâncias, para a determinação da indenização devida.
E no art. 5º, X, está escrito: “são invioláveis a intimidade, a vida A Constituição Federal de 1988, seguindo uma tradição estabe-
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in- lecida desde a Constituição Federal de 1946, determinou, em seu
denização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. art. 37, §6º, a responsabilidade objetiva do Estado e responsabili-
Vê-se por esse dispositivo que a indenização não se limita aos dade subjetiva do funcionário.
danos materiais. No entanto, há uma dificuldade nos casos de da- Em que pese a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva
nos morais na fixação do quantum da indenização, em vista da au- ser adotada pela Constituição Federal, o Poder Judiciário, em deter-
sência de normas regulamentadoras para aferição objetiva desses minados julgamentos, utiliza a teoria da culpa administrativa para
danos. responsabilizar o Estado em casos de omissão.
Portanto, a responsabilidade do Estado se traduz numa obriga- Assim, a omissão na prestação do serviço público tem levado à
ção, atribuída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais aplicação da teoria da culpa do serviço público (faute du service). A
causados a terceiros por seus agentes públicos, tanto no exercício culpa decorre da omissão do Estado, quando este deveria ter agido
das suas atribuições, quanto agindo nessa qualidade.

341
NOÇÕES DE DIREITO
e não agiu. Por exemplo, o Poder Público não conservou adequa- Em geral, são chamadas causas excludentes da responsabili-
damente as rodovias e ocorreu um acidente automobilístico com dade estatal; a força maior, o caso fortuito, a culpa exclusiva da
terceiros. vítima e a culpa de terceiro.
Com relação ao comportamento comissivo ou omissivo do Es- Nestes casos, não existindo nexo de causalidade entre a condu-
tado, importante destacar o que dispõe MAZZA3 sobre o tema: ta da Administração e o dano ocorrido, a responsabilidade estatal
Existem situações em que o comportamento comissivo de um será afastada.
agente público causa prejuízo a particular. São os chamados da- A força maior pode ser definida como um evento previsível ou
nos por ação. Noutros casos, o Estado deixa de agir e, devido a tal não, porém excepcional e inevitável.
inação, não consegue impedir um resultado lesivo. Nessa hipótese, Em regra, não há responsabilidade do Estado, contudo existe
fala-se me dano por omissão. Os exemplos envolvem prejuízos de- a possibilidade de responsabilizá-lo mesmo na ocorrência de uma
correntes de assalto, enchente, bala perdida, queda de árvore, bu- circunstância de força maior, desde que a vítima comprove o com-
raco na via pública e bueiro aberto sem sinalização causando dano portamento culposo da Administração Pública. Por exemplo, num
a particular. Tais casos têm em comum a circunstância de inexistir primeiro momento, uma enchente que causou danos a particulares
um ato estatal causador do prejuízo. pode ser entendida como uma hipótese de força maior e afastar a
(...) responsabilidade Estatal, contudo, se o particular comprovar que
Em linhas gerais, sustenta-se que o estado só pode ser conde- os bueiros entupidos concorreram para o incidente, o Estado tam-
nado a ressarcir prejuízos atribuídos à sua omissão quando a legis- bém responderá, pois a prestação do serviço de limpeza pública foi
lação considera obrigatória a prática da conduta omitida. Assim, a deficiente.
omissão que gera responsabilidade é aquela violadora de um dever O caso fortuito é um evento imprevisível e, via de consequên-
de agir. Em outras palavras, os danos por omissão são indenizáveis cia, inevitável. Alguns autores diferenciam-no da força maior ale-
somente quando configura omissão dolosa ou omissão culposa. Na gando que ele tem relação com o comportamento humano, en-
omissão dolosa, o agente público encarregado de praticar a condu- quanto a força maior deriva da natureza. Outros, atestam não haver
ta decide omitir-se e, por isso, não evita o prejuízo. Já na omissão diferença entre ambos.
culposa, a falta de ação do agente público não decorre de sua inten-
ção deliberada em omitir-se, mas deriva da negligência na forma A regra é que o caso fortuito exclua a responsabilidade do Esta-
de exercer a função administrativa. Exemplo: policial militar que do, contudo, se o dano for consequência de falha da Administração,
adorme em serviço e, por isso, não consegue evitar furto a banco poderá haver a responsabilização. Ex: rompimento de um cabo de
privado. energia elétrica por falta de manutenção ou por má colocação que
cause a morte de uma pessoa.
REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDA- Nos casos em que está presente a culpa da vítima, duas situa-
DE DO ESTADO ções podem surgir:
Assim, pode-se afirmar que são requisitos para a demonstra- a) O Estado não responde, desde que comprove que houve cul-
ção da responsabilidade do Estado a ação ou omissão (ato do agen- pa exclusiva do lesado;
te público), o resultado lesivo (dano) e nexo de causalidade. b) O Estado responde parcialmente, se demonstrar que houve
Dano: decorre da violação de um bem juridicamente tutelado, culpa concorrente do lesado para a ocorrência do dano.
que pode ser patrimonial ou extrapatrimonial.
Para que seja ressarcido deve ser certo, atual, próprio ou pes- Em caso de culpa concorrente, aplica-se o disposto no art. 945
soal. do Código Civil:
Insta dizer que o dano não é apenas patrimonial (atinge bens Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o
jurídicos que podem ser auferidos pecuniariamente) ele também evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
pode ser moral (ofende direitos personalíssimos que atingem inte- gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
gridade moral, física e psíquica).
Logo, o dano que gera a indenização deve ser: A culpa de terceiro ocorre quando o dano é causado por pessoa
Certo: É o dano real, efetivo, existente. Para requerer indeniza- diferente da vítima e do agente público.
ção do Estado é necessário que o dano já tenha sido experimenta- Observe-se que cabe ao Poder Público o ônus de provar a exis-
do. Não se configura a possibilidade de indenização de danos que tência de excludente ou atenuante de responsabilidade.
podem eventualmente ocorrer no futuro.
Especial: É o dano que pode ser particularizado, aquele que REPARAÇÃO DO DANO
não atinge a coletividade em geral; deve ser possível a identificação Quanto à reparação do dano, esta pode ser obtida administra-
do particular atingido. tivamente ou mediante ação de indenização junto ao Poder Judi-
Anormal: É aquele que ultrapassa as dificuldades da vida co- ciário. Para conseguir o ressarcimento do prejuízo, a vítima deverá
mum, as dificuldades do cotidiano. demonstrar o nexo de causalidade entre o fato lesivo e o dano, bem
Direto e imediato: O prejuízo deve ser resultado direito e ime- como o valor do prejuízo.
diato da ação ou omissão do Estado, sem quebra do nexo causal. Uma vez indenizada a vítima, fica a pessoa jurídica com direito
de regresso contra o responsável, isto é, com o direito de recuperar
CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPONSABILIDA- o valor da indenização junto ao agente que causou o dano, desde
DE DO ESTADO que este tenha agido com dolo ou culpa. Observe-se que não está
A responsabilidade do Poder Público poderá ser excluída ou sujeito a prazo prescricional a ação regressiva contra o agente pú-
será atenuada quando a conduta da Administração Pública não der blico que agiu com dolo ou culpa para a recuperação dos valores
causa ao prejuízo, ou concorrerem outras circunstâncias que pos- pagos pelos cofres públicos, conforme inteligência do art. 37, pará-
sam afastar ou mitigar sua responsabilidade. grafo 5º da Constituição Federal:
§5º: A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
ticados por qualquer agente servidor ou não, que causem prejuízos
3 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª edição.
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
2014.

342
NOÇÕES DE DIREITO
DIREITO DE REGRESSO II – entidade – a unidade de atuação dotada de personalidade
Nos casos em que se verificar a existência de culpa ou dolo na jurídica;
conduta do agente público causador do dano (Art. 37, §6º, CF), po- III – autoridade – o servidor ou agente público dotado de poder
derá o Estado propor ação regressiva, com a finalidade de apurar a de decisão.
responsabilidade pessoal do agente, sempre partindo-se do pressu- Art. 2o – A Administração pública obedecerá, dentre outros,
posto de que o Estado já foi condenado anteriormente. aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
A entidade estatal que propuser a ação deverá demonstrar a proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
ocorrência dos requisitos que comprovem a responsabilidade do segurança jurídica, interesse público e eficiência.
agente, ou seja, ato, dano, nexo e culpa ou dolo. Caso o elemento Parágrafo único – Nos processos administrativos serão
subjetivo, representado pela culpa ou dolo, não esteja presente no observados, entre outros, os critérios de:
caso concreto, haverá exclusão da responsabilidade do agente pú- I – atuação conforme a lei e o direito;
blico. II – atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia
Note-se que a Administração Pública tem o dever de propor total ou parcial de poderes ou competências, ressalvadas as
ação regressiva, em razão do princípio da indisponibilidade. Outra autorizadas em lei;
questão importante é que não há prazo para propositura da ação III – objetividade no atendimento do interesse público;
regressiva, uma vez que, por força do Art. 37, §5º da CF, esta é im- IV – atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e
prescritível. boa-fé;
Ensina mais Alexandre Mazza: quando se tratar de dano causa- V – divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as
do por agente ligado a empresas públicas, sociedades de economia hipóteses de sigilo previstas na Constituição Federal;
mista, fundações governamentais, concessionários e permissioná- VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de
rios, isto é, para pessoas jurídicas de direito privado, o prazo é de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
três anos (art. 206, § 3º, V, do CC) contados do trânsito em julgado estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
da decisão condenatória. VII – indicação dos pressupostos de fato e de direito que
determinarem a decisão;
São pressupostos para a propositura da ação regressiva: VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos
1) condenação do Estado na ação indenizatória; direitos dos administrados;
2) trânsito em julgado da decisão condenatória; IX – adoção de formas simples, suficientes para propiciar
3) culpa ou dolo do agente; adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos
4) ausência de denunciação da lide na ação indenizatória. administrados;
X – garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de
Importante ressaltar a denunciação à lide, que trata-se de uma alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos,
ação secundária regressiva, podendo ser feita tanto pelo autor nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
como pelo réu, será citada e denunciada a pessoa contra quem o litígio;
denunciante tem pretensão indenizatória ou de reembolso. XI – proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas
as previstas em lei;
XII – seguimento, de ofício, do processo administrativo, sem
LEI ESTADUAL N. 13.800, DE 18 DE JANEIRO DE 2001 - prejuízo da atuação dos interessados;
REGULA O PROCESSO ADMINISTRATIVO NO ÂMBITO
XIII – interpretação da norma administrativa da forma que
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO ESTADO DE GOIÁS
melhor garanta o atendimento de sua finalidade pública, vedada
aplicação retroativa de nova interpretação.
LEI Nº 13.800, DE 18 DE JANEIRO DE 2001.
- Vide Leis nos 17.039, de 22-06-2010, e 15.802, de 11-09- CAPÍTULO II
2006, art. 39 DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
- Vide Decreto nº 7.041, de 28-12-2009, art. 4º, § 2º.
Art. 3o – Sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados, o
Regula o processo administrativo no âmbito da Administração administrado tem os seguintes direitos:
Pública do Estado de Goiás. I – ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS decreta e eu suas obrigações;
sanciono a seguinte lei: II – ter ciência da tramitação dos processos administrativos
em que tenha a condição de interessado, ter vista dos mesmos,
CAPÍTULO I pessoalmente ou através de procurador legitimamente constituído,
DISPOSIÇÕES GERAIS obter cópias de documentos neles contidos e conhecer das decisões
proferidas;
Art. 1o - Esta lei estabelece normas básicas sobre o processo III – formular alegações e apresentar documentos antes da
administrativo no âmbito da Administração Estadual direta e decisão, os quais serão objeto de consideração pela autoridade
indireta, visando à proteção dos direitos dos administrados e ao julgadora;
melhor cumprimento dos fins da Administração. IV – fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
§ 1o - O disposto nesta lei aplica-se, no que couber, aos órgãos quando obrigatória a representação, por força de lei.
dos Poderes Legislativo e Judiciário e ao Ministério Público, quando Art. 3º-A Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão
no desempenho de função administrativa. ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como
§ 2o – Para os fins desta lei, consideram-se: parte ou interessado:
I – órgão – a unidade de atuação integrante das estruturas das - Redação dada pela Lei nº 17.054, de 22-06-2010.
Administrações direta e indireta; I – pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;

343
NOÇÕES DE DIREITO
- Acrescido pela Lei nº 17.054, de 22-06-2010. - Acrescido pela Lei nº 17.039, de 22-06-2010.
II – pessoa portadora de deficiência; Art. 7o – Os órgãos e entidades administrativas deverão
- Acrescido pela Lei nº 17.054, de 22-06-2010. elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos que
III – pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, importem pretensões equivalentes.
neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, Art. 8o – Quando os pedidos de uma pluralidade de
cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão
anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal em
avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação contrário.
por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, ou outra
doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, CAPÍTULO V
mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo. DOS INTERESSADOS
- Acrescido pela Lei nº 17.054, de 22-06-2010.
§ 1º A pessoa interessada na obtenção do benefício, Art. 9o – São legitimados como interessados no processo
juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administrativo:
administrativa competente para decidir o feito, que determinará as I – pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares
providências a serem cumpridas. de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de
- Redação dada pela Lei nº 17.054, de 22-06-2010. representação;
§ 2o VETADO. II – aqueles que, sem terem iniciado o processo, tenham
- Acrescido pela Lei nº 16.105, de 24-07-2007. direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser
§ 3º A prioridade de que trata este artigo não cessará com adotada;
a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge III – as organizações e associações representativas, no tocante
supérstite, companheiro ou companheira, em união estável. a direitos e interesses coletivos;
- Redação dada pela Lei nº 17.054, de 22-06-2010. IV – as pessoas ou associações legalmente constituídas quanto
§ 4º Deferida a prioridade, os autos receberão identificação a direitos ou interesses difusos.
própria que evidencie o regime de tramitação prioritária. Art. 10 – São capazes, para fins do processo administrativo,
- Acrescido pela Lei nº 17.054, de 22-06-2010. os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato
normativo próprio.
CAPÍTULO III
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA
Art. 4o – São deveres do administrado perante a Administração,
sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: Art. 11 – A competência é irrenunciável e se exerce pelos
I – expor os fatos conforme a verdade; órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os
II – proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
III – não agir de modo temerário; Art. 12 – Os titulares de órgão administrativo poderão, se não
IV – prestar as informações que lhe forem solicitadas e houver impedimento legal, delegar competência a titulares de
colaborar para o esclarecimento dos fatos. outros órgãos, quando for conveniente em razão de circunstâncias
de ordem técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
CAPÍTULO IV Parágrafo único – O disposto neste artigo aplica-se à delegação
DO INÍCIO DO PROCESSO de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.
Art. 13 – Não podem ser objeto de delegação:
Art. 5o – O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou I - Revogado;
a pedido do interessado. - Revogado pela Lei nº 14.211, de 08-07-2002, retroagindo os
Art. 6o – O requerimento inicial do interessado, salvo casos em efeitos a 23/01/2001.
que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e II – a decisão de recursos administrativos;
conter os seguintes dados: III - Revogado;
I – órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; - Revogado pela Lei nº 13.870, de 19-7-2001 .
II – identificação do interessado ou de quem o represente; Art. 14 – O ato de delegação e sua revogação deverão ser
III – domicílio do requerente ou local para recebimento de publicados no meio oficial.
comunicações; § 1o – O ato de delegação especificará as matérias e condições
IV – formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus dos poderes delegados e sua duração.
fundamentos; § 2o – O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
V – data e assinatura do requerente ou de seu representante. autoridade delegante, respeitados os atos praticados ou decisões
§ 1º É vedada à Administração a recusa imotivada de proferidas na vigência da delegação, excetuados os casos de má-
recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o fé ou comprovadamente prejudiciais a quaisquer das partes
interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas. envolvidas.
- Redação dada pela Lei nº 17.039, de 22-06-2010. § 3o – As decisões adotadas por delegação deverão mencionar
§ 2º Nos casos de processo eletrônico, o requerimento inicial explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo
de interessado não pertencente à Administração Pública Estadual delegante.
pode ser formulado e inserido eletronicamente no sistema, via Art. 15 – Será permitida, em caráter excepcional e por motivos
assinatura eletrônica, ou ainda, ser formulado por escrito, assinado relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de
pelo requerente ou representante, digitalizado e inserido no sistema competência atribuída.
de gerenciamento eletrônico de documentos em conformidade Art. 16 – Os órgãos e entidades administrativas divulgarão
com a lei específica. publicamente os locais das respectivas sedes.

344
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 17 – Inexistindo competência legal específica, o processo CAPÍTULO IX
administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
grau hierárquico para decidir.
Art. 26 – O órgão competente perante o qual tramita o
CAPÍTULO VII processo administrativo determinará a intimação dos interessados
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
§ 1o – A intimação deverá conter:
Art. 18 – É impedido de atuar em processo administrativo o I – identificação do intimado e nome do órgão ou entidade
servidor ou autoridade que: administrativa;
I – tenha interesse direto ou indireto na matéria; II – finalidade da intimação;
II – tenha participado ou venha a participar como perito, III – data, hora e local em que deve comparecer;
testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto IV – se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se
ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; representar;
III – esteja litigando judicial ou administrativamente com o V – informação da continuidade do processo independentemente
interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. do seu comparecimento;
Art. 19 – A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento VI – indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de § 2o – A intimação observará a antecedência mínima de três
atuar. dias úteis quanto à data de comparecimento.
Parágrafo único – A omissão do dever de comunicar o § 3o – A intimação poderá ser efetuada por ciência no processo,
impedimento constitui falta grave, para os efeitos disciplinares. por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro
Art. 20 – Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum § 4o – No caso de interessados indeterminados, desconhecidos
dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por
parentes e afins até o terceiro grau. meio de publicação oficial.
Art. 21 – O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser § 5o – As intimações serão nulas quando feitas sem observância
objeto de recurso, sem efeito suspensivo. das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado
supre sua falta ou irregularidade.
CAPÍTULO VIII Art. 27 – O desatendimento da intimação não importa o
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito
pelo administrado.
Art. 22 – Os atos do processo administrativo não dependem Parágrafo único – No prosseguimento do processo, será
de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. garantido direito de ampla defesa ao interessado.
§ 1o – Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, Art. 28 – Devem ser objeto de intimação os atos do processo
em português, com a data e o local de sua realização e a assinatura que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus,
da autoridade responsável. sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e atos de
§ 2o – Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma outra natureza, de seu interesse.
somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
§ 3°A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá CAPÍTULO X
ser feita pelo órgão administrativo ou pelo advogado constituído. DA INSTRUÇÃO
- Redação dada pela Lei nº 20.293, de 27-09-2018.
§ 4º À exceção do processo eletrônico, o processo deverá Art. 29 – As atividades de instrução destinadas a averiguar e
ter suas páginas numeradas sequencialmente e rubricadas pelo comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-
responsável por sua autuação e, em sua tramitação, por quem nele se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo
inserir quaisquer documentos. processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor
- Redação dada pela Lei nº 17.039, de 22-06-2010. atuações probatórias.
§ 5º Os atos administrativos e todos os documentos produzidos § 1o – O órgão competente para a instrução fará constarem dos
pela Administração Pública que instruírem os processos eletrônicos autos os dados necessários à decisão do processo.
deverão ser transmitidos, armazenados e assinados eletronicamente § 2o – Os atos de instrução que exijam a atuação dos
na forma de lei específica. interessados devem realizar-se do modo menos oneroso para estes.
- Acrescido pela Lei nº 17.039, de 22-06-2010. Art. 30 – São inadmissíveis no processo administrativo as
Art. 23 – Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, provas obtidas por meios ilícitos.
no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar Art. 31 – Quando a matéria do processo envolver assunto de
o processo. interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho
Parágrafo único – Serão concluídos depois do horário normal motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de
os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para
procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração. a parte interessada.
Art. 24 – Inexistindo disposição específica, os atos do órgão § 1o – A abertura da consulta pública será objeto de divulgação
ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas
dele participem devem ser praticados em cinco dias, podendo possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de
este prazo ser dilatado até o dobro por motivo justo, devidamente alegações escritas.
comprovado. § 2o – O comparecimento à consulta pública não confere, por
Art. 25 – Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito
na sede do órgão, cientificando-se os interessados se outro for o de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser
local de realização. comum a todas as alegações substancialmente iguais.

345
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 32 – Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, Art. 45 – Em caso de risco iminente, a Administração Pública
diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a
pública para debates sobre a matéria do processo. prévia manifestação do interessado.
Art. 33 – Os órgãos e entidades da Administração, em matéria Art. 46 – Os interessados têm direito à vista do processo e a
relevante, poderão estabelecer outros meios de participação obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos
de administrados, diretamente ou por meio de organizações e que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros
associações legalmente reconhecidas. protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à
Art. 34 – Os resultados da consulta e audiência pública e imagem.
de outros meios de participação de administrados deverão ser Art. 47 – A autoridade encarregada da instrução do
apresentados com a indicação do procedimento adotado. procedimento que não for competente para emitir a decisão final
Art. 35 – Quando necessária à instrução do processo, a elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases
audiência de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser do procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente
realizada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou justificada, e encaminhará o processo à autoridade competente
representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva para a decisão.
ata, a ser juntada aos autos.
Art. 36 – Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha CAPÍTULO XI
alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para DO DEVER DE DECIDIR
a instrução e do disposto no artigo seguinte.
Art. 37 – Quando o interessado declarar que fatos e dados estão Art. 48 – A Administração tem o dever de explicitamente
registrados em documentos existentes na própria Administração emitir decisão nos processos administrativos sobre solicitações ou
responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o reclamações, em matéria de sua competência.
órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção Art. 49 – Concluída a instrução de processo administrativo,
dos documentos ou das respectivas cópias. a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo
Art. 38 – O interessado poderá, na fase instrutória e antes prorrogação por igual período expressamente motivada.
da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer
diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à CAPÍTULO XII
matéria objeto do processo. DA MOTIVAÇÃO
§ 1o – Os elementos probatórios deverão ser considerados na
motivação do relatório e da decisão. Art. 50 – Os atos administrativos deverão ser motivados, com
§ 2o – Somente poderão ser recusadas, mediante decisão indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
Art. 39 – Quando for necessária a prestação de informações III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção
ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão pública;
expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
forma e condições de atendimento. licitatório;
Parágrafo único – Não sendo atendida a intimação, poderá o V – decidam recursos administrativos;
órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício VI – decorram de reexame de ofício;
a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
Art. 40 – Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, VIII – impliquem anulação, revogação, suspensão ou
o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a convalidação de ato administrativo.
respectiva apresentação implicará arquivamento do processo. § 1o – A motivação deve ser explícita, clara e congruente,
Art. 41 – Os interessados serão intimados de prova ou podendo basear-se em pareceres anteriores, informações ou
diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, decisões, que, neste caso, serão parte integrante do ato, o que não
mencionando-se data, hora e local de realização. elide a explicitação dos motivos que firmaram o convencimento
Art. 42 – Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão pessoal da autoridade julgadora.
consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de § 2o – Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos
maior prazo. das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos
Parágrafo único – Se um parecer obrigatório e vinculante deixar interessados.
de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até § 3o – A motivação das decisões dos órgãos colegiados e
a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou termo
atraso. escrito.
Art. 43 – Quando por disposição de ato normativo devam ser
previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos CAPÍTULO XIII
e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão DA DESISTÊNCIA E DE OUTROS CASOS
responsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro DE EXTINÇÃO DO PROCESSO
órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes.
Art. 44 – Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de Art. 51 – O interessado poderá, mediante manifestação escrita,
manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda,
legalmente fixado. renunciar a direitos disponíveis.
§ 1o – Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia
atinge somente quem a tenha formulado.

346
NOÇÕES DE DIREITO
§ 2o – A desistência ou renúncia do interessado, conforme Art. 62 - Oposto o recurso, a autoridade competente para dele
o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo
Administração considerar que o interesse público assim o exige. de cinco dias úteis, apresentem alegações.
Art. 52 – O órgão competente poderá declarar extinto o Art. 63 – O recurso não será conhecido quando oposto:
processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão I – fora do prazo;
se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. II – perante autoridade incompetente;
III – por quem não seja legitimado;
CAPÍTULO XIV IV – após exaurida a esfera administrativa.
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO § 1o – Na hipótese do inciso II deste artigo, será indicada ao
recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo
Art. 53 – A Administração deve anular seus próprios atos, para recurso.
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por § 2o – O não conhecimento do recurso não impede a
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos Administração de rever o ato, se ilegal, desde que não ocorrida
adquiridos. preclusão administrativa.
Art. 54 – O direito da Administração de anular os atos Art. 64 – A autoridade competente para decidir o recurso poderá
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram decisão recorrida.
praticados, salvo comprovada má-fé. Parágrafo único – Se da aplicação do disposto neste artigo
Parágrafo único – No caso de efeitos patrimoniais contínuos, puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser
o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.
pagamento. Art. 65 – Os processos administrativos de que resultem
Art. 55 – Em decisão na qual se evidencie não acarretarem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de
lesão ao interesse público nem prejuízos a terceiros, os atos que ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
própria Administração. Parágrafo único – Da revisão do processo não poderá resultar
agravamento da sanção.
CAPÍTULO XV
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO CAPÍTULO XVI
DOS PRAZOS
Art. 56 - Das decisões administrativas cabe recurso, em face de
razões de legalidade e de mérito. Art. 66 – Os prazos começam a correr a partir da data da
§ 1o – O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o incluindo-se o do vencimento.
encaminhará à autoridade superior. § 1o – Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil
§ 2o – Salvo exigência legal, a oposição de recurso administrativo seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente
independe de caução. ou este for encerrado antes da hora normal.
Art. 57 – O recurso administrativo tramitará no máximo por § 2º Na contagem de prazo em dias, computar-se-ão somente
três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. os dias úteis.
Art. 58 – Têm legitimidade para opor recurso administrativo: - Redação dada pela Lei nº 20.276, de 19-09-2018.
I – os titulares de direitos e interesses que forem parte no § 3o – Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data
processo; a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente
II – aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
afetados pela decisão recorrida; Art. 67. Os prazos processuais não se suspendem, salvo motivo
III – as organizações e associações representativas, no tocante de força maior devidamente comprovado.
a direitos e interesses coletivos; - Redação dada pela Lei nº 20.471, de 26-04-2019.
IV – os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses Parágrafo único. Suspende-se o curso dos prazos processuais
difusos. nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro,
Art. 59 – Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo inclusive.
para oposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência - Acrescido pela Lei nº 20.471, de 26-04-2019.
ou divulgação oficial da decisão recorrida.
§ 1o – Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso CAPÍTULO XVII
administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, DISPOSIÇÕES FINAIS
a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente.
§ 2o – O prazo de que trata o parágrafo precedente poderá ser Art. 68 – Os processos administrativos específicos continuarão a
prorrogado por igual período, ante justificativa explícita. reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente
Art. 60 – O recurso opõe-se por meio de requerimento no qual os preceitos desta lei.
o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, Art. 69 – Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.
podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
Art. 61 – Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem
efeito suspensivo.
Parágrafo único – Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida
ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar
efeito suspensivo ao recurso.

347
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público
LEI FEDERAL Nº 8.429/1992 – IMPROBIDADE o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ain-
ADMINISTRATIVA da que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nome-
ação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investi-
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 dura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
referidas no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230,
Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de de 2021)
atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública,
da Constituição Federal; e dá outras providências. (Redação dada sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física
pela Lei nº 14.230, de 2021) ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, con-
trato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Na- cooperação ou ajuste administrativo equivalente. (Incluído pela
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,
CAPÍTULO I àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS dolosamente para a prática do ato de improbidade. (Redação
dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade § 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de
administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de im-
exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade probidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se,
do patrimônio público e social, nos termos desta Lei. (Redação comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) em que responderão nos limites da sua participação. (Incluído
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica,
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as con- caso o ato de improbidade administrativa seja também sanciona-
dutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados do como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº
tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº 14.230,
2021) de 2021)
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar Art. 4° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021).
o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bas- Art. 5° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021).
tando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, Art. 6° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021).
de 2021) Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de compe- que conhecer dos fatos representará ao Ministério Público compe-
tências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, tente, para as providências necessárias. (Redação dada pela Lei
afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa. nº 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta 14.230, de 2021)
Lei os princípios constitucionais do direito administrativo sanciona- Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao
dor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organiza- obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do patri-
ção do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do mônio transferido. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju- Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º
diciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da desta Lei aplica-se também na hipótese de alteração contratual, de
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (Inclu- transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária.
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbida- Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a
de praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de repara-
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes pú- ção integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferi-
blicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo. (Inclu- do, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão
§ 7º Independentemente de integrar a administração indireta, ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente
estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade prati- intuito de fraude, devidamente comprovados. (Incluído pela Lei
cados contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação nº 14.230, de 2021)
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio
ou receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, CAPÍTULO II
à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente SEÇÃO I
de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ain- DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPOR-
da que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente TAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais
do Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importan-
do em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato do-
loso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do

348
NOÇÕES DE DIREITO
exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de ati- malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
vidade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021):
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire- incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica,
ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; (Reda-
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do ção dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
agente público; II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri-
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
preço superior ao valor de mercado; à espécie;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente desper-
cilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o forne- sonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ren-
cimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
mercado; mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades referidas IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de empre- bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas
gados ou de terceiros contratados por essas entidades; (Redação no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas,
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) por preço inferior ao de mercado;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, ou serviço por preço superior ao de mercado;
de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual- VI - realizar operação financeira sem observância das normas
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô-
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta nea;
ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer dado técni- VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser-
co que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es-
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado- pécie;
rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas no art. VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo
1º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra-
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda- tivos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimo-
to, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles, nial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza-
deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimô- das em lei ou regulamento;
nio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração pelo X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda,
agente da licitude da origem dessa evolução; (Redação dada bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio públi-
pela Lei nº 14.230, de 2021) co; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con- XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te- pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre-
nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou gular;
omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-
atividade; queça ilicitamente;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera- XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí-
ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza,
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio-
ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara- nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público,
ção a que esteja obrigado; empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en- objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa-
tidades mencionadas no art. 1° desta lei; da sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores nº 11.107, de 2005)
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem sufi-
art. 1° desta lei. ciente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formali-
dades previstas na lei.(Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
SEÇÃO II XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incor-
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM poração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de
PREJUÍZO AO ERÁRIO bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela adminis-
tração pública a entidades privadas mediante celebração de parce-
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa rias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe- aplicáveis à espécie;(Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,

349
NOÇÕES DE DIREITO
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou
pela administração pública a entidade privada mediante celebração de outras hipóteses instituídas em lei; (Redação dada pela Lei
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula- nº 14.230, de 2021)
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial
(Vigência) de concurso público, de chamamento ou de procedimento licitató-
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida- rio, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto,
des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula- ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
mentares aplicáveis à espécie;(Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo,
(Vigência) desde que disponha das condições para isso, com vistas a ocultar
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fisca- irregularidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
lização e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei-
pela administração pública com entidades privadas; (Redação ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
dada pela Lei nº 14.230, de 2021)) econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor- e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pú-
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação blica com entidades privadas.(Vide Medida Provisória nº 2.088-35,
irregular.(Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada de 2000)(Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
pela Lei nº 13.204, de 2015) IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tribu- colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autori-
tário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei dade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
Lei nº 14.230, de 2021) cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes
ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com-
ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento preendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído
sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
pela Lei nº 14.230, de 2021) XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recur-
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econô- sos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º
mica não acarretará improbidade administrativa, salvo se compro- do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco
vado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei enaltecimento do agente público e personalização de atos, de pro-
nº 14.230, de 2021) gramas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públi-
cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
SEÇÃO II-A § 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a
(INCLUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 157, DE 2016)(PRO- Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro
DUÇÃO DE EFEITO) de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplica-
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA DECORREN- ção deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do
TES DE CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para si
FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO ou para outra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº 14.230,
(REVOGADO PELA LEI Nº 14.230, DE 2021) de 2021)
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos
Art. 10-A (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em leis espe-
ciais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade adminis-
SEÇÃO III trativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATEN- § 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de
TAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática
de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta normas constitucionais, legais ou infralegais violadas. (Incluído
contra os princípios da administração pública a ação ou omissão pela Lei nº 14.230, de 2021)
dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de § 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem
legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (Re- lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis
dação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de sancionamento e independem do reconhecimento da produção
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos.
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão § 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indi-
das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando cação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sen-
beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco do necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do
a segurança da sociedade e do Estado; (Redação dada pela Lei agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 14.230, de 2021)

350
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO III § 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tute-
DAS PENAS lados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem
prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos,
Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano quando for o caso, nos termos do caput deste artigo. (Incluído
patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de respon- pela Lei nº 14.230, de 2021)
sabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica, § 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes co- dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorri-
minações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, do nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto
de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão observar
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, sus- o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela Lei
pensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de nº 14.230, de 2021)
multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi- § 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público
ção de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Sus-
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que pensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, observadas as limitações territoriais contidas em decisão judicial,
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos; (Redação dada pela conforme disposto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores § 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân- executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
cia, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano § 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspen-
e proibição de contratar com o poder público ou de receber bene- são dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o inter-
fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, valo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma- sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
joritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos; (Redação
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) CAPÍTULO IV
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil DA DECLARAÇÃO DE BENS
de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida
pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou de Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicio-
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou in- nados à apresentação de declaração de imposto de renda e proven-
diretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual tos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria
seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos; Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no ser-
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) viço de pessoal competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230,
IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de 2021)
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
14.230, de 2021) 2021)
§ 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos in- § 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste arti-
cisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de mesma go será atualizada anualmente e na data em que o agente público
qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.
o poder público na época do cometimento da infração, podendo o (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em ca- § 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de
ráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas as outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar a
circunstâncias do caso e a gravidade da infração. (Incluído pela declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do
Lei nº 14.230, de 2021) prazo determinado ou que prestar declaração falsa. (Redação
§ 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz conside- dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
rar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para 2021)
reprovação e prevenção do ato de improbidade. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021) CAPÍTULO V
§ 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser con- DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDI-
siderados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo a CIAL
viabilizar a manutenção de suas atividades. (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021) Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad-
§ 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devida- ministrativa competente para que seja instaurada investigação des-
mente justificados, a sanção de proibição de contratação com o tinada a apurar a prática de ato de improbidade.
poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e
improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das assinada, conterá a qualificação do representante, as informações
sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica, sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha
conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº conhecimento.
14.230, de 2021)

351
NOÇÕES DE DIREITO
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à in-
despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades es- disponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos
tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen- da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade § 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem
determinará a imediata apuração dos fatos, observada a legislação exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem in-
que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agen- cidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de
te. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis- lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de § 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar ve-
procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im- ículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semo-
probidade. ventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência
de Contas poderá, a requerimento, designar representante para desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a sub-
acompanhar o procedimento administrativo. sistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao
Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser longo do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indis- § 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens
ponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recom- do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os efeitos
posição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enri- práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarretar
quecimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) prejuízo à prestação de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 14.230, de 2021)
2021) § 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de
o caput deste artigo poderá ser formulado independentemente da poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente.
representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela Lei (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 14.230, de 2021) § 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de van-
que se refere o caput deste artigo incluirá a investigação, o exame e tagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.
o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras man- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021).
tidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta
internacionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstração de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei. (Redação dada
no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao re- pela Lei nº 14.230, de 2021)
sultado útil do processo, desde que o juiz se convença da probabili- § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
dade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com funda- 2021)
mento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
em 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 2021)
§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder com- 2021)
provadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a § 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser
urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa
§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
declarados indisponíveis não poderá superar o montante indicado § 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste ar-
na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilí- tigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações poste-
cito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por § 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada
caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial, pela Lei nº 14.230, de 2021)
a requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elemen-
instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóte-
§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da de- ses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossibili-
monstração da sua efetiva concorrência para os atos ilícitos apu- dade devidamente fundamentada; (Incluído pela Lei nº 14.230,
rados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de de 2021)
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser pro- II - será instruída com documentos ou justificação que con-
cessado na forma da lei processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo
de 2021) imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de
§ 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei, apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vi-
no que for cabível, o regime da tutela provisória de urgência da gente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei nº
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

352
NOÇÕES DE DIREITO
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provi- § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica in-
sórias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310 da teressada será intimada para, caso queira, intervir no processo.
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa ju-
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 da rídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, 135,
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
bem como quando não preenchidos os requisitos a que se referem Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifestamen- § 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a exis-
te inexistente o ato de improbidade imputado. (Incluído pela tência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas a se-
Lei nº 14.230, de 2021) rem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de im-
no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do probidade administrativa em ação civil pública, regulada pela Lei
art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro- nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230,
cesso Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de 2021)
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de § 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação
2021) civil pública caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 14.230, de 2021)
2021) § 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não
pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumento. (In- implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa:
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode- caso de revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contes- II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e
tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
Lei nº 13.964, de 2019) Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor, III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade admi-
o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) nistrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do
I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo, Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros
observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbida- de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230,
de; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de 2021)
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de
a instrução processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá de 2021)
decisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de im- § 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a
probidade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado mo- legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo adminis-
dificar o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor. trador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) venha a responder ação por improbidade administrativa, até que
§ 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá a decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles pre- 2021)
vistos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, § 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumen-
de 2021) to, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares suscita-
§ 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as das pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230,
partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem pro- de 2021)
duzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação de I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
improbidade administrativa que: (Incluído pela Lei nº 14.230, II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de 2021) III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230, § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de 2021) § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexis- Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circunstân-
tência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda improce- cias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução civil, des-
dente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: (In-
§ 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº
§ 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 14.230, de 2021)
2021) II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida
obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)

353
NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste arti- c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230,
go dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou Lei nº 14.230, de 2021)
posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela
de 2021) Lei nº 14.230, de 2021)
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo ór- f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequ-
gão do Ministério Público competente para apreciar as promoções ências advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Incluído
de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da pela Lei nº 14.230, de 2021)
ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230,
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo de 2021)
ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das san-
administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluído
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere pela Lei nº 14.230, de 2021)
o caput deste artigo considerará a personalidade do agente, a natu- VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro,
reza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a sua
improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver
rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, indevidas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios objeti-
se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo vos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei nº
de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser § 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não
celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença 2021)
condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocor-
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se re- rerá no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qual-
fere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de quer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor. § 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá con- Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva,
templar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de in- de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de ca-
tegridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades ráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado
e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas
da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
favor do interesse público e de boas práticas administrativas. (In- e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle
caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agentes
de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por
conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento. danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer ou-
Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere tro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urba-
esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei nº nística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (In- e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram 2021).
os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos
não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à
2021) perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, con-
II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre forme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
que decidir com base em valores jurídicos abstratos; (Incluído (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior
e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressar-
direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houve- cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens.
rem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; (Inclu- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providên-
IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada cias a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses,
ou cumulativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da
a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (In- ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento
b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

354
NOÇÕES DE DIREITO
do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem pre- § 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à
juízo de eventual responsabilização pela omissão verificada. (In- ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da con-
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) duta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão de 2021)
ser descontados os serviços efetivamente prestados. (Incluído § 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fa-
pela Lei nº 14.230, de 2021) tos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua- qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamen-
renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débi- tos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de
to resultante de condenação pela prática de improbidade adminis- 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela
trativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de Lei nº 14.230, de 2021)
imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deve-
Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da rão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta
sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual con- Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Minis-
tinuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati-
seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimen-
sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma das pe- to investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito
nas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230, policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei,
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação por
o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alega-
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos ções e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº
e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais ou cre- 14.230, de 2021)
ditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte) CAPÍTULO VII
anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) DA PRESCRIÇÃO

Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei
CAPÍTULO VI prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a per-
manência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida- I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
da denúncia o sabe inocente. III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. § 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administra-
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su- tivo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o curso
jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias
imagem que houver provocado. corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão. (Incluído
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con- pela Lei nº 14.230, de 2021)
denatória. § 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corri-
afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego dos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fun-
ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for damentado submetido à revisão da instância competente do órgão
necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Inclu-
de novos ilícitos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até § 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação
90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, me- deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de
diante decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) arquivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: 2021)
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo § 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo inter-
quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no art. 10 rompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão con- pela Lei nº 14.230, de 2021)
siderados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Jus-
conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença condena-
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as tória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído pela
correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação Lei nº 14.230, de 2021)
da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na con- IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribu-
duta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) nal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma
acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

355
NOÇÕES DE DIREITO
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal TÍTULO II
Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acór- DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILI-
dão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) TAR
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do CAPÍTULO I
dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste DO MOTIM E DA REVOLTA
artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efei- Motim
tos relativamente a todos os que concorreram para a prática do ato Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:
de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do -se a cumpri-la;
mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qualquer II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo
deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de sem ordem ou praticando violência;
2021) III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em re-
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, sistência ou violência, em comum, contra superior;
deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada, reconhe- IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabe-
cer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decre- lecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, ae-
tá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no
ródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se
§ 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo. (Incluído
de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação
pela Lei nº 14.230, de 2021)
militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem supe-
Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacita-
rior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar:
ção aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um
repressão de atos de improbidade administrativa. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021) terço para os cabeças.
Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não
haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de Revolta
honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:
pela Lei nº 14.230, de 2021) Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais terço para os cabeças.
despesas processuais serão pagas ao final. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021) Organização de grupo para a prática de violência
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares ou assemelha-
caso de improcedência da ação de improbidade se comprovada dos, com armamento ou material bélico, de propriedade militar,
má-fé. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) praticando violência à pessoa ou à coisa pública ou particular em
Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patri- lugar sujeito ou não à administração militar:
monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de re- Pena - reclusão, de quatro a oito anos.
cursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão Omissão de lealdade militar
responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhe-
1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) cimento do superior o motim ou revolta de cuja preparação teve
notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos
CAPÍTULO VIII os meios ao seu alcance para impedi-lo:
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Pena - reclusão, de três a cinco anos.

Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Conspiração
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a
1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições prática do crime previsto no artigo 149:
em contrário. Pena - reclusão, de três a cinco anos.

DIREITO PENAL MILITAR: CÓDIGO PENAL MILITAR Isenção de pena


– CPM: DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR; DO Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da exe-
CRIME; DAS PENAS E DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA; cução do crime e quando era ainda possível evitar-lhe as conse-
DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA quências, denuncia o ajuste de que participou.
MILITAR; DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E
O DEVER MILITAR Cumulação de penas
Art. 153. As penas dos arts. 149 e 150 são aplicáveis sem
DECRETO-LEI Nº 1.001, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969. prejuízo das correspondentes à violência.

Código Penal Militar CAPÍTULO II


DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO
Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aero-
náutica Militar, usando das atribuições que lhes confere o art. 3º Aliciação para motim ou revolta
do Ato Institucional nº 16, de 14 de outubro de 1969, combinado Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prática de
com o § 1° do art. 2°, do Ato Institucional n° 5, de 13 de dezembro qualquer dos crimes previstos no capítulo anterior:
de 1968, decretam: Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

356
NOÇÕES DE DIREITO
Incitamento CAPÍTULO IV
Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática DO DESRESPEITO A SUPERIOR E A SÍMBOLO NACIONAL OU
de crime militar: A FARDA
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, Desrespeito a superior
afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar, im- Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:
pressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não cons-
gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos pre- titui crime mais grave.
vistos no artigo.
Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de
Apologia de fato criminoso ou do seu autor serviço
Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante
crime, ou do autor do mesmo, em lugar sujeito à administração da unidade a que pertence o agente, oficial-general, oficial de
militar: dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade.
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
Desrespeito a símbolo nacional
CAPÍTULO III Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar su-
DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU MILITAR DE SERVIÇO jeito à administração militar, ato que se traduza em ultraje a sím-
bolo nacional:
Violência contra superior Pena - detenção, de um a dois anos.
Art. 157. Praticar violência contra superior:
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Despojamento desprezível
Art. 162. Despojar-se de uniforme, condecoração militar, in-
Formas qualificadas sígnia ou distintivo, por menosprezo ou vilipêndio:
§ 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence Pena - detenção, de seis meses a um ano.
o agente, ou oficial general: Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o fato é
Pena - reclusão, de três a nove anos. praticado diante da tropa, ou em público.
§ 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumenta-
da de um terço. CAPÍTULO
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da DA INSUBORDINAÇÃO
pena da violência, a do crime contra a pessoa.
§ 4º Se da violência resulta morte: Recusa de obediência
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assun-
§ 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre to ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em
em serviço. lei, regulamento ou instrução:
Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui
Violência contra militar de serviço crime mais grave.
Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço,
ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão: Oposição a ordem de sentinela
Pena - reclusão, de três a oito anos. Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não cons-
Formas qualificadas titui crime mais grave.
§ 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumenta-
da de um terço. Reunião ilícita
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar
pena da violência, a do crime contra a pessoa. parte, para discussão de ato de superior ou assunto atinente à
§ 3º Se da violência resulta morte: disciplina militar:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem promove a
reunião; de dois a seis meses a quem dela participa, se o fato não
Ausência de dolo no resultado constitui crime mais grave.
Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão corpo-
ral e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resul- Publicação ou crítica indevida
tado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato
pessoa é diminuída de metade. ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu supe-
rior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer reso-
lução do Governo:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não cons-
titui crime mais grave.

357
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO VI Violência contra inferior
DA USURPAÇÃO E DO EXCESSO OU ABUSO DE AUTORIDADE Art. 175. Praticar violência contra inferior:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Assunção de comando sem ordem ou autorização
Art. 167. Assumir o militar, sem ordem ou autorização, salvo Resultado mais grave
se em grave emergência, qualquer comando, ou a direção de es- Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou
tabelecimento militar: morte é também aplicada a pena do crime contra a pessoa, aten-
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o fato não constitui dendo-se, quando for o caso, ao disposto no art. 159.
crime mais grave.
Ofensa aviltante a inferior
Conservação ilegal de comando Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que,
Art. 168. Conservar comando ou função legitimamente assu- por natureza ou pelo meio empregado, se considere aviltante:
mida, depois de receber ordem de seu superior para deixá-los ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
transmiti-los a outrem: Parágrafo único. Aplica-se o disposto no parágrafo único do
Pena - detenção, de um a três anos. artigo anterior.

Operação militar sem ordem superior CAPÍTULO VII


Art. 169. Determinar o comandante, sem ordem superior e DA RESISTÊNCIA
fora dos casos em que essa se dispensa, movimento de tropa ou
ação militar: Resistência mediante ameaça ou violência
Pena - reclusão, de três a cinco anos. Art. 177. Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça
ou violência ao executor, ou a quem esteja prestando auxílio:
Forma qualificada Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o movimento da tropa ou ação militar é
em território estrangeiro ou contra força, navio ou aeronave de Forma qualificada
país estrangeiro: § 1º Se o ato não se executa em razão da resistência:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, se o fato não constitui Pena - reclusão de dois a quatro anos.
crime mais grave.
Cumulação de penas
Ordem arbitrária de invasão § 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das cor-
Art. 170. Ordenar, arbitrariamente, o comandante de força, respondentes à violência, ou ao fato que constitua crime mais grave.
navio, aeronave ou engenho de guerra motomecanizado a entra-
da de comandados seus em águas ou território estrangeiro, ou CAPÍTULO VIII
sobrevoá-los: DA FUGA, EVASÃO, ARREBATAMENTO
Pena - suspensão do exercício do posto, de um a três anos, E AMOTINAMENTO DE PRESOS
ou reforma.
Fuga de preso ou internado
Uso indevido por militar de uniforme, distintivo ou insígnia Art. 178. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente
Art. 171. Usar o militar ou assemelhado, indevidamente, uni- presa ou submetida a medida de segurança detentiva:
forme, distintivo ou insígnia de posto ou graduação superior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não cons-
titui crime mais grave. Formas qualificadas
§ 1º Se o crime é praticado a mão armada ou por mais de
Uso indevido de uniforme, distintivo ou uma pessoa, ou mediante arrombamento:
insígnia militar por qualquer pessoa Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou insíg- § 2º Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se
nia militar a que não tenha direito: também a pena correspondente à violência.
Pena - detenção, até seis meses. § 3º Se o crime é praticado por pessoa sob cuja guarda, cus-
tódia ou condução está o preso ou internado:
Abuso de requisição militar Pena - reclusão, até quatro anos.
Art. 173. Abusar do direito de requisição militar, excedendo
os poderes conferidos ou recusando cumprir dever imposto em Modalidade culposa
lei: Art. 179. Deixar, por culpa, fugir pessoa legalmente presa,
Pena - detenção, de um a dois anos. confiada à sua guarda ou condução:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Rigor excessivo
Art. 174. Exceder a faculdade de punir o subordinado, fazen- Evasão de preso ou internado
do-o com rigor não permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato Art. 180. Evadir-se, ou tentar evadir-se o preso ou internado,
ou escrito: usando de violência contra a pessoa:
Pena - suspensão do exercício do posto, por dois a seis me- Pena - detenção, de um a dois anos, além da correspondente
ses, se o fato não constitui crime mais grave. à violência.

358
NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º Se a evasão ou a tentativa ocorre mediante arromba- Favorecimento a convocado
mento da prisão militar: Art. 186. Dar asilo a convocado, ou tomá-lo a seu serviço, ou
Pena - detenção, de seis meses a um ano. proporcionar-lhe ou facilitar-lhe transporte ou meio que obste
ou dificulte a incorporação, sabendo ou tendo razão para saber
Cumulação de penas que cometeu qualquer dos crimes previstos neste capítulo:
§ 2º Se ao fato sucede deserção, aplicam-se cumulativamen- Pena - detenção, de três meses a um ano.
te as penas correspondentes.
Isenção de pena
Arrebatamento de preso ou internado Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, descenden-
Art. 181. Arrebatar preso ou internado, a fim de maltratá-lo, te, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
do poder de quem o tenha sob guarda ou custódia militar:
Pena - reclusão, até quatro anos, além da correspondente à CAPÍTULO II
violência. Deserção

Amotinamento Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em


Art. 182. Amotinarem-se presos, ou internados, perturbando que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de
a disciplina do recinto de prisão militar: oito dias:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena
Pena - reclusão, até três anos, aos cabeças; aos demais, de- é agravada.
tenção de um a dois anos.
Casos assimilados
Responsabilidade de participe ou de oficial Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem participa do I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias,
amotinamento ou, sendo oficial e estando presente, não usa os findo o prazo de trânsito ou férias;
meios ao seu alcance para debelar o amotinamento ou evitar-lhe II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro
as consequências. do prazo de oito dias, contados daquele em que termina ou é
cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o estado
TÍTULO III de sítio ou de guerra;
DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E O DEVER III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro
MILITAR do prazo de oito dias;
CAPÍTULO I IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inati-
DA INSUBMISSÃO vidade, criando ou simulando incapacidade.
Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns. I, II e III:
Insubmissão
Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorpora- Atenuante especial
ção, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresentando-se, I - se o agente se apresenta voluntariamente dentro em oito
ausentar-se antes do ato oficial de incorporação: dias após a consumação do crime, a pena é diminuída de metade;
Pena - impedimento, de três meses a um ano. e de um terço, se de mais de oito dias e até sessenta;

Caso assimilado Agravante especial


§ 1º Na mesma pena incorre quem, dispensado temporària- II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em frontei-
mente da incorporação, deixa de se apresentar, decorrido o pra- ra ou país estrangeiro, a pena é agravada de um terço.
zo de licenciamento.
Deserção especial
Diminuição da pena Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da
§ 2º A pena é diminuída de um terço: partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, ou do deslo-
a) pela ignorância ou a errada compreensão dos atos da con- camento da unidade ou força em que serve: (Redação dada pela
vocação militar, quando escusáveis; Lei nº 9.764, de 18.12.1998)
b) pela apresentação voluntária dentro do prazo de um ano, Pena - detenção, até três meses, se após a partida ou deslo-
contado do último dia marcado para a apresentação. camento se apresentar, dentro de vinte e quatro horas, à auto-
ridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial,
Criação ou simulação de incapacidade física para ser comunicada a apresentação ao comando militar compe-
Art. 184. Criar ou simular incapacidade física, que inabilite o tente.(Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998)
convocado para o serviço militar: § 1º Se a apresentação se der dentro de prazo superior a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. vinte e quatro horas e não excedente a cinco dias:
Pena - detenção, de dois a oito meses.
Substituição de convocado § 2o Se superior a cinco dias e não excedente a oito dias:
Art. 185. Substituir-se o convocado por outrem na apresen- (Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998)
tação ou na inspeção de saúde. Pena - detenção, de três meses a um ano.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 2o-A. Se superior a oito dias: (Incluído pela Lei nº 9.764, de
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem substitui o 18.12.1998)
convocado. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

359
NOÇÕES DE DIREITO
Aumento de pena Retenção indevida
§ 3o A pena é aumentada de um terço, se se tratar de sargen- Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por ocasião da passa-
to, subtenente ou suboficial, e de metade, se oficial. (Redação gem de função, ou quando lhe é exigido, objeto, plano, carta,
dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) cifra, código ou documento que lhe haja sido confiado:
Pena - suspensão do exercício do posto, de três a seis meses,
Concerto para deserção se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 191. Concertarem-se militares para a prática da deser- Parágrafo único. Se o objeto, plano, carta, cifra, código, ou
ção: documento envolve ou constitui segrêdo relativo à segurança na-
I - se a deserção não chega a consumar-se: cional:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não cons-
titui crime mais grave.
Modalidade complexa
II - se consumada a deserção: Omissão de eficiência da força
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Art. 198. Deixar o comandante de manter a força sob seu
comando em estado de eficiência:
Deserção por evasão ou fuga Pena - suspensão do exercício do posto, de três meses a um
Art. 192. Evadir-se o militar do poder da escolta, ou de re- ano.
cinto de detenção ou de prisão, ou fugir em seguida à prática
de crime para evitar prisão, permanecendo ausente por mais de Omissão de providências para evitar danos
oito dias: Art. 199. Deixar o comandante de empregar todos os meios
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ao seu alcance para evitar perda, destruição ou inutilização de
instalações militares, navio, aeronave ou engenho de guerra mo-
Favorecimento a desertor tomecanizado em perigo:
Art. 193. Dar asilo a desertor, ou tomá-lo a seu serviço, ou Pena - reclusão, de dois a oito anos.
proporcionar-lhe ou facilitar-lhe transporte ou meio de oculta-
ção, sabendo ou tendo razão para saber que cometeu qualquer Modalidade culposa
dos crimes previstos neste capítulo: Parágrafo único. Se a abstenção é culposa:
Pena - detenção, de quatro meses a um ano. Pena - detenção, de três meses a um ano.

Isenção de pena Omissão de providências para salvar comandados


Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, descenden- Art. 200. Deixar o comandante, em ocasião de incêndio, nau-
te, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. frágio, encalhe, colisão, ou outro perigo semelhante, de tomar
todas as providências adequadas para salvar os seus comanda-
Omissão de oficial dos e minorar as conseqüências do sinistro, não sendo o último a
Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra desertor, saben- sair de bordo ou a deixar a aeronave ou o quartel ou sede militar
do, ou devendo saber encontrar-se entre os seus comandados: sob seu comando:
Pena - detenção, de seis meses a um ano. Pena - reclusão, de dois a seis anos.

CAPÍTULO III Modalidade culposa


DO ABANDONO DE POSTO E DE OUTROS CRIMES EM SER- Parágrafo único. Se a abstenção é culposa:
VIÇO Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Abandono de posto Omissão de socorro


Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar Art. 201. Deixar o comandante de socorrer, sem justa causa,
de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe navio de guerra ou mercante, nacional ou estrangeiro, ou aero-
cumpria, antes de terminá-lo: nave, em perigo, ou náufragos que hajam pedido socorro:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - suspensão do exercício do posto, de um a três anos
ou reforma.
Descumprimento de missão
Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe Embriaguez em serviço
foi confiada: Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apre-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não sentar-se embriagado para prestá-lo:
constitui crime mais grave. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º Se o agente exercia função de comando, a pena é au- Dormir em serviço
mentada de metade. Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial
de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sen-
Modalidade culposa do oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao
§ 3º Se a abstenção é culposa: leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - detenção, de três meses a um ano.

360
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO IV Casos de inadmissibilidade de interpretação não literal
DO EXERCÍCIO DE COMÉRCIO § 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações,
quando:
Exercício de comércio por oficial a) cercear a defesa pessoal do acusado;
Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na ad- b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe des-
ministração ou gerência de sociedade comercial, ou dela ser só- virtuar a natureza;
cio ou participar, exceto como acionista ou cotista em sociedade c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram
anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada: origem ao processo.
Pena - suspensão do exercício do posto, de seis meses a dois
anos, ou reforma. Suprimento dos casos omissos
Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:
a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR: CÓDIGO ao caso concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar;
DE PROCESSO PENAL MILITAR – CPPM: DA LEI DE b) pela jurisprudência;
PROCESSO PENAL MILITAR E DA SUA APLICAÇÃO; c) pelos usos e costumes militares;
DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR, DO INQUÉRITO d) pelos princípios gerais de Direito;
POLICIAL MILITAR e) pela analogia.

DECRETO-LEI Nº 1.002, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969. Aplicação no espaço e no tempo


Art. 4º Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáuti- internacional, aplicam-se as normas deste Código:
ca Militar , usando das atribuições que lhes confere o art. 3º do Ato
Institucional nº 16, de 14 de outubro de 1969, combinado com o § Tempo de paz
1º do art. 2º do Ato Institucional n° 5, de 13 de dezembro de 1968, I - em tempo de paz:
decretam: a) em todo o território nacional;
b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorial-
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR idade brasileira, quando se tratar de crime que atente contra as
instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o
LIVRO I agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira;
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob adminis-
TÍTULO I tração ou vigilância da fôrça militar brasileira, ou em ligação com
esta, de fôrça militar estrangeira no cumprimento de missão de
CAPÍTULO ÚNICO caráter internacional ou extraterritorial;
DA LEI DE PROCESSO PENAL MILITAR E DA SUA APLICAÇÃO d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de
aeronaves, onde quer que se encontrem, ainda que de propriedade
Fontes de Direito Judiciário Militar privada, desde que estejam sob comando militar ou militarmente
Art. 1º O processo penal militar reger-se-á pelas normas conti- utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar compe-
das neste Código, assim em tempo de paz como em tempo de guer- tente;
ra, salvo legislação especial que lhe fôr estritamente aplicável. e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em
lugar sujeito à administração militar, e a infração atente contra as
Divergência de normas instituições militares ou a segurança nacional;
§ 1º Nos casos concretos, se houver divergência entre essas
normas e as de convenção ou tratado de que o Brasil seja signatário, Tempo de guerra
prevalecerão as últimas. II - em tempo de guerra:
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;
Aplicação subsidiária b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de
§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, as normas deste Código aos fôrça militar brasileira, ou estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja
processos regulados em leis especiais. defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança nacional, ou ao
bom êxito daquelas operações;
Interpretação literal c) em território estrangeiro militarmente ocupado.
Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpretada
no sentido literal de suas expressões. Os termos técnicos hão de Aplicação intertemporal
ser entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente Art. 5º As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da sua
empregados com outra significação. vigência, inclusive nos processos pendentes, ressalvados os casos
previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos realizados
Interpretação extensiva ou restritiva sob a vigência da lei anterior.
§ 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação
restritiva, quando for manifesto, no primeiro caso, que a expressão Aplicação à Justiça Militar Estadual
da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais ampla, do que sua Art. 6º Obedecerão às normas processuais previstas neste
intenção. Código, no que forem aplicáveis, salvo quanto à organização de
Justiça, aos recursos e à execução de sentença, os processos da
Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a
que responderem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de
Bombeiros, Militares.

361
NOÇÕES DE DIREITO
Os processos da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros
na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e praças das Polí- do Ministério Público as informações necessárias à instrução e jul-
cias e dos Corpos de Bombeiros, Militares obedecem às normas gamento dos processos, bem como realizar as diligências que por
processuais previstas no Código de Processo Penal Militar. eles lhe forem requisitadas;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Mil-
TÍTULO II itar;
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da
CAPÍTULO ÚNICO prisão preventiva e da insanidade mental do indiciado;
DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos
presos sob sua guarda e responsabilidade, bem como as demais
Exercício da polícia judiciária militar prescrições deste Código, nesse sentido;
Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos termos do f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que
art. 8º, pelas seguintes autoridades, conforme as respectivas juris- julgar úteis à elucidação das infrações penais, que esteja a seu car-
dições: go;
a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as
em todo o território nacional e fora dele, em relação às fôrças e pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio de in-
órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, quérito policial militar;
neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou tran- h) atender, com observância dos regulamentos militares, a
sitória, em país estrangeiro; pedido de apresentação de militar ou funcionário de repartição mil-
b) pelo chefe do Estado-Maior das Fôrças Armadas, em relação itar à autoridade civil competente, desde que legal e fundamentado
a entidades que, por disposição legal, estejam sob sua jurisdição; o pedido.
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da
Marinha, nos órgãos, fôrças e unidades que lhes são subordinados; A polícia judiciária militar é exercida por autoridades,nos
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da órgãos, forças, unidades e entidades que sejam subordinados a
Esquadra, nos órgãos, fôrças e unidades compreendidos no âmbito elas. Dentre as autoridades encontram-se: ministros da Marinha,
da respectiva ação de comando; do Exército e da Aeronáutica, chefe do Estado-Maior das Forças Ar-
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona madas, chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha.
Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos territórios; As competências da Polícia judiciária militar incluem:
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Ga- • apurar os crimes militares;
binete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes • prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros
são subordinados; do Ministério Público as informações necessárias à instrução e jul-
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelec- gamento dos processos;
imentos ou serviços previstos nas leis de organização básica da • cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Mil-
Marinha, do Exército e da Aeronáutica; itar;
h) pelos comandantes de fôrças, unidades ou navios; • cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos
presos sob sua guarda e responsabilidade;
Delegação do exercício • requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as
§ 1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hier- pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio de in-
arquia e comando, as atribuições enumeradas neste artigo poderão quérito policial militar;
ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo
limitado. TÍTULO III
§ 2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito
policial militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao CAPÍTULO ÚNICO
do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
não, ou reformado.
§ 3º Não sendo possível a designação de oficial de posto supe- Finalidade do inquérito
rior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato,
desde que mais antigo. que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua autoria.
§ 4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prev- Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a
alece, para a delegação, a antiguidade de posto. de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal.
Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação
Designação de delegado e avocamento de inquérito pelo min- penal os exames, perícias e avaliações realizados regularmente no
istro curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formal-
§ 5º Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de idades previstas neste Código.
modo absoluto, a existência de outro oficial da ativa nas condições
do § 3º, caberá ao ministro competente a designação de oficial Modos por que pode ser iniciado
da reserva de posto mais elevado para a instauração do inquérito Art. 10. O inquérito é iniciado mediante portaria:
policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá-lo, para tomar essa a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de juris-
providência. dição ou comando haja ocorrido a infração penal, atendida a hier-
arquia do infrator;
Competência da polícia judiciária militar b) por determinação ou delegação da autoridade militar supe-
Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar: rior, que, em caso de urgência, poderá ser feita por via telegráfica
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei espe- ou radiotelefônica e confirmada, posteriormente, por ofício;
cial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria; c) em virtude de requisição do Ministério Público;

362
NOÇÕES DE DIREITO
d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos termos do art. c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
25; d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a fato e suas circunstâncias.
represente, ou em virtude de representação devidamente autoriza-
da de quem tenha conhecimento de infração penal, cuja repressão Formação do inquérito
caiba à Justiça Militar; Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a formação
f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, deste:
resulte indício da existência de infração penal militar.
Atribuição do seu encarregado
Superioridade ou igualdade de posto do infrator a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiver-
§ 1º Tendo o infrator posto superior ou igual ao do comandante, em sido;
diretor ou chefe de órgão ou serviço, em cujo âmbito de jurisdição b) ouvir o ofendido;
militar haja ocorrido a infração penal, será feita a comunicação do c) ouvir o indiciado;
fato à autoridade superior competente, para que esta torne efetiva d) ouvir testemunhas;
a delegação, nos termos do § 2° do art. 7º. e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e
acareações;
Providências antes do inquérito f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo
§ 2º O aguardamento da delegação não obsta que o oficial re- de delito e a quaisquer outros exames e perícias;
sponsável por comando, direção ou chefia, ou aquele que o substit- g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída,
ua ou esteja de dia, de serviço ou de quarto, tome ou determine desviada, destruída ou danificada, ou da qual houve indébita ap-
que sejam tomadas imediatamente as providências cabíveis, previs- ropriação;
tas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento de infração penal h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 172 a
que lhe incumba reprimir ou evitar. 184 e 185 a 189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de teste-
Infração de natureza não militar munhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de
§ 3º Se a infração penal não for, evidentemente, de natureza coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência
militar, comunicará o fato à autoridade policial competente, a quem para a realização de perícias ou exames.
fará apresentar o infrator. Em se tratando de civil, menor de dezoito
anos, a apresentação será feita ao Juiz de Menores. Reconstituição dos fatos
Parágrafo único. Para verificar a possibilidade de haver sido
Oficial general como infrator a infração praticada de determinado modo, o encarregado do in-
§ 4º Se o infrator for oficial general, será sempre comunicado o quérito poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde
fato ao ministro e ao chefe de Estado-Maior competentes, obedeci- que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública, nem at-
dos os trâmites regulamentares. ente contra a hierarquia ou a disciplina militar.

Indícios contra oficial de posto superior ou mais antigo no cur- Assistência de procurador
so do inquérito Art. 14. Em se tratando da apuração de fato delituoso de ex-
§ 5º Se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a cepcional importância ou de difícil elucidação, o encarregado do in-
existência de indícios contra oficial de posto superior ao seu, ou quérito poderá solicitar do procurador-geral a indicação de procura-
mais antigo, tomará as providências necessárias para que as suas dor que lhe dê assistência.
funções sejam delegadas a outro oficial, nos termos do § 2° do art.
7º. Encarregado de inquérito. Requisitos
Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível,
Escrivão do inquérito oficial de posto não inferior ao de capitão ou capitão-tenente; e, em
Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito caberá ao se tratando de infração penal contra a segurança nacional, sê-lo-á,
respectivo encarregado, se não tiver sido feita pela autoridade que sempre que possível, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua
lhe deu delegação para aquele fim, recaindo em segundo ou primei- hierarquia, se oficial o indiciado.
ro-tenente, se o indiciado for oficial, e em sargento, subtenente ou
suboficial, nos demais casos. Sigilo do inquérito
Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode per-
Compromisso legal mitir que dele tome conhecimento o advogado do indiciado.
Parágrafo único. O escrivão prestará compromisso de manter o
sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as determinações deste Incomunicabilidade do indiciado. Prazo.
Código, no exercício da função. Art. 17. O encarregado do inquérito poderá manter incomu-
nicável o indiciado, que estiver legalmente preso, por três dias no
Medidas preliminares ao inquérito máximo.
Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração pe-
nal militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º
do art. 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem
o estado e a situação das coisas, enquanto necessário; (Vide Lei nº
6.174, de 1974)
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham
relação com o fato;

363
NOÇÕES DE DIREITO
Detenção de indiciado Reunião e ordem das peças de inquérito
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado Art. 21. Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológi-
poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até trinta ca, reunidas num só processado e dactilografadas, em espaço dois,
dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária compe- com as folhas numeradas e rubricadas, pelo escrivão.
tente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo
comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante Juntada de documento
solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via Parágrafo único. De cada documento junto, a que precederá
hierárquica. despacho do encarregado do inquérito, o escrivão lavrará o respec-
tivo termo, mencionando a data.
Prisão preventiva e menagem. Solicitação
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do Relatório
inquérito solicitará, dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação, Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório,
justificando-a, a decretação da prisão preventiva ou de menagem, em que o seu encarregado mencionará as diligências feitas, as pes-
do indiciado. soas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia, hora
e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há
Inquirição durante o dia infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-se,
Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgência neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão
inadiável, que constará da respectiva assentada, devem ser ouvidos preventiva do indiciado, nos termos legais.
durante o dia, em período que medeie entre as sete e as dezoito
horas. Solução
§ 1º No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertu-
Inquirição. Assentada de início, interrupção e encerramento ra do inquérito, o seu encarregado enviá-lo-á à autoridade de que
§ 1º O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início das recebeu a delegação, para que lhe homologue ou não a solução,
inquirições ou depoimentos; e, da mesma forma, do seu encerra- aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar,
mento ou interrupções, no final daquele período. ou determine novas diligências, se as julgar necessárias.

Inquirição. Limite de tempo Advocação


§ 2º A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas § 2º Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade
consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que o delegou poderá avocá-lo e dar solução diferente.
que tiver de prestar declarações além daquele termo. O depoimen- Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição
to que não ficar concluído às dezoito horas será encerrado, para Art. 23. Os autos do inquérito serão remetidos ao auditor
prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado da Circunscrição Judiciária Militar onde ocorreu a infração penal,
do inquérito. acompanhados dos instrumentos desta, bem como dos objetos que
§ 3º Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adia- interessem à sua prova.
da para o primeiro dia que o for, salvo caso de urgência.
Remessa a Auditorias Especializadas
Prazos para terminação do inquérito § 1º Na Circunscrição onde houver Auditorias Especializadas da
Art. 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o Marinha, do Exército e da Aeronáutica, atender-se-á, para a remes-
indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que sa, à especialização de cada uma. Onde houver mais de uma na
se executar a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias, quan- mesma sede, especializada ou não, a remessa será feita à primeira
do o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se Auditoria, para a respectiva distribuição. Os incidentes ocorridos no
instaurar o inquérito. curso do inquérito serão resolvidos pelo juiz a que couber tomar
conhecimento do inquérito, por distribuição.
Prorrogação de prazo § 2º Os autos de inquérito instaurado fora do território nacion-
§ 1º Este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte al serão remetidos à 1ª Auditoria da Circunscrição com sede na Cap-
dias pela autoridade militar superior, desde que não estejam con- ital da União, atendida, contudo, a especialização referida no § 1º.
cluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja necessidade de
diligência, indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de pror- Arquivamento de inquérito. Proibição
rogação deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos
antes da terminação do prazo. de inquérito, embora conclusivo da inexistência de crime ou de in-
imputabilidade do indiciado.
Diligências não concluídas até o inquérito
§ 2º Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, Instauração de novo inquérito
salvo dificuldade insuperável, a juízo do ministro de Estado compe- Art. 25. O arquivamento de inquérito não obsta a instauração
tente. Os laudos de perícias ou exames não concluídos nessa pror- de outro, se novas provas aparecerem em relação ao fato, ao indi-
rogação, bem como os documentos colhidos depois dela, serão pos- ciado ou a terceira pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de
teriormente remetidos ao juiz, para a juntada ao processo. Ainda, extinção da punibilidade.
no seu relatório, poderá o encarregado do inquérito indicar, men- § 1º Verificando a hipótese contida neste artigo, o juiz remeterá
cionando, se possível, o lugar onde se encontram as testemunhas os autos ao Ministério Público, para os fins do disposto no art. 10,
que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento. letra c.
§ 2º O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos
Dedução em favor dos prazos autos, se entender inadequada a instauração do inquérito.
3º São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as inter-
rupções pelo motivo previsto no § 5º do art. 10.

364
NOÇÕES DE DIREITO
Devolução de autos de inquérito serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, suspen-
Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a são de atividades, prestação pecuniária e recolhimento domiciliar;
autoridade policial militar, a não ser: ou multa.
I — mediante requisição do Ministério Público, para diligências A pessoa jurídica infratora, uma empresa que viola um direito
por ele consideradas imprescindíveis ao oferecimento da denúncia; ambiental, não pode ter sua liberdade restringida da mesma forma
II — por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preen- que uma pessoa comum, mas é sujeita a penalizações.
chimento de formalidades previstas neste Código, ou para comple-
mento de prova que julgue necessária. LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.
Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo,
não excedente de vinte dias, para a restituição dos autos. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
Suficiência do auto de flagrante delito providências.
Art. 27. Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e
sua autoria, o auto de flagrante delito constituirá o inquérito, dis- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
pensando outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação,
quando o seu valor influir na aplicação da pena. A remessa dos au- CAPÍTULO I
tos, com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem DISPOSIÇÕES GERAIS
demora ao juiz competente, nos termos do art. 20.
Art. 1º (VETADO)
Dispensa de Inquérito Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na
diligência requisitada pelo Ministério Público: medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador,
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o
documentos ou outras provas materiais; preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da con-
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou duta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando
publicação, cujo autor esteja identificado; podia agir para evitá-la.
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administra-
Militar. tiva, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em
que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal
O inquérito policial visa apurar fatos que configuram crime mil- ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
itar e identificar sua autoria. O inquérito pode ser iniciado mediante da sua entidade.
uma portaria: Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não
a) de ofício, pela autoridade militar da jurisdição; exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do
b) por determinação ou delegação da autoridade militar supe- mesmo fato.
rior; Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre
c) em virtude de requisição do Ministério Público; que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
d) por decisão do Superior Tribunal Militar; causados à qualidade do meio ambiente.
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente Art. 5º (VETADO)
a represente;
f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, CAPÍTULO II
resulte indício da existência de infração penal militar. DA APLICAÇÃO DA PENA

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade


DIREITO AMBIENTAL:. LEI N. 9.605, DE 12 DE competente observará:
FEVEREIRO 1998 - DISPÕE SOBRE AS SANÇÕES PENAIS I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e
E ADMINISTRATIVAS DERIVADAS DE CONDUTAS suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
E ATIVIDADES LESIVAS AO MEIO AMBIENTE, E DÁ II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da le-
OUTRAS PROVIDÊNCIAS gislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
O ambiente é protegido pela Lei n.º 9.605 de 12 de fevereiro Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substi-
de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), que determina as sanções pe- tuem as privativas de liberdade quando:
nais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de
meio ambiente. liberdade inferior a quatro anos;
A lei define a responsabilidade das pessoas jurídicas, permitin- II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a perso-
do que grandes empresas sejam responsabilizadas criminalmente nalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias
pelos danos que seus empreendimentos possam causar à natureza. do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos
Cerca as penas previstas pela Lei de Crimes Ambientais estas de reprovação e prevenção do crime.
são aplicadas conforme a gravidade da infração: quanto mais repro- Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere
vável a conduta, mais severa a punição. Ela pode ser privativa de este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade
liberdade, onde o sujeito condenado deverá cumprir sua pena em substituída.
regime penitenciário; restritiva de direitos, quando for aplicada ao Art. 8º As penas restritivas de direito são:
sujeito (em substituição à prisão) penalidades como a prestação de I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;

365
NOÇÕES DE DIREITO
III - suspensão parcial ou total de atividades; Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional
IV - prestação pecuniária; da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privati-
V - recolhimento domiciliar. va de liberdade não superior a três anos.
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atri- Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do
buição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do
públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão
particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível. relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proi- Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código
bição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo,
incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de par- poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da van-
ticipar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes tagem econômica auferida.
dolosos, e de três anos, no de crimes culposos. Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de
não estiverem obedecendo às prescrições legais. prestação de fiança e cálculo de multa.
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em di- Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no ju-
nheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, ízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se
de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo o contraditório.
nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível,
será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela in-
condenado o infrator. fração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo
Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina meio ambiente.
e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigi- Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenató-
lância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, ria, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do
permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetiva-
ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme mente sofrido.
estabelecido na sentença condenatória. Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativa-
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: mente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º,
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; são:
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea I - multa;
reparação do dano, ou limitação significativa da degradação am- II - restritivas de direitos;
biental causada; III - prestação de serviços à comunidade.
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de de- Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
gradação ambiental; I - suspensão parcial ou total de atividades;
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou ativida-
do controle ambiental. de;
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele
constituem ou qualificam o crime: obter subsídios, subvenções ou doações.
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não
II - ter o agente cometido a infração: estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, re-
a) para obter vantagem pecuniária; lativas à proteção do meio ambiente.
b) coagindo outrem para a execução material da infração; § 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em
pública ou o meio ambiente; desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; regulamentar.
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujei- § 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter
tas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos huma- dez anos.
nos; Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa ju-
g) em período de defeso à fauna; rídica consistirá em:
h) em domingos ou feriados; I - custeio de programas e de projetos ambientais;
i) à noite; II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
j) em épocas de seca ou inundações; III - manutenção de espaços públicos;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponde-
de animais; rantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de
n) mediante fraude ou abuso de confiança; crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autori- patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal per-
zação ambiental; dido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcial-
mente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais
das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas fun-
ções.

366
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO III Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE IN- classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéti-
FRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU DE CRIME cos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em de-
sacordo com as determinações legais:
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais,
§ 1o Os animais serão prioritariamente libertados em seu habi- madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem
tat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade
sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o pro-
assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de duto até final beneficiamento:
técnicos habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.052, de 2014) Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2o Até que os animais sejam entregues às instituições men- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, ex-
cionadas no § 1o deste artigo, o órgão autuante zelará para que põe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, le-
nha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida
eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamen-
para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada
to e transporte que garantam o seu bem-estar físico. (Redação dada
pela autoridade competente.
pela Lei nº 13.052, de 2014)
Art. 47. (VETADO)
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão es-
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas
tes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e demais formas de vegetação:
e outras com fins beneficentes. (Renumerando do §2º para §3º pela Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Lei nº 13.052, de 2014) Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos
destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educa- ou em propriedade privada alheia:
cionais. (Renumerando do §3º para §4º pela Lei nº 13.052, de 2014) Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão as penas cumulativamente.
vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da recicla- Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis me-
gem. (Renumerando do §4º para §5º pela Lei nº 13.052, de 2014) ses, ou multa.
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou
Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de es-
Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. pecial preservação:
(Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000) Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar
extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção In- floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou de-
tegral será considerada circunstância agravante para a fixação da volutas, sem autorização do órgão competente: (Incluído pela Lei
pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000) nº 11.284, de 2006)
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído
Art. 40-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000) pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Susten- § 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à sub-
tável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Inte- sistência imediata pessoal do agente ou de sua família. (Incluído
resse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as pela Lei nº 11.284, de 2006)
Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e § 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares),
as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. (Incluído pela Lei nº a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. (Inclu-
ído pela Lei nº 11.284, de 2006)
9.985, de 2000)
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de ex-
nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autori-
tinção no interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável
dade competente:
será considerada circunstância agravante para a fixação da pena.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
(Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000) Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo
§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração
(Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000) de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: competente:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada
seis meses a um ano, e multa. de um sexto a um terço se:
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que pos- I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do
sam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegeta- solo ou a modificação do regime climático;
ção, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: II - o crime é cometido:
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as pe- a) no período de queda das sementes;
nas cumulativamente. b) no período de formação de vegetações;
Art. 43. (VETADO) c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas ameaça ocorra somente no local da infração;
de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, d) em época de seca ou inundação;
cal ou qualquer espécie de minerais: e) durante a noite, em domingo ou feriado.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

367
NOÇÕES DE DIREITO
Seção III Art. 59. (VETADO)
Da Poluição e outros Crimes Ambientais Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar,
em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização
que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas le-
que provoquem a mortandade de animais ou a destruição signifi- gais e regulamentares pertinentes:
cativa da flora: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. penas cumulativamente.
§ 1º Se o crime é culposo: Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecos-
§ 2º Se o crime: sistemas:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda Seção IV
que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio
danos diretos à saúde da população; Cultural
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção
do abastecimento público de água de uma comunidade; Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou ga- decisão judicial;
sosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação
as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão
Pena - reclusão, de um a cinco anos. judicial:
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade compe- Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses
tente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
grave ou irreversível. Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos mine- especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão ju-
rais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licen- dicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, ar-
ça, ou em desacordo com a obtida: tístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. monumental, sem autorização da autoridade competente ou em
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de desacordo com a concedida:
recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autori- Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
zação, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu
competente. entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, eco-
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, co- lógico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
mercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depó- etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade com-
sito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saú- petente ou em desacordo com a concedida:
de humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou mo-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. numento urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Re-
nº 12.305, de 2010) dação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou § 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada
os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de seguran- em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena
ça; (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010) é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. (Renumerado
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reu- do parágrafo único pela Lei nº 12.408, de 2011)
tiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma § 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o
diversa da estabelecida em lei ou regulamento. (Incluído pela Lei nº objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante
12.305, de 2010) manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e,
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e,
pena é aumentada de um sexto a um terço. no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e
§ 3º Se o crime é culposo: a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conserva-
Art. 57. (VETADO) ção do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas se- nº 12.408, de 2011)
rão aumentadas:
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou Seção V
ao meio ambiente em geral; Dos Crimes contra a Administração Ambiental
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natu-
reza grave em outrem; Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou engano-
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. sa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-cien-
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente tíficos em procedimentos de autorização ou de licenciamento am-
serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave. biental:

368
NOÇÕES DE DIREITO
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou recebimento da notificação.
permissão em desacordo com as normas ambientais, para as ativi- Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as se-
dades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizati- guintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
vo do Poder Público: I - advertência;
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. II - multa simples;
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a III - multa diária;
um ano de detenção, sem prejuízo da multa. IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qual-
fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: quer natureza utilizados na infração;
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. V - destruição ou inutilização do produto;
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
um ano, sem prejuízo da multa. VII - embargo de obra ou atividade;
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Públi- VIII - demolição de obra;
co no trato de questões ambientais: IX - suspensão parcial ou total de atividades;
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. X – (VETADO)
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão XI - restritiva de direitos.
florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, § 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais in-
laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enga- frações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas
noso, inclusive por omissão: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) cominadas.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído § 2º A advertência será aplicada pela inobservância das dispo-
pela Lei nº 11.284, de 2006) sições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regula-
§ 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) mentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº § 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por
11.284, de 2006) negligência ou dolo:
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas,
se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do
da informação falsa, incompleta ou enganosa. (Incluído pela Lei nº SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;
11.284, de 2006) II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou
da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.
CAPÍTULO VI § 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de pre-
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA servação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda infração se prolongar no tempo.
ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promo- § 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do
ção, proteção e recuperação do meio ambiente. caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração § 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão
ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabeleci-
órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Am- mento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regula-
biente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, mentares.
bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da § 8º As sanções restritivas de direito são:
Marinha. I - suspensão de registro, licença ou autorização;
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo an- III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
terior, para efeito do exercício do seu poder de polícia. IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financia-
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de in- mento em estabelecimentos oficiais de crédito;
fração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo
mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-respon- período de até três anos.
sabilidade. Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo admi- infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio
nistrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contra- Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fun-
ditório, observadas as disposições desta Lei. do Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932,
Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos,
ambiental deve observar os seguintes prazos máximos: conforme dispuser o órgão arrecadador.
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico,
contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação; quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de jurídico lesado.
infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado
defesa ou impugnação; no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de
instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNA- R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cin-
MA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de qüenta milhões de reais).
acordo com o tipo de autuação;

369
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Muni- II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da
cípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o
mesma hipótese de incidência. mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilida-
de de prorrogação por igual período; (Redação dada pela Medida
CAPÍTULO VII Provisória nº 2.163-41, de 2001)
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAÇÃO III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimen-
DO MEIO AMBIENTE to previsto e o cronograma físico de execução e de implantação das
obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem atingidas;
Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou ju-
ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qual- rídica compromissada e os casos de rescisão, em decorrência do
quer ônus, quando solicitado para: não-cumprimento das obrigações nele pactuadas; (Redação dada
I - produção de prova; pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
II - exame de objetos e lugares; V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser
III - informações sobre pessoas e coisas; superior ao valor do investimento previsto; (Redação dada pela Me-
IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações dida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
tenham relevância para a decisão de uma causa; VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes. (In-
V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em cluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.
§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30
§ 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Minis-
de março de 1998, envolvendo construção, instalação, ampliação
tério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judi-
e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de
ciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à
recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente polui-
autoridade capaz de atendê-la.
dores, a assinatura do termo de compromisso deverá ser requerida
§ 2º A solicitação deverá conter:
pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 de dezem-
I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
bro de 1998, mediante requerimento escrito protocolizado junto
II - o objeto e o motivo de sua formulação;
aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelo
III - a descrição sumária do procedimento em curso no país so-
dirigente máximo do estabelecimento. (Redação dada pela Medida
licitante;
Provisória nº 2.163-41, de 2001)
IV - a especificação da assistência solicitada;
V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, § 3o Da data da protocolização do requerimento previsto no
quando for o caso. § 2o e enquanto perdurar a vigência do correspondente termo de
Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e espe- compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos que deram
cialmente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve causa à celebração do instrumento, a aplicação de sanções admi-
ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio nistrativas contra a pessoa física ou jurídica que o houver firmado.
rápido e seguro de informações com órgãos de outros países. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
§ 4o A celebração do termo de compromisso de que trata este
CAPÍTULO VIII artigo não impede a execução de eventuais multas aplicadas antes
DISPOSIÇÕES FINAIS da protocolização do requerimento. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.163-41, de 2001)
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições § 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de com-
do Código Penal e do Código de Processo Penal. promisso, quando descumprida qualquer de suas cláusulas, ressal-
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos vado o caso fortuito ou de força maior. (Incluído pela Medida Provi-
ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução sória nº 2.163-41, de 2001)
de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabe- § 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até no-
lecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade venta dias, contados da protocolização do requerimento. (Incluído
ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de título executi- pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
vo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurí- § 7o O requerimento de celebração do termo de compromis-
dicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcio- so deverá conter as informações necessárias à verificação da sua
namento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos viabilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento do plano.
ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001) § 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deve-
§ 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo rão ser publicados no órgão oficial competente, mediante extrato.
destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
jurídicas mencionadas no caput possam promover as necessárias Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de
correções de suas atividades, para o atendimento das exigências noventa dias a contar de sua publicação.
impostas pelas autoridades ambientais competentes, sendo obriga- Art. 81. (VETADO)
tório que o respectivo instrumento disponha sobre: (Redação dada Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.
pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromis-
sadas e dos respectivos representantes legais; (Redação dada pela
Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

370
NOÇÕES DE DIREITO
06. (IF/AP - Auxiliar em Administração – FUNIVERSA/2016).
EXERCÍCIOS No sistema de governo brasileiro, os chefes do Poder Executivo
(presidente da República, governadores e prefeitos) exercem, ao
01. (Prefeitura de Jataí/GO - Auditor de Controladoria - Qua- mesmo tempo, as funções administrativa (Administração Pública) e
drix /2019) A cúpula diretiva investida de poder político para a con- política (governo). No entanto, são funções distintas, com conceitos
dução dos interesses nacionais consiste e objetivos bem definidos. Acerca de Administração Pública e go-
(A) no Estado. verno, assinale a alternativa correta.
(B) na Administração Pública. (A) Administração Pública e governo são considerados sinôni-
(C) no Poder Executivo. mos, visto que ambos têm como objetivo imediato a busca da
(D) no governo. satisfação do interesse coletivo.
(E) nos agentes políticos. (B) As ações de Administração Pública têm como objetivo a
satisfação do interesse público e são voltadas à execução das
02. (CRO-GO - Assistente Administrativo – Quadrix/2019) No políticas públicas.
que se refere ao Estado e a seus Poderes, julgue o item. (C) Administração Pública é a atividade responsável pela fixa-
A noção de Estado de direito baseia‐se na regra de que, ao ção dos objetivos do Estado, ou seja, nada mais é que o Estado
mesmo tempo em que o Estado cria o direito, deve sujeitar‐se a ele. desempenhando sua função política.
( ) CERTO (D) Governo é o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídi-
( ) ERRADO cas de que o Estado dispõe para colocar em prática as políticas
públicas.
03. (CRO-GO - CRO-GO - Fiscal Regional - Quadrix – 2019) No (E) A Administração pratica tanto atos de governo (políticos)
que se refere ao Estado e a seus Poderes, julgue o item. como atos de execução das políticas públicas.
Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário exercem suas res-
pectivas funções com absoluta exclusividade. 07. (UFAL - Auxiliar em Administração – COPEVE-UFAL). O ter-
( ) CERTO mo Administração Pública, em sentido estrito e objetivo, equivale
(A) às funções típicas dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju-
( ) ERRADO
diciário.
(B) à noção de governo.
04. (CRF-PR - Analista de RH – Quadrix/2019) A supremacia do
(C) ao conceito de Estado.
interesse público sobre o privado, também chamada simplesmente
(D) ao conceito de função administrativa.
de princípio do interesse público ou da finalidade pública, princípio
(E) ao Poder Executivo.
implícito na atual ordem jurídica, significa que os interesses da co-
letividade são mais importantes que os interesses individuais, razão 08. (CESPE – INSS - Perito Médico Previdenciário – CESPE).
pela qual a Administração, como defensora dos interesses públicos, Acerca do direito administrativo, julgue os itens a seguir.
recebe da lei poderes especiais não extensivos aos particulares. Povo, território e governo soberano são elementos do Estado.
Alexandre Mazza. Manual de direito administrativo. 8.ª ed. São Paulo: () CERTO
Saraiva Educação, 2018. () ERRADO
Com relação a esse princípio, assinale a alternativa correta. 09. (JARU-PREVI - RO - Assistente Administrativo – IBA-
(A) Apesar da supremacia presente, não possibilita que a Admi- DE/2019) Com base nos três poderes do estado e nas suas funções,
nistração Pública convoque particulares para a execução com- afirma-se que ao:
pulsória de atividades públicas. (A) legislativo: cabe a ele criar leis em cada uma das três esferas
(B) Só existe a supremacia do interesse público primário sobre e fiscalizar e controlar os atos do poder executivo.
o interesse privado. O interesse patrimonial do Estado como (B) executivo: estabelece normas que regem a sociedade.
pessoa jurídica, conhecido como interesse público secundário, (C) judiciário: responsável pela regulação da administração dos
não tem supremacia sobre o interesse do particular. interesses públicos.
(C) Não permite a requisição de veículo particular, pela polícia, (D) legislativo: poder exercido pelos secretários do Estado.
para perseguir criminoso. Referida atitude não é prevista no di- (E) executivo: sua principal tarefa é a de controle de constitu-
reito brasileiro. cionalidade.
(D) Não permite que a Administração Pública transforme com-
pulsoriamente propriedade privada em pública. 10. (CONRERP 2ª Região - Assistente Administrativo - Qua-
(E) Estará presente em todos os atos de gestão da Administra- drix/2019) Quanto à Administração Pública, julgue o item.
ção Pública. À Administração Pública é facultado fazer tudo o que a lei não
proíbe.
05. (TRT /8ª Região - Analista Judiciário – CESPE/2016). A res- ( ) CERTO
peito dos elementos do Estado, assinale a opção correta. ( ) ERRADO
(A) Povo, território e governo soberano são elementos indisso-
ciáveis do Estado. 11. (MPE-CE - Técnico Ministerial - CESPE – 2020) No que diz
(B) O Estado é um ente despersonalizado. respeito à administração pública direta, à administração pública in-
(C) São elementos do Estado o Poder Legislativo, o Poder Judi- direta e aos agentes públicos, julgue o item que se segue.
ciário e o Poder Executivo. A administração pública indireta é composta por órgãos e agen-
(D) Os elementos do Estado podem se dividir em presidencia- tes públicos que, no âmbito federal, constituem serviços integrados
lista ou parlamentarista. na estrutura administrativa da presidência da República e dos mi-
(E) A União, o estado, os municípios e o Distrito Federal são nistérios.
elementos do Estado brasileiro. ( ) CERTO
( ) ERRADO

371
NOÇÕES DE DIREITO
12. (AL-AP - Analista Legislativo - FCC – 2020) A organização 15. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020)
administrativa pode implicar desconcentração e descentralização. Assinale a alternativa que apresenta corretamente um conceito de
A criação de empresas estatais Desconcentração Administrativa.
(A) depende da edição de lei instituidora dos entes, da qual (A) Distribuição de competências de uma para outra pessoa,
também deverão constar as competências próprias atribuídas física ou jurídica
a essas pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica de (B) Distribuição interna de competências, ou seja, uma distri-
direito privado ou de direito público. buição de competências dentro da mesma pessoa jurídica
(B) difere da instituição de autarquias e fundações, pessoas (C) Distribuição de competências de uma pessoa jurídica inte-
jurídicas que expressam a desconcentração da Administração grante da Administração Pública para uma pessoa física
pública. (D) Distribuição de competências de uma pessoa física inte-
(C) indica a desconcentração da organização administrativa, grante da Administração Pública para uma pessoa jurídica
que se caracteriza pela criação de pessoas jurídicas com com-
petências próprias. 16. (TRF - 1ª REGIÃO - Estagiário – Direito - COPESE –
(D) é expressão da descentralização administrativa, que implica UFPI/2019) Considere o seguinte conceito.
a criação de pessoas jurídicas com atribuições previstas em lei “Pessoa jurídica de direito privado composta por capital exclu-
e em seus atos constitutivos. sivamente público, criada para a prestação de serviços públicos ou
(E) e de outras pessoas jurídicas com personalidade jurídica de exploração de atividades econômicas, sob qualquer modalidade
direito público configura forma híbrida de organização admi- empresarial.”
nistrativa. MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva,
2016.
13. (FITO – Advogado - VUNESP – 2020) De acordo com o orde- Esse conceito aplica-se à:
namento jurídico brasileiro, uma fundação pública (A) Empresa pública.
(A) poderá celebrar parcerias com organizações da sociedade (B) Autarquia.
civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de (C) Agência executiva.
finalidades de interesse público e recíproco, mediante a exe- (D) Sociedade de economia mista.
cução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos
em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, 17. (Prefeitura de Porto Alegre /RS - Auditor Fiscal da Receita
em termos de fomento ou em acordos de cooperação. Municipal – FUNDATEC/2019) Acerca da administração pública in-
(B) poderá consorciar-se com outras fundações públicas que in- direta e do regime jurídico das empresas públicas e sociedades de
tegrem a Administração indireta de outros entes da federação, economia mista, analise as seguintes assertivas:
para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a I. Empresa pública é a entidade com criação autorizada por lei e
realização de objetivos de interesse comum, passando a cons- com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pelo
tituir consórcio público com personalidade jurídica de direito poder público, dotada de personalidade jurídica de direito público.
público. II. A criação de subsidiárias de empresa pública e de sociedade
(C) criada por lei, poderá representar a Administração direta de economia mista independe de autorização legislativa.
na celebração de acordos de cooperação técnica com outros III. Sociedade de economia mista é a entidade com criação au-
órgãos ou entidades integrantes da Administração indireta dos torizada por lei sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
demais entes federados, com a finalidade de expandir o alcan- direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao
ce das finalidades de interesse público que justificaram sua Distrito Federal, aos Municípios ou à entidade da administração in-
criação. direta, dotada de personalidade jurídica de direito privado.
(D) cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa cien-
tífica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preserva- Quais estão corretas?
ção do meio ambiente, à cultura e à saúde, serão qualificadas (A) Apenas III.
como organizações da sociedade civil de interesse público, (B) Apenas I e II.
podendo celebrar contrato de gestão com dispensa de chama- (C) Apenas I e III.
mento público, com o poder público. (D) Apenas II e III.
(E) que tenha sido constituída e esteja em funcionamento regu-
lar há, no mínimo, três anos, poderá qualificar-se como organi- 18. (SPPREV - Analista em Gestão Previdenciária - FCC – 2019)
zação da sociedade civil de interesse público com fundamento As autarquias são pessoas jurídicas integrantes da Administração
no princípio da universalização dos serviços de interesse públi- pública indireta, que podem ter receitas próprias e receber recur-
sos orçamentários e financeiros do erário público. No caso de uma
co que autorizaram sua criação.
autarquia auferir receitas próprias em montante suficiente para su-
portar todas as despesas e investimentos do ente,
14. (AL-AP - Assistente Legislativo - FCC – 2020) A amplitude
(A) fica excepcionada a aplicação do regime jurídico de direito
da Administração pública considera dois grupos de instituições, que
público durante o período em que perdurar a condição de pes-
são classificados em Administração direta e indireta. Considera-se
soa jurídica não dependente.
Administração Direta,
(B) poderá realizar contratações efetivas sem a necessidade de
(A) as Fundações públicas.
prévio concurso público, diante da não incidência da regra para
(B) as Autarquias. os entes da Administração pública indireta que não sejam de-
(C) as Empresas públicas. pendentes.
(D) as Sociedades de Economia mista. (C) permanece sujeita aos princípios e regras que regem a Ad-
(E) a Casa Civil. ministração pública, tais como a impenhorabilidade de seus
bens, exigência de autorização legislativa para alienação de
bens imóveis e realização de concurso público para admissão
de servidores, com exceção de comissionados.

372
NOÇÕES DE DIREITO
(D) permanecerá obrigada à regra geral de licitação para firmar 22. (AL-AP - Assistente Legislativo - FCC – 2020) Ricardo Reis,
contratos administrativos, com exceção das hipóteses de alie- servidor público, foi acusado, em processo disciplinar, de haver
nação de bens imóveis, porque geram receita como resultado. subtraído da repartição um aparelho de ar condicionado, falta que
(E) ficará equiparada, em direitos e obrigações, às empresas ensejaria sua demissão a bem do serviço público. Em processo cri-
estatais não dependentes, que podem adquirir bens e serviços minal instaurado concomitantemente, o juiz absolveu Ricardo, con-
sem prévia realização de licitação, mas têm patrimônio sujeito cluindo que Bernardo Soares, pessoa totalmente estranha à reparti-
à penhorabilidade e prescritibilidade. ção, era o verdadeiro responsável pelo furto. Constatou-se, todavia,
que Ricardo Reis havia se ausentado da repartição sem acionar os
19. (Prefeitura de Aracruz - ES – Contador - IBADE – 2019) Os alarmes antifurto, providência de sua exclusiva responsabilidade.
órgãos públicos representam compartimentos internos da pessoa Tal comportamento não gerou punição na esfera criminal, por se
pública, podendo ser criados ou extintos por meio de lei. Já a es- tratar de conduta criminalmente atípica.
truturação e as atribuições dos órgãos podem ser processadas por: Diante do relato hipotético, conclui-se que Ricardo Reis
(A) lei, apenas. (A) será absolvido da conduta que lhe foi inicialmente imputa-
(B) lei em tese do Chefe do Judiciário. da, mas ainda poderá ser punido pela conduta omissiva, pois,
(C) decreto do Chefe do Executivo. embora considerada criminalmente atípica, pode configurar
(D) resolução legislativa. falta disciplinar residual.
(E) ofício da Presidência da República. (B) deve pedir a inclusão de Bernardo Soares no processo dis-
ciplinar, na qualidade de corréu, de maneira a diminuir sua res-
20. (IF Baiano - Assistente em Administração - IF-BA – 2019) ponsabilidade no incidente.
No que se refere à organização administrativa do Estado, assinale a (C) não sofrerá punições em âmbito administrativo, visto que a
afirmativa incorreta. decisão criminal é vinculante na esfera administrativa.
(A) Compreende-se como Administração Pública Direta ou Cen- (D) pode ser demitido pela subtração do equipamento, visto
tralizada aquela constituída a partir de um conjunto de órgãos que as conclusões da decisão proferida na esfera criminal não
públicos despersonalizados, através dos quais o Estado desem- vinculam a Administração.
penha diretamente a atividade administrativa. (E) será indenizado pela injusta submissão a processo discipli-
(B) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e nar, o que é suficiente para configurar dano moral.
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, 23. (CREFONO-5° Região - Assistente Administrativo - Quadrix
neste último caso, definir as áreas de sua atuação. – 2020) Acerca da Administração Pública e dos servidores públicos,
(C) Compreende-se como Administração Pública Indireta ou julgue o item conforme o texto constitucional.
Descentralizada aquela constituída a partir de um conjunto de O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readap-
entidades dotadas de personalidade jurídica própria, algumas tado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades
de direito público, outras de direito privado, responsáveis pelo sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capa-
exercício, em caráter especializado e descentralizado, de certa cidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, des-
e determinada atividade administrativa. de que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para
(D) As empresas públicas e as sociedades de economia mista o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem.
fazem parte da Administração Pública Direta. ( ) CERTO
(E) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, cria- ( ) ERRADO
das por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da Administração Pú- 24. (CREFONO-5° Região - Assistente Administrativo - Quadrix
blica. – 2020) Acerca da Administração Pública e dos servidores públicos,
julgue o item conforme o texto constitucional.
A investidura em cargo ou emprego público independe de apro-
21. (Prefeitura de São Roque - SP – Advogado - VUNESP –
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
2020) A respeito dos servidores públicos estatutários, assinale a
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
alternativa correta.
na forma prevista em lei, exceto para nomeações para cargo em
(A) O regime jurídico dos servidores estatutários não pode ser
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
alterado de forma prejudicial aos agentes públicos que estejam
( ) CERTO
no exercício da função pública.
( ) ERRADO
(B) Os ocupantes de empregos públicos não dispõem de estabi-
lidade no serviço público. 25. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020)
(C) A estabilidade garante ao agente público a permanência no O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercí-
serviço público, de modo que o vínculo somente poderá ser cio irregular de suas atribuições. Analise o texto abaixo e assinale
desconstituído por decisão judicial com trânsito em julgado. a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas.
(D) É constitucional lei que propicie ao servidor investir-se em “A responsabilidade _____ abrange os crimes e contravenções
cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investi- imputadas ao servidor, nessa qualidade.” “A responsabilidade _____
do, sem prévia aprovação em concurso público. decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resul-
(E) O candidato aprovado em concurso público dentro do nú- te em prejuízo ao erário ou a terceiros.” A responsabilidade _____
mero de vagas previstos no edital possui expectativa de direito do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue
à nomeação. a existência do fato ou sua autoria.” “As sanções civis, penais e ad-
ministrativas poderão cumular-se, sendo _____ entre si.”
(A) penal / civil / administrativa / independentes
(B) civil / administrativa / penal / independentes
(C) penal / administrativa / civil / dependentes
(D) penal / civil / administrativa / dependentes

373
NOÇÕES DE DIREITO
26. (TRE-PA - Analista Judiciário – Administrativa - IBFC – 30. (CREFONO - 1ª Região - Agente Fiscal - Quadrix – 2020)
2020) Acerca do Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da Julgue o item no que se refere à Administração Pública.
União (Lei nº 8.112/1990), analise as afirmativas abaixo e dê valores Os requisitos para acesso a cargos públicos mediante concurso
Verdadeiro (V) ou Falso (F). devem estar claramente estabelecidos na lei e(ou) no edital.
( ) Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são cria- ( ) CERTO
dos por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos co- ( ) ERRADO
fres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
( ) Os requisitos básicos para investidura em cargo público es- 31. (Valiprev - SP - Analista de Benefícios Previdenciários VU-
tão contidos no artigo 5º e portanto, as atribuições do cargo não po- NESP – 2020) É o de que dispõe a Administração para distribuir e
dem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de
( ) O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença seus agentes estabelecendo a relação de subordinação entre os ser-
judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disci- vidores de seu quadro de pessoal. Dele decorrem algumas prerro-
plinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. gativas: delegar e avocar atribuições, dar ordens, fiscalizar e rever
( ) A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção mé- atividades de órgãos inferiores.
dica oficial. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto É correto afirmar que o texto do enunciado se refere ao poder
física e mentalmente para o exercício do cargo. (A) disciplinar.
(B) hierárquico.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de (C) de delegação.
cima para baixo. (D) regulamentar.
(A) F, V, V, F (E) de polícia.
(B) V, V, F, F
(C) F, V, F, V 32. (MPE-CE - Técnico Ministerial - CESPE – 2020) Cada um do
(D) V, F, V, V item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma
assertiva a ser julgada, acerca dos poderes administrativos.
27. (UFRJ – Administrador - CESGRANRIO – 2019) O servidor O corpo de bombeiros de determinada cidade, em busca da
público W foi demitido do serviço público, após processo adminis- garantia de máximo benefício da coletividade, interditou uma esco-
trativo disciplinar. Inconformado, ele propôs ação judicial, buscan- la privada, por falta de condições adequadas para a evacuação em
do o retorno ao serviço público, tendo obtido decisão favorável, caso de incêndio. Nesse caso, a atuação do corpo de bombeiros de-
após dez anos de duração do processo. corre imediatamente do poder disciplinar, ainda que o proprietário
Nos termos da Lei no 8.112/1990, quando invalidada a demis- da escola tenha direito ao prédio e a exercer o seu trabalho.
são por decisão judicial, ocorre a denominada ( ) CERTO
(A) reinclusão ( ) ERRADO
(B) reintegração
(C) recondução 33. (SPPREV - Técnico em Gestão Previdenciária - FCC – 2019)
(D) revisão Um agente público, em regular diligência de fiscalização a es-
(E) repristinação tabelecimentos de ensino, constatou potencial irregularidade no
procedimento de matrícula de determinado nível de escolaridade
28. (CRN - 2° Região (RS) - Assistente Administrativo - Quadrix e determinou a interdição do estabelecimento. Considerando os
– 2020) Texto associado. fatos descritos, uma das possíveis conclusões para a atuação do
Considera‐se como agente público aquele que, mesmo que por agente público é
período determinado e sem remuneração, exerce mandato, cargo, (A) atuação com excesso de poder disciplinar, pois este somen-
emprego ou função pública. te incide na esfera hierárquica do quadro de servidores de ór-
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Direito administrativo descom- gão da Administração direta ou pessoa jurídica integrante da
plicado. 16.ª ed. 2008. p. 122. Administração indireta.
(B) a regularidade da conduta, considerando o princípio da su-
Com relação aos agentes públicos, julgue o item. premacia do interesse público, cabendo ao responsável pelo
Agentes políticos têm sua competência extraída da Constitui- estabelecimento regularizar o procedimento apontado e, após,
ção Federal e normalmente são investidos em seus cargos por elei- pleitear a reabertura da unidade de ensino.
ção, nomeação ou designação. (C) a viabilidade jurídica da conduta, considerando que será
( ) CERTO oportunizado contraditório e ampla defesa ao responsável pela
( ) ERRADO escola, com possibilidade de reposição das aulas no caso de
procedência de suas alegações.
29. CRN - 2° Região (RS) - Assistente Administrativo - Quadrix (D) ter agido com abuso de poder no exercício do poder de po-
– 2020) Com relação aos agentes públicos, julgue o item. lícia inerente à sua atuação, não se mostrando razoável a me-
Agentes administrativos consistem naqueles agentes públicos dida adotada, que prejudicou o cronograma de aulas de todos
que exercem funções de alta direção e orientação da Administração os alunos da instituição.
Pública e, por isso, possuem prerrogativas pessoais para garantir li- (E) que o poder regulamentar confere ao representante da Ad-
berdade para suas tomadas de decisão. ministração pública o poder de baixar atos normativos dotados
( ) CERTO de autoexecutoriedade, protegendo o direito à educação em
( ) ERRADO detrimento do direito individual dos alunos.

374
NOÇÕES DE DIREITO
34. (IF Baiano - Contador IF-BA -2019) A respeito dos pode- 38. (PC/AC - Escrivão de Polícia Civil - IBADE/2017) Conside-
res administrativos da Administração Pública, assinale a alternativa rando os Poderes e Deveres da Administração Pública e dos admi-
correta. nistradores públicos, é correta a seguinte afirmação:
(A) O Poder Normativo ou regulamentar se traduz no poder (A) O dever-poder normativo viabiliza que o Chefe do Poder
conferido à Administração Pública de expedir atos administra- Executivo expeça regulamentos para a fiel execução de leis.
tivos gerais e abstratos, com efeitos erga omnes, podendo, in- (B) O dever-poder de polícia, também denominado de dever-
clusive, inovar no ordenamento jurídico, criando e extinguindo -poder disciplinar ou dever-poder da supremacia da admi-
direitos e obrigações a todos os cidadãos. nistração perante os súditos, é a atividade da administração
(B) O Poder Hierárquico é característica que integra a estrutura pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li-
das pessoas jurídicas da Administração Pública, sejam os entes berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
da Administração Direta ou Indireta. Trata-se de atribuição con- de interesse público concernente à segurança, à higiene, à or-
cedida ao administrador para organizar, distribuir e escalonar dem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
as funções de seus órgãos. exercício de atividades econômicas dependentes de concessão
(C) O Poder Disciplinar é a atribuição de aplicar sanções àque- ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
les que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal. Podem ser respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
aplicadas sanções aos particulares, mesmo não possuindo vín- (C) Verificado que um agente público integrante da estrutura
culo. organizacional da Administração Pública praticou uma infração
(D) O Poder de Polícia, segundo doutrina majoritária, não é ad- funcional, o dever-poder de polícia autoriza que seu superior
mitido no ordenamento jurídico brasileiro, por ferir o Estado hierárquico aplique as sanções previstas para aquele agente.
Democrático de Direito. (D) O dever-poder de polícia pressupõe uma prévia relação en-
(E) O Poder Discricionário se verifica quando a lei cria um ato tre a Administração Pública e o administrado. Esta é a razão
administrativo estabelecendo todos os elementos de forma ob- pela qual este dever-poder possui por fundamento a suprema-
jetiva, sem que a autoridade pública possa valorar acerca da cia especial.
conduta exigida legalmente. (E) A possibilidade do chefe de um órgão público emitir ordens
e punir servidores que desrespeitem o ordenamento jurídico
35. (SEAP-GO - Agente de Segurança Prisional - IADES/2019) não possui arrimo no dever-poder de polícia, mas sim no de-
C. L. V., agente de segurança prisional, estava realizando sua ronda ver-poder normativo.
habitual durante o respectivo turno, quando observou que dois de-
tentos – R. M. V. e J. O. M. – estavam em vias de fato no momento 39. (MPE/RN -Técnico do Ministério Público Estadual - COM-
do “banho de sol”. Ao tentar separá-los, utilizou-se de força des- PERVE/2017) Os poderes inerentes à Administração Pública são
proporcional, amarrando os dois detentos com uma corda, a qual necessários para que ela sobreponha a vontade da lei à vontade
causou lesões contusas em ambos os detentos. Essa situação hipo- individual, o interesse público ao privado. Nessa perspectiva,
tética representa caso de (A) no exercício do poder disciplinar, são apuradas infrações
(A) desvio de poder. e aplicadas penalidades aos servidores públicos sempre por
(B) desvio de finalidade. meio de procedimento em que sejam asseguradas a ampla de-
(C) estrito cumprimento do dever legal. fesa e o contraditório.
(D) excesso de poder. (B) no exercício do poder normativo, são editados decretos re-
(E) abuso de direito. gulamentares estabelecendo normas ultra legem, inovando na
ordem jurídica para criar direitos e obrigações.
36. (CFESS - Assistente Técnico Administrativo - CONSUL- (C) o poder de polícia, apesar de possuir o atributo da coerci-
PLAN/2017) Quando a Administração Pública aplica penalidade de bilidade, carece do atributo da autoexecutoriedade, de modo
cassação da carteira de motorista ao particular que descumpre as que a Administração Pública deve sempre recorrer ao judiciário
regras de direção de veículos configura-se o exercício do poder para executar suas decisões.
(A) de polícia. (D) o poder conferido à Administração Pública é uma faculdade
(B) disciplinar. que a Constituição e a lei colocam à disposição do administra-
(C) ordinatório. dor, que o exercerá de acordo com sua livre convicção.
(D) regulamentar
40. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suplementar - FUN-
37. (PC/SE - Delegado de Polícia – CESPE/2018) Acerca do po- CAB/2016) No tocante aos poderes administrativos pode-se afirmar
der de polícia — poder conferido à administração pública para im- que a delegação e avocação decorrem do poder:
por limites ao exercício de direitos e de atividades individuais em (A) hierárquico.
função do interesse público —, julgue o próximo item. (B) discricionário.
O poder de polícia é indelegável. (C) disciplinar.
( ) CERTO (D) regulamentar.
( ) ERRADO (E) de polícia.

375
NOÇÕES DE DIREITO
41. (Valiprev - SP - Analista de Benefícios Previdenciários - VU- Nessa situação hipotética, o ato administrativo de intervenção
NESP/2020) É correto afirmar que o ato administrativo do Analista encontra-se eivado de vício quanto
de Benefícios Previdenciários é dotado de (A) ao objeto.
(A) autoexecutoriedade, ante a inevitabilidade de sua execu- (B) ao motivo.
ção, porquanto reúne sempre poder de coercibilidade para (C) à finalidade.
aqueles a que se destina, havendo a possibilidade de ser revo- (D) à competência.
gado pela própria Administração e pelo Poder Judiciário, quan- (E) à forma.
do sua manutenção deixar de ser conveniente e oportuna.
(B) imperatividade, ante a inevitabilidade de sua execução, por- 45. (TJ-PA - Auxiliar Judiciário - CESPE – 2020) A propriedade
quanto reúne sempre poder de coercibilidade para aqueles a da administração de, por meios próprios, pôr em execução suas de-
que se destina, havendo a possibilidade de ser revogado pela cisões decorre do atributo denominado
própria Administração quando sua manutenção deixar de ser (A) exigibilidade.
conveniente e oportuna. (B) autoexecutoriedade.
(C) presunção de legitimidade, de legalidade e veracidade, por- (C) vinculação.
que se presume legal a atividade administrativa, por conta da (D) discricionariedade.
inteira submissão ao princípio da legalidade, havendo a pos- (E) E medidas preventivas.
sibilidade de ser revogado pela própria Administração e pelo
Poder Judiciário, quando sua manutenção deixar de ser conve- 46. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração – FA-
niente e oportuna. DESP/2020) Um ato administrativo é o ato jurídico praticado, se-
(D) imperatividade, uma vez que será executado, quando ne- gundo o Direito Administrativo, pelas pessoas administrativas, ou a
cessário e possível, ainda que sem o consentimento do seu des- Administração Pública, por intermédio de seus agentes, no exercício
tinatário, havendo a possibilidade de ser revogado pelo Poder de suas competências funcionais, capaz de produzir efeitos com fim
Judiciário, em razão de sua eventual ilegalidade. público. Os atos administrativos podem ser invalidados pela própria
(E) presunção de legitimidade, de legalidade e veracidade, por- Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. O ato administrati-
que se presume legal a atividade administrativa, por conta da vo pode vir a ser invalidado, quando o agente público
inteira submissão ao princípio da legalidade, havendo a possi- (A) foi empossado recentemente em cargo que lhe atribuiu a
bilidade de ser revogado pelo Poder Judiciário, em razão de sua competência para o ato administrativo.
eventual ilegalidade. (B) praticou ato administrativo de modo a melhorar o ambiente
organizacional de que faz parte, sem que, seja considerado um
42. (EBSERH - Assistente Administrativo - VUNESP/2020) O ato com fim público.
revestimento exteriorizador do ato administrativo normal é a es- (C) praticou ato administrativo motivado por fatores apresenta-
crita, embora existam atos consubstanciados em ordens verbais e dos por terceiros que correspondem à realidade e foram apre-
até mesmo em sinais convencionais. Esse requisito do ato é deno- sentados formalmente.
minado (D) praticou ato administrativo formalmente, para contraste
(A) objeto. com a lei e aferido, pela própria Administração ou pelo Judiciá-
(B) motivo. rio, que foi considerado estranho às vontades do gestor máxi-
(C) forma. mo da instituição pública.
(D) mérito.
(E) finalidade. 47. (SPPREV - Técnico em Gestão Previdenciária – FCC/2019) A
edição de um ato administrativo de natureza vinculada acarreta ou
43. (CRN - 2° Região - Assistente Administrativo - Quadrix – pressupõe, para a Administração pública, o dever
2020) Atos administrativos são atos jurídicos que constituem mani- (A) de ter observado o preenchimento dos requisitos legais
festações unilaterais de vontade. A respeito dos atos administrati- para a edição, tendo em vista que nos atos vinculados a legis-
vos, julgue o item. lação indica os elementos constitutivos do direito à prática do
A Administração pode anular seus próprios atos quando eiva- ato.
dos de vícios que os tornem ilegais ou revogá‐los, por motivo de (B) subjetivo de emissão do mesmo, este que, em razão da na-
conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e tureza, não admite anulação ou revogação.
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. (C) de observar as opções legalmente disponíveis para decisão
( ) CERTO do administrador, que deverá fundamentá-la em razão de con-
( ) ERRADO veniência e interesse público.
(D) do administrado destinatário do ato exercer o direito que
44. (MPE-CE - Promotor de Justiça de Entrância Inicial – CES- lhe fora concedido, tendo em vista que os atos administrativos
PE/2020) Com o fim de assegurar a adequação na prestação do ser- são vinculantes para os particulares, que não têm opção de não
viço e o fiel cumprimento das normas previstas em contrato de con- realizar o objeto ou finalidade do mesmo.
cessão de serviço público, o poder público concedente, mesmo sem (E) de submeter o ato ao controle externo do Tribunal de Con-
autorização judicial, interveio na concessão por meio de resolução tas competente e do Poder Judiciário, sob o prisma da legalida-
que previu a designação de interventor, o prazo da intervenção e os de, conveniência e oportunidade.
objetivos e limites da medida interventiva.

376
NOÇÕES DE DIREITO
48. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). Sobre ( ) A ação popular é considerada pela doutrina como remédio
a revogação dos atos administrativos, assinale a alternativa INCOR- constitucional que pode ser utilizado por pessoas físicas ou jurídicas
RETA. para provocar o controle judicial, visando a anulação de ato lesivo
(A) Nem todos os atos administrativos podem ser revogados. ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
(B) A revogação de ato administrativo é realizada, ordinaria- moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio his-
mente, pelo Poder Judiciário, cabendo-lhe ainda examinar os tórico e cultural.
aspectos de validade do ato revogador.
(C) Considerando que a revogação atinge um ato que foi pra- Assinale a alternativa que representa a sequência correta de
ticado em conformidade com a lei, seus efeitos são ex nunc. cima para baixo:
(D) Pode a Administração Pública se arrepender da revogação (A) V, F, V, F
de determinado ato. (B) V, V, V, F
(E) O fundamento jurídico da revogação reside no poder discri- (C) F, V, V, F
cionário da Administração Pública (D) F, F, F, V

49. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). Assina- 52. (TJ-PA - Oficial de Justiça Avaliador - CESPE – 2020) Acerca
le a alternativa CORRETA sobre os atos administrativos. do controle da administração pública, julgue os itens a seguir.
(A) Atos individuais, também chamados de normativos, são I Em nenhuma hipótese é possível a revogação, pelo Poder Ju-
aqueles que se voltam para a regulação de situações jurídicas diciário, de atos praticados pelo Poder Executivo.
concretas, com destinatários individualizados, como instruções II A reclamação para anulação de ato administrativo em des-
normativas e regulamentos. conformidade com súmula vinculante é uma modalidade de contro-
(B) Em razão do formalismo que o caracteriza, o ato administra- le externo da atividade administrativa.
tivo deve sempre ser escrito, sendo juridicamente insubsisten- III Nenhuma lei pode criar uma modalidade inovadora de con-
tes comandos administrativos verbais. trole externo não prevista constitucionalmente.
(C) Aprovação é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Ad-
ministração Pública reconhece a legalidade de um ato jurídico. Assinale a opção correta.
(D) Tanto os atos vinculados como os atos discricionários po- (A) Apenas o item I está certo.
dem ser objeto de controle pelo Poder Judiciário. (B) Apenas o item II está certo.
(E) Os provimentos são exclusivos dos órgãos colegiados, ser- (C) Apenas os itens I e III estão certos.
vindo especificamente para demonstrar sua organização e seu (D) Apenas os itens II e III estão certos.
funcionamento. (E) Todos os itens estão certos.

50. (CONFERE - Assistente Administrativo VII - INSTITUTO CI- 53. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração - FA-
DADES/2016). A anulação do ato administrativo: DESP – 2020) O controle da administração pública é realizado por
(A) Pode ser decretada à revelia pelo administrador público. meio de um conjunto de mecanismos que permitem a vigilância, a
(B) Pode ser decretada somente pelo poder judiciário, desde orientação e a correção da atuação administrativa. Esse controle
que exista base legal para isso. pode ser classificado como interno ou externo. É considerado um
(C) Pode ser decretada tanto pelo poder judiciário como pela tipo de controle interno
administração pública competente. (A) análises do Tribunal de Contas da União – TCU.
(D) Não pode ser decretada em hipótese alguma, pois o ato (B) apuração de irregularidades em Comissão Parlamentar de
administrativo tem força de lei. Inquérito – CPI.
(C) controle administrativo por autotutela.
51.(TRE-PA - Técnico Judiciário – Administrativa - IBFC – 2020) (D) controle judicial mediante provocação.
O controle administrativo pode ser conceituado como “o conjun-
to de instrumentos definidos pelo ordenamento jurídico a fim de 54. (DPE-AM - Assistente Técnico de Defensoria - FCC - 2019)
permitir a fiscalização da atuação estatal por órgãos e entidades da Determinado órgão da Administração Estadual está sofrendo um
própria Administração Pública, dos Poderes Legislativos e Judiciário, processo de tomada de contas especial pelo Tribunal de Contas do
assim como pelo povo”. Nesse sentido, analise as afirmativas abaixo Estado. Nesse caso, a tomada de contas é uma manifestação de
e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). controle
( ) O Brasil adota o sistema de jurisdição única quanto ao con- (A) prévio.
trole da Administração Pública, razão pela qual não é possível a pro- (B) interno.
vocação do Poder Judiciário para análise de controvérsias antes do (C) jurisdicional.
esgotamento das instâncias administrativas. (D) político.
( ) O controle administrativo decorre do poder de autotutela (E) externo.
conferido à Administração Pública que deve efetivar a fiscalização
e revisão de seus atos, mediante provocação ou de ofício, com a 55. (TCE-RO - Auditor de Controle Externo - CESPE – 2019) A
finalidade de verificar os aspectos de ilegalidade ou inconveniência competência para o julgamento das contas do chefe do Executivo
do ato. é do:
( ) O controle legislativo, realizado no âmbito do parlamento e (A) Poder Legislativo, que deve ser precedido de parecer vincu-
dos órgãos auxiliares do Poder Legislativo, inclui o controle político lativo emitido pelo tribunal de contas.
sobre o próprio exercício da função administrativa e o controle fi- (B) Poder Judiciário, que deve ser precedido de parecer prévio
nanceiro sobre a gestão dos gastos públicos dos três poderes. e vinculativo do tribunal de contas.
(C) Poder Legislativo, que deve ser precedido de parecer prévio
e apenas opinativo emitido pelo tribunal de contas.

377
NOÇÕES DE DIREITO
(D) Poder Judiciário, que deve ser precedido de parecer prévio 59. (UEPA - Técnico de Nível Superior – Administração – FA-
e apenas opinativo emitido pelo tribunal de contas. DESP/2020) A responsabilidade civil do Estado é decorrente de
(E) Tribunal de Contas da União (TCU), exclusivamente. ação ou omissão estatal lícita ou ilícita que cause dano a alguém.
São considerados excludentes de responsabilização civil do Estado
56. (MPE-CE - Técnico Ministerial – CESPE/2020) Acerca da (A) força maior e caso fortuito.
responsabilidade civil do Estado e de improbidade administrativa, (B) culpa exclusiva da vítima e danos exclusivamente morais.
julgue o item seguinte. (C) dano não intencional e culpa exclusiva de terceiros.
A responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito público (D) força maior e culpa de agentes públicos terceirizados.
pelos atos causados por seus agentes é objetiva, enquanto a res-
ponsabilidade civil dos agentes públicos é subjetiva. 60. (Prefeitura de Contagem - MG - Procurador Municipal –
( ) CERTO FUNDEP/ 2019) Analise a situação a seguir.
( ) ERRADO Dirigindo a serviço um veículo oficial, um motorista servidor
público municipal colide em um carro particular, ocasionando estra-
57. (TRE-PA - Técnico Judiciário – Administrativa – IBFC/2020) gos em ambos os carros, sem que haja vítimas.
A responsabilidade civil do Estado brasileiro pelos danos causados Nessa situação hipotética, analisando a responsabilidade civil
a terceiros encontra-se disciplinada no artigo 37, parágrafo 6º, da do estado em relação ao particular, é correto afirmar:
Constituição Federal de 1988 (CF/88). Sobre o tema, assinale a al- (A) Não se aplica a responsabilidade objetiva prevista no art.
ternativa correta. 37, §6º, da Constituição da República, pois o dano não foi cau-
(A) Segundo a teoria do risco integral, o ente público deve ser sado por um ato administrativo, mas sim por um fato.
responsabilizado objetivamente pelos danos que seus agentes (B) A responsabilidade é subjetiva e recai sobre o servidor pú-
causarem a terceiros, sendo, contudo, admitida a exclusão da blico motorista, que agiu com imprudência e imperícia no de-
responsabilidade em determinadas situações, tais como culpa sempenho da função.
exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior, h aja vista ser (C) O município responde de maneira objetiva pelo prejuízo de-
o Estado garantidor universal de seus subordinados corrente da colisão, sofrido pelo particular podendo cobrar do
(B) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito pú- servidor o valor desembolsado em ação de regresso.
blico e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de (D) Aplica-se a teoria do risco administrativo, pois o servidor
serviços públicos não depende da comprovação de elementos condutor do veículo estava dirigindo a serviço e não pode ser
subjetivos ou da ilicitude do ato responsabilizado pelo exercício de suas funções.
(C) A Constituição Federal de 1988 admite ação de regresso do
Estado em face do agente público que, nessa qualidade, causar 61. (METRÔ-SP - Analista Desenvolvimento Gestão Júnior -
danos a terceiros, cujo direito ao ressarcimento será aferido FCC – 2019) Considere a seguinte situação.
por meio da responsabilidade objetiva do agressor Em uma determinada metrópole, há duas linhas de trem me-
(D) As empresas públicas e sociedades de economia mista, en- tropolitano: uma é operada por uma empresa privada, mediante
quanto exploradoras de atividade econômica, estão submeti- regime contratual de concessão, e o sistema de condução dos trens
das aos ditames da responsabilidade objetiva prevista no artigo é totalmente automatizado, sem maquinistas ou operadores ma-
37, parágrafo 6º, da CF/88, uma vez que gozam das prerrogati- nuais; na outra linha, gerida por empresa estatal, os trens são con-
vas e sujeições inerentes ao regime jurídico administrativo duzidos por maquinistas.
Em caso de ocorrência de acidentes envolvendo usuários em
58. (TJ-PA - Analista Judiciário - Área Administração – CES- cada uma dessas linhas, é correto concluir que será aplicado o regi-
PE/2020) Acerca da responsabilidade civil do Estado, assinale a op- me de responsabilidade
ção correta. (A) subjetivo, em ambas as situações.
(A) É vedado ao Estado realizar pagamento administrativo de- (B) objetivo, em ambas as situações.
dano causado a terceiro, devendo aguardar eventual condena- (C) subjetivo na linha gerida pela concessionária e objetivo na
ção em ação judicial para proceder ao pagamento mediante linha gerida pela empresa estatal.
precatório. (D) objetivo na linha gerida pela concessionária e subjetivo na
(B) O Estado não deve indenizar prejuízos oriundos de altera- linha gerida pela empresa estatal.
ção de política econômico-tributária caso não se tenha com- (E) integral, em ambas as situações.
prometido previamente por meio de planejamento específico.
(C) A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso 62. (IF Baiano – Contador - IF-BA/2019) Em relação à responsa-
público gera direito a indenização caso se comprove cabalmen- bilidade civil do Estado, assinale a alternativa correta.
te erro da administração pública. (A) A responsabilidade civil do Estado prevista no art. 37, §6º
(D) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito pri- da CF/88 é subjetiva.
vado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a (B) A teoria do risco administrativo não admite excludente da
terceiros usuários, mas subsidiária para não usuários. responsabilidade.
(E) O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos emprega- (C) O Brasil adotou como regra geral a teoria do risco integral.
dos de empresa terceirizada não gera responsabilidade solidá- (D) O Brasil adotou como regra geral a teoria do risco adminis-
ria do poder público, mas tão somente subsidiária. trativo.
(E) Não se admite a responsabilidade por omissão do Estado,
segundo a doutrina majoritária e a jurisprudência consolidada
dos Tribunais Superiores.

378
NOÇÕES DE DIREITO
63. (CRO-GO - Fiscal Regional - Quadrix – 2019) Com relação à 22 A
responsabilidade civil do Estado, julgue o item.
Para a teoria da responsabilidade objetiva, a responsabilização 23 CERTO
do Estado prescinde da demonstração de culpa quanto ao fato da- 24 ERRADO
noso, bastando que esteja presente a relação causal entre o fato e
o dano. 25 A
( ) CERTO 26 D
( ) ERRADO
27 B
64. (CRO-GO - Assistente Administrativo - Quadrix – 2019) 28 CERTO
Com relação à responsabilidade civil do Estado, julgue o item. 29 ERRADO
É objetiva a responsabilidade das fundações públicas de natu-
reza autárquica. 30 ERRADO
( ) CERTO 31 B
( ) ERRADO
32 ERRADO
65 (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário – Administrativa - FCC 33 D
– 2019) Julio exerce cargo público efetivo de motorista em uma
34 B
autarquia federal e, durante o exercício funcional, envolveu-se em
acidente que causou danos patrimoniais a terceiros. Nesse caso, no 35 D
tocante ao regime de responsabilidade civil, o referido servidor 36 A
(A) responderá de forma objetiva e solidária com a autarquia.
(B) não responderá em hipótese alguma, pois se trata de hipó- 37 ERRADO
tese de responsabilidade integral da União. 38 A
(C) responderá de forma subjetiva apenas se incluído no polo
39 A
passivo da ação pelo terceiro afetado.
(D) responderá de forma objetiva e subsidiária em relação à 40 A
autarquia. 41 B
(E) responderá de forma subjetiva e por meio de ação regres-
siva. 42 C
43 CERTO
GABARITO 44 E
45 B
1 D 46 B
2 CERTO 47 A
3 ERRADO 48 B
4 B 49 D
5 A 50 C
6 B 51 C
7 D 52 E
8 CERTO 53 C
9 A 54 E
10 ERRADO 55 C
11 ERRADO 56 CERTO
12 D 57 B
13 A 58 B
14 E 59 A
15 B 60 C
16 A 61 B
17 A 62 D
18 C 63 CERTO
19 C 64 CERTO
20 D 65 E
21 B

379
NOÇÕES DE DIREITO

ANOTAÇÕES

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380
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE
BOMBEIROS MILITAR

§ 2º Os bombeiros militares na reserva remunerada e refor-


LEI ESTADUAL Nº 11.416, DE 05 DE FEVEREIRO DE 1991 mados são denominados “veteranos”, sem prejuízo das garantias
- BAIXA O ESTATUTO DOS BOMBEIROS MILITARES DO constitucionais e legais a que têm direito ou lhes possa advir no-
ESTADO DE GOIÁS tadamente, com relação a paridade e integralidade de seus venci-
mentos. -Redação dada pela Lei nº 21.199, de 15-12-2021, art. 1º.
GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS D.O de 16-12-2021 - Suplemento.
§ 3º Os bombeiros militares de carreira são os que, no desem-
A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS decreta e eu penho voluntário e permanente do serviço de bombeiro militar, têm
sanciono a seguinte lei: vitaliciedade assegurada ou presumida. -Acrescido Lei nº 21.199, de
ESTATUTO DOS BOMBEIROS MILITARES DO CORPO DE BOMBEI- 15-12-2021, art. 1º. D.O de 16-12-2021 - Suplemento.
ROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS Art. 4° - O serviço de bombeiro militar consiste no exercício de
atividade inerente ao Corpo de Bombeiros e compreende todos os
TÍTULO I encargos previstos na legislação específica, relacionados com as
GENERALIDADES missões da Corporação.
CAPÍTULO I Art. 5° - A carreira de bombeiro militar é caracterizada pela ati-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES vidade continuada e inteiramente devotada às finalidades do Corpo
de Bombeiros.
Art. 1° - O presente Estatuto regula a situação, as obrigações e § 1° - A carreira de bombeiro militar, estruturada em graus hie-
os deveres, os direitos e as prerrogativas dos bombeiros militares rárquicos, é privativa de bombeiro militar em atividade e inicia-se
do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. com o ingresso no Corpo de Bombeiros Militar do Estado.
Art. 2° - O Corpo de Bombeiros Militar do Estado é uma insti- § 2° - A carreira de oficial do Corpo de Bombeiros Militar é pri-
tuição permanente e regular, organizada com base na hierarquia e vativa de brasileiro.
na disciplina, força auxiliar e reserva do Exército, destinando-se à Art. 6° - São equivalentes as expressões “na ativa”, “da ativa”,
execução de serviços de perícia, prevenção e combate a incêndios; “em serviço ativo”, “em serviço na ativa”, “em serviço”, “em ativida-
de busca e salvamento; de prestação de socorros nos casos de inun- de” e “em atividade de bombeiro militar”, conferidas aos bombei-
dações e desabamentos, catástrofes e calamidades públicas, bem ros militares no desempenho de cargo, comissão, encargo, incum-
assim, à execução de outros serviços que se fizerem necessários à bência ou missão, serviço ou exercício de função considerada de
proteção da comunidade, inclusive atividades de defesa civil. natureza de bombeiro militar, nas organizações do Corpo de Bom-
Art. 3° - Os integrantes do Corpo de Bombeiros Militar, à vista beiros Militar do Estado.
da natureza e destinação a que se refere o artigo anterior, consti- Art. 7° - A condição jurídica dos bombeiros militares do Estado
tuem uma categoria especial de servidores militares estaduais, a é definida pelos dispositivos constitucionais que lhos forem aplicá-
dos bombeiros militares. veis, pelos deste Estatuto e pelos das leis e regulamentos que lhes
§ 1° - Os bombeiros militares encontram-se em uma das se- outorguem direitos e prerrogativas e lhes imponham deveres e
guintes situações: obrigações.
a)na ativa: Art. 8° - O disposto neste Estatuto aplica-se, no que couber,
1- os da carreira; aos bombeiros militares reformados e aos da reserva remunerada.
2- os incluídos no Corpo de Bombeiros Militar, voluntariamen-
te, durante o tempo em que se obriguem a servir; CAPÍTULO II
3- os componentes da reserva remunerada do Corpo de Bom- DO INGRESSO NO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
beiros Militar, convocados ou designados para o serviço ativo;
4- os alunos de órgãos de formação de bombeiros militares; Art. 10. O ingresso no Corpo de Bombeiros Militar é facultado
b)na inatividade: a todos os brasileiros, após aprovação prévia em concurso público
1 - reserva remunerada, quando pertencem à reserva da de provas ou de provas e títulos e obedecerá ao seguinte: -Redação
Corporação e percebem remuneração do Estado, porém sujei- dada pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016.
tos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação; I– tratando-se de oficiais de comando, cuja carreira é precedida
e -Redação dada pela Lei nº 21.199, de 15-12-2021, art. 1º. D.O de de conclusão de curso de formação: -Acrescido pela Lei nº 19.470,
16-12-2021 - Suplemento. de 27-10-2016.
1- reformados, quando, tendo passado por uma das situações a)o candidato aprovado dentro dos critérios estabelecidos no
anteriores, estão dispensados, definitivamente, da prestação de edital de concurso público será incluído, mediante matrícula, no
serviço na ativa, mas continuam a perceber remuneração do Esta- Curso de Formação de Oficiais –CFO–, com carga horária e grade
do. -Redação dada pela Lei nº 21.199, de 15-12-2021, art. 1º. D.O curricular definidas pelo órgão de ensino da Corporação, receben-
de 16-12-2021 - Suplemento. do, na ocasião, um número de registro provisório, porém, se repro-
vado por inaproveitamento ou contraindicado por conselho discipli-
nar ou de ensino, será excluído da tropa;

381
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
Acrescida pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016. III– ter altura mínima de 1,65m (um metro e sessenta e cinco
b)a matrícula no Curso de Formação de Oficiais –CFO–, devida- centímetros), se do sexo masculino, e 1,60m (um metro e sessenta
mente autorizada pelo Governador do Estado, será feita por ato do centímetros), se do sexo feminino.
Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar; -Acrescido pela Lei nº 15.061, de 29-12-2004.
-Acrescida pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016. § 2o O disposto neste artigo e no anterior aplica-se aos candi-
c)durante a realização do Curso de Formação de Oficiais –CFO–, datos ao ingresso nos quadros de oficiais, de saúde e especialistas,
o aluno matriculado será identificado como Cadete BM ou Aluno-O- para os quais é exigido diploma expedido por estabelecimento de
ficial BM, não ocupando ele vaga em cargo público e fazendo jus à ensino superior, reconhecido pelo Governo Federal.
remuneração prevista em lei específica; -Acrescido pela Lei nº 15.061, de 29-12-2004.
-Acrescida pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016. § 3º Não se aplica o limite máximo de idade exigido no inciso
d)após a conclusão do Curso de Formação de Oficial –CFO– III do § 1º deste artigo aos bombeiros militares da ativa da Corpo-
com aproveitamento, o Cadete BM (Aluno-Oficial) será declarado ração.
Aspirante-a-Oficial BM, por ato do Comandante-Geral da Corpora- -Acrescido pela Lei nº 20.093, de 23-05-2018, art. 1º.
ção, para fins de submissão ao estágio probatório final que antece- Art. 12 - A inclusão nos quadros do Corpo de Bombeiros obede-
de a sua investidura no cargo inicial da carreira; cerá ao voluntariado, de acordo com este Estatuto e regulamentos
-Acrescida pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016. da Corporação, respeitadas as prescrições da Lei do Serviço Militar
e)enquanto perdurar o estágio probatório, o Aspirante-a-Ofi- e seu Regulamento.
cial BM não ocupará vaga no efetivo da Corporação, fazendo jus à Art. 13 - VETADO.
remuneração prevista em lei específica; Parágrafo único - VETADO.
-Acrescida pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016.
f)aprovado no estágio probatório, o Aspirante-a-Oficial, desde CAPÍTULO III
que atendidos os demais requisitos legais, estará apto a ser nome- DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA
ado ao Posto de 2º Tenente BM por ato do Governador do Estado,
passando, assim, a ocupar, efetivamente, vaga na Corporação; Art. 14 - A hierarquia e a disciplina são a base institucional do
-Acrescida pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016. Corpo de Bombeiros Militar, crescendo a autoridade e a responsa-
II– no caso de oficiais de saúde, cuja carreira não é precedida bilidade com a elevação do grau hierárquico.
de frequência ao curso de formação: § 1° - Hierarquia é a ordenação da autoridade, em níveis di-
-Acrescido pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016. ferentes, na estrutura do Corpo de Bombeiros Militar, por postos
a)o candidato aprovado em concurso público realizado pelo e graduações. Dentro de um mesmo posto ou graduação, a or-
Corpo de Bombeiros Militar será nomeado ao Posto de 2º Tenente denação faz-se pela antiguidade no posto ou graduação, sendo o
BM, por ato do Governador do Estado; respeito à hierarquia consubstanciado no espírito de acatamento à
-Acrescida pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016. seqüência da autoridade.
b)o Oficial de Saúde investido no cargo mencionado na alínea § 2° - Disciplina é a rigorosa observância e o integral acatamen-
“a” deste inciso será submetido ao estágio de adaptação ao meio to da legislação que fundamenta o organismo de bombeiro militar
militar, com grade curricular e carga horária definidas pelo órgão de e coordena seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se
comando de ensino da Corporação; pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada
-Acrescida pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016. um dos componentes desse organismo.
III– relativamente à carreira de Praças BM, a forma e os crité- Art. 15 - Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência entre
rios de ingresso nas fileiras da Corporação constam de lei específica. os bombeiros militares da mesma categoria e têm a finalidade de
Acrescido pela Lei nº 19.470, de 27-10-2016. desenvolver o espírito de camaradagem, em ambiente de estima e
Art. 11 - Para a matrícula nos estabelecimentos de ensino de confiança, sem prejuízo do respeito mútuo.
bombeiros militares destinados à formação de oficiais e praças, é Art. 16 - Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica no Cor-
necessário cumprir as condições relativas à nacionalidade, idade, po de Bombeiros Militar são fixados nos parágrafos e quadros se-
aptidão intelectual, capacidade física e idoneidade moral. guintes:
§ 1o No ato da matrícula no Curso de Formação de Oficiais – § 1° - Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido mediante
Quadro de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de ato do Governador e confirmado em carta patente.
Goiás, além do atendimento das condições estabelecidas por este § 2° - Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido me-
Estatuto e pelo respectivo edital, o candidato deverá: diante ato do Comandante-Geral da Corporação.
-Renumerado para § 1° pelo art. 1° da Lei nº 15.061, de 29-12- § 3° - Os aspirantes-a-oficial BM, e os alunos do Curso de For-
2004. mação de Oficiais Bombeiros Militares, são denominados praças
I– ter sido aprovado em concurso público de provas ou de pro- especiais.
vas e títulos promovido pela instituição, ou através de convênio § 4° - Os graus hierárquicos inicial e final dos diversos quadros
com entidades especializadas; de oficiais e praças são fixados, separadamente, para cada caso, em
-Acrescido pela Lei nº 15.061, de 29-12-2004. lei de fixação de efetivo.
II– possuir diploma de conclusão de curso superior específico § 5° - Sempre que o bombeiro militar, da reserva remunera-
das áreas de atuação da Corporação, devidamente expedido por da ou reformado, fizer uso do posto ou graduação, deverá fazê- lo
estabelecimento de ensino superior, reconhecido pelo Governo Fe- mencionando a abreviatura respectiva de sua situação.
deral, como exigido no edital do concurso; § 6° - Os círculos e a escala hierárquica no Corpo de Bombeiros
-Acrescido pela Lei nº 15.061, de 29-12-2004. Militar do Estado são as seguintes:
III– ter idade máxima de 32 (trinta e dois) anos na data de ins- CÍRCULOS DE OFICIAIS HIERARQUIZAÇÃO ORDENAÇÃO
crição no concurso público; CÍRCULOS DE OFICIAIS
-Redação dada pela Lei nº 20.093, de 23-05-2018, art. 1º. CÍRCULOS DE OFICIAIS SUPERIORES Coronel BM Tenen-
te Coronel BM
Major BM

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
CÍRCULOS DE OFICIAIS INTERMEDIÁRIOS Capitão BM Art. 20 - O aluno-a-oficial BM por conclusão do curso será de-
CÍRCULOS DE OFICIAIS SUBALTERNOS Primeiro-Tenente clarado aspirante-a-oficial BM, mediante ato do Comandante- Ge-
BM ral, na forma determinada em regulamento.
Segundo-Tenente BM Art. 21 - O ingresso na carreira de oficial será por promoção do
CÍRCULOS DE PRAÇAS aspirante-a-oficial BM para: o quadro de oficiais bombeiros milita-
CÍRCULOS DE SUBTENENTES E SARGENTOS Subtenen- res, e mediante concurso entre os diplomados por faculdades civis
te BM Primeiro-Sargento BM Segundo-Sargento BM reconhecidas pelo Governo Federal, quando se tratar de ingresso
Terceiro-Sargento BM nos quadros que exijam este requisito.
CÍRCULOS DE CABOS E SOLDADOS Cabo BM - Vide Lei nº 16.899, de 26-01-2010, art. 6º.
Soldado BM Parágrafo Único - Para os demais quadros, o ingresso será regu-
PRAÇAS ESPECIAIS FREQÜENTAM O CÍRCULO DE OFICIAIS SU- lado por legislação específica ou peculiar.
BALTERNOS
Aspirante-a-oficial BM CAPÍTULO IV
EXCEPCIONALMENTE OU EM REUNIÕES SOCIAIS, DO CARGO E DA FUNÇÃO DE BOMBEIRO MILITAR
TÊM ACESSO AOS CÍRCULOS DOS OFICIAIS Aluno-Oficial BM
Art. 17 - A precedência entre os bombeiros militares da ativa, Art. 22 - Cargo de bombeiro militar é o conjunto de deveres e
do mesmo grau hierárquico, é assegurada pela antigüidade no pos- responsabilidades cometidos ao bombeiro militar em serviço ativo.
to ou na graduação, salvo nos casos de precedência funcional esta- § 1° - O cargo a que se refere este artigo é o que se encontra
belecida em lei ou regulamento. especificado ou previsto nos quadros de Organização caracterizado
§ 1° - A antigüidade em cada posto ou graduação é contada a ou definido como tal em outras disposições legais.
partir da data de assinatura do ato da respectiva promoção, nome- § 2° - As atribuições e obrigações inerentes ao cargo de bom-
ação, declaração ou inclusão, salvo quando estiver expressamente beiro militar devem ser compatíveis com o correspondente grau
fixada outra data. hierárquico.
§ 2° - No caso de ser igual a antigüidade, referida no parágrafo Art. 23 - Os cargos de bombeiro militar são providos com pes-
anterior, é ela estabelecida. soal que satisfaça os requisitos de grau hierárquico e de qualificação
a)entre os bombeiros militares do mesmo quadro, pela posição exigidos para o seu desempenho.
nas respectivas escalas numéricas ou registros existentes na Cor- Parágrafo Único - O provimento de cargo de bombeiro militar
poração; faz-se mediante ato de nomeação, ou por designação ou determi-
b)nos demais casos, pela antigüidade no posto ou graduação nação expressa da autoridade competente.
anterior, se, ainda assim, subsistir igualdade de antigüidade, recor- Art. 24 - O cargo de bombeiro militar é considerado vago a par-
rer-se-á, sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores à data tir de sua criação ou desde o momento em que o deixe o bombeiro
de praça e a data de nascimento para definir a precedência e, neste militar exonerado, dispensado ou que tenha recebido determina-
último caso, o mais idoso será considerado o mais antigo; ção expressa da autoridade competente, e assim ficará até que ou-
c)entre os alunos de um mesmo órgão de formação de bom- tro bombeiro militar nele tome posse, de acordo com a norma de
beiros militares, de acordo com o regulamento do respectivo órgão, provimento prevista no parágrafo único do artigo anterior.
se não estiverem especificamente enquadrados nas letras “a” e “b”. Parágrafo Único - Considera-se também vago o cargo de bom-
§ 3° - Em igualdade de posto ou graduação, os bombeiros mili- beiro militar cujo ocupante haja:
tares em atividade têm precedência sobre os da inatividade. a)falecido;
§ 4° - Em igualdade de posto ou graduação, a precedência entre b)sido considerado extraviado, ou
os bombeiros militares de carreira na ativa e os da reserva remu- c)sido considerado desertor.
nerada, quando estiverem estes convocados ou designados para o Art. 25 - Função de bombeiro militar é toda atividade inerente
serviço ativo, é definida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou ao cargo de bombeiro militar.
graduação. Art. 26 - Dentro de uma mesma Organização do Corpo de Bom-
Art. 18 - A precedência entre as praças especiais e as demais beiros Militar, a seqüência de substituição para assumir cargo ou
praças é assim regulada: responder por função, bem assim as normas, atribuições e respon-
I- os aspirantes-a-oficial BM são hierarquicamente superiores sabilidades relativas, são estabelecidas na legislação específica, res-
às demais praças e freqüentam o Círculo dos Oficiais Subalternos; peitadas a precedência e a qualificação exigidas para o exercício do
II- os alunos do Curso de Formação de Oficiais são hierarquica- cargo ou para o desempenho da função.
mente superiores aos subtenentes BM. Art. 27 - O bombeiro militar ocupante de cargo provido em
Art. 19 - No Corpo de Bombeiros Militar será organizado o re- caráter efetivo ou interino faz jus aos direitos correspondentes ao
gistro de todos os oficiais e graduados em atividade, e os respecti- cargo, conforme previsto em lei.
vos resumos constarão dos almanaques da Corporação. Art. 28 - As atribuições que, pela generalidade, peculiaridade,
§ 1° - Os almanaques, um para os oficiais e aspirantes-a-ofi- duração, vulto ou natureza não são catalogadas como posições ti-
cial e outro para subtenentes e sargentos do Corpo de Bombeiros, tuladas em quadro de Organização ou dispositivo legal, são cumpri-
conterão, respectivamente, a relação nominal de todos os oficiais e das como encargo, incumbência, comissão, serviço ou exercício de
aspirantes-a-oficial, subtenentes e sargentos em atividade, distribu- função de bombeiro militar ou consideradas de natureza própria de
ídos pelos respectivos quadros de acordo com seus postos, gradu- bombeiro militar.
ações e antiguidade. Parágrafo Único - Aplica-se, no que couber, a encargo, incum-
§ 2° - O Corpo de Bombeiros Militar manterá um registro de bência, comissão, serviço ou exercício de função de bombeiro mi-
todos os dados referentes ao pessoal da ativa e da reserva remune- litar, ou de natureza própria de bombeiro militar, o disposto neste
rada, dentro das respectivas escalas numéricas, segundo instruções Capítulo para cargo de bombeiro militar.
baixadas pelo Comandante-Geral.

383
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
TÍTULO II e)no exercício de cargo ou função de natureza civil, mesmo que
DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES DOS BOMBEIROS MILITA- seja da administração pública;
RES XIX- zelar pelo bom nome do Corpo de Bombeiros Militar e de
CAPÍTULO I cada um de seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos
DAS OBRIGAÇÕES DOS BOMBEIROS MILITARES preceitos da ética.
SEÇÃO I Art. 31 - Ao bombeiro militar da ativa é vedado comerciar ou
DO VALOR DO BOMBEIRO MILITAR tomar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser
sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista em sociedade
Art. 29 - São manifestações essenciais do valor do bombeiro anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.
militar: § 1° - Os integrantes da reserva remunerada, quando convoca-
I- o sentimento de servir à comunidade, traduzido pela vontade dos ou designados para o serviço ativo, ficam proibidos de tratar,
inabalável de cumprir o dever, mesmo com risco da própria vida; nas Organizações de Bombeiros-Militares e nas repartições civis, de
II- o civismo e o culto das tradições históricas; interesse de entidades ou empresas privadas de qualquer natureza.
III- a fé na missão elevada do Corpo de Bombeiros Militar; IV - o § 2° - Os bombeiros militares em atividade podem exercer dire-
aprimoramento técnico-profissional; tamente a gestão de seus bens, desde que não infrinjam o disposto
V - o amor à profissão e o entusiasmo com que a exerce; VI - o no presente artigo.
espírito-de-corpo e o orgulho pela Corporação. § 3° - No intuito de desenvolver a prática profissional, é permi-
tido aos oficiais titulados no Quadro de Saúde o exercício de ativi-
SEÇÃO II dade técnico-profissional no meio civil, desde que tal prática não
DA ÉTICA DO BOMBEIRO MILITAR prejudique o serviço e não infrinja o disposto neste artigo.
Art. 32 - O Comandante-Geral poderá determinar aos bombei-
Art. 30 - O sentimento do dever, o brio do bombeiro militar e o ros militares da ativa que, no interesse e salvaguarda da dignidade
decoro da classe impõem a cada um dos integrantes da Corporação própria, informem sobre a origem e natureza de seus bens, sempre
conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a observância dos que haja razão que recomende tal medida.
seguintes preceitos da ética;
I- amar a verdade e a responsabilidade como fundamentos da CAPÍTULO II
dignidade pessoal; DOS DEVERES DOS BOMBEIROS MILITARES
II- exercer com autoridade, eficiência e probidade as funções SEÇÃO I
que lhe couberem em decorrência do cargo; III - respeitar a dignida- DA CONCEITUAÇÃO
de e defender os direitos da pessoa humana;
IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as ins- Art. 33 - Os deveres dos bombeiros militares emanam de vín-
truções e as ordens das autoridades competentes; V - ser justo e culos racionais e morais que os ligam à comunidade e ao trabalho,
imparcial nos julgamentos dos atos e na apreciação do mérito dos compreendendo essencialmente:
subordinados; I - a dedicação integral ao serviço e a fidelidade à Instituição a
VI- zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico, assim que pertencem, mesmo com sacrifício da própria vida; II - o culto
também pelo preparo dos subordinados, tendo em vista o cumpri- aos símbolos nacionais;
mento da missão comum; III - a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias; IV - a
VII- praticar a camaradagem e desenvolver permanentemente disciplina e o respeito à hierarquia;
o espírito de cooperação; VIII - empregar todas as suas energias em V- o rigoroso cumprimento das obrigações e ordens;
benefício do serviço; VI- a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com ur-
IX- ser discreto em suas atitudes e maneiras e em sua lingua- banidade; VII - o trato urbano, cordial e educado para com cida-
gem escrita e falada; dãos; e
X- abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria VIII - a segurança da comunidade.
sigilosa de qualquer natureza; XI - acatar as autoridades civis;
XII- cumprir seus deveres de cidadão; SEÇÃO II
XIII- proceder de maneira ilibada na vida pública e na particu- DO COMPROMISSO DO BOMBEIRO MILITAR
lar;
XIV- garantir a assistência moral e material ao seu lar e condu- Art. 34 - Após sua admissão no Corpo de Bombeiros mediante
zir-se como chefe-de-família modelar; inclusão, matrícula, ou nomeação, o bombeiro militar prestará com-
XV- conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inatividade, de promisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação consciente das
modo que não sejam prejudicados os princípios da disciplina, do obrigações e dos deveres inerentes aos serviços profissionais que
respeito e do decoro de bombeiro militar; lhe foram confiados e manifestará a sua firme disposição de bem
XVI- observar as normas de boa educação; cumprí-los.
XVII- abster-se de fazer uso do posto ou graduação para obter Art. 35 - O compromisso a que se refere o artigo anterior terá
facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar ne- caráter solene e será prestado na presença de tropa, tão logo o
gócios particulares ou de terceiros; bombeiro militar tenha adquirido o grau de instrução compatível
XVIII- abster-se, na situação de inatividade, do uso das designa- com perfeito entendimento de seus deveres como integrante do
ções hierárquicas quando: Corpo de Bombeiros, então fazendo a seguinte declaração: “Ao in-
a)em atividade político-partidária; gressar no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, prome-
b)em atividade comercial, to regular minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir rigo-
c)em atividade industrial; rosamente as ordens das autoridades à que estiver subordinado e
d)para discutir ou provocar discussões pela imprensa a respeito dedicar-me inteiramente aos serviços profissionais e à segurança da
de assuntos políticos ou referentes à Corporação, excetuando-se os comunidade, mesmo com o sacrifício da própria vida”.
de natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; e

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
§ 1° - o compromisso do aspirante-a-oficial é prestado na sole- Art. 44 - A inobservância das leis e regulamentos, ou a falta
nidade de declaração de aspirante-a-oficial, de acordo com o ceri- de exatidão no cumprimento dos deveres neles especificados, acar-
monial prescrito em disposição regulamentar do estabelecimento retará, para o bombeiro militar, responsabilidade funcional, pecu-
de ensino. niária, disciplinar ou penal, consoante a legislação específica ou
§ 2° - O compromisso do oficial BM será proferido com a se- peculiar.
guinte declaração: “Perante a Bandeira do Brasil e pela minha hon- Parágrafo Único - A apuração da responsabilidade funcional,
ra, prometo cumprir os deveres de oficial do Corpo de Bombeiros pecuniária, disciplinar ou penal poderá concluir pela incompatibi-
Militar do Estado de Goiás, dedicando-me inteiramente ao seu ser- lidade do bombeiro militar com o cargo, ou pela incapacidade do
viço”. exercício das funções a ele inerentes.
Art. 45 - O Bombeiro militar que por sua atuação, se tornar in-
SEÇÃO III compatível com o cargo ou demonstrar incapacidade no exercício
DO COMANDO E DA SUA SUBORDINAÇÃO das funções a ele inerentes, será afastado daquele ou impedido de
continuar exercendo estas últimas.
Art. 36 - Comando é a soma de autoridade, deveres e responsa- § 1° - São competentes para determinar o imediato afastamen-
bilidades de que o bombeiro militar é investido legalmente quando to do cargo ou o impedimento do exercício da função:
conduz homens ou dirige uma Organização do Corpo de Bombeiros, a)o Governador;
sendo o comando vinculado ao grau hierárquico e constituindo uma b)o Comandante-Geral.
prerrogativa impessoal, em cujo exercício o bombeiro militar se de- § 2° - O bombeiro militar afastado do cargo nas condições
fine e se caracteriza como chefe. mencionadas neste artigo ficará privado do exercício de qualquer
Parágrafo Único - Aplica-se à direção e à chefia de Organização, função na instituição, até que seja decidido o processo contra ele
no que couber, o estabelecido para o comando. instaurado.
Art. 37 - A subordinação não afeta, de modo algum, a dignidade
pessoal do bombeiro militar e decorre exclusivamente da estrutura SEÇÃO II
hierarquizada do Corpo de Bombeiros Militar. DOS CRIMES MILITARES
Art. 38 - O oficial BM é preparado, ao longo da carreira, para o
exercício do comando, da chefia e da direção das Organizações de Art. 46 - Aos bombeiros militares aplicam-se, no que couber, as
Bombeiros Militares. disposições da Legislação Penal Militar.
Art. 39 - Os subtenentes e os sargentos BM auxiliam ou com-
pletam as atividades dos oficiais, quer no adestramento e emprego SEÇÃO III
de meios, quer na instrução de pessoal e na administração geral. DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
Parágrafo Único - No exercício das atividades mencionadas nes-
te artigo e no comando de elementos subordinados, os subtenen- Art. 47 - O Regulamento Disciplinar do Corpo de Bombeiros
tes e os sargentos deverão impor-se pela lealdade, pelo exemplo e Militar especificará e classificará as transgressões disciplinares e es-
pela capacidade técnico-profissional, incumbindo-lhes assegurar a tabelecerá as normas relativas à amplitude e aplicação das penas
observância minuciosa e ininterrupta das ordens, das normas do disciplinares, a classificação do comportamento do bombeiro mili-
serviço e das operativas, pelas praças que lhes estiverem direta- tar, regulando afinal a interposição de recursos, no que não colidir
mente subordinadas, empenhando-se na manutenção da coesão e com a legislação federal pertinente.
do moral delas em todas as circunstâncias. -Vide decreto nº 4.681/96.
Art. 40 - Os cabos e os soldados são essencialmente os elemen- § 1° - VETADO
tos de execução. § 2° - À praça especial aplicam-se também as disposições dis-
Art. 41 - Às praças especiais cabe a rigorosa observância das ciplinares previstas no regulamento da instituição de ensino onde
prescrições dos regulamentos que lhes são pertinentes, exigindo-se estiver matriculada.
delas inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico-profis-
sional. SEÇÃO IV
Art. 42 - Ao bombeiro militar cabe a responsabilidade integral DOS CONSELHOS DE JUSTIFICAÇÃO E DE DISCIPLINA
pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que
praticar. Art. 48 - O oficial presumivelmente incapaz de permanecer
como bombeiro militar da ativa será, na forma da legislação especí-
CAPÍTULO III fica, submetido a Conselho de Justificação.
DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES DOS BOM- § 1° - Ao ser submetido a Conselho de Justificação, o oficial
BEIROS MILITARES poderá ser afastado do exercício de suas funções, conforme estabe-
SEÇÃO I lecido em legislação específica.
DA CONCEITUAÇÃO § 2° - Compete ao Tribunal de Justiça do Estado julgar os pro-
cessos oriundos dos Conselhos de justificação, na forma estabeleci-
Art. 43 - A violação das obrigações ou dos deveres dos bombei- da em lei específica.
ros militares constituirá crime ou transgressão disciplinar, conforme § 3° - A conselho de justificação poderá também ser submetido
dispuser a legislação ou regulamentação específica ou peculiar. o oficial da reserva remunerada ou o oficial reformado, presumivel-
§ 1° - A violação dos preceitos da ética imposto ao bombeiro mente incapaz de permanecer na situação de inatividade em que
militar é tanto mais grave quanto mais elevado for o grau hierárqui- se encontra.
co de quem a cometer. Art. 49 - O aspirante-a-oficial BM, bem assim praças com es-
§ 2° - No concurso de crime militar e de transgressão discipli- tabilidade assegurada, quando presumivelmente incapazes de
nar, será aplicada somente a pena relativa ao crime. permanecer na ativa, serão submetidos a Conselho de Disciplina
e afastados das atividades que estiverem exercendo, na forma da
legislação específica.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
- Vide Decreto nº 7.874, de 08-05-2013. 2- habitação para si e seus dependentes, em imóveis sob a res-
§ 1° - Compete ao Tribunal de Justiça a homologação prévia ponsabilidade da Corporação, de acordo com as disponibilidades
dos processos oriundos do Conselho de Disciplina, cujo parecer seja existentes;
pela exclusão ou perda da graduação. i)o transporte, assim entendido como qualquer dos meios que
- Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e devam ser fornecidos ao Bombeiro-Militar para os seus desloca-
20-8-93. mentos no interesse do serviço, compreendendo, também, quando
§ 2° - Ao Conselho de Disciplina poderá ser submetida a praça o deslocamento implicar mudança de sede ou de moradia, as passa-
da reserva de inatividade em que se encontra. gens para os dependentes e a translação das respectivas bagagens,
- Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e de residência a residência;
20-8-93. l)a constituição de pensão de bombeiro militar;
§ 3° - A Conselho de Disciplina poderá também ser submetida a m)a promoção;
praça da reserva remunerada ou reformada, quando n)as férias, os afastamentos temporários do serviço e as licen-
presumivelmente incapaz de permanecer na situação de inati- ças;
vidade em que se encontra. o)a transferência para a reserva remunerada a pedido, ou a re-
forma;
TÍTULO III p)a demissão e o licenciamento voluntários;
DOS DIREITOS E DAS PRERROGATIVAS DOS BOMBEIROS q)o porte de arma, quando se tratar de oficial em serviço ativo
MILITARES ou na inatividade, salvo se a inatividade resultar de alienação men-
CAPÍTULO I tal ou condenação por crime contra a segurança do Estado, ou por
DOS DIREITOS outra atividade que desaconselhe aquele porte;
SEÇÃO I r)o porte de arma, pelas praças com as restrições reguladas
DA ENUMERAÇÃO pelo Comandante-Geral.
§ 1° - A percepção de remuneração e a melhoria dela, tratadas
Art. 50 - São direitos dos bombeiros militares, além de outros no item III, obedecerá ao seguinte:
previstos em legislação específica ou peculiar: a)o oficial que contar mais de trinta anos de serviço, quando
I- a garantia da patente em toda a sua plenitude quando oficial, transferido para a inatividade, terá seus proventos calculados sobre
com as vantagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes; o soldo correspondente ao posto imediato, se no Corpo de Bom-
II- a promoção ao posto ou graduação imediatamente superior beiros existir posto superior ao seu, mesmo que de outro quadro;
quando contar pelo menos trinta anos de serviço; se for ocupante do último posto do Corpo de Bombeiros, terá os
III- a percepção de remuneração correspondente ao grau hie- proventos calculados tomando-se por base o soldo de seu posto,
rárquico imediatamente superior, ou a melhoria dela, quando ao acrescido de percentual fixado em legislação específica ou peculiar;
serem transferidos para a inatividade contarem mais de trinta anos b)os subtenentes, quando transferidos para a inatividade, te-
de serviço; rão os proventos calculados sobre o soldo correspondente ao posto
IV- a remuneração calculada com base no soldo integral do de segundo-tenente BM, desde que contem mais de trinta anos de
posto ou graduação, quando, não contando trinta anos de serviço, serviço;
forem transferidos para a reserva remunerada de ofício, por terem c)as demais praças que contem mais de trinta anos de serviço,
atingido a idade-limite de permanência na atividade no posto ou na ao serem transferidas para a inatividade, terão os proventos cal-
graduação; culados sobre o soldo correspondente à graduação imediatamente
V- nas condições ou limitações impostas na legislação e regula- superior.
mentação específica ou peculiar: § 2° - São considerados dependentes do bombeiro militar:
a)o uso das designações hierárquicas; a)a esposa;
b)a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à gradua- b)o filho menor de vinte e um anos, e o inválido ou interdito de
ção; qualquer idade;
c)a estabilidade, quando praças, com dois anos ou mais de c)a filha solteira, desde que não perceba remuneração;
tempo de efetivo serviço, d)o filho estudante, menor de vinte e quatro anos;
d)a percepção de remuneração, e)a mãe viúva, que não perceba remuneração;
e)a assistência médico-hospitalar para si e seus dependentes, f)o enteado, o filho adotivo e o tutelado, nas mesmas condi-
assim entendida a assistência como o conjunto de atividades rela- ções das letras “b”, “c” e “d”;
cionadas com a prevenção, conservação ou recuperação da saúde, g)a viúva do bombeiro-militar, enquanto permanecer em esta-
abrangendo serviços profissionais médicos, farmacêuticos e odon- do de viuvez, e os demais dependentes mencionados nas letras “b”,
tológicos, bem assim o fornecimento e a aplicação de meios, cuida- “c”, “d”, “e” e “f” desde que vivam sob a responsabilidade da viúva;
dos e demais atos médicos e paramédicos necessários; - . h)a ex-esposa com direito a pensão alimentícia estabelecida
f)o funeral para si, conforme dispuser a legislação pertinente. por sentença transitada em julgado, enquanto não contrair novo
- Redação dada pela Lei nº 12.043, de 22-7-1993, D.O. de 30- matrimônio.
7-1993. § 3° - São ainda considerados dependentes do bombeiro mi-
f)a alimentação, assim entendida como o conjunto das refei- litar, desde que vivam sob a sua dependência econômica e sob o
ções que devem ser fornecidas aos bombeiros militares em ativi- mesmo teto e quando expressamente declarada a dependência na
dade; Organização do Corpo de Bombeiros competente:
g)VETADO; a)a filha, a enteada e a tutelada, nas condições de viúvas, se-
h)a moradia para o bombeiro militar em atividade, compreen- paradas judicialmente ou divorciadas, desde que não recebam re-
dendo: muneração;
1- alojamento em Organização do Corpo de Bombeiros; b)a mãe solteira, a madrasta viúva, a sogra viúva ou solteira,
bem assim quando separadas judicialmente ou divorciadas, desde
que em qualquer dessas situações não recebam remuneração;

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c)os avós e os pais, quando inválidos ou interditos, e os § 3° - Os bombeiros militares receberão salário-família, de con-
respectivos cônjuges, estes enquanto não perceberem remune- formidade com o que dispuser a lei reguladora de tal direito.
ração; § 4° - Os bombeiros militares terão ainda outros direitos pecu-
d)o pai com mais de 60 (sessenta) anos e seu cônjuge, desde niários, em casos especiais.
que não recebam remuneração; Art. 54 - O auxílio-invalidez, atendidas as condições estipuladas
e)o irmão, o cunhado e o sobrinho, quando menores ou inter- na lei específica, será concedido ao bombeiro militar que, enquanto
ditos, sem outro arrimo; em serviço ativo, haja sido ou venha a ser reformado por incapaci-
f)a irmã, a cunhada e a sobrinha solteiras, viúvas, separadas ju- dade definitiva e considerado inválido, total e permanentemente,
dicialmente ou divorciadas, desde que não recebam remuneração; para qualquer trabalho que o impossibilite de prover à própria sub-
g)o neto órfão, menor, inválido ou interdito; sistência.
h)a pessoa que vive no mínimo há cinco anos sob sua exclusiva Parágrafo Único - Nenhum soldo poderá ter valor inferior ao
dependência econômica, comprovada esta em justificação judicial; salário mínimo vigente. Art. 57 - É proibido acumular remuneração
i)a companheira, desde que viva em sua companhia há mais de de inatividade.
cinco anos, comprovada a condição em justificação judicial; Parágrafo Único - O disposto neste artigo não se aplica aos bom-
j)o menor que esteja sob sua guarda, sustento e responsabili- beiros militares da reserva remunerada e aos reformados, quanto
dade mediante autorização judicial. ao exercício de mandato eletivo, quanto ao desempenho de função
§ 4° - Para efeito do disposto nos §§ 2° e 3° deste artigo não de magistério ou de cargo em comissão, ou quanto ao contrato para
serão considerados remuneração os rendimentos não provenientes prestação de serviços técnicos ou especializados.
de trabalho assalariado, ainda que recebidos dos cofres públicos, Art. 58 - Os proventos da inatividade serão revistos sempre que
nem a remuneração que, mesmo resultante de relação de trabalho, se modificarem os vencimentos dos bombeiros militares em serviço
não enseje ao dependente do bombeiro militar qualquer direito à ativo.
assistência previdenciária oficial. Parágrafo Único - Ressalvados os casos previstos em lei, os pro-
Art. 51 - O bombeiro militar que se julgar prejudicado ou ofen- ventos da inatividade não poderão exceder a remuneração perce-
dido por qualquer ato administrativo ou disciplinar de superior bida pelo bombeiro militar da ativa, no posto ou graduação corres-
hierárquico poderá recorrer ou interpor pedido de reconsideração, pondente ao de seus proventos.
segundo o regulamento específico ou peculiar. Parágrafo único - Para efeito de contagem das quotas, a fração
§ 1° - O direito de recorrer na esfera administrativa prescreve: de tempo igual ou superior a cento e oitenta dias será considerada
-Julgado Constitucional, com interpretação conforme a Cons- um ano.
tituição; onde se lê “prescreve”, entenda-se “exercita-se em”, pela
ADIN nº 299-3/200 (200530270525), decisão publicada na página SEÇÃO III
09 do Diário da Justiça nº 15.138, de 28-11-2007. DA PROMOÇÃO
a)em quinze dias corridos, a contar do recebimento da comu- - VIDE DECRETO Nº 4.206/94 (REGULAMENTO PARA PRAÇAS
nicação oficial, quanto a ato de composição de Quadro de Acesso; - VIDE LEI Nº 18.182, DE 1º-10-2013.
b)nas questões disciplinares, segundo o que dispuser o regula-
mento específico ou peculiar; Art. 60 - O acesso na hierarquia do Corpo de Bombeiros é se-
-Ausência de prazo suprida pela decisão na ADIN nº 299-3/200 letivo, gradual e sucessivo e será feito mediante promoção, de con-
(200503270525), publicada no DJ nº 15.133, de 28-11-2007, que formidade com o disposto na legislação e regulamentação de pro-
deu interpretação conforme a Constituição, a fim de fixar, para esta moções de oficiais e de praças, de modo a obter-se um fluxo regular
hipótese, o mesmo prazo contido na alínea “a”. e equilibrado da carreira.
c)em cento e vinte dias corridos, nos demais casos. § 1° - O planejamento da carreira dos oficiais e das praças, obe-
-Declarado inconstitucional, com efeitos ex tunc, pela ADIN nº decidas as disposições da legislação e regulamentação a que se re-
299-3/200 (200503270525), publicada no DJ nº 15.133, de 28-11- fere este artigo, é atribuição do Comando-Geral.
2007. § 2° - A promoção tem como finalidade básica a seleção de
Art. 52 - O bombeiro militar é elegível, atendidas as seguintes bombeiros militares para o exercício de funções pertinentes ao grau
condições: hierárquico superior.
I- se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da Art. 61 - As promoções serão efetuadas pelos critérios de an-
atividade; tigüidade e merecimento, ou, ainda, por bravura e post mortem.
II- se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela § 1° - Em casos extraordinários, poderá haver promoção em
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato ressarcimento de preterição, independentemente de vaga.
da diplomação, para a inatividade. III § 2° - A promoção de bombeiro militar feita em ressarcimento
de preterição será efetuada segundo critério de antigüidade ou de
SEÇÃO II merecimento, atribuindo-se-lhe o número que lhe competiria na
DA REMUNERAÇÃO escala hierárquica se houvesse sido promovido na época devida
pelo critério em que se efetivou a sua promoção.
§ 1° - Os bombeiros militares na ativa percebem remuneração, Art. 63 - VETADO.
compreendendo: Parágrafo único - VETADO.
a)vencimentos, constituídos de soldo e gratificação de tempo
de serviço, SEÇÃO IV
b)indenizações. DAS FÉRIAS E DE OUTROS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS
§ 2° - Os bombeiros militares em inatividade percebem remu- DO SERVIÇO
neração compreendendo:
a)proventos, constituídos de soldo ou quotas de soldo e grati- Art. 64 - Férias são afastamentos totais do serviço, anual e obri-
ficação incorporável; gatoriamente concedidos aos bombeiros militares para o descanso
b)indenizações incorporáveis. destes.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
§ 1° - Compete ao Comandante-Geral a regulamentação da Art. 68 - A licença especial é a autorização para o afastamen-
concessão das férias anuais e de outros afastamentos temporários. to total do serviço depois de cada qüinqüênio de efetivo serviço
§ 2° - A concessão de férias não é prejudicada pelo gozo an- prestado, concedida ao bombeiro militar que a requerer, sem que
terior de licença para tratamento de saúde ou de licença especial, implique qualquer restrição para a sua carreira.
nem por punição anterior decorrente de transgressão disciplinar, § 1° - A licença especial tem a duração de três meses.
ou por estado de guerra ou para que sejam cumpridos atos de ser- § 2° - O período de licença especial não interrompe a contagem
viço, não anulando o direito a qualquer dessas licenças. de tempo de efetivo serviço.
§ 3° - Somente em casos de interesse da segurança nacional, § 4° - A licença especial não é prejudicada pelo gozo anterior
da manutenção da ordem, de extrema necessidade do serviço, de de qualquer licença para tratamento de saúde ou para que sejam
transferência para a inatividade, para cumprimento de punição de- cumpridos atos de serviço, nem anula o direito àquelas licenças.
corrente de transgressão de natureza grave ou de baixa ao hospital, § 5° - Uma vez concedida a licença especial, o bombeiro militar
os bombeiros militares terão interrompido ou deixado de gozar, na será exonerado do cargo ou dispensado do exercício das funções
época prevista, o período de férias a que tiverem direito, na hipóte- que exerce e ficará à disposição do órgão de pessoal da Corporação.
se se registrando a modificação em seus assentamentos. Art. 69 - A licença para tratar de interesse particular é a auto-
§ 4° - Na impossibilidade do gozo de férias no período previsto rização para afastamento total do serviço concedida ao bombeiro
no caput deste artigo pelos motivos constantes do parágrafo ante- militar que contar mais de cinco anos de efetivo serviço, e que a
rior, ressalvados os casos de transgressão disciplinar de natureza requerer com aquela finalidade.
grave, o período de férias não gozado será computado dia a dia pelo Parágrafo único - A licença de que trata este artigo será con-
dobro, no momento de passagem do bombeiro militar para a inati- cedida com prejuízo da remuneração e da contagem do tempo de
vidade e somente para esse fim. efetivo serviço.
Art. 65 - Os bombeiros militares têm direito, ainda, aos seguin- Art. 70 - As licenças poderão ser interrompidas a pedido, ou nas
tes períodos de afastamento total do serviço, obedecidas as dispo- condições estabelecidas neste artigo.
sições legais e regulamentares, por motivo de: § 1° - A interrupção da licença especial e da licença para tratar
I - núpcias: oito dias; II - luto: oito dias; de interesse particular poderá ocorrer:
III - paternidade: cinco dias; IV - instalação: até dez dias; V - a)em caso de mobilização e estado de guerra;
trânsito: até trinta dias. b)em decorrência da decretação de estado de emergência ou
Art. 66 - As férias e os afastamentos mencionados nesta seção de sítio;
sempre são concedidos com a remuneração prevista na legislação c)para cumprimento de sentença que importe restrição da li-
específica, computados como tempo de efetivo serviço para todos berdade individual;
os efeitos. d)para cumprimento de punição disciplinar;
Art. 66-A. As férias anuais, remuneradas com um terço a mais e)em caso de denúncia, pronúncia em processo criminal ou
do que o estipêndio normal, devidas e não gozadas, integrais ou indiciação em inquérito policial militar, a juízo da autoridade que
proporcionais, serão indenizadas nos casos de passagem do bom- subscrever a denúncia, ou que propôs a pronúncia ou a indiciação.
beiro militar para a inatividade ou de seu desligamento, voluntário § 2° - A interrupção de licença para tratar de interesse parti-
ou não, das fileiras da corporação. cular será definitiva, quando o bombeiro militar for reformado ou
-Acrescido pela Lei nº 18.062, de 26-06-2013, art. 2º. transferido para a reserva remunerada.
§ 3° - A interrupção das licenças de que tratam as alíneas do §
SEÇÃO V 1° poderá vir a ser disciplinada em legislação específica ou peculiar,
DAS LICENÇAS ou em lei ou regulamento estadual, respeitada a lei federal.

Art. 67 - Licença é a autorização para afastamento total do ser- CAPÍTULO II


viço, em caráter temporário, concedida ao bombeiro militar, obede- DAS PRERROGATIVAS
cidas as disposições legais e regulamentares. SEÇÃO I
§ 1° - A licença pode ser: DA CONSTITUIÇÃO E ENUMERAÇÃO
a)especial;
b)para tratar de interesse particular; Art. 71 - As prerrogativas dos bombeiros militares incluem as
c)para tratamento de saúde de pessoa da família; honras, dignidades e distinções devidas aos graus hierárquicos e
d)para tratamento de saúde própria. cargos.
e)à gestante, por 180 (cento e oitenta) dias, mediante inspe- Parágrafo Único - São prerrogativas:
ção; a)o uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e emblemas
- Acrescida pela Lei n° 16.677, de 30-07-2009, art. 4°. correspondentes ao posto ou graduação;
f)maternidade de 180 (cento e oitenta) dias à adotante ou à b)as honras, o tratamento e os sinais de respeito assegurados
que obtenha a guarda judicial de criança de até 1 (um) ano de ida- em leis e regulamentos;
de, mediante apresentação de documento oficial comprobatório da c)o cumprimento de pena de prisão ou detenção somente em
adoção ou da guarda. Organização de Bombeiro-Militar da Corporação, cujo comandante,
- Acrescida pela Lei n° 16.677, de 30-07-2009, art. 4°. chefe ou diretor tenha precedência hierárquica sobre o preso;
§ 2° - A remuneração do bombeiro militar, quando em qualquer d)o julgamento em foro especial, por crimes militares.
das situações de licença que estão previstas no parágrafo anterior, Art. 72 - Somente em casos de flagrante delito o bombeiro mili-
será regulada em legislação específica. tar poderá ser preso por autoridade policial, ficando esta obrigada a
§ 3° - A concessão de licença é regulada pelo Comandante-Ge- entregá-lo imediatamente à autoridade do Corpo de Bombeiro Mili-
ral. tar mais próxima, só podendo retê-lo na delegacia ou posto policial
durante o tempo necessário à lavratura do flagrante.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
§ 1° - Cabe ao Comandante-Geral da Corporação a iniciativa TÍTULO IV
de responsabilizar a autoridade policial que não cumprir o disposto DISPOSIÇÕES DIVERSAS
neste artigo ou que maltratar ou consentir seja maltratado qual- CAPÍTULO I
quer bombeiro militar preso, ou que não lhe der o tratamento devi- DAS SITUAÇÕES ESPECIAIS
do em razão de seu posto ou graduação. SEÇÃO I
§ 2° - Se, durante o processo e julgamento no foro civil, houver DA AGREGAÇÃO
perigo de vida para qualquer bombeiro militar preso, o Comandan- - VIDE LEI Nº 15.146, DE 11-04-2005, ART. 4º.
te-Geral providenciará os entendimentos com o juiz de feito visan-
do à guarda dos pretórios ou tribunais por força policial-militar. Art. 78 - A agregação é a situação na qual o bombeiro militar
Art. 73 - Os bombeiros militares da ativa que não estiverem no da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica do seu quadro,
exercício de suas funções serão dispensados de servir no júri. nela permanecendo sem número.
§ 1° - O bombeiro militar deve ser agregado quando:
SEÇÃO II a)for nomeado para cargo considerado no exercício de função
DO USO DOS UNIFORMES de natureza bombeiro-militar ou de interesse bombeiro- militar,
estabelecido em lei, não previsto nos quadros de organização do
Art. 74 - Os uniformes do Corpo de Bombeiros Militar, com seus Corpo de Bombeiros Militar (QO);
distintivos, insígnias e emblemas, são privativos dos bombeiros mi- b)aguardar transferência de ofício para a reserva remunerada,
litares, com as prerrogativas a estes inerentes. por ter sido enquadrado em qualquer dos requisitos que a moti-
Parágrafo Único - Constituem crimes previstos na legislação vam;
específica o desrespeito aos uniformes, distintivos, insígnias e em- c)for afastado, temporariamente, do serviço ativo por motivo
blemas, bem assim o seu uso por parte de quem a eles não tiver de:
direito. 1 - haver sido julgado incapaz, temporariamente, após um ano
Art. 75 - O uso dos uniformes, com seus distintivos, insígnias e contínuo de tratamento de saúde própria; 2 - haver sido julgado
emblemas, bem assim os modelos, descrição, composição e peças incapaz definitivamente, enquanto tramita o processo de reforma;
acessórias, são estabelecidos em legislação peculiar. 3- haver ultrapassado um ano contínuo de licença para trata-
§ 1° - É proibido ao bombeiro militar o uso dos uniformes: mento de saúde própria;
a)em manifestação de caráter político-partidário; 4- haver ultrapassado seis meses contínuos em licença para tra-
b)no estrangeiro, quando em atividade não relacionada co m a tar de interesse particular;
missão de bombeiro militar, salvo quando expressamente determi- 5- haver ultrapassado seis meses contínuos em licença para tra-
nado ou autorizado; tamento de saúde de pessoa da família;
c)na inatividade, salvo para comparecer a solenidades bombei- 6- haver sido considerado oficialmente extraviado;
ro-militares, cerimônias cívico-comemorativas das grandes datas 7- haver sido esgotado o prazo que caracteriza o crime de de-
nacionais ou a atos sociais solenes, quando devidamente autoriza- serção previsto no Código Penal Militar, se oficial ou praça com es-
do. tabilidade assegurada;
§ 2° - Os bombeiros militares na inatividade, cuja conduta pos- 8- como desertor, ter-se apresentado voluntariamente ou ter
sa ser considerada como ofensiva à dignidade da classe, poderão sido capturado e reincluído a fim de se ver processar; 9 - se ver pro-
ser definitivamente proibidos de usar uniformes por decisão do Co- cessar, após ficar exclusivamente à disposição da Justiça Comum;
mandante-Geral. 10- haver sido condenado a pena restritiva de liberdade supe-
Art. 76 - O bombeiro militar fardado tem as obrigações corres- rior a seis meses, em sentença passada em julgado, enquanto durar
pondentes ao uniforme que use e aos distintivos, emblemas ou às a execução, excluído o período de sua suspensão condicional, se
insígnias que ostente. concedida esta ou até ser declarado indígno de pertencer ao Corpo
Art. 77 - É vedado a qualquer civil, ou a organização civil, usar de Bombeiros Militar, ou incompatível com este;
uniformes ou ostentar distintivos, insígnias ou emblemas que pos- 11- haver passado à disposição de outro órgão público do Es-
sam ser confundidos com os adotados no Corpo de Bombeiros Mi- tado, da União, de outro Estado ou Território, para exercer função
litar. de natureza civil;
Parágrafo único - São responsáveis pela infração das dispo- 12- haver sido nomeado para qualquer cargo público civil tem-
sições deste artigo, além dos indivíduos que a tenham cometido porário, não eletivo, inclusive da administração indireta; 13 - haver-
diretamente, os diretores ou chefes de repartições, organizações -se candidatado a cargo eletivo, desde que conte dez anos ou mais
de qualquer natureza, firmas ou empregadores, empresas, institu- de efetivo serviço;
tos ou departamentos, que tenham adotado ou consentido sejam 14 - haver sido condenado a pena de suspensão do exercício do
usados uniformes ou ostentados distintivos, insígnias ou emblemas posto, graduação, cargo ou função, prevista no Código Penal Militar.
que possam ser confundidos com os adotados no Corpo de Bom- d)for eleito em assembleia geral de associados para o exercício
beiros Militar. de mandato em associação representativa de categoria de oficiais
ou de praças do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás,
desde que atendidos os critérios de conveniência e oportunidade.
-Acrescida pela Lei nº 18.425, de 08-04-2014, art. 1º.
§ 2º O bombeiro militar agregado em conformidade com o dis-
posto nas alíneas “a”, “b” e “d” do § 1º é considerado, para todos os
efeitos, como em serviço ativo.
-Redação dada pela Lei nº 18.425, de 08-04-2014, art. 1º.
§ 3° - A agregação do bombeiro militar a que se referem a letra
“a” e os n°s 11 e 12 da letra “c” do § 1° é contada a partir da data de
posse no novo cargo até o regresso à Corporação ou transferência
de ofício para a reserva remunerada.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
§ 4° - A agregação do bombeiro militar a que se referem os n°s SEÇÃO III
1, 3, 4 e 5 da letra “c” do § 1° é contada a partir do primeiro dia que DO EXCEDENTE
se seguir ao do término dos respectivos prazos, e enquanto durar
o evento. Art. 83 - Excedente é a situação transitória a que, automatica-
§ 5° - A agregação do bombeiro militar a que se referem a letra mente, passa o bombeiro militar que:
“b” e os n°s. 2, 6, 7, 8, 9, 10 e 14 da letra “c” do § 1° é contada a par- I- cessado o motivo que determinou sua agregação, reverte ao
tir da data indicada no ato que torna público o respectivo evento. respectivo quadro, estando este com o efetivo completo;
§ 6° - A agregação do bombeiro militar a que se refere o n° 13 II- aguarda a colocação a que se faz jus na escala hierárquica
da letra “c” do § 1° é contada a partir do registro como candidato, após haver sido transferido do quadro, estando ele com o seu efe-
até a diplomação, ou até o regresso à Corporação se não houver tivo completo;
sido eleito. III- é promovido por bravura, sem haver vaga;
§ 7° - O bombeiro militar agregado fica sujeito às obrigações IV- é promovido indevidamente, mesmo havendo vaga;
disciplinares concernentes às suas relações com outros bombeiros V- sendo o mais moderno da respectiva escala hierárquica, ul-
militares e autoridades civis e militares, salvo quando ocupar cargo trapassa o efetivo de seu quadro, em virtude de promoção de outro
que lhe dê precedência funcional sobre os outros bombeiros milita- bombeiro militar em ressarcimento de preterição;
res mais graduados ou mais antigos. VI- tendo cessado o motivo que determinou sua reforma por
§ 8° - Caracteriza a posse (§ 3°) a entrada em exercício no cargo incapacidade definitiva, retorna ao respectivo quadro, estando este
ou na função. com seu efetivo completo .
§ 9º Na hipótese prevista na alínea “d” do § 1º deste artigo, a § 1° - O bombeiro militar cuja situação é a de excedente, salvo
agregação é condicionada à prévia autorização do Comandante-Ge- o indevidamente promovido, ocupa a mesma posição relativa, em
ral, que decidirá sobre a efetivação da medida segundo os critérios antigüidade, que lhe cabe na escala hierárquica, com a abreviatura
de conveniência e oportunidade do serviço e da administração do “Excd..”, e receberá o número que lhe competir em conseqüência
Corpo de Bombeiros Militar. da primeira vaga que se verificar.
-Acrescido pela Lei nº 18.425, de 08-04-2014, art. 1º. § 2° - O bombeiro militar cuja situação é a de excedente é con-
§ 10. Se concedida a autorização, a modalidade de agregação siderado como em efetivo serviço para todos os efeitos, e concorre,
prevista na alínea “d” do § 1º deste artigo será contada da data de respeitados os requisitos legais e em igualdade de condições e sem
sua concessão. nenhuma restrição, a qualquer cargo de bombeiro militar, bem as-
-Acrescido pela Lei nº 18.425, de 08-04-2014, art. 1º. sim à promoção.
§ 11. Na hipótese da alínea “d” do § 1º deste artigo, poderão § 3° - O bombeiro militar promovido por bravura sem haver
ser agregados somente bombeiros militares eleitos para cargos na vaga ocupará a primeira que se abrir, descolocando para a vaga se-
Diretoria Executiva de associações representativas da classe de ofi- guinte o critério da promoção a ser seguido.
ciais ou de praças do Corpo de Bombeiros Militar do Estado, ficando § 4° - O bombeiro militar promovido indevidamente só con-
limitado em dois o número de bombeiros militares por classe, sen- tará antigüidade e receberá o número que lhe competir, na escala
do assegurada a remuneração de seus postos ou graduações. hierárquica, quando a vaga que deverá preencher corresponder ao
-Acrescido pela Lei nº 18.425, de 08-04-2014, art. 1º. critério pelo qual deveria ter sido promovido, desde que satisfaça
§ 12. O bombeiro militar ocupante de comando, cargo de provi- os requisitos para a promoção.
mento em comissão, chefia ou função de confiança, deverá exone-
rar-se do cargo ou função, por incompatibilidade com o afastamen- SEÇÃO IV
to previsto na alínea “d” do § 1º deste artigo. DO AUSENTE E DO DESERTOR
-Acrescido pela Lei nº 18.425, de 08-04-2014, art. 1º.
Art. 79 - O bombeiro militar agregado fica adido, para efeito Art. 84 - É considerado ausente o bombeiro militar da ativa
de alterações e remuneração, à diretoria de pessoal, continuando que, por mais de vinte e quatro horas consecutivas:
a figurar no lugar que então ocupava no almanaque ou escala nu- I - deixar de comparecer à sua Organização do Corpo de Bom-
mérica, com a abreviatura “Ag” e anotações esclarecedoras de sua beiros, sem comunicar qualquer motivo de impedimento; II - deixar,
situação. sem licença, a Organização do Corpo de Bombeiros onde serve, ou
Art. 80 - A agregação se faz mediante ato do Comandante-Ge- o local onde deve permanecer.
ral. Parágrafo Único - Decorrido o prazo mencionado neste artigo,
- Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e serão observadas as formalidades previstas em legislação específi-
20-8-93. ca.
Art. 85 - O bombeiro militar é considerado desertor nos casos
SEÇÃO II previstos na Legislação Penal Militar.
DA REVERSÃO
SEÇÃO V
Art. 81 - Reversão é o ato pelo qual o bombeiro militar agrega- DO DESAPARECIMENTO E DO EXTRAVIO
do retorna ao respectivo quadro, tão logo cesse o motivo que deter-
minou a sua agregação, voltando a ocupar o lugar que lhe competir Art. 86 - É considerado desaparecido o bombeiro militar da ati-
no respectivo almanaque ou escala numérica, na primeira vaga que va que, no desempenho de qualquer serviço, em viagem, em ati-
ocorrer. vidade de busca e salvamento, de combate a incêndio, em casos
Parágrafo Único - Em qualquer tempo, poderá ser determinada de inundações, desabamentos, catástrofes ou calamidade pública,
a reversão do bombeiro militar agregado, exceto nos casos previs- tiver paradeiro ignorado por mais de oito dias.
tos nos n°s 1, 2, 3, 6, 7, 8, 10, 13 e 14 da letra “c” do § 1° do art. 78. Parágrafo Único - A situação de desaparecimento só será consi-
Art. 82 - A reversão se faz mediante ato do Comandante-Geral. derada quando não houver indício de deserção.
- Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e
20-8-93.

390
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
Art. 87 - O bombeiro militar que, na forma do artigo anterior, SEÇÃO IV
permanecer desaparecido por mais de trinta dias será oficialmente DA DEMISSÃO
considerado extraviado.
Art. 104 - A demissão do Corpo de Bombeiros Militar aplicada
CAPÍTULO II exclusivamente aos oficiais, efetuar-se-á: I - a pedido;
DA EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO II - de ofício.
SEÇÃO I Art. 105 - A demissão a pedido será concedida mediante reque-
DA OCORRÊNCIA rimento do interessado:
I- sem indenização aos cofres públicos, quando o requerente
Art. 88 - A exclusão do serviço ativo do Corpo de Bombeiros contar mais de cinco anos de oficialato no Corpo de Bombeiros Mi-
Militar e o conseqüente desligamento da Organização a que estiver litar;
vinculado o bombeiro militar decorrem dos seguintes motivos: II- com indenização das despesas relativas à sua preparação e
I - transferência para a reserva remunerada; II - reforma; formação, quando contar menos de cinco anos de
III- demissão; oficialato.
IV- perda do posto e patente; V - licenciamento; § 1° - No caso de o oficial ter feito qualquer curso ou estágio de
VI - exclusão a bem da disciplina; VII - deserção; duração igual ou superior a seis meses e inferior ou igual a dezoito,
VIII - falecimento; IX - extravio. por conta do Estado, e não tendo decorrido mais de três anos do
Parágrafo Único - O desligamento do serviço ativo dar-se-á por seu término, a demissão só será concedida mediante indenização
ato do Governador do Estado, quando oficial, ou pelo Comandante- de todas as despesas correspondentes ao referido curso ou estágio,
-Geral, quando praça. acrescidas, se for o caso, das previstas no item II deste artigo e das
- Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e diferenças de vencimentos.
20-8-93. § 2° - No caso de o oficial ter feito qualquer curso ou estágio de
Art. 89 - A transferência para a reserva remunerada ou reforma duração superior a dezoito meses por conta do Estado, aplicar-se-á
não isenta o bombeiro militar de indenizar os prejuízos causados à o disposto no parágrafo anterior, se ainda não ho militar agregadais
Fazenda do Estado ou a terceiros, nem dos pagamentos das pen- de cinco anos de seu término.
sões decorrentes de sentença judicial. § 3° - O oficial demissionário a pedido não terá direito a qual-
Art. 90 - O bombeiro militar da ativa, se enquadrado em um dos quer remuneração, sendo a sua situação militar definida pela lei do
itens I, II e V do art. 88, ou na situação de demissionário a pedido, Serviço Militar.
continuará no exercício de suas funções até ser desligado. § 4° - O direito à demissão a pedido pode ser suspenso na vi-
gência de estado de guerra, calamidade pública, estado de sítio, es-
SEÇÃO II tado de emergência, em caso de mobilização ou, ainda, quando a
DA TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA legislação específica determinar.
SEÇÃO III Art. 106 - O oficial da ativa que passar a exercer cargo ou em-
DA REFORMA prego público permanente estranho à sua carreira, ou função que
não seja a de magistério, será demitido de ofício e transferido para
Art. 102 - O bombeiro militar reformado por alienação mental, a reserva, sem direito a qualquer remuneração ou indenização, fi-
enquanto não ocorrer a designação judicial do curador, terá remu- cando a sua situação militar definida pela lei do Serviço Militar.
neração paga aos seus beneficiários, desde que estes o tenham sob
sua guarda e responsabilidade e lhe dispensem tratamento huma- SEÇÃO V
no condigno. DA PERDA DO POSTO E DA PATENTE
§ 1° - A interdição judicial do bombeiro militar reformado por
alienação mental deverá ser providenciada junto ao Ministério Pú- Art. 107 - O oficial bombeiro militar perderá o posto e a patente
blico, por iniciativa dos beneficiários, parentes ou responsáveis, até se for declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
sessenta dias a contar da data do ato da reforma. decisão do Tribunal de Justiça do Estado, em julgamento a que for
§ 2° - A interdição judicial do bombeiro militar e seu interna- submetido.
mento em instituição apropriada deverão ser providenciados pelo Parágrafo Único - O oficial bombeiro militar declarado indigno
Corpo de Bombeiros Militar, quando: do oficialato ou com ele incompatível, condenado que for à per-
a)não houver beneficiários, parentes ou responsáveis; da de posto e patente, só poderá readquirir a situação anterior de
b)não forem satisfeitas as condições de tratamento exigidas bombeiro militar por outra sentença judiciária.
neste artigo. Art. 108 - O oficial bombeiro militar que houver perdido o pos-
§ 3° - Os processos e os atos de registros de interdição do bom- to e a patente será demitido de ofício, sem direito a qualquer remu-
beiro militar terão andamento sumário, serão instruídos com laudo neração ou indenização e terá a sua situação militar definida pela
proferido por junta de saúde do Corpo de Bombeiros Militar e isen- lei do Serviço Militar.
tos de custas. Art. 109 - Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficia-
Art. 103 - Para os fins do previsto na presente Seção, as praças lato, ou de incompatibilidade com ele, o oficial que:
constantes do quadro a que se refere o artigo 16 são consideradas: I- for condenado, por tribunal civil ou militar, à pena restriti-
I- segundo-tenente BM: os aspirantes-a-oficial BM; va de liberdade individual superior a dois anos, em decorrência de
II- aspirantes-a-oficial BM; os alunos do Curso de Formação de sentença condenatória transitada em julgado;
Oficiais BM, qualquer que seja o ano; III - terceiro-sargento BM; os II- for condenado, por sentença transitada em julgado, por cri-
alunos dos Cursos de Formação de Sargentos BM; me para o qual o Código Penal Militar cominar esta pena acessória
IV - cabo BM; os alunos dos Cursos de Formação de Soldados ou por crime previsto na legislação concernente à segurança do Es-
BM. tado;

391
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
III- incidir nos casos previstos em leis específicas, motivadores Parágrafo Único – O aspirante a oficial BM ou a praça com es-
de julgamento por Conselho de Justificação, e for por este conside- tabilidade assegurada que houver sido excluído a bem da discipli-
rado culpado; na só poderá readquirir a situação de bombeiro militar por outra
IV- houver perdido a nacionalidade brasileira. sentença do Conselho Permanente de Justiça, e nas condições nela
estabelecidas.
SEÇÃO VI - Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e
DO LICENCIAMENTO 20-8-93.
Art. 114 - É da competência do Comandante-Geral a exclusão,
Art. 110 - O licenciamento do serviço ativo, aplicado somente a bem da disciplina, do aspirante-oficial BM e das praças com esta-
às praças, efetuar-se-á: bilidade assegurada.
I - a pedido; Art. 115 - A exclusão da praça a bem da disciplina acarreta a
II - de ofício. perda do seu grau hierárquico e não isenta o excluído de indenizar
§ 1° - O licenciamento a pedido poderá ser concedido às praças os prejuízos causados à Fazenda do Estado, ou a terceiros, nem das
de acordo com normas baixadas pelo Comandante-Geral. pensões decorrentes de sentença judicial.
§ 2° - O licenciamento de ofício será aplicado: Parágrafo Único - A praça excluída a bem da disciplina não terá
a)por conveniência do serviço; direito a qualquer indenização ou remuneração, e sua situação mi-
b)a bem da disciplina; litar será definida pela Lei do Serviço Militar.
c)por conclusão de tempo de serviço.
§ 3° - O bombeiro militar licenciado não tem direito a qualquer SEÇÃO VIII
remuneração e terá a sua situação militar definida pela lei do Ser- DA DESERÇÃO
viço Militar.
Art. 111 - O aspirante-a-oficial BM e as demais praças que pas- Art. 116 - A deserção do bombeiro militar acarreta uma inter-
sarem a exercer cargo ou emprego público permanente, estranho à rupção do serviço, com a conseqüente demissão de oficio aplicada
sua carreira, com função que não seja a de magistério, serão ime- ao oficial, ou com a exclusão do serviço ativo imposta ao aspiran-
diatamente licenciados de ofício, sem remuneração, e terão sua si- te-oficial ou à praça.
tuação definida pela Lei do Serviço Militar. § 1° - A demissão do oficial ou a exclusão do aspirante-a-oficial
Art. 112 - O direito ao licenciamento a pedido poderá ser sus- ou da praça com estabilidade assegurada processar-se-á após um
penso na vigência de estado de guerra, calamidade pública, per- ano de agregação, se não houver captura ou apresentação voluntá-
turbação da ordem interna, estado de sítio, estado de emergência, ria antes desse prazo.
em caso de mobilização, ou ainda quando a legislação específica o § 2° - A praça sem estabilidade assegurada será automatica-
permitir. mente excluída, após oficialmente declarada desertora.
§ 3° - O bombeiro militar desertor que for capturado ou que se
SEÇÃO VII apresentar voluntariamente depois de ter sido demitido ou excluí-
DA EXCLUSÃO DAS PRAÇAS A BEM DA DISCIPLINA do será reincluído no serviço ativo, e a seguir agregado para se ver
processar.
Art. 113 - A exclusão a bem da disciplina será aplicada de ofício § 4°- A reinclusão em definitivo do bombeiro militar dependerá
aos aspirantes-a-oficial BM e às praças com estabilidade assegura- de sentença do Conselho Permanente de Justiça.
da: - Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e
I– contra os quais houver pronunciado tal sentença o Conselho 20-8-93.
Permanente de Justiça, por motivo de condenação, em sentença
transitada em julgado, oriunda daquele Conselho ou de Tribunal Ci- SEÇÃO IX
vil, a pena privativa de liberdade, superior a 2 (dois) anos ou, nos DO FALECIMENTO, DO EXTRAVIO E DO REAPARECIMENTO
crimes previstos na legislação concernente à segurança nacional, a
pena de qualquer duração; Art. 117 - O falecimento do bombeiro militar na ativa acarre-
- Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e ta, automaticamente, exclusão do serviço ativo e desligamento da
20-8-93. Organização do Corpo de Bombeiro Militar a que esteve o falecido
II– contra os quais houver pronunciado tal sentença o Con- vinculado até a ocorrência do óbito.
selho Permanente de Justiça, por motivo de perda da nacionalida- Art. 118 - O extravio do bombeiro militar que estiver na ativa
de; acarreta interrupção do serviço, com o conseqüente afastamento
- Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e temporário a partir da data em que for oficialmente considerado
20-8-93. extraviado.
III– que incidirem nos casos que motivarem o julgamento pre- § 1° - O desligamento do serviço ativo será feito seis meses
visto no art. 49 pelo Conselho de Disciplina e, neste, forem conside- após a agregação por motivo de extravio.
rados culpados, após homologação pelo Tribunal de Justiça. § 2° - Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, calami-
- Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e dade pública ou outro acidente oficialmente reconhecido, o extra-
20-8-93. vio ou o desaparecimento será considerado como falecimento, para
III - que incidirem nos casos que motivarem o julgamento pelo os fins deste Estatuto, tão logo sejam esgotados os prazos máximos
Conselho de Disciplina previsto no art. 49, quando considerados de possível sobrevivência ou quando se dêem por encerradas as
culpados pelo Conselho com homologação prévia do Conselho de providências do salvamento.
Justiça Militar. Art. 119 - O reaparecimento do bombeiro militar extraviado ou
desaparecido, já desligado do serviço ativo, resulta em sua reinclu-
são e nova agregação, enquanto se apuram as causas que deram
origem ao seu afastamento.

392
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
Parágrafo Único - O bombeiro militar reaparecido será subme- CAPÍTULO IV
tido a Conselho de Justificação ou a Conselho de Disciplina, por de- DO CASAMENTO
cisão do Governador, ou do Comandante-Geral quando for o caso,
se assim for julgado necessário. -Redação dada pela Lei nº 20.093, de 23-05-2018, art. 2º.

CAPÍTULO III Capítulo V


DO TEMPO DE SERVIÇO Das recompensas e das dispensas do serviço

Art. 120 - Os bombeiros militares começam a contar o tempo Art. 132 - As recompensas constituem reconhecimento dos
de seu serviço no Corpo de Bombeiros Militar a partir da data de bons serviços prestados pelos bombeiros militares.
sua inclusão, matrícula em órgão de formação ou nomeação para o § 1° - São recompensas:
posto ou graduação. a)os prêmios de honra ao mérito;
§ 1° - Considera-se como data de inclusão, para os fins deste b)as condecorações;
artigo, a do ato de inclusão em uma Organização do Corpo de Bom- c)os elogios.
beiros, a da matrícula em qualquer órgão de formação de oficiais § 2° - As recompensas serão concedidas de acordo com as nor-
ou praças ou ainda a de apresentação para o serviço em caso de mas estabelecidas na legislação especifica ou peculiar.
nomeação. Art. 133 - As dispensas do serviço são autorizações concedidas
§ 2° - O bombeiro militar reincluído recomeça a contar tempo aos bombeiros militares para afastamento total do serviço em ca-
de serviço na data de sua reinclusão. ráter temporário.
§ 3° - Quando, por motivo de força maior, oficialmente reco- Art. 134 - As dispensas do serviço são autorizações concedidas
nhecido, decorrente de incêndio, inundação, sinistro aéreo e outras aos bombeiros militares: I - como recompensa;
calamidades, faltarem dados para a contagem do tempo de servi- II- para desconto em férias;
ço, caberá ao Comandante-Geral arbitrar o tempo a ser computado III- em decorrência de prescrição médica.
para cada caso particular, de acordo com os elementos disponíveis. Parágrafo Único - As dispensas do serviço serão concedidas
§ 4° - Os períodos de tempo de serviço, prestados pelas praças, com a remuneração integral e computadas como tempo de efetivo
serão regulados em normas baixadas pelo Comandante- Geral. serviço.
Art. 121 - Na apuração do tempo de serviço do bombeiro mili-
tar será feita a distinção entre: I - tempo de efetivo serviço; TÍTULO V
II - anos de serviço. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 122 - Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo com-
putado dia a dia, entre a data de inclusão e a data-limite estabeleci- Art. 135 - A assistência religiosa aos bombeiros militares é re-
da para contagem ou até a data do desligamento em conseqüência gulada em legislação específica ou peculiar.
da exclusão do serviço ativo, mesmo que tal espaço de tempo seja Art. 136 - Será reformado (art. 95, II) o bombeiro militar já na
parcelado. situação de inatividade remunerada, que venha a ser julgado invá-
§ 1° - Será computado como de efetivo serviço: lido, impossibilitado total e permanentemente para qualquer tra-
a) o tempo de serviço prestado na Polícia Militar do Estado de balho, ainda que sem relação de causa e efeito como o exercício de
Goiás, desde que a opção pelo Corpo de Bombeiros Militar tenha se suas funções enquanto esteve na ativa.
dado até 11 de abril de 1990; Art. 137 - O bombeiro militar que em inspeção de saúde, for
- Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e julgado incapaz para o serviço e vier a falecer antes da efetivação
20-8-93. de sua reforma será considerado reformado, para os efeitos legais,
Art. 123 - Anos de serviço é a expressão que designa tempo de a contar da data do óbito.
efetivo serviço a que se refere o art. 122, com os seguintes acrés- Art. 138 - É vedado o uso, por organização civil de designações
cimos: que possam sugerir sua vinculação ao Corpo de Bombeiros Militar.
I- tempo de serviço de atividade privada contado na forma da Parágrafo Único - Excetuam-se das prescrições deste artigo as
Lei n° 6.226, de 14 de julho de 1975, alterada pela Lei n° 6.864, de associações, clubes, círculos e outras entidades que congreguem
1° de dezembro de 1980; membros do Corpo de Bombeiro Militar e que se destinem exclusi-
Revogada pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020, art. 83, II. vamente a promover intercâmbio social e assistencial entre os bom-
Art. 124 - O tempo que o bombeiro militar passou ou vier a beiros militares e seus familiares e entre esses e a sociedade civil .
passar afastado do exercício de suas funções em conseqüência de Art. 139 – Será excluída a bem da disciplina, sem direito a qual-
ferimento recebido em acidente quando em serviço em operações quer remuneração, a praça BM submetida ao julgamento previsto
específicas de bombeiro militar, ou em razão de moléstia adquirida no §3° do art. 49 e nele for considerada incapaz de permanecer na
em exercício, será computado como se ele o tivesse passado no efe- situação de inatividade em que se encontra.
tivo desempenho daquelas funções. - Redação dada pela lei nº 12.043, de 22-07-93, DO. de 30-7 e
Art. 125 - Tempo de serviço em campanha, para o bombeiro 20-8-93.
militar, é o período em que ele esteja em operações de guerra. Art. 140 - As disposições deste Estatuto não alcançam as situa-
Parágrafo Único - A participação do bombeiro militar em ativi- ções definitivamente constituídas em data anterior à de publicação
dades dependentes ou decorrentes das operações de guerra será desta lei.
definida e regulada em legislação específica. Art. 141 - Esta lei entra em vigor no dia de sua publicação. Art.
Art. 126 - O tempo de serviço dos bombeiros militares benefi- 142 - Revogam-se as disposições em contrário.
ciados por anistia será contado com obediência à legislação que a PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, em Goiânia, 05
conceder. de fevereiro de 1991, 103° da República.
-Revogado pela Lei nº 20.946, de 30-12-2020, art. 83, II.
HENRIQUE ANTÔNIO SANTILLO (D.O. de 13-02-1991)

393
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
b) no posto de Tenente-Coronel BM, 3 (três) por merecimento
LEI ESTADUAL Nº 11.383, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990 e 1 (uma) por antigüidade;
- DISPÕE SOBRE AS PROMOÇÕES DOS OFICIAIS DA IV - no posto de Coronel BM, pelo critério de merecimento.
ATIVA DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTA- Parágrafo único - As promoções por antigüidade e merecimen-
DO DE GOIÁS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS to serão disciplinadas em regulamento editado pelo Governador.
- Constituído “Parágrafo único” pela Lei nº 14.695, de 19-01-
LEI N° 11.383, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990 2004, art. 5º.
Art. 4° - As promoções também podem ser feitas:
- Vide Lei nº 20.946, de 30-12-2020, art. 83, V I - por bravura;
- Regulamentada pelo Decreto nº 3.588/91. III - post mortem;
- Vide Decreto de 28 de abril de 2015, D.O. de 30-04-2015, pag. IV - em casos extraordinários para ressarcimento motivado por
1 preterição.
Dispõe sobre as promoções dos oficiais da ativa do Corpo de § 1° - Promoção por bravura é a que resulta de ato ou de atos
Bombeiros Militar do Estado de Goiás e dá outras providências. incomuns de coragem e audácia que, ultrapassando os limites nor-
A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS decreta e eu mais do cumprimento do dever, representem feitos excepcional-
sanciono a seguinte lei: mente valiosos creditados a seu autor, pelos resultados alcançados
ou pelo exemplo edificante deles emanado.
CAPÍTULO I § 3° - Promoção post mortem é aquela que visa significar o re-
GENERALIDADES conhecimento do Estado ao oficial BM falecido no cumprimento do
dever ou em conseqüência disto, ou que se destina a reconhecer,
Art. 1° - Esta lei estabelece os critérios e as condições que asse- em favor do oficial BM, direito a promoção não efetivado por mo-
guram aos oficiais da ativa do Corpo de Bombeiros Militar do Estado tivo de óbito.
de Goiás os acessos, mediante promoções, na hierarquia da Corpo- § 4° - Promoção em ressarcimento de preterição é aquela feita
ração, de forma seletiva, gradual e sucessiva. após ser reconhecido, em favor do oficial BM preterido, o direito
§ 1° - A promoção é um ato administrativo e tem como finali- à promoção que lho caberia. Tal promoção, quando couber, será
dade o preenchimento, através dos melhores processos de escolha, efetuada segundo os critérios de antigüidade ou de merecimento,
das vagas pertinentes ao grau hierárquico imediatamente superior, recebendo o oficial BM o número que lhe competiria na escala hie-
com base nos efetivos legalmente fixados para os diferentes qua- rárquica se houvesse sido promovido na época devida.
dros.
§ 2° - A forma gradual e sucessiva adotada para as promoções CAPÍTULO III
resultará de um planejamento, organizado na Corporação, para a DAS CONDIÇÕES BÁSICAS
carreira dos oficiais BM, planejamento capaz de assegurar a carreira
um fluxo regular e equilibrado. Art. 5° - O ingresso na carreira de oficial BM é feito em posto
inicial da carreira, assim considerado na legislação aplicável a cada
CAPÍTULO II Quadro, satisfeitas as exigências legais.
DOS CRITÉRIOS DE PROMOÇÃO § 1° - A ordem hierárquica de colocação dos oficias BM nos pos-
tos iniciais resulta da ordem de classificação em curso, concurso ou
Art. 2° - As promoções são feitas pelos critérios de: estágio.
I - Antigüidade; § 2° - No caso de a formação de oficiais BM ter sido realizada no
II - merecimento. mesmo ano letivo em mais de uma Corporação, com datas diferen-
§ 1° - promoção por Antigüidade é aquela que se baseia na tes da declaração de aspirante-a-ofíciais BM, o Comandante Geral
precedência hierárquica de um oficial BM sobre os demais de igual da Corporação deve fixar data, comum para a nomeação e inclusão
posto, dentro do mesmo Quadro. destes, que constituirão turma única de formação. A classificação
§ 2° - promoção por merecimento é aquela que se baseia no na turma obedecerá aos graus absolutos obtidos na conclusão dos
conjunto de atributos e conhecimentos técnico-profissionais do cursos.
oficial BM, avaliados, em comparação com os de seus pares, no Art. 6º Para ser promovido pelo critério de antiguidade ou me-
decurso da carreira e no desempenho de cargos as comissões, em recimento é indispensável que o oficial BM esteja incluído no Qua-
particular no posto que estiver ocupando ao ser cogitado para o dro de Acesso.
acesso hierárquico. - Redação dada pela Lei nº 17.682, de 28-06-2012
Art. 3 o As promoções de que trata o art. 2 o serão efetuadas § 1° Para a inclusão no Quadro é necessário que o oficial BM sa-
para as vagas: tisfaça aos seguintes requisitos essenciais estabelecidos para cada
- Redação dada pela Lei nº 14.695, de 19-01-2004. posto:
I - no posto de 1 o Tenente BM, pelo critério de antigüidade; - Redação dada pela Lei nº 17.682, de 28-06-2012.
- Redação dada pela Lei nº 14.695, de 19-01-2004. I - condições de acesso: - Acrescido pela Lei nº 17.682, de 28-
II - no posto de Capitão BM, 1 (uma) pelo critério de mereci- 06-2012.
mento e 1 (uma) pelo critério de antigüidade; a) interstício; - Acrescida pela Lei nº 17.682, de 28-06-2012.
- Redação dada pela Lei nº 14.695, de 19-01-2004. b) aptidão física; - Acrescida pela Lei nº 17.682, de 28-06-2012.
III - nos postos de Major e Tenente-Coronel BM, pelos critérios c) as peculiares a cada posto dos diferentes quadros; - Acresci-
de merecimento e antigüidade, observada a seguinte proporciona- da pela Lei nº 17.682, de 28-06-2012.
lidade: II - conceito profissional; - Acrescido pela Lei nº 17.682, de 28-
- Acrescido pela Lei nº 14.695, de 19-01-2004. 06-2012.
a) no posto de Major BM, 2 (duas) por merecimento e 1 (uma) III - conceito moral. - Acrescido pela Lei nº 17.682, de 28-06-
por antigüidade; 2012.

394
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
§ 2° O regulamento desta Lei definirá e discriminará as condi- Parágrafo Único - A antigüidade no posto é contada a partir
ções de acesso e os procedimentos para a variação dos conceitos da data do ato de promoção, ressalvados os casos de, desconto de
profissional e moral. tempo não computável de acordo com o Estatuto dos Bombeiros
- Redação dada pela Lei nº 17.682, de 28-06-2012. Militares do Estado e os de promoção post mortem por bravura ou
§ 3º Para a promoção aos postos de Major, Tenente-Coronel e de promoção por ressarcimento de preterição, quando poderá ser
Coronel, atendidos os requisitos dos incisos I, II e III do § 1º deste estabelecida outra data.
artigo, ingressarão nos Quadros de Acesso somente aqueles Oficiais Art. 12 - Em qualquer Quadro, a promoção por antigüidade é
que figurarem entre os 35% (trinta e cinco por cento) mais antigos feita na seqüência do respectivo Quadro de Acesso por Antigüida-
do quantitativo total de Oficiais dos postos de Capitão, Major e Te- de.
nente-Coronel, respectivamente, previstos no ANEXO I – Quadro de Art. 13 - A promoção por merecimento é feita com base no
Oficiais de Comando – QOC da Lei que fixa o efetivo do Corpo de Quadro de Acesso por Merecimento.
Bombeiros Militar do Estado de Goiás. - Redação dada pela Lei nº Art. 14 - A Comissão de Promoção de Oficiais BM é o órgão de
21.411, de 20-05-2022. processamento das promoções e os trabalhos a seu cargo, sejam
Art. 7° - O oficial BM agregado, quando no desempenho de para a variação de mérito sejam para a da respectiva documenta-
cargo de bombeiro militar ou considerado no exercício de função ção, terão sempre caráter sigiloso.
de tal natureza, concorrerá à promoção por qualquer dos critérios, Art. 15 - A Comissão de Promoção, permanentemente consti-
sem prejuízo do número de concorrentes regularmente estipulado. tuída, é presidida pelo Comandante-Geral e dela participam mem-
Art. 8° - O oficial BM será ressarcido em razão de sua preteri- bros natos e membros efetivos.
ção, com reconhecimento de seu direito a promoção não efetivada, § 1° - São membros natos o Chefe do Estado Maior e o Diretor
quando: de Apoio Logístico ou Diretor de Finanças.
I - obtiver solução favorável o recurso interposto; § 2° - Os membros efetivos, designados pelo Comandante Geral
II - cessar a sua situação de desaparecido ou extraviado; em número de quatro, são escolhidos de preferência entre oficiais
III - for absolvido ou impronunciado no processo a que estiver superiores para servirem pelo tempo de um ano, admitida a recon-
respondendo; dução.
IV - for justificado em Conselho de Justificação ou; § 3° - Regulamento especial definirá as atribuições e o funcio-
V - houver sido prejudicado por comprovado erro administra- namento da Comissão.
tivo. Art. 16 - A promoção por bravura somente será decretada nas
hipóteses do § 1° do art. 4°, observadas as seguintes prescrições:
CAPÍTULO IV I - o ato de bravura, considerado altamente meritório, é apura-
DO PROCESSAMENTO DAS PROMOÇÕES do em investigação sumária, a cargo de um conselho especial desig-
nado pelo Governador mediante proposta do Comandante-Geral;
Art. 9° - As promoções serão decretadas pelo Governador. II - na promoção, não se aplicam as exigências para a promoção
§ 1° - O Governador deverá expedir carta patente: por outro critério;
a) com a nomeação para o posto inicial da carreira; III - ao oficial BM será proporcionada, quando for o caso, a
b) nas nomeações para aquele posto e para o primeiro de ofi- oportunidade de satisfazer as condições de acesso ao posto a que
cial superior. foi promovido.
§ 2° - As promoções aos demais postos são apostiladas na últi- Art. 17 - Caberá a promoção post mortem quando o oficial fa-
ma carta patente expedida. lecer:
Art. 10 - Nos diferentes Quadros, as vagas a serem considera- I - em ação de manutenção da ordem pública, de extinção de
das para as promoções resultam de:m incêndio ou em busca e salvamento;
I - promoção ao posto superior; II - em conseqüência de ferimento recebido em ação de ma-
II - agregação; nutenção da ordem pública, de extinção de incêndio ou de busca e
III - passagem à situação de inatividade; salvamento, ou, ainda, por doença, moléstia ou enfermidade con-
IV - demissão; traída em qualquer daquelas situações ou se em alguma delas se
V - falecimento; incapacitar;
VI - aumento de efetivo. III - em acidente em serviço, ou em conseqüência de doença,
§ 1° - As vagas consideram-se abertas: moléstia ou enfermidade que neste tenha causa eficiente.
a) na data de assinatura do ato que promove, agrega, passa § l° - O oficial BM também será promovido se, ao falecer, já sa-
para a inatividade ou demite, salvo se, no próprio ato,outra data tisfazia as condições de acesso e integrava a faixa dos concorrentes
for estabelecida; à promoção, por antigüidade ou merecimento.
b) na data do óbito; § 2° - Na promoção que resultar de qualquer das situações pre-
c) quando começar a vigorar o aumento do efetivo. vistas nos itens I a III deste artigo, deverão ser, necessariamente,
§ 2° - Cada vaga aberta em determinado posto acarreta abertu- comprovadas por atestado de origem ou por inquérito sanitário de
ra de vaga no posto inferior, sendo esta seqüência interrompida no origem, utilizados como instrumentos subsidiários de esclarecimen-
posto em que houver preenchimento por excedente. to os termos de acidente, as baixas a hospital, as papeletas de trata-
§ 3° - Serão também consideradas as vagas que resultarem das mento nas enfermarias e hospitais e os registros de baixa.
transferências de ofício para reserva remunerada já previstas, até a § 3° - No caso de falecimento do oficial BM, a promoção por
data de promoção, inclusive. bravura exclui a post mortem.
4° - Não preenche vaga o oficial BM que, estando agregado,
venha a ser promovido e continue na mesma situação.
Art. 11. As promoções serão feitas, anualmente, por antigui-
dade ou merecimento, no dia 02 de julho, para as vagas abertas e
publicadas oficialmente até 02 de junho, bem como as decorrentes
de tais promoções.

395
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
CAPÍTULO V XV – houver sido condenado por decisão transitada em julga-
DOS QUADROS DE ACESSO do em processo judicial por improbidade administrativa, enquanto
perdurar o cumprimento da sanção.
Art. 18 - Quadros de Acesso são relações de oficiais BM, orga- - Acrescido pela Lei nº 20.998, de 05-05-2021 (promulgada pela
nizadas por postos para as promoções, por antigüidade (QAA - Qua- Assembleia Legislativa)
dro de Acesso por Antigüidade) ou por merecimento (QAM - Qua- § 1° - O oficial BM que incidir no item II deste artigo será sub-
dro de Acesso por Merecimento). metido de ofício a Conselho de Justificação.
§ 1° - O QAA é a relação dos oficias BM habilitados ao acesso, § 2° - No caso do § 1°, recebido o relatório do Conselho o Go-
colocados em ordem decrescente de antigüidade. vernador, se for o caso, considerará o oficial BM não habilitado para
§ 2° - O QAM é a relação dos oficiais BM habilitados ao acesso o acesso em caráter definitivo, em conformidade com o que a res-
segundo seus méritos e qualidades, considerados os seguintes re- peito dispuser o Estatuto dos Bombeiros Militares da Corporação.
quisitos: § 3° - Será excluído de qualquer Quadro de Acesso o oficial BM
a) a potencialidade para o desempenho de cargos mais eleva- contra o qual se fizer aplicada qualquer das disposições deste arti-
dos; go, ou ainda:
b) o conhecimento técnico-profissional; a) houver sido incluído indevidamente;
c) a capacidade de liderança; b) for promovido;
d) os resultados dos cursos regularmente realizados; c) tiver falecido ou
e) a iniciativa e presteza de decisão; d) passar à inatividade.
f) o conceito moral. Art. 21 - Será excluído do Quadro de Acesso por Merecimento,
§ 3° - Os Quadros de Acesso por Antigüidade e Merecimento já organizado, ou dele não poderá constar o oficial BM que agregar
são organizados, para cada data de promoção, na forma estabeleci- ou estiver agregado:
da na regulamentação desta lei. I - por motivo de fruição de licença para tratamento da saúde
Art. 19 - Apenas os oficiais que satisfaçam as condições de de pessoa da família, por tempo superior a seis meses contínuos;
acesso e estejam compreendidos nos limites quantitativos de an- II - em virtude de se encontrar no exercício de cargo público
tigüidade fixados na regulamentação desta lei serão relacionados civil temporário, não efetivo, inclusive na administração indireta ou
pela Comissão de Promoções para o estudo destinado à inclusão III - por ter passado à disposição de órgão governamental da União,
nos Quadros de Acesso por Antigüidade e por Merecimento. de Estado, de Território ou do Distrito Federal, para exercer função
Parágrafo Único - Os limites quantitativos de antigüidade refe- de natureza civil.
ridos neste artigo destinam-se a estabelecer por postos, nos Qua- Parágrafo único - Para poder ser incluído ou reincluído no Qua-
dros, as faixas dos oficias BM que concorrem à constituição dos dro, o oficial BM deve reverter à Corporação pelo menos trinta dias
Quadros de Acesso por Antigüidade e por Merecimento. antes da data da promoção.
Art. 20 - O oficial BM não poderá constar de qualquer Quadro Art. 22 - O oficial BM que, no posto, deixar de figurar por três
de Acesso, quando: vezes, consecutivas ou não, no Quadro de Acesso por Merecimen-
I - deixar de satisfazer as condições estabelecidas na letra “a” to, se em cada vez participou oficial mais moderno, é considerado
do § 1° do art. 6° desta lei; inabilitado para a promoção ao posto imediato pelo critério de me-
II - for considerado não habilitado para o acesso, em caráter recimento.
provisório, a juízo da Comissão de Promoção por, presumivelmente, Art. 23 - O oficial BM somente se considera não habilitado para
ser incapaz de atender a qualquer dos requisitos estabelecidos nas o acesso em caráter definitivo quando incidir no caso do
letras “b” e “c” do art. 6°; § 2° do art. 20 desta lei.
III - estiver preso preventivamente ou em flagrante delito, en- Art. 24 - O oficial BM promovido indevidamente passará à si-
quanto não revogada ou relaxada a prisão; tuação de excedente.
IV – houver sido condenado por decisão transitada em julgado Parágrafo único - Esse oficial contará antigüidade e receberá o
em processo criminal, enquanto perdurar o cumprimento da san- número que lhe competir na escala hierárquica, quando a vaga a ser
ção; - Redação dada pela Lei nº 20.998, de 05-05-2021 (promulgada preenchida corresponder ao critério pelo qual deveria ser promovi-
pela Assembleia Legislativa) do, desde que satisfaça os requisitos para a promoção.
V - estiver submetido a Conselho de Justificação, instaurado de
ofício; CAPÍTULO VI
VI - encontrar-se preventivamente preso, em virtude de inqué- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
rito policial militar instaurado;
VII - estiver cumprindo pena, mesmo em caso de suspensão Art. 25 - Aos aspirantes-a-oficial BM aplicam-se os dispositivos
condicional; desta lei, no que lhes for pertinente.
VIII - estiver licenciado para tratar de interesse particular; Art. 26 - VETADO.
IX - tiver sido condenado à pena de suspensão de exercício do Art. 27 - Esta lei entrará em vigor no dia 15 de março de 1991,
posto, cargo ou função, prevista no Código Penal Militar, durante o revogadas as disposições em contrário.
tempo dessa suspensão; PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, em Goiânia, 28
X - for considerado desaparecido; de dezembro de 1990, 102° da República.
XI - for considerado extraviado; HENRIQUE ANTÔNIO SANTILLO
XII - for considerado desertor;
XIII - estiver em dívida com a Fazenda do Estado, por alcance
ou;
XIV - tiver conduta civil e ou militar irregular, apreciada em face
de critério a ser estabelecido na regulamentação desta lei.

396
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
§ 1º Nos casos omissos nesta Lei e nas NTCBMGO, o Corpo de
LEI N. 15.802, DE 11 DE SETEMBRO DE 2006 – INSTITUI Bombeiros Militar, ouvido o órgão técnico interno, poderá, para su-
O CÓDIGO ESTADUAL DE SEGURANÇA CONTRA INCÊN- prir a falta, recorrer a outras normas técnicas em nível internacio-
DIO E PÂNICO E DÁ OUTRAS PROVIDENCIAS nal, nacional ou estadual, relativas a edificações ou áreas de risco,
bem como estabelecer medidas de segurança específicas, mediante
LEI Nº 15.802, DE 11 DE SETEMBRO DE 2006. parecer técnico, emitido por comissão formada por profissionais de
engenharia e arquitetura, indicados por seus conselhos fiscalizado-
Institui o Código Estadual de Segurança contra Incêndio e Pâni- res do exercício da profissão.
co e dá outras providencias. - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. § 2o Cabe ao órgão próprio do CBMGO, nas situações de de-
A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS, nos termos sastres, de emergência e estado de calamidade pública, acionar os
do art. 10 da Constituição Estadual, decreta e eu sanciono a seguin- órgãos integrantes do Sistema Nacional de Defesa Civil, no intuito
te Lei: de prestar socorro às comunidades afetadas e restabelecer a nor-
malidade.
CAPÍTULO I § 3o Cabem a cada Município, conforme legislação federal per-
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS tinente, o socorro imediato às vitimas e as demais ações de defesa
civil, quando da ocorrência dos casos previstos no § 2o.
Art. 1º Esta Lei institui, de conformidade com as atribuições do § 4º Além das atribuições mencionadas no § 3º deste artigo,
§ 5º, 2ª parte, do art. 144 da Constituição Federal e do art. 125 da cabe a cada município comunicar, imediatamente, ao Corpo de
Constituição do Estado de Goiás, o Código Estadual de Segurança Bombeiros Militar do Estado de Goiás a ocorrência de eventos ad-
contra Incêndio e Pânico, estabelece normas técnicas de observân- versos em sua região ou, se for o caso, acioná-lo em situações que
cia obrigatória no território goiano e dispõe sobre: superem a sua capacidade de resposta e de retorno à normalidade
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. da região.
I – a definição de procedimentos técnicos, administrativos e - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
operacionais para a realização de inspeções, bem como para a aná-
lise e aprovação de projetos de instalações e de medidas preventi- CAPÍTULO III
vas de segurança contra incêndio e pânico em edificações e áreas DA APLICAÇÃO
de risco;
- Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016.
Art. 5º Esta Lei, as NTCBMGO e outras normas de segurança
II - o planejamento e a execução de ações em situações de
contra incêndio e pânico, aplicadas no Estado pelo CBMGO, consti-
ameaça, risco e dano e o desenvolvimento de atividades preventi-
tuem exigências a serem cumpridas pelos prestadores de serviços
vas, preparatórias e de resposta a eventos adversos;
e pelas pessoas físicas e jurídicas responsáveis, a qualquer título:
III - a fixação de exigências técnicas e administrativas para pro-
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
teção da vida, do patrimônio e meio ambiente;
I – pela elaboração e execução de projetos das instalações e
IV - a adoção de caráter dinâmico na aplicação de normas e dos
procedimentos de segurança contra incêndio, pânico e desastres. medidas preventivas de segurança contra incêndio e pânico nas edi-
Art. 2º Integram o Sistema de Segurança das Edificações e Áreas ficações;
de Risco as instalações e medidas preventivas, as Normas Técnicas - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (NTCBMGO) e os II - pelas edificações construídas ou em construção;
serviços de prevenção e combate a incêndio e pânico. III – pela administração das edificações ou de áreas de risco;
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
Art. 3º Para efeito de inspeção, análise e aprovação de projetos IV– pela reforma, ampliação, construção, colocação ou manu-
das instalações e medidas preventivas de segurança contra incêndio tenção das instalações preventivas de segurança contra incêndio e
e pânico são considerados edificações e áreas de risco aquelas des- pânico nas edificações;
critas nas NTCBMGO, bem como a obra ou construção e os locais - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
que, por uso, ocupação, altura ou carga de incêndio possam gerar V - pelo uso ou pela ocupação das edificações;
riscos ou danos às pessoas, ao patrimônio ou ao meio ambiente. VI – pelo aumento na altura da edificação;
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
VII - pelas ações de defesa civil em âmbito municipal e estadual.
CAPÍTULO II Parágrafo único. Ficam dispensadas do cumprimento das exi-
DA COMPETÊNCIA gências relativas à segurança contra incêndio e pânico as:
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
SEÇÃO I I – edificações de uso residencial, exclusivamente unifamiliares;
DA PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO - Acrescido pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
II – residências exclusivamente unifamiliares no pavimento su-
Art. 4º Compete ao Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros perior de edificações mistas com até dois pavimentos e que pos-
Militar aprovar as Normas Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar suam acessos independentes;
do Estado de Goiás (NTCBMGO) elaboradas conforme previsto nes- - Acrescido pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
ta Lei, competindo aos órgãos técnicos próprios da Corporação a
inspeção, análise e aprovação de projetos de instalações e medidas
preventivas de segurança contra incêndio e pânico nas edificações
e áreas de risco, a inspeção destas quanto à execução dos projetos
aprovados, bem como a coordenação e execução das ações de de-
fesa civil no âmbito do Estado.
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
CAPÍTULO IV IV - realizar análise, pesquisa e perícia das causas de ocorrência
DOS SISTEMAS DE PREVENÇÃO E RESPOSTA A DESASTRES de incêndio e pânico, principalmente daquelas decorrentes do sur-
E DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO gimento de novas tecnologias.

SEÇÃO I CAPÍTULO V
DO SISTEMA DE PREVENÇÃO E RESPOSTA A DESASTRES DAS INSTALAÇÕES E DAS MEDIDAS PREVENTIVAS DE
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO
Art. 6o O Sistema de Prevenção e Resposta a Desastres (SIS-
PRED) será coordenado e gerenciado pelos órgãos que compõem a - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
estrutura de execução do CBMGO, respeitada a área de atuação de Art. 10. Constituem, também, instalações e medidas de se-
cada Unidade Bombeiro Militar, nas situações de prevenção, prepa- gurança contra incêndio e pânico das edificações e áreas de risco
ração e socorro imediato às vítimas de desastres e à preservação do aquelas descritas nas Normas Técnicas do Corpo de Bombeiros Mi-
patrimônio e do meio ambiente. litar do Estado de Goiás, que exigem a previsão e/ou existência de:
Art. 7o É função do órgão de coordenação e gerenciamento de - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
prevenção e resposta a desastres: I – acesso de viaturas;
I - fomentar, em todos os Municípios, a necessidade destes se - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
integrarem ao Sistema Nacional de Defesa Civil; II - alarme de incêndio;
II - desenvolver, na esfera de suas atribuições, ações preven- III - acondicionamento adequado das instalações e dos equi-
tivas e preparativas para emergências e desastres, principalmente pamentos;
aquelas relacionadas ao socorro imediato de comunidades afetadas IV - brigada de incêndio;
por eventos adversos; V - central de GLP;
III - elaborar, em âmbito estadual, os Planos Diretores, de Con- VI - compartimentação horizontal;
tingência e os Plurianuais, relacionados às ações de Defesa Civil; VII - compartimentação vertical;
IV - auxiliar os órgãos de comando e direção de defesa civil do VIII - controle de fumaça;
CBMGO, na coordenação e gestão das atividades de defesa civil em IX - controle de materiais de acabamento;
todo território estadual; X - dispositivo de detecção de incêndio;
V - desenvolver ações em conjunto com os Municípios, no intui- XI – iluminação de emergência;
to de minorar ou evitar a ocupação desordenada de áreas de risco; - Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016.
VI - estabelecer critérios relacionados a estudos de avaliação XII - elevador de emergência;
de risco; - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
VII - difundir, nos Municípios, a importância do estudo e da XIII - extintores;
pesquisa sobre eventos adversos que afetam suas comunidades ou XIV - controle de risco de incêndio;
regiões; XV – hidrantes e mangotinhos;
VIII - implementar parcerias com organismos públicos e priva- - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
dos, por meio de projetos de desenvolvimento científico e tecnoló- XVI – plano de ação emergencial (PAE);
gico, em função da prevenção, preparação e resposta aos desastres; - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
IX - gerenciar ações de defesa civil, nas situações de emergên- XVII - mangotinhos;
cia ou estado de calamidade pública. XVIII – sinalização de emergência;
- Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016.
SEÇÃO II XIX - saídas de emergência;
DO SISTEMA DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO XX - segurança estrutural contra incêndio e pânico;
XXI - separação entre edificações;
Art. 8º O sistema de segurança contra incêndio e pânico (SIS- XXII – sistema de segurança contra descargas atmosféricas;
CIP) será acionado pelos órgãos que compõem a estrutura de exe- - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
cução do Corpo de Bombeiros Militar, com a finalidade de desen- XXIII – chuveiros automáticos;
volver as atividades de prevenção, inspeção e análise de projetos - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
das instalações e medidas preventivas de segurança contra incêndio XXIV - dispositivo e sistema de proteção contra descargas at-
e pânico nas edificações, bem como de inspeção destas, ainda em mosféricas e eletricidade estática;
construção ou já concluídas. XXV - sistema de resfriamento ou de supressão automática;
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. XXVI - sistema fixo de gases limpos e Dióxido de Carbono (CO2);
Parágrafo único. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de XXVII – sistema de segurança para acesso público por dispo-
Goiás - CBMGO -, por intermédio de seus órgãos próprios, é respon- sitivo detector de metais em locais fechados de concentração ou
sável pelo gerenciamento, pela regulação e execução das atividades aglomeração de pessoas;
inerentes ao sistema de segurança contra incêndio e pânico. - Redação dada pela Lei nº 19.436, de 30-08-2016.
Art. 9o É função do órgão de gerenciamento e regulação contra XXVIII – outras medidas, especificadas nas Normas Técnicas do
incêndio e pânico: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás – NTCBMGO.
I - praticar os atos de gestão do Sistema de Segurança Contra - Acrescido pela Lei nº 19.436, de 30-08-2016.
Incêndio e Pânico; Parágrafo único. As instalações e medidas de segurança previs-
II – coordenar a Comissão de Estudos sobre Segurança contra tas nos incisos deste artigo deverão atender às Normas Técnicas do
Incêndio e Pânico – CESIP; Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás – NTCBMGO.
- Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016. - Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016.
III - orientar, na esfera de suas atribuições, os serviços de segu-
rança contra incêndio e pânico realizados pelos órgãos de execução
do CBMGO, nos casos de consultas ou recursos;

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
CAPÍTULO VI aplicadas pelo CBMGO, não se responsabilizando este pela qualida-
DOS PROJETOS DAS INSTALAÇÕES E DAS MEDIDAS PREVEN- de de material utilizado, bem como por sua instalação, execução,
TIVAS utilização e manutenção.
DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
§ 1° Verificado o cumprimento das exigências legais, o CBMGO
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. emitirá o certificado de conformidade (CERCON) à pessoa física ou
Art. 11. Os projetos das instalações e das medidas preventivas jurídica responsável, a qualquer título, pela edificação ou por sua
de segurança contra incêndio e pânico nas edificações deverão ser administração, o qual:
elaborados e executados de acordo com as NTCBMGO. - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. I - terá validade por até 1 (um) ano, a contar do dia da primeira
§ 1° Na elaboração de projetos de edificações novas, usadas, inspeção;
reformadas, ampliadas, modificadas ou com mudança de ocupação II - após ser emitido, se constatada qualquer irregularidade no
devem-se cumprir as exigências assinaladas nas NTCBMGO. projeto ou na edificação, que causem riscos à incolumidade de pes-
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. soas ou danos ao patrimônio ou meio ambiente, será ele cassado
§ 2o Antes de ocorrer qualquer modificação nas edificações ou pelo CBMGO, que tomará as providências previstas nesta Lei e nas
em sua ocupação que possam alterar as condições de segurança NTCBMGO.
contra incêndio ou pânico, os seus responsáveis, a qualquer títu- § 2o O Corpo de Bombeiros Militar tem o prazo de 05 (cinco)
lo, deverão apresentar ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado, dias para emissão do Certificado de Conformidade (CERCON), a
em conseqüência dessas alterações, projetos atualizados de acordo partir do cumprimento das exigências estabelecidas na inspeção
com esta Lei, com as NTCBMGO e com as de segurança contra in- mencionada no “caput” deste artigo, prorrogável por mais 05 (cin-
cêndio e pânico aplicadas pelo CBMGO. co) dias.
§ 3º Qualquer obra ou construção só poderá ser iniciada após § 3o Descumprida alguma exigência, o vistoriador descrevê-la-
aprovação pelo CBMGO dos projetos das instalações preventivas de -á no RI, estabelecendo prazo de até trinta dias para que ela seja
segurança contra incêndio e pânico. cumprida e levará em conta os fatores de risco, viabilidade e exe-
qüibilidade.
- Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016.
§ 4° O prazo fixado no § 3° poderá ser prorrogado por até 120
Art. 12. O requerimento para análise dos projetos das insta-
(cento e vinte) dias no máximo, pelo chefe do órgão interno, me-
lações preventivas de segurança contra incêndio e pânico das edi-
diante requerimento da parte interessada, desde que se comprove
ficações deverá ser acompanhado dos documentos exigidos pelas
a inviabilidade de seu cumprimento no prazo primitivo previsto.
Normas Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
– NTCBMGO.
§ 5o Os prazos para cumprimento das exigências feitas pelos
- Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016.
vistoriadores serão contados a partir da data de emissão do RI.
§ 1o O Corpo de Bombeiros Militar tem o prazo de 30 (trinta) § 6° Os prazos constantes do § 4°, excepcionalmente, podem
dias para análise dos projetos, a partir da data de protocolo do re- ser prorrogados em triplo para edificações ocupadas pela Adminis-
querimento mencionado no “caput” deste artigo, prorrogável por tração Pública.
mais 30 (trinta) dias. - Acrescido pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
§ 2o Serão indeferidos os requerimentos para análise dos pro-
jetos quando nestes ou na documentação apresentada ao CBMGO CAPÍTULO VIII
for constatado o descumprimento das exigências previstas nesta DA AUTUAÇÃO
Lei, nas NTCBMGO e em outras normas de segurança contra incên-
dio e pânico aplicadas no âmbito do Estado pelo CBMGO. Art. 16. Findos os prazos previstos nos §§ 3º e 4º do art. 15, se
não cumpridas as exigências estabelecidas no RI, o responsável a
CAPÍTULO VII qualquer título pela edificação ou por sua administração será au-
DA INSPEÇÃO NAS EDIFICAÇÕES E ÁREAS DE RISCO tuado, conforme NTCBMGO específica para o caso.
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
Art. 13. A inspeção nas edificações ocorrerá a pedido do inte- Parágrafo único. O vistoriador, na esfera de suas atribuições,
ressado em requerimento ou de ofício quando o CBMGO julgá-la mencionará no auto, entre outras informações, as infrações come-
necessária para garantir a incolumidade das pessoas, do patrimônio tidas e as sanções administrativas correspondentes.
ou do meio ambiente. Art. 17. O auto de infração, sempre que possível, será lavrado
§ 1o O Corpo de Bombeiros Militar tem o prazo de 10 (dez) dias no local onde foi verificado o descumprimento das exigências pre-
para realizar inspeção nas edificações, a partir da data de protocolo vistas nesta Lei, nas NTCBMGO, ou em outras normas de segurança
do requerimento mencionado no “caput” deste artigo, prorrogável contra incêndio e pânico aplicadas pelo CBMGO.
por mais 10 (dez) dias. § 1o Uma via do auto de infração será entregue ao responsável,
§ 2o Nas áreas de risco, a inspeção acontecerá em decorrência que dará recibo na outra via. Se houver recusa ou impossibilidade
de fatores naturais, humanos ou mistos. em assiná-lo, o vistoriador certificará a ocorrência na própria via do
Art. 14. A edificação só poderá ser liberada para fins de ocupação auto em seu poder.
ou funcionamento após emissão do Certificado de Conformidade (CER- § 2o As incorreções ou omissões do auto não acarretarão sua
CON) ou documento prévio devidamente formalizado pelo CBMGO. nulidade, quando deste constarem elementos suficientes para de-
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. terminar a infração, o infrator e possibilitar a defesa deste.
Art. 15. Na inspeção das edificações e áreas de risco, será ela- § 3º O auto de infração só será lavrado nas dependências do
borado pelo vistoriador o relatório de inspeção (RI), dele constando Corpo de Bombeiros Militar quando as circunstâncias, devidamente
o cumprimento das exigências estabelecidas nesta Lei, nas NTCB- justificadas, assim o recomendarem, caso em que o autuado será
MGO e em outras normas de segurança contra incêndio e pânico, notificado, “in loco”, ou por meio de carta registrada com aviso de
recebimento.
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.

399
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
CAPÍTULO IX III - data, hora e local da ocorrência e em que o notificado de-
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO verá comparecer;
IV - informação de que o notificado deve comparecer pessoal-
Art. 18. A competência para instauração do procedimento ad- mente, ou representado por procurador constituído;
ministrativo é do Comandante da área onde se registrou a infração. V - informação de continuidade do procedimento, independen-
§ 1o O procedimento administrativo será iniciado mediante temente de seu comparecimento;
portaria do Comandante da área onde se registrou o ilícito, deven- VI - informação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
do estar acompanhada do respectivo auto. § 3o A notificação deverá ocorrer, no mínimo, em três dias úteis
§ 2o O Comandante da área que determinar a instauração do antes da data do comparecimento.
procedimento administrativo será a autoridade competente para § 4o A notificação poderá ser efetuada por ciência no processo,
sua homologação. via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio
§ 3o Instaurado o procedimento, o autuado será notificado por que assegure a certeza da ciência do interessado.
ciência no processo, via postal com aviso de recebimento (AR), por Art. 24. Da decisão de que trata o art. 23 caberá, no prazo de
telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência, para cinco dias, recurso ao Comandante da área onde se registrou a in-
apresentar suas razões de defesa no prazo de quinze dias, a contar fração.
da juntada aos autos do comprovante de notificação. § 1o Acatado o recurso, o Comandante da área onde se regis-
Art. 19. Em decorrência da abertura do referido procedimento trou o ilícito designará outro vistoriador para realizar nova vistoria.
administrativo, o autuado será notificado para apresentar sua defe- § 2o Ratificada a decisão anterior, caberá, no prazo de cinco
sa no prazo de quinze dias, a contar da juntada aos autos do docu- dias, a contar da ciência da decisão, recurso, em última instância,
mento que atesta a realização do ato de notificação. para o Conselho Técnico Deliberativo.
Parágrafo único. O interessado poderá, na fase instrutória e an- § 3o O Conselho Técnico Deliberativo - CTD - terá o prazo de
tes da tomada de decisão, juntar documentos e pareceres, requerer dez dias, a contar do recebimento do recurso, para proferir o jul-
diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à ma- gamento.
téria objeto do procedimento. § 4o Após decisão, o CTD encaminhará o procedimento ao se-
Art. 20. Os prazos começam a correr a partir da data da cienti- tor competente para as providências pertinentes.
ficação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluin-
do-se o do vencimento. CAPÍTULO X
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se- DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
guinte, se o vencimento cair em dia em que não houver expediente
na repartição ou este for encerrado antes da hora normal. Art. 25. Os infratores das disposições desta Lei, das NTCBMGO
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. e de outras normas de segurança contra incêndio e pânico estão su-
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a jeitos às seguintes sanções administrativas, que poderão ser aplica-
data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àque- das cumulativamente, sem prejuízo das de natureza civil ou penal:
le do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. I - remoção, retenção ou apreensão de bens ou produtos pe-
§ 4o Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os rigosos;
prazos não se suspendem. II - embargo administrativo de obra ou construção;
Art. 21. A defesa do autuado poderá ser feita por intermédio de III - interdição temporária, parcial ou total de atividade;
seu procurador, sendo obrigatória, nesta hipótese, a apresentação IV - cassação do certificado de conformidade ou de credencia-
do instrumento de procuração. -mento;
Art. 22. Sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados, o V – anulação de aprovação de projetos de instalações preventi-
autuado tem os seguintes direitos: vas de segurança contra incêndio e pânico nas edificações;
I - ser tratado com urbanidade e respeito pelas autoridades e - Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016.
servidores, que o orientarão no cumprimento de suas obrigações VI - multa.
para com o CBMGO; § 1o Como medida de segurança, as sanções previstas neste
II - ter ciência da tramitação do procedimento e vista do mes- artigo poderão ser aplicadas no momento da autuação, exceto nas
mo, pessoalmente ou por procurador legitimamente constituído, situações previstas nos incisos IV e V do “caput” deste artigo.
obter cópias de documentos nele contidos e conhecer das decisões § 2o Na interdição temporária, o vistoriador levará em conta a
proferidas; viabilidade de execução das exigências a serem regularizadas pelo
III - formular alegações e apresentar documentos antes da de- infrator.
cisão, os quais serão objeto de consideração pela autoridade julga- § 3o Para aplicação das sanções previstas nos incisos I, II, III e IV,
dora; do “caput” deste artigo, o vistoriador verificará os fatores de risco e
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado legitima- possíveis danos decorrentes das irregularidades.
mente constituído. § 4o A anulação de que trata o inciso V, do “caput” deste artigo,
Art. 23. A autoridade competente que preside o procedimento ocorrerá quando for constatada qualquer irregularidade na aprova-
determinará, no ato de homologação do auto de infração, a notifi- ção do projeto.
cação do interessado para ciência da decisão. § 5o Quando for constatada, na vistoria, qualquer irregulari-
§ 1o Devem ser objeto de notificação os atos do procedimento dade na edificação destinada a quaisquer eventos, esta somente
de que resultem para o interessado imposição de deveres, ônus e funcionará após sua regularização junto ao CBMGO.
sanções. § 6º Ao infrator das disposições desta Lei, das NTCBMGO e de
§ 2o A notificação deverá conter: outras normas de segurança contra incêndio e pânico, observadas pelo
I - identificação do notificado e da edificação ou área onde fo- CBMGO, conforme sanções estabelecidas no art. 28, será aplicada mul-
ram constatadas as infrações motivadoras do auto; ta equivalente a duas vezes o valor da TSE –Taxa de Serviços Estaduais–,
II - finalidade da notificação; instituída pelo Código Tributário do Estado, Lei nº 11.651/91, corres-
pondente à inspeção na edificação ou área de risco.

400
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. V - deixar de cumprir distâncias mínimas de segurança contra
§ 7º A empresa ou o prestador de serviço que exercer ativida- incêndio e pânico estabelecidas nas NTCBMGO e em outras nor-
de comercial, industrial ou de prestação de serviços de instalação, mas de segurança contra incêndio e pânico aplicadas pelo Corpo
manutenção, venda ou recarga de extintores ou de outros equipa- de Bombeiros Militar, sanção: multa e, na reincidência, interdição
mentos ou produtos de segurança contra incêndio e pânico e vier a parcial ou total das atividades;
infringir as disposições desta Lei sujeitar-se-á à multa equivalente a VI - exercer, a empresa ou o prestador de serviço credenciado
cinco vezes o valor da taxa mencionada no § 6º, correspondente à pelo CBMGO, atividade comercial, industrial ou de serviço de ins-
inspeção na edificação ou área de risco, devendo o valor ser majo- talação, manutenção, venda ou recarga de extintores ou de outros
rado em 100% no caso de reincidência. equipamentos ou produtos de segurança contra incêndio e pânico
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. em desacordo com esta Lei, com as NTCBMGO ou outras normas
§ 8º Os recursos oriundos da aplicação da pena de multa pre- aplicadas pelo CBMGO, sanção: multa e, na reincidência, cassação
vista no inciso VI do caput deste artigo, deverão ser destinados ao do Certificado de Credenciamento e/ou interdição total das ativi-
Fundo Especial de Reaparelhamento e Modernização do Corpo de dades;
Bombeiros Militar. VII - exercer, a empresa ou o prestador de serviço não creden-
Redação dada pela Lei nº 20.937, de 28-12-2020 ciado pelo CBMGO, atividade comercial, industrial ou de serviço
§ 9o Os valores estabelecidos nos §§ 6o, 7o e 8o deste artigo de instalação, manutenção, venda ou recarga de extintores ou de
serão atualizados anualmente, conforme o estabelecido no art. 2o outros equipamentos ou produtos de segurança contra incêndio e
das Disposições Finais e Transitórias da Lei no 11.651, de 26 de de- pânico, sanção: multa e, interdição total ou parcial das atividades,
zembro de 1991. com exigência de imediata regularização;
§ 10 Revogado pela Lei nº 20.937, de 28-12-2020, art. 28, XIII. VIII - deixar de afixar em local visível ao público o Certificado de
§ 11 Para fins de aplicação de multas, a classificação das edifi- Conformidade e de Credenciamento, sanção: multa;
cações, quanto ao risco, obedecerá ao disposto nas Normas Técni- IX - utilizar ou destinar, de forma diversa de sua finalidade,
cas do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás – NTCBMGO. quaisquer equipamentos de segurança contra incêndio e pânico
- Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016. instalados ou que fazem parte das edificações, sanção: multa;
Art. 26. A multa deverá ser paga no prazo de dez dias, a contar
X - utilizar, estocar, armazenar ou permitir o uso de GLP, infla-
da data de publicação da decisão final do processo administrativo.
máveis ou outros produtos perigosos, em desacordo com as NTCB-
Art. 27. O não-pagamento da multa no prazo indicado nesta Lei
MGO, sanção: multa e remoções, e, na reincidência, retenção ou
sujeitará o infrator aos acréscimos de:
apreensão;
I - juros de mora de um por cento ao mês ou fração;
XI - permitir que seja ultrapassada a capacidade máxima de
II - multa de mora de dois por cento ao mês ou fração.
pessoas em edificações ou em locais destinados a reunião pública,
Parágrafo único. Findo o prazo para pagamento da multa e, se
em desacordo com o permitido pelo CBMGO, sanção: multa e inter-
for o caso, dos seus acréscimos, e não comprovado o devido reco-
lhimento, o processo administrativo será encaminhado à Secretaria dição temporária das atividades e, na reincidência, interdição total
da Fazenda do Estado de Goiás, para inscrição do débito na dívida ou parcial das mesmas;
ativa do Estado e cobrança judicial, na forma da lei. XII - realizar queima de fogos de artifício ou de qualquer outro
produto perigoso, sem inspeção e autorização pelo Corpo de Bom-
CAPÍTULO XI beiros Militar, sanção: multa e apreensão;
DA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES XIII - obstruir total ou parcialmente saídas de emergências, san-
ção: multa e, na reincidência, interdição temporária das atividades;
Art. 28. As sanções previstas no art. 25, cumulativamente à de XIV - impedir ou dificultar acesso dos bombeiros militares res-
multa, serão aplicadas às pessoas físicas e jurídicas responsáveis, a ponsáveis pela inspeção nas edificações, sanção: multa e, na reinci-
qualquer título, por edificação ou por sua administração, de acordo dência, embargo administrativo de obra ou construção e/ou inter-
com os seguintes critérios: dição temporária das atividades;
I – iniciar obra, construção ou modificação em edificações, sem XV - omitir ou prestar declaração que possa gerar situação de
aprovação dos projetos das instalações preventivas de segurança risco às pessoas, ao patrimônio ou ao meio ambiente, sanção: multa;
contra incêndio e pânico pelo Corpo de Bombeiros Militar, sanção: XVI - não cumprir os prazos para execução de exigências de-
embargo administrativo da obra ou construção, interdição parcial finidas pelo CBMGO, sanções: multa e, na reincidência, embargo
ou total da atividade, cassação do Certificado de Conformidade e administrativo da obra ou construção ou interdição temporária,
multa; parcial ou total das atividades, ou remoção, retenção ou apreensão,
- Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016. ou cassação do Certificado de Conformidade e de Credenciamento;
II - obra ou construção que possa provocar risco ou dano às XVII - deixar o responsável, a qualquer título, pela edificação ou
pessoas, às edificações adjacentes, ao meio ambiente e aos servi- por sua administração de cumprir as exigências estabelecidas nesta Lei,
ços públicos, sanção: embargo administrativo da obra ou constru- nas NTCBMGO e em outras normas de segurança contra incêndio e
ção e multa; pânico aplicadas pelo CBMGO, sanções: multa e, na reincidência, em-
III – não manter em condições de acesso ou uso as instalações bargo administrativo da obra ou construção ou interdição temporária,
preventivas de segurança contra incêndio e pânico nas edificações, parcial ou total das atividades, ou remoção, retenção ou apreensão, ou
sanção: multa e, na reincidência, interdição temporária, parcial ou cassação do Certificado de Conformidade e de Credenciamento.
total das atividades; Parágrafo único. As multas serão aplicadas após exaurido o
- Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016. prazo para cumprimento das exigências, sem que o interessado as
IV - manter qualquer uso, atividade ou ocupação em edifica- tenha cumprido.
ção sem o Certificado de Conformidade e de Credenciamento ou
estando este vencido, sanção: multa e, na reincidência, interdição
temporária das atividades, remoção, retenção ou apreensão;

401
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
CAPÍTULO XII § 1o Caberá ao Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Mi-
DOS ÓRGÃOS DE ESTUDOS, DELIBERAÇÃO COLETIVA, CON- litar a nomeação dos membros do Conselho Técnico Deliberativo
SULTIVOS E RECURSAIS (CTD).
- REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 18.204, DE 12-11-2013. § 2º O Conselho Técnico Deliberativo poderá solicitar apoio
técnico quando da análise e do julgamento de procedimentos ad-
SEÇÃO I ministrativos e em outras situações que necessitem de parecer na
DA COMISSÃO DE ESTUDOS SOBRE SEGURANÇA CONTRA área de segurança contra incêndio e pânico.
INCÊNDIO E PÂNICO - CESIP - - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
§ 3o Compete ao Conselho Técnico Deliberativo (CTD) analisar
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. e julgar recursos previstos nesta Lei e, a critério do Comandante-
Art. 29. O Corpo de Bombeiros Militar deverá instituir a Comis- -Geral do CBMGO, e atuar em outras áreas de segurança contra in-
são de Estudos sobre Segurança contra Incêndio e Pânico –CESIP– cêndio, pânico e desastres.
órgão permanente e normativo, a qual será presidida por oficial
superior, comandante do serviço de segurança contra incêndio e CAPITULO XIII
pânico do CBMGO, e composta por representantes da Corporação, DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
preferencialmente possuidores de graduação em engenharia ou ar-
quitetura, com a finalidade precípua de estudar e analisar as Nor- Art. 32. Nas edificações construídas, o responsável, a qualquer
mas Técnicas de Segurança Contra Incêndio e Pânico, objetivando título, pelo seu funcionamento, uso ou ocupação é obrigado a:
mantê-las devidamente atualizadas e alinhadas com as demais nor- I - utilizá-las segundo a finalidade para qual foram aprovadas ou
mas pertinentes relacionadas à segurança contra incêndio e pânico, liberadas pelo CBMGO;
em âmbitos estadual, federal e internacional. II - tomar as providências cabíveis para a adequação da edifica-
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. ção às exigências desta Lei e das NTCBMGO, se for o caso;
§ 1º A seu critério, o Corpo de Bombeiros Militar poderá con- III – manter em condições de funcionamento as instalações
vidar instituições de ensino, pesquisa e extensão, sindicatos, con- preventivas de segurança contra incêndio e pânico.
selhos e associações de profissionais de engenharia e arquitetura,
- Redação dada pela Lei nº 19.418, de 22-07-2016.
bem como outros órgãos da administração pública e afins à área de
Parágrafo único. As edificações construídas anteriormente à vi-
segurança contra incêndio e pânico, para comporem o quadro de
gência desta Lei e não autorizadas pelo CBMGO deverão, para fins
convidados da referida CESIP.
de regularização, cumprir as exigências definidas nas NTCBMGO
- Acrescido pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
específicas.
§ 2º Os órgãos e as entidades parceiros indicarão seus repre-
Art. 33. A instalação de hidrantes em logradouros públicos e
sentantes para atuarem como membros da CESIP e, após homo-
em condomínios obedecerá as NTCBMGO específicas.
logação por parte do Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros
Militar, exercerão seu mandato por um período de 2 (dois) anos, Parágrafo único. Os órgãos ou empresas concessionárias de
permitida uma recondução. serviços públicos de abastecimento de água nos Municípios deve-
- Acrescido pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. rão providenciar a instalação de hidrantes.
§ 3º As Normas Técnicas do CBMGO devem ser atualizadas, no Art. 34. Os equipamentos de segurança contra incêndio e pâni-
mínimo, uma vez a cada biênio e por intermédio da CESIP, que en- co somente poderão ser instalados nas edificações quando satisfi-
caminhará o documento final para homologação e publicação pelo zerem as exigências desta Lei, das NTCBMGO, e demais normas de
Comando-Geral do Corpo de Bombeiros Militar. segurança contra incêndio e pânico aplicadas pelo CBMGO e dos
- Acrescido pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. órgãos oficiais de certificação ou fiscalização.
Art. 35. Para efeito de aplicação desta Lei e de outras normas
SEÇÃO II aplicáveis à segurança contra incêndio e pânico no âmbito do Esta-
DA COMISSÃO TÉCNICA do pelo CBMGO, serão adotadas as definições das NTCBMGO.
Art. 36. Será considerada Unidade ou Organização Bombeiro
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. Militar, para efeito desta Lei, aquela que execute o serviço de segu-
Art. 30. Compete à Comissão Técnica de cada Organização rança contra incêndio e pânico ou o serviço de prevenção e respos-
Bombeiro Militar –OBM– analisar e apreciar em primeira instância ta a desastres e que esteja vinculada à estrutura organizacional do
todos os recursos interpostos em face do serviço de segurança con- Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás.
tra incêndio e pânico. - Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013.
Parágrafo único. A Comissão Técnica mencionada neste artigo Art. 37. Sempre que o Corpo de Bombeiros Militar julgar ne-
deverá ser composta por 3 (três) bombeiros do CBMGO, sendo pre- cessário, nos casos de atendimento a sinistros, poderá ser utilizada
sidida pelo oficial comandante da OBM, com a finalidade de julgar água armazenada em reservatórios privativos de edificações parti-
os recursos de decisões de serviço de segurança contra incêndio e culares ou públicas, devendo, após, encaminhar relatórios de con-
pânico na área de atuação de uma determinada Organização Bom- sumo do líquido ao responsável e/ou proprietário da edificação de
beiro Militar. onde foi retirada a água e à empresa ou órgão responsável pelo
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. abastecimento de água no Município.
Parágrafo único. O órgão ou a empresa concessionário de ser-
SEÇÃO III viços públicos de abastecimento de água no Município, ao receber
DO CONSELHO TÉCNICO DELIBERATIVO o relatório de consumo do Corpo de Bombeiros Militar, providen-
ciará os meios necessários para que não seja lançado na nota fiscal
Art. 31. O Conselho Técnico Deliberativo (CTD) será composto relativa a consumo de água das edificações particulares ou públicas
por três oficiais e presidido por oficial superior, designados para um o volume d’água consumido pelas guarnições de Bombeiros Milita-
mandato de 2 (dois) anos. res, nas situações previstas neste artigo.

402
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
Art. 38. O Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar, § 3º São assegurados aos acusados em geral o contraditório e a
dentro do prazo de 90 (noventa) dias, contado da vigência desta Lei, ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
expedirá, em ato próprio, as Normas Técnicas do Corpo de Bombei- Art. 2º Sujeitar-se-ão aos efeitos deste Código quando no meio
ros Militar do Estado de Goiás - NTCBMGO - a que se refere o art. civil ou militar se conduzirem de modo a desrespeitar e ofender os
4º desta Lei. princípios da hierarquia, da disciplina e da ética militar:
Art. 39. Aplicam-se, subsidiariamente, a esta Lei as normas pro- I– os militares da ativa e os da inatividade remunerada;
cessuais da Lei no 13.800, de 18 de janeiro de 2001. II– os alunos dos cursos de formação, aperfeiçoamento, espe-
Parágrafo único. Poderão ser estabelecidos por meio de Nor- cialização e estágios, ainda que pertencentes a outra corporação
mas Técnicas aprovadas pelo Comandante-Geral do CBMGO orien- militar.
tações e modelos de documentos que auxiliem a tramitação pro- § 1º Tratando-se de militar da reserva remunerada poderão ser
cessual para elaboração de procedimentos administrativos. aplicadas as sanções disciplinares previstas nos incisos I, II, III, VII e
- Acrescido pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. VIII do art. 25, desta Lei.
Art. 40. O Corpo de Bombeiros Militar, a qualquer tempo, pro- § 2º Tratando-se de militar reformado a sanção disciplinar a
moverá a interdição sumária de edificação ou área de risco que ser aplicada, quando cabível, limitar-se-á à perda das prerrogativas
apresente condição insegura e iminente de desastre, sem a necessi- militares.
dade de se promoverem, inicialmente, os ritos processuais ineren- § 3º Tratando-se de militar convocado só poderão ser aplicadas
tes, os quais deverão ser iniciados em até 2 (dois) dias úteis após a as sanções disciplinares previstas nos incisos I, II, III, IV, V, VII e VIII
referida interdição. do art. 25, desta Lei.
- Redação dada pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. Art. 3° Para os efeitos desta Lei são estabelecidos os seguintes
Parágrafo único. Os eventos temporários só poderão ser reali- conceitos:
zados caso haja a competente apresentação do Certificado de Con- I– denominar-se-ão “OPM” ou “OBM” todas as organizações
formidade do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. militares, corpo de tropa, repartição, estabelecimento ou qualquer
- Acrescido pela Lei nº 18.204, de 12-11-2013. outra unidade administrativa, tais como: Comando de Correições e
Art. 40. Fica revogada a Lei nº 12.111, de 22 de setembro de Disciplina, Quartel da Ajudância-Geral, Comandos Regionais e de
1993. Administração, Estabelecimento de Ensino, Unidade Operacional e
Art. 41. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após outras;
a sua publicação. II– será denominado Comandante ou Chefe aquele que, inves-
tido de autoridade decorrente de lei ou regulamento, for responsá-
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, em Goiânia, 11 vel por comando, administração, emprego, instrução e disciplina de
de setembro de 2006, 118o da República. uma Organização Militar.

CAPÍTULO II
LEI ESTADUAL Nº 19.969, DE 11 DE JANEIRO DE 2018 DA ÉTICA, DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA
QUE INSTITUI O CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DOS
MILITARES DO ESTADO DE GOIÁS Art. 4° A camaradagem, como norma de convivência solidária
e prestimosa, torna-se indispensável à formação e ao convívio da
LEI Nº 19.969, DE 11 DE JANEIRO DE 2018 família miliciana, propiciando a existência de boas relações sociais
entre os militares.
Institui o Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Parágrafo único. Incumbe ao superior hierárquico incentivar e
Goiás e dá outras providências. manter a harmonia, solidariedade e amizade entre seus subordi-
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS, nos termos nados.
do art. 10 da Constituição Estadual, decreta e eu sanciono a seguin-
te Lei: SEÇÃO I
DA ÉTICA MILITAR
TÍTULO I
CÓDICO DE ÉTICA E DISCIPLINA DOS MILITARES DO ESTADO Art. 5° O sentimento do dever, o denodo militar e o decoro da
DE GOIÁS classe impõem a cada um dos integrantes das Corporações conduta
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES moral e profissional irrepreensíveis, com observância dos seguintes
preceitos éticos militares:
Art. 1° Esta Lei dispõe sobre a instituição do Código de Ética e I– considerar a verdade e a responsabilidade como fundamen-
Disciplina dos Militares do Estado de Goiás – CEDIME/GOF– com a tos da dignidade pessoal;
finalidade de: II– exercer com autoridade, eficiência e probidade as funções
I– definir, especificar, graduar e classificar as transgressões dis- que lhe couberem em decorrência do cargo; III – respeitar a digni-
ciplinares passíveis de punição; dade da pessoa humana;
II– estabelecer normas relativas a sanções disciplinares, concei- IV – cumprir e fazer cumprir leis, regulamentos, instruções e
tos e recompensas previstos em lei. ordens emanadas das autoridades competentes; V – ser justo e
§ 1º O CEDIME/GO, instituído por este artigo, prima-se pelo imparcial nos julgamentos dos atos e na apreciação do mérito dos
respeito ao Estado Democrático de Direito e pelos direitos individu- subordinados;
ais garantidos pelo art. 5º da Constituição Federal, inclusive os rela- VI– zelar pelos preparos próprio, moral, intelectual, físico e,
tivos à liberdade de expressão e de manifestação do pensamento. também, pelos dos subordinados, tendo em vista o cumprimento
§ 2º Os atos administrativos praticados no Processo Adminis- da missão comum;
trativo Disciplinar – PAD – serão elaborados com fiel respeito aos VII– empregar todas as suas energias em benefício do serviço;
princípios da hierarquia, legalidade, moralidade, publicidade, im-
pessoalidade, motivação, informalismo e da economia processual.

403
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
VIII– praticar a camaradagem e desenvolver permanentemente Parágrafo único. A ordenação dos postos e graduações milita-
o espírito de cooperação; IX – ser discreto em suas atitudes, manei- res se faz conforme preceituam os Estatutos das Corporações e as
ras e em linguagem escrita e falada; normas legais pertinentes.
X – abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria Art. 10. Disciplina militar é a rigorosa observância e o acata-
sigilosa relativa à Segurança Pública; XI – respeitar as autoridades mento integral das leis, dos regulamentos, e princípios militares,
civis, militares e eclesiásticas; traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de
XII– cumprir corretamente seus deveres de cidadão; todos os componentes da respectiva Corporação Militar.
XIII– proceder de maneira ilibada na vida pública e privada; XIV § 1º São manifestações essenciais de disciplina:
– observar as normas da boa educação; I– a correção de atitudes;
XV– garantir assistência social, moral e material ao seu lar e II– a rigorosa observância das prescrições regulamentares; III –
conduzir-se como chefe de família exemplar; a obediência às ordens dos superiores hierárquicos;
XVI– comportar-se, mesmo fora do serviço ou na inatividade, IV– a dedicação integral ao serviço;
de modo que não sejam prejudicados os princípios da disciplina, do V– a colaboração espontânea à disciplina coletiva e à eficiência
respeito e do decoro militar; da Instituição.
XVII– abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para ob- § 2º A disciplina e a hierarquia devem ser mantidas permanen-
ter facilidades pessoais de qualquer natureza ou encaminhar negó- temente pelos militares da ativa e da inatividade remunerada.
cios particulares ou de terceiros; Art. 11. As ordens devem ser prontamente obedecidas, exceto
XVIII– abster-se do uso das designações hierárquicas com o fim as manifestamente ilegais.
de obter vantagem pessoal ou causar, mesmo que não intencional- § 1º Cabe ao superior hierárquico a inteira responsabilidade
mente, prejuízo à administração militar quando: pelas ordens que emitir e pelas consequências que delas advierem.
a)em atividades político-partidárias; § 2º Cabe ao subordinado, quando receber uma ordem, solici-
b)em atividades empresariais; tar os esclarecimentos necessários ao total entendimento e com-
c)discutir ou provocar discussões por qualquer meio de comu- preensão, inclusive, por escrito.
nicação a respeito de assuntos políticos ou militares, excetuando-se § 3º O militar que exorbitar no cumprimento de ordem rece-
os de natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; bida será responsabilizado pelos excessos e abusos que cometer.
d)no exercício de funções de natureza não-militar;
XIX– zelar pelo bom nome da Corporação a que pertencer e de CAPÍTULO III
cada um dos seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos DA COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DAS NORMAS DESTA LEI
preceitos da ética militar.
Art. 6º Ao militar da ativa é vedado tomar parte na adminis- Art. 12. São autoridades para efeito desta Lei:
tração ou gerência de sociedade empresária, podendo, no entanto, I– o Governador do Estado;
dela participar como acionista ou quotista. II– o Secretário de Estado de Segurança Pública e Administra-
§ 1º Os militares da reserva remunerada, quando convocados, ção Penitenciária; III – o Comandante-Geral;
ficam proibidos de tratar, nas organizações militares e nas repar- IV– o Subcomandante-Geral;
tições públicas civis, dos interesses de organizações ou empresas V– o Chefe do Estado-Maior-Geral Estratégico;
privadas de qualquer natureza. VI– o Secretário de Estado Chefe da Casa Militar da Governado-
§ 2º Os militares da ativa podem exercer, diretamente, a gestão ria; VII – o Subchefe da Casa Militar da Governadoria;
de seus bens, desde que não infrinjam o disposto no caput deste VIII– o Comandante de Correições e Disciplina;
artigo. IX– os Comandantes Regionais e comandos privativos do posto
Art. 7° O Comandante-Geral da Corporação poderá determinar de Coronel; X – os Comandantes de Áreas Específicas de Adminis-
aos militares da ativa que, no interesse da salvaguarda da dignidade tração;
destes e da administração militar, informem sobre a origem e natu- XI – o Comandante de Gestão e Finanças; XII – o Comandante
reza dos seus bens, sempre que houver razões que recomendem de Batalhão;
tal medida. XIII – o Comandante de Companhia Independente; XIV – os Ofi-
ciais em funções de comando e de chefia.
SEÇÃO II § 1º As autoridades mencionadas nos incisos I e III deste artigo
DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA MILITAR são competentes para aplicar qualquer das sanções disciplinares
previstas nesta Lei, inclusive aos inativos.
Art. 8° A hierarquia e a disciplina são as bases da organização § 2º Tratando-se de perda do posto e da patente, somente após
das Corporações Militares. o julgamento previsto no § 3º, inciso VI, do art. 142 da Constituição
§ 1º A cidadania é parte da educação militar e vital para a dis- Federal e no § 5º do art. 100 da Constituição Estadual, a compe-
ciplina consciente. tência para a aplicação da sanção será exclusiva do Governador do
§ 2° O superior deve tratar os subordinados com urbanidade e Estado.
justiça, interessando-se pelo seu bem-estar. § 3° As autoridades indicadas nos incisos IV a X deste artigo são
§ 3° O subordinado se sujeita às provas de respeito e deferên- competentes para aplicar qualquer das sanções disciplinares previs-
cia para com seus superiores, de conformidade com os regulamen- tas nos incisos I a V do art. 25 desta Lei.
tos e as tradições militares. § 4° As autoridades mencionadas nos incisos X a XIV deste arti-
§ 4° As demonstrações de camaradagem, cortesia e considera- go são competentes para aplicar qualquer das sanções disciplinares
ção, obrigatórias entre os militares deste Estado, também devem previstas nos incisos I a IV do art. 25 desta Lei.
ser dispensadas aos das Forças Armadas e de outras Corporações. § 5º As competências constantes dos §§ 1º a 4º referem-se ao
Art. 9º Hierarquia militar é a ordenação da autoridade em ní- cargo e não ao grau hierárquico da autoridade, restringindo-se aos
veis distintos, dentro da estrutura militar, por postos e graduações. militares que servirem sob o comando do aplicador da pena disci-
plinar, exceto no caso de atos de disciplina do Comandante de Cor-

404
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
reições e Disciplina que se estendem a partir do item X deste artigo, Art. 19. A superveniência de circunstâncias atenuantes ou agra-
devendo haver informação sobre esta ação disciplinar ao Comando vantes não modifica a classificação da transgressão.
a que estiver subordinado o militar.
§ 6º Quando duas autoridades de níveis hierárquicos diferen- SEÇÃO III
tes, com competência disciplinar sobre o transgressor, conhecerem DA DOSIMETRIA DA SANÇÃO ADMINISTRATIVA DISCIPLINAR
do processo, à de nível mais elevado competirá punir, salvo se en-
tender que a punição esteja dentro dos limites de competência da Art. 20. Sem prejuízo do previsto no art. 37 desta Lei, quando
autoridade inferior. do julgamento do PAD instaurado para apuração de transgressões,
§ 7º Quando uma autoridade, ao julgar uma transgressão, con- a sanção administrativa deve ser dosada em duas fases, sendo:
cluir que a punição a ser aplicada está além do limite máximo que I– na primeira fase deve-se estabelecer a sanção administrativa
lhe é autorizado, cabe à mesma solicitar à autoridade superior, com disciplinar-base, considerando:
competência disciplinar sobre o transgressor, a aplicação da puni- a)os antecedentes do transgressor;
ção devida. b)as causas determinantes;
§ 8º A autoridade que instaurar o processo administrativo dis- c)a natureza dos fatos ou atos que as envolveram as consequ-
ciplinar, na esfera dos limites de sua competência, também o será ências que delas possam advir;
para solucionar o feito e aplicar a sanção cabível. II– na segunda fase deverão incidir nas penas-bases, caso exis-
§ 9º Caso a autoridade instauradora não tenha mais competên- tam, causas que justifiquem ou circunstâncias que as atenuem ou
cia para aplicar a sanção, os autos do processo disciplinar serão en- agravem.
caminhados àquela a que o militar punido esteja subordinado para Art. 21. A transgressão poderá ser justificada quando cometida:
o fim de cumprimento da punição. I – na prática de ação meritória, no interesse do serviço ou da
Art. 13. O militar que tiver conhecimento de um fato contrário ordem pública; II – em legítima defesa, própria ou de outrem;
à disciplina deverá levar a ocorrência ao conhecimento, por escri- III– em obediência a ordem de superior não manifestamente
to ou verbalmente, em tempo hábil, ao seu Comandante ou Chefe ilegal;
imediato. IV– a fim de compelir o subordinado a cumprir rigorosamente o
Parágrafo único. A informação deve ser clara, concisa, precisa seu dever, em caso de perigo iminente, necessidade urgente, cala-
e conter os dados capazes de identificar as pessoas ou coisas envol- midade pública, bem como preservar a ordem e a disciplina;
vidas, o local, a data e hora da ocorrência e caracterizar as circuns- V– por motivo de força maior, plenamente comprovada;
tâncias do fato. VI– no caso de ignorância plenamente comprovada, desde que
Art. 14. No caso de ocorrência com transgressão disciplinar en- não atente contra os sentimentos normais de patriotismo, humani-
volvendo militares de mais de uma OPM ou OBM, caberá à autori- dade e probidade.
dade que primeiro tomar conhecimento comunicar ao comandante Parágrafo único. Não haverá punição quando for reconhecida
regional comum aos militares ou, se não houver, ao Comando de qualquer outra causa de justificação ou excludente de ilicitude pre-
Correições e Disciplina da Corporação, cabendo a este a apuração vista no Código Penal Militar.
dos fatos. Art. 22. São circunstâncias atenuantes da transgressão discipli-
Parágrafo único. No caso de ocorrência envolvendo militares nar:
de forças diversas, a autoridade militar competente deverá tomar I – estar o imputado no excepcional ou ótimo comportamento;
as medidas disciplinares referentes àqueles sob sua subordinação, II – relevante serviço prestado e registrado em ficha funcional; III –
informando ao escalão superior o que foi por ela apurado, devendo ter sido cometida para evitar mal maior;
ele dar ciência do fato ao Comandante Militar interessado. IV – ter sido cometida em defesa própria, de direito próprio ou
de outrem, desde que não constitua causa de justificação; V – falta
CAPÍTULO IV de prática no serviço;
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES VI – ação de solidariedade humana plenamente comprovada.
SEÇÃO I Art. 23. São circunstâncias agravantes da transgressão discipli-
DA ESPECIFICAÇÃO E APURAÇÃO DAS TRANSGRESSÕES DISCI- nar:
PLINARES I– estar o imputado no mau ou insuficiente comportamento;
II– a prática simultânea ou conexão de duas ou mais transgres-
Art. 15. Transgressão disciplinar é toda violação do dever, da sões; III – a reincidência;
ética e das obrigações militares. IV – o conluio de duas ou mais pessoas; V – ter sido cometida
Art. 16. São transgressões disciplinares sancionáveis por esta durante o serviço;
Lei todas as ações ou omissões contrárias à disciplina e à ética mili- VI – ter sido cometida em presença de subordinado, tropa ou
tar nela especificadas. em público; VII – ter abusado o transgressor de sua autoridade hie-
Art. 17. A apuração da prática, circunstância, amplitude e au- rárquica;
toria de transgressões disciplinares cometidas por integrantes das VIII – a premeditação.
Corporações seguirão os ritos procedimentais e/ou processuais es- Parágrafo único. Na aplicação de uma ou mais circunstâncias
tabelecidos por esta Lei. agravantes, a sanção disciplinar não poderá ultrapassar o limite má-
ximo previsto no art. 41, inciso I, alíneas “b” e “c”, desta Lei.
Seção II
Da Classificação das Transgressões Disciplinares TÍTULO II
DA SANÇÃO DISCIPLINAR CAPÍTULO I
Art. 18. A transgressão disciplinar classifica-se, segundo sua in- DA GRADAÇÃO E EXECUÇÃO DA PENA
tensidade, desde que não haja causas atenuantes, em:
I – leve (L); Art. 24. A sanção disciplinar objetiva o fortalecimento da disci-
II– média (M); plina, bem como o benefício educativo ao punido e à coletividade
III– grave (G). a que pertence.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
Parágrafo único. A sanção disciplinar tem duas funções básicas: I– a transgressão for atentatória às instituições militares e,
uma preventiva, outra repressiva. como repressão imediata, tornar-se essa penalidade absolutamen-
Art. 25. As sanções disciplinares a que estão sujeitos os milita- te necessária à preservação da ética e disciplina;
res, segundo a classificação resultante do julgamento das transgres- II– houver condenação transitada em julgado, por infração pe-
sões, são as seguintes: nal, excluídas as culposas, com pena privativa de liberdade superior
I – advertência; II – repreensão; III – reprimenda; a dois anos, desde que se enquadre no inciso I.
IV – prestação de serviço de natureza preferencialmente opera- Parágrafo único. A aplicação da exclusão a bem da ética e dis-
cional; V – transferência a bem da ética e disciplina; ciplina será precedida de julgamento por Conselho de Ética e Dis-
VI – exclusão a bem da ética e disciplina; VII – perda das prerro- ciplina.
gativas militares; VIII – perda do posto e da patente. Art. 35. A sanção administrativa de perda das prerrogativas mi-
Parágrafo único. A sanção disciplinar de prestação de serviço litares é aplicável aos militares da reserva remunerada e aos refor-
de natureza preferencialmente operacional será regulada por ato mados.
do Comandante-Geral e obedecerá aos princípios da dignidade da Parágrafo único. Aplicam-se as regras da sanção disciplinar de
pessoa humana e de proteção do trabalhador. exclusão a bem da ética e disciplina à sanção disciplinar de perda
-Redação dada pela Lei nº 20.008, de 19-03-2018. das prerrogativas militares.
Art. 26. A sanção de advertência é a forma mais branda de pu-
nir e sempre que possível deve ser precedida de processo adminis- CAPÍTULO II
trativo sumário, quando a transgressão cometida for de natureza DA APLICAÇÃO E DO CUMPRIMENTO DAS SANÇÕES DISCIPLI-
leve. NARES
Parágrafo único. A advertência poderá, no entanto, consistir SEÇÃO I
numa admoestação verbal ao transgressor, feita em caráter particu- DA APLICAÇÃO DA PENA
lar ou ostensivamente, preferível, neste caso, que seja na presença
de superiores, no círculo de seus pares, ou na presença de tropa e, Art. 36. A aplicação da sanção disciplinar compreende o ato ou
por ser verbal, não deve constar dos assentamentos pessoais do efeito de tornar pública, oficialmente, a decisão devidamente for-
transgressor. malizada ou o pronunciamento verbal e devidamente transcrito em
Art. 27. A sanção de repreensão deve ser precedida de proces- documento próprio, no caso de advertência.
so administrativo sumário e constar dos assentamentos pessoais do Art. 37. A decisão no processo disciplinar conterá a descrição
transgressor, sendo aplicada às faltas de natureza leve. da transgressão e de outros detalhes relacionados com o compor-
Art. 28. A sanção de reprimenda, destinada à aplicação nas tamento do transgressor e a sanção aplicada, com observância da
faltas de natureza média, deverá ser anotada nos assentamentos seguinte ordem:
pessoais do transgressor. I– relatório, com a síntese das principais ocorrências do pro-
Art. 29. A sanção de prestação de serviço de natureza prefe- cesso;
rencialmente operacional, destinada à aplicação nas faltas de na- II– fundamentação, com a descrição do fato apurado e o direito
tureza grave, deverá ser anotada nos assentamentos pessoais do a ser aplicado; III – conclusão, que conterá a decisão da autoridade;
transgressor. IV– dispositivo, o qual, não sendo reconhecida a inocência ou
Art. 30. A sanção disciplinar de transferência a bem da ética e incidência de qualquer excludente de ilicitude, terá a sanção básica
disciplina deverá constar dos assentamentos pessoais do transgres- dosada na conformidade do previsto no inciso I do art. 20 desta Lei;
sor e será aplicada ao militar da ativa que se tornar incompatível V– encontrada a sanção básica, sobre ela serão aplicadas as cir-
com a comunidade local em que serve. cunstancias atenuantes e agravantes, se houver e as previstas no
Art. 31. A exclusão a bem da ética e disciplina consiste na perda inciso II do art. 20 desta Lei;
da graduação da Praça da ativa, importando em seu afastamento VI– tornada definitiva a sanção, se for o caso, serão estabeleci-
definitivo, devendo constar de seus assentamentos pessoais e estes dos a forma e o local do cumprimento da punição;
arquivados na Corporação. VII– a classificação do comportamento militar em que a Praça
Art. 32. A sanção disciplinar de perda do posto e da patente punida permanece nas fileiras da Corporação ou nelas ingressada;
destina-se aos oficiais da ativa e da inatividade, na forma da legis- VIII– a comunicação da decisão ao transgressor para, queren-
lação específica. do, apresentar recurso;
Parágrafo único. No caso de oficiais da inatividade ou convoca- IX– a determinação para posterior cumprimento, se o punido
dos para o serviço ativo, a aplicação da perda do posto ou patente estiver baixado, afastado do serviço ou à disposição de outra au-
não alcançará os proventos, limitando-se às prerrogativas militares. toridade;
Art. 33. No caso de o militar contar com mais de 20 (vinte) anos X– a ordem de publicação do ato de disciplina em boletim ou
de efetivo serviço, a sanção de exclusão a bem da disciplina, assim diário oficial da Corporação.
como a perda do posto e da patente poderão cingir-se apenas à Art. 38. A anotação da sanção imposta nos assentamentos pes-
perda das prerrogativas militares com proventos proporcionais ao soais do militar deverá ocorrer após findar o prazo para interposi-
tempo de serviço, quando o Oficial for julgado incompatível com o ção de recurso administrativo e este, quando houver, for julgado
oficialato ou profissionalmente indigno dele, após sentença transi- em definitivo pela administração, após o militar ser notificado pes-
tada em julgado do tribunal competente; soalmente.
I– o Oficial ou a Praça se tornar incompatível com a função mili- Art. 39. A sanção disciplinar tem como princípio o dever de ser
tar em razão de decisão judicial ou o seu ato tiver ocorrido durante aplicada com serenidade, imparcialidade e justiça.
o serviço. Art. 40. Em obediência aos princípios da hierarquia e disciplina,
Parágrafo único. Para se enquadrar neste artigo o militar deve- a aplicação da sanção disciplinar imposta a Oficial ou Aspirante a
rá ter conceito favorável do Comandante-Geral de sua Corporação. Oficial deve ser feita em boletim ou diário reservado, podendo ser
Art. 34. Ressalvada a competência do Poder Judiciário, aplica- em boletim geral se as circunstâncias ou a natureza da transgressão
-se a exclusão a bem da ética e disciplina quando: assim o recomendar, tendo em vista o interesse da Corporação.
Art. 41. A aplicação da sanção disciplinar deverá:

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
I- ser proporcional à gravidade da transgressão, sendo que a CAPÍTULO III
transferência a bem da ética e disciplina, a exclusão a bem da ética DO COMPORTAMENTO DO POLICIAL MILITAR
e disciplina ou a perda das prerrogativas militares serão destinadas SEÇÃO ÚNICA
às transgressões graves, ressalvada as hipóteses previstas no art. 83 DA CLASSIFICAÇÃO, RECLASSIFICAÇÃO E MELHORIA DO COM-
desta Lei, e as demais aos seguintes limites: PORTAMENTO
a)transgressão leve: de advertência a repreensão;
b)transgressão média: reprimenda; Art. 44. O comportamento militar das Praças espelha a sua atu-
c)transgressão grave: prestação de serviços de natureza prefe- ação como militares e civis, sob o ponto de vista disciplinar.
rencialmente operacional; § 1º Os atos de classificação, reclassificação e de reconheci-
II– a sanção disciplinar não pode atingir o máximo previsto nas mento da melhoria de comportamento do militar são da compe-
alíneas “b” e “c” do inciso I deste artigo, quando ocorrerem apenas tência das autoridades previstas nos incisos II a XIV do art. 12 desta
circunstâncias atenuantes; Lei, obedecendo-se ao disposto neste Capítulo e, necessariamente,
III– por uma única transgressão não deve ser aplicada mais de publicados em boletim ou diário.
uma sanção disciplinar; § 2º Ao ser incluída na Corporação a Praça será classificada no
IV– na ocorrência de mais de uma transgressão disciplinar, sem comportamento BOM. Art. 45. O comportamento militar da Praça
conexão entre si, a cada uma deverá ser imposta a sanção corres- deve ser classificado em:
pondente, com apuração em processos ou procedimentos distintos, I - EXCEPCIONAL - quando, no período de 7 (sete) anos de efe-
do contrário as de menor gravidade serão consideradas como cir- tivo serviço, não tenha sofrido qualquer sanção disciplinar; II - ÓTI-
cunstâncias agravantes da transgressão principal; MO - quando, no período de 5 (cinco) anos de efetivo serviço, tenha
V– a transgressão disciplinar será apreciada independente da sido punida com até 1 (uma) reprimenda;
existência de eventual ação judicial que guardar relação com aque- III- BOM - quando, no período de 2 (dois) anos de efetivo ser-
la. viço, tenha sido punida com até 1 (uma) prestação de serviços de
Art. 42. As determinações para apuração ou delegação de apu- natureza preferencialmente operacional;
ração das transgressões disciplinares cometidas por militar da ina- IV- INSUFICIENTE - quando, no período de 1 (um) ano de efetivo
tividade remunerada são de competência das autoridades constan- serviço, tenha sido punida com 2 (duas) prestações de serviço de
tes dos incisos I, III, IV e VII do art. 12 desta Lei. natureza preferencialmente operacional ou, no período de 2 (dois)
Parágrafo único. A decisão das apurações de que trata este anos, com mais de 2 (duas) prestações de serviço de natureza pre-
artigo, em relação ao militar reformado, é restrita às autoridades ferencialmente operacional;
previstas nos incisos I e III do art. 12 desta Lei. V- MAU - quando, no período de 1 (um) ano de efetivo serviço,
tenha sido punido com mais de 2 (duas) prestações de serviço pre-
SEÇÃO II ferencialmente operacional.
DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DISCIPLINAR Art. 46. A Praça que se encontra posicionada no comportamen-
to excepcional ou ótimo neles permanecerá, ainda que seja punida
Art. 43. A ação disciplinar prescreve em 04 (quatro) anos conta- com até 1 (uma) repreensão, ingressando, porém, no comporta-
dos da data da prática da transgressão disciplinar. mento ótimo ou bom, respectivamente, se for punida com 1 (uma)
§ 1º A punibilidade da transgressão disciplinar também pre- reprimenda ou 1 (uma) prestação de serviço de natureza preferen-
vista como crime prescreve nos prazos previstos na legislação pe- cialmente operacional.
nal, salvo se tal prescrição ocorrer em prazo inferior ao previsto no Art. 47. A contagem de tempo para melhoria de comportamen-
caput deste artigo. to será feita automaticamente, começando a partir da data em que
§ 2º Interrompem a contagem do prazo prescricional o ato de for publicada a punição.
instauração do processo administrativo disciplinar e a interposição Art. 48. Para efeito de classificação, reclassificação e melhoria
de recursos previstos nesta Lei. do comportamento de que trata este capítulo, fica estabelecida a
§ 3º Suspende-se o prazo prescricional enquanto sobrestado seguinte correlação:
o processo administrativo disciplinar para: I – aguardar decisão ju- I- 2 (duas) repreensões equivalem a 1(uma) reprimenda;
dicial; II- 2 (duas) reprimendas equivalem a 1(uma) prestação de ser-
II – aguardar solução de incidente de insanidade mental reque- viço de natureza preferencialmente operacional;
rido pelo militar, nos termos do art. 75 e 92, § 3º e § 4º, desta Lei. III- 1 (uma) transferência a bem da disciplina equivale a 1 (uma)
§ 4º Transitada em julgado a decisão de mérito: prestação de serviço de natureza preferencialmente operacional.
I– quando improcedente a ação judicial, a Corporação prosse- Parágrafo único. Tão-somente para efeito de classificação do
guirá com o procedimento administrativo disciplinar e, a partir de comportamento, fica estabelecida a seguinte equivalência, no caso
então, a contagem do prazo prescricional será suspensa nos termos de as Praças tiverem sido condenadas na Justiça Militar ou Comum,
do § 3º deste artigo tratando-se de decisão que determinar a anula- por crime doloso, culposo ou contravenção, a qualquer pena transi-
ção do procedimento, reabrir-se-á, a partir de então, prazo integral tada em julgado, inclusive aquelas em substituição, salvo se por fato
para realizar novo procedimento. ocorrido em consequência do serviço, desde que não seja conside-
§ 5º Para efeito deste artigo: rado ofensivo à honra e ao pundonor militar:
I– interrupção da contagem do prazo prescricional é a solução I - crime doloso equivale a uma prestação de serviço de natu-
de continuidade do cômputo desse prazo, diante das ocorrências reza preferencialmente operacional; II - crime culposo equivale a
previstas no § 2º deste artigo, iniciando-se, a partir de então, nova uma reprimenda;
contagem; III - contravenção penal equivale a uma repreensão.
II– suspensão da contagem do prazo prescricional é a paralisa-
ção temporária do cômputo desse prazo, a partir do início da ocor-
rência prevista no § 3º deste artigo, sendo ele retomado quando da
cessação daquela.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
CAPÍTULO IV DAS RECOMPENSAS Parágrafo único. As autoridades referidas neste artigo são com-
petentes para anular, restringir ou ampliar as recompensas conce-
Art. 49. Recompensa constitui o reconhecimento dos bons ser- didas dentro do limite legal, devendo tais decisões ser motivadas e
viços prestados pelos militares à Corporação. Art. 50. Além de ou- publicadas em Boletim ou Diário Oficial da Corporação.
tras previstas em leis e regulamentos especiais, são recompensas
militares: TÍTULO III
I– elogio; DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO CAPÍTULO ÚNICO
II– dispensa do serviço; DA SINDICÂNCIA
III– dispensa da revista de recolher e do pernoite. Art. 51. O
elogio pode ser individual ou coletivo. Art. 55. Havendo indícios de materialidade e autoria de trans-
§ 1º O elogio individual, que coloca em relevo as qualidades gressão disciplinar, a autoridade militar indicada num dos incisos
morais e profissionais, somente poderá ser atribuído a militar que do art. 12 desta Lei deverá instaurar Sindicância prévia ou delegar
haja se destacado dos demais da tropa na execução de ato, serviço suas atribuições investigativas a Oficial sob suas ordens ou coman-
ou ação meritória. do, para que proceda à apuração dos fatos, devolvendo-a àquela
§ 2º Os aspectos principais que devem ser abordados são os autoridade delegante, devidamente concluída, para decisão.
referentes ao caráter e desprendimento, à inteligência, às condutas Parágrafo único. Se o investigado for Oficial, a delegação de que
civis e militares, à capacidade como comandante e administrador e trata este artigo não poderá recair em Oficial de patente ou antigui-
à capacidade física. dade inferior à daquele.
§ 3° Só serão registrados nos assentamentos do militar os elo- Art. 56. A Sindicância é procedimento investigativo e visa apu-
gios individuais obtidos no desempenho de funções próprias e con- rar a autoria e materialidade de transgressão disciplinar militar e,
cedidos por autoridades com atribuições para fazê-lo. por ser de natureza inquisitorial, seguirá as mesmas regras e rito
§ 4º O elogio coletivo visa reconhecer e ressaltar um grupo de procedimental do Inquérito Policial Militar –IPM–, exceto quanto à
militares ao cumprir destacadamente uma determinada missão. nomeação e atuação do escrivão e ao arquivamento dos autos, que
§ 5º A iniciativa de apreciação do ato a ser elogiado não deve serão facultativos.
partir do próprio militar a ser elogiado. Art. 57. A Sindicância deverá ser concluída em 40 (quarenta)
§ 6º A autoridade que elogiar militar deve publicar o ato em dias, podendo este prazo ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias.
boletim ou diário. Art. 52. A dispensa do serviço, como recompen- Art. 58. Se da Sindicância concluir-se pela existência de infração
sa, pode ser: penal militar cumulada com infração administrativa, dentro dos li-
I – dispensa total do serviço: que isenta de todos os trabalhos mites de competência prevista no Código de Processo Penal Militar,
da OPM ou OBM, inclusive os de instrução; será esta anexada ao PAD e extraída cópia para instruir o Inquérito
-Redação dada pela Lei nº 20.008, de 19-03-2018. Policial Militar –IPM–, sem prejuízo do processo administrativo dis-
I– dispensa parcial do serviço: de alguns trabalhos, que devem ciplinar.
ser especificados na concessão. § 1º No caso de se concluir por existência de infração penal
§ 1º A dispensa total do serviço não deve ultrapassar a 15 comum, cópia dos autos deverá ser remetida à autoridade policial
(quinze) dias, considerando todas aquelas já concedidas no decor- competente.
rer de 1 (um) ano civil. § 2º No ato de encaminhar cópia da Sindicância para instaura-
§ 2º A dispensa total do serviço é regulada por período de 24 ção de Inquérito Policial Militar, a autoridade deverá determinar,
(vinte e quatro) horas contado do horário do início do expediente, em autos apartados, a instauração do processo administrativo dis-
até o mesmo horário no dia subsequente. A sua publicação deve ciplinar.
ser feita, no mínimo 24 (vinte e quatro) horas antes do início, salvo Art. 59. Em qualquer caso, concluindo-se pela existência de
motivo de força maior. transgressão disciplinar militar, cumulada ou não com infração pe-
§ 3º A dispensa de que trata este artigo não invalida a con- nal, os autos originais ou suas cópias servirão de justa causa para
cessão de outros direitos de afastamento previstos nos Estatutos instauração de Processo Administrativo Disciplinar – PAD.
Militares. Parágrafo único. A justa causa são os indícios de autoria e prova
Art. 53. As dispensas da revista de recolher e de pernoitar no de materialidade de transgressão disciplinar militar.
quartel podem ser incluídas em uma mesma concessão e não au-
torizam a ausência ao serviço para o qual o militar estiver ou for TÍTULO IV
escalado, nem à instrução a que deve comparecer. DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR CAPÍTULO I
Art. 54. São competentes para conceder recompensas: DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
I– o Governador do Estado: elogio e as que lhe são atribuídas
em leis e regulamentos; Art. 60. O processo administrativo disciplinar será sumário, or-
II– o Comandante-Geral: as recompensas previstas no art. 50, dinário ou especial e só instaurado se presente a justa causa.
sendo a dispensa do serviço até 15 (quinze) dias no período de um Art. 61. A Autoridade militar poderá delegar suas atribuições
ano; processuais a Oficial que serve sob seu comando, exceto quando
III– o Subcomandante-Geral, o Chefe do Estado-Maior Estraté- a autoridade for o Corregedor militar e o subordinado estiver sob
gico, o Secretário de Estado Chefe da Casa Militar da Governado- comando de outra autoridade, desde que esta seja de patente ou
ria, o Subchefe da Casa Militar da Governadoria, o Comandante de posto inferior.
Correição e Disciplina, os Comandantes dos grandes comandos: as Parágrafo único. De conformidade com o disposto no parágrafo
recompensas previstas no art. 50, sendo a dispensa do serviço até único do art. 55 não poderá recair delegação em Oficial de patente
10 (dez) dias no período de 1 (um) ano; ou antiguidade inferior à do eventual Oficial processado.
IV– demais autoridades previstas no art. 12: as recompensas Art. 62. Deverá ser nomeado escrivão no Processo Administra-
previstas no art. 50, sendo a dispensa do serviço até 5 (cinco) dias, tivo Disciplinar – PAD –, não podendo recair a escolha em Praça,
no período de 1 (um) ano. quando o acusado for Oficial.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
Art. 63. No caso de exame de insanidade mental, caso se con- § 2° De todo o ocorrido, será lavrada ata, que, depois de assi-
clua pela semi-imputabilidade ou inimputabilidade do acusado, o nada por todos os presentes, será juntada à decisão da autoridade
processo prosseguirá com a presença de curador do acusado, que para ser publicada em boletim ou diário.
será nomeado pela autoridade militar ou seu delegado, podendo
ser indicado por seus familiares. CAPÍTULO III
Parágrafo único. O curador será nomeado na conformidade do DO PROCESSO DE RITO ORDINÁRIO
Código de Processo Penal Militar e poderá ser o próprio defensor
do acusado. Art. 71. O processo administrativo disciplinar ordinário é escri-
Art. 64. Guardadas as devidas adequações, o acusado poderá to e será observado sempre que a transgressão disciplinar militar
interpor exceção de suspeição ou impedimento da autoridade ad- for de natureza média e grave, mas que não se vislumbre de início
ministrativa ou de seu delegado, na forma do previsto no Código a sanção de exclusão a bem da disciplina ou de perda das prerroga-
de Processo Penal Militar, diretamente à autoridade que estiver à tivas militares.
frente do feito. Art. 72. A autoridade competente ou aquela a quem esta de-
Art. 65. Recebida a exceção, o exceto deverá suspender o feito, legar suas atribuições processuais, guardadas as devidas adequa-
apresentar seu relatório em 24 (vinte e quatro) horas, juntá-lo aos ções, citará o acusado, na forma do previsto no § 1º do art. 92 desta
autos e remetê-lo à autoridade imediatamente superior ou dele- Lei, para que ofereça alegações preliminares dentro do prazo de 03
gante para que esta decida nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes. (três) dias, podendo ele constituir defensor para que o represente.
Art. 66. A exceção apresentada contra ato do Governador ou § 1º Válida a citação, o acusado deverá comparecer a todos os
do Comandante-Geral será por eles decidida. atos do processo e, quando for citado por edital e não comparecer,
Art. 67. Decidida a exceção, os autos voltarão a ser movimen- será julgado à revelia, em que a autoridade deverá dar-lhe defensor.
tados imediatamente para ser dada continuidade ao processo, pe- § 2º A qualquer tempo, o acusado revel poderá se apresentar,
rante a mesma ou outra autoridade na conformidade da decisão. recebendo o processo na fase em que se encontre.
Art. 68. No caso de a testemunha ou a vítima se sentir cons- § 3º Nas alegações preliminares o acusado ou seu defensor po-
trangida com a presença do acusado na audiência de instrução e/ derá suscitar qualquer matéria de defesa, inclusive competência,
ou julgamento, o presidente ou delegado do feito poderá pedir que suspeição ou impedimento da autoridade processante ou investi-
o acusado se retire, prosseguindo-a com a presença do advogado gante, bem como pedir diligências ou perícias e arrolar testemu-
ou defensor dativo. nhas até o limite de 05 (cinco).
§ 4º O eventual incidente de insanidade mental do acusado
CAPÍTULO II será processado na conformidade do estabelecido pelo art. 156 do
DO PROCESSO SUMÁRIO Código de Processo Penal Militar – CPPM.
Art. 73. Citado o acusado, com ou sem as alegações prelimina-
Art. 69. O processo administrativo disciplinar sumário é para o res, a autoridade marcará prazo de 05 (cinco) dias, o local e a hora
caso de a transgressão disciplinar militar ser de natureza leve, bem para a audiência una de instrução e julgamento, dela notificando o
como para as de natureza média e grave, quando praticadas por acusado e/ou seu defensor.
militar matriculado nos diversos cursos de formação realizados pela Art. 74. Presente o acusado e/ou seu defensor, a autoridade
Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. ouvirá e reduzirá a termo as declarações das testemunhas arroladas
§ 1º A autoridade militar ou aquela a quem ela delegar suas na instauração do feito, até o limite de 05 (cinco), em seguida ouvi-
atribuições processuais citará o militar infrator para comparecer em rá da mesma forma as declarações das testemunhas arroladas pela
dia e hora marcados para audiência de instrução e julgamento, sen- defesa, seguido de eventuais peritos ou diligências, e, por último,
do-lhe facultado comparecer com defensor e testemunhas. reduzirá a termo o interrogatório do acusado, quando este não for
§ 2º A citação deverá conter o nome do acusado e da auto- revel.
ridade militar, o histórico e a capitulação da imputação e deverá Art. 75. A audiência de instrução e julgamento poderá ser sus-
ser feita pessoalmente, com antecedência mínima de 72 (setenta e pensa fora dos casos previstos nos §§ 3º e 4º do art. 92 por perío-
duas) horas da data da audiência. do suficiente para realização da diligência necessária à solução do
§ 3º Não comparecendo o acusado à audiência de instrução e feito.
julgamento, ou então verificada a complexidade e as circunstâncias Art. 76. Terminada a instrução do feito, a autoridade dará a
do caso, o feito poderá ser convertido em rito ordinário ou especial. palavra ao acusado ou seu defensor por 20 (vinte) minutos, pror-
§ 4° Aberta a audiência, será dada a palavra ao acusado para rogáveis por mais 10 (dez), para apresentação de alegações orais,
apresentar suas alegações orais, em seguida, às eventuais teste- que serão reduzidas a termo pelo escrivão, ou, considerando a com-
munhas e novamente ao acusado para apresentar alegações finais, plexidade do caso, concederá prazo máximo de 05 (cinco) dias para
também orais. apresentação de memoriais.
Art. 70. A autoridade ou seu delegado poderá oferecer transa- Art. 77. A autoridade poderá apresentar sua decisão na mesma
ção ao acusado, dando-lhe a oportunidade de substituir a sanção audiência, ou, considerando a complexidade do caso, apresentá-la
prevista por prestação de serviços alternativos proporcionais ao em 05 (cinco) dias, após as alegações orais ou apresentação dos
gravame causado, caso em que, sendo frutífera, poderá tornar a memoriais.
pena alternativa definitiva. Parágrafo único. Se a autoridade que dirigir o feito for por dele-
§ 1º Em último ato, a autoridade que dirigir o feito por delega- gação, nesta fase deverá fazer conclusos os autos para a autoridade
ção deverá fazer conclusos os autos para a autoridade delegante, delegante, emitindo parecer para que ela proceda à decisão no pra-
emitindo relatório ou parecer para que esta profira decisão nas 24 zo de 5 (cinco) dias.
(vinte e quatro) horas seguintes, ou, se for o caso, no mesmo pra- Art. 78. Todos os atos realizados em audiência serão registra-
zo determinará a transformação do rito do feito para ordinário ou dos em ata a ser assinada por todos e autuada juntamente com a
especial. documentação produzida na audiência.

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Art. 79. O processo administrativo disciplinar ordinário deverá Art. 90. Deverá ser concedida a suspensão condicional do pro-
ser solucionado no máximo em 30 (trinta) dias, permitida prorro- cesso de Conselho de Ética e Disciplina pelo período de 01 (um) ano
gação por mais 10 (dez) dias em casos excepcionais, a critério da ao processado que satisfizer os seguintes requisitos:
autoridade competente, contados de sua instauração, mas poderá, I– não estiver classificada no mau comportamento;
a qualquer momento, ser transformado em processo administrativo II– não ser reincidente em faltas da mesma natureza;
disciplinar especial. III– não constituírem os fatos de que é acusado infrações pe-
nais dolosas injustificáveis comuns ou militares, independentemen-
CAPÍTULO IV te do deslinde da ação penal correspondente;
SEÇÃO I IV– seus antecedentes e conduta social o recomendarem.
DO PROCESSO ESPECIAL Parágrafo único. O período da suspensão é considerado de co-
leta de provas, devendo o disciplinando não se envolver em nova
Art. 80. O processo administrativo disciplinar especial será ca- infração disciplinar ou infração penal dolosa injustificável durante
bível quando a Praça ofender a ética militar ou cometer outra trans- esse lapso, independentemente do desfecho da ação penal cor-
gressão disciplinar militar cumulada ou não com aquela, ainda que respondente, sob pena de revogação obrigatória do benefício e da
estiver ou ingressar na situação de desertor por prazo superior a continuidade do feito.
06 (seis) meses e sejam, por isso, recomendadas a exclusão a bem
da disciplina, a reforma ou a perda das prerrogativas militares do SEÇÃO II
transgressor. DO RITO DO PROCESSO ESPECIAL
Parágrafo único. Os militares da ativa que forem reformados
em razão de submissão a Conselho de Ética e Disciplina perderão, Art. 91. Recebendo a determinação para designação do Con-
igualmente, o gozo das prerrogativas inerentes ao militar. selho de Ética e Disciplina, o seu Presidente convocará os membros
Art. 81. O processo administrativo disciplinar especial será diri- do colegiado para se reunirem em local, dia e hora determinados
gido por Conselho de Ética e Disciplina, mesmo estando a Praça na para a autuação da documentação recebida e nela mandará que o
atividade ou inatividade. escrivão proceda à citação pessoal do disciplinando nos próximos 3
Art. 82. São competentes para designar e fazer funcionar o (três) dias úteis.
Conselho de Ética e Disciplina as autoridades previstas nos incisos I § 1º A citação deve conter:
a XIII do art. 12 desta Lei. I – o nome da autoridade convocante e os dos membros do
Art. 83. Ficam ainda sujeitos à declaração de incapacidade para Conselho; II – qualificação do acusado;
permanecerem como militares, e, consequentemente, à sanção de III – cópia dos principais documentos que levaram à convoca-
exclusão a bem da disciplina ou perda das prerrogativas militares, ção do colegiado; IV – descrição dos fatos imputados ao acusado
as Praças que: com a respectiva capitulação;
I- estiverem no comportamento MAU e vierem a cometer nova V– dia, hora e local do comparecimento para a audiência de
falta disciplinar grave; instalação e prestação do compromisso dos conselheiros;
II- forem condenadas por sentença penal definitiva na forma VI– informação de que é facultado ao disciplinando compare-
prevista no art. 34, II, desta Lei; cer pessoalmente às audiências ou constituir defensor para acom-
III- demonstrarem incapacidade profissional para o exercício de panhá-las.
função policial ou bombeiro militar; § 2° A data a ser marcada para a audiência de instalação e com-
IV– forem consideradas moralmente inidôneas para promoção promisso do Conselho não poderá ultrapassar 05 (cinco) dias da ci-
pela Comissão de Promoção de sua instituição. tação do acusado.
Parágrafo único. No caso do inciso I, o Conselho verificará se a § 3º No caso de o disciplinando não ser encontrado para cita-
Praça está efetivamente no comportamento MAU e examinará sua ção, deverá o presidente fazer nova citação pessoal nas próximas 72
capacidade para permanecer no serviço ativo. (setenta e duas) horas. Não sendo ainda encontrado, determinará
Art. 84. O disciplinando poderá ser afastado de suas funções que o disciplinando seja citado por edital publicado em boletim ou
pela autoridade convocante, por sua iniciativa ou por solicitação do diário por duas vezes, em intervalos de 5 (cinco) dias entre as pu-
Conselho de Ética e Disciplina. blicações.
Art. 85. O Conselho de Ética e Disciplina será composto por três § 4º Válida a citação, é facultado ao acusado comparecer a to-
Oficiais, sendo um Major ou um Capitão e dois Tenentes. dos os atos do processo.
§ 1º A Presidência do Conselho será exercida por Major ou por § 5º Quando a citação for válida, inclusive por edital, e o acusa-
Capitão, cabendo ao Tenente mais antigo atuar como relator e o de do não comparecer, o julgamento ocorrerá à sua revelia, sendo-lhe
menos tempo de serviço como escrivão. nomeado defensor pela autoridade.
§ 2º O Presidente dirigirá e policiará os trabalhos do Conselho. § 6º A qualquer tempo, o disciplinando revel poderá se apre-
Art. 86. Todos os membros do Conselho, bem como o defensor, sentar, recebendo o processo na fase em que se encontrar.
poderão fazer perguntas para as testemunhas e o disciplinando. Art. 92. Na audiência de instalação do Conselho os conselheiros
Art. 87. A autoridade que determinar a instauração do Conse- prestarão compromisso de processar e julgar os autos com impar-
lho de Ética e Disciplina poderá, a qualquer tempo, em ato funda- cialidade e probidade.
mentado, dissolvê-lo ou modificar sua composição. § 1º Após o compromisso dos membros do Conselho, será o
Art. 88. A presença de todos os membros do Conselho às au- disciplinando ou seu defensor notificado para apresentar alegações
diências é obrigatória e sua inobservância dá causa a nulidade ab- preliminares no prazo de 03 (três) dias e a comparecer, não sendo
soluta. revel, no máximo nos 03 (três) dias seguintes à notificação, perante
Art. 89. Em todas as audiências do Conselho será lavrada ata a Junta Central de Saúde da Corporação, a fim de ser avaliado.
que conterá as principais ocorrências do processo e as assinaturas
dos presentes.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
§ 2º Nas alegações preliminares o acusado ou seu defensor po- § 2º O disciplinando é isento de sanção por transgressão mili-
derá suscitar toda matéria de defesa, inclusive competência, sus- tar, se, por doença mental, era, ao tempo da ação ou da omissão,
peição ou impedimento da autoridade processante ou investigante, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, seja na
pedir diligências ou perícias e arrolar testemunhas até o limite de esfera penal, seja na administrativa militar ou de determinar-se de
08 (oito). acordo com esse entendimento.
§ 3º Se nas alegações preliminares for requerido e deferido in- Art. 99. Encerrada a audiência de julgamento, seu Presidente
cidente de insanidade mental do disciplinando, o presidente sus- fará relatório do processo, exporá a conclusão a que chegaram os
penderá o feito e mandará realizá-lo na forma prevista no Código membros do Conselho e intimará o disciplinando da decisão.
de Processo Penal Militar, reabrindo os trabalhos ao final do prazo § 1° A autoridade que tenha convocado o Conselho poderá
ali fixado, com ou sem o resultado do exame, porém não poderá a concordar ou discordar da decisão do colegiado, acatando ou não a
autoridade militar emitir decisão sem ele. defesa, em decisão fundamentada.
§ 4º O exame de insanidade mental, quando necessário e defe- § 2º Caberá recurso da decisão referida no § 1º, no prazo de
rido, será realizado pelas Juntas Médicas de qualquer das Corpora- 08 (oito) dias, sendo facultado à autoridade a sua reconsideração.
ções militares do Estado e, na falta de especialistas, poderá ser rea- § 3º Não sendo o Governador a autoridade convocadora do
lizado pela Junta Médica Oficial do Estado ou do Tribunal de Justiça. Conselho, deverão os autos ser remetidos ao Comandante- Geral
§ 5° Sendo o disciplinando considerado semi-imputável ou para homologar ou não o julgado em decisão fundamentada, efeti-
inimputável, ser-lhe-á nomeado curador, dando-se seguimento ao var a publicação do ato e a intimação do disciplinando e ou de seu
processo. defensor.
Art. 93. Apresentadas ou não as alegações preliminares e resol- § 4º Dessa decisão, se sucumbente o disciplinando, caberá re-
vidos as eventuais exceções ou incidentes interpostos, o presidente curso dentro do prazo de 5 (cinco) dias.
do Conselho notificará o disciplinando e o seu defensor para com- § 5º Antes da homologação, a autoridade poderá determinar
parecerem à audiência de instrução, que será marcada para o prazo prazo não superior a 30 (trinta) dias para que o Conselho realize
máximo de 05 (cinco) dias. novas diligências.
Art. 94. Aberta a audiência de instrução, presentes os membros Art. 100. O prazo de tramitação do processo no Conselho de
do Conselho, o disciplinando ou seu defensor, no caso de revelia, as Ética e Disciplina, que vai da sua instalação até a conclusão dos seus
eventuais testemunhas arroladas pela a acusação, até o limite de trabalhos, não poderá ultrapassar a 40 (quarenta) dias, excluindo-
08 (oito), e as da defesa, o presidente determinará a oitiva destas, -se o prazo de eventual incidente de insanidade mental do acusado
reduzindo-se a termo suas declarações. e das diligências previstas no § 5º do art. 99 desta Lei.
Art. 95. A seguir serão ouvidas as opiniões de especialistas
eventualmente arrolados nas alegações preliminares e analisados TÍTULO V CAPÍTULO I
os resultados da Junta Central de Saúde ou do incidente de insani- DA MODIFICAÇÃO DA PUNIÇÃO APLICADA
dade mental, seguindo-se do interrogatório do disciplinando, caso
não seja julgado à revelia e tenha condições de ser interrogado. Art. 101. Depois de aplicada, a sanção disciplinar poderá ser
Art. 96. Finda a instrução, o presidente do Conselho notificará modificada pela autoridade que a aplicou ou por outra, superior e
o disciplinando ou seu defensor, no caso de revelia, a apresentar competente, quando surgirem fatos que recomendem tal procedi-
alegações finais escritas, no prazo de 05 (cinco) dias. mento.
Art. 97. Apresentadas as alegações finais o Presidente notifica- Parágrafo único. São as seguintes as modificações da sanção
rá o disciplinando e seu defensor para comparecerem à audiência disciplinar aplicada: I – anulação;
de julgamento a ser realizada no máximo de 03 (três) dias. II – relevação da falta de natureza leve; III – atenuação;
Parágrafo único. Não sendo apresentadas as alegações finais, o IV – agravação.
Presidente do Conselho nomeará defensor para fazê-lo no prazo do Art. 102. A anulação da sanção disciplinar consiste em torná-la
art. 96 desta Lei. sem efeito.
Art. 98. No dia da audiência, presentes o disciplinando e/ou § 1º De ofício ou a requerimento do ofendido, a anulação de-
seu defensor, no caso de revelia, o Presidente dará a sessão por verá ser concedida a qualquer tempo pelo Governador ou Coman-
aberta, fará leitura das principais peças do processo e, a seguir, fa- dante-Geral, quando ficar comprovado abuso ou ilegalidade na sua
cultará ao defensor a sustentação oral pelo prazo máximo de 20 aplicação.
(vinte) minutos, prorrogável por mais 10 (dez) e, a seguir, o membro § 2º VETADO.
de menos tempo de serviço militar proferirá seu voto oral, seguido Art. 103. A anulação deverá eliminar toda e qualquer anotação
do voto do relator e, por último, do voto do Presidente. nos assentamentos funcionais do militar, relativa à pena aplicada.
§ 1º O Conselho poderá concluir por: Art. 104. A relevação consiste na suspensão do cumprimento
I– considerar o disciplinando culpado das acusações que lhe da sanção imposta. Parágrafo único. A relevação poderá ser con-
pesam e opinar por sua exclusão a bem da disciplina ou pela perda cedida:
das prerrogativas militares; I– quando, embora não cumprida, ficar comprovado que foram
II– considerar o disciplinando parcialmente culpado das acu- atingidos os objetivos visados com a aplicação da sanção disciplinar;
sações que lhe pesam e opinar por outra sanção disciplinar mais II– por motivo de passagem de comando, data nacional ou data
branda, prevista nesta Lei; comemorativa de aniversário da OPM ou OBM, quando tiver sido
III– considerar o disciplinando parcialmente culpado das acusa- cumprida pelo menos a metade da punição.
ções que lhe pesam e opinar pela concessão da suspensão condicio- -Redação dada pela Lei nº 20.008, de 19-03-2018.
nal do processo, na forma desta Lei; Art. 105. A atenuação da sanção disciplinar consiste na sua
IV– considerar o disciplinando inocente das acusações que lhe transformação em uma menos rigorosa, se assim recomendar o in-
pesam, dando-o por apto a permanecer na ativa ou continuar go- teresse da hierarquia e disciplina.
zando das prerrogativas militares. Art. 106. A agravação de sanção disciplinar consiste na sua
transformação em outra mais rigorosa, fundamentada nas mesmas
razões do art. 105.

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Parágrafo único. A agravação só poderá ser efetivada no ato da § 2º A autoridade militar que determinar o afastamento caute-
aplicação da sanção disciplinar. lar das funções ou da localidade deverá fundamentar sua decisão e
Art. 107. A competência para anular, relevar, atenuar ou agra- encaminhar os originais à autoridade superior, que poderá ou não
var as sanções disciplinares impostas é da autoridade julgadora ou homologar a medida por meio de ato fundamentado.
da superior a esta, devendo a decisão ser justificada e publicada § 3º Uma vez cessadas as circunstâncias geradoras do afasta-
em boletim. mento cautelar das funções ou da localidade, a autoridade militar
poderá determinar o fim da medida cautelar.
CAPÍTULO II § 4º Se a permanência do militar na função ou na localidade for
DO CANCELAMENTO DAS SANÇÕES DISCIPLINARES inviável, independente da existência de transgressão disciplinar, a
transferência por interesse do serviço poderá ser determinada pela
Art. 108. Cancelamento de sanção disciplinar é o direito con- autoridade competente.
cedido ao militar de tê-la excluída, bem como a averbação e outras
notas a ela relacionadas, em seus assentamentos funcionais. CAPÍTULO II
Art. 109. O cancelamento da pena disciplinar dar-se-á, auto- SEÇÃO ÚNICA
maticamente, ao militar apenado que tenha completado, sem qual- DOS RECURSOS DISCIPLINARES
quer outra punição, as seguintes condições:
I- 05 (cinco) anos de efetivo serviço, no caso de a sanção dis- Art. 114. Recurso disciplinar é o direito concedido ao militar
ciplinar ser prestação de serviço de natureza preferencialmente que se julgue prejudicado, injustiçado ou ofendido por superiores
operacional ou transferência a bem da disciplina 04 (quatro) anos hierárquicos, na esfera disciplinar.
de efetivo serviço, quando a sanção disciplinar for reprimenda ou Parágrafo único. São recursos disciplinares: I – reconsideração
repreensão. de ato;
Art. 110. Não sendo o ato disciplinar de autoria do Governador II – recurso disciplinar.
do Estado ou do Comandante-Geral, o Subcomandante- Geral po- Art. 115. Reconsideração de ato é o recurso por meio do qual o
derá cancelar uma ou todas as sanções disciplinares aplicadas ao militar que se julgue prejudicado ou injustiçado solicita à autorida-
militar que tenha prestado, comprovadamente, relevantes serviços de que o proferiu que reexamine sua decisão e a reconsidere.
à Corporação. § 1º O pedido de reconsideração de ato deverá ser encaminha-
Parágrafo único. Excetuadas as condições estabelecidas neste do pela autoridade a quem o requerente estiver diretamente subor-
artigo, a solução do requerimento de cancelamento de sanção dis- dinado, no prazo máximo de 08 (oito) dias, a contar da data em que
ciplinar em outros casos é da competência do Comandante-Geral. o militar for cientificado formalmente da decisão punitiva.
Art. 111. As sanções escolares aplicadas aos alunos dos cursos § 2º A autoridade autora do ato disciplinar deverá decidir se
de formação poderão ser canceladas por ocasião da conclusão do o reconsidera ou o mantém, no prazo máximo de 15 (quinze) dias,
curso, a critério do Comandante da Academia do Corpo de Bombei- por meio de ato motivado, com indicação dos fatos e fundamentos
ros Militar ou do Comando da Academia de Polícia Militar, indepen- jurídicos.
dentemente de requerimento. Art. 116. O recurso disciplinar é interposto pelo militar que se
Art. 112. As anotações de punições canceladas deverão ser ex- julgue prejudicado, injustiçado ou ofendido, dirigido diretamente
cluídas da ficha virtual do militar e, não se tratando desta, todas ao superior imediato da autoridade contra quem é apresentado.
as anotações relacionadas com as sanções disciplinares canceladas § 1º O recurso disciplinar só é cabível após a decisão do pedido
deverão ser apagadas de maneira que não seja possível a sua leitu- de reconsideração do ato atacado ser publicada em boletim ou diá-
ra. Em todo caso, na margem onde for feito o cancelamento, deve- rio, dando ciência ao recorrente ou, ainda, quando não for observa-
rão ser anotados o número e a data do boletim da autoridade que do o prazo de que fala o § 2º do art. 115 deste Código.
concedeu o cancelamento, com rubrica da autoridade competente § 2º O recurso disciplinar deverá ser interposto perante a auto-
que assinar as folhas de alterações. ridade mencionada no caput deste artigo, no prazo de até 08 (oito)
dias, a contar da data em que o militar foi cientificado formalmente
TÍTULO VI CAPÍTULO I da decisão recorrida.
DAS CAUTELAS ADMINISTRATIVAS § 3º A autoridade recorrida poderá emitir pronunciamento e
SEÇÃO I juntar documentos ao recurso interposto, encaminhando-o com
DO AFASTAMENTO CAUTELAR DAS FUNÇÕES OU DO LOCAL toda a documentação à autoridade competente para julgar a súpli-
ONDE SERVE O MILITAR ca, no prazo máximo de 05 (cinco) dias, a contar da data em que foi
cientificada formalmente.
Art. 113. Dar-se-á o afastamento cautelar das funções ou da § 4º A autoridade deverá decidir o recurso disciplinar no prazo
localidade onde serve o militar, antes ou durante a instauração de máximo de 20 (vinte) dias, computado o prazo do § 3º deste artigo,
procedimento ou processo administrativo disciplinar, se houver por ato motivado, com indicação dos fatos e fundamentos jurídicos.
indício suficiente de autoria e prática de transgressão disciplinar e § 5º Recebido o recurso disciplinar, a autoridade competente
quando se presumir pelo menos uma das seguintes situações: para solucioná-lo deverá decidir pelo afastamento temporário do
I – a permanência possa interferir na convivência harmônica da recorrente da subordinação direta da autoridade recorrida, desde
Unidade; II – possa prejudicar a expedição de ordens; que requerido e devidamente fundamentado.
III – quando ocorra incompatibilidade do exercício funcional do Art. 117. A apresentação dos recursos disciplinares deverá ser
militar com a comunidade ou sociedade. feita individualmente, e tratar de caso específico, cingir-se aos fatos
§ 1º Entende-se como afastamento cautelar das funções ou da que motivaram o recurso, bem como fundamentar-se em novos ar-
localidade o impedimento temporário do militar afastado de atuar gumentos, provas ou documentos comprobatórios e elucidativos.
na função em que esteja regularmente designado ou em determi-
nada localidade.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
§ 1º O prazo para apresentação de recurso pelo militar que se CAPÍTULO II
encontra executando serviço ou ordem que impeçam a sua apre- DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES MÉDIAS (M)
sentação, ou que se encontre cumprindo sanção disciplinar de de-
tenção antes aplicada, começa a ser contado depois de cessada tais Art. 119. São transgressões disciplinares médias:
situações. I– retardar, injustificadamente, a execução de qualquer ordem;
§ 2º O recurso disciplinar que contrariar as prescrições desta II– dificultar ao subordinado a apresentação de qualquer recur-
Lei será considerado prejudicado pela autoridade a quem for desti- so administrativo disciplinar;
nado, cabendo-lhe mandar publicar sua decisão em boletim, funda- III– deixar, injustificadamente, de encaminhar à autoridade
mentadamente, e após, arquivá-lo. competente, dentro do prazo fixado em lei, regulamento ou con-
§ 3º A interposição de um recurso disciplinar por outro não im- venção, recurso ou documento que receber, não estando a solução
pedirá seu exame, salvo se comprovada má-fé. em sua alçada;
§ 4º À tramitação de recurso deverá ser atribuído regime de IV– deixar, dentro do prazo legal ou regulamentar, de informar
urgência, em todos os escalões. à autoridade competente falta ou irregularidade que presenciar ou
§ 5º Para cada decisão disciplinar admitir-se-ão um pedido de tiver ciência de sua ocorrência;
reconsideração de decisão e um recurso disciplinar corresponden- V– deixar de ter compostura em lugar público;
te. VI– portar ou expor arma de fogo sem estar devidamente auto-
rizado ou em desconformidade com a legislação vigente; VII – fre-
TÍTULO VII quentar lugares incompatíveis com o decoro da classe;
DOS TIPOS DE TRANSGRESSÃO VIII– desrespeitar convenções sociais;
CAPÍTULO I IX– desconsiderar ou desrespeitar autoridades civis envolver-
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES LEVES (L) -se, durante o serviço, com assuntos alheios as suas funções que
possam causar prejuízo à execução das tarefas sob sua responsa-
Art. 118. São transgressões disciplinares leves: bilidade;
I – deixar de comunicar ao superior hierárquico a execução de X– deixar de cumprir as prescrições regulamentares no âmbito
ordem dele recebida, tão logo seja possível fazê-lo; II – chegar atra- de suas atribuições;
sado ou faltar a qualquer evento, serviço ou instrução em que deva XI– apresentar-se com uniforme desabotoado, desfalcado de
tomar parte ou assistir; peças, sujo ou desalinhado;
III – deixar de comunicar em tempo hábil os motivos do atraso XII– prestar informação a superior hierárquico, induzindo-o a
ou da falta ao serviço ou local onde deva comparecer; IV – permutar erro, deliberada ou intencionalmente; XIV – içar ou arriar bandeira
serviços sem permissão da autoridade competente afastar-se, in- ou insígnia sem ordem legal ou superior;
justificadamente, o motorista, da viatura sob sua responsabilidade, XV– omitir e/ou acrescentar indevidamente, em nota de ocor-
durante o serviço militar ou durante outros afazeres da profissão; rência, relatório ou qualquer documento, dados indispensáveis ao
V– deixar de devolver, ao final do serviço ou do prazo fixado, o esclarecimento dos fatos;
armamento e equipamento que lhe tenham sido entregues; XVI– não ter o cuidado devido como instrutor ou monitor na
VI– comparecer a qualquer solenidade, festividade ou reunião preparação das matérias a serem ministradas ao corpo discente, ou
social, com fardamento diferente do convencionado ou em trajes de faltar às aulas sem justo motivo;
civis, quando deveria comparecer fardado; XVII– receber ou permitir que seu subordinado receba, injusti-
VII– deixar o superior de determinar a retirada, seja de sole- ficadamente, e em razão de sua função, quaisquer objetos de valor,
nidade militar ou civil, de subordinado que a ela compareça com mesmo a título de doação;
uniforme diferente do convencionado; XVIII– executar atividade que envolva acentuados perigos, sem
VIII– deixar o superior, deliberadamente, de corresponder a autorização superior, salvo nos casos de competições ou demons-
cumprimento de subordinado; trações esportivas legais;
IX– sobrepor ao uniforme insígnia, distintivo, condecoração ou XIX– adentrar em alojamento estranho ao seu, depois da re-
medalha não-regulamentar, bem como usá-los indevidamente; vista do recolher, salvo se no desempenho de suas funções; XX –
X– fumar em lugar proibido ou em momento não autorizado; adentrar, sem permissão ou ordem superior, em lugar onde lhe seja
XI– faltar com o asseio próprio ou da tropa que comandar ou vedado;
chefiar; XXI– deixar de receber, sem justificativa, remuneração, alimen-
XII– conversar ou fazer ruído em ocasiões, locais ou horários tação, fardamento, equipamento ou material que lhe seja destina-
em desacordo com regulamentação ou convenção social; do ou deva ficar em seu poder ou sob sua responsabilidade;
XIII– entrar ou permanecer o subordinado em dependência de XXII– maltratar ou não ter o devido cuidado com animais ou a
OPM ou OBM, sem conhecimento ou consentimento da autoridade flora;
competente; XXIII– aceitar manifestação coletiva de seus subordinados, sal-
XIV– usar, quando uniformizado, barba, cabelos, bigode ou cos- vo as que demonstrem íntima, boa e sã camaradagem;
teletas em desacordo com regulamentação ou convenção; XXIV– perder ou retardar a corrida para o incêndio, salvamento
XV– usar a militar, quando fardada, piercing visíveis ou aces- ou qualquer outro tipo de ocorrência, ou ainda atrasar ou contribuir
sórios similares, cabelos soltos e/ou unhas em desacordo com os para seu atraso;
regulamentos específicos, salvo por recomendação médica; XXV– resistir ou oferecer resistência ao cumprimento de ordem
XVI– usar jóias, correntes, peças de vestimentas e outros ade- de superior hierárquico concernente à realização de quaisquer pro-
reços que prejudiquem a apresentação pessoal ou descaracterize o cedimentos operacionais em ocorrência, desde que previstos em
fardamento; norma operacional;
XVII– deixar de prestar a seu superior hierárquico as continên- XXVI– praticar ilícito doloso definido como crime punível com
cias, honras, sinais de respeito e cerimônias regulamentares; detenção.
XVIII– praticar fato doloso definido como contravenção penal.

413
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
CAPÍTULO III XXVI– deixar, sem justificativa, de atender à obrigação de dar
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES GRAVES (G) assistência a sua família ou dependentes legais;
XXVII– fazer diretamente, ou por intermédio de outrem, tran-
Art. 120. São transgressões disciplinares graves: sações pecuniárias indevidas, envolvendo assuntos de serviço;
I– ofender, provocar, desafiar, desacreditar, dirigir-se, referir-se, XXVIII– realizar ou propor transações pecuniárias envolvendo
ou responder de maneira desatenciosa ao superior hierárquico ou superior, igual ou subordinado, visando à obtenção de vantagem
funcional, por atos, gestos ou palavras; indevida;
II– desconsiderar, censurar, desdenhar, desacreditar, ofender, XXIX– tomar parte em jogos proibidos, ou jogar a dinheiro os
maltratar, injuriar, caluniar, difamar militar pessoalmente ou na pre- permitidos, em área sob a administração militar;
sença de amigos ou familiares; XXX– manter relações de amizades com pessoas de notórios e
III– espalhar, injustificadamente, notícias ou informações que desabonadores antecedentes ou apresentar-se publicamente com
levem a injúria, difamação ou calúnia; elas, salvo por motivo de serviço;
IV- publicar, compartilhar ou divulgar ofensas a superiores hie- XXXI– retirar ou tentar retirar, de qualquer lugar sob adminis-
rárquicos, pares e subordinados na internet; V - publicar, comparti- tração militar, material, viatura ou animal, ou deles servir-se indevi-
lhar ou divulgar ofensas à Polícia Militar ou ao Corpo de Bombeiros damente, sem autorização do responsável;
Militar na internet; XXXII– deixar de zelar, danificar, ou extraviar, por negligência
VI– utilizar ou autorizar o emprego de subordinados para exe- ou desobediência às regras ou normas de serviço, materiais perten-
cução de serviços pessoais ou não previstos em lei, regulamento centes às Fazendas Nacional, Estadual e Municipal que estejam sob
ou convenção concorrer para a discórdia ou desarmonia entre os sua responsabilidade direta;
militares; XXXIII– usar de força desnecessária no ato de efetuar detenção
VII– editar ato administrativo faltando qualquer de seus requi- ou prisão;
sitos básicos, com o fim de causar prejuízos a militar ou à Corpora- XXXIV– maltratar ou permitir que se maltrate detido ou preso
ção; sob sua guarda ou de outrem;
VIII– fazer uso do anonimato para a prática de atos que levem a XXXV– deixar ou concorrer para que presos sob sua guarda
instauração injustificada de procedimento ou processo administra- conservem em seu poder instrumentos ou objetos não permitidos;
tivo ou judicial contra militar; XXXVI– deixar pessoas conversarem ou se entenderem com
IX– deixar de cumprir ou de fazer cumprir normas regulamen- preso, sem autorização da autoridade competente; XXXVII – soltar
tares na esfera de suas atribuições; preso ou detido ou não concluir devidamente a ocorrência, sem or-
X– deixar de atender, retardar ou prejudicar, injustificadamen- dem de autoridade competente; XXXVIII – fazer, injustificadamente,
te, as medidas ou ações de ordem judicial, administrativa, policial disparo de arma de fogo;
ou regras de trânsito; XXXIX – introduzir, divulgar ou distribuir, individual ou coletiva-
XI– deixar de comunicar, injustificadamente, ao superior ime- mente, em área militar ou pública, publicação, fotografia, desenho,
diato ocorrência policial, administrativa ou de interesse da seguran- estampa, ou qualquer outro meio de divulgação, escrito ou falado,
ça pública, no âmbito de suas atribuições; no rádio, na televisão, internet, ou em qualquer outro meio de co-
XII– deixar de cumprir ordem não manifestamente ilegal; municação que atente contra a disciplina, a hierarquia ou a ética
XIII– dar, por escrito ou verbalmente, ordem não manifesta- militar;
mente ilegal ou claramente inexequível, que possa acarretar ao su- XL – autorizar, promover, ou tomar parte em qualquer mani-
bordinado responsabilidade penal ou civil, ainda que não chegue a festação individual ou coletiva em área submetida à administração
ser cumprida; militar;
XIV– aconselhar ou concorrer para não ser cumprida qualquer XLI – deixar de apresentar ou de tomar providências para apre-
ordem de autoridade competente, ou para retardar a sua execução; sentação de militar sob sua subordinação na Unidade para qual foi
XV– deixar de atender a ocorrência na esfera de suas atribui- transferido ou classificado, nos prazos legais ou determinados;
ções ou outros atendimentos de urgência ou emergência quando XLII – autorizar, elaborar ou assinar petição, individual ou co-
possível fazê-lo; letiva, atentatória à ética, dirigida a qualquer autoridade civil ou
XVI– desrespeitar membros do executivo, legislativo e judiciá- militar;
rio ou companheiro de farda; XVIII – abandonar serviço, plantão ou XLIII – publicar ou contribuir para que sejam publicados fatos,
função de sua responsabilidade; documentos ou assuntos da Corporação Militar que possam con-
XIX– simular doença para esquivar-se ao cumprimento de qual- correr para o seu desprestígio ou ferir a hierarquia, a disciplina ou
quer dever funcional; a ética militar;
XX– trabalhar mal, intencionalmente ou por falta de atenção, XLIV – travar ou incitar discussão pessoalmente ofensiva, rixa
em qualquer atividade, função ou instrução; XXI – permutar ou au- ou luta corporal, com outro militar;
torizar a troca de serviço mediante pagamento ou vantagem; XLV – abrir ou tentar abrir, injustificadamente ou sem autori-
XXII– afastar-se de qualquer lugar em que deva estar por força zação, qualquer dependência de OPM ou OBM fora do horário de
de disposição legal ou ordem superior; expediente;
XXIII– representar a OPM ou OBM ou a Corporação em qual- XLVI – ter em seu poder, introduzir, distribuir, usar ou consumir,
quer ato, sem estar devidamente autorizado, bem como manifes- em área militar ou sob a administração militar, substância inflamá-
tar-se publicamente a respeito de assuntos funcionais, de seguran- vel, explosiva, alcoólica ou entorpecente, em desacordo com leis,
ça pública ou político, estando fardado ou apresentando-se como regulamentos ou regimentos internos;
militar; XLVII – embriagar-se, apresentar-se embriagado ou induzir ou-
XXIV– assumir compromisso pela OPM ou OBM sob seu co- trem a fazê-lo em área sujeita à administração militar ou durante o
mando ou em que serve, sem comunicar à autoridade superior; horário de serviço;
XXV– esquivar-se de satisfazer compromissos de ordem judicial XLVIII – violar, deixar de preservar ou afastar-se, injustificada-
ou administrativa que houver assumido; mente, de local de crime ou sinistros;

414
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
XLIX– utilizar ou trazer consigo materiais, anotações, publica- ______________________________________________________
ções ou objetos não permitidos em lei ou regulamento, ou, ainda,
utilizar ou possibilitar o uso de meios fraudulentos em provas e tes- ______________________________________________________
tes de instrução e ensino militar;
L– trazer consigo ou utilizar material ou equipamento capaz de ______________________________________________________
provocar tortura;
______________________________________________________
LI – ofender, injustificadamente, qualquer dos preceitos da éti-
ca, da disciplina ou hierarquia militar previstos em lei; LII – ostentar ______________________________________________________
tatuagem que deponha contra o decoro e a ética militar, ou faça
apologia a crime ou contravenção; LIII – usar, o militar do sexo mas- ______________________________________________________
culino, brincos, piercing ou acessórios similares visíveis ao uniforme
ou farda; ______________________________________________________
LIV – praticar fato doloso definido como crime punível com re-
clusão; ______________________________________________________
LV – influir para que terceiros intervenham para propiciar ou
______________________________________________________
impedir sua promoção, lotação, remoção, destacamento ou trans-
ferência. ______________________________________________________
CAPÍTULO IV DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ______________________________________________________

Art. 121. A punição disciplinar do militar não o exime da res- ______________________________________________________


ponsabilidade civil e penal pelo ato ilícito praticado.
Art. 122. Aplicam-se, subsidiariamente, a este, no que couber, ______________________________________________________
o Código de Processo Penal Militar –CPPM– e o Código Penal Mili-
tar - CPM. ______________________________________________________
Art. 123. A contagem de prazo nesta Lei é contínua e peremp-
______________________________________________________
tória, iniciando-se no primeiro dia após a prática do ato, ainda que
o dia recaia em sábado, domingo ou feriado, encerrando-se sempre ______________________________________________________
em dia útil, no término do expediente administrativo.
Parágrafo único. Os atos processuais serão praticados em dias ______________________________________________________
e horários de expediente administrativo e os atos e procedimentos
administrativos, urgentes ou não, que se relacionem com os de dis- ______________________________________________________
ciplina, poderão ser realizados em dias e horários que a necessida-
de e eficiência exigirem. ______________________________________________________
Art. 124. Para efeitos desta Lei, os prazos, a classificação, a re-
______________________________________________________
classificação, a melhoria de comportamento e equivalência com
crime e contravenção penal, para prisão e detenção previstos nos ______________________________________________________
Decretos nº 4.717, de 07 de outubro de 1996, e nº 4.681, de 03
de junho de 1996, correspondem, respectivamente, às sanções dis- ______________________________________________________
ciplinares de prestação de serviço de natureza preferencialmente
operacional e reprimenda previstas nesta Lei. ______________________________________________________
Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, em Goiânia, 11 ______________________________________________________
de janeiro de 2018, 130º da República.
MARCONI FERREIRA PERILLO JÚNIOR RICARDO BRISOLLA BA- ______________________________________________________
LESTRERI
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ANOTAÇÕES
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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
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NOÇÕES DE ATIVIDADES DE BOMBEIRO MILITAR

Um tetraedro é uma figura espacial que tem quatro lados e,


COMBATE A INCÊNDIO: TEORIA DO FOGO; MÉTODOS por ter cada lado em forma de um triângulo, foi escolhido como
DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS; CLASSES DE INCÊNDIO; melhor maneira de ensinar sobre os elementos da combustão,
AGENTES EXTINTORES (MANUAL DE BOMBEIROS –
já que, anteriormente, a figura utilizada para demonstrar tais
FUNDAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO – CBMGO
elementos era o triângulo, conhecido como o “triângulo do fogo”,
– 1ª EDIÇÃO, 2016)
que não leva em

Capítulo I – Teoria do fogo

1. Introdução
Como a existência de um incêndio está relacionada à presença
de fogo, nosso estudo se inicia com a compreensão do fogo, seus
componentes, fenômenos e inteirações. O controle e a extinção
de um incêndio requerem que os assuntos tratados neste manual,
como a natureza física e química do fogo, os dados sobre as
fontes de calor, a composição e característica dos combustíveis
e as condições necessárias para a combustão sejam entendidos e
relacionados entre si.
Muito embora os termos fogo, incêndio, queima e combustão
sejam comumente tratados como se designassem a mesma coisa,
precisamos ter em mente que seus conceitos podem divergir
e, ainda que alguns deles configurem parte de um processo, é Fonte: Fundamento de Combate a Incêndio CBMGO, 1ª Edição, 2016,
seu dever, a partir de agora, conhecer e saber diferenciar estas pag. 09.
terminologias.
consideração a reação em cadeia que mantém a combustão,
2. Situação mas se demonstrou como excelente ferramenta didática para o
A humanidade incorporou o fogo à sua rotina há milhares de ensino de leigos no assunto.
anos e, ao longo do tempo, foi estabelecendo melhores formas
de controlá-lo e de lidar com ele de maneira a comprometer Combustível
cada vez menos sua integridade. Com isso, foram inseridas na Entende-se como combustível toda substância capaz de
prática humana e aperfeiçoadas tarefas como o aquecimento queimar e propiciar a propagação do fogo. Os combustíveis
de alimentos, objetos e ambientes, a iluminação de locais, a podem se apresentar em todos os estados da matéria: sólido,
incineração de resíduos e dejetos entre outras atividades que, em líquido e gasoso.
algum momento da história ou até hoje, utilizaram ou utilizam o No caso da maioria dos combustíveis, o elemento quando
fogo. aquecido, transforma-se em vapor antes de reagir com o oxigênio
No entanto, um dos desafios que ainda perduram é o pleno (comburente mais comum) para que se inicie a combustão.
controle do fogo.
Equipamentos foram desenvolvidos e estratégias elaboradas Exemplos de Combustíveis*
para que se previna o alastramento desenfreado das chamas,
Sólidos Madeira, tecido, papel.
mas, eventualmente, elas fogem ao controle, e este episódio
chamamos de Incêndio. Líquidos Gasolina, álcool.
Incêndio, portanto, é o nome dado ao fogo que foge ao Gasosos GLP**, hidrogênio
controle e consome aquilo a que não deveria consumir, podendo, *
pela ação das suas chamas, calor e/ou fumaça, proporcionar * Trata-se apenas de exemplos, há outros elementos em cada
danos à vida, ao patrimônio e ao meio ambiente. um dos estados físicos;
** Gás Liquefeito de Petróleo – Gás de Cozinha
3. Combustão No entanto, alguns sólidos, como ferro e parafina,
A combustão é definida como sendo uma reação química transformam-se primeiramente em líquidos para, então,
exotérmica que se processa entre um combustível e um evaporarem e reagirem com o comburente para que ocorra a
comburente liberando luz e calor. Para que esta reação aconteça queima.
e se mantenha, são necessários quatro elementos: o combustível,
o comburente, o calor e a reação em cadeia. Estes elementos são,
didaticamente, simbolizados pelo tetraedro do fogo.

417
NOÇÕES DE ATIVIDADES DE BOMBEIRO MILITAR
Comburente provocando um movimento para cima. Da mesma forma, o ar
Comburente é o elemento que, durante a combustão, dá vida aquecido se expande e tende a subir para as partes mais altas do
às chamas e as torna mais intensas e brilhantes, além disso, a ambiente, enquanto o ar frio toma lugar nos níveis mais baixos.
presença do comburente permite a elevação da temperatura e a
ocorrência da combustão. Condução
O Oxigênio é o mais comum dos comburentes, dado que A condução de calor ocorre nos sólidos e é feita molécula a
sua constante presença na atmosfera (21% no ar) permite que a molécula de um corpo contínuo.
queima se desenvolva com velocidade e de maneira completa. Como exemplo, podemos citar uma barra de ferro aquecida
No entanto, em ambientes cuja oferta de oxigênio é reduzida ou em uma das extremidades. O aquecimento acontecerá
consumida durante a combustão observa-se um empobrecimento gradualmente pelo corpo da barra até chegar à outra face, ou
da combustão, com chamas menos entusiasmadas e com uma seja, moléculas da extremidade aquecida absorverão calor, então,
presença predominante de brasas quando a concentração está vibrarão mais vigorosamente e se chocarão com as moléculas
entre 15% e 9% e, finalmente, com a finalização da combustão vizinhas, transferindo-lhes calor.
ocorrendo em ambientes cuja oferta de oxigênio no ar é inferior
a 9%. Um item a se observar é que quando dois ou mais corpos
Outros comburentes também são conhecidos, como o Cloro estão em contato, o calor é conduzido através deles como se
para determinadas situações, entretanto sua aplicação é específica fossem um só corpo.
e ele não abrange todo o espectro de situações e combustíveis
dos quais o Oxigênio é capaz de possibilitar a combustão. Irradiação
A irradiação é a propagação do calor por ondas de energia
Calor que se deslocam através do espaço. Estas ondas se deslocam em
Calor, no estudo da teoria do fogo, é a energia capaz de iniciar, todas as direções e a intensidade com que afeta os corpos diminui
manter e propagar a reação entre o comburente e o combustível. ao passo que se aumenta a distância entre eles.
Especificamente, trata-se da energia transferida de um
ambiente para o outro em virtude da diferença de temperatura 5. Pontos de Temperatura
entre eles. A combustão acontece quando o calor transforma os
São, normalmente, elementos que introduzem calor à reação combustíveis possibilitando a combinação deles com o
de combustão, a chama de um palito de fósforo, um ferro elétrico comburente. Esta transformação acontece de forma diferente
aquecido, um cigarro aceso, uma descarga atmosférica, um curto para cada combustível e sempre na medida em que ele vai sendo
circuito, entre outros.] aquecido.
Para que se possa entender como ocorre esta transformação,
Reação em Cadeia três pontos distintos são destacados, de acordo com suas
O último e mais recém estudado componente do “Tetraedro diferenças em relação à manutenção e à autonomia da chama
do Fogo” é a reação em cadeia. produzida.
Depois de observar que a queima, em certo momento,
torna-se autossustentável, observamos que o calor irradiado das
chamas promove a decomposição do combustível em partículas
que, combinadas com o comburente, queimam, irradiando calor
novamente, que iniciará novamente este ciclo, que chamamos de
reação em cadeia.
Sinteticamente, trata-se do desencadeamento de reações,
que acontecem durante o fogo, que originarão, novamente, o calor
que ativará a queima do combustível na presença do comburente, Ponto de Fulgor
enquanto houver todos estes componentes à disposição. É a temperatura mínima em que um combustível desprende
vapores em quantidade suficiente para que, na presença de
4. Propagação do calor uma fonte externa de calor, se inflamem. No entanto, nesta
O equilíbrio térmico de qualquer ambiente pressupõe a temperatura, a chama não se manterá uma vez que for retirada
transferência de calor entre objetos de maior para os de menor a fonte de calor.
temperatura e, para que isso aconteça, o mais frio dos objetos
deverá absorver calor até que esteja com a mesma quantidade Ponto de Combustão
de energia do outro. Esta transferência de energia ocorrerá por É a temperatura em que um combustível desprende vapores
condução, convecção e/ou irradiação. em quantidade suficiente para que, na presença de uma fonte
externa de calor, se inflamem e mantenham-se inflamando,
Convecção mesmo na retirada da fonte externa de calor.
A convecção ocorre pelo movimento ascendente das massas
de fluidos (gases ou líquidos). Isso ocorre devido à diferença de Ponto de Ignição
densidade no mesmo fluido. Fluidos aquecidos e, por conseguinte, É a temperatura em que um combustível desprende
com uma distância maior entre suas moléculas, são mais leves vapores em quantidade suficiente para que, em contato com
que fluidos menos aquecidos, e vão, portanto, tender a subir. um comburente, se inflamem e mantenham-se inflamando,
Um exemplo disso ocorre quando a água é aquecida num independentemente da existência de uma fonte externa de calor.
recipiente de vidro. Podemos observar um movimento, dentro
do próprio líquido, de baixo para cima. Na medida em que a 6. Fases do Incêndio
água é aquecida, ela se expande e fica menos densa (mais leve) Didaticamente, o incêndio foi dividido em três estágios de
desenvolvimento:

418
NOÇÕES DE ATIVIDADES DE BOMBEIRO MILITAR
Fase Inicial É, sem dúvida, o método mais utilizado de combate a
É a fase em que grande parte do calor está sendo consumido incêndios, dado que principal agente extintor utilizado é a água.
no aquecimento dos combustíveis. A temperatura do ambiente, O método consiste em reduzir a temperatura do combustível que
neste estágio, está ainda pouco acima do normal. O calor está está em queima, então, reduzindo o calor, diminui-se a liberação
sendo gerado e evoluirá com o aumento das chamas. dos gases inflamáveis.

3. Abafamento
O abafamento consiste na interrupção do fornecimento do
comburente da reação. Podem ser utilizados inúmeros agentes
extintores para este fim, como, por exemplo, areia, terra,
cobertores, vapor d’água, espumas, pós, gases especiais, entre
outros.
Queima Livre Não havendo comburente, não haverá combustão.
É a fase em que o ar, em virtude do suprimento de oxigênio, No entanto, existe uma exceção à esta regra: elementos que
é conduzido para dentro do ambiente pelo efeito da pressão tenham oxigênio em sua composição e que o liberem durante a
negativa provocada pela convecção, ou seja, o ar quente é expulso queima, ou seja, que independem de comburente externo, como
do ambiente para que ocupe lugares mais altos, enquanto o ar é o caso dos peróxidos orgânicos e do fósforo branco.
frio é “puxado” para dentro, passando pelas aberturas nos pontos
mais baixos do ambiente. 4. Isolamento
Os bombeiros envolvidos no combate a incêndio devem se O isolamento é a retirada do material combustível que ainda
manter abaixados e utilizar equipamento de proteção respiratória, não queimou ou mesmo separá-lo do combustível que ainda
já que, além da temperatura ser menor nos locais mais baixos, a queima. Desta forma, sem mais combustível, a combustão se
inalação de gases aquecidos pode ocasionar queimaduras nas vias encerrará por falta do que consumir.
aéreas e demais consequências destes danos. Possivelmente, esta é a forma mais simples de combate
a incêndios. Pode ser feita com o fechamento de válvula ou
interrupção de vazamento de combustível líquido ou gasoso, com
a retirada de materiais combustíveis do ambiente em chamas,
com a realização de aceiro, entre outros.

5. Quebra da Reação em Cadeia


Introduzindo substâncias que inibem a capacidade reativa do
comburente com o combustível se interrompe a reação e, assim,
não haverá fogo.
Isso é possível utilizando-se certas substâncias que, ao
Queima Lenta sofrerem ação do calor, reagem sobre a área das chamas e
O consumo das fases anteriores torna o comburente interrompem a “reação em cadeia”, realizando, portanto, uma
insuficiente para manter a combustão plena, então, caso não extinção química das chamas.
haja suprimento suficiente de ar (ou de aberturas para que ele Ocorrerá pelo fato de o comburente não conseguir mais reagir
entre), as chamas podem deixar de existir. Com a concentração de com os vapores combustíveis e, via de regra, só será possível
oxigênio entre 0%e 8%, o fogo é reduzido a brasas. quando ainda existirem chamas.
Neste momento, exige-se bastante atenção e reconhecimento
dos bombeiros, dado que uma abertura feita de maneira Capítulo III – Classes de incêndio
indiscriminada pode levar a um suprimento abrupto de oxigênio e 1. Introdução
uma retomada das chamas de forma explosiva. Muito embora a reação de combustão, representada pelo
tetraedro do fogo, ocorra nos incêndios dos diferentes tipos de
materiais, é necessário que os materiais combustíveis sejam
classificados em classes distintas, para que as formas de queima
e as propriedades dos materiais sejam levadas em consideração
na escolha das melhores táticas e técnicas de combate e dos
melhores agentes extintores a se utilizar.

Capítulo II – Métodos de extinção de incêndio 2. Materiais Combustíveis


1. Introdução Combustível é toda substância suscetível de se inflamar
Levando-se em conta o “Tetraedro do Fogo” e seus e alimentar a combustão, além de ser o elemento que serve
componentes, os métodos de extinção de incêndio baseiam-se na de campo de propagação ao fogo. Os combustíveis podem ser
eliminação de um ou mais dos elementos que compõem o fogo. líquidos, sólidos ou gasosos, mas, a grande maioria precisa passar
Didaticamente, se um dos lados do “tetraedro” for quebrado, eis pelo estado gasoso para que, então, se combine com o oxigênio
que a combustão será extinta. e se inflame.

2. Resfriamento Combustíveis Sólidos


O resfriamento é aplicando o agente extintor (normalmente Combustíveis como a madeira, o papel, os tecidos, entre
água) de forma (jatos) que ele absorva mais calor do que o outros, são conhecidos como combustíveis sólidos.
incêndio é capaz de produzir.

419
NOÇÕES DE ATIVIDADES DE BOMBEIRO MILITAR
Na maioria dos casos, são os vapores emanados deles, após Estes combustíveis queimam em razão de sua largura,
seu aquecimento, que se inflamam, no entanto, sólidos como o comprimento e profundidade e, ainda, deixam resíduos após
ferro, cobre, bronze e a parafina, quando aquecidos, tornam-se, sua queima. Portanto, o método mais indicado para a extinção
previamente, líquidos para só então emanar os vapores que se deste tipo de incêndio é o resfriamento com a utilização de água,
inflamarão. embora já existam gases, pós e espumas capazes também de
realizar esta extinção.
Combustíveis Líquidos
Combustíveis líquidos são classificados como combustíveis e Classe B
inflamáveis, dependendo do seu ponto de fulgor. Quando o seu Os combustíveis agrupados nesta classe são os líquidos
ponto de fulgor é inferior a 37,8°C (padronização da NFPA/EUA - inflamáveis, líquidos combustíveis e gases inflamáveis, dado
National Fire Protection Association) considera-se o líquido como que todos eles queimam em superfície e não deixam resíduos
inflamável. Para pontos de fulgor superiores a esta temperatura, provenientes de sua queima.
considera-se o líquido como combustível. Quando se trata de líquidos, os métodos de extinção mais
Os combustíveis líquidos carregam consigo a particularidade utilizados são o abafamento (espumas) e a quebra da reação em
de se queimarem em superfície, ou seja, seus vapores formam, cadeia (pós), mas quando se trata de gases, o mais utilizado é o
nas proximidades da superfície do líquido, uma atmosfera propícia isolamento, ou seja, a retirada ou controle do material combustível
à combustão – considere-se, neste caso, as misturas entre ar e (retirando as fontes ou fechando registros, por exemplo).
vapores que possibilitará a queima.
É interessante que se observe as propriedades dos líquidos Classe C
combustíveis dado que, em sua maioria, os líquidos inflamáveis São agrupados nesta classe os equipamentos que estão
são menos densos que a água, por isso, flutuarão sobre ela. submetidos à energia elétrica, já que a utilização de água, nestes
Ademais, há que se considerar a capacidade que eles têm de se casos, pode resultar na condução da energia e em risco para quem
misturar à água, que é alta, como no caso dos solventes polares combate o fogo.
(ex: álcool, acetona) e diminuída, como nos hidrocarbonetos (ex: Deve-se levar em consideração que, uma vez que o material
derivados do petróleo) não está mais energizado, se é sólido, assume características de
incêndio classe A, mas, caso possua capacitores ou equipamentos
Combustíveis Gasosos que mantém a energia elétrica ainda que ele esteja desligado de
Combustíveis gasosos tem de se concentrar numa mistura uma fonte de energia, os procedimentos de extinção a serem
ideal para que se inflamem, e cada gás tem seus próprios limites observados são os prescritos para a classe C.
de inflamabilidade.
Classe D
Talvez os combustíveis com maior número de particularidades,
os agrupados na classe D tem uma característica que inspira
bastante cuidado: a impossibilidade de se utilizar água como
agente extintor, ou como parte dele.
Esta classe engloba os metais combustíveis (maioria
alcalinos). Muitos deles queimam de forma violenta, com elevada
produção de luz e calor e, pelo explicado acima, o fogo oriundo
desta queima exige pós especiais para sua extinção, que atuarão
Os dados desta tabela nos mostram, por exemplo, que o por abafamento e a quebra da reação em cadeia.
Acetileno queimará em qualquer concentração (considerando sua
mistura com o ar) entre 2 e 85%, o que o torna um gás bastante Capítulo IV – Agentes extintores
temido nos casos de incêndio. 1. Introdução
Ainda sobre os gases combustíveis, sempre há que se Agentes extintores são aqueles elementos, encontrados na
considerar que se o gás é mais denso que o ar, tende a se acumular natureza ou sintetizados pelo homem, capazes de extinguir um
nos contornos do terreno e, se ele é menos denso que o ar, tende incêndio pela sua ação em um ou mais dos componentes do
a dissipar-se e, portanto, oferecer um menor potencial ofensivo. tetraedro do fogo.
Já aparelhos extintores são equipamentos para a utilização
3. Classes de Incêndio humana que contém, em seu interior, um agente extintor e um
Com o objetivo de se agrupar os incêndios pelas propriedades método de expedição deste agente de forma a se combater
dos materiais combustíveis e, com isto, tornar mais eficiente sua princípios de incêndio.
extinção, a NFPA elaborou uma classificação de incêndios que se
divide em quatro classes e é adotada pela maioria dos Corpos de 2. Água
Bombeiros Militares do Brasil: A sua facilidade de obtenção e transporte e seu baixo custo
 Classe “A”: Combustíveis sólidos; fazem da água o agente extintor mais utilizado e conhecido. Sua
 Classe “B”: Combustíveis líquidos; indicação principal é para incêndios de classe A e seu método
 Classe “C”: Equipamentos energizados; principal de extinção das chamas é o resfriamento, ou seja, sua
 Classe “D”: Metais pirofóricos. ação de retirada do calor da reação de combustão. A água também
age, secundariamente, por abafamento.
Classe A
Os combustíveis agrupados nesta classe são todos aqueles
que são sólidos e comuns, tal como a madeira, o papel, o plástico,
a borracha, entre outros.

420
NOÇÕES DE ATIVIDADES DE BOMBEIRO MILITAR
Características da água 1. Abafamento
O calor das chamas promoverá a decomposição térmica do
1. Alta capacidade de absorção de calor pó, liberando dióxido de carbono e vapor d’água, que ocuparão o
Para que a água evapore, é necessário que ela consuma o lugar do comburente no ambiente.
calor do ambiente. Por exemplo: ao elevar a temperatura de um
litro de água de 0° para 100° serão consumidas 100 calorias. 2. Resfriamento
Para sua decomposição, o pó absorverá parte do calor
2. Elevado grau de expansão liberado pela combustão.
Além da energia (calor) que será absorvida do ambiente,
o vapor d’água ocupará cada vez mais espaço no ambiente, 3. Quebra da reação em cadeia
tomando assim o lugar do comburente. Esclarecendo: para cada Dada como a principal propriedade extintora do pó-químico,
litro de água são produzidos 1.700 litros de vapor d’água. ocorre pela interferência que ele exerce na concentração de íons,
provenientes da reação em cadeia, presentes na combustão,
3. Alta Tensão Superficial diminuindo o poder de reação com o comburente e extinguindo
A gota d’água nada mais é do que a capacidade de que as as chamas.
moléculas de água permaneçam juntas devido à atração mútua.
Levandose em consideração esta atração, sabemos que, por causa 4. Proteção contra a irradiação do calor
dela, a água tem sua capacidade de penetração prejudicada, no A nuvem produzida pela aplicação do pó-químico torna opaco
entanto, ela se concentrará e se escorrerá com mais fluidez quão o ambiente nas proximidades do incêndio e dificulta a irradiação
maior for a “coesão” entre as moléculas. do calor.

4. Condutibilidade elétrica 4. Dióxido de Carbono (CO2)


Da forma como é encontrada na natureza ou como sai em Também conhecido como Anidrido Carbônico e, mais
nossas torneiras e hidrantes, á água contém componentes que a comumente, como Gás Carbônico, trata-se de um gás inerte,
tornarão condutora de eletricidade, por isso, deve ser considerado inodoro, sem cor e não condutor de eletricidade, que atua
este risco nos combates a incêndios que envolverem sua utilização, ocupando o espaço do comburente, ou seja, por abafamento.
que é, via de regra, desencorajada e desaconselhada. Uma de suas vantagens importantes é a de não deixar resíduos,
por ser um gás que, portanto, se dissipará posteriormente.
5. Baixa viscosidade A maior recomendação de seu uso é para incêndios
A água escorre rapidamente nos locais onde é aplicada devido envolvendo equipamentos e materiais eletrificados ou aqueles
à sua baixa viscosidade, o que compromete sua capacidade de em que seja prejudicial que fiquem resíduos do agente extintor.
penetração nos corpos. Por isso, é recomendado para focos em equipamentos eletrônicos
Uma vez que ela não fica estagnada, ou seja, não se fixa às e computadores, onde a aplicação de agentes de deixem resíduos
superfícies onde é lançada, não tem toda sua capacidade de ou umidade pode danificar outros componentes além dos
absorção de calor utilizada, nem sua capacidade abafamento atingidos pelas chamas.
totalmente aproveitada. Sua utilização, embora menos incentivada, estende-se a
pequenos focos em líquidos e gases inflamáveis, o que o torna um
6. Reage com alguns elementos agente extintor para as classes B e C.
A água reage com alguns materiais liberando gases inflamáveis
e, por isto, nestes casos, é desaconselhado seu uso. Exemplos 5. Espumas
destes materiais são o Magnésio, o Carbureto de Cálcio, o Sódio A utilização de espuma para o combate a incêndio surgiu para
Metálico e o Lítio. satisfazer a necessidade de se achar um método mais eficiente
que a água para a aplicação em focos ocorridos em líquidos
3. Pós Químicos inflamáveis, uma vez que ela é menos densa e, por isso, tem maior
São compostos de pós de pequenas partículas, geralmente probabilidade de permanecer na superfície dos líquidos.
de Bicarbonato de Sódio (NaHCO3), Bicarbonato de Potássio A formação da espuma mecânica ocorre a partir da mistura
(KHCO3), Uréia-Bicarbonato de Potássio (KC2N2H3O3), Cloreto de de um líquido gerador de espuma (LGE) com a água. Esta mistura
Potássio (KCl) ou Fosfato de Amônia (NH4H2PO4). terá, ainda, a introdução de ar por meio de um processo mecânico
Os Pós Químicos são, basicamente, classificados de acordo para que seja, finalmente, formada a espuma que será utilizada
com as classes de incêndio que combatem e são destinados à no combate ao foco.
utilização em incêndios de sólidos e líquidos. Os mais comuns, A espuma age por abafamento, separando o comburente
ainda hoje em dia, são os Pós BC (utilizados para combate a do líquido que se incendeia pela formação de uma camada de
incêndios das classes B e C), no entanto, não é mais raro se espuma na superfície do líquido.
encontrar Pós ABC (para incêndios das classes A, B e C), à base de Para que, com a aplicação da espuma, o líquido em chamas
fosfato de amônia. não se espalhe, recomenda-se voltar os jatos para a parede do
Existem, também, pós para combate a incêndios de classe D. recipiente que contém o líquido, para que a espuma escorra e vá,
gradualmente, cobrindo toda a superfície exposta do líquido.
Ação extintora Pode também ser utilizada para o combate a incêndios em
Os pós-químicos devem ser aplicados sobre as chamas e as sólidos combustíveis. O LGE, quando misturado com a água,
extinguirão por: reduz a tensão superficial da mistura final, e a espuma, uma vez
formada, tem uma aderência maior e uma penetração maior no
combustível, facilitando sua utilização para o resfriamento.

421
NOÇÕES DE ATIVIDADES DE BOMBEIRO MILITAR
A espuma mais conhecida e aplicada pelos Corpos de
Bombeiros Militares é feita à base de um concentrado conhecido
como AFFF (pronuncia-se A3F), Aqueous Film-Forming Foam
(literalmente: Espuma Formadora de Filme Aquoso).
Outra característica da espuma é a sua expansividade. Para
cada litro da mistura água e LGE, serão produzidos tantos litros
quanto for a taxa de expansão do LGE.

Classificação Taxa de Expansão


Baixa Expansão Até 20 vezes
Média Expansã o 20 até 200 vezes
Alta Expansão Mais de 200 vezes

Por exemplo: para uma espuma com a taxa de expansão igual


a 100, significa dizer que para cada litro da mistura água+LGE serão
adicionados 99 litros de ar, que produzirão 100 litros de espuma.
Por conter água e, portanto, conduzir eletricidade, a utilização
de espumas não é indicada para focos em equipamentos
energizados e, por possuir uma pressão de utilização menor,
nem para focos em gases inflamáveis. A espuma, portanto, é de
utilização indicada para focos em líquidos combustíveis e sólidos
combustíveis, embora, para este último, represente uma elevação
no custo do combate.

6. Outros agentes extintores, Halogenados (Halon, FM200,


FE-36, NAF SIII, Halotron), Inergen, Argônio, Cloreto de Sódio e
Limalha de Ferro Halogenados são produtos químicos compostos
por elementos halogênios (Flúor, Cloro, Bromo e Iodo) que atuam
como catalisadores positivos na quebra da reação em cadeia e,
secundariamente, por abafamento.
Os compostos halogenados são ideais para combate a Além das características principais, anteriormente descritas,
incêndios em equipamentos elétricos e eletrônicos sensíveis, com os extintores de incêndio seguem regras quanto à capacidade
uma eficiência superior à do CO2, dado que, inclusive, podem ser extintora, de utilização, manuseio e aplicação descritos abaixo:
utilizados para incêndios das classes A e B, além da C.
Inergen e Argônio são compostos de gases inertes que atuam 1. Capacidade extintora é a medida do poder de extinção de
pelo mesmo princípio do CO2 (abafamento) e são mais utilizados um aparelho extintor e está diretamente relacionada à quantidade,
em sistemas fixos de combate a incêndios, atuando de maneira tipo e eficiência do agente extintor, além das proporções e classe
mais eficiente contra incêndios das classes B e C. Tal qual os do foco (Normatizada pelas NBRs 9443 e 9444);
halogenados e o CO2, se dissipam em locais abertos, perdendo
seu poder de extinção. 2. Para a segurança da operação, o operador do extintor
O Cloreto de sódio é um composto que é utilizado para deverá manusear o aparelho:
incêndios de Classe a. Mantendo uma distância segura do foco de incêndio;
D. Em incêndios em metais pirofóricos como o magnésio, a b. Observando a direção do vento;
deposição do pó feito à base de Cloreto de Sódio se compacta ao c. Utilizando o extintor mais adequado em relação à classe do
ter contato com a alta dissipação do calor no foco do incêndio, foco de incêndio que vai combater;
formando uma camada encrustada que isola o material do d. Cuidando para que o combate seja feito, com extintores,
comburente. apenas contra princípios de incêndio.
Uma outra forma de extinção de incêndio em metais (classe
D) é a aplicação de misturas de areia seca, limalha de ferro e 3. Os aparelhos extintores devem ser inspecionados
outros componentes inertes ao metal que está sendo queimado. periodicamente para que seja verificada sua localização, o acesso
até eles, a visibilidade, o rótulo de identificação, lacre e selo da
7. Extintores de Incêndio ABNT, peso, integridade física do casco, obstrução do bico ou da
Extintores de incêndio são equipamentos (normalmente na mangueira e pressão dos manômetros.
forma de cilindros) que são utilizados para o combate a princípios a. Dependendo do resultado da inspeção, poderá ser indicada
de incêndio por conterem pequenas quantidades de agente a necessidade de reparos ou substituições extraordinárias de
extintor sob pressão. Os extintores de incêndio possuem as peças, para que não seja comprometida a funcionalidade do
seguintes características: extintor. Os problemas encontrados poderão indicar manutenção
em 3 (três) níveis diferentes, da menos complexa para a mais
complexa, em razão do que se deve ser realizado;
b. Recarga é a substituição de parte ou de todo agente extintor
que há ou deveria haver no aparelho extintor;
c. A cada 5 anos deve ser realizado um teste hidrostático em
todas as peças de um extintor que estão sujeitas à pressão.

422
NOÇÕES DE ATIVIDADES DE BOMBEIRO MILITAR
4. O manuseio dos aparelhos extintores sempre é descrito ______________________________________________________
nos seus rótulos, e consiste em:
a. Transportá-lo até as proximidades do foco; ______________________________________________________
b. Retirar o lacre e o pino de segurança;
c. Apontar o esguicho/difusor para a base da chama; ______________________________________________________
d. Apertar o gatilho (acionador);
______________________________________________________
e. Descarregar tanta carga extintora quanto for necessário
para a completa extinção do foco. Detalhe: independente da ______________________________________________________
quantidade de agente descarregado, o extintor terá de passar por
manutenção e recarga imediatamente, para que esteja pronto ______________________________________________________
para a utilização numa próxima ocasião.
Os tipos de aparelhos extintores mais comuns e sua relação ______________________________________________________
com as classes de incêndio são descritos na tabela abaixo:
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SOCORROS DE URGÊNCIA (PROTOCOLO DE SUPORTE
BÁSICO DE VIDA - CBMGO, 2020). MATERIAL ______________________________________________________
DISPONÍVEL PARA BAIXAR NO SITE DO CBMGO
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Prezado Candidato, devido ao formato do material ______________________________________________________


disponibilizaremos o conteúdo para estudo na “Área do cliente”
em nosso site. ______________________________________________________
Disponibilizamos o passo a passo no índice da apostila.
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ANOTAÇÕES
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NOÇÕES DE ATIVIDADES DE BOMBEIRO MILITAR
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